Prévia do material em texto
M402 T07 - Glomerulopatias 14 de junho de 2022. CONCEITO Imunocomplexos (IC) podem se depositar em 4 estruturas glomerulares que são: Mesângio; endotélio capilar; podócitos e membrana basal glomerular. Dependendo da localização do IC e da intensidade da resposta inflamatória, teremos um tipo de doença glomerular. O depósito de IC + agressão inflamatória que gera a desestruturação celular e eletroquímica, permitindo a passagem de proteínas, hemácias, leucócitos, etc. QUANDO SUSPEITAR DE DOENÇA GLOMERULAR Proteinúria - marcador de glomerulopatias, sendo a albumina o principal componente; Hematúria - presente em doenças “proliferativas”, ou seja, intensa atividade inflamatória, encontrada classicamente nas patologias que compõem o grupo de síndrome nefrítica. ATENÇÃO 1: Muita proteinúria com pouco ou nenhuma hematúria é sinal de Síndrome Nefrótica. Muita hematúria, pouca proteinúria é sinal de Síndrome Nefrítica. ATENÇÃO 2: Urina espumosa - indicativo de proteinúria. Urina escurecida - indicativo de hematúria. QUADRO CLÍNICO NEFRÓTICA X NEFRÍTICA SÍNDROME NEFRÍTICA Hematúria sempre presente - formas proliferativas. Início abrupto. Proteinúria 50% dos glomérulos - substrato anatomopatológico da GNRP. Definição de Crescente Celular - presença 2 ou mais camadas de células no espaço de Bowman. Tratamento com imunossupressão agressiva, quando houver formas rapidamente progressivas, independentemente da doença de base. Pulsoterapia com Ciclofosfamida + Metilprednisolona. Glomerulonefrite Difusa Aguda - GNDA - Glomerulonefrite Pós-Estreptocócica Mais comum em crianças de 2 a 14 anos do sexo masculino, com pico de 6 a 10 anos. Estreptococo beta-hemolítico (Streptococcus pyogeneses). Dor de garganta, impetigo na pele. Em adultos: associação com imunossupressão, etilismo, outros agentes infecciosos - prognóstico pior. Antígeno estreptocócico nefritogênico (SPBE) Receptor renal - GAPDH (identificado em bx renal) e outros fatores nefritogênicos. Intervalo entre a exposição ao estreptococo e o desencadeamento da GNDA Faringite - 7 a 10 dias Impetigo - a partir de 10 a 14 dias Outras infecções - variável Evolução com formas rapidamente progressivas (GNRP) - 1% dos casos. Quadro Clínico e Achados Laboratoriais Hematúria microscópica - sempre (100%) Hematúria macroscópica - 30% Edema - 85% Hipertensão arterial - 80% Hipervolemia grave - 10 a 20% Sintomas urêmicos - 10% Urina 1: hematúria DISMÓRFICA, leucocitúria, proteinúria variável. Redução da taxa de filtração glomerular (TFG). Distúrbios eletrolíticos relacionados à redução da TFG - hipercalemia, acidose metabólica, etc. Evidência sorológica de estreptococcia. ASL (> 70% faringites). aDNAse B (>70% impetigo). Complemento total ↓ C3 (90% casos) - Ativação do Sistema Complemento pela via alternativa. Doença autolimitada Medidas dietéticas: restrição de sal e líquidos. Antibioticoterapia - não trata a GNDA, mas evita que a criança seja uma portadora assintomática da bactéria. Diuréticos de alça, hipotensores, vasodilatadores parenterais. Insuficiência renal grave / congestão refratária ao tratamento clínico - diálise. GNDA - Evolução e Prognóstico Contexto clínico de endocardite bacteriana, pacientes com shunts ou abscessos viscerais; Sintomas sistêmicos, como febre, emagrecimento, artralgias e anemias; Detecção de vários autoanticorpos, como ANCA, FAN, fator reumatóide e crioglobulinas devido à estimulação policlonal de linfócitos B. Geralmente remissão clínica em 2 e 4 semanas. Recuperação espontânea da natriurese em cerca de 40 a 72 horas. Normalização do complemento em cerca de 8 semanas. Hematúria microscópica e proteinúria discreta podem persistir por vários meses. Cura: 90-95% das crianças e 60-70% dos adultos. Evolução não favorável - indicação de biópsia renal. Nefropatia da IgA Incidência na segunda e terceira décadas de vida; Também chamada de doença de Berger. GN proliferativa mesangial. Depósito de imunocomplexos de IgA no mesângio (IF). Desequilíbrio entre produção e clearance hepática de IgA. Associação com IVAS (potencial gatilho) - não é necessário para o diagnóstico. Pleomorfismo clínico. Evolução insidiosa. Normocomplemento - Não há consumo do sistema complemento. Quadro Clínico e Achados Laboratoriais Associação com infecção de orofaringe 2 a 3 dias antes. Hematúria macroscópica ou microscópica (hematúria isolada é a forma mais frequente). Caracteristicamente recorrente. Proteinúria em geral não é muito importante. IgA circulante elevada em 30 a 50% (sem relação com prognóstico). Tratamento iECA (captopril) ou BRA (losartana) para todos os pacientes - alvo PTU 1g e função renal preservada (TFG >45-50 mL/minuto) - manter tratamento inespecífico + 6 meses de corticóide oral. Não associar imunossupressor em pacientes com TFG 80% dos casos. Associação clássica com Hepatite C. Brasil - lembrar de esquistossomose como causa secundária de GNMP. Padrão clássico nefrítico-nefrótico - hematúria + PTU elevada. Classificação Tipo 1 - associação com Hepatite C + presença de crioglobulinas circulantes (70 a 90% dos casos). Pode ter etiologia de Hepatite B, LES, endocardite infecciosa e doenças linfoproliferativas; Sem crioglobulinemia: pode ter etiologia com as hepatites B e C, HIV, endocardite infecciosa, infecção de shunt, deficiência congênita de complemento, cirrose hepática, tumores sólidos, etc; Tipo 2 - associação com presença de fator nefrítico C3 - um auto anticorpo que se liga à C3-convertase da via alternativa e degrada continuamente C3, e/ou deficiência de fator H do complemento (mais rara). GNMP tipo I, associada a hepatite C, com presença de crioglobulinas circulantes. Crioglobulinas- Imunocomplexos circulantes que precipitam a baixas temperaturas. Podem se depositar em capilares de diversos órgãos, além dos glomérulos, levando a um acometimento vascular clássico - Vasculite Crioglobulinêmica. GNMP tipo I - consumo de C3 e C4. Tipo 3 - hipocomplementemia não é comum, quando acontece, apenas consumo de C3. Tratamento Resposta inconsistente com o tratamento imunossupressor; Tratamento em geral conservador: Antiproteinúricos; Controle Pressórico; Formas rápidas progressivas - mesmo tratamento preconizado + plasmaférese em casos selecionados; Imunossupressão não está indicado nas formas GNMP relacionadas ao HCV - tratar a doença viral (Sofosbuvir; Velvapatasvir, etc.) SÍNDROME NEFRÓTICA Proteinúria intensa; Na vida, pode ocorrer hematúria; para prova, ele vai dizer que não tem hematúria associada, porque não é um quadro proliferativo, que recruta células, gerando mais inflamação e consequente hematúria intensa. Esse quadro é compatível com síndrome NEFRÍTICA. Características Gerais Proteinúria > 3,5g/24 horas (adultos) e >40 mg/hora/m² em crianças. Hipoalbuminemia (normal + PTU entre 4 e 8g/24h (risco intermediário); deterioração de f. renal + PTU > 8g/24h (risco elevado). Tratamento Não se utilizam corticóides de forma isolada na imunossupressão de pacientes com doença membranosa.