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Como Implementar Práticas Baseadas em Evidências no Cuidado ao Paciente? A implementação de práticas baseadas em evidências (PBE) é crucial para garantir a qualidade e a segurança do cuidado ao paciente com delírio pós-operatório em cardiocirurgia. A enfermeira, como profissional de saúde de contato direto com o paciente, desempenha um papel fundamental nesse processo, promovendo a utilização de intervenções e protocolos embasados em pesquisas científicas rigorosas. A base para a implementação das PBE é a busca por evidências científicas que demonstram a efetividade de determinadas ações no manejo do delírio, como estratégias não farmacológicas de prevenção, protocolos de avaliação e monitoramento, e intervenções farmacológicas eficazes. O processo de implementação de PBE envolve várias etapas sistemáticas. Primeiramente, é necessário identificar um problema ou questão clínica específica relacionada ao delírio pós-operatório. Em seguida, realiza-se uma busca abrangente nas bases de dados científicas, como LILACS, SciELO e PubMed, para encontrar as melhores evidências disponíveis. A análise crítica dessas evidências deve considerar a qualidade metodológica dos estudos, a relevância para o contexto local e a viabilidade de implementação. A enfermeira, em sua atuação, deve estar atenta às diretrizes e recomendações de organizações de saúde renomadas, como a Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) e a Associação Brasileira de Enfermagem (ABEn), que publicam guidelines e protocolos específicos para o manejo do delírio em pacientes cardiosurgicos. Essas diretrizes fornecem um arcabouço de conhecimento sobre as melhores práticas a serem implementadas no contexto hospitalar, incluindo a escolha de instrumentos de avaliação, a aplicação de estratégias de prevenção e o tratamento adequado do delírio. A implementação efetiva das PBE requer o envolvimento de uma equipe multidisciplinar. Médicos, farmacêuticos, fisioterapeutas e outros profissionais de saúde devem trabalhar em conjunto com a equipe de enfermagem para garantir uma abordagem integrada e coerente. É fundamental estabelecer protocolos claros de comunicação entre os membros da equipe e definir as responsabilidades de cada profissional no processo de cuidado. Além da consulta a diretrizes e pesquisas científicas, a enfermeira deve participar ativamente de programas de educação continuada, workshops e congressos que abordam as últimas descobertas sobre o delírio pós-operatório. Essa atualização constante permite a familiarização com novas tecnologias, medicamentos e protocolos, garantindo que as práticas implementadas estejam em conformidade com as melhores evidências disponíveis. O monitoramento e a avaliação contínua são essenciais para o sucesso das PBE. É importante estabelecer indicadores de qualidade específicos, como a incidência de delírio, tempo de recuperação, satisfação do paciente e família, e custos associados ao tratamento. A análise regular desses indicadores permite identificar áreas que necessitam de melhorias e ajustar as práticas conforme necessário. A implementação de PBE no cuidado ao paciente com delírio pós-operatório exige uma mudança de paradigma na equipe de enfermagem, promovendo a cultura da pesquisa e a utilização crítica de informações para a tomada de decisões clínicas. A enfermeira, como líder nesse processo, deve estimular a equipe a buscar e analisar as evidências científicas, bem como a questionar práticas tradicionais que não sejam comprovadas por estudos rigorosos. Essa mudança de cultura contribui para a otimização do cuidado ao paciente, minimizando riscos e proporcionando resultados positivos e duradouros. Para garantir a sustentabilidade das PBE, é fundamental criar um ambiente organizacional que valorize e apoie a prática baseada em evidências. Isso inclui o fornecimento de recursos adequados, como acesso a bases de dados científicas, tempo protegido para estudo e pesquisa, e suporte tecnológico necessário. A instituição deve também reconhecer e recompensar os profissionais que se destacam na implementação de práticas inovadoras baseadas em evidências.