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<p>Autora: Profa. Rita de Cássia Ibarra</p><p>Colaboradores: Prof. Roni Muraoka</p><p>Profa. Christiane Mazur Doi</p><p>Jornalismo Interdisciplinar</p><p>Professora conteudista: Rita de Cássia Ibarra</p><p>Atua há mais de duas décadas na Universidade Paulista (UNIP), onde é professora adjunta e coordenadora dos</p><p>cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda no campus Jundiaí. Mestra em Comunicação pela UNIP, especialista em</p><p>Administração de Marketing e graduada em Comunicação Social – Publicidade e Propaganda pela Pontifícia Universidade</p><p>Católica de Campinas (PUC-Campinas). Trabalhou 20 anos como profissional televisiva, ocupando diversos cargos:</p><p>produtora, roteirista, coordenadora do departamento de EAD da entidade ASJ/TV RS21, redatora do site institucional</p><p>da ASJ. Produziu e realizou reportagens para diversos programas da TV Século 21, dentre os quais o programa musical</p><p>gospel Canto da Hora. Em 2002, foi produtora, redatora e apresentadora do programa Educação e Tecnologia, também</p><p>da TV Século 21. Desenvolveu conteúdo e gravou aulas em vídeo para disciplinas EAD da UNIP. Escreve para o</p><p>blog FocaFocoNews.</p><p>© Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou</p><p>quaisquer meios (eletrônico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem</p><p>permissão escrita da Universidade Paulista.</p><p>Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)</p><p>I12j Ibarra, Rita de Cássia.</p><p>Jornalismo Interdisciplinar / Rita de Cássia Ibarra. – São Paulo:</p><p>Editora Sol, 2023.</p><p>148 p., il.</p><p>Nota: este volume está publicado nos Cadernos de Estudos e</p><p>Pesquisas da UNIP, Série Didática, ISSN 1517-9230.</p><p>1. Jornalismo. 2. ODS. 3. ONU. I. Título.</p><p>CDU 070.1</p><p>U518.32 – 23</p><p>Profa. Sandra Miessa</p><p>Reitora</p><p>Profa. Dra. Marilia Ancona Lopez</p><p>Vice-Reitora de Graduação</p><p>Profa. Dra. Marina Ancona Lopez Soligo</p><p>Vice-Reitora de Pós-Graduação e Pesquisa</p><p>Profa. Dra. Claudia Meucci Andreatini</p><p>Vice-Reitora de Administração e Finanças</p><p>Prof. Dr. Paschoal Laercio Armonia</p><p>Vice-Reitor de Extensão</p><p>Prof. Fábio Romeu de Carvalho</p><p>Vice-Reitor de Planejamento</p><p>Profa. Melânia Dalla Torre</p><p>Vice-Reitora das Unidades Universitárias</p><p>Profa. Silvia Gomes Miessa</p><p>Vice-Reitora de Recursos Humanos e de Pessoal</p><p>Profa. Laura Ancona Lee</p><p>Vice-Reitora de Relações Internacionais</p><p>Prof. Marcus Vinícius Mathias</p><p>Vice-Reitor de Assuntos da Comunidade Universitária</p><p>UNIP EaD</p><p>Profa. Elisabete Brihy</p><p>Profa. M. Isabel Cristina Satie Yoshida Tonetto</p><p>Prof. M. Ivan Daliberto Frugoli</p><p>Prof. Dr. Luiz Felipe Scabar</p><p>Material Didático</p><p>Comissão editorial:</p><p>Profa. Dra. Christiane Mazur Doi</p><p>Profa. Dra. Ronilda Ribeiro</p><p>Apoio:</p><p>Profa. Cláudia Regina Baptista</p><p>Profa. M. Deise Alcantara Carreiro</p><p>Profa. Ana Paula Tôrres de Novaes Menezes</p><p>Projeto gráfico:</p><p>Prof. Alexandre Ponzetto</p><p>Revisão:</p><p>Luiza Gomyde</p><p>Caio Ramalho</p><p>Sumário</p><p>Jornalismo Interdisciplinar</p><p>APRESENTAÇÃO ......................................................................................................................................................7</p><p>INTRODUÇÃO ...........................................................................................................................................................7</p><p>Unidade I</p><p>1 O QUE É JORNALISMO INTERDISCIPLINAR? ......................................................................................... 10</p><p>1.1 A interdisciplinaridade, multidisciplinaridade e transdisciplinaridade ........................... 11</p><p>2 O PAPEL SOCIAL DO JORNALISTA ............................................................................................................. 13</p><p>2.1 O perfil do jornalista ........................................................................................................................... 14</p><p>3 A ONU E SUAS DIRETRIZES PARA O DESENVOLVIMENTO GLOBAL ............................................. 17</p><p>3.1 Histórico da ONU .................................................................................................................................. 19</p><p>3.2 O papel da ONU na contemporaneidade .................................................................................... 24</p><p>3.3 A estrutura da ONU ............................................................................................................................. 25</p><p>3.3.1 Assembleia Geral da ONU .................................................................................................................... 25</p><p>3.3.2 Conselho de Segurança da ONU ....................................................................................................... 27</p><p>3.3.3 Conselho Econômico e Social da ONU ........................................................................................... 28</p><p>3.3.4 Conselho de Tutela da ONU ................................................................................................................ 29</p><p>3.3.5 Corte Internacional de Justiça........................................................................................................... 30</p><p>3.3.6 Secretariado .............................................................................................................................................. 31</p><p>3.4 A ONU no Brasil .................................................................................................................................... 32</p><p>4 OBJETIVOS DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL (ODS): CONTEXTO ....................................... 34</p><p>4.1 Histórico do desenvolvimento dos ODS ...................................................................................... 35</p><p>4.2 Principais impactos esperados na sociedade ............................................................................ 37</p><p>Unidade II</p><p>5 ODS: ABORDAGEM ESPECÍFICA ................................................................................................................. 48</p><p>5.1 Erradicação da pobreza ...................................................................................................................... 50</p><p>5.1.1 ODS 1: retratos do Brasil ...................................................................................................................... 51</p><p>5.2 Fome zero e agricultura sustentável ............................................................................................ 54</p><p>5.2.1 ODS 2: retratos do Brasil ...................................................................................................................... 55</p><p>5.3 Saúde e bem-estar ............................................................................................................................... 57</p><p>5.3.1 ODS 3: retratos do Brasil ...................................................................................................................... 58</p><p>5.4 Educação de qualidade ...................................................................................................................... 60</p><p>5.4.1 ODS 4: retratos do Brasil ...................................................................................................................... 61</p><p>5.5 Igualdade de gênero ........................................................................................................................... 62</p><p>5.5.1 ODS 5: retratos do Brasil ...................................................................................................................... 63</p><p>5.6 Água potável e saneamento ............................................................................................................ 66</p><p>5.6.1 ODS 6: retratos do Brasil ...................................................................................................................... 67</p><p>5.7 Energia limpa e acessível ................................................................................................................... 69</p><p>5.7.1 ODS 7: retratos do Brasil ...................................................................................................................... 70</p><p>5.8 Trabalho decente</p><p>dos</p><p>flashes de notícias e das mídias sociais, cujos formatos promovem a</p><p>construção de textos breves e concisos, há que se lembrar da necessidade</p><p>de treinar a escrita todos os dias – não resumida, mas ampliada, testando</p><p>recursos linguísticos e estilísticos. Para escrever um bom texto – resumido,</p><p>bem estruturado, conciso e coerente –, é necessário ter conteúdo para</p><p>preenchê-lo e conhecimento bastante sobre o que se escreverá, pois só é</p><p>possível elaborar um bom resumo daquilo que se sabe nos detalhes.</p><p>39</p><p>JORNALISMO INTERDISCIPLINAR</p><p>Resumo</p><p>No tópico 1, abordamos o caráter desta disciplina, elaborada a partir</p><p>das premissas do PPI UNIP, “que reúne o Conviver, o Conhecer, o Ser e o</p><p>Fazer […] favorecendo a formação integral do aluno e possibilitando através</p><p>de propostas interdisciplinares através […] da resolução de problemas e da</p><p>sistematização dos processos dialógicos”.</p><p>O dialogismo sustenta o caráter interdisciplinar próprio do jornalismo</p><p>que, em sua proposta de diálogo, deve separar suas percepções e opiniões</p><p>na construção da informação a partir de fatos, para que o outro possa</p><p>ter sua opinião formada com base nessa informação – justamente, Paulo</p><p>Freire define que “o homem radical em sua opção não nega o direito ao</p><p>outro de optar”.</p><p>A interdisciplinaridade se dá a partir das intersecções do conhecimento</p><p>teórico e técnico do jornalismo com os diversos campos de conhecimento com</p><p>que a área interage. Conforme Alvarenga (2011 apud RAVAZZOLO, 2017),</p><p>“ocorre reciprocidade dentro das trocas, com um enriquecimento mútuo”.</p><p>Nesses imbricamentos entre o conhecimento jornalístico e as demais</p><p>disciplinas, ambos se transformam e surge um novo conhecimento a</p><p>ser cultivado e transmitido. O processo acontece a partir da construção</p><p>da informação, que transforma também o jornalista, que então incutirá</p><p>possíveis transformações em seu interlocutor.</p><p>Neste caso, os eixos que constituem esse conhecimento são o</p><p>conhecimento teórico-prático advindo das diversas disciplinas já cursadas;</p><p>a aplicação dos conceitos à produção jornalística; a transformação</p><p>do conhecimento, de uma ação específica (a agenda de objetivos de</p><p>sustentabilidade global) em informação e suas respectivas produção</p><p>e disseminação, a partir de uma agenda social.</p><p>No tópico 2, falamos sobre o papel social do jornalista, focando a ideia</p><p>de que o desenvolvimento de algumas capacidades lhe possibilita realizar</p><p>seus papéis sociais, que têm como objetivo transformar o contexto social</p><p>ao apresentar informações relevantes que abram aos interlocutores as</p><p>portas da compreensão de sua realidade, incentivando a atuação de cada</p><p>um na própria comunidade.</p><p>Algumas das capacidades a serem desenvolvidas pelo jornalista são:</p><p>capacidade de interpretar e divulgar a variedade das demandas sociais e</p><p>profissionais; visão integradora; habilidade de aplicar seus conhecimentos</p><p>40</p><p>Unidade I</p><p>teóricos; análise crítica das práticas profissionais; análise crítica das mídias</p><p>e sua produção, distribuição e recepção pelo público; desenvolvimento da</p><p>postura criativa.</p><p>O perfil do egresso caracteriza-se pelas seguintes habilidades: mediação</p><p>social; produção de informação relacionada a fatos de repercussão</p><p>atual; objetividade e imparcialidade na apuração, interpretação, registro</p><p>e divulgação dos fatos; ética profissional; postura criativa e reflexiva;</p><p>capacidade de levar o interlocutor a ter uma interpretação dos fatos que</p><p>esteja longe do senso comum.</p><p>Para o DCN, com a Portaria n. 203/2009, dentre as competências que</p><p>integram a formação do jornalista destacam-se as seguintes: compreender</p><p>e valorizar as conquistas cidadãs; conhecer a história, cultura, realidade</p><p>social e econômica brasileiras; identificar e reconhecer a relevância entre</p><p>interesse público e os temas da atualidade; ter fluência em sua língua nativa</p><p>e de seus recursos na fala e na escrita; distinguir entre verdadeiro e falso</p><p>a partir de sua ética profissional; ser ético e agir em acordo aos princípios</p><p>que regem a profissão.</p><p>No tópico 3, apresentamos a Organização das Nações Unidas e seus</p><p>objetivos. A ONU nasce num contexto de guerra em nome da busca pela</p><p>paz no mundo, em prol da prosperidade de todas as nações a partir de</p><p>ações de emancipação e desenvolvimento de seus signatários.</p><p>Hoje a organização abarca 193 países, dentre os quais o Brasil, que é</p><p>signatário desde sua fundação, em 24 de outubro de 1945. O país é membro</p><p>desde a assinatura do primeiro tratado.</p><p>Antecederam à oficialização do órgão diversos encontros, em que</p><p>foram assinadas cartas de intenções e tratados em busca de promover a</p><p>paz permanente no planeta.</p><p>A Carta das Nações tem sido atualizada em acordo com as novas</p><p>demandas dos países-membros, sempre nas Assembleias Deliberativas, que</p><p>ocorrem anualmente. Há diversos programas em andamento para atender</p><p>às necessidades do planeta.</p><p>As reuniões são conduzidas por um presidente com mandato de um</p><p>ano, e todos os países-membros podem participar desta eleição. O Brasil,</p><p>desde a Assembleia de 1946, é o primeiro país a discursar nas assembleias,</p><p>o que permitiu que fôssemos o primeiro país a ter uma mulher abrindo a</p><p>sessão: a ex-presidente Dilma Rousseff, em 2011.</p><p>41</p><p>JORNALISMO INTERDISCIPLINAR</p><p>O secretário-geral da ONU tem mandato de cinco anos, que pode ser</p><p>renovado por mais cinco anos. Na prática, cada secretário fica no cargo</p><p>por 10 anos e, a cada ano, um país-membro ocupa a função de presidente</p><p>da Assembleia.</p><p>A ONU divide-se da seguinte forma: Assembleia Geral, Conselho</p><p>de Segurança, Conselho Econômico e Social, Conselho de Tutela, Corte</p><p>Internacional de Justiça e Secretariado.</p><p>A ONU tem escritório no Brasil desde 1947 e é responsável por diversos</p><p>dos organismos das Nações Unidas voltados ao fomento e à pesquisa</p><p>que atuam no país.</p><p>No tópico 4 enfim trabalhamos o contexto de elaboração dos Objetivos</p><p>de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU, criados em 2015 após</p><p>diversas rodadas de reuniões, encontros e programas que vinham sendo</p><p>propostos, estudados e analisados desde o início do século XXI.</p><p>O processo foi longo, com reuniões e ações de delegados das</p><p>Nações Unidas, que buscaram sensibilizar os países-membros sobre as</p><p>necessidades do desenvolvimento sustentável e o papel de cada um como</p><p>atores sociais que poderiam ajudar nesse processo.</p><p>O papel do jornalista é o de disseminador de informações sobre os</p><p>objetivos e sobre os programas já implementados para atender aos ODS,</p><p>mostrando que é possível transformar a atual realidade do planeta em busca</p><p>do desenvolvimento, que leve à erradicação da pobreza e à preservação da</p><p>nossa casa comum: o planeta Terra.</p><p>42</p><p>Unidade I</p><p>Exercícios</p><p>Questão 1. Vimos, no livro-texto, que entre as diversas premissas de formação propostas para o</p><p>jornalismo temos o conhecimento de instituições que sejam relevantes para sua formação, sua atuação</p><p>e o norteamento de suas atividades. Uma dessas instituições é a ONU.</p><p>Em relação à ONU, avalie as afirmativas a seguir:</p><p>I – A ONU é uma organização internacional fundada em 1945 e, em 2023, é composta por</p><p>193 Estados-membros.</p><p>II – Todos os Estados-membros da ONU são membros da sua Assembleia Geral e são admitidos por</p><p>recomendação do Conselho de Segurança.</p><p>III – O secretário-geral, nomeado pela Assembleia Geral por recomendação do Conselho de Segurança</p><p>para um mandato de cinco anos (renovável), é o Diretor Administrativo da ONU (um símbolo</p><p>dos ideais da organização e defensor de todos os povos do mundo, especialmente dos pobres e</p><p>vulneráveis).</p><p>É correto o que se afirma em:</p><p>A) I, apenas.</p><p>B) II, apenas.</p><p>C) III, apenas.</p><p>D) I e III, apenas.</p><p>E) I, II e III.</p><p>Resposta correta: alternativa E.</p><p>Análise da questão</p><p>As três afirmativas são corretas, conforme podemos ver no texto a seguir, extraído do site da ONU:</p><p>Figura 12</p><p>43</p><p>JORNALISMO INTERDISCIPLINAR</p><p>Sobre nós</p><p>Um lugar onde as nações do mundo podem se reunir, discutir problemas comuns e encontrar</p><p>soluções compartilhadas.</p><p>A Organização das Nações Unidas é uma organização internacional</p><p>fundada em 1945. Atualmente</p><p>composta por 193 Estados-membros, a ONU e sua atuação são guiadas pelos propósitos e princípios</p><p>contidos em sua carta fundadora.</p><p>A ONU evoluiu ao longo dos anos para acompanhar um mundo em rápida mudança.</p><p>Mas uma coisa permaneceu a mesma: continua sendo o único lugar na Terra onde todas as nações</p><p>do mundo podem se reunir, discutir problemas comuns e encontrar soluções compartilhadas que</p><p>beneficiem toda a humanidade.</p><p>Estados</p><p>Membros</p><p>O número de membros da ONU cresceu dos 51 Estados</p><p>Membros originais em 1945 para os atuais 193 Estados</p><p>Membros.</p><p>Todos os Estados Membros da ONU são membros da</p><p>Assembleia Geral. Os Estados são admitidos como membros</p><p>por decisão da Assembleia Geral, sob recomendação do</p><p>Conselho de Segurança.</p><p>Figura 13</p><p>O secretário-geral é o diretor administrativo da ONU – e também é um símbolo dos ideais da</p><p>organização e um defensor de todos os povos do mundo, especialmente dos pobres e vulneráveis.</p><p>O secretário-geral é nomeado pela Assembleia Geral por recomendação do Conselho de Segurança</p><p>para um mandato de 5 anos, renovável.</p><p>O atual secretário-geral e 9o ocupante do cargo é António Guterres, de Portugal, que tomou posse</p><p>a 1º de janeiro de 2017.</p><p>Em 18 de junho de 2021, Guterres foi reconduzido para um segundo mandato, prometendo como</p><p>prioridade continuar ajudando o mundo a traçar um curso para sair da pandemia do covid-19.</p><p>Adaptado de: https://tinyurl.com/4spwfrtz. Acesso em: 15 jun. 2023.</p><p>44</p><p>Unidade I</p><p>Questão 2. (Enade 2017) Os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) compõem uma</p><p>agenda mundial adotada durante a Cúpula das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento Sustentável, em</p><p>setembro de 2015. Nessa agenda, representada na figura a seguir, são previstas ações em diversas áreas</p><p>para o estabelecimento de parcerias, grupos e redes que favoreçam o cumprimento desses objetivos.</p><p>17 Parcerias e</p><p>meios de</p><p>implementação</p><p>14 Vida na água</p><p>15 Vida terrestre</p><p>13 Ação contra</p><p>a mudança</p><p>global do clima</p><p>6 Água potável</p><p>e saneamento</p><p>3 Saúde e</p><p>bem-estar</p><p>2 Fome zero e</p><p>agricultura</p><p>sustentável</p><p>4 Educação de</p><p>qualidade</p><p>5 Igualdade</p><p>de gênero</p><p>8 Trabalho decente</p><p>e crescimento</p><p>econômico</p><p>9 Indústria,</p><p>inovação e</p><p>infraestrutura</p><p>16 Paz, justiça e</p><p>instituições</p><p>eficazes</p><p>1 Erradicação</p><p>da pobreza</p><p>7 Energia</p><p>acessível e</p><p>limpa</p><p>11 Cidades e</p><p>comunidades</p><p>sustentáveis</p><p>12 Consumo e</p><p>produção</p><p>sustentáveis</p><p>10 Redução das</p><p>desigualdades</p><p>Biosfera</p><p>Sociedade</p><p>Economia</p><p>Figura 14</p><p>Disponível em: https://tinyurl.com/3hrprd9s. Acesso em: 15 jun. 2023.</p><p>45</p><p>JORNALISMO INTERDISCIPLINAR</p><p>Considerando que os ODS devem ser implementados por meio de ações que integrem a economia, a</p><p>sociedade e a biosfera, avalie as afirmativas a seguir:</p><p>I – O capital humano deve ser capacitado para atender às demandas por pesquisa e inovação em</p><p>áreas estratégicas para o desenvolvimento sustentável.</p><p>II – A padronização cultural dinamiza a difusão do conhecimento científico e tecnológico entre as</p><p>nações para a promoção do desenvolvimento sustentável.</p><p>III – Os países devem incentivar políticas de desenvolvimento do empreendedorismo e de atividades</p><p>produtivas com geração de empregos que garantam a dignidade da pessoa humana.</p><p>É correto o que se afirma em:</p><p>A) II, apenas.</p><p>B) III, apenas.</p><p>C) I e II, apenas.</p><p>D) I e III, apenas.</p><p>E) I, II e III.</p><p>Resposta correta: alternativa D.</p><p>Análise da questão</p><p>No texto introdutório da questão, é dito que os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS)</p><p>fizeram parte, em 2015, de uma agenda mundial na Cúpula das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento</p><p>Sustentável. No enunciado, é fornecida uma figura que apresenta ações que auxiliam a execução desses</p><p>objetivos. Essas ações referem-se aos 17 objetivos mostrados a seguir, disponíveis no site das Nações</p><p>Unidas no Brasil (ONUBR).</p><p>17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU</p><p>Objetivo 1. Acabar com a pobreza em todas as suas formas, em todos os lugares.</p><p>Objetivo 2. Acabar com a fome, alcançar a segurança alimentar e a melhoria da nutrição e promover</p><p>a agricultura sustentável.</p><p>Objetivo 3. Assegurar uma vida saudável e promover o bem-estar para todos, em todas as idades.</p><p>46</p><p>Unidade I</p><p>Objetivo 4. Assegurar a educação inclusiva, equitativa e de qualidade e promover oportunidades de</p><p>aprendizagem ao longo da vida para todos.</p><p>Objetivo 5. Alcançar a igualdade de gênero e empoderar todas as mulheres e meninas.</p><p>Objetivo 6. Assegurar a disponibilidade e a gestão sustentável da água e do saneamento para todos.</p><p>Objetivo 7. Assegurar o acesso confiável, sustentável, moderno e a preço acessível à energia</p><p>para todos.</p><p>Objetivo 8. Promover o crescimento econômico sustentado, inclusivo e sustentável, emprego</p><p>pleno e produtivo e trabalho decente para todos.</p><p>Objetivo 9. Construir infraestruturas resilientes, promover a industrialização inclusiva e sustentável</p><p>e fomentar a inovação.</p><p>Objetivo 10. Reduzir a desigualdade dentro dos países e entre eles.</p><p>Objetivo 11. Tornar as cidades e os assentamentos humanos inclusivos, seguros, resilientes</p><p>e sustentáveis.</p><p>Objetivo 12. Assegurar padrões de produção e de consumo sustentáveis.</p><p>Objetivo 13. Tomar medidas urgentes para combater a mudança climática e seus impactos.</p><p>Objetivo 14. Conservar os oceanos, os mares e os recursos marinhos para o desenvolvimento</p><p>sustentável.</p><p>Objetivo 15. Proteger, recuperar e promover o uso sustentável dos ecossistemas terrestres, gerir</p><p>de forma sustentável as florestas, combater a desertificação, deter e reverter a degradação da terra e</p><p>deter a perda de biodiversidade.</p><p>Objetivo 16. Promover sociedades pacíficas e inclusivas para o desenvolvimento sustentável,</p><p>proporcionar o acesso à justiça para todos e construir instituições eficazes, responsáveis e inclusivas</p><p>em todos os níveis.</p><p>Objetivo 17. Fortalecer os meios de implementação e revitalizar a parceria global para o</p><p>desenvolvimento sustentável.</p><p>Adaptado de: https://tinyurl.com/yc6v4x9r. Acesso em: 15 jun. 2023.</p><p>47</p><p>JORNALISMO INTERDISCIPLINAR</p><p>16 Paz, justiça e</p><p>instituições</p><p>eficazes</p><p>17 Parcerias e</p><p>meios de</p><p>implementação</p><p>14 Vida na água 15 Vida terrestre13 Ação contra</p><p>a mudança</p><p>global do clima</p><p>6 Água potável</p><p>e saneamento</p><p>3 Saúde e</p><p>bem-estar</p><p>2 Fome zero e</p><p>agricultura</p><p>sustentável</p><p>4 Educação de</p><p>qualidade</p><p>5 Igualdade</p><p>de gênero</p><p>1 Erradicação</p><p>da pobreza</p><p>7 Energia</p><p>acessível e</p><p>limpa</p><p>8 Trabalho decente</p><p>e crescimento</p><p>econômico</p><p>9 Indústria,</p><p>inovação e</p><p>infraestrutura</p><p>11 Cidades e</p><p>comunidades</p><p>sustentáveis</p><p>12 Consumo e</p><p>produção</p><p>sustentáveis</p><p>10 Redução das</p><p>desigualdades</p><p>Figura 15</p><p>Análise das afirmativas</p><p>I e III – Afirmativas corretas.</p><p>Justificativa: para que os 17 ODS propostos no encontro da Cúpula das Nações Unidas sobre o</p><p>Desenvolvimento Sustentável, em 2015, possam ser efetivamente implantados, os países precisam, além</p><p>de outras ações, formar pesquisadores em áreas estratégicas para o desenvolvimento sustentável e</p><p>estimular atividades produtivas que gerem empregos e assegurem a dignidade da pessoa humana.</p><p>II – Afirmativa incorreta.</p><p>Justificativa: em nenhum dos 17 ODS apregoa-se redução da diversidade cultural como meio de</p><p>disseminação do conhecimento científico e tecnológico entre as nações.</p><p>e crescimento econômico ............................................................................. 72</p><p>5.8.1 ODS 8: retratos do Brasil ...................................................................................................................... 73</p><p>5.9 Indústria, inovação e infraestrutura ............................................................................................. 75</p><p>5.9.1 ODS 9: retratos do Brasil ...................................................................................................................... 75</p><p>5.10 Redução das desigualdades ........................................................................................................... 80</p><p>5.10.1 ODS 10: retratos do Brasil ................................................................................................................. 81</p><p>5.11 Cidades e comunidades sustentáveis ......................................................................................... 84</p><p>5.11.1 ODS 11: retratos do Brasil .................................................................................................................. 84</p><p>5.12 Consumo e produção responsáveis ............................................................................................ 88</p><p>5.12.1 ODS 12: retratos do Brasil ................................................................................................................ 89</p><p>5.13 Ação contra a mudança global do clima ................................................................................. 93</p><p>5.13.1 ODS 13: retratos do Brasil ................................................................................................................ 94</p><p>5.14 Vida na água ........................................................................................................................................ 96</p><p>5.14.1 ODS 14: retratos do Brasil ................................................................................................................ 97</p><p>5.15 Vida terrestre .....................................................................................................................................100</p><p>5.15.1 ODS 15: retratos do Brasil ..............................................................................................................101</p><p>5.16 Paz, justiça e instituições eficazes ............................................................................................103</p><p>5.16.1 ODS 16: retratos do Brasil ..............................................................................................................104</p><p>5.17 Parcerias e meios de implementação ......................................................................................108</p><p>5.17.1 ODS 17: retratos do Brasil ..............................................................................................................109</p><p>5.18 Agenda 2030 .....................................................................................................................................112</p><p>6 A IMPLEMENTAÇÃO DE POLÍTICAS PÚBLICAS ...................................................................................114</p><p>6.1 Órgãos governamentais ...................................................................................................................121</p><p>6.2 Terceiro setor: ONGs ..........................................................................................................................121</p><p>6.3 Ações de divulgação..........................................................................................................................122</p><p>7 ODS E PESQUISA ............................................................................................................................................122</p><p>7.1 Pesquisa aplicada em comunicação social e ODS .................................................................122</p><p>7.2 Universidades e os ODS ...................................................................................................................123</p><p>8 A ATUAÇÃO DO JORNALISTA: DESAFIOS CONTEMPORÂNEOS AO</p><p>EXERCÍCIO PROFISSIONAL .............................................................................................................................123</p><p>7</p><p>APRESENTAÇÃO</p><p>Este livro-texto é um referencial para compreender a interdisciplinaridade a partir de um assunto</p><p>contemporâneo significativo: os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).</p><p>Os objetivos principais deste material são destacar a importância de estabelecer um diálogo</p><p>interdisciplinar entre os conhecimentos adquiridos no curso de Jornalismo e ampliar o território dos</p><p>conhecimentos advindos de outros campos do saber.</p><p>Este material visa oferecer instrumentos de reflexão que levem o aluno a:</p><p>• compreender e desempenhar as funções do jornalismo;</p><p>• aprofundar as pesquisas aliadas às diretrizes sociais nacionais contemporâneas para o</p><p>aprimoramento do ofício;</p><p>• desenvolver e lapidar habilidades diferenciadas em um mercado de trabalho altamente</p><p>competitivo, multidisciplinar e mutável;</p><p>• refletir sobre a sociedade e seus desafios.</p><p>Adicionalmente, espera-se que o aluno, entendendo o conhecimento interdisciplinar, compreenda a</p><p>dimensão dos problemas sociais e os caminhos para a solução desses problemas, e amplie o escopo das</p><p>ações sociais e dos seus impactos advindos do exercício profissional.</p><p>De forma geral, o conteúdo deste livro-texto pretende estimular uma visão ampla da realidade social</p><p>vigente e instigar os estudantes a perseguir uma percepção mais apurada do mundo em que vive e dos</p><p>contextos sociais que o circundam.</p><p>Boa leitura!</p><p>INTRODUÇÃO</p><p>A Unidade I deste livro-texto propõe-se a elucidar a importância da disciplina e suas aplicações na</p><p>vida profissional do jornalista. Os tópicos abordados serão:</p><p>• a interdisciplinaridade e suas práticas e implicações nas rotinas jornalísticas;</p><p>• o papel que o jornalista tem como agente de transformação social;</p><p>• o perfil necessário para a prática da profissão;</p><p>• a Organização das Nações Unidas (ONU) e seu papel social como agente de fomento de pautas</p><p>sociais, além de seus esforços pelo desenvolvimento do planeta e das pessoas, primando pelos</p><p>8</p><p>direitos dos cidadãos e pela inclusão social de todas as camadas da sociedade global, respeitando</p><p>a diversidade e o pluriculturalismo;</p><p>• a participação do Brasil como país-membro da ONU desde sua fundação;</p><p>• as propostas da ONU para o desenvolvimento sustentável, que define objetivos e metas a serem</p><p>atingidas até o ano de 2030.</p><p>O objetivo da Unidade I é proporcionar ao estudante uma visão ampla da atividade jornalística e</p><p>o desenvolvimento do conhecimento, do perfil e do papel que o jornalista exerce em suas atividades</p><p>cotidianas enquanto agente fomentador de transformação social.</p><p>A Unidade II deste livro-texto aborda:</p><p>• os 17 Objetivos para o Desenvolvimento Sustentável (ODS), suas metas e os propósitos da</p><p>Agenda 2030;</p><p>• as políticas públicas e os caminhos para criá-las e implementá-las;</p><p>• as interações entre os órgãos governamentais, as instituições do terceiro setor e as formas de</p><p>divulgação dessas políticas;</p><p>• a relação entre as universidades e o fomento à implementação dos ODS;</p><p>• a relação entre os ODS e as pesquisas nas áreas de comunicação aplicada e acadêmica;</p><p>• a atuação do jornalista no contexto atual;</p><p>• a produção da informação, a opinião pública e os desafios contemporâneos para o exercício</p><p>profissional.</p><p>O objetivo da Unidade II é apresentar o conteúdo de cada ODS e associá-los a possíveis construções</p><p>de pautas, esclarecendo os desafios do jornalista diante de alguns dos temas da atualidade.</p><p>9</p><p>JORNALISMO INTERDISCIPLINAR</p><p>Unidade I</p><p>A profissão de jornalista vem consolidando-se através dos tempos, mas sua expressividade ganha força a</p><p>partir do século XVIII com o advento dos diversos veículos voltados à prática jornalística pelo mundo.</p><p>É possível traçar a história do jornalismo muito antes disso, com as primeiras publicações periódicas</p><p>da Idade Média que traziam conteúdos considerados</p><p>jornalísticos; contudo, a força desse modelo</p><p>de informação acontece a partir da Revolução Industrial, que transforma as formas de produção</p><p>e a consequente necessidade de mecanismos para sistematizar o conhecimento a respeito dos</p><p>acontecimentos e fatos importantes que ocorriam, divulgando-os para um determinado grupo de</p><p>pessoas e sua comunidade.</p><p>O hábito de buscar informações consolida-se de forma inequívoca a partir do século XVIII e, desde</p><p>então, nascem diversas formas de veicular informações, dado que a tecnologia não para de crescer</p><p>e sua expansão abre as portas para que mais pessoas e muito mais conteúdo seja compartilhado, o</p><p>que aumenta a possibilidade de temas a serem explorados, amplia as dimensões do olhar para cada</p><p>assunto e gera mais responsabilidades ao jornalista, que deve estar sempre atento tanto à veracidade</p><p>dos fatos que publicará quanto às implicações e intersecções que suas pautas podem gerar a cada</p><p>matéria publicada.</p><p>Da necessidade de um conhecimento mais amplo e da habilidade de checar fatos com mais</p><p>veemência surgem as imbricações interdisciplinares, que abrem as portas para a atividade profissional.</p><p>O indivíduo deixa se ser um investigador solitário em busca de uma verdade que justifique seus anseios</p><p>pela criação de uma pauta e vai em direção a um trabalho de equipe, em que múltiplas vozes devem</p><p>ser ouvidas, registradas, selecionadas e incorporadas a cada matéria realizada e reportagem finalizada.</p><p>A revolução tecnológica proporcionou muitos avanços, e a revolução digital possibilita aplicações</p><p>cada vez mais objetivas das propostas de interdisciplinaridade, por exigir diversos saberes para a</p><p>produção jornalística intentada. Surge assim o jornalismo interdisciplinar – aquele que precisa de muitas</p><p>mãos e muitos olhares para dar conta de cada produção.</p><p>Exemplo de aplicação</p><p>Pesquise e conheça jornais mais antigos!</p><p>Para aprimorar seu conhecimento, você deve se organizar sobre as mais diversas informações. Aja</p><p>sempre como um bom investigador e crie rotinas para registro das mais diversas informações; quanto</p><p>mais rico for seu banco de dados pessoal, mais fácil será buscar novas informações sobre os assuntos</p><p>em que você quer se aprofundar. Aqui segue um início de processo de levantamento de dados como</p><p>exemplo para você se inspirar e começar a criar seus próprios bancos de pesquisa.</p><p>10</p><p>Unidade I</p><p>A lista proposta relaciona alguns dos principais jornais a partir do ano 1645 e uma das formas de</p><p>guardar o registro em formato de texto, mas você pode usar banco de dados em planilhas ou criar</p><p>tabelas em editores de texto.</p><p>Uma das propostas é listar os jornais por nome e ano de fundação:</p><p>• Post-och Inrikes Tidningar, 1645;</p><p>• La Gazzetta di Mantova, 1664;</p><p>• The Scots, 1739;</p><p>• The Guardian, 1821;</p><p>• Diário de Pernambuco, 1825;</p><p>• The New York Times, 1851;</p><p>• Yomiuri Shimbun, 1874.</p><p>A outra proposta é listar os jornais pela data de fundação:</p><p>• O Estado de S. Paulo, 4/1/1875;</p><p>• Folha de S. Paulo, 19/2/1921;</p><p>• O Globo, 19/7/1925.</p><p>Existem outras possibilidades de critérios para construção de listas ou tabelas, e outros sistemas de</p><p>apoio à pesquisa. Você poderia escolher como critério de listagem o nome do jornal, o ano de criação, o</p><p>local de fundação; ou ainda jornal, ano, local de fundação, em atividade, imagem da publicação; fontes</p><p>da informação. Comece, a partir de agora, a pensar nos seus critérios de registro e nas informações em</p><p>que você quer se aprofundar. Mantenha esses dados atualizados, olhe de vez em quando as informações</p><p>e use esses dados para criar matérias frias – isto é, aquelas que já estão prontas para quando a</p><p>oportunidade de publicá-las surgir.</p><p>1 O QUE É JORNALISMO INTERDISCIPLINAR?</p><p>O jornalismo interdisciplinar surge enquanto disciplina a partir da concepção político-filosófica da</p><p>Universidade, que afirma em seu projeto pedagógico institucional (PPI) ter</p><p>[…] como pilares o Conviver, o Conhecer, o Ser e o Fazer presentes na ação</p><p>pedagógica dos projetos pedagógicos, favorecendo a formação integral do</p><p>11</p><p>JORNALISMO INTERDISCIPLINAR</p><p>aluno e possibilitando, através de propostas interdisciplinares, da resolução</p><p>de problemas e da sistematização de processos dialógicos, o aprender a</p><p>aprender. Está voltada para a formação de competências, orientando o aluno</p><p>para a busca e a construção do seu próprio conhecimento, aprendendo não</p><p>só a ser o profissional, mas também a ser um cidadão integrado à realidade</p><p>social em que vive.</p><p>Esta disciplina, portanto, se alinha às exigências contemporâneas e apresenta as formas de</p><p>compreensão e assimilação do exercício profissional, além de suas múltiplas intersecções com diversas</p><p>áreas do saber e do conhecimento.</p><p>A proposta de dialogismo para este livro é a de Paulo Freire, que associa o conceito</p><p>[…] a uma educação “comunicativa”: “O homem radical na sua opção, não nega</p><p>o direito ao Outro de optar. Não pretende impor a sua opção. Dialoga sobre</p><p>ela. Está convencido de seu acerto, mas respeita no Outro o direito de também</p><p>julgar-se certo” (FREIRE, 1989 apud MANIERE; CARDOSO, 2021, p. 8-9).</p><p>Para o jornalista é essencial ser dialógico. Apesar disso, ele sempre deve primar por separar as suas</p><p>opiniões e percepções do olhar do outro sobre o mesmo fato, e deve construir sua versão do fato de</p><p>forma objetiva, clara e sem interpretações pessoais, permitindo que o outro faça a sua interpretação do</p><p>fato a partir de sua realidade de mundo e do conhecimento que possui.</p><p>É a partir de múltiplos conhecimentos e da relação entre eles que o jornalismo acontece de forma</p><p>interdisciplinar, proporcionando a construção de uma notícia a partir de diversas percepções, o que</p><p>gera uma informação ampla que propicia ao interlocutor a compreensão, a interpretação e então a</p><p>opinião, consistentes a respeito do fato reportado.</p><p>Lembrete</p><p>No dialogismo ou educação dialógica, segundo Paulo Freire, o ensino</p><p>não deve ser simplesmente transmitido de uma pessoa para outra, mas</p><p>sim produzido, construído a partir do diálogo entre dois sujeitos em busca</p><p>do conhecimento. Para o autor, “a capacidade de estabelecer diálogos</p><p>na educação é o que pode elevar o processo educacional a uma esfera</p><p>libertadora para os sujeitos que dela fazem parte” (SAIBA…, 2021).</p><p>1.1 A interdisciplinaridade, multidisciplinaridade e transdisciplinaridade</p><p>Os conceitos voltados à junção de diversos conhecimentos têm uma classificação a partir da</p><p>forma como estes se agrupam e se inter-relacionam. São diversos os pesquisadores do assunto, mas</p><p>chama especial atenção uma das classificações realizadas por pensadores nos anos 1970, conforme o</p><p>texto extraído do artigo de Ângela Ravazzolo:</p><p>12</p><p>Unidade I</p><p>[…] um seminário ocorrido na França em 1970, organizado pelo Centro de</p><p>Pesquisa e Inovação do Ensino, com apoio do Ministério da Educação da França</p><p>e Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).</p><p>No encontro, a interdisciplinaridade foi discutida a partir da visão de</p><p>diferentes pensadores, entre eles Jean Piaget. Em seus estudos sobre</p><p>interdisciplinaridade, o pensador francês estabeleceu três níveis de relações,</p><p>de acordo com o grau de interação entre os componentes disciplinares: 1)</p><p>Multidisciplinaridade: em um “patamar inferior” de interação; a solução</p><p>de um problema exige a colaboração de duas ou mais áreas, mas não há</p><p>modificação desses setores. 2) Interdisciplinaridade: um “segundo nível”</p><p>de colaboração entre disciplinas; ocorre reciprocidade dentro das trocas,</p><p>com um enriquecimento mútuo. 3) Transdisciplinaridade: considerada</p><p>uma “etapa superior”; não apenas interações entre as disciplinas, mas sim</p><p>ligações situadas dentro de um “sistema total, sem fronteiras estáveis entre</p><p>as disciplinas” (ALVARENGA et al., 2011 apud RAVAZZOLO et al., 2017, p. 7).</p><p>O conceito aqui aplicado é o proposto no PPI:</p><p>A institucionalização destes princípios é assegurada pelo projeto de ensino</p><p>interdisciplinar, voltado para centros de interesses, que têm por objetivo a</p><p>construção da autonomia intelectual do</p><p>aluno, considerando também:</p><p>— a organização global do conhecimento;</p><p>— a metodologia baseada em problemas;</p><p>— a interação do aluno com o objeto de estudo;</p><p>— as oportunidades diversificadas de aprendizagem;</p><p>— a contextualização das atividades de ensino, pesquisa e extensão.</p><p>A interdisciplinaridade, assim como as diversas disciplinas do curso de Jornalismo, também se dá</p><p>conforme a proposta do PPI, que se propõe</p><p>como possibilidade de construção coletiva e vê, nas ações interdisciplinares,</p><p>a forma de transformar e criar o novo saber, e assume as relações do ser</p><p>aprendiz com o objeto do conhecer, acreditando, como Paulo Freire, que</p><p>só aprende verdadeiramente aquele que se apropria do aprendido.</p><p>Dessa forma, a interdisciplinaridade no Jornalismo acontece tanto nos encontros entre as diversas</p><p>disciplinas do curso como nos caminhos pelos quais o jornalista transita, pois a realização de um bom</p><p>produto jornalístico envolve pelo menos dois saberes básicos: o conhecimento sobre fazer-jornalismo</p><p>e o conhecimento adquirido sobre o tema da pauta.</p><p>13</p><p>JORNALISMO INTERDISCIPLINAR</p><p>A interdisciplinaridade, no caso desta disciplina, Jornalismo Interdisciplinar, se dá em particular</p><p>pela integração entre os conteúdos aprendidos ao longo da formação do estudante e sua aplicação</p><p>aliada aos conhecimentos gerados por mecanismos sociais e a aplicação prática na geração de</p><p>conteúdos jornalísticos.</p><p>Os eixos que constituem este método são:</p><p>• o conhecimento teórico-prático advindo das diversas disciplinas já cursadas;</p><p>• a aplicação dos conceitos teóricos à produção jornalística;</p><p>• a transformação do conhecimento de uma ação específica voltada à agenda de objetivos de</p><p>sustentabilidade global, produzindo informação e disseminando-a a partir de uma agenda social.</p><p>2 O PAPEL SOCIAL DO JORNALISTA</p><p>Diante dos desafios contemporâneos, espera-se do jornalista uma atuação significativa na sociedade</p><p>enquanto agente de transformação por meio de seu poder de apresentar e esclarecer os fatos à luz da</p><p>verdade. Cabe ao profissional, portanto, ser diligente em suas escolhas de pautas e na verificação de</p><p>suas fontes.</p><p>O compromisso desse profissional está com a busca de informações relevantes e com a divulgação</p><p>de verdades que possam fortalecer os valores e impressões de seus interlocutores sobre a realidade</p><p>em que vivem.</p><p>O jornalista deve estar atento aos fatos que o circundam, sabendo ouvir as nuances de cada discurso,</p><p>assim como suas implicações para os públicos. Para isso é necessário que este profissional desenvolva, ao</p><p>longo de seus estudos formativos, capacidades que o tornem apto a realizar as demandas que o exercício</p><p>da profissão exige. Dentre essas capacidades, são destacadas no projeto pedagógico do curso (PPC)</p><p>de jornalismo:</p><p>— Capacidade de interpretar e divulgar a variedade das demandas</p><p>sociais e profissionais na área, adequando-se à complexidade do mundo</p><p>contemporâneo.</p><p>— Visão integradora e transdisciplinar dos fenômenos e processos sociais,</p><p>possibilitando a compreensão das dinâmicas que interagem, originando</p><p>as diversas modalidades comunicacionais.</p><p>— Habilidade em aplicar profissionalmente todo instrumental teórico e</p><p>prático oferecido pelo curso.</p><p>— Capacidade de analisar criticamente as mídias e seus produtos.</p><p>14</p><p>Unidade I</p><p>— Desenvolvimento da postura criativa e análise crítica voltada à</p><p>produção, distribuição e recepção das mídias e práticas profissionais</p><p>e sociais decorrentes das atividades midiáticas e suas relações com os</p><p>contextos cultural, político e econômico.</p><p>O exercício constante de atividades que estimulam a interdisciplinaridade e os intercâmbios de</p><p>informação entre as diversas disciplinas, buscando a confirmação dos fatos em diversas fontes, é</p><p>o que se busca ao longo da formação jornalística. A partir disso, espera-se que o desenvolvimento</p><p>enquanto indivíduo e profissional seja constante, e que deste processo floresçam produtos jornalísticos</p><p>de qualidade, que deem respostas adequadas aos fatos apresentados, garantindo a repercussão tanto</p><p>das boas como das más notícias, de acordo com a ocasião.</p><p>Observação</p><p>Em jornalismo, fonte é o termo usado para identificar a origem da</p><p>informação e tem pelo menos três designações:</p><p>• Pessoas: podem ser nomeadas ou anônimas, e devem ter conhecimento</p><p>comprovado sobre o tema consultado. Neste caso, o mais comum são</p><p>as anônimas. A pessoas entrevistadas também se aplica o termo fonte.</p><p>• Outros veículos: outro tipo de fonte são agências de notícias,</p><p>organismos governamentais oficiais. Às pessoas entrevistadas também</p><p>se aplica o termo fonte.</p><p>• Referências bibliográficas, dados estatísticos etc.: o termo também</p><p>é utilizado para os dados apresentados ao longo de um uma pauta</p><p>jornalística, sejam dados estatísticos ou informações teóricas, além</p><p>de outros conhecimentos que podem ter origem bibliográfica ou de</p><p>outro suporte midiático.</p><p>2.1 O perfil do jornalista</p><p>De acordo com o PPC de jornalismo da UNIP, “a formação do jornalista decorre de um processo</p><p>multidisciplinar que envolve a postura ética na profissão, uma cultura abrangente e domínio dos estudos</p><p>da linguagem”. Para tanto, é necessário que sejam apresentados diversos conteúdos ao estudante de</p><p>jornalismo, para que este possa ampliar seus conhecimentos tanto a partir dos aprendizados em sala</p><p>de aula quanto a partir do fomento à pesquisa e da vivência social voltada para as artes e o lazer. Além</p><p>disso, é importante participar de atividades sociais e envolver-se em demais vínculos socioprofissionais</p><p>que ampliem o seu conhecimento de mundo.</p><p>15</p><p>JORNALISMO INTERDISCIPLINAR</p><p>O repertório acadêmico compõe-se de atividades prático-teóricas que delineiam o perfil do egresso,</p><p>que se caracteriza pela:</p><p>— habilidade em atuar na mediação social, integrando os diversos</p><p>setores da sociedade;</p><p>— capacidade em produzir informações relacionadas a fatos com</p><p>repercussões atuais;</p><p>— objetividade e imparcialidade na apuração, interpretação, registro e</p><p>divulgação dos fatos.</p><p>— ética na conduta profissional;</p><p>— postura criativa, reflexiva e responsável, aplicando o raciocínio lógico</p><p>e científico;</p><p>— disseminação das informações de modo que o jornalismo seja para os</p><p>cidadãos uma forma de conhecimento da realidade;</p><p>— ligação com outras áreas do saber com as quais o jornalismo faz</p><p>interface;</p><p>— tradução de uma realidade de maneira a categorizar a informação</p><p>e qualificá-la, dando-lhe uma interpretação que a distancie do</p><p>senso comum.</p><p>Cabe ainda ao jornalista, a partir da proposta da Portaria n. 203/2009, relativa às Diretrizes</p><p>Curriculares Nacionais para os cursos de Jornalismo, primar pelo desenvolvimento de diversas</p><p>competências e atitudes ao longo de seus estudos, tais quais:</p><p>— Compreender e valorizar como conquistas históricas da cidadania</p><p>e indicadores de um estágio avançado de civilização, em processo</p><p>constante de riscos e aperfeiçoamento: o regime democrático, o</p><p>pluralismo de ideias e de opiniões, a cultura da paz, os direitos</p><p>humanos, as liberdades públicas, a justiça social e o desenvolvimento</p><p>sustentável;</p><p>— Conhecer, em sua unicidade e complexidade intrínsecas, a história,</p><p>a cultura e a realidade social, econômica e política brasileira,</p><p>considerando especialmente a diversidade regional, os contextos</p><p>latino-americano e ibero-americano, o eixo sul-sul e o processo de</p><p>internacionalização da produção jornalística;</p><p>16</p><p>Unidade I</p><p>— Identificar e reconhecer a relevância e o interesse público entre os</p><p>temas da atualidade;</p><p>— Distinguir entre o verdadeiro e o falso a partir de um sistema de</p><p>referências éticas e profissionais;</p><p>— Pesquisar, selecionar e analisar informações em qualquer campo de</p><p>conhecimento específico;</p><p>— Dominar a expressão oral e a escrita em língua portuguesa;</p><p>— Ter domínio instrumental de pelo menos dois outros idiomas –</p><p>preferencialmente inglês e espanhol, integrantes do contexto</p><p>geopolítico em que o Brasil está inserido;</p><p>— Interagir com pessoas e grupos sociais de formações e culturas</p><p>diversas e diferentes níveis</p><p>de escolaridade;</p><p>— Ser capaz de trabalhar em equipes profissionais multifacetadas;</p><p>— Saber utilizar as tecnologias de informação e comunicação;</p><p>— Pautar-se pela inovação permanente de métodos, técnicas e</p><p>procedimentos;</p><p>— Cultivar a curiosidade sobre os mais diversos assuntos e a humildade</p><p>em relação ao conhecimento;</p><p>— Possuir abertura para compreender que o aprendizado é permanente;</p><p>— Saber conviver com o poder, a fama e a celebridade mantendo a</p><p>independência e o distanciamento necessários em relação aos mesmos;</p><p>— Perceber constrangimentos à atuação profissional e desenvolver</p><p>senso crítico em relação a eles;</p><p>— Procurar ou criar alternativas para o aperfeiçoamento das práticas</p><p>profissionais;</p><p>— Atuar sempre com discernimento ético (BRASIL, 2009, p. 18).</p><p>17</p><p>JORNALISMO INTERDISCIPLINAR</p><p>3 A ONU E SUAS DIRETRIZES PARA O DESENVOLVIMENTO GLOBAL</p><p>Dentre as diversas premissas de formação propostas para o jornalista, o conhecimento sobre</p><p>instituições que sejam relevantes para a sua atuação é de suma importância. Este livro-texto aborda</p><p>a Organização das Nações Unidas (ONU) como ferramenta e fomentadora de instrumentos para a</p><p>produção de produtos jornalísticos, pautados na busca pela paz e na gestão sustentável do planeta.</p><p>A ONU conta na atualidade com 193 países-membros, e seus princípios de fundamento baseiam-se na</p><p>Carta das Nações Unidas (ONU, 2009), documento que deu início à constituição e fundação da organização.</p><p>Figura 1 – Preâmbulo da Carta das Nações Unidas</p><p>Disponível em: https://tinyurl.com/36zt994y. Acesso em: 15 jun. 2023.</p><p>18</p><p>Unidade I</p><p>Saiba mais</p><p>“Nós, os povos das Nações Unidas</p><p>decididos</p><p>A preservar as gerações vindouras do flagelo da guerra que por duas</p><p>vezes, no espaço de uma vida humana, trouxe sofrimentos indizíveis</p><p>à humanidade;</p><p>A reafirmar a nossa fé nos direitos fundamentais do homem, na</p><p>dignidade e no valor da pessoa humana, na igualdade de direitos dos</p><p>homens e das mulheres, assim como das nações, grandes e pequenas;</p><p>A estabelecer as condições necessárias à manutenção da justiça e</p><p>do respeito das obrigações decorrentes de tratados e de outras fontes do</p><p>direito internacional;</p><p>A promover o progresso social e melhores condições de vida dentro de</p><p>um conceito mais amplo de liberdade;</p><p>e para tais fins</p><p>A praticar a tolerância e a viver em paz, uns com os outros, como</p><p>bons vizinhos;</p><p>A unir as nossas forças para manter a paz e a segurança internacionais;</p><p>A garantir, pela aceitação de princípios e instituição de métodos, que a</p><p>força armada não será usada, a não ser no interesse comum;</p><p>A empregar mecanismos internacionais para promover o progresso</p><p>econômico e social de todos os povos;</p><p>resolvemos conjugar os nossos esforços para a consecução</p><p>desses objetivos.</p><p>Em vista disso, os nossos respetivos governos, por intermédio dos seus</p><p>representantes reunidos na cidade de São Francisco, depois de exibirem os</p><p>seus plenos poderes, que foram achados em boa e devida forma, adotaram</p><p>a presente Carta das Nações Unidas e estabelecem, por meio dela, uma</p><p>organização internacional que será conhecida pelo nome de Nações Unidas”.</p><p>Para ler a carta na íntegra, conhecer suas atualizações e mudanças</p><p>feitas nos artigos que a regulamentam, acesse:</p><p>19</p><p>JORNALISMO INTERDISCIPLINAR</p><p>ONU. Carta das Nações Unidas e o estatuto do Tribunal Internacional de</p><p>Justiça. Nova York: ONU, 2009. Disponível em: https://tinyurl.com/34y8er96.</p><p>Acesso em: 6 jun. 2023.</p><p>3.1 Histórico da ONU</p><p>A ONU nasce no contexto da Segunda Guerra Mundial. Os avanços territoriais da Alemanha</p><p>de Hitler geraram as alianças em defesa do planeta Terra e as bases da organização, que tem em</p><p>seu propósito:</p><p>O objetivo […] de unir todas as nações do mundo em prol da paz e do</p><p>desenvolvimento, com base nos princípios da justiça, dignidade humana e</p><p>no bem-estar de todos. A ONU dá aos países a oportunidade de procurar</p><p>soluções em conjunto para os desafios do mundo, preservando os interesses</p><p>e a soberania nacional (NAÇÕES UNIDAS, 2020).</p><p>Esse propósito foi desenvolvido a partir dos anos 1940, durante os encontros dos países aliados</p><p>contra o avanço da expansão territorial da Alemanha Nazista e a partir das alianças com a Itália e</p><p>o Japão. As maiores potências mundiais da época, Estados Unidos, União Soviética e Reino Unido,</p><p>reuniram-se em diversas conferências com a finalidade de conter a guerra.</p><p>O primeiro esboço de um tratado mundial em busca da paz permanente que limitasse os avanços</p><p>de novas guerras mundiais teve início em 12 de junho de 1941, no Palácio de Saint James, em Londres,</p><p>na Inglaterra, com a Carta das Nações Unidas (ONU, 2022), que foi o primeiro passo de uma série de</p><p>encontros e conferências entre os países aliados para a constituição de um organismo mundial que</p><p>dirimisse as questões internacionais em prol da paz e do desenvolvimento. Essa primeira reunião tem</p><p>seus documentos conhecidos como “Declaração de Saint James”.</p><p>Em 14 de agosto de 1941, o primeiro-ministro inglês, Winston Churchill, e o presidente dos Estados</p><p>Unidos, Franklin Roosevelt, elaboram uma declaração conjunta de princípios a respeito da finalidade da</p><p>guerra, conhecida como Carta do Atlântico, que ambos assinam.</p><p>No mesmo ano, em 30 de outubro, acontece a Primeira Conferência de Moscou, estimulada pela</p><p>invasão da Polônia e pela aliança da Itália e do Japão com a Alemanha Nazista. Nessa reunião, que</p><p>foi mais uma rodada para refletir sobre como agir diante da escalada da guerra, estiveram presentes</p><p>Churchill, Roosevelt e Josef Stalin, governante da União Soviética.</p><p>A Segunda Conferência de Moscou acontece de 12 a 17 de junho de 1942, com a presença dos</p><p>mesmos participantes de 1941. A necessidade premente era conter os avanços de Hitler por toda a</p><p>Europa, pois nessa época a guerra já havia envolvido diversos países europeus.</p><p>Em 30 de outubro de 1943 acontece a Terceira Conferência de Moscou, na qual é assinada a</p><p>Declaração das Quatro Nações Unidas, ou Declaração das Nações Unidas, que substitui a Liga das</p><p>Nações e tem como signatários EUA, URSS, Reino Unido e China.</p><p>20</p><p>Unidade I</p><p>Observação</p><p>Reino Unido é a união política de quatro países sob o mesmo</p><p>parlamento. O nome oficial é Reino Unido da Grã-Bretanha e da Irlanda</p><p>do Norte (United Kingdom of Great Britain and Northern Ireland). Os</p><p>países que fazem parte da aliança, que tem seu início em 1922, depois</p><p>da declaração de Independência da República da Irlanda, são Escócia,</p><p>Inglaterra, Irlanda do Norte e País de Gales. URSS é a união dos diversos</p><p>países que constituíam o “bloco de ferro” sob regime socialista. A sigla</p><p>significa União das Repúblicas Socialistas Soviéticas.</p><p>Com a invasão da Polônia e a tentativa da Alemanha Nazista de incluir mais território em seus</p><p>domínios, acontece a Conferência de Teerã, em dezembro de 1943. Na reunião é proposto o</p><p>desmembramento da Alemanha em dois territórios – a Alemanha passa a ser dividida entre Alemanha</p><p>Ocidental (capitalista) e Alemanha Oriental (socialista), esta com governo pró-Moscou – e é delimitada</p><p>a fronteira da Polônia.</p><p>1941</p><p>Carta da ONU</p><p>12 de junho</p><p>de 1941</p><p>Declaração</p><p>do Palácio</p><p>Saint James</p><p>Londres,</p><p>Inglaterra</p><p>1942</p><p>Segunda Conferência</p><p>de Moscou</p><p>12 a 17 de agosto</p><p>de 1942</p><p>Conter os avanços</p><p>de Hitler pela</p><p>Europa</p><p>Participantes:</p><p>EUA, URSS e</p><p>Reino Unido</p><p>1943</p><p>Terceira Conferência</p><p>de Moscou</p><p>30 de outubro de</p><p>1943</p><p>Nasce a Declaração</p><p>das Quatro Nações,</p><p>ou Declaração das</p><p>Nações Unidas</p><p>Assinam o tratado</p><p>EUA, URSS, China</p><p>e Reino Unido</p><p>EUA e URSS</p><p>concordam com</p><p>a criação de uma</p><p>organização</p><p>internacional para</p><p>substituir a Liga</p><p>das Nações</p><p>1943</p><p>Conferência de</p><p>Teerã</p><p>Dezembro de</p><p>1943</p><p>URSS, EUA e</p><p>Inglaterra</p><p>Desmembramento</p><p>da Alemanha e</p><p>limites</p><p>1941</p><p>Carta do</p><p>Atlântico</p><p>14 de agosto</p><p>de 1941</p><p>Declaração</p><p>acordada por</p><p>Churchill e</p><p>Roosevelt</p><p>1941</p><p>Primeira Conferência</p><p>de Moscou</p><p>30 de outubro</p><p>de 1941</p><p>Participantes do</p><p>encontro: Churchill,</p><p>Roosevelt e Stalin</p><p>Debate do futuro</p><p>do conflito entre a</p><p>Alemanha Nazista</p><p>e seus aliados</p><p>Itália e</p><p>Japão, a</p><p>partir da invasão</p><p>da Polônia</p><p>Figura 2 – Linha do tempo da atuação da ONU, 1941-1943</p><p>Fonte: United Nations (c2023c).</p><p>21</p><p>JORNALISMO INTERDISCIPLINAR</p><p>Entre agosto e setembro de 1944 acontece a Conferência de Dumbarton Oaks, na mansão (que</p><p>hoje é um museu) situada em Washington DC, EUA. Participam da reunião: EUA, URSS, Reino Unido</p><p>e China, com o objetivo de deliberar sobre os princípios e regras que norteariam a União das Nações</p><p>presentes e de outras que pudessem ser aliadas à instituição a ser criada.</p><p>Figura 3 – Museu Dumbarton Oaks, Washington DC, EUA</p><p>Disponível em: https://tinyurl.com/mrw3nv26. Acesso em: 15 jun. 2023.</p><p>A Conferência de Yalta acontece em janeiro de 1945 na Crimeia, território da União Soviética.</p><p>O objetivo desta reunião é fixar as bases das Nações Unidas e ratificar a divisão da Alemanha, delimitar</p><p>as fronteiras da polônia, fixar o acordo de que as terras do Leste Europeu, libertas pelo exército soviético,</p><p>teriam governos pró-Moscou – isto é, seriam de orientação ideológica socialista – e faz a divisão da</p><p>Coreia em Coreia do Norte (socialista) e Coreia do Sul (capitalista). No mesmo tratado há também a</p><p>liberação da Grécia e da Turquia da influência das lideranças soviéticas.</p><p>A Carta das Nações Unidas é pensada e discutida entre 25 de abril e 12 de junho de 1945, em</p><p>São Francisco, Califórnia, EUA. Na reunião, os 50 países participantes apresentam suas propostas, e são</p><p>criadas as bases para a formação oficial das Nações Unidas.</p><p>Em 24 de outubro de 1945 é oficializada a criação da ONU, cuja sede fica na cidade Nova York, nos</p><p>Estados Unidos. A cada ano, em 24 de outubro, comemora-se o Dia das Nações Unidas.</p><p>Figura 4 – Sede das Nações Unidas, em Nova York</p><p>Disponível em: https://tinyurl.com/ypxh6nb2. Acesso em: 15 jun. 2023.</p><p>Para dar conta das demandas contemporâneas, a Carta das Nações Unidas tem sido revisada e</p><p>atualizada conforme as necessidades apresentadas por seus signatários.</p><p>22</p><p>Unidade I</p><p>A primeira atualização importante aconteceu em 1963, quando a Assembleia Geral aprovou os</p><p>arts. 23, 27 e 61, seguida de atualizações pensadas em 1965, que passaram a vigorar a partir de</p><p>1968. Em 1971, é proposta uma emenda ao art. 61, que entrou em vigor a partir de 1973.</p><p>Art. 61</p><p>1. O Conselho Econômico e Social será composto por 54 membros das</p><p>Nações Unidas eleitos pela Assembleia Geral.</p><p>2. Com ressalva do disposto no nº 3, serão eleitos cada ano, para um período</p><p>de três anos, 18 membros do Conselho Econômico e Social. Um membro</p><p>cessante pode ser reeleito para o período imediato.</p><p>3. Na primeira eleição a realizar-se depois de elevado o número de 27 para</p><p>54 membros, 27 membros adicionais serão eleitos, além dos membros eleitos</p><p>para a substituição dos nove membros cujo mandato expira ao fim daquele</p><p>ano. Desses 27 membros adicionais, nove serão eleitos para um mandato que</p><p>expirará ao fim de um ano, e nove outros para um mandato que expirará ao</p><p>fim de dois anos, de acordo com disposições adotadas pela Assembleia Geral.</p><p>4. Cada membro do Conselho Econômico e Social terá um representante</p><p>(ONU, 2009).</p><p>Agosto e</p><p>outubro, em</p><p>Dumbarton Oaks</p><p>China, URSS,</p><p>Reino Unido e</p><p>Estados Unidos</p><p>propõem ações,</p><p>e e surge</p><p>a primeira</p><p>proposta para</p><p>as Nações</p><p>Unidas</p><p>1944</p><p>Conferência de</p><p>Dumbarton Oaks</p><p>1945</p><p>Conferência de</p><p>lalta</p><p>Crimeia,</p><p>território da</p><p>URSS</p><p>Fixar as bases</p><p>das Nações</p><p>Unidas</p><p>Ratificação</p><p>da divisão da</p><p>Alemanha, da</p><p>redefinição</p><p>das fronteiras</p><p>polonesas, com</p><p>vantagens para</p><p>a URSS, fixando</p><p>que os países</p><p>libertos pela</p><p>URSS no Leste</p><p>Europeu teriam</p><p>governos</p><p>pró-Moscou,</p><p>definindo</p><p>a divisão</p><p>da Coreia</p><p>em Norte</p><p>(comunista) e</p><p>Sul (capitalista),</p><p>e liberando</p><p>Grécia e Turquia</p><p>da influência</p><p>soviética</p><p>1945</p><p>Carta da Nações</p><p>Unidas</p><p>25 de abril</p><p>a 26 de junho</p><p>de 1945</p><p>São Francisco,</p><p>EUA</p><p>Participação de</p><p>50 países</p><p>1945</p><p>Nações Unidas</p><p>24 de</p><p>outubro de</p><p>1945</p><p>Entra em</p><p>vigor a</p><p>Organização</p><p>das Nações</p><p>Unidas</p><p>1963</p><p>Emenda à Carta das</p><p>Nações Unidas</p><p>17 de dezembro de</p><p>1963</p><p>A Assembleia</p><p>Geral aprovou as</p><p>emendas aos arts.</p><p>23, 27 e 61 da carta</p><p>Em vigência desde</p><p>31 de agosto de</p><p>1965</p><p>1968</p><p>Emenda à Carta das</p><p>Nações Unidas</p><p>A emenda do</p><p>art.109, aprovada</p><p>na Assembleia</p><p>Geral a 20 de</p><p>dezembro de 1965</p><p>Em vigência desde</p><p>12 de junho de</p><p>1968</p><p>Uma posterior</p><p>emenda ao art. 61</p><p>foi aprovada pela</p><p>Assembleia Geral</p><p>a 20 de dezembro</p><p>de 1971</p><p>Em vigência desde</p><p>24 de setembro</p><p>de 1973</p><p>1971</p><p>Emenda à Carta das</p><p>Nações Unidas</p><p>Figura 5 – Linha do tempo da ONU, 1944-1971</p><p>23</p><p>JORNALISMO INTERDISCIPLINAR</p><p>Saiba mais</p><p>Há discrepâncias entre os diversos sites pesquisados sobre a história</p><p>da ONU. Alguns afirmam que o número inicial de países signatários era</p><p>51; contudo, a maioria das fontes relata 50 países, que foram somando-se</p><p>no período de 1941 a 1945. Optou-se, neste caso, pelo número divulgado</p><p>na maioria dos sites – isto é, a quantidade está conforme os dados das</p><p>seguintes fontes:</p><p>1) BATISTA, A. História da ONU: a cronologia dos fatos políticos que a</p><p>antecederam. Diplomacia Business, [s. l.], 31 out. 2021. Disponível</p><p>em: https://tinyurl.com/2p8d7pch. Acesso em: 15 jun. 2023.</p><p>2) UNITED NATIONS. Preparatory years: UN Charter History. United Nations,</p><p>Nova York, 16 mar. 2021. Disponível em: https://tinyurl.com/pzhnjsns.</p><p>Acesso em: 16 jun. 2023</p><p>3) ONU BRASIL. A carta das Nações Unidas. ONU Brasil, Brasília,</p><p>16 set. 2007. Disponível em: https://tinyurl.com/5abrdbse. Acesso</p><p>em: 15 jun. 2023.</p><p>Figura 6 – Carta da Declaração das Nações Unidas, de 1º de janeiro de 1942</p><p>Disponível em: https://tinyurl.com/2p8mfnxn. Acesso em: 15 jun. 2023.</p><p>24</p><p>Unidade I</p><p>Observação</p><p>Ao pesquisar, é importante para o jornalista buscar informações que</p><p>comprovem a veracidade dos fatos, pois há diversos dados sobre um</p><p>mesmo assunto que, muitas vezes, são contraditórios. Ao deparar-se</p><p>com esse problema, o pesquisador deve buscar as fontes mais confiáveis</p><p>para coletar um dado. Neste tópico do livro-texto, por exemplo, a melhor</p><p>saída com relação ao tempo para buscar as informações pertinentes foi</p><p>pesquisar os sites mais relevantes, que continham conteúdos alinhados;</p><p>quanto ao número, optou-se por três fontes confiáveis, duas nacionais</p><p>e uma internacional; os critérios para as escolhas foram a clareza das</p><p>informações e a linearidade apresentada sobre os fatos históricos.</p><p>Existe uma outra forma de confirmação da veracidade dos fatos, que</p><p>é, via de regra, mais demorada: buscar os documentos originais e</p><p>consultá-los diretamente.</p><p>3.2 O papel da ONU na contemporaneidade</p><p>A busca pela paz entre as nações ainda é um trabalho complexo realizado pela ONU. A organização,</p><p>contudo, nos últimos tempos, além de manter seus objetivos originais, tem primado por alertar sobre</p><p>os desafios que se apresentam ao redor do mundo, como a pandemia do coronavírus entre 2020</p><p>e 2022 e os esforços pela inclusão dos marginalizados no circuito social e em prol do desenvolvimento</p><p>de sustentabilidade global.</p><p>Dentre os principais objetivos da ONU, destacam-se:</p><p>• Manter a paz e a segurança internacionais.</p><p>• Fomentar a amizade e as boas relações entre as nações.</p><p>• Defender a cooperação como solução para problemas internacionais.</p><p>• Desenvolver os direitos humanos e das liberdades da população mundial.</p><p>O mandato de cada secretário-geral é de cinco anos. António Manuel de Oliveira Guterres,</p><p>português de Lisboa e conhecido como António Guterres, exerce o cargo no período de 2017-2023. Sua</p><p>responsabilidade é unir e orientar todos os departamentos, escritórios e demais instrumentos da ONU</p><p>para a manutenção da pasta e promoção da vida humana.</p><p>Na mensagem de ano novo para 2023, António Guterres deixou uma mensagem de esperança a</p><p>todos, lembrando os objetivos atuais da ONU e as lutas que enfrentaremos nos próximos anos:</p><p>25</p><p>JORNALISMO INTERDISCIPLINAR</p><p>Em 2023, precisamos de Paz, agora, mais do que nunca. Paz entre todos,</p><p>pondo fim a conflitos através do diálogo. Paz com a natureza e com o nosso</p><p>clima, para construir um</p><p>mundo mais sustentável. Paz no lar, para que</p><p>mulheres e crianças possam viver com dignidade e segurança. Paz nas ruas</p><p>e nas nossas comunidades, com plena proteção pelos direitos humanos. Paz</p><p>nos nossos locais de culto, com respeito pela crença de cada um. E Paz no</p><p>mundo digital, livre de discurso de ódio e de abusos. Em 2023, vamos colocar</p><p>a paz no centro das nossas palavras e das nossas ações. Juntos, vamos fazer</p><p>de 2023 um ano em que a Paz seja restaurada nas nossas vidas, nos nossos</p><p>lares e no nosso mundo (UNITED NATIONS, 2022).</p><p>É interessante lembrar que os mandatos de cinco anos podem ser renovados por mais cinco anos,</p><p>e o tratamento usado para o secretário-geral é Sua Excelência. A eleição para o cargo é feita pela</p><p>Assembleia Geral da ONU, e a residência oficial do ocupante do cargo é em Sutton Place, Manhattan,</p><p>Nova York, EUA.</p><p>3.3 A estrutura da ONU</p><p>O funcionamento das Nações Unidas acontece por meio de seus principais órgãos. Para cada um</p><p>desses órgãos há uma estrutura própria, assim como regras de mandatos e agendas a serem cumpridas</p><p>em cada mandato; suas ações estão previstas na Carta das Nações Unidas.</p><p>Os órgãos que constituem a ONU são:</p><p>• Assembleia Geral.</p><p>• Conselho de Segurança.</p><p>• Conselho Econômico e Social.</p><p>• Conselho de Tutela.</p><p>• Corte Internacional de Justiça.</p><p>• Secretariado.</p><p>3.3.1 Assembleia Geral da ONU</p><p>A Assembleia Geral é o principal órgão deliberativo das Nações Unidas</p><p>e tem como objetivo definir as políticas da Organização. Todos os 193</p><p>Estados-membros das Nações Unidas estão representados na Assembleia</p><p>Geral, sendo o único órgão da ONU com representação universal. Cada país</p><p>tem direito a um voto, independentemente da sua dimensão demográfica</p><p>ou territorial (ONU, 2017).</p><p>26</p><p>Unidade I</p><p>As reuniões e deliberações deste órgão acontecem anualmente, no mês de setembro, no Salão da</p><p>Assembleia Geral, em Nova York. A cada ano é eleito o presidente para um mandato de 12 meses. Todos</p><p>os países têm direito de participar da eleição.</p><p>Os encontros tiveram início em 1946 e aconteceram todos os anos desde então. O Brasil, signatário</p><p>das Nações Unidas desde o início, ocupou o cargo logo nos primeiros anos, em 1947, na assembleia</p><p>extraordinária e na assembleia regular da instituição. O representante brasileiro foi o diplomata brasileiro</p><p>Osvaldo Aranha, que teve papel importante ao longo do governo de Getúlio Vargas.</p><p>Observação</p><p>Osvaldo Euclides de Souza Aranha nasceu em Alegrete, no Rio Grande</p><p>do Sul, em 15 de fevereiro de 1894. Foi advogado, político e diplomata</p><p>brasileiro, e era membro do Partido Republicano Rio-Grandense (PRR).</p><p>Iniciou sua carreira política no primeiro governo de Getúlio Vargas, em</p><p>1930, e exerceu diversas funções públicas e políticas no país: foi governador</p><p>do Rio Grande do Sul (1930), ministro da Justiça e Assuntos Internos</p><p>(1930-1931), ministro das Relações Exteriores (1938-1944), presidente da</p><p>Assembleia Geral das Nações Unidas (1947-1948) e ministro da Fazenda</p><p>(1953-1954). Morreu no Rio de Janeiro, em 27 de janeiro de 1960.</p><p>Figura 7 – Osvaldo Aranha</p><p>Disponível em: https://tinyurl.com/2x3v9sjw. Acesso em: 5 jun. 2023.</p><p>27</p><p>JORNALISMO INTERDISCIPLINAR</p><p>Desde esse período, o Brasil é o primeiro a discursar na Assembleia Geral da ONU, tradição que se</p><p>mantém ao longo dos anos e quebrada apenas durante o governo do presidente Ronald Regan, entre</p><p>1983 e 1984, nos quais o Brasil não foi o primeiro país a discursar. Esse privilégio, segundo o professor</p><p>Matias Spektor, da Fundação Getulio Vargas (FGV),</p><p>[…] foi uma troca feita na época da criação da ONU, quando foi criado o</p><p>Conselho de Segurança, com seus cinco membros permanentes. Houve uma</p><p>discussão sobre se o Brasil seria membro, mas [Winston] Churchill e [Josef]</p><p>Stalin vetaram a proposta. Como forma de reconhecer a ascendência do Brasil</p><p>na América Latina, optou-se, então, por criar essa regra (POR QUE…, 2022).</p><p>Em 2011, esse costume fez com que a ex-presidente Dilma Rousseff fosse a primeira mulher na</p><p>história da ONU a abrir os discursos da Assembleia Geral.</p><p>A Assembleia Geral tem como órgãos subsidiários (que atuam diretamente sobre sua coordenação)</p><p>comitês principais e demais comitês secionais; Comissão de Desarmamento; Conselho de Direitos</p><p>Humanos; Comissão de Direito Internacional; comitês permanentes e comissões ad hoc.</p><p>Observação</p><p>A expressão latina ad hoc significa “para isto”, “destinado a esse fim”</p><p>(AD HOC, c2023).</p><p>Há diversos programas que fazem parte desse grupo de equipes de trabalho, que são 11 no total.</p><p>Dentre eles, os mais conhecidos são:</p><p>• Pnud: Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento</p><p>• Acnur: Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados</p><p>• Unicef: Fundo das Nações Unidas para a Infância</p><p>• UNRISD: Instituto de Pesquisa das Nações Unidas para o Desenvolvimento Social</p><p>Esses programas de promoção humana têm sido amplamente divulgados pela mídia brasileira e</p><p>fornecem dados estatísticos confiáveis sobre o desenvolvimento humano. Eles também servem de base</p><p>para orientar programas e políticas sociais em prol da qualidade de vida dos grupos marginalizados ou</p><p>em situação de risco na sociedade.</p><p>3.3.2 Conselho de Segurança da ONU</p><p>O Conselho de Segurança surge em 1946, logo após a fundação da ONU. Suas normas estão na Carta</p><p>da ONU, capítulo V, e delimitam as atividades do organismo, ratificadas e reiteradas no capítulo VIII.</p><p>Sobre a composição do conselho, ele</p><p>28</p><p>Unidade I</p><p>[…] será constituído por 15 membros das Nações Unidas. A República da</p><p>China, a França, a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (***), o Reino</p><p>Unido da Grã-Bretanha e Irlanda do Norte e os Estados Unidos da América</p><p>serão membros permanentes do Conselho de Segurança. A Assembleia</p><p>Geral elegerá 10 outros membros das Nações Unidas para membros não</p><p>permanentes do Conselho de Segurança, tendo especialmente em vista,</p><p>em primeiro lugar, a contribuição dos membros das Nações Unidas para a</p><p>manutenção da paz e da segurança internacionais e para os outros objetivos</p><p>da Organização e uma distribuição geográfica equitativa (ONU, 2009, p. 19).</p><p>No biênio 2022-2023, o conselho conta com a participação dos seguintes países (para além dos cinco</p><p>permanentes): Albânia, Brasil, Gabão, Gana, Emirados Árabes Unidos, Índia, Irlanda, Quênia, México e</p><p>Noruega. Os cinco países permanentes, além do direito de um voto cada, como os demais, ainda têm o</p><p>direito a veto em questões de segurança.</p><p>Há ainda outros organismos que fazem parte do conselho:</p><p>• Comitê contra o Terrorismo;</p><p>• Tribunal Penal Internacional para Ruanda (TPIR);</p><p>• Tribunal Penal Internacional para a ex-Iugoslávia (TPIEI);</p><p>• Comitê das Forças Armadas;</p><p>• Comissões de Paz e Missões Políticas;</p><p>• Comissões de sanções (ad hoc);</p><p>• Comitês permanentes e órgãos (ad hoc).</p><p>3.3.3 Conselho Econômico e Social da ONU</p><p>O Conselho Económico e Social (Ecosoc) é o principal órgão de coordenação,</p><p>revisão e diálogo sobre políticas e recomendações relacionadas com questões</p><p>económicas, sociais e ambientais, bem como a implementação de metas de</p><p>desenvolvimento acordadas internacionalmente (ONU, 2017).</p><p>Este conselho é um dos principais agentes de desenvolvimento e sustentabilidade mundial.</p><p>Dele participam 54 países em busca de aumentar os índices de inclusão social e desenvolvimento</p><p>humano, aliados ao desenvolvimento global com regras claras para a preservação do planeta e a</p><p>melhoria contínua das condições de trabalho.</p><p>29</p><p>JORNALISMO INTERDISCIPLINAR</p><p>Existem diversas comissões técnicas ligadas a este conselho, dentre as quais:</p><p>• Prevenção do Crime e Justiça Criminal;</p><p>• População e Desenvolvimento;</p><p>• Desenvolvimento Social;</p><p>• Desenvolvimento Sustentável.</p><p>As comissões regionais são:</p><p>• Cepal: Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe.</p><p>As agências especializadas são:</p><p>• OIT: Organização Internacional do Trabalho;</p><p>• FAO: Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura;</p><p>• Unesco: Organização das Nações Unidas para a Ciência, Educação e Cultura;</p><p>• OMS: Organização</p><p>Mundial da Saúde.</p><p>Há ainda os grupos ligados ao Banco Mundial, responsáveis pela geração de recursos e empréstimos</p><p>para os países-membros:</p><p>• Bird: Banco Internacional para a Reconstrução e o Desenvolvimento;</p><p>• IDA: Associação Internacional para o Desenvolvimento;</p><p>• FMI: Fundo Monetário Internacional;</p><p>• OMT: Organização Mundial para o Turismo.</p><p>Todos esses grupos se alinham para criar as políticas atuais de desenvolvimento sustentável.</p><p>3.3.4 Conselho de Tutela da ONU</p><p>O Conselho de Tutela foi estabelecido em 1945 pela Carta das Nações Unidas,</p><p>sob o Capítulo XIII, para supervisionar internacionalmente 11 Territórios</p><p>Fiduciários que haviam sido administrados por sete Estados-membros,</p><p>e assegurar que fossem tomadas medidas adequadas para preparar esses</p><p>territórios para a autodeterminação, a autogovernação e a independência.</p><p>Em 1994, todos os territórios sob tutela alcançaram o autogoverno ou a</p><p>independência (ONU, 2017).</p><p>30</p><p>Unidade I</p><p>O conselho, criado para dar emancipação aos países considerados colônias dos signatários das</p><p>Nações Unidas, perdeu sua razão de ser em 1994, quando Palau, o último país a deixar de ser colônia,</p><p>passou a ser Estado-membro da ONU. A partir de 1o de novembro desse ano, as operações de tutela</p><p>foram suspensas. Em 1997, o conselho deixou de existir.</p><p>3.3.5 Corte Internacional de Justiça</p><p>A função do Tribunal é a de resolver, de acordo com o direito internacional,</p><p>os litígios jurídicos que lhe são submetidos pelos Estados e emitir pareceres</p><p>consultivos sobre questões jurídicas que lhe são remetidas por órgãos e</p><p>agências especializadas das Nações Unidas (ONU, 2017).</p><p>A corte tem sede em Haia, na Holanda (Países Baixos). É o principal órgão judiciário da ONU, com a</p><p>função de resolver questões estatais dos países-membros exclusivamente.</p><p>Não há uma equipe constituída para iniciar os processos necessários a cada solicitação, cabendo a</p><p>cada país-membro a sua constituição quando necessária.</p><p>Figura 8 – Tribunal Internacional de Justiça em Haia, Holanda</p><p>Disponível em: https://tinyurl.com/347dr9fy. Acesso em: 5 jun. 2023.</p><p>A Corte Internacional de Justiça é composta por 15 magistrados. O atual juiz é Leonardo Nemer</p><p>Caldeira Brant, eleito para o mandato de cinco anos, que teve início em 4 de novembro de 2022.</p><p>31</p><p>JORNALISMO INTERDISCIPLINAR</p><p>Figura 9 – Juiz Leonardo Brant</p><p>Disponível em: https://tinyurl.com/2dktzrzz. Acesso em: 5 jun. 2023.</p><p>Observação</p><p>O Tribunal Penal Internacional, conhecido como Tribunal de Haia,</p><p>não faz parte da ONU. Promulgado pelo Tratado de Haia, o tribunal</p><p>tem como objetivo julgar crimes de genocídio, de guerra e de agressão</p><p>contra a humanidade.</p><p>Saiba mais</p><p>Saiba mais sobre o juiz Leonardo Brant em:</p><p>“VITÓRIA do Brasil”, declara juiz recém-eleito para a Corte Internacional</p><p>de Justiça. Nações Unidas Portugal, Lisboa, 4 nov. 2022. Disponível em:</p><p>https://tinyurl.com/yc4dma8c. Acesso em: 6 jun. 2023.</p><p>3.3.6 Secretariado</p><p>Desde sua fundação, a ONU ainda não teve uma mulher ocupando a secretaria-geral. Foram nove</p><p>secretários até o presente, e quase todos ocuparam o cargo por dois períodos de gestão, com exceção</p><p>de Trygve Lie que, por pressões norte-americanas e soviéticas, demitiu-se em 1952.</p><p>As atribuições do secretário-geral estão descritas no Capítulo XV da Carta da ONU, que apresenta as</p><p>responsabilidades da pessoa que atua no cargo:</p><p>Arto. 98</p><p>O Secretário-Geral atuará nesta qualidade em todas as reuniões da</p><p>Assembleia Geral, do Conselho de Segurança, do Conselho Económico e</p><p>32</p><p>Unidade I</p><p>Social e do Conselho de Tutela e desempenhará outras funções que lhe</p><p>forem atribuídas por estes órgãos. O Secretário-Geral fará um relatório anual</p><p>à Assembleia Geral sobre os trabalhos da Organização (ONU, 2009, p. 60).</p><p>Quadro 1 – Secretários‑gerais das Nações Unidas</p><p>Secretários-gerais da ONU Nascimento e</p><p>falecimento</p><p>Período de</p><p>atuação País</p><p>António Guterres ☆ 30/4/1949 2017-2023 Portugal</p><p>Ban Ki-moon ☆ 13/6/1944 2007-2017 República da Coreia</p><p>Kofi Annan</p><p>☆ 8/4/1938</p><p>✝ 18/8/2018</p><p>1997-2007 Gana</p><p>Boutros Boutros-Ghali</p><p>☆ 14/11/1922</p><p>✝ 16/2/2016</p><p>1992-1996 Egito</p><p>Javier Pérez de Cuéllar</p><p>☆ 19/1/1920</p><p>✝ 4/3/2020</p><p>1982-1991 Peru</p><p>Kurt Waldheim</p><p>☆ 21/12/1918</p><p>✝ 14/6/2007</p><p>1972-1981 Áustria</p><p>U Thant</p><p>☆ 22/1/1909</p><p>✝ 25/11/1974</p><p>1961-1971 Mianmar</p><p>Dag Hammarskjöld</p><p>☆ 29/6/1905</p><p>✝ 18/9/1961</p><p>1953-1961 Suécia</p><p>Tryeve Lie</p><p>☆ 16/6/1896</p><p>✝ 30/12/1968</p><p>1946-1952 Noruega</p><p>Fonte: ONU (2019).</p><p>Saiba mais</p><p>Para saber mais a respeito de cada um dos secretários-gerais da</p><p>ONU, acesse:</p><p>INSDIP. Galeria dos secretários-gerais das Nações Unidas (ONU).</p><p>INSDIP, [s. l.], 20 jan. 2021. Disponível em: https://tinyurl.com/mr37a4tt.</p><p>Acesso em: 6 jun. 2023.</p><p>3.4 A ONU no Brasil</p><p>As representações regionais e nacionais são criadas a partir das demandas que um determinado país</p><p>apresenta. O escritório da ONU, no Brasil, foi estabelecido em 1947. Sua coordenação fica a cargo do</p><p>coordenador-residente, responsável por interligar todos os organismos locais.</p><p>33</p><p>JORNALISMO INTERDISCIPLINAR</p><p>No Brasil, o Sistema das Nações Unidas está representado por agências</p><p>especializadas, fundos e programas que desenvolvem suas atividades em</p><p>função de seus mandatos específicos. A Equipe de País (conhecida por</p><p>sua sigla em inglês, UNCT) está conformada pelos Representantes desses</p><p>organismos, sob a liderança do Coordenador Residente (ONU BRASIL, 2020).</p><p>Às equipes de país é dado o nome UNCT (United Nations Country Team, ou Equipe de País das Nações</p><p>Unidas, em português). As equipes são responsáveis por organizar e difundir as ações de desenvolvimento</p><p>previstas para aquela nação.</p><p>A atual coordenadora-residente da equipe brasileira é Sílvia Rucks, uruguaia, que exercerá o cargo</p><p>entre 2021 e 2026. Ela é engenheira de Ciências da Computação e Tecnologia, mestra em Administração</p><p>e Gerenciamento de Negócios, foi coordenadora-residente no Chile (de 2016 a 2021), na Nicarágua, e</p><p>trabalhou como representante do Pnud no Chile, no México e na Colômbia. No Peru e na Argentina, foi</p><p>vice-representante.</p><p>Seu trabalho é liderar</p><p>[…] as agências (que) atuam de forma coordenada, desenvolvendo projetos</p><p>em conjunto com o governo – tanto em nível federal como estadual</p><p>e municipal –, com a iniciativa privada, instituições de ensino, ONGs e</p><p>sociedade civil brasileira, sempre com o objetivo de buscar, conjuntamente,</p><p>soluções para superar os desafios e dificuldades presentes na criação</p><p>e implementação de uma agenda comum em favor do desenvolvimento</p><p>humano equitativo (ONU BRASIL, 2020).</p><p>O objetivo de seu trabalho é</p><p>[…] maximizar, de maneira coordenada, o trabalho da ONU, para que o</p><p>Sistema possa proporcionar uma resposta coletiva, coerente e integrada</p><p>às prioridades e necessidades nacionais, no marco dos Objetivos de</p><p>Desenvolvimento Sustentável (ODS) e dos demais compromissos</p><p>internacionais (ONU BRASIL, 2020).</p><p>Os organismos da ONU no Brasil estão em Brasília, Salvador e Rio de Janeiro. A sede tem endereço</p><p>em Brasília. Suas principais linhas de ação se pautam em:</p><p>• Direitos humanos das mulheres.</p><p>• Trabalho escravo.</p><p>• Adolescência, juventude e redução da maioridade penal.</p><p>• Erradicação do trabalho infantil.</p><p>34</p><p>Unidade I</p><p>• Avanços e desafios da proteção aos refugiados no Brasil.</p><p>• Inclusão social e direitos das pessoas com deficiência no Brasil.</p><p>• Conferência Internacional de População e Desenvolvimento (CIPD) para além de 2014.</p><p>Figura 10 – Casa da ONU em Brasília</p><p>Disponível em: https://tinyurl.com/yyfmect2. Acesso em: 5 jun. 2023.</p><p>Saiba mais</p><p>No Brasil, a coordenadora-residente do Sistema ONU é a uruguaia Silvia</p><p>Rucks. Saiba mais sobre ela em:</p><p>SILVIA Rucks é a nova coordenadora residente da ONU Brasil. Nações Unidas</p><p>Brasil, Brasília, 6 maio 2021. Disponível em: https://tinyurl.com/4d7p5u42.</p><p>Acesso em: 5 jun. 2023.</p><p>Conheça os projetos da ONU Brasil; são diversas reportagens apresentando</p><p>os trabalhos realizados pela entidade no país. Acesse:</p><p>NAÇÕES UNIDAS BRASIL. Nossas histórias. Nações Unidas Brasil, Brasília,</p><p>[s.d.]. Disponível em: https://tinyurl.com/44dnajs5.</p><p>Acesso em: 5 jun. 2023.</p><p>4 OBJETIVOS DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL (ODS): CONTEXTO</p><p>Os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) são um apelo global</p><p>à ação para acabar com a pobreza, proteger o meio ambiente e o clima e</p><p>garantir que as pessoas, em todos os lugares, possam desfrutar de paz e de</p><p>prosperidade (ONU BRASIL, 2020b).</p><p>35</p><p>JORNALISMO INTERDISCIPLINAR</p><p>A proposta da ONU é implementar os objetivos para o desenvolvimento sustentável pensados entre</p><p>os anos 2000 e 2015, em reuniões realizadas em vários países, com diferentes grupos sociais e delegados</p><p>locais das Nações Unidas.</p><p>O primeiro passo para a implementação foi o Pacto Global, assinado em 2015 pelos 193</p><p>países-membros da ONU. São 17 objetivos desmembrados em 169 metas, que passam por variados</p><p>setores da sociedade e têm o objetivo de promover e incluir os grupos marginalizados, além de promover</p><p>o desenvolvimento e o crescimento econômico de forma sustentável. Os objetivos visam atender o</p><p>desenvolvimento econômico, social e ambiental.</p><p>No Brasil, esses objetivos devem ser implementados até 2030 com base nas propostas da</p><p>Agenda 2030.</p><p>16 Paz, justiça e</p><p>instituições</p><p>eficazes</p><p>17 Parcerias e</p><p>meios de</p><p>implementação</p><p>14 Vida na água 15 Vida terrestre13 Ação contra</p><p>a mudança</p><p>global do clima</p><p>6 Água potável</p><p>e saneamento</p><p>3 Saúde e</p><p>bem-estar</p><p>2 Fome zero e</p><p>agricultura</p><p>sustentável</p><p>4 Educação de</p><p>qualidade</p><p>5 Igualdade</p><p>de gênero</p><p>1 Erradicação</p><p>da pobreza</p><p>7 Energia</p><p>acessível e</p><p>limpa</p><p>8 Trabalho decente</p><p>e crescimento</p><p>econômico</p><p>9 Indústria,</p><p>inovação e</p><p>infraestrutura</p><p>11 Cidades e</p><p>comunidades</p><p>sustentáveis</p><p>12 Consumo e</p><p>produção</p><p>sustentáveis</p><p>10 Redução das</p><p>desigualdades</p><p>Figura 11 – Os 17 ODS da ONU</p><p>4.1 Histórico do desenvolvimento dos ODS</p><p>As primeiras reuniões para se chegar aos ODS tiveram início na virada do século XX para o século XXI.</p><p>Ao longo desses encontros, foram pensados os millennium development goals (MDG), que seriam os</p><p>objetivos a serem trabalhados pela organização ao longo do novo milênio.</p><p>Após muitos encontros e propostas ao longo dos primeiros 15 anos do século, a proposta evoluiu</p><p>para os ODS, que são tema da unidade II deste livro. As diversas propostas têm por meta mudar</p><p>a percepção e as formas de atuação dos países-membros diante dos desafios contemporâneos de</p><p>desenvolvimento econômico-social aliados à sustentabilidade.</p><p>36</p><p>Unidade I</p><p>Os diversos passos e ações que criaram a base e deram origem aos ODS estão sintetizados no quadro</p><p>a seguir, que mostra a linha do tempo do desenvolvimento dos objetivos e os principais atores para o</p><p>desenvolvimento das propostas.</p><p>Quadro 2 – Linha do tempo das ações de desenvolvimento sustentável</p><p>das Nações Unidas entre os anos 2000‑2021</p><p>Ano Ação</p><p>2000</p><p>Setembro</p><p>— Líderes mundiais</p><p>— MDGs – Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (2000-2015)</p><p>2010</p><p>Junho</p><p>— Ban Ki-moon (secretário-geral)</p><p>— MDG Advocates Group (grupo de promotores dos MDG)</p><p>— 24 pessoas proeminentes no mundo</p><p>2015</p><p>Setembro</p><p>— Os membros das Nações Unidas aceitam a proposta com nova agenda para substituir as MDG</p><p>— Passam a se chamar Sustainable Development Goals (SDG, ou Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, ODS,</p><p>em português) para solucionar os problemas ainda existentes</p><p>2016</p><p>Janeiro</p><p>— Ban Ki-moon (secretário-geral)</p><p>— Cria as SDG e seus promotores (embaixadores) para impulsionar e gerar compromisso com a agenda</p><p>Março</p><p>— Forest Whitaker, prof. Muhammad Yunus e Sheikha Mozah bint Nasser al-Missned patrocinam um workshop de</p><p>uma semana de duração para jovens pacificadores de Uganda e do Sudão do Sul</p><p>Abril-maio</p><p>— Promotores visitam a Coreia do Sul, com o objetivo de promover uma rodada de Revisão Nacional Voluntária</p><p>Setembro</p><p>— Os promotores dos ODS promovem um “Momento dos ODS” antes da Assembleia Geral da ONU</p><p>— Eles apresentam aos líderes o que precisa ser feito</p><p>Novembro</p><p>— Os promotores dos ODS publicam uma carta aberta sobre os objetivos na edição inglesa do Financial Times</p><p>37</p><p>JORNALISMO INTERDISCIPLINAR</p><p>Ano Ação</p><p>2017</p><p>Junho</p><p>— Os promotores dos ODS aproveitam os Dias de Desenvolvimento Europeu (European Development Days) e</p><p>alertam o Parlamento Europeu a respeito da institucionalização dos ODS, e para que não deixem ninguém para</p><p>trás</p><p>— Presidente Akufo-Addo e princesa Victória advogam pela gestão dos mares na Conferência dos Oceanos de 2017</p><p>2018</p><p>Abril</p><p>— O primeiro-ministro Söderberg fala com jovens mexicanos na Cidade do México sobre a juventude para o</p><p>desenvolvimento sustentável</p><p>Setembro</p><p>— Os promotores realizam outro “Momento dos ODS” antes da Assembleia Geral da ONU</p><p>— Os promotores dos ODS participam da Global Goals World Cup (Copa Mundial dos Objetivos Globais), torneio de</p><p>futebol para promover a igualdade de gênero, e lançam os objetivos de desenvolvimento pelo esporte</p><p>Outubro</p><p>— Paul Polman e Alaa Murabit promovem a Segunda Semana de Apoio aos ODS, na Colômbia</p><p>Novembro</p><p>— O presidente de Gana, Akufo-Addo promove o African Youth Summit para engajar as novas lideranças africanas</p><p>aos objetivos sustentáveis</p><p>2019</p><p>Fevereiro</p><p>— Os promotores realizam outro “SDG Moment” durante o African Union Summit</p><p>Março</p><p>— Alaa Murabit e o Instituto Omnis promovem um seminário para desenvolvimento de habilidades para lideranças</p><p>femininas emergentes na sede das Nações Unidas, em Nova York</p><p>— Jack Ma lança o prêmio para iniciativas de empreendedores na África e distribui US$ 1 milhão para os</p><p>participantes vencedores</p><p>— Africa Netpreneur Prize Initiative</p><p>Fonte: United Nations (s.d.).</p><p>4.2 Principais impactos esperados na sociedade</p><p>Provavelmente, a questão que você, enquanto estudante, se faz neste momento é: por que devo</p><p>entender esses dados se o que quero é ser jornalista? A resposta é simples e complexa ao mesmo tempo.</p><p>Simples, pois esta agenda passa por todas as atividades envolvidas com economia, sociedade,</p><p>desenvolvimento sustentável, inclusão social, inclusão de grupos minoritários, inclusão de mulheres no</p><p>38</p><p>Unidade I</p><p>mercado de trabalho, equiparação de salários, questões ambientais, entre uma série de outras – todas</p><p>desafios mundiais; complexo, pois mesmo passando pela maioria das áreas que podem ser transformadas</p><p>em pautas, pouco se explora as metas globais definidas pelos ODS e os movimentos que elas catalisam,</p><p>e pouco se faz para que elas sejam disseminadas pela sociedade em todos os seus níveis. Tem sido</p><p>mais fácil encontrar empresas cientes da proposta e engajadas em projetos que possam garantir-lhes</p><p>visibilidade, mas ainda assim é um movimento restrito. É essencial pensar nas causas que deseja assumir</p><p>enquanto jornalista, portanto torna-se imperativo conhecer os ODS e refletir sobre as ações que as</p><p>propostas incentivam para a realização cotidiana de suas pautas. A partir disso, divulgar tanto as ideias</p><p>contidas nos ODS como na Agenda 2030, tornando-as de conhecimento público, alinha-se com uma</p><p>das vocações jornalísticas – que é abordar e divulgar os fatos de seu contexto sociocultural, as questões</p><p>e adversidades contemporâneas, e associá-los às políticas públicas existentes ou fomentar, por meio da</p><p>informação, a criação das políticas que possam levar a sociedade ao desenvolvimento sustentável.</p><p>As frentes são múltiplas e as possibilidades infinitas a partir do estudo dos ODS e de suas metas.</p><p>Lembrete</p><p>Ser jornalista é estar atento a seu tempo. Observar, capturar, registrar</p><p>e informar sobre a realidade que o envolve, além de manter-se informado</p><p>sobre tudo o que acontece e assuntos que lhe interessem, são atividades</p><p>rotineiras em seu cotidiano. Ler as informações de diversas agências de</p><p>notícias e de diversos organismos públicos é premissa para seu desempenho</p><p>profissional. Ser um leitor ativo de novidades e alta literatura, tanto</p><p>nacional quanto internacional, são instrumentos eficazes para enriquecer o</p><p>próprio repertório. O hábito da leitura deve ser constante por proporcionar</p><p>mais conhecimento, ampliar vocabulário e melhorar o estilo linguístico</p><p>da própria comunicação. Num mundo pautado pelo imediatismo</p>