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<p>1</p><p>LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS II</p><p>Bárbara Neves Salviano de Paula</p><p>2</p><p>Bárbara Neves Salviano de Paula</p><p>Doutora em Linguística Aplicada, atualmente atua como professora da Faculdade de</p><p>Educação da Universidade de São Paulo (USP) no campo do ensino de Libras e como</p><p>professora de Língua Portuguesa da rede municipal de ensino. Tem experiência como</p><p>professora do ensino superior na Faculdade de Letras da UFMG, como analista e</p><p>conteudista de material didático para a Federação Nacional de Educação e Integração</p><p>dos Surdos (Feneis) de Minas Gerais, bem como para plataformas digitais e como</p><p>lexicógrafa de Projetos de Pesquisa da categoria BIC-Jr do Centro Federal de Educação</p><p>Tecnológica de Minas Gerais- CEFET/MG. É autora da proposta lexicográfica do primeiro</p><p>dicionário geral de língua Português/Libras/Português.</p><p>LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS II</p><p>1ª edição</p><p>Ipatinga – MG</p><p>2024</p><p>3</p><p>FACULDADE ÚNICA EDITORIAL</p><p>Diretor Geral: Valdir Henrique Valério</p><p>Diretor Executivo: William José Ferreira</p><p>Ger. do Núcleo de Educação a Distância: Cristiane Lelis dos Santos</p><p>Coord. Pedag. da Equipe Multidisciplinar: Gilvânia Barcelos Dias Teixeira</p><p>Revisão Gramatical e Ortográfica: Izabel Cristina da Costa</p><p>Revisão/Diagramação/Estruturação: Lorena Oliveira Silva Portugal</p><p>Bruna Luiza Mendes Leite</p><p>Design: Bárbara Carla Amorim O. Silva</p><p>Élen Cristina Teixeira Oliveira</p><p>Cristiano Soares Andrade</p><p>© 2024, Faculdade Única.</p><p>Este livro ou parte dele não podem ser reproduzidos por qualquer meio sem Autorização</p><p>escrita do Editor.</p><p>Ficha catalográfica elaborada pela bibliotecária Melina Lacerda Vaz CRB – 6/2920.</p><p>NEaD – Núcleo de Educação a Distância FACULDADE ÚNICA</p><p>Rua Salermo, 299</p><p>Anexo 03 – Bairro Bethânia – CEP: 35164-779 – Ipatinga/MG</p><p>Tel (31) 2109 -2300 – 0800 724 2300</p><p>www.faculdadeunica.com.br</p><p>http://www.faculdadeunica.com.br/</p><p>4</p><p>Menu de Ícones</p><p>Com o intuito de facilitar o seu estudo e uma melhor compreensão do conteúdo</p><p>aplicado ao longo do livro didático, você irá encontrar ícones ao lado dos textos. Eles</p><p>são para chamar a sua atenção para determinado trecho do conteúdo, cada um</p><p>com uma função específica, mostradas a seguir:</p><p>São sugestões de links para vídeos, documentos científicos</p><p>(artigos, monografias, dissertações e teses), sites ou links das</p><p>Bibliotecas Virtuais (Minha Biblioteca e Biblioteca Pearson)</p><p>relacionados com o conteúdo abordado.</p><p>Trata-se dos conceitos, definições ou afirmações</p><p>importantes nas quais você deve ter um maior grau de</p><p>atenção!</p><p>São exercícios de fixação do conteúdo abordado em cada</p><p>unidade do livro.</p><p>São para o esclarecimento do significado de determinados</p><p>termos/palavras mostradas ao longo do livro.</p><p>Este espaço é destinado para a reflexão sobre questões</p><p>citadas em cada unidade, associando-o a suas ações, seja</p><p>no ambiente profissional ou em seu cotidiano.</p><p>5</p><p>SUMÁRIO</p><p>A COMPETÊNCIA COMUNICATIVA ................................................................................ 8</p><p>O QUE É COMPETÊNCIA COMUNICATIVA ........................................................................... 8</p><p>TIPOS TEXTUAIS ................................................................................................................. 13</p><p>1.2.1 A Narrativa .......................................................................................................... 15</p><p>1.2.2 A Descritiva ......................................................................................................... 16</p><p>1.2.3 O dissertativo-argumentativo ........................................................................ 18</p><p>TIPOS TEXTUAIS NO ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA COMO L2 PARA SURDOS ................ 20</p><p>FIXANDO CONTEÚDO ..................................................................................................... 27</p><p>LIBRAS EM FOCO I ............................................................................................................32</p><p>PRONOMES PESSOAIS....................................................................................................... 32</p><p>PRONOMES POSSESSIVOS ................................................................................................. 39</p><p>FAMÍLIA ........................................................................................................................... 42</p><p>APLICAÇÃO PRÁTICA ...................................................................................................... 49</p><p>2.4.1 Atividade 1 .......................................................................................................... 49</p><p>2.4.2 Atividade 2 .......................................................................................................... 49</p><p>2.4.3 Atividade 3 .......................................................................................................... 50</p><p>2.4.4 Atividade 4 .......................................................................................................... 51</p><p>FIXANDO CONTEÚDO ..................................................................................................... 53</p><p>ESTUDO DO LÉXICO .........................................................................................................58</p><p>O LÉXICO DAS LÍNGUAS DE SINAIS (LS) ............................................................................ 58</p><p>A LEXICOLOGIA DAS LS ................................................................................................... 61</p><p>A LEXICOGRAFIA DAS LS ................................................................................................. 65</p><p>A TERMINOLOGIA DAS LS ................................................................................................ 71</p><p>FIXANDO CONTEÚDO ..................................................................................................... 75</p><p>LIBRAS EM FOCO II ...........................................................................................................80</p><p>LOCALIZAÇÃO ................................................................................................................. 80</p><p>4.1.1 Lugares públicos ................................................................................................ 83</p><p>4.1.2 Os cômodos da casa ...................................................................................... 85</p><p>PRONOMES DEMONSTRATIVOS ......................................................................................... 86</p><p>PREPOSIÇÕES/LOCUÇÕES PREPOSITIVAS DE LUGAR ......................................................... 91</p><p>APLICAÇÃO PRÁTICA ...................................................................................................... 93</p><p>4.4.1 Atividade 1 .......................................................................................................... 93</p><p>4.4.2 Atividade 2 .......................................................................................................... 94</p><p>4.4.3 Atividade 3 .......................................................................................................... 95</p><p>4.4.4 Atividade 4 .......................................................................................................... 96</p><p>FIXANDO CONTEÚDO ..................................................................................................... 98</p><p>AS EXPRESSÕES NÃO MANUAIS (ENM) ...................................................................... 102</p><p>O USO DAS ENM NA LIBRAS E SEUS ASPECTOS GRAMATICAIS ........................................ 102</p><p>espaciais e icônicas dos sinais.</p><p>d) os pronomes são configurações de mãos que, relacionadas à pessoa, animal e</p><p>objeto, não funcionam como marcadores de concordância.</p><p>e) os pronomes possessivos, como os pessoais e os demonstrativos, não possuem</p><p>marca para gênero e estão relacionados às pessoas do discurso e não ao objeto</p><p>possuído.</p><p>54</p><p>4. A produção de sinais com prefixação referente à concordância de gênero se dá</p><p>pelo processo</p><p>a) de composição.</p><p>b) de classificação.</p><p>c) de iconicidade.</p><p>d) de arbitrariedade.</p><p>e) de gramaticalização.</p><p>5. Os sinais abaixo significam, respectivamente:</p><p>I) II)</p><p>a) I) gênero feminino e II) tia</p><p>b) I) mãe e II) sobrinha</p><p>c) I) avó e II) neto</p><p>d) I) pai e II) tio</p><p>e) Nenhuma das alternativas.</p><p>6. (Prefeitura de Itambaracá/2020 – adaptada) - Leia o texto para responder a</p><p>questão:</p><p>E se a 2ª Guerra Mundial não tivesse acontecido?</p><p>Sem a fundação da ONU e a invenção da bomba atômica para evitar a eclosão de</p><p>um conflito entre potências, o mundo seria um lugar mais violento</p><p>Por Fábio Marton</p><p>Para que a 2ª Guerra não tivesse acontecido, bastaria uma traição. E nem seria a</p><p>primeira: embora França e Reino Unido fossem aliados da Tchecoslováquia no papel,</p><p>55</p><p>não reagiram quando Hitler começou a ocupação do país, em 1938. O estopim do</p><p>conflito veio só em setembro de 1939, quando as duas potências fizeram valer sua</p><p>aliança com a Polônia e declararam guerra à Alemanha – mas não à União Soviética,</p><p>que fechou com o Führer para invadir seu quinhão de território polonês pelo outro</p><p>lado.</p><p>Hitler não tinha muito interesse em avançar rumo ao Oeste: considerava os britânicos</p><p>colegas arianos, possíveis aliados. E não faltavam fãs de Hitler entre os anglo-saxões:</p><p>o parlamentar Edward Mosley, na Inglaterra, criou a União Nacional dos Fascistas e o</p><p>herói nacional Charles Lindenberg, nos EUA, usou sua fama como primeiro aviador a</p><p>cruzar o Atlântico para defender pautas de extrema direita.</p><p>Ficaríamos, então, com uma guerra entre alemães e soviéticos em 1941, quando Hitler</p><p>rasgou o acordo Molotov-Ribbentrop, de 1939, que permitiu a divisão da Polônia.</p><p>Quem venceria? Na vida real, a URSS aniquilou a Alemanha pelo front leste e foi a</p><p>principal responsável pela vitória aliada.</p><p>A questão é que os soviéticos não teriam conseguido sozinhos. Eles tiveram acesso a</p><p>material bélico americano e britânico e os nazistas perderam força quando foram</p><p>obrigados a lutar em frentes múltiplas após a invasão da Itália, em 1943, e o Dia D,</p><p>em 1944. Além disso, os japoneses deixaram os alemães em desvantagem sem querer</p><p>quando dedicaram todas as suas atenções ao conflito contra os EUA no Pacífico em</p><p>vez de invadir a URSS pela Sibéria.</p><p>O ataque a Pearl Harbor é considerado pela maioria dos historiadores um erro</p><p>estratégico crasso – ao contrário do que os líderes japoneses cogitaram, os EUA não</p><p>pretendiam atacar o Japão. A opinião pública americana se opunha à guerra, e se</p><p>oporia ainda mais caso França e Reino Unido tivessem permanecido neutros.[...]</p><p>Disponível em: https://bit.ly/3B3NQwl.</p><p>No quarto parágrafo, o pronome sublinhado retoma:</p><p>a) os soviéticos.</p><p>b) os alemães.</p><p>c) os japoneses.</p><p>d) os nazistas.</p><p>https://bit.ly/3B3NQwl</p><p>56</p><p>e) os americanos.</p><p>7. Associe a primeira coluna com a segunda.</p><p>( 1 ) sinal referente à indicação do gênero masculino.</p><p>( 2 ) sinal referente ao verbo casar e também à raiz do substantivo referente ao</p><p>cônjuge.</p><p>( 3 ) sinal referente ao substantivo bebê.</p><p>( 4 ) sinal referente ao substantivo mulher.</p><p>( )</p><p>Fonte: https://bit.ly/2Y8ScEp.</p><p>( )</p><p>Fonte: https://bit.ly/39Y1Z29.</p><p>( )</p><p>Fonte: https://bit.ly/3mkugWD.</p><p>https://bit.ly/2Y8ScEp</p><p>https://bit.ly/39Y1Z29</p><p>https://bit.ly/3mkugWD</p><p>57</p><p>( )</p><p>Fonte: https://bit.ly/3B0rvzD.</p><p>Será a resposta correta a seguinte sequência:</p><p>a) 3 – 1 – 2 – 4.</p><p>b) 2 – 4 – 3 – 1.</p><p>c) 3 – 4 – 2 – 1.</p><p>d) 1 – 2 – 4 – 3.</p><p>e) 4 – 3 – 1 – 2.</p><p>8. A tradução para a frase abaixo sinalizada é:</p><p>a) minha prima tem 20 anos de idade.</p><p>b) minha tia está com 29 anos de idade.</p><p>c) eu tenho uma tia com 26 anos de idade.</p><p>d) meu primo tem 20 anos de idade.</p><p>e) eu tenho um tio que tem 29 anos de idade.</p><p>https://bit.ly/3B0rvzD</p><p>58</p><p>ESTUDO DO LÉXICO</p><p>O LÉXICO DAS LÍNGUAS DE SINAIS (LS)</p><p>O estudo do léxico data dos primórdios. Por isso, a definição de léxico é</p><p>retratada por diversos autores, cada um indicando aspectos que lhes parecem mais</p><p>pertinentes a considerar. Faremos, a seguir, um apanhado com algumas das reflexões</p><p>acerca dessa conceitualização, a fim de elucidar o tema desta unidade.</p><p>O léxico duma língua seria o conjunto das unidades submetidas às</p><p>regras da gramática dessa língua, sendo a conjunção da gramática</p><p>e do léxico necessária e suficiente à produção (codificação) ou à</p><p>compreensão (descodificação) das frases duma língua. (REY-DEBOVE,</p><p>1984, p. 46)</p><p>Rey-Debove (1984) especifica o léxico como a completude das unidades da</p><p>língua que estão construídas de acordo com a norma culta daquele idioma. São</p><p>essas unidades que constituirão as estruturas linguísticas e comunicativas da</p><p>sociedade falante de tal língua. Basílio (2011) concorda que é através do léxico que</p><p>a construção de enunciados se dá. Ela acrescenta, ainda, a função do léxico:</p><p>designar e categorizar os elementos do mundo apontando-os ao âmbito da</p><p>linguagem.</p><p>O léxico é uma espécie de banco de dados previamente</p><p>classificados, um depósito de elementos de designação, o qual</p><p>fornece unidades básicas para a construção de enunciados. O léxico,</p><p>portanto, categoriza as coisas sobre as quais queremos nos</p><p>comunicar, fornecendo unidades de designação, as palavras, que</p><p>utilizamos na construção de enunciados. (BASÍLIO, 2011, p. 9)</p><p>Analisamos, abaixo, as palavras de Correia (2011) no que diz respeito à</p><p>definição de léxico. Encontramos ali a menção coincidente de léxico como conjunto</p><p>das palavras de uma língua. A autora nos indica que nesse conjunto estão tanto as</p><p>59</p><p>novas unidades como as lexias arcaicas. Por último, temos o apontamento que os</p><p>elementos gramaticais formadores de palavras também são considerados parte do</p><p>léxico.</p><p>O léxico de uma língua é o conjunto virtual de todas as palavras de</p><p>uma língua, isto é, o conjunto de todas as palavras da língua, as</p><p>neológicas e as que caíram em desuso, as atestadas e aquelas que</p><p>são possíveis tendo em conta as regras e os processos de construção</p><p>de palavras. O léxico inclui, ainda, os elementos que usamos para</p><p>construir novas palavras: prefixos, sufixos, radicais simples ou</p><p>complexos. (CORREIA, 2011, p.227)</p><p>Percebemos, portanto, na definição de léxico, o prevalecimento de conceitos</p><p>comuns como, por exemplo, ser o conjunto de unidades da língua e o responsável</p><p>pela construção de enunciados que possibilitam uma comunicação eficiente.</p><p>Haensch et al. (1982) já indicavam unidade nas definições e também descreveram</p><p>seu conceito de léxico como o conjunto das unidades formadoras do discurso, seja</p><p>no âmbito individual ou no coletivo.</p><p>Entre as diversas definições de 'léxico' existem pontos comuns, já que</p><p>sempre se define ‘léxico’ como um conjunto de significantes verbais</p><p>ou de signos [...] que estão acima do nível de distinção e que podem</p><p>servir de partes componentes de proposições e textos. Para maior</p><p>clareza da definição, decidiremos aqui pela solução que consiste em</p><p>eliminar elementos linguísticos do conjunto de todos os elementos que</p><p>pertençam à linguagem: se excluímos os grupos de fatores ‘conteúdo’</p><p>e 'situação de comunicação’ (fatores relevantes para o ato de</p><p>comunicação), nós temos o conjunto de significantes. Se, além disso,</p><p>dispensarmos todos os significantes não verbais, teremos o conjunto de</p><p>significantes verbais. Além disso, excluiremos a distinção e as regras</p><p>relativas à combinação de significantes. Após essa múltipla</p><p>eliminação de elementos, temos como definição do léxico 'o conjunto</p><p>de monemas e sinmonemas' do discurso individual, do discurso</p><p>coletivo, do sistema linguístico individual ou do sistema linguístico</p><p>coletivo. (HAENSCH et al., 1982, p. 91. Tradução nossa)</p><p>As definições de léxico deixam claro sua importância para as comunidades</p><p>linguísticas. São as ciências do léxico que retratam e conduzem as estruturas</p><p>linguísticas e comunicativas de uma sociedade.</p><p>60</p><p>A análise e constituição dos enunciados de uma língua se dão através do</p><p>léxico. Portanto, não existe comunicação sem léxico. Não existe comunidade</p><p>linguística que não esteja embasada sobre as ciências do léxico.</p><p>Voltar os estudos lexicais para o âmbito das línguas de sinais reforça-as como</p><p>línguas legítimas e confirma que as ciências do léxico são válidas para qualquer</p><p>modalidade de língua: sejam as orais auditivas ou as visuais espaciais.</p><p>Conforme definições já trazidas, podemos afirmar que há, nas línguas de sinais,</p><p>legitimidade nos seus vocábulos e nos processos de formação de palavras.</p><p>Na compreensão mais comum de léxico como sendo, não apenas as palavras</p><p>que compõe o inventário de uma língua, mas também as regras gerais dessa língua</p><p>que permitem a formação de novos itens, posicionamos o léxico da Libras nesta</p><p>categoria.</p><p>Os recursos para que o rol vocabular de uma língua continue a se renovar a</p><p>partir do momento que seja necessária a criação de novas lexias são campo de</p><p>estudo das ciências do léxico.</p><p>Igualmente ao que acontece nas línguas orais, nas línguas de sinais as</p><p>unidades lexicais compõem-se de morfemas que se unem na formação das palavras.</p><p>Anteriormente a esse processo, no entanto, é preciso considerar a existência</p><p>do fonema. Lemos a definição de fonema em Quadros e Karnopp (2004, p.18):</p><p>“[fonemas] são segmentos usados para distinguir palavras quanto ao seu significado,</p><p>através de traços distintivos.” Assim, a Fonologia, a partir dos fonemas, é explicativa</p><p>e interpretativa no sentido de que “a análise fonológica busca o valor dos sons em</p><p>https://bit.ly/3mk7QEG</p><p>61</p><p>uma língua, ou seja, sua função linguística (Massini-Cagliari e Cagliari, 2001, p.106).”</p><p>(QUADROS; KARNOPP, 2004, p.18).</p><p>Nesse sentido, baseando-nos nos estudos de Willian Stokoe, na década</p><p>de 60, passamos a especificar as unidades mínimas, os fonemas, na formação de</p><p>palavras das línguas de sinais.</p><p>A Fonética e a Fonologia são áreas da Linguística que têm por finalidade</p><p>pesquisar e descrever as unidades mínimas distintivas de significado nas quais as</p><p>palavras e/ou enunciados de uma língua podem ser decompostas. A fonética</p><p>descreve as propriedades articulatórias e perceptivas das unidades mínimas, ou seja,</p><p>os aspectos físicos dos sinais. A fonologia determina a estrutura e a forma como essas</p><p>mínimas partículas podem ser organizadas e combinadas.</p><p>Assim, a partir dos parâmetros fonológicos da Libras, as relações lexicais são</p><p>evidenciadas, por exemplo, pelos processos de formação de palavras. Tais relações</p><p>descrevem o léxico real da Libras e definem seu léxico virtual.</p><p>Conforme o trabalho de Nascimento (2009), o fundo lexical da Libras,</p><p>isto é, os recursos linguísticos identificados nessa língua para construções e ampliação</p><p>de seus vocábulos, inclui os parâmetros fonológicos, classificadores, empréstimos</p><p>linguísticos, elementos prototípicos e morfemas-base. As regras abstratas</p><p>relacionadas ao fundo lexical e que estão de acordo com a origem da língua são</p><p>classificadas como léxicon.</p><p>A LEXICOLOGIA DAS LS</p><p>A partir de uma compreensão do objeto de estudo lexical, podemos</p><p>aprofundar-nos nas suas ciências; isto é, nas disciplinas que contemplam o léxico de</p><p>62</p><p>uma língua. Abbade (2011) é apenas uma dentre os inúmeros autores responsáveis</p><p>por elucidar a temática das ciências do léxico. Ela determina:</p><p>A lexicologia enquanto ciência do léxico estuda as suas diversas</p><p>relações com os outros sistemas da língua, e, sobretudo as relações</p><p>internas do próprio léxico. Essa ciência abrange diversos domínios</p><p>como a formação de palavras, a etimologia, a criação e importação</p><p>de palavras, a estatística lexical, relacionando-se necessariamente</p><p>com a fonologia, a morfologia, a sintaxe e em particular com a</p><p>semântica. (ABBADE, 2011, p.1332)</p><p>Como identificado na abordagem etimológica da palavra, a Lexicologia trata</p><p>do estudo lexical em suas diversas perspectivas. A Lexicologia conceitua os</p><p>elementos lexicais que servem como instrumentos para a Lexicografia e para a</p><p>Terminologia. Por exemplo, é a Lexicologia que determina distinções definitórias</p><p>fundamentais como a diferença entre palavra, vocábulo e lexia. É também a</p><p>Lexicologia que identifica estudos estruturais do léxico a partir de fundamentos</p><p>linguísticos e extralinguísticos.</p><p>Assim o é para as línguas orais e também no caso das línguas espaço visuais.</p><p>As considerações acerca do léxico das línguas de sinais e suas atribuições também</p><p>estão para a Lexicologia.</p><p>Os estudos de unidades lexicais, unidades polilexicais, fraseologismos,</p><p>neologismos, arcaísmos, etc. perpassam por essa área de estudo e são de extrema</p><p>importância dado que, como nos lembra Basílio (2011), ao reconhecermos a língua</p><p>tanto como sistema de classificação como sistema de comunicação, podemos</p><p>considerar o léxico diretamente relacionado a ambas as funções, já que é atuante</p><p>como banco classificatório de elementos de designação e também possibilita</p><p>construções comunicacionais.</p><p>Tomemos como exemplo os aspectos relacionados à produção de</p><p>neologismos em Libras. Sendo uma língua natural, a Libras adota todos os recursos de</p><p>linguagem identificados nas línguas orais. Um deles é a capacidade (e necessidade)</p><p>da formação de neologismos lexicais para melhor atender aos discursos</p><p>pronunciados.</p><p>63</p><p>Identificar o fator neológico e considerar suas especificidades é trabalho que</p><p>nos permite tanto confirmar as línguas de sinais como língua genuína, como também</p><p>compreender as suas demandas no âmbito da Lexicologia.</p><p>Como sistema dinâmico, o léxico é passível de extensão e dentre as estruturas</p><p>que podem sofrer alteração estão os processos de formação de palavras_ também</p><p>identificados e especificados, por exemplo, pela Morfologia.</p><p>Daí a menção assertiva da autora Abbade (2011) trazida na introdução desta</p><p>seção ao afirmar que a Lexicologia trabalhará, então, a partir de “suas diversas</p><p>relações com os outros sistemas da língua.”.</p><p>No caso das línguas de sinais, a Lexicologia também cumprirá sua função tal</p><p>qual disciplina de identificação e estudo do léxico em consonância com outros</p><p>domínios linguísticos e extralinguísticos tais quais a Morfologia, a Fonologia, a</p><p>Semântica, etc.</p><p>No que diz respeito à Morfologia, a Lexicologia poderá decodificar e</p><p>descrever, como citamos anteriormente, as construções neológicas encontradas em</p><p>circulação na comunidade surda, mas ainda não registradas em uma obra</p><p>lexicográfica. São os estudos lexicológicos que nos permitem identificar aspectos</p><p>como construções formais, semânticas e por empréstimo na elaboração e</p><p>divulgação de uma nova lexia.</p><p>Quanto à Fonologia, os cinco principais parâmetros fonológicos da Libras</p><p>podem estar associados à Lexicologia quando da sua utilização em palavras</p><p>consideradas pares mínimos, bem como nas homônimas.</p><p>Por último, o critério semântico também está atrelado aos estudos do léxico,</p><p>tendo em vista que, no reconhecimento da língua como sistema comunicativo, as</p><p>https://bit.ly/3FawaS3</p><p>64</p><p>performances linguísticas</p><p>dependem de constituintes que estão para além dos</p><p>gramaticais, como o contexto e a capacidade linguística do interlocutor.</p><p>A fim de ser plenamente compreensível, a mensagem com sua carga</p><p>semântica intencionada deve estar elaborada a partir das convenções lexicais da</p><p>comunidade linguística que compartilha dessa língua através da qual o discurso será</p><p>construído.</p><p>Isso se justifica pelo fato que o sistema lexical é plenamente eficiente para os</p><p>usuários dessa língua, o que não é verdade absoluta quando falamos do sistema</p><p>gramatical_ que tem sua eficiência relacionada a questões como grau de</p><p>escolaridade, regionalidade, classe social, competência cognitiva, etc.</p><p>Destarte, a identificação da Lexicologia e suas contribuições para o</p><p>desenvolvimento da competência do falante é essencial na formação de qualquer</p><p>indivíduo. É essa premissa que justifica surdos brasileiros continuarem a estudar a Libras</p><p>e ouvintes continuarem a estudar o Português pelo menos durante os anos de</p><p>formação escolar obrigatória.</p><p>Todos nós, embora já conheçamos as convenções lexicais e, até certo ponto,</p><p>as gramaticais próprias da nossa L1, precisamos aperfeiçoá-las tendo em vista a</p><p>constituição dinâmica do léxico. Só poderemos continuar a produzir enunciados</p><p>compreensíveis a todo tipo de interlocutor e a elucidar enunciados a nós</p><p>direcionados se mantivermos em mente o caráter ativo do léxico e, portanto, o</p><p>sustentarmos como fonte de consideração, mesmo depois de já sermos considerados</p><p>proficientes.</p><p>65</p><p>A LEXICOGRAFIA DAS LS</p><p>Para reproduzir as enunciações da comunidade linguística a ser descrita nas</p><p>obras lexicográficas, a Lexicografia atenta-se para as atividades discursivas</p><p>individuais e coletivas. Esse atributo do fazer lexicográfico nos é lembrado com</p><p>considerações relevantes sobre sua complexidade:</p><p>Para todo o domínio da descrição lexical que enfoca o estudo e a</p><p>descrição dos monemas [...] dos discursos individuais, dos discursos</p><p>coletivos, dos sistemas linguísticos individuais e dos sistemas linguísticos</p><p>coletivos, reservamos o termo ‘lexicografia’. [...] Muitas disciplinas</p><p>científicas desenvolveram uma metodologia científica própria; o</p><p>mesmo ocorreu também com a lexicografia. Aquele que se dedica a</p><p>tarefas lexicográficas de certa envergadura (sobretudo à elaboração</p><p>de dicionários) necessita amplos conhecimentos teóricos sobre as</p><p>possibilidades e pressupostos metodológicos desta atividade. Essas</p><p>premissas metodológicas repercutem, por um lado, os conhecimentos</p><p>de todos os ramos da linguística, e por outro lado, as condições e</p><p>exigências de trabalho práticas, tecnológicas e socioeconômicas.</p><p>(HAENSCH et al., 1982, p. 93. Tradução nossa.)</p><p>66</p><p>A descrição da Lexicografia feita por Haensch et al. indica o caráter científico</p><p>da mesma. De fato, a produção de obras lexicográficas deve ser tratada como</p><p>processo exclusivamente próprio àqueles que compartilham do extenso</p><p>conhecimento técnico de tal ciência tradicional e antiga.</p><p>Em tempo, Hernandéz (1989, p.6) considera a Lexicografia “a disciplina</p><p>linguística que goza de maior tradição”. Embora não no amplo sentido e</p><p>desenvolvimento hoje alcançado, a Lexicografia data da Antiguidade.</p><p>Biderman (1984) nos lembra que filólogos e gramáticos da escola grega de</p><p>Alexandria já produziam glossários com o objetivo de facilitar a compreensão de</p><p>textos homéricos.</p><p>Assim, a estrutura de organização de listas de palavras seguidas de</p><p>informações sobre as mesmas designa uma representação do léxico da língua</p><p>corrente naquele momento, ou seja, remete-se a conteúdo lexicográfico nos seus</p><p>primórdios.</p><p>A necessidade de catalogar o léxico não é recente justamente pelo fato de</p><p>compreendermos que essa é uma atividade que está diretamente associada ao</p><p>desenvolvimento da competência lexical dos usuários da língua.</p><p>Obras assim possibilitam aos leitores ampliar a compreensão da sua própria</p><p>língua, tornando-se falantes e receptores/decodificadores mais capazes. Ainda,</p><p>tornam-se melhores conhecedores dos aspectos sociais e culturais da comunidade a</p><p>que pertencem.</p><p>Essas características vantajosas para os consulentes de obras lexicográficas</p><p>significam trabalho árduo para os lexicógrafos.</p><p>A importância dos estudos lexicais não se reduz aos procedimentos de</p><p>delimitação e seleção de palavras; a sua relevância também está no processamento</p><p>67</p><p>lexicográfico que engendra importantes obras para a comunidade linguística. Para</p><p>a comunidade surda tal relevância também deve ser considerada.</p><p>Cada língua se mostra de maneira diferente no que se refere à</p><p>apropriação do léxico e à manifestação da linguagem. Para Zavaglia</p><p>(2002, p. 233), “é o léxico que transmite os elementos de um conjunto</p><p>de indivíduos; [...] é o léxico que permite a manifestação dos sentidos</p><p>humanos, de suas afeições ou desagrados.” À vista disso, não é</p><p>possível estudar o léxico de uma língua sem estudar a história de seus</p><p>falantes. Por isto, é fundamental para os estudos lexicológicos a análise</p><p>do léxico, pois possibilita a aquisição de conhecimentos históricos,</p><p>comportamentais e habituais de determinado povo. E, como</p><p>mencionado anteriormente, a ciência que estuda as unidades lexicais</p><p>é denominada como Lexicologia. (ORSI; SILVA, 2016, p.106)</p><p>Mesmo no período anterior ao reconhecimento da Língua Brasileira de Sinais</p><p>como língua legítima, já era possível identificar indícios que levariam a divulgar tal</p><p>genuinidade. A produção, embora tímida, de obras lexicográficas, por exemplo, é</p><p>evidência de aceitação linguística.</p><p>O processo de análise e registro do léxico produz manuais sobre a</p><p>manifestação linguística da comunidade além de, também, evidenciar a sua cultura</p><p>e comportamento. Essa afirmativa pode ser justificada com a análise histórica das</p><p>obras lexicográficas na Libras.</p><p>Estudos históricos dos compêndios lexicográficos da Libras identificam o</p><p>manual de Flausino José da Costa Gama, Iconographia dos signaes dos surdos-</p><p>mudos (1875), como sendo o primeiro de registro da língua.</p><p>No Brasil, o primeiro registro da Língua de Sinais Brasileira é datado de</p><p>1875. Foi intitulado A Iconographia dos signaes dos surdos-mudos.</p><p>Trata-se de um manual ilustrado de autoria do surdo Flausino José da</p><p>Costa Gama. Porém, Sofiato (2011) argumenta que o pioneirismo de</p><p>Flausino é um mito, já que a obra não pode ser considerada original,</p><p>enquanto que Flausino reproduziu fielmente as pranchas da obra de</p><p>Pélissier. Para sustentar seu argumento, essa autora observa que a</p><p>quantidade de sinais é a mesma (382) e que a indexação semântica</p><p>também é muito similar à da obra de Pélissier. (MARTINS, 2012, p.33)</p><p>68</p><p>Ter sido o início dos registros da língua de sinais em território brasileiro</p><p>embasado em uma produção de origem francesa corrobora a resultante</p><p>proximidade lexical entre essas línguas, bem como introduz à comunidade surda</p><p>receptora, em certa medida, um conteúdo estrangeiro com as características</p><p>originais.</p><p>Tal afirmação é justificada pelo caráter cultural que as obras lexicográficas</p><p>possuem, já que, segundo Laface (1997), quanto à função cultural dos dicionários, os</p><p>mesmos acabam por ser “a norma explícita da cultura da comunidade.”</p><p>As obras de Pélissier e a de Costa Gama funcionam como manual</p><p>lexicográfico e, portanto, as características de acervo cultural são coincidentes.</p><p>Mesmo falantes nativos de uma comunidade linguística, representada por qualquer</p><p>obra lexicográfica, poderão refinar seus conhecimentos socioculturais por meio</p><p>daquilo que ali trazem como instrumento cultural.</p><p>Assim, a lexicografia da Libras tem sua gênese a partir da referência de</p><p>conteúdos estrutural, linguístico, gramatical, social e cultural da Língua de Sinais</p><p>Francesa. A iniciativa de Costa Gama determina a legitimidade</p><p>da língua de sinais e</p><p>a divulga para a sociedade brasileira do século XIX.</p><p>Mais de noventa anos depois da obra de Costa Gama ser publicada, o padre</p><p>Eugênio Oates lança o manual de Libras A linguagem das mãos (1969). Faz-se</p><p>necessário considerar que os estudos de Oates são contemporâneos aos do principal</p><p>investigador da Língua de Sinais Americana e sua lexicografia; a saber, William C.</p><p>Stokoe Jr.</p><p>Por exemplo, em 1960, Stokoe publicara um artigo descritivo sobre a estrutura</p><p>da Língua de Sinais Americana, já a classificando como sistema linguístico. Em 1965,</p><p>ele e outros autores publicam o designado primeiro dicionário da Língua de Sinais</p><p>Americana intitulado A dictionary of american sign language on linguistic principles.</p><p>Tamanha deferência nos permite dizer que Oates conhecia e ponderava os</p><p>trabalhos de Stokoe. Sendo também estadunidense, possivelmente Oates ainda</p><p>conhecia a Língua de Sinais Americana, o que significa dizer que seu trabalho refletia</p><p>as conclusões das recentes pesquisas de Stokoe e sua língua de estudo, a ASL.</p><p>Por exemplo, Stokoe passa a descrever a composição das palavras em línguas</p><p>69</p><p>de sinais em correspondência às línguas orais, no sentido de reconhecer que se</p><p>constituem a partir de unidades mínimas. Para as línguas de sinais, denomina cada</p><p>um desses constituintes como quiremas. Inicialmente, Stokoe destaca três:</p><p>configuração das mãos, localização e movimento.</p><p>Essa organização de padrão proposta por Stokoe é percebida na obra de</p><p>Oates ao descrever os sinais que compõem o seu corpus. Percebemos, portanto, na</p><p>lexicografia da Libras, referências estabelecidas com os pioneiros estudos americanos</p><p>sobre as línguas de sinais.</p><p>Em 1981, surge um novo manual referente aos estudos da Língua Brasileira de</p><p>Sinais. Desenvolvido por John Everett Peterson, um missionário americano Philosophy</p><p>Doctor que, juntamente com sua esposa, Iva Jean Peterson, Doutora em Educação,</p><p>se instalam em Fortaleza e, ali, iniciam a pesquisa sobre a Libras.</p><p>Resultado das pesquisas e da prática de ensino dos surdos cearenses, Peterson</p><p>produz o Comunicação Total, cujo objetivo era descrever sinais recorrentes no léxico</p><p>geral da comunidade surda. Essa primeira edição compilou 490 sinais, sem ilustrações.</p><p>A partir da segunda edição (1987), a obra passa a se chamar Comunicando</p><p>com as mãos e expande-se para 574 sinais. Além disso, as lexias começam a também</p><p>ser ilustradas, além de descritas. Assim, a obra de 1987 conta com dois autores: John</p><p>Peterson e Judy Ensminger, a ilustradora.</p><p>A literatura americana continua a motivar estudiosos das línguas de sinais e,</p><p>mais adiante, não foi diferente. Em 1998, Fernando C. Capovilla, Walkiria D. Raphael</p><p>e Elizeu C. Macedo, juntamente com sua equipe, publicam o Manual ilustrado de</p><p>sinais e o sistema de comunicação em rede para surdos, a fim de registrar a Libras do</p><p>século XX.</p><p>Os autores buscaram todos os manuais quanto pudessem encontrar para que,</p><p>à base dessa pesquisa, inserissem na obra própria os sinais coincidentes nos</p><p>compêndios já publicados. Além dos manuais de Libras, foram também selecionados</p><p>manuais da ASL, para que as duas línguas tivessem seus sinais comparados.</p><p>A descrição dos autores em relação à seleção das lexias já demonstra a</p><p>escassez de materiais lexicográficos referentes à Língua Brasileira de Sinais. Em todo</p><p>seu período de existência, até o século XX, não havia muito mais do que três principais</p><p>70</p><p>obras de compilação do léxico.</p><p>Além disso, mesmo dentre as existentes, não havia tratamento dos sinais em</p><p>todas as categorias linguísticas como semântica, morfológica, sintática, pragmática,</p><p>etc.</p><p>O primeiro dicionário foi publicado em 2001 de autoria de Fernando Capovilla</p><p>e Walkiria Duarte Raphael. O Deit-Libras: Dicionário Enciclopédico Ilustrado Trilíngue</p><p>da Língua de Sinais Brasileira foi publicado em dois volumes e, ao todo, descreve 4.327</p><p>sinais.</p><p>É a primeira obra a ir além da grafia, em Português, da palavra a ser indicada</p><p>e da simples descrição do sinal acompanhada de uma ilustração.</p><p>Em 2009, o Deit-Libras é continuado com o lançamento do Novo Deit-Libras:</p><p>Dicionário Enciclopédico Ilustrado Trilíngue da Língua de Sinais Brasileira. Além de</p><p>manter os autores da primeira edição, Fernando Capovilla e Walkiria Raphael,</p><p>acrescenta-se a autora Aline Cristina Mauricio.</p><p>O Novo Deit-Libras tem um corpus composto de 9.828 lexias catalogadas em</p><p>forma de verbetes, incluindo, agora, variações linguísticas e sinais típicos de distintas</p><p>regiões do país.</p><p>Anteriormente à publicação do Novo-Deit Libras, é lançado, em 2006, o</p><p>Dicionário da Língua Brasileira de Sinais, de autoria de Tanya Felipe; Guilherme Lira e</p><p>equipe.</p><p>Figura 6: A capa do Dicionário da Língua Brasileira de Sinais</p><p>Fonte: DINIZ, 2010, p. 63</p><p>71</p><p>Essa é uma obra virtual promovida pelo Instituto Nacional de Educação de</p><p>Surdos e disponibilizada em CD-rom na versão 2.0. Nela, os consulentes podem fazer</p><p>a busca pela lexia desejada através da ordenação alfabética, do campo semântico</p><p>ou da configuração de mãos.</p><p>A partir da primeira escolha, abre-se uma tela referente à palavra e, ali, são</p><p>apresentados também a sua acepção; o campo semântico a que pertence,</p><p>denominado assunto; a classe gramatical; a origem geográfica; um exemplo em</p><p>Português, através de uma frase aparentemente produzida pela equipe, já que não</p><p>há referência de um corpus de retirada e um exemplo em Libras, sendo esse último a</p><p>transcrição da frase exemplo do Português. Há, neste dicionário um diferencial entre</p><p>os até então publicados. Enquanto nos dicionários impressos os sinais são ilustrados ou</p><p>desenhados, no dicionário digital do Ines a lexia em Libras é demonstrada por meio</p><p>de um vídeo com a produção da mesma.</p><p>O histórico das obras lexicográficas da Língua Brasileira de Sinais nos indica</p><p>uma língua com repertório léxico pouco registrado. Pesquisas a respeito da</p><p>Lexicologia, Lexicografia e Terminologia da Libras começam a despontar desde o</p><p>período do primeiro manual publicado, no entanto, no que diz respeito a compêndios</p><p>de vocabulários, glossários, dicionários, enciclopédias, etc, propriamente ditos,</p><p>temos, basicamente, os volumes aqui descritos.</p><p>Esse cenário reforça a necessidade de utilização das pesquisas teóricas da</p><p>área a fim de elaborar compilações de registro efetivo da língua, não apenas para</p><p>atribuição linguística, mas também como reflexo da identidade social e cultural da</p><p>comunidade surda do Brasil.</p><p>A TERMINOLOGIA DAS LS</p><p>A Terminologia é também uma área de estudo relacionada ao léxico.</p><p>Lima (2014) identifica suas concepções e deixa-nos claro a abordagem de</p><p>especificidade lexical da Terminologia:</p><p>Em uma primeira acepção, a Terminologia refere-se simplesmente ao</p><p>uso e estudo de termos, isto é, propõe-se a descrever as palavras</p><p>72</p><p>simples e compostas que são geralmente usadas em contextos</p><p>específicos. Já em uma segunda acepção, em sentido estrito, a</p><p>Terminologia refere-se a uma disciplina científica que estuda</p><p>sistematicamente a rotulação e a designação de conceitos de</p><p>diversos campos dos saberes relativos às atividades humanas, ou seja,</p><p>estuda os termos e os conceitos empregados nas línguas de</p><p>especialidade. Seu objetivo é pesquisar, documentar e promover o</p><p>uso correto dos termos. (LIMA, 2014, p.75)</p><p>O termo ou unidade terminológica designa a lexia de caráter especializado,</p><p>por exemplo, de um domínio técnico, profissional, científico, artístico, etc. Assim,</p><p>sendo objeto de pesquisa e documentação da Terminologia, tal disciplina abordará</p><p>o conjunto de termos de uma determinada área.</p><p>No âmbito das línguas de sinais, a Terminologia é, das ciências do léxico,</p><p>a que menos tem publicações próprias, pois, quantitativamente, o número de lexias</p><p>terminológicas</p><p>determinadas e catalogadas na Libras é menor do que quando em</p><p>comparado com a Língua Portuguesa.</p><p>Por exemplo, ainda não temos um marco referencial teórico para produção</p><p>de obras terminológicas em Libras e nem mesmo uma obra lexicográfica</p><p>terminológica formal e oficial na Língua Brasileira de Sinais.</p><p>A escassez de unidades terminológicas em Libras se justifica por alguns motivos,</p><p>73</p><p>como, por exemplo, uma recente constatação da Libras enquanto língua oficial de</p><p>comunicação dos surdos, acontecida apenas a partir do ano de 2012, com a Lei nº</p><p>10.436.</p><p>Esse cenário acabou por determinar que, até a regulamentação de tal Lei,</p><p>muitos surdos obtivessem seu percurso de formação educacional tendo o Português</p><p>como língua de instrução. Isso trazia dificuldades relevantes para esse indivíduo que,</p><p>obviamente, com o canal auditivo comprometido, tinha dificuldades significativas</p><p>para decodificar e compreender informações a ele repassadas por meio de uma</p><p>língua oral-auditiva.</p><p>De modo que apenas uma minoria alcançava ambientes de maior</p><p>comunicação especializada, como os cursos técnicos, profissionalizantes, educação</p><p>superior, etc. É em ambiente como esses que as unidades terminológicas circulam</p><p>com mais regularidade.</p><p>Já que poucos surdos chegavam a tais ambientes, a utilização de termos se</p><p>tornava indiferente para esses sujeitos e, mesmo que lá se inserissem, acabavam</p><p>submetidos à ministração do conteúdo em Língua Portuguesa, pois não havia</p><p>obrigatoriedade em promover para o surdo o ensino exclusivamente em Libras.</p><p>Todavia, com a promulgação da Lei que determina a Libras como língua de</p><p>instrução da comunidade surda, surge a necessidade de, primeiramente criar e,</p><p>depois, sistematizar o léxico terminológico. Conforme nos lembra Paula (2020):</p><p>Há grande necessidade de sistematização dos termos em Libras. A</p><p>nulidade de uma obra que faça isso com autoridade permite um</p><p>cenário escolar segmentado mesmo entre a comunidade surda, pois,</p><p>nem os surdos nem os intérpretes que atuam na translação do</p><p>conhecimento escolar científico têm acesso a termos padronizados. O</p><p>que percebemos são os próprios surdos atuando, juntamente com seu</p><p>intérprete, a fim de sugerirem sinais para os termos que surgem em sala</p><p>de aula durante a ministração do conteúdo das diversas disciplinas.</p><p>Essa situação resulta em incontáveis variantes, sendo, a maioria delas,</p><p>criadas com o único objetivo de cumprir uma função imediata de</p><p>tradução e evitar o uso recorrente de datilologia. Um dicionário</p><p>[terminológico] poderia amenizar o desconforto causado pela falta</p><p>de lexias e termos apropriados à tradução, bem como padronizar os</p><p>74</p><p>termos escolares, solucionando uma segmentação atual evidente.</p><p>(PAULA, 2020, p.26)</p><p>A elaboração de referenciação teórica para produção de obras</p><p>terminológicas, como vem sendo abordada por alguns autores, e sua consequente</p><p>aplicabilidade na produção de dicionários, vocabulários, glossários e enciclopédias</p><p>terminológicos se faz urgente.</p><p>Não apenas para facilitar o trabalho dos intérpretes e solucionar uma</p><p>segmentação aparente, conforme postulado pela autora supracitada, mas também</p><p>para promover a ampliação do léxico da Libras nos campos de especialidade e</p><p>permitir aos usuários dessa língua utilizá-la em todas as situações de comunicação</p><p>sem constrangimento.</p><p>Conforme Cabré, “a Terminologia parece indispensável para a sobrevivência</p><p>das línguas minoritárias” (CABRÉ, p. 2002, p.4), pois qualquer língua com entraves se</p><p>mostra incompleta de recursos.</p><p>Assim, tendo a Libras todos os recursos linguísticos para expansão lexical,</p><p>discutir a elaboração terminológica a partir de outros campos de especialidade</p><p>como a Morfologia, Sintaxe, Semântica, etc. e produzir materiais nesse sentido</p><p>permitirão à comunidade surda domínio conceitual em todos os âmbitos de</p><p>apresentação do léxico, seja o geral ou específico, aproximando ao máximo tanto</p><p>quando for possível o léxico mental individual ao léxico externo da comunidade</p><p>linguística a que pertence.</p><p>75</p><p>FIXANDO CONTEÚDO</p><p>1. A partir dos conhecimentos adquiridos na unidade, considere as afirmativas abaixo</p><p>e identifique quais são as verdadeiras.</p><p>I. O conjunto lexical de uma língua refere-se às unidades constituintes das estruturas</p><p>linguísticas e comunicativas de tal língua.</p><p>II. É função do léxico denominar e classificar as unidades básicas de significado de</p><p>uma dada língua.</p><p>III. Fazem parte do léxico tanto o conjunto de palavras da língua como as regras de</p><p>estruturação gerais dessa mesma língua.</p><p>IV. A criação de novas lexias, os chamados neologismos, é compreendida e</p><p>determinada pelas disciplinas das ciências do léxico.</p><p>a) I e IV.</p><p>b) I, II e IV.</p><p>c) III e IV.</p><p>d) I, II e III.</p><p>e) I, II, III e IV.</p><p>2. (IF-RJ 2012) - O neologismo é um fenômeno linguístico que consiste na criação de</p><p>uma palavra ou expressão nova, ou na atribuição de um novo sentido a uma</p><p>palavra já existente. Pode ser fruto de um comportamento espontâneo, próprio do</p><p>ser humano e da linguagem, ou artificial, para fins pejorativos ou não. Geralmente,</p><p>os neologismos são criados a partir de processos que já existem na língua:</p><p>justaposição, prefixação, aglutinação, verbalização e sufixação.</p><p>Disponível em: . Acesso em: 21 dez.</p><p>2011.O neologismo desfabricação foi gerado através do mesmo processo que há</p><p>na palavra:</p><p>a) reaproveitar.</p><p>76</p><p>b) manufatura.</p><p>c) licenciamento.</p><p>d) reutilizado.</p><p>e) destaque.</p><p>3. Relacione a primeira coluna com a segunda. A ordem que corresponde à</p><p>sequência correta é:</p><p>( ) Trata-se do estudo relacionado à</p><p>produção de obras que catalogam</p><p>léxico em suas mais distintas formas.</p><p>( ) Relaciona-se às funções da língua</p><p>como sistema de classificação e de</p><p>comunicação pois funciona tanto</p><p>como banco classificatório de</p><p>elementos de designação, como</p><p>também possibilita construções</p><p>para a comunicação.</p><p>( ) Trata-se dos estudos relacionados</p><p>às unidades lexicais de uma língua</p><p>e sua relação com outras áreas de</p><p>conhecimento linguístico.</p><p>( ) Refere-se ao estudo do léxico de</p><p>especialidade de uma dada língua.</p><p>( 1 ) Léxico</p><p>( 2 ) Lexicologia</p><p>( 3 ) Lexicografia</p><p>(4)Terminologia</p><p>a) 1 – 2 – 3 – 4.</p><p>b) 3 – 1 – 4 – 2.</p><p>c) 3 – 1 – 2 – 4.</p><p>d) 2 – 1 – 3 – 4.</p><p>e) 1 – 3 – 4 – 2.</p><p>77</p><p>4. (IFB – 2017 – adaptada) - No âmbito dos estudos lexicográficos e lexicológicos das</p><p>Línguas de Sinais, assinale a alternativa que apresenta apenas itens que constam</p><p>no léxicon determinado na pesquisa de Nascimento (2009):</p><p>a) movimento, classificadores e morfemas-base.</p><p>b) palavras primitivas, léxico e foco.</p><p>c) escrita de sinais, parâmetros fonológicos e empréstimos.</p><p>d) tópico comentário, configuração de mão e metonímias.</p><p>e) datilologia, classificadores e iconicidade.</p><p>5. Fazem parte do histórico como autores da Lexicografia da Língua Brasileira de</p><p>Sinais:</p><p>a) Pélissier; John Peterson e Walkiria Raphael.</p><p>b) Costa Gama; Eugênio Oates e Fernando Capovilla.</p><p>c) William Stokoe, Iva Peterson e Elizeu Macedo.</p><p>d) Pélissier, Judy Ensminger e Tanya Felipe.</p><p>e) Costa Gama, William Stokoe e Aline Mauricio.</p><p>6. (FUNDATEC- 2019) - Avalie as seguintes afirmações a respeito de “Léxico”:</p><p>I. As múltiplas atividades dos falantes no comércio da vida em sociedade favorecem</p><p>a criação de palavras para atender às necessidades culturais, científicas e da</p><p>comunicação de um modo geral. As que vêm ao encontro dessas necessidades</p><p>renovadoras chamam-se neologismos; no oposto a esse movimento criador, têm-</p><p>se os arcaísmos – palavras e expressões que, por diversas razões, saem de uso e</p><p>acabam esquecidas por uma comunidade linguística, ainda que permaneçam</p><p>em comunidades</p><p>mais conservadoras.</p><p>II. Os empréstimos e calcos linguísticos são uma fonte de revitalização do léxico,</p><p>assim como a criação de certos produtos ou novidades que recebem o nome de</p><p>seus inventores ou fabricantes.</p><p>78</p><p>III. Os processos de composição e derivação, que se valem do radical de certos</p><p>vocábulos, são considerados de menor escala, visto que não se evidenciam</p><p>regularidade nem sistematicidade com que operam na criação de novos</p><p>vocábulos.</p><p>Quais estão corretas?</p><p>a) Apenas I.</p><p>b) Apenas II.</p><p>c) Apenas I e II.</p><p>d) Apenas II e III.</p><p>e) I, II e III.</p><p>7. É problemática resultante da falta e/ou escassez de obras terminológicas na Libras:</p><p>a) padronização de lexias terminológicas, impedindo o processo natural de variação</p><p>lexical.</p><p>b) uso recorrente de datilologia, dificultando o acesso imediato ao conceito da</p><p>palavra que poderia ser ofertado quando associada a um sinal próprio.</p><p>c) catalogação de lexias, promovendo edições de obras lexicográficas que são de</p><p>difícil consulta e arcaicas.</p><p>d) impedimento ao conhecimento, já que sem um sinal técnico padronizado e</p><p>catalogado é impossível que a comunidade surda decodifique conceitos.</p><p>e) segmentação da ciência, pois apenas depois da nominalização efetiva a ciência</p><p>classificada passa a existir.</p><p>8. (INSTITUTO AOCP – 2019 – adaptada) - De acordo com a imagem abaixo que</p><p>retrata lexias da Libras, podemos afirmar que a Libras é uma língua:</p><p>79</p><p>a) nacional com pouca variação e é oficializada pela constituição.</p><p>b) com variação lexical, já que não possui regras definidas, sendo usada de um modo</p><p>em cada região.</p><p>c) com expressiva variedade de sinais, diferente do português, que possui várias</p><p>regras e, portanto, poucas variedades.</p><p>d) igual para todo surdo que a usa, assim como o português é a mesma língua para</p><p>todos os ouvintes que a usam.</p><p>e) que apresenta variedade lexical, pois se transforma nas práticas sociais do uso da</p><p>linguagem.</p><p>80</p><p>LIBRAS EM FOCO II</p><p>LOCALIZAÇÃO</p><p>Vamos conhecer vocabulário específico para construções de localização</p><p>como indicação de caminho e os cômodos da casa. Para contextualizar, vamos,</p><p>inicialmente, analisar o vídeo “Aula de Libras- Rio Turismo” elaborado pela TV INES.</p><p>Você encontra o vídeo no link https://bit.ly/3zW6xk9.</p><p>Veja algumas construções utilizadas pelas personagens no diálogo entre</p><p>Andreza e Renato.</p><p>• Você poderia me dar uma informação?</p><p>Fonte: https://bit.ly/3Fkta63. Acesso em: 09 ago. 2021; FELIPE, MONTEIRO, 2006 e</p><p>CAPOVILLA, RAPHAEL, 2001</p><p>• Eu estou procurando o hotel (Copacabana Palace).</p><p>Fontes: https://bit.ly/3kZQSft. Acesso em: 09 ago. 2021</p><p>https://bit.ly/3ioOjC5. Acesso em: 09 ago. 2021</p><p>https://bit.ly/3zW6xk9</p><p>https://bit.ly/3Fkta63</p><p>https://bit.ly/3kZQSft</p><p>https://bit.ly/3ioOjC5</p><p>81</p><p>Essas estruturas são comumente utilizadas na busca por orientação de</p><p>caminho. Além disso, temos:</p><p>A palavra interrogativa onde é um vocábulo recorrente na constituição de</p><p>expressões oracionais próprias de localização. Está presente em afirmativas, além das</p><p>interrogativas. Por exemplo:</p><p>• Onde fica o hotel Copacabana Palace?</p><p>• Eu procuro algum lugar onde possa almoçar essa hora.</p><p>Ao recebermos informação de indicação de caminho, provavelmente</p><p>seremos direcionados ao lado pelo qual seguir. No caso da direita/esquerda, a</p><p>sinalização será correspondente a esse direcionamento, assim como será, por</p><p>exemplo, a indicação de seguir em frente.</p><p>Essas são lexicalizações próprias dos estudos dos classificadores. Como nos</p><p>lembra Quadros e Karnopp (2004, p.93) “Classificadores são geralmente usados para</p><p>especificar o movimento e a posição de objetos e pessoas ou para descrever o</p><p>tamanho e a forma de objetos.” É assim que se dá com o direcionamento manual do</p><p>estabelecimento de algum caminho oferecido ao interlocutor.</p><p>https://bit.ly/3uxCLkA</p><p>https://bit.ly/39YJLxu</p><p>82</p><p>Os verbos ir e vir também são habitualmente utilizados nesse contexto. Perceba</p><p>que são verbos espaciais, ou seja, sua performance será a partir do contexto. É</p><p>preciso ter estabelecido o agente da ação e o local para o qual ele se dirigiu ou do</p><p>qual ele veio, de modo a orientar a configuração de mão, orientação da palma da</p><p>mão, ponto de articulação e movimento do sinal obedecendo a essas construções</p><p>sintático-semânticas.</p><p>83</p><p>Temos também palavras da classe dos adjetivos na elaboração de textos de</p><p>localização. Assim como acontece nos discursos em Língua Portuguesa, eles</p><p>categorizarão substantivos, indicando-lhe qualidade, característica, defeito, estado,</p><p>condição, etc.</p><p>4.1.1 Lugares públicos</p><p>Tendo como pano de fundo as lexias anteriormente apresentadas, poderemos</p><p>utilizar o nome dos lugares públicos e cômodos da casa para nos localizarmos ou</p><p>direcionar alguém.</p><p>https://bit.ly/2Yc6h3Y</p><p>84</p><p>85</p><p>4.1.2 Os cômodos da casa</p><p>Também podemos localizar pessoas ou objetos nos ambientes de uma casa.</p><p>Para tanto, serve-nos o vocabulário:</p><p>https://bit.ly/3mjKVcG</p><p>86</p><p>PRONOMES DEMONSTRATIVOS</p><p>A partir de um excerto do poema “Ou isto ou aquilo” de Cecília Meireles, Caio</p><p>Augusto Castro nos orienta quanto ao conceito e exemplificação dos pronomes</p><p>demonstrativos.</p><p>https://bit.ly/3D5eIwI</p><p>87</p><p>Lemos em Castro:</p><p>“No clássico poema da célebre escritora, vemos tematizada a</p><p>angústia gerada pela dúvida e incerteza no momento de uma</p><p>escolha. Ao longo do texto, verificamos a ênfase no verso (o qual</p><p>intitula o poema) ou isto ou aquilo, que, linguisticamente, constrói-se a</p><p>partir de dois dos chamados pronomes demonstrativos. Segundo Lima</p><p>(2010, p.159) esses pronomes indicam ‘a posição dos objetos</p><p>designados, relativamente às pessoas do discurso’”. (CASTRO, 2020,</p><p>p.35)</p><p>Seja em Língua Portuguesa ou em Libras, os pronomes demonstrativos têm a</p><p>mesma finalidade de identificar e situar, em relação às pessoas do discurso,</p><p>elementos referenciados. Eles podem ser usados para marcar posição no espaço e</p><p>também no tempo. São eles:</p><p>88</p><p>Pessoas verbais Pronomes demonstrativos</p><p>1ª pessoa este(s); esta(s); isto.</p><p>2ª pessoa esse(s); essa(s); isso.</p><p>3ª pessoa aquele(s); aquela(s); aquilo.</p><p>Como estabelecer relação de identificação no tempo e espaço a partir dos</p><p>pronomes demonstrativos? Vejamos com exemplos:</p><p>• Pronomes demonstrativos de primeira pessoa indicam proximidade no espaço</p><p>com o emissor da mensagem. No que diz respeito ao tempo, situam referentes</p><p>do presente e/ou futuro em relação ao emissor da mensagem.</p><p> Pronomes demonstrativos de segunda pessoa indicam proximidade no espaço</p><p>com o destinatário da mensagem. No que diz respeito ao tempo, situam</p><p>referentes de um passado próximo em relação ao ato da fala.</p><p> Pronomes demonstrativos de terceira pessoa indicam proximidade no espaço</p><p>com a pessoa de quem se fala. É uma posição distante de todos os</p><p>participantes do discurso. No que diz respeito ao tempo, situam referentes de</p><p>um passado longínquo em relação ao ato da fala.</p><p>89</p><p>A informação que foi recentemente ofertada ao interlocutor pode ser</p><p>considerada temporalmente como passado próximo na sequencialidade discursiva.</p><p>Já a informação que foi ofertada ao interlocutor há mais tempo pode ser</p><p>90</p><p>considerada temporalmente como passado longínquo na sequencialidade</p><p>discursiva. Assim, para dados recentemente oferecidos, utilizamos os pronomes</p><p>demonstrativos de segunda pessoa e para dados oferecidos</p><p>de modo longínquo,</p><p>utilizamos os pronomes demonstrativos de terceira pessoa Veja:</p><p>“Os candidatos e os aprovados devem regularizar-se conforme sua situação.</p><p>Esses efetuarão a matrícula enquanto aqueles realizarão a prova.”</p><p>Em Libras, os pronomes demonstrativos serão, conforme Paula (2020, p.82):</p><p>Figura 7: Os pronomes demonstrativos</p><p>Fonte: PAULA, 2020, p.82</p><p>Note que os pronomes demonstrativos, em Libras, recuperarão as mesmas</p><p>Os aprovados; pois esse é o</p><p>referente mais recentemente</p><p>ofertado no texto.</p><p>Os candidatos; pois esse é o</p><p>referente mais longínquo</p><p>ofertado no texto.</p><p>91</p><p>referências. Por se tratar de situar itens no espaço e/ou no tempo, podem variar em</p><p>número. No entanto, diferentemente do que acontece em Língua Portuguesa, não</p><p>haverá variação de gênero.</p><p>PREPOSIÇÕES/LOCUÇÕES PREPOSITIVAS DE LUGAR</p><p>A fim de apresentar discursos com sentido completo, de modo articulado e</p><p>com recursos coesivos que demonstram um repertório diversificado lexicalmente, faz-</p><p>se necessário identificar as preposições e/ou locuções prepositivas. As preposições</p><p>são a classe de palavras:</p><p>[...] usadas para marcar as relações gramaticais que substantivos,</p><p>adjetivos, verbos e advérbios desempenham no discurso. Em outras</p><p>palavras, as preposições são unidades linguísticas dependentes de</p><p>outras, ou seja, elas não aparecem sozinhas no discurso e servem</p><p>justamente para estabelecer a ligação entre dois termos. (VIANA,</p><p>2021, online)</p><p>As preposições podem ser classificadas como essenciais e acidentais, além</p><p>das locuções prepositivas. As primeiras dizem respeito “[àquelas] que só aparecem</p><p>na língua propriamente como preposições, sem outra função.” (VIANA, 2021, online).</p><p>São exemplos de preposições essenciais: após, até, com, de, desde, entre, para, por,</p><p>sem, etc.</p><p>As preposições acidentais são “aquelas que não possuem originalmente a</p><p>função de preposição, mas que podem acabar exercendo essa função em</p><p>determinados contextos.” (VIANA, 2021, online). Podemos citar como exemplo:</p><p>como, conforme, durante, fora, visto, etc.</p><p>Aqui, nesta unidade, trataremos das preposições e locuções prepositivas em</p><p>Libras. Essas últimas são expressões que servem tal qual uma preposição enquanto</p><p>função no discurso. “As principais locuções prepositivas são constituídas de um</p><p>advérbio ou de uma locução adverbial seguido da preposição de, a e com.” (VIANA,</p><p>2021, online).</p><p>As locuções prepositivas podem ser classificadas conforme o atributo</p><p>92</p><p>semântico que estabelece para o discurso. Por exemplo, podem ser consideradas</p><p>locuções prepositivas de lugar quando estiverem cumprindo função de estabelecer</p><p>ligação entre os temos de um enunciado atribuindo-lhe noção de espaço ou</p><p>localidade. Veja um exemplo:</p><p>A locução prepositiva em cima do [de+o] relaciona a conexão enunciativa</p><p>dos elementos pássaro e ação realizada por ele através de uma identificação de</p><p>localidade. Portanto, é uma locução prepositiva de lugar.</p><p>Em Libras, as preposições e locuções prepositivas terão a mesma função, a</p><p>saber, ligar dois elementos da oração. Algumas preposições e locuções prepositivas</p><p>de lugar estão abaixo descritas:</p><p>Figura 8: Locuções prepositivas de lugar</p><p>Fonte: PAULA, 2020, p.82</p><p>93</p><p>Alguns desses sinais podem ter variações como é o caso da palavra atrás, ou</p><p>ainda podem ser complementados ou substituídos por classificadores que cumprirão</p><p>a função de identificar localidade. Nesse caso, atuarão com função prepositiva.</p><p>Figura 9: Variação da palavra atrás</p><p>Fonte: https://bit.ly/3F9xjcU. Acesso em: 16 ago 2021</p><p>APLICAÇÃO PRÁTICA</p><p>Com os conhecimentos adquiridos na Unidade 4 do livro Libras I, vamos realizar</p><p>algumas aplicações práticas para ampliar nossos conhecimentos.</p><p>4.4.1 Atividade 1</p><p>Retomemos ao vídeo produzido pela TV INES, disponível no seguinte link:</p><p>https://bit.ly/2Yd7cAQ.</p><p>Depois de assistir novamente a essa vídeo aula, identifique no texto:</p><p>• Os sinais reconhecidos por você e, portanto, já aprendidos;</p><p>https://bit.ly/3F9xjcU</p><p>https://bit.ly/2Yd7cAQ</p><p>94</p><p>• Sinais novos, porém do mesmo campo semântico tratado nesta unidade;</p><p>• Expressões não manuais utilizadas junto aos sinais para elucidar o discurso.</p><p>Note, por exemplo, as ENM de Andreza quando Renato se oferece para ir com</p><p>ela à Ipanema e ela diz: “Ótimo!”, também quando o narrador diz que</p><p>“Ipanema é muito bonita”. (próximo ao tempo de 5 minutos de vídeo).</p><p>• Estruturação das sentenças; de modo a reconhecer como as construções em</p><p>Libras são independentes da gramática da Língua Portuguesa e, a partir dessa</p><p>constatação, auxiliar você nas suas próprias organizações frasais a fim de</p><p>rejeitar o Português sinalizado.</p><p>Dica: uma boa maneira de se chegar a conclusões assertivas, conforme</p><p>sugerido no último item, é transcrever a forma como o texto foi sinalizado em Libras.</p><p>Isso permite que você tenha uma imagem visual de cada um dos elementos das</p><p>orações e estabeleça critérios que te permitirão sinalizar com clareza e propriedade.</p><p>4.4.2 Atividade 2</p><p>Veja a bela obra de Tarsila do Amaral intitulada A Cuca (1924).</p><p>95</p><p>Construa sentenças em Libras utilizando das preposições e locuções</p><p>prepositivas para identificar no espaço da obra os seguintes elementos, tenha o</p><p>modelo por auxílio:</p><p>Modelo:</p><p>• A Cuca: A Cuca está na frente do lago.</p><p>• A árvore com copa em formato de corações;</p><p>• O sapo;</p><p>• A ave;</p><p>• A palmeira;</p><p>• A centopeia;</p><p>• O lago.</p><p>4.4.3 Atividade 3</p><p>Faça e apresente para a classe, para um grupo de colegas ou para o professor</p><p>uma das duas possibilidades abaixo. Lembre-se de colocar no seu discurso: o</p><p>vocabulário de localização já trabalhado, pronomes demonstrativos e</p><p>preposições/locuções prepositivas de lugar.</p><p>• A descrição do que você vê de uma das janelas da sua casa;</p><p>• A disposição dos cômodos da sua casa;</p><p>Depois de apresentar seu texto, certifique-se de que as informações</p><p>compreendidas pelos colegas e/ou pelo professor tenham sido as intencionadas por</p><p>você. Aceite sugestões de adaptação de estruturação de sentenças e, caso seja</p><p>necessário, refaça o texto para que fique ainda mais compreensível aos seus</p><p>interlocutores.</p><p>96</p><p>Fonte: Secretaria de Educação, s/d, p.13</p><p>4.4.4 Atividade 4</p><p>A partir da imagem abaixo, produza um texto para cada situação</p><p>apresentada:</p><p>https://bit.ly/3B13add</p><p>97</p><p>Fonte: https://bit.ly/2WuppsS. Adaptado. Acesso em: 16 ago 2021.</p><p>• O Dick vai narrar para os colegas qual o trajeto ele realiza da sua casa para a</p><p>escola. (texto em forma de narrativa)</p><p>• Fiona está na porta da sua casa quando uma pessoa perdida lhe</p><p>cumprimenta e pergunta como fazer para chegar até o supermercado. (texto</p><p>em forma de diálogo)</p><p>Utilize as setas como referência dos pontos de partida.</p><p>Lembre-se de acrescentar no discurso os pronomes demonstrativos, o</p><p>vocabulário apresentado na Unidade e as preposições/locuções prepositivas.</p><p>Recorra à transcrição feita do texto “Rio Turismo” (TV INES) para se inspirar ao</p><p>elaborar sentenças complexas.</p><p>https://bit.ly/2WuppsS</p><p>98</p><p>FIXANDO CONTEÚDO</p><p>1. (COVEST-COPSET – 2019 – adaptada) - No que diz respeito aos sinais de cômodos da</p><p>casa, sobre as características da Língua Brasileira de Sinais, assinale a alternativa</p><p>correta.</p><p>a) A Libras é exclusivamente icônica.</p><p>b) A Libras é icônica e arbitrária.</p><p>c) A Libras é exclusivamente arbitrária.</p><p>d) A Libras nem é icônica nem arbitrária, pois os sinais são criados a partir dos contextos</p><p>sociais.</p><p>e) As línguas de sinais não se configuram com elementos icônicos.</p><p>2. Quais dos sinais abaixo são realizados com a mesma configuração de mão?</p><p>a) restaurante – sala – rodoviária.</p><p>b) em cima – informação – esse.</p><p>c) fábrica – supermercado – academia.</p><p>d) casa – em frente – posto de gasolina.</p><p>e) lá – ir – presídio.</p><p>3. (UFTM – 2018 – adaptada) - Considere o elemento linguístico "isso", destacado no</p><p>excerto abaixo:</p><p>“‘E nas públicas, o quadro não é diferente: a lei não é sempre cumprida. Dou aula no</p><p>município de Mauá (SP) e lá temos um intérprete de Libras para cada aluno surdo.</p><p>Mas isso é exceção: não ocorre em todas as escolas municipais, muito menos nas</p><p>estaduais’, afirma”.</p><p>Esse elemento refere-se a algo que:</p><p>a) já foi enunciado no mesmo período.</p><p>b) ainda será enunciado no período posterior.</p><p>c) ainda será enunciado no mesmo período.</p><p>d) não possui referente nos períodos enunciados.</p><p>99</p><p>e) já foi enunciado em um período anterior.</p><p>4. Analise a imagem abaixo e, a partir do que se pede escolha a alternativa verdadeira:</p><p>Fonte: https://bit.ly/3mjHaUG. Adaptado. Acesso em: 16 ago 2021.</p><p>Levando em consideração o sinal abaixo, para qual dos locais ele servirá de</p><p>referência?</p><p>a) Hospital e Estação de trem.</p><p>b) Hospital e Túnel.</p><p>c) Casa do Dick e Parque.</p><p>d) Posto policial e Correios.</p><p>e) Supermercado e Hospital.</p><p>5. (INSTITUTO AOCP – 2020 – adaptada) - Relacione as colunas e assinale a alternativa</p><p>com a sequência correta.</p><p>1. Sinal Icônico.</p><p>2. Sinal Arbitrário.</p><p>( ) Atrás. ( ) Informação. ( ) Aquele. ( ) Banheiro. ( ) Padaria. ( ) Ir. ( ) Cozinha. ( ) Casa.</p><p>a) 2 – 1 – 2 – 2 – 1 – 1 – 1 – 2.</p><p>b) 1 – 1 – 2 – 1 – 2 – 1 – 1 – 1.</p><p>https://bit.ly/3mjHaUG</p><p>100</p><p>c) 2 – 2 – 2 – 1 – 1 – 2 – 2 – 2.</p><p>d) 1 – 2 – 1 – 2 – 2 – 1 – 1 – 1.</p><p>e) 1 – 2 – 2 – 1 – 2 – 1 – 2 – 1.</p><p>6. (IDIB – 2021 – adaptada) - Assinale a alternativa em que o vocábulo em destaque é</p><p>classificado como preposição.</p><p>a) “Borboletas brancas, duas a duas.”</p><p>b) “... e mesmo que a ouvisse, não a entenderia.”</p><p>c) “Avisto crianças que vão para a escola.”</p><p>d) “Eu não a podia ouvir da altura da janela...”</p><p>e) “A primavera chegou mais cedo!”</p><p>7. (IPEFAE- 2019) - Analise o trecho a seguir que contempla a estrutura gramatical de</p><p>LIBRAS, complete as lacunas e assinale a alternativa correta.</p><p>“Na LIBRAS os pronomes demonstrativos e os ___________ de lugar tem o mesmo sinal,</p><p>sendo diferenciados no ___________”.</p><p>a) Advérbios – Posicionamento.</p><p>b) Classificadores – Contexto.</p><p>c) Substantivos – Contexto.</p><p>d) Classificadores – Posicionamento.</p><p>e) Advérbios – Contexto.</p><p>8. Considere as afirmativas:</p><p>I. Os verbos simples são aqueles que não se flexionam em pessoa e número e também</p><p>não possuem perspectiva de concordância espacial e locativa.</p><p>II. Os verbos direcionais são aqueles que flexionam em pessoa e número e possuem</p><p>morfema espacial e locativo.</p><p>101</p><p>III. Os verbos espaciais são aqueles que flexionam em pessoa e número mas não</p><p>possuem morfema espacial e locativo.</p><p>IV. O verbo dormir é um exemplo de verbo simples.</p><p>V. O verbo ajudar é um exemplo de verbo direcional.</p><p>VI. O verbo chegar é um exemplo de verbo espacial.</p><p>São verdadeiras as sentenças:</p><p>a) I, V e VI.</p><p>b) II e III.</p><p>c) IV, V e VI.</p><p>d) I, IV, V e VI.</p><p>e) I, II, III, IV, V e VI.</p><p>102</p><p>AS EXPRESSÕES NÃO MANUAIS</p><p>(ENM)</p><p>O USO DAS ENM NA LIBRAS E SEUS ASPECTOS GRAMATICAIS</p><p>As expressões não manuais são aquelas que não se realizam com as mãos.</p><p>Podem ser, portanto, marcações faciais e corporais, como movimentos da cabeça,</p><p>dos olhos, dos ombros, sobrancelhas, etc. no momento da realização da sinalização.</p><p>As expressões faciais e corporais aparecem tanto nos discursos das línguas orais</p><p>como no discurso das línguas de sinais. No entanto, no primeiro caso, as ENM não são</p><p>consideradas elementos linguísticos gramaticais. Elas são simplesmente reforçadoras</p><p>dos componentes gramaticais que são lexicalizados, ou seja, constituídos no discurso</p><p>por meio de palavras que exercem uma função gramatical. Já nas enunciações em</p><p>línguas de sinais, as ENM atuam como elemento gramatical, pois podem modificar o</p><p>sentido do discurso, marcar construções sintáticas e/ou diferenciar itens lexicais.</p><p>Silva (2015) considera um exemplo em que a variação da expressão</p><p>facial particulariza a lexia sinalizada. Veja:</p><p>Figura 10: Sinais diferenciados pela ENM</p><p>Fonte: SILVA, 2015, p.40</p><p>103</p><p>Note que os sinais do campo semântico de tristeza e exemplo possuem mesma</p><p>configuração de mão e ponto de articulação. Todavia, a expressão facial do emissor</p><p>deixa-nos claro qual lexia está sendo proferida. Perceba que, nesse caso, as ENM não</p><p>são apenas um recurso que paramenta o discurso. Antes, são essenciais se queremos</p><p>que o receptor da nossa mensagem compreenda o contexto da fala e o decodifique</p><p>de acordo com a nossa intenção comunicativa.</p><p>As ENM são apresentadas por Quadros e Karnopp (2004), conforme motivadas</p><p>por estudo de Ferreira Brito e Langevin, no quadro abaixo:</p><p>Figura 11: Expressões não manuais da Libras</p><p>Fonte: QUADROS; KARNOPP, 2004, p.61</p><p>As expressões não manuais podem ser únicas ou combinadas, a depender da</p><p>104</p><p>necessidade discursiva. Nesta unidade, compreenderemos como elas</p><p>desempenham papel sintático ao incorrer em marcações de sentenças</p><p>interrogativas, topicalizações e foco; além de considerar sua constituição lexical ao</p><p>marcar o aspecto e, também, sua manifestação na categorização de sentenças</p><p>afirmativas, interrogativas e negativas.</p><p>ASPECTO</p><p>Em Libras, os verbos podem sofrer flexão em aspecto. A flexão em aspecto</p><p>pode indicar algumas características específicas à ação, como, por exemplo, se ela</p><p>está ou não concluída e/ou se ela é duradoura, momentânea ou contínua, bem</p><p>como pode caracterizar o foco da ação, evidenciando quando ele acontece: se no</p><p>início, no decorrer ou no fim da ação.</p><p>Como a flexão de aspecto se manifesta na Libras? Vejamos exemplos</p><p>mencionados por Quadros e Karnopp (2004) na variação aspectual quanto à forma</p><p>e duração da ação.</p><p>105</p><p>Figura 12: Ação verbal com flexão aspectual</p><p>Fonte: QUADROS; KARNOPP, 2004, p.123</p><p>Podemos perceber que, além da variação no movimento ao performar o</p><p>verbo cuidar, há uma modificação no uso das ENM de modo a coincidir com a</p><p>finalidade comunicativa da ação.</p><p>No caso de uma ação incessante, temos lábios contraídos, sobrancelhas</p><p>franzidas e um movimento de cabeça direcionado ao objeto da ação, isto é, à</p><p>pessoa ou objeto que está sendo cuidado. Para indicar a operação ininterrupta, as</p><p>ENM são lábios contraídos, sobrancelhas levantadas e a cabeça direcionada ao</p><p>interlocutor.</p><p>Por último, na referência ao cuidar habitual, notamos lábios arredondados,</p><p>sobrancelhas neutras e um movimento de cabeça para frente e para trás similar ao</p><p>da mão dominante na sinalização.</p><p>Logo, podemos concluir que, ao modificar o aspecto durativo do verbo cuidar,</p><p>as ENM não serão ilustrativas ou complementares. Em associação com outro(s)</p><p>parâmetro(s) fonológico(s) como, no caso acima, o movimento, elas se ocuparão de</p><p>função gramatical essencial na decodificação do aspecto apropriado à situação</p><p>discursiva e ao intento do emissor; a saber, se trata-se de uma ação pontual, durativa,</p><p>contínua ou descontínua.</p><p>Ademais, lemos em Quadros e Karnopp:</p><p>Klima e Bellugi (1979) descreveram onze dimensões para representar</p><p>as formas que os sinais podem acessar na ASL. [...] Os autores também</p><p>observaram que tais dimensões podem variar minimamente</p><p>observando padrões sistemáticos, o que por sua vez evidencia a</p><p>complexidade das formas flexionais desta língua. Tais dimensões</p><p>106</p><p>também estão presentes na determinac ̧ão da</p><p>flexão e derivac ̧ão de</p><p>sinais na língua de sinais brasileira. (QUADROS; KARNOPP, 2004, p.124)</p><p>Dentre as representações variáveis flexionais está a tensão. A alteração nas</p><p>ENM também é um determinante de tensão nos nomes em Libras. As mesmas autoras</p><p>oferecem um exemplo:</p><p>Figura 13: Adjetivo com tensão</p><p>Fonte: QUADROS; KARNOPP, 2004, p.125</p><p>Além de variação no movimento, a decodificação integral do sentido só</p><p>acontecerá com uma mutabilidade das expressões não manuais. Os movimentos do</p><p>rosto e do corpo acompanharão o intuito do emissor da mensagem ao estabelecer</p><p>para o seu destinatário o grau de beleza daquele ou daquilo a que se refere. Observe</p><p>que as expressões faciais e corporais (dos ombros) deixam claro a gradação de</p><p>intensidade em cada forma de pronunciar o mesmo adjetivo.</p><p>FOCO</p><p>O foco é, como sugerido por sua nomenclatura, uma construção que visa</p><p>marcar uma informação da sentença dando-lhe maior entonação. Isso acontece,</p><p>basicamente, por meio da mudança na ordem básica da expressão.</p><p>Nestas também ocorrem elementos constituintes duplicados na</p><p>mesma oração, contudo o interesse é enfatizar o constituinte, “mas de</p><p>forma diferente da ênfase dada aos tópicos”, Quadros e Karnopp</p><p>(2000, p.152). Petronio e Lillo Martin (1997, apud Quadros e Karnopp,</p><p>idem), analisaram as construções com foco como “construções</p><p>duplas”, de maneira que foram delimitadas quando não há uma</p><p>“pausa significante antes do elemento duplicado”. As pesquisadoras</p><p>107</p><p>encaram as construções duplas diferentes, por exemplo, das</p><p>estratégias de discurso para sustentação de uma ideia. É possível que</p><p>haja construções duplas com variadas classe de palavras, entretanto</p><p>para analisar a ordem SOV que são advindas de construções de</p><p>verbos sem concordância duplos, as pesquisadoras se atêm a este</p><p>último. (RODRIGUES; SOUZA, 2017, p.21)</p><p>As construções classificadas como “duplas” acontecem quando o elemento</p><p>que receberá a entonação é repetido na mesma frase ou oração. Veja, tendo como</p><p>exemplo, as possibilidades de expressar, em Libras, a oração “Eu perdi o livro.”:</p><p>Haverá uma construção em foco na intenção de reiterar a ação expressa no</p><p>discurso. Para isso, no foco, a ação será o elemento marcado em duplicidade:</p><p>A construção SVOV (sujeito-verbo-objeto-verbo) visa enfatizar a ação</p><p>acontecida, e não o sujeito que realizou tal ação ou o objeto que foi perdido. No</p><p>entanto, conforme estabelecido por Quadros e Karnopp (2004), não basta apenas</p><p>repetir a unidade que deseja ressaltar. É preciso associar ao realce, movimentos de</p><p>cabeça, isto é, as expressões não manuais.</p><p>Figura 14: Sentença [EU PERDER LIVRO PERDER]</p><p>Fonte: QUADROS; KARNOPP, 2004, p.44</p><p>Note as duas performances da sinalizadora para o verbo perder. Embora a</p><p>sinalização seja a mesma, já que temos a mesma palavra, as ENM (movimento da</p><p>108</p><p>cabeça e expressões faciais) são diferentes. Como já dito anteriormente, isso deixa-</p><p>nos claro como tais expressões não são apenas parâmetros que ornamentam o</p><p>discurso, mas sim, elementos indispensáveis na correta construção sintática e,</p><p>portanto, na consequente decodificação apropriada por parte do interlocutor.</p><p>Embora a ordem mais comum de ordenação em Libras seja SVO, as outras,</p><p>como OSV, SOV e/ou VOS, são possíveis e compreensíveis à medida que se dão com</p><p>base nas regras sintático-gramaticais dessa língua. O foco é uma alternativa sintática</p><p>capaz de modificar a ordem básica e até multiplicar elementos linguísticos a fim de</p><p>proporcionar efeito contrastivo, de modulação e/ou de realce.</p><p>TÓPICO</p><p>Uma outra possibilidade de variarmos a ordem básica da frase em Libras (SVO)</p><p>é pela topicalização.</p><p>109</p><p>A topicalização dará conta da escolha de um eixo temático do discurso e se</p><p>concentrará nele. Isso acontecerá não só com uma colocação sintática específica,</p><p>mas também por meio do uso das ENM. Quadros e Karnopp indicam:</p><p>Esse mecanismo está associado à marcação não-manual com a</p><p>elevação das sobrancelhas. (...) A marca de tópico associada ao sinal</p><p>topicalizado é seguida por outras marcas não-manuais, de acordo</p><p>com esse tipo de construção. Ou seja, pode ser seguido por uma</p><p>marca não-manual de foco (se a sentença for focalizada), de</p><p>negação (se for negativa) e de interrogação (se for interrogativa).</p><p>(QUADROS; KARNOPP, 2004, p. 146)</p><p>O uso do tópico comentário pode ser observado no exemplo dado pelas</p><p>mesmas autoras referente à enunciação da seguinte oração:</p><p>Caso a oração fosse construída sem tópico e na ordenação sintática mais</p><p>comum da Libras, estaria assim:</p><p>Nesse aspecto, nos é dada uma informação sem nenhuma ênfase específica</p><p>a qualquer elemento da sentença. No entanto, podemos, à medida que necessário,</p><p>especificar um constituinte do discurso para reforçá-lo a partir de sua topicalização.</p><p>Foi o que aconteceu no exemplo trazido pelas autoras mencionadas ao</p><p>indicar uma estrutura de tópico em uma oração semelhante. Veja:</p><p>110</p><p>Figura 15: Sentença [FUTEBOL JOÃO GOSTAR]</p><p>Fonte: QUADROS; KARNOPP, 2004, p.147</p><p>Aqui, a informação recebida pelo interlocutor é exatamente a mesma</p><p>daquela realizada em uma estrutura SVO. Contudo, perceba que temos uma</p><p>flexibilização no critério de disposição dos elementos da oração; agora estabelecida</p><p>em OSV.</p><p>Qual o motivo dessa concessão? Apontar ao remetente da mensagem qual o</p><p>tópico de relevância nesse contexto; a saber, aquele que foi primariamente</p><p>determinado e cuja construção está associada à ENM de sobrancelhas levantadas.</p><p>Assim, ao topicalizar o objeto (futebol), indica-se que esse é o elemento principal</p><p>sobre o qual a explanação será feita.</p><p>111</p><p>Ainda, podemos identificar na Libras a possibilidade de replicação do</p><p>elemento topicalizado, realçando-o ainda mais. Essa estrutura mantém o constituinte</p><p>que recebeu a marca de tópico como o primeiro elemento da sentença e recupera-</p><p>o no seu lugar de origem. Retomando a partir da oração exemplificada por Quadros</p><p>e Karnopp, seria uma sentença como:</p><p>Observe que a ordem comum (SVO) foi modificada pela ordem OSV para</p><p>evidenciar o objeto futebol como assunto destaque da comunicação. Nesse caso,</p><p>há indicativo de maior ressalto, pois esse substantivo foi duplicado na posição que</p><p>estaria quando da ordenação básica da Libras: depois do verbo.</p><p>AFIRMATIVAS E NEGATIVAS, EXCLAMATIVAS E INTERROGATIVAS</p><p>A utilização de expressões não manuais é necessária na constituição do tipo</p><p>de frase em Libras, seja afirmativa, negativa, exclamativa e/ou interrogativa.</p><p>Em línguas orais, os critérios que estabelecem os tipos de frases podem ser três:</p><p>no caso das negativas, será a presença de alguma palavra com carga negativa, tal</p><p>qual não, nunca, nada, etc.</p><p>Já para os outros tipos de frases, as afirmativas, exclamativas e interrogativas</p><p>será a pontuação gráfica colocada ao final da sentença escrita e a entonação ao</p><p>ser verbalizada oralmente. Veja:</p><p>112</p><p>Perceba que, em exceção da sentença negativa, todas as orações possuem</p><p>construção idêntica. As escolhas morfossintáticas são iguais para todos os casos,</p><p>embora cada uma dessas orações tenha sentido próprio determinado pela sua</p><p>pontuação e, portanto, por seu tipo.</p><p>Todavia, não é possível estabelecer a modulação nos tipos de frases em Libras</p><p>da mesma maneira que as expostas acima, dado que os recursos de pontuação</p><p>gráfica e entonação não estão presentes nas línguas espaço-visuais, pois o seu</p><p>registro escrito não é semelhante ao das línguas orais-auditivas e, obviamente, por</p><p>não serem expressas pelo aparelho fonoarticulatório, estão isentas de marcas de</p><p>oralidade, como a entonação.</p><p>Assim, o elemento responsável por indicar o tipo de frase</p><p>em Libras será a</p><p>expressão não manual.</p><p>As orações afirmativas terão expressões faciais e corporais neutras. Sua</p><p>constituição reúne vocabulário relacionado à intenção do enunciador com</p><p>imparcialidade de expressão, como podemos ver na ilustração abaixo:</p><p>Figura 16: Sentença “Este livro é meu.”</p><p>Fonte: PAULA, 2020, p. 93</p><p>As orações negativas terão a inclusão de alguma palavra com carga</p><p>negativa, além da atribuição de ENM próprias a tal intuito, isto é, o de negar; como,</p><p>por exemplo, balançar de cabeça, aproximar as sobrancelhas, negar com o dedo</p><p>indicador, etc.</p><p>113</p><p>Figura 17: Sentença “Este livro não é meu.”</p><p>Fonte: PAULA, 2020, p. 95</p><p>Observamos que, ao trazer a palavra negativa que transforma a sentença, as</p><p>ENM do sinalizador carregam o sentido de modo a diferenciar a afirmativa da</p><p>negativa. Essa negação pode, inclusive, ser expressa simultaneamente à palavra ou</p><p>termo negado. Veja:</p><p>Figura 18: Sentença “Ele não falou nada.”</p><p>Fonte: PAULA, 2020, p. 97</p><p>O discurso exclamativo expressa surpresa, admiração, comoção, sobressalto,</p><p>espanto e/ou susto. Assim, terá expressões corporais e faciais associadas à</p><p>performance da sinalização a fim de ofertar esse(s) significado(s), como olhos</p><p>arregalados, ombros erguidos, lábios contraídos, sobrancelhas levantadas, etc.</p><p>114</p><p>Figura 19: Sentença “Belo Horizonte é linda!”</p><p>Fonte: PAULA, 2020, p. 97</p><p>Já as interrogativas terão ENM coincidentes com tal significação, identificando</p><p>o questionamento. São possibilidades de expressões indicativas de interrogativa:</p><p>queixo inclinado para cima, sobrancelhas franzidas, arredondamento dos lábios, leve</p><p>fechamento dos olhos, etc.</p><p>Figura 20: Sentença “O parque é onde?”</p><p>Fonte: PAULA, 2020, p. 97</p><p>115</p><p>FIXANDO O CONTEÚDO</p><p>1. (COVEST-COPSET – 2019) - As sentenças sujeito-verbo-objeto são comuns em Libras.</p><p>Assinale a alternativa que segue esta regra.</p><p>a) Nunca reclamar minha mãe.</p><p>b) José brasília não conhecer.</p><p>c) Comida nordeste ela gostar.</p><p>d) Miguel bolo colocar-no-forno.</p><p>e) Fátima estudar curso direito.</p><p>2. (COPESE- UFPI – 2018) - Sobre a ordem das frases na Língua Brasileira de Sinais, é</p><p>possível afirmar que:</p><p>1) Todas as frases com a estrutura SVO são gramaticais.</p><p>2) A estrutura OSV é a estrutura utilizada no processo de topicalização.</p><p>3) A estrutura SOV é utilizada para a construção de foco.</p><p>4) Frases com a estrutura VOS são agramaticais.</p><p>Estão CORRETAS as afirmações:</p><p>a) Apenas 1, 2 e 3.</p><p>b) Apenas 1, 2 e 4.</p><p>c) Apenas 1, 3 e 4.</p><p>d) Apenas 2, 3 e 4.</p><p>e) 1, 2, 3 e 4.</p><p>3. (SELECON- 2018 – adaptado) - Um instrutor usa uma frase do cotidiano para mostrar</p><p>a flexibilidade da ordem das frases em Libras e, em seu exemplo, utiliza a estrutura</p><p>de topicalização, onde a ordem visualizada é OSV. Apresenta-se a estrutura de</p><p>topicalização correta (t= tópico e mc= movimento de cabeça) na seguinte</p><p>alternativa:</p><p>116</p><p>a) tmc (De Libras, eu gosto.)</p><p>b) mcmc (De Libras, eu gosto.)</p><p>c) tt (De Libras, eu gosto.)</p><p>d) mct (De Libras, eu gosto.)</p><p>e) tmc nulo (De Libras, eu gosto)</p><p>4. A sentença abaixo reproduzida se trata de uma oração:</p><p>Fonte: FELIPE, 2007, p.65</p><p>a) Afirmativa.</p><p>b) Negativa.</p><p>c) Exclamativa.</p><p>d) Interrogativa.</p><p>e) Imperativa.</p><p>5. (FEPESE- 2019) - Analise a frase abaixo:</p><p>Quando o tema do discurso sinalizado em Libras tem uma ..........................no início da</p><p>frase, estamos nos referindo ao processo de topicalização.</p><p>Assinale a alternativa que completa corretamente a lacuna do texto.</p><p>a) supressão</p><p>b) derivação</p><p>c) subjetivação</p><p>117</p><p>d) ênfase especial</p><p>e) incorporação</p><p>6. São indicativos que a sentença abaixo reproduzida trata-se de uma negativa:</p><p>Fonte: FELIPE, 2007, p.66</p><p>a) ENM sobrancelha franzida e vocabulário indeterminado.</p><p>b) utilização de pronome pessoal e ENM do movimento de cabeça.</p><p>c) exclusivamente a ENM do indicador sinalizando negativa.</p><p>d) ENM de surpresa e espanto e ENM sobrancelha franzida.</p><p>e) incorporação da sinalização negativa e ENM do movimento de cabeça.</p><p>7. (IBADE- 2018) - A diferença entre a língua oral e a língua de sinais está na</p><p>modalidade de articulação, sendo que na primeira a modalidade praticada é</p><p>oral-auditiva, pronunciada oralmente e, na segunda, apresenta-se visual-espacial,</p><p>representada por sinais. Nesse sentido, nas duas línguas encontram-se presentes</p><p>itens lexicais e todo aparato linguístico necessário para a efetivação da</p><p>comunicação entre seus usuários. A Libras, tanto quanto as outras línguas</p><p>apresentam estrutura e regras gramaticais próprias. A sintaxe da Libras é composta</p><p>pela seguinte ordem básica, respectivamente:</p><p>a) verbo, objeto e sujeito.</p><p>b) sujeito, verbo e objeto.</p><p>c) gênero, verbo e objeto.</p><p>d) verbo, gênero e sujeito.</p><p>e) sujeito, verbo e substantivo.</p><p>118</p><p>8. (UFCG – 2019) - Na sintaxe da Libras, as construções em foco envolvem duplicação</p><p>e estão associadas a marcações não-manuais enfáticas. De acordo com essa</p><p>regra, qual o tipo de estrutura apresentada para a construção da oração [QUEM</p><p>GOSTAR VIAJAR] qu QUEM]qu?</p><p>a) quando o elemento for interrogativo, a marcação não manual será exclamativa.</p><p>b) quando o elemento for exclamativa, a marcação não manual será interrogativa.</p><p>c) quando o elemento for interrogativo, a marcação não manual será interrogativa.</p><p>d) quando o elemento for duplicação negativa, a marcação não manual será</p><p>interrogativa.</p><p>e) quando o elemento for duplicação negativa, a marcação não manual será de</p><p>negativa.</p><p>119</p><p>LIBRAS EM FOCO III</p><p>AÇÕES COTIDIANAS</p><p>As enunciações referentes a atos cotidianos serão basicamente construídas a</p><p>partir da classe de palavras que exprime as ações, estado ou mudança de estado;</p><p>a saber, os verbos.</p><p>Considere alguns verbos em Libras no vídeo apresentado pelo canal da Hand</p><p>Talk disponível no Youtube: https://bit.ly/3BrTYip.</p><p>Perceba que os verbos mostrados no vídeo estão fora de contexto e, portanto,</p><p>sem qualquer tipo de concordância ou conjugação. Assim, quando necessário,</p><p>marcas de tempos verbais e elementos morfológicos de conformidade ao referente</p><p>serão indicados na adequação ao contexto.</p><p>Vamos sugerir aplicações a partir de algumas das ações comuns no discurso</p><p>cotidiano. Consideraremos o conteúdo nos principais tipos de frases, quais sejam:</p><p>afirmativas, negativas, exclamativas e interrogativas. Vamos começar?</p><p>Leia o texto a seguir escrito em Português. Note os verbos nele colocados que</p><p>estão listados no vídeo que consideramos. No espaço em seguida, faça a transcrição</p><p>da tradução desse mesmo texto para a Libras. Para isso, retome seus conhecimentos</p><p>sobre pronomes pessoais, membros da família, lugares públicos, etc.</p><p>https://bit.ly/3BrTYip</p><p>120</p><p>Uma rotina</p><p>_________________________________________________________________________</p><p>_________________________________________________________________________</p><p>_________________________________________________________________________</p><p>_________________________________________________________________________</p><p>_________________________________________________________________________</p><p>_________________________________________________________________________</p><p>_________________________________________________________________________</p><p>_________________________________________________________________________</p><p>_________________________________________________________________________</p><p>_________________________________________________________________________</p><p>_________________________________________________________________________</p><p>ASPECTO ....................................................................................................................... 104</p><p>FOCO ............................................................................................................................ 106</p><p>TÓPICO.......................................................................................................................... 108</p><p>AFIRMATIVAS E NEGATIVAS, EXCLAMATIVAS E INTERROGATIVAS ..................................... 111</p><p>6</p><p>FIXANDO O CONTEÚDO .............................................................................................. 115</p><p>LIBRAS EM FOCO III ........................................................................................................ 119</p><p>AÇÕES COTIDIANAS ...................................................................................................... 119</p><p>PARTÍCULAS INTERROGATIVAS ........................................................................................ 125</p><p>APLICAÇÃO PRÁTICA .................................................................................................... 129</p><p>6.3.1 Atividade 1 ........................................................................................................ 129</p><p>6.3.2 Atividade 2 ........................................................................................................ 130</p><p>6.3.3 Atividade 3 ........................................................................................................ 131</p><p>FIXANDO CONTEÚDO ................................................................................................... 133</p><p>LIBRAS EM FOCO I .......................................................................................................... 137</p><p>VERBOS DIRECIONAIS ..................................................................................................... 137</p><p>ADVÉRBIOS DE TEMPO ................................................................................................... 144</p><p>APLICAÇÃO PRÁTICA ................................................................................................... 148</p><p>7.3.1 Atividade 1 ........................................................................................................ 148</p><p>7.3.2 Atividade 2 ........................................................................................................ 149</p><p>7.3.3 Atividade 3 ........................................................................................................ 151</p><p>FIXANDO O CONTEÚDO ............................................................................................... 155</p><p>LIBRAS EM FOCO II ......................................................................................................... 161</p><p>ESTRUTURA CONDICIONAL ............................................................................................. 161</p><p>HORAS .......................................................................................................................... 171</p><p>APLICAÇÃO PRÁTICA .................................................................................................... 176</p><p>8.3.1 Atividade 1 ........................................................................................................ 176</p><p>8.3.2 Atividade 2 ........................................................................................................ 178</p><p>8.3.3 Atividade 3 ........................................................................................................ 179</p><p>FIXANDO O CONTEÚDO ............................................................................................... 181</p><p>OS CLASSIFICADORES EM AÇÃO ................................................................................ 188</p><p>CLASSIFICADORES ......................................................................................................... 188</p><p>O PAPEL DOS CLASSIFICADORES ................................................................................... 193</p><p>VERBOS CLASSIFICADORES ............................................................................................ 199</p><p>FIXANDO O CONTEÚDO ............................................................................................... 203</p><p>LIBRAS EM FOCO III ........................................................................................................ 208</p><p>VESTIMENTA ................................................................................................................. 208</p><p>ADJETIVOS .................................................................................................................. 213</p><p>APLICAÇÃO PRÁTICA .................................................................................................. 219</p><p>10.3.1 Atividade 1...................................................................................................... 219</p><p>10.3.2 Atividade 2...................................................................................................... 220</p><p>10.3.3 Atividade 3...................................................................................................... 220</p><p>10.3.4 Atividade 4...................................................................................................... 221</p><p>FIXANDO O CONTEÚDO ............................................................................................... 222</p><p>7</p><p>LIBRAS EM FOCO IV ....................................................................................................... 226</p><p>ANIMAIS ...................................................................................................................... 226</p><p>CORES ........................................................................................................................ 233</p><p>APLICAÇÃO PRÁTICA .................................................................................................. 237</p><p>11.3.1 Atividade 1 ...................................................................................................... 238</p><p>11.3.2 Atividade 2 ...................................................................................................... 238</p><p>11.3.3 Atividade 3 ...................................................................................................... 241</p><p>FIXANDO O CONTEÚDO ............................................................................................... 243</p><p>LIBRAS EM FOCO V ........................................................................................................ 246</p><p>PRONOMES INDEFINIDOS ............................................................................................. 246</p><p>PROFISSÕES ................................................................................................................. 252</p><p>APLICAÇÃO PRÁTICA .................................................................................................. 258</p><p>12.3.1 Atividade 1 ...................................................................................................... 258</p><p>12.3.2 Atividade 2 ...................................................................................................... 259</p><p>12.3.3 Atividade 3 ...................................................................................................... 261</p><p>FIXANDO O CONTEÚDO ............................................................................................... 262</p><p>RESPOSTAS DO FIXANDO O CONTEÚDO .................................................................... 268</p><p>REFERÊNCIAS ................................................................................................................... 269</p><p>8</p><p>A COMPETÊNCIA COMUNICATIVA</p><p>O QUE É COMPETÊNCIA COMUNICATIVA</p><p>O estudo da competência comunicativa é imprescindível para formação de</p><p>sujeitos efetivamente comunicadores. Sua aplicabilidade está para várias</p><p>_________________________________________________________________________</p><p>No relato, podemos notar elaborações dos principais tipos de frases. Ao</p><p>considerar cada exemplo mencionado, retome as considerações feitas no item 5.5</p><p>desta obra.</p><p>Veja:</p><p> Afirmativas</p><p>121</p><p>Considerando a ordenação SVO (sujeito + verbo + objeto) e/ou SOV</p><p>essas sentenças podem ser construídas em Libras assim:</p><p>Nas passagens acima, temos dois períodos oracionais em cada uma: a) Meu</p><p>filho acorda + Meu filho vai para a escola e b) Eu acordo + Eu vou trabalhar.</p><p>No primeiro caso, a estrutura em SVO para o período inicial é gramatical e</p><p>compreensível. Porém, para o segundo período temos um verbo (IR) que deve levar</p><p>em consideração o ponto estabelecido no espaço do enunciador ao indicar a</p><p>referência locativa de tal verbo. Assim, a ordenação marcará primeiro o objeto</p><p>(escola), pois essa indicação auxiliará no direcionamento dado ao verbo.</p><p>No segundo caso, acontece de maneira semelhante. A primeira sentença</p><p>pode ser estabelecida em SVO, porém a segunda será mais clara à medida que</p><p>primeiro haja a cenarização do referente para, depois, atribuir a ele um</p><p>apontamento manual direcionado à anterior demarcação.</p><p>Tal afirmativa também pode ser produzida em SVO. Perceba que a marcação</p><p>para nós dois está agrupada em uma única sinalização. Relembre no item 2.1 a</p><p>construção dos pronomes referentes à primeira pessoa do plural nesse sentido.</p><p>Importante ressaltar que o parâmetro das expressões não manuais deve ser</p><p>122</p><p>considerado ao enunciar qualquer sentença em Libras. Para as afirmativas, o mais</p><p>comum são expressões corporais e faciais neutras que deixam claro uma expressão</p><p>isenta de outros sentidos que não a informação pontual e assertiva.</p><p> Negativas</p><p>Você aprenderá as construções referentes às formas de negativa de maneira</p><p>detalhada no livro Libras IV. Por enquanto, vamos identificar a formação em SOV para</p><p>ambas as frases negativas exemplificadas, dado que a partícula de negação deve</p><p>vir imediatamente após o elemento que está sendo negado. Assim, teremos:</p><p>No primeiro caso, o que está sendo negado é o fato do filho ficar sozinho</p><p>identificado pelo verbo poder. No segundo caso, é a situação de assistir televisão</p><p>que recebe uma referência negativa. Tal circunstância está identificada pelo verbo</p><p>ver. Por isso, é depois desses dois verbos que a lexia de carga restritiva será posta.</p><p>Aqui, também, as expressões não manuais são essenciais para elucidar a</p><p>intenção do remetente da mensagem. Por exemplo, junto à sinalização da palavra</p><p>não, acrescentar movimentos corporais como o balançar de cabeça para a direita</p><p>e para a esquerda e expressões faciais como sobrancelhas franzidas, olhos</p><p>123</p><p>semiabertos, lábios protuberantes em forma de beijo/bico, etc. não apenas adorna</p><p>a mensagem, mas lhe dá integral percepção do intento negativo trazido pelo</p><p>locutor.</p><p> Exclamativas:</p><p>Para exclamativas, como a aqui citada, podemos manter a estrutura em SVO.</p><p>No entanto, haverá, quando em comparado com a disposição dos elementos em</p><p>Língua Portuguesa, uma variação na ordenação escolhida para o pronome muitos.</p><p>Sendo uma classe de palavra que caracteriza e acompanha outra; nesse caso, um</p><p>substantivo, será mais gramatical e tornará a compreensão mais factível se primeiro</p><p>indicarmos o referente a ser indefinido pelo pronome. Veja:</p><p>As expressões não manuais serão as responsáveis por indicar a propriedade</p><p>exclamativa dessa sentença. Perceba que poderíamos formular afirmativas e</p><p>interrogativas utilizando a mesma estrutura lexical:</p><p>Em línguas orais auditivas, a identificação do tipo de frase se dá, quando se</p><p>tratando de um discurso verbalizado, por meio da entonação. É a entonação que</p><p>determinará se estamos afirmando que ele tem muitos amigos, se estamos</p><p>questionando isso ou se estamos exclamando sobre essa condição. No entanto, por</p><p>não termos, nas línguas de sinais, elementos fonológicos próprios à modulação como</p><p>responsáveis pelo reconhecimento da forma oracional, serão as ENM que servirão tais</p><p>quais as caracterizações enunciativas de ênfase ou variação.</p><p>124</p><p>Portanto, as expressões faciais como sobrancelhas levantadas, olhos bem</p><p>abertos, lábios arqueados para baixo ou protuberantes em forma de beijo/bico, etc.</p><p>indicarão que se trata de uma exclamativa relativa à intensidade e emoção.</p><p> Interrogativas:</p><p>Teremos a necessidade de expressões não manuais para as interrogativas, pois</p><p>se trata de uma forma oracional que, em alguns casos, demanda as mesmas</p><p>considerações que fizemos sobre as exclamativas. No exemplo que abordamos</p><p>anteriormente, pudemos perceber que uma mesma sequência lexical pode</p><p>evidenciar tipos frasais distintos (a- Ele tem muitos amigos. b- Ele te muitos amigos! c-</p><p>Ele tem muitos amigos?)</p><p>Em casos assim, serão as ENM próprias de uma interrogativa que elucidarão ao</p><p>interlocutor se tratar de uma pergunta.</p><p>Ainda, temos discursos que possuem palavras interrogativas em sua</p><p>constituição, deixando claro o tipo de frase para o contexto. É assim que se dá com</p><p>a sentença aqui trazida a título de modelo. Note como enunciá-la em Libras de modo</p><p>plausível para a estrutura gramatical dessa língua:</p><p>Em Libras, as interrogativas que possuem na sua composição algum advérbio</p><p>ou pronome que já aportam em si mesmo carga negativa (o que; quando; onde; por</p><p>que; como; etc.) terão essas lexias colocadas no fim da sentença. De modo que é</p><p>comum uma estrutura SOV +palavra interrogativa.</p><p>Atrelada à estrutura, as ENM como os olhos semiabertos, sobrancelhas</p><p>franzidas, queixo levemente levantado e lábio arredondado complementam a</p><p>característica de marca interrogativa na performance enunciativa.</p><p>125</p><p>PARTÍCULAS INTERROGATIVAS</p><p>Mencionamos, no subtítulo anterior, a presença de palavras interrogativas na</p><p>constituição de sentenças indagatórias. Essas partículas podem estar em forma de</p><p>lexia ou locução.</p><p>Identificamos abaixo algumas das principais partículas interrogativas na Língua</p><p>Brasileira de Sinais:</p><p>Acesso em: 12 set. 2021.</p><p>https://bit.ly/3aaMy78</p><p>126</p><p>Em Libras elas servem a basicamente dois sentidos: servir como lexia-função</p><p>para indicar uma pergunta e/ou atuar como elemento de retórica.</p><p>Em Língua Portuguesa, ao atuar como indicativo de uma pergunta, tais</p><p>vocábulos iniciam as orações interrogativas seguidas do arranjo SVO:</p><p>Em Libras, porém, o mais comum é que a frase apresente a forma SOV +palavra</p><p>interrogativa. Acompanhe:</p><p>Caso a sentença não tenha um dos constituintes mencionados, como por</p><p>exemplo, o objeto, mantemos a estrutura sugerida isenta do elemento omitido. É</p><p>assim com o último modelo acima apresentado que, em Libras, ficará:</p><p>127</p><p>Uma outra demanda possível para o uso das palavras interrogativas está para</p><p>a construção de retórica e, não obrigatoriamente, na exigência de uma resposta do</p><p>destinatário da mensagem.</p><p>Esse é um recurso muito comum na elaboração textual em Libras e tem como</p><p>efeito chamar a atenção do interlocutor, destacar uma informação e facilitar a</p><p>compreensão de períodos muito longos como os subordinados. Veja:</p><p>Todas as proposições acima podem ter na sua elaboração o uso de palavras</p><p>interrogativas com atribuição retórica. Assim, o narrador fará uma pergunta, mas não</p><p>espera uma resposta do seu interlocutor.</p><p>Ele mesmo responderá tal questionamento que servirá para identificar os</p><p>pontos mais relevantes do contexto, isto é, as informações principais que recebem</p><p>esse destaque. Teremos as seguintes construções:</p><p>A primeira frase traz as informações da oração</p><p>subordinada depois da</p><p>128</p><p>introdução da palavra interrogativa para quê. Essa construção sequencia as</p><p>informações e destaca o que, nesse contexto, é selecionado como a referência mais</p><p>importante a ser decodificada ou recebida.</p><p>Algumas marcações feitas na descrição da sentença e importantes de serem</p><p>identificadas têm a ver com, em primeiro lugar, unidades que, em Língua Portuguesa</p><p>são polilexicais e, em Libras, terão sinalização única.</p><p>É o que acontece com a expressão todos os dias que, ao ser traduzida para a</p><p>língua de sinais será performada por um único sinal capaz de representar mesmo</p><p>sentido. Em segundo lugar, é necessário mencionar a identificação do uso das</p><p>expressões não manuais.</p><p>A marcação das expressões corporais e faciais próprias de interrogativas serão</p><p>realizadas apenas durante a sinalização da palavra/locução interrogativa. Logo em</p><p>seguida, a continuidade da frase será marcada por ENM de afirmativa, já que a</p><p>informação seguinte trata da resposta ao questionamento retórico anteriormente</p><p>feito.</p><p>A segunda frase, ao utilizar-se da interrogativa retórica nos indica que, nessa</p><p>sentença, a informação para a qual está sendo chamada a atenção é o assunto</p><p>que os sujeitos gostam de estudar juntos; ou seja, inglês.</p><p>Aqui também temos marcações de um sujeito que será sinalizado com apenas</p><p>uma lexia em Libras, embora em Português esteja referenciado com duas palavras:</p><p>nós dois. Ainda, as ENM próprias do tipo de frase interrogativa estarão restritas ao</p><p>momento da sinalização da locução interrogativa o quê.</p><p>Por último, na terceira frase, também teremos uma unidade polilexical em</p><p>Língua Portuguesa que pode ser sinalizada com apenas uma palavra em Libras. É o</p><p>caso da negativa do verbo poder, isto é, não poder.</p><p>Assim como funcionou para as duas outras sentenças analisadas e como</p><p>funciona para a maioria das construções retóricas, o uso das expressões manuais e</p><p>corporais que caracteriza o questionamento estará no momento da sinalização da</p><p>palavra/locução interrogativa, enquanto que no restante da enunciação, as ENM</p><p>evidenciarão o tipo de construção afirmativa, própria de ofertar uma informação</p><p>factual e típica.</p><p>129</p><p>APLICAÇÃO PRÁTICA</p><p>Com os conhecimentos adquiridos até aqui, vamos realizar algumas</p><p>aplicações práticas para ampliar nossos conhecimentos.</p><p>6.3.1 Atividade 1</p><p>Construa pelo menos dois pares de frases para cada uma das ações de Ravi.</p><p>Você pode aproveitar informações para desencadear outras seguintes. Não se</p><p>esqueça de treinar os quatro tipos de sentenças aprendidas; a saber, afirmativas,</p><p>negativas, exclamativas e interrogativas. Siga o modelo:</p><p>Modelo:</p><p>O que Ravi está fazendo? _ Ele está acordando.</p><p>Ele acorda muito cedo! _ Sim, às 6:30h.</p><p>130</p><p>Fonte: https://bit.ly/3Bh3WCQ. Acesso em: 12 set. 2021</p><p>6.3.2 Atividade 2</p><p>Assista ao vídeo de Fiorella contando uma história para sua irmã Florence. O</p><p>vídeo está no seguinte link: https://bit.ly/2YpQb6N.</p><p>Trata-se do livro Barulhinhos da manhã, de Pollyana Gama:</p><p>https://bit.ly/3Bh3WCQ</p><p>https://bit.ly/2YpQb6N</p><p>131</p><p>Identifique os sinais de ações cotidianas ali apresentados e, mesmo sem</p><p>conhecer a história, faça uma contação mais detalhada a partir do que conheceu</p><p>do relato pela leitura de Fiorella.</p><p>Depois de sua produção textual pronta, assista ao vídeo explicativo da obra</p><p>no seguinte link: https://bit.ly/3ixb1ry.</p><p>Isso lhe permitirá refletir sobre sua capacidade de depreender e ampliar um</p><p>discurso e concepções dele a partir de uma informação restrita. Associe os</p><p>classificadores à sua elaboração vocabular.</p><p>6.3.3 Atividade 3</p><p>Faça e apresente para a classe, para um grupo de colegas ou para o professor</p><p>a seguinte sugestão textual:</p><p> A descrição de um dia da sua rotina.</p><p>Lembre-se de colocar no seu discurso: o vocabulário de localização já</p><p>trabalhado, o vocabulário de ações cotidianas, diferentes tipos de frases (afirmativas,</p><p>negativas, exclamativas e interrogativas).</p><p>Depois de apresentar seu texto, certifique-se de que as informações</p><p>compreendidas pelos colegas e/ou pelo professor tenham sido as intencionadas por</p><p>você. Aceite sugestões de adaptação de estruturação de sentenças e, caso seja</p><p>necessário, refaça o texto para que fique ainda mais compreensível aos seus</p><p>interlocutores.</p><p>https://bit.ly/3ixb1ry</p><p>132</p><p>133</p><p>FIXANDO CONTEÚDO</p><p>1. 2019 As expressões não manuais na Libras são fundamentais para a produção de</p><p>enunciados em Libras, pois atuam em todos os níveis linguísticos.</p><p>Podemos utilizar como exemplo da atuação da Libras em expressões gramaticais:</p><p>a) A testa franzida mostrando insatisfação ou raiva do falante.</p><p>b) O cerrar dos olhos indicando pergunta.</p><p>c) Os lábios esticados indicando felicidade.</p><p>d) A inclinação da cabeça para demonstrar tristeza.</p><p>e) O alçar das sobrancelhas indicando surpresa.</p><p>2. (UFU-MG 2019 adaptada) - Alguns verbos em Libras apresentam incorporação da</p><p>negação, ou seja, o sinal já exprime o sentido da negativa sem a necessidade de</p><p>se utilizar o item lexical de negação. Outro exemplo de incorporação é a de</p><p>numeral, feita, por exemplo, na apresentação de pronomes pessoais. Sobre a</p><p>incorporação, os estudos linguísticos apontam que os Sinais</p><p>a) restringem-se a incorporar numerais aos verbos.</p><p>b) não apresentam restrições, de modo que qualquer número pode ser incorporado</p><p>ao Sinal.</p><p>c) restringem-se a incorporar, no máximo, os numerais até quatro.</p><p>d) limitam-se à produção para quantidade de horas.</p><p>e) em todos os casos de incorporação de negativa mudam a forma da configuração</p><p>de mão do verbo na sua forma afirmativa.</p><p>3. (COPESE-UFPI 2017 adaptada) - As línguas de sinais são línguas organizadas</p><p>espacialmente de forma tão complexa quanto as línguas orais-auditivas. Qualquer</p><p>referência usada no discurso requer o estabelecimento de um local no espaço de</p><p>sinalização. Esse local pode ser referido através de vários mecanismos espaciais.</p><p>134</p><p>São opções que se referem a esses mecanismos:</p><p>Direcionamento da cabeça e dos olhos em direção a uma localização particular.</p><p>I. Apontação ostensiva antes do sinal de um referente específico.</p><p>II. Usar um pronome em uma localização particular quando a referência for óbvia.</p><p>III. Usar um classificador em uma localização particular.</p><p>IV. Usar um verbo não-direcional (sem concordância).</p><p>a) I, II, III, IV e V.</p><p>b) I, II, III e IV.</p><p>c) I, IV e V.</p><p>d) I, II e III.</p><p>e) I e III.</p><p>4. Qual dos verbos abaixo pode ser sinalizado em Libras de duas formas distintas</p><p>quando na sua atribuição negativa?</p><p>a) Conversar.</p><p>b) Ir.</p><p>c) Estudar.</p><p>d) Trabalhar.</p><p>e) Poder.</p><p>5. Os seguintes verbos correspondem a:</p><p>Fonte: https://www.libras.com.br/os-cinco-parametros-da-libras</p><p>135</p><p>a) brincar; esquecer e aprender.</p><p>b) trabalhar; limpar e pensar.</p><p>c) discutir; lembrar e saber.</p><p>d) andar; entender e entender.</p><p>e) escrever; arrepender e pensar.</p><p>6. (FUNCAB- 2015) - Verbos direcionais são os que possuem marca de concordância.</p><p>A direção do movimento marca no ponto inicial e no final, respectivamente, o(a):</p><p>a) verbo – objeto.</p><p>b) sujeito – verbo.</p><p>c) verbo – adjunto.</p><p>d) sujeito – objeto.</p><p>e) gênero – verbo.</p><p>7. A frase que está sendo abaixo sinalizada pode ser traduzida por:</p><p>a) Sua família ama viajar para onde?</p><p>b) O que a família dele gosta de fazer ao viajar?</p><p>c) Para onde sua família gosta de viajar?</p><p>d) Como sua família gosta de viajar?</p><p>e) Quando sua família gosta de viajar?</p><p>8. (COMVEST-UFAM 2019) - Libras apresenta certa flexibilidade na ordem das</p><p>palavras. Existem assimetrias entre as construções com verbos sem concordância</p><p>e</p><p>com concordância. No entanto, pesquisas evidenciam que a ordem mais básica</p><p>136</p><p>da língua é:</p><p>a) VO.</p><p>b) VOS.</p><p>c) OSV.</p><p>d) SVO.</p><p>e) SOV.</p><p>137</p><p>LIBRAS EM FOCO I</p><p>VERBOS DIRECIONAIS</p><p>Para compreendermos a estrutura de enunciação dos verbos direcionais, é</p><p>preciso recobrar os tipos verbais a partir das considerações de concordância. A</p><p>gramática da Língua Portuguesa assim descreve a concordância verbal:</p><p>A concordância é a conformidade morfológica entre uma classe</p><p>(neste caso, o verbo) e seu escopo (neste caso, o sujeito). Essa</p><p>conformidade implica, portanto, na redundância de formas, ou seja,</p><p>se houver marcação de plural no sujeito haverá marcação de plural</p><p>no verbo. (CASTILHO, 2014, p.411)</p><p>Nas línguas orais, a concordância do sujeito com o verbo está</p><p>particularmente para a escolha entre singular e plural. No entanto, para a Libras, a</p><p>concordância pode extrapolar a questão do número. Autores como Quadros e</p><p>Karnopp (2004) diferem os grupos de tipos de verbos em Libras em verbos com</p><p>concordância e verbos sem concordância:</p><p>Os verbos sem concordância são aqueles que não se flexionam em</p><p>pessoa e número e não tomam afixos locativos. No entanto alguns</p><p>desses verbos se flexionam em aspecto. Exemplos dessa categoria na</p><p>língua de sinais brasileira são CONHECER, AMAR, APRENDER, SABER,</p><p>INVENTAR, GOSTAR [...]. Por outro lado, os verbos com concordância</p><p>são os que se flexionam em pessoa, número e aspecto. Exemplos</p><p>dessa categoria na língua de sinais brasileira são DAR, ENVIAR,</p><p>RESPONDER, PERGUNTAR, DIZER, PROVOCAR. (QUADROS; KARNOPP,</p><p>2004, p. 201)</p><p>138</p><p>Como as autoras deixam claro, mesmo os verbos sem concordância podem</p><p>ter flexão em aspecto. Nesse caso, é possível identificar elementos temporais ou</p><p>distributivos em relação à ação executada. Vejamos como isso acontece em um</p><p>exemplo prático:</p><p>Assista ao vídeo de Tom Min Alves em que ele interpreta a música Vagalumes</p><p>da banda Pollo. Ele está disponível no link:</p><p>https://www.youtube.com/watch?v=JG8xrh1az_g</p><p>Depois de assistir ao vídeo sugerido, podemos reconhecer, no refrão da</p><p>canção, dois verbos que são considerados sem concordância, mas que podem</p><p>receber flexão de tipo distributiva nesse contexto. Trata-se dos verbos caçar e colorir.</p><p>Perceba como o intérprete realiza a sinalização da referência caçar vaga-</p><p>lumes. Antes de enunciar o verbo, temos a identificação do objeto a ser caçado; a</p><p>saber, vaga-lumes.</p><p>Figura 21: Identificação do substantivo vaga-lumes</p><p>Fonte: . Acesso em: 01 nov. 2021</p><p>A pesquisa sobre a Concordância Verbal nos auxilia em identificar não apenas a definição</p><p>do conceito, mas também análises sobre estruturações comuns a todas as línguas. Confira</p><p>o texto de Vieira na obra “Ensino de Gramática: descrição e uso” nas páginas 85 a 102.</p><p>Link: Leitor - Biblioteca Virtual Universitária (bvirtual.com.br)</p><p>https://www.youtube.com/watch?v=JG8xrh1az_g</p><p>https://www.youtube.com/watch?v=JG8xrh1az_g</p><p>https://plataforma.bvirtual.com.br/Leitor/Publicacao/1256/pdf/0?code=CYh3IktLgCyAEqLH91+QPzcegR1cbOTLXgJKFNQW3ZJ58AWo6bCQtjZEGJI3g3GIhYS9pKS1SoJU4oXJjVRUfg==</p><p>139</p><p>Assim, levando em consideração o alvo da caça (tamanho, quantidade, etc.),</p><p>o verbo caçar ganha forma. Note que a forma de caçar nesse contexto terá flexão</p><p>do aspecto distributivo, pois a ação de pegar os vagalumes está distribuída no</p><p>espaço de acordo com a intenção comunicativa do emissor.</p><p>Figura 22: Sinalização do verbo caçar</p><p>Fonte: . Acesso em: 01 nov. 2021</p><p>A mesma estratégia acontece com o verbo colorir quando o intérprete faz a</p><p>referência de colorir o céu. O emissor inicia a expressão do verbo tendo como ponto</p><p>de articulação a frente do seu próprio rosto. Porém, a finalização da ação verbal se</p><p>dá em um ponto de articulação mais distante, somada à datilologia da palavra do</p><p>substantivo céu. Isso significa que também houve uma flexão distributiva da ação de</p><p>colorir, como se dissesse “colorir todo o céu” ou “colorir a extensão do céu”.</p><p>Figura 23: Sinalização do verbo colorir</p><p>Fonte: . Acesso em: 01 nov. 2021</p><p>https://www.youtube.com/watch?v=JG8xrh1az_g</p><p>https://www.youtube.com/watch?v=JG8xrh1az_g</p><p>140</p><p>Podemos concluir que as construções verbais em Libras consideram o</p><p>contexto para evoluir à sinalização mais apropriada possível. Essa relação</p><p>semântico-morfológica também acontece com os verbos direcionais.</p><p>Assim, teremos, dentro da categoria verbos com concordância, os que serão</p><p>produzidos a partir do sujeito e os que serão expressos a partir do objeto.</p><p>Os verbos direcionais, como o próprio nome indica, serão aqueles que, em</p><p>sua produção, levarão em conta aspectos da direcionalidade.</p><p>Alguns autores denominam os verbos direcionais simplesmente como verbos com</p><p>concordância, pois consideram a sua capacidade de associar informação semântica à</p><p>produção lexical. Teremos, portanto, distintas maneiras de direcionar ou indicar flexões de</p><p>pessoa, número e aspecto nas classes dos verbos com concordância. A concordância</p><p>poderá se dar em caráter pessoal e/ou espacial. Lemos, por exemplo, em Quadros e</p><p>Karnopp:</p><p>Ainda dentro da classificação de verbos com concordância, há os</p><p>chamados de backward verbs. Tais verbos iniciam a trajetória do</p><p>sinal na posição do objeto e concluem-na na posição de sujeito, ao</p><p>contrário dos demais verbos com concordância, que começam</p><p>sua trajetória na posição do sujeito e vão em direção à posição do</p><p>objeto. Na língua de sinais brasileira há vários verbos que ilustram</p><p>este tipo de verbo, como BUSCAR e CHAMAR. (QUADROS;</p><p>KARNOPP, 2004, p.203)</p><p>A Direcionalidade está relacionada à direção do movimento quando o sinal é realizado.</p><p>Ferreira-Brito (1995) aponta esse parâmetro como sendo um subparâmetro do parâmetro</p><p>Movimento. Todavia, por ser um parâmetro distintivo, ou seja, uma modificação nesse</p><p>parâmetro ocasiona um significado diferente ao sinal executado, o apresentamos como</p><p>um dos principais parâmetros das línguas de sinais.</p><p>141</p><p>Podemos fazer uso da direcionalidade para referir-nos às pessoas do</p><p>discurso: por meio do parâmetro Orientação da Palma conseguimos marcar a</p><p>concordância do verbo em relação ao número (singular ou plural) e pessoa (eu,</p><p>tu/você, ele(a), nós, vós/vocês, eles(as)), identificando, também, o sujeito e objeto</p><p>da sentença. Tome como exemplo o verbo ajudar.</p><p>A escolha da orientação da palma da mão e do movimento quando da</p><p>realização desse sinal levará em consideração o número e pessoa, isto é, o sinal será</p><p>diferentemente realizado a depender dos elementos que o compõem: quem realiza</p><p>a ação de ajudar? Quem é ajudado? A resposta a essas perguntas nos permitirão</p><p>optar pela direcionalidade da palma que esteja coerente e correta ao contexto. A</p><p>ilustração abaixo nos dá duas situações comunicacionais diferentes com o verbo</p><p>ajudar:</p><p>Figura 24: Variação do verbo ajudar</p><p>Fonte: PAULA, 2020, p.29</p><p>Nos casos retratados, antes de performar o sinal é preciso levar em conta</p><p>o sujeito da ação. No primeiro quadrinho, o enunciador determina o interlocutor,</p><p>ou seja, a pessoa você, como sujeito do verbo. Já no segundo quadrinho, o sujeito</p><p>é o próprio enunciador; ou seja, eu. Veja as diferentes formas de deixar essa</p><p>variação de pessoa clara no discurso:</p><p>142</p><p>Figura 25: Variação do sinal ajudar</p><p>Observe que, na primeira imagem, a orientação da palma da mão e o</p><p>movimento partem do enunciador e são direcionados para o interlocutor. Assim,</p><p>levando em conta que o ponto inicial</p><p>do sinal identifica o sujeito e que o ponto final</p><p>do sinal concorda com o objeto da sentença, podemos associar essa forma de</p><p>sinalização à tradução “Eu ajudo você”. Na segunda imagem, temos o inverso: a</p><p>orientação da palma da mão e o movimento partem do interlocutor e são</p><p>direcionados para o emissor. Pelo mesmo preceito citado, essa sentença será</p><p>traduzida como “Você me ajuda. ”</p><p>Construções como essas, isto é, que levam em consideração o ponto de saída</p><p>e chegada da verbalização, bem como os parâmetros de orientação da palma e</p><p>movimento são, portanto, denominadas direcionais, obviamente pelo seu caráter</p><p>de atribuir diferentes designações de sentido quando há modificação de tais</p><p>aspectos. Além do verbo ajudar, outros verbos também podem ser considerados</p><p>direcionais no que diz respeito à apropriação do número e da pessoa, como avisar,</p><p>perguntar, pedir, dar, etc.</p><p>Verbos também podem ser considerados direcionais quando fazem</p><p>apontamentos de orientação espacial. Veja:</p><p>143</p><p>Figura 26: Variação do sinal seguir</p><p>Fonte: CHOI et al., 2011, p. 65</p><p>Por que o verbo seguir pode ser considerado direcional? Porque também é</p><p>um verbo que levará em conta uma concordância para ser verbalizado, nesse caso,</p><p>espacial. Na Fig. 6 podemos perceber que apenas o Ponto de Articulação se difere</p><p>nas duas formas de apresentar a ação de seguir para algum lugar. Tal variação</p><p>acontece e deve acontecer a fim de que a mensagem seja plenamente</p><p>compreendida. O que se levará em conta ao escolher a forma correta de expressar</p><p>o verbo direcional com marcação espacial? Como a classificação nos sugere,</p><p>consideramos a localização para a qual a ação de seguir deve acontecer: para a</p><p>esquerda, para a direita, para frente, para trás, etc.</p><p>Nesse mesmo sentido de identificação espacial, podemos, ainda, enunciar</p><p>um verbo incorporando o referente no espaço como que produzindo na sinalização</p><p>do verbo um afixo locativo. Como? De acordo com seus conhecimentos,</p><p>especialmente os adquiridos quando dos estudos sobre classificadores, reflita e</p><p>identifique como os verbos pegar/colocar serão diferentemente realizados nas</p><p>situações abaixo mencionadas. Em cada uma delas, a indicação verbal também</p><p>pode ser considerada direcional, pois precisará levar em conta a fonte de onde o</p><p>objeto foi retirado e para onde será colocado:</p><p>a) pegar uma folha dentro de um armário que está acima de você e colocá-la na</p><p>impressora ao seu lado.</p><p>b) pegar uma moeda dentro de sua bolsa e colocá-la em seu cofrinho.</p><p>144</p><p>c) pegar três maçãs que estão em cima de uma mesa à sua direita e colocá-las na</p><p>gaveta de frutas da sua geladeira.</p><p>O que podemos concluir das nossas considerações e dessa atividade</p><p>proposta? Que em alguns casos não é possível apenas encontrarmos a forma verbal</p><p>padrão registrada em um dicionário e aplicá-la a todas as circunstâncias de</p><p>sinalização. Para os verbos com concordância será necessário considerar todas as</p><p>informações contextuais a fim de optar pela menção apropriada naquele quadro</p><p>em questão. Lembre-se: além das informações direcionais, pode ser preciso</p><p>considerar aspectos, por exemplo, de tamanho, forma e manipulação do referente</p><p>para que o interlocutor tire as conclusões corretas acerca da nossa comunicação.</p><p>ADVÉRBIOS DE TEMPO</p><p>Segundo definição da Gramática Tradicional da Língua Portuguesa, o</p><p>advérbio é uma palavra invariável que funciona “fundamentalmente [como] um</p><p>modificador do verbo” (CUNHA; CINTRA, 1985, p.529). Essa modificação está para o</p><p>caráter de predicação, ou seja, determinar, especificar, definir ou identificar</p><p>características, propriedades ou atributos referentes à ação indicada pelo verbo</p><p>cuja palavra da classe dos advérbios foi associada.</p><p>Castilho nos ajuda a compreender os advérbios associando-os com uma</p><p>classe de palavras mais recorrente, a saber, os adjetivos:</p><p>Dado que grande parte dos adjetivos também predica, tem-se</p><p>atribuído aos advérbios o papel de adjetivar (“o advérbio é o adjetivo</p><p>do verbo”) e de substituir (“o advérbio substitui o sintagma</p><p>preposicional”). (CASTILHO, 2014, p.544)</p><p>O autor continua detalhando os advérbios por classificá-los de acordo com a</p><p>nomenclatura gramatical brasileira. Dentre os principais advérbios estão os</p><p>chamados advérbios de afirmação/dúvida/negação; intensidade; lugar;</p><p>modo/tempo e interrogativos.</p><p>145</p><p>Para este capítulo trataremos de um tipo de advérbio a fim de identificarmos o</p><p>seu funcionamento e aplicabilidade na Libras. No entanto, através de tais exposições</p><p>será possível compreender a execução de advérbios dos demais tipos.</p><p>A nomenclatura dos tantos advérbios não é fixa. Cada gramático ou</p><p>pesquisador pode abordá-la de maneira mais geral ou ramificar, trazendo mais</p><p>detalhamentos de sentido em cada descrição. Todavia, sendo uma listagem maior</p><p>ou menor, é possível identificar claramente as demandas semânticas de uso dos</p><p>distintos advérbios, sejam em contextos de discursos em línguas orais ou de sinais.</p><p>Vamos tratar dos advérbios de tempo e decodificar como se estabelecem em</p><p>um discurso em Língua Brasileira de Sinais na nossa seção de aplicação prática.</p><p>Os advérbios de tempo agregam ao verbo carga semântica relativa à sua</p><p>atividade durativa, frequência, momento em que a ação acontece, aconteceu ou</p><p>acontecerá, etc.; por isso estarão indicados de acordo com a intenção de</p><p>modificação.</p><p>Vamos ver o funcionamento em um contexto prático. Assista ao vídeo “Animais</p><p>domésticos” do Diário de Bel, produzido pela TV INES, no link a seguir:</p><p>Depois, analisaremos juntos</p><p>algumas construções ali apresentadas.</p><p>Logo na introdução, Bel utiliza advérbios que nos ajudam a identificar atributos</p><p>específicos das ações verbais em suas colocações discursivas. Veja:</p><p>Hoje eu estou super feliz!</p><p>Para compreender melhor o conceito e as funções dos advérbios e visualizar essas</p><p>informações através de exemplos, não deixe de ler o item 2.9, intitulado “O advérbio”, do</p><p>capítulo 2 da obra Gramática Sucinta de Português, de Vicente Masip. (2018)</p><p>Link: Minha Biblioteca: Gramática Sucinta de Português</p><p>https://www.youtube.com/watch?v=OkN0MuryHQQ</p><p>https://integrada.minhabiblioteca.com.br/reader/books/978-85-216-2098-3/pageid/82</p><p>146</p><p>Eu nunca tive [um animal doméstico].</p><p>As palavras hoje e nunca são, respectivamente, advérbios indicativos de</p><p>tempo e de frequência. Quando a garota especifica o verbo estar com a lexia hoje,</p><p>ela deixa claro que o seu estado determinado pelo verbo em questão tem período</p><p>definido no espaço de tempo. Bel não está, simplesmente, feliz. Bel está feliz hoje. A</p><p>carga semântica de “Eu estou super feliz!” é diferente de “Hoje eu estou super feliz!”.</p><p>Perceba que a palavra hoje será classificada como advérbio, pois está diretamente</p><p>relacionada ao verbo estar: a ação/estado designado pelo verbo está limitada ao</p><p>tempo que o advérbio determina; a saber, hoje.</p><p>Assim também acontece com o advérbio de essência temporal nunca. A</p><p>oração de Bel deixa-nos claro que a ação de ter algo está circunscrita pelo tempo</p><p>nunca. A relevância do advérbio nessa sentença se faz tão importante que retirá-lo</p><p>torna o enunciado com significado oposto ao que a emissora da mensagem quis</p><p>oferecer: “Eu nunca tive um animal doméstico” é exatamente o contrário de “Eu tive</p><p>um animal doméstico.”. Logo, podemos concluir que nunca é, de fato, uma lexia</p><p>pertencente à classe dos advérbios, já que modifica diretamente o verbo da oração</p><p>(ter).</p><p>Quais são, em Libras, alguns dos advérbios de tempo que podem delimitar as</p><p>ações verbais enunciadas?</p><p>Figura 27: Advérbios de tempo</p><p>147</p><p>Fonte: Blog Libras Poços de Caldas. Disponível em:</p><p>. Acesso em:</p><p>10 nov. 2021.</p><p>É preciso lembrar que, sendo uma língua espaço visual, as enunciações em</p><p>Libras não se limitam ao uso exclusivo dos sinais para construção de sentido. Isso</p><p>também pode ser percebido na identificação de duração ou frequência de uma</p><p>ação.</p><p>Por exemplo, considere como o tio de Bel sinaliza a seguinte frase no vídeo:</p><p>[Os bichinhos] são bons companheiros. Eles estão sempre perto da gente.</p><p>O sinal para o advérbio sempre é este:</p><p>http://libraspocosdecaldas.blogspot.com/2016/12/adverbio-de-tempo.html</p><p>148</p><p>Figura 28: Advérbio sempre</p><p>Fonte: Blog Daniane Pereira. Disponível em:</p><p>. Acesso em:</p><p>10 nov. 2021.</p><p>Todavia, embora seja uma palavra usada na tradução do texto, perceba que</p><p>na construção oracional, o tio Tobias não faz uso desse sinal. Mesmo assim, o sentido</p><p>de continuidade/constância é claramente identificado no discurso pelo emprego</p><p>de um movimento mais alongado e contínuo incorporado ao sinal do adjetivo</p><p>perto/junto.</p><p>Logo, além de termos a possibilidade de usar lexias específicas indicativas de</p><p>modificadores verbais, podemos caracterizar mesma intenção semântica a partir,</p><p>por exemplo, de propor aos sinais do contexto comunicativo em questão, variações</p><p>na intensidade dos movimentos, na sua amplitude, etc.</p><p>APLICAÇÃO PRÁTICA</p><p>Com base nos conhecimentos adquiridos até aqui, vamos realizar aplicações</p><p>práticas a fim de identificar suas compreensões gerais acerca dos assuntos tratados,</p><p>bem como ampliar seus conhecimentos.</p><p>7.3.1 Atividade 1</p><p>Assista ao vídeo “Rotina de prevenção da Covid 19 – dentro da sala” que está</p><p>no link https://www.youtube.com/watch?v=1ZZkDjH4yZE.</p><p>https://www.youtube.com/watch?v=1ZZkDjH4yZE</p><p>149</p><p>Depois de compreender as instruções, note que há uso de um advérbio de</p><p>negação sempre atrelado ao verbo poder/permitir e outro indicador de frequência</p><p>na última determinação_ sobre o uso de máscaras.</p><p>Refaça o texto tomando cuidando para manter seu sentindo acrescentando</p><p>nele pelo menos outros cinco advérbios. Veja algumas sugestões:</p><p> De tempo: hoje; nunca; depois; etc.</p><p> De lugar: aqui, lá; etc.</p><p> De intensidade: pouco; muito; mais; menos; etc.</p><p> De afirmação: sim; com certeza; etc.</p><p> De dúvida: talvez; etc.</p><p>DICA: pesquise advérbios sugeridos no exercício, mas que ainda não conhece o sinal</p><p>e utilize-os assim como apresentado na unidade. Lembre-se que você também pode</p><p>indicar o sentido do advérbio sem necessariamente precisar acrescê-lo ao discurso.</p><p>Se variar, por exemplo, a intensidade e movimento do verbo poderá oferecer a</p><p>essência do advérbio sem que ele esteja explícito.</p><p>7.3.2 Atividade 2</p><p>Faça e apresente para a classe, para um grupo de colegas ou para o professor</p><p>o texto sugerido abaixo. Lembre-se de colocar no seu discurso: seu conhecimento</p><p>sobre distintos vocabulários; seu conhecimento sobre estruturação sintática da Libras;</p><p>os verbos de acordo com sua marca (com ou sem concordância; com ou sem afixo</p><p>espacial, locativo, etc.); advérbios e construções com classificadores.</p><p>Meus colegas de trabalho</p><p>Olá! Eu me chamo Ariel e hoje vou explicar sobre como é meu ambiente de trabalho.</p><p>Eu trabalho em um escritório. Lá não tem muitas pessoas. Somos cinco, no total. Eu</p><p>trabalho no atendimento. Todas as pessoas que chegam me perguntam várias</p><p>150</p><p>informações. Eu respondo, mas preciso estar sempre alerta para não errar. Também</p><p>é importante atender bem e ser gentil.</p><p>Atrás de mim fica a mesa da Gisele. Ela é secretária. Ela é responsável por todos os</p><p>compromissos dos nossos chefes. Sempre, pela manhã, ela avisa a eles sobre as</p><p>reuniões do dia. À tarde ela só faz relatórios e os entrega a mim.</p><p>Tem também a Frida. Ela é contadora. Eu espero que a Frida nunca erre as contas</p><p>porque é ela quem controla nossos salários. Ela é certamente a pessoa mais</p><p>organizada do escritório. Ela gosta de tudo sempre impecável!</p><p>Nosso outro colega é o Otto. Ele é muito sério. Otto é responsável pela</p><p>administração. Talvez ele seja o funcionário mais antigo da empresa, pois já estava</p><p>aqui quando todos nós chegamos.</p><p>Luigi também trabalha como administrador, assim como o Otto. Ele é ótimo, mas é</p><p>lento e esquecido_ está sempre me perguntando as horas. Ele não consegue fazer</p><p>as coisas depressa. Mas é melhor assim: o que Otto faz com pressa, o Luigi confirma</p><p>com calma.</p><p>Como você pode, nesta etapa, construir sentenças complexas que formam um texto</p><p>completo? Vamos pensar em medidas práticas: retome o aprendizado da Unidade além</p><p>de enriquecer seu texto com expressões não manuais e classificadores. Use-os para</p><p>facilitar construções de vocabulário desconhecido e para atribuir carga semântica de</p><p>advérbios sem precisar incluir a palavra propriamente dita. Por exemplo, considere a</p><p>afirmação “ . Lembre-se que a utilização das</p><p>intensidades e frequências podem se dar através da variação do movimento do sinal e</p><p>das ENM na sua performance. Assim, você não precisará, obrigatoriamente, construir essa</p><p>sentença com o advérbio sempre. Você pode utilizar marcações não manuais e inserir,</p><p>nos sinais escolhidos para a oração, variações de movimentos mais lentos e minuciosos</p><p>indicando a característica dos gostos de Frida. Fazer isso de modo assertivo deixará seu</p><p>texto mais coerente e claro. No que diz respeito ao uso de verbos com marcas de</p><p>especificidade, estabeleça uma organização espacial para os interlocutores que</p><p>mencionar e isso facilitará sua escolha de saída e chegada de verbos com concordância,</p><p>por exemplo.</p><p>151</p><p>7.3.3 Atividade 3</p><p>Para questionar a alguém sobre alguma ação realizada e seu tempo de</p><p>realização é comum o uso das palavras interrogativas o que e quando:</p><p>Figura 29: Palavras interrogativas</p><p>Fonte: PAULA, 2020, p.105</p><p>Siga o modelo para construir um diálogo inquisitivo sobre a atividade de</p><p>alguém e sua consideração temporal:</p><p>Modelo:</p><p>Fonte: PAULA, 2020, p.107</p><p>152</p><p>a)</p><p>Fonte: https://br.pinterest.com/pin/167759154859594815/</p><p>_________________________________________________________________________________</p><p>_________________________________________________________________________________</p><p>_________________________________________________________________________________</p><p>b)</p><p>Fonte: https://br.pinterest.com/pin/364650901059276062/</p><p>_________________________________________________________________________________</p><p>_________________________________________________________________________________</p><p>_________________________________________________________________________________</p><p>https://br.pinterest.com/pin/167759154859594815/</p><p>https://br.pinterest.com/pin/364650901059276062/</p><p>153</p><p>c)</p><p>Fonte: https://br.pinterest.com/pin/324962929373471337/</p><p>_________________________________________________________________________________</p><p>_________________________________________________________________________________</p><p>_________________________________________________________________________________</p><p>d)</p><p>Fonte: https://br.pinterest.com/pin/665477282444453221/</p><p>_________________________________________________________________________________</p><p>_________________________________________________________________________________</p><p>_________________________________________________________________________________</p><p>https://br.pinterest.com/pin/324962929373471337/</p><p>https://br.pinterest.com/pin/665477282444453221/</p><p>154</p><p>e)</p><p>Fonte: https://br.pinterest.com/pin/288723026118807297/</p><p>_________________________________________________________________________________</p><p>_________________________________________________________________________________</p><p>_________________________________________________________________________________</p><p>https://br.pinterest.com/pin/288723026118807297/</p><p>155</p><p>FIXANDO O CONTEÚDO</p><p>01. (FAU – CPS – PR 2018 – adaptada) - Assinale o trecho que apresente um advérbio</p><p>de tempo destacado:</p><p>a) Para uma parte do corpo tão pequena e pouco essencial, a vesícula biliar pode</p><p>causar muita dor.</p><p>b) Quando o delicado equilíbrio químico da bile se altera – não sabemos direito como</p><p>nem por quê -, seus componentes podem se cristalizar.</p><p>c) Os cálculos biliares são mais comuns em mulheres com mais de 40 anos e em</p><p>pessoas com histórico familiar da doença.</p><p>d) Se você já tem cálculos biliares sintomáticos, e os ataques são leves, é possível</p><p>controlar seus efeitos.</p><p>e) O principal fator de risco passível de correção é a obesidade, diz o Dr. Stephen</p><p>Ryder, consultor médico do British Liver Trust. Mas ele é contra emagrecer depressa</p><p>demais.</p><p>02. (COPERVE - UFSC/2018) - Os verbos direcionais são também chamados de</p><p>a) verbos de movimento.</p><p>b) verbos com concordância.</p><p>c) verbos associados à localização.</p><p>d) verbos pronominais.</p><p>e) verbos flexíveis.</p><p>03. (IF-CE – 2017) - Quanto à flexão gramatical dos verbos na Libras, é correto afirmar-</p><p>se que:</p><p>a) diferente das línguas orais, os verbos na Libras não apresentam incorporação de</p><p>afixos.</p><p>156</p><p>b) na Libras, apenas com o acréscimo de sinais identificados como advérbios, pode</p><p>se marcar morfossintaticamente a ideia de continuidade de alguns verbos, como</p><p>FALAR e PASSEAR.</p><p>c) a flexão verbal na Libras não altera nenhum parâmetro.</p><p>d) todos os verbos na Libras flexionam-se em pessoa e número.</p><p>e) a ação durativa marca uma forma de flexão verbal que indica a extensão do</p><p>tempo incorporado ao verbo na Libras.</p><p>04. (UFMT- UFSBA - 2017) - Quadros e Karnopp (2004) mencionam a categoria dos</p><p>verbos com concordância, que são verbos que se flexionam em pessoa e número e</p><p>não incorporam afixos locativos. São exemplos dessa categoria:</p><p>a) DAR, PERGUNTAR, DIZER.</p><p>b) COMER, PEDIR, FALAR.</p><p>c) IR, APRENDER, ENSINAR.</p><p>d) CONHECER, TRADUZIR, CHEGAR.</p><p>e) GOSTAR, CHEGAR, ANDAR.</p><p>05. Analise as distintas sinalizações para o verbo TRABALHAR abaixo representadas.</p><p>1 2</p><p>A variação de amplitude e intensidade do sinal 2 pode aportar carga semântica do</p><p>advérbio:</p><p>157</p><p>a) já.</p><p>b) bastante.</p><p>c) certamente.</p><p>d) nada.</p><p>e) bem.</p><p>06. (MPE - RS/2021 – adaptada) - Leia o texto para responder à questão:</p><p>158</p><p>159</p><p>Considere as seguintes propostas de substituição de ocorrências da expressão “Ao</p><p>mesmo tempo” no texto.</p><p>1. Substituir Ao mesmo tempo (l. 44) por Inopinadamente.</p><p>2. Substituir Ao mesmo tempo (l. 58) por Simultaneamente.</p><p>3. Substitui Ao mesmo tempo (l. 73) por Concomitantemente.</p><p>a) Apenas 1.</p><p>b) Apenas 2.</p><p>c) Apenas 1 e 2.</p><p>d) Apenas 2 e 3.</p><p>e) 1, 2 e 3.</p><p>07. (FGV/2018) - Observe os sinais referentes a tipos de verbos em Libras.</p><p>160</p><p>Sobre os sinais acima, assinale a opção correta.</p><p>a) O sinal da figura I apresenta um verbo não direcional que incorpora o objeto.</p><p>b) O sinal da figura III apresenta um verbo com marca de concordância ancorado</p><p>no corpo.</p><p>c) O sinal da figura I apresenta um verbo com marca de concordância pois marca</p><p>no ponto inicial o sujeito e no final o objeto.</p><p>d) O sinal da figura II apresenta um verbo não direcional marcando o sujeito e o</p><p>objeto.</p><p>e) O sinal da figura III apresenta um verbo sem marca de concordância pois marca</p><p>no ponto inicial o sujeito e no final o objeto.</p><p>08. Analise as duas sentenças abaixo sugeridas e identifique o que haverá de</p><p>distinção entre elas na tradução para a Libras.</p><p>1. Eu aconselho Dalva.</p><p>2. Dalva me aconselha.</p><p>a) a configuração de mão utilizada para o verbo aconselhar.</p><p>b) a datilologia das palavras D-A-L-V-A e E-U.</p><p>c) as expressões não manuais indicando tipos de frases diferentes.</p><p>d) a marcação de pessoa e número.</p><p>e) a direcionalidade da orientação da palma da mão.</p><p>161</p><p>LIBRAS EM FOCO II</p><p>ESTRUTURA CONDICIONAL</p><p>A forma condicional pode estar referida a tempo e a modo. Como modo,</p><p>aporta uma ideia de desejo em hipótese. Veja:</p><p>Eu queria um café.</p><p>Como tempo, a estrutura localiza no futuro uma ação relativa a um momento</p><p>passado:</p><p>Se tivesse açúcar, eu faria um café.</p><p>Como podemos notar, a relação dos verbos quando a forma condicional se</p><p>trata de tempo, é dada, em Língua Portuguesa, por verbos relativos a tempos</p><p>pretérito (pretérito imperfeito do subjuntivo) + futuro (futuro do pretérito). Sua função</p><p>é se referir a fatos que teriam acontecido mediante certa condição; exprimir a</p><p>possibilidade de um fato e/ou indicar a incerteza sobre um fato.</p><p>Leitor - Biblioteca Virtual Universitária (bvirtual.com.br)</p><p>https://plataforma.bvirtual.com.br/Leitor/Publicacao/130295/pdf/0?code=4gmM9z77hsF9QL9ofvmskke+9a92IUbcmk/FRzc7yYkKz7G/XK9sR0fJ6PdjNUIjnV6WH3zwCPn04TT2zJbYfw==</p><p>162</p><p>Aleixo (2021) descreve-nos a ocorrência de condicional:</p><p>A relação prototípica encontrada nessa ocorrência exibe dois</p><p>padrões linguísticos relevantes para as condicionais: primeiro, há uma</p><p>conjunção – "se" –, que mostra a relação condicional entre a primeira</p><p>oração (prótase) e a segunda oração (apódose). Em segundo lugar,</p><p>a ordem da frase é tal que a oração condicional precede a principal.</p><p>Translinguisticamente, ambos os padrões são muito frequentes,</p><p>embora haja variação. No português, por exemplo, Neves (2000, p.</p><p>829) assume que essas construções podem ser enunciadas sob a</p><p>forma “SE-ORAÇÃO CONDICIONAL + ORAÇÃO PRINCIPAL” ou</p><p>“ORAÇÃO PRINCIPAL + SE-ORAÇÃO CONDICIONAL”, quer dizer, as</p><p>orações condicionais podem se apresentar como antepostas ou</p><p>pospostas à oração principal. (ALEIXO, 2021, p.34)</p><p>De acordo com o autor, é comum haver, portanto, flexibilidade na</p><p>ordenação da estrutura condicional, podendo surgir nos contextos discursivos formas</p><p>como “Se tivesse açúcar eu faria um café” ou “Eu faria um café se tivesse açúcar.”</p><p>Mais determinante do que fixar uma ordenação discursiva, é compreender os</p><p>objetivos de uso desse tempo verbal. Ainda segundo Aleixo, essas construções vão</p><p>refletir:</p><p>[...] a capacidade que as pessoas têm de (i) conseguirem imaginar</p><p>situações alternativas àquelas em que de fato estão, (ii) fazer</p><p>inferências com base em informações que lhes foram dadas de modo</p><p>incompleto, (iii) imaginar possíveis correlações entre situações</p><p>diferentes, (iv) e entender como o mundo mudaria se certas</p><p>correlações fossem diferentes. Assim, compreender a organização</p><p>conceitual e comportamental dessa capacidade de construir e</p><p>interpretar condicionais nos dá informações básicas sobre os</p><p>processos cognitivos, sobre o uso da língua e sobre as estratégias que</p><p>as pessoas utilizam para organizar os seus discursos. (ALEIXO, 2021,</p><p>p.34)</p><p>Seja em uma língua oral auditiva ou espaço visual, as escolhas de estrutura</p><p>condicional serão feitas pelo contexto. Quando o emissor da mensagem tencionar</p><p>163</p><p>uma comunicação relativa a uma circunstância de hipótese ou inferência, utilizará</p><p>da construção em condicional.</p><p>Em Libras, o uso de produção condicional atende aos mesmos critérios. Sua</p><p>estruturação será distinta da estruturação em Língua Portuguesa quando em</p><p>comparado, por exemplo, às escolhas de conjugação verbal e ao uso de</p><p>marcadores não manuais.</p><p>Como já considerado nos seus estudos das línguas de sinais, as</p><p>marcações não manuais, como as expressões faciais e corporais, possuem</p><p>função gramatical em muitos níveis:</p><p>Os marcadores não manuais envolvem quaisquer manifestações não realizadas com as</p><p>mãos em um discurso em língua de sinais. Essas expressões são elementos que, associados</p><p>aos sinais manuais, permitirão uma enunciação plena de sentido. Como estudado no</p><p>módulo que trata dos parâmetros fonológicos das línguas de sinais, as expressões não</p><p>manuais (ENM) estão entre os parâmetros alistados; tendo em vista seu caráter gramatical</p><p>(por exemplo, identificando se as orações são afirmativas, negativas, interrogativas,</p><p>exclamativas ou imperativas) e referenciador semântico, como quando, dentre outros</p><p>papéis, surge como indicador de sentimentos. Assim, em línguas de sinais, as marcas não</p><p>manuais não constituem apenas gestos subjetivos associados ao discurso gramatical. Elas</p><p>atuam como complementadoras, reforçadoras e até especificadoras de sentido. Os</p><p>marcadores não manuais envolvem expressões faciais e corporais que aparecem isoladas</p><p>ou concomitantemente apresentadas na performance de sinalização.</p><p>164</p><p>Quadro 3: Funções das marcações não manuais das línguas de sinais</p><p>Fonte: HERRMANN, 2013, p. 39</p><p>Dentre essas muitas atribuições, as ENM servirão para elucidar as sentenças</p><p>de uso em condicionalidade. Aleixo (2021) nos indica alguns estudos que</p><p>concordam e descrevem algumas expressões não manuais comuns nesse tipo de</p><p>sentença:</p><p>O estudo de Liddell (1980) foca exatamente na confluência de</p><p>[Marcadores Não Manuais (MNM)] que identifica uma oração</p><p>condicional na ASL. Em suas ocorrências, o autor encontrou os</p><p>seguintes tipos de MNM nas orações condicionais:</p><p>• sobrancelha arqueada;</p><p>• olhar fixo em diferentes direções;</p><p>• mudanças corporais de vários tipos;</p><p>165</p><p>• cabeça inclinada para trás;</p><p>• piscar dos olhos nos limites dos constituintes;</p><p>• e uma grande quantidade de movimentos da cabeça. (ALEIXO,</p><p>2021, p.67).</p><p>De todas as ENM, a mais comum de ser identificada em oração condicional</p><p>é o arqueamento de sobrancelha. Lemos em Figueiredo e Lourenço, sobre a Libras</p><p>(2019, p.86): “[...] a marcação se dá com o levantamento da sobrancelha na oração</p><p>condicional, geralmente no início da sentença, que em sua continuação apresenta</p><p>a oração principal sem a ENM, com expressão neutra. ” Podemos exemplificar e</p><p>compreender melhor o uso de marcadores não manuais no estabelecimento de</p><p>discursos condicionais com situação descrita pelos mesmos autores:</p><p>166</p><p>Figura 30: Levantamento de sobrancelha em trecho condicional</p><p>Fonte: FIGUEIREDO; LOURENÇO, 2019, p. 95</p><p>A Fig. 30 retrata um trecho da narrativa “O escorpião e a tartaruga” em que a</p><p>personagem tartaruga diz:</p><p>Se eu levar você nas minhas costas, você vai me ferroar.</p><p>Temos uma oração condicional que será assim explanada em Libras:</p><p>SI V-A-I ferroar</p><p>167</p><p>A estrutura da condicional está constituída como:</p><p>Conjunção SE + sinalização em classificador indicativo da condição de carregar</p><p>outrem nas costas + datilologia do verbo ir na forma VAI + verbo FERROAR.</p><p>Veja na Fig. 30 que, durante toda a sinalização da sentença condicional, a</p><p>sobrancelha do enunciador permanece levantada. Notamos também um</p><p>movimento de reclinação da cabeça para trás. Na análise do vídeo percebemos,</p><p>ainda, que, na sequência do discurso as marcas não manuais são perdidas,</p><p>mantendo uma expressão facial neutra.</p><p>Em Libras, a palavra mais comum na elaboração de casos condicionais é, assim</p><p>como no Português, a conjunção SE. Abaixo, compreendemos que sua sinalização</p><p>consiste em uma espécie de empréstimo da língua portuguesa por ser a datilologia</p><p>das letras S + I.</p><p>Figura 31: Sinal da conjunção SE</p><p>Fonte: Google imagens; Semed, 2013.</p><p>168</p><p>Conforme analisado por Aleixo:</p><p>Esse empréstimo realizado por meio da datilologia, consoante Baker-</p><p>Shenk e Cokely (1980), permite que a realização em língua de sinais se</p><p>torne mais semelhante ao sistema obtendo uma aparência “cada vez</p><p>mais nativa”, ou seja, ela é integrada ao sistema da língua-alvo,</p><p>adaptando-se, inclusive, à sua fonologia. Logo, o sinal SE pode ter se</p><p>originado da forma escrita do português, concomitantemente à sua</p><p>pronúncia da língua oral, em que o “e” átono final é produzido com o</p><p>som de [I]. (ALEIXO, 2021, p.120)</p><p>Podemos recorrer ainda às indicações de Rodrigues (2020); citado por Aleixo,</p><p>que propõe uma base para exercer as condicionais utilizando o substantivo EXEMPLO</p><p>atuando como conjunção condicional.</p><p>Figura 32: Sinal da lexia EXEMPLO</p><p>Fonte: CAPOVILLA et al., 2017, p.1233.</p><p>Descrevendo o fenômeno, temos:</p><p>[...] em Libras, Rodrigues (2020) identificou o uso do sinal manual</p><p>EXEMPLO introduzindo, também, orações condicionais. A</p><p>pesquisadora mostra em sua tese que o sinal apresenta,</p><p>sincronicamente, uma realização + lexical, ou seja, com uso para</p><p>“explicar o que se disse anteriormente”, e, também, uma realização</p><p>+gramatical, como conjunção condicional. De modo semelhante,</p><p>Quer (2016, p. 375), ao descrever a estrutura prosódica das</p><p>condicionais na Língua de Sinais Catalã, afirma que as orações</p><p>condicionais podem50 ser introduzidas também pelo sinal EXEMPLO.</p><p>Segundo Rodrigues (2020, p. 147), a forma +lexical de EXEMPLO</p><p>“carrega um significado demonstrativo, que converge, também, com</p><p>169</p><p>noções de tópico, na medida em que pode ser usado para introduzir</p><p>um novo tema”. Assim, uma vez que as condicionais também têm essa</p><p>propriedade de introduzir um novo tema, denota-se uma relação de</p><p>proximidade semântica entre as realizações. (ALEIXO, 2021, p.121)</p><p>O autor traz como modelo de apresentação desse processamento a sentença:</p><p>Se a pessoa quer ou não quer o implante coclear, depende de cada um.</p><p>Em Libras, a evidente sentença condicional inicial foi performada a partir do</p><p>sinal exemplo. Veja:</p><p>Figura 33: Sinalização da sentença: “Se a pessoa quer ou não quer o implante coclear,</p><p>depende de cada um”</p><p>Fonte: ALEIXO, 2021, p.122</p><p>É possível percebermos, inclusive, que, é tão natural a aplicação da lexia</p><p>exemplo como introdutória de uma frase condicional que há a possibilidade de</p><p>170</p><p>oralização da conjunção se concomitante à sinalização da palavra exemplo. Foi isso</p><p>que aconteceu no caso acima retratado. A sinalização do contexto de condição foi</p><p>introduzida pelo substantivo exemplo, mas a emissora da mensagem usa do mouthing</p><p>da conjunção se.</p><p>Aleixo define mouthing:</p><p>Segundo Sandler (2009, p. 14), o mouthing corresponde à articulação</p><p>total ou parcial de palavras da língua com a qual a LS está em contato</p><p>constante; todavia, ele não deve ser confundido com a realização do</p><p>falar da língua oral, tendo em vista as diferenças na ordem das</p><p>palavras e de outros aspectos das estruturas dessas línguas. Sendo</p><p>assim, os mouthings podem ser usados, de acordo com a autora, seja</p><p>para “acabar com a ambiguidade de dois significados de um único</p><p>sinal”, seja para seguir constituintes prosódicos da língua de sinais, de</p><p>modo que esse uso indica não ser apenas um “empréstimo esporádico</p><p>da língua oral”. (ALEIXO, 2021, p,125)</p><p>Retomemos à parte inicial da sentença em análise:</p><p>Figura 34: Início da sinalização da sentença: “Se a pessoa quer ou não quer o implante</p><p>coclear, depende de cada um”</p><p>Fonte: ALEIXO, 2021, p.122</p><p>Nesse caso, fica claro como ocorre simultâneo à sinalização da palavra</p><p>exemplo, o mouthing correspondente à conjunção se. De modo que podemos</p><p>concluir que o uso da lexia exemplo não está para sua função</p><p>de nomear, isto é, de</p><p>171</p><p>substantivo. Aqui, é uma partícula própria para indicar o condicionamento da</p><p>individualidade ao fato de aceitar ou não um implante coclear.</p><p>HORAS</p><p>Esta seção tratará especialmente da estruturação de horas em Libras, mas</p><p>também indicaremos vocabulário referente a períodos de tempo, a fim de</p><p>ampliarmos nossos conhecimentos nesse domínio.</p><p>A formulação de horas em Libras está embasada no uso dos números</p><p>cardinais. Abaixo, relembramos:</p><p>A constituição de uma sentença condicional em Libras se dará por meio de elementos</p><p>manuais e não manuais. As sinalizações de conjunções condicionais ou de lexias</p><p>pertencentes a outras classes de palavras, mas que podem exercer função conjuntiva</p><p>(tomamos como modelo a palavra exemplo) são constituintes manuais do processo de</p><p>enunciação condicional. Já as expressões faciais e corporais próprias do instante de</p><p>sinalização específico da ideia de condicionalidade são marcações não manuais que</p><p>reiteram tal sentido e não se apresentam apenas como componente ornamental do</p><p>discurso.</p><p>172</p><p>Figura 35: Os números</p><p>Fonte: PAULA, 2021, p.26</p><p>A partir dos numerais, estabelecemos a definição da hora associadas a lexias</p><p>desse campo semântico:</p><p>Figura 36: Lexias de hora e minuto em Libras</p><p>Fonte: . Acesso em: 23</p><p>nov. 2021</p><p>http://oficinadelibras.blogspot.com/2014/05/horas-em-libras.html</p><p>173</p><p>É comum o uso dessas palavras em proposições como:</p><p>Que horas são?</p><p>Note que na elaboração da oração “Que horas são?”, não temos uma</p><p>coincidência do quantitativo de lexias quando comparamos a formulação em Libras</p><p>e em Língua Portuguesa. O exemplo nos traz uma indicação clara da importância</p><p>das marcas não manuais para compreensão do sentido em Libras. A oração utiliza</p><p>apenas de um sinal: hora. A ideia que se trata de uma interrogativa se dará pelas</p><p>expressões faciais próprias a essa tipologia: sobrancelhas franzidas, movimento de</p><p>cabeça para frente e para trás, lábios arredondados e queixo levemente inclinado</p><p>para cima.</p><p>Uma resposta afirmativa contempla um número e um referente dele. Por</p><p>exemplo, analise a sinalização abaixo e responda: que horas são?</p><p>Podemos também referir-nos ao horário associando-o ao período do dia; pois,</p><p>em alguns casos, apenas indicar o numeral pode não ser suficiente para</p><p>compreensão total do discurso. Assim, serve-nos como complemento:</p><p>174</p><p>Figura 37: Períodos do dia em Libras</p><p>Fonte: FELIPE, 2007 p.37</p><p>Esses sinais possibilitam períodos como:</p><p>São seis horas da manhã.</p><p>São seis horas da noite.</p><p>São três horas da madrugada.</p><p>São três horas da tarde.</p><p>Analise: como você enunciaria o seguinte diálogo?</p><p>_ Que horas será a prova amanhã?</p><p>_ 7 horas.</p><p>_ Da manhã ou da noite?</p><p>_ Da noite.</p><p>Em Libras, ainda temos uma possibilidade de indicar hora no sentido durativo.</p><p>Por exemplo, aprendemos acima como dizer que “Agora são duas horas. ” Mas se</p><p>quisermos indicar que aguardamos na fila do banco durante duas horas, podemos</p><p>indicar o tempo de espera com uma estrutura diferente daquela que indica a hora.</p><p>175</p><p>Figura 38: Períodos durativos em Libras</p><p>Fonte: . Acesso em: 23</p><p>nov. 2021</p><p>Ao identificar aspecto de tempo contínuo, podemos estabelecer uma</p><p>sinalização classificatória que toma o rosto por um relógio. Assim, determinamos o</p><p>período durativo da ação ou acontecimento a partir de enumeração com</p><p>movimento circular na frente do rosto. Por exemplo:</p><p>_Quanto tempo você demorou para fazer a prova?</p><p>_Demorei uma hora.</p><p>_Quanto tempo dura o intervalo?</p><p>_ Dura meia hora.</p><p>http://oficinadelibras.blogspot.com/2014/05/horas-em-libras.html</p><p>176</p><p>E se você quiser indicar um período de maneira mais completa, além do</p><p>horário, acrescente o dia da semana e terá estrutura indicativa de tempo mais e/ou</p><p>menos abrangente.</p><p>Figura 39: Dias da semana em Libras</p><p>Fonte: PEDROZA, 2012.</p><p>APLICAÇÃO PRÁTICA</p><p>Com os conhecimentos adquiridos, vamos realizar algumas aplicações</p><p>práticas para ampliar nossos conhecimentos.</p><p>8.3.1 Atividade 1</p><p>Vamos retornar ao texto de rotina apresentado na Unidade 6 do livro Libras II.</p><p>Agora, além de constituir um discurso com todas as tipologias frasais, como foi lá</p><p>explorado, podemos ampliar nossa exposição para determinar indicações</p><p>temporais das mais distintas: associadas a um período específico (dia/hora) e/ou a</p><p>177</p><p>períodos gerais de intervalos, como com o uso dos advérbios de tempo também</p><p>aqui estudados.</p><p>Com base na análise da figura, determine quais são as relações familiares entre:</p><p> D. Pedro III e D. Maria Francisca Benedita;</p><p> D. Ana de Jesus Maria e D. Antonio Pio;</p><p> D. Amelia de Beauharnais e D. Maria Amelia;</p><p> D. Maria Amelia e D. Januária.</p><p>Use sua criatividade para expandir as informações de tempo que estão</p><p>generalizadas.</p><p>Que tal retomar o texto que você fez quando cursou Libras II e comparar: como</p><p>você sinalizou a história? Há algo que deseja manter? Há alguma estrutura que</p><p>percebeu que deve modificar? Essa é uma boa oportunidade de avaliar seu</p><p>crescimento!</p><p>Uma rotina</p><p>178</p><p>Sugestões para o novo texto:</p><p> Meu filho acorda e vai para a escola de segunda a sexta.</p><p> Ele chega à escola às 7 horas. Lá ele estuda de 7 às 9:30. Às 9:30 é o recreio e</p><p>ele brinca muito!</p><p> Às 11 horas ele volta para a casa da vovó porque não pode ficar sozinho...</p><p>8.3.2 Atividade 2</p><p>Analise as imagens abaixo:</p><p>Fonte: MIQUEL, 2004, p.67</p><p>Analise as imagens e crie estruturas condicionais para cada uma delas. Lembre-se,</p><p>como sempre, de incluir:</p><p> Os sinais reconhecidos por você e, portanto, já aprendidos;</p><p> Sinais novos, porém do mesmo campo semântico tratado nesta unidade. Para</p><p>isso, faça busca em obras lexicográficas da Libras, como os dicionários,</p><p>glossários e vocabulários, sejam impressos ou virtuais;</p><p> Classificadores utilizados junto aos sinais para elucidar o discurso.</p><p>Exemplo: Se a chuva aumentar, eu vou pegar um táxi.</p><p>179</p><p>8.3.3 Atividade 3</p><p>Faça e apresente para a classe, para um grupo de colegas ou para o</p><p>professor o texto abaixo:</p><p>_ O que faremos amanhã? Vamos à praia?</p><p>_ Sim, se estiver um tempo melhor que hoje. Você</p><p>quer se bronzear?</p><p>_ Quero, mas eu só fico no sol de 7 às 9 horas, por</p><p>isso precisamos chegar cedo.</p><p>_ E se estiver chovendo?</p><p>_ Podemos assistir um filme. No shopping, a sessão</p><p>de 20 horas é sempre vazia e agradável.</p><p>_ O filme demora em torno de 2 horas. Depois</p><p>podemos ir jantar no restaurante Bistrô.</p><p>_ Seria ótimo! Eu não vou lá há muito tempo!</p><p>_ Ah sim, porque lá é um restaurante distante. Leva</p><p>muito tempo para chegar lá. Mais ou menos 40 minutos... Por isso visitamos pouco.</p><p>_ Se mudássemos de bairro poderíamos ir no Bistrô mais vezes.</p><p>_ No tempo em que tínhamos carro era mais fácil conhecer novos lugares.</p><p>_ É verdade! Já sei! Se comprarmos um carro, então não precisamos mudar de</p><p>bairro.</p><p>Depois de apresentar seu texto, certifique-se de que as informações</p><p>compreendidas pelos colegas e/ou pelo professor tenham sido as intencionadas por</p><p>você. Aceite sugestões de adaptação de estruturação de sentenças e, caso seja</p><p>necessário, refaça o texto para que fique ainda mais compreensível aos seus</p><p>interlocutores.</p><p>180</p><p>Minha Biblioteca: Libras</p><p>https://integrada.minhabiblioteca.com.br/reader/books/9788595027305/pageid/144</p><p>181</p><p>FIXANDO O CONTEÚDO</p><p>1. (CEPS/UFPA – 2018) - Na incorporação de numeral em Libras, os sinais alteram a</p><p>configuração de mão de “um” para “dois”, “três” ou “quatro”, criando outro</p><p>significado ao sinal. Neste processo, a locação, a orientação e as expressões não</p><p>manuais permanecem iguais (QUADROS; KARNOPP, 2004). Observe as imagens e em</p><p>seguida marque a alternativa que corresponde às imagens.</p><p>a) UM-DIA / DOIS-DIAS / TRÊS-DIAS / QUATRO-DIAS.</p><p>b) UM-MÊS / DOIS-MESES / TRÊS-MESES / QUATRO-MESES.</p><p>c) UMA-HORA / DUAS-HORAS / TRÊS-HORAS / QUATRO-HORAS.</p><p>d) UMA-VEZ / DUAS-VEZES / TRÊS-VEZES / QUATRO-VEZES.</p><p>e) UM-ANO / DOIS-ANOS / TRÊS-ANOS / QUATRO-ANOS.</p><p>2. (PROGEP-FURG 2019 – adaptada) - Na Libras, por sua natureza visual-espacial, as</p><p>expressões faciais cumprem vários papéis. Analise as afirmativas abaixo e identifique</p><p>quais delas podem ser consideradas a partir das ENM:</p><p>I- Expressar emoções.</p><p>II- Marcar tipologia frasal.</p><p>III- Marcar estruturas sintáticas como o condicional e a oração relativa.</p><p>IV- Marcar locação.</p><p>182</p><p>a) I e II.</p><p>b) I e III.</p><p>c) II e IV.</p><p>d) I, II e III.</p><p>e) I, II, III e IV.</p><p>3. Analise as alternativas abaixo. Qual delas melhor traduziria a sentença:</p><p>“Isso são horas de chegar?”</p><p>a)</p><p>b)</p><p>c)</p><p>183</p><p>d)</p><p>e)</p><p>4. A produção de sentenças com ideia de condição se dá por um processo</p><p>específico de formação. São essenciais nesse processo:</p><p>a) ENM e topicalização.</p><p>b) sentenças na afirmativa e conjunção se.</p><p>c) iconicidade e partícula relativa à condicional.</p><p>d) arbitrariedade e marcas não manuais.</p><p>e) partícula própria de condicional e marcas não manuais.</p><p>5. Mouthing é:</p><p>a) articular total ou parcialmente todas as palavras de uma sentença sinalizada,</p><p>com o objetivo de, mesmo que sinalizando conforme estrutura da língua de sinais,</p><p>identificar para o interlocutor a organização da mesma sentença em língua oral.</p><p>b) articular total ou parcialmente algumas palavras de uma sentença sinalizada, a</p><p>fim de elucidar o discurso, evitando ambiguidades, por exemplo.</p><p>184</p><p>c) articular total ou parcialmente todas as palavras de uma sentença sinalizada para</p><p>melhor organizar o discurso e performá-lo tanto mais claro quanto possível.</p><p>d) articular total ou parcialmente as palavras mais incomuns da sentença, pois assim</p><p>o interlocutor surdo pode ter a leitura labial como reforçador na elucidação da</p><p>mensagem.</p><p>e) articular total ou parcialmente as palavras que o próprio emissor da mensagem</p><p>determinar relevantes para assim o fazer, com o objetivo de destacar os pontos</p><p>principais da mensagem.</p><p>6. (IF-MT - 2019 – adaptada) - Segundo Quadros e Karnopp (2004) e Farias-Nascimento</p><p>(2013), sinais com a incorporação de números e da negação são formas produtivas</p><p>na Libras.</p><p>De acordo com os conhecimentos adquiridos nesta unidade e com seus</p><p>conhecimentos prévios, sobre os processos de incorporação e negação, analise as</p><p>afirmativas abaixo:</p><p>I - A negação será sempre representada nos vocabulários da Libras pela</p><p>incorporação do movimento de afastamento do corpo, como nos verbos NÃO-</p><p>GOSTAR e NÃO-QUERER.</p><p>II - A negação também pode ser incorporada com a marcação não manual: o</p><p>movimento da cabeça (indicando negação).</p><p>III - A incorporação de número ao sinal ocorre em alguns sinais associados à</p><p>quantidade de tempo (HORA) com os números 1, 2, 3 e 4, são exemplos UM-HORA,</p><p>DUAS-HORAS, TRÊS-HORAS, QUATRO-HORAS.</p><p>Está CORRETO o que se afirma em:</p><p>a) II, apenas.</p><p>b) I, II e III.</p><p>c) II e III.</p><p>d) I e III.</p><p>e) III, apenas.</p><p>185</p><p>7. Associe a primeira coluna com a segunda.</p><p>( 1 ) sinal referente à indicação de meia hora.</p><p>( 2 ) sinal referente ao dia da semana quarta-feira.</p><p>( 3 ) sinal referente à interrogativa Que horas são?.</p><p>( 4 ) sinal referente à indicação de cinco minutos.</p><p>( )</p><p>( )</p><p>186</p><p>( )</p><p>( )</p><p>Será a resposta correta a seguinte sequência:</p><p>a) 2 – 3 – 1 – 4</p><p>b) 3 – 1 – 4 – 2</p><p>c) 4 – 2 – 3 – 1</p><p>d) 1 – 2 – 4 – 3</p><p>e) 4 – 1 – 3 – 2</p><p>8. Ao compararmos os seguintes pares de sentenças, teremos diferença estrutural na</p><p>sinalização de:</p><p>a) Agora são 13 horas./ Agora é 1 hora.</p><p>b) Viajaremos na segunda feira./ Viajaremos no fim de semana.</p><p>187</p><p>c) Se você se atrasar, perderemos o voo./ A exemplo de haver seu atraso,</p><p>perderemos o voo.</p><p>d) A viagem durou duas horas./ Eu te espero às duas horas.</p><p>e) O médico demorou uma hora para me atender./ Fiquei na fila do banco por meia</p><p>hora.</p><p>188</p><p>OS CLASSIFICADORES EM AÇÃO</p><p>CLASSIFICADORES</p><p>Os classificadores são considerados léxico nativo das línguas de sinais. Eles</p><p>formam um componente lexical distinto do campo das palavras catalogadas, pois,</p><p>conforme postulam Quadros e Karnopp: “[os classificadores] podem violar restrições</p><p>formacionais do núcleo lexical, por exemplo, tais sinais podem violar as restrições de</p><p>simetria e dominância em sinais articulados com as duas mãos.” (2004, p.92)</p><p>As autoras também definem os classificadores:</p><p>Os classificadores te ̂m distintas propriedades morfológicas, são formas</p><p>complexas em que a configurac ̧ão de mão, o movimento e a locac ̧ão</p><p>da mão podem especificar qualidades de um referente.</p><p>Classificadores são geralmente usados para especificar o movimento</p><p>e a posic ̧ão de objetos e pessoas ou para descrever o tamanho e a</p><p>forma de objetos. Por exemplo, para descrever uma pessoa</p><p>caminhando em um labirinto, o sinalizador deve usar um classificador</p><p>em que a configurac ̧ão de mão (referindo à pessoa) move-se em</p><p>ziguezague; para descrever um carro andando, o sinalizador produz</p><p>uma configurac ̧ão de mão em “B”, que refere-se a veículos. Essas</p><p>configurac ̧ões de mão ocorrem em predicados que especificam a</p><p>locação de um objeto (por exemplo, a posic ̧ão de um relógio, uma</p><p>folha de papel ou um copo) ou a forma de um objeto (por exemplo,</p><p>uma vara fina e comprida).</p><p>(QUADROS; KARNOPP, 2004, p.93)</p><p>Nessa consideração podemos começar a compreender por que considera-se</p><p>os classificadores como um elemento lexical distinto das palavras em si. Note os</p><p>exemplos citados por Ronice e Lodenir em referência a pessoa e carro. Para ambas</p><p>as lexias temos um sinal específico:</p><p>189</p><p>Figura 40: Sinal para as lexias pessoa e carro.</p><p>Fonte: CAPOVILLA; RAPHAEL, 2001.</p><p>Contudo, a explicação dos classificadores dada pelas autoras em referência</p><p>a essas lexias não coincide com a performance dos sinais. Isso significa que o objetivo</p><p>dos classificadores, quando instaurado no discurso, é diferente daquele quando há</p><p>apenas a convocação da palavra em si. O classificador prima por descrever. Como</p><p>dito acima por, “especificar o movimento e a posição de objetos e pessoas ou para</p><p>descrever o tamanho e a forma de objetos”. Veja como é mais descritivo e, portanto,</p><p>mais passível de compreensão de sentido até por quem não conhece Libras o uso de</p><p>classificador:</p><p>Figura 41: Classificadores para as lexias pessoa e carro.</p><p>Fonte: Google imagens - adaptado</p><p>190</p><p>As formas manuais acima identificadas como classificadores de carro e pessoa</p><p>não podem ser classificadas como sinais pois dependem do contexto para serem</p><p>identificadas. Por exemplo, poderíamos usar o classificador aí determinado como</p><p>próprio da lexia carro para identificar um animal rastejante ou, se inclinarmos um</p><p>pouco a mão para baixo, uma criança brincando de escorregar. No entanto, as</p><p>palavras catalogadas, isto é, os sinais, só dependerão de contexto para serem</p><p>decodificados quando se tratarem de homônimos.</p><p>Logo, os classificadores</p><p>não são rígidos de sentido, assim como são as palavras</p><p>cuja menção normalmente se dá por uma e/ou outra(s) forma(s) diferente(s) e só. Os</p><p>classificadores incrementam o discurso trazendo categorizações que o esclarecem,</p><p>pois retratam pictoriamente alguns de seus elementos.</p><p>Homônimos se referem a palavras que, em línguas orais, são semelhantes na forma, mas</p><p>distintas no significado. Santos e Aragão (2020, p.3) indicam: “Os homônimos acontecem</p><p>quando as palavras são iguais na escrita, pronúncia e até mesmo na forma, mas diferentes</p><p>na significação.” Os mesmos autores relembram o trabalho de Pietroforte e Lopes, que</p><p>descrevem: “A homonímia resulta da consciência entre significantes de palavras com</p><p>significados distintos. Entre manga fruta e manga da camisa há apenas uma coincidência</p><p>entre imagens acústicas iguais.” (SANTOS; ARAGÃO, 2020, p.3). Em Libras as palavras</p><p>homônimas serão aquelas que são produzidas com todos os parâmetros fonológicos</p><p>idênticos mas possuem significados diferentes, como, por exemplo: laranja e sábado; jeito</p><p>e Bahia; interpretar e fritar; etc.</p><p>É essencial conhecer de perto o subtítulo O Léxico da Língua de Sinais Brasileira na obra de</p><p>Quadros e Karnopp (2004). Nele vocês compreenderão com clareza a distinção dos</p><p>componentes lexicais na Libras, como os aqui discutidos (palavras/sinais versus</p><p>classificadores). Além disso, há conceitualizações essenciais sobre os classificadores.</p><p>Confira das páginas 88 a 94 dessa obra.</p><p>Link: Minha Biblioteca: Língua de Sinais Brasileira: Estudos Linguísticos</p><p>https://integrada.minhabiblioteca.com.br/reader/books/9788536311746/pageid/85</p><p>191</p><p>A retratação pictórica do referente não isenta o classificador de basear-se nas</p><p>normas de formação de palavras da Libras. Sendo um elemento linguístico, é</p><p>constituído de modo sistemático a partir das regras lexicais do idioma e, portanto,</p><p>não pode ser considerado mímica e/ou gestos, que são componentes aleatórios do</p><p>enunciado.</p><p>Os classificadores também podem ser motivação para indicar elementos que</p><p>acabaram por serem constituídos enquanto palavra pela comunidade linguística.</p><p>Considere o caso das palavras onda e pássaro abaixo representadas:</p><p>FIGURA 42: Sinais das lexias onda e pássaro.</p><p>Fonte: Google imagens - adaptada</p><p>A palavra onda é constituída pela composição da palavra [água] +</p><p>[movimento descritivo do deslocamento das ondas do mar]. Assim como pássaro</p><p>ou ave são formadas pela composição de [bico] + [movimento referente ao</p><p>bater das asas].</p><p>Isso nos mostra que mesmo algumas lexias hoje determinadas como tal</p><p>originaram-se de uma motivação classificatória; ou seja, muito provavelmente</p><p>antes de haver um sinal específico para designar tal elemento, a forma mais</p><p>assertiva de se fazer entender em uma comunicação foi por meio de indicação</p><p>descritiva. O processo de divulgação dessa forma classificatória é natural e</p><p>quando atinge a maior parte da comunidade linguística positivamente, isto é,</p><p>192</p><p>quando grande parte dos usuários da língua utilizam dessa forma referente, o</p><p>classificador se torna convenção e migra para o status de palavra. Isso</p><p>aconteceu com lexias como as aqui exemplificadas (onda e ave/pássaro); bem</p><p>como acontece em outros campos semânticos diversos. Dois deles em que o</p><p>processo de formação de palavras perpassa pelas considerações de</p><p>classificadores com bastante recorrência são o vocabulário de animais e de</p><p>verduras/frutas.</p><p>Os classificadores enquanto partícula descritiva e designatória são muito mais estudados</p><p>no âmbito das línguas de sinais do que os chamados classificadores nomes; que são</p><p>aqueles que se converteram em palavras instituídas e até mesmo catalogadas. Faz-se</p><p>importante distinguir essas duas modalidades de classificadores encontradas nas línguas</p><p>de sinais. Os classificadores predicativos não podem ser considerados palavras da Libras</p><p>pois, como vimos, uma mesma forma manual pode referir-se a distintos elementos</p><p>dependendo do contexto. Já os sinais classificadores ou classificadores nomes estão</p><p>designados enquanto palavra da língua. A partir do momento que há aceitação e uso da</p><p>comunidade linguística de uma mesma forma manual para mencionar um referente,</p><p>mesmo que a sinalização desse referente tenha origem classificatória, ela deixa de ser um</p><p>classificador predicativo para se tornar uma palavra instituída. Se retomarmos o exemplo</p><p>das lexias citadas, todos os usuários de Libras reconhecem a forma [água + movimento</p><p>descritivo do deslocamento das ondas do mar] e a forma [bico] + [movimento referente</p><p>ao bater das asas] como sendo indicadores dos substantivos onda e pássaro/ave,</p><p>respectivamente. No entanto, se pedirmos a esses mesmos falantes descreverem o</p><p>pássaro que veem pela janela, naturalmente incluirão classificadores predicativos de um</p><p>modo absolutamente pessoal e, portanto, arbitrário: cada falante designará as atribuições</p><p>do pássaro com classificações diferentes, pois a sinalização deles dependerá das</p><p>percepções particulares de cada falante e até mesmo do seu conhecimento do idioma</p><p>e da sua capacidade linguística.</p><p>193</p><p>O PAPEL DOS CLASSIFICADORES</p><p>O trabalho de Takahira nos propõe importantes identificações sobre o papel</p><p>dos classificadores nos discursos em Libras. Vamos considerar três aspectos</p><p>mencionados pela autora em consideração às pesquisas de Cuxac e Sallandre</p><p>(2007) sobre a importância dos classificadores enquanto agentes de iconicidade,</p><p>informativos e de elucidação do enunciado: a) estruturas essencialmente icônicas;</p><p>b) iconicidade degenerativa e c) iconicidade diagramática.</p><p>As estruturas essencialmente icônicas determinam classificadores mais</p><p>comuns que “envolvem intenção ilustrativa quando o sinalizante busca mostrar o</p><p>referente no mundo.” (TAKAHIRA, 2015, p.60)</p><p>Esses cumprem a função de identificar, especificar e categorizar o elemento</p><p>classificado e, como consequência disso, tornam a mensagem mais rica e clara para</p><p>o interlocutor. Normalmente são expressos de três maneiras:</p><p> Pelos classificadores de tamanho e forma: identificam, como a nomenclatura</p><p>sugere, representação do tamanho e/ou forma do referente. Takahira</p><p>exemplifica:</p><p>FIGURA 43: Classificador de árvore.</p><p>Fonte: TAKAHIRA, 2015, p.60</p><p>É possível associar ao sinal árvore um classificador de tamanho e forma de</p><p>modo a aumentar as especificações e detalhes na abordagem temática. No caso</p><p>retratado, temos uma classificação de parte do elemento árvore, qual seja, o seu</p><p>tronco, na ampliação da representação.</p><p>194</p><p> Pela transferência de situação: nesse caso, como identifica Takahira (2015,</p><p>p.60), “o sinalizante usa o espaço em frente a ele para reproduzir</p><p>iconicamente cenas representando o movimento espacial de um actante</p><p>em relação a um locativo estável funcionando como ponto de referência. ”</p><p>Veja o exemplo trazido pela autora:</p><p>FIGURA 44: Classificador de pulo do cavalo.</p><p>Fonte: TAKAHIRA, 2015, p.60</p><p>Note que há, com a mão direita do sinalizador, a realização do sinal do</p><p>substantivo cavalo. Ao mesmo tempo há, no espaço neutro à sua frente, uma</p><p>indicação que reproduz a cena do pulo do cavalo. Temos ainda expressões não</p><p>manuais que, como elemento linguístico, completam a classificação.</p><p> Pela transferência de pessoa: a classificação acontece pela utilização do</p><p>corpo do sinalizador que incorpora o referente – objeto, animal, pessoa, etc.</p><p>A autora também traz um exemplo:</p><p>195</p><p>FIGURA 45: Classificador de cavalo.</p><p>Fonte: TAKAHIRA, 2015, p.60</p><p>No caso acima, diferentemente do classificador para pulo do cavalo visto na</p><p>Fig.23, a ação não é simplesmente descrita por um narrador observador ou onisciente.</p><p>Ela se torna designada por um narrador personagem que integra</p><p>habilidades, como podemos perceber na citação de Berruto mencionada no</p><p>trabalho de Castellanos:</p><p>A competência comunicativa é uma capacidade que inclui não só a</p><p>habilidade linguística e gramatical de produzir frases bem construídas</p><p>e de saber interpretar e fazer julgamentos sobre frases produzidas pelo</p><p>falante - ouvinte ou por outros, mas necessariamente incluirá, por um</p><p>lado, uma série de habilidades extralinguísticas inter-relacionadas,</p><p>sociais e semióticas e, por outro lado, uma habilidade linguística</p><p>multifacetada e multiforme. (BERRUTO apud CASTELLANOS, 1992,</p><p>p.100. Tradução nossa.)</p><p>Ainda, é relevante analisar o conceito de competência comunicativa</p><p>postulado por Pilleux:</p><p>O status da comunicação linguística como um sistema gramatical que</p><p>é usado para comunicação e que faz parte da cultura geralmente</p><p>não tinha sido considerado antes do trabalho de Hymes. Assim, a</p><p>comunicação linguística é alcançada por meio do domínio da</p><p>competência comunicativa, termo que Hymes (1971, 1972, 1974)</p><p>cunhou da etnografia da comunicação (um cruzamento entre</p><p>antropologia e linguística), tendência antropológica que começa a se</p><p>desenvolver no meio a partir da 1960 e início dos anos 1970 (Gumperz</p><p>e Hymes 1964,1972). Hymes propõe que a competência comunicativa</p><p>deve ser entendida como um conjunto de habilidades e</p><p>conhecimentos que permitem que os falantes de uma comunidade</p><p>linguística se entendam. Em outras palavras, é nossa capacidade de</p><p>interpretar e usar apropriadamente o significado social das variedades</p><p>linguísticas, de qualquer circunstância, em relação às funções e</p><p>variedades da língua e aos pressupostos culturais na situação de</p><p>9</p><p>comunicação. Refere-se, em outros termos, ao uso como sistema de</p><p>regras de interação social. (PILLEUX, 2001, online. Tradução nossa)</p><p>Como podemos perceber nas colocações dos autores, competência</p><p>linguística envolve mais do que simplesmente conhecer regras gramaticais da língua</p><p>e reconhecer as palavras desse idioma. Podemos dividir a competência</p><p>comunicativa em dois âmbitos: a elaboração e a decodificação.</p><p>A elaboração linguística compromete-se com a produção. Contorna toda e</p><p>qualquer construção discursiva em todas as suas possibilidades de expressar-se: oral,</p><p>escrita, imagética e/ou pantomímica, etc. Para tanto, é preciso o desenvolvimento</p><p>de aptidões tais quais as citadas por Castellanos; a saber “a habilidade linguística e</p><p>gramatical de produzir frases bem construídas”, assim como “uma série de</p><p>habilidades extralinguísticas interrelacionadas, sociais e semióticas e, por outro lado,</p><p>uma habilidade linguística multifacetada e multiforme”.</p><p>A perícia linguística perpassa, justamente, por aspectos multifacetados que</p><p>incluem conhecimentos lexicais, sintáticos, semânticos, morfológicos, fonológicos,</p><p>pragmáticos, além de gramaticais. Essas competências são adquiridas natural e/ou</p><p>artificialmente, dependendo do contexto do aprendiz; seja ele aprendiz de uma L1</p><p>ou L2, e dependendo também do seu ambiente de aquisição; seja o círculo natural</p><p>de convivência ou a escola. As aquisições naturais de uma língua materna serão</p><p>aprimoradas e desenvolvidas a partir de perspectivas específicas no ambiente</p><p>escolar. Além disso, serão as responsáveis por auxiliar no aprendizado de uma língua</p><p>estrangeira. A partir do conhecimento e potencial de aplicar tais redes, há</p><p>competência comunicativa na esfera linguística.</p><p>No entanto, ainda é necessário estabelecer relações extralinguísticas, como</p><p>as semióticas e sócio-culturais, dado que, conforme indicado por Pilleux (1992),</p><p>anteriormente mencionado, “a competência comunicativa deve ser entendida</p><p>como um conjunto de habilidades e conhecimentos que permitem que os falantes</p><p>de uma comunidade linguística se entendam.” Nessa perspectiva, apenas conhecer</p><p>critérios linguísticos da língua não será suficiente para produzir enunciados que</p><p>evidenciam competência linguística. Pense, por exemplo, nas unidades polilexicais</p><p>como as expressões idiomáticas e provérbios, bem como nas formações metafóricas.</p><p>10</p><p>Figura 1: Unidades polilexicais</p><p>Fonte: https://bit.ly/3zZ1Cz5. Acesso em: 27 jul 2021</p><p>Nenhuma das considerações acima traz, por si só, todo o sentido do</p><p>enunciado, embora todas elas estejam escritas de acordo com a norma culta</p><p>gramatical da Língua Portuguesa. Para que sejam amplamente compreendidas em</p><p>sua definição mais usual, a metafórica, é preciso ir além da assimilação do significado</p><p>de cada uma das palavras que as compõem e somar tais conceitos. É preciso</p><p>conhecimento cultural e social da comunidade linguística falante do Português. Por</p><p>isso mesmo, será difícil para um aprendiz de Língua Portuguesa como L2 entender o</p><p>caráter que essas expressões possuem sem que sejam orientados por um falante</p><p>nativo de LP.</p><p>Percebem como competência comunicativa vai além de construções</p><p>corretas e formais? Seu objetivo principal é fazer-se entender aos seus pares</p><p>linguísticos.</p><p>https://bit.ly/3zZ1Cz5</p><p>https://bit.ly/3B3HvRM</p><p>11</p><p>A decodificação linguística está para a compreensão do discurso recebido.</p><p>É o trabalho que o interlocutor realizará ao se deparar com um texto da língua</p><p>em qualquer modalidade de apresentação. Isso está de acordo com a citação já</p><p>trazida de Castellanos: “saber interpretar e fazer julgamentos sobre frases produzidas</p><p>pelo falante - ouvinte ou por outros”. Assim, a concretização da competência</p><p>comunicativa depende de duas partes: o locutor e o interlocutor. Não basta que</p><p>apenas a primeira parte cumpra seu papel, é preciso que a segunda tenha aptidão</p><p>na recepção do texto que lhe foi oferecido. É preciso que o destinatário da</p><p>mensagem se ocupe em interpretar, julgar e decifrar tal manifestação. Como nos</p><p>lembrou Pilleux (1992): “interpretar e usar apropriadamente o significado social das</p><p>variedades linguísticas [...] em relação às funções e variedades da língua e aos</p><p>pressupostos culturais na situação de comunicação. Refere-se [...] ao uso como</p><p>sistema de regras de interação social.”</p><p>Para uma decodificação plena e correta, será preciso que o interlocutor seja</p><p>partícipe dos conhecimentos linguísticos do seu enunciador e vice-versa. Por</p><p>exemplo, um intérprete de Libras poderá ser considerado um profissional eficiente,</p><p>não apenas por ser proficiente nas línguas que utiliza para realizar as traduções, mas,</p><p>também, por conhecer a capacidade cultural e linguística do seu destinatário. Isso</p><p>envolverá compreensão dos aspectos já mencionados para o propósito da</p><p>produção textual, além de compartilhamento dos pressupostos antropológicos e de</p><p>interação social que permeiam o discurso a ser elucidado.</p><p>Os domínios de competência comunicativa estão vinculados a basicamente</p><p>12</p><p>duas modalidades da língua: a semiótica e a semântica. Castellanos (1992) descreve</p><p>as distinções desses dois domínios no quadro abaixo:</p><p>Quadro 1: Domínios da língua: Semiótico e Semântico</p><p>Domínio Semiótico Domínio Semântico</p><p>A língua como sistema de signos. A língua em funcionamento.</p><p>Significar. Comunicar.</p><p>Domínio no âmbito do signo. Domínio no âmbito da frase.</p><p>Nem a relação do signo com o denotado,</p><p>nem a relação da língua com o mundo é</p><p>considerada.</p><p>Integra a sociedade e o mundo. A língua</p><p>na sua função mediadora entre o homem e</p><p>o homem; entre o homem e o mundo.</p><p>Incorpora a noção de referente: o que é</p><p>nomeado pelo signo.</p><p>O signo tem um valor genérico e</p><p>conceitual.</p><p>O significado da frase implica a referência</p><p>ao contexto e à atitude do falante.</p><p>É uma propriedade da língua. É o resultado de uma atividade do locutor</p><p>que coloca a língua em ação.</p><p>Fonte: CASTELLANOS, 1992, online</p><p>Toda comunicação se dará levando em consideração os campos</p><p>determinados. De modo que a produção do discurso poderá ser significada</p><p>à enunciação a</p><p>ação relatada por meio do próprio corpo. Note na Fig. 24 que o sinal para cavalo não</p><p>aparece no discurso, pois o emissor assume a entidade do animal destacando sua</p><p>essência através do corpo, sendo desnecessária uma identificação vocabular.</p><p>Em todos os três processos mencionados, o papel do classificador será o de</p><p>indicar detalhes sobre aquilo que o discurso é relativo e, então, agregar elementos</p><p>linguísticos descritivos elucidativos.</p><p>Um outro processo lembrado por Takahira tem a ver com os classificadores</p><p>associados à iconicidade degenerativa. Nesse caso, o papel das representações</p><p>classificatórias não tem intenção ilustrativa, mas indica uma motivação quando da</p><p>constituição do sinal. A autora cita como exemplo o par de sinais peixe e sexta-feira:</p><p>FIGURA 46: Sinal polissêmico de peixe e sexta-feira.</p><p>Fonte: CAPOVILLA; RAPHAEL, 2001.</p><p>196</p><p>O dia da semana sexta-feira, ao ser sinalizado, não leva em conta a</p><p>padronização dos outros dias (segunda a quinta). Conforme postulado por Takahira:</p><p>“o sinal sexta-feira, [em LSF] foi derivado do sinal peixe, prato típico das sextas-feiras,</p><p>e, apesar das mudanças na sinalização de uma e outra forma, os sinalizantes surdos</p><p>sabem que o sinal sexta-feira veio de peixe. (2015, p.61)</p><p>Portanto, o classificador icônico, em casos como esse, perde a característica</p><p>originária ao ser introduzido no vocabulário corrente e, embora os usuários</p><p>reconheçam sua origem, não há representatividade ilustrativa.</p><p>Por último, temos a iconicidade diagramática. Assim definida:</p><p>Ocorre na construção de uma referência de espaço (Ex.: a direção do</p><p>olhar marca o espaço); na construção de uma referência de tempo</p><p>(Ex.: marcação da sinalização em relação ao corpo, para frente ou</p><p>longe do corpo indica futuro e para trás ou próximo do corpo indica</p><p>passado); e, na construção de uma referência de pessoa (Ex.:</p><p>apontamento e verbos direcionais). (TAKAHIRA, 2015, p.62)</p><p>Sua função está para referenciação de espaço, tempo ou pessoa. É</p><p>classificada como iconicidade diagramática por ser a delineação ou esboço daquilo</p><p>que está sendo indicado na exposição comunicativa.</p><p>Sejam altamente icônicos ou não, sejam nas formas imagética, degenerada</p><p>ou diagramática, os classificadores servem como suportes linguísticos, pois são</p><p>organizados a partir do léxico da língua e se constituem como macroestruturas</p><p>morfêmicas. É preciso desmistificar a ideia de que construções icônicas são aleatórias</p><p>e sempre facultativas. Seja em línguas orais ou de sinais, as palavras têm como</p><p>processo de formação a junção de fonemas que agrupam-se em morfemas e</p><p>resultam em lexias. Os classificadores podem atuar enquanto morfemas estando,</p><p>portanto, sujeitos a estabelecer-se a partir de normas lexicais da língua.</p><p>No que diz respeito aos classificadores com alta iconicidade, sua compreensão</p><p>enquanto morfema é determinada a cada discurso em específico, dado seu alto grau</p><p>de variabilidade: cada sinalizador determinará o morfema classificatório</p><p>complementar à lexia a partir de seu léxico mental individual. Já para os</p><p>classificadores com iconicidade reduzida, como é o caso dos que cumprem a função</p><p>197</p><p>de referenciação, ao ser acoplada uma partícula classificatória de caráter</p><p>diagramático, o sentido do referente se torna mais completo.</p><p>Tomemos como modelo a iconicidade diagramática na referência ao tempo:</p><p>uma marcação classificatória levando em conta a proximidade do corpo pode</p><p>substituir o morfema afixal de conjugação verbal. Analise:</p><p>FIGURA 47: Sinal da lexia parar.</p><p>Fonte: Google imagens - adaptada</p><p>O sinal do verbo parar está acima representado. Para constituirmos a flexão de</p><p>tempo, é comum instituirmos afixos referentes ao pretérito, presente e futuro; quais</p><p>sejam:</p><p>FIGURA 48: Afixos para flexão verbal.</p><p>Fonte: PAULA, 2020, p.99</p><p>Na constituição ‘padrão’ do tipo [afixo temporal + verbo parar] o afixo serve</p><p>como morfema próprio de flexão. No entanto, não é incomum identificarmos um</p><p>classificador de referência temporal substituindo o afixo por, simplesmente, realizarmos</p><p>198</p><p>o sinal mais próximo da área de sinalização específica dos tempos passado (ombros</p><p>e atrás dos ombros); presente (espaço neutro à frente do corpo) ou futuro (espaço</p><p>neutro mais distante à frente do corpo).</p><p>Considere os dois diálogos abaixo:</p><p>1.</p><p>_Você parou de fumar?</p><p>_Eu parei.</p><p>2.</p><p>_Você parou de fumar?</p><p>_Eu vou parar.</p><p>Uma forma comum de identificar as variações do verbo (parei e pararei/vou</p><p>parar) é atribuir-lhe um afixo próprio ao tempo em questão – pretérito e futuro.</p><p>Todavia, podemos encontrar morfemas classificatórios que substituem tais afixos em</p><p>representações de marcação corporal: quando o sinal é realizado acima dos ombros</p><p>do emissor da mensagem ou em um ponto mais distante do seu corpo o sentido é de,</p><p>respectivamente, parei e pararei/vou parar, como podemos ver abaixo ilustrado.</p><p>FIGURA 49: Afixos para flexão verbal.</p><p>Fonte: Google imagens - adaptada</p><p>Circunstâncias como essas são claramente indicativas de classificadores</p><p>funcionando como morfemas referenciais.</p><p>199</p><p>VERBOS CLASSIFICADORES</p><p>Os classificadores, como vimos, podem integrar-se a qualquer classe de</p><p>palavras cumprindo distintos papeis. No que diz respeito aos verbos, os classificadores</p><p>podem implicar na sua forma para identificar seu uso contextual. Capovilla et al.</p><p>mencionados por Takahira indicam esse atributo:</p><p>O conceito de classificador diz respeito aos diferentes modos como</p><p>um sinal é produzido, dependendo das propriedades físicas</p><p>específicas do referente que ele representa. Os classificadores</p><p>geralmente representam algumas características físicas do referente</p><p>como seu tamanho e forma, ou seu comportamento e movimento, o</p><p>que confere grande flexibilidade denotativa e conotativa aos sinais. O</p><p>sinal CAIR, por exemplo, é classificador, pois sua forma varia de acordo</p><p>com o objeto referido, ou seja, que sofre a queda (e.g., papel, copo,</p><p>pessoa). Quando um sinal funciona como classificador, [...] sua forma</p><p>específica varia dependendo das circunstâncias particulares de seu</p><p>uso. (CAPOVILLA et al., 2012, p. 58)</p><p>A descrição dos autores deixa-nos claro que verbos classificadores serão</p><p>aqueles cuja forma será determinada pela circunstância particular do uso. Analise o</p><p>exemplo citado; a saber, o verbo cair. Para tal consideração, utilizamos de vídeo</p><p>postado no canal Libras Além dos Sinais da plataforma de vídeos YouTube. Apesar</p><p>de inserirmos as imagens, você poderá compreender melhor as especificações</p><p>assistindo ao vídeo proposto no link</p><p>Leia sobre conceitos importantes da Morfologia no capítulo “Morfologia” contido na</p><p>obra Morfologia do Português organizada por Raquel Faustino e Claudia Feitoza. Temos</p><p>ali tratativas importantes à luz dos estudos da Morfologia que, embora estejam</p><p>relacionados à Língua Portuguesa, são pertinentes também às línguas de sinais.</p><p>Link: Leitor - Biblioteca Virtual Universitária (bvirtual.com.br)</p><p>https://www.youtube.com/watch?v=ZB-ZuDeXVXI</p><p>https://www.youtube.com/watch?v=ZB-ZuDeXVXI</p><p>https://plataforma.bvirtual.com.br/Leitor/Publicacao/150798/pdf/0?code=xlC191QkPAt9GSx63vhP4BGXpAH3AVdcv3G7hqkSk+WRVuuP2QL8MANh5rfE+DyB6tfpJ8a2b7eI+Yj8Qg188Q==</p><p>200</p><p>FIGURA 50: Variações do verbo cair.</p><p>Cair avião</p><p>Cair prédio</p><p>Cair casa</p><p>Cair pessoa</p><p>201</p><p>Fonte: Acesso em: 05 dez. 2021</p><p>Com os exemplos acima, notamos como não é possível determinar uma</p><p>palavra única para o verbo cair. Embora alguns dicionários e glossários façam essa</p><p>indicação,</p><p>ela é incompleta, pois normalmente indica apenas uma dessas variações</p><p>(a mais comum relativo à pessoa cair).</p><p>Verbos como cair são constituídos de uma função semântica única; qual seja,</p><p>conforme Dicionário Aulete on-line, “ir ao chão de sua própria altura” e/ou “ir de lugar</p><p>mais alto a lugar mais baixo por ação da gravidade”. Contudo, a depender do</p><p>objeto que vai ao chão, sua performance será distinta. Isso significa que o sentido é</p><p>o mesmo para todos os casos, mas o processo de formação da palavra/sinal é</p><p>distinto.</p><p>Cair caneta</p><p>Cair papel</p><p>Cair copo</p><p>https://www.youtube.com/watch?v=ZB-ZuDeXVXI</p><p>202</p><p>Destarte, os verbos classificadores são assim denominados por apresentarem</p><p>um morfema classificador “expresso pela configuração de mão, que se refere ao</p><p>objeto ou à entidade que sofreu a [ação]. Esses morfemas tomam a forma do objeto</p><p>ou pessoa e ocorrem junto à raiz que, para Supalla (1982), por exemplo, é realizada</p><p>pelo movimento.” (TAKAHIRA, 2015, p.56)</p><p>Reconhecendo a natureza dos verbos classificadores, analise, por exemplo, o verbo ABRIR.</p><p>Considere as seguintes possibilidades:</p><p> abrir uma lata de refrigerante;</p><p> abrir a porta de casa;</p><p> abrir uma mala ao chegar de viagem;</p><p> abrir o presente de natal;</p><p> abrir o livro na página 15;</p><p> abrir a janela depois da chuva;</p><p> abrir os olhos ao acordar;</p><p> abrir os olhos com o falso amigo.</p><p>Seja nas circunstâncias conotativas ou denotativas para o verbo, a escolha da sinalização</p><p>de abrir levará em conta seu contexto e singularidade discursiva. Assim, considere como</p><p>é essencial alimentar as nossas próprias perspectivas imagéticas à medida que estudamos</p><p>línguas de sinais. Nossa proficiência também depende de recorrermos a construções</p><p>pictóricas, especialmente quando tratamos de verbos classificadores e de classificadores</p><p>ilustrativos.</p><p>203</p><p>FIXANDO O CONTEÚDO</p><p>01. (IFB- 2017) - Gesueli (2009), no capítulo intitulado “A narrativa em Língua de Sinais:</p><p>um olhar sobre classificadores”, relata a análise feita sobre os classificadores utilizados</p><p>em narrativas de duas crianças surdas na faixa etária de 6-7 anos de idade,</p><p>pertencentes ao Programa “Linguagem e Surdez”, do Centro de Estudos e Pesquisas</p><p>em Reabilitação “Prof. Dr. Gabriel O. S. Porto” (CEPRE/FCM/UNICAMP). A narrativa foi</p><p>produzida em sala de aula em momentos de interação com o professor surdo e com</p><p>o professor ouvinte. Os dados da pesquisa são um recorte de um momento de</p><p>conversa livre, no qual a criança conta um fato vivenciado por ela juntamente com</p><p>sua família e amigos. Abaixo serão mostrados os classificadores que a autora toma</p><p>como referencial, presentes nos trabalhos de Pimenta (2000) e Ovideo (2000).</p><p>Associe-os com as descrições que os seguem:</p><p>I) GRANDE.</p><p>II) DESPEJAR ENCHER.</p><p>III) TRAMPOLIM.</p><p>IV) AFUNDAR/MERGULHAR.</p><p>( ) A configuração da mão representa a forma de uma parte do corpo (CL-PC), no</p><p>caso, a criança utiliza a mão para representar o movimento das pernas pulando.</p><p>( ) Neste sentido, consideramos como classificador do tipo descritivo (CL-D) que é</p><p>utilizado para descrever a aparência, formato do objeto, tamanho do objeto.</p><p>( ) Encontramos o classificador do corpo (CL -C) representado pela parte superior do</p><p>corpo, em que a criança utiliza os braços erguidos sobre a cabeça.</p><p>( ) Classificador denominado de elemento (CL-E), utilizado em concordância com o</p><p>verbo para explicar a quantidade de líquido gasta para encher a piscina.</p><p>Assinale a alternativa que contém a sequência CORRETA de associação:</p><p>a) III, I, II, IV.</p><p>b) I, III, IV, II.</p><p>204</p><p>c) I, IV, II, III.</p><p>d) III, I, IV, II.</p><p>e) III, IV, I, II.</p><p>02. (CPCON- 2020) - Na Libras, os verbos ANDAR e CAIR, são categorizados como:</p><p>a) classificadores.</p><p>b) direcionais.</p><p>c) direcional e classificador.</p><p>d) de negação.</p><p>e) simples.</p><p>03. (UFERSA- 2019 – adaptada) Ferreira (2010) elenca os classificadores considerados</p><p>como mais produtivos na LIBRAS, dentre os quais se encontram os realizados com a</p><p>seguinte configuração de mão:</p><p>Tal classificador é utilizado para representar:</p><p>a) pessoa andando, e objetos altos e largos.</p><p>b) superfícies planas, e objetos nem altos e nem finos.</p><p>c) objetos cilíndricos, planos e pequenos.</p><p>d) cidades, locais e outros referentes espaciais.</p><p>e) superfícies espessas e arredondadas.</p><p>04. Analise as lexias e identifique seus conceitos relacionando a primeira coluna à</p><p>segunda:</p><p>205</p><p>( 1 ) Estruturas essencialmente icônicas</p><p>( 2 ) Iconicidade degenerativa</p><p>( 3 ) Iconicidade diagramática</p><p>( ) Referem-se a classificadores que indicam uma motivação da forma como o sinal</p><p>foi constituído.</p><p>( ) Referem-se a classificadores que cumprem o papel de referenciação.</p><p>( ) Referem-se a classificadores que cumprem o papel de ilustrar, detalhar e</p><p>categorizar o referente.</p><p>A sequência que identifica a relação de modo assertivo é:</p><p>a) 1 – 2 – 3.</p><p>b) 3 – 1 – 2.</p><p>c) 1 – 3 – 2.</p><p>d) 2 – 1 – 3.</p><p>e) 2 – 3 – 1.</p><p>05. (CEPS- UFPA – 2018) - Para Gesueli (2009), os classificadores são configurações de</p><p>mãos que, relacionadas a coisa, pessoa e animal, funcionam como marcadores de</p><p>concordância verbal. Observe a datilologia a seguir e marque a alternativa (uso de</p><p>classificadores) que corresponde ao enunciado da datilologia.</p><p>a)</p><p>206</p><p>b)</p><p>c)</p><p>d)</p><p>e)</p><p>06. (COVEST-COPSET- 2019) Na tradução para Libras da sentença O CAMINHÃO JÁ</p><p>ESTACIONOU, será necessário usar:</p><p>a) um classificador em uma localização particular.</p><p>b) uma apontação ostensiva ao término do referente.</p><p>c) uma forma pronominal com referente ausente.</p><p>d) uma pantomima na localização do objeto.</p><p>e) um verbo não direcional para o referente.</p><p>07. (UFU – 2016 adaptada) Em qual frase aparece o uso do classificador (CL), para</p><p>representar a ação do sujeito na Língua de Sinais?</p><p>207</p><p>a) João trabalhou muito.</p><p>b) Rita comprou um carro novo.</p><p>c) Pedro vende balas de chocolate.</p><p>d) Ana já escovou os dentes.</p><p>e) Cristian perdeu as chaves.</p><p>08. (COVEST-COPSET 2019) _________________ se refere ao tamanho e à forma. É</p><p>utilizado para apresentar a aparência de um objeto, isto é, a forma, o tamanho, a</p><p>textura ou o desenho de um objeto. Usualmente, é produzido com ambas as mãos,</p><p>para formas simétricas ou assimétricas.</p><p>Assinale a alternativa que preenche corretamente a lacuna acima.</p><p>a) Classificador descritivo.</p><p>b) Classificador do plural.</p><p>c) Classificador semântico.</p><p>d) Classificador instrumental.</p><p>e) Classificador de corpo.</p><p>208</p><p>LIBRAS EM FOCO III</p><p>VESTIMENTA</p><p>Vamos conhecer vocabulário específico para vestimenta. Para</p><p>contextualizar, vamos, inicialmente, analisar o vídeo “A vida em Libras- História da</p><p>moda” elaborado pela TV INES. Você encontra o vídeo no link</p><p>Durante todo o vídeo, temos descrições das circunstâncias que ajudaram a</p><p>ditar a moda das últimas décadas do século XX e dos anos iniciais do século XXI.</p><p>Junto com essas especificações, podemos encontrar um rico vocabulário próprio do</p><p>assunto. Trabalharemos com uma lista de palavras que retomam os elementos de</p><p>vestuário lá mencionados e ainda outros para compreensão do sentido e, em</p><p>seguida, identificaremos no material formas de adjetivação feitas por meio de sinais</p><p>e/ou de classificadores.</p><p>Primeiramente, apresentamos os vestuários mais recorrentes nesse contexto</p><p>comunicativo. Você pode encontrá-los sinalizados pelo avatar da plataforma Hand</p><p>Talk no seguinte link de acesso:</p><p>FIGURA 51: Sinais do vestuário.</p><p>https://www.youtube.com/watch?v=hcMxdrM-YT0&t=65s</p><p>https://www.youtube.com/watch?v=LDznS6Ntpms</p><p>209</p><p>210</p><p>Fontes: Facebook Intérprete Alexandre Elias. Acesso em: 12 dez. 2021; Blog Oficina de Libras.</p><p>Acesso em: 12 dez. 2021; Escola e Educação. Acesso em: 12 dez. 2021.</p><p>Essas palavras são comumente utilizadas na consideração que tenha como</p><p>temática a escolha de roupas para ocasiões específicas e descrição desses</p><p>elementos. Assim, não é incomum associar a tais referentes a palavra interrogativa</p><p>QUAL. Veja:</p><p>A palavra interrogativa qual é um vocábulo que está quase</p><p>sempre relativo ao contexto de uso das lexias próprias do</p><p>vestuário. Podemos citar um exemplo:</p><p> Qual vestido eu devo escolher?</p><p> Com qual roupa Rute vai à sua entrevista de emprego?</p><p> Qual tipo de roupa você gosta?</p><p>São aquelas</p><p>que, por si mesmas, denotam interrogação sem precisar, necessariamente, estar atrelada</p><p>ao contexto. São palavras como: por que; quando; quem; onde; o quê; quanto(s); qual;</p><p>para quê; como; etc.</p><p>211</p><p>A partir de uma interrogativa assim, podemos dar continuidade ao assunto</p><p>usando as novas palavras que agora conhecemos. Vamos tentar? Analise o diálogo</p><p>abaixo e proponha uma tradução para a Libras:</p><p>_ Qual tipo de roupa você gosta?</p><p>_ Eu prefiro o estilo mais confortável!</p><p>_ Eu também gosto. Mas tenho uma dúvida: posso ir de tênis a uma entrevista</p><p>de emprego?</p><p>_ Na minha opinião, depende do cargo que você pretende ocupar. Mas é</p><p>possível mostrar elegância e bom gosto com qualquer estilo.</p><p>Outras duas interrogativas comuns a esse campo semântico utilizando a –QU</p><p>qual são:</p><p>FIGURA 52: Interrogativas de vestuário.</p><p>Fonte: Google Imagens - adaptada</p><p>Analisar bem o vídeo da TV INES proposto no início desta unidade pode ajudá-</p><p>lo com construções oracionais dessa natureza que aqui tratamos. Por exemplo, lá é</p><p>possível identificarmos referências a distintos estilos da moda, além dos sinais das</p><p>peças mais comuns de vestuário.</p><p>212</p><p>Alguns verbos também são importantes na constituição de sentenças</p><p>referentes à vestuário. Vamos conhecer alguns deles em contextos reduzidos:</p><p> É importante vestir antes de comprar as roupas.</p><p> Depois de ter certeza que irá servir, compre apenas aquilo que realmente for</p><p>usar.</p><p>213</p><p>ADJETIVOS</p><p>A adjetivação em Libras acontecerá através de duas possibilidades de</p><p>processo como os já mencionados na unidade 3 deste livro. São eles: o uso dos</p><p>classificadores cujo papel é descrever ou categorizar o referente e o uso dos</p><p>adjetivos, que podem ser icônicos ou arbitrários.</p><p>Vamos retomar ao vídeo sugerido no início da unidade para identificar a</p><p>categoria de classificadores descritivos e ver como funcionam para adjetivar. Note,</p><p>a partir do minuto 6 do vídeo, a descrição que o narrador faz quando adjetiva os</p><p>elementos vestidos, chapéus e cabelos. O texto em Português é assim traduzido:</p><p>Nos anos 1920 houve a popularização dos vestidos tubulares, que não</p><p>marcavam as formas femininas, além dos chapéus diurnos e dos cabelos</p><p>bem curtinhos.</p><p>Cada um dos três elementos citados recebeu um adjetivo que corresponde</p><p>à sua particularidade na década retratada. Mas, perceba como o emissor da</p><p>mensagem não faz uso de apenas uma palavra, como se dá com a Língua</p><p>Portuguesa.</p><p>Para indicar vestido tubular, a menção da especificidade é feita com</p><p>classificadores descritivos: como que molda a forma da roupa usando o próprio</p><p>corpo como base para o elemento alusivo. Em seguida, também indica o tamanho</p><p>e forma do vestuário usando o espaço neutro à sua frente. Por fim, usa um</p><p>classificador de parte do corpo (os dedos indicador e médio representando as</p><p>pernas de um corpo) para também indicar a característica tubular do vestido.</p><p>Na designação de chapéus diurnos, não temos apenas um sinal funcionando</p><p>como adjetivo, mas sim uma descrição por meio de classificadores. O locutor utiliza</p><p>do próprio corpo, nesse caso, da cabeça, para caracterizar diferentes tipos de</p><p>chapéus e posições em que são vestidos.</p><p>Por último, o cabelo também é relativizado com classificação própria do</p><p>caráter curto. Com descrição ilustrativa, o narrador determina a forma do corte</p><p>tendo a cabeça como ponto de articulação.</p><p>Para todos os casos, expressões não manuais são incluídas quando da</p><p>manifestação dos classificadores, tornando a comunicação compreensível. Os</p><p>214</p><p>classificadores e as ENM funcionam como elementos linguísticos descritivos, ou seja,</p><p>que promovem a função de categorização, por meio de locução adjetiva. Isso está</p><p>de acordo com o que encontramos em Silva:</p><p>Os classificadores [...] são importantíssimos – afinal, ajudam a construir</p><p>a estrutura sintática da oração, por meio de recursos corporais que</p><p>enfatizam e organizam ideias no discurso. São estruturas auxiliares,</p><p>portanto. Note que as expressões faciais são fundamentais para que</p><p>os classificadores fiquem claros na conversa, pois intensificam, mais</p><p>ainda, o significado. (SILVA, 2015, p.38)</p><p>Como considerado na unidade 3, os classificadores diferem-se dos sinais por</p><p>muitos motivos; um deles tem a ver com a alta flexibilidade; isto é, cada sinalizador</p><p>produz o classificador descritivo, como é o caso dos aqui analisados, de acordo com</p><p>sua percepção imagética do elemento mencionado. Assim, se levarmos em conta</p><p>a forma como o professor Heveraldo Ferreira adjetiva as lexias vestido, chapéus e</p><p>cabelos no vídeo que assistimos, podemos afirmar que será diferente daquela como</p><p>outro sinalizador as faria, simplesmente pelo fato de os classificadores serem</p><p>executados a partir da particularidade do léxico mental de seu emissor.</p><p>No entanto, a forma de indicar características também pode se dar pela</p><p>utilização de palavras da classe dos adjetivos. Assim como acontece nos discursos</p><p>em Português, eles categorizarão substantivos, indicando-lhe qualidade, defeito,</p><p>estado, condição, etc.</p><p>Pelo conceito, “[...] todos os seres nomeados pela categoria dos substantivos,</p><p>no dia a dia de sua existência, apresentam qualidades, estados ou ainda</p><p>propriedades que serão expressos pela classe dos adjetivos.” (Almeida & Almeida,</p><p>2008, p.66).</p><p>Para considerar mais detalhes a respeito dos classificadores não deixe de ler o subtítulo Os</p><p>classificadores, a partir da página 38, na obra Língua Brasileira de Sinais – Libras,</p><p>organizada por Rafael Dias Silva.</p><p>Link: Leitor - Biblioteca Virtual Universitária (bvirtual.com.br)</p><p>https://plataforma.bvirtual.com.br/Leitor/Publicacao/35534/pdf/0?code=Ja+Swtmf4nzVd0JUbQS8qR5HPqtqNYkeLNYCxE1QCZbWMUbSf+5QHFg4mdXLJjoLVoBhsvxFyXLcgXhgELpC8A==</p><p>215</p><p>Diferentemente dos classificadores descritivos que atuam como locução</p><p>adjetiva, os adjetivos são palavras registradas e convencionadas que têm como</p><p>função descrever os nomes. Contexto e registro lexicográfico indicarão o que é um</p><p>adjetivo e o que é um classificador. No primeiro caso, palavras registradas e sinal</p><p>convencionado; ou seja, forma única para todos os sinalizantes. No segundo caso,</p><p>formas não registradas e peculiares ao sinalizante.</p><p>Trazemos alguns dos adjetivos em Libras:</p><p>FIGURA 53: Alguns adjetivos em Libras.</p><p>Para relembrar a função dos adjetivos, considere a Gramática Sucinta do Português, no</p><p>tópico 3.3 - capítulo O adjetivo. As considerações sobre o papel do adjetivo servem tanto</p><p>para as línguas orais como para as línguas de sinais.</p><p>Link: Minha Biblioteca: Gramática Sucinta de Português</p><p>https://integrada.minhabiblioteca.com.br/reader/books/978-85-216-2098-3/pageid/96</p><p>216</p><p>217</p><p>218</p><p>Fonte: CAPOVILLA; RAPHAEL, 2001.</p><p>Note que adjetivos aqui representados foram retirados do Dicionário</p><p>Enciclopédico Ilustrado Trilíngue de Capovilla e Raphael (2001). Sendo palavras</p><p>catalogadas em uma obra lexicográfica, temos a principal evidência de sua</p><p>convencionalidade e, portanto, de categorização no domínio das palavras de</p><p>forma estrita. Assim, nessa perspectiva, mesmo que haja outra possibilidade de</p><p>indicar a característica sugerida, será feita por uma palavra sinônima.</p><p>219</p><p>APLICAÇÃO PRÁTICA</p><p>Com os conhecimentos adquiridos, vamos realizar algumas aplicações</p><p>práticas para ampliar nossos conhecimentos.</p><p>10.3.1 Atividade 1</p><p>Analise o texto proposto e faça uma tradução para a Libras:</p><p>Policial: Você pode descrever o indivíduo?</p><p>Porteiro: Ele era alto, magro e vestia um</p><p>casaco azul escuro. Ele também andava</p><p>de uma maneira estranha.</p><p>Policial: Ele usava óculos?</p><p>Porteiro: Não. Quando eu o vi entrar no</p><p>prédio ele não estava de óculos.</p><p>Policial: Você falou com ele?</p><p>Porteiro: Sim, rapidamente. Quando ele</p><p>chegou, me perguntou em qual andar</p><p>morava a senhora Oliveira. Apenas isso.</p><p>Policial: Ele tinha alguma característica</p><p>particular?</p><p>Porteiro: Além do andar peculiar, tinha uma falha na parte da frente do cabelo e</p><p>um nariz bem grande e avermelhado.</p><p>Policial: E como estava a senhora Oliveira? Ela pareceu nervosa quando ele saiu?</p><p>Porteiro: Sim, ela estava bem nervosa: olhos arregalados, pálida e sem reação.</p><p>Policial: E como estava o apartamento?</p><p>Porteiro: Eu entrei apenas na sala. Os móveis estavam desorganizados. As cadeiras</p><p>caídas; a cortina rasgada na parte inferior. Tinha muitas caixas pequenas no chão.</p><p>E dentro delas ainda restaram alguns anéis, colares e pulseiras bem brilhantes.</p><p>Fonte: Miquel, 2004, p.110- adaptada.</p><p>220</p><p>10.3.2 Atividade 2</p><p>Analise a imagem abaixo e faça a descrição das pessoas apresentadas de</p><p>acordo com suas características e sua vestimenta.</p><p>Fonte: Freepik, 2021.</p><p>10.3.3 Atividade 3</p><p>Faça e apresente para a classe, para um grupo de colegas ou para o professor a</p><p>situação abaixo indicada através de diálogo.</p><p> Você entra em uma loja de roupas para experimentar um casaco e uma</p><p>calça que viu na vitrine. A vendedora pergunta seu tamanho e mostra as</p><p>opções de cores. Você responde sobre o tamanho e escolhe a cor das peças.</p><p>Quando experimenta, o casaco ficou bom, mas a calça está um pouco</p><p>grande. Você pede um outro tamanho. Agora que os tamanhos estão</p><p>apropriados, você decide o que levar.</p><p>Depois de apresentar seu texto, certifique-se de que as informações compreendidas</p><p>pelos colegas e/ou pelo professor tenham sido as intencionadas por você. Aceite</p><p>sugestões de adaptação de estruturação de sentenças e, caso seja necessário,</p><p>refaça o texto para que fique ainda mais compreensível aos seus interlocutores.</p><p>221</p><p>10.3.4 Atividade 4</p><p>E você? Como você se descreveria?</p><p>Indique suas características. Especifique particularidades físicas e de</p><p>personalidade. Quais os seus gostos? Como você gosta de se vestir? Quais os</p><p>acessórios têm costume de usar?</p><p>222</p><p>FIXANDO O CONTEÚDO</p><p>01. (AROEIRA – 2021 – adaptada) - Leia o texto para responder a questão:</p><p>LÍNGUA</p><p>Esta Língua é como um elástico</p><p>Que espicharam pelo mundo.</p><p>No início era tensa, de tão clássica.</p><p>Com o tempo, se foi amaciando,</p><p>foi-se tornando romântica,</p><p>incorporando os termos nativos</p><p>E amolecendo nas folhas de bananeira</p><p>As expressões mais sisudas.</p><p>Um elástico que já não se pode</p><p>Mais trocar, de tão gasto;</p><p>Nem se arrebenta mais, de tão forte.</p><p>Um elástico assim como é a vida</p><p>Que nunca volta ao ponto de partida.</p><p>(TELES, Gilberto Mendonça. Falavra. Lisboa: Dinalivro, 1989, p. 95-96.)</p><p>Observe os versos: “No início era tensa, de tão clássica.” / “Com o tempo se foi</p><p>amaciando,” / “foi-se tornando romântica.”</p><p>A respeito dos termos sublinhados podemos concluir que:</p><p>a) exercem a função de adjetivo e têm como base o mesmo referencial “língua”.</p><p>b) estão fazendo referência a “língua”, “elástico” e “mundo”.</p><p>c) têm como base o mesmo referente, mas possuem funções gramaticais diferentes</p><p>no contexto.</p><p>d) têm como base referentes distintos, no entanto, exercem a mesma função</p><p>gramatical no contexto.</p><p>e) são locuções adjetivas que caracterizam substantivo e verbo.</p><p>02. Quais dos sinais abaixo são realizados com a mesma configuração de mão?</p><p>a) Bermuda – sutiã – saia.</p><p>b) Sapato – bota – relógio.</p><p>c) Brinco – salto alto – meia.</p><p>d) Bota – regata – cinto.</p><p>e) Chapéu – bolsa – tênis.</p><p>223</p><p>03. A sentença abaixo pode ser traduzida:</p><p>a) Preciso comprar sapato e calça novos.</p><p>b) Eu já comprei uma bota e saia lindas!</p><p>c) Pague os sapatos e vestidos, por favor!</p><p>d) Eu comprei roupas novas ontem.</p><p>e) Preciso pagar a compra das meias e vestido.</p><p>04. (CREATIVE GROUP - 2021 – adaptada) Textos como as fábulas são repletos de</p><p>adjetivos. Qual o papel fundamental deles?</p><p>a) Determinar os argumentos para convencimento do leitor.</p><p>b) Mostrar a constância nas atitudes e pensamentos das personagens, fluindo para</p><p>um desfecho claro e previsível.</p><p>c) Nenhum, pois os adjetivos formam uma classe gramatical meramente alegórica.</p><p>d) Caracterizar os personagens e a partir disso permear as ações sendo</p><p>determinantes para o conflito e o desfecho da narrativa.</p><p>e) Construir o próprio sentido do texto, sem adjetivos para sustentar a fábula, ela não</p><p>se realiza como gênero textual.</p><p>05. Encontre a alternativa que contém um intruso entre as opções.</p><p>a)</p><p>224</p><p>b)</p><p>c)</p><p>d)</p><p>e)</p><p>06. A alternativa que traz apenas exemplos de adjetivos icônicos é:</p><p>a) bonito – limpo – ruim.</p><p>b) fácil – triste – colorido.</p><p>c) calmo – baixo – curto/pequeno.</p><p>d) alto – depressa – igual.</p><p>e) forte – amplo/grande – liso.</p><p>225</p><p>07. (CETAP- 2019- adaptada) - Na sentença, “A menina respondeu com a audácia</p><p>disruptiva”, o adjetivo significa:</p><p>a) reacionária.</p><p>b) separatória.</p><p>c) ingênua.</p><p>d) alienada.</p><p>e) irreverente.</p><p>08. Considere as afirmativas:</p><p>I - A estrutura sintática da Libras é determinada pela organização da Língua</p><p>Portuguesa.</p><p>II - A adjetivação em Libras pode acontecer ao agregar um adjetivo ou um</p><p>classificador ao referente.</p><p>III - Os adjetivos são a classe de palavras que apresentam características como</p><p>qualidades, defeitos e/ou condição do elemento categorizado.</p><p>IV - O classificador descritivo funciona como locução adjetiva.</p><p>São verdadeiras as sentenças:</p><p>a) III e IV.</p><p>b) I e III.</p><p>c) II e IV.</p><p>d) II, III e IV.</p><p>e) I, II, III, IV.</p><p>226</p><p>LIBRAS EM FOCO IV</p><p>ANIMAIS</p><p>A adjetivação em Libras e também o uso de classificadores, já aprendidos,</p><p>são características muito comumente associadas ao vocabulário dos animais. No</p><p>vídeo que sugerimos no subtítulo 1.2 deste livro, já fomos inicialmente apresentados</p><p>a alguns animais pela história da Bel. Vamos ampliar esse vocabulário? Veja abaixo</p><p>o sinal de alguns animais em Libras. Em seguida, assistiremos a um outro vídeo da</p><p>personagem Bel que contextualiza o tema.</p><p>Figura 54: Sinais de animais em Libras</p><p>227</p><p>228</p><p>Fonte: Blog Amanda Duda, Pedagogia e Libras, 2013. Disponível em:</p><p>Note que os sinais que designam os animais podem ser icônicos ou arbitrários;</p><p>assim como as palavras de qualquer campo semântico de uma língua natural. É</p><p>verdade que nas línguas de sinais temos uma maior recorrência de sinais icônicos do</p><p>que arbitrários; enquanto que nas línguas orais, acontece o inverso.</p><p>229</p><p>Analisemos o vocabulário em contexto e assim focalizaremos também nas</p><p>construções, e não apenas nas palavras. Assista ao vídeo “Animais selvagens”, do</p><p>Diário da Bel, no link: https://www.youtube.com/watch?v=jkQWiIG9qw8</p><p>Temos ali, além da menção de alguns animais já aqui apresentados,</p><p>construções importantes que merecem nossa atenção para constituirmos textos</p><p>claros e coerentes em Libras.</p><p>Note que há, em alguns momentos do diálogo entre a Bel e o tio Tobias, a</p><p>presença de datilologia, como no caso:</p><p>“É só guardar dinheiro e podemos viajar juntos para a África, passear lá e</p><p>fazer um safári.</p><p>que têm</p><p>propriedades bastante comuns com o esquema perceptivo do que representam.</p><p>Retome os conceitos de iconicidade e arbitrariedade, principalmente para distinguir os</p><p>sinais icônicos dos classificadores. Consulte o subtítulo da Unidade 3 intitulado Língua</p><p>brasileira de sinais – aspectos linguísticos e gramaticais da obra “Libras”, de Morais et al.,</p><p>2018.</p><p>Link: Minha Biblioteca: Libras</p><p>https://www.youtube.com/watch?v=jkQWiIG9qw8</p><p>https://integrada.minhabiblioteca.com.br/reader/books/9788595027305/pageid/84</p><p>230</p><p>[...]</p><p>[O safári] é bem comum na África do Sul e no Quênia.”</p><p>No primeiro momento da fala mencionada, o tio Tobias apresenta à sobrinha</p><p>o passeio chamado safári. Essa é uma palavra para a qual não há sinal</p><p>convencionado ou catalogado. De modo que o uso de datilologia é necessário</p><p>para referir-se a esse tipo de expedição.</p><p>Menções de palavras ainda não registradas em Libras podem ser feitas em</p><p>forma de datilologia mesmo que, assim como as personagens do vídeo fazem,</p><p>depois instituam uma sinalização para o referente naquela conversa. O tio Tobias faz</p><p>a soletração de S-A-F-A-R-I ao introduzir o tema na conversa. Para facilitar a</p><p>comunicação, porém, em seguida ele não mantém a datilologia; mas retrata a</p><p>excursão por meio de sinais que atribuem seu conceito: passeio de carro.</p><p>Isso não significa que a composição [passeio + carro] torna-se o sinal de safári.</p><p>Mas, para aquela circunstância enunciativa, o uso passa a ser compreendido como</p><p>tal, dada uma espécie de acordo discursivo intuitivo entre locutor e interlocutor.</p><p>Mas, percebemos que o tio Tobias também usa datilologia para indicar um</p><p>elemento que já tem sinal constituído. Isso se justifica pois, como locutor, o tio Tobias</p><p>conhece bem sua interlocutora - a sobrinha Bel. Assim, ao mencionar palavras que</p><p>julga serem novas para Bel, ele faz uso do recurso da datilologia, mesmo que já exista</p><p>um sinal para aquela palavra que menciona. É o caso do nome do país, Quênia.</p><p>Embora na conversa saiba-se que Bel teve uma aula na escola sobre a África e sua</p><p>fauna, o emissor da mensagem certifica-se que sua comunicação será</p><p>completamente compreendida ao fazer uso da soletração com o alfabeto manual</p><p>para o referente que julga desconhecido. Em seguida à tal indicação, tio Tobias faz</p><p>o sinal próprio do país, permitindo que, a partir de então, caso queira retomá-lo em</p><p>sua conversa, não haja dificuldade de decodificação do sinal indicado.</p><p>Logo, o recurso da datilologia pode ser muito bem aproveitado mesmo para</p><p>casos de palavras que já tenham sinal convencionado e registrado. Para tanto, é</p><p>preciso identificar o contexto e o interlocutor. Pergunte-se: é esse sinal pouco</p><p>conhecido, de modo que há alguma possibilidade do meu interlocutor não</p><p>compreender a mensagem completamente se ele for utilizado? É um sinal referente</p><p>a um termo de alguma área de especialidade da qual meu interlocutor não tem</p><p>amplo conhecimento? É um sinal novo (neologismo) ou antigo (arcaísmo)? É um sinal</p><p>231</p><p>reconhecidamente regional? Além das análises sobre o próprio sinal, é preciso</p><p>também considerar as características do seu interlocutor: qual sua idade, cultura,</p><p>grau de escolaridade, sexo, região, etc.?</p><p>A resposta a essas perguntas nos permitirá identificar contextos em que seja</p><p>mais assertivo fazer, no primeiro momento da menção da palavra, a sua datilologia</p><p>e, em seguida, apresentar o seu sinal. Dessa maneira evitamos dúvida, conflito,</p><p>ambiguidade e não compreensão discursivos e auxiliamos nosso par linguístico na</p><p>ampliação do seu léxico mental.</p><p>Por último, nos atentemos, mais uma vez, ao uso de classificadores. Vamos</p><p>considerar o excerto do vídeo que conta com o diálogo abaixo descrito:</p><p>“_ Que susto! Eu morro de medo de sapo!</p><p>_ Esse sapo é fofinho! E sabe que perto da minha casa tem um montão de</p><p>sapos? Eles pulam de um lado para o outro. São muitos!”</p><p>Logo que a personagem Bel diz que tem medo de sapos, o tio dela faz essa</p><p>observação mencionada. Tanto Bel como o tio Tobias fazem o sinal para a palavra</p><p>sapo nas suas primeiras menções desse animal. Mas, quando vai se referir aos sapos</p><p>que vivem próximo à sua casa, tio Tobias não mais utiliza o sinal convencionado para</p><p>nomear o animal; ele faz uso de classificadores descritivos, quando retrata o sapo a</p><p>partir da sua ação de pular (conforme Fig. 34 abaixo); de corpo, quando incorpora</p><p>o sapo, usando o próprio corpo para especificar o animal (conforme Fig.35 abaixo)</p><p>e de plural, ao usar uma configuração de mão e movimento de modo repetido,</p><p>passando a ideia de grande quantidade (conforme Fig.36 abaixo).</p><p>subtítulo 9.2 (página</p><p>100) intitulado Datilologia, da obra Libras de Baggio e Casa Nova (2017)</p><p>Leitor - Biblioteca Virtual Universitária (bvirtual.com.br)</p><p>https://plataforma.bvirtual.com.br/Leitor/Publicacao/129456/pdf/0?code=lFxl2A8OuLLtDDeD3QqTKIHevhdeXP4DWroAJROtPZkOybpAhGzGT70r+1O88r/PZ9B0aZ6AcM22S57SBxmMJA==</p><p>232</p><p>Figura 55: Classificador descritivo para sapo</p><p>Fonte:</p><p>Figura 56: Classificador de corpo para sapo</p><p>Fonte:</p><p>Figura 57: Classificador de plural para sapo</p><p>Fonte:</p><p>Aqui, chamamos atenção para a presença dos classificadores associada ao</p><p>sinal icônico. Perceba como essa é mais uma perspectiva que, além de corroborar</p><p>o classificador como elemento linguístico distintivo do contexto, o distancia do status</p><p>de palavra.</p><p>https://www.youtube.com/watch?v=jkQWiIG9qw8</p><p>https://www.youtube.com/watch?v=jkQWiIG9qw8</p><p>https://www.youtube.com/watch?v=jkQWiIG9qw8</p><p>233</p><p>Tal uso também nos esclarece que o classificador não tem como única</p><p>função servir como caracterizador; já que, se assim o fosse, seria desnecessária sua</p><p>aplicação junto com o sinal icônico, pois esse já é um sinal que tem sua formação</p><p>diretamente relacionada ao que representa. Logo, concluímos que os</p><p>classificadores são mais do que constituintes descritivos, eles também atuam como</p><p>substitutos do referente, marcadores da ideia de plural, incorporadores do</p><p>personagem para descrição de ações ou utilização de instrumento, descritores de</p><p>ação, etc.</p><p>CORES</p><p>Já analisamos os processos de adjetivação em Libras no item 4.2 deste</p><p>material. Porém, deixamos uma seção especificamente para tratar das cores, que</p><p>também atuam como adjetivos, pela sua variedade própria de vocabulário. Vamos</p><p>fazer isso de modo contextualizado?</p><p>Assista ao vídeo “Cores”, promovido pela TV INES, no seguinte link:</p><p>. O vídeo traz a</p><p>apresentação de cores primárias e secundárias, além de elementos que</p><p>caracterizam as próprias cores. Vejamos as cores e, depois, consideraremos a forma</p><p>de especificá-las.</p><p>Figura 58: Cores em Libras</p><p>https://www.youtube.com/watch?v=O4TIXT1picc&t=3s</p><p>234</p><p>Fontes: Acesso em: 14 dez. 2021;</p><p>CAPOVILLA, RAPHAEL, 2001; Google Imagens.</p><p>As cores em si já servem quais adjetivos. Veja:</p><p>A zebra é preta e branca.</p><p>Meu gato é cinza.</p><p>Aquele pássaro azul está em extinção.</p><p>Todavia, ainda é possível delimitar ainda mais as cores de modo a constituir adjetivos</p><p>compostos, como os mencionados no vídeo que analisamos:</p><p>https://www.ces.org.br/site/vamos-aprender-libras.aspx</p><p>235</p><p>No caso dos adjetivos compostos, em Libras eles terão estrutura semelhante:</p><p>[cor + lexia caracterizante].</p><p>A segunda caracterização pode ser um substantivo (azul turquesa); um outro</p><p>adjetivo (branco cintilante) e até um estrangeirismo, como é o caso do rosa</p><p>shocking; cuja apropriação para o Português rosa choque também é apropriada.</p><p>Casos mais comuns de cores compostas são com as indicações de</p><p>tonalidade:</p><p>Figura 59: Classificação de tonalidade das cores em Libras</p><p>Fonte: CAPOVILLA, RAPHAEL, 2001;</p><p>Lembre-se que além do sinal indicativo da variação de tom claro ou escuro,</p><p>as marcas não manuais também acompanham essa enunciação, deixando tanto</p><p>mais compreensível quanto possível o grau de intensidade dos compostos. Note</p><p>como o professor Heveraldo traz as expressões corporais e faciais próprias à</p><p>indicação ‘claro’ versus ‘escuro’:</p><p>236</p><p>Por último, ressaltamos que a indicação das cores também pode vir associada</p><p>aos classificadores quando o objetivo for trazer especificação e detalhamento mais</p><p>pormenorizados. Vemos isso na descrição de azul turquesa, quando, além de nos</p><p>indicar o sinal desse adjetivo composto, há uma descrição pontual de suas</p><p>características. Veja:</p><p>Nas imagens acima, temos a indicação do sinal azul turquesa, em uma</p><p>formação composicional. Mas, além de usá-lo, o emissor da mensagem traz</p><p>classificadores apropriados para indicar a cintilância, tonalidade e vivacidade da</p><p>cor:</p><p>237</p><p>Logo, a adjetivação, assim como trabalhamos no subtítulo 4.2 terá distintas</p><p>formas de ser apresentada.</p><p>APLICAÇÃO PRÁTICA</p><p>Com base nos conhecimentos prévios e naqueles aqui adquiridos, vamos</p><p>considerar construções práticas na aplicabilidade do tema.</p><p>O uso de cores enquanto adjetivo levará em consideração o contexto, emissor e</p><p>interlocutor. Em alguns casos, apenas o uso do adjetivo cumpre a função enunciativa com</p><p>clareza; em outros pode ser necessário um adjetivo composto para maior detalhamento;</p><p>e, em ainda outros uma descrição complementar classificatória é o que definirá com</p><p>exatidão os referentes.</p><p>238</p><p>11.3.1 Atividade 1</p><p>Caça Palavras</p><p>Encontre no caça palavras os nomes dos seguintes animais:</p><p>Fonte: Acesso em: 17 dez. 2021</p><p>11.3.2 Atividade 2</p><p>Nossa comunicação envolve diversos tipos textuais, inclusive alguns que</p><p>incluem o vocabulário nas suas formas conotativas e denotativas. Vamos treinar?</p><p>Primeiro, assista ao vídeo da música Bicharia do espetáculo Saltimbancos.</p><p>Nesse link você encontra uma versão:</p><p>.</p><p>Abaixo, temos também a letra:</p><p>Bicharia – Os Saltimbancos</p><p>Francisco Buarque De Holanda / Sergio Bardotti / Luis Enrique Bacalov</p><p>Au, au, au, hi-hó, hi-hó</p><p>Miau, miau, miau, cocorocó</p><p>https://es.liveworksheets.com/zf1031972vk</p><p>https://www.youtube.com/watch?v=z7OAAPb6eQs</p><p>239</p><p>Au, au, au, hi-hó, hi-hó</p><p>Miau, miau, miau, cocorocó</p><p>Au, au, au, hi-hó, hi-hó</p><p>Miau, miau, miau, cocorocó</p><p>O animal é tão bacana</p><p>Mas também não é nenhum banana</p><p>Au, au, au, hi-hó, hi-hó</p><p>Miau, miau, miau, cocorocó</p><p>Quando a porca torce o rabo</p><p>Pode ser o diabo, e ora vejam só</p><p>Au, au, au, cocorocó</p><p>Era uma vez (e é ainda)</p><p>Certo país (e é ainda)</p><p>Onde os animais eram tratados como bestas</p><p>São ainda, são ainda</p><p>Tinha um barão (tem ainda)</p><p>Espertalhão (tem ainda)</p><p>Nunca trabalhava, então achava a vida linda</p><p>E acha ainda, e acha ainda</p><p>Au, au, au, hi-hó, hi-hó</p><p>Miau, miau, miau, cocorocó</p><p>O animal é paciente</p><p>Mas também não é nenhum demente</p><p>Au, au, au, hi-hó, hi-hó</p><p>Miau, miau, miau, cocorocó</p><p>Quando o homem exagera</p><p>Bicho vira fera, e ora, vejam só!</p><p>Au, au, au, cocorocó</p><p>240</p><p>Puxa, jumento (só puxava)</p><p>Choca, galinha (só chocava)</p><p>Rápido, cachorro, guarda a casa, corre e volta</p><p>Só corria, só voltava</p><p>Mas chega um dia (chega um dia)</p><p>Que o bicho chia (bicho chia)</p><p>Bota pra quebrar, e eu quero ver quem paga o pato</p><p>Pois vai ser um saco de gatos</p><p>Au, au, au, hi-hó, hi-hó</p><p>Miau, miau, miau, cocorocó</p><p>O animal é tão bacana</p><p>Mas também não é nenhum banana</p><p>Au, au, au, hi-hó, hi-hó</p><p>Miau, miau, miau, cocorocó</p><p>Quando a porca torce o rabo</p><p>Pode ser o diabo, ora, vejam só!</p><p>Au, au, au, cocorocó</p><p>Au, au, au, cocorocó</p><p>Au, au, au, cocorocó (hi-hó)</p><p>Agora, faça e apresente para a classe, para um grupo de colegas ou para o</p><p>professor a tradução da música em Libras.</p><p>Depois de apresentar seu texto, certifique-se de que as informações</p><p>compreendidas pelos colegas e/ou pelo professor tenham sido as intencionadas por</p><p>você. Aceite sugestões de adaptação de estruturação de sentenças e, caso seja</p><p>necessário, refaça o texto para que fique ainda mais compreensível aos seus</p><p>interlocutores.</p><p>241</p><p>11.3.3 Atividade 3</p><p>Identifique a cor correta de acordo com a mistura solicitada. Retome o</p><p>vídeo Cores – TV INES e terá informações para algumas delas:</p><p>Como você pode, nesta etapa, construir sentenças complexas que contém, inclusive,</p><p>características de sentido figurado? Vamos pensar em medidas práticas: primeiramente,</p><p>retome o conhecimento que você já adquiriu para fazer bom uso lexical. Depois, lembre-</p><p>se que, mais do que compreensão gramatical de ordenação sintática, você poderá ser</p><p>um emissor de mensagens claras quando faz uso das expressões não manuais de modo</p><p>plausível ao seu propósito textual. Aproprie-se de conceitos que lhe permitam pensar em</p><p>Libras e rejeitar qualquer ímpeto de estruturar frases ou períodos em Libras a partir de sua</p><p>consciência linguística da Língua Portuguesa como base processual. Os classificadores</p><p>também serão de grande ajuda. Retome os conceitos dos distintos tipos de classificadores</p><p>e faça uso deles. Que tal tentar utilizar classificadores de corpo na incorporação do animal</p><p>quando a música sugere onomatopeias?</p><p>242</p><p>243</p><p>FIXANDO O CONTEÚDO</p><p>01. (CEV-URCA – 2021- adaptada) - De acordo os parâmetros linguísticos da</p><p>Libras, assinale a alternativa que apresenta sinais com a mesma localização:</p><p>a) Rato – rosa – girafa.</p><p>b) Coelho – cavalo – vaca.</p><p>c) Azul – mosquito – macaco.</p><p>d) Amarelo – cachorro – verde.</p><p>e) Nenhuma das alternativas.</p><p>02. (INSTITUTO AOCP- 2020 – adaptada) - Quais são os sinais que têm o tipo de</p><p>movimento para frente e para trás?</p><p>a) Prateado – verde – roxo.</p><p>b) Girafa – sapo – gato.</p><p>c) Laranja – cinza – verde.</p><p>d) Tubarão – golfinho – jacaré.</p><p>e) Cor – cavalo – coelho.</p><p>03. (FAU- 2019- adaptada) - No decorrer dos anos, com a luta da comunidade surda</p><p>e por meio de vários estudos linguísticos, foi possível perceber que a língua de sinais</p><p>é uma língua completa com gramática e estrutura própria. Verificou-se também que</p><p>a língua</p><p>de sinais apresenta iconicidade e arbitrariedade, assim como mecanismos</p><p>fonológicos, morfológicos, sintáticos, podendo representar ideias e/ou conceitos</p><p>concretos ou abstratos, emocionais ou racionais, complexos ou simples.</p><p>Com base em seus conhecimentos sobre a Libras, marque a alternativa em que todos</p><p>os sinais apresentam iconicidade:</p><p>a) COR – INSETOS - SAPO.</p><p>b) ROXO – MARROM – PRETO.</p><p>c) ÁRVORE – BORBOLETA – MACACO.</p><p>d) BRANCO – LILÁS – BRONZE.</p><p>e) GIRAFA – AMARELO – VERMELHO.</p><p>244</p><p>04. (FAU – 2019 – adaptada) - A partir dos seus conhecimentos sobre a Libras, analise</p><p>os sinais e informe se é (V) verdadeiro ou (F) falso, e assinale a alternativa que</p><p>apresenta a ordem correta.</p><p>( ) Os sinais de RINOCERONTE e PORCO são realizados com configuração de mão</p><p>em Y.</p><p>( ) Os sinais TUBARÃO, URSO e GOLFINHO são realizados no espaço neutro e possuem</p><p>configuração de mãos diferentes.</p><p>( ) Os sinais PÁSSARO, MOSQUITO e RATO possuem a configuração de mãos em</p><p>PINÇA, mas pontos de articulação diferentes.</p><p>( ) Os sinais CINZA e LILÁS possuem configuração de mãos, pontos de articulações</p><p>e movimentos iguais.</p><p>( ) Os sinais BOI e VACA possuem a mesma configuração de mãos, mas com ponto</p><p>de articulação diferente.</p><p>( ) O sinal de BORBOLETA pode ser considerado icônico, visto que se parece com a</p><p>realidade.</p><p>( ) Os sinais TUBARÃO e BRANCO possuem a mesma configuração de mãos, em B,</p><p>mas pontos de articulação diferentes.</p><p>a) V, V, F, F, V, V, V.</p><p>b) F, F, V, F, V, V, F.</p><p>c) F, V, V, F, F, V, V.</p><p>d) V, F, V, F, F, V, V.</p><p>e) F, V, F, V, V, F, F.</p><p>05. (PROGEP- FURG – 2019 – adaptada) - As configurações de mãos podem conter</p><p>vários tipos de movimentos e elas podem ser produzidas com diferentes tensões,</p><p>velocidade e frequências.</p><p>Referente ao sinal AMARELO, pode definir que movimento?</p><p>a) Movimento circular.</p><p>b) Movimento linear.</p><p>c) Movimento sinuoso.</p><p>d) Movimento helicoidal.</p><p>245</p><p>e) Movimento semicircular.</p><p>06. (PROGEP- FURG – 2019 – adaptada) - Na Libras, são parâmetros para a formação</p><p>de sinais as alternativas abaixo:</p><p>I - Datilologia.</p><p>II - Movimento.</p><p>III - Expressão facial e corporal.</p><p>IV - Orientação.</p><p>Assinale a alternativa correta.</p><p>a) II, III e IV.</p><p>b) II e IV.</p><p>c) I e IV.</p><p>d) I e III.</p><p>e) I, II, III e IV.</p><p>07. (COVEST- COPSET – 2019 – adaptada) - Dos processos de composição</p><p>morfológica, indique os sinais da Libras assim produzidos:</p><p>a) tartaruga, macaco e gato.</p><p>b) azul, laranja e safári.</p><p>c) tigre, insetos e onça.</p><p>d) cavalo, ovelha e amarelo.</p><p>e) zebra, cor, verde.</p><p>08. São pares mínimos:</p><p>a) lilás e cinza.</p><p>b) cavalo e zebra.</p><p>c) sapo e pato.</p><p>d) laranja e sábado.</p><p>e) amarelo e azul.</p><p>246</p><p>LIBRAS EM FOCO V</p><p>PRONOMES INDEFINIDOS</p><p>Os pronomes indefinidos são aqueles que servem para substituir ou</p><p>acompanhar nomes com matiz de indeterminação; ou seja, com pouca exatidão.</p><p>Como temos indicado ao longo dos nossos estudos de domínio gramatical, a forma</p><p>como as classes de palavras é instituída é universal; ou seja, sua função e</p><p>características estão para as línguas orais, assim como estão para as línguas de</p><p>sinais. Obviamente, dentro da perspectiva de cada idioma, essas classes de</p><p>palavras e critérios sintáticos aparecerão de modo próprio à estrutura linguística de</p><p>cada língua.</p><p>De modo que os pronomes indefinidos em Libras também servirão para indicar</p><p>a 3ª pessoa de modo vago ou incerto. Veja:</p><p>Muitos animais foram adotados hoje.</p><p>Não encontrei nenhuma instrução no departamento.</p><p>Você está esperando por alguém?</p><p>Em todos os exemplos acima, temos uma lexia relacionada a um referente de</p><p>3ª pessoa: animais (3ª pessoa do plural); instrução (3ª pessoa do singular) e</p><p>alguém/pessoa (3ª pessoa do singular).</p><p>Almeida e Almeida (2008) nos indicam que há pronomes indefinidos variáveis</p><p>e invariáveis:</p><p>Há pronomes indefinidos que te ̂m por func ̧ão apenas substituir um</p><p>nome e nunca acompanhá-lo. É o caso das formas variáveis. [...] As</p><p>demais formas dos pronomes indefinidos podem ser tanto substitutos</p><p>como acompanhantes de substantivos. (ALMEIDA & ALMEIDA, 2008,</p><p>p.82)</p><p>247</p><p>Nas sentenças que nos serviram de exemplo, vemos exatamente isso. No caso</p><p>das primeiras orações, o pronome indefinido está acompanhando o substantivo a</p><p>que se refere:</p><p>Mesmo que as palavras muitos e nenhuma estejam restringindo a quantidade</p><p>de animais e instrução; elas não definem de maneira exata esse quantitativo; logo,</p><p>funcionam como partícula de indefinição do substantivo.</p><p>No caso da última oração, porém, não há um referente ao qual o pronome</p><p>acompanha para restringir. Veja:</p><p>Você está esperando por alguém?</p><p>Ao emitir essa interrogativa; o emissor da mensagem não evidencia um</p><p>substantivo ao qual o pronome estará atrelado, indefinindo-o. O pronome já é, por</p><p>si mesmo, o referente de indefinição. É fácil depreender, pelo contexto discursivo,</p><p>que a menção é sobre uma pessoa que talvez esteja sendo aguardada, mesmo que</p><p>não haja de modo explícito menção de palavras como pessoa, indivíduo, etc. Nesse</p><p>caso, então, o pronome serve como substituto do nome.</p><p>Os mesmos autores estabelecem uma tabela que indica algumas dessas</p><p>formas pronominais:</p><p>248</p><p>Quadro 4: Os pronomes indefinidos</p><p>Fonte: ALMEIDA & ALMEIDA, 2008, p.82</p><p>Em Libras, os pronomes indefinidos serão utilizados com a mesma intenção de</p><p>considerar a 3ª pessoa de modo vago e indeterminado. Quando concernente à</p><p>nulidade, terá algumas especificidades:</p><p>Os pronomes indefinidos NINGUÉM (Pessoa) e NINGUÉM (acabar) são</p><p>usados somente para pessoa; NINGUÉM/NADA/NENHUM (mãos</p><p>abertas esfregando uma sobre a outra) é usado para pessoa, animal</p><p>e coisa; NENHUM/NADA (dedo polegar e indicador com o formato</p><p>oval e os outros dedos estendidos, mão com movimento balançando)</p><p>é usado para pessoa, animal e coisa e pode, em alguns contextos, ter</p><p>o sentido de "não ter"; finalmente o pronome indefinido NENHUM-</p><p>POUQUINHO (palma da mão virada para cima fazendo, com os dedos</p><p>polegar e indicador em contato) é um reforço para a frase negativa</p><p>e pode vir após o sinal NADA. O sinal soletrado "DE-N-A-D-A" é usado</p><p>como resposta para um agradecimento. (FELIPE, 2007, p.110)</p><p>Leitor - Biblioteca Virtual Universitária (bvirtual.com.br)</p><p>https://plataforma.bvirtual.com.br/Leitor/Publicacao/130295/pdf/0?code=RwkxypVkqoJT9aKsVGRXePCxL/huqpQ6Q097dbAZnaFfJgmks9mfMBzAxzQq/vPAmgvkQjtkjJzSt48yARpDXA==</p><p>249</p><p>Vamos trazer os sinais mencionados por Felipe em sua obra, quando</p><p>considera os pronomes indefinidos, e, em seguida, retomaremos suas considerações</p><p>para facilitar a compreensão das particularidades que a autora determina.</p><p>Figura 60: Pronomes indefinidos em Libras</p><p>Fonte: FELIPE, 2007, p.110 - adaptada</p><p>Inicialmente, Felipe descreve que alguns dos sinais indicados são próprios para</p><p>referir-se a pessoas:</p><p>Outros sinais podem servir de referência a pessoas, objetos e animais:</p><p>250</p><p>Destarte, em Libras, o uso do pronome indefinido de inexistência levará em</p><p>conta o contexto para ser definido de acordo com a circunstância.</p><p>Quanto a outros pronomes indefinidos, temos:</p><p>Figura 61: Pronomes indefinidos em Libras</p><p>Fonte: FELIPE, 2007, p.110 - adaptada</p><p>251</p><p>A ordenação dos elementos acontecerá tendo em vista o pronome definido</p><p>como substituto ou acompanhante do referente. No primeiro caso, será incluído</p><p>sintaticamente como elemento associado à ação verbal e, no segundo, incluído em</p><p>proximidade ao nome a que se refere. Tome por exemplos:</p><p>Não estou esperando ninguém.</p><p>Há muitos avisos</p><p>no quadro.</p><p>As construções serão fruto da análise do contexto associada às possibilidades</p><p>de sinalização dos elementos que constituem os pronomes indefinidos.</p><p>Faz-se importante ressaltar que a variação dos pronomes indefinidos em Libras não</p><p>acontecerá quanto ao gênero; dado que a marcação em masculino e feminino é</p><p>principalmente definida por meio de afixos na classe de palavras dos substantivos. É por</p><p>essa razão que a descrição desses pronomes acontece, em notação, como vimos na obra</p><p>de Felipe; por exemplo: pouc@; muit@; etc.</p><p>252</p><p>PROFISSÕES</p><p>Agora trabalharemos com vocabulário. Como de praxe, nossa análise se dará</p><p>pela contextualização do tema. Vamos aprender os sinais de algumas profissões</p><p>usuais e, em seguida, de novas profissões.</p><p>Algumas das profissões aqui identificadas estão também apresentadas no vídeo</p><p>“Sinais de profissões em Libras”, produzido pela Hand Talk. Acesse o link</p><p>para ver o Hugo, avatar da</p><p>plataforma, sinalizando algumas das lexias próprias de ofícios.</p><p>ão</p><p>termos que se referem à 3ª pessoa do discurso. Eles aportam ao texto um sentido impreciso</p><p>ou vago e indicam uma quantidade não determinada. São variáveis em Língua</p><p>Portuguesa quando modificam sua forma se o referente for masculino/feminino ou</p><p>singular/plural. O pronome indefinido muit@, por exemplo, é variável: muita</p><p>informação/muitas informações; muito aluno/muitos alunos. Em Libras; no entanto, a</p><p>variação não acontecerá por meio de afixos, como no Português, essa variação pode ser</p><p>simplesmente decodificada pelo contexto ou indicada pela alteração de parâmetros</p><p>fonológicos, como o movimento e as expressões não manuais, e, ainda, pela escolha da</p><p>amplitude do sinal. Falando em afixos, eles podem ser classificados como prefixos</p><p>(morfema ou elemento mórfico acrescido antes do radical da palavra modificada) e/ou</p><p>sufixos (morfema ou elemento mórfico acrescido depois do radical da palavra</p><p>modificada). Já os substantivos são a classe de palavras que nomeia seres reais ou</p><p>imaginários, concretos ou abstratos.</p><p>https://www.youtube.com/watch?v=RzDq7R-rRJ8</p><p>253</p><p>Figura 62: Profissões em Libras</p><p>254</p><p>255</p><p>256</p><p>Fonte: . Acesso em:</p><p>15 dez.2021</p><p>Percebemos o caráter de iconicidade como agente motivador de grande</p><p>parte da lexicalização das profissões, como as acima exemplificadas. Essa</p><p>dominância tem a ver com a experiência visual do surdo - sujeito linguístico foco da</p><p>comunicação em língua de sinais.</p><p>Conforme lemos em Plinski et al. (2018, p.89), as línguas de sinais “[têm] por</p><p>característica a construção de uma subjetivação com base nas experiências</p><p>visuais.”. Isso justifica uma interação icônica, tendo em vista a percepção e</p><p>decodificação das informações externas pela prática visual. Como as mensagens</p><p>são assim recebidas, serão, em grande parte, assim repassadas.</p><p>Algumas outras profissões são chamadas novas, devido sua recente</p><p>necessidade de criação. Normalmente, estão relacionadas ao mercado</p><p>tecnológico e virtual. O vídeo “A vida em Libras – novas profissões”, produzido pela</p><p>TV Ines e disponível no link</p><p>retrata esse contexto. Vamos considerar algumas construções que lá aparecem</p><p>para associar ao nosso vocabulário temático.</p><p>Minha Biblioteca: Libras</p><p>https://cursos.escolaeducacao.com.br/artigo/vocabul-rio-da-libras-iii</p><p>https://www.youtube.com/watch?v=GI1yewTj5CQ</p><p>https://integrada.minhabiblioteca.com.br/reader/books/9788595024595/pageid/88</p><p>257</p><p>Logo no início do vídeo, o professor Heveraldo traz sinais comuns ao campo</p><p>semântico dos ofícios, em sentenças como:</p><p>Você gosta do seu trabalho?</p><p>Já sabe com o que quer</p><p>trabalhar no futuro?</p><p>Outros sinais próprios desse contexto comunicativo que temos no vídeo são:</p><p>Ainda podemos citar outras palavras para o contexto vocabular como:</p><p>258</p><p>Figura 63: Lexias do campo semântico de profissões em Libras</p><p>Fonte: SILVA et al., 2007, p. 16</p><p>A partir dessas considerações, podemos estabelecer discursos próprios da</p><p>temática sugerida com propriedade não apenas vocabular, mas também estrutural.</p><p>Nesse último caso, aprimore sua habilidade por considerar em detalhes a</p><p>organização textual do professor Heveraldo no vídeo da TV INES.</p><p>APLICAÇÃO PRÁTICA</p><p>Com os conhecimentos adquiridos até aqui, vamos realizar algumas</p><p>aplicações práticas para ampliar nossos conhecimentos.</p><p>12.3.1 Atividade 1</p><p>Retomemos ao vídeo produzido pela TV INES, disponível no seguinte link:</p><p>https://www.youtube.com/watch?v=GI1yewTj5CQ</p><p>Depois de assistir novamente a esse vídeo aula, identifique no texto:</p><p>https://www.youtube.com/watch?v=GI1yewTj5CQ</p><p>259</p><p> Os sinais reconhecidos por você e, portanto, já aprendidos;</p><p> Sinais novos, porém do mesmo campo semântico tratado nesta unidade;</p><p> Marcações não manuais utilizadas junto aos sinais para elucidar o discurso.</p><p>Note, por exemplo, as indicações de tempo, intensidade e plural do professor</p><p>Heveraldo quando traz frases como: “A internet mudou radicalmente o</p><p>mercado de trabalho e as empresas. Graças a elas surgiram novas</p><p>profissões.”. (próximo ao tempo de 1:30 minutos de vídeo); “A internet</p><p>democratizou tanto as oportunidades que ficou até mais fácil ser famoso.”.</p><p>(próximo ao tempo de 4 minutos de vídeo); “Por trás de cada jogo divertido,</p><p>existe um trabalho multidisciplinar” (próximo ao tempo de 8:30 minutos de</p><p>vídeo).</p><p> Estruturação das sentenças; de modo a reconhecer como as construções em</p><p>Libras são independentes da gramática da Língua Portuguesa e, a partir</p><p>dessa constatação, auxiliar você nas suas próprias organizações frasais.</p><p>Dica: uma boa maneira de se chegar a conclusões assertivas, conforme sugerido</p><p>no último item, é transcrever a forma como o texto foi sinalizado em Libras. Isso</p><p>permite que você tenha uma imagem visual de cada um dos elementos das</p><p>orações e estabeleça critérios que te permitirão sinalizar com clareza e</p><p>propriedade.</p><p>12.3.2 Atividade 2</p><p>Construa sentenças em Libras utilizando pronomes indefinidos para identificar os</p><p>elementos referentes, tenha o modelo por auxílio1:</p><p>1 Todas as ilustrações aqui utilizadas têm como fonte Google imagens.</p><p>260</p><p>Modelo:</p><p> Animais no carro: Tem muitos animais dentro do carro.</p><p> Livros na estante:</p><p> Crianças no parque:</p><p> Carteiras por aluno:</p><p> Água bebida:</p><p>261</p><p>12.3.3 Atividade 3</p><p>Faça e apresente para a classe, para um grupo de</p><p>colegas ou para o professor a seguinte sugestão</p><p>textual:</p><p> A descrição de sua profissão e de um dia de</p><p>trabalho.</p><p>Lembre-se de colocar no seu discurso: o vocabulário</p><p>de profissão já trabalhado, o vocabulário de ações cotidianas, diferentes tipos de</p><p>frases (afirmativas, negativas, exclamativas e interrogativas). Respostas a perguntas</p><p>como as abaixo sugeridas podem servir como motivação para estruturar seu texto:</p><p>a) Qual a sua profissão ou a profissão que você gostaria de ter?</p><p>b) O que você faz ou faria na profissão que deseja ter?</p><p>c) Qual sua área de trabalho ou a área que gostaria de atuar?</p><p>d) Como é um dia do seu trabalho ou do trabalho que deseja ter?</p><p>Depois de apresentar seu texto, certifique-se de que as informações compreendidas</p><p>pelos colegas e/ou pelo professor tenham sido as intencionadas por você. Aceite</p><p>sugestões de adaptação de</p><p>estruturação de sentenças e, caso seja necessário,</p><p>refaça o texto para que fique ainda mais compreensível aos seus interlocutores.</p><p>Como você pode, nesta etapa, construir sentenças complexas dos mais diversos tipos?</p><p>Vamos pensar em medidas práticas: primeiramente, retome o conhecimento que você já</p><p>adquiriu para fazer bom uso lexical. Depois, lembre-se que, mais do que compreensão</p><p>gramatical de ordenação sintática, você poderá ser um emissor de mensagens claras</p><p>quando faz uso das expressões não manuais de modo plausível ao seu propósito textual.</p><p>Aproprie-se de conceitos que lhe permitam pensar em Libras e rejeitar qualquer ímpeto de</p><p>estruturar frases ou períodos em Libras somente a partir de sua consciência linguística da</p><p>Língua Portuguesa como base processual.</p><p>262</p><p>FIXANDO O CONTEÚDO</p><p>1. (MÁXIMA - 2021- adaptada) - Leia o texto de Jessica Gómez para responder à</p><p>questão:</p><p>Querida garota do maiô verde:</p><p>Sou a mulher da toalha ao lado. A que veio com um menino e uma menina. Antes</p><p>de mais nada, quero te dizer que estou me divertindo muito perto de você e de seus</p><p>amigos, neste pedacinho de tempo em que nossos espaços se tocam e suas risadas,</p><p>sua conversa ‘transcendental’ e a música de sua turma me invadem o ar.</p><p>Fiquei meio atordoada ao perceber que não sei em que momento de minha vida</p><p>deixei de estar aí para estar aqui: deixei de ser a menina para ser “a senhora do lado”,</p><p>deixei de ser a que vai com os amigos para ser a que vai com as crianças. Mas não</p><p>te escrevo por nada disso. Escrevo porque gostaria de te dizer que prestei atenção</p><p>em você. Não pude evitar.</p><p>E eu gostaria de poder te dizer tantas coisas, querida garota do maiô verde… Talvez</p><p>porque eu, antes de ser a mulher que vem com as crianças, já estive aí, na sua toalha.</p><p>Eu gostaria de poder te dizer que, na verdade, estive na sua toalha e na de sua</p><p>amiga. Fui você e fui ela. E agora não sou nenhuma das duas – ou talvez ainda seja</p><p>ambas – assim, se pudesse voltar atrás, escolheria simplesmente curtir a vida em vez</p><p>de me preocupar – ou me vangloriar – por coisas como em qual das duas toalhas, a</p><p>dela ou a sua, prefiro estar.</p><p>Eu gostaria de poder te dizer que você tem um sorriso lindo e que é uma pena estar</p><p>tão ocupada em se esconder que não te sobre tempo para sorrir mais vezes.</p><p>Eu gostaria de poder te dizer que esse corpo do qual você parece se envergonhar é</p><p>belo simplesmente por ser jovem. É belo só por estar vivo. Por ser invólucro e transporte</p><p>de quem você realmente é e poder te acompanhar em tudo que você faz. Eu</p><p>adoraria te dizer que gostaria que você se visse com os olhos de uma mulher de trinta</p><p>e tantos, porque talvez então percebesse o muito que merece ser amada, inclusive</p><p>por você mesma.</p><p>263</p><p>Eu gostaria de poder te dizer que a pessoa que um dia te amar de verdade não</p><p>amará a pessoa que você é apesar de seu corpo e sim adorará seu corpo: cada</p><p>curva, cada buraquinho, cada linha, cada pinta. Adorará o mapa, único e precioso,</p><p>que se desenha em seu corpo e, se não o fizer, se não te amar desse jeito, então não</p><p>merece seu amor.</p><p>Eu gostaria de poder te dizer – e acredite, mas acredite mesmo – que você é perfeita</p><p>do jeito que é: sublime em sua “imperfeição”, se é assim que você se acha.</p><p>O que posso te dizer eu, que sou só a mulher do lado?</p><p>Mas – sabe de uma coisa? – Estou aqui com minha filha. É aquela do maiô rosa, a</p><p>que está brincando no rio e se sujando de areia. Sua única preocupação hoje foi se</p><p>a água estava muito fria.</p><p>Não posso te dizer nada, querida garota do maiô verde…</p><p>Mas vou dizer tudo, TUDO, a ela.</p><p>E direi tudo, TUDO, ao meu filho também.</p><p>Porque é assim que todos merecemos ser amados.</p><p>E é assim que todos deveríamos amar.</p><p>O emprego do pronome indefinido no final da carta em letra maiúscula</p><p>a) demonstra a preocupação da remetente com a filha, pelo fato da menina estar</p><p>vivenciando a mesma situação.</p><p>b) demonstra uma certa insegurança da remetente quanto à criação de seus filhos.</p><p>c) deixa claro que a remetente não aceitará, em hipótese alguma, que sua filha</p><p>passe por essa situação, pois ela já a cria muito bem.</p><p>d) reforça a importância que a remetente da carta vê em enfatizar o amor-próprio</p><p>aos filhos.</p><p>e) revela a vagueza da mensagem que dirá aos filhos, pois o uso do pronome</p><p>indefinido é apenas para indicações de imprecisão.</p><p>264</p><p>2. Relacione a primeira coluna com a segunda:</p><p>( I ) ( II ) ( III ) ( IV )</p><p>( a ) ( b ) ( c ) ( d )</p><p>A associação correta será:</p><p>a) I-D; II-A; III-B; IV-C.</p><p>b) I-A; II-D; III-C; IV-B.</p><p>c) I-B; II-C; III-D; IV-A.</p><p>d) I-C; II-A; III-D; IV-B.</p><p>e) I-C; II-B; III-A e IV-D.</p><p>3. Analise as afirmações e julgue se são Verdadeiras ou Falsas.</p><p>I - Pronomes indefinidos têm como função substituir ou acompanhar um nome com</p><p>matiz de imprecisão.</p><p>II - Os pronomes indefinidos, em Libras, possuem variação de gênero e número</p><p>semelhante às formas em Língua Portuguesa.</p><p>III - Afixação é o processo mais comum de proporcionar variação nos pronomes</p><p>265</p><p>indefinidos em Libras e em Português.</p><p>IV - Teremos sinais específicos quando da menção de pronomes indefinidos referentes</p><p>à nulidade a depender do seu referente.</p><p>A sequência correta é:</p><p>a) V – V – V – V.</p><p>b) F – V – V – F.</p><p>c) V – F – F – V.</p><p>d) V – F – F – F.</p><p>e) F – F – F – V.</p><p>4. Qual dos pronomes indefinidos abaixo pode ser sinalizado em Libras de formas</p><p>distintas a depender se seu referente é pessoa ou objeto/animal?</p><p>a) Nenhum(a).</p><p>b) Pouco.</p><p>c) Muito.</p><p>d) Qualquer.</p><p>e) Cada um.</p><p>5. As seguintes profissões correspondem à área do(a):</p><p>a) educação.</p><p>b) construção.</p><p>c) arte.</p><p>d) secretariado.</p><p>e) poder público.</p><p>266</p><p>6. (FGV- 2021) - Os gênios são aqueles que dizem muito antes o que se dirá muito</p><p>depois.</p><p>Ramón Gómez De La Serna, escritor espanhol.</p><p>Nesse pensamento, a palavra muito é empregada duas vezes, com o mesmo valor</p><p>que apresenta na seguinte frase:</p><p>a) “Que sorte possuir muito discernimento: nunca te faltam bobagens para dizer.”</p><p>b) “A sutileza ainda não é inteligência. Às vezes os tolos e os loucos também são muito</p><p>sutis.”</p><p>c) “Os deuses deram ao homem muito intelecto, que é a maior de todas as riquezas.”</p><p>d) “Muitas vezes a inteligência traz muito incômodo como uma lamparina no quarto.”</p><p>e) “Há muito espaço de onde emana a inteligência.”</p><p>7. A frase que está sendo abaixo sinalizada pode ser traduzida por:</p><p>a) Cada um deve escolher a profissão que gostar.</p><p>b) É preciso que se escolha vários trabalhos.</p><p>c) Alguns trabalhos precisam ser escolhidos rápido.</p><p>d) Você deve gostar do trabalho que escolheu.</p><p>e) Eu gosto de escolher meu próprio trabalho.</p><p>8. (IDIB – 2021) - A palavra em destaque “todos “, no trecho abaixo, é classificado</p><p>como:</p><p>“As verdades não parecem as mesmas a todos, cada um as vê em ponto diverso de</p><p>perspectiva”. (Marquês de Maricá)</p><p>a) substantivo.</p><p>267</p><p>b) artigo indefinido.</p><p>c) pronome indefinido.</p><p>d) pronome demonstrativo.</p><p>e) pronome possessivo.</p><p>268</p><p>RESPOSTAS DO FIXANDO O CONTEÚDO</p><p>UNIDADE 01 UNIDADE 02 UNIDADE 03 UNIDADE 04</p><p>QUESTÃO 01 B QUESTÃO 01 B QUESTÃO 01 E QUESTÃO 01 B</p><p>QUESTÃO 02 C QUESTÃO 02 D QUESTÃO 02 D QUESTÃO 02 C</p><p>QUESTÃO 03 B QUESTÃO 03 E QUESTÃO 03 C QUESTÃO 03 E</p><p>QUESTÃO 04 D QUESTÃO 04 A QUESTÃO 04 A QUESTÃO 04 A</p><p>QUESTÃO 05 E QUESTÃO 05 E QUESTÃO 05 B QUESTÃO 05 D</p><p>QUESTÃO 06 B QUESTÃO 06 A QUESTÃO 06 C QUESTÃO 06 A</p><p>QUESTÃO 07 A QUESTÃO 07 C QUESTÃO 07 B QUESTÃO 07 E</p><p>QUESTÃO 08 C QUESTÃO 08 C QUESTÃO 08 E QUESTÃO 08 D</p><p>UNIDADE 05 UNIDADE 06 UNIDADE 07 UNIDADE 08</p><p>QUESTÃO 01 E QUESTÃO 01 B QUESTÃO 01 D QUESTÃO 01 C</p><p>QUESTÃO 02 A QUESTÃO 02 C QUESTÃO 02 B QUESTÃO 02 D</p><p>QUESTÃO 03 A QUESTÃO 03 B QUESTÃO 03 E QUESTÃO 03 A</p><p>QUESTÃO 04 C QUESTÃO 04 E QUESTÃO 04 A QUESTÃO 04 E</p><p>QUESTÃO 05 D QUESTÃO 05 A QUESTÃO 05 B QUESTÃO 05 B</p><p>QUESTÃO 06 E QUESTÃO 06 D QUESTÃO 06 D QUESTÃO 06 C</p><p>QUESTÃO 07 B QUESTÃO 07 C QUESTÃO 07 C QUESTÃO 07 E</p><p>QUESTÃO 08 C QUESTÃO 08 D QUESTÃO 08 E QUESTÃO 08 D</p><p>UNIDADE 09 UNIDADE 10 UNIDADE 11 UNIDADE 12</p><p>QUESTÃO 01 D QUESTÃO 01 A QUESTÃO 01 B QUESTÃO 01 D</p><p>QUESTÃO 02 A QUESTÃO 02 E QUESTÃO 02 E QUESTÃO 02 E</p><p>QUESTÃO 03 B QUESTÃO 03 A QUESTÃO 03 C QUESTÃO 03 C</p><p>QUESTÃO 04 E QUESTÃO 04 D QUESTÃO 04 D QUESTÃO 04 A</p><p>QUESTÃO 05 C QUESTÃO 05 B QUESTÃO 05 B QUESTÃO 05 D</p><p>QUESTÃO 06 A QUESTÃO 06 C QUESTÃO 06 A QUESTÃO 06 B</p><p>QUESTÃO 07 D QUESTÃO 07 B QUESTÃO 07 C QUESTÃO 07 A</p><p>QUESTÃO 08 A QUESTÃO 08 D QUESTÃO 08 A QUESTÃO 08 C</p><p>269</p><p>REFERÊNCIAS</p><p>ABBADE, C. M. S. A lexicologia e a teoria dos campos lexicais. RIO DE JANEIRO:</p><p>Cadernos do CNLF, v. XV, 2011.</p><p>ALVIANO, B. N. O uso do dicionário de língua comoinstrumento didático no ensino de</p><p>Língua Portuguesa para alunos surdos: embusca de um bilinguismo funcional.</p><p>Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2014.</p><p>BASILIO, M. Formação e classes de palavras no português do Brasil. 03. ed. São Paulo:</p><p>Contexto, 2011.</p><p>BENVENISTE, E. Problèmes de linguistique générale. Paris: Gallimard, 1974.</p><p>BIDERMAN, M. T. C. O Dicionário Padrão da Língua. São Paulo: Alfa, 1984. 28 p.</p><p>BRASIL. Lei nº 10.436, de 24 de abril de 2002. Brasília: Diário Oficial da União, 2002.</p><p>Dispõe sobre a Língua Brasileira de Sinais e dá outras providências..</p><p>BRASIL. Decreto n º 5.626, de 22 de dezembro de 2005. Brasília: Diário Oficial da União,</p><p>2005. Regulamenta a Lei nº 10.436, de 24 de abril de 2002, que dispõe sobre a Língua</p><p>Brasileira de Sinais – Libras, e o art. 18 da Lei nº 10.098, de 19 de dezembro de 2000..</p><p>CABRÉ, M. T. Terminología y lenguas minoritarias: necesidad, universalidad y</p><p>especificidad. In: Anais da VIII Conferência internacional de línguas minoritárias..</p><p>Anais [.]Proceedings. [S.l.]: [s.n.], 2002.</p><p>CABRÉ, M. T. Terminología y lenguas minoritarias: necesidad, universalidad y</p><p>especificidad. In: Conferência internacional de línguas minoritárias. Políticas</p><p>Linguísticas e Educativas na Europa Comunitária. Santiago de Compostela: Xunta de</p><p>Galicia. Consellería de Educación e Ordenación Universitaria. Dirección Xeral de</p><p>Política Lingüística. Anais [.]Proceedings. [S.l.]: [s.n.], 2002. p. 89-102.</p><p>CAPOVILLA, F. C.; RAPHAEL, W. D. (. Dicionário enciclopédico ilustrado trilíngue da</p><p>língua de sinais brasileira. 02. ed. São Paulo: USP/Imprensa Oficial do Estado, v. 01,</p><p>2001.</p><p>CASTELLANOS, R. C. A. La competencia comunicativa. [S.l.]: [s.n.], 1992.</p><p>CASTRO, C. A. L. Língua Portuguesa: classes de palavras. Curitiba: Contentus, 2020.</p><p>CORREIA, M.. I. V. A. C. Produtividade lexical e ensino da língua. In: PEREIRA, M. T. G.</p><p>(. Língua Portuguesa: descrição e ensino. São Paulo: Parábola Editorial, 2011. p. 223-</p><p>237.</p><p>DINIZ, H. G. A História da Língua de Sinais Brasileira (Libras): um estudo descritivo de</p><p>mudanças fonológicas e lexicais. Universidade Federal de Santa Catarina,</p><p>Florianópolis, 2010.</p><p>FELIPE, T. A. Libras em contexto. Curso Básico: Livro do estudante. Rio de Janeiro:</p><p>WalPrint Gráfica e Editora, 2007.</p><p>270</p><p>FELIPE, T.; MONTEIRO, M. L. ibras em contexto. Curso Básico. Brasília: Ministério da</p><p>Educação, 2006.</p><p>FRAZÃO, D. Biografia de Clarice Lispector. [S.l.]: ebiografia, 2021.</p><p>HAENSCH, G. et al. De la linguística teórica a la lexicografia práctica. MÉXICO:</p><p>Madrid: Gredos, 1982.</p><p>HERNANDÉZ, H. Los diccionarios de orientación escolar. [S.l.]: Tübingen: Max Niemeyer</p><p>Verlag, 1989.</p><p>LACERDA, C. B. F. D.; SANTOS, L. F.; MARTINS, V. R. O. Libras: aspectos fundamentais.</p><p>Curitiba: InterSaberes, 2019.</p><p>LAFACE, A.. O dicionário e o contexto escolar. Revista brasileira de linguística, Belo</p><p>Horizonte, v. 09, p. 165-179, 1997. ISSN 01. Acesso em: 03 fev. 2021.</p><p>LIMA, V. L. S. E. Língua de sinais: Proposta terminológica para a área de Desenho</p><p>Arquitetônico. Faculdade de Letras, Universidade Federal de Minas Gerais, BELO</p><p>HORIZONTE, 2014.</p><p>LYONS, J. Linguagem e Linguística: uma introdução. Rio de Janeiro: LTC, 2013.</p><p>Tradução por Marilda W. Averburg; Clarisse S. de Souza.</p><p>MARCON, A. M. E. A. Estudos da Língua Brasileira de Sinais. Passo Fundo: UPF Editora,</p><p>2011.</p><p>MARTINS, A. C. Lexicografia da Língua de Sinais Brasileira do Rio Grande do Sul.</p><p>Universidade de São Paulo, São Paulo, 2012. Orientador: Fernando César Capovilla.</p><p>2012. 103 f. Dissertação (Mestrado em Psicologia Experimental).</p><p>MEDEIROS, J. B.; TOMASI, C. Como escrever textos: gêneros e sequências textuais. São</p><p>Paulo: Atlas, 2017.</p><p>MORAIS, C. E. L. E. A. Libras. Porto Alegre: SAGAH, 2018.</p><p>NASCIMENTO, S. P. F. D. Representações lexicais da língua de sinais brasileira. Uma</p><p>proposta lexicográfica. Instituto de Letras, Universidade de Brasília, Brasília, 2009.</p><p>ORSI, V.; SILVA, D. C. D. L. Lexicografia e Moda:reflexões e proposta de vocabulário</p><p>ilustrado trilíngue. Revista (Con)Textos Linguísticos, VITÓRIA, v. 10, p. 103-117, 2016. ISSN</p><p>16.</p><p>PAULA, B. N. S. D. Dicionário de língua Português/Libras/Português: uma proposta</p><p>lexicográfica. Faculdade de Letras, Universidade Federal de Minas Gerais, BELO</p><p>HORIZONTE, 2020.</p><p>PAULA, B. N. S. D. Panorama Libras. Belo Horizonte: Feneis , 2020.</p><p>PEREIRA, M. C. C. E. A. Libras conhecimento além dos sinais. São Paulo: Pearson, 2011.</p><p>PILLEUX, M. Competencia comunicativa y análisis del discurso. Estudios filológicos,</p><p>CHILE, 2001.</p><p>271</p><p>QUADROS, R.; KARNOPP, L. Língua de Sinais Brasileira – Estudos Linguísticos. Porto</p><p>Alegre: Artmed, 2004.</p><p>REY-DEBOVE, J. Léxico e dicionário. São Paulo: Alfa, 1984.</p><p>RODRIGUES, E.; SOUZA, V. Músicas sinalizadas na internet: isso é Libras? Aspectos</p><p>morfológicos, sintáticos e morfossintáticos da Língua Brasileira de Sinais. EDITORA</p><p>ARARA AZUL, Petrópolis. Acesso em: 08 22 2021.</p><p>SILVA, R. D. Língua Brasileira de Sinais - Libras. São Paulo: Pearson Education do Brasil,</p><p>2015.</p><p>TEIXEIRA, V. G. Trabalhando com gêneros e tipos textuais no ensino de português</p><p>como segunda língua para surdos.. Revista Escrita, Rio de Janeiro, 2017.</p><p>VILLALVA, A.; SILVESTRE, J. P. Introdução ao estudo do léxico: descrição e análise do</p><p>Português. Petrópolis: Editora Vozes, 2014.</p><p>ALEIXO, F. Orações condicionais na Língua Brasileira de Sinais (Libras): uma análise</p><p>funcionalista. Orientador: Angélica T. Carmo Rodrigues. 2021. 216 f. Tese (Doutorado</p><p>em Linguística e Língua Portuguesa) - Faculdade de Ciências e Letras – Universidade</p><p>Estadual de São Paulo, Araraquara, São Paulo, 2021.</p><p>ALMEIDA, A.F; ALMEIDA, V.S.R. Português Básico. 5ª ed. São Paulo: Ed. Atlas S/A, 2008.</p><p>BAGGIO, M. A; CASA NOVA, M.G. Libras. Curitiba: InterSaberes, 2017.</p><p>CAPOVILLA, F. C.; RAPHAEL, W. D. (Ed). Dicionário enciclopédico ilustrado trilíngue da</p><p>língua de sinais brasileira. 2ª ed. São Paulo: USP/Imprensa Oficial do Estado, 2001, v.1.</p><p>CAPOVILLA, F. C.; RAPHAEL, W. D. (Ed). Dicionário enciclopédico ilustrado trilíngue da</p><p>língua de sinais brasileira. 2ª ed. São Paulo: USP/Imprensa Oficial do Estado, 2001, v.2.</p><p>CAPOVILLA, F.C; RAPHAEL, W.D.; MAURÍCIO, A.L. Dicionário enciclopédico ilustrado</p><p>trilíngue da língua de sinais brasileira - Libras. v. I e II. São Paulo: USP/Imprensa Oficial</p><p>do Estado, 2012.</p><p>CASTILHO, A.T. de. Nova Gramática do Português Brasileiro. 1ª ed. 3ª reimpressão. São</p><p>Paulo: Contexto, 2014.</p><p>e/ou</p><p>comunicada a partir da intenção do enunciador e de suas habilidades</p><p>(extra)linguísticas e a decodificação será atingível atrelando competência</p><p>comunicativa do remetente à do destinatário. Tal competência é o que tornará</p><p>possível, inclusive, que produção e decodificação sejam feitas no domínio</p><p>correspondente ao discurso, seja ele pertencente ao conceito genérico do signo ou</p><p>dependente de contexto.</p><p>https://bit.ly/2Ya1DTm</p><p>13</p><p>TIPOS TEXTUAIS</p><p>Como analisamos no subtítulo anterior, a competência comunicativa pode ser</p><p>avaliada em diferentes tipos de comunicação, que são, apropriadamente,</p><p>denominadas textuais.</p><p>Os textos serão rotulados em gêneros, isto é, levando-se em consideração a</p><p>intenção e a forma desses discursos, lhes são atribuídas classificações. Como já</p><p>identificado, o texto é lugar de interação e visa comunicar-se. Dependendo da forma</p><p>como tal comunicação se dará, cada texto será produzido em uma devida estrutura</p><p>composicional. São essas estruturas e o objetivo na construção de sentido que serão</p><p>levados em conta na identificação dos gêneros textuais. Lemos em Medeiros e</p><p>Tomasi:</p><p>O número de tipos textuais, diferentemente dos gêneros que</p><p>constituem uma lista aberta, é limitado: descritivo, narrativo,</p><p>expositivo, argumentativo, injuntivo, dialogal. Esses tipos textuais</p><p>também são conhecidos como sequências textuais e são identificados</p><p>pelo léxico utilizado, pela sintaxe, pelos tempos verbais, pelas relações</p><p>lógicas etc. Uma composição textual não mantém a mesma</p><p>regularidade o tempo todo: um texto argumentativo não o será o</p><p>tempo todo; uma descrição pode conter momentos narrativos, uma</p><p>narração pode ser entremeada de passagens argumentativas.</p><p>(MEDEIROS; TOMASI, 2017, p.56)</p><p>Os autores fazem menções importantes a serem consideradas. Além de indicar</p><p>os tipos textuais mais comuns, ponderam sobre a vivacidade linguística ao identificar</p><p>que, mesmo que um texto tenha características regulares de um tipo, ele pode</p><p>discorrer, em alguns momentos, por características mais fortemente próprias a outro</p><p>14</p><p>tipo. Isso não necessariamente o torna confuso, desordenado ou ilegítimo, desde que</p><p>tal construção tenha sido feita intencionalmente pelo seu locutor. A regularidade não</p><p>é meio de avaliação de um texto como linear, claro ou coeso. Apesar da</p><p>previsibilidade, mesclas de distintos tipos textuais podem enriquecer a mensagem e</p><p>facilitar a compreensão pelo interlocutor.</p><p>Os tipos textuais mais comuns também são identificados pelos autores; a saber,</p><p>descritivo, narrativo, expositivo, argumentativo, injuntivo e dialogal. Ainda sob luz de</p><p>Medeiros e Tomasi, consideraremos as principais características de cada um deles, a</p><p>partir da tabela proposta pelos autores, aqui abaixo reproduzida:</p><p>Quadro 2: Tipos Textuais</p><p>Sequência Efeito Pretendido Fases</p><p>Narrativa</p><p>Manter a atenção do destinatário,</p><p>estabelecendo uma tensão e</p><p>subsequente resolução.</p><p> Situação inicial</p><p> Complicação</p><p> Ações desencadeadas</p><p> Resolução</p><p> Situação Final</p><p>Descritiva</p><p>Fazer o destinatário ver</p><p>minuciosamente elementos de um</p><p>objeto do discurso, segundo a</p><p>orientação dada a seu olhar pelo</p><p>produtor.</p><p> Tematização</p><p> Aspectualização</p><p> Relação</p><p> Expansão</p><p>Argumentativa</p><p>Convencer o destinatário da validade</p><p>do ponto de vista do enunciador</p><p>diante de um objeto do discurso visto</p><p>como contestável pelo produtor e/ou</p><p>pelo destinatário.</p><p> Premissas</p><p> Suporte argumentativo</p><p> Contra-argumentação</p><p> Conclusão</p><p>Explicativa/Expositiva</p><p>Levar o destinatário a compreender</p><p>um objeto do discurso, visto pelo</p><p>produtor como incontestável, mas de</p><p>difícil compreensão para o</p><p>destinatário.</p><p> Constatação inicial</p><p> Problematização</p><p> Resolução</p><p> Conclusão/Avaliação</p><p>15</p><p>Injuntiva</p><p>Fazer o destinatário agir segundo uma</p><p>direção para atingir um objetivo.</p><p> Enumeração de ações</p><p>temporalmente</p><p>subsequentes</p><p>Dialogal</p><p>O propósito é levar o destinatário a</p><p>manter-se na interação proposta.</p><p> Abertura</p><p> Operações transacionais</p><p> Fechamento</p><p>Fonte: MEDEIROS; TOMASI, 2017, p.55</p><p>As particularidades dos principais tipos textuais estão apresentadas na figura.</p><p>Falaremos mais sobre três desses tipos textuais, por serem os mais recorrentes no</p><p>âmbito educacional, a fim de proporcionar maior facilidade na identificação dos</p><p>mesmos e também aprimorar a perícia em decodificá-los enquanto interlocutores.</p><p>1.2.1 A Narrativa</p><p>O tipo textual narrativo propõe uma construção que desencadeia uma</p><p>sequência de fatos a partir da perspectiva da(s) personagem(ns). Conforme a Fig.2</p><p>nos indica, essa continuidade de ocorrências se dá, basicamente, pela ordenação</p><p>de situações iniciais, mediais e finais. Normalmente, haverá uma circunstância de</p><p>conflito que atingirá seu clímax no momento de maior contratempo e o seguimento</p><p>para a situação final.</p><p>Medeiros e Tomasi detalham:</p><p>Na sequência narrativa, temos uma sucessão de eventos: um evento</p><p>ou fato é consequência de outro evento, constituindo seu elemento</p><p>principal a delimitação do tempo. Observamos ainda na narrativa</p><p>uma unidade temática: a ação narrada precisa apresentar um</p><p>caráter de unidade; daí privilegiar um sujeito agente; embora possam</p><p>16</p><p>ser muitas as personagens, haverá uma que será a principal.</p><p>(MEDEIROS; TOMASI, 2017, p. 58)</p><p>A sucessão de eventos pode acontecer em ordem cronológica e/ou</p><p>psicológica e será apoiada em evidências importantes relacionadas às ações das</p><p>personagens do relato. Outras características também são indicadas pelos autores</p><p>como, por exemplo, a presença de personagem antropomorfa, evidências de um</p><p>juízo de valor ou moral no decorrer ou ao final da narrativa inferida pelo leitor e o</p><p>traço de verossimilhança.</p><p>1.2.2 A Descritiva</p><p>As sequências descritivas, como depreendemos pela sua nomenclatura,</p><p>servem para expor de modo minuciado, pormenorizado e detalhado um</p><p>acontecimento ou evento, seres inanimados e animados, fenômenos e tudo mais que</p><p>possa receber atribuições em especificidade. Lemos em Medeiros e Tomasi:</p><p>Em geral, a sequência descritiva ocupa-se apenas de parte de um</p><p>todo; selecionamos o que queremos transmitir ao leitor ou ao ouvinte,</p><p>o que de certa forma já implica ausência de neutralidade. Preocupa-</p><p>nos designar o que queremos informar, nomeando os objetos ou</p><p>pessoas; em seguida, definimos objetos e pessoas para que o</p><p>interlocutor tenha ideia precisa da extensão dos enunciados, dos</p><p>atributos essenciais e específicos do objeto da descrição; finalmente,</p><p>esse tipo de texto vale-se da individuação, necessária para tornar</p><p>singular o objeto do enunciado; é essa individuação que especifica,</p><p>distingue, particulariza. (MEDEIROS; TOMASI, 2017, p. 66)</p><p>Ao indicar que “a sequência descritiva ocupa-se apenas de parte de um</p><p>17</p><p>todo”, os autores retomam uma consideração importante: normalmente, a descrição</p><p>será o excerto de uma totalidade, podendo contribuir para o objetivo da</p><p>apresentação singularizada em sequências como, por exemplo, a narrativa. É assim</p><p>no caso de gêneros textuais que apelam para o caráter distintivo mais</p><p>recorrentemente, como os Relatos, Biografias e Diário.</p><p>Como dito, a composição descritiva, “especifica, distingue, particulariza”; de</p><p>modo ser impossível construir essas pertenças com total ausência de juízo de valor. É</p><p>certo que algumas características, sendo próprias daquilo/daquele que está sendo</p><p>categorizado, serão tomadas e reconhecidas por toda e qualquer pessoa a</p><p>descrevê-las. No entanto, outras considerações acabam por indicar a avaliação</p><p>pessoal do locutor, tendo em conta sua experiência e ponto de vista. Veja um</p><p>exemplo:</p><p>Clarice Lispector nasceu na aldeia de Tchetchelnik, na Ucrânia, no dia</p><p>10 de dezembro de 1920.</p><p>CHOI, D.; VIEIRA, M. I. da S.; OLIVEIRA, P. R. G. de; Nakasato, R. In: PEREIRA, M. C. da</p><p>C. (org.) Libras: conhecimento além dos sinais. 1ª ed. São Paulo: Person Prentice Hall,</p><p>2011.</p><p>CUNHA, C.F. da; CINTRA, L.F.L. Nova gramática do português contemporâneo. Rio de</p><p>Janeiro: Nova Fronteira, 1985.</p><p>FELIPE, T.A. Libras em contexto. Curso Básico: Livro do estudante. Rio de Janeiro:</p><p>WalPrint, 2007.</p><p>FELIPE, T.; MONTEIRO, M. Libras em contexto. Curso Básico. Brasília: Ministério da</p><p>Educação, 2006.</p><p>272</p><p>FERREIRA-BRITO, Lucinda. Por uma gramática de língua de sinais. Tempo Brasileiro</p><p>UFRJ. Rio de Janeiro, 1995.</p><p>FIGUEIREDO; L.M.B; LOURENÇO, G. O movimento de sobrancelhas como marcador</p><p>de domínios sintáticos na Língua Brasileira de Sinais. In: Revista da Anpoll, v.1, nº 48,</p><p>Florianópolis, 2019.</p><p>GESSER, A. LIBRAS? Que língua é essa? Crenças e preconceitos em torno da língua</p><p>de sinais e da realidade surda. 1a. ed. São Paulo: Parábola Editorial, 2009.</p><p>HERRMANN, A. Modal and focus particles in sign languages: a cross-linguistic study.</p><p>Boston: De Gruyter Mouton, 2013</p><p>MASIP, V. Gramática Sucinta de Português. Rio de Janeiro: LTC, 2018.</p><p>MIQUEL, C. Communication Progressive du Français. Cle International, 2004.</p><p>PAULA, B.N.S.de. Panorama Libras. Belo Horizonte: Feneis, 2020.</p><p>PEDROZA, C.R. Apostila Libras CEADA. APM/CEADA: Campo Grande, 2012.</p><p>PLINSKI, R.R.K; MORAIS, C.E.L de; ALENCASTRO, M.I. de. Libras. São Paulo: Sagah</p><p>Educação, 2018.</p><p>QUADROS, R.; KARNOPP, L. Língua de Sinais Brasileira – Estudos Linguísticos. Porto</p><p>Alegre: Artmed, 2004.</p><p>SANTOS, A.R; ARAGÃO, M.S.S. Homonímia da Libras: um sinal, quanto significados? In:</p><p>Centro Revista Virtual de Cultura Surda, ed. 27, Editora Arara Azul, 2020.</p><p>SECRETARIA DE EDUCAÇÃO, Língua Brasileira de Sinais, Prefeitura de Praia Grande,</p><p>s/d.</p><p>SILVA, F.I. et al. Aprendendo Libras como segunda língua – nível intermediário. Instituto</p><p>Federal de Santa Catarina: Campus Palhoça Bilíngue, 2007. Disponível em:</p><p>Acesso em:</p><p>15 dez. 2021.</p><p>SILVA, R.D. Língua Brasileira de Sinais - Libras. São Paulo: Pearson Education do Brasil,</p><p>2015.</p><p>TAKAHIRA, A.G.R. Compostos na Língua de Sinais Brasileira. Orientadora: Ana Paula</p><p>Scher. 2015. 203f. Tese (Doutorado em Linguística) – Faculdade de Filosofia, Letras e</p><p>Ciências Humanas – Universidade de São Paulo, São Paulo, 2015.</p><p>VIEIRA, S.R; BRANDÃO, S.F. Ensino de gramática: descrição e uso. São Paulo: Contexto,</p><p>2009.</p><p>http://www.palhoca.ifsc.edu.br/materiais/apostila-libras-intermediario/Apostila_Libras_Intermediario_IFSC-Palhoca-Bilingue.pdf</p><p>http://www.palhoca.ifsc.edu.br/materiais/apostila-libras-intermediario/Apostila_Libras_Intermediario_IFSC-Palhoca-Bilingue.pdf</p><p>Era filha de Pinkouss e Mania Lispector, casal</p><p>de origem judaica que fugiu de seu país diante da perseguição aos</p><p>judeus durante a Guerra Civil Russa.</p><p>Ao chegarem ao Brasil, fixaram residência em Maceió, Alagoas. [...]</p><p>Clarice tinha apenas dois meses de idade. Por iniciativa de seu pai,</p><p>todos mudaram o nome. Nascida Haya Pinkhasovna Lispector, passou</p><p>a se chamar Clarice.</p><p>Depois, a família mudou-se para a cidade do Recife [...]. Aprendeu a</p><p>ler e escrever e logo começou a escrever pequenos contos. Foi aluna</p><p>grupo escolar João Barbalho, onde fez o curso primário. Estudou inglês</p><p>e francês e cresceu ouvindo o idioma dos seus pais o iídiche. Ingressou</p><p>no Ginásio Pernambucano, o melhor colégio público da cidade.</p><p>(FRAZÃO, 2021, online)</p><p>No caso de textos biográficos, detalhamentos são feitos ao longo da</p><p>sequência e indicam descrições tanto factuais, como o nome, local de nascimento</p><p>e eventos da vida de uma pessoa, como também descrições baseadas nos critérios</p><p>do emissor da mensagem. Note que a autora da biografia de Clarice Lispector traz</p><p>minúcias isentas de julgamento, mas quando indica que a literata, ainda criança</p><p>“ingress[a] no Ginásio Pernambucano, o melhor colégio público da cidade”, atribui</p><p>uma particularidade ao colégio que lhe é própria. Qual(is) razão(ões) justifica(m)</p><p>18</p><p>considerar o Ginásio Pernambucano o melhor colégio público da cidade? É uma</p><p>demanda absoluta? Evidente que não. Assim, mesmo que não propriamente</p><p>concebido pela autora do texto, percebemos uma demanda de contribuição</p><p>avaliativa e crítica.</p><p>Haverá sequências descritivas com maior ou menor grau de parecer pessoal,</p><p>assim como também haverá mais ou menos trechos descritivos em um discurso, a</p><p>depender do seu gênero textual e intenção comunicativa.</p><p>1.2.3 O dissertativo-argumentativo</p><p>No âmbito pedagógico, especialmente no percurso educacional dos anos</p><p>finais da educação básica, a sequência textual dissertativa-argumentativa é uma</p><p>das mais executadas e avaliadas, dada a necessidade e intento de despertar a</p><p>leitura e escrita crítica do aluno, bem como sua capacidade de enunciar, objetar e</p><p>arrazoar.</p><p>Na obra de Medeiros e Tomasi, a enunciação argumentativa é referenciada</p><p>e, em seguida, há a consideração do tipo explicativo/expositivo, que também pode</p><p>ser chamado dissertativo. Esse último tem por propósito dar ao interlocutor</p><p>informações suficientes para que conheça o objeto de apresentação ofertado pelo</p><p>remetente do discurso.</p><p>É uma sequência que se distingue da descritiva, pois a descrição apresenta</p><p>detalhamentos de um referente conhecido ou familiar ao interlocutor, enquanto que</p><p>a sequência expositiva ou dissertativa irá discorrer sobre um objeto do discurso não</p><p>familiar, de difícil compreensão para o destinatário. Por isso, apresentará a exposição</p><p>a partir de uma problematização constatada e de indicações de resoluções até a</p><p>conclusão ou avaliação final.</p><p>Já a sequência argumentativa pode ser concomitante à dissertativa quando</p><p>no caso de assim ser solicitado. O texto argumentativo:</p><p>[...] dispõe de longa tradição. Já a retórica clássica tratava dela. A</p><p>sequência argumentativa preocupa-se em explicar, analisar,</p><p>classificar, avaliar a realidade do mundo. É o tipo de sequência</p><p>19</p><p>predominante nos discursos científicos, filosóficos, nos editoriais</p><p>jornalísticos. A argumentação está sempre presente em qualquer que</p><p>seja o tipo de texto: há uma voz que se estabelece em contato com</p><p>outra, manifestando um ponto de vista, buscando a adesão do</p><p>interlocutor ou de um auditório às teses defendidas. Todavia, se em</p><p>qualquer texto podemos detectar uma argumentação, um juízo sobre</p><p>as coisas do mundo, “é só a sequência argumentativa que terá a</p><p>estrutura constitutiva do raciocínio” (WACHOWICZ, 2010, p. 95).</p><p>(MEDEIROS; TOMASI, 2017, p.75)</p><p>As teses argumentativas terão, portanto, o objetivo de “busca[r] a adesão do</p><p>interlocutor ou de um auditório às teses defendidas”. Na necessidade de não apenas</p><p>apresentar um referente circunstancial, a argumentação quer convencer. Por isso,</p><p>utiliza de recursos como premissas, defesa de ponto de vista, exemplificação para</p><p>embasamento do discurso, contra-argumentação de construções antagônicas,</p><p>propostas de intervenção e/ou sugestões de adesão ao ato enunciativo, etc.</p><p>Logo, mesmo que inicialmente o receptor tenha pensamento distinto daquele</p><p>promovido pelo remetente, o objetivo desse último é estabelecer, através da</p><p>argumentação, a conclusão que deseja alcançar.</p><p>Necessário ressaltar que características de escrita serão especialmente</p><p>aqui relevantes, pois a argumentação efetiva necessita de textos convincentes,</p><p>coerentes e coesos. Para tanto, a pessoalidade deve ser evitada, a fim de identificar</p><p>construções comuns ao coletivo, e não ao indivíduo. A sequencialidade lógica e</p><p>macroestrutural é fator expressivo para uma escrita dissertativa-argumentativa com</p><p>bom encadeamento.</p><p>A escrita à base da norma culta padrão da língua também contribui para uma</p><p>compreensão mais ampla das informações e dá peso de confiabilidade à</p><p>explanação.</p><p>20</p><p>Os tipos de sequências textuais não se esgotam por aqui. Analisamos três das</p><p>principais estruturas discursivas a fim de elucidar sua finalidade e estrutura e fazê-los</p><p>perceber a necessidade do alto grau de compreensão léxico-gramatical e de</p><p>maturidade linguística necessário para produção de discursos considerados</p><p>competentes.</p><p>A competência comunicativa está muito além de uma boa construção</p><p>sintática. Ela envolve alcançar uma produção que, ao chegar ao destinatário, valide</p><p>o intento do locutor por ser decodificada conforme seu objetivo.</p><p>TIPOS TEXTUAIS NO ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA COMO L2 PARA</p><p>SURDOS</p><p>A competência comunicativa parte dos princípios já analisados nos tópicos</p><p>anteriores. Ela se dá a partir da materialidade da linguagem em forma de discurso</p><p>linguístico em suas distintas formas. Para tanto, é imprescindível que as formas básicas</p><p>de comunicação e efetivação textuais sejam conhecidas e reconhecidas pelos</p><p>falantes da comunidade linguística.</p><p>Sabendo que a língua é uma atividade social, a verbalização só poderá</p><p>acontecer através de construções de sequências textuais padronizadas com as</p><p>regras léxico-gramaticais próprias a essa comunidade.</p><p>Nessa perspectiva de letramento e produção de sentido, lemos em</p><p>Salviano (2014):</p><p>21</p><p>[...] cabe à escola a função de promover aprendizado de leitura e</p><p>escrita de modo que permita aos seus alunos interação plena com a</p><p>sociedade em todas as suas facetas formais ou informais. Como ter</p><p>habilidade em fazer isso com o aluno padrão, isto é, com o aluno que</p><p>faz parte do grupo base da sociedade, tem sido amplamente</p><p>discutido nas Faculdades de Educação em todo o Brasil através de</p><p>disciplinas, projetos, trabalhos, livros, etc. Mas como conseguir a</p><p>mesma habilidade com um grupo minoritário que também faz parte</p><p>dos assentos das escolas? Como conseguir essa habilidade com</p><p>alunos surdos que têm uma visão de mundo absolutamente diferente</p><p>da nossa, como ouvintes? E caso trabalhe com uma turma de escola</p><p>inclusiva, ou seja, com alunos surdos e ouvintes, como caminhar de</p><p>modo a promover a mesma competência para ambos os grupos? [...]</p><p>E como fazer isso de um modo que privilegie a visão, já que é por esse</p><p>sentido que os surdos captam as informações e o mundo externo?</p><p>(SALVIANO, 2014, p.59)</p><p>As funcionalidades e as classificações de sequências e gêneros textuais da</p><p>Língua Portuguesa são as mesmas para todo corpo social que partilha dessa língua e</p><p>cultura.</p><p>Logo, qualquer indivíduo que recebe e perpassa informações em LP e que</p><p>possui plena ou certa medida de civilidade a partir de enunciações produzidas ou</p><p>decodificadas nessa língua deve ter a competência linguística necessária</p><p>para</p><p>desenvolver habilidade suficiente em tal perspectiva, estando, então, capaz de</p><p>firmar um percurso educacional adequado, além de habilitar-se para o exercício da</p><p>sua cidadania.</p><p>A competência será aprimorada no ambiente escolar, responsável por</p><p>desenvolver consciência regulamentadora da inata faculdade da linguagem e da</p><p>L1 já adquirida.</p><p>22</p><p>Sendo a escola mediadora na construção de sentido, deverá propiciar</p><p>compreensão e refinamento de competência linguística e, portanto,</p><p>reconhecimento e produção apta dos tipos textuais, a todo público que atenda;</p><p>inclusive à comunidade surda.</p><p>Por que haverá distinção de metodologias para surdos e ouvintes, quando na</p><p>busca por um objetivo linguístico semelhante? A resposta está, basicamente, na</p><p>modalidade de captação e expressão desses dois grupos.</p><p>Figura 2: A verbalização em línguas de distintas modalidades</p><p>Fonte: BRASIL, 2009, p.19</p><p>Perceba a enunciação comunicativa trazida na Fig.3. Temos ali, verbalizações</p><p>em Libras e em Língua Portuguesa. Para os partícipes do diálogo em língua de sinais,</p><p>23</p><p>notamos que duas variantes são necessárias para entender e para se fazer entender:</p><p>a visão e o espaço.</p><p>É através da visão que há captação do que está sendo dito e é no espaço</p><p>que tal manifestação acontece. Por isso, a Libras e as outras tantas línguas de sinais</p><p>são denominadas línguas espaço-visuais. Já o discurso em LP que está sendo</p><p>transmitido pelo canal televisivo não depende da visão do interlocutor ouvinte para</p><p>ser compreendido.</p><p>Mesmo estando de costas para o remetente da mensagem ou fora do seu</p><p>campo visual, é possível captar e decodificar a mensagem pelo canal auditivo. E,</p><p>para produzir uma mensagem, usa-se o aparelho fonoarticulatório.</p><p>Consequentemente, a Língua Portuguesa pode ser classificada oral-auditiva; pois</p><p>suas variantes de produção e decodificação são, respectivamente, a articulação</p><p>oral e o sistema auditivo.</p><p>Essa diferença de modalidade aporta aos indivíduos surdos e ouvintes</p><p>distinções no modo de ver o mundo, de se apropriar dos conceitos, de relativizar, de</p><p>ser alfabetizado e, de um modo geral, de aprender.</p><p>Não há, quando se tratando apenas da falta da audição, imputamento de</p><p>perdas cognitivas para o surdo. O que temos, no seu caso, é simplesmente uma</p><p>diferença comunicativa modal que demanda metodologias próprias à sua</p><p>especificidade linguística, como, por exemplo, o estabelecimento de uma relação</p><p>ensino-aprendizagem a partir de ferramentas visuais e que não se primem</p><p>exclusivamente pelos fonemas sonoros.</p><p>Reconhecendo uma forma de aprendizado particular dos surdos, a legislação</p><p>brasileira reconhece, através da Lei nº 10.436, de 24 de abril de 2002, regulamentada</p><p>pelo Decreto nº 5.626, de 22 de dezembro de 2005, a Libras como meio oficial de</p><p>comunicação da pessoa surda. Tal feito determina consequências importantes no</p><p>processo educacional do surdo, incluindo sua relação com textos de línguas orais.</p><p>Sendo o meio de expressão da comunidade surda, a Libras deve ser encarada</p><p>como sua L1 e, então, como meio de instrução dessa comunidade. Toda pessoa</p><p>surda deve receber a educação básica por meio da língua de sinais.</p><p>Consequentemente, o Português será uma L2, ou seja, uma língua estrangeira.</p><p>24</p><p>Destarte, não é possível e nem expectável que um aprendiz de L2 tenha proficiência</p><p>e aproveitamento absolutamente semelhante à de um nativo no desenvolvimento</p><p>da competência comunicativa.</p><p>Tanto mais se a comparação entre esses aprendizes está para línguas de</p><p>modalidades distintas. Não é realista supor que uma pessoa privada do pleno sentido</p><p>da audição reconheça características de uma língua que estão alicerçadas em</p><p>sistemas sonoros – justamente o que não é capaz de alcançar.</p><p>Levando isso em consideração, as regências legislativas e documentos oficiais</p><p>no âmbito educacional promovem metodologias funcionais e efetivas para que o</p><p>processo educacional do surdo se dê com o melhor acesso à competência</p><p>comunicativa em uma perspectiva bilíngue que lhe caiba.</p><p>Considerando os aspectos mencionados, trabalhar as sequências textuais com</p><p>surdos a fim de lhes desenvolver a competência comunicativa deverá,</p><p>necessariamente, perpassar pela sua L1 como ferramenta de instrução e pelo</p><p>aprendizado do Português na modalidade escrita como L2.</p><p>[...] levando em conta a importância da L1 na aprendizagem do</p><p>Português como L2 na modalidade escrita por surdos, Fernandes</p><p>(2006) comenta que, se houver uma base linguística assegurada pelo</p><p>acesso à Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS) como L1, substituindo a</p><p>oralidade em conteúdo e função simbólica, o surdo conseguirá</p><p>aprender a escrita do Português. Isso porque, como aponta Fernandes</p><p>(2006), as palavras são processadas como um todo quando são</p><p>percebidas pelo surdo, sendo reconhecidas em sua forma ortográfica</p><p>e ligadas a uma significação. A partir desse processo cognitivo, os</p><p>surdos podem aprender estruturas linguísticas sem conhecer seus sons.</p><p>No entanto, se não houver sentido, não haverá leitura por parte do</p><p>https://bit.ly/3FcAIHY</p><p>25</p><p>aprendiz, pois ler não é apenas memorizar palavras isoladas, e sim</p><p>compreender e negociar sentidos na interação com o texto. (TEIXEIRA,</p><p>2017, online)</p><p>Somente apoiado na aquisição de sua língua natural, o surdo poderá</p><p>processar as formas textuais, produzi-las e decodificá-las com domínio de proficiência</p><p>em sua própria língua e com suficiente conhecimento na L2, isto é, a língua oral. Os</p><p>benefícios de uma metodologia que respeita as especificidades linguísticas da</p><p>comunidade os permite alcançar, ainda, habilidades cognitivas diversas,</p><p>engajamento no processo pedagógico, criticidade social, autonomia léxico-</p><p>gramatical, etc. Teixeira sugere propostas eficazes nesse sentido:</p><p>Fernandes (2006) destaca também a importância de materiais ricos</p><p>em imagens e ilustrações, pois eles permitem a contextualização visual</p><p>do texto, a elaboração de hipóteses sobre os sentidos da escrita e a</p><p>leitura das imagens, de modo que o aluno, a partir de seu</p><p>conhecimento de mundo, poderá inferir possíveis efeitos de sentidos</p><p>produzidos pelo texto. Após a seleção dos textos, Tomlinson (2003)</p><p>sugere que sejam pensadas atividades que levem o aprendiz a</p><p>experienciar o texto de diversas maneiras. Para que haja o</p><p>desenvolvimento de um leitor crítico que vê o texto como objeto</p><p>cultural, inserido em uma rede de relações sócio-históricas (Fernandes,</p><p>2006, p. 12), é preciso que seja propiciada a reflexão sobre os aspectos</p><p>lexicais, gramaticais e funcionais do texto, que podem estar explícitos</p><p>ou implícitos na organização textual. (TEIXEIRA, 2017, online)</p><p>Uma construção de conhecimento através de elementos visuais e da Libras</p><p>enquanto elemento de ensino figurará em competência comunicativa.</p><p>26</p><p>Figura 3: Oferta de formação pedagógica em sala de aula com alunos surdos</p><p>Fonte: https://bit.ly/3zY13p9. Acesso em: 30 jul 2021</p><p>O educador deverá proporcionar práticas pedagógicas que indiquem seu</p><p>conhecimento sobre a forma de aprender do surdo. Quanto aos tipos textuais, é</p><p>preciso que as práticas levem em consideração a relação leitura/escrita do surdo</p><p>quanto à língua oral vigente no seu ambiente social.</p><p>https://bit.ly/3zY13p9</p><p>27</p><p>FIXANDO CONTEÚDO</p><p>1. De acordo com os conceitos analisados na Unidade, o que é a competência</p><p>comunicativa?</p><p>a) O domínio das variações linguísticas. Uma comunidade linguística é formada por</p><p>indivíduos com diferentes níveis de competência lexical. De modo que conhecer</p><p>as variações utilizadas nessa comunidade nos permite alcançar competência</p><p>comunicativa com todos os partícipes.</p><p>b) Estabelecimento de habilidades que excedem a compreensão dos domínios</p><p>gramaticais e/ou sintáticos e alcançam conhecimentos extralinguísticos, como</p><p>noções socioculturais, possibilitando domínio da mensagem por parte do locutor e</p><p>plena compreensão por parte do interlocutor.</p><p>c) Possuir um rol vocabular considerável e significativo. Esse conhecimento será</p><p>essencial tanto para produzir textos compreensíveis como para reconhecer os</p><p>textos de outrem.</p><p>d) A habilidade de produzir sentenças de acordo com a norma culta padrão, de</p><p>modo a auxiliar o remetente da mensagem na sua compreensão global.</p><p>e) O domínio cultural do corpo social utilitário de dada língua, pois, como a língua é</p><p>também formada pela cultura, só se terá competência linguística através do uso</p><p>das ferramentas culturais.</p><p>2. (ITAME/2020 – adaptada) - Leia o texto para responder à questão:</p><p>Dom Quixote (Miguel de Cervantes)</p><p>Há aproximadamente quatrocentos anos, na aldeia de La Mancha, na Espanha, vivia</p><p>um fidalgo de poucas posses materiais, mas muitos livros, e que adorava experimentar</p><p>os desafios da vida e cujo passatempo era ler contos e mais contos de cavalaria. Era</p><p>este nobre senhor alto, magro, de cinquenta e poucos anos, queixo pontiagudo,</p><p>cabelo grisalho desgrenhado e certo ar de loucura no olhar. De sobrenome Quixada</p><p>ou Quesada, embora não rico, era muito conhecido pelos lavradores e tinha fala de</p><p>boa pessoa entre os moradores da comunidade em que vivia. [...]</p><p>O trecho acima possui uma sequência narrativa, no entanto, também se caracteriza</p><p>28</p><p>como:</p><p>a) argumentativo.</p><p>b) expositivo.</p><p>c) descritivo.</p><p>d) injuntivo.</p><p>e) dialogal.</p><p>3. (VUNESP/2020) - Leia a tira para responder à questão.</p><p>Fonte: https://www.qconcursos.com/questoes-de-concursos/questoes/8d244b2e-ee</p><p>O efeito de sentido da tira é construído a partir da atribuição, pelos personagens, de</p><p>significados diversos à seguinte palavra ou expressão:</p><p>a) sua tia.</p><p>b) decorar.</p><p>c) toda a nossa casa.</p><p>d) já acho difícil.</p><p>e) tabuada de dois.</p><p>4. No que diz respeito ao uso de tipos textuais no ensino de Língua Portuguesa, a</p><p>distinção metodológica no ensino de surdos e ouvintes se dará, dentre outros</p><p>motivos, por:</p><p>a) As funcionalidades e as classificações de sequências e gêneros textuais da Língua</p><p>Portuguesa serem diferentes para a comunidade surda e para a comunidade</p><p>ouvinte.</p><p>b) Não existir componentes fonêmicos e fonológicos nas línguas de sinais.</p><p>29</p><p>c) Os surdos possuírem déficit linguístico relacionado à estrutura de uma língua oral,</p><p>não podendo, portanto, ser alfabetizado em Português.</p><p>d) Serem as línguas de sinais de modalidade espaço-visual, pois a produção dos</p><p>componentes linguísticos acontece no espaço físico mediada pelas mãos e é</p><p>captada pelos olhos.</p><p>e) Não haver coincidência léxico-gramatical entre a Libras e a Língua Portuguesa.</p><p>Dessa maneira, a competência comunicativa dependerá de reconhecer</p><p>estruturas linguísticas distintas.</p><p>5. De acordo com os conceitos de elaboração e decodificação, relacione a</p><p>primeira coluna com a segunda. Qual das duas ações as personagens</p><p>mencionadas realizam em cada situação apresentada?</p><p>( 1 ) Elaboração</p><p>( 2 ) Decodificação</p><p>( ) Olavo estuda para a prova de Biologia sublinhando as ideias principais dos</p><p>resumos enviados pela professora.</p><p>( ) Lurdinha escreve um cartão de agradecimento pelos presentes recebidos em</p><p>seu aniversário.</p><p>( ) Ana envia uma mensagem de texto produzida apenas com emojis e imagens</p><p>por meio de um aplicativo do seu celular.</p><p>( ) Malthus escolhe o jantar no menu do restaurante.</p><p>( ) Beto analisa a bula do remédio que tomará pelos próximos sete dias.</p><p>A sequência correta é:</p><p>a) 1 – 1 – 2 – 2 – 2.</p><p>b) 2 – 1 – 2 – 1 – 1.</p><p>c) 1 – 2 – 2 – 1 – 1.</p><p>d) 2 – 2 – 1 – 1 – 1.</p><p>e) 2 – 1 – 1 – 2 – 2.</p><p>30</p><p>6. A legislação brasileira já determina a Libras como meio de comunicação e</p><p>expressão da pessoa surda pelo estabelecimento da Lei nº 10.436, de 24 de abril</p><p>de 2002, regulamentada pelo Decreto nº 5.626, de 22 de dezembro de 2005.</p><p>Dentre as consequências dessa determinação, no que diz respeito ao processo de</p><p>ensino e aprendizagem da comunidade surda, são verdadeiras as alternativas:</p><p>I. Considerar a Libras como L1 da comunidade surda.</p><p>II. Considerar a Libras como meio de instrução no processo educacional da</p><p>comunidade surda.</p><p>III. Considerar a Libras como substituta da língua oral, isto é, o Português.</p><p>a) I.</p><p>b) I, II.</p><p>c) II.</p><p>d) II, III.</p><p>e) Todas as alternativas.</p><p>7. (FUNCAB/2015 – adaptada) - Ensinar aos alunos com surdez, assim como aos</p><p>demais alunos, a produzir textos em português objetiva torná-los competentes em</p><p>seus discursos, oferecendo-lhes oportunidades de interagir nas práticas da língua</p><p>oficial e de transformar-se em sujeitos de saber e poder com criatividade e arte. Para</p><p>que essa aprendizagem ocorra, a educação escolar deve apresentar aos alunos</p><p>com surdez a diversidade textual circulante em nossas(os):</p><p>a) práticas sociais.</p><p>b) ritos de passagem.</p><p>c) produções literárias.</p><p>d) práticas culturais.</p><p>e) práticas bilíngues.</p><p>8. (SETA/2018) - Observe o extrato de texto abaixo e responda o que se pede:</p><p>“Faz um domingo frio e ensolarado em Porto Alegre. O céu muito azul, depois de dias</p><p>31</p><p>de chuva, é um convite a sair de casa. O Parque da Redenção, o mais popular da</p><p>capital gaúcha, está lotado. Jovens casais conduzem carrinhos de bebês. Idosos</p><p>tomam sol ou leem jornal. Atletas domingueiros passam com o fôlego curto. Jovens</p><p>andam de bicicletas ou sentam-se em grupos animados sobre o gramado. (...)”</p><p>O trecho acima tem como ideia central:</p><p>a) os jovens conversarem em grupo.</p><p>b) os carrinhos de bebê que circulam pelo parque.</p><p>c) as condições do tempo que propiciam distrações ao ar livre.</p><p>d) a popularidade dos parques de Porto Alegre.</p><p>e) o fôlego dos atletas de fim de semana.</p><p>32</p><p>LIBRAS EM FOCO I</p><p>PRONOMES PESSOAIS</p><p>Os pronomes pessoais são aquelas palavras que servem para se referir a outra</p><p>da classe dos substantivos. Normalmente, os pronomes acompanham ou substituem</p><p>nomes na medida que primam pela coesão e coerência textuais, evitando, por</p><p>exemplo, as repetições.</p><p>Aqui, trataremos dos pronomes pessoais do caso reto; aqueles que, via de</p><p>regra, exercem função de sujeito.</p><p>Os pronomes pessoais vão referir-se às três possíveis pessoas do discurso, seja</p><p>no contexto singular ou plural. Veja dois exemplos:</p><p>Como podemos notar, a substituição dos substantivos Álvaro e aulas por</p><p>pronomes pessoais mantém o sentido e torna as orações melhor compreensíveis na</p><p>medida que recuperam o agente do enunciado sem repetições desnecessárias.</p><p>33</p><p>São pronomes pessoais do caso reto:</p><p>Pessoas verbais Português</p><p>1ª pessoa do singular eu</p><p>2ª pessoa do singular tu – você</p><p>3ª pessoa do singular ele – ela</p><p>1ª pessoa do plural nós</p><p>2ª pessoa do plural vós – vocês</p><p>3ª pessoa do plural eles – elas</p><p>Por ser uma língua espaço-visual e, também, por ter um recorrente processo</p><p>de formação de palavras a partir do critério de iconicidade, a elaboração de</p><p>algumas lexias em Libras pode variar, especialmente quando se trata de determinar</p><p>34</p><p>referentes.</p><p>Em Língua Portuguesa, o processo de detalhamento da pessoa verbal também</p><p>pode acontecer, quando, por exemplo, inserimos nele informações de cunho</p><p>demonstrativo, direcional e/ou qualitativo.</p><p>Em Libras, porém, essas informações são simultâneas ao discurso, pois são</p><p>identificadas ao interlocutor em um único sinal que comporta a apresentação do</p><p>pronome pessoal bem como algum detalhamento ao seu respeito. Analisaremos os</p><p>casos específicos na apresentação dos pronomes pessoais em</p><p>Libras.</p><p>Os pronomes eu (1ª pessoa do singular) e tu/você (2ª pessoa do singular) são</p><p>identificados pelo apontamento. Para identificar a pessoa eu, há o apontamento,</p><p>com o indicador, para o próprio enunciador.</p><p>Para distinguir a pessoa tu/você haverá o apontamento, também com o dedo</p><p>indicador, para o interlocutor, ou seja, para a pessoa com quem se fala. Nessa</p><p>perspectiva, é essencial considerar o direcionamento. O apontamento será</p><p>orientado para o local onde o interlocutor está posicionado.</p><p>35</p><p>Em Libras, o pronome referente à 3ª pessoa do singular (ele/ela) também será</p><p>efetivado a partir do apontamento. Mas, diferentemente do que acontece nas</p><p>pessoas tu/você, o apontamento será para um ponto distinto daquele em que estão</p><p>locutor e interlocutor.</p><p>É uma atribuição física de um espaço convencionado que contempla uma</p><p>terceira pessoa, alheia à conversa naquele momento. Nesse espaço determinado</p><p>para ele/ela, sempre que a mesma pessoa for mencionada será referida nessa</p><p>localidade escolhida.</p><p>Ainda, é importante indicar que a variação de gênero para tal pessoa não</p><p>acontece da mesma forma como se dá em Língua Portuguesa. Em Português, a</p><p>formação da palavra masculina ou feminina passa pelo processo de sufixação; ou</p><p>seja, o radical da lexia acrescido do sufixo próprio ao gênero (EL+E ou EL+A). Em</p><p>Libras, há dois fatores a serem considerados.</p><p>O primeiro é que a variação de gênero não necessariamente acontecerá em</p><p>todas as enunciações. É possível que apenas a sinalização do apontamento</p><p>mantenha o discurso pleno de sentido. O segundo fator é que, quando tal indicação</p><p>for apresentada, acontecerá pelo processo prefixal: prefixo marcador de gênero</p><p>(masculino/feminino) + radical da palavra (apontamento).</p><p>36</p><p>Como dissemos, em Libras, a própria forma de enunciação do pronome</p><p>poderá apresentar detalhamentos do referente. É especialmente o caso das pessoas</p><p>verbais do plural.</p><p>Essa, ao lado, é a forma comum do pronome nós (1ª pessoa do plural). Todavia,</p><p>dependendo do contexto, podemos apropriar à sinalização desse pronome as</p><p>especificidades da contextualização própria ao referente.</p><p>Veja, abaixo, as possibilidades de sinalizações como nós dois, nós três e nós</p><p>quatro. Note que, no primeiro, temos uma alusão específica aos dois referentes do</p><p>emissor da mensagem e, nos outros casos, temos semelhança de movimento do sinal</p><p>primário com modificação da configuração de mão que recupera o número de</p><p>referentes.</p><p>37</p><p>Mesmas considerações podem ser feitas para o pronome vós/vocês (2ª</p><p>pessoa do plural). Temos a forma primária que indica no espaço neutro os elementos</p><p>partícipes dessa pessoa verbal através de um apontamento com movimento</p><p>alongado.</p><p>Contudo, podemos estender o agente ao contexto quando houver</p><p>particularidades e acrescentar tais distinções no próprio sinal, como no caso de</p><p>vocês dois, vocês três, etc.</p><p>Para a 3ª pessoa do plural eles/elas haverá também a possibilidade de agregar</p><p>ao sinal primitivo características da circunstância comunicativa. Perceba: o</p><p>apontamento referente às pessoas referenciadas alheias àquele discurso acontece</p><p>posicionando-as em um local distinto daquele em que o remetente da mensagem e</p><p>o seu destinatário estão.</p><p>38</p><p>Note que o olhar do enunciador está direcionado ao seu interlocutor,</p><p>enquanto que sua indicação com as mãos está em outro ponto físico do espaço</p><p>discursivo. É possível agregar nesse sinal indicações peculiares da pessoa verbal</p><p>eles/elas, como em eles dois, eles três, etc.</p><p>A construção das referências às pessoas do discurso pode ser explícita ou</p><p>implícita:</p><p>Na construção de uma frase em Libras, é possível a omissão do sujeito.</p><p>Isso acontece nos casos em que o(s) locutor(es) e o(s) interlocutor(es)</p><p>do discurso reconhecem o contexto e já compreendem sobre quem</p><p>a enunciação está se referindo ou quando esse sujeito já foi</p><p>anteriormente citado, sendo desnecessária sua repetição. (PAULA,</p><p>2020, p.62)</p><p>Portanto, caberá ao produtor do texto optar por indicar os pronomes pessoais</p><p>de maneira manifesta ou subentendida. Cada realidade e situação comunicacional</p><p>é que lhe permitirá determinar as melhores circunstâncias para essa escolha.</p><p>39</p><p>PRONOMES POSSESSIVOS</p><p>Os pronomes possessivos levam em consideração os pronomes pessoais para</p><p>estabelecer a eles uma relação de posse com algo ou alguém. Assim, ele indica a</p><p>qual pessoa verbal o elemento referente é designado.</p><p>Os pronomes possessivos vão concordar com o possuidor em alguma(s) da(s)</p><p>três possíveis pessoas do discurso, seja no contexto singular ou plural. Nas variações</p><p>de gênero e número, eles concordam com o que é possuído. Veja exemplos:</p><p>São pronomes possessivos:</p><p>Pessoas verbais Português</p><p>1ª pessoa do singular meu(s); minha(s)</p><p>2ª pessoa do singular teu(s); tua(s)</p><p>3ª pessoa do singular</p><p>seu(s); sua(s)</p><p>dele; dela</p><p>1ª pessoa do plural nosso(s); nossa(s)</p><p>2ª pessoa do plural</p><p>vosso(s); vossa(s)</p><p>de vocês</p><p>3ª pessoa do plural</p><p>seu(s); sua(s)</p><p>deles; delas</p><p>Em Libras, os pronomes possessivos terão a concordância em pessoa, e não</p><p>em gênero e/ou ao referente possuído. Por exemplo, retomemos as sentenças</p><p>anteriormente analisadas:</p><p>40</p><p>A menção do pronome em ambos os casos se refere a algo possuído por</p><p>Álvaro, a saber, a casa ou o sítio. De modo que a pessoa possuidora desses elementos</p><p>é a mesma: Álvaro = ele (3ª pessoa do singular).</p><p>Portanto, ao enunciar as duas frases em Libras, o pronome possessivo será o</p><p>mesmo; já que ele concorda com o possuidor, e não com o objeto possuído. Logo,</p><p>seja esse referente possuído de gênero masculino ou feminino e/ou de número</p><p>singular ou plural, isso não será levado em conta na construção do texto na língua de</p><p>sinais, diferentemente de como acontece em Língua Portuguesa.</p><p>O pronome meu (referente a algo possuído pela 1ª pessoa do singular) é</p><p>realizado colocando a palma da mão aberta no peito. Em algumas obras didáticas,</p><p>também é possível encontrar a forma variante com a CM de P no peito.</p><p>Os pronomes teu (referente a algo possuído pela 2ª pessoa do singular) e seu</p><p>(referente a algo possuído pela 3ª pessoa do singular) possuem a mesma</p><p>configuração de mão e movimento.</p><p>No primeiro caso, o ponto de articulação e a orientação da palma estarão</p><p>voltados para o interlocutor, enquanto que no segundo caso esses parâmetros serão</p><p>estabelecidos em direção àquela pessoa alheia ao discurso.</p><p>Note que a expressão não manual também coincide com essa variação:</p><p>quando se menciona teu, o olhar está para o interlocutor direto. Quando se</p><p>menciona seu, o olhar recai sobre a terceira pessoa, normalmente estabelecida ao</p><p>lado do remetente da mensagem.</p><p>41</p><p>Para as pessoas do plural, teremos uma coincidência lexical com o pronome</p><p>nosso (referente a algo possuído pela 1ª pessoa). Ele será semelhante à forma do</p><p>pronome pessoal nós.</p><p>Os pronomes possessivos vosso (referente a algo possuído pela 2ª pessoa do</p><p>plural) e seu(s) (referente a algo possuído pela 3ª pessoa do plural) terão a mesma</p><p>forma dessas pessoas verbais do singular (teu e seu(s)).</p><p>Porém, para o plural, o movimento será mais alongado, estendendo-se no</p><p>espaço neutro quando da sinalização.</p><p>É importante indicar que, assim como acontece em Português, em Libras, há,</p><p>ainda a possibilidade de indicar uma sentença com ideia de posse a partir de uma</p><p>construção em locução. Veja:</p><p>42</p><p>É importante indicar que, assim como acontece em Português, em Libras, há,</p><p>ainda a possibilidade de indicar uma sentença com ideia de posse a partir de uma</p><p>construção em locução. Veja:</p><p>O uso do sinal</p><p>pertencer/próprio também favorece a construção de discursos</p><p>que aportam o sentido de propriedade/posse.</p><p>FAMÍLIA</p><p>Reconhecer as lexias referentes aos graus de parentesco é um recurso</p><p>fundamental pois, considerando o âmbito familiar o núcleo primário do cidadão, é</p><p>ali que as primeiras referenciações são identificadas, compreendidas e reproduzidas.</p><p>Mesmo na aquisição de uma L2, as associações familiares podem ser as primeiras a</p><p>acontecer.</p><p>Ao conhecer a árvore genealógica de parte da família real brasileira,</p><p>identificaremos os sinais referentes aos graus de parentesco.</p><p>43</p><p>Figura 4: A família real brasileira</p><p>44</p><p>Fonte: https://bit.ly/3iqPJMt. Acesso em: 07 ago 2021</p><p>Observe que:</p><p> Dom Pedro IV é marido do primeiro casamento de Dona Maria Leopoldina, pai</p><p>de Dom Pedro II e sogro de D. Teresa Cristina de Bourbon.</p><p> Dona Maria Leopoldina é esposa de Dom Pedro IV, mãe de Dom Pedro II e</p><p>sogra de D. Teresa Cristina de Bourbon.</p><p> Dom Pedro II é filho de Dom Pedro IV e de Dona Maria Leopoldina, irmão de</p><p>D. Francisca e cunhado de D. Francisco de Orléans.</p><p> Dom Pedro IV é neto de Dom Pedro III e sobrinho de Dom José.</p><p> Dona Maria Clementina é tia de D. Pedro IV. Se ela tivesse um filho, ele seria</p><p>primo de D. Pedro IV.</p><p>https://bit.ly/3iqPJMt</p><p>45</p><p>Vamos considerar o vocabulário em Libras para as lexias de família.</p><p>Figura 5: Sinal da lexia “família”</p><p>Fonte: https://bit.ly/3ikFQ2I. Acesso em: 08 ago. 2021</p><p>No caso da variação de gênero dos substantivos, basta adicionamos à lexia</p><p>base o prefixo próprio ao masculino e/ou feminino que são, respectivamente:</p><p>Assim, a produção de palavras representativas do mesmo grau de parentesco,</p><p>porém com variação do gênero, terá apenas o prefixo distinto, obedecendo a</p><p>https://bit.ly/3ikFQ2I</p><p>https://bit.ly/3opcfZZ</p><p>https://bit.ly/3mfrQsn</p><p>46</p><p>seguinte estrutura: [prefixo de gênero] + [raiz da palavra].</p><p>Tomemos por exemplo as palavras marido e esposa. Ambas referem-se aos</p><p>cônjuges, de modo que terão a mesma raiz, por se tratar de mesma relação de</p><p>parentesco. Para identificar se estou tratando do cônjuge masculino (marido) ou do</p><p>feminino (esposa), acrescentamos o prefixo desse referente. A raiz de cônjuge será:</p><p>De modo que, então, teremos:</p><p>Dessa forma ocorrerá a indicação de gênero para todos os outros substantivos</p><p>que nomeiam a classe familiar, quais sejam as seguintes raízes das palavras</p><p>referentes a:</p><p>47</p><p>48</p><p>No âmbito familiar, também é usual o vocabulário referente à condição civil,</p><p>quais sejam:</p><p>49</p><p>APLICAÇÃO PRÁTICA</p><p>Com os conhecimentos adquiridos no livro Libras I e com as novas</p><p>compreensões dadas até aqui, vamos realizar algumas aplicações práticas para</p><p>ampliar nossos conhecimentos.</p><p>2.4.1 Atividade 1</p><p>Retorne à árvore genealógica da família real brasileira colocada no subtítulo</p><p>2.3 desta unidade.</p><p>Com base na análise da figura, determine quais são as relações familiares</p><p>entre:</p><p>• D. Pedro III e D. Maria Francisca Benedita;</p><p>• D. Ana de Jesus Maria e D. Antonio Pio;</p><p>• D. Amelia de Beauharnais e D. Maria Amelia;</p><p>• D. Maria Amelia e D. Januária.</p><p>2.4.2 Atividade 2</p><p>Assista à vídeo aula produzida pela TV INES no link abaixo:</p><p>Link: https://bit.ly/3uvI587.</p><p>Identifique no texto:</p><p>https://bit.ly/3uvI587</p><p>50</p><p> Os sinais reconhecidos por você e, portanto, já aprendidos;</p><p> Sinais novos, porém do mesmo campo semântico tratado nesta unidade;</p><p> Classificadores utilizados junto aos sinais para elucidar o discurso;</p><p> Estruturação das sentenças; de modo a reconhecer como as construções em</p><p>Libras são independentes da gramática da Língua Portuguesa e, a partir dessa</p><p>constatação, auxiliar você nas suas próprias organizações frasais a fim de</p><p>rejeitar o Português sinalizado.</p><p>Dica: uma boa maneira de se chegar a conclusões assertivas, conforme</p><p>sugerido no último item, é transcrever a forma como o texto foi sinalizado em Libras.</p><p>Isso permite que você tenha uma imagem visual de cada um dos elementos das</p><p>orações e estabeleça critérios que te permitirão sinalizar com clareza e propriedade.</p><p>2.4.3 Atividade 3</p><p>Faça e apresente para a classe, para um grupo de colegas ou para o professor</p><p>uma das duas possibilidades abaixo:</p><p>• Sua árvore genealógica;</p><p>• Uma árvore genealógica fictícia.</p><p>Dê indicações sobre os principais membros da família. Veja um modelo:</p><p>“Minha avó se chama Aurora. Ela tem 82 anos e mora na roça. Ela gosta de</p><p>costurar, de...”</p><p>Depois de apresentar seu texto, certifique-se de que as informações</p><p>compreendidas pelos colegas e/ou pelo professor tenham sido as intencionadas por</p><p>você. Aceite sugestões de adaptação de estruturação de sentenças e, caso seja</p><p>necessário, refaça o texto para que fique ainda mais compreensível aos seus</p><p>interlocutores.</p><p>51</p><p>2.4.4 Atividade 4</p><p>Conheça o filme A Família Bélier.</p><p>Leia a sinopse do longa retirada do site https://bit.ly/3FjOiJF.</p><p>Paula é uma adolescente francesa que enfrenta todas as questões comuns de</p><p>sua idade: o primeiro amor, os problemas na escola, as brigas com os pais… Mas a</p><p>sua família tem algo diferente: seu pai, sua mãe e o irmão são deficientes auditivos. É</p><p>Paula quem administra a fazenda familiar e que traduz a linguagem de sinais nas</p><p>conversas com os vizinhos. Um dia, através de seu professor, ela descobre ter o talento</p><p>para o canto, podendo integrar uma escola prestigiosa em Paris. Mas como</p><p>abandonar os pais e os irmãos?</p><p>Antes de assistir ao filme, encontre no excerto acima duas colocações</p><p>equivocadas no que diz respeito aos estudos das línguas de sinais, surdez e cultura</p><p>surda. Como podemos solucioná-las no texto?</p><p>• Agora, assista ao filme.</p><p>• Faça uma resenha crítica dos aspectos relativos aos conteúdos já trabalhados</p><p>levando em consideração o cotidiano da família Bélier. O que você pode</p><p>perceber ali que corrobora ou apresenta-se em desacordo com os aspectos</p><p>teóricos já estudados? Embora seja um roteiro fictício, é possível se lembrar das</p><p>perspectivas sobre surdez e cultura surda já apresentadas no decorrer do seu</p><p>https://bit.ly/3FjOiJF</p><p>52</p><p>curso e ponderar sobre isso tendo essa família como referência.</p><p>• Prepare uma sinopse do filme em Libras. Na sua sinalização, identifique a</p><p>relação de parentesco entre as personagens e algumas características de</p><p>cada uma delas.</p><p>53</p><p>FIXANDO CONTEÚDO</p><p>1. (Prefeitura de São Roque do Canaã/2020) - No trecho "Tu te tornas eternamente</p><p>responsável por aquilo que cativas", o termo destacado é:</p><p>a) primeira pessoa do singular.</p><p>b) segunda pessoa do singular.</p><p>c) terceira pessoa do singular.</p><p>d) segunda pessoa do plural.</p><p>e) primeira pessoa do plural.</p><p>2. O detalhamento de informações quantitativas, como aspectos de unicidade,</p><p>dual, trial, etc., pode ser incorporado a um sinal base na constituição</p><p>a) dos pronomes possessivos referentes às pessoas do singular.</p><p>b) dos artigos possessivos referentes às pessoas do plural.</p><p>c) dos pronomes pessoais referentes às pessoas do singular.</p><p>d) dos pronomes pessoais referentes às pessoas do plural.</p><p>e) de todos os pronomes.</p><p>3. (Instituto AOCP/2015 – adaptada) - Sobre as categorias gramaticais da Libras, é</p><p>correto afirmar que:</p><p>a) o classificador é uma forma que existe em número ilimitado em uma língua e</p><p>estabelece um tipo de concordância.</p><p>b) os pronomes pessoais não possuem um sistema pronominal para representar as</p><p>pessoas do discurso.</p><p>c) a incorporação de nomes e pronomes é muito frequente e invisível, devido às</p><p>características</p>

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