Logo Passei Direto
Buscar

Livro_Adriano Pilatti. A constituinte de 1987-1988 progressistas, conservadores, ordem econômica e regras do jogo. Rio de Janeiro Lumen Juris, 2019, 3. edição.

User badge image
Laura Assoni

em

Material
páginas com resultados encontrados.
páginas com resultados encontrados.
left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

Prévia do material em texto

<p>Constituinte de 1987-1988</p><p>Progressistas, Conservadores,</p><p>>rdem Econômica e Regras do Jogo</p><p>.;:</p><p>1 ::••'f-=�: ."</p><p>Adriano Pilatti</p><p>342.Sl N31</p><p>Autor: Pilatti, Adriano</p><p>Titulo: A Constituinte de 1987-1988</p><p>1111m11mm11m1 ,.,,,,</p><p>Ex.3 PUC-Rio FUCB</p><p>l �9 608</p><p>Adómo Pilatt! é graduado L:m DikiW</p><p>pela Lnivcrsid:1de Federai do Rio de fonciro</p><p>(f:,./0 - 1983), ::ncôtrc s.:m Teoria dll Estc:do s.:</p><p>Direito Con5titucional pda Pontifí.cia</p><p>ünivenidmk Católica Riu de Janeiro (P UC-Rio -</p><p>19X8), e do1Ho1· em Ciência Pú!ltirn pelo Instituto</p><p>UnÍVic:rsllúri.u de Pc�qui;;as do Rio d..: Jan..:iro</p><p>(IUPFRJ - 2006,). Foi as,cssor p:1ri:1.rnc11ia1· da</p><p>Câmara dos Ocputadus junto i1 A�-;cmbl0ia</p><p>Nm::ional Conqitu.i11w de l\l87-1')8N e assessor</p><p>kgislmi'.'O cum.:uroudu da Cfanara du� Dcputal!u�</p><p>até 1991. h)i também a�sessor _iuridirn Jo</p><p>G,1.bicett: i.lu Prtfcito du Rio de fam.::irn. con�u ltor</p><p>_ictrírlico do /11stitnto Bni,ilciro de ,\dmini�tr2.ção</p><p>\fonicipul (II3A.\{1, e ,:s,-:s;;orjurldico da Rejtoria</p><p>da PUC-Riü de: cujo De:pnr'.anwnto de Ditc:ito é</p><p>professor ,1:;:;i�tentc. tutor do Prngrama dL:</p><p>êduc.1çiio Tu101·ial (PET-.JL;R) oc, amalmeme,</p><p>órdor. Leciona Tcuria do Estado. Dir<cito</p><p>Constituci0nal e Processo Legislativo no Curso</p><p>de Gr<1duaçilo, c Tcuria dc1 Cornlitui</10, Processo</p><p>Legislativo, e Direitos Fundrrmenrn.is nos Crn·so�</p><p>de Pós-Grndwição ern Direiw da rr;C-Ri1;_ E</p><p>sócio-fundador da Associ:1çào Brnsileim dos</p><p>Constitucioriali�ta� Dcmo<:ratas (ADCD). e</p><p>rnemhrn do Comellw Editorinl dns rcvisms</p><p>Global Brasil e Dil'ciro. Estado e Sociedade.</p><p>Traduziu Poder Con\"timlnie Ensaio sohre w</p><p>A.ltcmmivas da:lfode!nidade, diéAntonio Negri.</p><p>A CONSTITUINTE DE 1987-1988</p><p>Progressistas, Conservadores, Ordem</p><p>Econômica e Regras do Jogo</p><p>www.lum�njuris.com,br</p><p>ElJrroRES</p><p>João de Almeida.</p><p>João Lui.Z da Silva Alnleida</p><p>--­</p><p>Alé,:andre Freitas Câmara</p><p>Amilton Bueno de o.r,alhl,</p><p>Anur de Brito Gueiros Soun</p><p>C@z>r R<lberto Bitencourt</p><p>Cesar Fl,;m,s</p><p>Crutiano Chaves de Farias</p><p>Caru>s Eduar<io Adriano Japwiú</p><p>mpldio D<>nizettí</p><p>Emerscm Gllfda</p><p>Fau>i Hassan Ch<>llkr</p><p>Firly N�co Filho</p><p>Fran<isco de Assis M, Tavares</p><p>Geral<io L. M. Prado</p><p>Gwlhemie Pet.a de M<m.e,</p><p>Glll!avo Sénkl»I de C<:>ffredo</p><p>J. M. Leoni Lopes de Oliveira</p><p>Jaão Carlos Souto</p><p>José dos Santos Carvalho Filho</p><p>Lú.cio Antônio Cbaroon Junior</p><p>Manoel Mes<ias Peixinho</p><p>Marcellus Polastri Lima</p><p>Mar= Aurélio Be!em1 de Melo</p><p>Mffi:OS /=a Villela Souto</p><p>Nelson Rooenvakl</p><p>Paulo de Bessa Anwne•</p><p>Paulo Rangel.</p><p>Rica,do Máximo Gomes Ferra�</p><p>Sa.k> de Carvalho</p><p>SéTglo André Ro,;;ha</p><p>Ti<sls Nametala Sado Jorge_</p><p>Vktol' Gamciro Dnnnmood</p><p>Rio da Jane!ro</p><p>Centm - Rua da Assetnbléia. 10 Loja G/H</p><p>C:EP 20011 •000 - Centro</p><p>Rio de Janeiro -RJ</p><p>TeL (21) 2531-2199 Fru< 2242-1148</p><p>Barra - Avenida das Amérioos, 4200 Loja E</p><p>Uoivecsidade Está<::io de Sá</p><p>Campus tbm Jobim -CEP 22630-011</p><p>Barra da Tiiuca - Rio de Janetro - RJ</p><p>Tui. (21) 2432-2548 / 315().1980</p><p>""'""""</p><p>Ri.ia Correia Vasques, 48 - CEP: 04038-010</p><p>Vila Clementina· São Paulo -SP</p><p>'fileíax (11) 5908-0240 / 5081-7772</p><p>CONsmHo CoNM.uvo</p><p>Alvam Mayrink da Costa</p><p>Antonio Carlos Manlm SoaréS</p><p>Augwto Zimmérmann</p><p>A�io Wan,ier Basto;</p><p>Elida Séguin</p><p>Flávia Lap de Ca.,tro</p><p>Flivio Alves Martins</p><p>Gisele Cittadino</p><p>Humberto D:,lb Beroardina de Pinho</p><p>Joio Theotonlo Mendes de Almeida Jr.</p><p>Joo,ã Femaodo de Castro Farias</p><p>Jo,:,! Ribo, Vieira</p><p>Luiz Ferfu:ardo Ba«oso</p><p>Luiz Pawo Vieira de Cary,,Iho</p><p>Mareello Ciot-,fa</p><p>Om3I" Gama Ben Kauss</p><p>Rafuel B=ettc</p><p>8'r<310 Demoro Hamilton</p><p>-�"""'</p><p>Rua 'I&nente Bnto Mello, 1,233</p><p>CEP 30180-070- Bano Preto</p><p>Bel<:I Holi<Wnte - :MG</p><p>Tel. (31) 3309-4937</p><p>·-</p><p>Rna Dr. José Feroba, 3'19- Sls 505/506</p><p>CEP 41770-235 • Costa Azul</p><p>Salvador· BA- TeL {71) 3341-3646</p><p>1Uo Grande d<> Sul</p><p>Rua Uruguai, 287 - Conjunto 62</p><p>CEP 90010-140- C8:Dtto - Pl:lrto Alegl'.e - RS</p><p>Tui. (51) 3212-l3590</p><p>-""""</p><p>1'2"" r:nnstRnt<l Sodré. 322-Térreo</p><p>AnRtANO PlLATTI</p><p>A CONSTITUINTE DE 1987-1988</p><p>Progressistas, Conservadores, Ordem</p><p>Económica e Regras do Jogo</p><p>EDITORA</p><p>PUC</p><p>RIO</p><p>EDITORA LUMEN JURIS</p><p>Ri.o de Janeiro</p><p>/6({/J//l</p><p>Copyright © 2008 by Editora PUC·Rio</p><p>arquês de S. Vicente, 225 - Projeto Comunicar</p><p>ça Al.ceu Amoroso Lima, casa Editora</p><p>ea - Rio de Janeiro - RJ - CEP 22453-900</p><p>Tolefax: (21)3527-1760/1838</p><p>Site: www.puc-rtoJJr/editorapucrio</p><p>E -mail: edpucrio@puc-rio.br</p><p>Conselho Editorial</p><p>Augusto Sampaio, Cesar Romero Jacob, Fernando Sá,</p><p>José Ricardo Bergmann, Luiz Roberto Cunha, Maria Clara Lucchetti Bingemei</p><p>'i--­</p><p>)</p><p>Miguel Pereira e Reinaldo Calixto de Campos.</p><p>Todos os direitos Yeservados. Nenbuma parte desta obra</p><p>pode ser reproduzida ou transmitida por quaisquer meios</p><p>(eletrônlco ou mecânico, incluindo fotocópia e gravação) ou</p><p>arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem</p><p>permissão escrita da Editora</p><p>Categoria: Direito Constitucional</p><p>PRoDUÇÃO EDITORIAL</p><p>Livraria e Editora Lumen Jurts Ltda.</p><p>T mnms!'lo no Brasil</p><p>Para Mariana,</p><p>com eodo o ar.nor e toda a temura que trago comigo.</p><p>Reitor</p><p>Pe. Jesus Hortal Sánchez, S.J.</p><p>V:ce-Reitor</p><p>Pe. Josafá Carlos de Síqueira, S.J.</p><p>V!ae-Beitar pam Assuntos Acaclêtnicos</p><p>Prof. José Ricardo Bergmaon</p><p>V'we-Beitor para Assuntos Administrativos</p><p>Prof. Luiz Carlos Scavarda do Caimo</p><p>Vice-Reitor para .Assuntos Comunitários</p><p>Prof. Augusto Luiz Duarte Lopes Sampaio</p><p>Vice-Reitor para Assuntoo de Desenvolvimento</p><p>Pe. Ft"ancisoo Ivero Sim6, S.J.</p><p>Decanos</p><p>Prof" Maria Clara Lucchetti Bingemer (CTCH)</p><p>Prof. Luiz Roberto A. Cunha (CCS)</p><p>Prof. Reinaldo Calixto de Campos {CTC)</p><p>Prof. Francisco de Paula Amarante Neto (CCBM)</p><p>Agradecimentos</p><p>Quando se chega a uma certa etapa da existência, é possí­</p><p>vel percebex o quanto desperdiçamos as oportunidades de ex­</p><p>pressar o bem-querer e a �tidão que sentimos pelas pessoas</p><p>com quem convivemos e trabalhamos, a ponto de corrermos o</p><p>risco de passar pela vida sem dizer as coisas fundamentais. Na</p><p>pior das hipóteses, realizar o trabalho ora publicado terá valido</p><p>pela oportunidade de expressar os agradecimentos que- se</p><p>seguem.</p><p>Da capo, agradeço à "Dona Isette� e ao "SeuEmani" - onde</p><p>quer que ele esteja -pela formação extraordinária que recebi, e</p><p>pela compreensão que tiveram para com minhas errâncias; pri­</p><p>vando-se do convívio comigo, abriram-me os caminhos do</p><p>mundo. Como se não bastasse, deram-me a Ângela, o Naninho e</p><p>o Giam - mais do que irmãos e amigos; muito mais.</p><p>ÀE insólitas pac:iên.cia e confiança que me tem dedicado Jo­</p><p>vanni Masini devo a oportunidade de ter acompanhado o Proce55o</p><p>Constituinte de 1987-88 e nele trabalhado; a interlocução constan­</p><p>te naqueles dias - e até hoje - muito me tem ajudado a compreen­</p><p>der os meandros e limites das superstições institucionais.</p><p>Com José Maria Gómez, Tertuliano dos Passos e Francisco</p><p>Mauro Dias iniciei um processo de reflexão mais consistente</p><p>sobre a "Política" e o �Brasil", processo este que continua, e ao</p><p>qual também com eles aprendi a me dedicar eJdgindo de mim</p><p>mesmo o máximo de es,,:;rúpulo.</p><p>· A Renato Lessa devo muito, não "apenas" pela orientação,</p><p>mas também pelo diálogo constante, pela abertura generosa de</p><p>pensamento, pela insistência em advertir para o perigo de esque­</p><p>cer a política encarnada em gente quando se escolhe determina­</p><p>das vias acadêmicas de tratamento dos fenômenos políticos.</p><p>Com Maurício Rocha, Gisela Cíttadino, Luiz Eduardo Melin,</p><p>Regina Coeli Lisboa Soares, Firly Nascimento Filho, Fábio</p><p>Carvalho Leite e Francisco de Guirnaraens, companheiros e ami­</p><p>gos,tive o privilégio de constituir um camP.O de reflexão e interlo--</p><p>cução sem o qual estaria muito mais longe do que me encontro em</p><p>relação ao que possamos chamar de amadurecimento :intelectual.</p><p>, Graças à inesquecível Suzana Katz e a Soraya Lopes apren­</p><p>di a conhecer um pouco mais de mim mesmo; sem isto, dificil­</p><p>mente conseguiria entender um pouco mais do mundo e dos</p><p>entes humanos.</p><p>Ângela Bertino Schuldt, Carolina da Hora Mesquita, Daniela</p><p>Couto da Silva, Fábio Carvalho Leite, Mariana Monteiro Belluz,</p><p>Paula Botelho Soares</p><p>os demais cargos da Mesa, a elabo­</p><p>ração do Regimento Interno, a designação dos lideres das bancadas,</p><p>particularmente a do PMDB;</p><p>no Capítulo 2, as negociações para as indicações dos membros e os</p><p>acordos para a eleição das Mesas e para a designação dos relatores</p><p>das Subcomissões e Comissões;</p><p>no Capítulo 3, as dinâmicas decisórias das Subcomissões VI-A (Prin­</p><p>cípios Gerais, Intervenção do Estado, Regime da Propriedade do Sub­</p><p>solo e da Atividade Econômica), V I -C (Política Agrícola e Fundiária e</p><p>Reforma Agrária) e VIII-B (Ciência, Tecnologia e Comunicação);</p><p>no Capítulo 4, as decisões das Comissões Temáticas VI (Ordem</p><p>Económica); VIII (Família, Educação, Cultura, Esportes, Ciência,</p><p>Tecnologia e Comunicação);</p><p>22 A asoolha da tais questões para examinar o conflito entre progressistas e conservadores não</p><p>Implica neooosartamente juizo de valor do autor deste trabalho sobre o conteúdo das propostas</p><p>progressistas e consetvadoxas ou sobre sua relevâricla. Ter examinado o conflito em tomo da</p><p>definição d& empresa nacional, per exemplo, nam de longe implica que o autor considere - ao</p><p>menos hoje, quase 20 snos depois - uma proposta restritiva como "de esquerda" a uma propc,s­</p><p>ta ampliativa como "de db:etta", ou sequer que oonsidere isso uma questão realmente relevante,</p><p>e <;OSi via - ocone apenas que, na peroepç,ão do autru: deste trabalho, tais questões foram perce­</p><p>bidas na época como delimitadoras dos respeotivos campos ideológicos.</p><p>" 1</p><p>- no Capítulo 5, os trabalhos da Comissão de Sistematização;</p><p>- no Capítulo 6, a formação do Centrão e a reforma do Regimento</p><p>Interno da ANC;</p><p>- no Capítulo 7, as votações de primeiro turno no Plenário da ANC;</p><p>- no Capítulo 8, as votações de segundo turno e da redação final do</p><p>Projeto de Constituição no Plenário;</p><p>- no Epilogo, é apresep.tada uma conclusão sobre os acontecimentos</p><p>analisados na pesquisa.</p><p>Como já disse e reitero, esta é apenas um.a contribuição à compreensão</p><p>daqueles extraordinários dias em que Brasília atraiu a potência constituinte</p><p>disseminada numa sociedade que mal se levantava do jugo militar e já come­</p><p>çava a enfrentar os _poderes virtuais, institucionais e midiáticos, de captura e</p><p>re-significação dos movimentos e acontecimentos reais. A memória da</p><p>Constituinte de 1987-1988 é evanescente e fluida; sua cobertura à época</p><p>pelos meios de comunicação enfatizou sobretudo o compass'O d'a lentidão e a</p><p>iconografia do insólito e do anedótico. Pouco se mostrou do formidável esfor­</p><p>ço de mobilização que marcou a construção do "caramujo". Creio que o que</p><p>aqui se registi:ou reflete, mesmo que modesta e precarianiente, o bramido</p><p>· das �ondas" da Constituinte de onde "proveio" a Constituição-Cidadã. E,</p><p>com isto, oxalá ajude a compreendê-las, Constituinte e Constituição, ambas</p><p>· . ainda tão carentes de intelecção adequada vinte anos depois.</p><p>17</p><p>Capítulo 1</p><p>Constituinte, Constituintes -</p><p>/ Bases Institucionais do Processo</p><p>Os fatos anteriores, a natureza das institui­</p><p>ções, a dinâmica do.s espíritos e o eSU:Jdo dos cos­</p><p>tumes são os materiais com que o acaso compõe os</p><p>improvisos que nos assombram e nos assustam.</p><p>Alexis de Tocqueville, Souvenfrs</p><p>(&te capítulo é dedicado ao exame dos condicionamentos e decisões quã\</p><p>, precederam a instalação da .Assembléia Nacional Constituinte, e das primei­</p><p>ras decisões desta, concernentes à sua própria composição, à sua estrutura,</p><p>à sua direção, e ao proc:edimento de elaboração do novo texto constitucio­</p><p>nal. Em tomo de cais decisões serão focalizados os primeiros movimentos de</p><p>constituifão e atuação dos atores do processo, os ageneiamentos e co.ntron­</p><p>tos que começaram a delinear os blocos que nele atuariam, e as ptimeiras</p><p>conexões de interesse e mobilização que marcaram a interferência das ques ­</p><p>tões de política ordinária sobre as relativas à política extraordinária. Para</p><p>isto, serão abordados os seguintes pontos: a controvérsia sobre a participa­</p><p>ção dos .senadores eleitos em t 982; a eleição para a Presidéncia e os demais</p><p>cargos da Mesa; a atuação do presidente na definição e no exerofcio de suas</p><p>.funções; a designação e a atuação do.s lideres de baocadas; os _primeiros</p><p>in,dícios de interferência governamental; o impacto das reiv.indicações do</p><p>. baixo clero por wna panicipaçã.o efetiva e visível nos trabalhos; as mobili­</p><p>zações e ooilflitos em tomo da elaboração do Regimento Interno e as defini­</p><p>ções deste sobre o organograma, o fluxograma e a agenda dos trabalh� f</p><p>.:·\.:°115tituintes; a definição e redefinição das preferências, estratégias, táticas.)</p><p>.·\! alianças dos diversós atores. (</p><p>. �</p><p>. A instalç.ção da Assembléia Nacional Constituinte (ANC), em 1/2/1987,</p><p>inscreve-se no processo de transição de um regime autocrático, de natureza</p><p>militar-empresarial, estabelecido pelo Golpe de 1964, para um regime demo-</p><p>. . crático cujas características e limites começavam a se configurar no entre­</p><p>·:· _choque de projetos que caracterizava o próprio processo de transição. Entre</p><p>· 1983 e '1984, uma frente formada por entidades da sociedade civil, por parti�</p><p>... �os de oposição ao regime, por governadores elettos pelo PMDB e pelo PDT</p><p>· mobilizou multidões em favor do restabelecimento das eleições diretas para</p><p>a Presidência da República, através da "Campanha pelas Diretas". Após a</p><p>. derrota da proposta, os moderados da situação e da oposição formaram uma</p><p>19</p><p>alianç'a para disputar a eleição presidencial no colégio eleitoral indireto, sob</p><p>o lema "ir ao Colégio Eleitoral para sepultá-lo" .1</p><p>Vencedora, a nova coalizão de poder, autodenominada "Aliança Demo­</p><p>crática", era formada pela frente de todos com todos2 que se traduzia partida­</p><p>riamente na coalizão PMDB-PFL e, institucionalmente, no Governo José</p><p>Sarney. O PMDB se constituía de uma fração conservadora, ampliada pela</p><p>filiação de ex-membros do partido de sustentação do regime, o PDS (inclusive</p><p>seu ex-presidente, José Sarney, que se filiara ao PMDB por força das exigên­</p><p>cias da legislação eleitoral, e a quem a fortWJa conduziria à Presidêncía da</p><p>República); de uma fração moderada pró-democrática; e de uma fração mino­</p><p>ritária de esquerda. O PFL reunia a maior parte dos dissidentes do PDS,</p><p>incluindo parte do grupo político do presidente da República.3 A coalizão</p><p>PMDB-PFL conquistara a Presidência da República para o PMDB, através de</p><p>Tancredo Neves, e o acaso a entregara a um dos próceres do campo conserva­</p><p>dor, ocupado pelo PFL. Encontrava, à direita, a oposição do PDS (e, eventual­</p><p>mente, do PDC e do PL) e, à esquerda, a oposição do PDT, do PT e do PSB. Até</p><p>aquele momento, o PCB e o PC do B compunham a base de sustentação O.o</p><p>Governo, eventualmente ampliada pelo apoio pontual do PTB.</p><p>Em face da conjuntura da representação ordinária, portanto, os partidos</p><p>r;ie esquerda estavam divididos entre os que até ali apoiavam o Governo</p><p>Sarney (os PCs) e os que se opunham a ele (PDT, PS:1;3 e PT). A ANC fo{ insta­</p><p>lada numa conjuntura de crise de sustentação do Governo de transição, com­</p><p>binada com uma crise interna do PMDB. O descompasso entre os compromis­</p><p>sos programático-eleitorais deste e os rumos daquele levariam a esquerda do</p><p>PMDB a mobiliza r -se para limitar a quatro anos o mandato do presidente</p><p>1 Ve:r BONAVlDES, Paulo; ANDRADE, Paes cte. Ob. cit., pp. 451-453.</p><p>2 Expressão cunhada por Guillermo O'Dounell em ireus eusaios e entrevistas sobre a transição bra­</p><p>sileiTa. Ver ''.A. tl:allsição é um imenso pastiche", na revista Seuhor, 18/00/1987, pp. 5,13.</p><p>3 Um relevante parâmetro para a configuração do ClllllPO =servador uo espectro partidário da</p><p>ANC e. dentro dele, no PMDB, pode ser encontrado em FLEISHER, David. "Perfil S6cio-Econ8mi­</p><p>co e Político da Ccn,,tituinte", em GURAN, Milton, ob. cit., pp. 29-40. Ele classifica as bancadas</p><p>tomando como referêm:ia e origem partidária aIJterior, em que está implfoita a distinção entre o</p><p>apoio e a oPQSição ao regime allterior: ARENA ou MDB em 1979, PMDB e PDS em 1983 {o PFL só</p><p>foi c:tiedo em 1985). Cria, assim, as seqüências ARENA-PDS-PDS,</p><p>ARENA-PDS-PFL, ARENA­</p><p>PDS-PMDB, ARENA-PMDB-PMDB, MDB-PMDB- PMDB, entra outras. Dos 559 oonstitu!ntes, 217</p><p>estaVWD. na Arena ern•1979 e, destes, 169 estavam no PDS em 198:l. Em 1987, havia 97 ex-anmis­</p><p>tas ne bancada do PFL, 72 na do PMDB, 32 na do PDS, 7 na do PTB, 5 na do PDT, 2 n a do PL e 2</p><p>na doPDC. No PMDB, além dos42 ex-aranistas que passaram direto para o PMDB em 19S3, bavia</p><p>30 ex-arenistas que estavam no PDS em 1983, pemQendo 72 dos 306 constituintes. óirtros 149</p><p>estavam no MDB em 1979, 145 dos quais passaram dtwto para o PMDB em 1933. Os que já w:am.</p><p>do PMDB e!I! 1983 ,;ornavam 226. Dos 215 constituintes que estavam no PDS em 1983, 115 esta­</p><p>vam no PFL, 40 no PMDB, 31 permanaciam no PDS, 16 estavam no PTB, 5 no PDT, 5 no PL e 3 no</p><p>PDC. A exceção do PDT, nenhum dos demais partidos de esquerda tinha ex-membros da Arena</p><p>e/ou do PDS em suas bancadas.</p><p>ao</p><p>sarney, de modo que este se encerras'se após a promulgação da nova Consti­</p><p>tuição e a realizagão da eleição direta para a Presidência em 1988.4</p><p>um dos "�QW-PWWissas com a Nação" da Aliança Democrática fora a</p><p>convocação de uma Assembléia Nacíonal Constituinte.5 Em julho de 1985, o</p><p>presidente Sarney enviou proposta de emenda à Constituição ao Congresso</p><p>Nacional, pela qual este se reuniria com poderes constituintes em 1987. Além</p><p>: .. -.-, disso, constituiu uma Comissão Prmdsória de Estudos Consti.wcio,nais-..Su.a</p><p>� �sidência fui enttegue-�J�-i9A$tL..é.l.illOS, jurista consagrado que participara</p><p>. ·- ctaB conspirações que levaram ao suicídio do presidente Vargas em 1954 e ao</p><p>.Golpe de 1964.</p><p>o caráter congressual da futura Constituinte e a criação da "Comissão</p><p>ArinOs" foram questionados pelas esquerdas e por entidades civis e religio­</p><p>Sas que haviam desempenhado importante papel na resistência ao regime</p><p>militar a partir dos anos 1970: a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), a</p><p>Associação Brasileira de Imprensa (ABI) e a Conferência Nacional dos Bispos</p><p>do Brasil (CNBB). Os chamados "progressístas" defendiam uma "Constituin­</p><p>. 'te Exclusiva", a ser eleita fora dos quadros institucionais e das regras eleito­</p><p>. rais estabelecidos para a representação ordinária, que faziam do Congresso</p><p>J;.-,;' ·,Nacional uma instituição estruturalmente vocacionada para 6 conservadoris­</p><p>/i,,',:\ Ítio, potencialmente controlada pelos grupos oligárquicos tradicionais da</p><p>',., "' ', .</p><p>'.iKi�-o'lftica brasileira. Thmbém a "Comissão Aiinos" foi mal recebida pelos-pro-</p><p>�j';�ssistas, que viam aí uma tentativa espúria de interferência presidencial</p><p>fíij1KP-à definição d� agenda temática da fu�Ia Constit�te. _A tentativa de �p�­</p><p>:f'{,t;J?;:?-it a aprovaçao da Emenda Sarney fo-1 mal-sucedida; Já com a "Corrussao</p><p>P:f;lS:J�s" passou-se algo singular: alvo de grande polémica na imprensa escri-</p><p>é-.-a,-.s-1,s-·. · 'f"N · , .' sua composição foi adequada ao gosto dos interesses emergentes no pro-.</p><p>· s_o de transição, seus trabalhos foram intensamente acompanhados, noti­</p><p>os e criticados e disso resultou a entrega formal de um Anteproj"eto de</p><p>tituição cujos conteúdos parlamentaristas, democratizantes e "progres­</p><p>não se afeiçoavam às expectativas de Sarney, que dele não fez uso</p><p>, pois jamais o remeteu à Constituinte.e</p><p>;,:./f".··;{ · Consumada a decisão de reunir o Congresso Nacional como Assembléia</p><p>·1'Jat:ionaI Constituinte, as eléições para os legislativos fedeial e estaduais, mar­</p><p>. cá.das para novembro de 1986, junto com as eleições para os executivos esta­</p><p>duais, transformaram-se em eleições constituintes. Delas resultou estrondosa</p><p>•</p><p>V9r reVista Veja, Oi/0�/1987, pp. 22-26.</p><p>CompromisQO com a Nação era o manifesto de lançamento da Aliança Democrática entre o PMDB</p><p>, � 0 elltão Movirmmto da Frente Liberal (futuro PFL), integrado por ex-membros do PDS que ade­</p><p>rmnn à Candidatura Tancredo Neves e obtiveram para José S"ama,; o lugar de vlce-prnsidente na</p><p>chapa do PMDB.</p><p>V. BmBlUl:NEACH, Flavio. Ouem ThmMOOo da C<mstit(Jillte. Rio dG Janeiro: Paz e 'lena, 1986 (Caps. V 8 VI, PP- 102-175); BONAVIDES, ob. Clt., pp. 453--454; e PEREIRA, Osn,; Duarte. Conscitl.lll"lea:</p><p>Anteprojeto <ui Comiw.loA.fovsoArillos. BrasOia; Ed, Uilivers:idade de Brasília, 1987, PP- 15-26-</p><p>21</p><p>vitória para o PMDB, como se viu acima. Ao obter 21 dos 22 Governos esta­</p><p>duais e 307 das 536 cadeiras em dísputa para a Constituinte, o PMDB ampliou</p><p>seu espaço institucional no campo federal e no campo regional. Com isto, cres­</p><p>ceram também sua capacidade de pressão sobre a Presidência da República e</p><p>sua influência sobre o ritmo e a agenda da transição. Mas o PMDB era uma</p><p>frente irremediável, como se sabe. A expansão externa e a divisão interna</p><p>imprimiram suas marcas na situação do PMDB dentro da coalizão de poder.</p><p>Mal acomodado no arco dirigente em que se comprimiam. também o PFL, o</p><p>grupo presidencial palaciano e, com poder de veto ainda muito elevado, os</p><p>comandantes militares, o PMDB tinha pela frente, na ANC, um cenário de expo­</p><p>sição e expressão permanentes de suas contradições internas e externas.</p><p>Í Dividindo o mesmo palco, lá estavam os partidos conservadores (PFL,</p><p>'-, ! PDS, PTB, PL e PDC) a ocupar 201 cadeiras e os partidos de esquerda, com</p><p>li. / não mais de 50. Reunidos, PGB, PC do B, PDT, PSB e PT não tinham 10% das</p><p>cadeiras da ANG, mas apresentavam um crescimento relativo em face dos 32</p><p>congressistas eleitos em 1982. O PT duplicara sua bancada; os partidos</p><p>comunistas retomavam ao Congresso com candidatos próprios, eleitos após</p><p>40 anos de ausêricia forçada.</p><p>O jogo estava prestes a se iniciar num contexto marcado pela crise eco­</p><p>nómica, pelo crescimento das mobilizações sociais e por uma dúvida político­</p><p>institucional: até quando se estenderia o mandato do presidente da República</p><p>em exercício? Às vésperas de completar seu segundo ano, o mandato presi­</p><p>dencial era de seis anos, segundo a Carta vigente, mas era pretendido por</p><p>cinco anos pelo atual ocupante, que fora eleito como vice de uma chapa cujo</p><p>titular, eleito e falecido, chegara a declarar que não pretenderia exercê-lo por</p><p>·</p><p>"\,_</p><p>mais de quatro anos. Para além da definição, por si só relevante, da duração</p><p>de um governo presidencialista, o íogo de datas era decisivo por razões mais</p><p>profundas. Em primeiro lugar, a opinião corrente de que, com seu término e a</p><p>posse do novo presidente (a ser eleito, finalmente, em eleições diretas, sus­</p><p>pensas desde 1964), a transição estaria encerrada. Isto inquietava o campo</p><p>conservador (sobretudo o setor militar), renovava para o PMDB a oportunida­</p><p>de de ter "seu próprio" presidente, acalentava as eternas esperanças da</p><p>esquerda e aguçava apetites em todos os quadrantes politicamente relevan­</p><p>tes. Em segundo lugar, porque a. definição do mandato punha, com.o prelimi­</p><p>nar, uma. questão institucional das mais delicadas: no contexto dos poderes</p><p>constituídos, teria o Congresso Nacional, em sua função constituinte, o poder</p><p>de decidir a duração do mandato do presidente da República em exercício?</p><p>1.1,. Estrutura e Composição</p><p>A primeira decisão da ANC teve por objeto sua própria composição, ou</p><p>seja, a definição de quem eram os constituintes. O Plenário da ANC foi leva-</p><p>22</p><p>do a deiilierar sobre a matéria por força de questões de ordem propostas pôr</p><p>'- Illernbros de dois partidos de esquerda, o PT e o PCB. Os trabalhos consti­</p><p>-,. tttintes iniciaram-se, portanto, sob o signo da polêmica em tomo da própria</p><p>constituição dos seus atores.</p><p>A composição da ANC decorrera de sua estrutura congressual-unicame­</p><p>ral: duas casas de representação ordinária (Câmara dos Deputados e Senado</p><p>Federal), cujos mémbros, igualados na condição de constituintes, deveriam</p><p>se reunir para exercer seus poderes extraordinários, deliberando em. conju n ­</p><p>to sob a regra "um representante, um voto". Esta estrutura foi definida pelo</p><p>ato convocatório, a Emenda Constitucional n2 26, de 27/11/1985 (EC-26/85),</p><p>aujos termos definiram também a sede, o exercício provisório de sua Presi­</p><p>dência até a respectiva eleição, o quórum e o número de turnos necessários</p><p>para aprovação da</p><p>futura Constituição. De acordo com a EC-26/85:</p><p>Os Membros da Câmara dos Deputados e do Senado Federal reunir­</p><p>se-ão, uo.icamera.Imente, em Assembléia Nacional Constituinte, livre e</p><p>soberana, no dia 12. de fevereiro de 1987, na sede do Congresso Nacional.</p><p>O Presidente c{o Supremo nibunal Federal instalará e dirigirá a ses ­</p><p>são de eleição de seu Presidente.</p><p>A Constituição será promulgada depois da aprovação de seu texto,</p><p>em dois turnos de disc;:ussão e votação pela maioria absoluta dos</p><p>Membros da Assembléia Nacional Constituinte. 7</p><p>Eram 487 os Membros da Câmara dos Deputados e 72 os do Senado Fe­</p><p>(°h?: .·'. dera! em 12. de fevereiro de 1987. Todos os deputados e 49 senadores haviam</p><p>~', ··<'sidO eleitos em 1986, após o ato convocatório; 23 sena.dores haviam sido elei ­</p><p>fa:_:t.:_�.�. antes, em 1982. Tal circunstância permitiu o· estabelecimento da c·ontro­</p><p>·«j,.< .. ::irérsia sobre o mandato constituinte dos 23 senadores eleitos em 1982.B</p><p>,.(:J/(\'.''.. Considerada a soma de todos os deputados e senadores, o número de</p><p>::f1ttt _$>nstituintes era de 559, e o quórum de votação, 280. Ao PMDB cabia a maior</p><p>(\D}J,�cada na Câmara: 306 constituintes em fevereiro de 1987. Em seguida</p><p>tfrf:\\·--</p><p>:-,:::,,,t,,-,.. ·'--e==</p><p>é:,':I; ' .. 1..</p><p>EC-26/85,.artigos 10., 2" e 31>, respêci:ivamente. Como veremos adiante, a fonna jwídioa da =· -�·, 'ltocação (Emenda à Constituição de 1967) e a definição, nela, dos elementos institucionais supra­</p><p>.</p><p>menctonados, serviu de ponto de sustentação de teses défendidas pela conente comien,adora e</p><p>sua fração governista no processo oonstituinte. Na polêmica em tomo da �soberania" da ANC,</p><p>especialmente no que se refere à possibilidadê de redução do mandato de Samey, os conserva­</p><p>dores. invocando os tennos do ato convocatório, ..firmavam que a ANC era "poder co11stituinte</p><p>derivado" e, portanto, "poder oornrtituído", donde lintitado ao desempenho de sua função estri­</p><p>ta: elaborar a nova Constituição. Na,., d.isoussôes sobrê o ônus da obtenção de maioria absoluta</p><p>em vota.gão de, matéria destacada pa,:a votação em separado, invocaram o quónim pieVisto no</p><p>- ato co11vocat6rio.para sustentar que a maioria absoluta deve,rla ser reunida pelos que desejas·</p><p>sem manter a matéria no Projeto de Constitu�ção.'</p><p>· ·</p><p>Ver COELHO, João Gilberto Lucas. A Nova Co.a.seí™'°gão: avaliação do texto e oome.ntárioe. ruo de</p><p>J8I!.eiro: Ed. Rêvan, 1991.</p><p>23</p><p>'Vinham: o PFL, com 132; o PDS, com 38; o PDT, com 26; o PTB, com 18; o PT,</p><p>com 16; o PL, com 7; o PDC, com 6; o PCB e o PC do B, com 3 deputados cada:</p><p>o PSB com 2; o PMB e o PSC, com um constituinte cada. A quantificação de</p><p>deputados federais, senadores eleitos em 1986 e senadores eleitos em 1982</p><p>que integravam cada bancada partidária está explicitada no quadro abaixo:9</p><p>Quadro 1 1 1 Banca.da,. . . .</p><p>Partidos To,. Deputados. Senadores/86 Senadozes/82</p><p>PMDB 306 26() 36 '</p><p>P:;! "º " 7</p><p>'º' 38 33 2 3</p><p>eDT 26 24 1 1</p><p>1'TB 18 17 - 1</p><p>1'r 16 16 -</p><p>eL 7 6 - 1</p><p>,oc 6 5 - 1</p><p>PCB 3 3 - -</p><p>PC do E 3 ' . - -</p><p>l?SB 2 1 - 1</p><p>l'SC 1 1 - -</p><p>eMJS 1 - 1 -</p><p>Constitumtes 559 487 "' 23</p><p>Dos 23 eleitos em 1982, os partidos de direita tinham ao todo 12,10 o</p><p>PMDB, 8; dentre os partidos de esquerda, somente o PDT e o PSB tinham um,</p><p>cada. Quanto aos senadores do PMDB, se, pelas razões adiante expostas,</p><p>aproximarmos 4 deles do campo conservador11 e outros 3 do campo progres�</p><p>sista,12 junto com o do PL,13 situando o restante no centro,14 teremos um total</p><p>de 16 conservadores e 6 progressistas dentre os 23 senadores eleitos em</p><p>1982. Caso todos fossem excluídos da ANC, o campo conservador perderia 10</p><p>votos ou em tomo disso, a depender da classificação. Sobre essa questão</p><p>9 Os dados aqui apresêntados foram cOllSolidados a partir de consultas às seguintes fontes e</p><p>obras: Sênado Fêd8rai.. A.n,iis da �áia Nacional Constituinte. Br(lllOia; Senado Federal, Sub­</p><p>sec:mtaria de Anais, 1994; NICOLAU, Jairo M. (mg.). Dados Ekitoiai$ do Bi-asü. Rio de Janeiro:</p><p>IDPERJ-UCAM / Ed Revan, 1998; Departamento Interniildical de �essoria Parlamentar. Quem</p><p>_l;bi Ous.m na Constituinte - nas questões de iotere,,re dos trabalhadores. São Paulo: DrAP/Cor•</p><p>tez/Oborá, 1988: MA.lNWARING, Scott; LIN°AN, Aoibal Pére.:. "Disciplina Partidária: O Caso da</p><p>Const!tulnte", Lua Nov.. - Revista de Cultura e Politir;a, n'I 44, 1998, pp. 107-136: FLEISHER,</p><p>Oavlcl. "Pedi! ... ", cit. Mudanças de partido e substituição de titulares por suplentes �cam</p><p>eventuais discrepâncias entre os dados das ohras citadas e prodlllliram alterações nessa distri ­</p><p>buição ao longo do .Processo Coostituinte, que serão opornmamente referidas.</p><p>10 PFL (7), PDS (3), PDC (1) e PTB (1). Não iDcluf o senador do PL, Itamar Franoo, que ingressara</p><p>nesse partido apeuas para obter legenda para a disputa do Governo de Minas Gerais, e dele sa i ­</p><p>ria durante a ANC, pois sua participação não pode ser aproximada do oampo conservador, sendo</p><p>mais próprio aproximá-la do campo progressista, como veremos adiante.</p><p>11 Albano Franco (SE), Fábio Lucena (AM), Luiz Vianna Filho (BA) e HáHo Gueiros (PA.).</p><p>12 José</p><p>0</p><p>lgnácio Peneira {ES}, Leite Chaves (PR) e Severo Gomes (SP).</p><p>13 v. nota no. to, aclma..</p><p>14 Marcelo Miranda (MS), posteriormente substituldo por Mendes Canale.</p><p>24</p><p>estabeleceu-se a polêmica inicial: ao forçar a deliberação sobre a matéria, PT</p><p>e PCB, com o apoio do PC do B, desencadearam o processo de formação de</p><p>coalizões e polarizações entre os atqres constituintes.</p><p>A impugnação à participação dos senadores eleitos em 1982 deu-se</p><p>através de questão de ordem levantada pelo deputado Plínio Arruda Sampaio</p><p>{PT), seguida de outra, com o mesmo objetivo, levantada pelo deputado</p><p>Roberto Freire (PCB). Isso ocorreu na 2.!.!. Sessão da ANC, em 2/2/1987, desti­</p><p>nada à eleição do seu presidente. A Presidência ainda era exercida- proviso­</p><p>riamente por José Carlos Moreira Alves, ministro-presidente do STF, que não</p><p>admitira questões de ordem na 1.B Sessão, em 1/2/1987, destinada à instala­</p><p>ção da ANC.15</p><p>Recém-aberta a 2..., Sessão, Plínio Arruda Sampaio pediu a palavra pela</p><p>ordem e sustentou que os senadores eleitos em 1982 não poderiam participar</p><p>da ANC nem; por isto mesmo, da escolha de seu presidente, uma vez que não</p><p>receberam delegação expressa do povo para elaborar a nova Constituição do</p><p>Brasil. -O mesmo argumento foi utilizado na questão de ordem a seguir pro­</p><p>posta por Roberto Freire, que afirmou não caber à Presidência decidir a ques­</p><p>tão, mas submetê-la à decisão do Plenário.16 Contraditaram as questões de</p><p>ordem o senador (eleito em 1982) Fábio Lucena (PMDB) e o deputado</p><p>Gastone Righi (PTB}, o primeiro sustentando que a EC-26/85 aludia a todos</p><p>os senadores, sem fazer distinção entre os eleitos em 1986 e os eleitos em</p><p>1982, e o segundo afirmando que os eleitos em 1982, pelo simples fato de</p><p>serem senadores, já tinham poderes constituintes derivados, da mesma natu­</p><p>reza que os da ANC.17</p><p>Em seguida, deu-se um fato que, corrtqueiro nos trabalhos de um legis�</p><p>!ativo ordinário, revestiu-se de relevância formal num contexto extraordiná­</p><p>rio: o deputado Jos� Lourenço {PFL) pediu a palavra na condição de líder de</p><p>bancada partidária, e esta lhe foi concedida. Após o líder do PFL contraditar</p><p>. as questões de ordem apresentadas, o presidente provisório deu a palavra</p><p>· aos demais líderes de bancadas partidárias. Com isso, reconheceu a existên­</p><p>cia de líderes partidários no processo constituinte, o que assegurou às</p><p>_pequenas bancadas a mesma capacidade de expressão das demais, ao incor­</p><p>porar aos trabalhos constituintes prática universal nos legislativos.la</p><p>Manifestaram -se também como líderes: o deputado Amaral Netto (PDS),</p><p>que defendeu a rejeição das questões de ordem pela Presidência; os deputa.­</p><p>. dos Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Haroldo Lima (PC do B), que apoiaram as</p><p>15 Atas da 1.11 e da 211. Sessões da ANC, Anais ...• vol. 1, pp. 1-5 e 6-18, respactivam.enta. Na sessão</p><p>de instalação, o deputado Josê Genoino (PT) temàra levantar tal �stáo de ardam, mas tivera</p><p>a JJalavra cassad.a por Mozeila Alves.</p><p>16 Ictem, p, 10 .</p><p>. l7 fdem, pp.10-11.</p><p>18 fdem, p. 11.</p><p>1 PI 1r..R1ri'l</p><p>ql.lestões de ordem; o senador Fernando Henrique Cardoso (PMDB), contra as</p><p>questões de ordem, solicitou ao presidente que sua decisão, quer favorável</p><p>quer contrária, fosse necessariamente submetida ao Plenário; o senador</p><p>Jarbas Passarinho (PDS), que levantou questão de ordem claramente protela­</p><p>tória, pois argüiu a incompetência do presidente provisório para decidir as</p><p>questões de ordem iniciais, dado que a E C -26/85 só lhe conferia poderes para</p><p>instalar a ANC e dirigir a sessão de eleição do presidente defini'l:ivo, caben-</p><p>do a este decidir futuramente as questões de ordem.19</p><p>O presidente Moreira Alves afirmou preliminarmente sua própria com­</p><p>petência para decidir sobre as questões de ordem, por considerá-las exclusi-</p><p>1 vamente atinentes à eleição do presidente da ANC. Invocou os termos do art.</p><p>2 da EC-26/85 e decidiu o seguinte: Como o texto salienta que são os mem­</p><p>ros da Câmara dos Deputados e do Senado Federal que se reunirão em</p><p>Assembléia Nacional Constituinte, esta Presidência decide que os senadores</p><p>eleitos em 1982, que continuam no exercício de seu mandato, têm direito de</p><p>voto nesta eleição.20</p><p>Imediatamente, Plínio Arruda Sampaio recorreu da decisão ao Plenário,</p><p>solicitando que a votação fosse nominal, no que foi atendido. Antes que a</p><p>;,,. votação se iniciasse, porém, José Genoíno levantou questão de ordem sobre</p><p>o próprio processo de votação, sustentando que os senadores eleitos em 1982</p><p>não poderiam votar, pois votariam em causa própria. Repelindo a nova ques­</p><p>tão de ordem, Moreira Alves decidiu que todos votariam.21</p><p>José Lourenço requereu então que os líderes votassem primeiro, a fim de</p><p>orientar as bancadas, no que foi atendido, em novo reconhecimento de prerro­</p><p>gativa de liderança. Votaram a favor da participação dos sen�dores eleitos em</p><p>1982 os líderes dos seguintes partidos: PMDB, PFL, PDS, PTB, PL, PDC e PDT.</p><p>Votaram contra: os lideres do PT, do PCB e do PC do B. O representante do PSC</p><p>e o líder do PSB foram declarados ausentes pelo presidente. Ao manifestar-se</p><p>-1 como líder, o deputado Brandão Monteiro (PDT) ressalvou seu entendimento</p><p>pessoal, que declarou contr�o à participação dos senadores eleitos em 1982,</p><p>e afirmou que a decisão de votar a favor fora tomada pelo Diretório Nacional</p><p>do PDT. Em seguida votaram os demais constituintes presentes.22</p><p>Durante o processo de votação, o deputado Álvaro Valle (PL) levantou</p><p>questão de ordem sobre o quórum necessário para a exclusão dos eleitos �m</p><p>1982. Argwnentou que, por se tratar de alteração do texto da EC-26/85,</p><p>seriam necessários os dois terços que a Constituição vigente exigia para sua•</p><p>própria reforma. Por considerar que a questão era de mera interpretação da</p><p>19 ldem, pp. 11-13.</p><p>20 Idem, p.13.</p><p>21 Idem, ibidem.</p><p>22 Idem, pp. 13•14.</p><p>26</p><p>EC-26/85, o presidente Moreira Alves decidiu que o quórum seria de maioria</p><p>absoluta dos presentes. O fato de que nenhum líder da coalizão pró-partici­</p><p>pação dos eleitos em 1982 tenha se manifestado talvez refletisse as expecta­</p><p>tivas quanto ao resultado. Proclamado este, de um total de 537 votantes, 394</p><p>votaram a favor da participação dos eleitos em 1982 e 1?4 votaram contra,</p><p>tendo-se registrado, ainda, 17 abstenções.23</p><p>Os votos pela confirmação do mandato constituinte dos eleitos em 1982</p><p>superaram em muito os 219 votos necessários, segundo a regra fixada pelo</p><p>presidente, e ultrapassaram o triplo de votos reunidos pelos defensores da</p><p>exclusão. A lista nominal dos votos não foi publicada nos Anais da ANC, o</p><p>que não permite uma análise da distribU:ição final das preferências, apenas</p><p>especulações: publicou-se apenas o resultado e a lista de votantes, mas não</p><p>a identificação dos votos, fato que gerou reclamação em Plenário.24 De todo</p><p>modo, para além dos 22 votos possíveis de membros das bancadas do PT,</p><p>PCB e do P,C do B, 102 constituintes de outros partidos sufragaram a ¼se da</p><p>exclusão dos eleitos em 1982.</p><p>Todos os partidos cujos líderes votaram a favor dessa participação</p><p>tinham senadores eleitos em 1982 em suas bancadas. Não tinham senadores</p><p>eleitos em 1982 em suas bancadas os três partidos cujos líderes votaram con­</p><p>tra. Ressalvados o PMDB, o PDT (este com um, aquele com oito senadores</p><p>eleitos em 1982) e o PMB, os demais partidos cujos líderes votaram "sim"</p><p>" pertenciam todos ao campo conservador.</p><p>;: .· · AD levantar as questões de ordem, PT e PCB, com apoio do PC doB-jus:</p><p>� �àmente os três partidos com caracterização ideológica mais à esquerda no</p><p>·contexto da ANC - iniciaram uma prática constante de intervenção no pro­</p><p>. Cf:!sso decisQrio, com os seguintes resultados: introduziram na agenda da 2A</p><p>.$essão matéria polêmica que ocupou boa parte dos respectivos trabalhos,</p><p>determinando a necessidade de confirmação dos poderes constituintes de 23</p><p>_de seus membros; forçaram a primeira votação nominal de Plenário e</p><p>, \ 'demonstraram uma capacidade de aglutinação de votos mais de cinco vezes</p><p>.. · �uperior à soma dos votos de suas respectivas bancadas, mas ainda assim</p><p>'. �.:·b_em longe da maioria absoluta necessária para aprovação de matéria consti-</p><p>- tilcional. Além disso e como as demais legendas, tiveram reconhecida a pos-</p><p>-sibilidade de se expressar por seus líderes. É claro que tais constatações têm</p><p>de ser' matizadas pela especificidade do objeto e das coalizões ad hoc forma-</p><p>Iden), p.14.</p><p>Na sessão de 20/2/1987, o deputado Domingos Leon,;,lli {PMDB) reclamou que o Dum.o da</p><p>As:semhléia Nao.ional Constituinte de 3/2/1987 publicaia a relação dru, votantes na deliberação</p><p>SObte os senadores eleitos em 1982 sem a identificação dos votas e solicitou republic;ação com­</p><p>pleta, O presidente em exer:cício, Humbe1to Souto (PFLJ respondeu quê o constituinte seria ate n ­</p><p>dido e Jllovidencia,:ia a :retificação, mas não a localizamos nos Anais nem junta ao serviço de</p><p>documentação da Câma,:a dos Deputados. \/eI Ata da 17� Sessão, Anais ... , vol. 1, p. 416.</p><p>Z1</p><p>das ilessa votação, mas o fato é que ela desencadeou um proceSso conflitivo</p><p>que atravessou toda a Constituinte: as coaliz6es que se enfrentaram nas</p><p>fases seguintes assumiam seus primeiros contornos, e o uso das táticas regi­</p><p>mentais que caracterizam a "guerrilha parlamentar" anunciava-se intenso.</p><p>-.'/ 1.2. Direção, Organização e Funcionamento</p><p>1.2.1. Presidência e regimento provisório</p><p>Superada a discussão preliminar sobre a composição, o passo seguinte</p><p>era a eleição do presidente e a definição da organização e dos procedimen­</p><p>tos da ANC para a elaboração do teKto constitucional, através da aprovação</p><p>de um regimento interno. A eleição do presidente ocorreu logo após a deci ­</p><p>são sobre os eleitos em 1982, ainda na sessão de 2/2/1987. Apresentaram-se</p><p>dois candidatos: Ulysses Guimarães (PMDB) e Lysâneas Maciel (PDT).</p><p>Presidente nacional do seu partido, Ulysses acabara de ser reeleito para a</p><p>Presidência da Câmara, derrotando Fernando Lyra, da ala esquerda do pró­</p><p>prio PMDB e, ao ser convocado para compor a Mesa de instalação da ANC,</p><p>foi ovacionado na mesma sessão em que o presidente Sarney, para evitar a</p><p>multidão, chegara ao edifício do Congresso Nacional pela garagem, fato sin­</p><p>gular na história protocolar das relações Executivo-Legislativo.25 Após a pro­</p><p>clamação do resultado da eleição, realizada por escrutínio secreto, sob a</p><p>regra da maioria absoluta, Ulysses foi novamente ovacionado ao assumir a</p><p>.Presidência com 425 votos, 76% do Plenário da ANC, obtidos contra 69 do</p><p>oponente e 18 abstenç6es. Os números refletiam o amplo consenso quanto ao</p><p>papel de Ulysses na condução dos trabalhos constituintes, malgrado a crise</p><p>interna de seu partido e o questionamento da concentração de poderes do</p><p>"tripresidente", que explodiria em março, com a eleição de Mário Covas para</p><p>a liderança do PI\.IDB na ANC.26</p><p>Tratava-se agora de definir a organização e o procedimento da</p><p>Constituinte. A nova tarefa, que se esperava concluída até o fim de fevereiro,</p><p>foi prolongada até o final de março, no ritmo das tensões acumuladas e dos</p><p>confrontos que definiram claramente, no próprio processo de elaboração do</p><p>regimento, os campos conservador e progressista na ANC. A atravessar a</p><p>discussão regimental estavam as questões relativas aos poderes da ANC, à</p><p>possibilidade de expressão das minorias e à predefinição do próprio conteú­</p><p>do da agenda decisória.</p><p>25 Na eleição _paia a Presidência da Câmaia, mvsses denot.ou Lyra por 299x155 no mesmo dia em</p><p>que Humberto Lucena derrotou Nelson Carnelro,-ambo.s do PMDB. por 67x1 na eleição para a</p><p>Presidência do Senado. Ver revista Veja. 11/2/1987, pp. 20-22.</p><p>26 Ata da 211-Sessão, Anais •.. , vol. 1, p. 18. Ver BONA VIDES, ob. cit. p. 454. e 1kja, 25/3/1987, pp. 40-42.</p><p>28</p><p>Após proferir discurso de posse, cujo mote era mudança, na abertura da</p><p>sessão de 4/2/1987, Ulysses comunicou ao Plenário da ANC a eldstência_ de</p><p>dois projetos de resolução (PRs) elaborados pelos lideres partidários e recebi­</p><p>dos pela Presidência: o P R -1/87, que propunha a adoção de um regimerito</p><p>provisório para regular a elaboração do regimento intemo e o PR -2/87, texto</p><p>mi.cial para a discussão do próprio regimento. A iniciativa evidenciava as</p><p>intensas negociações que se desenvol,viam através das reuniões do presiden­</p><p>te da ANC com os lideres de bancadas partidárias e sacramentava o papel</p><p>destes no processo, inclusive como formuladores de propostas endossadas</p><p>pela Presidência da ANC. A intenção do presidente e dos líderes era ver o PR-</p><p>1/87 (regimento provisório) aprovado naquela mesma Sessão, mas esbarrou</p><p>nas resistências do baixo Glero, sobretudo no próprio PMDB.Z7 Malgrado a</p><p>insistência do presidente e os esclarecimentos do relator por ele designado,</p><p>Fernando Henrique Cardoso (PMDB), os pedidos de adiamento se multiplica­</p><p>ram e a Presidência acabou cedendo: adiou a deliberação sobre o regimento</p><p>provisório pa"ra a sessão do dia seguinte, 4/2/1987. Entre uma e outra, nOvas</p><p>reuniões e negociações aconteceram, levando Ulysses a abrir a 4ª Sessão</p><p>com o anúncio de que os constituintes teriam prazo de duas horas para apre­</p><p>sentar emendas ao PR-1/87.28</p><p>Mas o tema que ocupou a sessão de 4 de fevereiro foi o da soberania da</p><p>ANC. No início dos trabalhos, Maurilio Ferreira Lima (PMDB) requereu ,que</p><p>fosse apieciado, preliminarmente ao PR�1/87, projeto de sua autoria que per ­</p><p>. mitia à maioria absoluta da ANC aprovar -Resoluções Constitucionais para</p><p>_alterar a Constituição de 1957 e suas Emendas.29 A iniciativa de Maurílio</p><p>Fen:eiJ:a Lima abriu caminho para discussões em torno da possibilidade de</p><p>· revogação da legislação autoritária e restabelecimento imediato das prerro­</p><p>gativas do CÔngresso pela Constituinte, discussões estas em que estàva</p><p>... implícito aquilo de que pouco se falava, mas em que muito se pensava: a defi-</p><p>-riição da duração do mandato do presidente Saniey. Falaram a favor do exer­</p><p>cício imediato da soberania da ANC os lideres do PDT, do PT, do PSB e do PC</p><p>·,· do B. Este último fez referência direta à questão do mandato presidencial, o</p><p>que foi interpretado, pelo líder do PCB, que também integrava a base gover-</p><p>- nista, como distanciamento do PC do B em relação à bélSe. Manifestaram-se</p><p>27 Ata da 3A Sessão, Anais ... , vol. 1, pp. 19·38. Os deputados Del ;Bosoo Amaral e Tidei de Lima,</p><p>ambos do PMDB, levantaram questões de ordem otitlcando.a centrali2ação exercida pelos lide­</p><p>res e solicitando prazo para tomar conhecimento do texto do xegimento provisórto. A-O longo dos</p><p>debates, os llde= do PDC e do PT apoiaram o adiamento da votação para a ses6ào seguinte.</p><p>28 Atas da 3A. Sessão, Anais •.•• vol. 1, pp. 39-134. 29 Idwn, p. 42. Dois dias antes, a bancada do PMDB na Câmara aprovara, p01 161x 4, moção para</p><p>que as Casas do Congresso pr,nnaneoossem em rooesso durante os trabalhos da ANC; o pràsi­</p><p>dente Provisório da Câmara, Humberto Souto (F'FL), ao receber a moção. transferiu a questão</p><p>Para o âmb.ito da ANC. ao declarar que encaminharia para Já a moção apresentada. Cf. Veja,</p><p>11/2/1987, p. 21.</p><p>29</p><p>contra: o líder do PL; que chegou a anunciar apresentação de "consulta" ao</p><p>Supremo Tribunal Federal sobre os poderes da ANC; e o líder do PDS, este</p><p>último concordando, porém, com a tese do restabelecimento imediato das</p><p>imunidades parlamentares.30</p><p>-Quanto à apreciação preliminar de seu projeto, requerida por Maurílio</p><p>Ferreira Lima, Ulysses decidiu sem decidir: afirmou que ela vinha robustecer</p><p>a necessidade de um regimento, sem o qual haveria o arbítrio da Presidência,</p><p>que não d9:sejava exercer. Após ter contornado a questão de ordem sobre a</p><p>apreciação preliminar e ter informado que não haveria votação porque o rela­</p><p>tor ainda não concluíra o exame das 72 emendas apresentadas na véspera ao</p><p>PR-1/87, Ulysses encerrou rapidamente a sessão, tática que voltaria a utilizar</p><p>reiteradamente ao longo do Processo Constituinte.31 Na sessão seguinte,</p><p>tnysses enfrentou nova questão de ordem sobre a apreciação preliminar dos</p><p>projetos relativos à soberania da ANC, levantada por José Genoíno; declarou</p><p>que iria examiná-la e encerrou a sessão após adiar mais uma vez a votação,</p><p>· com a mesma alegação: o relator ainda não concluíra seu tiabalho.32 É possí­</p><p>ve� porém, atribuir tal retardo ao processo de negociações entre as lideran­</p><p>ças, pois ao apresentar seu relatório, Fernando Henrique afirmou que procu­</p><p>rara buscar nas emendas aquilo que me parecia ser aonsensual.33 A nova ses­</p><p>são de votação foi convocada para a noite daquele mesmo 5 de fevereiro.</p><p>O relatório apresentado por Fernando Henrique concluía pela apresenta­</p><p>ção de um Substitutivo ao PR-1/87. O presidente concedeu-lhe preferência na</p><p>votação e abriu prazo para a apresentação de pedidos de destaque: os mes­</p><p>mos 15 minutos em que o relator usaria a palavra. IBysses também pediu aos</p><p>autores dos destaques que se abstivessem de pedir verificação de votação,</p><p>se derrotados.34</p><p>Ao apresentar seu Substitutivo, o relator enfatizou os seguintes pontos:</p><p>- pedidos de destaque poderiam. ser apresentados por vinte constituin­</p><p>tes e não por um terço dos constituintes, como constava do texto, cir •</p><p>cunstância que o relator atribuiu a um equivoco flagrante;</p><p>o mesmo se deu com o prazo concedido aos líderes para encaminhar</p><p>as votações do futuro regimento, qlle era de dez e não de cinco minu­</p><p>tos, segundo o relator; a regra cada constituinte um voto, para impe­</p><p>dir que os lideres votassem pelos seus liderados;</p><p>o quórum de maioria absoluta para aprovação do futuro regimento</p><p>interno.</p><p>30 Ata da 4A Sessão, Anais ... , vol. 1. pp. 42-53.</p><p>31 Idem, pp. 54-55.</p><p>32 Ata da 51- Sessão, .An1'lfs ..• , vol. i, p . 137.</p><p>33 Ata da 62 Sessão. Anais ... , vol. l,p. 144.</p><p>34 Idem, pp.140-144.</p><p>30</p><p>Quanto ao mais, concedia preferência a eventual substitutivo do relator</p><p>ao P R -2/87 e mantinha_os seguintes pontos relevantes do PR-1/87:</p><p>- a designação do relator do regimento pelo presidente;</p><p>- a reserva de uma hora por sessão para comunicações de lideranças,</p><p>repartida segundo a proporcionalidade partidária, com garantia míni­</p><p>ma de três minutos para cada líder;</p><p>- os prazos para emendas, parecer ao PR-2/87" (cinco dias cada) e dis­</p><p>cussão (sete sessões);</p><p>- a possibilidade de votações secretas durante a tramitação do regi­</p><p>mento.35</p><p>O consenso atingido pelo relator se expressa no número de destaques</p><p>(três) solicitados nos quihze minutos cuja exigilidade não gerou protestos. O</p><p>primeiro deles, "COrriqueiro, �i aprovado com parecer favorável do relator sem</p><p>controvérsias. O segundo, requerido pelo líder do PDS, pretendia inclusão,</p><p>nas Normas Preliminares, da possibilidade de o Plenário aprovar requerimen­</p><p>to de informações ao presidente da República. Recebeu parecer contrário do</p><p>relator, que considerou tratar-se de matéria a figurar no futuro regimento. O</p><p>pedido de destaque do líder do PDS foi apoiado pelo líder do PDT e contesta­</p><p>do pelo do PMDB; nenhum outro líder se manifestou. Posto em votação sim­</p><p>bólica, foi aprovado. Não houve pedido de verificação</p><p>de votação. A ANC</p><p>passava a ter poder de interpelação formal do presidente da República. O ter­</p><p>ceiro destaque foi pedido por José Genoíno e pretendia a supressão das vota­</p><p>ções secretas. Recebeu parecer contrário do relator e encaminhamento con­</p><p>trário dos líderes do PTB, do PFL, do PDS e do PDC. Somente o líder do PC do</p><p>B encaminhou favoravelmente. Posto em votação simbólica, o destaque foi</p><p>rejeitado e não houve pedido de verificação de votação. A previsão de vota ­</p><p>ções secretas permanecia no texto aprovado.36</p><p>O regimento provisório foi promulgado na sessão seguinte, em 6/2/1987,</p><p>càmo Resolução ns 1/87 ( R -1/87), estabelecendo as normas preliminares para.</p><p>funcionamento da Assembléia Nacional GODStí.tuinte, até a aprovação de seu</p><p>Regimento Interno. Após promulgá-lo, Ulysses designou novamente Fernan­</p><p>do Henrique para relator, agora do PRM2/87; designou também Mauro Bene­</p><p>vides (PMDB), Humberto Souto (PFL), Bonifácio de Andrada (PDS), Vivaldo</p><p>Barbosa (PDT) e Arnaldo Faria de Sá (PTB) para atuarem como secretários,</p><p>que poderiam substituí-lo, nesta ordem (a da proporcionalidade partidária),</p><p>na Presidência durante as sessões.37</p><p>35 ld9m, pp. 144-145.</p><p>36 ld,m,. pp. 145-149.</p><p>37 Ata da 711. Sessãô, Anais .. , voJ.. 1, pp. 153-155.</p><p>Ao concluir sua primeira semana de trabalho, ·a ANC ultrapassara a</p><p>polêmica em torno da participação dos eleitos em 1982, el9gera seu presiden•</p><p>te e aprovara seu regimento provisório. Este garantia ampla possibilidade de</p><p>oferecimento de emendas e destaques ao PR-2/87 pelos constituintes; con­</p><p>templava os líderes com a prerrogativa de pedir destaques e com tempo para</p><p>pronunciar-se sobre questões gerais e encaminhar votações; permitia a apre­</p><p>sentação de substitutivo pelo relator; €Stabelecia o quórum de maioria abso­</p><p>luta para votação do regimento; permitia votações secretas e encaminh?-­</p><p>mento de requerimento de informaçÕ8s ao presidente da República. O PMDB</p><p>garantira a Presidência e a Relataria dos trabalhos. Os campos progressista</p><p>e conservador começavam a delinear-se em tomo da questão da soberania e</p><p>os pequenos partidos obtiveram garantias de ação e expressão parlamentar.</p><p>A "Batalha do Regimento" estava prestes a começar.3e</p><p>1.2.2. Líderes e poderes</p><p>Entre a promulgação das Normas Preliminares (R -1/87), em 6 de feverei•</p><p>ro, e a apresentação, em 21 de fevereiro, daquele que acabaria sendo o pri­</p><p>meiro substitutivo do Relator, po_is as circunstâncias exigiram um segundo,</p><p>ocorreram alguns fatos relevantes pa:ra compreensão do contexto em que a</p><p>elaboração do Regimento Interno se deu:</p><p>a aceleração da crise nas contas externas e conseqüente declaração</p><p>de moratória pelo Governo Sarney, em 20 de fevereiro;</p><p>- a consolidação da prática das reuniões dos líderes com o presidente</p><p>da ANC e/ ou o relator dei regimento;</p><p>- a configuração do quadro de lideranças;</p><p>as primeiras intervenções de dois líderes que estiveram à frente dos</p><p>conflitos até a fase final dos trabalhas: Carlos Sant'Anna (PMDB), líder</p><p>do Governo na Câmara, que começou a atuar como virtual "líder do</p><p>Governo na Constituinte" nos bastidores e reuniões de liderança; e,</p><p>em sua primeira manifestação em Plenário, Mário Covas, futuro líder</p><p>doPMDB;</p><p>o aquecimento da discussão sobre a soberania da ANC, sua relação</p><p>çom o Executivo e sua competência para dispor sobre a ord�m vigen•</p><p>te, ou seja, a extensão e a temporalidade de seu poder;</p><p>a reiterada procrastinação, pela Presidência da ANC, da decisão sobre</p><p>a votação ?,as proposições relativas à soberania da Constituinte, e a .</p><p>retirada do projeto de Maurílio Ferreira Lima;</p><p>38 V. COELHO, João Gilbeito Lucas. "O Processo CoD.stituiDte</p><p>M</p><p>, cit.</p><p>"</p><p>a tentativa frustràda de convocar o ministro da Fazenda, Dílson Funa­</p><p>ro, para prestar informaç5es sobre a crise econômica perante a ANC,</p><p>resolvida em votação nominal.</p><p>A tensão conjuntural dentro do governo e nas relações com a oposição</p><p>sobrepunha-se à questão de fundo sobre os poderes da ANC e à tensão entre</p><p>os campos conservador e progressista. Soberania da ANC, apreciação preli­</p><p>minar das proposiç5es relativas ao tema, duração do mandato do presidente</p><p>Sarney e convocação do ministro da Fazenda foram os temas mais debatidos,</p><p>inclusive pelos líderes, em Plenário. Quanto à elaboração do regimento, os</p><p>temas mais abordados foram a participação popular e a competência das</p><p>comissões. Nas iniciativas procedimentais, além da apresentação das emen­</p><p>das ao PR-2/87, que chegaram a 946, destacaram-se:</p><p>as questões de ordem relativas à apreciação preliminar das proposi­</p><p>ções pró-soberania e à convocação do ministro da Fazenda;</p><p>a apresentação de requerimentos dé informações ao Executivo;</p><p>o requerimento de convocação do ministro da Fazenda e o recurso ao</p><p>Plenário contra a decisão contrária do presidente.</p><p>Antes de passarmos à análise do PR-2/87, seus dois substitutivos e a</p><p>· _respectiva votação, é necessário fazer breve referência a alguns dos fatos</p><p>· -. indicados acima para a melhor compreensão do ambiente decisório.</p><p>Mário Covas usou a palavra em Plenário pela primeira vez e:m 6 de feve­</p><p>',_reiro, para levantar questão de ordem sobre o prazo para oferecimento de</p><p>: e�ndas, pois o Regimento Provisório usava indistintamente os termos ses­</p><p>·",:.;sões e dias para referir-se a prazos: se o prazo para apresentar emendas fosse</p><p>_, _"_êontado em dias, como previa expressamente a norma, terminaria em 10 de</p><p>':: fevereiro; se fosse contado em sessões, iria até 12 de fevereiro. Ao decidir a</p><p>i_:'. �estão de ordem, Ulysses adotou a interpretação qµe implicava maior</p><p>'.' _._'praw; interpretou dias como sessões, de modo a prorrogar por mais dois dias</p><p>'-:: -.º Prazo para as emendas e igualmente o prazo concedido ao relator.39</p><p>Ata da 71. Sessão, Aneis ... , vot 1, pp. 163-166. Deu-se ali o primeiro "duelo com luvas de pelica"</p><p>entra o pze,,iàente da ANC e o futuro líder do seu partido - outros viriam. mysses afmnou que</p><p>só naquele momento tomava conhecimento da improo:isão regimental e concedeu a pala,na ao</p><p>relato:, !)ala ffclarecer a questão. Covas indagou: Para decidi; a q uestão de ordem, Sr.</p><p>Presickmw? Ao que Ulysses respondeu: Não, pra contraditar e esi::larecer a sua questão de ordem,</p><p>Poi$ quem decide é o r,rns;dente. Fernando Henrique afirmou que tecnicamente Covas tinlui</p><p>razão, mas que a Interpretação literal, por um pra20 menor para emendas, não prejudica.ia o bom</p><p>andamento dos trabalhos. M decidjr pelo pràzo maior, UlysSl!es esbanjou ironia e estilo: Creio que</p><p>é uma questáo de semântica, e nada mais difi.ci! que se discutir semâr.iticl:Jc. Ocwre que, proposita­</p><p>damente ou nlio, não foi usada a linguagem té,;nir;t1.. Sabemos-que há o ano esr;o/ar, há o ano cafeei­</p><p>ro. ASSim tambám, no �to, existe �ma Jmg,;agem técnica, um jargão em que as palaVTas</p><p>tém uma s:.ignificação específica. Em geraI, .inclusive em matéria de prazos, as indicações sãofef.</p><p>33</p><p>Na mesma Sessão, em que também foram · promulgadas as Normas</p><p>Preliminares, IBysses encareceu às bancadas que indicassem seus líderes.40</p><p>Nas sessões seguintes, as indicações formais ou o exercício efetivo delinearam</p><p>o Gcolégio de líderes", que atuou durante a elaboração do Regimento Interno:</p><p>Luiz Henrique (PMDB), José Lourenço {PFL), Amaral Netto (PDS), Brandão</p><p>Monteiro (PDT), Gastone Righi (PTB), Luiz Inácio Lula da Silva· (PT), Adolfo</p><p>Oliveira (PL), Mauro Borges (PDC), Haroldo Lima (PG do B), Roberto Freire</p><p>(PCB), Jamil Haddad (PSB), Antonio Farias (PMB).41 Mais à frente, já após a</p><p>aprovação do Regimento Interno, todos foram confirmados, menos o do PMDB:</p><p>Luiz Henrique, líder do partido na Câmara, foi derrotado na eleição pela ban­</p><p>cada e substituído-pelo vencedor, Mário Covas. A esse grupo veio a se integrar</p><p>informalmente Carlos Sant'Anna (PMDB), líder do Governo na Câmara.</p><p>A existência e a atuação de uma lide.rança do Governo na ANC foram</p><p>questionadas pela primeira vez em Plenário em 9 de fevereiro, pelo líder do</p><p>PL.42 Na sessão do dia 11, o ,líder do PDS levantou questão de ordem sobre a</p><p>possibilidade</p><p>de existir liderança do Governo na Constituinte, indagando</p><p>especificamente se o presidente concederia a palavra ao líder do Governo na</p><p>Câmara, Carlos Sant'Anna, caso ele a solicitasse corno líder. Foi apoiado por</p><p>José Genoíno, que solicitou ao presidente que não aplicasse o Regimento</p><p>Interno da Câmara dos Deputados, o qual previa a figura de líder do Governo.</p><p>Ulysses informou que a discutida indicação não s_e formalizara, que o</p><p>Regimento da Câmara realmente a previa, e que a Mesa examinaria a ques­</p><p>tão se a indicação se consumasse.43 Tombém os líderes do PDC e do PC do B</p><p>manifestaram sua estranheza com a notícia da suposta indicação, naquele</p><p>dia, de Carlos Sant'Anna por Sarney como "seu� líder na ANC.44 Em 12 de</p><p>fevereiro, José Genoíno levantou nova questão de ordem sobre o assunto:</p><p>reportando-se aos jornais do dia, que teriam noticiado a atuação de Carlos</p><p>Sant'Anna em negociações para se chegar a uin acordo sobre as preliminares</p><p>da Constituinte, questionou a legitimidade e a legalidade de tal atuação. O</p><p>presidente em exercício, Arnaldo Faria de Sá (PTB), considerou a questão pre-</p><p>tas quai:ito às sessóes. ( .•• ) Nesta oonfonnidada, com o poder de rurogese, fazendo a hermenêutica</p><p>d$!'.ltro do princípio !fnaltstioo ( ... ). o fim 0:- dar oandigéies paTa qua ( ... ) [os oonstótuinr.es] tragam</p><p>St.las em.andas para que o .Regimento r;.-;uf.,,.-a realmente aquilo qua pensa. que deseja, a</p><p>Assem.bléía Nacional COnstituinte. Assml serJ.d.o, a questão de ordem (. .. ) !roa resa!vida da seguln·</p><p>te forma; onda está vd1a.1r, leia-se nsesooesn</p><p>. Portauto isto anvolverá dois dias ( ... ), dilatando-se</p><p>todos os demais prazoo, mesmo porque o Relator; com todo o seu talento e a s!ia oom�cia,</p><p>poderá não L!Sllr tod-Os os seus (lias a nós, os dias que damos aos C'o.nstituíntas economizamos pala</p><p>inteligência do Relator, se for poosivel (p. 156).</p><p>40 Idem, p. 166.</p><p>41 · Ver discurso dê promulgação do Regimento Intemo proferido por Olysses GuiÍnarães (p. 912)-na</p><p>Ata da 3811 Sessão, Anais,.., vol. 2, pp, 884-918.</p><p>42 Ata da 8"-Sessão, Anais ... , voL 1, pp, 171-186. Ver p. 184.</p><p>43 Ata da 1QII Sessão, Átulis ... , vol. 1. p. 228,</p><p>44 Idem, p. 231.</p><p>34</p><p>judicada, dado que a Mesa ainda não recebera qualquer comunicação sobre</p><p>liderança do Governo.45</p><p>Nenhuma comunicação ou indicação sobre lide_rança do Governo foi for ­</p><p>malizada perante a Presidência ou a Mesa da ANC, mas Carlos Sant'Anna</p><p>passou a participar de reuniões com o relator do regimento e os líderes de</p><p>bancadas partidárias.46 Sua participação ostensiva nas mobilizações de</p><p>Plenário ocorreu justamente na sessão de votação do 2í:! Substitutivo, em 25</p><p>de fevereiro, como veremos adiante. 47 ·</p><p>Enquanto fluía o prazo para emendas e relatório ao PR-2/87, duas dis­</p><p>aussões regimentais mobilizaram a ANC: a apreciação preliminar dos proje­</p><p>tos pró-soben:µlia da ANC e o requerimento de convocação do ministro da</p><p>Fazenda. Em ambas, estavam em jogo as questões relativas aos poderes da</p><p>ANC, suas relações com a ordem e o Governo constituídos. Em 10 de feverei­</p><p>ro, José Genoíno levantou questão de ordem para reclamar da não-inclusão,</p><p>· . nas ordens do dia das sessões, da apreciação sobre as proposições pró-sobe­</p><p>rania, ouvindo do presidente em exercíc.io, Arnaldo Faria de Sá (PTB), que a</p><p>Mesa estava examinando a questão.48 Na sessão seguinte, Genoíno levantou</p><p>noVa questão de ordem para exigir a publicação das proposições pr6-sobera­</p><p>•nia no Diário da Assembléia Nacional Constituinte, como determinavam as</p><p>_·normas preliminares. Ulysses respondeu que a Mesa anotaria e examinaria a</p><p>::reclam.a.ção, mas nada decidiu.49</p><p>t';,.: ._ . A 20 de fevereiro, véspera da apresentação do SUbstitutivo do relator,</p><p>�;Lqenoíno levantou nova questão de ordem sobre a votação das proposições e</p><p>Xf/ôuviu do presidente em exercício, Humberto Souto (PFL), que a Presidêneia.</p><p>�f1ão tinha condições de informar nada. Genoíno apresentou então um reque­</p><p>}ti�::�nto de convocação de sessão extraordinária para deliberar sobre a maté­</p><p>;�:-��</p><p>'.</p><p>· Humberto Souto concedeu a palavra a vários oradores e anunciou o</p><p>i{iJ,l(:.erramento da s_essão. Genoíno pediu que o requerimento fosse decidido</p><p>;��lo Plenário. Humberto Souto - alegando que Genoíno pretendia estabele­</p><p>fii8J!. a Ordem do Dia em seu requerimento, o que era da competência-do pre­</p><p>fff�-�ente Ulysses -, decidiu que iria encaminhar o requerimento à Mesa e que</p><p>Jtnwzn.ente caberia recurso ao Plenário no caso de indeferimento pelo presiden-</p><p>.:e>,</p><p>:-:;'.,,,.</p><p>""-</p><p>· -,.,�m-, p. 255 . .</p><p>·'.,'46 '. Ata da 14& Sessão, Ana.ili., ., vol. 1, pp. 307-328. No horário reservado aos l:íderns, odo PDT referiu-</p><p>:-: • .</p><p>.</p><p>:,</p><p>.</p><p>,</p><p>,.</p><p>•</p><p>.</p><p>•. • •. ·</p><p>��-�enicipação de Carlos Sant'Anna neaias reuniões sem ser oontradil:ado (p. 323)- Em 20 de</p><p>, ..,v�U'O, ao justificar a retirada de seu projeto sobre as Resoluções Constituc:ionais, Mauriüo</p><p>Fen-eua Lima informava que tivera um encontro com o :prasident.e Sarney. que e$te lllCumbira</p><p>Garlos Sant'Anna da buscar entendimentos com o grupo pró-soberania e que estes haviam chega·</p><p>. doª um 8.0ordo com C;:u:!os Sant'Anna. Ver Ata da 17D Sessão. Anais .... vol 1, pp. 389-422 (p. 415). ·;-,(,47 _V.Ata da2811Sessão, Anais .... vol, 1, pp. 588-003 (particularmente. pp. 596-599) e Veja, 4/3/1987, -·\;· pP. 22-25, JT: 1: da 94 Sessão, Anais ... , vol. 1, pp. 189-215. Ver p. 211. �f:,:_, da 10" sessão, Anais •.. , vol. t. pp. 218-234. Ver P- 221-</p><p>'..;;:,,:,</p><p>35</p><p>te.50 Na mesma sessão·, Maurílio Ferreira Lima requereu a retirada de seu pro.</p><p>jeto sobre as Resoluções Constitucionais, wn dos projetos cuja apreciação</p><p>preliminar até então se discutia. Para justificar a retirada, como já se aludiu,</p><p>alegou que se encontrara com o presidente Sarney, este incumbira Carlos</p><p>Sant'Anna de entabular negociações com o grupo pró-soberania e que estas</p><p>haviam Chegado a bons termos.51 Os termos eram aqueles do Substitutivo do</p><p>relator, os chamados "projetos de decisão", como veremos em seguida. A</p><p>definição expressa dos poderes da ANC passava a integrar a agenda de ela•</p><p>boração regimental.</p><p>Dois dias antes, em 18' de fevereiro, os partidos de esquerda, com o apoio</p><p>do PDS, do PL e do PDC, deram um susto na base governista. Num momento</p><p>da sessão em que Ulysses estava ausente e o presidente em exercício era</p><p>Vivaldo Barbosa (PDT), o líder do PDT, Brandão Monteiro, apresentou wn</p><p>requerimento de convocação do ministro da Fazenda, Dilson Funaro, também</p><p>subscrito pelos líderes do PSB, do PT, dos PCs, do PDS, do PlvIB, do PL, do PDC</p><p>e pelo vice-líder do PTB. Imediatamente o líder do PTB desautorizou a assina­</p><p>tura de seu vice-líder. Pronunciaram-se a favor os lideres dos PCs, do PDT, do</p><p>PT e do PDC. Encaminharam a questão dois deputados do PMDB: João</p><p>Herrmann, contra, e Rose de Freitas, a favor. Enquanto os pronunciamentos se</p><p>sucediam., lnysses reassumiu a Presidência e, alegando a complexidade da</p><p>questão e o adiantado da hora, adiou sua decisão para a sessão do dia seguin­</p><p>te.52 Ao abri-la, em 19 de fevereiro, às 14 horas, foi indagado sobre o requeri­</p><p>mento pelo líder do PC do B. Respondeu que traria sua decisão ao conheci•</p><p>menta do Plenário no "horário de lideranças", dali a duas horas, e deixou o</p><p>Plenário. Às 16h 30m, o líder do PDT interpelava o presidente em exercício,</p><p>Mamo Benevides (PMDB), sobre o reC[Uerimento quando lilysses reassumiu a</p><p>Presidência. Declarou que demorara em retornar porque ficara à espera de</p><p>uma solução de consenso das lideranças. Decidiu então que o requerimento</p><p>de convocaÇão carecia de base jurídica, pois não estava previsto nas Normas</p><p>Preliminares, e que, por isto, a Presidência não podia recebê-lo, mas encami­</p><p>nhá-lo à Câmara, órgão competente segundo a Carta em vigor.53</p><p>Recorreu imediatamente da decisão José Maria Eymael (PDC), e o recur­</p><p>so foi admitido por Ulysses com a ressalva de que o fazia por não se tratar de</p><p>decisão em questão de ordem, que era de sua exclusiva competência. Em</p><p>seguida deferiu requerimento de votação nominal para o recurso, apresenta­</p><p>do por José Genoíno. Encaminhararii. a favor do recurso os líderes dÔ PDS e</p><p>do PDT e, contra o recurso, os líderes do PMDB e do PFL. Respondendo inda-</p><p>50 Ata da 17/l. Sessão, Anais ••. , vol. t, pp, 389-422. Vex pp. 415-416.</p><p>51 Idem, p. 415.</p><p>52 Ata da 1611 Sessão, Anais ... , voL 1, pp, 329-359. vez pp. 352-358.</p><p>53 Ata da t� Sessão, Anais ... , voL 1, pp, 361- Ul8, Ve:i: pp. 363-377.</p><p>gação de Bonifácio de Andrada (PDS), tnysses esclareceu que a aprovação do</p><p>recurso não implicava aprovação da convocação do ministro, mas apenas a</p><p>possibilidade de o requerimento ser votado pelo Plenário.</p><p>Apurados os 376 votos, o recurso foi rejeitado por 253 contra e 121 a fa­</p><p>vor. Destes, 21 eram de constituintes do PMDB, 20 do PFL, 20 do PDS, um do</p><p>PTB e os 59 restantes eram da totalidade das bancadas presentes dos PCs,</p><p>do PDT, do PSB, do PT, do PL e do PDC.64 Enfrentada pela coalizão das opo­</p><p>sições de direita e esquerda, a coalizão governista PMDB-PFL-PTB contabili­</p><p>zou 42 votos divergentes da posição de seus lideres, mas ainda assim, numa</p><p>sessão de quórum baixo, revelou ter mais que o dobro dos votos da coalizão</p><p>oposicionista mais ampla em termos partidários.55 José Genoíno tentou</p><p>ainda impugnar a rejeição pelo fato de o número de votos "não" (253) não ter</p><p>atingido o quórum de maioria absoluta (280), argumento rapidamente repeli­</p><p>do por Ulysses.55 Rejeitado o recurso em favor do requerimento de convoca­</p><p>ção do ministro da Fazenda, a �C viu a moratória da dívida externa brasi­</p><p>leira ser decretada no dia seguinte, 20 de fevereiro, providência sobre a qual</p><p>os lideres partidários foram informados por Carlos Sant'Anna.57 No dia 21, o</p><p>Plenário tomou conhecimento do Relatório e do Substitutivo ( o primeiro),</p><p>apresentados por Fernando Henrique.</p><p>· L2.3, O PR-2/87</p><p>,> - O ponto de partida da discussão sobre o futuro regimento foi o PR-2/87,</p><p><J1.�sentado por IBysses, em 3 de fevereiro, como mera sugestão, nascida do</p><p>./Pônsenso das lideranças, que permitiria desencadear o processo de elabora­</p><p>:'-'ÇãO propriamente dito.58 De 6 a 12. de fevereiro, o PR-2/87 recebeu 949 emen­</p><p>:r,'�. razão pela qual o Relatório apresenta.do em 21 de fevereiro concluía por</p><p>i{SW,stitutivo.59 A 13 de fevereiro, ao esclarecer o relator sobre o prazo para</p><p>)�lipreciar as em�ndas e eventualmente apresentar Substitutivo, IBysses reco-,,-~·'· /ij;�endou que Fernando Henrique buscasse se possível junto às lideranças- um</p><p>:d.< -· �J\:;.,</p><p>('.,,�: Dissidentes do PMDB: Abigail Feitosa, Ademir Andrade, Cá!ISlo Cunha Lima, Cristina Tavares.</p><p>;;; .. DomUlgos Lêonelli, . Fabio Feldmann. Fernando LyJ-a, Haroldo Sabôia, Milton Barbosa, Nelson</p><p>· · . Aguiar, Raquel Capiberlbe, Raul Feo:-a:,,, Renan Calbeiros, Rose de JN.itas, Sigmaringa Selxas,</p><p>Tl.dei de Lima, Uldurico Pinto, Vasco Alve,,,, Vicente Bogo e Waldir Pugliesi. Dissidentes do PFL:</p><p>Aqripino de Oliveira Lima, Chagas Duarte, Cllnstovam Chíaradia, Eraldo 'Itindade, Evaldo</p><p>Gonçalves, Jairo Cameiio, Jalles Fbntoura, Jofran 1/rejat, Jonas Pinheiro, Luoia Braga; Maria de</p><p>Lomdes Alladia, Mend.Gs 'I'hame, Oscar C<Jnea, PedJo Canedo, Raquel Candido, Valmir Campelo,</p><p>:;:�s· -:Vl.nl.0ius Cansanção. Dfasidente do PTB: Francisco Rossi. N� ª. mals ampla em termos abllolutos, pois a esqueida do PMDB se dividiu nessa questão: a ·· ,- rnll!Oria votou oom o Governo, · ·</p><p>-:-.:</p><p>f Idem, PP, 377-382,</p><p>. 68 � da 17ii. Sessão, Ana.w .. ., vai. 1, p, 411, oomunioação de liderança do PDS.</p><p>;/</p><p>51;1_ At r Ata da 3A Sessão, Anais ... , vol. t, p, 34, a da 1811 Sessão, Anais ... , voL t, pp. 419-472. Ver Relat6rio, pp. 437-439 e 463-472.</p><p>37</p><p>entendimento nb sentido de facilitar a discussão e a votação da matéria, e</p><p>decidiu: O prazo flui em termos de sessões. Isto possibilitará a V. Exa. manter</p><p>os contactos indispensávcis à elabotação de um trabalho tão importante como</p><p>o de eventualmente oferecer substitutivo ao regimento.oo</p><p>Com 67 artigos, o PR-2/87 propunha o seguínte:61</p><p>- dirigiria a ANC uma Mesa integrada pelo presidente já eleito, 3 více­</p><p>presidentes, 5 secretários e 5 suplentes, também eleitos, que não</p><p>poderiam participar de qualquer outra comissão;</p><p>ao presidente, o orientador dos trabalhos e o fiscal da ordem, eram</p><p>reservadas, dentre outras, as seguintes atribuições: organizar a</p><p>Ordem do Dia (agenda de discussões e votações de cada sessão);</p><p>resolvei- sobre a vota9ão por partes; submeter as matérias a discussão</p><p>e votação, fixando o J?Onto sobre o qual deveriam incidir; resolver</p><p>soberanamente as questões de ordem; decidir conclusivamente os</p><p>pedidos de destaque e defmir as preferências nas votações; só votar</p><p>em caso de desempate ou nas votações secretas; só apresentar à ANC</p><p>projetos de conteúdo administrativo;</p><p>a elaboração do Projeto de Constituição caberia inicialmente a cinco</p><p>comissões: da Declaração dos Direitos e Garantias; da Organização</p><p>Federal; da Organização dos Poderes; da Ordem Econômica e Social,</p><p>Família, Educação e Cultura; de Sistematização;</p><p>cada uma das comisSões teria um presidente, um vice-presidente e</p><p>um relator escolhidos pelos seus membros, podendo dividir-se em</p><p>subcomissões, que elegeriam presidentes e relatores;</p><p>os membros das comissões seriam indicados pelos líderes, obedecida,</p><p>se possível, a proporcionalidade partidária;</p><p>comissões e subcomissões tomariam suas decisões por maioria de</p><p>vqtos, desde que presente a PI.Biorla de seus membros;</p><p>em prazo a ser fixado, as quatro primeiras comissões entregariam</p><p>seus trabalhos à Comissão de Sistematização, que teria também</p><p>prazo para redigir o Projeto de Constituição;</p><p>- publicado ó Projeto de Constituição, em 48 horas o Plenário decidiria</p><p>. sobre sua aceitação prévia;</p><p>aceito pelo Plenário, o Projeto de Constituição seria discutido por 40</p><p>dias em primeiro turno, permitida a apresentação de emendas pelos</p><p>constituintes nos primeiros 30 dias;</p><p>60 Ata da 12A Sessão, Anais .. ,, 1101. 1, pp. 261-286. Ver p. 26?.</p><p>61 Ata da 3ll sBSsão, Anais ... , vol. 1, pp. 25-33.</p><p>38</p><p>cada constituinte poderia falar por 20 minutos durante a discussão em</p><p>primeiro turno, assegurados aos líderes mais 40 minutos, e aos relato­</p><p>res, 30 minutos;</p><p>encerrada a discussão, o Projeto e as emendas seriam remetidos aos</p><p>relatores para elaborarem parecer conjunto em 15 dias;</p><p>findo o prazo, o Projeto e as emendas seriam votados por títulos, com</p><p>encaminhamento, pur meia hora, de constituinte escolhido pelos lide­</p><p>res das bancadas partidárias;</p><p>no segundo turno, só poderiam ser apresentadas emendas supressivas;</p><p>os pedidos de destaque seriam concedidos ou negados conclusiva­</p><p>mente pelo presidente, a quem caberia definir as preferêncià.s;</p><p>poderiam.encaminhar a votação o primeiro signatário da emenda e o</p><p>relator, cada qual por 10 minutos;</p><p>as matérias constitucionais somente poderiam ser votadas pelo pro­</p><p>cesso nominal;</p><p>requerimentos de votação nominal para matéria "não-constitucional"</p><p>só seriam admitidos pelo Plenário se apresentados por lideres cujas</p><p>bancadas, somadas, reunissem à maioria da ANC;</p><p>o quórum de presença para o início de cada sessão seria de 94 cons­</p><p>tituintes e, para o inicio de votação, -280;</p><p>em cada sessão, haveria uma hora destinada às comunicações de li­</p><p>deranças;</p><p>cada constituinte poderia usar a palavra pela ordem, para retificar a</p><p>ata, apresentar proposições, discutir proposições, encaminhar vota­</p><p>ções ou apresentar explicações pessoais;</p><p>a sessão poderia ser prorrogada pelo Plenário, a pedido de líder ou de</p><p>20 constituintes;</p><p>sessão extraordinária poderia ser convocada pelo presidente ou, a</p><p>requerimento de líder, pelo Plenário;</p><p>sessões secretas poderiam ser requeridas por 10 constituintes ou por</p><p>líder ao presidente, com recurso ao Plenário;'</p><p>qualquer constituinte poderia requerer ao presidente verificação de</p><p>votação simbólica;</p><p>qualquer constituinte poderia requerer ao Plenário, se presentes 280</p><p>constituintes, discussão e votação por partes, adiamento de discus­</p><p>são ou votação, votação por determinado processo;</p><p>requerimentos de informações às eÚticlades públicas seriam decidi­</p><p>dos pefo presidente, com recurso ao Plenário;</p><p>todas as questões de ordem seriam soberena e cont:JUBivamente, resol­</p><p>vidas pelo Presidente;</p><p>as emissoras de rádio e televisão privadas cederiam 90 minutos diá­</p><p>rios e as públicas, 180, aos serviços de divulgação da ANC, que publi-</p><p>39</p><p>cariam diariamente, nos grandes jornais das capitais, selecionados</p><p>pela Mesa, súmulas dos trabalhos constituintes.</p><p>Alguns desses aspectos devem ser destacados, pois motivaram pronun­</p><p>ciamentos em Plenário, apresentação de emendas e pressões sobre o relator,</p><p>conforme este declarou na apresentação do Substitutivo.62 Em primeiro lugar,</p><p>a estrutura e o poder das comissões e, especialmente, o papel da Comissão</p><p>de Sistematização. Por um lado, havia o receio quanto à criação de uma</p><p>"Grande Comissão" que_ monopolizasse as decisões e privasse o baixo clero</p><p>de participação efetiva e visível na elaboração constitucional: para atender</p><p>seus respectivos interesses programático-eleitorais, os constituintes necessi­</p><p>tavam de poder real e visível de participação. Por outro lado, a definição dos</p><p>campos temáticos das comissões já esboçava e predefinia o conteúdo da</p><p>agenda constituinte, que não fugia dos padrões das constituições brasileiras</p><p>anteriores, desde 1934: direitos e garantias, federação. oi-ganização dos po­</p><p>deres, políticas públicas. Esboçavam-se, assim, a estrutura e o repertório da</p><p>futura constituição.</p><p>Em segundo lugar, aquilo que o P R -2/87 não continha: os dispositivos</p><p>jurídico-institucionais da soberania (restabelecimento das prerrogativas</p><p>parlamentares, funcionamento exclusivo, instrumentos de decisão sobera­</p><p>na imediata) e a previsão de participação popular (propostas apresentadas</p><p>através da iniciativa popular e poder decisório através de referendo consti­</p><p>tucional). Além da tática adotada através do requerimento para apreciação</p><p>preliminar dos projetos relativos à soberania, os partidos de esquerda utili­</p><p>. zavam as prerrogativas de emenda e expressão para tentar incluir na agen­</p><p>da regimental as questões da soberania e da participação popular, esta</p><p>última objeto de oposição manifesta por parte dos conservadores, sobretu­</p><p>do o líder do PDS.</p><p>Havia, porém, um outro aspecto, menos referido nos debates, que se</p><p>revelaria decisivo nas discussões e decisões posteriores à apresentação do</p><p>Substitutivo: a qualidade e a extensão dos poderes do presidente e das prer­</p><p>rogativas dos líderes. Para além do medo da "Grande Comissão", a perspec­</p><p>tiva era de centralização das decisões nas mãos de um grupo maior, formado</p><p>pelo presidente, pelos líderes, pelos membros da Comissão de Sistemati­</p><p>zação e pelo "colégio de relatores"" que substituiria a figura do relator único.</p><p>Como veremos, algumas dessas questões impulsionaram, mais adiante, o</p><p>surgimento do Centrão.</p><p>62 Para as comunic:ações de Plenârio sobre o PR•2/87, ver as transcritas nas Atas da 7� à 11"</p><p>SessÕês, Anais ... , vot 1, pp. 151-260. Para o testemuuho do relator, ver Ata da 18l' Sessão. Anais ... ,</p><p>vol. 1, pp. 423-426.</p><p>J</p><p>1.2.4. Os substitutivos</p><p>Apresentado em 21 de fevereiro, o Substitutivo do relator continha as</p><p>seguintes diferenças e inovações, em face do texto do PR-2/87;63</p><p>a soberania ficou no Preâmbulo, pais o texto silenciava sobre o poder</p><p>de alterar a ordem vigente, mas restabelecia is imunidades parla­</p><p>mentares no exercício das funções constituintes e criava o Projeto de</p><p>Decisão para regular matéria de alta relevância para a Assem.bléia</p><p>Na�ional Constituinte - cuja definição na verdade estava no</p><p>Preâmbulo -, mediante apoi.amento de um terço dos constituintes,</p><p>parecer prévio da Comissão de Sistematização e aprovação pela maio­</p><p>ria absoluta do Plenário em dois turnos;64</p><p>a ·participação popular foi traduzida nos seguintes termos: previsão</p><p>de iniciativa popular de emendas ao Projeto de Constituição, que</p><p>poderiam ser apresentadas por 30 mil cidadãos; destinação de cinco</p><p>a oito reuniões das subcomissões para audiência de entidades da</p><p>sociedade civil; possibilidade de convocação de consulta plebiscitária</p><p>através de resolução aprovada pelo Plenário;</p><p>das decisões do presidente em questões de ordem caberia recurso,</p><p>sem efeito suspensivo, à Mesa;</p><p>das decisões do presidente sobre destaques caberia recurso ao</p><p>Plenário, apoiado por 56 constituintes;</p><p>o presidente não precisava ouvir o Plenário na resolução dos casos</p><p>omíssos;</p><p>os líderes podEiriam ser substituídos em qualquer tempo pela maioria</p><p>absoluta de suas respectivas bancadas;</p><p>os lideres de bancadas com mais de 15 membros não precisariam se</p><p>inscrever e teriam preferência para discutir a Ordem do Dia e para</p><p>encaminhar votações;</p><p>Ata da 1811 Seasã<;,, Anais ... , vol. 1, pp. 437-466 (Relatório e Parecer) e 461).472 (SUbstitutivo). No</p><p>tl6oho do Parecer relativo à •cntioa do Projeto" (p. 463), Fernando Henrique :registrou crue o P R -</p><p>2m COJiaentra ruccessivamente os podeTes na Mesa e e m $eU$ MambroS' e afirmou a necessidade</p><p>� �tir-&1 ampla atuação dos C'onstiruintes em rodas 88 !MeS.</p><p>-. Pteiimbulo, inovação fuxmal do :relator, era, em compensação, gongórico na :retórica soberanls­</p><p>ta: 0 J>Wo, d&te:nto.,-origlnário da sobe.rama nos r'9gimes demoorácic:os, delegou aos consdruintes</p><p>·"'deputados e aenadorns - poderes para a.laboraram, livre e soberanamente, a nova Consdwiç.!lo</p><p>(,..). Nesta faoo de,tranKlçáo inst.itualonal. os Consci.tuintes -dalegados do _povo -têm o pocfM para,</p><p>� n:tedida., que poseaw !!mllSÇSt os trabalhos-e as dsa1s&ts soberanas da AsmmbMJ'a, no</p><p>·��eo da missão histórica que lhe foi conferida. Assinalei a parte que podmia det eiminar</p><p>it �</p><p>ndo</p><p>_�a matéria de alta relevância a ser regulada pe!Ol; projetos de decisão (quer dizer: pJay ' ou it S Just the same story?).</p><p>"</p><p>- nas sessões sem horárto de lideI"ança, os líderes de bancadas com</p><p>mais de 15 membros poderiam falar por cinco minutos e os líderes de</p><p>bancadas com menos de 15 membros, por dois m.inutos e meio;</p><p>- nos horários de liderança, cada líder teria de 3 a 20 minutos, conforme</p><p>o tamanho da respectiva bancada;</p><p>- as atas registrariam os votos favoráveis e contrários, identificando</p><p>seus autores;</p><p>- o tempo a ser cedido pelas emissoras privadas de rádio e TV caiu de</p><p>90 para 10 minutos por dia e, pelas emissoras públicas, de 180 para</p><p>60, podendo o presidente da ANC requisitar horário de até 60 minutos</p><p>para divulgação de fato relevante, de interesse da Assembléia Nacional.</p><p>Constituinte;</p><p>a publicação de resumos dos tr�alhos em grandes jornais foi elimi­</p><p>nada;</p><p>o regimentO poq.eria ser alterado por iniciativa da Mesa ou de 94 cons­</p><p>tituintes.</p><p>Grande mudança ocorrera na determinação do número de constituintes</p><p>necessários para a prática de atos regimentais:</p><p>- para iniciar sessão, diminuía de 94 para 56;</p><p>aumentava de um para 56 na apresentação de: pedidos de destaque;</p><p>recursos ao Plenário; requerimentos de informações, de adiamento de</p><p>discussão ou votação, de discussão e votação por partes, e de votação</p><p>por processo especial;</p><p>aumentava de um para 94 na apresentação de requerimento de verifi­</p><p>cação de votação;</p><p>- aumentava também para 94 o número necessário para: requerer pror­</p><p>rogação de sessão (furado em 20 no PR-2/87), sessão secreta (10), ses­</p><p>são extraordinária (líder) e urgência (25, três membros da Mesa, ou</p><p>líder).</p><p>A maior mudança, porém, dizia respeito ao processo de elaboração da</p><p>nova Constituição:</p><p>42</p><p>- as comissões temáticas passavam de quatro para oito, desde logo</p><p>. divididas em três subcomissões cada, num total de 24;</p><p>- a Comissão de Sistematização seria romposta pelos relatores das</p><p>comissões e subcomissões, pelos presidentes das comissões e mais</p><p>49 constituintes, e não poderia se dividir epi subcomissões;</p><p>as coiltissões e subcomissões elegeriam dois vice-presidentes e um</p><p>presidente, que escolheria o relator, de partido diverso, ampliando-se</p><p>enormemente o número de cargos de direção e formulação;</p><p>- uma vez instaladas, as subcomissões teriam 40 dias para entregar</p><p>seus anteprojetos às comissões e estas, 60 dias para entregar seus</p><p>anteprojetos à Comissão de Sistematização; se uma subcomissão não</p><p>o fizesse, caberia ao seu relator fazê-lo e, se uma comissão não o fizes­</p><p>se, a tarefa caberia à Comissão de Sistematização;</p><p>- caberia também à Comissão de Sistematização elaborar as Disposi­</p><p>ções Gerais e 'ftansitórías (eventual norma sobre a duração do man­</p><p>dato presidencial em curso, por exemplo);</p><p>- nas subcomissões, caberia ao relator elaborar anteprojeto com base</p><p>nas sugestões recebidas e aos membros, propor emendas;</p><p>- nas comissões, caberia aos membros apresentar emendas aos ante­</p><p>projetos das subcomissões e ao relator, apr�sentar substitutivo;</p><p>- na Comissão de Sistematização caberia ao relator elaborar anteproje•</p><p>to que receberia emendas de qualquer constituinte, a partir dos quais</p><p>caberia ao relator elaborar o Projeto de Constituição;</p><p>- aprovado o Projeto pela Comissão de Sistematização, seria encami­</p><p>nhado à Mesa, para discussão e votação em Plenário;</p><p>- caso a Comissão de Sistematização alterasse o collteúdo do anteproje-</p><p>to aprovado por qualquer comissão, a decisão final caberia ao Plenário;</p><p>·�;ii\,. - em Plenário, o Projeto receberia emendas de qualquer constituinte,</p><p>'.:\:,; ··</p><p>· proibida a apresentação de substitutivo; ao final da discussão, cabe•</p><p>1iJ; :d:�:</p><p>m</p><p>;:,:�.�•.:•:::::���'."'</p><p>áo em;tir parecer sobre as emendas,</p><p>)Jhtr·, · No que se refere ao conteúdo da agenda constitucional, a elevação do</p><p>JtJi.:ú,µJ.ero de comissões e subcomissões produziu alteração qualitativa: deter�</p><p>��os temas que antes poderiam ou não ser incluídos nos anteprojetos das</p><p>i11fóm:issÇles, agora eram necessariamente fixados na competência destas. O</p><p>ft;1'�·2/87 indicara um elenco temático genérico reduzido: declaração de direi­</p><p>;J;J_ps e garantias; organização federal; organização dos poderes; ordem econô­</p><p>:;,':(Hlica e social, família, educação e cultura. Já o Substitutivo contemplava as</p><p>-:·}/:'!Ouintes rubricas:</p><p>.. ,>}•·C</p><p>- direitos e garantias do homem e da mulher (nacionalidade; direitos po­</p><p>líticos, direitos coletivos e garantias; direitos e garantias individuais);</p><p>- organização federal (União, DÍ.Strito Fedei;aI e territórios, estados, mu­</p><p>nicípios e regiões);</p><p>- 6rganização política (Legislativo, Executivo, Judiciário e Ministério</p><p>Público);</p><p>- organitação eleitoral, partidos políticos e garantia das instituições</p><p>(sistema eleitoral e partidos; defesa do Estado e da Sociedade; segu­</p><p>rança pública; garantia da constituição, reformas e emendas);</p><p>sistema tributário, orçamento e finanças (tributos e distribuição de</p><p>receitas; orçamento e fiscalização financeira; sistema financeiro);</p><p>ordem econômica (principies gerais, intervenção do Estado, regime</p><p>da propriedade do subsolo e da atividade econômica; temática urba-,</p><p>na; política agrícola e temática agrária e fundiária);</p><p>ordem social (direitos dos trabalhadores; seguridade e previdência;</p><p>meio ambiente e populações indígenas; família, negro, menor, idoso,</p><p>deficiente e minorias);</p><p>educação, cultura, saúde, esportes, comunicação, ciência e tecnologia.65</p><p>Se evocarmos o argumento ínstitucionalista segundo o qual o legislativo</p><p>adapta sua organização e funcionamento aos interesses dos seus membros,</p><p>permitindo-lhes exercitar as atividades necessárias· à satista"ção desses inte­</p><p>resses, sobretudo eleitorais, podemos estar diante de algumas conseqüên­</p><p>cias inesperadas: diante das pressões dos constituintes por participação efe­</p><p>tiva, expressa e enfaticamente mencionadas pelo relator em sua apresenta­</p><p>ção; diante da rejeição de uma "Grande Comissão" e enquanto ceifava as</p><p>prerrogativas processuais dos constituintes através da elevação do número</p><p>de apoia.mentas necessários à prática de atos, o Substitutivo procurava</p><p>garantir a cada constituinte um nicho onde vai poder expor seu ponto de</p><p>vista66 na forma de 24 subcomissões, cada qual com seu campo temático e</p><p>seus cargos de direção e formulação. Com isto, porém, desenhava-se uma</p><p>agenda temática diversíficada e plural, mais ao gost(? da "constituição analí­</p><p>tica" preferida pelos progressistas que da "constituição sintética" desejada</p><p>pelos conservadores. Por outro lado, a prerrogativa de substituição de líderes</p><p>assegurada às bancadas parecia uma reação à atuação dos mesmos nessa</p><p>fase vestibular, pois estabelecia um freio às suas eventuais pretensões de</p><p>comando do processo.</p><p>AD combinar descentralização na elaboração e centralização na decisão,</p><p>expansão temática, multiplicação de cargos e resttiçõ.es procedimentais,</p><p>refletindo a busca de consenso tantas vezes reiterada pelo presidente e pelo</p><p>relator, o Substitutivo na verdade parecia aniquilar a possiliilidade de atua­</p><p>ção das bancadas minorit$rias. AD mesmo tempo, porém, abria-lhes um</p><p>campo temático identificado com as agendas de esquerda e um conjunto de</p><p>34 foros de deliberação em 4 instâncias, todos dotados de cargos de maior</p><p>visibilidade.</p><p>65 Substitutivo do Relator, art. 15. Ata da 1811 Sessão, Anais •. ., vo.!. 1, p. 41Sl.</p><p>66 Expmssão utilizada por Fernando Henri.que, ao apresentar seu Relatótio. Ata da 18'1 sessão ... , p. 424.</p><p>44</p><p>Ao abrir a sessão de apresentação do Suhstitutivo, Ulysses demonstrou</p><p>que tentava vencer os prazos processuais e submeter o texto a votos o quan­</p><p>to antes. Para cumprir a eltigência regimental de sete sessões para discus­</p><p>são, definiu aquela sessão de apresentação como a primeira, convocou ses­</p><p>são noturna para aquele mesmo sábado, três sessões para o domingo e</p><p>outras duas para segunda, de modo que a votação se desse na terça-feira, 24</p><p>de fevereiro. Os constituintes, porém, protestaram contra a exigüidade de</p><p>tempo para simplesmente ler o Substitutivo; a grita foi grande e U1ysses aca ­</p><p>bou recuando um pouco: desconvocou a sessão noturna de sábado, reduziu</p><p>para duas as sessões de domingo e manteve as duas de segunda, o que</p><p>ainda assim possibilitava a votação na terça, caso se convocasse mais de</p><p>Úma sessão para aquele dia.67</p><p>Ainda na sessão de apresentação, o Substitutivo recebeu a primeira</p><p>saraivada de críticas dos partidos minorttários: código de execuç6es penais</p><p>· contra a minoria desta Casa, segundo Maurício Corrêa (PDT); doçumento (. .. )</p><p>.:_ 'que vem trazendo no seu bojo a marca da prepotência, segundo Adylson</p><p>.,...-Motta (PDS); busca ( ... ) colocar os pequenos partidos como inexistentes,</p><p>. ..''.:-_segundo Brandão Monteiro (PDT); este regimento acaba com todos nós e faz</p><p>/}do PMDB o verdadeiro imperador da Nação, segundo Amaral Netto (PDS);</p><p>L:ddeologicamente é contra as mino.das, segundo Roberto Freire ·(PCB); não</p><p>Wgarante democracia efetiva no funcionamento da Assemb.léia, segundo Irma</p><p>,-,:r�-· ' {:x _- _soni (PT). Na sessão vespertina do dia seguinte, o Substitutivo também</p><p>', duramente criticado: à exceção dos membros do PMDB, que se dividiram</p><p>e o apoio e a crítica, os representantes de todos os demaís partidos ele-</p><p>am o tom de suas reprovações.68</p><p>· · Os pontos sobre os quais convergiam as críticas eram os poderes da</p><p>issão de Sistematização e o cerceamento das possibilidades de ação e</p><p>· ção da minoria, este último traduzido no elevado número de apoiamen­</p><p>essários para a prática de qualquer ato relevante (56 ou 94, conforme</p><p>) e na diferença dos tempos reservados aos líderes (20 minutos para o</p><p>B, 10 para o PFL, e 3 a 5 para os demais). O Substitutivo também rece-</p><p>'ticas da direita, sobre a iniciativa popular, e da esquerda, sobre as ses­</p><p>secretas e os poderes da PreSidência. Porém, já na sessão noturna do</p><p>_ 0 domingo, o tom e o objeto das críticas da esquerda mudaram, em face</p><p>_i:l manobra regimental iniciada ainda no sábado pelos partidos de direita.69</p><p>\ .. _.. Na sessão de sábado, antes mesmo da apresentação •oral do Substi­</p><p>J·f<'_.,tivo, mas com o texto já distribuído, o líder do PL levantou questão · de</p><p>\</p><p>'.�-�sm sobre o fato de o relator ter incluído matéria nova no texto e não haver</p><p>:lL</p><p>*G?·''·Ata '.'168\ · . da 18-i Sess.ã.o ... , pp. 421-423.</p><p>�_"·69: Ata da 184 Sessão .•. , pp. 422 e 427-433.</p><p>"'", .- Atas da 18il 19• 2"" "' - - • __ , _ 1 �U- ' -. ...-....</p><p>e Thamy Pogrebinski dedicaram boa parte</p><p>de seus trabalhos de iniciação científica aos levantamentos ini ­</p><p>ciais desta longa pesquisa; sem o seu auxílio, tudo teria sido</p><p>mais dificil. Partícipe incansável deste e!sforço, Fábio tornou-se</p><p>um grande parceiro e amigo; sua lealdade, sua inteligência e seu</p><p>apoio nunca me faltaram.</p><p>No "pequeno milagre" institucional que é a PUC-Rio tenho</p><p>vivido e trabalhado durante quase metade da vida; ali encontrei</p><p>um ambiente de excelência, tolerância e pluralidade que me per­</p><p>mitiu desenvolver uma trajetória intelectual e profissional gratifi­</p><p>cante. Em especíal, o apoio e a compreensão do Pe. Jesus Horta!</p><p>Sánchez•muito facilitaram a tealiza.çã.o do Doutora.do e de outros</p><p>projetos. O lema do brasão desse belo exemplo de Universidade</p><p>inspira a todos os que nela atuamos: a1is grave nil - com asas,</p><p>nada é pesado ...</p><p>Com Mariana Ribeiro Marques, a mais bela SUIPresa que a</p><p>vida. me reservou, reaprendi as preciosas dimensões da alegria;</p><p>com ela partilho minha vida, meus sonhos, meus dias. Junto dela</p><p>e pra ela, posso dizer, com Ednardo: não temas minha donzela,</p><p>nossa sorte nesta guerra: eles são muitos, mas não podem voar ...</p><p>Sumário</p><p>Apresentação .................. . xi</p><p>Prefácio ............................ . �</p><p>Introdução -Constituinte ordine geometrico ........ . 1</p><p>Capítulo 1 -Constituinte, Constituintes -Bases Institucionais do Processo. 19 '</p><p>1.1. Estrutura e Composição ........................................................................... , .. 22</p><p>1.2. Direção, Organização e Funcionamento .................................................. .. 28</p><p>1.2.1. Presidência e reginlentõ provisório ...................... , ........................ .. 28</p><p>1.2.2. Líderes e poderes .....•............. 32</p><p>1.2.3. O PR-2/81.-............................. . 37</p><p>1.2.4. Os substitutivos ..................... . 41</p><p>1.2.5. O Regimento Interno ............. . 49</p><p>1.2.6. Uderes e Mesa ............................... . 52</p><p>1.3. Balanço ............................................................................................... : ........ . . 54</p><p>Capítulo 2 -A Arquitetura das Comissões e SubcmlllSsões ......................... . SI</p><p>2.1. A Partilha ..................................................................................................... . 58</p><p>2.2. O Grande Acordo ....................................................................................... .. 64</p><p>2.3. O Acordo nas Comissões e Subcomissões .............................................. .. 66</p><p>2.3.1 . Comissões ......................................................... . f{l</p><p>2.3.2. Subcomissões ...... . 69</p><p>2.3.3. Sistematização .................................................................................. . 73</p><p>2.4. Construção em Balanço ............................................................................. . 74</p><p>Capítulo 3 - O Processo nas Subcomissões .................................... .., .............. . 77</p><p>3.1. O Tenso Prelúdio ........... . 78</p><p>3.2. Subcomissáo VIII-B ......................................................... .. 84</p><p>3.3. Subcomissão V I -C .. . 93</p><p>3.4. Subcomissão V I -A ....................................................................................... . 108</p><p>3.5. Balanço ......................................................................................................... . 114</p><p>Capitulo 4- O Processo nas Comissões Temáticas ....................................... .. 119</p><p>4.1, Pmcedinlento s e Mobilizaçóes ................................................................... . 120</p><p>4.2, Comissáo VI .................................... .. 123</p><p>4.3. Comissão VIII .. .. 133</p><p>4.4. Balanço ................................................................................... . 143</p><p>Capitulo 5 - O Pro</p><p>.</p><p>cesso na Comissão de Sistematização .................. , ........ . 147</p><p>5.1. Projetos. Impasses e Adiamentos ........ . 1'8</p><p>5.1.1, "Fi:ankenstein" e "Bebê de Rosemary" ...... . 149</p><p>5.1.2, "Hércules". "Cabral 1ft e "Cabral2" ........ .. 156</p><p>"'</p><p>5.2. Membros e Regras... 166</p><p>5.2.1. Correlação de forças.... 166</p><p>5.2.2. Regras em jogo .................................................................................. 169</p><p>5.3. Votações ........................................................................................................ ,171</p><p>5.3.1. Olganh;ação dos poderes ,................................................................ 172</p><p>5.3.2. 01dem económica................ ........................................... 176</p><p>5.3.3. Ciência, tecnologia e comunicação ............................................... ,. 186</p><p>5.3.4. Mandato presidencial..... 190</p><p>5.4. Balanço.............. 192</p><p>capítulo 6 - A Reforma Regimental 195</p><p>6.1. A Rebelião .................................................................................................... 196</p><p>6.1.1. Os gzandes atores.............................................................................. 196</p><p>6.1.2. Regras. ressentimentos e jogos retóricos.......................... 197</p><p>6.1.3. Propostas .......................... ,................................................. 204</p><p>6.2. Votações......................................................................................... 209</p><p>6.3. Balanço........................................................................................... 225</p><p>capítulo 7 - O P.ocesso em Plenárto- 1.0. Turno.,............................................ 229</p><p>7 .1. Propostas ... ....... ... ..... ...................... .. .............. .... ... 230</p><p>7.2. Contexto........................................................................................................ 233</p><p>7.3. Preâmbulo: Primeira Derrota, Primeiro Acordo .. : ................. : ................. '... 236</p><p>7.4. Propriedade -O Primeiro Butaco Negro ................................................... 238.</p><p>7.5. Recursos Minerais e Telecomunicações. ................................................... 246</p><p>7.6. Sistema de Govemo e Mandato Presidencial........................................... 250</p><p>7.7. Empresa Nacional, ReOUisos Minerais e Monopólios.............................. 254</p><p>7.8. Reforma Agrária ........................................................................................... 263</p><p>7.9. Ciência, Tocnologia e Comunicação......................................................... 272</p><p>7 .10. Disposições Transitórias ......... ......•...... .... .................... .............. ................. 274</p><p>7.10.1. Mandato presidencial e liderança do PMDB 278</p><p>7.10.2. Ordem econôrnica e PSDB .............................................................. 281</p><p>7.11.Balanço ......................................... : ...................................................... .......... 283</p><p>Capítulo 8 - O Processo em Plenário: � Turno e Redação Final.................... 285</p><p>Conclusão............................................................................................................. 311 •</p><p>Anexo I -MESAS E RELATORES DAS COMISSÕES E SUBCOMISSÕES...... 317</p><p>Anexo II -COMPOSIÇÃO DAS COMISSÕES E SUBCOMISSÕES</p><p>Referências BibliognÜica.s ............................................................ .</p><p>323</p><p>331</p><p>Apresentação</p><p>Renato Lessa*</p><p>Nos idos da década de oitenta do sécul9 passado, o Brasil abrigou um</p><p>�esso de transição para a democracia não isento de singularidades. Em­</p><p>a inscrito em uma tendência mais geral de crise de regimes autoritários e</p><p>:,usca de formas derriocráticas de organização da sociedade, o prcicesso</p><p>;ileiro teve como peculiaridade o fato de que entre nós a transição cum-</p><p>1 de modo ortodoxo as próprias regras institucionais do regime então em</p><p>: de passamento. Cori>. efeito, os casuísmos com pretensão institucional,</p><p>ma.dos da criatividade dos juristas do regime, estabeleceram procedimen­</p><p>de continuidade que acabaram por dar passagem a uma dinâmica de</p><p>lança com maior intensidade e direção.</p><p>O Congresso Nacional ocupava, naquele arranjo</p><p>ssoes, ,•1.m,u.,; ... , vo. 1, pp. 419-499.</p><p>lh 46</p><p>possibilidade de apresentação de riovas emendas. Ulysses respondeu que</p><p>inovações em substitutivos sempre foram permitidas.'70 Na sessão vesperti­</p><p>na de domingo, o assunto foi retoma.do em questão de ordem levantada por</p><p>José Thomaz Nonô (PFL) sobre a possibilidade de apresentação de emendas</p><p>ao Substitutivo. Ulysses esquivou-se de decidir, anunciando que o faria ainda</p><p>naquela sessão, ap6s fazer as consultas necessárias. Como não o fez, ao tér ­</p><p>mino da sessão o deputado do PFL cobrou uma resposta. Ouviu de Ulysses</p><p>que a Presidência convocara os líderes para tentar um entendimento, que tal</p><p>esforço prosseguia e ele estava no aguardo do resultado.71 Pouco depois, no</p><p>início da sessão noturna, o próprio relator levantou questão de ordem para</p><p>pedir ao presidente que superasse os constrangimentos relativos às limita­</p><p>ç6es regimentais e permitisse a apresentação de emendas ao Substitutivo,</p><p>renovando o discurso do consenso, no que foi apoiado pelas líderes do PMDB,</p><p>do PFL, do PDS, do PTB, do PL e do PDC.72</p><p>A partir .daí, os lideres dos partidos de esquerda mudaram de tQ!Il.</p><p>Contraditaram a questão de ordem os líderes do PDT, do PI' e do PCB.</p><p>Denunciaram a gravidade da violação regimental que se pretendia perpetrar</p><p>e sustentaram que os defeitos do Substitutivo, relativos ao cerceamento da</p><p>minoria, poderiam ser resolvidos sem. a necessidade de novas emendas: para</p><p>tanto bastariam os destaques para votação em separado e as emendas</p><p>supressivas já apresentadas. Afirmavam ainda que o alvo da mobilização</p><p>conservadora pela reabertura de prazo para emendas era o conteúdo do</p><p>Substitutivo relativo à soberania da ANC, sobretudo os projetos de decisão,</p><p>agora considerados um avanço pelos partidos de esquerda, do mesmo modo</p><p>que a descentralização dos trabalhos das comissões.n</p><p>Ulysses decidiu a questão com uma cambalhota hermenêutica: conside­</p><p>rando tratar.se de uma questão de mera interpretação regimental e não de</p><p>uma questão de ordem, "interpretou" os dispositivos aplicáveis de modo a</p><p>concluir que a apresentação de emendas eia possível e necessária 74 Abriu</p><p>prazo até as 15 horas do dia seguinte, segunda-feira, para que os constituin­</p><p>tes apresentassem emendas, e até as 13 horas de terça-feira para que o rela•</p><p>tor entregasse seu parecer ou um novo substitutivo. O líder do PDT recorreu</p><p>da decisão ao Plenário. Ulysses respondeu que não poderia haver recurso,</p><p>pois não houvera decisão de questão de ordem e, sim, de mera interpretação.</p><p>70 Ata da 1811 Ses.são ... , p. 421-</p><p>71 Idem, p. 490.</p><p>72 Ata da 2()11 Sessão .. ., pp. 492-493.</p><p>73 Idem, pp. 493·494. Ver também análise aDtecipatória da nova tendência feita por Plínio Atruda</p><p>Sampaio (PT) na 18ã Se,:,são. Anais .•. , voL 1, pp. 435436.</p><p>74 Pundamento da decisão: dado que o regimento permitia dest:a.que,s para votação de emendas&, ·</p><p>_,,</p><p>ao mesmo tempo, previa que as emendas apresentadas ao projêtô ficariam Piaiudicadas com a h•</p><p>aprouação de substitutivo, se esta hipótese ooorressê era preciso bavêr novas emendas parll ·.,, ii</p><p>haver destaques de emendas. Ata da 2()11 Sessão, Anafa. .. , vol.. 1, p. 495.</p><p>"</p><p>0 líder do "PDT insistiu e afinal, sem que isto abra precedentes (. .. ) por·se tra­</p><p>tar da interpretação de um regimento provisório, Ulysses pôs o recurso em</p><p>votação, tendo sido rejeitado por 317 votos a 41 e três abstenções.75</p><p>Essa votação reduziu os partidos de esquerda à dimensão que teriam</p><p>sem O apoio da ala esquerda do PMDB: com quatro ausências no PDT, duas</p><p>· .. no PT e duas dissidências (uma no PT, outra no PCB), os partidos de esquer­. da reuniram aos seus 40 votos mais um, de um dissidente do PMDB. Todos</p><p>os demais peemedebistas e todos os membros dos partidos de direita ,pre­</p><p>. sentes votaram contra o recurso. Nova rodada de ir:úciativas e negociações</p><p>prePararia a apresentação de um novo substitutivo.?6</p><p>. . Ao 1!l. Substitutivo fo_ram apresentadas 693 emendas. O 2ll Substitutivo</p><p>::·. foi apresentado na sessão vespertina de 24 de fevereiro.77 Destacavam-se os</p><p>'seguintes pontos:</p><p>- autorizava o presidente a praticar, ad re�endum, atos de competên­</p><p>cia da Mesa;</p><p>retirava da Mesa e transferia ao Plenário a competência para decidir</p><p>recurso contra decisão do presidente em questão de ordem;</p><p>- garantia a todos os líderes a preferência, independentemente de ins-</p><p>crição, pata encaminhar votações;</p><p>L - eliminava a exigência de que os relatores das comissões e subcomis­</p><p>sões fossem de partido diverso do presidente;</p><p>a Comissão de Sistematização perdia as atribuições de elaborar ante­</p><p>projetos quando as comissões não o fizessem, e a de elaborar as dis­</p><p>_· posições gerais e transitórias, mantendo as de elaborar o pieâmbulo</p><p>· .. :. e compatibilizar as matérias aprovadas na� comissões;</p><p>··:_7 no elenco temático das subcomissões, temática urbana virava ques­</p><p>,_i .·_- tão urbana e transportes, temática agrária virava refonna agrária e</p><p>· ·. ingressava o tema servi.dores públicos;</p><p>.·_-;:; às comissões e subcomissões caberia elaborar as respectivas disposi­</p><p>·,_ ções gerais e transitórias;</p><p>reduzia-se para 35 o número de apciam.entos necessários para reque­</p><p>·rer destaque, sessão extr8.ordinária, prorrogação de sessão, verificação</p><p>. , ,. de votação, adiamento de discussão ou votação e recursos ao plenário,</p><p>: - ·- inclusive em questão de ordem, fixacio em 94 ou 56 no t.2 Substitutivo;</p><p>"'.;:e mantinha os textos relativos aos projetos de decisão e à iniciativa</p><p>·. Popular, e estabeiecia prazo para apresentação de projeto relativo a</p><p>· _consulta plebii3citária: 10 dias a partir da publicação do Projeto de</p><p>. Constituição.</p><p>, __</p><p>pp. 495-496,</p><p>a 2311Sessão, Anais ...• vol. 1, pp. 529-560. Toxt.Qs do Relatório e do 2,! Substitutivo. pp. 562-560.</p><p>Ao defender o 22 Substitutivo na sessão vespertina de 25 de fevereiro,</p><p>destinada à sua votação, o relator se referiu à rejeição de emenda do PFL que</p><p>criava uma comissão especial para dIBcutir as disposições gerais e transitó­</p><p>rias. Destacou a redução dos números de apoiamentos e a .formulação rafe.</p><p>rente à competência da Comissão de Sistematização. Justificou ainda a manu­</p><p>tenção das normas sobre iniciativa popular e sobre os projetos de decisão.</p><p>Seja ao abordar a rejeição à emenda do PFL sobre a comissão especial para</p><p>as disposições gerais e transitórias, seja ao defender os projetos de decisão,</p><p>procurou repelir e demonstrar que eram infundadas as suspeitas de que</p><p>esses dois pontos tivessem relação com o mandato do presidente Sarney.78</p><p>Apesar dos reiterados apelos do relator ao entendimento, o 2.Q</p><p>Substitutivo não foi votado: só viria a sê-lo depois do carnaval, em 10 de</p><p>março. Naquela sessão de 25 de fevereiro, o relator, o presidente da ANC e o</p><p>partido de ambos, em aliança improvisada com os partidos, de esquerda,</p><p>e��-�_p@la primeira vez a atuação conjunta do líder do Governo e dos</p><p>Iíd8res do PF'L, do PDS e do PTB. Após·o anúncio, pelo presidente, do proces-­</p><p>s$' de votação (palavra ao relator, encaminhamento dos líderes, votação do 2!!</p><p>substitutiVo, das emendas e dos destaques, exigidos 280 votos para aprova­</p><p>ção), o líder do PTB levantou questão de ordem sobre o quórum para votação</p><p>de destaques. Pediu que fosse esclarecido se o ônus de reunir 280 votos era</p><p>dos que desejavam manter o texto do 211. Substitutivo que fosse destacado</p><p>para votação em separado, ou se cabia aos que pediram o destaque para reti-·</p><p>rar o texto do 2a. Substitutivo reunir tal número. Ulysses respondeu que o ônus ·</p><p>era destes últimos. Deu-se então a primeira rebelião conservadora.</p><p>Inconformado, o líder do PTB recorreu ao Plenário, mas o presidente não a.cai-</p><p>tou o recurso, apesar da insistência do primeiro. Os líderes do PFL e do P'I'B _:</p><p>convocaram então suas bancadas para, em face da negativa do presidente, :</p><p>retirar-se do Plenário. No Plenário, o líder do Governo, Carlos Sant'Anna, lem-,</p><p>brava aos seus companheiros do PMDB que os amigos do presidente Samey-'_</p><p>deveriam deixar o recinto.79</p><p>Enquanto as bancadas do</p><p>PFL, do PDS e do PTB se retiravam, o relator-­</p><p>a.presentava o 2,!l Substitutivo. Findas as explicações, os líderes que se mani-;</p><p>festaramº·o fizeram da seguinte forma: PMDB, pela aprovação; PDT, PT, PL, ,</p><p>PDC e PC do B, pela aprovação, com ressalvas. O líder do PDS encaminhou</p><p>contra, esclarecendo que sua bancada voltara a.o Plenário para requerer veri•:</p><p>ficação de votação, dado que votar contra ou não estar aqui dará na mesma. '.</p><p>Quem terá de obter 280 votos é o PMDB, não nós. Enquanto os encaminha­</p><p>mentos se sucediam, Carlos Sant' Anna levantou questão de ordem para,</p><p>78 Ata da 2&I Sessão, Anais ... , vol. 1, pp. 588-603. Apresentação do relatw: pp. 592-594.</p><p>79 Idem, pp. 590-592. Sobre a delfflllvoltura do líder do Governo no Plenário, ve:.r deo.Wlcia do colJSl:Í· ·</p><p>tuirrte Fábio Lucena. (PMPB) em pronunciamento pala ozdem (p. 599), e Veja. 4/3/1987, pp. 22-25,</p><p>· requerer o adiamento da votação. Ulysses negou, alegando que a Egura uti­</p><p>IiZada não tinha amparo regimental. O líder do PTB reapareceu para comuni­</p><p>que sua bancada permaneceria fora do Plenário e os que ficassem vota­</p><p>contra. O líder do PMDB requereu então verificação de quórum para</p><p>urar se havia 280 constituintes presentes, no que foi atendido por Ulysses.</p><p>do sido contados já 283 presentes, a chamada foi interrompida: dentre os</p><p>entes, poucos do PDS e do PTB; nenhum do PFL. Em seguida, Ulysses</p><p>em votação simbólica a preferência para votação do 2ll Substitutivo, pro­</p><p>ando-a aprovada.so</p><p>o líder do PTB pediu verificação de votação, mas logo retirou o pedido.</p><p>tre coisa e outra, o líder do PC do B também requereu verificação e Ulysses</p><p>cedeu. O líder do PTB protestou, afirmando que o PC do B votara a favor</p><p>preferência aprovada e por isto não poderia pedir verificação. tnysses</p><p>· teve a decisão e determinou a verificação. Fbram apurados apenas 85</p><p>(54 a favor, 28 contra, e 3 abstenções) número inferior ao exigido para</p><p>eração. As súbitas mudanças táticas pareciam ter por objetivo, no</p><p>conservador, levar o 212 Substjtutivo a votação e rejeitá-lo e, no campo</p><p>· ressista, fazer a sessão cair antes da votação do mesmo.81</p><p>Antes que a sessão terminasse, o líder do PFL retornou para a.firmar que</p><p>• havia vencidos nem vencedores, que estava sempre à disposição para</p><p>ogo e que naquele dia ficara provado que só o entendimento permitiria</p><p>. to do processo, pois qualquer imposição unilateral provocaria o impas­</p><p>_ O convite para o Macordão� estava feito. Nos dias seguintes, quinta e</p><p>-feira de carnaval, as sessões foram encerradas por falta de quórum e</p><p>retomadas na semana seguinte ao :fim do carnaval. Havia tempo de</p><p>para o diálogo.83</p><p>. O Regimento Interno</p><p>':Na-Sessão de 10 de março, dedicada à nova votação do 22 Substitutivo,</p><p>Genoíno denunciou o acordáo e, ao encaminhar a votação, Maurilio</p><p>ira Lima confirmou um acordo consumado entre o PMDB, o PFL, o</p><p>no e os partidos conseroadores para alterar o texto relativo aos projetos</p><p>· -o, através do aproveitamento parcial de uma emenda do próprio</p><p>· o, o autor do projeto das Resoluções Constitucionais. 84 Quando tnysses</p><p>: eteu a votos o 2ll. Substitutivo, este foi aprovado em votação simbólica</p><p>:!:ada 261 Sessão, Azlaft; ... , vol. 1, pp . 592-600.</p><p>PP. 600-601.</p><p>, p. 602.</p><p>da 2']11 e 2SA- Sessões.Anais ... , voL 1. pp. 605-632.</p><p>da 30A Sessão, Anais ... , vol. 2, pp. 651-706. Para as manifestações de José Genoíno. p. 661;</p><p>as de Malllilio Feaeiza Llma, p. 683.</p><p>49</p><p>Em seguida, Uiysses pôs em votação requerimento de preferência apresenta­</p><p>do pelo líder do PMDB para votação dos destaques relativos aos projetos de</p><p>decisão. Aprovada simbolicamente a preferência para a matéria, o líder do</p><p>PDT pediu verificação e o resultado foi um "massacre" em favor do aCôrdão:</p><p>414 votos a favor, 52 contra.85 Dos constituintes presentes, todos os do PFL,</p><p>do PTB, do PDC, do PCB, 5 dos 6 do PL, 29 dos 32 do PDS, 254 dos 260 do</p><p>PMDB, o do PMB e um do PDT votaram a favor; todos os do PT, do PC do B e</p><p>do PSB, 22 dos 23 do PDT, 6 do PMDB, 3 do PDS e um do PL votaram contra.86</p><p>Ulysses submeteu então a votos outro requerimento do líder do PMDB,</p><p>que pedia preferência para a votação da emenda de Maurilio }i'erreira Lima.</p><p>A preferência foi aprovada simbolicamente, seguindo-se pedido de verifica­</p><p>ção do líder do PDT, logo depois retirado. Passou-se então à votação da emen­</p><p>da propriamente dita. Através dela, alterava-se o texto do ;2Q Substitutivo,</p><p>cuja redação, de: os Projetos de Decisão destinam-se a regular mp.téria de rele­</p><p>v.§��'(�ª-ª ... Assembléia Nacional Constituinte, não compreendida nas</p><p>derÍJ.ais priJpõsições, foi modificada para: os projetos de decisão destinam-se a</p><p>S<$restar medidas que possam ameaçar os trabalhos e as decisões soberanas</p><p>d�(Assembléia Nacional Constituinte. Os requisitos formais de apoiamento de</p><p>um terço dos constituintes, parecer prévio da Comissão de Sistematização,</p><p>votação em dois turnos pelo Plenário e aprovação por maioria absoluta per ­</p><p>maneciam inalterados. Encaminharam pela rejeição os líderes do PC do B, do</p><p>PDT, do PSB e do PT; encaminharam pela aprovação os líderes do Pl\-IDB, do</p><p>PFL, do PTB, do PL, do PDC e do PCB. A emenda foi aprovada em votação</p><p>simbólica e José Oenoíno requereu votação nominal, aceita· por Ulysses.</p><p>Seguiu-se outro "massacre": a emenda foi aprovada por 394 votos a 78.8'7</p><p>V,otaram a favor todos os presentes do PFL, do PTB e do PCB, 3 dÓs 4 do</p><p>PDC, 4 dos 5 do PL, 29 dos 34 do PDS, 230 dos 257 do PMDB. Todos os pre­</p><p>sentes do PC do B, do PDT, do PSB e do PT, 27 do PMDB, 5 do PDS, um do PL</p><p>e outro do PDC votaram contra. 88</p><p>Logo em seguida votou-se destaque de José Genoíno para suprimir do</p><p>;2Q Sut,stitutivo a exigência de apoiamento de um terço dos constituintes para</p><p>S5 ICWm, PP. 672, 679-680.</p><p>86 I�m, pp. 680"681. Dissidente do PDT, a favor: César Mala. Dissidelltes do PMDB, cOlltra:</p><p>Agass::iz Almeida, Célio de Castro, Haroldc Sah6ia, Raul Ferraz, Ukiurtco Pillto e Vasco Alves.</p><p>Dissidentes do PDS, contra: Cunha Bueno, Myriam Portêlla e UbiratWl Spillelli. Dissidente do PL,</p><p>contra: Itamw- ftanoo.</p><p>fl7 Idem, pp. 681-688.</p><p>88 Idem, pp. 686-688. Dissidentes, contra: do PDC, .Jooê Maria Eymael; de PL, ltema:r Franco: do</p><p>PDS, Adylson Mott.i, CUDha BuEino, Myrtam Portella, Vieira da Silva e Wllma Maia: do PMDB.</p><p>Ablgail Feítosa, Ademir Andrade, Ag:assiz Almeida, Antomo Perosa, Célio de Castro, Darcy</p><p>Deitos, Francisco Kuster, Francisco Pinto, Haroldo Sab6ia, João Carlos Bacelar, João Natal, .Jo:ge</p><p>Hage, Koyu lha, Nel'5on Wedekin, Nilso Sguru:ezi, Raquel Capibenbe, Raul Ferraz, Renai:i</p><p>Calheiios, Rellato Bewardi, 'làd.eu França, Uldurico Pinto, Vai.ter PmeJxa, Vasco Alves, Viceilte</p><p>Bogo. ViLson Souza e Wakfü: Pugliesi.</p><p>50</p><p>-•,/!</p><p>a apresentação dos projetos de decisão. Posto em votação simbólica, o desta­</p><p>que foi rejeitado sem que houvesse pedido de verificação. Pelo mesmo rito</p><p>foram também rejeitados destaques de membros do PFL e do PDS para res­</p><p>trillgir os poderes da Comissão de Sistematização. Dezenas de outros desta•</p><p>ques de menor importância foram votados a seguir, seguindo o mesmo rito,</p><p>sem nenhum outro pedido de verificação: todos os destaques com parecer</p><p>contrário do relator foram rejeitados e os poucos com parecer favorável foram</p><p>aprovados.89 Através do acordão, os projetos de decisão passaram a ter um</p><p>caráter meramente reativo e a soberania da ANC assumia uma dímensão</p><p>exclusivamente defensiva, encontrando assim o seu limite. Os trabalhos pro­</p><p>priamente constituintes aconteceriam sob o signo desse termidOL90</p><p>Na sessão de 24 de março, ao promulgar a Resolução n2 2/87, que esta­</p><p>belecia o Regimento Interno da Assembléia Nacional Constituinte (RIANC),</p><p>Ulysses apresentou-a como</p><p>... obra condominial dos lideres dos partidos com representação nesta</p><p>casa, resultante de reuniões de que participou a Presidência. Esta saiu•</p><p>tar prática, em que vou perseverar, ensejou desmanchar equívocos, enri­</p><p>quecer a matéria com sugestões ou retificações, logrando consensos ...</p><p>Após um intenso</p><p>processo com muitas pressões e negociações e poucas</p><p>votações nominais, apresentação de dois substitutivos e mais de 1500 emen•</p><p>d�, o RIANC estabelecia um procedimento complexo e descentralizado para</p><p>a elaboração constitucional, que chamava atenção pelos seguintes aspectos:91</p><p>- o fluxograma com quatro fases de decisão e o organograma com 34</p><p>foros de deliberação, todos submetidos ao quórum de maioria absolu­</p><p>ta para matéria constitucional, que favorecia o surgimento de contra-</p><p>� dições e a multiplicação de manobras regimentais;</p><p>- a' extensão da agenda temâtica expressamente prevista para as sub­</p><p>comissões e comissões, que favorecia a adoção do modelo con�tucio­</p><p>nal preferido pelos partidos de esquerda;</p><p>o conjunto de 132 cargos de presidentes, vice-presidenies e relatores</p><p>das subcomissões e comissões, além dos oito cargos de vice•presi­</p><p>dentes, secretários e suplentes da Mesa, cujo preenchimento foi obje•</p><p>to de complexas negociações, e cujo exercício conferiria a seus titula­</p><p>res maior visibilidade e poder de atuação; ,r</p><p>s?,·</p><p>'tb--</p><p>W _. · :� ::/o: :!8:�</p><p>º</p><p>� �':!� ��or", ver NEGRI, Allto:lllo. Podei-Constiewnte -ensaio sobre</p><p>f.': u alternativas da modernidade, ctt.</p><p><(.- 91 Ata da 38ll Sessão ... , pp. 884-918. Pronunciamento de Ulysses:, pp. 911-912. Texto do RIANC, pp.</p><p>i. 871-884.</p><p>r.</p><p>SI</p><p>o amplo poder de agenda concedido aos relatores das subcomissões,</p><p>os únicos que, além de apresentar substitutivos, elaborariam também</p><p>os textos-base;</p><p>a peculiar composição da Comissão de Sistematização e as dúvidas</p><p>ainda existentes sobre a extensão e qualidade de suas atribuições;</p><p>o papel dos líderes nas negociações e decisões, intra e interpartidá­</p><p>rias, para a composição das subcomissões e comissões, eleição de</p><p>seus presidentes e vices, escolha de relatores e conseqüente compo­</p><p>sição da Comissão de Sistematização;</p><p>a possibilidade de substituição do líder pela maioria absoluta da res­</p><p>pectiva bancada, inserida no 1'2 Substitutivo quando a prática das reu­</p><p>niões de líderes com o presidente e o relator já estava consolidada;</p><p>o amplo poder de emenda conferido individualmente aos constituin­</p><p>tes e a garantia de ação processual relevante para grupos de 35 cons-</p><p>tituintes;</p><p>•</p><p>\.:_ "à';ôsS!bili.dade de o presidente da ANC requisitar horários de emisso-</p><p>1' ras de rádio e televisão para a divulgação de tato relevante, de interes-</p><p>.'. .se da .Assembléia;</p><p>- a possibilidade de alteração de seu próprio texto por iniciativa coleti­</p><p>va de 94 constituintes, ou da Mesa da ANC.</p><p>1.2.6. Líderes e Mesa</p><p>Na sessão de 26 de março, as bancadas encaminharam as indicações</p><p>formais de seus lideres. Foram confirmados em suas posições os lideres do</p><p>PFL (Jpsé Lourenço), do PDS (Amaral Netto), do PDT (Brandão Monteiro), do</p><p>PTB {Gastone Righi), do PT (Luiz Inácio Lula da Silva), do PL {Adolfo</p><p>Oliveira), do PDC (Mauro Borges), do PCB (Roberto Freire), do PC do B</p><p>(Haroldo Lima), do PSB (Jamil Hadd.ad) e do PMB (Antonio Farias). A única</p><p>alteração foi a mencionada substituição de Luiz Henrique por Mário Covas na</p><p>liderança do PMDB.92</p><p>o mesmo temor de centralização das decisões, que permitira a multipli­</p><p>cação de fdros decis6rios e a conseqüente extensão da agenda constitucio­</p><p>nal, consagrados no RIANC, ajudou a produzir uma surpresa na eleição do</p><p>líder da bancada do PMDB. O partido estava dividido seja nas questões de</p><p>política ordinária (entre sustentação e ruptura com o Governo), seja nas</p><p>questões constituintes (entre progressistas, moderados e conservadores). Se</p><p>havia um sentimento majoritário comum, este se traduzia na rejeição à cen­</p><p>tralização das decisões no pequeno círculo de constituintes ligado a Ulysses</p><p>Guimarães, do qual fazia parte o líder do P11,{DB na Câmara, Luiz Henrique,</p><p>92 VeI Ata da 41)1, Sessão, Anais ... , vol. 2, pp. 951·977. Desig.aação de llc:lexes, p, 977.</p><p>52</p><p>até então no exercício da liderança na ANC, À procura de "um lugar ao sol"</p><p>na bancada e no processo de elaboração constitucional, estava um contin­</p><p>gente de cerca de 140 novos parlamentares, autodenominados anjos no início</p><p>dOS trabalhos da ANC. Por outro lado, enfraquecer Ulysses naquele momen­</p><p>to não prejudicaria as pretensões tutelares de Samey sobre a Constituinte,</p><p>S()bretudo no que dizia respeito ao seu próprio mandato. Todos esses ingre­</p><p>dientes somados produziram um auditório que se viu arrebatado pela retóri­</p><p>ca de Mário Covas, identificou-se com as críticas deste ao estilo centraliza­</p><p>dor e às indefinições de Ulysses, e acabou por elegê-lo, derrotando tnysses e</p><p>seu candidato Luiz Henrique por 143 votos a 107. Ulysses ainda tentou a</p><p>manobra de realizar um segundo turno, aleganrlo que Covas não obtivera os</p><p>153 votos correspondentes à maioria absoluta, mas Luiz Henrique reconhe­</p><p>ceu o caráter mequívoco do resultado e retirou sua candidatura. O quadro de</p><p>líderes se completava com a liderança do partido majoritário entregue ao</p><p>Senador que era naquele momento o político mais votado da histórta brasilei­</p><p>ra, com seus mais de 7 milhões de votos na eleição para o Senado em 1986,,</p><p>érue fora o último líder do velho MDB na Câmara antes do AI-5, e chegava à</p><p>éonstituinte identificado com a agenda progressista da esquerda do PMDB e</p><p>dos partidos de esquerda, capacitando-se para coordenar a atuação do bloco</p><p>Progressista em formação.93</p><p>Já a eleição dos demais membros da Mesa da ANC foi marcada pela</p><p>' exclusão do PFL, nwna primeira amostra do poder de fogo de Mário Covas.</p><p>· Na sessão de promulgação do RIANC, Ricardo lzar, falando pela liderança do</p><p>PFL, protestara contra a ruptura de acordo supostamente firmado entre as</p><p>· direções do PMDB e do PFL para a composição da Mesa e acusara o novo</p><p>. líder do PMDB de recusar-se a manter tal acordo. A crise da Aliança</p><p>· Democrática no Governo projetava -se na Constituinte, onde os líderes Covas</p><p>é Lourenço posicionavam-se cada vez mais como oponentes entre si e cada</p><p>vez llmnps como condutores de bancadas aliadas.94 A votação, em 26 de</p><p>-tilarço, ocorreu sem debates, sem protestos e sem a participação de consti-</p><p>.'.-'túmtes do PFL entre os 312 votantes. Apurados os votos (secretos), foram</p><p>:eleitos, sem concorrentes: Mauro ·eenevid.es (PMDB), 12 vice-presidente,</p><p>com 289 votos; Jorge Arbage (PDS), 2tl vice-presidente, com 284 votos;</p><p>Marcelo Cordeiro (PMDB), 1ll secretário, com 277 votos; Mário Maia (PDT), 2í!</p><p>Sêcretário, com 260 votos; Arnaldo Faria de Sá (PTB), 3l! secretário, com 293</p><p>f�.' votos; Benedita da Silva (PT), 1-11 suplente, com 250 votos; Luiz Soyer {PMDB),</p><p>�o-i</p><p>�'=-,�</p><p>ii''' 93 Sobre os c::-alouros ou anjos. ver FLEISHER, David, "Perfil .. ., cit., p. 33. $Qme a eleição de Covas,</p><p>�,', ver: COELHO, João Gilberto Lucas. "O Proces,;,o Constituinte•, cit., p. 41; o informativo Mario</p><p>, • .i .</p><p>�ovas ne Constituinte - Jornal das Atividadas r!o Senador Mar.io Covas, ni> 1, junho de 1987, pp.</p><p>'t- o-12; e Veja, 25/3/1987, pp. 40-42.</p><p>:;, . . 94 Ata da 3S- Sessão, Anais .... vol. z. p. 912.</p><p>53</p><p>20. suplente, com 260 votos: e Sotero Cunha (PDC), 32 suplente, com 225</p><p>votos.95</p><p>1.3. Balanço</p><p>Entre a instalação da Assembléia Nacional Constituinte e a eleição dos</p><p>cargos restantes de sua Mesa, passando pela eleição de seu presidente, pela</p><p>aprovação do seu Regimento Interno e pela designação formal dos lideres,</p><p>definiram-se os termos do jogo, o conjunto dos jogadores e os nomes que ocu­</p><p>pariam algumaS das principais posições. A �guração de um campo con ­</p><p>servador e de um campo progressista foi confirmada no ritmo dos choques</p><p>nascidos das divergências procedimentais que antecipavam conflitos de</p><p>fundo. A maioria conservadora demonstrou sua capacidade fte articulação,</p><p>p��- o�ção e vitória. O presidente da ANC rapidamente construiu e</p><p>eiercetl sul capacidade de decidir e de, sempre que preferível, deixar de</p><p>izê-lo. O baixo clero emergiu nas pressões por oportunidades e postos de</p><p>�tuação visível e efetiva, dando mostras do que podia sua insatisfação. À</p><p>margem das sucessivas normas regimentais e determinando sua definição,</p><p>as reuniões</p><p>dos líderes de bancadas com o presidente da ANC e o relator do</p><p>regimento se consolidaram como prática legitimada e eficaz.</p><p>Já os líderes se alinharam nas mais variadas e ecléticas composições,</p><p>com as coalizões se formando e modificando caso a caso, conforme a ques­</p><p>tão. Assim, os partidos de esquerda divictiram.-se na questão da participação</p><p>dos senadores eleitos em 1982, com o PT, o PCB e o PC do B contra, o PDT e</p><p>o PS'.B a favor; formaram coaliz.ão com o PDS nas questões relativas à atuação</p><p>da minoria e à convocação do ministro da Fazenda; após oposição inicial, fo r ­</p><p>marain coalizão com o PMDB contra os partidos de direita na defesa do 211.</p><p>Substitutivo e, à exceção do PCB, que ainda integrava a base governista, for­</p><p>maram contra o PMDB e os partidos de direita na votação relativa aos proje­</p><p>tos de decisão. Votaram. juntos em todas as questões apenas o PT e o PC do</p><p>B. O PMDB formou coalizões à direita e à esquerda e só foi realmente dividi­</p><p>do pela atuação do líder do Governo. Este mostrou a que viera, corporifica n ­</p><p>do a pretensão d e interferência do Governo no processo e aparentando inter­</p><p>mediar, de fonna privilegiada, um recurso de mobilização ao qual a maioria</p><p>dos demais líderes não tinha acesso: a patronagem no âmbito federal. A coa­</p><p>lizão da bancada do PMDB com as bancadas dos partidos de direita mostrou­</p><p>se imbatível, mas a eleição do líder Mãrio Covas e a da Mesa prenunciavam</p><p>que tal coalizão não seria repetida com facilidade.</p><p>95 Ata da 40A Sessão, Anais •.• , vol. 2, pp. 975-7.</p><p>Enquanto se fazia dos projetos de decisão wn "cabo de guerra", a estru­</p><p>tura e a abertura do processo de elaboração constitucional propriamente dito</p><p>passavam incólumes pelo crivo conservador. Derrotados na luta pela exten­</p><p>são da soberania da ANC à intervenção imediata nas questões institucionais,</p><p>os partidos de esquerda foram beneficiados com as prerrogativas regimen­</p><p>tais de ação-obstrução, com a possibilidade de ter acesso a alguns cargos na</p><p>estrutura descentralizada de elaboração constitucional, com a extensão e o</p><p>detalbamento da respectiva agenda. Além disso e sobretudo a partir da apre­</p><p>sentação do 12 Substitutivo, passaram a receber acenos explícitos de conju­</p><p>gação de forças com a ala esquerda do PMDB.96 De outra parte, a pulveriza­</p><p>ção dos membros dos partidos de esquerda nos diversos foros criados não</p><p>parecia facilitar sua interferência decisória. ·</p><p>Confirmada a participação dos 559 deputados e senadores, eleitos o pre­</p><p>sidente e os demais membros da Mesa, designados os líderes e aprovado o</p><p>Regit;lento Interno, a Constituinte entrava na etapa de instalação e delibera­</p><p>ção das subcomissões, das comissões temáticas e da Comissão de Sistema­</p><p>tização, que abrangia as três primeiras fases do procedimento adotado e se</p><p>estenderia até novembro de 1987. Começava o jogo propriàmente dito.</p><p>96 Ver pronunciamento da pmgmssii;ta Cristina Tu.vare$ (PMDB) na sessão de 23 de fevereiro, Ata</p><p>da 21.1 Sessão, Anais ... , vol. 1, p. 512.</p><p>55</p><p>•</p><p>1, t</p><p>f</p><p>1</p><p>1</p><p>1r</p><p>.</p><p>.</p><p>Capítulo 2</p><p>A Arquitetura das Comissões e Subcomissões</p><p>Tunho observado que, em uma a�éia</p><p>politica, os que querem ao mesmo tempo o maio e</p><p>o fim tomam-se sempre, com o passar do tempo,</p><p>senhores daqueles que querem um sem o outro.</p><p>Alexis de Tocqueville, Souvenirs</p><p>Este Capítulo é dedicado ao exame da composi.ção, da eleição das Mesas e</p><p>da designação dos relatores das Comissões e Subcomiss6es Thmáticas, espe­</p><p>cialmente aquelas caías deliberações intereszam a este tr.:ibaJho, e da</p><p>Comissão da Sistematização, cuja composição foi decisiva para o destino do</p><p>Processo Constituinte como um todo. Além dos lances de Nguerrilha parla­</p><p>mentar" veri.icados, Berão examinados: a estratégia adotada pelo líder d6</p><p>PMDB no uso das atribuiçôes de indicação que regiment$1ente lhe cabiam</p><p>e na celebração de acordo com o líder do PFL para a dist.ribWção dos cargos</p><p>relevantes; o oonseqüente impacto desse acordo, seía nas reações que susci­</p><p>tou, seía na distribuição do poder de agenda naqueles foros, seja na pecu­</p><p>liar correlação de forças estabelec.ida na Comissão de Sistematização.</p><p>Nos termos do roteiro regimental, a elaboração constitucional devia co­</p><p>nieçar pelas 24 subcomissões temáticas, que entregariam seus anteprojetos</p><p>a 8 comissões temáticas e estas, seus anteprojetos à Comissão de Sistemati­</p><p>, zação, que por sua vez entregaria ao Plenário da ANC o Projeto de Consti­</p><p>tuição. Cada uma das comissões deveria ser integrada por 63 titulares e 63</p><p>suplentes e dividir-se em 3 subcomissões. A Comissão de Sistematização</p><p>dev'êr:ia ser integrada por 49 titularas, 49 suplentes, mais os 8 presidentes</p><p>das comissões e os 32 relatores das subcomissões e comissões. Caberia aos</p><p>líderes partidários indicar os membros de cada comissão e subcomissão, cuja</p><p>composição deveria respeitar tanto quanto possível, o critério da proporciona­</p><p>lidade partidária. Cada constituinte sena titular de uma comissão e, nela, de</p><p>uma subcomissão, e suplente de outra. Em cada comissão e subcomissão, se­</p><p>riam eleitos, em escrutínio secreto, um presidente - que designaria o relator</p><p>- e dois vice-presidei:i.tes.1</p><p>De acordo coin os prazos regimentais e o calendário distribuído pela</p><p>Presidência em 23 de março de 1987, eleita. a Mesa na sessão de 26 de março</p><p>(quinta-feira), os líderes deviam entregar as respectivas indicações até a ses-</p><p>1 RIANC, art. 13 e/e art. 2'l,</p><p>57</p><p>são de 30 de março (segunda-feira). para que as reuniões de instalação das</p><p>Comissões e Subcomissões, eleição dos respectivos dirigentes e deSignação</p><p>dos relatores se desse em 1� de abril de 1987 (quarta-feira). O tempo era exí­</p><p>guo para pactuar, intra e interbancadas, uma distribuição tão ampla: só a</p><p>soma dos cargos de presidentes, vice-presidentes e relatores chegava a 132.</p><p>O Cronograma Provável dos Trabalhos constituintes. um dos anexos da circu­</p><p>lar de 23 de março, apontava o objetivo da busca de celeridade: a promulga­</p><p>ção da nova constituição em 15 de novembro de 1987.2</p><p>2.1. A Partilha</p><p>Uma difícil arquitetura desafiava a capacidade de negociação dos lideres</p><p>em torno de duas questões abertas em dois níveis simultâneos de negociação:</p><p>-'.' -'."as. �es relativas à indicação dos membros de cada comissão e</p><p>S'Ubcomissáo, e à distribuição dos cargos de presidentes, vice-presi-</p><p>"1 dentes e relatores;</p><p>- os níveis de negociação com os membros de suas bancadas e com os</p><p>outros líderes.</p><p>Dentro de cada bancada, o respectivo líder precisava compor as diferen­</p><p>tes pretensões individuais, grupais, regionais, ideológicas e corporativas em</p><p>jogo, inclusive as suas próprias. Já nas negociações com os demais lideres,</p><p>precisava alcançar a maior e a melhor distribuição proporcional possíveis de</p><p>seus membros pelas comissões e subcomissões e de cargos no conjunto</p><p>delaS', sobretudo os de presidente e relator, que asseguravam amplo poder de</p><p>decisão, agenda e, com exceção dos presidentes das subcomissões, vagas na</p><p>Comissão de SiStematizaçáo.</p><p>Do conjunto dos partidos representados na Constituinte, somente qua­</p><p>tro tinham membros em número suficiente (25) para ocupar pelo menos uma</p><p>vaga em. todas as comissões e subcomissões: o PMDB, o PFL, o PDS e o PDT</p><p>- o único,,.de esquerda. Para os líderes dos pequenos partidos, portanto, a</p><p>negociação se desdobrava em obter vagas e cargos para seus membros em</p><p>comissões e subcomissões de maior preferência nas respectivas bancadas.</p><p>Para os lideres das grandes bancadas, a composição dos interesses internos</p><p>era mais complexa e difícil, e seu objeto mais amplo: a proporcionalidade lhes</p><p>garantia um quinhão maior na distribuição dos cargos de presidente, vice�</p><p>presidentes e relator e, com isto, •um elevado número de cargos a distribuir</p><p>dentro de suas próprias bancadas, junto com as indicações.</p><p>2 Cronogta.ma P.rováveJ dos '.lhlbalhos da AssembléiaNacional COllStituime (3 p.), terceiro anexo a oir ­</p><p>cularnão numei:ada. olSsmada pelo presjdente Ulysses Guimarães e datada de 23 de rnruvo de 1987.</p><p>58</p><p>Das dificuldades enfrentadas pelos</p><p>líderes em definir, em poucos dias, a</p><p>distribuição dos membros de suas bancadas pelas Comissões e Subcomis­</p><p>sões são indícios: as sucessivas retificações apresentadas pelos líderes à</p><p>Mesa; o fato de a composição de nenhuma das Comissões estar totalmente</p><p>completa em 1/4/1987, quando ocorreram as reuniões de instalação e eleição</p><p>das Mesas das Comissões. A primeira relação das indicações dos lideres,</p><p>divulgada par illysses Guimarães na sessão de 31/3/1987, apresentava luga­</p><p>res vagos de titular e/ou suplente em todas as Coroissões.3 Ressalvada a</p><p>Liderança do PME (caso em que líder e liderada eram um só e o mesmo),</p><p>todas as demais encaminharam retificações das indicações nos dias seguin­</p><p>tes e até o início de maio; as retificações do PMDB constaram dos expedien­</p><p>tes de cinco sessões nesse período, e as do PFL figuraram nos expedientes</p><p>de quatro sessões.4 Nas reuniões de instalação de duas Comissões, consti­</p><p>tuintes do PMDB contestaram os respectivos presidentes sobre a integraliza­</p><p>ção da composição daqueles foros.5</p><p>A distribuição inicial dos membros dos partidos de esquerda pelas</p><p>Comissões da ANC, resultante do acordo de lideranças em tom.o da proporcio­</p><p>nalidade esboçada pela Mesa da Assembléia, foi a constante do quadro abaixo:</p><p>Quadro 2.1.1.6</p><p>ComisWes/Partidos</p><p>1</p><p>PDT</p><p>3</p><p>PT</p><p>l</p><p>PCdoB PCB PSB</p><p>n</p><p>III</p><p>3 l</p><p>3 2 1</p><p>3 2 1</p><p>3 2</p><p>3 2 1 1 1</p><p>3 3 l</p><p>3 2</p><p>2 l l 1</p><p>Ata da 421 Sessão, Anais ... , vol. 2, pp. 1019·1031.</p><p>Ver Atas das 45A, 461, 56il, 57-1, 6Qil, 61", 6:l.il, 63A e 648. Sessões (entre 3 de ahrll e 13 de maio de</p><p>1987), Anais. .. , vol 3, pp. 1110, 1134, 1534, e vol. 4, p. 1692-99, 1737...U. 178()..84, 183().31 e 1914-18.</p><p>Na Comissão I (Soberania e Diteltos e Ga:rantias do Homem e da Mulher), o deputado Zlza</p><p>Valadares (PMDB) contel;JtQ\;I, em questão de cm:lem, a possibilidade de realização da aJeiçAo sem</p><p>que a composição da Comissão estivesse completa. Na Comissão II (Organização do Estado), o</p><p>demrtado José Dutra (PMDB) levantou questão de ordem sobre a impossiliilidade de instalação</p><p>da Comissão sem que sua composição estivesse completa. Ver Comissão dos Direitos e</p><p>Garantias do Homem e da Mulher, Atada 1.i Reunii!io e Comissão da Org�ção do Estado, Ata</p><p>Circunstanciada da ReU11ião, Atas" das Comissões, Suplemento ao no. 53 do Diário da AssembJéia</p><p>Nacional CollStituinte, pp. 3·6 e 43-46, respectlvant$nte.</p><p>V. relação oficial lida por Ulysses e oficies das lideranças rsp,:oduzido11 no expediente das Atas</p><p>da 424, 4511, 62,1,e 641-Sessões, Anais ... , vol. 2, pp. 1019·1031, vol. 3, pp. 1110-12, e vol. 4, pp. 17S0-</p><p>84 e 1914•17, respectlvamente. Comissões da ANC, de acordo com o w-t.115 do R!ANC: I) Sobe­</p><p>rania e Dil:eitos e Gw-antias do Homem e da Mulher; II) da Organt.:ação do Estado; ili)</p><p>�ganização dos Poderes e Sistema de Govemo; IV) Organi>:ação Eleitoral, Partidária e Garantia</p><p>das lnstituíções: V) Slstema 'Iiibutário, Orçamento e Fmanças; VI) Ordem Econõmioa; VII) Ordem</p><p>Social; VIII) Famn!a, Educaçi!io, Cultura e Espoxtes, Ciência e TeCilOlogia e Comucicaç!i.o. Para a</p><p>Somente o PDT e o PT estavam representados em todas as Comissões,</p><p>mas somente o PDT tinha membros (26) em número suficiente para ocupar</p><p>pelo menos uma vaga em cada Subcomissão (24). Em apenas duas</p><p>Comissões todos os partidos de esquerda estavam representados: na</p><p>Comissão de Sistematização, por seus lideres (salvo o PDT, que tinha outro</p><p>titular além do líder), e na Comissão VI, que, junto com a Comissão VII, reu­</p><p>nia a maior bancada dos partidos de esquerda numa Comissão (8 mem­</p><p>bros), seguida pela de Sistematização (7 membros). A Comissão VIII apare­</p><p>cia em quarto lugar (5 membros), junto com a Comissão V (Sistema</p><p>1nbutário).</p><p>Se considerarmos o total regimental de 63 membros para cada</p><p>Comissão e 89 para a Comissão de Sistematização, mesmo nas Comissões</p><p>de maior concentração (VI e VII, com 8 membros) as bancadas dos parti­</p><p>dos de esquerda mal ultrapassavan;i. 10% da respectiva coffiposição. Na</p><p>C�mis1iãc:f de-ffestematização, havia a possibilidade de elevação, desde que</p><p>os fartidos de esquerda conseguissem obter cargos de relator pelo menos</p><p>naá Subcomissões, o que acabou ocorrendo: o PDT obteve uma Relatoria7</p><p>e o PT outra,s passando a bancada de esquerda para 9 membros na</p><p>Comissão de Sistematização. Ocorre que a Comissão de Sistematização</p><p>teve sua composição ampliada para 93 membros; assim, a bancada de</p><p>esquerda passou de 7 em 89 para 9 em 93 membros, permanecendo abai­</p><p>xo dos 10%.9</p><p>O processo decisório acerca das questões substantivas que delimitam</p><p>este trabalho desenvolveu-se em duas Comissões e três Subcomissões</p><p>Temáti:=as, além da Comissão de Sistematização: a Comissão VI (drdem</p><p>relação oompl.QU das Comissões e Suoomnissóes, com os respootivos dirigentes e relatw:es,</p><p>ver Anexo I. Sobrê a participação da Mes!' da ANC llll det!nição da proporcionalidade, ver</p><p>explicação do líder do PMDB na reunião de irlstalagão da Comissão m: Comissão da</p><p>Organização d0$ Pofüm:,s: e do Sistema de Governo, Ata da Reunião de Eleição do Presidente</p><p>e Vice.Presidentes, Atas das Camis::s'Óes, Suplemento ao n"- 66 do Diário da As5embléia</p><p>NaoiQnal -Constituinte, pp. 198-204.</p><p>7 A lwlatoria da Subcomissão 1-B, dos Direitos Políticos, Dueitos Coletivos e Garantias para</p><p>Lysâoeas Maciel. Ver Ata da Reunião de Instalação da SUbcomissão em 7/4/lW/, Atas das</p><p>G'ol.nísooes, Suplemento ao roi 63 do Diário ... , pp. 15-16.</p><p>8 A Relatoria da Subcomissão III-C. do Poder J'udioiálio e do Ministério Público. para Plínio Arruda</p><p>Sampaio. Ver Ata da Reunião para Eleição do P.teside.Dte e dos Vice-Presidentes em 7/4/1987,</p><p>Atas das Corwssóes, Suplemento ao Jlll. 83 ... , p. 94.</p><p>9 o fato prov= questão de ordem do consti.tuime José Genolno (PT), oom apoio de Gerson Peres</p><p>(PDS) na instalação da Comissão de Sistematiiiação em 9/4/1987, oontraditada poi: expl!caç1íes:</p><p>do líder do PMDB, oomo v8Iel1\0s adlante. Ver Ata da Reunião de Instalação, Comissão de</p><p>Sist6.nlat!zaçiío -At.w da:as Reuniões, Suplemento "A" ao no 154 do Diário da k:asembléia Nacional</p><p>Constituinte, pp. 7 -16. Na verdade, a previsão regimental. relativa ao número de membros das:</p><p>"'</p><p>Comissões e S\lllcOllÚ!lsÕ8'1 não foi obseJvada rigoIOsamente em muital:I: delas, Inclusiva na</p><p>Comissão VI e BUBS Subcomissóes, como veremos em seguida.</p><p>tr</p><p>t);</p><p>�</p><p>Econômica), e suas Subcomissões VI-A {Princípios Gerais, Intervenção do</p><p>Estado, Regime da Propriedade do Subsolo e Atividade Econômica) e V I -C</p><p>(POiítica Agrícola e Fundiária e Reforma Agrária); a Comissão VIll (Fanúlia,</p><p>Educação, Cultura e Espertas, Ciência e Tecnologia e Comunicação), e sua</p><p>Subcomissão VIII-E (Ciência e Tecnologia e Comunicação). Examinaremos a</p><p>seguir a composição desses foros.to</p><p>Assim como a Comissão de S istematização, a Comissão VI também</p><p>uJt;rapassou o número regimental de membros, instalando-se com 65 titula­</p><p>res. Destes, 23 pertenciam aos partidos de direita (15 do PFL, 4 do PDS, 2 do</p><p>P'l'B, 1 do PL e 1 do PDC) e 8 aos partidos de esquerda (3 do PDT, 2 do PT, 1</p><p>do PC do B, 1 do PCB e 1 do PSB). AJJ PMDB couberam 34 titulares, dos quais</p><p>17 podem ser situados no campo conservador, 13 no campo progressista e 4</p><p>podem ser considerados moderados. Dos 34 suplentes peemedebistas, 14</p><p>podem ser considerados conservadores; 'l 'l, progressistas: e 9, moderados.li</p><p>Considerando-se os titulares do PMDB, o bloco conservador teria 40 mem­</p><p>bros e o bloco progressista, 21. Mesmo que os 4 titulares moderados do</p><p>PMDB se unissem aàs progressistas, a maioria conservadora continuaria</p><p>insuperável. A única hipótese (remota) de reversão seria a ausência de um</p><p>elevado número de conservadores do PMDB e sua substituição por progres­</p><p>sistas e/ou moderados alinhados a estes.</p><p>As Subcomissões VI-A e VI-C instalaram-se com 23 membros cada. Na</p><p>Subcomissão VI-A, 9 membros pertenciam aos partidos de direita (5 do PFL, 2</p><p>d0-PDS, 1 do PTB e 1 do PL) e 3, aos partidos de esquerda (PDT, PT e PSB). Dos</p><p>11 titulares do PMDB, 7 podem ser situados no campo conservador, 3 no</p><p>carnpo</p><p>progressista e um pode ser considerado moderado. Os 12 suplentes do PMDB</p><p>distribuiam-se em número igual pelos 3 campos.12 Assim, o bloco conservador '</p><p>l,l'</p><p>_1_0_A_] _ _ .,-,-ção D.OIWJlal completa da oompooigão das Comissões VI, VIII e de Sistematização, bem</p><p>r .' 11</p><p>OOlllQ das SubcornisOOes VI-A, Vl-C e Vll l -B encontra-se no Anexo II.</p><p>, Conservadol'es: Alb!lllO Franoo, ADtônio Carlos Franco, Arnaldo Rosa Prata, Gidel Dantas, Gil</p><p>�i_,</p><p>Cesar, Gustavo de Fatia, Irai,uã Costa JuDior, Jo:ge Vianna, José trusses de Oliveira, Luís</p><p>1i;;;i( Roberto Ponte, Maxcos Lima, Nyder Barbosa, Paulo Zazzur, Rachld Saldanha Derzi, Renato</p><p>fi?</p><p>·</p><p>Jollw.so11, Roberto Cazdoso Alves e Sérgio Naya (titUlares); Affonso Camargo. Alvaro Anti'>nio,</p><p>g_f': Basco França, Dalton C!wabrava, DeD.isar .A:melro, Fausto Fernandes, Ivo Vandetlinde, João</p><p>�:!</p><p>Rezek, Jorge Leite, José Mendonça de Morais, Leopoldo Perez, Minno Mil'anda, Paulo</p><p>�}'</p><p>Mincamne e SérgLO Wemeok (supleotes). Progressistas: Bened;cto Monteiro, Dirceu Carneiro,</p><p>1· ::</p><p>-- Expedito Junlw, Gabrtel Guen:eiro, Hélio Duque. Mareio Lacerda, Oswaldo Lima Filho, Peroival</p><p>0.�,'�.= ... ·••�·•.·</p><p>·</p><p>M</p><p>(</p><p>\UlÍ.2, Raquel Capil:leribe, Severo Gomes, Valter Péreira, Vicente Boga e Virgildásio de Sêllna</p><p>,:"</p><p>titula=); Allte!o de Barros, Alltônlo Perosa, Doreto Campanari, Harlan Gadelha. João Cunha,</p><p>LR:Zto Satbler, Luiz AIJ;lerto Rodligues, Nelton Friedrich, Tootônio Vilela Filho. Waldir Pugliesi e</p><p>Walmor de Luoa (suplentes). Moderados: Gerson Maroonde.s, I$n1eel Wanderley. Ivo Mainardi e</p><p>Santinho Furtado [titulates); Darcy Deltas, F&rnando Veiasco, Henrique Edua:rdo Alves. Mauro</p><p>Cam:pos, Raimundo Lira, Raul Belém, Ronaldo Ce.mr Coelho. Ruy Nedel e Wilson Campos</p><p>(suplentes).</p><p>12 Coru;ervadorfl: Albano franco. Antonio Carlos Franoo, Gil Cessr, Gustavo de Faria, IIap-uã Costa</p><p>Jlllllor, M= Lima e Reoato Johnsson (titulares); Basco França, Jorge Leite, Leopoldo Perez e</p><p>61</p><p>contava com um total de 16 titulares e o bloco progressista, com 6. Só a hipó­</p><p>tese de substituição em massa de titulares conservadores por suplentes pro­</p><p>giessistas e moderados alinhados a estes reverteria essa vantagem.</p><p>Na Subcomissão VI-C, dos 23 titulares, 8 pertenciam aos partidos de</p><p>direita (5 do PFL e os demais, do PDS, do PTB e do PDC) e 4 aos partidos de</p><p>esquerda (PDT, PT, PC do B e PCB). Dos 11 titulares do PMDB, 4 podem ser</p><p>situados no campo conservador, 5 no campo progressista e 2 podem ser con­</p><p>siderados moderados. Dos 11 suplentes do PMDB, 4 podem ser classificados</p><p>como conservadores, 3 como progressistas, e 4 como moderados.13 Por con­</p><p>seguinte, nesta SUbcomissão a vantagem dos conservadores sobre os pro­</p><p>gressistas era bem mais estreita: 12x9, podendo chegar ao empate e inver­</p><p>ter -se caso os moderados do PMDB formassem com o bloco progressista e,</p><p>em suas eventuais ausências, titulares conservadores do PMDB fossem subs­</p><p>tituídos por suplentes progressistas e/ou moderados alinhados•a estes.</p><p>dá'ã:'ContiSsão VIII foi instalada com 62 membros, dos quais 23 perten­</p><p>ci� aos Par'tidos de direita (15 do PFL, 4 do PDS, 3 do PTB, e 1 do PL) e 5</p><p>aoJ'partidos de esquerda (3 do PDT e 2 do PT). Dos 34 titulares do PMDB,</p><p>17 podem ser situados no campo conservador, 12 no campo progressista e</p><p>5 podem ser considerados moderados. Dos 34 suplentes, 12 podem ser clas­</p><p>sificados como conservadores, 10 como progressistas e 11 como modera­</p><p>dos.14 Também aqui a vantagem do bloco conservador sobre o progressista</p><p>era ampla: 40x17, inalcançável ainda que os titulares moderados do PMDB</p><p>Pmüo Mm= (suplentes). Prvgre,niistas:' Gabriel Guêrreiro, Hélio Duque e Virgi1d4sio de</p><p>senna {titul..ros); João Cunha, Luiz Alberto Eodrigues, Nêlton Fnedricb e Tuot6nio Vilela Filho</p><p>(suPkwtes). Moderados: Ismael Wânderley (tlt\11ar); Femandc, Ve!asco, Henrique Eduardo Alves,</p><p>Raimundo L<ra e Ronaldo Cezar Coelho (suplentes).</p><p>13 Consenadores: Amaldo Rosa Prata, JolQe \llallna, Rachid Saldanha Derzi e Roberto camooo</p><p>Alves (titulares); Faust:CJ Fernandes, Ivo Vandelilnde, João Rezek e José Mendonça de Mocais</p><p>(su�). Progressistas: Benedict<> Momeb:o, Oswaldo Lima Fill:J.o, Raquel Capibori];,e, Valter</p><p>Pemi<a e Vicente Bogo (titulares); Antero de l!an:oo, Harlan Gadelha e Waldyr Pugliesi (suple;u­</p><p>tes). Moderados: Ive> Mainardi e S,;mtinho Furtado (titulares); Daicy Deites, Mauro Campos, Ruy</p><p>Nedel e Wilson Campos (Sl,lplentes).</p><p>14 Co�e.!I'. Aloíaio vasconceloo, Atltônio de J8Slls, Bezen:a de Melo, Eliel Rodrigl.les, Ervin</p><p>B<mkoslri, Flávio Palmier da Veiga, França Toix&ira, João Calmon, José Carloo Martine:.,</p><p>Lour!IIllberg NUlleS Rocha, Mái;cia Kubitsche� Matbeus Iensen, Melldes Ribeiro, Roberto Vital e</p><p>Vingt Rosado (titulares); Callos Benevides, Fe.liPe Cbeidde, Francisco Sak,s, ItaPl.lã Costa JuDior,</p><p>JQSé Outra, Leopoldo Bessoo.e, Luiz Viana, Mário Bouchardet, Mátie> de Oliveira, Mauúcio N=er,</p><p>Onofre Couêa, Osvaldo Sobrinho, Renato Johnsaon e Rodrigues Palma (suplentes).</p><p>Pl'Qgresslst:as: Artur da Tú.vola, Cristina 'Iaval&S, Hermes Zanetti, Joac:i Góas, Koyu lha, NeJSOll</p><p>Aguiar, Octávio Elísio, Paulo Silva, l'Qmpeu da Sou�a. Rita Camata, 'lll.deu l'rau!,8 e llbiratall</p><p>Aguiar (titulares): A1mir Gabriel, Célio de Castro, Expedito Júnior, Gabriel Gueneiro, Ivo Lecll,</p><p>João Hemnann Neto, Jorge Hage, José Carlos Sab6ia, NelSOP. Carneiro a Ronan Títo (iroplentes).</p><p>lll!Odenlcios: António Gaspsr, Caio Pompeu, Cássio Cunha Lima, Femand.CI Cunha e Mana Lúcia</p><p>(titulares); Acival Gomes, AntOnio Brltto, Ant6nlo Câma:ra, Domingos Juvenil, Eduardo Moreira,</p><p>Hélio Costa, Jovannj Maslni, MMsias Soaies, Renato Bemenli, Sarni! Acl!.ôa e Sa:rrtinbo Furtado</p><p>(suplemes).</p><p>62</p><p>50 alinhassem todos com os progressistas, embora matematicamente pos­</p><p>sível (porém politicamente improvável) se a esta hipótese se acrescentasse</p><p>a substituição de titulares conservadores por suplentes progressistas ou</p><p>alinhados.</p><p>Na Subcomissão VIll-B, composta por 21 membros, a vantagem conser­</p><p>vadora era também ampla: 8 membros pertenciam aos partidos de direita (5</p><p>do PFL, 2 do PDS e 1 do PTB) e apenas 2 aos partidos de esquerda (PDT e PT).</p><p>Dos 11 titulares do PMDB, 5 podem ser classificados como conservadores, 4</p><p>como progressistas e 2 como moderados; entre os 11 suplentes, quatro con­</p><p>servadores, 2 progressistas e 5 moderados.ts No total dos titulares, o bloco</p><p>conservador teria o dobro do progressista: 13x6, diferença insuperável ainda</p><p>qUe os 2 moderados do PMDB formassem com os 6 progressiStas, a não ser</p><p>na hipótese remota de substituição de titulares por suplentes.</p><p>Quanto à Comissão de Sistematização, sua composição deu-se em dois</p><p>momentos: inicialmente, a decorrente da proporcionalidade partidária, pre­</p><p>vista para 49 membros pelo RIANC, mas efetivada com 53, como vimos</p><p>acima; depois, a incorporação dos 8 presidentes e 8 relatores das Comissões,</p><p>mais os 24 relatores das Subcomissões. Dos 53 titulares originários, 19 per­</p><p>tenciam aos partidos de direita (12 do PFL. 3 do PDS, 2 do PTB, 1 do PL, 1 do</p><p>.. . PDC), 6 aos partidos de esquerda (2 do PDT e os demais do PT, do PC do B,</p><p>}'.·.do PCB e do PSB) e um era o representante do PMB, que pode ser situado no</p><p>,. centro. Dos 27 titulares originários do PMbB, 11 podem ser classificados</p><p>boina conservadores, 11 como progressistas e 7 como moderados; dos 27</p><p>,,: 'SUplentes, 6 podem ser considerados conservadores, 12 progressistas e 9</p><p>'\.µiooerados.16 No total, o bloco conservador totalizava 28 titulares originários</p><p>·_\:contra 17 do bloco progressista; como veremos em seguida, com a inclusão</p><p>)jios 40 titulares provenientes das Comissões e Subcomissões, o bloco conser-</p><p>CoD$erva,;io:res: Alolsio Vasoonoelos, José Carlos Martinez, Mendes Ril>eiro, Onofre Coaêa e</p><p>· Roberto Vital (titulares): Francisco sales, Luiz Vianna, Renato J�on e Rodrigues Palma</p><p>(suplantes). Pl"ogressl.stas; Cristina Ta.vares, Joaol Góes, Koyu lha e Pompeu de Sou�,:, (titulares);</p><p>Almir Gabtiel e João Her.rmann Netto (suplentes}. Moderados: Alltôni.o Gaspar e Feruando</p><p>Cunha</p><p>(titulares); Acival GQmes, Antônio Brltto, Hélio Costa, Jovanni Masilli e Sam.ir Achôa</p><p>(suplmrtes).</p><p>Couservado:res; Altredo Campos, Al\llZio Campos, Carlos Sant'Anna, José Freire, José Geraldo,</p><p>Milton Reis, Nil= Gibson, Rodrigues Palma e Theodoro Mendes (titulares); Albano Franco, Dwso</p><p>Coimbra, Délio Bra.2, Manool Vianna, Marcos Lima. Michel Turner (suplentes); Progreaistas:</p><p>Ab:igall Feitosa, Ademlr Ancl:racie, Celso Dourado, Fernando Henrique Caid.oso, Fernando Lyra,</p><p>F.ra:ocisco Pinto, Hai:oldo Sabóia, José IgnAcio Ferreira, Nelson Carneiro, Paulo Ramos e Pimenta</p><p>da Veiga (titulares); Antonío Mariz, Chagas Rodrigues. Euclides Scalco, José Carlos Greoco, José</p><p>Costa. Miro 'Ieixelra, Nelson Wedekin, Ocrtâvio Elisio, Rose de Fkeltws, IBdurlco Pinto, Vicente</p><p>Bogo e Vilson de Sou:ia (suplentes). Moderados: Bernard.o Cabral, Cid Carvalho, Ibsen Pinheiro,</p><p>Manoe! Moreira, Raimundo Be2erra, Renato Vianila e Wilson Martins (titulares); Aécio NeV0S,</p><p>João Agripiru;,, João Natal, José Maranhão, José 'lavares, Luiz Henrique, Márcio Braga, Roberto</p><p>13.tant e Ziza Valadares (S'Uplentes).</p><p>63</p><p>vador reuniria 47 membros, o bloco progressista 35 e os moderados, 10. A</p><p>vantagem conservadora estreitava -se bastante nesse foro decisivo.</p><p>2.2. O Grande Acordo</p><p>A distribuição dos cargos de presidente, 1º e 2º vice-presidentes e</p><p>relator nas Comissões e Subcomissões foi objeto de um grande acordo de</p><p>lideranças, protagonizado pelo líder do PMDB e secundado pelo líder do</p><p>PFL. Tal acordo resultou na apresentação de chapas completas, com o</p><p>compromisso de o presidente eleito designar o relator escolhido pelo líder</p><p>do partido a quem o cargo caberia. No que se refere ao conjunto dos car­</p><p>gos-chave (presidentes e relatores), o acordo produziu a partilha traduzida</p><p>no quadro abaixo;</p><p>•</p><p>Qua.dl:'oZ.2,117</p><p>·\'-'a!goll/P8rtldos PMDB PFL PDS PDT PTB PT PDC</p><p>' .. .. e ,.;omissões ;</p><p>Relatorias d.e Comi5sóas 8</p><p>Relatorias de Subcomissões 13 5 2 1 1 1 1</p><p>Subtotal (Vagas Com. Sist.} 21 12 3 1 1 1 1</p><p>Presidências de Subcomissõ8': 15 5 1 2 1</p><p>Total Geral ,. 17 4 3 , 1 1</p><p>AD PMDB couberam as Presidências de 15 das 24 Subcomissões e 21 das</p><p>32 Relatarias: a totalidade das Relatarias das Comissões e a maioria absolu­</p><p>ta das Relatorias das Subcomissões. Na Comissão de Sistematização (não</p><p>incluída no quadro acima), coube também ao PMDB a Relataria e ao PFL a</p><p>Presidência. Com isso o número de relatores do PMDB chegou a 22 em 33 e o</p><p>de presidentes do PFL, a 13 em 33. Os dois maiores partidos controlavam</p><p>amplamente o poder de agenda e dueção no âmbito das Comissões, Dos oito</p><p>relatores do PMDB nas Comissões, seis estavam no campo progressista, um</p><p>no campo conservador, e um pode ser considerado como moderado.la Dos</p><p>treze relatores do PMDB nas Subcomiss6es, dez situavam-se no campo pro­</p><p>gressista, dois no campo conservador e um pode ser considerado modera-</p><p>17 Para a eleição das Mesas e designação dos relatores das Comí$<>es, ver atas elas respectivas</p><p>rewi;5,;,s de instalação em Atas das Comiss&s, Suplementos aos�: 53, pp. 3.5 (Comissão I), 4:'1-</p><p>46 (II), 154-159 (VI) e 189-196 (VIll); 66, pp.197-204 (lll), 218--225 (V): 84, pp. 36-37 (IV) e 95-102</p><p>(VI!). Para eleição d.a Mesa e designação do mlator da Çomissão d.e Sistematização. ver Ata da</p><p>Reunião de lllstalação, Oomisuão de Sistematização -Atas dru; Reuniões .... pp. 7-15. Para a re l a ­</p><p>ção oompleta das Mesas e relatores das Comissões e Subcomissões, ver BONAVIDES; ob. cit.,</p><p>pp. 850-864 e o Anexo I deste trabalho.</p><p>18 Progressktas: José Pin.,lo Bisol (Comissão !), Egídio Ferreira Lima {Ili), José Sena (V}, Severa</p><p>Gomes {Vl), AlmiI Gabriel (VII) e Artur da Távola (VIII). Moderado: José Rlcha (li). Consenradol':</p><p>Prisc:o Vianna (IV),</p><p>"</p><p>"'U9'"""'"''""• "'-'.,�"rvauozes, uraem i:;oonom1ca. e Regxas do Jogo</p><p>do.19 A vantagem dos progressistas sobre os conservadores marcava a dis­</p><p>tribuição das 24 Relatarias das Subcomissões: 12 cabiam aos progressiStas,</p><p>11 aos conservadores do PMDB e a última cabia a um moderado do PMDB.20</p><p>Assim, no conjunto das 40 Presidências e Relatarias que conduziriam</p><p>seus titulares à Comissão de Sistematização, os progressistas do PMDB</p><p>tinham 16; os partidos de direita, 17; os conservadores do PMDB, 3; os mode­</p><p>rados do PMDB, 2; e os partidos de esquerda, 2. Ao todo, o bloco progressis­</p><p>ta teria 18 wcargos de acesso" e o bloco conservador, 20. Se os moderados se</p><p>alinhassem aos progressistas, haveria um virtual empate nessa categoria. A</p><p>vantagem progressista na distribuição das Relatorias do PMDB e, por conse­</p><p>qü€mcia, seus impactos na composição da Comissão de Sistematização tive­</p><p>ram um grande artífice; o líder da bancada, Mário Covas.zt</p><p>Mário Covas explicou o acordo pessoalmente, para assegurar seu cum­</p><p>primento, em 6 das 8 reuniões das Comissões para eleição de seus dirigentes</p><p>· em 1/4/1987. Em todas, Covas repetiu basicamente o mesmo argumento: para</p><p>a distribuição dos 132 cargos, começou-se dos menores partidos para os maio­</p><p>res, até chegar ao PFL, que ficou com 7 das 8 Presidências (uma fora anterior­</p><p>mente atribuída ao PDS) e ao Pl\IDB, que ficou com todas as Relatarias e a</p><p>maioria das Vice-Presidências. Dentro da bancada do PMDB, segundo seu</p><p>líder, a atribuição de cargos procurou espelhar a diversidade do partido e suas</p><p>. ,dimensões regionais; no exercício estrito de suas atribuições, premida pela</p><p>,;._exigilidade do tempo, que não lhe permitira consultas amplas ao conjunto da</p><p>'__ba,p.cada. a liderança fez a distribuição que lhe parecia mais ad�ada.22</p><p>Progressistas: João HenmaDD. (Subcom.1$$âo I-AJ, Sigmaringa Se= (ll•B), José Fogaça (111-B),</p><p>Nelton Fnedrich (IV-C}, Fernando Gasparlan (V-C), Vlrgildásio ele Seno.a [VI-A). Oswaldo Lima</p><p>Filho (VI-C), Mário Lime. (Vll-A), Carlos Mosconi (V!l-B) e Ci:istine. Te.vares (VIII-B).</p><p>Consenradores: José Ufüses de Oliveira (VI•B) e João Calmon (Vlll•A). Moderado: Fernando</p><p>�e. Coelho (V-B).</p><p>A2' 10, Relatorias dos progressistas do PMDB, indicadas na nota 8.l'lteiioI. actescidas das</p><p>Relatorias do PDT e do PT perfazem 12; as duas Relar.oriaa dos conservadores do PMDB, soma­</p><p>das às 9 dos partidos de direita, perfazem 11.</p><p>lntemeeante arnost,;a da iuitaçã.o conservadora em face da manobra de Covas pode ser enccn­</p><p>ltada na xeportllgem "Jogo de 'Irocas - Esquerda do PMDB Ganha os Cargos de Relator", da</p><p>revista Veja (8/4/1987, p. 30), sollxe a distribuição dos cargos das comissões: O senador Mário</p><p>Cwas, líder do PMDB na Constituinte. d!!.l>l!ln10hreu uma 1lUlllObra 1'6gimentalmente pirotáGnica,</p><p>na semana pawada, para chegar a um acOlllo sobre o preenchimento d-OS cargos de presidente e</p><p>.relator das oito comissões( ... ). Na terça-fefra, Covas acenou a. dlvisdo dos ca.rgoB oom o deputado</p><p>José Lourer.,!rO ( ... ) e acabou uma eseultur.t que nl'lo se e.ncaixa .zio perfil de centro exibido por cada</p><p>uma das�( ... ), nem espalha o P11mário da Coll.St.iruinte ( ... ) oPMDB fícou com os oito pos"</p><p>tos de relator - e o senador colocou em sera dafes parlamentares da esquerda do p81'tfdo, oomo o</p><p>d"'Ptlta.do Egídio Ferreira Lima, barulliento membro do grupo p16-m>berania e defensar do manda­</p><p>to dll quatro a.nos para o presidente SameY, indicado para a Gomíssão de Organfzação das Poderes</p><p>e Sistema de Governo e o senador Severo Gomes, millistro dos go= Castelo Brn.n,u, e Geiset</p><p>hoje defensor de poslções ertmmarnenra audac;IOsas contra o aapftal estrangeiro.</p><p>Covas ])r0n11I1ciou-se nas reuniões de instalação e eleição dos dlrigent.ea das Comissões II, Ili,</p><p>rv; VI, VII, VIII e àa Comissão de Sistematização, secundado por José Lourenço nas Com:issõe:;</p><p>65</p><p>Na ven:lade, Covas fez aí bom uso do tempo escasso: aproveitando o</p><p>momento propício determinado pela impossibilidade de deliberação pela</p><p>bancada majoritariamente conservadora, escolheu preferencialmente relato­</p><p>res progressistas. A manobra despertou protestos, sobretudo dentro da pró­</p><p>pria bancada do PMDB, e apresentação de chapas alternativas em algumas</p><p>Comissões, mas acabou resultando vitoriosa; chapas fechadas, nascidas</p><p>do</p><p>acordo entre os líderes do PMDB e do PFL, eram as únicas que contavam com</p><p>oédulas impressas diSpoJÚveis já na abertura de todas as oito reuniões; em</p><p>todas elas, os presidentes definidos no acordo foram eleitos e, empossados,</p><p>designaram os relatores do PMDB.23</p><p>Considerados todos os cargos existentes nas Comissões e Subcomis­</p><p>sões, os partidos de esquerda alcançaram modesta participação na partilha,</p><p>conforme o quadro abaixo:</p><p>Quadro 2.2.2.24</p><p>-�,</p><p>,_Cargos,/Partidoo PDT "' PcdoB PCB</p><p>1Relatoria Subcomissão 1 1</p><p>idênc:ia Sube;;omissao 2</p><p>2,1 vice-Presidência Comissão de Slstemati�ão 1</p><p>1• Vice-Presl eia Comissão 1</p><p>1.11 �llC&- sid eia Subcomissão 1</p><p>2A Vice-Prasidência Subcomissão 1 1</p><p>Assim, o poder de agenda e direção dos partidos de esquerda era, por si</p><p>só, pratica.mente irrelevante. O caminho que lhes restava era, por conseguin­</p><p>te, o de estabelecer aliança com a ala progressista do PMDB, de modo a</p><p>apoiar. as decisões e propostas dos presidentes e relatores progressistas.</p><p>2.3. O Acordo nas Comissões e Subcomissões</p><p>Como vimos, o processo decisóri.Q sobre as questões substantivas abor­</p><p>dadas neste trabalho desenvolveu-se em duas Comissões e três Subcomis-</p><p>VI e VII. Nas 01>tras Comissões, vice-lidêres do PMDB o fizeram. Ver Atas reretidas acima. na</p><p>nota� 17 deste Capitulo,</p><p>23 Chapas ou candidaturas avulsas ahemativa,, às chapas do aomdo fmam ap.resentadas nas</p><p>Comissões V e VIII. Na Comissão VII, a. des.iguação do relator foi adiada para e reunião subse­</p><p>q(iente em virtude de pretensões oonflitantes na bancada do PMOB. Ver Atas refertdas na nota</p><p>llil 11, acima.</p><p>24 VeJ Anexo r. PDT: relator da SUhoomissão I-C: (Lysâneas Maciel); presidentes das Subcomissões</p><p>I•A (Roberto D'Ávila) e ln-A (Bocayuva Cunha); 2" vice-presidente da Comissão de</p><p>SISteillatização (Brandão Monteiro), 111 Vioe---presidente da Comissão III (Maurício Com1>a.) e 1Q</p><p>vice-pnisidente da Subcomissão I T I -B (Vivaldc Barbosa). PT'. relator da Subçomlssão UI-C (Plinio</p><p>Arruda Sampaio). PC �0 B: 21> vice-presidente da Subcomissão VII-A (Eclmilson Valentim). PCB:</p><p>2<t vice-presidente da Subcomissão VI-C (Fernando Santana). O PSB não obteve nenhum cargo.</p><p>66</p><p>sões temáticas, além da Comissão de Sistematização: a Comissão VI, suas</p><p>suJ:>comissóes VI-A e VI -C; a Comissão VIII e sua Subcomissão VIII-B.25 Em</p><p>suas respectivas reuniões de instalação, eleição da Mesa e designação do</p><p>:relator deu-se, com maior ou menor resistência, o cumprimento do "grande</p><p>acordo", como veremos a seguir. ·</p><p>2.3.1. Comissões</p><p>Em 1.11 de abril de 1987, forain realizadas as reuniões de instalação das</p><p>oito Comissões Temáticas. Nas Comissões VI e VIII, a distribuição de cargos</p><p>deconente do acordo enfrentou resistências de setores conservadores do</p><p>PMDB, aom apoio eventual de conservadores de outros partidos, e também</p><p>(ao menos nwn primeiro momento) de progressistas do PMDB e de outros</p><p>J)artidos, o que parecia refletir o caráter centralizado da celebração do acor ­</p><p>do PMDB-PFL.</p><p>Na Comissão VI, já na abertura da reunião, o conservador Renato</p><p>JohnSson (PMDB) solicitou que a escolha do relator se processasse por elei­</p><p>Ção e não por designação do presidente a ser eleito. Foi apoiado por Roberto</p><p>Campos (PDS), segundo o qual o poder dos lideres se esgotava na distribui-</p><p>,;-Qâo dos cargos entre os partidos e não alcançava a escolha dos nomes que</p><p>;•iriam ocupá-los: caberia aos próprios membros da Comissão escolher, dentre</p><p>·Í::b{; membros do partido aquinhoado pelo acordo dos líderes, o nome que ocu­</p><p>)tl�a o respectivo cargo. Thmbém o progressista Percival Muniz (PMDB)</p><p>\gúestionou a centralização das escolhas pelos lideres, e manifestou preocu­</p><p>, .pações com a representatividade partidária e federativa das comissões e</p><p>:s.ubcomissões. Em seguida, o conservador Roberto Cardoso Alves (PMDB)</p><p>}1riticou duramente a posição do líder Mário Covas, declarou-se candidato a</p><p>:�tor e convidou para a respectiva disputa o peemedebista indicado por</p><p>.�vas par? ser relator, Severo Gomes. Logo após a manifestação de Cardoso</p><p>�s, Percival Muniz recuou de sua posição crítica e passou a endossar as</p><p>' .9�isões de Covas, fazendo a primeira referência formal às pressões da UDR</p><p>·</p><p>.· nião Democrática Ruralista) naquela Comissão.26</p><p>Pa:ra a oomP0$ição dessas Comissões e Suboomissões, ver o Anexo li.</p><p>Ata da 1� Reunião da Comissão da Ordem Eoonômica, Ati!,S das ComiS16es, Suplemento ao Il" 53</p><p>do Diário da Assembléia Nacional Constituint!I, pp. 154-169, Segundo Percival Muniz {p, 156), o</p><p>n= Jfder Mário Covas, juntamente com todos os Jideres dos partidos com assento na</p><p>�tuinte, n= trabalho árduo, demorado, can.sau.,.,,, ouviu todes ss correntes policicss aqui -</p><p>s6nãofni o,wida a UDR, porque ela nAo tam ammto legal nesta Casa( •.• ). Não quero que a minha</p><p>tIUestão de o.dem seja utilizada, como ô /ai palo canstitllinte Caràc8ô Alves, pr,rque consimm, que</p><p>a atitude de nosso l!der Mário Covas fni a mais damoonitica ( •.• ). S. Ex!' teve o apofo dos part,Jdos</p><p>e, .Por isso, considero que o b'uto do entendimento é o b'uto da demoarecia e da liberdade que deve•</p><p>rllo existir nesta casa, e não só a autorização da UDR. que a.,sim nãô quis e nllo prega isto no Pafa.</p><p>Roberto carooso Alves :ficaria conhecido como um dos principais interlooutornt; da UDR na ANC.</p><p>Mário Covas, a exemplo do que fez em cinco outras Comissões naquele</p><p>dia, explicou minuciosamente o acordo.27 Esclareceu que, naquela Comissão,</p><p>a Presidência caberia ao PFL e o PMDB ficaria com as duas Vice-Presidências</p><p>e a Relataria. O presidente seria José Lins (PFL); o progressista Hélio Duque</p><p>(PMDB) seria o 1.11 vice-presidente; o conservador Albano Franco (PMDB) seria</p><p>o ,2ll. vice-presidente, e o progressista Severo Gomes seria o relator designado</p><p>por José Lins. Também o líder do PFL, José Lourenço, usou a palavra para</p><p>pedir que seus colegas de partido votassem maciçamente cam o acardo.28</p><p>Não obstante, Renato Johnsson insistiu na escolha do relator pelo ple­</p><p>nário da Comissão e cobrou os compromissos de participação e descentrali­</p><p>zação que teriam garantido a eleição de Covas pela bancada do PMDB. o</p><p>coriservador Rachid Saldanha Derzi (PMDB), presidente em exercício por ser</p><p>o membro mais idoso da Comissão, indeferiu o pedido nos seguintes termos:</p><p>lamentavelmente, esta Presidência não pode modífiuar o Regimento Interno</p><p>( ... ). Não cabe a mim, posso até conoo.rdar com V. Ex!'-, mas lame�tavelmente</p><p>está éscilíêi. e o:1Rêgimento foi votada por V. EP e por todos nós.</p><p>�f Domingos (PL) propôs então a apresentação de chapa alternativa.</p><p>Contou inicialmente com o apoio de .Amaury Milller (PDT), que pediu a sus­</p><p>pensão da reunião para a composição da chapa alternativa, mas retirou o</p><p>pedido após Roberto Campos deixar claro que existe uma chapa alternativa</p><p>no que se refere à Relataria. O constituinte Cardoso Alves é candidato ao posto</p><p>de relatar.29</p><p>Realizada a elei�o, confinnou-s& a vitória da chapa resultante do acor­</p><p>do: José Lins foi eleito presidente com 44 votos (foram apurados 7 votos em</p><p>branco e 6 nulos); Hélio Duque foi eleito 1.11 vice-presidente com 46 (9 em</p><p>branco e 2 nulos); Albano Franco foi eleito 2ll. vice com 41 (10 em branéo, 3</p><p>nulos e 2 para Lufa: Salomão, do PDT)- Uma vez empossado, José Litµl cum­</p><p>priu sua parte no acordo e designou Severo Gomes como relator.30</p><p>Na Comissão VIII, o acordo de lideranças também recebeu pesadas crí­</p><p>ticas, à direita e à esquerda. Iniciada a reunião de instalação, Florestan</p><p>Fernandes (PT), no exercício da Presidência por ser o mais idoso, anunciou a</p><p>chamada para a votação. O progressista Hermes Zanetti (PMDB) indagou</p><p>sobre a existência de candidatos e ouviu de Florestan a seguinte resposta:</p><p>Dentro do meu conhecimento, não. Circulam rumores, [o] que considero anti­</p><p>democrático, de que os candidatos já são pré-escolhidos. O moderado Antônio</p><p>Britto (PMDB} explicou o acordo em nome do seu líder: naquela Comissão, a</p><p>Presidência caberia a Marcondes Gadelha (PFL), a 111 Vice-Presidência a José</p><p>Elias Moreira {PTB), e a</p><p>2.11 Vice-Presidência, a Osvaldo Sobrinho (PMDB). O</p><p>27 Vw: nota 22 deste Capítulo.</p><p>28 Ata da IA Reuniáo da Comissão da Ordem Eoonômica .•. , pp, 156-157.</p><p>29 Idem, p, 158.</p><p>30 Idem, p, 159.</p><p>68</p><p>acordo foi então contestado pelo conservador Mendes Ribeiro (PMDB): dizen­</p><p>do-se preterido por Covas na indicação para relator, que caberia a Artur da</p><p>Távola (PMDB), lançou-se candidato a presidente da Comissão.31</p><p>Pela liderança do PFL, manifestou-se então Arolde de Oliveira, para</p><p>defender o cumprimento do acordo que assegurava a Presidência daquela</p><p>Comissão ao seu partido. Ao perceber a chegada de Mário Covas, Hermes</p><p>zanettí lembrou ao líder do PMDB que este fora eleito pela bancada em nome</p><p>da democracia interna do Partido e que, apesar do fato oonswnado da indica•</p><p>çiío do colega Artur da Távola, continuava a pleitear a indicação para a Rela­</p><p>toria daquela Comissão.32 Covas explicou o acordo e pediu seu cumprimen­</p><p>to, 0 que afinal aconteceu: Marcondes Gadelha foi eleito presidente com 50</p><p>votos, contra 9 dados a Mendes Ribeiro e um em branco; José Elias Moreira</p><p>foi eleito l!l vice-presidente com 47 votos, contra um dado a Artur da Távola</p><p>.'.·, 9 12 em branco; Osvaldo Sobrinho foi eleito 2Q: vice com 50 votos, apurados</p><p>'•i ainda 10 em branco: Empossado, Marcondes Gad.elha designou o progressis­</p><p>;; · ta Artur da Távola (PMDB) como relator.33</p><p>i) .; '</p><p>}'</p><p>· 2.3.2. Subcomissões</p><p>Em 7 de abril de 1987, realizaram-se as reuniões de instalação e eleição</p><p>Mesas das Subcomissões Temáticas. Menos de uma semana bastou para</p><p>e e. bloco progressista se apresentasse mais alinhado em favor das indica­</p><p>es do líder do PMDB.</p><p>Na Subcomissão VI-A, o processo de votação já estava em curso quan-</p><p>o conservador Marcos Lima- (PMDB) solicitou a interrupção da reunião</p><p>que a bancada majoritária decidisse sobre a indicação do relator. Pela</p><p>erança do PMDB, o progressista Robson Marinho defendeu o cumprimen­</p><p>. do acoIQp, mas foi questionado por Renato Johnsson e Roberto Campos, a</p><p>dupla que, com os mesmos argumentos e o mesmo insucesso, insur­</p><p>. -se contra o acordo na reunião de instalação da Comissão VI. Apurados os</p><p>, confirmou-se o cumprimento do acordo: Delfim Netto (PDS) foi eleito</p><p>·dente com 16 votos, contra um voto dado a AfifDomingos (PL), outro ao</p><p>IOgressista Virgildásio de Senna (PMDB) e três em branco; AfifDomingos foi</p><p>l!l. vice-presidente com 20 votos, registrando�se um voto em branco;</p><p>rto Jefferson (PTB) elegeu-se 2Q: vice com 14 votos, registrando-se 7 em</p><p>Ata da ta Reunião, Atas das Comissões, Suplement.o ao no. 53 do Diário da Asseml:lléia Naciooal</p><p>Constituillte, pp. 189-196 (190).</p><p>ICW!!l, PP- 191 -2. Na Sélllana seguinte, Hermes Zanetti seria contemplado com a indicação e elei ­</p><p>Ção Para a PrestdêllC'ia da Subcomissão VIH -A (Educação, Cultw:a e Esportes). Ver Anexo I.</p><p>!CW!!l, PJ). 193·4.</p><p>"</p><p>branco. Empossado, Delfim Netto não atendeu às renovadas questões de</p><p>ordem e aos apelos de Marcos Lima, Renato Johnsson e Roberto Campos:</p><p>Recebi incumb§ncia importante do meu Partido, de que deveríamos</p><p>cumprir os acordos partidários. É decisivo numa Assembléia, nwn</p><p>Congresso. Sem o respeito à palavra empenhada jamais será posswel wna</p><p>organização adequada dos nossos trabalhos. O ilustre Iider do PMDB ( ... )</p><p>proaurou-me para dizer que o Partido indicava o nome do ilust.re oonsti­</p><p>tuinte Virgildásio de Senna. Aqw' mesmo o vice-líder apresentou o mesmo</p><p>no.me. De forma que a Presidência. deaide que o relator será o ilustre con.s.</p><p>tituínte Vrrgildásio de Senna. 34</p><p>O embate mais aguerrido deu-se na instalação da Subcomissão VI-C, um</p><p>prenúncio do que veio a ocorrer durante a votação do respect!'ivo Antepro­</p><p>jeto:35'Ntr:-ex�io da Presidência por ser o mais idoso, o conservador Rachid</p><p>Sal� betti (PMDB) foi interpelado pelo também conservador Jorge Vian­</p><p>na {PMDB) sobre a existência de chapas inscritas. Respondeu que a Mesa</p><p>recebera indicações de nomes para os cargos de presidente e vice-presiden­</p><p>tes. Jorge Vianna solicitou então que se considerassem também os nomes de</p><p>Alysson Pau1inelli (PFL), para presidente, e dos conservadores Arnaldo Rosa</p><p>Prata (PMDB), para 1!.! vice-presidente, e Cardoso Alves (PMDB) para 2!.! vice,</p><p>esclarecendo que se lançava chapa alternativa em razão de discordância</p><p>quanto à indicação do relator pelo líder do PMDB. Saldanha Derzi explicitou</p><p>então a composição da chapa do acordo: Edison Lobão (PFL) para presiden­</p><p>te, o próprio Saldanha Derzi para to vice-preSidente e Fernando Santana</p><p>(PCB) Para 2!.! vice.36 Em seguida, Cardoso Alves declinou de sua indicação à</p><p>2'! Vice-Presidência pela chapa alternativa e pediu que seus potenciais elei­</p><p>tores votassem em Fernando Santana (PCB), indício de que o cargo que real ­</p><p>mente almejava era o de relator. Mário Covas interveio para confirmar o acor­</p><p>do. Interpelado pelo conservador José Mendonça de Morais (PMDB) quanto</p><p>à existência de um nome a ser designado para a Relataria em função do acor­</p><p>do, Covas· t:onfirmou que o acordo incluía a designação do progressista</p><p>Oswaldo Lima Filho (PMDB) como relator.37</p><p>34 Ata da Reunião de Instalação, Aui! das C'omt,sô,es, Suplemento ao n!I 53 do Diário àa Assembléia</p><p>Nacional Constituinte, pp, 160-163,</p><p>35 Ata da 111. Reunião (Instalação), Atas das Comissões, Suplemento ao nll 53 elo Diário da Assem·</p><p>bléia Nacional Constituinte, PP. 168-175.</p><p>36 Idem, p. 168.</p><p>� Idem, p. 169. Durante o processo de votação, Assis C:muto (PFL) questionou, sem êxito, a àesig:·</p><p>nação de Oswalào Lima Filho como relator, com o argumento de que o mesmo era suplante de</p><p>àeputado e. por isto, poderia ter o exetoíoio do seu manàato íntenompjdo a qualquer momento</p><p>(p. 170),</p><p>,o</p><p>Ao ser anunciada a chamada para a votação, iniciou-se a "guerrilha par-</p><p>JaJJlentar". Indagado sobre a ordem de chamada dos suplentes, Saldanha</p><p>· oerzi informou que, em respeito à proporcionalidade partidária, seriam cha­</p><p>. mados os suplentes do mesmo partido do titular ausente, segundo a ordem</p><p>de assinatura do respectivo livro de presenças. Tul orientação, apoiada por</p><p>Mário covas, foi questionada por ·oswaldo Almeida (PL), que fora indicado</p><p>como suplente naquela Subcomissão sem que o seu partido nela tivesse um</p><p>titular, dado o escasso número de componentes da bancada. Sua pretensão</p><p>recebeu o apoio de Cardoso Alves, que classificou os suplentes sem titulares,</p><p>admitidos pela Mesa da ANC, como ahnas penadas.38</p><p>A polêrnica em torno da possibilidade de Oswaldo Almeida e de suplen­</p><p>tes do PMDB - cujos 11 membros titulares estavam presentes à reunião - par­</p><p>;· ticipareni da eleição atravessou todo o processo de votação, sustentada pelo</p><p>·líder Adolfo Oliveira (PL) e por Cardoso Alves. Este chegou a recorrer da deci­</p><p>{ ' são do presidente ao plenário da Subcomissão, mas o presidente não admi­</p><p>:.;;: tiu o recurso. No final da chamada dos titulares, a razão objetiva do debate</p><p>if.-f !:brnou-se evidente: dos 23 titulares da Subcomissão, 22 haviam votado; José</p><p>t:_.fgre�</p><p>a (PTB), embora consta</p><p>_</p><p>ss� da lista de presença, estava ausente, e o res­</p><p>\:JI Jjec:t1vo suplente, Jayme Paliann (PTB), também,39</p><p>1;�-. Após Saldanha Derzi ter determinado que os escrutinadores procedes­</p><p>i)iàm à apuração, o líder Gastone Rigbi (P'IB) pediu a palavra para uma ques­</p><p>·;tã.o de ordem. O presidente afinnou que o assunto estava superado, pois já</p><p>·#avia- declarado encerrada a votação. Gastone Righi, Cardoso Alves e Jorge</p><p>.- __ :ianna contestaram, afumando que o presidente não declarara a votação</p><p>, 't�cerrada, mas este manteve a decisão. Enquanto Cardoso Alves questiona­</p><p>º fato de Augusto Carvalho (PCB) ter participado da votação como suplen­</p><p>'_' do titular Fernando Santana (PCB), Gastone Righi preencheu uma cédula</p><p>·,.votação e a depositou na urna, ato que provocou a indignação do presi­</p><p>'ênte. Estabeleceu-se o tumulto. O presidente suspendeu a reunião.40</p><p>/: Ao reabrir a reunião, Rachid Saldanha Derzi voltou a reprovar com vee­</p><p>'</p><p>_ ncia a atitude de Gastone Righi e utilizou -a como fundamento para anular</p><p>JYotação,</p><p>o que fez em seguida. Righi desculpou-se e acabou por revelar o</p><p>�-� de sua manobra nos seguintes termos:</p><p>•·· eu, como líder, tenho regimental.mente o poder de indic;ar o membro efe­</p><p>tivo e o suplente e posso, também, retirar a sugestão e indicar um novo</p><p>.integrante. Pretendi que isso estivesse senda feito apud acta, sem neces-</p><p>Idem, pp.169-170.</p><p>Idem, pp.171-173. Na verdade, votaram 21 titulares mais o supleDte ào PCB, o que gerou outra</p><p>Polêmica, como veremo� em seguida.</p><p>Idein, pP.172-173.</p><p>71</p><p>sida de de petição escrita, Sr. Presidente, os fatos estão superados. O mem"</p><p>bro titular do PTB nesta !Subi Comissão, o ilustra deputado José Egreja,</p><p>está aqui presente, vai votar e a verdade eleitoral é a que se estampará</p><p>nas umas.</p><p>Antes que a nova votação se iniciasse, porém, Jorge Vianna, tal como</p><p>fizera Cardoso Alves, questionou a possibilidade de Augusto Carvalho ter</p><p>votado e voltar a fazê-lo como suplente de Fernando Santana, ausente, sem</p><p>que houvesse indicação formalizada. Para verificar a existência do documen­</p><p>to de indicação, o presidente suspendeu novamente a reunião.41</p><p>Reaberta mais uma vez a reunião e confirmada a validade da participa­</p><p>ção de Augusto Carvalho, realizou-se finalmente a Votação. O resultado con­</p><p>firmou o motivo da dura disputa em torno da participação dos suplentes:</p><p>Edison Lobão conquistou a Presidência com 12 votos, contra 11, dados a</p><p>Al�ron:Pa�elli; Saldanha Derzí elegeu-se 12 vice-presidente com 11 votos,</p><p>coptra lÓ dados a Arnaldo Rosa Prata e 2 em branco. Som.ente a eleição de</p><p>Fetnando Santana como 22 vice foi tranqüila, em face da declaração de Car­</p><p>doso Alves, acima reportada: aquele obteve 10 votos, contra 5 dados a este</p><p>e 3 em branco. Ao assumir, Ed.ison Lobão cumpriu o acordo e designou</p><p>Oswaldo Lima Filho como relator.42</p><p>Jã na Subcomissão VIII-B, o processo foi o mais tranqüilo de todos os</p><p>aqui analisados. No exercício da Presidência por ser o mais idoso, o progres­</p><p>sista Pompeu de Souza (PMDB) pediu a Arnold Fioravante (PDS), que secre­</p><p>tariava os trabalhos, que fizesse a leitura da chapa do acordo: para presiden­</p><p>te, Arolde de Oliveiia (PFL); para 12 vice-presidente, o conservador Onofre</p><p>Corrêil (PMDB); para 22- vice, o conservador José Carlos Martínez (PMDB). A</p><p>única discordância foi manifestada pelo conservador Aloísio Vasconcelos</p><p>(PMDB): segundo ele, teria havido anteriormente uma proposta de que ele</p><p>próprio fosse candidato a 22- vice-presidente e José Carlos Martinez fosse</p><p>designado relator; tal proposta ter.ia sido ultrapassada por entendimentos</p><p>realizados sem a sua participação, dos quais resultaram a candidatura de</p><p>José Carlos Martinez a 22- vice e a ulterior desígnação da progressísta</p><p>Cristina Tavares (PMDB) como relatara; com isso, o próprio Aloísio</p><p>Vasconcelos fora preterida em sua postulação. Em conseqüência, lançou sua</p><p>candidatura avulsa a 22 vice-presidente.</p><p>Realizada a eleição e apurados os votos, Arolde de Oliveira e Onofre</p><p>Corrêa foram eleitos presidente e 1.2 vice-presidente, respectivamente, com</p><p>15 votos cada um; José Carlos Martinez elegeu-se 2!:! vice com 9 votos contra</p><p>7 dados a Aloísio Vasconcelos; para todos os cargos, houve ainda um voto em</p><p>41 Idam, p. 174.</p><p>42 Idam, pp. 174-5 .</p><p>.,,</p><p>,,_-"' ]:)rance. Ao assumir a Presidência, Arolde de Oliveira cumpriu o acordo e</p><p>· · designou Cristina Tavares para a Relatorta.43</p><p>2.3.3. Sistematização</p><p>Fma}mente, a Comissão de Sistematização. Dado que sua composição fi ­</p><p>ilal dependia da eleição dos presidentes e designação dos relatores das Co­</p><p>ro:issões e Subcomissões (ocorridas, como vimos acima, em 12 e 7 de abril de</p><p>·· 1987 respectivamente}, a instalação da Comissão de Sistematização s6 ocor­</p><p>-teu em 9 de abril.44 Naquela oportunidade, a chapa do acordo sofreu sua</p><p>iínica derrota nos seis foros aqui focalizados, ainda assim parcial, como vere­</p><p>_·inos a seguir.</p><p>Como membro mais idoso, Afonso Arinos (PFL) assumiu a Presidência,</p><p>;:fuas logo passou-a ao segundo mais idoso, Nelson Carneiro (PMDB), Pois,</p><p>·.sendo candidato à Presidência, encontrava-se em situação de impedimen­</p><p>�to.45 Nelson Carneiro anunciou então a chapa do acordo: para presidente,</p><p>nso Arinos; para t.a vice-presidenta, o progressista Pimenta da Veiga</p><p>MDB); para 211 vice, Brandão Monteiro (PDT).</p><p>Antes que a votação se iniciasse, José Genoíno (PT) levantou questão de</p><p>em sobre o número de integrantes da Comissão, pois a previsão regímen-</p><p>--· era de 89 e a instalação estava ocorrendo com 93 membros. Fbi apoiado</p><p>· o líder do PT e também por Gerson Peres (PDS), que propôs fossem toma­</p><p>·s-em, separado os quatro votos dos membros excedentes. Nelson Carneiro</p><p>_licou que o aumento fora decidido pela Mesa da ANC com o objetivo de</p><p>mplar a participação dos pequenos partidos, mas foi novamente can­</p><p>o por GenoÍDo, para quem os pequenos partidos deveriam ser contem­</p><p>s dentro do número regimental. Nelson Carneiro decidiu pela participa-</p><p>. de todos os 93 na eleição para a Mesa da Comissão, sem tomada de votos</p><p>seParad.o, escudando-se na decisão anterior da Mesa da ANC.4S</p><p>Usou então a palavra o conservador Aluízio Campos (PMDB), dizendo-se</p><p>ndido com a indicação de Pimenta da Veiga para 12 vice-presidente,</p><p>o ao qual ele próprio era candidato. Informou que, naquela manhã, a ban­</p><p>a majoritária na Comissão de Sistematização se reunira para eleger o rela-</p><p>· An&xo à Ata da Reunião de Instalação, Atas eras Comissóas, Suplemento ao n� 95 do Dülrio da</p><p>�Sembléia Nacion,ol Constituinte, pp. 248-255. Para os fatos relatados, pp. 248-249.</p><p>Ata da Reuniiio de Instalação. Comissão de Sistematiz-agão -Atas das Rauni&s, Suplemento ''A'</p><p>ao ll� 154 do lliátio da Assembléia Nacion'"1 Constituinte, pp. 7-15.</p><p>Interessante observe:r que na mesma situação encontrava-se o conservador Saldanha Denii, ao</p><p>P<esidlr, como membro mai5 idoso, a reunião para a eleição que lhe gGiantiu, oomo vimos acima,</p><p>a 1.11. Vioo.Pnisidência da Subcomissão Vl-C. sem que o impedimento fosse declarado pelo Pr6prio</p><p>OU iugilid.o porteroeiros. Nada que se aproximasse do refinado senso de decoro do vêlho Ari.ios.</p><p>ldem, pp. 9-10.</p><p>tor e que, naquela oportunidade, consultou os três candidatos (Bernardo</p><p>Cabral, Fernando Henrique e Pimenta da Veiga), e ouviu de todos que nenhum</p><p>deles, se derrotado, postularia a 1.1!. Vice-Presidência. Mário Covas, com o tes­</p><p>temunho do conservador Milton Reis (PMDB), explicou que, após a eleição de</p><p>Bernardo Cabral, a bancada decidira indicar o nome de Pimenta da Veiga à 1.11</p><p>Vice-Presidência, através de documento subscrito por 40 dos seus 48 mem­</p><p>bros. O indicado vencera Fernando Henrique no primeiro turno de votação da</p><p>bancada, mas fora derrotado por Bernardo Cabral no segundo turno.47</p><p>Realizada a votação, verificou-se a surpresa: embora Afonso Arinos</p><p>tenha sido eleito presidente com 74 votos (12 em branco) e Brandão Monteiro,</p><p>2,1! vice-presidente com 70 votos (16 em branco), Pimenta da Veiga foi derro­</p><p>tado por Aluízio Campos por 48 a 35 (3 em branco). Mário Covas assumiu a</p><p>derrota para si, desagravando Pimenta da Veiga. Ao assumir a Presidência,</p><p>Afonso Arinos proferiu emocionado discurso e designou Be�ardo Cabral</p><p>cmn..o.,ral�tor..d,ª Comissão.48</p><p>' ; : ' ·'J''</p><p>2.�. Construção em Balanço</p><p>Se a instalação das Comissões e Subcomissões, a eleição das respecti­</p><p>vas Mesas e designação das Relatarias foram concluídas sem maiores sur- /</p><p>presas no que se refere ao papel desempenhado e às posições ocupadas</p><p>pelos partidos de esquerda, ambos secundários e diminutos, o fato novo foi</p><p>produzido no âmbito do partido majaritãrio: fechou-se.ali o circulo49 iniciado</p><p>com a eleição de Mário Covas para a liderança do PMDB, com a entrega, à</p><p>sua ala progressista, de seis das oito Relatarias das Comissões, dez da:; treze</p><p>Relatarias das Subcomissões e dez das treze Presidências das Subcomissões</p><p>que couberam ao partido. Somadas às conquistadas pelos partidos de es­</p><p>querda, o bloco progressista em evidente processo de consolidação passava</p><p>47 Idem, pp. 11-12. Ver também COELHO, "O Processo Constituint.a",</p><p>casuísta, um papel ce n ­</p><p>Transformado e m Colégio Eleitoral - acrescido d e teplesentantes das</p><p>embléias Legislativas estaduais - a ele cabia a escoiha do Presidente da</p><p>ública. Por alguma razão peculiar, os próceres do regime de 1964 não dis­</p><p>savam a cultura da legitimidade liberal e a eles parece não ter ocorrido</p><p>mativas mais bizarras d e organização institucional. Apesar da sanha re­</p><p>licida e reacionária que os caractelizava. não chegaram ao ponto de pro­</p><p>ums ordem institucional "alternativa". A própria image:ip do Colégio Elei -</p><p>1, Por exemplo, visava acrescentar ao conciliâbulo de oficiais tetra es ­</p><p>:ldos a benção parlamentar e representativa.</p><p>O fato é que o Congresso Nacional manteve-se como Jocus político du­</p><p>:e a ditadura e acabou por hospedar o ato final de sua dissolução, em</p><p>5. A singularidade não dispensa wn lado sombrio: o parlamento que</p><p>siste e sobrevive ao autoritarismo tem como marca a distância polltica e</p><p>tencial para com o mundo além de si prÓprio. Em outros termos, um dos</p><p>LClos dos anos autorítáiios à democracia no Brasil foi o da autarquização</p><p>,egislativo, que viria a ser exponenciada nas décadas seguintes.</p><p>Para a nova ordem que se abre com os sucessos de 1985, o protagonismo</p><p>fongresso aparece como fato indisputável. É ele que elege o Presidente e</p><p>im ele que o Vice-Presidente constrói os modas de sustentação de seu</p><p>� e os padrões de- relação entre Executivo e Legislativo.</p><p>Um dos efêitos da sobreeminência do Congresso pode ser percebido na</p><p>ão, durante o ano de 1986, por uma forma de Constituinte que por cá de-</p><p>�or Titular de Teoria e Filosofia Política do Iupetj e da. Univernidade Fede,al Fluminense.</p><p>signamos como "congressual". Mais que um ardil dos conservadores para</p><p>evitar a alternativa de w'na Constituinte Exclusiva, a opção congressual foi,</p><p>na verdade, uma deriva natural do peso assumido pela instituição nesse</p><p>processo.</p><p>' À vitôria da inércia somou-se, entre muitos, a sensação de quê nada de</p><p>"progressista" ou inovador poderia resultar de uma Constituinte Congres­</p><p>sual, uma forma institucional que se apresentava como represamento da</p><p>vontade constituinte extraparlamentar. No entanto, tal expectativa frustrou­</p><p>se de modo wtundo. O Brasil que emergiu do texto constitucional de 1988</p><p>não pode ser entendido à luz da inéroia institucional que se seguiu a 1985.</p><p>Há algo no desenho da Constituição que nos convida a pensar em processos</p><p>nos quais as conseqüências dizem muito mais que suas causas.</p><p>O livro d e Adriano Pllatti é um trabajho inestimável em muitos sentidos.</p><p>Um deles é o da dissolução daquela percepção fatalista. Entre a forma da</p><p>Constituinte e seu resultado substantivo íesultou um non sequitur preciso: o</p><p>desenho final do texto não replica simplesmente a aritmética da assimetria</p><p>entre "conservadores" (majoritários) e "progressistas" (minoritários). Algo</p><p>de qualitativamente significativo ocorreu no processo. O livro de Adriano P i ­</p><p>latt.i é, ainda, a primeira tentativa - desde já, bem-sucedida - de tratamento</p><p>desse problema.</p><p>A atração por um objeto dessa natureza exige hábitos intelectuais ágeis.</p><p>Exige, sobretudo, a descrença da que no âmbito da política os corpos diri­</p><p>gem-se a seus lugares naturais. A lembrança de sabor negriano, mobilizada</p><p>por Adriano Pilatti, do tema da ocasião propícia faz justiça à potência criativa</p><p>inscrita n a ação política</p><p>Frei Joaquim do Amor Divino Caneca disse certa feita que a Constituição</p><p>é a "acta do pacto". Há países que empreendem processos de elaboração</p><p>constituciOnal nos quais a "acta d·o pacto" limita-se a tão-somenté definir re­</p><p>gras mínimas de interação e padrões gerais de legalidade. Em tais</p><p>processos, questões de natureza substantiva teriam sido já resolvidas ou, ao</p><p>menos, postas, restando apenas a regulação dos procedimentos políticos e</p><p>institucionais.</p><p>Outros há, nos quais a Macta do pacton registra propósitos de configu­</p><p>ração do que deve ser o país. A tradição constituciOnal vigente entre nós</p><p>parece indicar que este é o nosso caso. A Constituição dos brasileiros não é</p><p>um vade mecul'll que trata de procedimentos.institucionais, e sim um texto</p><p>que contém desenhos normativos a respeito do futuro. Mais que siste­</p><p>matização de um pacto já antecipado em seus contornos institucionais, a</p><p>Constituinte de 1986 definiu um programa civilizatório para a sociedade b r a - ·</p><p>sileira. O "cumprimento" da Constituição exigirá, pois, atos de transfórma­</p><p>ção da sociedade. Não foi por outra razão- e não por seu suposto detalhismo</p><p>- que a Carta de 1988 vil:ia a ser, nas décadas seguintes, ponto de disputa</p><p>,olítica. Os diferentes governos que se lhe seguiram fizeram, em maior ou</p><p>1enor medida, da reforma constitucional um item compulsório. Houve quem</p><p>.I.lgasse o país ingovernável, seguidas à risca tossem as suas orientações.</p><p>o leitor encontrará neste livro um relato vivido e analítico, no qual as</p><p>rtes de observador académico foram fertilizadas pela sensibilidade do obser­</p><p>ador existencial. O livro dá contribuição significativa aos estudos legisla­</p><p>lvos, área que se consolida na Ciência Política brasileira a partir dos anos 90 .</p><p>.o contrário, contudo, do estilo por vezes árido e esotérico - marcado por uso</p><p>.esmedido e deseducado de vocabulário cifrado e obsessão matem.atizante­</p><p>dotado em paite dos textos dedicados ao estudo do Poder Legislativo, aqui</p><p>leitor encontrará respeito ao idioma e um forte desejo autora! de compreen­</p><p>ão. Mais que isso, o texto é ·exemplar pela demonstração de que a história</p><p>:J.Stitu.cional, co1:11préendida fora dos marcos do institucionalismo, pode</p><p>brigar os temas da transformação e da mudança .. Para tal, e tal" como o fez</p><p>l(irlano Pilatti, é preciso que à análise da "Constituinte" enquanto lugar ins­</p><p>ltucional se acrescente a atenção a dinâmicas constituintes disseminadas·</p><p>,ela volatilidade imparável da vida política e social.</p><p>Prefácio</p><p>Adriano Pilatti foi assessor parlamentar na Assembléia Nacional Cons­</p><p>inte de 1987-1988. Participou, assim, daquilo que ele próprio chama de</p><p>Llco de grandes conflitos de interesse". Ali o conheci, ali convivemos e</p><p>ticipamos daquele fantástico momento de construção democrática como</p><p>1ca a história do País tinha vivida. Grande experiência para nós ambos que</p><p>unas a sorte de estar lá. Este livro é o fruto dessa experiência. Foi a tese.</p><p>:1 que o autor conquístou o título de doutor em ciências políticas. A in­</p><p>iução bem situa a problemática de uma tese de ciência política, qual seja</p><p>:;inflito de poderes e a controvérsia entre progressistas e conservadores,</p><p>im como os atores do processo em que a contradição se manifestou.</p><p>A importância do livro, para mim, está no resgatar e tomar pública boa</p><p>te do procedimento constituinte, retirando-a da poeira dos anais, p9r o n ­</p><p>se vê, em destaque, os dois grandes personagens d o espetáculo; Ulysses</p><p>marães e Mário Covas. O papel exercido pelo Presidente Sarney é tam-</p><p>11 ressaltado pontualmente. Samey teve papel importante na transição</p><p>sileira, sempre do lado dos conservadores. Brasilio Sallum Júnior bem o</p><p>: "até o inicio do governo Sarney a transição sempre foi acompanhada pela</p><p>,erança de uffi regime democrático que ali.asse liberdade e representação</p><p>itica com a promoção acelera.d.a do desenvolvimento econômíco e de re­</p><p>nas sociais. "1 Mas o imobilismo conservador do governo Sarney móstrou,</p><p>:de logo, que, do lado do Executivo, não hav.ia esperanças de mudança.</p><p>rim os movjmentos sociais que se formaram e se desenvolveram no bojo</p><p>:1.utoritarisrno militar perceberam que a Assernbléia Nacional Constituinte</p><p>ia o único espaço de implementação de um projeto de mudança, a qual, no</p><p>anto, veio em forma de Congresso Constituinte, como mais uma estratégia</p><p>, forças conservadoras e do próprio governo para garantir a continuidade</p><p>regime anterior.2 "Em resumo [observam Aspásia Camargo e Eli Dllliz], à</p><p>1rença do que ocorreu na Espanha, onde o Pacto de Moncloa precedeu</p><p>Cf. Brasilio Sallum Júnior, '"Por que não tem dado certo: notas sobre a trens.iião brasileira", em</p><p><lit. A eleição de Bernardo</p><p>Cabral, como a do pxóprlo Mário Covas, foi um dos acontecimentos inesperados ocor.ddoJ; na</p><p>banc:ada'l:lo PMDB na .ANC. An que tudo indica, a indicação de Pinumta da Veiga para 1<t vice</p><p>teva o carátex de uma espéoie de "prêmio de consolação".</p><p>48 Idem, pp, 13-15. Uma das passagens mais fortes do discurso do velho senador apresentava um</p><p>sabor de sábta wtoorltica: É muito perlgo30 desaffar a esperança de um povo. ( ... ) Não tenho con•</p><p>diçdM de sen,iI mais do qr;é aquilo que posso com a minha idade, a minha axperiâ!lcia, o oetids­</p><p>mo próprio Oaqufü, que vivi, dos dl'amas a que assfst1, dos tremares que absorvi, das tragédias com</p><p>que coovivi :ri= tillltOS ancs de ditadura, de esmagamento, de repulsa ao que há da mais jusro.</p><p>( ... ) somos resp<>n3áwis paio que pode aCOJttiecer ao Br.t&i! se o,; santimantas populare,,, a particl·</p><p>paçlio popular, a e,,perança popular, a �nela popular e o direito das grandes mól.lll:<as br.,sl.lel•</p><p>ras não forem ouvioos i>eSte recinto.</p><p>49 Expressão usada pelo pr6prlo Covas para se mferir à conclusão do processo que se iniciou=</p><p>0 g.rande acordo para a distribuição de cargos e foi ooncllúdo com a eleição da Mesa da Comissãa</p><p>de Sistematização. Ve:. Ata da Reunião de Instalação, Comissão de S'.iQteroetizaçâo - Atas daS</p><p>Reuniões, SUplemeD1o ''A" ao n!I. 154 do Diário da Assembléia NaOJ.Ollal Constitumte, p. 13.</p><p>a contar com 12 das 24 Presidências das Subcomissões e, igualmente, 12 das</p><p>24 Relatorias daqueles foros.50</p><p>Além disso, em oito das doze Subconússões em que os progressistas</p><p>it não tinham o relator, o presidente era progressista. Se os progressistas não</p><p>�;:.</p><p>•</p><p>.</p><p>·· tinham nem presidente nem relator em quatro Subcomissões, tinham presi­</p><p>, - dente g relator em outras quatro.</p><p>ff. Assim, dentre as 24 Subcomissões, em quatro delas os progressistas</p><p>s'.i\l:. tinh8Il1 poderes de direção e de agenda ( I -A, 1 -C, ID-C e VII-A). Em oito</p><p>{ty': $Ubcomissões, não tinham poder de clireção, mas tinham poder de agenda (III­</p><p>�t- B rv-c, V -C, VI-A, V l -C, VII -B e VIII-B). Em outras oito, tinham poder de direção,</p><p>l,_,;c.- • (F mas não tinham de agenda (1-B, II-B, I I -C, ID -A, V I -B, VII -C, VIII-A e Vlll-C). Em</p><p>f/ .quatro, não tinham poder de direção nem de agenda ( )V -A, IV-B, V -A, V -B).61</p><p>'._-!f, Para aquilatarmos a relevância estratégica das Relatorias naquele</p><p>i/ momento, é importante recordar quatro regras regimentais cuja articulação</p><p>·s,-. óom essa distribuição de forças era estrategicamente relevante:</p><p>- o amplo poder de agenda regimentalmente conferido aos relatores</p><p>das SUbcomissões, através da liberdade de elaborar os respectivos</p><p>Anteprojetos com base nos subsídios encaminhados, o que lhes dava</p><p>ampla margem de manobra;</p><p>- o exíguo prazo (cinco dias) concedido para a apresentação de emen­</p><p>das, seja nas Subcomissões, aos Anteprojetos dos respectivos relato­</p><p>res, seja nas Conússões, aos Anteprojetos das Subcomissões e aos</p><p>Substitutivos dos respectivos relatores;</p><p>- a prenogativa concedida aos relatores das Comissões de redigir os An­</p><p>teprojetos das Subcomissões que eventualmente não o entregassem;</p><p>-:-- a participação dos relatores das Subcomissões e das Comissões Te­</p><p>máticas na composição da Comissão de Sistemati2:ação.SZ</p><p>Consideradas essas regras, fica então evidente a vantagem inicial até ali</p><p>·;{Configurada em favor do bloco progressista nas três primeiras fases do pro­</p><p>'./éesso decisório, através da atuação de 12 dos 24 relatores das Subcomissões,</p><p>.,.e seis dos oito relatores das Comissões Temãticas, bem como de sua partici­</p><p>�Pação na Comissão de SiStematização: ao definir a agenda deliberativa nas</p><p>{auas primeiras fases, saíam com vantagem na obtenção do apoio dos mode­</p><p>�Sl'ados e transferiam para o bloco conservador o ônus da mobilização para a</p><p>,?àprovação de emendas. E, como último recurso nas 18 Subcomissões cujas</p><p>/ Comissões tinham relatores progressistas, poderiam inverter o ônus da apro--</p><p>Ver Anexo t.</p><p>'"""·</p><p>R!ANC, art.17.</p><p>"</p><p>vação dos Anteprojetos, pois, se uma dessas Subcomissões nada decidisse,</p><p>o relator progressista da respectiva Comissão teria renovada a ampla liber­</p><p>dade de redigir o Anteprojeto pertinente na segunda fase. Além disso, seu</p><p>acesso à Comissão de Sistematização equilibraria a correlação de forças na</p><p>terceira fase.</p><p>Em todas as três Subcomissões e duas Comissões Thmáticas cujas deci­</p><p>sões analisaremos, o bloco progressista não detinha as respectivas</p><p>Presidências, mas detinha as Relatarias. Com isso, dispunha de uma vanta­</p><p>gem procedimental com que poderia compensar o modesto número de mem­</p><p>bros nas Comissões VI e VIII, e SuhcomisSóes VI-A e VIJI-B, além de poten­</p><p>cializax o equilíbrio numérico na Subcomissão Vl-C.</p><p>No que se refere aos 40 "cargos de acesso" à Comissão de Sistematiza­</p><p>ção (as oito Presidências e oito Relatarias das Comissões, mais as 24 Relata­</p><p>rias das Subcomissões), o bloco progressista ocupava 18 deles. Aarescen­</p><p>tando-se a estes os 6 titulares originários, assegurados pela gafantia de vaga</p><p>aoS"'P'Nlctena;;;--partidos naquele foro (inclusive os de esquerda) e pela Indica­</p><p>� de ni.ais de um terço (11 em 27) das vagas do PMDB à ala progressista, o</p><p>bl�co progressista somava 35 dos 93 membros (contra 47 do bloco conserva­</p><p>dor) daquela que seria a Comissão de "filtragem" das propostas aprovadas</p><p>pelas Subcomissões e Comissões 'lemáticas, e cujo Projeto condicionaria as</p><p>deliberações do Plenário. Ali, se não detinha a Presidência nem a Relataria,</p><p>também não as via em mãos assumidamente conservadoras, e tinha número</p><p>suficiente para disputar vitórias que condicionassem as decisões de Plenário.</p><p>Finalmente, unporta ressaltar um aspecto fundamental: o cumprimento</p><p>do acordo firmado entre o líder do PMDB e o líder do PFL, por ambos, pela</p><p>maioria de seus liderados nas votaç!)es secretas para a eleição das Mesas</p><p>das Subcomissões e Comissões, e pelos presidentes eleitos aos designarem</p><p>os relatores, apesar das resistências iniciais de alguns membros do bloco</p><p>progressista e da resiStência Impenitente de membros do bloco conservador</p><p>que, como veremos, protagonizaram alguns dos conflitos mais agudos no</p><p>decorrer do processo.</p><p>"</p><p>'l</p><p>i</p><p>1</p><p>'l</p><p>,</p><p>Capítulo 3</p><p>O Processo nas Subcomissões</p><p>A influânc.ia de um presidente sobre os traba­</p><p>lhos de uma comissão é imensa; todos os que te­</p><p>nham visto de perto pequenas assembléias me</p><p>compreenderão.</p><p>Alexis de 'lbcqueville, Souvenirs</p><p>Este Capitulo é dedicado ao exame da prime.ira fase de deliberações</p><p>constitucionais; a· dos trabalhos das Subcomissões 'Thmáticas. Especial.</p><p>atenção será conte.rida aos seguintes aspec:tos: as medidas preventivas ado­</p><p>tadaS pelos conservadores para tentar neutralizar o poder de agenda dos</p><p>relatores progressistas e alterar a composição da Comissão de Sistemati­</p><p>zação; a reação do presidente da ANC ante essas tentativas e os efeitos</p><p>dessa reação sobre a atuação dos presidentes das SUbcomissões; a atuação</p><p>do líder do PMDB na alteração da composiçâo de uma das Subcomissões</p><p>-fooalizadas; os indíaíos crescentes de pressão extraparlamentar, especial-</p><p>-- mente por parte do Governo; o alinhamento das bancadas de esquerda com</p><p>· as posições dos relatores do PMDB, o alinhamento das bancadas de direita</p><p>· .. , ·em sentido oposto e a conseqüente consolidação dos blocos progressista e</p><p>\ __ conservador; as controvérsias regimentais relativas à apresentação de subs ­</p><p>titutivos, aos processos de votação e à SUb.stitufção de titulares por suplen­</p><p>tes; os resultados SUbStaneivos verificados; a projeção das questões procedi­</p><p>"· JJleJ1tais e substantivas em relação às fases deliberativas subseqüentes.</p><p>'</p><p>�p.tre a segunda semana de abril e a segunda semana de maio de 1987,</p><p>·.reuniões das Subcomissões foram dedicadas à discussão dos respectivos</p><p>, à realização das audiências públicas com representantes da socieda-</p><p>, ,civil e de entidades públicas, e à apresentação de sugestões e propostas.</p><p>les dias, a elaboração da agenda deciSória estava concentrada nos</p><p>s. De acordo</p><p>com o Regimento Interno (RIANC), cabia aos relatores, a</p><p>das sugestões recebidas, a elaboração dos anteprojetos a serem discu­</p><p>' emendados e votados nas Subcomissões. Os relatores, porém, labora­</p><p>nos respectivos gabinetes e as articulações em torno dos relatores ocor ­</p><p>mais nos bastidores que nas reuniões públicas, ocupadas pelos emba­</p><p>):EÍs retóricos. No Plenário da ANC, as sessões também eram dedicadas a dis­</p><p>-�ssões sobre os temas constitucionais, os traballlos nas Subcomissões e as</p><p>piestões de política ordinária. O jogo decisório formal só teria início com a</p><p>:apresentação dos anteprojetos dos relatores. A prepará-la, porém, algumas</p><p>n</p><p>iniciativas procedimentais relevantes foram exercitadas por integrantes do</p><p>bloco conservador nos dias que precederam a esperada apresentação dos</p><p>anteprojetos, antecipando a intensidade da disputa que se seguiria.</p><p>3.1. O Tenso Prelúdio</p><p>Na Sessão da ANC de 14 de maio de 1987, o conservador Roberto</p><p>Cardoso Alves (PMDB) levantou questão de ordem sobre a possibilidade de</p><p>apresentação de substitutivos integrais aos anteprojetos dos relatores das</p><p>Subcomissões. A identidade ideológica de Cardoso Alves, as premissas e as</p><p>conclusões de seus argumentos indicavam a tentativa de reverter a correla­</p><p>ção de forças desenhada na distribuição das Relatarias, de modo a permitir</p><p>que os conservadores privassem os progressistas do controle sobre a defini­</p><p>ção das agendas decisórias. ComQ de hábito, o presideIJte Ulysses</p><p>Guimarães esquivou-se de decidir imediatamente, limitando-se a requisitar</p><p>as nóta's ''fé.quigr'"ãíi.cas da questão levantada para, evidentemente, examiná­</p><p>Ja efJar a decisão com]JativeJ com os llJteresses dos trabalhos constituintes e</p><p>do próprio Regimento.1</p><p>A decisão de Ulysses foi comunicada em Oficio-Circular dirigido aos pre­</p><p>sidentes das SUbcomissões em 19 de maio. Naquele mesmo dia, a Mesa da</p><p>ANC decidiu prorrogar, até as 20 horas do dia seguinte (20 de maio), o prazo</p><p>de apresentação de emendas aos anteprojeto$ dos relatores das</p><p>Subcomissões . .'.! Os termos do expediente assinado por Ulysses, que suscita-</p><p>Ata da 66fl Sessão, Anais .•. , voL 4. pp. 1951-1990 (pp. 1980-81). A qusstão de oroem foi levantada</p><p>= segul.l:IOO,s tennos: O § 2" do art. 23 do Regimento ( ... ) dispõe �ente: "M"c:a vedada a</p><p>a_p7� de emenda que substitua integralmente o Projeto 01.1 que diga respeito a mais de um</p><p>dls_posftt;c, anão ser que tratedemodí&açõescon-dstas, de mai-reira que a alteração. Tehitnramen­</p><p>te s um dispositNO, envolva a necessidade de se alterarem 011troe-. N Aprimeirn p/JTte dos disposir.ivos</p><p>impede a apresentação de substitutiVo e a .oogunda pane permjte a apreeentaçáo de emenda que,</p><p>alterando um disposfti.vo, implique a alteraçáo de outros, e, as::siui, PQSlSII ser ap.reser,tada de mat1ei•</p><p>ra mai.8 01.1 menos global. A segunda parte do dispositivo ê de wz,a /iloso.is a J)emlitiT o wbstit:lltivo,</p><p>l)()TflUa, quando se apresama toda uma mméris articulada, todOS" os Wtigos sãJ:J alterados so m,:,m,o</p><p>tempo. Por ouuolado, o § ia do art . .21 afirma: ":Aplica.se às emendas a.o-tadas nas C'o1!1IS:sôes e</p><p>das� o dispost.o no§ 2<t doart . .23 àeste Regtmento." Ora ( .•. ), se não se JX)de 8prn$al>W</p><p>um.subm'tutil'O global ao parecer dol'lelatol", �- (. .. } a pOBS,lbilidade do oonJionto am:re uma</p><p>peça e ovua,. ,mtl'9 o ma!bw e o pioc. entre o impedeíto e o apeúeiç,oado. ( ... ) Se não se permite (. .. ) a</p><p>apre$8lltaç.ão de WZl substitutivo "° PBT= do Relator, essa proibição I8'llel.!te o parecer do RalaW</p><p>de uma quase intangibilidade, ( ... ) impedindo qu:s outro:; Constituintes-nele iutlua.m de manaira gm.</p><p>bal, o que, antide.mocrátiw. Sr. .Presidente, !ffJ proibimos o .rub.stitutJvo ( ... ), f�e-se o princfpio da</p><p>economia proce.1:S11al. pwqur;, ( .•. ) IWl somatór.i<) de emendas poderá corrigir o pan,cer do Relator,</p><p>subst.ituindo-<> r;,m ar.ia integli.dade. O.ra, ( •• J se Impedimos a apresentação de um subst.itr.itivo ao</p><p>paTeOOI dolwlatw. impedimos optincipio da oobarania do Plwiário. •. (p. 1980).</p><p>2 Ver Ata da 6� Sessão, Anais ... , vol- 4, p. 2029; Ata da lQil Reunião da Subeomis.são da J\,Jltica</p><p>Agrioola e FundWila e da Refomla Agrerla, Atas das (Jom;asões, Suplemento ao n� 101 do Diário da</p><p>Assembléia Nacicmal Con$titUinte, p. 98; Ata da 21.11 Reunião da Subcomissão da Política Agrlcola</p><p>e Fundiária e da Reforma Agrária, Atas du Comissões, Supl8010nto ao n/l 104 do Diário ... , p. 134.</p><p>78</p><p>ani intensa controvérsia {principalmente na reunião de votação do</p><p>�teprojeto da Subcomissão VI-C, como veremos), eram os seguintes:</p><p>Sr. Presidente,</p><p>O nobre Constituinte Cardoso .Alves levantou questão de ordem</p><p>sobre a interpretação do § 22 do art. 23 do Regimento Interno da Assem­</p><p>bléia Nacional Constituinte.</p><p>Diz o§ 22. ·</p><p>"Fica vedada a apresentação d e emenda que substitua integralmen­</p><p>te o Projeto, ou que diga respeito a mais de um dispositivo, a não ser que</p><p>se trate de modificações correlatas, de maneira que a alteração, relativa­</p><p>mente a wn dispositivo, envolva a nec:essidade de se alterarem outros."</p><p>Diz o§ 1Q do art. 21:</p><p>''Aplica-se Qs emendas apresentadas nas Comissões e Subcomissões</p><p>o disJ)OBto no § 22 do art. 23."</p><p>O art. 23 faz pane do Capitulo II - Do Projeto de Constituição -,</p><p>enquanto o art. 21 integra a Seção II - Da Elaboração do Projeto de</p><p>Constituição-, do Capítulo I - Da13 Comissões Constitucionais-, caracte­</p><p>rizando, assim, tramitações diferentes.</p><p>Realmente, ao Projeto de Constituição fica vedada a apresentação de</p><p>Substitutivo, já que é uma peça múltipla, não se constituindo de uma</p><p>única parte.</p><p>As Subcomissões apresentam Anteprojetos referentes a wn certo e</p><p>d°ãtermínado assunto ou tema, devidamente articulado.</p><p>O§ 22 do art. 23 permite a apresentação de Substitutivo, desde que</p><p>);'"- se trate de modificações correlatas, de maneira que a alteração, relativa­</p><p>mente a um dispositivo, envolva a necessidada de se alterarem outros.</p><p>Nestas aondiÇ-Oes, poderão ser oferecidas emendas substitutivas,</p><p>desdtl que haja, entre seus dispositivos, articulações que tratem de modi­</p><p>ficações correlatas .</p><p>. Ulysses partia de uma premissa regimental equivocada: a de que os</p><p>eprojetos das Subcomissões eram necessariamente monotemáticos, o que</p><p>o ocorria na maioria dos casos, inclusive no das Subcomissões VI-A, VI-C</p><p>}Vlll-B, aqui enfocadas. A simples leitura e articulação das respectivas</p><p>ii:t.ênonrin.ações permitia perceber isto.3 Além disso, os limites do conceito de</p><p>�odificações correlatas são fluidos, e isto, naquelas circunstâncias, ampliava</p><p>r:</p><p>oder dos presidentes das Subcomissões, a quem competia admitir ou não</p><p>;;;3'</p><p>t></p><p>,•,·</p><p>f,</p><p>t</p><p>llll</p><p>P8le,o que nos interessa: VI-A (Princípios Gerais, Intervenção do Estado, Regime daPropried.ade</p><p>do Subsolo e Atividade Econômica). Vl-Ç (Política Agrícola e Fundiária e Reforma.Agrária) e v m ­</p><p>B (Ciência, Tecnologia e OJmunicação).</p><p>79</p><p>as emendas. Estava, assim, aberto o caminho para a neutralização da atua­</p><p>ção dos relatores progressistas.</p><p>Na sessão da ANC do dia seguinte, 20 de maio, o estilo "ulyssista" de</p><p>exercer a Presidência - "uma no cravo, outra na ferradura"-, ficaria claro em</p><p>outra decisão procedimental de impacto. O líder Amaral Netto (PDS) interpôs</p><p>recurso contra decisão tomada por Ulysses em 18 de maio, ao responder con ­</p><p>sulta do presidente da Comissão VI-Da Ordem Econômica, José Lins (PFL).4</p><p>Dizia o expediente de Ulysses:</p><p>Acuso o recebimento do oficio de V. Ex& datado de 11 de maio de</p><p>1987, em que consulta:</p><p>"Na hip6tese de o Anteprojeto apresentado pelo Relator ser rejeitado</p><p>integrahnente pela Subcomissão, caberá ao Presidente designer outro</p><p>Relator nos termos do art. 49, § 12 do Regimento da Câmera,dos Deputa­</p><p>.4� ,:Ouijl .._ o prazo que terá o novo Relator? Haverá discussão do</p><p>Antef)Iojfito ou somente votação da matéria?"</p><p>t Caso tal fato ocorra, o j:,róprio relator deverá redigir o parecer que</p><p>'represente a decisão da Comissão, consignando no mesmo, pormenoriza­</p><p>damente, a matéria vencida na Comissão.</p><p>No dia</p><p>imediato, esse parecer será objeto de votação por parte da</p><p>Comissão, não comportando maior discussão ou emendas.5</p><p>A consulta de José Lins e a questão de ordem de Cardoso Alves (respec­</p><p>tivamente presidente e membro da mesma Comissão VI) tornavam clara a</p><p>estratégia do bloco conservador: rejeitar integralmente os anteprojetoi;; dos</p><p>relatores progressistas, através da aprovação de substitutivos; substituir ·</p><p>então os relatores derrotados por outros, conservadores, alterando assim a</p><p>correlação de forças na composição da Comissão de Sistematização. Tal '</p><p>estratégia esbarrou, porém, no salomônico Ulysses, que, nessa questão,</p><p>decidiu em favor dos relatores.</p><p>Amaral Netto recorreu da decisão ao Plenário. Alegou que o Regimento</p><p>da Câmara era subsidiário ao da Constituinte e, portanto, devia ser aplicada</p><p>a regra in�cada por José Lins.6 Mas ao receber o recurso sem suspender a</p><p>decisão recorrida, Ulysses remeteu-o à Comissão da Organização dos Pode-</p><p>4 Ata da 6811 Sessão, Anais •.• , ,rol. 4, pp. 2059-2149</p><p>5 Idem, pp. 2086-87. O Oficio GP-0242/87, de 18 de maio de 1987, foi reproduzido int.eg:ralmente na ·</p><p>Ata da 1811 Reunião da Sul:lcomissão da Política. Agrícola. e Fundiária e da Reforma Agrária. Atai,</p><p>das Comissões, Sui,lemento ao nll 101 do Diário daA.ssembléia Nacional Constltulnte, p. 86.</p><p>s Ata da 68& Sessão, Anais .•.• vol. 4, pp. 2086-86; Na verdade o RIANC, an. 83, facultava ao pr81li·</p><p>dente uti□zar-se do Regimento da Câlmua, rua,i não o obrigava afazâ-lo, pois dispunha: Na reso­</p><p>lução de caoos omissos neste Regimento, a l'Tesidênda poderá valer-se subsídiariamente, do esta·</p><p>belec.ido nas Regímenros da Câmara d0$ Deputados e do Senado Federal (grlfei).</p><p>80</p><p>res 8 Sistema de Governo, para proferir parecer, como previa o RIANC.7 Prote­</p><p>,, IOU, com isto, a decisão final do Plenário, que simplesmente não ocorreu, pois</p><p>i: 8Ill seu lugar decidiu a Mesa, a partir de outro incidente procedimental, como</p><p>:vere:mos.</p><p>;:' · Assim, a estratégia conservadora só obteve sucesso parcial: se o cami­</p><p>'.·: nbo estava aberto para a apresentação de substitutivos aos anteprojetos dos</p><p>f :relatores das Subcomissões, estes últimos não poderiam ser substituídos;</p><p>tpreservavam, assim, tanto a prerroga°:va de el�orar a �da�ão final da maté­</p><p>iT-rla aprovada quanto as vagas na Comissão de Sistematizaçao. Para além das</p><p>�-ameaças, a única tentativa efetiva de substituição, que teve por alvo a pro­</p><p>W·gressista Cristina To.vares (PMDB), relatara da Subcomissão VIlI-B, foi desau-</p><p>11.torizada pela Mesa na semana seguinte, como veremos.</p><p>�:i;,. Através de violenta manifestação do líder José Lourenço (PFL), no dia</p><p>p;.kgwnte, 21 de maio, e do líder em exercício Roberto Jefferson (PTB}, em 22</p><p>f ,de maio - data do início das votações nas Subcomissões -, o bloco conserva-</p><p>1_ :dor "acusou o golpe". Ambos criticaram. duramente a decisão de Ulysses e</p><p>'t;imhém as substituições de representantes do PMDB nas Subcomissões fei­</p><p>.'ias recentemente pelo lider Mário Covas. Mas os protestos não tiveram con­</p><p>-��ências práticas.s</p><p>-j$J;.</p><p>,;,_</p><p>•"(!, Ata da 6811Sessão ..• , p. 2086.</p><p>As substituições serão abordadas adiante, neste Capítulo. Os trechos mais reveladores ào pro­</p><p>nlJil(liamento àe José Lourenço são os seguintes: MOO B que alguém pretenda tirar o PMDB, par ­</p><p>s\<•:·. qusj.,mai1; o mtlU Panido d'eilcaria de cumprir seus compromiwos, Mas pretellde-se manter o</p><p>,? 'PMDB que não é o P.MDB da maiaria, o PMDB em que votou a mawria da naçiio, o PMDB modera­</p><p>"'>. do.. Este pode não wr majorit.áno na Co.mis:siio da Slstematizaçáo. mas certamente e sem d!Ívida</p><p>alguma B majoritárk) neste Plenáfio. Não adiaz:ltarllo a s jogadas q,.ie esr:lí.o fazendo MSte momen­</p><p>to nas Subcomissões e que certamente aparecerão amanhã nas Comissõ911 que, pela vontade do</p><p>· Líder do PMDB na Co=Uttti.ate -S . Ex" tem compet.inaia para substituir seus membros ramMm</p><p>na Comls:slío de Sistematiwação - poderllo transmitir à Naçáo ( ... ) a imagem de que daqui sairá</p><p>'-'f Wl:la ConstJtuiç.lo radical de esquerda. Isto não ocorteTá porque temos neste Plenário, ande se</p><p>v zetl'ete i,'�tade da. maior.ia: do povo hraili!eiro, o encontro final, quando niio haverá certamente</p><p>"' e.mas feitas pelo Sr. Lider, pelo Sr. Pre.,idente ( .. ) Porque o Sr. Pres.id$llte da Constituinte (. )</p><p>i;;, envia =a-oiioi.o aos Pres:identes dtUJ Sllbcomissóes, dizendo que o Regimento ( ..• ) manda adotar,</p><p>mas- nllo pode s,u adotado, "porque eu, Dr. Wysses Guimaráes, quero que a&!im não seja�( ... )</p><p>1'\ueca que o Presidente da Callstil:Wf.lte mamentaraêamente �u de � S8U arur,o pari!</p><p>· fu<:wporar-8& às sÚa.s tropas. E o flel escudeiro de Mt> Partido tome a.wento nessa. Mesa náo como</p><p>Pre..ideme da COllstituillte do Brasil, mu como Presidente do PMDB nacitmal. ( ... ) Aqui estaremos</p><p>( ... ) para dizar à minalia q;ie SOll'IO$ maioria. E a. maioria mão é aoncitlzida, ã ooodutoTa; e mais, (ll.le</p><p>. a .maioria n.!io acate.a que se tira o Regimento ( ... ), porque fura dele ( ... ) teramos aquilo que ( ••• )</p><p>!filt'.' alguns Q'U6'rem e jápretende1am: instaurar o Estado aná,qwco lsio).</p><p>!r;�� · Logo em s-egu:ida, Mário Covas respondeu em tom igualmente inflamado: Em prim(i/llo lugar, .llão</p><p>�-ã- OOl:loedo a ninguém o direito de dizer o que representa maior.ia dentro do PMDB. Que cada um</p><p>�}'.··· cuide da sua casa. (l'almU) E que cuide dti sua o&.1:a: = oompetânllia. E que clllde de .sua casa</p><p>'&'f< ·' B!tm fazer jogadas, sem propor ficar cam as Presidências das C'omiss:ões, para que outros partidos</p><p>\'.:'<</p><p>:· tenham os ralator&$, pomsando, de an=ão, que, .llo futuro, trooar.io esses relatoTes.( ... ) FW isso, 1·'· que fique claro: se aqui é o local da luta, aqui ela será travada. St,, ontem não ti= medo de</p><p>t:•;\ llel'as mais faias e mais l'ialentu do que a,; que par a-qui hoje transitam, não será hoje, no inse'an­</p><p>e1 te em que o povo dem;e Pais arrancou, oom a su-a luta. a demoarada como dalinição, que teremos</p><p>"</p><p>A permear o contexto em que se deram os lances procedimentais acima</p><p>referidos, duas iniciativas do Poder Executivo contribuíram para acirrar os</p><p>ânimos e elevar a tensão dos constituintes nos dias que precederam as deli­</p><p>berações das SubcomiSsões: ambas diziam respeito à zona explosiva em que</p><p>política ordinária e política extraordinária se entrecruzavam.</p><p>Enquanto aguardava o término dos trabalhos das Comissões e</p><p>Subcomissões 'Thmáticas, a Comissão de Sistematização reuniu-se em 14 de</p><p>ma.ia para emitir parecer sobre o primeiro projeto de deaisão apresentado à</p><p>ANC. 'Itatava-se do Projeto de Decisão n11. 1/87, que reunia 190 assinaturas e</p><p>cujo primeiro signatário (considerado autor, para fins procedimentais) era o</p><p>progressista HE!rmes Zanetti (PMDB). Seu objetivo central era determinar :i</p><p>auditoria da dívida externa e suspensão das remessas de pagamento. j</p><p>Satisfeito o número regimental de subscrições, IBysses encaminhou o Projeto ·J</p><p>à Comissão de Sistematização. Ali, o relator Bernardo Cabral.,(PMDB) decla- 1</p><p>roµ-�impe.dido de emitir parecer, por ser um dos signatários do Projeto, e o ]</p><p>Présideilte �onso Arinos (PFL) designou como relator--substítuto ad hoc o</p><p>•</p><p>•</p><p>conservador e governista Prisco Vianna (PMDB), que p10feriu previsível pare- ·-1</p><p>cer duplamente contrário, quanto à admissibilidade e quanto ao mérito.9</p><p>·.</p><p>l</p><p>j Antes da votação e sem sucesso, o líder do Governo, Carlos Sant'Anna</p><p>(PMDB), levantou questão de ordem para que a própria Mesa da Comissão 'l!</p><p>considerasse inadmissível o Projeto, devolvendo-o à Mesa da ANC, sem pôr</p><p>0 parecer em votação. Afonso Arinos anunciou a votação pelo processo sim­</p><p>bólico, mas Hermes Zanetti requereu verificação, que Arinos negou, alegan­</p><p>do que Zanetti não pertencia à Comissão e só os membros desta podiam</p><p>requerer verificação. Quando o progressista Paulo Ramos {PMDB), IJ18mbro</p><p>da Comissão, requereu a mesma verificação, instalou-se um tumulto que</p><p>impediu a continuidade da rewüão e ocasionou inclusive o extravio dos autos</p><p>do processo relativo ao Projeto. De acordo com manifestações</p><p>de protesto</p><p>registradas tanto na reunião subseqüente da Comissão como na sessão da</p><p>ANC realizada em 15 de maio, a iniciativa do tumulto {que, segundo os rela­</p><p>tos, chegou às raias da truculência física) foi de Carlos Sant'Anna. coadjuva­</p><p>do por 0"\1,)ros governistas .10</p><p>-,, &> =..,,,,,oo &> _,, -q,,, �/•. (Mui<, oom, -u) A� da 69' ''"'''• Am••- • ,ol. l 4, pp. 2140.41. Para a Comunicação de Liderança do PTB, em que Roberto Jefferson chegou a j</p><p>usar a expre11são PMDBrás Ltda., vm Ata da 70ii Sessão, Anais ... , pp. 2168-69. ;.l···. Ata da 311 Reunião Oromária da Comissão de Sistematização. Comissão de Sistematização -Ata.S</p><p>das ReWliões, SUpiemeutO •�• ao llll 154 do Drario da Assembléia Nacional Co.u�te, pp. 62-83.</p><p>10 idem, ;bfdem. ver também: Ata da 311 Reu,nião Exuaordlnãria da Comissão de Sistematização. ·i</p><p>Comit1Sáo de Sistematização -Atas da,; .Raunióes. .. , pp. 83-95; Ata da 661 Sessão da AsseIIIDléill .</p><p>. 1· Nacional CoustitUinte, Anais ... , pp. 1991-2018. Soble o extravio do processo do Projeto de 1</p><p>Decisão nQ 1/87, ver Oficio n!I P-011/87, do prasidante AriIJ.os ao P.tesidente Ulysses, BO.licitan· � -1 do a reoonstltuição do referido processo, Ata da 67ól Se,,são da A:.sembléia Nacional Consti· .s</p><p>Winte, Anais, .. , p. 2022.</p><p>82</p><p>A 18 de maio de 1987 (o mesmo dia em que IBysses decidiu pela impos­</p><p>sft>ilidade de substituição dos relatores), deu-se uma ação extraparlamentar</p><p>_ de grande impacto: em discurso transmitido em cadeia nacional de rádio e</p><p>· televisão, o presidente José Sarney furou a duração do próprio mandato em</p><p>:- cinCO anos. Embora minimízado em sua importância por Ulysses Guimarães,</p><p>_: 0 ato era um claro desafio ao poder decisório da ANC e causou ampla reper­</p><p>;· cussão na sessão de 19 de rnaio (o mesmo dia em que Ulysses admitiu a apre­</p><p>; '-sentação de substitutivos e prorrogou o prazo para apresentação de emen­</p><p>;) das). Foi neste contexto que a primeira fase deliberativa se desenvolveu nos</p><p>li dias seguintes, tendo como cenário as Subcomissões.11</p><p>Entre 21 e 25 de maio de 1987 realizaram as reuniões de votação dos</p><p>·: Seus anteprojetos as Subcomissões dos Principias Gerais, Intervenção do</p><p>Estado, Regime da Propriedade do Subsolo e Atividade Econômica {Vl-A), da</p><p>·Política Agrícola e Fundiária e Reforma Agrária (VI-C), e da Ciência,</p><p>�Tecnologia e Comunicação (VlII-B), cujas decisões delimitam o núcleo temá­</p><p>tk:o deste trabalho. A análise que se segue está articulada de acordo com a</p><p>\ ordem cronológica dessas votações, critério escolhido em função da possib i ­</p><p>'íiâade que abre para a verificação, na temporalidade assim constituída, do</p><p>lé:úmulo de experiências decisórias ocorridas e das eventuais repercussões</p><p>· s incidentes havidos em umas sobre os trabalhos das outras.</p><p>Assim, trataremos inicialmente do processo decisório da Subcomissão</p><p>-B, ocorrido entre a tarde do dia 21 (quinta-feira) e a tarde do dia 22</p><p>a-feira); em seguida, o da Subcomissão VI-C, ocorrido entre a tarde de</p><p>Ata da 67" Sessão, Anais ... , vol. 4, pp, 2019-58. Para a transcrição do discurso de Samey, pp. 2044-</p><p>5. Para as manifestações de constfulintes e líderes, pp. 2027-49. Para a repercussão garal do</p><p>�segundo Dia do Fico� e a.s declar�s de Ulysses, ver, entre outroa: Folha de São Paulo, O</p><p>Globo e O Estado de São Paulo, toctos de 19/05/1987, e Veja, de 2?/05/1987. O trecho central do</p><p>pxonuod.amento de Samey é o seguinte: É da 1ei: todos as deteotolu de mandatos ( .. J o são po,;</p><p>nmipo dete.rmina:ido, fixado ant11S de SI.la eleição. '1ãnc:,redo Neves e eu, ao S8l'1l'IOS eleitos, nós mio</p><p>,tuii[mo, à regra. Nós fomos eleitos para um mandato de Beis anos. Poaanto. o meu mandato é de</p><p>seis anos. A indafínigâo que� prO<;WOu criar e que vem se arrastando noo pode e não deve pe r ­</p><p>dura,; sob pena de graves prejWro,;; para o Pais . ( .. .} Bnurileiras e .bcasileiros, vanho falar cla.remen·</p><p>te oobm este as:sunw. Desejo com\lllÍ,;a;r a todos, a todas a s brasileiras e bra$ilairOS, que eu abnie.i</p><p>mão de um a.oo de meu mandato e o exercerei pelo prazo de cinco anos. B meu gesto é motivado</p><p>_pelo de,,ejo da amplo entendimento, para conciliar, para possibilitar decisões que possam assegu­</p><p>, ..rar que o Brasil sala da crise, dando, eu p,óptio,. um exemplo de desambi1,ão. DebrareJ, pc>nanto, o</p><p>Governo em 1990. Até lá, no entanto, =em.i o mandato que m e foi confiado. que jurei defande,</p><p>.ca forma da Constituição e que consta cre um Wploma eJ<;Pedi<k>pelo Congresso Nacional. Ulysses</p><p>nada disse sobre o assunto durante as sessõe5 da Constituinte; as decta:rações à :imprensa, COlll</p><p>�enas variaç6es de forma, coincidem no conteúdo, de acordo com os peri6dioos consultados;</p><p>O pres:idrulte Samey manifestou uma COl.l\licção pes:,oal que ele tem. Mas a Constituinte é quem</p><p>decide. Agora, é uma oplllião importante, pela responsabilidade que tem o presidente (Folha ... ,</p><p>p. 6) É uma convicção pessoal. N.ão deixe de ser uma opinião importar.,te por ser uma liderança,</p><p>Jlela responsabilidada do c/ill'{JO, mas II decisão é da Assembiéia (O Globo ... , p. 5). O valor do pro•</p><p>nunciam,mto do presidente da. República é lndiscutive!. É wna fala do presidente da .República.</p><p>Mas quem deaide a dw-ação do mandato presidencial é a Constituinte. A COl1$iruinte é que vai</p><p>lflSO!vero que cons:idera conveniente (O Estado .•• , p. 4).</p><p>83</p><p>23 (sábado) e madrugada de 24 (domingo); finalmente, o da Comissão VI-A,</p><p>ocorrido entre a manhã de 24 (domingo) e a madrugada qe 25 de maio</p><p>(segunda-feira).</p><p>3.2. Subcomissão VIII-B</p><p>Como vimos, a Subcomissão VIII-B tinha 21 membros, dos quais oito</p><p>eram de partidos de direita (5 do PFL, 2 do PDS e 1 do PTB) e dois, de parti­</p><p>dos de esquerda (PDT e PT). O PMDB tinha onze titulares: cinco conservado­</p><p>res, quatro progressistas e dois moderados; dos onze suplentes, quatro eram</p><p>conservadores, dois eram progressistas e cinco, moderados. No total dos titu­</p><p>lares, o bloco conservador teria o dobro do progressista: 13x6, não contados</p><p>os dOis moderados do PMDB.12 Nos termos do acordo Covas-Lourenço, o PFL</p><p>tinha a Presidência (Aio.lde de Oliveira) e o PMDB progressistli. a Relataria</p><p>(Cru;tihã''!a�). Numa Subcomissão que trataria das concessões de emis­</p><p>sorgs de rádio e televisão, instrumento de patronagem do qual o Governo</p><p>saitley fez uso intensivo durante toda a Constituinte, tinham assento dois</p><p>parentes do ministro das Comunicações, Antônio Carlos Magalhães: o irmão</p><p>An o , e o filho uís Eduardo, como suplente.</p><p>- Em 13 de maio de 1987, a ators apresentou à Subcomissão VDI-B seu</p><p>Relà presentes o relator da Comissão vm, o pro-</p><p>gressista Artur da Távola (PMDB), e o líder Mário Covas.1_3 Ao ill1ciar-se a r eu ­</p><p>nião, o conservador Mendes Ribeiro (PMDB) perguntou ao presidente da Subco­</p><p>missão quais as conseqüências de-eventual rejeição do Anteprojeto. Aim.Pres­</p><p>são de Mendes Ribeiro era que, em tal caso, deveria ser nomeado novo rélator.</p><p>O presidente ponderou que ainda havia tempo para esclarecer � assunto</p><p>junto às Lideranças porque a indicação dó Relator, não obstante seja uma atri­</p><p>buição do Presidente da Mesa, resulta de um acordo político, e asse é um cargo</p><p>do PMDB. Disse que traria a resposta na reunião seguinte, o que não ocorreu.14</p><p>er acima, Capttulo 2, 2.1, e Anexo n.</p><p>MDB: C®Sftl'Yl!dm:&rn: .Aloisio Vasoonoelo.!c!. José Carlos Martinez. Mendes Ribeiro, onotre</p><p>�a e Robert.o Vital (titulares]; FranciSOQ Seles, Luiz Vlanna, Renato Johnsson e Roclriguea</p><p>a (suplentes). Prom:srnsistas: Cristina Tuvmes, Joad G6es. Koyu Dia e Pompeu de souaa (titu­</p><p>s); Almir Gabriel e João Hemrann Netto (suplentes). ModeradO§: Ant6nio Gaspar e Fernando</p><p>unha [til:ul.arQS); Aoival Gomes, Antônk> BrittO, Hélio Costa, Jovanni Ma$ini e Samir Achôa</p><p>suplente$). PFL: Arolde de Oliveira: kigeJo Magalhães. FallSto Rocha, Paulo Marques, Rita</p><p>ado (titulares); Antônio Ueno, Ezlo Ferrelnl, José Jotge, Luls Eduazdo, Sadia Hauacbe</p><p>suplen'tes), PDS: Arnold Fioravante. Francisco Dióga=s {ti�s); Mello Reia, Vieira da Sllva</p><p>suplentes). PDT: Carlos Alberto Caó (titulal); Roberto</p><p>D'Avila (suplente). PTB; José Elias</p><p>oreira (titular); Oastone lüghi (suplente). PT: Olivfo Dutra (titular); Paulo Delgado (suplente).</p><p>12 Ata da 131 Reunião Ordinária da SubCOll1is$áO Vlll-B. Atas das C'on!i&s6es, Suplemento ao n� 66 do</p><p>Diário daAssemblé.á Nadonal CODStituint.e, pp. 277-85. Para o reglstro das pre:.enças, pp. 277 e 280,</p><p>14 Idan, p. 278. e Ata da 14'1 Reunião Ordinária., Atas das Comissões, Suplemento ao nn 78 do</p><p>Diário ... , pp. 169-79.</p><p>84</p><p>t'</p><p>'</p><p>"-'</p><p>o Relatório apresentado continha um.a série de questões polêmicas, con­</p><p>tonne se verificou nas discussões e votações subseqüentes. Especificamente</p><p>para O que nos interessa, o Relat6rio apresentava as seguintes inovações em</p><p>tace do �ª!!JS quo .. constituciom.!,.;__ --·--------- -.. __ _</p><p>estabelecia uma definição de empresa nacional restritiva ao</p><p>.</p><p>. �àpital</p><p>estrangeiro, especialmente no setor tecnológico;</p><p>assegurava às empresas nacionais preferência no foI"necimento de</p><p>bens e serviços à Administração Pública;</p><p>estabelecia o monopólio estatal dos serviços de telecomunicações;</p><p>transferia, do Poder Executivo para um Conselhó Nacional de</p><p>Comunicação, de composição pluralista, a competência para outorgar</p><p>'</p><p>k· e renovar concessões de emissoras de rádio e televisão, ad referen-</p><p>ft</p><p>inc dum do Congresso Nacional.15</p><p>lI\ �, ··- --------</p><p>_, A redação da definição de eiupi-e nal e a da garantia de</p><p>-'cia nas compras públicas eram muito semelhantes à do Anteprojeto da</p><p>;·Subcomissão VI-A, apresentado pelo pmgressista Virgildásio de Senna na</p><p>'.�êspera, como veremos.</p><p>'f Na reunião seguinte, a reação conservadora teve início. Empregando o</p><p>- conservador da defesa de uma constituição concisa ou sintética, con­</p><p>. :uma constituição prolixa ou detalhista (bordão este utilizado durante todo</p><p>-·Atada 13A Reunião .... pp. 261-4. Defi:uição de empresa nacional. no Capitulo da Ciência e</p><p>; ., Teonologia: Art. 3>- Empresa nacional é aquela oojo OWJtrale de oapiral est.eja permanentamenw</p><p>:-. em poder de brasileiros e que, car.istitWda e com sede no Paí,,, nele tenha o centro ds Sl.!as deci ­</p><p>, ; 3Õ9S. § 10.. As empresas em setores :oos quais a tecmologia seja fator de produção deteiminante,</p><p>somente serão C0118Íderadas naciarJais quando. além de atendwwn os :equi!â:itos dwinidos :oasta</p><p>ltltigç,;J�st:ivarem, em caráter pa:mallente, làXClusivo e :im;rmdicirmal. ,;ujeitas ao oontrols tsmol6-</p><p>glco nacional. § 2!>- Emende-se por ccwaale teon,;,lógioo naciomal o exen,icio, de direito s de fato,</p><p>· .-·do poder para dessllVO!'Vet, gerar, adquirir e transfetir toot1ologia de produto e de processo de pro­</p><p>dução. Pt&ferência a empxeF;ae nacJOllais: Art. 2'/. (.,.) § � O Estado e suas 8lltidadetr de adminis­</p><p>: mlr;lio dl.reta e indireta trtilizaráo preferwicia!melJte , .ua forma da lei, b= e se.rv:fços ofertados por</p><p>rutipn!SM nacionais. Monopólio ei;,tatal das telecomunicações, no Capitulo àa Comunicação: Are.</p><p>Sn-- Constituí monopólio do Estado a exploração de serviços públicos o:re telecomtllllçagóes, comu­</p><p>: .llioaçáo de dados, b'.lc!usive trans.trontetras, comimicação postal e telegniflca. Parágrafo único. É</p><p>·· . �ada a prestação de serv.igos da lnfonnação por entidades de direito privado at.ra\'W da</p><p>freàes públicas operadas pelo Estado. Concessões de rádio e 1V: Art. e,,. - Compete ao Conselho</p><p>.. �-N�onaJ de Comwtfcação: 1- outorgar e .renovar, uad Iafelendum do � Nacipnal, autori­</p><p>f'' zaç6es e conae&sôes para e,cploraçáo de flWVir;os de .radiodlii.Zsáo e traz:18mlssão de voz, imasem, e</p><p>'' dados. ( ... ) § 3"- O Con.salho Nai::iomil de Comunicação será b:lte,91ado por qu!nz& membros, !JIB2í­</p><p>Ieiros natoo em pleno exercido de seus direitos ctvis!, sendo: erés .represantant« das entidades</p><p>81Ilpresanafs, três de entidades pro/issiorwis da área de comwtfcação, 1.1,111 representante do</p><p>Mim"stério da Culttira, um repTeSfilltante do Ministério das C'omllllicaçóes, dois representantas da</p><p>Co.lmssão de C'omunicação do Senado Fedru-al, dois representantes da Cmni&'áo de Comunicação</p><p>da Câm.,,-a dos Dliputados, um .representante da Comunidade Cientifica, um rap.resMtante de ins­</p><p>tituição wlivarsitária, a um rapresentante da área de criação clUtural ( .. ,).</p><p>"</p><p>'\</p><p>o Processo Constituinte para atacar os textos progressistas), Arnold</p><p>Fioravante (PDS) advertiu que o Anteprojeto apresentado invadia a compe­</p><p>tência de outras Subcomissões, pois tratava de direitos individuais, matéria</p><p>trabalhista, modelo econômico, etc. A relator a limitou-se a sugerir a apresen­</p><p>tação de emendas supressivas.16</p><p>Na reunião matutina de 21 de maio, Cristina To.vares apresentou seu</p><p>Parecer sobre as 260 emendas recebidas. Em face das modificaçõés decorren­</p><p>tes das emendas que acolheu, decidiu apresentar Substitutivo ao seu</p><p>Anteprojeto originaI.17 Não obstante, o presidente Arolde de Oliveira decidiu</p><p>que seriam postos em votação o Anteprojeto original, as emendas e os des­</p><p>taques. Em questão de ordem apoiada pela relatora, o progressista Joaci</p><p>G6es (PMDB) solicitou que se votasse o Substitutivo da rela.tora e não o</p><p>Anteprojeto original, mas Arolde de Oliveira não cedeu.18</p><p>Instalou-se então acirrada polémica. A sugestão de Joaci Góes foi</p><p>en�o�.a ��os progressistas e contestada pelos conservadores, com o</p><p>ai:pumerito ja sustentado por Arolde de Oliveira: o RIANC não previa substi­</p><p>tu'ei.vo do relator, 19 Os moderados Antônio Britto e Fernando Cunha (PMDB)</p><p>aPresentaram então um requerimento de preferência para a votação do</p><p>Substitutivo em lugar do Anteprojeto. Submetido a votos, o requerimento foi</p><p>rejeitado por 12x9. Foi mantida, assim, a decisão da Presidência de adotar o</p><p>Anteprojeto original como texto-base.20</p><p>Nesse primeiro embate, a vantagem conservadora sobre os progressis­</p><p>tas, estimada como de 13x6 entre os titulares (não computados os dois mode­</p><p>rados do PMDB), apresentava-se mais estreita, porém segura: se os titulares</p><p>16 Ata da 14" ReuD.iãa Oidillárta. At&" d&" Comis:!ões, SupleI!l91lto ao nD-'7l3 do Diário •.• , p. 171.</p><p>17 Ata da 16" Reunião Ordw.ária Atas das Comissóu, SUplemento ao nD-81 do Dwrio ... , pp. 146-66.</p><p>Para o Parecer, pp. 146-60.</p><p>18 Idem, pp. 160-1.</p><p>19 Apoiaram: Olívio Dutxa (PT), Cflllos Alberto Caó (PDT), o relator da Comissão vm, Artur da</p><p>TâvoJa, e oo moderados Autôllio Britto e AD.t&lio Gaspar (PMDB). Contestaram: Fausto Rooha</p><p>(PFL). A:roold Fiomvante (PDS), Mendes RibeirQ e José Carlos Martinez (PMDB).</p><p>20 Idem, pp, 161-6. A vota{râo não fui nominal, por se tratar de questão de procedimento. No entan­</p><p>to, consultada alista de presença (p. 146) e velificado o r.em: das interveuções, pode-se eapecu•</p><p>lar o segumte: dos 12 votos 0011trários, ,8 tei:lam sido dos titulares dos partidos de diteit:a (PFL:</p><p>86</p><p>Angelo Magalhães, Axoide de Oliveira, Fausto Rocha, Paulo Marques e Rita Furtado: PDS, Arnold</p><p>Fioravante e F'.rancú;co DlógeD.es; PTB: JOllé- Elias Moreira), e 3 dos titulaies conservadores do</p><p>PMDB presenteS (Alolsio Vasconcelos, José car1os Martinez e Mendes Ribeiro); dos 9 votos {ave,.</p><p>ráveis, 4 terimn sido dos tilU!a?es pxogressistas do PMDB presentes (Cristina Tavares, Joaci</p><p>Góes, Koyu lha e Pompeu de SOWla). 2 dos titulares moderados do PMDB que se manifestaram. a</p><p>favor do Substitutivo (Antõnio Gaspar e Fernando Cunha), 2 dos titulares dos partidos de esquer•</p><p>da (Carlos Alberto Caó, do PDT, e Olívio Dutra. do PT) e 1 do suplente ll\OOQrado do PMDB que</p><p>defendeu e, Substitutivo {António Britto). Como 2 titulares OOI1servadoms do PMDB estavoon</p><p>ausentes (Onofre Comia e Roberto Vital) e wn deles foi mbstituído por Ant&rlo Brltto, pode-Sê</p><p>especular que o 121> voto OOiltrário teria sido de Renato Johnm,on, suplente eonservador do PMDB</p><p>cujo nome consta da lista de presença. Pera a telação completa dos titulares e suplentes da</p><p>Subcomissão, vet Anexo li.</p><p>e O suplente moderados ampliaram o bloco progressista, isto não foi suficien­</p><p>te para impedir a vitória conservadora. k 14 horas daquele mesmo 21 de maio, iniciou-se a tumultuada reunião</p><p>de votação. Interrompida às 18 horas e</p><p>reiniciada às 10 horas no dia seguin­te, somente seria encerrada às 15 horas.21 À exceção do conservador Onofre corrêa (PMDB), substittúdo pelo moderado António Britto, todos os titulares estavam presentes no início da reunião.22 Com isto, a expectativa era de que</p><p>05 12x9 da reunião matutina se repetissem nas questões polariza.</p><p>ção entre �_s.e:wadorêS-e progressistas se ve:rificasSe.�m não foi · . ·@� início dos trabalhos, Arolde de Oliveira anunciou requeriment 4--­, para qt1e o Anteprojeto original (definido na reunião anterior como texto-</p><p>:.· baSe) fosse votado artigo por artigo, e não em bloco.:1,3 Posto e · , ;� rhfento foi rejei�o por 11x10. A tentativa cons;rva:dora de dificultar a aprovação do texto ongmãl da fiffatora fofa àern:itadá.24 Em seguida, Arolde</p><p>)f- de Oliveira anunciou que o Anteprojeto seria votado capítulo por capítulo,</p><p>t</p><p>mas, diante de questão de ordem levantada pelo conservador Roberto Vital �-' (PMDB), corrigiu-se e anunciou a votação global do Anteprojeto original,</p><p>1( � antes fazendo uma dúbia observaç� __ :3.9k_re. .. a...hipótese de_s�r rejeitado.25</p><p>ri} Feita a ...... charrradânõifufüil;-ó-ÃilfiipIOjeto foi aprovado pelos meSiD.os-.1Jx10 ,. COm qÚe se rejeitara a votação por artigo.26 •: Arolde de Oliveira anunciou então a votação em bloco das emendas com arecer favorável e das emendas com parecer contrário. Isso desencadeou . ·II.CJva rodada de discussões, agravada pela condução confusa da reunião pelo</p><p>· Pr;;;sidente. Só então alguns conservadores pareceram se dar conta de que a 8.provação das emendas com parecer favorável e a rejeição das emendas com Parecer contrário equivaleria à aprovação-do Substitutivo da rela.tora, e que</p><p>. teria sido mais simples aprovar a preferência para o mesmo e depois aprová-)</p><p>At·tcta, l 74 Reunião,·AtiW.da.s.camt.ssóes,..SUplementil..ªQ �-� do Dlárl_o,.,,,l!P •. 12.7,êS8.-···· , ./ là'em, pp, 127 e 129. . -</p><p>A Ata não reglstl"a a autoria do requerimento, mas intervenção posterio:r de Antôruo Britt:O (p. 130) leva a crer que o auto< teria sido o c<m=<ior Mendes Rlbelro. Ata da 17.11 Relml.ão. Atas das-Cami&ooes', Supleme11.to ao n2 85 do Diario ... , p. 129. A votação, de catá•</p><p>ter proeediment:8l, 11.ão fui nominal. Contudo, a c<'lll&xã.o dê S<mticlo e o msultado da vota'}ão suhse­qllente, 11.ominal. (ct DOta seguil:)te a esta, abaixo), permita afirmar que, além de Allt.ônio Britto, vota­mm oom OB progressistas os com,ervadoxes do PMDB Aloísio Vasconcelos e Roberto Vital Ata da 17A Reunião .•. , p. 130. Ai haverá uma oriantação do Presidenta da Cons�tuirlte de que a Jlelatora terá que fazer = j;rabaihQ em grupo para um novo ralatório. E há um docWllento aqui que não vou levantar, porque acredito que .l'liío será ;rejeitado. Se fu,; tTatarmnos desse asSUl)to depois,</p><p>para "não queimannos 81! pestanas#. Como vimos na seção anterior, utysses Já decidll:a sobre a manutenção do relator na hipótese de WJeição dois dias- antes, sem alui;ão a trabalho em grupo. Idem, ibidem. Votaram a favor do Allteprojeto: Aloísio Vasconcelos, Allt.ônio Gaspar, Carlos Allierto Caó, Cristina Tav8I8s, Feroando Cunha, Joaci G6es, Koyhu lha, Olivio Outra, Pompeu de Souza, Roberto Vital e .Antõnio Britto. Votaram co:ntno: Ângelo Magalhães, Arnold Fioxavante, Arolde de Oliveira, Fausto Rocha, Francisco Diógenes, José Carlos Martinez, José Elias, Mendes Rll>eiro, Paulo Marques e Rlta Furtado.</p><p>87</p><p>···--------._</p><p>lo no mérito, como defenderam os progressistas na reunião ànte,p.or.21</p><p>._ Realizadas as votações, tanto as emendas com parecer favarávei foram àpro-­</p><p>"v�as como as com parecer contrário foram rejeitadas por unanimidade e,</p><p>coni lste, restaurou-00-0 Sub.s.tit�tivo da relatora.28 .</p><p>Iniciada a votação das emendas destacadas, as. oscilações de resultados</p><p>marcaram a votação das questões polêmicas. Assim, no prtmeü,ê; destaque</p><p>(relativo ao papel do Estado na promoção do desenvolVimento científico e da</p><p>autonomia tecnológica), a emenda consenradora de José Elias (PTB) derrotou</p><p>o texto do Substitutivo por 12x9, confirmando-se o prognóstico inicial.29</p><p>Porém, a tendência se inverteu na segunda votação, relativa à preferência</p><p>das empresas nacionais no fornecimento de bens e serviços à Administração</p><p>Pública (uma das questões que interessam diretamente a este trabalho}. O</p><p>Substitutivo prevaleceu sobre a emenda de Arnold Fioravante (PDS), que supri­</p><p>mia a preferência às empresas nacionais. O resultado registrott os mesmos</p><p>1� •ma:s. C�J;R sinal trocado, pois os conservadores AloíSio Vasconcelos,</p><p>Ro);?erto Vital (PMDB) e Paulo Marques (PFL) votaram com os progressistas.se</p><p>'Ialfmém na definição de empresa nacional (terceiro destaque votado), o texto</p><p>do Anteprojeto, mantido no Substitutivo, derrotou emenda de Francisco</p><p>Diógenes (PDS), desta vez por 13x8·. além de Aloísio Vasconcelos, Roberto Vxtal</p><p>e Paulo Marques, José Carlos Martinez também votou com os progressistas.31</p><p>As duas vitórias de mérito dos progressistas incidiram sobre questões</p><p>substantivas que delimitam este trabalho, polarizaram toda a Constituinte e</p><p>alcançaram o próprio ciclo de reformas promovidas no início do Governo</p><p>Fernando Henrique Cardoso.32 No entanto, essas foram as duas únicas vitó-</p><p>27 11:wm, pp. 130-3. Ver, pw: exemplo, a manifestação de José Carlos Martinez: quar,:, me per.liteuciar</p><p>aqui, pa,q,.,e ( ... ) oontesso que cometi um erro, realme.nte cometi Wl1 em; , A Relatora tinha rado.</p><p>NÓS tínhamoo que te.r votado era ei,se daqui I o Substitutivo) ma= (p. 132). A falta de claren do</p><p>presidente .ruolde de Oliveira chegou a ser recronhecida pelo próprio, em constrang<i>dota auto­</p><p>crítica: Estou hoje, watmente, mtllto censado, o portugu;ês em:.l ruim, está curto. Estou me referfn·</p><p>do agwe à Re.!ato.ra: quem vota com a Rela.tora, quem vota comra (p. 131).</p><p>28 Idem, pp. 133-4.</p><p>29 Jdem, p. 135. Votaram a favor: Aloísio \7asconcelos, Aiigelo Magalhães, Arnold Fioravame, Arolde</p><p>de Oliveir.a-, Fausto Rocha, Ftancisco Diógenea, José Carlos Martine�, José Elias. Mendes Ribeiro,</p><p>Paulo Marques, Rita Furtado e Roberto Vital; votaram cont:r:a: Antôni.o Gaspar, Carlos Alberto Caó,</p><p>C:rístina Tu.vl!Il!s, Fernando Cunha, Joaci Góes, K'oyhu lha, Olívio Dutrn., Pompeu de Souza e</p><p>António Britto. Resultado idêntico, Inclusive na distribuição nominal doo votos, ocoueu mais tarde</p><p>J1a votação do � d�, com a aprovação da emenda de F.rmu::iooo Diógenes (FDS), queres­</p><p>tringia a proteÇào aos interesses dos trabalhadoie.'J em face dos efeitos da automação (p. 139).</p><p>30 Idem, pp. 135-6.</p><p>31 Idem, p . 136. Pata o texto aprovado, ver, eCDDa, nota 15 deste Capítulo. Na votação desta maté­</p><p>ria, como aconteceria em outras ooasiões, um integrante de partido de esquerda desistiu de seu</p><p>destaque em favor da aprovação do texto da relatora: Carlos Alberto Caó (PDT), que rapetiu o</p><p>gest0 na votação:relativa aos int.ernsse.'3 dos trabalhadores e os processos de ao.rtomação (p. 138).</p><p>32 A Em.anda Constitucional n<> 6, de 15/08/1995 suprimiu a dim:lnção entre empresa hrasilaira e</p><p>empresa brasileira da capital na,;io.nal, adotada pela Constituinte e, conseqüentemente, o trata·</p><p>mente pieferencial às 6.ltimas.</p><p>"</p><p>. rias progressi..stas na votação dos destaques, pois o mesmo não ocorreu em</p><p>nenhuma outra votação, inclusive na do monopólio estatal das telecomunica­</p><p>çóeS- Neste último caso, uma alteração na composição da Subcomissão con­</p><p>t;ribuiU para a derrota, como veremos.</p><p>·. Após a votação do sexto destaque (relativo aos interesses dos traba-</p><p>)hadores em face dos processos de automação), que marcou a recomposi­</p><p>.. ção da polarização plena entre conservadores e progressistas, deu-se um</p><p>novo incidente: o conservador Onofre Corrêa (PMDB), titular e lll. vice-pre­</p><p>sidente da Subcomissão, chegou ao recinto da reunião e ocupou seu lugar</p><p>!: · na Mesa. Até então ausente das reuniões daquele dia, Onofre Corrêa era</p><p>. .- substituído pelo suplente Antônio Britto, cujos votos e posições perfilavam</p><p>{: com os do bloco progressista. Imediatamente, a relatara Cristina To.vares</p><p>(; impugnou a</p><p>participação de Corrêa, ponderando que a Subcomissão já es­</p><p>X, 'tava em processo de votação e, por isto, não poderia haver substituições. A</p><p>t- impugnação não foi aceita por Arolde de Oliveira: o presidente decidiu que</p><p>�-· 0 titular poderia ter reassumido sua vaga no intervalo entre as votações de</p><p>�- destaques diferentes. Instalou-se nova polêmica, que deu lugar a instantes</p><p>/-d,8 tumulto, com os progressistas a apoiar a posição da rela tora e os conser­</p><p>}Vadores, a do presidente. A relatara recorreu ao Plenário e, em votação sim.M</p><p>·))ólica de que participou o próprio Antônio Britto, o reingresso de Onofre</p><p>,'.torrêa foi aprovado por 11x10.33 '</p><p><- No entanto, as votações que se seguiram naquela tarde não registraram</p><p>\fo\resultado de 13x8, que era de se esperar depois da saída de Antônio Britto,</p><p>'.Íiois não houve votação de destaques polarizadores: referindo-se ao e.lima de</p><p>.\'çânsaço, devido à duração da reunião, o moderado Antônio Gaspar (PMDB)</p><p>9ii.citou sua imediata interrupção e reinício no dia seguinte. Obteve o apoio</p><p>,l)ârcial da relatara, que pediu fossem votados os dois destaques restantes do</p><p>;' )pitulo da Ciência e Tecnologia (tj.o polarizadores), postergando-se a vota­</p><p>Ǫ° dos demais para a manhã seguinte. Diante da resistência do presidente,</p><p>�e insi$tia em concluir toda a vritação ainda naquele dia, houve recurso ao</p><p>:'p}enário que, por 12x9, decidiu pela suspensão da reunião.34 Com isto, o</p><p>�)oco progressiSta ganhava (literalmente pelo cansaço) mais tempo para</p><p>:novas articulações.</p><p>if:_ Na manhã seguinte, os trabalhos foram reiniciados com a presença de</p><p>'wdos os titulares, e também dos líderes José Lourenço e Mário Covas.35 O 1;3 Idem, PP 139-41. Houve nessa votação, portanto, uma defêc:ção no bloco conservador, que não</p><p>\ pode ser identificada, pois a votação, procedimental, não foi nominal. É poss1vel, pomnl, que</p><p>tenba sido de Alois10 vasconcelos, pelo t&or de sua mtei:venção nas discussões .Já .Anl'.ônio</p><p>Britto JUstificou assim sua ing-lôl'ia participação na votação Entendo que esta não é uma votação</p><p>na qual se esee,a discutindo qu.alquar queseão pessoal, ou qualquer questão de valor. Estamos</p><p>uotando uma questão ragimeneal. E, como questão regimental, eu voto sim. l "�,"" 142-4.</p><p>35 Idem, pp 144-5.</p><p>'</p><p>89</p><p>primeiro destaque votado recebeu apoio da relatora, mas a votação confir ­</p><p>mou a correlação de forças existente entre os titulares: por 13x8, os conser.</p><p>(</p><p>vadores o rejeitaram.36 Pouco depois, as ânimos voltaram a se acirrar com</p><p>uma declaração bombástica da relatara: Tenho elementos para acreditar na</p><p>interferência direta do Ministro das Comunicações corrompendo, fraudando e</p><p>/ constrangendo Rlrlame.ntares. De maneira que este jogo sujo que se costuma</p><p>i fazer. .. Eu tenho os nomes. O presidente cassou-lhe a palavra, sob protestos</p><p>e novas denúncias feitos por Joaci Góes. Iniciou-se novo "bate-boca" entre</p><p>progressistas e conservadores.37</p><p>Serenados os ânimos, votou-se o destaque de José Elias (PTB), cujo</p><p>objetivo era eliminar o monop61io estatal das telecomunicações.38 Após</p><p>longa disc:ussão, a matéria foi a votos e o destaque foi aprovado por 11x10,</p><p>com Aloísio Vasconcelos e Roberto Vital tendo votado novamente com os pro•</p><p>gressistas. O retomo de Onofre Corrêa e a saída de Antônio Britt:D produzi·</p><p>ram então J�u principal efeito.39</p><p>r. "\, . ... .....</p><p>Dàí por diairte, as normas da boa convivência parlamentar deixaram de</p><p>1</p><p>f</p><p>8r ciliàervadas de vez. Ao se iniciar a votação relativa às concessões de rádio</p><p>� tele.Jisão, Joaci Góes levantou questão de ordem sobre a impossibilidade</p><p>e participarem d� votações os membros da Subcomissão que fossem con­</p><p>ssionários. Para tanto, invocou o Regimento Interno da Câmara dos Depu-</p><p>36 Idem, p. 148. De autoria de Olivio Dumi (PT), a errumda destacada ID<plicitava a possibilidade de</p><p>recurso ao Judiciário contra abusos cometidos r,elos maioa de comunicação. Votaram SIM:</p><p>Ant6nio Gaspar. Carlos Alberto Caó, Cristina 'lavares, Fl.>mando Cunha. Joacl Góes, :Koyhu lha,</p><p>Ollvio Dutra'e Pompeu de Souia; votaram NÃO: Aloí.sio Vasconcelos,Ângelo Magalhães, Junold</p><p>Fioravante, Amlde de Olivei>:a. Fausto Rocha, Francisco Diógen&s, José Carlos Martillell, JÓsé</p><p>Elias, Mendes Ribeiro, Onofre Corrêa, Paulo Marques, Rita Furtado e Roberto Vital.</p><p>37 · Idem, pp. 149•151. Segundo Joaci G6es, existem policiais à porta deste Plenlirlo eom o propó­</p><p>sito de constranger os Srs. Constituintes;( ... ) CorlstJtuintes desta Subcomissão quase, pratiaa•</p><p>mente, foram objetos de seqiiestro e têm sido objêto de coação, origina,;Ias astas coaf()es no</p><p>Ministério das Conmnicações. O mrnistro das Comunicações era António Carlos Magalhães;</p><p>seu irmão, Ângelo, ern titular da Subcomissão e seu filbo, o suplente Luís Eduardo, paruoi•</p><p>pou do "bate-boca".</p><p>38 Idam, p. 153. Com pequenas alteraçó8$, o Substitutivo mantinha o dispô.\litivo do Anteprojeto:</p><p>Ar?. 14. Constitui mcmop&.io do Eseario a exp.loraçiio de SflIVi.ços públicas de taleeomun.icaçõeS,</p><p>comunfuação posta}, telegnínca e de dados.§ 1<>. O D.v:xo de dados trtmsÚOI].tefrassaráprocessado</p><p>por inter.médio de rede pública, operada pelo Estado. § 21. É li$$egl1Z'ada a prestaçiio de serviços e</p><p>de hlformafôez por entidades de dileito privado atravéii- da rede púbfü::a, OJ)f!Tad/;/. pelo Estado. Já</p><p>a emenda destacaâa estabelecia; Campete à União: I • w,:plorai; diretamente ou mediante cozwes.</p><p>são, pennissiio ou auto.r.tzaçáo os serviços ris telecomwiicações; II - 1egi$J8r sobra telecomunica•</p><p>çõw, treqÜMcias reílí.oef(itnaas e SM'iço postal; Ili · manter o Carreio Aéreo Naaíonal, o Serviço</p><p>Postal e o Sa111iço de �Jegrama. § 1�. A lei dmporá wbre o regime das empresas prestadoras aos</p><p>rerrí.r;ospúh!loos de telscomWlicaçõese instais, �ando tarifas que permitam ajusta rem u ­</p><p>neração dos mvest1mentos, o melhoramento e a expan.sáo dos servigos, e assagurem o equi]JbrfD</p><p>eoonómlco·Jmanaeiro do exwcido da atividade.</p><p>S9 Idem, pp. 153•6. A ausência de Onofm Conêa no dia anterior e as lllslm.laçôes de seqiíestro e coa•</p><p>ção feltas por Joaci Góes indicam que o primem, teria sido o a!VQ das supostal! pressões do</p><p>ministro das Comunicações.</p><p>90</p><p>ados, subsicliátio ao da Constituinte.40 Após nova e tensa rodada de discus­</p><p>.ões, marcada pela intervenção do llder do PMDB, realizou-se votação prati­</p><p>:amente inócua: por 19 votos e com duas abstenções, ficou decidido que</p><p>Lqoeles que se sentissem impedidos não participariam das votações.41</p><p>o ponto máximo do conflito ocorreu a seguir, quando o presidente anun­</p><p>iou a votação de desta.que a emenda de J-osé Carlos Martinez. Caso fosse</p><p>Lprovada como substitutiva ao texto da relatara, resultaria em eliminação do</p><p>�onselbo Nacional de Comunicação, embora mantivesse a decisão final con­</p><p>:essões de rádio e TV pelo Congresso Nacional. A relatara e o bloco progres­</p><p>:ista sustentaram que a emenda deveria ser votada como aditiva, mantendo­</p><p>:e O dispositivo que criava o Conselho, ou considerada prejudicada; o autor e</p><p>1 bloco conservador defenderam a votação da emenda como substitutiva ao</p><p>üspositivo. O presidente considerou ser substitutiva a emenda destaca.da e</p><p>1 progressista Pompeu de Souza recorreu da decisão ao Plenário, que referen­</p><p>lou a deciSão do presidente por 11x1, registradas duas abstenções. A relato­</p><p>ª recorreu da decisão da Subcomissão à Comissão de Sistematização, mas o</p><p>>residente recebeu o recurso sem atribuir -lhe efeito suspensivo e pôs a</p><p>1menda em votação. Nesse momento, a rela.tora e quase todo o bloco pro­</p><p>Jiessista abandonaram o Plenário. Realizada a votação, a emenda foi aprova.­</p><p>ia por 12. votos, com duas abstenções.42</p><p>Com a retirada total dos progressistas, José Carlos Martinez (que chega­</p><p>a a ser cogitado como relator pelos conservadores na reunião de instalação</p><p>ta Sub@llllSsão, como vimos) substituiu a relatara na tarefa de ler os disposi-</p><p>.o Art. 1?0, § 40 do Regim&nto então em vigor: '.D"at11ndo-se de causa própria ou de a$SIUlto em que</p><p>tenha interesse individual, deverá o Deputado dar -se por impedido, faze.ndo</p><p>oomWlicaqáo msse</p><p>sentido à Mesa.</p><p>11 Ata da 17ª Reunião ... , pp. 156-60. AbstlveJ:am-se José Carlos Martine::i e rute. FUrtado, concessio­</p><p>náiios (p. 160). 'fiêB trechos da fala de Covas (p. 159) foram recebidos OOlll aplausos: 7alvez""</p><p>esteja � de,moda, muo conceito que o Car:!stit!lÍllte acaba de levantar, ou ooJa, o de alguém eQtar</p><p>impedido de votar, nos melbores .Parlamentos não é wna tareta de b'.lquisiçllo. Náo é feita nem pi,la</p><p>Mesa.. nem pala .Llderança. É uma tarefa de foro blUmo do PaTlamentar. (Pa.ll'na.9) ••. Quando se tem</p><p>um m� especitf.co, sobretudo num Panamento, onde se supôe que todos sejam pares, isto é,</p><p>todos estejam no mesmo nível - reth'O•Jne sabretudo a() nível éUco e mo.ral -o prassuposto é de que</p><p>a indicação de impedimento nasça do J)l6prtc parlame.otat se ale 6ssim o Juiger. Não te� isso e nin•</p><p>gué.m, oom exceção d& um único Par/ame.nta,: o Lider do PMDB que se chama Mário C<N8if. Oua.Ddo</p><p>estiver .impedido, ninguám vai ter que me chamar a atençãa. Eu mesmo acllSa1'8.i isso. Este é a. con•</p><p>dt1ta q,,e se e,dge do Parlamentar. (Paln181f) •.. Ne.nbum de nós é e/oagilete, nenhum de nós aqui</p><p>aponte, nenhum de .nóe aqui pede cusaçáo. Mas se não somos ca[Ja218S de exualr do mendeto que</p><p>recebemos e da ot1torga gtie nos deram a dimensã-0 de digmdade, para nos considerarmos apropria•</p><p>dos para detennínada tarefa. então não somos dignos da tarefa que recab&mos (Falmes).</p><p>12 Idem, pp. 182-5. Ounmte novo e acalorado "bate-boca", quando Fausto Rocha lronizot1 a tentati­</p><p>va das minonas de impedir que a emenda fosse votada como substitutiva, Cristina Tavares che­</p><p>gou a afinner, Não é minoria. Há um voto que foi comprado -possív0l alusão a Onofre COJ:rêa (p.</p><p>164.). As abstenÇCles furam de Joacl Góes, que continuou BDl Plenário provavelmente na telltati•</p><p>va de obstnlb:, e de Roberto Vrtal, em nova defeoçã.o em face do bloco oonservador. Todos os</p><p>demais conservadores votaram a favor (p. 165).</p><p>91</p><p>'</p><p>'</p><p>1</p><p>)</p><p>tivas destacados e o suplente conservador Rodrigues Palma (PMDB) passou a</p><p>participar das votações, A ampla maioria conservadora garantiu a aprovação</p><p>de dois e a rejeição de outros dois dos quatro destaques restantes.43</p><p>Dos nove destaques polarizadores votados antes da retirada dos pro­</p><p>gressistas, estes só alcançaram vitória nas duas votações que envolviam pro­</p><p>teção ao empresariado nacional: a preferência às empresas nacionais na</p><p>aquisição de bens e serviços pela Administração Pública e a própria defini­</p><p>ção de empresa nacional. Ao todo, os conservadores venceram 12 das 14</p><p>votações de destaques polarizadores. Se restringirmos o balanço às questões</p><p>que delimitam nossa pesquisa, os progressistas foram derrotados totalmen­</p><p>te na questão do monopólio estatal das telecomunicações e parcialmente na</p><p>questão das concessões de rádio e ru Além disso, as votações apresentaram</p><p>dois aspectos favoráveis aos progressistas, que poderiam se repetir nas vota­</p><p>ções da Comissão VIII: o apoio dos moderados António Gaspar, Antônio</p><p>BrittQ, �ir�r�_ndo Cunha; a possibilidade de cooptação de Aloísio</p><p>VasCÓncelos, Roberto Vital e, em menor grau, de Paulo Marques.</p><p>foutra relevante questão procedimental relativa à Subcomissão VIII-B foi</p><p>decidida favoravelmente ao bloco progressista pela Mesa da ANC na sema­</p><p>na seguinte. No dia 23 de maio, Arolde de Oliveira comunicou ao líder do</p><p>PMDB, por telegrama, a substituição da relatara por José Carlos Martinez,</p><p>em razão de a mesma ter abandonado a reunião de votação realizada na vés­</p><p>pera. O mesma comunicado foi feito ao presidente da ANC através de ofício</p><p>expedido no dia 25.44 Confirmava-se a manobra conservadora com o objetivo</p><p>de alterar a composição da Comissão de Sistematização, desencadeada atra­</p><p>vés da consulta formulada pelo presidente da Comissão da Ordem Econó­</p><p>mica, José Lins (PFL), como vimos.</p><p>A substituição gerou uma onda de protestos e questões de ordem duran­</p><p>te a sessão da ANC de 26 de maio: pronunciaram-se não apenas líderes e m em ­</p><p>bros de partidos de esquerda e da ala progressista do PMDB, mas duas cons­</p><p>tituintes de partidos conservadores, que haviam votado com os progressistas</p><p>em suas SUbcomissões: Myriam Portella (PDS), titular da Subcomissão VI-B, e</p><p>Maria de Lp,urdes Abadia (PFL), 2ª vice-presidente da Subcomissão VII-B.45</p><p>43 Jdem, pp. 166-8. Os destaques foram aprovados por 12:t2, e rejeitados por 14:x O e 11x3; garanti•</p><p>da a vitória, alguns conservadores puderam se dar ao luxo de "marcar posições" em algumas</p><p>questões: Alofsio Vascont:élô$ e Roberto Vit<ll em favor de mais wnpla llbeniade de expressão;</p><p>José Carlos Martiru!z e Onofre Com�a. em favw: da t!lpl'eSentação dos trabalhadoxes nos oo.nse­</p><p>Jhos editoriais; Aloísio Vasconcelos, Onofre Con:êa e Roberto Vital em favo1de mcentivos fiscais</p><p>a cooperativas profissionais de oomW'lic:ação.</p><p>44 Ata da 7211 Sessão da ANC. Anais da A,;,;,mJbl� Nackm;JJ Can:rtitulnte, vol. 4, p. Z25Z, This fatos</p><p>foram assim relatados pelo presidente em exercfoio, Ma1UO Bellevides, ao aJJ.llIICiar a decisão da</p><p>Mesa sobre o caso na abertura daquela sessão plenária..</p><p>45 Ata da 7111 Sessão da ANC. Anai$ ... , pp, 2185- 248. Segundo Myr:iam Portella, se essa destitWçáo</p><p>se c:oncretiza,; teremos a oerteza de que a sobarania de nwsa Ccnstitu.inte está abalada, de que</p><p>92</p><p>!l"·</p><p>�':'</p><p>t ouando o líder José Low-enço procurou justificar a decisão do seu liderado</p><p>t,.:',ArOide com base no Regimento da Câmara (já invoca.do na consulta de José</p><p>�.(i:,inS) e no fato de o substituto ser também do PMDB, com o quê não haveria</p><p>,�</p><p>a do acordo partidário, ouviu violenta resposta do líder Mário Covas:</p><p>t:.· Realmente me causa espécie esse tipo de procedimento; em primeiro</p><p>Ml:::'</p><p>Jugar, porque ele violenta a tradição da Casa; em .segundo lugar, porque</p><p>lf quero lembrar que, se é possível afastar um relator, também é possível</p><p>�i: afastar um .Pre$idente. (Muito bem! Palmas.) ... Ora, se for assim, eu me</p><p>�/: reservo, daquí para a frente, a escolher quais os Presidentes do PFL que</p><p>�;�: eu desejo ... Isto é um absurdo, náo se mantém a proporcionalidade na</p><p>li-,: · medida em que não é o partido quem indica, através de quem deve indi-</p><p>1�·</p><p>·</p><p>car, quem é o Relato,-.46</p><p>T,</p><p>: . Na sessão da ANC de 26 de maio, o presidente em exercício, Mauro</p><p>.}lenevides (PMDB), comunicou a decisão da Mesa, que, com a mesma conclu­</p><p>jj;ão da resposta à consulta de José Lins, tinha porém, fundamento diferente:</p><p>'"</p><p>O Regimento ln temo da Câmara dos Deputados - adotado subsídia­</p><p>ríamente - admite a substituição do Relator quando o seu voto não é aco­</p><p>lhido pela Comissão. Não se con.iguroo, porém, tal hipótese. A peça prin­</p><p>c;ipal oferecida pela Relatora, o seu Anteprojeto, foi aprovado pela respec:­</p><p>tiva Gomíssão, ocorrendo a retirada da Parlamentar quando estava em</p><p>votação proposição acessória, isto é, uma emenda.</p><p>Por tais razões, a Constituinte Cristina. Th.vares continuará integran­</p><p>do a Comissão de Sistematização.47</p><p>�-3, Subcomissão VI-C</p><p>ft· Os trabalhos da Subcomissão da Política Agrícola e Fundiária e da</p><p>(Peforma Ag(ária foram marcados por um conjunto de singuralidades relevan-</p><p>1:</p><p>tes para a compreensão de seus resultados:</p><p>''--=-===========�===�= == � = ==��</p><p>(1' eii foTças oonsarvadoras e o empresariado estão aqui dentro ( •.. ) para solapar a nossa vontade e a</p><p>Ç:.·;.</p><p>nossa autonomia (:P. 2.239). Maria de Lourd.es Abadia lembrou que Cristina n,vares é a .Wca mulher</p><p>._ , Relatorn. na,:, � e, oomo mwhru; está J'llP!'êSMtando 54% das votos do Brasil {p. 2.243) No</p><p>l;'. entanto, o pronunciamento mais contundente foi o de Lysãneas Maciel (PPT): es.,;a destituição (. .. )</p><p>2 · POda ser uma amootra evidente da que não somos p,trlamentares nen1 ,romo.s <;Ol1$titwiltes, porque</p><p>Ull2a medida tomada pDi' um antigo policial militar, q,.,e seroiu à dí�dwa e que 69Qia está illc:rnsta­</p><p>do na Pre8idátlcia de wn,i das mais importantas SUbc:omissões, o capitão que não teu, co,-agem de</p><p>àec1inar esta condição, Arolde dê aa..eirn, que senrit.l à ditadura, que derluuciou oompanheiros, ( ...</p><p>)</p><p>não teve a coragem moral dê de,::lír,ar·.se como sócio de uma emkisora de talevisão (p. 2.236).</p><p>46 Idem, p. 2.240.</p><p>47 Ata da 72'- Sessão da ANC. Anais ...• p. 2.252. Na resposta a José Lins, Ulysses afirnuua a manu•</p><p>tenção do relat01 mesmo em caso de derrota de seu anteprojeto. Agora, a Mesa mautiuh.a</p><p>Ctistina Tuvares aludindo à aprovação de seu Ante-projeto,</p><p>93</p><p>- o altíssimo grau de mobilização extraparlamentar em tomo das maté­</p><p>rias de sua competência, secularmente problemáticas, com destaque</p><p>para a mais exitosa mobilização ostensiva de interesses em toda a</p><p>Constituinte;</p><p>a virtual divisão ao meio de sua composição entre progressistas e con­</p><p>servadores, após a ampliação do número de seus membros;</p><p>a intensidade e a extensão da "guerrilha parlamentar" experimenta­</p><p>da durante a longa reunião de votação do respectivo Anteprojeto.</p><p>AB decisões constituintes sobre a reforma agrária ocorreram num horizon-</p><p>te de retomada das mobilizações camponesas e das políticas governamentais</p><p>de revisão da estrutura agrária,48 Isto representava uma lnflexão em face do</p><p>regime ditatorial, que sepultara as pretensões reformistas do Governo João</p><p>Goulart: as políticas agrárias do regime militar traduziram-se, ,de um lado, na</p><p>�za�2 e repressão dos movimentos camponeses e, de outro, na priori­</p><p>dà.d;·dàda''itCoionização em terras públicas e à compra de terras privadas para</p><p>a;->.,,jmplantação de assentamentos rurais, em lugar da desapropriação dos lati­</p><p>fóru:lios. No bojo das mobilizações pela redemocratização _do País, foi lançada,</p><p>em abril de 1983, a Campanha Nacional pela Reforma Agrária (CNRA), congre­</p><p>gando movimentos e entidades de ca.mponeses, trabalhadores e da Igreja Ca- ·.j</p><p>tólica.49 Em março de 1985, ao anunciar seu Ministério, Thncredo Neves comuni- )</p><p>cou a criação do Ministério da Reforma e do Desenvolvimento Agrário (Mm.AD)</p><p>:\</p><p>e a escolha, para chefiá-lo, de Nelson Ribeiro, que gozava da simpatia do cha- -1</p><p>mado "clero progressista". Como os demais, Ribeiro foi confinnado pelo presi- ,</p><p>dente Samey, que nomeou, para a Presidência do Instituto Nacional de</p><p>Coloµizaçao e Reforma Agrária (INCRA), o progressista José Gomes da Silva,</p><p>ex -secretário da Agricultura de São Paulo no Governo Franco Montoro (PMDB).</p><p>Em maio de 1985, no IV Congresso Nacional dos 'Itabalhadores da</p><p>Agricultura, promovido pela CONTAG, Sarney anunciou o Plano Nacional de</p><p>Reforma Agrária (PNRA), cujo conteúdo foi recabido com apreensão e descon­</p><p>tentamento entre o patronato rural. No mês seguinte, foi criada, à margem das</p><p>",s�_,�-,c� oontelttllal e as mobilizações extraparlamentares a seguir deoomlados, penntto•</p><p>me utillzar mau trabalho Marchas de uma Contramarcha, '.n'ansiçáo, UDR e Constitl.l.lnte. Disser•</p><p>tação de Mestrado. ruo de Jane®; PUC•Rio, 1988- Ver também; MACHADO, Ivan G. Pinheiro</p><p>(ed.). Nova RepúbJ!ca: Um Balanço. Porto Alegre: LP&M, 1986; PRADO JR., Caio, A Otlestáo</p><p>Agrária no Brasil. São Paulo: Brasiliense, 1979; SILVA, José GOlllQs da. Burac:o Negro -a reforma · '.j</p><p>'Imra; Crises da Reforma Agrária mi Nova Repúbüca. São Paulo: Busca Vida, 1987; SILVA. José ..</p><p>Gomes da. Para Entender o PlanoN/lekmal deRafonna Agrária. São Paulo: Brasiliense, 1986.</p><p>agrária na Con.stitW.Ote. Rio de JWleiro; Paz e Torra, 1989; SILVA, José Gomes da. Camdo poT ·</p><p>:</p><p>1</p><p>49 Entm outros: a Associação Brasileira de Reforma Ag:tátia (ABRA), a Confederação Nacional dos</p><p>Trabalhadores Agrícolas (CONTAG), o InstltutQ Brasileim de Aué.hses Sócio-Econômicas</p><p>(IBASE), a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB}, a Comissão Pastoral da Terra (CPTJ</p><p>'!l e, durante a Constituinte, a Central Única dos 'ftabalhadoms (CUT), o Movimento dos Trabalha· . .":</p><p>doras Sem Torra (MST). a Diocese de G-Oiás velho e a Pastoral Operátia. 4</p><p>94 1</p><p>organizações patronais tradicionais, a União Democrática Ruralista (UDR),</p><p>q11e Jíderou a maior e mais m:9�sa mo�ilização ostensiv� d� pressão sobre a</p><p>Constituinte. Quando a Const1tlllilte se instalou, Nelson Rib01ro e José Gomes</p><p>da Silva já haviam deixado o Governo, num dos mais duros confrontos públi­</p><p>cos entre Igreja e Estado no Brasil;50 o novo ministro era o progressista Dante</p><p>de Oliveira (PMDB), primeiro signatário da proposta das "diretas" em 1984; a</p><p>· • UDR já liderava a grande massa dos proprietários rurais brasileiros, seja nas</p><p>_ qt.1estões ordinárias relativas às políticas agrieola e agrária do Governo, seja</p><p>·. nas questões extraordinárias a serem decididas pela Constttuinte,51</p><p>Tanto a CNRA como o MIRAD e a UDR apresentaram aos constituintes</p><p>. documentos contendo propostas e "subsídios" sobre a questão agrária na</p><p>futura Constituição. A Proposta de Toxto Constitucional elaborada pela CNRA</p><p>;_ para o capítulo da reforma agrária, entregue a lnysses em 12 de março de</p><p>1987, tinha os seguintes pontos centrais:62</p><p>subordinação do direi.to de propriedade ao cumprimento de uma obri­</p><p>gação social, definida pelo atendimento simultâneo de uma série de</p><p>requisitos;</p><p>desapropriação dos imóveis rurais que não cumprissem sua obrigação</p><p>social, com pagamento da indenízação em títulos da dívida pública;</p><p>imissão imediata da União na posse do imóvel declarado de interesse</p><p>social para fins de desapropriação;</p><p>estabelecimento de limite de área máximo para a propriedade rural</p><p>privada;</p><p>expropriação sumária de latifúndios inexplorados.</p><p>Desencadeado pelo aooassiDato do padre Jo,:;imo fi.vares, coordenador da CPT na região do</p><p>MBieo do Papagaio", E:mtdo do Maranhão, um dos mais explosiVO$ focos de tensão do campo bxa·</p><p>--A resistência inicial das entidades ruralistas tradicionais à emergência da UDR tomai:a-ae evi•</p><p>dell.te em junho de 1986, quando a Confederação Nacional da Agricultwa (CNA}, a Organização</p><p>das Cooperativas Brasilei:cas (OCB) e a Sociedade Rural Bzas:ileira (SRB) e QUtras entidades-patro-­</p><p>naili, exc1u!da a ODR. criaram a liwnte Ampla da Ag):Opecuária. BraGilei:ca (FAABJ, l!derada pelo</p><p>então presidente da OCB (e futuro ministrO da Agrtcultura do GovamQ Lula), Robel'to Rodrigues,</p><p>OPOnto de inik!xâo foi o lallce teatral protagooizado em 12/2/1987 por Ronaldo Caiado, oarismá·</p><p>tico pres!dent.; naclonal da UDR.: naquela data, cerca de 20 mil p,::oprletários rurais concentra·</p><p>vam-se no Ginásio Presidente Médio!, em Biasllia, durante o "Alerta do Campo à Nação". Pela</p><p>m.inhã, os rw:alistas haviam recebido com vaias oo discu:r,:;os dos 1epresentantes das entidades</p><p>tradicionais e com ovações o :inflamado prontlllCiamento de Caiado. A tawe, após um encontrO</p><p>frustrante dos lideres da Fnmte Ampla e da DDR com o poostdente Samey, Caiado retornou antes</p><p>dos demais ao Ginâsio e, oontrariaru:lo•os, hderou os proprietários Duma caminhada de protesto</p><p>em di:ceção à Esplanada dos Ministérios. A 10/3/1987, o Dia de Protesto dos agropecuaristas con­</p><p>tia o Governo, realizado simultaneamente em oewa de cem cidades l:lrasllelras- cinco das quais,</p><p>em. cinco Estados difemntes, fo= visitadas por Caiado - oonsagmria a lidmança nacional da</p><p>UDR, VB! Marchas ... , eit., pp. 103-31,</p><p>O eritério aqui adotado é o das questões que polarizariam progressistas e oonservadores. O texto</p><p>d.a Ptoposta da CNRA foi reproduzido na integra pelo jomal Gazeta Mero;tntil, 30/04/1987, p, 37.</p><p>"</p><p>Com exceção da expropriação sumária e com maior suavidade de estilo,</p><p>tais conteúdos constavam também da proposta do MIRAD, entregue pessoal­</p><p>mente pelo ministro Dante de Oliveira aos lideres partidários e distribuída</p><p>aos constituintes em abril de 1987.53</p><p>Já a UDR encaminhou aos constituintes o documento A Produção é</p><p>Intocável, que não continha propostas articuladas, mas apenas algumas dire­</p><p>trizes, dentre as quais se destacam as seguintes:</p><p>que a reforma agrária seja apêndice de uma política agrícola séria e</p><p>conseqüente, na qual todos ( ... ) saíam estimulados a produzir, com um</p><p>mínimo de garantias;</p><p>que, na e.laboração e execução da reforma agrária, a iniciativa. privada</p><p>seja chamada a participar e, na implementação dos assentamentos,</p><p>tenha igualmente condições de efetuá-los, nas mesmas.condições</p><p>e</p><p>cQ..W idêntica dotação dos órgãos públicos;</p><p>,. "-""'· :,,,,,.._ ' . . .</p><p>'- que· os-�onst.itumtes VJSJtem os assentamentos ( ... ) antes de votarem</p><p>i' esse tema;</p><p>- que, na futura Constituição, se consigne a garantia de não vir a terra</p><p>produtiva, em nenhuma hipótese ou a qualquer titulo, a se sujeitar à</p><p>desapropriação.54</p><p>Quando a Subcomissão VI-C definiu os órgãos e entidades cujos repre­</p><p>sentantes seriam ouvidos nas audiências públicas, a UDR ficou de fora, mas</p><p>entidades ligadas à CNRA, de um lado, e à Frente Ampla da Agropecuária</p><p>Brasileira (FAAB), de outro, foram convidadas, bem como o MIRAD e o</p><p>INGRA.66 Apesar de sua capacidade de mobilização, já evidente àquela'altu­</p><p>ra, a UDR ainda não tinha sua representatividade reconhecida institucional- .'</p><p>mente nO âmbito da Subcomissão e da Constituinte como um todo.56</p><p>53 Mlnistérlo da Reforma e Desenvolvimento Agrário. Politlca Ag:rária e Reforma Agrária na Pr!rs­</p><p>pectiva da Nova Constituição. Brasfüa: M!RAD, 1987.</p><p>54 União Democrática Ruralista. A Produção é .futooável. Brasília, 1987.</p><p>55 Atas da 2-A"à 1411 Reuniões da Suboomissão VI-e. Atas das Comiwóes, SUplementos nlls 53 (:p.</p><p>176), 56 (pp. 47, 65, 79, 101 e 102), 95 (pp. 69. 60 e 71), 96 (p. 115). 97 (p. 80) 98 (p. 60), 99 (126),</p><p>Para manifestar as pos:içães do patronato n.u:al, foram ouvidos rePlesentalltes das entidades tra·</p><p>cliciona.is: A.ssociagãO dos Empresários da �ia, Confedemçáci Naoional da Agncultura</p><p>(CNA). Federação da Agrimlltura do Estado de Minas Gerais (FAEMG). Organizaçáo daS</p><p>Cooperativas Bntsileiias (OCBJ e Sociedade Rural Bras:ilêiia (SRB). No funbito da CNRA, fomJl1 ··</p><p>ouvidos representantes da Associação Brasileml de Reforma Agrázia (ABRA), da Confederação</p><p>Nacional dos '.lrabelhadoms da Agricultura (CONTAO) e da Comissão Pastoral da 'Dma (CPT).</p><p>Pelo MIRAD, oomproec:eu o próprio mill.istro Dtlllte de Oliveira.</p><p>56 Pos$ivelmente uma conseqüência do estigma da identificação da entidade oom métodos violaO· ,</p><p>tos de maçáo a oeupações. reforçado pelo estilo truoulent,;, de suas lideranças, principahn,ente</p><p>Ronaldo Caiado. Até mesmo os oolllltituintes OOns..tVad.ores maia identlfioados oom os intems-­</p><p>ses do patronato rural esquivavam-se de admrnI' qualquer vlnoulo oom a entidade (ver</p><p>.Marchas .•.• ctt., pp. 115-8). Um exemplo dessa relutância foi e conduta de Roberto Catdooo Alves</p><p>"</p><p>Àquela altura, a correlação de forças na Subcomissão VI-C experimen­</p><p>tara importante transformação. Na data de sua instalação, contava com 23</p><p>membros, sendo oito de partidos de direita, quatro de partidos de esquer­</p><p>. da 0 onze do PMDB (5 progressistas, 4 conservadores e 2 moderados); não</p><p>:-</p><p>_: computados os moderados, os blocos c?nservador e progressista tinham</p><p>· .. 12 e 9 integrantes, respectivamente.57 As vésperas da votação, porém, a</p><p>; $,.tbComissão reunia 25 titulares, pois a Liderança do PMDB obtivera mais</p><p>)'-·duas vagas e as preenchera com a indicação de dois progressistas:</p><p>:· Percíval Muniz, indicado para a 12� vaga em 14 de abril, e Márcio Lacerda</p><p>:,'.J)ara a 1Jil em 20 de maio, antevéspera da reunião de votação.ss Além</p><p>'./disso, o moderado Ivo Mainardi já era considerado como alinhado com os</p><p>;.-'.progressis tas. 59</p><p>e-. Com isto, os titulares da Subcomissão VI-C estavam virtualmente divi-</p><p>1'.didos em dois blocos de 12 membros, com o 252 ocupando a posição de "fiel</p><p>\h:ta balança". De um lado, o bloco conservador, com Arnaldo Rosa Prata, Jorge</p><p>{.V:ianna, Rachid Saldanha Derzi e Roberto Cardoso Alves (PMDB); Alysson</p><p>f!fa_ulinelli, Edison Lobão, Jonas Pinheiro, Maluly Neto e Victor Fontana</p><p>['.'.(PFL);60 Vrrgílio Galassi (PDS), José Egreja (PTB) e Mauro Borges (PDC). De</p><p>t:utro, o bloco progressista, com: Benedicto Monteiro, Ivo Mainardi, Mãrcio</p><p>(PMDB): se, por um lado, teria admitido, 'llo período eleitoral, aoeitar o apoio da UDR (Fofüa</p><p>de São Paulo, 06/08/1986, p. 7), por outro, nos dias que anteCEdexam a votação da Subco­</p><p>-<-; missão, teria declai:ado: A UDR é um segmento da extrema d!raita que nác representa o no.s.so</p><p>1:. pe218amento. Nouo projeto é o da FhmteAmp!a ( ... ), à qual a UDll não está vim:ulada (O Globo,</p><p>"f •. 21/05/1987, p. 7). Outra amostra exprassiva da preocupação am não vinm.tlar a pr6pria ima­</p><p>, t · gem à da UDR foi o pronunciamento do ultra.conservador Amaral Netto na $(),;são da ANC de</p><p>,,,-, 28 de maio de 1987, ao comentar os embates entre poogresslstae e conservadores ocorridos</p><p>-:: · na então recém-oocerrada fase O.as Subcomissóes, um órgão de direita que repudio de públí-</p><p>)- �a:=�:::.1�-�!�!:i��:a�s=:�����=:o.�ºd:-'"�on:1:r �!ª::</p><p>.�i: e não quero ter, nem quero saber. Lastimavebnente, tenho idéfas ( ..• ) que �s vezes c::oá.lcidem</p><p>\ · com as da UDR. Não vou mudá-las só por mso, mas a mim mr..m:io me penitencio por ter de estar</p><p>• '· ao lado da UDR nesse caso. Ata da 73ª Sessão, Anaís·da A.ssambléia Nacional Constituinte, vo!.</p><p>• t' 4, p. 2307. Não obstante, a UDR adentraria o ambiente parlamentar nos dias que antecede­</p><p>.' ram. a voteção do Anteprojeto, com seus integrantes percorrendo gabinetes parlamentares, i;: ocupando Jobbles e galerias do Congresso Nacional. A partir da( conseguiria impor $U8. pre­</p><p>::. sença na Constituinte, num crescendo que atingiria o ápice oom a participação de Ronaldo</p><p>• Caiado nas negociações que antecederam as votações em Plenário, =o veremos aind.a</p><p>�-; neste e no Capítulo 7.</p><p>\��</p><p>.</p><p>: Ver o Anexo 11 deste trabalho e. acima. Cepítulo 2. 2.1.</p><p>� Os oficies com as n,spectivas lndica;ões foram traDscrltos nas Atas da 6Qll e da 68" Sessões,</p><p>�t' Anais. .. , vol. 4, pp. 1692--8 e 2062.</p><p>r� Ve,r Canelo Brasiliense, 19/05/1987. p. 6; O Globo, 20/05/1987, p. 8; Jomal do BJasU, 20/05/1987,</p><p>(1'' Jl.5.</p><p>Em 14 de maio, o líder Jos6 Lourenço substituiu Assis Canuto por Maluly Neto. ver Ata da 1611</p><p>Reunião da Subcomissão VI-C, Atas des Comissões, Suplemento ao n<> 101 do Diário da</p><p>/',. AS;SemJ;,1.éia Nacional Constituinte, p. 70.</p><p>"</p><p>Lacerda, Oswaldo Llma Filho, Percival Muniz, Raquel Capiberibe, Valter</p><p>Pereira e Vicente Bogo (PMDB); Amaury Müller (PDT), Irma Passoni (PT),</p><p>Aldo Arantes (PC do B) e Fernando Santana (PCB). Indeciso até a véspera da</p><p>votação, o voto de Santinho Furtado seria decisivo.61</p><p>Um outro fator de desequilíbrio poderia ainda alterar o resultado espera­</p><p>do; a eventual ausência de titulares do PMDB, pois os suplentes estavam</p><p>também divididos e, além disso, como vimos, havia a circunstância inusitada</p><p>de um membro do PL (Osvaldo Almeida) ter sido admitido pela Mesa da ANC</p><p>como ocupante de uma vaga de suplente do PMDB. No� termos do acordo</p><p>Covas -Lourenço, o presidente era do PFL (Edison Lobão) ;; o relator, do PMDB</p><p>progressista (Oswaldo Lima Fi.lho).62</p><p>Em 11 de maio de 1987, o relator apresentou formalmente seu Ante­</p><p>projeto aos membros da Subcomissão.63 O conteúdo central do Anteprojeto</p><p>estava em clara sintonia com as propostas da CNRA e do MIRAD:</p><p>-" .,.,, ... �. ""'-....</p><p>co'rre�;ondência de uma obrigação social ao direito de propriedade,</p><p>f traduzida no cumprimento simultâneo de quatro requisitos: aproveita­</p><p>mento racional; conservação dos recursos naturais renováveis e pre- ·,</p><p>servação do meio ambiente; cumprimento das normas legais de tra - _</p><p>balho e de produção; área máxima de 100 módulos rurais regionais,.'</p><p>ficando a porção excedente sujeita a desapropriação;</p><p>desapropriação do imóvel que não cumprisse sua obrigação social,"</p><p>com indenização em titulas da divida pública;</p><p>imissáo da União na posse do imóvel declarado de interesse social:</p><p>para fins de desapropriação, na fase inicial do respectivo processo:</p><p>· judicial, limitando-se este à discussão sobre o valor da indenização'</p><p>proposta pela União.</p><p>O Anteprojeto recebeu uma saraivada de críticas, seja por parte das:.</p><p>integrantes do bloco conservador nas reuniões subseqüentes da Subcomis-,•,</p><p>são, seja por parte do presidente da UDR e do coordenador da FAAB em'._'</p><p>declarações à imprensa.64 Os ataques pessoais do presidente da UDR ao rela-i</p><p>61 ver, actina, peri6dicos referidos na</p><p>Loutdes Sola {Org.). O estado da tr,msigã<J; pruitica ec<>Ildmica da Nova República. São Paulo.</p><p>Vértice/Revista dos Tribunais. 1988, p. 118.</p><p>Cf. em Aspásia Cam.ugo a Eli Diniz, Continuidade e mudança no Bruil da Nova República, São</p><p>Paulo, Vértice/Revista dos Tobunais, 1989, p. 12.</p><p>uma Constituinte, no Brasil deslocou-se para o âmbito da Constituinte a res­</p><p>ponsabilidade de articular um pacto que nem os partidos, nem o governo,</p><p>nem as associações civis, nem os empresários e os trabalhadores, foram</p><p>capazes de operacionalizar",3</p><p>Aí o pacto se formou mediante amplas negociações entre forças conser­</p><p>vadoras e forças progressistas. É }usto ressaltar o papel de Mário Covas na</p><p>cÔordenação das forças progressistas em oposição ao "Centrão" que congre­</p><p>gava as forças retrógradas. A Constituição de 1988 é a síntese desse proces­</p><p>so dialético de forças opostas. Por um lado, as forças da mudança conse­</p><p>guiram introduzir nela avanços da mais alta relevância no plano da ordem</p><p>social e dos direitos fundamentais. Incluiu também disposições de relevo na</p><p>defesa da economia nacional, mas não conseguiram mudar a estrutura de</p><p>poder nem fazer a reforma do Estado, pois o maior empecilho da eficácia e da</p><p>aplicabilidade da Constituição está no fato de que· o Estado brasileiro fun­</p><p>ciona muito mal. Em suma, a Ci:mstituição não concluiu a reforma do Estado</p><p>e deixou intacta a estrutura arcaica de poder, por meio da qual as elites</p><p>conservadoras vão desfazendo as conquistas progressistas por via de suces­</p><p>sivas emendas constitucionais.</p><p>Este livro conta e interpreta esse processo dialético, buscando expli­</p><p>caç:ões para o fenômeno, raro no constitucionalismo brasileiro, qual seja, o de</p><p>uma minoria ter sido capaz de produzir uma Constituição razoavelm9l).te pro­</p><p>gressista contra uma maioria conservadora, de o procedímento constituinte,</p><p>embora defeituoso, não ter conseguido escamotear totalmente o interesse</p><p>popular.</p><p>3 Ob. cit.., p. 13.</p><p>José Afonso da Silva</p><p>Há, portanto, representativo e oxigenado sopro de gente, de rua, de</p><p>praça, de favel.a, de fábríca, de trabalhadores, de cozinheiras, de me­</p><p>nores carentes, de índios, de posseiros, de empresários, de estudan­</p><p>tes, de aposentados, de servidOTes civis e militares, atestando a con­</p><p>temporaneidade e autenticidade social do texto que ora passa a</p><p>vigorar. Como o cara mujo, guardará para sempre o bramido das</p><p>ondas de sohimento, esperança e reivindicações .de onde proveio.</p><p>Ulysses Guimarães</p><p>Introdução</p><p>Constituinte ordine geometric:o</p><p>Pouco importa a fidelidade teórica: o impor­</p><p>tante é encontrar, na teoria, os estímulos polémi­</p><p>cos que permitam os avanços fundamentais.</p><p>Antonio Negrt</p><p>Ao encerrar formalmente o longo processo de transição democrática que</p><p>se iniciou no final dos anos 1970 em nosso País, a Assembléia Nacional</p><p>Constituinte de 1987-1988 (ANC) foi palco de grandes conflitos de interesse</p><p>e opinião que haviam permanecido latentes, irresolutos ou agravados, duran­</p><p>te os anos de repressão. This conflitos ensejaram mobilizações de intensida­</p><p>de e eJdensão inéditas na história das Constituinte$ brasileiras. Entre to de·</p><p>fevereiro de 1987 e 5 de outubro de 1988, o edificio do Congresso Nacional,</p><p>em Brasília, transformou-se em ponto de afluência de múltiplos setores orga­</p><p>nizados da sociedade brasileira. 1 Ali aconteceu um processo decisório carac­</p><p>ierizado pelo dissenso, pela intensa e permanente mobilização de atores</p><p>coletivos internos e externos, por votações altamente polarizadoras e, ao</p><p>mesmo tempo - sobretudo em sua fase final-, por uma atividade igualmen­</p><p>te intensa e incessante de busca de acordos entre as lideranças das diferen­</p><p>tes forças em choque.2</p><p>Em aeU. discurso de despedida da Presidência da Asserobléia na sessão de promulgação da</p><p>Constituição de 5 de outubro de 1988, UI� Guimalães quantificou e qualificou alguns aspec­</p><p>tos desta panioipação: O anon:ne esforço é dimensionado pe).as 61.020 emendas, lllém ds 122</p><p>• ruttandas populares, algumas armi mais de = milhão de assinaturas , que fon•m aprasMtadas,</p><p>publicadas, Qisuibuidas, relatadas e votadas, no longo trajeto das suba� à redar;�o tinaJ.</p><p>A partir;,ipaçáo foi tamb,!m pela presez:iça, pcm, diariamente oaroa de dez mil postulantes h"anquee­</p><p>ram, livrem ante, as 1! entradas do = complexo arquitetônico do .Parlamento, na prooura dos</p><p>gabinetes, comissóes, galima e salóes. Há. pcm:arlto, repra.l>!!lltativo e Wt/genado sopro de ge:ote, de</p><p>rua, Qe praça, de favela, de fábrica, de trabalhadores, de oozinheitas, de menores carentes, de</p><p>indlos, de pos$e/ros, de ampresários, de estt.zdantas, de aposantaâo.s, de serv:zdore:s' cMs e milita­</p><p>res, atestando a oontempo;raaeidade e a utentlcidadesocfaJ do taxto q,.,e ora� a vtgoraz. Como</p><p>o carrunujo, guardará para sempre o bramido das anda.s de sokimaito, esperança e reivindicações</p><p>de ande proveio (Guimarães, Ulysses e outros. Estatuto do Hmnem. da Liberdade e da Demo­</p><p>cracia. Brasma: Câmara dc»i Deputados, 1988, pp. 9-10).</p><p>O vetenmo colunista politi,;,o e repórter congressual Villas-Bwcs Couêa Ilustrou em dois artigos.</p><p>tom admiração e cleoepgão separados pelo flmro do tempo e dos acontecimentos, a peroepgão</p><p>do inec!itlsrno clo grau de participação r.xtraparlamentar e de sua variação na Constituinte de</p><p>1987-88. Em "Constituinte como esta nunca houvé" (Jornal do BrasJ.I, 16/08/1987, p. 7), analisa­</p><p>va com esperança a ocupação das depE!nclêl:l.oias parlamentw:es pelo povo: As multidões :reencon­</p><p>traram os roteiros da Gonstituint& e estarão presentes ;na prog.ramaçáo das votações deoisivas. Já</p><p>em "Constituição nasce para vida bre,re" (idem, 08/05/1988), observava que a deserção ostensi­</p><p>va d� POVO expulso pelas suas frustr.iÇOOs abtiu o vazio que foi Jnve.dido pelos lobbies ( ... ). A <.:a.sa</p><p>1</p><p>Além disso, em face dos demais processos constituintes parlamentares</p><p>ocorridas anteriormente em nossa História, o Processo Constituinte de 1987-</p><p>88 caracterizou-se por outras peculiaridades que o fizeram singularíssimo: o</p><p>inédito procedimento de elaboração constitucional adotado, que prescindiu</p><p>da prévia elaboração, endógena ou exógena, de um projeto global inicial, e a</p><p>longa duração de seus trabalbos.3</p><p>Por isto mesmo, o Processo Constituinte de 1987-1988 constitui uma</p><p>sucessão de eventos que, para além de sua relevância histórica, abre pre­</p><p>ciosa oportunidade para a reflexão no campo da dinâmica das decisões</p><p>legislativas. E, reciprocamente, uma reflexão sobre tais eventos que enfati­</p><p>ze sua dinâmica propriamente parlamentar pode contribuir para a com­</p><p>preensão global do processo em foco, ao identificar fatores endógenos</p><p>eventualmente determinantes na configuração dos resultados das delibera­</p><p>ções. Processo decisório de caráter extraordinário - constituinte -, protago­</p><p>nizado por representantes que acumulav� mandat9 para o trato da politi­</p><p><?ª ordinária- deputados e senadores eleitos em cada Estado da Federação,</p><p>�jos mandatos, de duração predefinida, só poderiam ser abreviados por</p><p>decisão própria -, o Processo Constituinte de 1987-1988 foi procedimento</p><p>formal pàrlamentar desenvolvido no âmbito de uma instituição parlamentar</p><p>constituída: a atuação e a interferência de grupos de pressão, movimentos</p><p>sociais, grupos económicos, órgãos de formação de opinião pública e quais­</p><p>quer outros atores exógenos, institucionais ou não, passava necessaria­</p><p>mente pelo filtro do mundo parlamentar, seu ethos e suas formas.</p><p>Nesse mundo parlamentar em que política ordinária e política extraordi­</p><p>nária conviveram simultaneamente num processo que se desdobrou em 34</p><p>é deles. Estilo em todos os calltos, participando ckts reuniôes de !ideran11as, dando palpitN, impon­</p><p>do vetos, encamivh;mc!o robstieutivos. U.m desceramento de sem-vergo.nhice inédita. O� de</p><p>que seus pxognósticos não se tenham cOilfumado não dimiml:i o valDI de seu,. diagnósticos. Pata</p><p>uma visão geral do processo, ver: Bonavides, Paulo e Andzade, Paes de. Hii;tória. Constitucional</p><p>do Brasí.f. Blasflia; Centro GtMioo do Senado Fed.exal / Paz e Terra, 1989</p><p>nota no. 59 deste Ca�o. .. ,</p><p>62 ver Anexo n e, aolma. Capitulo :i. Seções :1.1 e:!.:!. Para a oomunkação de Ulysses à Subcomissão•.</p><p>sobre a vaga ooncedida ao PL, V8"I Ata da 15" Reunião da Suboomlssão VI -C, Atas das ComissÕ""•-;</p><p>Suplemento ao ng 99 do Diário ... , p. 146. .:</p><p>63 Ata da 15"Reuniá<I ...• pp. 146-147. N"a oomana anterior, um esboço do texto, dúitxibuido pelo reis-..</p><p>tor aos membros da Subcomissão para orie:ntar as negociações sobre pontos polêmlcos, t�a:</p><p>"vazado", provoc:ando pesadas orítioas da liderança do PDS e explicações do relator no PJenári0_ ·</p><p>da ANC. Ver Ata da 61" Sessão, Anais da As:sembléia Naru·onaJ. Constitt!Í.llte. vol. 4, pp. 1743--6. ·.:: 64 Atas da 15". t?""e 18"Reuniões, Afaeda.s Comis.sôe,s, Suplêruanto ao no.101 do Diário ... , pp. 70..SO, ."</p><p>80-1 e 81-90, respectivamente. Ronaldo Caiado tetia considerado o Anteprojeto antiétloo, iridBO/r :.-</p><p>98</p><p>. tot ievanun a Subcomissão a aprovar, em 19 de maio, moção de desagravo a</p><p>/ OsWaldo Lima Filho.65</p><p>:,,:·. Naquela mesma reunião, porém, uma jogada em dois lances marcou o</p><p>:;; ' illÍcio da reação conservadora: o presidente Lobão divulgou a decisão de</p><p>�UJ.ysses sobre a apresentação de substitutivos, e ratificou sua admissibilida­</p><p>;, de no âmbito daquela Subcomissão;66 logo em seguida, o conservador</p><p>{: ,Arnaldo Rosa Prata (PMDB) apresentou substitutivo de sua autoria, também</p><p>t{,subscrito por Jorge Vianna, Rachid Saldanha Derzi e Cardoso Alves (PMDB),.</p><p>:ftÁJ.ysson Paulinelli, Jonas Pinheiro e Maluly Neto (PFL), José Egreja (P'I'B) e</p><p>:Mauro Borges (PDC).67</p><p>·rt Em síntese, o Substitutivo Rosa Prata (como ficaria conhecido) diferen­</p><p>-se do Anteprojeto do relator nos seguintes conteúdos:</p><p>substituía o termo obrigação por função social e retirava a exigência</p><p>de simultaneidade no cumprimento dos requisitos, eliminando a fix a ­</p><p>ção de uma área máxima para a propriedade rural;</p><p>somente permitia a desapropriação de propriedade rural improdutiva</p><p>definida em lei {tal como pretendia a UDR), garantindo o pagamento</p><p>em dinheiro da indenização relativa às benfeitorias;</p><p>assegurava plena defesa ao desapropriado no processo de desapro­</p><p>priação.68</p><p>: Em 23 de maio, a Subcomissão realizou duas reuniões: uma matutina,</p><p>. · leitura do parecer do relator sobre as emendas, e outra vespertina, para</p><p>·. ção, que se prolongou até a madrugada do dia seguinte.69 Na reunião</p><p>a� e arbitráúo e teria afinnado: Uhl projett, como este só pad$ria u,r saído de wnamante tia de Wlla peswa que quer transferir para 1987 os prob/emas polidoos que rm.fre.atou em 1964</p><p>E� de São Paulo. 14/05/1987, p. 5) - Oswaldo Lima Filho foi ministro da Agricultura do</p><p>rno Joijo Goulart (1963-4). Roberto Rodrigues tena oonsiderado o Anteprojeto L-1ZUa ameaça à edadepriva(ia (O Estado •.• , 17/05/1987, p. 5). A iutansidade das reações ao AD.teprojet.Q teria o ministro Dante de Oliveira a ir pê,isoalmente ao Congresso em 15 de maio, pa:ra negociar allanoada do PMDB a aprovação do texto (�eta Mercantil, 16/05/1987, p, 8),</p><p>a 1911. Reunião, Atas das Comissões, Suplemento ao nn 101 do Diário ...• pp. 106-7.</p><p>p. 98. Após a le.itura, Lobão afirmou: Eu entendi que os substitUtiVo.5" são pennitidos, mas, me certif;car detinitivamente do que eu wtava Jnte,pretando, telefonei daqui mesmo ao</p><p>., ·o da Me.,,a, Dr. Paulo Afonso (. .. ). Dis.5>.!-me ele que a inM,preteção é correta, isllo ll, pode -- fWto o substitutivo integral, dasde que esse stlb.stitutivo niío diga respe!to a 0110-as</p><p>�e.;,(. .. ) . Mas Wl'.l subscimdvo adstrito ao problema da retonna ag:r{ma, da questão fun­·i:Uária e da questão agrlcola, no caso presente poc:ie ser admidd-0, portanto, substituindo par intaf­. .)"o o anl:aprojeto do Relator. ·,làem, pp. 99-102. Somente ttês integrantes do bloco ooii:se.rvador não subsc:revaram o</p><p>,\Substittitivo Rosa .Prata: o prQS.idente LOW.o, Victor Fontana (PFL) e V:agilio Galassi (PDS). ']deJn, pp. 101-2, t_Ata da 2QII Reunião, Atas dat; Comissõe,;, Suplemento ao no 102 do Diário da Assernbléia Nacional</p><p><:Cow!tttuinte, pp. 107-9, 8 Ata da 2111 ReUDiâo, Atas das Oor.nissãe:s, Supi<llll<lllto ao Jlll 104 do t. Dlán.o ... , pp. 126-74. O clima era de forte tensão desde- a véspera. quando militantes dos movimen-</p><p>99</p><p>m.atutina, o relator comunicou que o Anteprojeto recebera 275 emendas e que</p><p>dera parecer contrário a 227'. favorável a 30, favorável em parte a nove e con­</p><p>siderara prejudicadas as nove restantes. Ouanto aos pontos centrais do</p><p>Anteprojeto, Oswaldo Lima Filho procurou fazer algumas concessões:</p><p>acolheu duas emendas que substituíam a expressão obrigação por</p><p>função social (uma delas do conservador Victor Fontana);</p><p>acolheu também duas outras (uma delas do conservador Rosa Prata),</p><p>que previam o pagamento em dinheiro das indenizações relativas às</p><p>benfeitorias das imóveis desapropriadas.70</p><p>Após a leitura do parecer, Edison Lobão comunicou que, em face da gran­</p><p>de número de pessoas que tentavam assistir às reuniões, transferira a realiza­</p><p>ção da reunião vespertina para a Plenário do Senado Federal, a fjm de que as ,1i</p><p>ass��s P1i?-1ssem se acomodar nas galerias e apelou aos mesmos (em vão,</p><p>comO "lferemo.ij' que evitassem qualquer manifestação durante as votações. 71</p><p>'f Às 16h 08m daquele sábado, 23 de maia de 1987, iniciou-se a reunião de</p><p>votàção.'72 Até as 17h 26m, quando foi suspensa pela primeira vez, duas</p><p>questões mobilizaram as discussões: a apresentação de substitutivo e a con­</p><p>cessão de preferência para sua votação; a ausência de um dos titulares da</p><p>Subcomissão e a definição de seu suplente. Ao iniciar a reunião, Lobão comu­</p><p>nicou o procedimento a ser observado:</p><p>Será posto inicialmente em votação o Parecer, o Anteprojeto do</p><p>Relator, sem prejuizo da matéria destacada; porém, se houver pedido de</p><p>p.fderência para o Substitutivo, terá esse pedido prioridade, no exail'.le da</p><p>SUbc:omissão. Uma vez aprovado o pedido, passar-se-á à votação do pró­</p><p>prio Substitutivo que, se aprovado, encerrará o processo d e votação e com</p><p>tos patronais e camponeses começaram a se conoontrar diante do edifício do Ccngiesso</p><p>Nacional e o ministro Dante de Oliveira. pediu sua exo!leração da pasta da Refouna Agrária com</p><p>a alegação d e que seu compromisso co� a realização de eleições diretas em 1988 e bnped.ia. de</p><p>perm� no Governo após o pronunciamento de Samey pelos cinco anos de mandar.o (Jornal</p><p>do Bra...<OÍ1, 25/05/1987, p. 2; O Globo, 25/05/1987, p. 6; Veja, 2:7/05/1987, p. 34).</p><p>70 Se a mtanção ara r$duzir a res:istêru::ia consarvact,;u;a ao Anteprojeto e. com isto, a possibilidad0</p><p>de aprovação do Su..bstitutivo Ro.-;a Prata - que iewbera ptevisivel parecer contrãrio - , o expe­</p><p>diente não funcionou, como ficou logo evidente com as crlticas e objeçties f&itas por RobertO</p><p>Cwdoso Alves à decisão do relator de não acolher a elevação da dimensão mâxima das proprie•</p><p>dade5 rurais de 100 para 200 módulos, constante de emenda do moderado Santinho Furtado</p><p>(PMDB). Ata da 2� Reunião ... , p. 108.</p><p>71 Idem, p, 109.</p><p>72 Que o veterano parlamentar Femando Santana (PCB} definiria oomo a mais tumultuada =ão já</p><p>ocomda nesta Casa (O Glolxt. 25/05/198'7, p. 6). lntenomp:ida várias vezes, foi suspensa ap6s o</p><p>término das votações às 4h 25m de dorning,o, 24 de maio, l'Wberta àa 15h e s6 terminou às 18h</p><p>56m. Ata da 21.11 Reunião ... , pp. 126, 159 e 174. O autor deste tJ:abelho assistiu, •bestializado�, a</p><p>esta reunião até a quarta wteuupção, ocorcida à 1h 40m de domblgo.</p><p>100</p><p>tudo mais prejudicado. Se rejeitado o Substitutivo, voltar-se-á ao Projeto</p><p>do Relator e às emendas. 73</p><p>Imediatamente Irma Passoni (PT) recorreu da decisão ao Plenário da</p><p>Subconrissão, mas foi contraditada por Cardoso Alves, que invocou a decisão</p><p>de tnysses e ponderou que o prazo de recurso estava superado, pois a deci­</p><p>são já fora comunicada na reunião de 19 de maio. Passoni, Amaury Müller</p><p>.(PDT) e Aldo Arantes (PC do B) insistiram, mas Lobão indeferiu o pedido,</p><p>com base nos argumentos de Cardoso Alves e também no entendimento de</p><p>t qt1e recurso contra decisões</p><p>da Pre</p><p>1</p><p>sidência só caberia no Plenário da ANC.</p><p>y, .· Não obstante, o pedido de recurso oi reiterado várias vezes até a suspensão</p><p>Í'.. da reunião, por insistência de Aldo Arantes e novas iniciativas dos líderes do</p><p>f.:.</p><p>pCB, do PDT e do PMDB, do relator Lima Filho e do 22 vice-presidente Fernan­</p><p>• do Santana, sempre contraditadas por CardoSb Alves.74</p><p>!.;. Além do objetivo óbvio de impedir a votação do Substitutivo Rosa Prata,</p><p>t};' a insistência no recurso e a participação dos quatro lideres progressistas</p><p>·} tinham também um caráter de obstrução: estava igualmente em jogo a defi-"</p><p>\_ oição dos membros da Subcomissão que participariam da votação, dada a</p><p>f, ausência de um titular progressista do PMDB e a possibilidade de sua subs­</p><p>�:'tituição por um suplente conservador do mesmo partido, com a conseqüente</p><p>'_;alteração da correlação de forças entre os blocos.</p><p>if Com efeito, pouco depois o progressista Percival Muniz (PMDB) pediu a</p><p>i.t_�s�são da reunião até que se apurassem as razões da ausência do tam ­</p><p>_bém progressista Benedicto Monteiro (PMDB). Declarou que fora informado,</p><p>:' pela família de Monteiro, de que o constituinte saíra de casa para ir à reunião,</p><p>·rà que recebera ameaças telefônicas na noite anterior. 75 Antes disso, porém, o</p><p>}prÓgressista Antero de Barros já levantara questão de ordem para ser admiti­</p><p>_·ç1.o como primeiro suplente do PMDB, alegando que fora impedido de assinar</p><p>:b livro d� suplência pelo 12 vice-presidente Saldanha Derzi, que assim possi­</p><p>_"bi!itara ao conservador José Mendonça de Morais ser o primeiro a assiná-lo. 76</p><p>ti:,· Em seguida, Edison Lobão foi consultado por Osvaldo Almeida (PL)</p><p>)SObre a possibilidade de sua participação como suplente do PMDB. Decidiu</p><p>f(Iue o primeiro suplente seria Mendonça de Morais, cuja assinatura era a pr i ­</p><p>f!neira no respectivo livro. Decidiu também que o segundo suplente seria</p><p>-!Antero de Barros, e que reconhecia Osvaldo Almeida como suplente do</p><p>,,fMDB, pois ffiysses assrm o decidira. Inconformado com a Última decisão, RJ Mário Covas contestou-a sem êxito, para afinal consultar Lobão sobre a pos-</p><p>li 73 Idem, p 128.</p><p>U 74 Idem, pp 128-134</p><p>1f'. 75 Idem, p. 132. l 7e Idem, pp. 129·30. AnteIO foi obviamente contestado pelos êllVOlvidos e por Ca,:doso Alves, mas L "'''"" spoio do """'" óO Jld" do PDT.</p><p>'°'</p><p>sibilidade de substituição do suplente por outro. Lobão respondeu que acei­</p><p>taria a substituição se o líder oficiasse ao presidente da ANC e este, à</p><p>Subcomissão.77 Após repelir novas tentativas de recurso contra a decisão de</p><p>admitir o Substitutivo Rosa Prata, Lobão suspendeu a reunião às 17h26m,</p><p>para o recebimento dos pedidos de destaque e preferência.78 O "primeiro</p><p>round" terminava com duas vitórias conservadoras: com a participação do</p><p>suplente Mendonça de Morais, o bloco conservador tornavaMse majoritário e</p><p>poderia aprovar a preferência ao substitutivo admitido pela Presidência.</p><p>Reiniciada a reunião às 19h30m, novos esforços obstrucionistas do bloco</p><p>progressista se seguiram, até que houvesse outra interrupção às 20h36m.79</p><p>O progressista Valter Pereira (PMDB), secundado por Irma Passoni e pelos</p><p>líderes do PCB e do PC do B tentaram, mais uma vez, impedir a votação do</p><p>Substitutivo Rosa Prata. O relator Lima Filho levantou questão de ordem</p><p>sobre ofício através do qual ,Covas substituía o ausente Benediçto Monteiro</p><p>por �et'Q d��os. Lobão respondeu que o oficio de Covas recebera, do</p><p>presÍdenté 'tnf3ses, o despacho publique.-se, e que, em face do conteúdo do</p><p>des$acho, indagara ao Secretário-Geral da Mesa da ANC se isso significava</p><p>que·· a Subcomissão deveria aceitar a substituição e recebera respostà nega­</p><p>tiva, pois o Regimento da Câmara, subsidiário, impedia a substituição de</p><p>membro de comissão no curso de reunião de que estivesse participando.</p><p>Concluiu então: A minha decisão, com base na Regimento e com base na infor­</p><p>mação do Presidente Ulysses Guimarães, é no sentido de que n6s não devemos</p><p>aceitar a substituição. 80</p><p>Após o tumulto que se seguiu (o primeiro de uma série, como veremos),</p><p>Covas levantou questão de ordem para que Lobão aceitasse a substituição,</p><p>pois era notória a ausência de Benedicto Monteiro, no que foi contestadÕ pelo</p><p>líder José Lourenço (PFL), dado que o substituído, de fato, seria o suplente</p><p>Mendonça de Morais. Nova rodada de discussões teve lugar, mas Lobão avi­</p><p>sou que não mais aceitaria tentativas de obstrução e anunciou a votação do</p><p>pedido de preferência para o Substitutivo Rosa Prata. O que se passou a par­</p><p>tir daí foi lacónica mas expressivamente registrado no resumo da respectiva</p><p>Ata: Devido a tumulto generalizado na reunião, o Senhor Presidente suspende</p><p>os trabalhd.s às vinte horas e trinta e seis minutos, pelo prazo de vinte minu­</p><p>tos. As vinte e uma horas e quinze minutos, é reiniciada a sessã.o,81 Novamente</p><p>77 Idem, pp. 1:W.2. A Ata contém a transcrição do Ofício GP--0-199/87-ANC. de Ulysses Gu:imarãe:l,</p><p>com a seguinte clecisão: e!<CJareço que, em .razão de entendiIJwntos partidários, a vaga destinada</p><p>110 .Partido Liberal foi i::edida para o Partido do MOl/lOl&lto De.moorátlco Brasileiro, ffaando, em 00.11-</p><p>.seqüêrleia, com a re.speetiva vaga desuplent,;, (p. 131).</p><p>78 Idem, p. 134.</p><p>79 Idem, pp. 134-9.</p><p>80 Idem, p. 137. Recorde-se que, na antevéspeYa, o presidente Alolde de Oliveira admitira o ingres­</p><p>so de Onofre Couêa em circunstânciõt idêntica, verifu.ada na Subcomissão VTII-B.</p><p>81 Idem, p. 139.</p><p>nogressistaS, (..onse1vaaotes, vraem l'leonõmrca e Regras clo Jogo</p><p>·derrotado "na lei", o bloco progressista pôs fim ao "segundo round" através</p><p>f da obstrução "na marra",</p><p>ti{__ Retomados os trabalhos, reiniciou-se a "guerrilha" obstrucionista, com</p><p>!}-; 10:ogas questões de ordem apresentadas pelos progressistas.82 'Ibdas as ques-</p><p>1</p><p>"\ões toram contornadas por Bdison Lobão, até que o progressista Vicente</p><p>."'Boga (PMDB), com base nas nonnas adotadas pela Comissão da Ordem</p><p>>;Económica, pediu vista do SUbstituti.vo Rosa Prata pelo prazo regimental de</p><p>{duas horas.83 Edison Lobão acatou o pedido às 23h15m, suspendendo a rau­</p><p>:fnião pela prazo solicitado. Nesse "terceiro round", o bloco progressista con-</p><p>'.:segUiu atrasar por quatro horas a votação da preferência.84</p><p>·_: Reiniciada a reunião à 1h15m de domingo, 24 de maio, Vicente Boga</p><p><-;pelou ao presidente que não aceitasse o Substitutivo Rosa Prata, por ser</p><p>\anti-regimental, e que, se o fizesse, abrisse prazo para a apresentação de</p><p>:?iiovas emendas e destaques. Edison Lobão decidiu que, se o texto fosse</p><p>)provado, abriria prazo para apresentação de destaques às emendas já apre­</p><p>irentadas. Logo em seguida (em meio ao que a transcrição das notas taqui­</p><p>:�áficas refere novamente como tumulto generalizado), pôs em votação o</p><p>;féquerimento de preferência para votação do SUbstitutivo Rosa Prata, decla-</p><p>Ííindo-o aprovado (por treze votos, segundo a Ata) e, imediatamente depois,</p><p>; :. _s em votação nominal o próprio texto (novamente sob tumulto generaliza­</p><p>-�), declarando-o igualmente aprovado (também por treze votos, diz a Ata).</p><p>seguida, à 1h40m, suspendeu a reunião por 35 minutos, para apresenta­</p><p>ãó dos pedidos de destaque.85</p><p>},</p><p>�;? .Idem, pp, 139-49. lmla Passoni, Ctistina 'l\ware5, Femival Muniz, Fernando Sa!ltana e os lideres</p><p>);!"' , do PCB (este em várias llltervençóes), clo PDT, do PMDB e clo PT levantaram questões cie ordem</p><p>-� : sobm o Substitutivo e os procedimentos de votação. Raquel Capiberibe denunClOu ameaças que</p><p>tecebera pessoalmente e poo: telefone; AmauryMülleI denunciou que fora atw.gido por um obje­</p><p>to � das galerias. VirgUio Guimarães, Antero de Banas e Aclenur Andnlde solicitaram o</p><p>adiamento· da votação até que se soubesse o que aconteceta oom Benedicto Monteiro. Virgílio</p><p>Gllima.tães a:rgüru aillda o impedimento cios membros da Subcomissão que fossem proprietários</p><p>;.. - rurais. O esforço de obstrução do bloco progmssiilta. motiV011 questão cle ozdem, levantada por</p><p>0'· CIUdoso Alves e acolhida pela Presidência, para que esta não mais aceitasse questões de</p><p>old.em</p><p>-li�, soble matéria já decidida.</p><p>��: Para as normas i:uvocadas, ver Ata da� cla Comissão da OrclQlll Eoonômica, Atas das Comissôes,</p><p>• Suplemento� 95 ao Diário da �éia Nacional COilStituinte, pp. 242-3.</p><p>;� Como ficaria claro já na madrug-acla cle domillgo, 25 de maio, o e$l0Iço de obstrução tinha um</p><p>objetivo ccncn,to: os progressio.tas haviam localizado Beruidicto Monteiio em Belém do Pará</p><p><Para 011de. e,rtapafilldla e inC0mpJee11sive!mente, se deslocara a pn,texto de fazer wna oonfe­</p><p>�a na seccional local cla OAB) e fretaram um Jatinho para Mreoembiá-lo" a Brasília, onde che­</p><p>�a tarde clemais, como veremos iEblha de São Paulo, 26/05/1987, p. A-6; Jornal do Brasil,</p><p>25/05/1987, p, 4; O Estado cle São Paulo, 26/05/1987, p. 5; O Globo, 25/05/1987, p. 6; Veja.</p><p>03/06/1987, p. 41. Ver também, SILVA, José Goznes da. Buraco Negro. .• , cit .. pp. 71-90).</p><p>A Ata da 21A Reunião não traz a relação nominal dos votos que resultaram na aprovação do</p><p>Substitutivo, mas RobQrto Cardoso Alves, em manifestação de congratulações ao presideme</p><p>após o novo reinicio da reunião, registrou, sem conteetaç5es, os nomes esperados: além de</p><p>Ediso:u Lobão e do p16prio Cardoso Alves, voearam a favor os co.nstltuintes Alysso:u Paulinelh,</p><p>10,</p><p>Às 2h15m, a reunião foi novamente reiniciada, sucedendo-se uma discus­</p><p>são sobre a impossibilidade de vota ção de destaques. Num primeiro momen­</p><p>to, tal impossibilidade foi argüida por .integrantes do bloco progressista (Irma</p><p>Passoni, Fernando Santana, Antero de Barros, o relator e os lideres do PCB e</p><p>do PT), que insistiram na nulidade da votação do Substitutivo e anunciaram a</p><p>interposição de recurso nesse sentido perante a Comissão da Ordem Econó­</p><p>mica. Porém, dentro do próprio bloco. Percival Muniz e Virgílio Guimarães dis­</p><p>sentíram publicamente da estratégia.86 Logo depois, porém, ocorreu um fato</p><p>novo: por volta das 3 horas, Bet1edicto Monteiro chegou e assumiu seu lugar</p><p>na reunião, com a conseqüente saída de José Mendonça de Morais. Inverteu­</p><p>se com isto a maioria, agora em favor dos progressistas, já que o moderado</p><p>Santinho Furtado estava votando com estes.87 A partir dai, através de ques­</p><p>tões de ordem levantadas por Cardoso Alves, foi o bloco conservador que pas­</p><p>sou a defender a tese da impossil:dlidade de destaques.BB Sém sucesso,</p><p>poréin:"àS�ni de domingo, Edison Lobão pôs sucessivamente em votação</p><p>cinqç destaques, a.pre�entados pelo relator, para votação em separado dos</p><p>arti�os 211- a 6l! do Substitutivo Rosa Prata. Todos esses dispositivos foram</p><p>suprimidos por 13x12, ficando o texto reduzido a dois artigos.89</p><p>Jona.r Pinlletm, Jorge Vianna, JOS<á Egmja, José M,mdonça de Morais, Maluly Neto, Mamo</p><p>Borges, Rachid Saldanha Derzi, Rosa Prata, Victor Font.ma e Vugilio Galassi (pp. 127 e 150·1).</p><p>Paulinalli, Pwheiro, Vianna, Mendonça de Mmals, Ma!uly Neto, Rosa l'nlta e Galas si o declara•</p><p>ram pessoalmente ao término dos trahalhc-s (pp. 161-70). O tumulto dwante as votações foi tal</p><p>que lrma Passoni, Amaury Müller e Ivo Mahlan:li declarru:,mi que sequer ouviram a chamada. de</p><p>seus nomes (pp. 150, 154 e 162). Ver também Buraco Negro ... , cit., p. 82.</p><p>86 Ata da 21AReullião ... , pp. 150-4. Naquele momento, os conservadores oontinuavam com maioria</p><p>na S!iboornisaão. Objetivamente, toda a discussão facilitava a obstrução.</p><p>87 A Ata da 2111 Reunião não registra a chegada de Benedieto Monteiro, ap,m.as a sua presença</p><p>na lista geral de todos os participantes da reunião (p. 127) e seu pronunciwnerito ao término</p><p>dos trabalhOl:i (p.162)- sobro a questão agrárla em si, sem qualquer alusão às razões de seu</p><p>compa!llcimento tardio -, mas o fato ê púl:ilico e notório (ver Folha de São Paulo, 26/05/1987 ,' p.</p><p>A-6; Jornal d o Brasil, 25/05/1987, p. 4; O Globo, 25/05/1987, p. 6; Veia. 03/06/1987, p. 41: SILVA,</p><p>J. G. da. Buraco Negro ... , cit. p 84-6.), além de se traduziI implicitamente nos resultados sub­</p><p>seqll.entes e na contradita do líder do PC do B, Aldo A:i:antes (p. 158), à questão de ordem</p><p>levantada por Ga<doso Alves sobre a manutenção do relator (ver adiante): Na verdade, aque­</p><p>les que apoiaram o Substitutivo Rosa Prata, que atá há pouco tmhia.m maioria, agora n.!io repre­</p><p>sentam a maioria. O Constituinte Oswaldo Lima Hlho representa a maíoria dessa Sr.Jbcomissão.</p><p>e esea é a realidade concreta.</p><p>88 Ata da 21-" Reunião .•.• pp. 155-6.</p><p>89 Jdam, pp. 156 e 159. A Ata também não mgistra o resultado nominal, mas a reconstituição é fácil</p><p>e óbvia: votaram a favor dos destaques e, oonseqüenterrumte, peta supressão dos artigos do</p><p>Sl.lbstitudvo 1losa .Prata, Akio Arantes. Amaury Müller, Benedicto Mont.el!o, Fernando Santana,</p><p>lnna Passoni, Ivo Mairuudi, Márcio Lacerda. Oswaldo Lima Filho, Percival Muniz, Raquel</p><p>G8µiberibe, Santinho Furtado, Valter Pereira e Vicente Bogo; votaram contra os destaqUes e.</p><p>assim, pela manutenção dos artigos, os constituintes Alyswn Paullnelll, Cardoso Alves, Edison</p><p>Lobão, Jonas Pinheirc, Jorge Vianna, José Egreja, Maluly Neto, Mauro Borges, Rachld Saldanha</p><p>Derl<i, Rosa Prata, Victor Fontana e Vi.rgílio Galassi {ver Folha de São Paulo, 26/05/1987, p. A-6:</p><p>Jornal do Brasil, 25/05/1967, p. 4). Os dispositivos foram assim consolidados pelo relatoI: Art.1r,.</p><p>É garruJtido o direito de propriedade de imóvel rural, que deve cumprir uma função social . .Pará·</p><p>1-'!'0QieSSlsta.s, vonsarvaoores, umem 1>cOJlOIIUca e ttegraS ao ..rogo</p><p>Concluídas as votações, Cardoso Alves levantou questão de ordem</p><p>r. sobre a manutenção do relator, pois seu Anteprojeto fora derrotado. Fbi con­</p><p>t: traditado pelo próprio relator, que invocou a decisão de Ulysses a respeito.so</p><p>f 1,obão confirmou a manutenção do relator e, às 4h25m, suspendeu a reunião</p><p>,,. oit: para que este apresentasse, às 15h daquele mesmo domingo, a redação</p><p>�-: finaJ..91 Reiniciada a reunião à tarde e lida a redação final, sucederam-se pro­</p><p>�· nunciamentos de líderes e integrantes dos dois blocos sobre os acontecimen­</p><p>f{.ws havidos e a reunião foi finalmente encerrada às 18b56m de 24 de maio,</p><p>f;)após ser interrompida mais uma vez, a fim de fazer cessar tumultos e agres­</p><p>(-sões de seguranças a jornalistas nas galerias,92</p><p>e</p><p>b - Embora nenhum dos blocos tenha conseguido aprovar suas propostas, a</p><p>13/>v:i.tória conservadora foi inequívoca, pois o pífio texto aprovado configurava h</p><p>fT' um retrocesso no tratamento constitucional da questão agrária em face do</p><p>�}status quo então vigente - a Carta do regime militar.93 De nada adiantaram o</p><p>�':Controle da Relataria, a inclusão de dois titulares progressistas e o alinha­</p><p>�"iIÍ.ento do titular moderado do PMDB em face da incompreensível ausência de</p><p>'\Benediato Monteiro e aos jogos procedimentais das Presidências da ANC e</p><p>'�fui. Subcomissão: tnysses Guimarães colaborou para a produção do resultado</p><p>'.� sua dubiedade florentina, tanta na decisão sabre os substitutivos, quan­</p><p>,'fc, em seu publique-se, ao despachar o requerimento de Covas para substituir</p><p>'.,iíénedicto Monteiro por Antero de Barros; Ed.ison Lobão te:;; a sua parte ao</p><p>'</p><p>�decidir as mesmas questões com base nas ambi.gilidades ulyssistas e contra</p><p>:OS int;resses do bloco progressista. Este só evitou uma derrota mais acacha­</p><p>/P.ánte graças à capacidade de obstrução demonstrada por-seus integrantes</p><p>grafo único - A funçáo social é c;umprida gtz11ndo a propriedade; a) é .radona.lnlanta aprovei•</p><p>tada; b) oon.serva os recursos narurais renováveis- e p•�i:v11 Q meio ambiente; e) �rva e.s</p><p>di.sposiqões legais que regulam as relações da trabalho; e d) iuopicia o bem•asta1 dos proprie­</p><p>tárioo e dos trabalhadores que dela dependam. Alt. 211. A Juutiçe Federal criará veras espe•</p><p>clais para dirimlr ao.ntlitos" fundiários nas regiões de tensão ..ooial. Em face dos dispositivos</p><p>correspondentes do Anteprojeto do relator, as diferenças são duas: a prlm.eira, a :retirada da</p><p>Wgência do atendimento simultâneo de todos o:;: requisitos para o cumprimento da função</p><p>social; a segunda, a substituição da criação de uma JuITTiça Agráda pela criação dfit varas</p><p>a�ias da Justiça</p><p>Federal.</p><p>Ata da 2111 Reunião ... , p. 157. 8eguiu•se rãpido •bate•boca" entre Oswaldo Lima Filho e o lídar</p><p>do PFL, José Lourenço, que apoiava a questão de ordem de C!IIdoso Alves. Sobra a decisão a ser</p><p>tom.ada por Lobão, Lourenço chegou a dizer a Lima Filho: Se o .Pra$1dente ouvis.& seu Jfder (o pró•</p><p>prlo Lourenço], destituiria V. Ex" agora mesma</p><p>Idem, p. 159.</p><p>Idem, w. 159-74,</p><p>EXpressiva indicação dessa peroepção foi o conteúdo da nova troca de farpas entte Oswaldo</p><p>Lima Filho e Ronaldo Caiado, registrada pelo jornal O Globo (26/05/1987, p. 8): segundo o rela-</p><p>tor, .Fbl a VDl'i quem liderou e oonduziu os trabalhoo da Subcomissão; o presidente da UDR decla­</p><p>:rou: A eSqu.e.rda ti tão infantil e incompetente que, se nAo existisse, t;enamc,, de criá-la.</p><p>Sllbesttmaram nossa r:apaGida,fu e isso nos dom a vitória. Essa votaçáo v.ãti entrar EJ.OS momeutos­</p><p>hlst6ricos ds VDl'i.</p><p>'"</p><p>ao ganhar tempo para viabilizar o comparecimento de Benedicto Monteiro e</p><p>a inversão do quórum.94</p><p>3.4. Subcomissão VI-A</p><p>Naquele mesmo 24 de maio, realizou-se a reunião de votação do Ante­</p><p>projeto da Subcomissão de Princípios Gerais, Intervenção do Estado, Regime</p><p>da Propriedade do Subsolo e da Atividade Econômica (VI-A). A composição</p><p>dessa Subcomissão sofrera uma alteração que l.Íão modificava a correlação de</p><p>forças entre conservadores e progressistas: o PTB abrira mão de sua vaga,</p><p>que passou para o PMDB. Para ela, porém, foi designado o conservador Nyder</p><p>Barbosa. Com isto, o bloco conservador continuava potencialmente com 16</p><p>membros na Subcomissão: nove, de partidos de direita (5 do PFL, 2 do PDS, .;</p><p>e 1 do PL) e sete conservadores do PMDB. O bloco progresslsta reunia três ,,</p><p>prSgle's'§istâ!!f'do PMDB e três membros d</p><p>1</p><p>e partidos de esquerda (PDT, PT e )i</p><p>�B), podendo alcançar sete votos se a e e se agregasse o moderado Ismael j</p><p>Wan.derley.95 A vantagem conservadora continuava larga. Nos termos do</p><p>acordo Covas-Lourenço, a Presidência cabia a Delfim Netto (PDS) e a</p><p>Relataria ao progressista Virgildásio de Senna (PMDB). 1·</p><p>Em 12 de maio, o relator entregou seu Anteprojeto à Subcomissão. No</p><p>que concerne às questões que interessam a este trabalho, o texto apresenta­</p><p>va os seguintes conteúdos:</p><p>tratamento privilegiado em matéria de compras e incentivos governa­</p><p>mentais à empresa nacional, definida como aquela cujo capitál e con­</p><p>trole decisório pertencessem a brasileiros;</p><p>94 É preciso obsexvar que as tentativas de ganha! tempo contaram com alguma complacência do</p><p>presidente Lobão, pois os intervalos entre ali =pen!:li'>es e :reinícios da reunião, até a chegada.</p><p>de Benedicto Monteiro, somaram cerca de cinco hora,s e meia.</p><p>95 Ver Capitulo 2, 2.1, e Anexo II. Para a com:e.,;isão da nova vaga ao PMDB e a designação de seu</p><p>ocmpa11te, vet regi.stro dos oficias da Presidência da ANC e da Liderança do PMDB na Ata da 14L</p><p>Reunião da SUbcomissãio, Atas das Combisões, Suplemento ao n<> 103 do Diãrio da Assembliáia -</p><p>Nacional Constituinte, p. 115. Para a troca de vaga do PTB, ver Oficio do ![der Gastone Righi na</p><p>Ata da 1511 Reunião, Idem, p. 123.</p><p>PMDB: Cnnseryadores: AD;,ano Franco, Antonio Carlos Franco, Gil Cesar. Gustavo de Faria, !rapi,á · �</p><p>Costa Junior, Marco.s Lima, Nyder Barbosa e Renat.o Johnsson (titulares); Basco França, Jorge</p><p>Leite, Leopoldo Pere2 e Paulo Mincarone (suplentesl. ProITT%§igtas: Gabrlsl Gl18ffl!iro, Hélio Duque ·­</p><p>e Vugildásio de SellllB (titulams}; João Cunha. Luiz Alberto RodriQU<ilS, Nelton Friedri.c,h e Tootônio ,;</p><p>Vilela Filllo ($1.lplentes). Mgderado,;;: Ismaêl wanderl,;yy (titular}; Fernando Velasco, Henrique Eduar- ,.</p><p>do Alves, Rainnmdo Lira e Ronaldo Cezar Coelho. PFL: Antôn\o Ueno, OOson Machado, Jalles Fbu­</p><p>t.oura, Raquel Cândido, Rubem Medina (titulares); Hugo Napoleão, Jessé Freire, Jonival Lucas, J05é</p><p>:MOUia, Stélio Diafl (suplentes). PDS: Delfun. Netto, Roberto Campos (titulales); Daroy Po:.za, Virgílio</p><p>Távora (supleutoo). PDT:Luiz Salomão (titula:c); Casar Maia (suplente). PT: VladintJrPalmeila (titu-</p><p>lar); EdlUIWO Jorge (sup\eme), PL: AfifDoxningos. PSB: Beth Azlze. ,f.</p><p>106</p><p>previsão de nacionalização progressiva dos bancos estrangeiros e ou­</p><p>tras empresas financeiras;</p><p>o aproveitamento dos potenciais de energia renováveis e não renová­</p><p>veis, dos recursos hídricos, bem como a pesquisa e lavra de recursos</p><p>minerais só poderiam ser concedidos ou autorizados a brasileiros ou</p><p>empresas nacionaiS;</p><p>monopólio estatal do �etróleo, seus derivados e do gás natural, aí</p><p>compreendidos a pesquisa, a lavra, o refino, o processamento, a im­</p><p>portação, a exportação e o transporte (marítimo e por dutos), incluí ­</p><p>dos os riscos e resultados;</p><p>monopólio estatal de minérios nucleares e materiais férteis e f'isseis,</p><p>aí compreendidos a pesquisa, a lavra, o enriquecimento, a industriali­</p><p>zação e o comércio;</p><p>- possibilidade de criação, por lei, de outros monopólios estatais.96</p><p>�.; Naquela reunião, não houve debate sobre o Anteprojeto e as reuniões</p><p>Ç · marcadas para discussão da matéria não se realizaram por falta de quórum. 97</p><p>;f Aparentemente, o bloco conservador, majoritário, adotava a estratégia do</p><p>;,,.· Silêncio e da baixa visibilidade: não discutiu nem apresentou substitutivó for-</p><p>f'.·: ·</p><p>(!,·��-� is'·� Atada 14'-Reunião, Atas das Cami.ssõe8, Sup]emeoto aon<> 103 doDlárlo daAssembléiaNacional 1. ·. · Constituinte, pp. 116-7: Art. 6A04-Empresa nacicmal, para toda&os fins de direito, é aquala =­</p><p>/; :_..</p><p>titi.úda e cam sede no hfs, na farme de lei, cujo oontroJe decisório e de capital pert,m,;a a ]Naqj]ej •</p><p>.ros. Art. 6A05-À empresa privada nacional sei--á wspens!ido i:ratamento difewnciadono qi.ae oon­</p><p>l:.' : · · aerne ãs compras govemament8Í8 e concessões <re incentivos, na fwma d.a k;,i. ( ..• ) M. 6A0 7 - A lfli ijlj .. . poderá definir, no interesse namonaJ,.os .set= vedados ã atividade de amp,-esa privada neciooa!,</p><p>�- .i''. da empresa. estrangeira, criM e ertinguir monopó]ios. ( ... ) Are. 6A.1� A lei diJ;poiá sobna o reg.irue</p><p>· ;:;;: · de bancos de depósito, de empresas koan� de seguro&, de cap.italizaçáo, de oonsó.ro.ioo e</p><p>·> outras ativ:idades- financeiras. § 1�- A empresa estrangeira que ã data da p.Him�ção desta</p><p>i/'c,. Consdtuigáo e&liVl!r operando nas ativided.-s ar.tUJlleredas no caput de:rte llrtigo terá prazo para .</p><p>1</p><p>�.·:.·.; :. se aahsfor:mar em empresa nacional como conceituado nesta. Constituígáo. ( ... ) Art. M16- O apro-</p><p>�, veítamento de,; potenCUIÍ11 de enezgia, r,movávais e não-mnovávais, e dos recunros l:ádricos, bem</p><p>. k.</p><p>como a pesqwt;a e e Je!/Te ckJs recurso.v minereis, depandém de autm"izagiw ou uonces.sáo dQ .A:)d&r</p><p>v Púb1ioo e somente serao aut:arizados ou concedidos, na funna da lei, a brasilefros ou a empresas</p><p>!li,:· · nacionais. (. .. ) M. BA19- Constituem monopólio da União: 1 - a p,.'ISquiga, a !avia, o :retino, o procee-</p><p>1, · · samanto, e importaçáo e exportação, o transporte marítimo e em oondueos, do petróleo e seus-der i ­</p><p>#t · vados e do gás natur-al. ""' território nacional; If - a pesQUi,ia, a la11Ta, o enriqilecimenro, a lndus­</p><p>!t· · tdalização e o comércio de minério$ nucleares e materiais iêrteis e fiIJseis . § 1 � - O monop611o des­</p><p>J · crito no il'.Jalso I. deste artigo, inclui os riscos "resultados deconentes das- atividades ali meneio-</p><p>{\�·.· nadas, ficando vedado à União conceder qualquer tipo de panir:i.peção, em espécie, amjazfdas de</p><p>Jf;. PWáJeo ou de gás mmuaJ.</p><p>1;{:: 97 A Ata da, 144 Reunião (p. 123), matizada em 12 de maio, registra a previsão da cinco reuniões</p><p>f/:.-</p><p>para discussão do Anteprojeto, até a entrega do Paieoer do xelator sobre as êmendas a serem</p><p>apmuentadas: no entanto, a 15&Re união, reaiil!ada em 23 de maio, foi já a de leitura do Pru:eoe:r</p><p>do mlatot. A falta dê qu6rum para as reuniõe� de discussão foi refurida por Luii Salomão {PDT)</p><p>durante a 16A Reunião, dê votação (ver, abaixo, nota n� 110). Ver também Relatório Fml:ll de</p><p>Vlrgijdé,sio de Senna, Ata da 17" Re-wuão, Atas daJ; Comissões, Suplemento ao IJl!.104 do Diáno •.• ,</p><p>PJ). 100-1.</p><p>mal, e adotou a tática</p><p>do que seria chamado de substitutivo picotado, através</p><p>do apoio a emendas para substituir cada um dos artigos ·do Anteprojsto,</p><p>como veremos. Na noite de sábado, 23 de maio, o relator apresentou seu</p><p>Parecer sobre as 377 emendas recebidas, manüestando-se favoravelmente a</p><p>apenas 13 delas, que não versavam a matéria aqui focalizada. Imediatamente</p><p>após a leitura do Parecer, o presidente Delfim Netto encerrou a reunião.98</p><p>Às 10 horas de domíngo, 24 de maio, iniciou -se a reunião de votação,</p><p>que se estendeu até lh 06m de segunda-feira.99 Delfim determinou a leitura</p><p>dos pedidos de destaque para votação em separado de dispositivos do</p><p>Anteprojeto do relator, dentre os quais estava o que incidia sobre quase</p><p>todos os 20 artigos do texto, subscrito pelos conservadores, Gilson Machado,</p><p>Irapuan Costa Junior, Renato Johnsson (PMDB} e Rubem Medina (PFL).100</p><p>Delineava-se o primeiro passo da estratégia conservadora: derrubar, um a</p><p>um, os dispositivos do Anteprojeto. Após a leitura dos destaquej:l, Delfim pôs</p><p>em �ota_ç{!.o gl<?_!?al o Anteprojeto, que foi aprovado por unanimidade pelos 23</p><p>titulà'r;S pI'es�tes.101 Delfim iniciou então a votação dos destaques apresen­</p><p>tadj:;ls pelo bloco conservador, sem qualquer discussão ou encaminhamento.</p><p>t Um a um, os dispositivos do Anteprojeto foram derrubados pela maioria</p><p>conservadora, com os resultados oscilando, na maioria dos casos, entre 14x9</p><p>e 15x8. Houve ao todo 27 votações em separado de dispositivos do</p><p>Anteprojeto, três das quais quase unânimes. Das 24 votações que marcaram</p><p>a divisão entre os blocos, dez foram decididas por 15x8, seis por 14x9, três</p><p>por 16x7, três por 15x7, uma por 14x8 e outra por 16x6. Como se vê, em ape­</p><p>nas quatro votações o bloco conservador reuniu o número de 16 votos previs­</p><p>tos. Isso porque, nas 24 votações polarizadoras, Raquel Cândido (PFL) não</p><p>votou uma única vez sequer com o bloco conservador, deixando de votár em</p><p>três votações, embora numa delas tenha encaminhado a favOr dos progres­</p><p>sistas, com quem votou em 21 das 24.102</p><p>Nas dez votações decididas por 15x8, em que se caracterizou a compo­</p><p>sição básica dos dois blocos, a divisão foi a seguinte: votaram "sim" aos arti-</p><p>98 Ata da 1�.Reuniâo, Atas das Co.mts'9ôes, SUplamento ao nQ. 103 do Diár:io .. ., pp. 123-5.</p><p>99 Ata da 1611 Reunião, Ams das Gamissôes, SUplemento ao nl2 104 do Dlério .... pp. 45-100. Houve</p><p>apenas uma Interrupção, das 15 às 17h 30Ill, para a!moç,o (p. 68).</p><p>100 Idem, p. 46.</p><p>101 Idem, imdem.</p><p>102 Idem, pp, 45-67. Votaram sempie com o bloco oonsiervado1; Antõnio Carlos Franco, Gustavo de</p><p>Faria, Jrapuã Costa Junior, Marcos Lima e Nyder Barbosa (PMDB); António Ueno, Gilson Maollado.</p><p>Ja!Jes Fbntoura e Rubém Medina (PFL); Delfim Netto e Roberto Cam� {PDS); MifDomJngos (PL).</p><p>Albano Franco (PMDB) Vl'.l1:0u quatro vezes com os progtesslstas, Gil Cesar (PMDB). duas, e</p><p>Renato Johnsson, uma (este último em m.atéiia meramente prlnci.piol6gica). Votaram sempre com</p><p>os progressistas: Hélio Duque e Ismael Wanderley (PMDB), Vladimir Palmeira (PT) e Beth Azjze</p><p>[PSB). Gabriel Gueneiro {PMDB) Vl'.l1:0u quatro vezes com os conservadores e se abst:6-ve uma -</p><p>Luii Salomão (PDT) votou wna vez com os cons=adores (por equívoco tático, segundo_ esclare­</p><p>ceu postel'ÍOIJllente - p. 52). e Vugildásio de Se= não teve seu voto reg:istrado uma vez.</p><p>108</p><p>>-.-os do Anteprojeto os constituintes Gabriel Guerreiro, Hélio Duque, Ismael</p><p>,{�anderley, Virgildásio de Senna (PMDB), Raquel Cândido (PFL), Luiz</p><p>l' aiornão (PDT), Vladimir Palmeira (PT} e Beth Azize (PSB); votaram "não" os</p><p>;ô"m}stituintes Albano Franco, Antônio Carlos Franco, Gil Cesar, Gustavo de</p><p>{' , lrapuan Costa Junior, Marcos Lima, Nyder Barbosa, Renato Johnsson</p><p>fr,IDB); Antônio Ueno, Gilson Machado, Jalles Fontoura, Rubem Medina</p><p>iPFL), DelfiIXl Netto e Roberto Campos (PDS), Afif Domingos {PL).103 Como</p><p>· F remos a seguir, das sete votações que interessam diretamente a este t ra ­</p><p>i :alhO, quatro foram decididas por 15x8, duas por 14x9 e uma por 15x7.104</p><p>· Conduzmdo as votações "a golpes de martelo", Delfim não dava tempo</p><p>1'--' a qualquer reação dos progressistas. Estes só pareceram despertar para o ·· acontecia após a derrubada do art. 90-, e ainda assim através de questão de</p><p>• roem levantada pela dissidente conservadora Raquel Cândido.105 Nesse meio</p><p>�-- po, todos os dispositivos destacados foram derrubados, inclusive três dispo­</p><p>s que aqui nos interessam: o que definia empresa nacional; o que previa tra­</p><p>. · ento diferenciado à empresa nacional nas compras e incentivos govemamen-.</p><p>!!JB; e o que permitia a criação, por lei, de outros monopólios estatais.106</p><p>Enquanto se votava o art. 92, Raquel Cândido tentou levantar questão de</p><p>:\tem sobre o processo de votação, mas Delfim só lhe concedeu a palavra</p><p>' s proclamar o resultado (15x8). Raquel Cândido protestou contra o proces­</p><p>ento até então observado: os destaques eram votados sem encaminh a ­</p><p>ê'n.tos, nem manifestação do relator sobre a matéria. Também Luiz Salomão</p><p>' --�tau questão de ordem no mesmo sentido, solicitando que se pennitisse</p><p>filo menos dois encaminhamentos para cada destaque, um favorável e outro</p><p>"iltrário.107 Diante da resistência de Delfim, manifestaram-se também Luiz</p><p>.-,·_ erto Rodrigues (P!VIDB}, Vivaldo Barbosa (PDT} e o relator Virgildásio de</p><p>.. · Idam, pp. 47-8, 54, 57, 58-9, 65 e 67. 04' Idem;•pp. 47-8, 57, 61 e 64-5.</p><p>, _· !dam. p. 48. ·,Idem, pp. 47-8. Os ans. 4<> e 7� foram decrubados por 15x8, confonne a distribuição pominal '.t . su'pramencionada: o art. 5" foi derrubado por 14x9, tendo o coriservadrn: Gil Cesar (PMDB) vota­. do com os progressistas. Foram denul:,ados os arts. 1� a 5'>, o parágrafo único do art. e,. os arts.</p><p>· 7� e 81>, o caput e o§ 1� do art. 90. S6 subsistiram, prn:que não foram destacados, o caput do art,</p><p>� e os pai:ágrafos 2" a 4<> do art. 9<>.</p><p>ld,mi, pp. 48-9. Lulz Salomão a,;Gim c=ct<mzou os acontecimentos: o que estamos 8$S1$tlndo é claramente uma comb.toação ( ... } um pla,;:ar que� repeta na ba,;e de 15 e S ..otas, o que é lasti­mável. N6s tivamos cinco dias para discutb" o profeu,, e sim_p.1'1Qlllenre niío houve quórum. O qtJe • se está observando é a praseni,a macli,a de Constituintes qu"' simplesmente náo oomp.,race:ram a nenhuma das reuniõ....- e que se art/OWaram por fore dos trabalhas da SUbcom.iwão pera vir aqui, 8goz"a, hnpar e vontatk de wna maioria oircwwtan,ciaJ. Eu quero.reglSU'ar o meu lame-nto, a minha in.satlsfafaliO, indignai,áo OQlll esse comportamento de várfus Constituintas, que não nos honraram</p><p>COl!1 ruas preseD.,;as, náo o-ou.xwam ,r;ro,,iliuma OOD.Uibuiçi!io ( .•. } àJ, <ilsct.lSSÕeS e que, agor.t, aqui COm.Parecem para farer: coro it \lOD.tade do o�taI que aqui se apTeSMta de forma Wllssomi. ( ... } e sem saque.r ter- diooutido suas propostas, Pouoo depois, o conservador Afit Domingos dali.a o troco: A maioria ,r;riio faz <iwow-so, a maio.ria vota.</p><p>109</p><p>Senna, que ameaçou retirar-se da reunião se os encaminhamentos l].ão fos­</p><p>sem permitidos. Para contraditá-los falaram Afif Domingos e Renato</p><p>Johnsson. Luiz Salomão e Raquel Cândido voltaram à carga, com esta óltima</p><p>requerendo a anulação das votações até ali ocorridas, menos com o intuito de</p><p>reverter os resultados e mais para marcar posição.108</p><p>Diante do impasse, Delfim Netto cedeu parcialmente: decidiu que a</p><p>matéria já votada não seria revista, mas dali em diante haveria dois encami­</p><p>nhamentos favoráveis e dois contrários para cada destaque. Aberta a brecha,</p><p>o relator, com apoio de outros progressistas e de Raquel Cândido, ponderou</p><p>que não poderia haver dois processos de votação distintos. Pediu então que</p><p>as votações anteriores fossem repetidas, desta vez com os encaminhamen­</p><p>tos. Sem sucesso, porém: Delfim manteve a decisão de não repetir as vota­</p><p>ções anteriores e permitir o encaminhamento dali para frente.109</p><p>Como já se esperava, os encaminhamentos não reverteram a tendência</p><p>anterl�r, e..,._q,An!eprojeto continuou a ser derrubado artigo por artigo. Ao ser</p><p>votadÔ 'o�diSpomHVo que</p><p>previa a nacionalização progressiva das empresas</p><p>bancárias e financeiras, o líder do PDT levantou questão de ordem sobre o</p><p>impedimento dos constituintes que tivessem interesse pessoal na matéria, a</p><p>mesma levantada por Joaci Góes, na Subcomissão VIII-C, contra os conces­</p><p>sionários de rádio e TV Seu objetivo era impugnar a participação de Afif</p><p>Domingos - um pequeno segurador, segundo o líder. Delfim resolveu tomar o</p><p>voto de A:fif em separado, mas esse voto a rigor não faria falta, pois o texto</p><p>foi derrubado pelos mesmos 15x8 já registrados em seis das do.ze votações</p><p>anteriores.no Resultado semelhante verincou-se na votação do texto que res­</p><p>tringia as autorizações e concessões para exploração de recursos minerais e</p><p>de potens;iais de energia a brasileiros ou a empresas nacionais: embora tenha</p><p>encaminhado a favor da manutenção do texto, Raquel Cândido não te:ve seu</p><p>voto registrado, e o dispositivo foi derrubado por 15x7.111</p><p>Por volta das 13h 30m, após a derrubada de quatro outros dispositivos,</p><p>o relator e Luiz Salomão pediram a interrupção da reun@o para o almoço, o</p><p>que lhes foi de pronto negado: Delfim Netto decidiu que só interromperia a</p><p>reunião após a votação em separado de todos os dispositivos destacados do</p><p>Anteprojeto.tt2 Na seqü€mcia, prosseguiu a derrubada dos dispositivos do</p><p>Anteprojeto, aí incluídos: os referentes ao monopólio estatal do petróleo, do</p><p>108 Idem, pp. 49-50. Disse Raquel Cândido: mesmo nbendo que iremos perder, toda:vie que os veios</p><p>( ... ) sejam amllado.:;- e que passem a ser encaminhadas com o direito ria dita e da contradita, prua</p><p>q11e o BTasil Tegiwe ,ua :wa história aque@ que aqui llierara fazer uma n0\18 Gonstltuiçáa que ,"</p><p>todos os bras.ilairre agi,a;n;i'am.</p><p>109 !ci=J, p. 50.</p><p>110 fci=J, pp. 54-57.</p><p>111 Idem, p. 61.</p><p>112 Idem, pp. 61-2. Naquela oportllllidade, Salomão utilizou uma expressão clássica oa dinâmica das</p><p>decisões l.lgislativas nacionais: Proponho que ( ... ) valramos daqui a duas horas para retomar IIDII-</p><p>gás natural e à proibição dos "contratos de risco" (por 14x9, com o conserva­</p><p>dor A}bano Franco votando com os progressistas); o que tratava no monopó­</p><p>lio estatal sobre minérios nucleares, materiais férteis e flsseis (pelos já tradi­</p><p>ciOnais 15x8). t1j</p><p>Derrubado o art. 20, Raquel Cândido e outros cinco constituintes requere­</p><p>rem a Delfim anulação das votações relativas aos artigos 1ll a 9C- do Antepro­</p><p>j�to, por falta de encaminhamento. O relator apresentou requerimento id�nti­</p><p>�o. mas dirigido à Mesa da ANC, pedindo que Delfim apenas o encaminhasse.</p><p>Delfixn decidiu que encammharia o requerimento de Virgildásio à Mesa da</p><p>I\NC, mas indeferiu o requerimento apresentado por Raquel Cândido. Solicitou</p><p>:iue também o Plenário rejeitasse este último para que eu possa me sentír mais</p><p>xmfortáveJ.114 Diante dos protestos dos progieSSistas em face da votação inó­</p><p>:iua pretendida pelo presidente, Gilson Machado (PFL) recorreu do l.ndeferi­</p><p>�to do presidente ao Plenário, com o óbvio sentido de permitir a votação</p><p>'iiie Delfim desejava para o próprio conforto, como voltou a afumar. Com 14</p><p>,i:ítos contrários ao requerimento, 3 favoráveis e 6 abstenções, Delfim Netto foi</p><p>lllaJmente uconfortado" e suspendeu a reunião às 14h 57m, para o almoço.115 · ·</p><p>Retomados os trabalhos às 17h 30m, os progressistas reiniciaram a obs­</p><p>'.rilção através de sucessivas questões de ordem repelidas por Delftm.116 A</p><p>,,</p><p>$OS uaballlos sem nelll:tu.l;rJa allSledade, sem nMhwna expectadva,. porque Já está bastante r;;Jma</p><p>::i., a antculayáo que aqu1 � pe:ra o iw:Jclonamer,to do rolo ÇQmWM'iQC (grlfei). Ver SILVA."Hélío.</p><p>, 1934,._A Com-tirutnte. Rio de Janeiro: Ed. Civilizaçào Bn<5ilei:ra, 1969.</p><p>,;a Idem, pp. 64-5.</p><p>;1,4 Idem, p. 67. A Asallão registra os demais signatários dQ primeiro requerimento. Do.a oito progres­</p><p>[:.-" W,rtas, é provável que o teJlham assinado, além de Raquel Câruiido, Beth Allize. Gabrtel</p><p>/1\ G\lem.iio, HéUo Duque, LUiz S!llomã.o e Ismael Wan,derley, pois Virgiidãllio de Se.una preferiu</p><p>�1. apresentar o seu à Mesa e Vladim:1:r Palmeira manifestou-se contra rios segumtes termoo: uaduz</p><p>:.· um.i.protimd"a togenuidade e uma grande ilusão pensar que, se tivesse discwisfu;, essa maloT.111 que</p><p>aqui e..-tã votando tudo ouviria algumas queilras- da Con.stitWllte Raquel Câml.ido ou observaç,io</p><p>i; � ontit;e de 'qu�quer CODSt.irufnte. Quando 1;e criou aqui o rolo oompressot, vt;J./tW" atrás seria uma</p><p>}: éSperança tngêDua e vã. da pensar que qualquer tewltado seja alterado, já que hã wna meiorie.</p><p>. aqui ãispo«a a não discutir nanbumpooto; veio fechada cam ame.oda e com substittldVO frultas ­</p><p>. ma que está sendo colocado ponto por pooto, de tal tonna que votarei oo.ntra.</p><p>15 Jdam, pp. 67-8. A distribuição dô.'! votos foi tão surrealista quanto a própria votação: votaram</p><p>i "aim'" Albano Franco. Ismael Wanderley e Raquel Cândido; votaram '"não" todos os conservado­</p><p>�\: ms m8llOS Albano Franco e Delfim Netto. que se abst.evE,, oomo tWllbém o fizeram Beth Azize,</p><p>i: Gal:me! Gueneirc, Hélio Duque, Lui� Salomão e Virgildáslo de Seima.</p><p>f-6 Idem, pp. 68-69. Msim, Hélio Duque (l'MDB) pediu que, em :face do requerimento do relator en­</p><p>,; ,; =mhado à Mesa da ANC. os trabalho.li fossem suspensos por 24 llol;as e a Subcomissão, nesi;e</p><p>intervalo, questionasse junto à Mesa para que esta decidi,,se sobre a anulação das votações.</p><p>I}Qlfim decidiu que as votações prosseguiriam. Em seguida, LWz Salomão pediu o adiamanto por</p><p>24 llon.s por falta da devida publicação de 336 das 357 emendas, pe,d.ldo Jgua]:mente indeferido</p><p>Por Delfim com o argumento de que os membros da Subcomissão haviam racebido pastas com</p><p>fotooõpias das emendas. Foi a vez de Gabriel Guerreiro pedir o mesmo adiamento pela impossi-</p><p>, , .. · hllidade temponli de análise das emendas, ouvindo de Delfim a seguinte rooposta: Esta qufflão</p><p>cie ordem Já to1 decidida (, • .), as SenhmM receberam o doClVJtlento, quem l!ll'l:udo1.1 o docwnento,</p><p>1!ffr.ldou; quem não estudou, paciênmtJ; (. .. ) de fo.rma que nós vamos prosseguir na votação.</p><p>'"</p><p>derradeira questão de ordem foi levantada pelo relator: tal como fizera com</p><p>sucesso, na véspera, o progressista Vicente Boga (PMDB) na votação da</p><p>Subcomissão VI-C, Virgildásio invocou as normas adotadas pela Comissão ·</p><p>da Ordem Econõrnica para pedir vista da matéria por duas horas. O pedido ·</p><p>foi igualmente negado por Delfim, não obstante Virgildásio explicasse que a</p><p>nonna era imperativa ao dispor que serão admitidos pedidos de vista, não</p><p>cabendo ao presidente indeferir.117 Bracassada a tentativa, Luiz Salomão</p><p>Raquel Cândido, Vladimir Palmeira, Beth Azize e Gabriel Guerreiro anuncia� ·</p><p>ram que se retiravam em sinal de protesto contra a forma autoritária e anti-</p><p>regimental com que Delfim conduzia os trabalhos_118</p><p>A partir daí, o wmassac:re" só não foi mais veloz porque Delfim se enre­</p><p>dou em confusões de procedimento.119 Ao iniciar-se a votação das emendas</p><p>com parecer favorável do relator, Del:fim decidiu submetê-las a votação em ·;</p><p>bloco, mas foi convencido por Mário Covas de que teriam de ser vtrtadas uma</p><p>a um.à'".' Ã:.ifa e'm.êndas então votadas foram todas rejeitadas, com resultados:··</p><p>que ç,.scilaram entre 16x2 e 14x4.120 Uma emenda de Gabriel Guerreiro restrin-</p><p>gia á· brasileiros ou a empresas nacionais as autorizações e concessões para</p><p>exploração de potenciais energéticos e recursos minerais. Seu texto coincidia:</p><p>com o Anteprojeto do Relator em todos os pontos, menos um: dispensava a'..</p><p>pesquisa ctos recursos minerais da restrição a brasileiros ou empresas nacio- ,.</p><p>117 Id,m,, pp. 69-70. A!J questõe,, de ordem fol'.am contraditadas: por Afi!Domingo.s. AD reagrr con-·_</p><p>tra o não-acolhimento de sua questão de ordem, Salomão extemou a percepção do bloco pro,</p><p>gi:essista quanto à estratégia conservadora em curs:o: V. Ex" Cólocau run votação o Anteprojeto</p><p>do Relat<Jr e esta anteprojato, as:eranhamante, foi aprm>adô por unanimidada pelos Srs. '</p><p>Constituintes (, .. ). MIIS, aó Iongo da votaçiio, veti.icamos que, na verdada, foram</p><p>.muito J}OuGO.\"'</p><p>os dispositivos efetivamante não impug,iados pelos quinze oomponl!.I'ltell' do ehamadô ''bl<'lcô de>.­</p><p>rolo compressor8</p><p>•</p><p>( ••• ) c.iara.m...ate houve aqui uma artku!açiic ( ... ) em que, niio podeodo apre- :</p><p>sentu wn substitu&IVO, os Sn/. Canstituiotes que integram o bloO<'l do rolo compn,ssor fizeram</p><p>uma combinação; vamos aprovar o Antepro;eto do Relator cam dr,staqu;, para todos os artigos</p><p>( ... ) e, em seg,rida, picotamos aqui o nosso substitutivo, disrrihufmos entre os quinze membros</p><p>do bloco do rolo compressor e massac:ram"" o <lucro !ado. Em sua resposta, Delfim não poupou</p><p>ironia: O ilustre Cm1stitutnte rooebeu ontem uma pasta com todoo °" documa.otoS' ( ... ); mais do</p><p>que isso, parte de uma presunção e imagbla que esta �,;fém:Ja possa decidir na base de sua</p><p>presunção•; formula uma fantástiua história, de fom:ia qÚe, de fato, não posso aceitar a sua</p><p>questão de ordem.</p><p>118 Tdtml, pp. 71-.2. Em suas manifestações, Salomão e Vladimir voltaram a referu"--se ao rolo compres- ·,1</p><p>sar capitaneado pelo presidente, ··</p><p>119 o qul! levou o relator a afumar que esta votagáo <l uma oomédia de erros. Idem, p. 74. I</p><p>120 Idem, pp. 75-8. o 16fl voto conservador, verificado em quatro votações, deveu-se à participação i</p><p>do suplante Paulo Mincarone (PMDB) a partir da votação da 811 emenda. 'Il:ês emendas torara·:</p><p>,ajeitadas por 1fu<2. outras triis por 14x3, duas por 15x2, uma poi: 16x3, wna por 15x3, uma pot ·;</p><p>14x1, e uma por 14x4. O relator absteve-se em seis votações de emendas oonespondentes aos �</p><p>ai:ts. 1.0. a 92 de seu Anteprojeto, em rallào do recurso que apresentara contra a falt:a de encami•</p><p>nhamaoto das respectivas votações. Os progres9ls:W Hélio Duque e Ismael Wanderley abstive- '.·</p><p>ram-sa uma e ttês vwes, respootivamente. Mtes da votação da 121' l!IDenda, Hélio Duque ahan·</p><p>donou a. urunião. Do bloco conservador, votaram com os: progressistas: Albano Franoo, duas</p><p>vezes: Ant6nio Carlos l'tanoo e Ruhem Medina, uma ve2 cada wn.</p><p>112</p><p>:,,:;., Foi rejeitada por 16x3.121 Uma emenda de Arnaldo Prieto (PFL) tratava , __</p><p>10 J]].Onopólio estatal sobre o petróleo, seus derivados e o gás natural. A única</p><p>liferença em face do Anteprojeto do Relator é que retirava do monopólio o pro­</p><p>essa,mento, mantendo os demais conteúdos. Foi rejeitada por 16x2.122</p><p>',. Na última etapa, foram votadas as emendas com parecer contrário do</p><p>�,ator. Foi então que os conservadores aprovaram as 17 emendas que recons­</p><p>J;UÍaro, à sua maneira, o Anteprojeto (ou constituíam o Substitutivo Fantas­</p><p>ia, no dizer de Vladimir Palmeira).123 Onze delas foram aprovadas por 16x2,</p><p>iclusive a que traduzia a definição conservadora de empresa nacional (de</p><p>:fif Domingos): Considera-se empresa braSileira ou nacional aquela constituí­</p><p>a.sob as Jeis brasileiras e que tenha sua adm.inist.ração sediada no País.124 Já</p><p>emenda que restringia. as monopólios estatais à pesquisa e à lavra de petr6-</p><p>i0 e de minérios nucleares, bem como ao enriquecimento destes últimos (de</p><p>ubelil Medina), foi aprovada por 13x5, pois os conservadores Albano Franco,</p><p>il Cesar e Gilson Machado votaram contra.125</p><p>Das 13 emendas restantes, também com parecer contrário do relator, ·</p><p>,das de integrantes do bloco progressista (aí incluídos Ismael Wanderley,</p><p>itor de cinco dessas emendas, e Raquel Cândido, autora de uma), 12 foram</p><p>,jeiÍ:adas; quatro por unanimidade; três por 17x1, com voto favorável de</p><p>mael Wanderley; duas por 13x5, com Albano Ftanco, Antônio Carlos Ftanco</p><p>Gil César votando com os dois progressistas.126</p><p>Houve, porém, quatro emendas que dividiram o bloco conservador, três</p><p>ilas rejeitadas por lDxB e uma que, embora aprovada por 10x8, não alcanw</p><p>111 o quórum de maioria absoluta (12 votos). & três primeiras eram todas de</p><p>rtoria de Ismael Wanderley: a emenda que exigia prévia automação do</p><p>mgresso Nacional para as alienações de bens minerais descobertos por</p><p>Íl,presas estatais;127 a emenda que definia como dever do Estado a realiza-</p><p>l Idem, p. 77. Votaram "sim" o relator VllQild.ás:io de Senna, Hélio Duque e Ismael Wanderley.</p><p>Votaram �Dão" os lntegi-antes do "grupo dos qulru:e" (Afif Dornlcgos, Albano Franoo, AntôWo</p><p>. Cai.los Frnnco, António Ueuo, Delfim Netto, Gil Casar, Gilson Machado, Gustavo de Faria, lrapuã</p><p>Ccmta Juni.or, Jalles Foutou.ra, MIIICQS Lima, Nyder Barbosa, Renato Jolmsson, Roberto Campos</p><p>e Rubem Medina) e Paulo Mi11carone.</p><p>l Idem, p. 78. A mesma disuibuiç!io explicitada na nota anterior, menos Hélio Duque, que náo pa?•</p><p>ticipou da votação.</p><p>l Idem, pp. 82--91. Ver acima, ll.Ota D" 114.</p><p>1 Idem, p. 84 . A distribuiç!io dos votos foi a meema referida na ll.ota112121, acima. A de:finlç!io con­</p><p>servadora de empresa nacional eliminava a exigência de que o conttole decisório e de capital</p><p>Pertencesse a brasJlelros.</p><p>i Idem, p. 90. Além destas, três emendas foram aprovadas por unanimidade, uma por 17 vetos e a</p><p>, abmençãQ de Ismael V'landerley, e outra por 14 a.4, com Delfim Neto e Gil César votando com os</p><p>dois J)IOgresslstas.</p><p>', IdeJn, pp. 94-8.</p><p>' Idem, p. S4. Votaram com o s dois progressistas: Albano Franco, AI!tOOio Carlos Franco, Gustavo</p><p>de Faria, Nyder Barbosa, P,;,ulo Mincarone e Rubem Medina.</p><p>'"</p><p>ção de levantamentos geolágicos;128 e a emenda que previa tarifas sociais a</p><p>serem adotadas por concessionárias de serviços públicos.129 A emenda de</p><p>Gabriel Guerreiro, que obteve dez votos favoráveis, dividindo o bloco conser­</p><p>vador ao meio, tratava da criação de um fundo de exaustão em favor dos</p><p>Estados e Municípios cujas jazidas minerais fossem exauridas.130 Tuorica­</p><p>mente, esta emenda poderia ter sido aprovada caso três dos seis progressis­</p><p>tas que abandonaram a reunião não o tiv.essem feito. As outras três emendas</p><p>também poderiam ter sido aprovadas caso cinco dos seis tivessem permane­</p><p>cido. Tudo isso teoricamente, pois não é certo que todos os conservadores</p><p>que votaram favoravelmente tivessem feito o mesmo, caso houvesse maioria</p><p>para aprovação. Não se pode excluir a possibilidade de que, garantida a rejei­</p><p>ção, pelo menos alguns desses votos favoráveis fossem apenas para "marcar</p><p>posição" junto a setores eleitoralmente relevantes.</p><p>Encerradas as votações, Afif Domingos interpelou o relatot sobre even­</p><p>tu.aEcôn'tfito 1$lfre a coerência de posições deste e a tarefa de redigir um texto</p><p>� que as contrariava, as dificuldades para fazê-lo em pouco tempo, para</p><p>afinal _dizer que cabia ao presidente e não ao relator encaminhar o Antepro­</p><p>jeto à 'comissão de Ordem Económica. O intuito provável era afastar o rela-</p><p>tor, mas Delfim decidiu. que Virgildásio redigiria o texto e a Subcomissão :;</p><p>aprovaria a redação finaI.131 Foi o que se deu em 25 de maio, em reunião da::</p><p>qual participaram apenas o relator, Gabriel Guerreiro e quinze conservado-'.</p><p>res. A redação final foi aprovada por 16x.1, com o voto contrário de Gabriel-'</p><p>Gu.erreiro.132</p><p>3.5. l!alanço</p><p>A fase das SubcomisSões confirmou a tendência consolidada durante a)</p><p>etapa preparatória: a nítida divisão dos constituintes em dois blocos, o con-1</p><p>servador e o progressista. Artifices do acordo que permitira a composição;:.</p><p>eleição das Mesas e designação dos relatores das Comissões e Subcomis�:'.</p><p>128 Idem, ibidem. Votaram com os dois progressistas: Albano Franco, Delfim Netto, Gustavo de Faria,'</p><p>Nyde� Barbosa, Paulo Mfncarone e Ruhem Medina.</p><p>129 !d., ibid. Votaram oom os dois prograssistas: Albano llranoo, 'Delfim Netto, Gil César, Nyd91</p><p>Barbosa, Paulo Mincamne a Ruhem Medina.</p><p>130 Idem, p. 90. Votaram com os dois progressistas: AfifDomillgos, Gil Césil%, lrapuan Costa Jw,iOr</p><p>Jal!es Flmtoura, Marcos Lima, Nydar Barbosa, Paulo Mincamue e Rubem Medina.</p><p>131 Idem, pp. 99-100. A fala da Afif Domingos foi suficlentemellte tortuosa para que o relator</p><p>se: Eu gostaria de tomar mais /.lltelfgência dasta qua,itão, não peroabi o alcanoo. Afif</p><p>com os eufemismos: e,;,;a é só uma /.lldagação à M<ã'sa, só a faço por d!ÍVida -é se isto está !linCII•'•</p><p>lado díretamente à entrega por parte do Sr . .Relator, oure é a SUbcomis:sáo</p><p>responsável, através�'..</p><p>sell represe.1:1tante?</p><p>132 Ata da 16 Reunião, At!il! das C<lmissões, Suplemento ao 11°' 104 do Diário da Assemhléia Nacional·.</p><p>Constituinte, pp. 100-4,</p><p>114</p><p>.nogressJStaS, t.m1sarvanores, umem .t::oonomica a Regras do Jogo</p><p>::·sões, os líderes do PMDB e do PFL assumiram a liderança dos blocos opos­</p><p>i· s. A divisão dos membros do PMDB entre os dois blocos estava clara, assim</p><p>lforno a sobreposição da divisão entre governistas e oposicionistas, eviden­</p><p>fr Íada pela atuação do líder do Governo, que era do PMDB e disputava a con­</p><p>mução da bancada com Covas. A divisão interna ampliava a importância das</p><p>t#Q'ras sobre a substituição de titulares por suplentes.</p><p>ff.i. A maioria conservadora não parecia estável o suficiente para dominar</p><p>$:_'hm tranqüilidade o processo, o que ampliava a importância da atuação da</p><p>lesid.ência da ANC e, em escala menor, das demais Presidências. O presi­</p><p>@�nte Ulysses Guimarães aparentava cultivar uma pÓsição de "magistrado",</p><p>�s os presidentes conservadores pareciam mais propensos a favorecer o</p><p>�o majoritário, dentro de alguns limites: se, por um lado, os três presiden­</p><p>� conservadores tomaram inúmeras decisões que favoreceram seu bloco, ao</p><p>f1lndicionar a agenda e definir a composição e a forma de deliberação de suas</p><p>omissões, por outro lado, tanto Delfim Netto como Edison Lobão recusa­</p><p>Y -se a destituir os relatores, e somente Arolde de Oliveira tentou fazê-lo. O</p><p>··o é que o poder de agenda que os progressistas presumiam seria exercido</p><p>os relatores não subsistiu em face do poder maior dos presidentes.</p><p>;·; • Nas Subcomissões estudadas, confinnou�se uma tendência mais ampla:</p><p>�artidos de esquerda se uniram em torno dos relatores progressistas e</p><p>'</p><p>0</p><p>8 Anteprojetos, com praticamente 100% de coesão. Seus membros e Iíde­</p><p>. iteyelaram-se eficientes nos esforços de obstrução, mas isto não bastou</p><p>,. livrá-los do destino das minorias: faltava-lhes número para a vitória.</p><p>,_.. · ém os relatmes progressistas e o líder do P:MDB se ressentiam da falta</p><p>· '•.poio majoritário em seu próprio partido.</p><p>;.,•Coube aos conservadores enfraquecer o poder de agenda dos relatores,</p><p>º' és da defesa da apresentação de substitutivos aos anteprojetos dos</p><p><·· es, da obtenção de preferência para a votação dos substitutivos em</p><p>':"aos adteprojetos e, caso os anteprojetos fossem aprovados, da organiza­</p><p>. ..-'dos destaques de emendas conservadoras que substituíssem cada um</p><p>;, eus dispositivos - tudo isso com o "auxilio luxuoso" dos presidentes.</p><p>�ando para a ofensiva, o bloco conservador pôs em questão a própria</p><p>/'. · · idade das Relatarias, ao defender a possibilidade de substituição dos</p><p>� res derrotados. A manobra serviu, a um só tempo, como instrumento de</p><p>, .'são sobre os relatores das Subcomissões e Comissões, e como tentativa</p><p>.. teração da composição da Comissão de Sistematização.</p><p>f Os Partidos conservadores cerraram fileiras em tomo das decis5es dos</p><p>· ::_identes das Subcomissões que os beneficiavam e, com uma ou outra</p><p>,, , revelaram índices muito elevados de coesão na maioria das vota­</p><p>s decisivas. A atuação pró-conservadora do Govemo foi sentida em pelo</p><p>,os uma das questões substantivas abordadas, a das concessões de rádio</p><p>._• _e'Visão, e em pelo menos um dos embates procedimentais, o relativo à</p><p>ll5</p><p>substituição de Antonio Britto por Onofre Conêa, ambos na Subcomissão</p><p>VIII-E, além do impacto causado pela autodefinição da duração do mandato</p><p>presidencial - coincidentemente a SuboolllL'3são do Poder Executivo aprovou</p><p>o mandato de cinco anos, mas num sistema parlamentarista.</p><p>Alguns "fatos isolados", verificados em ambos os blocos, chamaram a</p><p>atenção para os impactos de posições individuais sobre as decisões: a incom­</p><p>preensível ausência e o insólito retomo de um progressista do PMDB na T</p><p>SUbcomissão VI-C; a posição idiossincrática da constituinte do PFL na</p><p>Subcomissão VI -A; a controvertida ausência e o polêmico retomo de um</p><p>constituinte do PMDB e as dissidências de três outros conservadores do</p><p>PMDB na Subcomissão VTII-B.</p><p>Procedimentalmente, a questão dos substitutivos afirmou-se como a</p><p>mais relevante nessa fase. Sua resolução permanecia em aberto e iria alcan­</p><p>çar as decisões das Comissões Temáticas, da Comissão de Sist�matização e</p><p>do Plehãiio. t:;otn isso, a Presidência da ANC conservava poder de mediação •</p><p>e �legação; assim como se considerara competente para decidir sobre a per­</p><p>missão de substitutivos nas Subcomissões, poderia voltar e voltaria a fazê-lo</p><p>durante os trabalhos das Comissões; assim como delegara, na prática, o</p><p>poder de admiti-los aos presidentes das Subcomissões, ao deixar ao arbítrio</p><p>destes a decisão sobre a modificações correlatas, poderia voltar e voltaria a</p><p>fazê-lo aos presidentes das Comissões.</p><p>Os substitutivos eram uma questão-chave para o bloco progressista,</p><p>pois a única forma de aprovar as propostas dos partidos de esquerda era tê­</p><p>las incluídas nos textos-base dos relatores, assegurar a aprovação destes e</p><p>depois defender a manutenção dos dispositivos contra os destaques. Nesse -,,­</p><p>jogo, Se cabia aos progressistas reunir a maioria absoluta necessária para</p><p>aprovar os textos-base dos relatores, o que era mais fácil, cabia aos conser-</p><p>vadores rellllir maioria absoluta para a votação de cada destaque, o qlle era ,:</p><p>mais dificil. Dai a importância dos substitutivos para os conservadores: se</p><p>aceitas, bastava-lhes aprovar, por votação simbólica, a preferência para sua �</p><p>votação e depois reunir maioria absoluta para aprovação do mérito. Feito is-</p><p>so, o ânus de reunir maioria absoluta para cada destaque se invertia: passa- :_:</p><p>va a ser dos progressistas.</p><p>Por outro lado, em face das variações de orientação ideológica na maior :</p><p>bancada, a do PMDB, as questões relativas à composição dos foros descen· j</p><p>tralízados - a substituição de memln:os pelo líder, a substituição de titulares ·:</p><p>'</p><p>por suplentes e a possibilidade de haver suplente de partido distinto do par· �</p><p>tido do titular - revelaram-se relevantes em duas das três Subcomissões ana·,.</p><p>Usadas e sinalizaram problemas que poderiam se Íepetir na fase das ·J</p><p>Comissões Temáticas e na fase da Comissão de Sistematização.</p><p>No mérito das decisões das SUbcomissões focalizadas, alguns pontos .­</p><p>devem ser destacados. Por um lado, nenhum dos três Anteprojetos progres· ::</p><p>"'</p><p>nogrosSlscas, ,_,onsei:vauores, vro.em �conorruca e ttegras uo Jogo</p><p>siStas foi aprovado e a maioria das propostas progressistas analisadas foi</p><p>;i denotada; particularmente na questão agrária, o texto aprovado ficou aquém</p><p>,:; do statuS quo representado pela Carta autoritária então em vigor, pois nem</p><p>Tu' sequer foi aprovada a possibilidade de utilização de títulos da dívida da</p><p>'#,' união no pagamento das indenizações pelos imóveis desapropriados. Por</p><p>)t outro lado, os progressistas conseguiram incluir na agenda constitucional,</p><p>�- embora não com a orientação que pretendiam, temas até ali ausentes das</p><p>¾' nossas constituições:</p><p>,,</p><p>'</p><p>!fc. - a definição de empresa nacional e a preferência, em seu favor, nas</p><p>compras públicas, conteúdo apresentado simultaneamente em duas</p><p>Subcomissões, derrotado na V I -A e aprovado na Vlll-B;</p><p>'</p><p>ã</p><p>ili'</p><p>t" - os monopólios estatais sobre gás natural e energia nuclear;</p><p>- o controle sobre as concessões de rádio e televisão.</p><p>Embora só na Subcomissão VI II -B tenham sido aprovadas as propostas</p><p>.'.yrogressistas de definição de empresa nacional e a preferência nas compras,</p><p>mesmo na Subcomissão VI-A os conservadores incluíram urna definição de</p><p>\"ampresa nacional no texto aprovado: o tema permaneceu na agenda e reve­</p><p>:1ou a necessidade da atuação uniformizadora das Comissões Temáticas e de</p><p>\Sistematização, pois as definições aprovadas eram divergentes. A tática de</p><p>/apresentação simultânea em dois foros distintos, adotada pelos progressis­</p><p>:tas, P!!rmitiu a retomada da questão nas fases seguintes.</p><p>:,, Se a proposta de monopólio estatal das telecomunicagões foi derrotada</p><p>;i�.1,0 tema ficou fora do Anteprojeto da</p><p>Subcomissão VIII-E, os monopólios</p><p>}istatais do petróleo, derivados, gás e nucleares permaneceram praticamen­</p><p>;te íntegros no texto da Subcomissão VI-A. Se a outorga e renovação das con ­</p><p>:êessões de rádio e televisão pelo Conselho Nacional de Comunicação e a pró­</p><p>)pria criaç:.ão desse Conselho foram derrotados pelos conservadores, as conw</p><p>,:çessões deixaram de ser atos exclusivos do Executivo e passaram a ser con­</p><p>:iroladas pelo Congresso, novo avanço em face do status quo,</p><p>'( Finalmente, se as desapropriações para reforma agrária retrocederam à</p><p>Ponstituição de 1946, a proibição de desapropriação de propriedades produw</p><p>tWSS, proposta pela UDR e incluída no Substitutivo Rosa Prata, também foi</p><p>-�errotada.</p><p>Como resultado, nem mesmo o bloco majoritário pôde aprovar integral­</p><p>·:IJ.0nte suas propostas. Embora vitoriosos no atacado, os conservadores sofre-­</p><p>Jam derrotas pontuais e o procedimento de elaboração constitucional, testa­</p><p>, :do, revelou as primeiras brechas pelas quais poderiam passar as propostas</p><p>_'.:_P:°9ressistas, para chegarem à Comissão de Sistematização, cuja composiw</p><p>ii �ao era mais propícia à sua aprovação que a dos foros iniciais.</p><p>'"</p><p>Capítulo 4</p><p>O Processo nas Comissões Temáticas</p><p>... pois o mundo é um estranho teatro. Há nele</p><p>momentos em que as piores peças são as que</p><p>alc-ançam os melhores resultados.</p><p>Alexis de 'Ibcqueville, Souvenirs</p><p>) _ Este Capitulo é dedicado ao exame do processo decisório na segunda fase</p><p>de elaboração constitucional, a das Comissões '.lemáticas. Mais uma vez, a</p><p>atenção será dedicada às decisões procredimenta.is da Presidência da ANC,</p><p>à atuação dos líderes e dos presidentes dBB Comissões em tomo das ques­</p><p>tões reJ.ativas: à. substituição de membros das Comissões; à apresentação de</p><p>substitutivos e de emendas aos substitutivos dos relatores; à condução dos</p><p>procedimentos deliberativos. Quanto aos relatores, interessará especial­</p><p>mente o modo pelo qual selecionaram os cOJ1teúdos dos anteprojetos das</p><p>Subcamissões e das emendas apresentadas para a elaboração dos respecti­</p><p>vos substitutivos. Quanto à disposição das bancadas partidárias, será veri-</p><p>fi.cada a persisténc.ia de sua divisão nos blor::os configurados na fase anterior,</p><p>e os resultados substantiv.25 __ �çanç_ados..</p><p>--</p><p>---</p><p>:--cEcn-tte-�2::5 de maio e 15 de junho de 1987, desenvolveram-se os trabalhos</p><p>'à.as �ito Comissões Temáticas. Como vimos, cada uma delas era composta</p><p>,'�os membros das três respectivas Subcomissões e estava encarregada de</p><p>0</p><p>'àXaminar os anteprojetos aprovados nessas Subcomissões para transformá­</p><p>.,'.llis num único anteprojeto a ser encaminhado à Comissão de Sistematização.</p><p>'J'ara tanto, os rela.tores das Comissões Temáticas elaborariam substitutivos,</p><p>>i �-dos anteprojetos das Subcomissões e das emendas apresentadas</p><p>·llelos constituintes. O substitutivo de cada relator seria votado em bloco, res­</p><p>:\ialvados os destaques, dele resultando o anteprojeto de cada Comissão. t ""··</p><p>Tonto na Comissão VI com.o na Comissão VIII, o bloco co</p><p>;cerca rços os [espêctivos titulares e o PFL, as Presidências (Jo�é</p><p>:tins e Marcondes Gadelha, respectivamente). Embora em ambas os relatores</p><p>:'.Pssem progressistas do PMDB (Severo Gomes e Artur da Tâvola, respectiva­</p><p>-'.inente), nem mesmo uma coalizão entre moderados e progressistas do PMDB</p><p>:_ft membros dos partidos de esquerda permitirj,a alcançar a maioria absoluta</p><p>,,,-, _;-necessária à aprovação de substitutivos.2 Restava aos progressistas obter</p><p>/dos relatores a manutenção ou inclusão de suas propostas nos respectivos</p><p>lUANC. ai:t. 18.</p><p>Ver Capitulo 2, 2.1, acima, o Anexo II e o que segue.</p><p>"'</p><p>substitutivos, garantir a aprovação global desses substitutivos e, no momen­</p><p>to da votação dos destaques conservadores, tentar formar coalizões ad hoc .'</p><p>para rejeitar esses destaques.</p><p>4.1. Procedimentos e Mobilizações</p><p>Antes que as deliberações começassem, algumas decisões procedimen- :.</p><p>tais relevantes foram tomadas pela Presidência da ANC. Em 1Q de junho, a</p><p>requerimento da maioria dos lideres, Ulysses decidiu que poderiam ser apre­</p><p>sentadas emendas aos substitutivos dos relatores das Comissões Temáticas, ..</p><p>podendo estes apresentar, em seguida, novos substitutivos, aos quais não</p><p>seriam admitidas emendas.3</p><p>Em 8 de junho, data da apresentação dos primeiras substitutivos dos rela-</p><p>tores, Ulysses, ao responder consulta do presidente da Comissão J, decidiu:</p><p>t �J bã�'Seriam aceitas emendas substitutivas integrais aos substitu­</p><p>t tivos dos relatores;</p><p>' que as emendas apresentadas aos substitutivos dos relatores pode­</p><p>riam ser destacadas para votação em separado;</p><p>que os destaques aos substitutivos só poderiam ser aprovados caso</p><p>reunissem maioria absoluta. 4</p><p>To.is decisões pareciam assegurar que os textos-base para votação se-­</p><p>riam os substitutivos dos relatores e, na votação dos destaques, o ônus de reu ­</p><p>·nir maioria absoluta caberia aos que quisessem alterar esses substitutivos.</p><p>Na sessão da ANC de 9 de junho, após a apresentação dos priméiros</p><p>substiW.tivos dos relatores, Ulysses decidiu duas questões de ordem. A pri­</p><p>meira, levantada por Ricardo Izar (PFL), tratava da hipótese de rejeição dos</p><p>substitutivos dos relatores, e recebeu de Ulysses a seguinte resposta:</p><p>Se o parecer do Relator for rejeitado, estabelecem-se as ccmdições</p><p>para votar-se o substitutivo anterior. Se este for rejcitado, votam-se as</p><p>3 Ata da76flSessãodaANC (a/6/87),Anais ... , wl.5, p. 2348. Principais trechos:A.Pras'id&u::ia rece•</p><p>beu nquerimento subscrito pala maioria dcs JJderes no sentido da se permitir a aprnrontaçi.io da</p><p>emendas ao substi�tlvo ( ... ), Sobre o mê!'lmo assunto foi proc:urada por intbneros parfamentareS,</p><p>além das questões de ardem lavantadM ( ... ). A Pr�&ic:la niio pode da!ICar de recoohecer a preo­</p><p>oupação doo Senl:,oms Constituintes na medida em que os Relatores .uos seus substitutivos possam</p><p>introduzir matéria nova, istD é, não constante dos anteprofe,tos ou da emendas ( ... ). Assim, a</p><p>Ptesid&laia te.rolve, sem que a decisão se constitua em precedente e modifique o prazo iinal da</p><p>tramitação do Ptojet;o de Constituigão, o seguinte:( .•. ) poderão oor oferecidas emendas ao sw,st/·</p><p>tutivo doo refatores ( ... ). Caso o Relator ocnclua pela aprasantagáo <te novo substitutivo, a ele ,:,,lo</p><p>mais serão admitidas emendas, pois a matéria já estará em fa,ie de votação.</p><p>4 v. Ata da 1()11 Reunião Ordinána da Comissão VIlI, Aias das Comillsões, SUpiemelltQ ao Jl9' 100 do</p><p>Diátio cta�mbléiaNaoiolJal Constituinte, pp. 192-221. Paiao t$lltO do Oficio de Ulysses, p. 205.</p><p>120</p><p>emendas com o seguinte critério: emendas com parecer favorável, salvo os</p><p>destaq,.res; eme.ndas com parecer contrário, salvo os destaques. E depois</p><p>se faz a redação do vencido. 5</p><p>J,,. segunda questão de ordem fui levantada pelo líder Gastone Righi</p><p>:r:Bl e tratava da substituição de membros das comissões pelos líderes par ­</p><p>,":'. ários. Recebeu a seguinte resposta:</p><p>A substituição de membros de Comissão se faz na Câmara e tam­</p><p>bém no Se.nado - é da rotina parlamentar - às vezes no .interesse do pró­</p><p>prio Parlamentar ( ... ). Agora, por diSposição expressa do Regimento,</p><p>durante a sessão essa substituição não pode ser feita. É o que consta do</p><p>Regimento, e mandamos comunicação nesse sentido a todos· os Pre­</p><p>sidentes de Co.missão.6</p><p>Consideradas em conjunto, as decisões da Presidência da ANC pare­</p><p>.�� contemplar alternada e ambiguamente os blocos em confronto e farta­...</p><p>er as posições de consenso, ao sabor dos movimentos preparatórios de</p><p>· - a bloco para a nova etapa deliberativa.</p><p>.. . Ao permitir emendas aos pl"imeiros substitutivos dos relatores e garan­</p><p>�'·a estes a possibilidade de apresentar um segundo substitutivo, a Presi­</p><p>cia e o aparente consenso da maioria das líderes contemplaram tanto pro­</p><p>. as como conservadores para, em seguida, a Presidência fortalecer a</p><p>dos relatores, majoritarlamente progressistas, com a proibição de</p><p>ndas ao segundo substitutivo.</p><p>· Ao proibir a apresentação de emendas substitutivas</p><p>integrais aos subs­</p><p>tivos dos relatores, o que parecia contemplar o bloco progressista, os ter~</p><p>· s com que a Presidência formalizou a decisão não proibiam a apresenta­</p><p>.,,, 6 de emendas substitutivas que alterassem integralmente cada um dos ca­</p><p>·:pÍtulos éiuef nos substitutivos, correspondiam. aos anteprojetos das Subco­_,>,</p><p>: ·ssões. Com isto, delegou, na prática, o poder de decidir sobre a admissibi-</p><p>, :dade dessas emendas substitutivas parciais aos presidentes das Comis­</p><p>-9_69s, todos conservadores. Suas decisões poderiam permitir qu.e os substitu­</p><p>/VOs dos relatores fossem derrubados, não em wna votação, o que se proibia,</p><p>;mas em tantas votações de emendas quantos fossem os capítulos a substi­</p><p>i!filr, o que era sempre mais simples do que a votação de cada dispositivo</p><p>tPoiêmico de cada capítulo. 7</p><p>Ata da 79" Se>isão da ANC, Anais-•.• , vol. 5, p. 2551.</p><p>Idem, ibidem. Resolvia-se, assim, a quootáo que Iecebwa soluçõas connastantes nas Suboo­</p><p>missées Vl-C e VIII-B. como vimos no Capitulo antenor.</p><p>Idem, ibidem. O te:><to elo Oficio P/21 de Ulysses d!Eia apenas: Náo serão admitidas emendas subs­</p><p>titutiVl!s à integral.idade dosubstitt1tivo, =forme prescreve o art. 2l cfco § 2" do art. 23 do Regi-</p><p>Na decisão de exigir maioria absoluta para a aprovação de destaques ·i</p><p>aos substitutivos, a Presidência fortaleceu a posição do bloco que, em cacta .</p><p>caso, conseguisse definir o texto-base: o substitutivo do relator ou as ernen-::</p><p>das substitutivas por capítulo.</p><p>Finalmente, as decisões de 9 de junho pareciam contemplar o bloco con-._</p><p>servador: admitiam a votação de textos acessórios (emendas} após a rejeição/</p><p>dos textos principais (substitutivos dos relatores); impediam a substituição,:­</p><p>de membros durante a rewlião de votação. Thl proibição limitaria a possibili-:,</p><p>dade de eventual retaliação do líder contra os que votassem. contra sua orien-:·</p><p>tação, atingindo especialmente o líder do partido mais heterogêneo e menos:</p><p>coeso - o PMDB de Ulysses, Covas e Sant'Anna.</p><p>Mais uma vez, as decisões do presidente da ANC afetavam efetivamen-·,</p><p>te o jogo decisório, através do uso intensivo dos seus poderes de inteipreta. l</p><p>ção e aplicação do Regimento, e de resolução dos casos omissos. Tuis pocte-<·</p><p>res pareciam se alargar cada vez que utilizados, refletindo a flexibilidade e as (</p><p>lacu,i:i.a._s.�s �as regimentais. A eficácia das próprias regras do jogo pare-;'.</p><p>eia Posta' à Pkva a cada momento decisório, ao ritmo do entrechoque das ,,</p><p>att¾ições de presidentes, relatores, lideres e blocos.</p><p>· Nessa primeira etapa de centralização das decisões extraordinárias, oito:"</p><p>foros de deliberação decidiriam o destino das decisões dos vinte e quatro:</p><p>foros anteriores. O contexto decisório apresentava sinais claros de agregação_;</p><p>das forças progressistas, de um lado, e conservadoras, de outro, seja no·; .</p><p>âmbito parlamentar, seja no âmbito extraparlamentar, através do apoio recí�·,.</p><p>proco às respectivas propostas. Legisladores e grupos de pressão partiam{</p><p>para a mobilização e a atuação em bloco. Entre os constituintes, estava cada":</p><p>vez mais nítida a atuação de um bloco de autoctenominados moderados, aí(</p><p>incluídos os ptil'tidos de direita e os conservadores do PMDB; dentre estes_·:</p><p>últimos, os membros da base governista se aglutinavam em torno do líder;'.</p><p>governista Carlos Sant' Anua e começava a se formar um grupo autoc:ienomi: ·:</p><p>nado "Centro Democrático". Do mesmo modo, membros dos partidos de_.'.'.</p><p>esquerda, dissidentes dos partidos de direita e progressistas do PMDB atua·.'</p><p>vam de forma crescentemente conjunta.a</p><p>Nos corredores, galerias e salões do Congresso, militantes de partidos e i</p><p>de grupos àà pressão, lobistas e agentes governamentais também agrega-\:</p><p>mento (. .• ). Ao dar t:Onhecimento dessa decisao ao plenário da Comissão Vlll, o PreSid.ente ·:</p><p>Ma:r:condes Oadelha (PFL) =ntou sua sintomática observação: Ollel' diz.,,-, não pode 98f</p><p>ep.resentado um substitutivo oompleto ao substitueivo dorolator (p. 206). .'</p><p>8 Nas manifestações regis;t,;adas nas atas das :reuniões cujos trabalhos em seguida analisaremos, •,</p><p>são fregüenu.s as utilizações de refet&nciaa a twçss �se a forças conserve:doras, pelos</p><p>progressistas, e a ra.dicais e moderados, pelos cOllServad.ores. Tu:mbém na eobertuxa jomali9tioa ·-'</p><p>tais tennos e as alusôes à atuação SUlltapartidária conjunta tornrun--':ie cada vez mais treqúen•</p><p>tes: v. Folha de São Paulo, 09/06/1987, p. A-7, e 16/06/1987, p. A-7: O GLOBO, 05/06/1987. p. 6, 11</p><p>12/06/1987, pp. 2-3; Jornal do Brasil, 12/06/1987, p. 2.</p><p>f</p><p>!( aJll forças. De um lado, lobistas de empresas e entidades patronais, em arti-</p><p>i:�ção eventual com agentes governamentais; de outro, representantes de</p><p>iehtidades laborais, clericais, movimentos sociais, etc. Em cada bloco, há indí ­</p><p>,c;ios de partilha das tarefas relativas a cantatas com os parlamentares.</p><p>_}Amtantes dos movimentos agregados a cada bloco acompanharam as vota­</p><p><çqes das Comissões VI e VIII. Durante as votações da Comissão VI, roilitan-</p><p>1:tes da CONTAG e do MST, de um lado, e da UDR e outras entidades ruralis­</p><p>:'ks, de outro, dividiram em duas porções as galerias, e chegaram ao confron­</p><p>. !:.� físico em 11 de junho, véspera do início das votações, no Salão Verde em</p><p>,frfflte ao Plenário da Câmara dos Deputados.</p><p>';} Na mesma data foi assassina.do, no Estado do Pará, o suplente de cons-,,</p><p>,tituinte Paulo Fbntelles (PC do B), ex -deputado estadual e advogado de pos­</p><p>�iros e sem-terra. Seus familiares atribuíam o crime a Jairo Andrade, diretor</p><p><'�· anceiro da UDR nacional. O fato repercutiu na sessão da ANC daquela</p><p>,�e: lideres (inclusive Lourenço e Covas) e outros constituintes condena­</p><p>'.ikm a violência; Ulysses comunicou ao Plenário que pedira ao governador</p><p>Hãlio Gueiros (PMDB) informações precisas sobre a apuração do crime. O dia</p><p>':ffudaria com a posse do· novo presidente do INCRA, José Eduardo Raduan,</p><p>'J'dicado pelo recém-empossado ministro Marcos Freire (PMDB). Em entrevis-</p><p>,.� .. após a solenidade, Raduan tornou-se o primeiro presidente do INCRA a</p><p>Db.ecer a UDR como segmento interessado no processo de reforma agrá­</p><p>:·•: ·. No dia seguinte, 12 de junho, o início das reuniões de votação das ,,,, . '</p><p>·ssões seria acompanhado pela edição de um novo plano econômico (o</p><p>;,.- eiro) pelo Governo Sarney, o Plano Bresser, adotado pelo ministro Bresser</p><p>·� reira, indicado pelo PMDB, e próximo do "grupo ulyssista" do Partido.9</p><p>;2. Comissão VI</p><p>Como 11mos acima, a Gomissão·da Ordem Econômica tinha 65 titulares:</p><p>- 23 pertencentes aos partidos de direita (15 dO PFL, 4 do PDS, 2 do</p><p>PTB, 1 do PL e 1 do PDC};</p><p>- 8 pertencentes aos partidos de esquerda (3 do PDT, 2 do PT, 1 do PC</p><p>do B, 1 do PCB e 1 do PSB);</p><p>9., Sobre as mobílfaações e inctdentes extrapailamentares durante as atnridades das Comissões,</p><p>ver OOl!OO Marchas de uma COl:ltramarcha: nar.isiçáo, UDR e Consctruil'.lte, cit., Cap. rv, pp. 147 -</p><p>·\\:' 152; SILVA, José G. da. Buraco Negro .•. , cit., Ctip, 5, pp, 91·106; os jornais citados na nota ante­</p><p>í§?.·</p><p>c ·'; rior e também: Gazeta Mercantil, 12/06/1987, p. 14; Jornal do Brasil, 14/06/1987, p. 2; O Estado</p><p>f; de São Paulo, 23/06/1987, p. 12 O Globo, 18/06/1987, p. 8, Veja, 24/06/1987, p.34. Para a mpercus­</p><p>�'._,,,; sã.o do assassinato de Fontelles e a comunicação de illysoos, ver Ata da 81" Sessão da ANC,</p><p>[{ Anais. .. , l't:ll. 5, pp. 2641-6. Para a repe:rcussão do Plano Bresser no Plenário da Constituinte, ver</p><p>Ata da 8311 Sessão, Anais ... , vol. 6. pp. 2693-748.</p><p>123</p><p>o PMDB tinha 34 titulares: 17 conservadores, 13 progressistas e 4</p><p>moderados (os 34 suplentes dividiam-se em 14 conservadores, 11 pro­</p><p>gressistas e 9 moderados)-10</p><p>Considerados os titulares do PMDB, o bloco conservador teria 40 mem­</p><p>bros e o bloco progressista, 21. Mesmo que os quatro titulares moderados do</p><p>PMDB se unissem aos progressistas, a maioria conservadora continuaria</p><p>insuperável, a não ser que ocorresse uma improvável ausência de um eleva­</p><p>do número de conservadores do PMDB e sua substituição</p><p>(Cap. XV. pp. 449-520):</p><p>Coelho, João Gilbelto Lucas. "O Processo Constitumte", em. Gw:an, Milton (ed). O Processo</p><p>Clmstitlllllte 1987-!988. Bras!lia: AGIL, 1988 (pp. 41-60).</p><p>3 Quanto ao primeiro aspeoto, a ConstitWnte àoortadade 1823 e o Congresso Constituinte de 1946</p><p>partil'.am, ambos, de projeto elaborado pot comissão interna: já o Gongresso Constituinte dê</p><p>1890-91 e a As&embiéia Constituinte de 1933-34 tomaxam por base projetos de comissões cria ­</p><p>das pelos Governos Provisédos; last and .lea.s-t, o sim.ulac.m de Congresso ConstitWnte de 1966-</p><p>67 foi fo�ado a "deliberar", em. PJ'.ilZO certo, sobre p,:ojeto imposto pelo Governo militar. Quanto</p><p>à duração dos trllllalbos, a Constitulnte de 18:23 foi instalada em 2 de maio e fechada pelo golpe</p><p>de 12 de novembi:o do mBllmo ano: o primeiro Cong;r;esso Constitllinte republicano iniciou seus</p><p>trabalhos em 15 de novembro cte 1S90e promulgou a Constituição em 24 de lev$eiio cte 1691; a</p><p>seguncla Constituinte republicana foi instalada em 15 de novembro de 1933 e pl'Q!llulgou nossa</p><p>terc.eira Constituição em 16 de julho de 1934: o Congresso Constituinte de 1946 fol Instalado em</p><p>1� de fevereiro e promulgou a Coostitulção em 18 de setembro: finalmente, no regime militw, o</p><p>Congresso Nacional, com maioria parlameotar em final de mandato, reuniu-se em 12 de de�em•</p><p>biode 1966 e concluiu suas votações em :21 de janeiro de 1967, em obediência ao que impunha</p><p>o Ato Institucional n<> 4.</p><p>foros decisórios e 4 fases deliberativas diferentês, um partido e duas de suas</p><p>maiores lideranças viveram seus momentos de apogeu e declínio: o Partido</p><p>do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB), de Ulysses Guimarães e Mário</p><p>Covas.4 Em fevereiro de 1987, o PMDB era o parti.do ao qual se filiara (ainda</p><p>que na penúltima hora) e pelo qual se elegera (ainda que em Colégio Eleítoral</p><p>indireto e para o cargo de vice-presidente) o presidente da República, bem</p><p>como o partido de filiação de 21 dos 22 governadores de Estado e de 306 dos</p><p>559 constituintes.s Partido majoritário no Congresso Nacional, o PMDB tinha</p><p>assento no governo federal e na quase totalidade dos governos estaduais.</p><p>Seu presidente nacional acumulava as Presidências da ANC, da Câmara dos</p><p>Deputados e, com esta, o primeiro lugar na linha de substituição do presiden­</p><p>te da República. Nos 20 meses seguintes, o PMDB como um todo viveu a</p><p>dúvida.de ser ou não ser efetivamente "Governo"; sua folgada maioria na</p><p>Constituinte foi abalada pelo conflito em que a sempre problemática unida­</p><p>de de sua bancada ruiu no ritmo de golpes desfechados sobre sua vulnerável</p><p>natureza de frente, uma frente que fatal.mente perdia coesão à medida que</p><p>seu objetivo proclamado, a redemocratização, se consumava; para completar,</p><p>seu líder na Constituinte renunciou à Liderança e deixou o partido com o qual</p><p>estivera identificado por mais de duas décadas, acompanhado inicialmente</p><p>por 37 outros constituintes peemedebistas - até o final dos trabalhos, cerca</p><p>de 70 constituintes eleitos pelo PMDB deixaram a legenda.6 Potenciais can­</p><p>didatos à Presidência da República, tnysses e Covas viram seus momentos</p><p>propícios passarem na derrota comum, fragorosa para o primeiro, nas elei­</p><p>ções presidenciais de 1989, que abriu as portas do partido P:aIª outra deban­</p><p>dada, rumo às novas formações governistas e oposicionistas. 7</p><p>Neste mesmo cenário,. partidos de esquerda, cujas bancadas, isolada e</p><p>conjuntamente, eram minoritárias na Assembléia, experimentaram intensa</p><p>prática de atuação como bloco pailamentar: Partido Comunista Brasileiro</p><p>(PCB), Partido Comunista do Brasil (PC do B), Partido Democrático TI:aba­</p><p>lhista (PDT), Partido Socialista Brasileiro (PSB), o Partido dos 'Itabalhadores</p><p>{PT} e, a partir de junho de 1988, o Partido da Social Democracia Brasileira</p><p>(PSDB).8 Em coalizão com a Lide_rança do PMDB na Assembléia e a chamada</p><p>4 ReSpectivamente, presidente da ANC e líd.eI da baucada do l?MDB na ANC até o final do primei­</p><p>ro turno de votações em Plenário.</p><p>5 · V. NICOLAU, Jairo Marconi (org.}. Dados Eleitorais do Brasil; (1982-1986). Rio'de Janeiro: Revan/</p><p>IUPER.J-UCAM, 1998; MAINWARING, Scott e Ll&AN, Anihal Pérez. "Disciplina Partidária: O Ca ­</p><p>so da Constituinte", Lua Nova -Revjsta de Cultura e Poiitic;a, n� 44, 1998, pp. 107-136.</p><p>6 MAINWARING; LIN"AN, ob. cit., pp. 116-11'7. .</p><p>7 No Primeiro, turilo das Qieiçóes, de um total de 67 .613.337 votos válidos, Ul;r'sses Guimarães rece­</p><p>beu 3.204.S53 votos, fie�o em 7r> lugar: Mário Covas, oom 7.786.939 votos. ficou em 411 lugar. V</p><p>NICOLAU, ob. cit., p. 29.</p><p>8 Esses parudos são aqui assumidos idiossincraticamente como de "esqueida", conforme facul­</p><p>tam as nounas da hoa licença acadêmiea. autorizada pela pe:roopção generalizada, no senso eo-</p><p>a</p><p>"esquerda" da bancada majoritária, os partidos de·esquerda formaram um</p><p>bloco que se autodenominou "progressista" e construiu maiorias pontuais</p><p>que determinaram, em questões de alta relevância, a derrota de propostas de</p><p>preferência do bloco "conservador'' majoritárto, integrado pelo Partido</p><p>Democrático Social (PDS), pelo Partido da Frente Liberal (PFL), pelo Partido</p><p>Liberal (PL), pelo Partido Democrata Cristão (PDC), pelo Partido Trabalhista</p><p>Brasileiro (PTB) e pela fração "conservadora" do P11ID.B -, bloco este cujos</p><p>integrantes majoritariamente se reuniram, a partir de novembro de 1987, sob</p><p>a autodenom inação "Centrão" .9 Mesmo nas derrotas, a coalizão "progressis-</p><p>ta" cobrou caro, elevando os custos das vitórias "conservadoras".</p><p>As estratégias desenvolvidas a partir da articulação entre as bancadas</p><p>dos partidos de esquerda, o líder da bancada do PMDB e a fração minoritária</p><p>de esquerda desta última exploraram ao máximo as características e os cón­</p><p>dicionamentos institucionais do processo decisório. Caracterizaram-se, por­</p><p>tanto, pelo uso intensivo dos instrumentos formais do processo legislativo,</p><p>tanto em sua atuação proposítiva (formação de coalizões para aprovação de</p><p>propostas), como em sua atuação reativa (formação de coalizões de veto).</p><p>Embora fosse majoritário, o bloco conservador somente consegu_iu garantir a</p><p>aprovação de algumas de suas propostas e a rejeição de outras a que se opu­</p><p>nha após a alteração das regras do processo decisório que promoveu em</p><p>janeiro de 1988, no bojo da chamada ''Rebelião do Plenário", às vésperas do</p><p>início das deliberações definitivas da Assembléia.</p><p>No rol das deliberações mais polêmicas destacavam-se questões con­</p><p>cernentes à "constituição material" da sociedade e do Estado brasileiros:</p><p>propriedade fundiária, exploração de recursos naturais, desempenho de ati­</p><p>vidades econõmicas, concessões de serviços públicos. Condensação da</p><p>maioria governista no CongresSo e da maioria conservadora na Constituinte,</p><p>o bloco conservador apresentou-se, ali, sobretudo após a formação do</p><p>Cent.rão, como autêntica expressão parlamentar do "partido da ordemn,to</p><p>/' ,-reconstituindo-se e rearticulando-se progressivament;e, ao longo do preces-</p><p>"'' so, na defesa do status quo. Questões relativas à distinção entre capital</p><p>nacional e capital estrangeiro, à posse da tena, à exploração do petróleo, de</p><p>outros recursos m.m.erais, de potenciais de energia hidráulica e dos serviços</p><p>de telecomunicação, rádio e televisão, dentre outras, polarizaram decisões</p><p>mum e na autoperoepção dos pciprios e de seus contendores, de que assim o.eram�</p><p>momento e naoneJe contexto: nas questões xelativas à Ordem Econômica, que delimitam o obje­</p><p>to deste estudo, desenvolvexam atuação unificada, situada no pólo esqueido do concimrum ideo•</p><p>lógico da ANC. Ver, a propósito, Mainwating e Lliían (e:it.) - iessalvado o PDT, que classificam</p><p>bomo de "centro-esquerda", todos os dema1s são classificados como "es(ll.lerda".</p><p>9 Mainwaring e Lifl.an (cit.) classificam os três primeiros como de "direita.· e os dois últimos como</p><p>de "centto".</p><p>10 Utilizo a expressão na acapção que lhe foi dada poc Karl Mane 001 O 18 B.n=ári<> de T...uk</p><p>Bonaparte.</p><p>-"'''-'Y''"��.,...,�, "'-"""wv""-lOil;!s, vroem .l!.oonomlC& e ttegras Cio Jogo</p><p>em</p><p>por progressistas</p><p>e/ou moderados alinhados a estes.</p><p>Nos termos do acordo Covas-Lourenço, o presidente era José Lins (PFL)</p><p>e o relator, Severo Gomes (PMDB). A indicação do progressista Severo por</p><p>Covas provocara o levante conservador pela quebra do acordo PMDB-PFL e</p><p>a tentativa de "eleger" Roberto Cardoso Alves (PMDB) para a Relawria, como</p><p>vimos -�q,_-�ít\\W,. 2.</p><p>Eia l_Q de jünho, quando mysses permitiu a apresentação de emendas</p><p>aos s�stitutivos dos relatores, Cardoso Alves defendeu, na Comissão VI, a</p><p>apreséntação de emendas substitutivas integrais ao substitutivo do relator.</p><p>Na reunião seguinte, Cardoso Alves levantou questão de ordem sobre a pos­</p><p>sibilidade de se conceder preferência, na votação, para um substitutivo do</p><p>plenário. José Lins respondeu nos seguintes termos: A Mesa se reserva o</p><p>direi.to de analisar a questão da preferência ou não, que já é uma matéria dife­</p><p>rente da que estamos tratando, mas haverá uma maneira de modffk:ar o pare­</p><p>cer do relator se o plenário entender de ta.zé-lo. 11</p><p>Em 8 de junho, o relator Severo Gomes apresentou seu 1,!I SubstituthtG.12</p><p>O conteúdo estava mais próximo dos anteprojetos de Oswaldo Lima Filho e</p><p>10 Conservadores: Albano Franco, Antônio Carlos Franco, Arnaldo Rosa Prata, Gidel Dantas, Gil</p><p>Cesw: , G\lstavo de Faria. lrapuã Costa Junior, Jorge Vianna, José tnisses de Oliveira, Lu[s</p><p>Roberto Ponte, Macws Lima, Nyder Barbosa. Paulo Za:rzur, Rachid Saldanha Derzi, Renato</p><p>Jolmsson, Robwto carooso Alves e Sérgio Naya (titulares); Affonso Camargo, AJvai:o António,</p><p>Bosco França, Dalton CWlWJtava, Denisai: Al:neiro, Fausto Femaucles, Ivo Vanderltnde, João</p><p>Rezek, Jorgé Leite, José Mendooça de Morais, Leopoldo Perez, Mamo MLtanda, Paulo</p><p>Minoai:oW:1 e Sérgio wemeck (suplentee).Progressistas: Benedicto Monteiro, Ditt:eu CameirO,</p><p>Expedito JUnior, Gabl"!el Guen:elrO, Hélio Duque. Mareio Lacerda, Oswaldo Lima Filho,</p><p>Percival Muni2, Raquel Caplberibe, Severo Gomes, Valte:. Pereira, Vicente Boga e Virgildá.slo</p><p>de Senna {titulares); Antero de Barros, Antônio Perosa. Dorato Campanari, H.arlan Gadelha.</p><p>João Cunha, Lézio Sathler, Luiz Alberto Rodrigues, Nelton Fdedrich, Teotônio Vilela Filho.</p><p>Waldir Pugliesi e watmor de Luca (suplentes). Moderados: GerSQII. Marcondes, !smasl</p><p>Wandsrley, Ivo Mainardl s Santinho Furtado (titulw:es): Darcy Deitas, Femand,:, Velasoo,</p><p>Hsnrique Eduardo Alves, Mamo Campos. Raimundo Lira, Raul Belém. Ronaldo Cezai: Coelho,</p><p>Ruy Nsdel e Wilson Campos (suplentes).</p><p>11 Ata da 711.Reunião Ordlnária, Atas das Cbmissóes, Suplemento O" eo ao Diâr:io •... pp. 53-4. Ata da</p><p>8:11 Reunião Ordinária, idem, p. 68.</p><p>12 Ata da 11-"Reunião Ordinária, Atas das Comissões, Suplsmento ao$ 91 dO Diário . ., pp. 121-135,</p><p>· de Virgildásio de Senna, relatores progressistas derrotados nas Subcomis­</p><p>sões VI-C e V I -A, do que das emendas aprovadas pelo rolo compressor dos</p><p>· eonservadores na Subcomissão VI-A e do Substitutivo Rosa Prata, denotado</p><p>· na subcomissão VI-C. O 1º Substitutivo Severo Gomes:</p><p>Í'-</p><p>i "_</p><p>§,,.</p><p>;(é.</p><p>g-(,</p><p>fY</p><p>;-;e_.</p><p>11:, •</p><p>&/</p><p>J·,.</p><p>"</p><p>W></p><p>r:;</p><p>!</p><p>!</p><p>li</p><p>�"</p><p>1, ..</p><p>definia empresa nacional como aquela constituída e com sede no País,</p><p>cujo controle efetivo estivesse, em caráter permanente, exclusivo e</p><p>ineondicional, sob a titularidade de pessoas físicas residentes e domi­</p><p>ciliadas no País;</p><p>- concedia às empresas nacionais a preferência na aquisição de bens e</p><p>serviços pela Administração Pública, além de permitir a criação, por</p><p>lei, de reservas de mercado para empresas nacionais em setores estra­</p><p>tégicos, essenciais à autonomia tecnológica ou de segurança nacional;</p><p>- reservava a empresas nacionais ou estatais a exploração de energia</p><p>hidráulica e de jazidas minerais na faixa de fronteira, e apenas a</p><p>empresas estatais a mesma exploração em terras indígenas;</p><p>- estabelecia o monopólio da União sobre a pesquisa, a lavra, a impor­</p><p>tação, o refino, o processamento, o transporte marítimo e em dutos do</p><p>petróleo, derivados e gás natural, monopólio este que compreenderia</p><p>os riscos e resultados das respectivas atividades;</p><p>- para cumprir sua função social, a propriedade rural deveria satisfazer</p><p>simultaneamente os seguintes requisitos: aproveitamento racional,</p><p>conservação dos recursos naturais e preservação do meio ambiente,</p><p>-observância das leis trabalhistas e favorecimento do bem-estar dos</p><p>respectivos proprietários e trabalhadores;</p><p>caberia à lei fixar as áreas máximas regionais para as propriedades</p><p>rurais;</p><p>a indenização pelas desapropriações seria paga em títulos da dívida</p><p>púplica, resgatáveis em 20 anos a partir do segundo ano, garantida a</p><p>indenízação das benfeitorias em dinheiro;</p><p>- a declaração de interesse social implicaria imediata imissão da União</p><p>na posse do imóvel, podendo o proprietário contestar judicialmente o</p><p>mérito da desapropriação para obter o pagamento da indenização em</p><p>dinheiro. f</p><p>Í,,</p><p>� · Na mesma reunião e nas duas seguintes, o 1º Substitutivo de Severo</p><p>;gomes recebeu críticas à direita e à esquerda. Os conservadores renovaram</p><p>faB críticas feitas aos substitutivos de Virgildásio de Senna e de Oswaldo</p><p>;•Lima Filho. Os progressistas reclamavam:</p><p>··.</p><p>- que os controladores das empresas nacionais fossem de nacionalid a ­</p><p>de brasileira, e não apenas domiciliados e residentes no País;</p><p>125</p><p>J</p><p>- que fosse estabelecido no texto da Constituição o limite máximo de:</p><p>área para as propriedades rurais;</p><p>- que fosse suprtmida a possibilidade de discussão judicial do mérito</p><p>das desapropriações para reforma agrária;</p><p>que o pagamento das indeniiações fosse feito sempre em títulos da·</p><p>dívida pública;</p><p>- que a indenização pelo imóvel desapropriado correspondesse ao valor,</p><p>declarado pelo proprietário para fins fiscais.13</p><p>Após a apresentação do 12 Substitutivo, o presidente José Lins fez sin,_'.</p><p>tomática comunicação: Outro assunto que também considero de suma impor.</p><p>t.ãnaia é este que consta do Oficio PO n2 266, do P.residente da .Assembléi.i</p><p>Nacional Constituinte, que díz ... - e passou a ler a decisão tomada por:</p><p>Uly:sses em 18 de maio, sobre a apresentação de substi.tutivos integrais, qué:</p><p>vi�j�':1 a$!�_issão do Substitutivo Rosa Prata na Subcomissão VI-C. Após:</p><p>a leitura, José'Lins arrematou: Dou conhecimento ao Plenário, porque se trata:</p><p>de decisão do Presidente da Constituinte, para o qual apenas caberia rec-urso;</p><p>e nã� para esta Presidência. Na celeuma que se seguiu, os progressistas crÚ</p><p>ticaram a decisão de Ulysses e a dubiedade do movimento de José Lins, a;</p><p>passo que, em acalorada intervenção em defesa dos substitutivos integraisI</p><p>Cardoso Alves prometeu: temos o direito de apresentar .sf.lbstitutivos e, se jril '</p><p>garmos necessário ao interesse público, o faremos S61ll nenhuma cerimônia.t�'.</p><p>Na tarde 12 de junho, sexta-feira, iniciou-se a reunião de votação do :'</p><p>Substitutivo Severo Gomes, divulgado naquele dia. Suspensa logo depoiS:</p><p>para organização dos destaques, a reunião foi reiniciada às 23h 07m e n:ova'</p><p>mente suspensa menos de duas horas depois, após tumulto generalizado ri'</p><p>Plenário e nas galerias da Câmara. Retomada a reunião na tarde de 13 d_</p><p>junho, sábado, as votações se prolongaram até o início da noite, mas a red .···</p><p>ção só foi formalmente encammhada na tarde de 15 de junbo.15 O</p><p>Substitutivo acatava a exigência progressista de reservar a cidadãos brafaj</p><p>Ieiros o controle das empresas nacionais, mas mantinha o conteúdo do 1�</p><p>SubstitutiVQ.nas demais questões.16</p><p>13 Ver Ata citada Da nota anterior e as Ates dlii 1Z.,. e 13" ReUDlões Ortllilárta.s, Atas das O</p><p>Suplemento ao no 91 do DJário ... , pp. 135-148 e 148-170. Alil crlt:loas couservadoras foram voc$lis</p><p>zadas per CardOl:IO Alves, José mysses de Oliveira e Mamos Lima (PMDB), V,rgílio Oa1as0:,f_</p><p>Roberto Campos (PDS). As criticas progressistas, por Oswalrlo LJma Filho, Valter Pereira .</p><p>Vicente Bogo (PMDB). Aldo Arantes {PC do B), Luiz Salomão (PDT) e Vladimir Palmeira (PT).�</p><p>14 Ata da 1111 Reum:ão, oit.., pp. 132-135. Falaram pelos progxessistes Valter Pereira. Luiz S</p><p>Vílgildásio</p><p>qo.e se enfrentaraÍn continuamente os blocos conservador e progressista.</p><p>No período pós-Constituinte, a revisão de algumas das decisões que corres•</p><p>ponderam a vitórias progressistas integrou permen?ntemente a agenda con•</p><p>gressual conservadora, até ser efetivada no ciclo de reformas de 1995, desen•</p><p>cadeado por iniciativas formais do então presidente da República, Fernando</p><p>Henrique Cardoso.11</p><p>Algo de singularíssimo passou•se no Congresso Nacional brasileiro nos</p><p>idos de 1987•88, e a peculiar estrutura da instituição e dos procedimentos</p><p>constituintes talvez permitisse compreender melhor aquele momento em que</p><p>o caráter extraordinário da decisão formal constituinte e o caráter ordinário</p><p>da função parlamentar federativa na política brasileira se entrelaçaram de</p><p>forma tão intensa e contraditória. A partir dessa dupla constatação procurei,</p><p>com o trabalho que se segue, satisfazer simultaneamente uma necessidade</p><p>e um desejo: a necessidade acadêmica de elaborar uma tese de doutoramen­</p><p>. to em Ciência Política para a conclusão do respectivo curso no fecundo</p><p>IUPERJ; o desejo intelectual de toda uma vida, qual seja, o de produzir um</p><p>testemunho isento que traduzisse minimamente a grandiosidade daquele</p><p>fantástico processo decisório que tive o privilégio de acompanhar do início ao</p><p>fim, na tripla condição de cidadão, assessor parlamentar e pesquisador que</p><p>preparava sua dissertação de Mestrado.</p><p>A grande dificuldade de escrever uma "história da Constituinte de 1987-</p><p>88" reside justamente na gigantesca dimensão daquele processo decisório,</p><p>seja no que se refere à temporalidade (quatro fases, além da preliminar, todas</p><p>percOrridas em 20 meses), seja no que se refere ao espaço decisório (34 foros).</p><p>É literalmente um trabalho sem fim, borgiano. Thlvez por isso continuemos</p><p>carentes de obras que descortinem a um só tempo uma compreensão global</p><p>'do processo e uma amostragem etnográfica aprofundada e detalhada do</p><p>.. _work in progress relativo a algumas questões específicas. Faltam-nos narra­</p><p>tivas que destaquem as grandes etapas do conflito constitutivo, de um lado,</p><p>_e ofereçam-uma amostra das pequenas escaramuças que fizeram o dia a dia</p><p>· ·daquels processo decisório, de outro. A inspiração metodológica proporcio•</p><p>nada pela leitura dos institucionalistas no ITJPERJ, a :teferência proporciona•</p><p>. _dà por algun� autores de eleição ín pectore e os parcimoniosos conselhos de</p><p>meu tolerantíssimo "desorientador", o bom amigo Renato Lessa, fizeram-me</p><p>ousar oferecer uma contribuição a esse esforço. Sintetizo abaixo algumas</p><p>dessas referências, de modo a expurgar esta Introdução de grande parte do</p><p>conteúdo relativo às matrizes teóric�•metodológicas e à resenha bibliográfi-</p><p>1t As Emendas Constitucio.aais nos 5, 6 e 8, pronnilgadas' em 15/08/1995, e e Emenda Constitu­</p><p>cional no. 9. promulgada em 9/11,195, determina:ram respectivarnente: a abertura da explorayão</p><p>de SeJViços locais de gãs canalizado a emptesas privadas; a supressão do conceito de empresa</p><p>braSI.IWfa de capital nacional; a cruebra do monop6lio estatal das te!ecomunicaçoo.s; e a quebra</p><p>cto mon0pólio estatal do petróleo,</p><p>5</p><p>ca, que constituem o tradicional "pedágio" acadêmico a ser pago num traba­</p><p>lho de tese. Como já paguei, não é o caso de enfastiar o leitor com aquela cha­</p><p>tice toda: por isso elilllinei os trechos mais indigestos. Vamos então estrita­</p><p>mente ao que interessa para entender a estratégia de pensamento utilizada</p><p>para "tornar inteligíveis" os acontecimentos que a curvelínea arquitetura de</p><p>Niemeyer abrigou entre 1987 e 1988.</p><p>O objetivo deste trabalho é apresentar uma narrativa cientificamente</p><p>estruturada dos conflitos entre o bloco progressista e o bloco conservador,</p><p>acima identificados, no Processo Constituinte de 1987-88, especialmente no</p><p>que tange às questões substantivas supramencionadas e às decisões institu­</p><p>cionais sobre o próprio processo decisório. Trata-se, pois, de uma pesquisa his­</p><p>tórica analiticamente orientada, através da qual, caracterizada a constituiÇâo</p><p>de dois atores parlamentares coletivos, identificada uma série temporal de</p><p>decisões legislativas extraordinárias e seus resultados, delineado o quadro</p><p>organizaciOnal-procedimental delimitador do processo decisório e suas altera­</p><p>ções, apresento uma exposição que atenta para os usos estratégicos que os</p><p>atores parlamentares fizeram dos instrumentos e prerrogativas procedimentais</p><p>à sua disposição, de que modo exploraram as características institucionais do</p><p>processo decisório, e as eventuais relações entre tais estratégias e condiciona­</p><p>mentos, de um lado, e as vitórias conquistadas e· derrotas sofridas, de outro.</p><p>O trabalho estrutura-se de forma geométrica, através de uma compara­</p><p>ção de estratégias e resultados que se realiza sincronicamente, ao enfocar</p><p>decisões sobre questões diferentes em um.a mesma fase, no mesmo ou em</p><p>diferentes foros, e diacmnicamente, ao enfocar o processo relativo a uma</p><p>mesma questão em distintas fases e/ou foros.</p><p>A seqüência temporal de momentos decisórios aqui delimitada tem</p><p>como antecedentes outras decisões, que definiram as regras, a arena e os</p><p>atores do jogo, a saber:</p><p>'</p><p>a Emenda Constitucional nº- 26 à Constituição de 1967, que convocou</p><p>a Assembléia Nacional Constituinte e determinou sua composição</p><p>congressual e seu funcionamento unicameral,·</p><p>após a instalação da Constituinte em 01/02/1987, a decisão sobre a</p><p>participação dos senadores eleitos em 1982 e aceitação da atuação</p><p>dos lideres de bancadas partidárias;</p><p>a eleição para a Presidência da Assembléia;</p><p>- a elaboração do Regimento Interno;</p><p>a designação dos líderes das bancadas partidárias, especialmente a</p><p>eleição do líder da bancada maioritária;</p><p>- as eleições das Mesas e as designações dos relatores das diversas</p><p>comissões e subcomissões criadas pelo Regimento Interno;</p><p>a alteração regimental promovi.da pelo Centrão.</p><p>Já os momentos decisórios relativos às questões substantivas· aqui con ­</p><p>sideradas são os seguintes:</p><p>- as deliberações das subcomissões e das comissões temáticas, e da</p><p>Comissão de Sistematização;</p><p>- as deliberações de primeiro e segundo turnos em Plenário.</p><p>Além das decisões formais acima especificadas, serão analisad� as</p><p>decisões substantivas das subcomissões, comissões e Plenário sobre os</p><p>seguilltes temas:</p><p>- definição de empresa nacional, proteções ao capital nacional e acesso</p><p>ao merca'cto nacional, inclusive no setor tecnológico;</p><p>- exploração dos recursos minerais e dos potenciais de energia hidráu-</p><p>lica;</p><p>- monopólios do petróleo e das telecomunicações;</p><p>- reforma agrária;</p><p>- concessões de emissoras de rádio e televisão.</p><p>� ,;,, Para além da relevância que assumiram no processo e sem entrar na</p><p>J> avaliação do mérito das respectivas propostas, tais decisões foram escolhi­</p><p>das pelas seguintes razões:</p><p>- em todas elas, as preferências das bancadas partidárias minoritárias</p><p>de esquerda convergiram para propostas de alteração do status quo</p><p>constitucional;</p><p>- ressalvadas eventuais divergências decorrentes de motivações estra­</p><p>tégicas ou eleitorais, em todas elas houve coincidência de princípio</p><p>entre as mientações dos líderes das bancadas do PCB, do PC do B, do</p><p>PDT, do PMDB (enquanto permaneceu .no partido), do PSB e do PT,</p><p>com apoio da fração de esquerda da bancada do PMDB e, mais tarde,</p><p>da bancada do PSDB;</p><p>- com as mesmas ressalvas, houve em geral a mesma coincidência, mas</p><p>em sentido oposto, entre as orientações dos líderes do PDC, do PDS,</p><p>do PFL, do PL e do PTB, com o apoio do líder do Governo na Câmara</p><p>e da fração conservadora do PMDB, sendo as divergências e os casos</p><p>de indiSciplina de grande relevância para a compreensão de alguns</p><p>resultados inesperados;</p><p>- - em todos estes casos, os debates e deliberações caracterizaram-se</p><p>:,SVJS,:,</p><p>pelo alto grau de dissenso ao longo das quatro fases deliberativas em</p><p>que foram apreciados, traduzido pela elevada polarização das vota­</p><p>ções entre posições ideológicas de direita e de esquerda, sendo as</p><p>tentativas de obtenção de consenso car·acterizadas</p><p>por alto grau de</p><p>dificuldade;</p><p>pela disposição dos registros dos respectivos processos deDisórios</p><p>nas publicações oficiais utilizadas, eram os temas que melhor facilita­</p><p>vam a viabilidade temporal da pesquisa.12</p><p>As estratégias, vitórias e derrotas dO "bloco progressista" e do "bloco</p><p>conservador", nessas questões e nessas arenas, podem ser consideradas</p><p>como emblemáticas de um processo decisório que atravessou vinte meses,</p><p>permeado pela polarização entre tais blocos. Por isto, acredito que, ao focali­</p><p>z á -las, foi possível estruturar um retrato explicativo de todo o Processo</p><p>Constituínte de 1987-88, cuja dinâmica foi reconstnúda tendo como inspiração</p><p>inicial a tradição intelectual institucionalista. A perspectiva institucionalista,</p><p>como se sabe, assent a -se nas premissas de que é possível encontrar explica­</p><p>ções endógenas para os processos decisórios que ocorrem em cenários insti­</p><p>tucionais (no seio de organizações e conforme procedimentos predetermina­</p><p>dos por regras) e de que os participes de tais processos são "razoavelmente</p><p>racionais", comportam-se estrategicamente e se distinguem, dentre outros</p><p>atributos, por suas preferências e capacidades. Deste modo, a perspectiva</p><p>institucionalista orienta-se para a pesquisa dos condicionamentos organiza­</p><p>cionais e procedimentais das dinâmicas decisórias, seus possíveis efeitos</p><p>sobre a fonntllação e a implementação das estratégias desses atores, e sobre</p><p>os resultados do próprio processo. Instituições contam: afetam _o comporta­</p><p>mento dos atores, condicionam suas ações e suas expectativas sobre as ações</p><p>de outros atores, de modo a induzi-los a adotar comportamentos estratégicos;</p><p>(</p><p>12 Para reoonst:rwro fluxo do processo constituinte, era Deceo.sário ler as fu:ntes primárias utilliadas</p><p>- as atas das reuniõee das subcomissões em que oo tem8S furam inicialm,mte tratados, em segui­</p><p>da as ata,:, das respeetivas comissões, publi�as numa mesma série irttitulada Atas dai.</p><p>Comis5'61:ls, "" atas da Comissão de Sistemat!z.açáo publicadas também em cadernos específioos,</p><p>e as atas dü sessões de Plenário, estas últimas apemi.,,a reunidas nos Anais da Assemblilia</p><p>Nacio.oal Comti"tuinte (refenmdas abaixo). Não há publicaçãQ sincronl=da das atas de cada um</p><p>desses foros; foi preciso oonstruir tal sincronia e já por lsto, ooja-me permitido o regtstro, o pre•</p><p>sente trabalbo é original. Especificamente no que tange às decisões sobre prooodimentos, que</p><p>experimentaram idas e :o-indas dmante todo o processo, era preciso, dia a dia, fazêl'. o cruzamen•</p><p>r.o da sessão de Plenário (especialmente as eventuais decisões do presidente), com a relllliáo da</p><p>comissão e/ou s\lbOQmjssáo pertinent.éS. O funciODamento simultâneo da vários foros decisórlos</p><p>num mesmo dia traduzill essa dimensão geométrica em eventuais interlexências nmiprocas, ilu­</p><p>mmando melhor o sentid.o das decisões e ações registradas nas o mais das vez,;,s frias notas</p><p>taquigráficas e degravaçóes. Ajudou muito a otdenar t.emporalmen.te essa trama a utilização das</p><p>fontes s,icundãrias, rep.,;esentadas pelas mais importantes publicações jornalísticas da época,</p><p>oonfoml.!l abaixo citadas. Os temas escolhidos p,irmitiram 1ootring:ir (!) a 'leitura e o eru:iamenr.o</p><p>das atas a três subcomissões ,i duas comissões dlfürent!lS, que .somadas às da Comissão de</p><p>Sistamatização e às das ses9ÕeS de Plenário, perfazem sete conjuntos de ,atas diferentes - só as</p><p>de plllnário perfazem 25 volumes. Quem teru.asoo reçonstruir borgianarnente todo o processo pre­</p><p>cisaria consultar as atas d<l 24 sWlcomissões, nove comissões e plenário -um trabalho infinito.</p><p>1'IOgieSSIStas, <.,.;ooservaaores, Urdem Econ�a e Regras do Jogo</p><p>por isto, as características institucionais das dinâmicas decisórtas têm impac­</p><p>to significativo sobre o conteúdo das decisões. Institutional detaíls matter -</p><p>embora o campo institucionalista abranja uma diversidade de escolas e "ins­</p><p>titucionalismos", esta é a assertiva que os aproxima.13</p><p>No que se refere à caracterização dos atores institucionais, o argumento</p><p>institucionalista é desenvolvido de modo exemplar por Stephen Krasner, ao</p><p>sustentar que os arralljos institucionais (organização, regras e procedimentos)</p><p>condici.onam as preferências, capacidades e auto-identidades dos atores.</p><p>Assim, preferências e capacidades só podem ser entendidas a partir de um</p><p>quadro institucional mais amplo, que define a distribuição dos recursos e das</p><p>prerrogativas que constituem tais capacidades. As capacidades institucionais</p><p>disponíveis num determinado momento, a sua vez, limitam. as opções relati­</p><p>vas às preferências. Finalmente, o modo pelo qual os atores se concebem a si</p><p>meSJnOs é afetado ou determinado pelo lugar que ocupam na estrutura 'insti­</p><p>tucional. Em síntese, o comportamento dos atores resuita da interação ent.re</p><p>estruturas institucionais que os constituem e são por estes constituídas.14</p><p>Quem são os atores institucionais, os decision-makers? Indivíduos ou</p><p>grupos? Parlamentares, partidos e/ou bancadas partidárias? Parlamentares</p><p>individualmente conSiderados, partidos e sua expressão parlamentar - ban­</p><p>cadas e líderes - são necessariamente unidades analíticas reciprocamente</p><p>excludentes, qualquer que seja a estratégia de análise, quando se trata de</p><p>examinar wn processo decisório parlamentar? Ao adentrannos o ambiente</p><p>institucional legislativo, devemos considerá-lo como se fosse povoado exclu ­</p><p>sivamente por mônadas ou por abstrações coletivas? Podemos fazê-lo? Creio</p><p>que não. E, ainda que se trate exclusivamente de indivíduos, não se trata, por</p><p>certo de iguais; entre os que estão no centro das decisões e manipulam recm·­</p><p>sos que condicionam o comportamento dos demais, de um lado, e o chama­</p><p>do "baixo clero", de outro, há uma diferença considerável, e isto não se res­</p><p>tringe aos líderes de partidos ou de bancadas partidárias. As posições dos</p><p>líderes partidários e dos dirigentes das comissões, bem como de outros ato­</p><p>res relevantes dent.ro e fora do Congresso, podem servir de "pistas" para</p><p>QUiaI os congressistas na definição de suas próprias posições. Mas o exces•</p><p>13 Para a estrutw:agão do quadro teórico-metodológioo inicial desta pesquisa, ver nosso "A pers­</p><p>pectiva instituclOilalillta e a análise! da dinâmica das decisões legislativas" em DIREITO, ESTA­</p><p>DO E SOCIEDADE, n<l-29, julho-dezemhro 2006, Rio de Janeiro: Pontifíoia Universidade Católica</p><p>- Departamento de DIIeito, pp, 28-48. Embora o texto da tese relativo a e5&e quadro te6ricx,.</p><p>InGtodológk:o tenha sido suprimido deste livro e se encontre no artigo supw.mencionado, os t ra ­</p><p>balhos utill:!ados continuam relaeiÓnados na bibliografia da presente edição com o único intuito</p><p>de oferecer um roteiro m.Íllimo dê le:itui:a sobra as escolas institucio11alistas de análise das deci­</p><p>sões legislativas aos estudantes e elTêntuais intêrei:,sados.</p><p>14 KRAsNER, $t.ephen. QSovêl:êignty - an Instib.JtLOilal Perspective", ln Comp&raefve Politica!</p><p>Studie,,, vol. 21, I)Q. 1, tesa, pp. 26·31.</p><p>so de desenvolt{ira das lideranças pode desencadear também as resistência$</p><p>e reações; não se trata de demiurgos, portanto.</p><p>Os arranjos institucionais concernentes à organização e aos procedi­</p><p>mentos que estruturam as decisões legislativas são relevantes porque condi­</p><p>cionam a atuação e as escolhas dos atores legislativos, dando lugar a com­</p><p>portamentos estratégicos por parte de legisladores e líderes: esta é a dimen­</p><p>são sobre a qual a literatura especializada oferece algumas de suas maiS</p><p>valiosas contribuições. Assim, pode-se verificar uma interação entre, de um</p><p>lado, arranjos institucionais e, de outro, preferências dos legisladores, que se</p><p>_reflete sobre o comportamento dos líderes e dos membros do chamado</p><p>"baixo clero", de modo a abrir oportunidades para que partidos e facções</p><p>construam coalizões legislativas. Diversos aspectos podem a partir dai ser</p><p>considerados quando se busca tornar inteligíveis tais processos decisórios.</p><p>Especialmente para o que virá, podemos desde logo destacar os seguintes:</p><p>a estrutura em estágios sucessivos</p><p>dos procedimentos legislativos e</p><p>seu impacto sobre a capacidade de antecipação, por parte dos que</p><p>participam dos estágios iniciais, das preferências maioritárias nos</p><p>estágios sucessivos;</p><p>o impacto, em cada estágio, das regras que permitem, limitam ou</p><p>proíbem emendas no mesmo estágio ou nos subseqüentes;</p><p>a distinção entre "voto sincero" (ou "ingênuo"), de um lado, e "voto</p><p>sofisticado" (ou "estratégieo"}, de outro, conforme o leque de opções</p><p>sucessivas;</p><p>o impacto das regras relativas ao quórum de votação sobre o compor­</p><p>tamento estratégico dos distintos atores legislativos;</p><p>- a margem de manipulação das agendas deliberativas pelos líderes e</p><p>dirigentes que têm o poder de defini-Ias.</p><p>A literatura institucionalista fornece sem dúvida importantes subsídios >·</p><p>sobre o que observar quando se pretende tomar inteligível determinado pro­</p><p>cesso decisório parlamenta.l'. A decisão sobre como observar se dá a partir</p><p>daí, mas necessariamente sob o condicionamento de uma série de outras</p><p>influências e afinidades, concernentes a todo um processo de formação e</p><p>vivência intelectual -profissional De um lado, a circunstância de ter vivido,</p><p>como cidadão, oomo técnico e como académico o Processo Constituinte de</p><p>1987-88- de ter nele trabalhado, amadurecido e consolidado minha formação</p><p>- concorreu para determinar o tema do presente trabalho e terá produzido</p><p>sobre sua realização efeitos tanto positivos como negativos - estes últimos</p><p>relacionados com a tentação impressionista, de difícil porém empenhada</p><p>domesticação. De outro lado, o impacto produzido pela reiterada releitura -</p><p>e, num dos casos, também pela tradução - de dois trabalhos que acabei por</p><p>rn</p><p>;onsiderar como capitais para a compreensão dos acontecimentos politicos,</p><p>:ambém será sentido ao longo das páginas que se seguem.</p><p>Durante o Curso de Doutorado, tive a oportunidade de estudar as remi­</p><p>li.scências de Tocqueville, reunidas em seu extraordinário Souvenirs.15 Nelas</p><p>iescobri uma série de aspectos que intuitivamente eu passara a considerar</p><p>;orno relevantes durante a experiência da Constituinte, e identifiquei tam­</p><p>bém uma série de afinidades no que se refere à compreensão da atividade</p><p>política em geral, e do ethos parlamentar em particular. Para o que virá a</p><p>;eguir, relaciono alguns;</p><p>o amálgama de causas gerais e pequenos acidentes que condiciona as·</p><p>decisões políticas em geral e as decisões parlamentares em particular;</p><p>- a necessidade de penetrar no mecanismo das instituições e na massa</p><p>dos pequenos fatos aotidianos para comP'reender o ambiente em que</p><p>as decisões têm Iu9'ar;</p><p>- o caráter teatral da cé�a e da ·atividade parlamentares, e os efeitos</p><p>sensíveis da arquitetura dos plenários parlamentares sobre a disposi­</p><p>ção de espírito de seus ocupantes, capaz0s de induzir à dispersão ou</p><p>produzir incidentes semelhantes a um duelo dentro de um tonel;</p><p>- a invocação de grandes princípios e teorias para travestir a defesa de</p><p>pequenos interesses, e as contradições que daí resultam;</p><p>a possibilidade de consíderar que, em certas circunstâncias, o efeito</p><p>dos acontecimentos deve ser medido menos pelo que são em s1 mesmos</p><p>que pelas impressões que produzem;</p><p>- a importância dos incidentes imprevi:rtos na guerra parlamentar e as</p><p>conseqüências inesperadas de atos, escolhas e decisões;</p><p>- os perigos resultantes da ociosidade dos membros das assembléias;</p><p>- a curta distância entre a vitória e a ruína na luta parlamentar e o cará-</p><p>ter volátil das maiorias;</p><p>- o fato de que, nas assembléias, muitas vezes aquilo de que menos se</p><p>fala é o que mais perturba a mente dos atores parlamentares;</p><p>- a vã ilusão de se procurar o sentido de certas decisões nos discursos</p><p>dos que ocupam as tribunas e os dois gumes dos grandes desempe•</p><p>nhos de oratória, que podem impressionar e, com isto, incitar os</p><p>adversários;</p><p>- a Pressão de idéías progressistas sobre ações conservadoras num</p><p>contt;xto propenso à mudança;</p><p>15 TOCOUE:VILLE, Alexis de. Lembra11ças de 18411- asjomadas revalucionárias de Paris, São Paulo:</p><p>Companhia das LeUas, 1991. "Il:adução de Modesto Flcrenzano.</p><p>- a construção às cegas que muitas vezes traduz as decisões constitu­</p><p>cionais, e as pressões que criam a necessidade de aprovação não</p><p>tanto de uma boa constituição, mas de uma constituição qualquer;</p><p>- a centralidade, canonicamente reconhecida, do poder de agenda dos</p><p>presidentes sobre o conteúdo e a ordem das deliberações.</p><p>De outra parte, a afinidade com o pensamento de Antonio Negri permi­</p><p>tiu-me retirar, de seu Poder Constitlllnte (com o qual quase nada têm a veres</p><p>processos parlamentares), importantes considerações sobre a temporalidade</p><p>e o significado dos acontecimentos políticos.16 Tais considerações me pare­</p><p>cem inegavelmente relevantes para a possibilidade de compreensão de a l ­</p><p>guns aspectos d o processo decisório da mais longa d e nossas Constituintes.</p><p>Particulannente fecundos me parecem:</p><p>- a interpretação que Negri confere à categoria maquíaveli_ana de mo­.</p><p>mento propicio para a prática de atos e tomada de decisões políticas,</p><p>as variações de capacidade de percepção e de aproveitamento de tais</p><p>momentos, que produzem o sucesso e o fracasso de diferentes atores;</p><p>a partir daí, as noções de acaleração e desaceleração do tempo e suas</p><p>implicações sobre os diferentes usos do tempo por atores em conflito,</p><p>sobretudo no que se refere às variações de intensidade e de oportuni­</p><p>dade de suas ações, e aos impactos destas sobre os acontecimentos</p><p>- que lhes permitem, ou não, .aferrar o tempo;</p><p>a noção de tennidor, utilizada para referir o limite instransponível</p><p>oposto, por forças conservadoras, a um processo de mudança;</p><p>_a possibilidade de que certos textos ou discursos sejBII! tomados</p><p>como signo de transformação, apesar de suas ambigüidades, simples­</p><p>men� porque assim são percebidos pelos respectivos movimentos.</p><p>Por se tratar de uma reflexão sobre uma singularidade histórica - um</p><p>processo decisório de caráter extraordinário e, nele, o desempenho igualmen­</p><p>te extraordinário de um ator institucional minoritário -, a pesquisa não</p><p>demandou a construção de um mod-elo que permitisse generalizar e:itPlica­</p><p>ções para fenômenos que se reiter� com regularidade: o que s-e neoessita­</p><p>va era uma base analítica que permitisse especificar e qualificar as circuns­</p><p>tâncias em que determinado evento bistótico ocorreu, de modo a possibilitar</p><p>a compreensão dos acontecimentos a partir de uma tradição teórica perti­</p><p>nente. Tal base se traduziu nas �ferências acima explicitadas, e à sua luz</p><p>procedeu-se à: identificação dos atores e suas prefei:ências sobre as questões</p><p>16 Nli:GRI, Anto!lio. O Poder Consc.ttuinte - ensaio sobre as alternativas da modemidade. Rio de</p><p>Janeiro; DP&A Ed., 2002. 'Itaduçáo de Adriano Pilattl.</p><p>-escolbidas; configuração do quadro institucional que definiu suas capacida­</p><p>des de atuação, ai compreendidos o desenho organizacional e os procedi­</p><p>mentos que definiram, respectivamente, a estrutura e o funcionamento da</p><p>arena decisória; análise das estratégias de atuação formuladas e emprega­</p><p>das pelos atores coletivos. A premissa que orientou a análise foi a de que o</p><p>êxito de um bloco minoritário num conflito institucional é função da viabilida­</p><p>de da formação de coalizões ad hoc com dissidentes do bloco majoritário, o</p><p>qu� implicou a necessidade de examinar as condições instituciÔnais que J?OS•</p><p>sibilitavam a dissidência.</p><p>O primeiro passo foi a identificação dos atores e suas preferências. Como</p><p>já antecipei, usei o termo "bancada de esquerda" para fazer referência à coa ­</p><p>Ii2ão minoritária integrada pelas bancadas do PCB, PC do PB, PDT, PSB e PT</p><p>na ANC, pela fração (minoritária) de esquerda do PMDB, primeiro, e também</p><p>pela bancada do PSDB, depois. Em conjunto com o líder da bancada do PMDB</p><p>no períOdo março de 1987 /junho de 1988 e os liderados identificados com as</p><p>propostas de alteração do status quo, Serão designados como "bloco progres­</p><p>sista". A definição da bancada de esquerda como ator coletivo encontra sus­</p><p>tentação em dados empíricos</p><p>já sistematizados sobre o proceSso constituin­</p><p>·te de 1987-1988: a atuação dos integrantes das bancadas dos partidos de</p><p>esquerda caracterizou-se por graus muito elevados de coesão e disciplina</p><p>·. partidâria, sensivelmente superiores ao doS membros dos partidos de direi­</p><p>'Ça-;17 considerado seu também muito elevado índice de comparecimento às</p><p>· votações constituintes, igualmente superior aos dos demais partidos,18 e</p><p>· .. considerada a circunstância de ser constituído por bancadas que não inte­</p><p>.. :gravam (PDT, PSB, PT) ou deixaram integrar (esquerda do PMDB, PCB, PC do</p><p>.. _ B) a base de sustentação do Governo durante o processo constituinte, e que</p><p>_, ,-·por isto não tinham condições objetiva$ de dedicação às práticas de patrona­</p><p>-:·gem, é razoável supor que sua atuação estivesse voltada sobretudo para as</p><p>.:.::</p><p>.-cru.estões constituintes; salvo divergências tático-estratégicas, durante as</p><p>. • \rótações as orientações de suas lideranças explicitaram preferências coinci­.</p><p>' 'dentes sobre as propostas relativas à Ordem Econômica, como ficou demons­</p><p>·.:. trado ao longo do trabalho.</p><p>. · No campo opostÓ, situa-se o que chamei de "bloco conservador" e, na fa ­</p><p>: 's_e final, de CenÚão, integrado pela fração majoritária da bancada do PMDB,</p><p>· !,isualmente rebelde em face das orientações progressistas do líder, e pelas</p><p>:, bancactas do �DS, PFL, PL e, salvo algumas questões pontuais, PDC e PTB .</p><p>. -� fonnação caracterizou-se por níveis mais elevados de indisciplina de s�us</p><p>·· ... IQembros em face das orientações coincidentes dos respectivos líderes,19</p><p>,.:</p><p>i.1iK:</p><p>Ver MAINWARING e LIN'AN cit.</p><p>, __</p><p>"'-·</p><p>13</p><p>dimensão esta de crucial importância para o êxito das tentativas, desenvol­</p><p>vidas pela bloco progressista, para a fonnação de coalizões ad hoc, seja para</p><p>aprovação de propostas de suas preferências, seja para rejeição de propostas</p><p>opostas. Dado que os níveis de comparecimento das membros do bloco majo­</p><p>ritário às votações foram inferiores aos verificados no bloco minoritário20 (o</p><p>que permite _supor, ao menos para os integrantes do PMDB e do PFL, a dedi ­</p><p>cação constante a outros trabalhos, inclusive as de patronagem, em detri­</p><p>mento da participação estritamente constituinte), tem�se outro elemento</p><p>endógeno potencialmente explicativo de algumas derrotas sofridas pelo</p><p>bloco conservador.</p><p>Fiz constante referência, ao longo da reconstrução do processo decisó­</p><p>rio, aos impactos, parcialmente documentados nas fontes primárias utiliza­</p><p>das, das intervenções de dois atores extraparlamentares, indispensáveis à</p><p>compreensão do contexto, pois afetaram sensivelmente a coesão da bancada</p><p>do partido majolitário, o destino do seu líder e, por conseqüência, a articula­</p><p>ção de todo o bloco progressista: de um lado, a intervenção do Governo</p><p>Sarney, sentida durante todo o processo, em especial, mas não exclusivamen­</p><p>te, no que se refere à decisão sobre sua própria duração; de outro, a interven­</p><p>ção do grupo de pressão capitaneado pela União Democrãtica Ruralista</p><p>(UDR), que afetou as sucessivas deliberações sobre a definição das regras</p><p>sobre reforma agrária e, por extensão, sobre toda a Ordem Econômica.</p><p>-Quanto aos arranjos institucionais que delimitaram· a formulação e a</p><p>implementação das estratégias dos atores, os seguintes aspectos foram. con­</p><p>siderados:</p><p>o carãter Wlicameral da ANC, o que, mesmo incluída a participação dos</p><p>senadores eleitos em 1982, reduziu o peso decisório dos membros do</p><p>Senado Fed8ral, órgão no qual PCB, PC do B e PT não tinham represen­</p><p>tantes e PDT e PSB tinham muito poucos, o que favoreceu tais partidos;</p><p>a descentralização dos trabaThos de elaboração constitucional em</p><p>comissões e subcomissões temáticas e as oportunidades assim aber­</p><p>tas para a bancada de esquerda relativamente à definição da agenda;</p><p>- o grande poder de agenda facultado aos relatores das comissões e</p><p>subooillIBsões temáticas;</p><p>� a peculiar composição da Comissão de Sistematização, com a incorpo­</p><p>ração dos mencionados relatores, e os impactos daí decorrentes sobre</p><p>a proporcionalidade partidária naquele foro decisório;</p><p>� as regras sobre apresentação de emendas e destaques, o quórum de</p><p>maioria absoluta e o processo nominal adotados para as votações em</p><p>todas as fases de elaboração constitucional;</p><p>20 Idêm.</p><p>- as pierrogativas dos líderes de bancadas, dos presidentes de comis­</p><p>sões e subcomissões e, com grande relevo, o poder decis6rio da</p><p>Presidência da ANC em questões procedimentais;</p><p>- a alteração do Regimento Interno da ANC pelo Centrão antes do início</p><p>das deliberações em Plenário, seus impactos sobre o processo decisó­</p><p>rio e as circunstâncias inesperadas abertas por conseqüências impre­</p><p>vistas pelos formuladores da reforma regimental, com.o o chamado</p><p>"buraco negro" (rejeição de todas as propostas sobre um determinado</p><p>título ou capítulo temático que deveria integrar a futura constituição).</p><p>Com relação às estratégias de atuação, maior atenção foi dedicada às</p><p>estratégias de modificação das propostas originais, seja pelos relatores, seja</p><p>pelos autores de emendas, e às estratégias procedimentais, quer as proposi­</p><p>tivas quer as de obstrução, sobretudo as seguintes:</p><p>- apresentação de substitutivos por outros atores que não os relatores;</p><p>- utilização de questões de ordem e recursos interpostos às resp�vas</p><p>decisões;</p><p>- requerimentos de verificação de quórum e pedidos de vista;</p><p>- requerimentos de destaque para votação de emendas e para a vota-</p><p>ção em separado de dispositivos das proposiçõe!,.</p><p>Particularmente no que concerne à atuação dos líderes de bancadas,</p><p>foram examinadas as estratégias procedimentais concernentes a:</p><p>- designação e substituição dos membros das comiSsões e subcomis­</p><p>sões;</p><p>- formulação de acordos para as eleições das Mesas desses foros deci­</p><p>sórios e conseqüente designação dos respectivos relatores pelos pre­</p><p>sidentes eleitos;</p><p>- negociações para a definição das agendas decisórias;</p><p>- modificação de propostas já apresentadas.21</p><p>. Como vimos, as questões cujos processos decisórios são aqui examina ­</p><p>.</p><p>dos foram as seguintes: as decisões processuais relativas à elaboração e</p><p>· �arma do Regimento Intei:no; as decisões substantivas relativas ao manda-</p><p>.'</p><p><to.presidencial e à Ordem Econõmica (definição de empresa nacional, prote­</p><p>\.- Ção ao capital nacional, acesso ao mercado nacional, exploração mineral e de</p><p>·21 Espeoia!mente através do instituto da "fusão de emendas", não pre1'ist:o pelo Regimento Interno</p><p>�ginaI, "criado" durante as reuniões e inooiporado junto oom as aheraçõesreg;mentai>.I pramo--</p><p>Vidas pelo Centrão.</p><p>"</p><p>energia hidráulica, monopólios do petróleo e das tele"comunicações, reforma</p><p>agrária, concessões de emissoras de rádio e televisão).22 Priorizou-se as</p><p>questões cujas deliberações se revestiram de caráter polêmico, assim consi­</p><p>deradas aquelas em que ao menos um quarto dos constituintes presentes</p><p>votaram contra a proposta apresentada, considerando-se como votos contrá­</p><p>rios, dada a exigência de maioria absoluta para aprovação de m€1.téria consti­</p><p>tucional, não apenas os votos "não", mas também as.abstenções. Relati­</p><p>vamente às questões procedimentais, as razões de indisciplina no campo</p><p>majoritário ou consenso entre os campos poderiam estar associa.das a neces­</p><p>sidades de participação efetiva e visível doS membros do baixo clero no pro­</p><p>cesso constituinte. Relativamente às questões substantivas, as razões de</p><p>indisciplina poderiam ser explicadas a partir de predisposições ideológicas</p><p>de caráter nacionalista, de conexões eleitorais de caráter corporativo ou</p><p>patrimonialista, de ganhos eleitorais difusos e de custo reduzido em face de</p><p>decisões cujos prejuízos atingi;riam um círculo restrito de interesses e, no</p><p>caso particular das deliberações da Comissão de SiStematização, à singular</p><p>visibilidade dos votos.</p><p>Considerados os elementos de análise aqui explicitados, o trabalho foi</p><p>estruturado da seguinte forma:</p><p>no Capítulo 1, foram abordadas a estrutura e a composição da ANC, a</p><p>eleição para a Presidência e para</p>

Mais conteúdos dessa disciplina