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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ - UECE CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE - CCS CURSO DE BACHARELADO EM ENFERMAGEM DISCIPLINA DE SAÚDE DA MULHER Revisões de Saúde da Mulher 1° Módulo Sumário: O papel do enfermeiro na rede cegonha............................................................................................. n°1. O cuidado à saúde da mulher no Brasil - Marcos teóricos e políticos...................................................... n°2. Os condicionantes e determinantes de saúde da mulher nas políticas públicas brasileiras........................... n°3. Autocuidado e sexualidade feminina................................................................................................. n°4. Cuidado à saúde mental da mulher................................................................................................... n°5. Distúrbios do assoalho pélvico........................................................................................................ n°6. Enfrentamento à violência contra a mulher........................................................................................ n°7. Planejamento reprodutivo e a atuação do enfermeiro.......................................................................... n°8. Câncer de mama............................................................................................................................. n°9. Câncer ginecológico....................................................................................................................... n°10. ISTs: Prevenção, diagnóstico e tratamento........................................................................................ n°11. Laudos e tratamento de corrimento vaginal e vulvovaginites................................................................ n°12. Profilaxia da transmissão vertical do HIV, hepatite, sífilis congênita e testes rápidos............................... n°13. Distúrbios benignos do sistema reprodutor feminino e queixas gionecológicas frequentes......................... n°14. Qualidade de vida da mulher no climatério........................................................................................ n°15. Políticas de Saúde Organizado por: Alana , Caren e Júlia. Lançada em 2011 e visando garantir as mulheres acesso ao planejamento reprodutivo, atenção humanizada na gravidez, parto, abortamento e puerpério. e as crianças o direito ao nascimento seguro, crescimento e desenvolvimento saudável Rede Cegonha Com as seguintes diretrizes: Fomentar a implementação de novo modelo de atenção à saúde da mulher e da criança com foco na atenção ao parto, nascimento, crescimento e desenvolvimento da criança de zero a 24 meses; Organizar a Rede de Atenção à Saúde Materna e Infantil para que esta garanta acesso, acolhimento e resolutividade, Reduzir a mortalidade materna e infantil com Com as seguintes objetivos: Com os seguintes componentes: Pré- Natal Parto e Nascimento Puerperio e Atenção Integral à Saúde da Criança Sistema logístico: Transporte sanitário e Regulação Dispõe sobre a Regulamentação do Exercício da Enfermagem, e dá outras Providências. Lei 7.498, de 25 de junho de 1986 Garantir acolhimento com classificação de risco, ampliação do acesso e melhoria da qualidade do pré-natal; Vinculação da gestante à unidade de referência e ao transporte seguro; Incorporação das boas práticas na atenção ao parto e ao nascimento; Garantia da atenção à saúde das crianças de 0 a 24 meses com qualidade e resolutividade; Garantia de acesso às ações do Planejamento Reprodutivo. g) assistência de enfermagem à gestante, parturiente e puérpera; h) acompanhamento da evolução e do trabalho de parto; i) execução do parto sem distocia; j) educação visando à melhoria de saúde da população. Parágrafo único. Às profissionais referidas no inciso II, do art.6º, desta Lei incumbe, ainda: a) assistência à parturiente e ao parto normal; b) identificação das distocias obstétricas e tomada de providências até a chegada do médico; c) realização de episiotomia e episiorrafia e aplicação de anestesia local, quando necessária. Com integrante da equipe de saúde: Conferências Internacionais em Saúde 1. Conferências Internacionais em Saúde da Mulher 2. II Conferência Internacional dos Direitos Humanos 3. Conferência Internacional de População e Desenvolvimento - CIPD (Cairo, 1994):4. Concepção de Saúde reprodutiva como direito humano. “Direitos reprodutivos”, contemplando o direito à liberdade de escolha do número de filhos e seu espaçamento. Marcos internacionais Evolução das políticas 1940: Criação do Departamento Nacional da Criança 1975: Programa materno-infantil, que continha delineamentos gerais sobre proteção e assistência materno-infantil e buscava englobar cuidados ao período pré-concepcional, pré-natal, parto e puerpério. 1980: No auge do movimento feminista brasileiro, os programas iniciais destinados à saúde da mulher são fortemente criticados, uma vez que a mulher tinha acesso apenas a alguns cuidados de saúde no ciclo gravídico-puerperal, ficando sem assistência na maior parte de sua vida. 1984: Criação do Programa de Assistência Integral à Saúde da Mulher (PAISM), marcando, especialmente, uma ruptura conceitual com os princípios norteadores da política de saúde das mulheres e os critérios para escolha de prioridades neste campo 1988: A história recente da saúde no Brasil tem como marco a Constituição Federal de 1988, que deu nascimento ao Sistema Único de Saúde (SUS). 2000: Programa Nacional de Humanização (PNHPN) 2002: Programa Viva Mulher 2004: Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Mulher. 2005: Política Nacional de Atenção Obstétrica e Neonatal 2011: Rede Cegonha Programa de Assistência Integral à Saúde da Mulher (PAISM) Boa parte do movimento foi impulsionado e organizado por mulheres. Passou a compreender um novo conceito de atenção à saúde que tem nas mulheres não mais objetos reprodutivos das ações de saúde materno-infantil ou de sua exclusão, e sim sujeitos ativos no cuidado de sua saúde, em todos os ciclos da vida, e para quem a reprodução é um direito e não dever ou desígnio. Possui diretrizes as propostas de descentralização, hierarquização e regionalização dos serviços; O novo programa para a saúde da mulher incluía ações educativas, preventivas, de diagnóstico, tratamento e recuperação, Englobando a assistência à mulher em: Clínica ginecológica Pré-natal Parto e puerpério Climatério Planejamento familiar DST Câncer de colo de útero e de mama Além de outras necessidades identificadas a partir do perfil populacional das mulheres A situação de saúde envolve diversos aspectos da vida, como a relação com o meio ambiente, o lazer, a alimentação e as condições de trabalho, moradia e renda. No caso das mulheres, os problemas são agravados pela discriminação nas relações de trabalho e a sobrecarga com as responsabilidades com o trabalho doméstico. Reflete o compromisso com a implementação de ações de saúde que contribuam para a garantia dos direitos humanos das mulheres e reduzam a morbimortalidade por causas preveníveis e evitáveis Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Mulher (PNAISM) - 2004: A Política de Atenção à Saúde da Mulher deverá atingir as mulheres em todos os ciclos de vida, resguardadas as especificidades das diferentes faixas etárias e dos distintos grupos populacionais Diretrizes A atenção integral à saúde da mulher refere-se ao conjunto de ações de promoção, proteção, assistência e recuperação da saúde, executadas nos diferentes níveis de atenção à saúde O SUS deverá garantir o acesso das mulheres a todos os níveis de atenção à saúde A atenção integral à saúde da mulher compreende o atendimento à mulher a partir de uma percepção ampliada de seu contexto de vida Objetivos Gerais Promover a melhoria das condições de vida e saúde das mulheres brasileiras, mediante a garantia de direitos legalmente constituídos e ampliação do acesso aos meios e serviços de promoção, prevenção, assistênciacontra as DST/HIV/Aids. Pós- parto A orientação para uso de métodos anticoncepcionais no pós-parto deve considerar se vai ser ou não ser estabelecida a amamentação exclusiva com leite materno, pois alguns métodos anticoncepcionais interferem na amamentação. Planejamento reprodutivo Pós abortamento Os anticoncepcionais hormonais (pílulas, injetáveis, entre outros) podem ser iniciados imediatamente após o aborto. Podem ser administrados entre o dia do esvaziamento e o 5º dia pós-abortamento. DIU O DIU pode ser inserido imediatamente após aborto espontâneo ou induzido, em mulheres sem nenhum sinal ou suspeita de infecção. No abortamento que ocorreu no 2º trimestre da gestação, há preocupação pelo risco maior de expulsão. O DIU está contraindicado para os casos que cursaram com septicemia, até três meses após a cura, e para mulheres com risco aumentado para DST/HIV. Diafragma O diafragma é um bom método para mulheres motivadas a usá-lo e bem orientadas, mas é preciso repetir a medida do diafragma após abortamento. Métodos comportamentais Os métodos comportamentais (tabela, muco cervical, temperatura basal, entre outros) só poderão ser usados após o estabelecimento de ciclos menstruais regulares. Anticoncepcionais hormonais 21, 22 ou 28 comprimidos, iniciando o uso no 1° dia de menstruação ou até o 5° dia, e cessando durante alguns dias para a “menstruação”. Estrogênio + progesterona; É o método anticoncepcional mais utilizado em todo o mundo; Proporcionam ciclos menstruais mais regulares, com menor fluxo de sangue e uma quantidade de dias reduzida; Não há necessidade de pausas para “descanso”; Diminuem a incidência de gravidez ectópica, miomas uterinos, cistos ovarianos; A fertilidade retorna logo após a interrupção do uso. Mecanismo de ação: Inibem a ovulação e tornam o muco cervical mais espesso para dificultar a passagem do espermatozoide. Além disso, modificam as características físico-químicas do endométrio, tornando-o impróprio para a implantação do blastocisto. Eventos adversos comuns: náuseas, cefaléia, sangramentos irregulares nos primeiros três ciclos, acne, mastalgia, ganho de peso. Riscos: acidentes vasculares, tromboses venosas profundas, infarto do miocárdio, e aumentam o risco de tumores de fígado. Contraindicações absolutas: histórico de tromboembolismo venoso ou pulmonar, amamentação (15 cigarros por dia); múltiplos fatores de risco para doença arterial; hipertensão; cirurgia maior com imobilização prolongada; histórico pessoal de AVC, infarto do miocárdio, doença valvular; enxaqueca com aura; enxaqueca sem aura após os 35 anos; câncer de mama; hepatite viral ativa; tumor hepático benigno ou maligno. Planejamento reprodutivo Anticoncepcionais hormonais Tem por objetivo inibir o processo de ovulação Apresentações: orais, injetáveis, adesivos/implantados São os métodos mais utilizados Tipos: pílula de progestogênio ou pílula combinada (estrogênio e progesterona) Pílula combinada Pílula de progesterona ou minipilula 28 a 35 comprimidos, sem interrupção. Anticoncepcionais hormonais orais combinados Anticoncepcionais hormonais orais de progestogênio* *Anticoncepcionais orais mais apropriados para a mulher que amamenta Mecanismo de ação: Inibem a ovulação em 15 a 40% dos casos e promovem o espessamento do muco cervical, dificultando a penetração dos espermatozóides. Seu efeito contraceptivo é mais baixo quando comparado às pílulas combinadas Uso de 28 ou 35 comprimidos, sem necessidade de pausa Podem ajudar a prevenir doenças benignas da mama, câncer de ovário e endométrio. São comuns o ciclo menstrual irregular e/ou sangramentos, mas isso não constitui sinal de perigo. Anticoncepcionais hormonal injetável São combinados dos dois hormônios, sendo um éster de estrogênio natural e um progestogênio sintético. Mecanismo de ação: Inibem a ovulação, alteram as características físico-químicas do endométrio para torná-lo impróprio para fixação do blastócito, tornam o muco cervical mais espesso para dificultar a passagem do espermatozóide. Riscos: TVP, AVC, infarto do miocárdio. Eventos adversos: Alteração do padrão de menstruação; Ganho de peso; Cefaleia;Vertigem; Sensibilidade mamária. Diminuem a frequência e a intensidade das cólicas menstruais O padrão menstrual sofre menos alterações do que no uso do trimestral A primeira injeção deve ser feita até o quinto dia do início da menstruação, e as subsequentes a cada 30 dias. Em caso de demora superior a três dias para a aplicação, deve ser orientado o uso de camisinha e esperar até a próxima injeção Aplicar via intramuscular profunda, no glúteo Pode prevenir anemia ferropriva Injetável Mensal - Progestogênio + estrogênio Uso perfeito: 0,05 gravidez por 100 mulheres/12 meses; Uso típico (inclui a falha do usuário) = 3 gravidezes por 100 mulheres/12 mesesInjetável Trimensal - Progestogênio Sem combinação de hormonios, tendo uma preparação de liberação lenta no organismo. Mecanismo de ação: bloqueio do pico do hormônio luteinizante (LH) para inibir a ovulação, alteram a espessura endometrial e do muco cervical. O início da ação contraceptiva ocorre dentro de 24 horas após a injeção e é mantida por até 14 semanas. Efeitos adversos: Sangramento menstrual irregular; sensibilidade mamária; ganho de peso; depressão; acne; cefaléia. Contraindicação absoluta: câncer de mama atual Contraindicações relativas:precoce (idade da primeira menstruação menor que 12 anos); Obesidade e sobrepeso ; Inatividade física ; Menopausa tardia (após os 55 anos); Primeira gravidez após os 30 anos; Nuliparidade; O processo de carcinogênese, ou seja, de formação de câncer, é em geral lento, podendo levar vários anos para que uma célula prolifere e dê origem a um tumor palpável. Esse processo é composto de vários estágios, quais sejam: estágio de iniciação, onde os genes sofrem ação de fatores cancerígenos; estágio de promoção, onde os agentes oncopromotores atuam na célula já alterada; e estágio de progressão, caracterizada pela multiplicação descontrolada e irreversível da célula. Manifestações clínicas: Nódulo indolor, duro e irregular Saída de secreção pelo mamilo ( unilateral e espontâneo) Presença de hiperemia, edema, dor, descamação ou úlcera Retração cutânea Dor ou inversão do mamilo Presença de linfadenopatia axilar/ nódulos palpáveis Aumento progressivo do tamanho das mamas. Fonte: Google Imagens Detecção Precoce Detecção precoce é uma forma de prevenção secundária e visa a identificar o câncer em estágios iniciais, momento em que a doença pode ter melhor prognóstico. Diagnóstico precoce: O objetivo é identificar pessoas com sinais e sintomas iniciais de uma determinada doença, primando pela qualidade e pela garantia da integralidade assistencial em todas as etapas da linha de cuidado da doença. Ações: Conscientização das mulheres Identificação de sinais e sintomas Confirmação diagnóstica em um único serviço (biópsia) Rastreamento: intuito de identificar doenças em sua fase pré-clínica (assintomática). Ações: Mamografia Exame clínico das mamas (ECM) Ressonancia nuclear magnética Ultrassonografia Tomografia A principal ferramenta de rastreio é a mamografia, recomendada para mulheres entre 50 a 69 anos a cada dois anos. OBS: O autoexame das mamas não é indicado para diagnóstico precoce. É aconselhado para autocuidado, assim é mais fácil identificar possíveis alterações. Intervenções para detecção precoce: Mamografia OBS: A mamografia não dá diagnóstico, conduz o tratamento. Uso de contraceptivos orais (estrogênio- progesterona) e terapia de reposição hormonal pós-menopausa (estrogênio-progesterona) Riscos da Mamografia: Sobrediagnósticos Sobretratamentos Exames falsos + e - Exposição a radiação ionizantes Tabela da Classificação do BIRADS Mamografia em mulheres de alto risco: Em mulheres com idade maior ou igual 40 anos: 10 anos antes da idade do parente de 1 grau CA mama Mutação BRCA 1: iniciar entre 20-35 anos Mutação BRCA 2: iniciar entre 25-30 anos Mulheres submetidas ao RT do tórax antes dos 30 anos Mulheres com biópsia de lesões atípicas Classificação do BIRADS Trata-se de uma classificação que padroniza os relatórios mamográficos, dando mais confiabilidade nos laudos e trazendo mais segurança aos pacientes. BIRADS 0: Inconclusivo (complementação) BIRADS 1: Negativo (repetir anual) BIRADS 2: Benigno (repetir anual) BIRADS 3: Provavelmente benigno (repetir semestral) BIRADS 4: Suspeito BIRADS 5: Altamente suspeito BIRADS 6: Neoplasia conhecida (encaminhar mastologista) DICAS! WEB SIS-CAN É a versão em plataforma web que integra os Sistemas de Informação do Câncer do Colo do Útero (SISCOLO) e do Câncer de Mama (SISMAMA). No sistema, são registrados os exames de rastreamento e investigação diagnóstica dos cânceres do colo do útero e de mama, assim como informações sobre condutas diagnósticas e terapêuticas relativas ao seguimento dos casos positivos e/ou alterados. Vamos praticar! (Residência Multiprofissional-UPE/UPE/2020) Sobre as recomendações do Ministério da Saúde para rastreamento do cancer de mama, analise as afirmativas abaixo: 1. I. A mamografia deve ser realizada como exame de rotina em mulheres sem sinais de câncer de mama na faixa etária 40 e 59 anos, a cada 3 anos. II. A mamografia permite identificar melhor as lesões mamárias em mulheres após a menopausa. Antes desse período, as mamas são mais densas, e a sensibilidade da mamografia é reduzida, gerando maior número de resultados falso-negativos e de falso-positivos. III. O Ministério da Saúde recomenda contra o rastreamento com mamografia em mulheres com menos de 50, recomendação contrária forte: os possíveis danos claramente superam os possíveis benefícios. Por isso, também as principais diretrizes e os programas de rastreamento do mundo recomendam o rastreamento de mulheres abaixo dessa idade. IV. Atualmente não se recomenda o autoexame das mamas como técnica a ser ensinada as mulheres para rastreamento do câncer de mama. A mulher deve ser estimulada a conhecer o que é normal em suas mamas e a perceber alterações suspeitas de câncer, sem periodicidade e técnica padronizadas como ocorrida com o método de autoexame. Estão corretas: a) I, II e IV, apenas. b)II e IV, apenas. c) I e III, apenas. d) II, III e IV, apenas. e) I, II, III e IV. 2. A consulta para mamografia BIRADS 3 deve ser: a) Comparação com a mamografia anterior b) Rotina de rastreamento conforme a faixa etária fora do risco c) Controle radiológico por 3 anos, com repetição do exame a cada 6 meses no primeiro ano e anual nos 2 anos seguintes d) Controle radiológico por dois anos e repetição do exame a cada ano e) Encaminhamento para tratamento de neoplasia Gabarito: LETRA D1. LETRA C2. Referências Brasil. Ministério da Saúde. Protocolos da Atenção Básica : Saúde das Mulheres / Ministério da Saúde, Instituto Sírio-Libanês de Ensino e Pesquisa – Brasília : Ministério da Saúde, 2016. Diretrizes para a detecção precoce do câncer de mama no Brasil/ Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva – Rio de Janeiro: INCA, 2015. Rotinas em ginecologia [recurso eletrônico] / Fernando Freitas [et al.] – 6. ed. – Dados eletrônicos. – Porto Alegre : Artmed, 2011. SALES, M. F.; et al. Cancer de Mama: Mulher se Toca Disponível em: https://www.extranet.ceuma.br/ceuma- wordpress/wp-content/uploads/2021/04/Manual-de-Ca%CC%82ncer-de-Mama.pdf. Acesso em: 27 fev. 2024. https://www.extranet.ceuma.br/ceuma-wordpress/wp-content/uploads/2021/04/Manual-de-Ca%CC%82ncer-de-Mama.pdf https://www.extranet.ceuma.br/ceuma-wordpress/wp-content/uploads/2021/04/Manual-de-Ca%CC%82ncer-de-Mama.pdf Câncer de Mama: Exame Clinico das mamas (ECM) Inspeção estática: Deve ser realizado por um profissional de saúde e dividido em: inspeção estática e dinâmica das mamas, palpação das mamas e linfonodos. Nessa fase do exame é solicitado à mulher para retirar a blusa e sentar-se na maca enquanto o profissional realiza a inspeção das mamas, observando, cor, simetria, abaulamentos, erupções, descamações, e outras alterações visíveis. Inspeção dinâmica: Nesse momento o profissional pede para mulher fazer os movimentos com o braço, conforme a figura abaixo, para observar se existe alguma alteração que não foi possível observar na fase anterior Realizar palpação dos linfonodos axilares, supraclaviculares e mamas, uma de cada vez (examinar todo o tecido mamário de forma circular da área distal para proximal do mamilo). A região do mamilo deve ser palpada e não pressionada (comprimida) a menos que haja descarga papilar espontânea; Palpação: Documentação dos achados: Após a finalização do exame é necessário informar a cliente o que foi encontrado e solicitar exames complementares se necessário Caso tenha sido encontrado algum nódulo é preciso registrar: tamanho em centímetros; mobilidade; forma; consistência; grau de sensibilidade dolorosa; localização em quadrantes Periodicidade do ECM: Entre 40 à 49 anos: ECM anual, se alterado solicitar mamografia Entre 50 à 69 anos: ECM anual e mamografia de 2 anos (caso nao seja encontrado nada sugestivo) Câncer ginecológico Organizado por: Maira Lima e Alana Bezerra Câncer ginecológico: O câncer ginecológico compreende aos tumores desenvolvidos no sistema reprodutor feminino, podendo acometer colo e corpo do útero, útero, ovários, tubas uterinas, vagina e vulva, sendo o mais frequente entreeles o câncer de colo de útero. O desenvolvimento das neoplasias ginecológicas está associado à idade avançada, infecção por repetição, uso inadequado de terapia hormonal, hábitos alimentares, tabagismo e histórico familiar e pessoal de queixas ginecológicas. Tratamento: O tratamento a ser adotado para o câncer ginecológico varia a partir das características de cada caso, entretanto podem ser adotadas as quimioterapias, radioterapias, hormonioterapias e procedimentos cirúrgicos. * No caso do câncer de colo de útero, 99,7% das vezes o desenvolvimento da neoplasia é a partir da infecção pelo Papilomavírus Humano (HPV) associada ao estilo de vida. Câncer de colo de útero * Segundo a Organização Pan-americana de Saúde (OPAS), o câncer de colo de útero é a principal causa de morte entre as mulheres da América Latina e do Caribe, mesmo sendo uma doença evitável. O câncer de colo de útero é uma condição causada pela infecção persistente pelo papilomavírus humano (HPV) em seus tipos oncogênicos, principalmente os tipos 16 e 18. O HPV trata-se de um vírus transmitido por meio do contato, majoritariamente pela relação sexual, sendo o responsável por 70% das lesões cancerosas e cânceres de cancer colo de útero. O HPV além de causar 99,7% dos canceres de colo de útero, também são associados ao desenvolvimento de câncer de ânus, vulva, vagina, pênis e orofaringe. Infecção por HPV: Trata-se de uma infecção viral muito comum que afeta a pele e mucosas (como o trato reprodutivo) transmitida por meio do contato direto com a região infectada, também pode ser transmitida sexualmente e por isso é considerada uma infecção sexualmente transmissível (IST), acredita-se que a maioria das pessoas irão se infectar com o HPV por meio da relação sexual em algum momento da vida, sendo mais provável durante o início da vida sexual. Existem muitos tipos de HPV e em sua maioria não causam problemas maiores do que a própria infecção, sendo esta solucionada dentro de alguns meses sem a necessidade de algum intervenção, entretanto a repetição da infecção por tipos oncogênicos é capaz de acarretar o desenvolvimento de lesões cancerosas. Sinais e sintomas do HPV: Um indivíduo que esteja infectado com HPV pode apresentar sintomas clínicos (verrugas visíveis, uma ou mais, e que podem ser classificadas de maneiras diferentes), sintomas subclínicos (lesões invisíveis a olho nu) e também podem não apresentar sintoma algum e estar com o vírus em sua fase latente por vários anos. Lesões por HPV: Fonte: Papiloma Vírus Humano: Saiba Mais Sobre O HPV - Dra. keilla Freitas Fonte: O que vocÊ sabe sobre o HPV? - Paula tostes Prevenção do Câncer de colo de útero: Vacina contra o HPV; Educação sobre práticas sexuais seguras; Ações de prevenção ao fumo; Realização do exame citopatológico em correta periodicidade ao início da vida sexual. Rastreamento do câncer de colo de útero: O rastreamento se trata de um padrão de testagem regular em uma população que seja condizente com o padrão epidemiológico da patologia em questão e que não apresenta sintomas, portanto está sadio. Rastreamento do Câncer de colo de útero: Realizado por meio do exame citopatológico (papanicolau) com periodicidade de uma vez ao ano e, após dois exames com resultados negativos consecutivos, a cada três anos, em mulheres de 25 á 60 anos de idade. Exame ginecológico: Fonte: Carolina Horita/Bebê.com.br Inicia-se o exame ginecológico com a inspeção da genitália externa, onde se avalia odor, secreção vaginal, presença de lesões ou verrugas, alterações na pele ou sensibilidade regional e atentar-se as queixas Antes de mais nada, o profissional que realizará o exame deve se apresentar, perguntar ao pacinete como este deseja ser chamado e coletar a anamnese do paciente. Para a realização do exame ginecológico o paciente deve estar posicionado em posição ginecológica (posição litotômica). Imediatamente antes de realizar o exame o profissional deve higienizar bem as mãos e calçar as luvas de procedimento. que o paciente referir, como sangramentos inesperados e prurido. Exame citopatológico (Papanicolau ou exame especular): Para realização deste exame é necessário a utilização de um espéculo, que deve ser testado antes da inserção para garantia do funcionamento e que deve ter tamanho adequado a estatura física do paciente. Para a introdução do espéculo deve-se utilizar da mão não dominante para afastar os lábios da vulva e expor o introito vaginal, com a mão dominante deve ser introduzido o espéculo em posição oblíqua e girando-o em sentido horário a medida que este é introduzido, quando estiver em uma profundidade adequada o espéculo deve ser ajustado com suas valvas abertas. Após a abertura das valvas do espéculo é necessário garantir que este esteja pinçando o colo do útero do paciente, para então realizar a coleta. Coleta de material: Para a coleta na ectocérvice é utilizada a espátula de Ayre, que com a ponta mais longa apoiada no óstio externo do útero deve-se realizar uma rotação de 360° para coletar material de todo o colo, em seguida deve ser feito o esfregaço do material coletado sobre uma lâmina de modo vertical. Para a coleta na endocérvice é utilizada a escova endocervical, que deve ser levemente introduzida no óstio externo do útero e realizar a rotação de 360°, em seguida novamente fazer o esfregaço da coleta sobre a mesma lâmina, entretanto sem sobrepor a amostra ectocervical com a endocervical, e de modo horizontal. Para garantir a fixação do material coletado, a lâmina deve ser inteiramente mergulhada em um frasco com álcool a 96% e com a devida identificação do paciente. Negativo - Colo saudável permanece inteiramente normocorado (rosado); Positivo - Colo apresenta regiões de lesão acetobranca (esbranquiçado). Negativo - Colo saudável muda inteiramente de cor para um marrom forte; Positivo - Colo apresenta regiões em que a coloração do iodo não faz efeito. Teste IVA - Ácido acético: O teste de IVA deve ser realizado apartir da impregnação do colo do útero e cavidade vaginal com álcool acético. Para a realização do procedimento, os materiais necessários devem ser preparados previamente ao início da consulta ginecológica, deve ser colocado em uma cuba redonda alguns chumaços de algodão e em seguida despejado ácido acético até que o algodão esteja embebido, com auxílio da pinça Cheron descartável o profissional deve introduzir o algodão molhado de ácido acético e recobrir todo o colo do útero com a substância, aguardar alguns instantes, verificar a reação do colo do útero à este procedimento e em seguida enxugar com gazes secas para evitar acúmulo de líquido. Teste de Schiller - Lugol/ Iodo: O teste de IVA deve ser realizado apartir da impregnação do colo do útero e cavidade vaginal com Lugol (Iodo aquoso). Para a realização do procedimento, os materiais necessários devem ser preparados previamente ao início da consulta ginecológica, deve ser colocado em uma cuba redonda alguns chumaços de algodão e em seguida despejado Lugol até que o algodão esteja embebido, com auxílio da pinça Cheron descartável o profissional deve introduzir o algodão molhado de iodo e recobrir todo o colo do útero com a substância, aguardar alguns instantes, verificar a reação do colo do útero à este procedimento e em seguida enxugar com gazes secas para evitar acúmulo de líquido. Rastreamento do câncer de colo de útero: Possíveis resultados do procedimento respectivamente: Fonte: Encontro de Coordenação MISAU, 29 de Abril 2010 Fonte: Tumores do colo uterino, Francisco J. Candido dos Reis Possíveis resultados do procedimento respectivamente: Fonte: Lugol Negativo, Iodo Positivo. O Que é Teste de Schiller - Dra. Flávia Menezes Fonte: Lugol Positivo, Iodo Negativo. O Que é Teste de Schiller - Dra. Flávia Menezes Amostra dentro dos limites da normalidade; Metaplasia escamosa imatura; Reparação; Inflamação sem identificação do agente; Achados microbiológicos; Atrofia com inflamação; Indicativo de radiação (deve haver registro detratamento radioterápico); Presença de células endometrias normais, mesmo que fora do período menstrual ou em mulheres menopausadas. Atipias de significado indeterminado; Lesão intraepitelial de baixo grau; Lesão intraepitelial de alto grau; Lesão intraepitelial de alto grau sem a possibilidade de exclusão de microinvasão ou de carcinoma epidermóide invasor; Adenocarcinoma in situ ou invasor. Amostra insatisfatória para avaliação; Amostra satisfatória para avaliação; Esfregaço normal apenas com células escamosas. Rastreamento do câncer de colo de útero: Resultados considerados NORMAIS da coleta de material citopatológico: Resultados considerados ANORMAIS da coleta de material citopatológico: Adequabilidade da amostra coletada: Para mais informações sobre os laudos, protocolos e recomendações verificar quadros da parte 4 do documento “Protocolos de atenção básica - Saúde da mulher” NICI: Desordenação que ocorre nas camadas mais basais do epitélio estratificado, estamos diante de uma Neoplasia Intraepitelial Cervical Grau I (NIC I) – Baixo Grau (anormalidades do epitélio no 1/3 proximal da membrana). Expressão citomorfológica de uma infecção transitória e têm alta probabilidade de regredir, de tal forma que atualmente não é considerada como lesão precursora do câncer do colo do útero. NIC II Caracterizada por uma desordenação avança 2/3 proximais da membrana, já considerada uma lesão de alto grau NIC III Nesse estagio o desarranjo é observado em todas as camadas, sem romper a membrana basal. A história natural do câncer do colo do útero geralmente apresenta um longo período de lesões precursoras, assintomáticas, curáveis na quase totalidade dos casos quando tratadas adequadamente, conhecidas como NIC. Porém essas neoplasias são dividas em 3 (NIC I,NIC II, NIC III) cada uma com sua definição: Neoplasia intraepitelial cervical: NIC É valido ressaltar que para chegar ao câncer invasor a lesão não precisa obrigatoriamente passar por todos os estágios Vamos praticar! 1- Qual é a periodicidade correta para realizar a prevenção ginecológica? ____________________________________ ____________________________________ 2- Quais são os fatores de risco para o desenvolvimento do câncer de colo de útero? ____________________________________ ____________________________________ ____________________________________ ____________________________________ 3- Associe as colunas abaixo: (1) Lugol positivo; (2) Lugol negativo; (3) Teste de ácido acético positivo; (4) Teste de ácido acético negativo. ( ) Iodo negativo; ( ) Presença de lesões acetobrancas; ( ) Colo normocorado (inteiramente rosado); ( ) Iodo positivo. 4- Quais recomendações devem ser seguidas nos dias ANTES da realização do exame papanicolau? ____________________________________ ____________________________________ ____________________________________ ____________________________________ 5- Quais condutas que devem ser seguidas ao resultado de um exame citopatológico com presença de lesão intraepitelial de baixo grau? ____________________________________ ____________________________________ ____________________________________ ____________________________________ 6- Em quais situações um indivíduo que nasceu com o sistema reprodutor feminino deve parar de realizar a prevenção ginecológica? ____________________________________ ____________________________________ ____________________________________ ____________________________________ ____________________________________ ____________________________________ Referências Brasil. Ministério da Saúde. Protocolos da Atenção Básica : Saúde das Mulheres / Ministério da Saúde, Instituto Sírio- Libanês de Ensino e Pesquisa – Brasília : Ministério da Saúde, 2016. DA ROSA, Luciana Martins et al. Mulheres com câncer ginecológico: significado da braquiterapia. Ciência, Cuidado E Saúde, v. 20, 2021. Divisão de Apoio à Rede de Atenção Oncológica. – Rio de Janeiro: INCA, 2016. Instituto Nacional de Câncer (Brasil). Diretrizes brasileiras para o rastreamento do câncer do colo do útero. Organização Pan-americana em saúde. HPV e câncer no colo do útero. 2021 Infecções SexualmenteTransmissíveis (IST) Organizado por: Thadeu e Hinara. Promoção e prevenção da saúde Rastreamento Diagnóstico Precoce Acolhimento Encaminhamentos Convocar parceiros Prevenção da transmissão vertical HIV e Sífilis Aconselhamento Notificação Tratamento Redução de danos Os Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas – PCDT são documentos que estabelecem os critérios para diagnóstico de infecções/doenças ou agravos à saúde; o tratamento preconizado com medicamentos e demais produtos apropriados; as posologias recomendadas; os mecanismos de controle clínico; e o acompanhamento e a verificação dos resultados terapêuticos a serem seguidos pelos profissionais de saúde e gestores do Sistema Único de Saúde – SUS. IST´S Atuação da Atenção Primária Abordagens: Ambiente interativo: Sala de espera Ambiente privativo: Anamnese, Exame físico, Aconselhamento Fonte: Google Imagens Saúde sexual A saúde sexual é uma parte fundamental da promoção da saúde e do desenvolvimento humano, abrangendo aspectos físicos, emocionais, intelectuais e sociais da sexualidade. Ela contribui positivamente para o enriquecimento pessoal, a comunicação, o prazer e o amor. A sexualidade é uma parte essencial da experiência humana, abrangendo diversos elementos como sexo, identidade de gênero, orientação sexual, erotismo, intimidade e reprodução. Ela é influenciada por uma variedade de fatores biológicos, psicológicos, sociais, culturais e outros. A sexualidade pode ser vivenciada e expressa de várias formas, incluindo pensamentos, fantasias, desejos, valores, comportamentos e relacionamentos. Nem todas as pessoas experienciam ou expressam todas essas dimensões da sexualidade. Prevenção Combinada e Sexo seguro A percepção dos riscos de contrair uma infecção sexualmente transmissível (IST) varia entre as pessoas e ao longo da vida. A prevenção dessas infecções é fundamental para manter projetos pessoais, como relacionamentos saudáveis, filhos e uma vida sexual satisfatória. Para garantir uma prevenção eficaz, é importante utilizar todos os avanços científicos disponíveis. A Prevenção Combinada e a prática de sexo seguro são ferramentas importantes para gerenciar o risco individual. Os profissionais de saúde devem oferecer orientações personalizadas para cada pessoa com vida sexual ativa, ajudando-a a reconhecer e minimizar seu risco. O que é Prevenção Combinada? A prevenção Combinada refere-se à integração de diversas estratégias de prevenção de infecções sexualmente transmissíveis (IST), HIV e hepatites virais, juntamente com seus fatores associados. Essa abordagem envolve intervenções biomédicas, comportamentais e estruturais (como marcos legais), aplicadas tanto a nível individual quanto coletivo. A combinação dessas diferentes abordagens não esgota todos os significados e possibilidades da Prevenção Combinada. Agente etiológico X Infecção A mandala representa a combinação e a ideia de movimento de algumas das diferentes estratégias de prevenção, tendo sido inicialmente proposta para a infecção pelo HIV. Não há hierarquização entre as estratégias. Essa combinação de ações deve ser centrada nas pessoas, nos grupos a que elas pertencem e na sociedade em que estão inseridas, considerando as especificidades dos sujeitos e dos seus contextos. Os profissionais de saúde devem usar a mandala na orientação sobre prevenção às pessoas sob risco de IST, HIV e hepatites virais. Utiliza-se a mesma lógica empregada em relação à saúde reprodutiva. O que é Sexo seguro? Usar preservativo; Imunizar para HAV, HBV e HPV; Conhecer o status sorológico para HIV da(s) parceria(s) sexual(is); Testar regularmente para HIV e outras IST; Tratar todas as pessoas vivendo com HIV – PVHIV (Tratamento como Prevenção e I= Ia); Realizar exame preventivo de câncer de colo do útero (colpocitologia oncótica); Realizar profilaxiapré-exposição – PrEP, quando indicado; Conhecer e ter acesso aos métodos de anticoncepção e concepção; Realizar profilaxia pós-exposição – PEP, quando indicado. O termo “sexo seguro” é associado ao uso exclusivo de preservativos. Todavia, por mais que os preservativos sejam uma estratégia fundamental a ser sempre estimulada, o seu uso possui limitações. Assim, outras medidas de prevenção são importantes e complementares para uma prática sexual segura, como as apresentadas a seguir: Úlceras Genitais Cancroide Herpes genital Donovanose Linfogranuloma venéreo Sífilis Diagnóstico Tratamento Fonte: Google Imagens Cancroide (Cancro mole) É causado pelo Haemophilus ducreyi Período de incubacao é de 3 a 5 dias, podendo se estender por até 2 semanas Lesões Dolorosas Geralmente múltiplas Borda irregular, apresenta contornos eritemato-edematosos e fundo heterogêneo, recoberto por exsudato necrótico, amarelado, com odor fétido, que quando removido, revela tecido de granulação com sangramento fácil Cicatrização pode ser desfigurante Bactérias atingem os linfonodos inguino- crurai (bubao) Microscopia- Teste laboratorial, esfregaços, base da úlcera, aspiração do bubao. OBS: o resultado negativo não exclui a possibilidade de presença do patógeno, pois nem sempre é possível visualizar as morfologias típicas. Primeira opção: Azitromicina 500mg, 2 compimidos, VO, dose única. Segunda opção: Ceftriaxona 250mg, IM, dose única OU Ciprofloxacino 500mg, 1 comrpimido, VO, 2x/dia, por 3 dias. ORIENTAÇÕES: O tratamento deve ser acompanhado com medidas de higiene; O tratamento das parcerias sexuais é recomendado, mesmo quando assintomáticas. Herpes genital É causada pelo herpes simplex virus tipo 2 Período de incubação médio de 6 dias O vírus não penetra em pele ou mucosa íntegra Lesões Eritemato-papulosas rapidamente evoluem para vesículas sobre base eritematosa, muito dolorosa e de localização variável na região genital. Fonte: Google Imagens Manifestações clínicas Não há cura definitiva As gestante com herpes simples apresentam risco acrescido de complicações fetais e neonatais, sobretudo quano a infecção ocorre no fina da gestação. Diagnóstico Tratamento Febre Mal estar Mialgia e disúria Com ou sem retenção DICAS! Microscopia- Teste laboratorial Manifestação clínica Linfadenopatia inguinal e/ou femoral Lesões Diagnóstico Tratamento Lesões Linfogranuloma Venéreo (LGV) É causado por Chlamydia trachomatis (sorotipos L1, L2, L3) Período de incubação: 3 a 30 dias disseminação aos tecidos linfáticos Evolução da doença ocorre em 3 fases: Fase de inoculação: inicia-se pro pápula, pústula ou exulceração indolor, que desaparece sem deixar sequelas. Após 1 - 6 semanas: Fase de disseminação linfática regional: linfadenopatia inguinal geralmente unilateral (em 70% dos caos) Fase de sequelas: o comprometimento ganglionar evolui com supuração e fistulização, a obstrução linfática crônica leva a elefantíase genital. Fonte: Google Imagens Laboratorial após 4 semanas de infecção Exame ocorre por meio da retirada de linfonodos ou de material colhido por biópsia retal. Primeira opção: Doxiciclina 100 mg, VO, 1 comprimido, 2x/dia, por 21 dias Segunda opção: Azitromicina 500mg, 2 comprimidos, VO, 1x/semana, por 21 dias. Fonte: PCDT, 2022. Donovanose É causado pela bactéria Klebsiella granulomatis, é uma IST crônica progressiva. Período de incubação: 30 dias a 6 meses Acomete preferencialmente pele e mucosas das regiões genitais, perianais, inguinais. Ulceração de borda plana ou hipertrófica bem delimitada Fundo granuloso Aspecto vermelho vivo e de sangramento fácil Lesões múltiplas, há predição pelas regiões de dobras e região perianal. Fonte: Google Imagens Tratamento Diagnóstico Primeira opção: Azitromicina 500mg, 2 comprimidos, VO, 1X/semana, por pelo menos 3 semanas, ou até a cicatrização das lesões. Segunda opção: Doxiciclina 100 mg, 1 comprimido, VO, 2x/dia, por pelo menos 21 dias, ou até o desaparecimento completo das lesões. Fonte: PCDT, 2022. OBS: Gestante: Eritromicina 500mg, VO, de 6/6 horas, de 3 semanas até a cura. O diagnóstico se dará pela exclusão de casos de sífilis e cancroide. Laboratorial com material de lesões suspeitas através dos corpúsculo de Donovan. Sífilis Doença infecciosa que evolui lentamente em três estágios, ger. transmitida por contato sexual, e mais raramente por contaminação fetoplacentária, causada pela bactéria Treponema pallidum e caracterizada por lesões da pele e mucosas. A transmissibilidade da sífilis é maior nos estágios iniciais da doença (sífilis primária e secundária), diminuindo gradualmente com o passar do tempo (sífilis latente recente ou tardia). Cabe ressaltar que, no primeiro ano de latência, 25% dos pacientes apresentam recrudescimento do secundarismo e, portanto, pode haver a transmissão. Essa maior transmissibilidade explica-se pela riqueza de treponemas nas lesões, comuns na sífilis primária (cancro duro) e secundária (lesões muco-cutâneas). Em gestantes, a taxa de transmissão vertical de sífilis para o feto é de até 80% intraútero. Essa forma de transmissão pode ocorrer, ainda, durante o parto vaginal, se a mãe apresentar alguma lesão sifilítica. Classificação da Sífilis Sífilis primária o tempo de incubação é de dez a 90 dias (média de três semanas). A primeira manifestação é caracterizada por uma úlcera rica em treponemas, geralmente única e indolor, com borda bem definida e regular, base endurecida e fundo limpo, que surge no local de entrada da bactéria (pênis, vulva, vagina, colo uterino, ânus, boca ou outros locais do tegumento), sendo denominada “cancro duro”. Ocorre em média entre seis semanas e seis meses após a cicatrização do cancro, ainda que manifestações iniciais, recorrentes ou subentrantesdosecundarismo possam surgir em um período de até um ano. Excepcionalmente, as lesões podem ocorrer em concomitância com a manifestação primária. As manifestações são muito variáveis, mas tendem a seguir uma cronologia própria. Inicialmente, apresenta-se uma erupção macular eritematosa pouco visível (roséola), principalmente no tronco e raiz dos membros. Nessa fase, são comuns as placas em mucosas, assim como lesões acinzentadas e pouco visíveis nas mucosas. As lesões cutâneas progridem para lesões mais evidentes, papulosas e eritematoacastanhadas, que podem atingir todo o tegumento, sendo frequentes nos genitais. Habitualmente, acometem a região plantar e palmar, com um colarinho de escamação característico, em geral não pruriginoso. Sífilis secundária: Período em que não se observa nenhum sinal ou sintoma. O diagnóstico faz-se exclusivamente pela reatividade dos testes treponêmicos e não treponêmicos. A maioria dos diagnósticos ocorre nesse estágio. A sífilis latente é dividida em latente recente (até um ano de infecção) e latente tardia (mais de um ano de infecção). Aproximadamente 25% dos pacientes não tratados intercalam lesões de secundarismo com períodos de latência. Sífilis latente: Fonte: Protocolo deExames diretos de sífilis Os exames diretos são aqueles em que se realiza a pesquisa ou detecção do T. pallidum em amostras coletadas diretamente das lesões, e estão descritos na imagem abaixo: Testes treponêmicos: são testes que detectam anticorpos específicos produzidos contra os antígenos de T. pallidum. São os primeiros a se tornarem reagentes, podendo ser utilizados como primeiro teste ou teste complementar. Em 85% dos casos, permanecem reagentes por toda vida, mesmo após o tratamento e, por isso, não são indicados para o monitoramento da resposta ao tratamento. Testes não treponêmicos: Esses testes detectam anticorpos anticardiolipina não específicos para os antígenos do T. pallidum. Permitem uma análise qualitativa e quantitativa. Sempre que um teste não treponêmico é realizado, é imprescindível analisar a amostra pura e diluída, em virtude do fenômeno prozonac. Uma vez observada reatividade no teste, a amostra deve ser diluída em um fator dois de diluição,até a última diluição em que não haja mais reatividade no teste. O resultado final dos testes reagentes, portanto, deve ser expresso em títulos (1:2, 1:4, 1:8 etc.). Os testes não treponêmicos são utilizados para o diagnóstico (como primeiro teste ou teste complementar) e também para o monitoramento da resposta ao tratamento e controle de cura. Testes treponêmicos: A queda adequada dos títulos nos testes não treponêmicos é indicativa de sucesso no tratamento da sífilis. Os testes mais comuns no Brasil incluem o VDRL, RPR e USR, mas é importante realizar testes treponêmicos e não treponêmicos para um diagnóstico preciso, já que resultados falso-reagentes podem ocorrer. Os testes não treponêmicos tornam-se reagentes em cerca de uma a três semanas após o aparecimento do cancro duro. Títulos baixos nesses testes podem persistir por meses ou anos, indicando sífilis latente tardia, que requer tratamento. A cicatriz sorológica, caracterizada pela persistência de resultados reagentes com baixa titulação após o tratamento, excluída a reinfecção, é um fenômeno conhecido. IMPORTANTE: Fonte: Protocolo Diagnóstico de sífilis O diagnóstico de sífilis requer uma avaliação completa, incluindo dados clínicos, resultados de testes laboratoriais, histórico de infecções passadas e investigação de exposição recente. A presença de sinais e sintomas sugestivos da doença é importante, mas não é conclusiva, pois não há um sinal ou sintoma específico da sífilis. Para confirmar o diagnóstico, são necessários testes diagnósticos. Exames diretos são indicados nas fases sintomáticas, enquanto os testes imunológicos podem ser usados em fases sintomáticas e de latência. Fonte: Protocolo Importante Consultar no protocolo: Interpretação dos testes imunológicos e conduta A benzilpenicilina benzatina é o tratamento de escolha para sífilis, especialmente durante a gestação, sendo a única com eficácia comprovada nesse contexto. Não há evidências de resistência do T. pallidum à penicilina. Outras opções, como doxiciclina e ceftriaxona, são reservadas para não gestantes, mas devem ser usadas com acompanhamento clínico e laboratorial rigoroso para garantir a resposta ao tratamento. Recomenda-se tratamento imediato com benzilpenicilina benzatina após apenas um teste reagente para sífilis em gestantes, vítimas de violência sexual, pessoas com risco de perda de seguimento, com sinais/sintomas de sífilis primária ou secundária, ou sem diagnóstico prévio de sífilis. Porém, o tratamento com um teste reagente não exclui a necessidade de um segundo teste, monitoramento laboratorial e tratamento das parcerias sexuais. Para pacientes sintomáticos com suspeita de sífilis primária e secundária e impossibilidade de realizar testes diagnósticos, é recomendado tratamento empírico imediato, assim como para suas parcerias sexuais. Fonte: Protocolo Vírus da imunodeficiência humana (HIV) É o vírus causados da Síndrome da imunodeficiência adquirida (AIDS); Período de incubação de 3 à 6 semanas após o contato; Caracterizado pela suspensão do sistema imunológico. Características clínicas Fase Viral - Sintomas semelhantes á uma síndrome gripal (febre e mal-estar); Fase Assintomàtica - marcada pela interação das células de defesa do organismo com o vírus; Fase Sintomática inicial - Suores noturnos, emagrecimento, febre diarréia são os principais sintomas desta fase; Síndrome da Imunodeficiência adquirida (AIDS) - Doença avançada. Transmissão Sexual; Sanguíneo; Vertical. Diagnóstico Detecção de anticorpos: ELISA; Western-blot; Imunofluorescência indireta; Radioimunoprecipitação. Detecção de antígenos: Pesquisa de Antígeno p24. Cultura viral: Cultura de células mononucleares de sangue periférico para isolamento do HIV; Cultura quantitativa de células; Cultura quantitativa de plasma. Amplificação do genoma do vírus: Análise quantitativa direta da carga viral através de técnicas baseadas na amplificação de ácidos nucleicos, tais como a reação de polimerase em cadeia (PCR) quantitativa, amplificação de DNA em cadeia ramificada (bDNA) e amplificação seqüencial de ácidos nucleicos (NASBA) Prevenção Tratamento O HIV não tem cura, portanto a terapia medicamentosa adotada para o tratamento do HIV é utilizada com o intuito de evitar e retardar a evolução da infecção por HIV para uma condição adoecedora, é denominada Terapia Antirretroviral (TARV), é o método mais eficaz descoberto até então e disponibilizado gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS), é efetivo para o tratamento da condição de saúde e permite que as pessoas que vivem com HIV (PVHIV) tenham uma vida plena. Os medicamentos utilizados preferencialmente para iniciar o tratamento é a associação de dois ITRN/ITRNt – lamivudina (3TC) e tenofovir (TDF) e um inibidor de integrase (INI) – dolutegravir (DTG). Tabelas de tratamento Fonte: Protocolo clínico e diretrizes terapêuticas para manejo da infecção pelo HIV em adultos Fonte: Protocolo clínico e diretrizes terapêuticas para manejo da infecção pelo HIV em adultos Características clínicas Diagnóstico DICA! A vaginose bacteriana pode ser desencadeada pela relação sexual em mulheres predispostas, ao terem contato com sêmen de pH elevado. Odor fétido Branco-acinzentado Fluido ou cremoso Fonte: Google Imagens Exame a fresco ou esfregaço Pelos menos 3 Critérios de Amsel: Corrimento vaginal homogêneo geralmente acinzentado e quantidade variável pH > 4,5= Vaginose bacteriana pH 5,0. OBS: Não há complicações sérias na mulher, mas pode propiciar a transmissão de outros agentes infecciosos como a DIP, Vaginose Bacteriana. Fonte: Google Imagens Tratamento Primeira opção (incluindo gestantes e lactantes): Metronidazol 250mg, 2 comprimidos, VO, 2x/dia, por 7 dias OU Metronidazol gel vaginal 100mg/g, um aplicador cheio via vaginal, à noite ao deitar-se, por 5 dias. Segunda opção: Clindamicina 300mg, VO, 2x/dia, por 7 dias. Recorrente: Metronidazol 250mg, 2 comprimidos, VO, 2x/dia, por 10-14 dias OU Metronidazol gel vaginal 100mg, um aplicador cheio, via vaginal, 1x/dia, por 10 dias, seguido de tratamento supressivo com óvulo de ácido bórico intravaginal de 600 mg ao dia pro 21 dias e metronidazol gel vaginal 100mg/g, 2x/semana, por 4-6 meses. ORIENTAÇÕES: O tratamento das parcerias sexuais não está recomendado; Para as puérperas, recomenda-se o mesmo tratamento das gestantes. Tricomoníase É a vulvovaginite menos frequente; É causada pelo protozoário flagelado unicelular Trichomonas vaginalis, e o parasita mais frequente encontrado na genitália feminina; Risco de transmissão de 60% a 80%. Corrimento abundante, amarelo ou amarelo esverdeado, por vezes acinzentado; Bolhoso e espumoso Odor fétido (lembrando peixe) Prurido eventual Sintomas urinários (disúria) Teste de Shiller aspecto “tigróide” Característicasclínicas Candidíase vulvovaginal Candida albicans é o agente causador da candidíase vulvovaginal em 80% a 92% dos casos, sendo que o restante pode ser devido a outras espécies, como Candida glabrata, tropicalis, krusei, parapsilosis e Saccharomyces cerevisiae. Durante a vida reprodutiva, 10% a 20% das mulheres serão colonizadas por Candida spp. de forma assintomática, não necessitando de tratamento. Gravidez; Obesidade; Diabetes mellitus (descompensado); Uso de corticoides; Uso de antibióticos; Uso de contraceptivos orais; Uso de imunossupressores ou quimio/radioterapia; Alterações na resposta imunológica (imunodeficiência); Hábitos de higiene e vestuário que aumentem a umidade e o calor local; Contato com substâncias alergênicas e/ou irritantes (ex.: talcos, perfumes, sabonetes ou desodorantes íntimos) Infecção pelo HIV. Diagnóstico de candidíase vulvovaginal Na candidíase vulvovaginal (CVV) clássica, a paciente pode apresentar prurido, ardência, corrimento geralmente grumoso e sem odor, dispareunia de introito vaginal e disúria externa. Os sinais característicos incluem eritema e fissuras vulvares, corrimento grumoso com placas de cor branca aderidas à parede vaginal, edema vulvar, escoriações e lesões satélites, por vezes pustulosas pelo ato de coçar. A citologia a fresco pode ser realizada com soro fisiológico e hidróxido de potássio a 10% para visualizar hifas e/ou esporos dos fungos. O pH vaginal na CVV é normal (após meses ou anos. O tratamento deve ser personalizado, levando em consideração as características das lesões, os recursos disponíveis, os efeitos adversos e a experiência do profissional. Como a doença geralmente se resolve sozinha, devem ser evitados tratamentos que possam causar cicatrizes desfigurantes. A imunodeficiência não altera as recomendações de tratamento, mas pacientes nessas condições tendem a ter uma resposta pior, exigindo maior atenção devido ao risco de complicações. Tratamento domiciliar O imiquimode é um creme autoaplicável que modula a resposta imunológica, induzindo a produção de interferon alfa e outras citocinas. É conveniente por reduzir as visitas ao serviço de saúde, mas requer instruções detalhadas sobre sua aplicação e potenciais complicações. Homens não circuncidados que tratam verrugas sob o prepúcio devem retraí-lo e limpar a região diariamente. O imiquimode não destrói o vírus, apenas ajuda na eliminação das verrugas, então novas verrugas podem aparecer durante o tratamento. Deve-se evitar a exposição da pele tratada à luz solar, pois aumenta a sensibilidade a queimaduras. A inflamação local causada pelo imiquimode é parte de seu mecanismo terapêutico. Este creme é destinado apenas para uso externo e não deve ser aplicado na uretra, vagina, colo do útero ou na parte interna do ânus. Uretrite gonocócica A gonorreia é uma infecção causada pela bactéria Neisseria gonorrhoeae, que afeta a mucosa uretral, causando inflamação. A transmissão ocorre principalmente por contato sexual. Nos homens, os sintomas incluem corrimento uretral e dor ao urinar, presentes em mais de 80% dos casos. Nas mulheres, a infecção pode ser assintomática ou causar sintomas leves, tornando o diagnóstico mais difícil. Complicações incluem orquite (inflamação do testículo), epididimite (inflamação do epidídimo), prostatite (inflamação da próstata) e estenose uretral. Uretrite NÃO gonocócica A uretrite não gonocócica é uma inflamação sintomática da uretra na qual exames como bacterioscopia, cultura e detecção de material genético são negativos para o gonococo. Diversos agentes, como Chlamydia trachomatis, Mycoplasma genitalium, Ureaplasma urealyticum, Mycoplasma hominis e Trichomonas vaginalis, podem causar essa infecção. A infecção por clamídia é responsável por cerca de metade dos casos de uretrite não gonocócica e é transmitida principalmente por contato sexual, com um risco de transmissão de cerca de 20% por ato. Os sintomas incluem corrimento mucoso discreto, com leve e intermitente disúria. A uretrite não gonocócica pode evoluir para complicações como prostatite, epididimite, balanite, conjuntivite (por autoinoculação) e síndrome uretro- conjuntivo-sinovial ou síndrome de Reiter. Métodos diagnósticos de uretrites Para o diagnóstico de uretrites assintomáticas em indivíduos com risco de infecções sexualmente transmissíveis (ISTs), o método recomendado é a detecção de clamídia e gonococo por biologia molecular. Isso é especialmente importante após identificar o risco de ISTs através da anamnese, incluindo história sexual detalhada. Esses procedimentos são fundamentais para o rastreamento adequado e oportuno dessas infecções em pessoas assintomáticas. Para o diagnóstico de uretrites sintomáticas, existem diversos métodos disponíveis, incluindo: Detecção de clamídia e gonococo por biologia molecular: método com alta sensibilidade e especificidade, indicado para definir o agente etiológico em casos de infecções sintomáticas e para rastreamento de infecções assintomáticas. Bacterioscopia: a coloração de Gram é rápida e eficaz para o diagnóstico de gonorreia em homens sintomáticos com corrimento uretral. Porém, sua sensibilidade é limitada em mulheres devido à densa flora vaginal. Cultura de amostras de corrimento uretral em meio seletivo: útil para identificar Neisseria gonorrhoeae, quando esse patógeno é o causador da infecção. Teste de esterase leucocitária na urina de primeiro jato: pode sugerir infecção quando positivo, mas não identifica o agente infeccioso. Além da identificação do patógeno, é importante investigar o perfil de susceptibilidade aos antimicrobianos para cepas isoladas e identificadas como Neisseria gonorrhoeae, para fins de vigilância da resistência apresentada por esse patógeno. Uretrite sem identificação do agente etiológico: Ceftriaxona 500mg, IM, dose única Azitromicina 500mg, 2 comprimidos, VO, dose única Uretrite gonocócica e demais infecções gonocócicas não complicadas: Ceftriaxona 500mg, IM, dose única Azitromicina 500mg, 2 comprimidos, VO, dose única Uretrite não gonocócica: Azitromicina 500mg, 2 comprimidos, VO, dose única Doxiciclina 100mg, 1 comprimido, VO, 2x/dia, por 7 dias A resolução dos sintomas pode levar até 7 dias após a conclusão da terapia Uretrite por clamídia: Azitromicina 500mg, 2 comprimidos, VO, dose única Doxiciclina 100mg, 1 comprimido, VO, 2x/dia, por 7 dias A resolução dos sintomas pode levar até 7 dias após a conclusão da terapia Retratamento de infecções gonocócicas: Ceftriaxona 500mg, IM, dose única Azitromicina 500mg, 4 comprimidos, VO, dose única Para casos de falha de tratamento. Possíveis reinfecções devem ser tratadas com as doses habituais Uretrite por Mycoplasma genitalium: Azitromicina 500mg, 2 comprimidos, VO, dose única Uretrite por Trichomonas vaginalis: Metronidazol 250mg, 2 comprimidos VO, 2x/dia, por 7 dias Clindamicina 300mg, VO, 2x/dia, por 7 dias Infecção gonocócica disseminada (exceto meningite e endocardite): Ceftriaxona 1g IM ou IV ao dia, completando ao menos 7 dias de tratamento Azitromicina 500mg, 2 comprimidos, VO, dose única Conjuntivite gonocócica no adulto: Ceftriaxona 1g, IM, dose única Se o paciente apresentar alergia grave às cefalosporinas, indicar azitromicina 500mg, 4 comprimidos, VO, dose única (dose total: 2g). Os pacientes e a(s) parceria(s) devem se abster de relações sexuais desprotegidas até que o tratamento de todos esteja completo (ou seja, após o término do tratamento com múltiplas doses ou por 7 dias após a terapia com dose única). Doença inflamatória Pélvica (DIP) A DIP é uma síndrome clínica atribuída à ascensão de microrganismos do trato genital inferior, espontânea ou decorrente de manipulação, comprometendo o endométrio, tubas uterinas, anexos uterinos e/ou estruturas contíguas. Constitui uma das mais importantes complicações das IST e um sério problema de saúde pública, sendo comum em mulheres jovens com atividade sexual desprotegida. Está associada a sequelas importantes em longo prazo, causando morbidades reprodutivas que incluem infertilidade por fator tubário, gravidez ectópica e dor pélvica crônica. As taxas variam entre 9% e 20% e aumentam com o número de episódios. Estima-se um caso de DIP para cada oito a dez casos de pacientes com cervicite por algum dos patógenos elencados a seguir. Menos de 15% dos casos agudos de DIP não são transmitidos sexualmente, mas associados a germes entéricos, patógenos respiratórios ou Mycoplasma e Ureaplasma que colonizam o trato genital inferior. Agentes etiológicos de DIP: causas microbiológicas Os fatores de risco para DIP incluem: Condições socioeconômicas desfavoráveis (baixa escolaridade, desemprego e baixa renda familiar) estão associadas a um maior risco de desenvolver DIP. A atividade sexual na adolescência também é um fator de risco, com as adolescentes sexualmente ativas apresentando três vezes mais chances de desenvolver DIP aguda do que mulheres mais velhas. Comportamentos sexuais que aumentam a vulnerabilidade para IST, como ter múltiplas parcerias sexuais e iniciar atividade sexual precocemente, também estão relacionados ao aumento do risco de DIP. O uso de contraceptivos também pode influenciar, sendo que o uso de pílulas combinadas pode facilitar a infecção por Neisseria gonorrhoeae e Chlamydia trachomatis, embora não haja evidências conclusivas sobre um aumento específico de DIP com o uso desses contraceptivos. Mulheres que usam DIU apresentam um risco ligeiramente aumentado de DIP em comparação com aquelasque não usam contraceptivos ou usam outros métodos, especialmente nos primeiros 20 dias após a inserção. No entanto, o risco parece ser mais relacionado à exposição a IST do que ao uso do DIU em si, e o risco é reduzido em mulheres tratadas para IST antes da inserção do DIU. Diagnóstico de DIP O diagnóstico clínico de DIP sintomática tem uma alta taxa de valor preditivo positivo (VPP) de 65% a 90% para salpingite em comparação com a laparoscopia, que é considerada o exame "padrão ouro" para o diagnóstico definitivo. Portanto, é importante que os profissionais de saúde mantenham um alto nível de suspeição clínica para iniciar o tratamento precocemente e evitar complicações. O exame clínico para DIP deve incluir aferição de sinais vitais, exame abdominal, exame especular vaginal (com inspeção do colo de útero para verificar friabilidade e corrimento mucopurulento cervical) e exame bimanual (com mobilização do colo e palpação dos anexos). Os sinais e sintomas comuns da DIP incluem sangramento vaginal anormal em pequena quantidade, dispareunia, corrimento vaginal, dor pélvica ou abdominal inferior, e dor à mobilização do colo do útero ao toque. O diagnóstico clínico de DIP é feito com base em critérios maiores, critérios menores e critérios elaborados. Para diagnosticar DIP, é necessário que haja a presença de três critérios maiores mais um critério menor, ou um critério elaborado. Os critérios elaborados podem aumentar a especificidade do diagnóstico clínico de DIP. Diagnósticos diferenciais de DIP incluem: Para investigação da DIP e diferenciação de outras condições, são utilizados exames laboratoriais e de imagem. Os exames laboratoriais incluem hemograma completo, VHS, Proteína C reativa, exame bacterioscópico para vaginose bacteriana, cultura de material de endocérvice com antibiograma, detecção de clamídia e gonococo por biologia molecular, pesquisa de N. gonorrhoeae e C. trachomatis, exame qualitativo de urina e urocultura, hemocultura e teste de gravidez. Os exames de imagem, como a ultrassonografia transvaginal e pélvica, são importantes para diagnosticar complicações da DIP, como abscesso tubo-ovariano, cistos ovarianos e torção de ovário. Na DIP, um achado comum na ultrassonografia é a presença de uma fina camada líquida preenchendo a trompa, com ou sem líquido livre na pelve. Estes exames são essenciais para o diagnóstico etiológico e avaliação da gravidade da DIP, além de auxiliar na diferenciação com outras condições como gravidez ectópica, apendicite aguda, infecção do trato urinário, entre outras. Tratamento de DIP DIP: Seguimento A melhora clínica das pacientes com DIP deve ocorrer nos três primeiros dias após o início do tratamento antimicrobiano. A cura é determinada pelo desaparecimento dos sinais e sintomas. No entanto, mesmo com melhora clínica, estudos mostram que após trinta dias de tratamento, cerca de 40% das mulheres ainda podem apresentar a presença de um ou mais agentes bacterianos, conforme o estudo PEACH (Pelvic Inflammatory Disease Evaluation Clinical Health Trial). Portanto, é importante que a paciente retorne ao ambulatório para seguimento na primeira semana após a alta hospitalar, e observe abstinência sexual até a confirmação da cura clínica. Importante: Fazer uma leitura completa no protocolo sobre a DIP Referências: Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, Departamento de Doenças de Condições Crônicas e Infecções Sexualmente Transmissíveis. Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas para Atenção Integral às Pessoas com Infecções Sexualmente Transmissíveis – IST [recurso eletrônico] / Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, Departamento de Doenças de Condições Crônicas e Infecções Sexualmente Transmissíveis. – Brasília: Ministério da Saúde, 2022. Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, Protocolos da Atenção Básica : Saúde das Mulheres / Ministério da Saúde, Instituto Sírio-Libanês de Ensino e Pesquisa – Brasília : Ministério da Saúde, 2016. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção Primária à Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Doenças de Condições Crônicas e Infecções Sexualmente Transmissíveis. Atualização do Caderno de Atenção Básica 18: HIV/Aids, Hepatites Virais, Sífilis e outras Infecções Sexualmente Transmissíveis / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção Primária à Saúde, Departamento de Doenças de Condições Crônicas e Infecções Sexualmente Transmissíveis. – Brasília : Ministério da Saúde, 2022. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância, Prevenção e Controle das Infecções Sexualmente Transmissíveis, do HIV/Aids e das Hepatites Virais. Protocolo clínico e diretrizes terapêuticas para manejo da infecção pelo HIV em adultos. Brasília : Ministério da saúde, 2017. Laudos e interpretação dos resultados Organizado por: Alicea Gonçalves e Hinara Maria Interpretação de Laudos Breve histórico: Nomenclaturas Citológicas As nomenclaturas de uma maneira geral são desenvolvidas para facilitar a comunicação entre profissionais de áreas afins. À medida que a ciência e a tecnologia vão se desenvolvendo, novos conceitos surgem e, em virtude das novas descobertas, é necessária a revisão periódica dessas nomenclaturas. Papanicolau (1920) utilizou os termos “classes” na sua nomenclatura citopatológica; Essa classificação não levava em conta a possibilidade de lesões precursoras, mas apenas a presença ou a ausência de malignidade, e não era possível fazer correlação histopatológica. Fonte: INCA, 2016. Classe I – Ausência de células anormais. Classe II – Alterações celulares benignas, geralmente causadas por processo inflamatório. Classe III – Presença de células anormais. Classe IV – Citologia sugestiva de malignidade. Classe V – Citologia indicativa de câncer de colo uterino. Classificação de Richard Posteriormente, estabelece o termo neoplasia intraepitelial cervical (NIC), dividida em 3 graus. E a última definida como adenocarcinoma invasor. Sistema Bethesda Sistema de Bethesda, de 1988 (Instituto Nacional de Câncer dos Estados Unidos), somente foi incorporada universalmente pelos laboratórios de citopatológia que prestam serviços ao SUS a partir de 1998, com a implantação, em todo o país, do Viva Mulher, Programa Nacional de Controle do Câncer do Colo do Útero e da Mama. É a classificação citológica mais atual do esfregaço cervical; Foi revisada em 1991, 2001 e 2014; O diagnóstico citológico deve ser diferenciado para as células escamosas e glandulares. Conceitos incorporados: O diagnóstico citológico deve ser diferenciado para as células escamosas e glandulares; Dividindo-as em lesões intraepiteliais de baixo (LSIL) e alto (HSIL) graus, ressaltando o conceito de possibilidade de evolução para neoplasia invasora; Introdução da análise da qualidade do esfregaço. Recomendações para conduta inicial Fonte: INCA, 2016. Classificação de Papanicolau Biópsia Colposcopia Exérese da zona de transformação e Conização Procedimentos médicos de acordo com os laudos A realização da biópsia está indicada para a confirmação diagnóstica dos casos alterados na citologia, após a avaliação colposcópica. Exame histopatológico: retirada de um ou mais fragmentos de tecido alterados do colo do útero; Fonte: Google Imagens. As Diretrizes Brasileiras para o Rastreamento do Câncer do Colo do Útero recomendam encaminhar para investigação colposcópica todas as mulheres que apresentem exame citopatológico de rastreamento com resultado de células escamosas atípicas de significado indeterminado, quando não se pode excluir lesão intraepitelial de alto grau (ASC-H), células glandulares atípicas de significado indeterminado (AGC), células atípicas de origem indefinida (AOI), lesão intraepitelial escamosa de alto grau (HSIL), adenocarcinoma in situ e invasivo e carcinoma epidermoide. O exame avalia a vulva, vagina e colo do útero de maneira detalhada. Fonte: Google Imagens. A EZT e a conização são métodos excisionais para otratamento das lesões precursoras do câncer do colo do útero. O tipo de tratamento dependerá do estadiamento da doença, tamanho do tumor e fatores pessoais, como idade e desejo de preservação da fertilidade (INCA, 2000). Fonte: Google Imagens. Fonte: Google Imagens. Interpretação dos resultados Resultados citopatologia normal Inflamação sem identificação de agente Metaplasia escamosa imatura Atrofia com inflamação Achados microbiológicos Resultados citopatologia anormal Atipicas de significado indeterminado Lesão intraepitelial de baixo grau Lesão intraepitelial de alto grau Lesão intraepitelial de alto grau não podendo excluir microinvasão Carcinoma epidermoide invasor Adenocarcinoma in situ ou invasor Há queixa de corrimento vaginal? Adequabilidade da amostras: satisfatória ou não satisfatória. Satisfatória para avaliação oncótica Células em quantidade suficiente, bem distribuídas, fixadas e coradas, de tal modo que sua visualização permita conclusão diagnóstica. Insatisfatória para avaliação oncótica Material acelular ou hipocelular (menos de 10% do esfregaço); Leitura prejudicada (mais de 75% do esfregaço) por conter: Sangue, piócitos, intensa superposição celular, contaminantes externos. *Conduta clínica: Repetir o exame Resultados e condutas: Inflamação SEM identificação de agente Se sim, conduzir para o tratamento de corrimento vaginal e/ou IST’s. Se não, seguir com rotina de rastreamento citológico Atrofia com inflamação: - Comum em mulheres no climatério, pós-parto e lactação. Na ausência de atipias: Seguir a rotina de rastreamento; Avaliar casos específicos (como histórico de câncer de mama) para uso da estrogenização; Orientar sobre sexo seguro e uso de lubrificante. Metaplasia escamosa imatura: Seguir a rotina de rastreamento; Orientações sobre sexo seguro, cuidados de higiene e cuidados de saúde. Achados microbiológicos Em caso de Lactobacillus sp, Cocos, Candida sp, Enterococcus sp e outros bacilos, seguir com rotina de rastreamento. Células escamosas atípicas de significado indeterminado (ASCUS) Não se podendo afastar lesão de alto grau (ASC-H): Encaminhar para colposcopia Possivelmente não neoplásicas (ASC-US): 30 anos: repetir a citologia em 6 meses Células granulares atípicas de significado indeterminado (AGC) ou células atípicas de origem não definida Possivelmente não neoplásicas ou não se podendo afastar de lesão de alto grau: Encaminhar para colposcopia Lesão de baixo grau (LSIL) 25 anos: repetir a citologia em 6 meses Lesão de alto grau (HSIL) Lesão intraepitelial de alto grau não podendo excluir microinvasão Carcinoma epidermoide invasor Adenocarcinoma em situ ou invasor Encaminhar para colposcopia. E Referências BRASIL. Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva. Coordenação de Prevenção e Vigilância. Divisão de Detecção Precoce e Apoio à Organização de Rede. Diretrizes brasileiras para o rastreamento do câncer do colo do útero. – 2. ed. rev. atual. – Rio de Janeiro: INCA, 2016. INSTITUTO NACIONAL DE CÂNCER JOSÉ ALENCAR GOMES DA SILVA (INCA). Parâmetros técnicos para rastreamento do câncer do colo do útero. – Rio de Janeiro: INCA, 2019. Disponível em: https://www.inca.gov.br/publicacoes/livros/parametros-tecnicos-para-o-rastreamento-do-cancer-do-colo-do- utero. Acesso em: 03 de março de 2024. Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva. Coordenação-Geral de Prevenção e Vigilância. Divisão de Detecção Precoce e Apoio à Organização de Rede. Nomenclatura brasileira para laudos citopatológicos cervicais / Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva, Coordenação-Geral de Prevenção e Vigilância, Divisão de Detecção Precoce e Apoio à Organização de Rede. – 3. ed. – Rio de Janeiro: INCA, 2012. https://www.inca.gov.br/publicacoes/livros/diretrizes-brasileiras-para-o-rastreamento-cancer-colo-utero https://www.inca.gov.br/publicacoes/livros/diretrizes-brasileiras-para-o-rastreamento-cancer-colo-utero https://www.inca.gov.br/publicacoes/livros/parametros-tecnicos-para-o-rastreamento-do-cancer-do-colo-do-utero https://www.inca.gov.br/publicacoes/livros/parametros-tecnicos-para-o-rastreamento-do-cancer-do-colo-do-utero Profilaxia da transmissão vertical do HIV, hepatites, sífilis congênita Organizado por: Alana Bezerra e João Thadeu Profilaxia da Transmissão Vertical Hepatite B Prevenção combinada; Recomenda-se a estratégia da Prevenção Combinada para oferta de serviços à mulher sexualmente ativa. Trata-se de diferentes intervenções conciliadas em uma metodologia conjunta, por meio da combinação das três formas de intervenções possíveis na formulação de estratégias de prevenção: biomédicas, comportamentais e estruturais (marcos legais), com o intuito de oferecer o mais alto grau de possibilidades para a prevenção e para a redução dos riscos de transmissão do HIV e de outras infecções sexualmente transmissíveis. Essa conjunção de ações deve ser centrada nas pessoas, em seus grupos sociais e na sociedade em que elas se inserem Profilaxia da Transmissão Vertical - HIV Terapia antirretroviral na gestação O risco de transmissão vertical do HIV é determinado pela carga viral do HIV materna, pelo uso de TARV durante a gestação e pela relação entre o tempo de uso de TARV efetiva e o parto. A supressão da carga viral do HIV é um fator determinante na prevenção da transmissão vertical. O uso de TARV durante a gravidez reduz a taxa de transmissão vertical do HIV de aproximadamente 30% para menos de 1%, quando se alcança a supressão da carga viral do HIV materna (carga viral do HIV plasmáticae recuperação da saúde em todo território brasileiro. Contribuir para a redução da morbidade e mortalidade feminina no Brasil, especialmente por causas evitáveis, em todos os ciclos de vida e nos diversos grupos populacionais, sem discriminação de qualquer espécie. Ampliar, qualificar e humanizar a atenção integral à saúde da mulher no Sistema Único de Saúde. Objetivos Específicos Ampliar e qualificar a atenção clínico-ginecológica, inclusive para as portadoras da infecção pelo HIV e outras DST Estimular a implantação e implementação da assistência em planejamento familiar, para homens e mulheres, adultos e adolescentes Ampliar e qualificar a atenção ao planejamento familiar Ampliar o acesso das mulheres às informações sobre as opções de métodos anticoncepcionais Estimular a participação e inclusão de homens e adolescentes nas ações de planejamento familiar. Promover a atenção obstétrica e neonatal, qualificada e humanizada, incluindo a assistência ao abortamento em condições inseguras, para mulheres e adolescentes Promover a atenção às mulheres e adolescentes em situação de violência Promover a prevenção e o controle das doenças sexualmente transmissíveis e da infecção pelo HIV/aids na população feminina Reduzir a morbimortalidade por câncer na população feminina Implantar um modelo de atenção à saúde mental das mulheres sob o enfoque de gênero Implantar e implementar a atenção à saúde da mulher no climatério Promover a atenção à saúde da mulher negra Instituído pelo Ministério da Saúde através da Portaria/GM nº 569, de 01/06/2000 O objetivo primordial do Programa de Humanização no Pré-natal e Nascimento (PHPN) é assegurar a melhoria do acesso, da cobertura e da qualidade do acompanhamento pré-natal, da assistência ao parto e puerpério às gestantes e ao recém-nascido, na perspectiva dos direitos de cidadania. Programa de Humanização no Pré-Natal e Nascimento (PHPN) - 2000 Reduzir as altas taxas de mortalidade materna, peri e neonatal no país. Prioridades Melhoria do acesso, da cobertura e da qualidade do acompanhamento pré-natal, da assistência ao parto, puerpério e neonatal Ampliar as ações já adotadas pelo Ministério da Saúde na área de atenção à gestante Princípios Toda gestante tem direito ao acesso a atendimento digno e de qualidade no decorrer da gestação, parto e puerpério Toda gestante tem direito à assistência ao parto e ao puerpério e que esta seja realizada de forma humanizada e segura Toda gestante tem direito de saber e ter assegurado o acesso à maternidade em que será atendida no momento do parto Todo recém-nascido tem direito à assistência neonatal de forma humanizada e segura Componentes Componente I - Incentivo à Assistência Pré-Natal Objetiva estimular estados e municípios a realizarem o acompanhamento pré-natal adequado e o cadastramento das gestantes Componente III - Nova Sistemática de Pagamento da Assistência ao Parto Objetiva a melhoria do custeio da assistência ao parto nos hospitais integrantes do Sistema de Informações Hospitalares - SIH/SUS. Componente II - Organização, Regulação e Investimentos na Assistência Obstétrica e Neonatal Objetiva o desenvolvimento de condições técnicas e operacionais para a organização e regulação da assistência obstétrica e neonatal O PHPN requer que a 1º consulta de pré-natal seja até o 4º mês de gestação, sendo, no mínimo, 6 consultas de pré-natal, sendo 1 consulta no 1º trimestre, 2 consultas no 2º trimestre e 3 consultas no 3º trimestre. Além disso, é necessário 1 consulta no puerpério, até 42 dias após o parto. Os indicadores de saúde procuram descrever e monitorar a situação em saúde de uma população. Os atributos se relacionam às características ou qualidades da saúde e as dimensões da saúde compreendem o bem-estar físico, emocional, espiritual, ambiental, mental e social. Indicadores de Saúde Mortalidade Materna A mortalidade materna é um potente indicador de saúde que reflete as condições sociais, econômicas e de qualidade de vida das pessoas que vivem em um determinado local. Reduzir a ocorrência de mortes maternas têm sido uma prioridade mundial e está incluída nas metas dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável e na Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas. Morte Obstétrica Morte decorrente de causas obstétricas, sendo direta ou indiretamente. Os objetivos de desenvolvimento do milênio e sua transição para os objetivos de desenvolvimento sustentável Os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM) foram oito grandes objetivos globais assumidos pelos países membros da Organização das Nações Unidas (ONU), os quais, em seu conjunto, almejavam fazer com que o mundo progredisse rapidamente rumo à eliminação da extrema pobreza e da fome do planeta, fatores que afetavam especialmente as populações mais pobres, dos países menos desenvolvidos. ODM 3 - Promover a igualdade de gênero e a autonomia das mulheres: A meta desse ODM era “até 2015, eliminar as disparidades entre os sexos em todos os níveis de ensino”. O Relatório dos ODM 2015 da ONU indica que a paridade de gênero na educação primária foi atingida no ano de 2012 em 64% dos países de regiões em desenvolvimento, mas as disparidades persistem em níveis superiores de ensino. Promover a igualdade entre os sexos e a autonomia feminina requer mais que a paridade no acesso ao ensino. Diante disso, os outros indicadores do ODM 3 dizem respeito à participação feminina no mercado de trabalho e à representação política das mulheres. Nessas dimensões, que não possuem uma meta associada, o mundo apresentou progressos, e o Brasil também. Morte obstétrica direta: É aquela que ocorre por complicações obstétricas, durante gravidez, parto ou puerpério, relacionadas a intervenções, omissões, tratamento incorreto ou a uma cadeia de eventos, resultantes de qualquer uma dessas causas. Morte obstétrica indireta: É aquela resultante de doenças que existiam antes da gestação ou que se desenvolveram durante esse período, não provocadas por causas obstétricas diretas, mas agravadas pelos efeitos fisiológicos da gravidez. ODM 5 - Melhorar a saúde materna: O ODM 5 buscava atingir duas metas globais: “até 2015, reduzir a mortalidade materna em três quartos do nível observado em 1990”; e “Até 2015, universa- lizar o acesso à saúde reprodutiva”. O Brasil inseriu também uma meta nacional própria: “até 2015, deter e inverter a tendência de crescimento da mortalidade por câncer de mama e de colo do útero”. Ampliar o acesso da mulher aos serviços de saúde para o controle de câncer do colo de útero e mama, por meio de ações integradas de prevenção primária. Programa Viva Mulher: Como aconteceu? Em setembro de 1995, o Ministério da Saúde reconheceu a necessidade de um programa de âmbito nacional, visando ao controle do câncer do colo do útero. Uma equipe de técnicos do Ministério da Saúde, em parceria com organismos nacionais e internacionais, elaborou um estudo piloto que, mais tarde, subsidiaria o Programa Nacional de Controle do Câncer do Colo do Útero. O projeto-piloto, denominado Viva Mulher, foi implantado entre janeiro de 1997 e junho de 1998 em seis localidades (Curitiba, Brasília, Recife, Rio de Janeiro, Belém e estado de Sergipe) e atendeu mulheres entre 35 e 49 anos que nunca haviam feito o exame preventivo ou que estavam sem fazê-lo há mais de três anos. Em 21 de junho de 1998, o Ministério da Saúde instituiu o Programa Nacional de Combate ao Câncer de Colo do Útero através da Portaria GM/MS nº 3040/98. A primeira fase de intensificação ocorreu em 1998, com a estruturação da rede assistencial, estabelecimento de um sistema monitoramento das ações (SISCOLO) e dos mecanismos para mobilização e captação de mulheres A coordenação do programa foi oficialmente transferida para o INCA em 1999. Neste mesmo ano foi instituído o Sistema de Informação do Câncer do Colo do Útero – SISCOLO - para monitoramento e gerenciamento das ações. De 1999 a 2001 as ações pela oferta de serviços foram ampliadas, resultando na realização de oito milhõessobre ARV na gestação › Escolha dos ITRN A associação tenofovir/lamivudina (TDF/3TC) é a preferencial nas gestantes infectadas pelo HIV, pois possui facilidade posológica (dose única diária), além de um perfil favorável em relação à lipoatrofia e à toxicidade hematológica, ambas associadas à zidovudina (AZT). Esquema alternativo CUIDADOS NA SALA DE PARTO E PÓS-PARTO IMEDIATO Sempre que possível, realizar o parto empelicado, com a retirada do neonato mantendo as membranas corioamnióticas íntegras. 1. Clampear imediatamente o cordão após o nascimento, sem qualquer ordenha.2. Imediatamente após o nascimento (ainda na sala de parto), realizar o banho, preferencialmente com chuveirinho, torneira ou outra fonte de água corrente. Limpar com compressas macias todo sangue e secreções visíveis no RN. A compressa deve ser utilizada de forma suave, com cuidado ao limpar as secreções, para não lesar a pele delicada da criança e evitar uma possível contaminação. 3. Se necessário, aspirar delicadamente as vias aéreas do RN, evitando traumatismos em mucosas. Aspirar delicadamente o conteúdo gástrico de líquido amniótico (se necessário) com sonda oral, evitando traumatismos. Se houver presença de sangue, realizar lavagem gástrica com soro fisiológico. 4. Colocar o RN junto à mãe o mais brevemente possível.5. Coletar amostra de sangue periférico para realização de CV-HIV.6. Iniciar profilaxia antirretroviral conforme classificação de exposição ao HIV (baixo ou alto risco).7. Orientar a não amamentação e inibir a lactação com medicamento (cabergolina). Orientar a mãe a substituir o leite materno por fórmula láctea até os seis meses de idade da criança. O aleitamento misto também é contraindicado. Pode-se usar leite humano pasteurizado proveniente de banco de leite credenciado pelo MS (ex., em RN pré-termo ou de baixo peso). 8. MATERNIDADE: CUIDADOS ANTES DA ALTA É recomendado o alojamento conjunto em período integral, com o intuito de fortalecer o vínculo mãe-filho.1. Iniciar ainda na maternidade o monitoramento laboratorial em todas as crianças expostas (independentemente de serem pré-termo ou não), considerando a possibilidade de efeitos adversos aos ARV utilizados pela mãe. 2. São terminantemente contraindicados o aleitamento cruzado (amamentação da criança por outra nutriz) e o uso de leite humano com pasteurização domiciliar. Orientar a mãe a substituir o leite materno por fórmula láctea até a criança completar seis meses de idade. 3. Anotar no resumo de alta do RN as informações do pré-natal, as condições do nascimento, o tempo de uso do AZT injetável na mãe, o momento do início da profilaxia com antirretrovirais, a dose utilizada, periodicidade e data de término, além das mensurações antropométricas, tipo de alimento fornecido à criança e outras informações importantes relativas ao parto. Essas informações deverão ser disponibilizadas ao Serviço de Atenção Especializada (SAE) e à Unidade Básica de Saúde (UBS) que acompanharão a criança e a puérpera. 4. A alta da maternidade é acompanhada de consulta agendada em serviço especializado para seguimento de crianças expostas ao HIV. O comparecimento a essa consulta necessita ser monitorado. Em caso de não comparecimento, contatar a puérpera. A data da primeira consulta não deve ser superior a 15 dias a contar do nascimento, idealmente na primeira semana de vida. 5. Preencher as fichas de notificação da “Criança exposta ao HIV” e enviá-las ao núcleo de vigilância epidemiológica competente. 6. Atentar para as anotações feitas na carteira do RN referentes a dados que remetam à exposição ao HIV (comprometendo o sigilo), uma vez que se trata de um documento comumente manuseado pela família e algumas vezes requerido no trabalho dos progenitores para liberação do salário-família e para frequência à creche. 7. RECÉM-NASCIDO Profilaxia da Transmissão Vertical - SÍFILIS A sífilis congênita é o resultado da disseminação hematogênica do Treponema pallidum, da gestante infectada não-tratada ou inadequadamente tratada para o seu concepto, por via transplacentária. Sabe-se que: A transmissão vertical do T. pallidum pode ocorrer em qualquer fase gestacional ou estágio clínico da doença materna. 1. Os principais fatores que determinam a probabilidade de transmissão vertical do T. pallidum são o estágio da sífilis na mãe e a duração da exposição do feto no útero. 2. A taxa de infecção da transmissão vertical do T. pallidum em mulheres não tratadas é de 70 a 100%, nas fases primária e secundária da doença, reduzindo-se para aproximadamente 30% nas fases tardias da infecção materna (latente tardia e terciária). 3. Há possibilidade de transmissão direta do T. pallidum por meio do contato da criança pelo canal de parto, se houver lesões genitais maternas. Durante o aleitamento, ocorrerá apenas se houver lesão mamária por sífilis. 4. Ocorre aborto espontâneo, natimorto ou morte perinatal em aproximadamente 40% das crianças infectadas a partir de mães não-tratadas. 5. Nesses casos, a benzilpenicilina benzatina é a única opção segura e eficaz para o tratamento adequado das gestantes. Qualquer outro tratamento realizado durante a gestação, para fins de definição de caso e abordagem terapêutica de sífilis congênita, é considerado não adequado da mãe; por conseguinte, o RN será notificado como caso de sífilis congênita e submetido à avaliação clínica e laboratorial. Conduta A resolução dos sinais e sintomas após o tratamento, caso estes tenham estado previamente presentes, é indicativa de resposta à terapia. No entanto, o monitoramento pós- tratamento com teste não treponêmico está recomendado a todos os pacientes para determinar se ocorreu resposta imunológica adequada, uma vez que, mesmo com o tratamento adequado na gravidez, em cerca de 14% dos casos poderá ocorrer óbito fetal ou nascimento de crianças com evidências clínicas de sífilis congênita. Teste de sensibilidade à benzilpenicilina benzatina O teste de sensibilidade à benzilpenicilina benzatina é utilizado para determinar a sensibilidade de determinada bactéria. O teste é realizado em laboratório, no qual a bactéria isolada é exposta a diferentes concentrações do antibiótico para determinar a menor concentração capaz de inibir o crescimento e descobrir qual a dose que é indicada para a gestante não apresentar alergia. a única medicação eficaz contra a bactéria. Resposta imunológica ao tratamento de sífilis O sucesso de tratamento para sífilis em gestante, após a última dose de penicilina (3, 8, 18, 19): › A diminuição da titulação do teste não treponêmico em duas diluições (ex.: 1:64 para 1:16) em até três meses e quatro diluições (ex.: 1:64 para 1:4) em até seis meses, com evolução até a sororreversão (teste não treponêmico não reagente); › A diminuição na titulação em duas diluições em até seis meses para sífilis recente ou em até 12 meses para sífilis tardia; Ressalta-se a importância de a gestante ser testada mensalmente após o tratamento, para avaliar, além da queda de títulos, a possibilidade de elevação destes por tratamento inadequado, falha terapêutica ou reinfecção. Quanto mais precoce forem o diagnóstico e o tratamento, mais rapidamente haverá desaparecimento dos anticorpos circulantes e consequente negativação dos testes não treponêmicos, ou, ainda, sua estabilização em títulos baixos; Deve-se realizar a coleta do teste não treponêmico, sempre que possível, no início do tratamento (idealmente, no primeiro dia), uma vez que os títulos podem aumentar significativamente se a medicação só for iniciada após alguns dias do diagnóstico. Isso é importante para documentar a titulação no momento do início do tratamento e servirá como base para o monitoramento clínico. Profilaxia da Transmissão Vertical Hepatite B Rastreio e vacinação para gestantes: Deve-se proceder à investigação da infecção pelo HBV com pesquisa do HBsAg em todas as gestantes no 1º trimestre da gestação, ou quando se iniciar o pré natal, caso não haja comprovação de vacinação completa para hepatiteB. Algumas situações precisam ser conduzidas de forma diferente, segue a baixo as maneiras corretas: Deverão ser orientadas e referenciadas já durante o pré-natal para unidades obstétricas que assegurem a administração de vacina hepatite B e da imunoglobulina humana anti-hepatite B (IGHAHB) ao RN. No entanto, a solicitação de exames complementares e indicação de terapia profilática não devem aguardar a consulta com o especialista. Das opções terapêuticas disponíveis para HBV, o tenofovir (TDF) é o único antiviral que tem seu uso recomendado na gestação. Como conduzir nos casos de gestantes com HBsaAg reagente: Devem realizar a pesquisa de HBsAg no momento da admissão hospitalar para o parto por meio de testes rapidos. Quando não se sabe o esquema vacinal da gestante: Deverão receber associação de vacina e IGHAHB. Gestantes expostas ao HBV em qualquer trimestre – Fluxograma de prevenção da transmissão vertical de hepatite B Profilaxia da Transmissão Vertical Hepatite B Transmissão Vertical (TV) A principal forma de TV da infecção pelo HBV é a perinatal, sendo a transmissão intrauterina mais rara. Os fatores de risco relacionados à transmissão intrauterina do HBV são: Presença de HBeAg reagente materno; Parto pré-termo laborioso; Procedimentos obstétricos com manipulação de placenta. Cuidados com o RN: Logo após o nascimento, os RN de mulheres com HBV (HBsAg reagente) devem receber imunoglobulina humana anti-hepatite B (IGHAHB) e a primeira dose do esquema vacinal para HBV. As demais doses serão aplicadas aos 2, 4 e 6 meses. Uma vez que a maior frequência de transmissão vertical da hepatite B ocorre no momento do parto, essa temática se reveste de grande importância. No entanto, a evidência é conflituosa quanto ao efeito do modo de parto na redução das taxas de TV do HBV. Não há evidências concretas dos benefícios da realização de cesariana como medida preventiva da transmissão vertical de hepatite B, sendo esse um tema ainda controverso na literatura. Esse procedimento não deve ser realizado como única indicação para a prevenção da TV do vírus da hepatite B. A amamentação não está contraindicada, ainda que não tenham sido realizadas ações para prevenção de TV-HBV – Fluxograma de seguimento da criança exposta ao HBV Profilaxia da Transmissão Vertical Hepatite C A infecção pelo HCV ocorre pela via parenteral, por meio da exposição ao sangue contaminado, por via sexual e por transmissão vertical, que é a principal via de transmissão em crianças infectadas pelo HCV Durante o pré-natal: A gestante com HCV deve coletar, no início do pré-natal, dosagens de CV-HCV e testes de função hepática, para avaliar risco de TV-HCV e estadiamento de doença hepática. Os medicamentos utilizados para o tratamento da hepatite C aguda e crônica são teratogênicos ou não possuem dados que comprovem segurança na gestação; por isso, são contraindicados durante esse período. Se for confirmada a gestação durante o tratamento da hepatite C, este deverá ser suspenso. Recomenda-se que mulheres em idade fértil em tratamento de hepatite C sejam submetidas a testes de gravidez com periodicidade e que utilizem contracepção de barreira. Após o fim do tratamento, deve-se evitar gestação pelos seis meses seguintes. Parto e cuidado com o RN: Não há evidências científicas que recomendem uma via de parto preferencial com o propósito de prevenir a TV do HCV. Orienta-se evitar procedimentos invasivos, parto laborioso e tempo de rotura de membranas maior que seis horas para minimizar a possibilidade de TV. Não há recomendações específicas em relação aos cuidados imediatos com o RN exposto ao HCV. Contudo, orienta-se proceder com banho em água corrente ainda na sala de parto, imediatamente após o nascimento. Quando isso não for possível, limpar com compressas macias todo o sangue e secreções visíveis no RN e proceder ao banho em água corrente logo em seguida; utilizar também aspiração gástrica para a remoção de secreção infectada. Amamentação: O aleitamento materno não é contraindicado em mulheres portadoras do HCV e não há evidências de que o aleitamento favoreça a TV do HCV; contudo, a presença de fissuras ou feridas sangrantes na mama constitui-se em um meio de exposição ao lactente. Portanto, está recomendada a interrupção temporária de amamentação na mama lesionada até a cicatrização completa, com manutenção da ordenha e descarte do leite Referências Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, Departamento de Doenças de Condições Crônicas e Infecções Sexualmente Transmissíveis. Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas para Atenção Integral às Pessoas com Infecções Sexualmente Transmissíveis – IST [recurso eletrônico] / Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, Departamento de Doenças de Condições Crônicas e Infecções Sexualmente Transmissíveis. – Brasília: Ministério da Saúde, 2022. Distúrbios Benignos do Sistema Reprodutor Feminino e queixas ginecológicas mais comuns Organizado por: Hinara Maria e Júlia Torres Lesões vulvares Diagnóstico Atuação da Enfermagem Lesões vulvares Distúrbios Benignos do sistema reprodutor feminino e queixas ginecológicas mais comuns Disfunções do Assoalho Pélvico Lesões Vulvares Dispaurenia Sangramento Uterino Anormal (SUA) Doença inflamatória pélvica (DIP) Dor pélvica crônica (DPC) Síndrome pré-menstrual (SPM) Dismenorréia Endometriose Miomatose Síndrome de ovários policísticos Distúrbios do assoalho pélvico (DAP) Ocorrem devido a alterações das estruturas da região pélvica (REIS et al., 2019) As alterações benignas da vulva são condições frequentes, muitas vezes com sintomas clínicos significativos ou mesmo assintomáticas e percebidas apenas durante exame de rotina. Comumente são causas de desconforto e erros diagnósticos crônicos; Alguns fatores de risco: Atividade sexual (uso de ducha vaginal, sabonetes e perfumes); Uso de pílula anticoncepcional oral; Diabetes; Maus hábitos de higiene ou incontinência; Anamnese Determinar localização (vaginal, vulvar ou perianal), tamanho e distribuição; Caracterizar evolução da lesão: momento em que foi percebida, se aumentou de tamanho ou apareceram novas lesões, se já houve lesões semelhantes no passado; Avaliar sintomas associados: dor, prurido, sangramento, secreção; Se quadro sugestivo de doença hemorroidária, avaliar história de constipação. Exame Físico Caracterizar melhor a localização, o tamanho, o número de lesões e a distribuição; Avaliar sinais associados: eritema, edema, secreção, outras lesões associadas. Atua em casos de úlcera genital e verruga anogenital DICA: Ler o Protocolo da Atenção Básica: Saúde das Mulheres Alterações frequentes e que devem ser consideradas durante a avaliação da paciente com queixas vulvares: Herpes vírus Cancro mole Linfogranuloma venéreo Sífilis HPV Dispareunia Sangramento Uterino anormal Refere-se a dor durante o ato sexual podendo estar associada a diversas condições clínicas. É uma das queixas mais comuns em consultórios de ginecologia, acometendo todas as faixas etárias, desde a adolescência até a perimenopausa. Padrões normais de sangramentos Quantidade: perda sanguínea em torno de 40 mL (25-70 mL); Duração do fluxo: 2 a 7 dias; Frequência dos fluxos: entre 21 e 35 dias. Tipos de sangramentos Sangramento uterino aumentado (ovulatório): Definição ciclos menstruais regulares volume do sangramento interfere nas atividades; Causas mais relevantes funcional (causa endometrial) miomatose adenomiose DIU de cobre coagulopatias Outras causas pólipos endometriais hiperplasia ou carcinoma de endométrio doença inflamatória pélvica, endometrite Sangramento irregular (anovulatório): Definição ciclos irregulares volume de sangramento variável Causas mais relevantes primeiros anos após menarca climatério síndrome dos ovários policísticos hipotireoidismo hiperprolactinemia Sangramento intermenstrual: Definição sangramento não relacionado ao ciclo menstrual Padrões escape ou spotting: ocorreem qualquer momento do ciclo menstrual e, geralmente, em pequena quantidade sangramento pós-coito: é desencadeado pelo ato sexual e, geralmente, decorre de patologias da vagina ou do colo uterino Etiologias patologias cervicais (cervicite, câncer de colo uterino, pólipo cervical, condiloma, trauma) ou ectopia câncer de endométrio (especialmente se > 45 anos) endometrite ou DIP pólipos de endométrio Atuação da Enfermagem Anamnese (Escuta qualificada) Avaliar se o sangramento é uterino Indicar o teste de gravidez Teste positivo Doença inflamatória pélvica (DIP) Fatores de risco Diagnóstico Considerar abortamento Atentar para violência sexual DICA: Ler o Protocolo da Atenção Básica: Saúde das Mulheres A DIP é uma síndrome clínica atribuída à ascensão de microrganismos do trato genital inferior, espontânea ou decorrente de manipulação (inserção de DIU, biópsia de endométrio, curetagem, entre outros), comprometendo o endométrio (endometrite), tubas uterinas, anexos uterinos e/ou estruturas contíguas (salpingite, miometrite, ooforite, parametrite, pelviperitonite); Constitui uma das mais importantes complicações das IST e um sério problema de saúde pública, sendo comum em mulheres jovens com atividade sexual desprotegida. 85% do casos são causados por agentes patogênicos sexualmente transmitidos ou associados a vaginose bacteriana, são estes Chlamydia trachomatis e Neisseria gonorrhoeae; 15 % dos casos são de germes entéricos, patógenos respiratórios, e do trato genital inferior. Condições socioeconômicas desfavoráveis Atividade sexual na adolescência. Comportamento sexual de pessoas com maior vulnerabilidade para IST (parcerias múltiplas, início precoce das atividades sexuais, novas parcerias etc.); Uso de dispositivo intrauterino – DIU Quando uma mulher sexualmente ativa se apresenta com dor abdominal baixa e/ou dor pélvica, deverá investigar DIP no diagnóstico diferencial, independentemente da história de atividade sexual recente. Exame clínico: Aferição de sinais vitais; Exame abdominal; Exame especular vaginal, incluindo inspeção do colo de útero para friabilidade (sangramento fácil) e corrimento mucopurulento cervical; Exame bimanual, com mobilização do colo e palpação dos anexos. Diagnóstico clínico: É feito a partir dos critérios maiores, menores e elaborados. É necessário apresentar: Três critérios maiores MAIS um critério menor; OU Um critério elaborado. Tratamento OBS: Já os diagnósticos diferenciais de DIP incluem: gravidez ectópica, apendicite aguda, infecção do trato urinário, litíase ureteral, torção de tumor cístico de ovário, torção de mioma uterino, rotura de cisto ovariano, endometriose (endometrioma roto), diverticulite, entre outros. Exames laboratoriais e imagens: Hemograma completo; VHS; Proteína C reativa; Exame bacterioscópico para vaginose bacteriana; Cultura de material de endocérvice com antibiograma; Detecção de clamídia e gonococo por biologia molecular; Pesquisa de N. gonorrhoeae e C. trachomatis no material de endocérvice, da uretra, de laparoscopia ou de punção do fundo de saco posterior; Exame qualitativo de urina e urocultura (para afastar hipótese de infecção do trato urinário); Hemocultura; Teste de gravidez (para afastar gravidez ectópica); Exames de imagem: a ultrassonografia transvaginal e pélvica é um método acessível e não invasivo no diagnóstico de complicações relacionadas à DIP. Recomenda-se que, por menor que seja a suspeita, o tratamento seja iniciado o quanto antes. A melhora clínica das pacientes com DIP deverá acontecer nos três primeiros dias após o início do tratamento antimicrobiano. A cura é baseada no desaparecimento dos sinais e sintomas; Parcerias sexuais devem ser tratadas; Mulheres grávidas com suspeita de DIP têm alto risco de abortamento e corioamnionite; Se houver piora do quadro, considerar laparoscopia ou outros exames de imagem, como ressonância nuclear magnética ou tomografia computadorizada axial, para diagnósticos diferenciais ou complicações de DIP. Particularidades Uso de DIU: Se a paciente for usuária de DIU, não há necessidade de remoção do dispositivo, porém, caso exista indicação, a remoção não deve ser anterior à instituição da antibioticoterapia, devendo ser realizada somente após duas doses do esquema terapêutico; Nesses casos, orientar a paciente sobre uso de métodos de barreira (preservativo masculino e feminino, diafragma etc.). Não recomendar duchas vaginais. Pacientes imunocomprometidos: Apresentam comportamento similar às pacientes com imunidade normal, apenas com a ressalva de que desenvolvem mais facilmente abscesso tubo-ovariano, merecendo, portanto, maior cuidado. Dor pélvica crônica (DPC) O exame físico pode identificar áreas dolorosas e presença de massas ou outras alterações anatômicas. No entanto, a ausência de achados não exclui uma patologia intra-abdominal como causa. Exames complementares Os testes complementares podem auxiliar no esclarecimento diagnóstico de pacientes com DPC. Em alguns casos,pode ser necessária a exclusão de um quadro gestacional. Exame físico: As reais origens patogênicas da DPC não são conhecidas, dessa forma, avaliações por diferentes especialistas com diferentes mé- todos diagnósticos são empregadas, muitas vezes sem revelar a real causa da DPC, o que contribui para a baixa eficácia de mui- tos tratamentos. Sindrome Pré-Mestrual (SPM) Pode ser caracterizada como dor contínua ou intermitente no abdome inferior, durante um período mínimo de 6 meses, relacionada ou não ao período menstrual e/ou relação sexual. Exames Complementares: Citologia ecto e endocervical. Pesquisas cervicais para micoplasma, urea, plasma, gonococo e clamídia. Hemograma. Exame de urina com cultura. Pesquisa de hemoglobina humana nas fezes. Ultrassonografia (US) transvaginal Ressonância magnética e tomografia compu- tadorizada. Laparoscopia diagnóstica Tratamento deve ser direcionado à causa da DPC, quando identificável. Em pacientes sem diagnóstico específico, o manejo multidisciplinar deve ser buscado associação de medicação analgésica com modificações de dieta, estilo de vida e comportamento e o tratamento de fato- res psicológicos têm demonstrado melhorar a qualidade de vida das pacientes. A síndrome pré-menstrual (SPM) e o transtorno disfórico- pré-menstrual (TDPM) são dois distúrbios relacionados a sintomas que ocorrem uma a duas semanas antes da menstruação e que melhoram após o início dela. Esses sintomas podem ser físicos, emocionais e comportamentais. Embora ambos os transtornos interfiram no dia a dia da mulher, a TDPM é mais severa e, às vezes, incapacitante. Saiba mais sobre essas duas condições e como são tratadas. Sintomas: Instabilidade emocional; Mau-humor extremo; Humor deprimido; Ansiedade acentuada. Tratamento da síndrome pré-menstrual: Mudança no estilo de vida - adotar hábitos saudáveis, como manter uma alimentação bem equilibrada e praticar exercícios físicos regularmente; Medicamentos - dependendo da gravidade dos seus sintomas; Antidepressivos - os inibidores seletivos da recaptação da serotonina (ISRS), classe de antidepressivos que aumenta os níveis de serotonina, são eficazes para melhorar as alterações de humor que antecedem o período menstrual; Pílulas anticoncepcionais - impedem a ovulação, o que pode minimizar os sintomas pré-menstruais. Sindrome Pré-Mestrual (SPM) Conhecida popularmente como cólica menstrual é caracterizada por dor no baixo ventre durante a menstruação, e pode vir acompanhada de náusea, diarréia, dor de cabeça e, em alguns casos, até desmaio. Primária: é a mais comum, considerada normal e costuma aparecer pouco depois das primeiras menstruações. Idiopática e não pode ser explicada por outras doenças ginecológicas É causada por uma substância chamada prostaglandina, responsável pela contração do útero. fatores que contribuem podem incluir: A passagem do tecido menstrual através da colo do útero Níveis altos de prostaglandina F2-alfa no líquido menstrual Óstiocervical estreito Útero mal posicionado Ansiedade Secundária: é provocada por alguma doença ou distúrbio, como endometriose, mioma, problemas com o uso de DIU, alterações do útero (p. ex., útero bicorno, útero septado, septo vaginal transverso),e dos ovários ou doença inflamatória pélvica. Tratamento:Tratamento da dismenorreia, Anti- inflamatórios não esteroides (AINEs), Frequentemente, contraceptivos hormonais e Tratamento das doenças subjacentes. Mulheres com cólicas menstruais primárias, em geral, se beneficiam com a adoção de algumas medidas, como a prática regular de exercícios físicos aeróbicos (por exemplo: andar, nadar, correr, pedalar), aplicação de calor local (bolsa de água quente) e dieta rica em fibras. Quando a dismenorréia é secundária, pode ser necessário recorrer ao tratamento cirúrgico. Nos dois casos podem-se utilizar medicamentos para alívio da dor, sempre com acompanhamento e prescrição médica. A história da doença atual deve abranger a história clínica menstrual completa, incluindo a idade de início da menstruação, a duração e a magnitude do fluxo, o período entre as menstruações, a variabilidade do período e a relação das menstruações com os sintomas. Exame físico O exame pélvico deve concentrar-se na detecção das causas de dismenorreia secundária. Examina-se o colo do útero à procura de dor à palpação, secreção, estenose cervical ou prolapso de pólipo, ou mioma. Realiza-se o exame bimanual para verificar massas uterinas e consistência uterina (um útero lodoso ocorre na adenomiose). Síndrome dos ovários policísticos (SOP) É um distúrbio hormonal muito comum, caracterizado pela presença de cistos – pequenas bolsas que contêm material líquido ou semissólido – que pode causar problemas simples, como irregularidade menstrual e acne, até outros mais graves, como obesidade e infertilidade. A Síndrome do ovário policístico constitui uma desordem metabólica que acomete cerca de 5-10% das mulheres em idade fértil. As manifestações clínicas da SOP são ocasionadas, grande parte, pelo aumento da produção de andrógenos. Sintomas: alterações menstruais: em geral, as menstruações são espaçadas, a mulher menstrua apenas poucas vezes por ano, mas também pode haver menstruação intensa ou ausência de menstruação; hirsutismo: aumento dos pelos no rosto, seios e abdômen; obesidade: tendência à obesidade, sendo que o ganho de peso piora a síndrome; acne: provocado pela maior produção de material oleoso pelas glândulas sebáceas; infertilidade; também pode haver queda de cabelo e depressão. Diagnóstico: a presença de ao menos dois dos três critérios diagnósticos: oligoamenorreia, hiperandrogenismo clínico e/ou laboratorial e morfologia ultrassonográfica de policistose ovariana, determina o diagnóstico, desde que sejam excluídas outras doenças que também cursam com hiperandrogenismo. Exames para avaliação do risco metabólico das pacientes diagnosticadas: Glicemia de jejum TSH Glicemia após sobrecarga 75g de glicose (para mulheres obesas ou com história familiar de diabete mélito); Colesterol total, colesterol HDL e triglicerídeos (para pacientes com suspeita de síndrome metabólica) DHEA (em caso de suspeita de tumor adrenal) Tratamento:o tratamento envolve o controle dos sintomas hiperandrogênicos, regularização dos ciclos menstruais e proteção endometrial. Para todas as pacientes, modificações do estilo de vida e controle das anormalidades metabólicas devem ser sempre recomendados. modificação do estilo de vida, perda de peso atrelada ao exercício físico regular e restrição dietética. A perda de pelo menos 5% a 10% do peso corporal está associada à melhora da obesidade central, do hiperandrogenismo e das taxas de ovulação de mulheres com SOP. Para mulheres com SOP e que desejam gestar, recomenda-se o aconselhamento pré concepcional e medidas para o controle de condições.Glicemia após sobrecarga 75g de glicose (para mulheres obesas ou com história familiar de diabete mélito); Tratamento Medicamentoso: Beneficios esperados: Regularização dos ciclos menstruais (já nos primeiros meses de tratamento), diminuição da quantidade, textura e distribuição de pêlos, melhora ou resolução da acne e outras manifestações androgênicas (após pelo menos 6 a 12 meses de tratamento), redução do peso corporal e melhora das alterações metabólicas relacionadas com a resistência insulínica e redução do risco de hiperplasia ou carcinoma de endométrio Irregularidade menstrual: Anticoncepcional hormonal combinado (AHC); progestágenos. Hiperandrogenismo clínico - hirsutismo leve a moderado: AHC com doses elevadas e etinilestradiol. Hiperandrogenismo clínico - hirsutismo moderado a grave e acne: Antiandrogênio + AHC ou Antiandrogênio + outro método contraceptivo Controle metabólico (quando indicado): Metformina (geralmente associada com AHC ou com antiandrogênio). RISCO CARDIOVASCULAR EM MULHERES COM SOP: Proporção significativa destas pacientes é resistente à insulina e apresentam maiores concentrações de marcadores inflamatórios, diabete, hipertensão arterial, dislipidemia, síndrome metabólica e até mesmo de alterações angiográficas (como calcificação e alterações ecocardiográficas), quando comparadas às mulheres sem diagnóstico de SOP . As mulheres com SOP apresentam prevalências mais altas de fatores de risco para doenças cardiovasculares. Endometriose Características dos pacientes com endometriose pélvica: Tratamento A endometriose é definida como a presença de glândulas e estroma endometriais fora da cavidade uterina. Infertilidade Dismenorreia Dispareunia Dor pélvica não cíclica Cirurgia prévia de endometriose Nuliparidade Dor à evacuação Disúria Diagnóstico: O diagnóstico da endometriose continua difícil,apesar de todo o avanço das técnicas de imagem nas últimas décadas. Ultrassonografia transvaginal e a ressonância magnética como melhores métodos diagnós- ticos para endometriose, O diagnóstico final da endometriose é realizado por biópsia da lesão por meio de laparoscopia ou laparotomia. O principal objetivo do tratamento da endome- triose é a melhora da sintomatologia. O objetivo secundário é evitar aumento ou progressão da doença. Apesar de ser considerada uma doença progressiva, a endometriose pode permanecer estável ou ainda regredir sem tratamento Tratamento medicamentoso. Tratamento medicamentoso: Como o tecido endometriótico tem resposta hormonal e como os sintomas da endometriose melhoram na gestação e na menopausa, os tratamentos medicamentosos procuram simular essas situações. Tratamento cirúrgico: A diminuição da dor após o tratamento cirúrgico ocorre em 50 a 95% das pacientes simulação de menopausa (análogos do GnRH), de amenorreia (gestrinona, danazol), gestação (anticoncepcional oral e progestágenos). A necessidade de uso de tratamento medica- mentoso após o tratamento cirúrgico não está bem estabelecida até o momento. Lesões maiores de endometriose, em geral, devem ser retiradas cirurgicamente. Quando a mulher já teve os filhos que desejava, e não obtém melhora com o tratamento medicamentoso, a remoção dos ovários e do útero pode ser uma alternativa de tratamento Miomatose (miomas uterinos) Os miomas ou leiomiomas – neoplasias benignas de células de músculo liso uterino são os tumores mais comuns do trato genital feminino e acomete 20 a 40% das mulheres em idade reprodutiva (Stewart, 2001). Esses tumores são benignos e surgem no miométrio, contendo quantidade variável de tecido conjuntivo fibroso. Classificados conforme a sua localização: Intramurais (na camada miometrial, com menos de 50% de seu volume protruindo na superfície serosa do útero), Submucosos (localizados na camada interna do miométrio, com projeção para a cavidade uterina), Subserosos (quando possuem mais de 50% do seu volume projetado na camada serosa do útero) Pediculados (ligados ao útero por um pedículo). Sinais e Sintomas: O sangramento uterino aumentado é a queixa mais comum relacionada à miomatose. Menorragia ou hipermenorreia (sangramento prolongadoe excessivo) O aumento do volume uterino devido a miomas pode causar sensação de peso e de dor no baixo ventre, bem como compressão de órgãos vizinhos. Diagnóstico: O diagnóstico é baseado na história clínica (sinais e sintomas), no toque vaginal bimanual e na ultrassonografia. exame ginecológico rotineiro, palpa-se o útero aumentado de volume com consistência firme, superfície lisa, regular ou não. exames de imagem são importantes quando existe dúvida diagnóstica, para diferenciar de outras massas anexiais e para definir a localização dos miomas A tomografia computadorizada e a ressonância magnética são exames de exceção. Tratamento clínico: O objetivo do tratamento clínico é o alívio dos sintomas. Em função da dificuldade de se distinguir entre sintomas relacionados aos miomas e aqueles secundários à anovulação, que poderiam contribuir para sangramento anormal, justifica-se o tratamento clínico previamente à cirurgia, dentre eles sao os: Progestágenos, Anti-inflamatórios não esteroides, Danazol e gestrinona, Mifepristone, Moduladores seletivos dos receptores de estrogênio (SERMs), Moduladores seletivos dos receptores de progesterona (SPRMs), Análogos do hormônio liberador das gonadotrofinas (GnRH). Tratamento cirúrgico: o tratamento definitivo da miomatose sintomática é cirúrgico Histerectomia está indicada nas seguintes condições: 1) presença de sintomas; 2) falha no tratamento clínico associado a sangramento uterino anormal, com prole constituída ou sem desejo de engravidar. Miomas grandes e assintomáticos, sem crescimento rápido, provavelmente podem ficar sem tratamento, pois o risco de se tratar de um leiomiossarcoma é menor do que a mortalidade pela histerectomia. Referências Cavalcante,I.S et al. Research, Society and Development, v. 10, n. 2, e23810212398, 2021 (CC BY 4.0) | ISSN 2525-3409 | D Disponivel em: http://dx.doi.org/10.33448/rsd-v10i2.12398 FREITAS, F. et al. Rotinas em Ginecologia. 6ª ed. Porto Alegre: Artmed, 2011. 736p. Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde. Protocolos da Atenção Básica : Saúde das Mulheres / Ministério da Saúde, Instituto Sírio-Libanês de Ensino e Pesquisa – Brasília : Ministério da Saúde, 2016. Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, Departamento de Doenças de Condições Crônicas e Infecções Sexualmente Transmissíveis. Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas para Atenção Integral às Pessoas com Infecções Sexualmente Transmissíveis – IST [recurso eletrônico] / Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, Departamento de Doenças de Condições Crônicas e Infecções Sexualmente Transmissíveis. – Brasília: Ministério da Saúde, 2022. Qualidade de vida da mulher no Climatério Organizado por: Hinara Maria e Júlia Torres Qualidade de vida da mulher no Climatério Do grego Klimater, climatério significa ponto crítico e é caracterizado como o período transitório entre a vida reprodutiva e a não reprodutiva da mulher. Trata-se de um processo fisiológico com início a partir da quarta década de vida e que se estende até a senilidade, não se constituindo em doença ou transtorno (Lima et al., 2019). Para 2025, dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) indicam que a expectativa de vida nos países em desenvolvimento será de 78 anos, o que repercutirá no aumento da população de mulheres climatéricas (Lima et al., 2019). Epidemiologia Fases Considerando essa perspectiva, um aumento na procura dos serviços de saúde por essa população é esperado, tendo como queixas principais os sintomas característicos dessa fase (Lima et al., 2019) Agravos de saúde mais frequentes no climatério No período do climatério, as mulheres passam por transformações de ordem psicossocial, afetiva, sexual, familiar e ocupacional, o que pode comprometer a saúde física e emocional. A diminuição da produção dos hormônios estrogênio e progesterona ocasiona a maior parte dos sinais e sintomas, assim como dos agravos, sendo os principais: Cefaleia Atrofia genital Insônia Dores articulares Diminuição da libido Depressão Ansiedade Alterações urogenitais: prolapsos genitais, ressecamento, sangramento vaginal, dispareunia, disúria. Doenças cardiovasculares Aumento da pressão arterial Diabetes Mellitus Risco aumentado para obesidade Esse período é dividido em 3 fases: Pré-menopausa: inicia-se após os 40 anos com a diminuição da fertilidade; Menopausa: refere-se ao período de um ano da cessação da menstruação; Pós-menopausa: refere-se após um ano da cessação da menstruação Prevenção de Agravos: atividade física, dieta com alimentos ricos em cálcio, atividades sociais. Oferecer Esclarecimento Oferecer Apoio Psicológico Adequação Terapêutica: Anamnese, exame físico, exames de imagem (triglicerídeos, colesterol, cálcio, HDL, glicemia, mamografia) Climatério X Menopausa Assim, o climatério trata-se de um processo biológico e não patológico, necessitando de uma assistência que envolve questões de humanização por parte dos profissionais, focando nos princípios éticos, de orientação e educação em saúde, respeitando-se as diversidades e especificidades que a mulher possa apresentar (BRASIL, 2016). A menopausa, evento fisiológico que transcorre durante o climatério é caracterizada pela interrupção permanente da menstruação, e ocorre geralmente entre os 45 e 55 anos de idade. Retrata a perda da função folicular ovariana e o diagnóstico se dá após 12 meses de amenorreia (Protocolo de Atenção às Mulheres no Climatério e Menopausa, 2022). “Ambas as fases são inevitáveis, e devem ser encaradas como um processo natural, e não como doença” Climatério e Osteoporose: qual a relação? Papel da Enfermagem Avaliação global e plano de cuidados na atenção às mulheres no climatério Como visto anteriormente, durante o climatério a mulher sofre a diminuição da quantidade de estrogênio e isso desencadeia a síndrome climatérica Mas como isso se relaciona com a osteoporose? Isso acontece porque o estrogênio é um importante hormônio na remodelação óssea. Então o risco de osteoporose é algo que deve ser investigado entre as mulheres dessa faixa etária para minimizar os agravos Realizar a Consulta de Enfermagem utilizando o Processo de Enfermagem; Prescrever os cuidados de Enfermagem; Orientar sobre as mudanças nesse período e fatores de risco para doenças crônicas, metabólica e degenerativas; Solicitar exames de acordo com os Protocolos do Município; Realizar o exame citopatológico; Solicitar mamografia de acordo com a faixa etária (50 a 69 anos) Realizar práticas integrativas e complementares em saúde dentre as ações de cuidado, juntamente com equipe multiprofissional, se detentor de formação para tal, conforme protocolos de PICS do município; Conduzir e coordenar gruposterapêuticos; Promover ações de educação em saúde na APS, para desmistificar o climatério e menopausa e contribuir para a melhora da qualidade de vida; Participar dos estudos de caso, discussão e processos de educação permanente. Cuidados não farmacológicos no manejo dos sintomas no climatério e menopausa (Práticas Integrativas e Complementares) Ioga e meditação Acunputura Auriculoterapia Exercícios de Kegel Banhos de acento Aromaterapia Cuidados farmacológicos no manejo dos sintomas no climatério e menopausa Fitoterápicos: Isoflavona de soja ( alivia os sintomas vasomotores “fogachos” e sudorese) DICA: Ebook para a avaliação da sintomatogogia do climatério utilizado na APS. Terapia Hormonal A Terapia Hormonal é o método farmacológico mais eficiente para tratar os sintomas vasomotores, a síndrome genito- urinária e o hipoestrogenismo e para evitar a perda de massa óssea. Dentre os benefícios do uso de hormonioterapia na menopausa estão a diminuição do risco de diabetes melitus 2, da gordura abdominal e a redução do risco de fraturas osteroporóticas tanto na mulher de alto, como na de baixo risco para osteoporose. (Protocolo de Atenção às Mulheres no Climatério e Menopausa, 2022). Referências Rotinas em ginecologia [recurso eletrônico]/ Fernando Freitas [et al.] – 6. ed. – Dados eletrônicos. – Porto Alegre: Artmed, 2011. LIMA et al. Perda de qualidade do sono e fatores associados em mulheres climatérica. Ciência & Saúde Coletiva, 2019. BRASIL. Ministério da Saúde. Protocolos da Atenção Básica: Saúde das Mulheres/Ministério da Saúde, Instituto Sírio- Libanês de Ensino e Pesquisa. 1. ed. Brasília: Ministério da Saúde, 2016. Municipal de Ribeirão Preto, Prefeitura. Protocolo de Atenção às Mulheres no Climatério e Menopausa: Protocolos da Coordenadoria de Assistência Integral à Saúde da Mulher / Prefeitura Municipal de Ribeirão Preto. – 2022.de exames citopatológicos por ano. Em 2002, o fortalecimento e a qualificação da rede de atenção básica e a ampliação de centros de referência possibilitou a realização de uma segunda fase de intensificação. Gradativamente, a denominação Viva Mulher deixou de ser utilizada e o Programa passou a ser chamado de Programa Nacional de Controle do Câncer do Colo do Útero e de Mama e, posteriormente, Ações de Controle do Câncer do Colo do Útero e de Mama. Apesar do gradual desuso de seu nome, o Viva Mulher deixou marcas de continuidade fundamentais na saúde pública brasileira, com efeitos recorrentes na política atual de controle desses tipos de câncer Como o Programa é denominado atualmente? https://www.inca.gov.br/publicacoes/livros/viva-mulher-20-anos-historia-e-memoria-do-controle-dos-canceres-do-colo-do-utero Os condicionantes e determinantes de saúde da mulher nas políticas públicas brasileiras São os fatores sociais, econômicos, culturais, étnicos/raciais, psicológicos e comportamentais que influenciam a ocorrência de problemas de saúde e seus fatores de risco na população. Tem por base as iniquidades de saúde, ou seja, as desigualdades que, além de relevantes e sistemáticas, são evitáveis, injustas e desnecessárias. LEI 8080/90. Art. 3º A saúde tem como fatores determinantes e condicionantes, entre outros, a alimentação, a moradia, o saneamento básico, o meio ambiente, o trabalho, a renda, a educação, o transporte, o lazer e o acesso aos bens e serviços essenciais; os níveis de saúde da população expressam a organização social e econômica do País. É um conceito da área de saúde pública que se refere a um conjunto de acontecimentos, fatos, situações e comportamentos da: vida econômica; social; ambiental; política; governamental; cultural e subjetiva. Que afetam positiva ou negativamente a Saúde de: indivíduos; segmentos sociais; coletividades; populações e territórios. Conceitos Desigualdade em Saúde: Desigualdades referem-se aquelas diferenças perceptíveis e mensuráveis existentes quer nas condições de saúde, quer sejam relacionadas às diferenças no acesso aos serviços de prevenção, cura ou reabilitação da saúde (desigualdades no cuidado à saúde). Equidade: A promoção da equidade é um dos princípios do Sistema Único de Saúde (SUS) e tem relação direta com os conceitos de igualdade e de justiça social. Orientado pelo respeito às necessidades, diversidades e especificidades de cada cidadão ou grupo social, o princípio da equidade inclui o reconhecimento de determinantes sociais, como as diferentes condições de vida, que envolvem habitação, trabalho, renda, acesso à educação, lazer, entre outros que impactam diretamente na saúde. Iniquidade: Iniquidades em saúde, por outro lado, referem-se às desigualdades consideradas injustas ou decorrentes de alguma forma de injustiça. Reflete o como são traduzidas as desigualdades existentes e as diferenças entre justas ou injustas, sendo que esta tradução varia entre as sociedades humanas. Modelo de terminação social da saúde proposto por Dahlgren e Whitehead Dispostos em diferentes camadas, desde uma camada mais próxima dos determinantes individuais até uma camada distal, onde se situam os macrodeterminantes. Os indivíduos estão na base do modelo, com suas características individuais de idade, sexo e fatores genéticos que, evidentemente, exercem influência sobre seu potencial e suas condições de saúde. Na camada imediatamente externa aparecem o comportamento e os estilos de vida individuais. Esta camada está situada no limiar entre os fatores individuais e os Determinantes Sociais da Saúde (DSS), já que os comportamentos, muitas vezes entendidos apenas como de responsabilidade individual, dependentes de opções feitas pelo livre arbítrio das pessoas, na realidade podem também ser considerados parte dos DSS Referências Rotinas em ginecologia [recurso eletrônico] / Fernando Freitas [et al.] – 6. ed. – Dados eletrônicos. – Porto Alegre: Artmed, 2011. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. Política nacional de atenção integral à saúde da mulher : princípios e diretrizes / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. – Brasília : Editora do Ministério da Saúde, 2009. BEZERRA, K.K.S.; ANDRADE, M.S.P.B. Mortalidade materna: um desafio para a saúde pública mundial. GOV BR: Ministério da Saúde. 2021. Disponível em: https://www.gov.br/ebserh/pt-br/hospitais- universitarios/regiao-nordeste/hujb-ufcg/comunicacao/noticias/parto- seguro#:~:text=Morte%20materna%20obst%C3%A9trica%20direta%3A%20%C3%A9,de%20qualquer%20u ma%20dessas%20causas. Brasil. Ministério da Saúde. Programa Humanização no Pré-Natal e Nascimento. Brasília. Ministério da Saúde. 2000. Brasil. Ministério da Saúde. Protocolos da Atenção Básica: Saúde das Mulheres / Ministério da Saúde, Instituto Sírio-Libanês de Ensino e Pesquisa – Brasília : Ministério da Saúde, 2016. Sexualidade feminina e autocuidado Organizado por: Maira Lima Autocuidado: Pautado principalmente em ações de autoprezervação, uma das principais ferramentas para a manutenção da saúde é o autocuidado. O autocuidado pode ser de diversos tipos, maneiras e em diferentes áreas da vida de uma pessoa, podendo ser físico, emocional, espiritual, social e outros. Para realizar o autocuidado é necessário que haja também o autoconhecimento. Conhecendo o corpo feminino: Conhecer o corpo feminino não corresponde apenas ao conhecimento dos orgãos genitais e reprodutivos, também corresponde ao conhecimento emocional, hormonal e dos padrões do ciclo menstrual desta mulher, todas as ações de autoconhecimento devem ser estimuladas pelos profissionais de saúde. Conhecendo o corpo feminino - Genitais externos femininos: Monte de vênus ou púbis: Região de formato triangular constituída principalmente por tecido adiposo, sendo recoberta por pelos. Clitóris: Órgão erétil durante estimulação sexual, tendo uma pequena parte visível (glande do clitóris) e sua maior porção internamente. Glandulas parauretrais de Skene: Glândulas que secretam líquido que ajuda na lubrificação feminina, localizadas próximas ao meato uretral. Vestíbulo: Região de pele quese localiza entres os lábios internos, se estende desde o clitóris até o hímen. Meato uretral: Óstio que conecta o sistema urinário com o meio externo. Grandes lábios ou Lábios externos: Pele rica em folículos pilosos, glândulas sebáceas e sudoríparas, que não necessariamente são maiores que os lábios internos. Pequenos lábios ou Lábios internos: Região mais interna da vulva, nesta região há a mudança do tipo de tecido que compõe a pele, havendo acentuação na umidade e não mais a presença de pelos. Orifício vaginal: Óstio do canal vaginal, orgão que envolve o pênis durante a relação sexual e que se destende para a passagem do feto durante o parto. Hímen: Pele que recobre parcialmente o orifício vaginal, que normalmente é associado á perda da virgindade, entretanto pode vir a se romper apenas durante o parto. Glândulas de Bartholin: Glândulas que secretam muco e estão envolvidas na lubrificação feminina durante a relação sexual. Períneo: Conjunto de partes musculos e aponeuroses que fecha inferiormente a cavidade pélvica. Estimulando o autoconhecimento: Conheça a anatomia da sua vulva. Fonte: Use um espelho de mão para conhecer a anatomia da sua vulva - Helô D'Angelo. Fonte: Genitália externa feminina. (Adaptada de Kistner, 1979.) A saúde sexual quando abordada nos serviços de saúde vem atrelada à saúde reprodutiva, de maneira que uma praticamente se perde na outra, havendo pouca ou nenhum diferenciação e separação do que de fato é saúde sexual. Também é evidenciado que há a necessidade de ampliar o cuidado e atenção à saúde sexual feminina para além do ciclo gravídico-puerperal. Sexualidade feminina: Direitos reprodutivos: Corresponde ao direito de todas as pessoas para decidir quanto à reprodução,isto é, é livre para todos a decisão de maneira responsável se desejam ter filhos ou não, bem como ao momento que melhor desejarem para isto e o melhor método contraceptivo. caso haja interesse em tal. Ainda é fomentado o direito á informação de qualidade a cerca de questões que desrespeitam á reproduação e a contracepção. Direitos sexuais: Corresponde ao direito de todas as pessoas de expressarem sua sexualidade, livre de violência, discriminações e imposições, garantindo a todos o direito de escolher sem parceiro sexual, bem como sua orientação sexual. Também garante a cada indivíduo que este é capaz de tomar as decisões quanto ao momento, em que deseja ou não ter relações sexuais, independente de idade, estado civil ou condições físicas. Os direitos sexuais também garantem que haja o acesso a informação de qualidade para a prática de sexo seguro, o acesso gratuito aos métodos de prevenção à gravidez e à ISTs, bem como o atendimento em saúde com qualidade que respeite a privacidade, individualidade e segurança do indivíduo. Diversidade sexual: Identidade de gênero: É a maneira que você enxerga a sí mesmo, como voce se IDENTIFICA. Orientação sexual: Refere-se ao que você se sente atraído, o que ORIENTA o seu desejo sexual. Sexo biológico: Corresponde com as características BIOLÓGICAS com as quais você nasceu. Expressão de gênero: É a forma com a qual você EXPRESSA o seu gênero para as outras pessoas. Referências Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. Área Técnica de Saúde da Mulher. Direitos Sexuais e Direitos Reprodutivos: uma prioridade do governo/Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Ações Programáticas Estratégicas – Brasília: Ministério da Saúde, 2005. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Saúde sexual e saúde reprodutiva / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Básica. – 1. ed., 1. reimpr. – Brasília : Ministério da Saúde, 2013. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. Direitos sexuais, direitos reprodutivos e métodos anticoncepcionais / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. – Brasília: Ministério da Saúde, 2009. Cuidado a saúde mental da mulher no período perinatal Organizado por: Alicea. Cuidado a saúde mental da mulher no período perinatal Mais de 25% das mulheres têm depressão pós-parto, mas os transtornos mentais nem sempre estão ligados à depressão. Maternidade e nascimento do filho: momento de grandes transformações na vida da mulher, fisicamente e socialmente, com sua nova função social. Risco potencial de distúrbios psicológicos. Saída da placenta: queda abrupta de hormônios - Queda de hormônios: pode aumentar a monoaminoxidase no cérebro, fazendo a quebra de neurotransmissores como a serotonina, dopamina e noradrenalina, afetando o humor. Período de 45 a 60 dias para o retorno à normalidade (período de maior atenção) História prévia e/ou familiar de problemas psicológicos Fatores psicossociais (estresse extremo; exposição a violência doméstica, sexual ou de gênero; baixo nível socioeconômico; baixo apoio social; gravidez não planejada; complicações durante a gravidez e/ou parto) Fatores biológicos da gestação e parto Estilo de vida e rede de apoio FATORES DE RISCO: BABY BLUES OU BLUES PUERPERAL “Não quero, mas vou cuidar” - Tristeza momentânea - Surge entre o terceiro e décimo dia após o parto (alterações hormonais) - Cessa após algumas semanas (processo adaptativo) - Advindo da: privação de sono, exaustão, mudanças nas atividades diárias) Sintomas: labilidade emocional, tristeza inexplicável, melancolia, sentimento de incapacidade, disforia, etc. * Se não cuidada corretamente, pode evoluir para uma depressão pós-parto. DEPRESSÃO PÓS-PARTO “Não quero e nem vou cuidar” - Sintomas surgem ou são intensificados após quatro semanas do nascimento - Geralmente advém do transtorno do estresse pós-traumático ou do baby blues - Dificuldade em se relacionar com o bebê OU cuidado excessivo Sintomas: humor deprimido, perda do apetite, perda da libido, sentimento de menos valia, perda de prazer nas atividades de vida diárias (AVD’s), distúrbios do sono, abulia, sentimento de incapacidade, isolamento social, irritabilidade intensa. Se não tratada corretamente, pode evoluir para uma depressão. TRANSTORNO DO ESTRESSE PÓS-TRAUMÁTICO - Sintomas característicos após exposição a um evento traumático extremo - Sintomas podem iniciar nos 3 primeiros meses após o trauma ou pode haver retardo de meses ou anos - Comum o abuso de drogas - Eventos de risco: parto prematuro, parto traumático, violência obstétrica, internações muito graves Sintomas: distúrbios do sono, taquicardia, sudorese, instabilidade psíquica e psicomotora. PSICOSE PUERPERAL OU PSICOSE PÓS-PARTO - Tem início súbito e começa dias ou semanas após o parto - Condição mais grave de todas - Sentimentos e pensamentos distorcidos em relação a realidade e ao bebê - Criança corre perigo de vida Fatores de risco: histórico familiar e pessoal de transtorno bipolar; psicose puerperal em gestação anterior; descontinuação de tratamento na gestação; privação de sono; alterações abruptas nos níveis hormonais. Sintomas: instabilidade emocional, confusão mental, desconfiança, nervosismo, delírios, alucinações, desorganização do pensamento. * Risco de suicídio e infanticídio ATUAÇÃO DA ENFERMAGEM Existem emoções típicas de cada momento da gestação e do puerpério, e é preciso que o enfermeiro entenda e esteja atento a cada uma delas. Deste modo, cabe ao enfermeiro: Educação em saúde sobre o assunto no momento das consultas pré-natais e pós-parto Avaliar alterações emocionais nas consultas pré-natais e fazer o diagnóstico precoce das doenças Estabelecer uma relação de confiança enfermeiro-mulher Relação terapêutica: Tidal Model Estabelecer contatos frequentes e regulares Rastrear fatores de risco Consultar familiares e agregar eles no cuidado Encaminhar para grupos de apoio. É de extrema importância que as consultas pré e pós natais sejam focadas também na mulher como ser ativo e como mãe, em como ela está lidando com as novas mudanças e em como se sente com o que está acontecendo. Atenção aos trejeitos, comportamentos e palavras. Distúrbios do Assoalho Pélvico Organizado por: Caren, Hinara e Júlia. Profunda: Diafragma pélvico: é formado pelo músculo levantador do anus e músculo coccígeo. Superficial: Responsável por “contrair e relaxar” Circunda os orifícios da uretra, vagina e ânus; Disfunções do Assoalho Pélvico (DAP) Envelhecimento (idade entre 60 a 69 anos) Gravidez (parto vaginal- laceração de músculos) Exercícios de grande intensidade (levantamento de peso, crossfit) Obesidade Multiparidade Episiotomia Tabagismo Uso de fórceps Cirúrgico Treinamento da musculatura do assoalho pélvico (Exercícios de Kegel) Pessários O uso de pessários vaginais é uma alternativa para tratamento do POP, sendo considerado primeira linha de tratamento; Existem diversos tipos de pessários, que são divididos, de acordo com sua forma, em pessários de suporte e obstrutivos. Os de suporte são o anel, anel com diafragma e Shaatz. Os oclusivos são o cubo, Gelhorn, Donut e o pessário inflável. O modelo de pessário mais utilizado é o anel, seguido do Gelhorn e do Cubo respectivamente; (FEBRASGO, 2018) O que é o Assoalho Pélvico? Distúrbios do Assoalho Pélvico: Ocorrem devido a alterações das estruturas da região pélvica (REIS et al., 2019) É o fundo da cavidade abdominal, fechando o canal dentro da pelve, compreende os órgãos da região baixa do abdômen e tem funçõesrelacionadas aos sistemas reprodutor, urinário e digestivo, são compostos por um conjunto de músculos e ligamentos que fazem sustentação e fixação dos órgãos pélvicos. Grupos Musculares Fonte: Google Imagens Fonte: Google Imagens Fatores de Risco Tratamento para o POP Pessários Principais queixas após o uso: Mais frequentes: Dor local Desconforto Corrimento vaginal aumentado Infecções e úlceras Falha para colocar o dispositivo Expulsão do dispositivo ao realizar atividades diárias Menos frequentes: Encarceramento do dispositivo Fístulas vesicovaginais Fístulas retovaginais Transformações malignas (câncer da vagina) Fonte: Google Imagens Disfunções Miccionais Incontinencia Urinária (IU) É toda perda involuntária de urina, sendo mais comum em idosos e mulheres; Causa intervenção em fatores sociais e qualidade de vida. Tipos: IU de Urgência: Perda de urina involuntária acompanhada ou precedida de urgência. Sintomas de Esvaziamento Hesitância: atraso em iniciar a micção Jato/fluxo lento: fluxo urinário mais lento Pulverização do fluxo urinário: divisão do jato de urina Intermitência: jato de urina para e volta Disúria: dor ao urinar Esforço: força para urinar IU de Esforço: Perda de urina involuntária aos esforços ou durante os atos de espirrar, tossir, rir ou subir escadas. IU Mista: Perda de urina involuntária associada com urgência e esforço. IU por Transbordamento: Ocorre quando a bexiga não é esvaziada por longos períodos, tornando-se tão cheia que a urina simplesmente transborda. IU funcional: Incapacidade de utilizar o vaso sanitário por dano em função cognitivo/física. Sintomas de Armazenamento Polaciúria: > 7x ao dia Noctúria: > 1x no período de sono Urgência: desejo súbito de urinar Bexiga hiperativa: urgência + polaciúria + noctúria com ou sem IU de urgência. Sintomas Pós-Miccionais/Sensoriais Sensação de esvaziamento incompleto: comum em infecções ou nervosismo Perda miccional: necessidade imediata de urinar novamente Micção depende da posição: comum em prolapso Retenção urinária Aumento da sensação vesical Diminuição da sensação vesical Sensação vesical ausente DISFUNÇÕES ANORRETAIS Constipação: sensação de bloqueio anorretal e digitalização anal durante a defecação) são mais sugestivos de um distúrbio evacuatório do que outro. Incontinência fecal: refere-se à recorrente passagem sem controle de material fecal líquido ou sólido. Dor anorretal: pode ser classificada pelas características clínicas distintas em síndrome do elevador do ânus ou proctalgia fugaz. Retocele: Ocorre quando o reto cai e se projeta em direção a parede da vagina. Dessa forma a mulher sente sensação de peso, abaulamento doloroso, disfunção coital. A constipação em si não é um sintoma da retocele, mas ambas podem coexistir. Advém dessas disfunções, muitas vezes, a incontinência fecal. Tipos de POP Enterocele:Também pode ser identificado por prolapso da parede vaginal posterior. Pode se diferenciar da retocele por determinar saculação em porções mais superiores da vagina. O Intestino delgado pode se palpado entre o reto e a vagina; Geralmente não apresenta sintomas, porém algumas mulheres podem apresentar sensação de plenitude ou pressão ou dor na pelve. Somente pode ser diagnosticada quando observa peristaltismo do intestino delgado atrás da parede vaginal. Disfunções Sexuais Fatores de Risco Dispareunia Vaginismo Dor recorrente e persistente que ocorre antes, durante ou após o ato sexual. Queixa ginecológica frequente Pode estar associada a outras disfunções, como o vaginismo A dor sentida durante o sexo pode causar estado de ansiedade e tensão intensos que a mulher acaba contraindo a musculatura involuntariamente, agravando mais o quadro e tornando a relação sexual impossível. Tratamento: Depende da etiologia da queixa Uso de lubrificantes é recomendado Psicoterapia Estimula-se a paciente a fazer a masturbação e realizar jogos sexuais com o parceiro Dificuldade das mulheres em realizar a relação sexual devido a espasmos involuntários dos músculos ao redor do introito vaginal, tornando a penetração impossível ou extremamente dolorosa. Tratamento: Consiste em ajudar a paciente a se sentir mais à vontade com seu corpo, expondo- se a diferentes graus de penetração gradativamente O primeiro passo é a demonstração física do terço interno da vagina ao casal, utilizando ilustrações anatômicas da musculatura vaginal para a orientação da anatomia sexual. Exercícios de Kegel, que consistem em contrair os músculos que circundam a vagina e, em seguida, relaxar, permitindo à mulher desenvolver uma sensação de controle sobre esses músculos. A etiologia é multifatorial e pode incluir problemas hormonais, psicológicos, temor de gravidez, conflitos da relação, estresse, cansaço, história prévia de abuso sexual ou uso de medicamentos que causam diminuição da libido. Termo usado para dificuldades e/ou prejuízos percebidos por uma pessoa em relação à sua vida sexual ou suas atividades sexuais. Podem trazer desconforto e sofrimento, além de alterar a capacidade de prazer sexual, dificultando a experiência individual com a própria sexualidade. Vamos praticar! 2.Sobre o assoalho pélvico, assinale a alternativa INCORRETA. A. O assoalho pélvico tem como objetivo sustentar os órgãos internos, principalmente o útero, bexiga e reto. B. O assoalho pélvico fecha a cavidade inferior, sendo limitado anteriormente pelo arco púbico e posteriormente pelo cóccix. C. O diafragma pélvico é formado pelos músculos levantador do anus, obturador interno e transverso superficial do períneo. D. O levantador do anus é um músculo profundo e de suporte aos órgãos pélvicos, contribuindo para o processo de formação de micção e defecação. E. O assoalho pélvico é formado por músculos, ligamentos e fáscias. 1.Analise as alternativas abaixo e classifique como V (verdadeira) ou F (falsa) e nestes casos faça a correção. ( ) Incontinência urinária e fecal, prolapso uterino, cistocele, retocele são disfunções do assoalho feminino.______________________________ ___________________________ ( ) O pessário pode ser indicado em todo caso de disfunção do assoalho pélvico feminino. ___________________________ ( ) O enfermeiro que atua na APS tem papel importante na detecção de DAP. ____________________________________ ____________________________________ ( ) Em caso de prolapso de útero, não podemos realizar a coleta citopatológica da cérvix uterina. ____________________________________ __________________________ ( ) A observação de odores, por ocasião do exame ginecológico, pode indicar incontinência urinária e infecções.______________________________ _______________ 3. Sobre os DAP analise as alternativas e classifique-as como V ou F. ( ) O enfraquecimento do assoalho pélvico pode resultar em incontinência urinária, incontinência fecal, redução da sensibilidade no ato sexual. ( ) A constipação intestinal, dificuldade para urinar e dispareunia não podem resultar da tensão do assoalho pélvico. ( ) A musculatura do assoalho pélvico tem papel fundamental no ato miccional. ( ) A incontinência urinária e o prolapso uterino são muito frequentes em mulheres em qualquer idade. ( ) É considerado normal perder urina como processo de envelhecimento. 4. Cite pelo menos 5 fatores de risco para DAP. ____________________________________ ____________________________________ ____________________________________ ____________________________________ ____________________________________ 5. Complete o nome dos pessários a seguir: 6. A incontinência urinária (IU), independentemente do tipo, tem grande impacto sobre a qualidade de vida das pessoas idosas, gerando, muitas vezes, grande constrangimento e induzindo ao isolamento social e à depressão. Na IU de esforço ocorre o: a) extravasamento de urina, quase sempre em volumes grandes, pela incapacidade para retardar a micção após perceber a sensação de plenitude vesical, e o enfermeiro deve orientar o paciente/clientea evitar a ingestão de grandes quantidades de líquidos quando não houver disponibilidade de banheiros acessíveis. b) escape de urina, quase sempre em pequenas quantidades, secundário a esforço mecânico sobre a bexiga distendida, e, no caso de pacientes/clientes do sexo feminino, o enfermeiro deve esclarecer que o tratamento consiste em aplicações locais de estrógenos com creme vaginal a base de estriol, 1 a 2 x por semana. c) escape de urina relacionado com a incapacidade para usar o vaso sanitário por dano da função cognitiva ou física, falta de disposição psicológica ou barreiras no ambiente, e o enfermeiro deve orientar o paciente/cliente a fazer adaptações ambientais que facilitem a chegada ao banheiro. d) escape involuntário de urina, quase sempre em pequenas quantidades, com aumentos da pressão intra-abdominal, e o enfermeiro deve orientar pacientes/clientes portadores desse tipo de IU sobre a realização dos exercícios de Kegel para o fortalecimento do assoalho pélvico como uma das formas de tratamento. e) extravasamento de urina, em volumes grandes variáveis, sem causa aparente, e o enfermeiro deve instruir o paciente/cliente a realizar o treinamento vesical estabelecendo pequenos intervalos entre as micções e aumentá-los, progressivamente, até atingir três ou quatro horas Sem incontinência, esclarecendo que durante os episódios de urgência, deve levantar-se ou sentar-se lentamente, ao mesmo tempo que tenta contrair a musculatura pélvica. 7. A alteração orgânica, inclusive na idosa, caracterizada por dor durante a relação sexual, decorrente de atrofia vaginal, doenças ginecológicas e transtornos afetivos é chamada de: a) Parafilia b) Dispareunia c) Endometriose d) Vaginismo e) Anorgasmia 8. Mulher de 39 anos compareceu ao serviço de saúde com queixas de dor genital durante a relação sexual. Relatou que, embora a dor seja mais frequente durante o ato sexual, às vezes, ocorre após o intercurso da relação sexual. Qual é o nome dado a esse quadro? a) Parafilia b) Dispareunia c) Vaginismo d) Anorgasmia e) Criptorquidia Gabarito: V, F (Há casos que necessitam de intervenções cirúrgicas, pessário é indicado em prolapso uterino), V, F (Pode ser realizada coleta citopatológica), V. 1. 2. LETRA C 3. V, F, V, F, F. 4. Envelhecimento, Gravidez , Exercícios de grande intensidade, Obesidade, Multiparidade. 5. Pessário anel, Pessário cubo, Pessário Donut, Pessário Shaatz, Pessário Gelhorn. 6. LETRA D 7. LETRA B 8. LETRA B Referências Brito LG, Castro EB, Juliato CR. Prolapso dos órgãos pélvicos. São Paulo: Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo); 2018. (Protocolo Febrasgo – Ginecologia, nº 65/Comissão Nacional Especializada em Uroginecologia e Cirurgia Vaginal). Acesso em: 19 fevereiro de 2024. Disponível em: https://docs.bvsalud.org/biblioref/2019/12/1046488/femina-2019-471-42-45.pdf. Juliato CR. Pessários Vaginais e Prolapaso de Órgãos Pélvicos. São Paulo: Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo); 2018. (Protocolo Febrasgo – Ginecologia, nº 65/Comissão Nacional Especializada em Uroginecologia e Cirurgia Vaginal). Acesso em 14 de fevereiro de 2024. Disponível em: https://www.febrasgo.org.br/pt/noticias/item/331-pessarios-vaginais-e-prolpaso-de-orgaos-pelvicos. REIS, et al. Disfunções dos músculos do assoalho pélvico em mulheres que realizam o exame preventivo de câncer de colo de útero. Fisioterapia Brasil 2019;20(3):400-408. Acesso em 14 de fevereiro de 2024, Disponível em: https://convergenceseditorial.com.br/index.php/fisioterapiabrasil/article/view/2380/pdf. https://docs.bvsalud.org/biblioref/2019/12/1046488/femina-2019-471-42-45.pdf Enfrentamento da Violência contra a Mulher Organizado por: Caren e Júlia. Conceito de violência contra a mulher Tipos de Violência: Criminal Estrutural Institucional Interessual Intrafamiliar Enfrentamento da Violência Contra a Mulher A Organização Mundial da Saúde (OMS) define a violência como o uso de força física ou poder, em ameaça ou na prática, contra si próprio, outra pessoa ou contra um grupo ou comunidade que resulte ou possa resultar em sofrimento, morte, dano psicológico, desenvolvimento prejudicado ou privação. Autoinfligida Cultural Racial Contra a pessoa deficiente Gênero Estão previstos cinco tipos de violência doméstica e familiar contra a mulher na Lei Maria da Penha: física, psicológica, moral, sexual e patrimonial − Capítulo II, art. 7º, incisos I, II, III, IV e V. FÍSICA: Entendida como qualquer conduta que ofenda a integridade ou saúde corporal da mulher. Espancamento; Estrangulamento ou sufocamento; Lesões com objetos cortantes ou perfurantes; Ferimentos causados por queimaduras ou armas de fogo; Tortura. PSICOLÓGICA: É considerada qualquer conduta que cause dano emocional e diminuição da autoestima; prejudique e perturbe o pleno desenvolvimento da mulher; ou vise degradar ou controlar suas ações, comportamentos, crenças e decisões. Ameaças; Constrangimento; Humilhação; Manipulação isolamento (proibir de estudar e viajar ou de falar com amigos e parentes); Vigilância constante; Perseguição contumaz; Insultos; Chantagem; Exploração; Limitação do direito de ir e vir; Ridicularização; Tirar a liberdade de crença; Distorcer e omitir fatos para deixar a mulher em dúvida sobre a sua memória e sanidade (Gaslighting). MORAL: É considerada qualquer conduta que configure calúnia, difamação ou injúria. Acusar a mulher de traição; Emitir Juízos Morais Sobre A Conduta; Fazer Críticas Mentirosas; Expor A Vida Íntima; Rebaixar a mulher por meio de xingamentos que incidem sobre a sua índole; Desvalorizar avítima pelo seu modo de se vestir. SEXUAL: Trata-se de qualquer conduta que constranja a presenciar, a manter ou a participar de relação sexual não desejada mediante intimidação, ameaça, coação ou uso da força. Estupro; Obrigar a mulher a fazer atos sexuais que causam desconforto ou repulsa; Impedir o uso de métodos contraceptivos ou forçar a mulher a abortar; Forçar matrimônio, gravidez ou prostituição por meio de coação, chantagem, suborno ou manipulação; Limitar ou anular o exercício dos direitos sexuais e reprodutivos da mulher. PATRIMONIAL: Entendida como qualquer conduta que configure retenção, subtração, destruição parcial ou total de seus objetos, instrumentos de trabalho, documentos pessoais, bens, valores e direitos ou recursos econômicos, incluindo os destinados a satisfazer suas necessidades. Controlar o dinheiro; Deixar de pagar pensão alimentícia; Destruição de documentos pessoais; Furto, extorsão ou dano; Estelionato; Privar de bens, valores ou recursos econômicos; Causar danos propositais a objetos da mulher ou dos quais ela goste. O que fazer em casos de violência? Acolhimento com escuta qualificada Garantir a privacidade no atendimento e a confidencialidade das informações. Garantir postura de não vitimização das mulheres e ter consciência crítica dos sentimentos para lidar com emoções como raiva, medo e impotência que podem surgir durante o atendimento das mulheres Como poucas mulheres fazem queixa ativa de violência, perguntas diretas podem ser importantes, desde que não estigmatizam ou julguem-nas, para não se romper o interesse demonstrado pelo serviço em relação ao atendimento da mulher. Existem mulheres poliqueixosas, com sintomas e dores que não têm nome. Nesse caso, o profissional deve atentar para possível situação de violência. Para isso, existem propostas de perguntas: Está tudo bem em sua casa, com seu(sua) parceiro(a)? Você acha que os problemas em casa estão afetando sua saúde ou seus cuidados corporais? Você está com problemas no relacionamento familiar? Já sentiu ou sente medo de alguém? Você se sente humilhada? Você já sofreu críticas em casa por sua aparência, roupas ou acessórios que usa? Você e o(a) parceiro(a) (ou filho, ou pai, ou familiar) brigam muito? Assegurar compreensão sobre o que será realizado em cada etapa do atendimento Orientar as mulheres sobrea importância de registrar a ocorrência para sua proteção e da família, respeitando, todavia, sua opinião e desejo. Vale lembrar que o atendimento por parte do profissional de saúde deve ser realizado independentemente da realização de boletim de ocorrência. Avaliação global Detectar situação de vulnerabilidade Identificar se a situação de violência é recorrente ou não (violência de repetição). Identificar sinais de alerta de violência Observar se há presença de ferimentos que não condizem com a explicação de como ocorreram. Atentar para recusa ou dificuldade no exame ginecológico de rotina Realizar inspeção detalhada de partes do corpo que podem revelar sinais de violência: troncos, membros (inclusive parte interna das coxas), nádegas, cabeça e pescoço, não se esquecendo das mucosas (inclusive genitais), orelhas, mãos e pés. Se houver situação de risco de vida, fornecer informações sobre como estabelecer um plano de segurança. Plano de cuidados Em casos de violência sexual: Para evitar a perda do vínculo com a mulher, é recomendável que a AB identifique a situação de violência sexual, administre a anticoncepção hormonal de emergência (AHE) e acompanhe-a até um serviço especializado para receber todas as profilaxias e tratamentos indicados. Em casos de violência sexual: Para evitar a perda do vínculo com a mulher, é recomendável que a AB identifique a situação de violência sexual, administre a anticoncepção hormonal de emergência (AHE) e acompanhe-a até um serviço especializado para receber todas as profilaxias e tratamentos indicados. Construir, junto com a mulher em situação de violência, plano de segurança baseado em quatro passos: 1) Identificar um ou mais vizinhos para o(s) qual(is) a mulher pode contar sobre a violência, para que ele(s) a ajudem) se ouvir(em) brigas em sua casa, fazendo acordos com algum(a) vizinho(a) em quem possa confiar para combinar um código de comunicação para situações de emergência, como: “Quando eu colocar o pano de prato para fora da janela, chame ajuda”. 2) Se a briga for inevitável, sugerir que a mulher certifique se de estar em um lugar onde possa fugir e tente não discutir na cozinha ou em locais em que haja possíveis armas ou facas. 3) Orientar que a mulher cogite planejar como fugir de casa em segurança, e o local para onde ela poderia ir nesse caso. 4) Orientar que a mulher se preocupe em escolher um lugar seguro para manter um pacote com cópias dos documentos (seus e de seus filhos), dinheiro, roupas e cópia da chave de casa, para o caso de ter de fugir rapidamente. Preencher a ficha de notificação de violência interpessoal e autoprovocada a partir da suspeita ou da confirmação da situação de violência Atentar para os casos de violência sexual e tentativa de suicídio, cuja notificação, além de compulsória, deve ser imediata (em até 24h). Monitorar todos os casos identificados pela equipe ou por notificação levada à unidade por meio da vigilância em saúde Orientar individual ou coletivamente os usuários da Atenção Básica acerca dos direitos das mulheres, em prol do fortalecimento da cidadania e de uma cultura de valorização da paz. Políticas Públicas Lei nº 10.778/2003: Estabelece a notificação compulsória em território nacional dos casos de violência contra a mulher que for atendida em serviços de saúde, públicos ou privados. Lei nº 11.340/2006: Conhecida como Lei Maria da Penha, que define a violência “doméstica e familiar contra a mulher” como qualquer ação ou omissão baseada no gênero que lhe cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano moral ou patrimonial. A Lei Maria da Penha prevê medidas penais para a contenção da violência e dimensionamento do fenômeno. Lei nº 12.845/2013: Que dispõe sobre o atendimento obrigatório e integral de pessoas em situação de violência sexual. Portaria nº 104/2011: A notificação de violência doméstica, sexual e outras violências foi universalizada. Rede de atendimento às mulheres em situações de violência Unidade Básica de Saúde Casa da Mulher Brasileira Cras – Centro de Referência de Assistência Social Creas – Centro de Referência Especializado de Assistência Social Casas de Acolhimento Provisório Casas-abrigo Delegacia de Polícia Ligue 180: Serviço de atendimento telefônico gratuito que escuta, acolhe e orienta as mulheres em situação de violência durante 24 horas/dia, sete dias por semana, incluindo finais de semana e feriados. O serviço e orienta sobre como acessar a rede de enfrentamento à violência contra as mulheres. Clique 180: Aplicativo para celular/tablets que informa sobre os tipos de violência contra mulheres, os locais da cidade mais arriscados para mulheres, como agir em situações de violência, a localização dos serviços da Rede de Atendimento, que tipo de serviço procurar e o acesso ao Ligue 180 com um clique. DEAM: as Delegacias Especializadas no Atendimento à Mulher acolhem e escutam as denúncias de violência, registram as ocorrências, investigam e reprimem os crimes baseados em gênero, nos termos da Lei Maria da Penha Exercícios 1) A violência contra a mulher pode ser definida como “qualquer ato ou conduta baseada no gênero que cause morte, dano ou sofrimento físico, sexual ou psicológico à mulher, tanto na esfera pública como na esfera privada” (BRASIL, 2016). Considerando a temática mulheres em situação de violência sexual e / ou doméstica / intrafamiliar, assinale a alternativa INCORRETA. a) São cinco os tipos de violência contra a mulher: física, psicológica, moral, patrimonial e sexual. b) O profissional de saúde ao abordar uma mulher vítima de agressão deve garantir um ambiente acolhedor, de modo a promover um atendimento humanizado, vitimizando as mulheres abordadas. c) A construção conjunta, entre a equipe multiprofissional e a mulher em situação de violência, de um plano de segurança se faz necessária como planejamento do cuidado. d) O atendimento de mulheres com sinais / indícios de violência e agressão pode ser realizado independentemente da realização de boletim de ocorrência. 3) Acerca do atendimento às vítimas de violência sexual, assinale a alternativa correta. a) A abertura prévia de boletim de ocorrência para atendimento inicial às vítimas de violência sexual é obrigatória. b) O ideal é que o atendimento seja prestado por equipe interdisciplinar. A composição dos membros dessa equipe pode variar conforme a disponibilidade maior ou menor de recursos humanos, e a atuação do profissional médico pode, inclusive, ser dispensada. c) Na anticoncepção de emergência, o método de Yuzpe consiste na administração combinada de um estrogênio e um progestágeno sintético até 10 dias após a violência sexual. d) A Lei no 10.778/2003 estabelece a notificação compulsória, no território nacional, dos casos de violência contra a mulher, atendidos em serviços públicos e privados de saúde; contudo, essa notificação ainda não é obrigatória em razão da dificuldade de se contratarem recursos humanos para a realização dos devidos registros. e) Segundo a lei trabalhista, nos casos em que a violência sexual ocorra durante o percurso do trabalho, a mulher deve ser orientada quanto à importância de realizar a Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT), havendo ou não a necessidade de afastamento do trabalho.2) Analise as assertivas e assinale a alternativa correta. I. A violência doméstica acontece apenas entre as famílias de baixa renda e com baixo nível de escolaridade. II. A violência acontece nas famílias disfuncionais e problemáticas. III. A violência ocorre por vezes em famílias associadas ao abuso de álcool, drogas ou problemas psíquicos, mas isso não significa que sejam fatores sempre associados. IV. O poder público e a comunidade são corresponsáveis por ações de prevenção da violência contra as mulheres. V. Algumas mulheres podem desenvolver síndrome do estresse pós-traumático e se tornam capazes de reagir em casos eminentes de risco grave à vida. a) Apenas I, II e III estão corretas. b) Apenas II e V estão corretas. c) Apenas II e III estão corretas.d) Apenas III e IV estão corretas. 4)Maristela vive relacionamento marital com Ivan há 3 anos e desde então observou-se nítida alteração em seu comportamento, pois ela deixou de se expressar de forma mais segura e mudou suas roupas, adequando-se ao gosto do companheiro. Seus amigos passaram a perceber que Ivan refere-se à companheira com palavras depreciativas e humilhantes, além de isolá-la do convívio com a família e amigos. Nesse caso, é correto afirmar que alternativas: a) o quadro é indicativo de violência moral praticada por Ivan em face da companheira. b)a situação descreve padrão de violência psicológica praticada por Ivan contra a mulher. c)de acordo com a descrição, Maristela está sendo submetida a violência sexual por Ivan. d)Ivan está cometendo violência patrimonial contra a companheira. e)não há indícios de violência doméstica contra a mulher no caso descrito. 5)A dinâmica da violência conjugal corresponde geralmente a um processo cíclico que compreende três fases. Relacione essas fases a suas descrições. 1. Construção da Tensão 2. Tensão Máxima 3. Lua-de-mel ( ) reestruturação do relacionamento caracterizada pela promessa de que nunca mais se repetirá o ato violento. ( ) perda do controle sobre a situação e agressões levadas ao extremo. ( ) pequenos incidentes, ainda considerados como se estivessem sob controle e aceitos racionalmente. Assinale a opção que indica a relação correta, na ordem apresentada. Alternativas a)1 – 2 – 3. b)2 – 3 – 1. c)1 – 3 – 2. d)3 – 2 – 1. e)2 – 1 – 3. 6)A dinâmica da violência conjugal corresponde em geral a um processo cíclico, relacional e progressivo, composta por três fases. Uma dessas fases seria a principal responsável pela permanência dos cônjuges em relações violentas, pois seria alimentada pela esperança de um relacionamento melhor, calcado nas promessas e no arrependimento do agressor. De forma persuasiva, o agressor convida a vítima para entrar, novamente, no circuito da situação abusiva. Tal fase é chamada de a)explosão. b)lua de mel. c)aumento de tensão. d)redenção e superação. e)amorosidade superficial. 7) No atendimento à mulher em situação de violência doméstica e familiar, a autoridade policial deverá, entre outras providências, a)negligenciar informações à ofendida sobre os direitos a ela conferidos e os serviços disponíveis. b)ouvir a ofendida, solicitando informações detalhadas e provas que garantam a veracidade do seu relato. c)fornecer transporte para a ofendida e seus dependentes de volta para casa quando houver risco de vida. d)dispensar o encaminhamento da ofendida ao hospital ou posto de saúde e ao instituto médico-legal. e)acompanhar a ofendida para assegurar a retirada de seus pertences do local da ocorrência ou do domicílio familiar, se necessário. 8)O enfrentamento à violência contra as mulheres é uma das grandes preocupações das políticas públicas em âmbito nacional e internacional, requerendo discussões no campo da Psicologia a respeito das demandas sociais. A esse respeito, avalie se as afirmativas a seguir são verdadeiras (V) ou falsas (F). ( ) A violência contra a mulher exige que a Psicologia repense os modelos clínicos de intervenção voltados para o interpsíquico, devendo agregar novas práticas que incorporem a perspectiva social, a clínica ampliada, a clínica social ou intervenções psicossociais articuladas com práticas de outros profissionais e serviços. ( ) Os conceitos “rede de enfrentamento à violência contra as mulheres” e “rede de atendimento” são idênticos, ambos se referindo à articulação entre os órgãos do Estado com objetivo de identificar, atender e encaminhar as mulheres em situação de violência. ( ) A violência doméstica contra a mulher tem caráter cíclico, cujo padrão de funcionamento ocorre geralmente em três fases sucessivas: a primeira, da tensão; a segunda, da explosão; e a terceira, da lua de mel, caracterizada por manifestações de afeto e mudanças temporárias no comportamento do companheiro, almejadas pela mulher, o que contribui para ela permanecer por mais tempo na relação violenta. As afirmativas são, respectivamente, a)V – F – V. b)F – V – V. c)V – F – F. d)F – V – F. e)F – F – F. Gabarito 1) B 2) D 3) E 4)B 5) D 6) B 7) E 8) A Planejamento reprodutivo Organizado por: Alana e Alicea. Planejamento reprodutivo Saúde reprodutiva: autonomia para se reproduzir ou não. Escolha livre e informada. Lei 9.236/96: direito à informação e escolha do método contraceptivo Conjunto de ações que oferece recursos para concepção/contracepção, garantindo liberdade de escolha. Planejamento familiar X Planejamento reprodutivo Conceito mais abrangente e envolve o fato de poder ser realizado pelo homem e pela mulher, separadamente, mesmo sem o desejo de constituir família. Divididos em: Métodos naturais/comportamentais Métodos de barreira Métodos não reversíveis Métodos reversíveis MÉTODOS CONTRACEPTIVOS NATURAIS/COMPORTAMENTAIS São os métodos que não utilizam nenhum instrumento ou produto químico com o objetivo de impedir a concepção. Benefícios: ausência de efeitos sistêmicos; sem custo; favorece o autoconhecimento; podem ser usados por tempo indeterminado. Malefícios: não previne contra IST’s; altos riscos de falhas. LAM - Lactação com amenorreia Enquanto a mulher está no período de aleitamento materno e não menstrua, as chances de uma possível gravidez são mínimas. MUCO CERVICAL - método de Billings Baseado nas mudanças do muco cervical ao longo do ciclo menstrual, principalmente na fase de ovulação (normalmente são cessadas as relações sexuais nessa fase). Fase de ovulação: muco mais abundante, límpido, escorregadio, liso e elástico. Pós-ovulação: muco espesso e sem liga. TEMPERATURA BASAL CORPORAL/SINTOTÉRMICO Baseada na alteração da temperatura basal que ocorre ao longo do ciclo menstrual. No dia da ovulação, é observado um aumento de 0,3°C a 0,8°C (efeito da progesterona). - Mede-se a temperatura por 5 minutos, todos os dias, sempre no mesmo horário. TABELINHA É feita uma análise do padrão menstrual da mulher durante 6 a 12 meses para determinar corretamente o período fértil. Verificar a duração dos ciclos desde o primeiro dia da menstruação até o dia que antecede a menstruação seguinte * Se a diferença entre um ciclo e outro for de 10 dias ou mais, não é indicado o uso da tabelinha. MÉTODO COITO INTERROMPIDO O método consiste em, durante a relação sexual desprotegida, o homem pressente a ejaculação, retira o pênis e ejacula fora da vagina. Riscos: - Não previne contra IST’s - Possui baixa efetividade - Possibilidade de conter espermatozóides no líquido pré-ejaculatório MÉTODOS DE BARREIRA CAMISINHA: método mais adequado e acessível para prevenir IST’s e gestações indesejadas. Só é contraindicada em casos de alergia. DIAFRAGMA: Utilizado pelas mulheres, faz barreira na entrada do útero. Vantagens: pode ser colocado 2 horas antes da relação; validade de 2 a 3 anos; Desvantagens: não protege contra IST’s, apenas contra cervicites; tendência a cistite e infecção urinária; não pode ser utilizado durante a menstruação. DISPOSITIVOS INTRAUTERINOS São divididos em DIU de cobre e DIU hormonal ou não medicados e medicados. Mede aproximadamente 31mm e é inserido na cavidade uterina para exercer função anticoncepcional. Método muito efetivo, reversível e de longa duração. DIU DE COBRE - Consiste em um fio de prata corado com cobre - Mecanismo de ação: reação inflamatória. A presença de um corpo estranho e de cobre na cavidade endometrial causa mudanças bioquímicas e morfológicas no endométrio, produzindo modificações no muco cervical, o que afeta a movimentação do esperma. O muco cervical se torna mais denso, dificultando a passagem do esperma através dele, e os que conseguem chegar até as trompas de Falópio, normalmente não são aptos para fertilização. As usuárias de DIU de cobre continuam a ovulação normalmente Duração de uso: TCu-380 - aprovadopara 10 anos; MLCu-375 - 5 anos. Pode ser usado durante a amamentação e na menopausa Não é indicado para mulheres com risco aumentado de IST/HIV/AIDS. DIU COM LEVONORGESTREL (SIU-LNG-20) Possui um reservatório com 52mg de levonorgestrel, mede 32mm de comprimento e libera 20ug por dia. A taxa de liberação vai diminuindo ao longo do tempo de uso, chegando a 12ug por dia, mas isso não baixa a efetividade do método. Tempo de uso preconizado: 5 anos. * Nos casos de endometriose, o tempo de uso reduz para 2 ou 3 anos. Mecanismo de ação: - Efeitos endometriais: o levonorgestrel causa insensibilidade do endométrio ao estradiol circulante, ocasionando efeito antiproliferativo do endométrio. - Ovulação: produz anovulação em 25% das usuárias, diminuindo as chances de fecundação. - Muco cervical: diminui a produção e aumenta a viscosidade, tornando-o mais espesso e hostil à penetração do espermatozóide, inibindo a sua motilidade. Mantém a produção estrogênica, de modo que a lubrificação vaginal continua. Vantagens: Baixa frequência de efeitos hormonais sistêmicos O padrão menstrual altera-se no início, mas posteriormente se regula Habitualmente há diminuição da quantidade dos sangramentos Não interfere nas relações sexuais Método de uso prolongado CONTRAINDICAÇÕES Absolutas • Gravidez confirmada ou suspeita. • Distorção severa da cavidade uterina (como septos, pólipos endometriais ou miomas submucosos). • Infecção aguda ou recente (dentro de três meses) ou recorrente (incluindo DST, infecção pós-parto ou pós- aborto). • Cervicite não tratada • Alergia conhecida ao levonorgestrel. • Doença hepática aguda ou tumor de fígado. Relativas • Fator de risco importante para DST (relações não monogâmicas, história de DST). • História anterior de problemas com anticoncepção intrauterina (perfuração ou dor intensa). • Sangramento uterino anormal não diagnosticado. • Imunodepressão. • História anterior de reflexo vasovagal. • História anterior de intolerância a progestagênios (depressão importante). Planejamento reprodutivo Métodos não reversíveis: os métodos cirúrgicos (laqueadura tubária e vasectomia), são considerados irreversíveis porque após utilizá-los é muito difícil a pessoa recuperar a capacidade reprodutiva. Laqueadura tubária A laqueadura tubária, também conhecida como ligadura tubária, ligadura de trompas e anticoncepção cirúrgica voluntária, é um método de esterilização feminina que consiste em algum procedimento cirúrgico de oclusão da trompa de Falópio, com a finalidade de interromper a sua permeabilidade e, consequentemente, a função do órgão, com fim exclusivamente contraceptivo. Muito eficaz e permanente. No primeiro ano após o procedimento, a taxa de gravidez é de 0,5 para 100 mulheres. Dez anos após o procedimento, a taxa é de 1,8 para 100 mulheres. A eficácia depende, em parte, de como as trompas foram bloqueadas, mas a taxa de gravidez é sempre baixa Vasectomia É um procedimento cirúrgico simples, de pequeno porte, seguro e rápido. Consiste na ligadura dos ductos deferentes. Tem por objetivo interromper o fluxo de espermatozoides em direção à próstata e vesículas seminais para constituição do líquido seminal. Pode ser realizado em ambulatório, com anestesia local, desde que se observem os procedimentos adequados para a prevenção de infecções. É também conhecida como esterilização masculina e anticoncepção cirúrgica masculina. Muito eficaz e permanente, com taxa de gravidez de 0,15 para cada 100 homens após o primeiro ano do procedimento. Recomenda-se fazer espermograma para ter certeza de que a vasectomia foi eficaz antes de liberar as relações sexuais sem proteção anticoncepcional adicional. Algumas informações importantes para o momento da consulta de planejamento reprodutivo: • Enfatizar que a laqueadura tubária é um método permanente e definitivo de esterilização. • Esclarecer que a cirurgia de reversão tubária é procedimento caro, não acessível a todos • Envolver o casal no processo de decisão, oferecendo a vasectomia ao homem, que é procedimento seguro, de menor custo, de mais simples execução e altamente eficaz. • Dar informações sobre as taxas de falha de cada método e da possibilidade de a gravidez ocorrer longo tempo após a esterilização. • Informar que esses métodos não protegem de DST/HIV/Aids. Deve ser abordada a necessidade de dupla proteção, ou seja, o uso combinado do metodo com o preservativo. • Mostrar ao casal as taxas de arrependimento após a esterilização. • Explanar ao casal sobre o procedimento cirúrgico e seus riscos, instruções pré e pós-operatórias, tipo de anestesia, tempo de recuperação e possibilidade de mudanças no padrão menstrual. Planejamento reprodutivo Métodos não reversíveis: Algumas informações improtantes sobre a lei que alterou os procedimentos de laqueadura e de vasectomia disponíveis no Sistema Único de Saúde (SUS) A Lei nº 9.263/1996 estabeleceu o planejamento familiar como um direito e orienta ações de atenção sexual e reprodutiva nos serviços de saúde do País, incluindo a contracepção. O Ministério da Saúde indica que o planejamento deve ser ofertado com esclarecimentos sobre os métodos que melhor se adequem às necessidades de cada pessoa, sem discriminação, coerção ou violência. A norma foi alterada pela Lei nº 14.443/2022 para estabelecer as condições para o acesso à esterilização voluntária. A nova redação traz as seguintes alterações nos requisitos de elegibilidade: A idade mínima para mulheres e homens com capacidade civil plena passa de 25 para 21 anos, independentemente do número de filhos vivos; Foi definido prazo mínimo de 60 dias entre a manifestação de vontade e o ato cirúrgico; Não é mais necessário o consentimento expresso de ambos os cônjuges para a realização de laqueadura tubária ou vasectomia; O histórico de cesarianas sucessivas anteriores não é mais requisito para a realização de laqueadura tubária durante a cesárea, sendo a esterilização cirúrgica em mulher durante o período de parto garantida à solicitante, desde que observados o prazo mínimo de 60 dias entre a manifestação da vontade e o parto e as devidas condições médicas. https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9263.htm https://www.in.gov.br/en/web/dou/-/lei-n-14.443-de-2-de-setembro-de-2022-426936016 LAM (método da lactação e amenorréia) Durante os primeiros seis meses pós-parto, a amamentação exclusiva, à livre demanda, com amenorréia, está associada à diminuição da fertilidade. Porém esse efeito anticoncepcional deixa de ser eficiente quando ocorre o retorno das menstruações e também quando o leite materno deixa de ser o único alimento recebido pelo bebê – o que ocorrer primeiro. Minipilula e injetavel trimestral O uso desses metodos deve ser iniciado após seis semanas do parto. A minipílula, que contém apenas progestogênio, em baixa dosagem, pode ser utilizada pela mulher que está amamentando. DIU O DIU é um bom método para ser utilizado pela mulher que está amamentando. Pode ser inserido imediatamente após o parto, ou a partir de quatro semanas pósparto, sem que seja necessário esperar pelo retorno da menstruação. O DIU está contraindicado para os casos que cursaram com infecção puerperal, até três meses após a cura, e para mulheres com risco aumentado para IST/HIV Diafragma É um bom método para mulheres motivadas a usá-lo e bem orientadas, mas é preciso repetir a medida do diafragma após cada parto. Métodos comportamentais Os métodos comportamentais (tabela, muco cervical, temperatura basal, entre outros) só poderão ser usados após o estabelecimento de ciclos menstruais regulares. Planejamento reprodutivo Perimenopausa A mulher no climatério pode usar qualquer método anticoncepcional, desde que não apresente algumas das condições clínicas que contraindiquem o seu uso. A anticoncepção nessa fase, quando requerida, deve ser mantida até um ano após a menopausa. Além disso, estimular sempre o uso do preservativo em todas as relações sexuais, por ser o único método que protege