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SISTEMAS 
INTERNACIONAIS DE 
DIREITOS HUMANOS
ÍNDICE
1. VISÃO GERAL E INTRODUÇÃO AO SISTEMA GLOBAL .................................................3
Internacionalização da proteção dos direitos humanos .....................................................................................3
Visão Geral ..............................................................................................................................................................................3
Normas do Sistema Global ...............................................................................................................................................3
2. DOCUMENTOS ....................................................................................................................4
Carta de São Francisco (1945) ........................................................................................................................................4
Declaração Universal de Direitos Humanos (1948) ...............................................................................................4
Pactos de 1966 ......................................................................................................................................................................4
3. ESTRUTURA ........................................................................................................................6
Assembleia Geral ..................................................................................................................................................................6
Conselho de Segurança ....................................................................................................................................................6
Conselho Econômico e Social (ECOSOC) ..................................................................................................................6
Corte Internacional de Justiça .......................................................................................................................................6
Conselho de Direitos Humanos ......................................................................................................................................7
4. SISTEMAS EUROPEU E AFRICANO ................................................................................8
Sistema  Europeu .................................................................................................................................................................8
Sistema Africano ..................................................................................................................................................................8
5.  SISTEMA INTERAMERICANO - VISÃO GERAL ..............................................................9
Visão Geral ..............................................................................................................................................................................9
Convenção Americana sobre Direitos Humanos ...................................................................................................9
6.   SISTEMA INTERAMERICANO - ESTRUTURA .............................................................10
Comissão interamericana de Direitos Humanos .................................................................................................. 10
Corte Interamericana de Direitos Humanos ........................................................................................................... 10
7. TRIBUNAIS INTERNACIONAIS NA PROTEÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS ............11
Corte Internacional de Justiça ...................................................................................................................................... 11
Tribunal Penal Internacional ........................................................................................................................................... 11
8.  TRIBUNAIS INTERNACIONAIS NA PROTEÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS - CASOS 
DA COMISSÃO INTERAMERICANA DE DIREITOS HUMANOS ........................................12
Caso Simone André Diniz vs. Brasil .............................................................................................................................12
Caso dos Meninos Emasculados do Maranhão .....................................................................................................12
Caso Maria da Penha Maia Fernandes vs. Brasil ...................................................................................................12
Caso José Pereira vs. Brasil ........................................................................................................................................... 13
Caso Jailton Neri da Fonseca vs. Brasil .................................................................................................................... 13
9.  TRIBUNAIS INTERNACIONAIS NA PROTEÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS - CASOS 
DA CORTE INTERAMERICANA DE DIREITOS HUMANOS ...............................................14
Caso Ximenes Lopes vs. Brasil ..................................................................................................................................... 14
Caso Gomes Lund e outros vs. Brasil ........................................................................................................................ 14
Caso Favela Nova Brasília vs. Brasil ............................................................................................................................ 14
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1. Visão Geral e Introdução ao Sistema Global
Internacionalização da proteção dos direitos humanos
A preocupação com o estabelecimento de padrões mínimos de dignidade humana não é 
recente. A Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, proclamada em 1789, no seio da 
Revolução Francesa, já demonstrava a necessidade de estabelecer direitos de forma universal. 
Mas foi após a Segunda Guerra Mundial que a necessidade se tornou premente, e o mundo 
se movimentou no sentido de estabelecer regras de fato obrigatórias, com mecanismos de 
efetivação desses direitos. 
Visão Geral
Os Direitos Humanos convivem com dois sistemas de proteção diversos: 
• Sistema Global: protagonizado pela Organização das Nações Unidas (ONU), principal organismo 
internacional de proteção aos direitos humanos desse sistema.
• Sistemas Regionais: Há três sistemas regionalizados: Sistema Europeu, Sistema Interamericano 
e Sistema Africano. 
Normas do Sistema Global
A ONU foi criada por meio da Carta das Nações Unidas, de 1945, também conhecida como 
“Carta de São Francisco”. Ocorre que essa carta, apesar de criar a ONU, não criou um sistema 
de normas de proteção efetivo. Por isso, em 1948, foi assinada a Declaração Universal, que 
consistiu numa declaração de direitos humanos dos mais diversos. 
Apesar de importante para a época, a Declaração de 1948 não continha mecanismos de 
efetivação dos direitos declarados por ela. Por isso, em 1966, foram aprovados mais dois 
tratados, atualmente centrais na proteção dos direitos humanos no sistema global: Pacto 
Internacional de Direitos Civis e Políticos (PIDCP) e Pacto Internacional sobre Direitos 
Econômicos, Sociais e Culturais (PIDESC). 
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2. Documentos
Carta de São Francisco (1945)
Foi a carta que fez surgir a ONU, propriamente dita. Foi a partir daí que o Direito Internacional 
dos Direitos Humanos começou a verdadeiramente se desenvolver e a se efetivar como 
ramo autônomo do direito internacional público. A grande e notória contribuição dessas 
regras contidas na Carta da ONU foi a de terem deflagrado o Sistema Global de proteção dos 
Direitos Humanos. Importante lembrarmos que em 1942 houve uma tentativa de se criar a 
ONU, a partir da assinatura da Declaração das Nações Unidas, mas teve pouca adesão, já que 
o contexto mundial não permitiu maiores esforços na construção do organismo.
Os direitos consagradosnessa Carta foram elencados de forma esparsa, restritos às Liberdades 
Fundamentais e Direitos Humanos para todos os seres, tanto fora quanto dentro do âmbito 
de atuação dos Estados, sem distinção de raça, sexo, língua ou religião. No entanto, não 
podemos dizer que a Carta da ONU estabeleceu um catálogo de direitos.
Segundo o professor Mazuoli, em seu livro sobre Direitos Humanos, a falta de definição 
sobre o que seriam propriamente as liberdades fundamentais gerou ineficácia quanto ao 
cumprimento dos preceitos estabelecidos na Carta. Seria necessário, portanto, a criação 
de um instrumento jurídico capaz de valer como “interpretação autêntica” da Carta da ONU 
relativamente ao tema. E esse documento foi a Declaração Universal de 1948. 
Declaração Universal de Direitos Humanos (1948)
É o documento que veio definir com precisão o elenco dos “Direitos Humanos e Liberdades 
Fundamentais” a que se referem os arts. 1.º, § 3.º, 13, 55, 56, 62, 68 e 76 da Carta da ONU. É 
considerado o “Marco normativo fundamental” do sistema protetivo das Nações Unidas, por 
isso. Apesar de trazer maior concretude à Carta da ONU de 1945, a Declaração Universal de 
1948 carecia de mecanismos que garantissem os direitos consagrados no diploma. 
A Declaração de 1948 não é um tratado, não tendo força vinculante. É considerada pela 
doutrina como sendo uma carta de direitos com força de jus cogens, servindo de costume 
internacional. 
Foi necessário proclamar mais 2 pactos (hard law): Pacto Internacional dos Direitos Civis e 
Políticos - PIDCP (Pacto Civil) e o Pacto Internacional sobre Direitos Econômicos, Sociais e 
Culturais - PIDESC (Pacto Social), ambos concluídos em Nova York em 1966.
Pactos de 1966
Foram Pactos criados com o objetivo de criar mecanismos de tutela dos direitos humanos no 
âmbito internacional, coisa que não havia na Declaração Universal de 1948. 
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Havia discussão sobre se seriam dois tratados separados, ou um só, mas a primeira corrente 
venceu e foram elaborados dois tratados diversos, sob o argumento de que a forma de tutela 
desses dois direitos era diferente. 
PACTO INTERNACIONAL DE DIREITOS CIVIS E POLÍTICOS (PIDCP)
Esse pacto traz um rol amplo de direitos de primeira dimensão. Assegura direito à vida como 
sendo inerente a qualquer pessoa. Também dispõe de outros tantos direitos importantes à 
dignidade humana, como direito à autodeterminação, direitos relacionados à não discriminação 
por motivos de raça, religião, nacionalidade, opinião ou sexo, direitos relacionados à prisão e 
ao processo, como anterioridade e direito a um julgamento imparcial, etc. Curiosamente, não 
traz disposições relativas ao direito à propriedade. Também curiosamente, o PIDCP permite 
a pena de morte, mas a limita aos crimes mais graves. Posteriormente, em um protocolo 
facultativo, estabelece a necessidade de se erradicar penas desse tipo nos países signatários. 
O PIDCP cria um Comitê de Direitos Humanos, para fins de investigar e fiscalizar os atos 
perpetrados por Estados contrários às disposições do Pacto. O peticionamento individual, no 
entanto, somente foi estabelecido depois, em um Protocolo Facultativo. 
PACTO INTERNACIONAL DE DIREITOS ECONÔMICOS, SOCIAIS E CULTURAIS (PIDESC)
Nesse pacto prevalecem as normas identificadas como direitos de terceira dimensão, uma 
vez que envolvem prestações positivas dos Estados para sua efetivação. São alguns direitos 
contidos no PIDESC o direito à educação, saúde, moradia, trabalho, previdência social, entre 
outros. 
Em razão desses direitos envolverem o dispêndio financeiro do Estado para sua efetivação, o 
próprio pacto previu sua implantação progressiva, na medida das possibilidades financeiras e 
orçamentárias de cada país. 
O sistema de monitoramento do PIDESC é o Comitê de Direitos Civis, Políticos e Culturais 
e não está previsto no corpo do pacto. Ele foi criado no âmbito do Conselho Econômico e 
Social – o ECOSOC , regulamentado na Resolução ECOSOC 1985/17. Apesar dessa origem 
inconvencional, é equiparado ao Comitê de Direitos Humanos do PIDCP. 
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3. Estrutura
Assembleia Geral
Órgão representativo, normativo e deliberativo da ONU. O único órgão que possui representação 
universal, uma vez que é composto por todos os 193 Estados-membros. Eles se reúnem a 
cada ano em setembro durante a sessão anual, que ocorre no salão da AGNU em Nova Iorque, 
para debates e tomada de decisões.
Conselho de Segurança
Tem responsabilidade primária de manter a paz e a segurança internacionais. Composto 
por 15 membros, sendo 5 permanentes (EUA, Rússia, Reino Unido, França e China) e 10 não 
permanentes. Os membros permanentes possuem poder de veto.
O CSNU dirige os trabalhos de apuração da existência de ameaças à paz ou atos de agressão, 
solicita às partes envolvidas que cheguem a um acordo por meios pacíficos, podendo, em 
alguns casos, recorrer à imposição de sanções e até mesmo ao uso da força para manter ou 
restaurar a paz e a segurança internacionais.
Conselho Econômico e Social (ECOSOC)
Possui competência para tratar de assuntos econômicos, sociais e ambientais, através 
da revisão das políticas que se adaptem, da sua coordenação e da formulação de 
recomendações. Também garante o cumprimento dos objetivos de desenvolvimento 
cordados internacionalmente.
Além disso, atua como mecanismo central para as atividades do sistema ONU e de suas 
agências especializadas nas áreas econômica, social e ambiental, pois supervisiona os órgãos 
subsidiários e especializados. Composto por 54 Estados-membros, eleitos pela AGNU, para 
um mandato de 3 anos.
Corte Internacional de Justiça
Principal órgão judicial das Nações Unidas. Sediado no Palácio da Paz, em Haia, na Holanda. 
Único dos seis órgãos da ONU que não está localizado em Nova Iorque. Sua função é resolver, 
de acordo com a legislação internacional, as controvérsias que lhe sejam apresentadas 
pelos Estados e emitir pareceres consultivos sobre as questões jurídicas que os órgãos 
competentes e especiais lhe proponham. Funciona de acordo com o seu Estatuto (anexo à 
Carta das Nações Unidas). Tem duas competências: Contenciosa, em que o Brasil até hoje 
não reconheceu essa competência; e Consultiva.
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Conselho de Direitos Humanos
A Comissão de Direitos Humanos (posteriormente convertida em Conselho) foi criada pelo 
ECOSOC em 1967, ante a falta de mecanismos convencionais para lidar com violações de 
Direitos Humanos, já que o Comitê de Direitos Humanos (PIDCP) só foi ter peticionamento 
individual em 1976, 31 anos após a adoção da Carta das Nações Unidas. Ela foi criada 
inicialmente para lidar com violações de Direitos Humanos na África do Sul (apartheid).
Possui 47 membros eleitos. A resolução mencionada prevê a existência de alguns mecanismos, 
como a revisão periódica universal, que é a necessidade de todos os Estados submeter 
periodicamente à Organização relatórios sobre a situação dos direitos humanos em seus 
respectivos territórios, sob o escrutínio dos demais países (ao que se denomina “escrutínio 
universal”). Os Estados, assim, avaliam-se mutuamente. Emite por isso relatórios que serão 
submetidos à Assembleia Geral. 
O Conselho de Direitos Humanos é um órgão não convencional, ou seja, não foi criado 
por tratado (“convenção”), mas sim por uma resolução do ECOSOC. Os mecanismos não 
convencionais surgiram no início da formação do sistema global, quando os mecanismos 
convencionais, criados pelos tratados, ainda não haviam sido institucionalizados de forma 
organizada. Lembrando que o primeiro mecanismo convencional, derivado dos Pactos de 66, 
surgiu 30 anos depois da Carta das Nações Unidas.
Os mecanismos não convencionais retiram seu fundamento não num Tratado, mas sim na 
força cogente da Carta das Nações Unidas. A autorização que o Conselho tem para investigar a 
situação dos direitos humanos nos países não provém de tratados (daí ser não convencional), 
mas de resoluções da Assembleia Geral ou do Conselho Econômicoe Social da ONU, que 
autorizam o monitoramento dos direitos humanos em quaisquer países, sejam ou não partes 
em tratados de direitos humanos, sejam ou não membros das Nações Unidas. 
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4. Sistemas Europeu e Africano
Sistema  Europeu
Foi fundado em 1950, sendo o primeiro sistema regional, como consequência da 2ª Guerra 
Mundial, em paralelo à ONU. Em 1998, por meio do protocolo nº 11, foi criada a Corte Europeia 
de Direitos Humanos, com acesso direto a peticionamento individual diretamente a ela.
Como veremos, é uma das diferenças com relação ao nosso sistema regional, já que aqui 
a Comissão faz um juízo de admissibilidade prévio. As sentenças da Corte Europeia são 
vinculantes com relação a todos os Estados membros. 
Sistema Africano
O Sistema Africano é o mais recente, surgido em 1981 através da Carta Africana de Direitos 
Humanos e dos Povos, que prevê tanto direitos civis e políticos quanto direitos econômicos, 
sociais e culturais. Esse tratado criou apenas um órgão de proteção, a Comissão Africana de 
Direitos Humanos.
Somente em 1998, através de um protocolo facultativo, é criada a Corte Africana de Direitos 
Humanos. 
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5. Sistema Interamericano - Visão Geral
Visão Geral
A origem desse sistema foi a Carta da Organização dos Estados Americanos (OEA), também 
conhecida como Carta de Bogotá, redigida em 1948. Ela tinha como instrumento fundamental 
a Convenção Americana de Direitos Humanos de 1969. Só podiam fazer parte da Convenção 
os Estados Membros da OEA. 
O sistema interamericano é acionado diante da inação, da omissão do Estado em apurar 
ou punir os perpetradores de violações de Direitos Humanos. Essa proteção independe da 
nacionalidade da vítima, conferindo proteção também portanto aos estrangeiros ou migrantes. 
Essa proteção também é restrita às pessoas físicas.
Convenção Americana sobre Direitos Humanos
Também conhecido como Pacto de San José da Costa Rica, a Convenção Americana de 
Direitos Humanos, redigida em 1969, é a principal base normativa do Sistema Interamericano. 
Esse tratado trouxe em seu corpo uma série de direitos e garantias, como forma de suplementar 
as normas de direito interno dos Estados membros.
Apesar de garantir alguns direitos sociais, o foco da Convenção Americana é os direitos civis e 
políticos. O protocolo adicional de San Savador, de 1999, é quem irá ampliar de fato os direitos 
sociais. No entanto, esses direitos não têm a proteção da Corte, pois são programáticos e de 
difícil exigibilidade. 
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6. Sistema Interamericano - Estrutura
Comissão interamericana de Direitos Humanos
É um órgão de consulta da OEA na matéria de Direitos Humanos, criado pela Declaração 
Americana de 1948. Tem a função de promover a observância dos direitos humanos no 
Continente Americano. Também tem o papel de receber petições individuais de denúncias 
de violação de Direitos Humanos.
No juízo de admissibilidade, a Comissão deverá analisar, além dos requisitos formais, se 
houve esgotamento das instâncias internas; se foi apresentada dentro do prazo de 6 meses 
contados da data da decisão definitiva, e se não houve litispendência internacional. Sua sede 
é em Washington, EUA. 
Corte Interamericana de Direitos Humanos
É o órgão jurisdicional do sistema interamericano, com sede em San José, na Costa Rica. 
Surge em 1978, criado pela Convenção Americana (Pacto de San José), e por isso dizemos 
que a Corte não é órgão da OEA. 
É composta por 7 juízes, eleitos e de nacionalidades diferentes, que exercem seus mandatos 
por 6 anos. O quórum para decisão é o de 5 juízes. 
A Corte tem competência consultiva (interpretação de dispositivos da Convenção) e 
contenciosa (julgamento de casos concretos trazidos pela Comissão). Esta última, porém, é 
restrita aos Estados que reconheceram de forma expressa a sua competência. 
Como já mencionamos, todos os casos contenciosos são levados para a Corte através da 
Comissão, sendo impossível que se peticione diretamente a ela. Ao julgar um caso, a Corte 
proferirá decisões definitivas e inapeláveis, que independerão de homologação para serem 
reconhecidas na jurisdição interna. 
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7. Tribunais Internacionais na Proteção dos Direitos 
Humanos
Os tribunais internacionais são órgãos jurisdicionais, ou seja, proferem decisões de forma a 
dar respostas definitivas às questões que chegam até eles. 
Temos os seguintes órgãos:
1. Corte Internacional de Justiça
2. Corte Europeia de Direitos Humanos 
3. Corte Interamericana de Direitos Humanos: Já vimos nas aulas anteriores.
4. Corte Africana de Direitos Humanos e dos Povos: Já vimos nas aulas anteriores.
5. Tribunal Penal Internacional
Corte Internacional de Justiça
É um órgão que se encontra a ONU, julgando tão somente Estados. Interessante notar que a 
jurisprudência internacional da Corte não veda a existência de indivíduos na questão, desde 
que haja, sob pano de fundo, a relação entre estados (Ex.: Caso Lagrand – Alemanha x EUA). 
A Corte tem tanto competência consultiva quanto contenciosa, limitada aos Estados que a 
reconheceram expressamente. 
Tribunal Penal Internacional
O Tribunal Penal Internacional (TPI) é uma instituição independente, de jurisdição criminal, 
com sede em Haia, que pune indivíduos (nunca Estados!) que venham a cometer crimes 
de jus cogens, ou seja, aqueles crimes que afetam toda a comunidade internacional, como 
genocídio, crimes de guerra, etc. 
Ele foi criado pelo Estatuto de Roma (1998), e tem como características:
1. Independência: Seu funcionamento não depende de qualquer tipo de ingerência 
externa, podendo, inclusive, demandar nacionais de Estados não partes no Estatuto.
2. Subsidiariedade: Só intervirá se o direito interno for ineficaz na punição do indivíduo. 
3. Justiça Automática: O TPI não depende, para o seu pleno funcionamento, de qual-
quer aceite do Estado da sua competência jurisdicional, operando automaticamente 
desde a data de sua entrada em vigor (01/07/2002).
4. Supranacionalidade: São normas que derrogam (superam) todo tipo de norma de 
Direito interno. 
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8. Tribunais Internacionais na Proteção dos Direitos 
Humanos - Casos da Comissão Interamericana de 
Direitos Humanos
Caso Simone André Diniz vs. Brasil
O caso ocorreu em 1997, então a Comissão não podia submeter o caso à Corte, porque o 
Brasil só reconheceu a competência contenciosa da Corte em 10/12/1998. A Folha de SP 
publicou anúncio de vaga de empregada doméstica com exigência de “cor branca”. Simone 
André Diniz se candidatou e foi recusada por ser negra.
Simone apresentou notitia criminis. Concluída a investigação, o Ministério Público mandou 
arquivar o inquérito, arquivamento que foi homologado pelo juiz. A Subcomissão do Negro da 
Comissão de Direitos Humanos da OAB/SP e o Instituto do Negro Padre Batista denunciaram 
o Brasil na Comissão IDH, alegando que Brasil não garantiu o acesso à justiça e ao devido 
processo legal. 
Foi a primeira vez que um país da OEA foi responsabilizado por racismo, se tornando portanto 
um caso paradigmático na jurisprudência internacional. Além de reparar a vítima, o Estado 
teve que reconhecer publicamente a responsabilidade internacional, prestar apoio financeiro a 
Simone e adotar medidas de capacitação dos funcionários de justiça, além de criar delegacias 
e promotorias especializadas em crimes de racismo. 
Caso dos Meninos Emasculados do Maranhão
Os meninos foram sequestrados, encontrados mortos, com marcas de tortura e emasculação 
dos órgãos genitais. Apesar de ser remetido à Comissão, o Brasil solucionou amistosamente o 
caso antes da análise de mérito por parte do órgão. 
Caso Maria da Penha Maia Fernandes vs. Brasil
Talvez seja esse o caso mais emblemático, dada a repercussão da violência. A farmacêutica 
Maria da Penha sofreu várias tentativas de assassinato por seu então companheiro e recorreu 
ao judiciário para que cessassem as violências domésticas. A demora excessiva da Justiçaem julgar e punir o responsável gerou a responsabilização internacional do Brasil perante a 
Comissão.
Para cumprir uma das recomendações emitidas pela Comissão, foi aprovada a Lei Maria da 
Penha (L. 11.340/06). 
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Caso José Pereira vs. Brasil
É um caso de trabalhos forçados em condições desumanas identificado no Brasil que 
tramitou na Comissão. O caso foi resolvido de forma amistosa pelo Estado brasileiro, que 
assumiu as responsabilidades pela violação, e assumiu compromissos de julgar e punir os 
responsáveis. Esse caso levou à criação da Comissão Nacional de Erradicação do Trabalho 
Forçado (CONATRAE). 
Caso Jailton Neri da Fonseca vs. Brasil
A pessoa em questão foi assassinada em uma ação policial na favela Ramos, no Rio de Janeiro, 
após ser detido sem ordem judicial dias antes. A Comissão reconheceu a responsabilidade do 
Brasil pelas violações e recomendou que fossem tomadas medidas para evitar novos casos 
como esse. 
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9. Tribunais Internacionais na Proteção dos Direitos 
Humanos - Casos da Corte Interamericana de 
Direitos Humanos
Caso Ximenes Lopes vs. Brasil
Esse caso envolveu agressões a pessoa com deficiência. É emblemático pois representou a 
primeira condenação do Brasil na Corte, e também o primeiro caso da Corte sobre violação 
de direitos de pessoas com deficiência mental.
Além disso, importante notarmos que a responsabilidade do Estado foi derivada de atos 
cometidos por particulares, pois foi violado o dever do Estado de fiscalizar as prestações 
privadas de saúde, dever de assegurar proteção de direitos humanos nas relações entre 
particulares. 
Caso Gomes Lund e outros vs. Brasil
Caso de detenção arbitrária de pessoas, tortura e desaparecimentos forçados de pessoas que 
se opunham à Ditadura Militar. A Corte condenou o Brasil pelas violações, problematizando a 
Lei de Anistia que vige no Brasil, e afirmando que não existe hierarquia entre ela e o STF. 
O Estado brasileiro havia alegado em sua defesa que a Corte seria incompetente para julgar 
o caso, uma vez que as violações ocorreram antes da aceitação da competência contenciosa 
pelo Estado brasileiro. A Corte no entanto afastou esse argumento, afirmando sua competência 
em razão de ser esta uma violação permanente. 
Caso Favela Nova Brasília vs. Brasil
O caso envolveu a responsabilidade do Estado por 26 assassinatos sumários praticados por 
agentes da Polícia Civil do Rio de Janeiro entre 1994 e 1995, durante operações policiais na 
Favela Nova Brasília, no Complexo do Alemão. As mortes foram apuradas como “resistência 
à prisão”. 
Foi a primeira condenação recebida pelo Brasil na Corte por violência policial. Dentre as 
recomendações, está a não repetição dos atos, além de medidas reparatórias aos familiares 
das vítimas. 
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