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Como se Relacionam as
Responsabilidades Civil e Penal nos
Casos de Erro Médico?
A responsabilidade civil e a responsabilidade penal, embora distintas, podem se interligar em casos de
erro médico, criando um cenário complexo para o médico, o paciente e o sistema jurídico. A
compreensão dessas duas esferas de responsabilização é fundamental para profissionais da saúde e do
direito, pois ambas podem ocorrer simultaneamente e têm consequências significativas.
Características Específicas de Cada Responsabilidade
A responsabilidade civil, regida pelo Código Civil, visa reparar os danos causados ao paciente, seja
por meio de indenização financeira ou outras medidas reparatórias. Essa responsabilidade é
geralmente baseada em culpa, ou seja, a negligência, imprudência ou imperícia do médico. O valor
da indenização é calculado considerando os danos materiais (custos com tratamentos,
medicamentos, perda de capacidade laborativa) e morais (sofrimento psicológico, danos à imagem).
A responsabilidade penal, por sua vez, busca punir o médico por um crime, caso o erro médico
configure um delito. O Código Penal tipifica crimes como homicídio culposo (art. 121, §3º), lesão
corporal culposa (art. 129, §6º) e outros, que podem ser aplicados em situações de erro médico.
Essa responsabilização pressupõe dolo ou culpa do profissional, podendo resultar em penas de
detenção, multa ou restrição de direitos.
A relação entre as duas responsabilidades se dá em diversos aspectos. O crime de erro médico, se
configurado, pode gerar o dever de indenização civil, pois a condenação penal normalmente
acarreta a responsabilidade civil. Isto está previsto no art. 935 do Código Civil, que estabelece que a
responsabilidade civil é independente da criminal.
Entretanto, a ausência de responsabilidade penal não implica necessariamente a isenção da
responsabilidade civil, pois o médico pode ser civilmente responsabilizado mesmo sem ser punido
criminalmente. Isso ocorre porque o standard probatório no âmbito civil é menos rigoroso que no
penal.
Implicações Práticas
Na prática médica diária, essas responsabilidades têm diversas implicações. O profissional deve manter
registros detalhados de todos os procedimentos, decisões e comunicações com o paciente, pois estes
documentos serão fundamentais em eventual processo. O prontuário médico bem elaborado, o termo
de consentimento informado e outros documentos podem servir como prova tanto na esfera civil quanto
na penal.
Em resumo, o erro médico pode ensejar tanto a responsabilidade civil quanto a penal, mas a existência
de uma não garante a outra. A análise de cada caso é crucial para determinar a natureza da
responsabilidade e as medidas cabíveis, considerando as particularidades do caso e as provas
apresentadas. É importante ressaltar que ambas as responsabilidades têm como objetivo final não
apenas punir o profissional, mas também preservar a qualidade do atendimento médico e proteger os
direitos dos pacientes.
Vale destacar que a crescente judicialização da medicina tem levado muitos profissionais a adotarem
uma postura de medicina defensiva, realizando exames e procedimentos além do necessário para se
protegerem de possíveis processos. Este fenômeno, embora compreensível, pode impactar
negativamente o sistema de saúde como um todo, aumentando custos e tempo de atendimento.

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