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Livro Eletrônico Aula 2 - Parte 2 Direito Administrativo p/ Concursos Cartórios - Curso Regular Wagner Damazio 07818729798 - Rodrigo Neves Quintino da Costa 2 Sumário Sumário ................................................................................................................................................................ 2 1. Considerações Iniciais ...................................................................................................................................... 5 2. Noções Gerais acerca do Ato Jurídico .............................................................................................................. 6 3. Definição de Ato Administrativo ...................................................................................................................... 8 3.1. Fato DA Administração e Fato Administrativo ....................................................................................... 10 3.2. Ato Administrativo, Político, Legislativo e Judicial ................................................................................. 11 3.3. Ato DA Administração e Ato Administrativo .......................................................................................... 12 3.4. Silêncio Administrativo ou o Não Ato ..................................................................................................... 14 3.5. Silêncio Eloquente .................................................................................................................................. 17 3.6. Planos de Existência, Validade e Eficácia ............................................................................................... 19 4. Elementos, Requisitos de Validade ou Aspectosdo Ato Administrativo ........................................................ 20 4.1. Competência ........................................................................................................................................... 22 4.2. Finalidade ............................................................................................................................................... 27 4.3. Forma ..................................................................................................................................................... 28 4.4. Motivo .................................................................................................................................................... 31 4.4.1. Motivo e Motivação .......................................................................................................................... 31 4.4.2.Teoria dos Motivos Determinantes ................................................................................................... 34 Wagner Damazio Aula 2 - Parte 2 Direito Administrativo p/ Concursos Cartórios - Curso Regular www.estrategiaconcursos.com.br 320412 07818729798 - Rodrigo Neves Quintino da Costa 3 4.5. Objeto ..................................................................................................................................................... 35 4.6. Mérito Administrativo ............................................................................................................................ 38 4.6.1. Doutrina Chenery .............................................................................................................................. 39 5. Atributos do Ato Administrativo .................................................................................................................... 41 5.1. Presunção de Legitimidade e Presunção de Veracidade ........................................................................ 41 5.2. Autoexecutoriedade ............................................................................................................................... 43 5.3. Tipicidade ............................................................................................................................................... 44 5.4. Imperatividade ....................................................................................................................................... 45 6. Classificação dos Atos Administrativos.......................................................................................................... 46 6.1. Quanto aos Destinatários ....................................................................................................................... 48 6.2. Quanto ao Alcance ................................................................................................................................. 49 6.3. Quanto ao Objeto ................................................................................................................................... 50 6.4. Quanto ao Regramento .......................................................................................................................... 51 6.5. Quanto à Formação da Vontade ............................................................................................................ 52 6.6. Quanto ao Conteúdo .............................................................................................................................. 54 6.7. Quanto à Eficácia ................................................................................................................................... 55 6.8. Quanto à Exequibilidade ........................................................................................................................ 57 6.9. Quanto à Retratabilidade ....................................................................................................................... 59 6.10. Quanto ao Modo de Execução ............................................................................................................. 61 6.11. Quanto ao Objetivo Visado pela Administração .................................................................................. 61 6.12. Quanto aos Efeitos ............................................................................................................................... 62 7. Atos Administrativos em Espécie ................................................................................................................... 64 7.1. Atos Administrativos Normativos ........................................................................................................... 64 7.2. Atos Administrativos Ordinatórios ......................................................................................................... 66 7.3. Atos Administrativos Negociais .............................................................................................................. 67 7.4. Atos Administrativos Enunciativos ......................................................................................................... 70 7.5. Atos Administrativos Punitivos ............................................................................................................... 72 8. Extinção dos Atos Administrativos ................................................................................................................ 74 8.1. Extinção de Ato Eficaz por Cumprimento de seus Efeitos ...................................................................... 75 8.2. Extinção de Ato Eficaz por Desaparecimento do Sujeito ou Objeto ....................................................... 76 8.3. Extinção de Ato Eficaz por sua Retirada do Mundo Jurídico .................................................................. 76 8.3.1. Revogação e Anulação (Invalidação) ................................................................................................ 77 8.3.2. Atos Nulos e Atos Anuláveis ............................................................................................................. 85 8.3.3.de eximi-lo do controle de legalidade pela Administração ou pela via judicial. A dissimulação dos fundamentos não é o mesmo que praticar o ato por razões de conveniência e oportunidade, fatores próprios dos atos discricionários. Em casos como aquele, portanto, o ato sujeita-se à invalidação por vício no motivo, restaurando-se, em consequência, a legalidade ofendida pela manifestação volitiva do administrador. Ademais, a própria Lei nº 4.717, de 1965, exigiu adequação entre o motivo e o resultado obtido. Veja: Art. 2º São nulos os atos lesivos ao patrimônio das entidades mencionadas no artigo anterior, nos casos de: (...) d) inexistência dos motivos; Parágrafo único. Para a conceituação dos casos de nulidade observar-se-ão as seguintes normas: (...) d) a inexistência dos motivos se verifica quando a matéria de fato ou de direito, em que se fundamenta o ato, é materialmente inexistente ou juridicamente inadequada ao resultado obtido; 4.4.2.Teoria dos Motivos Determinantes A Teoria dos Motivos Determinantes foi desenvolvida na França e sistematizada por Gaston Jèze. Nas palavras de Gaston Jèze54: 53 Posição do professor José dos Santos Carvalho Filho. Manual de Direito Administrativo, 31ª edição, p 120. 54 Apud Meirelles, Hely Lopes. Direito Administrativo Brasileiro. 42ª edição. p. 110. Wagner Damazio Aula 2 - Parte 2 Direito Administrativo p/ Concursos Cartórios - Curso Regular www.estrategiaconcursos.com.br 320412 07818729798 - Rodrigo Neves Quintino da Costa 35 “para se ter a certeza de que os agentes públicos exercem a sua função movidos apenas por motivos de interesse público da esfera de sua competência, leis e regulamentos recentes multiplicam os casos em que os funcionários, ao executarem um ato jurídico, devem expor expressamente os motivos que o determinaram. É a obrigação de motivar. O simples fato de não haver o agente público exposto os motivos de seu ato, bastará para torná-lo irregular; o ato não motivado, quando o devia ser, presume-se não ter sido executado com toda a ponderação desejável, nem ter tido em vista um interesse público da esfera de sua competência funcional”. Essa teoria foi acolhida no Brasil para fixar que o fundamento exteriorizado para a tomada de decisão ou para a prática de uma ação ou omissão vincula-se à validade do ato administrativo vinculado ou mesmo discricionário. Portanto, existindo a exteriorização do motivo como o determinante a justificar a realização do ato administrativo, caso fique comprovado não ter este ocorrido ou não representar a realidade, o ato será ilegal. E mais, sendo ilegal, poderá haver controle do Poder Judiciário sobre o ato administrativo. Nesta linha são as palavras de André Laubadère55: O ato administrativo pode ser ilegal porque os motivos alegados pelo autor não existiram, na realidade, ou não têm o caráter jurídico que o autor lhes emprestou; é a ilegalidade por inexistência material ou jurídica dos motivos (considerada, ainda, erro de fato ou de direito). Exemplo: se um servidor requer suas férias para determinado mês, pode o chefe da repartição indeferi-las sem deixar expresso no ato o motivo; se, todavia, indefere o pedido sob a alegação de que há falta de pessoal na repartição, e o interessado prova que, ao contrário, há excesso, o ato estará viciado no motivo. Vale dizer: terá havido incompatibilidade entre o motivo expresso no ato e a realidade fática; esta não se coadune com o motivo determinante56. 4.5. Objeto O objeto, a que alguns autores também denominam conteúdo57, é o efeito jurídico imediato que se busca atingir com o ato administrativo. 55 Apud Carvalho Filho, José dos Santos. Manual de Direito Administrativo, 31ª edição, p 123. 56 Exemplo fornecido pelo professor José dos Santos Carvalho Filho. Manual de Direito Administrativo, 31ª edição, p 123. 57 A professora Maria Sylvia cita que o professor Régis Fernandes de Oliveira faz diferenciação entre objeto e conteúdo. Portanto, não é pacífica a utilização do termo objeto e/ou conteúdo. Direito Administrativo, 30ª edição, p 247. Wagner Damazio Aula 2 - Parte 2 Direito Administrativo p/ Concursos Cartórios - Curso Regular www.estrategiaconcursos.com.br 320412 07818729798 - Rodrigo Neves Quintino da Costa 36 Para Hely Lopes Meirelles: Todo ato administrativo tem por objeto a criação, modificação ou comprovação de situações jurídicas concernentes a pessoas, coisas ou atividades sujeitas à ação do Poder Público. Nesse sentido, o objeto identifica-se com o conteúdo do ato, através do qual a Administração manifesta seu poder e sua vontade, ou atesta simplesmente situações pré-existentes. Já para o professor José dos Santos Carvalho Filho, o objeto do ato administrativo pode ser uma aquisição, um resguardo, uma transferência, uma modificação, uma extinção ou uma declaração de direitos, conforme o fim a que a vontade se preordenar58. Exemplos de objeto do ato administrativo: na licença para construção, o objeto é permitir que o interessado possa edificar de forma legítima; na multa, o objeto é punir o transgressor de norma administrativa; na nomeação, o objeto é admitir o indivíduo no serviço público59. Para a professora Maria Sylvia60, o objeto deve ser: Além disso, o objeto do ato jurídico pode ser: 58 Manual de Direito Administrativo, 31ª edição, p 114. 59 Exemplo fornecido pelo professor José dos Santos Carvalho Filho. Manual de Direito Administrativo, 31ª edição, p 114. 60 Direito Administrativo, 30ª edição, p 247. O objeto deve ser: lícito (conforme à lei) possível (realizável no mundo dos fatos e do direito) certo (definido quanto ao destinatário, aos efeitos, ao tempo e ao lugar) moral (em consonância com os padrões comuns de comportamento, aceitos como corretos, justos, éticos) Wagner Damazio Aula 2 - Parte 2 Direito Administrativo p/ Concursos Cartórios - Curso Regular www.estrategiaconcursos.com.br 320412 07818729798 - Rodrigo Neves Quintino da Costa 37 1) natural - quando seus efeitos decorrem da própria natureza do ato, como previsto na lei; 2) acidental - quando há cláusulas acessórias que alteram os efeitos naturais do ato, podendo ser dos seguintes tipos: 2.1)termo: indicação do momento a partir do qual o ato passa a ser eficaz ou quando deixa de sê-lo; 2.2)modo ou encargo: quando se fixa um ônus ao destinatário do ato; 2.3)condição: quando há fixação de que a eficácia do ato depende de evento futuro e incerto, podendo ser: 2.3.1) suspensiva: quando a eficácia do ato fica pendente até que ocorra o evento futuro e incerto; e 2.3.2) resolutiva: quando o ato tem eficácia desde sua edição, mas cessa com a ocorrência do evento futuro e incerto. Cabe apontar também a diferença entre os elementos finalidade e objeto do ato administrativo. O objeto representa o fim imediato do ato, isto é, o resultado prático a ser alcançado pela atuação administrativa. Já a finalidade representa o fim mediato, que é atingir ao interesse da coletividade. Portanto, em que pese variar o objeto, a depender do ato administrativo a ser praticado, a finalidade é invariável: esta sempre será o interesse público. Wagner Damazio Aula 2 - Parte 2 Direito Administrativo p/ Concursos Cartórios - Curso Regular www.estrategiaconcursos.com.br 320412 07818729798 - Rodrigo Neves Quintino da Costa 38 Finalizamos aqui o estudo dos elementos dos atos administrativo. Antes de passarmos ao estudo dos atributos do ato administrativo, contudo, é importante discorrer sobre o tema do mérito administrativo, já que está relacionado aos elementos motivo e objeto do ato. 4.6. Mérito AdministrativoImportante esclarecer que o mérito administrativo não é um dos elementos do ato. Os elementos, reitere-se, são os seguintes: Já o mérito administrativo é a capacidade de que por vezes a lei dota a Administração Pública de decidir ou avaliar a conveniência e a oportunidade para a produção do ato administrativo. Finalidade efeito jurídico mediato invariável (sempre é o interesse público) Objeto efeito jurídico imediato variável a depender do ato administrativo Competência (Quem?) Finalidade (Para quê?) Forma (Por qual meio?) Motivo (Qual a causa ou fundamento?) Objeto (Com qual conteúdo?) Wagner Damazio Aula 2 - Parte 2 Direito Administrativo p/ Concursos Cartórios - Curso Regular www.estrategiaconcursos.com.br 320412 07818729798 - Rodrigo Neves Quintino da Costa 39 O mérito administrativo está intimamente relacionado aos elementos motivo e objeto. Isso porque o mérito administrativo se sobressai nos atos discricionários da Administração Pública que, como já estudamos no nosso curso, despontam quando a lei concede alguma margem de avaliação ao administrador público para a prática do ato. Frise-se que essa discricionariedade se limita aos elementos motivo e objeto do ato administrativo. Ou seja, mesmo nos atos discricionários, os elementos competência, forma e finalidade serão fixados por lei. Desse modo, o mérito administrativo ou, em outras palavras, as margens de discricionariedade ao qual o administrador público pode avaliar conveniência e oportunidade para a prática, o momento ou a intensidade do ato, limitam-se aos elementos motivo e objeto. Portanto, nos atos vinculados, isto é, naqueles em que a lei fixa os 5 elementos do ato administrativo, não há que se falar em mérito administrativo. Este pressupõe discricionariedade, na medida em que a lei estabeleça. Importante ressaltar desde já que mesmo o mérito administrativo é apreciável pelo Poder Judiciário quando presente ilegalidade. Resume bem o objeto deste tópico o seguinte texto do professor Hely Lopes Meirelles61: O que convém reter é que o mérito administrativo tem sentido próprio e diverso do mérito processual e só abrange os elementos não vinculados do ato da Administração, ou seja, aqueles que admitem uma valoração da eficiência, oportunidade, conveniência e justiça. No mais, ainda que se trate de poder discricionário da Administração, o ato pode ser revisto e anulado pelo Judiciário, desde que, sob o rótulo de mérito administrativo, se aninhe qualquer ilegalidade resultante de abuso ou desvio de poder. Fique atento com o fato de que não cabe ao Poder Judiciário anular ato político praticado pela Administração Pública sob o argumento de que não se seguiu determinada metodologia técnica. É a chamada doutrina Chenery ou Chenery doctrine. 4.6.1. Doutrina Chenery A doutrina norte-americana denominada Chenery doctrine originou-se de um julgamento da Suprema Corte dos Estados Unidos datado de fevereiro de 61 Direito Administrativo Brasileiro, 42ª edição, p 180. Wagner Damazio Aula 2 - Parte 2 Direito Administrativo p/ Concursos Cartórios - Curso Regular www.estrategiaconcursos.com.br 320412 07818729798 - Rodrigo Neves Quintino da Costa 40 1943, no caso conhecido como Securities and Exchange Comission – SEC versus CheneryCorp62. Desse julgado decorreu a conclusão de que não cabe ao Poder Judiciário afastar ato praticado pela Administração Pública com base em escolha política sob o argumento de que não se seguiu determinada metodologia técnica. Ou seja, as escolhas políticas dos órgãos governamentais, desde que não sejam revestidas de reconhecida ilegalidade, não podem ser invalidadas pelo Poder Judiciário. Nessa linha, veja a jurisprudência do STJ: 9. Eventual intento político da medida não poderia ensejar a invalidação dos critérios tarifários adotados, tout court. Conforme leciona Richard A. Posner, o Poder Judiciário esbarra na dificuldade de concluir se um ato administrativo cuja motivação alegadamente política seria concretizado, ou não, caso o órgão público tivesse se valido tão somente de metodologia técnica. De qualquer forma, essa discussão seria inócua, pois, segundo a doutrina Chenery - a qual reconheceu o caráter político da atuação da Administração Pública dos Estados Unidos da América -, as cortes judiciais estão impedidas de adotarem fundamentos diversos daqueles que o Poder Executivo abraçaria, notadamente nas questões técnicas e complexas, em que os tribunais não têm a expertise para concluir se os critérios adotados pela Administração são corretos (Economic Analysis of Law. Fifth Edition. New York: Aspen Law and Business, 1996, p. 671). Portanto, as escolhas políticas dos órgãos governamentais, desde que não sejam revestidas de reconhecida ilegalidade, não podem ser invalidadas pelo Poder Judiciário. (AgInt no AgInt na SLS 2240/SP, Ministra Laurita Vaz, julgado em 06/06/2017). 62https://supreme.justia.com/cases/federal/us/318/80/ Wagner Damazio Aula 2 - Parte 2 Direito Administrativo p/ Concursos Cartórios - Curso Regular www.estrategiaconcursos.com.br 320412 07818729798 - Rodrigo Neves Quintino da Costa 41 5. Atributos do Ato Administrativo São os seguintes os atributos dos atos administrativos: Por atributos dos atos administrativos se quer dizer características próprias que os diferenciam dos atos de Direito Privado. Também não há harmonia entre os doutrinadores quanto à citação de quantos e quais são os atributos do ato administrativo, como noticia a professora Maria Sylvia63: Não há uniformidade de pensamento entre os doutrinadores na indicação dos atributos do ato administrativo; alguns falam apenas em executoriedade; outros acrescentam a presunção de legitimidade; outros desdobram em inúmeros atributos, compreendendo a imperatividade, a revogabilidade, a tipicidade, a estabilidade, a impugnabilidade, a executoriedade (que alguns desdobram em executoriedade e exigibilidade). De todo modo, a presunção de legitimidade e veracidade, a autoexecutoriedade, a tipicidade e a imperatividade estão entre os citados nos principais manuais e, portanto, merecem atenção. 5.1. Presunção de Legitimidade e Presunção de Veracidade A presunção de legitimidade quer dizer que o ato foi produzido de acordo com o ordenamento jurídico. 63 Direito Administrativo, 30ª edição, p 238. Atributos do Ato Administrativo: Presunção de Legitimidade e de Veracidade Autoexecutoriedade Tipicidade Imperatividade Wagner Damazio Aula 2 - Parte 2 Direito Administrativo p/ Concursos Cartórios - Curso Regular www.estrategiaconcursos.com.br 320412 07818729798 - Rodrigo Neves Quintino da Costa 42 Por sua vez, a presunção de veracidade quer dizer que o conteúdo do ato administrativo é verdadeiro e dotado de fé pública. A presunção de legitimidade e a presunção de veracidade são relativas (iuris tantum) e não absolutas (iuris et iuris), cabendo, portanto, prova em contrário. A professora Maria Sylvia64 reuniu 5 fundamentos utilizados pelos autores administrativistas a justificar o atributo da presunção de legitimidade. São eles: Além disso, a professora apresenta 3 decorrências da presunção de veracidade: 64 Direito Administrativo, 30ª edição, pp 239 e 240. o procedimento e as formalidades que precedem a sua edição, os quais constituem garantia de observância da lei o fato de ser uma das formas de expressão da soberania do Estado, de modo que a autoridade que pratica o ato o faz com o consentimento de todos a necessidade de assegurar celeridade no cumprimento dos atos administrativos, já que eles têm por fim atender ao interessepúblico, predominante sobre o particular o controle a que se sujeita o ato, quer pela própria Administração, quer pelos demais Poderes do Estado, sempre com a finalidade de garantir a legalidade a sujeição da Administração ao princípio da legalidade, o que faz presumir que todos os seus atos tenham sido praticados de conformidade com a lei, já que cabe ao poder público a sua tutela Wagner Damazio Aula 2 - Parte 2 Direito Administrativo p/ Concursos Cartórios - Curso Regular www.estrategiaconcursos.com.br 320412 07818729798 - Rodrigo Neves Quintino da Costa 43 A professora Maria Sylvia faz ainda um alerta no sentido de que, para ela, é errado afirmar que a inversão do ônus da prova decorre da presunção de legitimidade. Ou seja, a inversão do ônus da prova decorre da presunção de veracidade, porque é neste atributo que se alude a fatos a exigir prova quanto ao alegado (presunção de legitimidade => conformidade com a lei; presunção de veracidade => fatos verdadeiros alegados pela Administração). O professor José dos Santos Carvalho Filho65 diverge desse posicionamento, já que para ele dois efeitos da presunção de legitimidade são a autoexecutoriedade e a inversão do ônus da prova. 5.2. Autoexecutoriedade Outro atributo dos atos administrativos é a sua autoexecutoriedade, ou seja, o ato administrativo pode ser executado de ofício e imediatamente pela Administração Pública sem necessidade de autorização do Poder Judiciário. Em outras palavras, o ato administrativo é um título executivo extrajudicial a dar concretude à função administrativa. Esse atributo garante a celeridade e a eficiência na atuação administrativa para atingir a finalidade pública. Exemplos66: destruição de bens impróprios ao consumo público e a demolição de obra que apresenta risco iminente de desabamento. 65 Manual de Direito Administrativo, 31ª edição, p 127. 66 Manual de Direito Administrativo, 31ª edição, p 128. enquanto não decretada a invalidade do ato pela própria Administração ou pelo Judiciário, ele produzirá efeitos da mesma forma que o ato válido, devendo ser cumprido o Judiciário não pode apreciar ex officio a validade do ato inverte o ônus da prova Wagner Damazio Aula 2 - Parte 2 Direito Administrativo p/ Concursos Cartórios - Curso Regular www.estrategiaconcursos.com.br 320412 07818729798 - Rodrigo Neves Quintino da Costa 44 #ficadica A autoexecutoriedade não estará necessariamente presente em todos os atos administrativos, mas apenas naqueles autorizados por lei ou urgentes. Atenção:excluem-se da autoexecutoriedade eventuais sanções pecuniárias (multas, por exemplo) aplicadas ao administrado, que só podem ser executadas pela via Judicial. Havendo a necessidade de impedir a autoexecutoriedade o interessado poderá se socorrer do Poder Judiciário e requerer medida liminar em ações como Mandado de Segurança (Lei nº 12.016, de 2009), Ação Civil Pública (Lei nº 7.347, de 1985) ou na Ação Popular (Lei nº 4.717, de 1965). Conforme já vimos em nosso curso, a professora Maria Sylvia67 cita que alguns autores desdobram a autoexecutoriedade em: ➢ exigibilidade: resulta da possibilidade de a Administração tomar decisões executórias que são aquelas que dispensam a tutela jurisdicional. Com base na exigibilidade, a Administração pode se utilizar de meios indiretos para exigência do cumprimento da obrigação (Exemplo: condicionar o licenciamento do veículo ao pagamento das multas de trânsito). ➢ executoriedade: resulta na faculdade da Administração de realizar diretamente a execução forçada, utilizando-se inclusive da força pública, caso necessário, para o cumprimento por parte do administrado da decisão executória anteriormente tomada. 5.3. Tipicidade É o atributo do qual se fixa que os atos administrativos devem decorrer de tipos previamente definidos em lei a serem utilizados para se atingir a determinada finalidade pública. Deriva do princípio da legalidade e juridicidade. Ou seja, o ato administrativo deve ter sido previsto anteriormente por lei em sentido amplo, de modo que seja legítima a sua utilização para alcançar o interesse público. Assim, segundo a professora Maria Sylvia, este atributo é uma garantia ao administrado no sentido de que impedirá o administrador público de praticar atos 67 Direito Administrativo, 30ª edição, p 159. Wagner Damazio Aula 2 - Parte 2 Direito Administrativo p/ Concursos Cartórios - Curso Regular www.estrategiaconcursos.com.br 320412 07818729798 - Rodrigo Neves Quintino da Costa 45 dotados de poder de império e autoexecução unilateralmente, sem autorização legal. Havendo lei anterior, o ato deve a ela se conformar, respeitados, inclusive, os eventuais limites de discricionariedade. #ficadica A tipicidade não existe em atos bilaterais, como os contratos. Isso porque em contrato não há vontade unilateral, mas a confluência de atos de vontades das partes. No ato administrativo, por ser unilateral, há o atributo da tipicidade. 5.4. Imperatividade É atributo que decorre do Poder de Império do Estado de, por meio de atos unilaterais, como os atos administrativos, impor aos particulares o cumprimento de determinada ação ou de impor a eles obrigações ou restrições. Segundo Celso Antônio Bandeira de Mello68, que cita Renato Alessi, trata- se do “poder extroverso” da Administração Pública em editar atos que vão além da sua esfera jurídica e atingem a esfera jurídica do particular, constituindo unilateralmente uma obrigação. Nas palavras do ilustre professor: É a qualidade pela qual os atos administrativos se impõem a terceiros, independentemente de sua concordância. Decorre do que Renato Alessi chama de “poder extroverso”, que permite ao Poder Público editar provimentos que vão além da esfera jurídica do sujeito emitente, ou seja, que interferem na esfera jurídica de outras pessoas, constituindo-as unilateralmente em obrigações. 68 Curso de Direito Administrativo, 14ª edição, p 370. Wagner Damazio Aula 2 - Parte 2 Direito Administrativo p/ Concursos Cartórios - Curso Regular www.estrategiaconcursos.com.br 320412 07818729798 - Rodrigo Neves Quintino da Costa ==4e39c== 46 6. Classificação dos Atos Administrativos Conforme já vimos em outros temas, também aqui em atos administrativos varia de autor para autor a taxonomia (classificação). Vamos utilizar aqui, como base, a classificação dos atos administrativos constantes na obra do professor Hely Lopes Meirelles, posto que é bem completa, e vou fazendo os adendos necessários com o posicionamento de outros administrativistas importantes que podem ser explorados em prova. Segundo a obra de Hely Lopes Meirelles, assim podem ser classificados os atos administrativos: Quanto aos destinatários: Gerais Individuais Quanto ao alcance: Internos Externos Quanto ao objeto: Império Gestão Expediente Quanto ao regramento: Vinculados Discricionários Quanto à formação da vontade: Simples Complexo Composto Quanto ao conteúdo: Constitutivo Extintivo Declaratório Alienativo Modificativo Abdicativo Wagner Damazio Aula 2 - Parte 2 Direito Administrativo p/ Concursos Cartórios - Curso Regular www.estrategiaconcursos.com.br 320412 07818729798 - Rodrigo Neves Quintino da Costa 47 Vejamos alguns detalhes de cada uma dessas classificações. Quanto à eficácia: Válido Nulo Inexistente Quanto à exequibilidade: Perfeito Imperfeito Pendente Consumado Quanto à retratabilidade: Irrevogável Revogável Suspensível Quanto ao modo de execução: Autoexecutório Não autoexecutório Quanto ao objetivo visado: Principal Complementar Intermediário Ato-Condição Ato deJurisdição Quanto aos efeitos: Constitutivo Desconstitutivo De Constatação Wagner Damazio Aula 2 - Parte 2 Direito Administrativo p/ Concursos Cartórios - Curso Regular www.estrategiaconcursos.com.br 320412 07818729798 - Rodrigo Neves Quintino da Costa 48 6.1. Quanto aos Destinatários Quanto aos destinatários, os atos administrativos podem ser gerais ou individuais: ➢ atos administrativos gerais (ou regulamentares): são aqueles expedidos a destinatários indeterminados para alcançar a todos aos quais venham a incidir em seus dispositivos. São os atos normativos. Quando forem de efeitos externos devem ser publicados no órgão oficial de publicidade do Ente para produzir seus efeitos jurídicos ou a ele ser dada ampla publicidade nos meios possíveis. Exemplos69: regulamentos; instruções normativas; circulares normativas de serviços; portarias; resoluções; instruções; deliberações; regimentos. ➢ atos administrativos individuais (ou especiais): são aqueles expedidos a destinatários determinados para que se realize algo em concreto de modo específico. Ainda que individual, o ato pode ser direcionado a vários sujeitos desde que identificável autonomamente. De igual modo, só produzem efeitos externos quando a eles for dada publicidade no órgão oficial ou pelo meio possível. Podem ser revogados ou modificados pela Administração Pública, desde que indenize o prejudicado, em caso de prejuízo, e, em todo caso, respeite eventuais direitos adquiridos. Além disso, podem ser anulados pela própria Administração Pública, por meio da autotutela, ou pelo Poder Judiciário, pelo controle jurisdicional. Exemplos: decretos de desapropriação; ato de nomeação ou exoneração; outorgas de licença, permissão e autorização; demissão; tombamento; e servidão administrativa. 69 Exemplos deste capítulo são ofertados pelo professor Hely Lopes Meirelles in Direito Administrativo Brasileiro, 42ª edição, pp 188 e ss; ou pela professora Maria Sylvia in Direito Administrativo, 30ª edição, p 262 e ss; ou por mim, com base na teoria deles. Wagner Damazio Aula 2 - Parte 2 Direito Administrativo p/ Concursos Cartórios - Curso Regular www.estrategiaconcursos.com.br 320412 07818729798 - Rodrigo Neves Quintino da Costa 49 6.2. Quanto ao Alcance Quanto ao alcance, os atos administrativos podem ser internos ou externos: ➢ atos administrativos internos: são aqueles expedidos a destinatários internos do órgão público, não produzindo efeitos externos ou extroversos. Podem ser gerais ou individuais e não necessitam de publicação no órgão oficial, podendo ser o interessado ou os interessados internos cientificados por comunicação direta dentro da própria unidade. Caso haja efeitos sobre os particulares, deverá ser dada publicidade70. Os atos internos estão sujeitos à revisão hierárquica e ao controle do Poder Judiciário Exemplos: ordem de serviço; memorando; ato de execução interna. ➢ atos administrativos externos (ou de efeitos externos): são aqueles expedidos e que repercutem nos interesses gerais da coletividade. Podem ser destinados a alcançar os administrados propriamente ditos (externos à Administração Pública), bem como, eventualmente, os próprios servidores. Também se enquadram como externos os atos que onerem o patrimônio público. Só produzem efeitos externos quando a eles for dada publicidade no órgão oficial ou pelo meio possível. Sofrem controle da própria Administração Pública, por meio da autotutela, ou pelo Poder Judiciário, pelo controle jurisdicional. Exemplos: decretos regulamentadores; instruções normativas; pareceres normativos. 70 Nesse ponto, o professor Hely Lopes Meirelles critica a utilização de atos que na origem eram internos para impor deveres aos cidadãos, tais como as portarias e instruções ministeriais. Fato é que, atualmente, esses atos têm sido utilizados largamente como instrumento de disciplina geral que afetam também aos particulares. Wagner Damazio Aula 2 - Parte 2 Direito Administrativo p/ Concursos Cartórios - Curso Regular www.estrategiaconcursos.com.br 320412 07818729798 - Rodrigo Neves Quintino da Costa 50 6.3. Quanto ao Objeto Quanto ao objeto (ou quanto às prerrogativas71), os atos administrativos podem ser de império, de gestão ou de expediente: ➢ atos de império (ou de autoridade): são aqueles expedidos no exercício pleno da supremacia pública, ou seja, com as prerrogativas e privilégios próprios do Poder Público, por haver ascendência ao interesse particular (relação de verticalidade). São atos unilaterais que expressam a vontade do Estado e seus direitos exorbitantes. Exemplos: desapropriações; interdições de atividades;aplicação de sanções. ➢ atos de gestão: são aqueles expedidos e praticados pelo Poder Público em situação de horizontalidade com o particular, sem o exercício da supremacia do Poder Público. Em geral são utilizados na administração dos bens públicos e gestão dos serviços públicos. Quando forem regidos pelo Direito Privado serão atos da administração e não propriamente atos administrativos. Exemplos: contrato de uso de bens públicos; concessão de serviços públicos; alienação, oneração ou aquisição de bens. ➢ atos de expediente: são aqueles expedidos e praticados para impulsionar os processos administrativos e demais expedientes para a sua devida conclusão, por meio de decisão de mérito administrativo ou despacho decisório da autoridade competente. Exemplos: juntada de documentos aos processos; tramitações de processos; digitalizações e cópias de documentos. 71 A professora Maria Sylvia classifica os atos administrativos quanto às prerrogativas em atos de império ou de gestão. Wagner Damazio Aula 2 - Parte 2 Direito Administrativo p/ Concursos Cartórios - Curso Regular www.estrategiaconcursos.com.br 320412 07818729798 - Rodrigo Neves Quintino da Costa 51 6.4. Quanto ao Regramento Quanto ao regramento, os atos administrativos podem ser discricionários ou vinculados: ➢ atos administrativos discricionários: são aqueles em que a Administração Pública, avaliando sua conveniência e oportunidade, pode expedir com liberdade quanto aos elementos objeto e motivo. A lei autoriza, considerando as peculiaridades e especificidades de determinado tema, conceder certo grau de liberdade à Administração para a prática do ato. Cabe ao administrador público, entre as várias soluções possíveis para o caso, adotar aquela que melhor atinja o interesse da coletividade em observância ao quanto desejado pela lei. Acerca dos atos discricionários, Hely Lopes Meirelles cita Seabra Fagundes: “A competência discricionária não se exerce acima ou além da lei, senão, como toda e qualquer atividade executória, com sujeição a ela. O que a distingue da competência vinculada é a maior mobilidade que a lei enseja ao executor no exercício, e não na liberação da lei. Enquanto ao praticar o ato administrativo vinculado a autoridade está presa a lei em todos os seus elementos (competência, motivo, objeto, finalidade e forma), no praticar o ato discricionário é livre (dentro de opções que a própria lei prevê) quanto à escolha dos motivos (oportunidade e conveniência) e do objeto (conteúdo). Entre praticar o ato ou dele se abster, entre praticá-lo com este ou aquele conteúdo (p. ex.: advertir apenas, ou proibir), ela é discricionária. Porém, no que concerne à competência, à finalidade e à forma, o ato discricionário está tão sujeito aos textos legais como qualquer outro”. Portanto, o ato discricionário, ainda assim, deve respeitar a competência, a forma e a finalidade previstas em lei. Exemplos: dosimetria da pena (se advertência ou suspensão;se suspensão de 3, 5 ou 15 dias) ➢ atos administrativos vinculados (ou regrados): são aqueles em que a lei fixa os elementos para sua realização, deixando mínima margem de escolha ao administrador público ou mesmo nenhuma margem. Nessa linha, o professor Hely Lopes Meirelles afirma que: Na prática de tais atos o Poder Público sujeita-se às indicações legais ou regulamentares e delas não se pode afastar ou desviar sem viciar irremediavelmente a ação administrativa. Wagner Damazio Aula 2 - Parte 2 Direito Administrativo p/ Concursos Cartórios - Curso Regular www.estrategiaconcursos.com.br 320412 07818729798 - Rodrigo Neves Quintino da Costa 52 Isso não significa que nessa categoria de atos o administrador se converta em cego e automático executor da lei. Absolutamente não. Tanto nos atos vinculados como nos que resultam da faculdade discricionária do Poder Público o administrador terá de decidir sobre a conveniência de sua prática, escolhendo a melhor oportunidade e atendendo a todas as circunstâncias que conduzam a atividade administrativa ao seu verdadeiro e único objetivo – o bem comum. Poderá, assim, a Administração Pública atuar com liberdade, embora reduzida, nos claros da lei ou do regulamento. O que não lhe é lícito é desatender às imposições legais ou regulamentares que regram o ato e bitolam sua prática. Exemplos: alvará de licença para construir; alvará de licença para funcionamento de estabelecimento. Antes de passarmos ao estudo da próxima classificação, fica aqui o recital do professor Hely Lopes Meirelles acerca dos atos discricionários e vinculados que acompanharão todo administrador público enquanto titulariza cargo, emprego ou função públicos: A responsabilidade pelos atos discricionários não é maior nem menor que é decorrente dos atos vinculados. ambos representam facetas da atividade administrativa, que todo homem público, que toda autoridade, há de perlustrar. A timidez da autoridade é tão prejudicial quanto o abuso do poder.Ambos são deficiências do administrador, que sempre redundam em prejuízo para a Administração. O tímidofalha, no administrar os negócios públicos, por lhe falecer fortaleza de espírito para obrar com firmeza e justiça nas decisões que contrariam os interesses particulares; o prepotente não tem moderação para usar do poder nos justos limites que a lei lhe confere.Um peca por omissão; outro, por demasia no exercício do poder 6.5. Quanto à Formação da Vontade Quanto à formação da vontade, os atos administrativos podem ser simples, complexos ou compostos: ➢ atos administrativos simples: são aqueles que se originam da manifestação de vontade de um único órgão, que pode ser unipessoal ou colegiado. Os atos internos estão sujeitos à revisão hierárquica e ao controle do Poder Judiciário Exemplos: despacho do chefe da repartição; acórdão do Conselho de Contribuintes; nomeação pelo Chefe do Executivo. Wagner Damazio Aula 2 - Parte 2 Direito Administrativo p/ Concursos Cartórios - Curso Regular www.estrategiaconcursos.com.br 320412 07818729798 - Rodrigo Neves Quintino da Costa 53 ➢ atos administrativos complexos: são aqueles que se originam da manifestação da vontade de mais de um órgão administrativo, podendo ser singulares ou colegiados. Há um concurso de vontade homogênea de órgãos para a produção do um único ato administrativo. Exemplos: investidura do servidor público (nomeação feita pelo Chefe do Executivo com a posse e entrada em exercício realizada pelo Chefe da repartição de Recursos Humanos ou da própria unidade onde será lotado o servidor); assinatura de um Decreto pelo Chefe do Executivo e referendado pelo Ministro ou Secretário. ➢ atos administrativos compostos: são aqueles que se originam da manifestação da vontade de um único órgão, mas dependem da verificação por parte de outro órgão para se tornarem eficazes. Ou seja, embora haja a participação de mais de um órgão, a vontade é do órgão que pratica a atividade principal e não do órgão que pratica o ato acessório. Enquanto no ato complexo há a manifestação da vontade de dois ou mais órgãos, no composto há a manifestação da vontade de um único órgão. Exemplos: autorização que dependa de visto de autoridade superior (autorização é o ato principal; o visto é o ato acessório, mas que torna a autorização eficaz); dispensa de licitação que dependa de homologação da autoridade superior (a dispensa da licitação é o ato principal; a homologação e o ato acessório, mas que torna a dispensa eficaz); em geral, os atos que dependam de autorização, aprovação, proposta, parecer, laudo técnico, homologação, visto, entre outros. #ficadica Cuidado com a classificação dos atos de nomeação tratados, por exemplo, no art. 84, inciso XIV da CRFB (e casos análogos). De acordo com o aludido dispositivo, compete ao Presidente da República nomear, após aprovação pelo Senado Federal, os Ministros do Supremo Tribunal Federal e dos Tribunais Superiores, os Governadores de Territórios, o Wagner Damazio Aula 2 - Parte 2 Direito Administrativo p/ Concursos Cartórios - Curso Regular www.estrategiaconcursos.com.br 320412 07818729798 - Rodrigo Neves Quintino da Costa 54 Procurador-Geral da República, o presidente e os diretores do banco central e outros servidores, quando determinado em lei. Para a professora Maria Sylvia72, trata-se de ato composto, ou seja, o ato de nomeação é o ato principal e a aprovação pelo Senado é ato acessório, mas que o torna eficaz. Já para o professor José dos Santos Carvalho Filho73, trata-se de ato complexo, ou seja, para ele há o concurso de vontade de dois órgãos para a produção deste ato de nomeação. E isso acaba refletindo nas bancas. Por exemplo, o CESPE adota a posição do professor José dos Santos Carvalho Filho no sentido que essas nomeações caracterizam ato administrativo complexo. 6.6. Quanto ao Conteúdo Quanto ao conteúdo, os atos administrativos podem ser constitutivos, extintivos, declaratórios, alienativos, modificativos ou abdicativos: ➢ atos administrativos constitutivos: são aqueles em que a Administração cria um novo direito ou uma obrigação individual ao destinatário. Exemplos: licenças, nomeações de servidores ou sanções administrativas. ➢ atos administrativos extintivos (ou desconstitutivos): são aqueles em que a Administração Pública põe fim a direito ou a obrigação do destinatário. Exemplos: cassação de autorização e encampação de serviço de utilidade pública. ➢ atos administrativos declaratórios: são aqueles em que a Administração Pública reconhece situações jurídicas existentes. 72 Direito Administrativo, 30ª edição, p 266. 73 Manual de Direito Administrativo, 31ª edição, p 136. Wagner Damazio Aula 2 - Parte 2 Direito Administrativo p/ Concursos Cartórios - Curso Regular www.estrategiaconcursos.com.br 320412 07818729798 - Rodrigo Neves Quintino da Costa 55 Exemplos: apostila de título de nomeação e expedição de certidões. ➢ atos administrativos alienativos: são aqueles em que há a transferência de titularidade de um bem ou direito. Exemplos: venda de imóvel público, em geral, que exigem autorização legislativa. ➢ atos administrativos modificativos: são aqueles em que a Administração Pública altera situações jurídicas preexistentes, mas sem criar ou extinguir direitos ou obrigações. Exemplos: alteração de horários, de local de reunião e de itinerário. ➢ atos administrativos abdicativos: são aqueles em que a Administração Pública abre mão de um determinado direito em caráter incondicional e irretratável. Exemplos: atos de liberalidade da Administração Pública que dependem de autorização legislativa. 6.7. Quanto à Eficácia Quanto à eficácia, os atosadministrativos podem ser válidos, nulos ou inexistentes: ➢ atos administrativos válidos: são aqueles que expedidos em sintonia com todos os requisitos previstos em lei para a sua produção. Wagner Damazio Aula 2 - Parte 2 Direito Administrativo p/ Concursos Cartórios - Curso Regular www.estrategiaconcursos.com.br 320412 07818729798 - Rodrigo Neves Quintino da Costa 56 Como vimos, pode haver atos válidos, mas ineficazes por haver condição ou termo. Exemplos: licença de funcionamento em que cumpridos todos os requisitos legais; a autorização para utilização de espaço público em determinado dia da semana ou a partir de determinado horário, cumpridos todos os requisitos legais. ➢ atos administrativos nulos: são aqueles expedidos com vício insanável. Contudo, em função da presunção de legitimidade do ato administrativo, a nulidade deve ser declarada pela Administração ou pelo Poder Judiciário. De acordo com o art. 53 da Lei nº 9.784, de 1999: Art. 53. A Administração deve anular seus próprios atos, quando eivados de vício de legalidade, e pode revogá-los por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos. Segundo o professor Hely Lopes Meirelles74, a nulidade pode ser explícita ou virtual. Será explicita quando a própria lei fixar o vício que a acarreta. Será virtual quando o vício ocorrer por afronta a princípios administrativos. Exemplos: desapropriação declarada pelo Tribunal de Contas; Decreto expedido por Ministro, Secretário Estadual ou Municipal doando bens públicos. #ficadica Para o professor Hely Lopes Meirelles75 não pode haver ato administrativo anulável no Direito Administrativo, já que não se pode admitir a manutenção de atos ilegais ou, ainda, a preponderância do interesse privado sobre o interesse público. Atenção: diferencia-se convalidação de conversão ou sanatória. 74 Direito Administrativo Brasileiro, 42ª edição, p 198. 75 Direito Administrativo Brasileiro, 42ª edição, p 199. Também o exemplo é da obra do professor Hely Lopes Meirelles. Wagner Damazio Aula 2 - Parte 2 Direito Administrativo p/ Concursos Cartórios - Curso Regular www.estrategiaconcursos.com.br 320412 07818729798 - Rodrigo Neves Quintino da Costa 57 a) Convalidação é o instituto pelo qual a Administração pode sanar defeitos de um ato administrativo do qual não acarreta lesão ao interesse público ou prejuízo ao particular. Nessa linha, é o art. 55 da Lei Federal nº 9.784, de 1999: Em decisão na qual se evidencie não acarretarem lesão ao interesse público nem prejuízo a terceiros, os atos que apresentarem defeitos sanáveis poderão ser convalidados pela própria Administração. b) conversão ou sanatória ocorre quando determinado ato administrativo é inválido para determinado propósito, mas aproveitável quanto aos elementos válidos para outro propósito. Exemplo: uma licença para edificação permanente que seja inválida para essa finalidade, mas aproveitável quanto a ser uma autorização para edificação provisória. A denominação do instituto que decorre de o ato de licença permanente se tornar autorização temporária é conversão ou sanatória, mas não se confundo com convalidação. ➢ atos administrativos inexistentes: são aqueles em que há falsa aparência de manifestação da vontade da Administração Pública. Exemplos:atos praticados pelo usurpador de função pública. 6.8. Quanto à Exequibilidade Quanto à exequibilidade, os atos administrativos podem ser perfeitos, imperfeitos, pendentes e consumados: ➢ atos administrativos perfeitos: são aqueles que estão aptos a produzir seus efeitos jurídicos. #ficadica O prazo prescricional, tanto na esfera judicial quanto administrativa, só se inicia quando o ato administrativo for perfeito. Wagner Damazio Aula 2 - Parte 2 Direito Administrativo p/ Concursos Cartórios - Curso Regular www.estrategiaconcursos.com.br 320412 07818729798 - Rodrigo Neves Quintino da Costa 58 Atenção:frise-se que o ato perfeito pode ser válido ou inválido. Exemplos: todos os atos administrativos cujo ciclo de formação já tenha sido completado. ➢ atos administrativos imperfeitos: são aqueles que ainda não estão aptos a produzir seus efeitos jurídicos. Exemplos: todos os atos administrativos cujo ciclo de formação esteja incompleto ou que exija complementação. ➢ atos administrativos pendentes: são aqueles que estão sujeitos à condição ou termo, não produzindo por ora seus efeitos jurídicos. Exemplos: alvará de funcionamento condicionado à conclusão da reforma do estabelecimento. ➢ atos administrativos consumados: são aqueles que já exauriram todos os seus efeitos jurídicos. #ficadica Não cabe modificação quanto ao ato consumado, sequer na esfera judicial. Poderá, contudo, gerar responsabilidade civil, em caso de ato lícito ou ilícito do qual tenha decorrido danos a terceiros; ou responsabilidade criminal, em caso de ilegalidade. Exemplos: alvará de demolição já executada; conclusão de reforma de imóvel tombado devidamente autorizada pelo órgão competente. Wagner Damazio Aula 2 - Parte 2 Direito Administrativo p/ Concursos Cartórios - Curso Regular www.estrategiaconcursos.com.br 320412 07818729798 - Rodrigo Neves Quintino da Costa 59 6.9. Quanto à Retratabilidade Quanto à retratabilidade, os atos administrativos podem ser revogáveis, irrevogáveis e suspensíveis: ➢ atos administrativos revogáveis: são aqueles que por motivo de conveniência e oportunidade a Administração Pública pode retirar do mundo jurídico com efeitos ex nunc (prospectivos ou para frente). #ficadica Não cabe falar em ilegalidade para ato revogado. Ato ilegal é anulado. Ato legal, mas que deixou de ser conveniente e oportuno para a Administração por motivos diversos, é revogado. Exemplos: revogação de termo de permissão de uso que autorizava determinados comerciantes a utilizarem parte do passeio público a partir de determinada hora do dia; revogação de termo de permissão de uso para foodtrucks em determinada rua ou praça. ➢ atos administrativos irrevogáveis: são aqueles que não podem mais ser revogados pela Administração Pública, seja por seus efeitos já terem sido consumados, seja por ter se tornado direito subjetivo do interessado ou seja por resultar de decisão final na esfera administrativa. Exemplos: alvará de demolição já executada; decisão administrativa definitiva que tenha anulado autos de infração tributária (não confunda revogar com anular – se a decisão for ilegal, poderá ser anulada pela própria Administração ou pelo Poder Judiciário). ➢ Atos administrativos suspensíveis: são aqueles que a Administração Pública pode suspender os seus efeitos por algum fato novo superveniente e por certo tempo, sem revogá-lo. Após o prazo de suspensão ou superado o fato novo, o ato pode voltar a ter seus efeitos jurídicos naturais. Wagner Damazio Aula 2 - Parte 2 Direito Administrativo p/ Concursos Cartórios - Curso Regular www.estrategiaconcursos.com.br 320412 07818729798 - Rodrigo Neves Quintino da Costa 60 Exemplos: suspensão da autorização para realização de pesca em determinado período. Wagner Damazio Aula 2 - Parte 2 Direito Administrativo p/ Concursos Cartórios - Curso Regular www.estrategiaconcursos.com.br 320412 07818729798 - Rodrigo Neves Quintino da Costa 61 6.10. Quanto ao Modo de Execução Quanto ao modo de execução, os atos administrativos podem ser autoexecutáveis ou não autoexecutáveis: ➢ atos administrativos autoexecutáveis: são aqueles que podem ser executados pela Administração Pública sem necessidade de manifestação judicial. Exemplos: embargo de obra e interdição de estabelecimento.➢ atos administrativos não autoexecutáveis: são aqueles que dependem de manifestação judicial prévia para que possam ser executados. Exemplos: dívida fiscal e multas. 6.11. Quanto ao Objetivo Visado pela Administração Quanto ao objetivo visado pela Administração, o ato administrativo pode ser principal, complementar, intermediário, ato-condição ou ato de jurisdição: ➢ ato administrativo principal: são aqueles que representam a manifestação de vontade final da Administração Pública. Exemplos: nomeação de autoridade pelo Chefe do Poder Executivo que dependa de aprovação pelo Legislativo (ato principal é a nomeação). ➢ ato administrativo complementar: são aqueles que aprovam ou ratificam o principal para que possam passar a produzir efeitos. Wagner Damazio Aula 2 - Parte 2 Direito Administrativo p/ Concursos Cartórios - Curso Regular www.estrategiaconcursos.com.br 320412 07818729798 - Rodrigo Neves Quintino da Costa 62 Exemplos: nomeação de autoridade pelo Chefe do Poder Executivo que dependa de aprovação pelo Legislativo (ato complementar é a aprovação pelo Legislativo). ➢ ato administrativo intermediário (ou preparatório): são aqueles que ocorrem para dar suporte a um ato administrativo final. É um ato administrativo autônomo, podendo ser impugnado. Exemplos: na modalidade concorrência de licitação, são atos intermediários ou preparatórios a publicação do edital e o julgamento, entre outros, necessários para que seja realizada a licitação. ➢ ato administrativo ato-condição: são aqueles produzidos para permitir a pratica de um outro e sem o qual este outro não ocorre. É um ato que seja pré-requisito para realização de um outro ato administrativo. Exemplos: o concurso é pré-requisito para a nomeação em cargo efetivo; a licitação na modalidade concorrência é pré-requisito para concessão de serviço público. ➢ ato administrativo de jurisdição: são aqueles produzidos para decidir determinado conflito de interesses no campo administrativo, não se confundindo com o ato finalístico do Poder Judiciário. Exemplos: revisão de ofício de decisão administrativa contrária à Administração Pública. 6.12. Quanto aos Efeitos Quanto aos efeitos, o ato administrativo pode ser constitutivo, desconstitutivo e de constatação (ou enunciativo): ➢ ato administrativo constitutivo: são aqueles em que a Administração Pública cria, modifica ou extingue um direito. Wagner Damazio Aula 2 - Parte 2 Direito Administrativo p/ Concursos Cartórios - Curso Regular www.estrategiaconcursos.com.br 320412 07818729798 - Rodrigo Neves Quintino da Costa 63 Exemplos: permissão, autorização, dispensa, aplicação de penalidade e revogação. ➢ ato administrativo desconstitutivo: são aqueles produzidos para desfazer situação jurídica preexistente. Exemplos: anulação de decisão administrativa. ➢ ato administrativo de constatação: são aqueles em que a Administração Pública apenas reconhece ou constata determinada situação jurídica ou de fato, sem constituir, desconstituir ou alterá-la. Exemplos: certidões e atestados. Wagner Damazio Aula 2 - Parte 2 Direito Administrativo p/ Concursos Cartórios - Curso Regular www.estrategiaconcursos.com.br 320412 07818729798 - Rodrigo Neves Quintino da Costa 64 7. Atos Administrativos em Espécie Para fins de estudo dos Atos Administrativos em espécie, parte da doutrina76 adota o seguinte agrupamento: Vamos ver algumas espécies de atos administrativos de cada um desses agrupamentos. 7.1. Atos Administrativos Normativos São aqueles produzidos, em regra, com comandos gerais e abstratos, entre os quais: ➢ Decretos regulamentares ou de execução: atos administrativos de competência privativa do Chefe dos Poderes Executivos que têm por finalidade precípua explicitar a lei para prover a sua fiel execução, tal como previsto no art. 84 inciso IV, da CRFB. 76 Diogo de Figueiredo Moreira Neto, Curso de Direito Administrativo, p 245. Hely Lopes Meirelles, Curso de Direito Brasileiro, p 203. Espécies de Atos Administrativos normativos ordinatórios negociais enunciativos punitivos Wagner Damazio Aula 2 - Parte 2 Direito Administrativo p/ Concursos Cartórios - Curso Regular www.estrategiaconcursos.com.br 320412 07818729798 - Rodrigo Neves Quintino da Costa 65 Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da República: IV - sancionar, promulgar e fazer publicar as leis, bem como expedir decretos e regulamentos para sua fiel execução; ➢ Decretos autônomos ou independentes: são os Decretos expedidos com base nos casos previstos no art. 84, inciso VI, da CRFB, sem a necessidade de lei preexistente. Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da República: VI – dispor, mediante decreto, sobre: a) organização e funcionamento da administração federal, quando não implicar aumento de despesa nem criação ou extinção de órgãos públicos; b) extinção de funções ou cargos públicos, quando vagos; #ficadica Os Decretos podem ser gerais e abstratos ou de efeitos concretos. Para a professora Maria Sylvia77, os Decretos gerais e abstratos não são considerados atos administrativos propriamente ditos porque a sua definição de atos administrativos não inclui os atos normativos.Para ela, somente os Decretos de efeitos concretos seriam atos administrativos. ➢ Instruções Normativas: são atos normativos expedidos, em regra, pela autoridade administrativa hierarquicamente abaixo do Chefe do Poder Executivo (Ministro ou Secretário) para fiel execução de lei ou decreto, tal como prevê o art. 87, §único, inciso II, da CRFB. Art. 87. (...) Parágrafo único. Compete ao Ministro de Estado, além de outras atribuições estabelecidas nesta Constituição e na lei: (...) II - expedir instruções para a execução das leis, decretos e regulamentos; 77 Direito Administrativo, 30ª edição, p 276. Wagner Damazio Aula 2 - Parte 2 Direito Administrativo p/ Concursos Cartórios - Curso Regular www.estrategiaconcursos.com.br 320412 07818729798 - Rodrigo Neves Quintino da Costa 66 ➢ Regimentos: são atos normativos internos para disciplinar o funcionamento de órgãos da Administração Pública. ➢ Resolução: são atos normativos expedidos por autoridades superiores da Administração Pública. São, hierarquicamente, inferiores às leis, aos Decretos e ao Regimento. ➢ Deliberação: atos normativos expedidos por órgãos colegiados. 7.2. Atos Administrativos Ordinatórios São os atos que disciplinam o funcionamento da Administração Pública, incluindo as condutas dos agentes administrativos. A seguir, tem-se os principais atos ordinatórios: ➢ Instruções: atos com orientações gerais para atuação dos servidores. ➢ Circulares: tal qual as instruções, são atos com orientações gerais para atuação dos servidores, mas em um âmbito mais restrito que as instruções. Limita-se a um grupo de servidores ou de órgãos, mas também com o objetivo de orientar a realização de uma atividade pública. ➢ Ordens de Serviço: atos expedidos pelas chefias com determinações especiais relativas à execução de determinadas tarefas ou atividades. ➢ Avisos: atos reservados ao Ministro de Estado, muito utilizados no período imperial, e que se destinam a comunicar um fato ou dar conhecimento de temas relacionados à atividade pública. ➢ Portarias: ato pelo qual a chefia designa servidores para determinadas atividades ou funções, bem como determina regras gerais ou especiais. ➢ Ofícios: ato de comunicação oficial entre órgãos. ➢ Despachos: ato que externa decisão acerca de procedimento administrativo. ➢ Despachos Normativos: despacho ao qual a autoridadecompetente determina sua aplicação para casos análogos. Deixa de ser apenas uma decisão para o caso concreto e passa a ter efeito geral a casos similares. Wagner Damazio Aula 2 - Parte 2 Direito Administrativo p/ Concursos Cartórios - Curso Regular www.estrategiaconcursos.com.br 320412 07818729798 - Rodrigo Neves Quintino da Costa 67 ➢ Provimentos: atos utilizados especialmente por Órgãos de Justiça para regularização ou uniformização do serviço. 7.3. Atos Administrativos Negociais Também denominados atos receptícios78, são os atos administrativos em que a declaração de vontade da Administração coincide com a do particular por tratar de objeto cujo interesse é recíproco do Poder Público e do administrado. Em que pese a vontade do particular não integrar a formação do ato, ela é relevante para provocar a atuação da Administração Pública. Entre os atos administrativos (unilateral), os atos negociais são aqueles que mais se aproximam de um negócio jurídico (bilateral). A seguir, tem-se os principais atos negociais: ➢ Admissão: ato vinculado ao cumprimento dos requisitos legais para fruição de interesse predominante do particular. Exemplos: vestibulando que se classifica no número de vagas disponibilizadas para o curso de sua inscrição passa a ter direito à admissão em Universidade Pública para a qual prestou o exame. A admissão é ato vinculado, portanto, cumpridos todos os requisitos previstos, o órgão público tem o dever de admitir o vestibulando. ➢ Licença: ato vinculado em que a Administração Pública, verificando o cumprimento de todos os requisitos legais pelo particular, consente a realização de uma atividade ou fruição de alguma situação jurídica. A licença tem presunção de definitividade por ser um ato vinculado e gerar um direito subjetivo ao particular. Para seu desfazimento, a Administração Pública pode se valer da cassação expropriatória, mas, conforme ensina o professor Diogo de Figueiredo Moreira Neto79, é medida administrativa onerosa e de extrema severidade, que só deve 78 Diogo de Figueiredo Moreira Neto, 16ª edição, p 257. 79 Curso de Direito Administrativo, 16ª edição, p 670. Wagner Damazio Aula 2 - Parte 2 Direito Administrativo p/ Concursos Cartórios - Curso Regular www.estrategiaconcursos.com.br 320412 07818729798 - Rodrigo Neves Quintino da Costa 68 ser utilizada como último recurso para atender a relevante interesse público supervenientemente definido. Exemplos: emissão de alvará para edificação nova, reforma ou demolição. Também o exercício de atividades profissionais regulamentadas. ➢ Autorização: ato discricionário que expressa uma concordância precária por parte da Administração Pública com relação à realização de uma atividade ou utilização de um bem pelo particular no interesse predominante deste. Para que seja concedida a autorização, o particular precisa também cumprir todos os requisitos previstos para o ato, mas a lei concedeu à Administração Pública, ante ao caso concreto, consentir ou não com o ato. Exemplos: uso de bem público e porte de arma. #ficadica Na obra do professor Hely Lopes Meirelles há o relato de que o uso da autorização vem sendo desvirtuado, com a sua expedição com prazo ou condicionada. Isso faz com que este ato administrativo acabe deixando de ser ato unilateral, discricionário e precário para se aproximar de um contrato (bilateral). Nas palavras do professor, tem-se que: Lamentavelmente, a natureza jurídica da autorização não vem sendo respeitada pelo legislador, dificultando a compreensão e a sistematização do Direito Administrativo. É o que está ocorrendo com a autorização expedida com prazo e dependente de outros fatores. Deixa ela de ser ato administrativo unilateral, discricionário e precário, para assumir um caráter quase contratual, como aconteceu com a permissão. É o que acontece com a autorização especial para uso da água, criada pela Lei 9.984, 17.7.2000 (Agência Nacional de Águas), e mais recentemente com a autorização de acesso ao patrimônio genético existente no País, instituída pela MP 2.186-16/2001. ➢ Permissão: ato discricionário que expressa uma concordância precária por parte da Administração Pública com relação à realização de uma Wagner Damazio Aula 2 - Parte 2 Direito Administrativo p/ Concursos Cartórios - Curso Regular www.estrategiaconcursos.com.br 320412 07818729798 - Rodrigo Neves Quintino da Costa 69 atividade ou utilização de um bem pelo particular no interesse predominante público. Pode ser a título gratuito ou remunerado, conforme condições fixadas pelo ente público, bem poderá ser expedida com condições de modo a restringir a discricionariedade e precariedade do ente público e incentivar o particular a aderir ao interesse público. Exemplos: emissão de alvará para edificação nova, reforma ou demolição. Também o exercício de atividades profissionais regulamentadas. ➢ Registro: ato vinculado que se caracteriza por assentar em órgão público o reconhecimento administrativo do cumprimento das condições para fruição de uma situação jurídica da vida privada do particular. Exemplos: manipulação e emprego de substâncias químicas, comercialização de certos produtos, operação de veículos ou equipamentos80. ➢ Visto: ato pelo qual a Administração controla seus atos ou do administrado, conferindo a eles legitimidade formal para que produzam seus regulares efeitos. Sempre incide sobre ato administrativo anterior sem interferir em seu conteúdo. Inicialmente era tido como ato vinculado, mas tem sido utilizado com grau de discricionariedade. Exemplos: visto em passaporte obtido em consulados de outros países. ➢ Homologação: ato vinculado pelo qual a autoridade superior avalia a legalidade, bem como a conveniência de ato anterior praticado para dar-lhe eficácia. 80 Exemplos do professor Diogo de Figueiredo Moreira Neto, Curso de Direito Administrativo, 16ª edição, p 248. Wagner Damazio Aula 2 - Parte 2 Direito Administrativo p/ Concursos Cartórios - Curso Regular www.estrategiaconcursos.com.br 320412 07818729798 - Rodrigo Neves Quintino da Costa 70 É considerado ato de simples controle, não podendo alterar o conteúdo do ato controlado, podendo apenas confirmá-lo ou rejeitá-lo. Exemplo: ato em que a autoridade competente homologa o procedimento licitatório realizado nos termos da Lei nº 8.666, de 1993. 7.4. Atos Administrativos Enunciativos São os atos que externam ou declaram uma situação existente em registros, processos ou arquivos públicos sem qualquer manifestação de vontade original da Administração. Também são denominados atos de pronúncia81 ou meros atos administrativos82. ➢ Certidão: ato que reproduz registro de órgãos públicos acerca de informação de interesse do particular. Não há manifestação da vontade da Administração, apenas a transcrição fiel de informação sob seu poder. De acordo com o art. 1º da Lei nº 9.051, de 1995, devem ser expedidas no prazo improrrogável de 15 dias contados do pedido. Art. 1º As certidões para a defesa de direitos e esclarecimentos de situações, requeridas aos órgãos da administração centralizada ou autárquica, às empresas públicas, às sociedades de economia mista e às fundações públicas da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, deverão ser expedidas no prazo improrrogável de quinze dias, contado do registro do pedido no órgão expedidor. ➢ Atestado: ato pelo qual a Administração comprova um fato ou uma informação de seu conhecimento. Diferencia-se da certidão porque o atestado comprova fatos ou informações transitórias, que podem ser modificadas com certa frequência. Por outro lado, a certidãocomprova fatos ou atos permanentes (ou alteráveis apenas excepcionalmente). 81 Expressão utilizada pelo professor Diogo de Figueiredo Moreira Neto. 82 Expressão utilizada pela professora Maria Sylvia. Wagner Damazio Aula 2 - Parte 2 Direito Administrativo p/ Concursos Cartórios - Curso Regular www.estrategiaconcursos.com.br 320412 07818729798 - Rodrigo Neves Quintino da Costa 71 ➢ Autos de Infração: ato pelo qual a Administração descreve situação que caracterizou transgressão administrativa. ➢ Apostila: ato pelo qual a Administração declara um direito criado por norma legal. ➢ Parecer: ato pelo qual se externa uma opinião de órgão técnico acerca de determinado tema ou em atenção a quesitos apresentados. Os pareceres, em regra, são meramente opinativos, não vinculando a Administração Pública. A lei pode obrigar a existência do parecer de um órgão técnico antes da prática do ato pela autoridade, passando, então, a ser requisito de validade do ato administrativo a sua existência. Mesmo nesse caso, pode a existência do parecer ser necessária, mas seu conteúdo ainda não ser vinculativo, a menos a que a lei exija parecer favorável ao ato como impositivo. Não sendo o caso de a lei exigir parecer favorável, pode a autoridade reduzir a termo sua discordância e o porquê de agir de forma diversa da indicada pelo parecerista ou pareceristas. Os pareceres podem ser: A doutrina ainda alude à possibilidade de um parecer ser aprovado por autoridade competente e passar a vincular os órgãos e os servidores subordinados à aludida autoridade, que deverão respeitar o conteúdo do ato. Assim, se passar a ser exigida sua observância para outros casos análogos, torna-se ato normativo geral e abstrato denominado Parecer Normativo. Parecer Facultativo a autoridade competente para o ato não está vinculada ao parecer que é meramente opcional Obrigatório exige-se a existência do parecer para a prática do ato administrativo (a autoridade pode dele divergir - é mera opinião) Vinculante ou a autoridade o adota e pratica o ato ou não o pratica (a autoridade não pode dele divergir - deixa de ser mera opinião) Wagner Damazio Aula 2 - Parte 2 Direito Administrativo p/ Concursos Cartórios - Curso Regular www.estrategiaconcursos.com.br 320412 07818729798 - Rodrigo Neves Quintino da Costa 72 7.5. Atos Administrativos Punitivos São aqueles praticados pela Administração cujo objeto é aplicação de sanção por infrações administrativas, podendo ser extroversos, quando aplicados aos administrados, ou introversos, quando aplicados a agentes públicos. Os atos administrativos punitivos extroversos são vinculados enquanto os atos administrativos punitivos introversos possuem margem de discricionariedade quanto à valoração da sanção a ser aplicada ao agente público. Entre os atos administrativos punitivos extroversos, tem-se: ➢ Multa: ato administrativo punitivo pelo qual a Administração impõe uma sanção pecuniária ao administrado. ➢ Interdição: ato pelo qual a Administração suspende o exercício de determinada atividade por parte do administrado. ➢ Destruição de coisas: ato pelo qual a Administração, consubstanciada em caráter urgente, elimina um produto ou um bem do administrado impróprio para consumo ou uso. Necessário se faz a produção de documento circunstanciado com os motivos para aplicação da medida. ➢ Cassação anulatória: ato pelo qual a Administração desfaz um ato negocial, como meio punitivo, pelo descumprimento superveniente das condições originais necessárias. ➢ Demolição administrativa: ato pelo qual a Administração, de forma urgente e para remover perigo público iminente, demole edificação ou parte dela. Necessário se faz a produção de documento circunstanciado com os motivos para aplicação da medida. ➢ Confisco: ato pelo qual o particular perde seu bem ou direito a favor da Administração Pública nos casos estritamente previstos em lei. Wagner Damazio Aula 2 - Parte 2 Direito Administrativo p/ Concursos Cartórios - Curso Regular www.estrategiaconcursos.com.br 320412 07818729798 - Rodrigo Neves Quintino da Costa 73 Wagner Damazio Aula 2 - Parte 2 Direito Administrativo p/ Concursos Cartórios - Curso Regular www.estrategiaconcursos.com.br 320412 07818729798 - Rodrigo Neves Quintino da Costa 74 8. Extinção dos Atos Administrativos São diversos os motivos para extinção de um ato administrativo e os seus consequentes efeitos. Para o professor Celso Antônio Bandeira de Mello83, são as seguintes as possíveis causas de extinção dos atos administrativos, não diferenciando ser a extinção do próprio ato ou de seus efeitos: 83 Curso de Direito Administrativo, 14ª edição, pp 393 a 396. Extinção do ato administrativo Ato Eficaz cumprimento dos efeitos esgotamento do conteúdo jurídico execução material termo final ou condição resolutiva desaparecimento de elemento infungível da relação sujeito objeto retirada revogação invalidação (anulação) cassação caducidade contraposição (derrubada) renúncia Ato Ineficaz mera retirada recusa Wagner Damazio Aula 2 - Parte 2 Direito Administrativo p/ Concursos Cartórios - Curso Regular www.estrategiaconcursos.com.br 320412 07818729798 - Rodrigo Neves Quintino da Costa 75 8.1. Extinção de Ato Eficaz por Cumprimento de seus Efeitos São 3 as possibilidades de extinção do ato administrativo eficaz por cumprimento de seus efeitos: ➢ Esgotamento do seu conteúdo jurídico: ocorre quando os efeitos jurídicos são efetivamente usufruídos no período, até o seu esgotamento. Exemplo84: gozo de férias por servidor público. ➢ Execução material: ocorre com o cumprimento do objeto do ato. Exemplo: execução de uma ordem de demolição. ➢ Ocorrência de termo final ou condição resolutiva: ocorre com o implemento de termo ou condição previamente fixada discricionariamente pela Administração em cláusula acidental ou acessória. Lembre-se que o termo é cláusula acessória que se baseia na ocorrência de evento futuro e certo. Já a Condição, em que pese também ser uma cláusula acessória, baseia-se em evento futuro e incerto. Exemplo: permissão para retirada de água do rio com a condição de o rio não esteja abaixo de determinado nível. 84 Exemplos do professor Celso Antônio Bandeira de Mello ofertado em seu Curso de Direito Administrativo, 14ª edição, pp 394 a 396. Wagner Damazio Aula 2 - Parte 2 Direito Administrativo p/ Concursos Cartórios - Curso Regular www.estrategiaconcursos.com.br 320412 07818729798 - Rodrigo Neves Quintino da Costa 76 8.2. Extinção de Ato Eficaz por Desaparecimento do Sujeito ou Objeto O ato administrativo eficaz pode ser extinto quando for intuitu personae (personalíssimo ou pessoal) e sobrevier o falecimento do beneficiário. De forma análoga, também ocorrerá a extinção do ato administrativo eficaz com o perecimento do objeto. Exemplos: a morte do funcionário público extingue a nomeação; a queda de um prédio em ruína extingue o alvará de demolição. 8.3. Extinção de Ato Eficaz por sua Retirada do Mundo Jurídico O ato administrativo eficaz pode ser extinto quando a Administração Pública expedir outro ato administrativo extintivo do anterior, retirando este do mundo jurídico. ➢ Cassação: ocorre quando a Administração Pública retira a juridicidade e produção dos efeitos do ato anterior porque deixaram de ser atendidos os requisitos necessários para sua manutenção. Exemplo: retirada de licença de funcionamento por alteração do objeto de prestação do serviço para outro proibido. ➢ Caducidade: ocorre quando a Administração Públicaretira a juridicidade e produção dos efeitos do ato anterior porque sobreveio norma jurídica que o torna incompatível com a nova disciplina jurídica. Exemplo: retirada de permissão para exploração de parque de diversões em função de a nova lei de zoneamento não autorizar essa atividade para aquela região. Wagner Damazio Aula 2 - Parte 2 Direito Administrativo p/ Concursos Cartórios - Curso Regular www.estrategiaconcursos.com.br 320412 07818729798 - Rodrigo Neves Quintino da Costa 77 ➢ Contraposição ou Derrubada: ocorre quando a Administração Pública expede novo ato em sentido contrário ao anterior. Exemplo: exoneração de um servidor (derruba a nomeação anterior por ser um ato contraposto). 8.3.1. Revogação e Anulação (Invalidação) As duas formas mais importantes de retirar do mundo jurídico um ato administrativo eficaz, sem dúvida, são a revogação e a anulação (também denominada invalidação). Por isso, é necessário tratar acerca deles com mais detalhes. ➢ Revogação: ocorre quando a Administração Pública por conveniência e oportunidade produz novo ato retirando a juridicidade e produção dos efeitos do ato anterior a partir daquele momento (ex nunc). Exemplo: retirada de permissão para banca de jornal em função de ser conveniente e oportuna a melhoria do tráfego de pedestres em determina calçada pública. Ou seja, todos os efeitos produzidos até aquele momento são válidos normalmente. Revoga-se ato administrativo quando, em que pese sua legalidade, sobrevier condição de incompatibilidade com o interesse público que sugira a sua retirada do mundo jurídico a partir daquele momento. A revogação poderá ser expressa ou implícita. Expressa nos casos em que a autoridade expede ato que aduz de forma direta e transparente a sua revogação. É implícita quando o ato expedido for incompatível com o anteriormente divulgado. Frise-se que a revogação, em regra, não gera nenhum direito de indenização ao anterior beneficiário do ato revogado. Poderá gerar, contudo, o dever de indenizar se a Administração Pública lançar mão da revogação em situações em que esta era incabível, mas foi realizada em substituição à expropriação. Wagner Damazio Aula 2 - Parte 2 Direito Administrativo p/ Concursos Cartórios - Curso Regular www.estrategiaconcursos.com.br 320412 07818729798 - Rodrigo Neves Quintino da Costa 78 Exemplo: depois de concedida regularmente uma licença para edificação nova e o particular iniciou a obra, não poderá a Administração Pública revogar o ato, ainda que alegue mudança no interesse público. Se realizado, deverá indenizar o particular. A revogação é ato privativo da Administração Pública, não cabendo ao Poder Judiciário adentrar ao mérito administrativo (avaliação de conveniência e oportunidade). Ademais, por ser ato discricionário da Administração Pública, a revogação deve ser realizada dentro dos limites previstos em lei. Nessa linha, não podem ser revogados: Por fim, cabe dizer que pelo princípio da simetria: ➢ a autoridade competente para a revogação é a mesma que tenha competência para a prática do ato original ou aquela que possa conhecer do tema de ofício ou pela via recursal; e ➢ a forma a ser utilizada deve ser a mesma do ato original. ➢ Invalidação ou Anulação: ocorre quando a Administração Pública ou o Poder Judiciário retira a juridicidade e produção dos efeitos do ato anterior desde o momento de sua produção (efeitos ex tunc), por se mostrar contrário à ordem jurídica. Não podem ser revogados: atos vinculados atos que exauriram os seus efeitos atos enunciativos, de pronúncia ou meros atos administrativos atos que integram um procedimento os atos que geraram direito adquirido Wagner Damazio Aula 2 - Parte 2 Direito Administrativo p/ Concursos Cartórios - Curso Regular www.estrategiaconcursos.com.br 320412 07818729798 - Rodrigo Neves Quintino da Costa 79 Exemplo: retirada de uma autorização de porte de arma deferida para menor de idade em desacordo com a lei. Não se pode confundir revogação com anulação (ou invalidação) dos atos administrativos. A revogação ocorre por conveniência e oportunidade da Administração Pública, já a anulação é um dever da Administração tão logo constate vício de legalidade no ato. Inclusive as súmulas 346 e 473 do STF tratam da revogação e anulação de ato administrativo: Súmula 473: A administração pode anular seus próprios atos, quando eivados de vícios que os tornam ilegais, porque deles não se originam direitos; ou revogá-los, por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, em todos os casos, a apreciação judicial. Súmula 346: A Administração Pública pode declarar a nulidade de seus próprios atos. Revogação Só pode ser praticado pela Administração Pública análise de conveniência e oportunidade (mérito administrativo) ex nunc Anulação (invalidação) Pode ser praticado pela Administração Pública ou pelo Poder Judiciários análise de ilegalidade ou contrariedade à ordem jurídica ex tunc Wagner Damazio Aula 2 - Parte 2 Direito Administrativo p/ Concursos Cartórios - Curso Regular www.estrategiaconcursos.com.br 320412 07818729798 - Rodrigo Neves Quintino da Costa 80 A anulação quando realizada pela própria Administração Pública independe de requerimento do interessado, sendo realizada dentro do seu poder-dever de respeito à legalidade. Já quando realizada pelo Poder Judiciário, dependerá de provocação do interessado. Há divergência doutrinária quanto à vinculação ou não da Administração à anulação de um ato administrativo ilegal. Nessa linha, a professora Maria Sylvia85 assim discorre: O aspecto que se discute é quanto ao caráter vinculado ou discricionário da anulação. Indaga-se: diante de uma ilegalidade, a Administração está obrigada a anular o ato ou tem apenas a faculdade de fazê-lo? Há opiniões nos dois sentidos. Os que defendem o dever de anular apegam-se ao princípio da legalidade; os que defendem a faculdade de anular invoca o princípio da predominância do interesse público sobre o particular. Para nós, a Administração tem, em regra, o dever de anular os atos ilegais, sob pena de cair por terra o princípio da legalidade. No entanto, poderá deixar de fazê-lo, em circunstâncias determinadas, quando o prejuízo resultante da anulação puder ser maior do que o decorrente da manutenção do ato ilegal; nesse caso, é o interesse público que norteará a decisão. Também têm aplicação os princípios da segurança jurídica nos aspectos objetivo (estabilidade das relações jurídicas) e o subjetivo (proteção à confiança) e da boa- fé. De todo modo, para que a Administração decida, com base na segurança jurídica e boa-fé pela não anulação do ato, há que se observar: a) o ato não ter sido praticado com dolo; b) a não anulação afetar direitos ou interesse legítimos; e c) a não anulação causar prejuízos ao erário. A própria Lei nº 9.784, de 1999, prevê que: Art. 53. A Administração deve anular seus próprios atos, quando eivados de vício de legalidade, e pode revogá-los por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos. Art. 54. O direito da Administração de anular os atos administrativos de que decorram efeitos favoráveis para os destinatários decai em cinco anos, contados da data em que foram praticados, salvo comprovada má-fé. 85 Direito Administrativo, 30ª edição, pp 279 e 280. Wagner Damazio Aula 2 - Parte 2 Direito Administrativo p/ Concursos Cartórios - Curso Regular www.estrategiaconcursos.com.br 320412 07818729798 - Rodrigo Neves Quintino da Costa 81 § 1o No caso de efeitos patrimoniais contínuos, o prazo de decadência contar-se-á daConvalidação dos Atos Anuláveis ..................................................................................................... 85 8.3.4. Confirmação ..................................................................................................................................... 88 8.4. Extinção de Ato Ineficaz ......................................................................................................................... 88 Wagner Damazio Aula 2 - Parte 2 Direito Administrativo p/ Concursos Cartórios - Curso Regular www.estrategiaconcursos.com.br 320412 07818729798 - Rodrigo Neves Quintino da Costa 4 9. Questões de Concursos Anteriores ................................................................................................................ 90 9.1. Lista de Questões sem Comentários ....................................................................................................... 90 9.2. Gabarito sem Comentários .................................................................................................................. 102 9.3. Questões Resolvidas e Comentadas ..................................................................................................... 103 10. Resumo ...................................................................................................................................................... 128 11. Considerações Finais .................................................................................................................................. 145 Wagner Damazio Aula 2 - Parte 2 Direito Administrativo p/ Concursos Cartórios - Curso Regular www.estrategiaconcursos.com.br 320412 07818729798 - Rodrigo Neves Quintino da Costa 5 1. Considerações Iniciais As perguntas introdutórias para a temática de Atos Administrativos estão na parte 1 desta aula. Aproveito a oportunidade apenas para lembrar acerca da importância deste tema, um dos mais cobrados em provas de Direito Administrativo. Wagner Damazio Aula 2 - Parte 2 Direito Administrativo p/ Concursos Cartórios - Curso Regular www.estrategiaconcursos.com.br 320412 07818729798 - Rodrigo Neves Quintino da Costa 6 2. Noções Gerais acerca do Ato Jurídico Antes de abordar o conceito, os atributos, os elementos, as várias classificações e as formas de extinção, é necessário indicar onde, na estrutura dos acontecimentos, estão localizados os atos administrativos e o porquê. Da doutrina do Direito Civil e da Teoria Geral do Direito, podemos diagramar os acontecimentos da seguinte forma: Ou seja, um acontecimento é um evento que pode ser vertido em linguagem ou não. Se for descrito por qualquer meio (linguagem escrita, verbal, imagens, ....), será um fato. Permanecendo sem descrição, será um evento. Ou seja, o fato surge pela descrição de um evento. Sem dúvida, há autores que não diferenciam evento e fato, mas outros doutrinadores influenciados pela filosofia da linguagem1 os diferenciam. Então, fica o registro. De todo modo, os fatos podem ter efeitos jurídicos ou não. Inclusive, de um mesmo fato podem haver cortes metodológicos de várias ciências diversas: jurídica, econômica, política, social, contábil, entre tantas outras. Eis aqui uma grande cisão de consequências enormes para o direito: a segregação entre o que é jurídico e o não jurídico. Como você sabe, na história do Direito há aqueles que propugnaram por uma teoria pura do direito2e outros que internalizaram valores ao ordenamento jurídico3. 1 No mundo, entre muitos outros: Immanuel Kant, Georg Wilhelm Friedrich Hegel e Hans-Georg Gadamer. No Brasil: Lourival Vilanova e Paulo de Barros Carvalho. 2 Hans Kelsen e Alf Ross 3 Miguel Reale Evento Fato Jurídico Voluntário Lícito Ato Jurídico em Sentido Amplo Ato Jurídico em sentido estrito Negócio Jurídico Ilícito Involuntário Não Jurídico Wagner Damazio Aula 2 - Parte 2 Direito Administrativo p/ Concursos Cartórios - Curso Regular www.estrategiaconcursos.com.br 320412 07818729798 - Rodrigo Neves Quintino da Costa 7 Para o nosso foco, predomina hoje, e a Constituição da República Federativa do Brasil – CRFB é rica nesse sentido, a posição de que valores, desde que absorvidos pelo ordenamento jurídico, ainda que do ponto de vista principiológico, incluem-se no ser jurídico. Mas há, sem dúvida, fatos que nenhuma relação tem com o jurídico. Nessa linha, a professora Maria Helena Diniz4 apresenta a seguinte definição para os fatos jurídicos: “fatos jurídicos seriam os acontecimentos, previstos em norma de direito, em razão dos quais nascem, se modificam, subsistem e se extinguem as relações jurídicas” Do conjunto fatos jurídicos (portanto, relevantes para o Direito), há aqueles que são volitivos, por expressarem a manifestação da vontade de um agente humano, e aqueles involuntários, por decorrem de um acontecimento da natureza. Dentre os voluntários, há os fatos jurídicos lícitos (conforme a lei e o direito) e os ilícitos (contrário à lei ou ao direito). Focando nos fatos jurídicos voluntários lícitos, têm-se os atos jurídicos em sentido amplo subdividido em duas espécies5, quais sejam os atos jurídicos em sentido estrito e os negócios jurídicos. Os atos jurídicos em sentido amplo são aqueles que produzem os efeitos jurídicos desejados pelos agentes, amparados pelo ordenamento jurídico. Por seu turno, os atos jurídicos em sentido estrito são aqueles nos quais os resultados jurídicos decorrem da vontade do agente, mas em linha com o previamente fixado pelo ordenamento. Ou seja, os atos jurídicos em sentido estrito identificam aqueles atos em que o agente exerce a sua intenção unilateral de praticar uma ação previamente prescrita em lei e cujas consequências, em regra, já estavam previamente fixadas. Já o negócio jurídico, também espécie do ato jurídico em sentido amplo, é aquele pelo qual são produzidas novas regras para atender, em regra, à composição de interesses das partes. 4 Curso de Direito Civil Brasileiro, 25ª edição, p 372. 5 Há na doutrina citação também à espécie ato-fato jurídico, que seria aquele que gera consequência prevista no normativo, mas não decorrente da vontade ou da intenção do agente. Wagner Damazio Aula 2 - Parte 2 Direito Administrativo p/ Concursos Cartórios - Curso Regular www.estrategiaconcursos.com.br 320412 07818729798 - Rodrigo Neves Quintino da Costa 8 3. Definição de Ato Administrativo Os atos administrativos são um subgrupo ou uma espécie do gênero atos jurídicos. Ou seja, em essência todo ato administrativo é um ato jurídico, devendo, portanto, ter em comum seus elementos basilares. Vamos explorar os principais aspectos do ato administrativo a partir de agora, iniciando com a apresentação de sua definição realizada por alguns dos principais autores dessa nossa disciplina: Ato Administrativo é... José dos Santos Carvalho Filho6 ...a exteriorização da vontade de agentes da Administração Pública ou de seus delegatários, nessa condição, que, sob regime de direito público, vise à produção de efeitos jurídicos com o fim de atender ao interesse público. Maria Sylvia Zanella Di Pietro7 ...a declaração do Estado ou de quem o represente, que produz efeitos jurídicos imediatos, com observância da lei, sob regime jurídico de direito público e sujeita a controle pelo Poder Judiciário. Hely Lopes Meirelles8 ...toda manifestação unilateral de vontade da Administração Pública que, agindo nessa qualidade, tenha por fim imediato adquirir, resguardar, transferir, modificar, extinguir e declarar direitos, ou impor obrigações aos administrados ou a si própria. Celso Antônio Bandeira de Mello9 ...a declaração dopercepção do primeiro pagamento. § 2o Considera-se exercício do direito de anular qualquer medida de autoridade administrativa que importe impugnação àvalidade do ato. Art. 55. Em decisão na qual se evidencie não acarretarem lesão ao interesse público nem prejuízo a terceiros, os atos que apresentarem defeitos sanáveis poderão ser convalidados pela própria Administração. Ou seja, a Administração poderá convalidar o ato administrativo no lugar de anulá-lo quando não acarretar lesão ao interesse público nem prejuízo a terceiros. Ademais, há a fixação do prazo de 5 anos para que seja realizada a anulação do ato administrativo do qual tenham decorrido efeitos favoráveis ao destinatário. Outro aspecto a ser ressaltado é o fato de que podem ocorrer vícios no ato administrativo em qualquer dos 5 elementos: competência, forma, finalidade, motivo ou objeto. 1) Vícios quanto à competência do ato administrativo: será viciado o ato praticado por autoridade incompetente ou incapaz. Ressalte-se que a Lei nº 4.717, de 1965, previu quando fica caracterizada a incompetência para a realização do ato. Veja: Vícios quanto à Competência Incompetência excesso de poder usurpador de função agente de fato incapacidade impedimento suspeição Wagner Damazio Aula 2 - Parte 2 Direito Administrativo p/ Concursos Cartórios - Curso Regular www.estrategiaconcursos.com.br 320412 07818729798 - Rodrigo Neves Quintino da Costa 82 Art. 2º São nulos os atos lesivos ao patrimônio das entidades mencionadas no artigo anterior, nos casos de: (...) a) incompetência; Parágrafo único. Para a conceituação dos casos de nulidade observar-se-ão as seguintes normas: (...) a) a incompetência fica caracterizada quando o ato não se incluir nas atribuições legais do agente que o praticou; Conforme estudamos na aula sobre poderes administrativos, o excesso de poder, juntamente com o desvio de finalidade, são espécies do gênero abuso de poder. Assim, há vício na competência quando a autoridade age exorbitando de suas atribuições, ou seja, praticando o excesso de poder. A usurpação de função, tipo penal previsto no art. 328 do Código Penal (usurpar o exercício de função pública), caracteriza o vício de competência porque o usurpador dolosamente pratica o ato por conta própria sem ter sido atribuído para o exercício da função pública. Diferentemente é o caso daquele que exerce a função pública de fato por atuar com total aparência de legalidade, mas tendo havido alguma irregularidade na investidura do cargo, emprego ou função públicos ou no exercício destes. No que tange aos vícios de incapacidade, cabe dizer, impedimento e suspeição, aquele é um vício absoluto, já que previsto objetivamente em lei, enquanto esta é um vício relativo, já que depende de conceitos abertos e avaliáveis no caso concreto. Nessa linha, o art. 18 da Lei nº 9.784, de 1999, estabelece que: Art. 18. É impedido de atuar em processo administrativo o servidor ou autoridade que: I - tenha interesse direto ou indireto na matéria; II - tenha participado ou venha a participar como perito, testemunha ou representante, ou se tais situações ocorrem quanto ao cônjuge, companheiro ou parente e afins até o terceiro grau; III - esteja litigando judicial ou administrativamente com o interessado ou respectivo cônjuge ou companheiro. Portanto, o impedimento ocorrerá, de forma absoluta, para o servidor ou autoridade que se enquadre em um dos incisos do dispositivo, ficando proibida sua atuação. Wagner Damazio Aula 2 - Parte 2 Direito Administrativo p/ Concursos Cartórios - Curso Regular www.estrategiaconcursos.com.br 320412 07818729798 - Rodrigo Neves Quintino da Costa 83 Frise-se que a aludida lei previu em seu art. 19 que é dever do servidor ou autoridade que incorrer em impedimento abster-se de praticar o ato e comunicar o fato à autoridade competente, respondendo disciplinarmente por falta grave em caso de omissão. Por outro lado, o art. 20 da Lei nº 9.784, de 1999, estabelece que: Art. 20. Pode ser argüida a suspeição de autoridade ou servidor que tenha amizade íntima ou inimizade notória com algum dos interessados ou com os respectivos cônjuges, companheiros, parentes e afins até o terceiro grau. Art. 21. O indeferimento de alegação de suspeição poderá ser objeto de recurso, sem efeito suspensivo. Ou seja, a suspeição do servidor ou da autoridade ocorrerá quando este tiver amizade íntima ou inimizade notória com algum dos interessados ao ato ou com os respectivos cônjuges, companheiros, parentes e afins até o terceiro grau. Em virtude de serem conceitos abertos e não objetivos, a suspeição tem presunção relativa de incapacidade do agente, não acarretando, portanto, vício se a parte não alegar a suspeição e esta ficar caracterizada. De todo modo, seja no impedimento, seja na suspeição, o ato administrativo poderá ser convalidado por autoridade superior que não incorra em impedimento ou suspeição, sendo considerado, portanto, como anulável. 2) Vícios quanto à forma do ato administrativo: será viciado o ato praticado sem a forma prevista em lei ou por cuja forma pela qual foi expedido não se atinge a finalidade pretendida. Além disso, frise-se que a própria Lei nº 4.717, de 1965, prevê o que consiste em vício de forma na realização do ato administrativo: Art. 2º São nulos os atos lesivos ao patrimônio das entidades mencionadas no artigo anterior, nos casos de: (...) b) vício de forma; Parágrafo único. Para a conceituação dos casos de nulidade observar-se-ão as seguintes normas: (...) b) o vício de forma consiste na omissão ou na observância incompleta ou irregular de formalidades indispensáveis à existência ou seriedade do ato; Wagner Damazio Aula 2 - Parte 2 Direito Administrativo p/ Concursos Cartórios - Curso Regular www.estrategiaconcursos.com.br 320412 07818729798 - Rodrigo Neves Quintino da Costa 84 3) Vícios quanto à finalidade do ato administrativo: será viciado o ato praticado com o desvio de finalidade (espécie do gênero abuso de poder), ou seja, ato que não vise ao interesse público. Ademais, a própria Lei nº 4.717, de 1965, prevê quando se verifica o desvio de finalidade para a realização do ato. Veja: Art. 2º São nulos os atos lesivos ao patrimônio das entidades mencionadas no artigo anterior, nos casos de: (...) e) desvio de finalidade; Parágrafo único. Para a conceituação dos casos de nulidade observar-se-ão as seguintes normas: (...) e) o desvio de finalidade se verifica quando o agente pratica o ato visando a fim diverso daquele previsto, explícita ou implicitamente, na regra de competência. 4) Vícios quanto ao motivo do ato administrativo: será viciado o ato praticado com o motivo inexistente ou ainda em que ocorra falsidade. Também a Lei nº 4.717, de 1965, previu que: Art. 2º São nulos os atos lesivos ao patrimônio das entidades mencionadas no artigo anterior, nos casos de: (...) d) inexistência dos motivos; Parágrafo único. Para a conceituação dos casos de nulidade observar-se-ão as seguintes normas: (...) d) a inexistência dos motivos se verifica quando a matéria de fato ou de direito, em que se fundamenta o ato, é materialmente inexistente ou juridicamente inadequada ao resultado obtido; 5) Vícios quanto ao objeto do ato administrativo: será viciado o ato praticado com objeto ilícito, impossível, imoral ou indeterminado. De igual modo, previu a Lei nº 4.717, de 1965, que: Art. 2º São nulos os atos lesivos ao patrimônio das entidades mencionadas no artigo anterior, nos casos de: (...) c) ilegalidade do objeto; Parágrafo único. Para a conceituação dos casos de nulidade observar-se-ão as seguintes normas: (...) c) a ilegalidade do objeto ocorre quando o resultado do ato importa em violação de lei,regulamento ou outro ato normativo; Wagner Damazio Aula 2 - Parte 2 Direito Administrativo p/ Concursos Cartórios - Curso Regular www.estrategiaconcursos.com.br 320412 07818729798 - Rodrigo Neves Quintino da Costa 85 8.3.2. Atos Nulos e Atos Anuláveis Em que pese haver divergências doutrinárias, é possível destacar a definição de que ato nulo é aquele que possui vício insanável, ou seja, não pode ser convalidado. Por outro lado, o ato administrativo anulável é aquele em que o ato apresenta um vício, mas esse vício poderá ser convalidado pela autoridade competente. 8.3.3. Convalidação dos Atos Anuláveis A convalidação (também denominada saneamento) é o ato pelo qual a Administração Pública ou, excepcionalmente, o administrado regulariza determinado vício existente em um ato administrativo com efeitos retroativos à data em que praticado (ex tunc). A regra é que a convalidação seja realizada pela própria Administração Pública, mas pode haver casos em que a edição do ato dependa de alguma ação do particular que, realizando-a posteriormente, convalidará o ato86. Tradicionalmente, a doutrina aponta para o fato de que, dos 5 elementos do ato administrativo - competência, forma, finalidade, motivo e objeto – somente podem ser convalidados aqueles com vícios nos elementos forma e competência, mas não quanto aos elementos finalidade, motivo e objeto. Cabe ainda destacar que, neste entendimento tradicional, a convalidação quanto aos elementos forma e competência só se aplica se a forma não for essencial e a competência não for exclusiva ou em razão da matéria. A professora Maria Sylvia denomina de ratificação a convalidação por vício de incompetência. Exemplos87: no art. 84 da CRFB, que trata das matérias de competência privativa do Presidente da República, o seu parágrafo único estabelece que as disposições dos incisos VI, XII 86 Maria Sylvia. Direito Administrativo, 30ª edição, p 289. 87 Exemplos da professora Maria Sylvia. Direito Administrativo, 30ª edição, p 291. Wagner Damazio Aula 2 - Parte 2 Direito Administrativo p/ Concursos Cartórios - Curso Regular www.estrategiaconcursos.com.br 320412 07818729798 - Rodrigo Neves Quintino da Costa 86 e XXV (primeira parte)88 podem ser delegadas aos Ministros de Estado, Procurador Geral ou Advogado Geral da União. No caso de essas autoridades praticarem um desses atos sem a delegação, haverá vício no elemento competência, podendo o Presidente convalidar (denomina-se ratificação); não pode um Ministério convalidar ato de competência de outro Ministério porque em razão da matéria, cada um possui uma especialidade. Assim, não pode o Ministro da Saúde convalidar um ato praticado por um servidor do Ministério da Justiça. Ocorre que há divergências doutrinárias acerca do estudo da convalidação. Para o professor José dos Santos Carvalho Filho89, há três formas de convalidação: ➢ Ratificação: ocorre quando a autoridade saneia um vício anterior de um ato administrativo, sendo praticável quanto a alguns vícios nos elementos competência e forma, não se aplicando, contudo, aos elementos finalidade, motivo e objeto. ➢ Reforma: ocorre quando um novo ato suprime a parte inválida do ato anterior, mantendo somente a parte válida. ➢ Conversão: ocorre quando um ato substitui a parte inválida do ato anterior, de modo que se forme um novo ato formado por parte já existente e por parte nova. Contudo, ele mesmo afirma que na reforma e na conversão o elemento saneado é o objeto, não havendo convalidação propriamente dita, mas sim supressão ou substituição da parte viciada90. 88Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da República: VI – dispor, mediante decreto, sobre: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001); a) organização e funcionamento da administração federal, quando não implicar aumento de despesa nem criação ou extinção de órgãos públicos; (Incluída pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001); b) extinção de funções ou cargos públicos, quando vagos; (Incluída pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001); (...); XII - conceder indulto e comutar penas, com audiência, se necessário, dos órgãos instituídos em lei; (...); XXV - prover e extinguir os cargos públicos federais, na forma da lei; (...). Parágrafo único. O Presidente da República poderá delegar as atribuições mencionadas nos incisos VI, XII e XXV, primeira parte, aos Ministros de Estado, ao Procurador-Geral da República ou ao Advogado-Geral da União, que observarão os limites traçados nas respectivas delegações. 89 Manual de Direito Administrativo, 31ª edição, p 171. 90 Manual de Direito Administrativo, 31ª edição, p 171, nota de rodapé 201. Wagner Damazio Aula 2 - Parte 2 Direito Administrativo p/ Concursos Cartórios - Curso Regular www.estrategiaconcursos.com.br 320412 07818729798 - Rodrigo Neves Quintino da Costa 87 Ademais, o professor José dos Santos Carvalho Filho aduz que: Nem todos os vícios do ato permitem seja este convalidado. Os vícios insanáveis impedem o aproveitamento do ato, ao passo que os vícios sanáveis possibilitam a convalidação. São convalidáveis os atos que tenham vício de competência e de forma nesta incluindo-se os aspectos formais dos procedimentos administrativos. Também é possível convalidar atos com vício no objeto, ou conteúdo, mas apenas quando se tratar de conteúdo plúrimo, ou seja, quando a vontade administrativa se preordenar a mais de uma providência administrativa no mesmo ato: aqui será viável suprimir ou alterar alguma providência e aproveitar o ato quanto às demais providências, não atingidas por qualquer vício. Vícios insanáveis tornam os atos inconvalidáveis. Assim, inviável será a convalidação de atos com vícios no motivo, no objeto (quando único), na finalidade e na falta de congruência entre o motivo e o resultado do ato. Ou seja, além da posição tradicional de poder haver convalidação nos elementos competência e forma, o professor José dos Santos Carvalho Filho aduz a possibilidade de convalidação do ato quando viciado o elemento objeto, sendo este plúrimo, isto é, plural (não único), de modo que um ou mais objetos sejam mantidos e o viciado ou os viciados sejam convalidados (reformado ou convertido). Frise-se que o professor Celso Antônio Bandeira de Mello91 ainda diferencia ratificação de confirmação: Quando a convalidação procede da mesma autoridade que emanou o ato viciado, denomina-se ratificação. Se procede de outra autoridade, trata-se de confirmação. Quando resulta de um ato de particular afetado, parece bem denomina-la simplesmente de saneamento. Portanto, se formos consolidar a doutrina, é possível identificar quatro tipos de convalidação: ratificação, confirmação, reforma e conversão. #ficadica Para o professor Hely Lopes Meirelles92 não pode haver ato administrativo anulável no Direito Administrativo, já que não se pode admitir a 91 Curso de Direito Administrativo, 14ª dição, p 418. 92 Direito Administrativo Brasileiro, 42ª edição, p 199. Também o exemplo é da obra do professor Hely Lopes Meirelles. Wagner Damazio Aula 2 - Parte 2 Direito Administrativo p/ Concursos Cartórios - Curso Regular www.estrategiaconcursos.com.br 320412 07818729798 - Rodrigo Neves Quintino da Costa 88 manutenção de atos ilegais ou, ainda, a preponderância do interesse privado sobre o interesse público. Atenção:Hely Lopes Meirelles diferencia convalidação de conversão ou sanatória. a) Convalidação é o instituto pelo qual a Administração pode sanar defeitos de um ato administrativo do qual não acarreta lesão ao interesse público ou prejuízo ao particular. Nessa linha, é o art. 55 da Lei Federal nº 9.784,de 1999: Em decisão na qual se evidencie não acarretarem lesão ao interesse público nem prejuízo a terceiros, os atos que apresentarem defeitos sanáveis poderão ser convalidados pela própria Administração. b) conversão ou sanatória ocorre quando determinado ato administrativo é inválido para determinado propósito, mas aproveitável quanto aos elementos válidos para outro propósito. Exemplo: uma licença para edificação permanente que seja inválida para essa finalidade, mas aproveitável quanto a ser uma autorização para edificação provisória. A denominação do instituto que decorre de o ato de licença permanente se tornar autorização temporária é conversão ou sanatória, mas não se confundo com convalidação. 8.3.4. Confirmação Ocorre a confirmação quando a Administração renuncia ao seu poder de anular determinado ato ilegal. Conforme visto, em caso de interesse público e em respeito à segurança jurídica e a boa-fé, pode ser que a Administração não anule determinado ato ilegal, desde que não cause prejuízo a terceiros e à própria Administração, bem como a sua anulação acarrete mais males do que sua manutenção. Ou seja, na confirmação a Administração mantém o ato tal como ele foi praticado, diferentemente da convalidação que corrige o vício do ato. 8.4. Extinção de Ato Ineficaz O ato administrativo ineficaz, ou seja, mesmo sem ainda produzir efeitos, poderá ser extinto por sua mera retirada (se for por mérito – conveniência e Wagner Damazio Aula 2 - Parte 2 Direito Administrativo p/ Concursos Cartórios - Curso Regular www.estrategiaconcursos.com.br 320412 07818729798 - Rodrigo Neves Quintino da Costa 89 oportunidade - pode ser englobado na revogação; se for por incompatibilidade com a lei pode ser englobado na anulação). Poderá ser extinto também o ato ineficaz quando houver a recusa do beneficiário e o ato dependia da concordância dele para sua produção dos efeitos. Wagner Damazio Aula 2 - Parte 2 Direito Administrativo p/ Concursos Cartórios - Curso Regular www.estrategiaconcursos.com.br 320412 07818729798 - Rodrigo Neves Quintino da Costa 90 9. Questões de Concursos Anteriores 9.1. Lista de Questões sem Comentários Q1. 2018/MPE-MS/MPE-MS/ Promotor de Justiça Quanto aos atos administrativos, assinale a alternativa correta. a) Resoluções, instruções e portarias são atos administrativos normativos. b) Instruções, avisos e certidões são atos administrativos ordinatórios. c) Parecer vinculante e obrigatório possuem o mesmo significado. d) No parecer vinculante, a manifestação de teor jurídico deixa de ser meramente opinativa, não podendo a decisão do administrador colidir com a sua conclusão. e) São espécies de ato administrativo, segundo entendimento doutrinário tradicional: normativos, ordinatórios, negociais, vinculativos e punitivos. Q2. 2018/FCC/PGE-TO/Procurador do Estado Custódio Bocaiúva é Chefe de Gabinete de uma Secretaria de determinado Estado. Certo dia, em vista da ausência do Secretário Estadual, que saíra para uma reunião com o Governador, Custódio assinou o ato de nomeação de um candidato aprovado em primeiro lugar para cargo efetivo, em concurso promovido pela Secretaria Estadual. No dia seguinte, tal ato saiu publicado no Diário Oficial do Estado. Sabendo-se que a legislação estadual havia atribuído ao Secretário a competência de promover tal nomeação, permitindo que este a delegasse a outras autoridades hierarquicamente subordinadas, é correto concluir que o ato praticado é. a) válido, pois havia direito subjetivo do candidato a ser nomeado para o cargo efetivo. b) inexistente, haja vista que não reúne os mínimos elementos que permitam seu reconhecimento como ato jurídico. c) válido, em vista da teoria do funcionário de fato, amplamente reconhecida na doutrina administrativa. d) inválido, pois, segundo a Constituição Federal, a nomeação de servidores é atribuição exclusiva e indelegável do Chefe do Poder Executivo, regra sujeita à observância em âmbito estadual, por conta do princípio da simetria. e) inválido, porém sujeito à convalidação pelo Secretário de Estado, desde que não estejam presentes vícios relativos ao objeto, motivo ou finalidade do ato. Wagner Damazio Aula 2 - Parte 2 Direito Administrativo p/ Concursos Cartórios - Curso Regular www.estrategiaconcursos.com.br 320412 07818729798 - Rodrigo Neves Quintino da Costa 91 Q3. 2018/FCC/DPE-AP/Defensor Público Como é cediço, o controle judicial dos atos administrativos diz respeito a aspectos de legalidade, descabendo avaliação do mérito de atos discricionários. Considere a situação hipotética: em sede de ação popular, foi proferida decisão judicial anulando o ato de fechamento de uma unidade básica de saúde, tendo em vista que restou comprovado que os motivos declinados pelo Secretário da Saúde para a prática do ato − ausência de demanda da população local − estavam em total desconformidade com a realidade. Referida decisão afigura-se. a) legítima, apenas se comprovado desvio de finalidade na prática do ato, sendo descabido o controle judicial do motivo invocado pela autoridade prolatora. b) legítima, com base na teoria dos motivos determinantes, não extrapolando o âmbito do controle judicial. c) ilegítima, pois a questão diz respeito a critérios de conveniência e oportunidade, que refogem ao controle judicial. d) ilegítima, eis que o controle judicial somente é exercido em relação a atos vinculados. e) legítima, desde que comprovado, adicionalmente ao vício de motivo, falha em aspectos relativos à discricionariedade técnica. Q4. 2018/CESPE/PGE-PE/Procurador do Estado À luz da doutrina e da jurisprudência, assinale a opção correta acerca de atos administrativos. a) Admite-se a convalidação de ato administrativo por meio de decisão judicial, desde que não haja dano ao interesse público nem prejuízo a terceiros. b) A nomeação dos ministros de tribunais superiores no Brasil é um ato administrativo complexo. c) Por ser a competência administrativa improrrogável, atos praticados por agente incompetente não se sujeitam a convalidação. d) Por serem os ocupantes de cargo em comissão demissíveis ad nutum, é sempre inviável a anulação do ato de exoneração de ocupante de cargo em comissão com fundamento na teoria dos motivos determinantes. e) Independentemente de novo posicionamento judicial, havendo modificação da situação de fato ou de direito, a administração poderá suprimir vantagem funcional incorporada em decorrência de decisão judicial transitada em julgado. Q5. 2018/CONSULPLAN/CÂMARA DE BELO HORIZONTE- MG/Procurador Wagner Damazio Aula 2 - Parte 2 Direito Administrativo p/ Concursos Cartórios - Curso Regular www.estrategiaconcursos.com.br 320412 07818729798 - Rodrigo Neves Quintino da Costa 92 Determinado Secretário Municipal de Saúde, ao tomar posse na secretaria municipal, por estrita motivação pessoal, decide favorecer servidor partidário, lotando-o em unidade de saúde central no município. Para tanto, o citado Secretário removeu João, adversário político, para atuar na unidade de zona rural, ocupando a antiga vaga de seu partidário. Indignado com a situação, João procurou a Administração Municipal informando do caráter pessoal da modificação. Diante da comprovação de que o ato foi motivado por razões pessoais, deverá a Administração, quanto à remoção de João, a) anular o ato, com efeito ex nunc, vez que conveniente à Administração. b) declarar nulo o ato, retroagindo os efeitos à época do ato, vez que ilegal. c) revogar o ato com eficácia ex nunc, vez que eivados de vício de legalidade. d) revogar o ato com eficácia ex tunc, retroagindo os efeitos à época da origem do ato. Q6. 2018/FCC/DPE-AM/Defensor Público Suponha que um agente público da Secretaria de Estado da Educação, após longoperíodo de greve dos professores da rede pública, objetivando desincentivar novas paralisações, tenha transferido os grevistas para ministrarem aulas no período noturno em outras escolas, mais distantes. Ato contínuo, promoveu o fechamento de diversas classes do período da manhã de estabelecimento de ensino no qual estavam lotados a maioria dos docentes transferidos, justificando o ato assim praticado em uma circular aos pais dos alunos na qual afirmou ter ocorrido inesperada redução do número de docentes, decorrente da necessidade de transferência para outras unidades como forma de melhor atender à demanda da sociedade. Nesse contexto, a) os aspectos relacionados à finalidade e motivação dos atos administrativos em questão dizem respeito ao mérito, ensejando, apenas, impugnação na esfera administrativa, com base no princípio da tutela. b) apenas os atos de transferência dos docentes são passíveis de anulação, em face de abuso de poder, ostentado vício de motivação passível de controle administrativo e judicial. c) descabe impugnação judicial dos atos em questão, eis que praticados no âmbito da discricionariedade legitimamente conferida à autoridade administrativa. d) apenas o ato de fechamento de salas de aula poderá ser questionado judicialmente, com base em vício de motivação, sendo os demais legítimos no âmbito da gestão administrativa. e) o poder judiciário poderá anular as transferências dos docentes por desvio de finalidade, bem como o fechamento das salas por vício de motivo com base na teoria dos motivos determinantes. Wagner Damazio Aula 2 - Parte 2 Direito Administrativo p/ Concursos Cartórios - Curso Regular www.estrategiaconcursos.com.br 320412 07818729798 - Rodrigo Neves Quintino da Costa 93 Q7. 2018/FAUEL/PREFEITURA DE PARANAVAÍ-PR/Procurador Municipal Assinale a alternativa correta, a respeito dos atos administrativos. a) A licença é o ato vinculado por meio do qual a Administração confere ao interessado consentimento para o desempenho de certa atividade. b) A aprovação é o ato administrativo que confere ao indivíduo, desde que preencha os requisitos legais, o direito de receber o serviço público desenvolvido em determinado estabelecimento oficial. c) A homologação é a manifestação discricionária do administrador a respeito de outro ato. Pode ser prévia ou posterior. d) A concessão é o ato administrativo discricionário e precário pelo qual a Administração consente que o particular execute serviço de utilidade pública ou utilize privativamente bem público. e) Atestado é o instrumento formal expedido pela Administração, que, através dele, expressa aquiescência no sentido de ser desenvolvida certa atividade pelo particular. Q8. 2017/VUNESP/PREFEITURA DE MARÍLIA-SP/Procurador Segundo o disposto na Constituição Federal, se um ato administrativo aplicar indevidamente determinada súmula vinculante do Supremo Tribunal Federal, é correto afirmar que a) poderá ser anulado por meio de recurso ordinário a ser interposto diretamente perante o Supremo Tribunal Federal. b)deverá ser impugnado por meio da arguição de descumprimento de preceito fundamental. c) poderá ser anulado por meio de reclamação ao Supremo Tribunal Federal. d) deverá ser impugnado por meio de ação própria em primeira instância da Justiça Federal. e) poderá ser objeto de ação declaratória de constitucionalidade, para dirimir a divergência sobre a aplicação correta da súmula vinculante. Q9. 2017/MPE-SP/MPE-SP/Promotor de Justiça Assinale a alternativa correta. a) A autoridade competente para a prática de um ato administrativo tem sempre, em razão de seu poder hierárquico, a possibilidade de delegação e avocação. b) Nos atos discricionários, o Poder Judiciário não pode, em hipótese alguma, apreciar o mérito do ato, assim considerada a análise da conveniência ou oportunidade. c) O ato administrativo, praticado por autoridade incompetente, investido irregularmente no cargo, não produz qualquer efeito. Wagner Damazio Aula 2 - Parte 2 Direito Administrativo p/ Concursos Cartórios - Curso Regular www.estrategiaconcursos.com.br 320412 07818729798 - Rodrigo Neves Quintino da Costa 94 d) A revogação dos atos administrativos é sempre possível, não havendo limites para tanto, uma vez que cabe à Administração apreciar as razões de oportunidade e conveniência. e) No caso de ato vinculado, praticado por autoridade incompetente, a convalidação é obrigatória pela autoridade competente se estiverem presentes os requisitos para a prática do ato. Q10. 2017/CESPE/TRF-5ª REGIÃO/Juiz Federal Acerca dos atos administrativos, do poder regulamentar e do poder de polícia, assinale a opção correta. a) Para o STJ, as balanças de pesagem corporal oferecidas gratuitamente a clientes por farmácias são passíveis de fiscalização pelo INMETRO, a fim de preservar as relações de consumo, sendo, portanto, legítima a cobrança de taxa decorrente do poder de polícia no exercício da atividade de fiscalização. b) Situação hipotética: Um servidor público efetivo indicado para cargo em comissão foi exonerado ad nutum sob a justificativa de haver cometido assédio moral no exercício da função. Posteriormente, a administração reconheceu a inexistência da prática do assédio, mas persistiu a exoneração do servidor, por se tratar de ato administrativo discricionário. Assertiva: Nessa situação, o ato de exoneração é válido por não se aplicar a teoria dos motivos determinantes. c) Conforme o STF, o Poder Judiciário não detém competência para substituir banca examinadora de concurso público para reexaminar o conteúdo das questões e os critérios de correção utilizados, admitindo- se, no entanto, o controle do conteúdo das provas ante os limites expressos no edital. d) A homologação é um ato administrativo unilateral vinculado ao exame de legalidade e conveniência pela autoridade homologante, sendo o ato a ser homologado passível de alteração, em virtude do princípio da hierarquia presente no exercício da atividade administrativa. e) Situação hipotética: Lei ordinária instituiu a criação de autarquia federal vinculada ao Ministério X, com o objetivo de atuar na fiscalização e no fomento de determinado setor. Publicada a referida lei, o ministro expediu decreto estabelecendo a estrutura organizacional e o funcionamento administrativo da nova autarquia. Assertiva: Esse caso ilustra a constitucionalidade do decreto regulamentar por delegação do presidente da República. Q11. 2017/CS-UFG/TJ-GO/Juiz Leigo Uma das características dos atos administrativos é: a) a sujeição ao regime jurídico de direito privado, de conformidade com ao Código Civil. Wagner Damazio Aula 2 - Parte 2 Direito Administrativo p/ Concursos Cartórios - Curso Regular www.estrategiaconcursos.com.br 320412 07818729798 - Rodrigo Neves Quintino da Costa 95 b) a possibilidade de sua revogação, quando praticados com vícios que os tornem ilegais. c) a presunção de legitimidade. d) a possibilidade de anulação, quando inconvenientes ou inoportunos em relação ao interesse público. e) o mérito, demandando sempre avaliação subjetiva do agente público. Q12. 2017/FCC/TST/Juiz do Trabalho Sobre o ato administrativo, é correto afirmar: a) Os atos que apresentarem defeitos sanáveis, em decisão na qual se evidencie não acarretarem lesão ao interesse público nem prejuízo a terceiros, serão convalidados pela própria Administração com efeitos ex nunc. b) O órgão competente para decidir o recurso administrativo poderá confirmar, modificar, anular ou revogar, total ou parcialmente, a decisão recorrida, se a matéria for de sua competência, dispensando-se a oitiva do recorrente na hipótese de reformatio in pejus. c) O direito da Administração de anular os atos administrativos de que decorram efeitos favoráveis para os destinatários decai emcinco anos, contados da data em que foram praticados, salvo comprovada má-fé, sendo certo que, no caso de efeitos patrimoniais contínuos, o prazo decadencial contar-se-á da percepção do primeiro pagamento. d) O poder de revogar atos administrativos fundamenta-se juridicamente na normal competência de agir da autoridade administrativa e tem como características nucleares a renunciabilidade, a transmissibilidade e a prescritibilidade. e) Pode haver revogação de ato administrativo vinculado, a exemplo da licença. Q13. 2017/FMP-CONCURSOS/MPE-RO/Promotor de Justiça Dentre as alternativas abaixo, conflagra-se como exemplo concreto predominante de exigibilidade de ato administrativo. a) guinchamento de carro parado em local proibido. b) requisição de bem móvel particular para combater evento danoso da natureza. c) inutilização de medicamentos vencidos. d) dispersão de manifestação pública violenta com prática de atos de vandalismo. e) aplicação de multa e de advertência. Q14. 2017/FCC/DPE-SC/Defensor Público Wagner Damazio Aula 2 - Parte 2 Direito Administrativo p/ Concursos Cartórios - Curso Regular www.estrategiaconcursos.com.br 320412 07818729798 - Rodrigo Neves Quintino da Costa 96 Os atos administrativos podem ser produzidos em desrespeito às normas jurídicas e, nestes casos, é correto afirmar que a) existe, no direito brasileiro, apenas duas formas de convalidação, a ratificação e a reforma. b) ainda que o ato tenha sido objeto de impugnação é possível falar-se em convalidação, com o objetivo de aplicar o princípio da eficiência. c) há vícios que podem ser sanados e, nestes casos, a convalidação terá efeitos ex nunc. d) a violação das normas jurídicas causa um vício que só pode ser corrigido com a edição de novo ato, pelo poder Judiciário. e) é possível convalidar atos com vício no objeto, ou conteúdo, mas apenas quando se tratar de conteúdo plúrimo. Q15. 2017/LEGALLE CONCURSOS/CÂMARA DE VEREADORES DE GUAÍBA-RS/Procurador Acerca da anulação dos atos administrativos, assinale a opção INCORRETA. a) A anulação pode ser feita pela Administração Pública, com base no seu poder de autotutela sobre os próprios atos. b) A anulação pode também ser feita pelo Poder Judiciário, mediante provocação dos interessados. c) Como a desconformidade com a lei atinge o ato em suas origens, a anulação produz efeitos retroativos à data em que foi emitido. d) Anulação é o desfazimento do ato administrativo por razões de legalidade. e) A anulação do ato administrativo, quando afete interesses ou direitos de terceiros, deve ser precedida do contraditório. Q16. 2017/FMP CONCURSOS/PGE-AC /Procurador do Estado (ADAPTADA) Para a configuração dos casos de nulidade de atos administrativos que traduzam lesão aos bens jurídicos tutelados pelo direito pátrio, serão observadas as seguintes normas, EXCETO a) O desvio de finalidade se verifica quando o agente pratica o ato visando a fim diverso daquele necessariamente explícito na regra de competência. b) A ilegalidade do objeto ocorre quando o resultado do ato importa em violação da legislação em vigor. c) A inexistência dos motivos se verifica quando a matéria de fato ou de direito, em que se fundamenta o ato, é materialmente inexistente ou juridicamente inadequada frente ao resultado obtido. d) A incompetência fica caracterizada quando o ato não se incluir nas atribuições legais do agente que o praticou. Wagner Damazio Aula 2 - Parte 2 Direito Administrativo p/ Concursos Cartórios - Curso Regular www.estrategiaconcursos.com.br 320412 07818729798 - Rodrigo Neves Quintino da Costa 97 e) O vício de forma consiste na omissão ou na observância incompleta ou irregular de formalidades indispensáveis à existência ou seriedade do ato. Q17. 2017/FMP CONCURSOS/PGE-AC/Procurador do Estado Existem diversas alternativas possíveis quanto às hipóteses abstratas de extinção dos atos administrativos, EXCETO a) o decurso do tempo. b) a renúncia do interessado. c) a revogação pelo Poder Judiciário. d) a invalidação pela própria Administração. e) o desaparecimento do pressuposto fático. Q18. 2017/VUNESP/TJ-SP/Juiz de Direito O motivo do ato administrativo pode ser conceituado como: a) a normatividade jurídica que irá incidir sobre determinada situação de fato que lhe é antecedente. b) a ocorrência no mundo fenomênico de certo pressuposto fático, relevante para o direito, que vai postular ou possibilitar a edição do ato administrativo. c) a explicitação dos fundamentos de fato e de direito que levaram à edição do ato administrativo e sem a qual o ato é nulo. d) o móvel ou intenção do agente ou, em outros termos, a representação psicológica que levou o administrador a agir, e que tem especial importância no plano dos atos discricionários. Q19. 2017/IMA/PREFEITURA DE PENALVA-MA/Procurador Municipal Os atos administrativos que se destinam a dar andamento aos processos e papeis que tramitam pelas repartições públicas, preparando para a decisão de mérito a ser proferida pela autoridade competente, são classificados como: a) Atos de império. b) Atos de gestão. c) Atos de expediente. d) Atos normativos Q20. 2017/CESPE/MPE-RR/Promotor de Justiça Decreto de um governador estadual estabeleceu que determinado tema fosse regulamentado mediante portaria conjunta das secretarias estaduais A e B. Um ano depois de editada a portaria conjunta, nova portaria, editada apenas pela secretaria A, revogou a portaria inicial. Nessa situação, considerando-se o entendimento do STJ, Wagner Damazio Aula 2 - Parte 2 Direito Administrativo p/ Concursos Cartórios - Curso Regular www.estrategiaconcursos.com.br 320412 07818729798 - Rodrigo Neves Quintino da Costa 98 I a segunda portaria não poderia gerar efeitos revocatórios. II a revogação de ato complexo, ou seja, ato formado pela manifestação de dois ou mais órgãos, demanda a edição de ato igualmente complexo; vale dizer, formado pela manifestação dos mesmos órgãos subscritores do ato a ser revogado. A respeito das asserções I e II, assinale a opção correta a)A asserção I é falsa, e a II é verdadeira b) As asserções I e II são falsas. c) As asserções I e II são verdadeiras, e a II é uma justificativa correta da I. d) acordo de cooperação, que prescinde de licitação. Q21. 2017/VUNESP/CÂMARA DE COTIA-SP/Procurador Legislativo Considere a seguinte situação hipotética: Lei Municipal é aprovada concedendo a revisão geral anual, prevista na Constituição Federal, para todos os servidores públicos do Município de Cotia. O Prefeito Municipal, no entanto, somente efetiva o aumento salarial para os servidores que são filiados ao partido político ao qual pertence. Como o ato administrativo possui vários elementos, é correto afirmar que, nesse caso hipotético, o vício desse ato recai sobre a) a finalidade. b) a forma. c) o motivo. d) o objeto. e) a competência. Q22. 2017/CESPE/PREFEITURA DE BELO HORIZONTE-MG/Procurador Municipal No que tange a conceitos, requisitos, atributos e classificação dos atos administrativos, assinale a opção correta. a) Licença e autorização são atos administrativos que representam o consentimento da administração ao permitir determinada atividade; o alvará é o instrumento que formaliza esses atos. b) O ato que decreta o estado de sítio, previsto na CF, é ato de natureza administrativa de competência do presidente da República. c) Ainda que submetido ao regime de direito público, nenhum ato praticado por concessionária de serviços públicos pode ser considerado ato administrativo. d) O atributo da autoexecutoriedade não impede que o ato administrativo seja apreciado judicialmente e julgado ilegal, com determinação da Wagner Damazio Aula 2 - Parte 2 Direito Administrativo p/ Concursos Cartórios - Curso Regular www.estrategiaconcursos.com.br320412 07818729798 - Rodrigo Neves Quintino da Costa 99 anulação de seus efeitos; porém, nesses casos, a administração somente responderá caso fique comprovada a culpa. Q23. 2017/FCC/DPE-PR/Defensor Público Sobre atos administrativos, é correto afirmar a) a delegação e avocação se caracterizam pela excepcionalidade e temporariedade, sendo certo que é proibida avocação nos casos de competência exclusiva. b) a renúncia é instituto afeto tanto aos atos restritivos quanto aos ampliativos. c) as deliberações e os despachos são espécies da mesma categoria de atos administrativos normativos. d) é ilegítima a exigência de depósito prévio para admissibilidade de recurso administrativo; salvo quando se tratar de recurso hierárquico impróprio. e) nos processos perante o Tribunal de Contas da União asseguram-se o contraditório e ampla defesa, a qualquer tempo, quando a decisão puder resultar anulação ou revogação de ato administrativo, de qualquer natureza, que beneficie o interessado. Q24. 2017/FCC/DPE-PR/Defensor Público Sobre Agentes Públicos e Princípios e Regime Jurídico Administrativo, é correto afirmar: a) O princípio da impessoalidade destina-se a proteger simultaneamente o interesse público e o interesse privado, pautando-se pela igualdade de tratamento a todos administrados, independentemente de quaisquer preferências pessoais. b) São entes da Administração Indireta as autarquias, as fundações públicas, as empresas públicas, as sociedades de economia mista, e as subsidiárias destas duas últimas. As subsidiárias não dependem de autorização legislativa justamente por integrarem a Administração Pública Indireta. c) As contas bancárias de entes públicos que contenham recursos de origem pública prescindem de autorização específica para fins do exercício do controle externo. d) Os atos punitivos são os atos por meio dos quais o Poder Público aplica sanções por infrações administrativas pelos servidores públicos. Trata-se de exercício de Poder de Polícia com base na hierarquia. e) A licença não é classificada como ato negocial, pois se trata de ato vinculado, concedida desde que cumpridos os requisitos objetivamente definidos em lei. Q25. 2017/CESPE/PREFEITURA DE FORTALEZA-CE/Procurador Municipal Wagner Damazio Aula 2 - Parte 2 Direito Administrativo p/ Concursos Cartórios - Curso Regular www.estrategiaconcursos.com.br 320412 07818729798 - Rodrigo Neves Quintino da Costa 100 Em cada um do item a seguir é apresentada uma situação hipotética seguida de uma assertiva a ser julgada, a respeito da organização administrativa e dos atos administrativos. A prefeitura de determinado município brasileiro, suscitada por particulares a se manifestar acerca da construção de um condomínio privado em área de proteção ambiental, absteve-se de emitir parecer. Nessa situação, a obra poderá ser iniciada, pois o silêncio da administração é considerado ato administrativo e produz efeitos jurídicos, independentemente de lei ou decisão judicial. ( ) Certo ( ) Errado Q26. 2017/CESPE/PREFEITURA DE FORTALEZA-CE/Procurador Municipal Em cada um do item a seguir é apresentada uma situação hipotética seguida de uma assertiva a ser julgada, a respeito da organização administrativa e dos atos administrativos. Removido de ofício por interesse da administração, sob a justificativa de carência de servidores em outro setor, determinado servidor constatou que, em verdade, existia excesso de servidores na sua nova unidade de exercício. Nessa situação, o ato, embora seja discricionário, poderá ser invalidado. ( ) Certo ( ) Errado Q27. 2017/CESPE/TJ-PR/Juiz de Direito De acordo com o art. 54 da Lei n.º 9.784/1999, o direito da administração de anular os atos administrativos de que decorram efeitos favoráveis para os destinatários decai em cinco anos, contados da data em que foram praticados, salvo comprovada má-fé. Trata-se de hipótese em que o legislador, em detrimento da legalidade, prestigiou outros valores. Tais valores têm por fundamento o princípio administrativo da a) presunção de legitimidade. b) autotutela. c) segurança jurídica. d) continuidade do serviço público. Q28. 2017/CESPE/TJ-PR/Juiz de Direito Com base na Lei n.º 9.784/1999, assinale a opção correta acerca da revogação e dos elementos dos atos administrativos. a) A revogação de um ato administrativo deve apresentar os seus motivos devidamente externados, com indicação dos fatos e dos fundamentos jurídicos. Wagner Damazio Aula 2 - Parte 2 Direito Administrativo p/ Concursos Cartórios - Curso Regular www.estrategiaconcursos.com.br 320412 07818729798 - Rodrigo Neves Quintino da Costa 101 b) O ato de delegação pode ser revogado a qualquer tempo pela autoridade delegante ou pela autoridade delegada. c) O ato de delegação deve ser publicado no meio oficial, mas não o de sua revogação. d) Caso um ato administrativo esteja eivado de vício de legalidade, o Poder Judiciário terá de revogá-lo. Q29. 2017/FUNDEP/MPE-MG/Promotor de Justiça Quanto ao conteúdo e à forma dos atos administrativos, é CORRETO o que se afirma em: a) Deliberações são atos emanados, em regra, de órgãos colegiados e caracterizam-se como atos simples coletivos, ao passo que as resoluções são atos normativos individuais, provenientes de autoridades do alto escalão administrativo e têm natureza derivada. b) Homologação é o ato administrativo unilateral que visa à uniformização de decisões das autoridades administrativas sobre tema de interesse individual ou coletivo. c) A autorização é ato declaratório, ao passo que a licença é ato constitutivo de direito preexistente. d) A permissão é o ato unilateral e vinculado pelo qual a Administração Pública reconhece ao particular que em preencha os requisitos legais o direito para exercer profissão regulamentada lei. Q30. 2017/FGV/ALERJ/Procurador O art. 54, da Lei nº 9.784/99, dispõe que o direito da Administração de anular os atos administrativos de que decorram efeitos favoráveis para os destinatários decai em 5 (cinco) anos, contados da data em que foram praticados, salvo comprovada má-fé. Da análise do texto normativo, verifica-se que o legislador procurou conjugar os aspectos de tempo e boa- fé, sendo certo que teve o objetivo fundamental de estabilizar as relações jurídicas pelo fenômeno da convalidação de atos administrativos inquinados de vício de legalidade. Nesse contexto, de acordo com a doutrina de Direito Administrativo, a citada norma aborda especificamente os seguintes princípios reconhecidos da Administração Pública: a) autotutela e certeza jurídica; b) segurança jurídica e proteção à confiança; c) inafastabilidade da jurisdição e proporcionalidade; d) temporalidade e moralidade administrativas; e) indisponibilidade e aproveitamento administrativos. Wagner Damazio Aula 2 - Parte 2 Direito Administrativo p/ Concursos Cartórios - Curso Regular www.estrategiaconcursos.com.br 320412 07818729798 - Rodrigo Neves Quintino da Costa 102 9.2. Gabarito sem Comentários Q1. D Q2. E Q3. B Q4. B Q5. B Q6. E Q7. A Q8. C Q9. E Q10. C Q11. C Q12. C Q13. E Q14. E Q15. D Q16. A Q17. C Q18. B Q19. C Q20. C Q21. A Q22. A Q23. A Q24. C Q25. ERRADO Q26. CERTO Q27. C Q28. A Q29. A Q30. B Wagner Damazio Aula 2 - Parte 2 Direito Administrativo p/ Concursos Cartórios - Curso Regular www.estrategiaconcursos.com.br 320412 07818729798 - Rodrigo Neves Quintino da Costa 103 9.3. Questões Resolvidas e Comentadas Q1. 2018/MPE-MS/MPE-MS/ Promotor de Justiça Quanto aos atos administrativos, assinale a alternativa correta. a) Resoluções, instruções e portarias são atos administrativos normativos. b) Instruções, avisos e certidões são atos administrativosordinatórios. c) Parecer vinculante e obrigatório possuem o mesmo significado. d) No parecer vinculante, a manifestação de teor jurídico deixa de ser meramente opinativa, não podendo a decisão do administrador colidir com a sua conclusão. e) São espécies de ato administrativo, segundo entendimento doutrinário tradicional: normativos, ordinatórios, negociais, vinculativos e punitivos. Comentários Resposta: alternativa “d”. Correta a alternativa “d” porque os pareceres podem ser facultativos (é meramente opcional), obrigatórios (exige-se o parecer para a realização do ato, mas é mera opinião, podendo a autoridade dele divergir) ou vinculantes (a autoridade não pode dele divergir, deixa de ser mera opinião). Incorreta a alternativa “a” porque instruções e portarias são atos ordinatórios (aqueles que disciplinam o funcionamento da Administração Pública, incluindo as condutas dos seus agentes) e não atos normativos (em regra, comandos gerais e abstratos). Cuidado para não confundir a teoria dos atos administrativos com eventuais práticas incorretas adotas pelos órgãos públicos. Resolução sim é ato normativo. Incorreta a alternativa “b” porque certidões são atos administrativos enunciativos (externam ou declaram uma situação existente em registros, processo ou arquivos públicos sem qualquer manifestação de vontade original da Administração). De fato, instruções e avisos são atos ordinatórios. Incorreta a alternativa “c” porque parecer vinculante e parecer obrigatório são diferentes, como visto na explicação da alternativa “d”. Incorreta a alternativa “e” porque são espécies de atos administrativos segundo a doutrina tradicional: normativo, ordinatório, negocial, enunciativo e punitivo. Não incluído, portanto, atos vinculativos. Q2. 2018/FCC/PGE-TO/Procurador do Estado Custódio Bocaiúva é Chefe de Gabinete de uma Secretaria de determinado Estado. Certo dia, em vista da ausência do Secretário Estadual, que saíra para uma reunião com o Governador, Custódio assinou o ato de nomeação Wagner Damazio Aula 2 - Parte 2 Direito Administrativo p/ Concursos Cartórios - Curso Regular www.estrategiaconcursos.com.br 320412 07818729798 - Rodrigo Neves Quintino da Costa 104 de um candidato aprovado em primeiro lugar para cargo efetivo, em concurso promovido pela Secretaria Estadual. No dia seguinte, tal ato saiu publicado no Diário Oficial do Estado. Sabendo-se que a legislação estadual havia atribuído ao Secretário a competência de promover tal nomeação, permitindo que este a delegasse a outras autoridades hierarquicamente subordinadas, é correto concluir que o ato praticado é: a) válido, pois havia direito subjetivo do candidato a ser nomeado para o cargo efetivo. b) inexistente, haja vista que não reúne os mínimos elementos que permitam seu reconhecimento como ato jurídico. c) válido, em vista da teoria do funcionário de fato, amplamente reconhecida na doutrina administrativa. d) inválido, pois, segundo a Constituição Federal, a nomeação de servidores é atribuição exclusiva e indelegável do Chefe do Poder Executivo, regra sujeita à observância em âmbito estadual, por conta do princípio da simetria. e) inválido, porém sujeito à convalidação pelo Secretário de Estado, desde que não estejam presentes vícios relativos ao objeto, motivo ou finalidade do ato. Comentários Resposta: alternativa “e”. Correta a alternativa “e” porque, como o vício no ato administrativo foi no elemento competência e esta não era exclusiva (art. 84, XXV, combinado com o seu parágrafo único, da CRFB), cabe a convalidação pelo Secretário Estadual (neste caso denomina-se ratificação). Lembre-se que a convalidação, que é possibilidade de a autoridade competente regularizar determinado vício existente em um ato administrativo com efeitos retroativos à data em que praticado, em regra, somente se aplica em vícios nos elementos forma e competência e, ainda, desde que a forma não seja essencial e competência não seja exclusiva ou em razão da matéria (cuidado com a posição do professor José dos Santos Carvalho Filho no sentido de também caber convalidação quanto ao elemento objeto quando plúrimo). Portanto, se o vício for nos elementos finalidade, motivo ou objeto não cabe convalidação (objeto quando único). Incorreta a alternativa “a” porque o eventual direito subjetivo do candidato aprovado em 1º lugar em concurso público para provimento efetivo não tem o condão de sanear ato administrativo inválido. Incorreta a alternativa “b” porque o ato praticado existe, mas é inválido por ter sido expedido por autoridade incompetente. A existência dos atos administrativos está relacionada à presença de todos os elementos, ainda que haja deficiência em um ou mais deles. Incorreta a alternativa “c” porque o ato da nomeação é inválido porque um dos elementos, a competência, não foi produzido de acordo com a lei. Em que pese pela Teoria da Aparência os atos praticados pelo agente putativo ou funcionário de fato poderem ser convalidados, em respeito à boa-fé do Wagner Damazio Aula 2 - Parte 2 Direito Administrativo p/ Concursos Cartórios - Curso Regular www.estrategiaconcursos.com.br 320412 07818729798 - Rodrigo Neves Quintino da Costa 105 administrado, isso não torna o ato da nomeação válido, mas sim os eventuais atos por ele praticados. Inclusive, lembre-se que, de acordo com o STF, não se aplica a Teoria do Fato Consumado nos casos em que se pleiteia a permanência em cargo público, cuja posse tenha ocorrido de forma precária, em razão de decisão judicial não definitiva (RE 405964). Incorreta a alternativa “d”, em função da previsão do art. 84, XXV (primeira parte), combinado com o seu parágrafo único, da CRFB, em que se autoriza ao Presidente delegar as atribuições mencionadas nos incisos VI, XII e XXV, primeira parte, aos Ministros de Estado, ao Procurador-Geral da República ou ao Advogado-Geral da União, que observarão os limites traçados nas respectivas delegações. Por simetria, pode o Governador do Estado delegar ao Secretário de Estado. Q3. 2018/FCC/DPE-AP/Defensor Público Como é cediço, o controle judicial dos atos administrativos diz respeito a aspectos de legalidade, descabendo avaliação do mérito de atos discricionários. Considere a situação hipotética: em sede de ação popular, foi proferida decisão judicial anulando o ato de fechamento de uma unidade básica de saúde, tendo em vista que restou comprovado que os motivos declinados pelo Secretário da Saúde para a prática do ato − ausência de demanda da população local − estavam em total desconformidade com a realidade. Referida decisão afigura-se. a) legítima, apenas se comprovado desvio de finalidade na prática do ato, sendo descabido o controle judicial do motivo invocado pela autoridade prolatora. b) legítima, com base na teoria dos motivos determinantes, não extrapolando o âmbito do controle judicial. c) ilegítima, pois a questão diz respeito a critérios de conveniência e oportunidade, que refogem ao controle judicial. d) ilegítima, eis que o controle judicial somente é exercido em relação a atos vinculados. e) legítima, desde que comprovado, adicionalmente ao vício de motivo, falha em aspectos relativos à discricionariedade técnica. Comentários Resposta: alternativa “b”. Correta a alternativa “b”, já que o enunciado representa bem a aplicação da Teoria dos Motivos Determinantes. Essa teoria foi acolhida no Brasil para fixar que o fundamento exteriorizado para a tomada de decisão ou para a prática de uma ação ou omissão vincula-se à validade do ato administrativo discricionário ou vinculado. Assim, existindo a exteriorização do motivo como o determinante a justificar a realização do ato administrativo, caso fique comprovado não ter este ocorrido ou não representar a realidade, o ato será ilegal. Sendo ilegal, abre-se margem para o controle pelo Poder Judiciário.Não se trata aí de mérito administrativo (conveniência e oportunidade) e sim de Wagner Damazio Aula 2 - Parte 2 Direito Administrativo p/ Concursos Cartórios - Curso Regular www.estrategiaconcursos.com.br 320412 07818729798 - Rodrigo Neves Quintino da Costa 106 uma ilegalidade. Incorretas as alternativas “a”, “c” e “d” porque, no caso descrito, abriu-se a possibilidade do controle judicial em função do motivo externado no ato administrativo ser incompatível com a realidade. Logo, o ato judicial foi legítimo, ainda que se tratasse de ato discricionário na origem, mas que passou a ser vinculado ao motivo após a sua externalização. Incorreta a alternativa “e” porque a legitimidade do ato judicial não está condicionada a vício na discricionariedade técnica. Ademais, ao Poder Judiciário não cabe adentrar e invalidar ato político (discricionário) da Administração Pública sob a alegação de que se utilizou metodologia técnica, como fixado pela Doutrina Chenery (STJ AgInt na SLS 2240/SP). Q4. 2018/CESPE/PGE-PE/Procurador do Estado À luz da doutrina e da jurisprudência, assinale a opção correta acerca de atos administrativos. a) Admite-se a convalidação de ato administrativo por meio de decisão judicial, desde que não haja dano ao interesse público nem prejuízo a terceiros. b) A nomeação dos ministros de tribunais superiores no Brasil é um ato administrativo complexo. c) Por ser a competência administrativa improrrogável, atos praticados por agente incompetente não se sujeitam a convalidação. d) Por serem os ocupantes de cargo em comissão demissíveis ad nutum, é sempre inviável a anulação do ato de exoneração de ocupante de cargo em comissão com fundamento na teoria dos motivos determinantes. e) Independentemente de novo posicionamento judicial, havendo modificação da situação de fato ou de direito, a administração poderá suprimir vantagem funcional incorporada em decorrência de decisão judicial transitada em julgado. Comentários Resposta: alternativa “b”. Em que pese haver discordância na doutrina, a CESPE considerou a alternativa “b” correta, ou seja, para esta banca a nomeação de ministros de tribunais superiores no Brasil é um ato complexo, ou seja, há concorrência da manifestação da vontade de dois órgãos, e não ato composto, no qual há manifestação da vontade de um órgão em um ato administrativo principal e a participação de outro órgão para dar-lhe eficácia. Frise-se que, de acordo com o inciso XIV do art. 84 da CRFB, cabe ao Presidente da República a nomeação dos Ministros do STF e dos Tribunais Superiores, após aprovação pelo Senado Federal. Para a professora Maria Sylvia, que defende a posição de ato composto, embora haja a participação de mais de um órgão, a vontade é apenas de um deles. O ato principal é a nomeação (indica e nomeia). O ato acessório é a aprovação pelo Senado). Para o professor José dos Santos Carvalho Filho, trata- se de ato complexo sendo necessária a manifestação da vontade de dois órgãos Wagner Damazio Aula 2 - Parte 2 Direito Administrativo p/ Concursos Cartórios - Curso Regular www.estrategiaconcursos.com.br 320412 07818729798 - Rodrigo Neves Quintino da Costa 107 diversos. Incorreta a alternativa “a” porque ao Poder Judiciário cabe anular atos administrativos ilegais e não a sua convalidação. A convalidação compete à própria Administração Pública ou, excepcionalmente, ao administrado.Incorreta a alternativa “c” porque, em que pese a competência ser improrrogável (órgão ou agente incompetente não se torna competente pelo exercício da atividade, exceto por lei), pode haver convalidação de ato administrativo com vício de competência, desde que esta não seja exclusiva ou em função da matéria (denomina-se a convalidação no elemento competência de ratificação ou confirmação, a depender da autoridade que sanear o ato). Incorreta a alternativa “d” porque se o administrador público externar o motivo pelo qual praticou a exoneração, o ato administrativo estará vinculado a este motivo. Demonstrada, portanto, sua incompatibilidade com a realidade haverá uma ilegalidade. Logo, passível de controle pelo Poder Judiciário. Outra alternativa polêmica é a “e”. De fato, de acordo com a jurisprudência tradicional do STF, não pode a Administração Pública desrespeitar a coisa julgada e, por conseguinte, a segurança jurídica e a proteção à confiança, para afastar vantagem de servidor incorporada em função de mudança na situação de fato ou de direito (STF AgR no RE 394638, julgado de 2004, e MS 30780, julgado de 2013). Nessa linha, realmente incorreta a alternativa, já que dependeria de novo provimento judicial. Contudo, no julgado do MS 32435, o próprio STF decidiu que “a força vinculativa das sentenças sobre relações jurídicas de trato continuado atua rebus sic stantibus: sua eficácia permanece enquanto se mantiverem inalterados os pressupostos fáticos e jurídicos adotados para o juízo de certeza estabelecido pelo provimento sentencial. A superveniente alteração de qualquer desses pressupostos determina a imediata cessação da eficácia executiva do julgado, independentemente de ação rescisória ou, salvo em estritas hipóteses previstas em lei, de ação revisional”.De todo modo, a banca seguiu a jurisprudência anteriormente firmada. Q5. 2018/CONSULPLAN/CÂMARA DE BELO HORIZONTE- MG/Procurador Determinado Secretário Municipal de Saúde, ao tomar posse na secretaria municipal, por estrita motivação pessoal, decide favorecer servidor partidário, lotando-o em unidade de saúde central no município. Para tanto, o citado Secretário removeu João, adversário político, para atuar na unidade de zona rural, ocupando a antiga vaga de seu partidário. Indignado com a situação, João procurou a Administração Municipal informando do caráter pessoal da modificação. Diante da comprovação de que o ato foi motivado por razões pessoais, deverá a Administração, quanto à remoção de João, a) anular o ato, com efeito ex nunc, vez que conveniente à Administração. b) declarar nulo o ato, retroagindo os efeitos à época do ato, vez que ilegal. c) revogar o ato com eficácia ex nunc, vez que eivados de vício de legalidade. d) revogar o ato com eficácia extunc, retroagindo os efeitos à época da origem do ato. Wagner Damazio Aula 2 - Parte 2 Direito Administrativo p/ Concursos Cartórios - Curso Regular www.estrategiaconcursos.com.br 320412 07818729798 - Rodrigo Neves Quintino da Costa 108 Comentários Resposta: alternativa “b”. A situação descrita caracteriza abuso de autoridade em sua espécie desvio de finalidade. Ou seja, a finalidade do ato administrativo deve sempre ser o interesse público. Fato incompatível com a realização da alteração de lotação do servidor com intuito de prejudicar adversário político e, por outro lado, beneficiar parceiro político. Havendo o desvio de finalidade, não é possível se falar em convalidação e, portanto, não se trata de ato anulável e sim de ato nulo, já que contém vício insanável. Assim, os efeitos do ato nulo são ex tunc, retroagindo desde o momento de sua produção. Incorreta a alternativa “a” porque não é ato anulável (vício na finalidade não pode ser convalidado, mas só na competência e forma – ou no objeto quando plúrimo) e sim nulo. Ademais os efeitos são ex tunc (desde a origem) e não ex nunc (a partir do ato). Incorretas as alternativas “c” e “d” porque não se pode revogar ato viciado. Ato viciado é nulo ou anulável. Q6. 2018/FCC/DPE-AM/Defensor Público Suponha que um agente público da Secretaria de Estado da Educação, após longo período de greve dos professores da rede pública, objetivando desincentivar novas paralisações, tenha transferido os grevistas para ministrarem aulas no período noturno em outras escolas, mais distantes. Ato contínuo, promoveu o fechamento de diversas classes do período da manhã de estabelecimento de ensinono qual estavam lotados a maioria dos docentes transferidos, justificando o ato assim praticado em uma circular aos pais dos alunos na qual afirmou ter ocorrido inesperada redução do número de docentes, decorrente da necessidade de transferência para outras unidades como forma de melhor atender à demanda da sociedade. Nesse contexto, a) os aspectos relacionados à finalidade e motivação dos atos administrativos em questão dizem respeito ao mérito, ensejando, apenas, impugnação na esfera administrativa, com base no princípio da tutela. b) apenas os atos de transferência dos docentes são passíveis de anulação, em face de abuso de poder, ostentado vício de motivação passível de controle administrativo e judicial. c) descabe impugnação judicial dos atos em questão, eis que praticados no âmbito da discricionariedade legitimamente conferida à autoridade administrativa. d) apenas o ato de fechamento de salas de aula poderá ser questionado judicialmente, com base em vício de motivação, sendo os demais legítimos no âmbito da gestão administrativa. e) o poder judiciário poderá anular as transferências dos docentes por desvio de finalidade, bem como o fechamento das salas por vício de motivo com base na teoria dos motivos determinantes. Wagner Damazio Aula 2 - Parte 2 Direito Administrativo p/ Concursos Cartórios - Curso Regular www.estrategiaconcursos.com.br 320412 07818729798 - Rodrigo Neves Quintino da Costa 109 Comentários Resposta: alternativa “e”. Correta a alternativa “e” porque a situação descrita caracteriza abuso de autoridade em sua espécie desvio de finalidade, em função de a transferência dos docentes ter ocorrido não para atender ao interesse público. Logo, cabe controle do Poder Judiciário. Ademais, os atos de fechar as turmas matutinas e enviar a circular com o motivo não verdadeiro aos pais dos alunos caracterizam vício no motivo, também controlável pelo Poder Judiciário. Frise-se que cabe o controle do Poder Judiciário inclusive em atos discricionários em que tenha sido externado motivo, em função da Teoria dos Motivos Determinantes, em caso de o motivo alegado não representar a realidade. Incorreta a alternativa “a” porque a situação descrita caracteriza abuso de autoridade em sua espécie desvio de finalidade. Não pode haver desvirtuamento do interesse público. Assim, como ato ilegal, tanto por vício na finalidade quanto o motivo, pode haver o controle do Poder Judiciário e não só da própria Administração Pública. Incorreta a alternativa “b” porque tanto o ato de transferência dos servidores quanto o fechamento das classes matutinas e a circular expedida aos pais dos alunos estão viciados e, portanto, são inválidos. Incorreta a alternativa “c” porque cabe controle do Poder Judiciário em atos ilegais, bem como em atos discricionários em que tenha sido externado motivo, em função da Teoria dos Motivos Determinantes. Incorreta a alternativa “d” porque tanto o ato de transferência dos servidores quanto o fechamento das classes matutinas e a circular expedida aos pais dos alunos estão viciados e, portanto, são inválidos. Q7. 2018/FAUEL/PREFEITURA DE PARANAVAÍ-PR/Procurador Municipal Assinale a alternativa correta, a respeito dos atos administrativos. a) A licença é o ato vinculado por meio do qual a Administração confere ao interessado consentimento para o desempenho de certa atividade. b) A aprovação é o ato administrativo que confere ao indivíduo, desde que preencha os requisitos legais, o direito de receber o serviço público desenvolvido em determinado estabelecimento oficial. c) A homologação é a manifestação discricionária do administrador a respeito de outro ato. Pode ser prévia ou posterior. d) A concessão é o ato administrativo discricionário e precário pelo qual a Administração consente que o particular execute serviço de utilidade pública ou utilize privativamente bem público. e) Atestado é o instrumento formal expedido pela Administração, que, através dele, expressa aquiescência no sentido de ser desenvolvida certa atividade pelo particular. Comentários Wagner Damazio Aula 2 - Parte 2 Direito Administrativo p/ Concursos Cartórios - Curso Regular www.estrategiaconcursos.com.br 320412 07818729798 - Rodrigo Neves Quintino da Costa 110 Resposta: alternativa “a”. Correta a alternativa “a” porque a licença é um ato administrativo negocial vinculado em que a Administração Pública, verificando o cumprimento de todos os requisitos legais pelo particular, consente a realização de uma atividade ou fruição de alguma situação jurídica. Incorreta a alternativa “b” porque é a admissão e não a aprovação o ato vinculado ao cumprimento dos requisitos legais que confere ao administrado a fruição de serviço público desenvolvido em determinado estabelecimento oficial. Incorreta a alternativa “c” porque a homologação é ato negocial vinculado e por ser ato de controle ocorre após o ato controlado. A alternativa apresenta a definição de “aprovação”. Incorreta a alternativa “d” porque concessão não é um ato administrativo, mas um contrato (bilateral) com regras próprias previstas em lei, em especial na Lei nº 8.987, de 1995. A alternativa apresenta definição da permissão. Incorreta a alternativa “e” porque o atestado é ato enunciativo pelo qual a Administração comprova um fato ou uma informação de seu conhecimento. A alternativa apresenta definição de alvará. Q8. 2017/VUNESP/PREFEITURA DE MARÍLIA-SP/Procurador Segundo o disposto na Constituição Federal, se um ato administrativo aplicar indevidamente determinada súmula vinculante do Supremo Tribunal Federal, é correto afirmar que a) poderá ser anulado por meio de recurso ordinário a ser interposto diretamente perante o Supremo Tribunal Federal. b)deverá ser impugnado por meio da arguição de descumprimento de preceito fundamental. c) poderá ser anulado por meio de reclamação ao Supremo Tribunal Federal. d) deverá ser impugnado por meio de ação própria em primeira instância da Justiça Federal. e) poderá ser objeto de ação declaratória de constitucionalidade, para dirimir a divergência sobre a aplicação corretada súmula vinculante. Comentários Resposta: alternativa “c”. Correta a alternativa “c” que está em linha com o §3º do art. 103-A da CRFB que prevê: do ato administrativo ou decisão judicial que contrariar a súmula aplicável ou que indevidamente a aplicar, caberá reclamação ao Supremo Tribunal Federal que, julgando-a procedente, anulará o ato administrativo ou cassará a decisão judicial reclamada, e determinará que outra seja proferida com ou sem a aplicação da súmula, conforme o caso. Q9. 2017/MPE-SP/MPE-SP/Promotor de Justiça Assinale a alternativa correta. Wagner Damazio Aula 2 - Parte 2 Direito Administrativo p/ Concursos Cartórios - Curso Regular www.estrategiaconcursos.com.br 320412 07818729798 - Rodrigo Neves Quintino da Costa 111 a) A autoridade competente para a prática de um ato administrativo tem sempre, em razão de seu poder hierárquico, a possibilidade de delegação e avocação. b) Nos atos discricionários, o Poder Judiciário não pode, em hipótese alguma, apreciar o mérito do ato, assim considerada a análise da conveniência ou oportunidade. c) O ato administrativo, praticado por autoridade incompetente, investido irregularmente no cargo, não produz qualquer efeito. d) A revogação dos atos administrativos é sempre possível, não havendo limites para tanto, uma vez que cabe à Administração apreciar as razões de oportunidade e conveniência. e) No caso de ato vinculado, praticado por autoridade incompetente, a convalidação é obrigatória pela autoridade competente se estiverem presentes os requisitos para a prática do ato. Comentários Resposta: alternativa “e”. São exatamente as palavras da professora Maria Sylvia em seu livro Direito Administrativo, 30ª edição,p 289: “tratando-se de ato vinculado praticado por autoridade incompetente, a autoridade competente não poderá deixar de convalidá-lo, se estiverem presentes os requisitos para a prática do ato”. Incorreta a alternativa “a” porque nem sempre é aplicável a delegação ou a avocação para a prática de atos administrativos. Por exemplo, de acordo com o art. 13 da Lei nº 9.784, de 1999, não podem ser delegadas a edição de atos de caráter normativo, a decisão de recursos administrativos e as matérias de competência exclusiva do órgão ou autoridade. Ademais, de acordo com o art. 15 da aludida lei, a avocação deve ser utilizada em caráter excepcional e por motivos relevantes devidamente justificados, bem como em caráter temporário. Incorreta a alternativa “b” porque, em que pese a regra ser a não apreciação pelo Poder Judiciário de ato discricionário, de modo a não adentrar ao mérito administrativo (análise de conveniência e oportunidade), no caso de o ato ser motivado, haverá vinculação do motivo ao ato, trazendo a possibilidade de controle do Poder Judiciário com base na Teoria dos Motivos Determinantes. Incorreta a alternativa “c” porque no exercício da “função de fato” (agente putativo), em privilégio à Teoria da Aparência e para resguardar a boa-fé do administrado que teve atos praticados por quem agia na função de fato (agente putativo), os atos praticados podem ter seus efeitos regulares. Incorreta a alternativa “d” porque a revogação não pode ser adotada pela Administração Pública em atos vinculados, em atos que já exauriram seus efeitos, em atos enunciativos (mero ato administrativo), em atos que integram procedimento nem em atos que geraram direito adquirido (Súmula 473 do STF: A administração pode anular seus próprios atos, quando eivados de vícios que os tornam ilegais, porque deles não se originam direitos; ou revogá-los, por motivo de conveniência Wagner Damazio Aula 2 - Parte 2 Direito Administrativo p/ Concursos Cartórios - Curso Regular www.estrategiaconcursos.com.br 320412 07818729798 - Rodrigo Neves Quintino da Costa 112 ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, em todos os casos, a apreciação judicial). Q10. 2017/CESPE/TRF-5ª REGIÃO/Juiz Federal Acerca dos atos administrativos, do poder regulamentar e do poder de polícia, assinale a opção correta. a) Para o STJ, as balanças de pesagem corporal oferecidas gratuitamente a clientes por farmácias são passíveis de fiscalização pelo INMETRO, a fim de preservar as relações de consumo, sendo, portanto, legítima a cobrança de taxa decorrente do poder de polícia no exercício da atividade de fiscalização. b) Situação hipotética: Um servidor público efetivo indicado para cargo em comissão foi exonerado ad nutum sob a justificativa de haver cometido assédio moral no exercício da função. Posteriormente, a administração reconheceu a inexistência da prática do assédio, mas persistiu a exoneração do servidor, por se tratar de ato administrativo discricionário. Assertiva: Nessa situação, o ato de exoneração é válido por não se aplicar a teoria dos motivos determinantes. c) Conforme o STF, o Poder Judiciário não detém competência para substituir banca examinadora de concurso público para reexaminar o conteúdo das questões e os critérios de correção utilizados, admitindo- se, no entanto, o controle do conteúdo das provas ante os limites expressos no edital. d) A homologação é um ato administrativo unilateral vinculado ao exame de legalidade e conveniência pela autoridade homologante, sendo o ato a ser homologado passível de alteração, em virtude do princípio da hierarquia presente no exercício da atividade administrativa. e) Situação hipotética: Lei ordinária instituiu a criação de autarquia federal vinculada ao Ministério X, com o objetivo de atuar na fiscalização e no fomento de determinado setor. Publicada a referida lei, o ministro expediu decreto estabelecendo a estrutura organizacional e o funcionamento administrativo da nova autarquia. Assertiva: Esse caso ilustra a constitucionalidade do decreto regulamentar por delegação do presidente da República. Comentários Resposta: alternativa “c”. Correta a alternativa “c” que apresenta o entendimento do STF no julgamento do RE 632853, com repercussão geral, no sentido de que “Não compete ao Poder Judiciário, no controle de legalidade, substituir banca examinadora para avaliar respostas dadas pelos candidatos e notas a elas atribuídas. Precedentes. Excepcionalmente, é permitido ao Judiciário juízo de compatibilidade do conteúdo das questões do concurso com o previsto no edital do certame". Incorreta a alternativa “a” porque, conforme jurisprudência do STJ Wagner Damazio Aula 2 - Parte 2 Direito Administrativo p/ Concursos Cartórios - Curso Regular www.estrategiaconcursos.com.br 320412 07818729798 - Rodrigo Neves Quintino da Costa 113 manifestada no Resp 1655383/SP, Ministro Herman Benjamin, tem-se que: 4. A orientação desta Corte firmou-se no sentido de que a Taxa de Serviços Metrológicos, decorrente do poder de polícia do Inmetro em fiscalizar a regularidade das balanças - art. 11 da Lei 9.933/99 -, visa a preservar precipuamente as relações de consumo, sendo imprescindível, portanto, verificar se o equipamento objeto de aferição fiscalizatória é essencial, ou não, à atividade mercantil desempenhada pela empresa para a clientela. 5. No caso concreto, o Tribunal de origem consignou que "as balanças de pesagem corporal, oferecidas como cortesia pelas farmácias, justamente porque não se integram na atividade econômica respectiva, não possuindo a sua exploração caráter comercial, não se sujeitam à fiscalização pelo IPEM/INMETRO" (fl. 683, e-STJ). Logo, não há falar em aferição periódica pelo Inmetro e, menos ainda, em possibilidade de autuação por eventual irregularidade nesse tipo de balança. Incorreta a alternativa “b” porque, em que pese o ato de exoneração de cargo em comissão ser ad nutum (livre nomeação e exoneração), o fato de ter sido externado o motivo vincula a Administração e abre a possibilidade de controle pelo Poder Judiciário com base na Teoria dos Motivos Determinantes. Incorreta a alternativa “d” porque a homologação é ato vinculado pelo qual a autoridade superior avalia a legalidade, bem como a conveniência de ato anterior praticado para dar-lhe eficácia.É considerado ato de simples controle, não podendo alterar o conteúdo do ato controlado, podendo apenas confirmá-lo ou rejeitá-lo. Incorreta a alternativa “e” porque decreto regulamentar é ato privativo do Chefe do Poder Executivo. Ademais, ocorrida a descentralização administrativa com a criação, por lei, de Autarquia, conforme preconiza o inciso XIX do art. 37 da CRFB, não compete ao Ministério a que ela estiver vinculada intervir em sua organização administrativa. A vinculação entre a autarquia e o Ministério é apenas de controle finalístico (supervisão ministerial) e não de hierarquia. Q11. 2017/CS-UFG/TJ-GO/Juiz Leigo Uma das características dos atos administrativos é: a) a sujeição ao regime jurídico de direito privado, de conformidade com ao Código Civil. b) a possibilidade de sua revogação, quando praticados com vícios que os tornem ilegais. c) a presunção de legitimidade. d) a possibilidade de anulação, quando inconvenientes ou inoportunos em relação ao interesse público. e) o mérito, demandando sempre avaliação subjetiva do agente público. Comentários Resposta: alternativa “c”. Correta a alternativa “c” porque são atributos dos atos administrativos a presunção de legitimidade e de veracidade, a autoexecutoriedade, a tipicidade e a imperatividade. A presunção de legitimidade Wagner Damazio Aula 2 - Parte 2 Direito Administrativo p/ Concursos Cartórios - Curso Regular www.estrategiaconcursos.com.br 320412 07818729798 - Rodrigo Neves Quintino da CostaEstado (ou de quem lhe faça as vezes - como, por exemplo, um concessionário de serviço público), no exercício de prerrogativas públicas, manifestada mediante providências jurídicas complementares da lei a título de lhe dar 6 Manual de Direito Administrativo, 31ª edição, p 105. 7 Direito Administrativo, 30ª edição, p 237. 8 Direito Administrativo Brasileiro, 42ª edição, p 173. 9 Curso de Direito Administrativo, 14ª edição, p 340. Wagner Damazio Aula 2 - Parte 2 Direito Administrativo p/ Concursos Cartórios - Curso Regular www.estrategiaconcursos.com.br 320412 07818729798 - Rodrigo Neves Quintino da Costa 9 cumprimento, e sujeitas a controle de legitimidade por órgão jurisdicional Mário Masagão10 ...atos jurídicos que o Estado pratica para realização dos seus fins, exceto os contenciosos Oswaldo Aranha Bandeira de Mello11 ...manifestação da vontade do Estado, enquanto poder público, individual, concreta, pessoal, de modo direto e imediato, para produzir efeitos de direito. Diogo de Figueiredo Moreira Neto12 ...a manifestação unilateral de vontade da administração pública que tem por objeto constituir, declarar, confirmar, alterar ou desconstituir uma relação jurídica, entre ela e os administrados ou entre seus próprios entes, órgãos e agentes. Marçal Justen Filho13 ...uma manifestação de vontade funcional apta a gerar efeitos jurídicos, produzida no exercício da função administrativa. Portanto, perceba que há três elementos principais para a definição de ato administrativo: 10 Curso de Direito Administrativo, 5ª edição, p 144. 11 Princípios Gerais de Direito Administrativo, Volume I, p 413. 12 Princípios Gerais de Direito Administrativo, Volume I, p 413. 13 Curso de Direito Administrativo, 12ª edição, p 219. Ato Administrativo expressão da vontade da Administração Pública por quem o represente efeitos jurídicos regidos pelo Direito Público, exclusiva ou predominantemente finalidade pública Wagner Damazio Aula 2 - Parte 2 Direito Administrativo p/ Concursos Cartórios - Curso Regular www.estrategiaconcursos.com.br 320412 07818729798 - Rodrigo Neves Quintino da Costa 10 3.1. Fato DA Administração e Fato Administrativo Fatos da administração são aqueles acontecimentos praticados pela Administração Pública que não apresentam nenhuma repercussão no âmbito do Direito Administrativo. Exemplo: a mudança de local de uma unidade da repartição pública, sem necessidade de suspensão de prazo ou interrupção do expediente (ou ainda qualquer outro efeito jurídico no âmbito do Direito Administrativo), tal como ocorre nas mudanças de sala de um mesmo andar ou prédio. Fato administrativo, por seu turno,apresenta, ao menos,trêslinhasde interpretação. Uma delas pode ser exemplificada pelo professor José dos Santos Carvalho Filho14, no sentido de que fato administrativo tem o sentido de atividade material no exercício da função administrativa que visa a efeitos de ordem prática para a Administração. Nessa acepção, o fato administrativo é a materialização da atividade administrativa. Ou, em outras palavras, seria a execução, em regra, de um ato administrativo. Exemplo: em função da expedição de ordem para embargo de obra ou cancelamento do alvará de funcionamento, os fatos administrativos seriam, entre outros, a realização material do fechamento do estabelecimento e proibição de continuidade das obras, seja com a colocação de tapumes ou construção de muretas que inviabilizem a atividade pelo particular. Outra acepção, que pode ser exemplificada pela professora Maria Sylvia15, afirma que fato administrativo é todo aquele descrito em lei ou no ordenamento jurídico que, quando realizado, traz repercussão no campo do Direito Administrativo. 14 Manual de Direito Administrativo, 31ª edição, p 101. 15 Maria Sylvia Zanella Di Pietro, Direito Administrativo, 30ª edição, p 231. Wagner Damazio Aula 2 - Parte 2 Direito Administrativo p/ Concursos Cartórios - Curso Regular www.estrategiaconcursos.com.br 320412 07818729798 - Rodrigo Neves Quintino da Costa 11 Exemplo: a morte de um servidor estatutário que acarreta a consequente vacância de seu cargo, conforme exemplo da própria professora Maria Sylvia. Há ainda a caracterização de fato administrativo como o silêncio ou inércia da Administração Pública do qual decorram efeitos jurídicos. Nessa linha, Celso Antônio Bandeira de Mello16: Na verdade, o silêncio não é ato jurídico. Por isto, evidentemente, não pode ser ato administrativo. Este é uma declaração jurídica. Quem se absteve de declarar, pois, silenciou, não declarou nada e por isto não praticou ato administrativo algum. Tal omissão é um “fato jurídico” e, in casu, um “fato jurídico administrativo”. Exemplo: o transcurso do prazo fixado em lei para que a Administração se manifeste acerca de requerimento, pedido ou recurso do administrado, prevendo, o deferimento ou provimento, em caso de não manifestação expressa da Administração dentro do lapso temporal fixado. 3.2. Ato Administrativo, Político, Legislativo e Judicial Não se confundem atos administrativos, políticos (também denominados de governo), legislativos ou judiciais. 16 Curso de Direito Administrativo, 14ª edição, p. 365. Ato Legislativo Ato Legiferante Produção de Normas Função Típica do Poder Legislativo Ato Judicial Ato Jurisdicional Solução de Litígios Função Típica do Poder Judiciário Ato Político Ato da Administração Pública decorrente diretamente da Constituição Decisão Política Exercício Típico dos Governantes Wagner Damazio Aula 2 - Parte 2 Direito Administrativo p/ Concursos Cartórios - Curso Regular www.estrategiaconcursos.com.br 320412 07818729798 - Rodrigo Neves Quintino da Costa 12 Sem dúvida, não há grandes dificuldades em identificar os atos legislativos e os atos judiciais, já que são atividades finalísticas e típicas, respectivamente, do Poder Legislativo e do Poder Judiciário. Frise-se apenas que, como já vimos no nosso curso, tanto o Poder Legislativo quanto o Poder Judiciário podem e praticam atos administrativos quando no exercício da função administrativa, embora de forma atípica em cada um desses poderes da República. Por outro lado, merece algumas palavras a diferença entre ato político e ato administrativo. Ato político ou de governo remete à pratica de atos por órgãos ou agentes que possuem competência diretamente fixada no texto Constitucional, por pertencerem à estrutura de governo do Estado. Ou seja, está sujeito ao regime jurídico-constitucional. Como exemplos, temos as prerrogativas do Presidente da República e, por simetria constitucional, as dos Governadores e Prefeitos, tais como a iniciativa privativa para a produção de algumas leis e a participação no processo legislativo, com o poder de sanção ou veto. Portanto, não se confundem ato administrativo e ato político, já que este é praticado por integrantes do Governo (cúpula da Administração Pública), regido diretamente pelo regime jurídico- constitucional, enquanto aquele é praticado pelo agente público ou delegatário da Administração Pública no exercício da função administrativa em concreto. 3.3. Ato DA Administração e Ato Administrativo Ato da administração é o conjunto amplo de todos os atos praticados pela Administração Pública no exercício da atividade administrativa, incluindo não só aqueles que se revestem de prerrogativas públicas, ou seja, podem incluir, entre outros, os atos regidos predominantemente pelo Direito Privado. Lembre-se aqui da teoria do professor Renato Alessi ao diferenciar interesse público primário e interesse público114 quer dizer que o ato foi produzido de acordo com o ordenamento jurídico. Incorreta a alternativa “a” porque os atos administrativos estão sujeitos ao regime jurídico público, em especial ao regime jurídico administrativo. Incorretas as alternativas “b” e “d” porque, conforme súmula 473 do STF, a administração pode anular seus próprios atos, quando eivados de vícios que os tornam ilegais, porque deles não se originam direitos; ou revogá-los, por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, em todos os casos, a apreciação judicial dos atos ilegais. Portanto, atos ilegais não se revogam, são nulos ou anuláveis. Já atos inconvenientes ou inoportunos não se anulam e sim são revogados. Incorreta a alternativa “e” porque nos atos vinculados não há margem de subjetividade ao agente público. Q12. 2017/FCC/TST/Juiz do Trabalho Sobre o ato administrativo, é correto afirmar: a) Os atos que apresentarem defeitos sanáveis, em decisão na qual se evidencie não acarretarem lesão ao interesse público nem prejuízo a terceiros, serão convalidados pela própria Administração com efeitos ex nunc. b) O órgão competente para decidir o recurso administrativo poderá confirmar, modificar, anular ou revogar, total ou parcialmente, a decisão recorrida, se a matéria for de sua competência, dispensando-se a oitiva do recorrente na hipótese de reformatio in pejus. c) O direito da Administração de anular os atos administrativos de que decorram efeitos favoráveis para os destinatários decai em cinco anos, contados da data em que foram praticados, salvo comprovada má-fé, sendo certo que, no caso de efeitos patrimoniais contínuos, o prazo decadencial contar-se-á da percepção do primeiro pagamento. d) O poder de revogar atos administrativos fundamenta-se juridicamente na normal competência de agir da autoridade administrativa e tem como características nucleares a renunciabilidade, a transmissibilidade e a prescritibilidade. e) Pode haver revogação de ato administrativo vinculado, a exemplo da licença. Comentários Resposta: alternativa “c”. Correta a alternativa “c” que está em linha com o art. 54 da Lei nº 9.784, de 1999, c/c seu §1º: “Art. 54. O direito da Administração de anular os atos administrativos de que decorram efeitos favoráveis para os destinatários decai em cinco anos, contados da data em que foram praticados, salvo comprovada má-fé.§ 1o No caso de efeitos patrimoniais contínuos, o prazo de decadência contar-se-á da percepção do primeiro pagamento”. Incorreta a alternativa “a” porque a convalidação opera efeitos ex tunc, ou seja, saneia o ato desde o momento de sua produção. Incorreta a alternativa “b” porque, de acordo Wagner Damazio Aula 2 - Parte 2 Direito Administrativo p/ Concursos Cartórios - Curso Regular www.estrategiaconcursos.com.br 320412 07818729798 - Rodrigo Neves Quintino da Costa 115 com o art. 64 da Lei nº 9.784, de 1999, em especial seu §único: “Art. 64. O órgão competente para decidir o recurso poderá confirmar, modificar, anular ou revogar, total ou parcialmente, a decisão recorrida, se a matéria for de sua competência. Parágrafo único. Se da aplicação do disposto neste artigo puder decorrer gravame à situação do recorrente, este deverá ser cientificado para que formule suas alegações antes da decisão”. Ou seja, se houver a reformatio in pejus (alteração da decisão com agravamento do prejuízo inicial para o particular), deve o particular ser cientificado para formular suas considerações prévias à decisão. Incorreta a alternativa “d” porque as características fundamentais da revogação são a conveniência e a oportunidade em análise discricionária quanto à manutenção do ato frente ao interesse público. Incorreta a alternativa “e” porque não podem ser revogados atos vinculados, atos que já exauriram seus efeitos, atos enunciativos (mero ato administrativo), atos que integram procedimento nem atos que geraram direito adquirido (Súmula 473 do STF: A administração pode anular seus próprios atos, quando eivados de vícios que os tornam ilegais, porque deles não se originam direitos; ou revogá-los, por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, em todos os casos, a apreciação judicial) Q13. 2017/FMP-CONCURSOS/MPE-RO/Promotor de Justiça Dentre as alternativas abaixo, conflagra-se como exemplo concreto predominante de exigibilidade de ato administrativo. a) guinchamento de carro parado em local proibido. b) requisição de bem móvel particular para combater evento danoso da natureza. c) inutilização de medicamentos vencidos. d) dispersão de manifestação pública violenta com prática de atos de vandalismo. e) aplicação de multa e de advertência. Comentários Resposta: alternativa “e”. Correta a alternativa “e” porque o atributo da autoexecutoriedade dos atos administrativos pode ser desdobrado em exigibilidade e executoriedade. A exigibilidade resulta da possibilidade de a Administração poder se utilizar de meios indiretos para o cumprimento da obrigação. Já a executoriedade resulta da possibilidade de a Administração realizar diretamente a execução forçada se utilizando inclusive da força pública, caso necessário. As demais alternativas apresentam reflexos predominantes da executoriedade (meios diretos) e não da exigibilidade (meios indiretos). Q14. 2017/FCC/DPE-SC/Defensor Público Wagner Damazio Aula 2 - Parte 2 Direito Administrativo p/ Concursos Cartórios - Curso Regular www.estrategiaconcursos.com.br 320412 07818729798 - Rodrigo Neves Quintino da Costa 116 Os atos administrativos podem ser produzidos em desrespeito às normas jurídicas e, nestes casos, é correto afirmar que a) existe, no direito brasileiro, apenas duas formas de convalidação, a ratificação e a reforma. b) ainda que o ato tenha sido objeto de impugnação é possível falar-se em convalidação, com o objetivo de aplicar o princípio da eficiência. c) a vícios que podem ser sanados e, nestes casos, a convalidação terá efeitos ex nunc. d) a violação das normas jurídicas causa um vício que só pode ser corrigido com a edição de novo ato, pelo poder Judiciário. e) é possível convalidar atos com vício no objeto, ou conteúdo, mas apenas quando se tratar de conteúdo plúrimo. Comentários Resposta: alternativa “e”. Correta a assertiva porque nessa linha é a doutrina do professor José dos Santos Carvalho Filho em seu Manual de Direito Administrativo, 31ª edição, p. 72: “Também é possível convalidar atos com vício no objeto, ou conteúdo, mas apenas quando se tratar de conteúdo plúrimo”. Plúrimo quer dizer plural, ou seja, objeto não único, de modo que se possa reformar ou converter um dos objetos sem macular o outro ou os demais. Incorreta a alternativa “a” porque, pela doutrina do professor José dos Santos Carvalho Filho em seu Manual de Direito Administrativo, 31ª edição, p. 71, há três formas de convalidação: ratificação, reforma e conversão.Incorreta a alternativa “b” porque, após a impugnação, não se pode mais falar em convalidação, mas sim o pleno efeito do processo recursal. Incorreta a alternativa “c” porque a convalidação opera efeitos ex tunc (retroativos à data da produção do ato). Incorreta a alternativa “d” porque a própria Administração Pública pode sanear ou anular seus atos. Q15. 2017/LEGALLE CONCURSOS/CÂMARA DE VEREADORES DE GUAÍBA-RS/Procurador Acerca da anulação dos atos administrativos, assinale a opção INCORRETA. a) A anulação pode ser feita pela Administração Pública, com base no seu poder de autotutela sobre os próprios atos. b) A anulação pode também ser feita pelo Poder Judiciário, mediante provocação dos interessados. c) Como a desconformidade com a lei atinge o ato em suas origens, a anulação produz efeitos retroativos à data em que foi emitido. d) Anulação é o desfazimento doato administrativo por razões de legalidade. e) A anulação do ato administrativo, quando afete interesses ou direitos de terceiros, deve ser precedida do contraditório. Wagner Damazio Aula 2 - Parte 2 Direito Administrativo p/ Concursos Cartórios - Curso Regular www.estrategiaconcursos.com.br 320412 07818729798 - Rodrigo Neves Quintino da Costa 117 Comentários Resposta: alternativa “d”. Incorreta a alternativa “d” porque anulação é desfazimento de ato administrativo por razões de ilegalidade e não de legalidade. Correta a alternativa “a”, já que, de fato, a própria Administração pode anular seus atos praticados com ilegalidade (Súmula 473 do STF:A administração pode anular seus próprios atos, quando eivados de vícios que os tornam ilegais, porque deles não se originam direitos; ou revogá-los, por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, em todos os casos, a apreciação judicial). Correta a alternativa “b” porque, de fato, ao Poder Judiciário, caso provocado pelo interessado, cabe controlar os atos administrativos ilegais, devendo anulá-los se confirmada a ilegalidade. Correta a alternativa “c” já que a anulação produz efeitos ex tunc. Correta a alternativa “e”, já que, de fato, se afetar interesse ou direitos de terceiros, impõe-se a precedência de ampla defesa e contraditório com base no art. 5º, LV, da CRFB (STF: RE 594296 - A partir da promulgação da Constituição Federal de 1988, foi erigido à condição de garantia constitucional do cidadão, quer se encontre na posição de litigante, num processo judicial, quer seja um mero interessado, em um processo administrativo, o direito ao contraditório e à ampla defesa, com os meios e recursos a eles inerentes. Ou seja, a partir de então, qualquer ato da Administração Pública que tiver o condão de repercutir sobre a esfera de interesses do cidadão deverá ser precedido de prévio procedimento em que se assegure ao interessado o efetivo exercício do direito ao contraditório e à ampla defesa). Q16. 2017/FMP CONCURSOS/PGE-AC /Procurador do Estado (ADAPTADA) Para a configuração dos casos de nulidade de atos administrativos que traduzam lesão aos bens jurídicos tutelados pelo direito pátrio, serão observadas as seguintes normas, EXCETO a) O desvio de finalidade se verifica quando o agente pratica o ato visando a fim diverso daquele necessariamente explícito na regra de competência. b) A ilegalidade do objeto ocorre quando o resultado do ato importa em violação da legislação em vigor. c) A inexistência dos motivos se verifica quando a matéria de fato ou de direito, em que se fundamenta o ato, é materialmente inexistente ou juridicamente inadequada frente ao resultado obtido. d) A incompetência fica caracterizada quando o ato não se incluir nas atribuições legais do agente que o praticou. e) O vício de forma consiste na omissão ou na observância incompleta ou irregular de formalidades indispensáveis à existência ou seriedade do ato. Comentários Wagner Damazio Aula 2 - Parte 2 Direito Administrativo p/ Concursos Cartórios - Curso Regular www.estrategiaconcursos.com.br 320412 07818729798 - Rodrigo Neves Quintino da Costa 118 Resposta: alternativa “a”. Incorreta a alternativa “a” porque, de acordo com a alínea “e” do §único do art. 2º da Lei nº 4.717, de 1965 (Lei da Ação Popular), o desvio de finalidade se verifica quando o agente pratica o ato visando a fim diverso daquele previsto, explícita ou implicitamente, na regra de competência. Veja o inteiro teor do aludido artigo: “art. 2º São nulos os atos lesivos ao patrimônio das entidades mencionadas no artigo anterior, nos casos de: a) incompetência; b) vício de forma; c) ilegalidade do objeto; d) inexistência dos motivos; e) desvio de finalidade. Parágrafo único. Para a conceituação dos casos de nulidade observar-se-ão as seguintes normas: a) a incompetência fica caracterizada quando o ato não se incluir nas atribuições legais do agente que o praticou; b) o vício de forma consiste na omissão ou na observância incompleta ou irregular de formalidades indispensáveis à existência ou seriedade do ato; c) a ilegalidade do objeto ocorre quando o resultado do ato importa em violação de lei, regulamento ou outro ato normativo; d) a inexistência dos motivos se verifica quando a matéria de fato ou de direito, em que se fundamenta o ato, é materialmente inexistente ou juridicamente inadequada ao resultado obtido;e) o desvio de finalidade se verifica quando o agente pratica o ato visando a fim diverso daquele previsto, explícita ou implicitamente, na regra de competência”. Portanto, corretas as demais alternativas. Q17. 2017/FMP CONCURSOS/PGE-AC/Procurador do Estado Existem diversas alternativas possíveis quanto às hipóteses abstratas de extinção dos atos administrativos, EXCETO a) o decurso do tempo. b) a renúncia do interessado. c) a revogação pelo Poder Judiciário. d) a invalidação pela própria Administração. e) o desaparecimento do pressuposto fático. Comentários Resposta: alternativa “c”. Incorreta a alternativa “c” porque a revogação é ato privativo da Administração Pública, já que afeto à conveniência e oportunidade (mérito administrativo). Ao Poder Judiciário cabe anular os atos administrativos viciados com ilegalidade. As demais alternativas apresentam hipóteses que, de fato, podem acarretar a extinção do ato administrativo. Conforme sintetiza o professor Celso Antônio Bandeira de Mello, os atos eficazes podem ser extintos com o cumprimento dos seus efeitos ao longo do tempo (esgotamento do conteúdo jurídico, execução material, termo final ou condição resolutiva), com o desaparecimento de elemento infungível da relação jurídica (sujeito ou objeto), com a retirada (revogação, invalidação ou anulação, cassação, caducidade, contraposição) ou a renúncia. Já o ato ineficaz pode ser extinto pela mera retirada ou pela recusa. Wagner Damazio Aula 2 - Parte 2 Direito Administrativo p/ Concursos Cartórios - Curso Regular www.estrategiaconcursos.com.br 320412 07818729798 - Rodrigo Neves Quintino da Costa 119 Q18. 2017/VUNESP/TJ-SP/Juiz de Direito O motivo do ato administrativo pode ser conceituado como: a) a normatividade jurídica que irá incidir sobre determinada situação de fato que lhe é antecedente. b) a ocorrência no mundo fenomênico de certo pressuposto fático, relevante para o direito, que vai postular ou possibilitar a edição do ato administrativo. c) a explicitação dos fundamentos de fato e de direito que levaram à edição do ato administrativo e sem a qual o ato é nulo. d) o móvel ou intenção do agente ou, em outros termos, a representação psicológica que levou o administrador a agir, e que tem especial importância no plano dos atos discricionários. Comentários Resposta: alternativa “b”. Correta a alternativa “b” porque o motivo é o pressuposto de fato e de direito que fundamenta o ato administrativo. Incorreta a alternativa “a” porque para a norma incidir o fato deve ser posterior à sua produção. Ademais, o motivo é concreto, um fato ocorrido na vida social (mundo fenomênico para Immanuel Kant). Incorreta a alternativa “c” porque apresenta a definição de motivação, que é a explicitação do motivo. Ademais, há divergência doutrinária se a ausência de motivação torna o ato nulo. Incorreta a alternativa “d” porque a valoração subjetiva representada pela intenção do agente não se inclui entre os elementos do ato administrativo. Pela teoria do órgão, os atos do agente público são imputados à Administração. Q19. 2017/IMA/PREFEITURA DE PENALVA-MA/Procurador Municipal Os atos administrativos que se destinam a dar andamento aos processos e papeis que tramitam pelas repartições públicas, preparando para a decisão de mérito a ser proferida pela autoridade competente, são classificados como: a) Atos deimpério. b) Atos de gestão. c) Atos de expediente. d) Atos normativos. Comentários Resposta: alternativa “c”. A classificação dos atos administrativos quanto ao objeto ou quanto às suas prerrogativas apresenta: atos de império (expressão da supremacia pública sobre o interesse particular), atos de gestão (ausência da supremacia – atos praticados pela Administração em posição de horizontalidade com o particular) e atos de expediente (são os praticados para impulsionar os Wagner Damazio Aula 2 - Parte 2 Direito Administrativo p/ Concursos Cartórios - Curso Regular www.estrategiaconcursos.com.br 320412 07818729798 - Rodrigo Neves Quintino da Costa 120 processos administrativos e demais tarefas administrativas para sua devida conclusão). Atos administrativos normativos são aqueles produzidos, em regra, com comandos gerais e abstratos. Q20. 2017/CESPE/MPE-RR/Promotor de Justiça Decreto de um governador estadual estabeleceu que determinado tema fosse regulamentado mediante portaria conjunta das secretarias estaduais A e B. Um ano depois de editada a portaria conjunta, nova portaria, editada apenas pela secretaria A, revogou a portaria inicial. Nessa situação, considerando-se o entendimento do STJ, I a segunda portaria não poderia gerar efeitos revocatórios. II a revogação de ato complexo, ou seja, ato formado pela manifestação de dois ou mais órgãos, demanda a edição de ato igualmente complexo; vale dizer, formado pela manifestação dos mesmos órgãos subscritores do ato a ser revogado. A respeito das asserções I e II, assinale a opção correta a)A asserção I é falsa, e a II é verdadeira b) As asserções I e II são falsas. c) As asserções I e II são verdadeiras, e a II é uma justificativa correta da I. d) acordo de cooperação, que prescinde de licitação. Comentários Resposta: alternativa “c”. As duas assertivas estão corretas e a segunda justifica de forma acertada a primeira, já que em linha com o entendimento do STJ esposado no julgamento do MS 14731 em 2016: “A regulamentação exigida pelo art. 7o. do Decreto 6.253/07, constitui ato administrativo complexo, demandando a manifestação de dois órgãos da Administração para sua constituição, quais sejam, o Ministério da Educação e o Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, sob pena de invalidade. 2. Por simetria, apenas se admite a revogação do ato administrativo por autoridade/órgão competente para produzi-lo. A propósito, o ilustre Professor DIOGO FIGUEIREDO MOREIRA NETO assinala que a competência para a revogação do ato administrativo será, em princípio, do mesmo agente que o praticou (...) Assim, se o ato foi suficiente e validamente constituído a revogação é, simetricamente, um ato desconstitutivo, ou, em outros termos, um ato constitutivo-negativo, pelo qual a Administração competente para constituí-lo - e apenas ela - retira a eficácia de um ato antecedente, exclusivamente por motivos de mérito administrativo, jamais por motivos jurídicos (Curso de Direito Administrativo. Rio de Janeiro: Editora Forense, 2014, p. 230-231). 3. No caso, a Portaria 788/09 aqui combatida, emitida pelo MEC, por si só, procurou revogar a regulamentação anterior, composta pela Wagner Damazio Aula 2 - Parte 2 Direito Administrativo p/ Concursos Cartórios - Curso Regular www.estrategiaconcursos.com.br 320412 07818729798 - Rodrigo Neves Quintino da Costa 121 manifestação das duas Pastas responsáveis. Nesse contexto, dada a simetria necessária para a edição-desconstituição do ato administrativo, entende-se viciado o ato”. Q21. 2017/VUNESP/CÂMARA DE COTIA-SP/Procurador Legislativo Considere a seguinte situação hipotética: Lei Municipal é aprovada concedendo a revisão geral anual, prevista na Constituição Federal, para todos os servidores públicos do Município de Cotia. O Prefeito Municipal, no entanto, somente efetiva o aumento salarial para os servidores que são filiados ao partido político ao qual pertence. Como o ato administrativo possui vários elementos, é correto afirmar que, nesse caso hipotético, o vício desse ato recai sobre a) a finalidade. b) a forma. c) o motivo. d) o objeto. e) a competência. Comentários Resposta: alternativa “a”. A situação descrita configura abuso de poder na modalidade desvio de finalidade. Em sentido amplo a finalidade do ato administrativo sempre corresponde ao interesse público. Em sentido restrito é o resultado específico que o ato deve produzir conforme definido expressa ou implicitamente em lei. O ato do Prefeito, ao afrontar o princípio da impessoalidade, macula o elemento finalidade do ato administrativo, viciando-o. Q22. 2017/CESPE/PREFEITURA DE BELO HORIZONTE-MG/Procurador Municipal No que tange a conceitos, requisitos, atributos e classificação dos atos administrativos, assinale a opção correta. a) Licença e autorização são atos administrativos que representam o consentimento da administração ao permitir determinada atividade; o alvará é o instrumento que formaliza esses atos. b) O ato que decreta o estado de sítio, previsto na CF, é ato de natureza administrativa de competência do presidente da República. c) Ainda que submetido ao regime de direito público, nenhum ato praticado por concessionária de serviços públicos pode ser considerado ato administrativo. d) O atributo da autoexecutoriedade não impede que o ato administrativo seja apreciado judicialmente e julgado ilegal, com determinação da Wagner Damazio Aula 2 - Parte 2 Direito Administrativo p/ Concursos Cartórios - Curso Regular www.estrategiaconcursos.com.br 320412 07818729798 - Rodrigo Neves Quintino da Costa 122 anulação de seus efeitos; porém, nesses casos, a administração somente responderá caso fique comprovada a culpa. Comentários Resposta: alternativa “a”. A licença e a autorização são atos negociais que, em regra, são formalizados por meio de alvará. A licença é ato vinculado em que a Administração Pública, verificando o cumprimento de todos os requisitos legais pelo particular, consente a realização de uma atividade ou fruição de alguma situação jurídica com presunção de definitividade. Já a autorização é ato discricionário que expressa uma concordância precária por parte da Administração Pública com relação à realização de uma atividade ou utilização de um bem pelo particular no interesse predominante deste. Incorreta a alternativa “b” porque atos políticos ou de governo são aqueles que remetem à pratica de atos por órgãos ou agentes que possuem competência diretamente fixada no texto Constitucional, por pertencerem à estrutura de governo do Estado. Ou seja, estão sujeitos ao regime jurídico-constitucional, não se enquadrando como ato administrativo. (Incorreta a alternativa “c” porque as concessionárias de serviço público também podem praticar atos administrativos já que atuam em nome do Estado que transferiu a execução do serviço de público ao particular, mantendo, contudo, sua titularidade. Incorreta a alternativa “d” porque, comprovada a ilegalidade do ato pelo Poder Judiciário, a Administração Pública responde independentemente de dolo ou culpa (responsabilidade objetiva do Estado - §6º do art. 37 da CRFB). Q23. 2017/FCC/DPE-PR/Defensor Público Sobre atos administrativos, é correto afirmar a) a delegação e avocação se caracterizam pela excepcionalidade e temporariedade, sendo certo que é proibida avocação nos casos de competência exclusiva. b) a renúncia é instituto afeto tanto aos atos restritivos quanto aos ampliativos. c) as deliberações e os despachos são espécies da mesma categoria de atos administrativos normativos. d) é ilegítima a exigência de depósito prévio para admissibilidade de recurso administrativo; salvo quando se tratar de recurso hierárquico impróprio. e) nos processos perante o Tribunal de Contas da União asseguram-se o contraditório e ampladefesa, a qualquer tempo, quando a decisão puder resultar anulação ou revogação de ato administrativo, de qualquer natureza, que beneficie o interessado. Comentários Wagner Damazio Aula 2 - Parte 2 Direito Administrativo p/ Concursos Cartórios - Curso Regular www.estrategiaconcursos.com.br 320412 07818729798 - Rodrigo Neves Quintino da Costa 123 Resposta: alternativa “a”. A banca adotou a posição do professor José dos Santos Carvalho Filho constante em sua obra Manual de Direito Administrativo, 31ª edição, p 14, na qual afirma: “Para evitar distorção no sistema regular dos atos administrativo, é preciso não perder de vista que tanto a delegação como a avocação devem ser consideradas como figuras excepcionais, só justificáveis ante os pressupostos que a lei estabelecer”. Ademais, de acordo com o art. 15 da Lei nº 9.784, de 1999, é expresso que a avocação tem caráter excepcional e temporário (Art. 15. Será permitida, em caráter excepcional e por motivos relevantes devidamente justificados, a avocação temporária de competência atribuída a órgão hierarquicamente inferior). Em que pese não haver a mesma disciplina expressa no art. 12 da aludida lei que trata da delegação (Art. 12. Um órgão administrativo e seu titular poderão, se não houver impedimento legal, delegar parte da sua competência a outros órgãos ou titulares, ainda que estes não lhe sejam hierarquicamente subordinados, quando for conveniente, em razão de circunstâncias de índole técnica, social, econômica, jurídica ou territorial), fato é que este instrumento não transmuda a competência de forma definitiva, podendo, a qualquer tempo, a autoridade delegante revogar a delegação. Assim, ínsita a precariedade, o que a banca adotou como algo temporário. Frise-se também que está correta a parte final da alternativa, já que, em sendo a competência exclusiva, não há que se falar em avocação. Incorreta a alternativa “b” porque renúncia só cabe em atos ampliativos de direito e sobre direitos disponíveis, isto é, aqueles que aumentam a esfera jurídica do administrado e aos quais ele pode dispensar. Os atos restritivos de direito, seja por imporem deveres ou obrigações, não se coadunem com a renúncia. Incorreta a alternativa “c” porque deliberação é ato normativo expedido por órgãos colegiados enquanto despachos são atos ordinatórios em que uma autoridade externa decisão acerca de procedimento administrativo. Incorreta a alternativa “d” por afrontar a Súmula Vinculante 21 do STF (É inconstitucional a exigência de depósito ou arrolamento prévios de dinheiro ou bens para admissibilidade de recurso administrativo) e a súmula 373 do STJ (É ilegítima a exigência de depósito prévio para admissibilidade de recurso administrativo). Incorreta a alternativa “e” por afrontar a Súmula Vinculante 3 do STF (Nos processos perante o Tribunal de Contas da União asseguram-se o contraditório e a ampla defesa quando da decisão puder resultar anulação ou revogação de ato administrativo que beneficie o interessado, excetuada a apreciação da legalidade do ato de concessão inicial de aposentadoria, reforma e pensão). Q24. 2017/FCC/DPE-PR/Defensor Público Sobre Agentes Públicos e Princípios e Regime Jurídico Administrativo, é correto afirmar: a) O princípio da impessoalidade destina-se a proteger simultaneamente o interesse público e o interesse privado, pautando-se pela igualdade de tratamento a todos administrados, independentemente de quaisquer preferências pessoais. Wagner Damazio Aula 2 - Parte 2 Direito Administrativo p/ Concursos Cartórios - Curso Regular www.estrategiaconcursos.com.br 320412 07818729798 - Rodrigo Neves Quintino da Costa 124 b) São entes da Administração Indireta as autarquias, as fundações públicas, as empresas públicas, as sociedades de economia mista, e as subsidiárias destas duas últimas. As subsidiárias não dependem de autorização legislativa justamente por integrarem a Administração Pública Indireta. c) As contas bancárias de entes públicos que contenham recursos de origem pública prescindem de autorização específica para fins do exercício do controle externo. d) Os atos punitivos são os atos por meio dos quais o Poder Público aplica sanções por infrações administrativas pelos servidores públicos. Trata-se de exercício de Poder de Polícia com base na hierarquia. e) A licença não é classificada como ato negocial, pois se trata de ato vinculado, concedida desde que cumpridos os requisitos objetivamente definidos em lei. Comentários Resposta: alternativa “c”. Correta a alternativa “c” porque, conforme entendimento do STF (MS 33.340), as operações financeiras que envolvam recursos públicos não estão protegidas pelo sigilo bancário de que trata a Lei Complementar nº 105, de 2001. Incorreta a alternativa “a” porque, nos termos do ‘caput’ do art. 37 da CRFB, o princípio da impessoalidade é basilar da Administração Pública a resguardar o interesse público e não o interesse privado. Incorreta a alternativa “b” por afrontar o inciso XX do art. 37 da CRFB, já que depende de autorização legislativa, em cada caso, a criação de subsidiárias das entidades mencionadas no inciso anterior, assim como a participação de qualquer delas em empresa privada. Incorreta a alternativa “d” porque os atos administrativos punitivos são aqueles praticados pela Administração cujo objeto é aplicação de sanção por infrações administrativas, podendo ser extroversos, quando aplicados aos administrados (com base no Poder de Polícia), ou introversos, quando aplicados a agentes públicos (com base no Poder Disciplinar). Incorreta a alternativa “e” porque a licença (ato vinculado em que a Administração Pública, verificando o cumprimento de todos os requisitos legais pelo particular, consente a realização de uma atividade ou fruição de alguma situação jurídica com caráter de definitividade) é classificada como ato negocial. Q25. 2017/CESPE/PREFEITURA DE FORTALEZA-CE/Procurador Municipal Em cada um do item a seguir é apresentada uma situação hipotética seguida de uma assertiva a ser julgada, a respeito da organização administrativa e dos atos administrativos. A prefeitura de determinado município brasileiro, suscitada por particulares a se manifestar acerca da construção de um condomínio privado em área de proteção ambiental, absteve-se de emitir parecer. Nessa situação, a obra Wagner Damazio Aula 2 - Parte 2 Direito Administrativo p/ Concursos Cartórios - Curso Regular www.estrategiaconcursos.com.br 320412 07818729798 - Rodrigo Neves Quintino da Costa 125 poderá ser iniciada, pois o silêncio da administração é considerado ato administrativo e produz efeitos jurídicos, independentemente de lei ou decisão judicial. ( ) Certo ( ) Errado Comentários Resposta: errado. O silêncio administrativo, também denominado de “não ato” ou omissão da Administração, não revela prática de ato administrativo por não encerrar, em regra, manifestação da vontade da Administração Pública. Pode, contudo, a lei prever consequências jurídicas para a inércia da Administração Pública. Mas a vontade pública estará manifestada na própria lei que anteviu solução a ser dada em caso de omissão do agente ou órgão público competente para a prática do ato. Celso Antônio Bandeira de Mello e José dos Santos Carvalho Filho indicam, inclusive, que essas consequências jurídicas são fatos jurídicos administrativos, mas não atos administrativos. Q26. 2017/CESPE/PREFEITURA DE FORTALEZA-CE/Procurador Municipal Em cada um do item a seguir é apresentada uma situação hipotética seguida de uma assertiva a ser julgada, a respeito da organização administrativa e dos atos administrativos. Removido de ofício por interesse da administração, sob a justificativa de carência de servidores em outro setor, determinado servidor constatou que, em verdade, existiaexcesso de servidores na sua nova unidade de exercício. Nessa situação, o ato, embora seja discricionário, poderá ser invalidado. ( ) Certo ( ) Errado. Comentários Resposta: certo. Com base na Teoria dos Motivos Determinantes, caso um ato discricionário seja motivado e sua motivação não seja real, abre-se a possibilidade de controle do ato administrativo pelo Poder Judiciário em função da ilegalidade. Sendo comprovado o vício, o ato será anulado pelo Poder Judiciário. Frise-se que a própria Administração Pública também pode anular seus próprios atos eivados de vício (Súmula 473 do STF). Q27. 2017/CESPE/TJ-PR/Juiz de Direito De acordo com o art. 54 da Lei n.º 9.784/1999, o direito da administração de anular os atos administrativos de que decorram efeitos favoráveis para os destinatários decai em cinco anos, contados da data em que foram praticados, salvo comprovada má-fé. Trata-se de hipótese em que o Wagner Damazio Aula 2 - Parte 2 Direito Administrativo p/ Concursos Cartórios - Curso Regular www.estrategiaconcursos.com.br 320412 07818729798 - Rodrigo Neves Quintino da Costa 126 legislador, em detrimento da legalidade, prestigiou outros valores. Tais valores têm por fundamento o princípio administrativo da a) presunção de legitimidade. b) autotutela. c) segurança jurídica. d) continuidade do serviço público. Comentários Resposta: alternativa “c”. Busca-se com a segurança jurídica prover a estabilidade das relações jurídicas para a vida em sociedade, conferir força jurídica à legítima expectativa e interromper ou mitigar a incerteza no direito. Q28. 2017/CESPE/TJ-PR/Juiz de Direito Com base na Lei n.º 9.784/1999, assinale a opção correta acerca da revogação e dos elementos dos atos administrativos. a) A revogação de um ato administrativo deve apresentar os seus motivos devidamente externados, com indicação dos fatos e dos fundamentos jurídicos. b) O ato de delegação pode ser revogado a qualquer tempo pela autoridade delegante ou pela autoridade delegada. c) O ato de delegação deve ser publicado no meio oficial, mas não o de sua revogação. d) Caso um ato administrativo esteja eivado de vício de legalidade, o Poder Judiciário terá de revogá-lo. Comentários Resposta: alternativa “a”. Correta a alternativa “a” porque, de acordo com o art. 2º da Lei nº 9.784, de 1999, a motivação é um dos princípios aos quais a Administração Pública deve obedecer, sendo esta considerada a indicação dos pressupostos de fato e de direito que determinarem a decisão (art. 2º, §único, inciso VII). Assim, também na revogação de um ato administrativo há a necessidade de motivação. Incorreta a alternativa “b” porque, de acordo com o art. 14, §2º, da aludida lei, o ato de delegação é revogável a qualquer tempo pela autoridade delegante, mas não da delegada. Incorreta a alternativa “c” porque tanto o ato de delegação quanto o de revogação devem ser publicados no meio oficial (art. 14 da Lei nº 9.784, de 1999). Incorreta a alternativa “d” porque ao Poder Judiciário cabe anular os atos ilegais. A revogação dos atos compete à própria Administração Pública por meio de critérios de conveniência e oportunidade. Q29. 2017/FUNDEP/MPE-MG/Promotor de Justiça Wagner Damazio Aula 2 - Parte 2 Direito Administrativo p/ Concursos Cartórios - Curso Regular www.estrategiaconcursos.com.br 320412 07818729798 - Rodrigo Neves Quintino da Costa 127 Quanto ao conteúdo e à forma dos atos administrativos, é CORRETO o que se afirma em: a) Deliberações são atos emanados, em regra, de órgãos colegiados e caracterizam-se como atos simples coletivos, ao passo que as resoluções são atos normativos individuais, provenientes de autoridades do alto escalão administrativo e têm natureza derivada. b) Homologação é o ato administrativo unilateral que visa à uniformização de decisões das autoridades administrativas sobre tema de interesse individual ou coletivo. c) A autorização é ato declaratório, ao passo que a licença é ato constitutivo de direito preexistente. d) A permissão é o ato unilateral e vinculado pelo qual a Administração Pública reconhece ao particular que em preencha os requisitos legais o direito para exercer profissão regulamentada. Comentários Resposta: alternativa “a”.Correta a alternativa “a” já que as deliberações são atos normativos expedidos por órgãos colegiados, enquanto as resoluções são atos normativos expedidos por autoridades superiores da Administração Pública. Incorreta a alternativa “b” porque homologação é ato vinculado pelo qual a autoridade superior avalia a legalidade, bem como a conveniência de ato anterior praticado para dar-lhe eficácia. Incorreta a alternativa “c” porque autorização é ato discricionário que expressa uma concordância precária por parte da Administração Pública com relação à realização de uma atividade ou utilização de um bem pelo particular no interesse predominante deste. Ou seja, a autorização não se trata de direito pré-constituído que vem a ser declarado pela Administração Pública. A licença, por seu turno, é ato declaratório porque a Administração Pública, verificando o cumprimento de todos os requisitos legais pelo particular, está vinculada a consentir com a realização de uma atividade ou fruição de alguma situação jurídica. Incorreta a alternativa “d” porque permissão, em sendo ato administrativo, não é ato bilateral, mas unilateral. A permissão é ato discricionário que expressa uma concordância precária por parte da Administração Pública com relação à realização de uma atividade ou utilização de um bem pelo particular no interesse predominante público. Q30. 2017/FGV/ALERJ/Procurador O art. 54, da Lei nº 9.784/99, dispõe que o direito da Administração de anular os atos administrativos de que decorram efeitos favoráveis para os destinatários decai em 5 (cinco) anos, contados da data em que foram praticados, salvo comprovada má-fé. Da análise do texto normativo, verifica-se que o legislador procurou conjugar os aspectos de tempo e boa- fé, sendo certo que teve o objetivo fundamental de estabilizar as relações Wagner Damazio Aula 2 - Parte 2 Direito Administrativo p/ Concursos Cartórios - Curso Regular www.estrategiaconcursos.com.br 320412 07818729798 - Rodrigo Neves Quintino da Costa 128 jurídicas pelo fenômeno da convalidação de atos administrativos inquinados de vício de legalidade. Nesse contexto, de acordo com a doutrina de Direito Administrativo, a citada norma aborda especificamente os seguintes princípios reconhecidos da Administração Pública: a) autotutela e certeza jurídica; b) segurança jurídica e proteção à confiança; c) inafastabilidade da jurisdição e proporcionalidade; d) temporalidade e moralidade administrativas; e) indisponibilidade e aproveitamento administrativos Comentários Resposta: alternativa “b”. Busca-se com a segurança jurídica prover a estabilidade das relações jurídicas para a vida em sociedade, conferir força jurídica à legítima expectativa e interromper ou mitigar a incerteza no direito. Corolário da segurança jurídica decorre o princípio da proteção à confiança. 10. Resumo 1. Segundo a professora Maria Helena Diniz: “fatos jurídicos seriam os acontecimentos, previstos em norma de direito, em razão dos quais nascem, se modificam, subsistem e se extinguem as relações jurídicas” • Atos jurídicos em sentido amplo são aqueles que produzem os efeitos jurídicos desejados pelos agentes, amparados pelo ordenamento jurídico. • Atos jurídicos em sentido estrito são aqueles nos quais os resultados jurídicos decorrem da vontade do agente, mas em linha com o previamente fixado pelo ordenamento. • O negócio jurídico, também espécie do ato jurídico em sentido amplo, é aquele pelo qual são produzidas novas regras para atender, em regra, à composição de interesses das partes.Wagner Damazio Aula 2 - Parte 2 Direito Administrativo p/ Concursos Cartórios - Curso Regular www.estrategiaconcursos.com.br 320412 07818729798 - Rodrigo Neves Quintino da Costa 129 2. Fatos da administração são aqueles acontecimentos praticados pela Administração Pública que não apresentam nenhuma repercussão no âmbito do Direito Administrativo. 3. Fato administrativo tem três interpretações: • Para o professor José dos Santos Carvalho Filho, é a materialização da atividade administrativa. • Para a professora Maria Sylvia, é aquele descrito em lei ou no ordenamento que, quando realizado, traz repercussão no campo do direito administrativo. • Para o professor Celso Antônio Bandeira de Mello, é caracterizado como o silêncio ou inércia da Administração pública, do qual decorram efeitos jurídicos. 4. 5. 6. Ato da administração é o conjunto amplo de todos os atos praticados pela Administração Pública no exercício da atividade administrativa, incluindo não só aqueles que se revestem Ato Administrativo expressão da vontade da Administração Pública por quem o represente efeitos jurídicos regidos pelo Direito Público, exclusiva ou predominantemente finalidade pública Ato Legislativo Ato Legiferante Produção de Normas Função Típica do Poder Legislativo Ato Judicial Ato Jurisdicional Solução de Litígios Função Típica do Poder Judiciário Ato Político Ato da Administração Pública decorrente diretamente da Constituição Decisão Política Exercício Típico dos Governantes Ato político Praticado por integrantes do governo Regido pelo regime jurídico constitucional Ato Administrativo Praticado pelo agente público ou delegatário da Adm. Pública Praticado no exercício da função administrativa em concreto Wagner Damazio Aula 2 - Parte 2 Direito Administrativo p/ Concursos Cartórios - Curso Regular www.estrategiaconcursos.com.br 320412 07818729798 - Rodrigo Neves Quintino da Costa 130 de prerrogativas públicas, ou seja, podem incluir, entre outros, os atos regidos predominantemente pelo Direito Privado. 7. Ato administrativo inclui apenas os atos praticados no exercício da função administrativa em concreto. 8. Silêncio administrativo (segundo José dos Santos Carvalho Filho), silêncio da Administração Pública (segundo Maria Sylvia), omissão da Administração (segundo Hely Lopes Meirelles) ou Não Ato (segundo Odete Medauar): quando a administração se mantém inerte quando há dever de praticar uma ação. 9. É polêmico na doutrina se o silêncio pode caracterizar ou não manifestação da vontade da Administração Pública. • Para a professora Maria Sylvia o silêncio pode acarretar em manifestação da vontade da Administração, sobretudo quando a lei fixa que o silêncio significará concordância ou discordância. • Para o professor José dos Santos Carvalho Filho, o silêncio administrativo não é manifestação formal de vontade, mas que configura fato jurídico administrativo, acarretando, por conseguinte, a produção de efeitos jurídicos. • O professor Celso Antônio Bandeira de Mello afirma que o silêncio não é ato jurídico e sim fato jurídico. • Raimundo Márcio Ribeiro Lima considera silêncio administrativo como espécie de inatividade administrativa em sentido amplo, aquele decorrente da inatividade formal da Administração Pública, quer dizer, por conta da inobservância de um dever legal de prestar/controlar/regulamentar. Ato DA Administração atos de direito privado (Ex.: doação, permuta, compra e venda, locação) atos materiais da Administração que não contêm manifestação de vontade, mas que envolva apenas execução (Ex.: demolição, apreensão de mercadoria, realização de um serviços) atos de conhecimento, opinião, juízo ou valor, que não expressam vontade e não podem produzir efeitos jurídicos imediatos (Ex.: atestado, certidões, pareceres, votos) atos políticos contratos atos normativos (Ex.: decretos, portarias, resoluções, regimentos, de feitos gerais e abstratos) atos administrativos propriamente ditos Wagner Damazio Aula 2 - Parte 2 Direito Administrativo p/ Concursos Cartórios - Curso Regular www.estrategiaconcursos.com.br 320412 07818729798 - Rodrigo Neves Quintino da Costa 131 10. O professor Celso Antônio Bandeira de Mello crava 120 dias como o prazo razoável para manifestação por parte da Administração, mas cabe ao Poder Judiciário avaliar a razoabilidade do prazo. 11. • O silêncio eloqüente é incompatível com o Direito Público. 12. A existência dos atos administrativos está relacionada à presença de todos os elementos, ainda que haja deficiência em um ou mais deles. 13. A validade do ato administrativo, que só poderá ser avaliado se superada a análise quanto a sua existência, está intimamente ligada não só à presença de todos os requisitos necessários previstos em lei, mas com a conformidade desses requisitos com a lei. Daí decorre que, existindo, o ato jurídico pode ser válido ou inválido. 14. A eficácia está relacionada à presença dos fatores necessários para a sua produção de efeitos jurídicos. 15. Exequibilidade: a disponibilidade que a Administração tem para executar um ato em sua inteireza. 16. Silêncio Eloquente Há uma manifestação no não dizer Omissão Não houve uma ação para um dever pre existente Lacuna ausência de disciplina sobre determinado tema que pode autorizar a analogia Ato Administrativo Existente Válido Eficaz Inefiz Inválido Eficaz Ineficaz Inexistente - Eficaz Elementos dos Atos Administrativos Competência (Quem?) Finalidade (Pra quê?) Forma (Por qual meio?) Motivo (Qual a causa ou fundamento?) Objeto (Com qual conteúdo?) Wagner Damazio Aula 2 - Parte 2 Direito Administrativo p/ Concursos Cartórios - Curso Regular www.estrategiaconcursos.com.br 320412 07818729798 - Rodrigo Neves Quintino da Costa 132 17. • Na avocação o superior hierárquico assume atribuição que ordinariamente é estabelecida para a função exercida por um dos seus subordinados. • Na delegação, que só pode ocorrer quando não houver impedimento legal, o titular da competência pode delegar parte de sua competência a outro agente a ele subordinado ou não. 18. • Uma das espécies de abuso de poder é o desvio de finalidade. Características da Competência: decorre da lei é irrenunciável é inderrogável (não pode ser transferida por acordo entre as partes) é improrrogável (órgão ou agente incompetente não se torna competente pelo exercício da atividade, exceto por lei) pode ser definida em função da matéria, hierarquia, lugar, tempo ou para fracionamento pode ser delegada (se não for exclusiva) pode ser avocada (se não for exclusiva) Não podem ser delegadas: a edição de atos de caráter normativo a decisão de recursos administrativos as matérias de competência exclusiva do órgão ou autoridade •corresponde ao interesse público Finalidade em sentido amplo •resultado específico que cada ato deve produzir, conforme definido expressa ou implicitamente em lei Finalidade em sentido restrito Wagner Damazio Aula 2 - Parte 2 Direito Administrativo p/ Concursos Cartórios - Curso Regular www.estrategiaconcursos.com.br 320412 07818729798 - Rodrigo Neves Quintino da Costa 133 19. • Os atos do processo administrativo não dependem de forma determinada senão quando a lei expressamente exigir. • Em respeito ao paralelismo das formas, a mesma forma utilizada para a produção do ato deve ser aquela utilizada para sua modificação ou revogação. • Princípio da Solenidade: em contraposição ao princípio de liberdade das formas que prevalece no Direito Privado, o professor José dos Santos Carvalho Filho alude ao princípio da solenidade das formas no Direito Público. Este remete a um cerimonial previsto em lei, ou seja, a um rito adicional à mera formalizaçãodo ato. • Segundo a Lei nº 4.717, de 1965, o vício de forma consiste na omissão ou na observância incompleta ou irregular de formalidades indispensáveis à existência o seriedade do ato. 20. 21. Não é lícita ao administrador público a utilização de fundamentos genéricos e indefinidos para indicar o motivo do ato administrativo. 22. Segundo a Teoria dos Motivos Determinantes, o fundamento exteriorizado para a tomada de decisão ou para a prática de uma ação ou omissão vincula-se à validade do ato administrativo vinculado ou mesmo discricionário. •corresponde à exteriorização do ato, ou seja, o modo pelo qual o ato se exterioriza (forma escrita, verbal, por Decreto, Portaria, Resolução etc.) Forma em sentido restrito •corresponde não só à exteriorização do ato, mas também todas as formalidades que devem ser observadas durante o processo de formação de vontade da Administração, e até os requisitos relativos à publicidade do ato (exteriorização + formalidades dos procedimentos + publicidade) Forma em sentido amplo Motivo elemento do ato administrativo é o pressuposto de fato e de direito que fundamenta o ato administrativo ausência de motivo invalida o ato (o motivo é obrigatório) Por quê? Motivação princípio pevisto no art. 2º, inciso VII, da Lei nº 9.784, de 1999, e integrante da forma do ato administrativo é a indicação do motivo, ou seja, é a demonstratração formal de que o pressuposto de fato e de direito ocorreu em que pese alguma divergência doutrinária, a lei pode ou não exigir a motivação* indicação da existência de o porquê o ato foi praticado Wagner Damazio Aula 2 - Parte 2 Direito Administrativo p/ Concursos Cartórios - Curso Regular www.estrategiaconcursos.com.br 320412 07818729798 - Rodrigo Neves Quintino da Costa 134 • Portanto, existindo a exteriorização do motivo como o determinante a justificar a realização do ato administrativo, caso fique comprovado não ter este ocorrido ou não representar a realidade, o ato será ilegal. 23. O objeto é o efeito jurídico imediato que se busca atingir com o ato administrativo. • Para a professora Maria Sylvia: • O objeto jurídico pode ser: • O objeto deve ser: lícito (conforme à lei) possível (realizável no mundo dos fatos e do direito) certo (definido quanto ao destinatário, aos efeitos, ao tempo e ao lugar) moral (em consonância com os padrões comuns de comportamento, aceitos como corretos, justos, éticos) Objeto Jurídico Natural: o efeito decorre da natureza do ato Acidental: há clausulas acessórias que alteram os efeitos do ato termo: indica o momento apartir do qual passa a ser ou deixa de ser eficaz modo: quando se fixa um ônus ao destinatário condição: a eficácia depende de evento futuro e incerto suspensiva: a eficácia fica pendente até que ocorra o evento resolutiva: a eficácia cessa com a ocorrência do evento Finalidade efeito jurídico mediato invariável (sempre é o interesse público) Objeto efeito jurídico imediato variável a depender do ato administrativo Wagner Damazio Aula 2 - Parte 2 Direito Administrativo p/ Concursos Cartórios - Curso Regular www.estrategiaconcursos.com.br 320412 07818729798 - Rodrigo Neves Quintino da Costa 135 24. Mérito Administrativo: não é um dos elementos do ato; é a capacidade de que por vezes a lei dota a Administração Pública de Decidir ou avaliar a conveniência e a oportunidade para a produção do ato administrativo. Relacionado aos elementos motivo e objeto, uma vez que a discricionariedade se limita a eles. 25. Doutrina Chenery: Não cabe ao Poder Judiciário afastar ato praticado pela Administração Pública com base em escolha política sob o argumento de que não se seguiu determinada metodologia técnica. 26. Os atributos do Ato Administrativo o diferenciam dos atos de Direito Privado. 27. Presunção de Legitimidade: o ato foi produzido de acordo com o ordenamento jurídico. 28. Presunção de Veracidade: O conteúdo do ato é verdadeiro e de fé pública. 29. Para a professora Maria Sylvia são estes os fundamentos utilizados pelos administrativistas para justificar o atributo da presunção da legitimidade: 30. A professora também apresenta 3 decorrências da presunção de veracidade: Atributos do Ato Administrativo: Presunção de Legitimidade e de Veracidade Autoexecutoriedade Tipicidade Imperatividade o procedimento e as formalidades que precedem a sua edição, os quais constituem garantia de observância da lei o fato de ser uma das formas de expressão da soberania do Estado, de modo que a autoridade que pratica o ato o faz com o consentimento de todos a necessidade de assegurar celeridade no cumprimento dos atos administrativos, já que eles têm por fim atender ao interesse público, predominante sobre o particular o controle a que se sujeita o ato, quer pela própria Administração, quer pelos demais Poderes do Estado, sempre com a finalidade de garantir a legalidade a sujeição da Administração ao princípio da legalidade, o que faz presumir que todos os seus atos tenham sido praticados de conformidade com a lei, já que cabe ao poder público a sua tutela Wagner Damazio Aula 2 - Parte 2 Direito Administrativo p/ Concursos Cartórios - Curso Regular www.estrategiaconcursos.com.br 320412 07818729798 - Rodrigo Neves Quintino da Costa 136 31. Autoexecutoriedade: o ato administrativo pode ser executado de ofício e imediatamente pela Administração Pública sem necessidade de autorização do Poder Judiciário. Esse atributo garante a celeridade e a eficiência na atuação administrativa para atingir a finalidade pública. Só está presente quando autorizada por lei. 32. Tipicidade: Os atos administrativos devem decorrer de tipos previamente definidos em lei a serem utilizados para se atingir a determinada finalidade pública. Deriva do princípio da legalidade e juridicidade. 33. Imperatividade: Decorre do Poder de Império do Estado de, por meio de atos unilaterais, como os administrativos, impor aos particulares o cumprimento de determinada ação ou de impor a eles obrigações ou restrições. 34. A classificação dos Atos Administrativos, segundo Hely Lopes Meirelles: enquanto não decretada a invalidade do ato pela própria Administração ou pelo Judiciário, ele produzirá efeitos da mesma forma que o ato válido, devendo ser cumprido o Judiciário não pode apreciar ex officio a validade do ato inverte o ônus da prova Autoexecutoriedade Exigibilidade: A Administração pode utilizar meio indiretos para a exigência do cumprimento da obrigação. Executoriedade: A Administração pode realizar diretamente a execução forçada, utilizando-se, se necessário, de força pública. Quanto aos Destinatários: Gerais (ou regulamentares): expedidos a destinatários indeterminados para alcançar todos aos quais venham a incidir em seus dispositivos. São atos normativos. Individuais (ou especiais): expedidos a destinatários determinados para que se realize algo em específico. Wagner Damazio Aula 2 - Parte 2 Direito Administrativo p/ Concursos Cartórios - Curso Regular www.estrategiaconcursos.com.br 320412 07818729798 - Rodrigo Neves Quintino da Costa 137 Quanto ao Alcance Internos: expedidos a destinatários internos do órgão público, não produzindo efeitos externos. Externos: Repercutem nos interesses gerais da coletivididade. Podem alcançar os administrados ou aos próprios servidores. Quanto ao Objeto de Império: expedidos no exercício pleno da supremacia pública, ou seja, com as prerrogativas e privilégios próprios do Poder Público. de Gestão: expedidos e praticados pelo Poder Público em situação de horizontalidade com o particular, sem exercício da supremacia do Poder Público. de Expediente: expedidos para impulsionar os processos administrativos e demais expedientes parasua devida conclusão. Quanto ao Regramento Discricionários: aqueles em que a Adm. Publica pode expedir com liberdade quanto aos elementos "motivo" e "objeto". Vinculados: aqueles em que a lei fiza os elementos para a sua realização. Quanto à Formação da Vontade Simples: aqueles que se originam da manifestação da vontade de um único órgão. Complexos: se originam da manifestação da vontade de mais de um órgão administrativo. Compostos: se originam da manifestação da vontade de um único órgão, mas dependem da verificação de outro órgão para serem eficazes. Quanto ao Conteúdo Constitutivos: em que a Adm. cria um novo direito ou obrigação ao destinatário. Extintivos: em que a Adm. põe fim a direito ou obrigação do destinatário. Declaratórios: em que a Adm. reconhece situações jurídicas existentes. Alienativos: em que há transferência de titularidade de um bem ou direito. Modificativos: em que a Adm. altera situações jurídicas, sem criar ou extinguir direitos ou obrigações. Abdicativos: em que a Adm. abre mão de um direito em caráter incondicional e irretratável. Wagner Damazio Aula 2 - Parte 2 Direito Administrativo p/ Concursos Cartórios - Curso Regular www.estrategiaconcursos.com.br 320412 07818729798 - Rodrigo Neves Quintino da Costa 138 Quanto à Eficácia Válidos: em sintônia com os requisitos previstos em lei. Nulos: Expedidos com vício insanável. Inexistentes: em que há falsa aparência de manifestação da vontade da Adm. Pública. Quanto à Exequibilidade Perfeitos: aqueles que são aptos a produzir seus efeitos jurídicos. Imperfeitos: ainda não são aptos a produzir seus efeitos jurídicos. Pendentes: sujeitos à condição ou termo, não produzindo por ora seus efeitos jurídicos. Consumados: já exauriram todos os seus efeitos jurídicos. Quanto à Retratabilidade Revogáveis: aqueles que por motivo de conveniência ou oportunidade a Adm. pode retirar do mundo jurídico com efeitos ex nunc. Irrevogáveis: Não podem ser revogáveis pela Adm. Pública, por seus efeitos terem sido consumádos ou por ter se tornado direito sujetivo do interessado, ou por resultarem de decisão final na esfera administrativa. Suspensíveis: Aqueles que a Adm. pode suspender os efeitos por certo tempo. Quanto ao Modo de Execução: Autoexecutáveis: não precisam de manifestação judicial para serem executados pela Adm. Não autoexecutáveis: dependem de manifestação judicial para que possam ser executados. Quanto aos Efeitos Constitutivos: em que a Adm. cria, modifica ou extingue um direito. Desconstitutivos: produzidos para desfazer situação jurídica preexistente. de Constatação: em que a Adm. reconhece ou constata determinada situação jurídica. Wagner Damazio Aula 2 - Parte 2 Direito Administrativo p/ Concursos Cartórios - Curso Regular www.estrategiaconcursos.com.br 320412 07818729798 - Rodrigo Neves Quintino da Costa 139 35. Agrupamento dos Atos Administrativos em Espécie: Quanto ao Objeto Visado pela Administraçã o Principal: representa a vontade final da Adm. Complementar: aprovam ou ratificam o principal para que possam passar a produzir efeitos. Intermediário: dá suporte a um ato administrativo final. Ato-condição: produzidos para permitir a pratica de outro e sem o qual este outro não ocorre. de Jurisdição: produzidos para decidir determinado conflito de interesses no campo administrativo. Espécies de Atos Administrativos normativos ordinatórios negociais enunciativos punitivos Atos Normativos: produzidos com comandos gerais e abstratos, como: Decretos regulamentares (ou de execução): têm por finalidade explicitar a lei para prover sua fiel execução. Decretos autônomos ou independentes: dispõem sobre a organização e o funcionamento da administração federal, assim como sobre a extinção de funções ou cargos. Instruções Normativas: expedidas pela autoridade administrativa hierarquicamente abaixo do Chefe do Poder Executivo. Regimentos: atos internos que disciplinam o funcionamentos dos órgãos da Adm. Pública. Resolução: Expedidas por autoridades superiores da Adm. Pública. Deliberação: Expedidos por órgãos colegiados. Wagner Damazio Aula 2 - Parte 2 Direito Administrativo p/ Concursos Cartórios - Curso Regular www.estrategiaconcursos.com.br 320412 07818729798 - Rodrigo Neves Quintino da Costa 140 Atos Ordinatórios: disciplinam o funcionamento da Adm. Pública. Instruções: dão orientações gerais. Circulares: Também dão instruções, mas se limitam a um grupo de servidores ou de órgãos Ordens de Serviço: possuem determinações relativas à execução de determinada tarefa ou atividade. Avisos: reservados ao Ministro de Estado, para comunicar um fato ou dar conhecimento de temas relacionados à atividade pública. Portarias: ato pelo qual a chefia designa servidores para determinadas atividades ou funções, bem como determina regras gerais ou especiais. Ofícios: ato de comunicação oficial entre órgãos Despachos: ato que externa decisão acerca de procedimento administrativo Despachos Normativos: despacho ao qual a autoridade competente determina sua aplicação para casos análogos. Provimentos: atos utilizados especialmente por Órgãos de Justiça para regularização ou uniformização do serviço. Atos Negociais: em que a declaração de vontade da Adm. coincide com a do particular. Admissão: ato vinculado ao cumprimento dos requisitos legais para fruição de interesse predominante do particular. Licença: ato vinculado em que a Adm, presentes os requisitos legais, consente a realização de uma atividade. Autorização: ato discricionário que expressa uma concordância precária da Adm. com relação à realização de uma atividadede interesse predominantemente particular. Permissão: ato discricionário que expressa uma concordância precária da Adm. com relação à realização de uma atividadede interesse predominantemente público. Registro: Ato vinculado que assenta em órgão público o reconhecimento administrativo do cumprimento das condições para fruição de uma situação jurídica da vida privada do particular. Visto: Ato pelo qual a Adm. controla seus atos ou do administrado, conferindo a eles legitimidade para que produzeam seus efeitos. Homologação: ato vinculado pelo qual a autoridade superior avalia a legalidade, bem como a conveniência de ato anterior praticado para dar-lhe eficácia. Wagner Damazio Aula 2 - Parte 2 Direito Administrativo p/ Concursos Cartórios - Curso Regular www.estrategiaconcursos.com.br 320412 07818729798 - Rodrigo Neves Quintino da Costa 141 36. Atos Enunciativos: externam ou declaram situação existente em registros, procesos ou arquivos públicos, sem qualquer manifestação de vontade original da Adm. Certidão: reproduz registro de órgãos públicos acerca de informação de interesse do particular. Atestado: a Adm. comprova um fato ou informação transitória de seu conhecimento. Autos de Infração: a Adm. descreve situação que caracterizou transgressão administrativa. Autos de Infração: ato pelo qual a Administração descreve situação que caracterizou transgressão administrativa. Apostila: a Administração declara um direito criado por norma legal. Parecer: externa uma opinião de órgão técnico acerca de determinado tema ou em atenção a quesitos apresentados. Parecer Facultativo a autoridade competente para o ato não está vinculada ao parecer que é meramente opcional Obrigatório exige-se a existência do parecer para a prática do ato administrativo (a autoridade pode dele divergir - é mera opinião) Vinculante ou a autoridade o adota e pratica o ato ou não o pratica (a autoridade não pode dele divergir - deixa de ser mera opinião) Atos Punitivos: atos cujo objetivo é a aplicação de sanção por infrações administrativas, sendo extroversos quanto aplicados aos administrados eintroversos quando aplicados aos agentes públicos. Multa: ato por meio do qual a Adm impõe uma sanção pecuniária ao administrado. Interdição: ato pelo qual a Administração suspende o exercício de determinada atividade por parte do administrado. Destruição de coisas: ato pelo qual a Administração, consubstanciada em caráter urgente, elimina um produto ou um bem do administrado impróprio para consumo ou uso. Cassação anulatória: ato pelo qual a Administração desfaz um ato negocial, como meio punitivo, pelo descumprimento superveniente das condições originais necessárias. Demolição administrativa: ato pelo qual a Administração, de forma urgente e para remover perigo público iminente, demole edificação ou parte dela. Confisco: ato pelo qual o particular perde seu bem ou direito a favor da Administração Pública nos casos estritamente previstos em lei. Wagner Damazio Aula 2 - Parte 2 Direito Administrativo p/ Concursos Cartórios - Curso Regular www.estrategiaconcursos.com.br 320412 07818729798 - Rodrigo Neves Quintino da Costa 142 • Cassação: A Adm. Pública retira a juridicidade e produção dos efeitos porque deixaram de ser atendidos os requisitos necessários para sua manutenção. • Caducidade: a Adm. Pública retira a juridicidade e produção dos efeitos do ato anterior porque sobreveio norma jurídica que o torna incompatível com a nova disciplina jurídica. • Contraposição: a Adm. Pública expede novo ato em sentido contrário ao anterior. • A Administração poderá convalidar o ato administrativo no lugar de anulá-lo quando não acarretar lesão ao interesse público nem prejuízo a terceiros. Extinção do ato administrativo Ato Eficaz cumprimento dos efeitos esgotamento do conteúdo jurídico execução material termo final ou condição resolutiva desaparecimento de elemento infungível da relação sujeito objeto retirada revogação invalidação (anulação) cassação caducidade contraposição (derrubada) renúncia Ato Ineficaz mera retirada recusa Revogação Só pode ser praticado pela Administração Pública análise de conveniência e oportunidade (mérito administrativo) ex nunc Anulação (invalidação) Pode ser praticado pela Administração Pública ou pelo Poder Judiciários análise de ilegalidade ou contrariedade à ordem jurídica ex tunc Wagner Damazio Aula 2 - Parte 2 Direito Administrativo p/ Concursos Cartórios - Curso Regular www.estrategiaconcursos.com.br 320412 07818729798 - Rodrigo Neves Quintino da Costa 143 • Há a fixação do prazo de 5 anos para que seja realizada a anulação do ato administrativo do qual tenham decorrido efeitos favoráveis ao destinatário. 37. Vícios quanto à competência do ato administrativo: será viciado o ato praticado por autoridade incompetente ou incapaz. 38. Vícios quanto à forma: será viciado o ato praticado sem a forma prevista em lei ou por cuja forma pela qual foi expedida não se atinge a finalidade pretendida. 39. Vícios quanto à finalidade do ato administrativo: será viciado o ato praticado com o desvio de finalidade (espécie do gênero abuso de poder), ou seja, ato que não vise ao interesse público. 40. Vícios quanto ao motivo do ato administrativo: será viciado o ato praticado com o motivo inexistente ou ainda em que ocorra falsidade. 41. Vícios quanto ao objeto do ato administrativo: será viciado o ato praticado com objeto ilícito, impossível, imoral ou indeterminado. 42. Atos nulos são aqueles que possuem vício insanável, ou seja, não podem ser convalidados. 43. Atos anuláveis são aqueles que apresentam vício, mas que este poderá ser convalidado. 44. A convalidação (também denominada saneamento) é o ato pelo qual a Administração Pública ou, excepcionalmente, o administrado regulariza determinado vício existente em um ato administrativo com efeitos retroativos à data em que praticado (ex tunc). 45. Somente podem ser convalidados atos com vícios nos elementos forma e competência, e essa convalidação só se aplica se a forma não for essencial e a competência não for exclusiva ou em razão da matéria. 46. Para o professor José dos Santos Carvalho Filho: • O professor José dos Santos Carvalho Filho aduz a possibilidade de convalidação do ato quando viciado o elemento objeto, sendo este plúrimo, Vícios quanto à Competência Incompetência excesso de poder usurpador de função agente de fato incapacidade impedimento suspeição Convalidação Ratificação: quando a autoridade saneia vício anterior de uma ato. Reforma: quando um novo ato suprime a parte inválida do ato anterior, mantendo a válida. Conversão: quando um ato substitui a parte inválida de outro, formando um novo ato. Wagner Damazio Aula 2 - Parte 2 Direito Administrativo p/ Concursos Cartórios - Curso Regular www.estrategiaconcursos.com.br 320412 07818729798 - Rodrigo Neves Quintino da Costa 144 47. Hely Lopes Meirelles diferencia convalidação de conversão ou sanatória. • Convalidação é o instituto pelo qual a Administração pode sanar defeitos de um ato administrativo do qual não acarreta lesão ao interesse público ou prejuízo ao particular. Nessa linha, é o art. 55 da Lei Federal nº 9.784, de 1999. • Conversão ou sanatória ocorre quando determinado ato administrativo é inválido para determinado propósito, mas aproveitável quanto aos elementos válidos para outro propósito. 48. Na confirmação, a Administração mantém o ato tal como ele foi praticado, desde que não cause prejuízo a terceiros e à própria Administração. 49. Extinção de Ato Ineficaz: O ato administrativo ineficaz poderá ser extinto por sua mera retirada (se for por mérito – conveniência e oportunidade - pode ser englobado na revogação; se for por incompatibilidade com a lei pode ser englobado na anulação). • Poderá ser extinto também o ato ineficaz quando houver a recusa do beneficiário e o ato dependia da concordância dele para sua produção dos efeitos. Wagner Damazio Aula 2 - Parte 2 Direito Administrativo p/ Concursos Cartórios - Curso Regular www.estrategiaconcursos.com.br 320412 07818729798 - Rodrigo Neves Quintino da Costa 145 11. Considerações Finais Caríssimo(a), finalizamos aqui essa nossa aula de hoje. Trata-se de temas predominante doutrinários e bem extensos, tornando o seu estudo bem denso. As bancas sabem disso e vão no detalhe! Por isso, para que não sejamos surpreendidos, é sempre importante revisitar o tema. Qualquer dúvida, seja na teoria ou na resolução dos exercícios, entre em contato comigo por meio do Fórum de Dúvidas. Estou à sua disposição para aclarar ou aprofundar qualquer tema. Deixe lá também suas sugestões, críticas e comentários. Conte comigo como um parceiro em sua caminhada. Além disso, para ficar por dentro das notícias do mundo dos concursos públicos, recomendo que você siga o perfil do Estratégia Carreira Jurídica e do Estratégia Concursos nas mídias sociais! Você também poderá seguir meu perfil no Instagram. Por meio dele eu busco não só transmitir notícias de eventos do Estratégia e de fatos relativos aos concursos em geral, mas também compartilhar questões comentadas de concursos específicos que o ajudará em sua preparação! Que DEUS misericordioso o abençoe com saúde e paz!!!!! Cordial abraço Wagner Damazio Wagner Damazio Aula 2 - Parte 2 Direito Administrativo p/ Concursos Cartórios - Curso Regular www.estrategiaconcursos.com.br 320412 07818729798 - Rodrigo Neves Quintino da Costasecundário. Os atos meramente patrimoniais do Estado, seja da Administração Direta ou da Indireta, não se revestem, em regra, da finalidade de tutelar o interesse público primário, mas sim o secundário. De todo modo, os atos da Administração Pública assim praticados são atos da administração, mas não necessariamente atos administrativos. Assim, ato da administração é bem mais amplo do que a ato administrativo, já que este inclui apenas os atos praticados no exercício da função administrativa em concreto, enquanto aquele engloba inúmeros outros. Wagner Damazio Aula 2 - Parte 2 Direito Administrativo p/ Concursos Cartórios - Curso Regular www.estrategiaconcursos.com.br 320412 07818729798 - Rodrigo Neves Quintino da Costa 13 A professora Maria Sylvia17 apresenta as seguintes espécies de atos como integrantes do gênero ato da administração: Há divergência doutrinária nessa estruturação realizada pela professora Maria Sylvia, sobretudo em função de diferenciar os atos administrativos propriamente ditos dos atos de conhecimento, opinião, juízo ou valor, bem como os atos normativos. Como já repisei ao longo do curso, a taxinomia (classificações) realizada pelos autores é muito particular, não havendo na maioria das vezes um alinhamento entre eles. A própria professora Maria Sylvia18 adverte que dependendo do critério mais ou menos amplo que se utilize para conceituar ato administrativo, nele se pode incluir ou não algumas categorias anteriormente citadas. Veremos ainda na aula de hoje algumas das classificações dos atos administrativos, com o detalhamento e as diferenciações relevantes. 17 Direito Administrativo, 30ª edição, pp 231 e 232. 18 Direito Administrativo, 30ª edição, p 232. Ato DA Administração atos de direito privado (Ex.: doação, permuta, compra e venda, locação) atos materiais da Administração que não contêm manifestação de vontade, mas que envolva apenas execução (Ex.: demolição, apreensão de mercadoria, realização de um serviços) atos de conhecimento, opinião, juízo ou valor, que não expressam vontade e não podem produzir efeitos jurídicos imediatos (Ex.: atestado, certidões, pareceres, votos) atos políticos contratos atos normativos (Ex.: decretos, portarias, resoluções, regimentos, de feitos gerais e abstratos) atos administrativos propriamente ditos Wagner Damazio Aula 2 - Parte 2 Direito Administrativo p/ Concursos Cartórios - Curso Regular www.estrategiaconcursos.com.br 320412 07818729798 - Rodrigo Neves Quintino da Costa 14 3.4. Silêncio Administrativo ou o Não Ato Há divergência na doutrina já quanto à denominação a ser dada ao fato de a administração se manter inerte quando há o dever de praticar uma ação. José dos Santos Carvalho Filho19utiliza a denominação silêncio administrativo. Marçal Justen Filho20 e Maria Sylvia Zanella Di Pietro21 utilizam a denominação o silêncio da Administração Pública. Já Hely Lopes Meirelles denomina de omissão da Administração22. Por sua vez, Odete Medauar23 alude ao não ato. Também há debates na doutrina se o silêncio administrativo pode caracterizar ou não manifestação da vontade da Administração Pública. Lembre-se que no Direito Privado, conforme prevê o art. 111 do Código Civil, o silêncio, em regra, importa em anuência. Veja: Art. 111. O silêncio importa anuência, quando as circunstâncias ou os usos o autorizarem, e não for necessária a declaração de vontade expressa. No Direito Público, entretanto, a regra não pode ser que o silêncio importe em consentimento, por afrontar a indisponibilidade do interesse público. De todo modo, o silêncio, caracterizador de omissão da Administração Pública, após transcorrido certo lapso temporal, poderá, inevitavelmente, acarretar em consequências jurídicas prejudiciais ou beneficiadoras ao administrado. Para a professora Maria Sylvia24 o silêncio pode acarretar sim em manifestação da vontade da Administração, sobretudo quando a lei fixa que o silêncio significará concordância ou discordância. Veja: Até mesmo o silêncio pode significar forma de manifestação da vontade, quando a lei assim o prevê; normalmente ocorre quando a lei fixar um prazo, findo o qual o silêncio da Administração significa concordância ou discordância De outro lado, o professor José dos Santos Carvalho Filho adota a posição de que o silêncio administrativo não é manifestação formal de vontade, mas que 19 Manual de Direito Administrativo, 31ª edição, p 107. 20 Curso de Direito Administrativo, 12ª edição, p 225. 21 Direito Administrativo, 30ª edição, p 249. 22 Direito Administrativo Brasileiro, 42ª edição, p 124. 23 Direito Administrativo Moderno, 8ª edição, p 177. 24 Direito Administrativo, 30ª edição, p 249. Wagner Damazio Aula 2 - Parte 2 Direito Administrativo p/ Concursos Cartórios - Curso Regular www.estrategiaconcursos.com.br 320412 07818729798 - Rodrigo Neves Quintino da Costa 15 configura fato jurídico administrativo, acarretando, por conseguinte, a produção de efeitos jurídicos: Urge anotar, desde logo, que o silêncio não revela a prática de ato administrativo, eis que inexiste manifestação formal da vontade; não há, pois, qualquer declaração do agente sobre sua conduta. Ocorre, isto sim, um fato jurídico administrativo, que, por isso mesmo, há de produzir efeitos na ordem jurídica. Também o professor Celso Antônio Bandeira de Mello25 é categórico ao afirmar que o silêncio não é ato jurídico e sim fato jurídico. Veja: Na verdade, o silêncio não é ato jurídico. Por isto, evidentemente, não pode ser ato administrativo. Este é uma declaração jurídica. Quem se absteve de declarar, pois, silenciou, não declarou nada e, por isto, não praticou ato administrativo algum. Tal omissão é um “fato jurídico” e, in casu, um “fato jurídico administrativo”. Nada importa que a lei haja atribuído determinado efeito ao silêncio: o de conceder ou negar. Este efeito resultará do fato da omissão, como imputação legal, e não de algum presumido ato, razão porque é de rejeitar a posição dos que consideram ter aí existido um “ato tácito”. Raimundo Márcio Ribeiro Lima26 considera silêncio administrativo como espécie de inatividade administrativa em sentido amplo, aquele decorrente da inatividade formal da Administração Pública, quer dizer, por conta da inobservância de um dever legal de prestar/controlar/regulamentar, classificando-o da seguinte forma: 25 Curso de Direito Administrativo, 14ª edição, p 365. 26 Em seu, no mínimo, excelente trabalho “O Silêncio Administrativo: A Inatividade Formal do Estado como uma Refinada forma de Ilegalidade”. Disponível em: www.agu.gov.br/page/download/index/id/9200684. Wagner Damazio Aula 2 - Parte 2 Direito Administrativo p/ Concursos Cartórios - Curso Regular www.estrategiaconcursos.com.br 320412 07818729798 - Rodrigo Neves Quintino da Costa 16 ➢ o silêncio administrativo positivo decorre da lei e prevê efeitos favoráveis ao administrado em face da inércia da Administração Pública, quando esta não se manifesta durante o prazo legal ou, inexistindo prazo legal, quando extrapola um prazo razoável para manifestação; ➢ o silêncio administrativo positivo próprio ocorre quando a lei prevê expressamente os efeitos positivos da inércia da Administração para o administrado, independentemente de qualquer ação adicional deste; ➢ o silêncio administrativo positivo condicionado ocorre quando a lei prevê a possibilidade de efeitos positivos ao administrado, mas estabelece requisitos adicionais a serem observados para a fruição da pretensão; ➢ o silêncio administrativo positivo implícito ocorre quando a lei não fixa expressamente os efeitos da inércia da Administração, mas do contextose pode concluir que se ela ocorrer haverá um benefício ao administrado; ➢ o silêncio administrativo negativo decorre da lei e prevê efeitos desfavoráveis ao administrado em face da inércia da Administração Pública; ➢ o silêncio administrativo negativo próprio ocorre quando a lei prevê expressamente os efeitos negativos da inércia da Administração para o administrado, independentemente de qualquer ação adicional deste; Silêncio Administrativo Silêncio Positivo ou Negativo Próprio Condicionado ImplícitoSilêncio Interno Silêncio Externo Silêncio Inominado Wagner Damazio Aula 2 - Parte 2 Direito Administrativo p/ Concursos Cartórios - Curso Regular www.estrategiaconcursos.com.br 320412 07818729798 - Rodrigo Neves Quintino da Costa 17 ➢ o silêncio administrativo negativo condicionado ocorre quando a lei prevê a possibilidade de efeitos negativos ao administrado, mas estabelece requisitos adicionais a serem observados para a fruição da pretensão; ➢ o silêncio administrativo negativo implícito ocorre quando a lei não fixa expressamente os efeitos da inércia da Administração, mas do contexto se pode concluir que se ela ocorrer haverá um prejuízo ao administrado; ➢ o silêncio interno ocorre quando não houver interesse de administrado envolvido, mas apenas de agentes públicos; ➢ o silêncio externo ocorre quando há interesse de administrado envolvido; ➢ o silêncio inominado ocorre quando a lei não prevê efeitos positivos ou negativos, mas há um dever formal de decidir/controlar/regulamentar. No que tange ao que se considerar como prazo razoável para manifestação por parte da Administração, o professor Celso Antônio Bandeira de Mello27 crava que, exceto para situações urgentes nas quais seja necessário prazo mais expedito, 120 dias a partir do pedido seria o prazo limite, em analogia ao prazo para impetração do Mandado de Segurança. De fato, o art. 23 da Lei nº 12.016, de 2009, fixa o prazo de 120 dias para se requer o Mandado de Segurança. Art. 23. O direito de requerer mandado de segurança extinguir-se-á decorridos 120 (cento e vinte) dias, contados da ciência, pelo interessado, do ato impugnado. Contudo, em que pese o importante posicionamento do ilustre professor, cabe ao Poder Judiciário, ante ao caso concreto, avaliar a razoabilidade ou não do lapso temporal sem manifestação da Administração. 3.5. Silêncio Eloquente A teoria do silêncio eloquente tem origem no Direito Alemão, cunhada na expressão “beredtes Schweigen”, e traduz a ideia de se expressar sem dizer. Já os julgados do RE 130552 e do RE 135637 no STF, de relatoria do Ministro Moreira Alves, no ano de 1991, alude ao silêncio eloquente para diferenciá-lo de lacuna e omissão. A lacuna ocorre quando não há disciplina sobre determinado tema, autorizando, em alguns casos, a aplicação da analogia. 27 Curso de Direito Administrativo, 14ª edição, p 365. Wagner Damazio Aula 2 - Parte 2 Direito Administrativo p/ Concursos Cartórios - Curso Regular www.estrategiaconcursos.com.br 320412 07818729798 - Rodrigo Neves Quintino da Costa 18 Por seu turno, a omissão ocorre quando há um dever de agir e este não é realizado. De outro lado, no silêncio eloquente há uma manifestação no não dizer. Como vimos, no Direito Privado prevalece a regra prevista no art. 111 do Código Civil de que o silêncio, em regra, importa em anuência. Já no Direito Público é diferente, ainda mais no plano constitucional. Nessa linha discorre o professor Hélio Silvio Ourem Campos28: A tese é a seguinte: se a lei não disse, é porque não quis dizer. Ainda mais em se tratando de direito público, como é o caso do Constitucional. Exige-se um mínimo de segurança jurídica, de modo que não se atribua às autoridades públicas a faculdade de fazer algo que a lei não comanda. Se não há o comando constitucional (...), isto não significa uma omissão ou uma inadvertência do legislador constituinte. Não disse, porque não quis dizer. Não se trata de uma lacuna, mas de um silêncio eloqüente. Portanto a regra é a incompatibilidade da teoria do silêncio eloquente com o Direito Público, dentre o qual o Direito Administrativo, sobretudo pela incompatibilidade com a motivação dos atos administrativos. Veja a jurisprudência nesse sentido: Administrativo - Silêncio da Administração - Prazo Prescricional. ATeoria do Silêncio Eloquente éincompativel com o imperativo de motivação dos atos administrativos. Somente a manifestação expressa da Administração pode marcar o inicio do prazo prescricional (REsp 16284/PR, julgado em 16 de dezembro de 1991, Ministro Humberto Gomes de Barros). 28 As Lacunas e o Silêncio eloquente. Disponível em: http://www.justocantins.com.br/files/publicacao/20120831174246_as_lacunas_e_o_silencio_eloquente.pdf Silêncio Eloquente Há uma manifestação no não dizer Omissão Não houve uma ação para um dever pré-existente Lacuna ausência de disciplina sobre determinado tema que pode autorizar a analogia Wagner Damazio Aula 2 - Parte 2 Direito Administrativo p/ Concursos Cartórios - Curso Regular www.estrategiaconcursos.com.br 320412 07818729798 - Rodrigo Neves Quintino da Costa 19 3.6. Planos de Existência, Validade e Eficácia Já Pontes de Miranda, em seu Tratado de Direito Privado29, aludiu aos planos de existência, de validade e de eficácia ao discorrer que: Ser fato jurídico é existir no mundo jurídico. Juridicizar-se é começar a existir juridicamente; isto é, dentro desse mundo. Dentro dele, há o plano da existência, o plano da validade e o plano da eficácia. Quanto ao ato administrativo, a sua existência exige a presença de todos os pressupostos necessários para o seu surgimento. Sem qualquer dos pressupostos, o ato não existe. Ou seja, a existência dos atos administrativos está relacionada à presença de todos os elementos, ainda que haja deficiência em um ou mais deles. Já a validade do ato administrativo, que só poderá ser avaliado se superada a análise quanto a sua existência, está intimamente ligada não só à presença de todos os requisitos necessários previstos em lei, mas com a conformidade desses requisitos com a lei. Daí decorre que, existindo, o ato jurídico pode ser válido ou inválido. Por sua vez, a eficácia está relacionada à presença dos fatores necessários para a sua produção de efeitos jurídicos. Para Marçal Justen Filho30, a validade tem natureza estática, enquanto a eficácia é um fenômeno dinâmico. Frise-se que para o professor José dos Santos Carvalho Filho31 ainda há a possibilidade de se avaliar os efeitos dos atos quanto à sua exequibilidade, ou seja, a efetiva disponibilidade que tem a Administração de dar operatividade ao ato ou, em outras palavras, executá-lo em sua inteireza. Em resumo, o ato jurídico pode ser existente ou inexistente. Os existentes podem ser válidos ou inválidos. Que por sua vez podem ser eficazes ou ineficazes. Além disso, há a possibilidade excepcionalíssima de o ato jurídico não existir e ser eficaz. É o caso, por exemplo, da aplicação da teoria do fato consumado por 29 Apud Marçal Justen Filho, Curso de Direito Administrativo, 12ª edição, p 231. Vide também Antônio Junqueira de Azevedo, Negócio Jurídico: Existência, Validade e Eficácia, 1ª edição, p 23. 30 Curso de Direito Administrativo, 12ª edição, pp 231 e 232. 31 Manual de Direito Administrativo, 31ª edição, p. 133. Wagner Damazio Aula 2 - Parte 2 Direito Administrativo p/ Concursos Cartórios - Curso Regular www.estrategiaconcursos.com.br 320412 07818729798 - Rodrigo Neves Quintino da Costa 20 aquele que exerceu a função de fato de agente público (Teoria da Aparência, pela qual o particular de boa-fé temfundada suposição de que o agente de fato, também denominado agente putativo, é regularmente investido no direito32). Neste caso, o ato administrativo de nomeação inexistiu e efeitos jurídicos decorreram do agente de fato (ainda que restritos e limitados). Para Marçal Justen Filho33 os atos jurídicos inexistentes e os atos jurídicos inválidos podem ser dotados de eficácia. Nas palavras do ilustre professor: Os atos jurídicos inexistentes e os atos jurídicos inválidos podem ser dotados de alguma eficácia. Portanto, a existência e a validade não são requisitos para alguma eficácia. Essa advertência é indispensável para afastar uma concepção muito difundida, no sentido de que o ato nulo não produz efeitos jurídicos. Essa concepção muito difundida, no sentido de que o ato nulo não produz efeitos jurídicos. Essa asserção é incorreta. Aliás, e tal como já referido, mesmo os atos ilícitos produzem efeitos jurídicos. Nessas diversas hipóteses, a peculiaridade reside em que os efeitos jurídicos dos atos ilícitos e inválidos são, usualmente, limitados e restritos. 4. Elementos, Requisitos de Validade ou Aspectosdo Ato Administrativo A Lei nº 4.717, de 196534, que disciplina a ação popular, a partir do teor de seu art. 2º, inspirou alguns dos doutrinadores administrativistas a adotarem os 5 elementos, requisitos de validade ou aspectos para os atos administrativos. Esses 5 “elementos” dos atos administrativos são: 32 Manual de Direito Administrativo, 31ª edição, p 634. 33 Curso de Direito Administrativo, 12ª edição, p 233. 34Art. 2º: São nulos os atos lesivos ao patrimônio das entidades mencionadas no artigo anterior, nos casos de: a) incompetência; b) vício de forma; c) ilegalidade do objeto; d) inexistência dos motivos; e) desvio de finalidade. Ato Administrativo Existente Válido Eficaz Inefiz Inválido Eficaz Ineficaz Inexistente - Eficaz Wagner Damazio Aula 2 - Parte 2 Direito Administrativo p/ Concursos Cartórios - Curso Regular www.estrategiaconcursos.com.br 320412 07818729798 - Rodrigo Neves Quintino da Costa 21 Importante esclarecer que, por exemplo, a obra do professor Hely Lopes Meirelles denomina esses componentes do ato administrativo de requisitos, posto que necessários à formação do ato e por constituírem a infraestrutura do ato administrativo35. Por outro lado, a professora Maria Sylvia36 adota a nomenclatura de elementos, em que pese preferir utilizar a expressão “sujeito” em vez de “competência”. Além disso, noticia a ilustre professora que José Cretella Júnior utiliza, por influencia italiana, em vez de “elementos” ou “requisitos”, a denominação “anatomia do ato administrativo”: Há um autor italiano, Humberto Fragola, que escrevendo sobre “Gli atti amministrativi”, fala, por analogia com as ciências médicas, em anatomia do ato administrativo, para indicar os elementos que o compõem; com isso ele pretende examinar os vícios que esses elementos possam apresentar sob o título de patologia dos atos administrativos. Cretella Júnior adota essa terminologia e define a anatomia do ato administrativo como “o conjunto dos cinco elementos básicos constitutivos da manifestação da vontade da Administração, ou seja, o agente, o objeto, a forma, o motivo e o fim. Cite-se ainda que o professor José dos Santos Carvalho Filho37, em que pese adotar a denominação elementos do ato administrativo, critica tanto esta nomenclatura quanto requisito de validade: 35 Direito Administrativo Brasileiro, 42ª edição, p 175. 36 Direito Administrativo, 30ª edição, p 243. 37 Manual de Direito Administrativo, 31ª edição, p 110. Competência (Quem?) Finalidade (Para quê?) Forma (Por qual meio?) Motivo (Qual a causa ou fundamento?) Objeto (Com qual conteúdo?) Wagner Damazio Aula 2 - Parte 2 Direito Administrativo p/ Concursos Cartórios - Curso Regular www.estrategiaconcursos.com.br 320412 07818729798 - Rodrigo Neves Quintino da Costa 22 Reina grande controvérsia sobre a nomenclatura a ser adotada em relação aos aspectos do ato que, se ausentes, provocam a sua invalidação. Alguns autores empregam o termo “elementos”, ao passo que outros preferem a expressão “requisitos de validade”. Na verdade, nem aquele termo nem esta expressão nos parecem satisfatórios. “Elemento” significa algo que integra uma determinada estrutura, ou seja, faz parte do ser e se apresenta como pressuposto de existência. “Requisito de validade”, ao revés, anuncia a exigência de pressupostos de validade, o que só ocorre depois de verificada a existência. Ocorre que, entre os cinco clássicos pressupostos de validade do ato administrativo, alguns se qualificam como elementos (v.g., a forma), ao passo que outros têm a natureza efetiva de requisitos de validade (v.g., a competência). Adotamos o termo “elementos”, mas deixamos consignada a ressalva acima quanto à denominação e à efetiva natureza dos componentes do ato. Por fim, cabe citar aqui que o professor Marçal Justen Filho prefere a nomenclatura aspectos em vez de elementos ou requisitos de validade. Em suas palavras: É mais adequado aludir a aspectos do ato administrativo, em vez de elementos. A palavra “elementos” indica a existência de partes dotadas de autonomia própria. Ora, o ato administrativo apresenta uma composição indissociável. Assim, por exemplo, o conteúdo condiciona a competência. Alterado o conteúdo também se altera a competência e vice- versa. Por isso, é mais apropriado falar em aspectos do ato administrativo, para deixar claro que cada ato administrativo apresenta diversas facetas, as quais estão ligadas entre si de modo indissociável. Assim, tenha em mente a divergência doutrinária acerca da nomenclatura quanto aos componentes do ato administrativo. De todo modo, adotaremos nessa aula, até por ser o termo mais comum nos concursos públicos, a expressão “elementos”. Vejamos as principais características de cada um dos elementos ou requisitos de validade ou aspectos do ato administrativo, adotando-se as denominações utilizadas pela Lei de Ação Popular para os componentes. 4.1. Competência É a atribuição dada por lei ao agente que poderá de forma legítima realizar o ato. Ou seja, diferentemente do Direito Civil que só exige capacidade, no Direito Administrativo deve também o agente ter competência declinada por lei. A distribuição e alocação de competências entre os diversos órgãos e agentes públicos se dão pela multiplicidade de atividades administrativas realizadas pelo Estado. Wagner Damazio Aula 2 - Parte 2 Direito Administrativo p/ Concursos Cartórios - Curso Regular www.estrategiaconcursos.com.br 320412 07818729798 - Rodrigo Neves Quintino da Costa 23 Assim, as pessoas jurídicas integrantes da Administração Pública, por possuírem personalidade jurídica, são titulares de direitos e obrigações. Dentro da estrutura dessas pessoas jurídicas há os órgãos, para os quais são repartidas as funções da administração. Ao final, são os agentes públicos, pessoas físicas, que exercitam em concreto as atividades competenciais a eles transmitidas. Tal qual ocorre com a descentralização e desconcentração administrativa, institutos que abordamos no estudo do tema Organização da Administração Pública, poderá também haver a necessidade de distribuição de competência interna ou externamente. Repartição de competência interna, em analogia à desconcentração da Organização Administrativa, ocorrerá quando a atribuição de competência deixar de ser centralizada em uma autoridade de grau hierárquico superior e passar a ser distribuída entre outros agentes integrantes da mesma estrutura organizacional, mas de nível hierárquico inferior. Exemplo: em uma estrutura organizacional simplória, poder- se-iapensar em concentrar todas as competências administrativas em um Diretor de Departamento ou Coordenador Setorial. É evidente que, à medida que o órgão passar a exercer uma multiplicidade de tarefas, essa concentração de competências será perniciosa, já que acarretará em uma ineficiência na execução das atividades (geração de estoque, dilatação de prazo etc.). Daí decorrerá a necessidade de, inicialmente, haver uma desconcentração da competência com a criação de unidades e cargos subordinados a suportar a execução de todas as atividades em tempo e qualidades razoáveis e condizentes com a necessidade pública. Atenção: a criação de cargos e unidades administrativas exige lei em sentido estrito, com iniciativa fixada ao Chefe do Poder Executivo (art. 61, §1º, inciso II, alíneas “a” e “b”, da CRFB38). Repartição de competência externa, analoga à descentralização da Organização Administrativa, ocorrerá quando a atribuição de competência deixar de ser de uma autoridade de uma pessoa jurídica e passar a ser de outro agente integrante de outra estrutura organizacional criada ou já existente (por exemplo da Administração Indireta). 38 Art. 61: (...) § 1º São de iniciativa privativa do Presidente da República as leis que: I - fixem ou modifiquem os efetivos das Forças Armadas; II - disponham sobre: a) criação de cargos, funções ou empregos públicos na administração direta e autárquica ou aumento de sua remuneração; b) organização administrativa e judiciária, matéria tributária e orçamentária, serviços público e pessoal da administração dos Territórios; (...). Wagner Damazio Aula 2 - Parte 2 Direito Administrativo p/ Concursos Cartórios - Curso Regular www.estrategiaconcursos.com.br 320412 07818729798 - Rodrigo Neves Quintino da Costa 24 Exemplo:eventuais competências que deixam de ser do Ministro da Fazenda e passam a ser do Presidente do Banco Central ou do Presidente da Comissão de Valores Mobiliários. Sobre a necessidade de as competências dos órgãos de menor hierarquia serem originárias ou não na lei, há algumas posições diferentes. Para o professor José dos Santos Carvalho Filho39: Em relação a órgãos de menor hierarquia, pode a competência derivar de normas expressas de atos administrativos de organização. Nesse caso, serão tais atos editados por órgãos cuja competência decorre de lei. Em outras palavras, a competência primária do órgão provém da lei, e a competência de segmentos internos dele, de natureza secundária, pode receber definição através dos atos de organização. Sob outra ótica, a professora Maria Sylvia40, ao citar Renato Alessi, discorre que: É interessante a colocação feita por Renato Alessi, aplicável ao direito brasileiro. Ele distingue dentro da organização administrativa, dois tipos de órgãos: a) os que tem individualidade jurídica, pelo fato de que o círculo das atribuições e competências que os integram é marcado por normas jurídicas propriamente ditas (leis); b) os que não tem essa individualidade jurídica, uma vez que o círculo de suas atribuições não está assinalado por normas jurídicas propriamente ditas, mas por normas administrativas de caráter interno, de tal modo que, sob o ponto de vista jurídico,tais órgãos são apenas elementos de um conjunto maior #ficadica De acordo com o art. 17 da Lei nº 9.784, de 1999, não existindo competência legal específica, o processo administrativo deverá ser iniciado perante a autoridade de menor grau hierárquico para decidir. Cabe apresentar as características decorrentes da competência: 39 Manual de Direito Administrativo, 31ª edição, p 112. 40 Direito Administrativo, 30ª edição, pp 244 e 245. Wagner Damazio Aula 2 - Parte 2 Direito Administrativo p/ Concursos Cartórios - Curso Regular www.estrategiaconcursos.com.br 320412 07818729798 - Rodrigo Neves Quintino da Costa 25 No que tange à possibilidade de delegação ou avocação, lembre-se que só podem ser utilizadas com o fim de melhor atender ao interesse público, seja por razões técnicas, sociais, econômicas, jurídicas ou territoriais. Nessa linha, o art. 11 da Lei nº 9.784, de 1999, que trata do Processo Administrativo no âmbito da Administração Pública Federal, estabelece que: Art. 11. A competência é irrenunciável e se exerce pelos órgãos administrativos a que foi atribuída como própria, salvo os casos de delegação e avocação legalmente admitidos. Na avocação, o superior hierárquico assume atribuição que ordinariamente é estabelecida para a função exercida por um de seus subordinados. De acordo com a o art. 15 da já citada Lei nº 9.784, de 199941, a avocação deve ser utilizada em caráter excepcional e por motivos relevantes devidamente justificados, bem como em caráter temporário. 41 Art. 15. Será permitida, em caráter excepcional e por motivos relevantes devidamente justificados, a avocação temporária de competência atribuída a órgão hierarquicamente inferior. Características da Competência: decorre da lei é irrenunciável é inderrogável (não pode ser transferida por acordo entre as partes) é improrrogável (órgão ou agente incompetente não se torna competente pelo exercício da atividade, exceto por lei) pode ser definida em função da matéria, hierarquia, lugar, tempo ou para fracionamento pode ser delegada (se não for exclusiva) pode ser avocada (se não for exclusiva) Wagner Damazio Aula 2 - Parte 2 Direito Administrativo p/ Concursos Cartórios - Curso Regular www.estrategiaconcursos.com.br 320412 07818729798 - Rodrigo Neves Quintino da Costa 26 Na delegação, que só pode ocorrer quando não houver impedimento legal, o titular da competência pode delegar parte de sua competência a outro agente a ele subordinado ou não42. Ou seja, enquanto na avocação a autoridade atrai a competência, na delegação ela distribui parte de sua competência, em razão da função administrativa por ela exercida. Frise-se, contudo, que não são todas as competências que podem ser delegadas. De acordo com o art. 13 da Lei nº 9.784, de 1999, não podem ser delegadas as seguintes competências: Ou seja, a Lei nº 9.784, de 1999, indica que, exceto para os casos em que ela expressamente vedou, pode ocorrer a delegação. Assim, a possibilidade de delegação seria regra, enquanto a impossibilidade, exceção. Contudo, ressalte que para o professor José dos Santos Carvalho Filho tanto a delegação quanto a avocação devem ser excepcionas: Para evitar distorção no sistema regular dos atos administrativo, é preciso não perder de vista que tanto a delegação como a avocação devem ser consideradas como figuras excepcionais, só justificáveis ante os pressupostos que a lei estabelecer. Na verdade, é inegável reconhecer que ambas subtraem de agentes administrativos funções normais que lhes foram atribuídas. Por esse motivo, é inválida qualquer delegação ou avocação que, de alguma forma ou por via oblíqua, objetive a supressão das atribuições do círculo de competência dos administradores públicos. 42 Art. 12. Um órgão administrativo e seu titular poderão, se não houver impedimento legal, delegar parte da sua competência a outros órgãos ou titulares, ainda que estes não lhe sejam hierarquicamente subordinados, quando for conveniente, em razão de circunstâncias de índole técnica, social, econômica, jurídica ou territorial.Parágrafo único. O disposto no caput deste artigo aplica-se à delegação de competência dos órgãos colegiados aos respectivos presidentes. Não podem ser delegadas: a edição de atos de caráter normativo a decisão de recursos administrativos as matérias de competência exclusiva do órgão ou autoridade Wagner Damazio Aula 2 - Parte 2 DireitoAdministrativo p/ Concursos Cartórios - Curso Regular www.estrategiaconcursos.com.br 320412 07818729798 - Rodrigo Neves Quintino da Costa 27 4.2. Finalidade Todo ato administrativo deve ter por finalidade o interesse público, já que o agente público deve agir para alcançar o melhor para a coletividade e não para si ou para outrem. Para a professora Maria Sylvia43 é possível falar em finalidade do ato administrativo em dois sentidos diferentes: Recorde-se que uma das espécies de abuso de poder é a figura do desvio de finalidade, também denominado desvio de poder. Esta surge quando a autoridade administrativa realiza ou deixa de realizar um ato para o qual é competente, mas desvirtuando os fins a que a norma almeja ou mesmo se utilizando de motivos outros que não aqueles reclamados pelo ato. Exemplo: quando o Estado desapropria um imóvel de propriedade de desafeto do Chefe do Executivo com um fim pré- determinado de prejudicá-lo; ou a concessão de vantagens apenas a servidores protegidos ou apadrinhados; ou a remoção de ofício do servidor como forma de punição44. Atenção: o desvio de finalidade macula tanto o princípio da impessoalidade quanto o da moralidade administrativa. O professor José dos Santos Carvalho Filho45 noticia uma aproximação feita entre os elementos competência e finalidade pelos autores mais modernos de 43 Direito Administrativo, 30ª edição, p 250. 44 Exemplos fornecidos pelo professor José dos Santos Carvalho Filho. Manual de Direito Administrativo, p 125; e pela professora Maria Sylvia Zanella Di Pietro. Direito Administrativo, 30ª edição pp 250 e 251. 45 Manual de Direito Administrativo, p 125. •corresponde ao interesse público Finalidade em sentido amplo •resultado específico que cada ato deve produzir, conforme definido expressa ou implicitamente em lei Finalidade em sentido restrito Wagner Damazio Aula 2 - Parte 2 Direito Administrativo p/ Concursos Cartórios - Curso Regular www.estrategiaconcursos.com.br 320412 07818729798 - Rodrigo Neves Quintino da Costa 28 Direito Administrativo, da qual decorreria um elo indissociável entre esses dois elementos. Nessa linha, afirma que: Os autores modernos mostram a existência de um elo indissociável entre a finalidade e competência, seja vinculado ou discricionário o ato. A finalidade, retratada pelo interesse público da conduta administrativa, não poderia refugir ao âmbito da competência que a lei outorgou ao agente. Em outras palavras, significa que, quando a lei define a competência do agente, a ela já vincula a finalidade a ser perseguida pelo agente. Há ainda uma divergência na doutrina quanto ao desvio de finalidade ser objetivo ou subjetivo, ou seja, se sua ocorrência independe ou não da intenção do agente. Para a corrente que adota o desvio de finalidade como critério objetivo, é irrelevante a identificação da intenção do agente, isto é, se realizou o ato por culpa ou dolo. Já a corrente que adota o desvio de finalidade como critério subjetivo parte da premissa de que nem todo ato praticado sem atender à finalidade da lei pode ser considerado como abuso de poder, na espécie desvio de finalidade. Isso porque pode ocorrer por mero erro ou ineficiência do agente. Portanto, para essa segunda corrente há a necessidade de identificar se houve intenção do agente para a prática do desvio de finalidade ou, em caso negativo, se a ilegalidade do ato decorreu de mero erro ou ineficiência. De todo modo, havendo ou não a intenção, o ato é ilegal. As repercussões e responsabilizações sobre o agente é que poderão ser diversas. Ademais, a própria Lei nº 4.717, de 1965, prevê quando se verifica o desvio de finalidade para a realização do ato. Veja: Art. 2º São nulos os atos lesivos ao patrimônio das entidades mencionadas no artigo anterior, nos casos de: (...) e) desvio de finalidade; Parágrafo único. Para a conceituação dos casos de nulidade observar-se-ão as seguintes normas: (...) e) o desvio de finalidade se verifica quando o agente pratica o ato visando a fim diverso daquele previsto, explícita ou implicitamente, na regra de competência. 4.3. Forma É o elemento que fixa o meio pelo qual o ato administrativo será exteriorizado. Wagner Damazio Aula 2 - Parte 2 Direito Administrativo p/ Concursos Cartórios - Curso Regular www.estrategiaconcursos.com.br 320412 07818729798 - Rodrigo Neves Quintino da Costa 29 Para a professora Maria Sylvia46, é possível falar em finalidade do ato administrativo em dois sentidos diferentes: O não respeito à forma prescrita em lei acarreta a invalidade do ato administrativo. Contudo, conforme art. 22 da Lei nº 9.784, de 1999, tem-se que: Art. 22. Os atos do processo administrativo não dependem de forma determinada senão quando a lei expressamente a exigir. § 1o Os atos do processo devem ser produzidos por escrito, em vernáculo, com a data e o local de sua realização e a assinatura da autoridade responsável. § 2o Salvo imposição legal, o reconhecimento de firma somente será exigido quando houver dúvida de autenticidade. § 3o A autenticação de documentos exigidos em cópia poderá ser feita pelo órgão administrativo. § 4o O processo deverá ter suas páginas numeradas seqüencialmente e rubricadas. Portanto, os atos do processo administrativo não dependem de forma determinada senão quando a lei expressamente a exigir. De todo modo, exige a aludida lei que os atos do processo sejam realizados por escrito, em língua portuguesa (vernáculo), com aposição da data e local de onde foi realizado o ato, bem como assinatura da autoridade competente. #ficadica 46 Direito Administrativo, 30ª edição, p 250. •corresponde à exteriorização do ato, ou seja, o modo pelo qual o ato se exterioriza (forma escrita, verbal, por Decreto, Portaria, Resolução etc.) Forma em sentido restrito •corresponde não só à exteriorização do ato, mas também todas as formalidades que devem ser observadas durante o processo de formação de vontade da Administração, e até os requisitos relativos à publicidade do ato (exteriorização + formalidades dos procedimentos + publicidade) Forma em sentido amplo Wagner Damazio Aula 2 - Parte 2 Direito Administrativo p/ Concursos Cartórios - Curso Regular www.estrategiaconcursos.com.br 320412 07818729798 - Rodrigo Neves Quintino da Costa 30 Há inúmeras situações especiais em que o ato administrativo é externalizado por meios diversos, tais como: por meio sonoro (guarda de trânsito), por meio de sinalização (placas de trânsito; placas em repartições públicas), por meio verbal (autoridade pública no exercício do poder de polícia) e por meio de sinais luminosos (semáforos de trânsito). Cabe dizer também que o Decreto nº 9.094, de 2017, previu em seu art. 9º que, exceto se existir dúvida fundada quanto à autenticidade ou previsão legal, ficam dispensados o reconhecimento de firma e a autenticação de cópia dos documentos expedidos no País e destinados a fazer prova junto a órgãos e entidades do Poder Executivo federal. Interessante também ressaltar o fato de que, havendo necessidade, o próprio servidor pode autenticar a cópia de documentos apresentados na repartição. Nessa linha, é o §1º do artigo 10 do Decreto nº 9.094, de 2017: § 1º A autenticação de cópia de documentos poderá ser feita, por meio de cotejo da cópia com o documento original, pelo servidor público a quem o documento deva ser apresentado. #ficadica Princípio da Solenidade: em contraposição ao princípio de liberdade das formas que prevalece no Direito Privado, o professor José dos Santos Carvalho Filho alude ao princípio da solenidade das formas no Direito Público. Importante ressaltar que, em geral, a doutrinadiferencia ato solene de ato formal. Nessa linha, Silvo de Salvo Venosa e Flávio Tartuce. Em sentido contrário, ou seja, em que se trata forma e solenidade como sinônimos, está a professora Maria Helena Diniz47. Frise-se que solenidade remete a um cerimonial previsto em lei, ou seja, a um rito adicional à mera formalização do ato. Cabe dizer que, em respeito ao paralelismo das formas, a mesma forma utilizada para a produção do ato deve ser aquela utilizada para sua modificação ou revogação. 47 Fábio Tartuce, Direito Civil 3, Teoria Geral dos Contratos e Contratos em Espécie, p 35. Cita a posição de Silvio Salvo Venosa, Direito Civil, 2003, p 415; e da Maria Helena Diniz, Curso de Direito Civil, 2005, p 99. Wagner Damazio Aula 2 - Parte 2 Direito Administrativo p/ Concursos Cartórios - Curso Regular www.estrategiaconcursos.com.br 320412 07818729798 - Rodrigo Neves Quintino da Costa 31 Além disso, frise-se que a própria Lei nº 4.717, de 1965, prevê o que consiste em vício de forma na realização do ato administrativo. Veja: Art. 2º São nulos os atos lesivos ao patrimônio das entidades mencionadas no artigo anterior, nos casos de: (...) b) vício de forma; Parágrafo único. Para a conceituação dos casos de nulidade observar-se-ão as seguintes normas: (...) b) o vício de forma consiste na omissão ou na observância incompleta ou irregular de formalidades indispensáveis à existência ou seriedade do ato; 4.4. Motivo O motivo, também denominado causa, é a situação de fato ou de direito que determina ou autoriza a realização do ato administrativo48. Situação fática ou pressuposto fático é o conjunto de realizações materiais que conduzem a Administração a praticar o ato. Por seu turno, situação ou pressuposto de direito é o fundamento previsto em lei para a realização do ato administrativo. Quando o motivo vier expresso em lei, denomina-se o ato como vinculado. Já quando a lei deixa certa margem de escolha ao administrador público, o ato será discricionário. 4.4.1. Motivo e Motivação Não se pode confundir motivo e motivação. Em que pese haver proximidade e, inadvertidamente, a sua utilização como sinonímia, são institutos diferentes do Direito Administrativo. Segundo a professora Maria Sylvia49: Motivo: é o pressuposto de fato e de direito que serve de fundamento ao ato administrativo. Motivação: é a exposição dos motivos, ou seja, é a demonstração, por escrito, de que os pressupostos de fato realmente existiram. 48 Hely Lopes Meirelles, Direito Administrativo Brasileiro, 42ª edição, p 177. 49 Direito Administrativo, 30ª edição, p 251. Wagner Damazio Aula 2 - Parte 2 Direito Administrativo p/ Concursos Cartórios - Curso Regular www.estrategiaconcursos.com.br 320412 07818729798 - Rodrigo Neves Quintino da Costa 32 Ou seja, a motivação é a descrição, que integra as formalidades do próprio ato administrativo, para comprovar a ocorrência do motivo. Exemplos de motivação: são os pareceres, os laudos, os relatórios e os considerandos do ato administrativo presentes para a comprovação da presença do motivo. Em uma aplicação de sanção administrativa, o motivo é a infração cometida pelo agente público, já a motivação é formada pelo conjunto de elementos formais constantes nos autos que comprovam a ocorrência da infração50. Portanto, ressalte-se que o motivo “É” o pressuposto, já a motivação é a indicação que comprova a presença do motivo. A motivação integra a própria formalidade do ato administrativo, diferentemente do motivo que é autônomo e um dos elementos do ato. O art. 2º da Lei nº 9.784, de 1999, alçou a princípio a motivação ao prever que: Parágrafo único. Nos processos administrativos serão observados, entre outros, os critérios de: VII - indicação dos pressupostos de fato e de direito que determinarem a decisão Ademais, o próprio art. 50 da Lei nº 9.784, de 1999, elenca os casos em que a motivação é obrigatória: Art. 50. Os atos administrativos deverão ser motivados, com indicação dos fatos e dos fundamentos jurídicos, quando: I - neguem, limitem ou afetem direitos ou interesses; II - imponham ou agravem deveres, encargos ou sanções; III - decidam processos administrativos de concurso ou seleção pública; IV - dispensem ou declarem a inexigibilidade de processo licitatório; V - decidam recursos administrativos; VI - decorram de reexame de ofício; VII - deixem de aplicar jurisprudência firmada sobre a questão ou discrepem de pareceres, laudos, propostas e relatórios oficiais; VIII - importem anulação, revogação, suspensão ou convalidação de ato administrativo. 50 Exemplos fornecidos pela professora Maria Sylvia Zanella Di Pietro. Direito Administrativo, 30ª edição, p 251. Wagner Damazio Aula 2 - Parte 2 Direito Administrativo p/ Concursos Cartórios - Curso Regular www.estrategiaconcursos.com.br 320412 07818729798 - Rodrigo Neves Quintino da Costa 33 Enfatize-se que a exteriorização do motivo deve ser explícita, clara e congruente, podendo constar no próprio ato, sendo denominada contextual, ou ser uma motivação aliunde ou per relationem, que é aquela em que se declara concordância com fundamentos anteriores de pareceres, informações, decisões ou propostas, que passam a ser considerados parte integrante do ato51. No que tange à divergência doutrinária acerca da obrigatoriedade da motivação, há quatro posições52: ➢ os que consideram ser a motivação necessária apenas nos atos vinculados, de modo a demonstrar, por escrito, que o motivo previsto em lei foi atendido; ➢ os que consideram ser a motivação obrigatória apenas nos atos discricionários, já que nesses só haverá controle da legitimidade do ato se houver a indicação dos fatos que o motivaram; 51 Conforme art. 50, §1º, da Lei nº 9.784, de 1999. Posição também do professor José dos Santos Carvalho Filho. Manual de Direito Administrativo, 31ª edição, p 122. 52 Correntes discorridas pela professora Maria Sylvia. Direito Administrativo, 30ª edição, p 251. Motivo elemento do ato administrativo é o pressuposto de fato e de direito que fundamenta o ato administrativo ausência de motivo invalida o ato (o motivo é obrigatório) Por quê? Motivação princípio pevisto no art. 2º, inciso VII, da Lei nº 9.784, de 1999, e integrante da forma do ato administrativo é a indicação do motivo, ou seja, é a demonstratração formal de que o pressuposto de fato e de direito ocorreu em que pese alguma divergência doutrinária, a lei pode ou não exigir a motivação* indicação da existência de o porquê o ato foi praticado Wagner Damazio Aula 2 - Parte 2 Direito Administrativo p/ Concursos Cartórios - Curso Regular www.estrategiaconcursos.com.br 320412 07818729798 - Rodrigo Neves Quintino da Costa 34 ➢ os que consideram ser a motivação, em regra, necessária tanto para ato vinculado quanto para discricionário por permitir a verificação da legalidade do ato; ➢ os que consideram ser a motivação não obrigatória, em regra, por não haver fundamento constitucional, mas que poderá passar a ser obrigatória se a lei assim o exigir53. De todo modo, como bem ensina o professor José dos Santos Carvalho Filho, não é lícita ao administrador público a utilização de fundamentos genéricos e indefinidos para indicar o motivo do ato administrativo. Por outro lado, não é lícito ao administrador adotar, à guisa de motivo do ato, fundamentos genéricos e indefinidos, como, por exemplo, o ‘interesse público”, “critério administrativo’, e outros do gênero. Semelhantes justificativas demonstram usualmente o intuito de escamotear as verdadeiras razões do ato, com objetivo