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<p>1</p><p>2</p><p>Processo Administrativo de Trânsito Prático com</p><p>Erica Avallone Lima</p><p>Introdução</p><p>Se você ainda está na faculdade, já é advogado ou tem interesse em trabalhar com no</p><p>Mercado de Trânsito, pode ter certeza que este curso, bem como esse material será</p><p>muito útil para você, afinal, quantos especialistas você conhece trabalhando nesta área?</p><p>O objetivo do meu curso é capacitar o profissional para atuar com excelência na defesa</p><p>de motoristas e proprietários de veículos, dominando a prática do Processo</p><p>Administrativo de Trânsito, que também serve para as estratégias, teses de defesa das</p><p>ações judiciais.</p><p>Eu quero que você entenda efetivamente como defender o motorista, afinal de contas,</p><p>existem muitos profissionais desqualificados e desonestos trabalhando com</p><p>"modelinhos" de internet.</p><p>Eu quero frisar que nós, especialistas comprometidos e sérios, também usamos</p><p>modelos. Na verdade, um banco de modelos, mas que usamos somente para otimizar o</p><p>tempo, já que cada caso é único e precisa ser tratado como tal.</p><p>Para atuar com no Mercado de Trânsito, o profissional deve estar preparado para trazer</p><p>um resultado satisfatório ao motorista e/ou ao proprietário de veículo automotor. Eu</p><p>digo resultado satisfatório, para que você tenha em mente que você DEVE fazer o que</p><p>estiver ao seu alcance para ajudar o seu cliente, já que não podemos, em hipótese</p><p>alguma, prometer o êxito, já que nossa atividade é de meio e não de fim. Estude e</p><p>aprenda. Com responsabilidade ética o resultado vem.</p><p>E pensando em te ajudar de forma prática, trazendo os conteúdos mais relevantes para</p><p>iniciar a atuação no Mercado de Trânsito, eu preparei este manual prático, que ainda te</p><p>ensina como você vai conseguir os seus primeiros clientes.</p><p>E porque eu ensino a “iniciar a atuação”? Por que ao longo do tempo, você vai sentir</p><p>necessidade de se aprofundar cada vez mais e buscar mais conteúdo de qualidade para</p><p>defender os seus clientes.</p><p>Fique tranquilo(a), eu vou estar aqui para te ajudar, SEMPRE!</p><p>O Direito de Trânsito é complexo e uma defesa mal feita pode prejudicar muito o</p><p>motorista que não é defendido da maneira correta.</p><p>3</p><p>Para trabalhar com no Mercado de Trânsito é preciso que você conheça o Código de</p><p>Trânsito Brasileiro, as Resoluções do CONTRAN, uma Portaria da SENATRAN, o Manual</p><p>Brasileiro de Fiscalização de Trânsito, legislação complementar e ter noções de Direito</p><p>Administrativo e Constitucional.</p><p>Mas fique calmo(a)! Mesmo que você não seja formado em direito, eu vou ensinar tudo</p><p>que você precisa para poder defender o motorista da melhor forma possível.</p><p>Imagine um caminhoneiro que tem o direito de dirigir suspenso, ele pode perder o</p><p>emprego e não ter mais como sustentar sua família! Então, é preciso que ele seja</p><p>defendido da maneira correta, seguindo os trâmites do processo administrativo e</p><p>sempre com base na legislação. Viu como é sério?!</p><p>Então eu estou aqui para te ajudar a ajudar esse motorista e, claro, sendo muito bem</p><p>remunerado para isso.</p><p>Espero que vocês gostem do estudo, pois o que eu tentei fazer foi unir a teoria e prática,</p><p>para que a absorção do conteúdo seja melhor para todos.</p><p>Bem vindos ao Mercado de Trânsito! Bora faturar muito?! Vem comigo, que estamos</p><p>juntos nessa.</p><p>Noções de Direito Administrativo e Constitucional</p><p>Todo e qualquer cidadão que está sendo acusado de alguma penalidade tem o direito</p><p>de se defender.</p><p>Pense em alguém que comete um crime. Essa pessoa não será imediatamente</p><p>sentenciada após cometer o crime.</p><p>Ela terá que passar por um processo, que vai analisar o fato, sua versão dos fatos, as</p><p>provas, para depois, ao final, ser proferida uma decisão que condenará ou absolverá</p><p>essa pessoa.</p><p>Tendo essa máxima em mente, podemos concluir que no processo administrativo de</p><p>trânsito não é diferente, pois também estamos diante de aplicação de penalidades,</p><p>como veremos a seguir.</p><p>E, assim sendo, aquele que está prestes a ser punido, mesmo que administrativamente,</p><p>também tem direito de se defender.</p><p>Em outras palavras, trazendo essa conceituação para nossa realidade, o motorista que</p><p>foi autuado ou que já está recebendo uma penalidade, tem o direito de ter ciência da</p><p>infração/penalidade que ele, supostamente, cometeu e, então, ter a oportunidade de</p><p>4</p><p>apresentar suas justificativas, ou seja, contradizer o que foi a ele imputado. É o direito</p><p>de resposta.</p><p>Isso garante que seja dado um tratamento isonômico (igual) em relação ao acusador,</p><p>que nesse caso é o Estado, através dos órgãos de trânsito municipais, estaduais e</p><p>federais e entre aquele que está sendo acusado, ou seja, o seu cliente.</p><p>Os Princípios Constitucionais, ou seja, aqueles previstos na nossa Constituição Federal,</p><p>que garantem o direito de resposta/defesa ao acusado, são os princípios do</p><p>contraditório e da ampla defesa.</p><p>O contraditório é o direito de contradizer, enquanto o da ampla defesa diz que o</p><p>acusado pode se defender usando todos os meios de defesa em direito admitidos.</p><p>Além desses princípios constitucionais aplicáveis ao direito de trânsito, você também</p><p>precisa ter conhecimento dos princípios da Administração Pública, quais sejam:</p><p>Legalidade, impessoalidade, moralidade, da publicidade e eficiência.</p><p>Vou falar rapidamente cada um deles, mas não precisam se apegar muito a eles, é mais</p><p>para que vocês tenham conhecimento.</p><p>O da legalidade impõe à administração pública o dever de sempre observar a lei, ou</p><p>seja, suas ações devem estar intimamente ligadas com o que a lei determina. Se a lei</p><p>não for observada, o ato administrativo será nulo.</p><p>O princípio da impessoalidade prega que o agir da administração pública deve ser</p><p>voltado para satisfazer o interesse público. Não pode haver nenhum ato motivado pela</p><p>vontade pessoal do agente. Isso porque, deve-se ter em mente que quem pratica o ato</p><p>é a administração pública, mesmo que ele aconteça pelas mãos de um agente de</p><p>trânsito, por exemplo.</p><p>O da moralidade implica dizer que a administração deve praticar atos morais, éticos,</p><p>honestos e condizentes com o interesse público.</p><p>O princípio da publicidade veda que a administração pública atue as escondidas. Por</p><p>isso existe o dever de informar os seus atos e prestar contas de sua atuação.</p><p>Por fim, o princípio da eficiência prega que a atuação da administração pública deve</p><p>visar a rapidez. Veda o descaso, a omissão e a negligência por parte dos agentes.</p><p>Eu quis dar uma pequena pincelada nesses princípios, pois é importante que você os</p><p>conheça, porém, no direito de trânsito usamos com mais frequência os princípios da</p><p>legalidade, do contraditório e da ampla defesa.</p><p>Para esses, vale a pena dedicar um tempo a uma boa leitura doutrinária específica, se</p><p>você tiver interesse.</p><p>5</p><p>Além desses princípios, no direito de trânsito é muito comum usarmos o princípio da</p><p>motivação. Por ele, a administração fica obrigada a justificar seus atos, apresentando as</p><p>razões que a fizeram decidir daquela maneira, levando ao conhecimento dos</p><p>administrados (nós) as razões de direito que a levaram a proceder/agir/decidir daquele</p><p>modo.</p><p>Conforme a leitura deste material for seguindo, você vai entender a necessidade de</p><p>compreender esses princípios. Mas não se preocupe, estou aqui para te ajudar!</p><p>Caso a Administração Pública descumpra ou não aplique qualquer um desses princípios</p><p>quando estamos diante de um processo administrativo de trânsito, haverá a nulidade</p><p>do ato administrativo como veremos a seguir.</p><p>Então, conhecendo esses princípios e sabendo quando eles devem ser aplicados e não</p><p>o foram, mesmo sem entrar no mérito de um processo administrativo (multa ou</p><p>processo administrativo de suspensão/cassação da CNH) podemos anular o ato</p><p>administrativo.</p><p>No caso do direito de trânsito, as penalidades são comunicadas aos motoristas ou</p><p>proprietários de veículos por meio de uma carta, conhecida como notificação (depois</p><p>detalharemos todas elas).</p><p>Vamos ao caso prático:</p><p>Como dito, para</p><p>teórico, exame</p><p>escrito, curso prático e exame de prática de direção veicular), para a concessão de nova</p><p>PPD.</p><p>Temos então, em complemento com o art. 256 do CTB, a penalidade de CASSAÇÃO DA</p><p>PERMISSÃO PARA DIRIGIR, que é uma penalidade administrativa de trânsito que cancela</p><p>o documento de habilitação provisório.</p><p>O cancelamento se aplica, então, quando, no período permissionário (primeiro ano da</p><p>habilitação), o condutor cometer qualquer infração de natureza grave ou gravíssima, ou,</p><p>ainda, for reincidente em infrações médias, veja a previsão do artigo 148, §§ 3º e 4º, do</p><p>CTB:</p><p>Art. 148. (…)</p><p>3º A Carteira Nacional de Habilitação será conferida ao condutor no término de</p><p>um ano, desde que o mesmo não tenha cometido nenhuma infração de natureza</p><p>grave ou gravíssima ou seja reincidente em infração média.</p><p>4º A não obtenção da Carteira Nacional de Habilitação, tendo em vista a</p><p>incapacidade de atendimento do disposto no parágrafo anterior, obriga o</p><p>candidato a reiniciar todo o processo de habilitação.”</p><p>Vale dizer que as demais penalidades previstas no art. 256 do CTB não se aplicam para</p><p>o motorista permissionário.</p><p>Assim, diferentemente do que prevê os artigos 258 e 259 do CTB, para o motorista</p><p>permissionário o sistema de pontos é diferente.</p><p>Isso porque a PPD não tem como base a pontuação para a perda do direito de dirigir,</p><p>mas o requisito para adquirirem a CNH definitiva é não terem cometido infrações de</p><p>31</p><p>natureza grave ou gravíssima nem serem reincidentes de infrações médias, ou seja, não</p><p>pode cometer infrações médias mais de uma vez.</p><p>Quando for defender um permissionário, toda atenção é devida. É preciso observar se a</p><p>infração é de responsabilidade do condutor ou do proprietário, se houve venda do</p><p>veículo, etc.</p><p>Ainda é preciso utilizar todas as instâncias recursais, como previsto no art. 290 do CTB,</p><p>bem como estar atento às infrações administrativas.</p><p>Infrações Administrativas</p><p>O Código de Trânsito Brasileiro, em seu artigo 161, conceitua “infração de trânsito”</p><p>como sendo o descumprimento de qualquer preceito do Código, tipificando as condutas</p><p>infracionais nos artigos seguintes (162 a 255).</p><p>Entretanto, se analisarmos o conceito complementar, da própria palavra “trânsito”, que</p><p>é apresentada sinteticamente, pelo Anexo I do CTB, como a “movimentação e</p><p>imobilização de veículos, pessoas e animais nas vias terrestres”, teremos de nos</p><p>questionar se a “infração de trânsito” somente é aquela ocorrida durante a utilização da</p><p>via pública ou abrange qualquer conduta considerada pelo Código como irregular.</p><p>Da leitura e análise dos artigos 162 a 255, percebemos, claramente, que, em sua maioria,</p><p>as condutas ocorrem realmente na utilização da via pública, ainda que de maneira</p><p>indireta, como a punição ao promotor de competição esportiva não autorizada (artigo</p><p>174, parágrafo único) ou ao proprietário que entrega ou permite a condução do veículo</p><p>a pessoa não habilitada, com habilitação suspensa ou cassada, com categoria diferente</p><p>ou vencida há mais de trinta dias (artigos 163 e 164).</p><p>Todavia, existem 7 (sete) infrações especiais, que não ocorrem na utilização da via</p><p>pública:</p><p>I - Confeccionar, distribuir ou colocar, em veículo próprio ou de terceiros,</p><p>placas de identificação não autorizadas pela regulamentação (parágrafo</p><p>único do artigo 221);</p><p>II - Deixar de efetuar o registro de veículo no prazo de trinta dias, junto ao</p><p>órgão executivo de trânsito, ocorridas as hipóteses previstas no art. 123, por</p><p>exemplo, na transferência de propriedade (art. 233);</p><p>III - Falsificar ou adulterar documento de habilitação e de identificação do</p><p>veículo (artigo 234);</p><p>IV - Deixar o responsável de promover a baixa do registro de veículo</p><p>irrecuperável ou definitivamente desmontado (art. 240);</p><p>32</p><p>V - Deixar de atualizar o cadastro de registro do veículo ou de habilitação do</p><p>condutor (art. 241);</p><p>VI - Fazer falsa declaração de domicílio para fins de registro, licenciamento</p><p>ou habilitação (art. 242);</p><p>VII - Deixar a empresa seguradora de comunicar ao órgão executivo de</p><p>trânsito competente a ocorrência de perda total do veículo e de lhe devolver</p><p>as respectivas placas e documentos (art. 243).</p><p>Apesar de estarem tipificadas no Capítulo do CTB destinado às infrações de trânsito,</p><p>pode ser considerada inapropriada tal qualificação, pois são, na verdade, infrações</p><p>administrativas, por constituírem descumprimento à legislação não diretamente</p><p>relacionada às normas viárias.</p><p>Aliás, embora seja prevista, inclusive, a penalidade de multa a tais condutas, também é</p><p>de se questionar a forma de imposição da sanção administrativa a algumas delas, pois o</p><p>sistema constante no Código de Trânsito pressupõe a existência do registro de um</p><p>veículo, para a devida inclusão da multa de trânsito, o que não ocorre, necessariamente,</p><p>nas infrações de falsificação de documento de habilitação (artigo 234) ou falsa</p><p>declaração de domicílio para registro da habilitação (artigo 242).</p><p>Assim, a Lei 14.071/202 trouxe uma alteração legislativa e incluiu o parágrafo 4º no</p><p>artigo 259 do CTB, que versa sobre a pontuação pelo cometimento de infrações,</p><p>esclarecendo o seguinte:</p><p>Art. 259.</p><p>[...]</p><p>§ 4º Ao condutor identificado será atribuída pontuação pelas infrações de sua</p><p>responsabilidade, nos termos previstos no § 3º do art. 257 deste Código, exceto</p><p>aquelas:</p><p>I - praticadas por passageiros usuários do serviço de transporte rodoviário de</p><p>passageiros em viagens de longa distância transitando em rodovias com a</p><p>utilização de ônibus, em linhas regulares intermunicipal, interestadual,</p><p>internacional e aquelas em viagem de longa distância por fretamento e turismo ou</p><p>de qualquer modalidade, excluídas as situações regulamentadas pelo Contran</p><p>conforme disposto no art. 65 deste Código;</p><p>II - previstas no art. 221, nos incisos VII e XXI do art. 230 e nos arts. 232, 233, 233-</p><p>A, 240 e 241 deste Código, sem prejuízo da aplicação das penalidades e medidas</p><p>administrativas cabíveis;</p><p>III - puníveis de forma específica com suspensão do direito de dirigir.</p><p>Note que neste inciso, a legislação incluiu quase todas as infrações consideradas</p><p>administrativas, ou seja, de certa forma, o Código entendeu a necessidade de separar</p><p>as infrações administrativas das infrações de trânsito, não gerando, para tanto, no caso</p><p>dessas últimas, pontuação ao infrator.</p><p>https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2020/Lei/L14071.htm#art1</p><p>33</p><p>Infrações Simultâneas</p><p>Sim, é possível que um motorista cometa várias infrações seguidas com uma ou mais</p><p>ações no mesmo momento ou próximo.</p><p>O Código de Trânsito Brasileiro adota, no seu artigo 266, o princípio da cumulatividade</p><p>das penalidades.</p><p>Pelo princípio entende-se que quando o infrator cometer simultaneamente duas ou</p><p>mais infrações ele será penalizado, cumulativamente, por cada uma delas, veja a</p><p>redação do art. 266 do CTB:</p><p>Art. 266. Quando o infrator cometer, simultaneamente, duas ou mais infrações, ser-</p><p>lhe-ão aplicadas, cumulativamente, as respectivas penalidades.</p><p>Contudo, a regra do Código de Trânsito não deve ser sempre aplicada de forma literal,</p><p>pois o condutor pode praticar várias infrações simultâneas muito semelhantes e que</p><p>seja injusto puni-lo várias vezes.</p><p>Por este motivo, o Manual Brasileiro de Fiscalização de Trânsito, previu tratamento às</p><p>infrações simultâneas.</p><p>Segundo o CONTRAN as infrações simultâneas podem ser classificadas em dois tipos:</p><p>concorrentes ou concomitantes e, para cada modalidade deve ser dado tratamento</p><p>diferenciado.</p><p>Infrações de trânsito concorrentes</p><p>São concorrentes aquelas em que o cometimento de uma infração, tem como</p><p>consequência o cometimento de outra, ou seja, uma única conduta, gera dois ou mais</p><p>resultados.</p><p>Por exemplo: ultrapassar pelo acostamento (art. 202) e transitar com o veículo pelo</p><p>acostamento (art. 193).</p><p>Ambas as condutas são típicas, porém, a mais específica e que demonstra a intenção</p><p>do condutor</p><p>é ultrapassar pelo acostamento.</p><p>Nesses casos, a primeira conduta absorve a segunda e o condutor deve ser autuado</p><p>apenas pela mais específica (ultrapassar pelo acostamento).</p><p>Nesses casos, o agente deverá lavrar um único AIT, que melhor caracterizou a infração,</p><p>pois, nessa hipótese, apesar de serem duas ou mais infrações, a conduta mais específica</p><p>deve prevalecer sobre a conduta secundária.</p><p>34</p><p>Para ser qualificada como infração de trânsito concorrente, devem estar presentes as</p><p>seguintes características: 1. Uma única ação; 2. Tipificação de duas ou mais infrações; 3.</p><p>Simultaneidade das autuações; 4. Uma única intenção específica.</p><p>Infrações de trânsito concomitantes</p><p>São concomitantes aquelas em que o cometimento de uma infração não implica no</p><p>cometimento de outra na forma do art. 266 do CTB.</p><p>Por exemplo: dirigir veículo com a CNH vencida há mais de trinta dias (art. 162, V) e de</p><p>categoria diferente para a qual é habilitado (art. 162, III).</p><p>Nesses casos, o agente deverá lavrar os dois AIT.</p><p>Infrações concomitantes são, então, aquelas absolutamente independentes, que não</p><p>guardam qualquer relação entre si, apesar de terem ocorrido simultaneamente,</p><p>devendo o condutor responder por ambas as infrações.</p><p>Outro exemplo é o condutor que arranca bruscamente com o seu veículo ao sinal verde</p><p>do semáforo, com o intuito de exibir-se (art. 175), ao mesmo tempo em que deixa de</p><p>observar a preferência do pedestre que não havia concluído a travessia da via (art. 214,</p><p>II).</p><p>Nesse caso, as condutas tipificam infrações distintas e independentes, gerando</p><p>resultados diferentes e consequentemente uma autuação para cada infração.</p><p>Para ser qualificada como infração concomitante, devem estar presentes as seguintes</p><p>características: 1. Simultaneidade das autuações; 2. Ausência de dependência entre as</p><p>condutas; 3. Resultados diferentes pelas condutas praticadas.</p><p>Bis In Idem e Infrações de trânsito continuadas</p><p>Bis in idem é uma expressão em latim que significa "duas vezes o mesmo" ou "repetição</p><p>sobre o mesmo". O uso deste termo pode indicar a ação de repetir.</p><p>No Direito é um princípio que faz uma referência à repetição de uma decisão ou</p><p>aplicação de pena sobre um mesmo fato.</p><p>Neste caso, o princípio do non bis in idem (com o significado de "não duas vezes o</p><p>mesmo") representa a proibição à repetição de uma pena ou outra ocorrência de forma</p><p>duplicada.</p><p>Previsão do non bis in idem na lei</p><p>O non bis in idem não está disposto na Constituição Federal. Entretanto, ele faz parte</p><p>do Pacto de San José da Costa Rica (ou Convenção Interamericana sobre Direitos</p><p>Humanos), assinada em 1969. O Brasil assinou o Pacto no ano de 1992 e, por essa razão,</p><p>ele deve ser cumprido integralmente no país.</p><p>35</p><p>Infrações Continuadas</p><p>Já as infrações continuadas têm como característica principal a lavratura de várias</p><p>autuações, no mesmo artigo infracional, em mesmo local, no mesmo dia e em horários</p><p>aproximados.</p><p>Não se trata de múltiplos cometimentos de infrações e sim de uma única infração de</p><p>trânsito ocorrida de forma continuada, constatada por agentes de trânsito diversos ou</p><p>por flagrante em vários aparelhos eletrônicos instalados no mesmo trecho e que</p><p>originaram duas ou mais autuações iguais.</p><p>Um exemplo é de um condutor que transita ao longo de uma mesma via, no mesmo</p><p>horário e dia, em velocidade acima da permitida e é flagrado por mais de um</p><p>equipamento eletrônico (radar) em poucos minutos. Apesar de ter até três tipos de</p><p>infrações do artigo 218 do CTB, o fato gerador das infrações continua o mesmo, o</p><p>excesso de velocidade.</p><p>Para configurar uma infração de trânsito continuada, as autuações devem possuir os</p><p>seguintes requisitos: a) pluralidade de autuações; b) infrações da mesma espécie; c)</p><p>conexão temporal e geográfica entre as infrações; d) autuações subsequentes.</p><p>Essa regra estava prevista no MBFT, mas hoje, podemos usar essa estratégia de defesa</p><p>com base na jurisprudência.</p><p>A manutenção das penalidades decorrentes de infrações continuadas viola o princípio</p><p>ne bis in idem, que em uma breve explicação, indica a ideia de que um único fato não</p><p>pode gerar duas penalidades distintas.</p><p>Destarte, nas autuações de trânsito decorrentes de infrações continuadas estão</p><p>presentes a tríplice identidade, que caracterizam o bis in idem:</p><p>1. Mesmo condutor infrator; 2. Mesmo órgão autuante; 3. Mesmo</p><p>fundamento para autuação.</p><p>Nas lições de René Ariel Dotti, em singular explicação, ensina que:</p><p>[…] há um princípio clássico de justiça segundo o qual ninguém pode ser</p><p>punido duas vezes pelo mesmo fato. A detração visa impedir que o Estado</p><p>abuse do poder-dever de punir, sujeitando o responsável pelo fato punível a</p><p>uma fração desnecessária da pena sempre que houver a perda da liberdade</p><p>ou a internação em etapas anteriores à sentença condenatória.</p><p>O Conselho Nacional de Trânsito adotou o mesmo entendimento, ainda que de forma</p><p>implícita e tímida, ao estabelecer no Manual Brasileiro de Fiscalização de Trânsito que:</p><p>“O agente só poderá registrar uma infração por auto e, no caso da</p><p>constatação de infrações em que os códigos infracionais possuam a mesma</p><p>raiz (os três primeiros dígitos), considerar-se-á apenas uma infração”.</p><p>36</p><p>Exemplo: condutor e passageiro sem usar o cinto de segurança, lavrar somente o auto</p><p>de infração com o código 518-51 e descrever no campo ‘Observações’ a situação</p><p>constatada (condutor e passageiro sem usar o cinto de segurança).”</p><p>Segundo a ficha do MBFT do art. 167 do CTB, nas definições e procedimentos, temos a</p><p>seguinte redação: “ainda que haja mais de um ocupante do veículo sem usar o cinto de</p><p>segurança, incluído o condutor, somente poderá haver uma autuação com base no art.</p><p>167 do CTB”.</p><p>Há que se concluir, portanto, que restando caracterizada a ocorrência de infrações de</p><p>natureza continuadas, é dever do órgão de trânsito manter apenas a primeira autuação</p><p>lavrada, promovendo o cancelamento das demais, enquanto perdurar a conexão</p><p>temporal e geográfica da infração, além, é claro, de ter que ser observado o código</p><p>infracional.</p><p>Medidas Administrativas X Penalidades</p><p>Diferentemente das penalidades, que têm um caráter punitivo e somente podem ser</p><p>aplicadas pela autoridade de trânsito – dirigente máximo de órgão ou entidade</p><p>executivo integrante do Sistema Nacional de Trânsito, as medidas administrativas</p><p>podem ser aplicadas tanto pela autoridade, quanto pelos seus agentes, no limite de suas</p><p>competências e dentro de sua área de atuação (circunscrição territorial).</p><p>Medidas administrativas tem como característica a autoexecutoriedade, isso quer dizer</p><p>que elas podem ser aplicadas sem a intervenção do Poder Judiciário.</p><p>O que é uma medida administrativa?</p><p>A medida administrativa é uma conduta realizada pelo agente de trânsito diante de uma</p><p>situação onde se presuma haver perigo, ou seja, que possa vir colocar em risco a vida</p><p>do próprio condutor ou da sociedade.</p><p>O art. 269, § 1º do CTB descreve qual é o objetivo do agente de trânsito ao realizar a</p><p>medida administrativa:</p><p>Art. 269. A autoridade de trânsito ou seus agentes, na esfera das competências</p><p>estabelecidas neste Código e dentro de sua circunscrição, deverá adotar as</p><p>seguintes medidas administrativas:</p><p>I - retenção do veículo;</p><p>II - remoção do veículo;</p><p>III - recolhimento da Carteira Nacional de Habilitação;</p><p>IV - recolhimento da Permissão para Dirigir;</p><p>V - recolhimento do Certificado de Registro;</p><p>VI - recolhimento do Certificado de Licenciamento Anual;</p><p>VII - (VETADO)</p><p>VIII - transbordo do excesso de carga;</p><p>37</p><p>IX - realização de teste de dosagem de alcoolemia ou perícia de substância</p><p>entorpecente ou que determine dependência física ou psíquica;</p><p>X - recolhimento de animais que se encontrem soltos nas vias e na faixa de domínio</p><p>das vias de circulação, restituindo-os aos seus proprietários, após o pagamento de</p><p>multas e encargos devidos.</p><p>XI - realização de exames de aptidão física, mental, de legislação,</p><p>de prática de</p><p>primeiros socorros e de direção veicular.</p><p>§ 1º A ordem, o consentimento, a fiscalização, as medidas administrativas e</p><p>coercitivas adotadas pelas autoridades de trânsito e seus agentes terão por</p><p>objetivo prioritário a proteção à vida e à incolumidade física da pessoa.</p><p>[...]</p><p>§ 5º No caso de documentos em meio digital, as medidas administrativas</p><p>previstas nos incisos III, IV, V e VI do caput deste artigo serão realizadas por meio</p><p>de registro no Renach ou Renavam, conforme o caso, na forma estabelecida pelo</p><p>Contran.</p><p>As medidas administrativas servem, então, para proteger a vida e à incolumidade física</p><p>da pessoa, conforme previsão do §1° do artigo 269 do CTB, acima citado.</p><p>Vale a pena conferir o Manual Brasileiro de Fiscalização de Trânsito, sobre as medidas</p><p>administrativas.</p><p>Como funciona a medida administrativa na prática?</p><p>As medidas administrativas da infração ao artigo 165 e 165-A do CTB, por exemplo, estão</p><p>previstas no próprio texto infracional, vejam:</p><p>Medida administrativa - recolhimento do documento de habilitação e retenção do</p><p>veículo, observado o disposto no § 4º do art. 270 da Lei no 9.503, de 23 de setembro</p><p>de 1997 - do Código de Trânsito Brasileiro.</p><p>Também estão previstas na Resolução 432 do CONTRAN. Ambas que devem ser</p><p>aplicadas nos casos onde o condutor é flagrado em uma blitz da Lei Seca ou que é alvo</p><p>de fiscalização e comete as infrações aos artigos supramencionados.</p><p>Vejamos os arts. 9º e 10 da Resolução 432 do Contran:</p><p>art. 9º. O veículo será retido até a apresentação de condutor habilitado, que</p><p>também será submetido à fiscalização.</p><p>Parágrafo único. Caso não se apresente condutor habilitado ou o agente verifique</p><p>que ele não está em condições de dirigir, o veículo será recolhido ao depósito do</p><p>órgão ou entidade responsável pela fiscalização, mediante recibo.</p><p>art. 10º. O documento de habilitação será recolhido pelo agente, mediante recibo,</p><p>e ficará sob custódia do órgão ou entidade de trânsito responsável pela autuação</p><p>até que o condutor comprove que não está com a capacidade psicomotora alterada,</p><p>nos termos desta Resolução</p><p>38</p><p>As medidas administrativas previstas nas normas acima mencionadas, deverão ser</p><p>aplicadas tanto nos casos em que o condutor infrator realiza o teste do etilômetro ou</p><p>bafômetro, e é constatado algum teor alcoólico, quanto para aquele que se recusa a</p><p>fazer o teste do bafômetro.</p><p>Após a abordagem do agente de trânsito e a sua constatação da inaptidão de dirigir por</p><p>motivo de embriaguez ao volante, ele DEVE RECOLHER a habilitação e realizar a</p><p>RETENÇÃO do veículo.</p><p>ATENÇÃO!! O agente de trânsito DEVE realizar esse ato que é chamado de medida</p><p>administrativa.</p><p>Porque o agente de trânsito DEVE realizar essa conduta obrigatoriamente?</p><p>Ora, se o motorista está visivelmente embriagado, pressupõe que ele não está em</p><p>condições de dirigir um veículo, pois se assim o fizer colocará em risco a vida das pessoas</p><p>que cruzarem o seu caminho, ou seja, pedestres ou outros veículos automotores,</p><p>podendo ocasionar um acidente de trânsito.</p><p>E isso se justifica porque o agente de trânsito tem “por objetivo prioritário a proteção</p><p>à vida e à incolumidade física da pessoa” (art. 269, § 1º, CTB).</p><p>É importante não confundir medidas administrativas com a imposição da penalidade</p><p>(efetivamente).</p><p>Isso porque, ao contrário das medidas administrativas que são aplicadas da hora, no</p><p>momento da autuação, as penalidades só podem ser impostas após finalizado todo</p><p>processo, ou seja, após o órgão de trânsito dar ao penalizado a oportunidade de se</p><p>defender e exercer o direito ao contraditório e à ampla defesa.</p><p>Qual é a diferença entre a penalidade e a medida administrativa?</p><p>As penalidades são sanções (punições) prevista no CTB aplicáveis a quem comete uma</p><p>infração de trânsito, conforme leitura do art. 257 do CTB.</p><p>PENALIDADES MEDIDAS ADMINISTRATIVAS</p><p>Multa – valor de R$ 2.934,70 Recolhimento da CNH</p><p>Suspensão do direito de dirigir por 12 meses Retenção do veículo</p><p>Remoção do veículo</p><p>Vale frisar que quando previstas para determinadas infrações de trânsito, as medidas</p><p>administrativas são de aplicação obrigatória (tendo em vista o princípio da legalidade);</p><p>todavia, quando não ocorrerem, por qualquer motivo que seja, tal omissão NÃO é um</p><p>39</p><p>impedimento para a aplicação da multa cabível à conduta infracional, por força do § 2º</p><p>do artigo 269, uma vez que estamos diante de uma providência complementar à</p><p>penalidade principal.</p><p>Ocorre que tal previsão é discutível. Imagine a seguinte situação: o motorista “x” é</p><p>autuado pela lei seca. Ele chama um condutor habilitado que vai retirar o veículo do</p><p>local da infração. Se o novo motorista não for submetido ao teste do bafômetro (ou</p><p>mesmo que ele seja e isso não conste no AIT), teremos uma nulidade, já que há violação</p><p>da previsão legal.</p><p>Outro exemplo, é o fato de o agente de trânsito não indicar no auto de infração qual foi</p><p>o motorista habilitado que retirou o veículo do local da infração. Isso gera nulidade por</p><p>inobservância da forma do ato administrativo, pois gera dúvida e dá a entender que a</p><p>medida administrativa não foi cumprida e que, consequentemente, o condutor</p><p>inicialmente abordado não estava sob efeito de álcool.</p><p>_______________________________________________________________________</p><p>_______________________________________________________________________</p><p>_______________________________________________________________________</p><p>_______________________________________________________________________</p><p>_______________________________________________________________________</p><p>_______________________________________________________________________</p><p>_______________________________________________________________________</p><p>_______________________________________________________________________</p><p>_______________________________________________________________________</p><p>_______________________________________________________________________</p><p>_______________________________________________________________________</p><p>_______________________________________________________________________</p><p>_______________________________________________________________________</p><p>_______________________________________________________________________</p><p>_______________________________________________________________________</p><p>_______________________________________________________________________</p><p>_______________________________________________________________________</p><p>_______________________________________________________________________</p><p>_______________________________________________________________________</p><p>_______________________________________________________________________</p><p>_______________________________________________________________________</p><p>_______________________________________________________________________</p><p>_______________________________________________________________________</p><p>_______________________________________________________________________</p><p>Sujeitos Passivos - quem pode sofrer penalidade? Art. 257 CTB</p><p>40</p><p>O CTB separou e dividiu a responsabilidade quando do cometimento de uma infração.</p><p>No nosso estudo, o que vai interessar, é a divisão de responsabilidades entre o</p><p>proprietário e o condutor do veículo.</p><p>Vamos fazer a leitura do artigo 257:</p><p>Art. 257. As penalidades serão impostas ao condutor, ao proprietário do veículo, ao</p><p>embarcador e ao transportador, salvo os casos de descumprimento de obrigações</p><p>e deveres impostos a pessoas físicas ou jurídicas expressamente mencionados neste</p><p>Código.</p><p>§ 1º Aos proprietários e condutores de veículos serão impostas concomitantemente</p><p>as penalidades de que trata este Código toda vez que houver responsabilidade</p><p>solidária em infração dos preceitos que lhes couber observar, respondendo cada um</p><p>de per si pela falta em comum que lhes for atribuída.</p><p>§ 2º Ao proprietário caberá sempre a responsabilidade pela infração referente à</p><p>prévia regularização</p><p>e preenchimento das formalidades e condições exigidas para</p><p>o trânsito do veículo na via terrestre, conservação e inalterabilidade de suas</p><p>características, componentes, agregados, habilitação legal e compatível de seus</p><p>condutores, quando esta for exigida, e outras disposições que deva observar.</p><p>§ 3º Ao condutor caberá a responsabilidade pelas infrações decorrentes de atos</p><p>praticados na direção do veículo.</p><p>§ 4º O embarcador é responsável pela infração relativa ao transporte de carga com</p><p>excesso de peso nos eixos ou no peso bruto total, quando simultaneamente for o</p><p>único remetente da carga e o peso declarado na nota fiscal, fatura ou manifesto for</p><p>inferior àquele aferido.</p><p>§ 5º O transportador é o responsável pela infração relativa ao transporte de carga</p><p>com excesso de peso nos eixos ou quando a carga proveniente de mais de um</p><p>embarcador ultrapassar o peso bruto total.</p><p>§ 6º O transportador e o embarcador são solidariamente responsáveis pela infração</p><p>relativa ao excesso de peso bruto total, se o peso declarado na nota fiscal, fatura</p><p>ou manifesto for superior ao limite legal.</p><p>§ 7º Quando não for imediata a identificação do infrator, o principal condutor ou o</p><p>proprietário do veículo terá o prazo de 30 (trinta) dias, contado da notificação da</p><p>autuação, para apresentá-lo, na forma em que dispuser o Contran, e, transcorrido</p><p>o prazo, se não o fizer, será considerado responsável pela infração o principal</p><p>condutor ou, em sua ausência, o proprietário do veículo.</p><p>§ 8º Após o prazo previsto no § 7º deste artigo, se o infrator não tiver sido</p><p>identificado, e o veículo for de propriedade de pessoa jurídica, será lavrada nova</p><p>multa ao proprietário do veículo, mantida a originada pela infração, cujo valor</p><p>será igual a 2 (duas) vezes o da multa originária, garantidos o direito de defesa</p><p>prévia e de interposição de recursos previstos neste Código, na forma estabelecida</p><p>pelo Contran.</p><p>§ 9º O fato de o infrator ser pessoa jurídica não o exime do disposto no § 3º do art.</p><p>258 e no art. 259.</p><p>§ 10 O proprietário poderá indicar ao órgão executivo de trânsito o principal</p><p>condutor do veículo, o qual, após aceitar a indicação, terá seu nome inscrito em</p><p>campo próprio do cadastro do veículo no Renavam.</p><p>§ 11 O principal condutor será excluído do Renavam:</p><p>I - quando houver transferência de propriedade do veículo;</p><p>II - mediante requerimento próprio ou do proprietário do veículo;</p><p>III - a partir da indicação de outro principal condutor.</p><p>41</p><p>Com a simples leitura deste artigo é fácil entender que o proprietário é responsável</p><p>pelas infrações referentes à documentação e ao estado de conservação do veículo.</p><p>Enquanto o condutor é responsável pelas infrações que acontecem quando se está</p><p>dirigindo um veículo automotor.</p><p>Exemplos:</p><p>A infração por farol/lâmpadas queimado(as) - prevista no inciso XXII do artigo 230 do</p><p>CTB diz: “Conduzir o veículo: com defeito no sistema de iluminação, de sinalização ou</p><p>com lâmpadas queimadas”, é de responsabilidade do proprietário, já que está</p><p>relacionada ao estado de conservação do veículo e não com o fato de dirigir.</p><p>Por sua vez, a infração ao art. 233 do CTB: “Deixar de efetuar o registro de veículo no</p><p>prazo de trinta dias, junto ao órgão executivo de trânsito, [...]”, é uma infração referente</p><p>a documentação, sendo assim ela é de responsabilidade do proprietário, uma vez que é</p><p>ele quem deve manter a documentação do mesmo em dia.</p><p>Já a infração ao artigo 218 do CTB: “Transitar em velocidade superior à máxima</p><p>permitida para o local[...]” é de responsabilidade do condutor, uma vez que acontece</p><p>quando se está dirigindo o veículo.</p><p>Tendo isso em mente, no caso da Lei Seca, a responsabilidade pelo cometimento dessa</p><p>infração é EXCLUSIVA do condutor, uma vez que acontece quando se está dirigindo um</p><p>veículo automotor.</p><p>Sendo assim, o proprietário não terá em sua CNH aplicada nenhuma das penalidades</p><p>previstas por infração ao artigo 165 ou 165-A do CTB. O único ônus que ele terá que</p><p>suportar é o pagamento da multa, porém poderá cobrar o valor desembolsado do</p><p>condutor através da ação judicial competente.</p><p>Por isso, não devemos confundir as responsabilidades previstas no artigo</p><p>supramencionado, com a que diz respeito ao ônus de suportar as penas pecuniárias, ou</p><p>seja, responsabilidade pelo pagamento das multas.</p><p>E a previsão legal, no que se refere ao pagamento das multas, está no § 3° do art. 282</p><p>do CTB, bem como na Resolução 108 do CONTRAN, vejamos:</p><p>§ 3º Sempre que a penalidade de multa for imposta a condutor, à exceção daquela</p><p>de que trata o § 1º do art. 259, a notificação será encaminhada ao proprietário do</p><p>veículo, responsável pelo seu pagamento.</p><p>Resolução 108. Art. 1º Fica estabelecido que o proprietário do veículo será sempre</p><p>responsável pelo pagamento da penalidade de multa, independente da infração</p><p>cometida, até mesmo quando o condutor for indicado como condutor-infrator nos</p><p>termos da lei, não devendo ser registrado ou licenciado o veículo sem que o seu</p><p>proprietário efetue o pagamento do débito de multas, excetuando-se as infrações</p><p>42</p><p>resultantes de excesso de peso que obedecem ao determinado no artigo 257 e</p><p>parágrafos do Código de Trânsito Brasileiro.</p><p>Assim, o legislador deixou claro a quem cabe o pagamento das multas. Portanto, há no</p><p>CTB duas categorias de responsabilidades:</p><p>1. A que está ligada com a infração, cujo resultado prático é a somatória de pontos</p><p>no prontuário da CNH que podem levar à suspensão do direito de dirigir, a</p><p>cassação da CNH ou cancelamento da PPD e</p><p>2. A que traz a obrigação de pagar as multas aplicadas.</p><p>Ainda é válido dizer que as multas sempre estarão vinculadas ao veículo,</p><p>independentemente de ser ou não o proprietário o condutor infrator, vejam o que diz o</p><p>§ 2° do art. 131 do CTB:</p><p>Art. 131. O Certificado de Licenciamento Anual será expedido ao veículo licenciado,</p><p>vinculado ao Certificado de Registro, no modelo e especificações estabelecidos pelo</p><p>CONTRAN.</p><p>(...)</p><p>§ 2º O veículo somente será considerado licenciado estando quitados os débitos</p><p>relativos a tributos, encargos e multas de trânsito e ambientais, vinculados ao</p><p>veículo, independentemente da responsabilidade pelas infrações cometidas.</p><p>Assim, concluímos: Existem duas categorias distintas de responsabilidades estabelecidas</p><p>no CTB: a responsabilidade pela infração e a responsabilidade pelo pagamento das</p><p>multas;</p><p>Responsável pela infração é aquele que terá computado em seu prontuário de CNH os</p><p>pontos referentes às infrações praticadas, seja ele o condutor infrator ou o próprio</p><p>proprietário;</p><p>A responsabilidade pelo pagamento das multas é sempre do proprietário do veículo e,</p><p>em caso de não pagamento das mesmas, os débitos ficarão vinculados ao licenciamento</p><p>do veículo, independentemente de quem seja o responsável pela infração;</p><p>O proprietário do veículo pode exigir em juízo que o condutor infrator o ressarça dos</p><p>valores desembolsados com as multas geradas por atos destes (exercício do direito de</p><p>regresso), em tema pacificado no judiciário;</p><p>E, por fim, mesmo que haja indicação de condutor, esta não é hábil para afastar a</p><p>responsabilidade do proprietário do veículo pelo pagamento das multas.</p><p>Eu quis trazer este assunto porque ele é importante para o estudo do próximo tópico</p><p>sobre as notificações. Esse tópico é de suma importância, pois é possível que seja</p><p>declarada a nulidade de toda a penalidade pelo simples fato de o órgão de trânsito não</p><p>notificar o sujeito correto.</p><p>43</p><p>Sujeitos Ativos - quem pode aplicar penalidades?</p><p>A competência de cada órgão que compõe o Sistema Nacional de Trânsito, está prevista</p><p>no Código de Trânsito Brasileiro.</p><p>A competência dos órgãos e entidades executivos de trânsito dos Estados e do Distrito</p><p>Federal, que é o DETRAN, embora não exista essa denominação no CTB, está prevista</p><p>no art. 22 do CTB.</p><p>Uma das competências é aplicar penalidades, ou seja, o DETRAN pode aplicar</p><p>penalidades.</p><p>A competência</p><p>dos órgãos e entidades executivos de trânsito dos municípios tem</p><p>previsão no art. 24 do CTB e a fiscalização, autuação e penalização de infratores que</p><p>violem as leis de trânsito por infrações de circulação, estacionamento e parada é</p><p>privativa dos órgãos municipais.</p><p>A Polícia Militar dos Estados e do Distrito Federal é um importante órgão de fiscalização</p><p>de trânsito, atuando através de convênio, ou seja, podem executar a fiscalização de</p><p>trânsito, a partir do momento em que é firmado convênio, na forma do art. 23 do CTB:</p><p>Art. 23. Compete às Polícias Militares dos Estados e do Distrito Federal:</p><p>[...]</p><p>III - executar a fiscalização de trânsito, quando e conforme convênio firmado, como</p><p>agente do órgão ou entidade executivos de trânsito ou executivos rodoviários,</p><p>concomitantemente com os demais agentes credenciados;</p><p>Vale dizer que a competência da Polícia Militar acontece após realizar o convênio com</p><p>algum outro órgão ou entidade do sistema para só então exercer com legalidade a</p><p>fiscalização de trânsito.</p><p>Caso não haja convênio, toda a atuação da Polícia Militar caracteriza ato nulo por vício</p><p>de competência.</p><p>Vale lembrar que o policial militar não é autoridade de trânsito, mas quando ele atua na</p><p>função de fiscal do trânsito, se torna agente da autoridade de trânsito e o anexo I do</p><p>CTB nos traz a diferença conceitual:</p><p>AUTORIDADE DE TRÂNSITO - dirigente máximo de órgão ou entidade executivo</p><p>integrante do Sistema Nacional de Trânsito ou pessoa por ele expressamente</p><p>credenciada.</p><p>AGENTE DA AUTORIDADE DE TRÂNSITO - agente de trânsito e policial rodoviário</p><p>federal que atuam na fiscalização, no controle e na operação de trânsito e no</p><p>patrulhamento, competentes para a lavratura do auto de infração e para os</p><p>procedimentos dele decorrentes, incluídos o policial militar ou os agentes referidos</p><p>44</p><p>no art. 25-A deste Código, quando designados pela autoridade de trânsito com</p><p>circunscrição sobre a via, mediante convênio, na forma prevista neste Código.</p><p>AGENTE DE TRÂNSITO - servidor civil efetivo de carreira do órgão ou entidade</p><p>executivos de trânsito ou rodoviário, com as atribuições de educação, operação e</p><p>fiscalização de trânsito e de transporte no exercício regular do poder de polícia de</p><p>trânsito para promover a segurança viária nos termos da Constituição Federal.</p><p>Tendo em vista, então, que somente a autoridade de trânsito pode aplicar penalidades</p><p>e, sendo a multa uma penalidade de trânsito, resta claro que o policial militar não pode</p><p>multar, mas sim autuar.</p><p>Quando o PM lavra o AIT ele está autuando e não multando!</p><p>O auto de infração lavrado será remetido à apreciação da autoridade de trânsito que,</p><p>após o regular processo administrativo de trânsito, irá aplicar a multa, se for o caso,</p><p>veremos isso mais adiante.</p><p>A polícia Rodoviária Federal, por sua vez, faz parte do SNT e não pode ser confundida</p><p>com a Polícia Federal. O campo de atuação da PRF é composto pelas rodovias e estradas</p><p>federais e sua competência tem previsão no art. 20 do CTB.</p><p>Diferentemente da PM, a PRF pode aplicar multas, por esse motivo, na PRF sempre</p><p>haverá uma autoridade de trânsito competente para a aplicação desta penalidade.</p><p>Uma recente alteração da legislação de trânsito, é o fato de que foi incluída na</p><p>competência da PRF a aplicação da penalidade de suspensão do direito de dirigir,</p><p>vejamos:</p><p>XII - aplicar a penalidade de suspensão do direito de dirigir, quando prevista de</p><p>forma específica para a infração cometida, e comunicar a aplicação da penalidade</p><p>ao órgão máximo executivo de trânsito da União.</p><p>Ou seja, anteriormente, a competência que era somente do DETRAN dos estados e do</p><p>Distrito Federal, passou a ser também da PRF, quando esta for a responsável pela</p><p>aplicação de uma penalidade que prevê de forma específica a suspensão do direito de</p><p>dirigir.</p><p>Por exemplo: se a PRF autuar um motorista pela infração prevista no art. 165-A do CTB,</p><p>ela também será a responsável por aplicar a penalidade de suspensão do direito de</p><p>dirigir, instaurado e processando o competente processo administrativo.</p><p>Os demais órgãos do Sistema Nacional de Trânsito podem aplicar penalidades, seguindo</p><p>as regras de competência de cada um, conforme previsão da legislação de trânsito.</p><p>_______________________________________________________________________</p><p>_______________________________________________________________________</p><p>45</p><p>_______________________________________________________________________</p><p>_______________________________________________________________________</p><p>_______________________________________________________________________</p><p>_______________________________________________________________________</p><p>_______________________________________________________________________</p><p>_______________________________________________________________________</p><p>_______________________________________________________________________</p><p>_______________________________________________________________________</p><p>_______________________________________________________________________</p><p>_______________________________________________________________________</p><p>_______________________________________________________________________</p><p>_______________________________________________________________________</p><p>_______________________________________________________________________</p><p>_______________________________________________________________________</p><p>_______________________________________________________________________</p><p>_______________________________________________________________________</p><p>_______________________________________________________________________</p><p>_______________________________________________________________________</p><p>_______________________________________________________________________</p><p>_______________________________________________________________________</p><p>_______________________________________________________________________</p><p>_______________________________________________________________________</p><p>Auto de Infração de Trânsito</p><p>Como dito, no começo do nosso estudo, o processo administrativo se inicia com o</p><p>cometimento de uma infração, que é o motivo hábil para justificar a lavratura do auto</p><p>de infração, que é o ato pelo qual a infração é registrada.</p><p>Em primeiro lugar, temos que entender o que o CTB diz ser uma infração. Neste aspecto,</p><p>o tema foi tratado em dois momentos: o primeiro, no art. 161 localizado no capítulo XV</p><p>referente às próprias infrações:</p><p>Art. 161. Constitui infração de trânsito a inobservância de qualquer preceito deste</p><p>Código ou da legislação complementar, e o infrator sujeita-se às penalidades e às</p><p>medidas administrativas indicadas em cada artigo deste Capítulo e às punições</p><p>previstas no Capítulo XIX deste Código.</p><p>Como vimos, constitui infração de trânsito tudo aquilo que contraria ou desobedece a</p><p>legislação de trânsito.</p><p>Assim, havendo uma conduta tipificada pela legislação como infração de trânsito,</p><p>haverá a lavratura de um auto de infração, leitura do caput do artigo 280 do CTB.</p><p>46</p><p>Art. 280. Ocorrendo infração prevista na legislação de trânsito, lavrar-se-á auto de</p><p>infração [...]</p><p>O processo administrativo para aplicação de uma penalidade de multa, inicia-se, então,</p><p>com o cometimento de uma infração de trânsito.</p><p>Auto de infração, por sua vez, é um ato administrativo vinculado, ou seja, para o agente</p><p>da autoridade de trânsito não há opção.</p><p>Ao constatar uma infração de trânsito, ele deve registrar o fato, por escrito, no auto de</p><p>infração de trânsito. Além disso, por ser um ato administrativo vinculado, ele deve estar</p><p>revestido dos requisitos essenciais para sua validade, quais sejam competência, objeto,</p><p>forma, finalidade e motivo, conforme já estudado anteriormente.</p><p>O AIT tem por finalidade, então, levar ao conhecimento da autoridade de trânsito que</p><p>uma infração ocorreu em uma via terrestre sob sua circunscrição, conforme redação do</p><p>caput do art. 280: Ocorrendo infração prevista</p><p>na legislação de trânsito, lavrar-se-á auto</p><p>de infração (...)</p><p>Se o agente trânsito for omisso e não lavrar o auto de infração, a depender das</p><p>circunstâncias, ele pode incorrer no crime de prevaricação (artigo 319 do Código Penal).</p><p>De acordo com o Código de Trânsito Brasileiro, as Resoluções 900 e 918 do CONTRAN,</p><p>Portaria n° 354 da SENATRAN, bem como o Manual Brasileiro de Fiscalização de Trânsito</p><p>(MBFT), o auto de infração de trânsito é o principal documento do processo</p><p>administrativo para a imposição da penalidade de punição em decorrência de alguma</p><p>infração à legislação de trânsito.</p><p>Nele deve conter, além dos requisitos previstos no artigo 280 do CTB, a descrição da</p><p>situação observada no campo observações, conforme orientação das fichas do MBFT.</p><p>Vejamos o texto do artigo 280, bem como artigo 3° da Resolução 918 do CONTRAN:</p><p>Art. 280. Ocorrendo infração prevista na legislação de trânsito, lavrar-se-á auto de</p><p>infração, do qual constará:</p><p>I - tipificação da infração;</p><p>II - local, data e hora do cometimento da infração;</p><p>III - caracteres da placa de identificação do veículo, sua marca e espécie, e outros</p><p>elementos julgados necessários à sua identificação;</p><p>IV - o prontuário do condutor, sempre que possível;</p><p>V - identificação do órgão ou entidade e da autoridade ou agente autuador ou</p><p>equipamento que comprovar a infração;</p><p>VI - assinatura do infrator, sempre que possível, valendo esta como notificação do</p><p>cometimento da infração.</p><p>§ 1º (VETADO)</p><p>§ 2º A infração deverá ser comprovada por declaração da autoridade ou do agente</p><p>da autoridade de trânsito, por aparelho eletrônico ou por equipamento audiovisual,</p><p>47</p><p>reações químicas ou qualquer outro meio tecnologicamente disponível,</p><p>previamente regulamentado pelo CONTRAN.</p><p>§ 3º Não sendo possível a autuação em flagrante, o agente de trânsito relatará o</p><p>fato à autoridade no próprio auto de infração, informando os dados a respeito do</p><p>veículo, além dos constantes nos incisos I, II e III, para o procedimento previsto no</p><p>artigo seguinte.</p><p>§ 4º O agente da autoridade de trânsito competente para lavrar o auto de infração</p><p>poderá ser servidor civil, estatutário ou celetista ou, ainda, policial militar designado</p><p>pela autoridade de trânsito com jurisdição sobre a via no âmbito de sua</p><p>competência.</p><p>***</p><p>Art. 3º Constatada a infração pela autoridade de trânsito ou por seu agente, ou</p><p>ainda comprovada sua ocorrência por aparelho eletrônico ou por equipamento</p><p>audiovisual, reações químicas ou qualquer outro meio tecnológico disponível,</p><p>previamente regulamentado pelo CONTRAN, será lavrado o AIT, que deverá conter</p><p>os dados mínimos definidos pelo art. 280 do CTB e em regulamentação específica.</p><p>§ 1º O AIT de que trata o caput poderá ser lavrado pela autoridade de trânsito ou</p><p>por seu agente:</p><p>I - por anotação em documento próprio;</p><p>II - por registro em talão eletrônico isolado ou acoplado a equipamento de detecção</p><p>de infração regulamentado pelo CONTRAN, atendido o procedimento definido pelo</p><p>órgão máximo executivo de trânsito da União; ou</p><p>III - por registro em sistema eletrônico de processamento de dados, quando a</p><p>infração for comprovada por equipamento de detecção provido de registrador de</p><p>imagem, regulamentado pelo CONTRAN</p><p>§ 2º O órgão autuador, sempre que possível, deverá imprimir o AIT lavrado nas</p><p>formas previstas nos incisos II e III do § 1º para início do processo administrativo</p><p>previsto no Capítulo XVIII do CTB, sendo dispensada a assinatura da autoridade ou</p><p>de seu agente.</p><p>§ 3º O registro da infração, referido no inciso III do § 1º será referendado por</p><p>autoridade de trânsito, ou seu agente, que será identificado no AIT.</p><p>§ 4º Sempre que possível, o condutor será identificado no momento da lavratura do</p><p>AIT.</p><p>§ 5º O AIT valerá como NA quando for assinado pelo condutor e este for o</p><p>proprietário do veículo ou o principal condutor previamente identificado, desde que</p><p>conste a data do término do prazo para a apresentação da defesa da autuação, nos</p><p>termos do art. 281-A do CTB.</p><p>§ 6º O talão eletrônico previsto no inciso II do § 1º constitui-se de sistema</p><p>informatizado (software) instalado em equipamentos preparados para esse fim ou</p><p>no próprio sistema de registro de infrações do órgão autuador, na forma</p><p>disciplinada pelo órgão máximo executivo de trânsito da União.</p><p>Uma inovação importante de destacar aqui, é a dispensa da assinatura da autoridade ou</p><p>de seu agente se o auto de infração for lavrado de forma eletrônica.</p><p>São nesses artigos (básicos) que você deve se basear quando tiver em mãos um auto de</p><p>infração.</p><p>48</p><p>E porque eu digo “artigos básicos”? Porque além deles, é necessário ter em mente que</p><p>você terá que analisar a legislação complementar e Resoluções específicas para o caso.</p><p>Vejamos um exemplo:</p><p>A Resolução 798/2020 que estabelece requisitos técnicos mínimos para a fiscalização da</p><p>velocidade de veículos automotores, reboques e semirreboques, conforme o Código de</p><p>Trânsito Brasileiro, diz que no auto de infração precisa constar os seguintes itens:</p><p>Art. 9º Para sua consistência e regularidade, o auto de infração de trânsito (AIT) e</p><p>a notificação de autuação (NA), além do disposto no CTB e na legislação</p><p>complementar, devem conter, no mínimo, as seguintes informações:</p><p>I - imagem com a placa do veículo;</p><p>II - velocidade regulamentada para o local da via em km/h;</p><p>III - velocidade medida do veículo, no momento da infração, em km/h;</p><p>IV - velocidade considerada, já descontada a margem de erro metrológica, em</p><p>km/h;</p><p>V - local da infração, onde o equipamento está instalado ou sendo operado,</p><p>identificado de forma descritiva ou codificado;</p><p>VI - data e hora da infração;</p><p>VII - identificação do instrumento ou equipamento utilizado, mediante numeração</p><p>estabelecida pelo órgão ou entidade com circunscrição sobre a via;</p><p>VIII - data da última verificação metrológica; e</p><p>IX - números de registro junto ao Inmetro e de série do fabricante do medidor de</p><p>velocidade.</p><p>Parágrafo único. O órgão ou entidade com circunscrição sobre a via deve dar</p><p>publicidade, por meio do seu site na rede mundial de computadores, antes do início</p><p>de sua operação, da relação de todos os medidores de velocidade existentes em sua</p><p>circunscrição, contendo o tipo do equipamento, o número de registro junto ao</p><p>Inmetro, o número de série do fabricante, a identificação estabelecida pelo órgão</p><p>e, no caso do tipo fixo, também do local de instalação.</p><p>Se a receita não estiver ok, há nulidade de FORMA, pois há violação quanto a este</p><p>requisito do ato administrativo. Por este motivo é importante conhecer toda a legislação</p><p>envolvida, inclusive o próprio Direito Administrativo.</p><p>Lembre-se de observar também a Portaria nº 354 da SENATRAN, que estabelece os</p><p>campos de informações que deverão constar no auto de infração, os campos</p><p>facultativos, obrigatórios e como se dará o preenchimento, para fins de uniformização</p><p>em todo o território nacional.</p><p>Por fim, é válido trazer a Portaria n° 58/2020 da Polícia Rodoviária Federal, que dispõe</p><p>sobre as informações mínimas que devem constar no auto de infração, prazos e</p><p>procedimentos para apresentação de defesa da autuação e de recurso de penalidade de</p><p>multa, por infrações ao Regulamento para Transporte Rodoviário de Produtos Perigosos</p><p>no âmbito da Polícia Rodoviária Federal.</p><p>https://www.in.gov.br/en/web/dou/-/portaria-n-58-de-4-de-fevereiro-de-2020-243132862</p><p>49</p><p>Sempre que os requisitos formais do auto de infração não forem observados ou quando</p><p>a peça não revestir a forma prevista na legislação de trânsito, o AIT deve ser anulado,</p><p>por ser inconsistente ou irregular, como bem determina o artigo 281, do Código de</p><p>Trânsito Brasileiro:</p><p>Art. 281. A autoridade de trânsito, na esfera da competência estabelecida neste</p><p>Código e dentro de sua circunscrição, julgará a consistência do auto de infração e</p><p>aplicará a penalidade cabível.</p><p>Parágrafo único. O auto de infração será arquivado e seu registro julgado</p><p>insubsistente:</p><p>I – se considerado</p><p>inconsistente ou irregular;</p><p>Havendo inobservância por parte do órgão de trânsito de algum requisito para aplicação</p><p>da penalidade de multa, o procedimento deverá ser anulado, com fundamento no art.</p><p>281 do CTB.</p><p>De acordo com o Código de Trânsito Brasileiro, a Resolução nº 918 do CONTRAN, bem</p><p>como o Manual Brasileiro de Fiscalização de Trânsito, o auto de infração de trânsito é</p><p>o principal documento do processo administrativo para a imposição da penalidade de</p><p>punição em decorrência de alguma infração à legislação de trânsito.</p><p>O AIT é peça informativa que subsidia a Autoridade de Trânsito na aplicação das</p><p>penalidades e sua consistência está na perfeita caracterização da infração, devendo ser</p><p>preenchido de acordo com as disposições contidas no artigo 280 do CTB e demais</p><p>normas regulamentares, com registro dos fatos que fundamentaram sua lavratura.</p><p>Quando a configuração de uma infração depender da existência de sinalização</p><p>específica, esta deverá revelar-se suficiente e corretamente implantada de forma legível</p><p>e visível. Caso contrário, o agente não deverá lavrar o AIT, comunicando à Autoridade</p><p>de Trânsito com circunscrição sobre a via a irregularidade observada.</p><p>Por isso o acesso ao AIT - que é a peça acusatória - é indispensável, pois a defesa não é</p><p>contra a notificação, mas sim contra o auto de infração!</p><p>Se você não tem acesso ao AIT há vício do procedimento (modelo de pedido em anexo,</p><p>no material complementar). É necessário comprovar que solicitou a cópia e não teve</p><p>acesso (pegue algo, como um protocolo, por exemplo, comprovando que você solicitou</p><p>o auto de infração e não teve acesso), assim você poderá pleitear a nulidade não</p><p>somente do AIT, mas de todo o processo administrativo que é instaurado para a</p><p>aplicação de uma penalidade de multa.</p><p>Ainda o artigo 280 do Código de Trânsito Brasileiro, em conjunto com o Manual</p><p>Brasileiro de Fiscalização de Trânsito, trazem em seus textos quais são os elementos</p><p>formais que devem estar contidos no auto de infração.</p><p>Regularidade e consistência do Auto de Infração</p><p>50</p><p>A inconsistência do auto de infração diz respeito aos requisitos contidos no art. 280 do</p><p>CTB, isso porque, o próprio art. 281 em seu caput diz que: "A autoridade de trânsito, na</p><p>esfera da competência estabelecida neste Código e dentro de sua circunscrição, julgará</p><p>a consistência do auto de infração e aplicará a penalidade cabível".</p><p>A partir daí, vamos imaginar a seguinte situação: O agente de trânsito lavra um AIT</p><p>contra o motorista conforme determina o art. 280 do CTB, a Portaria 354 da SENATRAN</p><p>e nos termos do Manual Brasileiro de Fiscalização de Trânsito.</p><p>Desse modo, após a autuação, o agente enviará o auto de infração para a autoridade de</p><p>trânsito que “JULGARÁ” o auto de infração para verificar se este atende os requisitos</p><p>mínimos da lei (consistência) e aplicará a penalidade cabível.</p><p>Veja que o art. 281 caput NÃO diz que a autoridade de trânsito julgará a regularidade</p><p>do auto de infração, mas apenas a sua consistência. Entende-se por consistente,</p><p>também, o AIT que impute a prática de uma infração de trânsito.</p><p>AIT inconsistente e irregular é NULO e, assim, havendo inobservância por parte do órgão</p><p>de trânsito de algum requisito para aplicação da penalidade de multa, o procedimento</p><p>deverá ser anulado com fundamento no art. 281 do CTB.</p><p>Por fim, como o auto de infração relata uma suposta infração de trânsito, aquele que foi</p><p>autuado pode e deve exercer seu direito de defesa no processo administrativo de</p><p>trânsito que será instaurado, pois se trata de uma garantia constitucional, como se</p><p>observa no artigo 5º, incisos LIV e LV, da Constituição Federal, como veremos adiante.</p><p>Auto de Infração como Peça Informativa</p><p>O Manual Brasileiro de Fiscalização de Trânsito diz que: “o AIT é peça informativa que</p><p>subsidia a Autoridade de Trânsito na aplicação das penalidades e sua consistência está</p><p>na perfeita caracterização da infração, devendo ser preenchido de acordo com as</p><p>disposições contidas no artigo 280 do CTB e demais normas regulamentares, com</p><p>registro dos fatos que fundamentaram sua lavratura”.</p><p>Entendemos, então, que aqui estamos diante de um auto de infração consistente.</p><p>E sendo uma peça informativa, “não poderá conter rasuras, emendas, uso de corretivos,</p><p>ou qualquer tipo de adulteração. O seu preenchimento se dará com letra legível,</p><p>preferencialmente, com caneta esferográfica de tinta preta ou azul”.</p><p>É isso que determina se um AIT é regular, caso tenha rasuras, emendas, como acima</p><p>exposto, ele será irregular.</p><p>Cabe, aqui, destacar que a inobservância à forma é vício formal que torna nulo o</p><p>processo administrativo para a imposição das penalidades, nos exatos termos do Código</p><p>Civil:</p><p>51</p><p>Art. 145. É nulo o ato jurídico:</p><p>III – quando não revestir a forma prescrita em Lei.</p><p>A legibilidade pode ser entendida como a facilidade de leitura, que possibilita</p><p>compreender o auto de infração, tornando eficiente as informações nele contidas.</p><p>Não sendo possível ler e entender o auto de infração, deve ser declarada sua</p><p>inconsistência.</p><p>As rasuras ocorrem quando o texto do auto de infração é alterado voluntariamente pelo</p><p>agente de trânsito, incluindo ou retirando letras na tentativa de corrigir o que estava</p><p>escrito, provocando borrões, desgastes, rabiscados, tornando difícil a leitura.</p><p>O texto emendado é aquele em que o agente de trânsito, a fim de corrigir eventual</p><p>informação que foi colocada de forma errada no auto de infração, introduz a informação</p><p>correta no campo de “observações”, retificando os dados.</p><p>Corretivos são substâncias (tinta especial branca) utilizadas para apagar totalmente o</p><p>que havia sido escrito em determinados campos no auto de infração, possibilitando a</p><p>inserção de novas informações sobre aquelas apagadas.</p><p>Por fim, a adulteração significa introduzir uma alteração no auto de infração, uma</p><p>modificação ou manipulação tentando simular a regularidade da autuação. Nesses</p><p>casos, encontramos facilmente autos de infração que foram preenchidos</p><p>posteriormente à sua lavratura, com canetas de outras cores, letra de outro agente de</p><p>trânsito, dados divergentes entre a primeira via (deixada com o infrator) e a segunda via</p><p>que instrui a peça administrativa.</p><p>Nesses casos, a inobservância da forma ou dos procedimentos previstos para o</p><p>preenchimento do auto de infração produzem o mesmo resultado, a ilicitude do ato</p><p>administrativo, consubstanciada pela sua insubsistência ou irregularidade. Isso porque,</p><p>a previsão dos requisitos e da forma de preenchimento do auto de infração decorrem</p><p>de Lei e não possuem qualquer discricionariedade, devendo serem preenchidas nos</p><p>exatos termos previstos.</p><p>Isso porque, no direito administrativo, o aspecto formal do ato é de muito maior</p><p>relevância do que no direito privado, já que a obediência à forma (no sentido estrito) e</p><p>ao procedimento constitui garantia jurídica para o administrado e para a própria</p><p>administração;</p><p>Sempre que os requisitos formais do auto de infração não forem observados ou quando</p><p>a peça não revestir a forma prevista na legislação de trânsito, a autuação deve ser</p><p>anulada, por estar inconsistente ou irregular, como bem determina o artigo 281, do</p><p>Código de Trânsito Brasileiro:</p><p>52</p><p>Art. 281. A autoridade de trânsito, na esfera da competência estabelecida neste</p><p>Código e dentro de sua circunscrição, julgará a consistência do auto de infração e</p><p>aplicará a penalidade cabível.</p><p>Parágrafo único. O auto de infração será arquivado e seu registro julgado</p><p>insubsistente:</p><p>I – se considerado inconsistente ou irregular;</p><p>Havendo inobservância por parte do órgão de trânsito de algum requisito para aplicação</p><p>da penalidade, a exemplo de um vício formal devidamente comprovado no auto de</p><p>infração, A SANÇÃO NÃO DEVE EXISTIR em respeito à segurança jurídica e a aplicação</p><p>justa do Direito.</p><p>Por fim, como o auto de infração relata uma possível penalidade, aquele que foi autuado</p><p>pode e deve exercer</p><p>seu direito de defesa no processo administrativo de trânsito que</p><p>será instaurado, pois se trata de uma garantia constitucional, como se observa no artigo</p><p>5º, LIV e LV, da Constituição Federal.</p><p>Julgamento da consistência do Auto de Infração</p><p>Como estudado, o auto de infração inicia o processo administrativo de trânsito. Porém</p><p>ele ainda não é um ato consistente até que a autoridade julgue o seu conteúdo e, então,</p><p>dê a publicidade a quem de direito através da expedição da notificação.</p><p>Após a lavratura do auto de infração, na forma estabelecida pelo artigo 280, a segunda</p><p>etapa do processo administrativo de trânsito consiste no julgamento de sua</p><p>consistência, para a aplicação da penalidade cabível. Essa é a leitura do artigo 281 do</p><p>CTB, vejamos:</p><p>Art. 281. A autoridade de trânsito, na esfera da competência estabelecida neste</p><p>Código e dentro de sua circunscrição, julgará a consistência do auto de infração e</p><p>aplicará a penalidade cabível.</p><p>Parágrafo único. O auto de infração será arquivado e seu registro julgado</p><p>insubsistente:</p><p>I - se considerado inconsistente ou irregular;</p><p>II - se, no prazo máximo de trinta dias, não for expedida a notificação da autuação.</p><p>Antes, entretanto, de ser efetivamente emitida a notificação da autuação, caberá à</p><p>autoridade de trânsito verificar se o auto de infração apresenta a regularidade formal</p><p>necessária, ou seja, significa verificar se o AIT preenche os requisitos do ato</p><p>administrativo e dos artigos já mencionados aqui pra você.</p><p>Se positivo, aí sim é emitida a notificação da autuação, para o proprietário do veículo</p><p>manifestar-se sob dois aspectos: I) indicar o condutor, nas infrações de sua</p><p>responsabilidade (nos termos do artigo 257); e II) apresentar a defesa da autuação, para</p><p>que a multa não seja aplicada.</p><p>53</p><p>Importante frisar que a inconsistência ou irregularidade da autuação deve ser</p><p>reconhecida de ofício, pela autoridade de trânsito que, ao perceber que houve um</p><p>equívoco no preenchimento ou na análise da conduta flagrada, deverá promover o</p><p>arquivamento do auto de infração, ante a inconsistência ou irregularidade do mesmo.</p><p>Mas pode ser que isso não aconteça. E aí você deverá alegar essa inconsistência ou</p><p>irregularidade.</p><p>Então, concluindo, o auto de infração consistente deve assegurar que as informações</p><p>nele contidas são absolutamente verdadeiras, inclusive no que diz respeito à</p><p>competência da autoridade e/ou agente da autoridade de trânsito.</p><p>O auto de infração consistente deve ainda ter informações que imputem ao responsável</p><p>a prática de uma infração.</p><p>Por sua vez, a regularidade do auto de infração é inerente aos seus requisitos. Ele deve</p><p>dispor de informações essenciais para que o infrator exerça o seu direito de defesa.</p><p>Caso a inconsistência ou irregularidade não seja verificada pela autoridade de trânsito,</p><p>você, como defensor do motorista, poderá fazer isso, impugnando o julgamento da</p><p>consistência do AIT.</p><p>Na defesa prévia buscamos a inconsistência do AIT.</p><p>O artigo 281 ainda aponta dois requisitos para que a multa de trânsito seja imposta pelo</p><p>órgão ou entidade de trânsito:</p><p>O primeiro diz respeito à formalidade do auto de infração, como já exposto;</p><p>O segundo relaciona-se ao prazo máximo de trinta dias, para que seja expedida a</p><p>notificação da autuação, que veremos adiante.</p><p>Possibilidade de impugnar o julgamento da consistência do AIT</p><p>Esse tópico é o “pulo do gato”, visto que a consistência do auto de infração pode ser</p><p>impugnada.</p><p>É preciso que você entenda que há diferença entre julgamento da consistência do auto</p><p>de infração e julgamento da defesa prévia.</p><p>A primeira oportunidade para impugnar o feito é na defesa da autuação, a partir da</p><p>expedição da notificação da autuação.</p><p>Veja o que diz o parágrafo único do art. 281 do CTB: O auto de infração será arquivado</p><p>e seu registro julgado insubsistente: I - se considerado inconsistente ou irregular;</p><p>Temos aqui o “primeiro julgamento”. E você pode e DEVE impugnar esse julgamento.</p><p>54</p><p>Entretanto, quando um AIT é inconsistente e quando ele é irregular?</p><p>Um AIT consistente é aquele constituído, composto por uma informação que impute a</p><p>alguém a prática de uma infração. Assim, é ter o auto de infração de trânsito a descrição</p><p>de um fato sobre o qual incidiu uma norma jurídica, no caso uma norma jurídica de</p><p>trânsito, fazendo nascer o fato jurídico da infração de trânsito.</p><p>Por exemplo, um cidadão estaciona o veículo em um local proibido, o agente da</p><p>autoridade de trânsito, descreve no auto de infração aquela conduta e tipifica-a, ficando</p><p>claro o nascimento do ato jurídico ilícito - infração de trânsito. Assim, por mais que o</p><p>auto de infração não atenda aos requisitos formais, previstos no art. 280 do CTB, houve</p><p>a infração e isto possui, logicamente, um efeito.</p><p>Já a irregularidade do auto de infração é inerente aos seus requisitos, ou seja, é</p><p>intimamente ligada à forma do auto de infração.</p><p>Ser irregular é não dispor das informações essenciais para que o infrator exerça</p><p>regularmente seu direito de defesa. Em outras palavras, é suprimir os elementos</p><p>prescritos pelos incisos I, II, III e V, do Art. 280, do CTB.</p><p>A irregularidade do auto de infração em nada tem a ver com (in)consistência dele. Tal</p><p>afirmação poderá parecer contraditória, mas não o é.</p><p>Um auto de infração irregular, que traga consigo a notícia do cometimento de uma</p><p>infração de trânsito, não terá seu efeito produzido por vício formal.</p><p>Porém, isso não implica dizer que não houve infração. Ao contrário, na maioria dos casos</p><p>há a infração, mas a desobediência aos requisitos legais torna ineficaz o auto de infração</p><p>de trânsito, se houver a impugnação (defesa ou recursos), o auto será convalidado e as</p><p>imputações da multa e da pontuação serão justas.</p><p>Vamos agora entender a diferença entre julgamento da consistência do auto de infração</p><p>e julgamento da defesa prévia. Veja o vídeo clicando aqui. Você vai entender um pouco</p><p>melhor essa questão.</p><p>Entendido esse ponto, a primeira oportunidade para impugnar o julgamento da</p><p>consistência do AIT é na defesa da autuação, a partir da expedição da notificação da</p><p>autuação.</p><p>Usando os argumentos aqui trazidos, se verificado que houve falha no julgamento da</p><p>consistência do AIT, você deve fazer essa impugnação na defesa prévia ou defesa da</p><p>autuação.</p><p>Solicitando cópia do Auto de Infração</p><p>https://youtu.be/gQuTqFOM1wI</p><p>55</p><p>É importante que você solicite cópia do auto infração, uma vez que na notificação, seja</p><p>da autuação, seja da imposição da penalidade não constam (apesar de dever) todos os</p><p>campos que foram preenchidos no AIT.</p><p>Quando do recebimento das notificações, você, como defensor do motorista, DEVE</p><p>solicitar cópia do auto de infração com a finalidade de analisar os aspectos formais e</p><p>todos os campos de preenchimento obrigatório do mesmo.</p><p>Isso porque, é no auto de infração que constam os campos preenchidos pelo agente de</p><p>trânsito e, se for o caso, os erros por ele cometidos, ilegibilidade ou rasuras, por isso a</p><p>importância de requerer/solicitar junto ao órgão autuador, a cópia do auto de infração.</p><p>Solicitar a cópia, assegura a comprovação da veracidade do ato administrativo, caso o</p><p>AIT não esteja corretamente preenchido, terá um ótimo argumento para fazer cair por</p><p>terra a presunção de legitimidade do ato administrativo.</p><p>Ao ter o AIT em mãos, você terá a oportunidade de apontar vícios que podem colaborar</p><p>para o arquivamento ou anulação do auto de infração lavrado pelo agente de trânsito</p><p>ou verificado pelos equipamentos eletrônicos ou audiovisuais, reações químicas ou</p><p>qualquer outro meio tecnológico hábil para tal.</p><p>Alguns órgãos disponibilizam a microfilmagem do AIT via site, outros somente mediante</p><p>requerimento.</p><p>Quando for solicitar a cópia do AIT, procure saber diretamente com o órgão autuador</p><p>como proceder.</p><p>_______________________________________________________________________</p><p>_______________________________________________________________________</p><p>_______________________________________________________________________</p><p>_______________________________________________________________________</p><p>_______________________________________________________________________</p><p>_______________________________________________________________________</p><p>_______________________________________________________________________</p><p>_______________________________________________________________________</p><p>_______________________________________________________________________</p><p>_______________________________________________________________________</p><p>_______________________________________________________________________</p><p>_______________________________________________________________________</p><p>_______________________________________________________________________</p><p>_______________________________________________________________________</p><p>_______________________________________________________________________</p><p>_______________________________________________________________________</p><p>_______________________________________________________________________</p><p>_______________________________________________________________________</p><p>_______________________________________________________________________</p><p>_______________________________________________________________________</p><p>56</p><p>_______________________________________________________________________</p><p>_______________________________________________________________________</p><p>_______________________________________________________________________</p><p>_______________________________________________________________________</p><p>Prática: Erros do agente de trânsito que ANULAM o auto de infração</p><p>O processo administrativo, como vimos, deve dar oportunidade de o penalizado exercer</p><p>o contraditório e ampla defesa. Isso quer dizer que o motorista pode se defender contra</p><p>a penalidade que o órgão de trânsito está imputando a ele.</p><p>É importante que na hora de se defender, você, como defensor do condutor,</p><p>solicite/requeira, junto ao órgão de trânsito competente, a cópia do auto infração, pois,</p><p>muitas vezes, os autos infração são lavrados sem abordagem, fazendo com que os</p><p>motoristas e proprietários de veículos só tenham conhecimento do cometimento da</p><p>suposta infração após receberem a notificação da autuação.</p><p>Você vai ver como solicitar a cópia do auto de infração na parte “bônus”.</p><p>Auto de infração preenchido de forma errada:</p><p>Em que pese o AIT em questão ter sido julgado consistente pela autoridade de trânsito,</p><p>pois houve expedição da notificação da autuação, ele merece ser imediatamente</p><p>anulado por inobservância do preenchimento do local da infração. Note que neste caso,</p><p>o agente de trânsito apenas escreveu o nome da Rodovia, sem mencionar o km/número</p><p>onde o suposto cometimento da infração ocorreu.</p><p>Especificar o local da suposta infração como sendo apenas “rodovia x”, viola o artigo</p><p>280, II do CTB, já que se for uma infração por ultrapassagem em faixa contínua amarela,</p><p>por exemplo - artigo 203, V do CTB - há diversos locais em uma rodovia onde é permitido</p><p>ou não a ultrapassagem. Percebe a importância do auto de infração ser preenchido da</p><p>maneira correta? O auto de infração do exemplo, viola o exercício do contraditório e da</p><p>ampla defesa, já que não é possível identificar o local onde ocorreu (ou não) a suposta</p><p>ultrapassagem em local proibido.</p><p>Fazendo isso, há inobservância do artigo 280, II do CTB, vejam:</p><p>Art. 280: Ocorrendo infração prevista na legislação de trânsito, lavrar-se-á auto de</p><p>infração, do qual constará:</p><p>57</p><p>[...]</p><p>II - local, data e hora do cometimento da infração;</p><p>Assim, pelo erro de preenchimento por parte da autoridade de trânsito, o AIT deve ser</p><p>anulado, com fundamento no artigo 281 do CTB, uma vez que o AIT é inconsistente e</p><p>irregular, pois viola o requisito de existência.</p><p>Outro caso que anula o auto de infração: Auto de infração ilegível.</p><p>Segundo o Manual Brasileiro de Fiscalização de Trânsito, conforme estudamos o AIT é</p><p>peça informativa, e, portanto, não poderá conter rasuras, emendas, uso de corretivos,</p><p>ou qualquer tipo de adulteração e o seu preenchimento se dará com letra legível,</p><p>preferencialmente, com caneta esferográfica de tinta preta ou azul.</p><p>A legibilidade pode ser entendida como a facilidade de leitura, que possibilita</p><p>compreender o auto de infração, tornando eficiente as informações nele contidas.</p><p>Não sendo possível ler e entender o auto de infração, deve ser declarada sua</p><p>inconsistência, com base no artigo 281 do CTB.</p><p>No caso em análise o AIT foi lavrado por infração ao artigo 165 do CTB. Assim, segundo</p><p>o §3° do artigo 8° da Resolução 423 do CONTRAN, é necessário que no AIT conste a</p><p>marca, modelo e nº de série do aparelho, nº do teste, a medição realizada, o valor</p><p>considerado e o limite regulamentado em mg/L;</p><p>Porém, no AIT acima é impossível “decifrar” qual o número de série do equipamento</p><p>utilizado para fazer a medição, o que prejudica o motorista em sua defesa, já que não</p><p>consegue pesquisar a data de aferição do equipamento.</p><p>Nesses casos, a inobservância da forma ou dos procedimentos previstos para o</p><p>preenchimento do auto de infração produzem o mesmo resultado, a ilicitude do ato</p><p>administrativo, o que acarreta a sua insubsistência ou irregularidade.</p><p>Como estudado, sempre que os requisitos formais do auto de infração não forem</p><p>observados ou quando a peça não revestir a forma prevista na legislação de trânsito, o</p><p>auto de infração deve ser anulado, por estar inconsistente ou irregular, como bem</p><p>determina o artigo 281, do Código de Trânsito Brasileiro.</p><p>Processo Administrativo de Trânsito</p><p>58</p><p>Passaremos agora para o estudo do processo administrativo para aplicação da</p><p>penalidade de multa. Para isso, a leitura dos artigos 280 a 290 do CTB são indispensáveis.</p><p>Há quem diga que o processo administrativo se inicia com o auto de infração de trânsito</p><p>(AIT), porém, eu digo que ele se inicia com o cometimento de uma infração, para haver,</p><p>então, o motivo que justifique a lavratura do auto de infração.</p><p>Após a constatação da infração, o agente competente lavrará o auto de infração e a</p><p>autoridade de trânsito a qual pertence aquele agente, fará uma análise prévia do AIT.</p><p>Se ela entender que o AIT é consistente, ela notificará o proprietário do veículo, para lhe</p><p>dar ciência que alguém, na condução de seu veículo, cometeu uma infração de trânsito.</p><p>Essa primeira notificação, é a notificação da autuação (NA). É nesta notificação que vem</p><p>a descrição da infração, contendo também o prazo para apresentação de defesa prévia</p><p>(ou defesa da autuação) e/ou indicar o real condutor infrator, caso o proprietário do</p><p>veículo queira.</p><p>Se não for o proprietário do veículo o infrator, ele poderá fazer a indicação do real</p><p>condutor infrator e deverá, assim, preencher os campos do formulário que acompanha</p><p>a notificação e deverá protocolá-la no órgão competente, seguindo as instruções da</p><p>própria notificação e do artigo 5° da Resolução 918 do CONTRAN.</p><p>Vale dizer, que existem algumas infrações onde não é possível fazer a indicação de</p><p>condutor, como por exemplo nas infrações que dizem respeito ao estado de</p><p>conservação do veículo e documentação do mesmo, conforme artigo 257 do CTB, como</p><p>estudado.</p><p>Abaixo colaciono um exemplo de formulário de indicação de condutor. Qualquer dado</p><p>que for preenchido de forma errada ou se a mesma não for acompanhada dos</p><p>documentos exigidos, a indicação de condutor não será acatada.</p><p>59</p><p>A correta indicação do condutor infrator, ou seja, o preenchimento correto de todos os</p><p>campos exigidos no formulário é de suma importância para que a indicação de condutor</p><p>seja aceita, pois, por incrível que parece, divergência na assinatura e falta de</p><p>documentos indispensáveis são a maior causa de rejeição das indicações de condutores.</p><p>Fazer a indicação de condutor de forma correta e juntando todos os documentos</p><p>exigidos é fundamental para que ela seja aceita, evitando que o</p><p>proprietário do veículo</p><p>arque com infrações que não são de sua responsabilidade e para que não seja instaurado</p><p>um processo administrativo para a imposição da penalidade de suspensão do direito de</p><p>dirigir por acúmulo de pontos.</p><p>Além disso, nos casos em que o motorista está cumprindo a penalidade de suspensão</p><p>do direito de dirigir, se ele tiver um veículo registrado em seu nome, a indicação é</p><p>fundamental para que não haja a instauração de um processo de cassação da CNH, nos</p><p>termos do art. 263 do CTB, como será estudado.</p><p>Muito bem, superada a questão da indicação de condutor e do prazo para apresentação</p><p>de defesa prévia ou da autuação, após passar pelos requisitos de admissibilidade, se</p><p>acolhida a Defesa, o Auto de Infração de Trânsito será cancelado, seu registro será</p><p>arquivado e a autoridade de trânsito comunicará o fato ao proprietário do veículo.</p><p>Não sendo interposta Defesa da Autuação no prazo previsto ou se esta não for acolhida,</p><p>a autoridade de trânsito aplicará a penalidade correspondente.</p><p>É neste momento que é expedida a Notificação de imposição da penalidade (NIP), que</p><p>também vem acompanhada do boleto para pagamento da multa. Aqui o motorista pode</p><p>dizer que foi efetivamente multado, pois antes não tinha sobre ele nenhuma</p><p>penalidade.</p><p>60</p><p>É nessa notificação que conterá o prazo para apresentar recurso à JARI, que são órgãos</p><p>colegiados responsáveis pelo julgamento dos recursos interpostos contra penalidades</p><p>por eles impostas, que funcionam junto a cada órgão ou entidade executivos de trânsito</p><p>ou rodoviário, e/ou fazer o pagamento com desconto. Esta notificação deve observar os</p><p>artigos 12 e 13 da Resolução 918 do CONTRAN.</p><p>Se o recurso for deferido, não tem multa, não tem pontos! Se esse recurso for</p><p>indeferido, ainda há a possibilidade de apresentar recurso ao CETRAN ou CONTRANDIF.</p><p>Basicamente essa é a estrutura do processo administrativo que existe para dar ao</p><p>penalizado a oportunidade de exercer o contraditório e a ampla defesa:</p><p>Um dos atributos do ato administrativo, que eu ainda já falei para vocês, é a presunção</p><p>RELATIVA de legalidade e veracidade, ou seja, o ato administrativo presume-se legal e</p><p>verdadeiro.</p><p>Porém, por ser uma presunção RELATIVA, admite prova em sentido contrário, uma vez</p><p>que o AIT comunica o SUPOSTO cometimento de uma infração! E é isso que você fará</p><p>para o motorista: você fará cair por terra esta presunção relativa de legalidade de</p><p>veracidade, impugnando o auto de infração e verificando se ele está de acordo com o</p><p>que determina a legislação.</p><p>61</p><p>Vale frisar que não é o agente que tem “fé pública” como muitos costumam dizer por</p><p>aí. Na verdade, a presunção de veracidade paira sobre o ATO e não sobre o agente.</p><p>Princípios Constitucionais: o contraditório e a ampla defesa</p><p>A característica fundamental do procedimento administrativo, seja ele qual for, é a</p><p>garantia do devido processo legal, que significa o dever de obediência à lei.</p><p>Colocar tais princípios em prática significa obediência às normas Constitucionais e legais</p><p>que dispõem sobre o procedimento de apuração da irregularidade, ou seja, o processo</p><p>administrativo deve obedecer à forma prescrita em lei, assegurando o contraditório e a</p><p>ampla defesa ao acusado, permitindo a ele se defender eficazmente.</p><p>Qualquer ofensa a esse princípio, acarreta a nulidade do procedimento.</p><p>A Constituição Federal é a Lei máxima do nosso Brasil, sendo assim, os princípios que</p><p>constam na nossa Carta Suprema devem ser respeitados sobre todas as demais leis.</p><p>Partindo desse pressuposto, temos o due process of law, que é uma garantia</p><p>constitucional dada ao cidadão, segundo a qual ninguém será privado da liberdade ou</p><p>de seus bens sem o devido processo legal, conforme previsão do art. 5º, LIV, CF.</p><p>De forma sucinta, podemos dizer que o devido processo legal estabelece três requisitos</p><p>simultâneos a qualquer investida contra a liberdade de bens: a) não poderá ter</p><p>supressão de bens ou direitos sem processo; b) a forma procedimental deve cumprir o</p><p>que prevê a lei; e c) o processo deve ser adequadamente desenvolvido.</p><p>Porém, muito mais do que uma garantia, o devido processo legal é um super princípio</p><p>norteador do ordenamento jurídico, tendo entre seus objetivos proporcionar a qualquer</p><p>pessoa, litigante ou acusada, em processo judicial ou administrativo, o contraditório e</p><p>a ampla defesa, bem como os meios e recursos a ela inerentes (art. 5º, LV, CF).</p><p>O CONTRADITÓRIO</p><p>O contraditório também é um princípio constitucional, consagrado no art. 5º, LV da</p><p>Constituição Federal, constituindo-se em elemento essencial do processo.</p><p>Para que o princípio do contraditório seja pleno, não basta apenas intimar a parte para</p><p>manifestar-se, ouvi-la e permitir a produção de alegações e provas, mas sim, deixar que</p><p>possam influir no convencimento do juiz.</p><p>Em termos coloquiais, o contraditório nada mais é do que ouvir também a outra parte.</p><p>Isso porque, em um processo, temos quem acusa (ou quem quer impor penalidade) e o</p><p>acusado ou quem será penalizado. Por isso, não é justo que somente uma das partes</p><p>62</p><p>fale para formar o convencimento do juiz, é preciso que as duas sejam ouvidas, para que</p><p>o juiz ou o julgador possam decidir qual delas tem razão.</p><p>E isso se dá pelo exercício do princípio do Contraditório.</p><p>A AMPLA DEFESA</p><p>Garantido pela Constituição Federal (art. 5º, LV), o princípio da ampla defesa é uma</p><p>consequência do contraditório, porém, tendo características próprias.</p><p>Por esse princípio deve ser assegurado à parte, em litígio judicial ou administrativo, o</p><p>direito e a garantia da ampla defesa, conferindo ao cidadão o direito de alegar e provar</p><p>o que alega, bem como tem o direito de não defender-se. Optando pela defesa, o faz</p><p>com ampla liberdade, ocupando-se de todos os meios e recursos disponibilizados.</p><p>Em conformidade com o princípio constitucional da ampla defesa, pode a parte utilizar-</p><p>se de todos os meios legais pertinentes à busca da verdade real, proibindo-se</p><p>taxativamente qualquer cerceamento de defesa.</p><p>_______________________________________________________________________</p><p>_______________________________________________________________________</p><p>_______________________________________________________________________</p><p>_______________________________________________________________________</p><p>_______________________________________________________________________</p><p>_______________________________________________________________________</p><p>_______________________________________________________________________</p><p>_______________________________________________________________________</p><p>_______________________________________________________________________</p><p>_______________________________________________________________________</p><p>_______________________________________________________________________</p><p>_______________________________________________________________________</p><p>_______________________________________________________________________</p><p>_______________________________________________________________________</p><p>_______________________________________________________________________</p><p>_______________________________________________________________________</p><p>_______________________________________________________________________</p><p>_______________________________________________________________________</p><p>_______________________________________________________________________</p><p>_______________________________________________________________________</p><p>_______________________________________________________________________</p><p>_______________________________________________________________________</p><p>_______________________________________________________________________</p><p>_______________________________________________________________________</p><p>Notificações</p><p>63</p><p>Vimos então que os Princípios Constitucionais que garantem o direito de</p><p>resposta/defesa ao infrator são o contraditório e a ampla defesa.</p><p>A ausência de notificação</p><p>aplicação de qualquer penalidade, é necessário que o acusado tenha</p><p>ciência formal do que lhe está sendo imputado, ou seja, é necessário que ele receba</p><p>uma notificação para, a partir de então, exercer o direito constitucional de se defender.</p><p>Se o motorista te procura e diz que está com uma penalidade de suspensão do direito</p><p>de dirigir, mas que nunca foi notificado, temos um ato NULO, ou seja, depois de</p><p>averiguar se o que o cliente disse é verdade – vamos falar sobre isso depois – você pode</p><p>alegar em sua defesa, nulidade do ato administrativo por violação aos princípios do</p><p>contraditório e da ampla defesa, já que não foi dado a ele a oportunidade de se</p><p>defender.</p><p>Trabalhando com o direito de trânsito, pude perceber que nem sempre que o que o</p><p>cliente fala é a verdade. Na realidade ele fala o que é mais conveniente para ele.</p><p>No caso da ausência de notificação, muita coisa pode acontecer. Por isso, é</p><p>indispensável que você vá até o órgão autuador, peça cópia integral do processo</p><p>administrativo da penalidade em questão e analise tudo, inclusive o envio das</p><p>notificações.</p><p>Pode ser que o cliente tenha mudado de endereço e não o tenha atualizado nos</p><p>cadastros do DETRAN, pode ser que o correio tenha entregado no lugar errado e por</p><p>isso, ele não tenha sido notificado, enfim. Muita coisa pode acontecer.</p><p>6</p><p>Se você não estiver seguro que realmente não houve expedição/postagem de</p><p>notificação, sua tese da nulidade por ausência de notificação pode cair por terra, pois,</p><p>como dito, é preciso que você tenha PROVAS do que vai alegar. Mas fique tranquilo,</p><p>teremos um capítulo próprio para falar sobre as notificações.</p><p>Isso porque, ouvindo somente o acusador, qual seja, o órgão de trânsito autuador,</p><p>estaria a administração pública ferindo, além daqueles, ao Princípio da Isonomia.</p><p>É importante você saber que a defesa técnica, pode ser elaborada por profissional</p><p>legalmente habilitado com capacidade postulatória, no caso, os advogados.</p><p>Mas quando falamos de defesas em processo administrativo de trânsito (defesa da</p><p>autuação e recursos de 1ª e 2ª instâncias) o próprio acusado/infrator pode se defender</p><p>ou delegar o exercício do seu direito de defesa por meio de procuração. E, neste caso, o</p><p>procurador não precisa ser advogado.</p><p>Somente se ultrapassar a seara administrativa, ou seja, caso de prazo expirado, desde</p><p>que não caiba autotutela, por exemplo, é que o acusado/infrator, deverá procurar um</p><p>advogado.</p><p>Nas suas ações de marketing estratégico, é importante que você deixe claro para os</p><p>prospects (que são possíveis clientes) que para que a defesa do motorista infrator seja</p><p>feita com excelência e as chances de êxito aumentem é necessário que a defesa seja</p><p>feita por um “especialista”, um profissional “qualificado”, “especializado”.</p><p>E é aqui que você – PROFISSIONAL DO DIREITO DE TRÂNSITO – entra na defesa do</p><p>motorista e proprietários de veículos. Cobrando honorários que você nunca imaginou</p><p>cobrar e, o melhor, recebendo no ato da assinatura do contrato.</p><p>Também trataremos desse assunto em um próximo capítulo. E eu vou te ensinar a se</p><p>posicionar dessa forma. Para que o prospect te veja como autoridade no assunto.</p><p>_______________________________________________________________________</p><p>_______________________________________________________________________</p><p>_______________________________________________________________________</p><p>_______________________________________________________________________</p><p>_______________________________________________________________________</p><p>_______________________________________________________________________</p><p>_______________________________________________________________________</p><p>_______________________________________________________________________</p><p>_______________________________________________________________________</p><p>_______________________________________________________________________</p><p>_______________________________________________________________________</p><p>_______________________________________________________________________</p><p>_______________________________________________________________________</p><p>_______________________________________________________________________</p><p>7</p><p>_______________________________________________________________________</p><p>_______________________________________________________________________</p><p>_______________________________________________________________________</p><p>_______________________________________________________________________</p><p>_______________________________________________________________________</p><p>_______________________________________________________________________</p><p>_______________________________________________________________________</p><p>_______________________________________________________________________</p><p>_______________________________________________________________________</p><p>_______________________________________________________________________</p><p>Ato Administrativo</p><p>Outro ponto muito importante do direito administrativo e que é extremamente usado</p><p>no direito de trânsito é o ato administrativo.</p><p>Segundo conceituação de Hely Lopes Meirelles, um grande mestre do Direito</p><p>Administrativo, ato administrativo é toda manifestação unilateral de vontade da</p><p>administração pública que, agindo nessa qualidade, tenha por fim imediato adquirir,</p><p>resguardar, transferir, modificar, extinguir e declarar direitos, ou impor obrigações aos</p><p>administrados.</p><p>Posso te dar como exemplo de ato administrativo no direito de trânsito, o auto de</p><p>infração, o julgamento dos recursos, a expedição da notificação de instauração de um</p><p>processo administrativo de suspensão, entre outros.</p><p>Isso quer dizer que, ato administrativo, no direito de trânsito, é o instrumento que</p><p>exterioriza a manifestação de vontade da administração pública através dos agentes,</p><p>autoridades, entidades e órgãos de trânsito.</p><p>Então, para que o ato administrativo seja válido, ele precisa ter um agente capaz, objeto</p><p>lícito, forma prescrita ou não defesa em lei, finalidade e motivo. Por isso os requisitos</p><p>do ato administrativo são: competência, objeto, forma, finalidade e motivo.</p><p>E por que eu estou falando tudo isso pra vocês? Porque se no caso da competência, por</p><p>exemplo, o agente não for legitimado, ou seja, se ele não tiver competência para praticar</p><p>aquele ato, este será inválido, portanto, passível de anulação.</p><p>Vamos falar rapidamente de cada um desses requisitos, para que você se familiarize com</p><p>eles e saiba quando alegar vício nos requisitos do ato administrativo.</p><p>Para a prática do ato administrativo, a competência é a condição primeira de validade.</p><p>Nenhum ato discricionário ou vinculado pode ser realizado validamente sem que o</p><p>agente disponha de poder legal para praticá-lo.</p><p>8</p><p>Requisitos do Ato Administrativo:</p><p>a) Competência (ou Sujeito)</p><p>Assim, competência é ter o agente público competência para a prática de um dado ato</p><p>administrativo, que a lei atribuiu.</p><p>Competência pode ser definida, então, como a possibilidade ou o dever legal de agir,</p><p>atribuído a um dado agente público, para fins de atender à finalidade prevista na lei.</p><p>Dito de outro modo, é o conjunto de poderes legalmente atribuídos a um agente</p><p>público, por meio dos quais deve-se satisfazer a interesses públicos.</p><p>Como somente a lei pode atribuir competências, trata-se de elemento sempre vinculado</p><p>dos atos administrativos. Significa dizer: jamais pode haver discricionariedade em</p><p>relação ao elemento competência.</p><p>Vale anotar que a competência das Polícias Militares para executar a fiscalização do</p><p>trânsito decorre de convênio firmado, com agente do órgão ou entidade executivos de</p><p>trânsito ou executivos rodoviários, conforme o art. 23, III1 do CTB.</p><p>Em outras palavras, a Polícia Militar não pode autuar infrações de trânsito se não houver</p><p>convênio firmado com o órgão ou entidade competente, sob pena de nulidade da</p><p>autuação.</p><p>b) Finalidade</p><p>Corresponde ao objetivo que se almeja com a prática do ato.</p><p>gera nulidade absoluta pelo error in procedendo ou erro no</p><p>proceder. É o erro cometido quando não se obedece a determinadas normas</p><p>processuais.</p><p>Para que esse direito de resposta seja exercido, é preciso que o infrator ou o proprietário</p><p>do veículo seja notificado. A notificação visa, então, propiciar o exercício do</p><p>contraditório e da ampla defesa. E se a notificação não tiver informações que permitam</p><p>ao infrator apresentar sua defesa o ato será nulo.</p><p>Isso porque, sem notificação não há exercício do direito de resposta ou direito de defesa</p><p>e, assim, é possível que seja alegada a nulidade do ato administrativo.</p><p>Entendido isso, após a lavratura do AIT, julgada a consistência do mesmo, o órgão</p><p>autuador vai enviar ao proprietário do veículo, a notificação da autuação.</p><p>Notificação da Autuação – NA: oportunidade para apresentar Defesa</p><p>Prévia e indicar o condutor infrator</p><p>Segundo conceituação trazida pela Resolução 918 do CONTRAN, no inciso II do artigo 2°,</p><p>procedimento que dá ciência ao proprietário do veículo de que foi cometida uma infração</p><p>de trânsito com seu veículo.</p><p>E aí, com a simples leitura deste texto legal, entendemos que a notificação da autuação</p><p>vai dar ao proprietário do veículo oportunidade de exercer o direito ao contraditório e</p><p>a ampla defesa, através da defesa prévia ou defesa da autuação, bem como indicar o</p><p>real condutor infrator, caso não seja ele (proprietário) o responsável pela infração,</p><p>conforme previsão do § 7° do art. 257 do CTB.</p><p>O § 2° do art. 4° da Resolução 918 do CONTRAN também fala da possibilidade de</p><p>apresentação de defesa da autuação:</p><p>§ 2º Na NA constará a data do término do prazo para a apresentação da defesa da</p><p>autuação pelo proprietário do veículo, principal condutor ou pelo condutor infrator</p><p>devidamente identificado, que não será inferior a 30 (trinta) dias, contados da data</p><p>de expedição da NA ou publicação por edital, observado o disposto no art. 14</p><p>[…]</p><p>§ 6º Para as NA expedidas antes de 12 de abril de 2021, o prazo de que trata o § 2º</p><p>não será inferior a 15 (quinze) dias.</p><p>Vale dizer, que a Lei 14.071/20 adicionou o art. 281-A ao CTB e aumentou o prazo para</p><p>apresentação de defesa prévia, bem como para apresentação de condutor infrator, que</p><p>agora é de 30 dias, veja:</p><p>64</p><p>Art. 281-A. Na notificação de autuação e no auto de infração, quando valer como</p><p>notificação de autuação, deverá constar o prazo para apresentação de defesa</p><p>prévia, que não será inferior a 30 (trinta) dias, contado da data de expedição da</p><p>notificação.</p><p>E o art. 5° desta mesma Resolução, fala, novamente, da possibilidade de indicar o real</p><p>condutor infrator:</p><p>Art. 5º Caso o condutor do veículo seja o responsável pela infração, não seja o</p><p>proprietário ou o principal condutor do veículo e não seja identificado no ato do</p><p>cometimento da infração, o proprietário ou principal condutor do veículo deverá</p><p>indicar o real condutor infrator, por meio de formulário de identificação do condutor</p><p>infrator, que acompanhará a NA […]</p><p>Já mostrei anteriormente como é um modelo de formulário para indicação de condutor.</p><p>Quando há expedição da notificação da autuação, caso não haja abordagem, será o</p><p>primeiro contato do proprietário do veículo com o Processo Administrativo para</p><p>imposição de penalidade de multa.</p><p>Porém, é válido frisar que ainda não temos uma multa propriamente dito, ou seja, não</p><p>é exigível.</p><p>Ainda é válido frisar e destacar o que prevê o §1º do art. 5° da Resolução 918, que trata</p><p>da impossibilidade de colher a assinatura do condutor infrator, nos casos de veículos</p><p>registrados em nome de pessoa jurídica:</p><p>§ 1º Na impossibilidade da coleta da assinatura do condutor infrator, além do</p><p>preenchimento das informações previstas nos incisos do caput, deverá ser anexado</p><p>ao formulário de identificação do condutor infrator:</p><p>I - para veículo registrado em nome de órgão ou entidade da administração pública</p><p>direta ou indireta da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios,</p><p>ofício do representante legal do órgão ou entidade, identificando o condutor</p><p>infrator, acompanhado de cópia de documento que comprove a condução do</p><p>veículo no momento do cometimento da infração; ou</p><p>II - para veículo registrado em nome das demais pessoas jurídicas, cópia de</p><p>documento onde conste cláusula de responsabilidade por infrações cometidas pelo</p><p>condutor e comprove a posse do veículo no momento do cometimento da infração,</p><p>o qual deve conter, no mínimo:</p><p>a) identificação do veículo;</p><p>b) identificação do proprietário;</p><p>c) identificação do condutor;</p><p>d) cláusula de responsabilidade pelas infrações; e</p><p>e) período em que o veículo esteve na posse do condutor apresentado, podendo esta</p><p>informação constar em documento separado, desde que devidamente assinado</p><p>pelo condutor.</p><p>Isso é muito comum de acontecer com veículos de locadora e revendedoras de veículos.</p><p>65</p><p>E quando ocorre a indicação de condutor de pessoa não habilitada/habilitação vencida</p><p>ou de categoria diferente; ou de vários condutores quando as infrações forem</p><p>concorrentes?</p><p>§ 2º No caso de identificação de condutor infrator em que a situação se enquadre</p><p>nas condutas previstas nos incisos do art. 162 do CTB, sem prejuízo das demais</p><p>sanções administrativas e criminais previstas no CTB, serão lavrados os respectivos</p><p>AIT:</p><p>I - ao proprietário do veículo, por infração ao art. 163 do CTB, exceto se o condutor</p><p>for o proprietário; e</p><p>II - ao condutor indicado, ou ao proprietário que não indicá-lo no prazo estabelecido,</p><p>pela infração cometida de acordo com as condutas previstas nos incisos do art. 162</p><p>do CTB.</p><p>Além dessas consequências, caberia crime, na forma do art. 3102 do CTB.</p><p>Consequências da não apresentação do condutor infrator</p><p>Se no prazo constante na notificação da autuação não for feita a indicação do real</p><p>condutor infrator algumas consequências surgem, tais como:</p><p>● Se o proprietário do veículo é pessoa física: este será considerado o responsável</p><p>pela infração, o que implicará à ele a atribuição dos respectivos pontos e</p><p>penalidade decorrentes (suspensão e cassação, se for o caso);</p><p>Nos termos do Art. 6° da Resolução 918 do CONTRAN, vejamos:</p><p>Art. 6º O proprietário do veículo será considerado responsável pela infração</p><p>cometida, respeitado o disposto no § 2º do art. 5º, nas seguintes situações:</p><p>I - caso não haja identificação do condutor infrator até o término do prazo fixado</p><p>na Notificação da Autuação;</p><p>II - caso a identificação seja feita em desacordo com o estabelecido no artigo 5º; e</p><p>III - caso não haja registro de comunicação de venda à época da infração.</p><p>● Se o proprietário do veículo for pessoa jurídica: não havendo identificação do</p><p>condutor infrator, será lavrada nova multa ao proprietário do veículo. São as</p><p>conhecidas multas NIC (não indicação de condutor);</p><p>Nos termos do Art. 7° da Resolução 918 do CONTRAN, vejamos:</p><p>Art. 7º Ocorrendo a hipótese prevista no art. 6º e sendo o proprietário do veículo</p><p>pessoa jurídica, será imposta multa, nos termos do § 8º do art. 257 do CTB,</p><p>expedindo-se a NP ao proprietário do veículo, nos termos de regulamentação</p><p>específica.</p><p>2 Art. 310. Permitir, confiar ou entregar a direção de veículo automotor a pessoa não habilitada, com</p><p>habilitação cassada ou com o direito de dirigir suspenso, ou, ainda, a quem, por seu estado de saúde, física</p><p>ou mental, ou por embriaguez, não esteja em condições de conduzi-lo com segurança:</p><p>Penas - detenção, de seis meses a um ano, ou multa.</p><p>66</p><p>A multa imposta ao veículo registrado em nome de pessoa jurídica, segundo redação do</p><p>§ 8° do art. 257 do CTB será dobrada, vejamos:</p><p>§ 8º Após o prazo previsto no § 7º deste artigo, se o infrator não tiver sido</p><p>identificado, e o veículo for de propriedade de pessoa jurídica, será lavrada nova</p><p>multa ao proprietário do veículo, mantida a originada pela infração, cujo valor</p><p>será igual a 2 (duas) vezes o da multa originária, garantidos o direito de defesa</p><p>prévia e</p><p>de interposição de recursos previstos neste Código, na forma estabelecida</p><p>pelo Contran.</p><p>Sobre este tema, vale a leitura da Resolução 710/17 do CONTRAN que regulamenta os</p><p>procedimentos para a imposição da penalidade de multa à pessoa jurídica proprietária</p><p>do veículo por não identificação do condutor infrator (multa NIC), nos termos do art.</p><p>257, § 8º do Código de Trânsito Brasileiro.</p><p>Ainda é possível incluir o “principal condutor” ao Renavam do veículo, nos termos dos</p><p>§§ 10° e 11° do art. 257 do CTB, vejamos:</p><p>§ 10 O proprietário poderá indicar ao órgão executivo de trânsito o principal</p><p>condutor do veículo, o qual, após aceitar a indicação, terá seu nome inscrito em</p><p>campo próprio do cadastro do veículo no Renavam.</p><p>§ 11 O principal condutor será excluído do Renavam:</p><p>I - quando houver transferência de propriedade do veículo;</p><p>II - mediante requerimento próprio ou do proprietário do veículo;</p><p>III - a partir da indicação de outro principal condutor.</p><p>Isso quer dizer que, sendo o principal condutor cadastrado no Renavam do veículo, não</p><p>será necessária a indicação de condutor, mesmo que o veículo esteja registrado em</p><p>nome de outra pessoa.</p><p>Expedição da Notificação da Autuação em 30 dias</p><p>Além do já exposto, existe um detalhe importantíssimo, que pode ser alegado visando</p><p>a nulidade do processo administrativo: a questão da notificação da autuação que não é</p><p>expedida no prazo de 30 dias.</p><p>Muitas pessoas fazem confusão e muita gente confunde a questão do envio ou</p><p>recebimento dentro do prazo de 30 dias.</p><p>Isso porque o artigo 281 do CTB traz a previsão de que a notificação da autuação deve</p><p>ser expedida dentro do prazo de 30 dias, vejamos:</p><p>Artigo 281 do CTB: A autoridade de Trânsito, na esfera da competência estabelecida</p><p>neste Código e dentro da sua circunscrição, julgará a consistência do auto de</p><p>infração e aplicará a penalidade cabível.</p><p>67</p><p>Parágrafo único: O auto de infração será arquivado e seu registro julgado</p><p>insubsistente:</p><p>II – se, no prazo máximo de trinta dias não for expedida a notificação de</p><p>autuação. (grifo nosso)</p><p>Além do artigo 281, temos essa previsão também no art. 4° da Resolução 918 do</p><p>CONTRAN.</p><p>Art. 4º Com exceção do disposto no § 5º do art. 3º, após a verificação da</p><p>regularidade e da consistência do AIT, o órgão autuador expedirá, no prazo</p><p>máximo de 30 (trinta) dias contados da data do cometimento da infração, a NA</p><p>dirigida ao proprietário do veículo, na qual deverão constar os dados mínimos</p><p>definidos no art. 280 do CTB.</p><p>§ 1º A não expedição da NA no prazo previsto no caput ensejará o arquivamento</p><p>do AIT.</p><p>Prestem atenção nisso! É importantíssimo que o profissional que atua na defesa de</p><p>motoristas e proprietários de veículos saiba entender e interpretar a legislação.</p><p>Não devemos confundir o ato de expedição acima citado com o ato de receber a</p><p>notificação, pois o que a lei exige é que o órgão de trânsito expeça a notificação no prazo</p><p>de 30 dias e não que a notificação chegue ao conhecimento do proprietário do veículo</p><p>em 30 dias.</p><p>Com a leitura do inciso II do parágrafo único do artigo 281 do CTB e do art. 4° da</p><p>Resolução 918, podemos perceber claramente que o auto de infração será anulado se,</p><p>em 30 dias, não for expedida a notificação da autuação.</p><p>Ok. Entendemos! Mas o que significa ser a notificação “expedida”, conforme grifamos</p><p>no artigo supramencionado?</p><p>A resposta para essa pergunta, encontramos no artigo 30 da Resolução 918 do</p><p>CONTRAN. É neste artigo que temos o complemento do artigo 281, acompanhe a leitura:</p><p>Art. 30. A expedição das notificações de que trata esta Resolução se caracterizará:</p><p>I - pela entrega da notificação pelo órgão autuador à empresa responsável por seu</p><p>envio, quando utilizada a remessa postal; ou</p><p>II - pelo envio eletrônico da notificação pelo órgão autuador do veículo, quando</p><p>utilizado sistema de notificação eletrônica.</p><p>Isso quer dizer então, que a notificação da autuação deve ser postada nos correios no</p><p>prazo de 30 dias. É isso que a leitura desses artigos nos fala.</p><p>Vamos agora entender como identificar na notificação da autuação a data da expedição</p><p>e a data da postagem da notificação.</p><p>A Polícia Rodoviária Federal é um dos órgãos de trânsito que deixa em evidência a data</p><p>de expedição e a data da postagem.</p><p>68</p><p>Peguei esse exemplo para te mostrar onde encontrar e para que você não se confunda</p><p>quando for fazer essa alegação na sua defesa, vejam:</p><p>Analisando essa notificação, é fácil perceber que nela consta a data da expedição da</p><p>notificação da autuação (NA) e depois, no verso, a data da postagem.</p><p>Depois do que estudamos, o que é levado em consideração para fins da nulidade</p><p>prevista no artigo 281, II do CTB? A data da postagem!</p><p>Você vai alegar essa nulidade em uma preliminar dentro da sua defesa da autuação.</p><p>O título pode ser: PRELIMINAR - DA NOTIFICAÇÃO EXPEDIDA FORA DO PRAZO DE 30</p><p>DIAS.</p><p>Percebeu a importância do estudo das notificações? Para que você consiga alegar a</p><p>nulidade antes mesmo de adentrar ao mérito da questão.</p><p>69</p><p>Pode ser que a infração tenha acontecido, pode ser que o auto de infração seja</p><p>consistente, porém, se a notificação não for expedida dentro de 30 dias, há</p><p>descumprimento na forma do ato administrativo, por isso sua nulidade, porque violou</p><p>a forma prescrita em lei.</p><p>A ausência de notificação motiva o arquivamento do auto de infração e vicia todo o</p><p>procedimento administrativo, tornando-o, como vimos, nulo, inclusive os atos dele</p><p>decorrentes.</p><p>Notificação de Imposição da Penalidade: Recurso à JARI – 1ª Instância</p><p>Além da notificação da autuação, nós temos a notificação de imposição da penalidade</p><p>(NIP), que comunica, se for o caso, o resultado da defesa prévia.</p><p>Segundo redação do inciso III do art. 2° da Resolução 918 do CONTRAN, é procedimento</p><p>que dá ciência da imposição de penalidade, bem como indica o valor da cobrança da</p><p>multa de trânsito;</p><p>Quando falamos de notificação é muito importante que o especialista conheça a Súmula</p><p>312 do STJ que diz:</p><p>No processo administrativo para imposição de multa de trânsito, são</p><p>necessárias as notificações da autuação e da aplicação da pena decorrente</p><p>da infração.</p><p>E também o art. 282 do CTB:</p><p>Art. 282. Caso a defesa prévia seja indeferida ou não seja apresentada no prazo</p><p>estabelecido, será aplicada a penalidade e expedida notificação ao proprietário do</p><p>veículo ou ao infrator, por remessa postal ou por qualquer outro meio tecnológico</p><p>hábil que assegure a ciência da imposição da penalidade.</p><p>[…]</p><p>§ 6º O prazo para expedição das notificações das penalidades previstas no art. 256</p><p>deste Código é de 180 (cento e oitenta) dias ou, se houver interposição de defesa</p><p>prévia, de 360 (trezentos e sessenta) dias, contados:</p><p>I - no caso das penalidades previstas nos incisos I e II do caput do art. 256 deste</p><p>Código, da data do cometimento da infração</p><p>II - no caso das demais penalidades previstas no art. 256 deste Código, da conclusão</p><p>do processo administrativo da penalidade que lhe der causa</p><p>[…]</p><p>§ 7º O descumprimento dos prazos previstos no § 6º deste artigo implicará a</p><p>decadência do direito de aplicar a respectiva penalidade.</p><p>O art. 282 teve nova redação pela Lei 14.229, bem como os §§ 6° e 7°. O texto legal</p><p>incluiu prazos que, ao serem desobedecidos, ensejarão a decadência do direito de</p><p>punir.</p><p>70</p><p>Então note: temos dois tipos de notificação obrigatórias: Notificação da autuação e</p><p>notificação da imposição da penalidade, a doutrina e a jurisprudência tratam o tema</p><p>como “Dupla Notificação”, pois temos duas notificações obrigatórias.</p><p>A notificação de imposição da penalidade dá ciência ao infrator que a penalidade foi</p><p>imposta, na forma do art. 12 da Resolução 918 do CONTRAN, vejamos:</p><p>Art. 12. A NP de multa deverá conter:</p><p>I - os dados mínimos definidos no art. 280 do CTB e em regulamentação específica;</p><p>II - a comunicação do não acolhimento da defesa da autuação ou da solicitação</p><p>de</p><p>aplicação da penalidade de advertência por escrito;</p><p>III - o valor da multa e a informação quanto ao desconto previsto no art. 284 do</p><p>CTB;</p><p>IV - a data do término para apresentação de recurso, que será a mesma data para</p><p>pagamento da multa, conforme §§ 4º e 5º do art. 282 do CTB;</p><p>V - campo para a autenticação eletrônica, regulamentado pelo órgão máximo</p><p>executivo de trânsito da União; e</p><p>VI - instruções para apresentação de recurso, nos termos dos arts. 286 e 287 do CTB.</p><p>Parágrafo único. O órgão autuador deverá utilizar documento próprio para</p><p>arrecadação de multa que contenha as características estabelecidas pelo órgão</p><p>máximo executivo de trânsito da União.</p><p>Ela também deve comunicar o não acolhimento da Defesa da Autuação ou da solicitação</p><p>de aplicação da Penalidade de Advertência por Escrito, deve informar o valor da multa,</p><p>bem como quanto ao desconto previsto no art. 284 do CTB e o prazo para apresentação</p><p>de recurso, que será a mesma data para pagamento da multa, conforme § § 4º e 5º do</p><p>art. 282 do CTB;</p><p>O recurso que a notificação da penalidade oportuniza é o recurso à JARI, conforme</p><p>redação dos arts. 12 e 13 da Resolução 918 do CONTRAN. Vale a leitura dos arts. 285 e</p><p>seguintes do CTB.</p><p>O que é JARI?</p><p>A Junta Administrativa de Recursos e Infrações – JARI compõe o Sistema Nacional de</p><p>Trânsito.</p><p>A JARI, como vimos, não é a primeira oportunidade de “defesa” de um processo</p><p>administrativo punitivo. A primeira oportunidade, é a defesa prévia.</p><p>Assim, a JARI é a segunda oportunidade de defesa, mas a primeira instância recursal,</p><p>pois a mesma só poderá ser provocada após a notificação de penalidade.</p><p>Junto a cada órgão ou entidade executivos de trânsito ou rodoviário existirão quantas</p><p>JARis forem necessárias para a apreciação dos recursos dentro do prazo legal.</p><p>Vejamos a previsão no CTB da JARI:</p><p>71</p><p>Art. 16. Junto a cada órgão ou entidade executivos de trânsito ou rodoviário</p><p>funcionarão Juntas Administrativas de Recursos de Infrações - JARI, órgãos</p><p>colegiados responsáveis pelo julgamento dos recursos interpostos contra</p><p>penalidades por eles impostas.</p><p>Parágrafo único. As JARI têm regimento próprio, observado o disposto no inciso VI</p><p>do art. 12, e apoio administrativo e financeiro do órgão ou entidade junto ao qual</p><p>funcionem.</p><p>Art. 17. Compete às JARI:</p><p>I - julgar os recursos interpostos pelos infratores;</p><p>II - solicitar aos órgãos e entidades executivos de trânsito e executivos rodoviários</p><p>informações complementares relativas aos recursos, objetivando uma melhor</p><p>análise da situação recorrida;</p><p>III - encaminhar aos órgãos e entidades executivos de trânsito e executivos</p><p>rodoviários informações sobre problemas observados nas autuações e apontados</p><p>em recursos, e que se repitam sistematicamente.</p><p>Muito bem. Após a interposição do recurso à JARI, o proprietário do veículo ou condutor</p><p>infrator, deverá ter ciência do resultado deste recurso, conforme redação do art. 17 da</p><p>Resolução 918 do CONTRAN: “O recorrente deverá ser informado das decisões dos</p><p>recursos de que tratam os artigos 15 e 16.”</p><p>Além disso, importante frisar que até a data do vencimento expressa na Notificação da</p><p>Penalidade de Multa ou enquanto permanecer o efeito suspensivo sobre o Auto de</p><p>Infração de Trânsito, não incidirá qualquer restrição, inclusive para fins de licenciamento</p><p>e transferência, nos arquivos do órgão ou entidade executivos de trânsito responsável</p><p>pelo registro do veículo.</p><p>Essa é a redação do art. 13 da Resolução 918 do CONTRAN.</p><p>Efeito Suspensivo: o que e como funciona na prática?</p><p>O efeito suspensivo acontece imediatamente após ser apresentado o Recurso à JARI, na</p><p>forma do art. 285 do CTB, vejam:</p><p>Art. 285. O recurso contra a penalidade imposta nos termos do art. 282 deste Código</p><p>será interposto perante a autoridade que imputou a penalidade e terá efeito</p><p>suspensivo.</p><p>O efeito suspensivo está descrito também no §3º do art. 284 do CTB:</p><p>Art. 284.</p><p>[…]</p><p>§ 3º Não incidirá cobrança moratória e não poderá ser aplicada qualquer restrição,</p><p>inclusive para fins de licenciamento e transferência, enquanto não for encerrada a</p><p>instância administrativa de julgamento de infrações e penalidades.</p><p>72</p><p>Isso quer dizer que enquanto houver recurso em julgamento, ou seja, em andamento, a</p><p>penalidade de multa não pode ser cobrada.</p><p>A fase administrativa, por sua vez, finaliza nos termos do que dispõe o art. 290 do CTB:</p><p>Art. 290. Implicam encerramento da instância administrativa de julgamento de</p><p>infrações e penalidades:</p><p>I - o julgamento do recurso de que tratam os arts. 288 e 289;</p><p>II - a não interposição do recurso no prazo legal; e</p><p>III - o pagamento da multa, com reconhecimento da infração e requerimento de</p><p>encerramento do processo na fase em que se encontra, sem apresentação de</p><p>defesa ou recurso.</p><p>Parágrafo único. Esgotados os recursos, as penalidades aplicadas nos termos</p><p>deste Código serão cadastradas no RENACH.</p><p>Outro ponto importante é que o pagamento da multa pelo proprietário do veículo (para</p><p>aproveitar o desconto), não enseja renúncia ao recurso, desde que seja feito com 20%</p><p>de desconto e não com 40% de desconto, na forma do art. 284 do CTB.</p><p>Recurso em 2ª Instância</p><p>E, por fim, conforme leitura do artigo 16 da Resolução 918 do CONTRAN, “das decisões</p><p>da JARI caberá recurso em segunda instância na forma dos arts. 288 e 289 do CTB.”</p><p>Essa também é a previsão do art. 14, V, “a” do CTB:</p><p>Art. 14. Compete aos Conselhos Estaduais de Trânsito - CETRAN e ao</p><p>Conselho de Trânsito do Distrito Federal - CONTRANDIFE:</p><p>[...]</p><p>V - julgar os recursos interpostos contra decisões:</p><p>a) das JARI;</p><p>Quero frisar com vocês que a notificação devolvida por desatualização do endereço do</p><p>proprietário do veículo será considerada válida para todos os efeitos, conforme leitura</p><p>do §1° art. 282 do CTB.</p><p>Quem notificar? Proprietário ou condutor infrator?</p><p>Como já vimos, o CTB separou a responsabilidade pelas infrações de trânsito em seu</p><p>artigo 257. A redação deste artigo é a seguinte: “As penalidades serão impostas ao</p><p>condutor, ao proprietário do veículo...)”. Os demais sujeitos passivos deste artigo não</p><p>serão objeto do nosso estudo.</p><p>Temos, então, a certeza de que as penalidades podem ser aplicadas ao proprietário ou</p><p>ao condutor.</p><p>73</p><p>O artigo 18 da Resolução 918 do CONTRAN, bem como o art. 290 do CTB preveem que</p><p>somente depois de esgotados os recursos, as penalidades aplicadas poderão ser</p><p>cadastradas no RENACH.</p><p>RENACH é o Registro Nacional de Carteira de Habilitação. É um grande banco de dados</p><p>que registra toda a vida do condutor. Ele controla as mudanças de categoria, imposições</p><p>de penalidades, suspensões do direito de dirigir e ainda mudança de domicílio e</p><p>transferência de estado.</p><p>E porque estou falando tudo isso para você? Por conta da nulidade que vem</p><p>acompanhada da ausência de notificação de um desses indivíduos.</p><p>Vamos ler com atenção o §4° do artigo 282 do CTB:</p><p>Art. 282. Caso a defesa prévia seja indeferida ou não seja apresentada no prazo</p><p>estabelecido, será aplicada a penalidade e expedida notificação ao proprietário do</p><p>veículo ou ao infrator, por remessa postal ou por qualquer outro meio tecnológico</p><p>hábil que assegure a ciência da imposição da penalidade.</p><p>[…]</p><p>§ 4º Da notificação deverá constar a data do término do prazo para apresentação</p><p>de recurso pelo responsável pela infração, que não será inferior a trinta dias</p><p>contados da data da notificação da penalidade.</p><p>Viu?! A notificação será expedida ao responsável pela infração, que pode ser o</p><p>proprietário do veículo ou o condutor infrator de um modo que assegure a penalidade</p><p>a ser aplicada.</p><p>Como lemos, após finalizada a oportunidade de apresentar defesa e recursos, a</p><p>penalidade será cadastrada no RENACH do infrator. E, como vimos, as penalidades</p><p>podem ser aplicadas ao proprietário ou ao condutor, ou seja, temos aqui dois sujeitos</p><p>que podem não ser a mesma pessoa.</p><p>Vamos</p><p>de exemplo prático disso que está sendo exposto: Erica empresta seu carro,</p><p>Range Rover Evoque para você. Você vai numa festa, bebe alguns drinks, vai embora</p><p>dirigindo e é pego numa blitz da Lei Seca. Enquanto isso, Erica, que é a proprietária do</p><p>veículo, está em casa assistindo Netflix.</p><p>A multa da Lei Seca é de responsabilidade do condutor infrator. Não confunda a questão</p><p>da responsabilidade pelo pagamento da multa, essa sim é do proprietário do veículo.</p><p>Fique com isso em mente. Aí eu te pergunto: quem deve ser notificado? O condutor que</p><p>cometeu a infração e sobre ele recairá a penalidade em questão ou o proprietário?</p><p>ATENÇÃO para o parágrafo 5° do artigo 3° da Resolução 918, vejam:</p><p>§ 5º O AIT valerá como NA quando for assinado pelo condutor e este for o</p><p>proprietário do veículo ou o principal condutor previamente identificado, desde que</p><p>74</p><p>conste a data do término do prazo para a apresentação da defesa da autuação, nos</p><p>termos do art. 281-A do CTB.</p><p>No exemplo, Erica é a proprietária e você o condutor. O auto de infração valerá como</p><p>notificação? Não!</p><p>Ou seja, em infrações nas quais o CTB atribuiu a responsabilidade exclusiva ao condutor,</p><p>torna ele o único legitimado ao exercício da ampla defesa e do contraditório, devendo,</p><p>obrigatoriamente, a ele serem encaminhadas as notificações.</p><p>Concluindo, nas linhas da legislação estudada, não é possível extrair que apenas o</p><p>proprietário do veículo tem o direito ao exercício ao contraditório e a ampla defesa. Pelo</p><p>contrário, resta evidente que o direito de resposta se aplica ao condutor quando das</p><p>infrações de sua responsabilidade, pois em seu RENACH, são cadastradas as</p><p>penalidades.</p><p>Podemos citar como exemplo: carro alugado; carro emprestado, etc…</p><p>Em casos assim, usamos como fundamentação a violação ao artigo 5º, LV da</p><p>Constituição Federal, bem como a Súmula 312 do STJ, além dos artigos aqui já citados,</p><p>pois há confusão na legitimidade da pessoa a ser penalizada.</p><p>_______________________________________________________________________</p><p>_______________________________________________________________________</p><p>_______________________________________________________________________</p><p>_______________________________________________________________________</p><p>_______________________________________________________________________</p><p>_______________________________________________________________________</p><p>_______________________________________________________________________</p><p>_______________________________________________________________________</p><p>_______________________________________________________________________</p><p>_______________________________________________________________________</p><p>_______________________________________________________________________</p><p>_______________________________________________________________________</p><p>_______________________________________________________________________</p><p>_______________________________________________________________________</p><p>_______________________________________________________________________</p><p>_______________________________________________________________________</p><p>_______________________________________________________________________</p><p>_______________________________________________________________________</p><p>_______________________________________________________________________</p><p>_______________________________________________________________________</p><p>_______________________________________________________________________</p><p>_______________________________________________________________________</p><p>_______________________________________________________________________</p><p>_______________________________________________________________________</p><p>75</p><p>Quem notificar? Empresas de Arrendamento Mercantil</p><p>No caso de veículo objeto de arrendamento mercantil, a previsão também está na</p><p>Resolução 918 do CONTRAN, no art. 8° e diz que:</p><p>Art. 8º Para fins de cumprimento desta Resolução, no caso de veículo objeto de</p><p>penhor ou de contrato de arrendamento mercantil, comodato, aluguel ou</p><p>arrendamento não vinculado ao financiamento do veículo, o possuidor,</p><p>regularmente constituído e devidamente registrado no órgão ou entidade</p><p>executivos de trânsito do Estado ou Distrito Federal, nos termos de regulamentação</p><p>específica, equipara-se ao proprietário do veículo.</p><p>Parágrafo único. As notificações de que trata esta Resolução somente deverão ser</p><p>enviadas ao possuidor previsto neste artigo no caso de contrato com vigência</p><p>igual ou superior a 180 (cento e oitenta) dias.</p><p>Isso quer dizer então que o contrato de penhor, arrendamento mercantil, comodato,</p><p>aluguel e arrendamento devem estar registrados no RENAVAM do veículo, conforme</p><p>previsão da Resolução 807/2020, que dispõe sobre os procedimentos para o registro de</p><p>contratos de financiamento com garantia real de veículo nos órgãos ou entidades</p><p>executivos de trânsito dos Estados e do Distrito Federal, para anotação no Certificado</p><p>de Registro de Veículos (CRV) e no Certificado de Licenciamento Anual (CLA).</p><p>Notificações e a desatualização de endereço</p><p>Como visto, as notificações para comunicar cometimento de infrações de trânsito, são</p><p>enviadas no endereço do veículo, registrado no DETRAN.</p><p>Já as notificações de instauração de processos administrativos de suspensão ou</p><p>cassação do direito de dirigir, são enviadas no endereço da CNH.</p><p>Por isso é importante que você oriente o cliente a manter o endereço do veículo e da</p><p>CNH atualizados nos cadastros Detran do estado a qual ele pertence e no RENACH, pois</p><p>se o endereço estiver errado essas notificações podem não chegar até a pessoa a ser</p><p>notificada.</p><p>E se ela não chegar, será difícil usar esse argumento a seu favor, pois uma coisa é chegar</p><p>fora do prazo, outra coisa é não chegar porque o seu endereço estava desatualizado.</p><p>Isso porque segundo a legislação, serão consideradas válidas para todos os efeitos as</p><p>notificações devolvidas por desatualização de endereço, conforme dispõe o Art. 282, §</p><p>1º, do Código de Trânsito Brasileiro, bem como o §5° do artigo 10° e do §5º do art. 32</p><p>da Resolução 918 do CONTRAN, veja:</p><p>Art. 282.</p><p>[…]</p><p>76</p><p>§ 1º A notificação devolvida por desatualização do endereço do proprietário</p><p>do veículo ou por recusa em recebê-la será considerada válida para todos os</p><p>efeitos.</p><p>***</p><p>§ 5º Caso não seja providenciada a atualização do endereço prevista no § 4º, a</p><p>notificação devolvida por esse motivo será considerada válida para todos os</p><p>efeitos</p><p>§ 5º A notificação devolvida por desatualização do endereço do infrator junto ao</p><p>órgão ou entidade executivo de trânsito responsável pelo seu prontuário será</p><p>considerada válida para todos os efeitos.</p><p>Depois faça com calma a leitura dos artigos que eu cito neste material e qualquer dúvida,</p><p>já sabe.</p><p>Notificação por edital e notificações virtuais</p><p>A notificação por edital é tratada no Capítulo V da Resolução 918 nos casos de multas</p><p>de trânsito.</p><p>O Capítulo V inicia-se com o artigo 14 e prevê:</p><p>Art. 14 - Esgotadas as tentativas para notificar o infrator ou o proprietário</p><p>do veículo por meio postal ou pessoal, as notificações de que trata esta</p><p>Resolução serão realizadas por edital publicado em diário oficial, na forma</p><p>da lei, respeitados o disposto no § 1º do art. 282 do CTB e os prazos</p><p>prescricionais previstos na Lei nº 9.873, de 23 de novembro de 1999, que</p><p>estabelece prazo de prescrição para o exercício de ação punitiva.</p><p>Com a simples leitura deste artigo, podemos perceber que a notificação por edital só vai</p><p>acontecer após esgotadas as tentativas para notificar o infrator ou o proprietário do</p><p>veículo.</p><p>E ela deve conter os mesmos requisitos da notificação que é enviada de forma postal.</p><p>Na prática, muitas vezes essas tentativas não são esgotadas antes da publicação em</p><p>edital, resultando em um condutor desinformado sobre a penalidade que corre contra</p><p>ele.</p><p>Sistema de Notificação Eletrônica (SNE)</p><p>O SNE permite ao cidadão condutor ou proprietário de</p><p>veículos usufruir dos direitos</p><p>garantidos por lei (§1º do Art. 284 do Código de Trânsito Brasileiro), veja:</p><p>77</p><p>§ 1º Caso o infrator opte pelo sistema de notificação eletrônica, conforme</p><p>regulamentação do Contran, e opte por não apresentar defesa prévia nem recurso,</p><p>reconhecendo o cometimento da infração, poderá efetuar o pagamento da multa</p><p>por 60% (sessenta por cento) do seu valor, em qualquer fase do processo, até o</p><p>vencimento da multa.</p><p>[…]</p><p>§ 5º O sistema de notificação eletrônica, referido no § 1º deste artigo, deve</p><p>disponibilizar, na mesma plataforma, campo destinado à apresentação de defesa</p><p>prévia e de recurso, quando o condutor não reconhecer o cometimento da infração,</p><p>na forma regulamentada pelo Contran.</p><p>Ao se cadastrar no SNE, o usuário poderá inserir os seus veículos e receber via eletrônica</p><p>as notificações referentes as infrações aplicadas pelos órgãos Autuadores que aderiram</p><p>à solução. O usuário poderá inserir ou excluir os veículos a qualquer tempo.</p><p>O proprietário do veículo informado passará a ser comunicado eletronicamente acerca</p><p>das notificações de autuação e penalidade interestaduais, de responsabilidade de</p><p>órgãos autuadores optantes pelo Sistema de Notificação Eletrônica.</p><p>Ao realizar o cancelamento da adesão do veículo, o proprietário voltará a ser</p><p>comunicado de suas notificações de autuação e penalidade para o veículo informado,</p><p>via postal.</p><p>O proprietário poderá visualizar os detalhes de cada infração e optar pelo seu</p><p>reconhecimento. Desta forma, será oferecida a ele a possibilidade de pagar a infração</p><p>com 40% de desconto.</p><p>As regras para a notificação por meio eletrônico constam na Resolução 931/2022 do</p><p>CONTRAN. O motorista só será notificado por esse meio se essa for a sua opção,</p><p>conforme o artigo 282-A do CTB, veja:</p><p>Art. 282-A. O órgão do Sistema Nacional de Trânsito responsável pela autuação</p><p>deverá oferecer ao proprietário do veículo ou ao condutor autuado a opção de</p><p>notificação por meio eletrônico, na forma definida pelo Contran.</p><p>Nos demais casos, ele receberá a Notificação de Autuação (NA) por remessa postal no</p><p>endereço cadastrado no registro de seu veículo.</p><p>Prática: Como Recorrer a uma Multa?</p><p>Agora que você já estudou toda a teoria, vamos estudar como recorrer de uma multa</p><p>de trânsito na prática</p><p>É perfeitamente POSSÍVEL recorrer de todas as suas multas, mesmo que o cliente tenha</p><p>cometido a infração, afinal é indispensável que o órgão de trânsito dê ao penalizado a</p><p>oportunidade de exercer o contraditório e a ampla defesa. Para isso, observar os prazos</p><p>é essencial.</p><p>78</p><p>Também é possível RECORRER de todos os processos administrativos de suspensão e</p><p>cassação do direito de dirigir, afinal, como dito, recorrer é um direito e está previsto na</p><p>Constituição Federal.</p><p>Para recorrer é preciso conhecer a legislação e as formalidades do ato administrativo.</p><p>Usando a lei a seu favor e bons argumentos suas chances de êxito aumentam</p><p>significativamente e isso você acabou de aprender aqui neste material.</p><p>E vamos ao que interessa: o seu cliente, ao receber uma notificação da autuação (desde</p><p>que o endereço do veículo esteja devidamente atualizado), vai procurar um especialista</p><p>na área.</p><p>E você estará pronto e vai conseguir fechar contrato com esse cliente para recorrer da</p><p>multa dele e tentar o cancelamento, recorrendo 3 vezes.</p><p>Ao ser instaurado esse processo, o órgão de trânsito deve dar ao cliente o direito de se</p><p>defender em 3 momentos: na Defesa Prévia, no Recurso em 1ª Instância (JARI) e no</p><p>Recurso em 2ª Instância (CETRAN). Isso quer dizer que você poderá recorrer</p><p>administrativamente 3 vezes.</p><p>Elaborando qualquer defesa ou recurso de multa</p><p>Antes de iniciar a elaboração do recurso do seu cliente, É preciso que você tenha em</p><p>mente que um recurso bem estruturado aumenta consideravelmente as chances de</p><p>deferimento.</p><p>Assim é importante que o seu recurso tem a 4 pré-requisitos essenciais:</p><p>1. clareza</p><p>2. simplicidade</p><p>3. ir direto ao ponto</p><p>4. não ser prolixo e repetitivo</p><p>Muitas vezes quando um recurso é feito, o autor se perde tentando mostrar</p><p>conhecimento e escreve termos em latim, palavras extremamente rebuscadas, teses de</p><p>direito (ou outras ciências) que nada tem a ver com aquela infração que ele está</p><p>questionando, e acaba perdendo a atenção do julgador que se vê confuso com tantas</p><p>informações sobre temas variados.</p><p>Evite isso!</p><p>O seu recurso não é uma tese de mestrado ou um artigo jurídico.</p><p>É uma defesa! Então faça uma simples e eficaz defesa.</p><p>79</p><p>Você, que agora ostenta o título de especialista em Legislação de Trânsito, minha dica</p><p>é: encontre o problema, a nulidade, o erro, aponte-o para a Administração Pública e</p><p>ponto muito escrever não fará diferença nesse caso.</p><p>Um recurso limpo, claro e objetivo ajuda o órgão autuador a entender o seu ponto de</p><p>vista, e verificar o que deve ser corrigido.</p><p>Então, elabore um recurso sucinto, com poucas páginas e sem muitas jurisprudências,</p><p>mas apenas aquelas que realmente ratificarem a sua argumentação.</p><p>Tenha em mãos os seguintes documentos: o auto de infração, a notificação; todas as</p><p>informações que constam no sistema interno do órgão autuador, que nada mais é do</p><p>que a cópia do processo administrativo.</p><p>Pressupostos de Admissibilidade: prazo, legitimidade e</p><p>tempestividade</p><p>Se é a primeira vez que você está lendo este nome, pode parecer algo muito complicado,</p><p>mas acredite, na verdade não é.</p><p>Como eu já falei anteriormente os pressupostos de admissibilidade eles vêm descritos</p><p>na própria notificação e são aqueles previstos na resolução 900 do CONTRAN.</p><p>Pressupostos de admissibilidade representam um conjunto de pré-requisitos para que</p><p>o seu recurso seja aceito e julgado com análise das suas alegações.</p><p>Assim, de acordo com o artigo 4º da resolução 900 do CONTRAN, o recurso que não</p><p>apresentar alguns dos requisitos abaixo não será conhecido, vejamos:</p><p>Art. 4º A defesa prévia ou recurso não serão conhecidos quando:</p><p>I - forem apresentados fora do prazo legal;</p><p>II - não for comprovada a legitimidade;</p><p>III - não houver a assinatura do recorrente ou de seu representante legal; e</p><p>IV - não houver o pedido, ou este for incompatível com a situação fática</p><p>Portanto, ao formular o recurso, você deve estar bem atento às exigências do artigo</p><p>supramencionado, para não perder o direito de ter o seu pleito analisado.</p><p>1º) ENDEREÇAMENTO E COMPETÊNCIA DE JULGAMENTO</p><p>Saber quem te autuou é o segundo passo para a elaboração de um recurso de multa.</p><p>Para saber a quem endereçar, você deve ter em mãos a última notificação recebida</p><p>sobre a infração supostamente praticada. Também é possível verificar o órgão autuador</p><p>pelo auto de infração.</p><p>80</p><p>Primeiramente, deverá constar o endereçamento ao órgão autuador, ou seja, o órgão</p><p>que lavrou o auto de infração</p><p>Na fase administrativa, deverá ser remetido ao órgão autuador. Este órgão pode ser o</p><p>DETRAN, o DER, a PRF, órgãos municipais, entre outros.</p><p>Preste muita atenção no endereçamento, pois o protocolo no local errado poderá gerar</p><p>problemas.</p><p>Veja alguns exemplos a seguir:</p><p>“À JARI do DETRAN do Estado de São Paulo”</p><p>“Ao DER do Rio de Janeiro”</p><p>2º) QUALIFICAÇÃO E OBJETIVO</p><p>O segundo passo para a estruturação de um recurso de multa, é efetuar a qualificação</p><p>do recorrente, ainda que ele seja representado por procurador e o objetivo da petição.</p><p>Na qualificação você irá informar os seguintes dados básicos: nome completo estado</p><p>civil profissão RG, CPF e endereço completo.</p><p>Neste momento, você pode achar que são poucas essas informações. Mas, na verdade,</p><p>não são.</p><p>Pelo CPF do condutor é possível averiguar no sistema RENACH todas as informações do</p><p>suposto infrator.</p><p>Por esse motivo, essas informações já serão suficientes para dar prosseguimento ao</p><p>julgamento da defesa ou do recurso.</p><p>Outro ponto importante neste momento, é você dizer o objetivo do recurso.</p><p>A peça processual que você está</p><p>elaborando, tem um objetivo muito bem definido qual</p><p>seja, questionar a validade de um ato administrativo.</p><p>Por isso você deve informar qual é este ato, veja um exemplo:</p><p>À Junta Administrativa de Recursos de Infrações do DER de São Paulo</p><p>Eu fulano, estado civil, profissão, RG xxx, CPF xxx, residente e domiciliado à rua xxx,</p><p>venho por meio desta apresentar:</p><p>Recurso</p><p>81</p><p>Em face da decisão da comissão de defesa prévia que julgou consistente o auto de</p><p>infração nº xxx, lavrado em virtude do suposto cometimento da infração prevista no art.</p><p>X do CTB.</p><p>Assim, com esse exemplo, note que você já fez o endereçamento do recurso, fez a</p><p>qualificação correta e informou qual o objetivo do recurso.</p><p>4º) FATOS E PROVAS</p><p>Chegamos aonde os pontos mais importantes do recurso, a descrição dos Fatos e a</p><p>produção de provas.</p><p>Como você deve realizar a exposição dos fatos?</p><p>Aqui você deverá seguir a primeira dica que eu dei lá no começo, quando falei dos</p><p>requisitos essenciais, ou seja, expor suas razões com clareza, simplicidade, indo direto</p><p>ao ponto e não sendo prolixo e repetitivo.</p><p>Então, você descrever o que aconteceu, de forma sucinta e objetiva. Não precisa</p><p>escrever um recurso com muitas páginas, com detalhes imensos tentando impressionar,</p><p>pois, isso é cansativo e ninguém lê.</p><p>E as provas?</p><p>Não adianta alegar, ou seja, descrever os fatos e não provar que está com a razão.</p><p>Antes de te mostrar as possíveis argumentações, eu quero abordar o que você NÃO deve</p><p>alegar!</p><p>Existem certas argumentações que aparecem sempre nos recursos de multa, mas que,</p><p>pelo menos na esfera administrativa, não fazem a menor diferença.</p><p>Dentre elas temos:</p><p>1 – “Meu cliente precisa dirigir”</p><p>Muitas pessoas simplesmente alegam que “precisam dirigir” como se este fato</p><p>encontrasse algum respaldo legal para ensejar o deferimento do pedido e o afastamento</p><p>da penalidade.</p><p>2 – “Meu cliente é motorista profissional”</p><p>Ser motorista profissional não é um salvo-conduto para praticar infrações de trânsito,</p><p>ou mesmo se “livrar” de uma suspensão ou cassação.</p><p>Ao contrário, o motorista profissional deve dar sempre o exemplo no trânsito.</p><p>82</p><p>3 – “Outras pessoas dependem do meu cliente”</p><p>Não é incomum constar em recursos administrativos a tese (verídica muitas vezes) de</p><p>que outras pessoas dependem do infrator para locomoção.</p><p>Todavia, mais uma vez, não existe nenhum fundamento legal para que esta situação</p><p>possa ensejar o provimento de um recurso.</p><p>Posto isto, existem muitas defesas possíveis a depender da infração cometida. Algumas,</p><p>serão focadas em falhas do procedimento, outras, no auto de infração, e mais algumas</p><p>em erros de fato, como, por exemplo a não realização de uma conduta (ex: falta de</p><p>medida administrativa) atestada pelo agente da autoridade de trânsito.</p><p>Vamos utilizar um exemplo de como deve ser a alegação da defesa neste último caso</p><p>com a produção de provas.</p><p>Imagine que o seu cliente tenha sido autuado por infração ao art. 165 do CTB e, minutos</p><p>após a abordagem ele se dirige até um laboratório e faz um exame para detectar os</p><p>níveis de álcool no sangue.</p><p>Esse exame de sangue, feito em laboratório, serve como prova.</p><p>Como ficariam então os fatos da sua defesa e as provas capazes de atestar a veracidade</p><p>das suas informações?</p><p>À Junta Administrativa de Recursos de Infrações do DER de São Paulo</p><p>Eu fulano, estado civil, profissão, RG xxx, CPF xxx, residente e domiciliado à rua xxx,</p><p>venho por meio desta apresentar:</p><p>Recurso</p><p>Em face da decisão da comissão de defesa prévia que julgou consistente o auto de</p><p>infração nº xxx, lavrado em virtude do suposto cometimento da infração prevista no art.</p><p>X do CTB.</p><p>I – FATOS</p><p>Consta na Notificação de Penalidade que foi lavrado o auto de infração nº xx imputando</p><p>ao Recorrente o cometimento da infração prevista no artigo 165 do CTB.</p><p>Todavia, o auto de infração é nulo, uma vez que conforme documentos em anexo (prova</p><p>1), o recorrente não conduzia o veículo sob efeito de álcool, já que logo após a</p><p>83</p><p>abordagem realizou exame de sangue para certificar a quantidade de álcool em seu</p><p>organismo.</p><p>Este fato é comprovado pelo exame feito em laboratório no dia xx/xx/xxx às xx hs, em</p><p>anexo a esta defesa (prova 2).</p><p>Sendo assim, certamente não há tipificação, estando por tal motivo nulo o auto de</p><p>infração.</p><p>Atenção para não cometer um grande erro!</p><p>O maior e mais terrível erro cometido por quem faz recursos de multa, é faltar com a</p><p>verdade inventando argumentos.</p><p>A Administração Pública não está contra o condutor, está a favor do interesse público,</p><p>e não se nega a anular atos que estejam efetivamente equivocados.</p><p>5º) PEDIDO</p><p>O último passo básico para o seu recurso de multa é o pedido.</p><p>Agora você já preparou o terreno de maneira correta para o deferimento do seu</p><p>recurso, e é o momento exato para pedir. Afinal de contas do que adianta você</p><p>convencer e não pedir não é mesmo?</p><p>O pedido tem que ser congruente com as razões expostas nos fatos e ser obviamente</p><p>possível.</p><p>Como assim? Não adianta pedir, por exemplo, a retratação pública por parte do</p><p>DETRAN, ou a prisão de agentes públicos.</p><p>É importante lembrar que os recursos de multa não têm este objetivo, muito embora</p><p>alguns possam servir como meios de prova para a responsabilização administrativa, cível</p><p>e penal de alguns agentes públicos.</p><p>Então, na parte do pedido você deverá focar na conclusão lógica que seus argumentos</p><p>criaram.</p><p>No exemplo que estamos construindo o pedido lógico seria a anulação do auto de</p><p>infração e as consequências dali advindas, (pagamento de multa e registro de pontos no</p><p>prontuário do condutor infrator).</p><p>Ficaria assim:</p><p>À Junta Administrativa de Recursos de Infrações do DER de São Paulo</p><p>84</p><p>Eu fulano, estado civil, profissão, RG xxx, CPF xxx, residente e domiciliado à rua xxx,</p><p>venho por meio desta apresentar:</p><p>Recurso</p><p>Em face da decisão da comissão de defesa prévia que julgou consistente o auto de</p><p>infração nº xxx, lavrado em virtude do suposto cometimento da infração prevista no art.</p><p>X do CTB.</p><p>I – FATOS</p><p>Consta na Notificação de Penalidade que foi lavrado o auto de infração nº xx imputando</p><p>ao Recorrente o cometimento da infração prevista no artigo 165 do CTB.</p><p>Todavia, o auto de infração é nulo, uma vez que conforme documentos em anexo (prova</p><p>1), o recorrente não conduzia o veículo sob efeito de álcool, já que logo após a</p><p>abordagem realizou exame de sangue para certificar a quantidade de álcool em seu</p><p>organismo.</p><p>Este fato é comprovado pelo exame feito em laboratório no dia xx/xx/xxx às xx hs, em</p><p>anexo a esta defesa (prova 2).</p><p>Sendo assim, certamente não há tipificação, estando por tal motivo nulo o auto de</p><p>infração.</p><p>II – PEDIDOS</p><p>Diante do exposto, requer-se:</p><p>1 – O recebimento deste recurso em virtude do atendimento dos requisitos de</p><p>admissibilidade, bem como das provas que o acompanham;</p><p>2 – Seja dado provimento ao recurso para declarar a nulidade do auto de infração nº xxx</p><p>em virtude dos fatos acima delineados, afastando assim suas consequências lógicas.</p><p>Local, Data.</p><p>_________________________________</p><p>Nome e assinatura do requerente</p><p>Viu como não é tão complicado? Basta colocar no papel tudo o que vocês já sabem, tudo</p><p>que já aprenderam.</p><p>85</p><p>Fique atendo ao prazo final para apresentação de defesa e dos recursos, para que eles</p><p>sejam TEMPESTIVOS, conforme determinam os artigos 6° da Resolução 900 do</p><p>CONTRAN e 29 da Resolução 918 do CONTRAN, vejamos:</p><p>Art. 6º A defesa prévia ou o recurso deverá ser protocolado no órgão ou entidade</p><p>de trânsito autuador ou enviado, via postal, para o seu endereço, respeitado o</p><p>disposto no art. 287 do CTB.</p><p>§ 1º Para verificação da tempestividade, deverá ser considerada:</p><p>I - a data da entrega na Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT), no caso</p><p>de defesa prévia ou de recurso apresentado por via postal; ou</p><p>II - a data de protocolo no</p><p>órgão ou entidade de trânsito da residência ou domicílio</p><p>do proprietário ou infrator, quando utilizada a forma prevista no art. 287 do CTB</p><p>Art. 29. A contagem dos prazos para apresentação de condutor e interposição da</p><p>defesa da autuação e dos recursos de que trata esta Resolução será em dias</p><p>consecutivos, excluindo-se o dia da notificação ou publicação por meio de edital, e</p><p>incluindo-se o dia do vencimento.</p><p>Parágrafo único. Considera-se prorrogado o prazo até o 1º (primeiro) dia útil se o</p><p>vencimento cair em feriado, sábado, domingo, em dia que não houver expediente</p><p>ou este for encerrado antes da hora normal.</p><p>A parte legítima para apresentar defesa e recursos são todos aqueles previstos do art.</p><p>2º da Resolução 900 do CONTRAN:</p><p>Art. 2º É parte legítima para apresentar defesa prévia ou recurso em 1ª e 2ª</p><p>instâncias contra a imposição de penalidade de advertência por escrito ou de multa:</p><p>I - a pessoa física ou jurídica proprietária do veículo;</p><p>II - o condutor, devidamente identificado;</p><p>III - o embarcador, quando responsável exclusiva ou solidariamente pela infração; e</p><p>IV - o transportador, quando responsável exclusiva ou solidariamente pela infração.</p><p>[...]</p><p>§ 2º A parte legítima de que trata o caput poderá ser representada por procurador</p><p>legalmente habilitado ou por instrumento de procuração, na forma da lei, sob pena</p><p>do não conhecimento da defesa prévia ou do recurso.</p><p>Documentos indispensáveis</p><p>A notificação vai trazer informações sobre os documentos a serem anexados, bem como</p><p>onde você deverá fazer o protocolo da defesa ou recurso, por isso, ler a notificação é</p><p>essencial.</p><p>Basicamente a notificação menciona o artigo 5º da Resolução 900 do CONTRAN, veja:</p><p>Art. 5º A defesa prévia ou o recurso deverão ser apresentados com os seguintes</p><p>documentos:</p><p>I - requerimento de defesa prévia ou de recurso;</p><p>86</p><p>II - cópia da notificação de autuação ou notificação da penalidade, conforme o caso,</p><p>ou ainda cópia do AIT ou de documento que conste a placa do veículo e o número</p><p>do AIT;</p><p>III - cópia da CNH ou outro documento de identificação que comprove a assinatura</p><p>do requerente;</p><p>IV - documento que comprove a representação, quando pessoa jurídica; e</p><p>V - procuração, quando for o caso.</p><p>Parágrafo único. Na apresentação de defesa ou recurso, em qualquer fase do</p><p>processo, para efeitos de admissibilidade, não serão exigidos documentos ou cópia</p><p>de documentos emitidos pelo órgão responsável pela autuação.</p><p>Observe como exemplo uma notificação do DER:</p><p>Como é uma notificação antiga, ela menciona a Resolução 299 do CONTRAN, REVOGADA</p><p>pela Resolução 900.</p><p>Então, além das informações constantes na notificação, vale a pena verificar as</p><p>Resoluções 900 e 918 do CONTRAN.</p><p>Veja como funciona cada um dos recursos:</p><p>Defesa Prévia</p><p>Assim que é constatada uma infração de trânsito, mediante abordagem com a lavratura</p><p>de um auto de infração e após o julgamento da consistência do auto de infração, o órgão</p><p>de trânsito (autoridade de trânsito) autuador DEVE enviar no endereço do proprietário</p><p>do veículo a notificação da autuação em até 30 dias.</p><p>A partir do momento que ele recebe esta notificação ou o auto de infração, você já pode</p><p>iniciar sua defesa, pois nesta notificação você terá ciência do prazo (30 dias) para</p><p>apresentar Defesa Prévia junto ao órgão autuador.</p><p>São dias corridos, na forma do art. 29 da Resolução 918 do CONTRAN:</p><p>https://www.youtube.com/watch?v=EWDKOlMeWHg&t=8s</p><p>https://www.youtube.com/watch?v=EWDKOlMeWHg&t=8s</p><p>87</p><p>Art. 29. A contagem dos prazos para apresentação de condutor e interposição da</p><p>defesa da autuação e dos recursos de que trata esta Resolução será em dias</p><p>consecutivos, excluindo-se o dia da notificação ou publicação por meio de edital, e</p><p>incluindo-se o dia do vencimento.</p><p>Parágrafo único. Considera-se prorrogado o prazo até o 1º (primeiro) dia útil se o</p><p>vencimento cair em feriado, sábado, domingo, em dia que não houver expediente</p><p>ou este for encerrado antes da hora normal.</p><p>A previsão da parte legitima para apresentar defesa e recursos é o art. 2º da Resolução</p><p>900 do CONTRAN, vejam:</p><p>Art. 2º É parte legítima para apresentar defesa prévia ou recurso em 1ª e 2ª</p><p>instâncias contra a imposição de penalidade de advertência por escrito ou de multa:</p><p>I - a pessoa física ou jurídica proprietária do veículo;</p><p>II - o condutor, devidamente identificado;</p><p>III - o embarcador, quando responsável exclusiva ou solidariamente pela infração; e</p><p>IV - o transportador, quando responsável exclusiva ou solidariamente pela infração.</p><p>§ 1º Para fins dos §§ 4º e 6º do art. 257 do CTB, considera-se embarcador o</p><p>remetente ou expedidor da carga, mesmo se o frete for a pagar.</p><p>§ 2º A parte legítima de que trata o caput poderá ser representada por procurador</p><p>legalmente habilitado ou por instrumento de procuração, na forma da lei, sob</p><p>pena do não conhecimento da defesa prévia ou do recurso</p><p>Neste primeiro momento, você deve analisar questões técnicas do auto de infração,</p><p>principalmente sobre o ato administrativo conforme outrora estudado, bem como</p><p>verificar o julgamento da consistência do mesmo.</p><p>Se o cliente não foi abordado ou não teve acesso ao auto de infração, você DEVE solicitá-</p><p>lo junto ao órgão autuador, já que a defesa é feita contra o AUTO DE INFRAÇÃO e não</p><p>contra a notificação, pois se houver descumprimento dos requisitos técnicos e formais</p><p>do AIT você terá boas chances de ter sua Defesa Prévia deferida.</p><p>Lembre-se de observar sempre o MBFT, pois ele prevê de forma detalhada todas as</p><p>infrações previstas na legislação de trânsito, abordando de maneira minuciosa a exata</p><p>conduta que os agentes fiscalizadores devem adotar ao se deparar com qualquer uma</p><p>delas, procedendo com a lavratura do auto de infração de trânsito (AIT), a aplicação das</p><p>medidas administrativas, quando cabíveis, e demais providências pertinentes ao ato</p><p>infracional.</p><p>Havendo descumprimento da orientação prevista na ficha específica, ou ao artigo 280</p><p>do CTB, o AIT poderá ser anulado com fundamento no artigo 281 do CTB por violação à</p><p>forma prevista na legislação.</p><p>É preciso, ainda, conhecer a Resolução 900 do CONTRAN, que dispõe sobre a</p><p>padronização dos procedimentos para apresentação de defesa de autuação e recurso,</p><p>em 1ª e 2ª instâncias, contra a imposição de penalidade de multa de trânsito e também</p><p>88</p><p>a Resolução 918, que estabelece e normatiza os procedimentos para a aplicação das</p><p>multas por infrações e dá outras providências.</p><p>É importante que você conheça as resoluções específicas ao caso. Por exemplo, a multa</p><p>por excesso de velocidade prevista no artigo 218 do CTB, possui a Resolução 798/2020</p><p>que dispõe sobre requisitos técnicos mínimos para a fiscalização da velocidade de</p><p>veículos automotores, elétricos, reboques e semirreboques.</p><p>Outro exemplo são as infrações da Lei Seca (bafômetro), regidas, além da legislação</p><p>estudada - CTB, pela Resolução 432 do CONTRAN. É importante verificar também essa</p><p>questão para melhor argumentação.</p><p>Além dessas resoluções, é fundamental estudar a Portaria n° 354 da SENATRAN, que</p><p>estabelece os campos de informações que deverão constar do Auto de Infração, os</p><p>campos facultativos e o preenchimento, para fins de uniformização em todo o território</p><p>nacional.</p><p>O AIT, por ser uma peça informativa PRECISA estar no processo. Você PRECISA dele para</p><p>sua defesa, o AIT é indispensável para que você elabore a melhor defesa.</p><p>Frisa-se que para conseguir cópia do auto de infração, não é necessário juntar</p><p>procuração, em que pese alguns órgãos de trânsito fazerem essa exigência, pois o</p><p>processo administrativo é público.</p><p>Veja esse vídeo sobre a Lei de Acesso à informação, vai esclarecer bem essa questão.</p><p>Cabe, aqui, destacar que a inobservância à forma é vício formal que torna nulo o</p><p>processo administrativo para a imposição das penalidades, independentemente do</p><p>cometimento da infração. E é isso que você vai alegar na sua DEFESA PRÉVIA.</p><p>Você também pode alegar</p><p>questões de mérito na sua Defesa Prévia (art. 9° da Resolução</p><p>918), porém, é preciso que você prove o alegado.</p><p>Ex. em casos onde a infração é cometida em outra cidade, porém o proprietário estava</p><p>trabalhando; junte o cartão de ponto para comprovar essa alegação.</p><p>Importante deixar claro o que buscamos com a defesa prévia, que é justamente a</p><p>inconsistência do auto de infração e você vai fazer isso impugnando a consistência do</p><p>auto de infração.</p><p>Caso a defesa não seja deferida, ou seja, se ela for INDEFERIDA, como estudado, o cliente</p><p>receberá uma nova notificação: a notificação de imposição da penalidade. É essa</p><p>notificação que comunicará o indeferimento da defesa e trará o prazo para apresentar</p><p>recurso à JARI.</p><p>Recurso à JARI</p><p>https://youtu.be/SYGX8xVm0WE</p><p>89</p><p>Agora, nesta notificação, o órgão autuador descreverá as penalidades que estão sendo</p><p>aplicadas contra o cliente (pontos) e a multa será gerada (boleto para pagamento).</p><p>Mas calma que você ainda pode continuar apresentando recursos.</p><p>Antes de falar sobre o recurso à JARI, é preciso que você entenda o que é recurso.</p><p>Recurso serve para reformar ou invalidar uma decisão e, no Poder Judiciário, outros</p><p>recursos servem para esclarecer ou integrar algo em uma decisão.</p><p>Quando você recorre de uma decisão que foi proferida na Defesa Prévia, por exemplo,</p><p>você não pode enviar uma cópia do mesmo recurso (enviado na defesa prévia), pois</p><p>assim, você não está recorrendo de uma decisão com a intenção de reformá-la, mas sim</p><p>apresentando os mesmos termos que levaram à essa decisão.</p><p>Ex. Encontrou uma inconsistência no AIT, alegou na defesa prévia, mas o julgamento</p><p>veio: Indeferido. O que você faz no recurso à JARI? Um tópico falando sobre o erro no</p><p>julgamento, ao aplicar a penalidade e não julgá-la deferida.</p><p>O pedido é a reforma da decisão da defesa prévia, para que seja declarada a</p><p>inconsistência do AIT e o mesmo seja arquivado, nos termos do inciso I do art. 281 do</p><p>CTB.</p><p>Agora sim, sobre Recurso à JARI, neste momento, o pagamento da multa ou o depósito</p><p>recursal, como alguns chamam, não é obrigatório, porém se o proprietário do veículo</p><p>não fizer o pagamento dentro do prazo, a multa não paga até o vencimento será</p><p>acrescida de juros de mora equivalentes à taxa referencial do Sistema Especial de</p><p>Liquidação e de Custódia (Selic) para títulos federais acumulada mensalmente,</p><p>calculados a partir do mês subsequente ao da consolidação até o mês anterior ao do</p><p>pagamento, e de 1% (um por cento) relativamente ao mês em que o pagamento estiver</p><p>sendo efetuado.</p><p>Por outro lado, o pagamento da multa não implica renúncia ao questionamento</p><p>administrativo, que pode ser realizado a qualquer momento.</p><p>Tudo isso que falamos é a previsão do artigo 284 do CTB.</p><p>Recebida a notificação de imposição da penalidade, você poderá apresentar recurso à</p><p>JARI (Junta Administrativa de Recursos de Infrações) do órgão autuador.</p><p>Utilize a legislação a seu favor e faça um recurso consistente. Vou te mostrar como mais</p><p>adiante.</p><p>Vale dizer que ausência de argumentação (ausência de motivação) no recurso também</p><p>gera a nulidade do ato administrativo (AIT).</p><p>90</p><p>Isso porque se a defesa não tiver todos os tópicos apreciados no julgamento, você</p><p>poderá alegar isso no recurso à JARI. Essa é a previsão do artigo 50, V da Lei 9.784/1999,</p><p>vejam:</p><p>Art. 50. Os atos administrativos deverão ser motivados, com indicação dos</p><p>fatos e dos fundamentos jurídicos, quando:</p><p>[...]</p><p>V - decidam recursos administrativos;</p><p>O prazo para o recurso à JARI ser apreciado NÃO É DE 30 DIAS! Essa era a antiga redação</p><p>do § 3º do art. 285 do CTB.</p><p>Agora, a previsão do prazo de julgamento do recurso apresentado à JARI, está no § 6º</p><p>do art. 285, que tem a seguinte redação:</p><p>§ 6º O recurso de que trata o caput deste artigo deverá ser julgado no prazo de 24</p><p>(vinte e quatro) meses, contado do recebimento do recurso pelo órgão julgador.”</p><p>Ocorre que essa alteração só entrará em vigor no dia 1º de janeiro de 2024, nos termos</p><p>do inciso II do art. 7º da Lei 14.229/2021, veja:</p><p>II - em 1º de janeiro de 2024, quanto às alterações ao caput do art. 289 da Lei nº</p><p>9.503, de 23 de setembro de 1997 (Código de Trânsito Brasileiro), e quanto aos</p><p>acréscimos do § 6º ao art. 285 e do art. 289-A ao referido Código, todos do art. 2º</p><p>desta Lei;</p><p>Por fim, se o recurso apresentado à JARI também for indeferido você poderá apresentar</p><p>o último recurso.</p><p>Recurso ao CETRAN</p><p>Esta é última instância recursal administrativa, o recurso em 2ª instância, conforme</p><p>previsão do art. 14, V, “a” do CTB, deve ser endereçado ao CETRAN (Conselho Estadual</p><p>de Trânsito) ou CONTRANDIF, se for o Distrito Federal, vejamos:</p><p>Art. 14. Compete aos Conselhos Estaduais de Trânsito - CETRAN e ao</p><p>Conselho de Trânsito do Distrito Federal - CONTRANDIFE:</p><p>(...)</p><p>V - julgar os recursos interpostos contra decisões:</p><p>a) das JARI;</p><p>Aqui você vai usar tudo que estudou sobre a aplicação da multa pela infração que o</p><p>cliente cometeu. As Resoluções específicas, o MBFT e o próprio CTB.</p><p>Lembre-se, se o julgamento for genérico, a penalidade poderá ser anulada por violação</p><p>ao Princípio da Motivação, conforme o artigo 50, V da Lei 9.784/1999.</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9503.htm#art285%C2%A76</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2021/Lei/L14229.htm#art289</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2021/Lei/L14229.htm#art285%C2%A76</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2021/Lei/L14229.htm#art289a</p><p>91</p><p>Para todos os recursos e defesa é imprescindível prestar muita atenção aos prazos de</p><p>envio, aos endereços de envio e aos documentos que deverão ser anexados junto à</p><p>defesa ou ao recurso.</p><p>Além disso, alguns órgãos possuem um formulário específico de apresentação de</p><p>defesa/recursos, procure saber sobre isso.</p><p>Por fim, é importante recorrer até o fim, mesmo que o cliente esteja desesperançoso,</p><p>pois os julgadores mudam de uma instância para outra, e os resultados podem ser</p><p>diferentes. Além disso, como agora os órgãos de trânsito têm prazo para expedição as</p><p>notificações de penalidade, os índices de deferimento estão aumentando. Sendo assim,</p><p>não deixe de recorrer até o fim.</p><p>O recurso em 2ª instância também tem prazo para ser apreciado – 24 meses, na forma</p><p>do art. 289 do CTB:</p><p>Art. 289. O recurso de que trata o art. 288 deste Código deverá ser julgado no prazo</p><p>de 24 (vinte e quatro) meses, contado do recebimento do recurso pelo órgão</p><p>julgador:</p><p>Ocorre que essa alteração só entrará em vigor no dia 1º de janeiro de 2024, nos termos</p><p>do inciso II do art. 7º da Lei 14.229/2021, veja:</p><p>II - em 1º de janeiro de 2024, quanto às alterações ao caput do art. 289 da Lei nº</p><p>9.503, de 23 de setembro de 1997 (Código de Trânsito Brasileiro), e quanto aos</p><p>acréscimos do § 6º ao art. 285 e do art. 289-A ao referido Código, todos do art. 2º</p><p>desta Lei;</p><p>Com o julgamento do recurso apresentado em segunda instância, há o encerramento</p><p>da fase administrativa, na forma do art. 290 do CTB.</p><p>Alegações recursais adequadas: Teses de recursos</p><p>Administrativos e Principais Peças Processuais</p><p>Agora, quero trazer aqui algumas alegações para você usar de forma prática em seus</p><p>recursos contra a penalidade de multa. Todas essas alegações você aprendeu e já pode</p><p>colocá-las em prática agora mesmo, quer ver?</p><p>a) Legitimidade: Notificação ao proprietário ou ao condutor?</p><p>Lembra que falamos da divisão de responsabilidades prevista no CTB? Então, aqui você</p><p>deve observar o art. 257 e 282 do CTB, caso a infração tenha sido constatada mediante</p><p>abordagem e o motorista infrator não seja o proprietário do veículo, quem deve ser</p><p>notificado, com notificação a ele endereçada é o CONDUTOR. Caso de veículo</p><p>emprestado na multa do bafômetro, por exemplo.</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9503.htm#art289.0</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2021/Lei/L14229.htm#art289</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2021/Lei/L14229.htm#art285%C2%A76</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2021/Lei/L14229.htm#art289a</p><p>92</p><p>Também é alegada em preliminar de mérito. Em casos assim, você deve demonstrar ao</p><p>julgador que há um equívoco, uma confusão entre o infrator e a pessoa notificada.</p><p>Pode ser que o condutor e o proprietário residam na mesma casa, como marido e</p><p>mulher, pai e filho, etc.</p><p>Com isso, já vi muitos julgadores e até mesmo juízes de direito alegarem que o simples</p><p>fato da notificação ser enviada para o endereço do proprietário (que, em tese, seria o</p><p>mesmo do condutor) já é válida, mesmo que esteja endereçada ao proprietário.</p><p>Em casos assim, você usará a tese da inviolabilidade da correspondência, conforme</p><p>previsão do art. 5°, XII da Constituição Federal, ou seja, mesmo que seja encaminhada</p><p>para o mesmo endereço (de registro do veículo e da CNH, no caso do condutor), se a</p><p>notificação foi endereçada ao proprietário, o condutor não terá acesso e dependerá da</p><p>entrega dessa notificação pelo proprietário do veículo.</p><p>O que viola o texto legal, já que a entrega da notificação, em casos assim, não será de</p><p>responsabilidade do órgão autuador, mas sim do proprietário do veículo.</p><p>b) Ausência de notificação</p><p>Uma das melhores argumentações (desde que pautadas na realidade) é a ausência de</p><p>notificações. Isso porque a ausência de notificação viola veementemente o Princípio do</p><p>contraditório e da ampla defesa, bem como o da Legalidade.</p><p>Vale frisar que você deve estar seguro que o endereço do cliente estava devidamente</p><p>atualizado, caso contrário, estará dando um tiro no próprio pé.</p><p>APELAÇÃO – Mandado de segurança – Suspensão do direito de dirigir – Notificação</p><p>demonstrada – Direito de defesa exercido – Nulidade inexistente – Ausência de</p><p>notificação – Violação aos princípios do contraditório e da ampla defesa –</p><p>Inteligência do art. 5º, inciso LV, da CF e art. 265, do CTB – Nulidade do processo</p><p>administrativo reconhecida – Sentença reformada – Ordem parcialmente</p><p>concedida – Recurso parcialmente provido. (TJ-SP - APL: 10206021520198260071</p><p>SP 1020602-15.2019.8.26.0071, Relator: Renato Delbianco, Data de Julgamento:</p><p>20/02/2020, 2ª Câmara de Direito Público, Data de Publicação: 20/02/2020)</p><p>Assim, diante do exposto na jurisprudência aqui colacionada, podemos perceber que as</p><p>notificações são de suma importância e, se não ocorrerem, acarretarão na nulidade do</p><p>ato administrativo, com o consequente arquivamento do processo administrativo em</p><p>discussão.</p><p>É certo que em cada uma das fases do procedimento administrativo, o órgão autuante</p><p>deve cumprir os requisitos formais que, em não sendo observados, podem levar à</p><p>nulidade do processo administrativo.</p><p>93</p><p>A inobservância quanto a expedição da notificação de autuação no prazo legalmente</p><p>estabelecido, enseja a anulação do AIT por falta de cumprimento de requisitos formais,</p><p>nos termos do art. 281, II do CTB, veja como usar:</p><p>PRELIMINAR - DA NOTIFICAÇÃO EXPEDIDA FORA DO PRAZO DE 30 DIAS</p><p>A Lei é muito clara no que tange aos requisitos obrigatórios que órgãos de trânsito</p><p>devem observar, o prazo para expedir a notificação é um desses requisitos obrigatórios,</p><p>vejamos:</p><p>Artigo 281 do CTB: A autoridade de Trânsito, na esfera da competência estabelecida</p><p>neste Código e dentro da sua circunscrição, julgará a consistência do auto de</p><p>infração e aplicará a penalidade cabível.</p><p>Parágrafo único: O auto de infração será arquivado e seu registro julgado</p><p>insubsistente:</p><p>II – se, no prazo máximo de trinta dias não for expedida a notificação de autuação.</p><p>Ainda, temos a Resolução n° 918 do CONTRAN que fala sobre a notificação no artigo 4º,</p><p>§ 1º, que diz:</p><p>Art. 4º Com exceção do disposto no § 5º do art. 3º, após a verificação da</p><p>regularidade e da consistência do AIT, o órgão autuador expedirá, no prazo máximo</p><p>de 30 (trinta) dias contados da data do cometimento da infração, a NA dirigida ao</p><p>proprietário do veículo, na qual deverão constar os dados mínimos definidos no art.</p><p>280 do CTB.</p><p>§ 1º A não expedição da NA no prazo previsto no caput ensejará o arquivamento do</p><p>AIT.</p><p>Podemos verificar claramente na notificação do AIT aqui recorrido, desde a data do</p><p>cometimento da infração, até o dia da postagem desta notificação ultrapassou-se o</p><p>prazo de 30 dias, ou seja, decaiu o direito do órgão de trânsito de punir.</p><p>Só pela inobservância destes preceitos legais, tal autuação já é passível de anulação,</p><p>bem como que sejam retirados os pontos dela decorrente.</p><p>Deste modo, requeiro a ANULAÇÃO e ARQUIVAMENTO do AIT aqui em discussão por</p><p>violação aos artigos supramencionados.</p><p>PRELIMINARMENTE - Da notificação de PENALIDADE expedida fora do prazo legal de</p><p>180 dias</p><p>Fui notificado da aplicação da penalidade de multa em epígrafe, decorrente de autuação</p><p>por infração ao Código de Trânsito Brasileiro.</p><p>Ocorre que, entre a data do cometimento da infração e a expedição da notificação de</p><p>penalidade, passaram-se mais de 180 dias, ocorrendo a preclusão do ato administrativo</p><p>94</p><p>e a decadência do direito de punir deste órgão, nos termos do § 7° do artigo 282 do</p><p>Código de Trânsito Brasileiro, vejamos:</p><p>Art. 282. Caso a defesa prévia seja indeferida ou não seja apresentada no prazo</p><p>estabelecido, será aplicada a penalidade e expedida notificação ao proprietário do</p><p>veículo ou ao infrator, por remessa postal ou por qualquer outro meio tecnológico</p><p>hábil que assegure a ciência da imposição da penalidade.</p><p>[…]</p><p>§ 6º O prazo para expedição das notificações das penalidades previstas no art. 256</p><p>deste Código é de 180 (cento e oitenta) dias ou, se houver interposição de defesa</p><p>prévia, de 360 (trezentos e sessenta) dias, contado:</p><p>I - no caso das penalidades previstas nos incisos I e II do caput do art. 256 deste</p><p>Código, da data do cometimento da infração;</p><p>E, não havendo a aplicação da penalidade nos prazos previstos em lei, ocorre a</p><p>decadência do direito de punir:</p><p>§ 7º O descumprimento dos prazos previstos no § 6º deste artigo implicará a</p><p>decadência do direito de aplicar a respectiva penalidade.”</p><p>E o termo inicial para a decadência do direito de punir é a data do cometimento da</p><p>infração. Não há qualquer possibilidade de analisar de outra forma o artigo 282 do CTB,</p><p>visto que basta a interpretação literal deste artigo.</p><p>Nesse sentido, cabe a regra de preclusão estabelecida no § 7º, do artigo 282.</p><p>Logo, o arquivamento deste processo administrativo, a é medida que se impõe, o que</p><p>desde logo se requer.</p><p>PRELIMINARMENTE - Da notificação de PENALIDADE expedida fora do prazo legal –</p><p>360 dias</p><p>Fui notificado da aplicação da penalidade de multa em epígrafe, decorrente de autuação</p><p>por infração ao Código de Trânsito Brasileiro.</p><p>Apresentei defesa prévia.</p><p>Ocorre que, desde a data do cometimento da infração até a expedição da notificação de</p><p>penalidade, passaram-se mais de 360 dias, ocorrendo a preclusão do ato administrativo</p><p>e a decadência do direito de punir, nos termos dos §§ 6° e 7° do artigo 282 do Código</p><p>de Trânsito Brasileiro, vejamos:</p><p>Art. 282. Caso a defesa prévia seja indeferida ou não seja apresentada no prazo</p><p>estabelecido, será aplicada a penalidade e expedida notificação ao proprietário do</p><p>veículo ou ao infrator, por remessa postal ou por qualquer outro meio tecnológico</p><p>hábil que assegure a ciência da imposição da penalidade.</p><p>95</p><p>§ 6º O prazo para expedição das notificações das penalidades previstas no art. 256</p><p>deste Código é de 180 (cento e oitenta) dias ou, se houver interposição de defesa</p><p>prévia, de 360 (trezentos e sessenta) dias, contado:</p><p>I - no caso das penalidades previstas nos incisos I e II do caput do art. 256 deste</p><p>Código, da data do cometimento da infração;</p><p>E, não havendo a aplicação da penalidade nos prazos previstos em lei, ocorre a</p><p>decadência do direito de punir:</p><p>§ 7º O descumprimento dos prazos previstos no § 6º deste artigo implicará a</p><p>decadência do direito de aplicar a respectiva penalidade.”</p><p>E o termo inicial para</p><p>a decadência do direito de punir é a data do cometimento da</p><p>infração. Não há qualquer possibilidade de analisar de outra forma o artigo 282 do CTB,</p><p>visto que basta a interpretação literal deste artigo.</p><p>Nesse sentido, cabe dizer que apresentei defesa prévia contra o AIT aqui em discussão,</p><p>o que atrai a regra de preclusão estabelecida no § 6º, do artigo 282.</p><p>Houve apresentação de defesa prévia que foi julgada somente agora, num prazo muito</p><p>superior ao que prevê o art. 282.</p><p>Logo, o arquivamento deste processo administrativo, a é medida que se impõe, o que</p><p>desde logo se requer.</p><p>c) Impugnar o Julgamento da Consistência do AIT</p><p>Como vimos, julgar a consistência do AIT significa que antes de ser emitida a notificação</p><p>da autuação, cabe à autoridade de trânsito verificar se o auto de infração apresenta a</p><p>regularidade formal necessária, ou seja, significa verificar se o AIT preenche os requisitos</p><p>do ato administrativo.</p><p>Se você verificar que esses requisitos não foram cumpridos, caberá a você impugnar o</p><p>julgamento da consistência do AIT na primeira oportunidade, ou seja, na defesa prévia.</p><p>d) Tese do veículo vendido (antes ou depois do cometimento das infrações)</p><p>É muito comum que motoristas vendam seus veículos sem que haja a transferência dos</p><p>mesmos.</p><p>Isso faz com que as infrações e pontos delas decorrentes sejam inseridas na CNH do</p><p>proprietário, mesmo após a venda, uma vez que este não é o possuidor do veículo, ou</p><p>seja, não detém a posse do mesmo.</p><p>96</p><p>Assim, as penalidades podem ser inseridas na CNH de permissionários e de motoristas</p><p>que estejam cumprindo penalidades de suspensão. E isso pode causar inúmeros</p><p>transtornos, como o cancelamento da PPD e cassação da CNH.</p><p>Por isso, usamos a tese de veículo vendido antes ou depois do cometimento das</p><p>infrações, veja o modelo:</p><p>DA RESPONSABILIDADE PELAS INFRAÇÕES COMETIDAS ANTES DA TRADIÇÃO DO</p><p>VEÍCULO</p><p>Em que pese o cadastro administrativo estar em seu nome, o veículo foi vendido em</p><p>XX/XX/XXXX.</p><p>Nesse caso, vale a análise da regra contida no artigo 134, posto que há documentos que</p><p>comprovam a venda e também demonstram que o Requerente não detinha a posse do</p><p>veículo quando do cometimento da infração que consta na figura 1, não podendo ser</p><p>responsabilizado pelas infrações cometidas, vejamos:</p><p>Art. 134. No caso de transferência de propriedade, o proprietário antigo deverá</p><p>encaminhar ao órgão executivo de trânsito do Estado dentro de um prazo de trinta</p><p>dias, cópia autenticada do comprovante de transferência de propriedade,</p><p>devidamente assinado e datado, sob pena de ter que se responsabilizar</p><p>solidariamente pelas penalidades impostas e suas reincidências até a data da</p><p>comunicação.</p><p>O que devemos considerar neste caso é que, na data da infração, o veículo ainda estava</p><p>em posse do antigo proprietário, devendo este ser o responsável pela mesma, pois resta</p><p>plenamente demonstrado e comprovado que o Requerente não teve qualquer</p><p>participação na infração cometida.</p><p>Deve existir, pois, uma relação de causalidade entre o infrator e a infração cometida,</p><p>não sendo possível admitir a responsabilidade indireta do atual proprietário naquelas</p><p>infrações que, sabidamente, não teve qualquer tipo de participação.</p><p>Essa relação de causalidade, na autuação anotada no prontuário do Requerente,</p><p>simplesmente não existe, posto que, antes da tradição do bem quem detinha a guarda</p><p>do veículo era o antigo proprietário.</p><p>Vejamos a regra contida no Código Civil, em seu artigo 237:</p><p>Art. 237. Até a tradição pertence ao devedor a coisa, com os seus</p><p>melhoramentos e acrescidos, pelos quais poderá exigir aumento no preço; se</p><p>o credor não anuir, poderá o devedor resolver a obrigação. (grifos nossos)</p><p>97</p><p>Vejamos o que recentemente decidiu o Juizado Especial de Botucatu</p><p>Vara: Juizado Especial Cível JUÍZO DE DIREITO DA VARA DO JUIZADO</p><p>ESPECIAL CÍVEL E CRIMINAL. Processo 1001765-19.2018.8.26.0079 -</p><p>Procedimento do Juizado Especial Cível - Multas e demais Sanções - Lourival</p><p>Antônio Panhozzi - Vistos. Em sede de tutela provisória de urgência, o autor</p><p>requer seja afastada sua responsabilidade por infrações de trânsito</p><p>vinculadas ao veículo EVOQUE 2.0 DYNAMIC TECH 4WD 16V, de placas FDT</p><p>0250, após 30/06/2017, data de alienação do bem a empresa co Requerida</p><p>Gatti Veículos Ltda - EPP. A tutela provisória de urgência será concedida</p><p>quando houver elementos que evidenciem a probabilidade do direito</p><p>(fumus boni iuris ou plausibilidade do direito substancial) e o perigo de dano</p><p>(tutela satisfativa) ou o risco ao resultado útil do processo (tutela cautelar),</p><p>nos termos do art. 300, caput, do Novo CPC. In casu, vê-se que há elementos</p><p>que evidenciam a probabilidade do direito e o perigo de dano, para o fim de</p><p>autorizar o deferimento da medida perseguida. O documento de fls. 15</p><p>indica que o veículo foi entregue a última requerida em 30/06/2017,</p><p>portanto tem-se que a tradição do bem ao adquirente é suficiente para</p><p>eximir o alienante de quaisquer responsabilidades advindas da ulterior</p><p>utilização do veículo pelo novo proprietário. Sobre o tema, o C. Superior</p><p>Tribunal de Justiça já sedimentou o entendimento no sentido de que a regra</p><p>prevista no artigo 134 do Código de Transito Brasileiro sofre mitigação</p><p>quando restarem comprovadas nos autos que as infrações foram cometidas</p><p>após aquisição do veículo por terceiro, mesmo que não ocorra a</p><p>transferência. Neste sentido, "Comprovada a transferência da propriedade</p><p>do veículo, afasta-se a responsabilidade do antigo proprietário pelas</p><p>infrações cometidas após a alienação, mitigando-se, assim, o comando do</p><p>art. 134 do Código de Transito Brasileiro".(AgRg no AREsp 454738/RS -</p><p>454738/RS - Ministro Napoleão Nunes Maia Filho - 1ª Turma - j. 04.11.2014</p><p>- DJe 18.11.2014).Outrossim, e certo que o perigo de dano exsurge da</p><p>iminência da instauração de processo administrativo em desfavor do autor,</p><p>consistente na suspensão de seu direito de dirigir. Destarte, ANTECIPO a</p><p>tutela pretendida para afastar a responsabilidade do autor, após a data</p><p>30/06/2017, pelas infrações de transito relacionadas ao veículo EVOQUE 2.0</p><p>DYNAMIC TECH 4WD 16V, de placas FDT 0250.Nesta toada, determino aos</p><p>requeridos que suspendam a pontuação, decorrente das mencionadas</p><p>infrações, atribuída ao prontuário de motorista do autor. Oficie-se. Citem-se</p><p>os requeridos para apresentarem contestação, cientificando-os que, caso</p><p>tenham proposta de acordo, poderão oferta-la em preliminar, na própria</p><p>peça de defesa, salientando que "a apresentação de proposta de conciliação</p><p>pelo réu não induz a confissão" (Enunciado nº 76 do FONAJEF).A seguir,</p><p>intime-se a parte autora para manifestar-se em replica. Após, conclusos.</p><p>Oficie-se. Intimem-se.[...]</p><p>Nesse sentido, confirma-se ainda mais o entendimento do Superior Tribunal de Justiça:</p><p>98</p><p>PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. RECURSO ESPECIAL.CÓDIGO DE</p><p>TRÂNSITO BRASILEIRO. SUSPENSÃO DO DIREITO DE DIRIGIR. ALIENAÇÃO</p><p>DE VEÍCULO. RESPONSABILIDADE PELAS INFRAÇÕES. SOLIDARIEDADE</p><p>ENTRE COMPRADOR E VENDEDOR ENQUANTO NÃO HOUVER A</p><p>COMUNICAÇÃO DO NEGÓCIO JURÍDICO AO DETRAN. ACÓRDÃO A QUO</p><p>QUE AFIRMA ESTAR COMPROVADO QUE AS INFRAÇÕES QUE ENSEJARAM</p><p>A PENALIDADE NÃO FORAM COMETIDAS PELO VENDEDOR.</p><p>IMPOSSIBILIDADE DE SER-LHE APLICADA A SUSPENSÃO DO DIREITO DE</p><p>DIRIGIR. 1. [...] 2. Analisando casos semelhantes, tanto a Primeira como a</p><p>Segunda Turma firmaram entendimento de que realmente existe a</p><p>solidariedade pelas infrações entre o vendedor e o comprador do veículo,</p><p>enquanto a alienação não for informada ao DETRAN. No entanto, tal</p><p>solidariedade não é absoluta e deve ser relativizada nos casos em que estiver</p><p>comprovado que não foi o vendedor que cometeu as infrações.</p><p>Precedentes: REsp 804.458/RS, Rel. Ministro teori Albino Zavascki, Primeira</p><p>Turma, DJe 31/08/2009 e REsp 1024815/RS, Rel. Ministro Castro Meira,</p><p>Segunda Turma, DJe 04/09/2008. 3. No caso dos autos, não se deve aplicar</p><p>a penalidade ao ora</p><p>Sempre equivale à</p><p>satisfação do interesse público. Todo ato administrativo deve atender a um interesse</p><p>público. É inconcebível imaginar que um ato administrativo seja praticado para</p><p>satisfazer interesses estritamente privados.</p><p>Além disso, a finalidade sempre é aquela explicitamente imposta na lei. A própria leitura</p><p>do preceito legal em que se fundamentou o ato evidencia o que se objetiva com a prática</p><p>do ato.</p><p>Vício de Finalidade: desvio de finalidade (ou desvio de poder) = o agente público até age</p><p>dentro de suas competências, mas pratica o ato visando a um fim diverso daquele</p><p>previsto em lei.</p><p>O ato praticado em desvio de finalidade será um ato nulo.</p><p>1 III - executar a fiscalização de trânsito, quando e conforme convênio firmado, como agente do órgão ou</p><p>entidade executivos de trânsito ou executivos rodoviários, concomitantemente com os demais agentes</p><p>credenciados;</p><p>9</p><p>O desvio de finalidade jamais admite convalidação. Atos que incidam nesse vício serão</p><p>nulos, insuscetíveis de convalidação.</p><p>c) Forma</p><p>A forma consiste na maneira pela qual o ato é exteriorizado. Seria o revestimento</p><p>externo do ato e todas as formalidades que integram o processo de formação do ato.</p><p>Em regra, os atos administrativos devem adotar a forma escrita.</p><p>No caso do auto de infração, este DEVE obedecer ao que está previsto no artigo 280 do</p><p>Código de Trânsito Brasileiro e no artigo 3° da Resolução 918/22 do CONTRAN, vejam:</p><p>Art. 280. Ocorrendo infração prevista na legislação de trânsito, lavrar-se-á auto de</p><p>infração, do qual constará:</p><p>I - tipificação da infração;</p><p>II - local, data e hora do cometimento da infração;</p><p>III - caracteres da placa de identificação do veículo, sua marca e espécie, e outros</p><p>elementos julgados necessários à sua identificação;</p><p>IV - o prontuário do condutor, sempre que possível;</p><p>V - identificação do órgão ou entidade e da autoridade ou agente autuador ou</p><p>equipamento que comprovar a infração;</p><p>VI - assinatura do infrator, sempre que possível, valendo esta como notificação do</p><p>cometimento da infração.</p><p>§ 1º (VETADO)</p><p>§ 2º A infração deverá ser comprovada por declaração da autoridade ou do agente</p><p>da autoridade de trânsito, por aparelho eletrônico ou por equipamento audiovisual,</p><p>reações químicas ou qualquer outro meio tecnologicamente disponível,</p><p>previamente regulamentado pelo CONTRAN.</p><p>§ 3º Não sendo possível a autuação em flagrante, o agente de trânsito relatará o</p><p>fato à autoridade no próprio auto de infração, informando os dados a respeito do</p><p>veículo, além dos constantes nos incisos I, II e III, para o procedimento previsto no</p><p>artigo seguinte.</p><p>§ 4º O agente da autoridade de trânsito competente para lavrar o auto de infração</p><p>poderá ser servidor civil, estatutário ou celetista ou, ainda, policial militar designado</p><p>pela autoridade de trânsito com jurisdição sobre a via no âmbito de sua</p><p>competência.</p><p>***</p><p>Art. 3º Constatada a infração pela autoridade de trânsito ou por seu agente, ou</p><p>ainda comprovada sua ocorrência por aparelho eletrônico ou por equipamento</p><p>audiovisual, reações químicas ou qualquer outro meio tecnológico disponível,</p><p>previamente regulamentado pelo CONTRAN, será lavrado o AIT, que deverá conter</p><p>os dados mínimos definidos pelo art. 280 do CTB e em regulamentação específica.</p><p>§ 1º O AIT de que trata o caput poderá ser lavrado pela autoridade de trânsito ou</p><p>por seu agente:</p><p>I - por anotação em documento próprio;</p><p>10</p><p>II - por registro em talão eletrônico isolado ou acoplado a equipamento de detecção</p><p>de infração regulamentado pelo CONTRAN, atendido o procedimento definido pelo</p><p>órgão máximo executivo de trânsito da União; ou</p><p>III - por registro em sistema eletrônico de processamento de dados, quando a</p><p>infração for comprovada por equipamento de detecção provido de registrador de</p><p>imagem, regulamentado pelo CONTRAN.</p><p>§ 2º O órgão autuador, sempre que possível, deverá imprimir o AIT lavrado nas</p><p>formas previstas nos incisos II e III do § 1º para início do processo administrativo</p><p>previsto no Capítulo XVIII do CTB, sendo dispensada a assinatura da autoridade ou</p><p>de seu agente.</p><p>§ 3º O registro da infração, referido no inciso III do § 1º será referendado por</p><p>autoridade de trânsito, ou seu agente, que será identificado no AIT.</p><p>§ 4º Sempre que possível, o condutor será identificado no momento da lavratura do</p><p>AIT.</p><p>§ 5º O AIT valerá como NA quando for assinado pelo condutor e este for o</p><p>proprietário do veículo ou o principal condutor previamente identificado, desde que</p><p>conste a data do término do prazo para a apresentação da defesa da autuação, nos</p><p>termos do art. 281-A do CTB.</p><p>§ 6º O talão eletrônico previsto no inciso II do § 1º constitui-se de sistema</p><p>informatizado (software) instalado em equipamentos preparados para esse fim ou</p><p>no próprio sistema de registro de infrações do órgão autuador, na forma</p><p>disciplinada pelo órgão máximo executivo de trânsito da União.</p><p>São nesses artigos que você deve se basear quando tiver em mãos um auto de infração.</p><p>Se seguir essa “receita” ok, o ato administrativo é válido, caso contrário será passível de</p><p>anulação.</p><p>Vamos estudar esses requisitos mais adiante.</p><p>Vício de forma: Em regra, é passível de convalidação, salvo se a forma prevista em lei</p><p>constituir elemento essencial à validade do ato.</p><p>Exceções: atos verbais (ordens de superior hierárquico a seus subordinados) e gestos,</p><p>apitos, sinais luminosos e placas utilizados na ordenação do trânsito.</p><p>d) Motivo</p><p>São as razões de fato e de direito que impõem ou ao menos autorizam a prática do ato</p><p>administrativo. É a causa imediata do ato, fato gerador.</p><p>e) Objeto</p><p>Esse elemento é o conteúdo material do ato administrativo, correspondendo ao efeito</p><p>imediato que o ato irá produzir. Devendo o objeto ser lícito, possível e determinado.</p><p>O objeto constitui aquilo que se pode traduzir no conteúdo/matéria do ato. Por meio</p><p>dele, a administração manifesta a sua vontade ou trata sobre situações preexistentes.</p><p>11</p><p>Consiste, em outras linhas, na alteração que esse elemento causa no universo jurídico,</p><p>que é imediato.</p><p>Importante ressaltar, que a COMPETÊNCIA, FINALIDADE E FORMA, são elementos</p><p>vinculados, ou seja, não geram margem de escolha para o administrador.</p><p>Já o MOTIVO e o OBJETO podem se apresentar de modo vinculado ou discricionário, se</p><p>a lei assim estabelecer.</p><p>No caso do das multas de trânsito, o auto de infração, que é um ato administrativo, é o</p><p>fato gerador da penalidade de multa, sendo assim, este DEVE obedecer a forma prevista</p><p>na lei.</p><p>Então, aplicando alguns conceitos de ato administrativo ao Direito de Trânsito, imagine</p><p>a seguinte situação:</p><p>O Código de Trânsito Brasileiro prevê em seu art. 65 que é obrigatório o uso do cinto de</p><p>segurança para condutor e passageiros em todas as vias do território nacional.</p><p>Note que a finalidade da norma é a segurança dos ocupantes do veículo (motorista e</p><p>passageiros).</p><p>O descumprimento desta norma, segundo o art. 167 do CTB é infração de trânsito.</p><p>Assim, se “A” dirige sem usar o cinto de segurança, ele deu ensejo (motivo/fato gerador)</p><p>a infração prevista no art. 167 do CTB e, sendo flagrado por agente de trânsito, este</p><p>deverá lavrar um auto de infração, uma vez que o mesmo é um ato administrativo</p><p>vinculado, pois decorre de lei.</p><p>Porém, para fazer valer a finalidade da norma, é necessário que haja, segundo o Manual</p><p>Brasileiro de Fiscalização de Trânsito, a retenção do veículo até a colocação do cinto pelo</p><p>motorista e/ou passageiros do veículo, já que a finalidade desta norma é a segurança</p><p>dos envolvidos.</p><p>Se assim não for, teremos um ato nulo, pois não está de acordo com a finalidade da</p><p>norma.</p><p>Veremos tudo isso mais adiante, quando falarmos das teses de defesa.</p><p>Percebeu porque estamos falando tanto dessas questões de direito administrativo?</p><p>Porque, se você conseguir, preliminarmente, achar qualquer violação dos princípios</p><p>administrativos ou descumprimento dos requisitos no ato administrativo, que no nosso</p><p>caso</p><p>recorrido, uma vez que o acórdão a quo é categórico ao</p><p>afirmar que a infração não foi cometida pelo recorrido, mas, sim, pelo novo</p><p>proprietário do veículo. 4. Recurso especial não provido. (REsp 1063511/PR,</p><p>Rel. Ministro BENEDITO GONÇALVES, PRIMEIRA TURMA, julgado em</p><p>18/03/2010, DJe 26/03/2010)</p><p>***</p><p>ADMINISTRATIVO. INFRAÇÃO DE TRÂNSITO. ALIENAÇÃO DE VEÍCULO.</p><p>TRADIÇÃO. AUSÊNCIA DE REGISTRO DE TRANSFERÊNCIA JUNTO AO DETRAN.</p><p>1. Ainda que inexistente a comunicação de venda do veículo por parte do</p><p>alienante, restando - de modo incontroverso - comprovada a</p><p>impossibilidade de imputar ao antigo proprietário as infrações cometidas, a</p><p>responsabilização solidária prevista no art. 134 do CTB deve ser mitigada.</p><p>Precedentes. 2. Recurso especial a que se nega provimento. (REsp</p><p>804.458/RS, Rel. Ministro TEORI ALBINO ZAVASCKI, PRIMEIRA TURMA,</p><p>julgado em 20/08/2009, DJe 31/08/2009)</p><p>Logo, devemos observar a regra contida no artigo 134, do Código de Trânsito Brasileiro,</p><p>afastando-se a responsabilidade do Requerente, posto que A INFRAÇÃO OCORREU</p><p>ANTES DA VENDA E ENTREGA DO VEÍCULO AO MESMO.</p><p>e) Ausência de Motivação</p><p>Outro ponto que você pode usar a seu favor nas defesas e recursos de multas de trânsito</p><p>é a ausência de motivação. Lembra que falamos sobre os princípios da administração</p><p>pública? Pois é! Aqui é um caso onde podemos usá-lo.</p><p>99</p><p>Caso o órgão autuador viole o Princípio da Motivação, o ato administrativo estará</p><p>passível de nulidade.</p><p>Quanto ao Princípio da Motivação, cabe a leitura do artigo 50, V da lei n° 9.784/99,</p><p>vejamos:</p><p>Art. 50. Os atos administrativos deverão ser motivados, com indicação dos fatos e</p><p>dos fundamentos jurídicos, quando:</p><p>[...]</p><p>V - decidam recursos administrativos;</p><p>Ou seja, todos os julgamentos de TODOS os recursos devem ser motivados e</p><p>fundamentados. Caso a decisão padeça de motivação, teremos um ato nulo.</p><p>f) Ato praticado com Desvio de Finalidade</p><p>Vamos usar como exemplo a medida administrativa que deve ser aplicada na multa do</p><p>bafômetro.</p><p>Se observarmos o texto legal, a medida administrativa é a remoção do veículo ou o</p><p>veículo ser liberado para condutor habilitado que também deverá ser submetido ao</p><p>teste do bafômetro.</p><p>Se uma dessas condutas não é observada ou se o agente simplesmente não ANOTOU a</p><p>medida administrativa adotada no auto de infração, ele deve ser anulado por vício na</p><p>forma do ato, mas também porque aquele ato está sendo praticado com desvio de</p><p>finalidade.</p><p>Veja o exemplo do modelo:</p><p>(...)</p><p>Não menos importante é o fato de que a medida administrativa não foi</p><p>observada. Eis que não há no AIT aqui em discussão, qualquer anotação quanto</p><p>ao teste realizado no condutor que supostamente retirou o veículo do local da</p><p>infração, o que viola a medida administrativa prevista no art. 9° da Resolução</p><p>432 do CONTRAN.</p><p>Ora, consta no AIT que o veículo foi liberado para o Sr. Fernando Peres, porém,</p><p>em momento algum, este foi submetido ao teste do etilômetro, o que viola,</p><p>como dito, o art. 9° da Resolução 432 do CONTRAN, já que o condutor</p><p>habilitado, também deverá ser submetido à fiscalização.</p><p>100</p><p>Medidas Administrativas constituem providências imediatas, que visam sanar a</p><p>infração de trânsito no local, têm o objetivo de completar ou complementar as</p><p>penalidades, sendo em alguns casos, tão importante quanto a própria</p><p>penalidade, não podendo a autoridade ou agente de trânsito omitir-se em</p><p>aplicá-la.</p><p>Ora, o Requerente, condutor autuado pode ser privado de dirigir por conta da</p><p>suposta ingestão de álcool, mas o condutor que retirou o veículo do local pode</p><p>dirigir sem ser submetido ao teste do etilômetro? Perceba que a finalidade da</p><p>norma acaba inexistindo.</p><p>Isso porque, se o condutor não estiver em condições de dirigir, o veículo deverá</p><p>ser recolhido, evitando que seja colocado em risco a integridade física dele e de</p><p>toda a sociedade. Se assim não for, o DER deixou de observar o que o</p><p>ordenamento jurídico previu quando da edição da Lei n° 11705/2008, conhecida</p><p>como Lei Seca.</p><p>A finalidade é um dos elementos do ato administrativo, diz respeito aos</p><p>requisitos para a validade de um ato administrativo.</p><p>A finalidade deve sempre ser o interesse público. É o objetivo que a</p><p>administração pretende alcançar com a prática do ato administrativo, sendo</p><p>aquela que a lei institui explícita ou implicitamente, não sendo cabível que o</p><p>administrador a substitua por outra. A finalidade deve ser sempre o interesse</p><p>público e a finalidade específica prevista em lei para aquele ato da</p><p>administração.</p><p>Assim, há vício com relação à finalidade (desvio de finalidade), que está</p><p>perfeitamente configurado, uma vez que o ato não foi usado para a finalidade</p><p>que dele se espera.</p><p>Note que temos o desvirtuamento da regra de competência pelo fato de o ato</p><p>administrativo não ser direcionado ao interesse público, nem ao objetivo</p><p>específico por ele descrito.</p><p>O desvio de finalidade também é encontrado quando há cassação do direito de dirigir</p><p>de motorista que não violou a suspensão do direito de dirigir, ou seja, o condutor não</p><p>dirigiu enquanto suspenso e não infringiu o art. 263 do CTB.</p><p>Isso porque, a finalidade do legislador do Código de Trânsito Brasileiro, ao estabelecer a</p><p>individualização das penas em seu artigo 257, foi justamente identificar e punir o real</p><p>infrator, evitando que o proprietário do veículo suportasse penas desproporcionais ou</p><p>por infrações que não tivesse dado causa.</p><p>101</p><p>g) Ausência da medida administrativa</p><p>Aqui será rebatido o que consta no auto de infração. Vai alegar que não consta nenhuma</p><p>medida administrativa descrita no auto de infração pelo agente de trânsito, mesmo que</p><p>tenha havido no ato da abordagem.</p><p>A tese será construída no intuito de falar da ausência da medida administrativa, por isso</p><p>deve-se demonstrar a importância da medida administrativa no momento da</p><p>abordagem pelo agente de trânsito.</p><p>Deixar bem claro, que a medida administrativa é o ato mais importante na abordagem</p><p>da Lei Seca e, consequentemente, da lavratura do auto de infração.</p><p>Deverá constar, ainda, que o agente de trânsito colocou em risco a vida do próprio</p><p>condutor e da sociedade.</p><p>Aqui, o intuito é demonstrar a inconsistência do auto de infração, tornando-o NULO.</p><p>102</p><p>Neste outro caso, o veículo autuado foi liberado para ser conduzido pelo próprio</p><p>motorista, ou seja, o agente de trânsito deixou de relatar no AIT a medida administrativa</p><p>prevista no art. 9° da Resolução 432 do CONTRAN.</p><p>Isso porque, a medida administrativa da infração ao artigo 165 do CTB é recolhimento</p><p>do documento de habilitação e retenção do veículo até apresentação de condutor</p><p>habilitado que também será submetido ao teste do etilômetro.</p><p>Medidas Administrativas constituem providências imediatas, que visam sanar a infração</p><p>de trânsito no local, quando isso for possível ou posteriormente, após o veículo ser</p><p>removido para o pátio do órgão autuante, o que pressupõe a impossibilidade de sanar</p><p>prontamente a infração.</p><p>Têm o objetivo de completar ou complementar as penalidades, sendo em alguns casos,</p><p>tão importante quanto a própria penalidade, não podendo a autoridade ou agente de</p><p>trânsito omitir-se em aplicá-la.</p><p>Ocorre que, neste caso, o agente de trânsito liberou o veículo ao próprio infrator,</p><p>deixando de adotar a medida administrativa de retenção do mesmo, até a apresentação</p><p>de condutor habilitado.</p><p>Nesse caso, é possível concluir que:</p><p>1. Ou o agente de trânsito foi omisso na aplicação de seu dever;</p><p>2. Ou não havia infração de trânsito a ser regularizada, o que justificou a</p><p>liberação do veículo, conduzido pelo Recorrente.</p><p>Nessa perspectiva, admitir que o agente da autoridade de trânsito, após lavrar a</p><p>autuação ao artigo 165, permita que o condutor volte a transitar livremente com o</p><p>veículo, desqualifica a autuação, pois resta perfeitamente comprovado que não havia</p><p>qualquer indício de</p><p>embriaguez que justificasse a medida administrativa e,</p><p>consequentemente, a lavratura do auto de infração.</p><p>Esse também é o entendimento de nossos tribunais, dos quais, citamos jurisprudência</p><p>em situação similar:</p><p>APELAÇÃO CÍVEL E REEXAME NECESSÁRIO - AÇÃO DECLARATÓRIA DE</p><p>NULIDADE DE ATO ADMINISTRATIVO - PENALIDADE IMPOSTA PELO</p><p>RECORRENTE CONSUBSTANCIADA NA SUSPENSÃO DO DIREITO DE DIRIGIR,</p><p>MULTA E PONTUAÇÃO NA CARTEIRA NACIONAL DE HABILITAÇÃO -</p><p>CONDUTOR ALVO DE FISCALIZAÇÃO DE TRÂNSITO SOB A ACUSAÇÃO DE</p><p>DIRIGIR SOB EFEITO DE ÁLCOOL, APRESENTANDO SINAIS NOTÓRIOS DE</p><p>EMBRIAGUEZ - RECUSA DE SE SUBMETER AO EXAME DE "BAFÔMETRO" -</p><p>LIBERAÇÃO LOGO EM SEGUIDA, SEM ADOÇÃO DE MEDIDA</p><p>ADMINISTRATIVA DE RETENÇÃO DO VEÍCULO, ATÉ A APRESENTAÇÃO DE</p><p>CONDUTOR HABILITADO, E RECOLHIMENTO DO DOCUMENTO DE</p><p>HABILITAÇÃO - OMISSÃO DO AGENTE DE TRÂNSITO QUE ABALA A</p><p>103</p><p>PRESUNÇÃO DE LEGALIDADE E VERACIDADE DO ATO ADMINISTRATIVO -</p><p>ATO ANULADO - ACERTO DA R. SENTENÇA - RESTITUIÇÃO DO VALOR</p><p>RECOLHIDO CORRESPONDENTE AO VALOR DA MULTA - JUROS DE MORA E</p><p>CORREÇÃO MONETÁRIA - CONDENAÇÃO CONTRA A FAZENDA PÚBLICA -</p><p>PARCIAL PROVIMENTO PARA ALTERAR O CRITÉRIO LEGAL ADOTADO,</p><p>PASSANDO A SER UTILIZADO O ÍNDICE DE CORREÇÃO DA CADERNETA DE</p><p>POUPANÇA - ART. 1º - F DA LEI N.º 9.494/97 COM A REDAÇÃO DADA PELA</p><p>LEI N.º 11.960/09 - PARTE RECORRIDA QUE DECAIU DA PARTE MÍNIMA DO</p><p>PEDIDO - SITUAÇÃO QUE NÃO SE ALTERA COM O PROVIMENTO PARCIAL DO</p><p>APELO - VERBA SUCUMBENCIAL MANTIDA COMO FIXADA - RECURSO</p><p>CONHECIDO A QUE SE DÁ PARCIAL PROVIMENTO - REEXAME NECESSÁRIO</p><p>NÃO CONHECIDO - ART. 475 § 2º DO CÓDIGO DE PROCESSO</p><p>CIVIL.1º9.49411.960475§ 2ºCÓDIGO DE PROCESSO CIVIL (7501888 PR</p><p>0750188-8, Relator: Lélia Samardã Giacomet, Data de Julgamento:</p><p>14/06/2011, 4ª Câmara Cível, Data de Publicação: DJ: 659)</p><p>Nesses termos, você deve requerer o cancelamento da penalidade, por absoluta</p><p>inconsistência do auto de infração de trânsito, conforme determina o artigo 281, do</p><p>Código de Trânsito Brasileiro.</p><p>Devolução do valor da multa</p><p>Ainda que não seja exigível o recolhimento prévio do valor da multa para apresentação</p><p>de recurso à JARI, pode ocorrer que o recorrente faça o pagamento da multa.</p><p>Se o recurso foi DEFERIDO, o valor pago será devolvido, com correção dos débitos fiscais.</p><p>Assim, não se preocupe se o cliente fizer o pagamento da multa, será enviado para ele</p><p>um formulário (como o da foto) para restituição do valor pago.</p><p>104</p><p>Esse formulário pode variar de órgão para órgão de trânsito. Procure saber sobre isso.</p><p>Por último, ainda falando sobre notificações, é preciso falar da regra trazida no §1º do</p><p>art. 32 da Resolução 918 do CONTRAN:</p><p>§ 1º Caso o AIT não conste no prontuário do veículo na data do registro da</p><p>transferência de propriedade, o proprietário atual será considerado comunicado</p><p>quando do envio, pelo órgão ou entidade executivos de trânsito, do extrato para</p><p>pagamento do Imposto sobre Propriedade de Veículo Automotor (IPVA) e demais</p><p>débitos vinculados ao veículo, ou quando do vencimento do prazo de licenciamento</p><p>anual.</p><p>Isso quer dizer que, havendo a venda do veículo, se não constar a multa no ato da</p><p>transferência, o atual proprietário será “notificado” quando do licenciamento. É a</p><p>chamada notificação presumida.</p><p>_______________________________________________________________________</p><p>_______________________________________________________________________</p><p>_______________________________________________________________________</p><p>_______________________________________________________________________</p><p>105</p><p>_______________________________________________________________________</p><p>_______________________________________________________________________</p><p>_______________________________________________________________________</p><p>_______________________________________________________________________</p><p>_______________________________________________________________________</p><p>_______________________________________________________________________</p><p>_______________________________________________________________________</p><p>_______________________________________________________________________</p><p>_______________________________________________________________________</p><p>_______________________________________________________________________</p><p>_______________________________________________________________________</p><p>_______________________________________________________________________</p><p>_______________________________________________________________________</p><p>_______________________________________________________________________</p><p>_______________________________________________________________________</p><p>_______________________________________________________________________</p><p>_______________________________________________________________________</p><p>_______________________________________________________________________</p><p>_______________________________________________________________________</p><p>_______________________________________________________________________</p><p>Processo de Suspensão do Direito de Dirigir e Cassação da CNH</p><p>Penalidade de Suspensão do Direito de Dirigir</p><p>A suspensão, como visto, é uma das penalidades previstas no artigo 256 do CTB e retira,</p><p>de forma temporária, a licença concedida pelo Estado para que alguém dirija veículos</p><p>automotores.</p><p>A suspensão, além de estar prevista no artigo 256 do CTB, também tem previsão no</p><p>artigo 261 do CTB e no artigo 3° da Resolução do CONTRAN n° 723/18, alterada pela</p><p>Resolução 844/21.</p><p>Resumidamente, existem duas situações em que pode ser instaurado um processo</p><p>administrativo para aplicação da penalidade de suspensão do direito de dirigir de um</p><p>motorista: por somatória de pontos e por infração específica.</p><p>Vejam o que prevê o artigo 261 do CTB:</p><p>Art. 261. A penalidade de suspensão do direito de dirigir será imposta nos</p><p>seguintes casos:</p><p>I - sempre que, conforme a pontuação prevista no art. 259 deste Código, o</p><p>infrator atingir, no período de 12 (doze) meses, a seguinte contagem de pontos:</p><p>a) 20 (vinte) pontos, caso constem 2 (duas) ou mais infrações gravíssimas na</p><p>pontuação;</p><p>b) 30 (trinta) pontos, caso conste 1 (uma) infração gravíssima na pontuação;</p><p>106</p><p>c) 40 (quarenta) pontos, caso não conste nenhuma infração gravíssima na</p><p>pontuação;</p><p>II - por transgressão às normas estabelecidas neste Código, cujas infrações</p><p>preveem, de forma específica, a penalidade de suspensão do direito de dirigir.</p><p>§ 1º Os prazos para aplicação da penalidade de suspensão do direito de dirigir são</p><p>os seguintes:</p><p>I - no caso do inciso I do caput: de 6 (seis) meses a 1 (um) ano e, no caso de</p><p>reincidência no período de 12 (doze) meses, de 8 (oito) meses a 2 (dois) anos;</p><p>II - no caso do inciso II do caput: de 2 (dois) a 8 (oito) meses, exceto para as infrações</p><p>com prazo descrito no dispositivo infracional, e, no caso de reincidência no período</p><p>de 12 (doze) meses, de 8 (oito) a 18 (dezoito) meses, respeitado o disposto no inciso</p><p>II do art. 263.</p><p>§2º Quando ocorrer a suspensão do direito de dirigir, a Carteira Nacional de</p><p>Habilitação será devolvida a seu titular imediatamente após cumprida a penalidade</p><p>e o curso de reciclagem.</p><p>§ 3º A imposição da penalidade de suspensão do direito de dirigir elimina a</p><p>quantidade de pontos computados, prevista no inciso I do caput ou no § 5º deste</p><p>artigo, para fins de contagem subsequente.</p><p>§ 4o (VETADO).</p><p>§ 5º No caso do condutor que exerce atividade remunerada ao veículo, a</p><p>penalidade de suspensão do direito de dirigir de que trata o caput deste artigo</p><p>será imposta quando o infrator atingir o limite de pontos previsto na alínea c do</p><p>inciso I do caput deste artigo, independentemente da natureza das infrações</p><p>cometidas, facultado a ele participar de curso preventivo de reciclagem sempre</p><p>que, no período de 12 (doze) meses, atingir 30 (trinta) pontos, conforme</p><p>regulamentação do Contran.</p><p>§6° Concluído o curso de reciclagem previsto no § 5°, o condutor terá</p><p>eliminados os</p><p>pontos que lhe tiverem sido atribuídos, para fins de contagem subsequente.</p><p>§ 7º O motorista que optar pelo curso previsto no § 5º não poderá fazer nova opção</p><p>no período de 12 (doze) meses.</p><p>§ 8° A pessoa jurídica concessionária ou permissionária de serviço público tem o</p><p>direito de ser informada dos pontos atribuídos, na forma do art. 259, aos motoristas</p><p>que integrem seu quadro funcional, exercendo atividade remunerada ao volante,</p><p>na forma que dispuser o Contran.</p><p>§ 9º Incorrerá na infração prevista no inciso II do art. 162 o condutor que, notificado</p><p>da penalidade de que trata este artigo, dirigir veículo automotor em via pública.</p><p>§ 10° O processo de suspensão do direito de dirigir a que se refere o inciso II do caput</p><p>deste artigo deverá ser instaurado concomitantemente ao processo de aplicação da</p><p>penalidade de multa, e ambos serão de competência do órgão ou entidade</p><p>responsável pela aplicação da multa, na forma definida pelo Contran.</p><p>E o que prevê o artigo 3° da Resolução do CONTRAN n° 723/18:</p><p>Art. 3º A penalidade de suspensão do direito de dirigir será imposta nos seguintes</p><p>casos:</p><p>(Redação do inciso dada pela Resolução CONTRAN Nº 844 DE 09/04/2021):</p><p>I - sempre que o infrator atingir, no período de 12 (doze) meses, a seguinte</p><p>contagem de pontos:</p><p>a) 20 (vinte) pontos, caso constem 2 (duas) ou mais infrações gravíssimas na</p><p>pontuação;</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2012/Msg/VEP-151.htm</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2020/Lei/L14071.htm#art1</p><p>107</p><p>b) 30 (trinta) pontos, caso conste 1 (uma) infração gravíssima na pontuação;</p><p>c) 40 (quarenta) pontos, caso não conste nenhuma infração gravíssima na</p><p>pontuação.</p><p>II - por transgressão às normas estabelecidas no CTB, cujas infrações preveem, de</p><p>forma específica, a penalidade de suspensão do direito de dirigir.</p><p>III - em caso de resultado positivo no exame toxicológico periódico previsto no § 2º</p><p>do art. 148-A do CTB, realizado por condutor habilitado nas categorias C, D ou</p><p>E. (Inciso acrescentado pela Resolução CONTRAN Nº 844 DE 09/04/2021).</p><p>§ 1º No caso do condutor que exerce atividade remunerada ao veículo, a contagem</p><p>de pontos prevista no inciso I para a aplicação da penalidade de suspensão do</p><p>direito de dirigir será de 40 (quarenta) pontos, independentemente da natureza das</p><p>infrações cometidas. (Parágrafo acrescentado pela Resolução CONTRAN Nº 844 DE</p><p>09/04/2021).</p><p>(Parágrafo acrescentado pela Resolução CONTRAN Nº 844 DE 09/04/2021):</p><p>§ 2º Para as infrações cometidas antes de 12 de abril de 2021, aplicam-se os limites</p><p>de pontos previstos no inciso I nos casos de processos:</p><p>I - ainda não instaurados; ou</p><p>II - instaurados, cuja instância administrativa ainda não tenha sido encerrada, nos</p><p>termos do art. 290 do CTB.</p><p>§ 3º A pontuação das infrações cometidas antes de 12 de abril de 2021 continua</p><p>sendo considerada para o cômputo de que trata o inciso I. (Parágrafo acrescentado</p><p>pela Resolução CONTRAN Nº 844 DE 09/04/2021).</p><p>Praticamente o texto da lei se repete, mas é possível verificar que temos duas hipóteses</p><p>de instauração do processo de suspensão: quando o motorista atingir o novo limite de</p><p>pontos no período de 12 meses; e/ou se ele cometer alguma infração auto suspensiva.</p><p>Eu discordo da redação dos textos legais supracitados, pois, antes que haja a imposição</p><p>da penalidade de suspensão, é necessário que o órgão de trânsito competente, instaure</p><p>o processo administrativo competente e dê àquele que será penalizado, oportunidade</p><p>de exercer o contraditório e a ampla defesa, conforme resguardado pela Constituição</p><p>Federal.</p><p>E é exatamente isso que prevê o artigo 265 do CTB: As penalidades de suspensão do</p><p>direito de dirigir e de cassação do documento de habilitação serão aplicadas por decisão</p><p>fundamentada da autoridade de trânsito competente, em processo administrativo,</p><p>assegurado ao infrator amplo direito de defesa.</p><p>O texto do artigo 5°3 da Resolução 723 também diz que a penalidade só poderá ser</p><p>aplicada se assegurados a ampla defesa, o contraditório e o devido processo legal do</p><p>motorista a ser penalizado.</p><p>Por isso, o texto dos artigos supramencionados, ao invés de utilizar a palavra “imposta”</p><p>deveriam usar a palavra “instaurada”, mas essa é a minha opinião.</p><p>3 Art. 5º As penalidades de que trata esta Resolução serão aplicadas pela autoridade de trânsito do órgão de registro</p><p>do documento de habilitação, em processo administrativo, assegurados a ampla defesa, o contraditório e o devido</p><p>processo legal.</p><p>https://youtu.be/F1YImnixkgI</p><p>108</p><p>Ainda é preciso esclarecer sobre a ‘nova regra’ criada pelo inciso III do art. 3° da</p><p>Resolução 723, conforme destacado acima é ilegal, pois não há nada nesse sentido no</p><p>CTB.</p><p>Isso porque o CONTRAN não tem competência para criar novos tipos de infrações de</p><p>trânsito, nem novas modalidades de penalidades, pois, agindo assim, há ofensa ao</p><p>Princípio da Reserva Legal, ele deve se limitar a regulamentar os tipos já existentes.</p><p>Assim, o inciso III do art. 3° acima citado, viola o princípio da legalidade, como veremos</p><p>mais adiante.</p><p>Outro ponto importante de ser observado, são as infrações que não mais somarão</p><p>pontos para fins de instauração do processo de suspensão do direito de dirigir, vejamos</p><p>o art. 259 do CTB:</p><p>Art. 259. A cada infração cometida são computados os seguintes números de</p><p>pontos:</p><p>I - gravíssima - sete pontos;</p><p>II - grave - cinco pontos;</p><p>III - média - quatro pontos;</p><p>IV - leve - três pontos.</p><p>§ 1º (VETADO)</p><p>§ 2º (VETADO)</p><p>§ 3º (VETADO).</p><p>§ 4º Ao condutor identificado será atribuída pontuação pelas infrações de sua</p><p>responsabilidade, nos termos previstos no § 3º do art. 257 deste Código, exceto</p><p>aquelas:</p><p>I - praticadas por passageiros usuários do serviço de transporte rodoviário de</p><p>passageiros em viagens de longa distância transitando em rodovias com a</p><p>utilização de ônibus, em linhas regulares intermunicipal, interestadual,</p><p>internacional e aquelas em viagem de longa distância por fretamento e turismo ou</p><p>de qualquer modalidade, excluídas as situações regulamentadas pelo Contran</p><p>conforme disposto no art. 65 deste Código;</p><p>II - previstas no art. 221, nos incisos VII e XXI do art. 230 e nos arts. 232, 233, 233-</p><p>A, 240 e 241 deste Código, sem prejuízo da aplicação das penalidades e medidas</p><p>administrativas cabíveis;</p><p>III - puníveis de forma específica com suspensão do direito de dirigir.</p><p>Assim, não são todas as infrações previstas no Código de Trânsito Brasileiro que</p><p>possuem a capacidade para gerar pontos.</p><p>Isso porque, a Lei 14.071 reconheceu a existência das chamadas “infrações</p><p>administrativas”, ou seja, infrações que não podem ser classificadas como sendo de</p><p>trânsito por não estarem diretamente relacionadas à violação de regras de circulação</p><p>ou normas de conduta estabelecidas na Lei de trânsito, infrações que em sua maioria,</p><p>são aplicadas exclusivamente ao proprietário do veículo, sem que obrigatoriamente</p><p>esteja na direção do veículo.</p><p>109</p><p>Isso é o que determina o parágrafo 4º, do artigo 259:</p><p>§ 4º Ao condutor identificado será atribuída pontuação pelas infrações de sua</p><p>responsabilidade, nos termos previstos no § 3º do art. 257 deste Código, exceto</p><p>aquelas:</p><p>I - praticadas por passageiros usuários do serviço de transporte rodoviário de</p><p>passageiros em viagens de longa distância transitando em rodovias com a</p><p>utilização de ônibus, em linhas regulares intermunicipal, interestadual,</p><p>internacional e aquelas em viagem de longa distância por fretamento e turismo ou</p><p>de qualquer modalidade, excluídas as situações regulamentadas pelo Contran</p><p>conforme disposto no art. 65 deste Código;</p><p>II - previstas no art. 221, nos incisos VII e XXI do art. 230 e nos arts. 232, 233, 233-</p><p>A, 240 e 241 deste Código, sem prejuízo da aplicação das penalidades e medidas</p><p>administrativas cabíveis;</p><p>III - puníveis de forma específica com suspensão do direito de dirigir.”</p><p>O inciso I traz uma situação exclusiva</p><p>para ônibus, entretanto, essa mesma modalidade</p><p>de serviço de transporte de passageiros pode ser exercida também por microônibus,</p><p>que é veículo automotor de transporte coletivo com capacidade para até 20 (vinte)</p><p>passageiros.</p><p>Logo, por analogia, deve ser aplicada também aos motoristas de vans e similares, sob</p><p>pena de violar o princípio constitucional da igualdade, penalizando determinados tipos</p><p>de condutores e isentando outros do cumprimento da lei, sendo que a situação</p><p>encontrada é similar.</p><p>Já o inciso II traz um rol de infrações que não são mais puníveis com a pontuação,</p><p>independentemente do tipo de veículo em que ocorrer.</p><p>Não geram pontos no prontuário do condutor as seguintes infrações:</p><p>Art. 221. Portar no veículo placas de identificação em desacordo com as</p><p>especificações e modelos estabelecidos pelo CONTRAN:</p><p>Art. 230. Conduzir o veículo:</p><p>VII - com a cor ou característica alterada;</p><p>XXI - de carga, com falta de inscrição da tara e demais inscrições previstas neste</p><p>Código;</p><p>Art. 232. Conduzir veículo sem os documentos de porte obrigatório referidos neste</p><p>Código:</p><p>Art. 233. Deixar de efetuar o registro de veículo no prazo de trinta dias, junto ao</p><p>órgão executivo de trânsito, ocorridas as hipóteses previstas no art. 123:</p><p>Art. 240. Deixar o responsável de promover a baixa do registro de veículo</p><p>irrecuperável ou definitivamente desmontado:</p><p>110</p><p>Art. 241. Deixar de atualizar o cadastro de registro do veículo ou de habilitação do</p><p>condutor:</p><p>Evidentemente que a interpretação “do que é” uma infração administrativa é muito</p><p>mais extensa, entretanto, essa alteração representa um marco, uma sinalização para</p><p>que a esfera judicial reconheça cada vez mais as características desse tipo de penalidade,</p><p>que não deve gerar pontos no prontuário do proprietário do veículo.</p><p>Infrações auto suspensivas, conforme eu citei acima, são aquelas que preveem além da</p><p>multa, a penalidade de suspensão, veja, como exemplo, o artigo 165 do CTB:</p><p>Art. 165. Dirigir sob a influência de álcool ou de qualquer outra substância</p><p>psicoativa que determine dependência:</p><p>Infração - gravíssima;</p><p>Penalidade - multa (dez vezes) e suspensão do direito de dirigir por 12 (doze)</p><p>meses.</p><p>Medida administrativa - recolhimento do documento de habilitação e retenção do</p><p>veículo, observado o disposto no § 4º do art. 270 da Lei no 9.503, de 23 de setembro</p><p>de 1997 - do Código de Trânsito Brasileiro.</p><p>Note que há multa + suspensão do direito de dirigir como penalidade específica quando</p><p>da infração ao artigo 165 do CTB.</p><p>E, só como um comentário, a penalidade multa (dez vezes) quer dizer que o valor da</p><p>multa gravíssima será multiplicado por 10. Isso é, como vimos, o chamado ‘fator</p><p>multiplicador’.</p><p>Além da infração ao artigo 165, temos mais algumas infrações auto suspensivas, ou seja,</p><p>que tem como penalidade, além da multa, a suspensão do direito de dirigir.</p><p>Elas estão previstas nos artigos: 148-A, §5°; 165, 165-A, 165-B, 170, 173, 174, 175, 176,</p><p>191, 210, 218, III, 244, I, II, III, e V e 253-A do CTB.</p><p>Ainda sobre as infrações que tem como penalidade específica a suspensão, precisamos</p><p>conversar sobre a questão do §3° do artigo 7° da Resolução 723 do CONTRAN no que diz</p><p>respeito ao cômputo da pontuação das infrações auto suspensivas, veja o que diz este</p><p>artigo:</p><p>§ 3º Não serão computados pontos nas infrações que preveem, por si só, a</p><p>penalidade de suspensão do direito de dirigir.</p><p>Assim, para as infrações que tenham como penalidade específica a suspensão do direito</p><p>de dirigir não haverá somatória de pontos para não haver penalidade aplicada em</p><p>duplicidade (bis in idem) - suspensão por infração específica e (+) suspensão por</p><p>pontuação.</p><p>111</p><p>Isso quer dizer que a pontuação da infração ao artigo 165 do CTB, por exemplo, não será</p><p>computada para fins de instauração da penalidade de suspensão por pontos.</p><p>Anotações:</p><p>_________________________________________________________________</p><p>_________________________________________________________________</p><p>_________________________________________________________________</p><p>_________________________________________________________________</p><p>_________________________________________________________________</p><p>_________________________________________________________________</p><p>_________________________________________________________________</p><p>_________________________________________________________________</p><p>_________________________________________________________________</p><p>_________________________________________________________________</p><p>________________________________________</p><p>Frequência obrigatória em Curso de Reciclagem</p><p>Dentre as penalidades de trânsito previstas no artigo 256 do CTB, temos também a</p><p>frequência obrigatória em curso de reciclagem, que não é aplicável especificamente</p><p>para uma infração de trânsito, mas cabível toda vez que o condutor se encontrar numa</p><p>das situações constantes do artigo 268, sendo a mais comum a sua imposição de forma</p><p>cumulativa com a sanção de suspensão do direito de dirigir (inciso II) ou seja, trata-se</p><p>de uma penalidade acessória, vejam:</p><p>Art. 268. O infrator será submetido a curso de reciclagem, na forma estabelecida</p><p>pelo CONTRAN:</p><p>[...]</p><p>II - quando suspenso do direito de dirigir;</p><p>Como é uma penalidade acessória, ela não obsta a imposição de qualquer penalidade</p><p>pelo seu descumprimento, isso porque não há previsão dessa penalidade como sendo</p><p>fato gerador de multa.</p><p>A frequência obrigatória em curso de reciclagem nada mais é do que um treinamento</p><p>(curso) teórico ao motorista que tem um mau comportamento na via pública,</p><p>demonstrando a necessidade de sua reeducação. (Resolução n° 789/2020 do CONTRAN,</p><p>alterada pela Resolução 849/2021- vale a leitura). Tem um caráter educativo, tanto que</p><p>pode ser aplicada de forma preventiva.</p><p>No caso da suspensão, o cumprimento do curso de reciclagem NÃO é condição</p><p>imprescindível para que seja considerado encerrado o processo administrativo de</p><p>aplicação da penalidade de suspensão, conforme entendimento do §4° do art. 16 da</p><p>Resolução 723 do CONTRAN, veja:</p><p>112</p><p>§ 4º Caso o condutor já tenha cumprido o prazo de suspensão do direito de dirigir e</p><p>seja flagrado na condução de veículo automotor sem ter realizado o curso de</p><p>reciclagem, e estiver portando o documento de habilitação físico, esta deverá ser</p><p>recolhida e caso não esteja portando ou se trate de documento eletrônico, caberá</p><p>a autuação do art. 232 do CTB, observado o disposto no § 4º do art. 270 do CTB.</p><p>Isso quer dizer que se o condutor já cumpriu o PERÍODO, não haverá mais suspensão do</p><p>direito de dirigir, e só será multado, bem como será instaurado um processo de cassação</p><p>da CNH, se NÃO estiver portando a CNH.</p><p>Conveniente dizer que a cassação é decorrente da condução do veículo quando</p><p>suspenso o direito de dirigir, não podendo ser aplicada a penalidade quando o condutor,</p><p>tendo cumprido o prazo de suspensão, é flagrado sem que tenha realizado o curso de</p><p>reciclagem.</p><p>Isso pode acontecer porque o prazo de suspensão tem início, segundo a resolução 723,</p><p>imediatamente após esgotadas as possibilidades de recursos contra a penalidade:</p><p>Art. 16. A data de início do cumprimento da penalidade será fixada e anotada no</p><p>RENACH:</p><p>I - em 15 (quinze) dias corridos, contados do término do prazo para a interposição</p><p>do recurso, em 1ª ou 2ª instância, caso não seja interposto, inclusive para os casos</p><p>do documento de habilitação eletrônico;</p><p>II - no dia subsequente ao término do prazo para entrega do documento de</p><p>habilitação físico, caso a penalidade seja mantida em 2ª instância recursal;</p><p>III - na data de entrega do documento de habilitação físico, caso ocorra antes das</p><p>hipóteses previstas nos incisos I e II.</p><p>Logo, cumprida a penalidade principal, a falta de cumprimento da penalidade acessória,</p><p>que é o curso de reciclagem, é conduta atípica para configurar a cassação da habilitação,</p><p>não sendo considerada sequer como uma infração de trânsito, sendo</p><p>somente recolhido</p><p>o documento de habilitação, nesses casos, como prevê o artigo 16, parágrafo 4º, da</p><p>citada resolução, como acima citado.</p><p>Há quem entenda que sem que o condutor penalizado tenha concluído o curso de</p><p>reciclagem e seja aprovado com certificado, não será considerado encerrado o</p><p>cumprimento da penalidade de suspensão do direito de dirigir.</p><p>E essa é a redação dos §§ 2° e 3° do artigo 164 da Resolução 723 do CONTRAN. Mas essa</p><p>é uma análise equivocada do agente fiscalizador e também da autoridade de trânsito.</p><p>4 § 2º A inscrição da penalidade no RENACH conterá a data do início e término da penalidade, período</p><p>durante o qual o condutor deverá realizar o curso de reciclagem.</p><p>§ 3º Cumprido o prazo de suspensão do direito de dirigir, caso o condutor não realize ou seja reprovado</p><p>no curso de reciclagem, deverá ser mantida a restrição no RENACH, que deverá ser impeditivo para</p><p>devolução ou renovação do documento de habilitação, impressão de 2ª via do documento de habilitação</p><p>físico ou emissão de Permissão Internacional para Dirigir - PID.</p><p>113</p><p>Porém, antes de ser aplicada qualquer penalidade, como vimos, é necessário que o</p><p>órgão de trânsito autuador instaure o devido processo legal, assegurando ao condutor</p><p>amplo direito de defesa (incluindo-se todas as etapas recursais).</p><p>Curso de Reciclagem Preventivo</p><p>É quase imperceptível, mas a Lei 14.071 alterou o texto do artigo 261, em seu parágrafo</p><p>5º, substituindo “em” por “ao”, para definir “quem” tem direito a frequentar o curso de</p><p>reciclagem preventivo:</p><p>Art. 261, § 5º O condutor que exerce atividade remunerada em veículo [...]</p><p>Art. 261, § 5º No caso do condutor que exerce atividade remunerada ao veículo</p><p>[...]</p><p>O texto anterior utilizava a preposição “EM” para determinar o tipo, o modo, o meio</p><p>utilizado pelos condutores que teriam direito a participar do curso. Sem o meio, não</p><p>existe a renda.</p><p>Ao trocar a preposição pela contração “AO”, o texto passou a denotar a forma como é</p><p>feita ou realizada a coisa. Ou seja, o veículo passou a ser a forma para o exercício da</p><p>atividade remunerada e não o meio.</p><p>No primeiro caso, apenas os motoristas profissionais que trabalham EM veículo</p><p>automotor, como caminhoneiros, motoristas de ônibus de transporte de passageiros,</p><p>motoristas de transporte escolar ou turístico, teriam acesso ao curso preventivo.</p><p>Observem que, na segunda situação, o condutor não exerce a atividade remunerada EM</p><p>veículo, ou seja, a sua renda está relacionada ao uso do automóvel ou motocicleta, mas</p><p>o veículo não é o modo como aufere a renda.</p><p>No caso do aplicativo como UBER ou 99 táxi, a renda vem do compartilhamento do</p><p>veículo e não da atividade de motorista.</p><p>No caso do vendedor ou representante comercial, a sua renda vem da venda de</p><p>produtos, apesar de utilizar o veículo como forma de realizar essas vendas pela cidade</p><p>ou região.</p><p>No caso dos entregadores delivery, sua renda vem da taxa de entrega, que pode ser</p><p>realizada inclusive com bicicletas ou patinetes motorizados por exemplo, apesar da</p><p>motocicleta ser a forma mais rápida e comum para realizar essas entregas.</p><p>No caso de motoboys, sua renda vem de vários serviços administrativos que envolvem</p><p>deslocamento, busca e entrega de documentos e não do uso da motocicleta,</p><p>propriamente dito, tanto que a maioria é registrada como auxiliares de serviço geral.</p><p>114</p><p>Parece evidente que a pequena mudança no texto proporcionou maior alcance à regra.</p><p>Entretanto, o CONTRAN não utilizou a alteração na Resolução 723.</p><p>Observe que os parágrafos 1º e 7º mantém o texto anterior à Lei 14.071, o que equivale</p><p>dizer que ocorrerá uma restrição aos condutores que exercem atividade remunerada</p><p>relacionada ao veículo, que tem no automóvel a forma complementar para o exercício</p><p>da atividade remunerada, mas não trabalham em veículo automotor.</p><p>Isso, novamente ocasionará desigualdade na aplicação da penalidade, além de uma</p><p>evidente violação ao princípio da legalidade, pois o condutor, mesmo exercendo</p><p>atividade remunerada ao veículo, não poderá utilizar as normas de pontuação e curso</p><p>de reciclagem, estabelecidos no art. 261, § 5º.</p><p>Limitar a regra apenas para “motoristas profissionais” não parece ter sido a intenção do</p><p>legislador.</p><p>Nesses casos, caberá Mandado de Segurança contra a autoridade de trânsito que</p><p>aplicou, por exemplo, a penalidade de suspensão sem observar o exercício da atividade</p><p>remunerada ou que impediu o condutor de frequentar o curso preventivo.</p><p>No segundo caso, condutores que utilizam o veículo como uma ferramenta acessória de</p><p>trabalho, como motoristas de aplicativos, entregadores de delivery, vendedores,</p><p>representantes comerciais, motoboys e uma série de profissionais, teriam acesso ao</p><p>curso preventivo.</p><p>Assim, o motorista que exerce atividade remunerada que atingir de 30 a 39 pontos</p><p>poderá participar de curso preventivo de reciclagem.</p><p>A previsão é o §5° do art. 261 do CTB:</p><p>§ 5º No caso do condutor que exerce atividade remunerada ao veículo, a</p><p>penalidade de suspensão do direito de dirigir de que trata o caput deste artigo será</p><p>imposta quando o infrator atingir o limite de pontos previsto na alínea c do inciso I</p><p>do caput deste artigo, independentemente da natureza das infrações cometidas,</p><p>facultado a ele participar de curso preventivo de reciclagem sempre que, no</p><p>período de 12 (doze) meses, atingir 30 (trinta) pontos, conforme regulamentação</p><p>do Contran.</p><p>Vale frisar que a atividade principal precisa ser a direção de veículos e não o caso do</p><p>IFood, por exemplo, que a remuneração principal é a venda de alimentos e o veículo</p><p>(moto) é apenas uma ferramenta acessória a sua atividade.</p><p>O mesmo exemplo serve para o representante comercial, vendedor de frutas ou de</p><p>pamonha de rua.</p><p>115</p><p>Para que o motorista tem EAR em sua CNH, é necessário que realize um exame</p><p>psicológico e cursos especiais, veja o art. 27 da Resolução 789.</p><p>Art. 27. Os cursos especializados serão destinados a condutores habilitados que</p><p>pretendam conduzir veículo de transporte coletivo de passageiros, de escolares, de</p><p>produtos perigosos e de carga indivisível, de emergência e motocicletas e</p><p>motonetas destinadas ao transporte remunerado de mercadorias (motofrete) e de</p><p>passageiros (mototáxi).</p><p>Isso quer dizer que, para que o motorista tenha o EAR na CNH, ele tem que passar por</p><p>um desses cursos, exercer uma dessas atividades remuneradas e ter, pelo menos, 21</p><p>anos.</p><p>Este condutor também poderá participar do curso preventivo de reciclagem, como</p><p>acima exposto.</p><p>Quando o processo de suspensão pode ser instaurado e, depois</p><p>de imposta a penalidade, o motorista ficará impedido de dirigir</p><p>por quanto tempo?</p><p>Como você já sabe, a previsão legal da suspensão é o artigo 261 do CTB e o artigo 3° da</p><p>Resolução do CONTRAN n° 723/18. E ela será instaurada sempre que o motorista atingir</p><p>a somatória de pontos na forma do art. 261 no período de 1 ano ou se cometer alguma</p><p>infração auto suspensiva.</p><p>Mas uma das características que o Código de Trânsito Brasileiro traz e que levanta</p><p>questionamentos a respeito de sua aplicação, é o termo inicial da penalidade de</p><p>suspensão do direito de dirigir, que tem duplo entendimento.</p><p>Termo inicial nada mais é do que o momento em que a penalidade começa a gerar</p><p>efeitos, deflagrando o prazo a partir do qual o documento estará suspenso.</p><p>Segundo determina o artigo parágrafo segundo, do artigo 261, o condutor terá</p><p>devolvido o seu documento assim que cumprir o prazo da penalidade e participar do</p><p>curso de reciclagem.</p><p>Nesse sentido, parece tanto quanto evidente que, para ser DEVOLVIDA, primeiramente</p><p>deve ser RECOLHIDA.</p><p>Isso quer dizer que o prazo de suspensão do direito de dirigir teria como termo inicial a</p><p>entrega do documento pelo condutor junto ao órgão de trânsito.</p><p>Contudo, o parágrafo nono, do mesmo artigo, determina que o condutor que dirigir</p><p>veículo em via pública após ter sido notificado da penalidade, incorre em</p><p>infração ao</p><p>artigo 162, II, por conduzir veículo quando suspenso o direito de dirigir:</p><p>116</p><p>§ 9º Incorrerá na infração prevista no inciso II do art. 162 o condutor que, notificado</p><p>da penalidade de que trata este artigo, dirigir veículo automotor em via pública.</p><p>Em que pese o texto legal trazer o termo “notificado da penalidade”, parece que a</p><p>intenção do legislador foi determinar que a infração se caracteriza quando o condutor</p><p>for notificado da “imposição da penalidade”, com o esgotamento dos recursos e</p><p>cadastramento da penalidade no RENACH, a teor do que diz o artigo 290, do Código de</p><p>Trânsito Brasileiro.</p><p>Logo, o termo inicial passaria a ser a data de cadastramento da penalidade no sistema,</p><p>independentemente da entrega do documento, na forma do art. 16 da Resolução 723</p><p>do CONTRAN.</p><p>Essa parece ser a análise mais correta, posto que, se o prazo começar a fluir apenas após</p><p>a entrega do documento, os efeitos da penalidade seriam contínuos, desde o seu</p><p>cadastramento até a entrega do documento, o que acarretaria em um aumento ilegal</p><p>do prazo de suspensão do documento, gerando uma penalidade desproporcional.</p><p>Isso aconteceu muito antes da edição da Lei 13.251 e da Resolução 723, não sendo raro</p><p>situações em que o condutor foi penalizado com suspensão de apenas 1 (um) mês, mas</p><p>permaneceu suspenso por dois, três, quatro anos, até entregar o documento.</p><p>Outra causa de debate entre as autoridades de trânsito e os profissionais que defendem</p><p>condutores, é a validade dos pontos no prontuário de habilitação, mas isso, veremos a</p><p>seguir.</p><p>Suspensão por pontos</p><p>O Processo de Suspensão do Direito de Direito (PSDD) por acúmulo de pontos é</p><p>instaurado sempre que o condutor, no intervalo de 12 (doze) meses, atingir um</p><p>determinado limite de pontos em seu prontuário, decorrente do cometimento de</p><p>infrações de trânsito.</p><p>Importa saber que esses pontos variam conforme a gravidade da infração cometida,</p><p>conforme se extrai do artigo 259, do Código de Trânsito Brasileiro, como vimos,</p><p>excluindo-se, assim, as infrações administrativas.</p><p>Entretanto, na prática administrativa, excluído esses artigos de infrações, todos os</p><p>demais originarão pontos no prontuário do infrator, podendo deflagrar a instauração do</p><p>processo administrativo punitivo, caso seja atingido os seguintes limites de pontos:</p><p>Art. 261. A penalidade de suspensão do direito de dirigir será imposta nos seguintes</p><p>casos:</p><p>I - sempre que, conforme a pontuação prevista no art. 259 deste Código, o infrator</p><p>atingir, no período de 12 (doze) meses, a seguinte contagem de pontos:</p><p>117</p><p>a) 20 (vinte) pontos, caso constem 2 (duas) ou mais infrações gravíssimas na</p><p>pontuação;</p><p>b) 30 (trinta) pontos, caso conste 1 (uma) infração gravíssima na pontuação;</p><p>c) 40 (quarenta) pontos, caso não conste nenhuma infração gravíssima na</p><p>pontuação;</p><p>É bem simples analisar os critérios estabelecidos para a suspensão do direito de dirigir</p><p>por pontos, que tem como regra geral a existência de infrações gravíssimas dentre as</p><p>autuações que compõem o processo.</p><p>Caso não existam infrações gravíssimas no prontuário do condutor, o limite de pontos</p><p>para a instauração do processo administrativo é de 39 (trinta e nove).</p><p>Se existir apenas 1 (uma) infração gravíssima, o limite cai para 29 (vinte e nove) pontos.</p><p>Agora, se existirem 2 (duas) ou mais infrações gravíssimas, o limite de pontos continua</p><p>o mesmo da legislação anterior, em 19 (dezenove) pontos.</p><p>Vigência dos pontos</p><p>Questão controvertida que foi parcialmente solucionada pela Lei 14.071 diz respeito à</p><p>vigência dos pontos no prontuário do condutor.</p><p>Parece lógico dizer que os pontos vigoram por apenas 12 (doze) meses no prontuário do</p><p>condutor, devendo serem retirados após esse prazo.</p><p>Só que os pontos somente são retirados caso o condutor não ultrapasse o limite de</p><p>pontos necessários para a instauração do processo de suspensão.</p><p>E esses pontos devem ser lançados de forma consistente e dentro da expressa previsão</p><p>legal.</p><p>Por exemplo, pontos lançados após a decadência do direito de punir, não podem gerar</p><p>efeitos para o processo de suspensão do direito de dirigir, ainda que tenham sido</p><p>anotados no RENACH.</p><p>Art. 282. Caso a defesa prévia seja indeferida ou não seja apresentada no prazo</p><p>estabelecido, será aplicada a penalidade e expedida notificação ao proprietário do</p><p>veículo ou ao infrator, no prazo máximo de 180 (cento e oitenta) dias, contado da</p><p>data do cometimento da infração, por remessa postal ou por qualquer outro meio</p><p>tecnológico hábil que assegure a ciência da imposição da penalidade.</p><p>[…]</p><p>§ 6º Em caso de apresentação da defesa prévia em tempo hábil, o prazo previsto no</p><p>caput deste artigo será de 360 (trezentos e sessenta) dias.</p><p>§ 7º O descumprimento dos prazos previstos no caput ou no § 6º deste artigo</p><p>implicará a decadência do direito de aplicar a penalidade.”</p><p>118</p><p>A regra não vale somente para o processo de multa, cabendo a autoridade que vai</p><p>aplicar a penalidade de suspensão avaliar se os pontos foram aplicados dentro do prazo</p><p>previsto pelo artigo 282 e, caso tenham sido aplicados ultrapassado o prazo decadencial,</p><p>devem ser retirados do prontuário do condutor.</p><p>Se for computado após esse prazo, o processo administrativo de suspensão por acúmulo</p><p>de pontos é irregular.</p><p>Mas e se nem todas as autuações forem recorridas, sendo computados pontos no</p><p>prontuário do condutor enquanto outros estão aguardando julgamento de recursos?</p><p>Nesse caso, a partir do momento em que os pontos geraram efeitos no prontuário do</p><p>condutor, sendo retirados após os 12 meses de vigência, devem ser desconsiderados,</p><p>pois, se forem novamente incluídos no prontuário, ocasionará o chamado Bis in Idem.</p><p>Outrossim, depois que geraram os efeitos, ocorrerá a preclusão dos pontos, o que</p><p>também impede serem reutilizados após esse prazo.</p><p>Assim, ainda segundo o artigo 6° da Resolução 723 e o parágrafo único do artigo 2905</p><p>do CTB, somente depois de esgotadas todos os meios de defesa da(s) infração(ões), na</p><p>esfera administrativa, é que a pontuação prevista no artigo 259 será considerada para</p><p>fins de instauração de processo de suspensão, veja:</p><p>Art. 6º Esgotados todos os meios de defesa da infração na esfera administrativa, a</p><p>pontuação prevista no art. 259 do CTB será considerada para fins de instauração de</p><p>processo administrativo para aplicação da penalidade de suspensão do direito de</p><p>dirigir.</p><p>Art. 7º Para fins de cumprimento do disposto no inciso I do art. 3º serão</p><p>consideradas as datas do cometimento das infrações.</p><p>Isso quer dizer que os pontos só serão efetivamente computados após encerrada a fase</p><p>recursal da penalidade de multa, observado o exposto acima.</p><p>Essa questão pode ser um argumento extremamente útil quando o processo de</p><p>suspensão é instaurado sem observar o esgotamento dos meios de defesa das infrações</p><p>de trânsito. Vamos ver essa questão nas teses de defesa.</p><p>Porém, muitas vezes o processo de suspensão é instaurado sem que seja observado o</p><p>encerramento na instância administrativa, por causa do caput do art. 2856 do CTB. Vale</p><p>5 Art. 290. Implicam encerramento da instância administrativa de julgamento de infrações e penalidades:</p><p>Parágrafo único. Esgotados os recursos, as penalidades aplicadas nos termos deste Código serão</p><p>cadastradas no RENACH.</p><p>6 Art. 285. O recurso contra a penalidade imposta nos termos do art. 282 deste Código será interposto</p><p>perante a autoridade que imputou a penalidade e terá efeito suspensivo.</p><p>119</p><p>dizer que esse artigo é exclusivo dos recursos apresentados à JARI e não se estende aos</p><p>recursos interpostos no CETRAN.</p><p>Porém, tal previsão viola o Princípio da Inocência, que também pode ser utilizado no</p><p>processo administrativo, isso quer dizer que enquanto houver meios de defesa contra</p><p>a penalidade de multa, os pontos NÃO devem ser computados no prontuário do</p><p>condutor.</p><p>Além disso, como visto, o art. 265 do CTB assegura ao infrator o amplo direito de defesa,</p><p>ou seja, o penalizado pode participar de todas as fases procedimentais sem que a</p><p>penalidade seja aplicada.</p><p>Sempre que o processo administrativo de suspensão por pontos for instaurado de forma</p><p>precipitada, ou seja, sem que tenha havido o esgotamento das instâncias</p><p>administrativas das penalidades de multas, ele tem que ser considerado inconsistente,</p><p>nos termos do art. 281 do CTB.</p><p>Vale frisar que não poderá ser instaurado outro processo com base nas mesmas</p><p>infrações anteriormente computadas, sob pena de ferir ao bis in idem, isso porque, para</p><p>que haja correção do ato administrativo (convalidação) é necessário que haja previsão</p><p>no CTB e, neste caso, não há previsão legal.</p><p>O prazo de suspensão pode variar conforme o tipo de penalidade, sendo um mínimo de</p><p>6 (seis) meses podendo chegar a 1 (um) ano, no caso de acúmulo de pontos e de no</p><p>mínimo 2 (dois) podendo chegar a 8 (oito) meses no caso de infração específica, segundo</p><p>previsão do inciso I do § 1°7 do artigo 261 do CTB. Há, neste caso, uma discricionariedade</p><p>à autoridade de trânsito.</p><p>Em situações de reincidência do condutor, esses prazos são aumentados, podendo</p><p>chegar a 18 (dezoito) meses, desde que a reincidência não tenha como previsão a</p><p>penalidade de cassação do documento de habilitação.</p><p>Necessário se faz esclarecer que a norma traz uma discricionariedade para o órgão</p><p>autuante, entretanto, não fala sobre a dosimetria da penalidade.</p><p>Isso quer dizer que fica a critério do órgão estabelecer a quantidade de tempo que</p><p>permanecerá suspenso o direito de dirigir do condutor, entretanto, não optando pelo</p><p>7 § 1º Os prazos para aplicação da penalidade de suspensão do direito de dirigir são os seguintes:</p><p>I - no caso do inciso I do caput : de 6 (seis) meses a 1 (um) ano e, no caso de reincidência no período de 12</p><p>(doze) meses, de 8 (oito) meses a 2 (dois) anos;</p><p>II - no caso do inciso II do caput : de 2 (dois) a 8 (oito) meses, exceto para as infrações com prazo descrito</p><p>no dispositivo infracional, e, no caso de reincidência no período de 12 (doze) meses, de 8 (oito) a 18</p><p>(dezoito) meses, respeitado o disposto no inciso II do art. 263.</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9503.htm#art261%C2%A71..</p><p>120</p><p>mínimo legal, deve fazê-lo de forma fundamentada, indicando qual foi a razão que levou</p><p>à aplicação de penalidade maior, por força do art. 265 do CTB.</p><p>Assim sempre deverá ser aplicada a pena mínima, isso porque não tem como</p><p>fundamentar uma pena maior, já que não há como fundamentar a dosimetria por falta</p><p>de embasamento legal.</p><p>Não havendo decisão devidamente fundamentada, o condutor pode questionar a</p><p>penalidade aplicada em período maior do que o mínimo, alegando, inclusive, a</p><p>desproporcionalidade do prazo de suspensão em relação às infrações cometidas, o que</p><p>pode levar inclusive à anulabilidade do processo.</p><p>Suspensão do Direito de Dirigir dos Motoristas Profissionais</p><p>Com a leitura do §5° do art. 261 do CTB, podemos perceber que no caso do condutor</p><p>que exerce atividade remunerada ao veículo, a penalidade de suspensão do direito de</p><p>dirigir de que trata o caput do art. 261, será imposta quando o infrator atingir o limite</p><p>de pontos previsto na alínea “c” do inciso I do caput deste artigo, independentemente</p><p>da natureza das infrações cometidas, facultado a ele participar de curso preventivo de</p><p>reciclagem sempre que, no período de 12 (doze) meses, atingir 30 (trinta) pontos, não</p><p>que seja exatamente 30 pontos, mas sim algo entre 30 até 39 pontos, que é o limite.</p><p>§ 5º No caso do condutor que exerce atividade remunerada ao veículo, a penalidade</p><p>de suspensão do direito de dirigir de que trata o caput deste artigo será imposta</p><p>quando o infrator atingir o limite de pontos previsto na alínea “c” do inciso I do</p><p>caput deste artigo, independentemente da natureza das infrações cometidas,</p><p>facultado a ele participar de curso preventivo de reciclagem sempre que, no período</p><p>de 12 (doze) meses, atingir 30 (trinta) pontos, conforme regulamentação do</p><p>Contran.</p><p>Para esses condutores, o limite de pontos sempre será de 39 (trinta e nove), sendo</p><p>facultado a partir dos 30 (trinta) pontos e desde que não supere o limite estabelecido,</p><p>frequentar o curso preventivo de reciclagem, eliminando os pontos e recomeçando a</p><p>contagem do zero, vejamos:</p><p>§ 6º Concluído o curso de reciclagem previsto no § 5o, o condutor terá eliminados</p><p>os pontos que lhe tiverem sido atribuídos, para fins de contagem subsequente.</p><p>Ou seja, o limite de pontos para o condutor que exerce atividade remunerada ao veículo</p><p>pode chegar a 68 (sessenta e oito), caso opte por frequentar o curso de reciclagem</p><p>preventivo, limitando a sua frequência em um curso a cada 12 (doze) meses:</p><p>§ 7º O motorista que optar pelo curso previsto no § 5º não poderá fazer nova opção</p><p>no período de 12 (doze) meses.</p><p>121</p><p>Apesar de parecer um estímulo ao cometimento de infrações, como muitos profissionais</p><p>se manifestaram nesse sentido, devemos lembrar que é muito mais fácil um motorista</p><p>profissional, que passa dez, doze horas na direção de um veículo, ser autuado por</p><p>infrações de trânsito e atingir o limite estipulado, do que o motorista tradicional, que</p><p>passa em média quarenta minutos dirigindo um veículo.</p><p>Assim, a legislação na verdade foi adequada para que o trabalhador que exerce essa</p><p>profissão não fique sem a possibilidade de auferir renda mensal. Logo, a alteração</p><p>legislativa cumpre uma finalidade social e assim deve ser encarada.</p><p>Ademais, no caso de acidentes de trânsito, a penalidade criminal sempre será agravada</p><p>pelo exercício da atividade profissional e isso desestimula o cometimento de infrações.</p><p>Ademais, a Lei 14.071 trouxe também exigências para os condutores de veículos que</p><p>exijam as categorias “C, D e E”, como por exemplo a comprovação de resultado negativo</p><p>em exame toxicológico para a obtenção ou renovação da CNH.</p><p>Suspensão por Resultado Positivo em Exame Toxicológico</p><p>A previsão é o art. 8°-A da Resolução 723 do CONTRAN:</p><p>Art. 8º-A. Para instauração do processo administrativo destinado à aplicação da</p><p>penalidade de suspensão do direito de dirigir decorrente de resultado positivo no</p><p>exame toxicológico periódico de que trata o § 2º do art. 148-A do CTB, o órgão ou</p><p>entidade executivo de trânsito do Estado ou do Distrito Federal competente pelo</p><p>registro do documento de habilitação deverá utilizar os dados lançados no RENACH.</p><p>§ 1º É garantido o direito de contraprova e de recurso administrativo, sem efeito</p><p>suspensivo, no caso de resultado positivo para os exames de que trata o caput.</p><p>§ 2º Caso seja realizada a contraprova, será sempre considerado o resultado nela</p><p>obtido.</p><p>§ 3º O levantamento da suspensão é condicionado ao resultado negativo em novo</p><p>exame ou ao cumprimento do prazo de 3 (três) meses de suspensão previsto no §</p><p>5º do art. 148-A do CTB, não se exigindo a realização do curso de reciclagem.</p><p>§ 4º O novo exame para levantamento da suspensão pode ser realizado a qualquer</p><p>tempo.</p><p>§ 5º O resultado negativo em novo exame resultará no levantamento da suspensão</p><p>do direito de dirigir, por meio da inclusão do referido resultado no RENACH,</p><p>independentemente de o processo ter sido instaurado ou de o infrator já estar</p><p>cumprindo a penalidade.</p><p>§ 6º A reclassificação da habilitação do condutor das categorias C, D ou E para as</p><p>categorias A, B ou AB não dispensa a exigência do resultado negativo em novo</p><p>exame para fins de levantamento da suspensão do direito de dirigir.</p><p>Esse exame deve ser realizado a cada dois anos e meio e pode ocasionar a suspensão do</p><p>direito de dirigir do condutor, caso:</p><p>122</p><p>I. Não seja realizado o exame em até 30 (trinta) dias do vencimento do</p><p>prazo estabelecido;</p><p>II. No caso do exame realizado ser positivo;</p><p>III. Caso não comprove a realização do exame por ocasião da renovação</p><p>da CNH.</p><p>A suspensão tem como base a infração tipificada no artigo 165-B, do Código de Trânsito</p><p>Brasileiro:</p><p>Art. 165-B. Conduzir veículo para o qual</p><p>seja exigida habilitação nas categorias C, D</p><p>ou E sem realizar o exame toxicológico previsto no § 2º do art. 148-A deste Código,</p><p>após 30 (trinta) dias do vencimento do prazo estabelecido:</p><p>Infração - gravíssima;</p><p>Penalidade - multa (cinco vezes) e suspensão do direito de dirigir por 3 (três) meses,</p><p>condicionado o levantamento da suspensão à inclusão no Renach de resultado</p><p>negativo em novo exame.</p><p>Parágrafo único. Incorre na mesma penalidade o condutor que exerce atividade</p><p>remunerada ao veículo e não comprova a realização de exame toxicológico</p><p>periódico exigido pelo § 2º do art. 148-A deste Código por ocasião da renovação do</p><p>documento de habilitação nas categorias C, D ou E.</p><p>A primeira questão que parece evidente no artigo supra, é a falta de previsão de uma</p><p>medida administrativa para esse tipo de infração, o que impõe a obrigação ao agente</p><p>fiscalizador de autuar o condutor e liberá-lo logo em seguida, não podendo sequer reter</p><p>ou recolher o documento de habilitação.</p><p>Isso quer dizer que o agente de trânsito vai autuar o motorista, mas deverá liberá-lo logo</p><p>em seguida, sob pena de abusar do Poder de Polícia, já que não tem previsão legal de</p><p>qualquer medida administrativa.</p><p>A segunda questão, é que o artigo determina, de forma errada, que a suspensão seja</p><p>incluída no RENACH e somente seja retirada diante da apresentação de resultado</p><p>negativo em novo exame.</p><p>Entretanto, como se trata de uma penalidade de suspensão, antes da inclusão da</p><p>penalidade no RENACH, deve existir um processo administrativo, devidamente</p><p>instaurado pela autoridade de trânsito que autuou o condutor, oferecendo ao condutor</p><p>todas as oportunidades de ampla defesa, sob pena de violação ao contraditório e à</p><p>ampla defesa.</p><p>Somente depois de esgotados todos os meios de recurso, é que a penalidade será</p><p>cadastrada no RENACH, nos termos do artigo 290, do Código de Trânsito Brasileiro.</p><p>Outrossim, o texto do artigo 165-B é contrário à disposição legal, conquanto prevê que</p><p>o prazo da suspensão é condicionado à apresentação de resultado negativo em novo</p><p>exame enquanto o artigo 261 determina que o prazo máximo de suspensão é de oito</p><p>meses, quando não houver essa descrição no dispositivo infracional.</p><p>123</p><p>Como o artigo determina apenas o prazo mínimo, o prazo máximo seria de oito meses,</p><p>já que não pode existir uma penalidade que permaneça de forma eterna no prontuário</p><p>do condutor.</p><p>Por fim, o resultado de exame toxicológico não é um documento de porte obrigatório,</p><p>definido pelo Código de Trânsito Brasileiro, não podendo qualquer autoridade de</p><p>trânsito determinar sua apresentação no momento da fiscalização, sob pena de violar o</p><p>princípio da legalidade.</p><p>Aliás, nos termos da resolução 923 do CONTRAN, o resultado do exame é inserido</p><p>diretamente no RENACH, o que leva à conclusão de que, tendo obtida a carteira de</p><p>habilitação ou tendo renovado o exame de sanidade física e mental, o resultado do</p><p>exame foi negativo, não sendo obrigação do condutor comprovar a sua realização, como</p><p>pretende o artigo 165-B.</p><p>Então, é o agente quem deve dispor de meios para fiscalizar o exame toxicológico.</p><p>O laboratório que fez o exame, deve ter um convênio com o DETRAN, pois é ele quem</p><p>vai lançar no RENACH o resultado positivo do teste.</p><p>A controvérsia a respeito da penalidade de suspensão do direito de dirigir por resultado</p><p>positivo no exame toxicológico reside basicamente em duas questões:</p><p>1. Trata-se de uma penalidade de trânsito, que deve seguir todos os</p><p>procedimentos estabelecidos pelo Código de Trânsito Brasileiro, ou;</p><p>2. Trata-se de uma medida administrativa, que pode ser imposta</p><p>diretamente no RENACH do condutor?</p><p>Para elucidar a questão, cabe citar o artigo 148-A, que traz a previsão dessa suspensão:</p><p>Art. 148-A. Os condutores das categorias C, D e E deverão comprovar resultado</p><p>negativo em exame toxicológico para a obtenção e a renovação da Carteira</p><p>Nacional de Habilitação.</p><p>§ 1o O exame de que trata este artigo buscará aferir o consumo de substâncias</p><p>psicoativas que, comprovadamente, comprometam a capacidade de direção e</p><p>deverá ter janela de detecção mínima de 90 (noventa) dias, nos termos das normas</p><p>do Contran.</p><p>§ 2º Além da realização do exame previsto no caput deste artigo, os condutores das</p><p>categorias C, D e E com idade inferior a 70 (setenta) anos serão submetidos a novo</p><p>exame a cada período de 2 (dois) anos e 6 (seis) meses, a partir da obtenção ou</p><p>renovação da Carteira Nacional de Habilitação, independentemente da validade</p><p>dos demais exames de que trata o inciso I do caput do art. 147 deste Código.</p><p>§ 3º (Revogado).</p><p>§ 4º É garantido o direito de contraprova e de recurso administrativo, sem efeito</p><p>suspensivo, no caso de resultado positivo para os exames de que trata este artigo,</p><p>nos termos das normas do Contran.</p><p>124</p><p>§ 5º O resultado positivo no exame previsto no § 2º deste artigo acarretará a</p><p>suspensão do direito de dirigir pelo período de 3 (três) meses, condicionado o</p><p>levantamento da suspensão à inclusão, no Renach, de resultado negativo em novo</p><p>exame, e vedada a aplicação de outras penalidades, ainda que acessórias.</p><p>Extrai-se do artigo 148-A que estamos diante de uma suspensão do direito de dirigir sem</p><p>a sua vinculação a uma infração de trânsito, que deve ser aplicada de forma imediata ao</p><p>RENACH do condutor, com a possibilidade de recurso sem efeito suspensivo, situação</p><p>única no Código de Trânsito Brasileiro.</p><p>Ou seja, é aplicada sem a existência de um auto de infração, diretamente no prontuário</p><p>do condutor, com recurso contra o resultado obtido no exame e não contra a decisão</p><p>da autoridade de trânsito de aplicar a penalidade.</p><p>Portanto, essa modalidade de suspensão não possui as características das penalidades</p><p>de trânsito, previstas no artigo 2568, do Código de Trânsito Brasileiro.</p><p>As penalidades previstas no artigo 256 são aplicadas ao RENACH do condutor, após</p><p>processo administrativo punitivo, garantido o direito de ampla defesa e contraditório,</p><p>sendo aplicadas somente após o esgotamento de todas as possibilidades de defesa, por</p><p>decisão fundamentada da autoridade de trânsito.</p><p>O processo administrativo deve observar o devido processo legal estabelecido entre os</p><p>artigos 280 e 290, do Código de Trânsito Brasileiro.</p><p>Durante o trâmite processual, não há qualquer restrição ou impedimento à habilitação</p><p>do condutor, que pode alterar a categoria da habilitação, renovar a CNH ou transferir o</p><p>prontuário para outras unidades da federação, sem qualquer obstáculo.</p><p>A suspensão do direito de dirigir por resultado positivo em exame toxicológico não é,</p><p>portanto, uma penalidade de trânsito.</p><p>O que diz a Resolução 723 do CONTRAN?</p><p>Entretanto, o texto da Resolução 723 parece caminhar no sentido de reconhecer, num</p><p>primeiro momento, a suspensão como sendo uma penalidade de trânsito.</p><p>8 Art. 256. A autoridade de trânsito, na esfera das competências estabelecidas neste Código e dentro de</p><p>sua circunscrição, deverá aplicar, às infrações nele previstas, as seguintes penalidades:</p><p>I - advertência por escrito;</p><p>II - multa;</p><p>III - suspensão do direito de dirigir;</p><p>IV - (Revogado pela Lei nº 13.281, de 2016)</p><p>V - cassação da Carteira Nacional de Habilitação;</p><p>VI - cassação da Permissão para Dirigir;</p><p>VII - frequência obrigatória em curso de reciclagem.</p><p>125</p><p>Isso porque, determina ao órgão executivo estadual de trânsito a obrigação de notificar</p><p>o condutor a respeito da instauração do processo, na forma do art. 10 da Resolução 723,</p><p>vejamos:</p><p>Art. 10. O ato instaurador do processo administrativo de suspensão do direito de</p><p>dirigir de que trata esta Resolução, conterá o nome, a qualificação do infrator, a(s)</p><p>infração(ões) com a descrição sucinta dos fatos e a indicação dos dispositivos legais</p><p>pertinentes.</p><p>II - a finalidade da notificação, qual seja, dar ciência da instauração do processo</p><p>administrativo para imposição da penalidade de suspensão do direito de dirigir por</p><p>somatório de pontos,</p><p>por infração específica ou por resultado positivo em exame</p><p>toxicológico periódico previsto no § 2º do art. 148-A do CTB;</p><p>§ 5º Da notificação constará a data do término do prazo para a apresentação da</p><p>defesa, que não será inferior a 30 (trinta) dias contados a partir da data da</p><p>notificação da instauração do processo administrativo.</p><p>§ 9º No caso de processo de suspensão do direito de dirigir decorrente do resultado</p><p>positivo no exame toxicológico, a notificação de instauração do processo</p><p>administrativo deverá ser encaminhada ao condutor examinado e conter, além do</p><p>disposto no § 2º, no mínimo:</p><p>I - nome e CNPJ do laboratório responsável pelo resultado do exame ou da</p><p>contraprova, caso esta tenha sido realizada;</p><p>II - número do laudo;</p><p>III - data do exame;</p><p>IV - resultado do exame; e</p><p>V - substâncias detectadas.</p><p>Já o artigo 14 determina que não apresentada, não conhecida ou não acolhida a defesa,</p><p>a autoridade de trânsito competente aplicará a penalidade de suspensão do direito de</p><p>dirigir ou de cassação do documento de habilitação, conforme o caso, vejamos:</p><p>Art. 14. Não apresentada, não conhecida ou não acolhida a defesa, a autoridade de</p><p>trânsito competente aplicará a penalidade de suspensão do direito de dirigir ou de</p><p>cassação do documento de habilitação, conforme o caso.</p><p>Isso leva à conclusão de que a suspensão do direito de dirigir por resultado positivo de</p><p>exame somente pode ser aplicada após a fase de defesa prévia, com a aplicação da</p><p>penalidade e prazo para recurso.</p><p>Como o artigo 148-A, em seu parágrafo 4º, diz que é garantido o direito de contraprova</p><p>e recurso administrativo, sem efeito suspensivo, somente nessa fase procedimental é</p><p>que a restrição começaria a ter implicações, suspendendo o direito de dirigir do</p><p>condutor.</p><p>Nesses termos, o processo administrativo atrairia a norma contida no artigo 282, do</p><p>Código de Trânsito Brasileiro, sendo que o prazo para a aplicação da penalidade seria de</p><p>180 dias, caso o condutor não apresentasse defesa previa e de 360, caso apresentasse.</p><p>126</p><p>Até aqui, o processo administrativo para suspender o direito de dirigir se assemelha ao</p><p>processo de suspensão por infração específica.</p><p>Por outro lado, essa penalidade pode ser também entendida como medida</p><p>administrativa, pois aplicada a penalidade, o condutor tem o direito de apresentar</p><p>recurso contra o resultado obtido no exame toxicológico:</p><p>Art. 148-A, § 4º É garantido o direito de contraprova e de recurso administrativo,</p><p>sem efeito suspensivo, no caso de resultado positivo para os exames de que trata</p><p>este artigo, nos termos das normas do Contran.</p><p>A partir dessa fase processual, a suspensão por resultado positivo em exame</p><p>toxicológico perde a característica de penalidade de trânsito.</p><p>Isso porque, o recurso não seria interposto contra a decisão da autoridade de aplicar a</p><p>penalidade e sim contra o resultado positivo do exame e sem o efeito suspensivo, ou</p><p>seja, a restrição somente poderia ser retirada após o julgamento do recurso ou</p><p>mediante inclusão no RENACH de resultado negativo em novo exame toxicológico.</p><p>E não seria interposto junto à JARI e sim junto à própria autoridade de trânsito que</p><p>aplicou a penalidade, não havendo recurso em segunda instância.</p><p>Logo, teríamos a partir dessa fase, uma suspensão do direito de dirigir com</p><p>características de Medida Administrativa.</p><p>Isso porque, a medida administrativa não depende de notificação para ser imposta ao</p><p>veículo ou ao documento de habilitação, pois tem característica de penalidade</p><p>acessória, complementar à penalidade principal e podem ser realizadas por meio de</p><p>registro no RENACH ou RENAVAM.</p><p>Da mesma forma, a penalidade de suspensão do direito de dirigir por resultado positivo</p><p>em exame toxicológico é aplicada diretamente no RENACH, no prazo de 15 dias</p><p>contados da coleta, nos termos do art. 15 da Resolução 923 do CONTRAN:</p><p>Art. 15. O laboratório credenciado deverá inserir a informação contendo o resultado</p><p>da análise do material coletado (se negativo ou positivo para cada uma das</p><p>substâncias testadas) no prontuário do condutor por meio do Sistema de Registro</p><p>Nacional de Condutores Habilitados (RENACH), no prazo máximo de 15 dias</p><p>contados a partir da coleta.</p><p>§ 1º O condutor deverá autorizar, por escrito e previamente à realização do exame</p><p>toxicológico, a inclusão da informação do resultado no RENACH.</p><p>Se não houver esta autorização, o exame não terá validade para os fins desta Resolução</p><p>e não poderá ser utilizado para qualquer outra finalidade junto ao Sistema Nacional de</p><p>Trânsito.</p><p>127</p><p>O problema é que, mesmo com essa característica, a suspensão não se torna uma</p><p>medida administrativa.</p><p>Medidas administrativas são formas coercitivas adotadas no sentido de preservar a</p><p>segurança do trânsito, forçando o infrator a corrigir falhas constatadas através da</p><p>fiscalização e constatação da infração, o que não é o caso, já que o exame toxicológico</p><p>não aponta quando houve o consumo da substância psicoativa e muito menos se</p><p>naquele momento o condutor estava conduzindo um veículo automotor.</p><p>Aponta tão somente que houve o consumo em uma janela de 90 (noventa) dias</p><p>anteriores à coleta do material biológico.</p><p>Portanto, não pode ser considerada como medida administrativa.</p><p>E mesmo no artigo 2699 do CTB, também não encontramos qualquer penalidade</p><p>acessória similar ao exame toxicológico ou à suspensão do direito de dirigir.</p><p>A medida administrativa que mais se assemelha ao exame toxicológico é o de perícia de</p><p>substância entorpecente ou que determine dependência física ou psíquica.</p><p>Entretanto, esse exame tem como finalidade comprovar que o condutor dirigiu sob o</p><p>efeito dessas substâncias, enquanto o exame toxicológico se destina a demonstrar que</p><p>houve a ingestão da substância, independentemente se o condutor estava dirigindo</p><p>veículo no dia da ingestão ou não.</p><p>Já em relação à suspensão, a medida administrativa mais parecida seria o recolhimento</p><p>do documento de habilitação, entretanto, o recolhimento somente pode ocorrer nos</p><p>casos previstos pelo Código de Trânsito Brasileiro ou quando houver suspeita de sua</p><p>inautenticidade ou adulteração.</p><p>E nenhuma das medidas tem a capacidade de ocasionar o bloqueio administrativo do</p><p>documento de habilitação.</p><p>9 Art. 269. A autoridade de trânsito ou seus agentes, na esfera das competências estabelecidas neste</p><p>Código e dentro de sua circunscrição, deverá adotar as seguintes medidas administrativas:</p><p>I - retenção do veículo;</p><p>II - remoção do veículo;</p><p>III - recolhimento da Carteira Nacional de Habilitação;</p><p>IV - recolhimento da Permissão para Dirigir;</p><p>V - recolhimento do Certificado de Registro;</p><p>VI - recolhimento do Certificado de Licenciamento Anual;</p><p>VII - (VETADO)</p><p>VIII - transbordo do excesso de carga;</p><p>IX - realização de teste de dosagem de alcoolemia ou perícia de substância entorpecente ou que determine</p><p>dependência física ou psíquica;</p><p>X - recolhimento de animais que se encontrem soltos nas vias e na faixa de domínio das vias de circulação,</p><p>restituindo-os aos seus proprietários, após o pagamento de multas e encargos devidos.</p><p>XI - realização de exames de aptidão física, mental, de legislação, de prática de primeiros socorros e de</p><p>direção veicular.</p><p>128</p><p>Logo, não é possível classificar a suspensão do direito de dirigir por resultado positivo</p><p>em exame toxicológico como sendo uma medida administrativa.</p><p>Conclusão: Estamos diante de uma penalidade mista, que não se enquadra como</p><p>penalidade de trânsito principal e também não se enquadra como medida</p><p>administrativa acessória, o que a torna figura atípica ao Código de Trânsito Brasileiro.</p><p>Isso demonstra que, mesmo tendo sido alterado pela Lei 14.071, o Código de Trânsito</p><p>Brasileiro ainda traz a impossibilidade fática de aplicação da penalidade de suspensão</p><p>do direito de dirigir decorrente de resultado positivo em exame toxicológico.</p><p>E por mais que o CONTRAN se esforce em demonstrar que</p><p>há a previsão legal, contida</p><p>no artigo 148-A, é insuficiente para tornar lícita a pretensão de suspender o direito de</p><p>dirigir.</p><p>Suspensão por Infração Específica</p><p>Segundo o artigo 261, do Código de Trânsito Brasileiro, alguns artigos de infração podem</p><p>originar o Processo de Suspensão do Direito de Dirigir como penalidade concomitante,</p><p>coexistente e simultânea.</p><p>É coexistente porque depende da existência da penalidade de multa. É simultânea</p><p>porque deve ser aplicada ao mesmo tempo em que ocorre a outra penalidade.</p><p>Esse tipo de suspensão não gera computo de pontos, já que possui força de aplicação</p><p>própria, sendo vedado o seu uso em outros processos administrativos, sob pena de</p><p>configurar, como dito, Bis in Idem.</p><p>A concomitância dos processos administrativos está prevista no artigo 261, em seu</p><p>parágrafo 10º, que diz:</p><p>§ 10. O processo de suspensão do direito de dirigir a que se refere o inciso II do</p><p>caput deste artigo deverá ser instaurado concomitantemente ao processo de</p><p>aplicação da penalidade de multa, e ambos serão de competência do órgão ou</p><p>entidade responsável pela aplicação da multa, na forma definida pelo Contran.</p><p>Além da previsão no art. 261 do CTB, também temos o art. 8° da Resolução 723 do</p><p>CONTRAN que foi recentemente alterada pela Resolução 844/2021 do CONTRAN, mas</p><p>que fere o contraditório e a ampla defesa, principalmente se o condutor não for o</p><p>proprietário do veículo, veja.</p><p>Seção II - Por Infração Específica</p><p>Art. 8º Para fins de cumprimento do disposto no inciso II do art. 3º, o processo de</p><p>suspensão do direito de dirigir deverá ser instaurado da seguinte forma:</p><p>129</p><p>I - quando o infrator for o proprietário do veículo, será instaurado processo único</p><p>para aplicação das penalidades de multa e de suspensão do direito de dirigir, nos</p><p>termos do § 10 do art. 261 do CTB; (Redação do inciso dada pela Resolução</p><p>CONTRAN Nº 844 DE 09/04/2021).</p><p>II - quando o infrator não for o proprietário do veículo, o processo de suspensão</p><p>do direito de dirigir tramitará concomitantemente ao processo para aplicação da</p><p>penalidade de multa, nos termos do § 10 do art. 261 do CTB, podendo ser autuado</p><p>um único processo para essa finalidade, observado o disposto na Resolução</p><p>CONTRAN nº 619, de 6 de setembro de 2016, e suas alterações. (Redação do inciso</p><p>dada pela Resolução CONTRAN Nº 844 DE 09/04/2021).</p><p>§ 1º Para as autuações que não sejam de competência dos órgãos ou entidades</p><p>executivos de trânsito dos Estados ou do Distrito Federal, relativas às infrações</p><p>cometidas antes de 12 de abril de 2021, o órgão ou entidade responsável pela</p><p>aplicação da penalidade de multa, encerrada a instância administrativa de</p><p>julgamento da infração, comunicará imediatamente ao órgão executivo de trânsito</p><p>do registro do documento de habilitação, via RENAINF, para que instaure processo</p><p>administrativo com vistas à aplicação da penalidade de suspensão do direito de</p><p>dirigir. (Redação do parágrafo dada pela Resolução CONTRAN Nº 844 DE</p><p>09/04/2021).</p><p>§ 2º Na hipótese prevista no inciso I, o procedimento de notificação deverá obedecer</p><p>às disposições constantes na Resolução CONTRAN nº 619, de 6 de setembro de</p><p>2016, e suas alterações e sucedâneas. (Parágrafo acrescentado pela Resolução</p><p>CONTRAN Nº 844 DE 09/04/2021).</p><p>§ 3º O prazo para expedição da notificação da penalidade de suspensão do direito</p><p>de dirigir de que trata o caput é de 180 (cento e oitenta) dias ou de 360 (trezentos</p><p>e sessenta) dias, se houver defesa prévia, na forma do art. 282 do CTB. (Parágrafo</p><p>acrescentado pela Resolução CONTRAN Nº 844 DE 09/04/2021).</p><p>O texto alterado pela Lei 14.071 corrige uma falha que persistiu por décadas e que gerou</p><p>inclusive a análise equivocada por parte das autoridades de trânsito de que o processo</p><p>de multa é totalmente desvinculado do processo de suspensão do direito de dirigir. Não</p><p>é.</p><p>O processo de multa é o início, a base para a aplicação do processo de suspensão e os</p><p>vícios de um se estende ao outro.</p><p>Assim, o argumento de que no processo administrativo de suspensão não podem ser</p><p>debatidas situações como dupla notificação, erros de preenchimento do auto de</p><p>infração ou então razões de mérito relativos à autuação, não pode ser mais aceito, com</p><p>base na atual legislação.</p><p>O parágrafo 10º, acima citado, torna evidente que ambos os processos devem seguir os</p><p>preceitos instituídos no Capítulo XVIII, do Código de Trânsito Brasileiro.</p><p>Só que, no texto atual, a competência para julgar ambas as penalidades deixam de ser</p><p>exclusivamente do órgão executivo de trânsito estadual, passando a ser</p><p>responsabilidade do órgão de trânsito que promoveu a autuação.</p><p>Assim, numa primeira análise, já é possível admitir que a duração de um processo de</p><p>130</p><p>suspensão do direito de dirigir por infração específica é o mesmo do processo de multa,</p><p>incluindo os prazos prescricionais.</p><p>Instauração do Processo Administrativo</p><p>Primeiramente, cabe dizer que o artigo 261 ainda depende de regulamentação pelo</p><p>CONTRAN, no que diz respeito aos procedimentos que deverão ser adotados.</p><p>Entretanto, seguindo a lógica estabelecida pelo Capitula XVIII, do Código de Trânsito</p><p>Brasileiro, a instauração do Processo de Suspensão do Direito de Dirigir por infração</p><p>específica pode ocorrer de três maneiras:</p><p>I. Sendo o condutor abordado e o auto de infração devidamente assinado,</p><p>ambos os processos, de multa e suspensão, seriam deflagrados pela</p><p>autuação, já que mediante a assinatura, considera-se como notificado o</p><p>condutor (Art. 280, VI);</p><p>Mas a informação de que a infração cometida gera a penalidade de suspensão</p><p>concomitantemente à penalidade de multa, deve estar registrada também no auto de</p><p>infração, sob pena de invalidar a primeira notificação in facie;</p><p>Desta maneira, o prazo para apresentar defesa prévia seria o mesmo para ambos</p><p>os processos (Art. 281, A).</p><p>II. Não havendo assinatura no auto de infração ou não havendo a informação</p><p>sobre a concomitância das penalidades, obrigatoriamente o proprietário</p><p>teria que ser notificado, no prazo máximo de trinta dias (Art. 281, parágrafo</p><p>único, II) da Autuação de Trânsito com a concomitância da penalidade de</p><p>suspensão do direito de dirigir, oferecendo o prazo para apresentação de</p><p>defesa prévia para ambas as penalidades, em processos separados;</p><p>III. Não havendo abordagem e prevendo o artigo de infração a penalidade de</p><p>suspensão do direito de dirigir de forma concomitante, o órgão autuante</p><p>deverá notificar o proprietário da Autuação de Trânsito, informando ainda</p><p>que se trata de penalidade com suspensão do direito de dirigir.</p><p>Assim, o prazo para apresentar condutor também será o prazo para apresentar defesa</p><p>contra ambas as penalidades, que deve ser feita de forma separada.</p><p>A existência de dois processos, ao que parece, é uma obrigação, pois sendo penalidades</p><p>diversas, impossível que coexistam em apenas um processo administrativo.</p><p>Aliás, a singularidade é um dos princípios do processo administrativo de trânsito.</p><p>131</p><p>Isso quer dizer que, é possível que o processo de multa seja julgado consistente, mas o</p><p>processo de suspensão do direito de dirigir julgado inconsistente, mas o contrário não</p><p>pode existir, pois se o auto de infração estiver viciado, o vicio se estende ao processo</p><p>de suspensão, nos termos dos §§ 5º e 6º do art. 7º da Resolução 723 do CONTRAN,</p><p>vejamos:</p><p>[…]</p><p>§ 5º A qualquer tempo, havendo anulação judicial ou administrativa do(s) auto(s)</p><p>de infração, o órgão autuador deverá efetuar nova comunicação aos órgãos de</p><p>registro da habilitação, para que sejam adotadas providências quanto a processos</p><p>administrativos de suspensão ou cassação do direito de dirigir eventualmente</p><p>instaurados com base nas autuações anuladas.</p><p>§ 6º Configurada a hipótese do § 5º, o órgão de registro da habilitação anulará, de</p><p>ofício, a penalidade eventualmente aplicada, cancelando registro no RENACH,</p><p>ainda que já tenha havido o encerramento da instância administrativa.</p><p>Entretanto, o CONTRAN,</p><p>é o auto de infração, você já terá um ato nulo mesmo sem entrar no mérito da</p><p>questão.</p><p>Sem adentrar muito nas questões de direito administrativo, um atributo do ato</p><p>administrativo que você precisa conhecer é a presunção RELATIVA de legitimidade.</p><p>12</p><p>Isso quer dizer que todo e qualquer ato administrativo nasce com a presunção relativa</p><p>de legitimidade, o que quer dizer que todo ato administrativo é verdadeiro até prova</p><p>em sentido contrário.</p><p>Se a presunção fosse absoluta, não haveria processo administrativo. Porém, ele existe,</p><p>para dar ao penalizado a oportunidade de se defender e, cabe a nós, buscar</p><p>irregularidades, ilegalidades, insubsistências e inconsistências para que o ato praticado</p><p>seja declarado nulo.</p><p>Presta atenção que eu não disse que o agente de trânsito tem fé pública, mas sim que o</p><p>ato que ele pratica tem presunção relativa de veracidade.</p><p>Na prática, isso quer dizer que para contrariar um ato administrativo é preciso provar.</p><p>Então, não adianta dizer que o policial que te multou está agindo ilegalmente sem</p><p>provar.</p><p>Essas são as principais colocações sobre o ato administrativo. Porém, se você deseja</p><p>aprofundar ainda mais os seus estudos nas questões de direito administrativo, procure</p><p>doutrinas relacionadas, aqui eu trouxe apenas o necessário para que você inicie a</p><p>atuação no direito de trânsito, conhecendo o básico para argumentar com a finalidade</p><p>de anular o ato administrativo.</p><p>_______________________________________________________________________</p><p>_______________________________________________________________________</p><p>_______________________________________________________________________</p><p>_______________________________________________________________________</p><p>_______________________________________________________________________</p><p>_______________________________________________________________________</p><p>_______________________________________________________________________</p><p>_______________________________________________________________________</p><p>_______________________________________________________________________</p><p>_______________________________________________________________________</p><p>_______________________________________________________________________</p><p>_______________________________________________________________________</p><p>_______________________________________________________________________</p><p>_______________________________________________________________________</p><p>_______________________________________________________________________</p><p>_______________________________________________________________________</p><p>_______________________________________________________________________</p><p>_______________________________________________________________________</p><p>_______________________________________________________________________</p><p>_______________________________________________________________________</p><p>_______________________________________________________________________</p><p>_______________________________________________________________________</p><p>_______________________________________________________________________</p><p>_______________________________________________________________________</p><p>13</p><p>Legislação do Processo Administrativo de Trânsito</p><p>Passaremos agora para a análise da legislação de trânsito propriamente dita. Para isso,</p><p>a leitura dos artigos 280 a 290 são indispensáveis, pois são utilizados nos processos</p><p>administrativos das penalidades de multa e também nas penalidades de suspensão do</p><p>direito de dirigir e cassação da CNH.</p><p>Tratam do processo administrativo para possibilitar o contraditório e a ampla defesa, ou</p><p>seja, o direito de se defender.</p><p>Código de Trânsito Brasileiro – CTB</p><p>O Código de Trânsito Brasileiro - CTB foi instituído pela lei 9.503 de 23 de setembro de</p><p>1997 e é a principal legislação que o profissional que trabalha no Mercado de trânsito</p><p>deve conhecer, pois nele está previsto o que é trânsito, normas de circulação e conduta,</p><p>educação para o trânsito, competência, sinalização de trânsito, infrações e penalidades.</p><p>Ele, assim como os demais códigos do nosso ordenamento jurídico, é dividido por</p><p>capítulos, facilitando a compreensão e leitura.</p><p>Resoluções e Portaria</p><p>O profissional que atua nessa área precisa conhecer as Resoluções do CONTRAN e uma</p><p>Portaria da SENATRAN.</p><p>Elas são tão importantes quanto o próprio Código de Trânsito Brasileiro (CTB).</p><p>As resoluções estabelecem muitas regras sobre as quais você já ouviu falar, mas talvez</p><p>desconheça os detalhes. E é por isso que você está estudando isso agora. Para ser um</p><p>especialista no assunto.</p><p>Segundo o CTB, o CONTRAN, Conselho Nacional de Trânsito, atua como um coordenador</p><p>do Sistema Nacional de Trânsito, funcionando como órgão máximo normativo e</p><p>consultivo.</p><p>O Conselho Nacional de Trânsito possui diversas funções, que vão muito além de</p><p>publicar resoluções para complementar as normas do CTB.</p><p>E é o próprio Código de Trânsito que determina quais as atribuições e competências do</p><p>órgão.</p><p>No art. 12 do CTB, são listadas as competências do CONTRAN. Veja todas elas abaixo:</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9503.htm</p><p>14</p><p>1. estabelecer as normas regulamentares do CTB e as diretrizes da Política</p><p>Nacional de Trânsito.</p><p>Nesse caso, vale uma explicação: algumas regras do Código de Trânsito Brasileiro são</p><p>resolvidas por si próprias, mas outras exigem a regulamentação através das normas do</p><p>CONTRAN, conforme previsto no trecho acima.</p><p>Por exemplo, quanto às placas de identificação do veículo, o CTB determina algumas</p><p>diretrizes básicas, mas as especificações são estabelecidas pelo CONTRAN, conforme</p><p>estipula o art. 115 do Código, veja:</p><p>Art. 115. O veículo será identificado externamente por meio de placas dianteira e</p><p>traseira, sendo esta lacrada em sua estrutura, obedecidas as especificações e</p><p>modelos estabelecidos pelo CONTRAN.</p><p>Outras atribuições importantes do CONTRAN como órgão normativo, também são</p><p>listadas no art. 12 do CTB, veja:</p><p>2. coordenar os órgãos do Sistema Nacional de Trânsito, objetivando a integração</p><p>de suas atividades;</p><p>3. criar Câmaras Temáticas;</p><p>4. estabelecer seu regimento interno e as diretrizes para o funcionamento do</p><p>CETRAN e CONTRANDIFE;</p><p>5. estabelecer as diretrizes do regimento das JARI;</p><p>6. zelar pela uniformidade e cumprimento das normas contidas no CTB e nas</p><p>resoluções complementares;</p><p>7. estabelecer e normatizar os procedimentos para o enquadramento das condutas</p><p>expressamente referidas neste Código, para a fiscalização e a aplicação das</p><p>medidas administrativas e das penalidades por infrações e para a arrecadação</p><p>das multas aplicadas e o repasse dos valores arrecadados;</p><p>8. responder às consultas sobre a aplicação da legislação de trânsito;</p><p>9. normatizar os procedimentos sobre a aprendizagem, habilitação, expedição de</p><p>documentos de condutores, e registro e licenciamento de veículos;</p><p>10. aprovar, complementar ou alterar os dispositivos de sinalização e os dispositivos</p><p>e equipamentos de trânsito;</p><p>11. analisar e solucionar processos sobre conflitos de competência ou circunscrição,</p><p>ou, quando necessário, unificar as decisões administrativas;</p><p>12. dirimir conflitos sobre circunscrição e competência de trânsito no âmbito da</p><p>União, dos Estados e do Distrito Federal;</p><p>13. normatizar o processo de formação do candidato à obtenção da CNH,</p><p>estabelecendo seu conteúdo didático-pedagógico, carga horária, avaliações,</p><p>exames, execução e fiscalização.</p><p>Como você pode ver, são várias as áreas relacionadas ao trânsito que devem estar sob</p><p>a responsabilidade e a fiscalização do CONTRAN.</p><p>15</p><p>Na sequência, trarei algumas Resoluções desse órgão, relevantes para o dia a dia de</p><p>todo condutor e, portanto, relevantes a você!</p><p>Começaremos, então, pelo básico. Afinal, o que é uma Resolução do CONTRAN?</p><p>Descubra no próximo tópico.</p><p>O que são as Resoluções do CONTRAN?</p><p>Resolução é, de acordo com o regimento interno do CONTRAN, um ato normativo,</p><p>destinado</p><p>em sua resolução 723, já havia trazido o entendimento de que</p><p>nesses casos, haveria a instauração para a apuração das duas penalidades em um único</p><p>processo administrativo:</p><p>Art. 8º Para fins de cumprimento do disposto no inciso II do art. 3º, o processo de</p><p>suspensão do direito de dirigir deverá ser instaurado da seguinte forma:</p><p>I - para as autuações de competência do órgão executivo de trânsito estadual de</p><p>registro do documento de habilitação do infrator, quando o infrator for o</p><p>proprietário do veículo, será instaurado processo único para aplicação das</p><p>penalidades de multa e de suspensão do direito de dirigir, nos termos do § 10 do</p><p>art. 261 do CTB;</p><p>Como na regra atual cada órgão autuante é responsável também pela instauração do</p><p>processo de suspensão, a regra do artigo 8º se tornaria geral e havendo apenas um</p><p>processo administrativo para ambas as penalidades, o julgamento seria único, mas com</p><p>efeito duplo.</p><p>Nesse caso, que é o mais provável que ocorra, todas as notificações seguiriam o padrão</p><p>já estabelecido para a penalidade de multa, sem qualquer distinção, com os mesmos</p><p>prazos de preclusão e decadência do direito de punir, estabelecidos no artigo 282, do</p><p>Código de Trânsito Brasileiro.</p><p>Da Competência para Instaurar o Processo Administrativo</p><p>Nos termos do artigo 261, em seu parágrafo 10º, ambos os processos, de multa e</p><p>suspensão, devem ser instaurados pelo órgão responsável pela aplicação da multa.</p><p>§ 10. O processo de suspensão do direito de dirigir a que se refere o inciso II do caput</p><p>deste artigo deverá ser instaurado concomitantemente ao processo de aplicação da</p><p>132</p><p>penalidade de multa, e ambos serão de competência do órgão ou entidade</p><p>responsável pela aplicação da multa, na forma definida pelo Contran.</p><p>Cabe dizer que, atualmente, os órgãos estaduais tem delegado a competência de</p><p>fiscalização e autuação aos órgãos municipais, não deixando, entretanto, a competência</p><p>para aplicar a multa de trânsito e a suspensão do direito de dirigir.</p><p>Em outras palavras, um autua e o outro pune. Essa condição, de delegação de parte dos</p><p>poderes através de convênios não pode mais existir com as novas regras de competência</p><p>estabelecidas pela Lei 14.071.</p><p>O artigo 22 do Código de Trânsito Brasileiro passou a ter um inciso a mais, que traz a</p><p>seguinte determinação:</p><p>Art. 22. Compete aos órgãos ou entidades executivos de trânsito dos Estados e do</p><p>Distrito Federal, no âmbito de sua circunscrição:</p><p>[…]</p><p>XVII - criar, implantar e manter escolas públicas de trânsito, destinadas à educação</p><p>de crianças e adolescentes, por meio de aulas teóricas e práticas sobre legislação,</p><p>sinalização e comportamento no trânsito.</p><p>Parágrafo único. As competências descritas no inciso II do caput deste artigo</p><p>relativas ao processo de suspensão de condutores serão exercidas quando:</p><p>I - o condutor atingir o limite de pontos estabelecido no inciso I do art. 261 deste</p><p>Código;</p><p>II - a infração previr a penalidade de suspensão do direito de dirigir de forma</p><p>específica e a autuação tiver sido efetuada pelo próprio órgão executivo estadual</p><p>de trânsito.”</p><p>A competência do órgão executivo de trânsito do estado, o DETRAN, em relação ao</p><p>processo de suspensão do direito de dirigir, só pode ocorrer quando o processo for por</p><p>acúmulo de pontos ou quando a autuação tiver sido efetuada por seus agentes</p><p>fiscalizadores, que no caso é, via de regra, a Policia Militar Estadual.</p><p>Logo, o DETRAN somente poderá aplicar a penalidade de suspensão do direito de dirigir</p><p>por infração especifica quando seus agentes fiscalizadores também participarem da</p><p>autuação da infração, em nenhuma outra situação.</p><p>Não é mais possível, portanto, que um órgão de trânsito fiscalize enquanto o outro</p><p>órgão de trânsito aplica a penalidade.</p><p>O mesmo órgão que autuar, também deverá aplicar a penalidade de suspensão do</p><p>direito de dirigir e essa é a norma de competência para cada um dos componentes do</p><p>Sistema Nacional de Trânsito:</p><p>Art. 20. Compete à Polícia Rodoviária Federal, no âmbito das rodovias e estradas</p><p>federais:</p><p>[…]</p><p>133</p><p>III - executar a fiscalização de trânsito, aplicar as penalidades de advertência por</p><p>escrito e multa e as medidas administrativas cabíveis, com a notificação dos</p><p>infratores e a arrecadação das multas aplicadas e dos valores provenientes de</p><p>estadia e remoção de veículos, objetos e animais e de escolta de veículos de cargas</p><p>superdimensionadas ou perigosas;</p><p>[…]</p><p>XII - aplicar a penalidade de suspensão do direito de dirigir, quando prevista de</p><p>forma específica para a infração cometida, e comunicar a aplicação da penalidade</p><p>ao órgão máximo executivo de trânsito da União.”</p><p>Art. 21. Compete aos órgãos e entidades executivos rodoviários da União, dos</p><p>Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, no âmbito de sua circunscrição:</p><p>[…]</p><p>XV - aplicar a penalidade de suspensão do direito de dirigir, quando prevista de</p><p>forma específica para a infração cometida, e comunicar a aplicação da penalidade</p><p>ao órgão máximo executivo de trânsito da União.</p><p>Art. 22. Compete aos órgãos ou entidades executivos de trânsito dos Estados e do</p><p>Distrito Federal, no âmbito de sua circunscrição:</p><p>[…]</p><p>II - Realizar, fiscalizar e controlar o processo de formação, de aperfeiçoamento, de</p><p>reciclagem e de suspensão de condutores e expedir e cassar Licença de</p><p>Aprendizagem, Permissão para Dirigir e Carteira Nacional de Habilitação,</p><p>mediante delegação do órgão máximo executivo de trânsito da União;</p><p>Parágrafo único. As competências descritas no inciso II do caput deste artigo</p><p>relativas ao processo de suspensão de condutores serão exercidas quando:</p><p>I - o condutor atingir o limite de pontos estabelecido no inciso I do art. 261 deste</p><p>Código;</p><p>II - a infração previr a penalidade de suspensão do direito de dirigir de forma</p><p>específica e a autuação tiver sido efetuada pelo próprio órgão executivo estadual</p><p>de trânsito.”</p><p>Art. 24. Compete aos órgãos e entidades executivos de trânsito dos Municípios, no</p><p>âmbito de sua circunscrição:</p><p>[…]</p><p>XXII - aplicar a penalidade de suspensão do direito de dirigir, quando prevista de</p><p>forma específica para a infração cometida, e comunicar a aplicação da penalidade</p><p>ao órgão máximo executivo de trânsito da União;</p><p>Essa divisão de competências, se por um lado desonera os DETRANS, de outro cria uma</p><p>grande possibilidade de que os demais órgãos de trânsito não consigam aplicar a</p><p>penalidade de suspensão do direito de dirigir de forma efetiva, especialmente em</p><p>relação aos municípios, já que ainda não estão estruturados para esse tipo de</p><p>procedimento.</p><p>Por causa disso, a Lei 14.229 de 2021 incluiu o art. 338-A no CTB, postergando a</p><p>competência de alguns órgãos para 1º de janeiro de 2024, vejamos:</p><p>134</p><p>Art. 338-A. As competências previstas no inciso XV do caput do art. 21 e no inciso</p><p>XXII do caput do art. 24 deste Código serão atribuídas aos órgãos ou entidades</p><p>descritos no caput dos referidos artigos a partir de 1º de janeiro de 2024.</p><p>Parágrafo único. Até 31 de dezembro de 2023, as competências a que se refere</p><p>o caput deste artigo serão exercidas pelos órgãos e entidades executivos de trânsito</p><p>dos Estados e do Distrito Federal.</p><p>Assim, até 31 de dezembro de 2023 a competência permanece sendo do DETRAN dos</p><p>Estados e do Distrito Federal.</p><p>Lembrando que a competência original dos municípios, de acordo com o artigo 23, é</p><p>exclusiva para infrações decorrentes de inobservância às regras de circulação,</p><p>estacionamento e parada de veículo, excesso de peso em vias municipais, dimensão e</p><p>lotação de veículos.</p><p>Infrações que envolvam fiscalização de alcoolemia, demonstração de manobra perigosa,</p><p>omissão de socorro e que preveem a penalidade de suspensão do direito de dirigir de</p><p>forma específica, são competência originais do Estado e somente podem ser fiscalizadas</p><p>e autuadas mediante a existência de convênio.</p><p>Assim, para essas situações, o convênio firmado com o município, delegando os</p><p>poderes, deve contemplar além da possibilidade</p><p>de fiscalização e autuação, também a</p><p>aplicação da penalidade de multa.</p><p>Se não houver poderes de aplicação da penalidade de multa, haverá uma ilegalidade</p><p>também na aplicação da penalidade de suspensão do direito de dirigir, pois não é mais</p><p>possível um órgão autuar e o outro aplicar a penalidade.</p><p>Ainda sobre a competência para instaurar o processo de suspensão, vale a leitura do</p><p>Art. 5° da Resolução 723 do CONTRAN:</p><p>Art. 5º As penalidades de que trata esta Resolução serão aplicadas pelas seguintes</p><p>autoridades de trânsito, em processo administrativo, assegurados a ampla defesa,</p><p>o contraditório e o devido processo legal:</p><p>I - no caso de suspensão do direito de dirigir em decorrência do acúmulo de pontos,</p><p>pelo órgão ou entidade executivo de trânsito de registro do documento de</p><p>habilitação;</p><p>II - no caso de suspensão do direito de dirigir em decorrência do cometimento de</p><p>infração para a qual esteja prevista, de forma específica no CTB, a penalidade de</p><p>suspensão do direito de dirigir:</p><p>a) para infrações cometidas antes de 12 de abril de 2021, pelo órgão ou entidade</p><p>executivo de trânsito de registro do documento de habilitação;</p><p>b) para infrações cometidas a partir de 12 de abril de 2021, pelo órgão ou entidade</p><p>responsável pela aplicação da penalidade de multa;</p><p>III - no caso de suspensão do direito de dirigir decorrente de resultado positivo no</p><p>exame toxicológico periódico previsto no § 2º do art. 148-A do CTB realizado por</p><p>condutor habilitado nas categorias C, D ou E, pelo órgão ou entidade executivo de</p><p>trânsito de registro do documento de habilitação.</p><p>135</p><p>Ademais, parece evidente, com a nova regra de competência, que o auto de infração</p><p>não pode mais ser desvinculado das demais penalidades que dele são decorrentes, no</p><p>caso, a suspensão e a cassação.</p><p>Assim, sendo parte integrante do processo, deve a autoridade de trânsito do órgão</p><p>executivo estadual, analisar a sua consistência e a sua regularidade antes da aplicação</p><p>da penalidade, ainda que a autuação tenha sido praticada por outro órgão de trânsito.</p><p>A legitimidade PASSIVA é que é o ponto importante. Não é incomum que o órgão</p><p>responsável pela instauração do PA de suspensão se engane quanto a pessoa a ser</p><p>notificada para a imposição da penalidade de suspensão. Para esclarecer este ponto,</p><p>quero te dar como exemplo um caso que já aconteceu várias vezes comigo. Vou chamar</p><p>a cliente de um nome fictício, Maria.</p><p>Maria te procurou, dizendo que recebeu uma notificação de que sua CNH será suspensa</p><p>por infração ao artigo 165 do CTB. Ela ainda te disse que não tinha cometido tal infração</p><p>e que naquela data, o veículo autuado tinha sido vendido, porém não transferido, mas</p><p>já estava em posse do comprador.</p><p>Com este caso em mente, eu quero fazer algumas colocações para vocês. A primeira</p><p>delas diz respeito à responsabilidade pelo cometimento da infração ao artigo 165 do</p><p>CTB.</p><p>Segundo o artigo 25710 do CTB, as penalidades serão impostas ao condutor, ao</p><p>proprietário do veículo e a outros, que não serão importantes para o nosso estudo.</p><p>Ainda o §3° deste artigo, diz que a responsabilidade por infrações decorrentes de atos</p><p>praticados na direção do veículo será do condutor.</p><p>Muito bem. A infração ao artigo 165 do CTB acontece enquanto se está dirigindo um</p><p>veículo e somente mediante abordagem, assim, a responsabilidade é exclusiva do</p><p>condutor.</p><p>Note que no caso da Maria, ela era apenas a proprietária do veículo, uma vez que o</p><p>registro do mesmo ainda estava em seu nome, não tendo qualquer relação com o ato</p><p>de dirigir o veículo. Sendo assim, a penalidade de suspensão não pode recair sobre o</p><p>RENACH dela, uma vez que a multa que deu origem (fato gerador) é de responsabilidade</p><p>do condutor, comprador do veículo dela.</p><p>10 Art. 257. As penalidades serão impostas ao condutor, ao proprietário do veículo, ao embarcador e ao</p><p>transportador, [...]</p><p>[...]</p><p>§ 3º Ao condutor caberá a responsabilidade pelas infrações decorrentes de atos praticados na direção do</p><p>veículo.</p><p>136</p><p>Vale dizer que a responsabilidade pelo pagamento da multa sim será de</p><p>responsabilidade do proprietário do veículo.</p><p>Assim, se o órgão competente instaurar um processo de suspensão em face do</p><p>proprietário do veículo, temos um equívoco quanto à legitimidade do penalizado. Fato</p><p>perfeitamente possível de ser alegado em sede recursal.</p><p>Conseguem perceber a importância de saber de quem é a responsabilidade pelo</p><p>cometimento da infração, bem como a pessoa que tem legitimidade para ter contra o</p><p>seu direito de dirigir instaurado um processo administrativo de suspensão?</p><p>Por isso eu quis trazer este tópico sobre a legitimidade.</p><p>Anotações:</p><p>_________________________________________________________________</p><p>_________________________________________________________________</p><p>_________________________________________________________________</p><p>_________________________________________________________________</p><p>_________________________________________________________________</p><p>_________________________________________________________________</p><p>_________________________________________________________________</p><p>_________________________________________________________________</p><p>_________________________________________________________________</p><p>_________________________________________________________________</p><p>_________________________________________________________________</p><p>_________________________________________________________________</p><p>_________________________________________________________________</p><p>_________________________________________________________________</p><p>_________________________________________________________________</p><p>_________________________________________________________________</p><p>_________________________________________________________________</p><p>_________________________________________________________________</p><p>_________________________________________________________________</p><p>_________________________________________________________________</p><p>Multa cumprindo a penalidade de suspensão</p><p>Aquele motorista que, no cumprimento da penalidade de suspensão, conduzir qualquer</p><p>veículo, além da infração prevista no artigo 23211 do CTB, caso não esteja portando a</p><p>11 Art. 232. Conduzir veículo sem os documentos de porte obrigatório referidos neste Código [...]</p><p>137</p><p>CNH, terá contra o seu direito de dirigir instaurado o processo de cassação de sua CNH,</p><p>por força do artigo 1912 da Resolução 723 e artigo 26313 do CTB.</p><p>Ou seja, o motorista terá instaurado um processo de cassação de sua CNH, que é a</p><p>penalidade mais grave do CTB.</p><p>Além disso, o proprietário do veículo, caso não sejam a mesma pessoa (condutor e</p><p>proprietário) levará uma multa por infração ao artigo 16414 do CTB.</p><p>Dirigir com a carteira de habilitação suspensa é crime de trânsito?</p><p>A suspensão do direito de dirigir é uma penalidade que tem como função afastar o</p><p>condutor infrator da direção de veículos automotores, por determinado período,</p><p>quando sua conduta representar um perigo para os demais usuários da via, seja pelo</p><p>risco potencial da infração cometida, seja por se tratar de infrator contumaz.</p><p>Via de regra essa penalidade tem natureza administrativa, cuja aplicação decorre de</p><p>processo administrativo garantido o direito à ampla defesa e ao contraditório na forma</p><p>de defesa prévia e recursos em 1ª e 2ª instâncias administrativas, sendo imposta pela</p><p>autoridade de trânsito quando esgotadas as possibilidades de recursos.</p><p>Mas também pode possuir natureza de sanção penal, já que também é utilizada como</p><p>uma pena restritiva de direito (Art. 47, III, do Código Penal) ou pena acessória à</p><p>condenação criminal (Art. 92, III, do Código Penal), além de possuir tipificação própria</p><p>como Crime de Trânsito, previsto no artigo 307, do Código de Trânsito Brasileiro.</p><p>Art. 307. Violar a suspensão ou a proibição de se obter a permissão ou a habilitação</p><p>para dirigir veículo automotor imposta com fundamento neste Código:</p><p>Penas - detenção, de seis</p><p>meses a um ano e multa, com nova imposição adicional</p><p>de idêntico prazo de suspensão ou de proibição.</p><p>Parágrafo único. Nas mesmas penas incorre o condenado que deixa de entregar, no</p><p>prazo estabelecido no § 1º do art. 293, a Permissão para Dirigir ou a Carteira de</p><p>Habilitação.</p><p>Essa distinção de natureza administrativa ou penal está bem delineada na Lei de</p><p>trânsito, em seus artigos 261 e 293:</p><p>12 Art. 19. Deverá ser instaurado processo administrativo de cassação do documento de habilitação[...],</p><p>quando:</p><p>I - suspenso o direito de dirigir, o infrator conduzir qualquer veículo;</p><p>13 Art. 263. A cassação do documento de habilitação dar-se-á:</p><p>I - quando, suspenso o direito de dirigir, o infrator conduzir qualquer veículo;</p><p>14 Art. 164. Permitir que pessoa nas condições referidas nos incisos do art. 162 tome posse do veículo</p><p>automotor e passe a conduzi-lo na via:</p><p>Infração - as mesmas previstas nos incisos do art. 162;</p><p>Penalidade - as mesmas previstas no art. 162;</p><p>Medida administrativa - a mesma prevista no inciso III do art. 162.</p><p>138</p><p>Art. 293. A penalidade de suspensão ou de proibição de se obter a permissão ou a</p><p>habilitação, para dirigir veículo automotor, tem a duração de dois meses a cinco</p><p>anos.</p><p>§ 1º Transitada em julgado a sentença condenatória, o réu será intimado a entregar</p><p>à autoridade judiciária, em quarenta e oito horas, a Permissão para Dirigir ou a</p><p>Carteira de Habilitação.</p><p>§ 2º A penalidade de suspensão ou de proibição de se obter a permissão ou a</p><p>habilitação para dirigir veículo automotor não se inicia enquanto o sentenciado, por</p><p>efeito de condenação penal, estiver recolhido a estabelecimento prisional.</p><p>A característica de penalidade administrativa ou penal foi delimitada pelo próprio</p><p>Código de Trânsito Brasileiro, ao trazer no bojo do Capitulo XVI, que define as</p><p>penalidades administrativas, a previsão da suspensão por pontos ou por infração</p><p>especifica, enquanto trouxe no Capitulo XIX, dedicado aos Crimes de Trânsito, na Seção</p><p>I, que trata das disposições gerais, o artigo 293 e na Seção II, que trata dos Crimes em</p><p>Espécie, o artigo 307.</p><p>Feitas essas considerações, há que se dizer que muitos agentes da autoridade de</p><p>trânsito, por ocasião da fiscalização de trânsito, têm considerado como crime o fato de</p><p>o condutor estar conduzindo veículo com a carteira de habilitação suspensa.</p><p>Entretanto, o crime só ocorre quando houver uma sentença condenatória,</p><p>determinando que o réu entregue o documento de habilitação à autoridade judiciária,</p><p>penalidade que não se inicial enquanto o sentenciado estiver recolhido a</p><p>estabelecimento prisional.</p><p>Logo, há que se concluir que não existe crime quando o condutor estiver conduzindo</p><p>veículo com a carteira de habilitação suspensa e essa penalidade tiver natureza</p><p>administrativa, por acumulo de pontos ou por infração específica.</p><p>Inaplicável o artigo 307 para qualificar o crime de trânsito, pois a conduta, nesses casos,</p><p>é atípica.</p><p>E a última hipótese que eu não tinha trazido anteriormente, é a suspensão judicial, que</p><p>veremos a seguir.</p><p>Suspensão Judicial</p><p>A penalidade de suspensão do direito de dirigir judicial, já tem previsão no artigo 47,</p><p>inciso III do Código Penal.</p><p>No CTB essa penalidade está prevista nos artigos 292 a 296 e é aplicada por um juiz de</p><p>direito, em decorrência do cometimento de um crime de trânsito. No caso da suspensão</p><p>139</p><p>judicial o tempo de punição varia de 2 meses a 5 anos, conforme previsão do artigo 29315</p><p>do CTB.</p><p>A suspensão judicial pune quem já é habilitado, que ficará pelo tempo estabelecido</p><p>impedido de dirigir veículo automotor e, diferentemente da sanção administrativa</p><p>(prevista nos artigos 256, III, e 265), a suspensão judicial pode alcançar também aquele</p><p>que ainda não se habilitou, o qual ficará PROIBIDO de se habilitar, pelo prazo fixado</p><p>judicialmente, que pode ter a mesma variação indicada.</p><p>Com o trânsito em julgado da sentença condenatória, o sentenciado será intimado a</p><p>entregar a PPD ou a CNH, em um prazo de 48 horas. Se o condenado desobedecer a</p><p>penalidade imposta judicialmente, terá cometido crime de trânsito, conforme previsão</p><p>do artigo 30716 do CTB (violação da suspensão), com pena de detenção de seis meses a</p><p>um ano, como acima exposto.</p><p>A penalidade administrativa só serve para afastar o motorista da condução de um</p><p>veículo, enquanto que, caso a suspensão judicial seja violada, o motorista será</p><p>desobediente, nos termos do art. 33017 do Código Penal.</p><p>Ainda, segundo redação do §2° do artigo 293 o período de suspensão determinado NÃO</p><p>SERÁ computado enquanto o sentenciado, por efeito de condenação penal, estiver</p><p>recolhido a estabelecimento prisional, uma vez que a própria privação de liberdade já</p><p>acarretaria a impossibilidade de se dirigir veículo, o que tornaria inócua a sanção</p><p>imposta.</p><p>Os crimes de trânsito que a preveem expressamente a penalidade de suspensão são:</p><p>homicídio culposo (art. 302), lesão corporal culposa (art. 303), em caso de acidente,</p><p>deixar o condutor de prestar socorro à vítima ou se afastar do local do acidente (arts.</p><p>304 e 305), conduzir veículo com capacidade psicomotora alterada em razão da</p><p>influência de álcool ou outra substância psicoativa (art. 306), violar a suspensão</p><p>anteriormente imposta (artigo 307); participação em competição não autorizada (art.</p><p>308) e demais artigos do CTB da Seção II - “Dos Crimes em Espécie”.</p><p>Embora o artigo 292 estabeleça a possibilidade de aplicação da pena de maneira isolada,</p><p>em alguns dos crimes de trânsito mencionados, a suspensão ou proibição é prevista</p><p>como penalidade cumulativa à pena privativa de liberdade, de detenção.</p><p>15 Art. 293. A penalidade de suspensão ou de proibição de se obter a permissão ou a habilitação, para</p><p>dirigir veículo automotor, tem a duração de dois meses a cinco anos.</p><p>16 Art. 307. Violar a suspensão ou a proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo</p><p>automotor imposta com fundamento neste Código:</p><p>Penas - detenção, de seis meses a um ano e multa, com nova imposição adicional de idêntico prazo de</p><p>suspensão ou de proibição.</p><p>Parágrafo único. Nas mesmas penas incorre o condenado que deixa de entregar, no prazo estabelecido no</p><p>§ 1º do art. 293, a Permissão para Dirigir ou a Carteira de Habilitação.</p><p>17 Art. 330. Desobedecer a ordem legal de funcionário público:</p><p>Pena - detenção, de quinze dias a seis meses, e multa.</p><p>140</p><p>É válido ler com atenção essa Seção no CTB.</p><p>Cassação da Carteira Nacional de Habilitação</p><p>A cassação da CNH, como já vimos, é uma das penalidades previstas no artigo 256 do</p><p>CTB. A cassação da CNH retira de forma definitiva a licença concedida pelo Estado para</p><p>que alguém conduza veículo automotor.</p><p>Vale dizer que essa penalidade CASSA a CNH do motorista, assim, ele perde TODAS as</p><p>categorias de sua CNH.</p><p>A legitimidade ativa para instaurar e aplicar a penalidade de cassação será SEMPRE dos</p><p>DETRANs de cada estado e do Distrito Federal, por força do artigo 22, II18 do CTB e do</p><p>artigo 1919 da Resolução 723 do CONTRAN.</p><p>A penalidade de cassação, além da previsão no artigo 256 do CTB, também está prevista</p><p>no artigo 263 do CTB e no artigo 4° da Resolução do CONTRAN n° 723/18.</p><p>Vejam o que prevê o artigo 263 do CTB:</p><p>Art. 263. A cassação do documento de habilitação dar-se-á:</p><p>I - quando, suspenso o direito de dirigir, o infrator conduzir qualquer veículo;</p><p>II - no caso de reincidência, no prazo de doze meses, das infrações previstas no inciso</p><p>III do art. 162 e nos arts. 163, 164, 165, 173, 174 e 175;</p><p>III - quando condenado judicialmente por delito de trânsito, observado o disposto</p><p>no art. 160.</p><p>§ 1º Constatada, em processo administrativo, a irregularidade na expedição do</p><p>documento de habilitação, a autoridade expedidora promoverá o seu</p><p>cancelamento.</p><p>§ 2º Decorridos dois anos da cassação da Carteira Nacional de Habilitação, o</p><p>infrator poderá requerer sua reabilitação, submetendo-se a todos os exames</p><p>necessários à habilitação, na forma</p><p>estabelecida pelo CONTRAN.</p><p>E o que prevê o artigo 4° da Resolução do CONTRAN n° 723/18:</p><p>Art. 4º A cassação do documento de habilitação será imposta nos seguintes casos:</p><p>I - quando, suspenso o direito de dirigir, o infrator conduzir qualquer veículo;</p><p>18 Art. 22. Compete aos órgãos ou entidades executivos de trânsito dos Estados e do Distrito Federal, no</p><p>âmbito de sua circunscrição:</p><p>[...]II - realizar, fiscalizar e controlar o processo de formação, aperfeiçoamento, reciclagem e suspensão de</p><p>condutores, expedir e cassar Licença de Aprendizagem, Permissão para Dirigir e Carteira Nacional de</p><p>Habilitação, mediante delegação do órgão federal competente;</p><p>19 Art. 19. Deverá ser instaurado processo administrativo de cassação do documento de habilitação, pela</p><p>autoridade de trânsito do órgão executivo de seu registro, observado no que couber as disposições dos</p><p>Capítulos IV, V e VI, desta Resolução, quando:</p><p>141</p><p>II - no caso de reincidência, no prazo de doze meses, das infrações previstas no inciso</p><p>III do art. 162 e nos arts. 163, 164, 165, 173, 174 e 175, todos do CTB.</p><p>III - ao condutor que se utilize de veículo para a prática do crime de receptação,</p><p>descaminho, contrabando, previstos nos arts. 180, 334 e 334-A do Decreto-Lei nº</p><p>2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), condenado por um desses crimes</p><p>em decisão judicial transitada em julgado.</p><p>Praticamente o texto de lei se repete, mas é possível verificar que temos três hipóteses</p><p>(administrativas) para a instauração do processo administrativo de imposição da</p><p>penalidade de cassação da CNH:</p><p>a) quando o motorista que está suspenso, depois de esgotadas todas as</p><p>possibilidades de recurso e cadastrada a penalidade no RENACH, conduzir</p><p>qualquer veículo com dolo, ou seja, com a intenção de violar a suspensão do</p><p>direito de dirigir - ou seja, se este condutor não sabia que estava suspenso, não</p><p>sabe que está cometendo uma irregularidade - (erro de proibição);</p><p>b) se ele for reincidente, no prazo de 12 meses de uma das infrações listadas no</p><p>texto do artigo legal e</p><p>c) Se o condutor cometer crime de receptação, descaminho, contrabando em um</p><p>dos 3 crimes previstos no artigo supracitado e a decisão judicial já ter transitado</p><p>em julgado, terá a CNH cassada.</p><p>Essa última hipótese está prevista no art. 278-A do CTB, que foi inserido no CTB pela Lei</p><p>nº 13.804, de 2019.</p><p>Esta hipótese tem conflito com o CTB, pois não há essa previsão no art. 263 do CTB,</p><p>temos, então, uma situação atípica.</p><p>Deve o condutor, necessariamente, agir com dolo, no intuito de insistir em conduzir um</p><p>veículo, mesmo sabendo dos impedimentos administrativos impostos em sua</p><p>habilitação.</p><p>Assim, imprescindível que tenha existido um processo administrativo para a imposição</p><p>da penalidade de suspensão do direito de dirigir, cujo procedimento tenha garantido ao</p><p>condutor o direito à ampla defesa.</p><p>Não se aplica, portanto, a penalidade de cassação quando, mesmo flagrado conduzindo</p><p>um veículo, o condutor não tinha como saber do impedimento lançado em seu</p><p>prontuário, devido à falta de notificações do processo administrativo.</p><p>E isso acontece nos casos em que o processo de suspensão não garantiu ao condutor a</p><p>ciência sobre a instauração do processo de suspensão do direito de dirigir, por ausência</p><p>de notificações ou pelo chamado “incidente de notificação”, no qual, mesmo tendo sido</p><p>expedida a notificação ao condutor, não foi entregue ao destinatário por falha ou erro</p><p>de terceiros.</p><p>142</p><p>Essa situação é explicada pela doutrina como ERRO DE PROIBIÇÃO no qual o condutor,</p><p>imaginando estar com a carteira totalmente legalizada, conduz o veículo sem saber que,</p><p>na verdade, estava com seu direito de dirigir suspenso por determinado período.</p><p>Na concepção do ilustre Mirabete: Erro de tipo distingue-se do erro de proibição.</p><p>Enquanto o primeiro exclui o dolo, o segundo afasta a compreensão da antijuridicidade.</p><p>O erro de tipo se dá quando “o homem não sabe o que faz”; o erro de proibição quando</p><p>“sabe o que faz”, mas acredita que não é contrário à ordem jurídica: o erro do tipo</p><p>elimina a tipicidade dolosa; o erro de proibição pode eliminar a culpabilidade.</p><p>Assim, a ausência de notificações incide o condutor em erro de proibição inevitável, pois</p><p>não tinha como saber que sua conduta era ilícita.</p><p>Uma observação importante a se fazer é que o texto legal traz um rol taxativo de 6 (seis)</p><p>infrações que geram a cassação da CNH caso o infrator seja reincidente no período de</p><p>12 meses.</p><p>São elas: art. 162, III (dirigir veículo com categoria diferente); art. 163 (entregar veículo</p><p>a pessoa não habilitada, com habilitação suspensa/cassada, com categoria diferente,</p><p>com CNH vencida há mais de 30 dias ou com inobservância das restrições da CNH); art.</p><p>164 (permitir a posse do veículo a pessoa nas mesmas condições anteriormente</p><p>mencionadas); art. 165 (conduzir veículo sob influência de álcool); art. 173 (disputar</p><p>corrida por espírito de emulação); art. 174 (promoção ou participação em competição</p><p>não autorizada) e art. 175 (exibição de manobra perigosa).</p><p>Lembrando que não é reincidência a infração de trânsito continuada. Por isso, observar</p><p>a data, hora e local do cometimento da infração.</p><p>Se tiver pluralidade de autuações; infrações da mesma espécie; conexão temporal e</p><p>geográfica entre as autuações e autuações subsequentes, temos infrações continuadas,</p><p>que não podem ser consideradas como reincidência.</p><p>Quando o Processo de Cassação da CNH vai ser instaurado?</p><p>Não existe processo de cassação sem que haja infração ao art. 162, II do CTB.</p><p>Porém, o processo de cassação só pode ser aplicado após esgotados todos os meios de</p><p>defesa da penalidade de multa.</p><p>Vamos a leitura do art. 19 da Resolução 723 do CONTRAN:</p><p>CAPÍTULO VII - DA CASSAÇÃO DO DOCUMENTO DE HABILITAÇÃO</p><p>Art. 19. Deverá ser instaurado processo administrativo de cassação do documento</p><p>de habilitação, pela autoridade de trânsito do órgão executivo de seu registro,</p><p>143</p><p>observado no que couber as disposições dos Capítulos IV, V e VI, desta Resolução,</p><p>quando:</p><p>I - suspenso o direito de dirigir, o infrator conduzir qualquer veículo;</p><p>II - no caso de reincidência, no prazo de doze meses, das infrações previstas no inciso</p><p>III do art. 162 e nos arts. 163, 164, 165, 173, 174 e 175, todos do CTB.</p><p>III - no caso de condutor que se utilize de veículo para a prática do crime de</p><p>receptação, descaminho ou contrabando, previstos nos arts. 180, 334 e 334-A do</p><p>Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), condenado por um</p><p>desses crimes em decisão judicial transitada em julgado. (Inciso acrescentado pela</p><p>Resolução CONTRAN Nº 844 DE 09/04/2021).</p><p>§ 1º Na hipótese prevista no inciso I do caput:</p><p>I - o processo administrativo será instaurado após esgotados todos os meios de</p><p>defesa da infração que enseja a penalidade de cassação, na esfera administrativa,</p><p>devendo o órgão executivo de registro do documento de habilitação observar as</p><p>informações registradas no RENAINF; (Redação do inciso dada pela Resolução</p><p>CONTRAN Nº 844 DE 09/04/2021).</p><p>II - caso o condutor seja autuado por outra infração que preveja suspensão do</p><p>direito de dirigir, será aberto apenas o processo administrativo para cassação, sem</p><p>prejuízo da penalidade de multa;</p><p>III - a autoridade de trânsito de registro do documento de habilitação do condutor,</p><p>que tomar ciência da condução de veículo automotor por pessoa com direito de</p><p>dirigir suspenso, por qualquer meio de prova em direito admitido, deverá instaurar</p><p>o processo de cassação do documento de habilitação;</p><p>IV - quando não houver abordagem, não será instaurado processo de cassação do</p><p>documento de habilitação:</p><p>a) ao proprietário do veículo, nas infrações originalmente de sua responsabilidade;</p><p>b) nas infrações de estacionamento, quando não for possível precisar que o</p><p>momento inicial da conduta se deu durante o cumprimento da penalidade de</p><p>suspensão do direito de dirigir.</p><p>V - é possível a instauração</p><p>do processo de cassação do documento de habilitação</p><p>do proprietário que não realizar a indicação do condutor infrator de que trata o art.</p><p>257, § 7º, do CTB.</p><p>§ 2º Na hipótese prevista no inciso II do caput:</p><p>I - o processo administrativo será instaurado após esgotados todos os meios de</p><p>defesa da infração que configurou a reincidência, na esfera administrativa, devendo</p><p>o órgão executivo de registro do documento de habilitação observar as informações</p><p>registradas no RENAINF; (Redação do inciso dada pela Resolução CONTRAN Nº 844</p><p>DE 09/04/2021).</p><p>II - para fins de reincidência, serão consideradas as datas de cometimento das</p><p>infrações, independentemente da fase em que se encontre o processo de aplicação</p><p>de penalidade da primeira infração;</p><p>III - em relação à primeira infração, serão aplicadas todas as penalidades previstas;</p><p>IV - em relação à infração que configurar reincidência, caso haja previsão de</p><p>penalidade de suspensão do direito de dirigir, esta deixará de ser aplicada, em razão</p><p>da cassação.</p><p>§ 3º Poderá ser instaurado mais de um processo administrativo para aplicação da</p><p>penalidade de cassação, concomitantemente.</p><p>§ 4º Após a aplicação da penalidade de cassação, o órgão executivo de trânsito de</p><p>registro do documento de habilitação deverá registrar essa informação no RENACH</p><p>nos seguintes termos:</p><p>144</p><p>"Documento de habilitação cassado", com as datas de início e de término da</p><p>penalidade, observado o disposto no art. 16.</p><p>Prazo da Cassação da CNH</p><p>Diferentemente da suspensão, onde o prazo da penalidade pode variar, a penalidade de</p><p>cassação impõe ao motorista SEMPRE uma pena de 2 anos. Essa é a previsão do § 2° do</p><p>art. 263 do CTB.</p><p>Sem muito segredo e sem maiores considerações. Quando a penalidade é imposta, ela</p><p>será SEMPRE por 2 anos e depois, para ter a CNH de volta, o motorista deve ser</p><p>reabilitar, na forma do art. 20 da Resolução 723 do CONTRAN:</p><p>Art. 20. Decorridos 02 (dois) anos da cassação do documento de habilitação, o</p><p>infrator poderá requerer a sua reabilitação, submetendo-se a todos os exames</p><p>necessários, na forma estabelecida no § 2º do art. 263, do CTB.</p><p>§ 1º Decorrido o prazo previsto no caput, o condutor será considerado inabilitado</p><p>até a conclusão do processo de reabilitação. (Redação do parágrafo dada pela</p><p>Resolução CONTRAN Nº 844 DE 09/04/2021).</p><p>§ 2º No caso de cassação decorrente de decisão judicial com base no art. 278-A do</p><p>CTB, o prazo para o infrator poder requerer sua habilitação é de 5 (cinco)</p><p>anos. (Parágrafo acrescentado pela Resolução CONTRAN Nº 844 DE 09/04/2021).</p><p>Anotações:</p><p>_________________________________________________________________</p><p>_________________________________________________________________</p><p>_________________________________________________________________</p><p>_________________________________________________________________</p><p>_________________________________________________________________</p><p>_________________________________________________________________</p><p>_________________________________________________________________</p><p>_________________________________________________________________</p><p>_________________________________________________________________</p><p>_________________________________________________________________</p><p>_________________________________________________________________</p><p>_________________________________________________________________</p><p>_________________________________________________________________</p><p>_________________________________________________________________</p><p>_________________________________________________________________</p><p>Cassação sem flagrante e infrações de responsabilidade do</p><p>proprietário</p><p>145</p><p>O artigo 263 do CTB, exige que o infrator conduza o veículo e pressupõe que ele seja</p><p>flagrado nesta condição (e não simplesmente tenha registrado, no seu prontuário,</p><p>pontuação por infração cometida com veículo de sua propriedade).</p><p>Ou seja, se não for feita a indicação de condutor, na forma do §7º do art. 257 do CTB, a</p><p>CNH do proprietário do veículo poderá ser cassada, nos termos do inciso V do art. 19 da</p><p>Resolução 723 do CONTRAN:</p><p>V - é possível a instauração do processo de cassação do documento de habilitação</p><p>do proprietário que não realizar a indicação do condutor infrator de que trata o</p><p>art. 257, § 7º, do CTB.</p><p>Esse trecho do texto legal aqui destacado, corrobora a ideia de que o flagrante é</p><p>desnecessário. Porém, como dito, o CTB dá a entender a necessidade do flagrante. Para</p><p>dirimir essa controvérsia, vale a análise do caso concreto e da interpretação do juiz, se</p><p>o caso for levado ao judiciário.</p><p>Porém, há alguns casos em que, pela redação da Resolução 723, se não houver o</p><p>flagrante, a penalidade não poderá ser instaurada.</p><p>É o caso do artigo 19, IV, “a” da Resolução 723 do CONTRAN que diz que: NÃO será</p><p>instaurado processo de cassação ao proprietário do veículo nas infrações originalmente</p><p>de sua responsabilidade, vejamos:</p><p>Art. 19. Deverá ser instaurado processo administrativo de cassação do documento</p><p>de habilitação, pela autoridade de trânsito do órgão executivo de seu registro,</p><p>observado no que couber as disposições dos Capítulos IV, V e VI, desta Resolução,</p><p>quando:</p><p>I - suspenso o direito de dirigir, o infrator conduzir qualquer veículo;</p><p>[...]</p><p>IV - quando não houver abordagem, não será instaurado processo de cassação do</p><p>documento de habilitação:</p><p>a) ao proprietário do veículo, nas infrações originalmente de sua</p><p>responsabilidade;</p><p>Segundo o § 2º do art. 257 do CTB, ao proprietário caberá sempre a responsabilidade</p><p>pela infração referente à prévia regularização e preenchimento das formalidades e</p><p>condições exigidas para o trânsito do veículo na via terrestre, conservação e</p><p>inalterabilidade de suas características, componentes, agregados, habilitação legal e</p><p>compatível de seus condutores, quando esta for exigida, e outras disposições que deva</p><p>observar, independentemente da identificação do condutor.</p><p>Trocando em miúdos, na regra atual, se a infração cometida for de responsabilidade</p><p>exclusiva do proprietário do veículo e, se NÃO HOUVER ABORDAGEM, não poderá ser</p><p>instaurado processo de cassação da CNH deste condutor.</p><p>146</p><p>Vou dar um exemplo: suponhamos que o cliente tenha sido autuado, sem abordagem,</p><p>por infração ao art. 230, XXII do CTB, ou seja, “conduzir o veículo com defeito no sistema</p><p>de iluminação, de sinalização ou com lâmpadas queimadas”.</p><p>Sabemos, olhando a ficha do Manual Brasileiro de Fiscalização de Trânsito, bem como a</p><p>Portaria n° 354 da SENATRAN, que estamos diante de uma infração de responsabilidade</p><p>do proprietário:</p><p>Vide: https://www.in.gov.br/web/dou/-/portaria-n-354-de-31-de-marco-de-2022-390301324</p><p>Isso quer dizer que, se esse proprietário estiver suspenso e estiver dirigindo seu veículo</p><p>com o farol queimado e NÃO HOUVER ABORDAGEM, NÃO poderá ser instaurado</p><p>processo de cassação do direito de dirigir deste motorista.</p><p>Cassação da CNH Judicial</p><p>A penalidade judicial de cassação é aplicada quando um juiz decide pela condenação de</p><p>um condutor acusado de crime de trânsito, conforme a leitura do próprio art. 263, III do</p><p>CTB.</p><p>Recente inovação no CTB, foi quando da edição da Lei n° 13.804/2019, que dispõe sobre</p><p>medidas de prevenção e repressão ao contrabando, ao descaminho, ao furto, ao roubo</p><p>e à receptação.</p><p>Essa lei incluiu o art. 278-A e seus parágrafos:</p><p>Art. 278-A. O condutor que se utilize de veículo para a prática do crime de</p><p>receptação, descaminho, contrabando, previstos nos arts. 180, 334 e 334-A do</p><p>Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), condenado por um</p><p>desses crimes em decisão judicial transitada em julgado, terá cassado seu</p><p>documento de habilitação ou será proibido de obter a habilitação para dirigir</p><p>veículo automotor pelo prazo de 5 (cinco) anos.</p><p>1º O condutor condenado poderá requerer sua reabilitação, submetendo-se a todos</p><p>os exames necessários à habilitação, na forma deste Código.</p><p>§ 2º No caso do condutor preso em flagrante na</p><p>prática dos crimes de que trata o</p><p>caput deste artigo, poderá o juiz, em qualquer fase da investigação ou da ação</p><p>penal, se houver necessidade para a garantia da ordem pública, como medida</p><p>cautelar, de ofício, ou a requerimento do Ministério Público ou ainda mediante</p><p>representação da autoridade policial, decretar, em decisão motivada, a suspensão</p><p>da permissão ou da habilitação para dirigir veículo automotor, ou a proibição de</p><p>sua obtenção.</p><p>Cassação ou cancelamento da Permissão para Dirigir - PPD?</p><p>http://www.denatran.gov.br/download/Portarias/2007/PORTARIA_DENATRAN_59_07.pdf</p><p>https://www.in.gov.br/web/dou/-/portaria-n-354-de-31-de-marco-de-2022-390301324</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del2848.htm#art180</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del2848.htm#art334</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del2848.htm#art334</p><p>147</p><p>Como vimos, após conferida a permissão para dirigir, o candidato passa a ser</p><p>permissionário, uma vez que está em posse da permissão para dirigir.</p><p>Analisando o §3° do citado artigo, esquecendo da interpretação gramatical (lei ao pé da</p><p>letra), é sabido que há a possibilidade de se defender contra qualquer penalidade.</p><p>Isso quer dizer que, antes de ser imposta a penalidade de cassação da PPD, é possível</p><p>que o permissionário apresente defesa e recursos da penalidade de multa, conforme</p><p>previsão das Resoluções 900 e 918 do CONTRAN.</p><p>Como você pode perceber com a explicação acima, cassação e cancelamento são</p><p>nomenclaturas completamente distintas, sendo que somente a cassação é uma</p><p>penalidade.</p><p>Ocorre que, estamos diante de uma letra de lei morta, uma vez que não há cassação da</p><p>PPD, mas sim cancelamento da PPD e você vai entender agora o porquê.</p><p>O cancelamento acontece toda vez que o permissionário comete uma infração grave ou</p><p>gravíssima ou quando ele é reincidente em multa média. Isso quer dizer que ele não</p><p>conseguirá, após o período de 12 meses, adquirir a CNH definitiva.</p><p>Também vai acontecer o cancelamento da PPD após o permissionário ter adquirido a</p><p>CNH definitiva, pelo efeito suspensivo que é concedido à penalidade de multa enquanto</p><p>passível de recurso, se o mesmo foi indeferido.</p><p>Vou te dar dois exemplos para que você entenda melhor.</p><p>Exemplo 1: Bino conseguiu a PPD em fevereiro/2019. Em Maio/2019 ele comete uma</p><p>infração gravíssima. Apresenta defesa e recursos e em novembro/2019 o CETRAN nega</p><p>provimento do recurso.</p><p>Te pergunto: deu tempo de ser a ele conferida a CNH definitiva? Não. Então isso quer</p><p>dizer que ele terá a CNH cancelada, que não é uma penalidade. Isso quer dizer que não</p><p>é possível apresentar defesa e recursos contra o cancelamento e não contra a</p><p>penalidade de multa.</p><p>Exemplo 2: Bino conseguiu a PPD em fevereiro/2019. Em Maio/2019 ele comete uma</p><p>infração gravíssima. Apresenta defesa e recursos. Em fevereiro/2020, ele adquire a CNH</p><p>definitiva e, apenas em abril/2020 o CETRAN julga o recurso, negando provimento.</p><p>Neste outro exemplo, onde deu tempo de Bino adquirir a CNH definitiva, por conta do</p><p>efeito suspensivo aplicado à penalidade de multa, te pergunto: o que acontecerá com a</p><p>CNH definitiva dele?</p><p>Neste último caso, o DETRAN vai enviar uma carta/notificação para Bino, informando o</p><p>cancelamento da CNH que foi expedida indevidamente, por conta da infração cometida</p><p>enquanto ele era permissionário.</p><p>148</p><p>Nemo Potest Venire Contra Factum Proprium</p><p>De outro lado, ao expedir a carteira nacional de habilitação do Requerente, com base</p><p>no cumprimento objetivo dos requisitos previstos no artigo 148, §3º, do Código de</p><p>Trânsito Brasileiro, não pode o órgão executivo de trânsito voltar-se contra o ato que</p><p>praticou, declarando-o viciado e cancelando a carteira definitiva, por ter lançado</p><p>tardiamente os pontos no prontuário do condutor, contradizendo aquilo que</p><p>anteriormente havia afirmado.</p><p>Trata-se de uma atitude juridicamente inaceitável, descrita pela doutrina na expressão</p><p>venire contra factum proprium, ou seja, contestar atos que ele mesmo praticou.</p><p>Em outras palavras, aquele que aderiu a um determinado comportamento, não poderá</p><p>se opor às consequências jurídicas dele exaladas, em razão da legítima expectativa da</p><p>outra parte, que, de boa-fé, pressupõe a ocorrência de determinados efeitos.</p><p>Assim, mediante a obtenção da Carteira Nacional de Habilitação com base no artigo 148,</p><p>§ 3º, a expectativa é de que resta inaplicável o parágrafo quarto do mesmo artigo, não</p><p>havendo justificativa para o órgão de trânsito contrariar seu próprio ato.</p><p>O princípio Nemo Potest Venire Contra Factum Proprium está presente nesse tipo de</p><p>atitude de cancelamento da permissão em momento posterior à expedição da CNH,</p><p>quais sejam:</p><p>a) O factum proprium, ou o ato inicial do Requerido que emitiu a carteira de</p><p>habilitação com base no artigo 148, § 3º;</p><p>b) legítima confiança do condutor na conservação de sua conduta, por ter sido</p><p>embasada em requisitos de lei;</p><p>c) O comportamento contraditório do órgão de trânsito, que afirma o</p><p>descumprimento dos pressupostos do art. 148, § 3º;</p><p>d) A existência de um dano ou um potencial de dano a partir da contradição,</p><p>qual seja a obrigação de reiniciar todo o processo de habilitação após dois anos</p><p>como condutor habilitado, como se nunca tivesse possuído a carteira nacional</p><p>de habilitação.</p><p>Isso leva ao entendimento que não é possível cancelar a Carteira Nacional de Habilitação</p><p>com fundamento no descumprimento de norma que anteriormente foi considerada</p><p>como cumprida.</p><p>Suspensão X Cassação</p><p>149</p><p>É muito comum que a grande maioria das pessoas (profissionais e motoristas)</p><p>confundam as penalidades de suspensão e cassação. Neste tópico quero diferenciar</p><p>essas duas penalidades.</p><p>Suspensão do direito de dirigir Cassação da CNH</p><p>Acontece sempre que o motorista atingir, no</p><p>período de 12 (doze) meses, a seguinte</p><p>contagem de pontos:</p><p>a) 20 (vinte) pontos, caso constem 2 (duas)</p><p>ou mais infrações gravíssimas na pontuação;</p><p>b) 30 (trinta) pontos, caso conste 1 (uma)</p><p>infração gravíssima na pontuação;</p><p>c) 40 (quarenta) pontos, caso não conste</p><p>nenhuma infração gravíssima na pontuação;</p><p>ou se o motorista cometer uma infração</p><p>auto suspensiva.</p><p>Prevista no artigo 26320 do CTB, a cassação</p><p>acontece em 3 (três) hipóteses:</p><p>(I) sempre que o motorista, que estiver</p><p>cumprindo a penalidade de suspensão,</p><p>conduza qualquer veículo;</p><p>(II) sempre que o motorista for reincidente</p><p>em algumas infrações;</p><p>(III) ou quando ele for condenado</p><p>judicialmente por delito de trânsito;</p><p>(Resol. 723) ao condutor que se utilize de</p><p>veículo para a prática do crime de</p><p>receptação, descaminho, contrabando,</p><p>previstos nos arts. 180, 334 e 334-A do</p><p>Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de</p><p>1940, condenado por um desses crimes em</p><p>decisão judicial transitada em julgado.</p><p>É uma penalidade temporária É uma penalidade definitiva</p><p>Após o período de suspensão imposto ao</p><p>motorista, para voltar a dirigir, ele precisará</p><p>passar pelo curso de reciclagem.</p><p>Após o período de 2 (dois) anos (SEMPRE</p><p>será pelo período de 2 anos), para voltar a</p><p>dirigir, o motorista deve se reabilitar.</p><p>Essas são as principais diferenças entre as penalidades de suspensão e cassação.</p><p>Inclusive a nomenclatura é diferente: SUSPENSÃO do direito de dirigir e CASSAÇÃO do</p><p>documento de habilitação (Carteira Nacional de Habilitação - CNH, inclusive da</p><p>Permissão para Dirigir).</p><p>Anotações:</p><p>20 Art. 263. A cassação do documento de habilitação dar-se-á:</p><p>I - quando, suspenso o direito de dirigir, o infrator conduzir qualquer veículo;</p><p>II - no caso de reincidência, no prazo de doze meses, das infrações previstas no inciso III do art. 162 e nos</p><p>arts. 163, 164, 165, 173, 174 e 175;</p><p>III - quando condenado judicialmente por delito de trânsito, observado o disposto no art. 160.</p><p>§ 1º Constatada, em processo administrativo, a irregularidade na expedição do documento de habilitação,</p><p>a autoridade expedidora promoverá o seu cancelamento.</p><p>§ 2º Decorridos</p><p>dois anos da cassação da Carteira Nacional de Habilitação, o infrator poderá requerer sua</p><p>reabilitação, submetendo-se a todos os exames necessários à habilitação, na forma estabelecida pelo</p><p>CONTRAN.</p><p>150</p><p>_________________________________________________________________</p><p>_________________________________________________________________</p><p>_________________________________________________________________</p><p>_________________________________________________________________</p><p>_________________________________________________________________</p><p>_________________________________________________________________</p><p>_________________________________________________________________</p><p>_________________________________________________________________</p><p>_________________________________________________________________</p><p>_________________________________________________________________</p><p>_________________________________________________________________</p><p>_________________________________________________________________</p><p>_________________________________________________________________</p><p>_________________________________________________________________</p><p>Notificações e o Processo Administrativo para instauração das</p><p>penalidades de suspensão do direito de dirigir e cassação da CNH</p><p>A instauração do processo administrativo punitivo de suspensão do direito de dirigir por</p><p>acumulo de pontos ocorre sempre que, após esgotadas todas as possibilidades de</p><p>recurso, a penalidade de multa e os pontos dela decorrente, for cadastrada no RENACH.</p><p>Isso é o que determina o artigo 290, do Código de Trânsito Brasileiro:</p><p>Art. 290. Implicam encerramento da instância administrativa de julgamento de</p><p>infrações e penalidades:</p><p>I - o julgamento do recurso de que tratam os arts. 288 e 289;</p><p>II - a não interposição do recurso no prazo legal; e</p><p>III - o pagamento da multa, com reconhecimento da infração e requerimento de</p><p>encerramento do processo na fase em que se encontra, sem apresentação de defesa</p><p>ou recurso.</p><p>Parágrafo único. Esgotados os recursos, as penalidades aplicadas nos termos deste</p><p>Código serão cadastradas no RENACH.</p><p>Isso leva à conclusão que, havendo autuações pendentes de julgamento em segunda</p><p>instância, os pontos relativos a essas infrações não podem ser computados com o intuito</p><p>de instauração do processo.</p><p>Ademais, o direito de ampla defesa preconizado no artigo 265, remete à participação do</p><p>condutor em todas as fases processuais, sem qualquer exclusão.</p><p>O CONTRAN também proferiu esse entendimento ao editar a resolução 723, que em seu</p><p>artigo 6º prevê que:</p><p>151</p><p>Art. 6º Esgotados todos os meios de defesa da infração na esfera administrativa, a</p><p>pontuação prevista no art. 259 do CTB será considerada para fins de instauração de</p><p>processo administrativo para aplicação da penalidade de suspensão do direito de</p><p>dirigir.</p><p>Logo, se o processo administrativo for instaurado de forma precipitada, deverá ser</p><p>considerado inconsistente, sendo arquivado a pedido do condutor.</p><p>Depois de arquivado, não pode ser instaurado novo processo administrativo com base</p><p>nas mesmas infrações, posto que o Código de Trânsito Brasileiro não traz a previsão de</p><p>convalidação do ato administrativo, ou seja, não cabe restaurar o ato administrativo que</p><p>havia sido declarado inconsistente, ainda que seja corrigido posteriormente.</p><p>Como é sabido, todo ato administrativo que impute penalidade a quem quer que seja,</p><p>deverá dar ao penalizado oportunidade de exercer o direito de resposta previsto no</p><p>inciso LV21 do artigo 5° da Constituição Federal.</p><p>Para que o exercício do contraditório e da ampla defesa aconteça no processo de</p><p>suspensão, é necessário que o DETRAN ou o órgão competente notifique o infrator a ser</p><p>penalizado.</p><p>A notificação inicia todo o processo administrativo para a imposição da penalidade de</p><p>suspensão e a notificação que instaura o processo, está prevista no artigo 10° da</p><p>Resolução 723 do CONTRAN.</p><p>A finalidade desta notificação é dar ciência ao penalizado da instauração do processo</p><p>administrativo para imposição da penalidade, conforme previsto no artigo 261 do CTB.</p><p>Ela também serve para que o notificado exerça o seu direito ao contraditório e à ampla</p><p>defesa, pois é nesta notificação que constará a data do término do prazo para</p><p>apresentação da defesa.</p><p>A notificação de instauração do processo administrativo para a aplicação da suspensão</p><p>do direito de dirigir deve trazer elementos que proporcionem ao condutor saber:</p><p>1. Quais são as infrações que compõem o processo;</p><p>2. Saber os dados de cada uma dessas infrações, como nº da autuação,</p><p>órgão autuante, placa do veículo autuado, tipificação das infrações, local,</p><p>data e horário de seu cometimento;</p><p>3. Prazo para apresentação da defesa prévia.</p><p>A notificação deve ser enviada por remessa postal ou qualquer outro meio tecnológico</p><p>hábil que assegure a ciência da imposição da penalidade.</p><p>21 LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o</p><p>contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes;</p><p>152</p><p>Veja o que diz o artigo 10 da citada Resolução:</p><p>Art. 10. O ato instaurador do processo administrativo de suspensão do direito de</p><p>dirigir de que trata esta Resolução, conterá o nome, a qualificação do infrator, a(s)</p><p>infração(ões) com a descrição sucinta dos fatos e a indicação dos dispositivos legais</p><p>pertinentes.</p><p>§ 1º Instaurado o processo, far-se-á a respectiva anotação no prontuário do</p><p>infrator, a qual não constituirá qualquer impedimento ao exercício dos seus direitos.</p><p>§ 2º A autoridade de trânsito deverá expedir notificação ao infrator, contendo no</p><p>mínimo, os seguintes dados:</p><p>I - a identificação do infrator e do órgão de registro do documento de habilitação;</p><p>II - a finalidade da notificação, qual seja, dar ciência da instauração do processo</p><p>administrativo para imposição da penalidade de suspensão do direito de dirigir por</p><p>somatório de pontos, por infração específica ou por resultado positivo em exame</p><p>toxicológico periódico previsto no § 2º do art. 148-A do CTB; (Redação do inciso</p><p>dada pela Resolução CONTRAN Nº 844 DE 09/04/2021).</p><p>III - a data do término do prazo para apresentação da defesa;</p><p>IV - informações referentes à(s) infração(ões) que ensejou(aram) a abertura do</p><p>processo administrativo, fazendo constar:</p><p>a) o(s) número(s) do(s) auto(s) de infração(ões);</p><p>b) órgão(s) ou entidade(s) que aplicou(aram) a(s) penalidade(s) de multa;</p><p>c) a(s) placa(s) do(s) veículo(s);</p><p>d) tipificação(ões), código(s) da(s) infração(ões) e enquadramento(s) legal(is);</p><p>e) a(s) data(s) da(s) infração(ões); e</p><p>f) o somatório dos pontos, quando for o caso.</p><p>§ 3º A notificação será expedida ao infrator por remessa postal, por meio</p><p>tecnológico hábil ou por outro meio que assegure a sua ciência.</p><p>§ 4º A ciência da instauração do processo e da data do término do prazo para</p><p>apresentação da defesa também poderá se dar no próprio órgão ou entidade de</p><p>trânsito, responsável pelo processo, mediante certidão nos autos.</p><p>§ 5º Da notificação constará a data do término do prazo para a apresentação da</p><p>defesa, que não será inferior a 30 (trinta) dias contados a partir da data da</p><p>notificação da instauração do processo administrativo. (Redação do parágrafo</p><p>dada pela Resolução CONTRAN Nº 844 DE 09/04/2021).</p><p>§ 6º A notificação devolvida, por desatualização do endereço do infrator no</p><p>RENACH, será considerada válida para todos os efeitos legais.</p><p>§ 7º A notificação a pessoal de missões diplomáticas, de repartições consulares de</p><p>carreira e de representações de organismos internacionais e de seus integrantes</p><p>será remetida ao Ministério das Relações Exteriores para as providências cabíveis,</p><p>passando a correr os prazos a partir do seu conhecimento pelo infrator.</p><p>§ 8º Os órgãos ou entidades integrantes do SNT, para fins de instauração do</p><p>processo de suspensão do direito de dirigir ou de cassação do documento de</p><p>habilitação, deverão considerar, exclusivamente, as informações</p><p>constantes no</p><p>RENAINF. (Redação do parágrafo dada pela Resolução CONTRAN Nº 844 DE</p><p>09/04/2021).</p><p>(Parágrafo acrescentado pela Resolução CONTRAN Nº 844 DE 09/04/2021):</p><p>§ 9º No caso de processo de suspensão do direito de dirigir decorrente do resultado</p><p>positivo no exame toxicológico, a notificação de instauração do processo</p><p>administrativo deverá ser encaminhada ao condutor examinado e conter, além do</p><p>disposto no § 2º, no mínimo:</p><p>153</p><p>I - nome e CNPJ do laboratório responsável pelo resultado do exame ou da</p><p>contraprova, caso esta tenha sido realizada;</p><p>II - número do laudo;</p><p>III - data do exame;</p><p>IV - resultado do exame; e</p><p>V - substâncias detectadas.</p><p>§ 10. Para fins do § 9º, não se aplica o disposto no inciso IV do § 2º. (Parágrafo</p><p>acrescentado pela Resolução CONTRAN Nº 844 DE 09/04/2021).</p><p>Atenção a este ponto: se esta notificação for devolvida por desatualização do endereço</p><p>da CNH, será considerada válida para todos os efeitos legais, conforme leitura do § 6°</p><p>supracitado.</p><p>Por isso, antes de iniciar sua defesa baseada na ausência de notificação por parte do</p><p>órgão de trânsito, é necessário solicitar a cópia integral do processo administrativo em</p><p>questão, para verificar se o endereço do motorista estava devidamente atualizado no</p><p>RENACH22. Isso porque, muitas vezes, o cliente não se lembra qual o endereço que está</p><p>cadastrado e, confiar apenas na palavra dele pode ser um tiro no pé.</p><p>Por isso a necessidade de solicitar a cópia integral do processo administrativo, incluindo</p><p>o comprovante/envio das notificações. Vamos ver essa questão mais adiante, quando</p><p>falarmos das teses de recursos administrativos e peças processuais.</p><p>Ressalva deve ser feita de que não existe previsão legal para a notificação</p><p>exclusivamente por notificação eletrônica e tão pouco o CONTRAN disciplinou essa</p><p>forma de notificação.</p><p>Sendo assim, a regra é da notificação via postal e caso seja necessário, a notificação deve</p><p>ser realizada mediante publicação de edital em diário oficial.</p><p>Não existe um prazo determinado por Lei para que seja expedida a primeira notificação</p><p>de instauração do processo administrativo, no caso de suspensão por acúmulo de</p><p>pontos, entretanto, uma vez expedida, atrai a regra contida no artigo 282, do Código de</p><p>Trânsito Brasileiro, havendo um prazo limite para que a segunda notificação seja</p><p>expedida, inclusive no caso de apresentação de defesa prévia.</p><p>O condutor poderá apresentar defesa prévia junto à autoridade de trânsito do órgão</p><p>executivo estadual, no qual sua carteira de habilitação está registrada, ainda que as</p><p>autuações tenham ocorrido em outra unidade da federação.</p><p>Nesse primeiro momento, o condutor pode apresentar argumentos relativos aos atos</p><p>administrativos que levaram à instauração do processo, tais como:</p><p>22 RENACH é a sigla para Registro Nacional de Carteira de Habilitação, onde é um sistema que registra</p><p>toda as informações do condutor contendo as informações da CNH ( Carteira nacional de Trânsito),</p><p>alteração de categoria, penalidades de trânsito, vencimento da habilitação e alterações de endereço do</p><p>condutor.</p><p>154</p><p>I. Autuação irregular ou inconsistente;</p><p>II. Erros de anotação nos autos de infração;</p><p>III. Falta de Notificação em prazo hábil;</p><p>IV. Decadência do direito de punir do órgão autuante.</p><p>Isso porque, mesmo no caso de autuações lavradas por outros órgãos de trânsito, a</p><p>competência para analisar esses atos administrativos antes de aplicar a penalidade de</p><p>suspensão do direito de dirigir é do órgão executivo de trânsito do estado, o DETRAN.</p><p>Senão, vejamos o que diz o artigo 281:</p><p>Art. 281. A autoridade de trânsito, na esfera da competência estabelecida neste</p><p>Código e dentro de sua circunscrição, julgará a consistência do auto de infração e</p><p>aplicará a penalidade cabível.</p><p>Parágrafo único. O auto de infração será arquivado e seu registro julgado</p><p>insubsistente:</p><p>I - se considerado inconsistente ou irregular;</p><p>II - se, no prazo máximo de trinta dias, não for expedida a notificação da autuação.</p><p>O caput do artigo 281 não remete exclusivamente à penalidade de multa.</p><p>Pelo contrário, determina que cada autoridade competente para aplicar uma</p><p>penalidade, qualquer que seja essa penalidade, deve julgar a consistência do auto de</p><p>infração.</p><p>Logo, se o auto de infração for inconsistente, irregular ou tendo sido expedido fora do</p><p>prazo legal, inclusive aqueles prazos estabelecidos no artigo 282, que levam à</p><p>decadência do direito de punir, deve a autoridade de trânsito competente por aplicar a</p><p>penalidade de suspensão, determinar a exclusão dessas autuações para o fim de compor</p><p>o processo administrativo.</p><p>Dessa forma, mesmo mantendo a penalidade de multa, já que não terá competência</p><p>para declarar sua nulidade, a autoridade pode afastar essa autuação do processo</p><p>administrativo de suspensão do direito de dirigir, determinando seu arquivamento.</p><p>Nenhuma norma de competência será violada, agindo dessa forma.</p><p>Necessário considerar que o art. 282 também deve ser observado, mesmo nos recursos</p><p>de suspensão e cassação da CNH.</p><p>Muito bem. Recebida essa primeira notificação, o notificado pode apresentar ou não</p><p>defesa. Vale frisar que os critérios gerais para apresentação de defesa, recursos ou</p><p>outros requerimentos deverão seguir as disposições constantes na Resolução do</p><p>CONTRAN nº 900, vale a pena a leitura desta Resolução, ela tem apenas 14 artigos.</p><p>Se o órgão julgador acolher as razões da defesa, segundo o artigo 13 da Resolução 723,</p><p>o processo será arquivado e nova notificação deverá ser enviada para o interessado.</p><p>Esta notificação servirá para avisá-lo sobre o arquivamento da penalidade.</p><p>155</p><p>Se o notificado não apresentar defesa ou se ela não for conhecida ou acolhida, o DETRAN</p><p>aplicará a penalidade de suspensão do direito de dirigir. Assim, será expedida a segunda</p><p>notificação denominada Notificação de Penalidade.</p><p>Aqui, muito embora não tenha prazo para a expedição da notificação de instauração do</p><p>processo de suspensão, para a expedição da notificação de imposição da penalidade,</p><p>vamos invocar o art. 282 do CTB e aí teremos um prazo limite para a expedição desta</p><p>notificação - 180 dias para aplicar a penalidade (caso não tenha havido apresentação de</p><p>defesa) e 360 dias de prazo, caso o condutor tenha apresentado defesa prévia.</p><p>Notificação de Aplicação de Penalidade</p><p>A Notificação de Aplicação de Penalidade (N.A.P.) inaugura a primeira instância recursal,</p><p>com prazo para interposição de recurso à JARI.</p><p>Conforme já explanado anteriormente, após expedida a notificação de instauração do</p><p>processo de suspensão do direito de dirigir por acúmulo de pontos, haverá um prazo</p><p>limite para que seja aplicada a penalidade.</p><p>Essa regra está contida no §6º do artigo 282, do Código de Trânsito Brasileiro:</p><p>Art. 282. Caso a defesa prévia seja indeferida ou não seja apresentada no prazo</p><p>estabelecido, será aplicada a penalidade e expedida notificação ao proprietário do</p><p>veículo ou ao infrator, por remessa postal ou por qualquer outro meio tecnológico</p><p>hábil que assegure a ciência da imposição da penalidade.</p><p>§ 1º A notificação devolvida por desatualização do endereço do proprietário do</p><p>veículo será considerada válida para todos os efeitos.</p><p>Há que se observar a generalidade do artigo 282, ou seja, não é uma norma exclusiva</p><p>para a aplicação da penalidade de multa e sim de qualquer penalidade.</p><p>Isso leva ao entendimento de que, havendo a demora por parte do órgão executivo de</p><p>trânsito do estado em expedir a segunda notificação, pode perder o direito de punir.</p><p>§ 6º O prazo para expedição das notificações das penalidades previstas no art. 256</p><p>deste Código é de 180 (cento e oitenta) dias ou, se houver interposição de defesa</p><p>prévia, de 360 (trezentos e sessenta) dias, contado:</p><p>I - no caso das penalidades previstas nos incisos I e II do caput do art. 256 deste</p><p>Código, da data do cometimento da infração;</p><p>II - no caso das demais penalidades previstas no art. 256 deste</p><p>Código, da conclusão</p><p>do processo administrativo da penalidade que lhe der causa.</p><p>§ 7º O descumprimento dos prazos previstos no § 6º deste artigo implicará a</p><p>decadência do direito de aplicar a respectiva penalidade.</p><p>156</p><p>A segunda notificação, portanto, deve ser expedida no prazo máximo de 180 dias,</p><p>contados da data da instauração do processo administrativo, por analogia ou 360 dias,</p><p>se houver apresentação de defesa prévia.</p><p>A notificação de aplicação da penalidade tem previsão no artigo 15 da Resolução 723,</p><p>vamos lê-lo:</p><p>Art. 15. Aplicada a penalidade, a autoridade de trânsito competente deverá</p><p>notificar o condutor informando-lhe:</p><p>I - identificação do órgão responsável pela aplicação da penalidade;</p><p>II - identificação do infrator e número do registro do documento de habilitação;</p><p>III - número do processo administrativo;</p><p>IV - a penalidade de suspensão do direito de dirigir aplicada, incluída a dosimetria</p><p>fixada, e sua fundamentação legal;</p><p>V - a data limite para entrega do documento de habilitação físico ou para interpor</p><p>recurso à JARI;</p><p>VI - a data em que iniciará o cumprimento da penalidade fixada, caso não seja</p><p>entregue o documento de habilitação físico e não seja interposto recurso à JARI, nos</p><p>termos do artigo 16 desta Resolução.</p><p>É importante destacar que na notificação de imposição da penalidade já deve constar a</p><p>data limite para a entrega da CNH para que se inicie o cumprimento da penalidade, ou</p><p>para que o interessado apresente o recurso à JARI, que é o recurso em primeira</p><p>instância.</p><p>Esses prazos não podem ser alterados por resolução do CONTRAN, posto que tornaria</p><p>desigual a regra, em relação ao processo de suspensão do direito de dirigir por infração</p><p>específica, que tem exatamente a mesma duração do processo de multa.</p><p>E da mesma forma que a multa, nessa segunda fase a regra é o prazo para a aplicação</p><p>da penalidade, ou seja, tanto a notificação via postal como a notificação editalícia devem</p><p>ocorrer antes da preclusão do prazo e decadência do direito de punir.</p><p>O condutor pode apresentar nessa fase processual tanto os argumentos contra os atos</p><p>administrativos que levaram à instauração do processo como argumentos de preclusão</p><p>de prazos e decadência do direito de punir, além das alegações de mérito a respeito do</p><p>cometimento das infrações.</p><p>Esses argumentos serão apresentados através da interposição de recurso à JARI,</p><p>apresentado junto à autoridade de trânsito que aplicou a penalidade de suspensão do</p><p>direito de dirigir, que remeterá a peça à junta administrativa – JARI, nos termos do artigo</p><p>285:</p><p>Art. 285. O recurso contra a penalidade imposta nos termos do art. 282 deste Código</p><p>será interposto perante a autoridade que imputou a penalidade e terá efeito</p><p>suspensivo.</p><p>157</p><p>Após a apresentação do recurso, tem-se o efeito suspensivo ao processo, que não se</p><p>estende à segunda instância.</p><p>Logo, a prescrição segue a mesma lógica estabelecida para o processo administrativo de</p><p>multa, sendo 360 dias de prazo para aplicar a penalidade, três anos para julgar o</p><p>processo sem que ocorra a prescrição intercorrente e mais dois anos para a prescrição</p><p>definitiva.</p><p>Além disso, sobre o efeito suspensivo, importante citar o art. 25 da Resolução 723 do</p><p>CONTRAN, como veremos a seguir.</p><p>Apresentado recurso à JARI, se este for indeferido, será apresentado novo recurso em</p><p>segunda instância, que é julgado pelo ao CETRAN, por força do artigo 14, V, “a”23 do CTB.</p><p>Por fim, de acordo com o texto do artigo 16 da Resolução 723, caso o interessado deixe</p><p>transcorrer in albis o prazo de apresentação dos recursos à JARI ou ao CETRAN, a partir</p><p>do término deste prazo serão contados 15 dias corridos para o início automático do</p><p>cumprimento da pena.</p><p>§ 1° do artigo 16: Na notificação de resultado dos recursos de 1a e de 2a instâncias</p><p>deverão constar as informações definidas no art. 15, no que couber.</p><p>A Resolução é falha no sentido de incluir regulamentação específica sobre o recurso ao</p><p>CETRAN, assim, com a leitura deste artigo, podemos concluir que se a notificação for</p><p>para comunicar o resultado de indeferimento do recurso apresentado à JARI, é</p><p>necessário que lá conste o prazo para a apresentação de recurso ao CETRAN, bem como</p><p>a data em que iniciará o cumprimento da penalidade fixada caso não seja entregue o</p><p>documento de habilitação físico e não seja interposto recurso ao CETRAN.</p><p>Já se a notificação tiver como objeto informar a negativa de provimento por parte do</p><p>CETRAN, deverá constar a data limite para entrega do documento de habilitação físico</p><p>e a data em que iniciará o cumprimento da penalidade fixada caso o documento não</p><p>seja entregue.</p><p>Então, segundo a legislação aqui estudada, temos basicamente 3 (três) notificações que</p><p>deverão ser entregues ao motorista: a primeira para apresentar Defesa; a segunda para</p><p>comunicar o resultado ou não apresentação da defesa e que dará oportunidade para</p><p>apresentar recurso à JARI ou entregar a CNH para início do cumprimento da penalidade</p><p>e a terceira e última que comunica o resultado do recurso apresentado à JARI, se for o</p><p>caso e abre oportunidade para apresentar recurso ao CETRAN.</p><p>23 Art. 14. Compete aos Conselhos Estaduais de Trânsito - CETRAN e ao Conselho de Trânsito do Distrito</p><p>Federal - CONTRANDIFE:</p><p>[...]</p><p>V - julgar os recursos interpostos contra decisões:</p><p>a) das JARI;</p><p>158</p><p>Eu ainda diria que temos mais uma notificação: aquela que deve acontecer para</p><p>comunicar o resultado do recurso apresentado ao CETRAN. Se indeferido, a penalidade</p><p>será mantida e esta notificação trará o prazo para entrega da CNH para início da</p><p>penalidade. Se deferido, comunicará o afastamento da penalidade e arquivamento do</p><p>processo administrativo de suspensão.</p><p>No meu ponto de vista, então, temos 4 (quatro) notificações obrigatórias que devem ser</p><p>enviadas ao motorista a ser penalizado.</p><p>Por fim, é preciso que você saiba que nos processos administrativos de suspensão</p><p>também existe a possibilidade de notificar o infrator por edital, conforme previsão do</p><p>artigo 23 da Resolução 723:</p><p>Art. 23. Esgotadas as tentativas para notificar o condutor por meio postal ou</p><p>pessoal, as notificações de que trata esta Resolução serão realizadas por edital, na</p><p>forma disciplinada pela Resolução CONTRAN nº 619, de 06 de setembro de 2016, e</p><p>suas sucedâneas.</p><p>As notificações devem ser enviadas pelo correio e caso não deem ciência ao condutor a</p><p>respeito da penalidade, deve ser notificada via edital, contendo:</p><p>I. Edital de Notificação de Instauração do Processo:</p><p>a) cabeçalho com identificação do órgão autuador e do tipo de notificação;</p><p>b) instruções e prazo para apresentação de defesa da autuação;</p><p>c) lista com a placa do veículo, número do Auto de Infração de Trânsito, data</p><p>da infração e código da infração com desdobramento.</p><p>II. Edital da Notificação da Penalidade:</p><p>a) cabeçalho com identificação do órgão autuador e do tipo de notificação;</p><p>b) instruções e prazo para interposição de recurso;</p><p>c) lista com a placa do veículo, número do Auto de Infração de Trânsito que</p><p>ensejou a penalidade e data da infração.</p><p>d) Número do processo administrativo de cassação da habilitação.</p><p>Basicamente essa é a estrutura do processo administrativo que existe para dar ao</p><p>penalizado a oportunidade de exercer o contraditório e a ampla defesa:</p><p>159</p><p>Anotações:</p><p>_________________________________________________________________</p><p>_________________________________________________________________</p><p>_________________________________________________________________</p><p>_________________________________________________________________</p><p>_________________________________________________________________</p><p>_________________________________________________________________</p><p>_________________________________________________________________</p><p>_________________________________________________________________</p><p>_________________________________________________________________</p><p>_________________________________________________________________</p><p>Efeito Suspensivo</p><p>Sempre que apresentamos recursos contra qualquer penalidade que seja, esta fica</p><p>suspensa. As penalidades de suspensão e cassação por força do artigo 25 da Resolução</p><p>723 do CONTRAN.</p><p>Isso quer dizer que, apresentado recurso, a penalidade de suspensão ou de cassação</p><p>entrará em efeito suspensivo, ou seja, o motorista, que ainda não está penalizado,</p><p>160</p><p>poderá, por exemplo, renovar a CNH vencida e poderá adicionar categoria, tendo em</p><p>vista que não haverá restrições em sua CNH.</p><p>Vejam o que diz o artigo 25:</p><p>Art. 25. No curso do processo administrativo de que trata esta Resolução não</p><p>incidirá nenhuma restrição no prontuário do infrator, inclusive para fins de</p><p>mudança de categoria do documento de habilitação, renovação e transferência</p><p>para outra unidade da Federação, até a efetiva aplicação da penalidade de</p><p>suspensão ou cassação do documento de habilitação.</p><p>Eu costumo usar muito a questão do efeito suspensivo quando me deparo com alguma</p><p>objeção do cliente no que se refere a apresentação de defesa e recursos, pois, além do</p><p>que está escrito no artigo supra, o motorista poderá continuar dirigindo sem quaisquer</p><p>restrições e impedimentos.</p><p>Anotações:</p><p>_________________________________________________________________</p><p>_________________________________________________________________</p><p>_________________________________________________________________</p><p>_________________________________________________________________</p><p>_________________________________________________________________</p><p>_________________________________________________________________</p><p>_________________________________________________________________</p><p>_________________________________________________________________</p><p>_________________________________________________________________</p><p>_________________________________________________________________</p><p>Prescrição</p><p>A prescrição retrata a extinção do direito de punir do Estado, em vista do não exercício</p><p>desse direito, em um determinado período de tempo. Em termos técnicos, é a extinção</p><p>legal, ou seja, decorre de lei, por decurso de prazo da pretensão (direito subjetivo) de</p><p>se exigir o cumprimento de uma obrigação diante da violação a um direito.</p><p>No direito de trânsito, usamos a Lei 9.873/99, que é a Lei do Processo Administrativo.</p><p>Isso quer dizer que os órgãos competentes não têm o direito de punir o motorista por</p><p>tempo indeterminado. Terá um momento que esse direito será extinto pelo decurso do</p><p>prazo legal.</p><p>Não existe, pois, penalidade que seja eterna.</p><p>Os prazos prescricionais aplicados pela Resolução 723/2018 são os previstos na Lei 9.873</p><p>de 23/11/1999, conforme previsão do artigo 24 desta Resolução, vejam:</p><p>161</p><p>Art. 24. Aplicam-se a esta Resolução, os seguintes prazos prescricionais previstos na</p><p>Lei nº 9.873, de 23 de novembro de 1999:</p><p>I - Prescrição da Ação Punitiva: 5 anos;</p><p>II - Prescrição da Ação Executória: 5 anos;</p><p>III - Prescrição Intercorrente: 3 anos.</p><p>§ 1º O termo inicial da pretensão punitiva relativo à penalidade de suspensão do</p><p>direito de dirigir será:</p><p>I - no caso previsto no inciso I do art. 3º, o dia subsequente ao encerramento da</p><p>instância administrativa referente à penalidade de multa que totalizar ou</p><p>ultrapassar os limites de pontos no período de 12 (doze) meses;</p><p>II - no caso do inciso I do art. 8º desta Resolução, a data da infração;</p><p>III - no caso do inciso II do art. 8º desta Resolução, o dia subsequente ao</p><p>encerramento da instância administrativa referente à penalidade de multa.</p><p>IV - no caso do inciso III do art. 3º, a data do resultado do exame ou da contraprova.</p><p>§ 2º O termo inicial da pretensão punitiva relativo à penalidade de cassação do</p><p>documento de habilitação será:</p><p>I - no caso do inciso I do art. 19 desta Resolução, a data do fato;</p><p>II - no caso do Inciso II do art. 19 desta Resolução, o dia subsequente ao</p><p>encerramento da instância administrativa referente à penalidade de multa da</p><p>infração que configurou a reincidência.</p><p>§ 3º Interrompe-se a prescrição da pretensão punitiva com:</p><p>I - a notificação de instauração do processo administrativo;</p><p>II - a aplicação da penalidade de suspensão do direito de dirigir ou de cassação do</p><p>documento de habilitação;</p><p>III - o julgamento do recurso na JARI, se houver.</p><p>§ 4º Suspende-se a prescrição da pretensão punitiva ou da pretensão executória</p><p>durante a tramitação de processo judicial, do qual o órgão tenha sido cientificado</p><p>pelo juízo.</p><p>§ 5º Incide a prescrição intercorrente no procedimento administrativo paralisado</p><p>por mais de três anos.</p><p>§ 6º A declaração de prescrição acarretará o arquivamento do respectivo processo</p><p>de ofício ou a pedido da parte.</p><p>§ 7º A declaração da prescrição das penalidades desta Resolução não implicará,</p><p>necessariamente, prejuízo da aplicação das demais penalidades e medidas</p><p>administrativas previstas para a conduta infracional.</p><p>Pela leitura deste artigo, podemos perceber que temos 3 tipos de prescrição: Prescrição</p><p>da ação punitiva: 5 anos; Prescrição da ação executória: 5 anos e Prescrição</p><p>Intercorrente: 3 anos.</p><p>Prescrição da Ação Punitiva</p><p>A pretensão da punição começa com a data do fato. No caso de infração auto</p><p>suspensiva, a data do cometimento da infração e no caso de suspensão por pontos, da</p><p>data da última infração que compõem o bloco.</p><p>A prescrição da ação punitiva acontece se se passarem 5 (cinco) anos desde a data da</p><p>infração que resultou na suspensão e o motorista não for notificado quanto à abertura</p><p>do processo administrativo; Isso, é claro, após esgotados todos os meios de defesa da</p><p>162</p><p>infração na esfera administrativa é que a pontuação prevista no artigo 259 será</p><p>considerada para fins de instauração de processo de suspensão.</p><p>Para que você possa entender melhor, eu quero te dar um exemplo. Imagine que o seu</p><p>cliente cometeu uma infração auto suspensiva em fevereiro de 2015.</p><p>A notificação de instauração do processo administrativo só veio em setembro de 2018.</p><p>Assim, quando acontecer a expedição desta notificação, aquela contagem de cinco anos</p><p>para a prescrição da ação punitiva, que começou a partir de fevereiro de 2015, ou seja,</p><p>quando a infração foi cometida, é zerada.</p><p>Isso porque de fevereiro de 2015 até setembro de 2018 são apenas 3 anos e 5 meses,</p><p>portanto, tempo insuficiente para caracterizar a prescrição da ação punitiva.</p><p>Prescrição da Ação Executória</p><p>Por sua vez, a prescrição da ação executória, que é fazer com que o condutor</p><p>efetivamente cumpra a penalidade, acontece se completarem 5 (cinco) anos após a</p><p>notificação final, que comunica a imposição da penalidade e o penalizado não iniciar o</p><p>cumprimento da penalidade.</p><p>Como vimos na fase processual, assim que acontece uma das hipóteses do artigo 261</p><p>do CTB, é instaurado o processo de suspensão. Se o motorista não recorrer ou caso seus</p><p>recursos sejam indeferidos, ele receberá uma última notificação, a de imposição da</p><p>penalidade, comunicando, ainda, a necessidade de entregar a CNH ao DETRAN para,</p><p>então, dar início ao cumprimento da penalidade.</p><p>É a partir daí que o prazo prescricional de cinco anos da ação executória começa a</p><p>correr. Mas isso não quer dizer que basta o motorista não entregar a habilitação que,</p><p>decorrido esse prazo, haverá a prescrição da suspensão do direito de dirigir.</p><p>Na realidade, quando o prazo informado na notificação para o motorista entregar a sua</p><p>habilitação encerrar, a penalidade é registrada no Renach, independentemente de</p><p>quem tem a posse do documento, conforme orientação do artigo 16 da Resolução 723,</p><p>conforme vimos no capítulo de notificações, na parte do início do cumprimento da</p><p>penalidade, veja:</p><p>Art. 16. A data de início do cumprimento da penalidade será fixada e anotada no</p><p>RENACH:</p><p>I - em 15 (quinze) dias corridos, contados do término do prazo para a interposição</p><p>do recurso, em 1ª ou 2ª instância, caso não seja interposto, inclusive para os casos</p><p>do documento de habilitação eletrônico;</p><p>II - no dia subsequente ao término do</p><p>a regulamentar dispositivos do CTB, de competência do Conselho.</p><p>Em outras palavras, trata-se de um instrumento que permite ao órgão estabelecer as</p><p>normas para uma regra presente no Código de Trânsito.</p><p>Como já mencionamos, existem algumas resoluções que são muito importantes e é</p><p>indispensável que você as conheça.</p><p>Elas delimitam algumas regras que precisam ser cumpridas no dia a dia do trânsito. Caso</p><p>contrário, o condutor poderá sofrer as penalidades previstas no CTB.</p><p>Após a consolidação das Resoluções, algumas Resoluções importantes que eu posso</p><p>citar são:</p><p>● Resolução 900 do CONTRAN: Consolida as normas sobre a padronização dos</p><p>procedimentos para apresentação de defesa prévia e de recurso, em 1ª e 2ª</p><p>instâncias, contra a imposição de penalidades de advertência por escrito e de</p><p>multa de trânsito</p><p>● Resolução 918 do CONTRAN: Consolida as normas sobre procedimentos para a</p><p>aplicação das multas por infrações, a arrecadação e o repasse dos valores</p><p>arrecadados, nos termos do Código de Trânsito Brasileiro (CTB).</p><p>● Resolução 432 do CONTRAN: Dispõe sobre os procedimentos a serem adotados</p><p>pelas autoridades de trânsito e seus agentes na fiscalização do consumo de álcool</p><p>ou de outra substância psicoativa que determine dependência, para aplicação do</p><p>disposto nos arts. 165, 276, 277 e 306 da Lei nº 9.503, de 23 de setembro de 1997</p><p>- Código de Trânsito Brasileiro (CTB).</p><p>● Resolução 723 do CONTRAN: Referendar a Deliberação CONTRAN nº 163, de 31</p><p>de outubro de 2017, que dispõe sobre a uniformização do procedimento</p><p>administrativo para imposição das penalidades de suspensão do direito de dirigir</p><p>e de cassação do documento de habilitação, previstas nos arts. 261 e 263, incisos</p><p>I e II, do Código de Trânsito Brasileiro (CTB), bem como sobre o curso preventivo</p><p>de reciclagem.</p><p>Essa Resolução foi alterada pela Resolução 844/2021, vale a pena a leitura desta</p><p>nova Resolução.</p><p>● Resolução 798 do CONTRAN: Dispõe sobre requisitos técnicos mínimos para a</p><p>fiscalização da velocidade de veículos automotores, elétricos, reboques e</p><p>semirreboques.</p><p>16</p><p>● Resolução 789 do CONTRAN: Consolida normas sobre o processo de formação</p><p>de condutores de veículos automotores e elétricos.</p><p>Nós temos mais de 900 Resoluções e elas podem ser encontradas neste link:</p><p>https://www.gov.br/infraestrutura/pt-br/assuntos/transito/conteudo-denatran/resolucoes-contran</p><p>Então, sempre que você quiser saber se uma Resolução está vigente e se existe</p><p>Resolução do CONTRAN sobre referido assunto, você pode pesquisar nesse site.</p><p>Portaria da SENATRAN</p><p>A Portaria da SENATRAN nº 354/22, que revogou a Portaria n. 59/07 do DENATRAN,</p><p>estabelece os campos e informações mínimas que devem compor o Auto de Infração de</p><p>Trânsito (AIT) e seu preenchimento em todo território nacional.</p><p>Nesta portaria estão previstas as regras sobre o preenchimento, ou seja, as informações</p><p>que o agente de trânsito deve anotar no AIT, algumas obrigatórias e outras facultativas.</p><p>Estabelece, portanto, uma uniformização que DEVE ser observada por todos os órgãos</p><p>de trânsito.</p><p>Além disso, no Anexo I da Portaria n° 354/22, você verá os campos obrigatórios e</p><p>facultativos do auto de infração; no Anexo II os campos de preenchimento obrigatório</p><p>e facultativo do auto de infração; no Anexo III as informações para fins de</p><p>processamento de dados de infrações; no Anexo IV, você terá a tabela de códigos de</p><p>enquadramento das infrações; no Anexo V, você terá a tabela de codificação dos órgãos</p><p>autuadores; por fim, no Anexo VI você terá a tabela de codificação dos países.</p><p>Válido é dizer que o Departamento Nacional de Trânsito (Denatran) deixou de existir e</p><p>deu lugar à Secretaria Nacional de Trânsito (Senatran), por meio do Decreto Federal nº</p><p>10.788/21, que aprova a estrutura regimental e o quadro demonstrativo dos cargos de</p><p>comissão e das funções de confiança do Ministério da Infraestrutura, remaneja e</p><p>transforma cargos em comissão e funções de confiança e altera o Decreto nº 9.660, 1º</p><p>de janeiro de 2019.</p><p>A SENATRAN passou a ser, então, o órgão máximo executivo do Sistema Nacional de</p><p>Trânsito - SNT, e tem autonomia administrativa e técnica, e jurisdição sobre todo o</p><p>território brasileiro e tem suas competências previstas no art. 19 do CTB.</p><p>Sua sede é em Brasília/DF. E este Órgão é subordinado à Secretaria Nacional de</p><p>Transportes Terrestres - SNTT do Ministério da Infraestrutura - MINFRA, o</p><p>Departamento tem como objetivo principal fiscalizar e fazer cumprir a legislação de</p><p>trânsito e a execução das normas e diretrizes estabelecidas pelo Conselho Nacional de</p><p>Trânsito - CONTRAN. Além disso, o Departamento possui a atribuição de supervisionar</p><p>e coordenar os órgãos responsáveis pelo controle e fiscalização da execução da Política</p><p>Nacional de Trânsito.</p><p>https://www.gov.br/infraestrutura/pt-br/assuntos/transito/conteudo-denatran/resolucoes-contran</p><p>https://www.in.gov.br/en/web/dou/-/decreto-n-10.788-de-6-de-setembro-de-2021-343294011?fbclid=IwAR0XCbhIGjOp8gttpwldnOuLx-xiQVBEVAbiX7yrc-H1s5DACPZQouERO1M</p><p>https://www.in.gov.br/en/web/dou/-/decreto-n-10.788-de-6-de-setembro-de-2021-343294011?fbclid=IwAR0XCbhIGjOp8gttpwldnOuLx-xiQVBEVAbiX7yrc-H1s5DACPZQouERO1M</p><p>https://www.gov.br/infraestrutura/pt-br/assuntos/transito-1/contran</p><p>https://www.gov.br/infraestrutura/pt-br/assuntos/transito-1/contran</p><p>17</p><p>Sistema Nacional de Trânsito - SNT</p><p>Já que falamos do Sistema Nacional de Trânsito, é importante dizer que este é o</p><p>conjunto de órgãos e entidades da União, dos estados, do Distrito Federal e dos</p><p>municípios que tem por finalidade o exercício das atividades de planejamento,</p><p>administração, normatização, pesquisa, registro e licenciamento de veículos, formação,</p><p>habilitação e reciclagem de condutores; educação, engenharia e operação do sistema</p><p>viário, policiamento, fiscalização e julgamento de infrações e de recursos e aplicação de</p><p>penalidades.</p><p>Os objetivos do SNT estão listados no art. 6º do CTB:</p><p>● Estabelecer diretrizes da Política Nacional de Trânsito, com vistas à segurança, à</p><p>fluidez, ao conforto, à defesa ambiental e à educação para o trânsito, além de</p><p>fiscalizar seu cumprimento;</p><p>● Fixar, mediante normas e procedimentos, a padronização de critérios técnicos,</p><p>financeiros e administrativos para a execução das atividades de trânsito;</p><p>● Estabelecer a sistemática de fluxos permanentes de informações entre os seus</p><p>diversos órgãos e entidades, a fim de facilitar o processo decisório e a integração</p><p>do Sistema.</p><p>Não há como falar em eficiência se em cada estado existir um tipo diferente de</p><p>procedimento.</p><p>Compõe o Sistema Nacional de Trânsito (Art. 7 do Código de Trânsito Brasileiro):</p><p>● O Conselho Nacional de Trânsito - CONTRAN, coordenador do Sistema e órgão</p><p>máximo normativo e consultivo. É responsável pela regulamentação do Código</p><p>de Trânsito Brasileiro e pela atualização permanente das leis de trânsito.</p><p>● Os Conselhos Estaduais de Trânsito - CETRAN e o Conselho de Trânsito do Distrito</p><p>Federal - CONTRANDIFE, órgãos normativos, consultivos e coordenadores;</p><p>● Os órgãos e entidades executivos de trânsito da União, dos Estados, do Distrito</p><p>Federal e dos Municípios:</p><p>○ Na União: SENATRAN, cuja obrigação é supervisionar, coordenar,</p><p>controlar e fiscalizar a política do Programa Nacional de Trânsito.</p><p>Conforme art. 19 do Código de Trânsito Brasileiro - CTB.</p><p>○ Nos Estados e do Distrito Federal: os Departamentos Estaduais de</p><p>Trânsito</p><p>○ Nos Municípios: os órgãos executivos locais, responsáveis pela</p><p>fiscalização das infrações de circulação, parada e estacionamento, assim</p><p>como pela construção, manutenção e sinalização das vias urbanas.</p><p>● Os órgãos e entidades executivos rodoviários da União, dos Estados, do Distrito</p><p>Federal e dos Municípios;</p><p>○ Na União: Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) e ao</p><p>Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), este</p><p>último ficando responsável pelas rodovias federais que continuaram sob</p><p>prazo para entrega do documento de</p><p>habilitação físico, caso a penalidade seja mantida em 2ª instância recursal;</p><p>III - na data de entrega do documento de habilitação físico, caso ocorra antes das</p><p>hipóteses previstas nos incisos I e II.</p><p>163</p><p>§ 1º Na notificação de resultado dos recursos de 1ª e de 2ª instâncias deverão</p><p>constar as informações definidas no art. 15, no que couber.</p><p>§ 2º A inscrição da penalidade no RENACH conterá a data do início e término da</p><p>penalidade, período durante o qual o condutor deverá realizar o curso de</p><p>reciclagem.</p><p>Isso quer dizer que, neste caso, a prescrição da suspensão do direito de dirigir se</p><p>caracteriza quando o motorista não entrega a CNH e o órgão também NÃO registra a</p><p>penalidade no Renach.</p><p>Então eu posso te dizer que, neste ponto temos duas situações que podem ocorrer a</p><p>prescrição: a) De cinco anos entre a abertura e a conclusão do processo administrativo;</p><p>b) De cinco anos para o cumprimento de fato da penalidade, após a conclusão do</p><p>processo.</p><p>A principal diferença entre interrupção e suspensão de prazos é que quando há</p><p>interrupção dos prazos, o prazo parou e começou do zero.</p><p>A suspensão do prazo, por sua vez, desconta-se o período relacionado à causa da</p><p>suspensão, ou seja, remota o prazo de onde houve a suspensão.</p><p>Causas de Interrupção e Suspensão da Prescrição</p><p>Além dos tipos de prescrição, é preciso falar das causas de interrupção da prescrição.</p><p>A principal diferença entre interrupção e suspensão de prazos é que quando há</p><p>interrupção dos prazos, o prazo parou e começou do zero.</p><p>A suspensão do prazo, por sua vez, desconta-se o período relacionado à causa da</p><p>suspensão, ou seja, retoma o prazo de onde houve a suspensão.</p><p>Segundo o §3° do artigo 24 da Resolução 723 do CONTRAN, interrompe-se a prescrição:</p><p>● Pela emissão da notificação de instauração do processo administrativo;</p><p>● Pela aplicação da penalidade de suspensão do direito de dirigir ou de</p><p>cassação do documento de habilitação;</p><p>● Pelo julgamento do recurso na JARI, se houver.</p><p>Além da previsão do artigo que destaquei acima, também temos causas de interrupção</p><p>da prescrição previstas no art. 2° da Lei 9.873/99, vejam:</p><p>Art. 2° Interrompe-se a prescrição da ação punitiva:</p><p>[...]</p><p>III - pela decisão condenatória recorrível.</p><p>O §4° do mesmo artigo 24 da Resolução 723 do CONTRAN, traz causas de suspensão da</p><p>prescrição:</p><p>164</p><p>● Suspende-se a prescrição da pretensão punitiva ou da pretensão</p><p>executória durante a tramitação de processo judicial, do qual o órgão</p><p>tenha sido cientificado pelo juízo.</p><p>Ora, se o prazo prescricional é interrompido com a notificação de instauração e o novo</p><p>prazo começa apenas após a última notificação, no meio disso tudo o Detran pode</p><p>demorar o tempo que quiser para impor a penalidade contra o motorista?</p><p>Aqui a resposta é não, por conta da prescrição intercorrente.</p><p>Prescrição Intercorrente</p><p>A resposta para a pergunta feita acima é não. Isso porque após instaurado o processo</p><p>de suspensão, o órgão deve dar prosseguimento com ou sem a manifestação do</p><p>penalizado. Caso o processo fique paralisado por mais de 3 anos, teremos a prescrição</p><p>intercorrente.</p><p>Vamos de exemplo: imagine que o motorista tenha sido notificado da instauração do</p><p>processo de suspensão e o prazo final para apresentação de defesa era o dia</p><p>27/03/2017. O motorista, então, apresenta, tempestivamente sua defesa. O órgão de</p><p>trânsito, por sua vez, deixa o processo “aguardando julgamento” até o dia 02/04/2020</p><p>e, só após esse dia, profere sua decisão julgando a defesa apresentada.</p><p>Neste caso teremos um processo prejudicado pelo instituto da prescrição intercorrente.</p><p>Eis que ficou paralisado por mais de 3 anos.</p><p>Dito isso, convém atentar-se para o que preceitua a Lei nº 9.873/99, bem como o art. 24</p><p>da Resolução 723 do CONTRAN, como visto:</p><p>Art. 1º Prescreve em cinco anos a ação punitiva da Administração Pública Federal,</p><p>direta e indireta, no exercício do poder de polícia, objetivando apurar infração à</p><p>legislação em vigor, contados da data da prática do ato ou, no caso de infração</p><p>permanente ou continuada, do dia em que tiver cessado.</p><p>§ 1º Incide a prescrição no procedimento administrativo paralisado por mais de</p><p>três anos, pendente de julgamento ou despacho, cujos autos serão arquivados de</p><p>ofício ou mediante requerimento da parte interessada, sem prejuízo da apuração</p><p>da responsabilidade funcional decorrente da paralisação, se for o caso. (grifo nosso)</p><p>Entendida as questões e diferenciações das prescrições existentes no processo de</p><p>suspensão, é nosso dever, como defensor dos motoristas, alegar em preliminar de</p><p>mérito.</p><p>A declaração da prescrição, independentemente da modalidade, acarretará, então, no</p><p>arquivamento do processo de suspensão de ofício ou a pedido da parte (tese de defesa).</p><p>Anotações:</p><p>165</p><p>_________________________________________________________________</p><p>_________________________________________________________________</p><p>_________________________________________________________________</p><p>_________________________________________________________________</p><p>_________________________________________________________________</p><p>_________________________________________________________________</p><p>_________________________________________________________________</p><p>_________________________________________________________________</p><p>_________________________________________________________________</p><p>_________________________________________________________________</p><p>_________________________________________________________________</p><p>_________________________________________________________________</p><p>_________________________________________________________________</p><p>_________________________________________________________________</p><p>Autotutela</p><p>O princípio da autotutela estabelece que a Administração Pública possui o poder de</p><p>controlar os próprios atos, anulando-os quando ilegais ou revogando-os quando</p><p>inconvenientes ou inoportunos.</p><p>Assim, a Administração não precisa recorrer ao Poder Judiciário para corrigir os seus</p><p>atos, podendo fazê-lo diretamente.</p><p>Esse princípio possui previsão em duas súmulas do STF, a 346, que estabelece que “A</p><p>Administração Pública pode declarar a nulidade dos seus próprios atos”, e 473, que</p><p>dispõe o seguinte:</p><p>Súmula nº 473: A Administração pode anular seus próprios atos, quando</p><p>eivados de vícios que os tornam ilegais, porque deles não se originam</p><p>direitos; ou revoga-los, por motivo de conveniência ou oportunidade,</p><p>respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, em todos os casos, a</p><p>apreciação judicial.</p><p>O princípio também tem previsão legal, conforme consta no art. 53 da Lei 9.784/99: “A</p><p>Administração deve anular seus próprios atos, quando eivados de vício de legalidade, e</p><p>pode revogá-los por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos</p><p>adquiridos.</p><p>Nesse contexto, a autotutela envolve dois aspectos da atuação administrativa:</p><p>a) legalidade: em relação ao qual a Administração procede, de ofício ou por</p><p>provocação, a anulação de atos ilegais; e</p><p>b) mérito: em que reexamina atos anteriores quanto à conveniência e</p><p>oportunidade de sua manutenção ou desfazimento (revogação).</p><p>166</p><p>Quanto ao aspecto da legalidade, conforme consta na Lei 9.784/99, a Administração</p><p>deve anular seus próprios atos, quando possuírem alguma ilegalidade.</p><p>Trata-se, portanto, de um poder-dever, ou seja, uma obrigação. Dessa forma, o controle</p><p>de legalidade, em decorrência da autotutela, pode ser realizado independentemente de</p><p>provocação, pois se trata de um poder-dever de ofício da Administração.</p><p>Com efeito, a autotutela também encontra limites no princípio da segurança jurídica e</p><p>da estabilidade das relações jurídicas. Assim, conforme consta no art. 54 da Lei 9.784/99,</p><p>o direito da Administração de anular os atos administrativos de que decorram efeitos</p><p>favoráveis para os destinatários decai em cinco anos, contados da data em que foram</p><p>praticados,</p><p>administração da União, que tem a responsabilidade de construir,</p><p>18</p><p>manter e sinalizar as rodovias federais e fiscalizar aquelas concedidas à</p><p>iniciativa privada; e a Polícia Rodoviária Federal, que tem a</p><p>responsabilidade de fiscalizar o cumprimento das normas de trânsito</p><p>pelo patrulhamento ostensivo das rodovias federais;</p><p>○ Nos Estados e no Distrito Federal: o Departamento de Estradas e</p><p>Rodagem (DER), responsável pela construção, manutenção e sinalização</p><p>das rodovias estaduais e que tem como agentes a Polícia Rodoviária</p><p>Estadual; e as Polícias Militares dos Estados e do Distrito Federal, que são</p><p>responsáveis por executar a fiscalização de trânsito, a partir do momento</p><p>em que é firmado convênio.</p><p>● As Juntas Administrativas de Recursos e Infrações (JARIs), que são órgãos de</p><p>proteção dos direitos do cidadão, possibilitando-lhes a defesa nos casos em que</p><p>estes se sentirem inconformados com as infrações que lhes são atribuídas.</p><p>INSTÂNCIA</p><p>ÓRGÃO</p><p>NORMATIVO</p><p>ÓRGÃO</p><p>EXECUTIVO</p><p>ÓRGÃO</p><p>EXECUTIVO</p><p>RODOVIÁRIO</p><p>ÓRGÃO DE</p><p>FISCALIZAÇÃO</p><p>ÓRGÃO</p><p>RECURSAL</p><p>FEDERAL CONTRAN SENATRAN DNIT PRF JARI</p><p>ESTADUAL CETRAN/</p><p>CONTRANDIFE</p><p>DETRAN DER PM JARI</p><p>MUNICIPAL</p><p>-</p><p>-</p><p>Órgão</p><p>municipal de</p><p>trânsito</p><p>-</p><p>JARI</p><p>Eu quero aproveitar esse assunto e trazer aqui os comentários do CTB comentado do</p><p>Julyver Modesto de Araújo sobre os órgãos do Sistema Nacional de Trânsito.</p><p>I) ÓRGÃOS NORMATIVOS – são os Conselhos de Trânsito, que possuem como</p><p>atribuição principal a elaboração de normas, de forma complementar ao estabelecido</p><p>no Código de Trânsito Brasileiro. Por elaborarem as normas, também respondem as</p><p>consultas relativas à aplicação e compreensão da legislação de trânsito em vigor.</p><p>Também possuem a competência de coordenarem as atividades de trânsito dos demais</p><p>órgãos. Somente existem órgãos normativos na esfera da União (Conselho Nacional de</p><p>Trânsito - CONTRAN) e dos Estados (Conselhos Estaduais de Trânsito - CETRAN e, no caso</p><p>do Distrito Federal, Conselho de Trânsito do Distrito Federal – CONTRANDIFE); assim,</p><p>eventuais Conselhos Municipais de Trânsito, criados em algumas cidades, têm mera</p><p>função de assessoramento nas tomadas de decisões do poder público local, não sendo</p><p>prevista sua participação no Sistema Nacional de Trânsito;</p><p>II) ÓRGÃOS EXECUTIVOS – são aqueles que, efetivamente, colocarão em prática o que</p><p>se encontra previsto na lei, a fim de lhe dar cumprimento. Se atuarem nas rodovias, são</p><p>denominados órgãos (e entidades) executivos RODOVIÁRIOS e, se tiverem como área</p><p>de atuação as vias urbanas, recebem a nomenclatura de órgãos (e entidades) executivos</p><p>19</p><p>DE TRÂNSITO. Tais órgãos executivos são previstos para as três esferas de Governo,</p><p>respeitada a autonomia local, de acordo com o artigo 8º do CTB, sendo que, para a</p><p>constituição dos órgãos executivos dos municípios, devem ser obedecidos os requisitos</p><p>constantes da regulamentação do Conselho Nacional de Trânsito (Resolução do</p><p>CONTRAN n. 811/20). No âmbito da União, o órgão executivo de trânsito é o</p><p>Departamento Nacional de Trânsito – DENATRAN, cujo funcionamento é regulado pelo</p><p>Regimento interno do Ministério da Infraestrutura, aprovado pela Portaria n. 124/20,</p><p>deste Ministério; já o órgão executivo rodoviário é o Departamento Nacional de Infra-</p><p>Estrutura de Transporte – DNIT, criado pela Lei n. 10.233/01, em substituição ao antigo</p><p>Departamento Nacional de Estradas de Rodagem – DNER;</p><p>III) ÓRGÃOS FISCALIZADORES – são os órgãos responsáveis pelo controle do</p><p>cumprimento da lei, no âmbito de sua competência e dentro de sua circunscrição. O</p><p>artigo 7º estabelece, taxativamente, dois órgãos com esta finalidade precípua: a Polícia</p><p>Rodoviária Federal, órgão permanente, organizado e mantido pela União e estruturado</p><p>em carreira, destinado, na forma da lei, ao patrulhamento ostensivo das rodovias</p><p>federais (artigo 144, § 2º, da Constituição Federal) e as Polícias Militares dos Estados e</p><p>do Distrito Federal, às quais competem a polícia ostensiva e a preservação da ordem</p><p>pública (artigo 144, § 5º, da CF). Além destes dois órgãos, componentes da Segurança</p><p>pública, há que se ressaltar a possibilidade de que os órgãos e entidades executivos de</p><p>trânsito e rodoviários constituam corpos próprios de agentes de fiscalização,</p><p>responsáveis por tal atividade na sua esfera de competência;</p><p>IV) ÓRGÃOS JULGADORES – são, na sua essência, as Juntas Administrativas de Recursos</p><p>de Infrações – Jari, criadas junto a cada órgão e entidade executiva de trânsito e</p><p>rodoviário, com o objetivo de julgar os recursos interpostos contra as penalidades por</p><p>eles aplicadas (nos termos dos artigos 16 e 17 do CTB). Também exercem a função de</p><p>órgãos julgadores os Conselhos de Trânsito, nas situações especificadas pelo artigo 289</p><p>do CTB.</p><p>Em suma, esse é o Sistema Nacional de Trânsito e as atribuições de cada um.</p><p>Manual Brasileiro de Fiscalização de Trânsito – MBFT</p><p>Trata-se de um manual que prevê de forma detalhada todas as infrações previstas na</p><p>legislação de trânsito, abordando de maneira minuciosa a exata conduta que os agentes</p><p>fiscalizadores devem adotar ao se deparar com qualquer uma delas, procedendo com a</p><p>lavratura do auto de infração de trânsito (AIT), a aplicação das medidas administrativas,</p><p>quando cabíveis, e demais providências pertinentes ao ato infracional.</p><p>Ele contém centenas de fichas de enquadramento para as infrações de trânsito. Todas</p><p>elaboradas com riqueza de detalhes, tais quais permitem ao leitor entender cada</p><p>parâmetro estabelecido para a atuação dos agentes fiscalizadores.</p><p>Atualmente, o MBFT está no anexo da Resolução 925 do CONTRAN, que aprova o</p><p>Manual Brasileiro de Fiscalização de Trânsito (MBFT), sendo o Volume I - Infrações de</p><p>20</p><p>competência municipal, incluindo as concorrentes dos órgãos e entidades estaduais de</p><p>trânsito, e rodoviários, e o Volume II - Infrações de competência dos órgãos e entidades</p><p>executivos estaduais de trânsito e rodoviários.</p><p>A padronização estabelecida pelo Manual de Fiscalização reveste-se de grande</p><p>importância, enquanto permite aos órgãos fiscalizadores de todo o país, ter um</p><p>referencial de como devem ser autuadas as infrações de trânsito sob sua</p><p>responsabilidade de autuação.</p><p>Além disso, cria uma paridade de tratamento no controle do cumprimento das normas</p><p>viárias, por qualquer órgão competente, já que a legislação de trânsito (assim como o</p><p>Direito como um todo) permite diferentes interpretações dos seus dispositivos legais, o</p><p>que exige que se adote um parâmetro único.</p><p>Assim, ainda que sejam possíveis entendimentos diversos, sobre qualquer infração</p><p>prevista no Código de Trânsito, todos os profissionais ligados à área deverão adotar os</p><p>mesmos procedimentos estabelecidos no Manual, o que, por certo, proporciona uma</p><p>maior segurança jurídica na aplicação do CTB.</p><p>O Manual está em anexo, no material complementar.</p><p>_______________________________________________________________________</p><p>_______________________________________________________________________</p><p>_______________________________________________________________________</p><p>_______________________________________________________________________</p><p>_______________________________________________________________________</p><p>_______________________________________________________________________</p><p>_______________________________________________________________________</p><p>_______________________________________________________________________</p><p>_______________________________________________________________________</p><p>_______________________________________________________________________</p><p>_______________________________________________________________________</p><p>_______________________________________________________________________</p><p>_______________________________________________________________________</p><p>_______________________________________________________________________</p><p>_______________________________________________________________________</p><p>_______________________________________________________________________</p><p>_______________________________________________________________________</p><p>_______________________________________________________________________</p><p>_______________________________________________________________________</p><p>_______________________________________________________________________</p><p>_______________________________________________________________________</p><p>_______________________________________________________________________</p><p>_______________________________________________________________________</p><p>_______________________________________________________________________</p><p>21</p><p>Penalidades do CTB</p><p>No artigo 256 do CTB podemos encontrar seis penalidades administrativas que serão</p><p>aplicadas pelas autoridades de trânsito no âmbito de sua circunscrição e competência,</p><p>vejamos:</p><p>Art. 256. A autoridade de trânsito, na esfera das competências estabelecidas neste</p><p>Código e dentro de sua circunscrição, deverá aplicar, às infrações nele previstas, as</p><p>seguintes penalidades:</p><p>I - advertência por escrito;</p><p>II - multa;</p><p>III - suspensão do direito de dirigir;</p><p>IV - (Revogado pela Lei nº 13.281, de 2016)</p><p>V - cassação da Carteira Nacional de Habilitação;</p><p>VI - cassação da Permissão para Dirigir;</p><p>VII - frequência obrigatória em curso de reciclagem.</p><p>§ 1º A aplicação das penalidades previstas neste Código não elide as punições</p><p>originárias de ilícitos penais decorrentes de crimes de trânsito, conforme</p><p>disposições de lei.</p><p>§ 2º (VETADO)</p><p>§ 3º A imposição da penalidade será comunicada aos órgãos ou entidades</p><p>executivos de trânsito responsáveis pelo licenciamento do veículo e habilitação do</p><p>condutor.</p><p>São elas:</p><p>• ADVERTÊNCIA POR ESCRITO: Penalidade administrativa de trânsito substitutiva à</p><p>pena pecuniária, consistente em um registro formal de repreensão de um condutor que</p><p>tenha cometido uma infração de natureza leve ou média pela primeira vez nos últimos</p><p>doze meses (artigo 267);</p><p>• MULTA: Penalidade administrativa de trânsito, de natureza pecuniária, decorrente de</p><p>um ato classificado como infração de trânsito (artigos 258 e 260);</p><p>• SUSPENSÃO DO DIREITO DE DIRIGIR: Penalidade administrativa de trânsito de</p><p>retirada temporária da licença concedida pelo Estado para que alguém dirija veículos</p><p>automotores (artigo 261 do CTB e Resolução do CONTRAN n° 723/18);</p><p>• CASSAÇÃO DA CARTEIRA NACIONAL DE HABILITAÇÃO: Penalidade administrativa de</p><p>trânsito de retirada definitiva da licença concedida pelo Estado para que alguém dirija</p><p>veículos automotores (artigo 263 do CTB e Resolução do CONTRAN n° 723/18);</p><p>• CASSAÇÃO DA PERMISSÃO PARA DIRIGIR: Penalidade administrativa de trânsito de</p><p>cancelamento do documento de habilitação provisório, em decorrência do</p><p>cometimento de infração gravíssima ou grave, ou, ainda, reincidência em infração</p><p>média, no período probatório (artigo 148, §§ 3º e 4º); e</p><p>22</p><p>• FREQUÊNCIA OBRIGATÓRIA EM CURSO DE RECICLAGEM: Penalidade administrativa</p><p>de trânsito, caracterizada por um treinamento teórico ao condutor que tenha adotado</p><p>um comportamento irregular na via pública, demonstrando a necessidade de sua</p><p>requalificação (artigo 268 e Resolução do CONTRAN n. 789/20).</p><p>Vejamos ainda o §1° do artigo 256:</p><p>§ 1º A aplicação das penalidades previstas neste Código não elide as</p><p>punições originárias de ilícitos penais decorrentes de crimes de trânsito,</p><p>conforme disposições de lei.</p><p>Neste caso, é possível que o infrator responda pela infração cometida nas esferas</p><p>administrativa e penal, como por exemplo, em caso de acidente de trânsito, a</p><p>possibilidade de se atribuir, ainda, responsabilidade civil ao infrator.</p><p>A prática de infrações de trânsito pode configurar também crime de trânsito nas</p><p>seguintes hipóteses:</p><p>● em diversas infrações, os crimes dos artigos 302 e 303 (homicídio culposo e lesão</p><p>corporal culposa na direção de veículo automotor, respectivamente);</p><p>● na infração do artigo 176, I, o crime do artigo 304 (omissão de socorro);</p><p>● na infração do artigo 165, o crime do artigo 306 (embriaguez ao volante);</p><p>● na infração do artigo 162, II, os crimes dos artigos 307 e 309 (violar a suspensão</p><p>do direito de dirigir e dirigir com o documento de habilitação cassado,</p><p>respectivamente);</p><p>● nas infrações dos artigos 173, 174 e 175, o crime do artigo 308 (participar de</p><p>disputa ou competição não autorizada);</p><p>● na infração do artigo 162, I, o crime do artigo 309 (dirigir sem habilitação);</p><p>● nas infrações dos artigos 163, 164 e 166, o crime do artigo 310 (permitir, confiar</p><p>ou entregar o veículo a pessoa sem condições de conduzi-lo com segurança);</p><p>● na infração do artigo 220, XIV, o crime do artigo 311 (trafegar em velocidade</p><p>incompatível);</p><p>● na infração do artigo 176, III, o crime do artigo 312 (fraude processual em</p><p>acidente de trânsito com vítima).</p><p>Ademais, a aplicação de penalidade por infração de trânsito, obviamente, não elimina a</p><p>aplicação de penalidade atribuída apenas aos crimes de trânsito, mas a qualquer crime.</p><p>Como exemplo, tem-se a condução do veículo com placas falsas, o que caracteriza a</p><p>infração de trânsito do art. 230, I, do CTB, e o crime do artigo 311 do Código Penal.</p><p>Porém, dependendo das circunstâncias, é possível que o infrator responda apenas em</p><p>uma das esferas, administrativa ou penal.</p><p>Por exemplo, se submetido ao teste de etilômetro, o condutor apresentar concentração</p><p>de álcool de até 0,33 mg/L, responderá somente pela infração de trânsito do artigo 165,</p><p>pois tal concentração não configura o crime do artigo 306. Somente responderá por</p><p>23</p><p>crime, se a medição for superior a 0,34 mg/l, após o desconto da margem de erro do</p><p>equipamento.</p><p>Advertência por Escrito</p><p>Com relação às alterações trazidas pela Lei 14.071/2020, o art. 267 do CTB, que fala da</p><p>advertência por escrito, merece destaque, já que teve nova redação, além de ter os §§</p><p>1° e 2° revogados, veja só como ficou:</p><p>Art. 267. Deverá ser imposta a penalidade de advertência por escrito à</p><p>infração de natureza leve ou média, passível de ser punida com multa, caso</p><p>o infrator não tenha cometido nenhuma outra infração nos últimos 12 (doze)</p><p>meses.</p><p>Na redação anterior, o art. 267 usava a palavra “PODERÁ” no lugar de “DEVERÁ”. Assim,</p><p>interpretando a nova redação, ao invés de ser uma faculdade do órgão autuador aplicar</p><p>a advertência por escrito, ela passou a ser obrigatória, ou seja, é um ato vinculado, pois,</p><p>como dito, esta é a vontade da lei.</p><p>Da mesma forma, temos essa previsão dos artigos 10 e 11 da Resolução 918 do</p><p>CONTRAN, vejam:</p><p>Art. 10. Em se tratando de infrações de natureza leve ou média, a autoridade de</p><p>trânsito deverá aplicar a penalidade de advertência por escrito, nos termos do art.</p><p>267 do CTB, na qual deverão constar os dados mínimos definidos no art. 280 do CTB</p><p>e em regulamentação específica.</p><p>§ 1º A aplicação da penalidade de advertência por escrito deverá ser registrada no</p><p>prontuário do infrator depois de encerrada a instância administrativa de</p><p>julgamento de infrações e penalidades.</p><p>§ 2º Para fins de cumprimento do disposto neste artigo, o órgão máximo executivo</p><p>de trânsito da União deverá disponibilizar transação específica para registro da</p><p>penalidade de advertência por escrito no RENACH e no Registro Nacional de</p><p>Veículos Automotores (RENAVAM), bem como acesso às informações contidas no</p><p>prontuário dos condutores e veículos para consulta dos órgãos e entidades</p><p>componentes do Sistema Nacional de Trânsito (SNT).</p><p>§ 3º A penalidade de advertência por escrito deverá ser enviada ao infrator, no</p><p>endereço constante em seu prontuário ou por sistema de notificação eletrônica, se</p><p>disponível.</p><p>§ 4º A aplicação da penalidade de advertência por escrito não implicará em registro</p><p>de pontuação no prontuário do infrator.</p><p>§ 5º A notificação devolvida por desatualização do endereço do infrator junto ao</p><p>órgão ou entidade executivo de trânsito responsável pelo seu prontuário será</p><p>considerada válida para todos os efeitos.</p><p>§ 6º Na hipótese de notificação por meio eletrônico, se disponível, o proprietário</p><p>ou</p><p>o condutor autuado será considerado notificado 30 (trinta) dias após a inclusão da</p><p>informação no sistema eletrônico.</p><p>§ 7º Para atendimento do disposto neste artigo, os órgãos e entidades executivos</p><p>de trânsito dos Estados e do Distrito Federal deverão registrar e atualizar os</p><p>24</p><p>registros de infrações e os dados dos condutores por eles administrados nas bases</p><p>de informações do órgão máximo executivo de trânsito da União.</p><p>§ 8º É nula a penalidade de multa aplicada quando o infrator se enquadrar nos</p><p>requisitos estabelecidos no art. 267 do CTB.</p><p>Art. 11. Para as infrações cometidas antes de 12 de abril de 2021, a penalidade de</p><p>advertência por escrito poderá ser imposta à infração de natureza leve ou média,</p><p>passível de ser punida com multa, não sendo reincidente o infrator, na mesma</p><p>infração, nos últimos 12 (doze) meses, quando, considerando o prontuário do</p><p>infrator, a autoridade entender esta providência como mais educativa.</p><p>§ 1º Até a data do término do prazo para a apresentação da defesa da autuação, o</p><p>proprietário do veículo, ou o condutor infrator devidamente identificado, poderá</p><p>requerer à autoridade de trânsito a aplicação da penalidade de advertência por</p><p>escrito de que trata o caput.</p><p>§ 2º Não cabe recurso à Junta Administrativa de Recursos de Infrações (JARI) da</p><p>decisão da autoridade que aplicar a penalidade de advertência por escrito solicitada</p><p>com base no § 1º, exceto se essa solicitação for concomitante à apresentação de</p><p>defesa da autuação.</p><p>§ 3º Para fins de análise da reincidência de que trata o caput, deverá ser</p><p>considerada apenas a infração referente à qual foi encerrada a instância</p><p>administrativa de julgamento de infrações e penalidades.</p><p>§ 4º Caso a autoridade de trânsito não entenda como medida mais educativa a</p><p>aplicação da penalidade de advertência por escrito, aplicará a penalidade de multa.</p><p>§ 5º Para fins de cumprimento do disposto neste artigo, o órgão máximo executivo</p><p>de trânsito da União deverá disponibilizar transação específica para registro da</p><p>penalidade de advertência por escrito no RENACH e no RENAVAM, bem como</p><p>acesso às informações contidas no prontuário dos condutores e veículos para</p><p>consulta dos órgãos e entidades componentes do SNT.</p><p>§ 6º Para cumprimento do disposto no § 1º, o infrator deverá apresentar ao órgão</p><p>autuador documento emitido pelo órgão ou entidade executivo de trânsito</p><p>responsável pelo seu prontuário, que demonstre as infrações cometidas, se houver,</p><p>referente aos últimos 12 (doze) meses anteriores à data da infração, caso essas</p><p>informações não estejam disponíveis no RENACH.</p><p>§ 7º Até que as providências previstas no § 5º sejam disponibilizadas aos órgãos</p><p>autuadores, a penalidade de advertência por escrito poderá ser aplicada por</p><p>solicitação da parte interessada.</p><p>Vale frisar que existe uma distinção com relação a data do cometimento da infração. Se</p><p>a infração for cometida ANTES de 12 de abril de 2021, a advertência é facultativa e será</p><p>aplicada mediante solicitação do interessado, conforme redação do art. 11 da Resolução</p><p>918 do CONTRAN.</p><p>Evidente que, para que isso ocorra, é necessário que o motorista cumpra os requisitos</p><p>descritos no texto legal, ou seja, que a infração seja de natureza leve ou média, passível</p><p>de ser punida com multa, caso não tenha cometido nenhuma outra infração nos últimos</p><p>12 meses.</p><p>Sempre lembrando que antes de uma penalidade ser efetivamente imposta contra o</p><p>motorista (pontuação) e o valor ser exigido no documento do veículo ($$) o órgão de</p><p>25</p><p>trânsito responsável pela autuação DEVE dar ao infrator oportunidade de exercer o</p><p>direito ao contraditório e à ampla defesa.</p><p>Essa oportunidade se dá por meio das notificações. Por isso é importante orientar o</p><p>cliente a manter o endereço do veículo devidamente atualizado nos cadastros do</p><p>DETRAN para evitar complicações com o envio das notificações.</p><p>Isso porque, qualquer notificação devolvida por desatualização de endereço, será</p><p>considerada válida para todos os efeitos, conforme redação do § 5° do art. 10 e do § 5°</p><p>do art. 32 da Resolução 918 do CONTRAN, veja:</p><p>§ 5º A notificação devolvida por desatualização do endereço do infrator junto</p><p>ao órgão ou entidade executivo de trânsito responsável pelo seu prontuário</p><p>será considerada válida para todos os efeitos.</p><p>***</p><p>§ 5º Caso não seja providenciada a atualização do endereço prevista no § 4º,</p><p>a notificação devolvida por esse motivo será considerada válida para todos</p><p>os efeitos.</p><p>Veremos mais sobre as notificações adiante.</p><p>É importante que você saiba diferenciar autuação ou infrações de trânsito de</p><p>penalidade, por isso eu fiz um tópico só para fazer essa distinção para você, confira.</p><p>_______________________________________________________________________</p><p>_______________________________________________________________________</p><p>_______________________________________________________________________</p><p>_______________________________________________________________________</p><p>_______________________________________________________________________</p><p>_______________________________________________________________________</p><p>_______________________________________________________________________</p><p>_______________________________________________________________________</p><p>_______________________________________________________________________</p><p>_______________________________________________________________________</p><p>_______________________________________________________________________</p><p>_______________________________________________________________________</p><p>_______________________________________________________________________</p><p>_______________________________________________________________________</p><p>_______________________________________________________________________</p><p>_______________________________________________________________________</p><p>_______________________________________________________________________</p><p>_______________________________________________________________________</p><p>_______________________________________________________________________</p><p>_______________________________________________________________________</p><p>26</p><p>_______________________________________________________________________</p><p>_______________________________________________________________________</p><p>_______________________________________________________________________</p><p>_______________________________________________________________________</p><p>Infrações de Trânsito X Penalidade de Multa</p><p>Infração de trânsito não é a mesma coisa que penalidade.</p><p>Em primeiro lugar, temos que entender o que o CTB diz ser uma infração. Neste aspecto,</p><p>o tema foi tratado em dois momentos: o primeiro, no art. 161 (com nova redação pela</p><p>ADI 2998 do STF) localizado no capítulo XV referente às próprias infrações:</p><p>Art. 161. Constitui infração de trânsito a inobservância de qualquer preceito</p><p>deste Código, da legislação complementar, e o infrator sujeita-se às</p><p>penalidades e às medidas administrativas indicadas em cada artigo, além</p><p>das punições previstas no Capítulo XIX.</p><p>Aqui vale uma consideração no que diz respeito a ADI 2998 do STF que tirou do</p><p>CONTRAN a competência para estabelecer sanção, julgando inconstitucional a</p><p>expressão “ou Resoluções do CONTRAN” que constava no caput do art. 161 do CTB.</p><p>Isso porque, segundo a ADI 2998, A expressão “ou das resoluções do CONTRAN” que</p><p>constava no caput do art. 161 contraria o princípio da reserva legal.</p><p>Você pode ter acesso ao inteiro teor do acórdão no material complementar.</p><p>No anexo I do Código, também foi reservado um espaço para a conceituação e definição</p><p>de Infração, sendo esta:</p><p>“inobservância a qualquer preceito da legislação de trânsito, às normas</p><p>emanadas do Código de Trânsito, do Conselho Nacional de Trânsito e a</p><p>regulamentação estabelecida pelo órgão ou entidade executiva do</p><p>trânsito.”</p><p>Como se vê, infração de trânsito é a simples violação de qualquer preceito do código</p><p>que estabeleça uma determinada conduta</p><p>como proibida.</p><p>E multas, como vimos, são uma das penalidades previstas no CTB.</p><p>Infrações de trânsito são punidas com multas após esgotados todos os meios de defesa</p><p>em direito admitidos, conforme redação do art. 18 da Resolução 918 do CONTRAN e art.</p><p>290 do CTB.</p><p>27</p><p>Veja este exemplo: A infração ao art. 208 do CTB. A conduta proibida é: “avançar o sinal</p><p>vermelho”; segundo o CTB é uma infração gravíssima que tem como penalidade multa.</p><p>Art. 208. Avançar o sinal vermelho do semáforo ou o de parada obrigatória:</p><p>Infração - gravíssima;</p><p>Penalidade - multa.</p><p>As infrações, então, são punidas por multas e classificam-se de acordo com sua</p><p>gravidade, conforme previsão do art. 259 do CTB:</p><p>Art. 259. A cada infração cometida são computados os seguintes números de</p><p>pontos:</p><p>I - gravíssima - sete pontos;</p><p>II - grave - cinco pontos;</p><p>III - média - quatro pontos;</p><p>IV - leve - três pontos.</p><p>O valor das multas, segundo a previsão do art. 258 do CTB, varia de acordo com a</p><p>natureza da infração: Leve – R$ 88,38; Média – R$ 130,16; Grave – R$ 195,23 e</p><p>Gravíssima – R$ 293,47.</p><p>Pode acontecer das multas terem um valor maior do que esses aqui expostos.</p><p>Trata-se do que chamamos de fator multiplicador que é a previsão é o § 2° do art. 258</p><p>do CTB, veja:</p><p>§ 2º Quando se tratar de multa agravada, o fator multiplicador ou índice adicional</p><p>específico é o previsto neste Código.</p><p>Isso quer dizer que, as infrações que são mais graves, terão o índice adicionado ao caso</p><p>específico, quer ver um exemplo?</p><p>A infração ao art. 203, V do CTB, prevê multa gravíssima em 5 vezes:</p><p>Art. 203. Ultrapassar pela contramão outro veículo:</p><p>(...)</p><p>V - onde houver marcação viária longitudinal de divisão de fluxos opostos do tipo</p><p>linha dupla contínua ou simples contínua amarela:</p><p>Infração - gravíssima;</p><p>Penalidade - multa (cinco vezes).</p><p>Ou seja, a multa por ultrapassar em faixa contínua amarela custa R$ 293,47 x 5, que</p><p>totaliza o valor de R$ 1.467,35.</p><p>Nestes casos, aumenta-se apenas o valor pecuniário ($$$), não havendo multiplicação</p><p>da pontuação relacionada à infração de trânsito.</p><p>Ainda com o fator multiplicador, temos as seguintes possibilidades:</p><p>28</p><p>● multa gravíssima vezes 2 – infrações dos artigos 162, III; 163 c/c 162, III; e 164</p><p>c/c 162, III;</p><p>● multa gravíssima vezes 3 – infrações dos artigos 162, I e II; 163 c/c 162, I e II; 164</p><p>c/c 162, I e II; 193; e 218, III;</p><p>● multa gravíssima vezes 5 – infrações dos artigos 165-B; 176, I a V; 202, I e II; e</p><p>203, I a V;</p><p>● multa gravíssima vezes 10 – infrações dos artigos 165; 165-A; 173; 174; 175; e</p><p>191;</p><p>● multa gravíssima vezes 20 – infração de trânsito do artigo 253-A;</p><p>● multa gravíssima vezes 60 – infração de trânsito do artigo 253-A (organizador da</p><p>conduta);</p><p>● multa gravíssima prevista no artigo 246, que pode ser agravada em até cinco</p><p>vezes, a critério da autoridade de trânsito, conforme o risco à segurança; e</p><p>● multa imposta à pessoa jurídica, pela não identificação do infrator, nos termos</p><p>do artigo 257, § 8º do CTB e Resolução CONTRAN n. 710/17.</p><p>E é por isso que temos multas tão caras.</p><p>_______________________________________________________________________</p><p>_______________________________________________________________________</p><p>_______________________________________________________________________</p><p>_______________________________________________________________________</p><p>_______________________________________________________________________</p><p>_______________________________________________________________________</p><p>_______________________________________________________________________</p><p>_______________________________________________________________________</p><p>_______________________________________________________________________</p><p>_______________________________________________________________________</p><p>_______________________________________________________________________</p><p>_______________________________________________________________________</p><p>_______________________________________________________________________</p><p>_______________________________________________________________________</p><p>_______________________________________________________________________</p><p>_______________________________________________________________________</p><p>_______________________________________________________________________</p><p>_______________________________________________________________________</p><p>_______________________________________________________________________</p><p>_______________________________________________________________________</p><p>_______________________________________________________________________</p><p>_______________________________________________________________________</p><p>_______________________________________________________________________</p><p>_______________________________________________________________________</p><p>Penalidades para o Permissionário</p><p>29</p><p>A Permissão para Dirigir (PPD), também conhecida como CNH Provisória, é uma fase</p><p>obrigatória na vida de todo motorista.</p><p>A ''Permissão para Dirigir'' trata-se, portanto, de um documento transitório de</p><p>habilitação, idêntico à habilitação definitiva, mas que possui um prazo temporário de</p><p>validade, de apenas 1 (um) ano, cujo objetivo é criar um ''período de experiência'' para</p><p>o condutor iniciante, de modo que se verifique, ao final deste período, como foi o seu</p><p>comportamento no trânsito.</p><p>Vale a leitura da Resolução 789/20 do CONTRAN, que foi alterada pela Resolução</p><p>849/21.</p><p>Segundo o art. 148, § 2º do CTB, o candidato à habilitação que for aprovado em todos</p><p>os testes, adquire a PPD que possui validade de 12 meses.</p><p>Art. 148. Os exames de habilitação, exceto os de direção veicular, poderão ser</p><p>aplicados por entidades públicas ou privadas credenciadas pelo órgão executivo de</p><p>trânsito dos Estados e do Distrito Federal, de acordo com as normas estabelecidas</p><p>pelo CONTRAN.</p><p>§ 1º A formação de condutores deverá incluir, obrigatoriamente, curso de direção</p><p>defensiva e de conceitos básicos de proteção ao meio ambiente relacionados com o</p><p>trânsito.</p><p>§ 2º Ao candidato aprovado será conferida Permissão para Dirigir, com validade de</p><p>um ano.</p><p>§ 3º A Carteira Nacional de Habilitação será conferida ao condutor no término de</p><p>um ano, desde que o mesmo não tenha cometido nenhuma infração de natureza</p><p>grave ou gravíssima ou seja reincidente em infração média.</p><p>§ 4º A não obtenção da Carteira Nacional de Habilitação, tendo em vista a</p><p>incapacidade de atendimento do disposto no parágrafo anterior, obriga o</p><p>candidato a reiniciar todo o processo de habilitação.</p><p>§ 5º O Conselho Nacional de Trânsito - CONTRAN poderá dispensar os tripulantes</p><p>de aeronaves que apresentarem o cartão de saúde expedido pelas Forças Armadas</p><p>ou pelo Departamento de Aeronáutica Civil, respectivamente, da prestação do</p><p>exame de aptidão física e mental.</p><p>No documento físico da PPD, vem escrito que o motorista está na permissão para dirigir,</p><p>veja:</p><p>30</p><p>Sendo assim, depois do período definido pela legislação (12 meses) e após cumprir todos</p><p>os requisitos exigidos, o permissionário poderá solicitar sua CNH “definitiva”. O que</p><p>muda na estética do documento é apenas o campo “permissão”, que fica encoberto por</p><p>um traço preto.</p><p>Para isso, no entanto, é preciso cumprir todos os requisitos exigidos pela Lei de Trânsito.</p><p>Tecnicamente o termo “CNH definitiva” é errado, já que remete a algo que é perpétuo,</p><p>mas o direito de dirigir, que é uma licença concedida pelo estado, não é permanente,</p><p>isso porque ele pode ser suspenso e/ou cassado.</p><p>O artigo 148, §§ 3º e 4º, do CTB, estabelece que somente será conferida a CNH definitiva</p><p>àquele que não tiver cometido nenhuma infração de trânsito de natureza gravíssima ou</p><p>grave, nem seja reincidente em infrações médias, no período permissionário; e, em caso</p><p>de registro deste tipo de infração, obriga-se que se reinicie todo o processo de</p><p>habilitação, com todas as etapas realizadas anteriormente (curso</p>