Logo Passei Direto
Buscar
Material
páginas com resultados encontrados.
páginas com resultados encontrados.

Prévia do material em texto

<p>ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA</p><p>1 WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR</p><p>Direito Administrativo</p><p>Conceito</p><p>Direito Administrativo é o ramo do direito público que trata de princípios e regras que disciplinam a</p><p>função administrativa e que abrange entes, órgãos, agentes e atividades desempenhadas pela</p><p>Administração Pública na consecução do interesse público</p><p>1</p><p>.</p><p>Função administrativa é a atividade do Estado de dar cumprimento aos comandos normativos para</p><p>realização dos fins públicos, sob regime jurídico administrativo (em regra), e por atos passíveis de</p><p>controle.</p><p>A função administrativa é exercida tipicamente pelo Poder Executivo, mas pode ser desempenhada</p><p>também pelos demais Poderes, em caráter atípico. Por conseguinte, também o Judiciário e o</p><p>Legislativo, não obstante suas funções jurisdicional e legislativa (e fiscalizatória) típicas, praticam atos</p><p>administrativos, realizam suas nomeações de servidores, fazem suas licitações e celebram contratos</p><p>administrativos, ou seja, tomam medidas concretas de gestão de seus quadros e atividades.</p><p>Função administrativa relaciona-se com a aplicação do Direito, sendo consagrada a frase de Seabra</p><p>Fagundes no sentido de que “administrar é aplicar a lei de ofício”. A expressão administração pública</p><p>possui, segundo Di Pietro</p><p>2</p><p>, no entanto, dois sentidos:</p><p> o sentido subjetivo, formal ou orgânico: em que é grafada com letras maiúsculas, isto é,</p><p>Administração Pública, e que indica o conjunto de órgãos e pessoas jurídicas aos quais a lei atribui o</p><p>exercício da função administrativa do Estado; e</p><p> o sentido objetivo, em que o termo é grafado com minúsculas (administração pública), sendo usado</p><p>no contexto de atividade desempenhada sob regime de direito público para consecução dos</p><p>interesses coletivos (sinônimo de função administrativa).</p><p>Fontes</p><p>São Fontes Do Direito Administrativo:</p><p> os preceitos normativos do ordenamento jurídico, sejam eles decorrentes de regras ou princípios,</p><p>contidos na Constituição, nas leis e em atos normativos editados pelo Poder Executivo para a fiel</p><p>execução da lei;</p><p> a jurisprudência, isto é, reunião de diversos julgados num mesmo sentido. Se houver Súmula</p><p>Vinculante, a jurisprudência será fonte primária e vinculante da Administração Pública;</p><p> a doutrina: produção científica da área expressa em artigos, pareceres e livros, que são utilizados</p><p>como fontes para elaboração de enunciados normativos, atos administrativos ou sentenças judiciais;</p><p> os costumes ou a praxe administrativa da repartição pública.</p><p>Ressalte-se que só os princípios e regras constantes dos preceitos normativos do Direito são</p><p>considerados fontes primárias. Os demais expedientes: doutrina, costumes e jurisprudência são</p><p>geralmente fontes meramente secundárias, isto é, não vinculantes; exceto no caso da súmula</p><p>vinculante, conforme sistemática criada pela Emenda Constitucional nᵒ 45/04, que é fonte de</p><p>observância obrigatória tanto ao Poder Judiciário, como à Administração Pública direta e indireta, em</p><p>todos os níveis federativos.</p><p>Princípios</p><p>Segundo Alexy</p><p>3</p><p>, princípios são mandamentos de otimização, que se caracterizam pelo fato de</p><p>poderem ser cumpridos em diferentes graus. A medida imposta para o cumprimento do princípio</p><p>depende: (a) das possibilidades reais (fáticas), extraídas das circunstâncias concretas; e (b) das</p><p>possibilidades jurídicas existentes.</p><p>Com o pós-positivismo os princípios foram alçados dos Códigos às Constituições,</p><p>ganhando status de normas jurídicas de superior hierarquia. Antes eram tidos como pautas supletivas</p><p>ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA</p><p>2 WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR</p><p>das lacunas do ordenamento, conforme orientação do art. 4ᵒ da Lei de Introdução às Normas do</p><p>Direito Brasileiro, mas com o avanço da hermenêutica jurídica sabe-se que eles não são só</p><p>sugestões interpretativas, pois eles têm caráter vinculante, cogente ou obrigatório</p><p>4</p><p>.</p><p>São princípios do Direito Administrativo expressos no caput do art. 37 da Constituição:</p><p> legalidade;</p><p> impessoalidade;</p><p> moralidade;</p><p> publicidade; e</p><p> eficiência, sendo que este último foi acrescentado pela Emenda Constitucional nᵒ 19/98.</p><p>A legalidade administrativa significa que a Administração Pública só pode o que a lei permite. Cumpre</p><p>à Administração, no exercício de suas atividades, atuar de acordo com a lei e com as finalidades</p><p>previstas, expressas ou implicitamente, no Direito.</p><p>Impessoalidade implica que os administrados que preenchem os requisitos previstos no ordenamento</p><p>possuem o direito público subjetivo de exigir igual tratamento perante o Estado. Do ponto de vista da</p><p>Administração, a atuação do agente público deve ser feita de forma a evitar promoção pessoal, sendo</p><p>que os seus atos são imputados ao órgão, pela teoria do órgão.</p><p>Publicidade é o princípio básico da Administração que propicia a credibilidade pela transparência.</p><p>Costuma-se diferenciar publicidade geral, para atos de efeitos externos, que demandam, como regra,</p><p>publicação oficial; de publicidade restrita, para defesa de direitos e esclarecimentos de informações</p><p>nos órgãos públicos.</p><p>Moralidade é o princípio que exige dos agentes públicos comportamentos compatíveis com o</p><p>interesse público que cumpre atingir, que são voltados para os ideais e valores coletivos segundo a</p><p>ética institucional.</p><p>Eficiência foi um princípio introduzido pela Reforma Administrativa</p><p>5</p><p>veiculada pela Emenda</p><p>Constitucional nᵒ 19/98, que exige resultados positivos para o serviço público e satisfatório</p><p>atendimento das necessidades públicas.</p><p>Além dos princípios constitucionais, existem princípios que foram positivados por lei, como, por</p><p>exemplo, no âmbito federal, também se extraem do art. 2ᵒ da Lei nᵒ 9.784/99: finalidade, motivação,</p><p>razoabilidade, proporcionalidade, moralidade, ampla defesa, contraditório, segurança jurídica e</p><p>interesse público.</p><p>Poderes</p><p>Para realizar suas atividades, a Administração Pública detém prerrogativas ou poderes. Conforme</p><p>clássica exposição de Celso Antônio Bandeira de Mello</p><p>6</p><p>, tais poderes são poderes-deveres, ou seja,</p><p>poderes subordinados ou instrumentais aos deveres estatais de satisfação dos interesses públicos ou</p><p>da coletividade.</p><p>São poderes administrativos:</p><p> o discricionário;</p><p> os decorrentes da hierarquia;</p><p> o disciplinar;</p><p> o normativo; e</p><p> o de polícia.</p><p>ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA</p><p>3 WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR</p><p>Poder discricionário é a prerrogativa que tem a Administração de optar, dentre duas ou mais</p><p>soluções, por aquela que, segundo critérios de conveniência e oportunidade, melhor atenda ao</p><p>interesse público no caso concreto. Entende-se, no geral, que vinculação</p><p>7</p><p>não é propriamente um</p><p>poder, mas uma sujeição da Administração ao império da lei.</p><p>Da hierarquia, decorrem os seguintes poderes: ordenar atividades, controlar ou fiscalizar as</p><p>atividades dos subordinados, rever as decisões, com a possibilidade de anular atos ilegais ou de</p><p>revogar os inconvenientes e inoportunos, com base na Súmula 473/STF, punir ou aplicar sanções</p><p>disciplinares, avocar ou chamar para si atribuições, delegar e editar atos normativos internos.</p><p>Poder disciplinar é o que compete à Administração para apurar supostas infrações funcionais e, se for</p><p>o caso, aplicar as sanções administrativas. Ele abrange tanto as relações funcionais com os</p><p>servidores públicos, como às demais pessoas sujeitas à disciplina da Administração Pública</p><p>8</p><p>.</p><p>Poder normativo envolve a edição pela Administração Pública de atos com efeitos gerais e abstratos,</p><p>como decretos regulamentares, instruções normativas, regimentos, resoluções e deliberações. Poder</p><p>regulamentar é, portanto, uma espécie de poder normativo.</p><p>Poder de polícia consiste “na atividade de condicionar e restringir o exercício dos direitos individuais,</p><p>tais como propriedade e a liberdade, em benefício do interesse público”</p><p>9</p><p>. São atributos do poder de</p><p>polícia: discricionariedade, autoexecutoriedade e coercibilidade.</p><p>Estrutura da Administração Pública</p><p>Na organização administrativa do Estado,</p><p>há a divisão estrutural entre entes da Administração Direta</p><p>e entes da Administração Indireta. Os entes da Administração Direta compreendem as pessoas</p><p>jurídicas políticas: União, Estados, Distrito Federal e Municípios, e órgãos que integram tais pessoas</p><p>pelo fenômeno da desconcentração.</p><p>Desconcentração indica, na definição de Hely Lopes Meirelles</p><p>10</p><p>, a repartição de funções entre vários</p><p>órgãos (despersonalizados) de uma mesma administração, sem quebra de hierarquia.</p><p>De acordo com Celso Antônio Bandeira de Mello, os critérios de desconcentração são:</p><p> em razão da matéria: em que há a criação de órgãos para tratar de assuntos determinados, como,</p><p>no âmbito federal, os Ministérios da Justiça, da Saúde, da Educação etc.</p><p> em razão do grau: nos distintos escalões de patamares de autoridade, como, por exemplo, diretoria,</p><p>chefias etc.</p><p> pelo critério territorial: que toma por base a divisão de atividades pela localização da repartição,</p><p>como nas administrações regionais das Prefeituras.</p><p>Já os entes da Administração Indireta são constituídos por descentralização por serviços, em que o</p><p>Poder Público cria ou autoriza a criação por meio de lei de pessoa jurídica de direito público ou</p><p>privado e a ele atribui a titularidade e a execução de determinado serviço público, conforme</p><p>sistemática do art. 37, XIX, da Constituição.</p><p>Integram a Administração Indireta: as autarquias, as fundações, as sociedades de economia mista, as</p><p>empresas públicas e mais recentemente as associações públicas constituídas pelos consórcios</p><p>públicos, conforme tratamento dado pela Lei nᵒ 11.107/2005.</p><p>Ato administrativo</p><p>Considera-se ato administrativo, segundo Di Pietro, a declaração do Estado ou de quem o</p><p>represente, que produz efeitos jurídicos imediatos, com observância de lei, sob regime jurídico de</p><p>direito público e sujeita a controle do Poder Judiciário</p><p>11</p><p>.</p><p>Tendo em vista o regime jurídico administrativo, os atos administrativos possuem os seguintes</p><p>atributos:</p><p> presunção de legitimidade e veracidade;</p><p>ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA</p><p>4 WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR</p><p> imperatividade, pois se impõem aos seus destinatários, independentemente de sua concordância;</p><p> autoexecutoriedade, podendo a Administração como regra executar suas decisões, sem a</p><p>necessidade de submetê-las previamente ao Poder Judiciário.</p><p>Maria Sylvia Zanella Di Pietro ainda fala em um quarto atributo do ato administrativo, qual seja: a</p><p>tipicidade, que demanda que eles correspondam a figuras estabelecidas em lei, o que afasta da seara</p><p>do Direito Administrativo a presença de atos inominados.</p><p>São espécies de atos administrativos, segundo conhecida classificação de Hely Lopes Meirelles</p><p>12</p><p>:</p><p> negociais, que visam à concretização de negócios jurídicos públicos ou de atribuição de certos</p><p>direitos e vantagens aos particulares, como as licenças e autorizações;</p><p> normativos, os quais consubstanciam determinações de caráter geral para a atuação administrativa,</p><p>como ocorre nos regimentos e deliberações;</p><p> enunciativos, que atestam uma situação existente, por exemplo, nos atestados, certidões, pareceres</p><p>e votos;</p><p> ordinatórios, que ordenam a atividade administrativa interna. Por exemplo: em instruções, circulares</p><p>e ordens de serviço;</p><p> punitivos, que contém sanção imposta pela Administração, como: imposição de multa</p><p>administrativa, interdição de atividade e punição de servidores públicos.</p><p>A doutrina geralmente extrai, com variações, os seguintes elementos dos atos administrativos: sujeito</p><p>(associado à competência, conforme classificação extraída da Lei de Ação Popular); objeto, forma,</p><p>motivo e finalidade.</p><p>Além da existência dos elementos, o ato administrativo para ser válido deve obedecer a requisitos de</p><p>validade, ou seja: (1) o sujeito deve ser capaz e competente; (2) o objeto deve ser lícito, possível,</p><p>determinado ou determinável e de acordo com a moralidade; (3) se houver exigência específica de</p><p>determinada forma, sua observância é obrigatória; (4) o motivo deve ser existente e adequado</p><p>13</p><p>; e</p><p>(5) a finalidade deve ser prevista em lei e de acordo com o interesse público.</p><p>Atos administrativos que possuam vícios insanáveis deve ser anulados, ao passo que os vícios</p><p>sanáveis admitem, a critério da Administração Pública, a convalidação. Se não for mais conveniente e</p><p>oportuna a manutenção do ato que não contempla direito ao particular, é possível a sua revogação.</p><p>Trata-se do conteúdo da Súmula nᵒ 473 do STF, segundo a qual:</p><p>a administração pública pode anular seus próprios atos, quando eivados de vícios que os tornam</p><p>ilegais, porque deles não se originam direitos; ou revogá-los, por motivo de conveniência e</p><p>oportunidade, respeitados direitos adquiridos e ressalvada, em todos os casos, a apreciação judicial.</p><p>Processo Administrativo</p><p>A diferença entre processo e procedimento é polêmica na doutrina. O termo processo advém do</p><p>latim procedere, que significa curso ou marcha para frente. Trata-se de um conjunto sequencial de</p><p>ações que objetivam alcançar determinado fim.</p><p>Entende-se que enquanto o processo é o conjunto de atos coordenados para a obtenção de um</p><p>provimento individualizado, procedimento é o modo de realização do processo, ou seja, o rito</p><p>processual</p><p>14</p><p>, sendo os conceitos de processo e procedimento inter-relacionados.</p><p>No âmbito administrativo, a Administração atua quase sempre por meio de processos, que são</p><p>encadeamentos de atos, sendo exigência constitucional que sejam recheados de oportunidade de</p><p>defesa e de contraditório antes da edição da decisão final, isto é, do ato administrativo final do</p><p>procedimento.</p><p>ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA</p><p>5 WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR</p><p>Como disciplina genérica do processo administrativo na esfera federal há a Lei nᵒ 9784/99, que</p><p>estabelece “normas básicas sobre o processo administrativo no âmbito da Administração Federal</p><p>direta e indireta”. A Lei de Processo Administrativo</p><p>15</p><p>aplica-se subsidiariamente às regras contidas</p><p>em leis que preveem procedimentos específicos, a exemplo da lei de licitações, ao estatuto dos</p><p>servidores, ao código de propriedade industrial, à lei de defesa da concorrência, ao tombamento e</p><p>à desapropriação.</p><p>Principios Básicos Do Artigo 37 Da Constituição Federal De 1988 E Da Constituição Estadual</p><p>Do Rio Grande Do Sul:</p><p>Art. 37. O tempo de serviço público federal, estadual e municipal prestado à administração pública</p><p>direta e indireta, inclusive fundações públicas, será computado integralmente para fins de</p><p>gratificações e adicionais por tempo de serviço, aposentadoria e disponibilidade.</p><p>Princípio Da Segurança Jurídica</p><p>A concepção de segurança vem atrelada a organização jurídica, bem como, ao direito, desde o</p><p>início da civilização, buscando garantir uma boa convivência entre os seres. Como exemplo de sua</p><p>importância no período histórico, pode-se dizer que essa segurança tem os seus primeiros</p><p>aparecimentos já na Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, de 1789, e no preâmbulo</p><p>da Constituição francesa de 1793.</p><p>O princípio da segurança jurídica não está elencado como princípio penal, contudo, sua aparição e</p><p>garantia consta presente em nossa Lei Maior.</p><p>A segurança jurídica é um princípio que o Estado tem que garantir ao seu cidadão, tendo em vista a</p><p>necessidade de demonstrar que apesar de ter ele, o Estado, um poder maior, garantido na</p><p>mesma Carta Magna, existe uma dosagem e um controle da utilização deste poder.</p><p>Assim sendo, nasce essa Segurança Jurídica para garantir aos cidadãos os seus direitos naturais –</p><p>direito à liberdade, à vida, à propriedade, entre outro. Nessa via, explica Canotilho: “A durabilidade</p><p>e permanência da própria ordem jurídica, da paz jurídicosocial e das situações jurídicas”, sendo</p><p>que outra “garantística jurídico-subjectiva dos cidadãos legitima a confiança na permanência das</p><p>respectivas situações jurídicas.”</p><p>O entendimento do doutrinador Carlos Aurélio Mota de Souza é de que a questão da segurança</p><p>está atrelada ao significado de justiça, ao valor dela. Portanto,</p><p>para que uma norma possa estar</p><p>sendo perfeitamente aplicada em nossa legislação, mister é que ela traga segurança ao</p><p>ordenamento jurídico. Portanto, esse princípio está atrelado ao Estado garantidor de direitos,</p><p>porque não é possível dar-se credibilidade a um ordenamento que está sempre sofrendo</p><p>modificações, sem se preocupar com o próprio povo.</p><p>Ou seja, alterar a legislação conforme o entendimento de cada magistrado estaria comprometendo</p><p>a confiança inserida pela população em seu Governo.</p><p>Isso não quer dizer que a lei não possa ser interpretada, pelo contrário, como alertava Aristóteles,</p><p>as mudanças na legislação são esperadas com a época vivida, todavia, não podemos acostumar o</p><p>cidadão comum à alteração constante da lei, vez que isso compromete a confiança no judiciário e,</p><p>consequentemente, a sua eficácia em aplicabilidade.</p><p>Vislumbra-se que a segurança jurídica pode ser dividida em dois grupos de sentidos, quais sejam:</p><p>amplo e estrito. Em sentido estrito, significa dar garantia e estabilidade as relações jurídicas, ou</p><p>seja, impossibilita que os envolvidos sofram alterações em razão de constante mudança legis lativa.</p><p>Está, portanto, intimamente atrelada aos efeitos temporais da aplicação da lei[6]. Como exemplo de</p><p>norma, temos alguns princípios abordados no artigo 5º da Constituição Federal de 1988, quais</p><p>sejam: o princípio da legalidade (inciso III); a proteção do direito adquirido, do ato jurídico perfeito e</p><p>da coisa julgada (inciso XXXVI); princípio da legalidade penal (inciso XXXIX) entre outros.</p><p>No que tange a segurança jurídica em sentido amplo, nota-se que ela visa dar garantias aos</p><p>direitos que foram tratados constitucionalmente, isso significa dizer que nesse âmbito, a segurança</p><p>está voltada para o homem cidadão, no intuito de preservar os direitos tratados em nossa carta</p><p>magna.</p><p>ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA</p><p>6 WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR</p><p>Reitera-se que não existe a necessidade de que as normas fiquem estáticas, até porque, havendo</p><p>alteração de fatores externos, faz-se necessário a modificação na interpretação da lei. Todavia, o</p><p>princípio da segurança jurídica visa que, como regra, os efeitos oriundos da legislação</p><p>permanecerão os mesmos.</p><p>Assim, pode-se citar alguns princípios que devem ser adotados para que o âmbito jurídico esteja</p><p>seguro, sendo eles:</p><p>1. A positividade do direito, ou seja, a existência das normas – escritas ou não, que determinem</p><p>claramente quais são as condutas permitidas e as não liberadas pelo Estado.</p><p>2. A segurança de orientação, pois o direito vigente deve ser composto por normas claras e que</p><p>não ensejem dúvida quanto ao seu simples conteúdo. Isso seria no intuito de evitar que as normas</p><p>entrassem em conflito entre si, tornando, então, o conhecimento da lei acessível ao povo.</p><p>3. A irretroatividade da lei, um dos princípios mais importantes, mas que não é o foco do referido</p><p>artigo. Apenas pelo gosto de esclarecer, é o princípio que proíbe que uma lei nova/futura possa</p><p>interferir em atos que já ocorreram enquanto da vigência da lei anterior.</p><p>4. A estabilidade relativa do direito, que determina a evolução das normas jurídicas conforme o</p><p>ordenamento evolua. Essa situação trabalha com o risco da legislação se tornar inaplicável caso a</p><p>coexistência entre a realidade e as normas não ocorra.</p><p>Dessa forma, compreende-se que a legislação vigente é a garantia de uma segurança jurídica,</p><p>tendo em vista que algo que não constar nas normas não poderão ser aplicadas, principalmente, no</p><p>que tange o direito penal. Isso porque, a lei determina o que deverá ser feito, como e o que não</p><p>poderá ser efetuado pelo cidadão.</p><p>Ainda que o aplicador do direito tenha competência de fazer a interpretação da norma, em razão do</p><p>princípio da taxatividade – presente no direito penal, existe uma obrigação de que a norma seja</p><p>clara para não deixar que a interpretação da norma seja, totalmente, a critério do aplicador da lei.</p><p>Porque ficando a bel critério do responsável do Estado por dirimir os conflitos de interesse, a</p><p>sociedade fica refém de critérios que vão além da interpretação jurídica do caso. Pois, ainda que</p><p>exista a teórica separação do aplicador da lei como representante do Estado da pessoa física,</p><p>ainda assim, é de público conhecimento que essa separação não consegue ser feita, razão pela</p><p>qual existem medidas no Código de afastar um julgador por qualquer motivo que seja.</p><p>Ou seja, para que haja a efetiva segurança jurídica, ainda que exista previsão para que o Juiz faça</p><p>uma interpretação – quando necessário, a previsão não pode extrapolar o limite de uma</p><p>razoabilidade, ou seja, não pode o magistrado legislar o que o legislador não definiu.</p><p>É da natureza humana, pois, tentar agrupar-se com os demais. Aristóteles já trazia essa ideia em A</p><p>Política, afirmando que o homem é um ser político por natureza, "assim, mesmo que não</p><p>tivéssemos necessidade uns dos outros, não deixaríamos de viver juntos. Na verdade, o interesse</p><p>comum também nos une, pois cada um aí encontra meios de viver melhor. Eis, portanto, o nosso</p><p>fim principal, comum a todos e a cada um em particular. Reunimo-nos, mesmo que for só para pôr</p><p>a vida em segurança. A própria vida é uma espécie de dever para aqueles a quem a natureza a</p><p>deu e, quando não é excessivamente cumulada de misérias, é um motivo suficiente para</p><p>permanecer em sociedade. Ela preserva ainda os encantos e a doçura neste estado de sofrimento,</p><p>e quantos males não suportamos para prolongá-la!" (ARISTÓTELES. A política. Traduzido por</p><p>Roberto Leal Ferreira. São Paulo: Martins Fontes, 2002. P. 53.)</p><p>[2] O art. 2 da Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão consagrava a segurança jurídica</p><p>"como um direito natural e imprescritível". Quanto ao preâmbulo da Constituição Francesa de 1793,</p><p>dispôs-se o seguinte: "A segurança jurídica consiste na proteção conferida pela sociedade a cada</p><p>um de seus membros para conservação de sua pessoa, de seus direitos e de suas propriedades"</p><p>(BARROSO, Luís Roberto. Temas de Direito Constitucional. Rio de Janeiro: Renovar: 2001. P. 50).</p><p>Princípio Da Indisponibilidade Do Interesse Público</p><p>ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA</p><p>7 WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR</p><p>É imprescindível, antes de mais nada, destacar que quando se fala em Princípio da Indisponibilidade</p><p>do Interesse Público, tem-se aqui interesse público em seu sentido amplo, abrangendo todo o</p><p>patrimônio público e todos os direitos e interesses do povo em geral. Após este esclarecimento, se</p><p>faz interessante dizer que deste princípio derivam todas as restrições especiais impostas à atividade</p><p>administrativa. Elas existem pelo fato de a Administração Pública não ser “dona” da coisa pública, e</p><p>sim mera gestora de bens e interesses públicos. Isto significa dizer que esses bens e interesses</p><p>públicos são indisponíveis à Administração Pública, bem como a seus agentes públicos, pertencendo,</p><p>em verdade, à coletividade, ao povo.</p><p>Em razão do Princípio da Indisponibilidade do Interesse Público “são vedados ao administrador</p><p>quaisquer atos que impliquem renúncia a direitos do Poder Público ou que injustificadamente onerem</p><p>a sociedade”[6]. Neste sentido, é interessante dispor que deste princípio decorrem diversos princípios</p><p>expressos que norteiam a atividade da Administração, como os da legalidade, impessoalidade,</p><p>moralidade e eficiência.</p><p>Seguindo a linha de pensamento do parágrafo anterior, pode-se ainda dizer que não é permitido à</p><p>Administração alienar qualquer bem público enquanto este estiver afetado a uma destinação pública</p><p>específica. Caso o bem esteja desafetado, sua alienação deve atender a diversas condições legais,</p><p>como a realização de licitação prévia e, no caso de imóveis da Administração Direta, autarquias e</p><p>fundações públicas, observar a exigência de autorização legislativa, conforme a Lei 8.666/1993, em</p><p>seu art. 17, inciso I.</p><p>É fundamental destacar que, diferentemente do que ocorre com o outro supraprincípio pilar do regime</p><p>jurídico-administrativo, o Princípio da Indisponibilidade do Interesse</p><p>Público está diretamente</p><p>presente em toda e qualquer atuação da Administração Pública. Neste sentido, é possível dizer que</p><p>este princípio “manifesta-se (...) tanto no desempenho das atividades-fim, quanto no das atividades-</p><p>meio da Administração, tanto quando ela atua visando ao interesse público primário, como quando</p><p>visa ao interesse público secundário, tanto quando atua sob regime de direito público, como quando</p><p>atua sob regime predominantemente de direito privado (a exemplo da atuação do Estado como</p><p>agente econômico)”.</p><p>O Princípio da Indisponibilidade do Interesse Público encontra-se em estreita relação com o Princípio</p><p>da Legalidade, sendo por vezes confundidos. Isto porque, por não ser a Administração Pública</p><p>proprietária da coisa pública, apresentando-se esta indisponível àquela, toda atuação da</p><p>Administração deve atender ao estabelecido em lei, único instrumento capaz de determinar o que é</p><p>de interesse público, tendo em vista que a lei é a manifestação legítima do povo, proprietário da coisa</p><p>pública. Dessa maneira, se o administrador atua desviando-se da lei, pretendendo impor o seu</p><p>conceito pessoal de interesse público, é passível da acusação de desvio de finalidade. Assim, como</p><p>sabiamente afirmam Marcelo Alexandrino e Vicente Paulo, a Administração Pública “deve,</p><p>simplesmente, dar fiel cumprimento à lei, gerindo a coisa pública conforme o que na lei estiver</p><p>determinado, ciente de que desempenha o papel de mero gestor de coisa que não é sua, mas do</p><p>povo”.</p><p>O Princípio da Indisponibilidade do Interesse Público abre espaço para tratar de um ponto trabalhado</p><p>pela doutrina italiana, atinente à distinção entre interesses públicos primários e interesses públicos</p><p>secundários.</p><p>Princípio Da Supremacia Do Interesse Público</p><p>O Princípio da Supremacia do Interesse Público existe com base no pressuposto de que “toda</p><p>atuação do Estado seja pautada pelo interesse público, cuja determinação deve ser extraída da</p><p>Constituição e das leis, manifestações da „vontade geral‟”. Dessa maneira, os interesses privados</p><p>encontram-se subordinados à atuação estatal.</p><p>Este supraprincípio fundamenta todas as prerrogativas de que dispõe a Administração como</p><p>instrumentos para executar as finalidades a que é destinada. Neste sentido, decorre do Princípio da</p><p>Supremacia do Interesse Público que havendo conflito entre o interesse público e o privado,</p><p>prevalecerá o primeiro, tutelado pelo Estado, respeitando-se, contudo, os direitos e garantias</p><p>individuais expressos na Constituição, ou dela decorrentes. Como exemplo desses direitos e</p><p>garantias, tem-se o art. 5º da CF/88, XXXVI, segundo o qual a Administração deve obediência ao</p><p>direito adquirido, à coisa julgada e ao ato jurídico perfeito. Fica patente, portanto, que a forma e os</p><p>ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA</p><p>8 WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR</p><p>limites da atuação administrativa são determinados pelos princípios constitucionais; dessa maneira,</p><p>assim como ocorre com todos os princípios jurídicos, o supraprincípio em questão não tem caráter</p><p>absoluto.</p><p>O Princípio da Supremacia do Interesse Público não está diretamente presente em toda e qualquer</p><p>atuação da Administração Pública, limitando-se, sobretudo, aos atos em que ela manifesta poder de</p><p>império (poder extroverso), denominados atos de império. Estes são “todos os que a Administração</p><p>impõe coercitivamente ao administrado, criando unilateralmente para ele obrigações, ou restringindo</p><p>ou condicionando o exercício de direitos ou de atividades privadas; são os atos que originam relações</p><p>jurídicas entre o particular e o Estado caracterizadas pela verticalidade, pela desigualdade jurídica”[5].</p><p>Por outro lado, há os chamados atos de gestão e atos de mero expediente, praticados pela</p><p>Administração quando ela atua internamente, principalmente em suas atividades-meio, e sobre os</p><p>quais não há incidência direta do Princípio da Supremacia do Interesse Público, isto porque não há</p><p>obrigações ou restrições que precisem ser impostas aos administrados. Também não há incidência</p><p>direta deste princípio nos casos em que a Administração atua regida pelo direito privado, como</p><p>quando ela intervém no domínio econômico na qualidade de Estado-empresário, isto é, atua como</p><p>agente econômico, conforme disposto pela Constituição em seu art. 173, § 1º, II.</p><p>Dentre as prerrogativas de direito público da Administração Pública, derivadas diretamente do</p><p>Princípio da Supremacia do Interesse Público, pode-se citar:</p><p>a) As diversas formas de intervenção na propriedade privada;</p><p>b) A existência, nos contratos administrativos, de cláusulas exorbitantes, as quais permitem à</p><p>Administração modificar ou rescindir unilateralmente o contrato;</p><p>c) As diversas formas de exercício do poder de polícia administrativa, traduzidas na limitação ou</p><p>condicionamento ao exercício de atividades privadas, tendo em conta o interesse público;</p><p>d) A presunção de legitimidade dos atos administrativos, que deixa para os particulares o ônus de</p><p>provar eventuais vícios no ato, a fim de obter decisão administrativa ou provimento judicial que afaste</p><p>a sua aplicação.</p><p>Princípio Da Continuidade No Serviço Público</p><p>O princípio da continuidade, também chamado de Principio da Permanência, consiste na proibição</p><p>da interrupção total do desempenho de atividades do serviço público prestadas a população e</p><p>seus usuários. Entende-se que, o serviço público consiste na forma pelo qual o Poder Público</p><p>executa suas atribuições essenciais ou necessárias aos administrados. Diante disso, entende-se</p><p>que o serviço público, como atividade de interesse coletivo, visando a sua aplicação diretamente a</p><p>população, não pode parar, deve ele ser sempre continuo, pois sua paralisação total, ou até</p><p>mesmo parcial, poderá acarretar prejuízos aos seus usuários, e não somente a eles, tendo em</p><p>vista que destes prejuízos poderão ser exigidos ressarcimentos e até mesmo indenizações,</p><p>recairá estes prejuízos aos próprios servidores públicos.</p><p>Sabe-se que o serviço público é fundamental e indispensável para a população, tendo em vista</p><p>que várias áreas e atividades dos órgãos públicos, além de ligadas diretamente a população, hoje</p><p>em dia podemos considerá-las como obrigatória sua utilização pelos que dela dependem.</p><p>Um exemplo de serviço público de “caráter obrigatório”, que podemos citar, consiste no exercido</p><p>pelo INSS, em relação ao seguro-desemprego. Para que se postule tal direito, direito este</p><p>garantido pela própria Carta Magna, faz-se necessário que ingresse seu pedido junto ao INSS</p><p>para que este órgão, mediante seus serviços públicos, lhe atribuía o recebimento de determinada</p><p>quantia a pessoa de direito.</p><p>Sabe-se também que inúmeras vezes escuta-se que determinado órgão público entrou em greve,</p><p>no entanto devemos salientar que o direito de greve consiste em um direito assegurado pela</p><p>Constituição Federal em seu artigo 37, VII (clique aqui), porém devemos fazer uma ressalta</p><p>quanto a isso, pois o direito de greve deve ser exercido nos limites definidos na lei . Desta forma,</p><p>possui os órgãos direito de greve, mas seu direito não pode ser exercido por todos os servidores</p><p>públicos ao mesmo tempo, deve uma parte do determinado órgão, que entrou em greve, continuar</p><p>ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA</p><p>9 WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR</p><p>funcionando tendo em vista a obrigatoriedade de respeitar o princípio da continuidade do serviço</p><p>público, pois a população, que utiliza de seus serviços não podem ser prejudicadas e caso isto</p><p>ocorra devemos destacar o artigo 37, § 6º da Constituição Federal que garante aos usuários do</p><p>serviço público o direito de indenização ou ressarcimento dos eventuais prejuízos obtidos por</p><p>causa da greve.</p><p>Possuímos outros exemplos de serviços públicos que devem respeitar o princípio da continuidade,</p><p>como o serviço de distribuição de água tratada e esgoto, transporte coletivo, saúde e etc. Vale</p><p>ressaltar que tais interrupções poderão ocorrer em curtos períodos de tempo, interrupções estas</p><p>que deverão ser antecipadamente notificadas aos seus</p><p>usuários, não de um dia para outro, mas</p><p>em tempo hábil para que os dependentes de determinado serviço possam se programar. Esta</p><p>situação compete a sua exceção.</p><p>Diante do exposto, vemos a importância de que o serviço público possui perante seus usuários e</p><p>como deve ser respeitado o principio da continuidade ou permanência. Entendemos que caso</p><p>ocorra a paralisação, desta poderá ocorrer inúmeros transtornos, não somente aos usuários como</p><p>também aos que dispõe de tal atividade. Desta forma, devemos nos ater a tal princípio e respeite -</p><p>lo.</p><p>Distinção Entre Administração Pública E Governo</p><p>A Administração Pública consiste no aparato ou conjunto de órgãos de que o Estado dispõe, direta e</p><p>concretamente, para a realização de seus fins e execução das opções políticas do Governo. Além de</p><p>seu caráter instrumental, apresenta como características, basicamente, aneutralidade, a hierarquia e</p><p>a responsabilidade legal e técnica, as quais a distinguem do Governo.</p><p>De fato, a Administração Pública caracteriza-se por sua neutralidade, pois constitui uma atividade</p><p>subalterna a um fim externo e impessoal ao agente, que já está posto na regra de competência. Tal</p><p>neutralidade é o traço distintivo da Administração Pública em relação ao Governo, que possui cor</p><p>partidária e representa atividade de cunho discricionário e político.</p><p>A Constituição Federal prevê instrumentos que asseguram a neutralidade da Administração Pública.</p><p>Um de seus principais instrumentos é a via livre do concurso público, que garante a qualquer cidadão</p><p>a possibilidade de participação no serviço público e na atividade administrativa.</p><p>Outra marca importante da Administração Pública é a hierarquia, princípio que domina toda a</p><p>atividade administrativa. A hierarquia consiste em uma relação de mando e obediência, que, no caso</p><p>da Administração Pública, tem em seu topo o chefe da Administração – que é o Presidente da</p><p>República – e, abaixo dele, todos os demais, em formação piramidal, cumprindo normas e ordens dos</p><p>chefes imediatamente superiores.</p><p>A hierarquia gera o dever de obediência da autoridade inferior à autoridade superior e, atualmente,</p><p>ainda é o que domina as relações na Administração Pública entre agentes e órgãos, diferentemente</p><p>do que se passa no campo do Governo, em que os agentes atuam com independência.</p><p>Há, contudo, exceções à hierarquia na Administração Pública. Isso ocorre por meio das chamadas</p><p>“entidades independentes”. De fato, algumas autarquias foram criadas no Brasil sem subordinação,</p><p>com independência frente a entidades políticas. É o que acontece, por exemplo, com as agências</p><p>reguladoras, como a Agência Nacional de Telecomunicações– ANATEL e a Agência Nacional de</p><p>Energia Elétrica - ANEEL, cujos dirigentes possuem certa estabilidade no mandato, de modo que o</p><p>Chefe do Poder Executivo não tem em relação a eles poder de livre exoneração.</p><p>Celso Antônio Bandeira de Mello[1] menciona que “a função política ou de governo” não se insere em</p><p>nenhuma das clássicas funções do Estado (jurisdicional, legislativa e executiva), apontando, o</p><p>consagrado doutrinador, exemplos dessa atividade:</p><p>Assim, a iniciativa das leis pelo Chefe do Poder Executivo, a sanção, o veto, a dissolução dos</p><p>parlamentos nos regimes parlamentaristas e convocação de eleições gerais, ou a destituição de altas</p><p>autoridades por crime de responsabilidade (impeachment) no presidencialismo, a declaração de</p><p>estado de sítio (e no Brasil também o estado de defesa), a decretação de calamidade pública, a</p><p>declaração de guerra (...).</p><p>ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA</p><p>10 WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR</p><p>Como pontua o citado jurista, nos atos de governo “estão em pauta atos de superior gestão da vida</p><p>estatal ou de enfrentamento de contingências extremas que pressupõem, acima de tudo, decisões</p><p>eminentemente políticas”.</p><p>A Administração Pública, por sua vez,caracteriza-se por sua responsabilidade legal e técnica, que se</p><p>diferencia da responsabilidade política pela sua atuação ou condução, que pertence ao Governo.</p><p>Assim, se a atuação do administrador violar a norma legal ou técnica, será ele responsabilizado.</p><p>Comparativamente, portanto, podemos dizer, em consonância com a doutrina de Hely Lopes</p><p>Meirelles, que, enquanto o Governo representa uma atividade política e discricionária, com conduta</p><p>independente e responsabilidade constitucional e política, a Administraçãocaracteriza-se por ser</p><p>atividade neutra, vinculada à lei ou à norma técnica, com conduta hierarquizada e responsabilidade</p><p>técnica e legal pela sua execução.</p><p>_________________________________________________________________________________</p><p>_________________________________________________________________________________</p><p>_________________________________________________________________________________</p><p>_________________________________________________________________________________</p><p>_________________________________________________________________________________</p><p>_________________________________________________________________________________</p><p>_________________________________________________________________________________</p><p>_________________________________________________________________________________</p><p>_________________________________________________________________________________</p><p>_________________________________________________________________________________</p><p>_________________________________________________________________________________</p><p>_________________________________________________________________________________</p><p>_________________________________________________________________________________</p><p>_________________________________________________________________________________</p><p>_________________________________________________________________________________</p><p>_________________________________________________________________________________</p><p>_________________________________________________________________________________</p><p>_________________________________________________________________________________</p><p>_________________________________________________________________________________</p><p>_________________________________________________________________________________</p><p>_________________________________________________________________________________</p><p>_________________________________________________________________________________</p><p>_________________________________________________________________________________</p><p>_________________________________________________________________________________</p><p>_________________________________________________________________________________</p>

Mais conteúdos dessa disciplina