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FATORES PATOGÊNICOS E DIAGNÓSTICO NA MEDICINA TRADICIONAL CHINESA UNIDADE I PROCESSO DE ADOECIMENTO NA MEDICINA TRADICIONAL CHINESA Elaboração Benila Maria Silveira Produção Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração SUMÁRIO UNIDADE I PROCESSO DE ADOECIMENTO NA MEDICINA TRADICIONAL CHINESA ........................................................................5 CAPÍTULO 1 ORIGEM DAS DOENÇAS ............................................................................................................................................................. 5 CAPÍTULO 2 FATORES PATOGÊNICOS .......................................................................................................................................................... 11 CAPÍTULO 3 FATORES EXTERNOS: FRIO E CALOR ................................................................................................................................... 15 CAPÍTULO 4 FATORES EXTERNOS: VENTO ................................................................................................................................................. 18 CAPÍTULO 5 FATORES EXTERNOS: UMIDADE E SECURA ..................................................................................................................... 21 REFERÊNCIAS ...............................................................................................................................................24 4 5 UNIDADE I PROCESSO DE ADOECIMENTO NA MEDICINA TRADICIONAL CHINESA CAPÍTULO 1 ORIGEM DAS DOENÇAS Para entender a origem de toda e qualquer doença, é necessário voltar às bases da Medicina Tradicional Chinesa. Essa sabedoria ancestral se fundamenta em conhecimentos filosóficos do Taoísmo, na observação da natureza e nos princípios que regem a harmonia nela existente. Dessa forma, é sempre importante relembrar e consolidar o conhecimento das teorias bases dessa medicina: Yin e Yang, Cinco Elementos e Zang Fu. Yin e Yang A partir da observação, compreendeu-se os ciclos, movimentos e opostos complementares. A teoria Yin Yang fundamenta-se na existência de tudo o que existe no universo, e são energias de: » Qualidades opostas: › Yang representa todos os aspectos que se caracterizam por atividade, como o calor, o dia, claro, céu, movimento, força, expansão, polaridade positiva, alto, energia masculina (MACIOCIA, 2017, p. 4; YAMAMURA, 2004, p. XLIV); › Yin representa aspectos contrários, como o frio, a noite, repouso, escuridão, retração, polaridade negativa, baixo, Terra, energia feminina (MACIOCIA, 2017, p. 4; YAMAMURA, 2004, p. XLIV); » São complementares: › Nada é totalmente Yin ou Yang, e não existem isoladamente. Um não existe sem o outro. Pois, somente temos consciência do que significa “calor” caso haja um referencial de “frio”; somente é possível entender o que é “escuro” quando se conhece o “claro” (MACIOCIA, 2017, p. 6; YAMAMURA, 2004, p. XLIV); » E um transforma-se no outro: 6 UNIDADE I | PROCESSO DE ADOECIMENTO NA MEDICINA TRADICIONAL CHINESA › Yin contém a semente de Yang, de forma que o primeiro pode transformar-se no segundo, e vice-versa. Por exemplo, o dia corresponde a Yang, e a noite, a Yin. Assim, são dois estágios de um movimento cíclico – um transmutando-se constantemente no outro, da mesma forma que o dia origina a noite e vice-versa (MACIOCIA, 2017, p. 7; YAMAMURA, 2004, p. XLV). Então, quando Yin ou Yang está desequilibrado, um afeta necessariamente o outro. São um estado constante de equilíbrio dinâmico, que é mantido por adaptações contínuas de seus níveis. As doenças têm origem quando se instala esse desequilíbrio (YAMAMURA, 2004, p. XLVI). Figura 1. Símbolo Yin e Yang. Fonte: https://pixabay.com/pt/vectors/yin-yang-%C3%A1sia-harmonia-s%C3%ADmbolo-2024615/. Acesso em: 23 de março de 2020. Cinco Elementos A teoria dos Cinco Elementos se baseia também na natureza e no seu fluxo, bem como na forma de interação entre seus constituintes, nos ciclos de Dominância e Geração. Esses Cinco Princípios são simbolizados por: Madeira, Fogo, Terra, Metal e Água. Estes criam e fazem a manutenção da ordem e da saúde, fazendo parte de um ciclo autorregulador (MACIOCIA, 2017, p. 19). Ciclo de Geração (Mãe e Filho) Ordem de transformação dos Elementos, onde cada um gera e reforça o seguinte, impulsionando um ciclo na seguinte ordem: Madeira → Fogo → Terra → Metal → Água → Madeira... Cada um dos Elementos atua tanto como “Mãe” e como “Filho”, dependendo do referencial (YAMAMURA, 2004, p. XLVII). https://pixabay.com/pt/vectors/yin-yang-%C3%A1sia-harmonia-s%C3%ADmbolo-2024615/ 7 PROCESSO DE ADOECIMENTO NA MEDICINA TRADICIONAL CHINESA | UNIDADE I Figura 2. Ciclo de Geração. Fogo Terra MetalÁgua Madeira Fonte: Adaptado de Maciocia (2007, p. 19). Ciclo de Dominância Existe para controlar o crescimento dos Cinco Elementos, para que a energia do ciclo não se torne excessiva, mantendo a homeostase e o equilíbrio. Dessa forma: Madeira domina Terra; Terra domina Água, Água domina Fogo; Fogo domina Metal, Metal domina Madeira (MACIOCIA, 2017, p. 19). Figura 3. Ciclo de Dominância. Fogo Terra MetalÁgua Madeira Fonte: Adaptado de Maciocia (2007, p. 19). Porém, se há desequilíbrio, há patologia. As relações de desarmonia entre os Cinco Elementos estão indicadas por: 8 UNIDADE I | PROCESSO DE ADOECIMENTO NA MEDICINA TRADICIONAL CHINESA Superdominância e Contradominância Ocorre em ordem inversa do ciclo de Dominância. Quando o Elemento dominado fica em extremo excesso, reverte a relação e enfraquece o Elemento dominador. Assim, Madeira agride Metal, Metal agride Fogo, Fogo agride Água, Água agride Terra e Terra agride Madeira. Em resumo, o “Neto” agride o “Avô” (MACIOCIA, 2017, p. 19; YAMAMURA, 2004, p. XLIX). Figura 4. Ciclo de Contradominância. Fogo Terra MetalÁgua Madeira Fonte: Adaptado de Maciocia (2007, p. 20). Supergeração e Contrageração A hiperatividade de um elemento gera desarmonia no ciclo, levando à agressão entre “Mãe” e “Filho”, e, ao mesmo tempo, em condições de extrema anormalidade, promove o processo de inibição. O excesso é tanto que acomete aquele que o gera: o “Filho” contra a “Mãe” (YAMAMURA, 2004, p. XLIX). Entender essas desarmonias é extremamente importante para o diagnóstico dentro da Medicina Tradicional Chinesa, pois, identificando a desarmonia dos Cinco Elementos, é possível entender as síndromes energéticas, permitindo traçar o melhor tratamento. Zang Fu Essa teoria subdivide os Cinco Elementos em Órgãos (Zang) e Vísceras (Fu). E é bom enfatizar que apesar de ter muita similaridade com a medicina ocidental, alguns fatores não são explicados da mesma forma. Sempre que ler e utilizar o termo, nome de um órgão, lembre de que vai além da bioquímica, fisiologia e da estrutura em si. Zang Fu 9 PROCESSO DE ADOECIMENTO NA MEDICINA TRADICIONAL CHINESA | UNIDADE I remete a toda a filosofia da Medicina Tradicional Chinesa, levando em conta o fluxo da natureza e correlacionando todos os aspectos e experiências de um acúmulo de conhecimento ancestral. Dividem-se da seguinte forma: Quadro 1. Zang Fu (Órgãos e Vísceras). Elemento Órgão Zang Víscera Fu Madeira Fígado Gan Vesícula Biliar Dan Fogo Coração Xin Intestino Delgado Xiao Chang Pericárdio Xin Bao Triplo Aquecedor San Jiao Terra Baço/Pâncreas Pi Estômago Wei Metal Pulmão Fei Intestino Grosso Da Chang Água Rim Shen Bexiga Pang Guang w Fonte: Adaptado de Ross (1994, p. XVII). Os desequilíbrios energéticos acontecem em cada Órgão e Víscera; cada um possui sua fisiopatologia e síndromes energéticas específicas. As origens de alterações físicas, mentais e emocionais são justamente os Zang Fu. Estes, além de promoverem os sinais e sintomas orgânicos e viscerais, também se manifestam ao longo dos meridianos (canais de energia) (YAMAMURA, 2004, p. LIV). Substâncias fundamentais As doenças também dependem do equilíbrio e do livre eharmônico fluxo das substâncias fundamentais. São elas: Qi, Sangue (Xue), Essência (Jing), Fluidos Corporais (Jin-Ye) e Mente (Shen). Qi O Qi em harmonia está em livre fluxo, e se manifesta nos níveis físicos, emocional-mental- espiritual. Quando há circulação pobre, causa “condensação” excessiva, tornando-se denso patologicamente, formando nódulos, massas ou tumores (MACIOCIA, 2017, p. 36). A verdade é que, na visão oriental de saúde, preza-se pelo equilíbrio, pelo livre e harmônico fluxo do Qi. Como enfatiza Maciocia (2017, p. 60): “Quando o Qi é exuberante, o indivíduo tem saúde; quando está fraco, ele adoece; quando está equilibrado, há quietude; quando se move na direção errada, há doença”. 10 UNIDADE I | PROCESSO DE ADOECIMENTO NA MEDICINA TRADICIONAL CHINESA Essência (Jing) Quando há comprometimento já no nascimento, está relacionado à Essência Pré- Celestial, que determina a estrutura básica, a força e vitalidade de cada indivíduo. Já a Essência Pós-Celestial é retirada dos alimentos e líquidos, da respiração, da forma de vida e trabalho (MACIOCIA, 2017, p. 37). Por isso, a importância da boa alimentação, o equilíbrio entre atividade e descanso, e respirar com qualidade. Assim, evita-se consumir a Essência Pré-Celestial, e mantém-se uma boa nutrição e produção do Qi. Sangue (Xue) Tem como função nutrir o corpo, complementando a ação nutriente do Qi (MACIOCIA, 2017, p. 49). Dentre as patologias do sangue podem ocorrer: a Deficiência, quando não é produzido em quantidades suficientes; Calor, provindo do Calor do Fígado (Gan); e a estase, quando não circula adequadamente, por estagnação do Qi, por Calor ou Frio (que são fatores patogênicos, que veremos a seguir) (MACIOCIA, 2017, p. 52). Fluidos corporais (Jin-Ye) Os fluidos puros precisam ser transportados para cima, enquanto os impuros precisam descer (MACIOCIA, 2017, p. 53). Dessa forma, quando há desequilíbrio no sistema corporal, esse ciclo harmônico pode não funcionar. Entre os desequilíbrios também está a deficiência (Secura) e o acúmulo (edema) (MACIOCIA, 2017, p. 56). Mente (Shen) É o tipo mais sutil e imaterial de Qi. Como escreveu Maciocia (2017, p. 56), quando Essência e Qi são deficientes, a Mente sofre e pode tornar-se infeliz, deprimida, ansiosa ou atordoada. Tudo está interligado. Recapitulando, todos os métodos e recursos de tratamento da Medicina Tradicional Chinesa remontam antigas formas de medicina oriental, que visam reestabelecer o equilíbrio da energia vital e o livre e harmônico fluxo do Qi nos canais de energia. Dessa forma, é uma medicina que aborda de modo integral, completo e dinâmico, o processo saúde-doença no ser humano. 11 CAPÍTULO 2 FATORES PATOGÊNICOS Além das desordens e desequilíbrios vistos na unidade anterior, a doença pode ter influência também dos fatores patogênicos. Estes podem ser classificados como: Vento, Frio, Umidade, Calor, Secura e Fogo. Com exceção deste último, podem ter origem interior e exterior (MACIOCIA, 2005, p. 792). Também existem fatores patogênicos de ordem variada, como exemplo, traumas, dieta imprópria, relações sexuais em excesso (ZHUFAN, 2009, p. 70). Os fatores patogênicos externos são relacionados, principalmente, às mudanças climáticas anormais e agentes infecciosos. Geralmente são agudos e infecciosos. Os internos referem-se às emoções, incluindo excesso de trabalho, estresse mental; comumente são crônicos e não infecciosos (ZHUFAN, 2009, p. 70). Fatores patogênicos externos Referem-se principalmente às mudanças climáticas em excesso ou fora de hora. Normalmente são sazonais, relacionadas ao clima da estação ou com o meio ambiente (AUTEROCHE; NAVAILH, 1992, p. 111; ZHUFAN, 2009, p. 70). Dessa forma, é comum, no verão, indivíduos acometidos pelo Calor de Verão; ou quando verão mais prolongado ou no início do outono, bem como em contato constante com lugar úmido, doenças relacionadas à Umidade. Também no outono a Secura adoece mais indivíduos. No Inverno, doenças do Frio; na primavera, doenças do Vento (AUTEROCHE; NAVAILH, 1992, p. 111). Esses fatores patogênicos podem também agir juntos e/ou se transformar um no outro. Por exemplo, gripe pode ser agressão de Vento e Frio; diarreias Umidade e Calor (AUTEROCHE; NAVAILH, 1992, p. 111). A doença pode se instalar quando o clima modifica repentinamente, tornando-se, por exemplo, muito quente ou muito frio, antes que o indivíduo consiga se adaptar (ZHUFAN, 2009, p. 70). Essa mudança rápida não prejudica aqueles que tenham uma constituição forte e mais saudável, porém pode acometer os que, por ventura, tenham a constituição debilitada, mesmo com uma mudança climática leve (ZHUFAN, 2009, p. 70). Há milhares de anos atrás, não existia a associação e comprovação laboratorial das desordens e doenças com fatores patogênicos infecciosos, como fungos, vírus e bactérias (ZHUFAN, 2009, p. 71). 12 UNIDADE I | PROCESSO DE ADOECIMENTO NA MEDICINA TRADICIONAL CHINESA Atualmente, incluídas às modificações climáticas, as manifestações químicas, físicas e biológicas que atuam sobre o organismo, também são fatores patogênicos exógenos levados em consideração (AUTEROCHE; NAVAILH, 1992, p. 112). Para fim de diagnóstico, levam-se mais em consideração os sinais e sintomas do indivíduo, comparado se a pessoa foi ou não exposta a tal clima específico (MACIOCIA, 2005, p. 792). Por exemplo, ao apresentar manifestações clínicas de secreção nasal, espirros, dor de cabeça, tosse, aversão ao frio, nota-se um padrão de fator patogênico externo Vento-Frio (MACIOCIA, 2005, p. 792). Fatores patogênicos internos Fatores patogênicos internos podem ter sinais e sintomas parecidos com os de ordem externa, porém não têm relação direta com o clima (MACIOCIA, 2005, p. 792; ZHUFAN, 2009, p. 73). Entretanto, quando o indivíduo é acometido com um fator patogênico externo, este pode aprofundar e se transformar em um fator patogênico interno. Por exemplo: o vento-Frio externo ao penetrar no corpo pode se transformar em Calor (ROSS, 1994, p. 28). Lembre-se de que os fatores patogênicos podem atuar juntos ou transformar-se um no outro. Como citado, os fatores patogênicos internos possuem a mesma denominação dos fatores patogênicos externos. As emoções reprimidas e o desequilíbrio emocional perturbam o fluxo do Qi e o equilíbrio de Yin e Yang. Dessa forma, a coordenação harmoniosa do Qi e do Sangue (Xue) ficam prejudicadas e patologias aparecem (ZHUFAN, 2009, p. 78). Uma vez que as emoções causam patologias devido ao distúrbio da coordenação harmoniosa do Qi e do Sangue (Xue), as desarmonias internas causadas pelas emoções envolvem, frequentemente, o Coração (Xin), o Fígado (Gan) e o Baço/Pâncreas (Pi) (ZHUFAN, 2009, p. 79). Isso se dá, pois Coração (Xin) além de abrigar a Mente, controla o Sangue; Fígado (Gan) é responsável pelo livre e harmônico fluxo do Qi, e regular o Sangue; e Baço/Pâncreas (Pi) forma o Qi e o Sangue (Xue), além de ascender e descender o Qi (ZHUFAN, 2009, p. 79). O fluxo inconstante das emoções é saudável, já que varia com o ambiente, idade, desenvolvimento, etc. Então, as emoções são consideradas fatores patogênicos apenas quando geram desequilíbrio no sistema, seja ele no Zang Fu quanto em qualquer natureza de desarmonia do Qi (ROSS, 1994, p. 183). 13 PROCESSO DE ADOECIMENTO NA MEDICINA TRADICIONAL CHINESA | UNIDADE I As emoções que são associadas com cada Órgão (Zang) estão listadas na Tabela 2. Quadro 2. As emoções relacionadas ao Zang. Emoção Zang associado Raiva, irritabilidade Fígado (Gan) Alegria, ansiedade, euforia Coração (Xin) Meditação, excesso de pensamentos Baço/Pâncreas (Pi) Tristeza Pulmão (Fei) Medo, Insegurança Rins (Shen) Fonte: Adaptado de Ross (1994, p. 185). Medo e Rins (Shen) O medo saudável está relacionado à autopreservação, vontade de viver. Com o excesso, pode trazer o pavor, podendo lesar o Qi dos Rins. Isso leva à perda temporária de micção e evacuação, por exemplo (ROSS, 1994, p. 185). Raiva e Fígado (Gan)A raiva em harmonia é a força do movimento, de fazer acontecer. Ao reprimir frustrações, irritabilidade e nervosismo, a raiva se manifesta de forma desarmônica. Isso pode causar Yang do Gan hiperativo e Fogo crescente do Gan (ROSS, 1994, p. 186) Assim, sinais de calor aparecem, como a dor de cabeça. Alegria e Coração (Xin) O Coração em harmonia manifesta-se com alegria de viver, a excitação e o riso. Porém, quando se excede, pode ocorrer a euforia, o que prejudica o Xin, pois dispersa o Qi do Coração, fazendo com que o Espírito fique desorientado e confuso (ROSS, 1994, p. 186). Tristeza e Pulmão (Fei) A tristeza também deve ser sentida, a dor da perda e saber deixar ir. Porém, quando isso se torna crônico e obsessivo, transforma-se em angústia, melancolia e tristeza em excesso. Isso enfraquece o Fei, com estagnação de Qi e Sangue (ROSS, 1994, p. 186). Baço/Pâncreas (Pi) Baço/Pâncreas é prejudicado por pensamentos e estudos em excesso, pela preocupação e a obsessão. Dessa forma, a transformação e o transporte dos alimentos ficam comprometidos (ROSS, 1994, p. 186-187). 14 UNIDADE I | PROCESSO DE ADOECIMENTO NA MEDICINA TRADICIONAL CHINESA A Medicina Tradicional Chinesa é tão potente que, mesmo originada há milhares de anos, pode diagnosticar e tratar com sucesso os problemas de saúde gerados pelo estilo de vida do século XXI. Assim, essas informações sobre as disfunções das emoções são indicativos no diagnóstico, demonstrando o quanto a Medicina Tradicional Chinesa é um recurso eficaz também nos distúrbios e desordens emocionais, como a depressão, tão em foco na atualidade. 15 CAPÍTULO 3 FATORES EXTERNOS: FRIO E CALOR Frio Frio é um fator patogênico de natureza Yin. Consequentemente, diminui o Yang e compromete suas funções, como a de aquecimento, movimentação e transformação (ROSS, 1994, p. 30). Apesar de ser relacionado ao inverno, o Frio pode ocorrer em qualquer época do ano (ROSS, 1994, p. 31). O cuidado com a “friagem” é presente no nosso cotidiano, geralmente um alerta que recebemos e perpetuamos dos membros mais velhos de nossa família, justamente para que nenhuma doença nos acometa. Esse cuidado faz todo sentido, pois o frio pode invadir diretamente os canais de energia do corpo, bem como nas partes dos ombros e baixo ventre, causando a dor nas articulações, tendões e calafrios. Essa invasão de Frio é denominada Síndrome de Obstrução Dolorosa (MACIOCIA, 1996, p. 390). Para que o Qi, Sangue (Xue) e líquidos possam se movimentar de forma livre e harmônica, é necessário que o Yang esteja equilibrado. Quando o Frio se instala, prejudica a circulação, manifestando dor (AUTEROCHE; NAVAILH, 1992, p. 116). Algumas manifestações das doenças do Frio podem ser temor de frio, dor no corpo e cabeça, ausência de suor, febre, além do “reumatismo de frio”, caracterizado por dores excessivas nas articulações e dificuldade em mover os membros (AUTEROCHE; NAVAILH, 1992, p. 116). As manifestações clínicas do Frio estão resumidas na Tabela 3. Quadro 3. Manifestações clínicas do Frio. Manifestações clínicas do Frio Dor intensa (melhora com calor) Enrijecimento dos músculos Contração dos tendões Sensação de frio e calafrios Secreções fluidas, finas e aquosas Fonte: Maciocia (2005, p. 799). Também pode invadir diretamente o Estômago (Wei), Intestinos e Útero. Assim, pode causar dor epigástrica e vômito; dor abdominal e diarreia; e dismenorreia aguda. Esse tipo de dor é aliviado com o calor (MACIOCIA, 2005, p. 798). 16 UNIDADE I | PROCESSO DE ADOECIMENTO NA MEDICINA TRADICIONAL CHINESA Outras causas do Frio são a exposição a alimentos e bebidas frias, contato prolongado com superfícies e água fria, roupa insuficiente após transpiração (ROSS, 1994, p. 31). O Vento e a Umidade são fatores patogênicos que podem aumentar os efeitos do Frio (ROSS, 1994, p. 32). Ambos serão discutidos nos próximos capítulos. Calor Fator patogênico de natureza Yang. Dessa forma, tende a consumir o Yin. Está relacionado, e é decorrente do verão e do clima de verão (MACIOCIA, 2005, p. 799; ZHUFAN, 2009, p. 77). De acordo com Ross (1994), o Calor provoca sobre as substâncias e sua circulação as seguintes alterações: » Lesa o Yin. Assim, seca os líquidos orgânicos, reduzindo as secreções. Também resulta em distúrbios do Espírito (Shen), trazendo a insônia e inquietação. » Atrapalha a movimentação do Sangue (Xue), podendo manifestar hemorragias e erupções cutâneas. Algumas manifestações clínicas do Calor estão resumidas no quadro 4. Quadro 4. Manifestações clínicas do Calor. Manifestações clínicas do Calor Aversão ao frio Transpiração Dor de cabeça Urina escura e escassa Lábios secos Sede Fonte: Maciocia (2005, p. 799). A aversão ao frio acontece inicialmente, pois o Calor invade e afeta o Qi Defensivo, que falha em aquecer os músculos (MACIOCIA, 2005, p. 799). Os outros sintomas são relacionados ao consumo dos fluidos corporais (ZHUFAN, 2009, p. 77). Tanto o Calor quanto o Fogo têm características de ascendência. Dessa forma, também podem prejudicar e/ou perturbar as atividades mentais, causando insônia, irritabilidade, dores de cabeça (ZHUFAN, 2009, p. 77). Perceba que as manifestações acontecem na parte superior do corpo. 17 PROCESSO DE ADOECIMENTO NA MEDICINA TRADICIONAL CHINESA | UNIDADE I O Fogo é uma forma de Calor excessivo, de natureza interna. O Calor (Yang), quando abundante, transforma-se em Fogo, como fator patogênico (AUTEROCHE; NAVAILH, 1992, p. 117). Geralmente acompanha sinais de vermelhidão, não necessariamente sendo de queimadura ou insolação (ZHUFAN, 2009, p. 77). Quando o Fogo se mantém, origina o Vento. Este é um Calor extremo, que esgota os líquidos Yin (AUTEROCHE; NAVAILH, 1992, p. 119). Assim, o Fogo é um desequilíbrio interno entre Yin e Yang, acometendo o Zang Fu (ROSS, 1994, p. 34). O fator patogênico Vento será discutido no próximo capítulo. O quadro 5 resume e diferencia Calor, geralmente externo; e Fogo, de natureza interna. Quadro 5. Características e diferenças de Calor e Fogo. Calor – Natureza externa Febre alta, inflamação aguda, sede, rubor facial, vermelhidão nos olhos, lábios secos Denominado de “excesso de calor” Fogo – Natureza interna Febre baixa com sensação de calor no tórax, palmas das mãos e solas dos pés acompanhadas de rubor malar, sudorese noturna, constipação e dores abdominais Derivado da desarmonia do Qi e do Sangue, do consumo da Essência. Também quando Fígado (Gan) ou Coração (Xin) é perturbado por estresse mental e outras influências emocionais Geralmente é gradual e prolongado Fonte: Adaptado de Zhufan (2009, p. 78). 18 CAPÍTULO 4 FATORES EXTERNOS: VENTO Como foi dito anteriormente, o Vento é uma forma excessiva de Calor. Sempre que pensar no fator patogênico Vento, lembre-se da Natureza: como o vento se comporta? O fator patogênico Vento é associado à primavera; mesmo assim, acomete também em outras estações, e é o mais alto Yang (AUTEROCHE; NAVAILH, 1992, p. 113). Dessa forma, gera desequilíbrio e consome o Yin, além de danificar o Sangue (Xue) (MACIOCIA, 1996, p. 386). Tende a afetar a parte superior do corpo, cabeça, pescoço e face; e as partes externas, como pele e músculos (ROSS, 1994, p. 28). As principais manifestações clínicas decorrentes da síndrome do Vento são: » início e desaparecimento rápidos; com mudanças repentinas dos sinais e sintomas; » lesões e sintomas que se movem de um lado para o outro, como a artrite reumatoide com dores migratórias; » sintomas na cabeça e na face, pois afeta a parte superior do corpo; » afeta primeiro o Pulmão (Fei), assim também afeta a pele e pode causar prurido; » movimentos excessivos e anormais, tremores, torções, vertigens, convulsão, além de rigidez e paralisia (MACIOCIA, 1996, p. 386; ZHUFAN, 2009, p. 74). Quando o Vento externo incorpora, interfere na circulação do Qi Defensivo no espaço entre a pele e os músculos. Os tremores e aversão ao frio acontecem devido ao comprometimento do Qi Defensivo, que, emequilíbrio, aquece os músculos e circula livremente. Como o Pulmão (Fei) é responsável pela dispersão desse Qi, a presença do Vento interfere nas funções dispersoras e descendentes desse Zang. Esse é o motivo do acometimento da pele, bem como os sintomas do trato respiratório, como a tosse e a secreção nasal (MACIOCIA, 1996, p. 386). Geralmente, o Vento ataca a parte superior do organismo, e aloja-se na garganta, causando a sensação de prurido. Também o Vento em excesso acomete os canais de energia, principalmente os de natureza Yang, e pode invadir canais de energia da face, causando paralisia facial; afeta o Fígado (Gan), desequilibrando os Cinco Elementos (MACIOCIA, 1996, p. 387). O Vento interior é sempre relacionado ao Fígado (Gan). Pode se originar da invasão do Calor externo; do excesso e desequilíbrio do Yang do Fígado (Gan); Sangue (Xue) deficiente e da deficiência de Sangue (Xue) no Fígado (Gan) (MACIOCIA, 1996, p. 389- 390; ROSS, 1994, p. 112). 19 PROCESSO DE ADOECIMENTO NA MEDICINA TRADICIONAL CHINESA | UNIDADE I As consequências do Vento interno, com Yang hiperativo e o Fogo crescente do Fígado, são ascendentes, podendo afetar o Coração (Xin) e o cérebro, o Espírito (Shen) e levar à perda de consciência e desorientação mental (ROSS, 1994, p. 114). Também relacionados a essa patologia, de forma inicial, estão a raiva repentina, o excesso de irritabilidade e tremores (ROSS, 1994, p. 112). As diferenças e características de Vento externo e interno estão resumidas no quadro 6. Quadro 6. Características e diferenças de Vento. Vento Externo Invade trato respiratório (rinite alérgica), pele (prurido), meridianos (artrite migratória), paralisa facial Acomete o corpo humano exposto ao vento Vento Interno Disfunção do Fígado (Gan) que controla os tendões, distúrbios de movimento ao longo do corpo (tremores e convulsões), vertigem e desmaios, paralisia Desequilíbrio do Yang, principalmente do Fígado (Gan) Fonte: Adaptado de Maciocia (1996, p. 386); Zhufan (2009, p. 74). O fator patogênico Vento se associa a outros, tornando-os mais potentes. São eles: Vento-Frio, Vento-Calor, Vento-Umidade, Vento-Secura e Vento-Água (ROSS, 1994, p. 28). Vento-Frio Em geral, o Vento-Frio tem como sinais e sintomas gerais calafrios, espirros, tosse, secreção nasal, febre baixa, dor e rigidez na região occipital, ausência de sede (MACIOCIA, 2005, p. 796). Os sintomas específicos, de acordo com Maciocia (2005, p. 796) do Vento-Frio são: » a predominância de Vento, ou ataque de vento. Este ocorre quando o Qi está desarmônico e mais fraco. Alguns dos sintomas são a aversão ao vento, pouca transpiração, dor de cabeça; » e a predominância de Frio, ou ataque de frio. Ocorre quando o Qi do indivíduo é mais forte. Aqui, os sintomas mais específicos são a ausência de transpiração, aversão ao frio, dor no corpo. Vento-Calor Essa desordem atrapalha que o Qi do Pulmão (Fei) descenda, e obstrui o espaço entre a pele e os músculos. Tem como sinais e sintomas mais específicos a febre alta, dores mais 20 UNIDADE I | PROCESSO DE ADOECIMENTO NA MEDICINA TRADICIONAL CHINESA brandas, dor de cabeça intensa, por dentro; dor de garganta intensa e sede (MACIOCIA, 2005, p. 797). Vento-Umidade No Vento-Umidade as articulações intumescidas, glândulas aumentadas e a sensação de peso no corpo são sintomas mais específicos (MACIOCIA, 2005, p. 797). Isso se dá pela natureza pegajosa da Umidade (MACIOCIA, 2005, p. 799). Logo à frente, o fator patogênico Umidade será mais bem entendido. Outros sintomas são a aversão ao frio, febre, transpiração, dores no corpo, rigidez occipital (MACIOCIA, 2005, p. 797). Vento-Secura É a junção do Vento-Calor com Secura no nível do Qi Defensivo. Isso explica a aversão ao frio. A Secura prejudica os fluidos corpóreos, trazendo sinais e sintomas como pele, nariz, boca e garganta secos, tosse seca. Além disso, há febre, pequena aversão ao frio, transpiração leve, dor de garganta, língua seca (MACIOCIA, 2007, p. 553). Vento-Água Vento exterior impede o Pulmão (Fei) de abrir as passagens da água e difundir e descer os fluidos, que transbordam e causam edema (MACIOCIA, 2007, p. 553). Sinais e sintomas mais específicos dessa patologia são edema, especialmente na face, com olhos intumescidos, tosse com expectoração branca e aquosa. Também tem aversão ao frio, febre, transpiração e ausência de sede (MACIOCIA, 2005, p. 797). 21 CAPÍTULO 5 FATORES EXTERNOS: UMIDADE E SECURA Secura De natureza Yang, a Secura tende a comprometer a energia Yin e o Sangue (Xue) (MACIOCIA, 2005, p. 801). É relacionado ao outono, quando o ar é mais seco (AUTEROCHE; NAVAILH, 1992, p. 122). Independente da estação, o fator patogênico Secura surge em tempo seco, pode ocorrer em variadas épocas do ano; e também em condições de aquecimento artificial (MACIOCIA, 2005, p. 801). A Secura externa tem manifestações clínicas relacionadas intuitivamente à secura, prejudicando os fluidos corporais: boca, língua, lábios, pele, e fezes secos, e urina escassa (MACIOCIA, 2005, p. 802). Como é relacionado ao clima, é pelo nariz e boca que o fator patogênico penetra, acometendo o Pulmão (Fei). Esse órgão necessita de estar sempre umedecido. Quando a Secura atinge o pulmão (Fei) leva à tosse seca, escarros viscosos, asma e dor no peito (AUTEROCHE; NAVAILH, 1992, p. 123). Já a Secura interna é relacionada à deficiência de Yin, acometendo principalmente Estômago (Wei) e Rins (Shen). Mesmo assim, possui sinais e sintomas em comum com a Secura externa (MACIOCIA, 2005, p. 802). Também é relacionado ao pouco e insuficiente consumo de água ou perda excessiva (ZHUFAN, 2009, p. 76). Sinais e sintomas gerais da Secura estão no quadro 7. Quadro 7. Manifestações clínicas da Secura. Manifestações clínicas da Secura Garganta seca Lábios secos Língua seca Boca seca Pele seca Fezes e urinas ressecadas Fonte: Maciocia (2005, p. 802). Os fluidos se originam no Estômago (Wei). Quando o indivíduo possui uma dieta irregular, come muito tarde, volta ao trabalho logo após alimentar-se, os fluidos ficam esgotados, manifestando a Secura, precursora da deficiência de Yin (MACIOCIA, 2005, p. 802). 22 UNIDADE I | PROCESSO DE ADOECIMENTO NA MEDICINA TRADICIONAL CHINESA Umidade A Umidade tende a consumir o Yang, pois é de natureza Yin (MACIOCIA, 2005, p. 799). Está relacionada ao verão e ao outono (AUTEROCHE; NAVAILH, 1992, p. 120). Esse fator patogênico também se relaciona ao ambiente úmido, bem como a manter-se muito tempo na água, molhado de chuva, com roupas úmidas ou em locais molhados e úmidos (AUTEROCHE; NAVAILH, 1992, p. 120; MACIOCIA, 2005, p. 799). Invade o corpo pelas partes mais baixas. A partir das pernas sobe pelos canais de energia e pode acometer órgãos localizados na pelve. No intestino provoca fezes amolecidas; na bexiga torna a micção difícil e com queimação; nos órgãos femininos, secreções vaginais (MACIOCIA, 2005, p. 799). Tem sinais e sintomas variados, que dependem da natureza (quente ou fria) e sua localização (MACIOCIA, 2005, p. 799). As manifestações clínicas gerais da Umidade estão resumidas no quadro 8. Quadro 8. Manifestações clínicas da Umidade. Manifestações clínicas da Umidade Sensação de peso Pouco apetite Sensação de plenitude Gosto pegajoso na boca Micção difícil Secreção vaginal pegajosa e branca Fonte: Maciocia (2005, p. 799). Além dessas manifestações, também podem ocorrer: pálpebras inchadas e vermelhas, terçóis; úlceras nas gengivas; infertilidade e menstruação dolorosa; suor oleoso, eczema, furúnculo e infecções recorrentes (MACIOCIA, 2005, p. 800). Todos esses sinais e sintomas são explicados pela natureza viscosa, pegajosa, lenta, descendente e difícil de ser desfeita da Umidade (MACIOCIA, 2005, p. 799). Por ser de natureza Yin, consome as funções Yang de movimento e transformação (ROSS, 1994, p. 35). Dessa forma, as secreções e fluidos ficam mais grossos e espessos (urina, secreção vaginal, doenças cutâneas, suor, fezes);a sensação de plenitude se deve à característica mais pesada da Umidade, além de poder causar obstrução dolorosa nas articulações (MACIOCIA, 2005, p. 800). A moxa, aplicada nos canais de energia e pontos certos, é um grande recurso para os sinais e sintomas da Umidade. 23 PROCESSO DE ADOECIMENTO NA MEDICINA TRADICIONAL CHINESA | UNIDADE I Umidade externa A Umidade externa pode invadir os Órgãos Internos: Bexiga, Útero, Vesícula Biliar, Estômago e Intestinos. Nos canais de energia pode causar a obstrução dolorosa (MACIOCIA, 2005, p. 800). Isso explica os sintomas acima citados. Umidade interna Surge pela deficiência Qi do Baço (Pi), dificultando a transformação e transporte dos fluidos corporais (MACIOCIA, 2005, p. 801). Com o Qi deficiente é mais fácil ser acometido pela Umidade externa (ROSS, 1994, p. 36). Os fluidos corporais são acumulados tanto de forma crônica quanto aguda. A primeira pode acometer Órgãos Internos, canais de energia e pele. A aguda está relacionada com a Umidade-Calor e acomete o Qi (MACIOCIA, 2005, p. 801). Na dieta, o consumo excessivo de alimentos derivados do leite e gordurosos ou uma dieta irregular acarreta a formação de Umidade (MACIOCIA, 2007, p. 416). Como já exposto, a Umidade pode se associar a outros fatores patogênicos. Assim, soma sua natureza mais espessa e densa aos sinais e sintomas, dificultando o livre e harmônico fluxo do Qi em geral. Também, a Umidade pode agravar-se e formar Fleuma. Isso acontece pela manutenção do desequilíbrio e deficiência do Baço (Pi), Pulmão (Fei) e Rim (Shen) (MACIOCIA, 1992, p. 393). A Fleuma acomete as partes superior e média do corpo. Algumas manifestações clínicas da Fleuma são: sensação de plenitude no tórax, obstrução de garganta, tontura, alterações mentais. Além disso pode ficar retida nos canais de energia, causando edemas e afetando as articulações. Nesta Unidade, foi exposto o que é preciso sempre ter em mente ao fazer o diagnóstico: que o indivíduo faz parte de um todo. Sempre relembre que a Medicina Tradicional Chinesa tem bases filosóficas pautadas na observação, na integração do ser humano na natureza, sendo uma expressão do Tao. Cada informação que a pessoa lhe dá é importante. Todo sinal e sintoma representam um desequilíbrio, uma causa, um hábito e uma forma de harmonização. Saber o padrão da desordem permite que possa retirar a causa da patologia, e transformar o dia a dia de alguém. A Medicina Tradicional Chinesa e todos os seus recursos (agulhas, moxa, dietoterapia, shiatsu, etc.) são conhecimentos poderosos e riquíssimos, que permitem uma melhor qualidade de vida. Sempre lembrando que a Medicina Tradicional Chinesa é uma forma de harmonização e manutenção do equilíbrio, de melhor funcionalidade na prevenção, mas que também atua no tratamento. 24 REFERÊNCIAS AUTEROCHE, B.; NAVAILH, P. O diagnóstico na medicina chinesa. São Paulo: Editora Andrei, 1992. FLAWS, Bob. O segredo do diagnóstico chinês pelo pulso. São Paulo: Ed. Roca, 2005. HIRSCH, Sônia. Manual do herói – ou a filosofia chinesa na cozinha. 2. ed.. São Paulo, Ed. Corre Cotia, 2001. MACIOCIA, Giovanni. Diagnóstico na medicina chinesa: um guia geral. São Paulo: Ed. Roca, 2005. MACIOCIA, Giovanni. Fundamentos da medicina chinesa: um texto abrangente para acupunturistas e fisioterapeutas. São Paulo: Ed. Roca, 1996. MACIOCIA, Giovanni. Fundamentos da Medicina Chinesa: um texto abrangente para acupunturistas e fisioterapeutas. 2. ed. São Paulo: Ed. Roca, 2007. MACIOCIA, Giovanni. Os fundamentos da medicina chinesa. 3. ed.. São Paulo: Ed. Roca, 2017. ROSS, Jeremy. Zang Fu – Sistemas de órgãos e vísceras da medicina tradicional chinesa: funções, inter- relações e padrões de desarmonia na teoria e na prática. 2. ed. São Paulo: Ed. Roca, 1994. YAMAMURA, Ysao. Acupuntura tradicional: a arte de inserir. 2. ed. São Paulo: Ed. Roca, 2004. ZHUFAN, Xie. Prática da medicina tradicional chinesa. São Paulo: Ed. Ícone, 2009. UNIDADE I Processo de adoecimento na medicina tradicional chinesa Capítulo 1 Origem das doenças Capítulo 2 Fatores patogênicos Capítulo 3 Fatores externos: frio e calor Capítulo 4 Fatores externos: vento Capítulo 5 Fatores externos: Umidade e Secura Referências