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Informações Gerais 
Manual de Gerenciamento de Áreas Contaminadas – 3ª Edição 1
Notas Explicativas 
Esta terceira edição do Manual de Gerenciamento de Áreas Contaminadas contém 16 
Capítulos constituídos por 82 Seções, apresentadas no formato de fascículos 
individuais, com o objetivo possibilitar a contínua revisão e atualização dos textos, 
conforme estabelecido na sua primeira edição. 
A Tabela a seguir apresenta a relação de capítulos e seções que compõe a estrutura 
da 3ª Edição do Manual de Gerenciamento de Áreas Contaminadas, o estado de 
desenvolvimento de cada seção e a sua última versão publicada. 
Esses Capítulos e Seções estão de acordo e abrangem todo o conteúdo da Lei do 
Estado de São Paulo 13.577/2009 e do seu Decreto Regulamentador 59.263/2013, além 
da Resolução Conama 420/2009, que foram frutos da aplicação dos conhecimentos 
difundidos graças à publicação das três primeiras edições do Manual de Gerenciamento 
de Áreas Contaminadas (1999, 2001 e 2021). 
Os Capítulos e respectivas Seções foram elaboradas por técnicos da CETESB e das 
entidades representadas na Câmara Ambiental de Áreas Contaminadas, cuja autoria 
está registrada em cada uma das Seções e em Autores. 
A publicação do Manual é realizada na página eletrônica da CETESB 
(https://cetesb.sp.gov.br/) após o encaminhamento da proposta pela Câmara Ambiental 
de Áreas Contaminadas e a aprovação por meio de Decisão de Diretoria da CETESB 
n° xxx/2023/P. 
 
Informações Gerais 
Apresentação 
Manual de Gerenciamento de Áreas Contaminadas – 3ª Edição 2
Tabela – Estrutura do Manual de Gerenciamento de Áreas Contaminadas 
SEÇÃO ESTADO VERSÃO 
Capítulo 1 – Introdução ao Gerenciamento De Áreas Contaminadas 
1.1 Introdução Publicado 3.1 
1.2 Conceituação Publicado 3.1 
1.3 Histórico do Gerenciamento de Áreas Contaminadas no 
Estado de São Paulo 
Publicado 3.1 
1.4 Conceitos de Hidrogeologia Publicado 3.1 
1.5 Conceitos sobre Transporte de Substâncias nas Zonas 
não Saturada e Saturada 
Publicado 3.1 
1.6 Metodologia de Gerenciamento de Áreas Contaminadas Publicado 3.1 
1.7 Procedimento de Averbação na Matrícula do Imóvel Publicado 3.1 
1.8 Procedimento de Gerenciamento de Áreas 
Contaminadas Críticas 
Publicado 3.1 
1.9 Procedimento de Gerenciamento de Áreas 
Contaminadas em Regiões Prioritárias 
Publicado 3.1 
1.10 Procedimento de Gerenciamento de Áreas 
Contaminadas Órfãs 
Publicado 3.1 
1.11 Medidas Emergenciais em Áreas Contaminadas Publicado 3.1 
1.12 Procedimento de Reutilização de Áreas Reabilitadas e 
Revitalização de Regiões Degradadas 
Publicado 3.1 
1.13 Metodologias para Prevenir a Geração de Áreas 
Contaminadas 
Publicado 3.1 
1.14 Procedimento de Desativação de Atividades 
Potencialmente Geradoras de Áreas Contaminadas 
Publicado 3.1 
Capítulo 2 – Bases Legais 
2.1 Introdução Publicado 3.1 
2.2 Legislação Paulista Publicado 3.1 
2.3 Legislação Brasileira Publicado 3.1 
2.4 Legislação Estadunidense Publicado 3.1 
2.5 Legislação Europeia Publicado 3.1 
Capítulo 3 – Cadastro de Áreas Contaminadas e reabilitadas 
3.1 Introdução Publicado 3.1 
3.2 Sistema de Informações sobre Áreas Contaminadas e 
Reabilitadas (SIACR) 
Publicado 3.1 
3.3 Divulgação das Informações Publicado 3.1 
Capítulo 4 – Identificação de Áreas com Potencial de Contaminação 
4.1 Introdução Publicado 3.1 
Informações Gerais 
Notas Explicativas 
Manual de Gerenciamento de Áreas Contaminadas – 3ª Edição 3
SEÇÃO ESTADO VERSÃO 
4.2 Atividades Potencialmente Geradoras de Áreas 
Contaminadas 
Publicado 3.1 
4.3 Consulta a Dados Cadastrais Existentes Publicado 3.1 
4.4 Consulta a Fotografias Aéreas ou Imagens de Satélite 
Multitemporais 
Publicado 3.1 
4.5 Classificação 1 e Priorização de Áreas com Potencial de 
Contaminação 
Publicado 3.1 
Capítulo 5 – Avaliação Preliminar 
5.1 Introdução Publicado 3.1 
5.2 Levantamento de Informações Existentes Publicado 3.1 
5.3 Levantamento de Informações em Campo Publicado 3.1 
5.4 Elaboração do Primeiro Modelo Conceitual e 
Classificação 2 
Publicado 3.1 
5.5 Relatório de Avaliação Preliminar Publicado 3.1 
Capítulo 6 – Investigação Confirmatória 
6.1 Introdução Publicado 3.1 
6.2 Elaboração do Plano de Investigação Confirmatória Publicado 3.1 
6.3 Execução do Plano de Investigação Confirmatória Publicado 3.1 
6.4 Elaboração do Segundo Modelo Conceitual e 
Classificação 3 
Publicado 3.1 
6.5 Relatório de Investigação Confirmatória Publicado 3.1 
Capítulo 7 – Investigação Detalhada 
7.1 Introdução Publicado 3.1 
7.2 Elaboração do Plano de Investigação Detalhada Publicado 3.1 
7.3 Execução do Plano de Investigação Detalhada Publicado 3.1 
7.4 Elaboração do Terceiro Modelo Conceitual e 
Classificação 4 
Publicado 3.1 
7.5 Relatório de Investigação Detalhada Publicado 3.1 
Capítulo 8 – Avaliação de Risco 
8.1 Introdução Publicado 3.1 
8.2 Identificação e Caracterização dos Riscos e Danos aos 
Bens a Proteger 
Publicado 3.1 
8.3 Elaboração do Quarto Modelo Conceitual e Classificação 
5 
Publicado 3.1 
8.4 Relatório de Avaliação de Risco Publicado 3.1 
8.5 Planilha de Avaliação de Risco Publicado 3.1 
8.6 Comunicação de Risco Publicado 3.1 
Capítulo 9 – Elaboração do Plano de Intervenção 
Informações Gerais 
Apresentação 
Manual de Gerenciamento de Áreas Contaminadas – 3ª Edição 4
SEÇÃO ESTADO VERSÃO 
9.1 Introdução Publicado 3.1 
9.2 Definição das Medidas de Intervenção e Técnicas 
Constituintes 
Publicado 3.1 
9.3 Elaboração do Quinto Modelo Conceitual da Área e 
Classificação 6 
Publicado 3.1 
9.4 Plano de Intervenção Publicado 3.1 
Capítulo 10 – Execução do Plano de Intervenção 
10.1 Introdução Publicado 3.1 
10.2 Implantação, Operação e Avaliação do Desempenho 
das Medidas de Remediação 
Publicado 3.1 
10.3 Implantação e Acompanhamento das Medidas de 
Controle de Engenharia 
Publicado 3.1 
10.4 Implantação e Acompanhamento das Medidas de 
Controle Institucional 
Publicado 3.1 
10.5 Elaboração do Sexto Modelo Conceitual e Classificação 
7 
Publicado 3.1 
10.6 Relatório da Execução do Plano de Intervenção Publicado 3.1 
Capítulo 11 – Monitoramento para Encerramento 
11.1 Introdução Publicado 3.1 
11.2 Planejamento e Execução do Monitoramento para 
Encerramento 
Publicado 3.1 
11.3 Elaboração do Sétimo Modelo Conceitual e 
Classificação 8 
Publicado 3.1 
11.4 Relatório de Monitoramento para Encerramento Publicado 3.1 
Capítulo 12 – Emissão do Termo de Reabilitação para o Uso Declarado 
12.1 Introdução Publicado 3.1 
12.2 Procedimento Publicado 3.1 
12.3 Elaboração do Oitavo Modelo Conceitual e 
Classificação 9 
Publicado 3.1 
Capítulo 13 – Acompanhamento das Medidas de Controle de Engenharia e de 
Controle Institucional 
13.1 Introdução Publicado 3.1 
13.2 Medida de Controle de Engenharia Publicado 3.1 
13.3 Medida de Controle Institucional Publicado 3.1 
13.4 Elaboração do Nono Modelo Conceitual e Classificação 
10 
Publicado 3.1 
13.5 Relatório de Acompanhamento das Medidas de 
Controle de Engenharia e de Controle Institucional 
Publicado 3.1 
Capítulo 14 – Técnicas de Investigação de Áreas Contaminadas 
Informações Gerais 
Notas Explicativas 
Manual de Gerenciamento de Áreas Contaminadas – 3ª Edição 5
SEÇÃO ESTADO VERSÃO 
14.1 Introdução Publicado 3.1 
14.2 Técnicas para a Caracterização Geológica e 
Hidrogeológica 
Publicado 3.1 
14.3 Técnicas para a Caracterização da Contaminação Publicado 3.1 
14.4 A Importância do Controle de Qualidade na 
Amostragem e nas Análises Químicas para a Tomada de 
Decisão 
Publicado 3.1 
14.5 Técnicas para Investigação do Ar Ambiente Publicado 3.1 
Capítulo 15 – Medidas de Intervenção em Áreas Contaminadas 
15.1 Introdução Publicado 3.1 
15.2 Medidas de Remediação por Tratamento Publicado 3.1 
15.3 Medidas de Remediação por Contenção 3.1 
15.4 Medidas de Controle de Engenharia Publicado 3.1 
15.5 Medidas de Controle Institucional Publicado 3.1 
Capítulo 16 – Instrumentos 
16.1 Introdução Publicado 3.1 
16.2 Valores Orientadores Publicadotambém deve conter as 
técnicas e protocolos de amostragem, de controle de qualidade, de preparação de 
amostras e de análises, além de plano de infraestrutura, de segurança e o 
cronograma. 
 
b. Executar o plano definitivo de Investigação Confirmatória 
O plano definitivo de Investigação Confirmatória deve ser executado de acordo com o 
planejamento e cronograma proposto, destacando-se, entretanto, que esses podem 
ser alterados em razão da obtenção de novas informações durante a sua execução. 
 
As informações obtidas durante a execução da etapa de Investigação Confirmatória 
devem ser interpretadas pelo responsável técnico, com o objetivo de aperfeiçoar o 
MCA 1, elaborado na etapa de Avaliação Preliminar e gerar o segundo modelo 
conceitual da área (MCA 2). 
 
c. Revisar as hipóteses de liberação das SQI a partir das fontes de 
contaminação primárias para os compartimentos do meio ambiente 
Durante a execução da etapa de Investigação Confirmatória devem ser revistas e 
complementadas as hipóteses de liberação das SQI descritas na etapa anterior de 
Avaliação Preliminar, pois agora com informações adicionais provenientes das 
investigações indiretas e diretas, será possível melhorar a interpretação dos 
fenômenos de transporte das SQI, a partir da sua saída da fonte de contaminação 
primária, até o atingimento de compartimentos do meio ambiente adjacentes. 
 
Essa atividade pode alterar ou confirmar as hipóteses levantadas na etapa anterior de 
Avaliação Preliminar, como por exemplo, a explicação dos eventos e fenômenos que 
provocaram a liberação não desejada de substâncias para os compartimentos do meio 
ambiente, assim como a definição da posição e dimensões do ponto ou área onde 
ocorreu a saída da SQI da fonte de contaminação primária. 
 
As hipóteses revisadas serão importantes para subsidiar a caracterização mais precisa 
das fontes de contaminação primárias e dos compartimentos do meio ambiente 
contaminados (plumas de contaminação), na etapa seguinte de Investigação 
Detalhada. 
 
d. Verificar a possibilidade da área em avaliação ser atingida por 
contaminação gerada em fonte de contaminação externa, em fonte de 
contaminação difusa, ou apresentar fonte de contaminação natural 
Na etapa de Investigação Confirmatória, para verificar a possibilidade da área em 
avaliação ser atingida por contaminação gerada em fonte de contaminação externa, 
devem ser realizadas investigações, utilizando-se de métodos diretos e indiretos, em 
locais a montante, onde as fontes de contaminação internas não são capazes de 
alterar a qualidade dos compartimentos do meio ambiente. 
 
Para verificar a possibilidade da área ser atingida por fonte de contaminação difusa ou 
apresentar fonte de contaminação natural, além da porção de montante, pode ser 
necessário considerar outros locais a serem investigados na área em avaliação, 
dependendo da hipótese de distribuição difusa dos contaminantes nos compartimentos 
do meio ambiente. 
 
Capítulo 1: Introdução ao Gerenciamento de Áreas Contaminadas 
Seção 1.2: Conceituação 
Manual de Gerenciamento de Áreas Contaminadas – 3ª Edição – Versão 3.1 25
A identificação desses outros tipos de fontes de contaminação é importante para a 
definição da classificação da área na etapa de Investigação Confirmatória, e para a 
definição do responsável legal pela execução da etapa seguinte de Investigação 
Detalhada. 
 
e. Identificar os bens a proteger que podem ser efetivamente atingidos pela 
contaminação. 
Na etapa de Investigação Confirmatória, os bens a proteger identificados na etapa 
anterior de Avaliação Preliminar devem passar por nova avaliação, com o objetivo de 
identificar aqueles que efetivamente podem ser atingidos pela contaminação 
confirmada, sendo o foco nesse momento aqueles posicionados no interior da área em 
avaliação. 
 
Essas informações são importantes para definir os caminhos potenciais de exposição 
e, principalmente, para subsidiar o planejamento das etapas seguintes de Investigação 
Detalhada e Avaliação de Risco. 
 
f. Identificar os caminhos de exposição 
Os caminhos de exposição são os percursos que as SQI podem percorrer, a partir das 
fontes de contaminação primárias identificadas na etapa de Investigação Confirmatória 
até os receptores ou bens a proteger identificados na área em avaliação ou na sua 
vizinhança. 
 
Depois da execução da etapa de Investigação Confirmatória, algumas SQI podem ser 
detectadas nos compartimentos do meio ambiente investigados, em seu percurso até 
os receptores, trazendo mais evidências de que o caminho de exposição potencial 
definido no MCA 1 pode se completar ou ser real. 
 
Portanto, essas informações são importantes para uma caracterização mais precisa do 
caminho de exposição, durante execução das etapas seguintes de Investigação 
Detalhada e Avaliação de Risco, ou mesmo para descartar aqueles que não foram 
confirmados. 
 
g. Definir o segundo modelo conceitual da área (MCA 2) 
O segundo modelo conceitual da área (MCA 2) é o relato escrito, acompanhado de 
ilustrações, dos resultados obtidos na execução da etapa de Investigação 
Confirmatória, contendo principalmente as características das fontes de contaminação 
primárias, das SQI, dos caminhos potenciais ou reais de exposição e dos bens a 
proteger. 
 
A partir das informações compiladas no MCA 2, serão planejados os trabalhos das 
etapas seguintes de Investigação Detalhada e Avaliação de Risco. 
 
h. Propor nova classificação da área em avaliação 
Em termos práticos, o objetivo da etapa de Investigação Confirmatória é verificar se a 
AS em avaliação pode ser classificada como ACI, ou outra classificação possível 
(Classificação 3, na Figura 1.2-1). 
 
A área em avaliação será classificada como ACI, após a execução da etapa de 
Investigação Confirmatória, quando nessa houver a constatação da presença de: 
 
Capítulo 1: Introdução ao Gerenciamento de Áreas Contaminadas 
Seção 1.2: Conceituação 
Manual de Gerenciamento de Áreas Contaminadas – 3ª Edição – Versão 3.1 26
I. SQI no solo ou na água subterrânea ou em outro compartimento do meio 
ambiente em concentrações acima dos valores de intervenção (VI); 
II. produto ou substância em fase livre; 
III. substâncias, condições ou situações que, possam representar perigo ou 
riscos agudos aos bens a proteger; 
IV. resíduos perigosos dispostos em desacordo com as normas vigentes; 
V. SQI nos gases e vapores do solo que superem os VI; 
VI. fonte de contaminação primária atual ou pretérita dentro dos limites da área 
em avaliação. 
As situações I a V citadas devem estar relacionadas com fonte de contaminação 
primária identificada na área em avaliação, para que essa seja classificada como ACI. 
 
Em resumo, a área é classificada como ACI quando constatada a contaminação em 
um ou mais dos compartimentos do meio ambiente, por meio da utilização de métodos 
diretos de investigação, e como resultado, apresente quantidades ou concentrações 
das SQI em condições que possam causar riscos aos bens a proteger acima dos 
níveis aceitáveis. 
 
Dessa forma, na etapa de Investigação Confirmatória, para se confirmar a existência 
de contaminação no compartimento do meio ambiente investigado são utilizados como 
orientação os valores de intervenção, definidos pelo órgão ambiental gerenciador. 
 
Destaca-se, a título de esclarecimento, que os valores de investigação estabelecidos 
na Resolução CONAMA nº 420/2009 equivalem aos valores de intervenção 
estabelecidos na Lei do Estado de São Paulo nº 13.577/2009 e em seu Decreto 
Regulamentador nº 59.263/2013. 
 
Portanto, o valor de intervenção ou de investigação, é definido como a concentração 
de uma determinada SQI, no compartimento do meio ambiente em avaliação, acima 
da qual há a indicação de que pode haver risco ao bem a proteger acima do nível 
aceitável, para um cenário conservador. 
 
Outras situações ou condições adversas também podem ser utilizadas para cumprir o 
mesmo papel do valor de intervenção, como, por exemplo, a constatação da presençade fase livre, assim como a constatação da presença de resíduos perigosos 
depositados ou armazenados de forma inadequada e a identificação de situações que 
possam representar perigo ou risco agudo. 
 
Fase livre é a ocorrência de uma substância, como, por exemplo, gasolina, óleo diesel, 
tetracloroetileno ou tricloroetileno, em fase separada, imiscível e móvel no subsolo. 
 
Resíduos perigosos são aqueles que, em razão de suas características de 
inflamabilidade, corrosividade, reatividade, toxicidade, patogenicidade, 
carcinogenicidade, teratogenicidade e mutagenicidade, apresentam significativo risco 
à saúde pública, quando manejados de forma inadequada. 
 
Perigo são situações ou condições adversas que implicam ou que podem implicar em 
riscos agudos ou danos aos bens a proteger. 
 
Capítulo 1: Introdução ao Gerenciamento de Áreas Contaminadas 
Seção 1.2: Conceituação 
Manual de Gerenciamento de Áreas Contaminadas – 3ª Edição – Versão 3.1 27
Cabe ser destacado, que a classificação da área em avaliação como ACI (uma das 
espécies de AC) não implica no encerramento do Processo de Identificação de Áreas 
Contaminadas, mas sim, indica a necessidade de sua continuidade, com a realização 
das etapas de Investigação Detalhada e Avaliação de Risco. A obtenção dessa 
classificação indica que na área em avaliação existe a possibilidade de ocorrência de 
riscos aos bens a proteger acima dos níveis aceitáveis, embora ainda não haja 
comprovação efetiva desse fato. 
 
A área em avaliação, durante a etapa de Investigação Confirmatória, pode receber 
outras classificações, além da classificação como ACI, em razão dos resultados 
obtidos nessa etapa, resumidos no MCA 2. 
 
Caso não sejam identificadas as situações citadas nos incisos I a VI deste item, a área 
em avaliação é classificada como AP, quando nessa área permanecer funcionando 
uma atividade potencialmente geradora de áreas contaminadas, ou seja, nela está em 
atividade uma fonte de contaminação potencial. 
 
Caso não sejam identificadas as situações citadas nos incisos I a VI, a área em 
avaliação é classificada como Área não Contaminada (AN), quando nessa área não 
permanecer funcionando uma atividade potencialmente geradora de áreas 
contaminadas, ou seja, nela não está em atividade fonte de contaminação potencial. 
 
Caso não sejam identificadas as situações citadas nos incisos I a VI, nem mesmo, 
fontes de contaminação potenciais atuais ou pretéritas, a área em avaliação será 
retirada do Cadastro de Áreas Contaminadas e Reabilitadas, uma vez que a sua 
classificação inicial como AP ou AS foi provocada devido a algum erro ocorrido na 
etapa de Identificação de Áreas com Potencial de Contaminação ou na etapa de 
Avaliação Preliminar. 
 
Caso sejam identificadas as situações citadas nos incisos I a V deste item, mas a 
contaminação identificada em pelo menos um dos compartimentos do meio ambiente 
tem origem constatada em fonte de contaminação externa, em fonte de contaminação 
difusa ou em fonte de contaminação natural, a área em avaliação deve ser classificada 
como AFe, AFd ou AQN, respectivamente, conforme a situação. 
 
i. Verificar a necessidade de continuidade do Gerenciamento de Áreas 
Contaminadas 
O responsável legal pela área classificada como ACI, na etapa de Investigação 
Confirmatória, deve realizar as etapas seguintes do GAC, ou seja, as etapas de 
Investigação Detalhada e de Avaliação de Risco. 
 
Quando a área for classificada como AP na etapa de Investigação Confirmatória, o 
GAC, ou mais especificamente, o Processo de Identificação de Áreas Contaminadas 
será encerrado, podendo ser retomado quando houver interesse na desativação da 
atividade licenciada ou na reutilização da AP ou por exigência do órgão ambiental 
gerenciador. 
 
Quando a área for classificada como AN na etapa de Investigação Confirmatória, o 
GAC, ou mais especificamente, o Processo de Identificação de Áreas Contaminadas 
será encerrado. 
 
Quando a classificação inicial como AP ou AS foi provocada devido a algum erro 
ocorrido na etapa de Identificação de Áreas com Potencial de Contaminação ou de 
Avaliação Preliminar, o GAC, ou mais especificamente, o Processo de Identificação de 
Capítulo 1: Introdução ao Gerenciamento de Áreas Contaminadas 
Seção 1.2: Conceituação 
Manual de Gerenciamento de Áreas Contaminadas – 3ª Edição – Versão 3.1 28
Áreas Contaminadas será encerrado e a área em avaliação deverá ser retirada da 
Relação de Áreas com Potencial de Contaminação ou da Relação de Áreas com 
Suspeita de Contaminação. 
 
Quando a área em avaliação for classificada como AFe, AFd ou AQN na etapa de 
Investigação Confirmatória, o órgão ambiental gerenciador deverá coordenar as ações 
para identificar a fonte de contaminação externa, difusa, ou a origem da contaminação 
natural que atinge os compartimentos do meio ambiente na área em avaliação. 
 
j. Propor plano preliminar para a execução da etapa de Investigação 
Detalhada 
O responsável técnico, designado pelo responsável legal pela área classificada como 
ACI na etapa de Investigação Confirmatória, deve elaborar plano preliminar para a 
execução da etapa seguinte do Processo de Identificação de Áreas Contaminadas, ou 
seja, a etapa de Investigação Detalhada. 
 
O MCA 2 deve ser utilizado como base para a elaboração do plano de amostragem 
preliminar para a execução da etapa de Investigação Detalhada. 
 
O plano preliminar para a execução da etapa de Investigação Detalhada deve conter, 
basicamente, a indicação dos compartimentos do meio ambiente a serem 
investigados, as estratégias a serem adotadas para a definição da localização e 
profundidade dos pontos de amostragem e a indicação das SQI a serem 
consideradas, visando caracterizar as plumas de contaminação presentes nos 
compartimentos do meio ambiente. 
 
A elaboração de planos preliminares para a etapa posterior do GAC é uma ação 
importante de ser adotada, pois permite melhorar o planejamento de todo o 
gerenciamento da área, prevendo ações e possíveis dificuldades, além de demonstrar 
para o órgão ambiental gerenciador qual é estratégia de gestão futura pensada para a 
área em avaliação. 
 
k. Identificar os responsáveis legais e solidários 
Os responsáveis legais e solidários são as pessoas físicas ou jurídicas candidatas a 
arcar com a responsabilidade de executar as etapas subsequentes do GAC, quando 
os resultados da etapa de Investigação Confirmatória indicarem essa necessidade. 
 
Entre os responsáveis legais e solidários identificados durante as etapas de Avaliação 
Preliminar e Investigação Confirmatória (o causador da contaminação e seus 
sucessores, o proprietário da área, o superficiário, o detentor da posse efetiva ou 
quem dela se beneficiar direta ou indiretamente), deve ser indicado aquele, ou 
aqueles, que responderão pelas demandas do órgão ambiental gerenciador a executar 
a etapa de Investigação Detalhada e de Avaliação de Risco. 
 
Nessa situação, cabe ser destacado que o responsável legal pela execução das 
etapas do Processo de Identificação de Áreas Contaminadas, em primeiro lugar na 
ordem de prioridade, é do causador da contaminação, ou seja, o responsável pelas 
operações da área onde se localiza ou onde se localizou a fonte de contaminação 
primária a partir da qual foi originada a contaminação confirmada na área em 
avaliação. 
 
Quando a área em avaliação for classificada como AFe ou AFd, o causador da 
contaminação externa ou difusa, identificado pelo órgão ambiental gerenciador, será 
Capítulo 1: Introdução ao Gerenciamento de Áreas Contaminadas 
Seção 1.2: Conceituação 
Manual de Gerenciamento de Áreas Contaminadas – 3ª Edição – Versão 3.1 29
demandado a realizar as etapas do Processo de Identificação de Áreas Contaminadas 
nas áreas atingidas e na área onde foram identificadas as fontes de contaminação. 
 
Entretanto, quando não identificado o causador da contaminação, o próprio 
responsável legal pela AFe, AFd ou AQN, poderá ser demandado pelo órgão 
ambiental gerenciador a realizar as etapasseguintes do Processo de Identificação de 
Áreas Contaminadas em sua área, ou mesmo realizá-las de forma espontânea, caso o 
causador da contaminação ou o responsável legal pela fonte de contaminação externa 
ou difusa não seja identificado ou esse não atenda às exigências efetuadas pelo órgão 
ambiental gerenciador. 
 
3.1.4. Investigação Detalhada 
 
A realização da etapa de Investigação Detalhada na área classificada como ACI tem 
como objetivo geral determinar as características das fontes de contaminação 
primárias e das contaminações nos compartimentos do meio ambiente (plumas de 
contaminação), identificadas na etapa anterior de Investigação Confirmatória. 
 
Considera-se pluma de contaminação o espaço nos compartimentos do meio 
ambiente onde existe massa ou concentração da SQI, que pode provocar riscos acima 
dos níveis aceitáveis aos bens a proteger da área em avaliação ou na sua vizinhança. 
 
Esse trabalho de investigação em maior detalhe compreende a coleta e interpretação 
de uma quantidade de informações suficientes para entender a distribuição da massa 
ou concentrações das SQI, seus limites e sua dinâmica de propagação nos 
compartimentos do meio ambiente. 
 
Assim como na etapa de Investigação Confirmatória, a etapa de Investigação 
Detalhada utiliza-se também de métodos diretos e indiretos de investigação (ver 
Capítulo 7 e Capítulo 14), em pontos estrategicamente posicionados na área em 
avaliação ou na sua vizinhança. 
 
A responsabilidade pela realização da etapa de Investigação Detalhada é do 
responsável legal, que deve designar um responsável técnico para propiciar a sua 
execução. 
 
Em alguns casos, quando houver o interesse em iniciar um processo de reutilização 
da ACI ou um processo de desativação da atividade licenciada, ou quando achar 
pertinente em seu sistema de gestão ambiental, o responsável legal pela ACI poderá 
executar espontaneamente a etapa de Investigação Detalhada. 
 
As informações obtidas na etapa de Investigação Detalhada são utilizadas para 
subsidiar a execução das etapas subsequentes do Processo de Identificação de Áreas 
Contaminadas, especialmente, no planejamento da etapa seguinte de Avaliação de 
Risco. Também é extremamente importante para o desenvolvimento das etapas do 
Processo de Reabilitação de Áreas Contaminadas. 
 
Cabe ao órgão ambiental gerenciador avaliar o Relatório de Investigação Detalhada 
apresentado pelo responsável legal com os resultados dessa etapa e a gestão das 
novas informações obtidas. 
 
Os resultados da etapa de Investigação Detalhada serão inseridos no Cadastro de 
Áreas Contaminadas e Reabilitadas, complementando assim a Relação de Áreas 
Contaminadas sob Investigação, ou até mesmo a Relação de Áreas Contaminadas 
com Risco Confirmado, quando constatados danos aos bens a proteger nessa etapa. 
Capítulo 1: Introdução ao Gerenciamento de Áreas Contaminadas 
Seção 1.2: Conceituação 
Manual de Gerenciamento de Áreas Contaminadas – 3ª Edição – Versão 3.1 30
 
A seguir, as principais atividades da etapa de Investigação Detalhada são listadas em 
uma ordem lógica de execução, e descritas com um pouco mais de detalhe nas 
alíneas subsequentes: 
 
 Elaborar o plano definitivo de Investigação Detalhada; 
 Executar o plano definitivo de Investigação Detalhada; 
 Descrever as características das fontes de contaminação primária e 
secundária e das plumas de contaminação; 
 Identificar os bens a proteger que podem ser atingidos por contaminações; 
 Caracterizar os caminhos potenciais e reais de exposição; 
 Definir o terceiro modelo conceitual da área (MCA 3); 
 Propor nova classificação da área em avaliação; 
 Verificar a necessidade de continuidade do Gerenciamento de Áreas 
Contaminadas; 
 Propor plano preliminar para a execução da etapa de Avaliação de Risco; 
 Identificar os responsáveis legais e solidários. 
a. Elaborar o plano definitivo de Investigação Detalhada 
O plano definitivo de Investigação Detalhada deve conter, em resumo, a indicação dos 
compartimentos do meio ambiente a serem investigados, a definição da localização e 
profundidade dos pontos de amostragem e a indicação das SQI a serem 
consideradas. 
 
Cabe ser destacado que nessa etapa é comum haver modificações no plano de 
Investigação Detalhada, sendo esperado modificar o escopo de investigação ao longo 
do trabalho, algumas vezes em tempo real, com decisões sobre a ampliação ou 
encerramento das investigações feitas em campo. 
 
O plano definitivo de Investigação Detalhada deve ter como base o MCA 2 e o plano 
preliminar para a execução da etapa de Investigação Detalhada, definidos na etapa de 
Investigação Confirmatória, além das informações coletadas durante a realização da 
própria Investigação Detalhada. 
 
Conceitualmente, as investigações ou pontos de amostragem, na etapa de 
Investigação Detalhada, devem estar posicionados: 
 
 na fonte de contaminação primária ou secundária ou em locais próximos a 
essas, visando à caracterização das fontes de contaminação; 
 em locais próximos aos pontos onde foi identificada a fonte de contaminação 
primária ou secundária, visando à caracterização do centro de massa ou do 
“hot spot” da pluma de contaminação; 
 em locais a jusante da fonte de contaminação primária e dos pontos onde 
foram constatadas contaminações nos compartimentos do meio ambiente, 
Capítulo 1: Introdução ao Gerenciamento de Áreas Contaminadas 
Seção 1.2: Conceituação 
Manual de Gerenciamento de Áreas Contaminadas – 3ª Edição – Versão 3.1 31
visando à determinação da distribuição da SQI no espaço e à definição dos 
limites da pluma de contaminação; 
 em locais a montante da fonte de contaminação primária ou secundária e dos 
pontos onde foram constatadas contaminações nos compartimentos do meio 
ambiente, visando à determinação da distribuição da SQI no espaço e a 
definição dos limites da pluma de contaminação; 
 em locais próximos aos bens a proteger, visando à determinação da massa 
ou da concentração da SQI a qual podem estar expostos; 
 em locais onde foram constatadas anomalias, por meio da utilização de 
métodos indiretos ou diretos de investigação para a elaboração do plano 
definitivo da etapa de Investigação Detalhada, ou mesmo por meio de outros 
métodos aplicados para proporcionar o direcionamento da amostragem. 
O centro de massa é a parte da pluma de contaminação na qual está concentrada a 
maior parte da massa da SQI. 
 
O “hot spot” é o local onde foi identificada a maior concentração da SQI na pluma de 
contaminação. 
 
O plano da etapa de Investigação Detalhada também deve conter as técnicas e os 
protocolos de amostragem, de controle de qualidade, de preparação de amostras e de 
análises, além de plano de infraestrutura e de segurança e o cronograma. 
 
b. Executar o plano definitivo de Investigação Detalhada 
O plano de Investigação Detalhada deve ser executado de acordo com planejamento e 
cronograma proposto, destacando-se novamente, entretanto, que esse pode ser 
alterado, em razão da obtenção de novas informações durante a sua execução, como, 
por exemplo, a descoberta de uma nova fonte de contaminação potencial ou primária. 
 
c. Descrever as características das fontes de contaminação primária e 
secundária e das plumas de contaminação 
Em resumo, os resultados da execução da etapa de Investigação Detalhada devem 
representar, o mais próximo possível da realidade, a distribuição da massa ou das 
concentrações das SQI, no espaço e no tempo, nas fontes de contaminação primária e 
secundária e nos compartimentos do meio ambiente contaminados (plumas de 
contaminação). 
 
Assim, dentre os resultados da etapa de Investigação Detalhada, de uma forma geral, 
devem ser obtidos: 
 
 os limites e as características das fontes de contaminação primárias 
existentes ou que existiram na área em avaliação; 
 a definição, se as fontes de contaminação primárias estão ativas ou não; 
 os limites e as características das fontes de contaminação secundárias; 
 a definição, se asfontes de contaminação secundárias estão ativas ou não; 
 a localização do centro de massa e do “hot spot”; 
Capítulo 1: Introdução ao Gerenciamento de Áreas Contaminadas 
Seção 1.2: Conceituação 
Manual de Gerenciamento de Áreas Contaminadas – 3ª Edição – Versão 3.1 32
 os limites das plumas de contaminação, que podem ser de fase livre, fase 
retida, fase dissolvida e fase vapor; 
 a caracterização do transporte da SQI pelos compartimentos do meio 
ambiente; 
 a caracterização da transferência da SQI entre os compartimentos do meio 
ambiente; 
 a definição da massa ou das concentrações da SQI para as quais os bens a 
proteger identificados estão ou podem estar expostos. 
Os limites das plumas de contaminação são definidos com base nos VI, uma vez que 
esses expressam o valor da SQI acima do qual podem ocorrer riscos aos bens a 
proteger acima dos níveis aceitáveis em um cenário conservador. 
 
Os conceitos apresentados a seguir, de forma resumida, são explicados de forma 
detalhada na Seção 1.4 e Seção 1.5 do Capítulo 1. 
 
As plumas de contaminação podem ser dos seguintes tipos: 
 
 em fase livre; 
 em fase retida; 
 em fase dissolvida; 
 em fase vapor. 
A pluma de contaminação em fase livre se caracteriza pela presença da substância ou 
produto puro, como, por exemplo, a gasolina ou o tetracloroeteno, preenchendo os 
poros ou fraturas das zonas não saturada ou saturada, apresentando mobilidade. 
 
A pluma de contaminação em fase retida se caracteriza pela presença da substância 
ou produto puro, como, por exemplo, a gasolina, o tetracloroeteno, ou metais retidos 
na matriz sólida entre os poros ou fraturas das zonas não saturada ou saturada, sem 
apresentar mobilidade. 
 
A pluma de contaminação em fase dissolvida se caracteriza pela presença da 
substância, como, por exemplo, o benzeno, o tetracloroeteno ou o cromo hexavalente, 
dissolvido na água subterrânea, existente nos poros ou fraturas das zonas não 
saturada e principalmente na zona saturada. 
 
A pluma de contaminação em fase vapor se caracteriza pela presença de vapores da 
substância no ar dos poros da zona não saturada. 
 
A zona não saturada é a parte dos compartimentos do meio ambiente, como o solo, as 
rochas, os aterros, onde as suas descontinuidades, como os poros, na forma de 
espaços entre grãos e fraturas, encontram-se preenchidos com ar e água, enquanto, 
que na zona saturada, esses estão preenchidos com água. 
 
d. Identificar os bens a proteger que podem ser atingidos por 
contaminações 
Durante a identificação dos bens a proteger deve-se selecionar, dentre aqueles 
indicados nas etapas de Avaliação Preliminar e de Investigação Confirmatória, quais 
Capítulo 1: Introdução ao Gerenciamento de Áreas Contaminadas 
Seção 1.2: Conceituação 
Manual de Gerenciamento de Áreas Contaminadas – 3ª Edição – Versão 3.1 33
efetivamente podem ser atingidos pela contaminação, com base nas informações 
obtidas durante a etapa de Investigação Detalhada, ou seja, aqueles que estejam 
localizados próximos, sobre ou a jusante das fontes de contaminação primárias ou 
secundárias e das plumas de contaminação caracterizadas na etapa de Investigação 
Detalhada. 
 
e. Caracterizar os caminhos potenciais e reais de exposição 
Os caminhos reais de exposição são os percursos que as SQI percorreram, a partir 
das fontes de contaminação primárias e secundárias caracterizadas na etapa de 
Investigação Detalhada, dentro dos limites da área em avaliação, até os receptores ou 
bens a proteger identificados na área em avaliação ou na sua vizinhança. 
 
Depois da execução da etapa de Investigação Detalhada, a caracterização dos 
caminhos potenciais e reais de exposição deve estar próxima da realidade. 
 
f. Definir o terceiro modelo conceitual da área (MCA 3). 
O terceiro modelo conceitual da área (MCA 3) é um relato escrito, acompanhado de 
ilustrações, dos resultados obtidos na execução da etapa de Investigação Detalhada. 
 
A sua representação deve buscar ao máximo se aproximar da realidade, por meio da 
combinação de informações sobre a posição das fontes de contaminação primárias e 
secundárias, hidrogeologia, plumas de contaminação, bens a proteger e caminhos 
reais de exposição, em plantas e seções transversais, ou mesmo em representações 
tridimensionais elaboradas por “softwares” específicos. 
 
Essas informações compiladas e interpretadas são importantes para subsidiar a 
execução da etapa de Avaliação de Risco e fundamentais para o planejamento e 
execução das etapas do Processo de Reabilitação de Áreas Contaminadas. 
 
g. Propor nova classificação da área em avaliação 
Em termos práticos, o objetivo da etapa de Investigação Detalhada é verificar, em 
razão dos resultados obtidos, se a área em avaliação pode ser mantida com a 
classificação de ACI estabelecida na etapa de Investigação Confirmatória, ou pode 
receber outra classificação possível (Classificação 4, na Figura 1.2-1). 
 
A classificação da área em avaliação será mantida como ACI, após a execução da 
etapa de Investigação Detalhada, quando nessa for confirmada a manutenção da 
presença de pelo menos uma das situações identificadas anteriormente na etapa de 
Investigação Confirmatória, descritas na alínea h, do item 3.1.3 desta Seção, ou seja: 
 
I. SQI no solo ou na água subterrânea ou em outro compartimento do meio 
ambiente em concentração acima do VI; 
II. produto ou substância em fase livre; 
III. substâncias, condições ou situações que possam representar perigo ou riscos 
agudos aos bens a proteger; 
IV. resíduos perigosos dispostos em desacordo com as normas vigentes; 
V. SQI nos gases e vapores do solo que supere o VI; 
Capítulo 1: Introdução ao Gerenciamento de Áreas Contaminadas 
Seção 1.2: Conceituação 
Manual de Gerenciamento de Áreas Contaminadas – 3ª Edição – Versão 3.1 34
VI. fonte de contaminação primária atual ou pretérita dentro dos limites da área 
em avaliação. 
 
Caso não sejam identificadas as situações citadas nos itens I a VI, nem mesmo, fontes 
de contaminação potenciais, a área em avaliação será retirada do Cadastro de Áreas 
Contaminadas e Reabilitadas, uma vez que a sua classificação inicial como AP ou AS 
ou ACI foi provocada devido a erros ocorridos nas etapas de Identificação de Áreas 
com Potencial de Contaminação, de Avaliação Preliminar ou de Investigação 
Confirmatória. 
 
Em algumas situações, a área em avaliação poderá ser classificada como Área 
Contaminada com Risco Confirmado (ACRi) após a execução da etapa de 
Investigação Detalhada, quando nessa etapa for confirmada a ocorrência de danos 
aos bens a proteger, provocados a partir da fonte de contaminação primária 
identificadas na área em avaliação, como, por exemplo, a constatação da ocorrência 
de contaminação de um aquífero utilizado para abastecimento público de água. 
 
h. Verificar a necessidade de continuidade do Gerenciamento de Áreas 
Contaminadas 
O responsável legal pela área classificada como ACI ou ACRi na etapa de 
Investigação Detalhada, deve ser demandado, pelo órgão ambiental gerenciador, a 
realizar a etapa seguinte do GAC, ou seja, a etapa de Avaliação de Risco. 
 
No caso específico da área já ter sido classificada como ACRi nas etapas anteriores, o 
objetivo de se realizar a etapa de Avaliação de Risco é complementar a identificação e 
caracterização de outros possíveis riscos ou danos aos bens a proteger na área em 
avaliação ou na sua vizinhança. 
 
Quando a área em avaliação não for classificada como ACI ou ACRi na etapa de 
Investigação Detalhada, uma vez que a sua classificação inicial como AP, AS ou ACI 
foi provocada devido a algum erro ocorrido nas etapas anteriores do Processo de 
Identificação de Áreas Contaminadas, o GAC poderá ser encerrado e a área em 
avaliação retirada da Relação de Áreas com Potencial de Contaminação, da Relação 
de Áreas com Suspeita de Contaminação ou da Relação de Áreas Contaminadas sob 
Investigação. 
 
Os Responsáveis Legais pela ACI também deverão executar a etapa de Avaliação de 
Riscoquando o órgão ambiental gerenciador indicar essa necessidade, por meio de 
exigência técnica efetuada em processos administrativos. 
 
Os Responsáveis Legais pela ACI poderão executar espontaneamente a etapa de 
Avaliação de Risco, quando, por exemplo, tiverem interesse em iniciar um processo de 
reutilização da ACI ou um processo de desativação da atividade licenciada, ou quando 
acharem pertinente em seu sistema de gestão ambiental. 
 
Quando a área em avaliação for classificada como AFe, AFd ou AQN, na etapa de 
Investigação Detalhada, o órgão ambiental gerenciador deverá coordenar as ações 
para identificar o responsável pela fonte de contaminação, externa ou difusa, ou a 
origem da contaminação natural, detectada nos compartimentos do meio ambiente na 
área em avaliação. 
 
i. Propor plano preliminar para a execução da etapa de Avaliação de Risco 
Capítulo 1: Introdução ao Gerenciamento de Áreas Contaminadas 
Seção 1.2: Conceituação 
Manual de Gerenciamento de Áreas Contaminadas – 3ª Edição – Versão 3.1 35
Com os dados disponíveis após a realização da etapa de Investigação Detalhada, o 
responsável técnico por uma ACI tem condições de elaborar um plano preliminar para 
a execução da etapa final do Processo de Identificação de Áreas Contaminadas, ou 
seja, a etapa de Avaliação de Risco. 
 
O MCA 3 elaborado na etapa de Investigação Detalhada deve ser utilizado como base 
para a elaboração do plano preliminar para a execução da etapa de Avaliação de 
Risco. 
 
Dessa forma, o plano preliminar para a execução da etapa de Avaliação de Risco deve 
considerar o seguinte: 
 
 as características das fontes de contaminação primária e secundária; 
 as características dos compartimentos do meio ambiente contaminados ou 
das plumas de contaminação; 
 as características dos caminhos potenciais ou reais de exposição; 
 as características dos bens a proteger. 
A elaboração de planos preliminares para a etapa posterior do GAC é uma ação 
importante de ser adotada, pois permite melhorar o planejamento de todo o 
gerenciamento da área, prevendo ações e possíveis dificuldades, além de demonstrar 
para o órgão ambiental gerenciador qual é estratégia de gestão futura pensada para a 
área em avaliação. 
 
j. Identificar os responsáveis legais e solidários 
Os responsáveis legais solidários são as pessoas físicas ou jurídicas candidatas a 
arcar com a responsabilidade de executar as etapas subsequentes do GAC, quando 
os resultados da etapa de Investigação Detalhada indicarem essa necessidade. 
 
Entre os responsáveis legais solidários identificados durante as etapas de Avaliação 
Preliminar, Investigação Confirmatória e Investigação Detalhada (o causador da 
contaminação e seus sucessores, o proprietário da área, o superficiário, o detentor da 
posse efetiva ou quem dela se beneficiar direta ou indiretamente), deve ser indicado 
aquele, ou aqueles, que responderão pelas demandas do órgão ambiental gerenciador 
a executar a etapa de Avaliação de Risco. 
 
Cabe ser destacado que a responsabilidade pela execução das etapas do Processo 
de Identificação de Áreas Contaminadas, em primeiro lugar na ordem de prioridade, é 
do causador da contaminação, ou seja, o responsável legal pela área onde se localiza 
ou onde se localizou a fonte de contaminação primária a partir da qual foi originada a 
contaminação que atingiu a área em avaliação. 
 
Quando a área em avaliação for classificada como AFe ou AFd, o causador da 
contaminação externa ou difusa, identificados pelo órgão ambiental gerenciador, serão 
demandados a dar continuidade das ações de Gerenciamento de Áreas Contaminadas 
na área atingida e em sua própria área ou região, conforme o caso. 
 
Entretanto, quando não identificado, o responsável legal pela AFe, AFd ou AQN, 
mesmo não sendo o causador da contaminação, poderá ser demandado pelo órgão 
ambiental gerenciador para realizar as etapas seguintes do Processo de Identificação 
de Áreas Contaminadas, ou mesmo realizá-las de forma espontânea nos limites de 
sua área atingida, caso o causador da contaminação externa ou difusa não seja 
Capítulo 1: Introdução ao Gerenciamento de Áreas Contaminadas 
Seção 1.2: Conceituação 
Manual de Gerenciamento de Áreas Contaminadas – 3ª Edição – Versão 3.1 36
identificado ou esse não atenda às exigências efetuadas pelo órgão ambiental 
gerenciador. 
 
3.1.5. Avaliação de Risco 
 
A etapa de Avaliação de Risco é a última etapa do Processo de Identificação de Áreas 
Contaminadas. 
 
A realização da etapa de Avaliação de Risco em cada ACI tem como objetivo geral 
definir se haverá a necessidade da implementação de medidas de intervenção na área 
em avaliação ou na sua vizinhança, com o objetivo de viabilizar seu uso seguro. 
 
As medidas de intervenção são ações previstas nas etapas seguintes do GAC, ou 
seja, nas etapas do Processo de Reabilitação de Áreas Contaminadas. Essas serão 
necessárias quando na etapa de Avaliação de Risco, ou mesmo em qualquer etapa do 
GAC, forem observadas as seguintes situações: 
 
 identificação de fonte de contaminação primária ou secundária ativas; 
 identificação de riscos aos bens a proteger acima dos níveis aceitáveis; 
 identificação de danos aos bens a proteger. 
A etapa de Avaliação de Risco contempla, basicamente, a identificação e 
caracterização dos riscos acima dos níveis aceitáveis ou mesmo dos danos gerados 
pela exposição dos bens a proteger às SQI (ver Capítulo 8). 
 
A responsabilidade pela realização da etapa de Avaliação de Risco é do responsável 
legal, que deve designar um responsável técnico para executá-la. 
 
As informações e resultados obtidos na etapa de Avaliação de Risco são 
determinantes para subsidiar a execução das etapas subsequentes do GAC, ou seja, 
as etapas do Processo de Reabilitação de Áreas Contaminadas, especialmente, a 
etapa seguinte de Elaboração do Plano de Intervenção e embasar a comunicação de 
risco. 
 
Em alguns casos, quando não são confirmados riscos acima dos níveis aceitáveis ou 
danos aos bens a proteger na etapa de Avaliação de Risco, a gestão da área também 
é encaminhada para o Processo de Reabilitação de Áreas Contaminadas, porém 
nessa situação para a etapa de Monitoramento para Encerramento (ver item 3.2.3). 
 
Cabe ao órgão ambiental gerenciador avaliar o Relatório de Avaliação de Risco 
apresentado pelo responsável legal e realizar a gestão das novas informações obtidas. 
 
Essas informações devem ser inseridas no Cadastro de Áreas Contaminadas e 
Reabilitadas, complementando a Relação de Áreas Contaminadas com Risco 
Confirmado ou a Relação de Áreas em Processo de Monitoramento para 
Encerramento, conforme o caso. 
 
A seguir, as principais atividades da etapa de Avaliação de Risco são listadas em uma 
ordem lógica de execução e descritas com um pouco mais de detalhe nas alíneas 
subsequentes: 
 
 Elaborar plano definitivo de Avaliação de Risco; 
Capítulo 1: Introdução ao Gerenciamento de Áreas Contaminadas 
Seção 1.2: Conceituação 
Manual de Gerenciamento de Áreas Contaminadas – 3ª Edição – Versão 3.1 37
 Executar o plano definitivo de Avaliação de Risco: 
 Identificar os bens a proteger; 
 Indicar os caminhos de exposição potenciais e reais; 
 Identificar e caracterizar os riscos aos bens a proteger; 
 Identificar e caracterizar os danos aos bens a proteger. 
 Definir o quarto modelo conceitual da área (MCA 4); 
 Propor nova classificação da área em avaliação; 
 Verificar a necessidade de continuidade do GAC; 
 Identificar os responsáveis legais e solidários. 
a. Elaborar o plano definitivo de Avaliação de Risco 
O plano definitivo de Avaliação de Risco deve ser elaborado com base nas 
informações das etapas anteriores do Processo de Identificação de Áreas 
Contaminadas, consolidadas no MCA 3. 
 
Basicamente, esse plano será uma avaliação e atualização conduzida pelo 
responsável técnico do plano preliminar da etapa de Avaliação de Risco, elaborado ao 
final da etapa de Investigação Detalhada. 
 
Em alguns casos pode ser necessáriaa realização de investigações complementares 
na etapa de Avaliação de Risco. Nesse caso, o plano definitivo da etapa de Avaliação 
de Risco também deve conter as técnicas e protocolos de amostragem, de preparação 
de amostras e de análises, além de plano de infraestrutura, controle de qualidade, de 
segurança e cronograma. 
 
b. Executar o plano definitivo de Avaliação de Risco. 
O plano definitivo de Avaliação de Risco deve ser executado de acordo com 
planejamento e cronograma proposto, destacando-se, entretanto, que esses podem 
ser alterados, em razão da obtenção de novas informações durante a sua execução. 
 
c. Identificar os bens a proteger 
Na identificação dos bens a proteger, devem ser considerados aqueles indicados nas 
etapas de Avaliação Preliminar, Investigação Confirmatória e de Investigação 
Detalhada, visando identificar quais efetivamente estão expostos ou que podem estar 
expostos à contaminação. 
 
A abrangência dessa consolidação deve levar em conta os bens a proteger localizados 
dentro dos limites da área em avaliação e na sua vizinhança e a extensão das plumas 
de contaminação determinada na etapa de Investigação Detalhada. 
 
Os bens a proteger são aqueles que podem ser expostos a quantidades ou 
concentrações de substâncias provenientes de uma ACRi, e por isso sofrerem danos 
ou estarem sob risco acima dos níveis aceitáveis. 
 
Conforme destacado anteriormente no item 2.2 desta Seção, são considerados bens a 
proteger: 
Capítulo 1: Introdução ao Gerenciamento de Áreas Contaminadas 
Seção 1.2: Conceituação 
Manual de Gerenciamento de Áreas Contaminadas – 3ª Edição – Versão 3.1 38
 
 receptores humanos (saúde e vida humana); 
 receptores ecológicos; 
 ecossistemas naturais; 
 recursos naturais; 
 recursos ambientais; 
 patrimônio público, privado, coletivo, ambiental, cultural e histórico; 
 ordenação territorial. 
d. Indicar os caminhos de exposição potenciais ou reais 
Os caminhos potenciais ou reais de exposição são os percursos que a SQI pode 
percorrer, a partir da fonte de contaminação, passando pelos compartimentos do meio 
ambiente, até os receptores ou bens a proteger. 
 
A definição dos caminhos potenciais ou reais de exposição, na etapa de Avaliação de 
Risco, é fundamental para a identificação e quantificação dos riscos ou dos danos aos 
bens a proteger. 
 
A representação de cada caminho potencial ou real de exposição pode ser realizada 
por meio da descrição das seguintes informações, obtidas durante as etapas do 
Processo de Identificação de Áreas Contaminadas e consolidadas na etapa de 
Avaliação de Risco. 
 
 a potência da fonte de contaminação primária, caracterizada pela massa ou 
concentração da SQI nela determinada; 
 a potência da fonte de contaminação secundária, caracterizada pela massa 
ou concentração da SQI nela determinada; 
 a distribuição da massa ou concentração da SQI nas plumas de 
contaminação, especialmente, no centro de massa; 
 a definição dos limites das plumas de contaminação; 
 a descrição da dinâmica das plumas de contaminação identificadas; 
 a descrição dos fenômenos de transferência da massa da SQI das fontes de 
contaminação primárias ou secundárias identificadas para os compartimentos 
do meio ambiente; 
 a descrição dos fenômenos de transferência da massa da SQI entre os 
compartimentos do meio ambiente ou entre as plumas de contaminação; 
 A descrição dos fenômenos causadores da exposição potencial ou real do 
bem a proteger com a SQI (via de ingresso), como, por exemplo, a ingestão, 
inalação de vapores ou contato dérmico. 
e. Identificar e caracterizar os riscos aos bens a proteger 
Conforme citado no item 2.2 desta Seção, risco é definido como a probabilidade ou a 
possibilidade de ocorrência de um dano devido à exposição potencial ou à exposição 
Capítulo 1: Introdução ao Gerenciamento de Áreas Contaminadas 
Seção 1.2: Conceituação 
Manual de Gerenciamento de Áreas Contaminadas – 3ª Edição – Versão 3.1 39
real do bem a proteger a uma determinada substância presente no compartimento do 
meio ambiente contaminado. 
 
A identificação e caracterização dos riscos normalmente é realizada por meio da 
execução de cálculos ou comparações, utilizando-se de vários tipos de parâmetros ou 
de informações consolidadas no MCA 3, na etapa anterior de Investigação Detalhada. 
 
Os parâmetros ou as informações a serem utilizados para a caracterização dos riscos 
ou danos dependem do tipo da contaminação e do bem a proteger em avaliação. Por 
exemplo, podem ser citadas: 
 
 as concentrações das SQI nas vias de ingresso de cada bem a proteger, ou 
no centro de massa da pluma de contaminação; 
 os parâmetros de exposição específicos para cada tipo de receptor; 
 as informações toxicológicas das SQI para cada tipo de receptor; 
 o nível de risco considerado aceitável aos bens a proteger (ver alínea h deste 
subitem 3.1.5); 
 os padrões legais aplicáveis aos bens a proteger. 
Os parâmetros de exposição são valores determinados para cada tipo de receptor e 
de caminho exposição, os quais permitem determinar, por exemplo, a quantidade da 
SQI que adentra um bem a proteger, ou seja, a dose absorvida. 
 
As informações toxicológicas, como o próprio nome diz, indica quão tóxica é uma 
determinada SQI, quando essa interage com o metabolismo de determinado receptor 
humano ou ecológico. 
 
No âmbito da etapa de Avaliação de Risco, quando detectado um risco acima do nível 
aceitável a um bem a proteger, haverá a possibilidade da ocorrência de um dano 
significativo, o que demandará a implementação de medidas de intervenção. 
 
f. Identificar e caracterizar os danos aos bens a proteger 
Conforme citado no item 2.2 desta Seção, dano é definido como a ocorrência de um 
efeito adverso a um bem a proteger, o qual provoca a perda da sua função ou 
utilidade, ou até mesmo a sua destruição, devido à exposição real do bem a proteger a 
substância presente no compartimento do meio ambiente contaminado. No caso dos 
receptores humanos, os danos são caracterizados pela ocorrência de doenças ou 
morte, provocadas pela exposição crônica ou aguda a uma determinada SQI 
proveniente de uma AC. 
 
Como exemplo de danos para recursos ambientais ou para recursos naturais, pode-se 
citar a contaminação de parte de um aquífero utilizado para abastecimento de água 
potável de uma cidade ou de um bairro, causada pela exposição desse recurso a uma 
determinada SQI proveniente de uma AC. 
 
g. Definir o quarto modelo conceitual da área (MCA 4) 
O quarto modelo conceitual da área (MCA 4) é o relato escrito, acompanhado de 
ilustrações, dos resultados obtidos na execução da etapa de Avaliação de Risco, 
sendo descritas, resumidamente, as características das fontes de contaminação 
Capítulo 1: Introdução ao Gerenciamento de Áreas Contaminadas 
Seção 1.2: Conceituação 
Manual de Gerenciamento de Áreas Contaminadas – 3ª Edição – Versão 3.1 40
primárias e secundárias e as SQI, e, em detalhe, os caminhos potenciais e reais de 
exposição, os receptores da contaminação e os riscos ou danos identificados. 
 
O MCA 4 deve ser uma representação similar da realidade, uma vez que será utilizado 
como base no planejamento da primeira etapa do Processo de Reabilitação de Áreas 
Contaminadas, ou seja, a etapa de Elaboração do Plano de Intervenção. 
 
h. Propor nova classificação da área em avaliação 
Em termos práticos, o objetivo da etapa de Avaliação de Risco é verificar se a área em 
avaliação, classificada como ACI após a etapa de Investigação Detalhada, pode ser 
classificada como Área Contaminada com Risco Confirmado (ACRi), ou outra 
classificação possível (Classificação 5, na Figura 1.2-1). 
 
Finalizada a etapa de Avaliação de Risco, a área em avaliação será classificada como 
ACRi, quando nessa ou na sua vizinhança houver a constatação da presença de pelos 
menos uma das situações descritas a seguir, ou seja: 
 
I. Realizada a Avaliação de Risco foi constatado que os valores definidos para 
risco aceitável à saúdehumana foram ultrapassados, sendo adotado o valor 
de 1x10-5 como o limite aceitável de risco total à saúde humana para 
exposição a substâncias carcinogênicas, e o valor correspondente ao limite 
de aceitação para o quociente de risco total igual a 1 (um) para substâncias 
não carcinogênicas, conforme Resolução CONAMA nº 420/2009. 
II. Quando for observado risco inaceitável para organismos presentes em 
ecossistema natural, assim entendido para o Estado de São Paulo como 
fragmento de vegetação legalmente protegida, seja de Cerrado ou Mata 
Atlântica, localizado dentro de Unidade de Conservação de Proteção Integral, 
sendo o nível aceitável de risco definido caso a caso em razão do tipo de 
organismo presente. 
III. Nas situações em que as substâncias identificadas em uma área tenham 
atingido compartimentos do meio ambiente e determinado a ultrapassagem 
dos padrões legais aplicáveis (PLA) existentes para a proteção dos bens a 
proteger, como, por exemplo, os padrões de qualidade dos corpos de água 
superficiais e de potabilidade ou outros padrões legais existentes para outros 
bens a proteger. 
IV. Nas situações em que as substâncias identificadas em uma área possam 
atingir os bens a proteger, determinando a ultrapassagem dos PLA, 
comprovadas por modelagem do transporte das substâncias. 
V. Nas situações em que haja risco à saúde ou à vida em decorrência de 
exposição aguda a substâncias, ou à segurança do patrimônio público, 
privado, coletivo, ambiental, histórico ou cultural. 
VI. Nas situações em que sejam identificados danos aos bens a proteger. 
VII. As situações dos incisos I a VI devem estar relacionadas com fonte de 
contaminação primária que existe ou que existiu na área em avaliação. 
Em razão dos resultados obtidos durante a etapa de Avaliação de Risco, a área em 
avaliação pode receber outras classificações, além da classificação como ACRi. 
 
Capítulo 1: Introdução ao Gerenciamento de Áreas Contaminadas 
Seção 1.2: Conceituação 
Manual de Gerenciamento de Áreas Contaminadas – 3ª Edição – Versão 3.1 41
Caso não sejam identificadas as situações citadas nos incisos I a VII, a área em 
avaliação é classificada como AME. 
 
A área em avaliação também pode ser classificada como AFe, AFd ou AQN na etapa 
de Avaliação de Risco, caso as situações citadas nos incisos I a VII tenham sido 
geradas por fonte de contaminação externa, difusa ou natural. 
 
i. Verificar a necessidade de continuidade do Gerenciamento de Áreas 
Contaminadas 
O responsável legal pela área classificada como ACRi deve realizar a etapa seguinte 
do GAC, ou seja, a etapa de Elaboração do Plano de Intervenção. 
 
O responsável legal pela ACRi poderá executar espontaneamente a etapa de 
Elaboração do Plano de Intervenção, quando tiver interesse em iniciar um processo de 
reutilização da ACRi ou um processo de desativação da atividade licenciada ou 
quando achar pertinente em seu sistema de gestão ambiental. 
 
Quando a área em avaliação for classificada como AME, o responsável legal deve 
realizar a etapa de Monitoramento para Encerramento. 
 
Quando a área em avaliação for classificada como AFe, AFd ou AQN, na etapa de 
Avaliação de Risco, o órgão ambiental gerenciador deve coordenar as ações para a 
continuidade do caso. 
 
j. Identificar os responsáveis legais e solidários 
Os responsáveis legais e solidários são as pessoas físicas ou jurídicas candidatas a 
arcar com a responsabilidade de executar as etapas subsequentes do GAC, quando 
os resultados da etapa de Avaliação de Risco indicarem essa necessidade. 
 
Entre os responsáveis legais solidários identificados durante as etapas do Processo de 
Identificação de Áreas Contaminadas (o causador da contaminação e seus 
sucessores, o proprietário da área, o superficiário, o detentor da posse efetiva ou 
quem dela se beneficiar direta ou indiretamente), deve ser indicado aquele, ou 
aqueles, que responderão pelas demandas do órgão ambiental gerenciador a executar 
a primeira etapa do Processo de Reabilitação de Áreas Contaminadas, ou seja, a 
Elaboração do Plano de Intervenção. 
 
Cabe ser destacado que a responsabilidade pela execução das etapas do Processo 
de Reabilitação de Áreas Contaminadas, em primeiro lugar na ordem de prioridade, é 
do causador da contaminação, ou seja, o responsável legal pela área onde se localiza 
ou onde se localizou a fonte de contaminação primária a partir da qual foi originada a 
contaminação que atingiu a área em avaliação. 
 
Quando a área em avaliação for classificada como AFe ou AFd na etapa de Avaliação 
de Risco, o causador da contaminação externa ou difusa, identificados pelo órgão 
ambiental gerenciador serão demandados a dar continuidade das ações de GAC na 
área atingida e em sua própria área ou região, conforme o caso. 
 
Entretanto, o responsável legal pela AFe, AFd ou AQN, mesmo não sendo o causador, 
poderá ser demandado pelo órgão ambiental gerenciador para realizar as etapas 
seguintes do Processo de Reabilitação de Áreas Contaminadas ou mesmo realizá-las 
de forma espontânea nos limites de sua área atingida, caso o causador da 
Capítulo 1: Introdução ao Gerenciamento de Áreas Contaminadas 
Seção 1.2: Conceituação 
Manual de Gerenciamento de Áreas Contaminadas – 3ª Edição – Versão 3.1 42
contaminação externa ou difusa não seja identificado, ou esse não atenda às 
exigências efetuadas pelo órgão ambiental gerenciador. 
 
3.2. O Processo de Reabilitação de Áreas Contaminadas 
Das etapas previstas no GAC, aquelas pertencentes ao Processo de Reabilitação de 
Áreas Contaminadas buscam implementar as medidas de intervenção em AC, com o 
objetivo de viabilizar o uso proposto ou implementado de forma segura. 
 
O Processo de Reabilitação de Áreas Contaminadas é constituído por cinco etapas: 
 
 Elaboração do Plano de Intervenção; 
 Execução do Plano de Intervenção; 
 Monitoramento para Encerramento; 
 Emissão do Termo de Reabilitação para o Uso Declarado; 
 Acompanhamento da Medida de Controle de Engenharia (MCE) ou da 
Medida de Controle Institucional (MCI). 
3.2.1. Elaboração do Plano de Intervenção 
 
A etapa de Elaboração do Plano de Intervenção inicia o Processo de Reabilitação de 
Áreas Contaminadas. 
 
O plano de intervenção é o documento onde são definidas e planejadas as medidas de 
intervenção necessárias para viabilizar o uso seguro da ACRi e sua vizinhança, 
tornando-a uma AR. 
 
A etapa de Elaboração do Plano de Intervenção envolve, basicamente, a realização 
das seguintes ações (ver Capítulo 9): 
 
 definir o objetivo geral e os objetivos específicos do plano de intervenção; 
 definir as medidas de intervenção a serem adotadas; 
 selecionar as técnicas a serem empregadas em cada uma das medidas de 
intervenção definidas. 
Para isso, são utilizadas informações consolidadas no MCA 4, sobre as características 
das fontes de contaminação primárias ou secundárias, das SQI, dos caminhos 
potenciais e reais de exposição e dos bens a proteger identificados, além da definição 
do uso pretendido para a área em avaliação. 
 
A responsabilidade pela realização da etapa de Elaboração do Plano de Intervenção é 
do responsável legal, que deve designar um responsável técnico para a sua execução. 
 
As informações obtidas na etapa de Elaboração do Plano de Intervenção são 
utilizadas para subsidiar a execução das etapas subsequentes do Processo de 
Reabilitação de Áreas Contaminadas, especialmente, a etapa seguinte de Execução 
do Plano de Intervenção. 
 
Cabe ao órgão ambiental gerenciador a avaliação do relatório da etapa de Elaboração 
do Plano de Intervenção apresentado pelo responsável legal e a gestão das novas 
informações obtidas. 
Capítulo 1: Introdução ao Gerenciamento de Áreas Contaminadas 
Seção 1.2: Conceituação 
Manual de Gerenciamento de Áreas Contaminadas – 3ª Edição – Versão 3.1 43
 
Essas informações devem ser inseridas no Cadastro de Áreas Contaminadas e 
Reabilitadas, de forma a complementar a Relação de Áreas Contaminadas com Risco 
Confirmado, ou formar uma novaRelação de Áreas Contaminadas em Processo de 
Reutilização, conforme o caso. 
 
A seguir, as principais atividades da etapa de Elaboração do Plano de Intervenção são 
listadas em uma ordem lógica de execução e descritas com um pouco mais de detalhe 
nas alíneas subsequentes: 
 
 Definir o objetivo geral e os objetivos específicos do plano de intervenção; 
 Definir as medidas de intervenção a serem adotadas; 
 Selecionar as técnicas a serem empregadas para implementação de cada 
medida de intervenção; 
 Descrever o plano de intervenção; 
 Definir o quinto modelo conceitual da área (MCA 5); 
 Propor nova classificação da área em avaliação; 
 Verificar a necessidade de continuidade do GAC; 
 Identificar os responsáveis legais e solidários. 
a. Definir o objetivo geral e os objetivos específicos do plano de intervenção 
Inicialmente, antes da escolha das medidas de intervenção a serem implementadas na 
área em avaliação ou na sua vizinhança é necessário definir o objetivo geral e os 
objetivos específicos do plano de intervenção. 
 
O objetivo geral do plano de intervenção de uma ACRi é estabelecer as condições 
necessárias para proporcionar o uso seguro definido na área em avaliação. Dessa 
forma, a primeira condição a ser estabelecida no plano de intervenção de uma ACRi é 
definir o uso a ser dado para a área em avaliação, que pode ser o uso atual ou outro 
futuro. 
 
Tendo em vista o objetivo geral, os objetivos específicos do plano de intervenção são 
definidos caso a caso, com base nos resultados das etapas do Processo de 
Identificação de Áreas Contaminadas. 
 
Na escolha dos objetivos específicos, deve-se sempre ter em mente o foco principal 
do GAC, que é transformar a ACRi em uma AR, por meio do gerenciamento dos riscos 
ou dos danos identificados. 
 
Os objetivos específicos possíveis em um Plano de Intervenção são apresentados a 
seguir: 
 
I. Objetivos específicos relativos às fontes de contaminação primárias e 
secundárias identificadas: 
 isolar a fonte de contaminação primária ativa; 
 conter a fonte de contaminação primária ativa; 
Capítulo 1: Introdução ao Gerenciamento de Áreas Contaminadas 
Seção 1.2: Conceituação 
Manual de Gerenciamento de Áreas Contaminadas – 3ª Edição – Versão 3.1 44
 eliminar a fonte de contaminação primária ativa; 
 isolar a fonte de contaminação secundária ativa; 
 conter a fonte de contaminação secundária ativa; 
 eliminar a fonte de contaminação secundária ativa. 
II. Objetivos específicos relativos aos caminhos de exposição identificados: 
 eliminar ou interromper o caminho de exposição; 
 reduzir a concentração e tamanho da pluma de contaminação; 
 eliminar a pluma de contaminação. 
III. Objetivos específicos relativos aos bens a proteger identificados: 
 atingir o nível de risco aceitável ao bem a proteger presente; 
 eliminar o risco identificado aos bem a proteger; 
 remover o receptor ou o bem a proteger. 
IV. Objetivos específicos relativos aos danos identificados: 
 recuperar totalmente o dano identificado ao bem a proteger; 
 recuperar parcialmente o dano identificado ao bem a proteger. 
De acordo com a situação da área em avaliação, um ou mais dos objetivos específicos 
citados podem ser selecionados. 
 
b. Definir as medidas de intervenção a serem adotadas 
Para se atingir os objetivos geral e específicos de um plano de intervenção, existem 
diversas medidas de intervenção que podem ser adotadas na fonte de contaminação 
primária, secundária, no compartimento do meio ambiente contaminado ou no bem a 
proteger. Esse rol de medidas se divide em quatro tipos, descritos a seguir: 
 
 medidas de remediação por tratamento: envolvem a aplicação de técnicas de 
remediação que propiciam a redução da concentração da contaminação até a 
meta de remediação estabelecida, ou mesmo a eliminação da sua massa; 
 medidas de remediação por contenção: envolvem a aplicação de técnicas de 
remediação que propiciam a contenção ou o isolamento da contaminação; 
 medidas de controle de engenharia: envolvem a utilização das partes 
constituintes das obras civis, como pisos, paredes e fundações, como um 
dispositivo para evitar a exposição do bem a proteger à contaminação 
presente; 
 medidas de controle institucional: envolvem o estabelecimento de restrições 
de uso e ocupação em uma determinada área, ou de exploração dos 
compartimentos do meio ambiente contaminados, visando evitar a exposição 
do bem a proteger à contaminação. 
Capítulo 1: Introdução ao Gerenciamento de Áreas Contaminadas 
Seção 1.2: Conceituação 
Manual de Gerenciamento de Áreas Contaminadas – 3ª Edição – Versão 3.1 45
No decorrer da execução do plano de intervenção, as medidas de intervenção podem 
ser implementadas de forma isolada ou em conjunto e sua escolha deve ser feita pelo 
responsável técnico com base nas seguintes informações: 
 
 o uso a ser dado à área em avaliação; 
 as informações contidas no MCA 4; 
 os objetivos específicos do plano de intervenção; 
 o prazo disponível para se atingir a reabilitação da área, definido por meio de 
exigência estabelecida pelo órgão ambiental gerenciador ou em razão dos 
interesses do responsável legal; 
 a sustentabilidade das medidas de intervenção propostas, ou seja, a escolha 
e avaliação das medidas, ou do conjunto de medidas, que proporcionem a 
melhor solução nas dimensões ambientais, econômicas e sociais; 
 a possibilidade de proporcionar a revitalização da região onde a área se 
insere. 
c. Selecionar as técnicas a serem empregadas para implementação de cada 
medida de intervenção 
Depois da definição das medidas de intervenção, deverá ser selecionada a técnica, ou 
o conjunto de técnicas correspondente, para a implementação de cada medida de 
intervenção. 
 
Para tanto, o responsável técnico deverá estabelecer critério de seleção que considere 
o seguinte: 
 
 a disponibilidade da técnica; 
 a sua aplicabilidade, considerando as características da fonte de 
contaminação primária e secundária, da SQI, do compartimento do meio 
ambiente contaminado ou da pluma de contaminação e do bem a proteger 
envolvidos, além das características do uso atual e futuro da área; 
 as concentrações máximas aceitáveis (CMA) a serem consideradas; 
 a sustentabilidade da técnica (melhor solução ambiental, que seja 
economicamente viável e represente ganhos sociais); 
 o histórico de utilização da técnica para casos similares; 
 o tempo disponível para reabilitação da área em avaliação. 
Alguns exemplos de técnicas de remediação são o bombeamento e tratamento, 
extração de vapores do solo, implantação de barreiras permeáveis reativas, oxidação 
química in situ, tratamento termal e atenuação natural monitorada. 
 
A comparação de diferentes técnicas é essencial quando se trata das medidas de 
remediação. 
 
Para as medidas de controle institucional, é importante descrever a forma e 
parâmetros de sua implantação, como, por exemplo, as dimensões do polígono de 
restrição de uso da água subterrânea, sua profundidade e forma de acompanhamento. 
Capítulo 1: Introdução ao Gerenciamento de Áreas Contaminadas 
Seção 1.2: Conceituação 
Manual de Gerenciamento de Áreas Contaminadas – 3ª Edição – Versão 3.1 46
 
No caso de uma medida de controle de engenharia é importante definir suas 
características, como a extensão, espessura e durabilidade de um piso da própria 
edificação que será utilizado para eliminar a exposição da contaminação a um bem a 
proteger. 
 
d. Descrever o plano de Intervenção 
No plano de intervenção deverão ser apresentadas as seguintes informações: 
 
 o uso pretendido para a área em avaliação; 
 os objetivos específicos a serem alcançados com a implementação do plano 
de intervenção; 
 a descrição das medidas de intervenção e os critérios adotados para a sua 
seleção; 
 a descrição das técnicas a serem utilizadas na implementação de cada uma 
das medidas de intervenção, e os critérios adotados para a sua seleção; 
 a indicação das metas deremediação propostas para as medidas de 
remediação; 
 A indicação das CMA para as medidas de controle de engenharia e das 
medidas de controle institucional; 
 o mapa de intervenção especificando as áreas de atuação das medidas de 
intervenção selecionadas, e a localização dos pontos de conformidade de 
cada uma delas; 
 o projeto básico das medidas de remediação, das medidas de controle de 
engenharia e das medidas de controle institucional selecionadas; 
 o plano preliminar de monitoramento da eficiência e eficácia das medidas de 
remediação para tratamento, da eficácia das medidas de remediação por 
contenção e do acompanhamento e/ou monitoramento das medidas de 
controle de engenharia e de controle institucional propostas; 
 o plano preliminar para a execução da etapa de Monitoramento para 
Encerramento; 
 o cronograma do plano de intervenção; 
 o plano de aplicação de recursos, de infraestrutura, de segurança e de 
logística; 
 a relação dos responsáveis legais identificados, com a indicação das 
obrigações cabíveis a cada um deles na etapa seguinte de Execução do 
Plano de Intervenção. 
Os pontos de conformidade são pontos, áreas ou volumes dos compartimentos do 
meio ambiente, definidos no plano de intervenção, em que será verificado o 
atingimento das metas de remediação e/ou a manutenção da aplicação das medidas 
de intervenção. 
 
e. Definir o quinto modelo conceitual da área (MCA 5) 
Capítulo 1: Introdução ao Gerenciamento de Áreas Contaminadas 
Seção 1.2: Conceituação 
Manual de Gerenciamento de Áreas Contaminadas – 3ª Edição – Versão 3.1 47
O quinto modelo conceitual da área (MCA 5) é o relato escrito, acompanhado de 
ilustrações, dos resultados obtidos na execução da etapa de Elaboração do Plano de 
Intervenção, contendo resumidamente, as características das medidas de intervenção 
propostas, das SQI, dos caminhos potenciais e reais de exposição e dos bens a 
proteger. 
 
Os resultados representados no MCA 5 são fundamentais para a realização da etapa 
seguinte de Execução do Plano de Intervenção. 
 
f. Propor nova classificação da área em avaliação 
Em termos práticos, na etapa de Elaboração do Plano de Intervenção a área em 
avaliação mantém sua classificação como ACRi, obtida após a realização da etapa de 
Avaliação de Risco, ou pode ser classificada como ACRu (Classificação 6, na Figura 
1.2-1). 
 
Observa-se que a área em avaliação somente será classificada como ACRu, quando o 
plano de intervenção elaborado for aprovado pelo órgão ambiental gerenciador e 
prever em seu escopo a reutilização da ACRi. 
 
O processo de reutilização de uma AC é aquele onde o responsável legal pretende 
encerrar uma atividade potencialmente geradora de áreas contaminadas, a partir da 
qual foi gerada uma AC e implementar outro uso nessa área após a sua reabilitação, 
seja ele um uso com ou sem potencial de contaminação (ver Seção 1.12). 
 
g. Verificar a necessidade de continuidade do GAC 
O responsável legal pela área classificada como ACRi ou ACRu na etapa de 
Elaboração do Plano de Intervenção, deve realizar a etapa seguinte do GAC, ou seja, 
a etapa de Execução do Plano de Intervenção. 
 
Os responsáveis legais pelas ACRi poderão executar espontaneamente a etapa de 
Execução do Plano de Intervenção, quando tiverem interesse em iniciar um processo 
de reutilização ou um processo de desativação da atividade licenciada, ou quando 
acharem pertinente em seu sistema de gestão ambiental. 
 
h. Identificar os responsáveis legais e solidários 
Os responsáveis legais e solidários são as pessoas físicas ou jurídicas candidatas a 
arcar com a responsabilidade de executar as etapas subsequentes do GAC, quando 
os resultados da etapa de Elaboração do Plano de Intervenção indicarem essa 
necessidade. 
 
Entre os responsáveis legais e solidários identificados durante as etapas do Processo 
de Identificação de Áreas Contaminadas (o causador da contaminação e seus 
sucessores, o proprietário da área, o superficiário, o detentor da posse efetiva ou 
quem dela se beneficiar direta ou indiretamente), deve ser indicado aquele, ou 
aqueles, que responderão pelas demandas do órgão ambiental gerenciador a executar 
a etapa de Execução do Plano de Intervenção. 
 
3.2.2. Execução do Plano de Intervenção 
 
A Execução do Plano de Intervenção em cada ACRi ou ACRu tem como objetivo geral 
implementar as medidas de intervenção definidas na etapa anterior de Elaboração do 
Plano de Intervenção, visando torná-la uma AR. 
Capítulo 1: Introdução ao Gerenciamento de Áreas Contaminadas 
Seção 1.2: Conceituação 
Manual de Gerenciamento de Áreas Contaminadas – 3ª Edição – Versão 3.1 48
 
A etapa de Execução do Plano de Intervenção envolve a realização das seguintes 
ações, em conjunto ou isoladamente, quando previstas no plano de intervenção (ver 
Capítulo 10): 
 
 implantação, operação e avaliação do desempenho das medidas de 
remediação por tratamento ou por contenção; 
 implantação das medidas de controle de engenharia; 
 implantação das medidas de controle institucional. 
 
A responsabilidade pela realização da etapa de Execução do Plano de Intervenção é 
do responsável legal, que deve designar um responsável técnico para propiciar a sua 
execução. 
 
As informações obtidas na etapa de Execução do Plano de Intervenção são utilizadas 
para subsidiar a realização da etapa seguinte de Monitoramento para Encerramento. 
 
Observa-se que, na etapa de Execução do Plano de Intervenção, a área será 
classificada como Área Contaminada em Processo de Remediação (ACRe) quando for 
iniciada uma medida de remediação prevista no plano de intervenção. 
 
Cabe ao órgão ambiental gerenciador a avaliação do Relatório da etapa de Execução 
do Plano de Intervenção apresentado pelo responsável legal e a gestão das 
informações obtidas, que devem ser inseridas no Cadastro de Áreas Contaminadas e 
Reabilitadas, complementando a Relação de Áreas em Processo de Remediação ou a 
Relação de Áreas em Processo de Monitoramento para Encerramento. 
 
A seguir, as principais atividades da etapa de Execução do Plano de Intervenção são 
listadas em uma ordem lógica de execução e descritas com um pouco mais de detalhe 
nas alíneas subsequentes: 
 
 Implantação, operação e avaliação do desempenho das medidas de 
remediação por tratamento ou por contenção; 
 Implantação das medidas de controle de engenharia; 
 Implantação das medidas de controle institucional; 
 Definir o sexto modelo conceitual da área (MCA 6); 
 Propor nova classificação da área em avaliação; 
 Verificar a necessidade de continuidade do GAC; 
 Identificar os responsáveis legais e solidários. 
a. Implantação, operação e avaliação do desempenho das medidas de 
remediação 
Um dos objetivos específicos da etapa de Execução do Plano de Intervenção é 
implantar, quando previstas, as medidas de remediação selecionadas na etapa de 
Elaboração do Plano de Intervenção. 
 
Capítulo 1: Introdução ao Gerenciamento de Áreas Contaminadas 
Seção 1.2: Conceituação 
Manual de Gerenciamento de Áreas Contaminadas – 3ª Edição – Versão 3.1 49
Geralmente, as medidas de remediação compreendem sistemas de tratamento ou de 
contenção da contaminação, que utilizam uma ou mais técnicas de remediação de 
forma conjunta ou isolada. 
 
Os sistemas de remediação funcionam na área por um período necessário para se 
atingir as metas de remediação, o que demanda, portanto, atividades de operação. 
Essas são necessárias para garantir o funcionamento do sistema de remediação 
dentro dos parâmetros previstos em projeto. 
 
Juntamente com as atividades de operação é realizado o monitoramento da eficiência 
e eficácia do sistema de remediação, que consiste na avaliação do seu desempenho e 
verificação do atingimento das metas de remediação nos pontos de conformidade. 
 
b. Implantação das medidas de controle de engenharia 
Um dos objetivos específicos da etapa de Execução do Plano de Intervenção é 
implantar, quando previstas, as medidas de controle de engenharia selecionadasna 
etapa de Elaboração do Plano de Intervenção. 
 
Por definição, a implantação dessa medida ocorre durante a construção das obras 
civis previstas no projeto futuro proposto para a área. 
 
Quando prontas, as medidas de controle de engenharia também demandam 
acompanhamento nos pontos de conformidade e, principalmente, comprovação de 
execução de acordo com o projeto apresentado e aprovado no plano de intervenção, 
conforme descrito na etapa a seguir de Acompanhamento da Medida de Controle de 
Engenharia ou da Medida de Controle Institucional. 
 
c. Implantação das medidas de controle institucional 
Um dos objetivos específicos da etapa de Execução do Plano de Intervenção é 
implantar, quando previstas, as medidas de controle institucional selecionadas na 
etapa de Elaboração do Plano de Intervenção. 
 
Depois de ocorrer a aprovação do órgão ambiental gerenciador, a implantação das 
medidas de controle institucional é imediata, pois necessita-se apenas de uma 
formalização documental que especifique a área ou volume de abrangência. 
 
As medidas de controle institucional geralmente são propostas, aprovadas e 
implementadas com uma configuração inicial definida na etapa de Elaboração do 
Plano de Intervenção, podendo posteriormente serem aperfeiçoadas ou, dependendo 
da qualidade do meio quando da reabilitação, serem encerradas. 
 
Quando uma AR requer a manutenção de uma medida de controle institucional, essa 
também precisa ser acompanhada nos pontos de conformidade aprovados no plano 
de intervenção, conforme a etapa de Acompanhamento da Medida de Controle de 
Engenharia ou da Medida de Controle Institucional. 
 
d. Definir o sexto modelo conceitual da área (MCA 6) 
O MCA 6 é o relato escrito, acompanhado de ilustrações, dos resultados obtidos na 
realização da etapa de Execução do Plano de Intervenção, sendo descritas 
basicamente as condições em que se encontram as fontes de contaminação primária 
e secundária, as SQI, os caminhos potenciais e reais de exposição e os bens a 
proteger, após implantação e execução das medidas de intervenção. 
Capítulo 1: Introdução ao Gerenciamento de Áreas Contaminadas 
Seção 1.2: Conceituação 
Manual de Gerenciamento de Áreas Contaminadas – 3ª Edição – Versão 3.1 50
 
Os resultados dessa etapa são fundamentais para a realização da etapa seguinte de 
Monitoramento para Encerramento. 
 
e. Propor nova classificação da área em avaliação 
Em termos práticos, o objetivo a ser atingido ao final da etapa de Execução do Plano 
de Intervenção é verificar se a área em avaliação, classificada como ACRi ou ACRu ou 
ACRe, pode ser classificada como Área em Processo de Monitoramento para 
Encerramento (AME), ou outra classificação possível (Classificação 7, na Figura 1.2-
1). 
 
As situações para classificar uma ACRi, ACRu ou ACRe como AME, são descritas a 
seguir: 
 
 quando for constatado o atingimento das metas de remediação, pela 
aplicação de medidas de remediação, e as medidas de controle de 
engenharia e as medidas de controle institucional, quando previstas, tenham 
sido implantadas; 
 quando o plano de intervenção indicar somente a necessidade de 
implementação de medidas de controle de engenharia e/ou de medidas de 
controle institucional e essas tenham sido implantadas. 
 
f. Verificar a necessidade de continuidade do Gerenciamento de Áreas 
Contaminadas 
O responsável legal pela área classificada como AME na etapa de Execução do Plano 
de Intervenção deve realizar a etapa seguinte do GAC, ou seja, a etapa de 
Monitoramento para Encerramento. 
 
O Monitoramento para Encerramento pode ser executado espontaneamente pelo 
responsável legal da AME, quando houver o interesse em iniciar um processo de 
reutilização ou um processo de desativação da atividade licenciada, ou quando 
acharem pertinente em seu sistema de gestão ambiental. 
 
g. Identificar os responsáveis legais e solidários 
Os responsáveis legais solidários são as pessoas físicas ou jurídicas candidatas a 
arcar com a responsabilidade de executar as etapas subsequentes do GAC, quando 
os resultados da etapa de Execução do Plano de Intervenção indicarem essa 
necessidade. 
 
Entre os responsáveis legais solidários identificados durante as etapas do Processo de 
Identificação de Áreas Contaminadas (o causador da contaminação e seus 
sucessores, o proprietário da área, o superficiário, o detentor da posse efetiva ou 
quem dela se beneficiar direta ou indiretamente), deve ser indicado aquele, ou 
aqueles, que responderão pelas demandas do órgão ambiental gerenciador a executar 
a etapa de Monitoramento para Encerramento. 
 
3.2.3. Monitoramento para Encerramento 
 
A realização da etapa de Monitoramento para Encerramento, na área classificada 
como AME, tem como finalidade verificar a manutenção da situação obtida após a 
Capítulo 1: Introdução ao Gerenciamento de Áreas Contaminadas 
Seção 1.2: Conceituação 
Manual de Gerenciamento de Áreas Contaminadas – 3ª Edição – Versão 3.1 51
realização da etapa de Execução do Plano de Intervenção, condição essa necessária 
para possibilitar a classificação da área em avaliação como AR. 
 
A etapa de Monitoramento para Encerramento é executada, basicamente, a partir da 
realização de campanhas de monitoramento nos pontos de conformidade das medidas 
de intervenção, definidas no plano de intervenção (ver Capítulo 11). 
 
A responsabilidade pela realização da etapa de Monitoramento para Encerramento é 
do responsável legal, que deve designar um responsável técnico para propiciar a sua 
execução. 
 
Os resultados obtidos na etapa de Monitoramento para Encerramento são utilizados 
para subsidiar a execução da etapa subsequente do GAC, ou seja, a etapa de 
Emissão do Termo de Reabilitação para o Uso Declarado. 
 
Cabe ao órgão ambiental gerenciador a avaliação dos relatórios de monitoramento 
para encerramento apresentados pelo responsável legal e a gestão das informações 
obtidas na etapa de Monitoramento para Encerramento, que devem ser inseridas no 
Cadastro de Áreas Contaminadas e Reabilitadas, formando e complementando a 
Relação de Áreas em Processo de Monitoramento para Encerramento e da Relação 
de Áreas Reabilitadas para o Uso Declarado. 
 
A seguir, as principais atividades da etapa de Monitoramento para Encerramento são 
listadas em uma ordem lógica de execução e descritas com um pouco mais de detalhe 
nas alíneas subsequentes: 
 
 Realizar campanhas de monitoramento nos pontos de conformidade; 
 Definir o sétimo modelo conceitual da área (MCA 7); 
 Propor nova classificação da área em avaliação; 
 Verificar a necessidade de continuidade do Gerenciamento de Áreas 
Contaminadas; 
 Identificar os responsáveis legais e solidários. 
a. Realizar campanhas de monitoramento nos pontos de conformidade 
A etapa de Monitoramento para Encerramento é realizada por meio da execução de 
campanhas de amostragem nos pontos de conformidade, visando: 
 
 comprovar a permanência de um estado de equilíbrio e estabilidade da massa 
ou concentração da SQI no tempo, após a implantação e encerramento das 
medidas de remediação. 
 ratificar a ausência de risco e o encerramento da aplicação da medida de 
remediação; 
 ratificar a necessidade de manutenção da medida de controle de engenharia; 
 ratificar a necessidade de manutenção da medida de controle institucional. 
Na maioria dos casos o monitoramento para encerramento é focado no 
acompanhamento das concentrações das SQI em água subterrânea da zona saturada 
ou na fase vapor da zona não saturada, mas pode abranger a amostragem de 
Capítulo 1: Introdução ao Gerenciamento de Áreas Contaminadas 
Seção 1.2: Conceituação 
Manual de Gerenciamento de Áreas Contaminadas – 3ª Edição – Versão 3.1 52
qualquer outro compartimento do meio ambiente cujo monitoramento se mostrar 
necessário, como o solo, sedimentos, água superficial, pisos e paredes. 
 
b. Definir o sétimo modelo conceitual da área (MCA 7) 
O MCA 7 é o relato escrito, acompanhado de ilustrações, dos resultados obtidos na 
execução3.1 
16.3 Fundo Estadual para a Prevenção e Remediação de 
Áreas Contaminadas (FEPRAC) 
Publicado 3.1 
16.4 Educação Ambiental Publicado 3.1 
 
Capítulo 1: Introdução ao Gerenciamento de Áreas Contaminadas 
Manual de Gerenciamento de Áreas Contaminadas - 3ª Edição – Versão 3.1 1
Seção 1.1: Introdução 
Autor: Fernando R. Scolamieri Pereira 
 
O Capítulo 1, Introdução ao Gerenciamento de Áreas Contaminadas, apresenta os 
principais conceitos, bem como a introdução às diferentes metodologias atualmente 
adotadas durante as etapas do Gerenciamento de Áreas Contaminadas. 
 
Por meio de quatorze Seções, o Capítulo 1 busca apresentar de forma prática e 
resumida os principais fundamentos à implementação do Gerenciamento de Áreas 
Contaminadas, sendo recomendada a sua leitura, de forma sequencial, como ponto de 
partida para todos aqueles interessados no assunto, em especial, para órgãos 
ambientais gerenciadores, responsáveis legais e responsáveis técnicos. 
 
As Seções do Capítulo 1 estão dividas da seguinte maneira: 
 
1.1 Introdução 
1.2 Conceituação 
1.3 Histórico do Gerenciamento de Áreas Contaminadas no Estado de São Paulo 
1.4 Conceitos de Hidrogeologia 
1.5 Conceitos sobre Transporte de Substâncias nas Zonas não Saturada e Saturada 
1.6 Metodologia de Gerenciamento de Áreas Contaminadas 
1.7 Procedimento de Averbação na Matrícula do Imóvel 
1.8 Procedimento de Gerenciamento de Áreas Contaminadas Críticas 
1.9 Procedimento de Gerenciamento de Áreas Contaminadas em Regiões Prioritárias 
1.10 Procedimento de Gerenciamento de Áreas Contaminadas Órfãs 
1.11 Medidas Emergenciais em Áreas Contaminadas 
1.12 Procedimento de Reutilização de Áreas Reabilitadas e Revitalização de Regiões 
Degradadas 
1.13 Metodologias para Prevenir a Geração de Áreas Contaminadas 
1.14 Procedimento de Desativação de Atividades Potencialmente Geradoras de Áreas 
Contaminadas 
Capítulo 1: Introdução ao Gerenciamento de Áreas Contaminadas 
Manual de Gerenciamento de Áreas Contaminadas – 3ª Edição – Versão 3.1 1
Seção 1.2: Conceituação 
Autores: Elton Gloeden e André Silva Oliveira 
Sumário 
1. Introdução ............................................................................................................ 2 
2. Área com Potencial de Contaminação (AP) e Área Contaminada (AC) ........... 4 
2.1. Fonte de contaminação .................................................................................. 5 
2.2. Danos e riscos aos bens a proteger em áreas contaminadas ......................... 8 
3. Gerenciamento de Áreas Contaminadas ......................................................... 10 
3.1. O Processo de Identificação de Áreas Contaminadas .................................. 15 
3.1.1. Identificação de Áreas com Potencial de Contaminação ....................... 15 
3.1.2. Avaliação Preliminar .............................................................................. 16 
3.1.3. Investigação Confirmatória .................................................................... 22 
3.1.4. Investigação Detalhada ......................................................................... 29 
3.1.5. Avaliação de Risco ................................................................................ 36 
3.2. O Processo de Reabilitação de Áreas Contaminadas ................................... 42 
3.2.1. Elaboração do Plano de Intervenção ..................................................... 42 
3.2.2. Execução do Plano de Intervenção ....................................................... 47 
3.2.3. Monitoramento para Encerramento ....................................................... 50 
3.2.4. Emissão do Termo de Reabilitação para o Uso Declarado .................... 53 
3.2.5. Acompanhamento da Medida de Controle de Engenharia ou da Medida 
de Controle Institucional ...................................................................................... 55 
3.3. Aspectos Legais ........................................................................................... 57 
4. Cadastro de Áreas Contaminadas e Reabilitadas: instrumento principal do 
GAC ........................................................................................................................... 57 
5. Procedimento de Averbação de Informações na Matrícula do Imóvel ........... 58 
6. Gerenciamento de Áreas Contaminadas Críticas ........................................... 58 
7. Gerenciamento de Áreas Contaminadas em Regiões Prioritárias ................. 59 
8. Gerenciamento de Áreas Contaminadas Órfãs ............................................... 59 
9. Medidas Emergenciais em Áreas Contaminadas ............................................ 59 
10. Procedimento de Reutilização de Áreas Contaminada e Revitalização de 
Regiões Degradadas ................................................................................................ 59 
11. Metodologias Utilizadas para Prevenir a Geração de Áreas Contaminadas
 60 
12. Procedimento de Desativação de Atividades Potencialmente Geradoras de 
Áreas Contaminadas ................................................................................................ 60 
 
 
Capítulo 1: Introdução ao Gerenciamento de Áreas Contaminadas 
Seção 1.2: Conceituação 
Manual de Gerenciamento de Áreas Contaminadas – 3ª Edição – Versão 3.1 2
1. Introdução 
 
Nesta Seção 1.2 são apresentados os conceitos básicos e as definições relacionados 
ao tema “áreas contaminadas”, com o objetivo de proporcionar melhor entendimento 
do conteúdo apresentado nos Capítulos e Seções deste Manual de Gerenciamento 
de Áreas Contaminadas. 
 
Como definição, uma Área Contaminada (AC) é uma área onde existe ou existiu fonte 
de contaminação primária e, como resultado, contém quantidades de matéria ou 
concentrações de substâncias, em ao menos um dos compartimentos do meio 
ambiente, capazes de causar danos aos bens a proteger. 
 
Os compartimentos do meio ambiente são os solos, os sedimentos, as rochas, os 
materiais utilizados para aterrar os terrenos, as construções, as águas subterrâneas e 
superficiais, o ar e os organismos vivos. 
 
O Gerenciamento de Áreas Contaminadas (GAC) é o conjunto de ações de 
identificação, caracterização e implementação de medidas de intervenção em AC 
localizadas em uma região de interesse, com o objetivo de viabilizar o uso seguro 
proposto ou implementado em cada uma delas, culminando na sua classificação como 
Área Reabilitada para o Uso Declarado (AR) ao final do desenvolvimento das etapas 
do GAC. 
 
Portanto, uma AR é aquela em que os riscos acima dos níveis aceitáveis ou os danos 
identificados e caracterizados aos bens a proteger foram gerenciados 
satisfatoriamente após a execução das etapas do GAC. Observa-se que o uso 
declarado em uma AR deve estar em consonância com o permitido pela legislação de 
uso e ocupação do solo vigente na região onde ela se insere. 
 
O GAC foi introduzido no Estado de São Paulo e no Brasil por meio da publicação da 
primeira edição deste Manual de Gerenciamento de Áreas Contaminadas em 1999 
(ver Seção 1.3 deste Capítulo 1). 
 
Atualmente, o GAC é amplamente aplicado, uma vez que foi incorporado na legislação 
ambiental vigente, sendo descrito na Resolução CONAMA nº 420/2009, na Lei do 
Estado de São Paulo nº 13.577/2009 e no seu Decreto Regulamentador nº 
59.263/2013 (ver Capítulo 2). 
 
Nesta Seção 1.2 também é apresentado um resumo da Metodologia de 
Gerenciamento de Áreas Contaminadas, contendo basicamente uma descrição das 
suas etapas, visando explicar de forma simples e clara como se dá o funcionamento 
do GAC. 
 
A Metodologia de Gerenciamento de Áreas Contaminadas baseia-se em uma 
estratégia constituída por etapas sequenciais, em que a informação obtida em cada 
etapa é a base para a execução da etapa posterior. 
 
As ações previstas na Metodologia de Gerenciamento de Áreas Contaminadas 
compreendem a realização de investigações, que visam identificar e caracterizar as 
AC dentro da região de interesse eda etapa de Monitoramento para Encerramento, sendo descritas 
basicamente as condições atingidas e permanentes das fontes de contaminação 
primária e secundárias, das SQI, dos caminhos potenciais e reais de exposição e dos 
bens a proteger, que demonstrem a manutenção da ausência de danos ou riscos 
acima no nível aceitável. 
 
Os resultados dessa etapa são fundamentais para a realização da etapa seguinte de 
Emissão do Termo de Reabilitação para o Uso Declarado. 
 
c. Propor nova classificação da área em avaliação 
Em termos práticos, o objetivo da etapa de Monitoramento para Encerramento é 
verificar se a área em avaliação, classificada como AME, pode ser classificada como 
AR (Classificação 8, na Figura 1.2-1). 
 
Uma AR é aquela em que os riscos acima dos níveis aceitáveis ou os danos 
caracterizados aos bens a proteger foram gerenciados satisfatoriamente, por meio da 
execução de medidas de intervenção, cujos resultados proporcionam condições 
seguras e permanentes para o uso declarado da área, atual ou pretendido, em 
consonância com a legislação de uso e ocupação do solo vigente da região. 
 
Dessa forma, quando realizada satisfatoriamente a etapa de Monitoramento para 
Encerramento, a área classificada como AME passa a ser classificada como AR nas 
seguintes situações: 
 
 quando for comprovada a manutenção do atingimento das metas de 
remediação pela aplicação de medidas de remediação, e as medidas de 
controle de engenharia e/ou as medidas de controle institucional, quando 
previstas no plano de intervenção, tenham sido implementadas; 
 quando o plano de intervenção indicar somente a necessidade de 
implementação de medidas de controle de engenharia e/ou de medidas de 
controle institucional, e essas tenham sido implementadas. 
Se durante o monitoramento para encerramento for constatado um desequilíbrio e 
aumento repentino das concentrações, o monitoramento pode ser estendido para 
melhor entendimento da situação, persistindo a área em avaliação classificada como 
AME. 
 
Caso os aumentos de concentração sejam recorrentes, de forma que uma estabilidade 
não seja comprovada, a área recebe novamente a classificação como ACRi, devendo 
as medidas de intervenção necessárias serem revistas ou retomadas pelo 
Responsável Legal. 
 
d. Verificar a necessidade de continuidade do Gerenciamento de Áreas 
Contaminadas 
O responsável legal pela área classificada como AR deve fornecer ao órgão ambiental 
gerenciador os documentos e as informações necessárias para a realização da etapa 
Capítulo 1: Introdução ao Gerenciamento de Áreas Contaminadas 
Seção 1.2: Conceituação 
Manual de Gerenciamento de Áreas Contaminadas – 3ª Edição – Versão 3.1 53
de Emissão do Termo de Reabilitação para o Uso Declarado. Além dos resultados do 
monitoramento para encerramento, é importante fornecer e destacar as seguintes 
informações: 
 
 cópia atualizada das matrículas dos imóveis da área em avaliação; 
 coordenadas georreferenciadas do polígono da medida de controle de 
engenharia; 
 coordenadas georreferenciadas do polígono da medida de controle institucional 
e profundidade, quando a restrição se aplica a um sistema tridimensional, 
como um aquífero por exemplo; 
 frequência do acompanhamento das medidas de controle de engenharia e de 
controle institucional; 
 uso futuro pretendido na área. 
 
Nos casos das áreas que foram reabilitadas sob a condição de se implantar medidas 
de controle institucional e/ou medidas de controle de engenharia, o responsável legal 
deverá realizar a etapa seguinte do GAC, ou seja, a etapa de Acompanhamento da 
Medida de Controle de Engenharia ou da Medida de Controle Institucional. 
 
e. Identificar os responsáveis legais e solidários 
Os responsáveis legais e solidários são as pessoas físicas ou jurídicas candidatas a 
arcar com a responsabilidade de executar as etapas subsequentes do GAC, quando 
os resultados da etapa de Monitoramento para Encerramento indicarem essa 
necessidade. 
 
Entre os responsáveis legais solidários identificados durante as etapas do Processo de 
Identificação de Áreas Contaminadas (o causador da contaminação e seus 
sucessores, o proprietário da área, o superficiário, o detentor da posse efetiva ou 
quem dela se beneficiar direta ou indiretamente), deve ser indicado aquele, ou 
aqueles, que fornecerão os documentos e as informações necessárias para o órgão 
ambiental gerenciador executar a etapa de Emissão do Termo de Reabilitação para o 
Uso Declarado, e aqueles que deverão executar a etapa de Acompanhamento da 
Medida de Controle de Engenharia ou da Medida de Controle Institucional, caso 
necessário. 
 
3.2.4. Emissão do Termo de Reabilitação para o Uso Declarado 
 
A etapa de Emissão do Termo de Reabilitação para o Uso Declarado tem como 
objetivo geral emitir o documento denominado Termo de Reabilitação para o Uso 
Declarado para uma determinada AR. 
 
O Termo de Reabilitação para o Uso Declarado é um documento que comprova a 
classificação de uma determinada área como AR (ver Capítulo 12). 
 
A responsabilidade pela realização da etapa de Emissão do Termo de Reabilitação 
para o Uso Declarado é do órgão ambiental gerenciador. Por isso, o responsável legal 
por uma AR deve fornecer os documentos e informações necessárias para que seja 
possível emitir o Termo de Reabilitação para o Uso Declarado (ver alínea d do subitem 
3.2.3 desta Seção). 
Capítulo 1: Introdução ao Gerenciamento de Áreas Contaminadas 
Seção 1.2: Conceituação 
Manual de Gerenciamento de Áreas Contaminadas – 3ª Edição – Versão 3.1 54
 
Quando a área é reabilitada sob a condição de se manter implantada uma medida de 
controle institucional e/ou medida de controle de engenharia, as informações obtidas 
na etapa de Emissão do Termo de Reabilitação para o Uso Declarado são utilizadas 
para subsidiar a execução das etapas subsequentes do GAC, ou seja, a etapa de 
Acompanhamento das Medidas de Controle de Engenharia ou das Medidas de 
Controle Institucional. 
 
Cabe ao órgão ambiental gerenciador a avaliação do documento apresentado pelo 
Responsável Legal que deve solicitar formalmente a emissão do Termo de 
Reabilitação. Caso a reabilitação seja possível nas condições colocadas, as novas 
informações sobre a área em avaliação devem ser inseridas no Cadastro de Áreas 
Contaminadas e Reabilitadas, atualizando a Relação de Áreas Reabilitadas para o 
Uso Declarado. 
 
A seguir, as principais atividades da etapa de Emissão do Termo de Reabilitação para 
o Uso Declarado são listadas em uma ordem lógica de execução e descritas com um 
pouco mais de detalhe nas alíneas subsequentes: 
 
 Descrever o conteúdo do Termo de Reabilitação para o Uso Declarado; 
 Consolidar o oitavo modelo conceitual da área (MCA 8); 
 Consolidar a classificação da AR; 
 Verificar a necessidade de continuidade do GAC; 
 Identificar os responsáveis legais e solidários. 
a. Descrever o conteúdo do Termo de Reabilitação para o Uso Declarado 
No Termo de Reabilitação para o Uso Declarado devem constar as seguintes 
informações: 
 
 as características do uso declarado, ou seja, o uso para o qual a área foi 
classificada como AR; 
 as características da medida de controle de engenharia ou da medida de 
controle institucional, caso essas tenham sido implantadas. 
Observa-se que as características do uso declarado a serem registradas no Termo de 
Reabilitação devem especificar a atividade ou ocupação a ser desenvolvida, como, por 
exemplo, a de comércio varejista de combustíveis, condomínio residencial, farmácia, 
indústria química, e não somente a sua tipologia como residencial, comercial ou 
industrial. Esse detalhamento é importante para que a reutilização de áreas 
reabilitadas seja feita de forma segura. 
 
b. Consolidar o oitavo modelo conceitual da área (MCA 8) 
O MCA 8 é o relato escrito, acompanhado de ilustrações, dos resultados obtidos na 
execução da etapa de Emissão do Termo de Reabilitação para o Uso Declarado, que 
representa as condições seguras de ocupação daárea, após passar por todas as 
etapas do GAC que antecedem a emissão do Termo de Reabilitação. 
 
Capítulo 1: Introdução ao Gerenciamento de Áreas Contaminadas 
Seção 1.2: Conceituação 
Manual de Gerenciamento de Áreas Contaminadas – 3ª Edição – Versão 3.1 55
O MCA 8 é fundamental para a execução da etapa seguinte de Acompanhamento da 
Medida de Controle de Engenharia ou da Medida de Controle Institucional, quando 
essas forem necessárias. 
 
c. Consolidar a classificação como AR 
Em termos práticos, o objetivo da etapa de Emissão do Termo de Reabilitação para o 
Uso Declarado é documentar a classificação da área como AR e emitir um documento 
formal e oficial, atrelado à área e matrícula do imóvel em avaliação, que ateste a 
regularidade ambiental frente ao GAC e as condições seguras para uso (Classificação 
9, na Figura 1.2-1). 
 
d. Verificar a necessidade de continuidade do Gerenciamento de Áreas 
Contaminadas 
O responsável legal pela área classificada como AR deverá realizar a etapa seguinte 
do GAC, ou seja, a etapa de Acompanhamento da Medida de Controle de Engenharia 
ou da Medida de Controle Institucional, quando essas estiverem previstas no Termo 
de Reabilitação emitido. 
 
e. Identificar os responsáveis legais e solidários 
Os responsáveis legais solidários são as pessoas físicas ou jurídicas candidatas a 
arcar com a responsabilidade de executar as etapas subsequentes do Gerenciamento 
de Áreas Contaminadas (GAC), quando na etapa de Emissão do Termo de 
Reabilitação para o Uso Declarado for emitido um termo de reabilitação com medida 
de controle institucional e/ou medida de controle de engenharia. 
 
Entre os responsáveis legais solidários identificados durante as etapas do Processo de 
Identificação de Áreas Contaminadas (o causador da contaminação e seus 
sucessores, o proprietário da área, o superficiário, o detentor da posse efetiva ou 
quem dela se beneficiar direta ou indiretamente), deve ser indicado aquele ou aqueles 
que serão demandados pelo órgão ambiental gerenciador a executar a etapa seguinte 
do GAC, ou seja, a etapa de Acompanhamento da Medida de Controle de Engenharia 
ou da Medida de Controle Institucional, do Processo de Reabilitação de Áreas 
Contaminadas. 
 
3.2.5. Acompanhamento da Medida de Controle de Engenharia ou da 
Medida de Controle Institucional 
 
A etapa de Acompanhamento da Medida de Controle de Engenharia ou da Medida de 
Controle Institucional é a última do Processo de Reabilitação de Áreas Contaminadas 
e, consequentemente, encerra o GAC. O seu objetivo geral é verificar a eficácia da 
medida de controle de engenharia ou da medida de controle institucional 
implementada e determinar a necessidade de sua continuidade. 
 
A execução dessa etapa envolve basicamente o acompanhamento da medida 
implementada nos pontos de conformidade, sendo de responsabilidade do 
responsável legal, que deverá designar responsável técnico para esse fim. (ver 
Capítulo 13). 
 
Cabe ao órgão ambiental gerenciador a avaliação dos resultados apresentados pelo 
responsável legal nos Relatórios de Acompanhamento da Medida de Controle de 
Engenharia ou da Medida de Controle Institucional, sendo as novas informações 
Capítulo 1: Introdução ao Gerenciamento de Áreas Contaminadas 
Seção 1.2: Conceituação 
Manual de Gerenciamento de Áreas Contaminadas – 3ª Edição – Versão 3.1 56
obtidas inseridas no Cadastro de Áreas Contaminadas e Reabilitadas, 
complementando a Relação de Áreas Reabilitadas para o Uso Declarado. 
 
A seguir, as principais atividades da etapa de Acompanhamento da Medida de 
Controle de Engenharia ou da Medida de Controle Institucional são listadas em uma 
ordem lógica de execução, e descritas com um pouco mais de detalhe nas alíneas 
subsequentes: 
 
 Avaliar a eficácia da medida de controle de engenharia ou da medida de 
controle institucional. 
 Definir o nono modelo conceitual da área (MCA 9). 
 Consolidar a classificação como Área Reabilitada para o Uso Declarado. 
 Verificar a necessidade de continuidade do Gerenciamento de Áreas 
Contaminadas. 
a. Avaliar a eficácia da medida de controle de engenharia ou da medida de 
controle institucional implantada 
A avaliação da eficácia das medidas de controle de engenharia ou da medida de 
controle institucional implantada pode ser realizada por meio das seguintes ações: 
 
 realizar campanhas de monitoramento no compartimento do meio ambiente 
contaminado ou no bem a proteger, em seus pontos de conformidade; 
 realizar inspeções para verificar a manutenção e eficácia das medidas. 
b. Definir o nono modelo conceitual da área (MCA 9) 
O nono modelo conceitual da área (MCA 9) é o relato escrito, acompanhado de 
ilustrações, dos resultados obtidos na execução da etapa de Acompanhamento da 
Medida de Controle de Engenharia ou da Medida de Controle Institucional, sendo 
descritas, basicamente, as condições em que estão sendo mantidas e acompanhadas 
as medidas de controle institucional e de engenharia. 
 
c. Consolidar a classificação como AR 
Em termos práticos, o objetivo da etapa de Acompanhamento da Medida de Controle 
de Engenharia ou da Medida de Controle Institucional é consolidar e garantir a 
classificação da área como AR (Classificação 10, na Figura 1.2-1). 
 
Os resultados da etapa de Acompanhamento da Medida de Controle de Engenharia 
ou da Medida de Controle Institucional podem propiciar a modificação do conteúdo do 
Termo de Reabilitação para o Uso Declarado, quando esses indicarem que: 
 
 as dimensões da área ou volume que abrange as medidas de controle de 
engenharia ou medidas de controle institucional implementadas podem ser 
reduzidas; 
 as medidas de controle de engenharia ou medidas de controle institucional 
implementadas podem ser encerradas. 
 
d. Verificar a necessidade de continuidade do GAC 
Capítulo 1: Introdução ao Gerenciamento de Áreas Contaminadas 
Seção 1.2: Conceituação 
Manual de Gerenciamento de Áreas Contaminadas – 3ª Edição – Versão 3.1 57
Durante a etapa de Acompanhamento da Medida de Controle de Engenharia ou da 
Medida de Controle Institucional, o responsável legal pela área classificada como AR 
com medidas de controle de engenharia ou com medidas de controle de institucional 
deve ser demandado pelo órgão ambiental gerenciador a manter essas medidas 
enquanto houver necessidade ou, caso contrário, finalizá-las ao final do período 
proposto para sua execução. A partir do momento em que é possível tomar essa 
decisão, o Processo de Reabilitação de Áreas Contaminadas do GAC se dá por 
encerrado. 
 
3.3. Aspectos Legais 
O GAC é um processo técnico e administrativo previsto na legislação federal, por meio 
da Resolução CONAMA nº 420/2009 e em algumas legislações estaduais, como, por 
exemplo, a Lei Estadual nº 13.577/2009 e seu Decreto Regulamentador nº 
59.263/2013, vigentes no Estado de São Paulo (ver Capítulo 2). 
 
Destaca-se que a Lei Estadual nº 13.577/2009 dispõe sobre diretrizes e 
procedimentos para o GAC e, portanto, estabelece procedimentos para “recuperar o 
meio ambiente degradado”. 
 
Nesse mesmo sentido, trata analogamente o §2º do artigo 225 da Constituição Federal 
de 1988, que determina que as atividades que explorem recursos minerais sejam 
obrigadas a recuperar o meio ambiente com a solução técnica definida pelo órgão 
competente. 
 
A Lei Estadual nº 13.577/2009 também está em consonância com o artigo 2º da Lei 
Federal nº 6.938/1981 (PNMA – Política Nacional do Meio Ambiente), especialmente, 
com o seu inciso VIII, que traz o atendimento ao princípio da recuperação de áreas 
degradadas (ou contaminadas). 
 
Destaca-se que a regulamentação do inciso VIII do artigo 2º da Lei Federal nº 
6.938/1981 (PNMA) é dada pelo artigo 3º do Decreto Federal nº 97.632/1989, ao 
esclarecer que o objetivo da recuperação de áreas degradadas (ou contaminadas) é o 
retorno “a uma forma de utilização, de acordo com um plano preestabelecido para o 
uso do solo, visando à obtenção de uma estabilidade do meio ambiente”. 
 
Frisa-se,novamente, que a Lei Estadual nº 13.577/2009 e seu Decreto 
Regulamentador nº 59.263/2013 estão de acordo com os textos legais federais 
citados, que versam sobre a necessidade de estabelecimento de procedimento 
específico para recuperação ambiental, ou seja, o “Procedimento para Gerenciamento 
de Áreas Contaminadas (GAC)”, conforme citado no artigo 1º da Lei Estadual nº 
13.577/2009. 
 
 
4. Cadastro de Áreas Contaminadas e Reabilitadas: instrumento principal do 
GAC 
 
O Cadastro de Áreas Contaminadas e Reabilitadas compreende o conjunto de 
informações obtidas durante a realização das etapas do GAC nas áreas avaliadas na 
região de interesse (ver Capítulo 3). 
 
Essas informações devem ser armazenadas e organizadas em um sistema 
informatizado, que propicie o seu tratamento, visando: 
 
Capítulo 1: Introdução ao Gerenciamento de Áreas Contaminadas 
Seção 1.2: Conceituação 
Manual de Gerenciamento de Áreas Contaminadas – 3ª Edição – Versão 3.1 58
 embasar decisões específicas a serem tomadas pelo órgão ambiental 
gerenciador, em cada área em avaliação na região de interesse; 
 embasar decisões abrangentes a serem tomadas pelo órgão ambiental 
gerenciador na região de interesse; 
 compartilhar as informações obtidas com os órgãos públicos e demais 
instituições que possuem obrigações relativas ao GAC; 
 fornecer as informações para os responsáveis legais e para os responsáveis 
técnicos pela área em avaliação; 
 fornecer as informações para os diversos setores da atividade produtiva, da 
sociedade civil e da população em geral ou afetada. 
 identificar os principais problemas causados pelas AC na região de interesse; 
 identificar as regiões prioritárias para a identificação de AC ou para a 
implementação de medidas de intervenção de caráter regional. 
5. Procedimento de Averbação de Informações na Matrícula do Imóvel 
 
Durante a execução das etapas do GAC podem ser identificadas situações que 
implicam na adoção de procedimentos específicos, como é o caso da averbação de 
informações na matrícula do imóvel quando a área em avaliação é classificada como 
AC ou AR, conforme procedimento descrito na Seção 1.7 deste Capítulo 1. 
 
O órgão ambiental gerenciador coordena a execução desse procedimento e o 
responsável legal pela área em avaliação deve fornecer todas as informações 
necessárias para viabilizar as averbações. 
 
6. Gerenciamento de Áreas Contaminadas Críticas 
 
Outra situação que implica na adoção de procedimentos específicos de GAC é o caso 
da identificação de uma Área Contaminada Crítica (ACC). 
 
Uma ACC é aquela onde há dano ou risco agudo (iminente) à vida ou à saúde humana 
ou a outros bens a proteger e a ocorrência de dificuldades de natureza administrativa, 
jurídica ou de comunicação (com outros órgãos públicos ou com a população 
envolvida), prejudiciais à implementação das medidas de intervenção necessárias. 
 
Na Seção 1.8 deste Capítulo 1 são descritos os procedimentos específicos a serem 
aplicados nos casos em que a área em avaliação é classificada como ACC. 
 
O Gerenciamento de Áreas Contaminadas Críticas inicia-se a partir do momento que o 
órgão ambiental gerenciador indica as áreas a serem classificadas como ACC, de 
acordo com critérios por ele estabelecidos, baseados nas características dos riscos ou 
dos danos identificados, nas características dos bens a proteger presentes e nas 
dificuldades encontradas para o desenvolvimento das etapas do GAC (administrativas, 
jurídicas ou de comunicação dos riscos). 
 
O órgão ambiental gerenciador deve coordenar as ações de Gerenciamento de Áreas 
Contaminadas Críticas, colaborando com o responsável legal na elaboração do plano 
de intervenção, além de envolver órgãos públicos ou outras entidades que possam 
auxiliar na implementação do plano de intervenção, entre outras ações necessárias. 
 
Capítulo 1: Introdução ao Gerenciamento de Áreas Contaminadas 
Seção 1.2: Conceituação 
Manual de Gerenciamento de Áreas Contaminadas – 3ª Edição – Versão 3.1 59
7. Gerenciamento de Áreas Contaminadas em Regiões Prioritárias 
 
A execução do GAC pelo órgão ambiental gerenciador pode revelar problemas de 
caráter regional aos bens a proteger, provocados a partir de uma ou várias AC, 
levando à classificação de uma determinada região como prioritária para a realização 
do GAC. 
 
Uma região prioritária é uma parte da região de interesse administrada pelo órgão 
ambiental gerenciador, em que foram constatados danos ou riscos acima dos níveis 
aceitáveis aos bens a proteger de caráter regional. 
 
A região prioritária é definida pelo órgão ambiental gerenciador, em razão de critérios 
por ele estabelecidos. 
 
Na Seção 1.9 deste Capítulo 1 são descritos os procedimentos específicos a serem 
adotados nos casos em que são identificados problemas de caráter regional aos bens 
a proteger. 
 
O Gerenciamento de Áreas Contaminadas em Regiões Prioritárias inicia-se pela 
indicação das regiões a serem enquadradas como regiões prioritárias pelo órgão 
ambiental gerenciador, de acordo com critérios por ele estabelecidos, baseados nas 
características dos riscos ou dos danos regionais identificados. 
 
O órgão ambiental gerenciador deve coordenar as ações de Gerenciamento de Áreas 
Contaminadas em Regiões Prioritárias, elaborando as ações necessárias em conjunto 
com os responsáveis legais, órgão públicos ou outras entidades que possam auxiliar 
na implementação do plano de intervenção regional. 
 
8. Gerenciamento de Áreas Contaminadas Órfãs 
 
Uma Área Contaminada Órfã é aquela em que o responsável legal não foi identificado 
ou esse não atende às exigências do órgão ambiental gerenciador, não havendo 
recursos, portanto, para a realização das investigações e implementação de medidas 
de intervenção necessárias. 
 
Durante a execução das etapas do GAC essa situação pode ser identificada, 
implicando na adoção de procedimentos específicos. 
 
Na Seção 1.10 deste Capítulo 1 são descritos os procedimentos específicos a serem 
adotados nos casos em que foi identificada uma Área Contaminada Órfã. 
 
A implementação do Gerenciamento de Áreas Contaminadas Órfãs é possível quando 
existem instrumentos econômicos endereçados para resolver esse tipo de problema 
na região de interesse. 
 
9. Medidas Emergenciais em Áreas Contaminadas 
 
Na Seção 1.11 deste Capítulo 1 são descritos os procedimentos específicos a serem 
aplicados nos casos com danos ou riscos agudos ou iminentes identificados aos bens 
a proteger em uma AC, em que é necessária a adoção de medidas emergenciais para 
eliminá-los ou minimizá-los. 
 
10. Procedimento de Reutilização de Áreas Contaminada e Revitalização de 
Regiões Degradadas 
 
Capítulo 1: Introdução ao Gerenciamento de Áreas Contaminadas 
Seção 1.2: Conceituação 
Manual de Gerenciamento de Áreas Contaminadas – 3ª Edição – Versão 3.1 60
Na Seção 1.12 deste Capítulo 1 são descritos os procedimentos específicos a serem 
adotados nos casos de reutilização de AC. 
 
O procedimento de reutilização de uma AC é aplicado onde o responsável legal 
pretende encerrar uma atividade potencialmente geradora de áreas contaminadas, a 
partir da qual foi gerada uma AC, para dar lugar a um outro uso após a sua 
reabilitação. 
 
O novo uso pretendido pode não ter potencial de contaminação, como o uso 
residencial, o uso de lazer e práticas de atividades esportivas e até certos tipos de uso 
comercial e industrial, ou mesmo ser prevista outra atividade potencialmente geradora 
de áreas contaminadas. 
 
A aplicação do procedimento de reutilização em várias AC de uma mesma região é a 
base para a revitalização de regiões degradadas. 
 
Esse procedimento também é necessário quando o responsável legal pretende 
reutilizar uma área reabilitada, principalmente, naquelas com medidas de controle 
institucional e de controle de engenharia implantadas, propondo a alteração das 
edificações e da atividade desenvolvida. 
 
11. Metodologias Utilizadas para Prevenir a Geração de Áreas Contaminadas 
 
Embora não estejam no âmbitodo GAC é fundamental a implementação de ações 
preventivas para evitar a geração de novas AC. 
 
As metodologias existentes para prevenir a geração de AC, ou mesmo evitar o 
agravamento dos problemas por elas causados, são descritas na Seção 1.13 deste 
Capítulo 1. 
 
Entre essas metodologias podem ser citadas: 
 
 o monitoramento preventivo em atividades potencialmente geradoras de áreas 
contaminadas; 
 a aplicação de práticas de produção mais limpa (P+L). 
O monitoramento preventivo compreende a realização de campanhas de amostragem 
e análise dos compartimentos do meio ambiente, em pontos de conformidade 
estrategicamente posicionados, onde são desenvolvidas atividades potencialmente 
geradoras de áreas contaminadas, com o objetivo de verificar se essas estão gerando 
algum tipo de contaminação. 
 
As práticas de produção mais limpa, por sua vez, são ações sustentáveis aplicadas 
nos processos produtivos de atividades potencialmente geradoras de áreas 
contaminadas, com o objetivo de proporcionar maior eficiência, por meio da economia 
de matérias-primas e insumos, diminuição da geração de resíduos e efluentes e 
prevenção da contaminação dos compartimentos do meio ambiente. 
 
12. Procedimento de Desativação de Atividades Potencialmente Geradoras de 
Áreas Contaminadas 
 
Na Seção 1.14 deste Capítulo 1 são descritos os procedimentos específicos a serem 
aplicados nos casos de desativação de atividades potencialmente geradoras de áreas 
contaminadas. 
Capítulo 1: Introdução ao Gerenciamento de Áreas Contaminadas 
Seção 1.2: Conceituação 
Manual de Gerenciamento de Áreas Contaminadas – 3ª Edição – Versão 3.1 61
 
O procedimento de desativação ou de encerramento da atividade é adotado onde o 
responsável legal pretende encerrar uma atividade potencialmente geradora de áreas 
contaminadas. 
 
O procedimento de desativação envolve ações como a destinação adequada dos 
materiais a serem removidos e a caracterização da situação ambiental da área em 
termos de contaminação na qual foi deixada. 
Capítulo 1: Introdução ao Gerenciamento de Áreas Contaminadas 
Manual de Gerenciamento de Áreas Contaminadas – 3ª Edição – Versão 3.1 1
Seção 1.3: Histórico do Gerenciamento de Áreas 
Contaminadas no Estado de São Paulo 
 
Autores: Elton Gloeden e André Silva Oliveira 
 
Sumário 
1. Introdução .............................................................................................................. 1 
2. O Arqueano ........................................................................................................... 1 
3. O Proterozoico ....................................................................................................... 2 
4. O Paleozoico ......................................................................................................... 2 
5. O Mesozoico .......................................................................................................... 5 
6. O Cenozoico .......................................................................................................... 6 
 
1. Introdução 
O Gerenciamento de Áreas Contaminadas (GAC) é o conjunto de medidas que visa 
identificar e caracterizar as áreas contaminadas existentes em uma região de 
interesse, com o objetivo de implementar as medidas de intervenção necessárias para 
viabilizar o seu uso de forma segura (ver Seção 1.2). 
 
A CETESB vem desenvolvendo o GAC no Estado de São Paulo há 40 anos, 
aproximadamente, com resultados bastante positivos, conforme histórico apresentado 
a seguir. 
 
2. O Arqueano 
Os primeiros registros da ocorrência de áreas contaminadas no Estado de São Paulo 
e no Brasil foram efetuados pela CETESB no final da década de 1970 e início da 
década de 1980 do século XX, como, por exemplo, os casos de disposição 
inadequada de resíduos organoclorados na Baixada Santista, casos de atendimento 
emergencial em postos de combustíveis, como o caso ocorrido em 1984 em Vila 
Antonieta, em São Paulo - SP, e em depósito clandestino de solventes clorados 
usados, em 1983, em Porto Feliz - SP. 
 
Naquela época, a CETESB não possuía procedimentos técnicos ou administrativos 
definidos para lidar com essa questão. 
 
Os casos eram atendidos por diferentes setores da CETESB, que não tinham como 
atribuição principal o assunto GAC. Esses setores lidavam com o gerenciamento de 
resíduos sólidos, com a qualidade das águas subterrâneas, com a pesquisa sobre a 
qualidade dos solos e com o atendimento a emergências químicas, além das Agências 
Ambientais. 
 
Para avaliar os casos a CETESB buscava informações sobre os procedimentos 
técnicos adotados em outros países, especialmente nos Estados Unidos da América. 
 
Também não existiam nessa época empresas de consultoria especializadas no 
assunto GAC, o que dificultava o desenvolvimento dos trabalhos de investigação e 
remediação. 
 
As primeiras empresas de consultoria que começaram a trabalhar com o GAC tinham 
outras áreas de atuação principais, como, por exemplo, a mineração, a construção civil 
e a extração de águas subterrâneas. Para realizar a investigação e remediação das 
Capítulo 1: Introdução ao Gerenciamento de Áreas Contaminadas 
Seção 1.3: Histórico do Gerenciamento de Áreas Contaminadas no Estado de São Paulo 
Manual de Gerenciamento de Áreas Contaminadas – 3ª Edição – Versão 3.1 2
áreas contaminadas, essas empresas de consultoria adaptavam as técnicas que 
estavam utilizando na sua rotina de trabalho. 
 
A legislação existente sobre o assunto era limitada, sendo aplicados os artigos do 
Decreto Estadual nº 8.468/1976, ou seja, o artigo 2º e o inciso V do artigo 3º. 
 
3. O Proterozoico 
No final da década de 1980 e início da década de 1990 do século XX a CETESB 
identificou diversos casos importantes, como por exemplo, o aterro Mantovani, em 
Santo Antônio de Posse - SP, a Solvay em Santo André - SP e a Shell da Vila Carioca, 
em São Paulo - SP, além de inúmeros casos relacionados a vazamentos ocorridos em 
postos de combustíveis. 
 
O acompanhamento desses casos propiciou o acúmulo de experiência e de 
conhecimento pelos técnicos da CETESB na questão do GAC. 
 
Nesse momento ocorreu um marco importante na história do GAC no Estado de São 
Paulo, que foi o início do Projeto CETESB/GTZ (Recuperação do Solo e das Águas 
Subterrâneas em Áreas de Disposição de Resíduos Industriais), em 1993. 
 
Para o desenvolvimento desse projeto a CETESB firmou um acordo com a 
Gesellschaft für Technische Zusammenarbeit (GTZ), órgão do governo alemão, para 
obtenção de apoio técnico e financeiro. 
 
Os objetivos principais do Projeto CETESB/GTZ foram a capacitação do corpo técnico 
da CETESB, a criação de uma estrutura administrativa específica na CETESB e a 
construção das bases para a elaboração de legislação específica sobre o assunto 
GAC. 
 
No âmbito do Projeto CETESB/GTZ, iniciou-se a construção da metodologia de 
gerenciamento de áreas contaminadas, com base nos modelos existentes em outros 
países, como, por exemplo, os Estados Unidos da América, a Alemanha, a Holanda e 
Espanha (País Basco). 
 
Concomitantemente ao avanço da CETESB, começaram a surgir empresas de 
consultoria especializadas, que introduziram técnicas de investigação e de remediação 
utilizadas à época em outros países. 
 
4. O Paleozoico 
O final da década de 1990 do século XX e início da década de 2000 foram marcados 
pela ampla divulgação de casos pela imprensa, como, por exemplo, os casos da Shell 
em Paulínia - SP, da Vila Carioca em São Paulo - SP, do Condomínio Residencial 
Barão de Mauá em Mauá - SP, da Solvay em Santo André - SP e do Aterro Mantovani 
em Santo Antônio de Posse - SP. Além desses, diversos outros casos foram 
provocados por vazamentos em postos de combustíveis, quando houve um expressivo 
número de atendimentos emergenciais com situação de risco iminente como, por 
exemplo, em 1999, quando foram registrados 76 casos. 
 
Esse período também foi marcado pela publicação, em 1999, da primeira edição do 
Manual de Gerenciamento de ÁreasContaminadas, produto do Projeto CETESB/GTZ, 
documento que apresenta uma metodologia de gerenciamento de áreas 
contaminadas, ou seja, a base técnica a ser adotada pela CETESB para a execução 
das etapas do GAC, que deflagrou várias ações importantes descritas a seguir. 
Capítulo 1: Introdução ao Gerenciamento de Áreas Contaminadas 
Seção 1.3: Histórico do Gerenciamento de Áreas Contaminadas no Estado de São Paulo 
Manual de Gerenciamento de Áreas Contaminadas – 3ª Edição – Versão 3.1 3
 
No meio acadêmico, a metodologia de gerenciamento de áreas contaminadas 
desenvolvida pela CETESB foi objeto de estudo por meio da Tese de Doutoramento 
“Gerenciamento de Áreas Contaminadas na Bacia Hidrográfica do Reservatório 
Guarapiranga”, publicada em 1999 e apresentada no Instituto de Geociências da 
Universidade de São Paulo (IGUSP). 
 
Destaca-se que em 2000 a CETESB implementou uma estrutura técnica e 
administrativa para o desenvolvimento do GAC, com a criação de uma área específica 
para a avaliação dos casos. 
 
Também em 2000 a CETESB publicou duas Decisões de Diretoria, a 023/C/E/2000 e 
a 007/C/E/2000, apresentando, pela primeira vez, os procedimentos técnicos e 
administrativos para o GAC, com base no “Manual de Gerenciamento de Áreas 
Contaminadas”. 
 
Outra publicação importante ocorreu em 2001, com a produção do Relatório de 
Estabelecimento de Valores Orientadores para Solos e Águas Subterrâneas no Estado 
de São Paulo, cujo conteúdo apresenta as bases para a identificação de áreas 
contaminadas e para a implementação de ações preventivas, visando evitar o 
surgimento de áreas contaminadas. Esses valores orientadores foram atualizados pela 
CETESB em 2005 e em 2014. 
 
Outro destaque nesse período foi o início, em 2002, da publicação da Relação de 
Áreas Contaminadas e Reabilitadas no Estado de São Paulo pela CETESB na sua 
página na internet. 
 
No âmbito municipal, faz-se um destaque ao município de São Paulo, que criou em 
2002 uma estrutura técnica e administrativa específica para acompanhar o GAC, 
quando foi instituído o Grupo Técnico de Áreas Contaminadas (GTAC) da Secretaria 
Municipal do Verde e do Meio Ambiente. 
 
Em 2003, houve a criação do Grupo Interinstitucional de Áreas Contaminadas (GIAC), 
que contou com a participação de representantes da CETESB, do Ministério Público 
do Estado de São Paulo e da Secretaria do Verde e do Meio Ambiente do Município 
de São Paulo, para a criação de procedimentos entre as instituições para melhoria do 
GAC. 
 
Entre os produtos dos trabalhos do GIAC destaca-se a publicação da Decisão CG N. 
167/2005, da Corregedoria Geral de Justiça do Estado de São Paulo, decisão com 
caráter normativo, publicada no Diário Oficial do Estado de São Paulo em 2006, sobre 
a necessidade de averbação da contaminação e da reabilitação das respectivas áreas 
à margem do competente registro imobiliário. 
 
Os trabalhos do GIAC também resultaram no estabelecimento de procedimentos 
administrativos entre a CETESB e a Secretaria do Verde e do Meio Ambiente do 
Município de São Paulo. 
 
Nesse período fértil também foram criados vários dispositivos legais importantes, que 
passaram a ser aplicados no GAC, conforme descrição a seguir. 
 
Na Lei Estadual nº 9.999/1998, que altera a Lei Estadual nº 9.472/1996, que disciplina 
o uso de áreas industriais, em seu artigo 1º, foi estabelecido que poderiam ser 
admitidos os usos residencial, comercial, de prestação de serviços e institucional 
quando se tratar de zona de uso predominantemente industrial (ZUPI) que tenha 
Capítulo 1: Introdução ao Gerenciamento de Áreas Contaminadas 
Seção 1.3: Histórico do Gerenciamento de Áreas Contaminadas no Estado de São Paulo 
Manual de Gerenciamento de Áreas Contaminadas – 3ª Edição – Versão 3.1 4
sofrido descaracterização significativa do uso industrial e não haja contaminação da 
área, mediante parecer técnico da CETESB, desde que o uso pretendido seja 
permitido pela legislação municipal. 
 
Destaca-se que o artigo 1º da Lei Estadual nº 9.999/1998 foi o primeiro dispositivo 
legal que incluiu a necessidade de investigação da presença de contaminação em 
uma área industrial, visando verificar a viabilidade de uma proposta de mudança de 
uso. 
 
Com isso, a CETESB criou o parecer técnico de mudança de uso, para ser aplicado 
inicialmente nas ZUPI, que foi a base inicial do procedimento de reutilização de áreas 
reabilitadas atual, previsto no Decreto Estadual nº 59.263/2013. 
 
Posteriormente, a aplicação do parecer técnico de mudança de uso foi ampliada, 
visando atender à demanda decorrente da requalificação urbanística ocorrida na 
capital, em virtude de alterações promovidas no tecido urbano-territorial pelo Plano 
Diretor do Município de São Paulo e pelo Plano Diretor Estratégico. Esses 
regramentos disciplinaram, a partir de 2002, o ordenamento do uso do solo, instituindo 
um novo zoneamento territorial urbano, com a exclusão de áreas industriais e sua 
transformação em áreas de uso misto e residencial, alterando assim, 
significativamente, a demanda por construções não industriais e a remodelação 
urbanística de várias regiões (tais como, a Vila Leopoldina, a Lapa de Baixo, o Butantã 
e outros tantos das zonas oeste, sul e leste da capital). 
 
Esse fenômeno também está ocorrendo em outras regiões do estado de São Paulo, 
fruto da dinâmica do uso e ocupação de solo que, ao longo do tempo, vai provocando 
ou mesmo requerendo a mudança de uso nas várias regiões das cidades. 
 
O parecer técnico para mudança de uso permitiu a recuperação e a reutilização de 
inúmeros terrenos pela iniciativa privada, que promoveu verdadeira revolução 
urbanística, inicialmente, na capital e, em um segundo momento, em todo o território 
do estado de São Paulo, conferindo segurança e garantia aos usuários de novos 
empreendimentos instalados em terrenos outrora ocupados por indústrias ou 
atividades comerciais e de serviços, agora reabilitados. 
 
Em 2013, o parecer técnico de mudança de uso foi substituído pelo parecer técnico 
sobre plano de intervenção para reutilização, conforme estabelecido no Decreto 
Estadual nº 59.263/2013. 
 
Outro dispositivo legal importante, publicado em 2000, foi a Resolução CONAMA nº 
273/2000, que estabeleceu o licenciamento ambiental de postos revendedores, postos 
de abastecimento, instalações de sistemas retalhistas e postos flutuantes de 
combustíveis, além da necessidade de reforma das instalações existentes, da 
necessidade de investigação e adoção de medidas de intervenção nas áreas 
contaminadas. 
 
O Estado de São Paulo, por meio da CETESB, cumpriu à risca a Resolução CONAMA 
nº 273/2000, convocando na época cerca de 8.500 empreendimentos para o 
licenciamento ambiental. Com efeito, a CETESB passou a licenciar os postos de 
combustível, atividade que até então só era objeto de atendimento corretivo, por 
ocasião de acidentes e atendimento a reclamações em virtude de incômodo à 
população. 
 
Capítulo 1: Introdução ao Gerenciamento de Áreas Contaminadas 
Seção 1.3: Histórico do Gerenciamento de Áreas Contaminadas no Estado de São Paulo 
Manual de Gerenciamento de Áreas Contaminadas – 3ª Edição – Versão 3.1 5
Como destacado anteriormente, a CETESB chegou a registrar 76 casos de 
atendimento emergencial em postos de combustíveis em 1999, com situação de risco 
iminente. 
 
Os resultados dessas ações foram extremamente importantes do ponto de vista 
ambiental, uma vez que hoje a CETESB registra mais de 9.000 licenças de operação 
emitidas para postos de combustíveis no estado de São Paulo, que realizaram 
reformas em suas instalações, substituindo as antigas instalações em estado precário 
por novas instalações seguras e atualizadas. 
 
Outro resultado importante foi a realização de investigação e adoção de medidas de 
intervenção em mais de 4.500 áreas contaminadas relativas a postos de combustíveis 
e a redução para zero no ano de 2020 do número de atendimentos a situações 
emergenciais, com riscos iminentes, em postos de combustível. 
 
O DecretoEstadual nº 47.397/2002, que altera dispositivos do Decreto Estadual nº 
8.468/1976, em seu artigo 69-A, estabeleceu a necessidade do equacionamento de 
eventual contaminação existente na área, antes do seu licenciamento ambiental. 
Destaca-se que essas orientações foram posteriormente incorporadas ao Decreto 
Estadual nº 59.263/2013. 
 
Merece, também, destaque os artigos 5º, 6º e 7º do Decreto Estadual nº 47.400/2002, 
que regulamenta a Lei Estadual nº 9.509/1997, que institui o procedimento obrigatório 
de notificação de suspensão ou encerramento de atividade passível de licenciamento 
pela CETESB, tornando obrigatória a apresentação de plano de desativação e, se 
necessário, a recuperação da qualidade ambiental da área, visando propiciar a sua 
utilização futura de forma segura. 
 
Tal procedimento, somado às ações preventivas preconizadas no licenciamento, 
constitui mais uma importante ferramenta na prevenção e controle de áreas 
contaminadas no estado de São Paulo. 
 
Destaca-se que os procedimentos de desativação de atividades potencialmente 
geradoras de áreas contaminadas foram atualizados em 2013, com a publicação do 
Decreto Estadual nº 59.263/2013. 
 
Embora a evolução observada nos procedimentos técnicos, administrativos e legais 
tenha sido muito significativa nesse período, o objetivo principal da CETESB à época 
era a implementação de uma lei estadual específica sobre o assunto GAC. Os 
esforços empreendidos pela CETESB nesse sentido foram recompensados, com a 
publicação do Projeto de Lei nº 168 de 2005, tramitado na Assembleia Legislativa do 
Estado de São Paulo. 
 
5. O Mesozoico 
O final da década de 2000 e início da década de 2010 foram marcados pela 
consolidação da estrutura técnica, administrativa e legal referente ao GAC. 
 
Em 2007 foi publicada a Decisão de Diretoria da CETESB nº 103/2007/C/E, com a 
consolidação dos procedimentos técnicos e administrativos e a criação do Grupo 
Gestor de Áreas Contaminadas Críticas. 
 
Finalmente, em 2009, foi publicada a Lei Estadual nº 13.577/2009 específica sobre o 
assunto de áreas contaminadas, grande marco na história do GAC no Estado de São 
Paulo e no Brasil, coroando os esforços empreendidos pela CETESB nesse sentido. 
Capítulo 1: Introdução ao Gerenciamento de Áreas Contaminadas 
Seção 1.3: Histórico do Gerenciamento de Áreas Contaminadas no Estado de São Paulo 
Manual de Gerenciamento de Áreas Contaminadas – 3ª Edição – Versão 3.1 6
 
A Lei Estadual nº 13.577/2009 unificou os procedimentos já criados na legislação 
ambiental sobre o GAC, como os procedimentos relacionados à prevenção da 
contaminação, à identificação, à investigação e à remediação de áreas contaminadas, 
à adoção de ações emergenciais, à desativação de empreendimentos, à reutilização 
de áreas contaminadas e à revitalização de regiões, ao cadastro de áreas 
contaminadas e reabilitadas, assim como à responsabilização e às infrações e 
penalidades. 
 
O grande destaque da Lei nº 13.577/2009 foi a criação do Fundo Estadual para 
Prevenção e Remediação de Áreas Contaminadas (FEPRAC), a ser aplicado, 
principalmente nas “áreas contaminadas órfãs”. 
 
No mesmo ano, no âmbito federal, foi publicada a Resolução CONAMA nº 420/2009, 
nos moldes da Lei Estadual nº 13.577/2009. 
 
Em 2011, foi criado o Departamento de Áreas Contaminadas da CETESB, 
aperfeiçoando a estrutura administrativa e técnica existente, que é semelhante à atual. 
 
Em 2013, ocorreu outro grande marco na história do GAC, consolidando a legislação 
existente, que foi a publicação do Decreto Estadual nº 59.263/2013, que regulamenta 
a Lei Estadual nº 13.577/2009, cujo destaque foi a regulamentação do procedimento 
de reutilização de áreas contaminadas. 
 
6. O Cenozoico 
O final da década de 2010 foi marcado pela publicação da Decisão de Diretoria nº 
038/2017/C e da Instrução Técnica nº 039/2017/C da CETESB em 2017, documentos 
esses que detalham e aperfeiçoam os procedimentos técnicos e administrativos 
existentes sobre o GAC. 
 
Também em 2017 foram publicadas as Resoluções da Secretaria Estadual do Meio 
Ambiente nº 10 e nº 11, sendo que na primeira são apresentadas as atividades 
potencialmente geradoras de áreas contaminadas e na segunda as regiões prioritárias 
para a identificação de áreas contaminadas. 
 
Essas resoluções são a base para a identificação de áreas contaminadas e a 
realização do GAC em regiões onde há problemas de cunho regional provocados por 
elas. 
 
Depois de quase 40 anos de história, o GAC no Estado de São Paulo mostra 
resultados expressivos como pode ser observado na “Relação de Áreas 
Contaminadas e Reabilitadas no Estado de São Paulo”, publicada anualmente, a partir 
de 2002, no “site” da CETESB. 
 
A última atualização, com informações coletadas até o final de 2020, mostra forte 
tendência de crescimento do número de Áreas Reabilitadas. 
 
Os resultados mostram que a soma do número de Áreas Reabilitadas para Uso 
Declarado (1.902 – 30% do total das áreas cadastradas) e de Áreas em Processo de 
Monitoramento para Encerramento (1.369 – 21% do total das áreas cadastradas), 
representam 51% das áreas cadastradas (total de áreas cadastradas: 6.434), ou seja, 
praticamente metade das áreas cadastradas já estão aptas para o uso declarado, não 
sendo mais classificadas como “áreas contaminadas”. 
 
Capítulo 1: Introdução ao Gerenciamento de Áreas Contaminadas 
Seção 1.3: Histórico do Gerenciamento de Áreas Contaminadas no Estado de São Paulo 
Manual de Gerenciamento de Áreas Contaminadas – 3ª Edição – Versão 3.1 7
Os outros 49% são representadas pelas Áreas Contaminadas em Processo de 
Remediação (1.463 – 23% das áreas cadastradas, ou seja, as áreas onde estão sendo 
aplicadas técnicas de remediação), Área Contaminada com Risco Confirmado (780 – 
12% das áreas cadastradas, ou seja, as áreas que onde está em execução ou foram 
realizadas a investigação detalhada e avaliação de risco), as Áreas Contaminadas sob 
Investigação (635 – 10% das áreas cadastradas, ou seja, as áreas onde foi realizada a 
etapa de Investigação Confirmatória ou de Investigação Detalhada) e, finalmente, as 
Áreas Contaminadas em Processo de Reutilização (285 – 4% das áreas cadastradas, 
ou seja, aquelas onde a proposta de reutilização foi aprovada pela CETESB). 
 
Os dados armazenados no Cadastro de Áreas Contaminadas e Reabilitadas também 
permitem estimar que em mais de 3.774 áreas já foram aplicadas técnicas de 
remediação. 
 
Também é estimado que em mais de 3.500 áreas foram implementadas medidas de 
controle institucional, especialmente a restrição de uso das águas subterrâneas, e em 
mais de 110 casos foram implantadas medidas de controle de engenharia. 
 
Em relação à adoção de medidas emergenciais, essas já ocorreram em mais de 1.835 
áreas. 
 
Estima-se haver um número superior a 1.049 áreas onde o processo de reutilização já 
foi aplicado. 
 
É importante mencionar como parte desses resultados o papel das consultorias 
ambientais, que evoluíram bastante nesses anos, disponibilizando técnicas de 
investigação e de remediação atualizadas e mais eficientes e eficazes. 
 
Outro destaque é a ação do Grupo Gestor de Áreas Contaminadas Críticas, criado em 
2007, por meio da Decisão de Diretoria nº 103/2007/C/E, que vem conseguindo bons 
resultados. Como exemplo, pode ser citada a reabilitação da área da Shell na Vila 
Carioca em São Paulo - SP e a implementação de medidas de intervenção, com a 
eliminação dos riscos iminentes e a viabilização do uso de forma segura, na maior 
parte das áreas contaminadas críticas, como ocorreu no Condomínio Residencial 
Barão de Mauá em Mauá-SP, no Shopping Center Norte em São Paulo - SP, no Aterro 
Mantovani em Santo Antônio de Posse - SP, no Bairro do Itatinga em São Sebastião-
SP, no caso da Concima em Campinas-SP e em várias áreas na região de Jurubatuba 
em São Paulo - SP. 
 
Outro caso amplamente divulgado pela imprensa, também equacionado com a 
implementação de medidas de intervenção, é o caso da USP Leste em São Paulo - 
SP. 
 
Visando obtermais melhorias, atualmente, a CETESB está realizando uma revisão do 
Manual de Gerenciamento de Áreas Contaminadas, com a participação dos setores 
envolvidos no assunto na Câmara Ambiental de Áreas Contaminadas, criada no início 
de 2020. 
 
Conforme a descrição resumida feita nessa seção dos 40 anos de história do GAC no 
Estado de São Paulo, é possível verificar que a CETESB vem buscando 
constantemente melhorar os procedimentos, com o objetivo de viabilizar o uso seguro 
do maior número possível de áreas contaminadas. As ações proativas tomadas 
geraram um arcabouço técnico, legal e administrativo dos mais avançados no mundo, 
que está sendo aplicado de forma eficiente e eficaz pela CETESB na solução dos 
casos de áreas contaminadas identificados no estado de São Paulo. 
Capítulo 1: Introdução ao Gerenciamento de Áreas Contaminadas 
Seção 1.3: Histórico do Gerenciamento de Áreas Contaminadas no Estado de São Paulo 
Manual de Gerenciamento de Áreas Contaminadas – 3ª Edição – Versão 3.1 8
 
Entretanto, embora o GAC esteja sendo executado de forma eficiente e eficaz, e as 
medidas preventivas, como o licenciamento ambiental, estejam funcionando de forma 
adequada, ainda há um desafio enorme a ser vencido, uma vez que o estado de São 
Paulo possui o maior parque industrial do país e um grande número de atividades 
comerciais com potencial de contaminação, sem contar com a possibilidade da 
ocorrência de acidentes, que são capazes de provocar o surgimento de novas áreas 
contaminadas. 
 
Dessa forma, para o enfrentamento dessas questões é necessário o aperfeiçoamento 
contínuo do GAC pela CETESB, assim como a contribuição de todas as partes 
envolvidas. 
 
O equacionamento da questão relativa às áreas contaminadas vai se dar a partir da 
mobilização de diversos setores da sociedade, cabendo à CETESB o gerenciamento 
do processo, com a participação efetiva dos órgãos responsáveis pela saúde, recursos 
hídricos e planejamento urbano, nos âmbito estadual e municipal. 
 
Em decorrência dessa mobilização e do gerenciamento adequado, os problemas 
atualmente existentes poderão ser solucionados ou mesmo transformados em ações 
de incentivo ao desenvolvimento econômico e à geração de empregos. 
 
O sucesso do programa de GAC no futuro, que já demonstra resultados bastante 
positivos atualmente, também depende do engajamento das empresas que 
apresentam potencial de contaminação, dos investidores, dos agentes financeiros, das 
empresas do setor imobiliário, da construção civil, das empresas de consultoria 
ambiental, das universidades, do poder público em todos os níveis (legislativo, 
executivo e judiciário) e da população em geral. 
 
Capítulo 1: Introdução ao Gerenciamento de Áreas Contaminadas 
Manual de Gerenciamento de Áreas Contaminadas – 3ª Edição – Versão 3.1 1
Seção 1.4: Conceitos de Hidrogeologia 
Autores: Veronica Gonsalez, Chang H. Kiang, Pedro Dib, Juliana G. Freitas 
 
Sumário 
1. O meio subterrâneo ............................................................................................. 1 
1.1. Propriedades físicas do solo/sedimentos ........................................................ 2 
1.1.1. Textura .................................................................................................... 2 
1.1.2. Estrutura .................................................................................................. 3 
1.1.3. Permeabilidade e condutividade hidráulica .............................................. 3 
1.1.4. Porosidade .............................................................................................. 4 
1.1.5. Densidade do solo e densidade das partículas ........................................ 5 
1.2. Propriedades químicas e mineralógicas dos solos/sedimentos....................... 5 
1.2.1. Mineralogia .............................................................................................. 6 
1.2.2. Presença de matéria orgânica ................................................................. 6 
1.2.3. pH ............................................................................................................ 6 
1.2.4. Capacidade de troca catiônica (CTC) ...................................................... 6 
1.3. Propriedades das rochas ................................................................................ 7 
1.4. Propriedades dos materiais antrópicos ........................................................... 8 
2. Distribuição e fluxo de água em subsuperfície ................................................. 8 
2.1. Águas subterrâneas e o Ciclo Hidrológico ...................................................... 8 
2.2. Aquíferos e aquitardes .................................................................................... 9 
2.3. Aquíferos confinados e livres .......................................................................... 9 
3. Fluxo de água subterrânea em meios porosos ............................................... 10 
4. Fluxo de água subterrânea em meios fraturados ............................................ 12 
5. Referências bibliográficas ................................................................................ 13 
Anexo 1 – Exemplos de fraturas em testemunhos de rochas ............................... 15 
 
1. O meio subterrâneo 
 
No meio subterrâneo são encontradas rochas, sedimentos, materiais antrópicos e o 
solo, localizado entre a superfície e a rocha sã ou em decomposição. As rochas 
existentes na superfície da Terra estão sujeitas ao intemperismo, que é o conjunto das 
modificações de natureza física (desagregação) e química (decomposição) que elas 
sofrem e que dependem de vários fatores, como clima, relevo, fauna, flora, tipo de rocha 
e tempo de exposição, gerando os sedimentos e os solos. Essa transformação das 
rochas pode formar minerais secundários como argilominerais e óxidos de ferro e 
alumínio, o que é comum nas zonas tropicais úmidas. Os materiais antrópicos são 
aqueles depositados pelas atividades humanas, como aterros e edificações. 
 
Junto com o intemperismo, os processos pedogenéticos (adições, remoções e 
movimentos internos de matéria e energia) causam a formação dos solos, que são 
compostos por sólidos (materiais intemperizados reorganizados e associados à matéria 
orgânica), líquidos e gases. A cobertura de materiais inconsolidados sobre as rochas 
duras das quais derivam são chamadas de manto de alteração ou regolito. O solo se 
organiza em horizontes (Figura 1), sendo que horizontes do perfil mais próximos a 
superfície (horizontes O, A e B) são cada vez mais diferentes em relação à rocha 
original, em termos de composição, estrutura e textura, por estarem há mais tempo 
sujeitos à ação do intemperismo. 
 
Capítulo 1: Introdução ao Gerenciamento de Áreas Contaminadas 
Seção 1.4: Conceitos de Hidrogeologia 
Manual de Gerenciamento de Áreas Contaminadas – 3ª Edição – Versão 3.1 2
 
Figura 1 - Esquema da sucessão de materiais em perfil de alteração ou perfil de solo 
genérico, constituído, de baixo para cima, pela rocha inalterada ou sã, pelo saprolito ou 
alterita (horizonte C) e pelo solum. Fonte: Autores e AESAS, adaptado de: Toledo et al. 
2000. 
 
Os sedimentos são partículas de rocha e matéria orgânica que também resultam do 
processo de intemperismo. Sedimentos podem variar amplamente em tamanho, desde 
grãos microscópicos de argila até pedras maiores, e são transportados e depositados 
por diversos agentes geológicos, como água, vento, gelo e gravidade. Os materiais 
inconsolidados, por sua vez, referem-se a camadas de sedimentos que ainda não foram 
compactadas e cimentadas o suficiente para se tornarem rochas sedimentares. Esses 
materiais mantêm uma estrutura solta e porosa, permitindo a fácil circulação de água e 
outros fluidos subterrâneos. O regolito é uma camada composta principalmente por 
materiais inconsolidados, tendo um papel crucial na dinâmica do meio subterrâneo, 
interferindo na recarga de aquíferos e na qualidadeda água subterrânea. 
 
Portanto, no ambiente subterrâneo, os sedimentos, materiais inconsolidados e solos 
desempenham um papel interligado na formação e evolução do meio ambiente, 
influenciando a hidrologia, a qualidade da água subterrânea, a estabilidade geotécnica 
e muitos outros aspectos cruciais para a compreensão e gestão desse ambiente 
complexo. 
 
1.1. Propriedades físicas do solo/sedimentos 
 
As propriedades físicas do solo/sedimentos (como textura, estrutura, densidade, 
porosidade, permeabilidade) controlam o fluxo da água subterrânea e o transporte de 
poluentes, definindo também as condições para os processos de atenuação química e 
biológica. Serão descritas a seguir as principais características físicas do meio 
subterrâneo relacionadas ao fluxo de água subterrânea. 
 
1.1.1. Textura 
 
Dependendo da espécie mineralógica que deu origem ao solo/sedimento e dos 
mecanismos de intemperismo e transporte, os solos apresentam diferentes proporções 
entre partículas de diferentes tamanhos: areia grossa (0,2 - 2 mm), areia fina (0,05 - 
0,2mm), silte (0,002 - 0,05 mm) ou argila (são 
essencialmente argilominerais (filossilicatos) ou oxi-hidróxidos (de ferro ou de alumínio) 
e, em casos excepcionais, ocorrem outros tipos de minerais, de outros grupos químicos, 
como carbonatos e fosfatos. 
 
A mineralogia interfere na composição da água subterrânea, que contém uma grande 
variedade de constituintes químicos inorgânicos, resultantes das interações quıḿicas e 
bioquı́micas com materiais geológicos através dos quais flui, e em menor grau devido 
às contribuições da atmosfera e dos corpos de águas superficiais. A geoquímica da 
água subterrânea também é influenciada pela dissolução de gases do solo (como O2 e 
CO2). A soma da concentração dos íons principais (Na+, Mg2+, Ca2+, Cl-, HCO3
-, SO4
2-) 
compreende mais de 90% dos sólidos totais dissolvidos na água. 
 
1.2.2. Presença de matéria orgânica 
 
A matéria orgânica do solo, além de estar associada a fertilidade do solo próximo a 
superfície, tem grande influência nas reações químicas, liberando CO2, por exemplo, e 
afetando o pH da água, o que tem reflexos na solubilidade do alumínio e outros metais. 
Além disso, a presença de material orgânico pode alterar a estrutura do solo e as 
ligações entre agregados com consequências para a porosidade efetiva e 
permeabilidade do meio poroso. Também tem um grande impacto no comportamento 
de poluentes (principalmente hidrofóbicos), pois tem grande potencial de sorção. 
 
1.2.3. pH 
 
O pH (potencial hidrogeniônico) define a acidez ou alcalinidade do meio. Os solos 
possuem pH variando de 3,0 a 9,0 tipicamente, a depender da região e formação 
geológica. O termo pH do solo refere-se ao pH de uma solução formada pela mistura de 
uma amostra do solo com água que é agitada e depois passa por um processo de 
decantação ou filtração. Portanto, está diretamente ligado ao pH da água subterrânea e 
aos processos químicos e biológicos que ocorrem na água. 
 
No Brasil, grande parte dos solos é fortemente ácida (pH entre 5,0 e 5,5). Assim, para 
corrigir o pH do solo, é muito comum a adição de calcário (carbonato de cálcio, CaCO3), 
em um processo que é denominado calagem. Para os processos de remediação de 
águas subterrâneas, o pH pode interferir em técnicas que dependem de reações 
químicas de oxirredução, além de alterar a atividade microbiológica essencial nas 
técnicas de biorremediação e atenuação natural monitorada. Além disso, o pH alterado 
pode ser um indicador de influência antrópica na água subterrânea se comparado a 
medições de background. 
 
1.2.4. Capacidade de troca catiônica (CTC) 
 
CTC do solo é a sigla para Capacidade de Troca Catiônica e está relacionada a 
quantidade de cargas negativas que o solo possui. Ela é uma medida da capacidade de 
Capítulo 1: Introdução ao Gerenciamento de Áreas Contaminadas 
Seção 1.4: Conceitos de Hidrogeologia 
Manual de Gerenciamento de Áreas Contaminadas – 3ª Edição – Versão 3.1 7
troca entre um cátion em solução por outro que está adsorvido na partícula sólida, sendo 
estimada pela quantidade dos principais cátions como Ca²+(cálcio), Mg²+(magnésio), K+ 
(potássio), Na+ (sódio), Al+3 (alumínio) e H+ (hidrogênio). Solos argilosos ou com maior 
quantidade de matéria orgânica em geral possuem maior CTC devido à maior 
concentração de cargas negativas em suas superfícies que atraem cátions. 
 
A capacidade de troca catiônica (CTC) influencia na estabilidade do solo, disponibilidade 
de nutrientes, pH do solo e nas reações do solo com outros compostos químicos. 
Quanto maior o pH do solo, maior tende a ser a sua CTC e sua capacidade de adsorção, 
que impacta no transporte de poluentes e atenuação natural. 
 
1.3. Propriedades das rochas 
 
As rochas são compostas por diferentes minerais e apresentam texturas e estruturas 
variadas. As rochas podem ser classificadas conforme sua gênese em três tipos 
principais: ígneas ou magmáticas, metamórficas e sedimentares. 
 
 Rochas ígneas ou magmáticas: se originam a partir da solidificação do magma 
ou da lava vulcânica. Costumam apresentar uma maior resistência e subtipos 
geologicamente recentes e de formações antigas. Elas dividem-se em dois tipos: 
o Rochas ígneas extrusivas ou vulcânicas: surgem a partir do resfriamento 
do magma expelido em forma de lava por vulcões. Exemplo: basalto. 
o Rochas ígneas intrusivas ou plutônicas: se formam no interior da Terra, 
geralmente nas zonas de encontro entre a astenosfera e a litosfera, em 
um processo constitutivo mais longo. Elas surgem na superfície somente 
através de afloramentos relacionados ao movimento das placas 
tectônicas. Exemplo: gabro. 
 Rochas metamórficas: surgem a partir de outros tipos de rochas previamente 
existentes (rochas-mãe) sem que essas se decomponham durante o processo, 
que é chamado de metamorfismo. Quando a rocha original é transportada para 
outro ponto da litosfera de temperatura e pressão diferentes do seu local de 
origem, ela altera as suas propriedades mineralógicas. Exemplo: mármore. 
 Rochas sedimentares: se originam a partir do acúmulo de sedimentos, que são 
partículas de rochas. Uma rocha preexistente sofre com as ações dos agentes 
exógenos de transformação do relevo, desgastando-se e segmentando-se em 
inúmeras partículas (meteorização); em seguida, esse material (pó, argila, etc.) 
é transportado pela água e pelos ventos para outras áreas, onde se acumulam 
e, a uma certa pressão, unem-se e solidificam-se novamente (diagênese), 
formando novas rochas. Exemplo: calcário. 
 
As propriedades físicas das rochas que controlam o escoamento de águas subterrâneas 
e transporte de poluentes são intimamente relacionados ao tipo de rocha que constitui 
o substrato da área de interesse. 
 
Em rochas ígneas e boa parte das metamórficas, por não possuírem poros 
intergranulares, a água flui somente pelas fraturas que as cortam, geradas por 
processos intempéricos e/ou tectônicos. A porosidade nesses casos é baixa, e a 
permeabilidade ao longo das fraturas é elevada. Assim, a condutividade hidráulica do 
substrato rochoso depende da densidade e conectividade das fraturas. 
 
As rochas sedimentares, por serem formadas a partir do acúmulo e litificação dos grãos, 
possuem porosidade intergranular herdada dos sedimentos formadores da rocha. A 
depender do grau de compactação e cimentação, a porosidade e a permeabilidade 
podem ser bastante variáveis. Adicionalmente, estas podem ser incrementadas por 
fraturas, cujos mecanismos de formação são os mesmos descritos para as rochas 
Capítulo 1: Introdução ao Gerenciamento de Áreas Contaminadas 
Seção 1.4: Conceitos de Hidrogeologia 
Manual de Gerenciamento de Áreas Contaminadas – 3ª Edição – Versão 3.1 8
ígneas e metamórficas. Os aquíferos do tipo karst constituem um clássico exemplo de 
aquíferos formados em rochas sedimentares calcárias, cujas cavernas e fendas são 
geradas por dissolução de fraturas pela percolação de águas. 
 
O Anexo 1 apresenta exemplos de fraturas, que ilustram a complexidade do fluxo e 
transporte de poluentes nesses meios. 
 
1.4. Propriedades dos materiais antrópicos 
 
Resultados de atividades humanas como construção, deposição de resíduos e aterros 
sanitários, os materiais antrópicos possuem propriedades que variam amplamente com 
base na sua composição e no processo de deposição. Materiais antrópicos podem 
incluir concreto, asfalto, resíduos sólidos, resíduos químicos e muitos outros. Suas 
características físicas e químicas podem afetar a qualidade da água subterrânea e o 
comportamento hidrogeológico da região. 
 
A porosidade e permeabilidade dos materiais antrópicos são características críticas a 
serem consideradas nas intervenções em meio ambiente subterrâneo. Enquanto o 
concreto e o asfalto geralmente são impermeáveis, os resíduos sólidos podem ser 
altamente porosos, permitindo a percolação de água e a lixiviação de poluentes para o 
subsolo. Além disso, a presença de substâncias tóxicas em materiais antrópicos, como 
metais pesados ou produtos químicos industriais, pode representar um sério risco à 
qualidade da águasubterrânea. 
 
2. Distribuição e fluxo de água em subsuperfície 
 
2.1. Águas subterrâneas e o Ciclo Hidrológico 
 
A água subterrânea é fundamental para manutenção da água em forma líquida na Terra. 
As suas reservas são formadas a partir da infiltração da precipitação e de águas 
superficiais em zonas de recarga. A água subterrânea migra no meio subterrâneo e 
aflora para corpos d’água superficiais em zonas de descarga, onde ocorre escoamento 
e evaporação. Parte da água subterrânea também é transpirada pelas plantas para a 
atmosfera por evapotranspiração. As águas subterrâneas são de grande importância, 
destacando-se o seu papel como fonte de água para abastecimento e fornecendo um 
fluxo de água em subsuperfície que impacta nas reservas de água superficiais conforme 
apresentado na Erro! Fonte de referência não encontrada.. 
 
No meio subterrâneo, a água pode estar na zona não-saturada (ou zona vadosa) ou na 
zona saturada. Na zona não-saturada, os poros (espaços vazios do solo, rochas ou 
aterros) estão preenchidos por ar e água. Na zona saturada, os poros estão 
completamente preenchidos por água. A superfície imaginária que separa essas duas 
zonas é definida como nível d’água, correspondente a superfície onde a pressão efetiva 
é igual a zero (pressão igual a pressão atmosférica). A região acima do nível d’água 
onde os poros estão virtualmente preenchidos com água (saturação próxima de 100%) 
é chamada de franja capilar. 
 
Capítulo 1: Introdução ao Gerenciamento de Áreas Contaminadas 
Seção 1.4: Conceitos de Hidrogeologia 
Manual de Gerenciamento de Áreas Contaminadas – 3ª Edição – Versão 3.1 9
 
Figura 5 - Representação esquemática da importância do ciclo hidrológico para as 
águas subterrâneas. Fonte: Autores e AESAS, adaptado de: Freeze e Cherry, 2017. 
 
2.2. Aquíferos e aquitardes 
 
Um aquífero é definido como uma unidade litológica, ou combinação de unidades 
litológicas, permeável saturada que pode transmitir quantidades significativas de água 
sob gradientes hidráulicos comuns (Freeze e Cherry, 2017). Um aquífero pode 
apresentar várias formações geológicas de rochas, sedimentos ou solos de variadas 
permeabilidades, sendo as formações mais comuns de aquíferos as que apresentam 
maior condutividade hidráulica: areias não consolidadas e cascalhos, rochas 
sedimentares permeáveis como arenitos e calcários, e rochas vulcânicas e cristalinas 
fortemente fraturadas. 
 
As camadas menos permeáveis de uma sequência estratigráfica são importantes no 
estudo regional de fluxo das águas subterrâneas e formam os aquitardes. São 
formados em geral por folhelhos, argilitos, siltitos, xistos e rochas cristalinas, cuja 
permeabilidade não é suficiente para permitir a produção de água em poços. As 
definições de aquífero e aquitarde baseadas em relação à capacidade de produzir água 
permitem a utilização desses termos de forma relativa. Por exemplo, em uma sequência 
intercalada de areia-silte, os siltes podem ser considerados aquitardes, enquanto num 
sistema silte-argila, os siltes podem ser considerados aquíferos. 
 
Além dos aquitardes, que permitem a acumulação de água com o transporte lento, uma 
camada geológica de baixa permeabilidade pode ser classificada como aquifugo, 
quando constitui um material totalmente impermeável à água, incapaz de armazenar ou 
transmitir água bloqueando seu fluxo; ou ainda um aquiclude, uma formação geológica 
que contém limitada capacidade de armazenar água no seu interior, mas sem a 
capacidade de transporte. 
 
2.3. Aquíferos confinados e livres 
Capítulo 1: Introdução ao Gerenciamento de Áreas Contaminadas 
Seção 1.4: Conceitos de Hidrogeologia 
Manual de Gerenciamento de Áreas Contaminadas – 3ª Edição – Versão 3.1 10
 
Os aquíferos são classificados em função da carga de pressão da sua superfície 
limítrofe superior (camada topo). O aquífero livre, também chamado de freático ou não 
confinado, é aquele cujo limite superior é o nível d’água (todos os pontos se encontram 
à pressão atmosférica). O aquífero confinado, que também é chamado de aquífero sob 
pressão ou artesiano, tem camadas confinantes no topo e base, sendo que a pressão 
da água em seu topo é maior do que a pressão atmosférica e, portanto, o nível d´água 
num poço instalado nesse aquífero se localiza acima do contato litológico. Um resumo 
ilustrativo é apresentado na Erro! Fonte de referência não encontrada.. 
 
 
Figura 6 - Diagrama esquemático de um aquífero confinado e um livre separados por 
aquitarde. Fonte: Autores e AESAS, adaptado de Cohen e Cherry, 2020. 
 
A percolação da água no solo propicia a formação dos aquíferos e aquitardes. A 
natureza e distribuição de aquíferos e aquitardes em um sistema geológico são 
controladas pela litologia, estratigrafia e estrutura dos depósitos geológicos e suas 
formações, definidas de forma resumida na Erro! Fonte de referência não encontrada.. 
 
 
Figura 7 – Definições para descrição do solo. Fonte: Autores e AESAS. 
 
3. Fluxo de água subterrânea em meios porosos 
 
O estudo dos fenômenos de fluxo de água em solos se apoia em três pilares: a 
conservação da energia (Bernoulli), a conservação de massa e a permeabilidade dos 
solos (Lei de Darcy). Devido à conservação de energia, o fluxo de água subterrânea é 
regido pela diferença de potencial energético entre dois locais no aquífero e é 
representado pelas linhas de fluxo. As linhas equipotenciais são as linhas 
perpendiculares ao fluxo (em meios homogêneos e isotrópicos), que representam os 
locais com mesmo potencial energético. O potencial energético da água corresponde a 
sua carga hidráulica (h). A carga hidráulica total (comumente expressa em altura de 
•composição física, incluindo a composição mineralógica, 
tamanho e empacotamento dos grãos, dos sedimentos ou 
das rochas que compõem o sistema geológico
Litologia
•descreve as relações geométrica e temporal entre as 
diversas lentes, camadas e formações nos sistemas 
geológicos de origem sedimentar
Estratigrafia
•são as propriedades geométricas dos sistemas geológicos 
produzidas por deformação após deposição ou cristalização. 
Exemplos: clivagens, fraturas, dobras e falhas 
Feições estruturais
Capítulo 1: Introdução ao Gerenciamento de Áreas Contaminadas 
Seção 1.4: Conceitos de Hidrogeologia 
Manual de Gerenciamento de Áreas Contaminadas – 3ª Edição – Versão 3.1 11
coluna d'água) em um ponto é a soma da carga piezométrica e da carga altimétrica, 
dada pela elevação em relação a um plano de referência único, considerado para todo 
o sistema (Figura 6). 
 
O fluxo da água subterrânea (�), também chamado de vazão específica ou velocidade 
de darcy, corresponde ao volume de água que flui por uma seção por tempo (com 
unidades de m3 m-2 s-1, por exemplo). Pode ser obtido pela aplicação da Lei de Darcy 
(Equação 2), formulada por Henry Darcy com base nos resultados de experimentos 
publicados em 1856 sobre o fluxo de água através de leitos de areia. 
 
� �
�
�
� −�
��
��
� −�
��
��
� −� ∙ � (2) 
 
Onde ℎ a carga hidráulica, �ℎ/�� o gradiente hidráulico, que também é representado 
por �; � a condutividade hidráulica 
 
Ressalta-se que q é diferente da velocidade do fluido (também chamada de velocidade 
linear, v) pois o fluxo ocorre somente nos poros que são interconectados, indicados pela 
porosidade efetiva (ne). Assim, as velocidades microscópicas reais são maiores do que 
a velocidade de Darcy, podendo ser obtida pela equação 3. 
 
� �
 
!"
 (3) 
 
O fluxo no meio subterrâneo pode ser representado pelo mapa potenciométrico, que é 
um mapa do contorno de cargas hidráulicas num plano horizontal para um aquífero, 
também chamado de superfície potenciométrica (Figura 8). Um mapa da superfície 
potenciométrica de um aquífero fornece uma indicação das direções de fluxo horizontal 
de suas águas subterrâneas. O conceito de superfície potenciométrica só é 
rigorosamente válido para fluxo horizontal (linhas isopotenciais verticais), ou em 
aquíferos com condutividade hidráulica horizontala implementação de medidas de intervenção em 
cada uma delas, quando necessário, conforme descrito na Seção 1.6 deste Capítulo 
1. 
 
Capítulo 1: Introdução ao Gerenciamento de Áreas Contaminadas 
Seção 1.2: Conceituação 
Manual de Gerenciamento de Áreas Contaminadas – 3ª Edição – Versão 3.1 3
As informações obtidas durante a execução das etapas do GAC são armazenadas no 
Cadastro de Áreas Contaminadas e Reabilitadas, visando dar subsídios para a sua 
execução e para dar publicidade às informações geradas (ver Capítulo 3). 
 
Em resumo, a seguir são apresentadas as etapas do GAC e seus objetivos gerais. 
 
 Identificação de Áreas com Potencial de Contaminação: identificar áreas na 
região de interesse nas quais podem existir fontes de contaminação 
potenciais (ver Capítulo 4). 
 Avaliação Preliminar: identificar as fontes de contaminação potenciais e 
indícios de contaminação em cada Área com Potencial de Contaminação (AP) 
constatada na região de interesse (ver Capítulo 5). 
 Investigação Confirmatória: identificar as fontes de contaminação primárias e 
a contaminação nos compartimentos do meio ambiente, em cada Área 
Suspeita de Contaminação (AS) constatada na região de interesse (ver 
Capítulo 6). 
 Investigação Detalhada: caracterizar as fontes de contaminação primárias e 
secundárias e as contaminações identificadas nos compartimentos do meio 
ambiente (plumas de contaminação), em cada Área Contaminada sob 
Investigação (ACI) constatada na região de interesse (ver Capítulo 7). 
 Avaliação de Risco: avaliar a necessidade de implementação de medidas de 
intervenção, com base nos riscos ou danos aos bens a proteger identificados 
e caracterizados, em cada ACI constatada na região de interesse (ver 
Capítulo 8). 
 Elaboração do Plano de Intervenção: definir e planejar as medidas de 
intervenção a serem implementadas, visando estabelecer as condições de 
uso seguro, atual ou futuro, em cada Área Contaminada com Risco 
Confirmado (ACRi) constatada na região de interesse (ver Capítulo 9). 
 Execução do Plano de Intervenção: implementar as medidas de intervenção 
planejadas, visando propiciar o uso seguro, atual ou futuro, em cada ACRi 
constatada na região de interesse (ver Capítulo 10). 
 Monitoramento para Encerramento: verificar a manutenção das condições 
atingidas pela implementação das medidas de intervenção executadas, que 
propiciam o uso declarado de forma segura em cada Área em Processo de 
Monitoramento para Encerramento (AME) constatada na região de interesse 
(ver Capítulo 11). 
 Emissão do Termo de Reabilitação para o Uso Declarado: emitir o Termo de 
Reabilitação para o Uso Declarado para cada área classificada como Área 
Reabilitada para o Uso Declarado (AR), após a Execução do Plano de 
Intervenção e do Monitoramento para Encerramento (ver Capítulo 12). 
 Acompanhamento da Medida de Controle de Engenharia (MCE) ou da 
Medida de Controle Institucional (MCI): acompanhar a MCE ou a MCI 
registradas no Termo de Reabilitação para o Uso Declarado, caso essas 
tenham sido implementadas em uma área classificada como AR (ver Capítulo 
13). 
 
Capítulo 1: Introdução ao Gerenciamento de Áreas Contaminadas 
Seção 1.2: Conceituação 
Manual de Gerenciamento de Áreas Contaminadas – 3ª Edição – Versão 3.1 4
Durante a execução das etapas do GAC podem ser identificadas situações que 
implicam na necessidade de adoção de procedimentos técnicos e administrativos 
específicos, citados a seguir: 
 
 Procedimento de Averbação na Matrícula do Imóvel (ver item 5 desta Seção 
e Seção 1.7); 
 Procedimento de Gerenciamento de Áreas Contaminadas Críticas (ver item 6 
desta Seção e Seção 1.8); 
 Procedimento de Gerenciamento de Áreas Contaminadas em Regiões 
Prioritárias (ver item 7 desta Seção e Seção 1.9); 
 Procedimento de Gerenciamento de Áreas Contaminadas Órfãs (ver item 8 
desta Seção e Seção 1.10); 
 Medidas Emergenciais em Áreas Contaminadas (ver item 9 desta Seção e 
Seção 1.11); 
 Procedimento de Reutilização de Áreas Reabilitadas e Revitalização de 
Regiões Degradadas (ver item 10 desta Seção e Seção 1.12); 
 Metodologias Utilizadas para Prevenir a Geração de Áreas Contaminadas 
(ver item 12 desta Seção e Seção 1.13); 
 Procedimento de Desativação de Atividades Potencialmente Geradoras de 
Áreas Contaminadas (ver item 11 desta Seção e Seção 1.14). 
No Capítulo 14 são descritas as técnicas de investigação de áreas contaminadas que 
podem ser aplicadas durante a realização das etapas do Processo de Identificação de 
Áreas Contaminadas. 
 
No Capítulo 15 são descritas as medidas de intervenção que podem ser utilizadas 
durante a realização das etapas do Processo de Reabilitação de Áreas Contaminadas. 
 
No Capítulo 16 são descritos instrumentos que podem ser aplicados na 
implementação do GAC. 
 
2. Área com Potencial de Contaminação (AP) e Área Contaminada (AC) 
 
Uma Área com Potencial de Contaminação (AP) é definida como uma área onde são 
ou foram desenvolvidas atividades potencialmente geradoras de áreas contaminadas, 
ou seja, nela existe ou existiu pelo menos uma fonte de contaminação potencial. 
 
Uma atividade potencialmente geradora de área contaminada é uma atividade humana 
em cujo processo e utilidades se empregam, são transportadas ou são manejadas 
determinadas substâncias que por suas características são capazes de gerar uma 
Área Contaminada (AC). 
 
Uma AC é definida como uma área onde existe ou existiu fonte de contaminação 
primária e, como resultado, contém quantidades de matéria ou concentrações de 
substâncias, em ao menos um dos compartimentos do meio ambiente, capazes de 
causar danos aos bens a proteger. 
 
Essa definição de AC apresentada é condensada, mas contém conceitos importantes, 
cujo conhecimento é fundamental para o entendimento do funcionamento do 
procedimento de Gerenciamento de Áreas Contaminadas (GAC). 
Capítulo 1: Introdução ao Gerenciamento de Áreas Contaminadas 
Seção 1.2: Conceituação 
Manual de Gerenciamento de Áreas Contaminadas – 3ª Edição – Versão 3.1 5
 
Na parte inicial da definição é destacada uma primeira condição obrigatória para 
classificar uma área como AC, que é se nela “existe ou existiu fonte de contaminação 
primária”, cujos conceitos envolvidos são apresentados no item 2.1 desta Seção. 
 
Na parte final da definição é destacada uma segunda condição obrigatória para 
classificar uma área como AC, que é se ela “contém quantidades de matéria ou 
concentrações de substâncias nos compartimentos do meio ambiente capazes de 
causar danos aos bens a proteger”, cujos conceitos envolvidos são apresentados no 
item 2.2 desta Seção. 
 
Além das classificações de AP e AC, o GAC prevê a adoção de outras classificações, 
a serem definidas oportunamente nesta seção e em outras seções deste Manual de 
Gerenciamento de Áreas Contaminadas. 
 
2.1. Fonte de contaminação 
As fontes de contaminação são divididas de acordo com os seguintes critérios: 
 
 tipo de fonte de contaminação; 
 origem; 
 forma de entrada das substâncias no compartimento do meio ambiente. 
Os compartimentos do meio ambiente podem ser entendidos como os solos, 
sedimentos, rochas, materiais utilizados para aterrar os terrenos, construções, águas 
subterrâneas e superficiais, ar e organismos vivos. 
 
a. Tipo de fonte de contaminação 
Em função do tipo, as fontes de contaminação são classificadas de acordo com as 
seguintes classes: 
 
 fonte de contaminação potencial; 
 fonte de contaminação primária; 
 fonte de contaminação secundária. 
Uma fonte de contaminação potencial é uma utilidade, como por exemplo, uma 
máquina, um equipamento, um dreno, um tanque, uma tubulação, um poço ou um 
local utilizado para armazenar ou dispor materiais, que existe ou que existiu dentro de 
uma AP, a partir da qual pode ser liberada quantidade significativa de substâncias 
para os compartimentos do meio ambiente, tornando-os contaminados. 
 
São exemplos clássicos de fontes de contaminação potenciais: 
 
 máquinas e equipamentos; 
bem maior do que aquelas das 
camadas confinantes associadas. 
 
Mapas potenciométricos que contém poços em diferentes aquíferos são essencialmente 
um mapa de contornos de cargas hidráulicas e podem não representar adequadamente 
o fluxo da água subterrânea devido a presença de relevantes componentes verticais de 
fluxo. 
A interpretação adequada dos fluxos é feita através de um conjunto de poços de 
monitoramento em diferentes camadas estratigráficas, onde é possível avaliar 
componentes verticais do fluxo e gerar seções verticais considerando a geologia da 
subsuperfície. Um exemplo de seção vertical também é apresentado na Figura 8Erro! 
Fonte de referência não encontrada.. 
 
Capítulo 1: Introdução ao Gerenciamento de Áreas Contaminadas 
Seção 1.4: Conceitos de Hidrogeologia 
Manual de Gerenciamento de Áreas Contaminadas – 3ª Edição – Versão 3.1 12
 
Figura 8 - Mapa potenciométrico (a) e seção vertical mostrando linhas de fluxo próxima 
a zona de descarga (b). Fonte: Autores e AESAS, adaptado de: Cohen e Cherry 2020; 
e Woessner e Poeter, 2020. 
 
4. Fluxo de água subterrânea em meios fraturados 
 
Aquíferos fraturados ou fissurados são caracterizados por possuírem fraturas abertas 
que acumulam água e resultam de deformações sofridas por uma rocha quando esta é 
submetida a esforços tensionais. Os aquíferos fraturados estão associados com rochas 
do tipo ígneas e metamórficas, além das sedimentares que podem ter porosidade por 
fratura e granular. Nos meios fraturados o fluxo acontece principalmente pela rede de 
fraturas interconectadas, já que na maioria dos casos a matriz rochosa é muito menos 
permeável que a rede de fraturas. 
 
No entanto, quantificar o fluxo por uma rede de fraturas é bastante complexo. Apesar 
de serem conceitualmente diferentes dos aquíferos porosos granulares, há situações 
em que aquíferos fraturados se assemelham aos granulares simplificando e viabilizando 
estudos neste meio. Valores espacialmente definidos de condutividade hidráulica, 
porosidade e compressibilidade podem ser atribuídos desde que a ocorrência de 
fraturas seja suficientemente densa para que o meio fraturado funcione de uma forma 
hidraulicamente semelhante aos meios porosos granulares, sendo definido então um 
meio poroso equivalente. Nesta abordagem cada abertura de fissura é considerada 
muito pequena em relação ao volume total do domínio sobre o qual a condutividade 
hidráulica (K) é medida. Portanto, o número de fraturas neste domínio deve ser grande. 
 
Se os espaçamentos de fratura são irregulares em um determinado local, o meio vai 
apresentar tendências de heterogeneidade. Se os espaçamentos de fratura são 
distintos em diferentes direções, o meio vai apresentar anisotropia. 
 
A porosidade efetiva de rochas fraturadas e de materiais coesivos consolidados 
fraturados, tais como tilitos (depósitos de sedimentos finos), siltitos ou argilitos, é 
normalmente muito pequena. Como as porosidades são pequenas, as velocidades das 
águas subterrâneas tendem a ser grandes. A razão para isso pode ser deduzida da 
relação de Darcy modificada: 
 
�̅ �
$%
!&
��
��
 (4) 
Capítulo 1: Introdução ao Gerenciamento de Áreas Contaminadas 
Seção 1.4: Conceitos de Hidrogeologia 
Manual de Gerenciamento de Áreas Contaminadas – 3ª Edição – Versão 3.1 13
Onde �̅ é a velocidade linear média da água nas fissuras, � a condutividade hidráulica 
bruta do meio fraturado, '( a porosidade da fratura e 
)�
)�
 o gradiente hidráulico. 
 
Em aquíferos cuja densidade de fraturas é extremamente baixa, pode ser necessário 
analisar-se o fluxo em fissuras individuais. Uma fratura é comumente representada pelo 
modelo de planos paralelos, sendo a fratura o espaço vazio entre dois planos que 
representam a parede da matriz rochosa. A distância entre os planos (b) é a abertura 
da fratura. Nesse caso, a vazão na fratura (Q) pode ser dada pela lei cúbica, que mostra 
que a vazão é proporcional ao cubo da abertura da fratura: 
 
* � −
+, . /0
123
45 67
)�
)�
� −
+, . 8 /9
123
)�
)�
 (5) 
 
Onde: 
8 é a densidade da água, g é a aceleração da gravidade, : é a viscosidade da 
água, w é o comprimento da fratura perpendicular ao fluxo, e 
)�
)�
 é o gradiente hidráulico. 
 
Repara-se que a Equação 5 segue o mesmo formato da Lei de Darcy, sendo a 
condutividade hidráulica da fratura igual a: 
 
� �
+, . /0
123
 (6) 
 
Outras condições impedem a adoção do modelo de meio poroso equivalente além da 
baixa densidade de fraturas. Por exemplo, a grande abertura de algumas fraturas pode 
incorrer em fluxo laminar não linear ou turbulento, invalidando a Lei de Darcy e alterando 
as condições de mistura nos vazios do aquífero. 
 
5. Referências bibliográficas 
 
COHEN, A. J. B.; CHERRY, J. A. Conceptual and Visual Understanding of Hydraulic 
Head and Groundwater Flow. Guelph, Ontario, Canada: The Groundwater Project, 
2020. 
 
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EMBRAPA-SPI, 2006. 
 
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http://www.embrapa.br/solos/sibcs/propriedades-do-solo. Acesso em: Outubro, 2022. 
 
FREEZE, A. R.; CHERRY, J. A. Groundwater. Englewood Cliffs, New Jersey: Prentice-
Hall, Inc., 1979. 
 
LEMOS, R. C.; SANTOS, R. D. Manual de descrição e coleta de solo no campo. 3. 
ed. Campinas-SP: Sociedade Brasileira de Ciência do Solo - Centro Nacional de 
Pesquisa de Solos, 1996. 
 
MORRIS, B. L. et al. Groundwater and its susceptibility to degradation: A global 
assessment of the problem and options for management. Early Warning and 
Assessment Report Series, RS.03-3. Nairobi, Kenya: United Nations Environment 
Programme, 2003. 
 
OSMAN, K. T., Soils: Principles, Properties and Management. Dordrecht: Springer 
Netherlands, 2013. 
 
Capítulo 1: Introdução ao Gerenciamento de Áreas Contaminadas 
Seção 1.4: Conceitos de Hidrogeologia 
Manual de Gerenciamento de Áreas Contaminadas – 3ª Edição – Versão 3.1 14
SCHWARTZ, F.; ZHANG, H. Fundamentals of Groundwater. New York: John Wiley 
& Sons, 2003. 
 
TOLEDO, M. C. M. et al. Intemperismo e Formação do Solo. In: TEIXEIRA, W. et al. 
Decifrando a Terra. São Paulo: Oficina de Textos p. 139-166, 2000. 
 
WOESSNER, W. W.; POETER, E. P. Hydrogeologic Properties of Earth Materials 
and Principles of Groundwater Flow. Guelph, Ontario, Canada: The Groundwater 
Project, 2020. 
 
Capítulo 1: Introdução ao Gerenciamento de Áreas Contaminadas 
Seção 1.4: Conceitos de Hidrogeologia 
Manual de Gerenciamento de Áreas Contaminadas – 3ª Edição – Versão 3.1 15
Anexo 1 – Exemplos de fraturas em testemunhos de rochas 
 
 
Foto 1a: padrão de fraturamento em 
testemunho de sondagem de argilito do 
Grupo Itararé, Bacia do Paraná, era 
glacial neopaleozóica. 
Foto 1b: PFH (plano de fratura 
horizontal); PFV (plano de fratura 
vertical); PFSV (plano de fratura sub-
vertical). 
 
 
Foto 2a: padrão de fraturamento em 
testemunho de sondagem com 
intercalações de arenitos e argilito do 
Grupo Itararé, Bacia do Paraná, era 
glacial neopaleozóica. 
Foto 2b: PFH (plano de fratura 
horizontal); notar indícios de oxidação em 
fratura aberta, que mostram a percolação 
de água subterrânea e fraturas fechadas 
com orientação horizontal / sub-horizontal 
(seta azul). 
 
 
Capítulo 1: Introdução ao Gerenciamento de Áreas Contaminadas 
Seção 1.4: Conceitos de Hidrogeologia 
Manual de Gerenciamento de Áreas Contaminadas – 3ª Edição – Versão 3.1 16
 
Foto 3a: testemunho de sondagem com 
arenito fino do Grupo Itararé, Bacia do 
Paraná, era glacial neopaleozóica. 
Foto 3b: PFV (plano de fratura vertical) 
com oxidação, indicando percolação de 
água subterrânea nesse sentido e PFH 
(plano de fratura horizontal) sem indícios 
de percolação de água subterrânea. 
 
 
Foto 4a: testemunho de sondagem 
mostrando argilito com clastos irregulares 
de arenito fino. Grupo Itararé, Bacia do 
Paraná, era glacial neopaleozóica. 
Foto 4b: fraturas verticais descontínuas 
(setas laranjas) e contínua (seta azul)preenchidas por calcita. 
 
 
Capítulo 1: Introdução ao Gerenciamento de Áreas Contaminadas 
Seção 1.4: Conceitos de Hidrogeologia 
Manual de Gerenciamento de Áreas Contaminadas – 3ª Edição – Versão 3.1 17
 
Foto 5a: testemunho de sondagem 
mostrando fratura no contato entre argilito 
(cinza) e arenito fino (bege). Grupo 
Itararé, Bacia do Paraná, era glacial 
neopaleozóica. 
Foto 5b: Fraturas subverticais abertas 
(em branco) e fechadas (em laranja). 
 
 
Foto 6a: Fratura subvertical aberta com 
oxidação mostrando indícios de 
percolação de água subterrânea. 
Foto 6b: Notar dois planos de fraturas 
subverticais com direções de mergulho 
distintas (laranja e branco) ambos com 
oxidação e mostrando indícios de 
percolação de água subterrânea. 
 
 
Capítulo 1: Introdução ao Gerenciamento de Áreas Contaminadas 
Seção 1.4: Conceitos de Hidrogeologia 
Manual de Gerenciamento de Áreas Contaminadas – 3ª Edição – Versão 3.1 18
 
 
Foto 7a: testemunho de sondagem 
mostrando arenito com camadas 
francamente horizontais. Grupo Itararé, 
Bacia do Paraná, era glacial 
neopaleozóica. 
Foto 7b: Notar variação das camadas 
centimétricas a sub-centimétricas, 
mostrando arenitos desde finos a muito 
finos até médios sem nenhum indício de 
fraturas condicionando o fluxo de água 
subterrânea. 
 
 
Capítulo 1: Introdução ao Gerenciamento de Áreas Contaminadas 
Manual de Gerenciamento de Áreas Contaminadas – 3ª Edição – Versão 3.1 1
Seção 1.5: Comportamento e transporte de contaminantes 
em subsuperfície 
 
Autores: Juliana G. Freitas, Miguel A. A. Soto, Elias H. Teramoto, Veronica Gonsalez e 
Chang H. Kiang 
 
Sumário 
1 Partição e fases dos contaminantes .................................................................. 1 
1.1 Dissolução / Precipitação ................................................................................ 1 
1.2 Volatilização ................................................................................................... 2 
1.3 Sorção ............................................................................................................ 2 
2 Comportamento de fases líquidas não aquosas - NAPLs ................................ 3 
2.1 Migração de LNAPLs ...................................................................................... 4 
2.2 Migração de DNAPLs ..................................................................................... 4 
3 Transporte de plumas dissolvidas ..................................................................... 6 
3.1 Advecção e dispersão .................................................................................... 6 
3.2 Retardamento ................................................................................................. 8 
4 Transporte da fase vapor .................................................................................... 8 
4.1 Modelo conceitual ........................................................................................... 9 
4.1.1 Fonte de contaminação secundária ......................................................... 9 
4.1.2 Meio físico ............................................................................................. 10 
4.1.3 Mecanismos de transporte da fase vapor .............................................. 10 
4.1.4 Pontos de exposição ............................................................................. 11 
4.1.5 Vias de exposição e Receptores............................................................ 12 
5 Reações .............................................................................................................. 13 
5.1 Biodegradação de hidrocarbonetos .............................................................. 14 
5.2 Degradação de compostos halogenados ...................................................... 15 
6 Referências ........................................................................................................ 16 
 
1 Partição e fases dos contaminantes 
O meio subterrâneo é composto pela fase sólida e pelos poros, que podem conter 
diferentes fluidos (como água e ar). A fase sólida inclui partículas minerais e matéria 
orgânica de solos, sedimentos e rochas. Em áreas contaminadas, os contaminantes 
podem se distribuir entre os sólidos e os fluidos, estando em diferentes fases. Até três 
fluidos podem estar presentes nos poros: a fase gasosa, a fase aquosa e uma fase 
líquida não aquosa, também chamada de NAPL (non-aqueous phase liquid). Os 
contaminantes também podem estar retidos nos sólidos, denominada de fase 
adsorvida ou sorvida. Cada fase pode ser composta por uma variedade de compostos. 
A fase aquosa, por exemplo, é composta principalmente de água, mas contém 
compostos orgânicos e inorgânicos dissolvidos. Ao contaminante presente na fase 
aquosa, dá-se o nome de fase dissolvida. Os contaminantes se distribuem entre essas 
diferentes fases dependendo das suas propriedades e das condições do meio. A 
transferência de massa entre fases (partição) ocorre até que sejam atingidas 
condições de equilíbrio químico. 
 
1.1 Dissolução / Precipitação 
Os processos de dissolução e precipitação se referem à partição entre a fase aquosa 
e o contaminante em fase separada, podendo ser como NAPL ou um sólido. A 
propriedade que descreve essa partição é a solubilidade (S), que expressa a 
concentração da substância em fase dissolvida quando em equilíbrio com a sua fase 
pura (líquida ou sólida). Se a fase separada não é um composto puro, mas uma 
Capítulo 1: Introdução ao Gerenciamento de Áreas Contaminadas 
Seção 1.5: Comportamento e transporte de contaminantes em subsuperfície 
Manual de Gerenciamento de Áreas Contaminadas – 3ª Edição – Versão 3.1 2
mistura de substâncias, o equilíbrio químico multicomponente é mais complexo e, de 
forma geral, dependente da fração molar do composto na mistura. 
 
A solubilidade varia ligeiramente com a temperatura, mas também pode variar 
dependendo da presença de outras substâncias em solução e das condições físico-
químicas. Para compostos orgânicos, destaca-se que substâncias conhecidas 
surfactantes ou cossolventes (como etanol) podem causar um grande aumento da 
solubilidade. No caso de algumas substâncias inorgânicas, as condições físico-
químicas (como pH e potencial redox) da solução têm um grande impacto na 
solubilidade. 
 
Quando a concentração na fase dissolvida é inferior ao que seria esperado em 
condições de equilíbrio, o contaminante presente em fase separada vai se dissolver 
até que seja atingido o equilíbrio, ou até a fase separada se extinguir. 
 
1.2 Volatilização 
O contaminante presente como fase dissolvida ou fase separada (NAPL ou sólido) 
pode particionar para a fase gasosa, pelo processo conhecido como volatilização. 
Esse processo acontece comumente com compostos orgânicos na zona não saturada 
ou saturada. 
 
A tendência de volatilização de um contaminante pode ser avaliada por duas 
propriedades: a pressão de vapor e a constante de Henry. A pressão de vapor, que 
indica a pressão do contaminante em equilíbrio com sua fase pura, líquida ou sólida, é 
uma medida da tendência de evaporação dessa substância. 
 
Em misturas de compostos orgânicos (como no caso da gasolina), a pressão de vapor 
de uma substância na mistura será menor que da substância pura, e pode ser 
aproximada pela Lei de Raoult, que determina que a pressão de vapor da substância 
na mistura é o produto da pressão de vapor da substância pura e da fração molar do 
composto na mistura. 
 
A segunda propriedade é a constante da Lei de Henry, que descreve a partição entre 
a fase dissolvida e a fase vapor. A Lei de Henry considera que existe uma relação 
linear entre as concentrações de equilíbrio na fase vapor e em uma solução aquosa 
diluída. A constante de Henry é então definida como a razão entre a concentração na 
fase vapor e na fase líquida. Portanto, quanto maior a constante de Henry mais volátil 
é o composto. 
 
1.3 Sorção 
Sorção é definida como a interaçãode um contaminante com um sólido (como solo, 
sedimento ou matriz rochosa), sendo dividida em adsorção e absorção. De forma 
geral, adsorção se refere a um acúmulo do contaminante na superfície do sólido, 
enquanto absorção implica na penetração do contaminante na fase sólida, de forma 
relativamente uniforme. Uma série de processos pode resultar em sorção, como 
reações químicas nas superfícies (hidrólise, complexação, troca iônica, formação de 
pontes de hidrogênio), interações eletrostáticas e interações hidrofóbicas. 
 
A sorção depende das propriedades físicas e químicas do contaminante, da 
composição da fase sólida e das propriedades do fluido em que se encontra o 
contaminante e o sólido. Na fase sólida, destaca-se a importância da fração argila 
(grãosO primeiro é que o DNAPL precisa ter pressão suficiente para superar 
as forças capilares no material de menor permeabilidade (mecanismo de barreira 
capilar). O segundo é a maior resistência ao fluxo na camada menos permeável. Em 
meios fraturados, para que o DNAPL consiga penetrar uma fratura precisa ter uma 
pressão suficiente para vencer a pressão capilar na fratura. Essa pressão necessária 
depende das propriedades do DNAPL (como densidade e tensão interfacial) e da 
fratura (como tamanho da abertura). A migração de um DNAPL em meio poroso é 
ilustrada na Figura 2. 
 
Capítulo 1: Introdução ao Gerenciamento de Áreas Contaminadas 
Seção 1.5: Comportamento e transporte de contaminantes em subsuperfície 
Manual de Gerenciamento de Áreas Contaminadas – 3ª Edição – Versão 3.1 5
 
Figura 1 - Exemplos de NAPLs de diferentes densidades em frascos com água: a) 
gasolina (0,75 g cm-3); b) tricloroeteno (TCE) (1,46 g cm-3); c) Gasolina + TCE - 
proporção 2:1 (» 0,9 g cm-3); d) Gasolina + TCE - proporção 1:2 (» 1,2 g cm-3). Fonte: 
Juliana G Freitas 
 
 Figura 2 - Migração de LNAPL e DNAPL em meios porosos e detalhe da fase residual 
nas zonas não-saturada e saturada. Fonte: Autores e AESAS, adaptado de: Domenico 
& Schwartz (1998), Mayer et al. (2005). 
 
Capítulo 1: Introdução ao Gerenciamento de Áreas Contaminadas 
Seção 1.5: Comportamento e transporte de contaminantes em subsuperfície 
Manual de Gerenciamento de Áreas Contaminadas – 3ª Edição – Versão 3.1 6
 
Figura 3 - Perfis típicos de saturação de água, LNAPL e total (água + NAPL) num 
meio homogêneo. Fonte: modificado de Lenhard & Parker (1990). 
3 Transporte de plumas dissolvidas 
3.1 Advecção e dispersão 
O transporte de substâncias dissolvidas é determinado por dois processos básicos: a 
advecção e a dispersão. A advecção corresponde ao transporte da substância pelo 
fluido no qual ela se encontra, na mesma direção e sentido do fluxo do fluido, com 
velocidade igual à velocidade média do fluido. Assim, um contaminante dissolvido na 
água subterrânea é transportado por advecção com uma velocidade igual à velocidade 
média da água subterrânea, como definido no Item 1.4. 
 
A dispersão hidrodinâmica, ou somente dispersão, corresponde a todos os 
processos que causam espalhamento dos contaminantes ao redor do centro de massa 
da pluma. Assim, a dispersão causa mistura com água subterrânea não contaminada, 
causando diluição e expansão da pluma de contaminação para zonas além das que 
seriam impactadas baseado somente na advecção. A dispersão pode ocorrer na 
direção do fluxo do fluido, chamada de dispersão longitudinal, ou normal à direção do 
fluxo, sendo denominada de dispersão lateral ou transversal. A dispersão é causada 
por processos macroscópicos e microscópicos, e é uma somatória dos processos de 
difusão molecular e dispersão mecânica. 
 
A difusão molecular é causada pelo movimento aleatório das moléculas, que gera o 
transporte de soluto da região de maior concentração para as regiões de menor 
concentração. Assim, a difusão molecular independe do fluxo do fluido, podendo ser o 
processo dominante em situações em que o gradiente hidráulico é zero ou a 
condutividade hidráulica muito baixa. Por exemplo, uma situação em que a difusão 
molecular adquire grande importância é no transporte em meios fraturados onde a 
Capítulo 1: Introdução ao Gerenciamento de Áreas Contaminadas 
Seção 1.5: Comportamento e transporte de contaminantes em subsuperfície 
Manual de Gerenciamento de Áreas Contaminadas – 3ª Edição – Versão 3.1 7
matriz rochosa possui baixa condutividade hidráulica de tal forma que o fluxo advectivo 
é insignificante. Nesses casos, o transporte nas fraturas ocorre por advecção e 
dispersão, mas parte da massa pode migrar para a matriz rochosa por difusão 
molecular devido ao gradiente de concentração que se estabelece. 
 
O processo de difusão molecular é descrito pela Lei de Fick, que determina que o fluxo 
de um soluto (F) é proporcional ao gradiente de concentração (dC/dx), como indicado 
na Equação 1, para uma dimensão. Em meios porosos a difusão ocorre mais 
lentamente que na água, pois o transporte somente ocorre pelos poros, resultando em 
colisões das moléculas com os sólidos e percursos mais longos. Para considerar esse 
efeito utiliza-se o coeficiente de difusão molecular efetivo (D*), que se relaciona ao 
coeficiente de difusão pela multiplicação por um coeficiente empírico, usualmente 
estimado com base na porosidade e tortuosidade do meio, ou determinado 
experimentalmente. 
 
 F = −D∗ ��
��
 (1) 
 
Onde: F: fluxo do soluto [M L-2 T-1]; D* coeficiente de difusão molecular efetivo [L² T-1]; 
C: concentração [M L-3]; 
��
��
: gradiente de concentração na direção x. 
 
A dispersão mecânica ocorre devido a variações locais de velocidade, que são 
desvios em relação à velocidade média do fluxo de água. Essas variações podem 
ocorrer, por exemplo, dentro de um poro, pois no centro do poro a velocidade é maior 
que próximo à superfície dos grãos. A diferença no tamanho dos poros também causa 
gradientes de velocidades, pois a velocidade tende a ser maior nos percursos por 
poros maiores. Além disso, o contaminante pode seguir diferentes percursos, alguns 
apresentando maiores comprimentos pela presença de maior tortuosidade, ou ainda 
causando ramificações laterais. Heterogeneidades do aquífero também podem causar 
dispersão mecânica, quando a pluma atinge regiões com diferentes condutividades 
hidráulicas, por exemplo. Assim, a dispersão tende a ser maior quanto maior a 
extensão da pluma, sendo dependente da escala. 
 
A dispersão mecânica é expressa de forma similar à difusão molecular, empregando o 
coeficiente de dispersão mecânica, Dm. Esse coeficiente é proporcional à velocidade 
média de fluxo da água subterrânea e à dispersividade, um coeficiente dependente 
das propriedades do meio. A Equação 2 representa o cálculo do coeficiente de 
dispersão mecânica em uma direção. De forma geral, a dispersão na direção 
longitudinal é maior que nas direções perpendiculares ao fluxo de água subterrânea 
(diferença de pelo menos uma ordem de magnitude), gerando um maior espalhamento 
nessa direção. 
 
 D	 = α� v
� 
 (2) 
 
Onde: D	 coeficiente de dispersão mecânica [L2 T-1]; α� dispersividade na direção x 
[L]; v
�: velocidade média da água subterrânea na direção x [L T-1]. 
 
Como a dispersão hidrodinâmica é a somatória dos processos de difusão molecular e 
dispersão mecânica, define-se o coeficiente de dispersão hidrodinâmica como a soma 
do coeficiente de difusão molecular efetivo e do coeficiente de dispersão mecânica 
(Eq. 3). O processo de advecção e dispersão ocorrem conjuntamente, fazendo com 
que o centro de massa da pluma de contaminação se mova com velocidade igual a 
velocidade média do fluxo de água subterrânea, e os solutos se espalhem ao redor 
desse ponto. A junção desses processos é descrita pela equação de advecção-
Capítulo 1: Introdução ao Gerenciamento de Áreas Contaminadas 
Seção 1.5: Comportamento e transporte de contaminantes em subsuperfície 
Manual de Gerenciamento de Áreas Contaminadas – 3ª Edição – Versão 3.1 8
dispersão (Eq. 4), ilustrada na Figura 4. Ressalta-se que heterogeneidades no meio 
causam desvios no fluxo, gerando plumas de contaminação com geometrias distintas 
do que seria observado num meio homogêneo. 
 
 D� = α� v� � �∗ 
 (3) 
 
��
��
= ��
���
��� − ��
��
��
 (4) 
 
 
Figura 4 - Exemplo da migração de plumas de contaminação a partir de (a) uma fonte 
tipo pulso, instantânea e b) uma fonte contínua. Maior densidade de pontos representa 
maior concentração na fase dissolvida. Fonte: Adaptado de Fetter (2001). 
3.2 Retardamento 
A sorção de contaminantes dissolvidos nos sólidos resulta em uma redução na 
velocidade de transporte das substâncias dissolvidas, mas não na remoção de massa. 
Assumindo equilíbrio na sorção e comportamento linear (Kd – coeficiente de 
distribuição – não varia significativamente com a concentraçãoda substância), a 
velocidade da pluma será menor do que a velocidade média da água subterrânea e é 
estimada utilizando o fator de retardamento (R). O fator de retardamento é a razão 
entre a velocidade do centro de massa da pluma do contaminante e a velocidade 
média de fluxo da água subterrânea e pode ser estimado pela Equação 5. 
 
 R =
��
��
= 1 �
��∙��
 
 (5) 
 
Onde: vi: velocidade de migração do poluente [L T-1]; v
: velocidade média da água 
subterrânea [L T-1]; R: fator de retardamento [-]; ρ": densidade aparente do meio [M L-
3]; K�: coeficiente de partição [L3 M-1]; θ: porosidade do meio [-] 
 
Ressalta-se que essa simplificação em geral é aplicável para compostos orgânicos 
hidrofóbicos. Para substâncias iônicas, como metais, esse modelo não gera uma boa 
aproximação, pois a sorção varia muito com as propriedades do meio, como pH, força 
iônica etc. 
 
A equação que governa o transporte de substâncias dissolvidas é derivada da lei de 
conservação de massa considerando os processos de advecção, dispersão mecânica, 
difusão molecular, transformações bioquímicas (representadas pelo coeficiente de 
decaimento de 1ª ordem ) e transferência de massa entre fases (sorção). Assim, o 
transporte unidirecional de solutos pode ser expresso pela equação abaixo: 
%�
%&
=
'(
)
%��
%�� −
�(
)
%�
%�
− λC (6) 
 
4 Transporte da fase vapor 
O transporte da fase vapor pode gerar riscos significativos principalmente pela intrusão 
de vapores, que consiste em um processo de migração de determinados compostos 
químicos orgânicos e/ou inorgânicos voláteis desde uma contaminação subsuperficial 
até o interior de construções sobrejacentes. 
Capítulo 1: Introdução ao Gerenciamento de Áreas Contaminadas 
Seção 1.5: Comportamento e transporte de contaminantes em subsuperfície 
Manual de Gerenciamento de Áreas Contaminadas – 3ª Edição – Versão 3.1 9
 
4.1 Modelo conceitual 
A Figura 5 ilustra o modelo conceitual padrão para explicar a intrusão de vapor 
proveniente de solo ou água subterrânea contaminada. O modelo conceitual conta 
com uma Rota de Exposição que compreende o percurso desde a origem da 
contaminação até o destino final, sendo constituída por: fonte de contaminação 
secundária, meios físicos, mecanismos de transporte, ponto de exposição, vias de 
exposição e receptores atuais e futuros. 
 
 
Figura 5 - Intrusão de vapor proveniente de água subterrânea (Adaptado de ITRC, 
2014) 
 
4.1.1 Fonte de contaminação secundária 
A fonte de vapores é emanada do solo ou da água subterrânea contaminada com 
produtos químicos voláteis em concentrações elevadas, cuja magnitude é capaz de 
oferecer riscos imediatos à segurança (potencial de incêndio ou explosão de vapores 
de petróleo ou metano) ou possíveis efeitos adversos à saúde humana, pela inalação 
a longo prazo em ambientes internos sobrejacentes. 
 
Substâncias voláteis são consideradas produtos químicos com constante da lei de 
Henry maior que 10-5 atm m3 mol-1 à temperatura ambiente, ou com pressão de vapor 
maior que 1 mm Hg à temperatura ambiente. Entre os produtos químicos formadores 
de vapor podem ser citados os mais comuns: hidrocarbonetos encontrados na 
gasolina, diesel e combustível de aviação (e.g., benzeno, trimetilbenzenos, naftaleno); 
produtos químicos voláteis de aditivos de combustível (e.g., álcoois, éter metil 
Capítulo 1: Introdução ao Gerenciamento de Áreas Contaminadas 
Seção 1.5: Comportamento e transporte de contaminantes em subsuperfície 
Manual de Gerenciamento de Áreas Contaminadas – 3ª Edição – Versão 3.1 10
terciário-butílico, álcool terciário-butílico, dibrometo de etileno e 1,2-dicloroetano); 
metano, produzido pela biodegradação anaeróbica de contaminantes orgânicos e 
matéria orgânica no solo, bem como compostos halogenados (e.g., cloreto de vinila, 
1,2-dicloroetano e hexaclorobenzeno). 
 
4.1.2 Meio físico 
O levantamento detalhado de dados sobre o meio físico, incluindo características 
geológicas, físicas, físico-químicas, mecânicas e hidrodinâmicas, permite compreender 
o trajeto dos contaminantes na fase vapor. Adicionalmente, devido a sua interação 
com a atmosfera, são necessários dados hidrológicos e meteorológicos. 
 
Ainda, a migração de contaminantes em forma de vapor pode ser impedida ou 
facilitada por diversos fatores, tais como: espessura da zona não saturada, trincas e 
fraturas, grau de saturação, densidade do vapor, condutividade hidráulica de solo não 
saturado, permeabilidade ao vapor, granulometria, curva de retenção de água no solo, 
entre outros. Por exemplo, solos podem apresentar maiores graus de saturação e 
inibir a magnitude do transporte difusivo, devido ao coeficiente de difusão dos 
compostos químicos, formadores do vapor, ser substancialmente menor na água em 
comparação com o ar. A variabilidade do grau de saturação da zona não saturada está 
sujeita não somente à precipitação e infiltração (às vezes impermeabilizados 
superficialmente por fundações), mas também às flutuações no nível da água 
subterrânea. 
 
Solos ou camadas de baixa permeabilidade na zona não saturada também podem 
restringir a migração ascendente de vapores, sendo o efeito acentuado com o 
aumento de umidade e profundidade da zona contaminada. Além disso, alguns 
compostos (e.g., benzeno, metano, cloreto de vinila) podem apresentar reduções em 
suas concentrações de gás no solo devido à biodegradação na zona vadosa. 
 
4.1.3 Mecanismos de transporte da fase vapor 
Levando em consideração o modelo conceitual padrão da Figura 5 podem ser 
identificados três processos de transporte de vapor após a volatilização de substâncias 
químicas a partir do solo ou água subterrânea: i) difusão na zona não saturada, desde 
a fonte até o solo adjacente à fundação do edifício; ii) advecção e difusão através de 
fissuras, trincas e juntas entre a laje e muros da construção; e iii) mistura com o ar 
interno no ponto de exposição. 
 
Difusão – já definida anteriormente, consiste no movimento de substâncias químicas 
das áreas de maior concentração para as de menor concentração. A magnitude do 
fluxo difusivo guarda relação direta com o gradiente de concentração, com o 
coeficiente de difusão molecular efetivo do composto no meio poroso e com a umidade 
da zona não saturada. O coeficiente de difusão efetiva em um meio poroso, de acordo 
com Nielsen et al. (1972), pode ser expresso pela Equação 7. Nessa equação é 
considerado o conteúdo volumétrico de ar, pois, em um solo não saturado, o espaço 
poroso é composto por uma parcela de ar e outra de água que se complementam. 
Além disso, é considerada a tortuosidade do meio. Algumas expressões são 
apresentadas na literatura para estimar a tortuosidade, considerando parâmetros 
como a porosidade e o conteúdo volumétrico de água. 
 
 D,-- = θ.. τ. D. (7) 
 
Onde Deff representa a difusão efetiva [L2 T-1]; qa, o conteúdo volumétrico de ar 
disponível no meio poroso [-]; t, a tortuosidade da fase do ar que é responsável pela 
Capítulo 1: Introdução ao Gerenciamento de Áreas Contaminadas 
Seção 1.5: Comportamento e transporte de contaminantes em subsuperfície 
Manual de Gerenciamento de Áreas Contaminadas – 3ª Edição – Versão 3.1 11
diminuição da área da seção transversal e aumento do comprimento do caminho 
induzido por um meio poroso [-]; e Da, a difusividade no ar [L2 T-1]. 
Caso a fonte de contaminação esteja localizada na água subterrânea é necessário 
levar em conta a difusão efetiva desde a franja capilar (como uma camada adicional). 
Nesse caso, a difusão efetiva pode ser determinada com a seguinte expressão: 
 
 D-1
,-- = D.(θ.3-1
4.44 /n-1
7 ) � (D9/H;de água 
no solo pelo ajuste com o modelo de van Genuchten [-]; e θ.3-1, que representa o 
conteúdo volumétrico de ar na franja capilar, e que resulta da diferença entre a 
porosidade total e o conteúdo volumétrico de água na franja capilar [-]; Dw, a 
difusividade da água [L2 T-1]; HTS, a constante de Henry para a temperatura do sistema 
[-]. 
 
Logo, o coeficiente de difusão efetivo total, levando em consideração o total de 
camadas de solo, é representado como: 
 
 D;
,-- =
>?
∑ >�
A
�BC ∕'�
EFF (10) 
 
Onde D;
,-- representa o coeficiente global de difusão efetiva da fase vapor de todas as 
camadas de solo [L2 T-1]; LT, a distância vertical compreendida entre a face inferior da 
fundação ou laje (adjacente ao ambiente interno) e a fonte de vapores [L]; n, o número 
de camadas de solo; Li, espessura da camada de solo i [L]; e DG
,--, a difusão efetiva 
através da camada de solo i [L2 T-1]. 
 
Advecção – movimento das substâncias químicas ocorre com o movimento da massa 
do gás do solo devido a diferenças de pressão. As diferenças de pressão podem ser 
geradas por mudanças de pressão atmosférica, mudanças de temperatura ou devido a 
sistemas de ventilação de edifícios, criando convecção natural no solo, isto é, 
essencialmente fluxo advectivo vertical, conforme o modelo de Johnson e Ettinger 
(1991), que por ser um modelo unidimensional, conta apenas com a componente 
vertical e a inexistência da difusão. Cabe ressaltar que esse tipo de transporte é o 
processo mais significativo nas proximidades da fundação, sendo menos importante 
distante dela. 
 
Mistura – Os vapores intrudidos podem ser misturados e diluídos com o ar dentro da 
edificação, a depender da taxa de ventilação. Esses valores podem ser ainda 
facilitados pelo grau de ventilação que possua o prédio, e.g., ar-condicionado e 
aquecedores. 
 
4.1.4 Pontos de exposição 
O contato dos receptores com as substâncias químicas em forma de vapor poderá 
ocorrer em diversos tipos de espaços internos ou pontos de exposição, tais como: 
residências, comércio, escolas, igrejas etc. O tipo de uso, características construtivas 
e geométricas da edificação e qualquer outra característica que envolva algum tipo de 
interação com os meios contaminados (temperatura, diferencial de pressão com o 
Capítulo 1: Introdução ao Gerenciamento de Áreas Contaminadas 
Seção 1.5: Comportamento e transporte de contaminantes em subsuperfície 
Manual de Gerenciamento de Áreas Contaminadas – 3ª Edição – Versão 3.1 12
solo, distância com a fonte etc.) influenciarão nas magnitudes das doses de ingresso 
na população afetada nos pontos de exposição. 
 
De acordo com API (2005), a migração do gás do solo e intrusão de vapores pode ser 
representada por três diferentes cenários construtivos, que possuem desde maior 
contato (e.g., porão) a menor contato com a superfície do solo (e.g., laje), tal como 
mostrado na Figura 6. Nessas circunstâncias, levando em consideração apenas o tipo 
de construção, se pressupõe uma relação direta entre a proximidade da fundação e do 
solo e a concentração dos contaminantes nos pontos de exposição. Isso porque há 
uma relação entre essa distância e a advecção (maior ou menor probabilidade de 
fissuras e interfaces piso-muro) e difusão (maior ou menor proximidade com a fonte). 
No entanto, o tipo de fundação por si só não determina a capacidade de intrusão de 
vapores, pois dependerá também dos processos construtivos. Por exemplo, em climas 
frios e secos, determinados países optam pelas fundações tipo entrepiso (crawlspace) 
com pouco espaço interno e uma rigorosa vedação, para evitar congelamento de 
dutos e otimização de calor. Porém, essa estrutura permite o acúmulo dos gases, 
mesmo com a aplicação de membranas supostamente impermeáveis no solo, por 
permitirem a passagem dos contaminantes por difusão. 
 
 
Figura 6. Intrusão de vapor em ambientes internos para três cenários de construção 
de acordo com API (2005) 
4.1.5 Vias de exposição e Receptores 
As vias de exposição e os receptores serão tratados com detalhes no Capítulo 8 
(Avaliação de Risco). Neste item são abordados parte dos conceitos, por estarem 
relacionados com a determinação da concentração final das substâncias químicas de 
interesse (SQI) em ambientes internos, como consequência da intrusão de vapores. 
 
Como observado no modelo conceitual, a única via de exposição ou via de entrada 
dos contaminantes nos receptores é pela inalação de vapores. No entanto, os 
receptores têm características diferentes (como massa corpórea, frequência de 
exposição, taxa de contato etc.) inclusive de exposição. Os dados específicos 
associados à concentração final de cada SQI disponível para o receptor conformam a 
dose de ingresso, que é o parâmetro que, junto com o fator de risco (RF) e a dose de 
referência (RfD) permitem a quantificação do Risco à Saúde Humana do tipo 
carcinogênico ou não carcinogênico, respectivamente. 
Capítulo 1: Introdução ao Gerenciamento de Áreas Contaminadas 
Seção 1.5: Comportamento e transporte de contaminantes em subsuperfície 
Manual de Gerenciamento de Áreas Contaminadas – 3ª Edição – Versão 3.1 13
 
A quantificação da concentração final que receberão os receptores por meio da 
inalação (via de exposição) poderá ser obtida com auxílio de modelos analíticos, 
numéricos ou por medição direta por meio de amostragem de vapores. 
 
Modelagem analítica 
A avaliação de risco à saúde humana, dependendo do modelo conceitual, requer uma 
grande quantidade de dados e, em alguns casos, cálculos complexos, comumente 
realizados com auxílio de softwares e planilhas de cálculo. Quando se trata de 
estimativas relacionadas com o mecanismo de transporte de gases por volatilização, a 
maioria desses programas (RISC, RBCA Tool Kit, SADA, CETESB entre outros) 
emprega o modelo de Johnson e Ettinger (1991), que embora tenha limitações (fonte 
infinita de contaminação; mistura do ar uniforme; não leva em consideração caminhos 
preferenciais nem biodegradação; considera distribuição do gás e taxas de ventilação 
uniformes; a entrada do gás é apenas por rachaduras da laje e juntas da laje-parede; 
análise unidimensional) é ainda um dos mais usados mundialmente. 
 
A expressão que relaciona a concentração no interior da edificação ou em ambiente 
interno (Cai) e concentração na fonte (Cf) é dada por: 
 
 C.G = α. C- 
 (11) 
 
No entanto, a fonte pode estar localizada tanto na água subterrânea como no solo. 
Para esses casos, a estimativa da concentração de vapor pode ser obtida pelas 
equações (12) e (13), respectivamente: 
 
 C- =
HI?J���K
 LM����MHI?J N
 (12) 
 C- = H′;original, 
Capítulo 1: Introdução ao Gerenciamento de Áreas Contaminadas 
Seção 1.5: Comportamento e transporte de contaminantes em subsuperfície 
Manual de Gerenciamento de Áreas Contaminadas – 3ª Edição – Versão 3.1 14
e podem gerar substâncias inertes ou de menor risco, mas também podem gerar a 
formação de substâncias mais tóxicas. Diferentes tipos de reações podem ocorrer, 
destacando-se as reações químicas abióticas (sem o auxílio de microrganismos) e 
reações bióticas (mediadas por microrganismos). 
 
As reações bióticas também são chamadas de biodegradação, e ocorrem de forma 
natural através de microrganismos que estão presentes na maioria dos solos. Os 
contaminantes orgânicos podem participar dessas reações de diversas formas. Em 
alguns casos, os contaminantes podem ser a fonte de carbono e energia para os 
microrganismos. Em outros casos, o contaminante é cometabolizado junto com a 
degradação de outro substrato primário. Ainda, o contaminante pode ser usado como 
aceptor de elétrons. A biodegradação é um importante processo de abatimento de 
massa de contaminantes, e por isso é explorado nas Medidas de Remediação por 
Tratamento (Seção 15.2) por meio das técnicas de biorremediação, incluindo a 
atenuação natural monitorada, método em que a biodegradação ocorre naturalmente 
sem intervenções além do monitoramento das condições do meio; e pelo bioestímulo e 
bioaumento, técnicas que induzem maiores taxas de biodegradação por meio da 
adição de receptores ou doadores de elétrons, nutrientes, controle das condições 
físico-químicas ou adição de culturas de microrganismos. 
 
Diferentes tipos de reações abióticas podem ocorrer no meio subterrâneo, como 
hidrólise, reações de oxi-redução, dehalogenação, eliminação, precipitação e outras. A 
ocorrência dessas reações é dependente das propriedades da solução e da fase 
sólida, como temperatura, pH, potencial de oxirredução, presença de outros 
compostos químicos e composição química da fase sólida. Por exemplo, alguns 
minerais de ferro e manganês, e alguns grupos funcionais da matéria orgânica podem 
propiciar a ocorrência de redução química abiótica. Essas reações abióticas em 
subsuperfície podem ser utilizadas como Medidas de Remediação por Tratamento 
(Seção 15.2) através da Redução Química in Situ (ISCR) e Oxidação Química in Situ 
(ISCO). 
 
Alguns exemplos de reações importantes são descritos na sequência. 
 
5.1 Biodegradação de hidrocarbonetos 
A redução da massa de compostos orgânicos é mediada pelo metabolismo 
microbiano. As rotas metabólicas envolvidas na mineralização de hidrocarbonetos são 
dependentes da disponibilidade de aceptores de elétrons. Quando o oxigênio está 
disponível em concentrações suficientemente elevadas, existem condições propícias 
para a biodegradação aeróbica, descrito abaixo para o tolueno: 
 
 CPHQ � 9O7 � 3H7O → 7HM � 7HCO4
3 (14) 
 
Na ausência do oxigênio, a biodegradação de hidrocarbonetos vai se suceder 
anaerobicamente a partir das reações de redução do nitrato, redução do Fe(III), 
redução do sulfato e metanogênese (que formam metano); apresentadas nas 
Equações 15 a 18, respectivamente. Essas reações ocorrerão prioritariamente a partir 
de reações termodinamicamente mais favoráveis (maior energia livre de Gibbs). 
Quando os aceptores de elétrons não estão mais disponíveis no aquífero, as reações 
de metanogênese (Equação 18) são dominantes. 
 
 CPHQ � 7,2NO4
3 � 0,2HM → 0,6H7O � 7HCO4
3 � 3,6N7 (15) 
 CPHQ � 36FeOOH � 65HM → 51H7O � 7HCO4
3 � 36Fe7M (16) 
 CPHQ � 4,5SO_
73 � 3H7O → 2,5HM � 7HCO4
3 � 4,5HS3 (17) 
 CPHQ � 5H7O → 4,5CH_ � 2,5CO7 (18) 
Capítulo 1: Introdução ao Gerenciamento de Áreas Contaminadas 
Seção 1.5: Comportamento e transporte de contaminantes em subsuperfície 
Manual de Gerenciamento de Áreas Contaminadas – 3ª Edição – Versão 3.1 15
 
Nas reações de biodegradação anaeróbica, acima apresentadas, é possível verificar 
que a biodegradação de hidrocarbonetos resulta na produção de CO2, N2, Fe(II), HS- e 
CH4. O Fe(II) e o CH4, produzidos respectivamente por redução do Fe(III) e 
metanogênese, representam indicadores comumente empregados para comprovação 
da ocorrência de biodegradação. Cabe destacar que embora a metanogênese seja 
tradicionalmente classificada como uma reação com energia livre amplamente 
reduzida, as relações de sintrofia podem tornar essa reação eficiente do ponto de vista 
termodinâmico. Concentrações elevadas dessas espécies são correlacionáveis com 
concentrações elevadas de compostos BTEX na água subterrânea. 
 
5.2 Degradação de compostos halogenados 
A desalogenação redutiva é um modo importante de degradação de vários compostos, 
incluindo pesticidas organoclorados, solventes alquílicos e haletos de arila, podendo 
ocorrer a partir de rotas metabólicas abióticas ou bióticas. A ação metabólica de 
alguns microrganismos possui a capacidade de remover halogênios (Cl-, Br-, F- e I-) 
de compostos orgânicos halogenados em ambientes anóxicos. A desalogenação pode 
ocorrer por meio de uma variedade de reações, incluindo oxidação, redução ou 
hidrólise. 
 
O processo de remoção de um halogênio de um composto orgânico halogenado por 
uma reação redutiva é conhecido como desalogenação redutiva. A reação de 
desalogenação redutiva com hidrogênio como o doador de elétrons é altamente 
exergônica, sendo que a maioria dos organohaletos são termodinamicamente 
favoráveis como aceptores de elétrons em condições anaeróbias (Judger et al. 2016, 
Holliger et al., 1998). Nas reações redutivas, os elétrons são transferidos para a 
ligação carbono-halogênio, diminuindo assim o estado de oxidação do composto 
original, podendo ser classificados em dois processos distintos: hidrogenólise e 
dihaloeliminação. 
 
Reação de Hidrogenólise 
 
A hidrogenólise também ocorre para compostos aromáticos clorados, incluindo 
benzenos clorados, bifenilos policlorados (PCBs), dioxinas cloradas (por exemplo, 
2,3,7,8-tetraclorodibenzo-p-dioxina ou TCDD), furanos e fenóis policlorados (por 
exemplo, pentaclorofenol). Para esses compostos, as vias de degradação são 
complexas, pois a redução ocorre por meio de vários isômeros, dependendo da 
posição no anel em que cada átomo de cloro específico é removido e, por esse 
motivo, as reações não serão apresentadas. 
 
No caso dos etanos e metanos clorados, a hidrogenólise de compostos aromáticos 
clorados raramente é completa, e a taxa de redução frequentemente diminui com a 
diminuição do número de ligações cloro-carbono. O processo normalmente ocorre por 
meio de um processo respiratório conhecido como respiração organohalide. A 
hidrogenólise de etenos clorados, tal como o tetracloroeteno (PCE), prossegue em 
duas etapas por meio de tricloroeteno (TCE), dicloroetenos (cis- ou trans-1,2-DCE), 
cloreto de vinila e eteno, conforme representado na Figura 7. A presença de 1,1-DCE 
no meio ambiente está mais tipicamente associada à contaminação prévia por 1,1,1-
tricloroetano, que sofre diversos tipos de transformação, incluindo o processo abiótico 
de desidrohalogenação em 1,1-DCE. 
 
Capítulo 1: Introdução ao Gerenciamento de Áreas Contaminadas 
Seção 1.5: Comportamento e transporte de contaminantes em subsuperfície 
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Figura 7 Decaimento de PCE para TCE, cis- ou trans-1,2-DCE, cloreto de vinila e 
eteno a partir de reações de hidrogenólise 
 
O estado de oxidação do carbono em um composto orgânico varia de -4 (CH4) a +4 
(CO2), verificando-se a tendência de a oxidação ocorrer mais intensamente nos 
compostos mais reduzidos. O estado de oxidação do carbono em PCE é +4. Com 
cada etapa de redução sucessiva (por meio de uma entrada de 2e-), o estado de 
oxidação do carbono diminui em 2, de modo que o carbono em TCE tem um estado de 
oxidação de +2, DCE tem 0, o cloreto de vinila tem -2 e eteno tem -4. Para essa 
categoria de contaminantes, a etapa final é crítica doponto de vista ambiental, uma 
vez que o cloreto de vinila possui propriedades carcinogênicas e elevada volatilidade, 
enquanto o eteno e o etano não apresentam riscos à saúde humana. 
 
Como os etenos clorados, os etanos clorados são reduzidos por hidrogenólise. Um 
dos compostos mais amplamente avaliados é o 1,1,1-tricloroetano, que sofre redução 
sequencial para 1,1-dicloroetano e cloroetano. Embora seja possível uma redução 
adicional em etano, é uma reação muito mais lenta e o cloroetano é tipicamente 
considerado como o produto terminal. Esse exemplo serve para ilustrar que a 
hidrogenólise nem sempre resulta em descloração completa. Outros etanos clorados 
comumente encontrados sofrem hidrogenólise, incluindo redução de 1,2-dicloroetano 
em cloroetano e 1,2-dicloropropano em 1- ou 2-cloropropano. 
 
Os metanos clorados, como o tetracloreto de carbono (tetraclorometano) sofrem 
hidrogenólise para clorofórmio (triclorometano) e depois cloreto de metileno 
(diclorometano). Essas reações também são catalisadas pela redução do ferro, que 
pode ser gerado por bactérias redutoras de ferro. 
 
Reação de Dihaloeliminação 
 
A redução dos compostos orgânicos halogenados pode ser conduzida pela 
dihaloeliminação, uma reação descrita por Sulita et al. (1982) e menos abundante do 
que a hidrogenólise. Essa reação consiste na remoção de átomos de halógenos de 
carbono adjacentes, resultando na formação de uma ligação dupla de carbono e 
liberação de duas moléculas de halógenos. Um exemplo de reação de 
dihaloeliminação a partir da redução do 1,1,2-tricloroetano para cloreto de vinila é 
expresso na equação abaixo. 
 
 H7ClC − CHCl7 → H7C = CHCl � 2Cl3 (19) 
 
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Capítulo 1: Introdução ao Gerenciamento de Áreas Contaminadas 
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Manual de Gerenciamento de Áreas Contaminadas – 3ª Edição – Versão 3.1 17
 
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Capítulo 1: Introdução ao Gerenciamento de Áreas Contaminadas 
Seção 1.5: Comportamento e transporte de contaminantes em subsuperfície 
Manual de Gerenciamento de Áreas Contaminadas – 3ª Edição – Versão 3.1 18
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Capítulo 1: Introdução ao Gerenciamento de Áreas Contaminadas 
Seção 1.5: Comportamento e transporte de contaminantes em subsuperfície 
Manualde Gerenciamento de Áreas Contaminadas – 3ª Edição – Versão 3.1 19
WIEDEMEIER, Todd H. et al. Natural attenuation of fuels and chlorinated solvents 
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Capítulo 1: Introdução ao Gerenciamento de Áreas Contaminadas 
Manual de Gerenciamento de Áreas Contaminadas – 3ª Edição – Versão 3.1 1
Seção 1.6: Metodologia de Gerenciamento de Áreas 
Contaminadas 
Autores: Elton Gloeden e André Silva Oliveira 
 
Sumário 
1. Introdução .............................................................................................................. 1 
2. Metodologia de Gerenciamento de Áreas Contaminadas ...................................... 2 
 
1. Introdução 
 
Como definição, uma Área Contaminada (AC) é uma área onde existe ou existiu fonte 
de contaminação primária e, como resultado, contém quantidades de matéria ou 
concentrações de substâncias, em ao menos um dos compartimentos do meio 
ambiente, capazes de causar danos aos bens a proteger. 
 
O Gerenciamento de Áreas Contaminadas (GAC) é o conjunto de ações de 
identificação, caracterização e implementação de medidas de intervenção em AC 
localizadas em uma região de interesse, com o objetivo de viabilizar o uso seguro 
proposto ou implementado em cada uma delas, culminando na sua classificação como 
Área Reabilitada para o Uso Declarado (AR) ao final do desenvolvimento das etapas 
do GAC. 
 
Portanto, uma AR é aquela em que os riscos acima dos níveis aceitáveis ou os danos 
identificados e caracterizados aos bens a proteger foram gerenciados 
satisfatoriamente após a execução do GAC. Observa-se que o uso declarado em uma 
AR deve estar em consonância com o permitido pela legislação de uso e ocupação do 
solo vigente na região onde ela se insere. 
 
Os conceitos envolvidos nas definições apresentadas são descritos na Seção 1.2 do 
Capítulo 1 deste Manual de Gerenciamento de Áreas Contaminadas. 
 
A Metodologia de Gerenciamento de Áreas Contaminadas baseia-se em uma 
estratégia constituída por etapas sequenciais, em que a informação obtida em cada 
etapa é a base para a execução da etapa posterior. 
 
Nesta Seção 1.6 é descrita, de forma resumida, a Metodologia de Gerenciamento de 
Áreas Contaminadas e indicados os capítulos e seções deste Manual de 
Gerenciamento de Áreas Contaminadas a serem consultados, visando à obtenção das 
orientações específicas sobre cada uma das suas etapas. 
 
A responsabilidade pela execução das etapas do GAC cabe ao responsável legal e ao 
responsável técnico, com exceção da etapa de Identificação de Áreas com Potencial 
de Contaminação e da etapa de Emissão do Termo de Reabilitação para o Uso 
Declarado, que cabe ao órgão ambiental gerenciador. 
 
Também cabe ao órgão ambiental gerenciador coordenar todas as ações do GAC a 
serem desenvolvidas na região de interesse, fiscalizar o cumprimento das exigências 
previstas nesse procedimento, por meio da avaliação dos relatórios apresentados pelo 
responsável legal e pelo responsável técnico, além da realizar auditorias. 
 
Capítulo 1: Introdução ao Gerenciamento de Áreas Contaminadas 
Seção 1.6: Metodologia de Gerenciamento de Áreas Contaminadas 
Manual de Gerenciamento de Áreas Contaminadas – 3ª Edição – Versão 3.1 2
Durante a execução do GAC podem ser identificadas situações que implicam na 
necessidade de adoção de procedimentos técnicos e administrativos específicos, que 
são descritos no Capítulo 1, nas seguintes seções: 
 
 Seção 1.7 – Procedimento de averbação das informações na matrícula do 
imóvel. 
 Seção 1.8 – Procedimento de Gerenciamento de Áreas Contaminadas Críticas. 
 Seção 1.9 – Procedimento de Gerenciamento de Áreas Contaminadas em 
Regiões Prioritárias. 
 Seção 1.10 – Procedimento de Gerenciamento de Áreas Contaminadas Órfãs. 
 Seção 1.11 – Medidas emergenciais em Áreas Contaminadas. 
 Seção 1.12 – Procedimento de Reutilização de Áreas Reabilitadas e 
Revitalização de Regiões Degradadas. 
 Seção 1.13 – Metodologias utilizadas para prevenir a geração de Áreas 
Contaminadas. 
 Seção 1.14 – Procedimento de desativação de atividades potencialmente 
geradoras de áreas contaminadas. 
 
2. Metodologia de Gerenciamento de Áreas Contaminadas 
 
A Metodologia de Gerenciamento de Áreas Contaminadas é composta de dois 
processos: o Processo de Identificação de Áreas Contaminadas e o Processo de 
Reabilitação de Áreas Contaminadas. 
 
O Processo de Identificação de Áreas Contaminadas é o conjunto de etapas que tem 
por objetivos identificar as Áreas Contaminadas (AC), determinar suas características, 
identificar e caracterizar os riscos ou danos aos bens a proteger a elas associados, 
possibilitando a decisão sobre a necessidade de adoção de medidas de intervenção. 
 
As demais etapas pertencentes ao Processo de Reabilitação de Áreas Contaminadas 
buscam implementar as medidas de intervenção em AC, com o objetivo de viabilizar o 
uso proposto ou implementado de forma segura. 
 
Como regra básica da Metodologia de Gerenciamento de Áreas Contaminadas, todas 
as informações obtidas em suas etapas devem ser armazenadas no Cadastro de 
Áreas Contaminadas e Reabilitadas (ver Capítulo 3). 
 
O Cadastro de Áreas Contaminadas e Reabilitadas é utilizado para dar publicidade às 
ações de GAC na região de interesse e subsidiar o planejamento, a fiscalização e 
demais ações necessárias por parte do órgão ambiental gerenciador. 
 
As informações no Cadastro de Áreas Contaminadas e Reabilitadas também são úteis 
para apoiar as demais instituições que possuem obrigações relativas ao GAC. 
 
O Processo de Identificação de Áreas Contaminadas é constituído por cinco etapas: 
 
 Identificação de Áreas com Potencial de Contaminação (ver Capítulo 4); 
Capítulo 1: Introdução ao Gerenciamento de Áreas Contaminadas 
Seção 1.6: Metodologia de Gerenciamento de Áreas Contaminadas 
Manual de Gerenciamento de Áreas Contaminadas – 3ª Edição – Versão 3.1 3
 Avaliação Preliminar (ver Capítulo 5); 
 Investigação Confirmatória (ver Capítulo 6); 
 Investigação Detalhada (ver Capítulo 7); 
 Avaliação de Risco (ver Capítulo 8). 
 
O Processo de Reabilitação de Áreas Contaminadas é constituído por cinco etapas: 
 
 Elaboração do Plano de Intervenção (ver Capítulo 9); 
 Execução do Plano de Intervenção (ver Capítulo 10); 
 Monitoramento para Encerramento (ver Capítulo 11); 
 Emissão do Termo de Reabilitação para o Uso Declarado (ver Capítulo 12); 
 Acompanhamento da Medida de Controle de Engenharia ou da Medida de 
Controle Institucional (ver Capítulo 13). 
 
Durante a realização do GAC, em razão do nível das informações obtidas, dos riscos 
existentes ou das medidas de intervenção adotadas, as áreas podem ser classificadas 
como: 
 
 Área com Potencial de Contaminação (AP); 
 Área Suspeita de Contaminação (AS); 
 Área Contaminada sob Investigação (ACI); 
 Área Contaminada com Risco Confirmado (ACRi); 
 Área Contaminada em Processo de Remediação (ACRe); 
 Área Contaminada em Processo de Reutilização (ACRu); 
 Área em Processo de Monitoramento para Encerramento (AME); 
 Área Reabilitada para o Uso Declarado (AR); 
 Área Atingida por Fonte Externa (AFe); 
 Área Alterada por Fonte Difusa (AFd); 
 Área com Alteração de Qualidade Natural (AQN); 
 Área não Contaminada (AN). 
A Figura 1.6-1 mostra esquematicamente a Metodologia de Gerenciamento de Áreas 
Contaminadas. 
 
Capítulo 1: Introdução ao Gerenciamento de Áreas Contaminadas 
Seção 1.6: Metodologia de Gerenciamento de Áreas Contaminadas 
Manual de Gerenciamento de Áreas Contaminadas – 3ª Edição – Versão 3.1 4
 
Figura 1.6-1: Fluxograma do Gerenciamento de Áreas Contaminadas 
Capítulo 1: Introdução ao Gerenciamento de Áreas Contaminadas 
Manual de Gerenciamento de Áreas Contaminadas – 3ª Edição – Versão 3.1 1
Seção 1.7: Procedimento de Averbação na Matrícula do 
Imóvel 
Autores: Elton Gloeden, Thiago Marcel Campi, André Silva Oliveira e Maria da Glória 
Figueiredo 
 
Sumário 
1. Introdução ..............................................................................................................1 
2. Procedimento de averbação das informações do GAC na matrícula dos imóveis .. 2 
2.1. Procedimento de averbação para Área Contaminada sob Investigação (ACI) 2 
2.2. Procedimento de averbação para Área Contaminada com Risco Confirmado 
(ACRi)4 
2.3. Procedimento de averbação para Área Reabilitada para o Uso Declarado 
(AR) 5 
 
1. Introdução 
 
Durante a execução das etapas do Gerenciamento de Áreas Contaminadas (GAC) 
podem ser adotados procedimentos específicos, como é o caso da averbação de 
informações sobre o GAC na matrícula do imóvel. Conforme a legislação do Estado de 
São Paulo, especificamente o Decreto Estadual nº 59.263/2013, a adoção desse 
procedimento está prevista quando a área em avaliação é classificada como Área 
Contaminada sob Investigação (ACI), Área Contaminada com Risco Confirmado 
(ACRi) ou Área Reabilitada para o Uso Declarado (AR) (Definições apresentadas na 
Seção 1.2 do Capítulo 1). 
 
Essa orientação, pioneira no Brasil, proposta em conjunto pelo Ministério Público do 
Estado de São Paulo e pela CETESB, foi implementada no Estado de São Paulo em 
cumprimento à Decisão com Caráter Normativo CG nº 167/2005 da Capital, emitida 
pela Corregedoria Geral da Justiça e publicada no Diário Oficial do Estado de São 
Paulo em 12.06.2006. Dentre as atribuições estabelecidas, coube à CETESB 
providenciar que as informações sobre as Áreas Contaminadas (AC) identificadas 
durante a execução do GAC sejam averbadas à margem do competente registro 
imobiliário. Além disso, à CETESB também foi atribuído o dever de emitir, quando for o 
caso, o competente Termo de Reabilitação da Área para Uso Declarado (ver Seção 
1.2), o qual deverá ser averbado nas matrículas do imóvel pelo Cartório de Registro de 
Imóveis, por solicitação do responsável legal. 
 
O objetivo das averbações da contaminação e do Termo de Reabilitação para o Uso 
Declarado é dar publicidade à situação atual das áreas que estejam em processo de 
GAC. 
 
Em 2007 essas orientações foram incorporadas ao Procedimento de Gerenciamento 
de Áreas Contaminadas, publicado na Decisão de Diretoria da CETESB nº 
103/2007/C/E. 
 
Posteriormente, em 2009, essas orientações foram incluídas na Lei Estadual nº 
13.577/2009 (inciso III do artigo 24 e inciso II do artigo 27) e em 2013, em seu Decreto 
Regulamentador nº 59.263/2013 (inciso V do artigo 30, inciso III do artigo 41 e inciso II 
do artigo 54) e na Decisão de Diretoria da CETESB nº 038/2017/C, de 2017. 
 
Capítulo 1: Introdução ao Gerenciamento de Áreas Contaminadas 
Seção 1.7: Procedimento de averbação na matrícula do imóvel 
Manual de Gerenciamento de Áreas Contaminadas – 3ª Edição – Versão 3.1 2
O órgão ambiental gerenciador tem a atribuição de coordenar a execução do 
procedimento de averbação das informações do GAC na matrícula dos imóveis, sendo 
que o responsável legal pela área em avaliação tem a obrigação de fornecer todas as 
informações necessárias para viabilizar essas averbações. 
 
2. Procedimento de averbação das informações do GAC na matrícula dos 
imóveis 
 
Conforme o Decreto Estadual nº 59.263/2013, no Estado de São Paulo, durante a 
execução das etapas do Gerenciamento de Áreas Contaminadas (GAC) as 
averbações das informações devem ser realizadas nas seguintes situações: 
 
 quando a área em avaliação é classificada como Área Contaminada sob 
Investigação (ACI); 
 quando a área em avaliação é classificada como Área Contaminada com Risco 
Confirmado (ACRi); 
 quando a área em avaliação é classificada como Área Reabilitada para o Uso 
Declarado (AR). 
2.1. Procedimento de averbação para Área Contaminada sob Investigação (ACI) 
 
Com base na etapa de Investigação Confirmatória (ver Capítulo 6), uma vez 
confirmada pelo órgão ambiental gerenciador a classificação da área em avaliação 
como Área Contaminada sob Investigação (ACI), será providenciada sua atualização 
no Cadastro de Áreas Contaminadas e Reabilitadas (ver Capítulo 3). 
 
Em seguida o órgão ambiental gerenciador, no caso do Estado de São Paulo, a 
CETESB, deverá providenciar o envio de correspondência, conforme o Modelo de 
Correspondência 1.7-1, ao Cartório de Registro de Imóveis competente, informando 
sobre a necessidade da averbação da contaminação identificada na área em avaliação 
em suas matrículas, conforme está previsto no inciso V do artigo 30 do Decreto 
Estadual nº 59.263/2013. A solicitação do órgão ambiental gerenciador ao Cartório de 
Registro de Imóveis deverá ser subsidiada pelas informações contidas no Relatório de 
Investigação Confirmatória (ver Seção 6.5), quais sejam: 
 
 matrículas atualizadas do imóvel no qual se insere a ACI; 
 descrição das situações que embasaram a classificação da área em avaliação 
como ACI. 
A seguir é apresentada uma transcrição do Modelo de Correspondência 1.7-1 
enviada pelo órgão ambiental gerenciador ao Cartório de Registro de Imóveis, para 
averbação das informações sobre Área Contaminada sob Investigação (ACI): 
 
Ao Cartório de Registro de Imóveis 
 
"...Assunto: Declaração de Área Contaminada sob Investigação (ACI) para averbação 
na matrícula imobiliária. 
 
A CETESB – Companhia Ambiental do Estado de São Paulo, constituída pela Lei 
Estadual nº 118, de 29 de junho de 1973, inscrita no CNPJ/MF sob o nº 
43.776.491/0001-70, e com sede nesta capital na Avenida Professor Frederico 
Capítulo 1: Introdução ao Gerenciamento de Áreas Contaminadas 
Seção 1.7: Procedimento de averbação na matrícula do imóvel 
Manual de Gerenciamento de Áreas Contaminadas – 3ª Edição – Versão 3.1 3
Hermann Júnior, nº 345, Alto de Pinheiros, é órgão delegado do Governo do Estado 
de São Paulo para, dentre outras atribuições, exercer o gerenciamento de áreas 
contaminadas em todo o território do Estado de São Paulo, nos termos da Lei 
Estadual nº 13.577/2009, cujo regulamento foi aprovado pelo Decreto Estadual nº 
59.263/2013, publicado no Diário Oficial do Estado em 6 de junho de 2013. 
 
Conforme (documento que motivou a classificação como ACI), de (data do 
documento), elaborado pela empresa (nome da empresa), apensado ao Processo / 
Pasta Administrativa CETESB (número), foi constatado que o imóvel localizado na 
(endereço completo), de propriedade de (nome), e registrado nesse Cartório sob 
matrícula nº (número da matrícula), encontra-se classificado como Área Contaminada 
sob Investigação (ACI), conforme artigo 28 do Decreto Estadual nº 59.263/2013, 
contaminação ocasionada por (discriminar contaminantes). 
 
Em vista do exposto e em cumprimento ao que determina o inciso V do artigo 30 do 
Decreto Estadual nº 59.263/2013, requeremos a averbação dessa informação na 
matrícula do imóvel em referência. Por oportuno, esclarecemos que o(s) proprietário 
(s) do imóvel em questão foi (foram) notificado(s) por via postal / publicação no Diário 
Oficial do Estado de São Paulo / está ciente do ato a ser praticado, conforme 
correspondência (número da correspondência), na qual informa ter ciência / ou na 
qual solicita a averbação que ora se requer. 
 
Solicitamos ainda, o encaminhamento de cópia da matrícula, após a averbação da 
informação indicada, para juntada ao Processo de Áreas Contaminadas da 
CETESB... 
 
A Figura 1.7-1 contém um esquema do procedimento de averbação das informações 
do GAC na matrícula dos imóveis, para o caso de classificação da área como ACI. 
 
 
Figura 1.7-1: Fluxograma do procedimento de averbação das informações do GAC de 
na matrícula dos imóveis, para uma área classificada como ACI. 
Capítulo 1: Introdução ao Gerenciamento de Áreas Contaminadas 
Seção 1.7: Procedimento de averbação na matrícula do imóvel 
Manual de Gerenciamento de Áreas Contaminadas – 3ª Edição – Versão 3.1 4
2.2. Procedimento de averbação para Área Contaminada com Risco Confirmado 
(ACRi) 
 
Com base na etapa de Avaliação de Risco (ver Capítulo 8), uma vez confirmada pelo 
órgão ambiental gerenciador a classificação da área em avaliação como Área 
Contaminada com Risco Confirmado (ACRi), será providenciada sua atualização no 
Cadastro detanques de armazenamento de combustíveis ou solventes; 
 tubulações para transporte de combustíveis, óleos ou efluentes; 
 locais de disposição ou tratamento de resíduos ou efluentes; 
 depósitos para armazenamento de produtos, matérias-primas e insumos; 
Capítulo 1: Introdução ao Gerenciamento de Áreas Contaminadas 
Seção 1.2: Conceituação 
Manual de Gerenciamento de Áreas Contaminadas – 3ª Edição – Versão 3.1 6
 redes de drenagem de efluentes industriais ou urbanos; 
 tanques sépticos; 
 chaminés industriais; 
 equipamentos utilizados em atividades em que são aplicadas substâncias no 
solo (efluentes, resíduos, fertilizantes e defensivos agrícolas). 
Uma fonte de contaminação potencial se torna uma fonte de contaminação primária 
quando durante a sua utilização ou operação está ocorrendo ou ocorreu a liberação de 
quantidade significativa de determinada substância para os compartimentos do meio 
ambiente, tornando-os contaminados. 
 
Dessa forma, uma fonte de contaminação primária é definida como a utilidade a partir 
da qual está sendo ou foi gerada uma contaminação, identificada em um ou mais 
compartimentos do meio ambiente existentes na própria área em avaliação ou na sua 
vizinhança. 
 
Entende-se por “área em avaliação”, a área onde estão sendo desenvolvidas as 
etapas do GAC. 
 
São exemplos clássicos de fontes de contaminação primárias: 
 
 máquinas para desengraxe de peças com solventes clorados, com 
vazamento; 
 tanques de armazenamento de combustível, com vazamento; 
 transformadores, com vazamento; 
 tubulações para transporte de combustíveis avariadas; 
 poços para infiltração de efluentes mal planejados e operados; 
 aterros sanitários e industriais, ou lagoas de tratamento de efluentes, com 
projeto inadequado e com vazamentos nos sistemas de contenção; 
 lixões; 
 redes de efluentes industriais e urbanos danificadas; 
 tanques sépticos danificados; 
 fossas negras; 
 acidentes rodoviários e ferroviários envolvendo combustíveis, solventes, 
efluentes e resíduos; 
 chaminés industriais emitindo gases, vapores e material particulado em 
desacordo com os padrões existentes; 
 equipamentos utilizados em atividades em que são aplicadas substâncias no 
solo (efluentes, resíduos, fertilizantes e defensivos agrícolas) de forma 
inadequada. 
Uma fonte de contaminação secundária é um compartimento do meio ambiente 
contaminado por substância liberada de uma fonte de contaminação primária, cujo 
Capítulo 1: Introdução ao Gerenciamento de Áreas Contaminadas 
Seção 1.2: Conceituação 
Manual de Gerenciamento de Áreas Contaminadas – 3ª Edição – Versão 3.1 7
acúmulo da substância é tal que atua como fonte de contaminação para outro 
compartimento do meio ambiente, tornando-o também contaminado. 
 
São exemplos clássicos de fontes de contaminação secundárias: 
 
 presença de fase retida de substância na zona não-saturada; 
 presença de fase livre de DNAPL (“dense non-aqueous phase liquid”) na zona 
saturada; 
 presença de fase livre de LNAPL (“light non-aqueous phase liquid”) na 
interface da zona não-saturada e saturada. 
b. Origem 
Em função da sua origem, as fontes de contaminação são classificadas, de acordo 
com as seguintes classes: 
 
 fonte de contaminação antrópica; 
 fonte de contaminação natural. 
 
Uma fonte de contaminação antrópica é aquela decorrente das atividades humanas, 
construída artificialmente. 
 
Uma fonte de contaminação natural é aquela em que as condições impróprias 
identificadas na área em avaliação tem origem natural. 
 
São exemplos clássicos de fontes de contaminação naturais: 
 
 a cunha salina; 
 a concentração natural elevada de cromo nas águas subterrâneas na região 
de Urânia, no Estado de São Paulo. 
c. Forma de entrada das substâncias no compartimento do meio ambiente 
Em função da forma de entrada das substâncias no compartimento do meio ambiente, 
as fontes de contaminação são classificadas de acordo com as seguintes classes: 
 
 fonte de contaminação pontual; 
 fonte de contaminação difusa ou multipontual. 
 
Uma fonte de contaminação pontual é aquela em que a liberação da substância para o 
compartimento do meio ambiente ocorre em uma área relativamente pequena, 
normalmente restrita à propriedade ou a uma parte da propriedade em avaliação. 
 
São exemplos clássicos de fontes de contaminação pontuais: 
 
 tanques de combustível ou solventes; 
 áreas de disposição de resíduos. 
 
Capítulo 1: Introdução ao Gerenciamento de Áreas Contaminadas 
Seção 1.2: Conceituação 
Manual de Gerenciamento de Áreas Contaminadas – 3ª Edição – Versão 3.1 8
Uma fonte de contaminação difusa ou multipontual é aquela em que a liberação da 
substância para o compartimento do meio ambiente ocorre em uma área relativamente 
grande, que normalmente abrange várias propriedades, ou grandes propriedades, ou 
regiões urbanas ou rurais. 
 
São exemplos clássicos de fontes de contaminação difusas: 
 
 rede de esgoto urbano danificada em inúmeros pontos; 
 inúmeras fossas negras em municípios sem rede de esgoto; 
 aplicação de substâncias no solo em áreas agrícolas (efluentes, resíduos, 
fertilizantes, defensivos agrícolas). 
2.2. Danos e riscos aos bens a proteger em áreas contaminadas 
Em uma AC ou em sua vizinhança podem existir bens, seres vivos, recursos naturais 
ou ambientais, entidades ou situações que se deseja proteger ou recuperar, os quais 
genericamente são chamados de bens a proteger. 
 
A exposição desses bens a proteger a substâncias químicas de interesse (SQI), 
geradas a partir de uma AC, podem gerar danos efetivos ou a possibilidade de 
ocorrência de danos (riscos). 
 
As SQI são as substâncias presentes na fonte de contaminação potencial, ou primária, 
identificada na área em avaliação, que por suas características e quantidades 
liberadas são capazes de gerar a contaminação dos compartimentos do meio 
ambiente. 
 
a. Bens a proteger 
Podemos definir os bens a proteger como a saúde e a vida humana, além de bens 
públicos, privados, coletivos ou ambientais. 
 
Os bens públicos são aqueles de propriedade das pessoas jurídicas públicas, já os 
bens privados pertencem às pessoas jurídicas, privadas ou às pessoas físicas. Os 
bens coletivos pertencem a uma comunidade, enquanto os bens ambientais são 
aqueles de uso comum do povo. 
 
Dessa forma, são considerados bens a proteger, para fins de gerenciamento de áreas 
contaminadas: 
 
 receptores humanos (saúde e vida humana): são as pessoas, por exemplo, 
moradores, estudantes, comerciantes e trabalhadores; 
 receptores ecológicos: são os organismos presentes em ecossistemas 
naturais; 
 ecossistemas naturais: são fragmentos de vegetação legalmente protegida, 
como por exemplo, Cerrado ou Mata Atlântica, localizados dentro de Unidade 
de Conservação de Proteção Integral; 
 recursos naturais: são os compartimentos do meio ambiente com utilização 
econômica pelo homem, como por exemplo, o solo, os sedimentos, as 
rochas, as águas subterrâneas e superficiais, o ar, os minerais, os minérios, o 
petróleo, o vento, a energia solar e os organismos vivos; 
Capítulo 1: Introdução ao Gerenciamento de Áreas Contaminadas 
Seção 1.2: Conceituação 
Manual de Gerenciamento de Áreas Contaminadas – 3ª Edição – Versão 3.1 9
 recursos ambientais: são os compartimentos do meio ambiente, definidos na 
Política Nacional de Meio Ambiente (Lei Federal nº 6.938/1981), ou seja, “a 
atmosfera, as águas interiores, superficiais e subterrâneas, os estuários, o 
mar territorial, o solo, o subsolo, os elementos da biosfera, a fauna e a flora”; 
 patrimônio: são os bens públicos, privados, coletivos e ambientais; 
 ordenação territorial: organização da ocupação e do uso do solo. 
 
Os bens a proteger existentes em uma AC ou em sua vizinhança podem ser expostos 
a uma ou várias SQI, caracterizando um evento de exposição. 
 
A exposição, portanto, é o contato da substância presente no compartimento do meio 
ambiente contaminado com o bem a proteger,Áreas Contaminadas e Reabilitadas (ver Capítulo 3). 
 
Em seguida, o órgão ambiental gerenciador deverá providenciar o envio de 
correspondência ao responsável legal, conforme o Modelo de Correspondência 1.7-
2, informando sobre a necessidade de se providenciar, no competente Cartório de 
Registro de Imóveis, a averbação dos riscos acima dos níveis aceitáveis nas 
matrículas da área em avaliação, conforme está previsto no inciso III do artigo 41 do 
Decreto Estadual nº 59.263/2013. 
 
A solicitação de averbação ao Cartório de Registro de imóveis deverá ser subsidiada 
pelas informações contidas no Relatório de Avaliação de Risco, (ver Seção 8.4) quais 
sejam: 
 
 matrículas atualizadas do imóvel onde se insere a ACRi; 
 descrição das situações que embasaram a classificação da área em avaliação 
como ACRi. 
A seguir é apresentada uma transcrição do Modelo de Correspondência 1.7-2 
enviada pelo órgão ambiental gerenciador ao responsável legal, para averbação das 
informações sobre Área Contaminada com Risco Confirmado (ACRi): 
 
Ao responsável legal 
 
"...Assunto: Declaração de Área Contaminada com Risco Confirmado (ACRi) para 
averbação na matrícula imobiliária. 
 
A CETESB – Companhia Ambiental do Estado de São Paulo, constituída pela Lei 
Estadual nº 118, de 29 de junho de 1973, inscrita no CNPJ/MF sob o nº 
43.776.491/0001-70, e com sede nesta capital na Avenida Professor Frederico 
Hermann Júnior, nº 345, Alto de Pinheiros, é órgão delegado do Governo do Estado 
de São Paulo para, dentre outras atribuições, exercer o gerenciamento de áreas 
contaminadas em todo o território do Estado de São Paulo, nos termos da Lei 
Estadual nº 13.577/2009, cujo regulamento foi aprovado pelo Decreto Estadual nº 
59.263/2013, publicado no Diário Oficial do Estado em 6 de junho de 2013. 
 
Em razão dessa atribuição, verificado o documento (documento que motivou a 
classificação), datado (data do documento), elaborado pela empresa (nome da 
empresa), apensado ao Processo / Pasta Administrativa CETESB (número), foi 
constatado que o imóvel de sua propriedade, localizado na (endereço completo), sob 
matrícula nº (número da matrícula), no (Cartório de Registro de Imóveis), encontra-se 
classificado como Área Contaminada com Risco Confirmado (ACRi), conforme artigo 
36 do Decreto Estadual nº 59.263/2013, para os seguintes cenários de exposição: 
1) (cenário de exposição); 
2) (cenário de exposição); 
3) ... 
 
Diante do exposto, cumpre-nos informar que, de acordo com o inciso III do artigo 41 
Capítulo 1: Introdução ao Gerenciamento de Áreas Contaminadas 
Seção 1.7: Procedimento de averbação na matrícula do imóvel 
Manual de Gerenciamento de Áreas Contaminadas – 3ª Edição – Versão 3.1 5
do Decreto Estadual nº 59.263/2013, deverá ser providenciada a averbação do risco 
confirmado para os cenários supracitados junto ao devido Cartório de Registro de 
Imóveis. 
 
A partir da ciência desta, os senhores deverão enviar no prazo de até 60 (sessenta) 
dias, cópia da(s) matrícula(s) com a informação averbada, em atendimento ao 
Comunique-se enviado por meio do processo digital. 
 
O não cumprimento desta exigência no prazo estabelecido o(s) acarretará na 
aplicação das sanções legais cabíveis... 
 
A Figura 1.7-2 contém um esquema do procedimento de averbação das informações 
do GAC na matrícula dos imóveis, para o caso de classificação da área como ACRi. 
 
 
Figura 1.7-2: Fluxograma do procedimento de averbação das informações do GAC de 
na matrícula dos imóveis, para uma área classificada como ACRi. 
 
2.3. Procedimento de averbação para Área Reabilitada para o Uso Declarado 
(AR) 
 
Com base no relatório de comprovação da execução das medidas de intervenção, 
uma vez confirmada pelo órgão ambiental gerenciador a classificação da área em 
avaliação como Área Reabilitada para o Uso Declarado (AR), será emitido o Termo de 
Reabilitação para o Uso Declarado e providenciada sua atualização no Cadastro de 
Áreas Contaminadas e Reabilitadas (ver Capítulo 3). 
 
Em seguida, o órgão ambiental gerenciador, no caso do Estado de São Paulo, a 
CETESB, deverá enviar correspondência ao responsável legal pela área em avaliação, 
conforme o Modelo de Correspondência 1.7-3, informando sobre a necessidade de 
providenciar, no Cartório de Registro de Imóveis competente, a averbação do 
Capítulo 1: Introdução ao Gerenciamento de Áreas Contaminadas 
Seção 1.7: Procedimento de averbação na matrícula do imóvel 
Manual de Gerenciamento de Áreas Contaminadas – 3ª Edição – Versão 3.1 6
conteúdo do Termo de Reabilitação para o Uso Declarado nas matrículas 
correspondentes, conforme está previsto no inciso II do artigo 54 do Decreto Estadual 
nº 59.263/2013. 
 
A solicitação de averbação ao Cartório de Registro de Imóveis, deverá ser subsidiada 
pelas informações constantes no Termo de Reabilitação para o Uso Declarado (ver 
Seção 12.2), quais sejam: 
 
 as matrículas atualizadas do imóvel no qual se insere a AR; 
 a descrição das situações que embasaram a classificação da área em 
avaliação como AR; 
 a descrição das medidas de controle de engenharia a serem mantidas; 
 a descrição das medidas de controle institucional a serem mantidas. 
A seguir é apresentada uma transcrição do Modelo de Correspondência 1.7-3 
enviada pelo órgão ambiental gerenciador ao responsável legal, para averbação das 
informações sobre Área Reabilitada para o Uso Declarado (AR): 
 
Ao responsável legal 
 
"...Ref.: Processo / Pasta Administrativa CETESB (número) 
 
A CETESB – Companhia Ambiental do Estado de São Paulo, constituída pela Lei 
Estadual nº 118, de 29 de junho de 1973, inscrita no CNPJ/MF sob o nº 
43.776.491/0001-70, e com sede nesta capital na Avenida Professor Frederico 
Hermann Júnior, nº 345, Alto de Pinheiros, é órgão delegado do Governo do Estado 
de São Paulo para, dentre outras atribuições, exercer o gerenciamento de áreas 
contaminadas em todo o território do Estado de São Paulo, nos termos da Lei 
Estadual nº 13.577/2009, cujo regulamento foi aprovado pelo Decreto Estadual nº 
59.263/2013, publicado no Diário Oficial do Estado em 6 de junho de 2013. 
 
De acordo com o Processo / Pasta Administrativa CETESB acima referido(a) foi 
constatado que o imóvel localizado n (endereço completo), de sua propriedade, e 
registrado sob matrícula nº (número da matrícula), no (Cartório de Registro de 
Imóveis), foi classificado como Área Contaminada sob Investigação (ACI), conforme 
artigo 28 do Decreto 59.263/2013, por (discriminar contaminantes), e (se for o caso) 
classificada como Área Contaminada com Risco Confirmado (ACRi), conforme artigo 
36 do Decreto 59.263/2013 nos (discriminar cenários de exposição). Posteriormente, 
foi objeto de reabilitação para o uso (uso declarado), com / sem (restrições), tendo 
sido emitido o respectivo Termo de Reabilitação para o Uso Declarado. 
 
Diante do exposto, cumpre-nos informar que, de acordo com o artigo 54 do Decreto 
Estadual nº 59.263/2013, os senhores deverão providenciar a averbação da 
informação acerca da reabilitação do imóvel de sua propriedade na(s) matrícula(s) 
supramencionada(s), apresentando ao Cartório de Registro de Imóveis o Termo de 
Reabilitação para o Uso Declarado (número), anexo. 
 
A partir da ciência desta, os senhores deverão enviar no prazo de até 15 (quinze) 
dias, o protocolo do requerimento de averbação emitido pelo Cartório de Registro de 
Imóveis, em atendimento ao Comunique-se enviado por meio do processo digital. 
Capítulo 1: Introdução ao Gerenciamento de Áreas Contaminadas 
Seção 1.7: Procedimento de averbação na matrícula do imóvel 
Manual de Gerenciamento de Áreas Contaminadas – 3ª Edição – Versão 3.1 7
Para encerramento / continuidade (no caso de acompanhamento de medidas de 
controle institucional ou de medida de controle de engenharia) do processo, os 
senhores deverão enviar cópia da(s) matrícula(s) com o termo averbado, em resposta 
a outro comunique-se aberto para este fim específico, no prazo de 60 (sessenta) 
dias. 
 
Cabe salientar que o nãocumprimento dessas exigências nos prazos estabelecidos 
o(s) sujeitará às sanções legais cabíveis... 
 
A Figura 1.7-3 contém um esquema do procedimento de averbação das informações 
do GAC na matrícula dos imóveis, para o caso de classificação da área como AR. 
 
 
Figura 1.7-3: Fluxograma do procedimento de averbação das informações do GAC de 
na matrícula dos imóveis, para uma área classificada como AR. 
Capítulo 1: Introdução ao Gerenciamento de Áreas Contaminadas 
Manual de Gerenciamento de Áreas Contaminadas – 3ª Edição – Versão 3.1 1
Seção 1.8: Procedimento de Gerenciamento de Áreas 
Contaminadas Críticas 
Autores: Elton Gloeden, Thiago Marcel Campi e André Silva Oliveira 
 
Sumário 
1. Introdução ............................................................................................................ 1 
2. Procedimento de Gerenciamento de Áreas Contaminadas Críticas 
estabelecido pela CETESB ......................................................................................... 2 
2.1. Indicação da área a ser classificada como Área Contaminada Crítica ............ 3 
2.2. Execução das ações necessárias para a implementação do plano de 
intervenção na ACC .................................................................................................. 3 
2.3. Divulgação das informações sobre as Áreas Contaminadas Críticas ............. 4 
 
1. Introdução 
 
Durante a execução das etapas do Gerenciamento de Áreas Contaminadas (GAC) 
podem ser identificadas situações que impliquem na necessidade de adoção de 
procedimentos específicos, como é o caso da identificação de uma Área Contaminada 
Crítica (ACC), conforme conceituado no item 6 da Seção 1.2 deste Capítulo 1. 
 
Uma ACC é aquela onde há dano ou risco agudo à vida ou à saúde humana ou a 
outros bens a proteger, juntamente com dificuldades de gestão de natureza 
administrativa, jurídica ou de comunicação (com outros órgãos públicos ou com a 
população envolvida), que prejudicam a implementação das medidas de intervenção 
ou emergenciais necessárias. 
 
O Procedimento de Gerenciamento de Áreas Contaminadas Críticas foi estabelecido 
de forma pioneira no Brasil em 2007, pela CETESB, órgão ambiental gerenciador do 
Estado de São Paulo, por meio da publicação da Decisão de Diretoria nº 
103/2007/C/E. Posteriormente, este procedimento foi incorporado ao Decreto Estadual 
nº 59.263/2013, em seus artigos 65 e 66 e na Decisão de Diretoria da CETESB nº 
038/2017/C. 
 
Com o objetivo principal de aprimorar a coordenação entre as diferentes instituições 
envolvidas, o Procedimento de Gerenciamento de Áreas Contaminadas Críticas traz 
agilidade ao processo de tomada de decisão sobre o conjunto de medidas 
emergenciais e de intervenção a ser adotado para mitigar os danos e/ou controlar 
situações de risco agudo. 
 
O Gerenciamento de Áreas Contaminadas Críticas inicia-se pela indicação das áreas 
a serem classificadas como ACC pelo órgão ambiental gerenciador, de acordo com 
critérios por ele estabelecidos, baseados nas características dos riscos ou dos danos 
identificados, nas características dos bens a proteger presentes e nas dificuldades 
encontradas para o desenvolvimento das etapas do GAC. 
 
Cabe ao órgão ambiental gerenciador coordenar o Gerenciamento de Áreas 
Contaminadas Críticas, colaborando com o responsável legal no estabelecimento de 
diretrizes para elaboração do plano de intervenção, além de envolver órgãos públicos 
ou outras entidades que possam auxiliar na sua implementação, entre outras ações 
necessárias. 
Capítulo 1: Introdução ao Gerenciamento de Áreas Contaminadas 
Seção 1.8: Procedimento de Gerenciamento de Áreas Contaminadas Críticas 
Manual de Gerenciamento de Áreas Contaminadas – 3ª Edição – Versão 3.1 2
 
A seguir, é apresentado, como exemplo, o Procedimento de Gerenciamento de Áreas 
Contaminadas Críticas estabelecido pela CETESB. 
 
2. Procedimento de Gerenciamento de Áreas Contaminadas Críticas 
estabelecido pela CETESB 
 
Para coordenar a execução das etapas do Procedimento de Gerenciamento de Áreas 
Contaminadas Críticas, foi criada pela Decisão de Diretoria da CETESB nº 
103/2007/C/E a figura do Grupo Gestor de Áreas Contaminadas Críticas. 
 
O Grupo Gestor de Áreas Contaminadas Críticas (GACr) é constituído por 
representantes das Diretorias de Controle e Licenciamento Ambiental (Dir. C), 
Diretoria de Engenharia e Qualidade Ambiental (Dir. E), Diretoria de Avaliação de 
Impacto Ambiental (Dir. I) e da Presidência (P) da CETESB, podendo-se destacar a 
participação do Departamento de Áreas Contaminadas (pertencente à Dir. I), do 
Departamento Jurídico (pertencente à P) e do Departamento de Comunicação Social 
(pertencente à P). 
 
O Procedimento de Gerenciamento de Áreas Contaminadas Críticas estabelecido pela 
CETESB é constituído pelas seguintes etapas: 
 
 Indicação das áreas a serem classificadas como Área Contaminada Crítica 
(ACC); 
 Execução das ações necessárias para a implementação do plano de 
intervenção na ACC; 
 Divulgação das informações sobre as ACC. 
Na Figura 1.8-1 pode ser visualizado um fluxograma do procedimento de 
Gerenciamento de Áreas Contaminadas Críticas da CETESB. 
Capítulo 1: Introdução ao Gerenciamento de Áreas Contaminadas 
Seção 1.8: Procedimento de Gerenciamento de Áreas Contaminadas Críticas 
Manual de Gerenciamento de Áreas Contaminadas – 3ª Edição – Versão 3.1 3
 
Figura 1.8-1: Procedimento de Gerenciamento de Áreas Contaminadas Críticas 
 
2.1. Indicação da área a ser classificada como Área Contaminada Crítica 
 
As Áreas Contaminadas (AC) candidatas a Área Contaminada Crítica (ACC) podem 
ser indicadas, inicialmente, pelas áreas técnicas da CETESB, como, por exemplo, 
pelos setores do Departamento de Áreas Contaminadas ou pelas Agências 
Ambientais. 
 
A proposta de classificação da área em avaliação como ACC deve ser encaminhada 
para o GACr, que avaliará a indicação de acordo com os critérios por ele 
estabelecidos, quais sejam: 
 
 características do dano ou risco agudo à vida ou à saúde humana ou a outros 
bens a proteger identificados; 
 características das dificuldades de gestão de natureza administrativa, jurídica 
ou de comunicação encontradas, que prejudicam a implementação das 
medidas de intervenção. 
Caso os argumentos apresentados pela área técnica sejam aceitos pelo GACr, a área 
em avaliação será classificada como ACC, devendo ser incluída na Relação de Áreas 
Contaminadas Críticas, existente no Cadastro de Áreas Contaminadas e Reabilitadas 
(ver Capítulo 3). 
 
2.2. Execução das ações necessárias para a implementação do plano de 
intervenção na ACC 
 
Capítulo 1: Introdução ao Gerenciamento de Áreas Contaminadas 
Seção 1.8: Procedimento de Gerenciamento de Áreas Contaminadas Críticas 
Manual de Gerenciamento de Áreas Contaminadas – 3ª Edição – Versão 3.1 4
Nos casos em que a área em avaliação seja classificada como ACC, a CETESB, por 
meio do GACr, comunicará o responsável legal, por correspondência ou pelo processo 
administrativo existente, a respeito de tal decisão. 
 
Uma vez classificada como ACC, todos os resultados obtidos durante a realização das 
etapas do Gerenciamento de Áreas Contaminadas (GAC) devem ser apreciados pelo 
GACr, por meio das manifestações técnicas elaboradas pelos setores do 
Departamento de Áreas Contaminadas. Ressalta-se que, especificamente no que se 
refere ao Plano de Intervenção, a etapa de sua execução fica condicionada à 
aprovação prévia do GACr. 
 
Os responsáveis legais por uma ACC deverão cumprir todas as etapas que compõem 
o GAC a partir da Avaliação Preliminar, com exceção da etapa e Emissão do Termo 
de Reabilitação, que cabe à CETESB realizar. 
 
Para as ACC, o plano de intervenção (ver Capítulo 9 e Capítulo 10) deve conter 
plano de comunicação dos riscos identificados e das medidas de intervenção a serem 
executadas 
 
Durante esse processo, as dificuldades de gestão de natureza administrativa, jurídica 
ou de comunicação (com outros órgãos públicos ou com a populaçãoenvolvida), que 
prejudicam a implementação das medidas de intervenção necessárias, devem ser 
gerenciadas pelo GACr. 
 
A área pode deixar de ser classificada como ACC caso atinja a condição necessária 
para ser reabilitada, ou caso as situações de risco ou dano, bem como as dificuldades 
de gestão existentes, sejam superadas por uma atuação efetiva do GACr e dos 
demais atores envolvidos. Nesse segundo caso a área volta a ser acompanhada como 
qualquer outro caso de área contaminada. 
 
2.3. Divulgação das informações sobre as Áreas Contaminadas Críticas 
 
A divulgação das informações sobre as ACC é realizada por meio da Página de Áreas 
Contaminadas Críticas no sítio eletrônico da CETESB, onde são mostradas as 
seguintes informações: 
 
 razão social ou nome dado à ACC; 
 endereço; 
 coordenadas; 
 histórico das ações de GAC; 
 riscos acima dos níveis aceitáveis ou danos identificados; 
 principais problemas a serem enfrentados. 
Capítulo 1: Introdução ao Gerenciamento de Áreas Contaminadas 
Manual de Gerenciamento de Áreas Contaminadas – 3ª Edição – Versão 3.1 1
Seção 1.9: Procedimento de Gerenciamento de Áreas 
Contaminadas em Regiões Prioritárias 
 
Autores: Elton Gloeden, André Silva Oliveira e Fernando R. Scolamieri Pereira 
 
Sumário 
1. Introdução ............................................................................................................ 1 
2. Gerenciamento de Áreas Contaminadas em Regiões Prioritárias ................... 1 
2.1. Indicação da região prioritária ......................................................................... 2 
2.2. Investigação da Região Prioritária .................................................................. 2 
2.3. Elaboração do Plano de Intervenção Regional ............................................... 3 
2.4. Execução do Plano de Intervenção Regional .................................................. 3 
 
1. Introdução 
 
A execução do Gerenciamento de Áreas Contaminadas (GAC) pelo Órgão Ambiental 
Gerenciador pode revelar problemas de caráter regional aos bens a proteger, 
provocados a partir de uma ou várias Áreas Contaminadas (AC), levando à 
classificação de uma determinada região como prioritária para a realização do GAC. 
 
A região prioritária é definida pelo Órgão Ambiental Gerenciador, em razão de critérios 
por ele estabelecidos. 
 
Nesta seção, são descritos os procedimentos específicos a serem adotados nos casos 
em que são identificados problemas de caráter regional aos bens a proteger. 
 
2. Gerenciamento de Áreas Contaminadas em Regiões Prioritárias 
 
Uma região prioritária é uma parte da região de interesse administrada pelo Órgão 
Ambiental Gerenciador (ver Seção 1.2), em que foram constatados danos ou riscos 
acima dos níveis aceitáveis aos bens a proteger de caráter regional. 
 
O Gerenciamento de Áreas Contaminadas em Regiões Prioritárias inicia-se pela 
identificação e posterior indicação das regiões a serem enquadradas como regiões 
prioritárias pelo Órgão Ambiental Gerenciador, de acordo com critérios por ele 
estabelecidos, baseados nas características dos riscos ou dos danos regionais 
identificados. 
 
O Órgão Ambiental Gerenciador deve coordenar as ações de Gerenciamento de Áreas 
Contaminadas em Regiões Prioritárias, elaborando as ações necessárias em conjunto 
com os responsáveis legais, órgãos públicos ou outras entidades que possam auxiliar 
na implementação do Plano de Intervenção Regional. 
 
Dessa forma, o Gerenciamento de Áreas Contaminadas em Regiões Prioritárias 
apresenta as seguintes etapas: 
 
 Indicação da Região Prioritária. 
 Investigação da Região Prioritária. 
 Elaboração do Plano de Intervenção Regional. 
 Execução do Plano de Intervenção Regional. 
Capítulo 1: Introdução ao Gerenciamento de Áreas Contaminadas 
Seção 1.9: Procedimento de Gerenciamento de Áreas Contaminadas em Regiões Prioritárias 
Manual de Gerenciamento de Áreas Contaminadas – 3ª Edição – Versão 3.1 2
2.1. Indicação da região prioritária 
 
A proposta inicial de indicação da região prioritária pode ser feita pelo próprio Órgão 
Ambiental Gerenciador, por órgãos públicos municipais, estaduais ou federais, ou 
mesmo por entidades privadas, que tenham identificado algum problema de caráter 
regional relacionado à existência de uma ou várias AC. 
 
São exemplos de problemas de caráter regional, utilizados para a identificação de 
Regiões Prioritárias, relacionados à existência de uma ou várias AC: 
 
 Região com identificação de contaminação regional das águas subterrâneas ou 
superficiais utilizadas para abastecimento, que possa ter sido gerada a partir de 
uma ou várias AC. 
 Região com presença de Áreas com Potencial de Contaminação (AP) ou AC 
abandonadas, sem ações de GAC. 
 Regiões onde ocorreram alterações de uso de AP ou AC sem a aplicação de 
procedimentos para reutilização apropriados. 
 Regiões com histórico de disposição irregular de resíduos, posteriormente 
ocupadas por bairros residenciais, comerciais ou industriais. 
 Regiões com identificação de problemas de saúde da população ou com 
receptores ecológicos. 
O processo de indicação da região prioritária deve ser coordenado pelo Órgão 
Ambiental Gerenciador. Dessa forma, a entidade que identificou o problema deve 
apresentar a proposta ao Órgão Ambiental Gerenciador. 
 
O Órgão Ambiental Gerenciador, por sua vez, poderá reunir as entidades que tenham 
relação com o problema, como os responsáveis legais pelas AP ou AC, órgãos de 
saúde, órgãos responsáveis pela gestão de recursos hídricos, Prefeitura, Ministério 
Público, universidades, representantes de classe ou setorial, representantes da 
população ou outros, para decidir sobre a indicação da região como prioritária. Em 
caso positivo, deve-se publicar ato administrativo do Órgão Ambiental Gerenciador, 
como Decisão de Diretoria da CETESB, que culmine com o início do gerenciamento 
regional, por meio da execução da etapa de Investigação da Região Prioritária. 
 
2.2. Investigação da Região Prioritária 
 
Na etapa de Investigação da Região Prioritária devem ser levantadas informações 
sobre os problemas das AP e AC inseridas na região indicada, necessárias para 
embasar a elaboração do Plano de Intervenção Regional. 
 
Nesta etapa, devem ser definidos os tipos de informações a serem coletadas em razão 
do problema regional identificado, o cronograma e os responsáveis pela execução. 
Estes devem indicar um responsável técnico para levantamento e interpretação das 
informações. 
 
O processo de Investigação da Região Prioritária deve ser coordenado pelo Órgão 
Ambiental Gerenciador. Esse deverá solicitar os dados necessários para o seu 
diagnóstico às entidades públicas, quando couber, bem como exigir os trabalhos 
Capítulo 1: Introdução ao Gerenciamento de Áreas Contaminadas 
Seção 1.9: Procedimento de Gerenciamento de Áreas Contaminadas em Regiões Prioritárias 
Manual de Gerenciamento de Áreas Contaminadas – 3ª Edição – Versão 3.1 3
necessários das etapas específicas do GAC aos responsáveis legais por AP e AC 
envolvidos no problema regional identificado. 
 
Em posse dessa informação o Órgão Ambiental Gerenciador deve promover a sua 
integração e análise, para assegurar que os resultados obtidos nesta etapa sejam 
suficientes para a elaboração do Plano de Intervenção Regional. 
 
2.3. Elaboração do Plano de Intervenção Regional 
 
O Plano de Intervenção Regional tem como objetivo definir as ações a serem 
adotadas e cronograma para a resolução dos problemas identificados e 
caracterizados, bem como definir os responsáveis legais pela sua execução. 
 
A responsabilidade pela Elaboração do Plano de Intervenção Regional é do Órgão 
Ambiental Gerenciador, o qual pode contemplar a implantação de medidas de 
intervenção, em conjunto ou isoladamente entre os responsáveis legais e entidades 
públicas, como medidas de controle institucional, remediação, revogação de licenças, 
isolamento da área, proposta de alterações de zoneamento público, remoção da 
população,dentre outros. 
 
As medidas de intervenção regionais propostas, dado o seu caráter de interesse local, 
devem observar o Plano Diretor Municipal, quando existente, ou quando necessário, 
propor as suas alterações em razão dos problemas identificados na região. 
 
O Plano de Intervenção Regional deverá conter: 
 
 Os problemas de contaminação regional identificados. 
 Inventário de AP e AC na Região Prioritária. 
 Objetivos e metas a serem atingidos com o Plano de Intervenção Regional. 
 Ações a serem deflagradas na Execução do Plano de Intervenção Regional. 
 Cronograma de ações do Plano de Intervenção Regional. 
 Pontos de monitoramento que embasam o atingimento das metas e objetivo do 
Plano de Intervenção Regional. 
 Responsáveis pela Execução do Plano de Intervenção Regional. 
O Órgão Ambiental Gerenciador deve demandar os responsáveis pelas ações 
necessárias à Execução do Plano de Intervenção Regional, para que iniciem as 
atividades conforme cronograma estabelecido. 
 
2.4. Execução do Plano de Intervenção Regional 
 
A Execução do Plano de Intervenção Regional tem como objetivo implantar as 
medidas definidas na etapa anterior e comprovar o atingimento das metas 
estabelecidas. 
 
Os responsáveis pela sua execução deverão apresentar relatórios técnicos ao Órgão 
Ambiental Gerenciador que demonstrem o cumprimento das ações, atingimento das 
Capítulo 1: Introdução ao Gerenciamento de Áreas Contaminadas 
Seção 1.9: Procedimento de Gerenciamento de Áreas Contaminadas em Regiões Prioritárias 
Manual de Gerenciamento de Áreas Contaminadas – 3ª Edição – Versão 3.1 4
metas e medidas de acompanhamento definidas no Plano de Intervenção Regional 
sob sua responsabilidade. 
 
Depois da comprovação do atingimento das metas e execução das medidas de 
acompanhamento do Plano de Intervenção Regional, o Órgão Ambiental Gerenciador 
deverá publicar novo ato administrativo dando publicidade sobre a solução dada ao 
problema e sua exclusão da classificação como Região Prioritária. 
Capítulo 1: Introdução ao Gerenciamento de Áreas Contaminadas 
Manual de Gerenciamento de Áreas Contaminadas – 3ª Edição – Versão 3.1 1
Seção 1.10: Procedimento de Gerenciamento de Áreas 
Contaminadas Órfãs 
 
Autores: André Silva Oliveira, Elton Gloeden. 
 
Sumário 
1. Introdução .............................................................................................................. 1 
2. Gerenciamento de Áreas Contaminadas Órfãs ...................................................... 2 
3. Financiamento de trabalhos em Áreas Contaminadas Órfãs no caso do Estado de 
São Paulo ..................................................................................................................... 2 
4. Referências ........................................................................................................... 3 
 
1. Introdução 
 
Nesta Seção é descrito o procedimento específico a ser adotado nos casos em que foi 
identificada uma Área Contaminada Órfã (ACO). 
 
Uma ACO é definida como uma área contaminada cujo responsável legal não foi 
identificado ou esse, apesar de identificado, não possui capacidade financeira ou não 
adotou as medidas necessárias para o enfrentamento do problema apesar das ações 
administrativas do Órgão Ambiental Gerenciador. Sem um responsável legal capaz ou 
interessado em arcar com os custos de investigação e execução de medidas de 
intervenção, na maioria das vezes, a ACO permanece abandonada, podendo causar 
danos à população do entorno e outros bens a proteger. 
 
O surgimento de uma ACO pode ter diversas causas: 
 
 a falta de planejamento ambiental; 
 adoção de más práticas ambientais; 
 descumprimento da legislação ambiental; 
 falta de interesse econômico na área; 
 falência da atividade que gerou a contaminação; 
 gravidade da contaminação e custos envolvidos na investigação e intervenção. 
Verifica-se, portanto, que a solução para uma ACO necessariamente exige 
procedimentos de gestão diferenciados, os quais podem demandar a execução das 
medidas de investigação e intervenção com apoio financeiro total ou parcial do poder 
público. 
 
A rede europeia Cabernet (Rede de ação conjunta para regeneração econômica e de 
Brownfields) desenvolveu um modelo gráfico para essa situação, denominado modelo 
A-B-C, o qual compara o valor da área com o custo de sua reabilitação (Figura 1.10-1) 
(CABERNET, 2006 apud SPÍNOLA, 2011): 
 
Capítulo 1: Introdução ao Gerenciamento de Áreas Contaminadas 
Seção 1.10: Procedimento de Gerenciamento de Áreas Contaminadas Órfãs 
Manual de Gerenciamento de Áreas Contaminadas – 3ª Edição – Versão 3.1 2
 
Figura 1.10-1 Modelo A-B-C. Fonte: Adaptado de CABERNET, 2006, apud 
SPÍNOLA, 2011. 
 
A partir desse modelo, verifica-se que as ACO se enquadram nas regiões B e C do 
gráfico, principalmente na região C. 
 
2. Gerenciamento de Áreas Contaminadas Órfãs 
 
O Órgão Ambiental Gerenciador, durante a execução das etapas do Gerenciamento 
de Áreas Contaminadas (GAC), pode identificar a existência de uma ACO e propor a 
adoção de procedimentos específicos. 
 
A partir do momento em que uma ACO é identificada, deve-se realizar o seu registro 
no Cadastro de Áreas Contaminadas e Reabilitadas e informar os demais órgãos e 
gestores públicos e privados potencialmente envolvidos com a solução do caso. 
 
Em seguida, a condução do caso pode se iniciar com uma reunião entre o Órgão 
Ambiental Gerenciador e os órgãos públicos e privados potencialmente envolvidos, 
para que estes tomem conhecimento da situação e demonstrem seu interesse em 
solucionar o caso e suas capacidades em arcar com os custos envolvidos. 
 
Não havendo recursos técnicos e financeiros imediatos para solucionar o problema, o 
Órgão Ambiental Gerenciador e os Responsáveis Legais podem recorrer a 
instrumentos econômicos específicos, como fundos financeiros voltados para projetos 
de investigação e reabilitação de áreas contaminadas. 
 
3. Financiamento de trabalhos em Áreas Contaminadas Órfãs no caso do Estado 
de São Paulo 
 
No Estado de São Paulo, com a publicação da Lei nº 13.577/2009, foi criado o Fundo 
Estadual para Prevenção e Remediação de Áreas Contaminadas - FEPRAC, cuja 
finalidade, dentre outras, é de fornecer apoio técnico e financeiro na solução de Áreas 
Contaminadas Órfãs (ver Seção 16.3). 
 
Capítulo 1: Introdução ao Gerenciamento de Áreas Contaminadas 
Seção 1.10: Procedimento de Gerenciamento de Áreas Contaminadas Órfãs 
Manual de Gerenciamento de Áreas Contaminadas – 3ª Edição – Versão 3.1 3
Os recursos do FEPRAC podem ser pleiteados tanto pelo próprio Estado, por 
intermédio da CETESB, como por pessoas físicas e jurídicas, de direito público ou 
privado. 
 
No caso das ACO, as seguintes opções de utilização de recursos estão disponíveis no 
FEPRAC: 
 
 Pessoa Física - Financiamento reembolsável. 
 Pessoa Jurídica de Direito Público ou Privado - Financiamento reembolsável. 
 Estado de São Paulo - Financiamento não reembolsável (recursos aplicados a 
fundo perdido). 
 
O incentivo do financiamento reembolsável pode se dar com a aplicação de taxas de 
juros e prazos de pagamento diferenciados, promovidos pelo Agente Financeiro do 
FEPRAC, a Desenvolve SP, além do suporte técnico dado pela CETESB como Agente 
Técnico do projeto. 
 
A opção de financiamento a fundo perdido é considerada como uma última opção para 
solucionar uma ACO, quando não se vislumbra a capacidade dos Responsáveis 
Legais em arcar nem mesmo com um financiamento por meio do FEPRAC a juros 
subsidiados e prazos diferenciados, e se tratar de situação emergencial. 
 
Quando trabalhos em uma ACO forem financiados totalmente pelo Estado, a CETESB 
terá a prerrogativa de pleitear recursos do FEPRAC a fundo perdido. Esse seria um 
caso em que a CETESB deixa de atuar como Agente Técnico, passando a figurar 
como tomadora de recursos. O papel do Agente Técnico então será desempenhado 
por empresa contratada pela Secretaria Executiva, mediante aprovação prévia do 
Conselhode Orientação. 
 
A indicação das ACO prioritárias para receberem recursos do FEPRAC é feita pela 
CETESB, que as informa à Secretaria Executiva do fundo, tendo como base o Sistema 
de Áreas Contaminadas e Reabilitadas (SIACR). De posse dessa lista de prioridades, 
juntamente com outras demandas de captação de recursos, a Secretaria Executiva 
elabora o Plano de Aplicação de Recursos, a ser submetido à aprovação do Conselho 
de Orientação. 
 
Aprovado o Plano de Aplicação, os recursos estarão disponíveis para a CETESB 
realizar os trabalhos de investigação ou execução de medidas de intervenção em 
ACO. A CETESB pode com seus próprios recursos técnicos e humanos desenvolver 
os trabalhos ou, alternativamente, contratá-los, como estabelece o artigo 71 do 
Decreto Estadual nº 59.263/2013. 
 
Informações adicionais sobre o funcionamento do fundo podem ser consultadas no 
site da CETESB, na página do FEPRAC. 
 
4. Referências 
 
SPÍNOLA, A. L. S. Inserção das áreas contaminadas na gestão municipal: 
desafios e tendências. Faculdade de Saúde Pública. Universidade de São Paulo. 
Tese de Doutorado. 2011. 
Capítulo 1: Introdução ao Gerenciamento de Áreas Contaminadas 
Manual de Gerenciamento de Áreas Contaminadas – 3ª Edição – Versão 3.1 1
Seção 1.11: Medidas Emergenciais em Áreas 
Contaminadas 
Autores: Agnaldo Ribeiro de Vasconcellos, Carlos Ferreira Lopes, Edson Haddad, 
Mauro de Souza Teixeira, Sérgio Greif. 
Sumário 
1. Introdução ............................................................................................................ 1 
2. Atendimento a emergências Químicas .............................................................. 2 
2.1. Etapas do atendimento ................................................................................... 4 
2.1.1. Aproximação inicial .................................................................................. 4 
2.1.2. Organização da resposta ......................................................................... 5 
2.1.3. Avaliação da situação .............................................................................. 6 
2.1.4. Medida de controle .................................................................................. 7 
2.1.5. Descontaminação .................................................................................... 8 
2.1.6. Ações de rescaldo ................................................................................... 9 
3. Acidentes em Postos e Sistemas Retalhistas de Combustíveis e sua Relação 
com as Áreas Contaminadas ..................................................................................... 9 
3.1. Avaliação inicial na emergência ...................................................................... 9 
3.2. Investigação em postos de revenda durante as ações emergenciais ........... 11 
3.3. Ações emergenciais em Postos e Sistemas Retalhistas de Combustíveis .... 12 
4. Atendimento à Emergência em Indústrias Abandonadas e Massas Falidas e 
sua Relação com as Áreas Contaminadas ............................................................. 14 
5. Acidentes no Transporte Terrestre de Produtos Perigosos como Possíveis 
Fontes Geradoras de Áreas Contaminadas ............................................................ 18 
5.1. Transporte Rodoviário de Produtos Perigosos .............................................. 19 
5.2. Transporte ferroviário de produtos perigosos ................................................ 21 
5.3. Transporte dutoviário de produtos perigosos ................................................ 22 
6. Fontes Geradoras de Metano ............................................................................ 26 
7. Descarte de Produtos Químicos ....................................................................... 27 
7.1. Avaliação ...................................................................................................... 28 
7.2. Controle ........................................................................................................ 29 
8. Considerações finais ......................................................................................... 30 
9. Referências ........................................................................................................ 30 
 
1. Introdução 
A produção dos bens de consumo que tornam mais confortável a vida moderna envolve 
a extração de matérias-primas ou sua síntese a partir de elementos mais simples, seu 
armazenamento, seu transporte (seja rodoviário, ferroviário, aquaviário, aéreo ou por 
dutos), a transformação dessa matéria-prima, sua mistura, seu processamento, sua 
incorporação a outros processos, sua distribuição etc. Nas situações em que todas 
essas atividades são conduzidas de maneira controlada e dentro de certos limites 
toleráveis, nos quais nem o meio ambiente nem a saúde e a segurança da população 
são prejudicados, entende-se que os produtos químicos trazem benefícios à sociedade. 
No entanto, mesmo nesses casos em que todas as etapas do processo são conduzidas 
de forma diligente, eventualmente, uma falha humana, uma falha operacional, uma falta 
de manutenção adequada, a fadiga dos equipamentos ou outros motivos quaisquer 
podem levar a que produtos químicos fujam do controle, extrapolando os limites daquilo 
que era considerado tolerável. 
Capítulo 1: Introdução ao Gerenciamento de Áreas Contaminadas 
Seção 1.11: Medidas Emergenciais em Áreas Contaminadas 
Manual de Gerenciamento de Áreas Contaminadas – 3ª Edição – Versão 3.1 2
Quando esses eventos ocorrem de forma fortuita, não planejada, não intencional e 
repentina, diz-se que se trata de “Acidentes envolvendo Produtos Químicos”, ou 
simplesmente “Emergências Químicas”, sendo que muitos deles podem ocasionar em 
prejuízos para o meio ambiente, para a saúde e para a segurança da população. 
Acidentes industriais, no armazenamento, nas diferentes categorias de transporte 
terrestre, ou em postos e sistemas retalhistas de combustível, podem resultar na 
formação de áreas contaminadas, caso as ações de rescaldo não sejam suficientes para 
restabelecer as condições de meio ambiente e segurança normais nas áreas afetadas 
pelo vazamento durante a fase emergencial. Nesses casos haverá demanda por um 
trabalho de acompanhamento pós-emergencial. 
Há, ainda, situações em que uma emergência química se inicia em uma área 
contaminada já conhecida ou suspeita, especialmente, quando os trabalhos de 
remediação e acompanhamento não são realizados a contento. São exemplos desses 
casos as massas falidas e os postos e sistemas retalhistas de combustíveis, quando os 
sistemas de extração de produtos e resíduos deixam de funcionar, ou quando pessoas 
estranhas à área passam a fazer uso delas; ou os lixões e aterros sanitários, que podem 
ocasionar desde deslizamentos de resíduos sólidos até a contaminação de áreas por 
chorume, ou a geração de gás metano. 
Embora não se possa classificar como “acidentes” stricto sensu, por não se tratarem de 
situações não planejadas ou não intencionais, deve se considerar outros eventos 
emergenciais envolvendo produtos químicos que podem ocorrer, e que podem resultar 
em áreas contaminadas, tais como o descarte clandestino de produtos e resíduos 
químicos em regiões ermas ou diretamente na rede pública de esgoto e no sistema de 
águas pluviais e outras ações criminosas, como as tentativas de roubo de cargas, 
trepanações em dutos, ações de vândalos, atentados terroristas utilizando armas 
químicas, biológicas, radiológicas etc. 
Independente de se tratar de uma área contaminada conhecida ou não; de se tratar de 
produtos químicos inflamáveis, explosivos, reativos, tóxicos, asfixiantes, corrosivos, 
oxidantes, ou aparentemente inofensivos para o ser humano, mas danosos para o meio 
ambiente; de se tratar de um evento acidental ou provocado propositalmente, o 
atendimento à emergência química necessitará de um padrão de resposta. Dessa 
forma, este capítulo abordará primeiramenteos aspectos comuns de resposta a 
qualquer emergência química, posteriormente abordando especificamente os cenários 
mais comuns onde podem ocorrer emergências químicas em áreas contaminadas, tais 
como emergências em postos e sistemas retalhistas de combustíveis, em indústrias e 
massas falidas, no transporte terrestre de produtos perigosos, em áreas com geração 
de metano e no descarte de produtos químicos. 
2. Atendimento a emergências Químicas 
O atendimento às emergências químicas é uma atividade de elevado risco e envolve 
situações críticas de tomada de decisão. Independente do cenário, o atendimento às 
emergências químicas deverá ter suas atividades planejadas de modo a proporcionar 
ações rápidas e seguras, tanto para as equipes de resposta, como para a população e 
ao meio ambiente (CETESB, 2014). 
O objetivo de um atendimento emergencial é o de prevenir e/ou reduzir as 
consequências do evento às pessoas, às propriedades e ao meio ambiente restaurando, 
o mais breve possível, as condições de normalidade. 
Dessa forma, é necessário que as equipes de resposta sejam capacitadas para atuar 
em distintos cenários e situações, possuam adequado conhecimento e percepção de 
riscos, disponham de recursos materiais compatíveis com os diversos cenários que 
poderão enfrentar e, por fim, que saibam atuar de forma integrada com outras 
instituições públicas e privadas. 
Capítulo 1: Introdução ao Gerenciamento de Áreas Contaminadas 
Seção 1.11: Medidas Emergenciais em Áreas Contaminadas 
Manual de Gerenciamento de Áreas Contaminadas – 3ª Edição – Versão 3.1 3
Há uma variedade de equipamentos que podem ser utilizados nas ações de resposta 
às emergências químicas, porém, considerando que a prioridade em um atendimento é 
a segurança das próprias equipes de resposta, torna-se evidente que os Equipamentos 
de Proteção Individual (EPIs) e os equipamentos portáteis de detecção são recursos 
indispensáveis para que os trabalhos sejam desenvolvidos dentro de padrões de 
segurança. 
Os EPIs utilizados em atendimento a emergências químicas foram padronizados e 
classificados em quatro níveis de proteção, conforme Tabela 1. 
Tabela 1 – Níveis de proteção química 
Nível de 
proteção 
Características Roupa de proteção Proteção respiratória 
Nível A 
Máxima proteção 
cutânea e 
respiratória. 
Traje de encapsulamento 
completo, luvas internas 
e externas resistentes a 
produtos químicos e 
botas resistentes a 
produtos químicos. 
Equipamento autônomo 
de respiração com 
pressão positiva interna 
à roupa. 
Nível B 
Máxima proteção 
respiratória e 
menor proteção 
cutânea. 
Traje não encapsulado, 
luvas e botas resistentes 
a produtos químicos. 
Equipamento autônomo 
de respiração com 
pressão positiva 
externa à roupa. 
Nível C 
Mínima proteção 
cutânea e 
respiratória. 
Traje não encapsulado, 
luvas e botas resistentes 
a produtos químicos. 
Máscara facial 
panorama com filtro 
combinado. 
Nível D 
Roupas de 
trabalho 
Macacão, uniformes, 
aventais, luvas, sapatos 
de segurança, óculos de 
segurança e viseiras. 
Nenhuma 
Fonte: Adaptado de Manual de Atendimento a Emergências Químicas, CETESB (2014). 
Cabe à equipe de resposta definir o nível de proteção que será utilizado na emergência 
de acordo com o cenário apresentado. 
Na maioria das emergências, há especial preocupação com os cenários envolvendo 
gases, vapores tóxicos ou inflamáveis, uma vez que eles podem colocar em risco a 
saúde e a segurança das pessoas, ou provocar danos ao meio ambiente. 
Há grande variedade de equipamentos portáteis de detecção no mercado brasileiro, 
havendo destaque para os detectores multigases, uma vez que eles podem portar 
simultaneamente até cinco sensores. Assim, com sua utilização, pode-se monitorar a 
maioria dos parâmetros de maior interesse em uma emergência. A Tabela 2 apresenta 
os principais perigos normalmente monitorados nas emergências, o equipamento 
utilizado e o parâmetro de referência. 
Tabela 2 - Perigos monitorados, equipamentos e parâmetros utilizados no processo de 
avaliação 
Perigo 
Monitorado 
Equipamento Utilizado Parâmetro Monitorado e Unidade 
Capítulo 1: Introdução ao Gerenciamento de Áreas Contaminadas 
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Manual de Gerenciamento de Áreas Contaminadas – 3ª Edição – Versão 3.1 4
Inflamabilidade Detector multigás 
LII - Limite Inferior de Inflamabilidade 
(% do LII) 
Oxigênio Detector multigás 
Concentração da substância no 
ambiente 
(% em volume) 
Gás sulfídrico 
e de monóxido 
de carbono 
Detector multigás 
Concentração da substância no 
ambiente 
(ppm - partes por milhão) 
Compostos 
Tóxicos 
Fotoionizador ou 
Detector multigás 
Concentração de Compostos Orgânicos 
Voláteis 
(ppm - partes por milhão) 
Compostos 
Tóxicos 
Industriais 
Detector portátil de 
gases e radiação (GDA) 
Presença de compostos orgânicos e 
inorgânicos 
(ppm – partes por milhão) 
Metano 
Detector específico 
(GEM 5000) 
Concentração de metano 
(% em volume) 
 
2.1. Etapas do atendimento 
As emergências químicas ocasionam situações muito diferenciadas, necessitando, na 
maioria das vezes, o desencadeamento de ações específicas para cada caso (CETESB, 
2014). No entanto, de forma geral, as seguintes etapas são desenvolvidas em um 
atendimento: 
 aproximação inicial; 
 organização da resposta; 
 avaliação da situação; 
 medidas de controle; 
 descontaminação; 
 ações de rescaldo. 
2.1.1. Aproximação inicial 
A aproximação consiste no primeiro contato com a ocorrência em campo. Durante essa 
etapa é possível, normalmente, realizar uma avaliação preliminar do evento. A 
aproximação deve ser realizada de maneira segura, com posicionamento e 
distanciamento adequados no tocante ao local da emergência. A equipe envolvida no 
atendimento deverá realizar observações visuais e atentar-se às condições 
atmosféricas na região da emergência. Dentre as principais regras para uma 
aproximação segura destacam-se: 
 aproximar-se lenta e cuidadosamente; 
 manter-se sempre de costas para o vento, tomando como referência o ponto do 
vazamento; 
Capítulo 1: Introdução ao Gerenciamento de Áreas Contaminadas 
Seção 1.11: Medidas Emergenciais em Áreas Contaminadas 
Manual de Gerenciamento de Áreas Contaminadas – 3ª Edição – Versão 3.1 5
 evitar manter qualquer tipo de contato com o produto químico (tocar, inalar, pisar 
etc.); 
 se o produto for inflamável, todas e quaisquer fontes de ignição deverão ser 
eliminadas, como: cigarros acesos, motores ligados, desenergização de sistemas de 
alimentação elétrica, remoção de veículos que estejam nas imediações, arraste de 
ferramentas, de peças e acessórios metálicos, de geradores de calor e centelhas, 
entre outras. 
A equipe poderá identificar algum risco que julgue ser merecedor do desencadeamento 
de ações imediatas, tais como a evacuação de pessoas da área de risco, ação essa 
que, sempre que possível, deve ser realizada por representantes da Polícia Militar e da 
Defesa Civil. 
Ainda nessa etapa a área poderá ser sinalizada e isolada com faixas, cones e placas, 
de modo a restringir a circulação de pessoas e veículos. Porém, antes de realizar o 
isolamento, a equipe deverá determinar os riscos principais com potencialidade para 
causar lesões às pessoas e impactos ao meio ambiente. O isolamento poderá ser feito 
num raio a partir do ponto de vazamento ou, de forma parcial, abrangendo uma ou mais 
direções. 
2.1.2. Organização da resposta 
Dependendo do cenário da emergência, muitas instituições públicas poderão atuar, 
entre elas Corpo de Bombeiros, Defesa Civil, órgão ambiental, vigilância sanitária e 
epidemiológica, Polícia Militar, dentre outras. Assim, é conveniente estabelecer uma 
sistemática de trabalho para essas situações, por meio da definição de zonas de 
trabalho (Figura 1) (CETESB, 2014). É recomendável estabelecer quatro zonas de 
trabalho: 
 zona quente: trata-se de uma área imediatamente adjacente ao acidente cujo 
ingressoe permanência exigem proteção adequada. Nessa área devem ingressar 
apenas os técnicos que estiverem realizando as ações de controle da emergência. 
Concluída sua atividade, o técnico, mesmo estando devidamente protegido por EPIs, 
deverá se retirar imediatamente para uma zona mais segura; 
 zona morna: trata-se da área adjacente à zona quente, onde está situado o corredor 
de redução de contaminação e, de forma eventual, o pessoal de apoio às ações de 
controle da emergência. Técnicos na zona morna devem utilizar o mesmo nível de 
proteção da equipe que ingressou na zona quente ou, no mínimo, um nível de 
proteção abaixo, pois nessa zona pode haver concentração perigosa do produto 
envolvido na emergência; 
 zona fria: trata-se da área perimetral à zona morna, onde não poderá haver 
concentração do produto envolvido na emergência. É nessa zona que ficam 
instaladas as áreas de apoio, viaturas e pessoal envolvidos com o atendimento; 
 zona de exclusão: nessa área permanecerão as pessoas e instituições que não 
possuem qualquer envolvimento direto com a ocorrência, como imprensa e 
comunidade, entre outros. 
Capítulo 1: Introdução ao Gerenciamento de Áreas Contaminadas 
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Figura 1– Zonas de trabalho para emergências químicas. Fonte: CETESB. 
Sempre que possível, o estabelecimento dessas zonas deverá ser realizado com o 
apoio de equipamentos portáteis de detecção. Deve-se evitar o estabelecimento de 
zonas de trabalho de forma empírica. A não disponibilidade desses recursos exigirá das 
equipes, conhecimentos técnicos associados à identificação de vários elementos no 
cenário acidental para embasar a definição das zonas de trabalho. 
Outro aspecto importante refere-se ao fato de que as instituições possuem diferentes 
atribuições e responsabilidades na emergência, necessitando de articulação entre si 
para desempenharem suas funções. Assim sendo, a integração entre as equipes de 
diferentes campos de atuação é de fundamental importância para uma adequada 
qualidade na resposta emergencial. Dessa forma, torna-se necessário o 
estabelecimento de um Posto de Comando – PC, o qual deverá ser coordenado por um 
ou mais representantes de cada entidade envolvida no atendimento. O Posto de 
Comando é uma organização no local da ocorrência, de função gerencial, com a 
finalidade de planejar, organizar, dirigir e controlar as ações de resposta (CETESB, 
2014). 
2.1.3. Avaliação da situação 
Avaliação é o processo de coleta e análise das informações sobre a ocorrência. Essa 
etapa tem por finalidade dimensionar a natureza e a gravidade do evento, de modo a 
permitir a identificação de frentes de trabalho, seus respectivos níveis de prioridade, 
ações de controle a serem adotadas para cada frente levantada e os recursos humanos 
e materiais necessários para a sua realização. Todos esses elementos são as bases 
para o desenvolvimento das ações de controle da emergência. 
Portanto, é absolutamente necessário que a avaliação inicial do cenário (e as avaliações 
subsequentes) seja desenvolvida e executada por pessoal técnico devidamente 
capacitado para tal, uma vez que erros de avaliação poderão agravar a situação, 
acarretando consequências inesperadas. Além disso, a equipe encarregada dessa 
avaliação deverá dispor de equipamentos de proteção individual e de detecção 
ambiental adequados para essa tarefa. Equipes sem recursos apropriados podem ter 
desempenho limitado em sua capacidade de avaliar e controlar a emergência. 
Via de regra, a prioridade na avaliação é a de identificar rapidamente situações que 
possam gerar incêndios, explosões e formação de nuvens tóxicas, assim como 
consequências adversas em áreas afastadas ou externas a uma instalação fixa. 
Geralmente, para locais que apresentam pouca ventilação, como edificações, em que a 
equipe deve ingressar, o monitoramento deverá ser orientado primeiro para a existência 
Capítulo 1: Introdução ao Gerenciamento de Áreas Contaminadas 
Seção 1.11: Medidas Emergenciais em Áreas Contaminadas 
Manual de Gerenciamento de Áreas Contaminadas – 3ª Edição – Versão 3.1 7
de vapores ou gases inflamáveis, deficiência ou excesso de oxigênio e concentração de 
vapores tóxicos. 
Para ambientes abertos e bem ventilados, a presença de gases inflamáveis e deficiência 
de oxigênio representam um risco em menor escala. Locais que apresentam depressões 
topográficas ou mesmo baixo relevo, ainda que abertos e ventilados, poderão reter a 
nuvem de produto. 
2.1.4. Medida de controle 
A partir dos resultados obtidos na etapa de avaliação, deverão ser definidas as ações 
para o controle da emergência, que envolverá métodos, procedimentos e técnicas para 
prevenir ou reduzir a dispersão de produto no ambiente. Essas medidas de controle 
podem incluir extinção de fogo, queima controlada, neutralização, construção 
temporária de barragens e diques de contenção, aplicação de materiais para estancar 
vazamentos, aplicação de neblina-d’água, utilização de materiais absorventes e outras. 
As técnicas frequentemente utilizadas pelas equipes de resposta para o controle de uma 
emergência química são estanqueidade do vazamento e contenção de produto vazado. 
Estanqueidade consiste de métodos e técnicas utilizadas para restringir o produto ao 
seu recipiente ou embalagem. Dentre os recursos mais comumente utilizados 
destacam-se os batoques confeccionados em madeira, PVC, teflon, latão e alumínio, as 
massas de vedação, as tiras de borracha e as fitas adesivas especiais. 
Contenção consiste de métodos utilizados para eliminar ou restringir o espalhamento do 
produto liberado no meio. As técnicas de contenção a serem adotadas dependem das 
características do produto vazado, da quantidade envolvida, do cenário da ocorrência e 
do compartimento ambiental atingido, podendo ser o solo, a atmosfera, o corpo de água 
(incluindo mar e águas interiores, como lagos, lagoas, córregos) ou a água subterrânea. 
Para a contenção de produto no solo pode-se realizar o desvio controlado de um líquido 
de uma área para outra, na qual os efeitos ao homem e ao ambiente possam ser 
substancialmente reduzidos. Outra possibilidade é a construção de diques para conter 
ou controlar o deslocamento de líquidos de uma área para outra (Figura 2). A melhor 
técnica a ser utilizada em cada caso dependerá de fatores como tempo disponível para 
as ações, recursos humanos e materiais disponíveis, e potencial de risco oferecido pelo 
produto. 
 
Figura 2 – Diques para a contenção de produto químico no solo. Fonte: CETESB. 
Capítulo 1: Introdução ao Gerenciamento de Áreas Contaminadas 
Seção 1.11: Medidas Emergenciais em Áreas Contaminadas 
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Para a contenção de produto na atmosfera pode-se aplicar neblina-d’água para abater 
e/ou dispersar uma nuvem de gás ou vapor. Essa ação será mais efetiva se o produto 
envolvido for solúvel em água, como ocorre com a amônia, ou se o produto reagir com 
a água, como ocorre com o cloro, cuja reação gera a formação de ácido clorídrico. Nesse 
caso, ao se aplicar neblina-d’água sobre a nuvem ocorrerá a sua solubilização e 
deposição no solo, podendo assim ser contido, por exemplo, em um dique, e recolhido 
para disposição adequada. É importante considerar a possibilidade de ocorrer a 
evaporação do produto depositado no solo, caso não esteja bem diluído em água. 
A contenção de produto em corpos de água poderá ocorrer por meio da utilização de 
barreiras de contenção e/ou absorção, desde que o produto seja insolúvel e menos 
denso que a água. Para os demais produtos, a intervenção será passiva e vai requerer 
ações de monitoramento e definição de procedimentos específicos para cada caso, 
cabendo ao órgão ambiental coordenar tais ações. 
Evidentemente, há uma grande variedade de ações de controle de emergências, sendo 
que algumas delas serão abordadasnos cenários específicos neste capítulo. 
Ressalta-se que a empresa geradora de uma emergência química tem a 
responsabilidade legal de atender às demandas dos órgãos públicos e, portanto, deverá 
disponibilizar recursos humanos e materiais para suprir todas as necessidades do 
atendimento, com a devida brevidade que a situação requer. 
2.1.5. Descontaminação 
Mesmo com a adoção de boas práticas de trabalho, a contaminação da equipe de 
resposta que realiza a entrada na zona quente pode ocorrer devido ao contato com 
vapores, gases, névoas ou material particulado, respingos ou contato direto com poças 
do produto químico, contato com solo contaminado e manipulação de instrumentos ou 
equipamentos contaminados (CETESB, 2014). 
Dessa forma, é necessário adotar ações para restringir o espalhamento da 
contaminação. A sistemática mais utilizada para essa finalidade é o estabelecimento de 
um processo de descontaminação que consiste na remoção física de contaminantes ou 
na alteração de sua natureza química para substâncias mais inócuas. O termo é 
comumente empregado para se referir à descontaminação de EPIs, instrumentos, 
equipamentos ou vítimas que estiveram na zona quente. 
O processo de descontaminação tem por objetivo principal evitar a ampliação da 
contaminação, ou seja, evitar que pessoas que estiveram na zona quente carreiem o 
contaminante para áreas não contaminadas. Tem também como objetivo evitar a 
contaminação tanto da equipe de entrada quanto da equipe que estiver ajudando na 
retirada dos equipamentos de proteção individual. (CETESB, 2014) 
Para tal finalidade, deve-se estabelecer um Corredor de Redução de Contaminação 
(CRC), o qual deve ser instalado entre a zona quente e a zona fria, na chamada zona 
morna. Nesse corredor, de maneira sequencial lógica, ocorrerá a lavagem com água e 
detergente (na maioria dos casos) e posterior remoção de luvas, botas, roupas de 
proteção química e equipamento de proteção respiratória. A água de lavagem deve ser 
coletada e tratada como resíduo da ocorrência. O CRC é rota obrigatória de saída da 
zona quente. 
Com relação aos equipamentos portáteis de detecção utilizados durante o atendimento 
emergencial, deverão ser adotadas ações de modo a prevenir sua contaminação, pois, 
uma vez que eles tenham sido contaminados, torna-se muito difícil limpá-los sem 
danificá-los. 
Os veículos utilizados nos atendimentos, tais como caminhões, pás-carregadeiras e 
outros equipamentos pesados, na maioria das vezes, são de difícil descontaminação. 
Normalmente, o método de descontaminação mais utilizado consiste, basicamente, em 
Capítulo 1: Introdução ao Gerenciamento de Áreas Contaminadas 
Seção 1.11: Medidas Emergenciais em Áreas Contaminadas 
Manual de Gerenciamento de Áreas Contaminadas – 3ª Edição – Versão 3.1 9
se lavar o veículo com água pressurizada ou esfregar as áreas acessíveis com uma 
solução de detergente e água pressurizada. 
2.1.6. Ações de rescaldo 
A última etapa do atendimento, porém não menos importante, tem por finalidade o 
desenvolvimento de atividades voltadas para o restabelecimento das condições normais 
nas áreas afetadas pelo produto envolvido na emergência, tanto do ponto de vista da 
segurança como do ponto de vista ambiental. Caso esta etapa não seja realizada a 
contento o contaminante permanecerá no local, podendo ocasionar em área 
contaminada. 
3. Acidentes em Postos e Sistemas Retalhistas de Combustíveis e sua Relação 
com as Áreas Contaminadas 
Das atividades que armazenam e comercializam combustíveis automotivos, destacam-
se os postos de combustíveis que, no Brasil, somam 40.970 estabelecimentos, sendo 
que deste total, 20,8% se concentram no Estado de São Paulo (ANP, 2020). 
Entre os anos de 1978 e 2003, a CETESB atendeu a 522 ocorrências em postos de 
combustíveis, o que representou 9,6% dos atendimentos emergenciais realizados. Por 
outro lado, durante o ano de 2021, foram atendidas oito ocorrências, ou 2,89% do total 
de emergências atendidas pela Companhia. Essa redução no número guarda relação 
com o processo de licenciamento ambiental e com a adoção da Resolução CONAMA 
nº 273/2000 (Brasil, 2000), que tornou esses estabelecimentos mais seguros e com 
menos chances de ocasionar vazamentos. 
A atividade de comercialização de combustíveis automotivos, quando realizada sem os 
requisitos técnicos, bem como sem a observação às boas práticas de trabalho, oferece 
um risco potencial à segurança da população circunvizinha, ao patrimônio público e 
privado e ao meio ambiente (CETESB, 2021a). 
Ainda que essas instalações operem dentro de requisitos técnicos mais seguros por 
força da legislação, esses eventos se manifestam, em sua maioria, tanto como 
contaminações superficiais provocadas por constantes e sucessivos derrames junto às 
bombas e bocais de enchimentos dos reservatórios de armazenamento, como pelos 
vazamentos em tanques e tubulações subterrâneas. 
Os vazamentos de combustíveis são geralmente percebidos após o afloramento do 
produto em galerias de esgoto, redes de drenagem de águas pluviais, no subsolo de 
edifícios, em túneis, escavações e poços de abastecimento de água, interior de 
residências ou estabelecimentos comerciais, razão pela qual as ações emergenciais 
requeridas durante o atendimento a essas situações requerem a participação de 
diversos órgãos públicos, além do envolvimento do agente poluidor e suas respectivas 
subcontratadas (CETESB, 2021a; Gouveia, 2004). 
A partir da notificação da ocorrência ou suspeita de vazamento, seja pela população, 
seja por outros órgãos públicos ou privados, cabe à CETESB, por meio do Setor de 
Atendimento a Emergências, desencadear o atendimento à reclamação, por meio de 
uma avaliação da situação e realização de um minucioso trabalho de investigação, de 
forma a identificar o contaminante envolvido, avaliar o risco instalado, identificar a fonte 
geradora do fato e supervisionar e coordenar as ações emergenciais e corretivas a 
serem desencadeadas. 
3.1. Avaliação inicial na emergência 
Uma primeira ação consiste na realização de uma minuciosa inspeção do local suspeito 
de estar contaminado, a fim de constatar, ou não, a existência de odor característico de 
Capítulo 1: Introdução ao Gerenciamento de Áreas Contaminadas 
Seção 1.11: Medidas Emergenciais em Áreas Contaminadas 
Manual de Gerenciamento de Áreas Contaminadas – 3ª Edição – Versão 3.1 10
produto combustível, a presença de gases ou vapores inflamáveis ou a presença de 
produto combustível em fase livre, com a medição dos seguintes parâmetros: 
 índices de inflamabilidade; 
 concentrações de compostos orgânicos voláteis - COV; 
 concentração de oxigênio em ambientes confinados; 
 fase livre sobrenadante de hidrocarbonetos. 
Normalmente, o sistema hidráulico e sanitário no interior das edificações são os pontos 
mais vulneráveis à emanação dos odores por estarem diretamente ligados às redes 
públicas de esgoto e águas pluviais. São exemplos desses pontos vulneráveis os ralos, 
pias, lavabos, vasos sanitários e as caixas de inspeção doméstica de esgotos e águas 
pluviais. 
As inspeções e monitoramentos no interior das edificações não devem se restringir 
unicamente aos pontos citados, podendo se estender para outros pontos, como orifícios 
e fissuras nos pisos e paredes, quadros de força, tomadas, interruptores e condutos de 
redes elétricas e de telefonia, caixas de rebaixamento de lençol freático em subsolo de 
edifícios, porões, poços de elevadores etc. 
Constatadas irregularidades ou avarias nos pontos mencionados, os moradores ou 
proprietários devem ser orientados para manter o local ventilado e providenciarem os 
reparos para evitar a penetração dos odores e vapores ao interior da edificação. 
Uma vez que existam indícios de contaminantes nas edificações, procede-se à 
avaliação nas galerias públicas subterrâneas, pois, em sua grande maioria, elas não 
são estanques estando, portanto, sujeitas às infiltrações de vapores ou fase líquida dos 
combustíveispresentes no subsolo e no aquífero freático (Figura 3). Devem então ser 
monitorados caixas de inspeção de esgotos e de águas pluviais, poços, fossas sépticas, 
redes subterrâneas de esgoto, águas pluviais, de energia elétrica, telefonia ou de outras 
concessionárias (GOUVEIA, 2004). 
 
Figura 3 - Monitoramento realizado em galeria subterrânea de telefonia para verificação 
da presença de gases/vapores inflamáveis. Fonte: CETESB. 
Por meio dos monitoramentos com equipamentos portáteis, são avaliados os riscos 
associados às substâncias presentes em tais sistemas, o que vai nortear as ações de 
controle emergenciais mais pertinentes para cada caso. 
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A partir da observação da topografia do terreno e da área circunvizinha, é possível 
estabelecer os empreendimentos suspeitos de gerar uma contaminação a partir de 
vazamentos. Os estabelecimentos situados em cotas mais elevadas, relativamente ao 
ponto de origem da investigação, são os mais prováveis geradores da contaminação. 
Dentre essas fontes pode-se citar os postos e sistemas retalhistas de combustíveis 
automotivos, oficinas mecânicas, lava-rápidos, geradores de condomínios, gráficas, 
entre outras fontes. 
Em muitos casos, com a migração pelo sistema hidrogeológico, o produto pode atingir 
galerias públicas subterrâneas não estanques que, uma vez saturadas por vapores, 
podem ocasionar a contaminação de edificações devido ao retorno dos vapores pelos 
sistemas subterrâneos ligados às redes públicas. 
Complementando os trabalhos de avaliação inicial na emergência, deve também ser 
realizada uma inspeção no empreendimento suspeito ou causador do vazamento do 
combustível, sendo avaliadas as condições das instalações e os diferentes aspectos 
construtivos e operacionais do empreendimento. 
3.2. Investigação em postos de revenda durante as ações emergenciais 
Caso a fonte suspeita recaia sobre um posto de revenda, deve ser avaliada a 
infraestrutura do estabelecimento e alguns dos seus aspectos construtivos. Em razão 
de serem poucas as formas de se constatar os vazamentos de produto nos 
equipamentos enterrados, convém solicitar informações detalhadas ao proprietário do 
empreendimento ou seu representante, durante as inspeções, a respeito da quantidade 
e das condições dos seguintes equipamentos: 
 Tanques: devem apresentar parede dupla com sensor intersticial para 
monitoramento e câmaras de acesso à boca de visita impermeável; 
 Unidades de abastecimento (bombas): câmara de contenção estanque e 
impermeável; 
 Tubulações enterradas: flexíveis e não metálicas; 
 Respiro dos tanques: tubulações aéreas e metálicas; 
 Tubulações de descarga: enterradas, flexíveis e não metálicas; 
 Sistema de armazenamento de resíduos oleosos: tanques subterrâneos de parede 
dupla ou aéreos providos de bacia de contenção coberta e impermeável; 
 Filtros de óleo diesel: com câmara de contenção e tubulações enterradas flexíveis e 
não metálicas; 
 Piso: pista em concreto armado e provido de drenagem localizada sob a área 
protegida pela cobertura. A drenagem deve convergir para o sistema de separação 
de água e óleo (SAO); 
 Área de descarga: piso em concreto armado provido de drenagem convergindo para 
o sistema de SAO; 
 Área de lavagem de veículos: providas de caixa de areia e caixa SAO. 
Durante a inspeção, tais dispositivos devem estar manutenidos, limpos, livres da 
presença de combustíveis ou resíduos oleosos. A pista não deverá possuir trincas ou 
fissuras, de modo a evitar a infiltração de combustíveis em razão de eventual 
derramamento. 
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Caso seja constatada a presença de poços de monitoramento ao longo do piso, deverá 
ser realizado monitoramento nesses poços a fim de constatar possível presença de 
vapores orgânicos ou inflamáveis, bem como a presença de fase livre de combustível 
(Figura 4). 
 
Figura 4 - Inspeção em poço de monitoramento para verificação de combustível em 
fase livre. Fonte: CETESB 
Outra possibilidade a ser investigada, é a existência de tanques subterrâneos 
desativados o que pode ser um forte indício da existência de passivo ambiental. 
3.3. Ações emergenciais em Postos e Sistemas Retalhistas de Combustíveis 
As ações emergenciais são desencadeadas e implementadas pelos órgãos públicos 
envolvidos, nos primeiros momentos do atendimento. A responsabilidade pela 
realização das medidas necessárias à eliminação dos riscos é imputada ao agente 
causador da contaminação sob a orientação e coordenação de instituições competentes 
afetas ao tema. 
As características físicas do produto envolvido, tais como a pressão de vapor, 
densidades do líquido e do vapor, solubilidade na água, limites de inflamabilidade e 
ponto de fulgor, permitem prever o comportamento do produto no meio, definir as 
técnicas mais adequadas que devem ser adotadas e determinar quais equipamentos 
devem ser utilizados nas monitorações. 
Uma vez que as áreas sob risco tenham sido delimitadas após os monitoramentos, 
procede-se ao imediato isolamento e sinalização delas. As áreas evacuadas podem ser 
ampliadas ou reduzidas em razão de monitoramentos realizados no transcorrer do 
atendimento emergencial. 
Em ambientes confinados, sobretudo, convém desativar todos os sistemas elétricos, 
inclusive os equipamentos mecânicos com princípio de funcionamento à base de 
queima de combustível. O tráfego de veículos em garagens subterrâneas de edifícios 
deve ser evitado, bem como qualquer outra atividade que possa gerar centelhamento 
por atrito. 
A abertura de caixas de inspeção e caixas de rebaixamento do lençol freático, bem 
como, a remoção de tampas de poços de visita de acesso às galerias subterrâneas, são 
operações críticas, para as quais uma boa forma de prevenir riscos de explosão é a 
utilização de neblina-d’água, para abater os vapores e evitar a geração de centelhas. 
Quando do afloramento de combustíveis automotivos em qualquer ambiente, uma das 
primeiras medidas é a realização do imediato recolhimento da fase líquida do produto. 
Para produtos miscíveis, como é o caso do álcool etílico, ele é recolhido juntamente com 
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a água. No caso da gasolina e óleo diesel que formam fase líquida sobrenadante, o 
produto pode ser seletivamente recolhido evitando-se o recolhimento indiscriminado de 
água e, em consequência, gerando-se uma menor quantidade de resíduo. 
Nos casos em que ocorre o aparecimento de pequena quantidade de produto 
combustível em pequenos ambientes, tais como caixas de captação do lençol freático, 
poços de água tipo cacimba, caixas de inspeção de esgoto doméstico e caixas de 
inspeção de águas pluviais, entre outros, o produto pode ser recolhido e acondicionado 
em tambores, utilizando-se baldes e mantas absorventes oleofílicas, sendo que, após 
seu uso são acondicionadas em sacos plásticos apropriados, para posterior destinação 
final adequada. 
Ocorrendo o aporte contínuo de volumes consideráveis de produto combustível nos 
ambientes citados, pode-se optar pela sucção do produto, por meio de caminhões-vácuo 
ou bombas de transferência, sendo que os equipamentos e veículos devem possuir 
características que evitem a geração de calor ou centelhas. O aterramento de todo o 
conjunto, veículo e bomba, para evitar ignições geradas pela diferença de potencial 
elétrico, é fundamental. 
Os trabalhos de recolhimento de combustível podem ser otimizados com a utilização de 
equipamentos flutuantes, conhecidos como skimmers. Entretanto,sua principal 
limitação operacional refere-se às lâminas de produtos sobrenadantes de espessuras 
muito delgadas ou iridescentes, para as quais os materiais absorventes oleofílicos são 
mais eficientes (LOPES, et. al. 2005). 
Nos corpos de água superficiais são utilizadas várias técnicas de combate, dentre as 
quais destacam-se a instalação de barreiras de contenção e/ou barreiras absorventes, 
direcionamento do produto e recolhimento com caminhões-vácuo e a aplicação de 
materiais absorventes granulados. 
Uma vez que os vapores inflamáveis dos derivados de petróleo possuem densidade 
maior que a do ar atmosférico, e dependendo do grau de confinamento, dificilmente 
ocorrerá a expulsão desses vapores de forma natural. Assim sendo, deve-se promover 
o arraste dos vapores do produto, por vias mecânicas, sendo a exaustão e a ventilação 
por meio de equipamentos fixos ou móveis, as técnicas mais utilizadas. O sistema 
elétrico ou mecânico de acionamento dos equipamentos deve ser à prova de explosão. 
A presença de fase líquida de combustível no ambiente é um fator limitante a esse 
processo, pois a exaustão ou ventilação sobre a superfície do líquido provocará o 
aumento da sua taxa de evaporação devido à constante renovação de ar no local, 
propiciando a continuidade da volatilização do produto. Por outro lado, a ventilação 
forçada somente deve ser utilizada em locais onde a concentração dos vapores 
inflamáveis esteja abaixo do Limite Inferior de Inflamabilidade (LII), já que pode ocorrer 
a geração de eletricidade estática pelo atrito das partículas presentes no ar ambiente, e 
sempre criando pontos de alívio satisfatório para a dispersão dos vapores, como por 
exemplo, abrindo-se as janelas e portas dos imóveis. Entretanto, não se deve realizar a 
ventilação forçada em redes de esgoto, uma vez que esse procedimento promoverá o 
espalhamento dos vapores inflamáveis, com a consequente migração deles para o 
interior das edificações, através das suas redes hidráulicas. 
Os ambientes confinados afetados devem ser drenados e em seguida lavados com água 
a alta pressão, para reduzir a impregnação do produto nas paredes, inclusive com a 
utilização de detergentes biodegradáveis, para facilitar sua remoção. Se o ambiente for 
estanque como, por exemplo, as caixas subterrâneas de passagem de cabos de 
telefonia, recomenda-se a sucção da água e do contaminante. 
Outra técnica largamente empregada para evitar o acúmulo de vapores inflamáveis em 
ambientes confinados, sobretudo nas galerias subterrâneas, é a aplicação de líquido 
gerador de espuma - LGE. Uma vez preenchido todo o ambiente, evita-se a 
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continuidade da evaporação pela criação de uma barreira física, bem como a eliminação 
dos espaços passíveis de serem ocupados pelos vapores. 
Concomitante às medidas acima descritas, pode-se lançar mão de outras estratégias 
de controle destacando-se a eliminação da fonte do vazamento, a interceptação da 
pluma de contaminação e a instalação de barreiras físicas de contenção. 
A eliminação da fonte do vazamento de combustível compreende os reparos ou as 
substituições necessárias, sendo que se tratando de tanques, recomenda-se seu 
esvaziamento e, em seguida, desativação e remoção. Havendo impossibilidades 
técnicas para a remoção, eles podem ser desativados definitivamente, mantidos 
enterrados no local e preenchidos com material inerte (por exemplo, areia). 
A escavação de trincheiras ao longo do possível caminho preferencial do produto 
combustível no subsolo apresenta resultados positivos na interceptação do produto, 
pois impede a continuidade da migração para os ambientes que se almeja proteger. 
A implantação de um sistema de ponteiras, com bombeamento a vácuo, normalmente 
provoca o rebaixamento do aquífero freático e, em consequência, a reversão do fluxo 
preferencial do lençol, com a atração da pluma de contaminação, bem como a 
implantação de uma linha de poços de bombeamento, entre a origem da contaminação 
e os demais pontos afetados, cujos efeitos, dependendo do porte e das características 
hidrológicas e geológicas da área, são bem eficientes. 
A instalação de barreiras físicas que impeçam a continuidade da migração do produto 
infiltrado no subsolo, como por exemplo, o envolvimento externo das redes subterrâneas 
ou das caixas ou poços de visita de acesso às redes com mantas impermeáveis, 
resistentes aos combustíveis automotivos, também surtem efeitos satisfatórios. Outro 
método é o bloqueio dos condutos das redes subterrâneas, evitando a ampliação das 
áreas afetadas e restringindo o risco. 
Esses procedimentos, em sua maioria, são paliativos e visam à eliminação ou à redução 
imediata de riscos acentuados, não sendo encarados como solução da contaminação 
ocorrida, para a qual, são necessárias medidas de médio e longo prazo, que possibilitem 
a remediação do local e das áreas adjacentes impactadas e seu restabelecimento às 
condições normais. Caso ocorra o aumento das concentrações de vapores e dos índices 
de inflamabilidade, os procedimentos devem ser imediatamente revistos, em razão do 
cenário e dos resultados das monitorações realizadas e, se necessário, diferentes 
procedimentos emergenciais podem ser aplicados, simultaneamente. 
Em casos em que haja suspeita de vazamentos, pode ser solicitada a realização de 
sondagens investigativas na área do empreendimento e em áreas adjacentes, para 
amostragem do solo e da água subterrânea, com a finalidade de comprovar a 
contaminação da área, seja ela proveniente de um vazamento atual ou de vazamentos 
pretéritos. 
Ainda, pode ser solicitada a realização de testes de estanqueidade no Sistema de 
Armazenamento Subterrâneo de Combustíveis - SASC, com o intuito de confirmar se o 
mesmo se encontra estanque, os quais também permitem definir qual parte do sistema 
apresenta perda do produto. 
4. Atendimento à Emergência em Indústrias Abandonadas e Massas Falidas e 
sua Relação com as Áreas Contaminadas 
Áreas industriais abandonadas ou massas falidas, que no passado utilizaram 
substâncias químicas, ao encerrarem suas atividades, seja por razões econômicas, 
comerciais ou ambientais, podem deixar um passivo ambiental na área. Esse passivo 
ambiental é composto de produtos químicos e resíduos perigosos que podem estar 
armazenados de forma inadequada (Figura 5), muitas vezes lançados diretamente 
Capítulo 1: Introdução ao Gerenciamento de Áreas Contaminadas 
Seção 1.11: Medidas Emergenciais em Áreas Contaminadas 
Manual de Gerenciamento de Áreas Contaminadas – 3ª Edição – Versão 3.1 15
sobre o solo ou em condições precárias de armazenamento e, não raro, próximo à 
ocupação humana (VASCONCELLOS, 2018). 
 
Figura 5 - Galpão abandonado com resíduo contaminado. Fonte: CETESB. 
Os resíduos comumente negligenciados em indústrias abandonadas e massas falidas, 
sejam na forma líquida ou sólida, em geral, representam perigos associados à 
inflamabilidade, corrosividade e toxicidade, normalmente decorrentes da emanação de 
compostos orgânicos voláteis - COV e, até mesmo, da reatividade de determinadas 
substâncias com a água, o que pode proporcionar sérios riscos à saúde, à vida da 
população e ao meio ambiente (VASCONCELLOS, 2018). 
Os atendimentos emergenciais em indústrias abandonadas ou massas falidas onde se 
encontram ou se encontraram armazenados produtos químicos e resíduos perigosos 
têm como finalidade reduzir os danos provocados por esse tipo de ocorrência, evitando 
a formação de áreas contaminadas. 
Antes mesmo de proceder qualquer intervenção em locais com tais características, é 
importante, primeiramente, realizar o acionamento dos responsáveis legais, seja ele o 
proprietário da empresa, o proprietário do imóvel ou, em caso de massas falidas, o 
síndico administrador. Tal acionamento objetiva, antes da adoção de qualquerque pode ser potencial, quando existe a 
possibilidade desse contato acontecer, ou real, quando esse contato ocorreu 
efetivamente. Eventos de exposição real ou potencial são capazes de causar riscos 
acima dos níveis aceitáveis ou danos aos bens a proteger. 
 
b. Dano em áreas contaminadas 
Dano é definido como a ocorrência de um efeito adverso a um bem a proteger, o qual 
provoca a perda da sua função ou utilidade, ou até mesmo a sua destruição, devido à 
exposição real do bem a proteger a uma SQI presente no compartimento do meio 
ambiente contaminado. No caso dos receptores humanos, os danos são 
caracterizados pela ocorrência de doenças ou morte, provocadas pela exposição 
crônica ou aguda a uma SQI proveniente de uma AC. 
 
c. Risco em áreas contaminadas 
Risco é definido como a probabilidade ou a possibilidade de ocorrência de um dano, 
devido à exposição potencial ou à exposição real do bem a proteger a uma 
determinada SQI presente no compartimento do meio ambiente contaminado de uma 
AC. 
 
A intensidade do risco depende do grau de toxicidade da substância, da quantidade e 
do tempo ao qual o bem a proteger está exposto ou pode estar exposto. 
 
Considerando o aspecto temporal e de quantidade, os riscos aos bens a proteger 
podem ser classificados em risco crônico ou risco agudo. 
 
O risco é crônico, quando a exposição é crônica, ou seja, a exposição é caracterizada 
pelo contato ou potencial contato do bem a proteger com pequenas quantidades ou 
concentrações da substância durante um longo período (anos). 
 
O risco é agudo, quando a exposição é aguda, ou seja, a exposição é caracterizada 
pelo contato ou potencial contato do bem a proteger com grandes quantidades da 
substância durante um curto período (horas ou menos). 
 
d. Nível de risco aceitável em áreas contaminadas 
O nível de risco aceitável é definido em função das características do bem a proteger 
identificado na área em avaliação ou na sua vizinhança, bem como dos efeitos tóxicos 
carcinogênicos ou não carcinogênicos da SQI. 
 
Capítulo 1: Introdução ao Gerenciamento de Áreas Contaminadas 
Seção 1.2: Conceituação 
Manual de Gerenciamento de Áreas Contaminadas – 3ª Edição – Versão 3.1 10
Considerando a exposição real ou a exposição potencial a substâncias 
carcinogênicas, o valor definido na Resolução CONAMA nº 420/2009 para risco total 
aceitável à saúde dos receptores humanos é menor ou igual a 1x10-5. 
 
Considerando a exposição real ou exposição potencial a substâncias não 
carcinogênicas, o valor definido na Resolução CONAMA nº 420/2009 para risco total 
aceitável à saúde dos receptores humanos, corresponde ao quociente de risco total 
menor ou igual a 1 (um). 
 
O risco total à saúde humana é a soma dos riscos quantificados na AC aos receptores 
humanos, considerando todos os caminhos potenciais ou reais de exposição. 
 
O nível aceitável de risco para receptores ecológicos deve ser definido caso a caso, 
em função do tipo de organismo identificado, considerando a exposição real ou 
exposição potencial à SQI caracterizada na AC. 
 
O nível aceitável de risco para ecossistemas naturais, recursos naturais e recursos 
ambientais deve ser definido caso a caso, com base nos padrões legais aplicáveis 
(PLA). 
 
Os PLA são padrões definidos em legislação, que tem como objetivo a proteção de um 
bem a proteger específico, como por exemplo, os padrões de potabilidade e os 
padrões para enquadramento dos corpos de água superficiais. 
 
Para o patrimônio ou a ordenação territorial, o nível de risco aceitável deve ser 
definido caso a caso, com base no valor monetário do bem ou no valor dos prejuízos 
esperados, no caso de ocorrência de dano. 
 
O nível aceitável de risco também pode ser expresso na forma de concentração 
máxima aceitável (CMA) de uma SQI em contato com o bem a proteger, ou em um 
determinado compartimento do meio ambiente. 
 
Esse valor, expresso na maioria das vezes em forma de concentração, é determinado 
na etapa de avaliação de risco, e representa também, indiretamente, o nível de risco 
aceitável para o bem a proteger em avaliação. 
 
Assim, caso o valor da concentração da SQI, determinada em contato com o bem a 
proteger, ou no compartimento do meio ambiente, seja igual ou menor que o valor da 
sua CMA, o risco a esse bem a proteger está abaixo do nível de risco aceitável. 
 
Depois desse detalhamento dos conceitos de risco e dano em AC, vemos que, além 
da necessidade da existência de uma fonte de contaminação primária, conforme a sua 
definição, também há a necessidade de se comprovar a existência de um dano a um 
bem a proteger ou a existência de risco acima do nível aceitável a um bem a proteger, 
para que uma área seja classificada como AC. 
 
3. Gerenciamento de Áreas Contaminadas 
 
O Gerenciamento de Áreas Contaminadas (GAC) é o conjunto de ações de 
identificação, caracterização e implementação de medidas de intervenção em Áreas 
Contaminadas (AC) localizadas em uma região de interesse, com o objetivo de 
viabilizar o uso seguro proposto ou implementado em cada uma delas, culminando na 
sua classificação como Área Reabilitada para o Uso Declarado (AR). 
 
Capítulo 1: Introdução ao Gerenciamento de Áreas Contaminadas 
Seção 1.2: Conceituação 
Manual de Gerenciamento de Áreas Contaminadas – 3ª Edição – Versão 3.1 11
Portanto, uma AR é aquela em que os riscos acima dos níveis aceitáveis ou os danos 
identificados e caracterizados aos bens a proteger foram gerenciados 
satisfatoriamente após execução das etapas do GAC. Observa-se que o uso 
declarado em uma AR deve estar em consonância com a legislação municipal de uso 
e ocupação do solo vigente na região onde ela se insere. 
 
A definição de GAC apresentada é condensada, mas contém conceitos importantes, 
cujo conhecimento é fundamental para o entendimento do seu funcionamento. 
 
Conforme destacado a seguir, podemos dividir o GAC em dois conjuntos de ações. 
 
O primeiro conjunto de ações do GAC envolve a identificação e caracterização de AC, 
cujos conceitos envolvidos são apresentados no item 3.1 desta Seção. Esse primeiro 
conjunto de ações é conhecido como Processo de Identificação de Áreas 
Contaminadas. 
 
O segundo conjunto de ações do GAC visa implementar as medidas de intervenção 
em AC, com o objetivo de viabilizar o uso seguro proposto ou implementado em cada 
uma delas, culminando na sua classificação como AR, cujos conceitos envolvidos são 
apresentados no item 3.2 desta Seção. Esse segundo conjunto de ações é conhecido 
como Processo de Reabilitação de Áreas Contaminadas. 
 
No item 3.3 desta Seção são apresentadas as bases legais do GAC. 
 
A Metodologia de Gerenciamento de Áreas Contaminadas descreve os métodos a 
serem utilizados para a execução das etapas do Processo de Identificação de Áreas 
Contaminadas e do Processo de Reabilitação de Áreas Contaminadas de forma 
detalhada. 
 
Com o objetivo de otimizar recursos técnicos e econômicos, a Metodologia de 
Gerenciamento de Áreas Contaminadas, baseia-se em uma estratégia constituída por 
etapas sequenciais, em que a informação obtida em cada etapa é a base para a 
execução da etapa posterior. 
 
O Processo de Identificação de Áreas Contaminadas é constituído por cinco etapas: 
 
 Identificação de Áreas com Potencial de Contaminação; 
 Avaliação Preliminar; 
 Investigação Confirmatória; 
 Investigação Detalhada; 
 Avaliação de Risco. 
O Processo de Reabilitação de Áreas Contaminadas é constituído por cinco etapas: 
 
 Elaboração do Plano de Intervenção; 
 Execução do Plano de Intervenção; 
 Monitoramento para Encerramento; 
 Emissão do Termo de Reabilitação para o Uso Declarado; 
Capítulo 1: Introdução ao Gerenciamento de Áreas Contaminadas 
Seção 1.2: Conceituação 
Manual de Gerenciamento de Áreas Contaminadas – 3ª Edição – Versão 3.1 12
 Acompanhamento da Medida de Controle de Engenharia ou da Medida de 
Controle Institucional. 
O Processo de Identificação de Áreas Contaminadas se inicia com a procura de Áreas 
com Potencial de Contaminaçãoprocedimento, resgatar o histórico das atividades desenvolvidas no local, e assim tentar 
identificar os tipos de substâncias que possivelmente estejam ou estiveram ali 
armazenadas. 
Outra possibilidade de identificação dos resíduos ali depositados é tentar buscar 
informações contidas nos rótulos das embalagens, contudo deve-se ter extremo 
cuidado, pois em muitos casos o que está indicado no rótulo não condiz com o produto 
que se encontra armazenado nos contentores. 
Rótulos de identificação de produtos podem fornecer dados referentes ao fabricante ou 
distribuidor desses produtos, que devem responder solidariamente pelos contêineres, 
caso o responsável legal não se apresente ou não tenha condições de arcar com os 
custos do processo. Nestes casos, o fabricante ou o responsável pela distribuição 
poderão ser acionados para auxiliar na adoção de medidas de intervenção para eliminar 
os riscos. 
Nos casos de atendimentos emergenciais envolvendo, principalmente, massas falidas, 
normalmente não se tem informações a respeito dos produtos armazenados, o que 
obriga as equipes de resposta a planejar a estratégia de atuação para avaliação dos 
riscos instalados de forma mais cautelosa. 
A etapa de avaliação inicial deve ser realizada de maneira segura, e para isso as 
equipes devem, com auxílio de detector multigás, averiguar se há presença de gases 
Capítulo 1: Introdução ao Gerenciamento de Áreas Contaminadas 
Seção 1.11: Medidas Emergenciais em Áreas Contaminadas 
Manual de Gerenciamento de Áreas Contaminadas – 3ª Edição – Versão 3.1 16
ou vapores inflamáveis, bem como mensurar as concentrações de oxigênio no interior 
das instalações. (Figura 6). 
 
Figura 6 – Avaliação inicial da área, utilizando detector multigás. Fonte: CETESB. 
Valores do LII (Limite Inferior de Inflamabilidade) acima de 20% indicam risco de 
incêndio ou explosão, requerendo de imediato a eliminação de fontes de ignição e a 
adoção de procedimentos para diminuição dessas concentrações, como ventilação ou 
exaustão do local, principalmente em se tratando de ambientes fechados. 
Outra condição de risco a ser monitorada são as concentrações de vapores tóxicos 
(Compostos Orgânicos Voláteis - COV), o que deve ser realizado com o auxílio de um 
fotoionizador. 
O monitoramento deve ser realizado periodicamente, principalmente no início das 
operações quando da movimentação das embalagens, pois é nesse momento que as 
substâncias tendem a evaporar com mais intensidade. 
Os níveis de concentração obtidos no monitoramento devem servir de referência às 
equipes no planejamento das ações, como por exemplo, no estabelecimento das zonas 
de trabalho, como também definir os Equipamentos de Proteção Individual (EPI) a 
serem utilizados nas diversas etapas da operação. 
O processo de avaliação inicial, além de considerar os aspectos relacionados aos riscos 
associados aos resíduos e sua classificação, deve estimar a quantidade de material 
armazenado na área. 
É importante que se realize inventário do material armazenado nas instalações, mesmo 
que estimado, e se verifique as condições nas quais as embalagens estão dispostas, 
pois esse embasará, com as informações necessárias, a elaboração de um plano 
estratégico de intervenção para a remoção e destinação dos resíduos. 
O referido plano tem por objetivo definir, com critérios, quais atividades deverão ser 
desenvolvidas, quem são os responsáveis por cada etapa da operação e a forma como 
ela deverá ser executada, além do que, determinar quais recursos humanos e materiais 
serão necessários para a execução dos trabalhos. 
Cabe lembrar que o atendimento à emergência química em áreas abandonadas, como 
nesses casos, pode envolver a participação de diversos órgãos como Defesa Civil, Setor 
Saúde, Agência Ambiental, Polícia, empresas de iniciativa privada, dentre outros. É 
aconselhável que todas essas instituições participem da elaboração do plano, e que ele 
contemple minimamente alguns aspectos importantes, tais como: 
 contratação de empresa especializada e mão de obra qualificada para realização da 
operação; 
Capítulo 1: Introdução ao Gerenciamento de Áreas Contaminadas 
Seção 1.11: Medidas Emergenciais em Áreas Contaminadas 
Manual de Gerenciamento de Áreas Contaminadas – 3ª Edição – Versão 3.1 17
 disponibilização de infraestrutura (maquinário, embalagens, transporte) e 
equipamentos de proteção individual (EPI) destinado às equipes de operação; 
 esclarecimento à população vizinha quanto aos procedimentos adotados durante a 
realização dos trabalhos; 
 implementação de sinalização de segurança na área de trabalho e acesso ao local 
(zonas de trabalho); 
 comunicação ao órgão de trânsito local sobre a movimentação de caminhões; 
 emissão de documentação necessária exigida pelos órgãos competentes, 
principalmente para destinação dos resíduos; 
 manutenção de comunicação direta com os órgãos competentes em caso de 
situações de emergência durante o transcorrer dos trabalhos; 
 realização de registro diário das atividades e ocorrências; 
 apresentação de relatórios periódicos de expedição dos resíduos destinados; 
 realização de procedimento de raspagem do solo e limpeza superficial da área; 
 destinação do solo resultante da raspagem e limpeza superficial como resíduo 
perigoso; 
 apresentação, ao final dos trabalhos, de relatório com o registro das atividades 
desenvolvidas e resultados alcançados, com registro fotográfico. 
 
Por se tratar de resíduos químicos armazenados por longo período, é comum que as 
embalagens se encontrem em condições precárias (amassadas, enferrujadas ou 
abertas), e estocadas de forma a oferecer risco, muitas delas apresentando vazamento. 
Consequentemente, isso significa que os resíduos poderão estar em contato direto com 
o solo, o que aumenta o risco e dificulta todo o processo de remoção. 
Dependendo do estado das embalagens e recipientes, caso esses apresentem 
problemas de integridade ou não atendam à legislação vigente, pode haver necessidade 
da transferência de produto para novas embalagens antes do início das operações de 
movimentação. 
Tal procedimento deve ser realizado com extremo cuidado, utilizando sempre 
equipamento compatível, como por exemplo, bombas de transferência intrinsicamente 
seguras (à prova de explosão), no caso de produtos inflamáveis. O risco de 
inflamabilidade poderá ser verificado por meio de equipamento adequado. 
Durante o processo de transferência, a atenção deverá estar voltada para a 
incompatibilidade entre produtos, evitando-se misturar produtos e resíduos com 
características diversas ou desconhecidas, evitando-se assim a ocorrência de reações 
violentas, exotérmicas ou que gerem subprodutos tóxicos. 
Uma vez removidos do local de armazenamento, as embalagens devem ser 
encaminhadas a um espaço previamente definido como zona morna ou “área de 
expedição”. 
A área de expedição deve ser um local facilmente acessível para a entrada de 
maquinários que atuaram na zona quente, assim como dos caminhões que serão 
utilizados para o transporte dos produtos e resíduos para sua destinação final. 
Ela deve ter, ainda, espaço suficiente para acondicionar os produtos e resíduos de forma 
segura, sobre paletes, com contenções e para se proceder o adequado manuseio dos 
recipientes (movimentação interna, a segregação dos resíduos, a avaliação das 
condições dos frascos, a identificação, o registro fotográfico etc.). 
Atentar para que as embalagens utilizadas no envase dos resíduos perigosos e sua 
identificação estejam em conformidade com a legislação vigente. 
É importante que as embalagens sejam identificadas no mínimo com as seguintes 
informações: 
Capítulo 1: Introdução ao Gerenciamento de Áreas Contaminadas 
Seção 1.11: Medidas Emergenciais em Áreas Contaminadas 
Manual de Gerenciamento de Áreas Contaminadas – 3ª Edição – Versão 3.1 18
 Designação do nº ONU; 
 Código de Identificação - NBR 10.004; 
 Denominação/Caracterização; 
 Gerador; 
 Destinatário;(AP) (etapa de Identificação de Áreas com Potencial 
de Contaminação), em uma região de interesse, ou seja, as áreas onde podem existir 
ou ter existido atividades potencialmente geradoras de áreas contaminadas. 
 
Em seguida, em cada AP identificada na região de interesse, devem ser realizadas 
avaliações e investigações, que visam identificar os locais onde existe a possibilidade 
da ocorrência de contaminação nos compartimentos do meio ambiente. 
 
Essas avaliações e investigações se iniciam com a realização de levantamento de 
informações históricas e interpretação dos resultados de inspeções e entrevistas, que 
visam identificar as fontes de contaminação potenciais existentes ou que possam ter 
existido na área, e levantar indícios de contaminação nos compartimentos do meio 
ambiente (etapa de Avaliação Preliminar). 
 
Utilizando-se, em seguida, de métodos diretos e indiretos, são realizadas 
investigações, com o objetivo de confirmar a existência de contaminação nos 
compartimentos do meio ambiente e a existência de fontes de contaminação primárias 
na área em avaliação (etapa de Investigação Confirmatória). 
 
Depois da confirmação da existência de contaminação nos compartimentos do meio 
ambiente e da existência de fontes de contaminação primárias e secundárias, as 
investigações continuam, com o objetivo de caracterizar as fontes primárias de 
contaminação e as plumas de contaminação identificadas (etapa de Investigação 
Detalhada). 
 
O Processo de Identificação de Áreas Contaminadas é encerrado com a verificação da 
ocorrência de riscos acima dos níveis aceitáveis aos bens a proteger identificados na 
área em avaliação ou na sua vizinhança, que podem estar expostos ou que foram 
expostos à contaminação observada nos compartimentos do meio ambiente. Nesse 
momento já se pode constatar também danos aos bens a proteger (etapa de Avaliação 
de Risco). 
 
O Processo de Reabilitação de Áreas Contaminadas tem início quando, ao final do 
Processo de Identificação de Áreas Contaminadas, forem identificados riscos acima 
dos níveis aceitáveis ou danos aos bens a proteger, devendo ser elaborado e 
executado um plano de intervenção (etapa de Elaboração do Plano de Intervenção). 
 
Nessa etapa são selecionadas e planejadas as medidas de intervenção sustentáveis 
(nas dimensões econômica, social e ambiental), que serão implementadas nas etapas 
seguintes para viabilizar o uso seguro, atual ou futuro da área em avaliação. Destaca-
se que o uso seguro da área em avaliação deve estar de acordo com a legislação de 
uso e ocupação do solo vigente na região onde ela se insere. 
 
Como regra básica da Metodologia de Gerenciamento de Áreas Contaminadas, todas 
as informações obtidas em cada uma de suas etapas devem ser armazenadas no 
Cadastro de Áreas Contaminadas e Reabilitadas. 
 
O Cadastro de Áreas Contaminadas e Reabilitadas é utilizado para dar publicidade às 
ações de Gerenciamento de Áreas Contaminadas na região de interesse. 
 
Capítulo 1: Introdução ao Gerenciamento de Áreas Contaminadas 
Seção 1.2: Conceituação 
Manual de Gerenciamento de Áreas Contaminadas – 3ª Edição – Versão 3.1 13
As informações armazenadas no Cadastro de Áreas Contaminadas e Reabilitadas 
também são úteis para apoiar as demais instituições que possuem obrigações 
relativas ao GAC. 
 
Durante a realização das etapas do GAC, em razão do nível das informações obtidas, 
dos riscos ou danos aos bens a proteger identificados ou das medidas de intervenção 
adotadas, as áreas podem receber as seguintes classificações: 
 
 Área com Potencial de Contaminação (AP); 
 Área Suspeita de Contaminação (AS); 
 Área Contaminada (AC): 
 Área Contaminada sob Investigação (ACI); 
 Área Contaminada com Risco Confirmado (ACRi); 
 Área Contaminada em Processo de Remediação (ACRe); 
 Área Contaminada em Processo de Reutilização (ACRu). 
 Área em Processo de Monitoramento para Encerramento (AME); 
 Área Reabilitada para o Uso Declarado (AR); 
 Área Atingida por Fonte Externa (AFe); 
 Área Alterada por Fonte Difusa (AFd); 
 Área com Alteração de Qualidade Natural (AQN); 
 Área não Contaminada (AN). 
Destaca-se que existem quatro tipos ou espécies de AC, ou seja, ACI, ACRi, ACRe e 
ACRu. 
 
A classificação recebida após a execução de cada uma das etapas do GAC 
(Classificação 1 a 10 na Figura 1.2-1) é importante para definir a necessidade de 
continuidade ou de encerramento do GAC. 
 
A Figura 1.2-1 mostra esquematicamente as etapas do GAC. 
 
Capítulo 1: Introdução ao Gerenciamento de Áreas Contaminadas 
Seção 1.2: Conceituação 
Manual de Gerenciamento de Áreas Contaminadas – 3ª Edição – Versão 3.1 14
 
Figura 1.2-1: Etapas do Gerenciamento de Áreas Contaminadas (GAC) 
 
A responsabilidade pela execução das etapas do GAC cabe ao responsável legal e ao 
responsável técnico, com exceção das etapas de Identificação de Áreas com Potencial 
de Contaminação e de Emissão do Termo de Reabilitação para o Uso Declarado, que 
cabe ao órgão ambiental gerenciador. 
 
O responsável legal é uma pessoa física ou jurídica, de direito público ou privado, 
responsável, direta ou indiretamente, pela área em avaliação (AP, AC ou qualquer 
classificação possível). 
 
O responsável técnico é uma pessoa física ou jurídica, com capacidade e 
conhecimento técnico específico sobre o assunto, designada pelo responsável legal 
para planejar e executar as etapas do GAC. 
 
Cabe ao órgão ambiental gerenciador coordenar a execução do GAC na região de 
interesse, fiscalizar o cumprimento das exigências previstas, além de gerir e divulgar 
as informações obtidas durante a sua execução. 
 
Normalmente, o órgão ambiental gerenciador é o órgão ambiental responsável pelo 
licenciamento das atividades potencialmente geradoras de áreas contaminadas na 
região de interesse. 
Capítulo 1: Introdução ao Gerenciamento de Áreas Contaminadas 
Seção 1.2: Conceituação 
Manual de Gerenciamento de Áreas Contaminadas – 3ª Edição – Versão 3.1 15
 
A região de interesse é a região onde o GAC está sendo desenvolvido, cujos limites 
compreendem a abrangência de atuação do órgão ambiental gerenciador. 
 
A CETESB, por exemplo, é o órgão ambiental gerenciador que coordena a execução 
do GAC no Estado de São Paulo, de acordo com a Lei Estadual nº 13.577/2009 e 
Decreto Estadual Regulamentador nº 59.263/2013. 
 
3.1. O Processo de Identificação de Áreas Contaminadas 
Como explicado anteriormente, o Processo de Identificação de Áreas Contaminadas é 
o conjunto de etapas do GAC que tem por objetivos identificar as AC na região de 
interesse, determinar suas características, identificar e caracterizar os riscos ou danos 
aos bens a proteger a elas associados, possibilitando a decisão sobre a necessidade 
de adoção de medidas de intervenção. 
 
O Processo de Identificação de Áreas Contaminadas é constituído por cinco etapas 
listadas a seguir, conforme pode ser observado na Figura 1.2-1: 
 
 Identificação de Áreas com Potencial de Contaminação; 
 Avaliação Preliminar; 
 Investigação Confirmatória; 
 Investigação Detalhada; 
 Avaliação de Risco. 
 
3.1.1. Identificação de Áreas com Potencial de Contaminação 
 
O objetivo geral da etapa de Identificação de Áreas com Potencial de Contaminação é 
identificar as áreas, dentro de uma região de interesse, onde podem existir ou ter 
existido fontes de contaminação potenciais, ou seja, as áreas que podem ser 
classificadas como AP (Classificação 1, na Figura 1.2-1). 
 
A etapa de Identificação de Áreas com Potencial de Contaminação é executada, 
basicamente, a partir do cruzamento de informações existentes sobre as atividades 
econômicas desenvolvidas na região de interesse, com a relação de atividades 
potencialmente geradoras de áreas contaminadas. Esse trabalho permite identificar os 
endereços e/ou os locais onde as atividades potencialmente geradoras de áreas 
contaminadas são ou foram desenvolvidas, os quais receberão a classificação de AP 
(ver Capítulo 4). 
 
A responsabilidade pela execução da etapa deIdentificação de Áreas com Potencial 
de Contaminação é do órgão que coordena a execução do GAC na região de 
interesse, denominado como órgão ambiental gerenciador. 
 
As AP identificadas na etapa de Identificação de Áreas com Potencial de 
Contaminação devem ser registradas no Cadastro de Áreas Contaminadas e 
Reabilitadas, formando a Relação de Áreas com Potencial de Contaminação. 
 
As informações obtidas na etapa de Identificação de Áreas com Potencial de 
Contaminação são utilizadas para subsidiar a execução das etapas subsequentes do 
Capítulo 1: Introdução ao Gerenciamento de Áreas Contaminadas 
Seção 1.2: Conceituação 
Manual de Gerenciamento de Áreas Contaminadas – 3ª Edição – Versão 3.1 16
Processo de Identificação de Áreas Contaminadas de responsabilidade do 
Responsável Legal. 
 
Em razão do grande número de AP normalmente identificadas nessa etapa, pode ser 
necessária a realização de priorização, com o objetivo de definir as AP onde é 
prioritária a realização da próxima etapa do Processo de Identificação de Áreas 
Contaminadas. 
 
A priorização de AP deve ser executada conforme critérios estabelecidos pelo órgão 
ambiental gerenciador. 
 
Dessa forma, os responsáveis legais pelas AP consideradas prioritárias devem ser 
demandados, pelo órgão ambiental gerenciador, a realizar a etapa seguinte do GAC, 
ou seja, a etapa de Avaliação Preliminar. 
 
3.1.2. Avaliação Preliminar 
 
A realização da etapa de Avaliação Preliminar em cada AP tem como objetivo geral 
identificar fatos, evidências, indícios ou incertezas que levem a suspeitar da existência 
de contaminação nos compartimentos do meio ambiente, gerada a partir de fonte de 
contaminação primária localizada dentro dos limites da área em avaliação. 
 
A sua execução compreende basicamente a realização de um levantamento de 
informações em documentos existentes sobre a área em avaliação e a coleta de 
informações em campo, por meio de inspeções e entrevistas (ver Capítulo 5). 
 
A responsabilidade pela realização da etapa de Avaliação Preliminar é do responsável 
legal, que deve designar um responsável técnico para executá-la. 
 
Os responsáveis legais pelas AP também podem ser demandados a executar a etapa 
de Avaliação Preliminar quando o órgão ambiental gerenciador indicar essa 
necessidade, por meio de exigência técnica em processos administrativos. 
 
Também é possível os responsáveis legais pelas AP executarem espontaneamente a 
etapa de Avaliação Preliminar, quando tiverem interesse em iniciar um processo de 
reutilização da AP ou um processo de desativação da atividade licenciada, ou quando 
acharem pertinente em seu sistema de gestão ambiental. 
 
Quando os resultados da etapa de Avaliação Preliminar identificar fatos, evidências, 
indícios ou incertezas que levem a suspeitar da existência de contaminação nos 
compartimentos do meio ambiente, a área em avaliação terá sua classificação alterada 
de AP para Área com Suspeita de Contaminação (AS). 
 
A AS identificada deve prosseguir para a realização da próxima etapa de Investigação 
Confirmatória e ser registrada pelo órgão ambiental gerenciador no Cadastro de Áreas 
Contaminadas e Reabilitadas, complementando a Relação de Áreas Suspeitas de 
Contaminação. 
 
É importante que essa etapa seja realizada adequadamente, pois as informações 
obtidas na etapa de Avaliação Preliminar são utilizadas para subsidiar a execução das 
etapas subsequentes do Processo de Identificação de Áreas Contaminadas, 
especialmente, o planejamento da etapa seguinte de Investigação Confirmatória. 
 
Cabe ao órgão ambiental gerenciador avaliar o relatório de avaliação preliminar 
apresentado pelo responsável legal e realizar a gestão das informações obtidas. 
Capítulo 1: Introdução ao Gerenciamento de Áreas Contaminadas 
Seção 1.2: Conceituação 
Manual de Gerenciamento de Áreas Contaminadas – 3ª Edição – Versão 3.1 17
 
A seguir, as principais atividades da etapa Avaliação Preliminar são listadas em uma 
ordem lógica de execução, e descritas com um pouco mais de detalhe nas alíneas 
subsequentes: 
 
 identificar as fontes de contaminação potenciais; 
 identificar as substâncias químicas de interesse (SQI); 
 constatar situações que permitam suspeitar da existência de fontes de 
contaminação primárias dentro da área em avaliação; 
 constatar situações que permitam suspeitar da existência de contaminação nos 
compartimentos do meio ambiente; 
 descrever as hipóteses de liberação das SQI a partir das fontes de 
contaminação potenciais identificadas para os compartimentos do meio 
ambiente; 
 verificar a possibilidade da área em avaliação ser atingida por contaminação 
gerada em fonte de contaminação externa, por fonte de contaminação difusa 
ou apresentar contaminação por fonte de contaminação natural; 
 identificar os bens a proteger; 
 identificar os caminhos de exposição potenciais; 
 definir o modelo conceitual inicial da área (MCA 1); 
 propor nova classificação da AP; 
 verificar a necessidade de realização da etapa de Investigação Confirmatória; 
 propor plano preliminar da etapa de Investigação Confirmatória; 
 identificar os responsáveis legais solidários. 
a. Identificar as fontes de contaminação potenciais 
A identificação e caracterização das fontes de contaminação potenciais existentes ou 
que existiram dentro da AP visa dar os subsídios necessários para a identificação e 
caracterização das fontes de contaminação primárias, na etapa seguinte de 
Investigação Confirmatória. 
 
b. Identificar as SQI 
A identificação das SQI compreende avaliar, para cada fonte de contaminação 
potencial identificada, quais substâncias são armazenadas, os seus produtos de 
degradação, e dentre elas, quais podem provocar a contaminação dos 
compartimentos do meio ambiente quando liberadas. 
 
Essa relação de SQI visa dar os subsídios para a identificação e caracterização das 
fontes de contaminação primárias e dos compartimentos do meio ambiente 
contaminados, na etapa seguinte de Investigação Confirmatória. 
 
Capítulo 1: Introdução ao Gerenciamento de Áreas Contaminadas 
Seção 1.2: Conceituação 
Manual de Gerenciamento de Áreas Contaminadas – 3ª Edição – Versão 3.1 18
c. Constatar situações que permitam suspeitar da existência de fontes de 
contaminação primárias dentro da área em avaliação 
O responsável técnico, diante das diversas informações e situações que se depara no 
decorrer da etapa de Avaliação Preliminar, deve se atentar aos fatos, evidências, 
indícios ou incertezas que permitam suspeitar da existência de fontes de 
contaminação primárias dentro da área em avaliação. Alguns exemplos dessas 
situações são descritos a seguir: 
 
 a constatação da suspeita de ocorrência de vazamentos na fonte de 
contaminação potencial; 
 a ocorrência de vazamentos na fonte de contaminação potencial; 
 a constatação de manejo inadequado de matérias-primas, produtos, insumos, 
resíduos ou efluentes, durante o funcionamento da fonte de contaminação 
potencial; 
 a constatação de inadequações no projeto da fonte de contaminação 
potencial; 
 a observação de indícios de contaminação nos compartimentos do meio 
ambiente, localizados nas proximidades da fonte de contaminação potencial; 
 a constatação de incertezas sobre a localização da fonte de contaminação 
potencial; 
 a constatação de incertezas sobre a existência da fonte de contaminação 
potencial. 
A constatação de uma ou mais das situações citadas é suficiente para classificar a AP, 
identificada na etapa anterior de Identificação de Áreas com Potencial de 
Contaminação, como AS, na etapa de Avaliação Preliminar, além de subsidiar o 
planejamento da etapa seguinte de Investigação Confirmatória. 
 
d. Constatar situações que permitam suspeitar da existência de 
contaminação nos compartimentos do meio ambiente 
Seguindo na mesma linha de trabalho da alínea "c" anterior, durante as atividades da 
etapa de Avaliação Preliminar, o responsável técnico também deve ser capaz de 
constatar fatos, evidências,indícios ou incertezas que permitam suspeitar da 
existência de contaminação nos compartimentos do meio ambiente, conforme 
exemplos descritos a seguir: 
 
 a ocorrência de matérias-primas, produtos, insumos, resíduos e efluentes, 
relacionados à fonte de contaminação potencial, dispostos sobre os pisos ou 
sobre o solo, impregnados nas paredes das construções, misturados no 
material de aterro, nas águas subterrâneas, no sedimento ou em outro 
compartimento do meio ambiente; 
 a constatação da presença de odores ou vapores no ar ambiente, no solo, ou 
mesmo nas águas subterrâneas, nas águas superficiais ou outros 
compartimentos do meio ambiente, relacionados às SQI identificadas na fonte 
de contaminação potencial. 
 
Capítulo 1: Introdução ao Gerenciamento de Áreas Contaminadas 
Seção 1.2: Conceituação 
Manual de Gerenciamento de Áreas Contaminadas – 3ª Edição – Versão 3.1 19
A constatação de uma ou mais das situações citadas é suficiente para classificar a AP, 
identificada na etapa anterior de Identificação de Áreas com Potencial de 
Contaminação, como AS, na etapa de Avaliação Preliminar, além de subsidiar o 
planejamento da etapa seguinte de Investigação Confirmatória. 
 
e. Descrever as hipóteses de liberação das SQI a partir das fontes de 
contaminação potenciais identificadas para os compartimentos do meio 
ambiente 
As hipóteses de liberação das SQI tratam da descrição dos fenômenos de transporte 
da SQI a partir da sua saída da fonte de contaminação potencial até atingir os 
compartimentos do meio ambiente adjacentes. Essa atividade pode envolver também 
a descrição dos eventos e fenômenos capazes de provocar essa liberação não 
desejada, assim como da possível posição e dimensões do ponto ou área onde pode 
ocorrer a saída da SQI da fonte de contaminação potencial. 
 
A descrição do ponto e forma de contato da SQI com o compartimento do meio 
ambiente adjacente é importante para se definir os locais a serem investigados na 
etapa seguinte de Investigação Confirmatória. 
 
f. Verificar a possibilidade da área em avaliação ser atingida por 
contaminação gerada em fonte de contaminação externa, por fonte de 
contaminação difusa ou apresentar contaminação por fonte de 
contaminação natural 
Para verificar a possibilidade da área em avaliação ser atingida por contaminação 
gerada em fonte de contaminação externa, ou por fonte de contaminação difusa, é 
necessário que sejam obtidas informações sobre a eventual presença de fontes de 
contaminação potenciais ou primárias localizadas na vizinhança a montante. Essa 
avaliação, quando feita na etapa de Avaliação Preliminar, normalmente se baseia na 
topografia do terreno ou na direção predominante do vento, dependendo da situação. 
 
Para verificar a possibilidade de ocorrer contaminação natural na área sob avaliação é 
necessário que sejam obtidas informações sobre a existência de fonte de 
contaminação natural na região, normalmente obtida em literatura especializada. 
 
Essas informações são importantes para a classificação correta da área na etapa de 
Avaliação Preliminar, e para a definição do responsável legal pela execução da etapa 
seguinte de Investigação Confirmatória. 
 
g. Identificar os bens a proteger 
A identificação dos bens a proteger dentro dos limites da área em avaliação e na sua 
vizinhança envolve a consulta a mapas de uso e ocupação do solo e fotografias 
aéreas multitemporais. Nesses vários tipos de documentos é possível observar, por 
exemplo, a localização dos corpos de água superficiais, assim como as áreas 
ocupadas predominantemente por residências ou indústrias, entre outros bens a 
proteger. 
 
Essas informações são utilizadas para definir os caminhos potenciais de exposição 
importantes durante a execução das etapas de Investigação Detalhada e Avaliação de 
Risco. 
 
h. Identificar os caminhos de exposição potenciais 
Capítulo 1: Introdução ao Gerenciamento de Áreas Contaminadas 
Seção 1.2: Conceituação 
Manual de Gerenciamento de Áreas Contaminadas – 3ª Edição – Versão 3.1 20
Os caminhos de exposição potenciais são os percursos que as SQI podem fazer, a 
partir da fonte de contaminação potencial, passando pelos compartimentos do meio 
ambiente, até atingirem os receptores ou bens a proteger identificados. 
 
Essas informações são importantes para subsidiar, principalmente, a execução das 
etapas de Investigação Detalhada e Avaliação de Risco. 
 
i. Definir o modelo conceitual inicial da área (MCA 1) 
O primeiro modelo conceitual da área (MCA 1) é um relato escrito, acompanhado de 
ilustrações, dos resultados obtidos na etapa de Avaliação Preliminar. O seu conteúdo 
descreve, basicamente, as características das fontes de contaminação potenciais, das 
SQI, dos caminhos de exposição potenciais e dos bens a proteger. 
 
As informações compiladas no MCA 1 são importantes para facilitar a visualização de 
como as SQI podem atingir os receptores, indicando claramente os locais a serem 
investigados na etapa de Investigação Confirmatória. 
 
j. Propor nova classificação da AP 
Em termos práticos, o objetivo principal da etapa de Avaliação Preliminar é verificar se 
a AP pode ser classificada como AS, ou outra classificação possível (Classificação 2, 
na Figura 1.2-1). Assim, uma AP passa a ser classificada como AS quando, durante a 
execução da etapa de Avaliação Preliminar, forem identificados: 
 
 fatos, evidências, indícios ou incertezas que permitam suspeitar da existência 
de fontes de contaminação primárias, dentro dos limites da AP em avaliação; 
 fatos, evidências, indícios ou incertezas que permitam suspeitar da existência 
de contaminação nos compartimentos do meio ambiente, gerada dentro dos 
limites da AP em avaliação. 
 
Cabe ser destacado que durante a etapa de Avalição Preliminar, a área em avaliação 
pode receber outras classificações, além da classificação como AS, em razão dos 
resultados obtidos. 
 
Caso não sejam identificados fatos, evidências, indícios ou incertezas da existência de 
fonte de contaminação primária e nem da contaminação dos compartimentos do meio 
ambiente, a área em avaliação mantém a sua classificação como AP se nessa área 
permanecer funcionando uma atividade potencialmente geradora de áreas 
contaminadas, ou seja, quando nela continuam em atividade fontes de contaminação 
potenciais. 
 
Alternativamente, se nessa área não permanecer funcionando uma atividade 
potencialmente geradora de áreas contaminadas, ou seja, se nela não continuarem 
em atividade fontes de contaminação potenciais, a área será classificada como Área 
não Contaminada (AN). 
 
Caso os resultados da Avaliação Preliminar demonstrem que na área nunca houve 
fontes de contaminação potenciais, a área em avaliação será removida do Cadastro 
de Áreas Contaminadas e Reabilitadas (removida da Relação de Áreas com Potencial 
de Contaminação), uma vez que a sua classificação inicial como AP foi provocada, 
provavelmente, devido a algum erro ocorrido na etapa de Identificação de Áreas com 
Potencial de Contaminação. 
Capítulo 1: Introdução ao Gerenciamento de Áreas Contaminadas 
Seção 1.2: Conceituação 
Manual de Gerenciamento de Áreas Contaminadas – 3ª Edição – Versão 3.1 21
 
A área avaliada na etapa de Avaliação Preliminar, em que foi constatada a 
possibilidade de essa ser atingida por contaminação gerada em fonte de 
contaminação externa, ou por fonte de contaminação difusa, ou apresentar fonte de 
contaminação natural, deve ser classificada como AS e prosseguir para a próxima 
etapa de Investigação Confirmatória. 
 
k. Verificar a necessidade de realização da etapa de Investigação 
Confirmatória 
O responsável legal pela área classificada como AS após a etapa de Avaliação 
Preliminar deve realizar a etapa seguinte do GAC, ou seja, a etapa de Investigação 
Confirmatória. 
 
Quando a área for classificada como AP após a etapa de Avaliação Preliminar, o GAC, 
ou mais especificamente, o Processo de Identificação de Áreas Contaminadas deverá 
ser encerrado, podendo ser retomado quandohouver interesse na desativação da 
atividade licenciada ou na reutilização da AP, ou por exigência do órgão ambiental 
gerenciador. 
 
Quando a área for classificada como AN após a etapa de Avaliação Preliminar, o GAC, 
ou mais especificamente, o Processo de Identificação de Áreas Contaminadas deverá 
ser encerrado. 
 
Quando após a etapa de Avaliação Preliminar verifica-se que a sua classificação inicial 
como AP foi provocada devido a algum erro ocorrido na etapa de Identificação de 
Áreas com Potencial de Contaminação, o GAC, ou mais especificamente, o Processo 
de Identificação de Áreas Contaminadas deverá ser encerrado e a área em avaliação 
será retirada da Relação de Áreas com Potencial de Contaminação. 
 
Com o objetivo de agilizar os trabalhos, o responsável legal poderá executar 
espontaneamente a etapa de Investigação Confirmatória em uma AS, mesmo antes de 
receber essa demanda do órgão ambiental gerenciador, especialmente quando tiver 
interesse em iniciar um processo de reutilização da AS ou um processo de 
desativação da atividade licenciada. 
 
l. Propor plano preliminar da etapa de Investigação Confirmatória 
O responsável técnico, designado pelo responsável legal pela área classificada como 
AS, deve elaborar plano preliminar para a execução da etapa seguinte do Processo de 
Identificação de Áreas Contaminadas, ou seja, a etapa de Investigação Confirmatória. 
 
O MCA 1 serve como base fundamental para a elaboração desse plano preliminar da 
etapa de Investigação Confirmatória. 
 
O plano preliminar da etapa de Investigação Confirmatória deve conter, basicamente, 
a indicação dos compartimentos do meio ambiente a serem investigados, as 
estratégias a serem adotadas para a definição da localização e profundidade dos 
pontos de amostragem, a indicação das SQI a serem consideradas e seus respectivos 
valores de intervenção (VI) a serem utilizados. 
 
A elaboração de planos preliminares para a etapa posterior do GAC é uma ação 
importante de ser adotada, pois permite melhorar o planejamento de todo o 
gerenciamento da área, prevendo ações e possíveis dificuldades, além de demonstrar 
Capítulo 1: Introdução ao Gerenciamento de Áreas Contaminadas 
Seção 1.2: Conceituação 
Manual de Gerenciamento de Áreas Contaminadas – 3ª Edição – Versão 3.1 22
para o órgão ambiental gerenciador qual é estratégia de gestão futura pensada para a 
área em avaliação. 
 
m. Identificar os responsáveis legais solidários 
Os responsáveis legais solidários são as pessoas físicas ou jurídicas candidatas a 
arcar com a responsabilidade de executar as etapas subsequentes do GAC, quando 
os resultados da etapa de Avaliação Preliminar indicarem essa necessidade. 
 
Entre os responsáveis legais solidários identificados durante a etapa de Avaliação 
Preliminar (o causador da contaminação e seus sucessores, o proprietário da área, o 
superficiário, o detentor da posse efetiva ou quem dela se beneficiar direta ou 
indiretamente), deve ser indicado aquele, ou aqueles, que responderão pelas 
demandas do órgão ambiental gerenciador e executarão a etapa de Investigação 
Confirmatória. 
 
3.1.3. Investigação Confirmatória 
 
A realização da etapa de Investigação Confirmatória na área classificada como AS tem 
o objetivo geral de identificar situações que permitam confirmar ou não a existência de 
contaminação nos compartimentos do meio ambiente, gerada a partir de fontes de 
contaminação primária localizadas dentro dos limites da área em avaliação. 
 
A sua execução envolve, basicamente, a realização de investigações em pontos 
estrategicamente posicionados nos compartimentos do meio ambiente, utilizando-se 
de métodos diretos de investigação (ver Capítulo 6). 
 
Os métodos diretos de investigação são aqueles em que são obtidas amostras 
diretamente do compartimento do meio ambiente avaliado para determinação das 
suas características ou para a determinação da concentração ou quantidade da SQI 
nele presente. 
 
O responsável legal tem a prerrogativa de realizar a etapa de Investigação 
Confirmatória, devendo para isso, designar um responsável técnico para a sua 
execução. 
 
Cabe ao órgão ambiental gerenciador avaliar o Relatório de Investigação 
Confirmatória apresentado pelo responsável legal, com os resultados dessa etapa, e a 
gestão das novas informações obtidas. 
 
Quando confirmada a contaminação de pelo menos um dos compartimentos do meio 
ambiente após essa etapa, a área será classificada como Área Contaminada sob 
Investigação (ACI) e suas informações registradas pelo órgão ambiental gerenciador 
no Cadastro de Áreas Contaminadas e Reabilitadas, complementando a Relação de 
Áreas Contaminadas Sob Investigação. 
 
As informações obtidas na etapa de Investigação Confirmatória são utilizadas para 
subsidiar a execução das etapas subsequentes do Processo de Identificação de Áreas 
Contaminadas, especialmente, para o planejamento da etapa seguinte de Investigação 
Detalhada. 
 
A seguir, as principais atividades da etapa de Investigação Confirmatória são listadas 
em uma ordem lógica de execução e descritas com um pouco mais de detalhe nas 
alíneas subsequentes: 
 
Capítulo 1: Introdução ao Gerenciamento de Áreas Contaminadas 
Seção 1.2: Conceituação 
Manual de Gerenciamento de Áreas Contaminadas – 3ª Edição – Versão 3.1 23
 elaborar o plano definitivo de Investigação Confirmatória; 
 executar o plano definitivo de Investigação Confirmatória; 
 revisar as hipóteses de liberação das SQI a partir das fontes de contaminação 
primárias para os compartimentos do meio ambiente; 
 verificar a possibilidade da área em avaliação ser atingida por contaminação 
gerada em fonte de contaminação externa, em fonte de contaminação difusa 
ou apresentar fonte de contaminação natural; 
 identificar os bens a proteger que podem ser efetivamente atingidos pela 
contaminação; 
 identificar os caminhos de exposição; 
 definir o segundo modelo conceitual (MCA 2); 
 propor nova classificação da área em avaliação; 
 verificar a necessidade de continuidade do GAC; 
 propor plano preliminar para a execução da etapa de Investigação Detalhada; 
 identificar os responsáveis legais e solidários. 
a. Elaborar o plano definitivo de Investigação Confirmatória 
Inicialmente, cabe ser destacado que, a partir do plano preliminar para a execução da 
etapa de Investigação Confirmatória e MCA 1, elaborados na etapa de Avaliação 
Preliminar, deverá ser elaborado o plano definitivo de Investigação Confirmatória, o 
qual poderá conter alterações, com base nos resultados da aplicação dos métodos 
diretos e indiretos de investigação (por exemplo: geofísica e sondagens de 
reconhecimento - ver Capítulo 14), quando adotados na execução da própria 
Investigação Confirmatória. 
 
Esse plano definitivo de Investigação Confirmatória deve conter, em resumo, a 
indicação dos compartimentos do meio ambiente a serem investigados, a definição da 
localização e profundidade dos pontos de amostragem, a indicação das SQI a serem 
consideradas e seus respectivos Valores de Intervenção a serem utilizados para 
comparação. 
 
Conceitualmente, as investigações na etapa de Investigação Confirmatória devem 
estar posicionadas: 
 
 em locais onde foram identificadas fontes de contaminação potenciais; 
 em locais onde foram constatados fatos, evidências, indícios ou incertezas 
que levaram a suspeitar da existência de fontes de contaminação primárias; 
 em locais onde foram observados fatos, evidências, indícios ou incertezas 
que levaram a suspeitar da existência de contaminação nos compartimentos 
do meio ambiente; 
 nos locais onde foram constatadas anomalias, por meio da utilização de 
métodos diretos ou indiretos de investigação, durante a elaboração do plano 
definitivo da etapa de Investigação Confirmatória. 
Capítulo 1: Introdução ao Gerenciamento de Áreas Contaminadas 
Seção 1.2: Conceituação 
Manual de Gerenciamento de Áreas Contaminadas – 3ª Edição – Versão 3.1 24
 
O plano definitivo da etapa de Investigação Confirmatória

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