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<p>Reparo, regeneração e cicatrização</p><p>Apresentação</p><p>Todos os organismos vivos possuem a capacidade de reparo em nível celular. Cada tipo de célula</p><p>apresenta uma forma de resposta reparadora e a viabilidade de regeneração depende do número</p><p>de células atingidas pela agressão.</p><p>Nesta Unidade de Aprendizagem, você vai estudar os tipos de células que sofrem reparo e</p><p>regeneração, assim como as etapas da cicatrização.</p><p>Bons estudos.</p><p>Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:</p><p>Diferenciar os processos de regeneração e cicatrização.•</p><p>Reconhecer as funções do parênquima e do estroma e seus papéis no reparo tecidual.•</p><p>Identificar os fatores que influenciam no processo de cicatrização.•</p><p>Desafio</p><p>Imagine que você é o enfermeiro de uma Unidade Básica de Saúde, responsável pela Consulta de</p><p>Enfermagem de Apoio à Mãe e ao Recém-Nascido. Em um dos atendimentos, a paciente te mostra</p><p>sua cicatriz proveniente da cesárea.</p><p>Com um olhar muito preocupado ela pergunta:</p><p>- Olha minha cicatriz! É um queloide, não é? Mas o médico disse que não é queloide, que é uma</p><p>cicatriz hipertrófica. Qual é a diferença? Ele disse também que o fato de eu ser fumante piora a</p><p>situação, mas não explicou o motivo. Por que o cigarro me prejudica?</p><p>Você, compreendendo a angústia dessa jovem mãe, precisa respondê-la com assertividade e</p><p>honestidade. Diante disso, como você responderia a essas dúvidas do paciente?</p><p>Tanto o queloide quanto a cicatriz hipertrófica são formas anormais de cicatrização. O queloide se forma mais tardiamente do que a cicatriz hipertrófica e não se restringe à área lesionada, podendo se expandir ao longo dos anos.</p><p>A cicatriz hipertrófica pode regredir em até um ano ou dois. Alguns especialistas dizem que é muito difícil diferenciar os dois tipos, mas, resumindo, o queloide é uma cicatriz que não respondeu ao tratamento ao longo de um ano.</p><p>O tabagismo prejudica a cicatrização, pois provoca vasoconstrição tecidual. E o monóxido de carbono é anti-inflamatório.</p><p>Infográfico</p><p>Lesões e doenças são provocadas por agressões muito diversas e resultam quase sempre da</p><p>interação do agente agressor com os mecanismos de defesa do organismo. As vias que se iniciam a</p><p>partir da agressão vão depender de alguns fatores, como o número de células e tipos de tecidos</p><p>lesados.</p><p>O infográfico apresenta os processos que ocorrem quando as células sofrem agressão.</p><p>Conteúdo do livro</p><p>A cicatrização é um processo essencial para a homeostase do organismo. Estes processo de reparo</p><p>tecidual envolve mecanismos complexos de interação celular com a matriz extracelular, estímulo de</p><p>fatores de crescimento, inflamação, além de angiogênese e remodelamento do tecido conjuntivo.</p><p>Muitos fatores intrínsecos e extrínsecos, locais ou sistêmicos podem influenciar a formação de</p><p>cicatriz, alterando o reparo tecidual.</p><p>Para melhor compreender os mecanismos envolvidos na regeneração e cicatrização de tecidos, leia</p><p>o capítulo Reparo, Regeneração e Cicatrização da obra Genética e Patologia – base teórica desta</p><p>Unidade de Aprendizagem.</p><p>Boa leitura.</p><p>GENÉTICA E</p><p>PATOLOGIA</p><p>Ana Paula Aquistapase Dagnino</p><p>Reparo, regeneração</p><p>e cicatrização</p><p>Objetivos de aprendizagem</p><p>Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:</p><p>� Diferenciar os processos de regeneração e cicatrização.</p><p>� Reconhecer as funções do parênquima e do estroma e seus papéis</p><p>no reparo tecidual.</p><p>� Identificar os fatores que influenciam no processo de cicatrização.</p><p>Introdução</p><p>O processo de reparo tecidual tem como objetivo restaurar a arquitetura</p><p>e a funcionalidade do tecido após uma lesão. Esse processo abrange</p><p>mecanismos de interação entre as células do parênquima e a matriz</p><p>extracelular (MEC), além da ação de fatores de crescimento e citocinas,</p><p>liberados por células estromais e macrófagos.</p><p>Neste capítulo, você vai compreender como ocorre o reparo tecidual</p><p>por meio da regeneração e da cicatrização, que são dois mecanismos</p><p>distintos e dependentes da capacidade do tecido lesado de restituir seus</p><p>componentes. Você também vai conhecer as funções das células do</p><p>parênquima e do estroma que influenciam intimamente na proliferação</p><p>celular. Por fim, você vai entender como fatores locais ou sistêmicos</p><p>influenciam na cicatrização.</p><p>1 Regeneração e cicatrização</p><p>O reparo tecidual é resultado de uma resposta inflamatória no tecido. Durante</p><p>a inflamação crônica, podemos observar a invasão do tecido afetado por ma-</p><p>crófagos. Os macrófagos do tipo M1, com características pró-inflamatórias,</p><p>levam a danos no parênquima e no estroma dos tecidos afetados. Para a reso-</p><p>lução da destruição do tecido, faz-se necessário o reparo tecidual. Esse reparo</p><p>pode ocorrer por meio da regeneração ou da cicatrização (KUMAR; ABBAS;</p><p>ASTER, 2016; REISNER, 2016).</p><p>A regeneração é caracterizada pelo reparo do tecido por meio da proliferação</p><p>de células do tecido que sobreviveram à lesão e que possuem a capacidade de</p><p>divisão ou por meio da maturação de células-tronco presentes no tecido. Na</p><p>regeneração, o tecido consegue voltar ao seu estado normal com a troca dos</p><p>elementos danificados. O processo de regeneração ocorre principalmente nos</p><p>epitélios intestinal e da pele, assim como em órgãos com parênquima, como</p><p>o fígado e os pulmões.</p><p>A regeneração do fígado inicia a partir da produção de citocinas pelas</p><p>células de Kupffer, como a IL-6. A IL-6 estimula os hepatócitos e torna as</p><p>células do parênquima respondedoras aos fatores de crescimento liberados</p><p>por outras células. Por meio desses sinais, os hepatócitos quiescentes são</p><p>convertidos em hepatócitos com metabolismo ativo, que entram no ciclo</p><p>celular para posterior replicação celular. Em casos como a inflamação crônica</p><p>hepática, com prejuízo na capacidade proliferativa dos hepatócitos, a regene-</p><p>ração do fígado ocorre por meio da proliferação de células progenitoras, que</p><p>se diferenciam em hepatócitos maduros (KUMAR; ABBAS; ASTER, 2016;</p><p>REISNER, 2016). Na Figura 1, podemos observar a proliferação de hepatócitos</p><p>para a regeneração do fígado.</p><p>Figura 1. A regeneração do fígado se dá a partir da proliferação de células que sobrevive-</p><p>ram à lesão. O processo de regeneração tem como primeira etapa o iniciador, em que os</p><p>hepatócitos são iniciados por citocinas para responder aos estímulos de diferentes fatores</p><p>de crescimento.</p><p>Fonte: Kumar, Abbas e Aster (2016, p. 198).</p><p>Reparo, regeneração e cicatrização2</p><p>A cicatrização surge no momento em que o tecido não tem restauração</p><p>completa, provavelmente devido a uma lesão grave, levando à formação</p><p>de uma cicatriz por deposição de tecido conjuntivo ou fibroso. A fibrose,</p><p>frequentemente vista no fígado, nos rins e nos pulmões, refere-se à extensa</p><p>deposição de colágeno nesses órgãos, posterior à inflamação crônica. A fibrose</p><p>também se desenvolve em tecidos com exsudato inflamatório, como visto na</p><p>pneumonia, sendo denominada de organização. É importante destacar que a</p><p>cicatrização permite que o tecido lesado recupere a sua capacidade funcional;</p><p>contudo, algumas vezes, não há a reconstrução da anatomia original do tecido</p><p>(KUMAR; ABBAS; ASTER, 2016; REISNER, 2016).</p><p>O processo de cicatrização é constituído por quatro fases distintas: hemostasia, in-</p><p>flamação, proliferação e remodelação. O conhecimento dos fatores e mecanismos</p><p>fisiológicos e patológicos envolvidos nesse processo complexo auxilia na projeção de</p><p>novos tratamentos de feridas de difícil recuperação. Para saber mais sobre esse tema, leia</p><p>o artigo “Cicatrização de feridas: o fisiológico e o patológico”, de Leal e Carvalho (2014).</p><p>A cicatrização é uma consequência da lesão grave às células do tecido</p><p>que não foram reparadas pela regeneração. Ao contrário da regeneração, a</p><p>cicatrização não restaura o tecido, somente “remenda”, substituindo as células</p><p>parenquimatosas com dano por tecido conjuntivo. O processo de cicatrização</p><p>inicia com o recrutamento de células do sistema imune para a indução da</p><p>inflamação. Nesse momento, os macrófagos são essenciais para o</p><p>reparo,</p><p>pois eliminam o agente agressor, além de secretarem citocinas e fatores de</p><p>crescimento, essenciais para a angiogênese e a proliferação de fibroblastos.</p><p>A angiogênese tem como função a nutrição e o fornecimento de oxigênio</p><p>para o reparo do tecido, permitindo a formação de novos vasos sanguíneos.</p><p>Esse processo é ativado por fatores de crescimento endotelial vascular (VEGFs,</p><p>do inglês vascular endotelial growth factors), que induzem a proliferação de</p><p>células endoteliais pelo processo de brotamento vascular. Então, macrófagos,</p><p>fibroblastos e células epiteliais migram para a área lesada pelo estímulo dos fa-</p><p>tores de crescimento de fibroblastos (FGFs, do inglês fibroblast growth factors)</p><p>e formam o tecido de granulação. O tecido de granulação é caracterizado por</p><p>pequenos vasos neoformados, células inflamatórias, tecido conjuntivo frouxo</p><p>3Reparo, regeneração e cicatrização</p><p>e pela proliferação de fibroblastos. A proliferação de células endoteliais é</p><p>inibida pelo fator de crescimento transformante (TGFβ, do inglês transforming</p><p>growth factor beta), e o fator de crescimento derivado de plaquetas (PDGF,</p><p>do inglês platelet-derived growth factor) tem a função de recrutar células</p><p>musculares lisas.</p><p>Células inflamatórias induzem a proliferação e a ativação de fibroblastos</p><p>pela secreção de TGFβ. Esse fator de crescimento tem ação anti-inflamatória</p><p>e papel importante na produção de colágeno e fibronectina, além de inibir</p><p>a degradação da MEC pelas metaloproteinases (MMPs, do inglês matrix</p><p>metalloproteinases). Por fim, há a progressão do tecido de granulação para a</p><p>formação da cicatriz madura, com diminuição dos vasos sanguíneos e posterior</p><p>transformação de fibroblastos em miofibroblastos, que possuem a função de</p><p>contração da cicatriz (KUMAR; ABBAS; ASTER, 2016; REISNER, 2016).</p><p>Na Figura 2, estão dispostas as diferentes etapas para a formação de uma</p><p>cicatriz. Na Figura 3, verificamos os dois mecanismos de reparo tecidual: a</p><p>regeneração e a cicatrização.</p><p>2 Parênquima e estroma no reparo tecidual</p><p>O parênquima é o conjunto de vários tipos celulares responsáveis pela função de</p><p>um órgão. O parênquima tem importante papel na proliferação celular durante</p><p>o reparo do tecido. A capacidade de proliferação dos tecidos é fundamental</p><p>para o processo de reparo, e esses tecidos são divididos conforme descrito a</p><p>seguir (KUMAR; ABBAS; ASTER, 2016; REISNER, 2016).</p><p>Permanentes — Os tecidos permanentes são constituídos por células di-</p><p>ferenciadas, que não possuem capacidade proliferativa após o nascimento</p><p>do indivíduo. Os neurônios e as células cardíacas fazem parte dos tecidos</p><p>permanentes e não são capazes de se regenerar. Dessa maneira, uma lesão</p><p>cerebral ou cardíaca, com dano nesses tipos celulares, tem como resultado</p><p>uma cicatriz.</p><p>Reparo, regeneração e cicatrização4</p><p>Figura 2. A formação de uma cicatriz é regida por diferentes etapas após a lesão: durante</p><p>a inflamação, células inflamatórias, como neutrófilos e macrófagos, são recrutadas para</p><p>o local com lesão, com a função de eliminar patógenos e células mortas. A formação do</p><p>tecido de granulação é caracterizada pelo surgimento de novos vasos sanguíneos, pela</p><p>proliferação de fibroblastos e pelos efeitos induzidos por citocinas e fatores de crescimento</p><p>secretados por macrófagos. Na última fase, ocorre a deposição da matriz extracelular, com</p><p>o aumento do tecido conjuntivo e a posterior formação da cicatriz.</p><p>Fonte: Adaptada de Kumar, Abbas e Aster (2016).</p><p>5Reparo, regeneração e cicatrização</p><p>Figura 3. Regeneração e cicatrização. A regeneração ocorre como resultado de um dano</p><p>leve ao epitélio, enquanto o processo de cicatrização ocorre em decorrência de um dano</p><p>mais severo, que afeta tanto o epitélio quanto o tecido conjuntivo.</p><p>Fonte: Adaptada de Kumar, Abbas e Aster (2016).</p><p>Estáveis — São células dos tecidos estáveis, que estão no estágio G0 do ciclo</p><p>celular em seu estado normal, com baixa atividade proliferativa, adquirindo</p><p>capacidade de divisão após uma lesão. Esses tecidos são constituídos por cé-</p><p>lulas essenciais no reparo de feridas: os fibroblastos, as células endoteliais e as</p><p>células musculares lisas. Os tecidos estáveis possuem células com capacidade</p><p>de regeneração limitada, com exceção do fígado.</p><p>Lábeis (instáveis) — Os tecidos lábeis possuem células que se dividem de</p><p>maneira contínua, e a substituição das células desses tecidos se dá a partir</p><p>da maturação de células-tronco e da proliferação de células maduras. Esses</p><p>tecidos possuem capacidade de regeneração rápida como resposta a uma lesão,</p><p>devido ao alto potencial regenerativo das células-tronco. Fazem parte desses</p><p>tecidos as células hematopoiéticas e os epitélios de superfície da cavidade oral,</p><p>do útero, das tubas uterinas, do colo uterino, da vagina, do trato urinário, da</p><p>Reparo, regeneração e cicatrização6</p><p>pele, dos ductos que drenam as glândulas salivares e o pâncreas e do trato</p><p>gastrintestinal.</p><p>Após uma lesão, as células-tronco teciduais ou adultas quiescentes são</p><p>ativadas, proliferam-se e se diferenciam em células maduras, prontas para</p><p>restaurar a população celular no tecido lesado. Na Figura 4, podemos ob-</p><p>servar onde estão localizados os nichos de células-tronco teciduais, que são</p><p>requisitados quando há a necessidade de expansão e diferenciação celular</p><p>(KUMAR; ABBAS; ASTER, 2016).</p><p>Figura 4. Microambientes de tecidos especializados com nichos de células-tronco teciduais:</p><p>(a) células-tronco da pele na zona bulbar dos folículos pilosos, nas glândulas sebáceas e na</p><p>epiderme; (b) células-tronco do intestino, acima das células de Paneth.</p><p>Fonte: Adaptada de Kumar, Abbas e Aster (2016).</p><p>A utilização de células-tronco mesenquimais tem sido associada à aceleração no pro-</p><p>cesso cicatricial de feridas crônicas e agudas. No artigo intitulado “Uso de células-tronco</p><p>adultas de tecido adiposo na cicatrização da pele: estudo controlado, randomizado”, de</p><p>Martins et al. (2011), você pode conferir como foi feito o tratamento com células-tronco</p><p>adultas autólogas, derivadas de tecido adiposo da região infraumbilical, sobre uma</p><p>cicatriz pós-abdominoplastia.</p><p>O estroma possui a função de sustentação e nutrição, sendo constituído</p><p>por tecido conjuntivo e vasos sanguíneos. As células do estroma, assim como</p><p>7Reparo, regeneração e cicatrização</p><p>macrófagos e células epiteliais, controlam a proliferação celular, por meio</p><p>da produção de fatores de crescimento que se ligam à MEC. Os fatores de</p><p>crescimento ativam vias de sinalização para o desencadeamento da síntese</p><p>de proteínas que conduzem as células até o ciclo celular, assim como de</p><p>proteínas com função nos pontos de checagem, que detectam danos ao DNA</p><p>ou aos cromossomos. Dessa maneira, a interação entre as células estromais</p><p>(fibroblastos, células do sistema imunológico, células endoteliais) e a MEC</p><p>é fundamental para o controle da proliferação celular e para a renovação do</p><p>tecido (KUMAR; ABBAS; ASTER, 2016). No Quadro 1, estão dispostos</p><p>fatores de crescimento importantes no processo de reparo.</p><p>Fatores de crescimento Fontes Funções</p><p>Fator de crescimento</p><p>epidérmico (EGF)</p><p>Macrófagos ativados,</p><p>glândulas salivares,</p><p>ceratinócitos e muitas</p><p>outras células</p><p>� Mitogênica para</p><p>os ceratinócitos e</p><p>fibroblastos</p><p>� Estimula a migração</p><p>dos ceratinócitos</p><p>� Estimula a formação</p><p>do tecido de</p><p>granulação</p><p>Fator de crescimento</p><p>transformante α (TGF-α)</p><p>Macrófagos ativados,</p><p>ceratinócitos e muitos</p><p>outros tipos de células</p><p>� Estimula a proliferação</p><p>de hepatócitos e de</p><p>muitas outras células</p><p>epiteliais</p><p>Fator de crescimento</p><p>de hepatócitos (HGF,</p><p>fator dispersante)</p><p>Fibroblastos, células-</p><p>tronco do fígado,</p><p>células endoteliais</p><p>� Ativa a proliferação</p><p>de hepatócitos</p><p>e outras células</p><p>epiteliais</p><p>� Aumenta a</p><p>motilidade celular</p><p>Quadro 1. Fatores de crescimento envolvidos na regeneração e no reparo tecidual</p><p>(Continua)</p><p>Reparo, regeneração e cicatrização8</p><p>(Continuação)</p><p>Fonte: Adaptado de Kumar, Abbas e Aster (2016).</p><p>Fator de crescimento</p><p>do endotélio</p><p>vascular (VEGF)</p><p>Células mesenquimais</p><p>� Estimula a</p><p>proliferação das</p><p>células endoteliais</p><p>� Aumenta a</p><p>permeabilidade</p><p>vascular</p><p>Fator de crescimento</p><p>derivado das</p><p>plaquetas (PDGF)</p><p>Plaquetas, macrófagos,</p><p>células endoteliais,</p><p>células musculares</p><p>lisas, ceratinócitos</p><p>� Quimiotáticas</p><p>para neutrófilos,</p><p>macrófagos,</p><p>fibroblastos e células</p><p>do músculo liso</p><p>� Ativa e estimula</p><p>a proliferação de</p><p>fibroblastos, células</p><p>endoteliais e outras</p><p>células</p><p>� Estimula a síntese de</p><p>proteínas da MEC</p><p>Fator de crescimento</p><p>dos fibroblastos (FGFs),</p><p>incluindo os ácidos</p><p>(FGF-1) e básicos (FGF-2)</p><p>Macrófagos, mastócitos,</p><p>células endoteliais</p><p>e muitos outros</p><p>tipos de células</p><p>� Quimiotática e</p><p>mitogênica para</p><p>fibroblastos</p><p>� Estimula a</p><p>angiogênese e a</p><p>síntese de proteínas</p><p>da MEC</p><p>Fator de crescimento</p><p>transformante β (TGF-β)</p><p>Plaquetas, linfócitos</p><p>T macrófagos, células</p><p>endoteliais, ceratinócitos,</p><p>células musculares</p><p>lisas, fibroblastos</p><p>� Quimiotáticos</p><p>de leucócitos e</p><p>fibroblastos</p><p>� Estimula a síntese de</p><p>proteínas da MEC</p><p>� Suprime a inflamação</p><p>aguda</p><p>Fator de crescimento</p><p>de ceratinócitos</p><p>(KGF) (i.e., FGF-7)</p><p>Fibroblastos � Estimula migração,</p><p>proliferação e</p><p>diferenciação dos</p><p>ceratinócitos</p><p>9Reparo, regeneração e cicatrização</p><p>O processo de reparo é composto por diferentes fases, e as células estro-</p><p>mais estão intimamente ligadas a essas fases. Na fase hemostática, após uma</p><p>lesão, há a formação da matriz provisória, com a associação de fibrina com</p><p>fibronectina e vitronectina. Essa matriz funciona como um substrato para o</p><p>recebimento de macrófagos, fibroblastos, queratinócitos e células endoteliais.</p><p>A produção de TGF-β e PDGF promove o recrutamento de mais células para a</p><p>matriz provisória. Ainda, durante a fase hemostática, a trombina tem a função</p><p>de estimular a liberação de citocinas pelas células endoteliais e monócitos.</p><p>Essas citocinas, como interferon-γ, promovem a polarização de macrófagos M1.</p><p>Na fase inflamatória, os macrófagos M1 são responsáveis pela defesa do</p><p>hospedeiro e pela eliminação de detritos. Posteriormente, os macrófagos são</p><p>polarizados para M2 (fenótipo pró-fibrótico e pró-angiogênico) e, juntamente</p><p>com a ação de diferentes fatores de crescimento e citocinas secretados por</p><p>diferentes células, levam à fase proliferativa. Durante a fase proliferativa, há</p><p>formação do tecido de granulação, composto por macrófagos e linfócitos,</p><p>novos vasos pequenos, fibroblastos e pela nova MEC. Macrófagos produzem</p><p>TGF-β1, FGF2, IGF-1 e PDGF, que induzem a síntese da nova MEC pelos</p><p>fibroblastos. Posteriormente, VEGF, TGF-β e FGF2 promovem a angiogênese,</p><p>estimulando a migração de células endoteliais para o interior da ferida e a</p><p>expressão do receptor de integrina. O fator induzível por hipóxia 1α induz a</p><p>transcrição de VEGF. Por fim, o EGF, o fator de crescimento semelhante à</p><p>insulina (IGF, do inglês insulin-like growth factor) 1 e o fator de crescimento</p><p>nervoso (NGF, do inglês nerve growth factor) estimulam a reepitalização da</p><p>superfície da ferida pelos queratinócitos e por células-tronco.</p><p>Na fase de remodelamento, há o aumento da síntese de colágeno e a pro-</p><p>dução da cicatriz, com alterações na organização do colágeno, induzidas pela</p><p>lisil-oxidase liberada pelos fibroblastos. Durante o remodelamento, o inibidor</p><p>tecidual de metaloproteinase, produzido por células mesenquimais, equilibra</p><p>a degradação da MEC pelas MMPs. É importante destacar que as MMPs</p><p>são produzidas por células epiteliais e sinoviais, macrófagos, neutrófilos e</p><p>fibroblastos (BARRETT et al., 2014; HAMMER; MCPHEE, 2016; KUMAR;</p><p>ABBAS; ASTER, 2016; REISNER, 2016). Na Figura 5, podemos observar os</p><p>diferentes fatores de crescimento recrutados após uma lesão cutânea.</p><p>Reparo, regeneração e cicatrização10</p><p>Figura 5. Macrófagos, plaquetas e fibroblastos secretam fatores de crescimento que mo-</p><p>dulam o reparo tecidual. Após a lesão, há o extravasamento dos componentes do sangue.</p><p>Durante o processo de cicatrização, mecanismos são ativados por meio da ação de células</p><p>sanguíneas e do parênquima, com interação com a matriz extracelular e liberação de</p><p>mediadores solúveis. Na hemorragia, as plaquetas formam o tampão plaquetário e secre-</p><p>tam o PDGF. Esse fator permite a quimiotaxia de macrófagos e fibroblastos para a região</p><p>lesada. As células do parênquima ativadas ou a via do sistema complemento induzem a</p><p>produção de mediadores vasoativos e fatores quimiotáticos, que recrutam leucócitos. Os</p><p>neutrófilos mantêm a ferida livre de microrganismos e partículas estranhas ao organismo.</p><p>Os macrófagos ativados secretam PDGF e o VEGF, para formação do tecido de granulação.</p><p>A secreção dos fatores de crescimento transformadores (TGF-α, TGF-β1, TGF-β2 e TGF-β3)</p><p>induz quimiotaxia de macrófagos e fibroblastos, remodelamento e produção de matriz</p><p>extracelular, além de desenvolvimento do epitélio. Outros fatores de crescimento são</p><p>liberados para a cura da ferida, como FGF e IGF.</p><p>Fonte: Barrett et al. (2014, p. 81).</p><p>11Reparo, regeneração e cicatrização</p><p>3 Fatores que influenciam no processo de</p><p>cicatrização</p><p>O processo de cicatrização pode ser influenciado por vários fatores que in-</p><p>terferem na qualidade do reparo ativo. O tipo, o tamanho e o local da lesão</p><p>são fatores essenciais para uma reparação completa ou incompleta do tecido.</p><p>O reparo completo do tecido ocorre somente no parênquima com a presença</p><p>de células lábeis ou estáveis, ou seja, que têm a capacidade de se dividir ou</p><p>que se dividem como resultado de um estímulo adequado, respectivamente.</p><p>Geralmente, lesões muito extensas levam a uma reparação incompleta, com</p><p>função comprometida do órgão. Lesões com surgimento no peritônio, na pleura</p><p>ou na cavidade sinovial são caracterizadas pela presença de exsudato extenso.</p><p>Esse exsudato pode ter sua completa resolução por meio da digestão enzimática</p><p>dos leucócitos, ou pode evoluir para uma cicatriz fibrosa, com a formação</p><p>do característico tecido de granulação (KUMAR; ABBAS; ASTER, 2016).</p><p>A infecção é uma variável que potencializa a inflamação, elevando o dano</p><p>tecidual pelo recrutamento de células do sistema imune inato e adaptativo, com</p><p>indução de resposta inflamatória por ativação de citocinas. Assim como as</p><p>infecções, doenças de base também podem afetar o reparo do tecido. O diabetes</p><p>e a arteriosclerose podem levar à ulceração das feridas, como consequência da</p><p>falta de cicatrização e de uma vascularização inadequada, respectivamente.</p><p>Fatores mecânicos, como íleo adinâmico, vômitos, tosse ou cirurgia do</p><p>abdômen podem elevar a pressão sobre a ferida, resultando em um estresse</p><p>local e posterior separação ou ruptura da ferida (deiscência). A deficiência de</p><p>vitamina C e de algumas proteínas pode resultar na inibição da produção de</p><p>colágeno. Podemos notar, então, que o estado nutricional do indivíduo pode</p><p>afetar profundamente o processo de cicatrização. Por fim, medicamentos</p><p>como os glicocorticoides enfraquecem a cicatriz, devido a seus efeitos anti-</p><p>-inflamatórios, inibindo a síntese de TGF-β e atenuando a fibrose (KUMAR;</p><p>ABBAS; ASTER, 2016).</p><p>Reparo, regeneração e cicatrização12</p><p>A nutrição está intrinsecamente associada à cicatrização de feridas, e indivíduos</p><p>desnutridos apresentam capacidade cicatricial comprometida. Por esse motivo, uma</p><p>alimentação completa, equilibrada e variada é essencial para o processo de cicatrização.</p><p>Em indivíduos com deficiências nutricionais, desnutridos ou em um estado catabólico</p><p>severo, a suplementação com proteínas pode ser necessária. Contudo, mais estudos</p><p>devem ser realizados para verificar o efeito da suplementação no processo de reparo</p><p>do tecido, com avaliação dos riscos envolvidos e das doses que sejam seguras para a</p><p>população em geral, nutrida ou desnutrida. É válido ressaltar que a suplementação deve</p><p>ser acompanhada pela avaliação nutricional realizada por profissionais capacitados e</p><p>com conhecimento na área. Para saber mais, leia o artigo “Proteína e cicatrização de</p><p>feridas”, de Montenegro (2012).</p><p>BARRETT, K. E. et al. Fisiologia médica de Ganong. 24. ed. Porto Alegre:</p><p>AMGH, 2014.</p><p>HAMMER, G. D.; MCPHEE, S. J. Fisiopatologia da doença: uma introdução à medicina</p><p>clínica. 7. ed. Porto Alegre: AMGH, 2016.</p><p>KUMAR, V.; ABBAS, A. K.; ASTER, J. C. Robbins & Cotran patologia: bases patológicas das</p><p>doenças. 9. ed. São Paulo: Elsevier, 2016.</p><p>REISNER, H. Patologia: uma abordagem por estudos de casos. Porto Alegre: AMGH, 2016.</p><p>Leituras recomendadas</p><p>LEAL, E. C.; CARVALHO, E. Cicatrização de feridas: o fisiológico e o patológico. Revista</p><p>Portuguesa de Diabetes, v. 9, n. 3, p. 133–143, 2014.</p><p>MARTINS, P. D. E. et al. Uso de células-tronco adultas de tecido adiposo na cicatrização</p><p>da pele: estudo controlado, randomizado. Revista Brasileira de Cirurgia Plástica, v. 26,</p><p>n. 3, p. 394–401, 2011.</p><p>MONTENEGRO, S. Proteína e cicatrização de feridas. Revista Nutrícias, v. 14, p. 27–30, 2012.</p><p>13Reparo, regeneração e cicatrização</p><p>Dica do professor</p><p>O vídeo a seguir explica os mecanismos de reparo das células e tecidos a partir de um agente</p><p>agressor, evidenciando os processos de regeneração e cicatrização. O potencial de reparo dos</p><p>tecidos, suscita na capacidade de executar os mecanismos de cicatrização ou regeneração.</p><p>A Dica do professor a seguir explica de forma mais ampla os processos de reparo, regeneração e</p><p>cicatrização.</p><p>Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar.</p><p>https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/cee29914fad5b594d8f5918df1e801fd/a2e5940c8aedca13e9539425dfd8e613</p><p>Exercícios</p><p>1) Quando um órgão, estrutura ou tecido é lesado, pode ou não sofrer regeneração. Sobre isso,</p><p>leia as alternativas abaixo:</p><p>I. A retina e o nervo óptico se regenera após lesão.</p><p>II. As células sanguíneas se renovam constantemente.</p><p>III. O tecido ósseo não tem a capacidade de regeneração</p><p>IV. O fígado tem a capacidade de sofrer regeneração após lesão.</p><p>Sobre as alternativas acima, é correto o que se afirma em:</p><p>A) I, apenas.</p><p>B) I e II, apenas.</p><p>C) I, II e III, apenas.</p><p>D) II e IV, apenas.</p><p>E) I, II e IV, apenas.</p><p>2) Para que o processo de reparo seja compreendido é necessário o conhecimento sobre</p><p>estroma e parênquima. Indique a alternativa correta:</p><p>A) Estroma e parênquima têm a mesma função de proteção, através de suas membranas que</p><p>envolvem os órgãos.</p><p>B) Estroma é o mesmo que tecido de granulação que se forma durante a cicatrização.</p><p>C) Parênquima é o tecido funcional de um órgão.</p><p>D) O estroma nos rins corresponde aos néfrons.</p><p>E) Estroma é o tecido fundamental do processo de cicatrização.</p><p>3) Quando uma agressão causar a lesão de um grupo extenso de células parenquimatosas, mas</p><p>o estroma permanecer íntegro, então:</p><p>A) Irá ocorrer regeneração do mesmo tipo de células que foram lesadas.</p><p>O fígado tem a capacidade de sofrer regeneração após lesão. As células sanguíneas se renovam constantemente. O tecido ósseo se regenera após lesão. A retina e o nervo óptico não têm a capacidade de regeneração.</p><p>O estroma e o parênquima não têm a mesma função e nem são membranas que revestem os órgãos. O tecido de granulação se forma durante a cicatrização e é composto por fibroblastos e capilares sanguíneos, o estroma não tem esta composição e não é o mesmo que tecido de granulação. Parênquima é o tecido funcional de um órgão, as porções ou estruturas responsáveis pelas funções dos</p><p>órgãos, nos pulmões, por exemplo, o parênquima são os alvéolos e os ductos alveolares, já que a função dos pulmões é a troca gasosa. Os néfrons compõem a porção do parênquima nos rins. O tecido conjuntivo é o tecido fundamental do processo de cicatrização.</p><p>Quando o estroma permanece inalterado ou não for lesado, há possibilidade de recuperação estrutural e funcional das células. O estroma não necessariamente será destruído. As lesões não estão associadas. Não ocorrerá regeneração das células se o estroma for destruído. Isto acontece quando a extensão da lesão é mínima, atingindo poucas células. Cicatrização é quando o reparo se dá através de tecido conjuntivo fibroso, substituindo as células lesadas.</p><p>B) Necessariamente o estroma também será destruído.</p><p>C) Não ocorrerá regeneração das células.</p><p>D) As organelas das células lesadas são isoladas em vacúolos, digeridas e eliminadas</p><p>posteriormente.</p><p>E) Chamamos este processo de cicatrização.</p><p>4) Um dos fatores que influencia o poder de regeneração de órgãos e estruturas é o fato de</p><p>este ser composto por células lábeis, estáveis ou permanentes. Sobre estes três tipos de</p><p>células é correto afirmar que:</p><p>A) Os macrófagos, que participam do processo de cicatrização, são células estáveis.</p><p>B) Neurônios são células estáveis, pois estão sempre enviando impulsos nervosos.</p><p>C) Células lábeis têm ciclo de vida longo e não podem se regenerar.</p><p>D) As células do tecido hematopoiético são células estáveis.</p><p>E) Fibras musculares lisas do útero são células estáveis.</p><p>5) Os fibroblastos têm importantes funções na cicatrização dos tecidos. Assinale a alternativa</p><p>correta sobre estas células:</p><p>A) São também chamadas de células de Langerhans.</p><p>B) Participam da remodelação da matriz extracelular.</p><p>C) São células chamadas de proteoglicanos.</p><p>D) Possuem as mesmas funções dos cromatóforos.</p><p>E) Participa do processo de cicatrização, menos na fase de granulação.</p><p>Os macrófagos, que participam do processo de cicatrização, mas são células lábeis. Neurônios são células permanentes. Células lábeis têm ciclo de vida curto e podem se regenerar. O tecido hematopoiético é composto por células de grau estável. Fibras musculares lisas do útero são células estáveis, estas células apresentam ciclo de vida mais longo do que as células lábeis.</p><p>Células de Langerhans são células apresentadoras de antígenos, também chamadas de células dendríticas. Elas não apresentam similaridade com os fibroblastos. Além de sintetizar colágeno e glicoproteínas, os fibroblastos participam da remodelação da matriz extracelular, endocitando e destruindo os componentes estruturais. Proteoglicanos são macromoléculas que compõem a substância fundamental e não são o mesmo que fibroblastos. Cromatóforos são células que produzem melanina e não têm a mesma função que os fibroblastos.Participa da fase de granulação e é constituinte do tecido de granulação, juntamente com células endoteliais vasculares.</p><p>Na prática</p><p>A cirrose hepática é uma consequência de qualquer doença crônica do fígado. Se o fígado passa por</p><p>agressões contínuas e a longo prazo, como uso abusivo de álcool ou presença de gordura</p><p>(esteatose), formam-se cicatrizes resultantes do processo inflamatório. A sequência de cicatrizações</p><p>leva o órgão à perda de suas funções.</p><p>Sabe-se que o tecido hepático tem alto potencial de regeneração, então, se o estímulo agressor for</p><p>retirado, a estrutura e a função deste órgão pode adquirir novamente o estado normalizado.</p><p>Você, como profissional da área da saúde, tem a função de esclarecer população o fato de que a</p><p>cirrose não é causada somente pelo alcoolismo, mas também pela gordura vinda da dieta, e por</p><p>hepatite C, e que o fígado pode se regenerar, mas até certo estágio destas doenças.</p><p>Saiba +</p><p>Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor:</p><p>Inflamaçao e reparo tecidual</p><p>Venha ver este vídeo sobre inflamação e reparo tecidual.</p><p>Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar.</p><p>Fases da Cicatrização da Pele</p><p>Entenda quais são as fases envolvidas no processo de cicatrização da pele.</p><p>Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar.</p><p>Uma Viagem Pela Sua Pele</p><p>Para compreender as fases da cicatrização, vale uma recordação sobre a pele.</p><p>Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar.</p><p>https://www.youtube.com/embed/Z1yvhRhDzAA</p><p>https://www.youtube.com/watch?v=IjPccHZXO3s</p><p>https://www.youtube.com/embed/NPnjM0TfRfg</p>