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Cirurgia Geral 
Tumores Cabeça e Pescoço 
Cirurgia Geral 
CIRURGIA GERAL 
TUMORES CABEÇA E
PESCOÇO 
Cirurgia Geral 
Tumores Cabeça e Pescoço 
ÍNDICE
5 
7 
7 
9 
18 
19 
19 
23 
25 
28 
30 
30 
31 
33 
INTRODUÇÃO
MASSAS CERVICAIS
- AVALIAÇÃO CLÍNICA
- MALFORMAÇÕES CONGÊNITAS
- TUMOR PRIMÁRIO OCULTO
ESVAZIAMENTOS CERVICAIS
- TIPOS DE ESVAZIAMENTO CERVICAL
- INDICAÇÕES E SÍTIOS DE DRENAGEM
- ESTADIAMENTO DE METÁSTASES LINFONODAIS
- TÉCNICA CIRÚRGICA E COMPLICAÇÕES
CAVIDADE ORAL
- INTRODUÇÃO E EPIDEMIOLOGIA
- ANATOMIA
- QUADRO CLÍNICO E DIAGNÓSTICO
CIR 2
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Tumores Cabeça e Pescoço 
37 
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50 
51 
54 
61 
63 
65 
66 
68 
- ESTADIAMENTO
- TRATAMENTO
FARINGE
- ANATOMIA
- NASOFARINGE
- OROFARINGE
- HIPOFARINGE
LARINGE
- INTRODUÇÃO
- ANATOMIA
- TUMORES DA LARINGE
- REABILITAÇÃO E ASPECTOS DA
LARINGECTOMIA TOTAL
GLÂNDULAS SALIVARES
- ANATOMIA
- PATOLOGIAS NÃO NEOPLÁSICAS DAS
GLÂNDULAS SALIVARES
- PRINCIPAIS NEOPLASIAS BENIGNAS
CIR 3
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Tumores Cabeça e Pescoço 
70 
72 
76 
76 
79 
- PRINCIPAIS NEOPLASIAS MALIGNAS
- DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL ENTRE LESÕES
MALIGNAS E BENIGNAS
- TRATAMENTO
- COMPLICAÇÕES
Bibliografia
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Tumores Cabeça e Pescoço 
INTRODUÇÃO
 
A cirurgia de cabeça e pescoço é uma área pouco explorada durante a
graduação e até mesmo em boa parte dos serviços de residência de
cirurgia geral, porém, ela é importante tanto do ponto de vista médico
quanto para as provas. Estima-se que sejam diagnosticados 200.000
casos novos de tumores de cabeça e pescoço ao ano no mundo, sendo as
neoplasias de cabeça e pescoço o 6° tipo de câncer mais comum
globalmente com alta morbidade e mortalidade. 
 
Os tratamentos envolvem equipe multidisciplinar e cirurgias
extremamente diversas e complexas, e o tema tem sido muito explorado
nos concursos das principais instituições do país, frequentemente,
abordando 5 a 10 questões da cada prova. 
 
Apesar de não ser um tema tão constante, representa uma porção
significativa da prova que pode ser o diferencial para a aprovação e que
muitos candidatos normalmente não possuem domínio. Nesta apostila,
serão discutidos os esvaziamentos cervicais, as neoplasias da laringe, as
neoplasias da cavidade oral e orofaringe, as neoplasias de glândulas
salivares, as massas cervicais benignas e malignas. 
 
Vale lembrar que as afecções de Tireoide, Paratireoides e Tumores
dermatológicos são vistos separadamente. Nas próximas páginas, vamos
garantir da forma mais simples possível que você tenha o conhecimento
que fará a diferença para as áreas e instituições mais concorridas.
 
A maioria dos cânceres de cabeça e pescoço envolvendo as vias aéreas
superiores possuem como desencadeador a exposição ao tabaco e
álcool. O risco de desenvolvimento de câncer possui um fator dose-
CIR 5
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Tumores Cabeça e Pescoço 
dependente, porém, mesmo com baixa carga tabágica e etílica ele pode
se desenvolver. O álcool e tabaco possuem ainda um efeito sinérgico,
estimando-se um risco entre 10 e 20 vezes maior de desenvolvimento de
neoplasia das vias aéreas superiores quando comparado a pacientes não
tabagistas e não etilistas. O surgimento de uma neoplasia das vias aéreas
superiores relacionadas ao tabaco leva a um risco de até 10% de
surgimento de um segundo tumor primário em outro órgão também
exposto à fumaça, o que é chamado de "campo de cancerização". O tipo
histológico mais comum é o carcinoma espinocelular.
 
Atualmente está bem estabelecida a relação do HPV, em especial o
HPV-16 e 18, com cânceres de orofaringe, sendo a principal causa de
câncer de orofaringe em pacientes não tabagistas. Dos tumores
causados pelo HPV, o carcinoma de orofaringe ocupa a segunda posição
em frequência, atrás do tumor de colo de útero e à frente das neoplasias
de reto e ânus.
 
Outros fatores reconhecidos incluem a exposição à radiação,
especialmente significativa para tumores de tireóide. A exposição ao vírus
Epstein-Barr (EBV) e a exposição ocupacional ao formaldeído e
substâncias da indústria petroquímica frequentemente estão associados
aos tumores de nasofaringe. A exposição solar é o fator mais importante
para os tumores de pele da cabeça e pescoço e do lábio.
 
A epidemiologia é bastante heterogênea quanto à distribuição
geográfica. Tumores da cavidade oral e hipofaringe tendem a ser mais
frequentes em países em desenvolvimento e com alto consumo de álcool
e tabaco. Em países desenvolvidos, houve um aumento de casos de
câncer de laringe relacionados ao HPV.
 
O tratamento, historicamente cirúrgico, atualmente conta com diversas
modalidades e tecnologias capazes de modificar positivamente a
morbidade dos pacientes. Dentre as possibilidades, além da cirurgia
CIR 6
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Tumores Cabeça e Pescoço 
aberta convencional, inclui-se quimioterapia e radioterapia, cirurgias
minimamente invasivas por via endoscópica com auxílio de laser ou
robótica e encontra-se em investigação o uso de imunobiológicos com
alguns resultados promissores. 
MASSAS CERVICAIS
 
A região cervical contém diversas estruturas que podem levar à formação
de massas de etiologia infecciosa, congênita, neoplasias benignas ou
malignas. O diagnóstico diferencial depende de uma boa anamnese e
exame físico, sendo possível com frequência inferir o diagnóstico sem
nenhum outro exame, especialmente nos casos de malformações,
presentes com mais frequência nas crianças. Este capítulo inclui também
a investigação das neoplasias que se manifestam unicamente como
metástases cervicais, chamados tumores primários ocultos, frequentes na
prática clínica e muito cobrados nas provas.
AVALIAÇÃO CLÍNICA
 
Lesões com surgimento a menos de 30 dias, com aspecto fibroelástico,
acompanhadas de sintomas como rash cutâneo, febre, tosse ou
linfonodomegalia dolorosa frequentemente representam um quadro de
linfonodomegalia reacional decorrente de processo infeccioso. A
avaliação clínica deve incluir o exame físico cervical e a oroscopia.
 
CIR 7
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Tumores Cabeça e Pescoço 
Para linfonodomegalias persistentes em pacientes jovens, sem fatores de
risco e sem linfonodo de características neoplásicas (endurado, aderido a
planos profundos, indolor, coalescente), deve-se prosseguir a investigação
infecciosa, incluindo sorologias para toxoplasmose, rubéola, EBV/CMV,
HIV/sífilis, tuberculose.
 
Caso não seja realizado o diagnóstico ou caso haja suspeita de lesão
neoplásica, deve-se proceder com exames de imagem, podendo incluir
ultrassonografia ou tomografia computadorizada e PAAF. Sempre que
não puder ser descartada a suspeita de metástase de carcinoma
espinocelular deve-se evitar a biópsia aberta, visto que ela pode mudar o
estadiamento da lesão por ruptura das barreiras anatômicas naturais. A
biópsia aberta é reservada para casos em que há alta suspeição de
linfoma (pacientes com linfonodomegalia difusa, jovens, sem fatores de
risco, na presença de sintomas B ou em pacientes com antecedentes de
linfoma) ou para os casos de linfonodomegalia em que não foi possível o
diagnóstico nem pela PAAF nem por punção com agulha grossa (core
biopsy).
 
Há também algumas massas que estão presentes desde o nascimento,
manifestando-se apenas mais tarde durante a infância ou em adultos
jovens, frequentemente notados durante um episódio de piora
secundária a uma infecção, que constituem as malformações congênitas.
CIR 8
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Tumores Cabeça e Pescoço 
MALFORMAÇÕES CONGÊNITAS
 
Malformações branquiais: representam cerca de 20% das massas
cervicais na região lateral do pescoço, situando-se próximo à bordanão serão discutidas individualmente.
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https://www.semanticscholar.org/paper/Tumor-mucoepidermoide-de-la-gl%C3%A1ndula-par%C3%B3tida.-de-Sarmiento-Ramos/0093375b8735e08572c60a918e727e9a79ef5d3c/figure/0
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DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL ENTRE LESÕES
MALIGNAS E BENIGNAS
CIR 72
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Os tumores de glândulas salivares com frequência se manifestam apenas
como uma massa de crescimento lento e progressivo. A consistência do
nódulo é inespecífica e quadros clínicos mais drásticos como ulceração
para a pele, otalgia reflexa e metástases linfonodais são incomuns.
 
Para tumores da parótida, a grande característica que deve levar à alta
suspeição de uma neoplasia maligna é o acometimento do nervo facial,
que ocorre exclusivamente nos tumores malignos. Parte essencial do
exame clínico durante a investigação de tumores da parótida é a
investigação da funcionalidade do nervo facial (VII par), incluindo a
mobilidade da região frontal, oclusão ocular e mobilidade da boca.
CIR 73
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Legenda: Paralisia do nervo facial periférica à esquerda devido a carcinoma adenoide
cístico. Fonte: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/17973031/
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https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/17973031/
https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/17973031/
Cirurgia Geral 
Tumores Cabeça e Pescoço 
Legenda: Sinais de lesão do nervo facial. Fonte: Shutterstock.
A ultrassonografia com frequência é utilizada para a avaliação inicial dos
tumores de glândulas salivares, além de ser utilizada para guiar a PAAF.
Lesões maiores requerem a realização de imagem mais complexa, sendo
o mais comum a utilização da tomografia computadorizada. Com ela, é
possível avaliar a real dimensão da lesão, bem como sua relação com as
demais estruturas, sendo essencial para o planejamento cirúrgico de
lesões maiores. A presença de invasão de estruturas adjacentes também
é sinal identificado apenas nos casos de tumores malignos.
 
A realização de PAAF deve sempre ser realizada antes da abordagem
cirúrgica. Em alguns casos ela será capaz de fornecer o diagnóstico,
porém, com frequência, devido à grande variedade histológica dos
tumores de glândulas salivares, o diagnóstico será apenas sugerido,
sendo confirmado após a excisão cirúrgica completa da lesão. A biópsia
aberta nunca deve ser realizada, pois além de haver risco de lesão do
nervo facial, no caso de neoplasias malignas ela mudará o estadiamento
da lesão pela ruptura das barreiras anatômicas naturais.
CIR 75
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TRATAMENTO
 
O tratamento das neoplasias de glândulas salivares é quase sempre
cirúrgico. Para a glândula submandibular, é habitualmente realizada a
submandibulectomia. Já a abordagem da glândula parótida dependerá
da patologia suspeita no pré-operatório. Para lesões benignas, é
preconizada a realização de uma parotidectomia parcial, com
preservação do nervo facial. Especialmente no caso de adenoma
pleomórfico, deve-se garantir uma margem ampla da lesão, devido à alta
taxa de recidiva pela emissão de pseudópodes característica desse tumor.
Já para os tumores malignos, a cirurgia preconizada é a parotidectomia
total. Sempre que não houver sinais clínicos de acometimento do nervo
facial ou lesão volumosa englobando o nervo, deve- se tentar a
preservação do mesmo.
 
Para tumores de alto grau, deve-se realizar o esvaziamento cervical
profilático supra-omo-hióideo (ECSOH, níveis I a III) ipsilateral. Na
presença de metástases clinicamente detectáveis, deve-se realizar ao
menos o esvaziamento cervical funcional ipsilateral (níveis I a V).
 
O tratamento adjuvante é reservado para tumores de alto grau
avançados, metástase linfonodal com extravasamento extranodal, 
invasão perineural ou angiolinfática ou margens comprometidas.
COMPLICAÇÕES
CIR 76
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Tumores Cabeça e Pescoço 
 
As principais complicações relacionadas à parotidectomia parcial ou total
são a lesão do nervo facial e a sudorese gustatória, ou síndrome de Frey.
Acredita-se que essa síndrome ocorre por conta de uma anastomose não
intencional entre os ramos do sistema nervoso autônomo presente no
parênquima glandular e ramos das glândulas sudoríparas da pele. Dessa
forma, sempre que há estímulo à salivação, pode ocorrer também uma
sudorese significativa da região facial (hiperidrose) e hiperemia local. 
 
A melhor forma de evitar essa síndrome consiste na interposição de
tecido local com fáscia ou músculo ainda no ato operatório, visto que a
abordagem posterior é de alto risco para lesão do nervo facial. O
tratamento pós-operatório envolve uso de desodorantes e, nos casos mais
intensos, pode-se realizar a aplicação de toxina botulínica.
 
As principais complicações relacionadas à submandibulectomia
decorrem da lesão dos diversos nervos que estão próximos à glândula,
incluindo o ramo marginal da mandíbula, o nervo hipoglosso e o nervo
lingual.
CONCLUSÃO
 
Bom, galera, aqui concluímos a nossa apostila sobre cirurgia de cabeça e
pescoço. Sabemos que essa não é uma leitura fácil e que há muitos itens
de decoreba, mas com esse material vocês estarão preparados para a
maioria das questões da área. Tenham em mente que nem sempre é
necessário conhecer todos os detalhes dos esvaziamentos cervicais ou do
estadiamento de todas as lesões de cada região da cabeça e pescoço. Se
vocês conseguirem absorver parte desse conteúdo e das dicas fornecidas
por aqui, durante as questões da prova verão que os conteúdos se
complementam e boa parte das questões poderão ser resolvidas por
CIR 77
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Tumores Cabeça e Pescoço 
eliminação. Ainda assim, não deixem de estudar o tema com carinho, pois
ele tem se tornado cada vez mais frequente em grandes instituições.
Bom estudo e vamos pra cima!
CIR 78
Cirurgia Geral 
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Bibliografia
 
REFERÊNCIAS
 
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Overview of thoracic outlet syndromes - uptodate
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Epidemiology and risk factors for head and neck cancer - uptodate
Head and neck squamous cell carcinogenesis: Molecular and
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Salivary gland stones - uptodate
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https://doi.org/10.1016/j.jormas.2020.06.003
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https://www.liebertpub.com/doi/full/10.1089/thy.2015.0020
https://www.liebertpub.com/doi/full/10.1089/thy.2015.0020
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1º lugar no HIAE
em Medicina 
Intensiva
Raphaela Bastos
3º lugar na 
USP-RP em 
Dermatologia
	REFERÊNCIASanterior do músculo esternocleidomastóideo. São originados da não
oclusão das fendas branquiais presentes no desenvolvimento
embriológico. Podem manifestar- se na forma de cistos (75% dos
casos), fístulas incompletas ou sinus, quando há comunicação com
a pele ou fístulas completas, quando há comunicação entre a pele e
a faringe. São mais frequentemente originadas em defeitos do 2°
arco branquial, sendo as de 1°, 3° e 4° arcos raras. Os cistos
apresentam- se como massas fibroelásticas indolores, que podem
crescer e apresentar dor durante episódios de IVAS. O tratamento
requer a excisão cirúrgica completa do cisto e, caso presente, seu
trajeto, que pode estar próximo da artéria carótida e nervo acessório
(X par), devendo-se atentar para essas estruturas. Apesar de
manifestar-se mais frequentemente em crianças e adultos jovens,
pode ser notada em pacientes mais velhos, caso em que é ainda
mais indispensável a realização de PAAF para o diagnóstico
diferencial com neoplasias. O achado clássico da PAAF é a presença
de cristais de colesterol.
• 
CIR 9
Cirurgia Geral 
Tumores Cabeça e Pescoço 
Legenda: Localização mais comum do cisto branquial. Fonte: Ibrahim, M., Hammoud, K.,
Maheshwari, M., & Pandya, A. (2011). Congenital cystic lesions of the head and neck.
Neuroimaging Clinics of North America, 21(3), 621–639.
CIR 10
Cirurgia Geral 
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Legenda: Lesão cística na borda anterior do músculo esternocleidomastoideo. Fonte: 
http://www.walbertosouza.com.br/2019/06/28/cistos-e-fistulas-branquiais
Cisto do ducto tireoglosso: desenvolve-se a partir de
remanescentes do ducto tireoglosso após a migração da tireóide do
forame cego para para a região cervical durante o desenvolvimento
embriológico. Manifesta-se como uma massa na região cervical
anterior, próxima à linha média, em qualquer altura do trajeto do
ducto, mais frequente na altura do osso hióide. Ao exame físico, a
protrusão da língua provoca elevação da massa, o que é chamado
de sinal de Sistrunk. É mais frequente em jovens, mas 40% são
• 
CIR 11
http://www.walbertosouza.com.br/2019/06/28/cistos-e-fistulas-branquiais
Cirurgia Geral 
Tumores Cabeça e Pescoço 
diagnosticados após os 20 anos. O USG pode revelar um nódulo
anecóico e a PAAF apresenta conteúdo cístico com epitélio pseudo
estratificado. O tratamento consiste na cirurgia de Sistrunk, que
envolve a ressecção do cisto e de todo o seu trajeto, incluindo a
ressecção da parte central do osso hióide.
Legenda: Cisto do ducto tireoglosso na linha média. Fonte: https://healthjade.net/
thyroglossal-cyst/
CIR 12
https://healthjade.net/thyroglossal-cyst/
https://healthjade.net/thyroglossal-cyst/
https://healthjade.net/thyroglossal-cyst/
https://healthjade.net/thyroglossal-cyst/
Cirurgia Geral 
Tumores Cabeça e Pescoço 
Legenda: Trajeto do ducto tireoglosso que se estende do forame ceco na base da língua
até a glândula tireoide. Os cistos do ducto tireoglosso podem se desenvolver em qualquer
localização nesse trajeto. Fonte: https://link.springer.com/article/10.1007/s00276-013-1115-3
Hemangioma: são malformações vasculares com surgimento em
geral nos primeiros meses de vida, com crescimento até um ano de
idade. Apresentam aspecto vinhoso e são mais frequentes na pele e
mucosa. Geralmente regridem espontaneamente até 7 a 10 anos. O
tratamento é em geral conservador, com uso de betabloqueadores,
que impedem sua progressão. Para casos com importante
desconforto estético que não apresentarem regressão ou com
sintomas compressivos está indicado o tratamento cirúrgico.
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CIR 13
https://link.springer.com/article/10.1007/s00276-013-1115-3
https://link.springer.com/article/10.1007/s00276-013-1115-3
Cirurgia Geral 
Tumores Cabeça e Pescoço 
Legenda: Hemangioma em neonato. Fonte: https://www.diggefa.de/vascular-tumor.html
Linfangioma ou higroma cístico: são massas indolores e de
aspecto cístico, presentes desde o nascimento. Ao exame físico o
teste de transiluminação é positivo. Costumam ser multiloculadas e
podem causar grande desconforto estético. O tratamento
preferencial consiste em escleroterapia com bleomicina ou OK- 432. 
O tratamento cirúrgico é uma opção, porém devido ao caráter
multiloculado e infiltrativo da lesão, há alto risco de lesão de
estruturas nobres e a recidiva é alta.
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CIR 14
https://www.diggefa.de/vascular-tumor.html
Cirurgia Geral 
Tumores Cabeça e Pescoço 
Legenda: Pacientes com linfangioma macrocístico antes do tratamento com ok-432. 
Fonte: https://www.scielo.br/j/jped/a/9MTMsJjqScgtb4KCzn886DL/?lang=pt#ModalFigfig1
Costela cervical: presença de costela extra numerária junto à 7ª
vértebra cervical que pode levar à compressão do plexo braquial e/
ou artéria subclávia. O diagnóstico pode ser feito por tomografia
computadorizada ou radiografia simples. Para pacientes com
sintomas leves o tratamento pode ser conservador, com fisioterapia,
porém em casos com sintomas graves ou alterações funcionais, é
necessária a exérese cirúrgica.
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CIR 15
https://www.scielo.br/j/jped/a/9MTMsJjqScgtb4KCzn886DL/?lang=pt#ModalFigfig1
Cirurgia Geral 
Tumores Cabeça e Pescoço 
Legenda: Exame físico de paciente com costela cervical. Fonte: ttp://
www.cirurgiacp.ufc.br/files/aulas_residentes/
SINDROME%20DA%20COSTELA%20CERVICAL.pdf
Paraganglioma: são tumores do sistema nervoso autônomo
localizados próximo ao bulbo carotídeo ou região jugulo-timpânica.
Manifestam-se como massa cervical na altura do bulbo, pulsátil,
com movimento antero- posterior, mas sem movimento crânio-
caudal (sinal de Fontaine). Raramente são funcionantes, porém,
quando são, podem causar sintomas adrenérgicos. Há um risco de
• 
CIR 16
http://www.cirurgiacp.ufc.br/files/aulas_residentes/SINDROME%20DA%20COSTELA%20CERVICAL.pdf
http://www.cirurgiacp.ufc.br/files/aulas_residentes/SINDROME%20DA%20COSTELA%20CERVICAL.pdf
http://www.cirurgiacp.ufc.br/files/aulas_residentes/SINDROME%20DA%20COSTELA%20CERVICAL.pdf
http://www.cirurgiacp.ufc.br/files/aulas_residentes/SINDROME%20DA%20COSTELA%20CERVICAL.pdf
http://www.cirurgiacp.ufc.br/files/aulas_residentes/SINDROME%20DA%20COSTELA%20CERVICAL.pdf
http://www.cirurgiacp.ufc.br/files/aulas_residentes/SINDROME%20DA%20COSTELA%20CERVICAL.pdf
Cirurgia Geral 
Tumores Cabeça e Pescoço 
malignização, sendo a sua remoção cirúrgica recomendada, porém,
de alta complexidade devido à proximidade com a carótida e ao
risco de ruptura.
Legenda: Presença de lesões tumorais, bilateralmente, em região topográfica
correspondente aos vasos carotídeos. Fonte: https://www.scielo.br/j/jvb/a/
t6sLcsy8CSyGP73TkhWjTKb/?lang=pt#
CIR 17
https://www.scielo.br/j/jvb/a/t6sLcsy8CSyGP73TkhWjTKb/?lang=pt
https://www.scielo.br/j/jvb/a/t6sLcsy8CSyGP73TkhWjTKb/?lang=pt
Cirurgia Geral 
Tumores Cabeça e Pescoço 
TUMOR PRIMÁRIO OCULTO
 
Todo tumor de cabeça e pescoço que, após a investigação completa
continua sem possibilidade de determinação de seu sítio primário, sendo
identificado apenas por sua metástase cervical é chamado de tumor
primário oculto. Cerca de 10% dos pacientes com metástase cervical
podem não apresentar diagnóstico do sítio primário na avaliação inicial.
Os sítios primários mais frequentemente associados são a orofaringe e a
nasofaringe. Geralmente o paciente apresenta com clínica de uma
massa cervical indolor, com crescimento progressivo, podendo ser
coalescente, endurada e aderida.
 
A investigação inicial deve incluir a anamnese e exame físico completo,
nasofibroscopia, PAAF, endoscopia digestiva alta e tomografia
computadorizada com contraste de face, pescoço e tórax. A tomografia
de abdome também será necessária quando a metástase for localizada
nos níveis cervicais mais baixos (IV e V na sua porção inferior) e uma
broncoscopia poderáser solicitada caso haja suspeita de neoplasia das
vias aéreas inferiores.
 
A PAAF deve incluir a pesquisa de p16, que quando positiva, é fortemente
sugestiva de tumores de orofaringe e pesquisa de EBV, associada aos
tumores de nasofaringe.
 
O PET-CT, embora pouco disponível, pode identificar o sítio primário em
uma pequena porcentagem de pacientes sem diagnóstico pelos demais
exames.
 
O tratamento consiste no esvaziamento cervical funcional do lado da
lesão. A amigdalectomia bilateral deve ser considerada, principalmente
em pacientes com PAAF P16 positiva, visto que a amígdala é um sítio
CIR 18
Cirurgia Geral 
Tumores Cabeça e Pescoço 
frequente nesse contexto. A prática de biópsias aleatórias de base de
língua, utilizadas no passado, tem sido desencorajada. 
 
Caso após o tratamento cirúrgico o sítio primário continue não definido
ou caso haja critérios de risco para persistência ou recidiva (invasão
angiolinfática ou perineural, extravasamento extracapsular) o tratamento
deverá ser complementado com radioterapia e quimioterapia adjuvante
envolvendo toda a região da cabeça e pescoço, na tentativa de
tratamento também do sítio primário.
ESVAZIAMENTOS CERVICAIS
 
TIPOS DE ESVAZIAMENTO CERVICAL
 
A presença de metástase cervical consiste em um dos principais fatores
prognósticos para pacientes com carcinoma espinocelular (CEC) do trato
aerodigestivo alto, excetuando-se as neoplasias de orofaringe associadas
ao HPV e as neoplasias de nasofaringe. A drenagem linfática da pele da
cabeça e pescoço e da mucosa do trato aerodigestivo alto, seios
paranasais, glândulas salivares e tireoide são bem definidas e ocorrem de
forma previsível. Dessa forma, é essencial o conhecimento dos padrões de
drenagem para cada sítio primário e o adequado manejo dos linfonodos
cervicais para o tratamento oncológico em cabeça e pescoço.
 
O esvaziamento cervical é o procedimento cirúrgico que consiste em
retirar todo o tecido fibroconjuntivo da região de uma determinada
CIR 19
Cirurgia Geral 
Tumores Cabeça e Pescoço 
cadeia linfonodal. Sua primeira descrição foi em 1888, porém foi Crille, em
1905, quem realizou e difundiu uma série de esvaziamentos cervicais
baseados na ressecção "em bloco" em uma cirurgia que consiste não só
na remoção das cadeias linfonodais cervicais, como também o músculo
esternocleidomastóideo (MECM), o nervo acessório (NC XI) e a veia jugular
interna, procedimento denominado hoje de esvaziamento cervical radical
à Crille. 
 
Posteriormente, observou-se que o sacrifício de estruturas não linfáticas,
quando não acometidas diretamente pelas metástases, não influenciava
na sobrevida dos pacientes, acarretando ainda maior morbidade, sendo
proposto o esvaziamento cervical radical modificado, quando uma a três
das estruturas não linfáticas retiradas no esvaziamento cervical radical
clássico era preservada.
 
Em 1930, foi proposto o primeiro sistema de classificação de regiões de
linfonodos cervicais pelo serviço de Cabeça e Pescoço do Memorial Sloan
Kettering Cancer Center de Nova York, utilizado até hoje. O sistema
dividia o pescoço em compartimento lateral, lateralmente às artérias
carótidas e compartimento central, medial às artérias carótidas. O
compartimento lateral foi dividido em cinco níveis (I a V), o
compartimento central compreendia o nível VI e o mediastino antero-
superior compreendia o nível VII. Adiante, a Academia Americana de
Otorrinolaringologia e Cirurgia de Cabeça e Pescoço dividiu os níveis I, II e
V entre A e B.
 
Os limites de cada nível são assim definidos: 
CIR 20
Cirurgia Geral 
Tumores Cabeça e Pescoço 
CIR 21
Cirurgia Geral 
Tumores Cabeça e Pescoço 
Legenda: Níveis cervicais. Fonte: AJCC, 7a edição. 
Tanto o esvaziamento cervical radical quanto o esvaziamento cervical
radical modificado ou “funcional” incluem o esvaziamento dos níveis I a V.
Foi a partir do século XX que evidenciou-se que nem todos os pacientes
necessitavam de esvaziamento cervical de todos os níveis. 
 
Para pacientes submetidos a esvaziamentos cervicais profiláticos, ou seja,
aqueles que não apresentam à avaliação clínica e por imagem linfonodos
suspeitos para metástase cervical, seria suficiente a realização do
esvaziamento de apenas alguns níveis, em geral, os três primeiros níveis
de drenagem para cada sítio do tumor primário. Surgiram assim os
esvaziamentos seletivos.
CIR 22
Cirurgia Geral 
Tumores Cabeça e Pescoço 
Dessa forma, os esvaziamentos cervicais passaram a ser classificados
conforme sua extensão, da seguinte forma:
INDICAÇÕES E SÍTIOS DE DRENAGEM
 
O risco de metástases para linfonodos cervicais depende tanto do sítio
primário quanto do estadiamento (TNM) da neoplasia e suas
características histológicas. De forma geral, para tumores do trato
aerodigestivo alto, considerando-se o estadiamento T, que avalia a doença
CIR 23
Cirurgia Geral 
Tumores Cabeça e Pescoço 
local, o risco de metástase tende a ser inferior a 15% para tumores T1; de
15% a 30% para tumores T2; de 30 a 50% para tumores T3; e de mais de
75% para tumores T4. Assim, a indicação do esvaziamento cervical pode
se enquadrar em uma das seguintes situações:
 
Esvaziamento cervical terapêutico: realizado na presença de
metástase cervical diagnosticada antes do tratamento. Com
exceção dos casos de carcinoma papilífero de tireóide, a serem
discutidos em outro capítulo, esse esvaziamento inclui os níveis I a V.
Esvaziamento cervical de resgate: realizado quando há
persistência de metástase cervical após o tratamento com outra
modalidade não cirúrgica.
Esvaziamento cervical profilático: realizado quando não há
evidência de metástase cervical antes do tratamento, porém sabe-
se, devido ao estadiamento inicial, sítio e características do tumor,
que há um alto risco de metástase oculta.
Esvaziamento cervical de oportunidade: realizado sem a finalidade
inicial de tratamento ou profilaxia, mas sim para facilitar o acesso a
alguma localização ou estrutura do pescoço.
 
De acordo com o sítio primário é possível não apenas estimar o risco de
metástase oculta como também é possível determinar quais são os níveis
cervicais com maior risco de metástase oculta (níveis cervicais de
primeiro escalão). Assim, se determina também qual o tipo de
esvaziamento cervical seletivo mais indicado para cada sítio primário.
• 
• 
• 
• 
CIR 24
Cirurgia Geral 
Tumores Cabeça e Pescoço 
O esvaziamento cervical profilático deve ser realizado do mesmo lado em
que se encontra a lesão primária e deve ser realizado bilateralmente
quando a lesão ultrapassa a linha média.
ESTADIAMENTO DE METÁSTASES LINFONODAIS
 
CIR 25
Cirurgia Geral 
Tumores Cabeça e Pescoço 
Com exceção de tumores da tireóide, nasofaringe e orofaringe HPV
positivos, os carcinomas espinocelulares de cabeça e pescoço
apresentam uma classificação N comum:
CIR 26
Cirurgia Geral 
Tumores Cabeça e Pescoço 
CIR 27
Cirurgia Geral 
Tumores Cabeça e Pescoço 
TÉCNICA CIRÚRGICA E COMPLICAÇÕES
 
Quando realizado o esvaziamento cervical em conjunto com a exérese da
lesão primária e quando houver contato entre o tecido conjuntivo do
esvaziamento e a lesão, sempre que possível deve-se tentar a exérese da
lesão primária e esvaziamento em bloco. A técnica cirúrgica correta visa a
proteção das estruturas nobres (nervos e vasos), que devem ser
preservadas. 
 
A seguir, encontram-se resumidos os principais nervos, sua localidade e
consequências das lesões:
CIR 28
Cirurgia Geral 
Tumores Cabeça e Pescoço 
O esvaziamento cervical é um procedimento complexo, porém, essencial
para o adequado tratamento de neoplasias de cabeça e pescoço. A
presença de metástasescervicais clinicamente detectáveis é um dos
principais fatores de mau prognóstico e seu manejo cirúrgico envolve a
dissecção dos níveis cervicais de I a V.
 
Atualmente, as demais estruturas cervicais são preservadas sempre que
possível, a menos que haja sinais de acometimento pela lesão. Mesmo na
ausência de metástases clinicamente detectáveis, estão indicados os
esvaziamentos seletivos profiláticos, visto que a depender do sítio
CIR 29
Cirurgia Geral 
Tumores Cabeça e Pescoço 
primário e estadiamento T o risco de metástase oculta pode variar de 15 a
75%.
CAVIDADE ORAL
 
INTRODUÇÃO E EPIDEMIOLOGIA
 
A cavidade oral é a entrada para as vias aerodigestivas superiores. Suas
estruturas podem ser facilmente examinadas através de inspeção e
palpação, porém, apesar disso, com frequência sua investigação
adequada é deixada de lado no contexto de clínica geral por falta de
familiaridade. O diagnóstico precoce, que se inicia pelo exame físico, é
capaz de evitar cirurgias de grande porte, substituídas por
procedimentos, às vezes, possíveis de serem realizados até mesmo com
anestesia local, e reduz significativamente a morbidade e mortalidade.
Infelizmente, tanto por falta de conscientização da população quanto
pela falta da avaliação adequada, quase 50% dos cânceres da cavidade
oral são diagnosticados em estádios clínicos avançados.
 
Cerca de 90% dos cânceres da cavidade oral são carcinomas
espinocelulares (CEC), sendo o restante constituído por tumores das
glândulas salivares menores e outras neoplasias raras. O principal fator de
risco é o tabagismo, seguido do etilismo. Esses dois fatores de risco
possuem efeito sinérgico para o desenvolvimento de CEC. 
 
CIR 30
Cirurgia Geral 
Tumores Cabeça e Pescoço 
Outros fatores incluem má higiene oral, o trauma repetitivo da mucosa
oral, frequentemente associado ao uso de próteses dentárias mal
adaptadas e o hábito de mascar tabaco. Diferente da orofaringe, a relação
entre o HPV e tumores da cavidade oral não é bem estabelecida. A
maioria das lesões surge na borda lateral da língua ou no assoalho da
boca.
 
Estimam-se cerca de 15.190 casos novos ao ano no Brasil (INCA - 2020),
sendo mais de dois terços dos casos em homens, com cerca de 6.605
óbitos por ano (Atlas de mortalidade por Câncer - SIM - 2019). É o quarto
tumor mais frequente no sexo masculino na região sudeste e o 7° mais
frequente na população geral no Brasil. A idade com maior prevalência é
entre a 4ª e 5ª décadas de vida.
ANATOMIA
 
A cavidade oral compreende desde a mucosa labial, anteriormente, até os
pilares amigdalianos anteriores e sua junção com o palato,
superiormente. Os 2 terços anteriores da língua fazem parte da cavidade
oral, enquanto o terço posterior é parte da orofaringe. A cavidade oral
compreende a arcada dentária inferior, inserida na mandíbula, e superior,
inserida na maxila. Superiormente, ela é delimitada pelo palato dividido
em duro, na parte óssea, e mole, constituído por mucosa e musculatura
com participação no fechamento da nasofaringe durante a deglutição.
Posterior aos dentes molares e a frente da parte ascendente do ramo da
mandíbula, localiza-se o trígono retromolar.
 
A mucosa da cavidade oral é revestida por epitélio não queratinizado e
inclui centenas de glândulas salivares menores. As glândulas salivares
CIR 31
Cirurgia Geral 
Tumores Cabeça e Pescoço 
maiores secretam saliva por meio dos ductos de Stensen, no caso das
parótidas, que desembocam na altura dos segundos molares superiores
bilateralmente, dos ductos de Warthon, no caso das submandibulares,
que desembocam mediamente no assoalho anterior da boca e de
diversos ductos sublinguais, que desembocam também na linha média
do assoalho anterior.
 
A vascularização da cavidade oral ocorre predominantemente por ramos
da artéria carótida externa, incluindo a artéria facial, maxilar,
esfenopalatina, palatinas maiores e menores, faríngea ascendente e
lingual.
 
A inervação sensitiva ocorre por ramos do nervo trigêmio (V par),
incluindo o nervo maxilar (V2), infraorbital (continuação de V2),
mandibular (V3), mentual e lingual (ambos continuação de V3).
Destacam-se o nervo mentual por sua função sensitiva do mento, lábio
inferior e gengiva inferior importantes para a continência da cavidade
oral; e o nervo lingual por sua função sensitiva dos dois terços anteriores
da língua. A unidade móvel da cavidade oral, a língua, tem sua inervação
motora pelo nervo hipoglosso (XII par). A lesão desse nervo leva à
inclinação da língua para o lado da lesão.
 
A irrigação linfática da cavidade oral é extremamente rica, sendo o nível I
o primeiro sítio de drenagem, seguido pelos níveis II e III. Por essa razão,
pode haver metástase oculta (não detectável clínica ou radiologicamente)
em até 36% dos casos de tumores de boca.
CIR 32
Cirurgia Geral 
Tumores Cabeça e Pescoço 
Legenda: Estruturas da cavidade oral. Fonte: Shutterstock.
A importância do conhecimento anatômico dessa região decorre tanto
da necessidade de identificação e correta descrição das lesões da
cavidade oral, quanto do tratamento cirúrgico que deve evitar, sempre
que possível, a lesão das diversas estruturas presentes na cavidade oral.
QUADRO CLÍNICO E DIAGNÓSTICO
 
O quadro clínico mais comum para tumores da cavidade oral é de uma
lesão que não cicatriza. Toda lesão que não apresentar regressão em até
3 semanas deve ser investigada.
CIR 33
Cirurgia Geral 
Tumores Cabeça e Pescoço 
 
Algumas dessas lesões podem não representar neoplasias invasivas,
porém, já apresentarem graus variados de displasia. São as chamadas
lesões pré malignas, que se dividem em leucoplasias e eritroplasias. As
leucoplasias são lesões esbranquiçadas, de bordas irregulares,
superficiais, que apresentam um risco de 5% a 7% de transformação para
carcinoma. Já as eritroplasias são lesões avermelhadas a róseas,
superficiais, que apresentam risco de malignização de até 30%. Há
também as lesões associadas ao HPV, de aspecto papilomatoso.
 
As neoplasias invasivas costumam apresentar lesões bordas irregulares,
às vezes elevadas, com lesão ulcerada ou vegetante, endurecida à
palpação, podendo ser mais profunda e friável. A queixa de dor é
frequente e pode ocorrer sangramento. Em estágios mais avançados
pode haver fixação da língua ou do assoalho da boca, disfagia,
linfonodomegalias e perda de peso.
CIR 34
Cirurgia Geral 
Tumores Cabeça e Pescoço 
Legenda: Leucoplasia. Fonte: https://quizlet.com/br/435419000/lesoes-potencialmente-
malignas-flash-cards/
Legenda: Leucoeritroplasia. Fonte: Acervo Medway. 
CIR 35
https://quizlet.com/br/435419000/lesoes-potencialmente-malignas-flash-cards/
https://quizlet.com/br/435419000/lesoes-potencialmente-malignas-flash-cards/
Cirurgia Geral 
Tumores Cabeça e Pescoço 
Legenda: CEC de língua. Fonte: http://oldfiles.bjorl.org/triologico2007/anais/artigos/
4347.htm
O diagnóstico é clínico, porém, deverá sempre ser confirmado por biópsia.
Em lesões com aspecto de leucoplasia, eritroplasia e lesões T1 de fácil
acesso, pode-se realizar uma biópsia excisional, confirmando o
diagnóstico e ao mesmo tempo realizando o tratamento. Para as demais
lesões, além da confirmação por biópsia é essencial a complementação
com exames de imagem, sendo utilizada principalmente a tomografia
computadorizada com contraste da face, pescoço e tórax, de forma a
investigar não só a extensão da lesão primária como a presença de
metástases cervicais e à distância. 
CIR 36
http://oldfiles.bjorl.org/triologico2007/anais/artigos/4347.htm
http://oldfiles.bjorl.org/triologico2007/anais/artigos/4347.htm
Cirurgia Geral 
Tumores Cabeça e PescoçoLegenda: Neoplasia de língua à esquerda (área com captação de contraste). Fonte: 
https://radiopaedia.org/articles/squamous-cell-carcinoma-tongue?lang=gb
ESTADIAMENTO
 
O estadiamento segue o sistema TNM. O estadiamento N é o mesmo
para a maioria dos tumores de cabeça e pescoço, excetuando-se
nasofaringe, orofaringe P16+ e tireóide, já descrito no capítulo de
esvaziamentos cervicais.
CIR 37
https://radiopaedia.org/articles/squamous-cell-carcinoma-tongue?lang=gb
Cirurgia Geral 
Tumores Cabeça e Pescoço 
TRATAMENTO
 
As lesões pré malignas (leucoplasias e eritroplasias) devem ser tratadas
pela excisão cirúrgica com margens mínimas. Para pacientes que
possuem lesões em grande quantidade por toda a mucosa da cavidade
oral é possível realizar o tratamento com cauterização, especialmente,
com o advento do laser, entretanto, há a desvantagem de que com a
cauterização não é possível obter uma biópsia comprovando o grau de
displasia e as margens. 
 
CIR 38
Cirurgia Geral 
Tumores Cabeça e Pescoço 
O tratamento de primeira linha para tumores da cavidade oral envolve
sempre a ressecção cirúrgica com margens, idealmente de pelo
menos 1 cm. O acesso deve ser realizado da forma menos invasiva
possível. Sempre que possível, deve-se optar pela ressecção transoral.
Para lesões maiores, o acesso adequado para a ressecção completa com
margens pode exigir uma mandibulotomia de acesso, em que a
mandíbula é seccionada e, após a excisão da lesão, reposicionada e fixada
com placas de titânio. 
 
Para tumores do assoalho da boca, pode-se realizar uma abordagem
cervical por “Pull-Through”, em que a lesão é acessada pelo mesmo
acesso do esvaziamento cervical e puxada para baixo. 
 
Sempre que houver contato íntimo da lesão com o osso da mandíbula,
deve-se realizar uma mandibulectomia marginal para garantia de
margens, em que é retirada uma camada do osso da mandíbula,
geralmente, incluindo o rebordo alveolar. Quando houver invasão do osso
da mandíbula, deverá ser realizada uma mandibulectomia segmentar
para a retirada de um segmento completo do osso.
 
O esvaziamento cervical deverá sempre ser realizado a partir de lesões
T2, devido ao alto risco de metástases ocultas. Quando não houver lesão
clínica ou radiologicamente detectável, deve-se realizar o esvaziamento
cervical profilático supra-omo-hióideo (ECSOH, níveis I a III) do mesmo
lado da lesão. Se a lesão ultrapassar a linha média, deve-se realizar o
esvaziamento profilático bilateralmente. Sempre que houver lesão clínica
ou radiologicamente detectável, o tratamento cervical exigirá ao menos
um esvaziamento cervical funcional, também chamado de esvaziamento
cervical radical modificado tipo III (níveis I a V) do lado onde há metástase.
 
Lesões maiores podem exigir reconstruções com retalhos para o
adequado fechamento da cavidade oral. Esses podem incluir o retalho
locoregional de músculo peitoral, retalhos de musculatura pré-tireoidiana,
CIR 39
Cirurgia Geral 
Tumores Cabeça e Pescoço 
retalhos supraclaviculares ou retalhos livres por microcirurgia. Quando
houver necessidade de mandibulectomia, a reconstrução poderá ser
realizada apenas com placa de titânio e retalho miocutâneo e/ou enxerto
ósseo para defeitos menores e, em condições ideais, deverá ser realizada
por microcirurgia com retalho livre de fíbula para defeitos ósseos maiores
que 5 cm.
 
O tratamento adjuvante é uma importante ferramenta para reduzir o
risco de persistência de doença ou recidivas e, idealmente, deve incluir
quimioterapia (QTX) e radioterapia (RTX). Para pacientes em que a
quimioterapia é contra-indicada devido às comorbidades ou condições
clínicas, pode-se realizar a adjuvância apenas com radioterapia. 
FARINGE
 
INTRODUÇÃO
 
A faringe é a parte intermediária do trato aerodigestivo superior
constituído por um tubo fibromuscular que se comunica superiormente
com a cavidade nasal e a cavidade oral na sua porção intermediária e
CIR 40
Cirurgia Geral 
Tumores Cabeça e Pescoço 
com a laringe e o esôfago na sua extremidade inferior. Ela é
classicamente dividida em nasofaringe, orofaringe e hipofaringe, sendo
que cada uma dessas sub-regiões possuem características distintas
quanto sua anatomia, fisiologia e fatores de risco específicos para o
desenvolvimento de neoplasias.
ANATOMIA
 
A nasofaringe se inicia nas coanas da cavidade nasal e termina na borda
livre do palato mole. Na sua parede lateral se encontram as fossetas de
Rosenmuller e o tórus tubário (abertura das trompas de Eustáquio). 
 
A orofaringe se inicia anteriormente nos pilares amigdalianos anteriores,
sendo limitada superiormente pelo palato mole e inferiormente ao nível
da valécula e epiglote. Inclui ainda as amígdalas, pilares amigdalianos,
base da língua e valécula. 
 
A hipofaringe se estende da epiglote e valéculas até a borda inferior da
cartilagem cricóide, incluindo os recessos piriformes e a região
retrocricóide. A drenagem linfática da faringe é extremamente rica, sendo
os sítios primários de drenagem os níveis cervicais II, III e IV.
CIR 41
Cirurgia Geral 
Tumores Cabeça e Pescoço 
Legenda: Faringe e suas subdivisões. Fonte: https://br.pinterest.com/pin/
159666749264811062/ - original: Netter, atlas de anatomia
A seguir, as afecções de cada parte da faringe serão discutidas
individualmente.
NASOFARINGE
 
A nasofaringe é uma região mais raramente acometida pelas neoplasias
em comparação à orofaringe e à hipofaringe. A maioria dos casos são
carcinomas espinocelulares e, mais raramente, tumores de glândulas
salivares, de tecidos moles, cordomas ou linfomas que se manifestam
nessa região graças à rica irrigação linfática. Há uma forte associação
entre o carcinoma de nasofaringe e o Epstein-Barr (EBV).
 
CIR 42
https://br.pinterest.com/pin/159666749264811062/
https://br.pinterest.com/pin/159666749264811062/
https://br.pinterest.com/pin/159666749264811062/
https://br.pinterest.com/pin/159666749264811062/
Cirurgia Geral 
Tumores Cabeça e Pescoço 
O sintoma inicial mais frequente das neoplasias de nasofaringe é o
surgimento de linfonodomegalias cervicais. Devido ao espaço da
cavidade, sintomas como obstrução nasal, epistaxe e alterações auditivas
decorrentes da obstrução da tuba auditiva surgem mais tardiamente.
Esse tumor acomete pacientes mais jovens em comparação aos demais
tumores de cabeça e pescoço e é mais frequente em homens e não
possui associação tão forte com o tabagismo. 
 
O tratamento de escolha para tumores da nasofaringe é com
quimioterapia e radioterapia definitivos. A resposta tende a ser boa, sendo
a cirurgia, que consiste na exérese da lesão primária por acesso transnasal
ou aberto com esvaziamento cervical profilático lateral bilateral (T2 ou
superior) ou esvaziamento funcional dos lados com linfonodo acometido,
reservada para casos em que não houve resposta à radioterapia e para
persistência de metástases linfonodais.
OROFARINGE
CIR 43
Cirurgia Geral 
Tumores Cabeça e Pescoço 
 
O carcinoma epidermóide representa cerca de 90% dos casos de câncer
de orofaringe. A primeira localidade mais afetada é a amígdala seguida
da base da língua. 
 
Existem dois fatores de risco com importante associação ao
desenvolvimento de CEC nessa região: o tabagismo e a infecção por HPV.
Atualmente, em países desenvolvidos e com a redução do tabagismo, o
CEC de orofaringe HPV+ tem se tornado cada vez mais predominante.
 
O CEC de orofaringe HPV+ possui características próprias e prognóstico
melhor quando comparado ao CEC HPV-. Essa diferenciação já é tão
reconhecida que desde a última atualização do TNM há uma classificação
diferente para tumores HPV+ e tumores HPV-.Diagnóstico e estadiamento
 
O CEC de orofaringe pode ser pouco sintomático em estágios iniciais.
Com a progressão da lesão, pode haver dor, desconforto cervical,
odinofagia, disfagia, sangramento, otalgia reflexa e trismo em lesões
avançadas. Linfonodomegalia com frequência pode ser o sintoma inicial,
porém, com menos frequência do que nos tumores de nasofaringe. A
lesão pode ser identificada no exame físico.
 
O diagnóstico requer a realização de biópsia. Para toda lesão de
orofaringe, sempre deverá ser solicitada a pesquisa da proteína p16 por
imuno-histoquímica, que possui alta sensibilidade para identificação do
HPV, sendo o principal exame para diferenciação entre CEC HPV+ e HPV-.
 
Exames de imagem são essenciais para completar o estadiamento e, em
geral, incluem tomografia computadorizada de pescoço e tórax com
contraste.
CIR 44
Cirurgia Geral 
Tumores Cabeça e Pescoço 
CIR 45
Cirurgia Geral 
Tumores Cabeça e Pescoço 
Tratamento
 
CIR 46
Cirurgia Geral 
Tumores Cabeça e Pescoço 
O tratamento do CEC de orofaringe já foi predominantemente cirúrgico,
porém devido à alta morbidade desses procedimentos e à boa resposta à
radioterapia e quimioterapia principalmente no CEC HPV+. O tratamento
com quimioterapia e radioterapia definitivos tem ganhado mais espaço.
 
O tratamento cirúrgico pode ser preferível para lesões de fácil acesso pela
via transoral, como os tumores iniciais de amígdala e é a única opção
terapêutica efetiva para casos que não obtiveram boa resposta à
radioterapia.
 
O esvaziamento cervical profilático lateral (níveis II, III e IV) deverá sempre
ser realizado para tumores a partir de T2 e a presença de linfonodopatia
clinicamente detectável exige a realização de pelo menos o esvaziamento
cervical funcional (níveis I a V) do lado da metástase linfonodal.
HIPOFARINGE
 
Assim como nas demais regiões, o CEC representa cerca de 90% dos
tumores de hipofaringe e o principal fator de risco é o tabagismo e
etilismo. Os tumores de hipofaringe apresentam pior prognóstico quando
comparados à nasofaringe e orofaringe. Isso ocorre devido à drenagem
linfática extremamente rica dessa região associada ao fato de a maioria
das lesões serem assintomáticas ou oligossintomáticas em estágios
iniciais. 
 
Graças ao espaço livre da orofaringe, sintomas como odinofagia e disfagia
surgem mais tardiamente e podem estar presentes também
sangramentos, disfonia e otalgia reflexa. A linfonodomegalia
frequentemente se apresenta como sintoma inicial. Há uma tríade
CIR 47
Cirurgia Geral 
Tumores Cabeça e Pescoço 
clássica de tumores de orofaringe composta por massa cervical, otalgia
reflexa e odinofagia presente apenas em casos já avançados.
 
Diagnóstico e estadiamento
 
A avaliação clínica e anamnese são essenciais para o diagnóstico e a
avaliação da lesão necessitará da realização de uma laringoscopia indireta
por meio de nasofibroscopia ou laringoscopia rígida. A confirmação
diagnóstica será feita com a biópsia que pode ser realizada com anestesia
local e guiada pela nasofibroscopia nas lesões de mais fácil acesso e em
pacientes com boa tolerância. Para lesões de difícil acesso e em pacientes
com menor tolerância poderá ser necessária a realização de uma
laringoscopia direta por laringoscopia de suspensão, sob anestesia geral,
permitindo a biópsia e a adequada avaliação da lesão.
Figura 8. Tumor de recesso piriforme direito. Fonte: https://bmcsurg.biomedcentral.com/
articles/10.1186/s12893-021-01223-1
CIR 48
https://bmcsurg.biomedcentral.com/articles/10.1186/s12893-021-01223-1
https://bmcsurg.biomedcentral.com/articles/10.1186/s12893-021-01223-1
Cirurgia Geral 
Tumores Cabeça e Pescoço 
Para concluir o estadiamento será necessária a tomografia de pescoço e
tórax. Todos os pacientes deverão realizar também uma endoscopia
digestiva alta para investigação de 2° tumor primário presente em cerca
de um quinto dos casos.
O estadiamento N é semelhante aos demais tumores de cabeça e
pescoço. O estadiamento M se limita a Mx (não pode ser avaliado), M0
(ausência de metástase à distância) e M1 (metástase à distância).
 
Tratamento
 
O tratamento cirúrgico para tumores de hipofaringe apresenta a melhor
resposta, principalmente quando combinado com o tratamento
adjuvante para tumores avançados. Apesar disso, o tratamento definitivo
com quimioterapia e radioterapia têm ganhado espaço devido à alta
CIR 49
Cirurgia Geral 
Tumores Cabeça e Pescoço 
morbidade dessas cirurgias, que nos casos mais avançados envolve a
realização de uma faringolaringectomia total. As opções terapêuticas
deverão ser decididas em conjunto com o paciente, expondo-se riscos e
benefícios. 
 
O tratamento cirúrgico é a única opção para tumores que não
responderam à radioterapia.
 
O esvaziamento cervical profilático lateral (níveis II, III e IV) deverá sempre
ser realizado para tumores a partir de T2 e a presença de linfonodopatia
clinicamente detectável exige a realização de pelo menos o esvaziamento
cervical funcional (níveis I a V) do lado da metástase linfonodal.
LARINGE
 
INTRODUÇÃO
 
A laringe é um órgão complexo com participação central nas funções de
respiração, fala e deglutição. Ela faz parte das vias aéreas superiores e
contém as pregas vocais, cuja vibração durante a expiração permite a
fonação em conjunto com as demais estruturas da própria laringe,
faringe, cavidade oral e cavidade nasal. Durante a deglutição, a laringe se
eleva e ocorre o fechamento da epiglote, guiando o bolo alimentar para o
esôfago. 
 
CIR 50
Cirurgia Geral 
Tumores Cabeça e Pescoço 
A laringe é o segundo local mais frequente de acometimento por
carcinoma espinocelular da cabeça e pescoço e sua principal causa é a
exposição ao tabaco e álcool que possuem ação sinérgica. A região mais
frequentemente acometida é a glote. Nessa região, a maioria dos
pacientes apresenta diagnóstico em estágios mais precoces da doença,
pois pequenas alterações na superfície das pregas vocais já causam
alterações clínicas como rouquidão. Em contraste, tumores da supraglote
são, na maioria das vezes, diagnosticados em estágios mais avançados,
pois há necessidade de uma lesão volumosa para provocar sintomas.
ANATOMIA
 
A laringe é composta por 9 cartilagens, sendo 3 únicas e 3 em pares:
 
Epiglote: delimita o limite superior da laringe, sendo uma
importante referência anatômica durante a intubação. Possui
função na deglutição, fechando o ádito da laringe durante a
passagem do bolo alimentar.
Cartilagem tireóide: a maior delas, possui formato de escudo e
contém as estruturas da laringe. Sua proeminência pode ser
facilmente identificada no exame físico, principalmente em homens
popularmente chamada de “pomo de Adão”. É uma cartilagem
incompleta, ou seja, sua parte posterior é aberta.
Cricóide: delimita o limite inferior da laringe. É a única cartilagem
completa do órgão, ou seja, forma um anel completo de cartilagem.
Dessa forma, mantém a via aérea pérvia e forma a base para a
• 
• 
• 
CIR 51
Cirurgia Geral 
Tumores Cabeça e Pescoço 
articulação das aritenóides.
Aritenóides: par de cartilagens fixo à cartilagem cricóide e formam
a unidade móvel da laringe. O ligamento vocal se insere nas
aritenóides no processo vocal e o movimento das aritenóides
realizada a abdução e adução das pregas vocais.
Corniculadas: par de cartilagens localizadas acima das aritenóides,
rudimentares sem aparente função.
Cuneiformes: par de cartilagens acima das corniculadas também
sem aparente função.
 
A irrigação da laringe ocorre pela artéria laríngea superior, ramo da
artéria tireóidea superior que penetra a laringe pela membranatireo-
hióidea lateralmente e pela artéria laríngea inferior, ramo da artéria
tireóidea inferior que segue profundamente ao músculo constritor
inferior da faringe.
 
A inervação da laringe é realizada pelo nervo vago (décimo par craniano),
por meio do nervo laríngeo superior e pelo nervo laríngeo recorrente. O
nervo laríngeo superior se divide no ramo interno, que penetra a laringe
pela porção lateral da membrana tireo-hióidea e realiza a inervação
sensitiva da laringe e hipofaringe, e ramo externo, que realiza a inervação
motora do músculo cricotireóideo. Já o nervo laríngeo recorrente possui
trajeto ascendente, sendo que no lado direito o nervo contorna a artéria
subclávia direita, apresentando trajeto mais inclinado, enquanto do lado
esquerdo ele dá a volta ao redor da artéria aorta com trajeto mais
retilíneo, subindo pelo sulco tráqueo-esofágico até penetrar a laringe na
altura da membrana cricotireóidea lateralmente. O nervo laríngeo
recorrente é responsável pela inervação motora de todos os demais
músculos da laringe, sendo o principal nervo da fonação. A lesão do nervo
• 
• 
• 
CIR 52
Cirurgia Geral 
Tumores Cabeça e Pescoço 
laríngeo superior leva a fadiga vocal e déficit para sons mais agudos,
enquanto a lesão do nervo laríngeo recorrente leva à paralisia da prega
vocal ipsilateral à lesão.
Legenda: Estruturas da laringe. Fonte: Shutterstock.
CIR 53
Cirurgia Geral 
Tumores Cabeça e Pescoço 
Legenda: Estruturas da laringe. Fonte: https://anatomiaonline.com/laringe
A laringe é dividida entre três porções: supraglote, que se estende da
ponta da epiglote até os ventrículos, a glote, que compreende as pregas
vocais e a subglote, que se estende da borda inferior das pregas vocais
até a borda inferior da cartilagem cricóide. Essa divisão é baseada no
desenvolvimento embriológico e sua principal implicação clínica está na
drenagem linfática. Enquanto a supraglote e a subglote apresentam rica
drenagem linfática bilateral, a drenagem linfática da glote extremamente
pobre, sendo raro o surgimento de metástases linfonodais em tumores
restritos à glote.
TUMORES DA LARINGE
 
O carcinoma espinocelular (CEC) representa cerca de 90 a 95% das
neoplasias malignas da laringe. Os pacientes apresentam normalmente
queixas de rouquidão, disfagia, odinofagia, dispneia, desconforto ou
CIR 54
https://anatomiaonline.com/laringe
Cirurgia Geral 
Tumores Cabeça e Pescoço 
sensação de corpo estranho na garganta, hemoptise e, ocasionalmente,
dor na orelha ipsilateral. 
 
A avaliação clínica inicial requer uma boa anamnese, exame físico e
indispensavelmente uma laringoscopia indireta, que pode ser realizada
por meio de um nasofibroscópio flexível ou de uma ótica rígida de 70°. A
laringoscopia rígida é de tamanha importância que pode ser considerada
parte do exame físico da laringe e sua realização permite determinar a
extensão da lesão, acometimento de estruturas adjacentes e avaliar
melhor o comprometimento funcional da deglutição e a perviedade das
vias aéreas superiores.
 
Com exceção de lesões superficiais e restritas às pregas vocais, a
investigação e estadiamento requerem a realização de exames de
imagem, sendo o mais comum a realização de uma tomografia de
pescoço para avaliação da lesão primária e metástases cervicais e uma
tomografia de tórax para avaliação de metástases à distância. A
investigação inicial também deve incluir uma endoscopia digestiva alta
para pesquisa de tumores sincrônicos, visto que até 10% dos pacientes
com tumores de laringe poderão apresentar um segundo tumor primário
nas vias aéreas altas e esôfago.
 
A confirmação diagnóstica depende da realização da biópsia. Em casos
selecionados de tumores de supraglote ela pode ser realizada no próprio
ambulatório, guiada pela nasofibroscopia e com anestesia tópica, porém,
a maioria dos casos requer idealmente a realização de biópsia com
anestesia geral, por meio de uma laringoscopia de suspensão.
CIR 55
Cirurgia Geral 
Tumores Cabeça e Pescoço 
Legenda: Laringoscopia rígida com ótica de 70° e imagem de laringoscopia rígida
evidenciando lesão de aspecto neoplásico da prega vocal direita. Fonte: Shutterstock e 
https://laryngopedia.com/cancer/
Legenda: Laringoscopia direta por laringo- suspensão e visão da laringoscopia direta
evidenciando leucoplasia da prega vocal esquerda. Fonte: http://www.fcecon.am.gov.br/
fcecon-realiza-primeira-cirurgia-laser-para-o-tratamento-do-cancer-de-laringe/https://
www.researchgate.net/figure/Images-of-the-vocal-cords-at-microlaryngoscopy-pre-left-
and-post-right-excision-of_fig1_265556495
A apresentação clínica, evolução e tratamento apresentam grandes
diferenças quanto ao subsítio primário. A seguir, serão descritas as
particularidades, estadiamento e tratamento para os tumores de glote e
supraglote. 
CIR 56
https://laryngopedia.com/cancer/
http://www.fcecon.am.gov.br/fcecon-realiza-primeira-cirurgia-laser-para-o-tratamento-do-cancer-de-laringe/
http://www.fcecon.am.gov.br/fcecon-realiza-primeira-cirurgia-laser-para-o-tratamento-do-cancer-de-laringe/
http://www.fcecon.am.gov.br/fcecon-realiza-primeira-cirurgia-laser-para-o-tratamento-do-cancer-de-laringe/
http://www.fcecon.am.gov.br/fcecon-realiza-primeira-cirurgia-laser-para-o-tratamento-do-cancer-de-laringe/
Cirurgia Geral 
Tumores Cabeça e Pescoço 
Glote
 
A queixa de rouquidão tende a surgir primeiro e favorece o diagnóstico
precoce, visto que pequenas alterações na superfície das pregas vocais já
podem causar sintomas. Com a progressão da lesão, pode ocorrer
obstrução da via aérea, com necessidade de traqueostomia.
 
O estadiamento não leva em consideração o tamanho da lesão e sim o
grau de acometimento das pregas vocais.
O tratamento de tumores da glote pode envolver uma única modalidade
em tumores mais iniciais, sendo elas a microcirurgia de laringe
(cordectomia) ou a quimioterapia e radioterapia. Para tumores mais
avançados, pode haver necessidade de múltiplas modalidades e de
laringectomia total. O tratamento deve não apenas objetivar a exérese
CIR 57
Cirurgia Geral 
Tumores Cabeça e Pescoço 
com margens livres da neoplasia como também a preservação e
reabilitação adequadas da fonação, deglutição e respiração.
 
Para tumores T1 e T2, tanto a cordectomia quanto a quimioterapia e
radioterapia possuem taxas equivalentes de cura e boa reabilitação vocal,
desde que com suporte adequado da fonoterapia. Cada possibilidade de
tratamento deve ser discutida com o paciente individualmente, levando
em consideração preferências pessoais, duração de tratamento e
questões sociais. Do ponto de vista técnico, tumores in situ, tumores T1a
(acometimento de apenas uma prega vocal) e tumores T2 selecionados
que não comprometam a mobilidade da prega vocal após ressecção são
ideais para o tratamento endoscópico com microcirurgia de laringe. Já
tumores T1b (acometimento bilateral) e T2 com comprometimento
significativo da mobilidade da prega vocal devem ser tratados
preferencialmente com quimioterapia e radioterapia.
 
Existem também as laringectomias parciais fronto-lateral, que envolve a
abertura da cartilagem tireóide (laringofissura) para a excisão de uma
prega vocal, podendo se estender para comissura anterior e até a
aritenóide ipsilateral e a laringectomia parcial horizontal supracricóide,
onde se preserva apenas a cartilagem cricóide, ao menos uma aritenóide
e se possível, a epiglote, com pexia da cricóide ao osso hióide. Essas
modalidades ainda possuem suas indicações, porém, têm perdido espaço
para os tratamentos endoscópicos e quimio-radioterápicos, sendo
geralmente reservados para tumores mais extensos e não passíveis de
ressecção endoscópicae pacientes já irradiados.
 
Para tumores T3 e T4, o tratamento cirúrgico geralmente requer uma
laringectomia total. Alguns casos de tumores T3 selecionados podem ser
tratados com quimioterapia e radioterapia, com o chamado “protocolo de
preservação de orgãos”. A boa indicação desse tratamento requer que o
paciente tenha preservadas as suas funções de fonação, deglutição e
respiração. Caso essas funções não estejam preservadas, há grande
CIR 58
Cirurgia Geral 
Tumores Cabeça e Pescoço 
chance de que continuem comprometidas após o tratamento com
quimioterapia e radioterapia, podendo inclusive apresentar piora. Por isso,
quando há comprometimento dessas funções a laringectomia total é
mais indicada, visto que permitirá melhor reabilitação, já que o órgão a
ser preservado não está funcional. Já tumores T4 serão idealmente
tratados sempre com laringectomia total.
Para tumores restritos à glote, raramente será necessária a realização de
esvaziamento cervical, visto que a drenagem linfática dessa região é baixa
e apenas cerca de 6% dos casos evoluirão metástase cervical. O
esvaziamento será realizado na presença de metástases clinicamente ou
radiologicamente detectáveis e para tumores T3 e T4 com acometimento
por contiguidade da supraglote ou infraglote, onde deve ser realizado o
esvaziamento cervical profilático lateral (níveis II, III e IV) bilateral.
Supraglote
 
Nos tumores da supraglote, a queixa de disfagia e odinofagia são os
sintomas iniciais mais frequentes. Visto que a maioria dos casos são
diagnosticados em estágios mais avançados e que há rica drenagem
linfática nesta região, com frequência são identificadas
linfonodomegalias na avaliação inicial. Assim como nos tumores de glote
é essencial a realização de uma laringoscopia indireta, a realização de
tomografias de pescoço e tórax para todos os casos, a endoscopia
digestiva alta e a biópsia da lesão. O estadiamento leva em consideração
aspectos funcionais da laringe e extensão para sub-regiões e estruturas
adjacentes.
CIR 59
Cirurgia Geral 
Tumores Cabeça e Pescoço 
O tratamento dos tumores da supraglote pode ser endoscópico, por
meio de microcirurgia de laringe, especialmente com o advento do laser,
em especial o laser de CO2, que facilita a ressecção de lesões iniciais T1 e
casos selecionados de T2. Há possibilidade de tratamento com
quimioterapia e radioterapia, porém, com efetividade menor em
comparação aos tumores de glote devido à maior drenagem linfática.
 
Para tumores que não acometem estruturas adjacentes à laringe e não
acometem a glote até T2, pode ser realizada uma laringectomia parcial
horizontal supraglótica, onde são preservadas as pregas vocais, ao menos
uma aritenóide e, se possível, a epiglote. Essa modalidade permite boa
reabilitação, desde que realizada fonoterapia adequadamente no pós
operatório. As laringectomias horizontais parciais não são indicadas para
pacientes com doença pulmonar de base importante, visto que é previsto
um grau de broncoaspiração, mesmo em pacientes reabilitados.
 
CIR 60
Cirurgia Geral 
Tumores Cabeça e Pescoço 
Para tumores T3 e T4, o tratamento cirúrgico envolve geralmente uma
laringectomia total. Exceto para tumores muito iniciais, deve- se sempre
realizar o esvaziamento cervical profilático lateral ipsilateral à lesão ou
bilateral, caso a mesma ultrapasse a linha média.
REABILITAÇÃO E ASPECTOS DA LARINGECTOMIA
TOTAL
 
Sempre que houver manipulação da glote, desde a mais simples
cordectomia até as laringectomias parciais e totais e inclusive após
radioterapia é necessária a fonoterapia para a adequada reabilitação da
voz. Nos casos de laringectomias parciais, a fonoterapia não só tem o
objetivo de reabilitação vocal, mas também de reabilitação da deglutição
e respiração, pois é frequente a broncoaspiração.
 
Pacientes submetidos a laringectomia total apresentam mudanças
anatômicas significativas e definitivas, porém, para casos de tumores
avançados, frequentemente podem ser melhor reabilitados do que com o
tratamento não cirúrgico. A alimentação deve ser mantida
exclusivamente por sonda nasoenteral no período pós-operatório. Caso
não haja deiscências, após 5 a 7 dias pode ser reiniciada a dieta com
líquidos e após cerca de 14 dias o paciente pode se alimentar com as
demais consistências, sendo retirada a sonda nasoenteral. Não há risco de
broncoaspiração, visto que após uma laringectomia total não há mais
comunicação entre a cavidade oral e a traquéia, que tem sua
extremidade suturada na região cervical anterior (maturação do
traqueostoma).
 
CIR 61
Cirurgia Geral 
Tumores Cabeça e Pescoço 
A respiração passa a ser pelo traqueostoma, que em situações normais
não requer a aplicação de nenhum tipo de cânula. Há filtros disponíveis
no mercado que podem ser aplicados sobre o traqueostoma para melhor
umidificação do ar, evitando a formação de crostas, desconforto ou
complicações pulmonares.
 
A reabilitação vocal pode ser realizada de 3 maneiras: 
 
A primeira e mais simples é a voz esofágica, em que o paciente por meio
de técnica treinada em fonoterapia irá deglutir o ar e, ao expelí-lo,
produzirá os sons com movimentos da boca. O segundo método,
atualmente disponibilizado pelo SUS, é a laringe eletrônica, equipamento
que é encostado à face ou região cervical durante a articulação das
palavras com a boca, produzindo um som metálico, porém satisfatório
para a comunicação. O terceiro método é a prótese fonatória, aplicada de
forma cirúrgica à parede posterior do traqueostoma. A prótese possui
uma válvula unidirecional que permite a passagem de ar da traqueia para
o esôgafo ao ocluir-se o traqueostoma, produzindo uma voz bastante
satisfatória em conjunto com a articulação das palavras na cavidade oral.
Esse método é mais caro e normalmente não disponível pelo SUS, além
de requerer troca de prótese em média a cada 12 meses.
CIR 62
Cirurgia Geral 
Tumores Cabeça e Pescoço 
Legenda: Laringe eletrônica. Fonte:https://www.hospinet.com.br/laringe-eletronica-
thervoz-cm11/p/ http://www.fcecon.am.gov.br/pacientes-da-fcecon-recebem-doacao-de-
aparelho-que-permite-retorno-da-fala/
Legenda: Prótese fonatória. Fonte: https://www.atosmedical.com.br/suporte/proteses-
vocais/chrome-extension://efaidnbmnnnibpcajpcglclefindmkaj/https://www.onco.news/
wp-content/uploads/2019/03/81-art.pdf
GLÂNDULAS SALIVARES
 
As glândulas salivares são divididas em dois grupos: glândulas salivares
maiores, que incluem as glândulas parótidas, submandibulares e
sublinguais e as glândulas salivares menores que se distribuem pela
submucosa de todo o trato aerodigestivo, desde a nasofaringe
superiormente, lábios anteriormente e traqueia e esôfago inferiormente.
As neoplasias das glândulas salivares são raras e correspondem a apenas
cerca de 3% a 6% de todos os tumores de cabeça e pescoço.
 
O risco de malignidade difere entre as glândulas salivares menores e
maiores. De forma geral, quanto maior a glândula, menor o risco de
CIR 63
https://www.hospinet.com.br/laringe-eletronica-thervoz-cm11/p
https://www.hospinet.com.br/laringe-eletronica-thervoz-cm11/p
https://www.hospinet.com.br/laringe-eletronica-thervoz-cm11/p
https://www.hospinet.com.br/laringe-eletronica-thervoz-cm11/p
http://www.fcecon.am.gov.br/pacientes-da-fcecon-recebem-doacao-de-aparelho-que-permite-retorno-da-fala/
http://www.fcecon.am.gov.br/pacientes-da-fcecon-recebem-doacao-de-aparelho-que-permite-retorno-da-fala/
https://www.atosmedical.com.br/suporte/proteses-vocais/
https://www.atosmedical.com.br/suporte/proteses-vocais/
https://www.atosmedical.com.br/suporte/proteses-vocais/
https://www.atosmedical.com.br/suporte/proteses-vocais/Cirurgia Geral 
Tumores Cabeça e Pescoço 
neoplasia maligna. Apesar disso, a maioria dos tumores malignos de
glândulas salivares são da parótida, visto que o total de neoplasias
(benignas ou malignas) é muito maior nessa glândula.
Para as neoplasias malignas das glândulas salivares menores, a
frequência também muda de acordo com a topografia. Quase 40% dos
tumores malignos de glândulas salivares menores se situam no palato,
seguido pela língua, mucosa jugal e lábio, cavidade nasal e demais
regiões.
 
Há dezenas de tipos histológicos diferentes para tumores de glândulas
salivares, benignos ou malignos. Embora a punção por agulha fina (PAAF)
CIR 64
Cirurgia Geral 
Tumores Cabeça e Pescoço 
seja parte essencial da investigação dessas neoplasias, com frequência o
diagnóstico de certeza só será obtido após a excisão cirúrgica da lesão. 
ANATOMIA
 
As glândulas parótidas são as maiores glândulas salivares do corpo. Elas
fazem parte do contorno da face, podendo ser mais proeminentes em
pacientes etilistas. São divididas entre porção superficial, que
corresponde a cerca de 80% da glândula, e porção profunda. A divisão
entre as duas porções se dá pelo nervo facial (VII par), responsável pela
inervação motora de grande parte da face. Ele emerge do forame
estilomastóideo e cruza toda a glândula, se bifurcando em 5 ramos
principais: temporal, zigomático, bucal, marginal e facial. A drenagem da
glândula parótida ocorre pelo ducto de Stensen que desemboca na altura
do segundo molar superior.
 
As glândulas submandibulares são as segundas maiores, situadas no
nível cervical IB, entre o ventre anterior e posterior do digástrico e
imediatamente abaixo do corpo da mandíbula. Essas glândulas são
circundadas pela artéria e veia facial, além de apresentarem grande
proximidade com os nervos marginal da mandíbula, hipoglosso e lingual.
A drenagem ocorre pelo ducto de Wharton, que desemboca no assoalho
anterior da boca, próximo à linha média.
 
As menores das glândulas salivares maiores são as sublinguais,
localizadas no assoalho anterior da boca, acima do músculo milo-hióideo.
Sua drenagem ocorre por meio de dezenas de ductos próximos à linha
média do assoalho anterior.
CIR 65
Cirurgia Geral 
Tumores Cabeça e Pescoço 
Legenda: Parotidectomia superficial - Identifica-se o nervo facial e seus ramos no meio da
glândula, dividindo a porção superficial da porção profunda. Fonte: Shutterstock.
PATOLOGIAS NÃO NEOPLÁSICAS DAS GLÂNDULAS
SALIVARES
 
Sialoadenite: consiste na inflamação da glândula salivar, podendo
ocorrer nas glândulas submandibulares e parótidas. Ocorre edema e
dor no local da glândula, que geralmente piora com a ingestão de
alimentos ácidos por estimulação da salivação. A etiologia pode ser
viral, idiopática ou calculosa. Os episódios podem ser únicos ou
recorrentes, sendo mais frequentes durante a infância,
• 
CIR 66
Cirurgia Geral 
Tumores Cabeça e Pescoço 
possivelmente devido a inadequações anatômicas dos ductos das
glândulas salivares. A conduta é em geral conservadora, com
tratamento com analgésicos, anti-inflamatórios, aumento da
ingestão hídrica e massagem da região da glândula. Para casos de
sialoadenite recorrente da glândula submandibular pode ser
indicada a excisão cirúrgica da glândula (submandibulectomia).
 
Sialolitíase: consiste na presença de cálculos nos ductos salivares.
Pode ocorrer tanto na glândula parótida quanto na glândula
submandibular, porém, é muito mais frequente na glândula
submandibular, devido à característica mais viscosa da saliva dessa
glândula, além da drenagem contra a gravidade, favorecendo a
estase. O diagnóstico é clínico, porém, a confirmação pode requerer
a realização de exame de imagem, que pode ser um USG ou
tomografia computadorizada, sendo este último mais sensível. Com
frequência os cálculos podem ser expelidos espontaneamente.
Cálculos de até 1 cm únicos e mais distais ao ducto podem ser
tratados por extração por sialoendoscopia ou por marsupialização
da glândula com anestesia local. Cálculos maiores ou mais distais,
quando sintomáticos, devem ser tratados pela
submandibulectomia.
 
Rânula: consiste em um pseudocisto originado no ducto salivar, por
trauma ou obstrução, levando a um abaulamento visível 
geralmente no assoalho da boca. Em alguns casos, a rânula pode ser
mergulhante, passando pelo músculo milo- hióideo e provocando
abaulamento cervical. O tratamento envolve a marsupialização da
glândula para as rânulas limitadas ao assoalho oral e excisão
cirúrgica por cervicotomia nas rânulas mergulhantes.
• 
• 
CIR 67
Cirurgia Geral 
Tumores Cabeça e Pescoço 
PRINCIPAIS NEOPLASIAS BENIGNAS
 
Adenoma pleomórfico: é o tumor mais frequente da glândula
parótida, correspondendo a cerca de dois terços dos tumores
benignos das glândulas salivares maiores. Possui histologia mista e
extremamente variada. Manifesta-se geralmente como um
abaulamento ou nodulação na topografia da parótida, com
frequência totalmente assintomático e de crescimento progressivo.
É essencial a excisão cirúrgica com margens, pois esse tumor emite
pseudópodes, sendo frequente a recorrência quando realizada
excisão cirúrgica rente à lesão.
• 
CIR 68
Cirurgia Geral 
Tumores Cabeça e Pescoço 
Legenda: A: Vista frontal do paciente mostrando aumento de volume em região pré-
auricular esquerda. B: Vista em perfil evidenciando o aspecto da lesão. C: RNM em corte
coronal com janela para tecido mole mostrando massa firme em lóbulo superficial de
glândula parótida esquerda. D: Ultrassonografia em doppler colorido da glândula parótida
esquerda mostrando degenerações císticas, septações e reforço acústico. Fonte: http://
revodonto.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1808-52102014000200003
Tumor de Warthin: é o segundo tumor benigno mais comum das
glândulas salivares, também chamado de cistoadenoma papilífero
linfomatoso. É quase exclusivo da glândula parótida e pode ser
bilateral em cerca de 10% dos casos. Acomete principalmente
pacientes tabagistas, entre 50 e 70 anos de idade. Possui como
• 
CIR 69
http://revodonto.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1808-52102014000200003
http://revodonto.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1808-52102014000200003
Cirurgia Geral 
Tumores Cabeça e Pescoço 
particularidade alta capacidade de captação de tecnécio durante
uma cintilografia, sendo também chamado de “nódulo quente da
parótida”. É rara a malignização e a recidiva.
 
Legenda: Tumor de Warthin bilateral. Fonte: https://healthjade.net/warthin-tumor.
PRINCIPAIS NEOPLASIAS MALIGNAS
 
Carcinoma mucoepidermóide: neoplasia maligna mais comum
das glândulas salivares, mais frequente na parótida. Dividem-se
entre baixo grau, cujo comportamento é muito semelhante ao do
adenoma, correspondendo à maioria dos casos, e de alto grau, de
comportamento mais agressivo.
• 
CIR 70
https://healthjade.net/warthin-tumor
Cirurgia Geral 
Tumores Cabeça e Pescoço 
Legendas: Carcinoma mucoepidermoide em parótida esquerda. Fonte: https://
www.semanticscholar.org/paper/Tumor-mucoepidermoide-de-la-gl%C3%A1ndula-
par%C3%B3tida.-de-Sarmiento-Ramos/0093375b8735e08572c60a918e727e9a79ef5d3c/
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Carcinoma adenóide cístico: segunda neoplasia maligna mais
comum das glândulas salivares, possui como principais
características a progressão lenta, porém invasiva e o importante
tropismo neural.
Carcinoma ex-adenoma: neoplasia maligna mais frequentemente
associada a transformação do adenoma pleomórfico, identificada
após diversas recidivas pós tratamento cirúrgico.
As demais neoplasias de glândulas salivares estão listadas na tabela a
seguir e devido à sua raridade,

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