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Aula 12 PGEs - Direito do Trabalho Autor Prof.: Antônio Daud 16 de Janeiro de 2024 0 113 Sumário Considerações Iniciais ........................................................................................................................................ 2 Direito de greve .................................................................................................................................................. 2 1. Limites ao direito de greve ......................................................................................................................... 4 2. Efeitos da greve no contrato de trabalho ................................................................................................ 11 3. Abusividade da greve ............................................................................................................................... 11 4. Outros aspectos relevantes ...................................................................................................................... 13 Sindicatos ......................................................................................................................................................... 17 1. Critérios de agregação dos trabalhadores ao sindicato .......................................................................... 18 2. Natureza jurídica, registro e unicidade sindical ....................................................................................... 21 3. Outras disposições relevantes .................................................................................................................. 24 Legislação Destacada ....................................................................................................................................... 35 Constituição Federal/88 ................................................................................................................................................. 35 CLT .................................................................................................................................................................................. 36 Legislação específica ....................................................................................................................................................... 37 TST .................................................................................................................................................................................. 40 STF .................................................................................................................................................................................. 41 Resumo ............................................................................................................................................................. 42 Direito de greve: ............................................................................................................................................................. 42 Sindicatos: ....................................................................................................................................................................... 44 Considerações Finais ........................................................................................................................................ 45 Questões Comentadas ..................................................................................................................................... 46 Direito de Greve ........................................................................................................................................... 46 Estratégia Carreira Jurídica PGEs - Direito do Trabalho - Prof.: Antônio Daud cj.estrategia.com | 2 1 113 Procuradorias ................................................................................................................................................................. 46 Magistraturas e MPT ...................................................................................................................................................... 50 Outros Cargos ................................................................................................................................................................. 62 Sindicatos ..................................................................................................................................................... 79 Procuradorias ................................................................................................................................................................. 79 Magistraturas e MPT ...................................................................................................................................................... 82 Outros Cargos ................................................................................................................................................................. 87 Lista de Questões ............................................................................................................................................. 96 Procuradorias ................................................................................................................................................................. 96 Magistraturas e MPT ...................................................................................................................................................... 97 Outros Cargos ............................................................................................................................................................... 101 Sindicatos ................................................................................................................................................... 106 Procuradorias ............................................................................................................................................................... 106 Magistraturas e MPT .................................................................................................................................................... 106 Outros Cargos ............................................................................................................................................................... 108 Gabarito.......................................................................................................................................................... 112 Estratégia Carreira Jurídica PGEs - Direito do Trabalho - Prof.: Antônio Daud cj.estrategia.com | 3 2 113 LIBERDADE SINDICAL E GREVE CONSIDERAÇÕES INICIAIS Oi, amigos (s), Estamos quase no final do curso! Esta aula trata do “direito de greve” e da “liberdade sindical”. Vamos ao trabalho! DIREITO DE GREVE Ao tratar do direito de greve discorreremos, basicamente, sobre as disposições do art. 9º da CF/88 e sobre os artigos da Lei 7.783/89, que dispõe sobre o exercício do direito de greve, define as atividades essenciais, regula o atendimento das necessidades inadiáveis da comunidade, e dá outras providências. Em momentos anteriores não se admitia a greve no Brasil, mas a CF/88 expressamente assegura este direito aos trabalhadores: CF/88, art. 9º É assegurado o direito de greve, competindo aos trabalhadores decidir sobre a oportunidade de exercê-lo e sobre os interesses que devam por meio dele defender. Da mesma maneira, a Lei 7.783/89 assim estabelece: Lei 7.783/89, art. 1º É assegurado o direito de greve, competindo aos trabalhadores decidir sobre a oportunidade de exercê-lo e sobre os interesses que devam por meio dele defender. Sobre a definição do que seja greve, a própria Lei trouxe em seu texto o seguinte: Estratégia Carreira Jurídica PGEs - Direito do Trabalhoautoridades públicas. 2. As organizações de empregados públicos gozarão de adequada proteção contra todo ato de ingerência de uma autoridade pública na sua constituição, funcionamento ou administração. 3. Serão considerados atos de ingerência para os efeitos deste artigo principalmente os destinados a fomentar a constituição de organizações de empregados públicos dominadas pela autoridade pública, ou a sustentar economicamente, ou de outra forma, organizações de empregados públicos com o objetivo de colocar estas organizações sob o controle da autoridade pública. Por fim, a Convenção 151 prevê “facilidades” que devem ser concedidas às organizações representativas de empregados públicos: PARTE III FACILIDADES QUE DEVEM SER CONCEDIDASÀS ORGANIZAÇÕES DE EMPREGADOS PÚBLICOS Art. 6 — 1. Deverão ser concedidas aos representantes das organizações reconhecidas de empregados públicos facilidades para permitir-lhes o desempenho rápido e eficaz de suas funções, durante suas horas de trabalho ou fora delas. 2. A concessão de tais facilidades não deverá prejudicar o funcionamento eficaz da administração ou serviço interessado. 3. A natureza e o alcance destas facilidades serão determinadas de acordo com os métodos mencionados no artigo 7 da presente Convenção ou por qualquer outro meio apropriado. PARTE IV PROCEDIMENTOS PARA A DETERMINAÇÃO DASCONDIÇÕES DE EMPREGO Art. 7 — Deverão ser adotadas, sendo necessário, medidas adequadas às condições nacionais para estimular e fomentar o pleno desenvolvimento e utilização de procedimentos de negociação entre as autoridades públicas competentes e as organizações de empregados públicos sobre as condições de emprego, ou de quaisquer outros métodos que permitam aos representantes dos empregados públicos participar na determinação de tais condições. PARTE V SOLUÇÃO DE DEFINIÇÕES Estratégia Carreira Jurídica PGEs - Direito do Trabalho - Prof.: Antônio Daud cj.estrategia.com | 34 33 113 Art. 8 — A solução dos conflitos que se apresentem por motivo da determinação das condições de emprego tratar-se-á de conseguir, de maneira apropriada às condições nacionais, por meio da negociação entre as partes ou mediante procedimentos independentes e imparciais, tais como a mediação, a conciliação e a arbitragem, estabelecidos de modo que inspirem a confiança dos interessados. PARTE VI DIREITOS CIVIS E POLÍTICOS Art. 9 — Os empregados públicos, assim como os demais trabalhadores, gozarão dos direitos civis e políticos essenciais para o exercício normal da liberdade sindical, com reserva apenas das obrigações que se derivem de sua condição e da natureza de suas funções. Repiso, brevemente, o atual posicionamento do TST consubstanciado na OJ SDC 5, alterada após a celebração da Convenção OIT 151: OJ 05. SDC. 5. DISSÍDIO COLETIVO. PESSOA JURÍDICA DE DIREITO PÚBLICO. POSSIBILIDADE JURÍDICA. CLÁUSULA DE NATUREZA SOCIAL Em face de pessoa jurídica de direito público que mantenha empregados, cabe dissídio coletivo exclusivamente para apreciação de cláusulas de natureza social. Inteligência da Convenção nº 151 da Organização Internacional do Trabalho, ratificada pelo Decreto Legislativo nº 206/2010 Por fim, é importante destacar que os funcionários públicos foram excluídos das disposições da Convenção OIT 98 (Direito de Sindicalização e de Negociação Coletiva), já que possuem regramento próprio perante a OIT: Convenção OIT 98, art. 6 — A presente Convenção não trata da situação dos funcionários públicos ao serviço do Estado e não deverá ser interpretada, de modo algum, em prejuízo dos seus direitos ou de seus estatutos. ➢ Práticas antissindicais Estratégia Carreira Jurídica PGEs - Direito do Trabalho - Prof.: Antônio Daud cj.estrategia.com | 35 34 113 Como leciona Godinho24, práticas antissindicais consistem em sistemáticas de desestimulo à sindicalização e desgaste à atuação dos sindicatos, pois colidem com o princípio da liberdade sindical, assegurado tanto na CF/88, quanto na Convenção OIT 98, entre outras. Em outras palavras, dificultam-se a sindicalização dos trabalhadores ou sua simples participação em movimentos sociais, juntamente com o desestímulo às funções exercidas pelos sindicatos. Tais práticas são, portanto, inválidas, merecendo ser veementemente combatidas. O autor cita três exemplos de tais condutas: ✓ contratos de cães amarelos (yellow dog contracts): trabalhador firma com seu empregador compromisso de não filiação a seu sindicato, como critério de admissão e manutenção no emprego; ✓ sindicatos amarelos (ou company unions ou sindicatos de empresa): o próprio empregador estimula a organização do sindicato obreiro, mas controla, ainda que indiretamente, suas ações; ✓ lista suja (mise à l’index): as empresas divulgariam entre si os nomes dos trabalhadores com atuação sindical significativa, com o fito de excluí-los do respectivo mercado de trabalho. Além das condutas antissindicais, há situações em que o sindicato abusa do seu poder. A este respeito, ainda segundo Godinho25, temos a cláusula denominada "closed shop", que diz respeito à prática em que o empregador se compromete perante o sindicato profissional a admitir somente trabalhadores filiados. A cláusula "union shop" vai além, pois o empregador se compromete a manter como empregados somente aqueles que se filiarem ao sindicato após determinado período de tempo posterior à contratação. Na cláusula "maintence of membership", por sua vez, empregados são obrigados a permanecerem filiados ao sindicato e nele permanecer durante toda a vigência da convenção coletiva, sob penda de serem dispensados. A questão abaixou versou sobre duas destas cláusulas: MPT - Procurador do Trabalho/2020 (adaptada) As cláusulas “maintenance of membership” e “closed shop”, chamadas cláusulas de segurança sindical, pelas quais o trabalhador não pode ser obrigado a se filiar ou a se manter filiado ao sindicato como 24 DELGADO, Maurício Godinho. Direito Coletivo do Trabalho. 7ª edição. 2017. P. 64-65. 25 DELGADO, Maurício Godinho. Curso de Direito do Trabalho. São Paulo: LTr, 2002, pp. 1282-1284. Estratégia Carreira Jurídica PGEs - Direito do Trabalho - Prof.: Antônio Daud cj.estrategia.com | 36 35 113 condição para admissão ou manutenção do emprego, podem ser extraídas da Constituição de 1988 e, igualmente, da Convenção nº 98 da Organização Internacional do Trabalho. Comentários A alternativa está correta. Ambas as situações constituem abuso dos direitos estendidos aos sindicatos, não sendo admitidas em nosso ordenamento jurídico, justamente por violarem o princípio da liberdade sindical em sua dimensão negativa, constitucionalmente assegurado (CF, art. 8º, V), bem como ressaltado na Convenção OIT 98 (Direito de Sindicalização e de Negociação Coletiva). Gabarito (C) LEGISLAÇÃO DESTACADA Constituição Federal/88 Art. 8º É livre a associação profissional ou sindical, observado o seguinte: I - a lei não poderá exigir autorização do Estado para a fundação de sindicato, ressalvado o registro no órgão competente, vedadas ao Poder Público a interferência e a intervenção na organização sindical; II - é vedada a criação de mais de uma organização sindical, em qualquer grau, representativa de categoria profissional ou econômica, na mesma base territorial, que será definida pelos trabalhadores ou empregadores interessados, não podendo ser inferior à área de um Município; III - ao sindicato cabe a defesa dos direitos e interesses coletivos ou individuais da categoria, inclusive em questões judiciais ou administrativas; IV - a assembléia geral fixará a contribuição que, em se tratando de categoria profissional, será descontada em folha, para custeio do sistema confederativo da representação sindical respectiva, independentemente da contribuição prevista em lei; VI - é obrigatória a participação dos sindicatos nas negociações coletivasde trabalho; Art. 9º É assegurado o direito de greve, competindo aos trabalhadores decidir sobre a oportunidade de exercê-lo e sobre os interesses que devam por meio dele defender. § 1º - A lei definirá os serviços ou atividades essenciais e disporá sobre o atendimento das necessidades inadiáveis da comunidade. § 2º - Os abusos cometidos sujeitam os responsáveis às penas da lei. Art. 114. Compete à Justiça do Trabalho processar e julgar: (...) Estratégia Carreira Jurídica PGEs - Direito do Trabalho - Prof.: Antônio Daud cj.estrategia.com | 37 36 113 II - as ações que envolvam exercício do direito de greve; CLT Art. 477, § 1º - O pedido de demissão ou recibo de quitação de rescisão, do contrato de trabalho, firmado por empregado com mais de 1 (um) ano de serviço, só será válido quando feito com a assistência do respectivo Sindicato ou perante a autoridade do Ministério do Trabalho e Previdência Social. CLT, art. 444, parágrafo único. A livre estipulação a que se refere o caput deste artigo aplica-se às hipóteses previstas no art. 611-A desta Consolidação [prevalência do negociado sobre o legislado], com a mesma eficácia legal e preponderância sobre os instrumentos coletivos, no caso de empregado portador de diploma de nível superior e que perceba salário mensal igual ou superior a duas vezes o limite máximo dos benefícios do Regime Geral de Previdência Social. CLT, art. 444. As relações contratuais de trabalho podem ser objeto de livre estipulação das partes interessadas em tudo quanto não contravenha às disposições de proteção ao trabalho, aos contratos coletivos que lhes sejam aplicáveis e às decisões das autoridades competente Art. 511. É lícita a associação para fins de estudo, defesa e coordenação dos seus interesses econômicos ou profissionais de todos os que, como empregadores, empregados, agentes ou trabalhadores autônomos ou profissionais liberais exerçam, respectivamente, a mesma atividade ou profissão ou atividades ou profissões similares ou conexas. § 1º A solidariedade de interesses econômicos dos que empreendem atividades idênticas, similares ou conexas, constitui o vínculo social básico que se denomina categoria econômica. § 2º A similitude de condições de vida oriunda da profissão ou trabalho em comum, em situação de emprego na mesma atividade econômica ou em atividades econômicas similares ou conexas, compõe a expressão social elementar compreendida como categoria profissional. § 3º Categoria profissional diferenciada é a que se forma dos empregados que exerçam profissões ou funções diferenciadas por força de estatuto profissional especial ou em consequência de condições de vida singulares. Art. 534 - É facultado aos Sindicatos, quando em número não inferior a 5 (cinco), desde que representem a maioria absoluta de um grupo de atividades ou profissões idênticas, similares ou conexas, organizarem-se em federação. Art. 535 - As Confederações organizar-se-ão com o mínimo de 3 (três) federações e terão sede na Capital da República. CLT, art. 578. As contribuições devidas aos sindicatos pelos participantes das categorias econômicas ou profissionais ou das profissões liberais representadas pelas referidas entidades serão, sob a denominação de contribuição sindical, pagas, recolhidas e aplicadas na forma estabelecida neste Capítulo, desde que prévia e expressamente autorizadas. CLT, art. 579. O desconto da contribuição sindical está condicionado à autorização prévia e expressa dos que participarem de uma determinada categoria econômica ou profissional, ou de uma profissão liberal, em favor do sindicato representativo da mesma categoria ou profissão ou, inexistindo este, na conformidade do disposto no art. 591 desta Consolidação. Estratégia Carreira Jurídica PGEs - Direito do Trabalho - Prof.: Antônio Daud cj.estrategia.com | 38 37 113 Art. 611, § 2º As Federações e, na falta desta, as Confederações representativas de categorias econômicas ou profissionais poderão celebrar convenções coletivas de trabalho para reger as relações das categorias a elas vinculadas, inorganizadas em Sindicatos, no âmbito de suas representações. CLT, art. 611-B. Constituem objeto ilícito de convenção coletiva ou de acordo coletivo de trabalho, exclusivamente, a supressão ou a redução dos seguintes direitos: XXVII – direito de greve, competindo aos trabalhadores decidir sobre a oportunidade de exercê- lo e sobre os interesses que devam por meio dele defender; XXVIII – definição legal sobre os serviços ou atividades essenciais e disposições legais sobre o atendimento das necessidades inadiáveis da comunidade em caso de greve; Art. 620 - As condições estabelecidas em acordo coletivo de trabalho sempre prevalecerão sobre as estipuladas em convenção coletiva de trabalho. Legislação específica Convenção nº 87 da OIT - CONVENÇÃO SOBRE A LIBERDADE SINDICAL E A PROTEÇÃO DO DIREITO SINDICAL. PARTE I Liberdade sindical (...) ARTIGO 2 Os trabalhadores e as entidades patronais, sem distinção de qualquer espécie, têm o direito, sem autorização prévia, de constituírem organizações da sua escolha, assim como o de se filiarem nessas organizações, com a única condição de se conformarem com os estatutos destas últimas. ARTIGO 3 (...) 2. As autoridades públicas devem abster-se de qualquer intervenção susceptível de limitar esse direito ou de entravar o seu exercício legal. (...) Lei 7.783/89, art. 1º É assegurado o direito de greve, competindo aos trabalhadores decidir sobre a oportunidade de exercê-lo e sobre os interesses que devam por meio dele defender. Parágrafo único. O direito de greve será exercido na forma estabelecida nesta Lei. Lei 7.783/89, art. 2º Para os fins desta Lei, considera-se legítimo exercício do direito de greve a suspensão coletiva, temporária e pacífica, total ou parcial, de prestação pessoal de serviços a empregador. Lei 7.783/89, art. 3º, parágrafo único. A entidade patronal correspondente ou os empregadores diretamente interessados serão notificados, com antecedência mínima de 48 (quarenta e oito) horas, da paralisação. Estratégia Carreira Jurídica PGEs - Direito do Trabalho - Prof.: Antônio Daud cj.estrategia.com | 39 38 113 Lei 7.783/89, art. 4º Caberá à entidade sindical correspondente convocar, na forma do seu estatuto, assembleia geral que definirá as reivindicações da categoria e deliberará sobre a paralisação coletiva da prestação de serviços. § 1º O estatuto da entidade sindical deverá prever as formalidades de convocação e o quorum para a deliberação, tanto da deflagração quanto da cessação da greve. § 2º Na falta de entidade sindical, a assembleia geral dos trabalhadores interessados deliberará para os fins previstos no "caput", constituindo comissão de negociação. Lei 7.783/89, art. 6º São assegurados aos grevistas, dentre outros direitos: I - o emprego de meios pacíficos tendentes a persuadir ou aliciar os trabalhadores a aderirem à greve; II - a arrecadação de fundos e a livre divulgação do movimento. § 1º Em nenhuma hipótese, os meios adotados por empregados e empregadores poderão violar ou constranger os direitos e garantias fundamentais de outrem. § 2º É vedado às empresas adotar meios para constranger o empregado ao comparecimento ao trabalho, bem como capazes de frustrar a divulgação do movimento. § 3º As manifestações e atos de persuasão utilizados pelos grevistas não poderão impedir o acesso ao trabalho nem causar ameaça ou dano à propriedade ou pessoa. Lei 7.783/89, art. 7º Observadas as condições previstas nesta Lei, a participação em greve suspende o contrato de trabalho, devendo as relações obrigacionais, durante o período, ser regidas pelo acordo, convenção, laudo arbitral ou decisão da Justiça do Trabalho. Parágrafo único. É vedada a rescisão de contrato de trabalho durante a greve, bem como a contratação de trabalhadores substitutos, exceto na ocorrência das hipóteses previstasnos arts. 9º e 14. Lei 7.783/89, art. 8º A Justiça do Trabalho, por iniciativa de qualquer das partes ou do Ministério Público do Trabalho, decidirá sobre a procedência, total ou parcial, ou improcedência das reivindicações, cumprindo ao Tribunal publicar, de imediato, o competente acórdão. Lei 7.783/89, art. 9º Durante a greve, o sindicato ou a comissão de negociação, mediante acordo com a entidade patronal ou diretamente com o empregador, manterá em atividade equipes de empregados com o propósito de assegurar os serviços cuja paralisação resultem em prejuízo irreparável, pela deterioração irreversível de bens, máquinas e equipamentos, bem como a manutenção daqueles essenciais à retomada das atividades da empresa quando da cessação do movimento. Parágrafo único. Não havendo acordo, é assegurado ao empregador, enquanto perdurar a greve, o direito de contratar diretamente os serviços necessários a que se refere este artigo. Lei 7.783/89, art. 10 São considerados serviços ou atividades essenciais: I - tratamento e abastecimento de água; produção e distribuição de energia elétrica, gás e combustíveis; II - assistência médica e hospitalar; III - distribuição e comercialização de medicamentos e alimentos; Estratégia Carreira Jurídica PGEs - Direito do Trabalho - Prof.: Antônio Daud cj.estrategia.com | 40 39 113 IV - funerários; V - transporte coletivo; VI - captação e tratamento de esgoto e lixo; VII - telecomunicações; VIII - guarda, uso e controle de substâncias radioativas, equipamentos e materiais nucleares; IX - processamento de dados ligados a serviços essenciais; X - controle de tráfego aéreo; XI compensação bancária. XII - atividades médico-periciais relacionadas com o regime geral de previdência social e a assistência social; XIII - atividades médico-periciais relacionadas com a caracterização do impedimento físico, mental, intelectual ou sensorial da pessoa com deficiência, por meio da integração de equipes multiprofissionais e interdisciplinares, para fins de reconhecimento de direitos previstos em lei, em especial na Lei nº 13.146, de 6 de julho de 2015 (Estatuto da Pessoa com Deficiência); XIV - outras prestações médico-periciais da carreira de Perito Médico Federal indispensáveis ao atendimento das necessidades inadiáveis da comunidade. XV - atividades portuárias (MP 945/2020) Lei 7.783/89, art. 11. Nos serviços ou atividades essenciais, os sindicatos, os empregadores e os trabalhadores ficam obrigados, de comum acordo, a garantir, durante a greve, a prestação dos serviços indispensáveis ao atendimento das necessidades inadiáveis da comunidade. Parágrafo único. São necessidades inadiáveis, da comunidade aquelas que, não atendidas, coloquem em perigo iminente a sobrevivência, a saúde ou a segurança da população. Lei 7.783/89, art. 12. No caso de inobservância do disposto no artigo anterior, o Poder Público assegurará a prestação dos serviços indispensáveis. Lei 7.783/89, art. 13 Na greve, em serviços ou atividades essenciais, ficam as entidades sindicais ou os trabalhadores, conforme o caso, obrigados a comunicar a decisão aos empregadores e aos usuários com antecedência mínima de 72 (setenta e duas) horas da paralisação. Lei 7.783/89, art. 14 Constitui abuso do direito de greve a inobservância das normas contidas na presente Lei, bem como a manutenção da paralisação após a celebração de acordo, convenção ou decisão da Justiça do Trabalho. Parágrafo único. Na vigência de acordo, convenção ou sentença normativa não constitui abuso do exercício do direito de greve a paralisação que: I - tenha por objetivo exigir o cumprimento de cláusula ou condição; II - seja motivada pela superveniência de fatos novos ou acontecimento imprevisto que modifique substancialmente a relação de trabalho. Lei 7.783/89, art. 15 A responsabilidade pelos atos praticados, ilícitos ou crimes cometidos, no curso da greve, será apurada, conforme o caso, segundo a legislação trabalhista, civil ou penal. Estratégia Carreira Jurídica PGEs - Direito do Trabalho - Prof.: Antônio Daud cj.estrategia.com | 41 40 113 Lei 7.783/89, art. 16 Para os fins previstos no art. 37, inciso VII26, da Constituição, lei complementar definirá os termos e os limites em que o direito de greve poderá ser exercido. Lei 7.783/89, art. 17. Fica vedada a paralisação das atividades, por iniciativa do empregador, com o objetivo de frustrar negociação ou dificultar o atendimento de reivindicações dos respectivos empregados (lockout). Parágrafo único. A prática referida no caput assegura aos trabalhadores o direito à percepção dos salários durante o período de paralisação. TST SUM-189 GREVE. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO. ABUSIVIDADE A Justiça do Trabalho é competente para declarar a abusividade, ou não, da greve. SUM-374 NORMA COLETIVA. CATEGORIA DIFERENCIADA. ABRANGÊNCIA Empregado integrante de categoria profissional diferenciada não tem o direito de haver de seu empregador vantagens previstas em instrumento coletivo no qual a empresa não foi representada por órgão de classe de sua categoria. OJ-SDC-11 GREVE. IMPRESCINDIBILIDADE DE TENTATIVA DIRETA E PACÍFICA DA SOLUÇÃO DO CONFLITO. ETAPA NEGOCIAL PRÉVIA É abusiva a greve levada a efeito sem que as partes hajam tentado, direta e pacificamente, solucionar o conflito que lhe constitui o objeto. OJ-SDC-17 CONTRIBUIÇÕES PARA ENTIDADES SINDICAIS. INCONSTITUCIONALIDADE DE SUA EXTENSÃO A NÃO ASSOCIADOS As cláusulas coletivas que estabeleçam contribuição em favor de entidade sindical, a qualquer título, obrigando trabalhadores não sindicalizados, são ofensivas ao direito de livre associação e sindicalização, constitucionalmente assegurado, e, portanto, nulas, sendo passíveis de devolução, por via própria, os respectivos valores eventualmente descontados. OJ-SDC-36 EMPREGADOS DE EMPRESA DE PROCESSAMENTO DE DADOS. RECONHECIMENTO COMO CATEGORIA DIFERENCIADA. IMPOSSIBILIDADE 26 CF/88, art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte: (...) VII - o direito de greve será exercido nos termos e nos limites definidos em lei específica; Estratégia Carreira Jurídica PGEs - Direito do Trabalho - Prof.: Antônio Daud cj.estrategia.com | 42 41 113 É por lei e não por decisão judicial, que as categorias diferenciadas são reconhecidas como tais. De outra parte, no que tange aos profissionais da informática, o trabalho que desempenham sofre alterações, de acordo com a atividade econômica exercida pelo empregador. OJ-SDC-38 GREVE. SERVIÇOS ESSENCIAIS. GARANTIA DAS NECESSIDADES INADIÁVEIS DA POPULAÇÃO USUÁRIA. FATOR DETERMINANTE DA QUALIFICAÇÃO JURÍDICA DO MOVIMENTO É abusiva a greve que se realiza em setores que a lei define como sendo essenciais à comunidade, se não é assegurado o atendimento básico das necessidades inadiáveis dos usuários do serviço, na forma prevista na Lei nº 7.783/89. STF SÚMULA VINCULANTE Nº 23 A Justiça do Trabalho é competente para processar e julgar ação possessória ajuizada em decorrência do exercício do direito de greve pelos trabalhadores da iniciativa privada. SÚMULA Nº 316 A simples adesão a greve não constitui falta grave. SÚMULA Nº 666 A contribuição confederativa de que trata o art. 8º, IV, da Constituição, só é exigível dos filiados ao sindicato respectivo. Estratégia Carreira Jurídica PGEs - Direito do Trabalho - Prof.: Antônio Daud cj.estrategia.com | 43 42 113 RESUMO Direito de greve: Estratégia Carreira Jurídica PGEs - Direito do Trabalho - Prof.: Antônio Daud cj.estrategia.com | 44 43 113 Estratégia Carreira Jurídica PGEs - Direito do Trabalho - Prof.: Antônio Daud cj.estrategia.com | 45 44 113Sindicatos: CATEGORIA ECONÔMICA » » CLT, ART. 511, § 1º A SOLIDARIEDADE DE INTERESSES ECONÔMICOS DOS QUE EMPREENDEM ATIVIDADES IDÊNTICAS, SIMILARES OU CONEXAS, CONSTITUI O VÍNCULO SOCIAL BÁSICO QUE SE DENOMINA CATEGORIA ECONÔMICA. Categoria profissional » » CLT, art. 511, § 2º A similitude de condições de vida oriunda da profissão ou trabalho em comum, em situação de emprego na mesma atividade econômica ou em atividades econômicas similares ou conexas, compõe a expressão social elementar compreendida como categoria profissional. Categoria profissional diferenciada » » CLT, art. 511, § 3º Categoria profissional diferenciada é a que se forma dos empregados que exerçam profissões ou funções diferenciadas por força de estatuto profissional especial ou em consequência de condições de vida singulares. Estratégia Carreira Jurídica PGEs - Direito do Trabalho - Prof.: Antônio Daud cj.estrategia.com | 46 45 113 CONSIDERAÇÕES FINAIS Bom pessoal, Os assuntos desta aula não são recorrentes em prova, mas poderemos ter um peso maior do assunto greve. A Lei de Greve não é difícil, e recomendamos leitura atenta de todos os seus dispositivos. Grande abraço e bons estudos, Prof. Antonio Daud Estratégia Carreira Jurídica PGEs - Direito do Trabalho - Prof.: Antônio Daud cj.estrategia.com | 47 46 113 QUESTÕES COMENTADAS DIREITO DE GREVE Procuradorias 1. FUNDATEC - 2021 - PGE-RS - Procurador do Estado (adaptada) São considerados serviços ou atividades essenciais, para fins do exercício regular do legítimo direito de greve, entre outros, aqueles de tratamento e abastecimento de água; produção e distribuição de energia elétrica, gás e combustíveis; funerários; telecomunicações; compensação bancária; e atividades médico-periciais relacionadas com a caracterização do impedimento físico, mental, intelectual ou sensorial da pessoa com deficiência, por meio da integração de equipes multiprofissionais e interdisciplinares, para fins de reconhecimento de direitos previstos em lei e no Estatuto da Pessoa com Deficiência. Comentários: Resposta: item certo. A assertiva enumera, corretamente, os serviços/atividades consideradas essenciais pelo art. 10 da Lei 7.783/1989. 2. (CESPE/PGM-Campo Grande – Procurador – 2019) Empregado dispensado durante movimento grevista possui o direito de ser reintegrado ao emprego. Comentários: Resposta. Item ERRADO. Como regra geral, é vedada a dispensa de empregados durante o período de greve: Artigo 7º, Parágrafo único. É vedada a rescisão de contrato de trabalho durante a greve, bem como a contratação de trabalhadores substitutos, exceto na ocorrência das hipóteses previstas nos arts. 9º e 14. No entanto, como se observa da parte final do dispositivo transcrito acima, tal regra comporta exceções, a exemplo da realização de greve abusiva: Estratégia Carreira Jurídica PGEs - Direito do Trabalho - Prof.: Antônio Daud cj.estrategia.com | 48 47 113 Art. 14. Constitui abuso do direito de greve a inobservância das normas contidas na presente Lei, bem como a manutenção da paralisação após a celebração de acordo, convenção ou decisão da Justiça do Trabalho. (..) Em razão da possibilidade excepcional de dispensa de trabalhadores neste período, a Banca considerou incorre afirmar que o dispensado “possui o direito de ser reintegrado”. 3. (FCC/PGM-Caruaru – Procurador – 2018) Determinada categoria de trabalhadores em empresas de transporte coletivo está em plena negociação coletiva com a entidade patronal. Ocorre que, pretende utilizar seu direito constitucional de deflagrar a greve da categoria. Assim, nos termos da legislação vigente, deverá observar a comunicação da decisão aos empregadores e aos usuários com antecedência mínima de (A) 96 horas. (B) 24 horas. (C) 36 horas. (D) 48 horas. (E) 72 horas. Comentários: Resposta. Item E. O transporte coletivo é serviço considerado essencial (art. 10, V). Assim, a deflagração da respectiva greve requer a comunicação (i) ao empregador e (ii) aos usuários do serviço com antecedência mínima de 72 hs: Lei 7.783/89, art. 13 Na greve, em serviços ou atividades essenciais, ficam as entidades sindicais ou os trabalhadores, conforme o caso, obrigados a comunicar a decisão aos empregadores e aos usuários com antecedência mínima de 72 (setenta e duas) horas da paralisação. 4. (CESPE/PGM-Manaus – Procurador – 2018) De acordo com o TST, a greve é um exemplo de interrupção do contrato de trabalho, e os dias parados devem ser pagos normalmente, a não ser que o ato seja considerado ilegal pela justiça do trabalho. Comentários: Resposta. Item ERRADO. Pelo contrário. A regra geral é que, durante a greve, os empregados não prestam serviços e não recebem salário, sendo, por isto, considerada causa de suspensão contratual (Lei 7.783/89, art. 7º). A seguir um exemplo de precedente do TST nesse sentido: GREVE – DESCONTOS – PERÍODO DE PARALISAÇÃO – ART. 7º DA LEI Nº 7.783/89 – SUSPENSÃO DO CONTRATO DE TRABALHO – REGRA GERAL – PARALISAÇÃO EM FACE DE DESCUMPRIMENTO DE NORMAS COLETIVAS – CLÁUSULA DE REAJUSTE SALARIAL – EXCEÇÃO - DESCONTOS INDEVIDOS. Estratégia Carreira Jurídica PGEs - Direito do Trabalho - Prof.: Antônio Daud cj.estrategia.com | 49 48 113 A greve, nos termos do art. 7º da Lei nº 7.783/89, não obstante ser direito constitucionalmente garantido aos trabalhadores, configura hipótese de suspensão do contrato de trabalho, razão pela qual a regra geral é de que os dias de paralisação não sejam remunerados. A Subseção de Dissídios Coletivos afasta a premissa de suspensão do contrato de trabalho para autorizar o pagamento de salários dos dias de paralisação, nas hipóteses em que o empregador contribui mediante conduta recriminável para que a greve ocorra (tais como atraso no pagamento de salários e realização de lockout) e de acordo entre as partes em sentido diverso. (..) TST-RR-198200-49.2008.5.07.0002. 5. (CESPE/EBSERH – Advogado – 2018) Em caso de greve do serviço médico e hospitalar, as entidades sindicais ou os trabalhadores são obrigados a comunicar a decisão aos empregadores e aos usuários com antecedência mínima de setenta e duas horas da paralisação. Comentários: Resposta. Item CORRETO. Em primeiro lugar, é importante perceber que se trata de greve em serviço essencial (art. 10, II). Assim, o prazo de pré-aviso quanto ao início da greve é diferenciado, nos termos do art. 13 da Lei 7.783/1989: Lei 7.783/89, art. 13 Na greve, em serviços ou atividades essenciais, ficam as entidades sindicais ou os trabalhadores, conforme o caso, obrigados a comunicar a decisão aos empregadores e aos usuários com antecedência mínima de 72 (setenta e duas) horas da paralisação. 6. (CESPE/PGE-BA – Procurador – 2014) O exercício do direito de greve em serviços essenciais exige da entidade sindical ou dos trabalhadores, conforme o caso, a prévia comunicação da paralisação dos trabalhos ao empregador e, ainda, aos usuários dos serviços, no prazo mínimo de setenta e duas horas, sob pena de o movimento grevista ser considerado abusivo. Comentários: Resposta. Item CORRETO. A assertiva está de acordo com o seguinte dispositivo da lei de greve: Lei 7.783/89, art. 13 Na greve, em serviços ou atividades essenciais, ficam as entidades sindicais ou os trabalhadores, conforme o caso, obrigados a comunicar a decisão aos empregadores e aos usuários com antecedência mínima de 72 (setenta e duas) horas da paralisação. 7. (CESPE/PG-DF – Procurador – 2013) Greve é causa de suspensão do contrato de trabalho e somente pode ser utilizada após ser frustrada a negociação ou a arbitragem direta e pacífica, sob pena de ser considerada abusiva. Ademais, a comunicação acerca de sua decisão, no caso de atividade essencial, deve ser previamente feita aos empregadores e usuários do serviço no prazo mínimo de setenta e duas horas. Comentários:Resposta. Item CORRETO. Como sabemos, a greve é, em princípio, suspensão do contrato de trabalho (Lei 7.783/89, art. 7º, caput). Além disso, ela deve ocorrer somente quando for frustrada a negociação ou verificada a impossibilidade de recursos via arbitral (Lei 7.783/89, art. 3º, caput). Estratégia Carreira Jurídica PGEs - Direito do Trabalho - Prof.: Antônio Daud cj.estrategia.com | 50 49 113 Por fim, é importante destacar a necessidade da comunicação prévia em 72hs, aos empregadores e usuários, no caso de greve sobre serviços essenciais (Lei 7.783/89, art. 13, caput). 8. (IBADE – Prefeitura de Rio Branco – AC – Procurador Municipal – 2023) A despeito do exercício do direito de greve e suas limitações, assinale a opção correta. a) Em situações excepcionais, é permitido às empresas adotarem meios para constranger o empregado ao comparecimento ao trabalho, bem como capazes de frustrar a divulgação do movimento. b) Frustrada a negociação ou verificada a impossibilidade de recursos via arbitral, é facultada a cessação coletiva do trabalho. c) É vedado aos grevistas a arrecadação de fundos para fins de realização do movimento. d) Em regra, os meios adotados por empregados e empregadores não poderão violar ou constranger os direitos e garantias fundamentais de outrem, sendo flexibilizada tal regra em situações de força maior. e) Na greve, em serviços ou atividades essenciais, ficam as entidades sindicais ou os trabalhadores, conforme o caso, obrigados a comunicar a decisão aos empregadores e aos usuários com antecedência mínima de 24 (vinte e quatro) horas da paralisação. Comentário: A alternativa A está incorreta, conforme art. 6º, 2º, da Lei 7.783/89: “É vedado às empresas adotar meios para constranger o empregado ao comparecimento ao trabalho, bem como capazes de frustrar a divulgação do movimento”. Portanto, nem mesmo em situações excepcionais é possível que a empresa adote tais condutas. A alternativa B está correta, pois traz exatamente o texto do art. 3º, caput, da Lei 7.783/89: “Frustrada a negociação ou verificada a impossibilidade de recursos via arbitral, é facultada a cessação coletiva do trabalho.” A alternativa C está incorreta, pois conforme art. 6º, caput e inciso II, da Lei 7.783/89, a arrecadação de fundos é um dos direitos dos grevistas: “São assegurados aos grevistas, dentre outros direitos: I - o emprego de meios pacíficos tendentes a persuadir ou aliciar os trabalhadores a aderirem à greve; II - a arrecadação de fundos e a livre divulgação do movimento.” A alternativa D está incorreta, pois, conforme art. 6º, § 1º, da Lei 7.783/89, não existe tal flexibilização, em nenhuma hipótese: “Em nenhuma hipótese, os meios adotados por empregados e empregadores poderão violar ou constranger os direitos e garantias fundamentais de outrem.” Estratégia Carreira Jurídica PGEs - Direito do Trabalho - Prof.: Antônio Daud cj.estrategia.com | 51 50 113 A alternativa E está incorreta, pois conforme art. 13, da Lei 7.783/89, tal comunicação deve ser feita com antecedência mínima de 72 horas da paralisação, e não de 24 horas. Veja o que determina o mencionado dispositivo legal: Na greve, em serviços ou atividades essenciais, ficam as entidades sindicais ou os trabalhadores, conforme o caso, obrigados a comunicar a decisão aos empregadores e aos usuários com antecedência mínima de 72 (setenta e duas) horas da paralisação. Magistraturas e MPT 9. (MPT/Procurador do Trabalho – 2020) (adaptada) Conforme entendimento consolidado do Tribunal Superior do Trabalho, não é necessária a prévia tentativa, pelas partes, da solução do conflito, como requisito para a possibilidade de deflagração da greve, não podendo esta, apenas por esse fato, ser considerada abusiva. Comentários Resposta. Item E. O item está incorreto. Ao contrário, o TST tem entendido - ao interpretar o art. 3º da Lei 7.783/89 - que é abusiva a greve sem a prévia tentativa direta e pacífica de solução do conflito: OJ-SDC-11 GREVE. IMPRESCINDIBILIDADE DE TENTATIVA DIRETA E PACÍFICA DA SOLUÇÃO DO CONFLITO. ETAPA NEGOCIAL PRÉVIA É abusiva a greve levada a efeito sem que as partes hajam tentado, direta e pacificamente, solucionar o conflito que lhe constitui o objeto. 10. (MPT/Procurador do Trabalho – 2020) Sobre o direito de greve é INCORRETO afirmar: (A) A greve deflagrada com o objetivo de exigir o cumprimento de cláusula ou condição de norma coletiva não é considerada abusiva. (B) São considerados serviços ou atividades essenciais o atendimento a todas atividades relacionadas com o regime geral de previdência social e a assistência social. (C) A Constituição de 1988 assegura o direito de greve, competindo aos trabalhadores decidir sobre oportunidade de exercê-lo e sobre os interesses que devam por meio dele defender. (D) Segundo o entendimento majoritário atual do Tribunal Superior do Trabalho, são consideradas abusivas as greves com caráter político. (E) Não respondida. Comentários Resposta. Item A está correto. Mesmo na vigência de ACT/CCT, admite-se a greve que tenha por objetivo exigir cumprimento de cláusula ou condição previamente pactuada: Lei 7.783/1989, art. 14, parágrafo único. Na vigência de acordo, convenção ou sentença normativa não constitui abuso do exercício do direito de greve a paralisação que: I - tenha por objetivo exigir o cumprimento de cláusula ou condição; II - seja motivada pela superveniência de fatos novo ou acontecimento imprevisto que modifique substancialmente a relação de trabalho. Estratégia Carreira Jurídica PGEs - Direito do Trabalho - Prof.: Antônio Daud cj.estrategia.com | 52 51 113 A letra (B) está incorreta, visto não serem atividades incluídas no artigo 10 da Lei de Greve. A letra (C) consiste praticamente em uma transcrição do dispositivo constitucional: CF, art. 9º É assegurado o direito de greve, competindo aos trabalhadores decidir sobre a oportunidade de exercê-lo e sobre os interesses que devam por meio dele defender. A letra (D) está correta. Diferentemente de parcela da doutrina, o TST vem entendendo que é abusiva greve realizada com motivação política explícita, como se depreende do julgado abaixo: A greve realizada por explícita motivação política, mesmo que por curto período de tempo, é abusiva, visto que o empregador não dispõe de poder de negociação para pacificar o conflito. Sob esse fundamento, a SDC, por unanimidade, decidiu conhecer do recurso ordinário do Sindicato dos Operadores Portuários de São Paulo, e, no mérito, por maioria, deu-lhes parcial provimento para declarar abusivo o movimento de paralisação das atividades dos portuários, que teve como propósito abrir espaço para a negociação do novo marco regulatório implantado pela MP nº 595/2012, a qual passou a dispor acerca da exploração direta e indireta, pela União, dos portos e instalações portuárias e sobre as atividades dos operadores portuários, entre outras providências. (..) TST-RO-1393- 27.2013.5.02.0000, SDC, rel. Min. Maria de Assis Calsing, 24.4.2017 11. (FCC/Juiz do Trabalho – 1º Concurso Nacional – 2017) A Constituição Federal de 1988 assegurou o direito de greve no capítulo dos direitos sociais, inserido no título dos direitos e garantias fundamentais. Sobre esse direito, no ordenamento jurídico brasileiro e conforme jurisprudência dominante do Tribunal Superior do Trabalho, (A) tratando-se de um direito fundamental de caráter coletivo, compete aos sindicatos das respectivas categorias econômica ou profissional a decisão sobre o momento conveniente para deflagrar greve ou lockout, assim como para definir os interesses que devam ser defendidos. (B) é abusiva a greve envolvendo serviços funerários, quando não assegurado o atendimento básico aos usuários e não forem notificados da paralisação a entidade patronal correspondente ou os empregadores interessados, com antecedência mínima de quarenta e oito horas. (C) a iniciativa dainstauração do dissídio coletivo de greve é exclusiva do Ministério Público do Trabalho, cabendo ao Tribunal do Trabalho decidir sobre o exercício abusivo ou não do direito de greve. (D) uma vez firmado Acordo Coletivo de Trabalho encerrando a greve, haverá direito ao pagamento dos salários do período de afastamento aos trabalhadores que aderiram ao movimento grevista, em não havendo cláusula expressa quanto aos efeitos do período de paralisação nos contratos individuais de trabalho. (E) não constitui abuso do direito de greve, na vigência de Acordo Coletivo de Trabalho, a paralisação motivada por acontecimento imprevisto que modifique substancialmente a relação de trabalho. Comentários: Resposta. Item E. A alternativa (A), incorreta, já que é vedado ao empregador (categoria econômica) a deflagração de lockout: Estratégia Carreira Jurídica PGEs - Direito do Trabalho - Prof.: Antônio Daud cj.estrategia.com | 53 52 113 Lei 7.783/89, art. 17. Fica vedada a paralisação das atividades, por iniciativa do empregador, com o objetivo de frustrar negociação ou dificultar o atendimento de reivindicações dos respectivos empregados (lockout). A alternativa (B), incorreta, uma vez que, em se tratando de serviço essencial (como é o caso dos serviços funerários), o prazo de antecedência mínima é diferenciado (72 hs): Lei 7.783/89, art. 13 Na greve, em serviços ou atividades essenciais, ficam as entidades sindicais ou os trabalhadores, conforme o caso, obrigados a comunicar a decisão aos empregadores e aos usuários com antecedência mínima de 72 (setenta e duas) horas da paralisação. A alternativa (C), incorreta, já que as próprias partes poderão ajuizar dissídio coletivo, desde que por comum acordo: CF, art. 114, § 2º Recusando-se qualquer das partes à negociação coletiva ou à arbitragem, é facultado às mesmas, de comum acordo, ajuizar dissídio coletivo de natureza econômica, podendo a Justiça do Trabalho decidir o conflito, respeitadas as disposições mínimas legais de proteção ao trabalho, bem como as convencionadas anteriormente. A alternativa (D) está incorreta. Na ausência de cláusula expressa prevendo o pagamento de salários aos grevistas, presume-se que eles não devem ser pagos. Ou seja, a regra é que a greve suspenda os contratos de trabalho dos grevistas, podendo haver previsão em sentido contrário no ACT mencionado na questão: Lei 7.783/89, art. 7º Observadas as condições previstas nesta Lei, a participação em greve suspende o contrato de trabalho, devendo as relações obrigacionais, durante o período, ser regidas pelo acordo, convenção, laudo arbitral ou decisão da Justiça do Trabalho. Por fim, a letra (E) está correta. Em regra, não se admite que haja greve durante a vigência do diploma pactuado. Entretanto, é possível que o empregador descumpra o que foi pactuado ou que a situação se modifique de forma substancial, caso em que a greve não será abusiva: Lei 7.783/89, art. 14, parágrafo único. Na vigência de acordo, convenção ou sentença normativa não constitui abuso do exercício do direito de greve a paralisação que: I - tenha por objetivo exigir o cumprimento de cláusula ou condição; II - seja motivada pela superveniência de fatos novo ou acontecimento imprevisto que modifique substancialmente a relação de trabalho. 12. (MPT – 20° Concurso para Procurador do Trabalho – 2017) Analise as assertivas abaixo: I - A partir da Constituição de 1988, a greve tem sido considerada, regra geral, um direito individual e coletivo social fundamental, competindo aos trabalhadores decidir sobre a oportunidade de exercê-lo e sobre os interesses que devam por meio dele defender. II - As exigências formais estabelecidas pela Lei n. 7.783/1989 (Lei de Greve) para a deflagração do movimento paredista e a definição legal dos serviços e atividades essenciais e respectiva disposição sobre o atendimento a necessidades inadiáveis da comunidade durante o movimento grevista não têm sido Estratégia Carreira Jurídica PGEs - Direito do Trabalho - Prof.: Antônio Daud cj.estrategia.com | 54 53 113 consideradas, pela jurisprudência dominante do Tribunal Superior do Trabalho, como regras normativas denegatórias ou inviabilizadoras do direito constitucional de greve. III - A tensão e compatibilização entre liberdade individual e liberdade coletiva, prerrogativas jurídicas individuais e prerrogativas jurídicas coletivas, que se mostram presentes no Direito Coletivo do Trabalho em geral, também se manifestam no instituto da greve e na dinâmica dos movimentos paredistas. IV - A prática do lock-in não é considerada, necessariamente, irregular ou abusiva na greve no Direito brasileiro seguinte à Constituição de 1988. O lock-out, porém, é tido como vedado no Direito Coletivo do Trabalho do Brasil. Assinale a alternativa CORRETA: (A) Apenas as assertivas I e II estão corretas. (B) Apenas as assertivas III e IV estão corretas. (C) Apenas as assertivas I, II e III estão corretas. (D) Todas as assertivas estão corretas. (E) Não respondida. Comentários: Resposta. Item D. O item I, correto, com fundamento na doutrina e no caput do art. 9º da CF: CF, art. 9º É assegurado o direito de greve, competindo aos trabalhadores decidir sobre a oportunidade de exercê-lo e sobre os interesses que devam por meio dele defender. O item II, correto, tendo em vista que as exigências previstas na Lei de Greve, bem como a definição de serviços e atividades essenciais, constituem limites ao exercício de tal direito, de acordo com o disposto na CF, art. 9º, §1º: CF, art. 9º, § 1º A lei definirá os serviços ou atividades essenciais e disporá sobre o atendimento das necessidades inadiáveis da comunidade. O item III, correto, já que se trata das formas de pressão por parte dos empregados, inseridas na dinâmica dos movimentos operários, as quais constituem fontes materiais do Direito do Trabalho. O item IV está correto, tendo em vista que o lock-in não é proibido pelo ordenamento jurídico. Maurício Godinho27 define como sendo o movimento paredista com ocupação dos locais de trabalho (chamado de lock-in, em anteposição ao lock-out) e leciona o seguinte: 27 DELGADO, Maurício Godinho. Direito Coletivo do Trabalho. 7ª ed. p. 275-276. Estratégia Carreira Jurídica PGEs - Direito do Trabalho - Prof.: Antônio Daud cj.estrategia.com | 55 54 113 Há uma situação paredista, entretanto, controvertida, por englobar no núcleo da greve tanto a abstenção como a ação de caráter coletivos. A greve passa a ser, ao mesmo tempo, ação e omissão. (..) A anterior lei de Greve (Lei 4.330, art. 17), de indissimulável matiz autoritário, rejeitava essa combinação de circunstâncias, considerando inerente à greve a desocupação dos locais de trabalho. A nova ordem jurídica constitucional (art. 9º, CF) e mesmo a nova lei de greve (Lei 7.783) não estabelecem, porém, tal requisito. (..) Reconheça-se, porém, que o movimento paredista, no desenrolar dessa estratégia ocupacional, corre maiores riscos de provocar atos ilícitos individualizados ou grupais de danificação do patrimônio empresarial – atos que são passíveis de apenação, conforme expresso na própria Constituição da República (art. 9º, §2º, CF). Por outro lado, o lockout é vedado pela lei de greve, já que se trata da situação em que o empregador paralisa as atividades empresariais com o objetivo frustrar a negociação ou dificultar o atendimento das demandas obreiras: Lei 7.783/89, art. 17. Fica vedada a paralisação das atividades, por iniciativa do empregador, com o objetivo de frustrar negociação ou dificultar o atendimento de reivindicações dos respectivos empregados (lockout). Parágrafo único. A prática referida no caput assegura aos trabalhadores o direito à percepção dos salários durante o período de paralisação. 13. (FCC/TRT1 - Juiz do Trabalho – 2016) Em relação aos direitos de associação e de greve, considerada a Constituição da República e a Lei nº 7.783/89, écorreto afirmar: (A) O militar possui direito de se associar em sindicatos, mas lhe é vedado o direito de greve. (B) O empregador pode contratar substitutos para os trabalhadores em greve, para manutenção dos serviços essenciais à retomada das atividades após o fim do movimento. (C) Em respeito à liberdade sindical, torna-se desnecessária a tentativa de solução pacífica do conflito antes da deflagração de movimento grevista. (D) Celebrado acordo para por fim a movimento grevista, a ausência de previsão expressa sobre os efeitos do período de paralisação torna devido aos trabalhadores que dela participaram o pagamento de salários do período. (E) São, dentre outros, considerados serviços ou atividades essenciais: assistência médica e hospitalar, serviços funerários, controle de tráfego aéreo e serviço de telecomunicações. Comentários: Resposta. Item E. A alternativa A, incorreta, já que o militar não pode se sindicalizar nem promover greve: CF/88, art. 142, IV - ao militar são proibidas a sindicalização e a greve; Estratégia Carreira Jurídica PGEs - Direito do Trabalho - Prof.: Antônio Daud cj.estrategia.com | 56 55 113 A alternativa B, incorreta, uma vez que, em geral, é vedada a contratação de substitutos dos trabalhadores grevistas. Ressalvo apenas que tal contratação é permitida em duas situações excepcionais: (i) quando não é mantido o funcionamento mínimo previsto no art. 9º da Lei de Greve; (ii) quando a greve é considerada abusiva. Lei 7.783/89, art. 7º, Parágrafo único. É vedada a rescisão de contrato de trabalho durante a greve, bem como a contratação de trabalhadores substitutos, exceto na ocorrência das hipóteses previstas nos arts. 9º [manutenção de serviços mínimos indispensáveis ao empreendimento] e 14 [greve abusiva]. (..) Art. 9º Durante a greve, o sindicato ou a comissão de negociação, mediante acordo com a entidade patronal ou diretamente com o empregador, manterá em atividade equipes de empregados com o propósito de assegurar os serviços cuja paralisação resultem em prejuízo irreparável, pela deterioração irreversível de bens, máquinas e equipamentos, bem como a manutenção daqueles essenciais à retomada das atividades da empresa quando da cessação do movimento. Art. 14 Constitui abuso do direito de greve a inobservância das normas contidas na presente Lei, bem como a manutenção da paralisação após a celebração de acordo, convenção ou decisão da Justiça do Trabalho. A alternativa C, incorreta, já que, para ser válido, o movimento grevista deve suceder tentativa negocial frustrada. Caso seja frustrada a tentativa negocial, aí sim caberá a greve: Lei 7.783/89, art. 3º Frustrada a negociação ou verificada a impossibilidade de recursos via arbitral, é facultada a cessação coletiva do trabalho. A alternativa D está incorreta, já que na ausência de previsão expressa quanto ao período em que houve a greve, prevalece a regra geral prevista em lei, que é de suspensão dos contratos de trabalho (Lei 7.783/89, art. 7, caput). Dessa forma, não são devidos os salários dos grevistas nesta situação. A alternativa E, correta, já todos os serviços listados são considerados essenciais por lei (Lei 7.783/89, art. 10): telecomunicações, assistência médica e hospitalar, serviços funerários, controle de tráfego aéreo. 14. (MPT – 15° Concurso para Procurador do Trabalho – 2009) Sobre o exercício do direito de greve: I – é assegurado o direito de greve, competindo aos trabalhadores decidir a oportunidade de exercê-lo e sobre os interesses que devam por meio dele defender e, para o seu exercício nas atividades consideradas essenciais, o sindicato deverá comunicar a empresa com antecedência mínima de 48 horas e à população no prazo de 72 horas; II – o “lockout” é a paralisação das atividades pelo empregador, constitucionalmente garantido, para que seja respeitado o princípio da igualdade; III – não havendo acordo, é vedado ao empregador, enquanto perdurar a greve, a contratação direta de outros trabalhadores para a manutenção dos equipamentos essenciais; Assinale a alternativa CORRETA: a) todas as assertivas são incorretas; Estratégia Carreira Jurídica PGEs - Direito do Trabalho - Prof.: Antônio Daud cj.estrategia.com | 57 56 113 b) apenas as assertivas II e III são corretas; c) apenas as assertivas I e III são incorretas; d) apenas a assertiva III é correta; e) não respondida. Comentários: Resposta. Item A. Todas estão incorretas. A proposição I começou bem, mas terminou mal. Seu início reproduziu o art. 1º da 7.783/89: Lei 7.783/89, art. 1º É assegurado o direito de greve, competindo aos trabalhadores decidir sobre a oportunidade de exercê-lo e sobre os interesses que devam por meio dele defender. Ao final, porém, errou ao propor que os prazos seriam diferenciados na comunicação prévia da greve em serviços ou atividades essenciais: na verdade, a comunicação aos empregadores e aos usuários deve ocorrer com antecedência mínima de 72 horas. A proposição II está incorreta por o lockout (ou locaute) é vedado pela legislação: Lei 7.783/89, art. 17. Fica vedada a paralisação das atividades, por iniciativa do empregador, com o objetivo de frustrar negociação ou dificultar o atendimento de reivindicações dos respectivos empregados (lockout). Por fim, a proposição III, também incorreta, trata dos casos em que é necessário assegurar os serviços cuja paralisação resultem em prejuízo irreparável. Determinadas paralisações de processos produtivos e maquinários podem causar prejuízos graves ao empregador, e por este motivo existe previsão legal de que, nestes casos, sejam mantidas equipes de empregados trabalhando durante a paralisação grevista: Lei 7.783/89, art. 9º Durante a greve, o sindicato ou a comissão de negociação, mediante acordo com a entidade patronal ou diretamente com o empregador, manterá em atividade equipes de empregados com o propósito de assegurar os serviços cuja paralisação resultem em prejuízo irreparável, pela deterioração irreversível de bens, máquinas e equipamentos, bem como a manutenção daqueles essenciais à retomada das atividades da empresa quando da cessação do movimento. Parágrafo único. Não havendo acordo, é assegurado ao empregador, enquanto perdurar a greve, o direito de contratar diretamente os serviços necessários a que se refere este artigo. No entanto, a questão explorou o parágrafo único, que autoriza tais contratações quando não se chegar a acordo. 15. (MPT – 14° Concurso para Procurador do Trabalho – 2008) Assinale a alternativa CORRETA: Estratégia Carreira Jurídica PGEs - Direito do Trabalho - Prof.: Antônio Daud cj.estrategia.com | 58 57 113 a) o piquete pacífico não é admitido pela legislação brasileira; b) a “greve de rendimento” não é permitida pela legislação brasileira; c) as greves que não impliquem a cessação do trabalho estão amparadas pela legislação brasileira pertinente; d) a mera adesão à greve pode constituir falta grave se o movimento for considerado abusivo pelas Cortes Trabalhistas; e) não respondida. Comentários: Resposta. Item B. Como aprendemos na aula, existem condutas que podem ser consideradas próximas ou associadas ao movimento grevista, havendo certa dificuldade em enquadrá-la (ou não) como greve. O seguinte trecho da obra de Sérgio Pinto Martins28 resume o significado das expressões relacionadas: “A greve branca é greve, pois apesar de os trabalhadores pararem de trabalhar e ficarem em seus postos de trabalho, há cessação da prestação dos serviços. Entretanto, a “operação tartaruga”, ou greve de rendimento, em que os empregados fazem seus serviços com extremo vagar, ou a greve de zelo, na qual os trabalhadores se esmeram na produção ou acabamento do serviço, não podem ser consideradas como greve, pois não há a paralisação da prestação do serviço”. Seguindo esta interpretação, só podemos considerar greve o movimento em que houver a efetiva suspensão da prestação dos serviçospelos empregados. Adotando-se esta linha, portanto, a “operação tartaruga” (greve de rendimento) e a greve de zelo, na verdade, não poderiam ser consideradas como greve. Este foi o entendimento esposado pela Banca. Por esta mesma lógica que tornou a alternativa (B) correta, a alternativa (C) foi considerada incorreta: não estão amparados pela legislação brasileira pertinente os movimentos pretensamente em que não há paralisação da prestação dos serviços. A alternativa (A) está incorreta porque se admite, sim, a realização de piquete pacífico. Relembremos o art. 6º da Lei de Greve: Lei 7.783/89, art. 6º São assegurados aos grevistas, dentre outros direitos: I - o emprego de meios pacíficos tendentes a persuadir ou aliciar os trabalhadores a aderirem à greve; II - a arrecadação de fundos e a livre divulgação do movimento. 28 MARTINS, Sérgio Pinto. Direito do Trabalho. 27 ed. São Paulo: Atlas, 2011, p. 869. Estratégia Carreira Jurídica PGEs - Direito do Trabalho - Prof.: Antônio Daud cj.estrategia.com | 59 58 113 Neste contexto se admite a realização de piquete pacífico, onde os grevistas permanecem próximos ao local de trabalho para persuadir os demais empregados do estabelecimento a aderirem ao movimento. A alternativa (D), por fim, demandou o conhecimento da Súmula 316 do Supremo Tribunal Federal: SÚMULA Nº 316 A simples adesão a greve não constitui falta grave. Como meio legítimo de pressão dos trabalhadores, o simples fato de o trabalhador aderir à greve (pacífica, exercida dentro dos limites legais) não pode ser considerado ato faltoso. 16. (MPT – 13° Concurso para Procurador do Trabalho – 2007) A respeito da greve, assinale a alternativa INCORRETA: a) na vigência de acordo coletivo de trabalho é possível a greve que tenha por objetivo exigir o cumprimento de cláusula; b) o serviço funerário é considerado atividade essencial; c) é permitido aos grevistas o aliciamento pacífico dos trabalhadores para a adesão à greve; d) nas atividades não consideradas essenciais, o prazo mínimo para a comunicação aos empregadores diretamente interessados é de 72 (setenta e duas) horas; e) não respondida. Comentários: Resposta. Item D. A alternativa (A) está correta, pois o fato de o empregador não cumprir cláusulas ou condições validamente pactuadas retira a abusividade do movimento grevista. Relembrando as disposições contidas na Lei 7.783/89, art. 14, parágrafo único, I e II, concluímos que a alternativa (B) está correta, pois os serviços funerários estão elencados no art. 10, IV, da Lei 7.783/89. A alternativa (C), também correta, trata da possibilidade de aliciamento pacífico dos empregados para adesão ao movimento paredista (Lei 7.783/89, art. 6, I). A letra (D) está incorreta, pois a comunicação prévia em atividades não essenciais é de 48 horas: Lei 7.783/89, art. 3º, parágrafo único. A entidade patronal correspondente ou os empregadores diretamente interessados serão notificados, com antecedência mínima de 48 (quarenta e oito) horas, da paralisação. 17. (FGV - CSJT - Juiz do Trabalho Substituto – 2023) O direito fundamental de greve emana do exercício da autonomia privada coletiva e consiste em instrumento de pressão, com vistas ao atendimento de rol de reinvindicações da categoria. A respeito do tema, é correto afirmar, com base na jurisprudência dominante dos tribunais superiores, que: a) o ordenamento jurídico pátrio consagra expressamente a possibilidade de seu cabimento para defesa de interesses que transcendem a esfera dos deveres atribuídos ao empregador; Estratégia Carreira Jurídica PGEs - Direito do Trabalho - Prof.: Antônio Daud cj.estrategia.com | 60 59 113 b) considerando o descompasso entre à titularidade coletiva do interesse tutelado e a responsabilidade individual do trabalhador, a declaração de abusividade da greve não permite necessariamente a punição do empregado partícipe; c) o empregador está autorizado a realizar a contratação de trabalho temporário, bem como a transferir seus empregados de um setor para outro, com vistas à substituição de trabalhadores em greve; d) a adesão ao movimento paredista gera a suspensão do contrato de trabalho, não devendo ser pagos os dias de paralisação, ressalvada a hipótese de quando a greve é deflagrada pelo atraso no pagamento de salários; e) não é considerado abusivo o movimento paredista direcionado contra os poderes públicos e que reivindique condições não suscetíveis de negociação coletiva. Comentários: A questão aborda a jurisprudência dos tribunais superiores sobre o direito de greve, que possui previsão constitucional no art. 9º da CRFB/88, dispondo ser “assegurado o direito de greve, competindo aos trabalhadores decidir sobre a oportunidade de exercê-lo e sobre os interesses que devam por meio dele defender.” A alternativa correta é a letra B. O gabarito preliminar da banca apontou como correta a letra B. Entretanto questão em tela é passível de recurso, pois a alternativa “D” encontra-se em consonância com a jurisprudência dominante dos tribunais superiores, podendo ser apontada como correta. Outrossim, no que tange à letra “B”, cabe destacar que a referida alternativa não se coaduna com o teor do art.15 da Lei de greve (Lei nº 7.783/89), que prevê ser possível a responsabilização pelos atos políticos ou crimes praticados no curso da greve, o que será apurado, conforme o caso, segundo a legislação trabalhista, civil ou penal A alternativa A está incorreta. A greve é um instrumento de equilíbrio social, cuja finalidade é pressionar o empregador a oferecer melhores condições de trabalho. Embora o art. 9º da CF assegure o direito de greve e estabelece que compete aos trabalhadores decidir sobre a oportunidade e os interesses que devam por meio dele defender, a jurisprudência do TST entende que a greve utilizada para defender interesses que transcendem os deveres atribuídos ao empregador é abusiva. Nesse sentido: "RECURSO DE REVISTA. ACÓRDÃO REGIONAL PUBLICADO NA VIGÊNCIA DAS LEIS Nº 13.015/2014 E Nº 13.467/2017 - DIREITO DE GREVE. GREVE POLÍTICA. DESCONTO SALARIAL RELATIVO AO DIA DE PARALISAÇÃO. LEGALIDADE. Em interpretação ao art. 7º da Lei nº 7.783/1989, a Seção Especializada em Dissídios Coletivos deste Tribunal Superior firmou entendimento no sentido de que a adesão ao movimento de greve gera a suspensão do contrato de trabalho, de modo que é válido o desconto relativo aos dias parados, salvo em casos específicos em que o movimento paredista é deflagrado em razão de atraso no pagamento de salários, realização de lockdown ou outra situação que comprometa a integridade física do empregado submetido a situação de risco no ambiente de trabalho. No caso em apreço, consta expressamente do acórdão regional que a categoria profissional dos bancários decidiu paralisar a prestação de serviços a fim de protestar Estratégia Carreira Jurídica PGEs - Direito do Trabalho - Prof.: Antônio Daud cj.estrategia.com | 61 60 113 contra a reforma trabalhista e previdenciária. Daí se extrai que não havia nenhuma condição específica de descumprimento das normas da categoria nem da legislação vigente que pudesse justificar a atuação contra o empregador. Na realidade, o movimento decorreu de reivindicação com o intuito de manter a legislação trabalhista em vigor e impedir a reforma proposta pelo Estado, sem possibilidade de que o empregador pudesse dar uma solução direta à pretensão defendida. Assim, conclui-se que a greve direcionou-se contra os poderes públicos a fim de reivindicar condições não suscetíveis de negociação coletiva, tratando-se, portanto, de uma greve política, que é considerada abusiva, conforme jugados proferidos pela Seção Especializada em Dissídios Coletivos. Recurso de revista de que se conhece e a que se dá provimento" (RR- 10693-35.2017.5.15.0089, 2ª Turma, Relator Ministro Sergio Pinto Martins, DEJT 02/12/2022). A alternativa C está incorreta. O Art. 2º, §1º, daLei 6.019/74, veda a contratação de trabalho temporário para substituição de trabalhadores em greve, salvo nos casos previstos em lei. Além disso, conforme o art. 7º, parágrafo único, da Lei nº 7.783/89, é vedada a contratação de trabalhadores substitutos durante a greve, salvo as hipóteses previstas no artigo 9º. A alternativa D está incorreta, conforme gabarito preliminar da banca FGV. Todavia, como já destacado, a questão merece recurso, já que a alternativa “D” se encontra em consonância com a jurisprudência dominante dos tribunais superiores, podendo ser apontada como correta. Nesse sentido, a jurisprudência do TST, conforme ementa, a seguir: "[...] O art. 7º da Lei nº 7.783/89 prevê que a participação em greve é hipótese de suspensão do contrato de trabalho. Assim, muito embora a greve seja direito constitucionalmente garantido aos trabalhadores, configura hipótese de suspensão do contrato de trabalho, razão pela qual a regra geral é de que os dias de paralisação não sejam remunerados. Nesse sentido, o supracitado artigo permite o desconto dos dias de paralisação, independentemente de a greve ser abusiva ou não, uma vez que é dos participantes o risco de não receber o pagamento de salários nos dias em que não houvera prestação de serviços em razão de greve. Esse é, inclusive, o entendimento firmado pelo Supremo Tribunal Federal no julgamento do Mandado de Injunção nº 670, no sentido de que a regra geral é de que a deflagração da greve implica suspensão do contrato de trabalho, não devendo ser pagos os dias de paralisação, salvo no caso em que a greve fora deflagrada justamente por atraso no pagamento aos servidores públicos civis, ou por outras situações excepcionais que justifiquem o afastamento da premissa de suspensão contratual. [...] Agravo não provido, com imposição de multa" (Ag-RR-1041-97.2020.5.10.0001, 5ª Turma, Relator Ministro Breno Medeiros, DEJT 16/12/2022). A alternativa E está incorreta. Esse é o entendimento da Jurisprudência do TST. Vejamos: "[...]. Assim, conclui-se que a greve direcionou-se contra os poderes públicos a fim de reivindicar condições não suscetíveis de negociação coletiva, tratando-se, portanto, de uma greve política, que é considerada abusiva, conforme jugados proferidos pela Seção Especializada em Dissídios Coletivos. Recurso de revista de que se conhece e a que se dá provimento" (RR-10693- 35.2017.5.15.0089, 2ª Turma, Relator Ministro Sergio Pinto Martins, DEJT 02/12/2022). Estratégia Carreira Jurídica PGEs - Direito do Trabalho - Prof.: Antônio Daud cj.estrategia.com | 62 61 113 18. (FGV - CSJT - Juiz do Trabalho Substituto – 2023) A Convenção nº 87 da Organização Internacional do Trabalho trata da liberdade sindical e da proteção ao direito de sindicalização. O modelo sindical brasileiro diverge dos preceitos propostos pelo normativo internacional principalmente pela: a) liberdade plena de organização sindical em todos os níveis de representação profissional e econômica; b) sujeição das organizações de trabalhadores e de empregadores à dissolução ou à suspensão administrativas; c) proibição de filiação dos trabalhadores e dos empregadores a organizações Internacionais de mesma natureza; d) proibição de sindicalização dos integrantes das forças armadas e da polícia; e) necessidade de autorização para constituição de um sindicato. Comentários: O tema da questão encontra previsão no art. 8º da CF/88. Vejamos: "Art. 8º É livre a associação profissional ou sindical, observado o seguinte: (...) III - ao sindicato cabe a defesa dos direitos e interesses coletivos ou individuais da categoria, inclusive em questões judiciais ou administrativas; IV - a assembléia geral fixará a contribuição que, em se tratando de categoria profissional, será descontada em folha, para custeio do sistema confederativo da representação sindical respectiva, independentemente da contribuição prevista em lei; V - ninguém será obrigado a filiar-se ou a manter-se filiado a sindicato; VI - é obrigatória a participação dos sindicatos nas negociações coletivas de trabalho; VII - o aposentado filiado tem direito a votar e ser votado nas organizações sindicais; VIII - é vedada a dispensa do empregado sindicalizado a partir do registro da candidatura a cargo de direção ou representação sindical e, se eleito, ainda que suplente, até um ano após o final do mandato, salvo se cometer falta grave nos termos da lei." Sobre a liberdade sindical, a doutrina destaca: “temos no país, assim, uma contrariedade entre a liberdade sindical propalada internacionalmente e aquela estampada em nosso país de fato no art. 8º da CRFB/88 e dispositivos da CLT, já que esta não seria verdadeiramente plena, eis que, especialmente, limita a criação dos sindicatos a somente um na base territorial mínima, ou seja, trata da unicidade sindical. Assim, há uma incompatibilidade entre a estrutura sindical brasileira e a liberdade sindical plena (especialmente aquela consagrada pela Convenção 87 da OIT) se dá notadamente Estratégia Carreira Jurídica PGEs - Direito do Trabalho - Prof.: Antônio Daud cj.estrategia.com | 63 62 113 pela manutenção da unicidade sindical.” (FREITAS.Claudio. Direito Coletivo do Trabalho.São Paulo: Thomson Reuters Brasil. 2023 p.113) A alternativa correta é a letra A. A alternativa correta é a letra A, já que modelo sindical brasileiro diverge dos preceitos propostos pelo normativo internacional, uma vez que não adota a liberdade plena. A doutrina bem delineia o tema: “temos no país assim, uma contrariedade entre a liberdade sindical propalada internacionalmente e aquela estampada em nosso país de fato no art. 8º da CRFB/88 e dispositivos da CLT, já que não seria esta verdadeiramente plena, eis que especialmente: (i) limita a criação dos sindicatos a somente um na base territorial mínima, ou seja, trata do princípio da unicidade sindical [...]”. Alternativa B é incorreta, como base no teor do art. 4º da Convenção 87, bem como a CF estabelece a impossibilidade de dissolução ou suspensão administrativa (art. 5º, XIX) Alternativa C é incorreta, uma vez que o art. 5º da Convenção 87 da OIT prevê a possibilidade de filiação a organizações internacionais de trabalhadores ou empregadores. Não há vedação expressa quanto a isso e no texto constitucional. Alternativa D é incorreta com base no teor do art. 142, §3º, IV, da CF/88, que dispõe ser vedada a sindicalização e greve ao militar. Nesse contexto, a vedação constitucional é compatível com o art. 9º, I, da Convenção 87. Alternativa E é incorreta, com base no art. 3º Convenção 87 c/c art. 8º, I, da CF/88 que trata da não exigência de autorização prévia. Outros Cargos 19. (FCC/TRT15 – Oficial de Justiça Avaliador Federal – 2018) O direito de greve, assegurado constitucionalmente, não é absoluto. Os serviços e atividades essenciais são definidos por lei, que também disporá sobre o atendimento das necessidades inadiáveis da comunidade. Nesse sentido, nos serviços e atividades essenciais, (A) caso empregadores e trabalhadores não cumpram a exigência de prestação, durante a greve, dos serviços indispensáveis ao atendimento das necessidades inadiáveis da comunidade, o Poder Público deverá assegurar tal prestação. (B) os sindicatos, os empregadores e os trabalhadores ficam obrigados, de comum acordo, a garantir, durante a greve, a prestação de pelo menos 70% dos serviços indispensáveis ao atendimento das necessidades inadiáveis da comunidade. (C) são necessidades inadiáveis da comunidade aquelas que, se não atendidas, trazem prejuízos financeiros às empresas e à população. (D) as entidades sindicais ou os trabalhadores, conforme o caso, ficam obrigados a comunicar a decisão de deflagração da greve aos empregadores e aos usuários com antecedência mínima de 48 horas da paralisação. Estratégia Carreira Jurídica PGEs - Direito do Trabalho - Prof.: Antônio Daud cj.estrategia.com | 64 63 113(E) as entidades sindicais são responsáveis por comunicar a decisão de deflagração da greve aos empregadores, aos usuários e ao Ministério do Trabalho com antecedência mínima de 72 horas da paralisação. Comentários: A letra (A) está correta. De fato, o direito de greve não é absoluto. A própria Lei 7.783/1989 enumera uma série de limites ao exercício do direito de greve. E, durante a greve em serviços/atividades essenciais, existe um núcleo de serviços que não pode ser paralisado, é o “essencial do essencial”. Trata-se dos “serviços indispensáveis ao atendimento das necessidades inadiáveis da comunidade”. Caso os grevistas descumpram este mandamento, para não prejudicar a sociedade, em última análise, o Poder Público é quem será responsável por assegurar a prestação destes serviços indispensáveis: Lei 7.783/89, art. 11. Nos serviços ou atividades essenciais, os sindicatos, os empregadores e os trabalhadores ficam obrigados, de comum acordo, a garantir, durante a greve, a prestação dos serviços indispensáveis ao atendimento das necessidades inadiáveis da comunidade. Parágrafo único. São necessidades inadiáveis, da comunidade aquelas que, não atendidas, coloquem em perigo iminente a sobrevivência, a saúde ou a segurança da população. Lei 7.783/89, art. 12. No caso de inobservância do disposto no artigo anterior, o Poder Público assegurará a prestação dos serviços indispensáveis. A letra (B) está incorreta. Em relação aos “serviços indispensáveis ao atendimento das necessidades inadiáveis da comunidade”, a lei exige sua prestação integral (100%). Além das disposições legais acima, destaco o seguinte entendimento do TST: OJ 38. SDC. GREVE. SERVIÇOS ESSENCIAIS. GARANTIA DAS NECESSIDADES INADIÁVEIS DA POPULAÇÃO USUÁRIA. FATOR DETERMINANTE DA QUALIFICAÇÃO JURÍDICA DO MOVIMENTO. É abusiva a greve que se realiza em setores que a lei define como sendo essenciais à comunidade, se não é assegurado o atendimento básico das necessidades inadiáveis dos usuários do serviço, na forma prevista na Lei nº 7.783/89. A letra (C), incorreta, já que são consideradas “necessidades inadiáveis da comunidade” aquelas atividades que coloquem em risco: sobrevivência, a saúde ou a segurança. Segundo a lei de greve, a ocorrência de prejuízos financeiros não é relevante para se considerar uma necessidade como inadiável (Lei 7.783/89, art. 11, parágrafo único). A letra (D), incorreta, na medida em que a greve em atividades/serviços não essenciais não requer a comunicação aos usuários do serviço: Lei 7.783/89, art. 3º, parágrafo único. A entidade patronal correspondente ou os empregadores diretamente interessados serão notificados, com antecedência mínima de 48 (quarenta e oito) horas, da paralisação. Estratégia Carreira Jurídica PGEs - Direito do Trabalho - Prof.: Antônio Daud cj.estrategia.com | 65 64 113 Tal comunicação é exigida somente na greve em serviços ou atividades essenciais. A letra (E) está incorreta por várias razões. O prazo de 72 hs aplica-se apenas aos serviços ou atividades essenciais, sendo que para os demais casos a antecedência é de 48hs (regra geral). Além disso, a greve em atividades/serviços não essenciais dispensa a comunicação aos usuários do serviço. Por fim, em nenhum dos casos exige-se comunicação ao Ministério do Trabalho quanto à deflagração da greve: Lei 7.783/89, art. 3º, parágrafo único. A entidade patronal correspondente ou os empregadores diretamente interessados serão notificados, com antecedência mínima de 48 (quarenta e oito) horas, da paralisação. Lei 7.783/89, art. 13 Na greve, em serviços ou atividades essenciais, ficam as entidades sindicais ou os trabalhadores, conforme o caso, obrigados a comunicar a decisão aos empregadores e aos usuários com antecedência mínima de 72 (setenta e duas) horas da paralisação. Sintetizando as regras quanto ao pré-aviso do início da greve, temos o seguinte: DETALHES ATIVIDADE/SERVIÇO ESSENCIAL ATIVIDADE/SERVIÇO NÃO ESSENCIAL Prazo 72hs 48hs Destinatários empregadores entidade patronal ou empregadores diretamente interessados usuários - 20. (CESPE/TRT-7 – Analista Judiciário – Área Judiciária – 2017) A respeito do direito de greve e dos serviços essenciais, julgue os itens seguintes. I. Poderá ser considerada abusiva a greve realizada em setores que a lei define como essenciais se, durante o movimento, não for assegurado o atendimento básico inadiável. II. Conforme o TST, será considerado abusivo o movimento paredista se inexistir tentativa prévia de solução direta e pacífica do conflito. III. São considerados essenciais os serviços e as atividades de telecomunicações, de transporte coletivo e de distribuição e comercialização de medicamentos. IV. Em setores de qualquer natureza, é obrigatória a comunicação prévia do movimento de greve aos empregadores e usuários com a antecedência mínima de setenta e duas horas da paralisação. Estão certos apenas os itens A) I, II e III. B) I, II e IV. C) I, III e IV. D) II, III e IV. Comentários: Resposta. Item A. O item I, correto, porquanto o TST entende como abusivo o movimento paredista em setores que a lei define como sendo essenciais à comunidade, caso não seja assegurado o atendimento básico das necessidades inadiáveis: Estratégia Carreira Jurídica PGEs - Direito do Trabalho - Prof.: Antônio Daud cj.estrategia.com | 66 65 113 OJ-SDC-38 GREVE. SERVIÇOS ESSENCIAIS. GARANTIA DAS NECESSIDADES INADIÁVEIS DA POPULAÇÃO USUÁRIA. FATOR DETERMINANTE DA QUALIFICAÇÃO JURÍDICA DO MOVIMENTO É abusiva a greve que se realiza em setores que a lei define como sendo essenciais à comunidade, se não é assegurado o atendimento básico das necessidades inadiáveis dos usuários do serviço, na forma prevista na Lei nº 7.783/89. O item II, correto, já que, para se deflagrar uma greve, primeiramente é necessário que as partes hajam tentado diretamente solucionar o conflito: OJ-SDC-11 GREVE. IMPRESCINDIBILIDADE DE TENTATIVA DIRETA E PACÍFICA DA SOLUÇÃO DO CONFLITO. ETAPA NEGOCIAL PRÉVIA É abusiva a greve levada a efeito sem que as partes hajam tentado, direta e pacificamente, solucionar o conflito que lhe constitui o objeto. O item III, também correto, segundo rol de serviços e atividades considerados essenciais por lei: Lei 7.783/89, art. 10 São considerados serviços ou atividades essenciais: (..) III - distribuição e comercialização de medicamentos e alimentos; (..) V - transporte coletivo; (..) VII - telecomunicações; Por fim, o item IV está incorreto. Reparem que, para os setores em geral, a antecedência do pré-aviso da greve é de 48 horas, ao passo que nos serviços e atividades essenciais este prazo será de 72 horas: Lei 7.783/89, art. 3º, parágrafo único. A entidade patronal correspondente ou os empregadores diretamente interessados serão notificados, com antecedência mínima de 48 (quarenta e oito) horas, da paralisação. (..) Lei 7.783/89, art. 13 Na greve, em serviços ou atividades essenciais, ficam as entidades sindicais ou os trabalhadores, conforme o caso, obrigados a comunicar a decisão aos empregadores e aos usuários com antecedência mínima de 72 (setenta e duas) horas da paralisação. 21. (FCC/TRT9 – Analista Judiciário – Área Judiciária – 2015) Considerando-se as regras legais sobre a greve, é correto afirmar: (A) O empregador está terminantemente proibido de contratar novos empregados durante a greve. (B) A greve prescinde de comunicado geral nos serviços e atividades essenciais à comunidade. (C) A manutenção da greve após a decisão da Justiça do Trabalho é abusiva; não o é, entretanto, aquela que, na vigência de acordo, convenção ou sentença normativa, tenha por objetivo exigir o cumprimento de cláusula ou condição. (D) Durante a greve, nos processos contínuos de produção (altos fornos, por exemplo), a eventual perda do equipamento é risco único e exclusivo do empregador. (E) Não é vedada a demissão de empregados durante a greve, e a Justiça do Trabalho,- Prof.: Antônio Daud cj.estrategia.com | 4 3 113 Lei 7.783/89, art. 2º Para os fins desta Lei, considera-se legítimo exercício do direito de greve a suspensão coletiva, temporária e pacífica, total ou parcial, de prestação pessoal de serviços a empregador. Assim, a greve é um movimento pelo qual os trabalhadores tutelam os próprios interesses, buscando melhorar as condições de trabalho; é um instrumento de pressão coletiva. Ampliando um pouco mais o conceito, Mauricio Godinho Delgado1 assim conceitua a greve: “(...) paralisação coletiva provisória, parcial ou total, das atividades dos trabalhadores em face de seus empregadores ou tomadores de serviços, com o objetivo de exercer-lhes pressão, visando à defesa ou conquista de interesses coletivos, ou com objetivos sociais mais amplos”. Neste contexto, só podemos falar em greve se houver movimento de paralisação temporária das atividades por parte da coletividade dos trabalhadores. Sobre a menção da lei à paralisação ser total ou parcial, isto se dá pelo fato de que nem sempre toda a categoria profissional irá aderir à greve; por vezes, o movimento grevista pode ocorrer somente em algumas empresas, ou até mesmo somente em alguns estabelecimentos da empresa. A greve pode, ainda, atingir apenas alguns setores do estabelecimento. Sendo assim, o movimento grevista é coletivo, mas isto não significa dizer que todos os trabalhadores vinculados à categoria ou à empresa devam participar do movimento para que ele seja considerado greve. Como meio legítimo de pressão dos trabalhadores, o simples fato de o trabalhador aderir à greve (pacífica, exercida dentro dos limites legais) não pode ser considerado ato faltoso. É nesta linha a Súmula 316 do Supremo Tribunal Federal: SÚMULA Nº 316 A simples adesão a greve não constitui falta grave. Sobre a natureza coercitiva da greve (em que os empregados exercem a pressão coletiva sobre o empregador) o Ministro Godinho2 esclarece que 1 DELGADO, Mauricio Godinho. Curso de Direito do Trabalho. 12 ed. São Paulo: LTr, 2013, p. 1446. 2 Idem, p. 1448. Estratégia Carreira Jurídica PGEs - Direito do Trabalho - Prof.: Antônio Daud cj.estrategia.com | 5 4 113 “(...) o Direito do Trabalho, em face da diferenciação socioeconômica e de poder às vezes lancinante entre empregador e empregador, reconheceu na greve um instrumento politicamente legítimo e juridicamente válido para permitir, ao menos potencialmente, a busca de um relativo equilíbrio entre esses seres, quanto atuando coletivamente, em torno de seus problemas mais graves, de natureza coletiva. É que os movimentos paredistas constituem-se nos mais notáveis instrumentos de convencimento e pressão detidos pelos obreiros, se considerados coletivamente, quando de seu eventual enfrentamento da força empresarial, no contexto da negociação coletiva trabalhista. Por essa razão lógica, confirmada ao longo de dois séculos de História contemporânea, suprimir aos trabalhadores as potencialidades desse instrumento é tornar falacioso o princípio juscoletivo da equivalência entre os contratantes coletivos (...)”. A Lei 7.783/89 também menciona que a legitimidade do exercício do direito de greve pressupõe movimento pacífico. Isto porque, caso a paralisação da prestação dos serviços se dê por meio violento, poderá restar descaracterizado o movimento como grevista. Neste contexto, o direito de greve sofre limitações? Certamente sim, pois há que se respeitarem alguns parâmetros estabelecidos, de modo a não haver abusos. Estes são os limites ao direito de greve. Neste sentido, a CF/88 e a Lei da Greve dispõem que: CF/88, art. 9º, § 2º - Os abusos cometidos sujeitam os responsáveis às penas da lei. Lei 7.783/89, art. 1º, parágrafo único. O direito de greve será exercido na forma estabelecida nesta Lei. Antes de avançar, destaco que, em relação ao direito de greve, o negociado não irá prevalecer sobre o legislado: CLT, art. 611-B. Constituem objeto ilícito de convenção coletiva ou de acordo coletivo de trabalho, exclusivamente, a supressão ou a redução dos seguintes direitos: XXVII – direito de greve, competindo aos trabalhadores decidir sobre a oportunidade de exercê- lo e sobre os interesses que devam por meio dele defender; XXVIII – definição legal sobre os serviços ou atividades essenciais e disposições legais sobre o atendimento das necessidades inadiáveis da comunidade em caso de greve; 1. LIMITES AO DIREITO DE GREVE INCIDÊNCIA EM PROVA: ALTA Estratégia Carreira Jurídica PGEs - Direito do Trabalho - Prof.: Antônio Daud cj.estrategia.com | 6 5 113 Trataremos neste tópico de algumas limitações existentes quanto ao exercício dos movimentos grevistas. ➢ Interesses a defender Que direitos podem ser defendidos através de movimento grevista? A classe trabalhadora, por meio de greve, pode pleitear direitos relativos somente às condições de trabalho (greve ambiental) e condições econômicas (temas contratuais) ou também pode praticar greve política e de solidariedade? A Lei 7.783/89 não trata do assunto. Na CF/88 vemos uma disposição bastante abrangente sobre os interesses a serem defendidos: CF/88, art. 9º É assegurado o direito de greve, competindo aos trabalhadores decidir sobre a oportunidade de exercê-lo e sobre os interesses que devam por meio dele defender. Não há dúvida de que os temas contratuais podem compor o escopo da greve; a dúvida fica sobre a legalidade de movimentos grevistas que tenham por objetivo fins políticos ou de solidariedade3. A este respeito há bastante divergência doutrinária. Sérgio Pinto Martins4 defende uma visão mais restrita dos interesses a serem defendidos: “Num primeiro momento poder-se-ia dizer que o interesse a ser defendido por meio de greve seria ilimitado, porém não é isso que ocorre. Os limites desse interesse podem ser encontrados na própria Constituição, ao analisá-la sistematicamente. Se o direito de greve está inserido no Capítulo II, dos Direitos Sociais, do Título I, já é possível dizer que os limites desse interesse são sociais, inclusive salariais (...)”. Já o Ministro Godinho5 amplia as possibilidades, conforme podemos verificar no trecho abaixo: “(...) sob o ponto de vista constitucional, as greves não necessitam circunscrever-se a interesses estritamente contratuais trabalhistas (...). Isso significa que, a teor do comando constitucional, 3 Exemplo: a categoria profissional entre em greve para defender interesse de outra categoria, interesse este que pode ter repercussão no trabalho da primeira. 4 MARTINS, Sérgio Pinto. Direito do Trabalho. 27 ed. São Paulo: Atlas, 2011, p. 871. 5 DELGADO, Mauricio Godinho. Op. cit., p. 1454-1455. Estratégia Carreira Jurídica PGEs - Direito do Trabalho - Prof.: Antônio Daud cj.estrategia.com | 7 6 113 não são, em princípio, inválidos movimentos paredistas que defendam interesses que não sejam rigorosamente contratuais – como as greves de solidariedade e as chamadas políticas. A validade desses movimentos será inquestionável, em especial se a solidariedade ou a motivação política vincularem-se a fatores de significativa repercussão na vida e trabalho dos grevistas”. O TST, por outro lado, vem entendendo que é abusiva greve realizada com motivação política explícita, como se depreende do julgado abaixo: A greve realizada por explícita motivação política, mesmo que por curto período de tempo, é abusiva, visto que o empregador não dispõe de poder de negociação para pacificar o conflito. Sob esse fundamento, a SDC, por unanimidade, decidiu conhecer do recurso ordinário do Sindicato dos Operadores Portuários de São Paulo, e, no mérito, por maioria, deu-lhes parcial provimento para declarar abusivo o movimento de paralisação das atividades dos portuários, que teve como propósito abrir espaço para a negociação do novo marco regulatório implantado pela MP nº 595/2012, a qual passou a dispor acerca da exploraçãose provocada, dirá se a mesma é procedente ou não. Comentários: Estratégia Carreira Jurídica PGEs - Direito do Trabalho - Prof.: Antônio Daud cj.estrategia.com | 67 66 113 Resposta. Item C. Neste caso, não se considera a greve abusiva. O artigo 14 da Lei de Greve trata do que se considera abuso de direito de greve: Lei 7.783/89, art. 14 Constitui abuso do direito de greve a inobservância das normas contidas na presente Lei, bem como a manutenção da paralisação após a celebração de acordo, convenção ou decisão da Justiça do Trabalho. Sendo assim, não se admite que haja greve durante a vigência do diploma pactuado. Este é o sentido do art. 14, caput. Entretanto, é possível que o empregador descumpra o que foi pactuado, e caso isto ocorra será viabilizado o direito de greve, ou seja, ela não será abusiva. Esta situação foi regulada pelo mesmo artigo 14, em seu § único: Lei 7.783/89, art. 14, parágrafo único. Na vigência de acordo, convenção ou sentença normativa não constitui abuso do exercício do direito de greve a paralisação que: I - tenha por objetivo exigir o cumprimento de cláusula ou condição; A alternativa A está incorreta. Via de regra, são vedadas novas contratações durante uma greve. Entretanto, há casos excepcionais em que é permitida a contratação. Caso a paralisação resultem em prejuízo irreparável E não tenha havido acordo entre o empregador e a representação grevista, é permitido que o empregador contrate empregados para exercer estas funções imprescindíveis para evitar o prejuízo irreparável. Lei 7.783/89, art. 9º, parágrafo único. Não havendo acordo, é assegurado ao empregador, enquanto perdurar a greve, o direito de contratar diretamente os serviços necessários a que se refere este artigo. A alternativa B está incorreta, pois é imprescindível (ou seja, indispensável) se comunicar previamente a decisão da greve. Além disso, quando a greve ocorrer em serviços e atividades essenciais há um prazo diferenciado para tanto: Lei 7.783/89, art. 3º, parágrafo único. A entidade patronal correspondente ou os empregadores diretamente interessados serão notificados, com antecedência mínima de 48 (quarenta e oito) horas, da paralisação. Lei 7.783/89, art. 13 Na greve, em serviços ou atividades essenciais, ficam as entidades sindicais ou os trabalhadores, conforme o caso, obrigados a comunicar a decisão aos empregadores e aos usuários com antecedência mínima de 72 (setenta e duas) horas da paralisação. A alternativa D está incorreta pois nas situações em que a paralisação causar prejuízos graves ao empregador, nestes casos, devem ser mantidas equipes de empregados trabalhando durante a paralisação grevista: Estratégia Carreira Jurídica PGEs - Direito do Trabalho - Prof.: Antônio Daud cj.estrategia.com | 68 67 113 Lei 7.783/89, art. 9º Durante a greve, o sindicato ou a comissão de negociação, mediante acordo com a entidade patronal ou diretamente com o empregador, manterá em atividade equipes de empregados com o propósito de assegurar os serviços cuja paralisação resultem em prejuízo irreparável, pela deterioração irreversível de bens, máquinas e equipamentos, bem como a manutenção daqueles essenciais à retomada das atividades da empresa quando da cessação do movimento. Por fim, a alternativa E está incorreta, pois é vedada a rescisão de contratos do trabalho durante a greve: Lei 7.783/89, art. 7º, parágrafo único. É vedada a rescisão de contrato de trabalho durante a greve, bem como a contratação de trabalhadores substitutos, exceto na ocorrência das hipóteses previstas nos arts. 9º e 14. 22. (FCC/TRT9 – Analista Judiciário – Avaliador Federal – 2015) Na greve em serviço essencial (A) é vedada a adesão de empregados que exerçam funções de direção e gerenciamento da atividade. (B) os empregadores e os trabalhadores ficam obrigados, de comum acordo, a garantir, durante a greve, a prestação dos serviços indispensáveis ao atendimento das necessidades inadiáveis da comunidade. (C) o Poder Público deve assumir a prestação do serviço paralisado, ainda que parcialmente, até que se restabeleça a atividade da empresa. (D) o empregado grevista terá descontados os salários dos dias paralisados, ainda que a greve não seja considerada abusiva pela Justiça do Trabalho. (E) o empregador deve requisitar ao Poder Público pessoal em substituição parcial aos empregados grevistas, de forma a assegurar o atendimento às necessidades básicas da população. Comentários: Resposta. Item B. A alternativa A está incorreta, uma vez que não há tal restrição aos detentores de funções de confiança. Eles possuem liberdade para aderir ou não ao movimento, sendo que as eventuais consequências ou retaliações seriam aplicadas pelo próprio empregador. A letra (B), correta, conforme art. 11 da lei de greve: Lei 7.783/89, art. 11. Nos serviços ou atividades essenciais, os sindicatos, os empregadores e os trabalhadores ficam obrigados, de comum acordo, a garantir, durante a greve, a prestação dos serviços indispensáveis ao atendimento das necessidades inadiáveis da comunidade. A alternativa C está incorreta, pois não é em qualquer paralisação que o poder público deverá assegurar a continuidade da prestação do serviço. Do contrário, a greve não faria sentido, já que não teria o efeito pressionador que se espera. O poder público somente irá assegurar a prestação do serviço no caso de paralisação na prestação dos serviços indispensáveis. Portanto, notem também que é possível a paralisação em serviços ou atividades essenciais sem que o poder público assuma. Este irá assegurar somente quando as necessidades inadiáveis da comunidade deixem de ser atendidas: Lei 7.783/89, art. 12. No caso de inobservância do disposto no artigo anterior, o Poder Público assegurará a prestação dos serviços indispensáveis. Estratégia Carreira Jurídica PGEs - Direito do Trabalho - Prof.: Antônio Daud cj.estrategia.com | 69 68 113 Lei 7.783/89, art. 11. Nos serviços ou atividades essenciais, os sindicatos, os empregadores e os trabalhadores ficam obrigados, de comum acordo, a garantir, durante a greve, a prestação dos serviços indispensáveis ao atendimento das necessidades inadiáveis da comunidade. A alternativa D está incorreta, uma vez que nem sempre os salários dos empregados são descontados. Apesar da greve, como regra geral, representar uma suspensão contratual (ou seja, sem pagamento de salários aos empregados grevistas), a negociação que posteriormente põe fim à greve pode conter cláusula segundo a qual os dias parados não serão descontados. Além disso, quando a greve não é considerada abusiva pela Justiça Trabalhista, em geral os salários dos empregados não são descontados posteriormente. Lei 7.783/89, art. 7º Observadas as condições previstas nesta Lei, a participação em greve suspende o contrato de trabalho, devendo as relações obrigacionais, durante o período, ser regidas pelo acordo, convenção, laudo arbitral ou decisão da Justiça do Trabalho. A alternativa E está incorreta, já que não existe na legislação a previsão de tal requisição. 23. (FCC/TRT4 – Analista Judiciário – Avaliador Federal – 2015) Nos serviços ou atividades essenciais, deve-se garantir, durante a greve, a prestação dos serviços indispensáveis ao atendimento das necessidades inadiáveis da comunidade. Assim, a Lei de Greve, considera serviços ou atividades essenciais, EXCETO: (A) serviços dos cartórios notariais. (B) tratamento e abastecimento de água. (C) controle de tráfego aéreo. (D) compensação bancária. (E) telecomunicações. Comentários: Resposta. Item A. Os serviços notariais NÃO são considerados essenciais para os fins da lei de greve. Todos os demais são encontrados na Lei 7.783/89: Art. 10 São considerados serviços ou atividades essenciais: I - tratamento e abastecimento de água; produção e distribuição de energia elétrica, gás e combustíveis; II - assistência médica e hospitalar; III - distribuiçãoe comercialização de medicamentos e alimentos; IV - funerários; V - transporte coletivo; VI - captação e tratamento de esgoto e lixo; Estratégia Carreira Jurídica PGEs - Direito do Trabalho - Prof.: Antônio Daud cj.estrategia.com | 70 69 113 VII - telecomunicações; VIII - guarda, uso e controle de substâncias radioativas, equipamentos e materiais nucleares; IX - processamento de dados ligados a serviços essenciais; X - controle de tráfego aéreo; XI compensação bancária. XII - atividades médico-periciais relacionadas com o regime geral de previdência social e a assistência social; XIII - atividades médico-periciais relacionadas com a caracterização do impedimento físico, mental, intelectual ou sensorial da pessoa com deficiência, por meio da integração de equipes multiprofissionais e interdisciplinares, para fins de reconhecimento de direitos previstos em lei, em especial na Lei nº 13.146, de 6 de julho de 2015 (Estatuto da Pessoa com Deficiência); XIV - outras prestações médico-periciais da carreira de Perito Médico Federal indispensáveis ao atendimento das necessidades inadiáveis da comunidade. XV - atividades portuárias (MP 945/2020) 24. (FCC/TRT16 – Oficial Justiça Avaliador – 2014) Considere os seguintes serviços e atividades: I. funerários. II. telecomunicações. III. guarda, uso e controle de substâncias radioativas, equipamentos e materiais nucleares. IV. compensação bancária. Considera-se serviços ou atividades essenciais o que consta em (A) I, II, III e IV, sendo obrigatória a comunicação de decisão sobre greve aos empregadores e aos usuários com antecedência mínima de quarenta e oito horas da paralisação. (B) I, II e IV apenas, sendo obrigatória a comunicação de decisão sobre greve aos empregadores e aos usuários com antecedência mínima de setenta e duas horas da paralisação. (C) I e II apenas, sendo obrigatória a comunicação de decisão sobre greve aos empregadores e aos usuários com antecedência mínima de setenta e duas horas da paralisação. (D) I, II, III e IV, sendo obrigatória a comunicação de decisão sobre greve aos empregadores e aos usuários com antecedência mínima de setenta e duas horas da paralisação. (E) I, II e IV apenas, sendo obrigatória a comunicação de decisão sobre greve aos empregadores e aos usuários com antecedência mínima de quarenta e oito horas da paralisação. Comentários: Resposta. Item D. Todos os itens contêm serviços considerados essenciais: Lei 7.783/89, art. 10 - São considerados serviços ou atividades essenciais: (..) Estratégia Carreira Jurídica PGEs - Direito do Trabalho - Prof.: Antônio Daud cj.estrategia.com | 71 70 113 IV - funerários; (..) VII - telecomunicações; VIII - guarda, uso e controle de substâncias radioativas, equipamentos e materiais nucleares; (..) XI - compensação bancária. Além disso, exige-se uma comunicação prévia de 72 horas nessas atividades: Lei 7.783/89, art. 13 Na greve, em serviços ou atividades essenciais, ficam as entidades sindicais ou os trabalhadores, conforme o caso, obrigados a comunicar a decisão aos empregadores e aos usuários com antecedência mínima de 72 (setenta e duas) horas da paralisação. 25. (CESPE/MTE – Auditor Fiscal do Trabalho – 2013) Não existe vedação legal para o exercício de greve em atividade essencial do Estado. Comentários: Resposta. Item CORRETA. Gabarito preliminar (C). Posteriormente anulada pela Banca. (Justificativa: “O julgamento do item foi prejudicado por não se ter sido especificado que se tratava de funções essenciais exercidas por civis, motivo pelo qual se opta por sua anulação.”). O problema nesta questão foi ter afirmado atividade essencial do Estado, o que pode ter induzido o candidato a pensar na greve deflagrada por servidor público estatutário. De qualquer maneira, com relação à greve pelo empregado CLT, a CF/88 dispõe que: CF/88, art. 9º, § 1º - A lei definirá os serviços ou atividades essenciais e disporá sobre o atendimento das necessidades inadiáveis da comunidade. Percebam, então, que não é proibida greve dos trabalhadores que laborem em atividades consideradas por lei como essenciais. O que a lei procura é, dada a natureza peculiar de tais atividades e serviços, estabelecer algumas condicionantes para que a greve não prejudique sobremaneira a comunidade que depende de tais prestações. Percebam que a Lei até estabelece outras condições para a greve em serviços essenciais, de modo a deixar bastante claro que não há vedação para tal situação, apenas uma regulamentação diferenciada: Lei 7.783/89, art. 11. Nos serviços ou atividades essenciais, os sindicatos, os empregadores e os trabalhadores ficam obrigados, de comum acordo, a garantir, durante a greve, a prestação dos serviços indispensáveis ao atendimento das necessidades inadiáveis da comunidade. 26. (FCC/TRT5 – Oficial de Justiça Avaliador Federal – 2013) Segundo a Lei de Greve − Lei no 7.739/1989 NÃO é considerado serviço ou atividade essencial, (A) assistência médica e hospitalar. (B) compensação bancária. Estratégia Carreira Jurídica PGEs - Direito do Trabalho - Prof.: Antônio Daud cj.estrategia.com | 72 71 113 (C) serviço funerário. (D) distribuição e comercialização de medicamentos e alimentos. (E) ensino de primeiro grau. Comentários: Resposta. Item E. À exceção da letra (E), todas as alternativas contêm serviço ou atividade considerada essencial pelo art. 10 da Lei 7.783/89, comentado anteriormente. 27. (FCC/TRT1 – Analista Judiciário – Área Judiciária – 2013) Em relação ao direito de greve, é correto afirmar: (A) Ao servidor público civil é garantido o exercício livre e amplo do direito de greve. (B) É assegurado o direito de greve, competindo aos trabalhadores decidir sobre a sua extensão e fixar quais as atividades que serão consideradas como essenciais para fins de delimitação do movimento. (C) Considera-se legítimo exercício do direito de greve a suspensão coletiva, temporária e total, de prestação pessoal de serviços a empregador. (D) São assegurados aos grevistas, dentre outros direitos, o emprego de meios pacíficos tendentes a persuadir ou aliciar os trabalhadores a aderirem à greve, a arrecadação de fundos e a livre divulgação do movimento. (E) Compete aos sindicatos a garantia, durante a greve, da prestação dos serviços indispensáveis ao atendimento das necessidades inadiáveis da comunidade. Comentários: Resposta. Item D. A alternativa (A) está incorreta porque não se pode falar em “livre e amplo” direito de greve no serviço público: Lei 7.783/89, art. 16 Para os fins previstos no art. 37, inciso VII29, da Constituição, lei complementar definirá os termos e os limites em que o direito de greve poderá ser exercido. Assim, entende-se que os movimentos grevistas no serviço público devem obedecer aos limites traçados na Lei 7.783/89 até que se edite normatização específica dos movimentos paredistas dos servidores públicos. 29 CF/88, art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte: (...) VII - o direito de greve será exercido nos termos e nos limites definidos em lei específica; Estratégia Carreira Jurídica PGEs - Direito do Trabalho - Prof.: Antônio Daud cj.estrategia.com | 73 72 113 A alternativa (B) está incorreta porque as atividades essenciais não são definidas pelos grevistas, e sim pela lei! Relembrando os dispositivos constitucionais aos quais a alternativa faz menção: CF/88, art. 9º É assegurado o direito de greve, competindo aos trabalhadores decidir sobre a oportunidade de exercê-lo e sobre os interesses que devam por meio dele defender. CF/88, art. 9º, § 1º - A lei definirá os serviços ou atividades essenciais e disporá sobre o atendimento das necessidades inadiáveis da comunidade.Ainda sobre a alternativa (B), segue abaixo o artigo 1º da Lei de Greve e, também, é de notar que seu artigo 10 elenca as atividades consideradas essenciais. Lei 7.783/89, art. 1º É assegurado o direito de greve, competindo aos trabalhadores decidir sobre a oportunidade de exercê-lo e sobre os interesses que devam por meio dele defender. Já a alternativa (C) errou ao não mencionar que o movimento grevista deve ser pacífico, e que a paralisação da prestação dos serviços pode ser total ou parcial: Lei 7.783/89, art. 2º Para os fins desta Lei, considera-se legítimo exercício do direito de greve a suspensão coletiva, temporária e pacífica, total ou parcial, de prestação pessoal de serviços a empregador. A letra (D), correta, com fundamento no art. 6º da Lei de Greve (Lei 7.783/89): Lei 7.783/89, art. 6º São assegurados aos grevistas, dentre outros direitos: I - o emprego de meios pacíficos tendentes a persuadir ou aliciar os trabalhadores a aderirem à greve; II - a arrecadação de fundos e a livre divulgação do movimento. Por fim, a alternativa (E) está incorreta tendo em vista que não recai apenas sobre a entidade sindical a obrigação de manutenção dos serviços indispensáveis à comunidade: Lei 7.783/89, art. 11. Nos serviços ou atividades essenciais, os sindicatos, os empregadores e os trabalhadores ficam obrigados, de comum acordo, a garantir, durante a greve, a prestação dos serviços indispensáveis ao atendimento das necessidades inadiáveis da comunidade. 28. (FCC/TRT9 – Analista Judiciário – Área Judiciária – 2013) De acordo com o previsto na Lei no 7.783/89 (Lei de Greve), em relação à greve em serviços ou atividades essenciais, é INCORRETA a afirmação: (A) São necessidades inadiáveis da comunidade aquelas que, não atendidas, coloquem em perigo iminente a sobrevivência, a saúde ou a segurança da população. (B) São considerados serviços ou atividades essenciais, entre outros, transporte coletivo; captação e tratamento de esgoto e lixo; telecomunicações; processamento de dados ligados a serviços essenciais. Estratégia Carreira Jurídica PGEs - Direito do Trabalho - Prof.: Antônio Daud cj.estrategia.com | 74 73 113 (C) Os sindicatos, os empregadores e os trabalhadores ficam obrigados de comum acordo, a garantir, durante a greve, a prestação dos serviços indispensáveis ao atendimento das necessidades inadiáveis da comunidade. (D) São considerados serviços ou atividades essenciais, entre outros: assistência médica e hospitalar; funerário; controle de tráfego aéreo; compensação bancária. (E) As entidades sindicais ou os trabalhadores, conforme o caso, ficam obrigados a comunicar a decisão aos empregadores e aos usuários com antecedência mínima de 48 horas da paralisação. Comentários: Resposta. Item E. A única alternativa incorreta é a letra (E). O pré-aviso do início da greve é regulado pelos artigos 3º e 13 da Lei 7.783/89, que dispõe sobre o exercício do direito de greve, define as atividades essenciais, regula o atendimento das necessidades inadiáveis da comunidade, e dá outras providências. Segundo o artigo 3º, § único, Lei 7.783/89, art. 3º, parágrafo único. A entidade patronal correspondente ou os empregadores diretamente interessados serão notificados, com antecedência mínima de 48 (quarenta e oito) horas, da paralisação. Há ainda a necessidade se comunicar previamente a decisão da greve em serviços e atividades essenciais com prazo diferenciado: Lei 7.783/89, art. 13 Na greve, em serviços ou atividades essenciais, ficam as entidades sindicais ou os trabalhadores, conforme o caso, obrigados a comunicar a decisão aos empregadores e aos usuários com antecedência mínima de 72 (setenta e duas) horas da paralisação. Deste modo, a comunicação aos usuários se dá quando o movimento grevista atingir serviços e atividades essenciais. A alternativa (E) misturou as regras. As alternativas (A) e (C), corretas, trouxeram as definições constante da Lei de Greve sobre necessidades inadiáveis da comunidade: Lei 7.783/89, art. 11. Nos serviços ou atividades essenciais, os sindicatos, os empregadores e os trabalhadores ficam obrigados, de comum acordo, a garantir, durante a greve, a prestação dos serviços indispensáveis ao atendimento das necessidades inadiáveis da comunidade. Parágrafo único. São necessidades inadiáveis da comunidade aquelas que, não atendidas, coloquem em perigo iminente a sobrevivência, a saúde ou a segurança da população. Quanto às alternativas (B) e (D), corretas, tendo em vista o art. 10 da Lei 7.783/89, que enumera os serviços ou atividades essenciais. Estratégia Carreira Jurídica PGEs - Direito do Trabalho - Prof.: Antônio Daud cj.estrategia.com | 75 74 113 29. (FCC/TRT12 – Analista Judiciário – Oficial de Justiça Avaliador Federal – 2013) A Lei nº 7.783/89 assegura o direito de greve, competindo aos trabalhadores decidir sobre a oportunidade de exercê-lo e sobre os interesses que devam por meio dele defender. Entretanto, durante o período de greve, serão mantidas em atividade equipes de empregados com o propósito de assegurar os serviços ou atividades essenciais. De acordo com essa norma, é INCORRETO afirmar que são considerados serviços essenciais: (A) assistência médica e hospitalar. (B) serviços funerários. (C) controle de tráfico aéreo. (D) compensação bancária. (E) serviços ligados ao Poder Judiciário. Comentários: Resposta. Item ANULADO. Gabarito preliminar (E), posteriormente anulada. A Lei 7.783/89 (Lei de Greve) enumera os serviços ou atividades essenciais no seu art. 10. Mais uma vez para fixarmos: Art. 10 São considerados serviços ou atividades essenciais: I - tratamento e abastecimento de água; produção e distribuição de energia elétrica, gás e combustíveis; II - assistência médica e hospitalar; III - distribuição e comercialização de medicamentos e alimentos; IV - funerários; V - transporte coletivo; VI - captação e tratamento de esgoto e lixo; VII - telecomunicações; VIII - guarda, uso e controle de substâncias radioativas, equipamentos e materiais nucleares; IX - processamento de dados ligados a serviços essenciais; X - controle de tráfego aéreo; XI compensação bancária. XII - atividades médico-periciais relacionadas com o regime geral de previdência social e a assistência social; Estratégia Carreira Jurídica PGEs - Direito do Trabalho - Prof.: Antônio Daud cj.estrategia.com | 76 75 113 XIII - atividades médico-periciais relacionadas com a caracterização do impedimento físico, mental, intelectual ou sensorial da pessoa com deficiência, por meio da integração de equipes multiprofissionais e interdisciplinares, para fins de reconhecimento de direitos previstos em lei, em especial na Lei nº 13.146, de 6 de julho de 2015 (Estatuto da Pessoa com Deficiência); XIV - outras prestações médico-periciais da carreira de Perito Médico Federal indispensáveis ao atendimento das necessidades inadiáveis da comunidade. XV - atividades portuárias (MP 945/2020) Os “serviços ligados ao Poder Judiciário”, mencionados na alternativa (E) não são considerados essenciais. No entanto, a anulação se deu porque foi escrito indevidamente “tráfico” ao invés de “tráfego” na alternativa (C). 30. (FCC/TRT15 – Analista Judiciário – Área Judiciária – 2013) No tocante à Greve, considere: I. Em regra, a entidade patronal correspondente ou os empregadores diretamente interessados serão notificados, com antecedência mínima de cinco dias da paralisação. II. São assegurados aos grevistas, dentre outros direitos, a arrecadação de fundos e a livre divulgação do movimento. III. A greve nos serviços funerários, em regra, ficam as entidades sindicais ou os trabalhadores, conforme o caso, obrigados a comunicar a decisão aos empregadores e aos usuários com antecedência mínima de 48 horas da paralisação. IV. É vedada a paralisação das atividades, por iniciativa do empregador, com o objetivo de frustrar negociação oudificultar o atendimento de reivindicações dos respectivos empregados. Está correto o que se afirma APENAS em (A) I e III. (B) I, II e IV. (C) II, III e IV. (D) II e IV. (E) I, III e IV. Comentários: Resposta. Item D. As assertivas II e IV estão corretas. A assertiva I está incorreta, pois o prazo mínimo de antecedência para notificação é de 48 horas: Lei 7.783/89, art. 3º, parágrafo único. A entidade patronal correspondente ou os empregadores diretamente interessados serão notificados, com antecedência mínima de 48 (quarenta e oito) horas, da paralisação. Além disso, há ainda a necessidade se comunicar previamente a decisão da greve em serviços e atividades essenciais com prazo diferenciado: Estratégia Carreira Jurídica PGEs - Direito do Trabalho - Prof.: Antônio Daud cj.estrategia.com | 77 76 113 Lei 7.783/89, art. 13 Na greve, em serviços ou atividades essenciais, ficam as entidades sindicais ou os trabalhadores, conforme o caso, obrigados a comunicar a decisão aos empregadores e aos usuários com antecedência mínima de 72 (setenta e duas) horas da paralisação. Vejam que no caso das paralisações envolvendo serviços ou atividades essenciais há duas distinções: o prazo mínimo do pré-aviso e a necessidade de se comunicar, além do empregador, também os usuários (população). Portanto, a assertiva III está incorreta, já que serviço funerário é serviço essencial (Lei 7.783/89, art. 10, inciso IV) e, nesse caso, a notificação deve ser feita com 72 horas de antecedência. A assertiva II está em consonância com o disposto na lei de greve: Lei 7.783/89, art. 6º São assegurados aos grevistas, dentre outros direitos: I - o emprego de meios pacíficos tendentes a persuadir ou aliciar os trabalhadores a aderirem à greve; II - a arrecadação de fundos e a livre divulgação do movimento. Por fim, a assertiva IV caracteriza o lockout (ou locaute), que é vedado pela legislação: Lei 7.783/89, art. 17. Fica vedada a paralisação das atividades, por iniciativa do empregador, com o objetivo de frustrar negociação ou dificultar o atendimento de reivindicações dos respectivos empregados (lockout). 31. (CESPE/TRT17 – Analista Judiciário – Área Judiciária – 2013) Os dias de paralisação da prestação dos serviços em razão de greve, desde que os salários continuem a ser pagos, caracterizam interrupção do contrato de trabalho. Comentários: Resposta. Item CORRETO. Em regra, na greve não há prestação de serviço e nem salário, e por isso se trata de suspensão contratual. Entretanto, existe a possibilidade (abordada na presente questão) de se pagar os dias parados. Com isso, tem-se que o período de greve se torna interrupção contratual. 32. (FCC/TRT11 – Analista Judiciário – Área Judiciária – 2012) Nos serviços ou atividades essenciais, os sindicatos, os empregadores e os trabalhadores ficam obrigados, de comum acordo, a garantir, durante a greve, a prestação dos serviços indispensáveis ao atendimento das necessidades inadiáveis da comunidade. Nos termos da lei que assegura o exercício do direito de greve, NÃO são considerados serviços ou atividades essenciais: (A) assistência médica e hospitalar. (B) atividades escolares do ensino fundamental. (C) guarda, uso e controle de substâncias radioativas, equipamentos e materiais nucleares. (D) compensações bancárias. Estratégia Carreira Jurídica PGEs - Direito do Trabalho - Prof.: Antônio Daud cj.estrategia.com | 78 77 113 (E) distribuição e comercialização de medicamentos e alimentos. Comentários: Resposta. Item B. As “atividades escolares do ensino fundamental” não estão elencadas no artigo 10 da lei 7.783/89, que regulamente a greve. Todas as demais alternativas trazem serviços/atividades essenciais. 33. (FCC/TRT3 – Analista Judiciário – Área Judiciária – 2009) Para atender à determinação legal, os grevistas deverão dar notícia do movimento com antecedência mínima de (A) 24 horas para atividades essenciais e 48 para comuns. (B) 48 horas, em quaisquer atividades. (C) 72 horas, em quaisquer atividades. (D) 48 horas para atividades comuns e 72 para essenciais. (E) 48 horas para atividades essenciais e 72 para comuns. Comentários: Resposta. Item D. O aviso prévio do movimento paredista deve ser feito com a seguinte antecedência: Lei 7.783/89, art. 3º, parágrafo único. A entidade patronal correspondente ou os empregadores diretamente interessados serão notificados, com antecedência mínima de 48 (quarenta e oito) horas, da paralisação. Lei 7.783/89, art. 13 Na greve, em serviços ou atividades essenciais, ficam as entidades sindicais ou os trabalhadores, conforme o caso, obrigados a comunicar a decisão aos empregadores e aos usuários com antecedência mínima de 72 (setenta e duas) horas da paralisação. 34. (CESPE/TRT17 – Analista Judiciário – Área Judiciária – 2009) O serviço de compensação bancária é considerado como essencial para efeitos de greve. Comentários: Resposta. Item C. Este serviço (compensação bancária) consta do art. 10 da Lei 7.783/89. 35. (FCC/TRT23 – Analista Judiciário – Área Judiciária – 2007) Considere as seguintes assertivas a respeito do direito de greve: I. A entidade patronal correspondente ou os empregadores diretamente interessados serão notificados, com antecedência mínima de 24 horas, da paralisação. II. As manifestações e atos de persuasão utilizados pelos grevistas poderão impedir o acesso ao trabalho, mas não poderão causar ameaça ou dano à propriedade ou pessoa. III. Em nenhuma hipótese, os meios adotados por empregados e empregadores poderão violar ou constranger os direitos e garantias fundamentais de outrem. IV. Na greve, em serviços essenciais, ficam as entidades sindicais ou os trabalhadores, obrigados a comunicar a decisão aos empregadores e aos usuários com antecedência mínima de 72 horas de paralisação. Está correto o que consta APENAS em Estratégia Carreira Jurídica PGEs - Direito do Trabalho - Prof.: Antônio Daud cj.estrategia.com | 79 78 113 (A) I e II. (B) I, II e III. (C) I e IV. (D) II, III e IV. (E) III e IV. Comentários: Resposta. Item E. A proposição I está incorreta porque o pré-aviso (em atividades comuns) deve ser feito com a antecedência mínima de 48 horas (e não 24): Lei 7.783/89, art. 3º, parágrafo único. A entidade patronal correspondente ou os empregadores diretamente interessados serão notificados, com antecedência mínima de 48 (quarenta e oito) horas, da paralisação. A proposição II também está incorreta, porque não se admite que os grevistas impeçam o acesso de quem deseja trabalhar: Lei 7.783/89, art. 6º, § 3º As manifestações e atos de persuasão utilizados pelos grevistas não poderão impedir o acesso ao trabalho nem causar ameaça ou dano à propriedade ou pessoa. Nesta linha, os empregados em greve podem persuadir os demais a aderirem ao movimento, inclusive fazendo piquete na frente da empresa. O que não se admite é que os grevistas impeçam o acesso à empresa dos trabalhadores que decidirem continuar laborando. A proposição III está correta. De fato, apesar de a greve ser um instrumento de pressão em busca de melhoria de condições, ela não pode servir de pretexto para a prática de atos violentos ou que agridam os direitos alheios: Lei 7.783/89, art. 6º, § 1º Em nenhuma hipótese, os meios adotados por empregados e empregadores poderão violar ou constranger os direitos e garantias fundamentais de outrem. A proposição IV, também correta, traz o aviso prévio de 72 horas nas atividades essenciais. Lei 7.783/89, art. 13 Na greve, em serviços ou atividades essenciais, ficam as entidades sindicais ou os trabalhadores, conforme o caso, obrigados a comunicar a decisão aos empregadores e aos usuários com antecedência mínima de 72 (setenta e duas) horas da paralisação. Ressalte-se que, além do prazo diferenciado, neste caso o aviso prévio deve ser feito aos empregadores e também aos usuários dos serviços que serão atingidos pela paralisação.Estratégia Carreira Jurídica PGEs - Direito do Trabalho - Prof.: Antônio Daud cj.estrategia.com | 80 79 113 SINDICATOS Procuradorias 36. FUNDATEC - 2021 - PGE-RS - Procurador do Estado (adaptada) Os Sindicatos constituir-se-ão, em regra, por categorias econômicas ou profissionais específicas; quando, entretanto, os exercentes de quaisquer atividades ou profissões se constituírem, seja pelo número reduzido, seja pela natureza mesma dessas atividades ou profissões, seja pelas afinidades existentes entre elas, em condições tais que não se possam sindicalizar eficientemente pelo critério de especificidade de categoria, é-lhes permitido sindicalizar-se pelo critério de categorias similares ou conexas. Comentários: Resposta: item certo, ao se lastrear na regra constante do art. 570 da CLT, a qual permite a agremiação também pela similaridade ou conexão das atividades (e não apenas pela “identidade”), adiante transcrita: Art. 570. Os sindicatos constituir-se-ão, normalmente, por categorias econômicas ou profissionais, específicas, na conformidade da discriminação do quadro das atividades e profissões a que se refere o art. 577 ou segundo as subdivisões que, sob proposta da Comissão do Enquadramento Sindical, de que trata o art. 576, forem criadas pelo ministro do Trabalho, Indústria e Comércio. Parágrafo único - Quando os exercentes de quaisquer atividades ou profissões se constituírem, seja pelo número reduzido, seja pela natureza mesma dessas atividades ou profissões, seja pelas afinidades existentes entre elas, em condições tais que não se possam sindicalizar eficientemente pelo critério de especificidade de categoria, é-lhes permitido sindicalizar-se pelo critério de categorias similares ou conexas, entendendo-se como tais as que se acham compreendidas nos limites de cada grupo constante do Quadro de Atividades e Profissões. 37. CESPE/PGE-PE – Procurador – 2018 (adaptada) O Brasil não recepcionou a Convenção n.º 87 da OIT, já que a plena liberdade e a pluralidade sindicais contrariam o princípio da unicidade sindical. Comentários: Resposta. Item C. O Brasil não ratificou a Convenção 87 da OIT, intitulada “Convenção sobre a Liberdade Sindical e a Proteção do Direito Sindical”. Uma das razões para a não ratificação, de fato, consiste na incompatibilidade entre o seu teor (pluralidade sindical) e o princípio da unicidade sindical, adotado na CF/88, já que somente se admite um sindicato representativo dos trabalhadores na mesma base territorial (não inferior a um Município). 38. CESPE/PGE-PE – Procurador – 2018 (adaptada) De acordo com a Convenção n.º 87 da OIT, as autoridades públicas devem intervir na elaboração dos estatutos e regulamentos administrativos das organizações de trabalhadores e de entidades patronais. Estratégia Carreira Jurídica PGEs - Direito do Trabalho - Prof.: Antônio Daud cj.estrategia.com | 81 80 113 Comentários: Resposta. Item E. Pelo contrário, sob o prisma da plena liberdade, a Convenção OIT 87 proíbe qualquer intervenção das autoridades públicas tendente a limitar a liberdade da atuação sindical, inclusive quanto à elaboração de seus estatutos: Convenção OIT 87, Artigo 3 1. As organizações de trabalhadores e de empregadores terão o direito de elaborar seus estatutos e regulamentos administrativos, de eleger livremente seus representantes, de organizar a gestão e a atividade dos mesmos e de formular seu programa de ação. 2. As autoridades públicas devem abster-se de qualquer intervenção susceptível de limitar esse direito ou de entravar o seu exercício legal. 39. (CESPE/PGE-SE – Procurador – 2017) O sistema sindical brasileiro foi estabelecido para manter a correspondência entre a classe trabalhadora e a empresarial, de modo que, para cada sindicato representativo da categoria profissional, deve existir um sindicato representativo da categoria econômica correspondente. Essa regra, que não se aplica à categoria profissional diferenciada, denomina-se A) dissociação sindical. B) desmembramento sindical. C) paralelismo simétrico sindical. D) adequação setorial negociada. E) unicidade sindical. Comentários: Resposta. Item C. O paralelismo simétrico sindical consiste no princípio que informa o enquadramento dos sindicatos das categorias profissionais. Segundo tal princípio, regra geral, o enquadramento sindical dos trabalhadores decorre do enquadramento dos empregadores. A este respeito, Mauricio Godinho Delgado30 explica que “O ponto de agregação na categoria profissional é a similitude laborativa, em função da vinculação a empregadores que tenham atividades econômicas idênticas, similares ou conexas. A categoria profissional, regra geral, identifica-se, pois, não pelo preciso tipo de labor ou atividade que exerce o obreiro (e nem por sua exata profissão), mas pela vinculação a certo tipo de empregador. Se o empregado da indústria metalúrgica labora como porteiro na planta empresarial (e não em efetivas atividades metalúrgicas), é, ainda assim, representado, 30 DELGADO, Mauricio Godinho. Op. cit. p. 1365. Estratégia Carreira Jurídica PGEs - Direito do Trabalho - Prof.: Antônio Daud cj.estrategia.com | 82 81 113 legalmente, pelo sindicato de metalúrgicos, uma vez que seu ofício de porteiro não o enquadra como categoria diferenciada”. Trago abaixo, exemplo de julgado que se pauta por esta regra: OPERADOR DE TELEMARKETING. ATIVIDADES CARACTERIZADORAS DA FUNÇÃO. REPRESENTAÇÃO SINDICAL. CRITÉRIO DO PARALELISMO SIMÉTRICO. PREVALÊNCIA DA CONVENÇÃO COLETIVA MAIS FAVORÁVEL. A atividade de telemarketing abrange qualquer atividade desenvolvida através de sistemas de telemática e múltiplas mídias, objetivando ações padronizadas e contínuas de marketing (por exemplo: serviços de atualização de cadastros, representação de serviços, abertura de ocorrências para pedido de serviços, reparos de defeitos e prestação de informações entre outros). O direito positivo pátrio historicamente adota o critério do paralelismo simétrico para a organização sindical, assim, no polo oposto ao sindicato de empregadores identifica-se o sindicato de empregados. (..) RO 01420-2003-062-01-00-5- TRT-1. Desembargador Alexandre de Souza Agra Belmonte. 40. (CESPE/PGE-AM – Procurador – 2016) Uma categoria profissional similar ou conexa pode se dissociar do sindicato principal no âmbito do mesmo município, para formar um sindicato específico, desde que a nova entidade ofereça possibilidade de vida associativa regular e de ação sindical eficiente. Comentários: Resposta. Item C. Trata-se do direito de dissociação, no qual os empregados interessados poderão, na base territorial do mesmo município, formar um novo sindicato representativo de categoria profissional similar ou conexa (não da mesma categoria): CLT, art. 571. Qualquer das atividades ou profissões concentradas na forma do parágrafo único do artigo anterior [sindicalização pelo critério de categorias similares ou conexas] poderá dissociar-se do sindicato principal, formando um sindicato específico, desde que o novo sindicato, a juízo da Comissão do Enquadramento Sindical, ofereça possibilidade de vida associativa regular e de ação sindical eficiente. 41. (CESPE – Advogado da União – 2015) Conforme entendimento do TST, serão nulas, por ofensa ao direito de livre associação e sindicalização, cláusulas de convenção coletiva que estabeleçam quota de solidariedade em favor de entidade sindical a trabalhadores não sindicalizados. Comentários: Resposta. Item C. A questão está de acordo com o PN 119 do TST: Nº 119 CONTRIBUIÇÕES SINDICAIS - INOBSERVÂNCIA DE PRECEITOS CONSTITUCIONAIS – (mantido) - DEJT divulgado em 25.08.2014 "A Constituição da República, em seus arts. 5º, XX e 8º, V, assegura o direito de livre associação e sindicalização. É ofensiva a essa modalidade de liberdade cláusula constante de acordo, convenção coletiva ou sentença normativa estabelecendo contribuição em favorde entidade Estratégia Carreira Jurídica PGEs - Direito do Trabalho - Prof.: Antônio Daud cj.estrategia.com | 83 82 113 sindical a título de taxa para custeio do sistema confederativo, assistencial, revigoramento ou fortalecimento sindical e outras da mesma espécie, obrigando trabalhadores não sindicalizados. Sendo nulas as estipulações que inobservem tal restrição, tornam-se passíveis de devolução os valores irregularmente descontados." 42. (CESPE/PG-DF – Procurador – 2013) De acordo com a CF, a associação sindical é livre e a lei não poderá exigir autorização do Estado para a fundação de sindicato, razão por que ocorreu a ratificação da Convenção 87 da Organização Internacional do Trabalho no Brasil, que trata da liberdade sindical e proteção do direito de sindicalização. Comentários: Resposta. Item ERRADO. Pelo contrário, até o momento, o Brasil não ratificou a Convenção OIT 87. Magistraturas e MPT 43. (MPT - Procurador do Trabalho/2020) Diante da prevalência do negociado sobre o legislado, considerando a decisão do Supremo Tribunal Federal (ADI 5794) quanto à constitucionalidade do fim da contribuição obrigatória e, com isso, a real dificuldade financeira dos sindicatos, não viola a liberdade sindical a previsão, em norma coletiva, desde que pública e expressa, no sentido de sujeitar as contas do sindicato obreiro à manutenção direta da contribuição dos empregadores ou organização de empregadores, por intermédio de taxa específica criada. Comentários Resposta. Item ERRADO. A assertiva está incorreta. O ordenamento jurídico brasileiro veda que contribuição instituída por meio de negociação coletiva obrigue trabalhadores ou empregadores não sindicalizados. Tal previsão violaria o princípio da liberdade sindical. Assim, mesmo havendo previsão pública e expressa no instrumento coletivo, considera-se ilegítima a cláusula que fixa contribuição por meio de taxa específica em favor do sindicato, na medida em que busca obrigar pessoas não filiadas ao sindicato. 44. (MPT - Procurador do Trabalho/2020) Acerca das fontes de custeio das entidades sindicais, assinale a alternativa INCORRETA: (A) A contribuição sindical do trabalhador equivale a 1 (um) dia de trabalho por ano. (B) A contribuição sindical patronal varia conforme o capital social da pessoa jurídica. (C) Os valores arrecadados com a contribuição sindical do trabalhador são divididos dentro do sistema sindical da seguinte forma: 60% para o sindicato base, 20% para a federação, 15% para a confederação e 5% para as centrais sindicais. (D) A Lei 13.467/2017 não extinguiu a contribuição sindical. (E) Não respondida. Comentários Estratégia Carreira Jurídica PGEs - Direito do Trabalho - Prof.: Antônio Daud cj.estrategia.com | 84 83 113 Resposta. Item C. A letra (A) prevê corretamente a forma de cálculo do valor da contribuição sindical dos trabalhadores: CLT, art. 580. A contribuição sindical será recolhida, de uma só vez, anualmente, e consistirá: I - Na importância correspondente à remuneração de um dia de trabalho, para os empregados, qualquer que seja a forma da referida remuneração; A letra (B) menciona corretamente o mecanismo de cálculo da contribuição sindical dos empregadores: CLT, art. 580. A contribuição sindical será recolhida, de uma só vez, anualmente, e consistirá: (..) III - para os empregadores, numa importância proporcional ao capital social da firma ou empresa, registrado nas respectivas Juntas Comerciais ou órgãos equivalentes, mediante a aplicação de alíquotas, conforme a seguinte tabela progressiva: Classe de Capital Alíquota 1 até 150 vezes o maior valor-de-referência 0,8% 2 acima de 150 até 1.500 vezes o maior valor-de-referência 0,2% 3 acima de 1.500 até 150.000 vezes o maior valor-de-referência 0,1% 4 acima de 150.000 até 800.000 vezes o maior valor-de-referência 0,02% A letra (C) contrariou a distribuição prevista no artigo 589 da CLT, em que as confederações recebem 5%, as federações 15% e as centrais 10% da importância arrecadada quanto à contribuição dos trabalhadores: Art. 589. Da importância da arrecadação da contribuição sindical serão feitos os seguintes créditos pela Caixa Econômica Federal, na forma das instruções que forem expedidas pelo Ministro do Trabalho: (..) II - para os trabalhadores: a) 5% (cinco por cento) para a confederação correspondente; b) 10% (dez por cento) para a central sindical; c) 15% (quinze por cento) para a federação; d) 60% (sessenta por cento) para o sindicato respectivo; e e) 10% (dez por cento) para a ‘Conta Especial Emprego e Salário’; A letra (D) está correta. De fato, o que a Lei 13.467/2017 promoveu foi a extinção da obrigatoriedade da contribuição sindical. A contribuição propriamente dita permanece no ordenamento jurídico, nos seguintes termos: CLT, art. 578. As contribuições devidas aos sindicatos pelos participantes das categorias econômicas ou profissionais ou das profissões liberais representadas pelas referidas entidades serão, sob a denominação de contribuição sindical, pagas, recolhidas e aplicadas na forma estabelecida neste Capítulo, desde que prévia e expressamente autorizadas. 45. (FCC/Juiz do Trabalho – 1º Concurso Nacional – 2017) Um sindicato, reunindo um grupo de quatrocentos trabalhadores, sem prévio aviso, decidiu, invocando os direitos de liberdade sindical e de livre expressão, fazer um protesto contra a dispensa de sessenta e três empregados de uma empresa privada da região, no horário de maior circulação de pedestres e de automóveis, bloqueando a avenida mais movimentada da cidade, ao lado de hospitais, empresas, escolas e de órgãos do governo. Na situação hipotética descrita, Estratégia Carreira Jurídica PGEs - Direito do Trabalho - Prof.: Antônio Daud cj.estrategia.com | 85 84 113 (A) como o protesto do sindicato decorre da manifestação do direito da liberdade sindical, a atuação da força policial, restringindo o protesto para possibilitar a passagem de ambulâncias aos hospitais da cercania, pode ser entendida como uma conduta antissindical estatal. (B) não caracteriza conduta antissindical o compromisso firmado entre a empresa alvo dos protestos e o respectivo sindicato profissional no sentido de admitir como futuros empregados somente os trabalhadores associados à entidade sindical em tela. (C) caso o grupo de trabalhadores esteja aglomerado em frente à empresa alvo do protesto, não caracterizará conduta antissindical a determinação do empregador para que, mediante seu serviço de segurança privada, seja reprimida a manifestação e retirados os trabalhadores das imediações do estabelecimento patronal mediante uso da força física. (D) não pratica conduta antissindical a manifestação da imprensa local em relação à conduta do sindicato, por meio de matéria jornalística no periódico da região, expendendo críticas contundentes à entidade sindical, as quais contrariaram as expectativas dos trabalhadores envolvidos no protesto. (E) não pratica conduta antissindical a empresa alvo do referido protesto, diante da sua autonomia individual privada, ao firmar com seus candidatos a emprego compromissos de não filiação ou de afastamento da condição de filiado no sindicato em tela. Comentários: Resposta. Item D. A alternativa (A), incorreta, já que insere-se a medida insere-se entre os poderes da força policial, tendo sido exercida nos limites da razoabilidade. A alternativa (B) está incorreta. Trata-se da cláusula denominada "closed shop", prática antissindical condenada pela doutrina31. A alternativa (C) está incorreta. Vejam que os trabalhadores estão aglomerados na via pública, de sorte que o empregador não teria legitimidade para promover tal medida, muito menos com o uso de força física. A letra (D), por sua vez, está correta, porquanto a matéria jornalística criticando a entidade sindical encontra abrigona liberdade de expressão (CF, art. 5º, IV, IX e art. 220). A alternativa (E), incorreta, já que trata-se de yellow dog contracts, conduta antissindical em que o trabalhador firma com seu empregador compromisso de não filiação a seu sindicato, como critério de admissão e manutenção no emprego32. 31 DELGADO, Maurício Godinho. Curso de Direito do Trabalho. São Paulo: LTr, 2002, pp. 1282-1284 32 DELGADO, Maurício Godinho. Curso de Direito do Trabalho. São Paulo: LTr, 2002, pp. 1282-1284 Estratégia Carreira Jurídica PGEs - Direito do Trabalho - Prof.: Antônio Daud cj.estrategia.com | 86 85 113 46. (FGV - CSJT - Juiz do Trabalho Substituto – 2023) A partir de uma noção ampla de liberdade, é possível chegar à contextualização de uma conduta antissindical. Dentre as hipóteses abaixo, NÃO implica cerceamento do direito garantido constitucionalmente de livre associação para fins lícitos: a) pagamento de bonificação pela empresa a empregados que não participaram de movimento grevista, em razão da sobrecarga de trabalho que tiveram pela paralisação dos grevistas; b) na assinatura do contrato de emprego, a entrega, a pedido do recém-contratado, de formulário pendente de assinatura, contendo declaração de oposição do trabalhador ao desconto das contribuições assistencial e confederativa; c) despedida imotivada de empregado eleito dirigente sindical de entidade associativa que ainda não obteve a concessão do registro sindical do órgão estatal competente; d) omissão da empregadora de enquadrar apenas os dirigentes sindicais recentemente eleitos, antes de sua posse efetiva, conforme novo plano de cargos e salários implementado pela empresa; e) empresa que, para concluir uma negociação coletiva, compromete-se à pagar uma quantia em dinheiro para o sindicato dos trabalhadores. Comentários: A questão tem por objeto conduta antissindical, que pode ser conceituada como: “qualquer ato que prejudique indevidamente o trabalhador ou as organizações sindicais no exercício da atividade sindical ou a causa desta ou que lhe negue injustificadamente as facilidades ou prerrogativas necessárias para o normal desenvolvimento da ação coletiva”. (ERMITA URIARTE, Oscar. A proteção contra os atos antissindicais. São Paulo: LTr. 1989. p.17) A alternativa correta é a letra B. Em relação à alternativa “b”, a correta, considerando que o próprio empregado solicita a carta de oposição, não há que se falar em interferência do empregador na conduta do empregado, inexistindo violação à liberdade sindical. Consigne-se que não há definição legal, tampouco relação de atos antissindicais previstos em lei. O conceito é dado pela doutrina, que define ato antissindical como toda conduta que afronte a liberdade sindical, em sua dimensão individual ou coletiva. Nesse contexto, as alternativas “a’, “c”, “d”, e “e” configuram atos que afrontam a liberdade sindical. 47. (FGV - CSJT - Juiz do Trabalho Substituto – 2023) Com base no Julgamento da ADI 5794/DF, o Supremo Tribunal Federal posicionou-se acerca da alteração legislativa que suprimiu a compulsoriedade da contribuição sindical. Nos termos dessa decisão é correto afirmar que: a) a extinção da contribuição sindical necessita de aprovação por lei complementar, em paralelismo à idêntica obrigatoriedade existente para a criação de contribuições; b) a instituição da facultatividade do pagamento de contribuições sindicais demanda lei específica, de modo a evitar a inserção de benefícios fiscais em diplomas sobre matérias completamente distintas; Estratégia Carreira Jurídica PGEs - Direito do Trabalho - Prof.: Antônio Daud cj.estrategia.com | 87 86 113 c) a alteração normativa, ao afastar o pagamento obrigatório da contribuição sindical, configurou indevida Interferência na autonomia da organização dos sindicatos garantida constitucionalmente; d) a contribuição sindical compulsória, criada no período do Estado Novo, converge com a liberdade de associação dos trabalhadores aos sindicatos; e) a previsão de pagamento de honorários sucumbenciais representou a ampliação das formas de financiamento da assistência judiciária gratuita prestada pelos sindicatos dos trabalhadores perante a Justiça do Trabalho. Comentários: A questão trata da contribuição sindical, prevista nos art. 578 e seguintes da CLT.Com a reforma trabalhista, foi excluída a cobrança automática da contribuição sindical obrigatória. Supremo Tribunal Federal (ADI 5794/DF) fixou o seguinte entendimento sobre o tema: “[...] a supressão do caráter compulsório das contribuições sindicais não vulnera o princípio constitucional da autonomia da organização sindical, previsto no art. 8º, I, da Carta Magna, nem configura retrocesso social e violação aos direitos básicos de proteção ao trabalhador insculpidos nos artigos 1º, III e IV, 5º, XXXV, LV e LXXIV, 6º e 7º da Constituição.” A alternativa correta é a letra E, com base jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, nos termos da ementa: “[...] 13. A Lei nº 13.467/2017 não compromete a prestação de assistência judiciária gratuita perante a Justiça Trabalhista, realizada pelos sindicatos inclusive quanto a trabalhadores não associados, visto que os sindicatos ainda dispõem de múltiplas formas de custeio, incluindo a contribuição confederativa (art. 8º, IV, primeira parte, da Constituição), a contribuição assistencial (art. 513, alínea ‘e’, da CLT) e outras contribuições instituídas em assembleia da categoria ou constantes de negociação coletiva, bem assim porque a Lei n.º 13.467/2017 ampliou as formas de financiamento da assistência jurídica prestada pelos sindicatos, passando a prever o direito dos advogados sindicais à percepção de honorários sucumbenciais (nova redação do art. 791-A, caput e § 1º, da CLT), e a própria Lei n.º 5.584/70, em seu art. 17, já dispunha que, ante a inexistência de sindicato, cumpre à Defensoria Pública a prestação de assistência judiciária no âmbito trabalhista.” (ADI 5794/DF). A alternativa A está incorreta, conforme jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, nos termos da ementa: “[...] 2. A extinção de contribuição pode ser realizada por lei ordinária, em paralelismo à regra segundo a qual não é obrigatória a aprovação de lei complementar para a criação de contribuições, sendo certo que a Carta Magna apenas exige o veículo legislativo da lei complementar no caso das contribuições previdenciárias residuais, nos termos do art. 195, § 4º, da Constituição. Precedente (ADI 4697, Relator(a): Min. EDSON FACHIN, Tribunal Pleno, julgado em 06/10/2016).” Estratégia Carreira Jurídica PGEs - Direito do Trabalho - Prof.: Antônio Daud cj.estrategia.com | 88 87 113 A alternativa B está incorreta, conforme ementa a seguir: “[...] 3. A instituição da facultatividade do pagamento de contribuições sindicais não demanda lei específica, porquanto o art. 150, § 6º, da Constituição trata apenas de “subsídio ou isenção, redução de base de cálculo, concessão de crédito presumido, anistia ou remissão”, bem como porque a exigência de lei específica tem por finalidade evitar as chamadas “caudas legais” ou “contrabandos legislativos”, consistentes na inserção de benefícios fiscais em diplomas sobre matérias completamente distintas, como forma de chantagem e diminuição da transparência no debate público, o que não ocorreu na tramitação da reforma trabalhista de que trata a Lei nº 13.467/2017.” Precedentes (ADI 4033, Relator(a): Min. JOAQUIM BARBOSA, Tribunal Pleno, julgado em 15/09/2010; RE 550652 A alternativa C está incorreta, com base na jurisprudência do STF, a seguir transcrita: “[...] 10. Esta Corte já reconheceu que normas afastando o pagamento obrigatório da contribuição sindical não configuram indevida interferência na autonomia dos sindicatos”. ADI 2522, Relator(a): Min. EROS GRAU, Tribunal Pleno, julgado em 08/06/2006. A alternativa D está incorreta, nos termos do entendimento jurisprudencial fixado naADI 5794/DF. Nesse sentido a ementa: “[...] 11. A Constituição consagra como direitos fundamentais as liberdades de associação, sindicalização e de expressão, consoante o disposto nos artigos 5º, incisos IV e XVII, e 8º, caput, tendo o legislador democrático decidido que a contribuição sindical, criada no período autoritário do estado novo, tornava nula a liberdade de associar-se a sindicatos”. Outros Cargos 48. (FCC/TRT20 – Analista Judiciário – Área Judiciária – 2016) (adaptada) O direito coletivo do trabalho é o segmento do Direito do Trabalho responsável por tratar da organização sindical, da negociação coletiva, dos contratos coletivos, da representação dos trabalhadores e da greve. Considerando essa definição doutrinária, a legislação pertinente e o entendimento sumulado do Tribunal Superior do Trabalho, (A) é necessário acordo ou convenção coletiva para estabelecimento de banco de horas anual. (B) a solidariedade de interesses econômicos dos que empreendem atividades idênticas, similares ou conexas, constitui o vínculo social básico denominado categoria profissional diferenciada. (C) as confederações organizar-se-ão com o mínimo de sete federações e terão sede na Capital de República. (D) empregado integrante de categoria profissional diferenciada tem o direito de haver de seu empregador vantagens previstas em instrumento coletivo, ainda que a empresa não tenha sido representada por órgão de classe de sua categoria. (E) é vedada a dispensa do empregado sindicalizado a partir do registro da candidatura a cargo de direção sindical, e se eleito, até dois anos após o término de seu mandato, salvo se cometer falta grave. Comentários: Estratégia Carreira Jurídica PGEs - Direito do Trabalho - Prof.: Antônio Daud cj.estrategia.com | 89 88 113 Resposta. Item A, segundo o dispositivo abaixo: CLT, art. 59, § 2º Poderá ser dispensado o acréscimo de salário se, por força de acordo ou convenção coletiva de trabalho, o excesso de horas em um dia for compensado pela correspondente diminuição em outro dia, de maneira que não exceda, no período máximo de um ano, à soma das jornadas semanais de trabalho previstas, nem seja ultrapassado o limite máximo de dez horas diárias. A alternativa (B) está incorreta, pois traz o conceito de “categoria econômica” (não de “categoria profissional diferenciada”): CLT, art. 511, § 1º A solidariedade de interesses econômicos dos que empreendem atividades idênticas, similares ou conexas, constitui o vínculo social básico que se denomina categoria econômica. A alternativa (C), incorreta, já que, para formação de uma confederação, a quantidade mínima é de três federações: CLT, art. 535 - As Confederações organizar-se-ão com o mínimo de 3 (três) federações e terão sede na Capital da República. A alternativa (D), incorreta, pois é o contrário do que diz a SUM-374 do TST: SUM-374 NORMA COLETIVA. CATEGORIA DIFERENCIADA. ABRANGÊNCIA Empregado integrante de categoria profissional diferenciada não tem o direito de haver de seu empregador vantagens previstas em instrumento coletivo no qual a empresa não foi representada por órgão de classe de sua categoria. A alternativa (D), incorreta, pois a estabilidade do dirigente sindical eleito é de um ano após o fim do mandato: CF/88, art. 8º, VIII - é vedada a dispensa do empregado sindicalizado a partir do registro da candidatura a cargo de direção ou representação sindical e, se eleito, ainda que suplente, até um ano após o final do mandato, salvo se cometer falta grave nos termos da lei. 49. (FCC/TRT20 – Oficial de Justiça Avaliador – 2016) Conforme norma sobre organização sindical contida na Consolidação das Leis do Trabalho, a similitude de condições de vida oriunda da profissão ou trabalho em comum, em situação de emprego na mesma atividade econômica ou em atividades econômicas similares ou conexas, compõe a expressão social elementar compreendida como (A) dissídio coletivo de trabalho. (B) categoria econômica. (C) categoria profissional. (D) categoria profissional diferenciada. (E) convenção coletiva de trabalho. Estratégia Carreira Jurídica PGEs - Direito do Trabalho - Prof.: Antônio Daud cj.estrategia.com | 90 89 113 Comentários: Resposta. Item C. A questão traz exatamente o conceito legal de “categoria profissional”, previsto na CLT, art. 511, § 2º: CLT, art. 511, § 2º A similitude de condições de vida oriunda da profissão ou trabalho em comum, em situação de emprego na mesma atividade econômica ou em atividades econômicas similares ou conexas, compõe a expressão social elementar compreendida como categoria profissional. 50. (FCC/TRT23 – Analista Judiciário – Área Judiciária – 2016) Considerando que categoria profissional diferenciada é a que se forma dos empregados que exerçam profissões ou funções diferenciadas por força de estatuto profissional especial ou em consequência de condições de vida singulares e ainda, que, na forma da lei, motoristas, telefonistas, ascensoristas, publicitários, entre outros, compõem categorias diferenciadas, (A) Manuel, que é motorista, mas trabalha em empresa cuja atividade é preponderantemente rural, deve ser considerado trabalhador rural, tendo em vista que, de modo geral, não enfrenta o trânsito das estradas e cidades. (B) Mariana, que é telefonista, mas trabalha em estabelecimento de crédito, beneficia-se do regime legal relativo aos bancários, tendo em vista a preponderância das atividades exercidas no estabelecimento do empregador. (C) tendo em vista que os profissionais da informática têm peculiaridades e singularidades em suas atividades, é válida decisão judicial que reconhece que os mesmos compõem categoria profissional diferenciada. (D) Danilo trabalha em empresa de engenharia como ascensorista. Como integrante de categoria diferenciada, o trabalhador tem o direito de haver de seu empregador as vantagens previstas no instrumento coletivo negociado pelo sindicato dos ascensoristas. (E) Nelson é publicitário de formação, mas na empresa em que trabalha exerce funções de gerente financeiro. Tendo sido eleito dirigente do sindicado dos publicitários, Nelson não goza de estabilidade no emprego, pois não exerce na empresa atividade pertinente à categoria profissional do sindicato para o qual foi eleito dirigente. Comentários: Resposta. Item E. A letra (A) está incorreta, devido ao cancelamento (pouco antes dessa prova) da OJ 315: OJ SDI-1 - 315. É considerado trabalhador rural o motorista que trabalha no âmbito de empresa cuja atividade é preponderantemente rural, considerando que, de modo geral, não enfrenta o trânsito das estradas e cidades. A letra (B) está incorreta devido à SUM-117: SUM-117 BANCÁRIO. CATEGORIA DIFERENCIADA Não se beneficiam do regime legal relativo aos bancários os empregados de estabelecimento de crédito pertencentes a categorias profissionais diferenciadas. Estratégia Carreira Jurídica PGEs - Direito do Trabalho - Prof.: Antônio Daud cj.estrategia.com | 91 90 113 A letra (C) está desconforme com a OJ 36 da SDC: OJ-SDC-36 Empregados de empresa de processamento de dados. Reconhecimento como categoria diferenciada. Impossibilidade É por lei e não por decisão judicial, que as categorias diferenciadas são reconhecidas como tais. De outra parte, no que tange aos profissionais da informática, o trabalho que desempenham sofre alterações, de acordo com a atividade econômica exercida pelo empregador. A letra (D) está incorreta, visto que ele só terá tal direito se a empresa para a qual trabalha (ou o sindicado composto por seu empregador) tiver participado da celebração do instrumento coletivo em questão. Por fim, a letra (E), correta, conforme SUM-369, item III: SUM-369, III - O empregado de categoria diferenciada eleito dirigente sindical só goza de estabilidade se exercer na empresa atividade pertinente à categoria profissional do sindicato para o qual foi eleito dirigente. 51. (FCC/TRT3 – AnalistaJudiciário – Avaliador Federal – 2015) A Constituição Federal estabelece em seu artigo 8º, inciso I, que a lei não poderá exigir a autorização do Estado para a fundação de sindicato, ressalvado o registro no órgão competente, vedadas ao Poder Público a interferência e a intervenção na organização sindical. Em assim sendo, considere: I. O registro sindical é obtido mediante autorização do Ministério do Trabalho e Emprego, oportunidade em que a associação obtém personalidade civil e, consequentemente, sindical. II. O registro sindical perante o Ministério do Trabalho e Emprego somente se impõe se a entidade sindical resultar de eventual desmembramento da base territorial. III. A estrutura sindical brasileira adota um modelo horizontal herdado da legislação italiana, à época do governo de Getúlio Vargas, não havendo hierarquia entre os órgãos sindicais. IV. As Centrais Sindicais, previstas pelo ordenamento jurídico, embora não integrem a estrutura sindical brasileira, têm sua atuação reconhecida. Está correto o que consta em (A) I, II, III e IV. (B) I, II e III, apenas. (C) II, apenas. (D) II e III, apenas. (E) IV, apenas. Comentários: Resposta. Item E. A Banca entendeu que apenas o item IV estaria correto, em que pese a grande controvérsia a respeito. A assertiva I está incorreta já que, por serem autônomos, não cabe autorização do Estado para criação dos sindicatos. Entretanto, a própria CF/88 exige o registro de tais entidades no órgão competente: CF/88, art. 8º É livre a associação profissional ou sindical, observado o seguinte: Estratégia Carreira Jurídica PGEs - Direito do Trabalho - Prof.: Antônio Daud cj.estrategia.com | 92 91 113 I - a lei não poderá exigir autorização do Estado para a fundação de sindicato, ressalvado o registro no órgão competente, vedadas ao Poder Público a interferência e a intervenção na organização sindical; Portanto, de fato, é necessário o registro no Ministério do Trabalho – MTb (mesmo que já tenha havido o registro no Cartório de Registro Civil de Pessoas Jurídicas), mas não há que se falar em autorização concedida pelo MTb, como afirma a questão. Nesse sentido, a doutrina faz uma distinção entre a personalidade jurídica (que teria início com o registro no Cartório de Pessoas Jurídicas) e a chamada personalidade sindical (que teria início apenas com o posterior registro no MTb). A assertiva II está incorreta porquanto é necessário o registro no Ministério do Trabalho – MTb, não apenas nos casos de desmembramento de base territorial: CF, art. 8º É livre a associação profissional ou sindical, observado o seguinte: I - a lei não poderá exigir autorização do Estado para a fundação de sindicato, ressalvado o registro no órgão competente, vedadas ao Poder Público a interferência e a intervenção na organização sindical; A assertiva III está incorreta porque, a estrutura sindical brasileira é piramidal (vertical) e não horizontal. Nesse sentido, Vólia Bomfim33 elucida que “A legislação impõe (art. 534 da CLT) a composição do sistema sindical sob a forma de uma pirâmide, que se compõe do sindicato, em seu piso, da federação, em seu meio, e da confederação, em sua cúpula.” Por fim, a assertiva IV, considerada como correta pela Banca, gerou polêmicas ao afirmar que as Centrais Sindicais “têm sua atuação reconhecida”, já que estas não podem celebrar instrumentos coletivos, como Acordos e Convenções Coletivas do Trabalho. Como ensina Mauricio Godinho Delgado (DELGADO, Mauricio Godinho. Curso de Direito do Trabalho. 12 ed. São Paulo: LTr, 2013. pg. 1419), estas instituições (centrais sindicais) não possuem legitimação para celebrar negociação coletiva: “(...) a jurisprudência brasileira, pacificamente (STF e TST), não tem reconhecido legitimidade coletiva às entidades de cúpula do sindicalismo do país: as centrais sindicais (CUT, CTG, Força Sindical, etc.). O fundamento jurídico residiria na circunstância de tais entidades não estarem até 33 CASSAR, Vólia Bomfim. Direito do Trabalho. 11ª Ed. Método, 2015, p. 5772 (ebook). Estratégia Carreira Jurídica PGEs - Direito do Trabalho - Prof.: Antônio Daud cj.estrategia.com | 93 92 113 então tipificadas em lei, sobrepondo-se, como mero fato sociopolítico, à estrutura sindical regulada pela CLT. Registre-se que a Lei n. 11.648, de 31.3.2008, preferiu não estender a tais entidades os poderes da negociação coletiva trabalhista (...), sufragando, nesta medida, a restrição já consagrada na jurisprudência dominante”. Em que pese isto, o reconhecimento das centrais sindicais é citado na doutrina de Vólia Bomfim34: “As centrais sindicais são órgãos classistas, que representam e coordenam classes trabalhadoras, para ajudar no diálogo político-econômico. O reconhecimento é conferido às entidades com filiação mínima de 100 sindicatos nas 5 regiões do país. Apesar da nomenclatura “centrais sindicais” defendemos que elas não pertencem ao sistema sindical e, por isso, não podem efetuar acordo coletivo, convenção coletiva, (..) ou negociar coletivamente.” 52. (FCC/TRT2 – Analista Judiciário – Área Judiciária – 2014) São critérios previstos pelo ordenamento jurídico para formação, respectivamente, das categorias econômicas, profissionais e profissionais diferenciadas: (A) Similitude de condições de vida oriunda da profissão ou trabalho em comum, em situação de emprego na mesma atividade econômica ou em atividades econômicas similares ou conexas; solidariedade de interesses econômicos dos que empreendem atividades idênticas, similares ou conexas; e exercício de profissões ou funções diferenciadas por força de estatuto profissional especial ou em consequência de condições de vida singulares. (B) Homogeneidade de representação perante as autoridades administrativas, na defesa dos interesses econômicos; solidariedade de interesses e similitude de condições de vida decorrentes de estatuto profissional próprio; e exercício de profissões ou funções diferenciadas por força de estatuto profissional especial ou em consequência de condições de vida singulares. (C) Solidariedade de interesses econômicos dos que empreendem atividades idênticas, similares ou conexas; similitude de condições de vida oriunda da profissão ou trabalho em comum, em situação de emprego na mesma atividade econômica ou em atividades econômicas similares ou conexas; e exercício de profissões ou funções diferenciadas por força de estatuto profissional especial ou em consequência de condições de vida singulares. (D) Exercício de profissões ou funções diferenciadas por força de estatuto profissional especial ou em consequência de condições de vida singulares; similitude de condições de vida oriunda da profissão ou trabalho em comum, em situação de emprego na mesma atividade econômica ou em atividades econômicas similares ou conexas; e solidariedade de interesses econômicos dos que empreendem atividades idênticas, similares ou conexas. (E) Solidariedade de interesses econômicos dos que empreendem atividades idênticas, similares ou conexas; exercício de profissões ou funções diferenciadas por força de estatuto profissional especial ou em 34 Op. Cit., p. 5774 (ebook). Estratégia Carreira Jurídica PGEs - Direito do Trabalho - Prof.: Antônio Daud cj.estrategia.com | 94 93 113 consequência de condições de vida singulares; e similitude de condições de vida oriunda da profissão ou trabalho em comum, em situação de emprego na mesma atividade econômica ou em atividades econômicas similares ou conexas. Comentários: Resposta. Item C. A questão tomou por base as seguintes definições: CATEGORIA ECONÔMICA » » CLT, ART. 511, § 1º A SOLIDARIEDADE DE INTERESSES ECONÔMICOS DOS QUE EMPREENDEM ATIVIDADES IDÊNTICAS, SIMILARES OU CONEXAS, CONSTITUI O VÍNCULO SOCIAL BÁSICO QUE SE DENOMINA CATEGORIA ECONÔMICA. Categoria profissional » » CLT, art. 511, § 2º A similitude de condições de vida oriunda daprofissão ou trabalho em comum, em situação de emprego na mesma atividade econômica ou em atividades econômicas similares ou conexas, compõe a expressão social elementar compreendida como categoria profissional. Categoria profissional diferenciada » » CLT, art. 511, § 3º Categoria profissional diferenciada é a que se forma dos empregados que exerçam profissões ou funções diferenciadas por força de estatuto profissional especial ou em consequência de condições de vida singulares. A letra ‘A’ está incorreta porque trocou os conceitos de categoria profissional (similitude de condições de vida) com categoria econômica (solidariedade de interesses econômicos). A letra ‘B’ está incorreta porque homogeneidade de representação perante autoridades administrativas não é conceito de nenhuma delas. Além disso, o conceito de categoria profissional foi misturado ao da econômica. Da mesma forma nas letras ‘D’ e ‘E’, o examinador troca os conceitos. Para não se esquecerem, compreendam (e decorem) o esquema cima! Já a letra ‘C’ traz corretamente os conceitos transcritos acima. 53. (FCC/TRT9 – Analista Judiciário – Área Judiciária – 2013) A associação em sindicatos constitui um dos elementos decorrentes da liberdade sindical. O ordenamento jurídico brasileiro, no entanto, impõe a associação sindical a partir da formação de categorias, que podem ser: (A) profissionais diferenciadas: as que se formam a partir da solidariedade de interesses econômicos dos trabalhadores que trabalham em atividades idênticas, similares ou conexas. (B) profissionais diferenciadas: aquelas formadas a partir da similitude de condições de vida oriunda da profissão ou trabalho em comum, em situação de emprego na mesma atividade econômica ou em atividades econômicas similares ou conexas. (C) profissionais: aquelas formadas a partir da similitude de condições de vida oriunda da profissão ou trabalho em comum, em situação de emprego na mesma atividade econômica ou em atividades econômicas similares ou conexas. (D) econômicas: aquelas formadas a partir da similitude de condições de vida dos trabalhadores, oriunda da profissão ou trabalho em comum dos mesmos, definindo, em consequência, a atividade econômica preponderante das empresas. Estratégia Carreira Jurídica PGEs - Direito do Trabalho - Prof.: Antônio Daud cj.estrategia.com | 95 94 113 (E) econômicas: as que se formam a partir do exercício de profissões ou funções diferenciadas em relação aos demais empregados, definindo, em consequência, a atividade econômica preponderante das empresas. Comentários: Resposta. Item C. Esquematizando a previsão celetista temos novamente o seguinte: CATEGORIA ECONÔMICA » » CLT, ART. 511, § 1º A SOLIDARIEDADE DE INTERESSES ECONÔMICOS DOS QUE EMPREENDEM ATIVIDADES IDÊNTICAS, SIMILARES OU CONEXAS, CONSTITUI O VÍNCULO SOCIAL BÁSICO QUE SE DENOMINA CATEGORIA ECONÔMICA. Categoria profissional » » CLT, art. 511, § 2º A similitude de condições de vida oriunda da profissão ou trabalho em comum, em situação de emprego na mesma atividade econômica ou em atividades econômicas similares ou conexas, compõe a expressão social elementar compreendida como categoria profissional. Categoria profissional diferenciada » » CLT, art. 511, § 3º Categoria profissional diferenciada é a que se forma dos empregados que exerçam profissões ou funções diferenciadas por força de estatuto profissional especial ou em consequência de condições de vida singulares. 54. (FCC/TRT12 – Analista Judiciário – Oficial de Justiça Avaliador Federal – 2013) (adaptada) O capítulo da Consolidação das Leis do Trabalho relativo à organização sindical contém definições de categorias e regras sobre instrumentos de negociação coletiva. Com base nessas normas, (A) a similitude de condições de vida oriunda da profissão ou trabalho em comum, em situação de emprego na mesma atividade econômica ou em atividades econômicas similares ou conexas, compõe a expressão social elementar compreendida como categoria econômica. (B) a convenção coletiva de trabalho é o acordo de caráter normativo, pelo qual uma ou mais empresas da categoria econômica, estipulam com o sindicato profissional algumas condições de trabalho, aplicáveis ao âmbito das empresas acordantes respectivas relações de trabalho. (C) a solidariedade de interesses econômicos dos que empreendem atividades idênticas, similares ou conexas constitui o vínculo social básico denominado como categoria profissional. (D) a categoria profissional diferenciada é aquela que se forma dos empregados que exercem profissões ou funções diferenciadas por força de estatuto profissional especial ou em consequência de condições de vida singulares. (E) as condições estabelecidas em acordo coletivo de trabalho nem sempre prevalecerão sobre as estipuladas em convenção coletiva de trabalho, em que pese o ajuste estar mais próximo do conjunto de trabalhadores da empresa. Comentários: Resposta. Item D. As alternativas (A) e (C) estão incorretas e a letra (D), correta, de acordo com o esquema dos itens anteriores. Em relação aos critérios para agregação dos trabalhadores aos sindicatos é importante Estratégia Carreira Jurídica PGEs - Direito do Trabalho - Prof.: Antônio Daud cj.estrategia.com | 96 95 113 conhecer as conceituações de categoria econômica, categoria profissional e categoria profissional diferenciada, conforme preceituado na CF/8835 e na CLT. A alternativa (B) trouxe o conceito de acordo coletivo de trabalho (ACT), e não de convenção coletiva de trabalho (CCT): CLT, art. 611, § 1º É facultado aos Sindicatos representativos de categorias profissionais celebrar Acordos Coletivos com uma ou mais empresas da correspondente categoria econômica, que estipulem condições de trabalho, aplicáveis no âmbito da empresa ou das acordantes respectivas relações de trabalho. Já a alternativa (E), adaptada, está incorreta, já que, após a reforma trabalhista, a atual redação do art. 620 dispõe que as condições de ACT sempre prevalecerão sobre as de CCT: CLT, art. 620. As condições estabelecidas em acordo coletivo de trabalho sempre prevalecerão sobre as estipuladas em convenção coletiva de trabalho. 55. (FCC/TRT3 – Analista Judiciário – Área Execução de Mandados – 2009) O sistema sindical brasileiro, a partir da Constituição da República de 1.988, identifica-se pelos princípios da (A) unicidade, da simplicidade e da liberdade. (B) unicidade, da liberdade e da livre associação. (C) livre associação, da pluralidade e da unicidade. (D) liberdade, da livre associação e da pluralidade. (E) unicidade, da livre associação e da pluralidade. Comentários: Resposta. Item B, que cita os princípios da liberdade sindical, da livre associação e da unicidade sindical. O princípio da autonomia sindical (ou da liberdade sindical, no dizer da questão) garante que os sindicatos possam se organizar sem interferências do Estado e das empresas. Assim, não há controle político estatal, e a criação dos sindicatos também não dependerá de autorização. É desta maneira que o princípio em tela foi inserido na Constituição Federal: CF/88, art. 8º É livre a associação profissional ou sindical, observado o seguinte: 35 CF/88, art. 8º, II - é vedada a criação de mais de uma organização sindical, em qualquer grau, representativa de categoria profissional ou econômica, na mesma base territorial, que será definida pelos trabalhadores ou empregadores interessados, não podendo ser inferior à área de um Município; Estratégia Carreira Jurídica PGEs - Direito do Trabalho - Prof.: Antônio Daud cj.estrategia.com | 97 96 113 I - a lei não poderá exigir autorização do Estado para a fundação de sindicato, ressalvado o registro no órgão competente, vedadas ao Poder Público a interferência e a intervenção na organização sindical; A questão também enumerou o princípio da liberdade de associação sindicaldireta e indireta, pela União, dos portos e instalações portuárias e sobre as atividades dos operadores portuários, entre outras providências. (..) TST-RO-1393- 27.2013.5.02.0000, SDC, rel. Min. Maria de Assis Calsing, 24.4.2017 Segue abaixo uma questão (correta) cobrando este posicionamento do TST: CESPE/DPU – Defensor Público - 2017 Para o TST, a greve realizada com motivação política explícita, ainda que seja de curta duração, é abusiva. ➢ Serviços ou atividades essenciais A CF/88 dispõe que: CF/88, art. 9º, § 1º - A lei definirá os serviços ou atividades essenciais e disporá sobre o atendimento das necessidades inadiáveis da comunidade. Percebam, então, que não é proibida greve dos trabalhadores que laborem em atividades consideradas por lei como essenciais. O que a lei procura é dada a natureza peculiar de tais atividades e serviços, estabelecer algumas condicionantes para que a greve não prejudique sobremaneira a comunidade que depende de tais prestações. A Lei 7.783/89 enumera os serviços ou atividades essenciais no seu art. 10: Estratégia Carreira Jurídica PGEs - Direito do Trabalho - Prof.: Antônio Daud cj.estrategia.com | 8 7 113 É essencial decorar estas atividades e serviços que a lei considera como essenciais. ;-) Art. 10 São considerados serviços ou atividades essenciais: I - tratamento e abastecimento de água; produção e distribuição de energia elétrica, gás e combustíveis; II - assistência médica e hospitalar; III - distribuição e comercialização de medicamentos e alimentos; IV - funerários; V - transporte coletivo; VI - captação e tratamento de esgoto e lixo; VII - telecomunicações; VIII - guarda, uso e controle de substâncias radioativas, equipamentos e materiais nucleares; IX - processamento de dados ligados a serviços essenciais; X - controle de tráfego aéreo; XI - compensação bancária; XII - atividades médico-periciais relacionadas com o regime geral de previdência social e a assistência social; XIII - atividades médico-periciais relacionadas com a caracterização do impedimento físico, mental, intelectual ou sensorial da pessoa com deficiência, por meio da integração de equipes multiprofissionais e interdisciplinares, para fins de reconhecimento de direitos previstos em lei, em especial na Lei nº 13.146, de 6 de julho de 2015 (Estatuto da Pessoa com Deficiência); Estratégia Carreira Jurídica PGEs - Direito do Trabalho - Prof.: Antônio Daud cj.estrategia.com | 9 8 113 XIV - outras prestações médico-periciais da carreira de Perito Médico Federal indispensáveis ao atendimento das necessidades inadiáveis da comunidade. XV - atividades portuárias (MP 945/2020) Sobre as limitações impostas ao movimento grevista envolvendo atividades e serviços essenciais, a lei determina que: Lei 7.783/89, art. 11. Nos serviços ou atividades essenciais, os sindicatos, os empregadores e os trabalhadores ficam obrigados, de comum acordo, a garantir, durante a greve, a prestação dos serviços indispensáveis ao atendimento das necessidades inadiáveis da comunidade. Parágrafo único. São necessidades inadiáveis, da comunidade aquelas que, não atendidas, coloquem em perigo iminente a sobrevivência, a saúde ou a segurança da população. Lei 7.783/89, art. 12. No caso de inobservância do disposto no artigo anterior, o Poder Público assegurará a prestação dos serviços indispensáveis. ➢ Tentativa de negociação frustrada Para que seja válido o movimento grevista, este deve suceder tentativa negocial frustrada, ou seja, para que se legitime a greve, inicialmente os pleitos devem ser apresentados ao empregador. Caso seja frustrada a tentativa negocial, aí sim caberá a greve: Lei 7.783/89, art. 3º Frustrada a negociação ou verificada a impossibilidade de recursos via arbitral, é facultada a cessação coletiva do trabalho. Sobre o assunto é interessante conhecer o teor da OJ 11: OJ-SDC-11 GREVE. IMPRESCINDIBILIDADE DE TENTATIVA DIRETA E PACÍFICA DA SOLUÇÃO DO CONFLITO. ETAPA NEGOCIAL PRÉVIA É abusiva a greve levada a efeito sem que as partes hajam tentado, direta e pacificamente, solucionar o conflito que lhe constitui o objeto. ➢ Pré-aviso do início da greve Outra limitação a ser respeitada pelos grevistas é o pré-aviso do movimento paredista com a antecedência exigida por lei: Lei 7.783/89, art. 3º, parágrafo único. A entidade patronal correspondente ou os empregadores diretamente interessados serão notificados, com antecedência mínima de 48 (quarenta e oito) horas, da paralisação. Estratégia Carreira Jurídica PGEs - Direito do Trabalho - Prof.: Antônio Daud cj.estrategia.com | 10 9 113 Há ainda a necessidade se comunicar previamente a decisão da greve em serviços e atividades essenciais com prazo diferenciado: Lei 7.783/89, art. 13 Na greve, em serviços ou atividades essenciais, ficam as entidades sindicais ou os trabalhadores, conforme o caso, obrigados a comunicar a decisão aos empregadores e aos usuários com antecedência mínima de 72 (setenta e duas) horas da paralisação. Vejam que no caso das paralisações envolvendo serviços ou atividades essenciais há duas distinções: o prazo mínimo do pré-aviso e a necessidade de se comunicar, além do empregador, também os usuários (população). Sintetizando tais regras, temos o seguinte: DETALHES ATIVIDADE/SERVIÇO ESSENCIAL ATIVIDADE/SERVIÇO NÃO ESSENCIAL Prazo 72hs 48hs Destinatários empregadores entidade patronal ou empregadores diretamente interessados usuários - Sobre a falta de aviso prévio nas greves que atingem serviços ou atividades essenciais, há OJ que a considera abusiva: OJ-SDC-38 GREVE. SERVIÇOS ESSENCIAIS. GARANTIA DAS NECESSIDADES INADIÁVEIS DA POPULAÇÃO USUÁRIA. FATOR DETERMINANTE DA QUALIFICAÇÃO JURÍDICA DO MOVIMENTO É abusiva a greve que se realiza em setores que a lei define como sendo essenciais à comunidade, se não é assegurado o atendimento básico das necessidades inadiáveis dos usuários do serviço, na forma prevista na Lei nº 7.783/89. ➢ Deliberação em assembleia geral Como a greve é uma manifestação coletiva, sua validade depende da decisão dos próprios trabalhadores, que devem ser convocados pela respectiva entidade sindical. Assim, será na assembleia geral convocada pelo sindicato que os empregados decidirão sobre entrar ou não em greve: Lei 7.783/89, art. 4º Caberá à entidade sindical correspondente convocar, na forma do seu estatuto, assembleia geral que definirá as reivindicações da categoria e deliberará sobre a paralisação coletiva da prestação de serviços. Estratégia Carreira Jurídica PGEs - Direito do Trabalho - Prof.: Antônio Daud cj.estrategia.com | 11 10 113 § 1º O estatuto da entidade sindical deverá prever as formalidades de convocação e o quórum para a deliberação, tanto da deflagração quanto da cessação da greve. § 2º Na falta de entidade sindical, a assembleia geral dos trabalhadores interessados deliberará para os fins previstos no "caput", constituindo comissão de negociação. ➢ Garantia de atividades mínimas na empresa Determinadas paralisações de processos produtivos e maquinários podem causar prejuízos graves ao empregador, e por este motivo existe previsão legal de que, nestes casos, sejam mantidas equipes de empregados trabalhando durante a paralisação grevista: Lei 7.783/89, art. 9º Durante a greve, o sindicato ou a comissão de negociação, mediante acordo com a entidade patronal ou diretamente com o empregador, manterá em atividade equipes de empregados com o propósito de assegurar os serviços cuja paralisação resultem em prejuízo irreparável, pela deterioração irreversível de bens, máquinas e equipamentos, bem como a manutenção daqueles essenciais à retomada das atividades da empresa quando da cessação do movimento. Parágrafo único. Não havendo acordo, é assegurado ao empregador, enquanto perdurar a greve, o direito de contratar diretamente os serviços necessários a(ou livre associação), o art. 8º dispõe que, além de ser livre a filiação, também o será a desfiliação: CF/88, art. 8º É livre a associação profissional ou sindical, observado o seguinte: (...) V - ninguém será obrigado a filiar-se ou a manter-se filiado a sindicato; O outro princípio citado na questão é o da a unicidade sindical, se contrapõe à ideia de pluralidade sindical. Na unicidade sindical, adotada pela CF/88, somente se admite um sindicato representativo dos trabalhadores na mesma base territorial (a base não pode ser inferior a um Município): CF/88, art. 8º, II - é vedada a criação de mais de uma organização sindical, em qualquer grau, representativa de categoria profissional ou econômica, na mesma base territorial, que será definida pelos trabalhadores ou empregadores interessados, não podendo ser inferior à área de um Município; LISTA DE QUESTÕES Procuradorias 1. FUNDATEC - 2021 - PGE-RS - Procurador do Estado (adaptada) São considerados serviços ou atividades essenciais, para fins do exercício regular do legítimo direito de greve, entre outros, aqueles de tratamento e abastecimento de água; produção e distribuição de energia elétrica, gás e combustíveis; funerários; telecomunicações; compensação bancária; e atividades médico-periciais relacionadas com a caracterização do impedimento físico, mental, intelectual ou sensorial da pessoa com deficiência, por meio da integração de equipes multiprofissionais e interdisciplinares, para fins de reconhecimento de direitos previstos em lei e no Estatuto da Pessoa com Deficiência. 2. (CESPE/PGM-Campo Grande – Procurador – 2019) Empregado dispensado durante movimento grevista possui o direito de ser reintegrado ao emprego. 3. (FCC/PGM-Caruaru – Procurador – 2018) Determinada categoria de trabalhadores em empresas de transporte coletivo está em plena negociação coletiva com a entidade patronal. Ocorre que, pretende utilizar seu direito constitucional de deflagrar a greve da categoria. Assim, nos termos da legislação vigente, deverá observar a comunicação da decisão aos empregadores e aos usuários com antecedência mínima de (A) 96 horas. (B) 24 horas. (C) 36 horas. (D) 48 horas. Estratégia Carreira Jurídica PGEs - Direito do Trabalho - Prof.: Antônio Daud cj.estrategia.com | 98 97 113 (E) 72 horas. 4. (CESPE/PGM-Manaus – Procurador – 2018) De acordo com o TST, a greve é um exemplo de interrupção do contrato de trabalho, e os dias parados devem ser pagos normalmente, a não ser que o ato seja considerado ilegal pela justiça do trabalho. 5. (CESPE/EBSERH – Advogado – 2018) Em caso de greve do serviço médico e hospitalar, as entidades sindicais ou os trabalhadores são obrigados a comunicar a decisão aos empregadores e aos usuários com antecedência mínima de setenta e duas horas da paralisação. 6. (CESPE/PGE-BA – Procurador – 2014) O exercício do direito de greve em serviços essenciais exige da entidade sindical ou dos trabalhadores, conforme o caso, a prévia comunicação da paralisação dos trabalhos ao empregador e, ainda, aos usuários dos serviços, no prazo mínimo de setenta e duas horas, sob pena de o movimento grevista ser considerado abusivo. 7. (CESPE/PG-DF – Procurador – 2013) Greve é causa de suspensão do contrato de trabalho e somente pode ser utilizada após ser frustrada a negociação ou a arbitragem direta e pacífica, sob pena de ser considerada abusiva. Ademais, a comunicação acerca de sua decisão, no caso de atividade essencial, deve ser previamente feita aos empregadores e usuários do serviço no prazo mínimo de setenta e duas horas. 8. (IBADE – Prefeitura de Rio Branco – AC – Procurador Municipal – 2023) A despeito do exercício do direito de greve e suas limitações, assinale a opção correta. a) Em situações excepcionais, é permitido às empresas adotarem meios para constranger o empregado ao comparecimento ao trabalho, bem como capazes de frustrar a divulgação do movimento. b) Frustrada a negociação ou verificada a impossibilidade de recursos via arbitral, é facultada a cessação coletiva do trabalho. c) É vedado aos grevistas a arrecadação de fundos para fins de realização do movimento. d) Em regra, os meios adotados por empregados e empregadores não poderão violar ou constranger os direitos e garantias fundamentais de outrem, sendo flexibilizada tal regra em situações de força maior. e) Na greve, em serviços ou atividades essenciais, ficam as entidades sindicais ou os trabalhadores, conforme o caso, obrigados a comunicar a decisão aos empregadores e aos usuários com antecedência mínima de 24 (vinte e quatro) horas da paralisação. Magistraturas e MPT 9. (MPT/Procurador do Trabalho – 2020) (adaptada) Conforme entendimento consolidado do Tribunal Superior do Trabalho, não é necessária a prévia tentativa, pelas partes, da solução do conflito, como requisito para a possibilidade de deflagração da greve, não podendo esta, apenas por esse fato, ser considerada abusiva. 10. (MPT/Procurador do Trabalho – 2020) Sobre o direito de greve é INCORRETO afirmar: (A) A greve deflagrada com o objetivo de exigir o cumprimento de cláusula ou condição de norma coletiva não é considerada abusiva. (B) São considerados serviços ou atividades essenciais o atendimento a todas atividades relacionadas com o regime geral de previdência social e a assistência social. (C) A Constituição de 1988 assegura o direito de greve, competindo aos trabalhadores decidir sobre oportunidade de exercê-lo e sobre os interesses que devam por meio dele defender. Estratégia Carreira Jurídica PGEs - Direito do Trabalho - Prof.: Antônio Daud cj.estrategia.com | 99 98 113 (D) Segundo o entendimento majoritário atual do Tribunal Superior do Trabalho, são consideradas abusivas as greves com caráter político. (E) Não respondida. 11. (FCC/Juiz do Trabalho – 1º Concurso Nacional – 2017) A Constituição Federal de 1988 assegurou o direito de greve no capítulo dos direitos sociais, inserido no título dos direitos e garantias fundamentais. Sobre esse direito, no ordenamento jurídico brasileiro e conforme jurisprudência dominante do Tribunal Superior do Trabalho, (A) tratando-se de um direito fundamental de caráter coletivo, compete aos sindicatos das respectivas categorias econômica ou profissional a decisão sobre o momento conveniente para deflagrar greve ou lockout, assim como para definir os interesses que devam ser defendidos. (B) é abusiva a greve envolvendo serviços funerários, quando não assegurado o atendimento básico aos usuários e não forem notificados da paralisação a entidade patronal correspondente ou os empregadores interessados, com antecedência mínima de quarenta e oito horas. (C) a iniciativa da instauração do dissídio coletivo de greve é exclusiva do Ministério Público do Trabalho, cabendo ao Tribunal do Trabalho decidir sobre o exercício abusivo ou não do direito de greve. (D) uma vez firmado Acordo Coletivo de Trabalho encerrando a greve, haverá direito ao pagamento dos salários do período de afastamento aos trabalhadores que aderiram ao movimento grevista, em não havendo cláusula expressa quanto aos efeitos do período de paralisação nos contratos individuais de trabalho. (E) não constitui abuso do direito de greve, na vigência de Acordo Coletivo de Trabalho, a paralisação motivada por acontecimento imprevisto que modifique substancialmente a relação de trabalho. 12. (MPT – 20° Concurso para Procurador do Trabalho – 2017) Analise as assertivas abaixo: I - A partir da Constituição de 1988, a greve tem sido considerada, regra geral, um direito individual e coletivo social fundamental, competindo aos trabalhadores decidir sobre a oportunidade de exercê-lo e sobre os interesses que devam por meio dele defender. II - As exigências formais estabelecidas pela Lei n. 7.783/1989 (Lei de Greve) para a deflagração do movimento paredista e a definição legal dos serviços e atividades essenciais e respectiva disposição sobreo atendimento a necessidades inadiáveis da comunidade durante o movimento grevista não têm sido consideradas, pela jurisprudência dominante do Tribunal Superior do Trabalho, como regras normativas denegatórias ou inviabilizadoras do direito constitucional de greve. III - A tensão e compatibilização entre liberdade individual e liberdade coletiva, prerrogativas jurídicas individuais e prerrogativas jurídicas coletivas, que se mostram presentes no Direito Coletivo do Trabalho em geral, também se manifestam no instituto da greve e na dinâmica dos movimentos paredistas. IV - A prática do lock-in não é considerada, necessariamente, irregular ou abusiva na greve no Direito brasileiro seguinte à Constituição de 1988. O lock-out, porém, é tido como vedado no Direito Coletivo do Trabalho do Brasil. Assinale a alternativa CORRETA: (A) Apenas as assertivas I e II estão corretas. Estratégia Carreira Jurídica PGEs - Direito do Trabalho - Prof.: Antônio Daud cj.estrategia.com | 100 99 113 (B) Apenas as assertivas III e IV estão corretas. (C) Apenas as assertivas I, II e III estão corretas. (D) Todas as assertivas estão corretas. (E) Não respondida. 13. (FCC/TRT1 - Juiz do Trabalho – 2016) Em relação aos direitos de associação e de greve, considerada a Constituição da República e a Lei nº 7.783/89, é correto afirmar: (A) O militar possui direito de se associar em sindicatos, mas lhe é vedado o direito de greve. (B) O empregador pode contratar substitutos para os trabalhadores em greve, para manutenção dos serviços essenciais à retomada das atividades após o fim do movimento. (C) Em respeito à liberdade sindical, torna-se desnecessária a tentativa de solução pacífica do conflito antes da deflagração de movimento grevista. (D) Celebrado acordo para por fim a movimento grevista, a ausência de previsão expressa sobre os efeitos do período de paralisação torna devido aos trabalhadores que dela participaram o pagamento de salários do período. (E) São, dentre outros, considerados serviços ou atividades essenciais: assistência médica e hospitalar, serviços funerários, controle de tráfego aéreo e serviço de telecomunicações. 14. (MPT – 15° Concurso para Procurador do Trabalho – 2009) Sobre o exercício do direito de greve: I – é assegurado o direito de greve, competindo aos trabalhadores decidir a oportunidade de exercê-lo e sobre os interesses que devam por meio dele defender e, para o seu exercício nas atividades consideradas essenciais, o sindicato deverá comunicar a empresa com antecedência mínima de 48 horas e à população no prazo de 72 horas; II – o “lockout” é a paralisação das atividades pelo empregador, constitucionalmente garantido, para que seja respeitado o princípio da igualdade; III – não havendo acordo, é vedado ao empregador, enquanto perdurar a greve, a contratação direta de outros trabalhadores para a manutenção dos equipamentos essenciais; Assinale a alternativa CORRETA: a) todas as assertivas são incorretas; b) apenas as assertivas II e III são corretas; c) apenas as assertivas I e III são incorretas; d) apenas a assertiva III é correta; e) não respondida. 15. (MPT – 14° Concurso para Procurador do Trabalho – 2008) Assinale a alternativa CORRETA: a) o piquete pacífico não é admitido pela legislação brasileira; b) a “greve de rendimento” não é permitida pela legislação brasileira; c) as greves que não impliquem a cessação do trabalho estão amparadas pela legislação brasileira pertinente; Estratégia Carreira Jurídica PGEs - Direito do Trabalho - Prof.: Antônio Daud cj.estrategia.com | 101 100 113 d) a mera adesão à greve pode constituir falta grave se o movimento for considerado abusivo pelas Cortes Trabalhistas; e) não respondida. 16. (MPT – 13° Concurso para Procurador do Trabalho – 2007) A respeito da greve, assinale a alternativa INCORRETA: a) na vigência de acordo coletivo de trabalho é possível a greve que tenha por objetivo exigir o cumprimento de cláusula; b) o serviço funerário é considerado atividade essencial; c) é permitido aos grevistas o aliciamento pacífico dos trabalhadores para a adesão à greve; d) nas atividades não consideradas essenciais, o prazo mínimo para a comunicação aos empregadores diretamente interessados é de 72 (setenta e duas) horas; e) não respondida. 17. (FGV - CSJT - Juiz do Trabalho Substituto – 2023) O direito fundamental de greve emana do exercício da autonomia privada coletiva e consiste em instrumento de pressão, com vistas ao atendimento de rol de reinvindicações da categoria. A respeito do tema, é correto afirmar, com base na jurisprudência dominante dos tribunais superiores, que: a) o ordenamento jurídico pátrio consagra expressamente a possibilidade de seu cabimento para defesa de interesses que transcendem a esfera dos deveres atribuídos ao empregador; b) considerando o descompasso entre à titularidade coletiva do interesse tutelado e a responsabilidade individual do trabalhador, a declaração de abusividade da greve não permite necessariamente a punição do empregado partícipe; c) o empregador está autorizado a realizar a contratação de trabalho temporário, bem como a transferir seus empregados de um setor para outro, com vistas à substituição de trabalhadores em greve; d) a adesão ao movimento paredista gera a suspensão do contrato de trabalho, não devendo ser pagos os dias de paralisação, ressalvada a hipótese de quando a greve é deflagrada pelo atraso no pagamento de salários; e) não é considerado abusivo o movimento paredista direcionado contra os poderes públicos e que reivindique condições não suscetíveis de negociação coletiva. 18. (FGV - CSJT - Juiz do Trabalho Substituto – 2023) A Convenção nº 87 da Organização Internacional do Trabalho trata da liberdade sindical e da proteção ao direito de sindicalização. O modelo sindical brasileiro diverge dos preceitos propostos pelo normativo internacional principalmente pela: a) liberdade plena de organização sindical em todos os níveis de representação profissional e econômica; b) sujeição das organizações de trabalhadores e de empregadores à dissolução ou à suspensão administrativas; c) proibição de filiação dos trabalhadores e dos empregadores a organizações Internacionais de mesma natureza; d) proibição de sindicalização dos integrantes das forças armadas e da polícia; Estratégia Carreira Jurídica PGEs - Direito do Trabalho - Prof.: Antônio Daud cj.estrategia.com | 102 101 113 e) necessidade de autorização para constituição de um sindicato. Outros Cargos 19. (FCC/TRT15 – Oficial de Justiça Avaliador Federal – 2018) O direito de greve, assegurado constitucionalmente, não é absoluto. Os serviços e atividades essenciais são definidos por lei, que também disporá sobre o atendimento das necessidades inadiáveis da comunidade. Nesse sentido, nos serviços e atividades essenciais, (A) caso empregadores e trabalhadores não cumpram a exigência de prestação, durante a greve, dos serviços indispensáveis ao atendimento das necessidades inadiáveis da comunidade, o Poder Público deverá assegurar tal prestação. (B) os sindicatos, os empregadores e os trabalhadores ficam obrigados, de comum acordo, a garantir, durante a greve, a prestação de pelo menos 70% dos serviços indispensáveis ao atendimento das necessidades inadiáveis da comunidade. (C) são necessidades inadiáveis da comunidade aquelas que, se não atendidas, trazem prejuízos financeiros às empresas e à população. (D) as entidades sindicais ou os trabalhadores, conforme o caso, ficam obrigados a comunicar a decisão de deflagração da greve aos empregadores e aos usuários com antecedência mínima de 48 horas da paralisação. (E) as entidades sindicais são responsáveis por comunicar a decisão de deflagração da greve aos empregadores, aos usuários e ao Ministério do Trabalho com antecedência mínima de 72 horas da paralisação. 20. (CESPE/TRT-7 – Analista Judiciário –Área Judiciária – 2017) A respeito do direito de greve e dos serviços essenciais, julgue os itens seguintes. I. Poderá ser considerada abusiva a greve realizada em setores que a lei define como essenciais se, durante o movimento, não for assegurado o atendimento básico inadiável. II. Conforme o TST, será considerado abusivo o movimento paredista se inexistir tentativa prévia de solução direta e pacífica do conflito. III. São considerados essenciais os serviços e as atividades de telecomunicações, de transporte coletivo e de distribuição e comercialização de medicamentos. IV. Em setores de qualquer natureza, é obrigatória a comunicação prévia do movimento de greve aos empregadores e usuários com a antecedência mínima de setenta e duas horas da paralisação. Estão certos apenas os itens A) I, II e III. B) I, II e IV. C) I, III e IV. D) II, III e IV. 21. (FCC/TRT9 – Analista Judiciário – Área Judiciária – 2015) Considerando-se as regras legais sobre a greve, é correto afirmar: Estratégia Carreira Jurídica PGEs - Direito do Trabalho - Prof.: Antônio Daud cj.estrategia.com | 103 102 113 (A) O empregador está terminantemente proibido de contratar novos empregados durante a greve. (B) A greve prescinde de comunicado geral nos serviços e atividades essenciais à comunidade. (C) A manutenção da greve após a decisão da Justiça do Trabalho é abusiva; não o é, entretanto, aquela que, na vigência de acordo, convenção ou sentença normativa, tenha por objetivo exigir o cumprimento de cláusula ou condição. (D) Durante a greve, nos processos contínuos de produção (altos fornos, por exemplo), a eventual perda do equipamento é risco único e exclusivo do empregador. (E) Não é vedada a demissão de empregados durante a greve, e a Justiça do Trabalho, se provocada, dirá se a mesma é procedente ou não. 22. (FCC/TRT9 – Analista Judiciário – Avaliador Federal – 2015) Na greve em serviço essencial (A) é vedada a adesão de empregados que exerçam funções de direção e gerenciamento da atividade. (B) os empregadores e os trabalhadores ficam obrigados, de comum acordo, a garantir, durante a greve, a prestação dos serviços indispensáveis ao atendimento das necessidades inadiáveis da comunidade. (C) o Poder Público deve assumir a prestação do serviço paralisado, ainda que parcialmente, até que se restabeleça a atividade da empresa. (D) o empregado grevista terá descontados os salários dos dias paralisados, ainda que a greve não seja considerada abusiva pela Justiça do Trabalho. (E) o empregador deve requisitar ao Poder Público pessoal em substituição parcial aos empregados grevistas, de forma a assegurar o atendimento às necessidades básicas da população. 23. (FCC/TRT4 – Analista Judiciário – Avaliador Federal – 2015) Nos serviços ou atividades essenciais, deve-se garantir, durante a greve, a prestação dos serviços indispensáveis ao atendimento das necessidades inadiáveis da comunidade. Assim, a Lei de Greve, considera serviços ou atividades essenciais, EXCETO: (A) serviços dos cartórios notariais. (B) tratamento e abastecimento de água. (C) controle de tráfego aéreo. (D) compensação bancária. (E) telecomunicações. 24. (FCC/TRT16 – Oficial Justiça Avaliador – 2014) Considere os seguintes serviços e atividades: I. funerários. II. telecomunicações. III. guarda, uso e controle de substâncias radioativas, equipamentos e materiais nucleares. IV. compensação bancária. Considera-se serviços ou atividades essenciais o que consta em Estratégia Carreira Jurídica PGEs - Direito do Trabalho - Prof.: Antônio Daud cj.estrategia.com | 104 103 113 (A) I, II, III e IV, sendo obrigatória a comunicação de decisão sobre greve aos empregadores e aos usuários com antecedência mínima de quarenta e oito horas da paralisação. (B) I, II e IV apenas, sendo obrigatória a comunicação de decisão sobre greve aos empregadores e aos usuários com antecedência mínima de setenta e duas horas da paralisação. (C) I e II apenas, sendo obrigatória a comunicação de decisão sobre greve aos empregadores e aos usuários com antecedência mínima de setenta e duas horas da paralisação. (D) I, II, III e IV, sendo obrigatória a comunicação de decisão sobre greve aos empregadores e aos usuários com antecedência mínima de setenta e duas horas da paralisação. (E) I, II e IV apenas, sendo obrigatória a comunicação de decisão sobre greve aos empregadores e aos usuários com antecedência mínima de quarenta e oito horas da paralisação. 25. (CESPE/MTE – Auditor Fiscal do Trabalho – 2013) Não existe vedação legal para o exercício de greve em atividade essencial do Estado. 26. (FCC/TRT5 – Oficial de Justiça Avaliador Federal – 2013) Segundo a Lei de Greve − Lei no 7.739/1989 NÃO é considerado serviço ou atividade essencial, (A) assistência médica e hospitalar. (B) compensação bancária. (C) serviço funerário. (D) distribuição e comercialização de medicamentos e alimentos. (E) ensino de primeiro grau. 27. (FCC/TRT1 – Analista Judiciário – Área Judiciária – 2013) Em relação ao direito de greve, é correto afirmar: (A) Ao servidor público civil é garantido o exercício livre e amplo do direito de greve. (B) É assegurado o direito de greve, competindo aos trabalhadores decidir sobre a sua extensão e fixar quais as atividades que serão consideradas como essenciais para fins de delimitação do movimento. (C) Considera-se legítimo exercício do direito de greve a suspensão coletiva, temporária e total, de prestação pessoal de serviços a empregador. (D) São assegurados aos grevistas, dentre outros direitos, o emprego de meios pacíficos tendentes a persuadir ou aliciar os trabalhadores a aderirem à greve, a arrecadação de fundos e a livre divulgação do movimento. (E) Compete aos sindicatos a garantia, durante a greve, da prestação dos serviços indispensáveis ao atendimento das necessidades inadiáveis da comunidade. 28. (FCC/TRT9 – Analista Judiciário – Área Judiciária – 2013) De acordo com o previsto na Lei no 7.783/89 (Lei de Greve), em relação à greve em serviços ou atividades essenciais, é INCORRETA a afirmação: (A) São necessidades inadiáveis da comunidade aquelas que, não atendidas, coloquem em perigo iminente a sobrevivência, a saúde ou a segurança da população. (B) São considerados serviços ou atividades essenciais, entre outros, transporte coletivo; captação e tratamento de esgoto e lixo; telecomunicações; processamento de dados ligados a serviços essenciais. Estratégia Carreira Jurídica PGEs - Direito do Trabalho - Prof.: Antônio Daud cj.estrategia.com | 105 104 113 (C) Os sindicatos, os empregadores e os trabalhadores ficam obrigados de comum acordo, a garantir, durante a greve, a prestação dos serviços indispensáveis ao atendimento das necessidades inadiáveis da comunidade. (D) São considerados serviços ou atividades essenciais, entre outros: assistência médica e hospitalar; funerário; controle de tráfego aéreo; compensação bancária. (E) As entidades sindicais ou os trabalhadores, conforme o caso, ficam obrigados a comunicar a decisão aos empregadores e aos usuários com antecedência mínima de 48 horas da paralisação. 29. (FCC/TRT12 – Analista Judiciário – Oficial de Justiça Avaliador Federal – 2013) A Lei nº 7.783/89 assegura o direito de greve, competindo aos trabalhadores decidir sobre a oportunidade de exercê-lo e sobre os interesses que devam por meio dele defender. Entretanto, durante o período de greve, serão mantidas em atividade equipes de empregados com o propósito de assegurar os serviços ou atividades essenciais. De acordo com essa norma, é INCORRETO afirmar que são considerados serviços essenciais: (A) assistência médica e hospitalar. (B) serviços funerários. (C) controle de tráfico aéreo. (D) compensação bancária. (E) serviços ligados ao Poder Judiciário. 30. (FCC/TRT15 – Analista Judiciário – Área Judiciária – 2013) No tocante à Greve, considere: I. Em regra,a entidade patronal correspondente ou os empregadores diretamente interessados serão notificados, com antecedência mínima de cinco dias da paralisação. II. São assegurados aos grevistas, dentre outros direitos, a arrecadação de fundos e a livre divulgação do movimento. III. A greve nos serviços funerários, em regra, ficam as entidades sindicais ou os trabalhadores, conforme o caso, obrigados a comunicar a decisão aos empregadores e aos usuários com antecedência mínima de 48 horas da paralisação. IV. É vedada a paralisação das atividades, por iniciativa do empregador, com o objetivo de frustrar negociação ou dificultar o atendimento de reivindicações dos respectivos empregados. Está correto o que se afirma APENAS em (A) I e III. (B) I, II e IV. (C) II, III e IV. (D) II e IV. (E) I, III e IV. 31. (CESPE/TRT17 – Analista Judiciário – Área Judiciária – 2013) Os dias de paralisação da prestação dos serviços em razão de greve, desde que os salários continuem a ser pagos, caracterizam interrupção do contrato de trabalho. 32. (FCC/TRT11 – Analista Judiciário – Área Judiciária – 2012) Nos serviços ou atividades essenciais, os sindicatos, os empregadores e os trabalhadores ficam obrigados, de comum acordo, a garantir, durante a Estratégia Carreira Jurídica PGEs - Direito do Trabalho - Prof.: Antônio Daud cj.estrategia.com | 106 105 113 greve, a prestação dos serviços indispensáveis ao atendimento das necessidades inadiáveis da comunidade. Nos termos da lei que assegura o exercício do direito de greve, NÃO são considerados serviços ou atividades essenciais: (A) assistência médica e hospitalar. (B) atividades escolares do ensino fundamental. (C) guarda, uso e controle de substâncias radioativas, equipamentos e materiais nucleares. (D) compensações bancárias. (E) distribuição e comercialização de medicamentos e alimentos. 33. (FCC/TRT3 – Analista Judiciário – Área Judiciária – 2009) Para atender à determinação legal, os grevistas deverão dar notícia do movimento com antecedência mínima de (A) 24 horas para atividades essenciais e 48 para comuns. (B) 48 horas, em quaisquer atividades. (C) 72 horas, em quaisquer atividades. (D) 48 horas para atividades comuns e 72 para essenciais. (E) 48 horas para atividades essenciais e 72 para comuns. 34. (CESPE/TRT17 – Analista Judiciário – Área Judiciária – 2009) O serviço de compensação bancária é considerado como essencial para efeitos de greve. 35. (FCC/TRT23 – Analista Judiciário – Área Judiciária – 2007) Considere as seguintes assertivas a respeito do direito de greve: I. A entidade patronal correspondente ou os empregadores diretamente interessados serão notificados, com antecedência mínima de 24 horas, da paralisação. II. As manifestações e atos de persuasão utilizados pelos grevistas poderão impedir o acesso ao trabalho, mas não poderão causar ameaça ou dano à propriedade ou pessoa. III. Em nenhuma hipótese, os meios adotados por empregados e empregadores poderão violar ou constranger os direitos e garantias fundamentais de outrem. IV. Na greve, em serviços essenciais, ficam as entidades sindicais ou os trabalhadores, obrigados a comunicar a decisão aos empregadores e aos usuários com antecedência mínima de 72 horas de paralisação. Está correto o que consta APENAS em (A) I e II. (B) I, II e III. (C) I e IV. (D) II, III e IV. (E) III e IV. Estratégia Carreira Jurídica PGEs - Direito do Trabalho - Prof.: Antônio Daud cj.estrategia.com | 107 106 113 SINDICATOS Procuradorias 36. FUNDATEC - 2021 - PGE-RS - Procurador do Estado (adaptada) Os Sindicatos constituir-se-ão, em regra, por categorias econômicas ou profissionais específicas; quando, entretanto, os exercentes de quaisquer atividades ou profissões se constituírem, seja pelo número reduzido, seja pela natureza mesma dessas atividades ou profissões, seja pelas afinidades existentes entre elas, em condições tais que não se possam sindicalizar eficientemente pelo critério de especificidade de categoria, é-lhes permitido sindicalizar-se pelo critério de categorias similares ou conexas. 37. CESPE/PGE-PE – Procurador – 2018 (adaptada) O Brasil não recepcionou a Convenção n.º 87 da OIT, já que a plena liberdade e a pluralidade sindicais contrariam o princípio da unicidade sindical. 38. CESPE/PGE-PE – Procurador – 2018 (adaptada) De acordo com a Convenção n.º 87 da OIT, as autoridades públicas devem intervir na elaboração dos estatutos e regulamentos administrativos das organizações de trabalhadores e de entidades patronais. 39. (CESPE/PGE-SE – Procurador – 2017) O sistema sindical brasileiro foi estabelecido para manter a correspondência entre a classe trabalhadora e a empresarial, de modo que, para cada sindicato representativo da categoria profissional, deve existir um sindicato representativo da categoria econômica correspondente. Essa regra, que não se aplica à categoria profissional diferenciada, denomina-se A) dissociação sindical. B) desmembramento sindical. C) paralelismo simétrico sindical. D) adequação setorial negociada. E) unicidade sindical. 40. (CESPE/PGE-AM – Procurador – 2016) Uma categoria profissional similar ou conexa pode se dissociar do sindicato principal no âmbito do mesmo município, para formar um sindicato específico, desde que a nova entidade ofereça possibilidade de vida associativa regular e de ação sindical eficiente. 41. (CESPE – Advogado da União – 2015) Conforme entendimento do TST, serão nulas, por ofensa ao direito de livre associação e sindicalização, cláusulas de convenção coletiva que estabeleçam quota de solidariedade em favor de entidade sindical a trabalhadores não sindicalizados. 42. (CESPE/PG-DF – Procurador – 2013) De acordo com a CF, a associação sindical é livre e a lei não poderá exigir autorização do Estado para a fundação de sindicato, razão por que ocorreu a ratificação da Convenção 87 da Organização Internacional do Trabalho no Brasil, que trata da liberdade sindical e proteção do direito de sindicalização. Magistraturas e MPT 43. (MPT - Procurador do Trabalho/2020) Diante da prevalência do negociado sobre o legislado, considerando a decisão do Supremo Tribunal Federal (ADI 5794) quanto à constitucionalidade do fim da contribuição obrigatória e, com isso, a real dificuldade financeira dos sindicatos, não viola a liberdade sindical a previsão, em norma coletiva, desde que pública e expressa, no sentido de sujeitar as contas do Estratégia Carreira Jurídica PGEs - Direito do Trabalho - Prof.: Antônio Daud cj.estrategia.com | 108 107 113 sindicato obreiro à manutenção direta da contribuição dos empregadores ou organização de empregadores, por intermédio de taxa específica criada. 44. (MPT - Procurador do Trabalho/2020) Acerca das fontes de custeio das entidades sindicais, assinale a alternativa INCORRETA: (A) A contribuição sindical do trabalhador equivale a 1 (um) dia de trabalho por ano. (B) A contribuição sindical patronal varia conforme o capital social da pessoa jurídica. (C) Os valores arrecadados com a contribuição sindical do trabalhador são divididos dentro do sistema sindical da seguinte forma: 60% para o sindicato base, 20% para a federação, 15% para a confederação e 5% para as centrais sindicais. (D) A Lei 13.467/2017 não extinguiu a contribuição sindical. (E) Não respondida. 45. (FCC/Juiz do Trabalho – 1º Concurso Nacional – 2017) Um sindicato, reunindo um grupo de quatrocentos trabalhadores, sem prévio aviso, decidiu, invocando os direitos de liberdade sindical e de livre expressão, fazer um protesto contra a dispensa de sessenta e três empregados de uma empresa privada da região, no horário de maior circulação de pedestres e de automóveis, bloqueando a avenida mais movimentada da cidade, ao lado de hospitais, empresas, escolas e de órgãos do governo. Na situação hipotética descrita, (A) como o protesto do sindicato decorre da manifestação do direitoda liberdade sindical, a atuação da força policial, restringindo o protesto para possibilitar a passagem de ambulâncias aos hospitais da cercania, pode ser entendida como uma conduta antissindical estatal. (B) não caracteriza conduta antissindical o compromisso firmado entre a empresa alvo dos protestos e o respectivo sindicato profissional no sentido de admitir como futuros empregados somente os trabalhadores associados à entidade sindical em tela. (C) caso o grupo de trabalhadores esteja aglomerado em frente à empresa alvo do protesto, não caracterizará conduta antissindical a determinação do empregador para que, mediante seu serviço de segurança privada, seja reprimida a manifestação e retirados os trabalhadores das imediações do estabelecimento patronal mediante uso da força física. (D) não pratica conduta antissindical a manifestação da imprensa local em relação à conduta do sindicato, por meio de matéria jornalística no periódico da região, expendendo críticas contundentes à entidade sindical, as quais contrariaram as expectativas dos trabalhadores envolvidos no protesto. (E) não pratica conduta antissindical a empresa alvo do referido protesto, diante da sua autonomia individual privada, ao firmar com seus candidatos a emprego compromissos de não filiação ou de afastamento da condição de filiado no sindicato em tela. 46. (FGV - CSJT - Juiz do Trabalho Substituto – 2023) A partir de uma noção ampla de liberdade, é possível chegar à contextualização de uma conduta antissindical. Dentre as hipóteses abaixo, NÃO implica cerceamento do direito garantido constitucionalmente de livre associação para fins lícitos: a) pagamento de bonificação pela empresa a empregados que não participaram de movimento grevista, em razão da sobrecarga de trabalho que tiveram pela paralisação dos grevistas; b) na assinatura do contrato de emprego, a entrega, a pedido do recém-contratado, de formulário pendente de assinatura, contendo declaração de oposição do trabalhador ao desconto das contribuições assistencial e confederativa; Estratégia Carreira Jurídica PGEs - Direito do Trabalho - Prof.: Antônio Daud cj.estrategia.com | 109 108 113 c) despedida imotivada de empregado eleito dirigente sindical de entidade associativa que ainda não obteve a concessão do registro sindical do órgão estatal competente; d) omissão da empregadora de enquadrar apenas os dirigentes sindicais recentemente eleitos, antes de sua posse efetiva, conforme novo plano de cargos e salários implementado pela empresa; e) empresa que, para concluir uma negociação coletiva, compromete-se à pagar uma quantia em dinheiro para o sindicato dos trabalhadores. 47. (FGV - CSJT - Juiz do Trabalho Substituto – 2023) Com base no Julgamento da ADI 5794/DF, o Supremo Tribunal Federal posicionou-se acerca da alteração legislativa que suprimiu a compulsoriedade da contribuição sindical. Nos termos dessa decisão é correto afirmar que: a) a extinção da contribuição sindical necessita de aprovação por lei complementar, em paralelismo à idêntica obrigatoriedade existente para a criação de contribuições; b) a instituição da facultatividade do pagamento de contribuições sindicais demanda lei específica, de modo a evitar a inserção de benefícios fiscais em diplomas sobre matérias completamente distintas; c) a alteração normativa, ao afastar o pagamento obrigatório da contribuição sindical, configurou indevida Interferência na autonomia da organização dos sindicatos garantida constitucionalmente; d) a contribuição sindical compulsória, criada no período do Estado Novo, converge com a liberdade de associação dos trabalhadores aos sindicatos; e) a previsão de pagamento de honorários sucumbenciais representou a ampliação das formas de financiamento da assistência judiciária gratuita prestada pelos sindicatos dos trabalhadores perante a Justiça do Trabalho. Outros Cargos 48. (FCC/TRT20 – Analista Judiciário – Área Judiciária – 2016) (adaptada) O direito coletivo do trabalho é o segmento do Direito do Trabalho responsável por tratar da organização sindical, da negociação coletiva, dos contratos coletivos, da representação dos trabalhadores e da greve. Considerando essa definição doutrinária, a legislação pertinente e o entendimento sumulado do Tribunal Superior do Trabalho, (A) é necessário acordo ou convenção coletiva para estabelecimento de banco de horas anual. (B) a solidariedade de interesses econômicos dos que empreendem atividades idênticas, similares ou conexas, constitui o vínculo social básico denominado categoria profissional diferenciada. (C) as confederações organizar-se-ão com o mínimo de sete federações e terão sede na Capital de República. (D) empregado integrante de categoria profissional diferenciada tem o direito de haver de seu empregador vantagens previstas em instrumento coletivo, ainda que a empresa não tenha sido representada por órgão de classe de sua categoria. (E) é vedada a dispensa do empregado sindicalizado a partir do registro da candidatura a cargo de direção sindical, e se eleito, até dois anos após o término de seu mandato, salvo se cometer falta grave. 49. (FCC/TRT20 – Oficial de Justiça Avaliador – 2016) Conforme norma sobre organização sindical contida na Consolidação das Leis do Trabalho, a similitude de condições de vida oriunda da profissão ou trabalho em comum, em situação de emprego na mesma atividade econômica ou em atividades econômicas similares ou conexas, compõe a expressão social elementar compreendida como Estratégia Carreira Jurídica PGEs - Direito do Trabalho - Prof.: Antônio Daud cj.estrategia.com | 110 109 113 (A) dissídio coletivo de trabalho. (B) categoria econômica. (C) categoria profissional. (D) categoria profissional diferenciada. (E) convenção coletiva de trabalho. 50. (FCC/TRT23 – Analista Judiciário – Área Judiciária – 2016) Considerando que categoria profissional diferenciada é a que se forma dos empregados que exerçam profissões ou funções diferenciadas por força de estatuto profissional especial ou em consequência de condições de vida singulares e ainda, que, na forma da lei, motoristas, telefonistas, ascensoristas, publicitários, entre outros, compõem categorias diferenciadas, (A) Manuel, que é motorista, mas trabalha em empresa cuja atividade é preponderantemente rural, deve ser considerado trabalhador rural, tendo em vista que, de modo geral, não enfrenta o trânsito das estradas e cidades. (B) Mariana, que é telefonista, mas trabalha em estabelecimento de crédito, beneficia-se do regime legal relativo aos bancários, tendo em vista a preponderância das atividades exercidas no estabelecimento do empregador. (C) tendo em vista que os profissionais da informática têm peculiaridades e singularidades em suas atividades, é válida decisão judicial que reconhece que os mesmos compõem categoria profissional diferenciada. (D) Danilo trabalha em empresa de engenharia como ascensorista. Como integrante de categoria diferenciada, o trabalhador tem o direito de haver de seu empregador as vantagens previstas no instrumento coletivo negociado pelo sindicato dos ascensoristas. (E) Nelson é publicitário de formação, mas na empresa em que trabalha exerce funções de gerente financeiro. Tendo sido eleito dirigente do sindicado dos publicitários, Nelson não goza de estabilidade no emprego, pois não exerce na empresa atividade pertinente à categoria profissional do sindicato para o qual foi eleito dirigente. 51. (FCC/TRT3 – Analista Judiciário – Avaliador Federal – 2015) A Constituição Federal estabelece em seu artigo 8º, inciso I, que a lei não poderá exigir a autorização do Estado para a fundação de sindicato, ressalvado o registro no órgão competente, vedadas ao Poder Público a interferência e a intervenção na organização sindical. Em assim sendo, considere: I. O registro sindical é obtido mediante autorização do Ministério do Trabalho e Emprego, oportunidade em que a associação obtémpersonalidade civil e, consequentemente, sindical. II. O registro sindical perante o Ministério do Trabalho e Emprego somente se impõe se a entidade sindical resultar de eventual desmembramento da base territorial. III. A estrutura sindical brasileira adota um modelo horizontal herdado da legislação italiana, à época do governo de Getúlio Vargas, não havendo hierarquia entre os órgãos sindicais. IV. As Centrais Sindicais, previstas pelo ordenamento jurídico, embora não integrem a estrutura sindical brasileira, têm sua atuação reconhecida. Está correto o que consta em (A) I, II, III e IV. (B) I, II e III, apenas. Estratégia Carreira Jurídica PGEs - Direito do Trabalho - Prof.: Antônio Daud cj.estrategia.com | 111 110 113 (C) II, apenas. (D) II e III, apenas. (E) IV, apenas. 52. (FCC/TRT2 – Analista Judiciário – Área Judiciária – 2014) São critérios previstos pelo ordenamento jurídico para formação, respectivamente, das categorias econômicas, profissionais e profissionais diferenciadas: (A) Similitude de condições de vida oriunda da profissão ou trabalho em comum, em situação de emprego na mesma atividade econômica ou em atividades econômicas similares ou conexas; solidariedade de interesses econômicos dos que empreendem atividades idênticas, similares ou conexas; e exercício de profissões ou funções diferenciadas por força de estatuto profissional especial ou em consequência de condições de vida singulares. (B) Homogeneidade de representação perante as autoridades administrativas, na defesa dos interesses econômicos; solidariedade de interesses e similitude de condições de vida decorrentes de estatuto profissional próprio; e exercício de profissões ou funções diferenciadas por força de estatuto profissional especial ou em consequência de condições de vida singulares. (C) Solidariedade de interesses econômicos dos que empreendem atividades idênticas, similares ou conexas; similitude de condições de vida oriunda da profissão ou trabalho em comum, em situação de emprego na mesma atividade econômica ou em atividades econômicas similares ou conexas; e exercício de profissões ou funções diferenciadas por força de estatuto profissional especial ou em consequência de condições de vida singulares. (D) Exercício de profissões ou funções diferenciadas por força de estatuto profissional especial ou em consequência de condições de vida singulares; similitude de condições de vida oriunda da profissão ou trabalho em comum, em situação de emprego na mesma atividade econômica ou em atividades econômicas similares ou conexas; e solidariedade de interesses econômicos dos que empreendem atividades idênticas, similares ou conexas. (E) Solidariedade de interesses econômicos dos que empreendem atividades idênticas, similares ou conexas; exercício de profissões ou funções diferenciadas por força de estatuto profissional especial ou em consequência de condições de vida singulares; e similitude de condições de vida oriunda da profissão ou trabalho em comum, em situação de emprego na mesma atividade econômica ou em atividades econômicas similares ou conexas. 53. (FCC/TRT9 – Analista Judiciário – Área Judiciária – 2013) A associação em sindicatos constitui um dos elementos decorrentes da liberdade sindical. O ordenamento jurídico brasileiro, no entanto, impõe a associação sindical a partir da formação de categorias, que podem ser: (A) profissionais diferenciadas: as que se formam a partir da solidariedade de interesses econômicos dos trabalhadores que trabalham em atividades idênticas, similares ou conexas. (B) profissionais diferenciadas: aquelas formadas a partir da similitude de condições de vida oriunda da profissão ou trabalho em comum, em situação de emprego na mesma atividade econômica ou em atividades econômicas similares ou conexas. Estratégia Carreira Jurídica PGEs - Direito do Trabalho - Prof.: Antônio Daud cj.estrategia.com | 112 111 113 (C) profissionais: aquelas formadas a partir da similitude de condições de vida oriunda da profissão ou trabalho em comum, em situação de emprego na mesma atividade econômica ou em atividades econômicas similares ou conexas. (D) econômicas: aquelas formadas a partir da similitude de condições de vida dos trabalhadores, oriunda da profissão ou trabalho em comum dos mesmos, definindo, em consequência, a atividade econômica preponderante das empresas. (E) econômicas: as que se formam a partir do exercício de profissões ou funções diferenciadas em relação aos demais empregados, definindo, em consequência, a atividade econômica preponderante das empresas. 54. (FCC/TRT12 – Analista Judiciário – Oficial de Justiça Avaliador Federal – 2013) (adaptada) O capítulo da Consolidação das Leis do Trabalho relativo à organização sindical contém definições de categorias e regras sobre instrumentos de negociação coletiva. Com base nessas normas, (A) a similitude de condições de vida oriunda da profissão ou trabalho em comum, em situação de emprego na mesma atividade econômica ou em atividades econômicas similares ou conexas, compõe a expressão social elementar compreendida como categoria econômica. (B) a convenção coletiva de trabalho é o acordo de caráter normativo, pelo qual uma ou mais empresas da categoria econômica, estipulam com o sindicato profissional algumas condições de trabalho, aplicáveis ao âmbito das empresas acordantes respectivas relações de trabalho. (C) a solidariedade de interesses econômicos dos que empreendem atividades idênticas, similares ou conexas constitui o vínculo social básico denominado como categoria profissional. (D) a categoria profissional diferenciada é aquela que se forma dos empregados que exercem profissões ou funções diferenciadas por força de estatuto profissional especial ou em consequência de condições de vida singulares. (E) as condições estabelecidas em acordo coletivo de trabalho nem sempre prevalecerão sobre as estipuladas em convenção coletiva de trabalho, em que pese o ajuste estar mais próximo do conjunto de trabalhadores da empresa. 55. FCC/TRT3 – Analista Judiciário – Área Execução de Mandados – 2009) O sistema sindical brasileiro, a partir da Constituição da República de 1.988, identifica-se pelos princípios da (A) unicidade, da simplicidade e da liberdade. (B) unicidade, da liberdade e da livre associação. (C) livre associação, da pluralidade e da unicidade. (D) liberdade, da livre associação e da pluralidade. (E) unicidade, da livre associação e da pluralidade. Estratégia Carreira Jurídica PGEs - Direito do Trabalho - Prof.: Antônio Daud cj.estrategia.com | 113 112 113 GABARITO 1. C 2. E 3. E 4. E 5. C 6. C 7. C 8. B 9. E 10. B 11. E 12. D 13. E 14. A 15. B 16. D 17. B 18. A 19. A 20. A 21. C 22. B 23. A 24. D 25. ANULADA 26. E 27. D 28. E 29. ANULADA 30. D 31. C 32. B 33. D 34. C 35. E 36. C 37. C 38. E 39. C 40. C 41. C 42. E 43. E 44. C 45. D 46. B 47. E 48. A 49. C 50. E 51. E 52. C 53. C 54. D 55. B Estratégia Carreira Jurídica PGEs - Direito do Trabalho - Prof.: Antônio Daud cj.estrategia.com | 114 Estratégia Carreira Jurídica PGEs - Direito do Trabalho - Prof.: Antônio Daud cj.estrategia.com | 115que se refere este artigo. Caso a realidade mostre o serviço cuja paralisação resultem em prejuízo irreparável e não tenha havido acordo entre o empregador e a representação grevista, o citado parágrafo único permite que o empregador contrate empregados para exercer estas funções imprescindíveis para evitar o prejuízo irreparável. Sobre o assunto, Sérgio Pinto Martins6 ensina que “A possibilidade da contratação de serviços se dá enquanto perdurar a greve. Os serviços poderão ser contratados em relação a pessoas jurídicas especializadas, a empresas de trabalho temporário (Lei nº 6.019/74), ou até mesmo mediante contrato de trabalho por prazo determinado, pois existem serviços especificados e acontecimento suscetível de previsão aproximada (§ 1º do art. 4437 da CLT)”. 6 MARTINS, Sérgio Pinto. Direito do Trabalho. 27 ed. São Paulo: Atlas, 2011, p. 876. 7 CLT, art. 443, § 1º - Considera-se como de prazo determinado o contrato de trabalho cuja vigência dependa de termo prefixado ou da execução de serviços especificados ou ainda da realização de certo acontecimento suscetível de previsão aproximada. Estratégia Carreira Jurídica PGEs - Direito do Trabalho - Prof.: Antônio Daud cj.estrategia.com | 12 11 113 2. EFEITOS DA GREVE NO CONTRATO DE TRABALHO INCIDÊNCIA EM PROVA: MÉDIA A regra geral é que, durante a greve, os empregados não prestam serviços e não recebem salário, sendo, por isto, causa de suspensão contratual: Lei 7.783/89, art. 7º Observadas as condições previstas nesta Lei, a participação em greve suspende o contrato de trabalho, devendo as relações obrigacionais, durante o período, ser regidas pelo acordo, convenção, laudo arbitral ou decisão da Justiça do Trabalho. O parágrafo único deste mesmo artigo institui outras duas regras importantes: durante o movimento o grevista não pode ser demitido e, além disso, o empregador não pode contratar substitutos: Lei 7.783/89, art. 7º, parágrafo único. É vedada a rescisão de contrato de trabalho durante a greve, bem como a contratação de trabalhadores substitutos, exceto na ocorrência das hipóteses previstas nos arts. 9º e 14. As exceções mencionadas têm lugar quando é necessário manter alguns empregados em atividade para evitar prejuízo irreparável (art. 9º) e quando a greve é abusiva (art. 14). Falaremos sobre essas situações mais adiante. Apesar da regra geral indicativa da suspensão contratual, a negociação que posteriormente põe fim à greve pode conter cláusula segundo a qual os dias parados não serão descontados; caso isso ocorra, o período será enquadrado como interrupção contratual. 3. ABUSIVIDADE DA GREVE INCIDÊNCIA EM PROVA: ALTA Vimos que o exercício do direito de greve deve ocorrer respeitados os limites legais impostos. Quando a categoria paralisa a prestação dos serviços em movimento que não cumpre os requisitos definidos em lei, tal paralisação não poderá ser enquadrada como greve. O artigo 14 da Lei trata do que se considera abuso de direito de greve: Lei 7.783/89, art. 14 Constitui abuso do direito de greve a inobservância das normas contidas na presente Lei, bem como a manutenção da paralisação após a celebração de acordo, convenção ou decisão da Justiça do Trabalho. Quando as entidades participantes firmam uma CCT ou um ACT elas decidem de comum acordo as regras que serão seguidas durante a vigência do referido diploma negocial. Estratégia Carreira Jurídica PGEs - Direito do Trabalho - Prof.: Antônio Daud cj.estrategia.com | 13 12 113 Sendo assim, não se admite que haja greve durante a vigência do diploma pactuado. Este é o sentido do art. 14, caput. Entretanto, é possível que o empregador descumpra o que foi pactuado, e caso isto ocorra será viabilizado o direito de greve, ou seja, ela não será abusiva. Esta situação foi regulada pelo mesmo artigo 14, em seu § único: Lei 7.783/89, art. 14, parágrafo único. Na vigência de acordo, convenção ou sentença normativa não constitui abuso do exercício do direito de greve a paralisação que: I - tenha por objetivo exigir o cumprimento de cláusula ou condição; II - seja motivada pela superveniência de fatos novo ou acontecimento imprevisto que modifique substancialmente a relação de trabalho. Havendo descumprimento dos requisitos legais impostos ao movimento paredista, a Justiça do Trabalho poderá declará-lo abusivo: SUM-189 GREVE. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO. ABUSIVIDADE A Justiça do Trabalho é competente para declarar a abusividade, ou não, da greve. Caso o empregado grevista cometa atos ilícitos durante a greve, responderá por eles de acordo com sua natureza: Lei 7.783/89, art. 15 A responsabilidade pelos atos praticados, ilícitos ou crimes cometidos, no curso da greve, será apurada, conforme o caso, segundo a legislação trabalhista, civil ou penal. Exemplo de conduta que caracteriza a abusividade do movimento é a sabotagem, onde os grevistas destroem o patrimônio do empregador. Ainda quanto à abusividade da greve é interessante relembrar que, nos serviços ou atividades essenciais, os sindicatos, os empregadores e os trabalhadores ficam obrigados, de comum acordo, a garantir, durante a greve, a prestação dos serviços indispensáveis ao atendimento das necessidades inadiáveis da comunidade. Caso o movimento grevista não respeite tais disposições, restará configurada a abusividade da greve: OJ-SDC-38 GREVE. SERVIÇOS ESSENCIAIS. GARANTIA DAS NECESSIDADES INADIÁVEIS DA POPULAÇÃO USUÁRIA. FATOR DETERMINANTE DA QUALIFICAÇÃO JURÍDICA DO MOVIMENTO Estratégia Carreira Jurídica PGEs - Direito do Trabalho - Prof.: Antônio Daud cj.estrategia.com | 14 13 113 É abusiva a greve que se realiza em setores que a lei define como sendo essenciais à comunidade, se não é assegurado o atendimento básico das necessidades inadiáveis dos usuários do serviço, na forma prevista na Lei nº 7.783/89. 4. OUTROS ASPECTOS RELEVANTES INCIDÊNCIA EM PROVA: BAIXA Tratemos aqui de outros aspectos não detalhados anteriormente, mas que podem vir a ser exigidos em prova. ➢ Direitos dos grevistas Podem ser considerados direitos dos grevistas o uso de meios pacíficos para convencimento dos demais trabalhadores a aderirem à greve e a livre divulgação do movimento: Lei 7.783/89, art. 6º São assegurados aos grevistas, dentre outros direitos: I - o emprego de meios pacíficos tendentes a persuadir ou aliciar os trabalhadores a aderirem à greve; II - a arrecadação de fundos e a livre divulgação do movimento. Neste contexto se admite a realização de piquete pacífico, onde os grevistas permanecem próximos ao local de trabalho para persuadir os demais empregados do estabelecimento a aderirem ao movimento. Sobre o assunto a Lei assegura que os meios adotados não podem representar violação aos direitos e garantias das partes envolvidas: Lei 7.783/89, art. 6º, § 1º Em nenhuma hipótese, os meios adotados por empregados e empregadores poderão violar ou constranger os direitos e garantias fundamentais de outrem. Lei 7.783/89, art. 6º, § 2º É vedado às empresas adotar meios para constranger o empregado ao comparecimento ao trabalho, bem como capazes de frustrar a divulgação do movimento. Lei 7.783/89, art. 6º, § 3º As manifestações e atos de persuasão utilizados pelos grevistas não poderão impedir o acesso ao trabalho nem causar ameaça ou dano à propriedade ou pessoa. Nesta linha, os empregados em greve podem persuadir os demais a aderirem ao movimento, inclusive fazendo piquete na frente da empresa. O que não se admite é que os grevistas impeçam o acesso à empresa dos trabalhadores que decidirem continuar laborando. Além disso, o item ressalta que da greve não pode resultar ameaça ou dano às pessoas ou à propriedade do empregador. Estratégia Carreira Jurídica PGEs - Direito do Trabalho - Prof.: Antônio Daud cj.estrategia.com | 15 14 113 Outra situação que pode ser entendida como direito dos grevistas é a já citada impossibilidadede serem demitidos durante a paralisação, conforme expresso no art. 7º da Lei de Greve: Lei 7.783/89, art. 7º, parágrafo único. É vedada a rescisão de contrato de trabalho durante a greve, bem como a contratação de trabalhadores substitutos, exceto na ocorrência das hipóteses previstas nos arts. 9º e 14. ➢ Julgamento da greve Segundo a lei 7.783/89, cabe à Justiça do Trabalho julgar eventual abusividade do exercício do direito de greve, nos seguintes termos: Lei 7.783/89, art. 8º A Justiça do Trabalho, por iniciativa de qualquer das partes ou do Ministério Público do Trabalho, decidirá sobre a procedência, total ou parcial, ou improcedência das reivindicações, cumprindo ao Tribunal publicar, de imediato, o competente acórdão. Sobre o assunto, cite-se também o dispositivo constitucional sobre a competência da Justiça do Trabalho: CF/88, art. 114. Compete à Justiça do Trabalho processar e julgar: (...) II as ações que envolvam exercício do direito de greve; Reitera-se, aqui, a Súmula 189 do TST, que ressalta a competência da Justiça do Trabalho para declarar a eventual abusividade de movimentos grevistas: SUM-189 GREVE. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO. ABUSIVIDADE A Justiça do Trabalho é competente para declarar a abusividade, ou não, da greve. Cite-se, também, a Súmula Vinculante nº 23, do STF: SÚMULA VINCULANTE Nº 23 A Justiça do Trabalho é competente para processar e julgar ação possessória ajuizada em decorrência do exercício do direito de greve pelos trabalhadores da iniciativa privada. Tais entendimentos jurisprudenciais foram publicados tendo em vista divergências sobre a quem caberia julgar algumas lides relacionadas à greve. Estratégia Carreira Jurídica PGEs - Direito do Trabalho - Prof.: Antônio Daud cj.estrategia.com | 16 15 113 Como ilustra Mauricio Godinho Delgado8, “Não obstante a clareza do comando constitucional de 19889, permanecia certa dissensão interpretativa no tocante à competência judicial para examinar alguns aspectos dos movimentos paredistas, como ocupação de estabelecimento pelos obreiros, restrição a trânsito de trabalhadores pelos piquetes grevistas, etc. Era corrente argumentar-se competir à Justiça Comum Estadual as decisões relacionadas a tais circunstâncias, por meio de ações possessórias, interditos proibitórios e outras medidas congêneres”. ➢ Lockout (locaute) Tudo o que comentamos até agora diz respeito aos casos em que, frustrada a negociação, os empregados decidem entrar em greve. Seria possível, também, que o empregador paralisasse as atividades empresariais com o objetivo frustrar a negociação ou dificultar o atendimento das demandas obreiras? Isto caracteriza o lockout (ou locaute), que é vedado pela legislação: Lei 7.783/89, art. 17. Fica vedada a paralisação das atividades, por iniciativa do empregador, com o objetivo de frustrar negociação ou dificultar o atendimento de reivindicações dos respectivos empregados (lockout). Parágrafo único. A prática referida no caput assegura aos trabalhadores o direito à percepção dos salários durante o período de paralisação. Deste modo, caso o empregador pratique o lockout o lapso temporal em que o serviço não foi prestado será considerado interrupção contratual, ou seja, deverá ser remunerado e será contado como tempo de serviço para todos os fins. Além disso, atendidos os demais requisitos pertinentes, este fato pode ensejar a rescisão indireta dos contratos de trabalho, pois o empregador não estaria cumprindo suas obrigações contratuais. ➢ Greve no serviço público A lei em estudo estabeleceu que lei complementar definirá as regras sobre a greve no serviço público: 8 DELGADO, Mauricio Godinho. Op. cit., p. 1473. 9 O autor se refere ao citado artigo 114 da CF/88. Estratégia Carreira Jurídica PGEs - Direito do Trabalho - Prof.: Antônio Daud cj.estrategia.com | 17 16 113 Lei 7.783/89, art. 16 Para os fins previstos no art. 37, inciso VII10, da Constituição, lei complementar definirá os termos e os limites em que o direito de greve poderá ser exercido. Ainda não foi editada a lei complementar que regularia a greve dos servidores públicos, conforme previsto na Constituição Federal desde 1988. O STF vinha encampando a vertente tradicional, entendendo que, uma vez constituinte tendo condicionado o exercício da greve à obediência de lei específica, tratar-se-ia de direito com eficácia limitada, não passível de ser exercitado. A vertente moderna, por outro lado, como assevera Godinho11 é liderada, no Brasil, por José Afonso da Silva, e, ante a inércia do legislador ordinário, o STF, a partir de 2007, redirecionou seu entendimento, passando a permitir que o inciso VII do art. 37 da CF tivesse eficácia imediata, observados os limites da Lei de Greve existente no país: Lei 7.783/1989. Destaca-se, ainda, a decisão do STF no âmbito do RE 693456-RJ, em outubro de 2016, em tema de repercussão geral reconhecida, pela legalidade do corte do ponto dos servidores grevistas, para fins de não efetivação do pagamento salarial: “A administração pública deve proceder ao desconto dos dias de paralisação decorrentes do exercício do direito de greve pelos servidores públicos, em virtude da suspensão do vínculo funcional que dela decorre, permitida a compensação em caso de acordo. O desconto será, contudo, incabível se ficar demonstrado que a greve foi provocada por conduta ilícita do Poder Público”. ➢ Greve branca, “operação tartaruga”, greve de rendimento, greve de zelo Existem condutas que podem ser consideradas próximas ou associadas ao movimento grevista, havendo certa dificuldade em enquadrá-la (ou não) como greve. 10 CF/88, art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte: (...) VII - o direito de greve será exercido nos termos e nos limites definidos em lei específica; 11 DELGADO, Maurício Godinho. Direito Coletivo do Trabalho. 7ª edição. 2017. P. 64-65. Estratégia Carreira Jurídica PGEs - Direito do Trabalho - Prof.: Antônio Daud cj.estrategia.com | 18 17 113 O seguinte trecho da obra de Sérgio Pinto Martins12 resume o significado das expressões: “A greve branca é greve, pois apesar de os trabalhadores pararem de trabalhar e ficarem em seus postos de trabalho, há cessação da prestação dos serviços. Entretanto, a “operação tartaruga”, ou greve de rendimento, em que os empregados fazem seus serviços com extremo vagar, ou a greve de zelo, na qual os trabalhadores se esmeram na produção ou acabamento do serviço, não podem ser consideradas como greve, pois não há a paralisação da prestação do serviço”. Seguindo esta interpretação, só podemos considerar greve o movimento em que houver a efetiva suspensão da prestação dos serviços pelos empregados. Adotando-se esta linha, portanto, a “operação tartaruga” (greve de rendimento) e a greve de zelo, na verdade, não poderiam ser consideradas como greve. SINDICATOS O conceito de sindicato, segundo Amauri Mascaro Nascimento13, é “(...) uma forma de organização de pessoas físicas ou jurídicas que figuram como sujeitos nas relações coletivas de trabalho. A característica principal do sindicato é ser uma organização de um grupo existente na sociedade. Essa organização reúne pessoas físicas, os trabalhadores, mas pode reunir também pessoas jurídicas, as empresas, uma vez que estas se associam em sindicatos também – os sindicatos dos empregadores. As pessoas que se associam o fazem não para fins indiscriminados, mas como sujeitos das relações coletivas de trabalho”. A CLT possui um título próprio que trata dos sindicatos, que é o Título V – DA ORGANIZAÇÃO SINDICAL. Este trecho se inicia com o art. 511, que segue abaixo: CLT, art. 511. É lícita a associação para fins de estudo, defesa e coordenaçãodos seus interesses econômicos ou profissionais de todos os que, como empregadores, empregados, agentes ou trabalhadores autônomos ou profissionais liberais exerçam, respectivamente, a mesma atividade ou profissão ou atividades ou profissões similares ou conexas. 12 MARTINS, Sérgio Pinto. Direito do Trabalho. 27 ed. São Paulo: Atlas, 2011, p. 869. 13 NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Iniciação ao Direito do Trabalho. 37 ed. São Paulo: LTr, 2012, p. 465. Estratégia Carreira Jurídica PGEs - Direito do Trabalho - Prof.: Antônio Daud cj.estrategia.com | 19 18 113 Da leitura do dispositivo percebe-se que não apenas os trabalhadores que possuem vínculo empregatício podem se organizar em sindicatos: a própria CLT prevê a possibilidade de organizações sindicais de autônomos e profissionais liberais. 1. CRITÉRIOS DE AGREGAÇÃO DOS TRABALHADORES AO SINDICATO INCIDÊNCIA EM PROVA: ALTA Em relação aos critérios para agregação dos trabalhadores aos sindicatos é importante conhecer as conceituações de categoria econômica, categoria profissional e categoria profissional diferenciada, conforme preceituado na CF/8814 e na CLT. Esquematizando temos o seguinte: Categoria econômica » » CLT, art. 511, § 1º A solidariedade de interesses econômicos dos que empreendem atividades idênticas, similares ou conexas, constitui o vínculo social básico que se denomina categoria econômica. Categoria profissional » » CLT, art. 511, § 2º A similitude de condições de vida oriunda da profissão ou trabalho em comum, em situação de emprego na mesma atividade econômica ou em atividades econômicas similares ou conexas, compõe a expressão social elementar compreendida como categoria profissional. Categoria profissional diferenciada » » CLT, art. 511, § 3º Categoria profissional diferenciada é a que se forma dos empregados que exerçam profissões ou funções diferenciadas por força de estatuto profissional especial ou em consequência de condições de vida singulares. Passemos à análise de cada um dos conceitos. ➢ Categoria econômica A categoria econômica se refere à atividade desenvolvida pelo empregador, de modo que as empresas que realizam atividades iguais ou semelhantes se organizam em sindicatos patronais. 14 CF/88, art. 8º, II - é vedada a criação de mais de uma organização sindical, em qualquer grau, representativa de categoria profissional ou econômica, na mesma base territorial, que será definida pelos trabalhadores ou empregadores interessados, não podendo ser inferior à área de um Município; Estratégia Carreira Jurídica PGEs - Direito do Trabalho - Prof.: Antônio Daud cj.estrategia.com | 20 19 113 ➢ Categoria profissional O sindicato organizado por categoria profissional é aquele em que os trabalhadores são agregados em virtude de seu(s) empregador(es) desenvolver(em) atividade econômica similar ou conexa: CLT, art. 511, § 2º A similitude de condições de vida oriunda da profissão ou trabalho em comum, em situação de emprego na mesma atividade econômica ou em atividades econômicas similares ou conexas, compõe a expressão social elementar compreendida como categoria profissional. Sobre o conceito de categoria profissional e sua relação com a atividade desenvolvida pelo empregador, Mauricio Godinho Delgado15 explica que “O ponto de agregação na categoria profissional é a similitude laborativa, em função da vinculação a empregadores que tenham atividades econômicas idênticas, similares ou conexas. A categoria profissional, regra geral, identifica-se, pois, não pelo preciso tipo de labor ou atividade que exerce o obreiro (e nem por sua exata profissão), mas pela vinculação a certo tipo de empregador. Se o empregado da indústria metalúrgica labora como porteiro na planta empresarial (e não em efetivas atividades metalúrgicas), é, ainda assim, representado, legalmente, pelo sindicato de metalúrgicos, uma vez que seu ofício de porteiro não o enquadra como categoria diferenciada”. Esta forma de agregação dos trabalhadores é conhecida como sindicato vertical. Sobre a parte final da citação (uma vez que seu ofício de porteiro não o enquadra como categoria diferenciada), veremos a seguir que, quando a categoria é diferenciada, outro resultado haveria no exemplo citado. ➢ Categoria profissional diferenciada Iniciando pela definição constante da CLT, CLT, art. 511, § 3º Categoria profissional diferenciada é a que se forma dos empregados que exerçam profissões ou funções diferenciadas por força de estatuto profissional especial ou em consequência de condições de vida singulares. 15 DELGADO, Mauricio Godinho. Op. cit. p. 1365. Estratégia Carreira Jurídica PGEs - Direito do Trabalho - Prof.: Antônio Daud cj.estrategia.com | 21 20 113 Este modo de agregação dos trabalhadores também é chamado de sindicato horizontal, e a peculiaridade deste modo de associação é a seguinte, conforme ensinamento de Valentim Carrion16: “Categoria profissional diferenciada é que tem regulamentação específica do trabalho diferente da dos demais empregados da mesma empresa, o que lhes faculta convenções ou acordos coletivos próprios, diferentes dos que possam corresponder à atividade preponderante do empregador, que é regra geral”. Neste mesmo sentido o ensinamento de Amauri Mascaro Nascimento17 “As pessoas que exercem a mesma profissão podem criar seu sindicato. Os engenheiros podem formar um sindicato por profissão. Reunirá todos os engenheiros de uma base territorial, não importando o setor de atividade econômica em que a sua empresa se situe. É a isso que se dá o nome de sindicato de categoria diferenciada.” Assim, o empregado estará enquadrado na categoria profissional diferenciada não pela atividade do empregador, e sim pelo fato de a profissão estar regulamentada. Na CLT existe um quadro (anexo à lei) que exemplifica diversas categorias profissionais diferenciadas, entre elas professores, jornalistas profissionais, motoristas, etc. Retomando o exemplo anterior, em que o porteiro da metalúrgica é representado pelo sindicato dos metalúrgicos, aprendemos que isto se dá pelo fato de que o ofício de porteiro não o enquadra como categoria diferenciada. Se mudássemos o exemplo e citássemos o motorista da indústria metalúrgica, neste caso o empregado será representado não mais pelo sindicato dos metalúrgicos, e sim pelo sindicato representativo de sua categoria profissional diferenciada (motoristas). E como se define uma categoria profissional com sendo diferenciada? Ela o será se estiver prevista no Quadro de Atividades e Profissões constante da CLT ou se houver outra lei que assim o determine. Este é o entendimento do TST, materializado na OJ 36 da SDC: OJ-SDC-36 EMPREGADOS DE EMPRESA DE PROCESSAMENTO DE DADOS. RECONHECIMENTO COMO CATEGORIA DIFERENCIADA. IMPOSSIBILIDADE 16 CARRION, Valentim. Comentários à Consolidação das Leis do Trabalho. 37 ed. Atualizada por Eduardo Carrion. São Paulo: Saraiva, 2012, p. 494. 17 NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Op. cit., p. 461. Estratégia Carreira Jurídica PGEs - Direito do Trabalho - Prof.: Antônio Daud cj.estrategia.com | 22 21 113 É por lei e não por decisão judicial, que as categorias diferenciadas são reconhecidas como tais. De outra parte, no que tange aos profissionais da informática, o trabalho que desempenham sofre alterações, de acordo com a atividade econômica exercida pelo empregador. Outro aspecto a ser salientado é que, para que a norma coletiva da categoria diferenciada seja de cumprimento obrigatório, o empregador (diretamente ou através de seu sindicato patronal) deve ter figurado como parte na celebração de tal acordo. Este é o teor da Súmula 374 do TST: SUM-374 NORMA COLETIVA. CATEGORIA DIFERENCIADA. ABRANGÊNCIA Empregado integrante de categoria profissional diferenciada não tem o direito de haver de seu empregador vantagens previstas em instrumento coletivo no qual aempresa não foi representada por órgão de classe de sua categoria. Retomando o exemplo do motorista da indústria metalúrgica: para que seu empregador seja obrigado a cumprir as disposições específicas do diploma coletivo da categoria profissional diferenciada, a empresa ou o sindicato do segmento econômico devem ter participado da celebração deste instrumento. Se nem a empresa e nem o sindicato patronal figuraram como parte nesta negociação coletiva, aplicar-se-á aos motoristas da empresa a CCT ou ACT aplicável aos demais empregados. 2. NATUREZA JURÍDICA, REGISTRO E UNICIDADE SINDICAL INCIDÊNCIA EM PROVA: ALTA Ao falarmos sobre os princípios aplicáveis ao Direito Coletivo do Trabalho mencionamos o princípio da autonomia sindical, que garante aos sindicatos liberdade de se organizarem sem interferências do Estado e das empresas. Com isso, a doutrina é unânime no sentido de que os sindicatos possuem natureza jurídica privada, pois, se ostentassem natureza pública, estariam sujeitos à interferência estatal. Por serem autônomos, não cabe autorização do Estado para sua criação. Entretanto, a própria CF/88 exige o registro de tais entidades no órgão competente: CF/88, art. 8º É livre a associação profissional ou sindical, observado o seguinte: I - a lei não poderá exigir autorização do Estado para a fundação de sindicato, ressalvado o registro no órgão competente, vedadas ao Poder Público a interferência e a intervenção na organização sindical; Estratégia Carreira Jurídica PGEs - Direito do Trabalho - Prof.: Antônio Daud cj.estrategia.com | 23 22 113 A Constituição não identificou qual seria o órgão competente, e isto gerou interpretação de que bastaria o registro do sindicato no Cartório de Registro Civil de Pessoas Jurídicas. Após controvérsias, o STF decidiu que é necessário o registro no Ministério do Trabalho – MTb (mesmo que já tenha havido o registro no Cartório de Registro Civil de Pessoas Jurídicas). Um dos problemas que ocorreriam caso fosse dispensado o registro no MTb seria o controle da unicidade sindical, que é o assunto do próximo tópico. ➢ Unicidade sindical A unicidade sindical se contrapõe à pluralidade sindical. Na unicidade sindical, adotada pela CF/88, somente se admite um sindicato representativo dos trabalhadores na mesma base territorial (a base não pode ser inferior a um Município): CF/88, art. 8º, II - é vedada a criação de mais de uma organização sindical, em qualquer grau, representativa de categoria profissional ou econômica, na mesma base territorial, que será definida pelos trabalhadores ou empregadores interessados, não podendo ser inferior à área de um Município; Já no modelo de pluralidade sindical não existe tal restrição, podendo ser criado mais de um sindicato na mesma base territorial. Existem severas críticas doutrinárias quanto à previsão constitucional da unicidade sindical, pois ela fere a liberdade sindical plena defendida pela Organização Internacional do Trabalho - OIT. No dizer de Sérgio Pinto Martins18, “Está a estrutura sindical brasileira baseada ainda no regime de Mussolini, em que só é possível o reconhecimento de um único sindicato em dada base territorial, que não pode ser inferior à área de um município. Um único sindicato era mais fácil de ser controlado, tornando-se obediente”. Sobre a liberdade sindical é oportuno mencionar que o Brasil não ratificou a Convenção 87 da OIT, intitulada CONVENÇÃO SOBRE A LIBERDADE SINDICAL E A PROTEÇÃO DO DIREITO SINDICAL. A Convenção 87 da OIT inclui, entre outros, os seguintes dispositivos sobre a liberdade sindical: 18 MARTINS, Sérgio Pinto. Direito do Trabalho. 27 ed. São Paulo: Atlas, 2011, pág. 734. Estratégia Carreira Jurídica PGEs - Direito do Trabalho - Prof.: Antônio Daud cj.estrategia.com | 24 23 113 PARTE I - Liberdade sindical ARTIGO 2 Os trabalhadores e as entidades patronais, sem distinção de qualquer espécie, têm o direito, sem autorização prévia, de constituírem organizações da sua escolha, assim como o de se filiarem nessas organizações, com a única condição de se conformarem com os estatutos destas últimas. ARTIGO 3 (...) 2. As autoridades públicas devem abster-se de qualquer intervenção susceptível de limitar esse direito ou de entravar o seu exercício legal. Sobre os limites impostos à liberdade sindical pelas Constituições anteriores e a atual redação da CF/88 o Ministro Godinho19 ensina que “A Constituição de 1988 iniciou, sem dúvida, a transição para a democratização do sistema sindical brasileiro, mas sem concluir o processo. (...) Nesse quadro, a Constituição afastou a possibilidade jurídica de intervenção e interferências político-administrativas do Estado, (...). Reforçou o papel dos sindicatos na defesa dos direitos coletivos ou individuais da categoria (...). Alargou os poderes de negociação coletiva trabalhista (...). Entretanto, manteve o sistema de unicidade sindical (art. 8º, II, CF/88).” A unicidade sindical imposta pela CF/88, portanto, limita a liberdade de organização dos sindicatos no Brasil. Seguindo adiante, convém fazer uma observação: unicidade sindical (que vimos acima) não se confunde com unidade sindical. 19 DELGADO, Mauricio Godinho. Op. cit. p. 1369. unicidade sindical ≠ unidade sindical Estratégia Carreira Jurídica PGEs - Direito do Trabalho - Prof.: Antônio Daud cj.estrategia.com | 25 24 113 Experiências práticas de outros países em que é vigente a pluralidade sindical demonstram que, com o amadurecimento da organização sindical, estes se unem formando um sindicato mais forte, dando origem a uma unidade sindical. Assim, a pluralidade sindical não é uma imposição legal, mas sim uma faculdade. 3. OUTRAS DISPOSIÇÕES RELEVANTES INCIDÊNCIA EM PROVA: MÉDIA Trataremos neste tópico de outras disposições relevantes, que podem vir a ser exigidas em provas de concurso público. ➢ Atribuições sindicais A principal atribuição das entidades sindicais é a representação dos trabalhadores, defendendo os interesses da categoria: CF/88, art. 8º, III - ao sindicato cabe a defesa dos direitos e interesses coletivos ou individuais da categoria, inclusive em questões judiciais ou administrativas; Esta atuação ocorre, como dito no art. 8º, II, na defesa dos direitos e interesses coletivos ou individuais, o que abrange atuação do sindicato na esfera administrativa e na defesa dos trabalhadores na via judicial (como no caso da substituição processual). Além disso, relevante é a atuação negocial do sindicato, buscando melhorias nas negociações coletivas de trabalho: CF/88, art. 8º, VI - é obrigatória a participação dos sindicatos nas negociações coletivas de trabalho; Finalizando este tópico, reparem que a reforma trabalhista acabou com a obrigatoriedade de homologação das dispensas de empregados perante o sindicato (era obrigatória para empregados com mais de 1 ano de serviço): CLT, art. 477, § 1º - O pedido de demissão ou recibo de quitação de rescisão, do contrato de trabalho, firmado por empregado com mais de 1 (um) ano de serviço, só será válido quando feito com a assistência do respectivo Sindicato ou perante a autoridade do Ministério do Trabalho e Previdência Social. ➢ Receitas sindicais Estratégia Carreira Jurídica PGEs - Direito do Trabalho - Prof.: Antônio Daud cj.estrategia.com | 26 25 113 As receitas sindicais comuns no Brasil são quatro, a saber: contribuição sindical, contribuição confederativa, contribuição assistencial e mensalidade dos associados. Recorrendo uma vez mais a uma tabela, para facilitar a visualização: Contribuição sindical »» Anteriormente chamada de imposto sindical. A partir da reforma trabalhista, deixou de ser obrigatória para todos. Portanto, é devida apenas pelos trabalhadores que autorizarem prévia e expressamente; é recolhida anualmente, sendo regulada pelos artigos 578 a 610 da CLT. Contribuição confederativa»» Objetiva o financiamento da cúpula sindical (sistema confederativo); só pode ser exigida de empregados associados. Contribuição assistencial »» É prevista na negociação coletiva e se destina a custear atividades assistenciais do sindicato; pode ser exigida de todos os empregados. Mensalidade dos associados »» É quantia paga mensalmente para custeio da associação; só pode ser exigida de empregados associados. Com a reforma trabalhista, foi aprovado o fim da obrigatoriedade da contribuição sindical, prevista nos arts. 578 e 579 da CLT. Em outras palavras, a “contribuição sindical obrigatória” que passou a ser apenas “contribuição sindical”. Veja abaixo a comparação da redação destes dispositivos alterados: ANTES DEPOIS Art. 578 - As contribuições devidas aos Sindicatos pelos que participem das categorias econômicas ou profissionais ou das profissões liberais representadas pelas referidas entidades serão, sob a denominação do "imposto sindical", pagas, recolhidas e aplicadas na forma estabelecida neste Capítulo CLT, art. 578. As contribuições devidas aos sindicatos pelos participantes das categorias econômicas ou profissionais ou das profissões liberais representadas pelas referidas entidades serão, sob a denominação de contribuição sindical, pagas, recolhidas e aplicadas na forma estabelecida neste Capítulo, desde que prévia e expressamente autorizadas. Art. 579 - A contribuição sindical é devida por todos aquêles que participarem de uma determinada categoria econômica ou profissional, ou de uma profissão liberal, em favor do sindicato representativo da mesma categoria ou profissão ou, inexistindo êste, na conformidade do disposto no art. 591 CLT, art. 579. O desconto da contribuição sindical está condicionado à autorização prévia e expressa dos que participarem de uma determinada categoria econômica ou profissional, ou de uma profissão liberal, em favor do sindicato representativo da mesma categoria ou profissão ou, inexistindo este, na Estratégia Carreira Jurídica PGEs - Direito do Trabalho - Prof.: Antônio Daud cj.estrategia.com | 27 26 113 conformidade do disposto no art. 591 desta Consolidação. Comentando a alteração, o Ministro Godinho leciona que20: Os preceitos da CLT acima alterados, a par dos dois artigos revogados (arts. 601 e 604), têm o condão de transmutar em simplesmente opcional, voluntária, a antiga contribuição sindical obrigatória, regulada pela Consolidação desde a década de 1940. Quanto à referida alteração, destaco que o STF confirmou a constitucionalidade do fim da contribuição sindical obrigatória, em julgamento de 29/6/2018, no âmbito da ADI 5794. Aproveito para destacar que a MP 873 chegou a alterar a redação dos dispositivos acima, no entanto a medida não foi aprovada pelo Congresso, perdendo sua vigência. A contribuição confederativa, como ressaltado acima, também só pode ser exigida dos empregados filiados ao sindicato. Na CF/88, está prevista em seu art. 8º, IV: CF/88, art. 8º, IV - a assembléia geral fixará a contribuição que, em se tratando de categoria profissional, será descontada em folha, para custeio do sistema confederativo da representação sindical respectiva, independentemente da contribuição prevista em lei; Esta posição (de que só pode ser exigida dos empregados filiados ao sindicato) é reforçada pela Súmula 666 do Supremo Tribunal Federal: SÚMULA Nº 666 A contribuição confederativa de que trata o art. 8º, IV, da Constituição, só é exigível dos filiados ao sindicato respectivo. A contribuição assistencial é prevista em acordos e convenções coletivas e se destina ao custeio das atividades assistenciais do sindicato (a exemplo das negociações coletivas). Sua cobrança tem como fundamento o seguinte dispositivo celetista: CLT, art. 513. São prerrogativas dos sindicatos: (..) 20 DELGADO, Maurício Godinho. DELGADO, Gabriela Neves. A Reforma Trabalhista no Brasil: com os comentários à Lei n. 13.467/2017. 1ª ed. São Paulo: LTr, 2017. P. 245. Estratégia Carreira Jurídica PGEs - Direito do Trabalho - Prof.: Antônio Daud cj.estrategia.com | 28 27 113 e) impor contribuições a todos aqueles que participam das categorias econômicas ou profissionais ou das profissões liberais representadas Em setembro de 2023, o STF alterou seu entendimento anterior, passando a admitir a cobrança da contribuição assistencial de todos os empregados da categoria, sejam filiados ou não ao sindicato. Alterando o posicionamento anterior, foi fixada a seguinte tese de repercussão geral: É constitucional a instituição, por acordo ou convenção coletivos, de contribuições assistenciais a serem impostas a todos os empregados da categoria, ainda que não sindicalizados, desde que assegurado o direito de oposição. Tema 935/ ARE 1018459 "É inconstitucional a instituição, por acordo, convenção coletiva ou sentença normativa, de contribuições que se imponham compulsoriamente a empregados da categoria não sindicalizados." (redação anterior) Percebam que, diferentemente da contribuição sindical, a contribuição assistencial pode ser cobrada de todos os empregados da categoria representada por aquele sindicato. O único requisito estabelecido pelo STF é a garantia do direito de oposição. Dessa forma, os empregados que não desejarem pagar tal contribuição, deverão oportunamente se opor perante o sindicato. Caso o empregado apresente formalmente tal oposição, aí o sindicato não mais estará legitimado a cobrar tal valor. Caso não se oponha, presume-se a legitimidade da cobrança. Contribuição sindical Contribuição assistencial cobrança prevista em lei cobrança prevista em ACT/CCT Não pode ser cobrada de empregados que não autorizarem previamente Pode ser cobrada de empregados que não autorizarem previamente (assegurada a possibilidade de oposição) Valor = 1 dia de trabalho por ano (regra) Valor não é fixo (previsto em negociação coletiva) ➢ Federações, confederações e centrais sindicais Estratégia Carreira Jurídica PGEs - Direito do Trabalho - Prof.: Antônio Daud cj.estrategia.com | 29 28 113 As federações e confederações estão previstas na CLT em Seção denominada DAS ASSOCIAÇÕES SINDICAIS DE GRAU SUPERIOR. O que demais importante se pode destacar é a forma de composição das federações e confederações, segundo os art. 534 e 535: CLT, art. 534 - É facultado aos Sindicatos, quando em número não inferior a 5 (cinco), desde que representem a maioria absoluta de um grupo de atividades ou profissões idênticas, similares ou conexas, organizarem-se em federação. CLT, art. 535 - As Confederações organizar-se-ão com o mínimo de 3 (três) federações e terão sede na Capital da República. Comentamos anteriormente que, quando uma categoria profissional não é organizada em sindicato, é possível que figure no polo subjetivo da negociação a federação ou confederação que represente a categoria: CLT, art. 611, § 2º As Federações e, na falta desta, as Confederações representativas de categorias econômicas ou profissionais poderão celebrar convenções coletivas de trabalho para reger as relações das categorias a elas vinculadas, inorganizadas em Sindicatos, no âmbito de suas representações. É interessante mencionar que este dispositivo trata das federações e confederações; ele não menciona as centrais sindicais (como a CUT). Isto porque, até pouco tempo (2008), não havia previsão formal de sua existência. Como ensina Mauricio Godinho Delgado21, estas instituições (centrais sindicais) não possuem legitimação para celebrar negociação coletiva: “(...) a jurisprudência brasileira, pacificamente (STF e TST), não tem reconhecido legitimidade coletiva às entidades de cúpula do sindicalismo do país: as centrais sindicais (CUT, CTG, Força Sindical, etc.). O fundamento jurídico residiria na circunstância de tais entidades não estarem até então tipificadas em lei, sobrepondo-se, como mero fato sociopolítico,à estrutura sindical regulada pela CLT. Registre-se que a Lei n. 11.648, de 31.3.2008, preferiu não estender a tais entidades os poderes da negociação coletiva trabalhista (...), sufragando, nesta medida, a restrição já consagrada na jurisprudência dominante”. ➢ Direito de dissociação 21 DELGADO, Mauricio Godinho. Op. cit. pg. 1419. Estratégia Carreira Jurídica PGEs - Direito do Trabalho - Prof.: Antônio Daud cj.estrategia.com | 30 29 113 Por fim, precisamos comentar sobre a possibilidade de dissociação de parte dos empregados de um sindicato. Quando um sindicato abrange mais de uma categoria, sejam similares ou conexas, a lei autoriza que os empregados interessados de uma dessas categorias formem novo sindicato representativo: CLT, art. 571. Qualquer das atividades ou profissões concentradas na forma do parágrafo único do artigo anterior [sindicalização pelo critério de categorias similares ou conexas] poderá dissociar-se do sindicato principal, formando um sindicato específico, desde que o novo sindicato, a juizo da Comissão do Enquadramento Sindical, ofereça possibilidade de vida associativa regular e de ação sindical eficiente. Então, por exemplo, em certo município existe o sindicato dos motoristas de transporte coletivo e cobradores. Em determinado momento, os cobradores decidem se dissociar deste sindicato e formar um novo, reunindo apenas os cobradores do transporte coletivo. Em relação a um trecho da parte final do art. 571, caput, da CLT, destaco que ele foi revogado pelo inciso I, do art. 8º, da Constituição Federal22. Assim, após 1988, a dissociação não mais depende de prévia anuência do Ministério do Trabalho, bastando que os interessados, em assembleia geral, deliberem favoravelmente ao desmembramento, e consequente criação do novo sindicato. A respeito do dispositivo celetista sob comento, temos a questão abaixo, correta: CESPE/PGE-AM – Procurador - 2016 Uma categoria profissional similar ou conexa pode se dissociar do sindicato principal no âmbito do mesmo município, para formar um sindicato específico, desde que a nova entidade ofereça possibilidade de vida associativa regular e de ação sindical eficiente. ➢ Conflito de representação Em muitos casos, há mais de um sindicato que pode ser considerado como representante de determinada categoria. Por exemplo: Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção Civil do município de Campinas e o Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção Pesada do Estado de São Paulo. 22 CF, art. 8º, I - A lei não poderá exigir autorização do Estado para a fundação de sindicato, ressalvado o registro no órgão competente, vedadas ao Poder Público e interferência e a intervenção na organização sindical. Estratégia Carreira Jurídica PGEs - Direito do Trabalho - Prof.: Antônio Daud cj.estrategia.com | 31 30 113 Veja, por exemplo, que em relação aos trabalhadores da construção pesada do município de Campinas, ambos sindicatos poderiam pleitear a respectiva representação. Pelo critério da especialização, prevaleceria o sindicato da construção pesada no estado (âmbito territorial mais abrangente, porém mais específico quanto à atividade). Por outro lado, pelo critério da territorialidade, prevaleceria o sindicato da construção civil no município de Campinas (âmbito territorial do município, porém mais abrangente quanto à atividade). Nessas situações, o TST vem entendendo, a despeito de posição contrária mantida pelo Ministro Godinho23, que deve prevalecer o critério da especialização ou da especificidade (e.g., Informativo TST nº 100). ➢ Altos salários com nível superior Como comentamos anteriormente, com a reforma trabalhista, os sindicatos perderam relevância para empregados que percebem salário igual ou superior a duas vezes o teto dos benefícios do RGPS e possuem nível superior (chamados por parte da doutrina como empregados “hiperssuficientes”). A partir de então, estes empregados terão suas relações contratuais disciplinadas, de forma preponderante, por simples acordo individual. CLT, art. 444. As relações contratuais de trabalho podem ser objeto de livre estipulação das partes interessadas em tudo quanto não contravenha às disposições de proteção ao trabalho, aos contratos coletivos que lhes sejam aplicáveis e às decisões das autoridades competente CLT, art. 444, parágrafo único. A livre estipulação a que se refere o caput deste artigo aplica-se às hipóteses previstas no art. 611-A desta Consolidação [prevalência do negociado sobre o legislado], com a mesma eficácia legal e preponderância sobre os instrumentos coletivos, no caso de empregado portador de diploma de nível superior e que perceba salário mensal igual ou superior a duas vezes o limite máximo dos benefícios do Regime Geral de Previdência Social. ➢ Sindicalização no setor público A CF/88 inovou ao permitir a sindicalização e também a greve ao servidor público civil: CF, art. 37, VI - é garantido ao servidor público civil o direito à livre associação sindical; 23 RR-126600-88.2010.5.16.0020 Estratégia Carreira Jurídica PGEs - Direito do Trabalho - Prof.: Antônio Daud cj.estrategia.com | 32 31 113 VII - o direito de greve será exercido nos termos e nos limites definidos em lei específica; Por outro lado, a CF proibiu a sindicalização e a greve aos militares: CF, art. 142, IV - ao militar são proibidas a sindicalização e a greve; A respeito da sindicalização no setor público, é importante destacar a Convenção OIT 151, ratificada pelo Brasil em 2010, que trata da sindicalização e das relações de trabalho na Administração Pública. Em primeiro lugar, a Convenção delimita seu campo de aplicação, possibilitando se excepcionar as forças armadas e as polícias: Convenção OIT 151, art. 1 — 1. A presente Convenção deverá ser aplicada a todas as pessoas empregadas pela administração pública, na medida em que não lhes forem aplicáveis disposições mais favoráveis de outras Convenções Internacionais do Trabalho. 2. A legislação nacional deverá determinar até que ponto as garantias previstas na presente Convenção se aplicam aos empregados de alto nível que, por suas funções, considera-se normalmente que possuem poder decisório ou desempenhem cargos de direção ou aos empregados cujas obrigações são de natureza altamente confidencial. 3. A legislação nacional deverá determinar ainda até que ponto as garantias previstas na presente Convenção são aplicáveis às Forças Armadas e à Polícia. Na sequência, define “empregado público” e seu respectivo sindicato/associação: Art. 2 — Para os efeitos da presente Convenção, o termo ‘empregado público’ designa toda pessoa a quem se aplique a presente Convenção, de acordo com seu artigo 1. Art. 3 — Para os efeitos da presente Convenção, o termo ‘organização de empregados públicos’ designa toda organização, qualquer que seja a sua composição, que tenha por objetivo fomentar e defender os interesses dos empregados públicos. Adiante, prevê proteções aos empregados públicos e seus sindicatos: PARTE II PROTEÇÃO DO DIREITO DE SINDICALIZAÇÃO Art. 4 — 1. Os empregados públicos gozarão de proteção adequada contra todo ato de discriminação sindical em relação com seu emprego. 2. A referida proteção será exercida especialmente contra todo ato que tenha por objetivo: a) subordinar o emprego de funcionário público à condição de que não se filie a uma organização Estratégia Carreira Jurídica PGEs - Direito do Trabalho - Prof.: Antônio Daud cj.estrategia.com | 33 32 113 de empregados públicos ou a que deixe de ser membro dela; b) despedir um empregado público, ou prejudicá-lo de qualquer outra forma, devido a sua filiação a uma organização de empregados públicos ou de sua participação nas atividades normais de tal organização. Art. 5 — 1. As organizações de empregados públicos gozarão de completa independência a respeito das