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<p>Patrimônio Cultural</p><p>e Histórico</p><p>Material Teórico</p><p>Responsável pelo Conteúdo:</p><p>Prof. João Menoni</p><p>Revisão Textual:</p><p>Prof.ª Dr.ª Selma Aparecida Cesarin</p><p>Patrimônio Cultural e Economia</p><p>• Patrimônio e Desenvolvimento – Economia e Cultura;</p><p>• Patrimônio em Números;</p><p>• Mercado de Trabalho na Área de Patrimônio Cultural;</p><p>• Turismo e Patrimônio Cultural: Uma Dupla de Sucesso;</p><p>• Economia da Cultura e Museus: Impacto Econômico.</p><p>• Apresentar a relação entre Patrimônio Cultural e desenvolvimento econômico, bem como</p><p>dados que ilustram essa associação;</p><p>• Contextualizar os vários Setores e segmentos profi ssionais que envolvem a área de Patri-</p><p>mônio Cultural no Mercado de Trabalho;</p><p>• Contribuir para a capacitação do aluno frente às demandas relacionadas à Área do Turis-</p><p>mo Cultural;</p><p>• Proporcionar ao aluno conhecimentos relacionados ao impacto econômico decorrente da</p><p>Economia da Cultura, especialmente na Área Museológica;</p><p>• Apresentar ações e Projetos que, na prática, ilustram a relação do Patrimônio Cultural</p><p>com a Economia.</p><p>OBJETIVOS DE APRENDIZADO</p><p>Patrimônio Cultural e Economia</p><p>Orientações de estudo</p><p>Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem</p><p>aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua</p><p>formação acadêmica e atuação profissional, siga</p><p>algumas recomendações básicas:</p><p>Assim:</p><p>Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte</p><p>da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e</p><p>horário fixos como seu “momento do estudo”;</p><p>Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma</p><p>alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo;</p><p>No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos</p><p>e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você tam-</p><p>bém encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua</p><p>interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados;</p><p>Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus-</p><p>são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o</p><p>contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e de</p><p>aprendizagem.</p><p>Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte</p><p>Mantenha o foco!</p><p>Evite se distrair com</p><p>as redes sociais.</p><p>Mantenha o foco!</p><p>Evite se distrair com</p><p>as redes sociais.</p><p>Determine um</p><p>horário fixo</p><p>para estudar.</p><p>Aproveite as</p><p>indicações</p><p>de Material</p><p>Complementar.</p><p>Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma</p><p>Não se esqueça</p><p>de se alimentar</p><p>e de se manter</p><p>hidratado.</p><p>Aproveite as</p><p>Conserve seu</p><p>material e local de</p><p>estudos sempre</p><p>organizados.</p><p>Procure manter</p><p>contato com seus</p><p>colegas e tutores</p><p>para trocar ideias!</p><p>Isso amplia a</p><p>aprendizagem.</p><p>Seja original!</p><p>Nunca plagie</p><p>trabalhos.</p><p>UNIDADE Patrimônio Cultural e Economia</p><p>Patrimônio e Desenvolvimento –</p><p>Economia e Cultura</p><p>Economia e Cultura estão interligadas pelos investimentos diretos e indiretos</p><p>dos Setores Públicos e Privados na Área Cultural e a receita gerada por produtos e</p><p>serviços prestados em atividades culturais.</p><p>Figura 1 – Theatro José de Alencar, em Fortaleza (CE), inaugurado</p><p>em 1910, tem uma fachada em estilo art nouveau</p><p>Fonte: secult.ce.gov</p><p>Cada geração oferece uma interpretação diferente do passado e depende</p><p>dela ideias novas. Toda diminuição desse capital leva a um empobrecimen-</p><p>to cuja perda é tão sensível que não pode ser compensada, nem mesmo</p><p>por criações de alta qualidade. (LENIAUD, 1992, apud BENHAMOU,</p><p>2016, p. 30)</p><p>A Economia Patrimonial contempla, por exemplo, a produção de serviços (orga-</p><p>nizações de Exposições, Shows e Espetáculos), de serviços auxiliares (Indústria de</p><p>Transporte, Turismo e Lazer ligada ao Patrimônio), de Produtos Derivados (Livros de</p><p>Arte, Guias, Lembranças), de funções coletivas de Pesquisa (Monumentos, Museus</p><p>etc.) e também relativa ao inventário, conservação, restauração, produção de serviços,</p><p>informação e difusão (ARAÚJO JR., 2012).</p><p>A expansão do conceito de Patrimônio e a ênfase maior sobre a relação dos</p><p>locais de Patrimônio com seus arredores, desenvolvidas nas últimas décadas em</p><p>nível mundial, marcam uma mudança importante na forma de pensar e de agir,</p><p>tanto na esfera pública quanto privada: “Os locais considerados Patrimônio não po-</p><p>dem ser protegidos de maneira isolada ou como peças de museu, resguardados de</p><p>desastres (naturais ou provocados pela Humanidade) ou excluídos do planejamento</p><p>do uso da terra” (UNESCO, 2016, p. 16).</p><p>8</p><p>9</p><p>Esses bens também não podem ser separados das atividades de desenvolvimento,</p><p>isolados de mudanças sociais ou desvinculados das preocupações das comunidades.</p><p>Em decorrência disso, a cada dia, mais pessoas se mostram interessadas na gestão</p><p>desse Patrimônio.</p><p>Em uma cidade Patrimônio Mundial, como Ouro Preto (MG), por exemplo, a</p><p>maior parte dos edifícios históricos é propriedade privada, e muitos serão usados</p><p>para outros propósitos, não necessariamente ligados ao Patrimônio.</p><p>Pode ser que o meio de vida das comunidades locais dependa desses usos:</p><p>“Os gestores do Patrimônio terão de contar com uma grande diversidade de autori-</p><p>dades públicas para tratar de questões como o planejamento espacial e as políticas</p><p>de desenvolvimento econômico” (UNESCO, 2016, p. 17).</p><p>Na realidade, isso significa que os gestores do Patrimônio não podem agir de</p><p>maneira independente.</p><p>Figura 2 – Ouro Preto (MG) é Patrimônio Cultural da Humanidade pela UNESCO</p><p>Fonte: Getty Images</p><p>Uma pesquisa australiana, relevante para a Gestão do Patrimônio Cultural</p><p>(WIJESURIYA, 2008, apud UNESCO, 2016, p. 20), mostra um resumo das impli-</p><p>cações de uma abordagem integrada à gestão do Patrimônio (Tabela 1).</p><p>Em sua análise, a abordagem integrada é interpretada de três formas: como</p><p>filosofia, como processo e como produto.</p><p>A pesquisa demonstrou que eram necessárias mudanças em diversas áreas para</p><p>permitir uma abordagem integrada. Elas foram agrupadas em três áreas-chave de</p><p>gestão: aspectos legislativos, estruturas institucionais e utilização de recursos.</p><p>As abordagens de gestão, atualmente, conforme a UNESCO (2016), devem ser</p><p>dirigidas de forma mais ampla e inclusiva em relação ao Patrimônio e dada a uma</p><p>ênfase maior na participação comunitária.</p><p>9</p><p>UNIDADE Patrimônio Cultural e Economia</p><p>Tabela 1 – Contextualização das questões de Patrimônio e proteção em</p><p>uma estrutura mais ampla – Uma abordagem integrada à Gestão de Patrimônio</p><p>1. COMO FILOSOFIA</p><p>Combinação de recursos</p><p>2. COMO PROCESSO</p><p>Flexibilidade em</p><p>estruturas institucionais</p><p>3. COMO PRODUTO</p><p>Inovação legislativa</p><p>• Abordagem cooperativa que exige mudan-</p><p>ças nas organizações, culturas e atitudes</p><p>dos participantes;</p><p>• Integração de informações e recursos:</p><p>- melhorutilização de todas as fontes</p><p>de informação;</p><p>- utilização em todas as disciplinas</p><p>e setores;</p><p>- identificação das principais questões;</p><p>- qualidade da documentação.</p><p>• Facilitação da coordanação entre</p><p>agências, governos locais e grupos</p><p>comunitários;</p><p>• Integração entre agências:</p><p>- consideração de outros planos;</p><p>- explicação da relação com</p><p>outros planos;</p><p>- realização de consultas ao público.</p><p>• Facilitação do desenvolvimento de</p><p>instrumentos complementares</p><p>de regulação;</p><p>• Integração entre legislações:</p><p>- requisitos legislativos para</p><p>a integração;</p><p>- justificativas para a integração;</p><p>- explicação da relação com outras</p><p>legislações;</p><p>- requisitos de monitoramento.</p><p>Fonte: UNESCO, 2016</p><p>Mas, por que envolver diversos atores sociais no Planejamento e na Gestão do</p><p>Patrimônio Cultural? Quem responde são a UNESCO e o IPHAN (MACHADO;</p><p>BRAGA, 2010, p. 46):</p><p>• O envolvimento dos atores sociais permite diagnosticar melhor os problemas;</p><p>• Atores sociais são mais aptos a informar, direta ou indiretamente, aos gestores</p><p>públicos, valores, traços culturais, práticas e comportamentos de grupos</p><p>sociais, muitas vezes, não percebidos pelos técnicos;</p><p>• Projetos sem participação têm maior risco de descontinuidades ou de ter sua</p><p>implementação retardada devido a conflitos não previstos na fase de concepção;</p><p>• Processos participativos favorecem mais ao consenso do que o simples aporte</p><p>de propostas construídas apenas pelos técnicos;</p><p>• Compatibilizar ideias, desejos e princípios de diferentes atores é uma tarefa</p><p>difícil, mas não pode ser evitada;</p><p>• Abrir a formulação de projetos e programas à participação social exige trans-</p><p>parência para que a confiança entre as partes esteja garantida;</p><p>• Antes de iniciar um processo participativo, o Gestor Público deve estar pron-</p><p>to a alterar planos originais eventualmente existentes para absorver as con-</p><p>tribuições aportadas.</p><p>Patrimônio e Desenvolvimento Urbano</p><p>A presença de centros históricos preservados, como também de festas, de pro-</p><p>dução artesanal tradicional ou de festivais regulares é, hoje, o motor da Economia</p><p>de muitas cidades e parte significativa da Economia de algumas capitais, a cujas</p><p>atividades somam-se a Indústria da Música, do Audiovisual e do livro.</p><p>10</p><p>11</p><p>A primeira experiência brasileira de tratar o Patrimônio Cultural urbano sob o</p><p>marco do desenvolvimento sustentável implicava a necessidade de que a preserva-</p><p>ção fosse vinculada cada vez mais ao planejamento das cidades.</p><p>Essa visão foi incorporada, pela primeira vez, em um programa governamental</p><p>em nível federal, em 1973, quando foi criado o Programa Integrado de Reconstru-</p><p>ção das Cidades Históricas.</p><p>A segunda grande experiência, iniciada em 2000, foi o Programa Monumenta,</p><p>implantado pelo Ministério da Cultura e pelo IPHAN, com financiamento do Banco</p><p>Interamericano de Desenvolvimento – BID e apoio técnico da UNESCO.</p><p>O Monumenta é um programa de preservação do Patrimônio Cultural do país,</p><p>com ênfase nos sítios e nos conjuntos urbanos. Seu escopo é a preservação de sítios</p><p>históricos prioritários e o estímulo à população no que diz respeito ao conhecimento</p><p>e à valorização do Patrimônio Histórico brasileiro, ampliando o uso econômico, cul-</p><p>tural e social dos sítios restaurados.</p><p>Figura 3 – Interior do prédio do Museu de Arte do Rio Grande do Sul/Margs,</p><p>em Porto Alegre, recuperado com recursos do Programa Monumenta</p><p>Fonte: Bento Viana</p><p>O Monumenta busca a recuperação sustentável de sítios históricos urbanos de</p><p>26 cidades brasileiras, investindo R$ 125 milhões. Além da restauração e da con-</p><p>servação de monumentos e de espaços públicos, financiou a recuperação de imó-</p><p>veis privados, a capacitação de mão de obra e a promoção de atividades culturais</p><p>capazes de estimular a dinâmica econômica dessas áreas.</p><p>Como instrumento de gestão e fomento à conservação sustentada, criou Fundos</p><p>Municipais de Preservação, geridos por Conselhos de Representantes dos três ní-</p><p>veis de Governo e da Sociedade Civil, tendo como principais fontes de ingressos as</p><p>amortizações dos financiamentos para imóveis privados e dotações orçamentárias</p><p>anuais dos municípios.</p><p>11</p><p>UNIDADE Patrimônio Cultural e Economia</p><p>E a terceira experiência em âmbito nacional é o PAC – Cidades Históricas, criado</p><p>em 2013, cujo ponto de partida é a concepção, pelos três níveis de Governo e a</p><p>Comunidade, de um Plano de Ação para cada sítio histórico urbano.</p><p>Esse Plano aborda toda a problemática do sítio e, sob a referência desse contex-</p><p>to, elegem-se as ações específicas de conservação a serem realizadas.</p><p>A iniciativa busca preservar o Patrimônio brasileiro, valorizar a cultura nacional</p><p>e promover o desenvolvimento econômico e social com sustentabilidade e qualida-</p><p>de de vida para os cidadãos em 44 cidades brasileiras.</p><p>Os recursos investidos totalizam R$ 1,6 bilhão em orçamento previsto para</p><p>424 obras em edifícios e espaços públicos.</p><p>Essas ações objetivam melhorar a qualidade de vida nessas cidades, por meio da</p><p>revitalização de seus centros históricos.</p><p>Patrimônio em Números</p><p>Uma importante parte da Economia Patrimonial brasileira depende de Políticas</p><p>Culturais Públicas de Financiamento para Restauração de Monumentos Históricos.</p><p>Uma dessas ferramentas é o Programa Nacional de Apoio à Cultura – Pronac,</p><p>criado pela Lei nº 8313, de 1991 (Lei Rouanet).</p><p>Por meio de Renúncia Fiscal por parte do Poder Público – municípios oferecem</p><p>abatimento no IPTU e no ISS, estados têm como base de incentivo o ICMS e a União</p><p>o Imposto de Renda, tanto para Pessoas Físicas quanto para Pessoas Jurídicas –</p><p>Empresas investem na conservação e na restauração de bens culturais.</p><p>Esse investimento concentra suas ações em áreas de grande visibilidade, geran-</p><p>do efeitos diretos sobre os espaços urbanos centrais.</p><p>Araújo Jr. (2012, apud REIS, 2003) salienta que o patrocínio está relacionado à</p><p>estratégia de comunicação empresarial e consiste em uma forma de investimento</p><p>em Projetos Culturais que pressupõem ótimo retorno financeiro às Empresas, pois,</p><p>ao investir em Cultura, as Empresas transmitem à Sociedade um Sistema de valores</p><p>humanistas que lhes garante uma posição estratégica no Mercado competitivo.</p><p>Entretanto, o autor questiona esse Sistema:</p><p>[...] que inaugurou um processo de intervenção patrimonial no qual as</p><p>empresas que investem por meio da renúncia fiscal por parte do Estado</p><p>controlam a organização da oferta de Patrimônio, políticas de manuten-</p><p>ção de um objeto, escolhendo projetos de restauração de acordo com o</p><p>marketing cultural, sem compromisso em expandir as intervenções patri-</p><p>moniais para regiões alijadas de visibilidade. (ARAÚJO JR., 2012, p. 31)</p><p>12</p><p>13</p><p>Um exemplo é a atuação dessas Empresas em Projetos de intervenção patrimo-</p><p>nial, que ocorre, muitas vezes, elaborando procedimentos por meio de Fundações</p><p>Privadas e da Sociedade Civil vinculadas às Empresas para executarem Projetos que</p><p>estão intimamente relacionadas à sua marca comercial, como é o caso do Banco do</p><p>Brasil, por meio do Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), ferramenta mercado-</p><p>lógica auxiliar da estratégia geral de negócios do Banco (ARAÚJO JR., 2012).</p><p>Existem quatro unidades do CCBB no país: São Paulo (Figura 4), Rio de Janeiro,</p><p>Belo Horizonte e Brasília:</p><p>Figura 4 – Sede do Centro Cultural Banco do Brasil, no Centro de São Paulo (SP).</p><p>O prédio, construído em 1927, abrigou uma agência do Banco no Centro da Capital paulista</p><p>Foto: prefeitura.sp.gov</p><p>De acordo com Porta (2012), o Pronac, entre os anos 2000 e 2010, destinou</p><p>mais de R$ 1,1 bilhão para projetos de preservação do Patrimônio Cultural no país.</p><p>A autora destaca uma grande concentração de investimento em alguns bens,</p><p>como o Theatro Municipal do Rio de Janeiro, que recebeu R$ 58 milhões para sua</p><p>restauração, sendo praticamente o dobro do investimento destinado ao Arquivo</p><p>Nacional (R$ 32 milhões), o qual tem edificação de porte equivalente e contou com</p><p>Projeto de maior amplitude.</p><p>Destacam-se, também, os altos valores investidos na manutenção de atividades</p><p>de algumas instituições, inclusive de pequeno porte. Esses casos, segundo ela, ser-</p><p>vem como exemplos “para ilustrar a necessidade de parâmetros mais eficazes de</p><p>análise dos orçamentos apresentados pelos Projetos, para que reflitam de modo</p><p>mais adequado a natureza das intervenções propostas” (PORTA, 2012, p. 102).</p><p>13</p><p>UNIDADE Patrimônio Cultural e Economia</p><p>Na Tabela 2, podemos conferir as dez maiores Empresas patrocinadoras do</p><p>Patrimônio Cultural brasileiro, entre os anos 2000 e 2010. Importante observar</p><p>que as grandes apoiadoras da preservação do Patrimônio Cultural são as Em-</p><p>presas Públicas.</p><p>Tabela 2 – Os dez maiores patrocinadores do Patrimônio Cultural brasileiro entre os anos 2000 e 2010</p><p>EMPRESA UF VALOR % TOTAL</p><p>1. Petrobras RJ 235.822.726,94 20,92</p><p>2. BNDES RJ 116.915.758,51 10,37</p><p>3. Companhia Vale do Rio Doce RJ 60.151.759,01 5,34</p><p>4. Gerdau RJ 32.948.646,52 2,92</p><p>5. Eletrobrás RJ 30.957.860,20 2,75</p><p>6. Banco Itaú SP 18.255.805,84 1,62</p><p>7. V&M do Brasil MG 17.891.144,96 1,59</p><p>8. Telemar Norte Leste RJ 14.822.749,20 1,31</p><p>9. Caixa Econômica FEderal DF 13.932.895,97 1,24</p><p>10. TAM Linhas Aéreas SP 12.243.842,21 1,09</p><p>Fonte: Porta, 2012</p><p>Conforme</p><p>a pesquisadora, a participação de Pessoas Físicas no apoio a Projetos</p><p>relativos ao Patrimônio Cultural via Lei de Incentivo Fiscal é extremamente limitada.</p><p>Apenas 23 pessoas efetivaram apoios superiores a R$ 50 mil no período estu-</p><p>dado. O maior apoio de Pessoa Física foi de R$ 400 mil. Destacam-se, no entanto,</p><p>Projetos que conseguiram mobilizar comunidades, angariando até 300 apoiadores</p><p>Pessoa Física, como nos casos dos Projetos de Restauração dos edifícios da Uni-</p><p>versidade Federal do Rio Grande do Sul, de igrejas em Caxias do Sul (RS) e Cam-</p><p>pinas (SP), ou da Associação de Amigos do Museu Lasar Segall (São Paulo/SP).</p><p>Figura 5 – Museu Lasar Segal, em São Paulo (SP)</p><p>Fonte: Wikimedia Commons</p><p>14</p><p>15</p><p>O caso do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico – BNDES também</p><p>merece destaque.</p><p>Há cerca de vinte anos, a Instituição Financeira estatal elegeu o Patrimônio Histó-</p><p>rico brasileiro receptor prioritário de seu apoio no campo cultural.</p><p>No período, foram destinados mais de R$ 450 milhões para esse fim. em todo o</p><p>Brasil, beneficiando Museus, Igrejas, Teatros, Fortes, Universidades e Centros Cultu-</p><p>rais, em mais de 170 monumentos apoiados.</p><p>O Banco entende que a herança arquitetônica das cidades brasileiras “constitui</p><p>um grande ativo da sociedade e, se devidamente preservado e revitalizado, pode</p><p>tornar-se um dos grandes agentes propulsores do desenvolvimento sustentável de</p><p>cidades e centros históricos, e do país como um todo” (BNDES, 2016, p. 15).</p><p>Os bens culturais exercem funções econômicas e sociais importantes e muitas</p><p>Comunidades mantêm fortes laços com eles.</p><p>Patrimônios culturais continuam a ser usados para seu propósito original como</p><p>locais de culto, residências, paisagens culturais ou instituições de vários tipos: “Muitos</p><p>outros locais de Patrimônio, porém, foram adaptados a novos usos, adquirindo</p><p>uma função que assegura a continuidade de sua manutenção e de sua relevância</p><p>para a sociedade” (UNESCO, 2016, p. 25).</p><p>Mercado de Trabalho na</p><p>Área de Patrimônio Cultural</p><p>Benhamou (2016, p. 76) chama de “emprego patrimonial” as profissões e as ati-</p><p>vidades ligadas ao Patrimônio que incluem pesquisadores, peritos, criadores (arquite-</p><p>tos, urbanistas, artesãos de alto nível), operadores (empresários, artesãos, operários,</p><p>mestres de obras etc.) e os gestores e mediadores (recepção, gestão, formação).</p><p>O campo compreendido é vasto. Na França, conforme a autora, abrange 217</p><p>ofícios, entre eles, douradores sobre madeira, luthiers (especialista em instrumen-</p><p>tos musicais de cordas), joalheiros, ourives, vidreiros, oleiros, desenhistas etc., e 28</p><p>códigos de atividades relacionadas aos ofícios de Arte, movimentando em torno</p><p>de 3,5 bilhões de euros por ano, mais de 43 mil pessoas e 18 mil Empresas que</p><p>prestam esses serviços.</p><p>Entretanto, algumas dessas qualificações estão se tornando raras. Um exemplo</p><p>positivo é o International Traditional Knowledge Institute (Instituto Internacional</p><p>de Técnicas Tradicionais), localizado perto de Florença (Itália), que se dedica à pre-</p><p>servação dos saberes tradicionais por meio da coleta de informações e da promo-</p><p>ção de Técnicas de Habitação e Agricultura.</p><p>15</p><p>UNIDADE Patrimônio Cultural e Economia</p><p>No Brasil, temos experiências exitosas de qualificação profissional e de mão de</p><p>obra voltada ao Patrimônio material em diversas Instituições Públicas, como as Uni-</p><p>versidades Federais da Bahia e de Minas Gerais, e as oficinas-escola de João Pessoa</p><p>e de Salvador, além da Fundação de Artes de Ouro Preto – FAOP.</p><p>O Gestor Cultural na Área do Patrimônio</p><p>Os Gestores Culturais são considerados uma nova categoria profissional, que</p><p>deve ter preparação específica para o gerenciamento de atividades culturais, princi-</p><p>palmente, em relação à capacidade organizacional e à ampliação de seus aspectos</p><p>de conhecimento econômico.</p><p>O Gestor na área do Patrimônio Cultural, de acordo com Pestana (s/d) é respon-</p><p>sável pelo Planejamento Estratégico e pelo Plano de Sustentabilidade, pelo estabele-</p><p>cimento de parcerias, conhecimentos sobre as estruturas organizacionais no campo</p><p>da Cultura e fontes de financiamento, entre outros.</p><p>A Gestão Cultural é um campo profissional cuja formação deve ser interdiscipli-</p><p>nar, com temas da Arte e Cultura, além de conhecimento de Economia, Princípios</p><p>Jurídicos, Planejamento, Marketing e Administração.</p><p>Para tanto, o perfil do Gestor Cultural deve ser entendido de forma mais ampla:</p><p>(...) profissional que precisa preservar e aprimorar a sua sensibilidade artística</p><p>e, ao mesmo tempo, dominar técnicas gerenciais e organizacionais específi-</p><p>cas da área cultural. O gestor necessita, também, manter o diálogo entre o</p><p>universo artístico-cultural, o Poder Público, o meio empresarial e a sociedade</p><p>civil como um todo. Em outras palavras, o gestor cultural deve ser aquele</p><p>profissional capaz de gerenciar serviços que se materializam em programas</p><p>e atividades desenvolvidas, a partir de planejamento e linhas programáticas</p><p>definidoras de políticas culturais públicas, privadas e de organizações não-go-</p><p>vernamentais, participando de todas as fases do processo de desenvolvimen-</p><p>to das atividades culturais: criação, produção, distribuição e difusão cultural.</p><p>(CUNHA, s/d, apud PESTANA, s/d, p. 14-15)</p><p>Entretanto, Pestana afirma que ainda não se formou, no Brasil, uma conver-</p><p>gência acadêmica no sentido de preparar dirigentes culturais, segundo o princípio</p><p>de uma formação integrada, na qual estejam presentes, junto com outras tantas</p><p>Disciplinas, Sociologia, Antropologia, Economia, Administração e Direito, His-</p><p>tória, Arquitetura, Museologia, etc. “[...] ou seja: não podemos ficar restritos à</p><p>economia da cultura e marketing de produtos culturais” (PESTANA, s/d, p. 15).</p><p>16</p><p>17</p><p>Turismo e Patrimônio Cultural:</p><p>Uma Dupla de Sucesso</p><p>UNESCO e IPHAN (MACHADO; BRAGA, 2010) constatam que países em</p><p>desenvolvimento, como o Brasil, nos quais áreas históricas e áreas centrais costu-</p><p>mam ser sinônimo de degradação, caminham na contramão de muitos países mais</p><p>desenvolvidos, nos quais ocorre o contrário: “Bairros históricos de cidades como</p><p>Paris e Roma são os lugares mais valorizados da cidade, onde o valor dos imóveis</p><p>é superior a todo o resto” (2010, p. 59).</p><p>Entretanto as autoras lembram que, no Brasil, em algumas áreas históricas,</p><p>começa-se a perceber uma mudança se compararmos o valor atual de alguns imóveis,</p><p>por exemplo, com o valor que tinham antes de terem se tornado Patrimônio, ou</p><p>mesmo se comparadas a outras regiões do seu entorno.</p><p>É o caso, por exemplo, do alto de Olinda, do bairro da Glória e da Lapa no Rio</p><p>de Janeiro, ou de alguns trechos do centro histórico de Salvador.</p><p>Figura 6 – Arcos da Lapa (Aqueduto da Carioca), na cidade do Rio de Janeiro</p><p>Fonte: Wikimedia Commons</p><p>Construído entre 1719-1725, tombado como Patrimônio Cultural material</p><p>pelo IPHAN. O aqueduto passou a ser usado como viaduto para os bondes</p><p>do bairro de Santa Teresa.</p><p>17</p><p>UNIDADE Patrimônio Cultural e Economia</p><p>Machado e Braga (2010, p. 59) apontam para a responsabilidade das Adminis-</p><p>trações Públicas na identificação de áreas que possam atrair Projetos de cunho tu-</p><p>rístico-cultural para as cidades: “Orlas e regiões portuárias, dentre outras, podem se</p><p>transformar em regiões de requalificação urbana, contendo, além de equipamentos</p><p>culturais, empreendimentos altamente rentáveis, como hotéis, marinas, bares e restau-</p><p>rantes, centros de eventos”, lembram.</p><p>Outro aspecto importante lembrado por elas é a ampliação por parte do turista de pre-</p><p>ocupações com questões ambientais, da mesma forma que os consumidores em geral.</p><p>Eles estão atentos às condições de saneamento do sítio urbano, ao tratamento</p><p>adequado dado ao lixo, o cuidado com os parques, jardins e áreas de proteção am-</p><p>biental, entre outros aspectos:</p><p>No entanto, a experiência mostra que projetos de requalificação não po-</p><p>dem ter como único foco o turismo e os eventos, sejam os culturais, os</p><p>de lazer ou esportes. Toda especialização é maléfica às cidades e, prin-</p><p>cipalmente, toda região de</p><p>onde se expulsa, ou não se contempla, o uso</p><p>habitacional está fadada a ver, pouco tempo depois, a reinstalação dos</p><p>processos de degradação. Os centros históricos consagrados como Patri-</p><p>mônio Mundial no Brasil se caracterizam por terem sido, na sua origem,</p><p>multifuncionais, onde conviviam funções habitacionais, o comércio, os</p><p>serviços, as instituições públicas e as religiosas. Essa multiplicidade de</p><p>situações lhes deu o caráter que é, em grande parte, responsável pela</p><p>atratividade e pelo encantamento que elas exercem sobre nós até hoje.</p><p>Mantê-lo ou aproximar-se desse caráter é o grande desafio dos projetos</p><p>de reabilitação. (MACHADO; BRAGA, 2010, p. 60)</p><p>Figura 7 – Festival Internacional de Cinema Ambiental</p><p>movimenta Goiás Velho (GO) desde 1999</p><p>Fonte: Paulo Rezende | Arquivo IPHAN</p><p>18</p><p>19</p><p>Uma estratégia para o Turismo requer, entre diversos aspectos, a definição do</p><p>público que se quer atrair, dos serviços a aprimorar (incluindo informação sobre o Pa-</p><p>trimônio Cultural) e da forma de envolver e preparar a sociedade local.</p><p>O incremento do Turismo Cultural deve ser benéfico, principalmente, para a</p><p>qualidade de vida da Comunidade, que é a principal responsável pela preservação</p><p>do Patrimônio.</p><p>Outro aspecto importante é a significação econômica do Patrimônio Imaterial para</p><p>as comunidades que os mantêm, isto é, a produção artesanal, por exemplo, além do</p><p>seu valor cultural e do seu potencial de fortalecimento da coesão entre grupos sociais,</p><p>sendo, muitas vezes, importante alternativa de renda para as comunidades, além da</p><p>transmissão dos conhecimentos entre gerações e do apoio à produção e distribuição</p><p>desses bens.</p><p>O Programa Monumenta contabiliza várias experiências de sucesso em que téc-</p><p>nicas artesanais quase extintas foram revigoradas, juntamente com o processo de</p><p>recuperação física dos imóveis.</p><p>É o caso da ourivesaria inspirada na filigrana (obra de ourivesaria formada de fios</p><p>de ouro ou prata delicadamente entrelaçados e soldados) portuguesa existente na</p><p>cidade de Natividade, no Tocantins: o Projeto promoveu Cursos em que os poucos</p><p>conhecedores da Técnica a retransmitiram aos mais jovens e, paralelamente, criou</p><p>uma estratégia de distribuição e divulgação das joias que, hoje, estão alcançando os</p><p>centros maiores e lojas sofisticadas.</p><p>Outro exemplo de grande sucesso é o do Estaleiro-Escola de São Luís do Mara-</p><p>nhão, onde uma antiga usina de beneficiamento de arroz foi transformada em um</p><p>Estaleiro-Escola, na qual carpinteiros navais tradicionais repassam seus conhecimen-</p><p>tos para outros mais jovens e a produção de barcos garante boa parte da sustenta-</p><p>ção da escola (UNESCO/IPHAN, 2010).</p><p>Figura 8 – Vista do Estaleiro-Escola, de São Luís do Maranhão</p><p>Fonte: Honório Moreira | O Imparcial</p><p>19</p><p>UNIDADE Patrimônio Cultural e Economia</p><p>Com vocação para embarcações tradicionais, disponibiliza Cursos de</p><p>Construção de de Embarcações Artesanais, Educação Ambiental, Inglês</p><p>Básico, Agente Informações Turísticas, Técnico em Logística com Ênfase</p><p>em Gestão Portuária.</p><p>A promoção do desenvolvimento local a partir das potencialidades do Patrimô-</p><p>nio Cultural, certamente, não se restringe ao Turismo.</p><p>A atração de eventos profissionais (Congressos, Reuniões Corporativas), de Feiras</p><p>de Negócios, de produções audiovisuais ou de moda e o apoio ou a atração de Em-</p><p>presas culturais, apenas para citar alguns exemplos, podem ser igualmente relevantes.</p><p>A própria atividade de preservação do Patrimônio, seja por meio de restauração,</p><p>promoção, salvaguarda ou gestão dos bens culturais, gera dinâmica econômica e</p><p>empregos diretos e indiretos, forma profissionais locais e abre oportunidades:</p><p>Cabe alertar para situações em que o turismo pode significar riscos às</p><p>culturas locais, especialmente quando as práticas rituais, festas e tradi-</p><p>ções começam a se tornar um mero espetáculo, sem vínculo com seu</p><p>sentido espiritual, coletivo e simbólico. É possível se defender desse ris-</p><p>co colocando limites ao acesso dos turistas a determinadas tradições ou</p><p>mesmo estimulando a reflexão dos gestores públicos e dos próprios de-</p><p>tentores sobre os inconvenientes dessas atitudes no médio e longo pra-</p><p>zos. (UNESCO/IPHAN, 2010, p. 65)</p><p>Economia da Cultura e</p><p>Museus: Impacto Econômico</p><p>Cidades como Londres (Inglaterra) e Paris (França) estão entre as cidades que</p><p>mais recebem turistas (nacionais e estrangeiros) no mundo em praticamente todas</p><p>as épocas do ano.</p><p>Ao lado do seu Patrimônio Arquitetônico, Monumentos, Parques e a Gastronomia,</p><p>os visitantes se sentem atraídos pelos Museus: “Uma visita a Londres está, quase sem-</p><p>pre, associada ao British Museum; ao Louvre, no caso de Paris, e ao Metropolitan</p><p>Museum, em Nova Iorque” (FUNARI; PINSKY, 2018, p. 27).</p><p>De acordo com a Forbes (2018), Londres foi a terceira cidade mais visitada no</p><p>mundo em 2017, recebendo 19,2 milhões de visitantes; Paris ficou em sétimo</p><p>lugar com 14,4 milhões de turistas e, Nova Iorque, em oitavo lugar, ao receber</p><p>12,7 milhões de visitantes.</p><p>Para atrair o turista, os Museus estão sempre renovando suas exposições – além</p><p>do acervo permanente, contam com pessoal treinado para atender diferentes seg-</p><p>mentos de público (crianças, idosos, grupos, deficientes etc.; disponibilizam ingressos</p><p>promocionais, publicações em vários idiomas e divulgação de suas atividades na mí-</p><p>dia e redes sociais.</p><p>20</p><p>21</p><p>Assim, além de serem espaços expositivos, de curadoria, pesquisa e ação edu-</p><p>cativa, buscam ser atividades rentáveis, geradores de recursos e autossustentáveis.</p><p>Figura 9 – O museu do Louvre, em Paris, bateu recorde no número de visitantes em 2018: 10,2 milhões</p><p>de pessoas, 25% maior que em 2017, tornando-se o Museu de Artes Visuais mais popular do mundo</p><p>Foto: Wikimedia Commons</p><p>O Louvre “das areias” – Em 2006. O Louvre (Paris) negociou a disponibilização de sua marca</p><p>e de seu savoir-faire (saber fazer) para a implantação de uma unidade em Abu Dhabi, capital</p><p>dos Emirados Árabes Unidos, por 400 milhões de euros. O projeto inclui o empréstimo de</p><p>obras de arte do Louvre de três meses a dois anos. É, segundo Benhamou (2016, p. 118),</p><p>“A gestão da demanda patrimonial globalizada”. O Louvre, em Abu Dhabi, foi inaugurado em</p><p>novembro de 2017. Confira em: https://bit.ly/2wRXSU8</p><p>Ex</p><p>pl</p><p>or</p><p>Figura 10 – Museu do Louvre em Abu Dhabi, nos Emirados Árabes Unidos,</p><p>inaugurado em novembro de 2017</p><p>Foto: Wikimedia Commons</p><p>21</p><p>UNIDADE Patrimônio Cultural e Economia</p><p>Os Museus, em Economia, são caracterizados como bens culturais que produ-</p><p>zem impactos econômicos e sociais diretos e indiretos para a Sociedade, que inte-</p><p>gram o Sistema de Produção e Difusão Cultural de uma determinada região.</p><p>Os Museus, conforme Albernaz, Borges e Passos (2017, p. 162-3), “São importan-</p><p>tes coadjuvantes no processo de formação e educação da sociedade, contribuindo para</p><p>o aumento da coesão social e da afirmação da cidadania e das identidades sociais”:</p><p>Quando um equipamento cultural como um museu é implantado em uma</p><p>determinada região, gera um fluxo financeiro direto para o território.</p><p>Esse tipo de fluxo, na forma de salário e emprego, manutenção do equi-</p><p>pamento cultural, entre outros, incentiva os níveis de atividade econômi-</p><p>ca e criativa do local onde essa atividade foi instalada. Somam-se, ainda,</p><p>além desses, a geração adicional indireta de emprego, renda, turismo,</p><p>vida noturna, restaurantes, e de toda uma gama de atividades beneficia-</p><p>das, que leva a um efeito multiplicador importante e que pode ser enqua-</p><p>drado no rol de impactos socioeconômicos dessa atividade. (ALBERNAZ;</p><p>BORGES; PASSOS, 2017, p. 164)</p><p>A Figura 11 mostra, sumariamente, os impactos diretos e as externalidades1 a</p><p>partir da atividade desenvolvida pelos Museus:</p><p>Museu</p><p>Impactos</p><p>Econômicos Diretos</p><p>Fluxo</p><p>�nanceiro</p><p>direto</p><p>Salário, emprego,</p><p>manutenção do</p><p>equipamento cultural</p><p>Valor adicional</p><p>(efeitos multiplicadores</p><p>�uxo �nanceiro direto) →</p><p>Emprego, renda, turismo</p><p>em geral, reabilitação</p><p>urbana, vida noturna,</p><p>restaurantes</p><p>Turismo cultural, museu como</p><p>opção de lazer, desenvolvimento</p><p>do indivíduo, projeção da cidade</p><p>para investimentos, etc.</p><p>Externalidades</p><p>Figura 11 – Diagrama dos impactos gerados a partir da instalação de um museu</p><p>O potencial de geração de recursos a ser explorado pelo Museu é significativo.</p><p>Existem dois tipos de ativos: tangíveis e intangíveis. Os tangíveis é o aprovei-</p><p>tamento que o acervo e o prédio, por exemplo, possibilitam realizar – cessão de</p><p>propriedade intelectual sobre material exposto, desenvolvimento de produtos ba-</p><p>seados na temática da coleção ou na reprodução de objetos, aluguel de espaços e</p><p>utilização cenográfica do edifício em diversos tipos de eventos (Filmagens, Ensaios</p><p>Fotográficos, Festas), entre outros.</p><p>1 As externalidades podem ser definidas como o impacto gerado pela interação entre dois agentes econômicos que</p><p>afeta um terceiro que não toma parte diretamente nessa interação. Como exemplo, citam-se os investimentos em</p><p>Educação que, além de elevarem os níveis socioculturais daqueles que são instruídos, propiciam um aumento de</p><p>produtividade de modo geral na Economia e, por conseguinte, de padrões de vida para a sociedade como um</p><p>todo. Podemos mencionar ainda o turismo e a apropriação social dos museus como formas de lazer (ALBERNAZ;</p><p>BORGES; PASSOS, 2017, p. 165).</p><p>22</p><p>23</p><p>Mas conforme Albernaz, Borges e Passos (2017), o diferencial competitivo do</p><p>Museu em relação a outros espaços de lazer se estabelece na apropriação dos seus</p><p>ativos intangíveis, em virtude das trocas simbólicas que o Museu faculta (imagem,</p><p>marca, valores morais e experiências).</p><p>Figura 12 – O Museu Guggenheim Bilbao é, hoje, um dos locais mais visitados da Espanha</p><p>Foto: Wikimedia Commons</p><p>O “Efeito Guggenheim”</p><p>Um exemplo emblemático do efeito multiplicador da Economia Patrimonial é o do Museu</p><p>Guggenheim Bilbao, na Espanha. No período de sua abertura, em 1997, a região sofria de</p><p>desindustrialização, poluição e do resultado de atentados realizados pelos separatistas bas-</p><p>cos. A taxa de desemprego atingia 25% da população ativa. Com o novo empreendimento</p><p>cultural, a cidade pretendia receber muitos visitantes, mudar sua imagem e criar um ciclo</p><p>de revitalização. Deu certo. Os resultados superaram as previsões mais otimistas: a cidade</p><p>atingiu um fluxo de visitantes da ordem de 800 mil por ano no fim dos anos 1990, contra os</p><p>100 mil registrados antes de 1997. O custo da construção do museu foi 200 milhões de dóla-</p><p>res, custeado integralmente pela região e pela cidade. E o custo total de seu funcionamento</p><p>em dez anos (1997-2007) foi 374 milhões de dólares. Em contrapartida, somente em 2009,</p><p>o Guggenheim Bilbao obteve uma receita de cerca de 210 milhões de dólares, contribuindo</p><p>para o PIB espanhol.</p><p>Ex</p><p>pl</p><p>or</p><p>O principal ativo constante no Patrimônio dos Museus é, sem dúvida, o seu</p><p>acervo. As obras sob a guarda dessas Instituições possuem valor artístico, finan-</p><p>ceiro e cultural elevados.</p><p>Para cuidar dessas coleções, estruturas relativas à preservação, à gestão de ris-</p><p>co, à manutenção, à aquisição e à segurança se fazem necessárias, constituindo</p><p>importantes fontes de custos: “É importante lembrar que nem todas as obras se</p><p>encontram expostas ao mesmo tempo para o público. Com frequência, cerca de</p><p>95% do Patrimônio de um Museu é mantido na reserva técnica (espaço de guarda</p><p>e conservação)”, ressaltam Albernaz, Borges e Passos (2017, p. 168).</p><p>23</p><p>UNIDADE Patrimônio Cultural e Economia</p><p>Os autores ressaltam que há, no Brasil, a percepção de que o Setor de Museus</p><p>constitui um Mercado em expansão – verificada também pela abertura, na última</p><p>década, de inúmeros Cursos de Museologia em Universidades em todo o país.</p><p>Assim, torna-se importante a avaliação profunda da cadeia produtiva dos mu-</p><p>seus “para, com isso, subsidiar a recomendação de políticas públicas e a tomada</p><p>de decisões, de maneira a dinamizar e consolidar o setor” (ALBERNAZ; BORGES;</p><p>PASSOS, 2017, p. 179).</p><p>Um exemplo brasileiro atual é a cidade do Rio de Janeiro, que espera atrair mais</p><p>de um milhão de turistas por ano somente com suas novas estrelas: o Museu do</p><p>Amanhã, projetado pelo arquiteto espanhol Santiago Calatrava, inaugurado em</p><p>2015, o Museu de Arte do Rio (MAR), inaugurado em 2013, ambos integrados ao</p><p>Plano de Revitalização da Zona Portuária do Rio de Janeiro e o Museu da Imagem</p><p>e do Som, na Praia de Copacabana.</p><p>Todos têm localização privilegiada e foram concebidos de modo a se tornarem</p><p>ícones da cidade em função dos arrojados projetos arquitetônicos.</p><p>Figura 13 – O Museu do Amanhã, na Praça Mauá, Zona Portuária do Rio de Janeiro, custou R$ 230 milhões</p><p>Fonte: Wikimedia Commons</p><p>Histórias de Sucesso</p><p>As conexões entre Conhecimento, Cultura, Arte e Economia podem ser ilustradas</p><p>com casos de festivais culturais e celebrações tradicionais que ocorrem, regularmen-</p><p>te, em muitos países.</p><p>Na América Latina e no Caribe, as Indústrias do Carnaval no Brasil, Colômbia,</p><p>Cuba e Trinidad e Tobago, por exemplo, contribuem significativamente para a vida</p><p>cultural e econômica desses países.</p><p>24</p><p>25</p><p>O Carnaval de 2017, no Rio de Janeiro, por exemplo, movimentou um volume</p><p>de negócios de quase R$ 2,5 bilhões na Economia local, fornecendo oportunidades</p><p>de emprego para quase meio milhão de pessoas.</p><p>Os cariocas receberam mais de 1 milhão de turistas. O Carnaval carioca é ca-</p><p>racterizado por sua atratividade como um espetáculo e por suas fortes ligações com</p><p>a Economia do Turismo.</p><p>Figura 14 – O Carnaval do Rio é uma atração turística mundial</p><p>Foto: Reprodução</p><p>Pensando em valores, não é só o Rio que se dá bem. Outro estado importante eco-</p><p>nomicamente no Carnaval é São Paulo, com a injeção de R$ 1,5 bilhão na Economia,</p><p>seguido de Minas Gerais, Bahia, Ceará e Pernambuco. É o Carnaval brasileiro fazendo</p><p>bonito na Economia.</p><p>Fora do eixo Rio-São Paulo, o Carnaval tem outras características e peculiaridades.</p><p>O Carnaval de Pernambuco, por exemplo, é fortemente relacionado às formas</p><p>tradicionais de expressão popular; o baiano é um evento popular de grande es-</p><p>cala, caracterizado pelas hibridizações culturais, pela tradição e pelas inovações.</p><p>Na configuração contemporânea do Carnaval baiano, as práticas mercantis co-</p><p>existem com a expressão cultural em uma Economia, que combina celebração e</p><p>produção econômica.</p><p>Figura 15 – Carnaval de Salvador, Circuito Batatinha</p><p>Fonte: Wikimedia Commons</p><p>25</p><p>UNIDADE Patrimônio Cultural e Economia</p><p>O Carnaval possibilita uma concentração de atividades de apresentações de mú-</p><p>sica e dança gravadas e ao vivo, que possuem uma considerável importância cultu-</p><p>ral para o público local e internacional.</p><p>As Indústrias do Carnaval também causam impacto significativo nas Economias de</p><p>diversos países, por meio dos produtos diretos comercializáveis, que são disponibiliza-</p><p>dos para venda para as pessoas locais e para os turistas, e por meio dos efeitos indi-</p><p>retos dos gastos dos turistas, cujas visitas têm sido estimuladas pela presença da Festa.</p><p>Há efeitos econômicos adicionais, por exemplo, no desenvolvimento de qualifi-</p><p>cações dos artistas locais e na disseminação de qualificações empresariais entre os</p><p>empreendedores dos festivais.</p><p>O Patrimônio Cultural, como festivais e celebrações tradicionais, também geram</p><p>grande valor econômico para as pessoas do local com a atração de turistas, que</p><p>podem aproveitar os costumes tradicionais, a música, as danças e os rituais de uma</p><p>região em um contexto comunitário envolvente.</p><p>Além disso, as comunidades que realizam esses eventos têm a possibilidade de</p><p>projetar suas identidades culturais para outros lugares, até internacionalmente.</p><p>Figura 16 – Festival Folclórico de Parintins</p><p>Foto: Wikimedia Commons</p><p>Comparado ao Carnaval por sua grandiosidade, o Festival Folclórico de</p><p>Parintins, no Amazonas, é um dos maiores eventos festivos do Brasil e já se</p><p>tornou conhecido internacionalmente. A festa acontece no último final de</p><p>semana de junho, na Ilha de Tupinambarana, parte da cidade de Parintins,</p><p>a 420km de Manaus. Folclore e alegria, bois e competição, azul e vermelho,</p><p>são termos que podem definir a celebração,</p><p>parte do calendário oficial de</p><p>eventos de Parintins, desde 1965.</p><p>A Economia do Patrimônio, conforme Benhamou, constitui-se em um campo de</p><p>pesquisa respeitado e vem, ao longo do tempo, sendo objeto de um grande número</p><p>de estudos, pesquisas e trabalhos acadêmicos: “A visão econômica do Patrimônio</p><p>terá mostrado, esperamos, a importância desse estoque de riquezas e as possibili-</p><p>dades de valorizá-lo e enriquecê-lo” (BENHAMOU, 2016, p. 130).</p><p>26</p><p>27</p><p>Material Complementar</p><p>Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:</p><p>Sites</p><p>Fundação Solomon R. Guggenheim</p><p>Criada em 1937, a Fundação Solomon R. Guggenheim (Estados Unidos) se dedica a promover a</p><p>compreensão e a apreciação da Arte, principalmente, dos Períodos Moderno e Contemporâneo,</p><p>por meio de Exposições, Programas de Educação, iniciativas de pesquisa e publicações. No site</p><p>da Instituição, é possível acessar todas as suas unidades: Museu Solomon R. Guggenheim (Nova</p><p>Iorque), Museu Guggenheim Bilbao (Espanha), Guggenheim Abu Dhabi (Emirados Árabes Unidos)</p><p>e Coleção Peggy Guggenheim (Veneza).</p><p>https://bit.ly/30cvPKq</p><p>Leitura</p><p>A gestão do patrimônio cultural</p><p>https://bit.ly/2FayYRS</p><p>Guia dos Museus Brasileiros</p><p>Elaborado pelo Instituto Brasileiro de Museus (IBRAM/Ministério da Cultura), o Guia traz</p><p>dados como ano de criação, situação atual, endereço, horário de funcionamento, tipologia</p><p>de acervo, acessibilidade, infraestrutura para recebimento de turistas estrangeiros e natureza</p><p>administrativa de mais de 3 mil Museus já mapeados pelo Ibram em território nacional.</p><p>O material é dividido por região, para facilitar o acesso. Constam da Publicação um total de</p><p>3.118 Museus, incluindo 23 Museus Virtuais.</p><p>As regiões Sudeste (1.150), Sul (874) e Nordeste (709) são, nessa ordem, as que apresentam</p><p>maior quantitativo de Museus.</p><p>https://bit.ly/1MfPtLd</p><p>Guia de Gestão de Riscos para o Patrimônio Museológico</p><p>A Gestão de Riscos constitui uma ferramenta eficaz para a salvaguarda do Patrimônio</p><p>museológico, sua proteção e seu uso. Trata-se de uma metodologia por meio da qual as</p><p>Instituições responsáveis pela custódia de bens culturais podem se preparar para evitar</p><p>sua exposição a agentes externos, garantindo sua preservação e acesso aos cidadãos.</p><p>Produção: Iccrom – International Centre for the Study of the Preservation and Restoration</p><p>of Cultural Property (Centro Internacional para o Estudo da Preservação e Restauração</p><p>dos Bens Culturais).</p><p>https://bit.ly/31HUSFY</p><p>27</p><p>UNIDADE Patrimônio Cultural e Economia</p><p>Referências</p><p>ALBERNAZ, P.; BORGES, P.; PASSOS, R. A Dimensão Econômica e os Museus:</p><p>Uma Síntese do Caso Brasileiro. In: VALIATI, L.; FIALHO, A. L. do N. Atlas Eco-</p><p>nômico da Cultura Brasileira: Metodologia I. Porto Alegre: UFGRS/CEGOV,</p><p>2017. Disponível em: <http://www.ufrgs.br/obec/pubs/CEGOV%20-%202017%20-</p><p>-%20Atlas%20volume%201%20digital.pdf>. Acesso em: 26 fev. 2019.</p><p>ARAÚJO JR., E. A. S. Economia do Patrimônio Cultural: Efeitos das Políticas de</p><p>Restauração sobre a Região Central da Cidade do Rio de Janeiro. Dissertação (Mestrado</p><p>em Preservação do Patrimônio Cultural) – IPHAN. Rio de Janeiro, 2012. Disponível em:</p><p><http://portal.iphan.gov.br/uploads/ckfinder/arquivos/Disserta%C3%A7%C3%A3o%</p><p>20Edmar%20Augusto%20S_%20de%20Ara%C3%BAjo%20Junior.pdf>. Acesso em:</p><p>20 fev. 2019.</p><p>BENHAMOU, F. Economia do Patrimônio Cultural. São Paulo: SESC São Paulo, 2016.</p><p>BNDES – Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social. Preservação</p><p>do Patrimônio Cultural Brasileiro. Rio de Janeiro: BNDES, 2016. Disponível em:</p><p><https://web.bndes.gov.br/bib/jspui/handle/1408/7541>. Acesso em: 26 fev. 2019.</p><p>BRASIL. Lei nº 8313, de 1991 (Lei Rouanet). Disponível em: <http://www.pla-</p><p>nalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8313cons.htm>. Acesso em: 26 fev. 2019.</p><p>CUNHA, M. H. Gestão Cultural – Profissão em Formação. Gestión Cultural. Dispo-</p><p>nível em: <http://www.gestioncultural.org/ficheros/BGC_AsocGC_MHCunha.pdf>.</p><p>Acesso em: 20 fev. 2019.</p><p>FORBES. 10 Cidades mais Visitadas do Mundo. 2018. Disponível em: <https://</p><p>forbes.uol.com.br/listas/2018/02/10-cidades-mais-visitadas-do-mundo-2/>. Acesso</p><p>em: 26 fev. 2019.</p><p>FUNARI, P. P.; PINSKY, J. (org.). Turismo e Patrimônio Cultural. São Paulo: Con-</p><p>texto, 2018.</p><p>MACHADO, J.; BRAGA, S. Comunicação e Cidades Patrimônio Mundial no</p><p>Brasil. Brasília: UNESCO/IPHAN, 2010. Disponível em: <https://unesdoc.unesco.</p><p>org/ark:/48223/pf0000188777>. Acesso em: 4 fev. 2019.</p><p>PESTANA, T. Sobre o Tema da Gestão do Patrimônio Cultural. Brasília: IPHAN, s/d.</p><p>Disponível em: <http://portal.iphan.gov.br/uploads/publicacao/150812_Sobre_a_ges-</p><p>tao_do_patrimonio_cultural__Til_Pestana__DAF.pdf>. Acesso em: 26 fev. 2019.</p><p>PORTA, P. Política de Preservação do Patrimônio Cultural no Brasil – Diretrizes,</p><p>linhas de ação e resultados: 2000/2010. Brasília: IPHAN/MONUMENTA, 2012.</p><p>Disponível em: <http://portal.iphan.gov.br/uploads/publicacao/PubDivCol_Politica-</p><p>PreservacaoPatrimonioCulturalBrasil_m.pdf>. Acesso em: 10 dez. 2018.</p><p>REIS, A. C. F. Marketing Cultural e Financiamento da Cultura. São Paulo:</p><p>Thomson, 2003.</p><p>28</p><p>29</p><p>STARLING, M. Entre a Lógica de Mercado e a Cidadania: Os Modelos de Gestão</p><p>do Patrimônio Cultural. Rio de Janeiro: Fundação Casa de Rui Barbosa, s/d. Disponí-</p><p>vel em: <http://www.casaruibarbosa.gov.br/dados/DOC/palestras/Politicas_Culturais/</p><p>II_Seminario_Internacional/FCRB_MonicaStarling_Entre_a_logica_de_mercado_e_a_</p><p>cidadania.pdf>. Acesso em: 26 fev. 2019.</p><p>UNESCO – Digital Library. Gestão do Patrimônio Mundial Cultural (Manual de</p><p>Referência do Patrimônio Mundial). Brasília: UNESCO/IPHAN, 2016. Disponível em:</p><p><https://unesdoc.unesco.org/ark:/48223/pf0000244283/PDF/244283por.pdf.mul-</p><p>ti>. Acesso em: 8 fev. 2019.</p><p>29</p>