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Organizadores: Érik Álvaro Fernandes | Maria de Fátima Oliveira Peringer | Robinson Henrique Scholz UNIDADE 3 EM VENDAS Tópicos Especiais Gestão de Vendas Prezado estudante, Estamos começando uma unidade desta disciplina. Os textos que a compõem foram organizados com cuidado e atenção, para que você tenha contato com um conteúdo completo e atualizado tanto quanto possível. Leia com dedicação, realize as atividades e tire suas dúvidas com os tutores. Dessa forma, você, com certeza, alcançará os objetivos propostos para essa disciplina. Objetivo Geral Conhecer as práticas de gestão de vendas. Objetivos Específicos • Compreender as diretrizes da gestão de vendas de produtos e serviços; • Estudar as principais ferramentas gerenciais utilizadas na gestão de vendas; • Apresentar os indicadores quanti-qualitativos para análise de performance das vendas de produtos e serviços. Questões Contextuais • Como as organizações podem encontrar pessoas para compor sua força de vendas? • Quais as prerrogativas que são fundamentais para estruturar a força de vendas? • O que diferencia os indicadores quantitativos dos qualitativos em relação ao desempenho da força de vendas? unidade 3 V.1 | 2022 TÓPICOS ESPECIAIS DE VENDAS | Maria de Fátima Oliveira Peringer 62 3.1 Como Gerenciar as Vendas? O gerenciamento das vendas vai muito além de contabilizar fechamentos. As instâncias do processo se refletem não somente no resultado, mas na organização, na estratégia, na postura, etc. De acordo com Las Casas (2012, p.46), “a vida de um gerente de vendas é dividida praticamente entre administração e vendas”. O autor nos alerta que nem sempre o melhor vendedor será o melhor gerente. O gerenciamento das vendas está voltado às questões que o gerente de vendas enfrenta relacionadas à força de vendas. Sendo assim, é fundamental analisar o dimensionamento e a estrutura da força de vendas; a descrição de cargos; os territórios; o recrutamento e seleção da força de vendas; o treinamento; a liderança e a motivação; a remuneração da força de vendas e os processos usados para avaliar a força de vendas. Figura 3.1 – O Gerenciamento do Líder. Fonte: Freepik (2022). Estratégia está relacionada a termos como competição, concorrência, vantagem competitiva, ganhos competitivos, valor agregado, entre outros. O termo tem origem grega strategos, que significa general. A estratégia empresarial pode ser relacionada a união entre ações ligadas ao produto/serviço versus mercado buscando satisfazer o mercado que pretende atuar ou atua (RUWER, 2018). GLOSSÁRIO 63 Gestão de Vendas | UNIDADE 3 3.1.1 A Mensuração da Força de Vendas Determinar o tamanho da equipe de vendas exige que antes a organização leve em conta algumas questões e busque respondê-las. Moreira (2007) busca dar uma ajuda às organizações antes de começarem a dimensionar a força de vendas. Figura 3.2 – O Tamanho da Força de Vendas. Fonte: Freepik (2022). Importante! A organização da força de vendas não é uma receita de bolo, isto é, que possa ser organizada da mesma forma em todas as empresas. Não esquecendo que cada empresa possui estratégias, objetivos, metas, tamanho do mercado, recursos humanos, materiais disponíveis, canais de distribuição, uma realidade com alguns aspectos singulares, os quais nenhuma outra possui (MOREIRA, 2007). DESTAQUE TÓPICOS ESPECIAIS DE VENDAS | Maria de Fátima Oliveira Peringer 64 Quadro 3.1 – Questões importantes no dimensionamento da força de vendas. • A empresa comercializa bens tangíveis ou intangíveis? • A empresa é nova no mercado ou é tradicional? • O bem comercializado é considerado de massa ou industrial? • A venda é direta ou utiliza canais de distribuição? • Qual a quantidade e porte de clientes? • De que forma os clientes estão localizados no mercado: centralizados ou pulverizados? • O potencial dos clientes é eqüitativo ou estão distribuídos dentro da curva ABC? • A venda é técnica ou não? • A empresa está iniciando suas operações ou já tem uma carteira de clientes? • O produto ou serviço é novo para o mercado ou já é de consumo conhecido? • A empresa possui uma linha de produtos? • Estes produtos são sinérgicos e utilizam a mesma equipe de vendas ou são distintos com relação à sua comercialização? • Os produtos são sinérgicos para a empresa? • A estrutura de compras dos clientes segue o critério da sinergia ou possui compradores distintos? Fonte: Moreira (2007, p. 260) As respostas a cada questão buscam auxiliar as organizações a definirem o melhor profissional a formar sua equipe de vendas para a maximização dos resultados organizacionais. Vejamos como alguns métodos podem atingir este objetivo. a. O método de duração da visita de vendas De acordo com Moreira (2007), o método de duração da visita leva em consideração o tempo médio de cada uma das visitas, a frequência necessária de se visitar cada cliente e o número de clientes da empresa. Assim sendo, tem-se: Nº de vendedores = Nº de clientes × Duração da visita × Frequência da visita Nº de horas disponíveis do vendedor Exemplo: Uma tradicional empresa de geleias caseiras tem entre seus clientes atuais e potenciais 500 nomes. A visitação média é de 2 visitas e o tempo gasto em cada visita é de 1 hora e 15 minutos. O tempo para o deslocamento mais o tempo disponível para o vendedor estar atuando é de 125 horas mensais. Número de vendedores = 500 × 1,25 × 2 = 10 vendedores 125 65 Gestão de Vendas | UNIDADE 3 b. O método do potencial de vendas ou método de Semlow O método do potencial de vendas ou método de Semlow leva em conta o número de vendedores tendo por base a previsão de vendas, o giro dos vendedores na empresa (turnover) e o volume de vendas desejado por vendedor. Nº de vendedores = Previsão de vendas + Giro de vendedores × Previsão de vendas Volume desejado Exemplo: Tendo por base a empresa de geleias, a qual tem um turnover de 15% ao ano, com previsão de vendas mensal de R$1.100.000,00 e cada vendedor deverá vender em média R$250.000,00, obtemos: Nº de vendedores = 1.100.000 + (0,15 × 1.100.000) = 5,06 250.000 Nº de vendedores = 4,4 + 0,66 = 5,06 ≅ 5 vendedores** **Caso o resultado não seja um número inteiro, o gerente de vendas deverá decidir se contrata 5 vendedores, quantidade um pouco inferior à necessária, ou 6 vendedores, para manter uma reserva no caso de vir a aumentar a demanda. c. O Método da Carga de Visitação ou Método de Talley O método de Talley tem como regra ao estabelecer a carga de visitação saber o potencial de compra de cada um dos clientes, seja esse mensal, trimestral ou anual, ou através da média de compra dos últimos meses. Número de vendedores = Nº de clientes × Nº de visitas Nº de visitas por vendedor Turnover é a taxa de rotatividade de pessoal, isto é, a relação entre as admissões e os desligamentos dos funcionários ocorrendo de forma voluntária ou não, em um determinado período (CHIAVENATO, 2010). GLOSSÁRIO TÓPICOS ESPECIAIS DE VENDAS | Maria de Fátima Oliveira Peringer 66 Exemplo: A empresa de geleias ordenou seus clientes em classes: mais importantes, intermediários e menos importantes (A, B e C). Na classe A são 45 clientes visitados 1 vez na semana, na B são 100 clientes visitados quinzenalmente, e na C há 355 clientes visitados 1 vez no mês. São necessárias 1,5 horas em cada visita, consequentemente, o vendedor deverá fazer no máximo 20 visitas semanais, obteremos: Nº vendedores Classe A = 45 clientes × 1 visita semanal = 2,25 ≅ 2 vendedores 20 visitas por vendedor Nº vendedores Classe B = 100 clientes × 0,5 visita semanal = 2,5 ≅ 3 vendedores20 visitas por vendedor Nºvendedores Classe C = 355 clientes × 0,25 visita semanal = 4,44 ≅ 4 vendedores 20 visitas por vendedor Obs.: ≅ significa aproximadamente. Observamos que muitas empresas têm reduzido o tamanho da força de vendas, porque alguns dos motivos são: o aumento das vendas online, a fusão de empresas do mesmo segmento, o emprego crescente de softwares de tecnologia de vendas, entre outros motivos (KOTLER, 2010). Entretanto, a definição do tamanho da força de vendas requer cautela porque se for realizada sem um planejamento adequado o resultado deste processo interferirá na qualidade do atendimento aos clientes, nos custos e, principalmente, na lucratividade da organização (MOREIRA, 2007). 3.1.2 Estruturando a Força de Vendas Diversos autores concordam que a estrutura e a organização da força de vendas devem estar em consonância com o tipo de cliente, porte da empresa ou região. Segundo Cobra (1997) é fundamental não esquecer de duas prerrogativas quando o assunto é estruturar a força de vendas: • Força de vendas diretas: vendedores da própria empresa que visitam diretamente os clientes. • Força de vendas indireta: vendedores sem vínculo empregatício, isto é, são os conhecidos vendedores autônomos ou podem ser vendedores dos representantes e distribuidoras. 67 Gestão de Vendas | UNIDADE 3 Quadro 3.2 – A estrutura da força de vendas. ESTRUTURA POR TERRITÓRIO Cada vendedor será indicado para um território específico. ESTRUTURA POR PRODUTO Os vendedores devem conhecer os produtos vendidos, principalmente, produtos complexos, numerosos ou pouco relacionados entre si. ESTRUTURA POR MERCADO Cada vendedor recebe uma carteira de clientes para atender, independente da localização ou produto adquirido. ESTRUTURA POR COMBINAÇÕES DE ESTRUTURA Ocorre quando a empresa vende diversos produtos, para diversos clientes distribuídos em uma vasta área geográfica. Fonte: Moreira (2007). Os gerentes têm um grande desafio ao definirem a melhor forma de estruturar a força de vendas para que não ocorram injustiças e desmotivação entre os vendedores, porque o perigo é eles acharem que o território do colega possui um potencial de vendas superior ao seu, como também possa haver uma sobrecarga de trabalho em um determinado território exigindo mais afazeres em relação aos outros territórios (LAS CASAS, 2006). Vários destes problemas podem ser resolvidos através de um adequado processo de recrutamento e seleção, treinamento, supervisão, motivação e avaliação da equipe de vendas (KOTLER, 2000). Alerta! Algumas empresas podem estruturar uma força de vendas mista, isto é, tendo um mix de vendedores diretos como indiretos. DESTAQUE TÓPICOS ESPECIAIS DE VENDAS | Maria de Fátima Oliveira Peringer 68 3.1.3 Recrutamento e Seleção da Equipe de Vendas Há grande número de variáveis utilizadas para atrair vendedores, uma forma de colocar isto em prática é através do recrutamento e seleção (CASTRO, 2018). Figura 3.3 – Recrutando e Selecionando a Equipe de vendas. Fonte: Freepik (2022). 69 Gestão de Vendas | UNIDADE 3 Existem diversas variáveis empregadas no recrutamento e seleção de vendedores; porém não existe “segredo” para achar o perfil que indique se um determinado vendedor é o vencedor. Cada empresa, somada ao conjunto de variáveis externas, justifica porque um vendedor pode ter mais sucesso que outro (CHURCHILL et al., 2000). Acompanhe as variáveis que podem ser utilizadas no quadro abaixo. Quadro 3.3 – Variáveis usadas em processos de recrutamento e seleção de vendedores. GRUPO DE VARIÁVEIS DEFINIÇÃO E ALGUNS ITENS A SEREM VERIFICADOS Formação educacional e experiência profissional • Formação pessoal e dados de formação de familiares (contexto familiar); • Nível educacional alcançado (graduação, pós, cursos de especialização); • Experiências na área de vendas anteriores e em outros segmentos. Estilo de vida e status atual • Vida familiar (atividades do cônjuge e filhos; respectivo número de dependentes); • Status financeiro; • Atividades (hobbies). Aptidões (inerentes à pessoa) • Inteligência cognitiva e emocional; • Inteligência verbal e/ou matemática; • Aptidão para o trabalho como vendedor. Habilidades (podem ser apreendidas) • Apresentação oral; • Habilidades interpessoais (relacionamentos); • Habilidades administrativas; • Conhecimento da atividade e do negócio. Personalidade • Responsabilidade; • Sociabilidade; • Autoestima; • Criatividade; • Flexibilidade; • Necessidade de realização pessoal (motivação intrínseca) e busca de resultados (motivação extrínseca). Fonte: Elaborada pela autora (2022) com base em Castro (2018). Onde as empresas poderão recrutar pessoas com tais características? As fontes de recrutamento podem ser internas (recursos humanos disponíveis dentro da própria empresa) e externas (recursos humanos disponíveis no mercado de trabalho) ou mistas (recursos humanos internos e externos), uma das formas mais utilizadas (MOREIRA, 2007). É importante alertar que o recrutamento é uma etapa do processo de formação da força de vendas, consequentemente, alguns candidatos aprovados nesta etapa venham a desistir. Vejamos como ocorre a seleção dos vendedores. TÓPICOS ESPECIAIS DE VENDAS | Maria de Fátima Oliveira Peringer 70 3.1.4 Selecionando a Força de Vendas A atenção do gestor de vendas é fundamental no processo de recrutamento e seleção, porque muitos dos insucessos em vendas podem vir dos problemas que poderiam ser detectados durante este processo, como: administração do tempo, habilidades para determinar as necessidades e desejos dos clientes, falta de planejamento e conhecimento dos produtos e serviços ofertados, entre outros aspectos, não esquecendo que tais problemas devem ser considerados ao planejar o treinamento dos vendedores. Figura 3.4 – Etapas do processo de seleção. Fonte: Adaptado pela autora (2022), de Las Casas (2012). Processo de Seleção Análise documental Testes e entrevistas Análise e exame de referências Testes psicológicos Entrevistas finais Exame médico Recrutamento é a procura e a atração de candidatos para uma determinada função. Seleção é a escolha e tomada de decisão do candidato que ocupará o cargo disponível. GLOSSÁRIO 71 Gestão de Vendas | UNIDADE 3 3.1.5 O Treinamento da Força de Vendas O fato da empresa contratar um profissional com experiência em vendas não indica que este não precisará passar por treinamento, o mesmo ocorre com os vendedores que atuam na empresa. Em muitos casos “o treinamento pode dar ritmo aos novatos e qualificar melhor os vendedores experientes” (CHURCHILL, PETER; 2000, p. 522). Não esqueçamos que este é o primeiro passo para integração do profissional de vendas na organização. Figura 3.5 – Quem são os responsáveis pelo treinamento da equipe de vendas? Fonte: Elaborado pela autora (2022). É importante que o treinamento seja entendido pelas organizações como um ciclo educacional permanente, o que vai ao encontro de alguns tipos de treinamento estudados por Las Casas (2006): • Treinamento inicial: preocupa-se com as informações, como, histórico da empresa, desenvolvimento, situação atual e demais itens como produto, mercado, territórios de vendas, esforços de marketing, etc. • Treinamento de reciclagem: tipo de treinamento que ocorre quando o vendedor já trabalha na área de vendas e é experiente, porém possui algumas dificuldades. O roteiro desse treinamento deve conter: análise das necessidades, determinação dos objetivos, elaboração e avaliação do programa. O treinamento deve trazer as mudanças tecnológicas que estão sendo aplicadas em vendas e no marketing, entretanto, essas devem estar vinculadas ao negócio da organização. Instrutores da equipe corporativa Profissionais da equipe regular de vendas Especialistas em treinamento externo TÓPICOS ESPECIAIS DE VENDAS | Maria de Fátima Oliveira Peringer72 3.1.6 Motivando a Força de Vendas Os gerentes de vendas preocupam-se com a motivação dos profissionais de vendas em dois níveis: 1. motivar o profissional de vendas individualmente; 2. motivar toda a equipe de vendas sem exceção. Vários autores que analisam a gestão de vendas destacam cinco ingredientes que compõem o mix de motivação, são eles: Figura 3.6 – Composto motivador do gerente de vendas. Fonte: Adaptado por Universidade La Salle (2022) de Futrell (2014). Infelizmente, não temos apenas fatores motivacionais, Las Casas (2012) destaca alguns fatores desmotivacionais, que não estão vinculados apenas a remuneração, são eles: • falta de confiança na administração; • condições ruins de trabalho; Profissional de Vendas Plano básico de compensação Incentivos financeiros especiais Recompensas não financeiras Técnicas de liderança Procedimentos gerenciais de controle 73 Gestão de Vendas | UNIDADE 3 • redução do status da função de vendedor; • falta de reconhecimento por bom desempenho; • má distribuição dos territórios de vendas; • tratamentos injustos; • insatisfação com promoções esperadas; • quotas de difícil atingimentos, entre outros. A sinergia entre a organização e sua equipe de vendas ajudará a materializar o real objetivo da motivação, que é “incentivar os vendedores a trabalhar com desempenho e de maneira enérgica em direção às metas da força de vendas” (KOTLER, ARMSTRONG; 2007, p. 415). As questões motivacionais podem ser analisadas tendo por base diversos autores, porém não há grandes divergências entre eles, mas na maioria dos casos um estudo é complementar ao outro. A Revista de Ciências Gerenciais resgata as principais ideias dos mais conhecidos pensadores, Maslow, Herzberg e McGregor, sobre as teorias motivacionais, o comportamento humano e outras categorias. Acesse: https://bit.ly/3QaUJDk e saiba distinguir as teorias e observar como podem se complementarem. SAIBA MAIS TÓPICOS ESPECIAIS DE VENDAS | Maria de Fátima Oliveira Peringer 74 3.1.7 A Remuneração da Força de Vendas A remuneração da equipe de vendas deve ser competitiva, equitativa e a mesma não deve refletir isto não apenas para os colegas de trabalho, mas, principalmente, para o mercado. Não esquecendo que tais propriedades têm estar relacionadas ao processo de avaliação e as possibilidades de feedback em todas direções (MOREIRA, 2007). Quadro 3.4 – Quadro Tipos de remunerações da Força de Vendas. TIPO DE REMUNERAÇÃO DESCRIÇÃO Totalmente variável O vendedor recebe comissão somente em função do volume de vendas realizada em um período predeterminado. É utilizada para vendedores autônomos ou representantes comerciais, o valor da comissão deve ser estabelecido em função do valor do produto, da margem de comercialização e contribuição de cada produto, do tempo de maturação do negócio e da dificuldade ou esforço necessário para realização do negócio. Variável com ajuda de custo Pequena parcela mensal incluída na remuneração para auxiliar com gastos de visitação. Podendo ser descontada da comissão, conhecida como adiantamento de despesa. Utilizada para vendedores autônomos ou quando estão, por exemplo, formando uma carteira de clientes ou abrindo uma nova região de atuação. Fixo mais variável É o salário fixo mais a comissão sobre as vendas realizadas ou sobre a margem de contribuição. O percentual do salário fixo sobre o variável é a forma mais usual de remuneração. Sua maior vantagem é diminuir os custos fixos da venda e permitir ao vendedor uma remuneração maior do que a praticada no mercado. Fixo com atribuição de prêmios A função do prêmio é estimular e motivar a equipe comercial a alcançar ou superar as metas estipuladas mensalmente, pode ser atribuída ao vendedor que superou a meta ou, estar vinculada ao desempenho da equipe como um todo. O prêmio pode ser dado em dinheiro ou em viagens, utensílios para o lar, livros, etc. 75 Gestão de Vendas | UNIDADE 3 TIPO DE REMUNERAÇÃO DESCRIÇÃO Fixo com participação nos resultados Na remuneração do tipo fixo com participação nos resultados atribui-se ao vendedor um percentual sobre o resultado financeiro que a empresa obteve num determinado período, por exemplo, no semestre ou ano fiscal. Essa forma leva em consideração o desempenho da empresa como um todo e não somente os resultados da área comercial. Deve ser utilizada quando se pretende uma maior integração dos departamentos, busca contínua da qualidade de produtos e processos, otimização dos recursos utilizados e possibilidade de as dificuldades e a solução dos problemas serem compartilhados. Somente fixo A atribuição de apenas um salário fixo ocorre em empresas cujo produto é de alto valor agregado e o tempo de maturação do negócio é de médio a longo prazo, sendo mais comum no setor organizacional (business to business). O atrativo deste tipo de remuneração é garantir ao vendedor um salário independente do seu desempenho, o que tranquiliza mais a vendedor, para alguns pensadores pode vir a acomodar o mesmo. Simplifica a gestão da folha de pagamentos e reduz a rotatividade de pessoal. Fonte: Moreira (2007, p. 350). Como vemos existem vários tipos de maneiras de remunerar os vendedores, mas antes de optar por uma ou mais formas de remuneração a empresa deve analisar como sua escolha se refletirá em seu caixa e, não esquecendo, na motivação da sua força de vendas. TÓPICOS ESPECIAIS DE VENDAS | Maria de Fátima Oliveira Peringer 76 3.2 Ferramentas da Gestão de Vendas As ferramentas de gestão de vendas podem melhorar e alavancar o negócio da empresa. Além de organizarem os processos, elas fornecem informações e insights para tornar a equipe cada vez mais produtiva e assertiva nos resultados. Figura 3.7 – Gestão de vendas. Fonte: H2Web (2022). 77 Gestão de Vendas | UNIDADE 3 Quadro 3.5 – Exemplos de ferramentas de vendas. FERRAMENTA DESCRIÇÃO Promoção de vendas ao consumidor Atividades de curto prazo visando incentivar ou encorajar a compra ou venda de um produto ou serviço. Distribuição de amostras ao consumidor Bastante frequente em vendas; consiste em distribuir amostras dos produtos aos compradores, consumidores e formadores de opinião, explicando as suas aplicações e utilizações para estimular a experimentação do produto. Os principais custos envolvidos incluem o de produzir as amostras e o de distribuí-las no mercado. Materiais e cursos de formação do consumidor Com atuação de longo prazo, esses recursos consistem em transmitir ao potencial comprador informações detalhadas sobre o produto, para criar ou modificar comportamentos e atitudes. Como as informações são, em geral, demasiadamente longas ou complexas, faz- se necessário um meio de comunicação alternativo. O profissional de vendas é importantíssimo como “educador” e formador de futuros clientes. Promoção de vendas ao varejo Incentivar as vendas do varejista ou revendedor, a fim de que ele aumente a quantidade comprada regularmente ou introduza em sua loja um lançamento ou outro produto da empresa. Descontos por quantidade Os descontos podem ser oferecidos de várias formas. Por exemplo: tendo por base as quantidades de caixas ou itens comercializados, ou por meio de uma quantidade extra de produto, depois de atendida a uma quantidade mínima preestabelecida entre as partes. Descontos por cortesia Identificadas situações em que o ponto-de-venda faz determinadas concessões a um fornecedor – como pontas de gondolas e merchandising –, e em “troca” ele receberá benefícios como descontos, mercadorias bonificadas, manutenção de tabelas de preços antigas ou prazo de pagamento mais dilatado. Tem um apelo bastante forte numa negociação. Descontos por novos produtos Associar o lançamento de um novo item a preços mais atrativos, como descontos negociados com o intermediário para serem repassados ao comprador final. Fonte: Moreira (2007, p. 350). TÓPICOS ESPECIAIS DE VENDAS |Maria de Fátima Oliveira Peringer 78 3.3 Indicadores Quanti-Qualitativos em Gestão de Vendas Para o devido sucesso da equipe de vendas é fundamental que haja uma medição dos resultados da equipe. As organizações para conseguirem concretizar esta etapa da gestão de vendas empregam indicadores, os quais podem ser quantitativos e qualitativos. Inclusive, Stanton (1980) informa que a avaliação do desempenho dos vendedores pode ser tanto qualitativa quanto quantitativa. Os aspectos quantitativos geralmente têm a vantagem de ser mais específicos e objetivos e são facilmente comparáveis. Já os qualitativos dependem de certa subjetividade por parte de quem está avaliando, porém sempre que possível deve-se utilizar o mesmo padrão para toda a equipe, evitando-se, assim, avaliações sem credibilidade. (ALVAREZ, 2020, p.73-74). Os autores informam algo que já conhecemos porque os indicadores quantitativos estão a todo instante à nossa volta, seja no encantometro das Lojas Renner, no Reclame Aqui, entre outros. Quanto aos indicadores qualitativos eles são mais trabalhosos, pois há necessidade de caracterizá-los, não esquecendo que há também o emprego da estatística. a. Indicadores quantitativos de análise A análise quantitativa do desempenho do vendedor é avaliada através do seu esforço e desempenho. Os dados obtidos são comparados com dados históricos, o que permite ao vendedor, gestor e a organização avaliar sua evolução ao longo do tempo. 79 Gestão de Vendas | UNIDADE 3 Quadro 3.5 – Exemplos de ferramentas de vendas. INDICADORES DE DESEMPENHO INDICADORES DE ESFORÇO 1. Faturamento total a) pelo total; b) por cliente; c) por linha de produtos. 1. Visitas por dia (média de visitas) 2. Faturamento versus potencial do mercado 2. Número de dias trabalhados 3. Margem de lucro por linha de produtos 3. Atividades de apoio a vendas: a) colocação de displays e material no ponto de venda; b) número de visitas de assistência técnica; c) número de reuniões realizadas com distribuidores ou revendedores. 4. Pedidos a) número de pedidos; b) ticket médio dos pedidos; c) média de produção (número de pedidos dividido pelo número de visitas). 5. Clientes a) porcentagem de clientes conquistados; b) número de novos clientes; c) número de clientes perdidos. Fonte: Moreira (2007, p. 350). b. Indicadores Qualitativos As ações qualitativas preparam para que se possa exercer a função de forma adequada. Algumas dessas ações importantes para o desempenho de um vendedor de alta performance são: 1. conhecimento do produto, da política da empresa e da concorrência; 2. administração do tempo e o planejamento de visitas aos clientes; 3. relações com os clientes (empatia e sintonia); 4. personalidade e atitudes tomadas como: a) cooperação e trabalho em equipe; b) capacidade de análise e tomada de decisão; c) proatividade. TÓPICOS ESPECIAIS DE VENDAS | Maria de Fátima Oliveira Peringer 80 Agora que você já conhece um pouco mais sobre Gestão de Vendas é fundamental que você vá além assistindo este vídeo sobre as Cinco estratégias para ajudar o time de vendas na Gestão de Carteira de Clientes. Nesse vídeo, é apresentado como o gestor de vendas pode ajudar a sua equipe no momento de fazer a gestão de carteira de clientes. Para isto, os entrevistados destacam as 5 principais estratégias que o gestor comercial pode aplicar para ajudar a sua força de vendas alcançar este objetivo. Disponível em: https://bit.ly/3vHmaNj. VÍDEO 81 Gestão de Vendas | UNIDADE 3 Síntese da Unidade • Nossa unidade iniciou com uma pergunta que nos orientou durante o aprendizado. A partir dela estudamos o gerenciamento da força de vendas através do seu dimensionamento e estruturação. • Na continuidade deste trabalho analisamos os processos de recrutamento e seleção da força de vendas, e em seguida como treiná-la e motivá-la. • Como administradores, entendemos que é vital em cada etapa da gestão haver um relacionamento harmonioso entre gestor e equipe, pois como destacamos nenhum gestor é uma ilha, logo, seu sucesso depende de sua atuação e da equipe. • Para embasar cada passo desta caminhada nos aprofundamos nas ferramentas de gestão de vendas, que foram da promoção de vendas ao desconto de novos produtos. Cada uma destas ferramentas auxilia na organização dos processos através do fornecimento de informações e insights vindo a fortalecer os resultados da equipe. • Finalizamos estudando e conhecendo a importância dos indicadores quantitativos e qualitativos que avaliam o desempenho da equipe de vendas. Desempenho que é refletido em cada canto da organização. TÓPICOS ESPECIAIS DE VENDAS | Maria de Fátima Oliveira Peringer 82 Bibliografia ALVAREZ, F. J. S. M.; CARVALHO, M.R. Gestão eficaz da equipe de vendas. 2.ed, São Paulo: Saraiva Educação, 2020. CASTRO, L. et. al. Administração de Vendas: planejamento, estratégia e gestão. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2018. CHIAVENATO, I. Gestão de Pessoas. 3ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010. COBRA, M. Marketing básico. 4ed. São Paulo: Atlas, 1997. FUTRELL, C.M. Vendas: guia completo : o passo a passo para um relacionamento rentável e duradouro com seus clientes. 12ed. Porto Alegre : AMGH, 2014. FUTRELL, C.M. Vendas: fundamentos e novas práticas de gestão. 2.ed. São Paulo: Saraiva, 2014. KOTLER, P.; ARMSTRONG, G. Introdução ao Marketing. 4. ed Rio de Janeiro: LTC, 2000. KOTLER, P. Princípios de Marketing. 12 ed. São Paulo: Prentice Hall Brasil, 2007. KOTLER, P. Marketing 3.0: As forças que estão definindo o novo marketing centrado no ser humano. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010 LAS CASAS, A.L. Administração de marketing: conceitos, planejamento e aplicações à realidade brasileira. 3ed. São Paulo: Atlas, 2006. LAS CASAS, A.L. Administração de vendas. 8ed. São Paulo: Atlas, 2012. MOREIRA, L.C. et al. Administração de Vendas. 2ed. São Paulo: Saraiva, 2007. RUWER, L.M.; REIS, Z. dos. Estratégias organizacionais. Porto Alegre: SAGAH, 2018. Se você encontrar algum problema neste material, entre em contato pelo email eadproducao@unilasalle.edu.br. Descreva o que você encontrou e indique a página. Lembre-se: a boa educação se faz com a contribuição de todos! 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