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<p>Farmacobotânica e</p><p>Farmacognosia</p><p>Responsável pelo Conteúdo:</p><p>Prof.ª Esp. Rosana Maria Zanoli</p><p>Revisão Textual:</p><p>Prof. Me. Luciano Vieira Francisco</p><p>Grupos de Metabólitos Secundários de Interesse Farmacêutico</p><p>Grupos de Metabólitos Secundários</p><p>de Interesse Farmacêutico</p><p>• Conhecer os critérios para identificação dos grupos funcionais dos principais metabólitos</p><p>secundários, sua classificação e propriedades farmacológicas e químicas.</p><p>OBJETIVO DE APRENDIZADO</p><p>• Introdução;</p><p>• Óleos Essenciais: Monoterpenos, Sesquiterpenos e Fenilpropanoides;</p><p>• Flavonoides e Taninos;</p><p>• Glicosídeos;</p><p>• Antraderivados;</p><p>• Alcaloides;</p><p>• Polissacarídeos;</p><p>• Testes de Identificação.</p><p>UNIDADE Grupos de Metabólitos Secundários de Interesse Farmacêutico</p><p>Introdução</p><p>Desde a Antiguidade, a biodiversidade, especialmente as floras terrestre e marinha,</p><p>tem sido de fundamental importância para a saúde da humanidade, produzindo subs-</p><p>tâncias das mais variadas classes e estruturas, dotadas de potencial terapêutico, seja de</p><p>forma pura, em misturas ou servindo de inspiração para a síntese de moléculas com</p><p>maior poder terapêutico (CECHINEL FILHO; ZANCHETT, 2020).</p><p>Vimos que o termo “produto natural” abrange derivados de diversas fontes, embora</p><p>utilizemos de forma mais abrangente as plantas, microrganismos e animais, seja o orga-</p><p>nismo inteiro, parte dele ou um derivado de droga são produtos naturais.</p><p>Muitos metabólitos secundários obtidos da biodiversidade marinha são utilizados no</p><p>tratamento de câncer, como os seguintes fármacos:</p><p>• Hemiasterlina, metabólito da espécie Hemiasterella vasiformis var.;</p><p>• o ziconotídeo ou ω-conotoxina MVIIA (Prialt®) é um peptídeo analgésico de 25</p><p>aminoácidos isolado do molusco Conus magnus na década de 1980, é sintetizado a</p><p>partir de aminoácidos, utilizado para paralisar suas presas, as toxinas de Conus têm</p><p>sido estudadas para diversas aplicações na Medicina e são um exemplo da diversi-</p><p>dade de alvos encontrada para os produtos de origem marinha e de sua seletividade</p><p>(COSTA-LOTUFO et al., 2009).</p><p>Devido à sua seletividade em relação ao alvo molecular, o ziconotídeo bloqueia, em concen-</p><p>trações picomolares, o canal de cálcio do tipo N das fibras nociceptivas tipo A-δ e tipo C nas</p><p>lâminas I e II da raiz dorsal do cordão nervoso de mamíferos, apresentando analgesia em</p><p>vários modelos de nocicepção, apresentando extraordinário potencial antinociceptivo das</p><p>ω-contoxinas (o ziconotídeo é mil vezes mais potente do que a morfina).</p><p>Em contraste com os opioides, que são agonistas de receptores acoplados à proteína G e que</p><p>levam à diminuição no número de receptores após tratamento continuado e à consequente</p><p>dessensibilização, o tratamento com ziconotídeo não induz tolerância após uso crônico.</p><p>Leia mais no artigo “Organismos marinhos como fonte de novos fármacos: Histórico &</p><p>perspectivas”, disponível em: https://bit.ly/2ZuaRHM</p><p>De acordo com Lorenzi e Matos (2008), muitas plantas medicinais de uso popular re-</p><p>nomado apresentam propriedades tóxicas, devido a determinados grupos de metabólitos</p><p>secundários, como os alcaloides piperínicos e piperdínicos, justificando o cuidado em</p><p>suas dosagens, sendo importante o conhecimento quanto aos seus efeitos acumulativos</p><p>e a informação sobre a planta ser apropriada para uso interno.</p><p>Estudaremos as principais classes de metabólitos secundários, citando alguns de seus</p><p>representantes, quanto ao seu grupamento funcional, o que os caracteriza nos ensaios</p><p>de controle de qualidade e em atividades farmacológicas.</p><p>8</p><p>9</p><p>Óleos Essenciais: Monoterpenos,</p><p>Sesquiterpenos e Fenilpropanoides</p><p>Fazem parte da classe de metabólitos secundários terpenoides, encontrados majori-</p><p>tariamente em vegetais superiores, mas também em musgos, algas e líquens, segundo</p><p>Sarker e colaboradores (2020), também foram encontrados terpenoides oriundos de</p><p>insetos e microrganismos.</p><p>Quimicamente, os terpenos podem ser definidos como “alcenos naturais”, isto é,</p><p>apresentam uma dupla ligação carbono-carbono sendo caracterizado como um hidro-</p><p>carboneto insaturado. Por outro lado, se um terpeno contém oxigênio, o mesmo é deno-</p><p>minado de terpenoide (FELIPE et al., 2017). Relembrando que os terpenoides são classi-</p><p>ficados de acordo com o número de unidades isoprênicas, conforme a seguinte Tabela:</p><p>Tabela 1</p><p>Tipo de</p><p>terpenoides</p><p>Número de átomos</p><p>de carbono</p><p>Número de</p><p>unidades isoprênicas Exemplo</p><p>Monoterpenos 10 2 Limoneno, mirceno (casca da laranja)</p><p>Sesquiterpenos 15 3 Artemisinina β-sinensal, α-sinensal (casca da laranja)</p><p>Diterpenos 20 4 Forscolina (raiz de Plectranthus forskohlii Willd.)</p><p>Triterpenos 30 6 α-amirina (resina exsudada do tronco da espécie</p><p>Protium heptaphyllum March)</p><p>Tetraterpenos 40 8 β-caroteno (precursor de vitamina A através de</p><p>biotransformação)</p><p>Terpenoides</p><p>poliméricos Vários Vários Borracha natural – látex (extraído da casca do tronco da</p><p>seringueira Hevea brasiliensis (Willd. Ex Adr. De Juss.)</p><p>Fonte: Adaptado de SARKER et al., 2009</p><p>As unidades de isopreno na maioria dos terpenos são fáceis de discernir e são defi-</p><p>nidas pelas áreas sombreadas na Figura 1, em cânfora monoterpênica, as unidades se</p><p>sobrepõem a tal ponto que para distingui-las as cadeias de carbono de carbono estão</p><p>coloridas, assim como para alfa-pineno.</p><p>Figura 1 – Monoterpenos e sesquiterpenos</p><p>Fonte: Adaptado de chem.libretexts.org</p><p>9</p><p>UNIDADE Grupos de Metabólitos Secundários de Interesse Farmacêutico</p><p>Os óleos voláteis são solúveis em solventes orgânicos apolares, como éter; em água, os</p><p>óleos voláteis presentam solubilidade limitada, mas suficiente para aromatizar as soluções</p><p>aquosas, que são denominadas hidrolatos (SIMÕES et al., 2017).</p><p>De acordo com Felipe e colaboradores (2017), odor é a resposta de compostos voláteis</p><p>na via ortonasal após cheirarmos um alimento, sendo o aroma a percepção de voláteis na</p><p>via retronasal a partir da cavidade bucal, os aromas sendo complexos e constituindo-se de</p><p>uma família bastante extensa de voláteis, apresentam como características gerais:</p><p>• Moléculas iguais ou menores a 300 Daltons;</p><p>• Demonstram caráter hidrofóbico, devido à falta de átomos de oxigênio, que estão</p><p>presentes à medida que novas unidades forem adicionadas por ação de determi-</p><p>nadas enzimas;</p><p>• Baixa polaridade;</p><p>• Capazes de ativar os receptores olfativos.</p><p>O número de componentes de um óleo volátil, de acordo com Simões e colaboradores</p><p>(2001), costuma variar de 20 a 200, até o momento, mais de 3.000 substâncias químicas</p><p>distintas foram detectadas em óleos voláteis, sendo hidrocarbonetos terpênicos, álcoois</p><p>simples e terpênicos, aldeídos, cetonas, fenóis, ésteres, éteres, óxidos, peróxidos, furanos,</p><p>ácidos orgânicos, lactonas, cumarinas, até compostos com enxofre.</p><p>Quimicamente a grande maioria dos óleos voláteis é constituída de derivados fenil-</p><p>propanoides ou de terpenoides, de acordo com Simões e colaboradores (2001), estes</p><p>últimos preponderam.</p><p>Monoterpenos</p><p>A unidade isopreno, um hidrocarboneto gasoso C 5 H 8, é emitido pelas folhas de</p><p>várias plantas como um subproduto natural do metabolismo vegetal, sendo um dos com-</p><p>postos orgânicos voláteis mais comum encontrados na atmosfera. Os monoterpenos</p><p>e sesquiterpenos, com estruturas terpênicas de menor massa molecular, apresentam</p><p>volatilidade acentuada, característica relacionada ao aroma, particularmente de frutas</p><p>cítricas, ervas aromáticas, especiarias e condimentos (REUSH, 2019; FELIPE, 2017).</p><p>Você Sabia?</p><p>Que moléculas de tamanho superior aos sesquiterpenos, devido ao tamanho da cadeia,</p><p>praticamente não contribuem com o aroma, embora o catabolismo de tetraterpenos</p><p>(C40) possa fornecer noroisoprenoides de 13 carbonos de importante contribuição para</p><p>o aroma de alguns produtos de origem vegetal (FELIPE, 2017).</p><p>Muitos monoterpenos são constituintes de óleos voláteis – essenciais, como o limoneno,</p><p>presente no limão e linalool, geraniol e citronelol, presentes no óleo de Rosa centifolia.</p><p>Os monoterpenos podem apresentar formas estruturais acíclicas e cíclicas – monocí-</p><p>clicas ou bicíclicas</p><p>(Figura 2), e apresentam ampla gama de atividades biológicas, incluem</p><p>hidrocarbonetos insaturados e seus produtos de oxidação como álcool, aldeídos, cetonas</p><p>e raramente éteres.</p><p>10</p><p>11</p><p>Figura 2 – Exemplos de monoterpenos e sesquiterpenos: acíclico, monocíclico e bicíclico</p><p>Fonte: Adaptado de FELIPE et al., 2020</p><p>Dentre a subclassificação quanto aos grupos funcionais, citamos:</p><p>Álcool Monoterpeno</p><p>O α-terpineol é um óleo essencial encontrado em espécies de plantas tais como,</p><p>Melaleuca alternifolia, Salvia officinalis e Carthamus tinctorius que possui efeito anal-</p><p>gésico, antioxidante, anti-inflamatório, anti-hipertensivo e, principalmente, anticancerí-</p><p>geno, atuando no bloqueio do fator de transcrição NF- kb e sendo aplicado a diferentes</p><p>tipos de cânceres (ROCHA et al., 2019).</p><p>Os álcoois monoterpênicos acíclicos citronelol, geraniol e linalol estão presentes na casa</p><p>da laranja, são utilizados na área de perfumaria, aromas, cosméticos e farmacêutica, inclu-</p><p>sive como adjuvante de bases transdérmicas, conforme o estudo de KOPEČNÁ e colabo-</p><p>radores (2019), esses constituintes aumentaram a permeação de ondansetron, cafeína e</p><p>haloperidol, respectivamente. Os monoterpenos cíclicos borneol, carveol, mentol – álcoois</p><p>monoterpenos e limoneno – hidrocarboneto, foram relatados como potencializadores para</p><p>ibuprofeno, curcumina, indometacina e valsartan.</p><p>Limoneno possui aroma característico de fruta cítrica e α-terpineol, aroma característico</p><p>floral/pinho.</p><p>Figura 3 – Álcool monoterpeno</p><p>Fonte: Adaptado de Wikimedia Commons</p><p>Cetona</p><p>Clarke (2008) descreve os óleos essenciais que contêm grandes quantidades de ce-</p><p>tonas, dentre eles o anis, sálvia, erva-doce, alecrim, cominho, poejo, hortelã-pimenta,</p><p>11</p><p>UNIDADE Grupos de Metabólitos Secundários de Interesse Farmacêutico</p><p>hortelã e endro. A cânfora (Figura 1) e a fenchona (Figura 4) encontradas respectiva-</p><p>mente em Cinnamomum camphora N. e Foeniculum vulgare Mill. – Funcho.</p><p>Figura 4 – Fenchona</p><p>Fonte: Wikimedia Commons</p><p>A cânfora é encontrada em óleos essenciais de folha de árvore canforeira – os óleos</p><p>essenciais da árvore canforeira (Cinnamomum camphora Nees & Eberm, Lauraceae)</p><p>foram extensivamente estudados, o óleo com alto teor de cânfora tem importante ativi-</p><p>dade antifúngica – lavanda, alfazema, alecrim e sálvia. Um composto importante usado</p><p>em muitas aplicações, incluindo preparações médicas, mas é classificado como tóxico</p><p>(FRIZZO, 2000; CLARKE, 2008).</p><p>Figura 5 – Cetona monoterpeno de Perilla frutescens (L.)</p><p>Fonte: pngwing</p><p>Fenóis</p><p>O timol, um fenol monoterpênico natural, não é apenas clinicamente relevante como um</p><p>agente antimicrobiano, antioxidante e anti-inflamatório, mas também tem a perspectiva de</p><p>ser um modelo natural para semissíntese farmacêutica de agentes terapêuticos. É um dos</p><p>principais componentes dos óleos essenciais de muitas plantas (BOYE et al., 2020).</p><p>Figura 6 – Estrutura do monoterpeno fenólico timol e sesquiterpeno</p><p>fenólico carvacrol, presente no tomilho (Thymus vulgaris)</p><p>Fonte: Adaptado de Wikimedia Commons</p><p>Ácidos</p><p>O estudo dos princípios ativos extraídos das flores do piretro (Chrysanthemum</p><p>cinerariaefolium), as piretrinas, tem dado origem a muitas substâncias análogas, mais</p><p>eficientes como inseticidas, que vêm sendo sintetizadas e comercializadas há mais de</p><p>uma década. A molécula original foi modificada para possibilitar a aplicação no cam-</p><p>po, e melhorar seu desempenho como inseticida. Essas substâncias resultantes dessas</p><p>12</p><p>13</p><p>modificações moleculares são conhecidas como piretroides, e recebem nomes comer-</p><p>ciais diversos, como por exemplo bioaletrina, biorresmetrina, transpermetrina, del-</p><p>tametrina, cipermetrina, ciflutrina, flumetrina, fenpropatrin, cialotrina, bifentrina,</p><p>teflutrina, cialotrina, bifentrina etc. (SAITO, 2004).</p><p>OH</p><p>O</p><p>Ácido Crisantémico</p><p>Figura 7 – Ácido monoterpênico</p><p>Fonte: Adaptado de uniiquim.iquimica.unam.mx</p><p>Aldeídos</p><p>Presente na casca de laranja, limão e toranja, o citronelal é um dos aldeídos monoterpe-</p><p>nos, de acordo com Jacob e colaboradores (2016), é encontrado em mais de 50 óleos es-</p><p>senciais, entre eles o Óleo Essencial (OE) de Corymbia citriodora, e o OE de Cymbopogon</p><p>nardus Rendle O (R)-citronelal é produzido industrialmente a partir do mirceno, através do</p><p>processo Takasago, em um total de 2.000 toneladas por ano, constituindo-se como um dos</p><p>principais terpenos de interesse industrial.</p><p>Citronelal</p><p>C = 0</p><p>H</p><p>H3C CH3</p><p>CH3</p><p>Figura 8 – Aldeído monoterpeno citronelal</p><p>O mirceno é um hidrocarboneto monoterpeno, presente no manjericão, cannabis,</p><p>ylang-ylang, louro, dentre outras espécies.</p><p>Monoterpene: Myrcene</p><p>CH3H3C</p><p>CH2</p><p>Figura 9 – Hidrocarboneto monoterpeno mirceno</p><p>13</p><p>UNIDADE Grupos de Metabólitos Secundários de Interesse Farmacêutico</p><p>Flavonoides e Taninos</p><p>Flavonoides</p><p>Embora os flavonoides sejam quase ausentes em fungos, algas, briófitas e pteridó-</p><p>fitas, sua importância nas angiospermas é grande, estão envolvidos principalmente na</p><p>sinalização entre plantas e outros organismos e na proteção contra Ultravioleta (UV).</p><p>No que se refere à sinalização entre plantas e outros organismos, pode se incluir nesse</p><p>item a relação entre os vegetais e seus agentes polinizadores, sendo a coloração das</p><p>flores um dos principais atrativos (PERES, 2004).</p><p>Estruturalmente os flavonoides são derivados de um fenilpropano, proveniente da</p><p>via do ácido chiquímico e da via do acetato/malonato (rota mista), sendo amplamente</p><p>encontrados em vegetais superiores, em alguns inferiores e algas.</p><p>O esqueleto básico desta classe de compostos é de carbônico C6-C3-C6, apresentan-</p><p>do a peculiaridade de possuir anéis aromáticos formadas por rotas distintas:</p><p>• A porção C6-C3 (anel fenólico-propanoídica – anéis B e C), proveniente da via</p><p>chiquimato (Figura 10);</p><p>• Sendo formado o anel A constituído por 3 moléculas acetato condensadas, prove-</p><p>nientes da via acetato-malonato (Figura 10).</p><p>A biossíntese geral dos flavonoides tem como intermediário central o p-cumaroil-</p><p>-CoA, que será alongado pela condensação de três unidades de malonil-CoA. A cicliza-</p><p>ção resultando na formação do anel A produz a chalcona, que em condições fisiológicas,</p><p>tende espontaneamente à flavona racêmica (UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO, 2017).</p><p>7</p><p>6</p><p>8 1</p><p>5</p><p>4</p><p>3</p><p>2</p><p>6’</p><p>5’</p><p>1’</p><p>2’ 3’</p><p>4’</p><p>C</p><p>B</p><p>O</p><p>A</p><p>Figura 10 – O esqueleto básico dos flavonoides</p><p>Fonte: Adaptado de Universidade de São Paulo, 2017</p><p>Para ocorrer síntese de flavonoides, a ação de duas enzimas, em particular, é primor-</p><p>dial, considerando:</p><p>• Ação da fenilalanina amônio liase (PAL), pois o fenilpropanoide que fará parte</p><p>da construção de uma molécula de flavonoide deriva do ácido transcinâmico, o qual</p><p>é formado a partir da fenilalanina pela ação da PAL, como já citamos;</p><p>• Atuação da Chalcona Sintase (CHS), nem todas as espécies produzem esta enzi-</p><p>ma, neste caso, se a planta produzir a enzima estilbeno sintase, ocorre a formação</p><p>de estilbenos, precursores de resveratrol.</p><p>14</p><p>15</p><p>4 – Coumaroil-CoA + Malonoil-CoA Estilbenos</p><p>(Resveratrol)</p><p>Chalcona</p><p>Isoflavonoides</p><p>Flavonois</p><p>Antocianinas</p><p>Taninos condensados</p><p>CHS</p><p>HO OH OH</p><p>OH</p><p>OH O</p><p>STS</p><p>Figura 11 – Biossíntese de fl avonoides. A enzima Chalcona Sintase (CHS) é a principal</p><p>enzima envolvida na biossíntese de antocianinas, isofl avonoides e taninos</p><p>Fonte: Adaptado de PERES, 2004</p><p>Peres (2004) destaca a importância da enzima CHS que haja formação de impor-</p><p>tantes flavonoides como as antocianinas, os flavonóis, os taninos condensados e os</p><p>isoflavonoides (Figura 11). Os flavonóis são os próprios precursores de antocianinas e</p><p>dos taninos condensados.</p><p>Chalconas são bioprecursoras dos flavonoides e apresentam uma estrutura básica de</p><p>[1,3-difenil-2-propen-1-ona] (Figura 12) sendo, portanto, cetonas aromáticas que ocor-</p><p>rem naturalmente, consistindo em um sistema de carbonila α, β-insaturado que une dois</p><p>anéis aromáticos (FERREIRA et al., 2018).</p><p>As chalconas constituem uma classe de flavonoides de cadeia aberta, abundantemente</p><p>encontradas em plantas das famílias Leguminosae, Compositae e Moraceae, presentes</p><p>em</p><p>frutas, vegetais como cebola e brócolis, grãos, raízes, flores, chás, vinhos, dentre outros.</p><p>Uma característica marcante das chalconas é a coloração amarela conferida às pé-</p><p>talas de algumas flores de plantas de uso medicinal, auxiliando também na polinização.</p><p>4’</p><p>3’</p><p>2’</p><p>1’</p><p>5’</p><p>6’</p><p>1</p><p>2</p><p>3</p><p>4</p><p>5</p><p>6</p><p>0</p><p>Figura 12 – Estrutura básica de chalcona</p><p>Fonte: Adaptado de FERREIRA et al., 2018</p><p>As antocianinas, de acordo com Sarker e colaboradores (2009), é um produto da</p><p>biossíntese de flavonoides, sendo pigmentos responsáveis por uma grande variedade de</p><p>15</p><p>UNIDADE Grupos de Metabólitos Secundários de Interesse Farmacêutico</p><p>cores nas plantas, desde o vermelho, ao roxo e azul, estruturalmente as antocianinas são</p><p>glicosídeos de flavonoides, sua aglicona é conhecida como antocianidina.</p><p>HO</p><p>OH</p><p>OH</p><p>OH</p><p>OH</p><p>O7</p><p>8</p><p>9</p><p>1</p><p>6</p><p>5</p><p>10</p><p>2</p><p>4</p><p>2’</p><p>3’</p><p>4’</p><p>5’</p><p>6’</p><p>1’</p><p>3</p><p>A</p><p>B</p><p>C</p><p>O</p><p>Figura 13 – Estrutura do flavonol quercetina</p><p>Fonte: Adaptado de VILANOVA et al., 2016</p><p>Os isoflavonoides são também conhecidos como fitoalexinas, ou seja, uma classe de</p><p>compostos com ação de antipatógenos (por exemplo, medicarpina) ou inseticida (por</p><p>exemplo, rotenoides) (PERES, 2004).</p><p>As atividades bioquímicas dos flavonoides e de seus metabólitos dependem da estru-</p><p>tura química, que podem variar, sendo elas: flavonas, flavanonas, flavonóis, di-hidrofla-</p><p>vonóis, chalconas, auronas, di-hidro-chalconas, isoflavonas, isoflavononas, neoflavonas,</p><p>leucoantocianidinas e antocianidinas. A existência da diversidade estrutural dos flavonoi-</p><p>des é explicada pelas modificações que tais compostos podem sofrer, tais como hidroxi-</p><p>lação, metilação, acilação, glicosilação, entre outras (VILANOVA et al., 2016).</p><p>Figura 14 – Diferentes classes de flavonoides</p><p>Fonte: Adaptado de Universidade de São Paulo, 2017</p><p>Taninos</p><p>Conhecedores da classificação dos taninos em hidrolisáveis e condensados e as dife-</p><p>renças entre ambos quando tratados com ácidos ou enzimas, sendo os hidrolisáveis, como</p><p>16</p><p>17</p><p>o próprio nome descreve, são divididos em moléculas mais simples, enquanto os con-</p><p>densados geram complexos insolúveis em água, sendo mais resistentes à fragmentação,</p><p>tendem a se polimerizar em substâncias vermelhas insolúveis, chamadas de flobafenos.</p><p>Essas substâncias são responsáveis pela coloração vermelha de diversas cascas de plantas.</p><p>As moléculas de tanino condensado estão relacionadas com os pigmentos flavonoi-</p><p>des, tendo uma estrutura “polimérica” do flavan-3-ol, como a catequina, ou do flavan-3,</p><p>4-diol, da leucocianidina, enquanto os taninos hidrolisáveis são compostos por ácidos</p><p>como fenólicos, como o gálico, unidos a um resíduo de glicose central.</p><p>Os taninos condensados são compostos fenólicos solúveis em água com massa molecular</p><p>entre 500 a 3.000 Daltons. Esses compostos são responsáveis pela adstringência de muitos</p><p>frutos. Taninos são defesas contra pragas pois eles se ligam a proteínas digestivas dos insetos.</p><p>Esses compostos também são denominados protoantocianidinas devido ao fato de produzi-</p><p>rem pigmentos avermelhados (antocianidinas), após degradação (PERES, 2004).</p><p>Segundo a Sociedade Brasileira de Farmacognosia (SBFgnosia), são encontrados taninos</p><p>nas espécies de barbatimão (cascas de caule Stryphnodendron barbatimam Mart., Fabaceae);</p><p>hamamelis (folhas de Hamamelis virginiana L., Hamamelidaceae), goiabeira (folhas de</p><p>Psidium guajava L. Myrtaceae) e espinheira-santa (folhas de Maytenus sp., Celastraceae).</p><p>Sobre os taninos, leia o artigo intitulado “Taninos: uma abordagem da Química à Ecologia”.</p><p>Disponível em: https://bit.ly/3ulH2Y3</p><p>Sesquiterpenos</p><p>Sobre os sesquiterpenos temos o seguinte:</p><p>• Compostos até 25 carbonos são formados pela adição sequencial de derivados de Piro-</p><p>fosfato De Isopentanila (IPP) a uma unidade inicial de Dimetilalilpirofosfato (DMAPP);</p><p>• A adição de Pirofosfato de Isopentanila (IPP) ao Geranil Pirofosfato (GPP) produz o</p><p>Farnesilpirofosfato (FPP) (Figura 15), o qual pode ser ciclizado por várias enzimas</p><p>ciclase, levando à produção de sesquiterpenos, como o α-bisabolol – anti-inflama-</p><p>tório, presente na camomila (Matricaria recutita), e artemisina – antimalárico, pre-</p><p>sente na Artemísia annua.</p><p>Figura 15 – Formação do Pirofosfato de Farnesilo (FPP), precursor dos sesquiterpenos C1</p><p>Fonte: Adaptado de NABAIS, 2008</p><p>17</p><p>UNIDADE Grupos de Metabólitos Secundários de Interesse Farmacêutico</p><p>As variações estruturais dos sesquiterpenos, de acordo com Simões e colaboradores (2001),</p><p>são da mesma natureza que das citadas em monoterpenos, podendo ser acíclicos, como o</p><p>farnesol, monocíclicos ou bicíclicos, como o cariofileno, ou lactonicas sesquiterpênicas.</p><p>São exemplos de sesquiterpenos e seus característicos aromas:</p><p>• Farneseno (“diesel da cana”) (Figura 16);</p><p>• Nootkatona (aroma característico de toranja);</p><p>• Bisabolol (essência de camomila).</p><p>Em 10 de agosto de 2020, o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos Estados</p><p>Unidos divulgou o desenvolvimento e registro do nootkatone pela Agência de Proteção Am-</p><p>biental (EPA) para uso em inseticidas e repelentes de insetos.</p><p>O nootkatone repele e mata carrapatos, mosquitos e uma ampla variedade de outras pragas</p><p>que picam e é o responsável pelo cheiro e sabor característicos da toranja, sendo ampla-</p><p>mente utilizada na indústria de fragrâncias. Pode ser encontrada em quantidades mínimas</p><p>nos cedros amarelos do Alasca e na casca da toranja. Disponível em: https://bit.ly/3qMNCoq</p><p>Os sesquiterpenos podem ter vários tipos estruturais, Sarker e colaboradores (2009)</p><p>apresentam alguns exemplos:</p><p>Farnesol</p><p>Com o aumento do comprimento da cadeia, o número de possíveis ciclizações e</p><p>modificações secundárias aumenta consideravelmente o que se manifesta numa grande</p><p>quantidade de sesquiterpenos isolados. Os mais numerosos são os cíclicos, embora se</p><p>conheçam também alguns lineares como o farnesol, álcool sesquiterpênico acíclico,</p><p>formado por hidrólise de FPP, que se encontra nas sementes de Hibiscus abelmoschus</p><p>e em muitas flores (NABAIS, 2008).</p><p>H</p><p>Figura 16 – Trans-beta-farneseno, estrutura acíclica tipo farnesano simples</p><p>(atividade: potente repelente de afídios, presente no lúpulo e batata-doce)</p><p>Fonte: Adaptado de pubchem.ncbi.nlm.nih.gov</p><p>Alguns sesquiterpenos acíclicos podem conter anéis furano ou epóxidos – um cíclico</p><p>éter, no qual o oxigênio é um dos átomos do anel de três membros, caso das estruturas</p><p>da davanona, ipomearona.</p><p>Figura 17 – Sesquiterpenos acíclicos</p><p>Fonte: Adaptado de NABAIS, 2008</p><p>18</p><p>19</p><p>O ácido abscísico, um fito-hormônio, representa os sesquiterpenos cíclicos, presente</p><p>em pequenas quantidades em todas as plantas verdes e em cogumelos.</p><p>A β-ionona, com estrutura relacionada à anterior e que podemos considerar um ses-</p><p>quiterpeno degradado (C13), é um dos principais constituintes da essência das flores de</p><p>violeta, Viola odorata. O cingibereno encontra-se entre os componentes destilados das</p><p>raízes secas de gengibre, Zingiber officinale; utiliza-se como aroma (NABAIS, 2008).</p><p>Figura 18 – Sesquiterpenos cíclicos</p><p>Fonte: Adaptado de NABAIS, 2008</p><p>Sarker e colaboradores (2009) citam algumas das inúmeras fontes botânicas e seus</p><p>componentes principais sesquiterpenos, respectivamente:</p><p>• Tanaceto (Tanacethum parthenium): farneseno, germacreno D, paternolida;</p><p>• Canela (Cinnamomum zelanicum): ß-cariofileno;</p><p>• Cravo (Syzygium aromaticum): ß-cariofileno;</p><p>• Lúpulo (Humulus lupulus): humuleno;</p><p>• Erva-de-santa-maria (Artemisia cinia): α-santonina;</p><p>• Valeriana (Valeriana officinalis): valeranona;</p><p>• Açafrão-da-terra (Cúrcuma longa): curcumenona, curcumabranol A, curcuma-</p><p>branol B, cuzerenona, ß-elemeno.</p><p>Importante!</p><p>A evidente a relação entre a forma estrutural das moléculas e suas propriedades biológicas,</p><p>demonstrando a importância do conhecimento das propriedades enantioméricas de dife-</p><p>rentes compostos.</p><p>Isômeros ópticos podem conferir nota aromática completamente diferente uma da outra,</p><p>podendo apresentar forte influência em outras propriedades biológicas, como as proprie-</p><p>dades farmacológicas (FELIPE et al., 2017).</p><p>Fenilpropanoides</p><p>Vimos que os fenilpropanoides se formam a partir da via do ácido chiquímico, for-</p><p>mando suas unidades básicas de ácidos cinâmico e p-cumárico. Simões e colaboradores</p><p>(2001) descrevem que por meio de reações enzimáticas de redução, oxidação e cicliza-</p><p>ção, produzem benzenos com diferentes radicais (através de redução e oxidação), aldeí-</p><p>dos aromáticos (através da oxidação) e cumarinas (através da ciclização).</p><p>19</p><p>UNIDADE Grupos de Metabólitos Secundários de Interesse Farmacêutico</p><p>Através da desaminação da fenilalanina pela enzima fenilalanina Amônia Liase (PAL),</p><p>ocorre a formação de ácido transcinâmico, o qual dará origem a:</p><p>• Compostos fenólicos, como o ácido benzoico;</p><p>• Ácido p-cumárico, dará origem ao ácido cafeico e as cumarinas.</p><p>A redução do grupo ácido carboxílico presente no ácido cinâmico produz um alde-</p><p>ído (por exemplo, cinamaldeído), seguido de outras reações, envolvendo enzimas, e a</p><p>redução adicional produz monolignóis como os fenilpropenos (por exemplo, eugenol e</p><p>safrol). Os fenilpropanoides naturais e sintéticos estão sob uso medicinal atual por suas</p><p>propriedades farmacológicas (SÁ et al., 2014; SILVA et al., 2014).</p><p>De acordo com Sarker e colaboradores (2009), os fenilpropropanos são compostos</p><p>aromáticos com uma cadeia lateral propila unida ao anel benzeno; são abundantes em</p><p>vegetais superiores, sobretudo nas que produzem óleos essenciais, como a canela, que</p><p>produz cinamaldeído, o funcho que produz eugenol e o anis estrelado produz altas quan-</p><p>tidades de anetol, todos possuindo a estrutura fenilpropano aromática.</p><p>Importante!</p><p>Figura 19 – Eugenol, cadeia lateral propil unida ao anel benzeno</p><p>Fonte: Adaptado de Wikimedia Commons</p><p>Figura 20 – Cinamaldeído</p><p>Fonte: Adaptado de Wikimedia Commons</p><p>Figura 21 – Ácido salicílico</p><p>Fonte: Adaptado de Wikimedia Commons</p><p>O grupamento funcional aldeído possui uma carbonila ligado a um átomo de hidrogênio,</p><p>sendo muito utilizado na indústria de cosméticos e aromas.</p><p>O grupamento funcional carboxílico possui uma Hidroxila (OH) ligada a uma carbonila</p><p>na extremidade da cadeia, presente nos ácidos orgânicos, como o ácido acético, compo-</p><p>nente do vinagre, ácido salicílico, utilizado na indústria farmacêutica e cosmética.</p><p>20</p><p>21</p><p>Em síntese, utilizamos a exemplificação da Sociedade Brasileira de Farmacognosia</p><p>(SBF) sobre a constituição química dos óleos essenciais (Figura 22), como a mistura</p><p>de compostos encontrados em diferentes concentrações de hidrocarbonetos terpênicos,</p><p>álcoois simples e terpênicos, aldeídos, cetonas, fenóis, ésteres, éteres, óxidos, peróxidos,</p><p>furanos, ácidos orgânicos, lactonas, cumarinas até compostos com enxofre, de deriva-</p><p>dos terpênicos são mentol (1), funchona (2), citronelol (3) e borneol (4) e dos derivados</p><p>do fenilpropano como o anetol (5), o eugenol (6) e o aldeído cinâmico (7).</p><p>Finalizando, lembramos que nas drogas aromáticas, os óleos essenciais são encon-</p><p>trados em diferentes órgãos vegetais, em espécies pertencentes a gêneros e famílias</p><p>diversas, sendo armazenados em estruturas especializadas denominadas aparelhos se-</p><p>cretores: tricomas – pelos glandulares –; células modificadas do parênquima, em canais</p><p>secretores e em bolsas secretoras.</p><p>OH</p><p>OH</p><p>OH</p><p>O</p><p>CHO</p><p>H</p><p>1 2 3 4</p><p>5 6 7</p><p>H3CO H3CO</p><p>CH2OH</p><p>Figura 22 – Exemplos de derivados terpênicos e fenilpropanoides</p><p>Fonte: Adaptado de sbfgnosia.org</p><p>Glicosídeos</p><p>São compostos que liberam açucares quando sofrem hidrólise, são formados por uma</p><p>porção açúcar – glicona – e uma porção não açúcar – aglicona ou genina.</p><p>De acordo com Sarker e colaboradores (2009), a parte aglicona pode ser formada a</p><p>partir de fenóis, álcoois esteroides e terpenoides, formando glicosídeos diferentes de for-</p><p>ma abundante no reino vegetal como, por exemplo, a hidrólise de salicina produz uma</p><p>unidade glicose e álcool salicílico.</p><p>Relembre seus conhecimentos das disciplinas de Química Orgânica, Bioquímica e as rotas</p><p>biossintéticas de metabólitos secundários para perceber a variedade de compostos que po-</p><p>dem ser biossintetizados na natureza. A respeito de glicosídeos, como ocorre a união da</p><p>parte glicona e aglicona e qual é a via de biossíntese utilizada?</p><p>Sarker e colaboradores (2009) esclarecem que a aglicona e glicona são biossintetizadas sepa-</p><p>radamente, cada classe de composto conforme as vias estudadas, e que o acoplamento do</p><p>açúcar e aglicona ocorre com a união da porção açúcar à aglicona através de um átomo de</p><p>Oxigênio (O-glicosídeo) – mais comum –, de carbono (C-glicosídeo), nitrogênio (N-glicosídeo)</p><p>ou enxofre (S-glicosídeo).</p><p>21</p><p>UNIDADE Grupos de Metabólitos Secundários de Interesse Farmacêutico</p><p>Podemos encontrar nas literaturas de Farmacognosia, Botânica e Fitoterapia várias</p><p>classificações para os glicosídeos, segundo as seguintes características:</p><p>• A estrutura do açúcar presente, ou seja, contendo glicose, será glicosídeo, contendo</p><p>frutose, será chamado de frutosídeo, e assim por diante;</p><p>• A estrutura da aglicona presente, por exemplo, para glicosídeos que contenham</p><p>antraquinona, serão nomeados de glicosídeos antraquinônicos;</p><p>• As propriedades ou funções características dos glicosídeos como, por exemplo,</p><p>quando os glicosídeos liberam ácido cianídrico (HCN) ao sofrerem hidrólise são</p><p>chamados de glicosídeos cianogênicos, e os que atuam sobre o músculo cardíaco</p><p>denominamos glicosídeos cardíacos.</p><p>Glicosídeos Antracênicos/Antraquinônicos</p><p>Os açucares mais comuns presentes nesses glicosídeos são a glicose e ranose, de acordo</p><p>com Sarker e colaboradores (2009), são substâncias coloridas e componentes ativos de vários</p><p>extratos brutos, sobretudo com propriedades laxativas e purgativas, sendo encontradas em</p><p>várias espécies vegetais, como em Cassia senna ou Cassia angustifolia, Rhamus purshianus,</p><p>Rheum palmatum, Aloe vera e por microrganismos, como Penicillium e Aspergillus.</p><p>As agliconas são derivadas de antracênicos, sendo a maioria antraquinônica (Figura 23),</p><p>as quais aumentam a ação peristáltica no intestino grosso; seu uso frequente deve ser evita-</p><p>do, devido ao risco de causar tumores intestinais, sendo comum o uso prolongado em fór-</p><p>mulas magistrais de aloína (produzida por Aloe vera) e cascara sagrada (Rhamus purshianus)</p><p>e a venda livre da droga vegetal em rasuras e formas farmacêuticas distintas de sene (Cassia</p><p>angustifólia) em drogarias.</p><p>O</p><p>O</p><p>1</p><p>2</p><p>3</p><p>4</p><p>9 8</p><p>7</p><p>6</p><p>510</p><p>Figura 23 – Antraceno e antraquinona, respectivamente</p><p>Fonte: Adaptado de Wikimedia Commons</p><p>Glicosídeos Cardiotônicos</p><p>Estruturalmente a aglicona desse glicosídeo é derivada biossinteticamente de unidades</p><p>isoprênicas, a outra classe de glicosídeos isoprenoides são as saponinas.</p><p>Drogas cardioativas possuem em sua composição glicosídeos cardiotônicos, que são</p><p>compostos que atuam diretamente no miocárdio, com efeito específico sobre a contração</p><p>miocárdica e a condução atrioventricular, sendo utilizados principalmente no tratamento</p><p>da insuficiência cardíaca congestiva.</p><p>Quimicamente, as agliconas (ou geninas) desse grupo são esteroides, caracterizando-se</p><p>pelo núcleo fundamental do ciclopentanoperidrofenantreno e são divididas em dois grupos</p><p>22</p><p>23</p><p>de acordo com a cadeia lateral com anel lactônico, insaturado ligado ao C-17: pentacíclico</p><p>(cardenólido) ou hexacíclico (bufadienólido), indicados nas estruturas a seguir. Os glicosí-</p><p>deos do grupo cardenólido são os mais importantes na medicina (SARKER et al., 2009).</p><p>A glicona, ligada na aglicona em C-3 beta, é composta de até quatro unidades de açú-</p><p>car, incluindo glicose e ramnose juntamente com outros desoxiaçúcares, por exemplo,</p><p>digitoxose e cimarose.</p><p>A ação farmacológica é observada quando o princípio ativo está sob a forma de glico-</p><p>sídeo; a atividade inata reside nas agliconas (geninas), mas os açúcares conferem maior</p><p>solubilidade e aumentam o poder de fixação dos glicosídeos ao músculo cardíaco. A droga</p><p>exibe como efeito a soma da ação dos vários constituintes ativos que são de difícil separação.</p><p>De acordo com Sarker e colaboradores (2009), foi constatado que o anel lactona é</p><p>essencial para a ação farmacológica,</p><p>a orientação dos grupos 3-OH é também um fator</p><p>importante e deve ser ß para que a atividade seja mais acentuada.</p><p>A digitoxina e a digoxina – cardenolídeos, isoladas da Digitalis pupurea e Digitalis</p><p>lanata, respectivamente, são os cardiotônicos mais importantes, sendo esses compostos</p><p>encontrados também em Scilla (jacinto-dos-campos).</p><p>O</p><p>O</p><p>O</p><p>O</p><p>H</p><p>H</p><p>açúcar –O</p><p>cardenólido bufadienólido</p><p>Figura 24 – Agliconas cardenolídeo e bufadienolíeo</p><p>Fonte: Adaptado de sbfgnosia.org</p><p>O índice terapêutico de todos os fármacos cardiotônicos é aproximadamente o mesmo,</p><p>e a margem de segurança é pequena, pois a dose terapêutica é apenas 50 a 60% inferior à</p><p>dose tóxica; além disso, a digitoxina apresenta maior tempo de meia-vida, principalmente</p><p>se comparada ao tempo de meia-vida da digoxina, e por ser eliminada mais lentamente do</p><p>organismo, resultando em maior duração da toxicidade. Superdoses ou uso prolongado de</p><p>glicosídeo digitálico levam à intoxicação por digitálicos (YANO et al., 2005).</p><p>Saponinas</p><p>As saponinas fazem parte do grupo dos glicosídeos isoprenoides, sendo a aglico-</p><p>na derivada biossinteticamente de unidades isoprênicas; produzem espuma em solução</p><p>aquosa quando são agitadas, tendo alta polaridade, devido à presença dos açúcares.</p><p>A aglicona desse glicosídeo é denominada sapogenina, a qual pode ser um esteroide</p><p>ou triterpenoide (2 sesquiterpenos = 15 + 15 C), de acordo com Sarker e colaboradores</p><p>(2009), sendo os tipos principais de sapogenina esteroide a diosgenina e hecogenina.</p><p>De acordo com Peres (2004), nas plantas, as saponinas desempenham um importante</p><p>papel na defesa contra insetos e microrganismos, ocorre de diversas formas, entre elas:</p><p>23</p><p>UNIDADE Grupos de Metabólitos Secundários de Interesse Farmacêutico</p><p>• A complexação das saponinas com esteroides dos fungos, tornando-os indisponí-</p><p>veis, devido à sua ação tensoativa (molécula possui parte polar e apolar);</p><p>• As plantas também podem desenvolver saponinas como análogos de hormônios</p><p>esteroides de insetos. Esses análogos, denominados fitoecdisonas, interferem no</p><p>desenvolvimento dos insetos, tornando-os estéreis.</p><p>As saponinas esteroides são utilizadas para sintetizar hormônios animais, a diosge-</p><p>nina, derivada de Dioscorea macrostachya (inhame), é isolada para síntese e produção</p><p>industrial da progesterona (Figura 25).</p><p>Figura 25 – Estrutura química da sapogenina diosgenina e do hormônio esteroidal progesterona</p><p>Fonte: Acervo da conteudista</p><p>Quanto às saponinas triterpenoides, temos como exemplo a raiz de alcaçuz (Glycyrrhiza</p><p>glabra), contendo derivados do ácido glicirrizínico, utilizados como expectorante e aromatizante.</p><p>Antraderivados</p><p>Lembre-se que a biossíntese das antraquinonas pode ocorrer por duas vias, ace-</p><p>tato/malonato, segundo Sarker e colaboradores (2009), em famílias Polygonaceae e</p><p>Rhamanaceae, ou através da via mista – ácido chiquímico/acetato, como ocorre nas</p><p>famílias Rubiaceae e Gesneriaceae.</p><p>As antraquinonas são grupos aromáticos simples, ocorrendo pela via acetato/malo-</p><p>nato e formando policetídeos (grande quantidade de grupos ceto), não havendo redução</p><p>desses grupos, a molécula dobra-se sobre ela mesma, formando os anéis aromáticos.</p><p>Caso ocorra a redução desses grupos são formados acetogeninas – possuem anel lactô-</p><p>nico terminal – e ácidos graxos.</p><p>Os derivados antraquinônicos são frequentemente compostos alaranjados, algumas vezes</p><p>observados in situ, como nos raios parenquimáticos do ruibarbo e cáscara-sagrada. São ge-</p><p>ralmente solúveis em água quente ou álcool diluído. Podem estar presentes nos fármacos na</p><p>forma livre ou na forma de glicosídeo – glicosídeos antracênicos/antraquinônicos – citados</p><p>anteriormente neste Material Teórico.</p><p>Alcaloides</p><p>Na sua grande maioria os alcaloides possuem caráter alcalino, já que a presença do</p><p>átomo de Nitrogênio (N) representa um par de elétrons não compartilhados, caracterís-</p><p>tica que indica a sua origem química e o nome “alcaloide” – provém do termo “alcalino”.</p><p>24</p><p>25</p><p>Desse modo, quase a totalidade dos alcaloides é derivada de aminoácidos, como a</p><p>ornitina, a lisina, a tirosina e o triptofano. Contudo, existem alcaloides de caráter ácido</p><p>como, por exemplo, a colchicina (PERES, 2004).</p><p>De acordo com Sarker e colaboradores (2009), o grau de alcalinidade varia, depen-</p><p>dendo da estrutura da molécula e da presença e/ou localização de grupos funcionais.</p><p>Os alcaloides podem ser classificados de acordo com o aminoácido que fornece o áto-</p><p>mo de nitrogênio, e com o esqueleto alcaloídico fundamental, e é desta forma que iremos</p><p>mencionar alguns tipos de alcaloides, pois a variedade estrutural da classe de alcaloides</p><p>biossintetizados na natureza é enorme, devido às diversas reações que ocorrem até a</p><p>sua síntese, responsáveis pela formação de diferentes esqueletos, sendo a definição mais</p><p>ampla para essa classe de compostos baseadas em propriedades gerais, como as citadas.</p><p>Desta forma, essa classe de metabólitos secundários pode ser reunida de acordo com</p><p>suas semelhanças estruturais, conforme sua rota biossintética:</p><p>• Os chamados “verdadeiros”, os quais possuem anel heterocíclico, com um átomo</p><p>de nitrogênio;</p><p>• Enquanto nos protoalcaloides o átomo de nitrogênio não está presente no anel</p><p>heterocíclico, mas ambos, derivam de um aminoácido;</p><p>• Há ainda os pseudoalcaloides, não sendo originários de aminoácidos, mas de ou-</p><p>tras vias metabólicas, derivados de terpenos ou esteroides, por exemplo, e incorpo-</p><p>ram o nitrogênio através de reações, como transaminação, podendo ou não possuir</p><p>o átomo de nitrogênio em anel heterocíclico.</p><p>Outras subclassificações que encontramos dos alcaloides se dão em função:</p><p>• Do sistema do anel heterocíclico, por exemplo, anéis indol, pirrol, pirrolidinas, beta-</p><p>-carbolinas, dentre muitas outras estruturas;</p><p>• Do grupo amino ser primário, secundário, terciário ou quaternário, fato que in-</p><p>fluencia em sua maior ou menor basicidade e consequente solubilidade.</p><p>Você Sabia?</p><p>A morfina foi isolada pelo farmacêutico alemão Sertürner em 1806, porém, a sua estru-</p><p>tura só foi elucidada mais de 100 anos depois?</p><p>De acordo com Simões e colaboradores (2017), o mesmo aconteceu com diversos alcaloides</p><p>isolados durante o século XIX, como estricnina (1817), cafeína (1819), colchicina (1820) e co-</p><p>niina (1820). Este último de fato foi o primeiro alcaloide a ter sua estrutura determinada, 50</p><p>anos após seu isolamento. Foi também a primeira estrutura alcaloídica sintetizada, em 1889.</p><p>Atualmente, o isolamento e a determinação estrutural são muito mais rápidos, contan-</p><p>do com técnicas modernas e hifenadas para o estudo desses metabólitos.</p><p>Localização e Distribuição</p><p>Simões e colaboradores (2017) descrevem que em geral os alcaloides estão presentes</p><p>principalmente em tecidos mais externos, como nas epidermes, nas primeiras camadas</p><p>25</p><p>UNIDADE Grupos de Metabólitos Secundários de Interesse Farmacêutico</p><p>corticais e no tegumento das sementes, onde irão desempenhar função fisiológica, na</p><p>forma de sal hidrossolúvel ou em associação com taninos.</p><p>Porém, cabe destacar que alcaloides podem ser encontrados nos mais diversos tipos</p><p>celulares e, muitas vezes, são biossintetizados em diferentes estruturas e transportados</p><p>até seu local de acúmulo.</p><p>Os alcaloides são encontrados especialmente em angiospermas, dentre as famílias que</p><p>se destacam pela presença de alcaloides, podem-se citar Amaryllidaceae, Annonaceae,</p><p>Apocynaceae, Asteraceae, Berberidaceae, Boraginaceae, Buxaceae, Celastraceae,</p><p>Fabaceae, Lauraceae, Liliaceae, Loganiaceae, Menispermaceae, Papaveraceae, Piperaceae,</p><p>Poaceae, Ranunculaceae, Rubiaceae, Rutaceae e Solanaceae.</p><p>Todavia, de acordo com Simões e colaboradores (2017), também já foram descritos</p><p>em organismos marinhos, fungos, bactérias e animais, sendo o primeiro alcaloide isolado,</p><p>fosfato de espermina, foi obtido de humanos por Van Leeuwenhoek em 1678.</p><p>Efeitos Farmacológicos</p><p>Os alcaloides possuem um pronunciado efeito no sistema nervoso de mamíferos, fato</p><p>que pode ser explicado pelas principais funções dos alcaloides na defesa</p><p>química das</p><p>plantas contra os predadores, desde vertebrados até fungos e outras plantas, veja como:</p><p>Simões e colaboradores (2017) relatam que os alcaloides devem ser capazes de intera-</p><p>gir com diferentes alvos moleculares, modulando sua atividade e influenciando de forma</p><p>negativa a comunicação intra e intercelular, consequentemente, o metabolismo e a função</p><p>celular ficam comprometidos, podendo levar a um efeito tóxico desejado. Alguns desses</p><p>alvos incluem receptores de dopamina, receptores adrenérgicos, colinesterases e mono-</p><p>aminoxidases, que justamente serão os mesmos alvos que acabarão desempenhando o</p><p>potencial terapêutico de alcaloides.</p><p>Concluímos que os alcaloides possuem uma vasta gama de atividades farmacológicas</p><p>dependentes de sua estrutura química, as quais são diversas, como o seu potencial citotó-</p><p>xico a células de outros organismos, conforme será visto nas especificidades das classes.</p><p>De forma geral, apresentam característica de neurotransmissores, demonstrando papel de</p><p>regulação, estimulação e indução de funções.</p><p>Conforme Simões e colaboradores (2017), os alcaloides contemplam uma gama quase</p><p>infindável de potenciais, o que justifica formarem o grupo de produtos naturais mais estu-</p><p>dados e de maior interesse farmacêutico.</p><p>Alcaloides Indólicos e Quinolínicos</p><p>Biossintetizados pela via do ácido chiquímico, são formados por anéis benzênicos e a</p><p>presença de nitrogênio, conforme o seu precursor, o aminoácido triptofano.</p><p>Devido à similaridade estrutural com neurotransmissores, muitos deles têm pronun-</p><p>ciada atividade no sistema nervoso.</p><p>26</p><p>27</p><p>triptofano triptamina</p><p>N</p><p>H</p><p>NH2</p><p>N</p><p>núcleo quinólico</p><p>N</p><p>H</p><p>CO2H</p><p>NH2</p><p>Figura 26 – Alcaloides derivados do triptofano</p><p>Fonte: Adaptado de sbfgnosia.org.br</p><p>Alcaloides indólicos têm o grupo indol-C2N em sua estrutura, é um dos principais</p><p>grupos de alcaloides bioativos:</p><p>• A triptamina é largamente encontrada em fungos, vegetais e animais, sendo pre-</p><p>cursora de muitos alcaloides de indol como, por exemplo, a serotonina e melatoni-</p><p>na, encontradas no organismo humano;</p><p>• A psilocibina, encontrada na espécie Psilocybe cubensis e P. semilanceata – cogume-</p><p>los – é uma triptamina com propriedade alucinógena.</p><p>Figura 27 – Estrutura de psilocibina, derivada de triptamina</p><p>Fonte: Adaptado de SIMÕES et al., 2017</p><p>O grupo indol que contém o esqueleto ergolina (separado pela barra azul, ao lado</p><p>esquerdo) como o Dietilamida de Ácido Lisérgico (LSD), uma droga semissintética, sin-</p><p>tetizada a partir do precursor natural ácido lisérgico, encontrado no fungo que parasita</p><p>cereais – C. purpurea, conhecido como ergo, o centeio (Secale cereale L., Poaceae) é</p><p>o mais suscetível. Esse fungo produz alcaloides derivados da ergolina, e a droga oficial</p><p>é aquela obtida a partir do centeio – e derivados usados clinicamente no tratamento de</p><p>enxaqueca, como a ergotamina.</p><p>Figura 28 – Ergotamina</p><p>Fonte: Adaptado de SIMÕES et al., 2017</p><p>27</p><p>UNIDADE Grupos de Metabólitos Secundários de Interesse Farmacêutico</p><p>Os alcaloides isolados da Vinca rósea L., principalmente vincristina e vimblastina,</p><p>foram decisivos para incentivar a pesquisa e o desenvolvimento de novos fármacos,</p><p>devido tanto ao seu mecanismo de ação único quanto à pouca resistência cruzada entre</p><p>eles, além das inúmeras modificações estruturais possíveis, de acordo com Simões e</p><p>colaboradores (2017), causam parada da divisão celular na metáfase pela ligação especí-</p><p>fica com a tubulina e inibem sua polimerização. Pequenas diferenças na estrutura desses</p><p>compostos resultam em diferenças notáveis da toxicidade e espectro antitumoral.</p><p>Figura 29 – Estruturas químicas da vincristina e vimblastina</p><p>Fonte: Adaptado de SIMÕES et al., 2017</p><p>• Alcaloides quinolínicos também derivam do triptofano, sendo o grupo funcional</p><p>uma benzopiridina.</p><p>Os compostos químicos da Cinchona são os alcaloides quinólicos, nesse grupo en-</p><p>contram-se várias espécies de Cinchona e híbridos, pertencentes à família Rubiaceae, se</p><p>destacam a quinina, quinidina, cinchonina e cinchonidina.</p><p>A quinina apresenta a mais alta atividade antimalárica, foi isolada da casca da cin-</p><p>chona (Cinchona succirubra L. Rubiaceae), conhecida como fármaco antimalárico, mas</p><p>também possui efeito antipirético, analgésico e anti-inflamatório.</p><p>Figura 30 – Derivado do alcaloide indólico, possui estrutura quinolínica</p><p>Fonte: SIMÕES et al., 2017</p><p>28</p><p>29</p><p>Alcaloides Isoquinolínicos</p><p>Alcaloides derivados de tirosina ou fenilalanina têm unidades C6C2N em sua estru-</p><p>tura, o grupo dos alcaloides com esqueleto isoquinolínico é constituído por uma grande</p><p>variedade de subgrupos químicos.</p><p>A isoquinolina é um isômero da quinolina, vários alcaloides dessa classe são encon-</p><p>trados em fármacos como:</p><p>• Galantamina, tem seu uso no tratamento da doença de Alzheimer, descoberta em</p><p>espécies de Galanthus (Amaryllidaceae) e mais tarde nos bulbos de narcisos e</p><p>lírios. O início dos estudos, segundo Simão e colaboradores (2017), aconteceu na</p><p>década de 1950, sendo comprovado que a galantamina atua como um inibidor</p><p>da acetilcolinesterase;</p><p>• Ipeca, Carapichea ipecacuanha (Brot.) L. Andersson (Rubiaceae), origem do seu uso</p><p>como emético e antidisentérico pelos índios brasileiros, sendo isolada em 1819, muito</p><p>usado na fabricação de xaropes expectorantes, possui atividade amebicida, no trata-</p><p>mento da disenteria e abcesso hepático provocado pelo protozoário (SIMÕES et al.,</p><p>2017; LORENZI et al., 2008);</p><p>• A morfina, segundo Simões e colaboradores (2017), é o mais representativo, pois</p><p>é conhecida pela humanidade há milênios. A história da droga data de 3400 anos</p><p>antes de Cristo (a.C.), quando a espécie Papaver somniferum L. (Papaveraceae) era</p><p>cultivada na Mesopotâmia para obtenção do ópio. Pelo próprio segundo nome da</p><p>planta somniferum, de sono, e do nome morfina, de sonho, já dá para fazer uma</p><p>ideia da ação do ópio e da morfina no homem: são depressores do sistema nervoso</p><p>central, isto é, fazem nosso cérebro funcionar mais devagar. Mas o ópio ainda con-</p><p>tém mais substâncias sendo que a codeína é também bastante conhecida. Ainda,</p><p>é possível obter-se outra substância, a heroína, ao se fazer pequena modificação</p><p>química na fórmula da morfina. A heroína é então uma substância semissintética</p><p>(ou seminatural);</p><p>Leia e entenda melhor sobre os opiáceos em: https://bit.ly/2ZDYc53</p><p>• O principal alcaloide do curare de Chondrodendron tomentosum, espécie originária</p><p>do Brasil e Peru, é a tubocurarina, um bloqueador neuromuscular utilizado em anes-</p><p>tesia, como coadjuvantes de cirurgias, como as de tórax, abdômen e ortopédicas, de-</p><p>vido à necessidade de relaxamento muscular, e para facilitar a intubação do paciente,</p><p>mas seu uso tem sido suplantado por agentes com melhor perfil de efeitos colaterais;</p><p>• A boldina, presente no boldo-do-chile (Peumus boldus) é um dos principais cons-</p><p>tituintes, de acordo com Simões e colaboradores (2017), a padronização de seus</p><p>produtos derivados é realizada com base na quantidade de alcaloides totais expres-</p><p>sos em boldina, a qual tem ação colagoga, isto é, aumenta a contração da vesícula</p><p>biliar, hepatoprotetora e diurética.</p><p>29</p><p>UNIDADE Grupos de Metabólitos Secundários de Interesse Farmacêutico</p><p>Figura 31 – Principais alcaloides isoquinolínicos</p><p>Fonte: Adaptado de SIMÕES et al., 2017</p><p>Alcaloides Pirrolidínicos</p><p>Alcaloide derivado do aminoácido ornitina, como exemplo temos a nicotina, conten-</p><p>do pirrol em sua estrutura central (Figura 32). A nicotina é formada nas raízes do tabaco</p><p>(Nicotiana tabacum) e posteriormente translocada para as folhas nas quais é armazena-</p><p>da, tendo função contra herbívoros, podendo ser utilizado como inseticida natural.</p><p>Segundo Peres (2004), o ácido nicotínico também é precursor de uma importante</p><p>molécula do metabolismo primário: o Ácido Nicotínico Mononucleotídeo (NADP+).</p><p>Figura 32 – Biossíntese da nicotina e anel pirrolidina circulado em azul</p><p>Fonte: Adaptado de PERES, 2004</p><p>30</p><p>31</p><p>Alcaloides Tropânicos</p><p>Derivado do aminoácido ornitina, nesta classe de alcaloides está a cocaína extraída</p><p>de Erythrozylon coca, de</p><p>acordo com Peres (2004), existem pelo menos duas espécies</p><p>vegetais produtoras de cocaína, a chamada coca do Peru (E. coca) e a outra é a coca</p><p>da Colômbia (E. novogranatense var. truxillense), ambas as espécies são consideradas</p><p>plantas domesticadas e suas formas silvestres já não ocorrem na região de origem.</p><p>Os alcaloides tropânicos apresentam em comum a estrutura bicíclica denominada</p><p>tropano (8-metil-8-azabiciclo[3,2,1]octano), formalmente constituída pelos anéis pirroli-</p><p>dínico e piperidínico. Dependendo da orientação α ou β de um grupamento hidroxila no</p><p>C-3 (Figura 33), são formados dois isômeros geométricos: tropanol (tropina) e pseudo-</p><p>tropanol (ω-tropanol ou pseudotropina) (SIMÕES et al., 2017).</p><p>Simões e colaboradores (2017) salientam que essa esterificação do grupo hidroxila</p><p>com ácidos aromáticos origina os alcaloides tropânicos de maior relevância farmacêutica.</p><p>As moléculas derivadas do tropanol pertencem ao tipo atropina e podem ser encontradas</p><p>sobretudo em Solanaceae. O tipo cocaína apresenta o pseudotropanol em sua estrutura e</p><p>está presente em Erythroxylaceae.</p><p>Figura 33 – Núcleo tropano e alcaloides do tipo atropina e cocaína. O primeiro tipo</p><p>está representado pela (S)-hiosciamina; o segundo, pelo isômero (R)-cocaína</p><p>Fonte: Adaptado de SIMÕES et al., 2017</p><p>Hyoscyamus niger L. (Solanaceae), o meimendro já era conhecido por Dioscórides e</p><p>utilizado há tempos remotos. A espécie era empregada contra dores no trato gastrintestinal</p><p>na antiga Babilônia e figura no papiro de Ebers. Foi utilizado na Inglaterra, na Idade Média,</p><p>entre os alcaloides tropânicos presentes predominam a hiosciamina e a escopolamina.</p><p>Os derivados do tropanol inibem as ações da acetilcolina em efetores autônomos inerva-</p><p>dos pelos nervos pós-ganglionares colinérgicos. São conhecidos como substâncias antimus-</p><p>carínicas ou bloqueadores de receptores muscarínicos colinérgicos (SIMÕES et al., 2017).</p><p>A atropina, atua em receptores muscarínicos, substância era utilizada na Itália Antiga</p><p>para dilatar as pupilas, o que se acreditava tornar as mulheres mais atraentes (daí o nome</p><p>Bella Donna), atualmente a atropina é utilizada como um dilatador de pupilas em exames</p><p>de oftalmologia. Portanto, a atropina é um antiespasmódico, midriático e provoca a dimi-</p><p>nuição da atividade glandular.</p><p>A cocaína se acumula nas folhas de Erythrozylon, as quais são mascadas pelas popu-</p><p>lações nativas dos Andes desde o Império Inca, ou mesmo antes dele. Tal uso é apenas</p><p>um estimulante para amenizar as fadigas do ambiente inóspito dos Andes. O grande</p><p>problema associado à cocaína está no seu refino, o qual produz uma droga concentrada</p><p>que rapidamente provoca dependência química em seus usuários.</p><p>31</p><p>UNIDADE Grupos de Metabólitos Secundários de Interesse Farmacêutico</p><p>Os alcaloides do tipo cocaína apresentam ação anestésica local ao se ligarem rever-</p><p>sivelmente a canais de sódio, promovendo inibição do potencial de ação e transmissão</p><p>do estímulo da dor (SIMÕES et al., 2017).</p><p>Alcaloides Piperidínicos e Piridínicos</p><p>O aminoácido lisina dá origem aos alcaloides piperidínicos e piridínicos, a piperina é</p><p>um componente da Piper nigrum – pimenta-do-reino –, sendo utilizada como inseticida,</p><p>mas conforme Sarker e colaboradores (2009), também é utilizada como promotora de</p><p>biodisponibilidade de suplementos alimentares como a curcumina, devido ao fato de</p><p>exercer atividade sobre determinadas enzimas metabolizadoras.</p><p>Figura 34 – Estrutura da piperina, à esquerda está o sistema de anel piridina</p><p>Fonte: Getty images</p><p>A nicotina possui dois sistemas de anéis, de acordo com Sarker e colaboradores (2009),</p><p>um é a pirrolidina, apresentado anteriormente, e o outro é a piridina, o que justifica o fato</p><p>de a nicotina ser classificada como piridina ou pirrolidina.</p><p>A nicotina e a coniina são exemplos de alcaloides não oxigenados, são líquidos à tem-</p><p>peratura ambiente, ao contrário da maioria, os quais em geral estão sob a forma sólida</p><p>de cristais (SIMÕES et al., 2017).</p><p>Peres (2004) descreve como representante mais famoso dos alcaloides piperidínicos</p><p>a coniina, extraída da cicuta (Conium maculatum), uma neurotoxina – Sócrates foi con-</p><p>denado à morte pela ingestão da coniina, causando paralisia respiratória.</p><p>Estrutura da coniina e partes aéreas de Conium maculatum.</p><p>Disponível em: https://bit.ly/3pCihTT</p><p>Outros Alcalóides</p><p>Há outros pseudoalcaloides, biossintetizados por vias independentes dos aminoá-</p><p>cidos, de acordo com a sua diversidade estrutural, pois é impossível estabelecer uma</p><p>única via metabólica para a produção desses compostos; da mesma forma ocorre com</p><p>32</p><p>33</p><p>uma definição adequada, pois como vimos, não são um grupo homogêneo quanto à sua</p><p>biossíntese, estruturalmente ou sob o ponto de vista farmacológico.</p><p>Alcalóides da Purina</p><p>Também conhecidos como alcaloides purínicos, como as metilxantinas cafeína, te-</p><p>obromina e teofilina, possuem uma via sintética independente dos aminoácidos, sendo</p><p>sua origem muito próxima à das bases púricas adenina e guanina.</p><p>Figura 35 – Bases púricas adenina e guanina</p><p>Fonte: Getty Images</p><p>As metilxantinas são consideradas as substâncias farmacologicamente ativas com con-</p><p>sumo mais difundido no mundo. Elas são constituintes químicos de várias bebidas alimen-</p><p>tícias ou estimulantes não alcoólicos, como café, chá-da-índia, guaraná, cola e chocolate;</p><p>são consumidas como preparações caseiras ou produtos industrializados, tendo grande</p><p>importância econômica e cultural (SIMÕES et al., 2017).</p><p>O</p><p>O</p><p>R1</p><p>R3</p><p>R2</p><p>N</p><p>N</p><p>N N</p><p>1</p><p>6</p><p>5 7</p><p>8</p><p>4</p><p>3</p><p>2</p><p>9</p><p>Figura 36 – Principais metilxantinas: cafeína: 1,3,7-trimetilxantina; teobromina:</p><p>3,7-dimetilxantina; teofi lina: 1,3-dimetilxantina; paraxantina: 1,7-dimetilxantina</p><p>Fonte: Adaptado de SIMÕES et al., 2017</p><p>33</p><p>UNIDADE Grupos de Metabólitos Secundários de Interesse Farmacêutico</p><p>A cafeína é obtida de fontes vegetais, principalmente do café (Coffea arabica e</p><p>Coffea canephora). O chá-da-índia (Camellia sinensis) – 2-4% de cafeína, erva-mate (Ilex</p><p>paraguariensis) – 0,7 a 2,3% de cafeína, 0,3% de teobromina e traços de teofilina, guaraná</p><p>(Paullinia cupana) – constituído de 2,5-5% de cafeína, traços de teofilina e teobromina e</p><p>cacau (Theobroma cacao) – teobromina, sendo as principais fontes de metilxantinas.</p><p>De acordo com Simões e colaboradores (2017), a teofilina é encontrada em pequenas</p><p>quantidades no reino vegetal, sendo obtida para fins comerciais, sobretudo por síntese</p><p>total, atua como um broncodilatador utilizado para o tratamento da asma e de algumas</p><p>formas espásticas de bronquiopneumopatias obstrutivas, como enfisema e bronquite</p><p>crônica, embora não seja o tratamento de escolha, devido aos seus efeitos adversos,</p><p>principalmente em caso de superdosagem, devendo ser utilizada com cautela em pacien-</p><p>tes com arritmias cardíacas, úlceras pépticas e crises convulsivas.</p><p>Em função de sua origem biogenética (não são originárias de aminoácidos, mas, sim, de</p><p>bases púricas) e de seu caráter anfótero (podem se comportar como ácidos ou bases), as me-</p><p>tilxantinas são muitas vezes consideradas pseudoalcaloides. Porém, devido à sua atividade</p><p>biológica marcante, distribuição restrita e presença de nitrogênio heterocíclico, muitos auto-</p><p>res classificam-nas como alcaloides verdadeiros, denominados alcaloides purínicos (SIMÕES</p><p>et al., 2017).</p><p>Betaínas</p><p>Alcaloides que contêm esqueleto betaína (N, N, N-trimetilglicina), segundo Sarker e</p><p>colaboradores (2009), a própria betaína é usada para tratar elevadas concentrações de</p><p>homocisteína e em raros caso, como antidepressivo.</p><p>Figura 37 – Betaína</p><p>Fonte: Getty images</p><p>A muscarina é um agonista da acetilcolina nos receptores muscarínicos. Não se conhe-</p><p>ce o mecanismo dos seus efeitos psicoativos, foi isolada pela primeira vez no cogumelo</p><p>Amanita muscaria, de modo que se ingeridas grandes quantidades de muscarina, podem</p><p>ocorrer sintomas desagradáveis, como sudorese e salivação excessivas, contrações muscu-</p><p>lares involuntárias, espasmos abdominais com evacuações involuntárias de fezes e urina,</p><p>visão borrada e depressão</p><p>respiratória (SARKER et al., 2009; SIMÕES et al., 2017).</p><p>34</p><p>35</p><p>acetilcolina muscarina</p><p>Colinérgicos</p><p>CH3</p><p>CH3</p><p>CH3</p><p>CH3</p><p>CH3</p><p>CH3</p><p>CH3</p><p>CH3oo o</p><p>H</p><p>OH</p><p>NN</p><p>+ +</p><p>Figura 38 – Estrutura do neurotransmissor acetilcolina e do alcaloide muscarina</p><p>Fonte: Adaptado de SIMÕES et al., 2017</p><p>Polissacarídeos</p><p>Embora os polissacarídeos façam parte das vias metabólicas primárias, podemos</p><p>considerá-los como classes intermediárias por dois motivos:</p><p>• As classificações e divisões são meramente didáticas e de acordo com a origem e</p><p>utilização desses compostos pelas plantas, também pelo fato de nem todos os tipos</p><p>de polissacarídeos ser sintetizados em distribuição universal entre as espécies;</p><p>• São utilizados como coadjuvantes no desenvolvimento farmacotécnico na indústria</p><p>farmacêutica, de alimentos e cosmética, além do uso em nutracêuticos.</p><p>A classe de polissacarídeos de fibra alimentar possui compostos característicos, re-</p><p>sistentes à digestão, porém, são solúveis em água, devido à quantidade de hidroxilas em</p><p>sua estrutura, intumescendo e aumentando o volume do bolo fecal, desta forma, auxi-</p><p>liando na constipação intestinal, como as fibras presentes em Plantago ovata.</p><p>Fungos e bactérias produzem dextranos e goma, algas produzem alginatos e ágar-agar, as</p><p>plantas além de oligassacarídeos, produzem amido, celulose, gomas, mucilagens e pectina,</p><p>e não podemos deixar de citar a quitosana produzida por animais, especificamente extraído</p><p>do exoesqueleto de crustáceos.</p><p>Leia as seguintes literaturas para conhecer as características destes compostos e seu uso na</p><p>indústria farmacêutica:</p><p>• Pectinas de plantas medicinais: características estruturais e atividades imuno-</p><p>moduladoras, Disponível em: https://bit.ly/3pPcgn6</p><p>• Brasil ingredients trends 2020, disponível em: https://bit.ly/3kcr4L3</p><p>• A química dos carboidratos, disponível em: https://bit.ly/3kjW8c4</p><p>Testes de Identificação</p><p>Os testes de identificação verificam se a droga sofreu adulteração, seus métodos podem</p><p>ser encontrados no site da Sociedade Brasileira de Farmacognosia (SBFgnosia), nas mono-</p><p>grafias da Farmacopeia brasileira e outras literaturas.</p><p>35</p><p>UNIDADE Grupos de Metabólitos Secundários de Interesse Farmacêutico</p><p>Vimos também que a partir das reações químicas é possível verificar a presença de</p><p>grupos de substâncias típicos para o Insumo Fitoterápico Ativo Natural (Ifan), de maneira</p><p>simples e rápida. Simões e colaboradores (2017) esclarecem que embora a maior parte</p><p>dessas reações seja inespecífica, ocorrendo em grupos funcionais ou estruturas distribu-</p><p>ídas em muitas substâncias, existem algumas reações que podem ser consideradas es-</p><p>pecíficas. Neste último caso, a reação ocorre somente com algumas estruturas típicas e</p><p>exclusivas de uma única classe de substâncias. A adoção de procedimentos apropriados</p><p>de extração pode incrementar a especificidade das reações.</p><p>As técnicas cromatográficas figuram nos códigos oficiais como os procedimentos</p><p>de escolha para análise de identidade de matrizes complexas como Ifan em função da</p><p>especificidade e seletividade resultantes da capacidade de separação dos constituintes</p><p>presentes na mistura.</p><p>As principais reações de pesquisa de metabólitos secundários em Ifan foram sumarizadas</p><p>por Simões e colaboradores (2017) na seguinte Tabela, embora sejam pouco eficazes como</p><p>método exclusivo, desta forma, fica claro a importância das técnicas cromatográficas.</p><p>Tabela 2 – Principais reações químicas de caracterização de constituintes de Ifan.</p><p>Grupos de metabólicos Reações gerais Reações específicas</p><p>Alcaloides</p><p>Reação de Mayer</p><p>Reação de Dragendorff</p><p>Reação de Wagner</p><p>Reação de Bertrand</p><p>Reação de Otto (indólicos)</p><p>Reação de Vitali (tropânicos)</p><p>Reação de Wasicky (tropânicos)</p><p>Antraquínonas Reação de Bornträger</p><p>Flavonoides Reação de Shinoda</p><p>Glicosídeos cardiotônicos</p><p>Reção de Liebermann-Burchard</p><p>Reação de Salkowsky</p><p>Reação de Kedde (cardenolídeos)</p><p>Reação de Keller-Killiani (desoxioses)</p><p>Metilxantinas Reção de muxerida</p><p>Taninos</p><p>Reação de FeCl3</p><p>Reação com vanilina clorídrica</p><p>Precipitação com gelatina</p><p>Precipitação com acetato de chumbo</p><p>Precipitação com sais de alcaoídes</p><p>Triterpenos/esteroides Reação de Liebermann-Burchard</p><p>Fonte: Fonte: Adaptado de SIMÕES et al., 2017</p><p>A relação dos grupamentos funcionais com as propriedades físicas, químicas e far-</p><p>macológicas, de cada substância é nítida ao terminarmos esta Unidade, constatando que</p><p>muitos metabólitos secundários encontrados na natureza ou seus derivados sintéticos</p><p>não apresentam somente um grupo funcional, mas vários, fator este que pode determi-</p><p>nar suas propriedades farmacológicas, sendo que a modificação estrutural de radicais</p><p>desses grupos em outros pode alterar essas atividades.</p><p>36</p><p>37</p><p>Material Complementar</p><p>Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:</p><p>Sites</p><p>Sociedade Brasileira de Farmacognosia (SBFgnosia)</p><p>No site da Sociedade Brasileira de Farmacognosia (SBFgnosia), você pode explorar</p><p>desde as particularidades das classes de compostos biossintéticos produzidos por</p><p>espécies de diferentes reinos da natureza, principais métodos utilizados no controle</p><p>de qualidade de drogas naturais à Revista Brasileira de Farmacognosia, contendo</p><p>trabalhos científicos e artigos, além de livros e eventos da área de farmacognosia.</p><p>https://bit.ly/3siMQQk</p><p>Vídeos</p><p>Pista para novos medicamentos</p><p>https://youtu.be/UINZKMhWlRk</p><p>Nem santas nem do diabo: O potencial inexplorado das plantas medicinais</p><p>https://youtu.be/YrX9ZmYfxq4</p><p>Perspectivas: nanotecnologia verde</p><p>https://youtu.be/kxyXOcnbEnE</p><p>Você sabia? Química das plantas</p><p>https://youtu.be/Zxmw6sJWzdw</p><p>Leitura</p><p>Ensinando sobre plantas medicinais na escola</p><p>https://bit.ly/3uhVG2F</p><p>37</p><p>UNIDADE Grupos de Metabólitos Secundários de Interesse Farmacêutico</p><p>Referências</p><p>BOYE, A. et al. The hydroxyl moiety on Carbon one (C1) in the monoterpene nucleus</p><p>of thymol is indispensable for anti-bacterial effect of thymol. Heliyon, v. 6, n. 3,</p><p>p. e03492, 2020. Disponível em: . Acesso em: 13/08/2020.</p><p>CECHINEL FILHO, V.; ZANCHETT, C. C. C. Z. Fitoterapia avançada: uma aborda-</p><p>gem química, biológica e nutricional. Porto Alegre, RS: Artmed, 2020. Disponível em:</p><p>. Acesso em:</p><p>11/08/2020.</p><p>CLARKE, S. Essential chemistry for safe aromatherapy. 2º ed. Churchill</p><p>Livingstone: ScienceDirect, 2008. Disponível em: . Acesso em: 13/08/2020.</p><p>COSTA-LOTUFO, L. et al. Organismos marinhos como fonte de novos fármacos: histó-</p><p>rico & perspectivas. 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