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Controle Estatístico do Processo UNIDADE I 1 Introdução à Qualidade e aos Processos Industriais No mundo comercial atual, os consumidores buscam produtos que atendam às suas expectativas de qualidade. As organizações industriais estão desenvolvendo sistemas cada vez mais complexos e automatizados de controle de qualidade para atender a essa demanda. Este material abordará conceitos importantes sobre Organização e Processos Industriais, bem como aspectos da história da Qualidade, preparando o leitor para os desafios do futuro industrial. 2 O Conceito de Processos Industriais Os processos industriais são definidos como processos de transformação, envolvendo uma sequência contínua de fatos ou fenômenos que se reproduzem com regularidade dentro das indústrias para produção de produtos ou matérias-primas. O modelo de transformação inclui inputs, processo e outputs, com um sistema de controle para monitorar e assegurar a eficácia e qualidade da produção. 1 Inputs Recursos a serem transformados, como matérias-primas, mão de obra, capital e conhecimento técnico. 2 Processo de Transformação Mudança do formato ou composição dos recursos em manufatura, ou criação de serviços. 3 Outputs Produtos finais ou serviços criados, prontos para o consumo ou uso. 3 Evolução dos Processos Industriais A evolução dos processos industriais acompanhou o desenvolvimento da engenharia e foi acelerada com o advento dos computadores e tecnologias de informação. Estamos no limiar da 4ª Revolução Industrial, que promete transformar ainda mais o cenário industrial. 1 1ª Revolução Industrial Introdução de equipamentos mecânicos funcionando com força da água e energia a vapor. 2 2ª Revolução Industrial Produção em massa a partir da segmentação de tarefas e uso de energia elétrica. 3 3ª Revolução Industrial Utilização da TI para produção automatizada. 4 4ª Revolução Industrial Integração de sistemas físicos e digitais, uso de inteligência artificial e internet das coisas. 4 Classificação dos Sistemas de Produção Os sistemas de produção são classificados em três grandes categorias, de acordo com Moreira (2008): Sistemas de Produção Contínua Apresentam uma sequência linear para fazer o produto ou serviço, com produtos padronizados fluindo de um posto de trabalho a outro em uma sequência prevista. Sistemas de Produção Intermitente A produção é feita em lotes. Ao terminar a fabricação de um lote, outros produtos tomam seu lugar nas máquinas, caracterizando uma produção intermitente de cada produto. Sistemas de Produção para Grandes Projetos Cada projeto é único, não havendo um fluxo de produto rigorosamente definido. 5 Focos para Definição do Processo Industrial A definição do processo industrial depende do que a indústria irá produzir e do lote de produção. Os principais focos trabalhados em relação aos volumes de produção e as decisões tomadas em relação ao processo produtivo são apresentados na imagem. Baixo Volume Foco em projetos e processos de jobbing, com alta flexibilidade e customização. Médio Volume Processos em lotes e em linha, equilibrando flexibilidade e eficiência. Alto Volume Produção em massa e contínua, priorizando eficiência e padronização. 6 Ferramentas para Análise de Processo Industrial Existem diversas ferramentas para análise dos processos produtivos, cada uma com sua função específica. Algumas das principais ferramentas incluem: 1 Histograma Representação gráfica da distribuição de frequências dos resultados de medições realizadas sobre um problema. 2 Fluxograma Diagrama que apresenta esquematicamente um processo em estudo. 3 Gráfico de Pareto Utilizado para definir priorização de problemas. 4 Diagrama de Ishikawa Identifica problemas que estão gerando o problema principal. 7 Metodologias de Análise e Solução de Problemas Além das ferramentas de análise, existem metodologias completas para análise e solução de problemas nos processos industriais. Duas das mais importantes são: MASP (Método de Análise e Solução de Problemas) Metodologia com passos predefinidos para identificar o problema, buscar características que prejudicam a solução, testar hipóteses, realizar um plano de ação, verificar a eliminação das causas básicas, padronizar a operação e concluir o trabalho. Seis Sigma (6-σ) Conjunto de práticas desenvolvidas pela Motorola para melhorar sistematicamente os processos ao eliminar defeitos. Utiliza uma abordagem estatística rigorosa para reduzir a variabilidade e melhorar a qualidade. 8 Lean Manufacturing O Lean Manufacturing, também conhecido como Sistema Toyota de Produção, é uma filosofia de gestão focada na redução dos sete tipos de desperdícios: Superprodução Produzir mais do que o necessário ou antes do necessário. Tempo de Espera Períodos de inatividade em que não se agrega valor ao produto. Transporte Movimento desnecessário de materiais ou produtos. Defeitos Produtos que não atendem às especificações ou expectativas do cliente. 9 Ferramentas do Lean Manufacturing O Lean Manufacturing utiliza várias ferramentas para implementar sua filosofia de redução de desperdícios e melhoria contínua. Algumas das principais ferramentas incluem: 1 Kaizen Processos contínuos de análise e melhoria incremental. 2 Kanban Sistema de produção puxada, onde a produção é baseada na demanda real. 3 Poka-Yoke Dispositivos à prova de falhas que previnem erros no processo produtivo. 4 5S Metodologia de organização e padronização do ambiente de trabalho. 10 A Complexidade dos Processos Industriais Os processos industriais podem variar de simples, como a estampagem de uma arruela, a extremamente complexos, como a fabricação de equipamentos eletrônicos, carros ou aviões. Independentemente da complexidade, todos os processos industriais envolvem a transformação de matérias-primas ou componentes em novos produtos, seguindo uma série de operações definidas e controladas. Matéria-Prima Entrada dos recursos a serem transformados. Processo Série de operações de transformação. Produto Final Resultado do processo de transformação. Controle de Qualidade Garantia da conformidade do produto final. 11 A Evolução da Qualidade na Indústria A história da qualidade na indústria é relativamente recente, tendo evoluído significativamente nos últimos 100 anos. Com o surgimento das linhas de produção seriada no início do século XX, a necessidade de garantir a qualidade dos produtos tornou-se cada vez mais importante. Esta evolução pode ser dividida em quatro eras distintas, cada uma com seu próprio foco e abordagem para a qualidade. Vamos explorar como a qualidade se desenvolveu ao longo do tempo e como isso impactou os processos industriais e a gestão das organizações. 12 Era da Inspeção: Foco no Produto 1 Surgimento da Inspeção Com o aumento da produção em série, surge a necessidade de inspecionar os produtos finais. 2 Inspetor em Tempo Integral Durante a Primeira Guerra Mundial, a figura do inspetor em tempo integral é introduzida nas fábricas. 3 Controle da Qualidade Em 1922, a inspeção é formalmente incorporada ao Controle da Qualidade, tornando-se uma responsabilidade gerencial independente. 13 Era do Controle Estatístico da Qualidade Contribuição de W. Edwards Deming Deming identifica problemas na inspeção final dos produtos e propõe uma abordagem preventiva. Walter A. Shewhart Desenvolve métodos estatísticos para controlar as variações do produto e do processo. Foco no Processo A qualidade passa a ser analisada durante o processo produtivo, não apenas no produto final. 14 Era da Garantia da Qualidade 1 Quantificação dos Custos da Qualidade Empresas começam a medir e analisar os custos relacionados à qualidade. 2 Controle Total da Qualidade A qualidade passa a ser responsabilidade de todos os setores da empresa. 3 Técnicas de Confiabilidade Desenvolvimento de métodos para garantir a confiabilidade dos produtos ao longo do tempo. 4 Programa Zero Defeitos Implementação de programas visando eliminar completamente os defeitos na produção.15 Contribuições de Grandes Pensadores da Qualidade W. Edwards Deming Pioneiro na aplicação de métodos estatísticos e na gestão da qualidade total. Joseph M. Juran Desenvolveu a trilogia da qualidade: planejamento, controle e melhoria. Philip B. Crosby Criador do conceito "Zero Defeitos" e da abordagem de prevenção de defeitos. 16 Era da Gestão da Qualidade Total (TQM) Visão Sistêmica A qualidade passa a ser vista como um sistema integrado em toda a organização. Foco no Cliente As necessidades e expectativas dos clientes tornam-se o centro das estratégias de qualidade. Melhoria Contínua Implementação de processos de aprimoramento constante em todos os níveis da empresa. Envolvimento Total Todos os colaboradores são responsáveis pela qualidade, desde a alta direção até o chão de fábrica. 17 Princípios da Gestão da Qualidade Total Liderança da Alta Direção Comprometimento e envolvimento direto da alta gerência nos processos de qualidade. Aprimoramento Contínuo Busca constante por melhorias em todos os aspectos da organização. Desenvolvimento das Pessoas Investimento em treinamento e capacitação dos colaboradores. Sistema de Informações Confiável Implementação de sistemas para coleta e análise de dados precisos sobre qualidade. 18 Mudanças Necessárias para Qualidade de Padrão Mundial Medição de Resultados Benchmarking Sistemas de Reconhecimento Treinamento Gerencial Planejamento Estratégico Novos Indicadores 19 Impacto da Gestão da Qualidade Total nos Negócios Competitividade Aumento da competitividade da empresa no mercado global. Satisfação do Cliente Melhoria significativa na satisfação e fidelização dos clientes. Eficiência Operacional Redução de custos e aumento da eficiência em todos os processos. 20 O Futuro da Qualidade na Indústria 1 Integração com Tecnologias Emergentes Uso de inteligência artificial e big data para aprimorar os processos de qualidade. 2 Sustentabilidade Incorporação de práticas sustentáveis como parte integral da gestão da qualidade. 3 Personalização em Massa Adaptação dos sistemas de qualidade para atender à crescente demanda por produtos personalizados. 4 Qualidade 4.0 Evolução da gestão da qualidade alinhada com os princípios da Indústria 4.0. 21 Introdução ao Controle Estatístico de Processos - CEP O Controle Estatístico de Processos (CEP) é uma ferramenta essencial para garantir a qualidade na produção industrial. Utilizando métodos estatísticos, o CEP permite monitorar e controlar processos, identificando variações e melhorando continuamente a qualidade dos produtos. Este método é crucial para empresas que buscam sobreviver e prosperar em um mercado competitivo, onde a excelência dos produtos é fundamental. 22 Fundamentos do CEP O CEP é uma técnica que coleta, analisa e interpreta dados para resolver problemas específicos na produção. Ele monitora a qualidade em tempo real, descrevendo detalhadamente o comportamento do processo e identificando sua variabilidade ao longo do tempo. O objetivo é controlar o processo através da coleta contínua de dados e da análise e bloqueio de possíveis causas especiais, responsáveis pelas instabilidades. 1 Coleta de Dados Amostragem contínua do processo produtivo 2 Análise Estatística Aplicação de métodos estatísticos aos dados coletados 3 Identificação de Variações Detecção de causas comuns e especiais de variabilidade 4 Ações Corretivas Implementação de melhorias baseadas na análise 23 Importância do CEP na Indústria O CEP é fundamental para manter a competitividade das empresas. Ele permite a redução sistemática da variabilidade nas características de qualidade, contribuindo para a melhoria da qualidade intrínseca, da produtividade, da confiabilidade e do custo de produção. O CEP fornece uma base para melhorar a qualidade de produtos e serviços, reduzindo substancialmente o custo da má qualidade. Melhoria da Qualidade Redução de defeitos e variabilidade Aumento da Produtividade Processos mais eficientes e confiáveis Redução de Custos Menos retrabalho e desperdício 24 Conceitos Estatísticos Básicos no CEP O CEP utiliza diversos conceitos estatísticos fundamentais. Entre eles estão a média, que é o valor central de um conjunto de dados, e o desvio padrão, que mede a dispersão dos resultados. Outros conceitos importantes incluem a amplitude, a aleatoriedade, e as cartas de controle, que são gráficos que mostram a variação de uma característica ao longo do tempo. Média Valor central de um conjunto de dados Desvio Padrão Medida de dispersão dos resultados Amplitude Diferença entre o maior e o menor valor Cartas de Controle Gráficos de variação ao longo do tempo 25 Variabilidade: Causas Comuns e Especiais A variabilidade é inerente a todos os processos produtivos. As causas comuns são fontes de variação inerentes ao processo, atuando de forma aleatória e previsível. Já as causas especiais são fontes externas que provocam alterações significativas no processo, tornando-o imprevisível. Identificar e distinguir entre estes dois tipos de causas é fundamental para o controle efetivo do processo. Identificação Reconhecer padrões de variação Análise Determinar o tipo de causa (comum ou especial) Ação Implementar medidas corretivas apropriadas Monitoramento Acompanhar os resultados das ações 26 Ferramentas do CEP O CEP utiliza diversas ferramentas para análise e controle de processos. Entre as principais estão o fluxograma, o diagrama de Ishikawa, as folhas de verificação, o diagrama de Pareto, o histograma, o diagrama de dispersão e as cartas de controle. Cada ferramenta tem uma função específica na identificação e solução de problemas de qualidade. Fluxograma Mapeia o processo Diagrama de Ishikawa Analisa causas e efeitos Folhas de Verificação Coleta dados estruturados Diagrama de Pareto Prioriza problemas 27 Implementação do CEP A implementação do CEP envolve várias etapas, desde a definição dos processos a serem controlados até a análise contínua dos resultados. É crucial envolver toda a equipe, desde os operadores até a alta gerência. O treinamento adequado e o comprometimento com a melhoria contínua são essenciais para o sucesso do CEP. 1 Planejamento Definir processos e objetivos 2 Treinamento Capacitar a equipe 3 Coleta de Dados Iniciar monitoramento 4 Análise Interpretar resultados 5 Melhoria Contínua Implementar ações corretivas 28 Benefícios do CEP O CEP oferece numerosos benefícios para as organizações. Ele permite a redução de desperdícios, melhora a consistência do produto, aumenta a produtividade e reduz os custos de produção. Além disso, o CEP promove uma cultura de melhoria contínua e ajuda a empresa a atender às expectativas dos clientes de forma mais eficaz. 1 Redução de Desperdícios Minimiza retrabalho e produtos defeituosos 2 Aumento da Produtividade Processos mais eficientes e confiáveis 3 Melhoria da Qualidade Produtos mais consistentes e confiáveis 4 Satisfação do Cliente Atende melhor às expectativas do mercado 29 Desafios na Aplicação do CEP Apesar de seus benefícios, a implementação do CEP pode enfrentar desafios. Entre eles estão a resistência à mudança por parte dos funcionários, a falta de compreensão dos conceitos estatísticos, e a dificuldade em manter o comprometimento a longo prazo. Superar esses desafios requer liderança forte, treinamento contínuo e uma cultura organizacional que valorize a melhoria contínua. Desafio Solução Potencial Resistência à mudança Comunicação clara e envolvimento da equipe Falta de conhecimento estatístico Treinamento contínuo e suporte técnico Manutenção do comprometimento Liderança forte e cultura de melhoria contínua Interpretação incorreta dos dados Ferramentas de análise adequadas e expertise 30 O Futuro do CEP O futuro do CEP está intimamente ligado aos avanços tecnológicos. A integração com sistemas de Inteligência Artificial e Machine Learning promete tornar o CEP ainda mais preciso e preditivo. A análise de big data permitirá insights mais profundose ações corretivas mais rápidas. No entanto, o princípio fundamental do CEP - a busca pela melhoria contínua da qualidade - permanecerá essencial para o sucesso das organizações no futuro. Automação Avançada Robôs e IA na produção Análise de Big Data Insights profundos e preditivos Internet das Coisas Monitoramento em tempo real 31 Ferramentas de Controle O controle é fundamental em todas as áreas da vida humana e especialmente importante nas indústrias. Sem medição e controle dos processos, não existem resultados confiáveis. Este tópico introduz as cartas de controle, base principal do Controle Estatístico de Processo (CEP), e explora como elas podem ser utilizadas para monitorar e melhorar a qualidade dos produtos e processos industriais. 32 Importância do Controle 1 Prevenção de Surpresas O controle evita resultados indesejados, como reprovação em disciplinas ou falhas na produção. 2 Qualidade do Produto Empresas sem controle de processos podem enfrentar problemas de qualidade e resultados financeiros negativos. 3 Melhoria Contínua O controle permite identificar áreas de melhoria e otimizar processos continuamente. 33 Definição de Controle Dicionário Aurélio Domínio ou poder de fiscalizar, inspecionar, administrar determinada coisa. Portal Action Conjunto de decisões que visam a satisfação de padrões ou especificações por parte dos produtos focados no cliente. Aplicação Prática Monitoramento e ajuste de processos para garantir a qualidade do produto final. 34 Causas de Itens Defeituosos Matéria-prima Variações na qualidade ou composição dos materiais utilizados. Equipamento e Ferramental Condições das máquinas e ferramentas utilizadas na produção. Mão de obra e Métodos Habilidades dos operadores e procedimentos de trabalho adotados. 35 Distribuição Normal 1 Conceito Básico A distribuição normal é a mais importante distribuição contínua, utilizada para modelar fenômenos naturais e processos estatísticos. 2 Teorema Central do Limite Garante que a média dos dados converge para uma distribuição normal conforme o número de dados aumenta. 3 Aplicação no CEP Base para o desenvolvimento dos gráficos de controle, permitindo a análise estatística dos processos. 36 Parâmetros da Distribuição Normal Parâmetro Significado Aplicação no Gráfico de Controle Média (μ) Valor central da distribuição Linha média (LM) Desvio Padrão (σ) Medida de dispersão dos dados Limites de controle (LSC e LIC) 37 Gráfico de Controle Coleta de Dados Registro sistemático das medições do processo. Plotagem Representação gráfica dos dados coletados. Análise Interpretação do comportamento do processo ao longo do tempo. Ação Tomada de decisões baseada na análise do gráfico. 38 Interpretação e Uso do Gráfico de Controle Identificação de Padrões Analisar tendências e variações nos dados plotados. Detecção de Anomalias Identificar pontos fora dos limites de controle. Tomada de Decisão Usar as informações para melhorar o processo. Melhoria Contínua Implementar ações corretivas e preventivas baseadas na análise. 39 OBRIGADO 40 image1.png image2.png image3.png image4.png image5.png image6.png image7.png image8.png image9.png image10.png image11.png image12.png image13.png image14.png image15.png image16.png image17.png image18.png image19.png image20.png image21.png image22.png image23.png image24.png image25.png image26.png image27.png image28.png image29.png image30.png image31.png image32.png image33.png image34.png image35.png image36.png image37.png image38.png image39.png image40.png image41.png image42.png image43.png image44.png image45.png image46.png image47.png image48.png image49.png image50.png image51.png image52.png image53.png image54.png image55.png image56.png