Prévia do material em texto
Universidade Federal de Alagoas -UFAL Instituto de Química e Biotecnologia – IQB Cidade Universitária, Tabuleiro dos Martins, CEP: 57072-970, Maceió-Al Disciplina: Laboratório de Química 4 Professora:Marilia Oliveira Fonseca Goulart Arthur Victor Vieira Pinto Davi de Oliveira Silva Erivelton Lázaro Juviniano Costa Keven Ewerton dos Santos SÍNTESE E RECRISTALIZAÇÃO DO ÁCIDO ACETILSALICÍLICO (ASPIRINA) RELATÓRIO DE PRÁTICA Maceió, AL Agosto, 2024 Universidade Federal de Alagoas -UFAL Instituto de Química e Biotecnologia – IQB Cidade Universitária, Tabuleiro dos Martins, CEP: 57072-970, Maceió-Al Arthur Victor Vieira Pinto Davi de Oliveira Silva Erivelton Lázaro Juviniano Costa Keven Ewerton dos Santos SÍNTESE E RECRISTALIZAÇÃO DO ÁCIDO ACETILSALICÍLICO (ASPIRINA) Relatório experimental apresentado à disciplina de Laboratório de Química 4 como requisito avaliativo sob orientação da professora Marilia Oliveira Fonseca Goulart. Maceió, AL Agosto, 2024 SUMÁRIO 1. Introdução…………………………………………………………………….4 2. Objetivo………………………………………………………………………..5 3. Materiais e métodos…………………………………………………………. 5 4. Resultados e discussões……………………………………………………….9 5. Conclusão……………………………………………………………………..15 6. Referências Bibliográficas…………………………………………………...16 1. Introdução O ácido acetilsalicílico, amplamente conhecido como aspirina, é um dos compostos mais notáveis na história da medicina e da química, destacando-se tanto por sua relevância terapêutica quanto por seu impacto social. Desenvolvida no final do século XIX por Felix Hoffmann, um farmacêutico da empresa Bayer, a aspirina surgiu como uma alternativa ao ácido salicílico, que, apesar de eficaz no alívio da dor e da inflamação, causava desconforto gástrico significativo. Hoffmann conseguiu sintetizar o ácido acetilsalicílico em 1897, marcando o início de uma nova era para os analgésicos e anti-inflamatórios. A síntese do ácido acetilsalicílico envolve a reação entre o ácido salicílico e o anidrido acético, em presença de um catalisador ácido, como o ácido sulfúrico. Essa reação é um exemplo clássico de acetilação, onde o grupo acetil do anidrido acético é transferido para o grupo hidroxila do ácido salicílico, formando a aspirina e ácido acético como subproduto. Esta síntese é frequentemente realizada em laboratórios acadêmicos como uma introdução prática às reações de acetilação e à química de ácidos carboxílicos. Contudo, a reação de síntese inicial pode produzir impurezas, incluindo ácido salicílico não reagido e ácido acético. Para garantir a pureza do ácido acetilsalicílico sintetizado, é fundamental realizar um processo de recristalização. Este processo de purificação envolve a dissolução do produto bruto em um solvente adequado sob aquecimento, seguida de um resfriamento controlado para que os cristais puros de aspirina se formem, enquanto as impurezas permanecem em solução. A importância da aspirina transcende sua utilização clínica, pois ela simboliza o avanço da química orgânica e da indústria farmacêutica na melhoria da saúde e da qualidade de vida. Além disso, o estudo da sua síntese e recristalização em laboratórios didáticos oferece aos estudantes uma compreensão prática dos princípios químicos envolvidos, ilustrando a relação entre teoria e prática na obtenção e purificação de compostos orgânicos. Assim, a síntese e recristalização da aspirina não só consolidam o aprendizado de técnicas fundamentais de química, mas também refletem a intersecção entre ciência, saúde e sociedade. 2. Objetivo Sintetizar aspirina a partir da acetilação do ácido salicílico com anidrido acético, utilizando ácido sulfúrico como catalisador e recristalizar a aspirina recém-preparada em laboratório utilizando a técnica de cristalização em macroescala. 3. Materiais e métodos 3.1. Materiais Utilizados ● Ácido salicílico (2,0 g); ● Anidrido acético (5,0 mL); ● Ácido sulfúrico, d = 1,84 (3 gotas); ● Balão de fundo redondo de 50 mL; ● Bastão de vidro; ● Condensador de refluxo; ● Proveta de 10 mL; ● Proveta de 25 mL; ● Pipeta graduada de 5 mL; ● Pipeta de Pasteur; ● Funil de Buchner; ● Kitassato de capacidade 250 mL; ● Cuba de vidro capacidade 250 mL; ● Vidro relógio; ● Agitador/Aquecedor magnético; ● Magneto de agitação; ● Suporte universal, garra e mufa; ● Erlenmeyer de 125 mL; ● Espátula de metal; ● Etanol absoluto (Aproximadamente 2 mL) ● Bomba de vácuo; ● Termômetro; ● Papel de filtro; 3.2. Métodos Parte 1: Síntese do Ácido Acetilsalicílico Inicialmente, foi montado um sistema reacional composto por um balão de uma boca de 50 mL, acoplado a um condensador de refluxo e fixado a uma garra conectada a um suporte universal. Em seguida, foram adicionados 2,01 g de ácido salicílico ao balão reacional, seguido da adição lenta de 5,0 mL de anidrido acético. Após isso, foram cuidadosamente adicionadas 3 gotas de ácido sulfúrico concentrado à mistura. Foram adicionados 2 mL de água destilada ao balão reacional e adicionaram-se mais 40 mL de água destilada. O balão foi imerso em um banho de água, adaptado a um agitador/aquecedor magnético. O sistema reacional foi aquecido a 60 ºC e mantido em agitação por 15 minutos. Após isso o balão foi então removido do banho de água e deixado em repouso sobre a bancada para a formação dos cristais de aspirina. Os cristais formados foram separados por filtração a vácuo e lavados ainda no funil de Buchner, com a adição de alguns mililitros de água destilada após a desconexão do vácuo. O vácuo foi reconectado para secar ao máximo os cristais, que foram então transferidos para um papel de filtro previamente pesado e deixados para secagem ao ar. A massa do produto obtido foi determinada, assim como o rendimento da reação. Parte 2: Recristalização da Aspirina A segunda parte do experimento consistiu na determinação da massa do ácido acetilsalicílico (aspirina) preparado na semana anterior (síntese do ácido acetilsalicílico) utilizando uma balança semianalítica. A massa foi anotada para posterior cálculo do rendimento reacional. Em seguida, o ácido acetilsalicílico bruto foi purificado por recristalização utilizando apenas água (0% de etanol). O sólido foi transferido para um erlenmeyer de 100 mL e adicionou-se até a completa solubilização da aspirina, anotando-se o volume mínimo utilizado. Após a solubilização, a mistura de solvente e aspirina foi aquecida e o material quente foi rapidamente filtrado através de algodão para remover impurezas insolúveis, se necessário. Para a formação dos cristais de aspirina, foi adicionada água. Após a precipitação dos cristais, o material sólido foi filtrado por filtração a vácuo, utilizando água destilada. Finalmente, os cristais foram secos e pesados para o cálculo do rendimento da reação após a recristalização. 3.3. Ficha de Segurança 4. Resultados e Discussões A Síntese do ácido acetilsalicílico, comercialmente conhecido como Aspirina, ocorreu através de uma reação de esterificação entre o ácido salicílico (C7H6O3) e anidrido acético (C4H6O3), conhecido como mecanismo de esterificação de Fischer. Nessa reação também é produzido o ácido acético, como é possível visualizar na figura abaixo: O ácido sulfúrico (H2SO4) não é consumido na reação, e sim apenas realiza a catalisação da mesma, haja visto que a velocidade da reação entre o ácido salicílico e o anidrido acético é lenta. Desta forma, a reação também implica na formação do ácido acético (CH3COOH), como é possível verificar tanto na primeira figura, como também na imagem a seguir que detalha o mecanismo de reação com o efeito catalisador do H2SO4. Após a adição do ácido sulfúrico a solução foi agitada e apresentou caráter turvo como é possível notar na imagem à esquerda na figura 3, sendo assim colocada em aquecimento (banho maria à 60 ºC) por 15 minutos. Após este tempo, a solução perdeu seu caráter turvo (imagem à direita da figura 3) estando límpida, isto ocorre, pois, as reações de esterificação apresentam características endotérmicas e por contadisso o aumento na temperatura favorece a reação em si. Em seguida, a solução foi resfriada à temperatura ambiente visando assim formação de cristais. O produto obtido da reação foi, posteriormente, filtrado a vácuo e pesado, obtendo a massa de 1,45g. Na Tabela a seguir estão presentes as substâncias que envolveram a reação e suas respectivas propriedades físico-químicas, estas serão de suma importância para os cálculos posteriores. Substâncias Presentes na Reação e Suas Propriedades Físico-Químicas Propriedades Físico-Químicas Substâncias Ácido Salicílico Anidrido Acético Ácido Acetilsalicílico Ácido Acético Descrição Física Pó cristalino branco Líquido claro e incolor Pó cristalino branco Líquido claro e incolor Odor Inodoro Forte odor acético Inodoro Odor pungente de vinagre Massa Molecular 138,12 g/mol 102,09 g/mol 180,15 g/mol 60,05 g/mol Densidade Relativa 1,443 g/mL 1,08 g/mL 1,4 g/mL 1,053 g/mL Ponto de Fusão 157-159ºc -73ºC 135ºC 16,6ºC Ponto de Ebulição 256ºC 140ºC 140ºC 118ºC Cálculo da massa do Anidrido Acético: ● Densidade = 1,08 g/mL ● Volume = 5 mL massa = densidade x volume massa = 5,4g Cálculo do reagente limitante e do reagente em excesso: ● Mol do ácido salicílico (C7H6O3): μ = 2,0316g / 138g = 0,0147; ● Mol do anidrido acético (C4H6O3): μ = 5,4g / 102g = 0,0529. Já que estes reagem na proporção 1:1, o reagente limitante é o ácido salicílico, enquanto o anidrido é o reagente em excesso. Portanto, a quantidade de massa em excesso de anidrido foi de 3,9g (5,4g utilizada - 1,5g consumida), desta forma, pode-se calcular o rendimento teórico da reação: ● Rendimento Teórico = 2,0316g (ácido salicílico) × 180,0g/mol / 138,0g/mol = 2,6499 g Tomando como base que a massa do ácido acetilsalicílico pesada após a reação foi de 1,45g, é possível calcular o rendimento real: ● Rendimento Real = 1,45 g (AAS) × 2,6499 g = 54,72% Sendo assim o rendimento real foi de 54,72%, valor este sendo abaixo do que aponta a literatura (60% ou mais, como por exemplo no trabalho de Neto et al., 2012 no qual o rendimento percentual de Aspirina foi calculado em 61,35% ), possivelmente este ocorreu devido a perda durante o aquecimento, filtração ou até mesmo erro no manuseio dos reagentes em questão. É válido destacar que o produto obtido inicialmente estava na forma impura e para isso foi realizado o processo de recristalização. Neste processo, foram geradas 3 amostras diferentes, onde uma contava com a recristalização a partir da adição de água e etanol na proporção 1/1 (Solução 1), outra com etanol a 20% (Solução 2) e uma última apenas com água (Solução 3). Desta forma, o processo de recristalização acabou tomando rumos diferentes para cada amostra onde, por exemplo, na literatura é possível verificar que a presença do etanol favorece uma dissolução mais completa do ácido acetilsalicílico, gerando cristais mais puros (pois as impurezas podem ficar dissolvidas na solução), no entanto a velocidade da reação acaba sendo mais lenta devido a saturação ocorrer mais devagar, ponto este que foi notado ao longo da observação do processo. Outro aspecto importante tange ao tamanho dos cristais, que neste caso está diretamente ligado com a velocidade, quanto mais lenta a reação, maiores e melhor definidos tendem a ser os cristais. A pesagem final dos cristais foi de 0,7830g, tomando como base que a recristalização em questão foi realizada apenas com água (ou seja, sem etanol) desta maneira é possível seguir com os cálculos: Cálculo da massa da Água (Temperatura Ambiente): ● Densidade = 0,9970 g/mL ● Volume = 13 mL massa = densidade x volume massa = 12,961g Cálculo do reagente limitante e do reagente em excesso: ● Mol do ácido acetilsalicílico: μ = 1,45g/180,15g/mol = 0,0080 mol; ● Mol da água: μ = 12,961g / 18,01g/mol = 0,7196 mol. Utilizando a massa do reagente limitante (ácido acetilsalicílico), calculou-se o rendimento teórico da reação: ● Rendimento Teórico=1,45g (ácido acetilsalicílico) × 138,12g/mol/180,15g/mol=1,1117 g. A massa de ácido acetilsalicílico pesada após a reação foi igual a 0,7830 g. Portanto: ● Rendimento Real = (0,7830 g (AAS) / 1,1117 (teórico)) ×100 = 70,43%. Comparativo = (0,7830 g (recristalização) / 1,45g (pré-recristalização)) × 100 = 54% 5. Conclusão Por fim, foi possível aferir, baseando-se nos 3 experimentos feitos com as diferentes proporcionalidades de etanol adicionado, que quanto mais etanol adicionado mais puro vai ser os cristais formados, mas em contraposição, irá ser gerado uma quantidade menor de cristais, necessitando uma grande quantidade da mistura para obter uma quantidade visivelmente favorável para trabalhar. O favorecimento do etanol em dissolver o AAS ajuda no processo de redução de impurezas, visto que boa parte delas ficam dissolvidas na solução, além disso, a massa dos cristais solubilizada somente em água rendeu quase o dobro do procedimento com 20% de etanol, gerando uma diferença de aproximadamente 0,45g, e quadruplicou com o de 50% de etanol, gerando uma diferença de 0,87g em comparação com a solução só de água. Outro ponto importante de citar foi a grande redução do ponto de equivalência, já que esse ponto era de 256°C para o àcido salicílico e o de seu produto, ácido acetilsalicílico, é de apenas 118°C, ademais, seu ponto de fusão também varia muito, sendo do primeiro aproximadamente 158°C e o do segundo é de 16,6°C, revelando que esse processo de reação altera significativamente as propriedades físicas e químicas da substância. Em conclusão, esse trabalho foi de grande importância para o entender prático de quais as melhores técnicas e procedimentos necessários para cada objetivo em laboratório, visto que, é aferível a grande vantagem em usar álcool para a dissolução de impurezas em misturas homogêneas, porém, quando não é de tanta importância a pureza do produto é mais viável economicamente e em relação ao tempo o uso de somente água para uma geração maior de cristais com um nível de pureza reduzido. 6. Referências Bibliográficas Engel, R.G.; Kriz, G. S.; Lampman, G.M.; Pavia, D.L. Química Orgânica Experimental. Tradução da 3ª ed. Norte-americana, São Paulo, Cengage Learning, 2012. Vogel, A. I., Tatchell, A. R., Furnis, B. S., Hannaford, A. J., Smith, P. W. G. Vogel´s Textbook of Practical Organic Chemistry, 5ª ed., Prentice Hall, 1996. Donald L. Pavia; Gary M. Lampman; George S. Kriz; Randall G. Engel. Química Orgânica Experimental, Técnicas de Escala Pequena. 2ª ed., Bookman, 2009. Andraos, J. Dicks, A.P. (2012). Green chemistry teaching in higher education: a review of effective practices. Chemistry Education Research and Practice. 2. Schneider da Luz, Leslie Tauany; Angnes Gomes, Sandra Inês Adams. Avaliação e otimização das condições de obtenção do ácido acetilsalicílico para fins didáticos. Scielo, 2019.