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<p>LÍ</p><p>N</p><p>G</p><p>U</p><p>A</p><p>P</p><p>O</p><p>RT</p><p>U</p><p>G</p><p>U</p><p>ES</p><p>A</p><p>29</p><p>território de guerra – o fato de que o Brasil é o quarto país</p><p>do mundo em mortes no trânsito fala por si só. Pesquisadores</p><p>internacionais há tempos discutem os efeitos da “imobilidade”</p><p>e da violência no trânsito no desenvolvimento físico, cogniti-</p><p>vo, motor e social das crianças. Exercer a independência numa</p><p>cidade segura é fundamental para o crescimento saudável.</p><p>Nos países em que as crianças andam de bicicleta e a pé com</p><p>segurança, como na Holanda e na Dinamarca, por exemplo,</p><p>os acidentes são praticamente inexistentes e a infância é um</p><p>período de feliz interação na sociedade.</p><p>Sobrepeso e falta de luz solar Segundo a urbanista e arqui-</p><p>teta espanhola Irene Quintáns, os urbanistas usam a presen-</p><p>ça de crianças no espaço público como indicador de sucesso</p><p>urbano. “A ausência delas nas ruas aponta as falhas das nossas</p><p>cidades”, ela diz.</p><p>Moradora da capital paulista há sete anos e mãe de dois</p><p>filhos, Irene acredita que privar os pequenos de caminhar não</p><p>é positivo. “Uma criança que fica circunscrita à locomoção no</p><p>carro tende a ficar insegura para se movimentar. Ela também</p><p>tem mais dificuldade em perceber o outro. Isso se chama</p><p>empatia e é muito importante para a vida em sociedade. Há</p><p>ainda a questão do sedentarismo, do sobrepeso e da falta de</p><p>luz solar. Crianças que caminham para a escola têm mais</p><p>concentração para desenvolver atividades complexas”.</p><p>Mesmo com todas as dificuldades já citadas, é importan-</p><p>te usar o transporte público, caminhar e participar da vida na</p><p>cidade. Na próxima vez que levar seus filhos à escola, reflita:</p><p>por que ir de carro? Que tal descobrir a cidade ao lado deles,</p><p>trocando ideias sobre o que vocês veem? Assim, eles apren-</p><p>dem a ser cidadãos e a viver o coletivo, enquanto exigimos que</p><p>o poder público priorize a proteção das nossas crianças.</p><p>(https://www.metrojornal.com.br/colunistas/2018/10/11/ mobi-</p><p>lidade-da-crianca.html)</p><p>“Crianças que caminham para a escola têm mais concentração</p><p>para desenvolver atividades complexas”. O trecho destacado</p><p>exerce, no conjunto da frase, a função de introduzir uma:</p><p>a) contradição</p><p>b) enumeração</p><p>c) especificação</p><p>d) consequência</p><p>60. (SELECON – 2019) Texto I</p><p>A violência que bate à porta (fragmento)</p><p>Segundo dados do Relatório Mundial 2019, divulga-</p><p>dos recentemente pela ONG Human Rights Watch, 64 mil</p><p>homicídios aconteceram no Brasil em 2017. são dois mil a</p><p>mais que em 2016. Este crescimento não foi freado em 2018,</p><p>pelo contrário. Os dados já apresentados por Ongs e Institui-</p><p>ções mostram que o número de assassinatos segue crescendo</p><p>a passos largos. O crime, cada vez mais, sai da marginalidade e</p><p>assola toda a sociedade, sem distinguir classes sociais. Estados</p><p>pararam nos últimos meses (Rio de Janeiro, Rio Grande do</p><p>Norte, Ceará, e por aí vai) na mão de criminosos e a população</p><p>se vê à mercê desta realidade que bate à porta.</p><p>O retrato atual é esse e os noticiários teimam em nos lem-</p><p>brar que o filho morto hoje pode ser o nosso amanhã. Esta sen-</p><p>sação de insegurança aumenta a busca por segurança privada.</p><p>A Pesquisa Nacional sobre Segurança Eletrônica, realizada pela</p><p>Associação Brasileira das Empresas de Sistemas Eletrônicos de</p><p>Segurança (Abese), afirma que houve um crescimento nas resi-</p><p>dências que investiram em sistemas de segurança nos últimos</p><p>12 meses.</p><p>Mas quem deve cuidar da segurança do cidadão? E quem</p><p>não tem dinheiro para investir em sistemas? É protegido por</p><p>quem?</p><p>Os sistemas privados de segurança servem para inibir a</p><p>ação de criminosos, mas isto não pode ser a única solução.</p><p>O Estado precisa ser cobrado e deve agir. Para deter o crime</p><p>organizado, é necessário muito mais esforço público do que</p><p>portões e muros altos.</p><p>Marco Antônio Barbosa Hoje em Dia, 01/03/2019 (Extraído e</p><p>adaptado de: hojeemdia.com.br/opinião)</p><p>Observe a seguinte frase do primeiro parágrafo e responda a</p><p>questão:</p><p>“Segundo dados do Relatório 2019, divulgados recentemente</p><p>pela ONG Human Rights Watch, 64 mil homicídios acontece-</p><p>ram no Brasil em 2017.”</p><p>O trecho em destaque assume, na frase, a função de:</p><p>a) generalizar</p><p>b) justificar</p><p>c) retificar</p><p>d) contrapor</p><p>e) especificar</p><p>61. (SELECON – 2019) Texto II</p><p>… e cheio de perigos virtuais</p><p>E tal como no mundo real, no qual há aquelas pessoas</p><p>mal-intencionadas, a internet também possui perigos e exi-</p><p>ge precauções. No mundo real, usamos diversos tipos delas.</p><p>Instalamos fechaduras nas portas das nossas casas e carros</p><p>e as trancamos para ter maior segurança pessoal e dos nos-</p><p>sos bens. Usamos cortinas nas nossas janelas para, além da</p><p>claridade, ter mais privacidade em relação a vizinhos e pedes-</p><p>tres. Não saímos por aí contando para qualquer desconhecido</p><p>como foi aquela aventura amorosa ou quais são os hábitos</p><p>dos nossos familiares. E ainda evitamos que nossos filhos</p><p>tenham contatos com pessoas que não conhecemos sem a</p><p>nossa presença ou de alguém da nossa confiança.</p><p>Do mesmo modo, também devemos nos proteger e ser</p><p>precavidos no mundo virtual. E isso vale para empresas e</p><p>governos. Com o progressivo crescimento da digitalização dos</p><p>negócios, tornou-se mais frequente a ocorrência de crimes e</p><p>golpes virtuais. E os seus tipos são tão variados quanto a cria-</p><p>tividade humana permite, indo desde roubo de informações</p><p>sensíveis (políticas, estratégicas, segredos industriais etc.),</p><p>sequestro de dados, controle remoto de dispositivos pessoais</p><p>para finalidades ilegais…</p><p>BRASIL, país digital (Extraído de: brasilpaisdigital.com.br/seguran-</p><p>ca-e-cidadania- no-mundo-digital). Adaptado</p><p>Com base no seguinte período do primeiro parágrafo do Texto</p><p>II, responda à questão.</p><p>“ E ainda evitamos que nossos filhos tenham contatos com pes-</p><p>soas que não conhecemos sem a nossa presença ou de alguém</p><p>da nossa confiança.” O trecho “que não conhecemos sem a nos-</p><p>sa presença ou de alguém da nossa confiança” tem o papel de:</p><p>a) rever uma informação</p><p>b) discutir uma premissa</p><p>c) apresentar uma condição</p><p>d) restringir um termo anterior</p><p>e) enfatizar expressão já apresentada</p><p>62. (SELECON – 2019) TEXTO II</p><p>O drama do degelo da Groenlândia em uma só foto</p><p>Uma imagem mostra as consequências da mudança climá-</p><p>tica na região, que registrou até 17 graus Celsius na semana</p><p>passada, quando a temperatura máxima nesta época é de 3,2</p><p>graus. Os cientistas concordam que, embora a imagem seja</p><p>surpreendente, não é inesperada. Ainda assim, a foto, tirada</p><p>em 13 de junho por Steffen M. Olsen, deu a volta ao mundo.</p><p>Nela aparecem vários cães puxando um trenó no fiorde de</p><p>Inglefield Bredning, no noroeste da Groenlândia, e se vê como</p><p>os animais estão caminhando sobre o gelo derretido. Embo-</p><p>ra o verão já esteja muito próximo, nesta região da Terra as</p><p>temperaturas máximas em junho costumam ser de 3,2 graus</p><p>Celsius, segundo o pesquisador espanhol Andrés Barbosa,</p><p>diretor de campanhas no Àrtico. Na semana passada, a esta-</p><p>ção meteorológica mais próxima do aeroporto de Qaanaaq, no</p><p>30</p><p>noroeste da Groenlândia, registrou uma máxima de 17,3°C na</p><p>quarta-feira, 12 de junho, e 15°C no dia seguinte.</p><p>O cientista que fez a foto contou que os caçadores e pes-</p><p>cadores locais se surpreenderam ao encontrar tanta água em</p><p>cima do gelo, especialmente no princípio da temporada. Embo-</p><p>ra não seja um fato isolado, nunca tinham visto tanto gelo der-</p><p>retido antes de julho.</p><p>Os sinais da mudança climática são cada vez mais eviden-</p><p>tes. As temperaturas superiores à média em quase todo o</p><p>oceano Ártico e Groenlândia durante o mês de maio fizeram</p><p>o gelo derreter antes do habitual, resultando no menor bloco</p><p>de gelo registrado em 40 anos, segundo os dados do Centro</p><p>Nacional de Neve e Gelo dos EUA.</p><p>As temperaturas registradas na semana passada na Groen-</p><p>lândia e em grande parte do Ártico foram impulsionadas por</p><p>um ar mais quente que subia do sul. “Este fato ocorre de vez</p><p>em quando, mas há evidências de que está se tornando mais</p><p>comum, embora seja uma área de pesquisa que evolui com</p><p>muita rapidez. Além disso, à medida que a atmosfera se tor-</p><p>nar mais calorosa haverá</p><p>humanização da/na saúde.</p><p>Diante desse duplo problema, a Secretaria Executiva do</p><p>Ministério da Saúde propôs a criação da PNH. Como política,</p><p>a humanização deveria traduzir princípios e modos de operar</p><p>no conjunto das relações entre todos que constituem o SUS.</p><p>Era principalmente o modo coletivo e co-gestivo de produção</p><p>de saúde e de sujeitos implicados nesta produção que deveria</p><p>orientar a construção da PNH como política pública.</p><p>Regina Benevides Eduardo Passos</p><p>Fragmento extraído de Revista Ciência & Saúde, Rio de Janeiro,</p><p>2005. (Disponível em:scielo.br/)</p><p>No terceiro parágrafo, o emprego dos dois-pontos estabelece o</p><p>seguinte sentido entre as partes da frase:</p><p>a) explicar uma negação</p><p>b) introduzir uma alternativa</p><p>c) ratificar um posicionamento</p><p>d) apresentar uma ponderação</p><p>Æ CRASE</p><p>86. (SELECON – 2019) Texto II</p><p>… e cheio de perigos virtuais</p><p>E tal como no mundo real, no qual há aquelas pessoas</p><p>mal-intencionadas, a internet também possui perigos e exi-</p><p>ge precauções. No mundo real, usamos diversos tipos delas.</p><p>Instalamos fechaduras nas portas das nossas casas e carros</p><p>e as trancamos para ter maior segurança pessoal e dos nos-</p><p>sos bens. Usamos cortinas nas nossas janelas para, além</p><p>da claridade, ter mais privacidade em relação a vizinhos</p><p>e pedestres. Não saímos por aí contando para qualquer</p><p>desconhecido como foi aquela aventura amorosa ou quais são</p><p>os hábitos dos nossos familiares. E ainda evitamos que nossos</p><p>filhos tenham contatos com pessoas que não conhecemos</p><p>sem a nossa presença ou de alguém da nossa confiança.</p><p>Do mesmo modo, também devemos nos proteger e ser</p><p>precavidos no mundo virtual. E isso vale para empresas e</p><p>governos. Com o progressivo crescimento da digitalização dos</p><p>negócios, tornou-se mais frequente a ocorrência de crimes e</p><p>golpes virtuais. E os seus tipos são tão variados quanto a cria-</p><p>tividade humana permite, indo desde roubo de informações</p><p>sensíveis (políticas, estratégicas, segredos industriais etc.),</p><p>sequestro de dados, controle remoto de dispositivos pessoais</p><p>para finalidades ilegais…</p><p>BRASIL, país digital (Extraído de: brasilpaisdigital.com.br/seguran-</p><p>ca-e-cidadania- no-mundo-digital). Adaptado</p><p>Observe a seguinte frase do primeiro parágrafo do Texto II e</p><p>responda à questão.</p><p>“Usamos cortinas nas nossas janelas para além, da claridade,</p><p>ter mais privacidade em relação a vizinhos e pedestres.” Rees-</p><p>crevendo o trecho “ter mais privacidade em relação a vizinhos e</p><p>pedestres”, o emprego do acento grave é obrigatório em:</p><p>a) ter mais privacidade em relação à circunstâncias específicas</p><p>b) ter mais privacidade em relação à suas próprias convicções</p><p>c) ter mais privacidade em relação à seus amigos mais</p><p>próximos</p><p>d) ter mais privacidade em relação às opiniões menos</p><p>agradáveis</p><p>e) ter mais privacidade em relação à leis e normas</p><p>complementares</p><p>87. (SELECON – 2019) TEXTO I</p><p>Inteligência cultural</p><p>É ponto pacífico que os seres humanos são dotados de</p><p>capacidades cognitivas superiores em relação aos símios,</p><p>seus parentes mais próximos na evolução. Basta lembrar a</p><p>linguagem, o simbolismo matemático e o raciocínio científico,</p><p>para citar apenas algumas. Tudo indica que essa superioridade</p><p>esteja relacionada ao grande cérebro que temos, três vezes</p><p>maior que o dos chimpanzés, e dotado também de três vezes</p><p>mais neurônios.</p><p>A questão central é saber de que modo a estrutura do cére-</p><p>bro e suas estratégias funcionais adquiriram capacidades cog-</p><p>nitivas tão poderosas e únicas entre os seres vivos. A natureza</p><p>teria nos dotado especificamente de uma capacidade superior</p><p>- a cognição social.</p><p>Uma hipótese bem aceita é a da ‘inteligência geral’. Dizem</p><p>os seus adeptos que os cérebros maiores permitiram realizar-</p><p>mos operações cognitivas de todo o tipo, com maior eficiência</p><p>que outras espécies. Teríamos maior memória, aprendizagem</p><p>mais rápida, percepção mais ágil (inclusive do estado mental</p><p>de outras pessoas), planejamento de longo prazo. Dotado des-</p><p>sas potencialidades genéricas, o ambiente faria a diferenciação</p><p>individual, lapidando cada um diferentemente do outro.</p><p>O antropólogo M. Tomasello, do Instituto Max Planck de</p><p>Antropologia Evolutiva, na Alemanha, defende a hipótese da</p><p>‘inteligência cultural’, cuja premissa é que a natureza nos dotou</p><p>especificamente de uma capacidade superiora cognição social</p><p>- que nos oferece um grau elevado de cooperação interindivi-</p><p>dual, e a construção de redes sociais nunca conseguida pelos</p><p>símios ou qualquer outra espécie, mesmo aquelas que apre-</p><p>sentam uma organização populacional que se pode chamar</p><p>de social. Outras capacidades humanas seriam semelhantes</p><p>às dos símios, apenas potencializadas pela cultura e a vida em</p><p>sociedade.</p><p>Se a hipótese da ‘inteligência cultural’ for verdadeira, exis-</p><p>tiria uma idade em humanos, durante o seu desenvolvimen-</p><p>to precoce (antes que a cultura os influencie fortemente), em</p><p>que a cognição física (relações de espaço, quantidade e cau-</p><p>salidade entre fenômenos) seria semelhante à dos grandes</p><p>símios. Nessa mesma idade, porém, a previsão é que a nossa</p><p>cognição social seja nitidamente superior à dos chimpanzés e</p><p>orangotangos.</p><p>Os resultados obtidos pela equipe de Tomasello compro-</p><p>varam a sua hipótese da ‘inteligência cultural’. Nos testes de</p><p>cognição física, as crianças e os chimpanzés não diferiram esta-</p><p>tisticamente, mas ambos tiveram desempenho melhor que os</p><p>orangotangos. Nos testes de cognição social, entretanto, as</p><p>crianças mostraram-se muito superiores aos símios que, por</p><p>sua vez, não diferiram entre si.</p><p>Tudo indica, então, que a cultura e a vida social represen-</p><p>tam capacidades cognitivas que nascem conosco, possivel-</p><p>mente derivadas do nosso grande cérebro povoado por quase</p><p>90 bilhões de neurônios. Possivelmente, a aquisição dessa</p><p>capacidade social se deu em algum momento entre um e dois</p><p>milhões de anos atrás, quando a evolução foi selecionando</p><p>cérebros dotados de mais que os 40 bilhões estimados para os</p><p>australopitecos, nossos ancestrais africanos.</p><p>O processo seletivo continuou até chegar ao gênero Homo,</p><p>que gradualmente atingiu os nossos atuais 90 bilhões e adqui-</p><p>riu novas capacidades: a comunicação entre indivíduos por</p><p>meio da linguagem, a aprendizagem social de regras de condu-</p><p>ta coletiva voltadas para a cooperação, a percepção do estado</p><p>mental dos outros e de suas intenções e emoções (‘teoria da</p><p>mente’) e o planejamento de ações futuras de longo prazo.</p><p>um maior derretimento”, afirma Ruth</p><p>H. Mottram, cientista do Instituto Meteorológico Dinamarquês</p><p>e colega de Steffen M. Olsen, o pesquisador que tirou a foto.</p><p>O autor da popular imagem revelou no Twitter que se</p><p>tratava de um “dia incomum” e que a imagem “para muitos</p><p>é mais simbólica que científica”. Os pesquisadores concordam</p><p>que o alarmante não é o aumento pontual das temperaturas,</p><p>e sim a tendência de alta que observam há anos. “Por causa</p><p>desse aumento 63% das geleiras da Groenlândia estão em</p><p>retrocesso, e já houve uma perda de 30% do gelo marinho”,</p><p>diz Barbosa.</p><p>Além disso, Mottram explica que, embora o degelo mari-</p><p>nho não contribua imediatamente para o aumento do nível do</p><p>mar, em longo prazo isso ocorre. Seus modelos de simulações</p><p>climáticas preveem que o gelo marinho se derreta, com conse-</p><p>quências para as populações locais e os ecossistemas do Árti-</p><p>co. “Também é provável que no futuro haja uma quantidade</p><p>cada vez maior de água que contribua para a elevação do nível</p><p>do mar a partir da Groenlândia”, conclui.</p><p>Belén Juaréz (Adaptado de: https:l/brasil.elpais.com/brasil[)</p><p>“O cientista que fez a foto contou que os caçadores e pescadores</p><p>locais se surpreenderam ao encontrar tanta água em cima do</p><p>gelo, especialmente no princípio da temporada” (2º parágrafo).</p><p>Considerando a coesão textual, a expressão destacada estabe-</p><p>lece com o termo anterior a função de:</p><p>a) caracterizar uma classe</p><p>b) rever uma atribuição</p><p>c) generalizar um conjunto</p><p>d) particularizar um elemento</p><p>Æ PONTUAÇÃO (PONTO, VÍRGULA, TRAVESSÃO,</p><p>ASPAS, PARÊNTESES ETC)</p><p>63. (SELECON – 2021) Texto l (Para responder à questão)</p><p>Os clássicos estão morrendo?</p><p>Catástrofe espiritual. Foi assim que Cornel West, um dos</p><p>mais destacados intelectuais negros dos EUA, classificou a</p><p>decisão da Universidade Howard, talvez a mais importante ins-</p><p>tituição de ensino negra do país, de fechar seu departamento</p><p>de estudos clássicos.</p><p>West, que escreveu um contundente artigo de opinião para</p><p>o Washington Post, afirma que a noção de crimes do Ociden-</p><p>te se tornou tão central na cultura americana que ficou difícil</p><p>reconhecer as coisas boas que o Ocidente proporcionou, nota-</p><p>damente os clássicos, que são clássicos justamente porque</p><p>permitem uma conversação universal, abarcando pensadores</p><p>de diferentes eras e povos.</p><p>Diretores de Howard responderam, no New York Times.</p><p>Dizem que, ao contrário de universidades brancas de elite, a</p><p>instituição não tem dinheiro para tudo e teve de estabelecer</p><p>prioridades. Afirmam que os alunos de Howard não ficarão</p><p>sem ler Platão, Aristóteles e outros clássicos, apenas que não</p><p>haverá mais um departamento exclusivo dedicado a esses</p><p>pensadores.</p><p>Os clássicos estão morrendo? Morrer, eles não morrerão.</p><p>Haverá sempre, nas universidades e fora delas, uma legião de</p><p>estudiosos que garantirão que nosso conhecimento sobre</p><p>esses autores não só não regredirá como avançará. Eu receio,</p><p>porém, que o chamado cânon ocidental será cada vez mais</p><p>objeto de estudo de especialistas e menos um corpo de refe-</p><p>rências que todos os cidadãos educados reconheçam.</p><p>Isso é ruim, porque, assim como a concordância acerca do</p><p>que são fatos é fundamental para a ciência e a democracia,</p><p>um universo de noções comuns em que as pessoas possam</p><p>se apoiar para dialogar, trocar ideias e identificar-se é vital</p><p>para a constituição de uma sociedade. E é preferível que esse</p><p>universo seja povoado por autores densos, que comportem</p><p>interpretações complexas e que resistiram ao teste do tempo</p><p>a que seja determinado pelos modismos simplificadores das</p><p>guerras culturais.</p><p>Hélio Scwartsman (Folha de S. Paulo, 04 de maio de 2021)</p><p>No primeiro parágrafo, o emprego das vírgulas tem o propósito</p><p>de destacar expressão com valor de:</p><p>a) delimitar uma localização</p><p>b) introduzir uma interpelação</p><p>c) especificar um termo</p><p>d) estabelecer uma gradação</p><p>64. (SELECON – 2020) Leia o texto a seguir para responder à</p><p>questão Texto</p><p>Direito humano à alimentação adequada e soberania</p><p>alimentar</p><p>O direito humano à alimentação adequada está contempla-</p><p>do no artigo 25 da Declaração Universal dos Direitos Humanos</p><p>de 1948 e sua definição foi ampliada em outros dispositivos</p><p>do Direito Internacional, como o artigo 11 do Pacto de Direitos</p><p>Econômicos, Sociais e Culturais e o Comentário Geral nº 12 da</p><p>ONU. No Brasil, resultante de amplo processo de mobilização</p><p>social, em 2010 foi aprovada a Emenda Constitucional nº 64,</p><p>que inclui a alimentação no artigo 6º da Constituição Federal.</p><p>No entanto, isso não necessariamente significa a garantia da</p><p>realização desse direito na prática, o que permanece como um</p><p>desafio a ser enfrentado.</p><p>O direito humano à alimentação adequada consiste no</p><p>acesso físico e econômico de todas as pessoas aos alimentos e</p><p>aos recursos, como emprego ou terra, para garantir esse aces-</p><p>so de modo contínuo. Esse direito inclui a água e as diversas</p><p>formas de acesso à água na sua compreensão e realização. Ao</p><p>afirmar que a alimentação deve ser adequada, entende-se que</p><p>ela seja adequada ao contexto e às condições culturais, sociais,</p><p>econômicas, climáticas e ecológicas de cada pessoa, etnia, cul-</p><p>tura ou grupo social.</p><p>Para garantir a realização do direito humano à alimentação</p><p>adequada, o Estado brasileiro tem as obrigações de respeitar,</p><p>proteger, promover e prover a alimentação da população. Por</p><p>sua vez, a população tem o direito de exigir que eles sejam</p><p>cumpridos, por meio de mecanismos de exigibilidade. Exigibi-</p><p>lidade é o empoderamento dos titulares de direitos para exigir</p><p>o cumprimento dos preceitos consagrados nas leis interna-</p><p>cionais e nacionais referentes ao direito humano à alimenta-</p><p>ção adequada no âmbito dos poderes Executivo, Legislativo e</p><p>Judiciário, nas esferas federal, estaduais e municipais. Esses</p><p>meios de exigibilidade podem ser administrativos, políticos,</p><p>quase judiciais e judiciais.</p><p>Durante várias décadas, por influência dos países cen-</p><p>trais, o Brasil e outros países em desenvolvimento procura-</p><p>ram responder ao problema da fome com a introdução da</p><p>chamada revolução verde, que foi uma espécie de campanha</p><p>de modernização da agricultura mediante a introdução de um</p><p>pacote tecnológico baseado no uso intensivo de máquinas,</p><p>fertilizantes químicos e agrotóxicos para aumentar a produção</p><p>LÍ</p><p>N</p><p>G</p><p>U</p><p>A</p><p>P</p><p>O</p><p>RT</p><p>U</p><p>G</p><p>U</p><p>ES</p><p>A</p><p>31</p><p>e, consequentemente, a humanidade acabaria com a fome.</p><p>Introduziu-se, assim, um modelo agroexportador centrado nas</p><p>monoculturas, que favoreceu a concentração das empresas,</p><p>cada vez mais internacionalizadas, de modo que atualmente</p><p>30 conglomerados transnacionais controlam a maior parte da</p><p>produção, da industrialização e do comércio agroalimentar no</p><p>mundo, violando a soberania alimentar.</p><p>Muitos países, regiões e municípios, também dentro do</p><p>Estado brasileiro, vivem sem soberania alimentar e outros tan-</p><p>tos vivem com sua soberania alimentar ameaçada pelos fato-</p><p>res supramencionados. Nesse contexto, a soberania alimentar</p><p>significa o direito dos países definirem suas próprias políticas e</p><p>estratégias de produção, distribuição e consumo de alimentos</p><p>que garantam a alimentação para a população, respeitando as</p><p>múltiplas características culturais dos povos em suas regiões.</p><p>Entre os desafios para a garantia do direito humano à ali-</p><p>mentação adequada e da soberania e segurança alimentar e</p><p>nutricional no Semiárido, encontram-se: a necessidade de res-</p><p>peitar a diversidade cultural e as formas de organização e pro-</p><p>dução, de modo que as comunidades tenham sua autonomia</p><p>para produzir e consumir seus alimentos; e a importância de</p><p>avançar na realização da reforma agrária, na regularização fun-</p><p>diária e no reconhecimento dos territórios para que os povos</p><p>tenham maior autonomia para produzir seus alimentos.</p><p>Irio Luiz Conti (integra o Consea Nacional e é mem-</p><p>bro da Fian Internacional.) (Disponível em: http://www4.</p><p>planalto.gov.br/consea/comunicacao/artigos/2014/</p><p>direito-humano-a-alimentacao-adequada-esoberania-alimentar)</p><p>No último parágrafo, o emprego dos dois-pontos tem</p><p>o objetivo</p><p>de:</p><p>a) delimitar aspecto mencionado</p><p>b) reparar afirmação contundente</p><p>c) contrapor exemplos indicados</p><p>d) comparar vertentes discutidas</p><p>65. (SELECON – 2020)</p><p>Publicidade de alimentos e obesidade infantil: uma</p><p>reflexão necessária</p><p>A epidemia de obesidade e doenças crônicas é um pro-</p><p>blema que atinge, de maneira crescente, o mundo inteiro. E</p><p>tornou-se consenso entre as principais organizações e pesqui-</p><p>sadores em saúde pública que a regulação da publicidade de</p><p>alimentos é uma das estratégias necessárias para combatê-la.</p><p>As campanhas de marketing não apenas influenciam as</p><p>escolhas alimentares na infância, mas também buscam</p><p>fidelizar consumidores desde a mais tenra idade. O objeto</p><p>preferencial são os alimentos ultraprocessados, feitos a partir</p><p>de ingredientes industriais, com pouco ou nenhum produto</p><p>fresco, e, geralmente, com alta quantidade de açúcar, gordura</p><p>e/ou sódio.</p><p>Em 2010, a Organização Mundial da Saúde recomendou a</p><p>redução da exposição das crianças à propaganda de alimentos,</p><p>sobretudo aqueles com alta quantidade de açúcar, sal e gor-</p><p>dura. Em 2012, a Organização Pan-Americana da Saúde apro-</p><p>fundou-se no tema e também apresentou recomendações de</p><p>ações concretas por parte dos governos para reduzir a exposi-</p><p>ção das crianças à publicidade de alimentos. Para especialistas,</p><p>a autorregulamentação do setor não tem funcionado.</p><p>A mais recente publicação sobre obesidade do periódi-</p><p>co Lancet, divulgada em fevereiro deste ano, indica que, até</p><p>o momento, as iniciativas de regulação da propaganda não</p><p>foram suficientes. Desde os avanços conquistados na proteção</p><p>da amamentação, com a eliminação de anúncios que apresen-</p><p>tam substitutos do leite materno, poucas ações efetivas foram</p><p>implementadas para frear o massivo marketing da indústria de</p><p>alimentos para crianças em todo o mundo.</p><p>No Brasil, apesar da proibição da publicidade abusiva (dire-</p><p>cionada à criança) prevista no Código de Defesa do Consumidor</p><p>(CDC) desde 1990, a falta de regulamentação específica para</p><p>alimentos prejudica a efetivação da lei. Em 2010, a movimenta-</p><p>ção internacional em torno do tema motivou a elaboração da</p><p>primeira regulação sobre publicidade de alimentos em geral,</p><p>por parte da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). A</p><p>regulação, no entanto, foi suspensa logo após sua publicação,</p><p>devido à pressão de diversas associações da indústria de ali-</p><p>mentos. A Norma Brasileira de Comercialização de Alimentos</p><p>para Lactentes e Crianças de Primeira</p><p>Infância, Bicos, Chupetas e Mamadeiras (NBCAL) contribuiu</p><p>muito para a proteção ao aleitamento materno, porém aguar-</p><p>da regulamentação, desde 2006, o que compromete a fiscaliza-</p><p>ção e o cumprimento da lei.</p><p>Alguns avanços também precisam ser reconhecidos, como</p><p>a Resolução 163/2014 do Conselho Nacional dos Direitos da</p><p>Criança e do Adolescente (Conanda), que regulamentou a pro-</p><p>paganda abusiva, descrevendo todos os casos em que o Código</p><p>do Consumidor deve ser aplicado. Porém, os órgãos de fisca-</p><p>lização ainda não possuem força suficiente para colocá-la em</p><p>prática, também por conta da grande pressão das associações</p><p>da indústria e de publicidade. Assim como na suspensão da</p><p>resolução da Anvisa, esses segmentos fazem pressão contra</p><p>a resolução do Conanda, alegando que esses órgãos não têm</p><p>competência legal para regular a publicidade ou que as regras</p><p>ferem a liberdade de expressão das empresas. Argumentos</p><p>que já foram refutados por renomados juristas e contestados</p><p>pelas evidências científicas na área da saúde pública.</p><p>O novo Guia Alimentar para a População Brasileira, publi-</p><p>cado pelo Ministério da Saúde em 2014, reconhece a influência</p><p>e coloca a publicidade de alimentos como um dos obstáculos</p><p>para a alimentação saudável. O guia destaca que a regulação é</p><p>necessária, pois a publicidade estimula o consumo de alimen-</p><p>tos ultraprocessados, induzindo a população a considerá-los</p><p>mais saudáveis, com qualidade superior aos demais, e fre-</p><p>quentemente associá-los à imagem de bem-estar, felicidade e</p><p>sucesso.</p><p>Independentemente do tipo de alimento, a propaganda</p><p>direcionada a crianças se aproveita da vulnerabilidade de indi-</p><p>víduos em fase de desenvolvimento para incentivar o consumo.</p><p>Por isso, não deve ser permitida. Ainda temos um longo cami-</p><p>nho pela frente para alcançar a garantia dos direitos à alimen-</p><p>tação adequada e saudável e os direitos dos consumidores.</p><p>Ana Paula Bortoletto (https://epoca.globo.com/vida/noti-</p><p>cia/2015/03/publicidade-dealimentos-e-obesidade-infantil-buma-refle-</p><p>xao-necessariab.html) Adaptado.</p><p>Considere a frase a seguir e responda à questão</p><p>“As campanhas de marketing não apenas influenciam as esco-</p><p>lhas alimentares na infância, mas também buscam fidelizar</p><p>consumidores desde a mais tenra idade.” (1º parágrafo)</p><p>A vírgula delimita duas ideias consideradas, no trecho, como:</p><p>a) alternativas</p><p>b) contrapostas</p><p>c) insuficientes</p><p>d) convergentes</p><p>66. (SELECON – 2021)</p><p>Ciência e epidemia, construções coletivas</p><p>Vacinas, atuando por meio de agentes semelhantes ao</p><p>patógeno da doença, mas incapazes de causá-Ia, geram uma</p><p>memória imunológica que nos protege da doença, às vezes</p><p>por toda a vida. Mais que seu efeito individual, porém, importa</p><p>seu efeito comunitário. Se bem utilizadas, podem proteger até</p><p>quem não se vacinou.</p><p>Epidemias são fenômenos intrinsecamente sociais:</p><p>contraímos as doenças infecciosas e as transmitimos para</p><p>as pessoas ao redor. E a reação do grupo determina o curso</p><p>e a gravidade do surto.</p><p>Se boa parte da população já tem imunidade contra</p><p>determinada doença, é mais difícil que um indivíduo infecta-</p><p>do contamine outras pessoas. Esse fenômeno, inicialmente</p><p>estudado em animais, é chamado de imunidade de rebanho.</p><p>Para a gripe, observa-se a proteção comunitária quando</p><p>cerca de 40% da população é imune ao vírus; para o sarampo,</p><p>32</p><p>a taxa fica por volta de 95%. Se um número suficiente de indiví-</p><p>duos for vacinado de modo a atingir a imunidade de rebanho,</p><p>então a população como um todo recebe proteção contra a</p><p>epidemia.</p><p>É nesse contexto que segue a busca por uma vacina para a</p><p>Covid-19. Calcula-se que atingiremos a imunidade de rebanho</p><p>quando entre 60 e 70% da população estiver imune ao vírus. Há</p><p>quem estime que a taxa seja menor, dada a heterogeneidade</p><p>da população.</p><p>De um modo ou de outro, várias pesquisas (inclusive bra-</p><p>sileiras) evidenciam que sem a vacina essas taxas não serão</p><p>alcançadas no curto prazo. Para agravar a situação, pairam</p><p>dúvidas sobre a imunidade a longo prazo para a doença.</p><p>Essa é uma batalha que precisa ser travada com as armas</p><p>da ciência. Pela primeira vez na história, o público acompanha</p><p>tão de perto e com tanta expectativa a produção do conhe-</p><p>cimento científico. E esse processo pode às vezes parecer</p><p>caótico.</p><p>A ciência é um processo de construção coletiva, tão social</p><p>quanto a epidemia que ela tenta enfrentar. Esforços colossais</p><p>foram canalizados para o enfrentamento da Covid-19 - só de</p><p>vacinas temos 135 iniciativas, 22 delas sendo testadas em</p><p>humanos (duas das quatro que estão no último estágio de</p><p>ensaios em humanos estão sendo testadas no Brasil). Enquan-</p><p>to assistimos ao desenrolar dessa busca, vemos o fracasso</p><p>de projetos promissores e o questionamento de informações</p><p>antes tidas por favas contadas.</p><p>Esse processo de construção do conhecimento científico</p><p>costuma se estender por anos. Mas a urgência e a intensida-</p><p>de da pesquisa sobre a Covid-19 têm forçado adaptações e</p><p>aperfeiçoamento.</p><p>A demanda do público por informação vem estimulando</p><p>estudiosos a melhorar o modo de comunicar seus achados e</p><p>também as discussões sobre a construção do conhecimento. É</p><p>um momento único: pela primeira vez experimentamos uma</p><p>pandemia de tais proporções, com os atuais níveis de conheci-</p><p>mento científico e recursos de comunicação.</p><p>Vamos torcer para que as pessoas, confrontadas com estu-</p><p>dos de resultados conflitantes, descubram um pouco mais a</p><p>respeito da formação do conhecimento científico. E, com sorte,</p><p>passem a admirar a beleza e o esforço envolvido</p><p>na construção</p><p>da ciência.</p><p>Gabriella Cybis Folha de São Paulo, 15/07/2020 1.</p><p>“Epidemias são fenômenos intrinsecamente sociais: contraí-</p><p>mos as doenças infecciosas e as transmitimos para as pessoas</p><p>ao redor” (2° parágrafo). Na frase, os dois pontos podem ser</p><p>substituídos pela seguinte expressão:</p><p>a) sem bem que</p><p>b) por mais que</p><p>c) ainda que</p><p>d) visto que</p><p>67. (SELECON – 2019)</p><p>O que é a síndrome do coração festeiro</p><p>O nome parece indicar algo positivo. Afinal, a festa está</p><p>associada ao descanso, a celebrações e inclusive à felicidade.</p><p>Mas, neste caso, nada mais longe da realidade. A chamada</p><p>“síndrome do coração festeiro” se refere ao aumento de pro-</p><p>blemas cardiovasculares após os feriados.</p><p>O termo foi cunhado em 1978 pelo pesquisador Philip</p><p>Ettinger e sua equipe da CMDNJ-New Jersey Medical School</p><p>(EUA) quando, depois de estudar 32 internações em hospi-</p><p>tais distintos, eles perceberam que, depois de uma série de</p><p>dias livres, aumentava a quantidade de pacientes que chega-</p><p>vam com problemas cardiovasculares ao médico. A causa: o</p><p>aumento do consumo de álcool durante as festas.</p><p>“Os casos ocorriam depois das farras de fim de semana ou</p><p>das festividades”, apontaram os especialistas, acrescentando</p><p>que os problemas normalmente apareciam entre domingo e</p><p>terça-feira (quando o aumento do consumo de álcool ocorria</p><p>no fim de semana) e durante os últimos dias do ano, nas festas</p><p>natalinas.</p><p>Esse não foi o único trabalho sobre essa síndrome. Trinta</p><p>e quatro anos depois, especialistas da Universidade de Coim-</p><p>bra (Portugal) fizeram uma revisão da pesquisa de Ettinger e</p><p>concluíram que, efetivamente, o consumo de álcool, longe de</p><p>trazer benefícios para nossa saúde, “desempenha um papel</p><p>importante no aparecimento de arritmias [um distúrbio da</p><p>frequência ou do ritmo cardíaco, que pode se manifestar com</p><p>sintomas como agitação no peito, aceleração dos batimentos</p><p>do coração, dor, dificuldade para respirar, tontura, sudorese e</p><p>desmaios]”.</p><p>O maior risco ocorre durante as festas de Natal e Ano Novo,</p><p>conclui outro estudo, realizado por especialistas de diferentes</p><p>universidades suecas e publicado este mês no The British</p><p>Medical Journal. Neste caso, os pesquisadores analisaram 16</p><p>anos de registros de pacientes com problemas coronarianos e</p><p>descobriram que o dia do ano em que há mais internações por</p><p>problemas cardíacos relacionados ao álcool, como o infarto do</p><p>miocárdio, é a véspera de Natal. Essas internações também</p><p>aumentam nos dias 25 e 26 de dezembro e em 1º de janeiro,</p><p>segundo a Fundação Espanhola do Coração (FEC).</p><p>Depois das festas de fim de ano, as férias de verão são o</p><p>segundo momento em que mais pessoas têm esse risco, diz o</p><p>estudo sueco. A FEC também aponta nessa direção: “A inges-</p><p>tão excessiva e abrupta de bebidas alcoólicas pode provocar</p><p>uma aceleração do ritmo cardíaco”.</p><p>“O álcool atua como um tóxico no coração. Assim, o consu-</p><p>mo de grandes quantidades dessa substância e em um perío-</p><p>do curto de tempo (uma festa, por exemplo) libera adrenalina</p><p>e noradrenalina, dois hormônios que provocam uma acele-</p><p>ração do ritmo cardíaco”, explicou o cardiologista e membro</p><p>da FEC Miguel Ángel García-Fernández.</p><p>El País (Disponível em: brasil.elpais.com/bra-</p><p>sil/2018/12/19/cultura/1545230912_988865.html)</p><p>“... libera adrenalina e noradrenalina, dois hormônios que pro-</p><p>vocam uma aceleração do ritmo cardíaco” (7º parágrafo). No</p><p>trecho, o emprego da vírgula destaca uma relação entre as par-</p><p>tes de:</p><p>a) especificação</p><p>b) generalização</p><p>c) contraposição</p><p>d) comparação</p><p>68. (SELECON – 2019) Texto I</p><p>A violência que bate à porta (fragmento)</p><p>Segundo dados do Relatório Mundial 2019, divulgados</p><p>recentemente pela ONG Human Rights Watch, 64 mil homicí-</p><p>dios aconteceram no Brasil em 2017. são dois mil a mais que</p><p>em 2016. Este crescimento não foi freado em 2018, pelo con-</p><p>trário. Os dados já apresentados por Ongs e Instituições mos-</p><p>tram que o número de assassinatos segue crescendo a passos</p><p>largos. O crime, cada vez mais, sai da marginalidade e assola</p><p>toda a sociedade, sem distinguir classes sociais. Estados para-</p><p>ram nos últimos meses (Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte,</p><p>Ceará, e por aí vai) na mão de criminosos e a população se vê à</p><p>mercê desta realidade que bate à porta.</p><p>O retrato atual é esse e os noticiários teimam em nos lem-</p><p>brar que o filho morto hoje pode ser o nosso amanhã. Esta sen-</p><p>sação de insegurança aumenta a busca por segurança privada.</p><p>A Pesquisa Nacional sobre Segurança Eletrônica, realizada pela</p><p>Associação Brasileira das Empresas de Sistemas Eletrônicos de</p><p>Segurança (Abese), afirma que houve um crescimento nas resi-</p><p>dências que investiram em sistemas de segurança nos últimos</p><p>12 meses.</p><p>Mas quem deve cuidar da segurança do cidadão? E quem</p><p>não tem dinheiro para investir em sistemas? É protegido por</p><p>quem?</p><p>Os sistemas privados de segurança servem para inibir a</p><p>ação de criminosos, mas isto não pode ser a única solução. O</p><p>Estado precisa ser cobrado e deve agir. Para deter o crime</p><p>LÍ</p><p>N</p><p>G</p><p>U</p><p>A</p><p>P</p><p>O</p><p>RT</p><p>U</p><p>G</p><p>U</p><p>ES</p><p>A</p><p>33</p><p>organizado, é necessário muito mais esforço público do</p><p>que portões e muros altos.</p><p>Marco Antônio Barbosa Hoje em Dia, 01/03/2019 (Extraído e</p><p>adaptado de: hojeemdia.com.br/opinião)</p><p>Na frase “Para deter o crime organizado, é necessário muito</p><p>mais esforço público do que portões e muros altos” (4º parágra-</p><p>fo), o emprego da vírgula se justifica por:</p><p>a) introduzir expressão com valor explicativo</p><p>b) separar uma oração subordinada anteposta</p><p>c) delimitar uma expressão de natureza temporal</p><p>d) estabelecer fronteira entre orações coordenadas</p><p>e) marcar a existência de termo de natureza resumitiva</p><p>69. (SELECON – 2019) Texto II</p><p>… e cheio de perigos virtuais</p><p>E tal como no mundo real, no qual há aquelas pessoas</p><p>mal-intencionadas, a internet também possui perigos e exi-</p><p>ge precauções. No mundo real, usamos diversos tipos delas.</p><p>Instalamos fechaduras nas portas das nossas casas e carros</p><p>e as trancamos para ter maior segurança pessoal e dos nos-</p><p>sos bens. Usamos cortinas nas nossas janelas para, além da</p><p>claridade, ter mais privacidade em relação a vizinhos e pedes-</p><p>tres. Não saímos por aí contando para qualquer desconhecido</p><p>como foi aquela aventura amorosa ou quais são os hábi-</p><p>tos dos nossos familiares. E ainda evitamos que nossos filhos</p><p>tenham contatos com pessoas que não conhecemos sem a</p><p>nossa presença ou de alguém da nossa confiança.</p><p>Do mesmo modo, também devemos nos proteger e ser</p><p>precavidos no mundo virtual. E isso vale para empresas e</p><p>governos. Com o progressivo crescimento da digitalização</p><p>dos negócios, tornou-se mais frequente a ocorrência de</p><p>crimes e golpes virtuais. E os seus tipos são tão variados</p><p>quanto a criatividade humana permite, indo desde roubo</p><p>de informações sensíveis (políticas, estratégicas, segredos</p><p>industriais etc.), sequestro de dados, controle remoto de</p><p>dispositivos pessoais para finalidades ilegais…</p><p>BRASIL, país digital (Extraído de: brasilpaisdigital.com.br/seguran-</p><p>ca-e-cidadania- no-mundo-digital). Adaptado</p><p>No segundo parágrafo, o emprego dos parênteses tem o obje-</p><p>tivo de:</p><p>a) retificar uma afirmação feita</p><p>b) apresentar uma concessão</p><p>c) desdobrar expressão anterior</p><p>d) fornecer dados contraditórios</p><p>e) introduzir a fonte dos dados</p><p>70. (SELECON – 2019) Leia o texto para responder às questões</p><p>Texto I</p><p>Situação das crianças e dos adolescentes no Brasil</p><p>O Brasil possui uma população de 206,1 milhões de pes-</p><p>soas, dos quais 57,6 milhões têm menos de 18 anos de idade</p><p>(Estimativa IBGE para 2016). Mais da metade de todas as crian-</p><p>ças e adolescentes brasileiros são afrodescendentes e um terço</p><p>dos cerca de 820 mil indígenas do país é criança. São dezenas</p><p>de milhões de pessoas que possuem direitos e deveres e neces-</p><p>sitam de condições para desenvolver com plenitude todo o seu</p><p>potencial.</p><p>Nosso país é ainda um dos mais desiguais do mundo. Por</p><p>exemplo, entre 1996 e 2006, a desnutrição crônica (medida</p><p>pela baixa estatura da criança para a idade) caiu 50% no Brasil,</p><p>passando de 13,4%</p><p>para 6,7% das crianças menores de 5 anos.</p><p>Esses bons resultados, no entanto, não alcançam toda a popu-</p><p>lação. Cerca de 30% das crianças indígenas são afetadas por</p><p>desnutrição crônica no país.</p><p>Entre 1990 e 2015, a taxa de mortalidade infantil caiu</p><p>de 47,1 para 13,3 mortes para cada 1.000 nascidos vivos, de</p><p>acordo com o Ministério da Saúde. Os avanços fizeram com</p><p>que o país superasse a meta de redução da mortalidade</p><p>infantil prevista nos Objetivos de Desenvolvimento do</p><p>Milênio (ODM) antes mesmo do prazo estabelecido. Contu-</p><p>do, desde 2015, em meio à crise econômica, o país entrou</p><p>em um estado de alerta. Em 2016, pela primeira vez em 26</p><p>anos, as taxas de mortalidade infantil e na infância cresce-</p><p>ram. De 2015 a 2016, por exemplo, a taxa de mortalidade</p><p>infantil cresceu 5,3% (MS/SVS/CGIAE-SIM/Sinasc e Busca Ati-</p><p>va). E, desde 2015, as coberturas vacinais – que vinham se</p><p>mantendo em patamares de excelência – entraram em uma</p><p>tendência de queda. De 2015 a 2017, a cobertura vacinal da</p><p>poliomielite caiu de 95% para 78,5%, e a da trípliceviral, de</p><p>96% para 85% (PNI).</p><p>De 1990 a 2015, o percentual de crianças com idade escolar</p><p>obrigatória fora da escola caiu de 19,6% para 6,5% (Pnad). No</p><p>entanto, mesmo com tantos avanços, em 2015, 2,8 milhões de</p><p>meninos e meninas ainda estavam fora da escola (Pnad, 2015).</p><p>E essa exclusão escolar tem rosto e endereço: quem está fora</p><p>da escola são os pobres, negros, indígenas e quilombolas. Uma</p><p>parcela tem algum tipo de deficiência. E grande parte vive nas</p><p>periferias dos grandes centros urbanos, no Semiárido, na</p><p>Amazônia e na zona rural. Muitos deixam a escola para traba-</p><p>lhar e contribuir com a renda familiar.</p><p>A face mais trágica das violações de direitos que afetam</p><p>meninos e meninas no Brasil são os homicídios de adolescen-</p><p>tes: a cada dia, 31 crianças e adolescentes são assassinados</p><p>no país [estimativa do UNICEF baseada em dados do Datasus</p><p>(2016)]-quase todos meninos, negros, moradores de favelas.</p><p>O Brasil é o país com o maior número absoluto de adoles-</p><p>centes assassinados no mundo. Em 2015, foram 11.403 meni-</p><p>nos e meninas de 10 a 19 anos vítimas de homicídios. Desses,</p><p>10.480 eram meninos - número maior do que o total de mortes</p><p>violentas de meninos em países afetados por conflitos, como</p><p>Síria e Iraque.</p><p>Mesmo tendo uma das legislações mais avançadas do mun-</p><p>do no que diz respeito à proteção da infância e da adolescência</p><p>e, embora o país tenha feito grandes progressos em relação à</p><p>sua população mais jovem, esses avanços não atingiram todas</p><p>as crianças e todos os adolescentes brasileiros da mesma for-</p><p>ma. Logo, é necessário adotar políticas públicas capazes de</p><p>combater e superar as desigualdades geográficas, sociais e étni-</p><p>cas do país e celebrar a riqueza de sua diversidade.</p><p>Texto disponível em https://.vww.unicef.org/brazillsituacao-das-</p><p>-criancas-e-dos-adolescentes-no-brasil# Acesso em 25 de junho de</p><p>2019. Adaptado.</p><p>Na frase “E grande parte vive nas periferias dos grandes centros</p><p>urbanos, no Semiárido, na Amazônia e na zona rural.”, a vírgula</p><p>foi corretamente empregada para:</p><p>a) isolar um termo em função de aposto</p><p>b) destacar uma palavra em função de vocativo</p><p>c) separar termos que exercem a mesma função sintática</p><p>d) indicar a supressão de uma palavra citada anteriormente</p><p>'</p><p>71. (SELECON – 2019) No 3’ parágrafo, o travessão duplo foi usa-</p><p>do para:</p><p>a) anunciar fala do interlocutor</p><p>b) iniciar um novo diálogo</p><p>c) isolar uma frase no contexto</p><p>d) mudar de interlocutor</p><p>72. (SELECON – 2019)</p><p>Energia</p><p>Já comentei duas atitudes em relação à língua: uma que só</p><p>vê o produto e outra que prefere olhar para o processo. Para</p><p>uma, gramática e dicionário são, de certa forma, obras estan-</p><p>ques, prontas, especialmente no domínio do léxico. É por isso</p><p>que certa tradição condena os neologismos - ou só os aceita</p><p>quando “necessários”, a mesma atitude proposta em relação</p><p>aos estrangeirismos.</p><p>34</p><p>Comecemos, por estes, então. Muita gente os condena,</p><p>porque os considera uma forma de invasão da cultura por</p><p>outra. Talvez seja verdade. Mas eles podem ter outra faceta:</p><p>em vez revelar uma língua fraca, invadida, podem mostrar uma</p><p>língua poderosa, cuja máquina se move assim que uma pala-</p><p>vra estrangeira começa a ser empregada.</p><p>Observe o que aconteceu com “futebol”, originada de foot</p><p>ball. A sílaba foot foi reorganizada, recebendo uma vogal no</p><p>final. A razão é que o português repele (exceto em pronúncias</p><p>quase exageradamente cuidadas) sílabas terminadas em con-</p><p>soantes obstruintes (daí “adevogado”/advogado e “áfita”/alta</p><p>etc.). Foot torna-se “fute”. Snob torna-se “esnobe” adequando</p><p>ao português também ao padrão silábico inicial. O que é isto?</p><p>Um exemplo da gramática funcionando.</p><p>Palavras novas seguem regras ou padrões que existem na</p><p>língua- o seu lado e energeia, fundamentalmente. De “catraca”,</p><p>por exemplo, surgiu há algum tempo o verbo “descatracalizar”</p><p>e o substantivo “descatralização”. Como se formam? Antes de</p><p>tudo: não há nenhuma novidade no processo; só no produto.</p><p>A sequência pode ser apresentada assim: catraca> catra-</p><p>cal> catracalizar> descatracalizar ( -al forma adjetivos, como</p><p>em “inicial”; - izar forma verbos, como em “oficializar”; des-for-</p><p>ma negações, digamos como em “des-fazer”). Para “catracaliza-</p><p>ção”, basta acrescentar outro sufixo, -ção, e deixar cair “r”, se é</p><p>que ainda se pronuncia...</p><p>Às vezes, a coisa parece mais abstrata. Um bom</p><p>exemplo é processo (antigo) que transformou palavras</p><p>proparoxítonas. Na história da língua portuguesa, esse</p><p>fenômeno foi constante: áquila iu «águia», ásinu de</p><p>“asno” littera deu “letra” etc.</p><p>O fenômeno continua ocorrendo, e os melhores exemplos</p><p>são abóbora (“abóbra”), chácara(“chacra”) e xícara(“xicra”). Digo</p><p>que são os melhores exemplos porque alguém poderia dizer</p><p>que “musga” (de música) não é um bom exemplo do fenômeno</p><p>(alguém defenderia que é só um erro etc.). Mas é quase certo</p><p>que mesmo pessoas com esta mentalidade empregam “cha-</p><p>crinha”, “xicrinha” e “abobrinha”. Logo, aceitam implicitamente</p><p>“abobra”, “chacra” e “xicra”. Sempre que invoco este exemplo</p><p>diante um conservador ele fica sem fala...</p><p>No domínio da sintaxe, a energiea é ainda mais óbvia, por-</p><p>que não construímos orações por imitação, mas as criamos a</p><p>cada vez. Só que demonstração, neste caso, é menos evidente.</p><p>Não é necessariamente claro que as mesmas regras que cons-</p><p>troem “gatos perseguem ratos” constroem “casas têm quar-</p><p>tos”. E ainda menos que se trata de criação (mas é!).</p><p>Quem quiser fazer a prova, leia um livro ou um jornal, e</p><p>veja se as frases nele constantes não são originais (executados</p><p>os clichês). Talvez as exceções sejam os idiomatismos (como</p><p>“quebrar um galho” ou “bater um papo”), que provavelmente</p><p>memorizamos, não inventamos.</p><p>Sírio Possenti http://cienciahoje.org.br/coluna/energeia/</p><p>No sexto parágrafo, o uso dois-pontos introduz uma expressão</p><p>que estabelece com a anterior o objetivo de:</p><p>a) retificar uma informação</p><p>b) exemplificar um processo</p><p>c) relativizar um argumento</p><p>d) sintetizar uma sequência</p><p>73. (SELECON – 2019) TEXTO I</p><p>Por que a dieta pode baixar a imunidade</p><p>Toda vez que começo uma dieta, mesmo com acompanha-</p><p>mento nutricional, percebo que minha imunidade fica mais</p><p>baixa. Será que estou restringindo alimentos importantes, e</p><p>isso estaria me deixando mais suscetível a doenças? Há como</p><p>emagrecer sem passar por isso?</p><p>A queda na imunidade ocorre porque seu corpo não está</p><p>recebendo os nutrientes de que precisa para funcionar em</p><p>equilíbrio. A falta de zinco, por exemplo, enfraquece o siste-</p><p>ma imune. O ideal é não adotar mudanças severas no padrão</p><p>alimentar, mas modificá-lo de forma consistente ao longo do</p><p>tempo. As dietas bruscas agridem o corpo e raramente trazem</p><p>resultados no futuro. Uma alimentação equilibrada – que inclui</p><p>deslizes ocasionais – é o único caminho para ter saúde. Se alia-</p><p>da a uma atividade física regular, pode fortalecer o sistema</p><p>imune.</p><p>Márcio Atalla (Disponível: http://revistaepoca.globo.com/</p><p>Revista/EpocalAdaptado).</p><p>No texto, o emprego dos travessões introduz o comentário “que</p><p>inclui deslizes ocasionais”, com valor de:</p><p>a) causa</p><p>b) ressalva</p><p>c) contestação</p><p>d) negação</p><p>74. (SELECON – 2019) TEXTO I</p><p>Inteligência cultural</p><p>É ponto pacífico que os seres humanos são dotados de</p><p>capacidades cognitivas superiores em relação aos símios,</p><p>seus parentes mais próximos na evolução. Basta lembrar a</p><p>linguagem, o simbolismo matemático e o raciocínio científico,</p><p>para citar apenas algumas. Tudo indica que essa superioridade</p><p>esteja relacionada ao grande cérebro que temos, três vezes</p><p>maior que o dos chimpanzés, e dotado também de três vezes</p><p>mais neurônios.</p><p>A questão central é saber de que modo a estrutura do cére-</p><p>bro e suas estratégias funcionais adquiriram capacidades cog-</p><p>nitivas tão poderosas e únicas entre os seres vivos. A natureza</p><p>teria nos dotado especificamente de uma capacidade superior</p><p>- a cognição social.</p><p>Uma hipótese bem aceita é a da ‘inteligência geral’. Dizem</p><p>os seus adeptos que os cérebros maiores permitiram realizar-</p><p>mos operações cognitivas de todo tipo, com maior eficiência</p><p>que outras espécies. Teríamos maior memória, aprendizagem</p><p>mais rápida, percepção mais ágil (inclusive do estado mental</p><p>de outras pessoas), planejamento de longo prazo. Dotado des-</p><p>sas potencialidades genéricas, o ambiente faria a diferenciação</p><p>individual, lapidando cada um diferentemente do outro.</p><p>O antropólogo M. Tomasello, do Instituto Max Planck de</p><p>Antropologia Evolutiva, na Alemanha, defende a hipótese da</p><p>‘inteligência cultural’, cuja premissa é que a natureza nos dotou</p><p>especificamente de uma capacidade superiora cognição social</p><p>- que nos oferece um grau elevado de cooperação interindivi-</p><p>dual, e a construção de redes sociais nunca conseguida pelos</p><p>símios ou qualquer outra espécie, mesmo aquelas que apre-</p><p>sentam uma organização populacional que se pode chamar</p><p>de social. Outras capacidades humanas seriam semelhantes</p><p>às dos símios, apenas potencializadas pela cultura e a vida em</p><p>sociedade.</p><p>Se a hipótese da ‘inteligência cultural’ for verdadeira, exis-</p><p>tiria uma idade em humanos, durante o seu desenvolvimen-</p><p>to precoce (antes que a cultura os influencie fortemente), em</p><p>que a cognição física (relações de espaço, quantidade e cau-</p><p>salidade entre fenômenos) seria semelhante à dos grandes</p><p>símios. Nessa mesma idade, porém, a previsão é que a nossa</p><p>cognição social seja nitidamente superior à dos chimpanzés e</p><p>orangotangos.</p><p>Os resultados obtidos pela equipe de Tomasello compro-</p><p>varam a sua hipótese da ‘inteligência cultural’. Nos testes de</p><p>cognição física, as crianças e os chimpanzés não diferiram esta-</p><p>tisticamente, mas ambos tiveram desempenho melhor que os</p><p>orangotangos. Nos testes de cognição social, entretanto, as</p><p>crianças mostraram-se muito superiores aos símios que, por</p><p>sua vez, não diferiram entre si.</p><p>Tudo indica, então, que a cultura e a vida social represen-</p><p>tam capacidades cognitivas que nascem conosco, possivel-</p><p>mente derivadas do nosso grande cérebro povoado por quase</p><p>90 bilhões de neurônios. Possivelmente, a aquisição dessa</p><p>capacidade social se deu em algum momento entre um e dois</p><p>milhões de anos atrás, quando a evolução foi selecionando</p><p>cérebros dotados de mais que os 40 bilhões estimados para os</p><p>australopitecos, nossos ancestrais africanos.</p><p>LÍ</p><p>N</p><p>G</p><p>U</p><p>A</p><p>P</p><p>O</p><p>RT</p><p>U</p><p>G</p><p>U</p><p>ES</p><p>A</p><p>35</p><p>O processo seletivo continuou até chegar ao gênero Homo,</p><p>que gradualmente atingiu os nossos atuais 90 bilhões e adqui-</p><p>riu novas capacidades: a comunicação entre indivíduos por</p><p>meio da linguagem, a aprendizagem social de regras de condu-</p><p>ta coletiva voltadas para a cooperação, a percepção do estado</p><p>mental dos outros e de suas intenções e emoções (‘teoria da</p><p>mente’) e o planejamento de ações futuras de longo prazo.</p><p>Assim, nascemos propensos à cooperação social: essa é</p><p>a nossa força. Provavelmente, os poucos genes que nos dife-</p><p>renciam dos chimpanzés são responsáveis pelos circuitos neu-</p><p>rais que coordenam as funções relacionadas à vida social. Sua</p><p>expressão, entretanto, deve ser modulada pela sociedade que</p><p>nós próprios construímos.</p><p>Roberto Lent</p><p>Instituto de Ciências Biomédicas Universidade Federal do Rio de</p><p>Janeiro</p><p>(Adaptado de: http://cienciahoje.org.br/coluna/</p><p>inteligencia-cultural/)</p><p>No quinto parágrafo, o emprego dos parênteses introduz</p><p>expressão que estabelece, em cada frase, o valor de:</p><p>a) contrapor uma definição</p><p>b) contrapor uma verdade</p><p>c) especificar um termo</p><p>d) revogar uma tese</p><p>75. (SELECON – 2019)</p><p>Vacinas, para que as quero?</p><p>Em um momento em que os menos avisados suspeitam</p><p>das vacinas, as autoridades em saúde pública e imunologia</p><p>apresentam dados mostrando que, na realidade, as vacinas</p><p>precisam, sim, ser inoculadas com mais frequência. Esse é o</p><p>teor do artigo ‘Quanto tempo duram as vacinas?’, assinado por</p><p>Jon Cohen e publicado na prestigiosa revista Science em abril</p><p>de 2019 Nele, Cohen indaga, entre outros assuntos, por que</p><p>o efeito protetor das vacinas contra a gripe dura tão pouco</p><p>(em média, depois de 90 dias, a proteção começa a cair) e em</p><p>outras, como as da varíola e da febre amarela, a ação é bem</p><p>mais prolongada.</p><p>Alguns especialistas argumentam que certos vírus sofrem</p><p>altas taxas de mutação e geram novos clones, que, por serem</p><p>ligeiramente diferentes dos originais, não seriam reconhecidos</p><p>pelas células do sistema imune. Mas, a coisa não é tão simples</p><p>assim.</p><p>Ao estudar a caxumba (que ainda afeta os humanos), por</p><p>exemplo, os epidemiologistas descobriram que a recorrência</p><p>da doença acontece com mais frequência em uma determina-</p><p>da faixa etária (entre 18 e 29 anos de idade). Se a reinfecção</p><p>dependesse apenas de mutações, todas as idades deveriam</p><p>ser igualmente afetadas. Assim, o enigma perdura.</p><p>No entanto, o consenso entre os imunologistas especializa-</p><p>dos em vacinas é que, de fato, precisamos de mais exposição</p><p>aos agentes infecciosos ou às próprias vacinas. Em outras pala-</p><p>vras, no caso da gripe, teríamos que tomar doses seguidas da</p><p>vacina a fim de aumentar seu efeito protetor. Em razão desses</p><p>achados, os pesquisadores chegaram até a criticar a decisão</p><p>da Organização Mundial da Saúde (OMS) de recomendar que</p><p>a vacina contra a febre amarela devesse ser inoculada apenas</p><p>uma vez, isto é, seria uma vacina vitalícia.</p><p>A necessidade da exposição constante aos agentes infec-</p><p>ciosos vai de encontro à hipótese do biólogo norte-america-</p><p>no Jared Diamond que, em seu livro Armas, germes e aço,</p><p>defende a ideia de que, ao longo da história, o sucesso dos</p><p>conquistadores se deveu, em parte, ao fato de eles serem</p><p>originalmente cosmopolitas e, dessa maneira, terem adquiri-</p><p>do resistência imunológica aos agentes infecciosos da época.</p><p>Mesmo resistentes, seriam portadores desses agentes, o que</p><p>manteria a memória imunológica. Já os conquistados, grupo</p><p>formado por populações menores, sucumbiriam ao confron-</p><p>to por não serem capazes de se defender tanto dos invasores</p><p>humanos quanto daqueles microscópicos.</p><p>Embora o avanço nessa área seja promissor, o mecanismo</p><p>que torna uma vacina mais duradoura ou não ainda segue sem</p><p>resposta. Como afirma Cohen em seu artigo, “essa é uma per-</p><p>gunta de um milhão de dólares!” (aproximadamente, o valor</p><p>do prêmio Nobel).</p><p>A despeito disso, ninguém deveria duvidar do poder das</p><p>vacinas Muito pelo contrário A tendência atual no tratamento</p><p>de doenças crônicas, como o câncer e a artrite reumatoide, é</p><p>a imunoterapia. Um dia, quem sabe, teremos vacinas contra</p><p>todos esses males.</p><p>Franklin Rumjanek</p><p>(Disponível em: http://cienciahoie.orq.br/artiqo/</p><p>vacinaspara- que-as-guero/)</p><p>No primeiro parágrafo, o emprego dos parênteses introduz</p><p>expressão com valor de:</p><p>a) explicação</p><p>b) contraposição</p><p>c) consequência</p><p>d) comparação</p><p>76. (SELECON – 2019) Leia o texto para responder às questões</p><p>De onde menos se espera</p><p>O sucesso de atletas de elite depende de muitos fatores.</p><p>Estamos acostumados a acompanhar relatos diversos que</p><p>descrevem protocolos rígidos, geralmente envolvendo trei-</p><p>namento árduo, alimentação controlada, descanso e,</p><p>em</p><p>alguns casos, a dopagem – prática proibida que consiste</p><p>na injeção de compostos, como a testosterona (hormônio</p><p>anabolizante), para aumentar a massa muscular dos atle-</p><p>tas. Jamais imaginaríamos que um dos segredos do sucesso</p><p>poderia ter origem no intestino dos atletas, mais especifica-</p><p>mente, num gênero de bactérias com o curioso nome de Veil-</p><p>lonela atypica.</p><p>Pesquisadores norte-americanos descobriram que, duran-</p><p>te – e logo após – o exercício vigoroso, ocorre o crescimento</p><p>agudo de populações de bactérias V. atypica nos intestinos de</p><p>alguns maratonistas. A pergunta seguinte foi: qual a relação</p><p>desses microrganismos com o desempenho dos atletas de eli-</p><p>te? Essa pergunta foi respondida recentemente e se encontra</p><p>no artigo do biólogo molecular Jonathan Scheiman e colabora-</p><p>dores, publicado na revista Nature Medicine em junho último.</p><p>Para explicar esse fenômeno, é preciso antes descrever</p><p>rapidamente um pouco o que acontece no metabolismo. Um</p><p>exercício como a maratona implica a contração muscular</p><p>repetitiva durante um período relativamente longo. Para que</p><p>a contração ocorra, o músculo usa a glicose como combustível.</p><p>Acontece que a glicólise também produz o lactato ou ácido</p><p>láctico. Quem já fez exercícios repetitivos sabe que, ao final de</p><p>certo tempo, o músculo sofre fadiga, o que produz uma sen-</p><p>sação bem conhecida de queimação ou dor e, nesse momento,</p><p>a pessoa deve parar o exercício. Quando isso acontece, o des-</p><p>conforto cessa e, após algum tempo, os músculos estão pron-</p><p>tos para continuar a contrair.</p><p>Para que haja recuperação da contração muscular, é</p><p>importante que o lactato acumulado no músculo tenha sua</p><p>concentração diminuída. Mas, qual a relação do lactato com</p><p>a V. atypica? Bem, os cientistas descobriram que essas bacté-</p><p>rias consomem o lactato, isto é, usam o lactato como nutriente.</p><p>Assim, as bactérias contribuem para reduzir mais rapidamente</p><p>a concentração do lactato nos músculos e, dessa forma, apres-</p><p>sar a recuperação muscular. Isso é, decididamente, uma van-</p><p>tagem para os atletas que têm a V. atypica em seu intestino.</p><p>Os pesquisadores realizaram experimentos com camun-</p><p>dongos para demonstrar esse efeito. Transplantaram as bacté-</p><p>rias para os roedores e os testaram em uma esteira adaptada</p><p>para eles. Os animais que receberam as bactérias corriam</p><p>durante bem mais tempo que aqueles controles, que não as</p><p>receberam.</p><p>Descobriu-se também que a V. Atypica, além de consumir</p><p>o lactato, produz propionato – composto que é produto do</p><p>metabolismo do lactato. Já se mostrou em camundongos que</p><p>36</p><p>o propionato aumenta os batimentos cardíacos e, também, o</p><p>consumo máximo de oxigênio (que é importante para gerar</p><p>energia na fase aeróbica do exercício). Assim, estar contami-</p><p>nado com V. atypica é tudo de bom – se você for um atleta, é</p><p>claro.</p><p>Franklin Rumjanek Adaptado de: http://cienciahoje.org.br/</p><p>Considerando o trecho a seguir, responda à questão:</p><p>“envolvendo treinamento árduo, alimentação controlada, des-</p><p>canso e, em alguns casos, a dopagem – prática proibida que</p><p>consiste na injeção de compostos, como a testosterona (hor-</p><p>mônio anabolizante), para aumentar a massa muscular dos</p><p>atletas”</p><p>A vírgula em “e, em alguns casos, a dopagem” é empregada pelo</p><p>seguinte motivo:</p><p>a) introduzir ideias opostas</p><p>b) separar expressão adverbial</p><p>c) marcar uso da conjunção “e”</p><p>d) destacar referência espacial</p><p>77. (SELECON – 2019) Considerando o trecho a seguir, responda</p><p>à questão:</p><p>“envolvendo treinamento árduo, alimentação controlada,</p><p>descanso e, em alguns casos, a dopagem – prática proibida</p><p>que consiste na injeção de compostos, como a testosterona</p><p>(hormônio anabolizante), para aumentar a massa muscular</p><p>dos atletas”</p><p>O travessão introduz expressão com valor de:</p><p>a) explicação</p><p>b) contradição</p><p>c) comparação</p><p>d) consequência</p><p>78. (SELECON – 2019) Considerando o trecho a seguir, responda</p><p>à questão:</p><p>“envolvendo treinamento árduo, alimentação controlada,</p><p>descanso e, em alguns casos, a dopagem – prática proibida</p><p>que consiste na injeção de compostos, como a testosterona</p><p>(hormônio anabolizante), para aumentar a massa muscular</p><p>dos atletas”</p><p>No trecho, a expressão entre parênteses representa, em relação</p><p>ao termo anterior, uma:</p><p>a) definição</p><p>b) justificativa</p><p>c) ponderação</p><p>d) contestação</p><p>79. (SELECON – 2019) Texto I</p><p>Poluição do ar pode ser tão perigosa quanto fumar um</p><p>maço de cigarro por dia</p><p>Pesquisadores dos Estados Unidos concluíram que a</p><p>exposição à poluição do ar pode ser equivalente a fumar</p><p>uma carteira de cigarros por dia e que ela ainda pode</p><p>aumentar a chance de se ter enfisema pulmonar, uma</p><p>doença perigosa e sem cura.</p><p>Os cientistas notaram uma maior incidência da enfermida-</p><p>de em pessoas que estão expostas por muito tempo a gases</p><p>poluentes, em especial ao ozônio. O enfisema é uma doença</p><p>respiratória grave, que diminui a elasticidade dos pulmões e</p><p>leva à destruição dos alvéolos pulmonares, provocando sin-</p><p>tomas como respiração rápida, tosse ou dificuldade para</p><p>respirar.</p><p>Segundo o estudo, conduzido por universidades america-</p><p>nas, em áreas com aumento de três partes por milhão (3 ppm)</p><p>no nível de ozônio ao longo de dez anos, as pessoas têm maior</p><p>chance de ter enfisema. Essa possibilidade é a mesma que tem</p><p>alguém que fume uma carteira de cigarros por dia ao longo de</p><p>29 anos.</p><p>Para chegar a essa conclusão, os pesquisadores estuda-</p><p>ram 7 mil pessoas e a poluição a que elas estiveram expostas</p><p>do ano 2000 até 2018. Os participantes, que foram expostos</p><p>a exames de tomografia computadorizada, viviam todos em</p><p>grandes regiões metropolitanas como Chicago, Baltimore, Los</p><p>Angeles, Minnesota e Nova York. Os resultados foram publica-</p><p>dos no periódico médico JAMA.</p><p>Os cientistas acreditam que a principal causa para a maior</p><p>predisposição ao enfisema é o ozônio que fica concentrado na</p><p>troposfera (camada mais baixa da atmosfera). O gás é produ-</p><p>zido especialmente quando a luz ultravioleta age com outros</p><p>poluentes liberados por combustíveis fósseis.</p><p>“Conforme as temperaturas aumentam com o aquecimen-</p><p>to global, o nível de ozônio troposférico vai continuar a aumen-</p><p>tar”, contou R. Graham Barr, professor de epidemiologia na</p><p>Universidade Columbia. “A não ser que passos sejam toma-</p><p>dos para reduzir os poluentes, ainda não é claro qual nível ou</p><p>sequer se esses gases são seguros para a saúde humana.”</p><p>Disponível em: revistagalileu.globo.com/Ciencia/Saude/</p><p>No primeiro parágrafo, o emprego da vírgula introduz uma</p><p>expressão que estabelece com a anterior um sentido de:</p><p>a) refutar uma causa</p><p>b) expor uma avaliação</p><p>c) introduzir um responsável</p><p>d) contradizer um problema</p><p>80. (SELECON – 2018)</p><p>Estudo de crânios serviu como base à falha ciência do</p><p>racismo</p><p>Médico do século XIX conquistou intelectuais ao criar justi-</p><p>ficativa para uma suposta superioridade dos brancos</p><p>RIO - A banana atirada no jogador Daniel Alves durante um</p><p>jogo do Barcelona e as declarações racistas do dirigente de um</p><p>clube de basquete americano provocaram repúdio mundial</p><p>esta semana, mas as manifestações preconceituosas seriam</p><p>vistas com naturalidade pelo médico americano Samuel Geor-</p><p>ge Morton. Ele angariou fama em seu país e na Europa no sécu-</p><p>lo XIX disseminando a teoria de que a superioridade racial é</p><p>corroborada pelo estudo dos crânios. Aqueles de estrutura</p><p>mais complexa e avançada, um sinal inegável de inteligên-</p><p>cia e maior capacidade de raciocínio, seriam os de caucasia-</p><p>nos. Seu argumento resistiu por 150 anos. Foi analisado por</p><p>figuras como Charles Darwin, convenceu abolicionistas e só foi</p><p>definitivamente desmantelado na década de 1980, embora as</p><p>manifestações racistas persistam.</p><p>– Ele fez amizades com as pessoas certas, aquelas que real-</p><p>mente importavam – conta o historiador James Poskett, que</p><p>lidera as pesquisas de Cambridge. – Morton produziu apenas</p><p>500 cópias de “Crania americana” e distribuiu para pessoas</p><p>influentes como antropólogos famosos na Inglaterra e editores</p><p>de revistas científicas americanas. Mesmo com a pequena tira-</p><p>gem, seu trabalho foi lido</p><p>em países como França, Alemanha,</p><p>Rússia e Índia.</p><p>Morton, então, ganhou as graças da elite intelectual do</p><p>Velho Mundo. Sua obra foi assumidamente uma inspiração</p><p>para autores de livros como “Crania Britannica” e “Crania Ger-</p><p>manica” e ainda para os trabalhos do italiano Cesare Lom-</p><p>broso, de 1876, que partia de características físicas do crânio</p><p>para determinar criminosos. Até o evolucionista (e abolicionis-</p><p>ta) Charles Darwin, que leu o texto de Morton, considerou-o</p><p>uma “autoridade” na discussão racial, embora não tenha usa-</p><p>do nada dos seus estudos nos trabalhos que fez. Muito pelo</p><p>contrário.</p><p>O elogio ao racismo de Morton só desabou em 1981, quando</p><p>o evolucionista Stephen Jay Gould, professor da Universidade de</p><p>Harvard, publicou o livro “A falsa medida do homem”, demons-</p><p>trando que não havia relação entre as raças e seus níveis de</p><p>inteligência. Ainda assim, mesmo sem qualquer suporte aca-</p><p>dêmico, não faltam convictos de que brancos e negros ocupam</p><p>LÍ</p><p>N</p><p>G</p><p>U</p><p>A</p><p>P</p><p>O</p><p>RT</p><p>U</p><p>G</p><p>U</p><p>ES</p><p>A</p><p>37</p><p>polos opostos. E, 175 anos depois de “Crania americana”, entre</p><p>bananas e o basquete, surge mais uma polêmica que desafia a</p><p>razão: a ideia, errada, de que somos todos macacos.</p><p>Renato Grandelle</p><p>(Adaptado de O GLOBO, 03/05/2014) (https://oglobo.globo.com/</p><p>sociedade/historia/estudo-de-</p><p>cranios- serviu-como-base-falha-ciencia-do-racismo-12370323)</p><p>No trecho “Aqueles de estrutura mais complexa e avançada, um</p><p>sinal inegável de inteligência e maior capacidade de raciocínio”,</p><p>a vírgula marca uma relação de:</p><p>a) condição</p><p>b) explicação</p><p>c) comparação</p><p>d) contraposição</p><p>81. (SELECON – 2018)</p><p>Escrever é fácil?</p><p>Via de regra, nosso pensamento é caótico: funciona para</p><p>alimentar nossas decisões cotidianas, mas não funciona se for</p><p>expresso, em voz alta ou por escrito, tal qual se encontra na</p><p>cabeça. Para entender o nosso próprio pensamento, precisa-</p><p>mos expressá-lo para outra pessoa. Ao fazê-lo, organizamos o</p><p>pensamento segundo um código comum e então, finalmente,</p><p>o entendemos, isto é, nos entendemos.</p><p>Todo professor conhece este segredo: você entende</p><p>melhor o seu assunto depois de dar sua aula sobre ele, e não</p><p>antes. Ao falar sobre o meu tema, tentando explicá-lo a quem</p><p>o conhece pouco, aumento exponencialmente a minha pró-</p><p>pria compreensão a respeito. Motivado pelas expressões de</p><p>dúvida e até de estupor dos alunos, refino minhas explicações</p><p>e, ao fazê-lo, entendo bem melhor o que queria dizer. Costu-</p><p>mo dizer que, passados tantos anos de profissão, gosto muito</p><p>de dar aula, principalmente porque ensinar ainda é o melhor</p><p>método de estudar e compreender.</p><p>Ora, do mesmo jeito que ensino me dirigindo a um grupo</p><p>de alunos que não conheço, pelo menos no começo dos meus</p><p>cursos, quem escreve o faz para ser lido por leitores que ele</p><p>potencialmente não conhece e que também não o conhecem.</p><p>Mesmo quando escrevo um diário secreto, o faço imaginando</p><p>um leitor futuro: ou eu mesmo daqui a alguns anos, ou quem</p><p>sabe a posteridade. Logo, preciso do outro e do leitor para</p><p>entender a mim mesmo e, em última análise, para ser e saber</p><p>quem sou.</p><p>Exatamente porque esta relação com o outro, aluno ou</p><p>leitor, é tão fundamental, todo professor sente um frio na</p><p>espinha quando encontra uma turma nova, não importa há</p><p>quantos anos exerça o magistério. Pela mesmíssima razão,</p><p>todo aluno não quer que ninguém leia sua redação enquan-</p><p>to a escreve ou faz questão de colocá-la debaixo da pilha de</p><p>redações na mesa do professor, não importa se suas notas são</p><p>boas ou não na matéria.</p><p>Escrever definitivamente não é fácil, porque nos expõe no</p><p>momento mesmo de fazê-lo. Quem escreve sente de repen-</p><p>te todas as suas hesitações, lacunas e omissões, percebendo</p><p>como o seu próprio pensamento é incompleto e o quanto ain-</p><p>da precisa pensar. Quem escreve de repente entende o quanto</p><p>a sua própria pessoa é incompleta e fraturada, o quanto ainda</p><p>precisa se refazer, se inventar, enfim: se reescrever.</p><p>Gustavo Bernardo (Adaptado de Conversas com um professor de</p><p>literatura. Rio de Janeiro: Rocco, 2013)</p><p>No primeiro parágrafo, o uso dos dois-pontos marca a seguinte</p><p>relação entre as partes da frase:</p><p>a) tese/explicação</p><p>b) causa/consequência</p><p>c) dúvida/contraposição</p><p>d) fato/comparação</p><p>82. (SELECON – 2018) Leia o texto a seguir e responda à questão.</p><p>Ética</p><p>Adolfo Sanchez Vásquez</p><p>Nas relações cotidianas dos indivíduos entre si, surgem</p><p>continuamente problemas como estes: devo cumprir a pro-</p><p>messa x que fiz ontem ao meu amigo y, embora hoje perceba</p><p>que o cumprimento me causará certos prejuízos? Devo dizer</p><p>sempre a verdade ou há ocasiões em que devo mentir? Quem,</p><p>numa guerra de invasão, sabe que o seu amigo z está cola-</p><p>borando com o inimigo, deve calar, por causa da amizade, ou</p><p>deve denunciá-lo como traidor? Podemos considerar bom o</p><p>homem que se mostra caridoso com o mendigo que bate à</p><p>sua porta e, durante o dia — como patrão —, explora impie-</p><p>dosamente os operários e os empregados da sua empresa? Se</p><p>um indivíduo procura fazer o bem e as consequências de suas</p><p>ações são prejudiciais àqueles que pretendia favorecer, por-</p><p>que lhes causa mais prejuízo do que benefício, devemos julgar</p><p>que age corretamente de um ponto de vista moral, quaisquer</p><p>que tenham sido os efeitos de sua ação? (...)</p><p>Em situações como essas que acabamos de enumerar, os</p><p>indivíduos se defrontam com a necessidade de pautar o seu</p><p>comportamento por normas que se julgam mais apropriadas</p><p>ou mais dignas de ser cumpridas. Estas normas são aceitas</p><p>intimamente e reconhecidas como obrigatórias: de acordo</p><p>com elas, os indivíduos compreendem que têm o dever de</p><p>agir desta ou daquela maneira. Nestes casos, dizemos que</p><p>o homem age moralmente e que neste seu comportamento</p><p>se evidenciam vários traços característicos que o diferenciam</p><p>de outras formas de conduta humana. Sobre este comporta-</p><p>mento, que é o resultado de uma decisão refletida e, por isto,</p><p>não puramente espontânea ou natural, os outros julgam, de</p><p>acordo também com normas estabelecidas, e formulam juízos</p><p>como os seguintes: “X agiu bem mentindo naquelas circunstân-</p><p>cias”; “Z devia denunciar o seu amigo traidor” etc.</p><p>Dessa maneira temos, pois, de um lado, atos e formas de</p><p>comportamento dos homens em face de determinados pro-</p><p>blemas, que chamamos morais, e, do outro lado, juízos que</p><p>aprovam ou desaprovam moralmente os mesmos atos. Mas,</p><p>por sua vez, tanto os atos quanto os juízos morais pressupõem</p><p>certas normas que apontam o que se deve fazer. Assim, por</p><p>exemplo, o juízo: “Z devia denunciar o seu amigo traidor”,</p><p>pressupõe a norma “os interesses da pátria devem ser postos</p><p>acima dos da amizade”. Por conseguinte, na vida real, defron-</p><p>tamo-nos com problemas práticos do tipo dos enumerados,</p><p>dos quais ninguém pode eximir-se. E, para resolvê-los, os</p><p>indivíduos recorrem a normas, cumprem determinados atos,</p><p>formulam juízos e, às vezes, se servem de determinados argu-</p><p>mentos ou razões para justificar a decisão adotada ou os pas-</p><p>sos dados.</p><p>Tudo isso faz parte de um tipo de comportamento efeti-</p><p>vo, tanto dos indivíduos quanto dos grupos sociais e tanto de</p><p>ontem quanto de hoje.(...)</p><p>A este comportamento prático-moral, que já se encontra</p><p>nas formas mais primitivas da comunidade, sucede posterior-</p><p>mente — muitos milênios depois — a reflexão sobre ele. Os</p><p>homens não só agem moralmente (isto é, enfrentam determi-</p><p>nados problemas nas suas relações mútuas, tomam decisões</p><p>e realizam certos atos para resolvê-los e, ao mesmo tempo, jul-</p><p>gam ou avaliam de uma ou de outra maneira estas decisões e</p><p>estes atos), mas também refletem sobre esse comportamento</p><p>prático e o tomam como objeto da sua reflexão e do seu pen-</p><p>samento. Dá-se assim a passagem do plano da prática moral</p><p>para o da teoria moral; ou, em outras palavras, da moral efeti-</p><p>va, vivida, para a moral reflexa.</p><p>Quando se verifica essa passagem, que coincide com os</p><p>inícios do pensamento filosófico, já estamos propriamente</p><p>na esfera dos problemas teórico-morais ou éticos. À diferen-</p><p>ça dos problemas prático-morais, os éticos são caracterizados</p><p>pela</p><p>sua generalidade. Se na vida real um indivíduo concreto</p><p>enfrenta uma determinada situação, deverá resolver por si</p><p>mesmo, com a ajuda de uma norma que reconhece e aceita</p><p>intimamente, o problema de como agir de maneira a que sua</p><p>ação possa ser boa, isto é, moralmente valiosa.</p><p>38</p><p>Será inútil recorrer à ética com a esperança de encontrar</p><p>nela uma norma de ação para cada situação concreta. Aética</p><p>poderá dizer-lhe, em geral, o que é um comportamento pau-</p><p>tado por normas, ou em que consiste o fim — o bom — visado</p><p>pelo comportamento moral, do qual faz parte o procedimento</p><p>do indivíduo concreto ou o de todos. (...)</p><p>Sem dúvida, esta investigação teórica não deixa de ter con-</p><p>sequências práticas, porque, ao se definir o que é o bom, se</p><p>está traçando um caminho geral, em cujo marco os homens</p><p>podem orientar a sua conduta nas diversas situações particu-</p><p>lares. Neste sentido, a teoria pode influir no comportamento</p><p>moral-prático.</p><p>(ÉTICA. VÁSQUEZ, A. S., Ética, Ed. Civilização Brasileira, R. J.,</p><p>95. Adaptado)</p><p>No período “Estas normas são aceitas intimamente e reco-</p><p>nhecidas como obrigatórias: de acordo com elas, os indiví-</p><p>duos compreendem que têm o dever de agir desta ou daquela</p><p>maneira.”(2º parágrafo), os dois pontos foram utilizados para</p><p>anunciar:</p><p>a) uma citação</p><p>b) um esclarecimento</p><p>c) duas orações intercaladas</p><p>d) uma enumeração explicativa</p><p>83. (SELECON – 2017)</p><p>Microscópio impulsionou descobertas</p><p>Os microscópios ganharam a tecnologia básica de hoje a</p><p>partir do começo do século 19. Mas, mesmo no século anterior,</p><p>já havia microscópios com formas semelhantes. No século 17,</p><p>descobertas importantes foram feitas com esse tipo de apa-</p><p>relho. “Noventa por cento das descobertas em citologia,</p><p>o estudo das células, foram feitas com microscópios rudi-</p><p>mentares”, diz o biólogo Nelio Bizzo, especialista em ensino</p><p>de biologia na Faculdade de Educação da USP (Universidade</p><p>de São Paulo).</p><p>“O microscópio é uma ferramenta indispensável para quem</p><p>estuda biologia”, afirma Bizzo. “Deveria haver uma lei federal</p><p>proibindo escolas de comprar computadores se não tiverem</p><p>um microscópio.” Para o professor da USP, “quem vê uma foto</p><p>de vírus, de bactérias, e que nunca manipulou um microscópio,</p><p>não tem condição de entender como a foto foi feita”. O micros-</p><p>cópio teve para a biologia o mesmo impacto que seu parente</p><p>para ver mais longe, o telescópio, teve na astronomia. Graças</p><p>ao telescópio foi possível enxergar novos planetas e novas luas</p><p>girando em torno deles, e confirmar a hipótese de que a Terra</p><p>não era o centro do universo, mas sim apenas mais um corpo</p><p>celeste que girava em torno do Sol. Graças aos microscópios</p><p>foi possível descobrir todo um novo mundo desconhecido da</p><p>ciência: aquele dos seres vivos de dimensões muito pequenas,</p><p>microscópicas, os chamados micróbios. Um dos mais notáveis</p><p>pioneiros foi o holandês Antonie van Leeuwenhoek (1632-</p><p>1723), o primeiro pesquisador a observar micróbios como bac-</p><p>térias e protozoários.</p><p>Ele batizou esses seres de “animálculos”, pequenos ani-</p><p>mais que pôde observar na água ou no interior do próprio</p><p>corpo humano. Nem todos podem hoje ser chamados de “ani-</p><p>mais”, mas com seus esforços Leeuwenhoek abriu toda uma</p><p>área de pesquisa científica. Leeuwenhoek usava um microscó-</p><p>pio de um modelo bem simples, que se constituía basicamen-</p><p>te de duas placas de latão entre as quais havia apenas uma</p><p>lente, com um parafuso ajustável para manter o espécime</p><p>sendo observado. Apesar da simplicidade do microscópio, ele</p><p>conseguiu enxergar as bactérias, pela primeira vez em 1676,</p><p>com um instrumento que tinha uma ampliação de no máximo</p><p>280 vezes.</p><p>Tanto telescópios como microscópios surgiram no momen-</p><p>to em que se criaram as bases da ciência moderna, a chamada</p><p>Revolução Científica. Eles foram tanto causa como efeito dessa</p><p>revolução.</p><p>(Adaptado de: http:!lwww1.foIha.uoI.com.br/fsg/brasiI/fc15119821.</p><p>htm)</p><p>“Noventa por cento das descobertas em citologia, o estudo das</p><p>células, foram feitas com microscópios rudimentares” (1º pará-</p><p>grafo). No trecho, o uso das vírgulas destaca expressão que pos-</p><p>sui a seguinte função:</p><p>a) indicar oposição</p><p>b) acrescentar reparação</p><p>c) apresentar comparação</p><p>d) introduzir explicação</p><p>84. (SELECON – 2017)</p><p>Densidade</p><p>No meio do caminho tinha uma pedra porosa. Dava para</p><p>ver seus grãos. Chegando mais perto, raios finíssimos de sol</p><p>atravessavam a pedra. Mais perto ainda, um turbilhão, um</p><p>pequeno redemoinho (uma galáxia minúscula) se movia lá</p><p>dentro, no Ieve corpo da pedra.</p><p>A pedra, no meio do caminho, era permeável: se cho-</p><p>vesse, ficava encharcada. O vento do meio-dia a deixava</p><p>com sono e sede. A neblina que às vezes baixava no fim da</p><p>tarde invadia a pedra, no seu corpo as nuvens trafegavam sem</p><p>pressa. Os sons passavam por ela e iam se extinguir em algum</p><p>lugar desconhecido. Na pequena galáxia dentro da pedra havia</p><p>pequenos planetas orbitando em torno de sóis de diamante.</p><p>(LISBOA, A. Caligrafias. Rio de Janeiro: Rocco, 2004)</p><p>Leia a frase abaixo para responder à questão.</p><p>“A pedra, no meio do caminho, era permeável: se chovesse, fica-</p><p>va encharcada” O uso dos dois-pontos estabelece entre as par-</p><p>tes dessa frase o seguinte sentido:</p><p>a) citação</p><p>b) divisão</p><p>c) enumeração</p><p>d) exemplificação</p><p>85. (SELECON – 2017)</p><p>A humanização como dimensão pública das políticas</p><p>de saúde</p><p>No início de 2003, enfrentamos um debate no Ministério</p><p>da Saúde defendendo a priorização do tema da humaniza-</p><p>ção como aspecto fundamental a ser contemplado nas polí-</p><p>ticas públicas de saúde. O debate se fazia a partir da tensão</p><p>entre concepções diferentes. Havia escolhas, de um lado, que</p><p>visavam aos “focos e resultados dos programas” e, de outro,</p><p>que problematizavam os processos de produção de saúde e</p><p>de sujeitos, no plano mais amplo da alteração de modelos de</p><p>atenção e de gestão. Neste contexto, apresentava-se para nós</p><p>não só um desafio, mas principalmente a urgência de reavaliar</p><p>conceitos e práticas nomeadas como humanizadas. Identifi-</p><p>cada a movimentos religiosos, filantrópicos ou paternalistas,</p><p>a humanização era menosprezada por grande parte dos ges-</p><p>tores, ridicularizada por trabalhadores e demandada pelos</p><p>usuários. O debate ia se montando em torno das condições</p><p>precarizadas de trabalho, das dificuldades de pactuação das</p><p>diferentes esferas do Sistema Único de Saúde (SUS), do des-</p><p>cuido e da falta de compromisso na assistência ao usuário dos</p><p>serviços de saúde. O diagnóstico ratificava a complexidade da</p><p>tarefa de se construir de modo eficaz um sistema público que</p><p>garantisse acesso universal, equânime e integral a todos os</p><p>cidadãos brasileiros.</p><p>Não restava dúvida: o SUS é uma conquista nascida das</p><p>lutas pela democracia no país que, em 1988, ganham estatuto</p><p>constitucional. Garantir o “caráter constituinte” do SUS impõe</p><p>que possamos identificar os problemas contemporâneos que</p><p>se dão na relação entre Estado e as políticas públicas. É esta</p><p>relação que queremos problematizar neste momento que o</p><p>projeto de uma Política Nacional de Humanização (PNH) reto-</p><p>ma o que está na base da reforma da saúde do porte daquela</p><p>que resultou na criação do SUS.</p><p>LÍ</p><p>N</p><p>G</p><p>U</p><p>A</p><p>P</p><p>O</p><p>RT</p><p>U</p><p>G</p><p>U</p><p>ES</p><p>A</p><p>39</p><p>Nos primeiros passos que demos imediatamente nos con-</p><p>frontamos com outro aspecto presente no âmbito do que se</p><p>nomeava como programas de humanização: havia projetos,</p><p>atividades, propostas, mas em todos era evidente o caráter</p><p>fragmentado e separado dessas iniciativas não só na relação</p><p>de baixa horizontalidade que se verificava entre elas, mas</p><p>também no modo vertical como elas se organizavam dentro</p><p>do Ministério da Saúde e do SUS. Tínhamos, então, um duplo</p><p>problema: seja o da banalização do tema da humanização, seja</p><p>o da fragmentação das práticas ligadas a diferentes programas</p><p>de humanização da saúde. Na verdade, trata-se de um mesmo</p><p>problema em uma dupla inscrição teórico-prática, daí a neces-</p><p>sidade de enfrentarmos a tarefa de redefinição do conceito de</p><p>humanização, bem como dos modos de construção de uma</p><p>política pública e transversal de</p>