Prévia do material em texto
INSTITUTO DE CIÊNCIAS BIOLOGICAS E DA SAÚDE CURSO DE FARMÁCIA Luciene de Jesus Silva Marla da Silva Oliveira A IMPORTANCIA DA ATENÇÃO FARMACÊUTICA AO PACIENTE IDOSO COM DIABETES, NO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE Belo Horizonte 2021 O1 O2 INSTITUTO DE CIÊNCIAS BIOLOGICAS E DA SAÚDE CURSO DE FARMÁCIA Luciene de Jesus Silva Marla da Silva Oliveira A IMPORTANCIA DA ATENÇÃO FARMACEUTICA AO PACIENTE IDOSO COM DIABETES, NO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE. Trabalho de conclusão de curso Graduação em Farmácia, do Centro Universitário Una, como requisitos necessários a obtenção parcial do Grau de Bacharel em Farmácia Prof.(a). Orientadora: Daniela Quadro de Azevedo. O3 AGRADECIMENTOS Agradecemos a Deus por ter nos permitido caminhar até aqui, e ter permitido que todos os nossos esforços tenham valido a pena. Hoje, termina mais uma etapa importante a realização de um sonho, e cada etapa foi constituída com detalhes e regada de muitas bênçãos. Á professora Dra. Daniela Quadro de Azevedo pela oportunidade, paciência e orientação, desde 2017 nas disciplinas ofertadas ao longo de nossa formação: tivemos o LAI, homeopatia, fitoterapia, políticas públicas de medicamentos, políticas públicas de saúde, tópicos 4A em farmácia, tópicos 4B em farmácia, química dos produtos naturais. Agradecemos a amizade, carinho, apoio e todos seus ensinamentos. Aos nossos familiares só podemos agradecer, pois se chegamos até aqui, foi porque o apoio, amor, carinho, incentivo e inspiração não faltaram. A força de vontade e a luta diária de vocês em permitir que nós concluíssemos nosso sonho de nos tornar farmacêuticas, não tem preço. Sendo assim nossa gratidão e amor será eterna. Eu, Luciene, quero expressar minha gratidão ao meu namorido Fábio e meus filhos Amanda, Rafael e Marcos Ângelo, e minha netinha Maria Luiza. Obrigada pela sua imensa paciência e compreensão nos momentos de desespero e angustia, o amor e sabedoria de vocês me ajudaram a seguir em frente e concluir esse trabalho com louvor. Eu, Marla, venho agradecer, também aos meus familiares: minha mãe Maria Aparecida, á Vianesa minha irmã, meu cunhado Alexandre, meus filhos Nelson e Arthur por estarem sempre comigo um apoio incondicional. E ao mais novo membro da família meu sobrinho e afilhado Davi Miguel. E a minha parceira de todos os trabalhos nesta caminhada longa, Luciene na qual é uma amizade verdadeira e pra vida... Enfim, a todos os mestres e farmacêuticos que contribuíram para nossa formação, nos mostrando que o caminho nem sempre e fácil, porém as dificuldades nem sempre são negativas, e sim os obstáculos que nos fortalecerão no futuro. A profissional que seremos, refletirá diretamente nos exemplos que obtivemos espelhando em vocês. Aos professores da banca examinadora, por sua cordialidade e disponibilidade na avaliação deste trabalho. “Agradeço a todas as dificuldades que enfrentei; não fosse por elas, eu não teria saído do lugar, as facilidades nos impedem de caminhar. Mesmo as críticas nos auxiliam muito” (Chico Xavier). O4 RESUMO Este estudo teve o objetivo de analisar os aspectos relativos à atenção farmacêutica, na saúde pública voltada a pessoa idosa com Diabetes mellitus, abordados em periódicos nacionais e internacionais, disponíveis em meio eletrônico, período de 2002 a 2020. A atenção farmacêutica e uma área que os profissionais farmacêuticos se comprometem a buscar melhorar os resultados da farmacoterapia do paciente, reduzindo as ocorrências de problemas relacionados os medicamentos, e assim, melhorando a qualidade de vida dos usuários. Para seguir o método de raciocínio que busca descobrir esses problemas, utiliza se o modelo de seguimento de terapia medicamentosa para sistematizar o método, podendo se concluir se há necessidade de intervenções do profissional farmacêutico, o que mostra o quanto e importante a inserção do farmacêutico em uma equipe multiprofissional. O Diabetes mellitus é uma síndrome metabólica que atinge milhares de pessoas, e que atualmente vem se caracterizando por uma epidemia. Muitas complicações dessa patologia são causadas pela não insistência ou uso incorreto dos medicamentos para controle. O farmacêutico é um dos profissionais mais qualificados para abordar e discorrer sobre medicamentos, e podem identificar através da atenção farmacêutica, identificar problemas relacionados a medicamentos e corrigir para que os pacientes possam ser tratados com seguranças e eficácia. Portanto, este trabalho abordou a importância da Atenção Farmacêutica para o idoso diabético no âmbito do SUS, pois o uso de medicamentos é uma das principais formas de tratamento para o controle e prevenção das condições crônicas de saúde mais prevalentes, como é o caso do Diabetes mellitus. Dentro deste contexto o aprimoramento das prescrições e avaliação constante da qualidade da farmacoterapia, de modo a promover o uso racional de medicamentos nesta faixa etária é imprescindível. Cabe destacar que aumento de expectativa de vida observa-se uma maior incidência e prevalência de condições crônicas de saúde principalmente o DM. Palavras – chaves: Atenção Farmacêutica: Diabetes mellitus. O5 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 6 2. OBJETIVOS ..................................................................................................................................... 8 2.1 Objetivo Geral ................................................................................................................................ 8 2.2 Objetivos Específicos ...................................................................................................................... 8 3. REFERENCIAL TEÓRICO ........................................................................................................... 9 3.1 Atenção Farmacêutica ................................................................................................................... 9 3.2 A EVOLUÇÃO DA ATENÇÃO FARAMCEUTICA NO BRASIL ......................................... 10 3.3 A Importância da AF no cuidado ao Idoso ....................................... Erro! Indicador não definido. 3.4 O SISTEMA DE SAUDE E A ATENÇAO FARMACEUTICA .... Erro! Indicador não definido. 3.5 PERSPECTIVA DA ATENÇAO FARMACEUTICA NO BRASIL ............. Erro! Indicador não definido. 4. O papel do farmacêutico na promoção da saúde do idoso que convive com DM2. .............. Erro! Indicador não definido. 4.1 Educação em Saúde do Idoso ............................................................ Erro! Indicador não definido. 4.2 As Doenças Crônicas da Atualidade ................................................. Erro! Indicador não definido. 4.3 Epidemiologia do DM no Brasil .................................................................................................. 17 4.4 Diabetes mellitus (DM) ............................................................................................................. 18 5. METODOLOGIA .......................................................................................................................... 21 6. RESULTADOS E DISCUSSÕES. ....................................................... Erro! Indicador não definido. 7. CONCLUSAO ...................................................................................... Erro! Indicador não definido. 8. REFERÊNCIAS ............................................................................................................................. 22 O6 1 INTRODUÇÃO Em alguns países, o Diabetes mellitus (DM) é um problemade saúde crescente. A hiperglicemia é uma das características mais marcantes dessa anormalidade metabólica. A população vem crescendo e junto com ela a incidência de casos de DM, devido aos hábitos sedentários e inadequados da alimentação, o que favorece o desenvolvimento da obesidade precoce. Portanto, é fundamental orientar as pessoas para o restabelecimento da saúde (SBD, 2018; BRASIL, 2006). DM é uma doença crônica não transmissível que acomete a população, principalmente os mais idosos. Em todo o mundo são 447 milhões de pessoas que possuem esse distúrbio metabólico. O Brasil um país subdesenvolvido e com um grande envelhecimento populacional é imprescindível um olhar especial para o paciente idoso. Ainda estima -se que cerca de 40% das pessoas com diabetes não sabem ter a doença na América Latina (WHALEN et al., 2016; BRASIL, 2017; IDF, 2017). A população idosa faz parte do índice da polifarmácia, pois além do DM, outras doenças ainda os acometem e é no Sistema Único de Saúde (SUS) que grande parte desta, encontra tratamento. Cerca de 20% da população brasileira entre 65 e 74 anos são portadoras do DM (ROSSANEIS et al., 2019). Neste caso o trabalho do farmacêutico junto ao paciente se torna essencial para obter um resultado positivo no tratamento e uma progressão desta doença. O Diabetes mellitus tipo 2 (DM2) é semelhante ao Diabetes mellitus tipo 1 (DM1) e outras formas de diabetes. É definido por altos níveis de glicose plasmática e está associado a muitas complicações de longo prazo que são causadas ou exacerbadas pela hiperglicemia e anormalidades metabólicas relacionadas. A diferença entre esta doença e outros tipos de diabetes é que ela tem uma alta prevalência, aparecimento e desenvolvimento graduais, defeitos fisiológicos subjacentes complexos e sua importância como um dos principais problemas de saúde pública. De acordo com as estimativas atuais, cerca de 90% dos aproximadamente 21 milhões de pacientes diabéticos nos Estados Unidos têm diabetes tipo 2 e cerca de um terço (ou 7 milhões) deles ainda não foram diagnosticados e, portanto, ainda não foram diagnosticados. tratamento. Além disso, a incidência e a prevalência de diabetes tipo 2 estão aumentando (SBD, 2018; BRASIL, 2006). O7 Com o envelhecimento, o organismo passa por alterações fisiológicas, tais como diminuição da síntese de suco gástrico, diminuição da água total, diminuição da função hepática e renal e até alterações na composição corporal, que podem levar a alterações na farmacocinética e farmacodinâmica dos medicamentos. Sendo assim, esse grupo populacional precisa de maior atenção (SILVA et al., 2013). Até 2025, no Brasil serão 18,5 milhões de pessoas acometidas pela doença. Por isso, a Atenção Farmacêutica (AF) no SUS é muito importante, pois confere suporte e orientação ao tratamento farmacológico destes pacientes que se sentem menos autoconfiantes, o que causa mudança na percepção de si mesmo, vendo-se como incapaz de atingir seus objetivos, aumentando o sentimento de tristeza, isolamento social e medo da morte, reduzindo assim sua capacidade (NÓBREGA; KARNIKOWSKI, 2005). A AF é desenvolvida no contexto da assistência farmacêutica, que envolve a interação direta entre o profissional farmacêutico e o paciente, e visa a melhoria da qualidade de vida, a ser implementada com ética, competência e responsabilidade na prevenção, reabilitação e promoção da saúde, integrada a uma equipe medica. O objetivo da AF é melhorar a qualidade de vida dos pacientes por meio da terapia medicamentosa, buscando resultados que possam beneficiar o paciente e o sistema de saúde. Devido ao aumento considerável da expectativa de vida, estima-se que até 2025 a população brasileira com mais de 60 anos aumentará cinco vezes em relação a década de 1950, e a prevalência de doenças crônicas aumentará em todo país, ampliando a demanda pela AF (NÓBREGA; KARNIKOWSKI, 2005). Com isso, uma serie de preocupações com os idosos e sua saúde tem sido enfatizada, uma vez que, esses indivíduos estão mais propensos a um maior consumo de medicamentos. Destaca- se, então, que há peculiaridades em relação à utilização da farmacoterapia, inclusive relacionada ao DM e estão sendo elaborados diversos programas de saúde pública e ações da AF direcionados a esse grupo etário (BURTON; ALLEN; BIRD, 2005). O8 2 OBJETIVOS 2.1 Objetivo Geral Analisar a importância da AF farmacêutica ao paciente idoso portador do DM no SUS. 2.2 Objetivos Específicos - Relatar a AF no SUS. - Descrever as frequentes intervenções farmacêuticas ao paciente idoso portador de DM. - Relacionar o impacto destas intervenções no controle do DM em idosos. - Avaliar o processo de envelhecimento da população e o crescimento de doenças crônicas não transmissíveis, com ênfase em DM. O9 3 REFERENCIAL TEÓRICO 3.1 Atenção Farmacêutica: conceitos De acordo com discussões conduzidas pela Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), OMS e Ministério da Saúde (MS), o termo “Atenção Farmacêutica (AF)" é definido como “um modelo de prática de farmacêutica desenvolvido no âmbito da Assistência Farmacêutica”. Inclui a atitude e a ética na prevenção de doenças, promoção da saúde e reabilitação, de forma integrada com a equipe de saúde, com valores, comportamentos, competências, compromissos e responsabilidades partilhadas. Para além da interação direta entre o farmacêutico e o utilizador, pretende-se realizar um tratamento medicamentoso racional e obter resultados claros e mensuráveis para a melhoria da qualidade de vida. Esta interação também deve envolver o sujeito e o respeito a sua dimensão biopsicossocial na perspectiva da integralidade da ação em saúde (CONSENSO BRASILEIRO DE ATENÇÃO FARMACÊUTICA, 2002). Além do conceito de AF, o mesmo encontro também definiu marcos que estabelecem as práticas profissionais para o exercício da AF, como educação em saúde, orientação de medicamentos, distribuição de medicamentos, atendimento de medicamentos, acompanhamento farmacoterapêutico e sistema de registro de atividades (CONSENSO BRASILEIRO DE ATENÇÃO FARMACÊUTICA, 2002). Nesse contexto, a AF caracteriza-se como sendo um modelo de prática profissional que consiste na provisão responsável da farmacoterapia com o objetivo de obter resultados concretos em respostas à terapêutica prescrita, que melhorem a qualidade de vida do paciente. Porém, desde sua implantação até a atualidade a AF foi introduzida no Brasil com ideias e entendimentos diversos, geralmente sem orientações e muitas vezes sem diretrizes técnicas sistematizadas e sem considerar todo o conteúdo filosófico preconizado por seus idealizadores. Esse processo dificulta que as pessoas reconheçam o impacto desse modelo de prática na saúde da população que atende, além de impossibilitar o desenho de uma estratégia de ação para o progresso do país (HEPLER; STRAND,1990). De acordo como Conselho Federal de Farmácia, na Resolução nº, 357/2001 a Atenção Farmacêutica foi definida como: “um conceito de prática profissional no qual o paciente é o principal beneficiário das ações O10 do farmacêutico. A atenção é o compêndio das atitudes, dos comportamentos, das inquietudes, dos valores éticos, das funções, dos conhecimentos, das responsabilidades e das habilidades do farmacêutico na prestação da farmacoterapia, com objetivo de alcançar resultados terapêuticos definidos na saúde e na qualidade de vida do paciente”. 3.2 Evolução da AF no Brasil A AF é a pratica mais recente da atividade farmacêutica que dá prioridade a orientação e monitoramento de medicamentos, sendo assim ela estabelece a relação direta entre o farmacêutico e o paciente usuário de medicamentos. Na maioria dos países desenvolvidos a AF já é uma realidade e provou ser eficaz na reduçãode agravos dos portadores de patologias crônicas e de custos no sistema público de saúde (FREITAS et al., 2002). No Brasil, o modelo de tecnologia em saúde que precedeu o SUS, ajudou a afastar os farmacêuticos dos pacientes, porque eles não estavam previstos para participar da equipe de saúde, e nem consideravam os medicamentos como um insumo estratégico. De acordo com Gonçalves (1994) no final da década de 1980, o SUS foi implantado com base nos padrões de integralidade, igualdade de acesso e gestão democrática. Este é o primeiro modelo que define a assistência farmacêutica e a política nacional de medicamentos como parte integrante da política de saúde, permitindo ao farmacêutico não apenas participar efetivamente da saúde pública, mas também desenvolver formas específicas de tecnologia envolvendo medicamentos e seus desdobramentos na prestação de serviços de saúde (PEREIRA et al., 2008). De um modo geral, os países com maior frequência de ações em AF são os que possuem um sistema de saúde bem organizado antes da implantação do serviço. Isso mostra que o primeiro passo para a implantação e desenvolvimento da AF é a organização do sistema de saúde (público e privado) e da gestão do medicamento, garantindo disponibilidade e acesso da população ao medicamento e a integração do profissional farmacêutico à equipe de saúde (FREITAS et al., 2002). Seguindo as tendências mundiais, o Brasil passa por um forte movimento de reestruturação na área do medicamento que permeia o sistema de saúde, incluindo a formação e prática dos profissionais de saúde, bem estar e qualidade vida. Além da implementação e implantação das O11 medidas preconizadas pelo SUS e adequação das diretrizes curriculares dos cursos na área de saúde, principalmente farmacêutica (BRASIL, 2001). Estas reestruturações são associadas também junto a Agencia Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), MS, OPAS, principalmente para fortalecer as ações voltadas ao uso racional de medicamentos, após a implantação de medicamentos genéricos. Essa situação foi propícia à mudança e abriu possibilidades para a introdução de novas práticas na atenção primária à saúde (ARAÚJO, FREITAS, 2006). Uma breve revisão da literatura mostra que a AF proporciona impacto positivo no controle de patologias crônicas, relacionadas à redução de custos para o sistema de saúde, os quais podem nortear a implantação e implementação desse serviço em nosso país (ARAÚJO, FREITAS, 2006). No Brasil, o termo foi totalmente traduzido como AF pelo Consenso do Cuidado Farmacêutico Brasileiro, em 2002, em vez do cuidado farmacêutico da tradução literal. Muitos pesquisadores já chamaram atenção para esta tradução, mas o fato é que o mandato foi oficialmente adotado, não raramente em conflito com a definição mais completa "assistência farmacêutica". Em 2013, o Conselho Federal de Farmácia (CFF) regulou as atribuições clínicas do farmacêutico pela Resolução 585. Neste documento, o termo AF não está incluído, mas "cuidados farmacêuticos” (Art. 7º, inciso XVII). O mesmo ocorreu com a instituição pelo CFF do PROFAR – Programa de Suporte ao Cuidado Farmacêutico na Atenção à Saúde (PROFAR, 2016). O MS publicou em 2014, o guia “Cuidado farmacêutico na atenção básica – caderno 1: serviços farmacêuticos na atenção básica” e no mesmo ano “Cuidado farmacêutico na atenção básica – caderno 2: capacitação para implantação dos serviços de clínica farmacêutica”. Já em 2015 foi lançado o terceiro volume desta coleção: “Cuidado farmacêutico na atenção básica – caderno 3: planejamento e implantação de serviços de cuidado farmacêutico na atenção básica à saúde: a experiência de Curitiba” (BRASIL, 2014). O12 Em 2016 a Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo publicou, no Diário Oficial da cidade, a Portaria Nº 1.918/2016 que instituiu o Cuidado Farmacêutico no âmbito do SUS, definindo- o como uma ação integrada do farmacêutico com a equipe de saúde, centrada no usuário, para promoção, proteção, e recuperação da saúde e prevenção de agravos (SES – SP, 2016). Em 19 de outubro de 2017 foram aprovadas novas diretrizes curriculares nacionais para os cursos de Farmácia (Res. CNE/CES 06-2017). Elas definem, em âmbito nacional, os princípios, os fundamentos, as condições e os procedimentos da formação de farmacêuticos. Neste documento também não consta, em nenhum lugar, o termo AF (BRASIL, 2017). Por outro lado, o primeiro eixo da formação profissional chama-se “cuidado em saúde” (Art. 5º, § 2º), cuja execução requer a elaboração e aplicação de plano de cuidado farmacêutico. O Art. 6º afirma que a formação em Farmácia requer conhecimentos e o desenvolvimento de competências na área de Ciências Farmacêuticas que contemplam, dentre outras, a farmacologia clínica, semiologia farmacêutica, farmácia clínica e cuidados farmacêuticos (BRASIL, 2017). O cuidado farmacêutico constitui a ação integrada do farmacêutico com a equipe de saúde, centrada no usuário, para promover, proteger e restaurar a saúde e prevenir doenças. por meio da educação em saúde e à promoção do uso racional de medicamentos prescritos e não prescritos, de terapias alternativas e complementares, por meio dos serviços da clínica farmacêutica e das atividades técnico-pedagógicas para pessoas e família, comunidade e a equipe de saúde. O cuidado farmacêutico visa a promoção do uso correto dos medicamentos pelo paciente com foco na obtenção de efeitos terapêuticos específicos. Essas ações são desenvolvidas em colaboração com as equipes de saúde das unidades, no interior dos pontos de atenção à saúde, primários, secundários e terciários de atenção e situam- se no campo do uso racional de medicamentos (ARAUJO; UETA; FREITAS, 2005; SOLER et al., 2010; CORRER; OTUKI; SOLER, 2011; GOMES et al., 2010). A participação ativa do farmacêutico nas equipes multiprofissionais é vista como necessidade para o redesenho do modelo de atenção às condições crônicas e para melhoria dos resultados em saúde, particularmente no nível dos cuidados primários (MENDES, 2012). O13 Como cita o próprio Ministério da Saúde: “é importante ressaltar que a melhoria do sistema de saúde, com foco na qualidade da atenção primária em saúde, com investimentos na educação continuada de recursos humanos, na atenção farmacêutica e em outras áreas estratégicas, melhorará a resposta a uma série de doenças crônicas não transmissíveis (DCNT)” (BRASIL, 2011b). No Brasil, a AF vem sendo discutida e encaminhada às instituições de saúde e de educação como uma das diretrizes principais para redefinir a atividade farmacêutica em nosso país, embora nas condições específicas do Brasil, ainda haja alguns problemas a serem enfrentados na transposição desse referencial, principalmente SUS, neste caso, garantir o acesso aos medicamentos ainda é o principal obstáculo que os gestores devem superar. No nosso país, as farmácias perderam seu "status" de estabelecimento de saúde e, hoje, passaram a ser considerados estabelecimentos comerciais (setor privado) ou depósitos de medicamentos (setor público), portanto, afastando o farmacêutico de sua atividade primária. (Pereira, Leonardo Régis; Freitas de Oswaldo,2008). 3.3 A Importância da AF no cuidado ao Idoso Pacientes idosos com múltiplas patologias, normalmente serão polimedicados, a fim de se tratar todo o seu estado geral de saúde. Porém, devido a prescrição de diversos medicamentos, é difícil para esses pacientes aderirem ao tratamento medicamentoso ou utilizarem os medicamentos erroneamente (BRASIL, 2006). Além disso, a existência no desvio do padrão da farmacocinética e farmacodinâmica dos fármacos ocorre com mais frequência em pacientes idosos, devido a perda da capacidade de reserva funcional do coração, fígado e rins e a deterioração do controle homeostático. Sendo assim, a farmacoterapiaao idoso deve ser planejada de forma a proporcionar o uso racional de medicamentos, o que irá beneficiar sua qualidade de vida (BRASIL, 2006). A AF é uma das áreas relacionadas à assistência farmacêutica, que visa resolver as seguintes questões: educação em saúde, orientação farmacêutica, dispensação de medicamento, atendimento farmacêutico, acompanhamento do tratamento medicamentoso e sistema de registro de atividades (PEREIRA et al., 2008). A AF é responsável por identificar e resolver as O14 necessidades do paciente relacionadas aos medicamentos. Por essas razões, novas práticas profissionais da AF são muito importantes, com ênfase na geriatria (PROVIN et al., 2010; BASTOS et al., 2010). É de grande relevância o cuidado farmacêutico para com as pessoas mais idosas que possuem múltiplas patologias, e em uso da polifarmácia. Muitas das vezes, estes pacientes não possuem conhecimento e orientação, acredita-se que por causa destas limitações há uma dificuldade na adesão terapêutica e erros da administração dos medicamentos (BATISTA et al., 2018). A maioria dos idosos tem idade avançada, não obtiveram orientações do profissional prescritor, possuem alguns distúrbios cognitivos, dificuldade visual, destreza manual prejudicada, e muitas vezes também há a semelhança entre as embalagens dos medicamentos utilizados. Estes fatores dificultam a conduta correta para a terapia medicamentosa destes pacientes (BATISTA et al., 2018). Em relação ao idoso diabético, a complexidade clínica inerente ao tratamento do DM exige que se tenha uma assistência interdisciplinar envolvendo os profissionais, (médicos, farmacêuticos, enfermeiras), entre outros, sendo os pacientes coparticipantes na tomada de decisões (MARTINS et al., 2008). AF é uma das abrangências da assistência farmacêutica, que se caracteriza por ações específicas, onde o farmacêutico realiza, no contexto da assistência ao paciente, para promover à educação em saúde, realizando orientação farmacêutica na terapia medicamentosa, dispensação de medicamentos e acompanhar o tratamento medicamentoso, bem como registrar as atividades como forma de garantir a promoção do uso racional de medicamentos (FONTANA et al., 2015). Portanto, a AF pode ser executada na assistência ao paciente diabético, por meio do acompanhamento da terapia medicamentosa do paciente com DM, cabendo ao farmacêutico assumir as responsabilidades de cuidar do paciente, para descobrir, prevenir e solucionar os problemas relacionados a medicação do paciente com DM (PRM) de forma a ser documentada, com o objetivo de buscar uma melhoria da qualidade de vida do usuário, além de aumentar a efetividade da sua farmacoterapia (FOPPA et al., 2008; REIS et al., 2011). O15 Neste contexto, a participação mais acentuada do farmacêutico, por meio da AF aos pacientes diabéticos, contribui de forma significativa para a adesão ao tratamento medicamentoso, pois gera orientação individual ao paciente e o monitoramento do tratamento, evitando assim, eventuais reações adversas relacionadas ao uso dos medicamentos e a falta de adesão à terapia farmacológica (LASERI; SOUZA, 2007). Nas últimas décadas, os farmacêuticos expandiram seu escopo de atividades em instituições médicas em termos de assistência e administração. Somente este profissional de saúde é capaz de ter um melhor conhecimento, flexibilidade e habilidades para o tratamento farmacológico do DM (GOMES, 2013). Segundo Freire et al. (2014), a AF é imprescindível junto ao usuário de medicamentos e em tratamento farmacológico, principalmente quando se trata do DM. A AF visa a conscientização e mudança de comportamento frente a sua problemática, com o propósito de levá-lo a atuar preventivamente, diminuindo os danos decorrentes da evolução natural da doença. No SUS existem programas que passam por contínuas estruturações e consolidações que não se destinam somente ao tratamento da doença como foco, mas também na prevenção de agravos pertinentes da DM e a promoção da saúde, bem como a reabilitação e melhoria na qualidade de vida dos pacientes (MALAMAN, 2013). Existem vários políticas públicas e programas realizados que revelam a importância na assistência ao paciente idoso diabético no SUS. O Hiperdia é um Programa de Combate a Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT) que foi criado em 2002 através da Portaria n. 371 do Ministério da Saúde que visa como objetivo ampliar ações de prevenção, diagnóstico, tratamento e controle dessas doenças que, por meio de cuidados especiais, possam controlar a doença e garantir uma melhor qualidade de vida, tendo como função de vincular o paciente à Unidade Básica de Saúde (UBS) e à Equipe de Saúde da Família (ESF) (FIGUEIREDO JUNIOR et al., 2002). Estes pacientes passam a ser acompanhados pela equipe multidisciplinar de acordo com a necessidade individual de cada um. O Hiperdia tem uma grande importância, dentro do programa de estratégia de saúde da família é de fundamental importância para a promoção, prevenção e recuperação do DM para melhorar a qualidade de vida e diminuição das complicações dos portadores destas patologias (FIGUEIREDO JUNIOR et al., 2002). O16 Os pacientes diabéticos do SUS também são resguardados pela Lei n. 11.347 de 27 de setembro de 2006 que determina que os pacientes com diabetes recebam, gratuitamente, do SUS, os medicamentos necessários para o tratamento, assim como os materiais exigidos para a sua aplicação e a monitoração da glicemia capilar. Como pré requisito é necessário estar inscrito em um programa de educação especial em diabetes (UFRS, 2018). Há também o Núcleo Ampliado de Saúde da Família e Atenção Básica (NASF) criado pelo Ministério da Saúde em 2008 com o objetivo de consolidar a Atenção Básica, ampliando as ofertas de saúde na rede de serviços, assim como a resolutividade, a abrangência e o alvo das ações (BRASIL, 2021). O Nasf está ligado a Estratégia da Saúde Familiar (ESF) que visa contribuir para uma vida saudável tendo como finalidade: promoção, preservação e recuperação da saúde na atenção primária (NASCIMENTO; OLIVEIRA,2010). As ações do NASF estão presentes nas: atividades físicas, práticas integrativas e complementares, alimentação e nutrição, saúde mental, serviço social, saúde da criança, adolescente, mulher e idoso e assistência farmacêutica (BRASIL,2009). Estudos sobre atenção à saúde ao idoso no Brasil ganham relevância e o fortalecimento da APS surge como uma oportunidade de mudança de paradigma na assistência. (MENDES,2011). Entretanto, apesar do avanço da legislação brasileira, a prática da assistência ao idoso ainda é insatisfatória (BRASIL, 2006; MARTINS et al., 2014). Algumas características do sistema de saúde brasileiro dificultam a elaboração de um modelo mais coeso com as necessidades dessa população. A deficiência dos recursos humanos prejudica o planejamento do cuidado e o bom desempenho das ações de saúde para esse grupo etário (MOTTA; AGUIAR, 2007). O usuário idoso deverá sempre estar vinculado à APS e esta, por sua vez, deverá estar articulada e integrada aos outros pontos de atenção. Assim, é garantida a continuidade do cuidado, levando à redução da probabilidade de evolução para perda funcional e melhoria da qualidade da assistência (VERAS et al., 2014). O17 3.4 Epidemiologia do DM no Brasil Dentre as DCNT mais comum em idosos, destacam-se a Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) e o Diabetes mellitus (DM), consideradas os principais fatores de risco para o desenvolvimento de complicações renais, cardíacas e cerebrovasculares. Portanto, gerando altos custos médicos e socioeconômicos, decorrentes principalmente das complicações que as acompanham (VI DIRETRIZES BRASILEIRAS DE HIPERTENSÃO, 2010; DUNCAN et al.,2012). Outras doenças crônicas que afetam os idosos, sóque em menor proporção, são: câncer, doenças respiratórias, mentais e inflamatórias-reumáticas que somadas às HAS e DM aumentam sobremaneira as consequências danosas no processo saúde-doença da população idosa. As DCNT atualmente são responsáveis pela maioria das doenças e mortes em muitos países, seja de alta, média ou baixa condição socioeconômica (VERAS, 2009; SOUZA et al., 2013). DM é um importante e crescente problema de saúde para todos os países, independente do seu grau de desenvolvimento. Portanto em 2017, a Federação Internacional de Diabetes (Internacional Diabetes Federation, IDF) estimou que 8,8% da população mundial com 20 a 79 anos de idade, ou seja, 424,9, milhões de pessoas viviam com diabetes. Além do que, se as tendências atuais persistirem, o número de pessoas com diabetes foi projetado para ser superior a 628,6 milhões em 2045. Cerca de 79% dos casos estão em países em desenvolvimento, nos quais deverá ocorrer também o maior aumento dos casos de diabetes nas próximas décadas. (SBD, 2020). Com isso o aumento da prevalência do diabetes está associado a diversos fatores, como rápida urbanização, transição epidemiológica, transição nutricional, maior frequência de estilo de vida sedentária, maior frequência de excesso de peso, crescimento e envelhecimento populacional, também, a maior sobrevida dos indivíduos com diabetes. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que a glicemia elevada é o terceiro fator, em importância, de causa de mortalidade prematura, superada apenas por pressão arterial aumentada e uso de tabaco (SBD, 2020). O18 O Brasil é o 5º país em termos de incidência de diabetes no mundo, com 16,8 milhões de doentes adultos (20 a 79 anos), perdendo apenas para China, Índia, Estados Unidos e Paquistão. A estimativa da incidência da doença em 2030 chega a 21,5 milhões (SBD, 2018). Vários fatores desempenham um papel importante no crescimento de casos no países em desenvolvimento: obesidade, falta de exercícios, alimentação inadequada. Além disso, a ocorrência de complicações (retinopatia, doença renal do diabetes, amputação, ataque cardíaco e acidente vascular cerebral) ainda é muito comum, embora os dados de mortalidade tenham diminuído discretamente (SBD, 2020). Mundialmente, o DM se tornou um sério problema de saúde pública, cujas previsões vêm sendo superadas a cada nova triagem. Por exemplo, em 2000, a estimativa global de adultos vivendo com diabetes era de 151 milhões. Em 2009, havia crescido 88%, para 285 milhões. Em 2020, calcula-se que 9,3% dos adultos, entre 20 e 79 anos (assombrosos 463 milhões de pessoas) vivem com DM. Além disso, 1,1 milhão de crianças e adolescentes com menos de 20 anos apresentam DM 1 (ICTQ, 2021). 3.5 Diabetes mellitus (DM): da fisiopatologia ao tratamento O DM é considerado um problema de saúde para todos os países, independente do grau de seu desenvolvimento, é uma doença crônica em que o organismo não produz insulina ou não consegue empregar adequadamente a insulina que produz. O aumento da prevalência do DM está associado a diversos fatores, como: rápida urbanização, transição epidemiológica, transição nutricional, maior frequência de estilo de vida sedentário, maior frequência de excesso de peso, crescimento e envelhecimento populacional e, também, à maior sobrevida dos indivíduos com diabetes (SBD, 2020). O DM é subentendido como sendo uma síndrome de comprometimento do metabolismo dos carboidratos, das gorduras e das proteínas, que tem como consequência principal a ausência total ou parcial de secreção de insulina ou redução da sensibilidade dos tecidos a este hormônio. A hiperglicemia é o resultado do conjunto dessas disfunções metabólicas (LUCENA, 2007). A hiperglicemia persistente está associada a complicações crônicas micro e macro vasculares, aumento de morbidade, redução da qualidade de vida e elevação da taxa de mortalidade. A O19 classificação do DM baseia-se genéticas, biológicos e ambientais ainda não são completamente conhecidos (SBD, 2020). O Diabetes mellitus tipo 1 (DM1) é caracterizado pela destruição das células beta pancreáticas, o que ocasiona deficiência de insulina. Segundo a Sociedade Brasileira de Diabetes no ano de 2015, 5% a 10% dos casos registrados de DM eram do tipo 1. No DM1 ainda há divisão em duas condições clínicas, o DM1 autoimune que se caracteriza pela destruição imunomediada das células beta o que leva a deficiência na insulina. A outra forma clínica é o DM idiopático e não se nota marcadores autoimunes contra as células beta e não ocorre a associação aos genes do sistema antígenos leucocitário humano (HLA), alelos estes que podem proteger o proporcionar o desenvolvimento da doença (DANTAS, 2019). Ou seja, o indivíduo não realiza a produção da insulina, devido à degradação das células beta. No caso do Diabetes mellitus tipo 2 (DM2) há uma maior prevalência em pacientes acima do peso ou obesos. Não existe uma faixa etária única e exclusiva para o desenvolvimento do DM2, crianças também podem desenvolver, porém sua prevalência é em pacientes com idade acima de 40 anos (DANTAS, 2019). É também caracterizado como uma enfermidade que está se agravando em todo o mundo em razão do envelhecimento e estilo de vida adotado pela população . O DM 2 é caracterizado por altos níveis de ácidos graxos livres e padrões anormais de lipoproteínas, bem como alterações em vários mecanismos reguladores neurais e hormonais que afetam todos os tecidos do corpo. Com o envelhecimento, o acúmulo aumentado de gordura visceral interligado a inatividade de exercícios físicos ou uma limitação funcional leva a uma sarcopenia e à redução da função mitocondrial favorecendo o aumento da resistência à insulina. Isto faz com que o pâncreas dê início a uma produção excessiva de insulina para metabolizar essa demanda de entrada de glicose nas células. Cabe destacar que a insulina exerce um papel importante no metabolismo dos lipídios e aminoácidos em diferentes órgãos, tecidos e células. Além disso, no DM2 também ocorre a redução da supressão da produção hepática de glicose (COSTA; MATOS; GOMES, 2006). O diagnóstico precoce do diabetes é fundamental, mas na grande maioria dos casos, os pacientes apenas buscam tardiamente, já apresentando elevações significativas na glicemia. Isto ocorre porque maioria das vezes o DM é uma condição crônica assintomática. O diagnóstico se baseia O20 em exames laboratoriais, tais como: glicemia em jejum, Teste Oral de Tolerância à Glicose (TOGT) chamado de “curva glicêmica, e por fim o diagnóstico da Hemoglobina glicada (HbA1c) que através de uma única coleta de sangue, permite fazer a medição retroativa das taxas de glicose no sangue por um período de 90 dias. A confirmação do diagnóstico de DM requer repetição dos exames alterados. Tanto o diagnóstico para: DM1 e DM2 são idênticos (SBD, 2020). O tratamento do DM2 inclui medidas não farmacológicas e farmacológicas. As medidas não farmacológicas incluem: educação contínua em saúde, mudanças no estilo de vida, reeducação de hábitos alimentares, exercícios físicos para perda peso, monitoramento dos níveis de açúcar no sangue e/ou redução de o fumo e a bebida (SOUZA; ARAÚJO; OLIVEIRA, 2021). Os agentes antidiabéticos orais são medicamentos que reduzem a glicemia, a fim de mantê-la em níveis normais (paramentos da glicemia jejumque exercem efeito incretínicos mediado pelos hormônios GLP-1 (peptídeos semelhantes a glucagon 1) (SBD, 2018). Já os inibidores de SGLT2 tem como mecanismo principal o aumento da eliminação de glicose pela urina (glicosúria), pois a glicose será reabsorvida através do co-transportador sódio-glicose 2(SGLT2). Além disto auxiliam na redução de peso, pressão arterial, triglicerídeos e ácido úrico, e retardam a progressão da doença renal (SOUZA; ARAÚJO; OLIVEIRA, 2021). A escolha de um agente antidiabético deve levar em consideração os seguintes fatores: a idade, obesidade, comorbidade, eficácia, interações medicamentosas, reações adversas e contra indicações do medicamento; além do custo do medicamento e valores das glicemias de jejum e pós-prandial, bem como HbA1c (SBD,2020). A metformina é um medicamento antidiabético mais usado em adultos e crianças com mais de 10 anos de idade. Sua passagem pela parte superior do intestino delgado é incompleta e lenta. O21 A metformina tem a capacidade de diminuir o tecido adiposo, mas não a massa corporal magra, o que gera uma diminuição de apetite sendo classificada como um agente redutor de peso independentemente da idade ou do sexo do paciente. A metformina tem como mecanismos de ação a redução de produção de glicose pelo fígado, aumento da sensibilidade dos tecidos, principalmente dos músculos à insulina e a redução de absorção de glicose pelo trato gastrointestinal, sendo a primeira opção de tratamento (NATIONAL INSTITUTE OF HEALTH U.S.,2017). A metformina reduz a HbA1c em 1,5 a 2 % em média (SBD, 2020). Entre seus efeitos adversos pode promover intolerância gastrintestinal. Na sua apresentação de liberação prolongada causa menor incidência destes efeitos gastrintestinais. O seu uso a longo prazo está associado a deficiência de vitamina B12. Recomenda-se a dosagem periódica dos níveis de vitamina B12 nos pacientes tratados com esse medicamento, principalmente aqueles com anemia ou neuropatia periférica. É contraindicada na insuficiência renal grave (TFGnúmero de PRM’s e um elevado índice de não adesão ao tratamento. Foram selecionados 30 pacientes com diagnóstico de DM com a idade igual ou superior a 60 anos cadastrados pelo Programa Hiperdia. Após a AF ser inserida nesta unidade básica de saúde, através de orientações individuais e seguimento farmacoterapêutico os PRM tiveram uma redução significante e um índice positivo na adesão. O que ajuda a manter a qualidade de vida do indivíduo. Os autores Pereira, Lucas Borges et al 2018, também tem a mesma opinião sobre a AF no cuidado ao idoso diabético, e questionam sobre o número precário de profissionais farmacêuticos nas UBS o que dificulta os serviços da AF. Neste estudo foram selecionados 64 pacientes, apenas 56 foram incluídos. Estes foram divididos em dois grupos: um grupo um com acompanhamento farmacoterapêutico e o outro grupo, não. Este acompanhamento teve a duração de 48 meses. Nos quatro anos posteriores ao serviço observou-se nove óbitos, sendo seis do grupo controle e três do grupo de estudo. O grupo de estudo manteve os valores de hemoglobina glicada após AF (HbA1c) (8,5% vs 8,0%, p = 0,082), enquanto o grupo controle reduziu os valores de hemoglobina glicada (HbA1c) (9,1% vs 8,1%; p = 0,004). O controle da glicemia de jejum (GJ) do grupo de estudo foi mantido após quatro anos (149,5 mg/dL vs 148,8 mg/dL, p = 0,884), bem como o grupo controle (170,7 mg/dL vs 170,6 mg/dL, p = 0,993), no entanto ao comparar os dois grupos após AF, o grupo de estudo apresenta valor significativamente menor que o grupo controle (p = 0,047). Portanto, o grupo que teve o acompanhamento manteve os valores de HbA1c e houve também uma redução de HDL, em relação ao grupo que não teve acompanhamento em que houve redução dos valores de HbA1c e de HDL. O25 Em relação aos medicamentos foi observado aumento significativo na dose diária de metformina em ambos os grupos, e na dose diária de glibenclamida. Houve um incremento na dose de insulina em 47% e 36%, no grupo que esteve o acompanhamento, respectivamente. O DM2 é uma enfermidade crônica progressiva e degenerativa, com uma evolução com um diagnóstico negativo com o aumento dos anos e juntamente com a idade do paciente tornam o controle desta comorbidade muito dificultado. Este estudo confirma a importância da AF para auxiliar as condições clínicas dos pacientes, o uso racional de medicamentos, a manter o controle da doença e ajudar na adesão ao tratamento farmacológico. No estudo realizado por Guimarães, et. at. 2012, foi considerado a idade média dos pacientes era de 40 a 66 anos e houve distribuição igual pelos gêneros masculino e feminino. Número total de medicamentos consumidos por esses pacientes foram de 383, onde teve uma média por idoso de 5,63. Neste contexto, também foram observadas altas taxas de prevalência de polifarmácia. (63,20%). Além disso, a HAS e DM estão presentes simultaneamente em 37 destes pacientes (54, 41%). Os fatores de risco mais comuns neste grupo foram a dislipidemia que está presente em 34 destes pacientes (50,00%) e 57 destes pacientes apresentaram um estilo de vida de sedentarismo (83, 82%). Os medicamentos mais consumidos pertenciam ao grupo anatômico que age no sistema cardiovascular (46,9%, n= 180) e no trato alimentar (31,1%, n= 119). No estudo foram observadas 152 interações em 53 pacientes (77,95%), 19 casos de medicamentos inadequados (4,9%), e 35 (9,5%) interações fármaco- alimento. Esses resultados sugerem o aprimoramento das prescrições e avaliação constante da qualidade da farmacoterapia de modo a promover o uso racional de medicamentos nesta faixa etária. Os dados obtidos indicam a necessidade de efetivação das políticas públicas do país, portanto precisam ser implementadas visando o uso racional de medicamentos pela população nesta faixa etária, e incluindo nas disciplinas dos cursos de farmácia e de graduação em medicina visando preparar esses novos profissionais no atendimento aos idosos. Estudos recentes têm demostrado como o papel dos farmacêuticos pode colaborar com a redução da morbidade e mortalidade associada. Portanto, a inclusão deste profissional em uma equipe multidisciplinar dos programas do SUS contribui para a prevenção e promoção da saúde, e assim proporciona melhor adesão ao tratamento, segurança e custo-efetividade dos medicamentos. O26 6. CONCLUSÃO O nosso trabalho descreve o conceito e a situação atual da AF no SUS, no âmbito da farmácia comunitária. Pode-se verificar a existência de particularidades entre os serviços de saúde prestado a pessoa idosa, e há diferenças conforme a região do país. A AF está correlacionada a adesão do paciente ao tratamento e juntamente com o a acompanhamento farmacoterapêutico auxilia na redução de índices de PRM que pacientes de algumas UBS apresentam. Os medicamentos orais se mostraram muito eficazes na farmacoterapia do idoso diabético, por isto ressalta-se o auxílio da AF. Foram observadas as dificuldades e os fatores para a implantação desses serviços nas farmácias comunitárias e no SUS, em comparação com países desenvolvidos onde essa prática já é estabelecida. O Brasil acelerou o desenvolvimento desse campo nos últimos 20 anos, sendo a legislação brasileira uma das mais modernas do mundo. Entretanto, estudos futuros mais específicos sobre a aplicação dos serviços no Brasil serão necessários, especialmente para os grupos de pacientes idosos com DM2 que dependem do SUS e de um sistema de AF mais estruturada. Além disso esses estudos serão necessários para melhor compreender a realidade, do local de atendimento e a formulação de diretrizes. AF está em um período de transição juntamente com a assistência farmacêutica, contudo o nosso trabalho mostra que os serviços farmacêuticos no SUS e nas farmácias comunitária deixaram de ser uma promessa para se tornar uma realidade. O27 REFERÊNCIAS Angonesi, Daniela; Sevalho, Gil. Atenção Farmacêutica: fundamentação conceitual e crítica para um modelo brasileiro Pharmaceutical Care: conceptual and critical basis to a Brazilian model;2010. Batista, Sabrina de Cássia Macêdo, et al. POLIMEDICAÇÃO, ATENÇÃO FARMACÊUTICA E CUIDADO FARMACÊUTICO Polymedication, pharmaceutical attention and pharmaceutical care. Rev. Uepb, Paraíba, v.6, n.4, out/dez2020. BRASIL. Dados sobre Diabetes Mellitus no Brasil. Disponível em: http://www.diabetes. org.br/imprensa/estatisticas/index.php). Acesso em: 13 jul 2006. Textos Envelhecimento. 2003. v.7 n.2 Rio de Janeiro 2004. Acesso em abril e 2021. BRASIL. Ministério da Saúde. OPAS. Avaliação do Plano de Reorganização da Atenção à Hipertensão Arterial e ao Diabetes Mellitus no Brasil / Ministério da Saúde, OPAS – Brasília: Ministério da Saúde, 2004. 64 p. Acesso em abril e 2021 Brasil. Conselho Federal de Farmácia. RESOLUÇÃO Nº 357 DE 20 DE ABRIL DE 2001 (Alterada pela Resolução nº 416/04). Aprova o regulamento técnico das Boas Práticas de Farmácia. Disponível em: : Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Praticas Farmacêuticas no Núcleo Ampliado de Saúde da Família e Atenção Básica (Nasf AB) Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Básica. – Brasília: Ministério da Saúde, 2018. Brasil. Ministério da Saúde. OPAS. Avaliação do Plano de Reorganização da Atenção à Hipertensão Arterial e ao Diabetes Mellitus no Brasil / Ministério da Saúde, OPAS – Brasília: Ministério da Saúde, 2004. 64 p. O28 Brasil. Ministério da Saúde. Cuidado Farmacêutico na atenção básica: Serviços Farmacêuticos na atenção básica à saúde. - Brasília- 2015. Campos, Lethicia da Silva et al. A prática da atenção farmacêutica no acompanhamento farmacoterapêutico de idososdiabéticos e hipertensos: relato de caso The practice of pharmaceutical attention in pharmacotherapeutic monitoring of diabetic and hypertensive elderly: case report; BJHR, vol.3, n.2,2020. Disponível em: https: CIPOLLE, R.J.; STRAND, L.M.; MORLEY, P.C. PharmaceuticalCarePractice. McGraw-Hill, New York. 1998, 359 p. Acesso em maio de 2021. Dos Anjos, Karla Ferraz et al. Perspectivas e desafios do núcleo de apoio à saúde da família quanto às práticas em saúde.2013. Freitas, Daniele Leão de; Silva, José Afonso Correa da; Scalco, Thaís. Resultados negativos associados à medicação em idosos hipertensos e diabéticos. Negative results associated with medication in hypertensive and diabetic elderly Resultados negativos asociados a la medicación en ancianos hipertensos y diabéticos.2019. Guimarães, Viviane Gibara; et al. Perfil Farmacoterapêutico de um Grupo de Idosos: assistidos por um programa de Atenção Farmacêutica na Farmácia Popular do Brasil no município de Aracaju – SE,2012. HEPLER, C. D. e STRAND, L. M. Oportunidades y responsabilidades enlaAtenciónFarmacéutica. PharmaceuticalCare .Esp, [S.l.], v. 1, p. 35-47, 1999. Acesso em maio de 2021 Ivana, Adriana Mitsue et al. Consenso brasileiro de atenção farmacêutica. Brasília: Organização Pan-Americana da Saúde, 2002. 24 p. Disponível em : O29 Lansing , Alana et al. O FARMACÊUTICO EM SERVIÇO DE ATENÇÃO SECUNDÁRIA À SAÚDE: ATUAÇÃO EM EQUIPE MULTIPROFISSIONAL PARA PROMOÇÃO DO USO RACIONAL DE MEDICAMENTOS. Lajeado, v. 9, n. 3, p. 259- 271, 2017. Lima, Gisela Arsa Laila et al. Diabetes Mellitus tipo 2: Aspectos fisiológicos, genéticos e formas de exercício físico para seu controle Type 2 Diabetes Mellitus: Physiological and genetic aspects and the use of physical exercise for diabetes control.2009. Lucena, J. B. da S. Diabetes Melittus tipo 1 e tipo 2. 2007. 74 f. Faculdades Metropolitanas Unidas. São Paulo,2007. Mapa do Diabetes no Brasil para a Farmácia clínica. Disponível em: https://www.ictq.com.br/varejo-farmaceutico/745-o-mapa-do-diabetes-no-brasil MACEDO, B.S.; GARROTE C.F.D.; OLIVEIRA, N.D.; SAHIUM, M.; SILVA, R.R.L.; SOUSA, C. Projeto de implantação de atenção farmacêutica a pacientes portadores de diabetes Mellitus tipo 2 em programa de saúde da família. Revista Eletrônica de Farmácia. v. 2, p. 116- 118, 2005. Acesso em abril e 2021 Mendes, E. V. As redes de atenção à saúde. 2. ed. Brasília: Organização Pan Americana da Saúde, 2011. 549 p. Mendes, E. V. 25 anos do Sistema Único de Saúde: resultados e desafios. Estudos avançados, v. 27, n. 78, p. 27-34, 2013. Meneses, André Luiz Lima de; Barreto, Maria Lucia. Atenção farmacêutica ao idoso fundamentos e propostas: Pharmaceutical care of the elderly: basis and proposals. Disponível em:. Nóbrega, Otávio de Tolêdo; Karnikowski, Margô Gomes de Oliveira. A terapia medicamentosa no idoso cuidados na medicação; pharmacotherapy in the elderly: precautions with medication. Disponível em: . O30 OLIVEIRA, H. S. B; CORRADI, M. L. G. Aspectos farmacológicos do idoso: uma revisão integrativa de literatura. Revista de Medicina, São Paulo, v. 97, n. 2, p. 165-176, 2018. Disponível em:. PEREIRA, L.R: FREITAS. O. A evolução da Atenção Farmacêutica e a perspectiva para o Brasil. Revista Brasileira de ciências Farmacêuticas. v. 44, n. 4, out./dez., 2008: Disponível em: . Pereira, Leonardo Régis Leira; et al. Avaliação da efetividade do acompanhamento farmacoterapêutico no controle do diabetes mellitus tipo 2 em longo prazo,2018. Disponível em:. PEREIRA, L. R. L.; DE FREITAS, O. A evolução da Atenção Farmacêutica e a perspectiva para o Brasil. Revista Brasileira Ciências Farmacêutica, v. 44, n. 4, p. 601-612, 2008. Revista da Universidade Vale do Rio Verde, Três Corações, v. 14, n. 2, p. 403-411, ago./dez. 2016.Disponível em: . Rolim, Carlos Eduardo et al. A importância da atenção farmacêutica e a diabetes mellitus tipo 2 The Importance of Pharmaceutical Care and Type 2 Diabetes Mellitus.2016. ROSSANEIS, M. A. et al. Fatores associados ao controle glicêmico de pessoas com diabetes mellitus. Ciência & Saúde Coletiva, v. 24, p. 997-1005. 2019. Disponível em: . SBD - Sociedade Brasileira de Diabetes - Diretrizes da Sociedade Brasileira de Diabetes. 9.ed São Paulo: AC Farmacêutica, (2019-2020). SBD - Sociedade Brasileira de Diabetes - Diretrizes da Sociedade Brasileira de Diabetes. 8.ed São Paulo: AC Farmacêutica, 2017/2018. Silva C.; Souza J. O farmacêutico na unidade básica de saúde: atenção farmacêutica ao portador de Diabetes mellitus em uma unidade de saúde pública no município de Santarém/PA,2017. O31 Souza, Ana Karine de Andrade et al. Fármacos para o tratamento do diabetes mellitus tipo 2: interferência no peso corporal e mecanismos envolvidos. 2021.