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HISTÓRIA DO CONHECIMENTO CIENTIFICO Maria Elenice dos Santos A teoria ondulatória da matéria Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Descrever a evolução da teoria corpuscular e ondulatória da luz. Diferenciar os modelos corpuscular e ondulatório da matéria. Demonstrar as diferentes aplicações da teoria ondulatória. Introdução Tanto a teoria corpuscular da luz quanto a teoria ondulatória foram funda- mentais no progresso dos conceitos que embasam a dualidade partícula- -onda da luz. A teoria corpuscular pode explicar o comportamento da luz, como os fenômenos de refração e reflexão e também da decomposição da luz. Para essa teoria, contribuiu muito o físico Isaac Newton, entre outros. Já a teoria ondulatória surgiu nas bases das investigações de Thomas Young, provando que a luz podia sofrer difração e interferência e que, por isso, seu comportamento era ondulatório. Neste capítulo, você vai estudar as definições de luz ao longo da história, passando pela teoria corpuscular (comportamento de partícula) e pela teoria ondulatória (comportamento de onda). Você também verá algumas aplicações do fenômeno luminoso, sobretudo em áreas tecno- lógicas e da medicina. 1 Evolução da teoria corpuscular e ondulatória da luz Na Grécia clássica, o interesse pela natureza da luz não era científi co. Nessa época, o interesse pelos assuntos de “óptica” eram fi siológicos, físico-fi losófi cos e matemáticos (SERWAY; JEWETT JR., 2012). Os primeiros a defender a ideia de um comportamento corpuscular da luz foram os gregos atomistas. Essa teoria descrevia que a luz era composta de partículas discretas, denominadas corpúsculos, e que descrevem uma trajetória reta com velocidade fi nita e limitada (NUSSENZVEIG, 2014). A Figura 1 ilustra o comportamento da luz e o olho humano, mostrando sua trajetória retilínea. Figura 1. Propagação da luz oriunda de um corpo e viajando até os olhos de um observador. Fonte: Maury (2012, documento on-line). Raios de luz Objeto Observador Meio transparente A primeira teoria matemática elaborada para explicar o fenômeno da luz foi de Euclides de Alexandria, que apresentou uma fundamentação geométrica da óptica. Euclides preocupou-se apenas com o que podia ser observado e expressado geometricamente. René Descartes foi quem deu a primeira con- tribuição moderna sobre a compreensão da natureza da luz. Isaac Newton também se envolveu com as questões da óptica, elaborando a teoria mais bem aceita cientificamente na época. Ele propôs que a natureza da luz era material, consistindo de um fluxo de partículas microscópicas que se propagavam a partir de fontes luminosas (CARUSO NETO; OGURI, 2006). Newton foi capaz de decompor a luz utilizando um prisma e recompô-la utilizando outro prisma. Mais tarde, com base na teoria ondulatória, associou-se que cada cor possuía um comprimento de onda distinto (TIPLER, 1995). A Figura 2 ilustra o fenômeno da decomposição da luz a partir de um prisma. A teoria ondulatória da matéria2 Figura 2. Incidência de luz branca sobre prisma seguida da decomposição da luz nas cores do espectro eletromagnético. Fonte: Phoenix (2015, documento on-line). Ao mudar de meio e encontrar um índice de refração diferente, cada uma das cores do espectro viaja com velocidades e comprimentos de onda diferentes. Robert Hooke, em seu livro Micrographia, publicado em 1665, relatou que a luz era constituída por frentes de onda perpendiculares à direção de propagação dos raios e que quando a luz incide de forma oblíqua em um meio refringente, a frente de onda se torna inclinada em relação à direção de propagação. Segundo Hooke, esse fenômeno ocorre devido a diferença entre as velocidades da luz nos diferentes meios (MARTINS; SILVA, 2015). O físico Christiaan Huygens também teve participação nas descobertas sobre os fenômenos de refração e reflexão, retomando o ponto de vista de Hooke. Na sequência, vieram as investigações sobre difração e interferência da luz. No primeiro caso, o físico Francesco M. Grimaldi cunhou o termo difração, fenômeno pelo qual se enxergava luz em regiões que deveriam apenas exibir sombra (CARUSO NETO; OGURI, 2006). Já o fenômeno da interferência da luz foi estudado inicialmente pelos físicos Robert Boyle e Robert Hooke. Eles observaram que a luz sofria superposição em uma mesma região do espaço, gerando outra onda com intensidade diferente. A Figura 3 ilustra o fenômeno da difração seguido da interferência da luz, resultando, da junção desses fenômenos, uma nova onda (SERWAY; JEWETT JR., 2012). 3A teoria ondulatória da matéria Figura 3. Fenômeno da difração e da interferência de ondas luminosas. Fonte: O que é luz? (1999, documento on-line). Difração Fenda estreita Fenda estreita Interferência Define-se o fenômeno da difração como um espalhamento das ondas de luz quando atravessam uma pequena fenda ou barreira. Já a interferência é o encontro e a superposição de duas ou mais ondas luminosas idênticas., que podem estar em fase ou fora de fase (SERWAY; JEWETT JR., 2012). O cientista Thomas Young obteve resultados promissores no estudo do comportamento da luz. Mostrou que a composição dos feixes de luz oriundos de duas diferentes fontes, ao incidir sobre um anteparo, resultava em padrões de intensidade semelhantes aos de interferência do som, levando-o a concluir que os fenômenos luminosos se tratavam de movimentos ondulatórios (CARUSO NETO; OGURI, 2006). Ao se comprovar que a luz possui um comportamento corpuscular-on- dulatório, sob as bases da mecânica-quântica, as ideias que se tinha sobre o comportamento da luz precisavam estar adequadas ao fato de que a luz ora é matéria, ora é energia. A nova forma de representar o mundo permitiu uma amplitude a cada evento, podendo este ocorrer ou não e, caso o faça e envolva a recepção de partículas, é possível definir para esta informações de posição e tempo (EISBERG; RESNICK, 1983). Exemplo 1 Como vimos, a refração da luz, estudada por Isaac Newton, é o fenômeno que ocorre quando a luz pode ser transmitida de um meio para outro. Nessa mudança, a frequência do feixe luminoso não se altera, mas sua velocidade e A teoria ondulatória da matéria4 seu comprimento de onda são alterados. Em virtude dessa alteração, o feixe é deslocado de sua trajetória. Com base na Figura 4, vamos descrever o fenômeno da refração e enunciar a lei que a caracteriza. Figura 4. Fenômeno da refração. Fonte: Só Física (c2008-2020, documento on-line). A Figura 4 ilustra o fenômeno da refração, com raio 1 descrito como incidente, velocidade v1, comprimento de onda λ1 e frequência f. Já no meio 2, o raio é descrito como refratado, com velocidade v2, comprimento de onda λ2 e frequência f. Para descrever a refração, delimita-se uma linha tracejada normal à superfície. Com base nela, o ângulo formado entre o raio 1 e a reta normal é o ângulo de incidência. O ângulo formado entre o raio 2 e a reta normal é o ângulo de refração. O fenômeno da refração é descrito pela Lei de Snell-Descartes, com base na descrição que foi feita anteriormente e na Equação 1: n1 · sen(θ1) = n2 · sen(θ2) onde n1 e n2 são os índices de refração dos respectivos meios 1 e 2, e θ1 e θ2 são os ângulos de incidência e refração. 5A teoria ondulatória da matéria 2 Modelos corpuscular e ondulatório da matéria Isaac Newton se valeu das ideias dos gregos sobre o comportamento da luz para formular seus pensamentos e demonstrar suas teorias sobre o comportamento corpuscular da luz. O modelo de Newton sobre a luz consistia em um fl uxo de partículas microscópicas que seriam emitidas por fontes luminosas. A Figura 5 ilustra a luz branca decomposta nas cores do arco-íris, exemplifi cando que cada um dos feixes que chegam ao olho humano é formado por um feixe de partículas (SERWAY; JEWETT JR., 2012). Figura 5. Luz visível branca decomposta nas cores do espectro eletromagnético e chegando aos olhosde um observador. Fonte: Helerbrock (c2020, documento on-line). O modelo de Isaac Newton, na época, explicava muito bem os fenôme- nos de interação da luz e encaixava-se na concepção de mundo da época, pois tratava-se de um modelo mecânico, de corpos materiais em movimento. Explicava também os fenômenos da refração e da reflexão da luz. Essas in- vestigações foram um marco na ciência. Depois delas, vieram outros estudos sobre o comportamento de partícula da luz, que levaram, mais tarde, ao seu comportamento ondulatório e, por fim, à dualidade onda-partícula (EISBERG; RESNICK, 1983). A teoria ondulatória da matéria6 As bases da teoria corpuscular encontram-se no fato de que a luz é com- posta de fótons — partículas componentes da luz, definidas como pacotes de energia e que transportam uma quantidade limitada de energia, o que leva ao conceito de quantização de energia. A definição de fóton foi de Albert Einstein e, matematicamente, pode ser expressa pela Equação 2: E = h × v onde E é a quantidade de energia, h uma constante (a constante de Plank), e ν é a frequência da luz. Além da forma de representação da energia de um fóton, pode-se fazê-lo com base na sua massa, remetendo à famosa Equação de Einstein, mostrada na Equação 3: E = m × c2 onde E constitui a energia do fóton, m a sua massa (que só existe se o elemento estiver em movimento), e c, a velocidade do fóton, tida como a velocidade da luz (EISBERG; RESNICK, 1983). Nos processos de interação da radiação luminosa com a matéria, existem alguns experimentos que comprovaram, com eficiência, o comportamento corpuscular da luz, como o efeito fotoelétrico e o efeito Compton. Os dois envolvem o espalhamento, ou absorção, da radiação pela matéria. Nesse experimentos, foi possível verificar que a luz se comportou como partícula na sua interação com a matéria (CARUSO NETO; OGURI, 2006). Efeito fotoelétrico: natureza corpuscular da luz A fi m de confi rmar a existência de ondas eletromagnéticas e a Teoria de Maxwell, o físico Heinrich Hertz propôs o experimento denominado efeito fotoelétrico, que é a emissão de elétrons por um material metálico quando exposto à luz, de frequência conhecida e alta, como a radiação ultravioleta, por exemplo. Ao incidir no material, a radiação arranca elétrons desse material, chamados fotoelétrons (EISBERG; RESNICK, 1983). A Figura 6 exibe o efeito fotoelétrico, mostrando que a incidência de luz promove a retirada de fotoelétrons de um material metálico. 7A teoria ondulatória da matéria Figura 6. Efeito fotoelétrico. Fonte: Gratispng (c2020, documento on-line). Radiação luminosa Elétrons Metal O efeito fotoelétrico é também um exemplo de transferência de energia da radiação luminosa para a matéria, feita com base no comportamento corpus- cular da luz. Nesse experimento, os elétrons do material metálico são tirados de sua posição em virtude do impacto dos fótons, quando tais fótons excedem uma frequência limite; abaixo desse limite, nenhuma emissão de elétrons deverá ocorrer (CARUSO NETO; OGURI, 2006). Para explicar o fato de que a luz pode ejetar elétrons mesmo que sua in- tensidade seja baixa, o físico Albert Einstein propôs que um feixe de luz não se tratava de uma onda, mas de um conjunto de pacotes de ondas de energia discretas denominadas fótons (NUSSENZVEIG, 2014). Modelo ondulatório para radiações eletromagnéticas O modelo ondulatório da luz surgiu com os estudos de James Clerk Maxwell. Com sua teoria eletromagnética, verifi cou que o comportamento da luz, que é uma onda eletromagnética, não era corpuscular, mas sim ondulatório (CARUSO NETO; OGURI, 2006). Segundo a teoria eletromagnética de Maxwell, ambos os campos elétrico e magnético podem sustentar um ao outro, ao se propagarem. Nesse propagar, a junção dos campos constitui uma radiação eletromagnética, como ondas de rádio, micro-ondas, raios X e luz visível, entre outras. É por apresentarem um comportamento ondulatório que as radiações eletromagnéticas são chamadas de ondas eletromagnéticas (HALLIDAY; RESNICK; WALKER, 2012). A teoria ondulatória da matéria8 A Figura 7 ilustra como uma onda eletromagnética se propaga, mostrando o comportamento de ambos os campos (elétrico e magnético) que formam a onda. Figura 7. Direção de propagação dos campos elétrico e magnético, que compõem uma onda eletromagnética. Fonte: IMA (c2018, documento on-line). Uma onda eletromagnética não necessita de um meio para se propagar, podendo propagar-se no vácuo. O que Maxwell descobriu e comprovou foi que a velocidade de propagação dessa onda constitui a chamada velocidade c, atualmente conhecida como velocidade da luz, cuja magnitude é de 3 × 108 m/s, aproximadamente. A velocidade da luz pode ser representada matematicamente como mostra a Equação 4, que exibe a dependência dessa grandeza física com as constantes que caracterizam ambos os campos, elétrico e magnético: onde ε0 e μ0 constituem as constantes de permissividade elétrica e permea- bilidade magnética, cujos valores são 8,85 × 10-12 F/m e 4π × 10-7 T · m/A, respectivamente (HALLIDAY; RESNICK; WALKER, 2012). Uma onda eletromagnética, por ser constituída por fótons, não é capaz de interagir com campos elétricos e magnéticos por onde passa, o que leva a crer que a luz, na sua forma ondulatória, não sofre desvios ao passar próximo a um corpo eletrizado e que apresenta um campo elétrico, ou mesmo de um polo magnético (CARUSO NETO; OGURI, 2006). 9A teoria ondulatória da matéria Embora os conceitos corpuscular e ondulatório da luz tenham sido mos- trados separadamente, hoje já se sabe que a luz possui um comportamento dual, ou seja, pode ser onda e partícula. Essa é uma característica de corpos de dimensões microscópicas, como é a luz, que pode ser descrita nas bases da mecânica quântica. O tratamento dado na mecânica quântica permite que se compreendam fenômenos físicos subatômicos que se comportam tanto como partículas quanto como ondas (HALLIDAY; RESNICK; WALKER, 2012). Nesta seção, vimos as diferenças entre as formas corpuscular e ondulatória da luz, diferenciando ambos os modelos de acordo com o tipo de interação da luz. No experimento do efeito fotoelétrico, ficou claro que a interação da luz com a matéria era do tipo corpuscular, pois os fótons (pacotes de energia) foram comparados a pequenos corpúsculos, individualmente. Já a Teoria de Maxwell provou ser a luz uma onda eletromagnética, com carcaterísticas ondulatórias ao interagir com a matéria. Na próxima seção, vamos ver como a luz pode ser aplicada em diversos contextos, considerando sua dualidade partícula-onda. 3 Aplicações da teoria ondulatória Atualmente, existem muitas aplicações para a luz, uma radiação eletromag- nética, que pode ser visível ou não. Em virtude de suas propriedades, pode ser utilizada em diversas áreas. Vamos conferir agora algumas das aplicações de ondas eletromagnéticas na forma de luz, que têm relevância nas áreas tecno- lógicas e outras. A área das engenharias, por ser muito tecnológica, consegue obter aplicações interessantes da luz, assim como a área da medicina e outras. Aplicação da teoria ondulatória no uso de fibras ópticas A área de telecomunicações encontra-se em evidência, haja vista o fato de que a geração de energia e informações, transmissão e entrega desta para o consumidor possui uma logística que necessita sempre de aprimoramento, para oferecer um produto cada vez melhor, a custos mais baixos e com diver- sidade. Nessa área, o uso de fi bras ópticas vem se mostrando revolucionário, uma vez que elas permitem a transmissão de informação com alta velocidade (QUEVEDO; QUEVEDO-LODI, 2010). São muito empregadas, por exemplo, em aparelhos da área da saúde para visualizar imagens no interior do corpo humano. A teoria ondulatória da matéria10 A Figura 8 exibe um exemplo de fibra óptica, que consiste em um tubo cilíndrico de material vidro. Suas dimensões de diâmetro são muito pequenas e, de acordo com a aplicação,possuem comprimentos variáveis. Fibras ópticas são materiais de elevado índice de refração, com uma camada refletora de índice de refração muito menor, uma camada polimérica de isolamento, um cabo de metal de reforço da estrutura e, ao final, uma cobertura polimérica de revestimento para proteção (HALLIDAY; RESNICK; WALKER, 2012). Figura 8. Fibra óptica emitindo ondas eletromagnéticas. Fonte: PGTECH (c2018, documento on-line). O fenômeno observado em uma fibra ótica é a reflexão total da onda lumi- nosa, que ocorre em virtude dos diferentes índices de refração de dois meios isolados, mas pelos quais a luz poderia passar (YOUNG; FREEDMAN, 2015). Aplicação da teoria ondulatória no uso de microscópios ópticos Na concepção da palavra, um microscópio trata-se de um instrumento óptico cuja função é a de ampliar imagens de objetos de dimensões ínfi mas com seu alto poder de resolução. A diversifi cação desse instrumento está na quantidade de lentes que pode ter (uma, duas ou mais), o que o classifi ca como simples ou composto (EISBERG; RESNICK, 1983). No microscópio, a ampliação se dá por um conjunto de lentes de vidro (ou cristal) e uma fonte de luz. Deverá existir um jogo de lentes (objetiva e ocular) colocadas nas extremidades de um tubo (canhão) (HALLIDAY; RESNICK; WALKER, 2012). No microscópio, o fenômeno óptico ocorrente é a refração da luz, que se dá quando a luz branca atravessa uma superfície. 11A teoria ondulatória da matéria As lentes de óculos também são exemplos de aplicação de interação da luz com um meio material, funcionando com o mesmo princípio das lentes de um microscópio. A Figura 9 ilustra como o feixe de luz pode interagir com uma lente. Figura 9. Convergência e divergência em lentes ao serem atravessadas por um feixe de luz. Fonte: Lira (c2006-2020, documento on-line). Convergente Divergente F F Aplicação da teoria ondulatória na geração de energia elétrica A luz solar também é classifi cada como uma onda eletromagnética na forma de luz. A energia solar possui diversas aplicações. Uma delas é gerar energia elétrica a partir de um dispositivo que possa receber a radiação solar e convertê- -la em outra forma de energia. A Figura 10 exibe um exemplo de geração de energia elétrica a partir da recepção onda eletromagnética advinda do sol na forma de luz. O processo de geração de energia elétrica ocorre com a incidência de luz sobre o painel fotovoltáico, de material semicondutor e sobre o qual é estabelecida uma diferença de potencial, gerando corrente elétrica (HALLIDAY; RESNICK; WALKER, 2012). A teoria ondulatória da matéria12 Figura 10. Geração de energia elétrica a partir da incidência de luz solar sobre um painel fotovoltáico. Fonte: Centrais Eléctricas (c2011, documento on-line). Luz solar Fotões Corrente elétrica Silício do tipo p Silício do tipo n No ramo energético, a luz solar é bastante aproveitável e promissora, com diversas funções. Trata-se de uma forma de geração de energia limpa, podendo ter aplicações na geração de energia elétrica, como foi mencionado aqui, no aquecimento de líquidos, áreas rurais e outros projetos. Aplicação da teoria ondulatória em laser A palavra laser signifi ca light amplifi cation by stimulated emission of ra- diation (amplifi cação da luz por emissão estimulada de radiação). O laser é um dispositivo com função de produzir radiação eletromagnética (luz) com 13A teoria ondulatória da matéria a característica de ser monocromática, possuindo apenas um comprimento de onda muito bem defi nido (NUSSENZVEIG, 2014). No laser, a radiação monocromática também é dita coerente, ou seja, todos os fótons emitidos encontram-se em fase. Ele é também colimado, signifi cando que o feixe tem uma propagação paralela. O princípio físico de funcionamento de um laser é que sua energia decai e há a emissão de fótons coerentes, com ondas luminosas em fase (EISBERG; RESNICK, 1983). O feixe de luz de um laser possui difração limitada. Em suas investigações, Albert Einstein descobriu não somente que um elétron é capaz de absorver um fóton (uma partícula luminosa) incidente e reemiti-lo após certo tempo, mas que esse mesmo elétron é capaz de reemitir o fóton absorvido caso um segundo fóton interaja com ele (HALLIDAY; RESNICK; WALKER, 2012). O fóton reemitido, no entanto, deve ter o mesmo comprimento de onda e a mesma fase que o fóton que produziu o estímulo. Com o objetivo de exemplificar o princípio de funcionamento de um laser e como a luz pode ser emitida por ele, a Figura 11 exibe como a luz se propaga nesse instrumento, de forma colimada, coerente e em fase. Figura 11. Tipos de laser com feixes vermelho, verde e azul, todos colimados, coerentes e com o feixe em fase. Fonte: Wikipedia (2012, documento on-line). A teoria ondulatória da matéria14 Existem muitas outras aplicações de radiação eletromagnética na forma de radiação luminosa. A elaboração da teoria ondulatória trouxe muitos avanços na ciência. Com a descoberta da onda eletromagnética, muitas aplicações foram possíveis. Nesta seção, estudamos algumas das possíveis aplicações na ciência, em áreas tecnológicas e outras. Com base nos estudos sobre a luz, verificou-se que a teoria corpuscular da luz muito contribuiu para os avanços que se seguiram até chegar na teoria ondulatória e, por fim, à dualidade partícula-onda. Neste texto, vimos também a descrição das teorias corpuscular e ondulatória da luz e o comportamento da radiação eletromagnética com base nas duas teorias. De início, a luz foi tomada como partícula e, com o avanço da ciência, concluiu-se que se tratava de uma onda. Ao se diferenciar ambos os modelos, mostrou-se que a luz apresentava características de matéria e de onda, o que, mais tarde, levou os cientistas a concluírem que existe a dualidade partícula-onda da luz. CARUSO NETO, F.; OGURI, V. Física moderna: origens clássicas e fundamentos quânticos. Rio de Janeiro: Elsevier, 2006. CENTRAIS ELÉCTRICAS. Como funciona uma central fotovoltaica? [S. l.]: Centrais Eléctricas, c2011. Disponível em: https://rd9centralelectrica.webnode.pt/desenvolvimento/cen- trais-fotovoltaicas/como-funciona-uma-central-fotovoltaica-/. Acesso em: 17 set. 2020. EISBERG, R. M.; RESNICK, R. Física quântica: átomos, moléculas, sólidos, núcleos e par- tículas. 2. ed. Rio de Janeiro: Campus, 1983. GRATISPNG. Luz, efeito fotoelétrico, a radiação dos corpos negros png. [S. l.]: gratispng.com, c2020. Disponível em: https://www.gratispng.com/png-y2hs9q. Acesso em: 17 set. 2020. HALLIDAY, D.; RESNICK, R.; WALKER, J. Fundamentos de física. 9. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2012. v. 4. 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