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<p>DIREITO APLICADO À</p><p>GESTÃO EMPRESARIAL</p><p>M</p><p>at</p><p>er</p><p>ia</p><p>l p</p><p>ar</p><p>a</p><p>us</p><p>o</p><p>ex</p><p>cl</p><p>us</p><p>ivo</p><p>d</p><p>e</p><p>al</p><p>un</p><p>o</p><p>m</p><p>at</p><p>ric</p><p>ul</p><p>ad</p><p>o</p><p>em</p><p>c</p><p>ur</p><p>so</p><p>d</p><p>e</p><p>Ed</p><p>uc</p><p>aç</p><p>ão</p><p>a</p><p>D</p><p>is</p><p>tâ</p><p>nc</p><p>ia</p><p>d</p><p>a</p><p>Re</p><p>de</p><p>S</p><p>en</p><p>ac</p><p>E</p><p>AD</p><p>, d</p><p>a</p><p>di</p><p>sc</p><p>ip</p><p>lin</p><p>a</p><p>co</p><p>rre</p><p>sp</p><p>on</p><p>de</p><p>nt</p><p>e.</p><p>P</p><p>ro</p><p>ib</p><p>id</p><p>a</p><p>a</p><p>re</p><p>pr</p><p>od</p><p>uç</p><p>ão</p><p>e</p><p>o</p><p>c</p><p>om</p><p>pa</p><p>rti</p><p>lh</p><p>am</p><p>en</p><p>to</p><p>d</p><p>ig</p><p>ita</p><p>l, s</p><p>ob</p><p>a</p><p>s</p><p>pe</p><p>na</p><p>s</p><p>da</p><p>L</p><p>ei</p><p>. ©</p><p>E</p><p>di</p><p>to</p><p>ra</p><p>S</p><p>en</p><p>ac</p><p>S</p><p>ão</p><p>P</p><p>au</p><p>lo</p><p>.</p><p>Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)</p><p>(Simone M. P. Vieira – CRB 8a/4771)</p><p>Bolina, Roberto</p><p>Direito aplicado à gestão empresarial / Roberto Bolina. – 2. ed. –</p><p>São Paulo: Editora Senac São Paulo, 2024. (Série Universitária)</p><p>Bibliografia</p><p>e-ISBN 978-85-396-4583-1 (ePub/2024)</p><p>e-ISBN 978-85-396-4582-4 (PDF/2024)</p><p>1. Direito 2. Direito do trabalho 3. Direito comercial I. Título.</p><p>II. Série.</p><p>24-2146r CDD – 344</p><p>346.7</p><p>BISAC LAW054000</p><p>LAW014010</p><p>Índice para catálogo sistemático</p><p>1. Direito trabalhista 344</p><p>2. Direito comercial 346.7</p><p>DIREITO APLICADO À</p><p>GESTÃO EMPRESARIAL</p><p>Roberto Bolina</p><p>2a edição</p><p>Administração Regional do Senac no Estado de São Paulo</p><p>Presidente do Conselho Regional</p><p>Abram Szajman</p><p>Diretor do Departamento Regional</p><p>Luiz Francisco de A. Salgado</p><p>Superintendente Universitário e de Desenvolvimento</p><p>Luiz Carlos Dourado</p><p>Editora Senac São Paulo</p><p>Conselho Editorial</p><p>Luiz Francisco de A. Salgado</p><p>Luiz Carlos Dourado</p><p>Darcio Sayad Maia</p><p>Lucila Mara Sbrana Sciotti</p><p>Luís Américo Tousi Botelho</p><p>Gerente/Publisher</p><p>Luís Américo Tousi Botelho</p><p>Coordenação Editorial</p><p>Verônica Pirani de Oliveira</p><p>Prospecção</p><p>Dolores Crisci Manzano</p><p>Administrativo</p><p>Marina P. Alves</p><p>Comercial</p><p>Aldair Novais Pereira</p><p>Coordenação de Arte</p><p>Antonio Carlos De Angelis</p><p>Coordenação de E-books</p><p>Rodolfo Santana</p><p>Coordenação de Revisão de Texto</p><p>Marcelo Nardeli</p><p>Acompanhamento Pedagógico</p><p>Otacilia da Paz Pereira</p><p>Designer Educacional</p><p>Nathália Santos</p><p>Revisão Técnica</p><p>Maria José Marcos</p><p>Preparação e Revisão de Texto</p><p>Juliana Ramos Gonçalves</p><p>Projeto Gráfico</p><p>Alexandre Lemes da Silva</p><p>Emília Corrêa Abreu</p><p>Capa</p><p>Antonio Carlos De Angelis</p><p>Editoração Eletrônica</p><p>Stephanie dos Reis Baldin</p><p>Ilustrações</p><p>Stephanie dos Reis Baldin</p><p>Imagens</p><p>Adobe Stock Photos</p><p>Proibida a reprodução sem autorização expressa.</p><p>Todos os direitos desta edição reservados à</p><p>Editora Senac São Paulo</p><p>Av. Engenheiro Eusébio Stevaux, 823 – Prédio Editora</p><p>Jurubatuba – CEP 04696-000 – São Paulo – SP</p><p>Tel. (11) 2187 4450</p><p>editora@sp.senac.br</p><p>https://www.editorasenacsp.com.br</p><p>© Editora Senac São Paulo, 2024</p><p>Sumário</p><p>Capítulo 1</p><p>Noções preliminares</p><p>de direito, 7</p><p>1 Uma visão geral da</p><p>introdução ao direito, 8</p><p>2 Noção de direito, 9</p><p>3 Direito objetivo e</p><p>direito subjetivo, 11</p><p>4 Poderes republicanos na CF/88:</p><p>Executivo, Legislativo e Judiciário, 13</p><p>5 Órgãos Federativos: União,</p><p>estados e municípios, 21</p><p>Considerações finais, 24</p><p>Referências, 24</p><p>Capítulo 2</p><p>Relação jurídica e fontes</p><p>do direito, 27</p><p>1 Relações humanas,</p><p>sociais e pessoais, 28</p><p>2 Elementos da relação jurídica, 29</p><p>3 Fontes do direito, 30</p><p>4 Costume: secundum legem,</p><p>praeter legem e contra legem, 34</p><p>5 Doutrina e jurisprudência, 36</p><p>6 Princípios gerais de direito, 37</p><p>Considerações finais, 38</p><p>Referências, 38</p><p>Capítulo 3</p><p>Interfaces entre direito e</p><p>economia na sociedade, 41</p><p>1 Considerações econômicas,</p><p>sociais e políticas, 42</p><p>2 Noções do pensamento econômico</p><p>e a evolução histórico-econômica</p><p>do mundo ocidental, 46</p><p>3 Ordem econômica e social na</p><p>CF/88: fundamentos e princípios de</p><p>direito econômico no art. 170, 51</p><p>Considerações finais, 59</p><p>Referências, 59</p><p>Capítulo 4</p><p>Sujeitos de direito, fatos, atos</p><p>e negócios jurídicos, 61</p><p>1 Pessoas naturais e jurídicas, 62</p><p>2 Capacidade jurídica, 65</p><p>3 Domicílio, 67</p><p>4 Fatos, atos, negócios jurídicos e</p><p>defeitos dos negócios jurídicos, 69</p><p>5 Noções sobre contratos</p><p>empresariais: compra e venda</p><p>mercantil, colaboração, seguro,</p><p>arrendamento mercantil e contrato</p><p>de transporte de carga, 76</p><p>Considerações finais, 79</p><p>Referências, 79</p><p>6 Direito aplicado à gestão empresarial</p><p>Capítulo 5</p><p>Teoria geral da empresa, 81</p><p>1 Conceito de empresa e</p><p>empresário: teoria da empresa</p><p>e seus princípios, 82</p><p>2 Registro de empresa nos órgãos</p><p>competentes e atos de registro, 88</p><p>3 Estabelecimento empresarial, 90</p><p>4 Nome empresarial, 93</p><p>5 Livros comerciais, 96</p><p>Considerações finais, 98</p><p>Referências, 99</p><p>Capítulo 6</p><p>Organização jurídica da</p><p>empresa, 101</p><p>1 Regime jurídico das</p><p>sociedades empresárias, 102</p><p>2 Tipos societários e características</p><p>dos tipos societários: aspectos</p><p>gerais da sociedade limitada e da</p><p>sociedade anônima, 104</p><p>3 Personalidade jurídica</p><p>e desconsideração da</p><p>personalidade jurídica, 114</p><p>4 Noções de título de crédito, 117</p><p>Considerações finais, 120</p><p>Referências, 120</p><p>Capítulo 7</p><p>Crise da empresa, 121</p><p>1 Caracterização de</p><p>insolvência empresarial, 122</p><p>2 Crise econômica, financeira</p><p>e patrimonial, 124</p><p>3 Falência, 126</p><p>4 Recuperação judicial, 134</p><p>5 Recuperação especial –</p><p>ME e EPP, 137</p><p>6 Recuperação extrajudicial, 138</p><p>Considerações finais, 140</p><p>Referências, 140</p><p>Capítulo 8</p><p>A atividade empresarial</p><p>e o CDC, 143</p><p>1 Conceitos de consumidor</p><p>e fornecedor, 144</p><p>2 Deveres dos fornecedores, 149</p><p>3 Fornecimento defeituoso</p><p>ou viciado, 150</p><p>4 Responsabilidade do</p><p>fornecedor, 152</p><p>5 Publicidade e promoção</p><p>de venda, 158</p><p>6 A Lei do Superendividamento, 161</p><p>Considerações finais, 162</p><p>Referências, 163</p><p>Sobre o autor, 167</p><p>7</p><p>Capítulo 1</p><p>Noções</p><p>preliminares</p><p>de direito</p><p>Neste capítulo, serão abordadas de forma pontual algumas noções</p><p>preliminares do direito, as quais são muito importantes para a área de</p><p>gestão das organizações.</p><p>Primeiramente, serão apresentados os conceitos e as classificações</p><p>do direito, noções que serão fundamentais à compreensão do tema e</p><p>ao estudo dos demais capítulos.</p><p>8 Direito aplicado à gestão empresarial</p><p>Na sequência, serão abordadas as principais particularidades de al-</p><p>guns temas importantes do nosso direito constitucional, como a clás-</p><p>sica divisão dos Poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário) e a organi-</p><p>zação político-administrativa do Brasil.</p><p>O estudo dos temas constantes deste capítulo é de suma importân-</p><p>cia para o profissional da área de gestão, pois lhe permite lidar com as</p><p>questões jurídicas rotineiramente recorrentes no exercício da atividade</p><p>empresária.</p><p>1 Uma visão geral da introdução ao direito</p><p>Inegavelmente, a aprendizagem das noções preliminares do direito</p><p>é muito importante no processo de formação do gestor. Essas noções,</p><p>além de trazerem conhecimentos técnicos necessários à condução</p><p>prudente de qualquer tipo de entidade, seja ela pública ou privada, per-</p><p>mitem que o gestor tenha uma relação jurídica sadia com os colabora-</p><p>dores (empregados ou não), com o Estado, com os investidores nacio-</p><p>nais ou internacionais, enfim, com a sociedade.</p><p>Palaia (2020) afirma que o direito é importante por estar relacionado</p><p>a situações que podemos encontrar a todo momento e em toda parte.</p><p>Sobre isso, o autor observa:</p><p>O Direito resguarda, defende, ampara, protege e serve o indivíduo</p><p>em todos os momentos. Agimos ou nos abstemos de agir de algu-</p><p>ma maneira no que diz respeito ao Direito. Ele regula as relações</p><p>dos indivíduos em sociedade, se apossa do sujeito e o mantém</p><p>sob proteção, mas o considera parte da sociedade, até porque o</p><p>Direito e sociedade se pressupõem. Onde existe sociedade, existe</p><p>o Direito. (Palaia, 2020, p. 21-24)</p><p>Embora haja no campo da filosofia discussões acerca da relação</p><p>entre o direito e a moral, é importante ressaltar que tais conceitos apre-</p><p>sentam distinções que são muito significativas. Em resumo, enquanto o</p><p>9Noções preliminares de direito</p><p>direito é exercido de forma compulsória, a moral pode ser exercida livre-</p><p>mente pelos indivíduos, ou seja, sem qualquer possibilidade de coerção.</p><p>A respeito da distinção entre direito e moral, Palaia (2020, p. 24-27)</p><p>afirma:</p><p>A Moral é unilateral e o Direito é bilateral. A Moral indica um de-</p><p>ver, mas não impõe regras, mas não há imperatividade de uma</p><p>ordem superior externa</p><p>que lhe imponha repressão. A penalidade</p><p>pelo descumprimento da regra é apenas de consciência, como</p><p>o remorso ou a inquietação, que são interiores e subjetivos. Já o</p><p>descumprimento da regra de Direito implica sanção e repressão</p><p>externa e objetiva. Para o Direito, no campo por ele regido, o com-</p><p>portamento do sujeito é sempre levado em consideração tendo</p><p>em vista o comportamento do outro. De um lado, impõe-se uma</p><p>obrigação; de outro, atribui-se uma possibilidade ou pretensão. A</p><p>coercibilidade imposta pela norma, isto é, a possibilidade de cons-</p><p>tranger alguém a cumprir a regra, é uma característica privativa do</p><p>Direito. As regras da Moral vivem principalmente na consciência</p><p>individual, de maneira difusa, enquanto as regras do Direito são</p><p>formuladas em códigos e leis.</p><p>Portanto, a moral é diferente do direito, uma vez que a consequência</p><p>pelo descumprimento de um dever moral repercute na consciência ínti-</p><p>ma do indivíduo, enquanto o descumprimento de uma regra positivada</p><p>pelo direito pode ensejar penalidades impostas pelo Estado.</p><p>Como muito bem observado por Venosa (2007, p. 6), o direito “se</p><p>constitui, e, portanto, busca dar uma resposta às condutas humanas</p><p>por meio de normas”.</p><p>2 Noção de direito</p><p>Segundo o dicionário Michaelis, a palavra “direito” pode ser tanto um</p><p>adjetivo quanto um substantivo masculino. Seus significados são, por</p><p>exemplo: “que segue ou se estende em linha reta”, “diz-se de pessoa</p><p>10 Direito aplicado à gestão empresarial</p><p>íntegra, honrada”, “conforme os costumes e a ética; justo”, “indivíduo</p><p>que segue os bons costumes”, “autorização legal para a realização de</p><p>uma ação”, “ciência das leis tribunais superiores, adaptando as normas</p><p>às relações dos homens em sociedade”, “complexo de leis vigentes em</p><p>um país”, etc. (Direito, 2015). Além disso, a palavra “direito” pode ser</p><p>compreendida nas seguintes acepções:</p><p>I. Direito como norma: trata-se da acepção mais comum, uma vez</p><p>que a maioria da doutrina jurídica compreende o direito como lei</p><p>ou como um conjunto de leis. Segundo Palaia (2020, p. 24-27),</p><p>um exemplo de emprego desta acepção é: “o Direito brasileiro</p><p>acolhe o divórcio”.</p><p>II. Direito como faculdade: trata-se do reconhecimento de que o</p><p>sujeito tem a faculdade de agir de acordo com a lei. Por exemplo,</p><p>podemos citar o direito à propositura de uma ação de indeniza-</p><p>ção por danos morais, conferido ao sujeito que teve sua honra</p><p>abalada pela inscrição indevida de seu nome nos órgãos de pro-</p><p>teção ao crédito.</p><p>III. Direito como justo: trata-se da acepção relacionada ao conceito</p><p>de justiça. Por exemplo, a Constituição Federal assegura ao em-</p><p>pregado o direito de receber um salário.</p><p>IV. Direito como ciência: trata-se da acepção do direito enquanto</p><p>um dos ramos das ciências sociais, destinado ao estudo das leis</p><p>e normas jurídicas. Por exemplo, cabe ao direito ambiental o es-</p><p>tudo sobre as normas protetivas ao meio ambiente.</p><p>V. Direito como fato social: trata-se da compreensão do direito</p><p>como um fenômeno social, que interfere no desenvolvimento da</p><p>sociedade ante as normas que regulam sua existência.</p><p>Para os fins propostos neste livro, os capítulos abordarão o direito</p><p>positivo, que, nas palavras de Palaia (2020, p. 24-27), trata-se de “um</p><p>11Noções preliminares de direito</p><p>sistema de normas jurídicas que em um determinado momento histó-</p><p>rico e em determinado território, regula as relações de uma sociedade”.</p><p>Dessa forma, apresentadas as noções essenciais, passaremos a</p><p>abordar a divisão do direito, criada pela doutrina, com o objetivo de fa-</p><p>cilitar o estudo e a compreensão das normas que integram o ordena-</p><p>mento jurídico brasileiro.</p><p>3 Direito objetivo e direito subjetivo</p><p>Em razão dos diversos sentidos a partir dos quais a palavra direito</p><p>pode ser compreendida, a doutrina costuma distinguir o direito objetivo</p><p>do direito subjetivo.</p><p>O direito objetivo consiste em um conjunto de normas jurídicas de</p><p>caráter obrigatório para os sujeitos a elas vinculados. Nesta acepção,</p><p>adota-se a expressão latina ius est norma agendi, ou seja, o direito en-</p><p>quanto regra.</p><p>Por sua vez, o direito subjetivo consiste na faculdade conferida ao</p><p>titular do direito de exigir algo de acordo com as normas jurídicas exis-</p><p>tentes. A respeito do direito subjetivo, observam Donizetti e Quintella</p><p>(2020, p. 3):</p><p>[...] Cuida-se da faculdade de um sujeito realizar uma conduta co-</p><p>missiva (ação) ou omissiva (omissão) ou exigi-la de outro sujeito.</p><p>Do direito subjetivo dizem os romanistas: ius est facultas agendi</p><p>(direito é a faculdade de agir). Por se tratar de faculdade, o exercício</p><p>efetivo de um direito subjetivo depende da vontade do próprio su-</p><p>jeito; ninguém pode forçar outrem a exercer direito subjetivo.</p><p>12 Direito aplicado à gestão empresarial</p><p>3.1 Divisão do direito positivo: direito público;</p><p>direito privado</p><p>Antes de nos aprofundarmos na divisão do direito positivo, cumpre</p><p>ressaltar que ele não pode ser confundido com o direito natural. Isso</p><p>porque o direito natural, também conhecido como jusnaturalismo, tem</p><p>como premissa a prevalência da lei natural sobre as leis criadas pelo</p><p>Estado (direito positivo), por exemplo, o direito à vida.</p><p>O critério da divisão do direito em público ou privado teve origem na</p><p>legislação do Império Romano, notadamente o Institutas de Justiniano</p><p>e o Digesto de Ulpiano.</p><p>O direito público consiste no ramo jurídico no qual predomina o inte-</p><p>resse público. Nas palavras de Palaia (2020, p. 29-31), “o Direito Público</p><p>é uma disciplina de relações jurídicas de subordinação em que o inte-</p><p>resse público seja prevalente e imediato”.</p><p>Como exemplos de relações que envolvem o direito público, pode-</p><p>mos citar o direito do Estado de punir (direito penal) e de cobrar tributos</p><p>para abastecer os cofres públicos e investir em políticas públicas (direi-</p><p>to tributário).</p><p>Por outro lado, o direito privado consiste no ramo do direito objetivo</p><p>que disciplina os interesses particulares dos sujeitos, sejam eles pes-</p><p>soas naturais ou pessoas jurídicas. Podemos citar como exemplo um</p><p>contrato de compra e venda de automóvel, segundo o qual tanto o ven-</p><p>dedor quanto o comprador possuem direitos e deveres previstos na lei.</p><p>Por fim, Palaia (2020) faz uma importante observação acerca da</p><p>existência da relação de direito privado em situações nas quais o Estado</p><p>está presente em um dos polos. Vejamos:</p><p>Será relação de Direito Privado entre o Estado e o cidadão, por</p><p>exemplo, a realização de um contrato de fornecimento de bens por</p><p>13Noções preliminares de direito</p><p>um particular ao Governo, ou um acidente de trânsito entre veículo</p><p>de uma empresa industrial e veículo de um órgão do Estado. Tra-</p><p>ta-se aí de relações jurídicas de natureza privada, eis que o Esta-</p><p>do não está usando seu poder estatal, mas participando de uma</p><p>relação de mesmo nível hierárquico dos cidadãos (Palaia, 2020,</p><p>p. 35-38).</p><p>Como exemplos de normas aplicáveis às relações de direito privado,</p><p>temos aquelas que são inerentes ao direito civil (herança, direitos sobre</p><p>propriedade, etc.) e ao direito empresarial (títulos de crédito, falência e</p><p>recuperação judicial, contratos comerciais, etc.).</p><p>4 Poderes republicanos na CF/88: Executivo,</p><p>Legislativo e Judiciário</p><p>Antes de nos aprofundarmos na divisão dos Poderes, prevista na</p><p>Constituição da República Federativa do Brasil (CF) de 1988, faremos</p><p>uma breve exposição histórica. Inicialmente, cabe ressaltar que a teoria</p><p>da separação dos poderes foi criada por Aristóteles, sendo aperfeiçoa-</p><p>da muito tempo depois por Locke e Montesquieu. Como bem observa-</p><p>do por Lenza (2008, p. 291):</p><p>As primeiras bases teóricas para a “tripartição de Poderes” foram</p><p>lançadas na Antiguidade grega por Aristóteles, em sua obra Polí-</p><p>tica, através da qual o pensador vislumbrava a existência de três</p><p>funções distintas exercidas pelo poder soberano, quais sejam, a</p><p>função de editar normas gerais a serem observadas por todos, a</p><p>de aplicar as referidas normas ao caso concreto (administrando)</p><p>e</p><p>a função de julgamento, dirimindo os conflitos oriundos da execu-</p><p>ção das normas gerais nos casos concretos.</p><p>Posteriormente, Montesquieu, em sua obra O espírito das leis, con-</p><p>cebeu a teoria de que cada Poder tem como atribuição o exercício de</p><p>uma função típica, com atuação de forma independente e autôno-</p><p>ma. Ou seja, segundo tal teoria, cabe ao Poder Executivo governar e</p><p>14 Direito aplicado à gestão empresarial</p><p>administrar a máquina estatal, observando os interesses coletivos; ao</p><p>Poder Legislativo cabe a criação das leis; e ao Poder Judiciário cabe a</p><p>resolução dos conflitos de interesses submetidos à sua apreciação, por</p><p>meio de um julgamento, com base no ordenamento jurídico vigente. A</p><p>esse respeito, observa Lenza (2008, p. 291):</p><p>O grande avanço trazido por Montesquieu não foi a identificação</p><p>do exercício de três funções estatais. De fato, partindo desse pres-</p><p>suposto aristotélico, o grande pensador francês inovou, dizendo</p><p>que tais funções estariam intimamente conectadas a três órgãos</p><p>distintos, autônomos e independentes entre si. Cada função cor-</p><p>responderia a um órgão, não mais se concentrando nas mãos</p><p>únicas do soberano. Tal teoria surge em contraposição ao abso-</p><p>lutismo, servindo de base estrutural para o desenvolvimento de</p><p>diversos movimentos como as revoluções americana e francesa,</p><p>consagrando-se na Declaração Francesa dos Direitos do Homem</p><p>e Cidadão, em seu art. 16.</p><p>O exercício de tais atividades, de forma independente e autônoma,</p><p>por cada um dos Poderes ensejou o surgimento do sistema dos freios e</p><p>contrapesos, típico de um Estado democrático de direito, como o Brasil.</p><p>Em suma, nesse sistema, um Poder pode ser controlado por outro</p><p>Poder, evitando-se, assim, a concentração de poder em um único órgão,</p><p>o que concede maior segurança jurídica aos indivíduos. Por exemplo,</p><p>o Poder Judiciário, mediante prévia provocação (propositura de ação</p><p>judicial), pode declarar a inconstitucionalidade de uma lei criada pelo</p><p>Poder Legislativo e sancionada pelo Poder Executivo.</p><p>O Brasil é um país que adota a divisão dos Poderes, sendo tal asser-</p><p>tiva corroborada pelo artigo 2º da Constituição Federal, que determi-</p><p>na que “são Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o</p><p>Legislativo, o Executivo e o Judiciário” (Brasil, 1988).</p><p>Cabe ressaltar que, além das funções típicas exercidas por cada</p><p>Poder, há a possibilidade de exercício de funções atípicas. Sendo assim,</p><p>15Noções preliminares de direito</p><p>o Poder Legislativo tem a possibilidade de julgar (o Senado é o respon-</p><p>sável pelo julgamento do presidente da República nos crimes de res-</p><p>ponsabilidade, denominado processo de impeachment) ou de exercer</p><p>atos de natureza executiva (contratação de servidores públicos após</p><p>aprovação em concurso de provas e títulos). Já o Poder Executivo tem</p><p>a possibilidade de julgar (a União Federal julga os recursos administra-</p><p>tivos interpostos pelos contribuintes, com relação aos tributos de sua</p><p>competência) e de exercer atos legislativos (o presidente da República</p><p>pode criar medidas provisórias, uma das espécies normativas). Por fim,</p><p>o Poder Judiciário tem a possibilidade de legislar (cada tribunal pode</p><p>editar um regimento interno) e de praticar atos de natureza executiva</p><p>(contratar, mediante prévia licitação, uma empresa privada para a refor-</p><p>ma de seus prédios).</p><p>Estudada a teoria da divisão dos Poderes, passaremos agora a abor-</p><p>dar as peculiaridades de cada um deles.</p><p>4.1 Poder Executivo</p><p>Trata-se do órgão cuja função principal, prevista na CF/88, é o exer-</p><p>cício dos atos de chefia de Estado (somente na esfera federal), de go-</p><p>verno e de administração. Na esfera federal, o Poder Executivo é exer-</p><p>cido pelo presidente da República. No âmbito dos estados e do Distrito</p><p>Federal, o referido poder é exercido pelo governador. Na esfera munici-</p><p>pal, o Poder Executivo é exercido pelo prefeito.</p><p>O presidente da República, os governadores e os prefeitos, com seus</p><p>respectivos vices, são eleitos por meio do voto no sistema majoritário.</p><p>Ou seja, o candidato ao cargo máximo do Poder Executivo que obtiver</p><p>o maior número de votos (no mínimo 50%), de forma simples, vence a</p><p>eleição em primeiro turno. Caso contrário, haverá um segundo turno</p><p>com os dois candidatos mais bem votados, alcançando a vitória aquele</p><p>que conseguir atingir a metade dos votos (50%) mais um.</p><p>https://www.politize.com.br/historia-do-voto-no-brasil/</p><p>https://www.politize.com.br/sistema-eleitoral-brasileiro/</p><p>https://www.politize.com.br/bom-candidato-o-que-e/</p><p>16 Direito aplicado à gestão empresarial</p><p>Entretanto, no caso de prefeitos, há uma exceção: nos municípios</p><p>com menos de 200.000 habitantes, vencerá o candidato que obtiver o</p><p>maior número de votos válidos no primeiro turno, independentemente</p><p>do percentual atingido.</p><p>O prazo do mandato para o exercício de tais cargos é de quatro anos,</p><p>permitindo-se a reeleição para um único período subsequente.</p><p>Em caso de impossibilidade de exercício do cargo, o presidente, o</p><p>governador ou o prefeito poderão ser substituídos por seus respectivos</p><p>vices. Como exemplos nos quais os vices assumem os cargos princi-</p><p>pais, podemos citar os casos de morte, cassação, renúncia, doença dos</p><p>titulares do Poder Executivo, etc.</p><p>4.2 Poder Legislativo</p><p>Trata-se do órgão responsável pelo exercício das atividades típicas</p><p>de legislar e fiscalizar o Poder Executivo, sendo auxiliado pelos Tribunais</p><p>de Contas.</p><p>O Poder Legislativo dos estados, do Distrito Federal e dos municípios</p><p>adota o sistema unicameral, já que os respectivos órgãos detentores da</p><p>competência de legislar são compostos por apenas uma casa legislati-</p><p>va, a qual nos estados é a Assembleia Legislativa; no Distrito Federal, a</p><p>Câmara Legislativa; e nos municípios, a Câmara dos Vereadores.</p><p>Na esfera federal, o Poder Legislativo é exercido pelo Congresso</p><p>Nacional, composto pela Câmara dos Deputados e o Senado Federal.</p><p>Isso significa que a Constituição Federal, ao prever o funcionamento</p><p>de duas casas legislativas (Câmara dos Deputados e Senado Federal,</p><p>previstos no artigo 44), adota o sistema bicameral.</p><p>A Câmara dos Deputados é constituída pelos deputados fede-</p><p>rais, considerados representantes do povo, eleitos por meio de siste-</p><p>ma proporcional de votos, o qual leva em consideração o tamanho da</p><p>17Noções preliminares de direito</p><p>população, de modo que nenhum estado tenha menos de 8 ou mais de</p><p>70 parlamentares. Já o Senado Federal é constituído pelos senadores,</p><p>considerados representantes dos estados e do Distrito Federal, eleitos</p><p>por meio do sistema majoritário (maior número de votos dentro do es-</p><p>tado ou Distrito Federal). Enquanto o mandato dos deputados federais</p><p>tem um prazo de 4 anos, o mandato dos senadores perdura por 8 anos,</p><p>cabendo salientar que, em ambos os casos, são eleitos pelos votos dos</p><p>respectivos habitantes do estado ou do Distrito Federal.</p><p>Figura 1 – Congresso Nacional</p><p>Para que as leis sejam criadas na esfera federal, os deputados fe-</p><p>derais e senadores devem observar o processo legislativo previsto nos</p><p>artigos 59 a 69 da Constituição Federal.</p><p>Segundo o artigo 59 da Constituição Federal (Brasil, 1988), o proces-</p><p>so legislativo compreende as seguintes espécies normativas:</p><p>18 Direito aplicado à gestão empresarial</p><p>• Emenda à Constituição: consiste em alteração promovida no</p><p>corpo da Constituição Federal. Sua proposta de criação não pode</p><p>infringir direitos e garantias fundamentais, abolir a separação dos</p><p>Poderes, a forma federativa de Estado, etc. Em razão da relevân-</p><p>cia da matéria, a aprovação da emenda à Constituição depende</p><p>da discussão e votação em cada uma das casas (Câmara dos</p><p>Deputados e Senado Federal), em dois turnos, devendo ter em</p><p>cada turno o voto de 3/5 dos respectivos membros.</p><p>• Lei complementar: trata-se de lei que regulamenta determina-</p><p>da matéria expressamente prevista pela Constituição Federal,</p><p>como a Lei de Responsabilidade Fiscal (Lei Complementar n.º</p><p>101/2000), que estabelece normas</p><p>os estados são caracterizados pelas capacidades</p><p>de auto-organização (por meio das leis e Constituições Estaduais) e</p><p>autogoverno (possuem os próprios Poderes Executivo, Legislativo e</p><p>Judiciário). Os estados são entes autônomos.</p><p>23Noções preliminares de direito</p><p>De acordo com o artigo 26 da Constituição Federal, podemos desta-</p><p>car os seguintes bens dos estados: “I – as águas superficiais ou subter-</p><p>râneas, fluentes, emergentes e em depósito, ressalvadas, neste caso, na</p><p>forma da lei, as decorrentes de obras da União; [...] III – as ilhas fluviais</p><p>e lacustres não pertencentes à União” (Brasil, 1988).</p><p>A Constituição Federal, em seu artigo 24, prevê a possibilidade de o</p><p>estado legislar concorrentemente com a União, destacando-se as se-</p><p>guintes matérias:</p><p>I – direito tributário, financeiro, penitenciário, econômico e urbanís-</p><p>tico; […] III – juntas comerciais; IV – custas dos serviços forenses;</p><p>[…] VI – florestas, caça, pesca, fauna, conservação da natureza, de-</p><p>fesa do solo e dos recursos naturais, proteção do meio ambiente e</p><p>controle da poluição; […] VIII – responsabilidade por dano ao meio</p><p>ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de valor artístico, esté-</p><p>tico, histórico, turístico e paisagístico; […] IX – educação, cultura,</p><p>ensino, desporto, ciência, tecnologia, pesquisa, desenvolvimento</p><p>e inovação; […] XI – procedimentos em matéria processual; XII –</p><p>previdência social, proteção e defesa da saúde; […] XIV – proteção</p><p>e integração social das pessoas portadoras de deficiência; XV –</p><p>proteção à infância e à juventude (Brasil, 1988).</p><p>Por fim, os municípios também são pessoas jurídicas de direito pú-</p><p>blico interno dotadas de autonomia, em razão das capacidades de au-</p><p>to-organização (por meio da Lei Orgânica), de autogoverno (Poderes</p><p>Executivo e Legislativo) e de auto-administração. De acordo com o ar-</p><p>tigo 30 da Constituição Federal, podemos destacar as seguintes com-</p><p>petências dos municípios:</p><p>I – legislar sobre assuntos de interesse local; […] III – instituir e ar-</p><p>recadar os tributos de sua competência, bem como aplicar suas</p><p>rendas, sem prejuízo da obrigatoriedade de prestar contas e pu-</p><p>blicar balancetes nos prazos fixados em lei; […] V – organizar e</p><p>prestar, diretamente ou sob regime de concessão ou permissão,</p><p>os serviços públicos de interesse local, incluído o de transporte</p><p>coletivo, que tem caráter essencial; […] IX – promover, no que cou-</p><p>24 Direito aplicado à gestão empresarial</p><p>ber, adequado ordenamento territorial, mediante planejamento e</p><p>controle do uso, do parcelamento e da ocupação do solo urbano</p><p>(Brasil, 1988).</p><p>Considerações finais</p><p>Neste primeiro capítulo, foram abordadas as noções preliminares do</p><p>direito, que são muito importantes por servirem de base ao estudo dos</p><p>demais capítulos.</p><p>Além disso, o estudo das matérias previstas na Constituição Federal</p><p>– consistentes na divisão dos Poderes e na organização do Estado,</p><p>com as peculiaridades de cada um dos Poderes –, bem como das com-</p><p>petências de cada ente da Federação, é muito importante para o estu-</p><p>dante não confundir as funções de cada Poder ou as competências de</p><p>cada ente federativo.</p><p>Inegavelmente, o conteúdo deste capítulo tem como objetivo faci-</p><p>litar a aplicação dos conceitos de direito no dia a dia da gestão das</p><p>organizações.</p><p>Referências</p><p>BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília:</p><p>Presidência da República, 1988. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/cci-</p><p>vil_03/constituicao/constituicao.htm. Acesso em: 23 jan. 2024.</p><p>DIREITO. In: Michaelis: dicionário brasileiro da língua portuguesa. São Paulo:</p><p>Melhoramentos, 2015. Disponível em: https://michaelis.uol.com.br/moderno-</p><p>portugues/busca/portugues-brasileiro/direito/. Acesso em: 23 jan. 2024.</p><p>DONIZETTI, Elpídio; QUINTELLA, Felipe. Curso de direito civil. 9. ed. São Paulo:</p><p>Atlas, 2020.</p><p>LENZA, Pedro. Direito constitucional esquematizado. 12. ed. São Paulo:</p><p>Saraiva, 2008.</p><p>25Noções preliminares de direito</p><p>PALAIA, Nelson. Noções essenciais de direito. 6. ed. São Paulo: Saraiva, 2020.</p><p>E-book.</p><p>PAULO, Vicente; ALEXANDRINO, Marcelo. Direito constitucional descomplica-</p><p>do. 15. ed. São Paulo: Método, 2016.</p><p>VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito civil: parte geral. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2007.</p><p>(Coleção Direito civil, v. 1.)</p>os estados são caracterizados pelas capacidades de auto-organização (por meio das leis e Constituições Estaduais) e autogoverno (possuem os próprios Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário). Os estados são entes autônomos. 23Noções preliminares de direito De acordo com o artigo 26 da Constituição Federal, podemos desta- car os seguintes bens dos estados: “I – as águas superficiais ou subter- râneas, fluentes, emergentes e em depósito, ressalvadas, neste caso, na forma da lei, as decorrentes de obras da União; [...] III – as ilhas fluviais e lacustres não pertencentes à União” (Brasil, 1988). A Constituição Federal, em seu artigo 24, prevê a possibilidade de o estado legislar concorrentemente com a União, destacando-se as se- guintes matérias: I – direito tributário, financeiro, penitenciário, econômico e urbanís- tico; […] III – juntas comerciais; IV – custas dos serviços forenses; […] VI – florestas, caça, pesca, fauna, conservação da natureza, de- fesa do solo e dos recursos naturais, proteção do meio ambiente e controle da poluição; […] VIII – responsabilidade por dano ao meio ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de valor artístico, esté- tico, histórico, turístico e paisagístico; […] IX – educação, cultura, ensino, desporto, ciência, tecnologia, pesquisa, desenvolvimento e inovação; […] XI – procedimentos em matéria processual; XII – previdência social, proteção e defesa da saúde; […] XIV – proteção e integração social das pessoas portadoras de deficiência; XV – proteção à infância e à juventude (Brasil, 1988). Por fim, os municípios também são pessoas jurídicas de direito pú- blico interno dotadas de autonomia, em razão das capacidades de au- to-organização (por meio da Lei Orgânica), de autogoverno (Poderes Executivo e Legislativo) e de auto-administração. De acordo com o ar- tigo 30 da Constituição Federal, podemos destacar as seguintes com- petências dos municípios: I – legislar sobre assuntos de interesse local; […] III – instituir e ar- recadar os tributos de sua competência, bem como aplicar suas rendas, sem prejuízo da obrigatoriedade de prestar contas e pu- blicar balancetes nos prazos fixados em lei; […] V – organizar e prestar, diretamente ou sob regime de concessão ou permissão, os serviços públicos de interesse local, incluído o de transporte coletivo, que tem caráter essencial; […] IX – promover, no que cou- 24 Direito aplicado à gestão empresarial ber, adequado ordenamento territorial, mediante planejamento e controle do uso, do parcelamento e da ocupação do solo urbano (Brasil, 1988). Considerações finais Neste primeiro capítulo, foram abordadas as noções preliminares do direito, que são muito importantes por servirem de base ao estudo dos demais capítulos. Além disso, o estudo das matérias previstas na Constituição Federal – consistentes na divisão dos Poderes e na organização do Estado, com as peculiaridades de cada um dos Poderes –, bem como das com- petências de cada ente da Federação, é muito importante para o estu- dante não confundir as funções de cada Poder ou as competências de cada ente federativo. Inegavelmente, o conteúdo deste capítulo tem como objetivo faci- litar a aplicação dos conceitos de direito no dia a dia da gestão das organizações. Referências BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília: Presidência da República, 1988. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/cci- vil_03/constituicao/constituicao.htm. Acesso em: 23 jan. 2024. DIREITO. In: Michaelis: dicionário brasileiro da língua portuguesa. São Paulo: Melhoramentos, 2015. Disponível em: https://michaelis.uol.com.br/moderno- portugues/busca/portugues-brasileiro/direito/. Acesso em: 23 jan. 2024. DONIZETTI, Elpídio; QUINTELLA, Felipe. Curso de direito civil. 9. ed. São Paulo: Atlas, 2020. LENZA, Pedro. Direito constitucional esquematizado. 12. ed. São Paulo: Saraiva, 2008. 25Noções preliminares de direito PALAIA, Nelson. Noções essenciais de direito. 6. ed. São Paulo: Saraiva, 2020. E-book. PAULO, Vicente; ALEXANDRINO, Marcelo. Direito constitucional descomplica- do. 15. ed. São Paulo: Método, 2016. VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito civil: parte geral. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2007. (Coleção Direito civil, v. 1.)