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<p>TUBERCULOSE</p><p>3.4 Estudo da patologia</p><p>3.4.1 Introdução</p><p>A tuberculose (TB) é uma infecção bacteriana causada pelo Mycobacterium tuberculosis. A doença afeta principalmente os pulmões, embora também possa comprometer outros órgãos, como rins, ossos e sistema nervoso central. Transmitida de pessoa para pessoa através de gotículas respiratórias expelidas ao tossir ou espirrar, a tuberculose é uma das principais causas de morbidade e mortalidade em países em desenvolvimento (RAVAGNANI et al., 2023).</p><p>A infecção pode variar de uma forma latente, onde o indivíduo não apresenta sintomas e não é contagioso, para uma forma ativa, na qual os sintomas incluem tosse persistente, febre, suores noturnos e perda de peso. O diagnóstico da tuberculose envolve exames clínicos, radiológicos e laboratoriais, sendo a baciloscopia e o teste tuberculínico os métodos mais comuns (SILVA et al., 2018).</p><p>O tratamento da tuberculose é eficaz, porém exige a administração prolongada de múltiplos antibióticos para garantir a erradicação completa do bacilo e prevenir a resistência medicamentosa. A tuberculose continua a ser um desafio global significativo, especialmente em contextos de pobreza e sistemas de saúde inadequados, tornando a prevenção e o controle essenciais para a redução de sua incidência e impacto (COSTA et al., 2021).</p><p>3.4.2 Epidemiologia</p><p>Incidência: A tuberculose tem sido historicamente um desafio de saúde pública no Brasil. Apesar dos avanços na prevenção e tratamento, ela continua sendo uma das principais causas de morbidade e mortalidade no país. Vários fatores contribuem para a incidência persistente da tuberculose no Brasil (MENEZES, MOURA, 2021).</p><p>Um dos principais desafios é a desigualdade social e econômica, que contribui para condições de vida precárias em muitas comunidades. A tuberculose está intimamente ligada às condições de pobreza, superlotação e falta de acesso a cuidados de saúde adequados. Populações vulneráveis, como os sem-teto, pessoas vivendo com HIV/AIDS, presidiários e populações indígenas, estão particularmente em risco (MENEZES, MOURA, 2021).</p><p>A incidência de tuberculose no Brasil é considerada alta em comparação com muitos outros países. Entre 2001 e 2019, foram notificados um aumento com cerca de 97 mil novos casos de tuberculose no país, representando uma taxa de incidência de aproximadamente 34,6 casos por 100.000 habitantes. No entanto, é importante ressaltar que a incidência pode variar amplamente entre diferentes estados e municípios (MENEZES, MOURA, 2021).</p><p>Prevalência: A prevalência da tuberculose no país é significativa, colocando-o entre os países com as maiores taxas de incidência da doença no mundo. O predomínio da doença varia de acordo com as regiões, com áreas urbanas densamente povoadas e populações vulneráveis muitas vezes apresentando taxas mais altas. Embora os números tenham diminuído ao longo dos anos devido aos esforços de controle da doença, ela ainda é considerada endêmica em muitas partes do país (CORTEZ et al., 2021).</p><p>Para enfrentar a prevalência da tuberculose no Brasil, o governo implementou programas de controle da doença em todo o país. Esses programas visam expandir o acesso ao diagnóstico precoce, tratamento adequado e prevenção da transmissão da doença. Estratégias como a busca ativa de casos, educação da comunidade e promoção de práticas de higiene são fundamentais para reduzir a prevalência da doença (NEVES et al., 2018).</p><p>3.4.3 Fisiopatologia</p><p>A etiologia da tuberculose está relacionada à presença da bactéria Mycobacterium tuberculosis, onde sua apresentação é fina, ligeiramente curvo e pode medir até 3 μm (0,001 mm). É um bacilo resistente, aeróbio, com parede celular serosa que lhe proporciona reduzir a permeabilidade e induz a baixa efetividade nos antibióticos, favorecendo sua sobrevida nos macrófagos. Sua transmissão se faz principalmente por via aérea, através da inalação de gotículas respiratórias expelidas por pessoas infectadas com tuberculose ativa (RAVAGNANI et al., 2023).</p><p>Quando essas gotículas contaminadas são inaladas, as bactérias podem chegar aos pulmões e se instalar nos tecidos pulmonares, onde se multiplicam e causam a infecção. No entanto, é importante ressaltar que nem todas as pessoas expostas ao Mycobacterium tuberculosis desenvolvem a doença. Em muitos casos, o sistema imunológico é capaz de controlar a infecção e manter as bactérias inativas, em um estado conhecido como tuberculose latente (RAVAGNANI et al., 2023).</p><p>A fisiopatologia envolve uma complexa interação entre o Mycobacterium tuberculosis e o sistema imunológico do hospedeiro. Compreender essa interação é fundamental para esclarecer os diferentes estágios da doença, desde a infecção primária até o desenvolvimento da tuberculose ativa. Quando uma pessoa é exposta ao antígeno, geralmente por meio da inalação de gotículas respiratórias, as micobactérias alcançam os pulmões e são fagocitadas pelos macrófagos alveolares. Essas células tentam eliminar as bactérias, porém, o Mycobacterium tuberculosis possui uma série de mecanismos de evasão imunológica que permitem sua sobrevivência dentro dos macrófagos (SILVA et al., 2018).</p><p>A infecção primária pode levar à formação do complexo de Ghon, uma área de inflamação localizada nos pulmões onde o patógeno é contido por células do sistema imunológico. Esse complexo pode calcificar ao longo do tempo e permanecer no organismo como uma cicatriz (SILVA et al., 2018).</p><p>Em muitos casos, o sistema imunológico é capaz de controlar a infecção, resultando na tuberculose latente. Nesse estágio, as bactérias permanecem viáveis dentro do organismo, porém, estão inativas e não causam sintomas. No entanto, em situações de imunossupressão, como na presença do HIV/AIDS, desnutrição ou uso de medicamentos imunossupressores, as bactérias podem se reativar e se multiplicar, levando ao desenvolvimento da tuberculose ativa (COSTA et al., 2021).</p><p>A tuberculose ativa é caracterizada pelo crescimento descontrolado do Mycobacterium tuberculosis, geralmente nos pulmões, mas também pode afetar outros órgãos, como os rins, ossos, sistema nervoso central, entre outros. A disseminação das bactérias pode ocorrer através da corrente sanguínea ou do sistema linfático, resultando em complicações graves, como meningite tuberculosa, tuberculose miliar e disseminação extrapulmonar da doença (COSTA et al., 2021).</p><p>3.4.4 Manifestações clínicas</p><p>3.4.5 Diagnóstico</p><p>Métodos Diagnósticos Utilizados: Para a tuberculose, é necessário para métodos diagnósticos: exames de imagem, exames microscópicos de escarro, cultura de bactérias e PCR, bem como a avaliação clínica avaliação clínica para identificar sinais de complicações associadas a essas condições (RAVAGNANI et al., 2023).</p><p>Apesar de ser doença psiquiátrica, idiopática e de análise subjetiva, ainda se coloca em dúvida os métodos diagnósticos da esquizofrenia por apenas se fundamentar em uma observação do comportamento, avaliação psicológica, entrevista clínica e ajuda de exames complementares (COSTA et al., 2023).</p><p>3.4.6 Tratamento</p><p>O tratamento da tuberculose no Brasil segue as diretrizes estabelecidas pelo Programa Nacional de Controle da Tuberculose (PNCT), que é coordenado pelo Ministério da Saúde. A terapêutica é oferecida de forma gratuita pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e é baseado em um protocolo que inclui o uso de medicamentos antibióticos específicos e administrados por um período mínimo de seis meses (COSTA et al., 2021).</p><p>De acordo com Brasil (2023), a intervenção padrão para tuberculose pulmonar ativa, geralmente consiste em uma fase inicial de tratamento intensivo, seguida por uma fase de tratamento de manutenção, conforme demonstrado a seguir:</p><p>1. Fase inicial (intensiva):</p><p>· Geralmente dura de 2 a 3 meses;</p><p>· Inclui o uso de uma combinação de quatro medicamentos anti-tuberculose: isoniazida, rifampicina, pirazinamida e etambutol;</p><p>· Essa fase tem o objetivo de matar rapidamente as bactérias que causam a doença, reduzindo a carga bacteriana no organismo.</p><p>2. Fase de manutenção:</p><p>· Geralmente dura de 4 a 7 meses;</p><p>· Consiste</p><p>na continuação do tratamento com uma associação de isoniazida e rifampicina, sendo que a pirazinamida e o etambutol podem ser descontinuados após a fase inicial, dependendo da resposta do paciente ao tratamento e dos resultados dos exames;</p><p>· O objetivo desta fase é eliminar completamente as bactérias restantes e prevenir a recaída da doença.</p><p>É essencial que o recurso terapêutico seja iniciado o mais rápido possível após o diagnóstico, para evitar complicações e reduzir a transmissão da doença. Além disso, é fundamental que o tratamento seja seguido com rigor, sem interrupções, para garantir a cura e prevenir o surgimento de cepas resistentes aos medicamentos (RAVAGNANI et al., 2023).</p><p>O PNCT também promove estratégias de controle da tuberculose, como a busca ativa de casos, a realização de exames diagnósticos, o tratamento supervisionado e o acompanhamento dos pacientes durante todo o período de tratamento. Além do mais, são desenvolvidas ações de educação em saúde para informar a população sobre a doença, seus sintomas, formas de prevenção e a importância do tratamento adequado (COSTA et al., 2021).</p><p>O tratamento da tuberculose tem sido eficaz na cura da doença quando seguido corretamente. No entanto, a resistência aos medicamentos e a falta de adesão ao tratamento continuam sendo desafios significativos no controle da tuberculose em algumas regiões do mundo. Por isso, é fundamental promover políticas e programas de saúde que garantam o acesso universal ao diagnóstico precoce e ao tratamento adequado da tuberculose (COSTA et al., 2021).</p><p>O tratamento padrão recomendado mundialmente para a tuberculose é realizado com a combinação de 4 fármacos. Inicie-se com uma fase de ataque durante 2 meses com Rifampicina (RIF), Isoniazida (INH), Pirazinamida (PZA) e Etambutol (BEM). Após esse período, o tratamento continua com a fase de continuação durante 4 meses com RIF e INH (NASCIMENTO et al., 2023).</p><p>A RIF é um antibiótico que atua inibindo a síntese de RNA, pode causar efeitos adversos como coagulopatias e distúrbios metabólicos. A PZA atua interrompendo o potencial de membrana, diminuindo o pH intrabacteriano, levando a morte da micobactéria. Seu completo mecanismo de ação ainda é pouco compreendido, porém sua eficácia em encurtar a duração do tratamento é reconhecida. Esse fármaco pode levar a hiperuricemia, aumentando as chances da ocorrência de doenças como gota e cálculos renais (NASCIMENTO et al., 2023).</p><p>O EMB age como antimicobacteriano inibindo as enzimas envolvidas na biossíntese de componentes da parede celular do M. tuberculosis. Como efeitos adversos pode causar neuropatia óptica. Por fim, o INH inibe a biossíntese do ácido micólico, um dos componentes da parede celular do M. tuberculosis. Como efeito adverso positivo pode ocorrer o aumento da biodisponibilidade de serotonina (NASCIMENTO et al., 2023).</p><p>A paciente realizou antibiograma em que se constatou resistência bacteriana a rifampicina, medicamento de preferência para o tratamento da tuberculose. Diante dessa informação, seu tratamento farmacológico ainda está em análise pela equipe médica.</p><p>3.4.7 Assistência de enfermagem</p><p>Quanto ao tratamento medicamentoso da tuberculose, cabe ao enfermeiro orientar paciente e família sobre o uso correto das medicações, possíveis efeitos adversos, esclarecer a importância da não interrupção do tratamento e se disponibilizar para sanar dúvidas (BRASIL, 2019).</p><p>REFERÊNCIAS</p><p>BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente. Departamento do Programa Nacional de Imunizações e Doenças Imunopreviníveis. Guia de Manejo e Tratamento de influenza 2023. Brasília, 2023. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes//guia_manejo_tratamento_influenza_2023.pdf. Acesso em: 09 set. 2024.</p><p>BRASIL. Ministério da Saúde. Manual de Recomendações para o Controle da Tuberculose no Brasil. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância das Doenças Transmissíveis, 2019. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/manual_recomendacoes_controle_tuberculose_brasil_2_ed.pdf. Acesso em: 09 set. 2024.</p><p>COSTA, K. M.; TOBBIN, I. A.; GONÇALVES, G. H. P.; KUCMANSKI, D.; COSTA, J. P. G.; NUNES, P. L. P; CARVALHO, F. B. Tuberculose: Uma revisão de literatura. Brazilian Journal of Health Review, 2021. DOI:10.34119/bjhrv4n4-161. Disponível em:https://ojs.brazilianjournals.com.br/ojs/index.php/BJHR/article/view/33890. Acesso em: 09 set. 2024.</p><p>COSTA, M. A. S. G.; SOARES, G. F. G.; LISBOA, L. A. V.; RIBEIRO, P. A. P. Esquizofrenia: perspectivas atuais acerca do diagnóstico, tratamento e evolução clínica da doença. Brazilian Journal of Health Review, 2023. DOI: 10.34119/bjhrv6n1007.Disponívelem:https://ojs.brazilianjournals.com.br/ojs/index.php/BJHR/article/view/55925. Acesso em: 09 set. 2024.</p><p>MENEZES, R. F.; MOURA, E. R. Prevalência da tuberculose no brasil no período de 2011 a 2019. Revista Interdisciplinar em Saúde, Cajazeiras,2021. DOI: 10.35621/23587490.v8.n1.p534-545. Disponível em: https://www.interdisciplinarems aude.com.br/Volume_29/Trabalho_41_2021.pdf. Acesso em: 09 set. 2024.</p><p>NASCIMENTO, D. D.; PRADO, L. D.; GONÇALVES, K. M.; MAGALHÃES, J. L. Medicamento para Tuberculose em dose combinada: um panorama dos fármacos rifampicina, isoniazida, pirazinamida e etambutol. Brazilian Journal of Health Review. v.6, n.4, p.15780-15802, 2023. Disponível em: https://doi.org/10.34119/bjhrv6n4-143. Acesso em: 09 set. 2024.</p><p>NEVES, D. C. O., LOUREIRO, L. O., PAIVA, N. P., OHNISHI, M. D. O., RIBEIRO, C. D. T. Análise do Programa de Controle da Tuberculose no estado do Pará, Brasil, de 2005 a 2014. Rev. Pan-Amaz Saúde, Ananindeua, 2018. doi.org/10.5123/s2176-6223201800040005.Disponívelem:http://scielo.iec.gov.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2176-62232018000400005&lng=pt&nrm=isso. Acesso em 09 set. 2024.</p><p>RAVAGNANI, A. J.; LOPES, L.; CRUZ, P. M. Diagnóstico e tratamento da tuberculose pulmonar. Revista Corpus Hippocraticum, 2023. Disponível em: https://revistas.unilago.edu.br/index.php/revista-medicina/article/view/963. Acesso em: 09 set. 2024.</p><p>SILVA, M. E. N.; LIMA, D. S.; SANTOS, J. E.; MONTEIRO, A. C. F.; TORQUATO, C. M. M.; FREIRE, V. A.; RIBEIRO, D. B. C.; FEITOSA, A. C. S.; TEIXEIRA, A. B. Aspectos gerais da tuberculose: uma atualização sobre o agente etiológico e o tratamento. Revista Brasileira de Análises Clínicas, 2018. DOI: 10.21877/2448-3877.201800717. Disponível em: https://www.rbac.org.br/artigos/aspectos-gerais-da-tuberculose-uma-atualizacao-sobre-o-agente-etiologico-e-o-tratamento/. Acesso em: 09 set. 2024.</p>