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<p>UNIENSINO - CENTRO UNIVERSITÁRIO DO PARANÁ</p><p>DEISE LAIS DALLA VECCHIA FERNANDES</p><p>PRIVATIZAÇÃO DO SUS</p><p>Trabalho apresentado a disciplina de Política em</p><p>Saúde Publica como requisito parcial de avaliação</p><p>Professora: Jady</p><p>CURITIBA – PR</p><p>2024</p><p>Segundo a Constituição Federal Brasileira, saúde é direito de todos e</p><p>dever do estado em garanti-la a todas as esferas da população. Para a</p><p>Organização Mundial de Saúde, “saúde é o estado de completo bem-estar</p><p>físico, mental e social e não apenas a ausência de doença. A partir da relação</p><p>estabelecida entre a organização social e a saúde dos seres humanos,</p><p>pretendemos defender que a saúde passa por um processo de determinação</p><p>social, sendo que as dimensões físicas e mentais são diretamente moldadas</p><p>pelo arranjo social na qual o indivíduo está inserido. Como as políticas de</p><p>saúde são parte do sistema público e, portanto, porção integrante do Estado,</p><p>sofrem influências direta das contradições que permeiam a organização da</p><p>sociedade e atendem aos interesses de perpetuação da exploração da força</p><p>de trabalho e da condição de aparente neutralidade do Estado.</p><p>Apesar de ser considerado um dos maiores sistemas públicos do</p><p>mundo, o sistema de saúde brasileiro pOrganizações Sociais de Saúdeui um</p><p>considerável mercado de planos de saúde que cobre o pólo dinâmico da</p><p>economia em detrimento das diretrizes constitucionais do setor da saúde.</p><p>Tendo em mente a importancia de se fortalecer o bloco histórico em defesa</p><p>do SUS, e o domínio privado ocupa função de Estado, subtrai a natureza</p><p>pública do SUS e nega o direito social de assisténcia a saúde, encarnado na</p><p>Constituiçáo de 1988.</p><p>Sem dúvida, o SUS é um dos maiores sistemas públicos de saúde do</p><p>mundo industrializado. O sistema é responsável pelo fato de Brasil ser o</p><p>segundo país no mundo, atrás apenas dos Estados Unidos, em número de</p><p>transplantes de órgao realizados. Presta-se assistencia a saúde de milhóes</p><p>de pessoas, desde a assistencia básica até tratamentos que envolvem</p><p>complexidade tecnológica média e alta, além de servicos de emergencia e o</p><p>Programa de Saúde da Família (PSF).</p><p>Além disso, o SUS conta com um excelente programa de vacinacçao e</p><p>um programa de HIV (Vírus da Imunodeficiencia Humana) reconhecido</p><p>internacionalmente. Realizam-se pesquisa em diversas áreas da ciencia,</p><p>inclusive com células-tronco. Por fim, a despeito dos problemas relativos a</p><p>acesso, o alto custo fica por conta do sistema público que oferece</p><p>transplantes, tratamentos de cancer, cirurgia cardíaca e hemodiálise.</p><p>Esse movimento de privatização nos obriga a fazer um balanço realista</p><p>dos limites e pOrganizações Sociais de Saúdeibilidades do SUS como modelo</p><p>de proteçao social na área da saúde, no sentido de fortalecer sua</p><p>institucionalidade democrática e combater o cerco das práticas</p><p>patrimonialistas (a gestao da política do SUS como assunto de interesse</p><p>particular e privado). Se, de um lado, queremos negar o SUS da "nao-</p><p>universalidade", da "nao-eqüidade" e da "nao-unicidade" para que ele nao</p><p>negue si mesmo enquanto direito social, de outro, recusamos que o SUS</p><p>funcione enquanto um mecanismo de socializaçao dos custos, ou pior,</p><p>enquanto lugar certificador da taxa de rentabilidade.</p><p>Para refrear o movimento de privatizaçao, uma inovaçao repousaria na</p><p>criaçao de um tipo de propriedade privada de interesse público, em direçao a</p><p>novos modos de intermediaçao do financiamento dos serviços privados. Essa</p><p>mediaçao passaria pela constituiçao de empresas modelo, aliada a um forte</p><p>ativismo das políticas. Nesse sentido, poder-se-ia redefinir a regulamentação</p><p>da Agencia Nacional de Saúde Suplementar (ANS) como uma regulaçao de</p><p>uma atividade privada de interesse público articulada ao regime de concessao</p><p>de serviços públicos - mudando democraticamente as normas que designam</p><p>a assistencia a saúde como livre a iniciativa privada (artigo 199 da</p><p>Constituiçao Federal; artigo 21 da lei n. 8.080).</p><p>Marcado pelo neoliberalismo, por uma pesada dívida pública e pelo</p><p>descenso da luta social, a compreensão da natureza das contradições do mix</p><p>público/ privado no setor saúde constitui um significativo desafio teórico e</p><p>prático. A começar pela percepção de que o paralelismo dos sistemas público</p><p>e privado contribui para obstruir a agenda política em defesa do SUS. E esse</p><p>paralelismo nocivo ao SUS revela, ademais, a "impotencia da eqüidade", um</p><p>alerta ao pensamento crítico quanto a necessidade de se transformar em</p><p>movimento político concreto, na direção do fortalecimento do SUS e da</p><p>oposição a privatização do sistema de saúde brasileiro.</p><p>As consequências da privativação na qual há uma “solução</p><p>administrativa” para o SUS são bem conhecidas: o caráter sistêmico do SUS</p><p>é quebrado em sua base municipal, com importante impacto sobre as políticas</p><p>e programas de saúde pública, ficando o sistema reduzido a um aglomerado</p><p>disforme e contraditório de organizações de propriedade particular, com</p><p>diferentes donos em diferentes partes do território, do qual emergem conflitos,</p><p>antagonismos e disputas de várias ordens. Além disso, os assuntos do SUS</p><p>ficam interditados à participação da comunidade, uma das principais, senão a</p><p>principal, característica e fortaleza do SUS, criado pela Constituição de 1988.</p><p>As Organizações Sociais de Saúde tratam dessas questões como “segredos</p><p>do negócio”, um “assunto da empresa”, como se fosse Organizações Sociais</p><p>de Saúde em o supermercado da esquina ou uma rede bancária, cujos donos</p><p>fazem o que querem com suas empresas. Tais consequências, graves, dizem</p><p>respeito apenas aos efeitos não policiais da atuação das Organizações</p><p>Sociais de Saúde no SUS, pois como é de amplo conhecimento público,</p><p>muitas Organizações Sociais de Saúde são “empresas de fachada” a</p><p>acobertar roubo de dinheiro público, lavagem de dinheiro e outros crimes. Mas</p><p>o banditismo, ainda que gravíssimo, é outro setor e dele não me ocuparei</p><p>neste espaço.</p><p>O fato é que, agindo nos marcos legais, qualquer empresa registrada</p><p>como Organizações Sociais de Saúde pode ser habilitada, em qualquer</p><p>município, para assumir a administração de recursos públicos do SUS, desde</p><p>que demonstre estar apta a executar o que estiver expressamente firmado em</p><p>contratos de gestão. Nada impede, portanto, que uma Organizações Sociais</p><p>de Saúde, criada sabe-se lá por quem, na hipotética Conchinchina da Serra,</p><p>com 4 mil habitantes, assuma a gestão do SUS de, por exemplo, Sergipe. Ou</p><p>que uma Organizações Sociais de Saúde de Sergipe “preste serviços ao SUS”</p><p>de Curitiba. Isso significa que, evidentemente, tais Organizações Sociais de</p><p>Saúde nada mais têm de “sociais”, nem “comunitárias” e que, nem de longe,</p><p>podem ser equiparadas às suas “congêneres” históricas, que começaram a</p><p>ser criadas há pouco mais de um século, na virada do século XIX para o XX.</p><p>Está claramente configurado, atualmente, um cenário em que convivem,</p><p>sob a mesma sigla (Organizações Sociais de Saúde), empresas com</p><p>propósitos muito diferentes. Há aquelas Organizações Sociais de Saúde</p><p>criadas para efetivamente atender a demandas sociais, de comunidades que</p><p>se auto-organizaram para lidar com problemas comuns, que afetavam aos</p><p>que pertenciam a elas, como o são entidades cuja missão ainda hoje é</p><p>proporcionar assistência a pessoas com deficiência, ou vinculadas por uma</p><p>condição qualquer que lhes é comum. E há Organizações Sociais de Saúde</p><p>que são apenas “empresas” travestidas de organizações sociais sem fins</p><p>econômicos. São Organizações Sociais de Saúde de fachada, cuja finalidade</p><p>não pode ser comparada com a de Organizações Sociais de Saúde</p><p>comunitárias. Se a lei e a burocracia não distinguem umas das outras, a ética</p><p>impõe distingui-las.</p><p>REFERENCIA BLIOGRAFICA</p><p>MACHADO, Helen Rocha; ZANETTI, Elizabeth Macuco. O SUS E A</p><p>PRIVATIZAÇÃO DA SAÚDE NO BRASIL. Revista Ibero-Americana de</p><p>Humanidades, Ciências e Educação, [S. l.],</p><p>v. 8, n. 7, p. 399–409, 2022. DOI:</p><p>10.51891/rease.v8i7.6329. Disponível em:</p><p>https://periodicorease.pro.br/rease/article/view/6329. Acesso em: 2 out. 2024</p><p>NARVAI, Paulo Capel. SUS privatizado – o que isso significa? Disponível em:</p><p>https://aterraeredonda.com.br/sus-privatizado-o-que-isso-significa/ Acesso</p><p>em: 2 out. 2024</p><p>O SUS e a privatização: tensões e pOrganizações Sociais de Saúdeibilidades</p><p>para a universalidade e o direito à saúde.Disponível em:</p><p>https://doi.org/10.1590/0102-311X00116218. [acesso 02 outubro 2024].</p><p>Ocké-Reis, Carlos Octávio , Carvalho Sophia Daniela . Uma crítica à</p><p>privatização do sistema de saúde brasileiro: pela constituição de um modelo</p><p>de proteção social público de atenção à saúde. Saúde em Debate [en linea].</p><p>2009, 33(81), 72-79[fecha de Consulta 2 de Octubre de 2024]. ISSN: 0103-</p><p>1104. Disponible en: https://www.redalyc.org/articulo.oa?id=406341772009</p>