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AULA 1 
AUDITORIA CONTÁBIL 
Prof. Luiz Eduardo Croesy Jenkins 
 
 
2 
TEMA 1 – CONCEITO E EVOLUÇÃO DA AUDITORIA CONTÁBIL 
A contabilidade e a auditoria são áreas estreitamente relacionadas, já que 
a base para a atuação dos auditores contábeis está nas demonstrações 
contábeis, que são produzidas e expressas por meio de sistemas de 
contabilidade, sendo preparadas pelo setor de contabilidade e controladoria das 
organizações. 
O processo evolutivo da auditoria contábil está atrelado à evolução da 
contabilidade como ciência e setor auxiliar à gestão, no processo de suporte 
informacional e de tomada de decisões. A abordagem da área foi aprimorada, ao 
longo do tempo, por parte da auditoria externa, refletindo necessidades ligadas à 
evolução das organizações, em especial o aumento da complexidade nas 
transações, no comércio exterior e nas novas formas de arranjo organizacional, 
considerando principalmente a inovação tecnológica. 
1.1 Auditoria contábil: surgimento 
A auditoria contábil surge como parte da evolução do sistema capitalista, 
com o estabelecimento das primeiras organizações empresariais, de teor mais 
profissional, em detrimento das práticas artesãs e das atividades individuais. Com 
o advento dessas organizações, que são menos familiares e mais profissionais, a 
contabilidade se desenvolveu como ciência, buscando fazer frente às 
necessidades de organização das atividades operacionais. 
Há indícios de sua prática ainda nos séculos XV e XVI, na Itália. Assim, o 
país é conhecido como o berço da contabilidade, em grande parte por conta da 
efervescência de suas atividades comerciais e marítimas. A Itália era um dos 
principais centros econômicos e comerciais da época, com forte influência 
religiosa da Igreja Católica, que desde o Século III d.C. se encontra estabelecida 
naquela região. 
O reconhecimento oficial da contabilidade data de 1581, em Veneza, a com 
a instituição do primeiro Collegio dei Raxonati (Colégio de Contadores). 
Inicialmente, os trabalhos relacionados à auditoria eram bastante limitados, e de 
certa forma simples, em comparação ao que feito atualmente. Restringia-se à 
verificação de registros contábeis para comprovar a sua exatidão. 
 
 
3 
Nessa época, as empresas eram fechadas e familiares. Não existia 
mercado de capitais, tampouco acionistas e investidores externos. Os 
proprietários dos negócios utilizavam os seus próprios recursos. 
O primeiro grande boom ocorreu com o advento da Revolução Industrial. 
Com a expansão das empresas e o acirramento da concorrência, surgiu a 
necessidade de buscar novos produtos e mercados, de modo que as empresas 
se tornaram mais complexas, passando a captar recursos com terceiros, mediante 
empréstimos bancários e abertura de capital. A partir do momento em que as 
empresas passaram a ser públicas, ou seja, de interesse público (afinal, o seu 
capital passa a ser diluído por diversos acionistas), surgiu a necessidade de que 
terceiros, independentes, apresentassem um parecer sobre a saúde financeira e 
patrimonial das entidades. Os investidores precisavam conhecer a posição 
patrimonial e financeira da empresa, a sua situação atual, a fidedignidade das 
informações apresentadas de natureza contábil e os riscos. A melhor alternativa 
para garantir esse processo com segurança foi o desenvolvimento de 
demonstrativos contábeis. 
Assim, as demonstrações contábeis passaram ter grande importância para 
os investidores. Como medida de segurança, os investidores passaram a exigir 
que as demonstrações contábeis fossem examinadas por um profissional 
independente da empresa, de reconhecida capacidade técnica. Surge aí a figura 
do auditor independente. A auditoria moderna surge a Inglaterra, com a instituição 
do 1º Ato Formal, de 1845, conhecido como “Railway Companies Consolidation 
Act”, uma espécie de parecer dos auditores sobre uma companhia. 
1.2 Evolução da auditoria interna no Brasil 
No Brasil, o primeiro parecer contábil foi emitido em 1903, para a São Paulo 
Tramway, Light and Power Company, por meio de sua matriz no Canadá. A 
primeira firma estabeleceu-se no Rui de Habeuri em 1909 (McAuliffe Davis Bell & 
Co., que se transformou mais tarde na Arthur Andersen). Em 1915, a Price 
Waterhouse, junto com a W. B. Peat & Co. e a Touche Faller & Co., abre um 
escritório na América do Sul, também no Rio de Janeiro. 
A auditoria ganha novo impulso com a criação, nos EUA, da Securities and 
Exchange Comission (SEC), em 1934, que obrigava as empresas abertas à 
publicação de balanços anuais auditados. 
 
 
4 
A instalação de firmas de auditoria no Brasil decorre basicamente da 
necessidade legal das empresas americanas de serem auditadas. 
Nos últimos anos, a função de auditoria sofreu uma grande reviravolta, por 
conta de escândalos corporativos, especialmente nos EUA. Essa reviravolta, 
especialmente após o caso Enron e a derrocada da Arthur Andersen, culminou 
com a promulgação, nos EUA, da “Sarbanes-Oxley Act” (ou Lei Sarbanes-Oxley), 
com impactos não apenas na auditoria americana, mas de todo o mundo 
globalizado. 
No Brasil, o desenvolvimento da auditoria foi impulsionado pelos seguintes 
fatores: 
• Abertura de filiais de empresas multinacionais; 
• Filiais e subsidiárias de firmas estrangeiras de auditoria; 
• Financiamento de empresas brasileiras em entidades internacionais; 
• Crescimento das empresas brasileiras e necessidade de descentralização 
das atividades econômicas; 
• Evolução do mercado de capitais; 
• Criação das normas de auditoria emitidas pelo Banco Central do Brasil, em 
1972; 
• Criação da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e publicação da Lei da 
Sociedades Anônimas, em 1976. 
1.3 Histórico legal da auditoria no Brasil 
Vejamos um histórico da legislação pertinente à área no Brasil: 
• 1965: a Lei n. 4.728 disciplinou o mercado de capitais, estabelecendo 
regras e medidas para o seu desenvolvimento. Ela traz pela primeira vez a 
expressão “Auditores Independentes”. 
• 1972: o Banco Central do Brasil (Bacen) estabelece uma série de 
regulamentações para o Sistema Financeiro Nacional (SFN), bem como 
para as companhias de capital aberto, considerando as normas gerais de 
auditoria por meio da Circular Bacen n. 179/1972. 
• 1972: o Conselho Federal de Contabilidade (CFC), por meio da Resolução 
n. 321/1972, aprovou normas e procedimentos de auditoria, elaboradas em 
conjunto com o Instituto dos Auditores Independentes do Brasil – IAIB (atual 
Ibracon). 
 
 
5 
• 1976: instituída a Lei n. 6.404/76, denominada “Lei das Sociedades 
Anônimas”, que revogou a Lei n. 4.728/65, ampliando-a. 
• 2001: instituída a Lei n. 10.303/01, que alterou dispositivos da Lei n. 
6.404/76, basicamente no que tange ao mercado específico de negociação 
de ações, debêntures, acordo de acionistas e as próprias formas de 
atuação da Comissão de Valores Mobiliários –CVM. 
• 2007: instituída a Lei n. 11.638/07, que marca uma revolução em termos 
normativos, impactando o mercado da auditoria contábil. Equipara (em 
termos de obrigações, transparência e divulgação de informações) as 
sociedades limitadas de grande porte às sociedades anônimas, com forte 
atuação no processo de harmonização das normas brasileiras de 
contabilidade aos padrões internacionais, em especial o International 
Financial Reporting Standard – IRFS. 
Atualmente, a auditoria deve fazer parte de um sistema de governança 
corporativa. Quando uma empresa disponibiliza as suas demonstrações contábeis 
para que sejam auditadas por firmas de auditoria independente, esse 
procedimento garante maior credibilidade às informações divulgadas, 
transmitindo ao mercado um fator impactante de transparência. A auditoria deve 
buscar manter sempre o trust, ou seja, a confiança do mercado em sua marca e, 
principalmente, em seus serviços. 
No Brasil, a auditoria independente passou a ser mais efetiva a partir da 
década de 1970, especificamentea partir do estabelecimento da Lei das 
Sociedades Anônimas, de 1976. À época, a grande demanda por serviços de 
auditoria independente no Brasil estava ligada ao trabalho de Empresas Públicas 
e de Economia Mista (como Petrobrás, Banco do Brasil, Vale do Rio Doce – atual 
Vale – e Caixa Econômica Federal). Tais organizações foram precursoras da 
auditoria no país, por conta da regulamentação e consequente normatização. É 
importante aqui considerar o volume de recursos, transações e riscos 
relacionados às instituições financeiras e às entidades equiparadas. 
Ainda hoje, as instituições financeiras equiparadas ocupam o papel de 
protagonistas na área de auditoria contábil externa ou independente, quer seja 
por conta do volume de horas de prestação de serviços a que estão dispostas, 
quer seja pelo valor dos honorários que são movimentados nesse mercado, 
especificamente nas atividades de auditoria de bancos e seguradoras. 
 
 
6 
Outra área de atuação que fomenta o mercado da auditoria contábil no país 
é das filiais de multinacionais instaladas no Brasil, que também recorrem à 
auditoria para certificar as suas operações. Isso vale também para as sociedades 
limitadas de médio porte, já que as suas matrizes exigem que as filiais sejam 
auditadas, por conta de regras internacionais de consolidação de balanços ou 
ainda porque as multinacionais, em origem, são organizações que negociam 
ações no mercado de valores mobiliários. Atualmente, novas empresas, inclusive 
aquelas sem obrigação normativa, têm aderido à auditoria, por enxergarem nela 
mecanismos que podem conduzir as organizações à minimização de impactos, 
corrigindo erros materiais ou melhorando processos operacionais. 
TEMA 2 – ÓRGÃOS E ENTIDADES RELACIONADAS 
Os trabalhos de auditoria contábil não se resumem à figura do auditor e do 
auditado. Por ser uma atividade com alto grau de normatização, a auditoria 
contábil e tributária tem um relacionamento direto com as seguintes organizações: 
• Conselho Federal de Contabilidade (CFC) 
• Conselho Regional de Contabilidade (CRC) 
Além dos órgãos normativos da profissão contábil, o CFC e os CRCs, 
outras organizações desenvolvem um relacionamento estrito com os auditores 
internos, sejam eles profissionais independentes ou firmas de auditoria externa: 
• Instituto Brasileiro dos Auditores Independentes (Ibracon) 
• Instituto dos Auditores Internos do Brasil (IIA Brasil) 
• Comissão de Valores Mobiliários (CVM) 
• Banco Central do Brasil (Bacen) 
• Superintendência de Seguros Privados (Susep); 
• Agências reguladoras (Anac, Anatel, ANA, Aneel etc.) 
• International Federation of Accountants (Federação Internacional de 
Contadores – IFAC) 
• International Accounting Standard Committee (Comitê de Normas 
Contábeis Internacionais – IASC) 
O CFC, em conjunto com o Ibracon, é responsável pela elaboração dos 
pronunciamentos contábeis, por meio de um comitê específico (CPC), tendo como 
principal atributo a harmonização das práticas contábeis adotadas no Brasil com 
 
 
7 
a de outros países, sobretudo as Normas Internacionais de Contabilidade (IFRS), 
que são um padrão global de normatização na área contábil-financeira em países 
europeus e nos países mais desenvolvidos da Ásia. Além disso, o CFC, por meio 
dos Conselhos Regionais (CRC) é responsável por fiscalizar a atuação dos 
auditores e verificar o cumprimento do que é estabelecido no Programa de 
Educação Continuada daquele organismo, certificando-se de que os auditores 
estão cumprindo um regime anual de horas de atividade de treinamento e 
aperfeiçoamento profissional. 
A CVM, o Bacen e a Susep, como organismos normativos e equiparados a 
agências reguladoras, atuam como mecanismos orientadores aos trabalhos 
executados pelos auditores independentes, apresentando as premissas e os 
parâmetros que devem ser aplicados aos trabalhos de auditoria independente, 
bem como as regras das organizações auditadas. 
Os organismos internacionais (IFAC e IASC) são responsáveis pelo 
processo de harmonização das normas contábeis e de auditorias internacionais 
às práticas de contabilidade e de auditorias adotadas no Brasil. 
As agências reguladoras têm o papel de normatizar e controlar atividades 
relacionadas a concessões e prestações de serviços públicos, buscando garantir 
a qualidade de serviços executados pelos prestadores de serviços. A auditoria é 
influenciada pela alta carga normativa e de prestação de informações das 
entidades que atuam em mercados que dispõem de agências reguladoras, 
atuando como instrumentos verificadores do compliance das empresas auditadas. 
TEMA 3 – AUDITORIA INTERNA E AUDITORIA INDEPENDENTE NA 
CONTABILIDADE 
É comum que os profissionais tenham dúvidas em relação à atuação da 
auditoria interna e externa (ou independente). A confusão recai sobre o papel e 
as características que envolvem cada uma das formas de atuação. 
3.1 Auditoria interna 
O IIA Brasil (2022) define a auditoria interna da seguinte forma: 
uma atividade independente e objetiva de avaliação e consultoria, criada 
para agregar valor e melhorar as operações de uma organização. Ela 
auxilia a organização a atingir seus objetivos a partir da aplicação de 
uma abordagem sistemática e disciplinada à avaliação e melhoria da 
 
 
8 
eficácia dos processos de gerenciamento de riscos, controle e 
governança. 
Portanto, a partir do conceito apresentado pelo IIA Brasil, é possível 
observar a forma de atuação da auditoria interna, que pauta a sua atividade na 
avaliação de processos, no gerenciamento de riscos, na avaliação dos controles 
internos e na observância dos pressupostos relacionados à governança. 
A sua forma de atuação consiste basicamente em analisar os processos-
chave da empresa, o gerenciamento dos riscos e a utilização de ferramentas de 
controle interno. Observa ainda os demais procedimentos internos, analisando as 
consequências do relacionamento com instituições externas e identificação de 
ativos e passivos não registrados. 
Apesar de apresentar em seu escopo a avaliação dos registros contábeis 
da organização e a atuação do departamento contábil, a atuação da auditoria 
interna não está relacionada exclusivamente às demonstrações contábeis da 
organização, sendo muito mais atuante na avaliação de processos-chave e na 
avaliação de controles internos. Os auditores internos realizam, efetivamente, 
procedimentos de auditoria para avaliar se as demonstrações contábeis foram 
preparadas de forma a garantir que os informes apresentados sejam fidedignos. 
Um ponto que diferencia a auditoria interna da externa é a questão 
estrutural. Enquanto a realização de atividades de auditoria externa fica a cargo 
de organismos independentes, portanto externos à organização, o trabalho da 
auditoria interna pode ser realizado por funcionários da empresa, desde que a 
unidade de auditoria interna (ou órgão equivalente) disponha de independência 
estrutural em relação à área ou setor auditado, sem relação de subordinação. As 
atividades de auditoria interna podem ser realizadas, ainda, por empresas 
independentes ou mesmo por pessoas físicas que atuam como auditores internos. 
3.2 Auditoria externa 
As Normas Brasileiras de Contabilidade – Técnicas de Auditoria (NBC-TA) 
descreve a atividade da auditoria externa como um trabalho de asseguração 
(assurance, em inglês). A utilização do termo asseguração remete à ideia de 
robustez ao trabalho, em comparação com o termo anterior adotado 
anteriormente, que carregava a ideia de emitir uma opinião. A asseguração é 
equivalente à apresentação de uma opinião muito mais embasada, o que acarreta 
 
 
9 
a execução de um número maior de testes e procedimentos de auditoria, a fim de 
garantir que a opinião emitida pode assegurar aquilo que está sendo informado. 
Obviamente, por se pautar em uma atividade que se baseia em testes 
amostrais, o risco de uma opinião inadequada pode existir,sendo previsto nos 
planejamentos e no escopo adotado pelas equipes de auditoria, o que implica a 
execução de um maior volume de testes, de questionamentos, de entrevistas, com 
verificação documental a depender da área ou do grupo de contas analisados 
pelos auditores independentes. 
A “NBC-TA 00 Estrutura Conceitual” define o objetivo dos trabalhos de 
asseguração executados pela auditoria externa da seguinte forma: “visa obter 
evidências apropriadas e suficientes para expressar sua conclusão, de forma a 
aumentar o grau de confiança dos usuários previstos sobre o resultado da 
mensuração ou avaliação do objeto, de acordo com os critérios que sejam 
aplicáveis” (Brasil, 2015). 
Conforme já destacamos anteriormente, a auditoria externa ou 
independente surgiu como atividade cujo foco principal era a verificação da 
fidedignidade das informações apresentadas nas demonstrações contábeis. Com 
o processo evolutivo pelo qual passaram as organizações, e que impactou a 
atividade contábil, a auditoria externa passou a avaliar outros aspectos 
organizacionais, para além das demonstrações contábeis, conforme destaca a 
NBC-TA 00: 
O resultado da mensuração ou avaliação do objeto é a informação que 
resulta da aplicação do critério ao objeto. Por exemplo: 
• Demonstrações contábeis (resultado) resultam da mensuração da 
posição patrimonial e financeira da entidade, do desempenho e dos 
fluxos de caixa (objeto) ao aplicar a estrutura de relatórios financeiros 
aplicáveis (critério). 
• Conclusão sobre a eficácia do controle interno (resultado) decorre 
da avaliação da eficácia do processo de controle interno da entidade 
(objeto) ao aplicar os critérios aplicáveis. 
• Mensurações de desempenho específicas à entidade (resultado) 
decorrem da mensuração de vários aspectos de desempenho (objeto) 
ao aplicar as metodologias de mensuração aplicáveis (critério). 
• Declaração de gases de efeito estufa (resultado) decorre da 
mensuração das emissões de gases de efeito estufa da entidade (objeto) 
ao aplicar o reconhecimento, mensuração e apresentação de protocolos 
(critério). 
• Declaração sobre o cumprimento (resultado) decorre da avaliação 
do cumprimento da entidade (objeto) com, por exemplo, lei ou 
regulamento (critério). 
Observamos aqui a norma contábil destacando, como objeto da auditoria, 
não apenas as demonstrações contábeis, mas também a avaliação dos controles 
 
 
10 
internos (embora este também seja um elemento de análise por parte da auditoria 
interna), indicadores de desempenho, além de cumprimento de metas ambientais 
e de planejamentos estabelecidos. 
O quadro a seguir apresenta um resumo das principais características e 
diferenças entre auditoria externa, auditoria interna e auditoria governamental na 
área tributária, abordando atores envolvidos na atividade, vínculos com as 
organizações auditadas, objetivo principal das atividades executadas, documento 
a ser produzido, quem é o usuário do trabalho, e quem se responsabiliza pelas 
informações apresentadas nos trabalhos de auditoria executados. 
Quadro 1 – Principais diferença entre auditoria externa, interna e governamental 
 
TEMA 4 – INDEPENDÊNCIA DO AUDITOR EXTERNO 
A independência do auditor externo é a base de sua atuação, como um 
elemento capaz de emitir uma opinião acerca das demonstrações contábeis de 
uma organização. A independência passa pela observação de vários fatores, 
como vamos expor a seguir, que devem ser observados para salvaguardar o 
poder de expressão de um auditor independente ou de uma firma de auditoria. 
As Normas Brasileiras de Contabilidade Profissionais da Área de Auditoria 
– NBC-PAs tratam dos aspectos que norteiam a atuação da auditoria em termos 
profissionais, de conduta e de postura. Entre as NBC-PAs existentes, destacam-
 
 
11 
se duas, mais especificamente relacionadas à condição de independência do 
auditor: as NBC-PAs 290 e 291. 
A NBC-PA 290 trata da independência no âmbito dos trabalhos de 
asseguração ou, como é mais conhecido, dos trabalhos de auditoria 
independente. É uma premissa básica, para que os trabalhos de auditoria 
independente se desenvolvam sem questionamentos quanto à postura e o 
posicionamento do auditor em relação aos auditados, com uma política de 
independência entre as partes. 
Na condução dos trabalhos de auditoria, é de interesse do público 
(portanto, requerido por essa norma) que os membros das equipes de auditoria, 
firmas e firmas em rede sejam independentes dos clientes de auditoria. 
A independência compreende: 
• Independência de pensamento (postura) 
• Aparência de independência (percepção por terceiros) 
4.1 Independência de pensamento 
A independência de pensamento consiste em evitar que o auditor, as firmas 
independentes ou as firmas em rede estabeleçam juízo de valor em relação à 
equipe do cliente ou em relação à organização como um todo. 
Pressupõe que o auditor não pode estabelecer conceitos prévio e pré-
concebidos capazes de impactar o trabalho, a ponto de subestimar o fato de que 
os processos e as informações de ordem contábil e financeira são adequados. 
Nesses casos, a natureza, a extensão e a profundidade dos exames de auditoria 
serão superficiais, acarretando o risco de o auditor não detectar as fragilidades 
existentes nos controles internos e nos registros contábeis. 
Além disso, a falta de independência pode levar o auditor a superestimar 
procedimentos de auditoria, incorrendo em volumes de horas de trabalho e 
exames desnecessários. Ele ainda pode ser levado a apresentar uma postura de 
desconfiança em relação às respostas e justificativas apresentadas pela equipe 
do cliente. 
4.2 Aparência de independência 
Esta característica está relacionada com o comportamento, a postura e a 
percepção por parte de terceiros, principalmente empregados e gestores do 
 
 
12 
cliente, em relação à independência do auditor. As atitudes, o posicionamento e 
a abordagem do auditor devem buscar transmitir ao cliente uma postura de 
transparência em relação à sua atuação como auditor externo. 
Atualmente, a exposição das pessoas em mídias sociais é cada vez mais 
intensa. Esse componente é muito importante, pois o auditor externo deve ter o 
cuidado em termos de postura e opinião, inclusive fora do ambiente de trabalho. 
A aparência de independência não deve ser vista como preocupação ou 
necessidade apenas do auditor, mas também da firma de auditoria independente. 
Uma firma de auditoria, bem como o seu conjunto de dirigentes (sócios de 
auditoria), deve evitar que ela esteja envolvida em escândalos de corrupção, 
fraude, desvio de recursos, lavagem de dinheiro, ou ainda conflito de interesses 
em conluio com clientes. 
Um exemplo clássico do envolvimento da auditoria externa com operações 
inadequadas de clientes, acarretando conflito de interesses, é a relação entre a 
filial americana da firma de auditoria externa Artur Andersen e alguns de seus 
clientes. O principal problema ocorreu com a Enron, empresa do setor de energia 
dos Estados Unidos. Nesse conflito de interesses entre empresas, a Artur 
Andersen deixou de relatar problemas relacionados a manipulações contábeis em 
seu registro de reconhecimento de receitas na realização de trabalhos de 
auditoria. A empresa também realizava outros trabalhos de consultoria, em 
valores de honorários expressivos, de modo que os auditores não atuaram de 
forma imparcial e independente, deixando de relatar os desvios praticados pela 
Enron. A SEC – Securities Exchange Comission (órgão equivalente à CVM no 
Brasil) responsabilizou as partes envolvidas nos crimes ocorridos, entre elas uma 
instituição centenária, que foi berço de diversas firmas de auditoria. 
4.2.1 Ameaças à independência 
Vejamos agora algumas situações em que o princípio da independência na 
atuação do auditor externo encontra-se ameaçado: 
• Ameaça de interesse próprio: interesse financeiro ou outro interesse não 
apropriado,interferindo no julgamento ou no comportamento do auditor 
(conflito de interesses propriamente dito). 
• Ameaça de autorrevisão: o auditor não avalia apropriadamente os 
resultados de julgamento anterior, ou por outra pessoa de sua firma, nos 
 
 
13 
quais o auditor confiará para formar um julgamento como parte da 
prestação do serviço atual (negligência). 
• Ameaça de defesa de interesse do cliente: o auditor promove ou defende a 
posição de seu cliente, comprometendo a sua objetividade. 
• Ameaça de familiaridade: devido a um relacionamento longo ou próximo 
com o cliente, o auditor torna-se solidário com os seus interesses, ou aceita 
o seu trabalho sem muito questionamento (ameaça clássica). 
• Ameaça de intimidação: ameaça de que o auditor será dissuadido de agir 
objetivamente em decorrência de pressões reais ou aparentes, incluindo 
tentativas de exercer influência indevida sobre o auditor (influência na 
execução da auditoria). 
TEMA 5 –APLICAÇÃO DAS NORMAS DE AUDITORIAS VIGENTES NO BRASIL 
Os trabalhos de auditoria estão ligados ao estabelecimento de um princípio 
de independência entre o auditor e o auditado. Essa independência pode ser 
afetada por diversos fatores, entre os quais destacamos ameaças de interesse 
próprio, ameaça de autorrevisão, e ainda ameaça de defesa de interesse da 
empresa auditada, de familiaridade e de intimidação. 
Certas atitudes e condições assinalam a perda de independência por parte 
da firma de auditoria em relação ao cliente auditado, a exemplo de interesse 
financeiro, com operações de crédito e financiamento realizadas pela equipe de 
auditoria para o cliente auditado; relacionamento familiar e pessoal; e atuação 
como dirigente, administrador ou conselheiro na empresa auditada. 
Tais relações podem causar quebra de independência em relação à 
capacidade de realizar a auditoria de forma imparcial. Por exemplo, podemos ter 
a seguinte situação: um dos profissionais da equipe de auditores relacionados 
para atuar na auditoria de um determinado cliente Alfa (no caso em tela, um 
assistente de auditoria) foi relacionado para atuar, no mês de dezembro, no 
acompanhamento de inventário físico realizado pelo cliente Alfa. Ocorre que o 
referido auditor assistente já havia trabalhado no cliente Alfa, como analista 
financeiro na área de tesouraria, há cerca de 4 anos. 
Em uma avaliação de planejamento para a definição da equipe que iria 
participar do inventário, o gerente verificou a Ficha de Declaração de 
Independência, documento interno que a firma de auditoria tem para avaliar os 
riscos de independência, que o auditor havia preenchido no início do ano. Então 
 
 
14 
questionou os demais responsáveis pelo cliente, o diretor e o sócio-líder do 
projeto, se o auditor assistente poderia participar do trabalho. 
O trabalho realizado inclui acompanhamento de inventário, mas não a 
auditoria de demonstrações contábeis. O auditor trabalhou na empresa há 4 anos; 
mas não era gestor ou responsável por autorizações de registros. Ele poderia 
participar deste trabalho? 
Resposta: a liderança, em conjunto, tomando por base o entendimento da 
norma NBC-PA 290, optou por aceitar a participação do auditor assistente no 
acompanhamento do inventário físico, já que o principal ponto era o tempo em 
que ele estava afastado da empresa, superior de 4 anos, o que descaracteriza 
resquício de dependência, até porque ele não iria auditar transação, registro ou 
operação que ele mesmo tivesse executado. Por fim, outro argumento favorável 
é que ele não atuava em posição de gestão ou liderança, a ponto de influenciar o 
trabalho da auditoria. 
 
 
 
15 
REFERÊNCIAS 
BRASIL. Norma Brasileira de Contabilidade, NBC TA 220 Estrutura Conceitual, de 
20 de novembro de 2015. Diário Oficial da União, Poder Legislativo, Brasília, DF, 
21 nov. 2015. 
IAA BRASIL. Definição de Auditoria Interna. Disponível em: 
<https://iiabrasil.org.br/ippf/definicao-de-auditoria-interna>. Acesso em: 21 mar. 
2022.

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