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1 P E N SA D O R E S P O LÍ TI C O S C LÁ SS IC O S E M O D E R N O S - G R U P O P R O M IN A S 2 P E N SA D O R E S P O LÍ TI C O S C LÁ SS IC O S E M O D E R N O S - G R U P O P R O M IN A S 3 P E N SA D O R E S P O LÍ TI C O S C LÁ SS IC O S E M O D E R N O S - G R U P O P R O M IN A S Núcleo de Educação a Distância GRUPO PROMINAS DE EDUCAÇÃO Diagramação: Rhanya Vitória M. R. Cupertino PRESIDENTE: Valdir Valério, Diretor Executivo: Dr. Willian Ferreira. O Grupo Educacional Prominas é uma referência no cenário educacional e com ações voltadas para a formação de profissionais capazes de se destacar no mercado de trabalho. O Grupo Prominas investe em tecnologia, inovação e conhecimento. Tudo isso é responsável por fomentar a expansão e consolidar a responsabilidade de promover a aprendizagem. 4 P E N SA D O R E S P O LÍ TI C O S C LÁ SS IC O S E M O D E R N O S - G R U P O P R O M IN A S Prezado(a) Pós-Graduando(a), Seja muito bem-vindo(a) ao nosso Grupo Educacional! Inicialmente, gostaríamos de agradecê-lo(a) pela confiança em nós depositada. Temos a convicção absoluta que você não irá se decepcionar pela sua escolha, pois nos comprometemos a superar as suas expectativas. A educação deve ser sempre o pilar para consolidação de uma nação soberana, democrática, crítica, reflexiva, acolhedora e integra- dora. Além disso, a educação é a maneira mais nobre de promover a ascensão social e econômica da população de um país. Durante o seu curso de graduação você teve a oportunida- de de conhecer e estudar uma grande diversidade de conteúdos. Foi um momento de consolidação e amadurecimento de suas escolhas pessoais e profissionais. Agora, na Pós-Graduação, as expectativas e objetivos são outros. É o momento de você complementar a sua formação acadêmi- ca, se atualizar, incorporar novas competências e técnicas, desenvolver um novo perfil profissional, objetivando o aprimoramento para sua atu- ação no concorrido mercado do trabalho. E, certamente, será um passo importante para quem deseja ingressar como docente no ensino supe- rior e se qualificar ainda mais para o magistério nos demais níveis de ensino. E o propósito do nosso Grupo Educacional é ajudá-lo(a) nessa jornada! Conte conosco, pois nós acreditamos em seu potencial. Vamos juntos nessa maravilhosa viagem que é a construção de novos conhecimentos. Um abraço, Grupo Prominas - Educação e Tecnologia 5 P E N SA D O R E S P O LÍ TI C O S C LÁ SS IC O S E M O D E R N O S - G R U P O P R O M IN A S 6 P E N SA D O R E S P O LÍ TI C O S C LÁ SS IC O S E M O D E R N O S - G R U P O P R O M IN A S Olá, acadêmico(a) do ensino a distância do Grupo Prominas! É um prazer tê-lo em nossa instituição! Saiba que sua escolha é sinal de prestígio e consideração. Quero lhe parabenizar pela dispo- sição ao aprendizado e autodesenvolvimento. No ensino a distância é você quem administra o tempo de estudo. Por isso, ele exige perseve- rança, disciplina e organização. Este material, bem como as outras ferramentas do curso (como as aulas em vídeo, atividades, fóruns, etc.), foi projetado visando a sua preparação nessa jornada rumo ao sucesso profissional. Todo conteúdo foi elaborado para auxiliá-lo nessa tarefa, proporcionado um estudo de qualidade e com foco nas exigências do mercado de trabalho. Estude bastante e um grande abraço! Professora: Silvia Cristina da Silva 7 P E N SA D O R E S P O LÍ TI C O S C LÁ SS IC O S E M O D E R N O S - G R U P O P R O M IN A S O texto abaixo das tags são informações de apoio para você ao longo dos seus estudos. Cada conteúdo é preprarado focando em téc- nicas de aprendizagem que contribuem no seu processo de busca pela conhecimento. Cada uma dessas tags, é focada especificadamente em partes importantes dos materiais aqui apresentados. Lembre-se que, cada in- formação obtida atráves do seu curso, será o ponto de partida rumo ao seu sucesso profisisional. 8 P E N SA D O R E S P O LÍ TI C O S C LÁ SS IC O S E M O D E R N O S - G R U P O P R O M IN A S Esta Unidade tem por finalidade definir os objetivos do estu- do da Ciência Política, mostrando como esta possui uma autonomia, sendo responsável pelos estudos que formam a política e as suas formas de aplicação. Desta forma, nota-se que a Ciência Política se trata de pesquisas e estudos acerca das estruturas e organismos polí- ticos, assim como a relação do Poder e do Estado. Para que se tenha uma compreensão aprofundada da finalidade das Ciências Políticas, é necessário que se faça também, um aprofundamento nos temas que tratam de suas maiores preocupações, o Poder e o Estado. A partir disto, nesta Unidade, são abordadas as relações que acontecem entre a política e o poder, assim como os modelos de organizações políticas que vigoraram ao longo da História e as formas que eram utilizadas antes da construção do aparato estatal. Para se referenciar ao Estado, a Unidade aborda as direções a que foram levadas ao surgimento do Estado, também aponta os tipos de Estado que se formaram ao decor- rer dos processos históricos e as finalidades e elementos constitutivos do aparelho estatal. Ciência. Política. Autoridade. Estado. Poder. Soberania. 9 P E N SA D O R E S P O LÍ TI C O S C LÁ SS IC O S E M O D E R N O S - G R U P O P R O M IN A S CAPÍTULO 01 A CIÊNCIA POLÍTICA Apresentação do Módulo ______________________________________ 11 13 38 16 O Objetivo da Ciência Política e sua Autonomia como Ciência So- cial ____________________________________________________________ Modelos históricos da Organização Política _____________________ A Política como Ciência _________________________________________ CAPÍTULO 02 O PODER A Política e o Poder ____________________________________________ 32 28Recapitulando ________________________________________________ 21A Política como Relação de Poder e a Política como Governo ____ Recapitulando _________________________________________________ 46 CAPÍTULO 03 O ESTADO O Surgimento do Estado _____________________________________ 49 Tipos __________________________________________________________ 57 Elementos e Fins do Estado ____________________________________ 60 10 P E N SA D O R E S P O LÍ TI C O S C LÁ SS IC O S E M O D E R N O S - G R U P O P R O M IN A S Recapitulando __________________________________________________ 64 Considerações Finais ____________________________________________ 68 Fechando a Unidade ____________________________________________ 69 Referências _____________________________________________________ 72 11 P E N SA D O R E S P O LÍ TI C O S C LÁ SS IC O S E M O D E R N O S - G R U P O P R O M IN A S Este módulo tem como objetivo tratar sobre a questão da Ciên- cia Política e, neste ponto, abordando também os grandes pensadores que auxiliaram da fundamentação do estudo da estrutura e dos organis- mos políticos e sua autonomia como uma ciência. O primeiro capítulo se divide em três tópicos, sendo que o pri- meiro vai elencar quais são os objetivos da Ciência Política, descreven- do que ela é um estudo da estrutura política e pode ser entendida como a Ciência do Estado ou a Ciência do Poder. Esta ciência pode ser classificada desta forma pelo fato dela se aprofundar nestes dois pontos principalmente. Para se compreender os conceitos de Estado, Poder e Política são utilizados como embasamento obras da Maquiavel, Locke, Hobbes, Rousseau, Bobbio, Weber, Marx, entre outros renomados pensadores que dissertaram sobre o assunto. Durante o primeiro capítulo, ainda é abordada a questão do estudo da política ser tratada como uma ciência e como se deu a sua autonomia em relação às demais Ciências Sociais. Um terceiroorganização política proporcionaram rupturas, no entanto, também inauguraram continuidades que ainda são influên- cias para o cotidiano na contemporaneidade. A importância dos estudos da política Pré-Estatal, começando pela Antiguidade e a divisão (Oriental Teocrática, Pólis Grega e Civitas Romana), é apresentada pelo impacto que ainda estabelece atualmente. Aprofundo neste ponto, compreender os princípios do desen- volvimento da política é fundamental para que se entenda a constituição dos Estados Modernos, dos regimes políticos e da transição do Direito Natural para o Positivo que se tem até hoje. Com base no sedentarismo, estimulado pela agricultura (ne- cessitando de sociedades estacionárias), a família comandada pela matriarca foi trocada pela comandada pelo patriarca, viabilizando a mudança para novos meios de organização política. O estado nômade fazia com que este grupo fosse comandado pelas mulheres, já que os homens se mantinham em movimentação com a caça. O agrupamento de muitas famílias extensas gerou a formação de aldeias, que aumentaram e se tornaram tribos e cidades, direcionan- do ao aparecimento das primeiras civilizações. O surgimento da propriedade privada ocorre devido à elevação populacional para além do rendimento da manutenção de um padrão exagerado de consumo. A batalha pelo poder se tornou hierarquia da sociedade, suceden- do nas primeiras estruturas políticas, aspirando conservar a ordem, auxiliar nas necessidades de defesa e solucionar conflitos estabelecidos pela pos- se de recursos e terras. Dessa forma, surgiram as instituições políticas e as leis que proporcionaram autoridade para alguns poucos sujeitos. Estes sujeitos, de início, estavam munidos de autoridade cor- respondente a características religiosas e mágicas do ancestral patriar- ca, gradualmente se transformando em um deus. Os herdeiros deste patriarca conquistaram, dessa forma, o poder de sacerdotes que reali- 40 P E N SA D O R E S P O LÍ TI C O S C LÁ SS IC O S E M O D E R N O S - G R U P O P R O M IN A S zavam um intermédio com o divino. Estas formas iniciais de organização política possuíam caráter familiar de laços de sangue e características religiosas que se modifi- caram em governos duradouros, estabelecendo os primeiros Estados primitivos no princípio da civilização. De acordo com o norte-americano Samuel Phillips Huntington, famigerado teórico da Ciência Política; as civilizações primárias deram origem a oito modelos de organização que direcionam a política con- temporânea. São elas: 1- Sínica ou Chinesa; 2- Nipônica ou Japonesa; 3- Hin- du; 4- Islâmica; 5-Cristã Ocidental; 6- Ortodoxa; 7- Subsuariana; 8- Árabe. Contudo, a base política pode ser limitada a somente três na antiguidade. As primeiras civilizações, as mais remotas se originam a pelo menos 6000 a.C., são antecedentes ao surgimento da escrita, desenhan- do um molde de origem Oriental, com uma estrutura política teocrática. A partir destas civilizações, duas marcadas como as mais sig- nificativas para o mundo do Ocidente e Oriente contemporâneo se ori- ginaram, estabilizando o que se chamou de Cultura Clássica: a Pólis Grega e descendo desta, a Civita Romana. Os rios foram muito significativos para a formação das civiliza- ções: a Mesopotâmia ao redor dos rios Tigre e Eufrates; o Egito ao redor do rio Nilo; a Índia ao redor do rio Indo; a China ao redor do rio Amarelo; a Palestina ao redor do rio Jordão. Os rios trouxeram a possibilidade de canalizar a água para aumentar a áreas de terras que podiam ser cultivadas, ampliando sua produção agrícola e produzindo excedente, dando origem ao comércio; desenvolvendo a criação da escrita por meio da necessidade de organi- zação do trabalho e exercer controle do fluxo de mercado. Em definições políticas, estas civilizações formaram pequenos Impérios que se basearam em um modo de organização teocrática, em que a religião possuía viés politeísta e mitológico como central. A palavra teocracia é derivada do grego em que Teo (deus), adicionado à Kratos (governo), levado ao pé da letra significa o governo de deus ou da religião. Nste regime o poder é estabelecido pelos sacer- dotes que realizam o intermédio entre a relações com o sagrado, con- feridos como governantes e juízes com um dever semidivino ou divino, em vários casos reconhecidos como semideuses ou deuses. Assim sendo, o poder de autoridade era estabelecido pelo lí- der, reconhecido pela religião e seu prestígio com a população, com um cunho absolutista sem contestação. Apesar de consistir como um modo ultrapassado em termos de antropologia, sendo considerada a primeira base política, a teocracia 41 P E N SA D O R E S P O LÍ TI C O S C LÁ SS IC O S E M O D E R N O S - G R U P O P R O M IN A S ainda existe hoje, em Estados como o Irã e a Arábia Saudita, e também no Paquistão, Sudão e Mauritânia. Durante a Antiguidade, uma das teocracias iniciais a aparecer foi a Suméria, que partiu para a região da Crescente Fértil, entre os rios Tigre e Eufrates. Os sumérios foram os fundadores do denominado Modo de Produção Asiático, uma administração político-econômica que se ba- seia em um poder centralizado fortemente na ilustração de um gover- nante, que é responsável pela organização dos trabalhos, compulsórios e obrigatórios, de camponeses que eram livres em gigantes obras pú- blicas dominadas pelo Estado. Os templos dos sumérios, destinados para mais de trezentos deuses, praticaram uma função ativa na estrutura política, se valendo de centros econômicos de comércio e o armazenamento de produtos. O Império Babilônico também deu sua importante contribuição para a política: através de seu governante Hamurabi. Este soberano formulou o primeiro conjunto de leis escritas da história. O Código de Hamurabi foi fixado em um pilar de basalto, abreviando o direito e tran- sitando a organização da justiça pela oralidade para a escrita. Com a utilização do registro por escrito, a lei começou a ser inalterável e fixa, não tendo risco de uma interpretação errônea. Este conjunto de leis adequou a política para as leis, organi- zando a sociedade em três estamentos, em que cada qual conta com diretos e punições variadas, regulamenta as relações entre a distribui- ção do poder e as pessoas. O Egito, da mesma forma que a Suméria, abordou o Modo de Produção Asiático, ao ponto que ao longo do Rio Nilo originou um go- verno com forte centralização para estabelecer o controle do fluxo das águas, criando os meios políticos para impossibilitar conflitos e criar canais de irrigação em terrenos que eram cercados por desertos. No ramo da política, os egípcios são comparados aos seus antecessores e sucessores, o poder foi padronizado nas mãos do faraó, um elemento semidivino, apontado como o filho do deus Rá (deus Sol), constituindo mais que apenas uma Cidade-Estado, mas um Estado de formas primitivas que controlavam uma vasta região. Unindo muitos nomos, lideradas pelos nomarcas, que constitu- íam a nobreza provincial, o faraó formou ao redor de si uma organiza- ção política que empregou uma sofisticada burocracia, comandada por funcionários públicos. A sociedade do Egito não possuía uma mobilidade social, não havia a permissão de participar de decisões políticas, concentradas no faraó. Umas das possíveis maneiras de se elevar socialmente era ofer- 42 P E N SA D O R E S P O LÍ TI C O S C LÁ SS IC O S E M O D E R N O S - G R U P O P R O M IN A S tada pelo funcionalismo público e serviço militar. Na Índia, mais uma teocracia, com o desencadeamento de diversas invasões, se construiu um regime político que se baseia me castas, separando socialmente a população, sem que a mobilidade seja possível, já que se baseia a partir do nascimento. Na China, representada por uma teocracia política, existiu também uma separação estamental, mas que possuía uma mobilidade, mesmo que limitada. Se inseriu noModo de Produção Asiático, desen- volvido para a elaboração de várias obras públicas. Esta organização política foi usada até o começo do século XX. Os hebreus, na Palestina, são um povo que se considera com uma ponderação de predestinação divina, formaram o Estado de Israel, a Judeia, e expulsaram os povos que ali viviam. Este povo fundou uma teocracia que tinha como característica o monoteísmo que seria uma influência para o mundo do Ocidente e parte do Oriente. A Palestina possuiu uma organização política que se baseava no governo de sacerdotes, reis e juízes, a maior contribuição dos hebreus para a questão política foi a Bíblia. Formas Pré-Estatais Na Grécia, inicialmente, todas as pólis eram lideradas por reis, que possuíam o dever de comandar o exército e realizar cerimônias de ordem religiosa. O rei era apoiado por um grupo de nobres para realizar a administração da cidade. Posteriormente, em algumas pólis, a organização política se desenvolveu para um governo com magistrado, em outras pólis o gover- no passou às mãos de um conselho de notáveis, ambos por um prazo determinado de um ano. Figura 5 - Pintura do século XIX, Discurso do Estadista Grego Péricles Fonte: Nossa Ciência. Acesso em 2019. 43 P E N SA D O R E S P O LÍ TI C O S C LÁ SS IC O S E M O D E R N O S - G R U P O P R O M IN A S Estas organizações políticas, a população comum só tinha a esco- lha de dar aplausos ou não para as decisões tomadas, que demonstrariam a aprovação ou desaprovação. Tempos depois, esta simples sinalização de concordância ou não com aplausos passou a ser estabelecida pela efetiva participação do cidadão, dando origem ao modelo ateniense de política. Apesar disso, o constante desenvolvimento político da organi- zação da pólis, tem como consequência uma multiplicidade de modos, estes que, por mais que haja variedade, podem se resumir em dois simbolizados por Atenas e Esparta. Em Atenas, a democracia se formou por volta de 500 a.C., do qual o termo é derivado da palavra demo, designação das camadas mais populares que se opunham aos aristocratas, tendo como significa- do literal o governo do povo. Durante esta época, a política estava a mandato de reis e aris- tocratas, que se reuniam no Areópago, se responsabilizavam pela ma- gistratura, garantindo que as leis fossem cumpridas, ainda com um viés de oralidade. O sistema político romano se desenvolveu e, por consequência se transformou em uma organização de Senado e de Câmara dos Deputados. Clístenes fez a divisão de Atenas em dez tribos, mesclando em cada uma destas, fundamentos dos diversos segmentos sociais. Houve a determinação de cinquenta membros de cada uma das tribos para fazer parte da Bulé (que possui no total 500 representantes), com um ano de mandato. A Eclesia (Assembleia da Democracia), agregava todos os cidadãos. Esta reforma estabeleceu uma remuneração para as ativida- des de cargos públicos, que não havia antes, para gerar permissão para os populares despossuídos participarem, já que estavam precisando do trabalho para se manter. Em todos os casos, os cargos públicos só poderiam ser desempenhados no prazo de um ano. Para defender a democracia da tirania foi elaborada a lei do ostracismo, qualquer indivíduo que pudesse ser considerado uma ame- aça para o sistema político democrático podia sofrer exílio por dez anos, mas manteria seus bens. A população era reunida uma vez ao ano na Ágora, que sig- nifica Assembleia, este espaço era destinado à reunião dos cidadãos, cercado de edifícios públicos, que eram destinados também a festejos e feiras comerciais, era o centro da Pólis. Já em Esparta, o regime político tinha por natureza a oligar- quia, isto é, poucos tinham participação nas decisões que definiriam os rumos da Pólis. A monarquia se transformou em uma diarquia, dois reis eram selecionados entre as duas famílias principais espartanas, co- 44 P E N SA D O R E S P O LÍ TI C O S C LÁ SS IC O S E M O D E R N O S - G R U P O P R O M IN A S mandavam o exército, mas não realizavam atividades administrativas. O controle da política na cidade era efetuado pela Gerúsia, uma assembleia que contava com os dois reis e pelos anciãos, 28 es- partanos que tinham mais de sessenta anos. As decisões promulgadas por eles deveriam passar pela Apella, uma assembleia que todos os espartanos que eram considerados cidadãos participavam. As funções públicas só poderiam ser exercidas pelos plenos cidadãos espartanos, mas não só o nascimento definia quem era cida- dão. A cidadania era conquistada através do método e o caminho por etapas com sistema educacional rígido militarizado. Tanto em Atenas, quanto em Esparta, a cidadania era aces- sada por meio do alcance da educação. Este conceito foi herdado por povos e gerações e seria retomado pela Revolução Francesa. Em Roma, inicialmente, a estrutura política se baseava no regi- me de monarquia, que se espelhava na organização etrusca do poder. A gênese da divisão social se encontrava na relação antagônica entre plebeus e patrícios, sem a possível mobilidade. Desde o início, Roma foi liderada por um rei, que detinha as funções de supremo sacerdote, chefe militar e inquestionável juiz, se consultava através do Senado e da Assembleia Curiata para auxiliar em suas decisões. O Senado tinha por composição um conselho de patrícios anci- ões que possuíam mais de quarenta anos, para cada família, os patriar- cas tinham direito a votar nas decisões. Esta organização selecionava o rei, vetava as decisões deste e propunha as leis. A política da República se centralizava no Senado, que tinha por composição representantes de famílias de patrícios, que designa- vam o pater, isto é, o patriarca que ocuparia uma cadeira na organiza- ção. O senador deveria estar envolvido de auctoristas (autoridade) e dignitas (dignidade) para se apropriar do cargo, qualidades elevadas como fundamentais para a atividade da política. Seria necessário servir no exército antes e ter ocupação em cargos públicos, tendo uma educa- ção desde a infância voltada à retórica. As principais decisões políticas eram tomadas pelo Senado, em que os senadores exerciam os mais importantes cargos públicos. Porém, o pleno exercício do poder efetivo era concentrado no cônsul, denominado chefe de Estado. A cidadania romana foi se estendo para demais cidades da Pe- nínsula Itálica, em cada qual passou a possuir seu próprio Senado e suas organizações políticas, semelhantes a administração política romana. O Feudalismo é caracterizado como uma estrutura política, social e econômica. Seu início é dado na região do antigo Império Carolíngio, nos 45 P E N SA D O R E S P O LÍ TI C O S C LÁ SS IC O S E M O D E R N O S - G R U P O P R O M IN A S séculos X e XI. A formação do feudalismo é dada crise do sistema de es- cravidão em Roma, em que a ruralização ocorre na perda da vida urbana. A sociedade feudal detinha uma divisão rígida entre os que eram os importantes proprietários de terras e aqueles que não possuí- am este bem. Os senhores feudais eram os nobres e camponeses eram os servos da gleba. Os servos se responsabilizavam pelo trabalho braçal, partindo da agricultura até artesanato. Estavam presos pela terra de seu senhor não podiam deixá-la, como troca recebiam proteção de seus senhores e não podiam ser comercializados como escravos. A política do feudalismo era descentralizada, isto é, cada se- nhor feudal possuía o comando de suas terras, como seu fosse seu próprio país. Isso foi gerado pelo enfraquecimento do poder real, pela divisão, no século IX, do Império Carolíngio. A posse de terra era o âmago do poder, sendo assim, as rela- ções entre senhor e camponês eram baseadas em vínculos de susera- no e vassalo. O senhor feudal destinava parte de sua terra para outro nobre. O nobre que doava era o suserano e o que recebia, seu vassalo. Entre ambos era estabelecida uma relação de deverese direi- tos. O suserano concedia ao vassalo proteção militar, posse do feudo concedido, mas o vassalo tinha a obrigação de deixar seu exército a ser- viço do suserano. A economia, a sociedade e a política características do período do feudalismo foram legitimadas e justificadas pela Igreja. 46 P E N SA D O R E S P O LÍ TI C O S C LÁ SS IC O S E M O D E R N O S - G R U P O P R O M IN A S QUESTÕES DE CONCURSOS QUESTÃO 1 Ano: 2017 Banca: FADESP Órgão: COSANPA Prova: Sociólogo Para Nicolau Maquiavel, o príncipe deve, para se manter no poder (A) usar só da força. (B) ficar ocioso nos tempos de paz. (C) desconsiderar as ações dos grandes homens. (D) incorporar a arte da guerra, tanto do ponto de vista do pensamento quanto da ação, mesmo no momento de paz. QUESTÃO 2 Ano: 2015 Banca: VUNESP Órgão: Prefeitura de São Paulo - SP Prova: Analista de Políticas Públicas e Gestão Governamental - Co- nhecimentos Específicos É preciso que, pela disposição das coisas, o poder freie o poder. (Montesquieu, O Espírito das Leis. Adaptado) A afirmação de Montesquieu, filósofo iluminista francês do século XVIII, indica uma importante característica das democracias con- temporâneas, expressa corretamente na ideia de (A) dissociação do poder soberano e sua partição com base nas três funções fundamentais do Estado – a legislativa, a executiva e a judiciária. (B) pertencimento a uma comunidade política nacional, com direitos e deveres comuns e responsabilidades sobre os poderes constituídos. (C) controle do território por um governo amparado por um sistema legal e com capacidade de utilizar a força militar para implementar suas políticas. (D) autoridade do governo sobre uma área com fronteiras claras, dentro da qual ele representa o poder supremo e soberano. QUESTÃO 3 Ano: 2014 Banca: CESPE Órgão: Câmara dos Deputados Prova: Analista Legislativo - Consultor Legislativo Área XIX A respeito das relações entre os sistemas eleitorais e os sistemas partidários, julgue o próximo item. O voto proporcional tende a produzir sistemas partidários com mais de dois partidos. ( ) Certo ( ) Errado QUESTÃO 4 Ano: 2017 Banca: IFB Órgão: IFB Prova: Professor - Filosofia A Filosofia Política quando discutida com os estudantes é de gran- 47 P E N SA D O R E S P O LÍ TI C O S C LÁ SS IC O S E M O D E R N O S - G R U P O P R O M IN A S de valia para desenvolver o espírito de cidadania. Um clássico des- ta discussão é a obra “O Príncipe” de Maquiavel [...]. No Capítulo VIII o filósofo trata “Dos que chegaram ao principado pelos cri- mes”. Segundo o pensamento do autor qual das afirmações abaixo está CORRETA em relação ao tema em tela? (A) Ao conquistar um Estado, precisa o conquistador ter em mente o mal que terá que executar continuamente, embora tenha que parecer bom. (B) Um príncipe deve, sobretudo, viver com os súditos, de modo que nenhum fato, bom ou mau, o faça mudar, pois, chegando à adversidade, não haverá tempo para o mal. (C) O príncipe deve conquistar os homens com vantagens dadas de uma só vez, pois o bem que fizer irá favorecê-lo, de modo que todos lhe serão gratos. (D) Se bem usadas, as crueldades, que no princípio do governo podem ir aumentando paulatinamente, poderão com o tempo ir se extinguindo até desaparecer totalmente. QUESTÃO 5 Ano: 2019 Banca: IBFC Órgão: IDAM Prova: Assistente Técnico Considere a organização político-administrativa do Estado prevista na Constituição Federal de 1988 para assinalar a alternativa correta. (A) Compete privativamente à União Federal legislar sobre responsabi- lidade por dano ao meio ambiente e ao consumidor (B) As competências previstas aos Estados na Constituição Federal po- dem ser delegadas aos Municípios mediante Lei Complementar estadual (C) Legislar sobre educação é cultura é de competência concorrente entre a União, os Estados-membros e o Distrito Federal (D) Compete a União elaborar normas gerais no que diz respeito àque- las matérias que sejam de competência concorrente, restando aos Es- tados e Municípios, conjuntamente, suplementarem tal legislação QUESTÃO DISSERTATIVA – DISSERTANDO A UNIDADE A ciência política pode ser entendida como um estudo direcionado aos sistemas políticos e às organizações e processos referentes a esses. Dessa forma, defina o que pode ser entendido como poder político. TREINO INÉDITO Assunto: Aspectos gerais da política Assinale a alternativa correta acerca da política: I. Desdenhar da política e renegar a sua importância é fator gerador de prejuízos para a própria sociedade e para o indivíduo em questão II. A cidadania consiste em deslegitimar parlamentares e eleições 48 P E N SA D O R E S P O LÍ TI C O S C LÁ SS IC O S E M O D E R N O S - G R U P O P R O M IN A S como fator de emancipação da sociedade a) A I afirmativa está correta e justifica II. b) A II afirmativa está correta e justifica a II. c) A afirmativa I está errada. d) A afirmativa II está correta. e) A afirmativa I está correta. NA MÍDIA REPRESENTAÇÕES POLÍTICAS: TRÊS MODELOS DE REPRESEN- TAÇÃO POLÍTICA As democracias extraem sua legitimidade a partir da realização de elei- ções periódicas, em que os eleitores escolhem os seus representan- tes que ocuparão os cargos políticos nas instituições que compõem as várias esferas de poder. O governo representativo está inserido num contexto histórico bastante peculiar e se diferencia de outras formas de exercício do poder político. Fonte: Educação UOL Data: Sem data Leia a notícia na íntegra: https://educacao.uol.com.br/disciplinas/sociolo- gia/representacao-politica-tres-modelos-de-representacao-politica.htm NA PRÁTICA PODE POLÍTICO O QUE É Como se vê, esse monopólio tem que fazer parte de toda a sociedade, em que o poder de coação individual seja de exclusividade do Estado. Ou seja, o cidadão não pode pegar uma arma e matar outro indivíduo por discordar de algo ou achar que o outro praticou algum crime contra ele. A pessoa deverá denunciar o outro indivíduo na polícia, para que haja a investigação, e a Justiça é quem definirá se o sujeito é culpado ou não. Sendo assim, a polícia (civil e militar, no caso brasileiro) é um exemplo de órgão do Estado que está autorizado a utilizar a força e a violên- cia para manter a lei e a ordem que foram aceitas pelas pessoas que compõem a sociedade, já que a maioria age dentro dos limites das leis definidas pelas instituições do referido Estado. Fonte: https://www.gestaoeducacional.com.br/poder-politico-o-que-e/ PARA SABER MAIS Vídeo sobre o assunto: https://www.youtube.com/watch?v=8W4qOsBp- jFU Acesse os links: https://mundoeducacao.bol.uol.com.br/sociologia/po- der-politico.htm 49 P E N SA D O R E S P O LÍ TI C O S C LÁ SS IC O S E M O D E R N O S - G R U P O P R O M IN A S O SURGIMENTO DO ESTADO O Estado é definido como uma associação que é composta por uma população, em dado território, que age sob a autoridade de um governo soberano e autônomo. O reconhecimento e o surgimento do Estado podem se esten- der por muito tempo, anos, ou pode ser um processo mais acelerado, levando apenas meses. Tudo vai depender de uma série de definições como a sua localização geográfica, sua profusão de recursos naturais, posição estratégica geopoliticamente. "[...] a categoria histórica Estado deve ser entendida, no presente ensaio, O ESTADO P E N SA D O R E S P O LÍ TI C O S C LÁ SS IC O S E M O D E R N O S - G R U P O P R O M IN A S 49 50 P E N SA D O R E S P O LÍ TI C O S C LÁ SS IC O S E M O D E R N O S - G R U P O P R O M IN A S como a instância politicamente organizada, munida de coerção e de poder, que, pela legitimidade da maioria, administra os múltiplos interesses antagô- nicos e os objetivos do todo social, sendo sua área de atuação delimitada a um determinado espaço físico." (WOLKMER, 1990, p.9) A manifestação do Estado surgiu de forma histórica como re- sultado dosdesenvolvimentos das transformações observadas nas ma- neiras de organização da vida social, decorrentes da disseminação do modo de produção do capitalismo no século XVIII e das exigências ma- teriais da classe da burguesia. Então se compreende que o Estado é resultado de mudanças econômicas e culturais pelo desenvolvimento do capitalismo e pela cri- se da organização do Feudalismo que a Europa Ocidental vivenciou durante o século XVIII. "[...] o Estado enquanto fenômeno histórico de dominação apresenta origi- nalidade, desenvolvimento e características próprias para cada momento histórico e para cada modo de produção, com a subordinação plena das or- ganizações políticas ao poder da Igreja no feudalismo e com a secularização e unidade nacional da modernidade." (WOLKMER, 1990, p. 22) A partir das interpretações deste autor, o Estado Moderno, com suas características abordadas (cidadania, nação, legitimidade, autori- dade e soberania), é resultado de circunstâncias estruturais intrínsecas ao capitalismo da burguesia europeia, não sendo, dessa forma, um sim- ples aperfeiçoamento ou evolução. Observando o decorrer histórico do evento do Estado, Wolkmer (1990) alega que o Estado Moderno se origina, em um primeiro instante, sob o aspecto de um Estado Absolutista, legitimado pela monarquia, posteriormente se modificando para o Estado Liberal Capitalista. Assim, para o autor, o Estado Absolutista seria a transição para a ocorrência do Estado Liberal. Para Max Weber (1992), a conceituação de Estado pode ser analisada de uma maneira em que por política se entende por qualquer tipo de liderança, que seja independente de uma ação. Em seu ensaio A política como vocação, apresenta somente a liderança na circunstância da ligação política chamada de Estado. Para conceituar o que é Estado, através do olhar da Sociolo- gia, Weber afirma que não se deve partir de seus fins, já que eles po- dem variar historicamente, mas pelos meios que são específicos a ele. Dessa forma, a característica da associação política Estado se associa pela utilização da força física. Deste modo, o Estado Moderno, pelo cunho sociológico, pode 51 P E N SA D O R E S P O LÍ TI C O S C LÁ SS IC O S E M O D E R N O S - G R U P O P R O M IN A S ser definido como uma comunidade humana que se procura, com êxito, o legítimo monopólio da força física, no meio de um determinado território. A única organização que possui o direito de usar a força física é o Estado. O Estado se conceitua como a organização, que conserva o monopólio da legítima força em um determinado território. E o Estado sendo a maior ênfase do poder político, a conceituação fica mais clara quando a Ciência Política se desenvolve como a que é incumbida pelo estudo do poder político. Levando em conta as teorias grandemente aceitas, o Estado pode ser originado de forma natural, que engloba as qualidades básicas e são muito apresentadas popularmente: a presença de um território, um governo e uma população. Existe também o possível surgimento pela estrutura histórica, que assume três proporções: a forma originária, quando se aborda uma construção nova por completo, sendo gerada diretamente do país ou da população, não se derivando de outro Estado que já havia se forma- do anteriormente; o segundo traço é referente à circunstancia de que diversos Estados se reúnem à formação de um novo, ou de uma linha contrária, em que um Estado se divide para que outros se formem; fina- lizando o terceiro, traço derivado, se dá quando a construção é elabora- da através de intervenções exteriores de demais Estados. Este terceiro aspecto do surgimento do Estado possui cunho jurídico, em que a ideia de assembleia estatal se estrutura a passa a ter um órgão que vai agir por ela, assim criando a existência do Estado. Um outro viés de cunho jurídico se dá com o momento em que as demais potências reconhecem o novo Estado. O estatuto de reconhecimento de um Estado, ocupa a área te- órica da Sociologia, dependendo de circunstâncias políticas e jurídicas. De acordo com a História, nos últimos 300 anos, os países que foram se formando precisaram de uma confirmação de outros que já haviam se formado anteriormente, mas em contrapartida adquiriram a possibili- dade de participação da comunidade internacional. A palavra Estado, atualmente, retrata a máxima ênfase política de uma nação e é resultado da transformação da definição originária, a máxima organização de um grupo de indivíduos sobre um território em virtude de um poder de comando: Civitas, que traduzia o grego Polis (BOBBIO, 1987, p. 66). Esta definição foi divulgada por Maquiavel em seu ensaio Discursos sobre a primeira década de Tito Lívio. Estudos realizados mais recentemente de sociologia política e de teoria, como a Enciclopédia Britânica, apontam para a precisão de reconhecer uma diversidade de fontes na construção teórica da defini- ção moderna de Estado. 52 P E N SA D O R E S P O LÍ TI C O S C LÁ SS IC O S E M O D E R N O S - G R U P O P R O M IN A S Maquiavel retratou a alteração do fundamento de poder abs- trato por um poder de forma concreta de um príncipe, por mais que ele mesmo pega como um ponto de referência preferencial a cidade-estado de Gênova, que retratou um padrão de poder coletivo. A partir desta interpretação, três conceitos de Estados se iden- tificam correspondendo a períodos diferentes da História: o conceito an- tigo, se relaciona às cidades-estados da Grécia, em que a máxima de- monstração é Atenas, também desenvolvida por Esparta, pois, elaborou normas para a convivência política de forma organizada que se iniciou com a reforma de Clístenes. Um segundo conceito para Estado é marcado pelo período de transformação da Idade Média e começo do Renascimento, em que as cidades-estados italianas eram identificadas e referenciadas por Ma- quiavel, de que todos os domínios e todos os Estados que imperam e imperaram sobre a humanidade são e foram repúblicas ou principados. O terceiro conceito, que seria representado pela formação do Estado Moderno, se dá com grandes Estados territoriais que acontecem devido a uma repartição da sociedade da Idade Média. Este terceiro conceito, mais comum e mais antigo, reconhece a formação do Estado com a inicialização da Era Moderna. Ao longo do tempo, vários autores têm diversas interpretações para a formação do Estado. Engels, assim como Marx, afirma que a criação do Estado se passa por um cunho econômico, em que o Estado aparece com a origem da divisão de classes e da propriedade privada, como um poder político que tem como sua função exercer a dominação de uma classe perante a outra, com intuito de exercer a ordem e impedir que a sociedade repartida em classes se altere para um modo de anar- quia permanente. A criação do Estado Moderno acontece na Europa com o final da Idade Medieval e representa uma centralização de poder de um dado território na centralização de poderes difundidos, e em conflito entre si variavelmente, características da sociedade da Idade Média. Durante este período, a autoridade ilimitada representada pela Igreja e pelo Império não era baseada em uma autoridade por territórios exclusivamente. Os modos de autoridade do Império e da Igreja convi- viam entre eles e com demais competências dos feudos, por mais que pudessem ser conflitantes. Esta presunção de poder ilimitado, tanto por parte do Império, quanto da Igreja, não consentia nenhuma outra forma de autoridade em seus domínios - isto somente era concreto pelo poder não estar centrado na questão do território - por mais que o Império e a Igreja controlassem demais espaços através de seus representantes locais, 53 P E N SA D O R E S P O LÍ TI C O S C LÁ SS IC O S E M O D E R N O S - G R U P O P R O M IN A S como fiscais do Império e bispos. Durante o período medieval, a soberania era apoiada por dois grupos com relações de reciprocidade,com hierarquias, mas não defi- nidas claramente. O primeiro grupo representava as relações fundiárias e o segundo, as relações de fidelidade entre os senhores e o soberano e que não se baseavam em questões territoriais, e que entravam em conflito com o poder ilimitado do Império e da Igreja. A existência de uma elite clerical e militar foi de suma impor- tância para a formação do Estado Moderno. Schiera aponta que uma das causas que possibilitou o surgimento do Estado Nacional se dá pela proclamação da supremacia espiritual sobre o poder político pelo Papa. Ao anunciar a supremacia espiritual acima do poder político, com o objetivo de tornar concreta sua própria supremacia, o Papa assen- tia a autonomia, mesmo que potencial, da política e propunha um terreno em que se mover, tornar sede, se fortalecer, em suma, primar os interes- ses temporais que surgiam destas novas relações sociais e econômicas. "Ao mesmo tempo acontece um processo de libertação do poder universal unificado do Império e da Igreja e da consolidação da autoridade para fora e para dentro do território onde ela surge. Essa consolidação do Estado mo- derno em um Estado territorial concentrado e unitário só foi possível pela racionalização da gestão do poder e da própria organização política imposta pela evolução das condições históricas materiais." (SCHIERA, 1998, p. 426) Sassen aponta quatro características do período medieval que possibilitaram o desenvolvimento de um Estado que se preocupava com as questões territoriais. A primeira se relaciona com a inferioridade do poder. A segunda pressupõe a presença de uma burocracia de Estado, para que os impostos fossem recolhidos, permitindo que o Estado se for- talecesse economicamente. A terceira se relaciona com a soberania divi- na do monarca. A quarta se decorre da formação das cidades e de suas relações interurbanas, assim como a ascensão da classe burguesa que criava formas de administração constitucionais e laicas de governo. O território do Estado Moderno, com áreas extensas de terras, foi consolidado através da transição do Estado para comunidades pes- soais para o Estado territorial e institucional. Genet define o Estado Moderno como um Estado que possui um alicerce material, repousando em um sistema de tributos públicos que são concordados pela sociedade política. A extensão territorial é a característica fundamental para distinguir o Estado Moderno de demais formas de estruturas políticas, como por exemplo as polis gregas. São estudadas outras características que podem distinguir o Estado Moderno de outras formas estruturais: a primeira diz respeito ao 54 P E N SA D O R E S P O LÍ TI C O S C LÁ SS IC O S E M O D E R N O S - G R U P O P R O M IN A S Estado Moderno, que possui um aparato judiciário e força militar que lhe asseguram garantir, em nome de sua legitimidade, a segurança de sua população e a sua própria segurança. A segunda afirma que seu alicerce material é dependente de um sistema tributário, acarreta na distinção da esfera privada da esfera pública, mas que não é arbitrária completamente. A terceira define a existência de um sistema de tributos aceito pela sociedade, diferentemente do Império Romano. A quarta se trata de uma sociedade política que não se separa do Estado; e a quinta é de que um Estado Moderno inseparável da au- tonomização de sujeito na cultura do Ocidente. A criação da definição moderna de Estado é acompanhada pela formação de uma nova entidade política que se dá entre o fim da Idade Medieval e a Revolução Francesa. O Estado Nacional atravessou diversas mudanças desde as monarquias absolutistas, por meio das contribuições de estadistas, como Mazarino, Richelieu e Frederico da Prússia, e de pensadores como Hobbes e Maquiavel, que colocaram uma prática e um raciocínio, fundamentados pelo "Estado Razão". A especificidade conquista uma característica essencial na concepção de Estado Moderno, impondo um limite no exercício do po- der dentro das linhas de suas fronteiras, porém, também com relação a demais Estados. Foi elaborada não somente uma ordenação interna, mas internacional também. Para os pensadores e estadistas do perío- do, o fundamental é que o Estado tenha capacidade de garantir a ordem dentro do seu território, e seu poder e soberania estejam em confronto com os interesses dos outros Estados. No Contrato Social se fundamentam as bases da compreensão moderna de Estado. Através deste contrato, a pessoa concorda em se submeter às ordens de um governante que será o representante da von- tade coletiva e da ordem pública. É a transição de poder proveniente da autoridade divina do governante, no reconhecimento da autoridade políti- ca do Estado Moderno, que se baseia em reflexões políticas e racionais. O contrato social se trata de uma metáfora que os filósofos con- tratualistas utilizavam para explicar a relação entre o homem e o Estado. Os contratualistas são denominados como os pensadores polí- ticos que abordavam pela defesa do homem e do Estado, desta forma, uma espécie de contrato em comum foi elaborado para garantir a sobre- vivência do ser humano e gerar o Estado, para controlar a sociedade. O homem, de acordo com os contratualistas, vivia no deno- minado Estado Natural ou estado de natureza, em que não conhecia nenhum tipo de estrutura política. Desde o momento em que o homem se sente ameaçado, come- 55 P E N SA D O R E S P O LÍ TI C O S C LÁ SS IC O S E M O D E R N O S - G R U P O P R O M IN A S ça a ter a necessidade de proteção. Para que isso aconteça, é necessário que alguém imparcial e maior, possa lhe assegurar os direitos naturais. Dessa forma, o homem concorda em deixar sua liberdade para que seja submetido às regras da sociedade e do Estado. O Estado, por sua parte, se compromete na defesa do ser humano, o bem comum e proporcionar condições para que ele efetive seu desenvolvimento. Esta relação entre sujeito e Estado é a denominação para o Contrato Social. Hobbes apelida o Estado de Leviatã, um monstro, com a pro- posição de reforçar que a natureza do ser humano é perversa e isto o faz procurar se unir com seus demais. Figura 6 - O Leviatã Fonte: Instituto Liberal. Acesso em 2019. A função do Estado é preservar a sociedade para que não exis- ta conflitos entre os homens, garantindo a segurança e conservando a propriedade privada, como o homem é considerado vil, o Estado tende a assegurar que consiga conviver em sociedade sem causar danos. Deste modo, apenas o monarca, que centraliza todo o poder em suas mãos, com o poderio de armamentos e da religião, pode asse- gurar que os seres humanos consigam conviver em harmonia. John Locke afirma que o ser humano vivia em seu estado na- tural onde não existia nenhuma estrutura política e nem social. Estavam em um constante estado de guerras, em que não havia possibilidade para que se desenvolvesse ciências ou artes. A questão é que não havia nenhum juiz ou um poder acima dos demais, que conseguisse realizar a fiscalização para que todos pudes- sem gozar de seus direitos naturais. Assim, para que esta questão fosse solucionada, os seres hu- manos vão assentir livremente para a criação de um acordo, para que se constituem em uma sociedade politicamente estruturada. 56 P E N SA D O R E S P O LÍ TI C O S C LÁ SS IC O S E M O D E R N O S - G R U P O P R O M IN A S Desse modo, o ser humano poderá participar de maneira clara nas decisões políticas desta sociedade por meio do exercício da demo- cracia direta, cedendo à outra pessoa poder de decisão. Está é a demo- cracia representativa, em que a população elege o seu representante. O Estado tem como finalidade guardar os direitos dos seres humanos, tais como a vida, a propriedade privada e a liberdade. Ao contrário de Locke e Hobbes, Rousseau defende que o ho- mem, em seu estado natural, vivia com harmonia e possuía interesse nos seus demais. Para opensador, a vida em uma sociedade industrializada não colaborou com os homens em relação ao seu aspecto de moralidade. Com o desenvolvimento técnico aumentando suas áreas, o ho- mem se tornou um ser egoísta e desinteressado pelos seus iguais, sem compaixão e frio. Dessa forma, a sociedade foi se tornando mais corrupta, logo, corrompia o homem com suas imposições para a supressão da vaidade e o demonstrar da sociedade. Desse modo, Rousseau aponta que o surgimento da proprieda- de privada foi o ápice para o aparecimento das desigualdades sociais. O Estado era um meio necessário para que se garantisse as liber- dades dos civis e evitasse o caos que era trazido pela propriedade privada. As ideias do filósofo foram aproveitadas por muitos indivíduos que participaram da Revolução Francesa e também, posteriormente, nos períodos do século XIX, com as teorias do socialismo. A divisão dos três poderes apontada na obra O Espírito das Leis, de Montesquieu, possibilita a superação de um Estado absoluto e a aplicação de um Estado moderado e com o contrato social de Hobbes, reestruturado por Rousseau, adquire uma noção de autoridade popular. Estes fundamentos do Estado Moderno serviram de inspiração para a Revolução Francesa, assim como governos de nações da Europa. É atribuída a transição para o Estado Contemporâneo, passa- da na segunda metade do século XIX, à integração paulatina entre o Es- tado político com a sociedade civil, alterando a forma jurídica do Estado, a estrutura da administração e os processos de legitimação. Os direitos essenciais retratam o tradicional amparo das liber- dades de burguesia: as liberdades pessoal, econômica e política. Con- sistem em uma barreira contra o intervencionismo estatal. Os direitos sociais são retratados como direitos para a participação no poder po- lítico e na distribuição de riquezas socialmente produzidas. O Estado oscila entre a liberdade e a participação. Este Estado Contemporâneo assegurou as liberdades essen- ciais e a livre concorrência de mercado, de necessidade, para que o capital possa se expandir, assim como colocou em prática uma reforma 57 P E N SA D O R E S P O LÍ TI C O S C LÁ SS IC O S E M O D E R N O S - G R U P O P R O M IN A S política e social, com fins de integração dos trabalhadores e promoção da divisão do poder. TIPOS A resistente relação que existe entre Poder e Estado fica mais evidente ainda com o aprofundamento de sua definição, sendo que este se dá ao modo que grande parte das sociedades vivenciam atualmente em relação à atividade do poder. Normalmente, existe uma grande confusão entre os conceitos de Governo e de Estado. Por mais que estas duas definições tenham relação entre si, se tratam de categorias diferentes dentro da política. O Governo é entendido como a autoridade que presta a administração do Estado. A forma de governo que se estabelece no âmbito de um certo Estado se refere ao modo como são estabelecidas as relações entre os governados e os governantes. Isto é, o modo de governo condiz com as organizações e relações de poder na dominação de um certo Estado. Através das variadas formas de governo, consequentemente, são encontrados variados regimes de governo ou regimes políticos, uma vez que a república e a monarquia são consideradas como os seus modos mais básicos. • Monarquia: Compreende-se por Monarquia o governo do Estado por so- mente uma pessoa, o rei (monarca), sendo que seu cargo se dá por hereditariedade e é vitalício. Atualmente, as monarquias que ainda se permanecem são, em grande parte, limitadas e constitucionais. Portan- to, a autoridade real é restrita e é necessária a submissão perante a existência de demais órgãos políticos, como o Parlamento, por exemplo. • República Durante a República, o governo estatal é chefiado e representa- do pelo(s) sujeito(s) que, em grande parte, são elegidos por períodos de tempo determinados, assegurando que exista variação no poder e uma equidade formal entre todos os cidadãos. Por esta causa que o modelo republicano é considerado um ideal conquistado através da democracia, por mais que sejam encontrados casos de Repúblicas existentes, que são determinadas por regimes autoritários, com caráter não democrático. Dessa forma, os governos são conceituados através do modo em que é exercida a autoridade do governante, sendo considerados democráticos ou não democráticos, de modo que se classifica o fun- cionamento de regimes ditatoriais. A distinção entre eles se caracteriza pelo grau de participação e liberdade que a população possui na esfera 58 P E N SA D O R E S P O LÍ TI C O S C LÁ SS IC O S E M O D E R N O S - G R U P O P R O M IN A S política para a tomada de decisões. O antagonismo dos Estados que pregam a democracia para os Estados não democráticas é exercido pela exclusão da participa- ção da população, para que seus governantes sejam eleitos pelo povo. Neste caso, o governo é tratado de maneiras autoritárias, sendo que muitas vezes, não possuem auxílio da população para a ação, colocada e mantida por meio da violência e força impostas. Em muitos casos, os ditadores alcançam o poder através de golpes de Estado e se tencionam a concentrar o poder em suas mãos e em seu grupo de confiança. Os regimes ditatoriais são apontados também por ter baixa ou nenhuma abertura acerca de debates políticos, além do estrito controle e força, por meio de suas censuras, dos meios de deliberação e de comunicação, não se abrindo para nada que não seja o que é imposto pelos ditadores. Entre 1964 e 1985, o Brasil passou por um período ditatorial, em que foi estabelecida a censura à imprensa, a dissolução e a proibi- ção de qualquer partido político, os opositores sofriam com as persegui- ções e torturas, nenhuma liberdade de expressão, além do fechamento do Congresso Nacional. • Estados Socialistas Os Estados Socialistas são os que se baseiam no fundamento da igualdade e partem do ideal de que a sociedade é dividida entre duas classes primordiais: o proletariado e a burguesia, questionado a proprie- dade privada e os meios de produção. O Socialismo tem como argumentação a modificação das cir- cunstâncias de produção para o empoderamento das riquezas da na- ção por parte de toda a sociedade e, consequentemente seus indivíduos. Para que esse ideal seja colocado em prática existe a proposta para que o sistema econômico capitalista (em que os meios de produção estão cen- tralizados nas mãos de poucos) seja substituído pelo sistema econômico socialista (no qual os meios de produção são coletivos e não privados). No decorrer histórico, alguns períodos da História tentaram implementar o denominado Socialismo Real, que foi experienciado atra- vés da Comuna de Paris, que aconteceu em 1871 na França e na União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS) que teve seu início na Rússia, em 1917. Atualmente, por mais que haja controvérsia neste assunto, sendo muitas vezes até polêmico, alguns países se declararam como socialistas, sendo casos como China, Cuba, Coreia do Norte e Vietnã. Existe uma diferença entre a social democracia e o socialismo, por mais que esta seja uma variação do socialismo. Contudo, nos dias atuais a social democracia é configurada de forma a aceitar o capitalis- 59 P E N SA D O R E S P O LÍ TI C O S C LÁ SS IC O S E M O D E R N O S - G R U P O P R O M IN A S mo, porém, procura realizar uma diminuição dos efeitos deste sistema por meio da política. Isto é, por meio de intervenções sociais e econômi- cas promovem algumas reformas parciais do sistema, sem que neces- site ser substituído por inteiro. Na área política, o Estado é o governador da vida econômica e social do país e deve respeitar as formalidades democráticas, em que a população é quem deve decidir e escolher os caminhos que o governo deve traçar e nas mãos de quem sua autoridade vai ser implementa- da, através de eleições regularescom partidos políticos que estão para competir entre si. • Estado Unitário ou Simples Este modelo de Estado é formado por um conjunto homogê- neo, com o exercício do poder sendo realizado por um único indivíduo, sendo classificado como uma monarquia. Exemplos são os impérios da França, Espanha, Inglaterra, Portugal, o Brasil (já foi um império), e o caso do Vaticano, pelo poder do Papa. • Estado Federado ou Composto Este modelo de Estado é formado por um conjunto heterogê- neo, com o exercício do poder sendo dividido entre vários indivíduos. A República Federativa do Brasil, por exemplo, é formada pela união inseparável dos Estados, Municípios e o Distrito Federal. Exemplos de Repúblicas Federativas são Estados Unidos, Ale- manha, Brasil, México, entre outros. O conceito clássico das características do Estado Federal, de acordo com Dalmo de Abreu Dallari, em sua obra Teoria Geral do Esta- do são as que possuem: um caráter inseparável da relação federativa: sustentado o Estado Federal, não é possível que qualquer indivíduo que seja um participante da Federação seja separado dela, atendendo ao seu caráter permanente. A legitimação de uma Constituição de viés federalista, que atenda a todos, pois o Estado é sustentado através do conjunto de leis que são formadas pela Constituição, estabelecendo o pacto federativo. A repartição de competências entre o poder central e as con- junturas parciais, sendo que a Constituição Federal determina as bases para que o poder seja repartido, em que cada competência seja fixada para que os indivíduos possam efetivamente cumpri-las. A soberania do Estado Federal é determinada pelo poder es- tabelecido ao Estado Federal, independentemente de ordens externas, permite que ele não seja subjugado política ou juridicamente, por quais- quer exigências de Estados estrangeiros ou Organizações Internacionais. A autonomia aos indivíduos federativos é o poder que se confere aos variados membros da Federação (União, Estados, Municípios e Distri- 60 P E N SA D O R E S P O LÍ TI C O S C LÁ SS IC O S E M O D E R N O S - G R U P O P R O M IN A S to Federal), garantido variáveis graus de auto-organização, autoadministra- ção, autogoverno e também para a arrecadação de ferramentas próprias, nos limites e termos que são promulgados pela Constituição Federal. O direito da participação das decisões consideradas parciais na decisão central, para que um Estado possa ser efetivamente consi- derado uma Federação, os membros parciais também devem possuir o direito de participação na elaboração da decisão central, através de membros representantes no Poder Legislativo. O conceito de Estado Federal se forma nos Estados Unidos com a Guerra da Independência, travada contra a Inglaterra. As Treze Colônias se juntaram para garantir o objetivo comum de declarar sua independência do domínio britânico no ano de 1776. Com a vitória sendo dos norte-americanos, foi definida a união dos Estados Unidos da América, sob o amparo de uma Constituição Federal (1787), sendo respeitadas as especificidades locais de cada Estado estruturado de maneira independente e autônoma, desde que o pacto federativo também fosse respeitado. ELEMENTOS E FINS DO ESTADO Para que se haja o entendimento de Estado, alguns conceitos precisam ser estabelecidos, como o de governo, autoridade e legitimidade. Governo se refere a regular representação de políticas, assun- tos e decisões de Estado por parte de servidores que integram um apa- rato político; a Autoridade é a aplicação legítima do poder; a Legitimida- de se compreende por cumprir o que é atribuído pelas leis legais e, por aqueles que concordam com estas leis. O Estado é o correspondente do conjunto de organizações na área política e administrativa que é capaz de instituir o espaço de uma nação ou um povo. Para que o Estado exista, é imprescindível que ele possua o seu território próprio e que sobre ele exerça a sua cidadania, isto é, o Estado deve representar a máxima autoridade no terreno em que ele é correspondido. Os elementos que são fundamentais para que o Estado se constitua é a população, o território e a soberania, que é assegurada através do estabelecimento de leis e da delimitação de fronteiras. Dessa forma, o Estado é o representativo de tudo aquilo que é público dentro de um país, tendo incluso um conjunto de organizações como as escolas, forças armadas, hospitais, polícias, prisões, empre- sas estatais, órgãos de fiscalização, por exemplo. Outros conceitos determinantes para que se compreenda o Es- 61 P E N SA D O R E S P O LÍ TI C O S C LÁ SS IC O S E M O D E R N O S - G R U P O P R O M IN A S tado são a soberania, a cidadania e o nacionalismo. A soberania possui a noção de que o governo domina a auto- ridade sobre determinada área que possua uma fronteira clara, sendo que dentro desta, o soberano representa o supremo poder. Os territó- rios que são administrados pelos estados tradicionais nunca foram bem definidos, assim, o controle praticado pelo governo central era fraco. Nos estados tradicionais, grande parte da população governada pelo imperador ou o rei tinha pouca demonstração de consciência, ou mes- mo interesse, com relação aos seus governantes. Não possuíam qualquer direito político ou prestígio. Os grupos mais ricos e as classes dominantes tinham o sentimento de pertencimento a uma comunidade política. Nas sociedades modernas, grande parte das pessoas que vi- vem dentro das linhas de um sistema político é considerada cidadã, possui deveres e diretos comuns e é considerada parte de uma nação. Os estados-nação têm relações com o crescimento do nacio- nalismo, que podem ser conceituados como uma conjuntura de convic- ções e símbolos responsáveis pela sensação de pertencimento a uma única comunidade política, tem o sentimento de orgulho de fazer parte destas comunidades. De uma forma ou outra, é provável que as pessoas sempre te- nham tido a sensação de algum tipo de identidade com grupos sociais, a família, a comunidade religiosa ou o vilarejo. Mas o nacionalismo se con- solidou apenas durante o desenvolvimento do Estado Moderno, sendo a expressão principal de sensações de identidade em uma comunidade. Para que se tenha um exemplo do aparato de elementos que são constituintes de um Estado, será usado o caso do Brasil como um embasamento. É possível exercer a afirmação, em primeiro lugar, que o Brasil possui características de um Estado, por possuir um território que é composto por 26 Estados e um Distrito Federal. Existe a Constituição Federal que se apresenta como a Lei Maior, em que entre várias coisas, define os mecanismos e as normas para a constituição do governo, além de critérios que tem por finalidade conferir legitimidade ao governo e as questões que se relacionam com a cidadania. Por mais que já possua todas estas características, o Brasil não é definido apenas como um Estado, mas sim como um Estado-nação, por- que o sentimento de nacionalidade é partilhado por todos os cidadãos, sen- do expresso pelo compartilhamento de uma mesma língua, seja ela escrita ou falada, também de uma conjuntura de símbolos que fortalecem a na- cionalidade, como os hinos, a bandeira, os heróis nacionais, entre outros. O Estado possui fins objetivos que se prendem à indagação sobre o papel que este o representa no desenvolvimento humano, para 62 P E N SA D O R E S P O LÍ TI C O S C LÁ SS IC O S E M O D E R N O S - G R U P O P R O M IN A S essa questão existem duas ordens de respostas. Os Fins Universais Objetivos que são as finalidades comuns a todos os Estados em todos os tempos. Em contrapartida existem os Fins Particulares Objetivos em que cada Estado possui seus fins particulares que são resultados das situações de seu surgimento e desenvolvimento. Os Fins Subjetivos são considerados síntese dos fins individu- ais, explicando a existência de organizações do Estado.A ótica sobre o relacionamento entre o Estado com os indivíduos é vinculada estreita- mente à amplitude das funções estatais. Os Fins Expansivos abordam o crescimento desenfreado do Estado, anulando o sujeito. Isso pode representar a base para os Esta- dos Totalitários. Uma delas é a Utilitária, indica como o bem supremo é o desenvolvimento material, por mais que a liberdade e outros valores fundamentais sejam sacrificados da pessoa humana. A base ética prio- riza a supremacia de fins éticos, rejeitando o utilitarismo. Há também os Fins Limitados, que se caracterizam por um Es- tado Liberal, em que a organização estatal deve ter o mínimo envolvi- mento dentro da ordem social, priorizando a liberdade individual. Além deste há o Estado de Direito que prioriza que este seja um rigoroso aplicador da lei e do direito. Os Fins Relativos do Estado são relacionados com uma teoria solidarista. Esta corrente de doutrinas é entendida como sendo essen- cial ao desenvolvimento pleno da sociedade a igualdades, dos sujeitos entre si, e ainda destes sujeitos e o seu relacionamento com o próprio Estado. A base desta corrente está na consideração de que os sujeitos são os responsáveis pela construção da cultura geral, que será vigora- da em toda a sociedade, não sendo o Estado responsável. O Estado foi elaborado para servir a humanidade, sobrando ao poder público manter o zelo por este patamar de equidade entre os membros desta sociedade. É importante ressaltar que quando se menciona a equidade, não se refere somente ao âmbito jurídico e na realização dos direitos políticos e civis, porém, também no que se refe- re ao estágio de início da vida de todos os cidadãos, sendo necessário fornecer uma oportunidade ao sujeito, para que se efetue o seu desen- volvimento pleno no ambiente social. Alexandre Groppali também contribuiu para aprofundar no tema, elaborando uma outra classificação quanto aos fins do Estado. São nome- ados como Fins Exclusivos os quais apenas ao Estado é cabível a procura por eles, sendo que são a segurança pública e que todos os membros da sociedade tenham acesso à justiça. Se trata da procura pelo bem comum, que seja acessível para todos os níveis da sociedade, beneficiando todos os estamentos ao acesso para direitos e oportunidades iguais. 63 P E N SA D O R E S P O LÍ TI C O S C LÁ SS IC O S E M O D E R N O S - G R U P O P R O M IN A S A partir do tema é possível concluir que por mais que exista uma variedade de teorias, o desenvolvimento do homem enquanto um ser social está sempre presente em todas estas análises. 64 P E N SA D O R E S P O LÍ TI C O S C LÁ SS IC O S E M O D E R N O S - G R U P O P R O M IN A S QUESTÕES DE CONCURSOS QUESTÃO 1 Ano: 2013 Banca: IBFC Órgão: HEMOMINAS Provas: Técnico de Enfermagem O Estado é: (A) Uma organização que tem o reconhecimento da população para esta- belecer regras a serem obedecidas por todos. Entretanto, outras organiza- ções sociais apresentam legitimidade para suas ações acima do Estado. (B) Caracterizado como o monopólio do exercício legítimo da força em uma sociedade. (C) Uma organização que exerce o poder sobre os indivíduos que ocu- pam um determinado território, sem legitimidade. (D) Uma unidade federativa de um país, sem autonomia administrativa, subordinada à Presidência da República. QUESTÃO 2 Ano: 2017 Banca: FADESP Órgão: COSANPA Prova: Sociólogo A conquista do Estado com o predomínio do poder soberano in- dica que o processo foi concretizado pela força, na concepção de (A) Marcel Mauss. (B) Émile Durkheim. (C) Thomas Hobbes. (D) Bronislaw Malinowski. QUESTÃO 3 Ano: 2018 Banca: FCC Órgão: Câmara Legislativa do Distrito Fede- ral Prova: Consultor Legislativo - Redação Parlamentar Estado em que há vários governos regionais e um central, no qual ambos têm poderes quanto a questões específicas. Esses poderes encontram-se, quase invariavelmente, incorporados numa Cons- tituição escrita, que enuncia as questões da alçada dos governos regionais e as da alçada do governo central, bem como os méto- dos pelos quais devem ser solucionados os conflitos entre os dois (quase sempre processo de revisão judicial). Ambos os níveis de governo possuem, em geral, poderes para tributar e para fazer exe- cutar as leis, e ambos [...] são eleitos diretamente pelo povo. [...] (Adaptado de: ROBERTS, Geoffrey K. Federação. In: Dicionário de Análise Política. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira S. A., 1972, p. 99) Em termos de formas de Estado, o texto acima refere-se a uma (A) forma de governo republicano. 65 P E N SA D O R E S P O LÍ TI C O S C LÁ SS IC O S E M O D E R N O S - G R U P O P R O M IN A S (B) federação. (C) monarquia parlamentarista. (D) República descentralizada. QUESTÃO 4 Ano: 2018 Banca: CESPE Órgão: ABIN Prova: Oficial de Inteligên- cia – Área3 No que se refere ao sistema presidencialista adotado no Brasil, no qual o governo opera por meio de coalizões partidárias, julgue o próximo item. A ocupação de cargos públicos e a alocação de verbas do orça- mento, apesar de constituírem recursos para as negociações pre- sidenciais, não são expedientes válidos para consolidar a coalizão de apoio no presidencialismo multipartidário brasileiro. ( ) Certo ( ) Errado QUESTÃO 5 Ano: 2018 Banca: FCC Órgão: Câmara Legislativa do Distrito Fede- ral Prova: Consultor Legislativo - Redação Parlamentar A ascensão do Nacional-socialismo (Nazismo) (1919-1933) foi pos- sível graças à conjugação dos defeitos da política alemã, desde os primórdios do século XIX, com as raízes fatídicas e a história repleta de crises da República de Weimar. A democracia de 1918 foi con- siderada responsável pelas consequências da derrota na Primeira Guerra Mundial. O novo Governo se tornou o bode expiatório e o objeto do ódio das forças da restauração e da reação no Estado e na sociedade, bem como nos movimentos revolucionários ditatoriais reunidos nos belicosos Freikorps, em seitas populares antissemitas e em organizações paramilitares. O “espantalho vermelho” da revo- lução comunista completou a tarefa de tornar exército e burocracia, classe média e patrões, fácil conquista de tais sentimentos. (Adaptado de: BOBBIO, Norberto, MATTEUCI, Nicola e PASQUINO, Gianfranco. Nacional-Socialismo. Dicionário de Política v.2, Brasí- lia: Universidade de Brasília, 12.ed., 2004, p. 809) A vigilância e o terror de Estado, uma ideologia oficial abrangen- do Estado, Indivíduo e Sociedade, a concentração dos meios de propaganda, dos meios militares, o controle central e a direção de toda a economia, permite caracterizar o regime nazista como (A) antidemocrático. (B) totalitário. (C) ditatorial. 66 P E N SA D O R E S P O LÍ TI C O S C LÁ SS IC O S E M O D E R N O S - G R U P O P R O M IN A S (D) autoritário. QUESTÃO DISSERTATIVA – DISSERTANDO A UNIDADE Hoje em dia, cada vez mais prevalece a ideia de que os governos são responsáveis por vários fatores e funções que impactam na vida social, sendo que alguns são mais invasivos e outros mínimos. Assim, qual é a definição de Estado? TREINO INÉDITO Assunto: Sistemas de Governo É um sistema de governo no qual o chefe de governo e o chefe de Estado são a mesma pessoa, contudo, este é escolhido pelo povo, fato que deixa subentendida a existência da democracia. a) Monarquia b) República c) Presidencialismo d) Parlamentarismo e) Nenhuma das alternativas NA MÍDIA A FINALIDADE DO ESTADO E DO GOVERNO "A finalidade do Estado e do governo e a finalidade da sociedade é a promoção do bem comum, o governo de um Estado deve ter um fim material positivo". "É muito fácil confundir sociedade, Estado e governo, como se fossem apenas denominações diferentes para uma mesma realidade, repre- sentada pelo conjunto de cidadãos. Essa confusão chega até a ser in- teressante para aqueles que, no comando do governo, se proclamam a encarnação dos interesses da sociedade. Mas a distinção é necessária.Num sentido amplo, é verdade que o Estado pode ser entendido como a própria sociedade, enquanto estruturada e dotada de soberania. Abrange tanto os cidadãos quanto o governo e é mais ou menos equivalente a país, como quando nos referimos a Brasil, a Estados Unidos, a França, na sua totalidade. Pode-se designar por Estado, por outro lado, o que outros preferem denominar como governo, isto é, como a parte da socie- dade que se especializa na busca do bem comum, ou seja, como o con- junto de organismos e pessoas dedicadas formal e oficialmente à gestão pública. Se se adota o primeiro entendimento, a finalidade da sociedade e a finalidade do Estado se identificam, porque estamos falando prati- camente da mesma coisa. Se se adota o segundo, surge a questão: a finalidade do governo (ou do Estado, entendido assim mais restritamente) tem a mesma extensão que a finalidade da sociedade? O governo de um 67 P E N SA D O R E S P O LÍ TI C O S C LÁ SS IC O S E M O D E R N O S - G R U P O P R O M IN A S Estado deve apenas proteger as liberdades civis, promovendo seguran- ça, paz, liberdade e justiça, ou deve ter finalidades adicionais? Fonte: Gazeta do Povo Data: 29 de abril de 2017 Leia a notícia na íntegra: https://www.gazetadopovo.com.br/opiniao/ nossas-conviccoes/a-finalidade-do-estado-e-do-governo-c7bd8wp7x- 7qmfu1lixcwgkxsk/ NA PRÁTICA COMO NASCE UM ESTADO - OS TRÊS FATORES PRINCIPAIS QUE TORNARAM INEVITÁVEL A CRIAÇÃO DE ISRAEL. O sionismo se trata de um movimento de judeus que propõe um Estado para os judeus, de modo independente. Esse movimento se caracteriza por ter um viés político, ideológico nacionalista e religioso, reafirmando que a população judaica pudesse voltar ao seu Estado de direito, que é a Pa- lestina.Durante a Segunda Guerra Mundial, ocorreu uma demanda de mor- tes dos judeus, viabilizado pelo Nazismo. Estas pessoas eram enviadas à campos de concentração, fazendo a viagem de trem, durando dias ou até semanas, num estado deplorável, sem nenhuma condição humanitária. Dentro destes campos, eram enviados a trabalhos forçados, vivam em condições degradantes e humilhantes e chegavam a ser massacrados em câmaras de gás, não relevando se eram crianças, idosos, homens ou mulheres. Estima-se que neste período de extermínio, mais de 5 milhões de ju- deus foram mortos, por justificativas sem fundamentos, muito menos com humanidade. Desde 586 a.C. ocorre a Diáspora Judaica, movimento que representa a expulsão dos judeus de suas terras, acabando somente em 1948. Desta forma, em 1947, a ONU dividiu a Palestina em dois territórios, para que os judeus fossem contemplados novamente com as suas terras. O movimento sionista, o caos instaurado em território palestino durante o Mandato Britânico e a matança generalizada de judeus ao longo da 2ª Guerra Mundial. Fonte: https://super.abril.com.br/historia/como-nasce-um-estado/ PARA SABER MAIS Filme sobre o assunto: Acesse os links:https://roneyfischer.jusbrasil.com.br/artigos/333518560/ formas-de-estado-sistema-forma-e-regime-de-governo https://jus.com.br/artigos/25616/o-que-e-o-estado 68 P E N SA D O R E S P O LÍ TI C O S C LÁ SS IC O S E M O D E R N O S - G R U P O P R O M IN A S Este módulo traçou seu objetivo em conceituar a Ciência Po- lítica como uma notória ciência que conquistou a sua autonomia em relação às demais Ciências Sociais. A partir desta premissa, foram ana- lisados os elementos que fazem da política uma ciência tão necessária para que tenha o seu próprio campo de estudo. Há também a análise da política, em como se dá a sua relação com o poder e como acontece o seu relacionamento com o governo. As maneiras como a política era abordada em períodos mais antigos e como é vista agora. Os elementos das obras de Maquiavel, o pai da Ciência Política, também são traçados neste módulo, de forma que se evidencia seus pensamentos acerca do assunto e de que como estes influenciaram as formas de política que são adotadas atualmente. Em seu segundo capítulo trata de abordar acerca do Poder, como foi a sua disseminação pelo mundo, como os demais povos en- xergavam as formas de soberania acima dos outros. É feita uma relação de como a política e o poder se entrelaçam, os tipos de poderes que são colocados em prática no mundo, sendo o político, o ideológico e o econômico. Os modelos históricos de organizações políticas são considera- dos de forma que são elencados os exemplos das pólis gregas, sendo as principais Atenas e Esparta, que deram origem à democracia, por exemplo. Também é usada a Civitas Romana, que aborda a implantação de uma Re- pública e de um Senado, que foram as influências para os modelos atuais. Ainda são levadas em conta as formas Pré-estatais, ou seja, os modelos de estruturas políticas, em que eram vigorados entes da formação do aparato do Estado. Alguns exemplos utilizados são os su- mérios e os egípcios. No último capítulo é considerado o Estado e como aconteceu o seu surgimento, que não é algo preciso, sendo colocados três tipos de teorias que afirmam como se deu o seu nascimento. Os tipos de Estado são apresentados como a Monarquia, as Re- públicas, regimes que aconteceram democraticamente e os que são totali- tários, não tendo abertura para que a população manifeste os seus direitos. Ainda são alinhados os elementos e as finalidades que o Esta- do possui para que possa se manter como um e se adequar às neces- sidades de sua população. Assim sendo, é concluído que a Ciência Política percorreu um longo caminho para se concretizar como ciência e trazer à tona os es- tudos dos organismos e das estruturas políticas, que são fundamentais para que se compreenda as definições de todos os processos políticos que se concentram no que é conhecido atualmente. 69 P E N SA D O R E S P O LÍ TI C O S C LÁ SS IC O S E M O D E R N O S - G R U P O P R O M IN A S GABARITOS CAPÍTULO 01 QUESTÕES DE CONCURSOS QUESTÃO DISSERTATIVA – DISSERTANDO A UNIDADE – PADRÃO DE RESPOSTA A Ciência Política pode ser compreendida como a disciplina incumbida por estudar os fenômenos relacionados às estruturas políticas de ma- neira sistemática, tendo como base os preceitos empíricos e os funda- mentos racionais. Dessa forma, o objeto dessa ciência é com relação às instituições políticas e os fenômenos políticos. TREINO INÉDITO Gabarito: D Justificativa: A alternativa correta é a letra D, tendo em vista que o foco principal da ciência, na qual esse profissional atua, tem como foco prin- cipal a investigação voltada às instituições políticas e as suas estruturas. 70 P E N SA D O R E S P O LÍ TI C O S C LÁ SS IC O S E M O D E R N O S - G R U P O P R O M IN A S CAPÍTULO 02 QUESTÕES DE CONCURSOS QUESTÃO DISSERTATIVA – DISSERTANDO A UNIDADE – PADRÃO DE RESPOSTA O Poder Político trata acerca dos meios necessários para se chegar aos fins desejados, dessa forma é responsável por expressar a natureza e as relações que envolvem a humanidade. Assim, a partir do exercício des- se poder o Estado mantém a exclusividade da utilização da violência de forma legítima, tendo como objetivo a proteção da ordem estabelecida. TREINO INÉDITO Gabarito: E Justificativa: A alternativa E está correta, tendo em vista que para uma política efetiva a população terá de ser participativa e demonstrar inte- resse acerca das tomadas de decisões. 71 P E N SA D O R E S P O LÍ TI C O S C LÁ SS IC O S E M O D E R N O S - G R U P O P R O M IN A S CAPÍTULO 03 QUESTÕES DE CONCURSOS QUESTÃO DISSERTATIVA – DISSERTANDO A UNIDADE – PADRÃO DE RESPOSTA O Estado é a sociedade constituída por um grupo organizado de indi- víduos, tendo em vista a busca de objetivos em comum, dessa forma, corresponde ao governo de um povo presente em um território certo, sendo que esse pode ser democrático ou autocrático. TREINO INÉDITO Gabarito: C Justificativa: A alternativa correta é a letraC, salienta-se ainda que no sistema em que há o presidencialismo, há o estabelecimento da divisão orgânica dos poderes, a independência e a harmonia entre os poderes, assim como a presença das eleições diretas pelo povo, excetuando-se os casos considerados excepcionais. 72 P E N SA D O R E S P O LÍ TI C O S C LÁ SS IC O S E M O D E R N O S - G R U P O P R O M IN A S Bobbio, Norberto. A teoria das formas de governo. Brasília: Ed. UNB, 1982. _____________. Dicionário de política. Brasília: UNB, 1992. _____________. Estado, governo e sociedade: para uma teoria geral da política. 4.ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987. Bonavides, Paulo. Ciência Política. 10 ed. São Paulo: Malheiros Edito- res, 2000. Boudouin, Jean. Introdução à Sociologia Política. 1 ed. Lisboa: Estam- pa, 2000. Buckingham, W; Burnham, D; King, P.J. O Livro da Filosofia. São Paulo: Globo, 2011. Ciência Política e Poder. Disponível em: Acesso em: 08/10/2019 Ciência Política. Disponível em: Acesso em: 10/10/2019 Conceito de Estado. Disponível em: Acesso em: 07/10/2019 Dahl, Robert. A moderna análise política. São Paulo: Lidador, 1970. Dallari, Dalmo de Abreu. O que é organização política. São Paulo: Bra- siliense, 2004. Democracia. Disponível em: Acesso em: 07/10/2019 Dias, Reinaldo. Ciência Política. 2 ed. São Paulo: Atlas, 2010. ENCYCLOPAEDIA BRITANNICA. Macropaedia. Vol.14, 16. Chicago: Benton, 1974. 73 P E N SA D O R E S P O LÍ TI C O S C LÁ SS IC O S E M O D E R N O S - G R U P O P R O M IN A S Finalidade do Estado. Disponível em: Acesso em: 09/10/2019 Formação do Estado. Disponível em: Acesso em: 11/10/2019 Introdução à Ciência Política. Disponível em: Acesso em: 07/10/2019 Introdução à Ciência Política. Disponível em: Acesso em: 06/10/2019 Locke, John. Dois Tratados Sobre o Governo. (Tradução de Julio Fis- cher). São Paulo: Martins Fontes, 1998., Magalhães, José Fernandes de. Ciência Política. Brasília: Vestcon, 2001. Maquiavel, Nicolau. O príncipe. São Paulo: PenguinClassics Compa- nhia das Letras, 2010. Marx, Karl. O manifesto do partido comunista. Petrópolis: Vozes, 1996. 74 P E N SA D O R E S P O LÍ TI C O S C LÁ SS IC O S E M O D E R N O S - G R U P O P R O M IN A S Movimento Sionista. Disponível em: Acesso em: 14/10/2019 Nossa Ciência. Sobre o ódio à democracia. Disponível em: Acesso em: 10/10/2019 Organização Política. Disponível em: Aces- so em: 08/10/2019 Rousseau, Jean-Jacques. O Contrato Social: princípios do direito po- lítico. (Tradução de Antônio de Paula Danesi; revisão da tradução de Edson Darci Heldt). 4. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2006. Rua, Maria das Graças. Análise de políticas públicas: conceitos básicos. Brasília: Paralelo, 1998. Sabedoria Política. Disponível em: Acesso em: 14/10/2019 Sartori, Giovanni. A Política. Brasília: UNIB, 1981. SCHIERA, Pierangelo. Estado moderno. In: Dicionário de política. pp. 425-431. Brasília: Editora UNB, 1998. Surgimento do Estado. Disponível em: Acesso em: 09/10/2019 Weber, Max. Ciência e Política: duas vocações. São Paulo: Cultrix, 1992. Weber, Max. Ensaios de Sociologia. Rio de Janeiro: Zahar Editora: 1981. WOLKMER, Antônio Carlos. Fundamentos da História do Direito. 2. ed. – Belo Horizonte: Del Rey, 2002. > Publicação: 2018. Acesso em: 14/10/2019 75 P E N SA D O R E S P O LÍ TI C O S C LÁ SS IC O S E M O D E R N O S - G R U P O P R O M IN A Stocante no primeiro capítulo elenca características da política como uma relação de poder e da política como governo. As- sim, aponta sobre a legitimidade e a autoridade da política, com noções de poder dentro de um governo. O segundo capítulo vai levantar as considerações acerca do po- der, estabelecer um vínculo entre a política e o poder, que pode ser classi- ficado como os modos de poder político, ideológico e econômico. Assim, o poder político é definido pela autoridade e pelo uso da força em determina- das circunstâncias. O poder ideológico é firmado pelo prestígio de valores, ideias e crenças que são pregadas pela sociedade mais tradicional, tem a capacidade de influenciar demais pessoas para aplicar seus desejos. O Poder Econômico se baseia na posse de certos bens necessá- rios ou que se enxerguem assim, em situações que exista a escassez, para utilizar a persuasão daqueles que não possuem estes bens, fazendo com que estes adquiram uma conduta, essencialmente para trabalhos úteis. Os modelos históricos de organização políticas que já pas- saram pela humanidade também são apresentados neste capítulo. É abordado que desde a pré-história as relações de política já existiam, mesmo que de uma forma mais rudimentar. Estas relações e estruturas foram se fortificando a partir do ponto em que a humanidade passava por uma evolução. Com o seden- tarismo promovido pela agricultura, as famílias foram se fixando em lu- gares e formando aglomerados que, posteriormente, se transformariam em vilarejos e cidades. A disputa pelo poder foi hierarquizada pela sociedade, tentan- 12 P E N SA D O R E S P O LÍ TI C O S C LÁ SS IC O S E M O D E R N O S - G R U P O P R O M IN A S do manter a conservação da ordem, apoiando uma defesa para a comu- nidade e a manutenção da autoridade. As formas que se apresentam antes do surgimento do apare- lho do Estado são formadas ainda neste capítulo. Um dos exemplos citados são as pólis gregas de Atenas e Esparta e como suas formas de organização das políticas são características influentes na sociedade atual. Também toma como exemplo a Civitas Romanas e sua forma de República e a formação do Senado e membros políticos. E então chegamos ao terceiro capítulo, que vai considerar o estudo do Estado e de que maneira é retratado o seu surgimento. Essa consideração é colocada sob três diferentes formas, de maneira que cada autor vai afirmar a que mais se sustenta. Há a forma originária, que define uma construção completa- mente nova; a forma que aponta que vários Estados se reuniram para formar um novo estado e a terceira quando o desenvolvimento é elabo- rado por meio de intervenções exteriores. Após a dissertação acerca do aparecimento do Estado, são re- ferenciados os tipos de Estado. Esta classificação se dá pela conceitu- ação de monarquia, república, além da distinção de Estados socialistas e capitalistas, dos democráticos e dos autoritários. E por fim, os elementos e fins do Estado se caracterizam por território, população e governo, assim como as definições de autoridade e legitimidade, soberania, cidadania e nacionalismo. Através de toda esta conjuntura de definições e interpretações é possível compreender a importância da Ciência Política e a sua posi- ção como uma ciência, levando em consideração também de que ma- neira foi formada a estrutura que rege as sociedades contemporâneas. 13 P E N SA D O R E S P O LÍ TI C O S C LÁ SS IC O S E M O D E R N O S - G R U P O P R O M IN A S O OBJETIVO DA CIÊNCIA POLÍTICA E SUA AUTONOMIA COMO CIÊNCIA SOCIAL Ciência política estuda a política, suas estruturas e os proces- sos governamentais. Por mais que Aristóteles tenha incitado a germinação deste es- tudo, sua definição como ciência só se concretizou tempos mais tarde. Na Grécia Antiga "polis" era o significado para "cidade", ou seja, o espaço onde as pessoas convivem juntas. O ser humano não é um ani- mal que se adapta a conviver sozinho, portanto, necessita de companhia, e para Aristóteles, o ser humano é um animal político. Sendo assim, a política é referida como a vida dentro da polis, as suas leis e organização. A CIÊNCIA POLÍTICA P E N SA D O R E S P O LÍ TI C O S C LÁ SS IC O S E M O D E R N O S - G R U P O P R O M IN A S 13 14 P E N SA D O R E S P O LÍ TI C O S C LÁ SS IC O S E M O D E R N O S - G R U P O P R O M IN A S Assim sendo, o nascimento da ideia de política se relaciona com a organização da vida em coletivo e as formas pelas quais se orga- nizam essas maneiras de viver. A política tem como significado para a aptidão de uma socieda- de humana em elaborar diretrizes, com o intuito de organização para o seu modo de vida. Faz referência a tudo que se relaciona com o Estado, à administração pública e ao governo, com a finalidade de controlar o patrimônio público e realizar a promoção do bem público, o bem geral. O início das discussões e práticas políticas remonta à Grécia Antiga, e um dos principais locutores políticos desta época foi Aristóte- les, que explanava que a política era o meio para se alcançar a felici- dades dos humanos. Na modernidade, esta conceituação foi definida como a ação de procurar exercer o poder dentro de uma nação. A partir dos pensamentos e ensaios de Aristóteles, a noção de política tomou uma dimensão que está ligada à existência de governo ou autoridade, isto é, normas de organização em uma vida coletiva. Juntamente com a conceituação de política está ligada a ideia de que esta pode se mostrar de diferentes maneiras e nos mais diversi- ficados ambientes, sempre fazendo alusão à noção de poder. A Ciência Política reuniu um arcabouço de demais áreas de estudo para intensificar sua análise acerca do Estado, governos e suas funções, como a História, a Filosofia Política e a Filosofia Moral e a Po- lítica Econômica, por exemplo. Esta Ciência se concretizou durante o século XIX, com tam- bém a concretização de demais Ciências Humanas, como a História, a Antropologia e a Sociologia. Este termo foi nomeado por Herbert Baxter Adamn, em 1880, na Universidade Johns Hopkins, nos Estados Unidos. Figura 1 - Ciência Política e as demais áreas Fonte: Sabedoria Política. Acesso em 2019. 15 P E N SA D O R E S P O LÍ TI C O S C LÁ SS IC O S E M O D E R N O S - G R U P O P R O M IN A S Com esta premissa, de que a política pressupõe o governo ou a autoridade, os cientistas políticos têm como meio definir que a Ciência Política é uma matéria que implica no estudo da formação e da divisão do poder. Sendo assim, como a política está relacionada com o ideal de poder, esta ciência se inclina ao campo do estudo da ocorrência do poder. De acordo com o filósofo Norberto Bobbio, a noção do poder, ao ser estudada, foi tratada através de três teorias: a substancialista, a subjetivista e a relacional. A teoria substancialista é tratada de forma que o poder é rece- bido como uma posse, e que se utiliza dele como um outro bem qual- quer. Thomas Hobbes defende esta teoria, afirmando que o poder do homem se compõe pelos meios aos quais ele tem à disposição para receber um visível bem futuro. Estes meios podem se consistir em qual- quer coisa, como a inteligência ou a riqueza. A teoria subjetivista, descrita pelo filósofo John Locke, define o poder de um modo diferente de Hobbes, não como uma posse, mas sim como a capacidade do indivíduo de conquistar determinados feitos através de sua vontade. A teoria relacional define que o poder irá depender de uma rela- ção entre dois indivíduos, em que um destes (que possui o poder), adqui- re do segundo indivíduo (que não possui o poder) determinadas atitudes, e que não fosse por esta circunstância, estas atitudes não decorreriam. De todas estas teorias, a mais aceita é a relacional, assim como destaca o sociólogo Anthony Giddens. Muitos sociólogos e filósofos estudam o poder e suas relaçõesdentro da sociedade. Um destes é o filósofo Michel Foucault, que im- plica que o poder perpassa uma multidimensionalidade, colocando em pauta que qualquer tipo de relação social pode ser observada como uma relação de poder. Há a afirmação de que o poder se relaciona aos recursos que determinados grupos ou indivíduos possam possuir. Estes recursos po- dem ser, por exemplo, o dinheiro, a tecnologia, o conhecimento, entre outros, em que estes são utilizados por quem os possui, para que pos- sam satisfazer seus interesses. A partir de dada situação, percebe-se qual tipo de poder é o mais vantajoso a ser utilizado. O principal ponto de estudo para a Ciência Política é poder político, segundo Bobbio, este poder se distingue dos demais por ser caracterizado como o que está em circunstâncias de em última instância, fazer uso da força, possuindo o monopólio de um determinado território. Os dois primeiros pensadores a elaborarem pontos de estudo relacionados à política foram Platão e Aristóteles, em se dedicavam a estudar o funcionamento da polis e suas estruturas e constituições. 16 P E N SA D O R E S P O LÍ TI C O S C LÁ SS IC O S E M O D E R N O S - G R U P O P R O M IN A S Um dos pensamentos de Aristóteles era de que a política devia ser considerada a maior ciência, ou a que mais importava em seu tem- po, pois, havia a preocupação de que o governo que estava regente no período fosse capaz de garantir o bem-estar da sociedade. Durante o Renascimento, se iniciou a visão da política com formas de ciência. A ciência política é uma disciplina moderna, que se inicia no século XVI, a partir dos estudos de Nicolau Maquiavel. Até a chegada da Revolução Científica Moderna, não era fei- ta a devida discriminação entre os preceitos de ciência e filosofia. De Aristóteles até a Revolução, a filosofia era cunhada como a ciência da verdade, estudando os princípios e as causas para todas as questões da humanidade e transcendente a ela. Durante a Era Moderna, Maquiavel foi um dos grandes moti- vadores a dar à política determinada autonomia, dessa maneira, sendo considerado o pai, precursor da Ciência Política, estudando e buscando formas de compreender a verdade por trás dos fatos, utilizando um re- ferencial mais atual e compatível. A Ciência Política, no mesmo princípio que Aristóteles, leva em consideração todas as complexas organizações político-sociais contem- porâneas e colocando em prática orientações de metodologia e objetivos de pesquisa compatíveis com as exigências da ciência da atualidade, entra dentro do campo das pesquisas e estudos em Ciências Sociais. Englobando todos os dados pode-se dizer que a Ciência Po- lítica é a prática e a teoria da política, descrevendo e analisando os sistemas políticos, processos políticos e organizações, assim como seu comportamento. Abrange estudar a estrutura, assim como as suas mu- danças, e os processos dos governos. A POLÍTICA COMO CIÊNCIA A abordagem científica da política tem como objetivo refletir e analisar os acontecimentos políticos através de uma observação em- pírica, ou seja, em que todo o conhecimento é proveniente da experi- ência. Mas apenas isso não indica que a ciência política seja algo que possa ser estudado somente por modos experimentais. Perguntas como "O que é o poder?", "De que forma deve ser exercido o poder?" ou "Quem exerce o poder?" Fazem parte da reflexão dos acontecimentos políticos, em que estão conectadas a uma dimen- são empírica e prática para se estudar a política. Para que haja respostas para estas perguntas, a Ciência Polí- tica busca se embasar e utilizar um método que seja adequado e tenha 17 P E N SA D O R E S P O LÍ TI C O S C LÁ SS IC O S E M O D E R N O S - G R U P O P R O M IN A S relação com as Ciências Sociais. Observando todos os fatos, sejam políticos ou não, da socie- dade, tudo o que esta mesma nos disponibiliza socialmente, historica- mente e culturalmente, pode ser tratado como uma finalidade para que se realize um estudo da Ciência Política. Levando este aspecto em consideração, deve ser considerado que realizar o estudo da realidade política não é algo que apenas uma disciplina específica possa fazer, sem partilhar de demais áreas do co- nhecimento. Por meio dos antecedentes históricos, percebe-se que a Ci- ência Política forma um vínculo direto entre a Filosofia, a Sociologia, a História, a Ciência do Direito, e com as demais ciências sociais, sendo de cunho teórico e aplicado. Para que os fenômenos e fatos políticos sejam compreendidos, não pode haver a desconsideração de outras disciplinas para que exista um tratamento Inter e transdisciplinar da realidade estudada. Uma das disciplinas que formam uma dimensão muito importante com a Ciência Política é a Sociologia. O acontecimento político é um fato social por maestria, de acor- do com a visão de Durkheim. Existe em globo comum para o estudo e para a pesquisa entre a Ciência Política e a Sociologia Política, sendo eles, as classes sociais, os grupos, a opinião pública, as instituições, as ideologias, os regimes políticos, as utopias, entre outros. Figura 2 - Campos das Ciências Fonte: Elaborado pela autora (2019) Analisando a obra de Max Weber, o estudo do Estado e os fa- tos políticos são representações de pontos culminantes e altos de sua pesquisa. Através de sua obra, Weber estuda sobre as bases sociais em que o poder se sustenta, há a investigação de regimes políticos e acerca da organização de partidos, e os questionamentos sobre as ma- neiras de legitimação das autoridades. 18 P E N SA D O R E S P O LÍ TI C O S C LÁ SS IC O S E M O D E R N O S - G R U P O P R O M IN A S A Ciência Política se trata de uma ciência específica, que reali- za estudos sobre as perspectivas políticas e sociais passadas e atuais, tomando seus métodos próprios e uma sistematização única, para que se possa determinar qual melhor método a ser utilizado. Da mesma maneira como em outras ciências, tratando-se de política, tem por objetivo obedecer a uma determinação para que os fios para sua compreensão não sejam confundidos, guiando com clareza às atribuições específicas e finalidades. Assim sendo, lentamente, a política foi adquirindo caracterís- ticas cientificas e ganhando mais espaço e notoriedade, assim como as especializações com grandes estudiosos como Montesquieu, Jean Bodin e Augusto Comte, por exemplo. Estes autores deram sua contribuição de maneira expressiva para a transformação desta área de estudo, até que ela passasse por mudanças e se concretizasse na Ciência Política que é conhecida hoje. Cabe a cada autor definir a sua própria opinião acerca do pro- pósito para seu estudo. Há autores que definem a Ciência Política como a Ciência do Poder, por ser uma formulação bem recorrente. Do mesmo modo, há tantos outros autores que defendem que a Ciência Política trata-se da Ciência do Estado. Não se cabe à proposição de qual das duas temáticas é a mais aceitável e apropriada como objeto para estudo, mas a partir desta dis- cussão compreender a importância, tanto do poder, quanto do Estado, para o desenvolvimento da Ciência Política. Entre tudo isso, existe a percepção de que o poder está, de forma direta, ligado à política. Está ligado de um modo intrínseco, que cabe fazer a análise de alguns componentes que definem o conceito, para entrar nos pontos cruciais entre poder e política. Existem autores que defendem que a teoria do poder está, de forma essencial, conectada com a opinião entre os governantes e os governados, de modo que os governantes são os detentores do poder. É imprescindível a percepção de que esta declaração é lotada de espa- ços vazios, pois, o sentido de governante e governado pode variar de acordo com a situação. Jean Bodin publicou em meio ao século XVI seu livro Six Livres de la République, em que aborda a o argumento sobre a soberania. De acordo com Bodin,a soberania era um poder que não se dividia. Desta forma, o rei, na propriedade de soberano, não poderia compartilhar seu poder com mais ninguém, muito menos ser submetido a outra autoridade. Conforme o autor, por mais que o soberano não se situasse como submisso, nem mesmo por suas próprias leis, este se encontrava abaixo da lei divina, em uma idealização que mesclava elementos polí- 19 P E N SA D O R E S P O LÍ TI C O S C LÁ SS IC O S E M O D E R N O S - G R U P O P R O M IN A S ticos e religiosos. O livro Leviatã, de Thomas Hobbes, publicado tempos depois que o livro de Bodin, mostra a visão do autor, de que os homens em suas disposições naturais e entregues a esmo, dizimariam uns aos outros. Por este motivo que, como necessário, os homens criaram entre si um contrato social que apontou um soberano para agir sobre todos os demais, considerados como súditos. Para este soberano, no seu caso, o rei absolutista, caberia a garantia de defesa do território e a paz interna. Á medida que o tempo foi se alastrando, novas estruturas da sociedade surgiram, a remota criação dos primeiros Estados, governos teocráticos, entre outros acontecimentos, assim, a política deveria co- meçar a ser melhor compreendida. A obra "O Príncipe" de Maquiavel, do início do século XVI, aborda um tratado político que diz respeito às organizações do estado moderno. O Príncipe possui características que dão uma introdução à noção de política. Ainda aponta em seu livro, a necessidade de um monarca ou governante possuir determinação, firmeza, legitimidade e que defenda seu povo e seu território a todo custo, sem medir esforços para isso. Maquiavel acrescenta que antes de ser amado é necessário ser temido. António Gramsci, filósofo italiano, defende que a política é o modo em que os cidadãos podem agir e formar sua consciência; ele contempla o pensamento crítico de forma explícita: não é, não existe possibilidade, de ser neutro. Não se trata de uma atividade teórica que contesta duas ide- ologias, duas teorias, muito menos se trata de uma ilusão idealista da filosofia, teoria, cultura e, como consequência da educação, podem não depender de seu alicerce de material histórico. O autor compreendeu que o pensamento crítico se trata da contínua investigação e o descobrimento dos alicerces materiais da pró- pria teoria, isto é, a crítica do uso ideológico da teoria. Poder, Política e Partido de Gramsci começa de dois pontos es- senciais: as relações de força que acontecem em uma sociedade, em que, de acordo com o autor, é estabelecida por uma estrutura e superestrutura criando um conjunto histórico, sendo contraditório e complexo, ponderando a luta de classes entre o proletariado e a burguesia inevitável. O segundo ponto são categorias por ele designadas, como in- telectual orgânico, ou seja, é o profissional político que é o represen- tante de certa classe, seja trabalhadora ou dominante, ao passo que o partido político é referido como toda a estrutura dessa sociedade e que esta existência é dependente de indivíduos comuns e princípios de união, contato moral, físico e intelectual e a coação. Consequentemente, o "fazer política" é uma incumbência social 20 P E N SA D O R E S P O LÍ TI C O S C LÁ SS IC O S E M O D E R N O S - G R U P O P R O M IN A S para todos os cidadãos; o estudo da política é a compreensão da realida- de ao seu redor, os estabelecimentos de critérios e meios para a ação. A práxis (teoria agindo juntamente com a ação) altera a realidade que está legitimada socialmente sem uma reflexão crítica. Apenas consciente das normas e problemas que algo poderá ser conquistado adiante. Aristóteles, em seu ensaio A Política, descreve a estrutura fami- liar, as relações de poder dentro das famílias, do comércio, da sociedade. Thomas Hobbes é apontado como o criador de alguns funda- mentos liberais, como a igualdade entre os homens, os direitos individu- ais e a representação na política. Seu pensamento mais conhecido, "O Homem é o Lobo do Homem" considera sua filosofia política pessimista com relação à humanidade, tendo como explicação os horrores assisti- dos por ele durante a Guerra dos Trinta Anos. Sua principal obra é o Leviatã, tornando-se um clássico da filo- sofia política. O título é derivado do monstro da Bíblia, em que, dentro do livro de Hobbes, se torna a representação do Estado. O livro é dividido em quatro partes, sendo que a primeira se dedica a estudar a natureza do ser humano: sensação, linguagem, imaginação, ciência, razão, paixões. Depois de se aprofundar neste tema é iniciado o estudo da soberania, da República, leis civis e da relação entre a política e a religião. Montesquieu é o inspirador para o modelo de governo que existe na contemporaneidade através de seus pensamentos e estudos, como a obra Do Espírito das Leis. Por mais que seja uma obra densa e extensa, as reflexões ali colocadas são de imensa importância para a compreensão da divisão dos três poderes. Independentemente de ter sido escrito em um período de regime monárquico, forma de governo que estava vigente durante sua vida, a obra permanece atual e é considerada como um excelente clássico para filosofia e ciência política modernas. Jean Jacques Rousseau tem como sua obra mais conhecida, Contrato Social. Esta obra aborda um de seus principais pensamentos: "O homem nasce livre e por todos os lados se encontra sob grilhões." O autor abordou a questão do contrato social definido da mesma forma como a vontade geral. Esta frase é válida ainda em tempos atuais, diferentemente de Hobbes, Rousseau acredita que a natureza do homem é pura e pacífi- ca, porém, a sociedade o corrompe. 21 P E N SA D O R E S P O LÍ TI C O S C LÁ SS IC O S E M O D E R N O S - G R U P O P R O M IN A S A POLÍTICA COMO RELAÇÃO DE PODER E A POLÍTICA COMO GO- VERNO Friedrich Nietzsche, filósofo alemão contemporâneo e grande influenciador nos conceitos filosóficos da atualidade é um dos pensado- res que fazem alusão ao homem com o poder, de tamanha relevância que este assunto possui na teoria política atual. O conceito de coerção está intrinsecamente conectado ao di- reito, por se tratar de algo que garante que as regras sejam obedecidas e a legitimidade imposta. Mas em relação ao poder, a coerção seria da mesma maneira indispensável para as relações políticas? O poder, se houver legitimação, está de maneira intrínseca, ligado por essência ao uso da coerção para que possa se manter. Os modelos de governo podem ser justificativos para se usar a coerção. Um dos exemplos é o filósofo Thomas Hobbes, que em seus escritos, justifica que o Estado Absolutista deve existir, pois, acredita-se que o poder que este governo opera é um fator de necessidade para se ga- ranta a segurança dos sujeitos da sociedade. Desta maneira, por mais que existam as leis da natureza (que cada indivíduo respeita, quando se manifesta a vontade de se fazer respeito, e quando se pode tem de se fazer com segurança), caso um poder suficiente não seja instalado para que haja segurança, cada su- jeito irá confiar apenas em sua própria capacidade e força, como forma de se proteger os demais. Colocando em xeque esta questão às circunstâncias reais, é necessária a percepção, com reservas, de que o Estado, como o por- tador de grande poder, não está em discordância com a intenção dos sujeitos, mas o oposto disto, o dever do Estado é garantir o bem-estar da sociedade de um modo geral, por mais que as tomadas de algumas medidas não possam estar ao agrado de uma parte da população. O "fato social" descrito por Émile Durkheim pode ser tratado como uma manifestação de um vetor de coerção. O pensador afirma que o modo em que a sociedade segue é nutrido por variados fatos so- ciais e estes modos de pensar, sentir e agir são os sentidos que obrigam que os sujeitos se adaptem ao ambiente em sociedade. Este conceito, fazendo uma comparaçãoà teoria do poder, pode ser representado como um tipo de coerção de pressão social, mesmo que seja de modo subjetivo, os sujeitos devem seguir um padrão de normas. O Estado é um módulo que congrega todo o poder para exer- cer a coação e se molda como o único com capacidade e legitimidade para praticar a força como motivo para o uso da coação. 22 P E N SA D O R E S P O LÍ TI C O S C LÁ SS IC O S E M O D E R N O S - G R U P O P R O M IN A S Para que haja a prática do poder pode haver o uso da violên- cia. Nota-se que, entretanto, o Estado não se ampara somente em tra- tos de violência física, a fim de que sejam tomadas as devidas garantias para o cumprimento de suas regras. Alguns autores discutem que o berço da Ciência Política se encontra durante o período renascentista, principalmente com os publi- cados de Nicolau Maquiavel, entre estes sendo O Príncipe o que possui maior destaque. Nesta obra, Maquiavel descreve os modos de um prín- cipe, isto é, uma parte da realeza, que alcança e se preserva no poder, fazendo uso de meios que podem variar entre o amor e o temor. Desta forma, a maneira como Maquiavel idealiza seu proces- so adicionou uma atividade essencial para as pesquisas e estudos em Ciência Política: a observação. Este processo foi aprimorado posterior- mente pelo jurista Jean Bodin, durante a Idade Moderna, rompendo as ligações com a dedução que vigorava na Idade Média. Após a renovação feita por Jean Bodin, o ato de dedução, que era utilizado para estudar a Ciência Política é instigado por Montesquieu, que inova este ponto necessário à Ciência Política, e ainda adiciona te- orias essenciais para que houvesse o desenvolvimento de seus estudos com relação ao poder, com seu conceito para separar os três poderes. Para Maquiavel, as virtudes eram como poderes ou funções es- peciais, e as virtudes dos príncipes faziam jus ao seu poder político. O radical latino para "virtù" também a trata como virilidade, e este conceito serviu de embasamento para os estudos de Maquiavel em relação ao Príncipe e ao Estado. Em algumas passagens foi utilizada para designar sucesso e descrever um Estado que deveria ser valorizado e copiado. A moral não deveria limitar o soberano e que este deveria fazer uso de todos os meios necessários para que o poder lhe fosse asse- gurado, assim como o sucesso e a glória do Estado, teoria conhecida como realismo. Maquiavel defendia a república como sendo um regime ideal e deve ser colocado em prática quando existe um possível grau de igual- dade ou que este possa ser estabelecido. Um regime monárquico só se- ria viável quando esta igualdade não existe no Estado ou não consegue espaço para sua introdução. O filósofo elaborou uma teoria que se encontra com uma mes- ma elaborada por Aristóteles, anteriormente. Para Maquiavel, o Estado não tem mais a função de garantir a virtude e a felicidade, mas tem a função de descrever as coisas de forma realista, de acordo com a ver- dade. Através desta prática, tema recorrente em "O Príncipe", faz com que o elo entre a tomada de poder e a moral se rompam. Assim, o autor muda a ideia apresentada por seus antecesso- 23 P E N SA D O R E S P O LÍ TI C O S C LÁ SS IC O S E M O D E R N O S - G R U P O P R O M IN A S res da Antiguidade, adicionando uma característica além da moral para os estudos da Ciência Política. Com o positivismo de Augusto Comte, a perspectiva acadêmica transforma completamente a maneira de ver a sociedade europeia durante o século XIX. Por mais que seu pensamento seja ligado à ideia de mora- lidade, seu processo positivo realizou muitas ações de desenvolvimento na área científica, o modelo de regularização da Ciência Política. Além do mais, Comte credibilizou a ideia de que a Ciência Política pode ser regu- larizada como conhecimento, da mesma forma que as ciências naturais. No século XX, a política se consolidou como um objeto de es- tudo à ciência. A política teve o seu reconhecimento como campo de es- tudo, mas este fato não foi consolidado de modo homogêneo. A área de estudo da Ciência Política foi inserida, inicialmente, nos Estados Unidos e só após algum tempo começou a fazer parte das grades curriculares de universidades de grande nome ao redor do mundo. Mesmo com a sua divulgação pelo globo, esta ciência tem um estudo pioneiro por par- te dos Estados Unidos, que se atentaram a um novo aspecto em aplicar o tema na conjuntura contemporânea. Atualmente, tem-se uma preocupação essencial em relação à documentação e ao estudo de fatos políticos. O mundo percebeu o quão importante é esta ciência para que o homem possa compreender os seus arredores, a realidade que o cerca. Entendendo e analisando estas concepções e tendo clareza não só do Estado em que se vive, mas de outros Estados também, sejam eles presentes ou passados, o conhecimento será favorecido e a procura por um melhor desenvolvimento para a própria forma de apli- cação da política atual pode ser influenciada. A partir da análise de toda esta conjuntura, aponta-se que o estudo da política deve ser considerado como uma ciência já que tende a buscar explicações que consigam ser sistemáticas e ao mesmo tempo controláveis, e classificar e organizar o conhecimento a partir da base de princípios explicativos. Tratando-se de Ciência Política existe também as questões acerca de conflito e confronto. O conflito se apresenta como uma forma de interação de caráter antagônico. Não perpassa como um caso competitivo, em que as partes disputam a partir de um acordo feito em comum e seguindo regras. O con- flito tem um caráter que desagrega: não há conciliação para as posições. O conflito pode gerar choques que são capazes de envolver, ou não, a violência. Quando ocorrem casos de violência, há a formação do confronto. Os confrontos se apresentam de muitas formas, como por exemplo, as guerras, quaisquer tipos de lutas. ayrto Realce 24 P E N SA D O R E S P O LÍ TI C O S C LÁ SS IC O S E M O D E R N O S - G R U P O P R O M IN A S Sob a ótica da política, é interessante notar que no conflito existem inimigos e, de acordo com Maquiavel, em O Príncipe, o sentido das lutas faz recomendação de que os inimigos sejam eliminados, para que não existam mais ameaças. Isso se explica de modo que, as partes estão em conflito, onde não há conciliação. Assim, cabe a cada uma impedir que a outra realize seus objetivos, todas vão se provocando até que o conflito evolua para um confronto. Além da influência dos escritos de Maquiavel acerca da polí- tica e as suas principais características e como a sociedade é afetada por ela, outros grandes autores são responsáveis por obras edificantes acerca do assunto. Entre eles encontra-se Thomas Hobbes, John Locke e Jean Jacques Rousseau que possuem características contratualistas, em que os seres humanos concordaram em afirmar um contrato, para que não haja riscos para enormes conflitos, para que um entre eles fosse soberano, a fim de pregar a ordem e promover os diretos dos homens. Outro exemplo é o sociólogo Max Weber que disserta acerca do Poder e do Estado e de relações de dominação entre os próprios in- divíduos e entre eles e o Estado. Weber acrescenta que o Estado, para firmar a sua legitimidade, pode fazer uso da força física, exercendo o controle e promovendo a ordem. Outro famoso pensador e também polêmico é Karl Marx, que juntamente com Friedrich Engels escreveram a obra O Manifesto Co- munista, que também aborda sobre o Estado, a sociedade e as relações de poder. Para os autores, os meios de produção não devem estar con- centrados apenas nas mãos de poucas pessoas, e sim serem comparti- lhados, para que todos tenham acesso e, assim, conseguir a diminuição das desigualdades sociais, propondo um Estado Comum. Figura 3 - Pensadores Políticos Fonte: Sabedoria Política. Acesso em 2019 25 P E N SA D O R E S P O LÍ TI C O S C LÁ SS IC O SE M O D E R N O S - G R U P O P R O M IN A S Na Ciência Política e na Sociologia existe a discussão que "Vi- vendo em coletividade, sem controle algum externo a si próprio, o que o homem fará?". Uma das respostas alega que, caso o homem seja deixado por sua conta própria, vivendo no coletivo, é capaz de cooperar, se instalar e coexistir de modo pacífico. Essa proposta se fundamenta na estrutura da idealização de que o ser humano possui um potencial pacífico, cooperativo, integrado e fun- cional. Estas suposições desembocam nas teorias do equilíbrio e ordem. Existe também a alternância deste pensamento, levando em conta que, se o homem for deixado a sua conta própria, vivendo em coletivo, pode acontecer que o homem entre em conflito com os seus demais, correndo riscos de gerar a destruição da vida em comum. Esta idealização do ser humano como potencialmente destrutivo desemboca nas teorias do conflito e mudança. Para tornar concreta a ação de governar, com o uso da política, uma das características fundamentais é a capacidade à mediação de con- flitos entre as pessoas. Dessa forma, o político deve comandar sua gestão de modo que possa mediar os conflitos que existem dentro da sociedade, na maneira de encontrar um meio que seja bom para todas as partes. As políticas públicas podem ser tratadas como uma política de Estado ou uma política de governo. A política de Estado é a política que não depende dos governos ou governantes que estão no poder, ela é amparada pela Constituição. Já a política de governo é aquela política que depende da alter- nância de poder. É a filosofia, os pilares que embasam o governo que está em vigor. Os projetos e as leis dependem dos governantes. A ação da política está ligada ao confronto de interesses. No aspecto institucional, a política se encontra nas formas pelas quais o po- der, compreendido como a habilidade de efetivar a influência em busca de seus próprios interesses, por mais que haja a resistência, é utilizado para que os princípios dos governos sejam cumpridos. Assim, o Estado é a única fonte de poder que pode fazer uso com legitimidade da força. Porém, isso só pode acontecer a partir do instante em que a maioria começa a agir dentro das fronteiras das leis que são estipuladas pelas instituições de em Estado. Esta ação é denominada de legitimação de um poder: se dispor a se submeter ao comando de uma entidade maior. É com este princípio que a estrutura do poder político no Estado de democracia se estrutura. Alguns fundamentos que herdam do período da Idade Média, como a presença marcante da religião dentro dos debates políticos, de- ram sustentação ao poder absoluto dos reis. Dentro de um ambiente democrático, o povo é o elemento que 26 P E N SA D O R E S P O LÍ TI C O S C LÁ SS IC O S E M O D E R N O S - G R U P O P R O M IN A S decide quem serão os que estarão no governo, dando-lhes, pela teoria acima, o poder. A responsabilidade gerada pelo povo, apesar disso, não confere aos governantes liberdade para realizar seus desejos, já que quem governa, por sua vez, é subordinado pelas regras da Constituição. "A política se insere em todos os aspectos da vida humana. O terrorismo, o aquecimento global, a diminuição da biodiversidade, a inserção social de imigrantes no país, a melhoria da qualidade de vida dos idosos, o aumento da inclusão social, são todas situações que dependem de decisões de ordem eminentemente políticas. Nesse contexto, podemos afirmar que muitos pro- blemas, antes de serem sociais, culturais, ou ambientais, são essencialmen- te políticos, pois dependem de decisões tomadas, geralmente, no âmbito dos Estados." (DIAS, 2010, p.7) A partir da ótica da Filosofia, a política tem como estudo as instituições, os acontecimentos, os ideais políticos, tanto no sentido da teoria (doutrina), quanto na prática (arte), se referindo ao passado, ao presente as futuras possibilidades. Essa área ainda analisa a racionalização do poder, a base de legitimação em que o poder se ancora, investiga sobre o poder político, os partidos e suas essências, sua estrutura, proselitismo e sua técni- ca de combate, seus programas, sua liderança, suas formas legítimas de autoridade são interrogadas, a indagação à administração pública e como nela são passadas as ações legislativas ou como a força de quem atua no Parlamento, sob o apoio dos poderosos grupos socioeconômi- cos, dispõe para a democracia suas características mais flagrantes. Em sua Sociologia constante, não é admissível que os alicer- ces históricos sejam esquecidos do desenvolvimento político. A política se trata de uma ciência aplicada, que tem como meio para traçar seu objetivo a dinâmica do Estado, a sua futura projeção. É necessário que haja consciência, ao analisar a questão de que em um mundo em sociedade, as mudanças imperam, o desenvolvimento e as diferenciações são distintos do mundo em natureza. A Política e as suas relações, como poder e como governo, podem ser definidas no conceito de Estado, que é munido de Poder e Soberania, regendo um Governo, formando a Administração Pública, que tem como princípio a aplicação da Democracia. 27 P E N SA D O R E S P O LÍ TI C O S C LÁ SS IC O S E M O D E R N O S - G R U P O P R O M IN A S Figura 4 - Ciência Política se divide em Estado e Sociedade Fonte: Sabedoria Política. Acesso em 2019. A sociedade, por sua vez, baseada nesta mesma aplicação da democracia, carrega as políticas públicas, que são baseadas em práticas de educação, programas voltados à juventude e à questão de gênero, assim como os programas que tem por finalidade a saúde da população. 28 P E N SA D O R E S P O LÍ TI C O S C LÁ SS IC O S E M O D E R N O S - G R U P O P R O M IN A S QUESTÕES DE CONCURSOS QUESTÃO 1 Ano: 2018 Banca: IBFC Órgão: SEPLAG-SE Prova:Psicólogo A democracia, segundo Aristóteles, deve ser totalmente soberana, mas com duas limitações: não deve ir além dos órgãos de delibera- ção e julgamento, pois estes são poderes coletivos expressos em uma Constituição (o conjunto do povo é superior a cada um dos in- divíduos) e não exigem competência técnica; a segunda limitação é o dever de agir de acordo com as leis. Com base no que foi citado acima, leia atentamente as afirmações abaixo: I. A definição processual de democracia, também chamada proce- dimental, considera que, além do direito de voto, a seleção dos representantes políticos deve ocorrer a partir de um processo elei- toral livre, ou seja, “competitivo”. II. A soberania popular enquanto ação democrática é um ideal pos- sível em todas as sociedades, pois o poder desde os atenienses é exercido pelo povo. III. A diminuição da participação político partidária fortalece a de- mocracia e a torna cada vez mais eficiente, consensual e legitima. IV. O único modo de tornar possível o exercício da democracia é atribuir cada vez menos ao cidadão o direito de participar direta ou indiretamente na tomada de decisões coletivas. Estão corretas as afirmativas: (A) I, apenas (B) II e IV, apenas (C) I, II e III, apenas (D) IV, apenas QUESTÃO 2 Ano: 2017 Banca: CESPE Órgão: DPU Prova: Psicólogo Em relação ao conceito de ciência política e à legitimidade do po- der político, julgue o item a seguir. À luz da conhecida tipologia weberiana a respeito da dominação legítima, é correto afirmar que a política contemporânea é caracte- rizada pelo predomínio da dominação de tipo racional-legal e pela inexistência da dominação tradicional e da dominação carismática. ( )Certo ( )Errado QUESTÃO 3 Ano: 2015 Banca: VUNESP Órgão: Prefeitura de São Paulo - SP 29 P E N SA D O R E S P O LÍ TI C O S C LÁ SS IC O S E M O D E R N O S - G R U P O P R O M IN A S Prova: Psicólogo O que inicia e constitui realmente qualquer sociedade política nada mais é senão o assentimento de qualquer número de homens li- vres e capazes de maioria em seunirem e incorporarem a tal socie- dade. E isto, e somente isto, deu ou poderia dar origem a qualquer governo no mundo. (John Locke, Dois Tratados sobre o Governo. Adaptado) John Locke foi um importante filósofo inglês do século XVII. Esse trecho, destacado de um dos textos do autor, discute um aspecto fundamental da ciência política contemporânea, o conceito de (A) conflito. (B) dominação. (C) hegemonia. (D) legitimidade. QUESTÃO 4 Ano: 2018 Banca: FCC Órgão: Prefeitura de Macapá - AP Prova: Sociólogo O sociólogo inglês Thomas H. Marshall desenvolveu a tese segun- do a qual, nos países capitalistas centrais, o reconhecimento dos direitos civis precedeu e permitiu a institucionalização dos direitos políticos, tendo esses, por sua vez, sido a condição da institucio- nalização dos direitos sociais. No Brasil, segundo o historiador José Murilo de Carvalho, essa sequência se deu de maneira inver- tida, provocando déficits na construção de nossa cidadania. Na constituição dos direitos no Brasil republicano, (A) os direitos civis apenas foram reconhecidos em lei no período da Nova República, após o fim do regime militar. (B) o período de democratização política que sucedeu o Estado Novo foi caracterizado pela irrestrita liberdade de organização partidária. (C) no período do Estado Novo, os direitos sociais foram implementa- dos de modo substancial pela primeira vez na história do país. (D) a institucionalização dos direitos políticos foi largamente impulsionada durante a República Velha, principalmente no período dos governos civis. QUESTÃO 5 Ano: 2018 Banca: FCC Órgão: Câmara Legislativa do Distrito Fede- ral Prova: Consultor Legislativo - Redação Parlamentar A política não é necessária, em absoluto – seja no sentido de uma necessidade imperiosa da natureza humana como a fome ou o amor, seja no sentido de uma instituição indispensável do convívio hu- mano. Aliás, ela só começa onde cessa o reino das necessidades 30 P E N SA D O R E S P O LÍ TI C O S C LÁ SS IC O S E M O D E R N O S - G R U P O P R O M IN A S materiais e da força física. Como tal, a coisa política existiu sempre e em toda parte tão pouco que, falando em termos históricos, apenas poucas grandes épocas a conheceram e realizaram. Esses poucos e grandes acasos felizes da História são, porém, decisivos; é só neles que se manifesta de cheio o sentido da política e, na verdade, tanto o bem quanto a desgraça da coisa política. Com isso, eles tornam-se determinantes, mas não a ponto de poder ser copiadas as formas de organização que lhes são inerentes, e sim porque certas ideias e conceitos que se tornaram plena realidade para um curto período de tempo, também co-determinem as épocas para as quais seja negada uma experiência plena com a coisa política. (Adaptado de: ARENDT, Hannah. O que é Política? – fragmentos das obras póstumas compilados por Úrsula Ludz. Tradução de Reinaldo Guarany, 11.ed., Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2013, pp. 50-51) O texto acima é classificado como parte de uma obra de (A) Ciência Política. (B) História Política. (C) Análise Política. (D) Filosofia Política. QUESTÃO DISSERTATIVA – DISSERTANDO A UNIDADE Todos os dias acompanhamos as mais diversas notícias e polêmicas que permeiam a política no mundo e no Brasil, assim como a temática é abordada na Constituição Federal da República de 1988. Nesse sen- tido, apresente o conceito e o objeto da Ciência Política. TREINO INÉDITO Assunto: Ciência Política O ___________ é o profissional que analisa fatos históricos e atuais, levando em conta as funções, as tomadas de decisões, as definições de projetos e as políticas públicas. O profissional em questão é: a) Cientista Social b) Cientista Econômico c) Cientista Humano d) Cientista Político e) Nenhuma das alternativas NA MÍDIA A POLÍTICA E O PODER A política se insere em todos os aspectos da vida humana. O terroris- mo, o aquecimento global, a diminuição da biodiversidade, a inserção social de imigrantes no país, a melhoria da qualidade de vida dos ido- 31 P E N SA D O R E S P O LÍ TI C O S C LÁ SS IC O S E M O D E R N O S - G R U P O P R O M IN A S sos, o aumento da inclusão social, são todas situações que dependem de decisões de ordem eminentemente política. Nesse contexto, pode- mos afirmar que muitos problemas, antes de serem sociais, culturais, ou ambientais, são essencialmente políticos, pois dependem de decisões tomadas, geralmente, no âmbito dos Estados (DIAS, 2010, p. 7). Fonte:JusBrasil Data: Sem data Leia a notícia na íntegra: https://marciomorena.jusbrasil.com.br/arti- gos/142705400/a-politica-e-o-poder NA PRÁTICA CASOS PRÁTICOS Num Estado unitário, em que a totalidade das competências do Estado e do Governo se concentra em princípio no Poder Cen- tral, ao qual cabe delegar algumas delas às regiões, em razão do equilíbrio entre necessidade e possibilidade de cumpri-las, as políticas sociais se executam forçosamente a partir de decisões desse poder politicamente unificado e administrativamente delegado. Numa federação, essas decisões cabem, tanto no âmbito político como na esfera administrativa, às suas diferentes unidades, autônomas em ambos os sentidos. Esse paradigma é possível nos Estados de peque- na expressão territorial, de pouca densidade étnica e cultural, equilibra- dos economicamente, ou seja, federações simétricas. Nas federações assimétricas, como o Brasil, os Estados Unidos, a Índia e a Rússia, são necessárias políticas compensatórias, como forma mais democráticas de reduzir as desigualdades, as assimetrias. Fonte: https://www.passeidireto.com/arquivo/2318206/todos-os-casos- -aula-1-14-resolvidos PARA SABER MAIS Vídeo sobre o assunto: https://www.youtube.com/watch?v=uF5t8iRh- GAs Acesse os links: http://bibliotecadigital.fgv.br/ojs/index.php/rcp/article/ download/58921/57375 32 P E N SA D O R E S P O LÍ TI C O S C LÁ SS IC O S E M O D E R N O S - G R U P O P R O M IN A S A POLÍTICA E O PODER Existem vários tipos de poderes que podem ser estudados pe- las áreas das Ciências Sociais, como os poderes econômico, industrial, bélico, entre outros. Mas como foi apontado no capítulo 1, a Ciência Política tem como um de seus focos o estudo do poder político. De acordo com Bobbio, as três formas de poder podem ser definidas e separadas das seguintes formas: Poder Econômico, Poder Ideológico e Poder Político. O Poder Econômico se vale das posses de determinados bens necessários ou que sejam vistos como tais, em uma circunstância em que haja a escassez, para persuadir as pessoas que não os possuem a O PODER 32 P E N SA D O R E S P O LÍ TI C O S C LÁ SS IC O S E M O D E R N O S - G R U P O P R O M IN A S 33 P E N SA D O R E S P O LÍ TI C O S C LÁ SS IC O S E M O D E R N O S - G R U P O P R O M IN A S adquirir certas condutas, que são consistidas principalmente na execu- ção de um trabalho útil. Com a posse dos meios de produção, existe uma enorme fonte de poder por parte de quem possui contra os que não possuem, no es- pecífico sentido da eficácia em determinar o comportamento dos demais. Em qualquer sociedade em que haja empregadores que detêm os meios de produção e empregados que movem a sua força de traba- lho para adquirir seu sustento, o poder se origina da possibilidade da distribuição de um bem que o outro necessita, custando sua força de trabalho para a conquista. O patrão possui o controle dos recursos de produção e de re- compensa material, que significa remuneração que o trabalhador ganha por cumprir determinadas tarefas e atividades. Assim, o poder econômi- co gera uma relação de obediência entre quem possui os bens e quem necessita destes para se prover. O Poder Ideológico se vale de possuir determinadas formas de doutrinas, saber, conhecimentos, às vezes até mesmo de uma informa- ção, ou códigos que ditam a conduta,podem determinar influências no comportamento de outrem e persuadir os membros de um grupo a fazer ou não certa ação. Este poder é baseado no prestígio de crenças, valores e ideais que se associam a estas crenças e nas possíveis aplicações de recom- pensas e castigos, por mais que sejam apenas como simbolismos. Esta categoria de condicionamento se dá pela importância so- cial daqueles que possuem o saber, por mais que estes sejam sacer- dotes de sociedades de tradição ou cientistas, literatos, técnicos, os denominados de intelectuais, nas sociedades secularizadas. A partir destes conhecimentos que são expressados por estes intelectuais ou pessoas de sacerdócio ou os valores que afirmam, se re- aliza o processo de socialização, em que todo este grupo social precisa de poder para que possa se manter a união. O Poder Político se vale, em determinadas circunstâncias, da força física. Em outras palavras, aquele que detém o poder político é quem possui exclusividade do direito em utilizar da força física no in- terior de um certo território. Aquele que possui esta exclusividade de direito para utilizar a força dentro de determinado território é o soberano. Este poder pode ser diferenciado dos demais poderes por sua definição como o que está e possui condições em que possa utilizar o recurso da força, em última instância, sendo o detentor do monopólio desta em um determinado território. Esta característica da violência se trata de uma possibilidade, um potencial, e que não necessariamente o soberano deve aplicar con- 34 P E N SA D O R E S P O LÍ TI C O S C LÁ SS IC O S E M O D E R N O S - G R U P O P R O M IN A S cretamente a violência, mas também não é descartada a possibilidade. O significado para esta violência se trata de ameaçar ou aplicar efetivamente sanções físicas, como a privação da liberdade ou a imposição de tarefas que devem ser exercidas ou mesmo a privação dos direitos. A partir de seus estudos e pesquisas neste campo, o sociólogo alemão Max Weber definiu este quesito específico do poder político. Weber ainda define que o Estado quem detém o monopólio da coação física legítima. Assim, estes poderes são capazes de contribuir: "[...] manter sociedades de pessoas desiguais divididas em fortes e fracos com base no poder político, em ricos e pobres com base no poder econômi- co, em sábios e ignorantes com base no poder ideológico. Genericamente, em superiores e inferiores." (BOBBIO, 1987, p. 84) A Ciência Política, neste quesito, surge como a ciência do po- der, que se encarrega do estudo do poder político, se tratando de um ramo das Ciências que é encarregado de abordar sobre a teoria, orga- nização governamental e das práticas do Estado. Assim, aponta que o poder político é derivado do monopólio da força legítima dentro de certo território e que este poder expressa o fenômeno do Estado. O poder pode ser considerado como uma capacidade. É tra- tado em vários estudos, principalmente de pensadores contratualistas sendo apontado como o principal ponto para a construção argumenta- tiva do contrato. O poder quando visto como capacidade se refere à possibili- dade do ato de realizar variadas ações que se destinam a atender ou satisfazer interesses, derivando desde o nível individual até o organiza- cional. O poder atrelado à capacidade é o que vale no nível mais básico da existência dos indivíduos. Porém, a forma do poder que é focada pela Ciência Política não se trata de enxergá-lo como uma capacidade, e sim como uma relação. O poder, de forma mais precisa, é a particularidade de uma relação entre dois ou mais indivíduos, em que um destes tende a impor aos outros a sua vontade e altera o comportamento dos demais, por mais que haja resistência. Existe uma relação entre A e B. A possui poder, enquanto B não possui, ou tem em nível menor. B apresenta um comportamento que caminha em determinada direção caso esteja sozinho, no entanto, na presença de A, esta direção é alterada e o caminho tratado vai para a direção desejada por A. Este exemplo pode apontar que na existência de uma relação de poder A tem a capacidade de alterar o comportamento de B, por 35 P E N SA D O R E S P O LÍ TI C O S C LÁ SS IC O S E M O D E R N O S - G R U P O P R O M IN A S mais que B não deseje isto. Desta forma, o poder inclui a obediência e, possivelmente, pode gerar conflitos. Aponta-se, assim, que o poder é relacional, tende a envolver coação (em alguns pontos, violência), apresenta hierarquia, desigual- dade e não está em disponibilidade para todos. Desta forma, o poder que um sujeito possui é a correlação do outro sujeito não possuir, deste modo é inevitável a obediência. Em geral, o poder é relacional, já que envolve a coação e o con- flito entre dois ou mais indivíduos. Engloba características assimétricas, por haver comando e subordinação. É relativo, isto é, depende das cir- cunstâncias em que se encontra, os indivíduos que estão envolvidos na relação, o ambiente de atividades e momento em que a relação acontece. O poder é imensurável, pois, ao ser exercido ou omitido, gera consequências que são perceptíveis. É intencional, sendo realizado com objetivos específicos, não possui um caráter neutro, nem ao exer- cer ou omitir, expressa preferências e interesses. O poder resulta na capacidade de imposição, alteração de comportamento e da obtenção desta alteração, por mais que se faça resistência, gera o conflito. O conflito, dentro de uma relação de poder, é tratado como uma possibilidade. Quando o foco é o poder político, não é correto colocá-lo somente como coação, mas ele também deve ser visto como influência. A ocorrência de alguém ter a capacidade de exercer a influên- cia não é destituída de conflitos. A influência tem o significado de que um sujeito teria passado por determinado trajeto de comportamento, mas pelo fato de determinado indivíduo ter a sua disposição uma parce- la de recursos, este "ator" transforma seu comportamento, não necessi- tando de coação para que isto seja feito. O poder político, estabelecido em concordância, no acordo en- tre as partes é realizado tanto favorecendo os governantes, quanto aos governados, por meio de contratos. O autor Norberto Bobbio não concorda com esta afirmativa e explana em seu livro Dicionário de Política, que esta explicação é insa- tisfatória, pois, não sustenta a especificidade do poder político, debaten- do este como algo desprovido de conflito. No âmago das relações sociais, embasadas pelas lutas, Max Weber percebe de maneira profunda a dominação. Esta dominação está baseada em um turbilhão de monopólios econômicos, interesses, domi- nação que é determinada pela autoridade, isto é, o poder em ordenar. Desse modo, o autor adiciona para cada tipo de tarefa tradi- cional, racional ou afetiva um tipo de dominação particular. Weber esta- beleceu que as dominações são como as oportunidades de situar uma 36 P E N SA D O R E S P O LÍ TI C O S C LÁ SS IC O S E M O D E R N O S - G R U P O P R O M IN A S pessoa que está pronta a dar obediência à determinada ordem de de- terminado conteúdo. Weber define que a Dominação Legal (em que qualquer tipo de direito pode ser elaborado e alterado por parte de um estatuto que tenha sanção correta), tem a burocracia como o mais puro exemplo para esta dominação. Para o autor os fundamentos principais da burocracia são a hierarquia funcional, a demanda pela aprendizagem profissional, a administração que se baseia em documentação, as atribuições que são oficiais e existe uma exigência para todo o rendimento do profissional. Este tipo de autoridade é remetido de forma direta às instituições burocráticas, onde quem dita as normas é levantado como o superior e os que prestam obediência são os profissionais. Essa dominação só conse- guiu ser atingida devido à consolidação do Sistema Capitalista de Produ- ção, que exerceu a transição de uma sociedadeque se baseava funda- mentalmente em valores (dada como tradicional) para um que se orienta por objetivos, estipulando regras e o controle com a razão dos meios para que atinjam os fins. Exemplos são as empresas que são capitalistas, ou seja, privadas; a moderna estrutura estatal; forças armadas; entre outros. A obediência se vale não para a pessoa (em razão do próprio direito), mas para a regra, sendo eficaz para apontar a quem e em que prolongamento há de se obedecer. Max Weber categoriza este modo de dominação como sendo de forma estável, em virtude de ser baseado em regras que, são elaboradas e alteradas por meio de um estatuto com sanção correta. O poder para a autoridade é assegurado de forma legal. Estas regras são os meios que irão definir a quem se deve a obe- diência e até quando ela deve ser exercida, fazendo com que a aceitação seja possível por parte de quem é subordinado, de um superior através de uma consciência de que ele possui o direito de passar ordens. Existe o reconhecimento de que a autoridade está no cargo conquistado e não na pessoa que o conquistou, entendem que a dominação apenas pode ser exercida dentro dos limites que são estabelecidos pelo cargo referido. As normas que são elaboradas e alteradas devem levar em consideração atender às necessidades de todos que estão envolvidos, assim como os subordinados que, da mesma forma, são membros da associação. Aqui o poder é impessoal, sendo obedecida a norma que foi instituída e não a pessoa, a administração age de forma profissional e também está encarregada do estatuto que elegeu seu nome, seu fun- cionamento tem como base a organização do serviço, não possuindo influências sentimentais ou pessoais. Weber define que a Dominação Tradicional se refere à condi- ção de que, a autoridade é simples e puramente apoiada pela presença 37 P E N SA D O R E S P O LÍ TI C O S C LÁ SS IC O S E M O D E R N O S - G R U P O P R O M IN A S de uma tradicional fidelidade. O governante é o senhor ou patriarca, os que são dominados ou servidores representam os funcionários ou os súditos. O patriarcalismo é o gênero mais puro deste tipo de dominação. A obediência é prestada à pessoa por respeito, em consideração à tradição de uma autoridade pessoal que é julgada como sagrada. Toda linha de comando é presa de forma intrínseca por regras tradicionais. A elaboração de um novo direito é a princípio, apontado como não aplicável, levando em conta as regras vinculadas à tradição. Weber também classifica esta dominação como sendo estável, por meio de sua estabilidade e solidez, dentro do ambiente social, que se mostra como dependente do aperfeiçoamento tradicional direto e imediato na consciência do coletivo. A Dominação Tradicional tem como alicerce para legitimação, e de escolher por quem será exercida, os costumes e as tradições de uma determinada sociedade, personalizando as instituições arraigadas no centro dessa sociedade, figurando como líder. Confia-se na santidade de ordenação e dos poderes dos se- nhores, por meio de um estatuto que existe desde o início, com o poder descendendo da própria dignidade, assim, a tradição a santifica e ao líder de maneira fiel. Neste modo, quem dita as ordens é o senhor e quem presta obediência são os súditos, as normas são estabelecidas por meio da tradição. O senhor é conceituado como o justo. Exemplos da dominação tradicional são os modos patriarcais (o tipo dado como o mais puro desta dominação), como aldeias indíge- nas, Estado Feudal, despotismos, entre outros. A Dominação Carismática originalmente é o modelo que se apoia na devoção a um senhor e aos seus dons sobrenaturais, o ca- risma. O prestígio apenas é possível por meio de qualidades pessoais, assim como recursos mágicos, heroísmo, revelações, poder de oratória e/ou intelectual, com entrega de confiança em um sujeito que é visto como um santo, salvador, herói ou um modelo de vida. Esta entrega de confiança é extinguida quando os sujeitos so- frem a perda de credibilidade ou quando as graças geradoras deste prestígio passam por desgastes, deste modo, a dominação só é dura- doura enquanto existir carisma. Quem estabelece as ordens é visado como o líder e os que são dominados por ele, os apóstolos, pupilos, discípulos, fãs, seguidores, etc. O poder é pessoal, isto é, tem a obediência à pessoa através de suas qualidades excepcionais e não pela posição que este se encon- tra ou por uma dignidade que advém pelas tradições. Este modelo de autoridade não provém do reconhecimento, 38 P E N SA D O R E S P O LÍ TI C O S C LÁ SS IC O S E M O D E R N O S - G R U P O P R O M IN A S em outro quadro, a fé e o reconhecimento são apontados como deve- res. É desconhecido o princípio de competência ao nomear seu elenco administrativo, deixando de lado suas qualificações profissionais, além de obter privilégios. Neste modo carismático, o dominador é encarado pelos domi- nados como um indivíduo que é encarregado de uma missão que deve ser cumprida na Terra e, dessa forma, não existe a necessidade de nor- mas e pode ser apontado como alguém que está acima da lei imposta, já que são necessárias somente suas qualificações carismáticas para que seus desígnios sejam realizados. É desprendido da tradição graças à renovação ou revolução que o líder aclama e a aceitação de suas ordenações possui caracte- rísticas obrigatórias, desde que outra, também tendo sua origem no ca- risma, não se coloque oposta, quando existe uma disputa entre líderes, em que somente com carisma e força que passará por comparações e análise, o lado da "verdade” irá ser decidido. Esta representação de autoridade é um dos maiores motivos dados pelas revoluções, pelas quais os seres humanos passam, toda- via, por ter um caráter extremamente pessoal, tem a tendência de se tornar autoritário em sua maneira mais pura. São exemplos de Domina- ção Carismática grandes demagogos, profetas, heróis de guerra. Per- sonagens como Fidel Castro (durante a Revolução Cubana), Gandhi, Antônio Conselheiro, Adolf Hitler, Jesus. MODELOS HISTÓRICOS DE ORGANIZAÇÃO POLÍTICA Durante a pré-história as relações políticas já existiam e eram estabelecidas entre os povos, o que ainda não existiam eram as estrutu- ras e as organizações políticas, estas que somente começaram a existir com o aparecimento das primeiras civilizações. As relações de políticas constantemente foram fundamentais para a sobrevivência dos indivíduos, assegurando o funcionamento de uma conjuntura de integração que fez o homem forte diante da natureza e suas adversidades. Estas relações compreendiam o exercício da política em um sen- tido ampliado, assentido à troca de experiências e transformando o meio conforme suas necessidades e seu conforto. Era exigida a mobilização dos esforços da coletividade que necessita da política como estrutura das múlti- plas opiniões, se adequando aos desejos individuais em função do coletivo. Ao longo da pré-história, os agrupamentos humanos continham líderes que orientavam os esforços do grupo e concretizavam o convenci- 39 P E N SA D O R E S P O LÍ TI C O S C LÁ SS IC O S E M O D E R N O S - G R U P O P R O M IN A S mento, dessa forma, constituindo relações de poder. A principal substân- cia que determinava o poder era a utilização da força física, o guerreiro considerado mais forte e bem-sucedido seria quem governaria. O desenvolvimento possibilitou que o mais sábio também lide- rasse, o ancião ou uma recomendação dos mais velhos conservava a memória do grupo e assumia as decisões. Com o início das primeiras civilizações, a posição de liderança começou a ser praticada através do domínio das estruturas sociais, co- locando em pauta as relações de poder e adequando o ambiente cultu- ral e econômico. Por meio da política, a evolução do ser humano foi en- volvida pelas estruturas que surgiram durante o período da Antiguidade. As maneiras da