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<p>1</p><p>FARMACOLOGIA E FITOTERAPIA APLICADA</p><p>A DERMATOLOGIA</p><p>1</p><p>Sumário</p><p>1. Introdução ............................................................................................... 4</p><p>2. Farmacologia ............................................................................................... 6</p><p>3. Fitoterapia .................................................................................................... 7</p><p>3.1. Breves considerações sobre legislação aplicada à fitoterapia .............. 9</p><p>4. A pele – princípios básicos .......................................................................... 9</p><p>5. Farmacoterapia da pele ............................................................................. 15</p><p>5.1 Atenção Farmacêutica em Dermatologia: Tratamento da Acne ........... 15</p><p>5.2 Acne ..................................................................................................... 16</p><p>5.3 Herpes ................................................................................................. 20</p><p>As indicações para o uso do aciclovir na infecção da Herpes-Zóster são: ............. 21</p><p>6. Principais Plantas em Dermatologia .......................................................... 22</p><p>7. Aplicações práticas das plantas emolientes e protetoras em úlceras de</p><p>pressão e na engenharia de tecidos .............................................................. 32</p><p>7.1 Preparações para o tratamento de feridas e úlceras ........................... 32</p><p>8. Princípios de terapia dermatológica tópica ................................................ 33</p><p>Agentes de limpeza................................................................................. 33</p><p>Agentes umectantes ............................................................................... 34</p><p>Agentes secantes .................................................................................... 34</p><p>Agentes anti-inflamatórios ...................................................................... 34</p><p>Pós .......................................................................................................... 38</p><p>Líquidos ................................................................................................... 38</p><p>Combinação de veículos ......................................................................... 39</p><p>Curativos não oclusivos .......................................................................... 40</p><p>Curativos oclusivos ................................................................................. 40</p><p>9. Conclusão .................................................................................................. 41</p><p>2</p><p>10. Referência ............................................................................................... 42</p><p>3</p><p>FACULESTE</p><p>A história do Instituto FACULESTE, inicia com a realização do sonho de um</p><p>grupo de empresários, em atender à crescente demanda de alunos para cursos de</p><p>Graduação e Pós-Graduação. Com isso foi criado a FACULESTE, como entidade</p><p>oferecendo serviços educacionais em nível superior.</p><p>A FACULESTE tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de</p><p>conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação</p><p>no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua.</p><p>Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos que</p><p>constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino, de</p><p>publicação ou outras normas de comunicação.</p><p>A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma</p><p>confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base</p><p>profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições</p><p>modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica,</p><p>excelência no atendimento e valor do serviço oferecido.</p><p>4</p><p>1. Introdução</p><p>A “Atenção Farmacêutica” é um modelo de prática farmacêutica desenvolvida</p><p>no contexto da assistência farmacêutica. Compreende atitudes, valores éticos e</p><p>compromissos na prevenção de doenças, promoção e recuperação da saúde de</p><p>forma integrada à equipe de saúde. É a interação direta do farmacêutico com o</p><p>paciente, visando uma farmacoterapia racional e a obtenção de resultados definidos</p><p>e mensuráveis voltados para a melhoria da qualidade de vida.</p><p>A farmacoterapia adequada e a condição clínica e psicológica do paciente são</p><p>elementos essenciais para o desenvolvimento dessa prática farmacêutica, uma vez</p><p>que, a utilização dos medicamentos é influenciada por fatores de natureza cultural,</p><p>social, econômica e política.</p><p>No Brasil, desde 1996, os medicamentos ocupam a primeira posição entre os</p><p>três principais agentes causadores de intoxicações em seres humanos. Em 2008,</p><p>40% dos casos de intoxicação, no estado de São Paulo, foram causados por</p><p>medicamentos e 50% das reinternações no estado do Rio de Janeiro, tiveram origem</p><p>na utilização incorreta dos medicamentos prescritos ou no abandono do tratamento.</p><p>Pesquisas realizadas em diferentes países da América do Norte e da Europa</p><p>mostram um impacto favorável da atenção farmacêutica sobre a efetividade,</p><p>qualidade de vida e custos assistenciais, demonstrando ser um ótimo modelo para a</p><p>economia, principalmente para países em desenvolvimento que possuem um sistema</p><p>de saúde com escassos recursos financeiros.</p><p>O farmacêutico deve possuir, além da formação científica, habilidade de</p><p>comunicação com a equipe de trabalho e com os pacientes. O não seguimento das</p><p>prescrições, em muitos casos, reflete a falta de posição educativa fundamentada na</p><p>relação farmacêutico/paciente. Deste modo, é muito importante conhecer o grau de</p><p>instrução dos pacientes, a fim de direcionar melhor as técnicas de comunicação, tanto</p><p>oral como escrita no momento da orientação.</p><p>5</p><p>Na área dermatológica, especialmente em relação a acne, a atuação do</p><p>farmacêutico deve conter esses dois fatores, uma vez que, a longo prazo, poderá</p><p>haver desenvolvimento de alterações psicológicas, devido ao aparecimento de lesões</p><p>ou cicatrizes antiestéticas, levando o paciente a apresentar considerável desconforto</p><p>social, bem como a ansiedade e a depressão provocadas pelo quadro acneico,</p><p>características que podem comprometer o tratamento e provocar mudanças sociais</p><p>na vida do paciente. Deste modo, a percepção da gravidade da doença é muito</p><p>importante para a orientação do tratamento.</p><p>A acne é uma condição inflamatória crônica do folículo pilosebáceo que afeta</p><p>principalmente o rosto e o tronco superior. O mecanismo de formação da acne</p><p>envolve uma hiperqueratinização folic–ular, e com ela, formasse um tampão córneo</p><p>que retém o conteúdo sebáceo no interior da glândula, sendo este, conhecido como</p><p>comedão ou cravo. O folículo ocluído facilita a ação da Propionibacterium acnes (P.</p><p>acnes) e leveduras como Pityrosporum orbiculare (P. orbiculare) que liberam</p><p>proteases hidrolíticas que rompem o lúmem celular expulsando o conteúdo sebáceo</p><p>para a derme. Os lipídeos sebáceos, pelos, P. acnes e epiteliócitos cornificados</p><p>geram uma resposta imune do tipo corpo estranho.</p><p>É classificada como não inflamatória e inflamatória, e subdividida em graus.</p><p>Acne não inflamatória: comedônica (grau I), acne inflamatória: pápulo-pustulosa (grau</p><p>II), nódulo-cística (grau III), conglobata (grau IV), fulminante (grau V).</p><p>A acne vulgar ou juvenil (grau I) é uma das dermatoses mais frequentes,</p><p>causada pelo aumento da produção de sebo pelas glândulas sebáceas após a</p><p>puberdade. Seu tratamento justifica-se pela possibilidade de evitar tanto lesões</p><p>cutâneas permanentes quanto o aparecimento ou agravamento de transtornos</p><p>psicológicos, oriundos do abalo à autoestima ocasionado pelas lesões, que</p><p>frequentemente acometem face e</p><p>aplicadas em regiões</p><p>pilosas. Elas resfriam e secam lesões inflamatórias agudas e exsudativas, como na</p><p>dermatite de contato, tinha do pé e tinha crural.</p><p>Os géis são ingredientes em suspensão em um solvente espessado por polímeros.</p><p>Géis costumam ser mais eficazes para liberação controlada de agentes tópicos. Eles</p><p>geralmente são usados para acne, rosácea e psoríase do couro cabeludo.</p><p>Combinação de veículos</p><p>As combinações incluem</p><p> Cremes Pomadas</p><p>A combinação de veículos em geral contém óleo e água, mas pode também conter</p><p>propileno ou polietilenoglicol.</p><p>Os cremes são emulsões semissólidas de óleo e água. Eles são usados para</p><p>hidratar e resfriar e quando há exsudação. Eles desaparecem ao serem friccionados</p><p>na pele.</p><p>As pomadas são constituídas por óleos (p. ex., vaselina), com pouca ou nenhuma</p><p>água. Pomadas são ótimos lubrificantes e aumentam a penetração dos fármacos</p><p>devido à sua natureza oclusiva; uma dada concentração do fármaco é tipicamente</p><p>mais potente em uma pomada. São indicadas em lesões liquenificadas e naquelas</p><p>com crostas espessas ou muito escamosas, como psoríase e líquen simples</p><p>crônico. As pomadas são menos irritantes do que os cremes em erosões ou úlceras.</p><p>Elas geralmente são mais bem aplicadas após o banho ou depois de umedecer a</p><p>pele com água.</p><p>Curativos</p><p>https://www.msdmanuals.com/pt/profissional/dist%C3%BArbios-dermatol%C3%B3gicos/acne-e-doen%C3%A7as-relacionadas/acne-vulgar#v960052_pt</p><p>https://www.msdmanuals.com/pt/profissional/dist%C3%BArbios-dermatol%C3%B3gicos/acne-e-doen%C3%A7as-relacionadas/ros%C3%A1cea#v960368_pt</p><p>https://www.msdmanuals.com/pt/profissional/dist%C3%BArbios-dermatol%C3%B3gicos/psor%C3%ADase-e-doen%C3%A7as-descamativas/psor%C3%ADase#v962367_pt</p><p>https://www.msdmanuals.com/pt/profissional/dist%C3%BArbios-dermatol%C3%B3gicos/psor%C3%ADase-e-doen%C3%A7as-descamativas/psor%C3%ADase#v962320_pt</p><p>https://www.msdmanuals.com/pt/profissional/dist%C3%BArbios-dermatol%C3%B3gicos/dermatite/l%C3%ADquen-simples-cr%C3%B4nico#v961652_pt</p><p>https://www.msdmanuals.com/pt/profissional/dist%C3%BArbios-dermatol%C3%B3gicos/dermatite/l%C3%ADquen-simples-cr%C3%B4nico#v961652_pt</p><p>40</p><p>Os curativos protegem lesões abertas, facilitam a cura, incrementam a absorção do</p><p>fármaco e protegem as roupas do paciente.</p><p>Curativos não oclusivos</p><p>Os curativos não oclusivos mais comuns são com gaze. Deixam penetrar uma boa</p><p>quantidade de ar na ferida, o que às vezes é preferível na cicatrização, e permitem</p><p>secagem da lesão.</p><p>Curativos úmido a seco são curativos não oclusivos umidificados com soluções,</p><p>em geral salinas, que são utilizados para auxiliar a limpeza e o desbridamento das</p><p>lesões espessadas ou crostosas. Os curativos são aplicados úmidos e removidos</p><p>depois de a solução evaporar (i.e., curativos úmidos a seco) com materiais da pele</p><p>aderindo ao curativo.</p><p>Curativos oclusivos</p><p>Os curativos oclusivos aumentam a absorção e a eficácia da terapia tópica. Os mais</p><p>comuns são os filmes transparentes, como o polietileno (plástico caseiro para</p><p>embrulhar), ou os curativos flexíveis, transparentes e semipermeáveis. Os curativos</p><p>hidrocoloides podem ser aplicados com cobertura de gaze em pacientes com</p><p>ulceração cutânea. A gelatina de óxido de zinco (bota de pasta de Unna) é um</p><p>curativo oclusivo eficaz para pacientes com dermatite de estase e úlceras. Fita</p><p>plástica impregnada com o corticoide flurandrenolida pode ser usada em lesões</p><p>isoladas ou recalcitrantes.</p><p>Os curativos oclusivos aplicados sobre corticoides tópicos para aumentar a</p><p>absorção são, às vezes, utilizados no tratamento da psoríase, dermatite atópica,</p><p>lesões cutâneas resultantes de lúpus eritematoso sistêmico, dermatite crônica das</p><p>mãos, entre outras doenças. Absorção sistêmica dos corticoides tópicos pode</p><p>ocorrer e causar supressão adrenal. Os efeitos adversos locais dos corticoides</p><p>tópicos incluem</p><p> Desenvolvimento de miliária</p><p> Atrofia da pele</p><p> Estrias</p><p> Infecções fúngicas ou</p><p>bacterianas</p><p> Erupção acneiforme</p><p>https://www.msdmanuals.com/pt/profissional/dist%C3%BArbios-dermatol%C3%B3gicos/dermatite/dermatite-por-estase#v961769_pt</p><p>https://www.msdmanuals.com/pt/profissional/dist%C3%BArbios-dermatol%C3%B3gicos/psor%C3%ADase-e-doen%C3%A7as-descamativas/psor%C3%ADase#v962320_pt</p><p>https://www.msdmanuals.com/pt/profissional/dist%C3%BArbios-dermatol%C3%B3gicos/dermatite/dermatite-at%C3%B3pica-eczema#v961092_pt</p><p>https://www.msdmanuals.com/pt/profissional/dist%C3%BArbios-dos-tecidos-conjuntivo-e-musculoesquel%C3%A9tico/doen%C3%A7as-reum%C3%A1ticas-autoimunes/l%C3%BApus-eritematoso-sist%C3%AAmico-les#v903957_pt</p><p>41</p><p>Utilizam-se outros curativos oclusivos para proteger e auxiliar a cicatrização de</p><p>ferimentos abertos, como queimaduras; às vezes usam-se curativos especiais de</p><p>silicone para queloides.</p><p>9. Conclusão</p><p>Concluísse, que em um tratamento dermatológico, tanto a farmacologia,</p><p>quanto a fitoterapia, possui um grau de importância no tratamento da pele, com um</p><p>retorno pertinente para o problema. O reino vegetal contribui com inúmeras moléculas</p><p>de atividade farmacológica útil no tratamento de doenças que afetam o ser humano.</p><p>A área da dermatologia é um exemplo disso e muitos são os constituintes ativos</p><p>extraídos de plantas com poder curativo e capacidade de trazer benefícios para</p><p>https://www.msdmanuals.com/pt/profissional/les%C3%B5es-intoxica%C3%A7%C3%A3o/queimaduras/queimaduras#v1112944_pt</p><p>https://www.msdmanuals.com/pt/profissional/dist%C3%BArbios-dermatol%C3%B3gicos/tumores-cut%C3%A2neos-benignos,-neoplasmas-e-les%C3%B5es-vasculares/queloides#v967535_pt</p><p>42</p><p>muitas das afeções cutâneas que se conhecem, principalmente quando o seu estado</p><p>é considerado leve a moderado.</p><p>Este conhecimento inicialmente era empírico e com o evoluir dos tempos foi</p><p>dotando-se de bases científicas suficientes para se poder atualmente explicar as</p><p>atividades farmacológicas que possuem. Ao mesmo tempo as novas tecnologias</p><p>permitiram o aperfeiçoamento das técnicas de extração, produção, isolamento de</p><p>modo a que as formulações finais cheguem ao doente na forma mais rigorosa e</p><p>segura. Mas o que acontece com as plantas é que muitas vezes o fácil acesso a estas,</p><p>permite que muitos indivíduos iniciem uma terapia por conta e risco próprio. Contudo,</p><p>em muitas das plantas apresentadas pode-se constatar a possibilidade do</p><p>desenvolvimento de dermatites com a sua utilização, o que indica que estas</p><p>substâncias apesar de “naturais” podem trazer consequências e reações adversas.</p><p>A busca de informações esclarece sobre a melhor forma de realizar o</p><p>tratamento, utilizando os medicamentos de forma correta e esclarecendo as possíveis</p><p>reações adversas e interações medicamentosas, contribuindo de forma efetiva, para</p><p>minimizar os riscos da automedicação, das intoxicações medicamentosas e do</p><p>abandono do tratamento a atenção farmacêutica promoverá, portanto, um</p><p>atendimento personalizado, humanizado e cientificamente correto.</p><p>10. Referência</p><p>AZULAY RD. Dermatologia. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 1985. 364p.</p><p>CUNHA AP, Roque OR, Nogueira MT (2012) Plantas Aromáticas e Óleos</p><p>Essenciais. Composição e Aplicações. Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa.</p><p>CUNHA AP (2010) Plantas na Terapêutica-Farmacologia e Ensaios Clínicos,</p><p>Fundação Calouste Gulbenkian. 2ª edição, Lisboa.</p><p>43</p><p>CUNHA AP, Roque OR (2008) Plantas Medicinais da farmacopeia Portuguesa</p><p>(Consituintes, Controlo, Farmacologia e Utilização). Fundação Calouste</p><p>Gulbenkian, Lisboa.Cunha AP, Silva AP, Roque OR, Cunha E (2011) Plantas e</p><p>Produtos Vegetais em Cosmética e Dermatologia, Fundação Calouste Gulbenkian, 3ª</p><p>edição, Lisboa.</p><p>GUZZO CA, Lazarus G, Weth VP. Dermatologia. In: Goodman & Gilman As bases</p><p>farmacológicas da terapêutica. 9nd ed. Rio de Janeiro(RJ): McGrawHill</p><p>Interamericana Editores, 1996. p. 11841195.</p><p>KORTING GW. Atlas Colorido de Dermatologia Pediátrica.</p><p>3 ed. New York; 1978.</p><p>LUPI O, Silva AG, Pereira Jr. AC. Herpes: clínica, diagnóstico e tratamento. Rio de</p><p>Janeiro: MEDSI; 2000. 278p.</p><p>MINISTÉRIO DA SAÚDE. Secretaria de Políticas de Saúde. Programa Nacional de</p><p>DST e Aids. Manual de Controle de DST. 3 ed. Brasília; 1999.</p><p>OLIVEIRA VP, Archer JLB. Dermatoses mais freqüentes na infância. Mimeo. Santa</p><p>Catarina; 1985.</p><p>PIANA, M; CANTO, G. S. Atenção Farmacêutica em Dermatologia: fármacos</p><p>antiacneicos. Saúde, v.36, n.2, p. 39-54, jul/dez. 2010. Santa Maria.</p><p>SILVA DD, Prando LE. As dificuldades do profissional farmacêutico para implantação</p><p>da atenção farmacêutica e da farmacovigilância nas farmácias hospitalares e</p><p>comunitárias. Infarma 2004; 16(11/12): 8588.</p><p>TALHARI S, Neves RG. Dermatologia tropical. São Paulo: MEDSI; 1997. 362p.</p><p>SAMPAIO SAP, Rivitti E. Dermatologia. 1 ed. São Paulo: Artes Médicas; 1998.</p><p>tronco. Na acne pápulo-pustulosa associam-se aos</p><p>comedões, pápulas e pústulas de conteúdo purulento. A Acne nodulocística</p><p>caracteriza-se pelo conteúdo sebáceo volumoso e localizado mais profundamente na</p><p>pele, o que produz endurecimento no local da lesão, sendo, neste caso, de difícil</p><p>remoção. Na acne conglobata há formação de abcessos e fístulas. A Acne</p><p>fulminantes é rara, porém severa, devido a uma reação imunológica complexa,</p><p>causando lesões eruptivas e ulcerosas que deixam cicatrizes, principalmente na parte</p><p>superior torácica. Predominam sintomas sistêmicos de início súbito como febre, perda</p><p>6</p><p>de peso, astenia, adenopatia, comprometimento osteoarticular e presença de</p><p>osteólise.</p><p>A acne desenvolve-se por volta dos 12 anos em homens e mulheres, sendo</p><p>mais precoce no sexo feminino, podendo permanecer até os 25 anos de idade.</p><p>Estimasse que esta doença atinja milhões de pessoas mundialmente, com</p><p>prevalência de 94,4% em homens e 92% em mulheres, provocando, muitas vezes,</p><p>alterações físicas e psicológicas. Nas mulheres, principalmente, o nível de estresse e</p><p>a gravidade das lesões ocasionadas pela acne podem estar correlacionados com a</p><p>severidade e a sua persistência durante o tratamento.</p><p>A conexão entre farmacêutico e o paciente em considerável alteração</p><p>psicológica, é de fundamental importância na atenção farmacêutica, uma vez que o</p><p>farmacêutico é um dos responsáveis pela orientação da farmacoterapia racional e</p><p>pelo alcance do objetivo terapêutico previsto.</p><p>Neste sentido, a atenção farmacêutica, um modelo centrado no paciente,</p><p>surge, portanto, como alternativa em busca de melhorar a qualidade do processo de</p><p>utilização dos medicamentos para o alcance de resultados concretos e satisfatórios.</p><p>O objetivo deste estudo é, portanto, promover subsídios aos profissionais</p><p>farmacêuticos para a realização da atenção farmacêutica na área dermatológica,</p><p>especificamente quanto ao uso de fármacos antiacneicos.</p><p>2. Farmacologia</p><p>A farmacologia é a ciência que estuda os efeitos de uma substância química</p><p>sobre a função dos sistemas biológicos, fundamentalmente dependente da interação</p><p>droga/organismo. A farmacologia é ferramenta indispensável para os profissionais da</p><p>área de saúde que lidam direta e indiretamente com a prescrição médica. O</p><p>conhecimento dela, alicerçado em diversos conceitos, possibilita o entendimento</p><p>desta ciência. Portanto é necessário compreender como o fármaco age no organismo</p><p>e ao mesmo tempo o que o organismo faz com ele. Na prática clínica o profissional</p><p>médico é o responsável legal pela prescrição dos fármacos desde um analgésico a</p><p>um quimioterápico, um fármaco injetável ou de administração oral e assim</p><p>sucessivamente.</p><p>7</p><p>Para tanto ele deve ter o conhecimento da farmacologia que o qualifique e</p><p>permita o cumprimento dessa responsabilidade como médico. Conceitos básicos da</p><p>farmacologia devem ser compreendidos para a boa prática médica tais como as</p><p>propriedades físico-químicas, bioquímica, mecanismo de ação, vias de</p><p>administração, absorção, distribuição, metabolização, excreção e terapêutica,</p><p>respostas fisiológicas, farmacocinética, farmacodinâmica, permitindo ao profissional</p><p>o estabelecimento do tratamento medicamentoso ideal, adequado e bem aceito pelo</p><p>o paciente.</p><p>A pele, um órgão que apresenta a importante função de proteção do corpo, é</p><p>uma importante via de administração de medicamentos e a permeação destes pelo</p><p>estrato córneo, a barreira mais externa da pele, é um desafio para o tratamento</p><p>dermatológico e transdérmico. Várias substâncias podem ser aplicadas na pele com</p><p>fins terapêuticos, possuindo alvos em diferentes camadas da pele e podendo exercer</p><p>diversos mecanismos de ação, devido à complexidade e variedade de funções do</p><p>órgão. Na terapia farmacológica da pele, fatores como características do fármaco,</p><p>constituição do veículo e características da pele podem interferir na permeação do</p><p>ativo e consequentemente no acesso ao seu alvo terapêutico. O estudo da</p><p>farmacologia e da cosmiatria dermatológica é uma área de grande interesse, sendo</p><p>que o conhecimento da biologia da pele, constituição do veículo e o mecanismo de</p><p>ação das substâncias ativas são essenciais para o desenvolvimento de formulações</p><p>de uso tópico seguras e eficazes.</p><p>Dessa forma, esses conceitos fazem parte do conteúdo a ser apreendido</p><p>durante a graduação médica e de outras profissões da área da saúde. Para esse</p><p>trabalho serão apresentados conceitos que possibilitarão ao profissional que atua na</p><p>área da saúde uma formação adequada em Farmacologia, aprimorando sua</p><p>competência para a atuação nos diversos níveis de atenção à saúde (promoção,</p><p>prevenção e tratamento).</p><p>3. Fitoterapia</p><p>A Fitoterapia é o estudo das plantas medicinais e suas aplicações na cura das</p><p>doenças (Castro, 1981). O ser humano aprendeu ao longo dos tempos, através do</p><p>estudo da natureza, a aplicar muitas das matérias-primas que ela proporciona ou os</p><p>8</p><p>seus constituintes, no sentido de achar a cura para diversas doenças das quais era</p><p>alvo.</p><p>É uma ciência que estuda a utilização de produtos de origem vegetal com a</p><p>finalidade terapêutica, seja para prevenir, para atenuar ou para curar um estado</p><p>patológico. A base dos fitoterápicos e o vegetal. O termo fitoterápico não deve ser</p><p>confundido com a planta medicinal.</p><p>Baseado no conceito estrito sobre fármacos, fitofármaco seria uma substância</p><p>isolada de uma parte do vegetal da qual se conhecem suas características químicas,</p><p>e que é capaz de produzir um efeito biológico. Essa substância, quando representa o</p><p>marcador farmacológico da espécie vegetal que se emprega na preparação do</p><p>fitoterápico, serve como base para a padronização dos derivados que se empregam</p><p>na produção do fitoterápico. Então, a padronização de um produto fitoterápico é</p><p>realizada considerando algum fitofármaco (marcador farmacológico) ou princípio ativo</p><p>natural.</p><p>Assim, por exemplo, Valeriana officinalis, Hypericum perforatum e Ginkgo</p><p>biloba são plantas medicinais que dão origem as seguintes matérias-primas vegetais</p><p>derivadas: extrato da raiz da valeriana, extrato das flores de Hypericum e estrato das</p><p>folhas de Ginkgo, que possuem como marcadores farmacológicos os seguintes</p><p>fitofármacos, respectivamente: valepotriatos e ácido valeriânico, hipericina e</p><p>hiperforina e ginkgolideos. Os fitofármacos, ou principais ativos naturais, são</p><p>chamados de marcadores farmacológicos, quando são responsáveis pela ação</p><p>farmacológica, e marcadores fotoquímicos, quando apenas caracterizam</p><p>fotoquimicamente a espécie vegetal. Mas, em alguns casos, o marcador</p><p>farmacológico pode ser, ao mesmo tempo, também o marcador fotoquímico, como é</p><p>o caso das antraquinonas na cascara sagrada.</p><p>A fitofarmacologia é o ramo da farmacologia destinado ao estudo dos</p><p>derivados das plantas medicinais, ou fitofármacos. Para esta especialidade da</p><p>Farmacologia se requer pesquisadores criativos, não dogmáticos, dispostos a não</p><p>empregar por comodidade apenas um modelo experimental exclusivo. Nesta</p><p>especialidade, o pesquisador deve procurar manter uma visão holística,</p><p>principalmente baseada no emprego popular, para poder decifrar os mecanismos de</p><p>9</p><p>ação subsequentes aos diversos compostos contidos no extrato, em especial dos</p><p>principios ativos que podem interagir com múltiplos sitios de ação no organismos.</p><p>A participação na divulgação e na educação da população e do consumidor</p><p>em relação à inocuidade destes compostos é fundamental e traz mais-valias em</p><p>termos de saúde. Educar e evitar situações em que o doente toma suplementos para</p><p>tratar patologias graves ou para prevenir doenças que são impossíveis de prevenir ou</p><p>situações em que o doente deixa a sua medicação convencional devido aos efeitos</p><p>adversos em detrimento dos derivados de plantas por pensar que estes são inócuos,</p><p>é um dos deveres do farmacêutico. O que sucede em muitos casos é que o</p><p>consumidor é fortemente aliciado a adquirir “substâncias naturais” e onde se publicita</p><p>o conteúdo natural com diversas plantas que muitas vezes escondem formulações</p><p>que podem causar danos na saúde graves.</p><p>3.1. Breves considerações sobre legislação aplicada à fitoterapia</p><p>Uma planta considera-se “medicinal” quando o uso pelas populações ao longo</p><p>do tempo foi reconhecido pele seu efeito benéfico para a saúde. Essas plantas são</p><p>mais tarde alvo de diversos estudos que incidem na determinação da natureza da</p><p>planta, classificação e variedades químicas existentes, teor de constituintes ativos</p><p>consoante a parte da planta considerada, isolamento de moléculas ativas e com</p><p>interesse terapêutico, elucidação das suas estruturas químicas e vias de biossíntese,</p><p>possíveis constituintes para síntese de outros compostos. Se estes estudos forem</p><p>bem-sucedidos, a planta, extrato ou derivado vegetal pode passar a estar inscrito na</p><p>Farmacopeia oficial onde possui: identificação microscópica e macroscópica, ensaio</p><p>de pureza e identificação do constituinte ativo e da dosagem deste. Aqui a sua</p><p>denominação passa a ser de fármaco vegetal (Cunha et al., 2010). Mas com o evoluir</p><p>dos tempos e com o aumento da aderência à Fitoterapia e do consumo de plantas</p><p>medicinais tornou-se necessário legislar melhor sobre as várias formulações</p><p>existentes e disponíveis como, por exemplo, as substâncias derivadas de plantas, as</p><p>preparações à base de plantas, os medicamentos tradicionais à base de plantas e os</p><p>medicamentos à base de plantas.</p><p>4. A pele – princípios básicos</p><p>O sistema tegumentar é constituído pela pele e por estruturas anexas como os</p><p>folículos pilosos, as unhas e as glândulas. Este sistema é responsável pela proteção</p><p>10</p><p>das estruturas internas do organismo, evita a entrada de agentes infecciosos, regula</p><p>a temperatura do corpo e a síntese da vitamina D (Seeley et al., 2006). A pele constitui</p><p>uma barreira física à entrada de substâncias exógenas, incluindo microrganismos</p><p>patogénicos, protege da abrasão, das alterações de temperatura e possui um grau de</p><p>impermeabilidade muito importante na medida em que regula a perda de água e de</p><p>calor do organismo humano. Além disso, é pela pele que se efetua a recepção de</p><p>sensações através de receptores sensoriais específicos existentes na sua superfície</p><p>e onde se efetua a excreção de algumas moléculas como, por exemplo, a água, a</p><p>ureia, o ácido úrico e a amónia (Gawkrodger,2008).</p><p>A água é o principal constituinte da pele (cerca de 70%) e está distribuída pelas</p><p>três camadas</p><p>da pele: a</p><p>epiderme, a derme e a hipoderme. Na composição da pele há, ainda, aminoácidos,</p><p>glúcidos, sais minerais e compostos azotados (Buxton e Morris-Jones, 2011). Na</p><p>próxima figura ilustra as camadas da pele.</p><p>11</p><p>A epiderme é uma barreira protetora e nela encontram-se os queratinócitos,</p><p>células que produzem a queratina, um polipéptido de alto peso molecular cuja</p><p>estrutura em cadeia possui características especiais como uma elevada resistência,</p><p>elasticidade e capacidade de impermeabilização. Esses queratinócitos estão</p><p>distribuídos com graus de maturação diferentes, pelos quatro estratos da epiderme:</p><p>o estrato basal, o estrato espinhoso, o estrato granuloso e o estrato córneo</p><p>(Gawkrodger,2008). Abaixo a ilustração da estrutura da epiderme.</p><p>É no estrato basal, o mais profundo, que se inicia a maturação dos</p><p>queratinócitos e a produção de melanina pelos melanócitos que a transferem para os</p><p>queratinócitos vizinhos. A melanina é produzida a partir do aminoácido tirosina e é um</p><p>composto que age como um depósito energético pois absorve a energia da radiação</p><p>ultravioleta e protege de eventuais espécies de radicais livres existentes (in Seeley et</p><p>al, 2006). No estrato espinhoso predominam as células de Langerhans com funções</p><p>12</p><p>imunológicas importantes, enquanto que na camada córnea importa salientar que os</p><p>queratinócitos já finalizaram a sua maturação e já perderam o seu núcleo. Aqui, eles</p><p>são designados de corneócitos, células cujo citoplasma foi completamente substituído</p><p>por uma matriz com grânulos de queratina. Estas células queratinizadas contribuem</p><p>para a força estrutural da pele e contêm lipídios que vão conferir a capacidade de</p><p>impermeabilização da epiderme (Buxton e Morris-Jones, 2011).</p><p>A derme situa-se logo abaixo da epiderme e é constituída por cerca de 70% de</p><p>fibras colagénio que fortalecem a estrutura da pele e de elastina que confere a</p><p>elasticidade aos tecidos, tudo isto sobre numa matriz de glicosaminoglicanos,</p><p>produzida por células especializadas, os fibroblastos. O colagénio é uma proteína</p><p>estrutural muito importante do tecido conjuntivo que une, nutre, protege e sustenta</p><p>outros tecidos do organismo. Esta proteína é constituída por três aminoácidos</p><p>principais, a glicina, a prolina e a hidroxiprolina e os processos enzimáticos da sua</p><p>síntese são dependentes da vitamina C. Os glicosaminoglicanos são polímeros de</p><p>alto peso molecular muito importantes na matriz extracelular e nos tecidos conectivos</p><p>pois possuem inúmeras funções como regular a passagem de moléculas no espaço</p><p>extracelular. Deste modo, estabelecem-se gradientes importantes para uma</p><p>diversidade de funções celulares.</p><p>A hipoderme, das três camadas da pele, é a mais profunda, a mais hidratada</p><p>e constitui um local de armazenamento de gordura sob a derme. Esta camada é rica</p><p>13</p><p>em fibras de colagénio e de elastina também. Situada entre a derme e as estruturas</p><p>móveis situadas abaixo dela, tais como os músculos e os tendões, serve de reserva</p><p>lipídica e protege o organismo de choques e das variações externas de temperatura</p><p>(Gawkrodger,2008). Abaixo representa a estrutura da derme.</p><p>As estruturas existentes no sistema tegumentar também possuem uma função</p><p>importante e uma estrutura igualmente complexa à das camadas pele. Exemplos são</p><p>os folículos pilosos, uma invaginação na epiderme onde também estão presentes os</p><p>queratinócitos e os melanócitos. Associado aos folículos pilosos estão as glândulas</p><p>sebáceas onde se dá a produção e excreção de uma forma holócrina do lípido</p><p>existente no citoplasma de células que se desintegraram. Outras glândulas</p><p>igualmente importantes são as sudoríparas, localizadas na derme mas que produzem</p><p>uma secreção aquosa sob o controlo do sistema adrenérgico (simpático) e para</p><p>regulação térmica ou de pH. O pH da pele é ligeiramente acídico, entre 6 e 7, o que</p><p>de alguma forma evita a proliferação de microrganismos.</p><p>A pele também participa na síntese de vitamina D, através da ativação de</p><p>percursores importantes, pela absorção de radiação UV. Os outros receptores</p><p>existentes na pele, na epiderme e na derme, estão sujeitos à ação de diversas</p><p>hormonas que produzem efeitos, como a vasoconstrição ou a inibição da mitose das</p><p>células do estrato basal. A produção de melanina, a função imunológica, os processos</p><p>inflamatórios, a proliferação celular e a produção das glândulas sebáceas e</p><p>sudoríparas também são processos sensíveis à ação hormonal através destes</p><p>receptores (in Seeley et al, 2006).</p><p>A pele é uma barreira à entrada dos microrganismos e possui uma rede de</p><p>vasos sanguíneos e linfáticos onde se encontram vários componentes imunológicos</p><p>capazes de atuar quando isto acontece. Os linfócitos T estão presentes na pele com</p><p>diversas funções embora essencialmente para reconhecimento de antigénios e dar</p><p>início a uma resposta imunológica através dos seus receptores à superfície. Daqui</p><p>podem secretar mediadores de inflamação como as interleucinas, o interferão-γ, o</p><p>fator de necrose tumoral (TNF) e recrutar os linfócitos B que numa condição não</p><p>patogénica são os únicos elementos imunitários que não se encontram na pele. Neste</p><p>14</p><p>processo inflamatório, também os mastócitos podem ser recrutados e iniciar a</p><p>produção de histamina, uma amina vasodilatadora.</p><p>Os queratinócitos também participam neste processo com a produção de</p><p>interleucinas pro-inflamatórias e outros péptidos como as citocinas que ativam as vias</p><p>de síntese de eicosanoides, prostaglandinas, tromboxanos e leucotrienos,</p><p>promovendo entre outros processos, a permeabilidade local e a quimiotaxia</p><p>(Gawkrodger,2008).</p><p>Quando estas respostas imunitárias são exacerbadas podem haver danos</p><p>suficientes na pele para o organismo desenvolver uma resposta de hipersensibilidade</p><p>como acontece, por vezes, com o contacto da pele a agentes como o pó ou o látex.</p><p>Há vários tipos de respostas imunitárias. Na resposta imediata, há agentes alérgenos</p><p>específicos como a imunoglobulina IgE que provocam a desgranulação de mastócitos</p><p>e muitas doenças da pele estão associadas a estas respostas constantes a</p><p>antigénios. Depois, há ainda as doenças da pele com elevado caráter hereditário</p><p>como a psoríase ou o eczema atópico (Puig et al., 1997). Resumindo, o sistema</p><p>tegumentar reflete muitas vezes o estado de saúde do indivíduo e a possível</p><p>existência de patologias sistémicas ou locais.</p><p>A pele é um órgão sujeito a lesões devido a agentes externos ou a diversas</p><p>doenças sistémicas. Algumas destas lesões são feridas, queimaduras, úlceras ou</p><p>causadas por infeções locais e muitas vezes a sua terapia passa pela aplicação de</p><p>agentes antimicrobianos, antivíricos ou antifúngicos para combater doenças como a</p><p>acne, o impetigo, a tinha ou as verrugas. Outras reações como o eczema ou os</p><p>eritemas são muitas vezes alérgicas. Como a pele se encontra exposta a agentes</p><p>ambientais como a radiação solar, é possível o desenvolvimento de sardas ou de</p><p>neoplasias como os melanomas.</p><p>Alguns medicamentos também podem levar ao aparecimento de afeções</p><p>cutâneas e, por vezes, a pele apresenta desordens cuja etiologia nunca chega a ser</p><p>conhecida ou é autoimune como no caso da psoríase, do vitiligo e da dermatite</p><p>seborreica. A distribuição e a descrição morfológica da lesão são fatores importantes</p><p>no tratamento das lesões da pele.</p><p>As máculas, pápulas, nódulos, bolhas e vesículas são lesões comuns na pele</p><p>com diferentes características. Nas máculas há essencialmente uma alteração da cor</p><p>15</p><p>da pele enquanto que nas pápulas e nódulos há uma elevação sólida da pele, nestes</p><p>últimos maiores. As bolhas são maiores do que as vesículas mas similares e com</p><p>fluido acumulado na epiderme ou mesmo até à derme. Em situações mais graves, é</p><p>possível que a pele apresente lesões nas quais se perdeu parte das camadas</p><p>constituintes da pele como acontece nas feridas, nas queimaduras e nas úlceras</p><p>(Gawkrodger,2008).</p><p>5. Farmacoterapia da pele</p><p>Por causa da função protetora da barreira da pele, um dos maiores desafios</p><p>para os fármacos dermatológicos é de serem desenvolvidos para serem absorvidos</p><p>pela pele. Para os fármacos dermatológicos os veículos onde eles são diluídos são</p><p>de extrema importância para a absorção do fármaco. A liberação e absorção dos</p><p>princípios ativos são influenciadas pelas propriedades do veículo das preparações.</p><p>(Penildon Silva,2010)</p><p>5.1 Atenção Farmacêutica em Dermatologia: Tratamento da Acne</p><p>A atenção farmacêutica é definida como modelo de prática farmacêutica</p><p>desenvolvida no contexto da assistência farmacêutica com a interação direta do</p><p>farmacêutico com o paciente, visando uma farmacoterapia racional e a obtenção de</p><p>resultados definidos e mensuráveis voltados para a melhoria da qualidade de vida.</p><p>Entende-se que qualidade de vida não é somente a ausência de doença e que</p><p>compreende também, dentre outros, fatores estéticos e psicológicos. A atuação do</p><p>farmacêutico no tratamento de disfunções e patologias da pele exige, além da</p><p>formação científica, a habilidade de comunicação com o paciente. O não seguimento</p><p>da farmacoterapia prescrita pode levar a uma piora no quadro apresentado pelo</p><p>paciente.</p><p>O uso de antibacterianos tópicos ou orais na terapia da acne exige um cuidado</p><p>maior no sentido de prevenir a resistência bacteriana à antibióticos. Em especial, na</p><p>área dermatológica, poderá haver o desenvolvimento de alterações psicológicas,</p><p>devido ao aparecimento de lesões ou cicatrizes antiestéticas ocasionados pelo</p><p>tratamento inadequado. Cabe ao farmacêutico acompanhar a terapia dos pacientes</p><p>em tratamento da acne, identificando problemas relacionados ao medicamento</p><p>16</p><p>(PRM), reações adversas ou contraindicações, orientando o paciente quanto ao uso</p><p>e cuidados na administração do medicamento.</p><p>5.2 Acne</p><p>A acne é uma patologia da pele, definida como uma condição inflamatória</p><p>crônica do folículo pilosebáceo que afeta principalmente o rosto e tronco superior. O</p><p>processo de formação da acne envolve:</p><p> Uma hiperqueratinização folicular;</p><p> Formação de um tampão córneo, que retém o conteúdo sebáceo no interior da</p><p>glândula, formando o comedão ou cravo;</p><p> O folículo ocluído facilita a ação da Propionibacterium acnes e leveduras como</p><p>Pityrosporum orbiculare;</p><p> Esses microorganismos se desenvolvem e liberam proteases hidrolíticas que</p><p>rompem o lúmem celular expulsando o conteúdo sebáceo para a derme.</p><p> Os lipídeos sebáceos, pelos, P. acnes e epiteliócitos cornificados geram uma</p><p>resposta imune do tipo corpo estranho.</p><p>A acne pode ser classificada como não inflamatória e inflamatória e subdividida em</p><p>graus:</p><p>Acne não-inflamatória ou Comedônica (Grau I): Dermatose mais frequente,</p><p>causada pelo aumento da produção de sebo pelas glândulas sebáceas após a</p><p>puberdade;</p><p>Acne inflamatória: Pápulo-pustulosa (Grau II): Associa-se aos comedões, pápulas</p><p>e pústulas de conteúdo purulento;</p><p>Acne nódulo-cística (Grau III): Conteúdo sebáceo volumosos localizado mais</p><p>profundamente na pele, produzindo endurecimento no local da lesão e sua difícil</p><p>remoção;</p><p>Acne conglobata (Grau IV): Formação de abscessos e fístulas;</p><p>17</p><p>Acne fulminante (Grau V): Condição rara, porém severa. Há reação imunológica</p><p>complexa, causando lesões eruptivas e ulcerosas que deixam cicatrizes.</p><p>Causas</p><p>O aumento dos níveis hormonais é a principal causa, mas pode haver</p><p>predisposição genética, uso incorreto de cosméticos. As glândulas sebáceas irão</p><p>produzir mais sebo que em excesso obstrui o folículo possibilitando o aparecimento</p><p>dos comedões:</p><p> Abertos - cravos pretos</p><p> Fechados – cravos brancos</p><p>Tratamento</p><p>O tratamento da acne é realizado principalmente com o emprego de</p><p>antimicrobianos (tópicos ou sistêmicos), retinóides e agentes abrasivos. Ácido</p><p>azeláico: Possui efeito hipopigmentante. Pode causar irritação local e</p><p>fotossensibilização. Considerado boa alternativa no tratamento da acne leve a</p><p>moderada ou com hiperpigmentação pós-inflamatória. Relativamente atóxico e não</p><p>há evidência de interação medicamentosa com outros fármacos devido a sua baixa</p><p>absorção sistêmica. Indicam-se duas aplicações diárias na área afetada na forma de</p><p>creme ou gel entre 5-15% durante seis meses. Sua utilização com peróxido de</p><p>benzoíla, clindamicina, tretinoína ou eritromicina aumentam sua eficácia.</p><p>Peróxido de benzoíla: Possui atividade secante e descamativa. Não deve ser</p><p>aplicado sobre pele irritada ou em queimaduras pelo sol ou vento. Contraindicado em</p><p>pessoas hipersensíveis a esta substância. Pode causar ressecamento, enrijecimento</p><p>da pele e sensação de ardor. Não é aconselhado a aplicação juntamente com</p><p>retinóides a antibióticos tópicos. Utilizado na forma de gel e creme com concentrações</p><p>entre 1-10% com aplicações de uma a duas vezes por dia.</p><p>18</p><p>Tetraciclina: Possui diversos efeitos adversos e interações medicamentosas, como</p><p>transtornos renais, fotossensibilidade, hepatotoxidade, pancreatite, toxicidade do</p><p>sistema nervoso, colite pseudomembranosa, reações de hipersensibilidade e vaginite</p><p>causada por Candida spp.</p><p>Antiácidos, leite e alimentos que contenham cálcio, ferro e magnésio não</p><p>devem ser utilizados durante o tratamento, pois causam a má absorção da</p><p>tetraciclina.</p><p>A associação com retinóides pode causar hipertensão intracraniana.</p><p>Caulim, pectina e colestipol diminuem a absorção da tetraciclina. Efeitos nefrotóxicos</p><p>potencializam juntamente com diuréticos que possam causar nefrotoxicidade. Indica-</p><p>se doses de 500mg duas vezes ao dia. Contraindicada na insuficiência hepática e</p><p>renal, gravidez e em crianças até cerca de 8 anos de idade.</p><p>Eritromicina: Antibiótico de menor emprego, devido à resistência por</p><p>Propionibacterium acnes e Staphylococcus epidermidis. Contraindicada para pessoas</p><p>hipersensíveis à eritromicina e hepatopatias. Também não deve ser utilizada na</p><p>gravidez e lactação. Pode causar náuseas, colite pseudomembranosa, perda da</p><p>audição e hepatite. Por via tópica pode ocorrer descamação, irritação e ressecamento</p><p>da pele. A eritromicina inibe o metabolismo hepático da varfarina, carbamazepina e</p><p>da ciclosporina, potencializando os efeitos destes medicamentos. Aumenta a</p><p>concentração sanguínea da digoxina e também aumenta a hepatotoxidade de</p><p>medicamentos hepatotóxicos. Por via tópica, não deve ser aplicada juntamente com</p><p>isotretinoína, clindamicina e outras substâncias irritantes para a pele. Recomenda-se</p><p>doses de 500mg/dia a 1g/dia. Na forma de creme, recomenda-se a concentração de</p><p>1,5-4%, sendo aplicado na pele afetada duas vezes por dia.</p><p>Clindamicina: Reduz a concentração de ácidos graxos livres da pele, diminuindo o</p><p>crescimento de bactérias. Contraindicada em pacientes com hipersensibilidade à</p><p>lincomicina, doenças renais e hepáticas, e antecedentes de colites. Pode causar</p><p>irritação local, dermatites de contato, enrijecimento e descamação da pele. A</p><p>associação de clindamicina com antibióticos pode desenvolver colite</p><p>pseudomembranosa e, associada ao cetoconazol, pode ter sua ação diminuída.</p><p>Encontra-se como gel 3% e solução 10mg/ml. Deve-se aplicar uma fina camada sobre</p><p>a pele afetada duas vezes ao dia.</p><p>19</p><p>Tazaroteno: Utilizado no tratamento da acne leve a moderada. Contraindicado em</p><p>pacientes com pele eczematosa e na gravidez. Pode ocorrer irritação, descamação,</p><p>sensação de ressecamento e queimação da pele. Recomenda-se aplicação diária do</p><p>creme 0,1% ou gel 0,1% na pele afetada ao anoitecer, devido ao efeito</p><p>fotossensibilizante.</p><p>Adapaleno: Apresenta melhor ação anticomedogênica, antiinflamatória e menor</p><p>prevalência dos efeitos adversos em relação aos outros retinóicos. É contraindicado</p><p>na gravidez. Durante o tratamento deve-se evitar a exposição ao sol, vento, ou</p><p>temperaturas muito frias. Pode ocorrer eritema, prurido e descamação da pele,</p><p>observados principalmente nas primeiras quatro semanas. Medicamentos de ação</p><p>similar não devem ser utilizados concomitantemente. Encontra-se disponível na forma</p><p>de gel 0,1% e solução 0,1% e deve ser aplicado na pele afetada uma vez ao dia,</p><p>preferencialmente à noite.</p><p>Tretinoína: Utilizado no tratamento da acne leve a moderada contendo pápulas e</p><p>pústulas. Possui ação queratolítica e é contraindicado na gravidez, em paciente com</p><p>diabetes, hiperlipidemias, hipervitaminose A e insuficiência hepática. Pode causar</p><p>ardor, irritação da pele e eritema severo. A associação com medicamentos tópicos</p><p>com alta concentração alcóolica ocasiona no aumento do ressecamento e irritação.</p><p>Comercializado na forma de creme 0,1% e gel 0,1 %, recomenda-se uma a duas</p><p>aplicações diárias.</p><p>Isotretinoína: Age simultaneamente em todos mecanismos de patogênese da acne.</p><p>Diminui a proliferação, diferenciação e atividade dos sebócitos basais, induzindo</p><p>apoptose dessas células, normalizando a queratinização folicular e inibindo a</p><p>comedogênese. É utilizado no tratamento das formas graves da acne, como a</p><p>nodulocística e acne moderada resistente ao tratamento convecional. Contraindicado</p><p>na gravidez, insuficiência hepática, hipervitaminose A, hiperlipidemias, e deve ser</p><p>utilizada com precaução em pacientes com antecedentes depressivos. Pode causar</p><p>eritema, ressecamento da pele, dermatites faciais, alterações de humor, aumento dos</p><p>níveis sanguíneos de colesterol total e triglicerídeos. Ocorre interação</p><p>medicamentosa com a fenitoína, por aumentar o risco de perda óssea, com</p><p>tetraciclinas por risco de hipertensão intracraniana, com vitamina A, microdoses de</p><p>progesterona, etinilestradiol, por redução de seus níveis sanguíneos, com erva de</p><p>São João. A absorção da isotretinoína é aumentada com alimentos, devendo, então,</p><p>20</p><p>ser administrada junto às refeições. Durante o tratamento o monitoramento clínico-</p><p>laboratorial da glicose, creatina quinase, triglicerídeos, colesterol, funções hepáticas,</p><p>gravidez e possíveis efeitos oculares e psicológicos é essencial.</p><p>Ácido salicílico: Possui efeito queratolítico. É contraindicado em pacientes com</p><p>insuficiência circulatória, em verrugas, marcas de nascença ou papilas com pelos.</p><p>Aplica-se na pele afetada duas ou três vezes ao dia. Enxofre: Utilizado na forma de</p><p>sabonete ou cremes de limpeza. Contraindicado em pacientes com hipersensibilidade</p><p>ao enxofre. Não aplicar juntamente com retinóides e antibióticos. Contraceptivos</p><p>orais: Efetivos em mulheres com acne severa, desordens hormonais e em pacientes</p><p>com tratamento refratário e prolongado com antibióticos. Contraindicado em</p><p>pacientes com risco cardiovascular, antecedentes tromboembólicos, câncer,</p><p>hepatopatias, gravidez, lactação e amenorreia.</p><p>5.3 Herpes</p><p>O que é?</p><p>Herpes é uma doença causada por dois tipos de vírus: o Vírus Varicela-Zóster (VVZ),</p><p>que causa catapora (varicela) e também o popularmente conhecido cobreiro (herpes</p><p>zóster) e os herpesvírus tipo 1 e tipo 2, que causam o chamado herpes simplex.</p><p>O herpes simplex é uma infecção viral comum, para a qual 99% da população adulta</p><p>já adquiriu imunidade na infância e na adolescência, tendo infecção subclínica</p><p>(assintomática) ou um único episódio, obtendo resistência ao vírus para toda a vida.</p><p>Sintomas</p><p>Geralmente, determina infecção nos lábios e dentro da boca (especialmente na</p><p>infância, a chamada estomatite herpética ou primoinfecção pelo herpesvírus),</p><p>enquanto o herpesvírus 2, em geral, determina lesões nos genitais e pode ser</p><p>adquirido por via sexual, porém não exclusivamente dessa forma. A infecção pelo</p><p>herpesvírus 1 e/ou 2 pode ser recorrente surgindo durante episódios febris por</p><p>doenças de causas variadas, em mulheres no período perimenstrual e após</p><p>exposição solar inadequada e sem proteção.</p><p>Vale ressaltar que enquanto as vesículas estiverem presentes com seu conteúdo</p><p>líquido, tanto no herpes simplex quanto na Varicela-Zóster, elas são infectantes. Um</p><p>21</p><p>simples contato das mãos com as vesículas pode transferir o vírus para outras áreas</p><p>do corpo, inclusive os olhos e também para parceiros em contato pele com pele ou</p><p>mucosa.</p><p>Quando as vesículas rompem, surgem pequenas ulcerações (feridas rasas) cobertas</p><p>de crostas e, depois, há re-epitelização da pele ou mucosa, sendo que nessa fase a</p><p>doença não é mais contagiosa. Em geral, as infecções herpéticas em indivíduos com</p><p>imunidade normal duram entre sete a 14 dias, porém sempre um médico deve ser</p><p>consultado para se certificar do diagnóstico, bem como indicar o melhor tratamento</p><p>para aquela forma de apresentação da doença.</p><p>O quadro clínico do herpes-zóster, ou seja, os sinais e sintomas da doença, é quase</p><p>sempre típico. Na maior parte dos casos, antecedem às lesões cutâneas (na pele)</p><p>os seguintes sintomas: dores nevrálgicas (nos nervos), parestesias (formigamento,</p><p>agulhadas, adormecimento, pressão etc), ardor e coceira locais, febre, dor de</p><p>cabeça e mal-estar.</p><p>Tratamento</p><p>Para pessoas sem risco de agravamento da Herpes-Zóster, o tratamento deve ser</p><p>sintomático. Pode-se administrar antitérmico, analgésico não salicilato e, para</p><p>atenuar o prurido (pus), anti-histamínico sistêmico. Além disso, deve-se fazer a</p><p>recomendação da higiene da pele com água e sabonete, com o adequado corte das</p><p>unhas. Havendo infecção secundária, recomenda-se o uso de antibióticos,</p><p>em</p><p>especial para combater estreptococos do grupo A e estafilococos.</p><p>O tratamento específico da varicela é realizado por meio da administração do</p><p>antiviral aciclovir, que é indicado para pessoas com risco de agravamento. Quando</p><p>administrado por via endovenosa, nas primeiras 24 horas após o início dos</p><p>sintomas, tem demonstrado redução de morbimortalidade em pacientes com</p><p>comprometimento imunológico.</p><p>As indicações para o uso do aciclovir na infecção da Herpes-Zóster são:</p><p> Crianças sem comprometimento imunológico – 20mg/kg/dose, via oral, 5</p><p>vezes ao dia, dose máxima de 800mg/dia, durante 5 dias.</p><p>22</p><p> Crianças com comprometimento imunológico ou casos graves – deve-se</p><p>fazer uso de aciclovir endovenoso na dosagem de 10mg/kg, a cada 8 horas,</p><p>infundido durante uma hora, durante 7 a 14 dias.</p><p> Adultos sem comprometimento imunológico – 800mg, via oral, 5 vezes ao</p><p>dia, durante 7 dias. A maior efetividade ocorre quando iniciado nas primeiras 24</p><p>horas da doença, ficando a indicação a critério médico.</p><p> Adultos com comprometimento imunológico – 10 a 15mg de aciclovir</p><p>endovenoso, 3 vezes ao dia por no mínimo 7 dias.</p><p>A figura abaixo representa a herpes zoster.</p><p>6. Principais Plantas em Dermatologia</p><p>Emolientes e protetoras</p><p>As plantas com propriedades emolientes e hidratantes são muito importantes</p><p>em dermatologia e podem ser encontradas em inúmeras formulações que vão desde</p><p>as cápsulas, aos óleos, cremes, pomadas e loções para aplicação tópica. Estas</p><p>propriedades são sem dúvida, uma das maiores contribuições das plantas. A procura</p><p>23</p><p>relacionada com estas propriedades pode ser num sentido preventivo ou em casos</p><p>onde a pele já se encontra seca, desidratada, e alipídica (in Cunha et al., 2011).</p><p>A pele seca caracteriza-se sobretudo por uma fraca produção das glândulas</p><p>sebáceas muitas vezes associada à falta intracelular de lipídios. Isto acontece devido</p><p>a diversas agressões externas como por exemplo, o excesso de exposição solar, pela</p><p>utilização constante de desinfetantes contendo álcool ou até por uma predisposição</p><p>genética, tal como acontece na psoríase. Estas peles podem apresentar rugas por</p><p>perda de elasticidade, descamação ou fissuras. A pele envelhecida é outro dos casos</p><p>em que as propriedades emolientes e protetoras são benéficas pois o filme</p><p>hidrolipídico encontrasse igualmente diminuído. Nestes casos, torna-se necessário</p><p>reestabelecer esta película hidrolipídica e evitar a desidratação (Buxton e Morris-</p><p>Jones, 2011).</p><p>Em seguida, apresenta-se uma seleção das principais plantas nas quais a</p><p>hidratação da pele é favorecida pelas propriedades emolientes e protetoras do óleo</p><p>extraído das sementes como na ónagra, do extraído das flores da calêndula e do gel</p><p>formado pelas mucilagens existentes na Aloe vera. Os óleos, as ceras, gomas,</p><p>mucilagens e saponinas extraídas destas plantas evitam a evaporação da água da</p><p>pele e reestabelecem a integridade das membranas celulares para que as células</p><p>fiquem coesas entre si (Citadini-Zanette et al., 2012). Desta forma, estas plantas</p><p>desempenham uma ação emoliente e protetora pois lubrificam a pele deixando-a</p><p>suave. Os constituintes dos óleos essenciais evitam ainda o desenvolvimento de</p><p>microrganismos patogénicos quando a barreira epidérmica está comprometida e as</p><p>mucilagens exercem um efeito impermeabilizante e protetor da pele.</p><p>COM ÓLEO DE SEMENTES:</p><p>Nome: Oenothera biennis L. ONAGRA/EVENING PRIMROSE</p><p>24</p><p>Família: Onagráceas</p><p>Figura acima - Oenothera biennis (in Cunha et al., 2011).</p><p>Indicações: Dermatite atópica; eczema; pele seca.</p><p>Partes utilizadas: Óleo das sementes.</p><p>Introdução</p><p>O óleo extraído das sementes de</p><p>ónagra é útil no tratamento de inúmeras</p><p>afeções cutâneas e a sua atividade</p><p>farmacológica deve-se</p><p>principalmente à existência de</p><p>ácidos gordos insaturados na sua</p><p>composição. Estes constituintes</p><p>conferem ao óleo da ónagra um</p><p>elevado poder nutritivo e emoliente, muito útil no tratamento e alívio sintomático da</p><p>pele seca. Mas este óleo também é benéfico nos casos de dermatite atópica (DA) ou</p><p>outros eczemas (in Cunha et al., 2011).</p><p>No caso da dermatite atópica, que se manifesta logo entre os primeiros 6</p><p>meses de vida e os cinco anos, há uma descamação geralmente na nuca, na cara,</p><p>no pescoço e nas zonas de flexão dos membros, de películas gordurosas da pele que</p><p>25</p><p>secaram e que podem evoluir para uma erupção avermelhada que são</p><p>acompanhadas de prurido e dor, os eritemas. Esta doença tem episódios agudos e</p><p>períodos de remissão. É uma doença multifatorial com uma componente genética</p><p>(Leite et al., 2007).</p><p>Nos eczemas ou dermatites, a pele encontra-se inflamada e normalmente à</p><p>superfície encontra-se a derme uma vez que a epiderme ficou comprometida ou</p><p>deixou de existir. Os eczemas podem ser causados por uma deficiência no</p><p>metabolismo de ácidos gordos essenciais e a aplicação de óleos contendo os ésteres</p><p>destes ácidos tem sido benéfica neste tipo de afeções cutâneas. Em ambos os casos</p><p>os lipídios existentes no óleo da ónagra podem ser benéficos (in Cunha et al., 2011).</p><p>Os lipídios são uma classe muito importante de compostos que engloba não</p><p>só os ésteres de ácidos gordos, como também os produtos da sua hidrólise e outras</p><p>substâncias que muitas vezes, estão associadas, incluindo os carotenoides, os</p><p>esteroides e vitaminas lipossolúveis, como a vitamina A.</p><p>Constituintes ativos principais:</p><p>Ésteres dos ácidos gordos: Ácido oleico, ácido linoleico, ácido γ-linolénico, ácido</p><p>palmítico, ácido esteárico.</p><p>Atividade biológica:</p><p> Fitosteróis</p><p> Tocoferóis</p><p> Carotenoides</p><p>No caso da ónagra verifica-se que ela é rica em ésteres do ácido oleico, ácido</p><p>linoleico, ácido γ-linolénico, ácido palmítico e ácido esteárico. O ácido γ-linolénico</p><p>(GLA) tem aplicação nos eczemas.</p><p>26</p><p>‘</p><p>O efeito emoliente destes ácidos gordos corrige a secura cutânea</p><p>característica da dermatite atópica e dos eczemas, torna a aplicação de outros</p><p>princípios ativos menos frequente e preenche os espaços intracelulares com</p><p>substâncias oleosas formando uma película sobre a epiderme que evita a perda de</p><p>água e favorece a hidratação (Sociedade Portuguesa de Alergologia Pediátrica,</p><p>2014).</p><p>O ácido γ-linolénico é convertido em eicosanoides, dos quais são importantes</p><p>as prostaglandinas do tipo E, que têm um papel importante nos processos</p><p>antiinflamatórios e de estabilização das membranas celulares (Cunha et al., 2011).</p><p>COM ÓLEO ESSENCIAL:</p><p>Nome: Calendula officinalis (Margarida) L. CALÊNDULA / MARIGOLD</p><p>Família: Astereáceas</p><p>Figura acima - Calendula officinalis (in</p><p>Cunha, 2012).</p><p>Indicações: Feridas, queimaduras e</p><p>contusões.</p><p>Partes utilizadas: óleo essencial extraído</p><p>das flores.</p><p>Introdução:</p><p>27</p><p>‘</p><p>Os extratos da calêndula possuem um amplo espectro de atividades</p><p>farmacológicas, sendo também muito utilizada em cosmética. O óleo extraído das</p><p>suas flores é útil no alívio da dor, como hepatoprotetor, como anti-inflamatório e como</p><p>agente antisséptico. Recentemente, a sua atividade citotóxica, espasmolítica e</p><p>antiviral foi comprovada em estudos científicos, contudo, no futuro são necessários</p><p>mais estudos para provar a eficácia desta planta noutras áreas da medicina, para</p><p>isolar e elucidar melhor a estrutura dos seus constituintes ativos e os seus</p><p>mecanismos moleculares.</p><p>Em dermatologia esta planta tem vindo a ser utilizada no tratamento de</p><p>diversas afeções da pele, como as úlceras e os eczemas (Rasmi e Goyal, 2011). Esta</p><p>planta também é muito utilizada na cicatrização de feridas, na redução de</p><p>inflamações, como emoliente e como hidratante e remineralizaste da pele (Valdés e</p><p>Garcia, 1999).</p><p>Constituintes ativos principais:</p><p>Carotenoides: α-caroteno, β-caroteno, γ-caroteno, 5,6-epoxicaroteno, luteína,</p><p>citroxantina, violaxantina, rubixantina, flavocromo, flavoxantina,</p><p>valentiaxantina,</p><p>auroxantina, microxantina, zeaxantina e mutatoxantina e licopeno (Valdés e Garcia,</p><p>1999).</p><p>Flavonóides: isorramnetina, neoesperidósido, rutinósido, quercetina, isoquercetina e</p><p>campferol.</p><p>Resinas e óleo essencial: α-cadineno, α-cadinol, epi- α-muurolol, outros. (Valdés e</p><p>Garcia, 1999).</p><p>Triterpenos: Saponinas, Cumarinas, Quinonas, Aminoácidos, Taninos e Glúcidos</p><p>Atividade biológica:</p><p>Os carotenoides podem ser encontrados nos corpos gordos extraídos desta</p><p>planta. Estes constituintes são hidrocarbonetos com um sistema de ligações duplas</p><p>conjugadas. O α-caroteno, β-caroteno, γ-caroteno, 5,6-epoxicaroteno e a citroxantina</p><p>são pro-vitamínicos pois dão origem à vitamina A (axeroftol ou retinol), no organismo</p><p>dos herbívoros ou por reações de síntese química.</p><p>28</p><p>‘</p><p>A vitamina A, por sua vez, é a vitamina considerada protetora dos epitélios. A</p><p>sua carência pode levar ao mau funcionamento das glândulas sudoríparas, excessiva</p><p>queratinização das camadas subjacentes da pele e por sua vez, à secura da pele.</p><p>Mais tarde, o organismo fica então sujeito à colonização por microrganismos</p><p>patogénicos, ao aparecimento de frieiras, fissuras, etc.</p><p>Os flavonóides conferem-lhe as suas propriedades anti-inflamatórias, ativas</p><p>contra edemas (Valdés e Garcia, 1999). Os flavonoides, especialmente a quercetina,</p><p>são potentes inibidores da tirosina cinase. A sua inibição impede a transmissão de</p><p>sinais em receptores responsáveis pela ativação da proliferação celular e da</p><p>angiogénese (Akhtar et al., 2011).</p><p>Os constituintes ativos desta planta promovem ainda a produção de colagénio</p><p>e aumentam o fluxo sanguíneo nas feridas acelerando o seu processo de cicatrização.</p><p>(Parente et al., 2012).</p><p>A exposição aos raios UV resulta em danos na pele através de diversos</p><p>mecanismos como: a produção excessiva de colagenase. Os antioxidantes protegem</p><p>a pele dos radicais livres que se formam devido à exposição aos raios UV. As</p><p>modificações morfológicas que levam ao envelhecimento da pele estão diretamente</p><p>relacionadas com a perda de colagénio ou a sua degeneração devido à perda de</p><p>água. (Langmead et al., 2004).</p><p>Esta planta é também muito útil no tratamento de inflamações que ocorrem nas</p><p>áreas cobertas pela fralda devido ao efeito direto desta utilização, ou como resultado</p><p>do aumento do pH da pele, a deficiência de zinco ou a exposição prolongada a</p><p>substâncias irritantes para a pele como sejam as fezes e a urina. Esta mistura de</p><p>condições compromete o estado da pele como barreira de proteção contra</p><p>microrganismos. Esta planta oferece resultados prometedores e uma excelente</p><p>alternativa principalmente para quem desenvolve alergias ou não responde a outros</p><p>produtos como o óxido de zinco, os corticosteroides, o pó de talco, a vitamina A, D, a</p><p>vaselina e a lanolina. (Panahi et al. 2012).</p><p>A utilização da planta diminui significativamente os eritemas e por que razão</p><p>possui um efeito anti-inflamatório. Esta planta tem propriedades emolientes e não</p><p>deve ser utilizada em pessoas com pele oleosa por aumentar a produção de sebo na</p><p>pele. Contudo, alguns autores referem a utilidade da calêndula no tratamento da acne</p><p>29</p><p>‘</p><p>ligeira e ressaltam as propriedades antissépticas do seu óleo essencial (Rashmi e</p><p>Goyal, 2011).</p><p>Em cosmética, extratos glicólicos das flores estão incluídos em cremes pela</p><p>ação hidratante e emoliente, em cremes para peles sensíveis, secas, irritadas, em</p><p>produtos antissolares. São igualmente usados na acne e em afeções fungícas,</p><p>particularmente pé de atleta (Cunha et al., 2012).</p><p>CONTENDO MUCILAGENS:</p><p>Nome: Aloé vera (L.) Burm. ALOE</p><p>Família: Liliáceas</p><p>Figura acima- Aloé vera (in Cunha et al., 2011). Sinónimo de A. barbadensis Miller</p><p>(para alguns botânicos).</p><p>Partes utilizadas: gel do parênquima.</p><p>Indicações: queimaduras de primeiro e segundo grau (queimadura solar ou pelo</p><p>calor), irritação da pele, alergias, fases descamativas, psoríase.</p><p>30</p><p>‘</p><p>Introdução: O cultivo da Aloe vera tem vindo a crescer recentemente. As análises</p><p>fitoquímicas a esta planta revela a existência de mais de 200 compostos bioativos na</p><p>sua composição (Lee et al.2013).</p><p>Atualmente estão a decorrer inúmeros estudos científicos onde os benefícios</p><p>da aplicação desta planta são considerados no tratamento de feridas, de</p><p>queimaduras, na proteção dos raios-X, nas neoplasias dos pulmões, nos problemas</p><p>intestinais, no aumento de HDL (high densisty lipoproteins) no organismo, na redução</p><p>da glucose na corrente sanguínea, nas alergias, e no reforço do sistema imunitário</p><p>(Ahlawat e Khatkar, 2011).</p><p>Outros estudos têm também revelado que esta planta possui uma ação anti-</p><p>inflamatória, cicatrizante, anti-alérgica, antibacteriana, antiviral, hidratante e protetora</p><p>dos raios UV (Langmead et al., 2004).</p><p>Constituintes ativos principais:</p><p>Heterósidos antracénicos: Aloína A, aloína B, emodina, aloe-emodina, 7-</p><p>hidroxialoínas A e B e crisofanol.</p><p>Mucilagens: glucomananos, arabinogalactanos, mananos acetilados,</p><p>glucogalactomananos, galactoglucoarabinomananos.</p><p>Vitaminas e pró-vitaminas: B1 (tiamina), B2 (riboflavina), B6 (piridoxina), C (ácido</p><p>ascórbico), E (α-tocoferol), A (β-caroteno), colina, niacina, ácido fólico (Lawless and</p><p>Allen 2000). Cianocobalamina ou vitamina B12.</p><p>Triterpenóides: lupeol.</p><p>Esteroides: colesterol, campesterol e β-sitosterol.</p><p>Enzimas, Minerais e Aminoácidos</p><p>Outros: Ácido salicílico, ácido fumárico (He et al., 2011).</p><p>Atividade biológica: A composição desta planta rica em mucilagens possui a</p><p>característica de formar um gel que retém água e proporciona uma ação hidratante e</p><p>protetora do tecido cutâneo. O gel de aloés vera é usado em afeções dermatológicas</p><p>(queimaduras, feridas, eczemas na fase descamativa, ictiose e psoríase (Cunha e</p><p>Roque, 2008). As mucilagens são substâncias macromoleculares de natureza</p><p>31</p><p>‘</p><p>glucídica que funcionam como uma reserva de água para a planta. Existem três</p><p>grupos principais de mucilagens conforme a sua composição: as constituídas por poli-</p><p>holósidos de uma ou várias oses; as formadas por ésteres sulfúricos de poli-holósidos</p><p>e as existentes nos aloés formadas pela condensação de ácidos urónicos.</p><p>As cadeias destas mucilagens geralmente são lineares e a natureza das suas</p><p>mananas atribui-lhe o nome. Por exemplo, se a cadeia for constituída por unidades</p><p>de D-galactose denominam-se de galactanas. As mananas ou manosanas, resultam</p><p>da condensação normalmente de unidades de D’manose. Estas mananas podem</p><p>também aparecer combinadas com ácidos urónicos, variar a unidade de repetição ou</p><p>apresentar algumas ramificações. As antraquinonas têm uma ação apreciável no</p><p>controlo de microrganismos. O gel de Aloe vera tem propriedades antibacterianas</p><p>(Dat et al, 2012). Grande parte da atividade antibacteriana da Aloe vera é devida</p><p>também ao ácido fumárico (He et al., 2011). Recentemente há indicações que o</p><p>extrato de Aloé vera inibe a atividade não só de algumas bactérias como também de</p><p>fungos e espera-se que no futuro seja possível formular novos agentes</p><p>antimicrobianos com origem natural (Ganesan, 2008). As saponinas são</p><p>responsáveis pelas propriedades antissépticas da Aloe vera (Ernst, 2013).</p><p>Recentemente têm vindo a surgir inúmeras preparações com Aloe vera na sua</p><p>composição, sendo os mais comuns os desinfetantes de mãos em associação com</p><p>álcool a 70% ou o gel para utilizar após exposição solar prolongada (Banu, 2012).</p><p>Toxicidade na aplicação tópica: A segurança da utilização desta planta a nível</p><p>tópico encontra-se devidamente estudada sendo muito raro a existência do</p><p>desenvolvimento de alergias e de reações adversas devido à sua utilização tópica.</p><p>Contudo, há a reportar alguns casos em que se verificou o desenvolvimento de uma</p><p>dermatite de contacto disseminada e do desenvolvimento de uma alergia com o</p><p>aparecimento de urticária após a utilização do gel de Aloe vera.</p><p>Para extrair este gel são necessárias técnicas de processamento apropriadas</p><p>e atualmente há muitos estudos que se debruçam sobre a estabilidade, segurança e</p><p>toxicidade do produto acabado. As indústrias envolvidas neste processo são em</p><p>muitos países alvo de vigilância apertada e aos produtos com fins terapêuticos são</p><p>exigidos estudos com dados clínicos autênticos e aprovados. Esta indústria está em</p><p>rápida expansão e necessita de estabelecer protocolos de controlo do produto</p><p>32</p><p>‘</p><p>acabado que assegurem a qualidade e a quantidade de compostos bioativos nos</p><p>produtos finais.</p><p>7. Aplicações práticas das plantas emolientes e protetoras</p><p>em úlceras de pressão e na engenharia de tecidos</p><p>Verifica-se de facto, que os glicerídeos com ácidos gordos essenciais, na sua</p><p>maioria polinsaturados, são capazes de restaurar a barreira epidérmica (Rocha,</p><p>2005). Atualmente, existe uma formulação para prevenção e tratamento de úlceras</p><p>de pressão de grau I cuja composição consiste em glicéridos de ácido linoleico, ácido</p><p>oleico, ácido palmítico, ácido esteárico, ácido palmitoleico, ácido mirístico, ácido</p><p>gadoleico, ácido behénico, ácido aráquico, ácido linolénico, tocoferóis, aloé vera e</p><p>centelha asiática.</p><p>Novos estudos na área dos polímeros de origem natural e da engenharia de</p><p>tecidos consideram o desenvolvimento de um hidrogel com Aloé vera e alginatos,</p><p>capaz de formar um filme biodegradável muito útil no tratamento de feridas e úlceras</p><p>com ou sem exsudado (Pereira, 2013).</p><p>7.1 Preparações para o tratamento de feridas e úlceras</p><p>São vários os produtos naturais utilizados desde a antiguidade para o</p><p>tratamento de feridas, tais como o mel, as resinas hipertónicas ricas em enzimas, as</p><p>tiras adesivas, os fios de linho para sutura, etc. De facto, as plantas podem ter um</p><p>elevado contributo neste campo, uma vez que delas se extraem diversas matérias –</p><p>primas ou constituintes com ação terapêutica útil em diversas áreas que envolvem o</p><p>tratamento de feridas e úlceras (Vieira et al., 2008).</p><p>As úlceras afetam indivíduos com um historial de doenças venosas, com idade</p><p>avançada, imobilizados ou após traumas. Esta patologia tem elevada morbilidade, o</p><p>seu tratamento é complexo e com elevados custos para o Sistema Nacional de Saúde</p><p>(SNS). A maior parte das úlceras são venosas e aparecem porque a epiderme e a</p><p>derme deixam de receber nutrientes e oxigénio. As suas causas podem ser variadas,</p><p>desde a acumulação de material fibrinoso à volta dos vasos sanguíneos ou na</p><p>consequência de edemas. O seu tratamento passa pela limpeza e pela utilização de</p><p>materiais absorventes como os alginatos e a carboximetilcelulose. Por vezes há um</p><p>33</p><p>‘</p><p>odor associado e nos piores casos, pode haver a colonização da ferida por bactérias</p><p>(Rocha, 2005).</p><p>Existem ainda, as úlceras arteriais que resultam de má circulação periférica</p><p>devido a situações diversas como casos de aterosclerose ou de vasculite. A obstrução</p><p>arterial é acompanhada de dor. Os diabéticos e os indivíduos imobilizados</p><p>desenvolvem muitas vezes úlceras de pressão. Nestas lesões, torna-se muito</p><p>importante considerar a localização do tecido lesado, a etiologia, a profundidade e a</p><p>aparência para classificar em feridas não exsudativas, exsudativas ou mistas e poder</p><p>optar por constituintes ativos comas características certas (Rocha, 2005). Em</p><p>seguida, apresenta-se um conjunto das principais plantas utilizadas em preparações</p><p>para o tratamento de feridas e úlceras por conterem entre outros, os asiaticósidos, os</p><p>taninos e a alantoína.</p><p>8. Princípios de terapia dermatológica tópica</p><p>Tratamentos dermatológicos tópicos são agrupados de acordo com suas funções</p><p>terapêuticas e incluem:</p><p> Limpeza</p><p> Umectantes</p><p> Secantes</p><p> Anti-inflamatórios</p><p> Antimicrobianos</p><p> Queratolítico</p><p> Adstringentes</p><p> Antiprurigino</p><p>Agentes de limpeza</p><p>Os principais agentes de limpeza são sabões, detergentes e solventes. Os sabões</p><p>são os mais populares, mas também são usados detergentes sintéticos. Xampus de</p><p>bebê normalmente são bem tolerados ao redor dos olhos e para limpeza de</p><p>ferimentos e abrasões; são úteis para remover crostas e escamas em casos de</p><p>psoríase, eczema e outras formas de dermatite. Contudo, lesões agudamente</p><p>irritadas ou exsudativas são limpas de maneira mais eficaz com água ou solução</p><p>salina.</p><p>Água é o principal solvente para limpeza. Os solventes orgânicos (p. ex., acetona,</p><p>produtos da vaselina, propilenoglicol) são muito secantes, podem ser irritantes e</p><p>34</p><p>causar dermatite de contato irritativa ou, menos comum, alérgica. A remoção de</p><p>cosméticos secos e alcatrão endurecido da pele requer pomada à base de vaselina</p><p>ou um produto comercial de limpeza sem água.</p><p>Agentes umectantes</p><p>Os umidificantes (emolientes) restauram a água e o óleo da pele e ajudam a manter</p><p>a hidratação da pele. Eles contêm glicerina, óleo mineral ou vaselina e estão</p><p>disponíveis como loções, cremes, pomadas e óleos de banho. Os umectantes mais</p><p>potentes contêm ureia a 2%, ácido láctico de 5 a 12% e ácido glicólico a 10%</p><p>(concentrações mais altas do ácido glicólico são usadas como queratolíticos, p. ex.,</p><p>na ictiose). São mais eficazes quando aplicados com a pele já umedecida (após o</p><p>banho). Cremes refrigerantes são emulsões de venda livre de óleos (p. ex., cera de</p><p>abelha) e água.</p><p>Agentes secantes</p><p>A excessiva umidade em áreas intertriginosas (entre os artelhos; no sulco</p><p>interglúteo, axilas, virilhas e dobras inframamárias) pode causar irritação e</p><p>maceração. Os pós secam a pele macerada e reduzem a fricção, absorvendo a</p><p>umidade. Contudo, alguns pós tendem a formar grumos e podem ser irritantes ao</p><p>se umedecerem. O amido de milho (Maisena®) e o talco são muito usados. Embora</p><p>o talco seja mais eficaz, pode causar granulomas se inalado e não é mais utilizado</p><p>em talcos para bebês. O amido de milho pode ocasionar crescimento de fungos. As</p><p>soluções de cloreto de alumínio representam outro tipo de agentes secantes</p><p>(frequentemente úteis em casos de hiperidrose). Pós superabsorventes (pós</p><p>extremamente absorventes) são às vezes necessários para secar áreas muito</p><p>úmidas (p. ex., para tratar intertrigo).</p><p>Agentes anti-inflamatórios</p><p>Os agentes tópicos anti-inflamatórios são corticoides ou não corticoides.</p><p>Os corticoides são o esteio do tratamento da maioria das dermatoses não</p><p>infecciosas inflamatórias. As loções são úteis em áreas intertriginosas e na face. Os</p><p>géis são úteis no couro cabeludo e em dermatite de contato. Os cremes são usados</p><p>https://www.msdmanuals.com/pt/profissional/dist%C3%BArbios-dermatol%C3%B3gicos/dist%C3%BArbios-da-queratiniza%C3%A7%C3%A3o/ictiose#v960869_pt</p><p>https://www.msdmanuals.com/pt/profissional/dist%C3%BArbios-dermatol%C3%B3gicos/doen%C3%A7as-relacionadas-com-o-suor/hiperidrose#v963365_pt</p><p>35</p><p>na face e em áreas intertriginosas e no tratamento das dermatoses inflamatórias. As</p><p>pomadas são úteis em áreas secas descamativas e quando se requer maior</p><p>potência. Fita impregnada com corticosteroide é útil para proteger uma área contra</p><p>escoriações. Ela também aumenta a absorção do corticoide e, portanto, sua</p><p>potência.</p><p>A amplitude de potência dos corticoides tópicos varia de leve (classe VII) a</p><p>superpotente (classe I — Potência relativa dos corticoides tópicos selecionados). As</p><p>diferenças intrínsecas quanto à potência são atribuíveis à fluoração ou cloração</p><p>(halogenação) do composto.</p><p>Em geral, são aplicados 2 a 3 vezes/dia, mas os de alta potência devem ser</p><p>aplicados somente 1 vez/dia ou até com menos frequência. A maioria das dermatoses</p><p>é tratada com formulações de média a alta potência; formulações leves são mais</p><p>indicadas em inflamações moderadas e para uso na face ou em áreas intertriginosas,</p><p>nas quais a absorção sistêmica e efeitos adversos locais são mais prováveis. Todos</p><p>os agentes podem causar atrofia cutânea local, estrias e erupções acneiformes</p><p>quando usados por > 1 mês. Esse efeito</p><p>é particularmente problemático na pele fina</p><p>da face e genitais. Os corticoides também promovem o crescimento de fungos. A</p><p>dermatite de contato causada pelos conservantes e/ou aditivos também é comum</p><p>com o uso prolongado. Pode ocorrer dermatite de contato causada pelo próprio</p><p>corticoide. A dermatite perioral surge com formulações de média e de alta potência</p><p>quando utilizadas na face, mas não é comum com as formulações leves. As</p><p>formulações de alta potência podem causar supressão da suprarrenal em crianças,</p><p>em áreas extensas da pele ou por período prolongado. As contraindicações relativas</p><p>incluem condições em que infecções latentes tenham um papel subjacente e nas</p><p>doenças acneiformes.</p><p>Os agentes não corticoides anti-inflamatórios compreendem as preparações</p><p>com alcatrão. O alcatrão vem na forma de coaltar e é indicado em casos de psoríase.</p><p>Os efeitos adversos são: irritação, foliculite, tingimento de roupas e móveis e</p><p>fotossensibilização. As contraindicações são as infecções cutâneas. Diversos</p><p>fitoterápicos são com frequência usados em produtos comerciais, apesar de sua</p><p>eficácia não estar bem estabelecida. Entre os mais populares encontramos a</p><p>camomila e a calêndula.</p><p>https://www.msdmanuals.com/pt/profissional/dist%C3%BArbios-dermatol%C3%B3gicos/princ%C3%ADpios-de-terapia-dermatol%C3%B3gica-t%C3%B3pica/princ%C3%ADpios-de-terapia-dermatol%C3%B3gica-t%C3%B3pica#v959654_pt</p><p>36</p><p> Antimicrobianos</p><p> Os antimicrobianos</p><p>tópicos abrangem:</p><p> Antibióticos</p><p> Antifúngicos</p><p> Inseticidas</p><p>Agentes antissépticos inespecíficos</p><p>Os antibióticos tópicos têm poucas indicações. Clindamicina e eritromicina</p><p>tópicas são utilizadas como tratamento principal ou coadjuvante para acne vulgar em</p><p>pacientes que não desejam ou toleram antibióticos orais. Metronidazol tópico e,</p><p>ocasionalmente, sulfacetamida, clindamicina ou eritromicina tópicos são usados para</p><p>rosácea. A mupirocina tem uma excelente cobertura para Gram-positivos</p><p>(principalmente, Staphylococcus aureus e Streptococcus) e pode ser usada no</p><p>tratamento do impetigo quando os tecidos profundos não estão afetados.</p><p>Antibióticos tópicos de venda livre como bacitracina e polimixina foram</p><p>substituídos por petrolato tópico para cuidado pós-operatório após biópsia de pele e</p><p>para prevenir infecções em pequenas queimaduras, esfoladuras e escoriações.</p><p>Petrolato tópico é tão eficaz quanto os antibióticos tópicos e não causa dermatite de</p><p>contato, que esses antibióticos, especialmente neomicina tópica, podem causar. Além</p><p>disso, o uso de antibióticos tópicos e a limpeza com sabões antissépticos em</p><p>ferimentos em fase de cicatrização podem de fato retardar a cicatrização.</p><p>Os antifúngicos são indicados no tratamento da candidíase, em uma grande</p><p>variedade de dermatofitoses e outras infecções fúngicas (Opções para tratamento</p><p>das infecções fúngicas superficiais*).</p><p>Inseticidas (p. ex., permetrina, malation) são utilizados para o tratamento de piolhos</p><p>e escabiose (Opções de tratamento para piolhos) e (Opções de tratamento para</p><p>escabiose).</p><p>Agentes antissépticos inespecíficos incluem as soluções iodadas (p. ex., povidona-</p><p>iodo, clioquinol), violeta de genciana, preparações com prata (p. ex., nitrato de prata,</p><p>sulfadiazina de prata) e zinco piritiona. O iodo é indicado como preparado pré-</p><p>cirúrgico da pele. Usa-se violeta de genciana quando há necessidade de um</p><p>antisséptico/antimicrobiano químico, fisicamente estável e barato. As preparações</p><p>com prata são eficazes no tratamento de queimaduras e úlceras, tendo forte atividade</p><p>antimicrobiana; diversos curativos para feridas são impregnados com prata. O</p><p>37</p><p>piritionato de zinco é antifúngico e um componente comum de xampus para o</p><p>tratamento da descamação por psoríase ou dermatite seborreica. As feridas em</p><p>cicatrização devem, em geral, ser tratadas com prata e não com outros antissépticos</p><p>tópicos, pois estes são irritativos e tendem a destruir o frágil tecido de granulação.</p><p>Queratolíticos</p><p>Suavizam e facilitam a esfoliação das células epidérmicas. São exemplos:</p><p>ácido salicílico de 3 a 6% e ureia. O ácido salicílico é indicado em casos de psoríase,</p><p>dermatite seborreica, acne e verrugas. Os efeitos adversos são queimação e, se</p><p>grandes áreas são tratadas, toxicidade sistêmica. Raramente deve ser usado em</p><p>recém-nascidos e crianças. A ureia é indicada nas ceratodermias plantares e ictiose.</p><p>Os efeitos adversos são irritação e queimação intratáveis. Não deve ser aplicada em</p><p>grandes superfícies cutâneas.</p><p>Adstringentes</p><p>Adstringentes são agentes secantes que precipitam proteínas e enrugam e</p><p>contraem a pele. Os adstringentes mais comumente utilizados são acetato de</p><p>alumínio (solução de Burow) e sulfato de alumínio associado a acetato de cálcio</p><p>(solução de Domeboro). Em geral são aplicados em curativos e compressas, por</p><p>serem adstringentes são indicados em eczema, lesões exsudativas da pele e úlceras</p><p>com pressão muito alta. A água de hamamélis também é um adstringente popular de</p><p>venda livre.</p><p>Antipruriginosos</p><p>Doxepina é um anti-histamínico tópico eficaz para o prurido na dermatite</p><p>atópica, líquen simples crônico e eczema numular. Benzocaína tópica e difenidramina</p><p>(presente em algumas loções comerciais de venda livre) são sensibilizantes e não</p><p>recomendadas. Outros antipruriginosos são: cânfora de 0,5 a 3%, mentol de 0,1 a</p><p>0,2%, cloridrato de pramoxina e EMLA, que contém partes iguais de lidocaína e</p><p>prilocaína em um veículo de óleo em água. Os antipruriginosos tópicos são preferíveis</p><p>aos sistêmicos (como os anti-histamínicos orais) em pequenas áreas da pele afetadas</p><p>e o prurido não é intratável. Loção de calamina é calmante, mas não especificamente</p><p>antipruriginosa.</p><p>38</p><p>Para certos tratamentos tópicos, a terapia bem sucedida também pode depender</p><p>do</p><p> Veículo com o qual um agente é formulado</p><p> Tipo de curativo usado</p><p>Veículos</p><p>As terapias tópicas podem ser realizadas por meio de vários veículos, incluindo</p><p> Pós</p><p> Líquidos</p><p> Combinação de líquido e óleo.</p><p>O veículo influencia a eficácia terapêutica e pode até causar efeitos adversos (p.</p><p>ex., dermatite de contato ou irritativa). Em geral, preparações aquosas e à base de</p><p>álcool são secantes devido à evaporação do líquido e usadas em condições</p><p>inflamatórias agudas. Pós também são secantes. As preparações à base de óleo</p><p>são emolientes e preferidas em casos de inflamações crônicas. A escolha do veículo</p><p>depende do local de aplicação, efeitos estéticos e conveniência.</p><p>Pós</p><p>Pós inertes podem ser misturados com agentes ativos (p. ex., antifúngicos) para</p><p>liberar a droga terapêutica. São prescritos para lesões em áreas úmidas ou</p><p>intertriginosas.</p><p>Líquidos</p><p>Os veículos líquidos abrangem</p><p> Banhos e compressas</p><p> Espumas</p><p> Soluções</p><p> Loções</p><p> Géis</p><p>Os banhos e compressas são utilizados quando o tratamento precisa ser aplicado</p><p>em grandes áreas, como em extensa dermatite de contato ou dermatite atópica.</p><p>Espumas são preparações emolientes em aerossol ou à base de álcool. Elas</p><p>tendem a ser rapidamente absorvidas e podem ser ótimas para áreas do corpo com</p><p>pelos.</p><p>https://www.msdmanuals.com/pt/profissional/dist%C3%BArbios-dermatol%C3%B3gicos/princ%C3%ADpios-de-terapia-dermatol%C3%B3gica-t%C3%B3pica/princ%C3%ADpios-de-terapia-dermatol%C3%B3gica-t%C3%B3pica#v959564_pt</p><p>https://www.msdmanuals.com/pt/profissional/dist%C3%BArbios-dermatol%C3%B3gicos/dermatite/dermatite-de-contato#v961452_pt</p><p>https://www.msdmanuals.com/pt/profissional/dist%C3%BArbios-dermatol%C3%B3gicos/dermatite/dermatite-at%C3%B3pica-eczema#v961092_pt</p><p>39</p><p>Soluções são ingredientes dissolvidos em solvente, em geral álcool etílico,</p><p>propilenoglicol, polietilenoglicol ou água. As soluções são convenientemente usadas</p><p>em aplicações (principalmente nas doenças do couro cabeludo, como psoríase ou</p><p>seborreia), mas tendem a ser secantes. Duas soluções comuns são as de Burow e</p><p>Domeboro.</p><p>As loções são emulsões à base de água. São facilmente</p>