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<p>Letramentos digitais outros: para uma sociedade mais plural e mais</p><p>inclusiva</p><p>Hélvio Frank Marlana</p><p>Carla Peixoto Ribeiro</p><p>Maria Dolores Martins de Araújo</p><p>1. Inicializando</p><p>Nosso mundo não é mais o mesmo sem o acesso à Internet e, poderíamos acrescentar, sem as redes</p><p>sociais. Castells (1999) já dizia que a Internet seria um meio de (re)organização das estruturas sociais</p><p>que continuamente modifica nossas relações humanas. Podemos verificar esse cenário, quando nos</p><p>imaginamos, por exemplo, cercados de dispositivos eletrônicos, como celulares, notebooks e</p><p>computadores, dos mais variados tipos e com as mais variadas funções, quase sempre conectados</p><p>à rede, relacionando-nos uns com os outros digitalmente.</p><p>(...)</p><p>Com o reconhecimento dos desdobramentos advindos da interação digital, a qual incide</p><p>diretamente no uso de redes sociais, torna-se relevante problematizar práxis digitais intolerantes à</p><p>diversidade, já que ofensas, insultos ou mesmo discriminações podem se fazer presentes nessa</p><p>esfera tecnológico-digital. Assim, nas próximas seções, enunciamos a práxis digital nos dias atuais,</p><p>sobrelevando, além dos aspectos linguísticos e digitais, as relações de poder imiscuídas em</p><p>comentários on-line em redes sociais, buscando refletir a forma textual-discursiva dos</p><p>relacionamentos digitais como potencial (re)produtora de violência e desigualdade.</p><p>2. Abrindo página e criando links</p><p>Parece-nos razoável dizer que a cultura digital, com suas severas formas de acesso desigual,</p><p>representada por diferentes ferramentas, como smartphones e (micro)computadores, é bastante</p><p>aderida em contexto brasileiro. Desse fato, com base em apurações de pesquisa realizada pelo</p><p>Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (2023), denominada TIC Kids Online Brasil, é cada</p><p>vez mais crescente e mais precoce o uso de redes sociais por crianças brasileiras. Esse dado nos leva</p><p>à constatação de que o uso de redes sociais, como temos visto com maior ênfase desde o</p><p>surgimento da pandemia, é abrangente e faz parte de nossa vida contemporânea, cada vez mais</p><p>acelerada em novidade, como um caminho para nos relacionarmos com outras pessoas, criarmos</p><p>valores e estabelecermos costumes e afetividades. Afinal, desde a chegada do vírus SARS-CoV-2,</p><p>passamos a ficar em casa, fisicamente, mas em permanente contato social, via aparelhos digitais</p><p>conectados à Internet.</p><p>O aparelho celular smarphone, mesmo antes da crise sanitária, já era um dos recursos tecnológicos</p><p>mais utilizados no Brasil, a fim de nos conectarmos com pessoas a longas distâncias. No cenário</p><p>global contemporâneo mundial, as pessoas passam a maior parte do tempo de suas vidas</p><p>navegando on-line. Essa é a condição plena, sem precedentes, de que determinadas TDIC podem</p><p>até se reformular, porém vieram para ficar e, sendo assim, não podem ser tidas apenas como</p><p>ferramentas, mas como nossa própria vida acontecendo. Diante deste quadro, há urgência em</p><p>pensarmos processos técnicos de usos amplamente já divulgados, mas, sobretudo, nos conduzirmos</p><p>a princípios educativos, éticos e de compromisso para com nossas práxis digitais, construindo outros</p><p>letramentos, para além dos técnico-digitais.</p><p>Nas relações e nas práxis digitais, encontramos diversos problemas linguísticos ao usarmos, por</p><p>exemplo, um aparelho digital com Internet, dentre eles, os discursos de ódio, a desinformação e a</p><p>informação descomprometida em gerar conhecimento entre usuários. Para toda essa novidade que</p><p>se amplia diariamente, conduzida por processos de globalização tecnológica, apostamos na</p><p>urgência de outros letramentos digitais, os quais possam nos instigar ao respeito à narrativa, à vida,</p><p>ao comentário, à visão e à opinião alheia, divergente e diferente. Por estar incrustado em nossas</p><p>vivências, talvez nem percebamos, mas o que fazemos em tela, além de construir e de produzir</p><p>efeitos de sentidos digitais-sociais, pode estar se materializando na (re)produção discursiva de</p><p>valores que denunciam a violência simbólica digitada, que, por sua vez, é comum em outros modos</p><p>de relacionamento em sociedade. Na práxis digital, não é raro se reiterar a intolerância à diversidade</p><p>encontrada no outro, por quaisquer que sejam os motivos estruturais em que historicamente nos</p><p>formamos.</p><p>A questão primordial é que plataformas digitais sociais, como WhatsApp, Facebook, Instagram,</p><p>TikTok, Twitter etc., funcionam como ambientes digitais movidos por relações sociais – sob</p><p>pretensões ideológicas, estratégicas, subjetivas, entremeadas de poder-saber que definitivamente</p><p>refletem o pensamento da sociedade que se tem à sua época. O que queremos dizer é que nossas</p><p>realizações digitais, como um todo, geralmente fluídas e dinâmicas, servem de termômetro para</p><p>quase sempre enunciar o que já está consolidado por nossos comportamentos sociais, em termos</p><p>de visão, valores, costumes, ideais, sentipensamentos (Fals Borda, 2009). Resta agora, portanto,</p><p>buscarmos inteligibilidade crítica para averiguar se esses valores e construções causam opressão às</p><p>pessoas que nos leem do outro lado da tela, ou vice-versa. Mais ainda, serve para observar se</p><p>estamos, com nossos comentários on-line, retificando, construindo, destruindo ou mesmo</p><p>ratificando nossas concepções, às vezes nada éticas, sobre os fatos que lemos e sobre as pessoas</p><p>sobre/com quem estamos comentando.</p><p>Isso se dá porque nossas práxis digitais, mobilizadas pela linguagem, estão articuladas a um contexto</p><p>político no qual se constroem relações, sentidos e efeitos de sentidos em nossas vidas. Usuários de</p><p>plataformas digitais geralmente as usam para trabalho, entretenimento, socialização, informação</p><p>ou mesmo para a comunicação diária. Nesse “ecossistema hiperconectado” (Gómez, 2019),</p><p>diferentes pessoas e culturas se comunicam e compartilham diversos tipos de conteúdo e</p><p>informações de modo instantâneo e fluído. Diante do que Blommaert (2020) chamou de “sociedade</p><p>pós-digital” ou do que Santaella (2013) denonimou de “sociedade hipercomplexa”, a qual</p><p>potencializa a hipersociabilidade, é necessário o escrutínio de nossas práxis, das formas de</p><p>comunicação que se exploram, das manobras digitais colonizantes, na tentativa de questionarmos</p><p>sobre o que estamos, de acordo com Gregolin (2017), lendo, vendo e, acrescentamos, digitando.</p><p>Referência bibliográfica:</p><p>FRANK, Hélvio.; RIBEIRO, Marlana Carla Peixoto ; ARAÚJO, Maria Dolores Martins de . Letramentos</p><p>digitais outros: para uma sociedade mais plural e mais inclusiva. In: Anabela Valente Simões;</p><p>Olira Saraiva Rodrigues; Gillian Owen Moreira; Carla Conti de Freitas. (Org.). Comunicação, cultura</p><p>e sociedade: diálogo luso-brasileiro sobre os desafios do século XXI. 1ed.: , 2024, v. , p. 31-43.</p><p>http://lattes.cnpq.br/1659880507093036</p><p>http://lattes.cnpq.br/1659880507093036</p>

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