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<p>Economia brasileira no século 21: 2003 em diante</p><p>Prof. Osmani Pontes Moreno</p><p>Descrição</p><p>Estudo dos governos do Partido dos Trabalhadores (PT) sob três</p><p>aspectos: a manutenção dos fundamentos econômicos; a expansão dos</p><p>programas sociais e da atividade econômica pós-crise de 2008, a</p><p>deterioração político-econômica dos anos Dilma.</p><p>Propósito</p><p>Entender o governo do Partido dos Trabalhadores é fundamental para</p><p>entender a economia e o quadro político brasileiro no século XXI, e</p><p>portanto é fundamental para profissionais de todas as áreas que lidam</p><p>com a conjuntura político-econômica do país.</p><p>Objetivos</p><p>Módulo 1</p><p>Descrever aspectos da economia nos governos Lula.</p><p>Módulo 2</p><p>Descrever aspectos da economia nos governos Dilma.</p><p>05/09/2024, 16:10 Economia brasileira no século 21: 2003 em diante</p><p>https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212ge/02402/index.html?brand=estacio# 1/45</p><p>05/09/2024, 16:10 Economia brasileira no século 21: 2003 em diante</p><p>https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212ge/02402/index.html?brand=estacio# 2/45</p><p>A partir do momento em que a economia brasileira logrou sucesso</p><p>com o Plano Real no combate à inflação, e sobretudo após a crise</p><p>cambial de 1999, com a implantação do tripé macroeconômico, as</p><p>prioridades de economistas e os anseios do mercado financeiro e</p><p>da sociedade como um todo deixaram de ser apenas a manutenção</p><p>da solidez da estabilidade macroeconômica alcançada. Agora,</p><p>priorizava-se também o aprofundamento de reformas, tanto do</p><p>ponto de vista estrutural, como a tributária, a fiscal, a política e a</p><p>continuidade da previdenciária, como também maior atenção aos</p><p>conflitos distributivos e à desigualdade social.</p><p>Em 2003, Luiz Inácio Lula da Silva, conhecido simplesmente como</p><p>Lula, chega à presidência da República, causando euforia popular e</p><p>temor nos mercados financeiros a respeito da manutenção dos</p><p>fundamentos dos anos FHC (Fernando Henrique Cardoso).</p><p>Em 2011, Dilma Rousseff herda uma situação econômica</p><p>confortável, mas não consegue manter uma taxa de crescimento</p><p>alta após o boom de preços de commodities. A maneira pela qual</p><p>Dilma escolhe lidar com essas adversidades acaba por perturbar os</p><p>fundamentos macroeconômicos, o que, somado a uma crise</p><p>política, leva a seu afastamento do cargo de presidente</p><p>(impeachment). As escolhas incluíram dois ajustes fiscais;</p><p>subsídios em demasia, que reforçaram a deterioração das contas</p><p>nacionais; e algumas políticas de intervenção em mercado, que</p><p>desagradaram setores importantes para a economia brasileira.</p><p>Este conteúdo está estruturado em dois módulos, um para cada</p><p>presidente. No primeiro módulo, há um estudo dos anos Lula e, no</p><p>segundo, dos anos Dilma.</p><p>Introdução</p><p>05/09/2024, 16:10 Economia brasileira no século 21: 2003 em diante</p><p>https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212ge/02402/index.html?brand=estacio# 3/45</p><p>1 - Governos Lula: manutenção de fundamentos, expansão</p><p>social e crise de 2008</p><p>Ao �nal desse módulo, você será capaz de descrever aspectos da economia nos governos Lula.</p><p>A eleição de Lula</p><p>Para compreender os anos Lula, é preciso voltar às eleições de 2002,</p><p>momento em que o Partido dos Trabalhadores (PT) mudou</p><p>significativamente suas propostas para a economia brasileira. Por um</p><p>lado, houve documentos e apresentações do partido em que se</p><p>mantinham claramente as ideias do partido durante a década de 1990 ,</p><p>como calote na dívida externa, suspensão dos juros da dívida interna e</p><p>nacionalização de empresas (ou seja, reversão das privatizações).</p><p>Ao longo de 2001 e 2002, porém, o PT não defendeu esses assuntos,</p><p>como havia feito nas eleições de 1989, 1994 e 1998. A simples</p><p>possibilidade de se abrir debate a respeito desses temas por parte de</p><p>nomes do alto escalão do partido – nomes cotados para ocupar cargos</p><p>no eventual governo do PT – gerava animosidade nos mercados.</p><p>05/09/2024, 16:10 Economia brasileira no século 21: 2003 em diante</p><p>https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212ge/02402/index.html?brand=estacio# 4/45</p><p>Percebendo que seria preciso romper a barreira de 30% dos votos,</p><p>média do desempenho histórico de Lula, mas insuficiente para vencer as</p><p>eleições, o PT muda gradualmente o discurso, a começar pela escolha</p><p>do então prefeito de Ribeirão Preto, Antonio Palocci, para a coordenação</p><p>de campanha de Lula. Palocci era um quadro menos expressivo do</p><p>comando do partido e mais afastado das decisões centrais, ao mesmo</p><p>tempo em que tinha bom trânsito entre mercado, políticos e</p><p>empresários. A esse fato, foram somadas: a “Carta aos brasileiros”, em</p><p>que o PT se comprometia a manter as conquistas de estabilidade</p><p>macroeconômica dos anos anteriores; e a escolha de José Alencar</p><p>(empresário bem sucedido de mineração) para a chapa de Lula na</p><p>condição de vice-presidente.</p><p>O PT gradualmente se afastou do seu discurso tradicional,</p><p>e se aproximou de forças políticas a que antes se opunha,</p><p>em busca de uma coalização capaz de vencer as eleições.</p><p>Giambiagi (2011) considera que, além do faro eleitoral, pesaram para</p><p>essa inflexão dois fatores. O primeiro foi a crise argentina de 2001 e o</p><p>medo de um efeito contágio, uma vez que, no país vizinho, havia</p><p>ocorrido uma interrupção do crédito externo. O segundo foi a própria</p><p>percepção de que a situação externa do Brasil dependeria ainda</p><p>fortemente dos empréstimos estrangeiros e do FMI (Fundo Monetário</p><p>Internacional). Sem esses empréstimos, faltaria moeda forte (dólar) no</p><p>país, e o início do governo Lula poderia sofrer um quadro de depreciação</p><p>cambial. E essa depreciação, por sua vez, poderia gerar inflação</p><p>acelerada e risco de insolvência, uma vez que grande parte da dívida era</p><p>atrelada direta ou indiretamente ao dólar.</p><p>Efeito contágio</p><p>Risco de a crise econômica de um país afetar outro. Por exemplo, a</p><p>crise argentina poderia prejudicar diretamente a economia brasileira</p><p>por conta das relações comerciais entre os países, ou investidores</p><p>internacionais poderiam retirar recursos da América Latina como um</p><p>todo em resposta a uma crise em apenas um país.</p><p>05/09/2024, 16:10 Economia brasileira no século 21: 2003 em diante</p><p>https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212ge/02402/index.html?brand=estacio# 5/45</p><p>Insolvência</p><p>Incapacidade de pagamento. Por exemplo, empresas ou o governo</p><p>podem não conseguir honrar dívidas em dólar.</p><p>O programa do PT lançado para as eleições de 2002 corrobora essa</p><p>percepção e leva a uma melhora dos mercados. Porém, em 2002, há</p><p>uma forte crise cambial, causada em parte pelo chamado “risco Lula”,</p><p>que adicionou prêmio de risco aos ativos brasileiros – ou seja, os</p><p>investidores nacionais e internacionais reduziram o interesse em ativos</p><p>do país dada sua percepção de risco econômico, só aceitando adquiri-</p><p>los quando houvesse expectativa de um retorno maior. Além disso,</p><p>houve um conjunto de mudanças regulatórias na gestão cambial por</p><p>parte do Banco Central, o que também afetou a demanda dos</p><p>investidores.</p><p>No segundo semestre de 2002, a taxa de câmbio depreciou para mais</p><p>de R$3,30 e o risco-país se elevou de 700 para 1400 bps. Os juros</p><p>futuros dispararam e as LFTs (pós-fixadas) chegaram a cotar 120% ao</p><p>ano. Isso em um cenário com apenas 20 bilhões de dólares em reservas</p><p>internacionais, déficit corrente de 5% do PIB e conta capital</p><p>predominantemente volátil e de curto prazo, com forte caráter</p><p>especulativo. Em suma: houve grande saída de recursos do país, diante</p><p>da insegurança dos investidores em relação à economia brasileira,</p><p>gerando depreciação cambial e aumento dos juros.</p><p>bps</p><p>05/09/2024, 16:10 Economia brasileira no século 21: 2003 em diante</p><p>https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212ge/02402/index.html?brand=estacio# 6/45</p><p>BPs são pontos base: simplesmente uma unidade de medida</p><p>tipicamente usada no mercado financeiro. Por exemplo, se um título</p><p>tinha um retorno de 5% e passa para 5,50%, houve um aumento de 50</p><p>pontos base.</p><p>LFTs</p><p>Letra Financeira do Tesouro, um título público chamado hoje de</p><p>Tesouro Selic. É um título pós-fixado, ou seja, sua remuneração não é</p><p>conhecida de antemão, mas</p><p>acompanha a taxa Selic, a taxa básica</p><p>de juros estabelecida pelo Banco Central. Quando a Taxa Selic</p><p>aumenta, a remuneração da LFT também aumenta, por isso é um</p><p>título público comprado, em geral, por pessoas que acham que a</p><p>Selic vai aumentar.</p><p>Nesse contexto, por meio da Circular 3086 do Banco Central, a</p><p>autoridade monetária remarcou os fundos de investimento a preços de</p><p>mercado, gerando alta volatilidade dos preços dos títulos públicos, o</p><p>que aumentou a necessidade de financiamento da dívida interna.</p><p>A situação foi agravada por mais dois elementos:</p><p>1. O Regime Especial de Tributação, que impôs a antecipação do</p><p>pagamento de impostos atrasados para recompor a arrecadação</p><p>federal.</p><p>2. Os leilões de LFTs casados com oferta de swaps cambiais para</p><p>conferir hedge aos investidores, de forma que não precisassem sair</p><p>05/09/2024, 16:10 Economia brasileira no século 21: 2003 em diante</p><p>https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212ge/02402/index.html?brand=estacio# 7/45</p><p>do país. Se você ainda não estudou esses conceitos, não há</p><p>problema: basta saber que os swaps cambiais, ofertados pelo</p><p>Banco Central, funcionam como um seguro contra grandes</p><p>variações da taxa de câmbio, evitando que o investidor tenha</p><p>grandes perdas.</p><p>A primeira medida gerou um aumento do financiamento no mercado de</p><p>títulos públicos. Já a segunda provocou um aumento da demanda por</p><p>dólares. Essas medidas conjugadas reforçaram a crise cambial, que</p><p>durou até o final do ano de 2002. É esse o cenário macroeconômico que</p><p>Lula encontra em janeiro de 2003, quando assume a presidência.</p><p>A fase Palocci dos anos Lula: ajuste</p><p>�scal e manutenção dos</p><p>fundamentos macroeconômicos</p><p>As primeiras medidas</p><p>O governo Lula inicia-se com um documento do Ministério da Fazenda,</p><p>sob a gestão de Antonio Palocci, intitulado “Política econômica e</p><p>reformas estruturais”, que propunha um modelo que combinaria três</p><p>elementos: desenvolvimento econômico, estabilidade macroeconômica</p><p>e redirecionamento dos gastos públicos para as classes menos</p><p>favorecidas.</p><p>Comentário</p><p>José Alencar era do setor empresarial, que sofria com altas taxas de</p><p>juros. Lula buscava conciliar diferentes interesses: tanto a necessidade</p><p>de controlar a inflação, quanto o investimento produtivo e o crescimento</p><p>econômico.</p><p>05/09/2024, 16:10 Economia brasileira no século 21: 2003 em diante</p><p>https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212ge/02402/index.html?brand=estacio# 8/45</p><p>Na prática, o documento corroborou as intenções expressadas pelo PT</p><p>na mudança de tom ainda nas eleições de 2002 e acalmou ainda mais</p><p>as expectativas do mercado. Por outro lado, a nomeação de Henrique</p><p>Meirelles para a presidência do Banco Central foi um forte sinal de</p><p>comprometimento com os fundamentos macroeconômicos, uma vez</p><p>que Meirelles havia sido presidente internacional do Bank Boston e era</p><p>filiado ao PSDB. Meirelles, embora não tivesse autonomia legal, ganhou</p><p>status de ministro e gozou de liberdade para manejar a política</p><p>monetária sem interferência do presidente, muito embora as críticas do</p><p>vice José Alencar, por vezes, tenham gerado constrangimento.</p><p>Por seu turno, o governo adotou como primeiras medidas o aumento</p><p>das metas de superávit primário (Diferença entre receitas e despesas do</p><p>governo, excetuando despesas financeiras), pois percebeu que o</p><p>resultado primário necessário para estabilizar a dívida não seria mais o</p><p>mesmo definido pelo governo anterior em linha com o FMI. Isso porque</p><p>a dívida já havia se deteriorado com o aumento dos juros, com a</p><p>contração do PIB (Produto Interno Bruto) e com a expectativa de novos</p><p>aumentos de juros para combater a inflação. Esse aumento de juros</p><p>elevou o custo fiscal do serviço da dívida pública.</p><p>Dessa maneira, as metas de superavit primário aumentaram de 3,75%</p><p>do PIB para 4,25% em 2003. A meta de 4,25% foi ainda fixada para os</p><p>anos de 2004, 2005 e 2006, garantindo ainda mais o comprometimento</p><p>do governo com uma política fiscal restritiva, o que agradava o mercado.</p><p>Por sua vez, as metas de inflação anunciadas para 2003 e 2004 foram</p><p>satisfatórias, atendendo às expectativas, sendo de 8,5% para o primeiro</p><p>ano de governo e de 5,5% para o segundo. A meta maior para o primeiro</p><p>buscava acomodar os choques cambiais do ano anterior.</p><p>Com as medidas tomadas pelo governo, o risco-país voltou para 700</p><p>bps em março de 2003, depois de ter chegado a mais de 2000 em</p><p>dezembro de 2002. Entretanto, a taxa de câmbio acumulava alta de 70%</p><p>em 12 meses e a expectativa de inflação para 2003 estava em 11%,</p><p>mesmo com Selic a 25% ao final de 2002.</p><p>Comentário</p><p>Lembre-se de que a depreciação cambial pode gerar aumento da</p><p>inflação: bens importados, bens que competem com importados, e bens</p><p>vendidos ao exterior ficam mais caros. A taxa Selic é um instrumento</p><p>para combater a inflação: quando aumenta, os investimentos produtivos</p><p>ficam menos rentáveis em comparação ao mero investimento em títulos</p><p>públicos. Uma taxa Selic de 25% é extremamente alta, e ainda assim</p><p>havia o risco de que não fosse suficiente para controlar a inflação.</p><p>05/09/2024, 16:10 Economia brasileira no século 21: 2003 em diante</p><p>https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212ge/02402/index.html?brand=estacio# 9/45</p><p>No primeiro semestre de 2003, as medidas de política econômica e a</p><p>melhora da balança comercial levaram a taxa de câmbio para três reais,</p><p>uma apreciação significativa. Além disso, o acordo com o FMI foi</p><p>renovado, mas o governo não precisou acessar a linha de crédito do</p><p>Fundo, pois o capital externo voltou a entrar no país. A balança</p><p>comercial superou os 13 bilhões de dólares e o déficit em conta corrente</p><p>caiu para menos de 8 bilhões. Por seu turno, a maior entrada de capitais</p><p>foi favorecida pela baixa de juros americanos, que caíram para 1% ao</p><p>ano: dessa forma, os investidores tinham menos retorno nos Estados</p><p>Unidos, e passaram a procurar outros países para investir. Dizemos que</p><p>havia uma grande liquidez (abundância de recursos) no mundo, o que</p><p>continuou por um longo período.</p><p>Mesmo assim, sentindo os efeitos do repasse cambial, a inflação</p><p>chegou a 17% em maio e, a partir daí, começou a arrefecer. Para isso, a</p><p>política monetária foi bastante restritiva com a taxa básica Selic, que foi</p><p>de 25% para 26,5% ao ano, para somente após maio, começar a se</p><p>reduzir, chegando a 8% em 2004. A inflação fechou 2003 em 9,3%, acima</p><p>da meta, mas bem abaixo do pico das expectativas.</p><p>As reformas propostas</p><p>No plano reformista, duas propostas foram encaminhadas ao</p><p>Congresso Nacional, o que gerou insatisfação na base mais à esquerda</p><p>dentro do PT. A primeira foi a reforma tributária e a segunda a reforma</p><p>da Previdência.</p><p>Segundo Giambiagi (2011), a reforma tributária tinha quatro objetivos:</p><p> Unificação da legislação do ICMS (Imposto sobre</p><p>Circulação de Mercadorias e Serviços).</p><p>05/09/2024, 16:10 Economia brasileira no século 21: 2003 em diante</p><p>https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212ge/02402/index.html?brand=estacio# 10/45</p><p>Já a reforma da Previdência foi voltada para o RPPS (Regime Próprio de</p><p>Previdência Social, dos funcionários públicos) e tinha as seguintes</p><p>características:</p><p>1. Taxação dos inativos à mesma alíquota dos ativos.</p><p>2. Aplicação de um redutor para pensões acima de determinado piso</p><p>de isenção.</p><p>3. Aumento das idades mínimas (60 para homens e 55 para</p><p>mulheres).</p><p>4. Definição do mesmo teto do INSS (dos funcionários do setor</p><p>privado) para os novos servidores públicos, com possibilidade de</p><p>previdência complementar. Ou seja, o setor público não garantiria</p><p>aos servidores um valor máximo diferente do que um trabalhador</p><p>privado obtinha: tanto um quanto outro precisaria recorrer a uma</p><p>forma adicional de poupança (como a previdência complementar)</p><p>para receber além do teto.</p><p>A gestão da dívida pública</p><p>A partir de setembro de 2004, há novo ciclo de aumentos da taxa de</p><p>juros (Selic), que saiu de 16% para 19,75% em maio de 2005. A medida</p><p>foi uma reação para a alta de preços de commodities. Nesse momento,</p><p> Padronização da Desvinculação de Receitas da</p><p>União (DRU).</p><p> Renovação da contribuição da CPMF (Contribuição</p><p>Provisória sobre Movimentação Financeira).</p><p> Transformação do COFINS (Contribuição para o</p><p>Financiamento da Seguridade Social) em tributação</p><p>sobre valor adicionado, não mais em cascata.</p><p>05/09/2024, 16:10 Economia brasileira no século 21: 2003 em diante</p><p>https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212ge/02402/index.html?brand=estacio# 11/45</p><p>havia a aceleração do crescimento chinês, que foi fundamental para</p><p>aumentar os preços de commodities em dólar e também a demanda</p><p>externa para a economia brasileira.</p><p>Afinal, o que são commodities?</p><p>Resposta</p><p>Commodities são bens extraídos diretamente, com pouco ou nenhum</p><p>processamento, como minério de ferro ou soja. São fundamentais para</p><p>qualquer país em crescimento, e a China, que começava a acelerar seu</p><p>processo de crescimento econômico para atingir níveis poucas vezes</p><p>vistos, demandava quantidades cada vez maiores de commodities</p><p>brasileiras, o que provoca uma pressão sobre os preços.</p><p>A política restritiva do BCB (Banco Central do Brasil) tentou evitar</p><p>aumento da inflação, que estava pressionada pelo preço do petróleo,</p><p>entre outras commodities, e a redução do hiato do produto. Outros</p><p>ciclos de aperto nos anos Lula ocorreram entre abril e setembro de 2008</p><p>(de 11,25% para 13,75%) por conta do aquecimento da atividade no pré-</p><p>crise global, e entre abril e junho de 2010 (de 8,75% para 10,75%) como</p><p>resposta à recuperação acelerada no pós-crise.</p><p>No plano externo, a melhora dos termos de troca e a abundância de</p><p>liquidez foram decisivas para a trajetória de apreciação da taxa de</p><p>câmbio. Nesse contexto, há duas mudanças importantes na gestão da</p><p>dívida pública e em seu perfil. Com a entrada crescente de fluxo de</p><p>moeda estrangeira por conta dos efeitos China (alta demanda provoca</p><p>altos preços) e EUA (baixos juros externos provocam entrada de capitais</p><p>no Brasil), houve melhora na conta corrente (efeito China) e na conta</p><p>capital e financeira (efeito EUA).</p><p>Hiato de produto</p><p>Diferença entre o PIB potencial, que se pode atingir com pleno</p><p>emprego de fatores de produção, e o PIB real. Quanto menor é esse</p><p>hiato, mais difícil é aumentar a produção, o que pode gerar aumento</p><p>de preços.</p><p>05/09/2024, 16:10 Economia brasileira no século 21: 2003 em diante</p><p>https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212ge/02402/index.html?brand=estacio# 12/45</p><p>Nesse cenário, o BCB adotou uma política de compra de reservas</p><p>internacionais esterilizada. Se você ainda não estudou esse tipo de</p><p>operação, basta saber que o BCB comprava os dólares que entravam no</p><p>país e os usava para comprar títulos públicos americanos, que</p><p>compunham as reservas internacionais do Brasil. Para comprar esses</p><p>dólares, porém, o BCB usa naturalmente a moeda brasileira: reais. Logo,</p><p>uma entrada de dólares acaba provocando um aumento da quantidade</p><p>de moeda (reais) em circulação na economia, o que representa um</p><p>afrouxamento monetário, ou uma redução da taxa Selic. Para evitar essa</p><p>redução, o BCB precisa comprar esses reais para tirá-los de circulação, e</p><p>para isso vende títulos públicos, o que “esteriliza” o aumento da oferta</p><p>de moeda causado pela compra de dólares. Para simplificar: no fim das</p><p>contas, o BCB simplesmente compra dólares e vende títulos públicos.</p><p>Por um lado, essa venda de títulos públicos era contabilizada como um</p><p>aumento da dívida bruta (tecnicamente, tratam-se das chamadas</p><p>operações compromissadas, que têm esse registro contábil). Por outro</p><p>lado, houve redução da dívida líquida, já que as reservas internacionais</p><p>são contabilizadas na dívida líquida.</p><p>Finalmente, o grande ponto positivo nesse caso foi que o Brasil se</p><p>tornou credor externo líquido, pois o volume em dólares de reservas</p><p>superou o estoque de passivo externo (pense em dívidas para</p><p>simplificar) em dólar. Esse estoque parou de aumentar porque o Brasil</p><p>não fez empréstimos junto ao FMI e a organismos internacionais.</p><p>A partir desse momento, nota-se uma reversão de um padrão histórico</p><p>na economia brasileira, já que, antes, um processo de depreciação</p><p>cambial deteriorava os indicadores fiscais por meio de um aumento da</p><p>dívida externa. Agora, a depreciação cambial reduzia a dívida!</p><p>Saiba mais</p><p>Uma depreciação da taxa de câmbio aumentava em reais os valores das</p><p>reservas denominadas em dólares e, assim, o ativo do BCB aumentava</p><p>em reais sem necessidade de aumento de compras de novos dólares,</p><p>isto é, sem alterações no estoque do ativo.</p><p>05/09/2024, 16:10 Economia brasileira no século 21: 2003 em diante</p><p>https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212ge/02402/index.html?brand=estacio# 13/45</p><p>Na prática, isso se configurou um enorme avanço institucional à medida</p><p>que mitigava a vulnerabilidade externa do país, sobretudo com a</p><p>redução do risco de ataques especulativos tão comuns nos anos 1990.</p><p>Esse aumento de reservas foi elemento-chave no bom enfrentamento da</p><p>crise global de 2008.</p><p>É importante pontuarmos que a melhora do per�l da dívida</p><p>também se deu por outro aspecto no âmbito interno.</p><p>Com a melhora dos indicadores fiscais, com o comprometimento do</p><p>governo em manter os pilares da economia e com o cenário externo</p><p>favorável, a avaliação do país nos mercados externos melhorou. Nessa</p><p>seara, o Tesouro Nacional aproveitou para trocar títulos indexados à</p><p>taxa de câmbio ou em dólares por títulos indexados em reais,</p><p>notadamente, LFTs, por estarem atrelados a uma taxa Selic crescente,</p><p>ou em NTNs-B (Notas do Tesouro Nacional, título público atrelado à</p><p>inflação), que garantiam uma parcela pré-fixada atrativa e uma parte</p><p>flutuante que acompanharia a inflação.</p><p>Isso foi possível porque o país atraía investidores menos preocupados</p><p>com instabilidade cambial, e que portanto não precisavam de proteção</p><p>contra variações cambiais. Na prática, o país atraía investidores que</p><p>pensavam mais no longo prazo, e que acreditavam nos fundamentos da</p><p>economia do país.</p><p>Vale lembrar que a boa avaliação da dívida brasileira culminou em 2008</p><p>com a obtenção do grau de investimento por parte das principais</p><p>agências de rating internacional. Na prática, ainda houve venda de</p><p>títulos pré-fixados nos momentos de queda esperada na taxa Selic, ou</p><p>seja, o Tesouro Nacional (TN) ia a mercado resgatar títulos em dólares</p><p>ou indexados ao câmbio e, assim, vendia novos títulos mais longos e</p><p>indexados a taxas de juros internas com liquidação em reais.</p><p>05/09/2024, 16:10 Economia brasileira no século 21: 2003 em diante</p><p>https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212ge/02402/index.html?brand=estacio# 14/45</p><p>Vamos resumir essa melhoria da situação �scal. Quando o</p><p>país tem poucos investidores, é difícil para o governo</p><p>�nanciar a dívida pública.</p><p>É necessário garantir aos investidores proteção contra variações</p><p>cambiais, e contra mudanças na taxa de juros (Selic). Com um aumento</p><p>do investimento no país, seja por maior volume de recursos</p><p>internacionais ou por maior confiança no país, torna-se menos</p><p>necessário recorrer a esse tipo de proteção, que é boa para os</p><p>investidores, mas é cara para o país porque gera uma dívida pública</p><p>instável, por ser muito dependente de fatores conjunturais que afetam</p><p>os juros e o câmbio.</p><p>Esse elemento foi muito importante, pois conferiu maior autonomia</p><p>monetária e fiscal ao governo Lula, que pôde, assim, não ter maiores</p><p>preocupações com o longo prazo nem com a sustentabilidade fiscal.</p><p>A fase Mantega: expansão social,</p><p>crise de 2008 e a mudança de</p><p>orientação de política econômica</p><p>Os novos rumos</p><p>Havia um entendimento dentro do PT e do núcleo duro do governo que o</p><p>ajuste fiscal e a política de sinalização para “agradar aos mercados”, ao</p><p>mesmo tempo em que serviria para conciliar classes, seria útil para</p><p>evitar adversidades no plano financeiro ao novo governo. Essa análise</p><p>consta em Barbosa (2013), que versa acerca do ajuste ter sido exigido</p><p>também por conta do fim das arrecadações não recorrentes, como os</p><p>recursos obtidos com privatizações, ao passo que o aperto da política</p><p>monetária levaria a uma alta da despesa financeira, com</p><p>juros da dívida</p><p>pública.</p><p>05/09/2024, 16:10 Economia brasileira no século 21: 2003 em diante</p><p>https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212ge/02402/index.html?brand=estacio# 15/45</p><p>De fato, entre 2003-2005, a política fiscal foi contracionista: o gasto</p><p>primário total caiu 3% em termos reais. A partir de 2004, o aumento da</p><p>arrecadação foi financiado pelo aumento da carga tributária.</p><p>No entanto, apesar de haver insatisfação das alas mais à esquerda com</p><p>a orientação de política econômica do governo Lula, Palocci manteve-se</p><p>como um homem forte até 2005, quando, na esteira da crise política do</p><p>“mensalão”, recebeu acusações, perdeu força política e acabou</p><p>perdendo o posto. Guido Mantega, então presidente do BNDES e ex-</p><p>ministro do Planejamento, assume o comando da economia em março</p><p>de 2006.</p><p>Segundo Giambiagi (2011), a mudança de comando no Ministério da</p><p>Fazenda trouxe as seguintes mudanças no eixo de implementação da</p><p>política econômica:</p><p></p><p>Aumento da taxa de variação do gasto público em termos reais</p><p></p><p>Afrouxamento das metas do resultado primário, reduzindo-as.</p><p></p><p>Retirada dos gastos do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento)</p><p>do cálculo do resultado primário.</p><p></p><p>Aumento da importância do papel do BNDES na economia.</p><p>05/09/2024, 16:10 Economia brasileira no século 21: 2003 em diante</p><p>https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212ge/02402/index.html?brand=estacio# 16/45</p><p>A despeito dessa mudança de rumo na política econômica, a dívida</p><p>líquida continuou sendo reduzida por dois motivos. Primeiro: parte da</p><p>dívida era indexada ao dólar, portanto diminuía quando o real se</p><p>valorizava (pense que sua dívida em dólares no cartão de crédito, ao</p><p>fazer uma compra no exterior, fica mais barata quando o real está</p><p>apreciado). Segundo, houve uma redução da taxa de juros real. Em</p><p>termos de proporção do PIB, a dívida líquida caiu de 60% em 2002 para</p><p>40% em 2010, ao final dos anos Lula, sendo que a taxa de câmbio</p><p>respondeu por 75% desse ajuste.</p><p>A crise de 2008, o cenário externo pós-crise e</p><p>as políticas sociais e redistributivas</p><p>No final de 2008 e no começo de 2009, a eclosão da grande crise</p><p>financeira global, que, em um primeiro momento, parecia não afetar os</p><p>países da América Latina, começou a mostrar efeitos deletérios para a</p><p>atividade econômica.</p><p>A economia brasileira parou de crescer e houve uma frustração de</p><p>receitas do governo. Diante disso, o governo federal ampliou os</p><p>incentivos à economia por meio de políticas anticíclicas e houve uma</p><p>redução substancial dos resultados primários, com aumento da relação</p><p>dívida/PIB. Ou seja, o governo passou a gastar mais para tentar</p><p>sustentar a atividade econômica em resposta à crise global. Esse</p><p>esforço fez com que Lula conseguisse terminar o mandato com</p><p>desemprego muito baixo, na casa de 7% (contra 12% no começo de seu</p><p>primeiro mandato), e com maior formalização do mercado de trabalho.</p><p>Notamos uma mudança no setor externo que também</p><p>envolve a crise global.</p><p>Até 2005, o acúmulo de reservas provinha da conta corrente de forma</p><p>predominante: ou seja, as exportações brasileiras eram maiores que as</p><p>importações, e isso gerava uma entrada de dólares no país. Mas, a partir</p><p>05/09/2024, 16:10 Economia brasileira no século 21: 2003 em diante</p><p>https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212ge/02402/index.html?brand=estacio# 17/45</p><p>de então, passou a provir da conta capital, pois a apreciação do câmbio</p><p>deixou de favorecer os exportadores (lembre-se de que o câmbio</p><p>apreciado torna barato comprar produtos no exterior, mas deixa os</p><p>produtos brasileiros mais caros). Ou seja, a entrada de dólares passou a</p><p>ocorrer através de investimentos estrangeiros no país.</p><p>Exemplo</p><p>Compra de ações de empresas brasileiras na bolsa de valores.</p><p>Em ambos os casos, a entrada de dólares provoca apreciação cambial:</p><p>se temos muitos dólares no país, o dólar fica ‘barato’, ou seja,</p><p>precisamos de poucos reais para comprá-lo: isso é uma taxa de câmbio</p><p>apreciada.</p><p>Até a crise de 2008, a apreciação cambial não causou grandes impactos</p><p>adversos ao setor exportador, pois havia a forte demanda chinesa, que</p><p>compensou tal apreciação. A alta dos termos de troca muito</p><p>significativa (164% nos bens básicos e 134% nos manufaturados)</p><p>ajudou bastante nesse quadro. Após 2005, a balança comercial tornou-</p><p>se mais pujante pelo lado do valor – pois o boom de commodities</p><p>elevou os preços das exportações – do que pelo lado do quantum. Ou</p><p>seja, o aumento no valor exportado se deu principalmente por um</p><p>aumento dos preços dos produtos, e não da quantidade exportada. É</p><p>importante notar, porém, que o crescimento do PIB pós-crise levou a um</p><p>aumento das importações brasileiras, o que deteriorou a conta corrente.</p><p>Quais as principais medidas que se destacam na política</p><p>anticíclica de Lula?</p><p>Entre as medidas principais que se destacam na política anticíclica de</p><p>Lula em seu segundo mandato, temos a expansão do crédito e do</p><p>consumo das famílias, notadamente por meio das linhas de crédito</p><p>consignado. O consumo das famílias passa a responder por grande</p><p>parte da melhora do PIB, passando da alta de 2% em 2003 para 6,5%</p><p>entre 2005 e 2010 em termos reais. Além disso, houve também as</p><p>políticas de transferência de renda direta a indivíduos que fortaleceram</p><p>o Bolsa Família.</p><p>05/09/2024, 16:10 Economia brasileira no século 21: 2003 em diante</p><p>https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212ge/02402/index.html?brand=estacio# 18/45</p><p>Originalmente, o Bolsa Família constituiu-se da agregação de cinco</p><p>programas mais modestos nos anos FHC: Bolsa-Escola, Bolsa-</p><p>Alimentação, Auxílio Gás, Cartão Alimentação e Erradicação do Trabalho</p><p>Infantil. Com o novo programa, mais turbinado e com mais capilaridade,</p><p>a distância entre os mais ricos e os mais pobres foi reduzida, com a</p><p>renda per capita dos 10% mais ricos subindo 1,5% ao ano e a dos mais</p><p>pobres subindo 6,8% ao ano. Ao final dos anos Lula, o programa atendia</p><p>a 12 milhões de famílias a um custo baixo de apenas 0,5% do PIB, o que</p><p>representa um gasto extremamente baixo dados os resultados obtidos.</p><p>05/09/2024, 16:10 Economia brasileira no século 21: 2003 em diante</p><p>https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212ge/02402/index.html?brand=estacio# 19/45</p><p>O índice de Gini – indicador de desigualdade – caiu de</p><p>0,57 para 0,52 entre 2001 e 2009 (quando mais baixo,</p><p>menor a desigualdade). A causa foi além do Bolsa</p><p>Família: ocorreu também a valorização do salário-</p><p>mínimo em termos reais.</p><p>Os ajustes do salário-mínimo passaram a ser acima da inflação, o que</p><p>conferia um caráter de aumento real do rendimento do trabalho. O</p><p>resultado patente foi o ingresso de 29 milhões de pessoas na nova</p><p>classe média, em um modelo que combinava expansão do crédito, do</p><p>consumo e dos salários reais. O IDH, que agrega indicadores de saúde,</p><p>educação e renda, saiu de 0,65 em 2000 para 0,69 em 2010. Outro ponto</p><p>de destaque foi a correção de aposentadorias e pensões também acima</p><p>da inflação, induzindo a um aumento do componente do gasto</p><p>autônomo fundamental para o processo de crescimento com redução</p><p>da desigualdade, também por meio do LOAS e do seguro-desemprego.</p><p>LOAS</p><p>Lei Orgânica de Assistência Social que define o Benefício</p><p>Assistencial, um auxílio financeiro a pessoas pobres acima de 65</p><p>anos ou com alguma deficiência.</p><p>Um ponto sempre levantado pela crítica é que:</p><p>05/09/2024, 16:10 Economia brasileira no século 21: 2003 em diante</p><p>https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212ge/02402/index.html?brand=estacio# 20/45</p><p>Nesse sentido, a transferência de renda acabou sendo da classe média</p><p>alta para os mais pobres e não da classe alta para baixo. O avanço na</p><p>redução da desigualdade teria sido assim mais instável por depender</p><p>apenas de programas sociais e da política de valorização real do salário-</p><p>mínimo, e não de uma peça legal que garantisse de maneira</p><p>institucional a continuidade desse processo para além dos governos do</p><p>PT.</p><p>De modo geral, nos anos Lula, conforme destaca Giambiagi (2011),</p><p>houve uma mudança acerca da percepção interna e externa do Brasil.</p><p>Essa percepção foi corroborada pelo aumento da importância da China</p><p>na economia mundial, como um player importante e que passa a</p><p>responder por 15% das exportações brasileiras; pela maior parcela de</p><p>consumo de países emergentes sobre bens brasileiros, sobretudo:</p><p>1. Exploração de minério de ferro;</p><p>2. Produção de soja;</p><p>3. Produção de papel e celulose;</p><p>4. Exploração do etanol;</p><p>5. Descoberta do pré-sal;</p><p>6. Importância dos biocombustíveis;</p><p>7. Copa do Mundo de 2014;</p><p>8. Jogos Olímpicos no Rio 2016.</p><p>Biocombustíveis</p><p>O repique dos preços do petróleo estimula a busca por energias</p><p>alternativas, pelo risco ambiental de combustíveis fósseis e pelos</p><p>problemas constantes de geopolítica nos países produtores de</p><p>petróleo, o que confere maior instabilidade ao petróleo.</p><p>A possibilidade de realização no país de mega eventos, como a Copa do</p><p>Mundo de 2014 e os Jogos Olímpicos no Rio 2016, trouxe aumento dos</p><p>investimentos em formação bruta de capital fixo (em infraestrutura,</p><p>05/09/2024, 16:10 Economia brasileira no século 21: 2003 em diante</p><p>https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212ge/02402/index.html?brand=estacio# 21/45</p><p>setor aeroespacial e setor de telecomunicações) e em turismo e</p><p>serviços.</p><p>A descoberta do pré-sal, embora aparentemente seja um problema por</p><p>conta das questões ambientais associadas aos combustíveis fósseis,</p><p>foi importante ao permitir o aumento dos investimentos da Petrobras,</p><p>responsável por grande parte da formação bruta de capital fixo (FBKF)</p><p>no país.</p><p>Ao mesmo tempo, o país assumiu maior protagonismo nas relações</p><p>diplomáticas com a inserção do G-20 como órgão de maior importância</p><p>no contexto das decisões globais, que não ficaram mais restritas</p><p>somente ao G-8.</p><p>Saiba mais</p><p>Os sete países mais industrializados do mundo, à exceção da União</p><p>Soviética, formaram em 1975 o G7. Em 1997, o grupo passou a incluir a</p><p>Rússia e se chamar G8. Uma coalização maior, com diversos países em</p><p>desenvolvimento, incluindo o Brasil, foi formada em 1999: o G20.</p><p>Revisão do módulo 1</p><p>Neste vídeo, o especialista retorna a questões como a tensão do</p><p>mercado nas eleições de 2002 e a crise cambial, além de abordar a</p><p>mudança de tom do PT: da carta aos brasileiros às primeiras medidas</p><p>no governo, entre outros assuntos estudados.</p><p></p><p>05/09/2024, 16:10 Economia brasileira no século 21: 2003 em diante</p><p>https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212ge/02402/index.html?brand=estacio# 22/45</p><p>Falta pouco para atingir seus objetivos.</p><p>Vamos praticar alguns conceitos?</p><p>Questão 1</p><p>Quais foram as duas reformas do ponto de vista estrutural</p><p>propostas por Lula em seu primeiro ano de mandato?</p><p>05/09/2024, 16:10 Economia brasileira no século 21: 2003 em diante</p><p>https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212ge/02402/index.html?brand=estacio# 23/45</p><p>Parabéns! A alternativa A está correta.</p><p>As primeiras e únicas medidas de Lula no plano das reformas foi a</p><p>apresentação de uma reforma tributária, que unificou o ICMS,</p><p>padronizou a DRU, renovou a CPMF e impôs cobrança sobre valor</p><p>adicionado sobre o COFINS, e uma previdenciária voltada para o</p><p>RPPS.</p><p>Questão 2</p><p>Quais foram as consequências dos chamados efeitos China e EUA,</p><p>respectivamente, sobre o primeiro mandato dos governos Lula?</p><p>A Tributária e previdenciária.</p><p>B Trabalhista e previdenciária.</p><p>C Política e do Judiciário.</p><p>D Fiscal e bancária.</p><p>E Política e constitucional.</p><p>A Aumento da inflação interna e da inflação externa.</p><p>B</p><p>Aumento do preço de commodities e da demanda</p><p>externa e ampliação da liquidez.</p><p>C</p><p>Redução da liquidez global e aumento dos preços</p><p>externos.</p><p>05/09/2024, 16:10 Economia brasileira no século 21: 2003 em diante</p><p>https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212ge/02402/index.html?brand=estacio# 24/45</p><p>Parabéns! A alternativa B está correta.</p><p>O crescimento chinês, à medida em que aumentou suas</p><p>importações, elevou as exportações brasileiras em quantidade e,</p><p>especialmente, em preço. Por sua vez, a política monetária norte-</p><p>americana de juros baixos tornou mais atraente investir no Brasil,</p><p>que praticava taxas mais altas. Assim, capitais externos puderam</p><p>entrar pela conta capital e financeira por conta do efeito EUA e pela</p><p>conta comercial pelo efeito China.</p><p>2 - Os anos Dilma Rousseff: deterioração externa, nova matriz</p><p>e crise política</p><p>Ao �nal desse módulo, você será capaz de descrever aspectos da economia nos governos</p><p>Dilma.</p><p>D Queda dos preços externos e dos juros externos.</p><p>E</p><p>Queda da inflação interna e aumento da inflação</p><p>externa.</p><p>05/09/2024, 16:10 Economia brasileira no século 21: 2003 em diante</p><p>https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212ge/02402/index.html?brand=estacio# 25/45</p><p>O primeiro ano do governo Dilma</p><p>O governo Dilma Rousseff inicia-se em janeiro de 2011 com um desafio:</p><p>a gestão macroeconômica herdada do ano de 2010. O cenário era de</p><p>aceleração do crescimento do produto com altas da taxa de inflação.</p><p>Uma parte dos economistas defendia um forte ajuste fiscal para</p><p>compensar a expansão de gastos incorrida no pós-crise de 2008. A</p><p>redução do superávit primário gerou uma pressão inflacionária que</p><p>poderia prejudicar a economia nos anos seguintes. Por outro lado,</p><p>alguns economistas interpretavam os dados de consumo e investimento</p><p>como indicativo de que os investimentos poderiam ser aumentados sem</p><p>gerar inflação no curto prazo, nem capacidade ociosa no longo prazo.</p><p>Eles acreditavam que os dados apenas mostravam que, devido ao alto</p><p>crescimento, parte da demanda interna “vazava” para o exterior sob a</p><p>forma de importações, e portanto seria possível atender a essa</p><p>demanda com maior produção interna.</p><p>A seguir vamos compreender alguns marcos desse governo:</p><p>2010</p><p>Lucro na economia como</p><p>correção da forte alta no ano de</p><p>2010.</p><p>05/09/2024, 16:10 Economia brasileira no século 21: 2003 em diante</p><p>https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212ge/02402/index.html?brand=estacio# 26/45</p><p>Ainda havia outra fonte de pressão: o declínio da taxa de lucro na</p><p>economia como correção da forte alta no ano de 2010. Esse quadro era</p><p>agravado pelo longo ciclo de apreciação da taxa de câmbio na esteira de</p><p>taxas de juros elevadas. Ou seja, ao mesmo tempo as empresas</p><p>brasileiras tinham dificuldade para obter crédito (por causa de juros</p><p>altos) e para competir com empresas estrangeiras (porque a taxa de</p><p>câmbio apreciada tornava as importações mais baratas).</p><p>2011</p><p>Elevada taxa de juros Selic de</p><p>janeiro até julho de 2011.</p><p>2018</p><p>“Nova Matriz Macroeconômica”,</p><p>que Carvalho (2018) denomina</p><p>de “Agenda FIESP”.</p><p>05/09/2024, 16:10 Economia brasileira no século 21: 2003 em diante</p><p>https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212ge/02402/index.html?brand=estacio# 27/45</p><p>Do lado monetário, alguns economistas comentavam que a inflação não</p><p>precisaria ser domada com alta de juros, dado que resultava de um</p><p>processo de recuperação econômica combinado com a continuidade da</p><p>melhoria da distribuição de renda, com maior consumo de serviços, e</p><p>com a alta do salário real. Seria, portanto, uma inflação com</p><p>componente salarial predominante – ou seja, seria uma inflação</p><p>decorrente do próprio aumento de poder de compra.</p><p>O governo optou por um breve ajuste fiscal e uma política monetária</p><p>restritiva, que teve curtíssima duração. O resultado primário aumentou e</p><p>houve contingenciamento das despesas ao longo de todo o ano, com</p><p>ajuste mais voltado sobre custeio e funcionalismo, com leve</p><p>reestruturação de programas de infraestrutura que desaceleraram. A</p><p>rede de proteção social dos anos Lula e a política de valorização real do</p><p>salário-mínimo foram mantidas inalteradas. O Banco Central elevou a</p><p>taxa de juros Selic de janeiro até julho de 2011, quando chegou a 12,5%.</p><p>Como cita Barbosa (2013), a estratégia era de promover um soft landing,</p><p>ou seja, uma desaceleração suave e moderada da economia vista como</p><p>superaquecida, enquanto a inflação se reduziria.</p><p>Atenção!</p><p>Também foram adotadas as chamadas medidas macroprudenciais, que</p><p>englobavam aumento do compulsório dos bancos, aumento do</p><p>requerimento de capital bancário e elevação do Imposto</p><p>sobre</p><p>Operações Financeiras (IOF) sobre crédito pessoal. No entanto, esse</p><p>conjunto de medidas, combinado com um cenário externo adverso,</p><p>começou a pesar contra a economia. A reversão do quadro externo era</p><p>dada pela desaceleração chinesa e pelo aumento da incerteza nas</p><p>economias dos EUA e da zona do euro.</p><p>Compulsório dos bancos</p><p>Parcela dos depósitos de correntistas em bancos comerciais que</p><p>precisam obrigatoriamente ser depositados no Banco Central - ou</p><p>seja, os bancos comerciais não podem usar esses recursos para</p><p>05/09/2024, 16:10 Economia brasileira no século 21: 2003 em diante</p><p>https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212ge/02402/index.html?brand=estacio# 28/45</p><p>fazer empréstimos. Quanto maior o compulsório, mais restritiva é a</p><p>política de crédito.</p><p>Requerimento de capital bancário</p><p>De maneira simplificada, é um limite sobre o quanto os bancos</p><p>comerciais podem emprestar, dado o capital que possuem. Quanto</p><p>maior a exigência de capital, mais restritiva é a política de crédito.</p><p>Mesmo antes da percepção de que a economia estava se</p><p>desacelerando, o governo vinha insatisfeito com a apreciação da taxa de</p><p>câmbio, tanto pela perda de dinamismo da indústria interna quanto pelo</p><p>temor de que a taxa de câmbio muito baixa reduziria as margens para o</p><p>combate a inflações futuras. Assim, a fim de se evitar altas da Selic,</p><p>iniciou-se um processo de redução do crédito, o que reforçou a</p><p>contração do primeiro semestre de 2011.</p><p>A Nova Matriz Macroeconômica</p><p>Diante do quadro que se desenvolveu em 2011, em agosto desse</p><p>mesmo ano, o Banco Central iniciou um processo de corte da taxa de</p><p>juros entre agosto de 2011 e outubro 2012, quando chegou a 7,25%,</p><p>vinda de uma máxima de 12,5%. Essa política monetária expansionista</p><p>foi bastante criticada à época, por não garantir o cumprimento da meta</p><p>de inflação. Além disso, ocorria uma deterioração dos termos de troca</p><p>do país, o que diminuía a entrada de dólares no Brasil e, portanto, levava</p><p>a uma depreciação cambial – o que era reforçado pela própria queda da</p><p>taxa de juros, que tornava o país menos atraente para investidores</p><p>internacionais. Essa depreciação também gerava pressão inflacionária,</p><p>aumentando o problema.</p><p>O governo Dilma implantou a chamada “Nova Matriz Macroeconômica”,</p><p>que Carvalho (2018) denomina de “Agenda FIESP”. A referência é</p><p>pertinente, uma vez que o conjunto de medidas procurava justamente</p><p>favorecer a competitividade da indústria doméstica, notadamente pela</p><p>05/09/2024, 16:10 Economia brasileira no século 21: 2003 em diante</p><p>https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212ge/02402/index.html?brand=estacio# 29/45</p><p>via da depreciação da taxa de câmbio real: afinal, o câmbio depreciado</p><p>ajuda a indústria nacional ao tornar os produtos estrangeiros mais caros</p><p>no país, além de facilitar as exportações.</p><p>Veja a seguir algumas das principais medidas que caracterizaram o</p><p>novo regime econômico em 2012:</p><p></p><p>Aumento da regulação sobre fluxos de capitais e derivativos cambiais</p><p>para deter a apreciação do real.</p><p></p><p>Redução das metas de resultado primário.</p><p></p><p>Aumento do investimento público, sobretudo em programas como o</p><p>“Minha Casa, Minha Vida”.</p><p></p><p>Redução do IOF para o crédito pessoal.</p><p></p><p>Redução dos compulsórios.</p><p></p><p>Desonerações tributárias.</p><p>As desonerações merecem destaque, pois, na verdade, buscavam</p><p>diminuir o custo para as empresas do setor industrial contratarem</p><p>trabalhadores.</p><p>Saiba mais</p><p>05/09/2024, 16:10 Economia brasileira no século 21: 2003 em diante</p><p>https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212ge/02402/index.html?brand=estacio# 30/45</p><p>Essas desonerações foram a eliminação da contribuição patronal sobre</p><p>salários e substituição por contribuição patronal sobre faturamento, a</p><p>uma alíquota menor. A ideia era moderar o custo trabalhista para as</p><p>empresas empregarem mais, já que contariam com a desoneração</p><p>líquida.</p><p>Na teoria, a ideia era reduzir o custo relativo para a indústria que se</p><p>beneficiasse de um ganho (redução de custo) que as empresas do setor</p><p>de serviços não teriam. A lógica era compensar as indústrias, que</p><p>sofrem com a concorrência externa quando o câmbio está apreciado,</p><p>enquanto os serviços não estão expostos a esse tipo de concorrência:</p><p>afinal, você pode comprar um computador estrangeiro (bem industrial),</p><p>mas dificilmente irá a outro país apenas para cortar o cabelo (serviço).</p><p>No entanto, na prática, o governo acabou cedendo a pressões políticas e</p><p>abriu as desonerações para os serviços em quase sua totalidade de</p><p>setores. O resultado foi que não houve ganho relativo para a indústria,</p><p>uma vez que o ganho não foi restrito apenas a ela, ao mesmo tempo em</p><p>que houve deterioração das receitas da União, situação agravada pela</p><p>retração da atividade econômica: quanto mais fraca está a economia,</p><p>menor é o volume de tributos que o governo consegue arrecadar. O</p><p>efeito inflacionário também pode ser avaliado, uma vez que os serviços</p><p>puderam recompor ainda mais rapidamente suas margens de lucro</p><p>através do aumento de preços, o que é chamado de “inflação de lucros”.</p><p>No arcabouço da Nova Matriz Macroeconômica, o governo Dilma</p><p>implantou um modelo de concessões de infraestrutura para acelerar o</p><p>investimento nas áreas de rodovias, ferrovias, portos e aeroportos. Esse</p><p>modelo se deu por leilões de lotes de infraestrutura. Na área de petróleo</p><p>05/09/2024, 16:10 Economia brasileira no século 21: 2003 em diante</p><p>https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212ge/02402/index.html?brand=estacio# 31/45</p><p>e gás, o modelo de concessão foi substituído por um contrato de</p><p>partilha, em que a Petrobras seria a responsável pela operação com 30%</p><p>de participação nos campos de petróleo, e também pela condução,</p><p>exploração, avaliação, desenvolvimento e produção.</p><p>Os investidores privados pagariam uma contribuição, e uma parcela do</p><p>petróleo ficaria com a União. Ainda no setor industrial, em 2011, o</p><p>governo havia criado o Plano Brasil Maior, que visava à consolidação</p><p>produtiva e tecnológica, mas fracassou com a concorrência</p><p>internacional. O plano foi tachado como protecionista e procurou</p><p>compensar o impacto sobre a indústria via crédito subsidiado pelo</p><p>BNDES. Sendo assim, acabou sendo configurando como mais um tipo</p><p>de renúncia fiscal que deteriorou ainda mais as contas do governo.</p><p>Considerando esse contexto, destacaremos a seguir três importantes</p><p>ações desse governo:</p><p>Renúncia �scal</p><p>Tipo de política em que o governo abre mão de uma fonte de</p><p>arrecadação para favorecer um determinado setor. Na prática, trata-</p><p>se simplesmente de cobrar menos impostos.</p><p>Intervenção na Política salarial</p><p>Na política salarial, o governo Dilma formalizou a regra de</p><p>reajuste do salário-mínimo com o salário sendo ajustado pela</p><p>inflação (INPC) do ano anterior e pelo crescimento do PIB de 2</p><p>anos anteriores.</p><p>Envio da Emenda Constitucional nº 70 – EC 70</p><p>No plano das reformas, Dilma enviou ao Congresso a Emenda</p><p>Constitucional nº 70 – EC 70, em 2012, que revisou</p><p>aposentadorias por invalidez do RPPS e as reajustou pela</p><p>média, e não pelo último salário do servidor.</p><p>Projeto de reforma da Previdência</p><p>05/09/2024, 16:10 Economia brasileira no século 21: 2003 em diante</p><p>https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212ge/02402/index.html?brand=estacio# 32/45</p><p>A reforma da Previdência de Dilma seria concluída em 2015</p><p>com idade de aposentadoria compulsória aumentando de 70</p><p>para 75 anos e com a permissão para a substituição do fator</p><p>previdenciário (regra criada em 1999, no governo Fernando</p><p>Henrique Cardoso, para desincentivar aposentadorias</p><p>precoces. Quanto mais cedo uma pessoa se aposenta, menos</p><p>ela vai receber) pela regra 85/95 para os trabalhadores do</p><p>Regime Geral de Previdência Social (RGPS). Por essa regra, é</p><p>possível se aposentar desde que a soma da idade da pessoa</p><p>com a contribuição atinja 85 anos (para mulheres) ou 95 anos</p><p>(para homens), exigindo-se ainda um tempo mínimo de</p><p>contribuição de 30 anos (para mulheres) e 35 anos (para</p><p>homens).</p><p>A desaceleração econômica e as</p><p>“jornadas de junho”</p><p>Ao final de 2012, os primeiros resultados</p><p>da Nova Matriz Macroecômica</p><p>já estavam claros para economistas e governo. A atividade estava</p><p>desacelerando: o PIB só cresceu 1,8% entre 2011 e 2012. Além disso, a</p><p>inflação estava em alta. Por seu turno, as expectativas de inflação futura</p><p>aumentaram acentuadamente ao longo do processo de expansão</p><p>monetária. Isso porque o mercado entendeu que não havia fundamento</p><p>no corte exagerado de juros, no movimento que ficou conhecido com</p><p>“cavalo de pau” do Banco Central, o qual perdeu credibilidade e</p><p>comprometeu seu canal de comunicação com a sociedade,</p><p>deteriorando a inflação futura.</p><p>Além desse elemento, houve sucessivos choques agrícolas ao longo de</p><p>2011 e 2012, com destaque para a quebra da safra da cana-de-açúcar,</p><p>que aumentou o preço do etanol, gerando uma espécie de minichoque</p><p>de combustíveis (BARBOSA, 2013). Os preços externos aumentaram ao</p><p>longo de 2012, refletindo um choque agrícola na economia norte-</p><p>05/09/2024, 16:10 Economia brasileira no século 21: 2003 em diante</p><p>https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212ge/02402/index.html?brand=estacio# 33/45</p><p>americana, reforçando a alta de preços de alimentos dentro do Brasil. A</p><p>depreciação cambial já era substancial àquela altura, acumulando nas</p><p>médias anuais a variação de 17%, com impacto ao redor de 0,7 pontos</p><p>percentuais no Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).</p><p>No balanço de pagamentos, ao contrário do esperado pelos defensores</p><p>da Nova Matriz, a balança comercial não respondeu muito bem, pois a</p><p>demanda externa já era mais fraca e as importações subiram mais que</p><p>as exportações. Houve, apesar do quadro adverso, ligeira melhora na</p><p>conta capital e financeira. Nesse contexto, ocorreram os seguintes</p><p>acontecimentos:</p><p>A popularidade de Dilma começava a ruir, muito embora seu</p><p>governo tenha avançado em programas nas áreas sociais e na</p><p>qualificação da mão de obra, mas os efeitos da desaceleração</p><p>faziam-se presentes no elevado percentual de trabalhadores</p><p>informais e precarizados (40% da ocupação total).</p><p>Ao final do ano de 2012, Dilma reduziu as tarifas de energia</p><p>elétrica e os custos de geração, transmissão e distribuição de</p><p>energia nos contratos de concessão que previam o retorno para a</p><p>administração pública dentro de alguns anos. A medida foi vista</p><p>como excessivamente intervencionista pelo mercado.</p><p>05/09/2024, 16:10 Economia brasileira no século 21: 2003 em diante</p><p>https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212ge/02402/index.html?brand=estacio# 34/45</p><p>Além disso, questionava-se a possibilidade de manter as tarifas</p><p>reduzidas, o que significa que o mercado achava provável haver uma</p><p>correção de tarifas em um prazo de meses.</p><p>Durante todo o ano de 2013, os termos de troca deterioraram-se ainda</p><p>mais e os preços internos aumentaram rapidamente. A taxa de câmbio</p><p>nominal iniciou um longo processo de ajuste para que a taxa de câmbio</p><p>real refletisse os novos preços internos e externos. A partir de então, a</p><p>dinâmica seria perversa: a cada aumento na inflação esperado, ocorria</p><p>depreciação do câmbio nominal, que por repasse, afetaria a inflação,</p><p>realimentando indefinidamente o ciclo de espiral câmbio x inflação, e</p><p>deteriorando os salários reais.</p><p>Se você ainda não estudou a relação entre preços e</p><p>câmbio, faça uma pesquisa na internet!</p><p>Para evitar um repasse inflacionário ainda maior, o Banco Central</p><p>buscou evitar a depreciação cambial por meio da venda de dólares.</p><p>Formalmente, não era venda de dólares: eram leilões diários de swaps</p><p>cambiais, que equivaliam à venda futura de dólares, mas com</p><p>vencimentos liquidados em reais. Assim, não haveria redução das</p><p>reservas e, ao mesmo tempo, o BCB procuraria ajustar a saída no</p><p>mercado à vista oferecendo um hedge seguro no mercado futuro. Essa</p><p>política ficou conhecida como “rações diárias” do BC e visavam mais</p><p>domar a volatilidade e dar uma “forma” à depreciação do que evitá-la em</p><p>si, uma vez que se sabia que estava em curso um processo de ajuste da</p><p>taxa de câmbio real, em um clássico overshooting (movimento</p><p>exagerado da taxa de câmbio) da taxa de câmbio.</p><p>05/09/2024, 16:10 Economia brasileira no século 21: 2003 em diante</p><p>https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212ge/02402/index.html?brand=estacio# 35/45</p><p>Se, por um lado, essas pressões inflacionárias seriam passageiras; por</p><p>outro, o governo estendeu o controle de preços para vários setores de</p><p>preços administrados, contribuindo para ofuscar ainda mais o papel da</p><p>política monetária no processo de ajuste monetário. O ano de 2013</p><p>termina com Selic em 10,8% na média e juros reais de 4,1%, um cenário</p><p>de contração monetária e deterioração da atividade e da inflação.Na</p><p>verdade, parte dessa resposta do governo em segurar preços</p><p>administrados se deu por conta das insatisfações populares vistas nas</p><p>manifestações de junho de 2013, naquilo que ficou conhecido como “as</p><p>jornadas de junho”.</p><p>Esse foi um movimento bastante difuso, desorganizado, sem pautas</p><p>claras e com um enorme contingente de pessoas dispostas a lutar</p><p>contra tudo e todos, e, portanto, facilmente manipuláveis por diversos</p><p>grupos políticos mais ou menos insatisfeitos com o rumo da política</p><p>econômica. Os problemas que mais incomodavam a sociedade eram a</p><p>inflação e o desaquecimento da economia. Sobre o último ponto, vale</p><p>mencionar Orair (2016), que decompõe a política fiscal brasileira em</p><p>três períodos, sendo os dois últimos os mais relevantes para este</p><p>estudo.</p><p>05/09/2024, 16:10 Economia brasileira no século 21: 2003 em diante</p><p>https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212ge/02402/index.html?brand=estacio# 36/45</p><p>1999 e 2005</p><p>Esse primeiro período é</p><p>caracterizado por uma</p><p>política fiscal</p><p>contracionista.</p><p>2006 e 2014</p><p>O segundo é marcado</p><p>por uma política fiscal</p><p>expansionista.</p><p>A política fiscal expansionista se organizou em duas fases:</p><p>1. A primeira, entre 2006 e 2010, é denotada por alta do investimento</p><p>público.</p><p>2. A segunda, entre 2011 e 2014, é denotada por contração dos</p><p>investimentos públicos e aumento dos gastos de custeio e</p><p>subsídios.</p><p>Finalmente, após 2015, como visto mais à frente, a política fiscal torna-</p><p>se contracionista.</p><p>É interessante notar que as duas críticas vigentes à época contra o</p><p>governo Dilma podem ser compatibilizadas com base nessa</p><p>periodização de Orair. Um grupo acusava o governo de promover a</p><p>expansão do gasto público com metas primárias cada vez menores. De</p><p>fato, houve expansão do gasto. Por outro lado, os economistas mais</p><p>heterodoxos reivindicavam a necessidade de se aumentar o gasto</p><p>público em investimentos, sustentando que a expansão fiscal via</p><p>subsídios não gera impactos tão relevantes quanto o aumento do</p><p></p><p>05/09/2024, 16:10 Economia brasileira no século 21: 2003 em diante</p><p>https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212ge/02402/index.html?brand=estacio# 37/45</p><p>investimento público (CARVALHO, 2018). Assim, o governo Dilma</p><p>acabou entrando em uma situação de deterioração fiscal sem aumento</p><p>da receita, já que o crescimento era baixo.</p><p>Dito isso, é possível avaliar que a mudança no mix de política fiscal foi,</p><p>se não o único, um dos principais fatores para a desaceleração da</p><p>atividade nos anos Dilma que trocou gasto mais produtivo com maior</p><p>efeito sobre a renda e a receita por gastos menos importantes e</p><p>inexpressivos. O resultado foi que o governo incorreu no pior cenário</p><p>macroeconômico possível: piora das contas públicas, baixo crescimento</p><p>do PIB e inflação em alta.</p><p>O ano de 2014 iniciou com uma aceleração da taxa Selic para fazer</p><p>frente à deterioração das expectativas e do cenário de riscos. Por outro</p><p>lado, o resultado primário, que fechou com superávit de 1,77% do PIB</p><p>em 2013, encerrou 2014 em déficit de 0,59%, o primeiro déficit da</p><p>história do tripé macroeconômico. A atividade cresceu apenas 0,1% no</p><p>ano de eleição e o desemprego começou a aumentar.</p><p>Ajuste �scal e impeachment</p><p>Dilma venceu as eleições de 2014 por uma margem bastante apertada,</p><p>mas a queda de popularidade e a economia patinando ganharam a</p><p>companhia de uma forte crise política entre Executivo e Legislativo.</p><p>Para</p><p>acalmar a insatisfação dos mercados com o governo, Dilma</p><p>nomeou Joaquim Levy para Ministério da Fazenda. Nome de perfil</p><p>ortodoxo, Levy teve, inicialmente, apoio do mercado e iniciou um</p><p>vigoroso corte de despesa primária, visando ao ajuste da dívida/PIB.</p><p>Dentre as medidas mais impopulares no próprio PT, estava a inclusão</p><p>dos gastos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) no</p><p>cálculo do superávit primário, o que tornava o ajuste fiscal mais</p><p>rigoroso. O Banco Central seguiu sua trajetória de aperto monetário,</p><p>elevando a taxa de juros SELIC até 14,25%.</p><p>Ainda no segundo semestre de 2015, o Brasil perdeu o grau de</p><p>investimento das agências de rating de crédito soberano. Como</p><p>05/09/2024, 16:10 Economia brasileira no século 21: 2003 em diante</p><p>https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212ge/02402/index.html?brand=estacio# 38/45</p><p>consequência, o financiamento a empresas brasileiras e ao próprio</p><p>governo se tornaram mais caros.</p><p>Outros acontecimentos destacaram-se nesse período, veja:</p><p>No plano fiscal, a necessidade de recompor receitas fez o</p><p>governo liberar todos os preços e tarifas que estavam</p><p>represadas até a eleição, naquilo que ficou conhecido como</p><p>“tarifaço”. O resultado foi um forte aumento das expectativas</p><p>de inflação e da inflação corrente, sendo o componente “preço</p><p>administrado” o principal fator inflacionista. A política</p><p>monetária tinha baixa potência nesse cenário. Ao longo de</p><p>2015, surgiram novas incertezas relacionadas ao futuro da</p><p>política econômica do governo, o que gerou pressões de alta</p><p>sobre a taxa de câmbio: esse tipo de incerteza afungenta</p><p>investidores, e com isso reduz a entrada de capital no país, o</p><p>que gera uma depreciação cambial. Por consequência, há</p><p>pressão sobre a inflação.</p><p>O cenário de deterioração das contas públicas, combinado com</p><p>a alta inflação, forçou o governo a adotar políticas fiscal e</p><p>monetária restritivas, o que reduziu o espaço de atuação do</p><p>governo para incentivar a produção. A tentativa de ajuste fiscal</p><p>não foi suficiente para estancar o crescimento da relação</p><p>dívida/PIB, que aumentava ainda mais com os juros altos.</p><p>Todos esses elementos, somados à falta de credibilidade de</p><p>um governo que descumpriu as promessas de campanha,</p><p>fizeram com que Dilma iniciasse seu segundo mandato com a</p><p>economia em recessão. Em 2015, o PIB cai 3,5%, o IPCA fecha</p><p>em 10,67% acima da banda superior da meta e o resultado</p><p>primário em déficit de 1,94% do PIB.</p><p>05/09/2024, 16:10 Economia brasileira no século 21: 2003 em diante</p><p>https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212ge/02402/index.html?brand=estacio# 39/45</p><p>Ao final do ano, Dilma substituiu Levy por Nelson Barbosa com</p><p>uma ligeira promessa de enveredar por um caminho menos</p><p>ortodoxo, mas comprometido com a manutenção do ajuste.</p><p>Entretanto, o cenário político, social e econômico já estava se</p><p>deteriorando rapidamente. Dilma foi acusada, julgada e</p><p>condenada por crime de responsabilidade em agosto de 2016</p><p>e, assim, deixou o Planalto. A tese argumentava que os crimes</p><p>se deram na liberação de créditos suplementares sem</p><p>autorização do Congresso, no que ficou conhecido como</p><p>“pedaladas fiscais”.</p><p>Havia ainda o atraso de pagamento do Tesouro Nacional aos bancos</p><p>públicos que maquiavam as contas públicas nos anos anteriores, o que</p><p>implicava que os bancos públicos estavam financiando o Tesouro –</p><p>ação proibida pela Lei de Responsabilidade Fiscal.</p><p>Saiba mais</p><p>O mecanismo dava-se por meio dos Instrumentos Híbridos de Capital e</p><p>Dívida (IHCD). A União precisava realizar aportes de capital nos bancos</p><p>públicos, mas, como esses aportes contam como despesa primária,</p><p>seria preciso reduzir a meta do primário e o governo não queria essa via.</p><p>A solução foi a União assinar um empréstimo aos bancos públicos sob</p><p>a forma de títulos públicos, e não dinheiro. Logo após a assinatura, o</p><p>Tesouro iria a mercado recomprar esses títulos e entregar dinheiro na</p><p>carteira dos bancos. O Tesouro sacava os recursos da conta única para</p><p>saldar os pagamentos, uma vez que os bancos públicos não poderiam</p><p>acessar tal conta. Foi sobre esses instrumentos que se fundamentou o</p><p>processo contra Dilma.</p><p>Revisão do módulo 2</p><p>Neste vídeo, retornaremos a questões como o cenário econômico de</p><p>2011 e a escolha de política econômica, a Nova Matriz</p><p>Macroeconômica, desonerações e desancoragem de expectativas entre</p><p>outros assuntos estudados.</p><p></p><p>05/09/2024, 16:10 Economia brasileira no século 21: 2003 em diante</p><p>https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212ge/02402/index.html?brand=estacio# 40/45</p><p>05/09/2024, 16:10 Economia brasileira no século 21: 2003 em diante</p><p>https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212ge/02402/index.html?brand=estacio# 41/45</p><p>Falta pouco para atingir seus objetivos.</p><p>Vamos praticar alguns conceitos?</p><p>Questão 1</p><p>Qual era o principal objetivo da Nova Matriz Macroeconômica?</p><p>Parabéns! A alternativa B está correta.</p><p>A Nova Matriz Macroeconômica foi implantada para reverter o</p><p>quadro desfavorável que se desenhava para a indústria nacional,</p><p>que enfrentava altas taxas de juros e uma taxa de câmbio</p><p>apreciada, o que retirava competitividade dos produtos brasileiros.</p><p>Justamente por isso é chamada por Carvalho (2018) de “Agenda</p><p>FIESP”.</p><p>Questão 2</p><p>Sobre as causas da inflação em alta a partir de 2012, qual dessas</p><p>informações é correta?</p><p>A Promover um ajuste fiscal mais moderado.</p><p>B Estimular a competitividade da indústria nacional.</p><p>C Atrair capital externo para o país.</p><p>D Acelerar o crescimento dos serviços.</p><p>E Garantir aumento do emprego e da renda.</p><p>05/09/2024, 16:10 Economia brasileira no século 21: 2003 em diante</p><p>https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212ge/02402/index.html?brand=estacio# 42/45</p><p>Parabéns! A alternativa A está correta.</p><p>Ao longo do ano de 2012, houve choque na oferta agrícola norte-</p><p>americana, o que elevou os preços de alguns produtos no mercado</p><p>internacional, gerando repasse para os preços internos.</p><p>Considerações �nais</p><p>Inicialmente, Lula promoveu um primeiro período de ajuste fiscal com</p><p>consolidação dos fundamentos macroeconômicos implantados em</p><p>governos anteriores, para, em um segundo momento, fortalecer o</p><p>sistema de proteção social e avançar na redistribuição da renda e</p><p>crescimento real do salário-mínimo, o qual impulsionou um modelo</p><p>movido pelo consumo das famílias e amparado por crédito abundante.</p><p>No plano da dívida, houve melhora dos indicadores fiscais. O Brasil</p><p>alcançou a condição de credor externo líquido e também houve a troca</p><p>de dívida indexada em dólar ou ao câmbio por dívida em reais com a</p><p>remuneração sendo ofertada de acordo com o ciclo da política</p><p>monetária. Esse conjunto de medidas permitiu que a economia</p><p>brasileira mostrasse robustez e resiliência diante da crise global de</p><p>2008.</p><p>A Choque de preços externos.</p><p>B Apreciação da taxa de câmbio.</p><p>C Aceleração dos preços administrados.</p><p>D Alta da taxa de juros.</p><p>E Aceleração do crescimento.</p><p>05/09/2024, 16:10 Economia brasileira no século 21: 2003 em diante</p><p>https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212ge/02402/index.html?brand=estacio# 43/45</p><p>O governo Dilma adotou a Nova Matriz Macroeconômica para atender</p><p>às demandas da indústria. Nessa inflexão, acabou perdendo apoio do</p><p>mercado financeiro, pois reduziu a taxa de juros forçadamente; e da</p><p>classe média, já que a depreciação cambial teve como efeito a</p><p>contração da renda interna. Diante do aceleramento da inflação,</p><p>começa-se a intervir em setores estratégicos na formação de preços e</p><p>em preços administrados. Após as eleições de 2014, o governo Dilma</p><p>corrigiu os preços e iniciou um novo ajuste fiscal. O resultado foi</p><p>inflação e menos crescimento, com a economia entrando em recessão</p><p>em 2015.</p><p>Diante da crise política, econômica e institucional, Dilma sofreu</p><p>impeachment e o PT foi afastado do governo após treze anos.</p><p>Podcast</p><p>Agora, o especialista retornará aos principais assuntos estudados.</p><p></p><p>Explore +</p><p>Para saber mais sobre os assuntos explorados neste conteúdo, leia:</p><p>GIAMBIAGI, F. 18 anos de política fiscal no Brasil: 1991/2008.</p><p>Revista</p><p>de Economia Aplicada, v. 12, n. 4, out/dez. 2008 (Dados de</p><p>receitas e despesas e os desafios fiscais não equacionados).</p><p>05/09/2024, 16:10 Economia brasileira no século 21: 2003 em diante</p><p>https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212ge/02402/index.html?brand=estacio# 44/45</p><p>Referências</p><p>BARBOSA, N. Dez anos de política econômica. In: SADER, E. (Org.). 10</p><p>anos de governos pós-neoliberais no Brasil: Lula e Dilma. São Paulo, SP:</p><p>Boitempo, 2013.</p><p>CARVALHO, L. Valsa Brasileira: do boom ao caos econômico. São Paulo,</p><p>SP: Todavia, 2018.</p><p>GIAMBIAGI, F. Rompendo com a ruptura: O governo Lula (2003-2010). In:</p><p>GIAMBIAGI, F. et al. Economia Brasileira Contemporânea. 2. ed. Rio de</p><p>Janeiro, RJ: Campus Elsevier, 2011.</p><p>ORAIR, R. Investimento público no Brasil: trajetória e relações com o</p><p>regime fiscal. IPEA, 2016.</p><p>ORAIR, R.; SIQUEIRA, F. F.; GOBETTI, S. W. Política fiscal e ciclo</p><p>econômico: uma análise baseada em multiplicadores do gasto público.</p><p>Brasília, DF: Secretaria do Tesouro Nacional, 2016.</p><p>Material para download</p><p>Clique no botão abaixo para fazer o download do</p><p>conteúdo completo em formato PDF.</p><p>Download material</p><p>O que você achou do conteúdo?</p><p>Relatar problema</p><p>05/09/2024, 16:10 Economia brasileira no século 21: 2003 em diante</p><p>https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212ge/02402/index.html?brand=estacio# 45/45</p><p>javascript:CriaPDF()</p>

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