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<p>POLÍTICA DE SAÚDE</p><p>Unidade 2</p><p>SUS - Criação, financiamento</p><p>e regulação</p><p>Diretor Executivo</p><p>DAVID LIRA STEPHEN BARROS</p><p>Gerente Editorial</p><p>ALESSANDRA FERREIRA</p><p>Projeto Gráfico</p><p>TIAGO DA ROCHA</p><p>Autoria</p><p>MARIANA MARTINS GARCIA</p><p>4 POLÍTICA DE SAÚDE</p><p>U</p><p>ni</p><p>da</p><p>de</p><p>2</p><p>A</p><p>U</p><p>TO</p><p>RI</p><p>A</p><p>Mariana Martins Garcia</p><p>Olá! Fiz a faculdade de Farmácia na Universidade Federal</p><p>do Paraná, e mestrado em Ciências Farmacêuticas na mesma</p><p>instituição, também fiz pós-graduação em Gestão Estratégica</p><p>de Organizações de Saúde pela UNICESUMAR. Já atuei</p><p>como farmacêutica em farmácia de dispensação, farmácia</p><p>hospitalar, prática clínica e manipulação de nutrição parenteral</p><p>e quimioterapia e como palestrante em uma indústria de</p><p>dermocosméticos. Trabalhei em empresas como Droga Raia,</p><p>Hospital da Policia Militar, CEQNEP e Stiefel.</p><p>Atualmente sou professora do Instituto Equilibra e</p><p>professora convidada na Universidade Positivo, além disso, atuo</p><p>como conteudista para diversas instituições como a Inspirar,</p><p>Telesapiens, São Braz, Uniandrade e UniBrasil.</p><p>Amo estudar e adquirir novos conhecimentos! Também sou</p><p>apaixonada por ensinar, por isso estou aqui. Conte comigo no</p><p>que eu puder ajudar e vamos aprender cada vez mais juntos!</p><p>5POLÍTICA DE SAÚDE</p><p>U</p><p>ni</p><p>da</p><p>de</p><p>2</p><p>ÍC</p><p>O</p><p>N</p><p>ES</p><p>Esses ícones irão aparecer em sua trilha de aprendizagem toda vez que:</p><p>OBJETIVO</p><p>Para o início do</p><p>desenvolvimento</p><p>de uma nova</p><p>competência. DEFINIÇÃO</p><p>Houver necessidade</p><p>de apresentar um</p><p>novo conceito.</p><p>NOTA</p><p>Quando necessárias</p><p>observações ou</p><p>complementações</p><p>para o seu</p><p>conhecimento.</p><p>IMPORTANTE</p><p>As observações</p><p>escritas tiveram que</p><p>ser priorizadas para</p><p>você.</p><p>EXPLICANDO</p><p>MELHOR</p><p>Algo precisa ser</p><p>melhor explicado ou</p><p>detalhado.</p><p>VOCÊ SABIA?</p><p>Curiosidades e</p><p>indagações lúdicas</p><p>sobre o tema em</p><p>estudo, se forem</p><p>necessárias.</p><p>SAIBA MAIS</p><p>Textos, referências</p><p>bibliográficas</p><p>e links para</p><p>aprofundamento do</p><p>seu conhecimento.</p><p>ACESSE</p><p>Se for preciso acessar</p><p>um ou mais sites</p><p>para fazer download,</p><p>assistir vídeos, ler</p><p>textos, ouvir podcast.</p><p>REFLITA</p><p>Se houver a</p><p>necessidade de</p><p>chamar a atenção</p><p>sobre algo a</p><p>ser refletido ou</p><p>discutido.</p><p>RESUMINDO</p><p>Quando for preciso</p><p>fazer um resumo</p><p>acumulativo das</p><p>últimas abordagens.</p><p>ATIVIDADES</p><p>Quando alguma</p><p>atividade de</p><p>autoaprendizagem</p><p>for aplicada. TESTANDO</p><p>Quando uma</p><p>competência for</p><p>concluída e questões</p><p>forem explicadas.</p><p>6 POLÍTICA DE SAÚDE</p><p>U</p><p>ni</p><p>da</p><p>de</p><p>2</p><p>Conhecer a criação do SUS ..................................................... 11</p><p>Conferências Nacionais de Saúde ..................................................................11</p><p>VIII Conferência Nacional de Saúde ................................................. 13</p><p>Constituição Federal de 1988..........................................................................16</p><p>O Sistema Único de Saúde ...............................................................................19</p><p>Compreender os princípios e diretrizes do SUS ................... 24</p><p>Lei 8.080/90 ........................................................................................................24</p><p>Os Princípios do SUS .........................................................................................25</p><p>Universalidade .....................................................................................26</p><p>Equidade ...............................................................................................27</p><p>Integralidade ........................................................................................28</p><p>As Diretrizes do SUS ..........................................................................................29</p><p>Descentralização .................................................................................30</p><p>Regionalização .....................................................................................30</p><p>Participação popular ..........................................................................32</p><p>Hierarquização ....................................................................................33</p><p>Compreender sobre o financiamento do SUS ....................... 37</p><p>Lei 8.142/90 ........................................................................................................37</p><p>Tripartite ..............................................................................................39</p><p>Norma Operacional Básica (NOB) e da Norma Operacional da</p><p>Assistência à Saúde (NOAS) ..............................................................40</p><p>Emenda Constitucional n. 29, de 13/9/2000 ................................................41</p><p>Resolução nº 322 de 8 de maio de 2003 ...................................................... 43</p><p>SU</p><p>M</p><p>Á</p><p>RI</p><p>O</p><p>7POLÍTICA DE SAÚDE</p><p>U</p><p>ni</p><p>da</p><p>de</p><p>2</p><p>Lei Complementar nº 141, de 13 de janeiro de 2012 ................................. 44</p><p>Portaria 3.992, de 28 de dezembro de 2017 ...............................................46</p><p>Equidade e financiamento no SUS .................................................................48</p><p>Conhecer sobre a Regulação em Saúde ................................ 50</p><p>Regulação em Saúde .........................................................................................50</p><p>Conceito da regulação em saúde ...................................................................51</p><p>Agências Reguladoras .......................................................................................52</p><p>Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVS) .......................................... 52</p><p>Portaria n.1.559, de 1 de agosto de 2008 ..................................................... 54</p><p>Regulação de Sistemas de Saúde ....................................................55</p><p>Regulação da Atenção à Saúde ........................................................ 56</p><p>Regulação do Acesso à Assistências ................................................ 58</p><p>Sistema de regulação como ferramenta para gerenciar a oferta e</p><p>demanda .............................................................................................................59</p><p>8 POLÍTICA DE SAÚDE</p><p>U</p><p>ni</p><p>da</p><p>de</p><p>2</p><p>9POLÍTICA DE SAÚDE</p><p>U</p><p>ni</p><p>da</p><p>de</p><p>2</p><p>A</p><p>PR</p><p>ES</p><p>EN</p><p>TA</p><p>ÇÃ</p><p>O</p><p>As conferências Nacionais de Saúde acontecem desde 1941,</p><p>e têm como objetivos avaliar a situação atual de saúde e propor</p><p>as diretrizes para formular políticas públicas nesse setor. Dentre</p><p>elas a mais importante, podemos dizer que foi a VIII Conferência</p><p>Nacional de Saúde, que influenciou a elaboração da Constituição</p><p>Federal de 1988 e, posteriormente, a criação do SUS, por isso,</p><p>neste tópico vamos conhecer esses marcos históricos e como</p><p>eles fundamentaram a criação do nosso sistema de saúde.</p><p>Para a criação do SUS foi necessário criar princípios e</p><p>diretrizes para nortear as ações, serviços e gerenciamento desse</p><p>sistema tão complexo, por isso, vamos conhecer os princípios</p><p>e diretrizes que regem o SUS e seu funcionamento. Esses vão</p><p>desde o cuidado com o indivíduo e a garantia de acesso, passa</p><p>pelo território atuando nas comunidades e o controle social e</p><p>finalizamos conhecendo a estruturação do sistema.</p><p>Para que o SUS funcione é necessário dinheiro certo? Por</p><p>isso vamos falar também sobre o financiamento do SUS, como</p><p>iniciou o processo de repasse dos recursos, as legislações que</p><p>vieram regulamentar esse repasse e como funciona atualmente!</p><p>Por fim vamos compreendeu a importância da regulação</p><p>em saúde. Pois o sistema de saúde brasileiro busca garantir o</p><p>acesso universal, igualitário, efetivo e com serviços de qualidade,</p><p>e para que isso aconteça é necessário regulamentar os processos</p><p>e as ações de atendimento.</p><p>Pronto para mergulhar neste universo de conhecimento?</p><p>Então... Vamos lá!</p><p>10 POLÍTICA DE SAÚDE</p><p>U</p><p>ni</p><p>da</p><p>de</p><p>2</p><p>O</p><p>BJ</p><p>ET</p><p>IV</p><p>O</p><p>S</p><p>Olá. Seja muito bem-vinda (o). Nosso propósito é</p><p>auxiliar você no desenvolvimento das seguintes objetivos de</p><p>aprendizagem até o término desta etapa de estudos:</p><p>1. Conhecer a criação do SUS;</p><p>2. Compreender os princípios e diretrizes do SUS;</p><p>3. Compreender sobre o financiamento</p><p>fazer isso? Através da Regulação, que vai criar</p><p>normas e legislações, bem como controlar e avaliar</p><p>os processos dentro do nosso sistema de saúde!</p><p>61POLÍTICA DE SAÚDE</p><p>U</p><p>ni</p><p>da</p><p>de</p><p>2</p><p>BRASIL. (1990). LEI Nº 8.080, DE 19 DE SETEMBRO DE 1990.</p><p>Brasília. Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/</p><p>L8080.htm. Acesso em: 07 de fev de 2020.</p><p>BRASIL. (1990b). LEI Nº 8.142, DE 28 DE DEZEMBRO DE 1990.</p><p>Brasília. Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/</p><p>L8142.htm. Acesso em: 07 de 02 de 2020</p><p>BRASIL. (2003). RESOLUÇÃO Nº 322, DE 08 DE MAIO DE</p><p>2003. Disponível em http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/</p><p>cns/2003/res0322_08_05_2003.html. Acesso em: 07 de fev de</p><p>2020.</p><p>BRASIL. (2008). PORTARIA Nº 1.559, DE 1º DE AGOSTO DE</p><p>2008. Disponível em http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/</p><p>gm/2008/prt1559_01_08_2008.html. Acesso em: 07 de fev de</p><p>2020.</p><p>BRASIL. (2012). LEI COMPLEMENTAR Nº 141, DE 13 DE</p><p>JANEIRO DE 2012. Disponível em http://www.planalto.gov.br/</p><p>ccivil_03/leis/LCP/Lcp141.htm. Acesso em: 07 de fev de 2020.</p><p>CNS. (1986). Relatório Final - VIII Conferência Nacional de</p><p>Saúde. Brasília: Ministério da Saúde. Disponível em http://bvsms.</p><p>saude.gov.br/bvs/publicacoes/8_conferencia_nacional_saude_</p><p>relatorio_final.pdf Acesso em: 07 de fev de 2020.</p><p>CONASS. (2009). As Conferências Nacionais de Saúde:</p><p>Evolução e perspectivas. Brasília: Conselho Nacional de</p><p>Secretários de Saúde. Disponível em https://www.conass.org.br/</p><p>conassdocumenta/cd_18.pdf Acesso em: 07 de fev de 2020.</p><p>FALLEIROS, I. et al (2010). A constituinte e o Sistema Único</p><p>de Saúde. Disponível em: http://observatoriohistoria.coc.fiocruz.</p><p>br/local/File/na-corda-bamba-cap_8.pdf. Acesso em: 07 de fev de</p><p>2020.</p><p>RE</p><p>FE</p><p>RÊ</p><p>N</p><p>CI</p><p>A</p><p>S</p><p>62 POLÍTICA DE SAÚDE</p><p>U</p><p>ni</p><p>da</p><p>de</p><p>2</p><p>FREIRE, C., & ARAÚJO, D. P. (2015). Política Nacional de Saúde</p><p>– Contextualização, Programas e Estratégias Públicas Sociais (1º</p><p>edição ed.). São Paulo: Érica.</p><p>MENDES, E. (2011). As redes de atenção à saúde. Brasília,</p><p>DF, Brasil: Organização Pan-Americana da Saúde. Disponível</p><p>em http://www.saude.sp.gov.br/resources/ses/perfil/gestor/</p><p>documentos-de-planejamento-em-saude/elaboracao-do-plano-</p><p>estadual-de-saude-2010-2015/textos-de-apoios/redes_de_</p><p>atencao_mendes_2.pdf. Acesso em: 07 de fev de 2020.</p><p>MOREIRA, T., ARCARI, J., & COUTINHO, A. a. (2018). Saúde</p><p>coletiva. Porto Alegre: Sagah.</p><p>PEITER, C., LANZONI, M., & OLIVEIRA, W. (2016). Regulação</p><p>em saúde e promoção da equidade: o Sistema Nacional de</p><p>Regulação e o acesso à assistência em um município de grande</p><p>porte. SAÚDE DEBATE, 40(111), pp. 63-73. Disponível em https://</p><p>www.scielosp.org/pdf/sdeb/2016.v40n111/63-73/pt. Acesso em:</p><p>07 de fev de 2020.</p><p>PEREIRA, B. e. (2019). Portaria 3.992/2017: desafios e</p><p>avanços para gestão dos recursos no Sistema Único de Saúde.</p><p>Rev Saude Public. Disponível em https://www.scielosp.org/pdf/</p><p>rsp/2019.v53/58/pt. Acesso em: 07 de fev de 2020.</p><p>PORTO, F., MENDES, A., & MENDES, S. (2019). A equidade</p><p>e o financiamento em saúde no Sistema Único de Saúde - SUS.</p><p>Journal of Management & Primary-Health Care. Disponível em</p><p>http://www.jmphc.com.br/jmphc/article/view/837/831. Acesso</p><p>em: 07 de fev de 2020.</p><p>RICARDI, L., SHIMIZU, H., & SANTOS, L. (2017). As Conferências</p><p>Nacionais de Saúde e o processo de planejamento do Ministério</p><p>da Saúde. Saúde Debate, 41(3), pp. 155-170. Disponível em</p><p>63POLÍTICA DE SAÚDE</p><p>U</p><p>ni</p><p>da</p><p>de</p><p>2</p><p>http://www.scielo.br/pdf/sdeb/v41nspe3/0103-1104-sdeb-41-</p><p>spe3-0155.pdf. Acesso em: 07 de fev de 2020.</p><p>SOLHA, R. (2014). Saúde Coletiva para Iniciantes - Políticas e</p><p>Práticas Profissionais. (2 ed.). São Paulo: Érica.</p><p>SOLHA, R. (2014b). Sistema Único de Saúde. (1 ed.). São</p><p>Paulo: Érica.</p><p>VILARINS, G., SHIMIZU, H., & GUTIERREZ, M. (2012). A</p><p>regulação em saúde: aspectos conceituais e operacionais. Saúde</p><p>em Debate, 36(95), pp. 640-647. Disponível em http://www.scielo.</p><p>br/pdf/sdeb/v36n95/a16v36n95.pdf. Acesso em: 07 de fev de</p><p>2020.</p><p>Conhecer a criação do SUS</p><p>Conferências Nacionais de Saúde</p><p>VIII Conferência Nacional de Saúde</p><p>Constituição Federal de 1988</p><p>O Sistema Único de Saúde</p><p>Compreender os princípios e diretrizes do SUS</p><p>Lei 8.080/90</p><p>Os Princípios do SUS</p><p>Universalidade</p><p>Equidade</p><p>Integralidade</p><p>As Diretrizes do SUS</p><p>Descentralização</p><p>Regionalização</p><p>Participação popular</p><p>Hierarquização</p><p>Compreender sobre o financiamento do SUS</p><p>Lei 8.142/90</p><p>Tripartite</p><p>Norma Operacional Básica (NOB) e da Norma Operacional da Assistência à Saúde (NOAS)</p><p>Emenda Constitucional n. 29, de 13/9/2000</p><p>Resolução nº 322 de 8 de maio de 2003</p><p>Lei Complementar nº 141, de 13 de janeiro de 2012</p><p>Portaria 3.992, de 28 de dezembro de 2017</p><p>Equidade e financiamento no SUS</p><p>Conhecer sobre a Regulação em Saúde</p><p>Regulação em Saúde</p><p>Conceito da regulação em saúde</p><p>Agências Reguladoras</p><p>Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVS)</p><p>Portaria n.1.559, de 1 de agosto de 2008</p><p>Regulação de Sistemas de Saúde</p><p>Regulação da Atenção à Saúde</p><p>Regulação do Acesso à Assistências</p><p>Sistema de regulação como ferramenta para gerenciar a oferta e demanda</p><p>do SUS;</p><p>4. Conhecer sobre a Regulação em saúde.</p><p>Então? Preparado para uma viagem sem volta rumo ao</p><p>conhecimento? Ao trabalho!</p><p>11POLÍTICA DE SAÚDE</p><p>U</p><p>ni</p><p>da</p><p>de</p><p>2</p><p>Conhecer a criação do SUS</p><p>OBJETIVO</p><p>Como vimos na produção passada, a conquista</p><p>de direitos do indivíduo tanto no Brasil quanto no</p><p>mundo vem de longos processos de construção</p><p>através da luta popular. Mais especificamente no</p><p>Brasil, após a ditadura, a luta e participação social</p><p>na construção da nova democracia trouxeram</p><p>direitos em diversas áreas, inclusive na saúde.</p><p>Muitas dessas mudanças vieram a partir da VIII</p><p>Conferência Nacional de Saúde, que influenciou</p><p>a elaboração da Constituição Federal de 1988 e,</p><p>posteriormente, a criação do SUS, por isso, neste</p><p>tópico vamos conhecer esses marcos históricos</p><p>e como eles fundamentaram a criação do nosso</p><p>sistema de saúde. E então? Motivado para</p><p>desenvolver esta competência? Então... Vamos lá!</p><p>Conferências Nacionais de Saúde</p><p>Dentre as movimentações sociais a VIII Conferência</p><p>Nacional de Saúde, que aconteceu em 1986, foi um marco</p><p>histórico para a saúde como direito de todos e dever do Estado!</p><p>Mas vamos começar entendendo a finalidade das conferências.</p><p>VOCÊ SABIA?</p><p>A primeira Conferência Nacional de Saúde</p><p>aconteceu em 1941, com temas relacionados</p><p>à organização sanitária, tanto em relação à</p><p>prevenção de algumas doenças como para o</p><p>desenvolvimento de obras.</p><p>As Conferências Nacionais de Saúde foram implementadas</p><p>no governo de Getúlio Vargas a partir da promulgação da Lei nº</p><p>378/1937, com a finalidade de promover a articulação entre o</p><p>governo federal e o estado para a reorganização do Ministério da</p><p>Educação e Saúde (FREIRE & ARAÚJO, 2015).</p><p>12 POLÍTICA DE SAÚDE</p><p>U</p><p>ni</p><p>da</p><p>de</p><p>2</p><p>Inicialmente apenas profissionais do serviço que</p><p>participavam, atualmente a participação popular não apenas</p><p>durante mas também para acompanhamento do que está</p><p>sendo colocado em prática. Você consegue imaginar os objetivos</p><p>dessas conferências? Pois bem, todas têm como objetivos avaliar</p><p>a situação atual de saúde e propor as diretrizes para formular</p><p>políticas públicas nesse setor.</p><p>IMPORTANTE</p><p>A VIII Nacional da Saúde foi a primeira Conferência</p><p>aberta para que a sociedade participasse e teve</p><p>como consequência a implantação do Sistema</p><p>Unificado e Descentralizado de Saúde (SUDS)</p><p>considerado um convênio entre o Instituto</p><p>Nacional de Assistência Médica da Previdência</p><p>Social (INAMPS) e os governos estaduais, bem</p><p>como ser a base para o desenvolvimento da seção</p><p>“Da Saúde” na Constituição Federal de 1988.</p><p>E você já parou para pensar como elas acontecem?</p><p>As conferências são organizadas em etapas, iniciando nos</p><p>municípios que podem ter etapas locais (nas Unidades Básicas</p><p>de Saúde) o que democratiza ainda mais o acesso e passam para</p><p>as conferências municipais.</p><p>As conferências municipais e estaduais são sistematizadas e</p><p>dão subsídios para a etapa nacional que tem como produto, além</p><p>da mobilização das pessoas, o Relatório Final que descreve as</p><p>deliberações, normalmente, no formato de diretrizes, propostas</p><p>e moções para orientar a gestão e favorecer o monitoramento</p><p>pela população (RICARDI, SHIMIZU, & SANTOS, 2017).</p><p>IMPORTANTE</p><p>O conceito de saúde veio se modificando durante</p><p>os anos, e na VIII Conferência trouxe a relação entre</p><p>saúde e ambiente, pois um ambiente saudável</p><p>reflete na qualidade de vida e está intimamente</p><p>relacionado com a saúde dos indivíduos.</p><p>13POLÍTICA DE SAÚDE</p><p>U</p><p>ni</p><p>da</p><p>de</p><p>2</p><p>VIII Conferência Nacional de Saúde</p><p>Essa é a conferência que deu base para a criação do SUS,</p><p>em uma situação nacional de pós-ditadura, a luta por direitos</p><p>fez prevalecer à participação popular e saúde como direito de</p><p>todos os indivíduos, não apenas de empregados. Lembra-se que</p><p>falamos um pouco sobre ela na unidade passada? Pois bem,</p><p>vamos conhecer um pouco mais sobre esse acontecimento</p><p>histórico que deu base para nosso sistema de saúde.</p><p>No período da Nova República, no governo de José Sarney,</p><p>ampliou os atores envolvidos e explicitou as diretrizes para a</p><p>reorganização do sistema. Foi convocada pelo ministro Carlos</p><p>Santanna a partir do Decreto nº 91.466 de 23/07/85, realizada</p><p>sob a gestão de Roberto Figueira Santos e presidida por Sergio</p><p>Arouca um dos grandes líderes da Reforma Sanitária (CONASS,</p><p>2009).</p><p>Com o amplo processo de mobilização social, com atores</p><p>de diferentes segmentos com cerca de quatro mil pessoas em</p><p>Brasília. Essa conferência tinha três temas:</p><p>• Saúde como direito;</p><p>• Reformulação do Sistema Nacional de Saúde;</p><p>• Financiamento do setor.</p><p>VOCÊ SABIA?</p><p>O anúncio do decreto de forma antecipada que</p><p>facilitou a mobilização social reunindo os diferentes</p><p>segmentos e proporcionando maior número de</p><p>indivíduos com direito a voz e poder de voto para</p><p>se definir o rumo da saúde pública no Brasil.</p><p>O primeiro tópico do primeiro tema já começa descrevendo</p><p>sobre a saúde da seguinte forma:</p><p>14 POLÍTICA DE SAÚDE</p><p>U</p><p>ni</p><p>da</p><p>de</p><p>2</p><p>Em seu sentido mais abrangente, a saúde é resultante</p><p>das condições de alimentação, habitação, educação,</p><p>renda, meio ambiente, trabalho, transporte, emprego,</p><p>lazer, liberdade, acesso e posse da terra e acesso a</p><p>serviços de saúde. É, assim, antes de tudo, o resultado</p><p>das formas de organização social da produção, as</p><p>quais podem gerar grandes desigualdades nos níveis</p><p>de vida, a saúde não é um conceito abstrato. Define-</p><p>se no contexto histórico de determinada sociedade</p><p>e num dado momento de seu desenvolvimento,</p><p>devendo ser conquistada pela população em suas</p><p>lutas cotidianas (CNS, 1986, p. 4).</p><p>Além disso, descreve que o direito à saúde deve ser</p><p>garantido pelo Estado através de condições dignas de vida bem</p><p>como de acesso universal e igualitário às ações e serviços de</p><p>saúde em todos os níveis (CNS, 1986).</p><p>O segundo tema descreve sobre a necessidade de</p><p>reestruturação do Sistema Nacional de Saúde a partir de um</p><p>Sistema Único de Saúde, estruturado e separado da previdência.</p><p>Também traz a necessidade de ser coordenado por um Ministério</p><p>e a necessidade de atribuições básicas para os três níveis de</p><p>governo relacionadas às ações e ao financiamento.</p><p>O financiamento é melhor descrito no tema 3, vindo de um</p><p>orçamento social constituindo o Fundo Único Federal de Saúde.</p><p>Além disso, descreve sobre a descentralização, e a necessidade</p><p>da articulação e participação dos estados e municípios, não</p><p>apenas do governo federal.</p><p>15POLÍTICA DE SAÚDE</p><p>U</p><p>ni</p><p>da</p><p>de</p><p>2</p><p>SAIBA MAIS</p><p>Sugestão de leitura: a VIII Conferência foi um</p><p>grande marco em vários sentidos, por isso vale a</p><p>pena a leitura de seu Relatório Final! Link de acesso:</p><p>IMPORTANTE</p><p>A IX Conferência Nacional de Saúde aconteceu em</p><p>1992 e foi considerada, por diversos estudiosos,</p><p>com um caráter maior de mobilização social,</p><p>pois teve a participação de mais de cinco mil</p><p>pessoas. Dentre os temas foram discutidos:</p><p>sociedade, governo e saúde, seguridade social,</p><p>implementação do SUS e controle social. É</p><p>possível observar no Relatório Final a reiteração</p><p>das propostas da VIII Conferência e enfatizadas</p><p>com as palavras de ordem “cumpra-se a Lei”</p><p>exigindo a operacionalização da VIII Conferência e</p><p>a implementação do SUS. Ficou curioso para saber</p><p>sobre o relatório final da IX Conferência? Então leia</p><p>o Relatório Final! Link de acesso:</p><p>Perceba que essa Conferência traz grande parte da base da</p><p>“Seção II da Saúde” da Constituição Federal (CF) de 1988 e das Leis</p><p>8.080/90 e 8.142/90. Por isso, vamos aprofundar, primeiramente</p><p>a “Seção II da Saúde” da CF.</p><p>https://bit.ly/2zxFNgL</p><p>https://bit.ly/2YEeTMK</p><p>16 POLÍTICA DE SAÚDE</p><p>U</p><p>ni</p><p>da</p><p>de</p><p>2</p><p>Constituição Federal de 1988</p><p>Como vimos a VIII Conferência Nacional de Saúde e</p><p>outros movimentos foram a base para a entrada da saúde na</p><p>Constituição Federal, mais precisamente na seção II, art 196, da</p><p>seguinte forma:</p><p>A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido</p><p>mediante políticas sociais e econômicas que visem à</p><p>redução do risco de doença e de outros agravos e ao</p><p>acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua</p><p>promoção,</p><p>proteção e recuperação. (CF, 1988, art. 196)</p><p>Figura 1 - Móvel que guarda um exemplar original da Constituição de 1988 do Brasil no</p><p>Museu do STF</p><p>Fonte: Wikimedia</p><p>17POLÍTICA DE SAÚDE</p><p>U</p><p>ni</p><p>da</p><p>de</p><p>2</p><p>Como podemos observar a saúde se torna um direito de</p><p>toda a população, empregada ou não! Nesse sentido é um grande</p><p>avanço para situação da época, pois, até esse momento, apenas</p><p>os indivíduos empregados que contribuíam para a previdência</p><p>social.</p><p>Os indivíduos que não estavam empregados não tinham</p><p>acesso nenhum à saúde, mas, de que forma garantir para esses</p><p>indivíduos o acesso? Daí vem à segunda parte desse artigo:</p><p>“dever do Estado”.</p><p>É dever do Estado garantir o acesso ao sistema de saúde,</p><p>a partir da criação de um sistema de saúde público, organizado,</p><p>gerenciado e financiado a partir de recursos públicos.</p><p>REFLITA</p><p>É claro que esses recursos financeiros vêm da</p><p>população através de impostos pagos pelos</p><p>indivíduos e empresas. Essa é à base do modelo</p><p>universalista de sistema de saúde. Consegue</p><p>perceber que dessa forma, todos são responsáveis</p><p>pela saúde de todos? Muito semelhante a proteção</p><p>social, não acha?</p><p>A partir desse momento as ações de saúde foram unificadas,</p><p>sendo responsabilidade do Ministério da Saúde desvinculado da</p><p>Previdência Social.</p><p>O artigo 197 fala sobre a relevância pública da saúde</p><p>com a necessidade de regulamentação, fiscalização e controle,</p><p>responsabilidade do Poder Público, podendo ser realizada de</p><p>forma direta ou terceirizada.</p><p>Já o artigo 198 descreve sobre as ações e serviços públicos</p><p>de saúde devem ser regionalizados, hierarquizados e organizados</p><p>a partir das seguintes diretrizes:</p><p>18 POLÍTICA DE SAÚDE</p><p>U</p><p>ni</p><p>da</p><p>de</p><p>2</p><p>I - descentralização, com direção única em cada esfera</p><p>de governo;</p><p>II - atendimento integral, com prioridade para as</p><p>atividades preventivas, sem prejuízo dos serviços</p><p>assistenciais;</p><p>III - participação da comunidade. (CF, 1988, art. 198)</p><p>Já ouviu falar sobre essas diretrizes? Ainda não? Não tem</p><p>problema, daqui a pouco vamos explica-los de forma detalhada!</p><p>Vamos voltar para a Constituição Federal.</p><p>A assistência à saúde privada é destacada no artigo 199,</p><p>permitindo que existam as instituições privadas com atuação de</p><p>forma complementar do sistema de saúde, seguindo as mesmas</p><p>diretrizes e princípios do SUS.</p><p>Por fim, o artigo 200, descreve outras atribuições do sistema</p><p>único de saúde da seguinte forma:</p><p>I - controlar e fiscalizar procedimentos, produtos e</p><p>substâncias de interesse para a saúde e participar</p><p>da produção de medicamentos, equipamentos,</p><p>imunobiológicos, hemoderivados e outros insumos;</p><p>II - executar as ações de vigilância sanitária e</p><p>epidemiológica, bem como as de saúde do trabalhador;</p><p>III - ordenar a formação de recursos humanos na área</p><p>de saúde;</p><p>IV - participar da formulação da política e da execução</p><p>das ações de saneamento básico;</p><p>V - incrementar, em sua área de atuação, o</p><p>desenvolvimento científico e tecnológico e a inovação;</p><p>VI - fiscalizar e inspecionar alimentos, compreendido o</p><p>controle de seu teor nutricional, bem como bebidas e</p><p>águas para consumo humano;</p><p>19POLÍTICA DE SAÚDE</p><p>U</p><p>ni</p><p>da</p><p>de</p><p>2</p><p>VII - participar do controle e fiscalização da produção,</p><p>transporte, guarda e utilização de substâncias e</p><p>produtos psicoativos, tóxicos e radioativos;</p><p>VIII - colaborar na proteção do meio ambiente, nele</p><p>compreendido o do trabalho. (CF, 1988, artigo 200)</p><p>Como é possível observar essas atribuições estão</p><p>estabelecidas, porém, não definem quais as esferas de governos</p><p>que são responsáveis por elas, isso é descrito de forma detalhada</p><p>na Lei Orgânica da Saúde (Lei 8.080/90).</p><p>IMPORTANTE</p><p>O sistema de saúde foi reestruturado a partir de</p><p>princípios e diretrizes, o que resultou na criação</p><p>do Sistema Único de Saúde – SUS – regulamentado</p><p>pela Lei n 8.080 de 19 de setembro de 1990 que</p><p>“dispõe sobre as condições para a promoção, a</p><p>proteção e a recuperação da saúde, a organização</p><p>e o funcionamento dos serviços correspondentes</p><p>e dá outras providências”. E a Lei n 8.142/1990</p><p>que “dispõe sobre a participação da comunidade</p><p>na gestão do Sistema Único de Saúde (SUS) e</p><p>sobre as transferências intergovernamentais de</p><p>recursos financeiros na área da saúde e dá outras</p><p>providências”. Mas sobre essas legislações vamos</p><p>conversar melhor mais adiante!</p><p>O Sistema Único de Saúde</p><p>Para compreender o SUS, é importante compreender o</p><p>que é um sistema. Solha (2014, p.40) descreve um sistema é um</p><p>conjunto de elementos inter-relacionados, que interagem para</p><p>desempenhar uma determinada função. No caso do SUS ele visa</p><p>oferecer cuidados preventivos, curativos de reabilitação e de</p><p>promoção voltados à saúde da população.</p><p>20 POLÍTICA DE SAÚDE</p><p>U</p><p>ni</p><p>da</p><p>de</p><p>2</p><p>Figura 2 – Elementos do SUS</p><p>Fonte: Adaptado pela autora</p><p>Lembre-se que esses elementos são inter-relacionados, ou</p><p>seja, um não existe sem o outro. Vamos conhecê-los melhor:</p><p>• Recursos financeiros: estão relacionados ao</p><p>financiamento do sistema. Fica fácil de compreender</p><p>que sem recursos financeiros não é possível construir</p><p>prédios, comprar insumos, e nem contratar pessoas</p><p>para desenvolver os serviços de saúde, mas só fazem</p><p>sentido se seu uso for bem aplicado a partir de um bom</p><p>planejamento.</p><p>• Recursos humanos: sem uma equipe preparada e</p><p>capacitada não é possível oferecer os serviços de</p><p>saúde, concorda? Essa equipe não é formada apenas</p><p>por profissionais de saúde, mas sim todos os serviços</p><p>necessários para o funcionamento com a higiene e</p><p>limpeza das Unidades de Saúde.</p><p>• Infraestrutura física e equipamentos: são os prédios</p><p>e equipamentos necessários para a realização dos</p><p>serviços de saúde. Lembre-se que cada tipo de</p><p>21POLÍTICA DE SAÚDE</p><p>U</p><p>ni</p><p>da</p><p>de</p><p>2</p><p>procedimento necessita de uma área especifica para</p><p>funcionar.</p><p>• Assistência à saúde, ensino e pesquisa: são os eixos</p><p>fundamentais dos serviços do SUS. A assistência à</p><p>saúde deve ser realizada por profissionais capacitados</p><p>e para isso são necessários investimentos em ensino</p><p>e pesquisa para esses profissionais. Perceba que</p><p>esses evoluem em conjunto, quando acontecem</p><p>separadamente a assistência perde qualidade e o</p><p>ensino e a pesquisa se distanciam dos problemas reais</p><p>da prática.</p><p>SAIBA MAIS</p><p>Apesar da implantação do SUS estar na Constituição</p><p>Federal de 1988, a sua implantação não aconteceu</p><p>de maneira uniforma no país, por causa das</p><p>diferenças regionais e das vontades políticas de</p><p>vários municípios. Em São Paulo, por exemplo, a</p><p>adesão ao SUS aconteceu somente no ano 2000,</p><p>pois optaram por sistemas locais, causando uma</p><p>série de transtornos e um impacto negativo na</p><p>saúde da população, porque o financiamento</p><p>da esfera federal acontece apenas quando o</p><p>município segue a legislação que regulamenta o</p><p>SUS.</p><p>Vale ressaltar que a implantação do SUS não foi, e continua</p><p>não sendo, uma tarefa fácil. Entre dos desafios podemos citar:</p><p>• Interesses político-partidários que fazem com que a</p><p>gestão do sistema dependa da vontade dos políticos</p><p>locais;</p><p>• Falta de estrutura dos municípios para organização e</p><p>gerenciamento dos serviços de saúde;</p><p>• Falta de profissionais comprometidos com os princípios</p><p>e diretrizes do SUS tanto para atuar na assistência e na</p><p>gestão;</p><p>22 POLÍTICA DE SAÚDE</p><p>U</p><p>ni</p><p>da</p><p>de</p><p>2</p><p>• Pressão do mercado de saúde privado contra o sistema,</p><p>principalmente no início;</p><p>• Falta de gestão profissionalizada, pois não há</p><p>crescimento na carreira pública como gestor desse</p><p>sistema;</p><p>• Subfinanciamento;</p><p>• Prestadores de serviço desarticulada e sucateada;</p><p>• Baixa participação social no controle do sistema;</p><p>• Dependência da rede privada, principalmente de</p><p>hospitais, para a prestação de serviços;</p><p>• Filas de espera para serviços especializados;</p><p>• Entre outros.</p><p>SAIBA MAIS</p><p>Sugestão de leitura: o artigo escrito por Paim</p><p>(2018) “Sistema Único de Saúde (SUS) aos 30 anos”</p><p>traz alguns estudos e perguntas acerca do SUS e</p><p>seus 30 aos apresentando um balanço de vetores</p><p>positivos, obstáculos e ameaças entre outros</p><p>pontos importantes no decorrer desses anos de</p><p>instituição. Vale a leitura na integra e uma boa</p><p>reflexão. Link de acesso:</p><p>https://bit.ly/37wYVIl</p><p>23POLÍTICA DE SAÚDE</p><p>U</p><p>ni</p><p>da</p><p>de</p><p>2</p><p>RESUMINDO</p><p>Conseguiu perceber a importância das Conferências</p><p>Nacionais de Saúde? A partir do movimento social</p><p>essa conferência trouxe os conceitos ampliados</p><p>de saúde para o Brasil e a necessidade do Estado</p><p>cuidar da assistência à saúde da população de</p><p>forma universal. Ela, então, dá base para a entrada</p><p>da “Seção da Saúde” na Constituição Federal e,</p><p>por consequência a criação do SUS a partir da Lei</p><p>8.080/90. E então? Gostou do que lhe mostramos?</p><p>Está curioso para conhecer a Lei que cria o SUS e as</p><p>demais bases legais? Então, vamos para o próximo</p><p>tópico.</p><p>24 POLÍTICA DE SAÚDE</p><p>U</p><p>ni</p><p>da</p><p>de</p><p>2</p><p>Compreender os princípios e</p><p>diretrizes do SUS</p><p>OBJETIVO</p><p>Para a criação do SUS foi necessário criar princípios</p><p>e diretrizes para nortear as ações, serviços e</p><p>gerenciamento desse sistema tão complexo.</p><p>Por isso, neste tópico vamos ver os princípios e</p><p>diretrizes do SUS. E então? Pronto para desenvolver</p><p>esta competência? Então... Vamos lá!</p><p>Lei 8.080/90</p><p>Essas são as primeiras, e ainda principais leis relacionadas</p><p>com a regulamentação do SUS. A Lei nº 8.080 de 19 de setembro</p><p>de 1990 em seu caput:</p><p>Dispõe sobre as condições para a promoção, proteção e</p><p>recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos</p><p>serviços correspondentes e dá outras providências. (BRASIL,</p><p>1990a, caput)</p><p>A Lei 8.080/90 estabelece diretrizes para a gestão do sistema</p><p>nas três esferas de governo (municipal, estadual e federal), dando</p><p>ênfase à descentralização político-administrativa e determinando</p><p>que a definição de critérios de avaliação/implantação de valores</p><p>e da qualidade dos serviços é de competência do SUS.</p><p>IMPORTANTE</p><p>A regulamentação dessa lei aconteceu pelo Decreto</p><p>nº 7.508/2011, mas sobre ele vamos conversar</p><p>melhor mais adiante!</p><p>Essa lei que estamos conversando foi sancionada em 19 de</p><p>setembro de 1990, porém, com vetos do presidente Fernando</p><p>Collor de Mello em relação à extinção do INAMPS, alguns</p><p>25POLÍTICA DE SAÚDE</p><p>U</p><p>ni</p><p>da</p><p>de</p><p>2</p><p>percentuais orçamentários, transferências automáticas de</p><p>recursos e dos mecanismos de participação e controle sociais.</p><p>Consegue imaginar como os atores da reforma sanitária</p><p>reagiram, principalmente em relação ao veto sobre a participação</p><p>popular? Pois é, houve uma grande pressão política que levou a</p><p>aprovação da Lei nº 8.142/1990, sancionada em 28 de dezembro</p><p>de 1990, mas daqui a pouco voltamos para ela.</p><p>O SUS é um sistema que procura integrar a saúde em todo</p><p>o território do país visando à promoção, prevenção e tratamento</p><p>da saúde sendo norteado por alguns princípios doutrinários:</p><p>universalidade, equidade e integralidade.</p><p>Além disso, dentro desses princípios do SUS são</p><p>necessárias diretrizes para nortear as ações em saúde que são:</p><p>descentralização, regionalização, hierarquização e participação</p><p>popular.</p><p>Os princípios doutrinários e as diretrizes de funcionamento</p><p>do SUS estão descritos na Lei nº 8.080/90, e são importantes para</p><p>que possamos compreender sobre como esse sistema funciona.</p><p>Então vamos começar com os princípios!</p><p>Os Princípios do SUS</p><p>O SUS foi criado com princípios doutrinários, que são a</p><p>base de tudo que é realizado para a população, pois todo sistema</p><p>precisa de regras para garantir seu funcionamento.</p><p>Pode-se dizer que são princípios éticos que conduzem o</p><p>sistema e as diretrizes organizacionais de forma que possam</p><p>ser colocados em prática. Vale lembrar que esses princípios</p><p>foram propostos em um momento histórico importante por isso</p><p>26 POLÍTICA DE SAÚDE</p><p>U</p><p>ni</p><p>da</p><p>de</p><p>2</p><p>refletem o sentimento da época com base solida na ética e na</p><p>solidariedade. Vamos ver os principais:</p><p>• Universalidade: o acesso às ações deve ser garantido a</p><p>todas as pessoas, pois saúde é direito de todos e dever</p><p>do Estado, por isso, independentemente de etnia,</p><p>religião e da condição socioeconômica todo cidadão</p><p>tem direito a utilizar os serviços do SUS.</p><p>• Equidade: garante a igualdade da assistência à saúde</p><p>sem preconceitos ou privilégios, pois é baseado na</p><p>justiça social “dar mais para quem mais precisa e pode</p><p>menos”, pois nem todos têm as mesmas condições</p><p>para acessar esse direito.</p><p>• Integralidade: considera o indivíduo como um todo,</p><p>e as ações de saúde devem atender a todas as</p><p>necessidades, ou seja, a assistência deve atender todas</p><p>as necessidades atuando na prevenção, na cura e na</p><p>reabilitação dos problemas de saúde e também sobre</p><p>os determinantes sociais.</p><p>Universalidade</p><p>É a universalidade que garante o acesso aos serviços e ações</p><p>necessários para a manutenção da saúde individual e coletiva e</p><p>vão desde as unidades básicas de saúde, ambulatórios hospitais,</p><p>ações de imunização, vigilância em saúde, entre outros.</p><p>Atualmente, um dos desafios do SUS é efetivar a Atenção</p><p>Básica como porta de entrada do usuário no sistema, não</p><p>apenas um serviço de “ponte” no qual o indivíduo passa para ser</p><p>encaminhado para um serviço de média e alta complexidade. Ela</p><p>deve resolver e coordenar o fluxo desse indivíduo no sistema</p><p>dentro da rede de serviços e ser o vínculo primordial entre a</p><p>população e o SUS.</p><p>27POLÍTICA DE SAÚDE</p><p>U</p><p>ni</p><p>da</p><p>de</p><p>2</p><p>Vale ressaltar que para garantir o acesso universal deve-se</p><p>considerar a gravidade do risco à saúde e a vulnerabilidade do</p><p>indivíduo. Por isso, o princípio da equidade se faz necessário.</p><p>Equidade</p><p>Você sabe o que quer dizer equidade? Em alguns dicionários</p><p>essa palavra aparece como sinônimo de igualdade, como na</p><p>própria Lei nº 8.080/90 descreve que dentre os princípios está a</p><p>“igualdade da assistência à saúde, sem preconceitos ou privilégios</p><p>de qualquer espécie” (BRASIL, 1990ª, art.7)</p><p>Mas... É correto colocar uma pessoa doente e uma pessoa</p><p>saudável para carregarem o mesmo peso? Uma pessoa saudável,</p><p>provavelmente, consegue carregar mais peso que uma pessoa</p><p>que está doente certo? Então, é justo tratar todas as pessoas de</p><p>forma igual?</p><p>A equidade está muito mais atrelada à justiça, reduzindo as</p><p>desigualdades sociais da nossa sociedade.</p><p>Quando falamos de equidade, estamos falando também da</p><p>agilidade de acesso ao atendimento: por exemplo, uma pessoa</p><p>que está com gripe vai para o pronto atendimento, dez minutos</p><p>depois chega um indivíduo com princípio de infarto. Quem deve</p><p>ser atendido priorizado? Quem chegou primeiro, ou quem está</p><p>em uma situação mais grave, com risco de morte? Acredito que</p><p>agora você compreendeu o conceito de equidade...</p><p>Para a tomada de decisões no uso dos recursos públicos a</p><p>equidade também se faz necessária: quando o governo municipal</p><p>decide construir uma Unidade Básica de Saúde e precisa escolher</p><p>entre um bairro com perfil socioeconômico de baixa renda ou</p><p>em um bairro com predomínio de condomínios fechados, qual a</p><p>população que seria mais beneficiada e possui mais problemas de</p><p>28 POLÍTICA DE SAÚDE</p><p>U</p><p>ni</p><p>da</p><p>de</p><p>2</p><p>saúde? Faz sentido para você que populações empobrecidas estão</p><p>mais vulneráveis ao adoecimento? Exatamente! Solha, 2014b p.</p><p>25, fala que vários estudos comprovam essa vulnerabilidade em</p><p>populações carentes.</p><p>Integralidade</p><p>Podemos dizer que a integralidade é a organização dos</p><p>serviços e ações oferecendo cuidados que abranjam a promoção,</p><p>prevenção, recuperação e reabilitação da saúde. Antes de</p><p>continuar, vamos definir melhor esses termos:</p><p>Promoção da saúde: atuar sobre os determinantes sociais</p><p>de saúde buscando a melhoria das condições de sociais e redução</p><p>da desigualdade através de estratégias e planejamento de ações</p><p>de promoção;</p><p>• Prevenção de doenças: atuar sobre os fatores de risco</p><p>para evitar o adoecimento que podem ser biológicos,</p><p>ambientais, psicossociais, entre outros. O foco está na</p><p>atuação dos profissionais e mudanças dos hábitos de</p><p>vida dos indivíduos;</p><p>• Recuperação da saúde: atuar sobre o indivíduo ou</p><p>comunidade doente buscando a melhora do quadro</p><p>clínico através de controle ou eliminação da doença e</p><p>evitar a morte ou sequelas;</p><p>• Reabilitação: basicamente atuar sobre as</p><p>sequelas</p><p>causadas pela doença ou seu agravo, que pode ser física,</p><p>social e/ou psicológicas. Seu objetivo é a reinserção do</p><p>indivíduo na sociedade, trabalho e recuperação de sua</p><p>capacidade de vida.</p><p>O cuidado de forma integral do indivíduo, de acordo com</p><p>as necessidades individuais de cada um e da sociedade em que</p><p>29POLÍTICA DE SAÚDE</p><p>U</p><p>ni</p><p>da</p><p>de</p><p>2</p><p>esse sistema está inserido, não observando apenas os problemas</p><p>biológicos de saúde.</p><p>Além disso, os profissionais devem incentivar a autonomia</p><p>do indivíduo e da comunidade, de forma que eles consigam</p><p>“caminhar” em busca de sua saúde. Dessa forma o profissional</p><p>atua como um facilitador discutindo com o indivíduo e</p><p>comunidade quais são os melhores caminhos para que eles</p><p>consigam a saúde plena.</p><p>REFLITA</p><p>Quando se pensa em SUS o que vem a sua cabeça?</p><p>Provavelmente, os cuidados médicos, certo? Mas</p><p>é somente essa a atribuição do SUS? Na verdade</p><p>não, pois o sistema não se limita a assistência,</p><p>existem outros serviços como a vigilância sanitária,</p><p>como as atividades da ANVISA (Agencia Nacional</p><p>de Vigilância Sanitária), por exemplo, a avaliação</p><p>e liberação de medicamentos e alimentos para</p><p>comercialização no país.</p><p>As Diretrizes do SUS</p><p>O Brasil é um país de grande extensão territorial, por</p><p>isso, a descentralização é muito importante para que o sistema</p><p>funcione. Imagine um sistema centralizado, como garantir</p><p>um funcionamento uniforme dele em todo o país? É claro que</p><p>é necessária a atuação das três esferas de governo, por isso</p><p>existem as diretrizes, para organizar toda essa estrutura. As</p><p>principais diretrizes são:</p><p>• Descentralização;</p><p>• Regionalização;</p><p>• Participação social;</p><p>• Hierarquização.</p><p>30 POLÍTICA DE SAÚDE</p><p>U</p><p>ni</p><p>da</p><p>de</p><p>2</p><p>Descentralização</p><p>Vamos começar falando da descentralização, a qual torna o</p><p>município gestor do SUS, pois até a criação do SUS os programas</p><p>eram baseados no perfil epidemiológico do país e executado</p><p>pelos estados e municípios.</p><p>É fácil de compreender que esse perfil pode variar de acordo</p><p>com a região, e a descentralização objetivou a distribuição das</p><p>responsabilidades pelas ações e serviços de saúde tornando</p><p>as três esferas de governo (federal, estadual e municipal) da</p><p>seguinte forma:</p><p>• Nível Federal: desenvolvimento, coordenação e avalia-</p><p>ção de programas de saúde, sendo responsabilidade</p><p>do Ministério da Saúde.</p><p>• Nível Estadual: coordenação, desenvolvimento e ava-</p><p>liação dos programas de saúde, sendo responsabilida-</p><p>de da Secretaria de Estado da Saúde.</p><p>• Nível Municipal: programação, execução e avaliação</p><p>do atendimento à saúde, sendo responsabilidade da</p><p>Secretaria Municipal de Saúde.</p><p>Perceba que os estados e os municípios têm liberdade de</p><p>elaborar seus próprios programas tendo como base a realidade</p><p>regional e recebendo apoio técnico e suporte financeiro do nível</p><p>federal.</p><p>Regionalização</p><p>Mas como colocar a descentralização em prática? Para que</p><p>a descentralização aconteça é necessário delimitar os territórios</p><p>para que os gestores possam atuar de forma planejada e</p><p>organizada, essa é a diretriz de regionalização.</p><p>31POLÍTICA DE SAÚDE</p><p>U</p><p>ni</p><p>da</p><p>de</p><p>2</p><p>Nesse sentido a ajuda das Secretarias Estaduais de Saúde</p><p>apoiando as municipais nesse processo é de extrema importância.</p><p>E para que essa relação aconteça existem as Comissões</p><p>Intergestoras Bipartites com discussões sobre as necessidades</p><p>de saúde regionais em busca das melhores soluções. Quando o</p><p>nível federal é envolvido as Comissões Intergestoras Tripartites</p><p>atuam nas decisões e soluções.</p><p>Com a descentralização e a regionalização é possível atuar</p><p>na realidade local, seus determinantes e suas características</p><p>social, econômica e epidemiológica.</p><p>REFLITA</p><p>Visualize cidades de regiões nacionais diferentes,</p><p>como uma cidade do Rio Grande do Sul e outra da</p><p>Bahia: os determinantes de saúde são iguais? Por</p><p>mais que seja o mesmo país, a cultura é a mesma?</p><p>As pessoas reagem da mesma forma diante das</p><p>dificuldades? As necessidades de assistência são</p><p>as mesmas? Provavelmente a resposta para essas</p><p>e outras perguntas é NÃO! Mas em cidades do</p><p>mesmo estado já é possível perceber a diferença</p><p>entre os determinantes sociais, as necessidades</p><p>de assistência à saúde e, consequentemente,</p><p>diferentes ações e serviços. Percebe como é</p><p>importante a regionalização e a descentralização?</p><p>Mas a regionalização não se restringe a grandes áreas,</p><p>ela também está até dentro do município que podem ser</p><p>“setorizados” de forma que suas Unidades Básicas de Saúde</p><p>(UBS) atuem e sejam responsáveis de forma que consiga fazer</p><p>o acompanhamento dessa população compreendendo suas</p><p>necessidades, criando um vínculo entre paciente e profissionais</p><p>de saúde, bem com registro do histórico de cuidado do paciente.</p><p>Em geral é delimitada geograficamente a partir das</p><p>características de sua população e a capacidade de atendimento</p><p>32 POLÍTICA DE SAÚDE</p><p>U</p><p>ni</p><p>da</p><p>de</p><p>2</p><p>dessa unidade, facilitando o planejamento e a oferta de ações de</p><p>saúde.</p><p>Participação popular</p><p>Sobre esse tema falamos bastante na produção passada,</p><p>sua importância e como aconteceu, foi tão influenciadora a</p><p>criação do SUS que permaneceu como uma das diretrizes e</p><p>é baseada na democratização dos processos decisórios dos</p><p>serviços de saúde. Ela é importante para as tomadas de decisões</p><p>em relação às ações de saúde. Pois, como desenvolver ações de</p><p>saúde voltada à população sem conhecer suas necessidades?</p><p>IMPORTANTE</p><p>A participação popular e o controle social</p><p>são tratados como uma diretriz, mas muitos</p><p>pesquisadores descrevem de forma separada.</p><p>Compreenda que a participação popular, para</p><p>esses autores, está relacionada com a atuação dos</p><p>indivíduos para o desenvolvimento das ações e</p><p>das legislações, participação nos conselhos e nas</p><p>conferências. Já o controle social vem depois: após</p><p>as conferências ou sanção de uma legislação, a</p><p>população tem o direito e o dever, de observar se</p><p>está sendo cumprido o que foi proposto.</p><p>Além disso, a participação popular também é importante</p><p>para realizar o controle social das ações governamentais na</p><p>gestão, uso dos recursos financeiros, avaliação da assistência</p><p>prestada, formulação de políticas, entre outros.</p><p>Essa participação é uma das exigências para que ocorra</p><p>o repasse de verbas aos municípios, pois o plano de saúde de</p><p>cada município deve ser aprovado em conjunto pela Secretaria</p><p>Municipal de Saúde e o Conselho Municipal de Saúde, ou seja,</p><p>governo e população decidindo em conjunto as ações de saúde.</p><p>Perceba que ela se faz presente até hoje nas atividades do SUS,</p><p>33POLÍTICA DE SAÚDE</p><p>U</p><p>ni</p><p>da</p><p>de</p><p>2</p><p>pois, se não houver essa participação o município não recebe</p><p>seus recursos.</p><p>A formação dos conselhos deve ser democrática e divulgada</p><p>entre os profissionais e a comunidade a partir eleições para os</p><p>cargos titulares e suplentes com divisão paritária ocupada por</p><p>50% usuários do serviço, 25% trabalhadores e 25% gestores como</p><p>administradores dos serviços, secretários de saúde, diretores,</p><p>gerentes, etc.</p><p>Hierarquização</p><p>É uma diretriz organizadora do SUS que classifica os serviços</p><p>considerando a complexidade tecnológica de cada um deles e</p><p>dos tipos de cuidado prestados. Os quais são chamados de:</p><p>• Atenção básica (primária) ou baixa complexidade;</p><p>• Atenção secundária ou média complexidade;</p><p>• Atenção terciária ou alta complexidade.</p><p>VOCÊ SABIA?</p><p>A Hierarquização é um conjunto de ações e serviços</p><p>preventivos e curativos, individuais e coletivos,</p><p>para todos os níveis de complexidade.</p><p>Para organizar a rede de serviços de assistência os serviços</p><p>são alinhados de acordo com a complexidade tecnológica</p><p>classificados em níveis de acordo com o tipo de cuidado prestado,</p><p>tendo como porta de entrada no serviço a Atenção Básica,</p><p>lembre-se que ela deve estar preparada para resolver até 85%</p><p>dos problemas de saúde da população (MENDES, 2011, p. 83).</p><p>Compreenda que a maior parte dos problemas de saúde</p><p>não são graves e as UBS, quando estruturadas para atender essa</p><p>demanda, conseguem resolver grande parte desses problemas</p><p>34 POLÍTICA</p><p>DE SAÚDE</p><p>U</p><p>ni</p><p>da</p><p>de</p><p>2</p><p>mais simples como gripe, diarreia, entre outras situações, bem</p><p>como acompanhar paciente hipertenso, diabético, entre outras</p><p>condições de saúde durante o seu tratamento.</p><p>A pequena parte da população que necessita de cuidados</p><p>especializados ou em casos de urgência e emergência, que</p><p>realmente necessitam de cuidados com tecnologia mais</p><p>avançada.</p><p>REFLITA</p><p>Talvez você esteja se perguntando, com os</p><p>hospitais lotados parece óbvio que as UBS não dão</p><p>conta, ou seja, não está dando certo! Mas pense,</p><p>foram anos investindo em estruturas hospitalares</p><p>e a atenção básica recebeu poucos investimentos</p><p>e sua estrutura ainda não comportar o grande</p><p>volume de atendimento. Além disso, essa estrutura</p><p>de cuidado focada no hospital e a dificuldade</p><p>de acesso aos serviços fez com que a população</p><p>acreditasse que o hospital é o melhor lugar para o</p><p>cuidado da saúde. Consegue perceber como essas</p><p>questões dificultam as atividades nos serviços de</p><p>atenção básica?</p><p>É a partir das diferentes necessidades de cuidado que vem</p><p>a necessidade de hierarquização, lembrando que essa diretriz</p><p>está relacionada com tecnologia empregada!</p><p>35POLÍTICA DE SAÚDE</p><p>U</p><p>ni</p><p>da</p><p>de</p><p>2</p><p>VOCÊ SABIA?</p><p>Essa hierarquização era configurada como uma</p><p>pirâmide, tendo em sua base a atenção básica, com</p><p>o grande de volume de pessoas, em seu meio a</p><p>média complexidade e o ápice a alta complexidade</p><p>e o paciente caminha nessa pirâmide de acordo</p><p>com sua necessidade. Essa comparação leva,</p><p>erroneamente, ao entendimento que quando</p><p>mais no ápice melhor o atendimento, mas a</p><p>realidade é que esse fluxo está relacionado com a</p><p>complexidade tecnológica e de ações, mas esses</p><p>serviços se inter-relacionam. Nesse modelo a base</p><p>(na figura 5 em amarelo) mostra que a maior parte</p><p>da população é atendida pela atenção básica,</p><p>passando para a atenção de média complexidade</p><p>(azul) e alta complexidade (vermelho) apenas</p><p>quando seu tratamento necessita.</p><p>Figura 4 – Modelo piramidal</p><p>Fonte: Pixabay</p><p>No modelo atual de atenção à saúde, a atenção básica é o</p><p>primeiro nível sendo considerada a porta de entrada do indivíduo</p><p>no sistema, e deve estar preparada para resolver até 85% dos</p><p>problemas de saúde (SOLHA, 2014b; MENDES, 2011).</p><p>36 POLÍTICA DE SAÚDE</p><p>U</p><p>ni</p><p>da</p><p>de</p><p>2</p><p>Por isso, alguns estudiosos inseriram o conceito de</p><p>rede interligando esses serviços sem, necessariamente, uma</p><p>hierarquia, mas mantem a complexidade. Da mesma forma todas</p><p>as ações e serviços interagem entre si e o indivíduo caminha</p><p>entre os pontos de atendimento de acordo com sua necessidade,</p><p>mas essa estrutura vamos conhecer melhor mais adiante!</p><p>RESUMINDO</p><p>Neste tópico vimos sobre os princípios e diretrizes</p><p>do SUS. Foi possível perceber que eles norteiam as</p><p>ações, serviços e gerenciamento desse sistema tão</p><p>complexo. Vão desde o cuidado com o indivíduo e</p><p>a garantia de acesso, passa pelo território atuando</p><p>nas comunidades e o controle social e finalizamos</p><p>conhecendo a estruturação do sistema. E então?</p><p>Gostou do que lhe mostramos? Espero que sim!</p><p>37POLÍTICA DE SAÚDE</p><p>U</p><p>ni</p><p>da</p><p>de</p><p>2</p><p>Compreender sobre o</p><p>financiamento do SUS</p><p>OBJETIVO</p><p>Neste tópico vamos falar sobre o financiamento</p><p>do SUS, como iniciou o processo de repasse dos</p><p>recursos, as legislações que vieram regulamentar</p><p>esse repasse e como funciona atualmente! E</p><p>aí? Ansioso para compreender como o dinheiro</p><p>destinado ao SUS pode ser utilizado? Então, vamos</p><p>lá!</p><p>Lei 8.142/90</p><p>“A saúde é direito de todos e dever do Estado...” Esse</p><p>é o início do artigo 196 da Constituição Federal de 1988, e o</p><p>questionamento que fica é, se o Estado deve fornecer acesso à</p><p>saúde, como ampliar o acesso e como ele pagará por isso? No</p><p>artigo 198 está descrito:</p><p>Sistema Único de Saúde será financiado, nos termos</p><p>do artigo 195, com recursos do orçamento da</p><p>seguridade social, da União, dos Estados, do Distrito</p><p>Federal e dos Municípios, além de outras fontes. (CF,</p><p>1988, artigo 198)</p><p>Dessa forma, a responsabilidade das três esferas de governo</p><p>em relação ao financiamento da saúde. Mas como regulamentar</p><p>isso? Através da legislação!</p><p>Por isso, a Lei 8.142/1990 foi sancionada em 28 de dezembro</p><p>de 1990, a qual “Dispõe sobre a participação da comunidade na</p><p>gestão do Sistema Único de Saúde (SUS) e sobre as transferências</p><p>intergovernamentais de recursos financeiros na área da saúde e</p><p>dá outras providências” (BRASIL, 1990b, caput)</p><p>38 POLÍTICA DE SAÚDE</p><p>U</p><p>ni</p><p>da</p><p>de</p><p>2</p><p>SAIBA MAIS</p><p>Essa Lei inicia descrevendo sobre a participação da</p><p>comunidade, sobre os conselhos e as conferências</p><p>de saúde com a participação de múltiplos atores</p><p>sociais. Vale a leitura dela na íntegra! Link de</p><p>acesso:</p><p>Ela determina que os recursos financeiros federais</p><p>devam ser repassados diretamente da União para os estados e</p><p>municípios, os quais devem ter:</p><p>• Fundo de Saúde;</p><p>• Conselhos de Saúde;</p><p>• Plano de saúde (atualizado periodicamente);</p><p>• Relatórios de gestão;</p><p>• Contrapartida de recursos (investimento dos municípios);</p><p>• Comissão responsável pela elaboração de planos de</p><p>carreira, cargos e salários dos servidores públicos.</p><p>Essa legislação descreve sobre a alocação dos recursos</p><p>do Fundo Nacional de Saúde, atividades relacionadas às ações</p><p>em saúde, de forma regular e automática para os municípios,</p><p>estados e Distrito Federal. Isso para garantir a universalidade e</p><p>integralidade do SUS.</p><p>https://bit.ly/3e4j6jp</p><p>39POLÍTICA DE SAÚDE</p><p>U</p><p>ni</p><p>da</p><p>de</p><p>2</p><p>Tripartite</p><p>Fica evidente na legislação a participação em financiamento</p><p>e em ações de serviços de saúde das três esferas de governo,</p><p>levando a essa característica tripartite de financiamento, sendo</p><p>feita transferência fundo a fundo do Governo Federal para o</p><p>Município.</p><p>Figura 5 – Comissão das três esferas de governo</p><p>Fonte: Freepik</p><p>Vale ressaltar que, quando os Municípios entenderem ser</p><p>vantajoso, podem estabelecer consórcios para a execução das</p><p>suas ações em saúde, remanejando entre si os recursos. Ou seja,</p><p>os municípios pequenos podem complementar suas ações em</p><p>saúde com o auxílio das cidades vizinhas e ajuda-las em suas</p><p>ações.</p><p>Para que esse repasse aconteça, o Município deve se</p><p>enquadrar nos critérios descritos no artigo 35 da Lei 8.080/90.</p><p>40 POLÍTICA DE SAÚDE</p><p>U</p><p>ni</p><p>da</p><p>de</p><p>2</p><p>Porém, esse artigo não estava devidamente regulamentado</p><p>em 1990, sendo regulamentado apenas nos anos 2000 com a</p><p>Emenda Constitucional n. 29, de 13/9/2000.</p><p>Perceba que foram 10 anos, entre a criação do SUS e a</p><p>Emenda Constitucional que descreveu sobre a forma de repasse.</p><p>E como eles aconteceram nesse tempo? Através de Norma</p><p>Operacional Básica (NOB) e da Norma Operacional da Assistência</p><p>à Saúde (NOAS)</p><p>Norma Operacional Básica (NOB) e da</p><p>Norma Operacional da Assistência à</p><p>Saúde (NOAS)</p><p>Para melhorar as questões de repasse na década de 90,</p><p>foram elaboradas ao longo dos anos a NOB e NOAS, expedidas</p><p>pelo Ministério da Saúde para estimular e facilitar o processo de</p><p>descentralização a partir de regras sobre como os recursos de</p><p>saúde deveriam ser utilizados. Dentre elas, podemos destacar:</p><p>• NOB 01/91: normaliza o Sistema de Informações</p><p>Hospitalares (SIH/SUS) e Sistema de Informação</p><p>Ambulatorial (SAI/SUS) definindo os critérios de</p><p>transferência da unidade de cobertura ambulatorial</p><p>(UCA) aos municípios e estados, bem como definindo</p><p>que os hospitais (públicos e privados) que seriam pagos</p><p>por produção de serviços;</p><p>• NOB 01/93: garante e regula o repasse automático de</p><p>recursos fundo a fundo e a autonomia do município para</p><p>definir onde aplicar. Cria as Comissões Intergestores</p><p>Bipartite (CIB) e Tripartite (CIT);</p><p>• NOB 01/96: classifica para onde os municípios podem</p><p>destinar os recursos e alguns convênios são assinados</p><p>41POLÍTICA DE SAÚDE</p><p>U</p><p>ni</p><p>da</p><p>de</p><p>2</p><p>por União e municípios para a adesão destes aos</p><p>programas do MS como o Programa Saúde da Família.</p><p>Cria o Piso de Atenção Básica (PAB) e determina o valor</p><p>per capita voltado para as ações da AB, o teto financeiro</p><p>da assistência, e incentivos para ações de vigilância em</p><p>saúde e assistência farmacêutica;</p><p>•</p><p>NOA 2001 e 2002: determina os tipos de gestão para os</p><p>municípios. A Gestão Plena da Atenção Básica Ampliada</p><p>e Gestão Plena do Sistema Municipal.</p><p>Emenda Constitucional n. 29, de</p><p>13/9/2000</p><p>VOCÊ SABIA?</p><p>A Constituição Federal é a lei maior do país e não</p><p>pode ser contrariada por outra lei. Só pode ser</p><p>modificada, conforme necessidade da sociedade,</p><p>a partir de Emendas Constitucionais (ECs), que</p><p>passam por um processo de discussão e votação</p><p>entre os parlamentares. Mas saiba que a EC</p><p>podem alterar determinado ponto da lei sem</p><p>prejudicar seu fundamento, ou seja, uma EC não</p><p>pode revogar o direito à saúde, mas pode limitar</p><p>esse direito por meio das emendas.</p><p>Nessa emenda foram definidos os percentuais mínimos</p><p>a serem aplicados nas ações e serviços de saúde de 2000 até</p><p>2004, havendo um aumento real nos investimentos em saúde,</p><p>porém, ela não define quais os que são consideradas ações e</p><p>serviços de saúde, gerando alguns problemas de interpretação</p><p>e investimento.</p><p>42 POLÍTICA DE SAÚDE</p><p>U</p><p>ni</p><p>da</p><p>de</p><p>2</p><p>IMPORTANTE</p><p>essa Emenda Constitucional foi promulgada</p><p>porque a quantidade de recursos alocados no</p><p>setor saúde não havia sido estabelecida, ou seja,</p><p>era necessário que as três esferas de governo</p><p>contribuíssem, porém, não ficou estabelecido o</p><p>percentual da receita (valores arrecadados de</p><p>impostos e contribuintes sociais) que cada um</p><p>deveria investir par financiar as ações e os serviços</p><p>de saúde.</p><p>Ela também trouxe benefícios para os percentuais mínimos</p><p>de investimento em saúde pelos estados e municípios, mas o</p><p>financiamento Federal ainda estava em discussão.</p><p>A EC 29/2000 estabeleceu que o governo Federal devesse</p><p>investir 5% a mais, em 2000, do que no ano anterior, e nos</p><p>anos seguintes esse valor deveria ser corrigido pela variação do</p><p>Produto Interno Bruto (PIB). Os estados deveriam aplicar 12% da</p><p>arrecadação e os municípios 15%.</p><p>VOCÊ SABIA?</p><p>Muitos estados e municípios não conseguiram</p><p>cumprir essa meta mínima e, alguns, listaram</p><p>gastos com ações não diretamente ligadas à</p><p>saúde para “burlar” a legislação. Em muitos casos</p><p>a justificativa eram os determinantes sociais! Um</p><p>exemplo: o uso da verba que seria destinado para</p><p>a saúde, utilizados no saneamento básico, que tem</p><p>seus próprios recursos, mas, eram utilizados para</p><p>fechar a conta para os valores mínimos e poder</p><p>receber a parte que cabia da União!</p><p>Por isso, em 2003, o Conselho Nacional de Saúde emitiu a</p><p>Resolução nº 322 de 8 de maio de 2003 para atualizar algumas</p><p>normas. Ficou curioso? Então vamos conhecê-la.</p><p>43POLÍTICA DE SAÚDE</p><p>U</p><p>ni</p><p>da</p><p>de</p><p>2</p><p>Resolução nº 322 de 8 de maio de</p><p>2003</p><p>Essa resolução explica o que são as despesas possíveis para</p><p>o uso correto das verbas na sexta diretriz:</p><p>I - vigilância epidemiológica e controle de doenças;</p><p>II - vigilância sanitária;</p><p>III - vigilância nutricional, controle de deficiências</p><p>nutricionais, orientação alimentar, e a segurança</p><p>alimentar promovida no âmbito do SUS;</p><p>IV - educação para a saúde;</p><p>V - saúde do trabalhador;</p><p>VI - assistência à saúde em todos os níveis de</p><p>complexidade;</p><p>VII - assistência farmacêutica;</p><p>VIII - atenção à saúde dos povos indígenas;</p><p>IX - capacitação de recursos humanos do SUS;</p><p>X - pesquisa e desenvolvimento científico e tecnológico</p><p>em saúde, promovidos por entidades do SUS;</p><p>XI - produção, aquisição e distribuição de insumos se-</p><p>toriais específicos, tais como medicamentos, imuno-</p><p>biológicos, sangue e hemoderivados, e equipamentos;</p><p>XII - saneamento básico e do meio ambiente, desde</p><p>que associado diretamente ao controle de vetores,</p><p>a ações próprias de pequenas comunidades ou em</p><p>nível domiciliar, ou aos Distritos Sanitários Especiais</p><p>Indígenas (DSEI), e outras ações de saneamento a</p><p>critério do Conselho Nacional de Saúde;</p><p>44 POLÍTICA DE SAÚDE</p><p>U</p><p>ni</p><p>da</p><p>de</p><p>2</p><p>XIII - serviços de saúde penitenciários, desde que</p><p>firmado Termo de Cooperação específico entre os</p><p>órgãos de saúde e os órgãos responsáveis pela</p><p>prestação dos referidos serviços.</p><p>XIV – atenção especial aos portadores de deficiência;</p><p>XV – ações administrativas realizadas pelos órgãos</p><p>de saúde no âmbito do SUS e indispensáveis para a</p><p>execução das ações indicadas nos itens anteriores;</p><p>(BRASIL, 2003, sexta diretriz)</p><p>O acompanhamento, monitoramento do repasse e da</p><p>utilização dos recursos também está descrito nessa Resolução,</p><p>ficando a cargo do Sistema de Informações sobre Orçamentos</p><p>Públicos em Saúde (SIOPS) do Ministério da Saúde (MS) e do</p><p>Tribunal de Contas da União, estados e municípios, bem como a</p><p>possibilidade de auditoria do uso desses recursos pelo Sistema</p><p>Nacional de Auditoria do SUS.</p><p>Ainda assim, havia algumas dificuldades, por isso foi criada</p><p>a Lei Complementar nº 141, de 13 de janeiro de 2012 que dispões</p><p>e atualiza os investimentos de cada esfera de governo.</p><p>Lei Complementar nº 141, de 13</p><p>de janeiro de 2012</p><p>Essa lei dispõe sobre os valores mínimos a serem aplicados</p><p>anualmente pelas esferas de governo em ações e serviços</p><p>públicos de saúde, estabelecendo os critérios de rateio e</p><p>transferência, normas de fiscalização, avaliação e controle das</p><p>despesas com saúde, fixando os percentuais mínimos pelas três</p><p>esferas da seguinte forma:</p><p>45POLÍTICA DE SAÚDE</p><p>U</p><p>ni</p><p>da</p><p>de</p><p>2</p><p>• União aplicará o valor do ano anterior, acrescido da</p><p>variação nominal do PIB (produto Interno Bruto) dos</p><p>dois anos anteriores à Lei;</p><p>• Estados devem aplicar 12%;</p><p>• Municípios devem aplicar 15%.</p><p>Além disso, ela define o que deve ser considerado gastos</p><p>em saúde. Esses recursos devem ser aplicados em as ações e</p><p>serviços públicos de acesso universal, igualitário e gratuito.</p><p>Sendo esses:</p><p>• Atenção integral e universal;</p><p>• Desenvolvimento científico e tecnológico;</p><p>• Compra e distribuição de medicamentos;</p><p>• Gestão do sistema público de saúde como salários e</p><p>operação das unidades de saúde;</p><p>• Entre outras.</p><p>Importante ressaltar também está descrito o que não faz</p><p>parte das ações e serviços de saúde, como:</p><p>• Pagamento de pensões;</p><p>• Assistência à saúde que não atenda a universalidade</p><p>do acesso;</p><p>• Programas de alimentação como merenda escolar;</p><p>• Limpeza urbana;</p><p>• Entre outras.</p><p>46 POLÍTICA DE SAÚDE</p><p>U</p><p>ni</p><p>da</p><p>de</p><p>2</p><p>REFLITA</p><p>O que passa pela sua cabeça quando encontra</p><p>na legislação com o que não pode ser gasto o</p><p>financiamento à saúde? Pode até parecer estranho,</p><p>mas a falta da proibição fez parte da verba voltada</p><p>para a saúde ir para outras áreas do município</p><p>com a justificativa de ser ação em saúde, e a saúde</p><p>em si ficou sem esse repasse.</p><p>Portaria 3.992, de 28 de</p><p>dezembro de 2017</p><p>Falamos que existe o repasse do governo, o qual era feito</p><p>por meio de seis blocos de financiamento divididos em:</p><p>• Atenção básica;</p><p>• Atenção especializada;</p><p>• Vigilância epidemiológica;</p><p>• Vigilância sanitária;</p><p>• Produtos profiláticos;</p><p>• Terapêuticos e alimentação e nutrição sem possibilidade</p><p>de remanejá-los.</p><p>Devido essa diversidade de fundos, em alguns casos eles</p><p>ficavam parados, sobrando recurso em um bloco e faltando em</p><p>outro. Por isso, foi criada a Portaria 3.992/2017, a partir do pacto</p><p>na Comissão Intergestores Tripartite do SUS que as transferências</p><p>de recursos Federais, a partir de 2018, seriam realizadas por</p><p>meio de uma conta para movimentação financeira de recursos</p><p>de investimento e outra para recursos destinados ao custeio</p><p>das Ações e Serviços Públicos de Saúde (ASPS) com a finalidade</p><p>de promover maior autonomia aos estados e municípios na</p><p>utilização desses recursos financeiros (PEREIRA, 2019).</p><p>Figura 6 – Nova forma de repasse: duas contas</p><p>47POLÍTICA DE SAÚDE</p><p>U</p><p>ni</p><p>da</p><p>de</p><p>2</p><p>Fonte: Freepik</p><p>Essa nova forma de repasse permite mais eficiência além</p><p>de controle e monitoramentos mais precisos, assim o gestor tem</p><p>fácil acesso aos recursos e ao final deve prestar contas à União e</p><p>mostrar que respeitou os compromissos assumidos no Plano de</p><p>Saúde e orçamento federal.</p><p>IMPORTANTE</p><p>Essa Portaria modifica a forma das transferências</p><p>federais sem alterar os cálculos para a distribuição</p><p>dos recursos!</p><p>Mas, você percebe como ela é recente? Pois</p><p>bem, por</p><p>ser nova e implementada há pouco tempo há poucos estudos</p><p>descrevendo sobre os benefícios e onde há necessidades de</p><p>melhorar.</p><p>Dentre esses poucos, podemos destacar o artigo de</p><p>Pereira, 2019 p.5, o qual fala que o desafio dessa unificação</p><p>48 POLÍTICA DE SAÚDE</p><p>U</p><p>ni</p><p>da</p><p>de</p><p>2</p><p>das contas traz a necessidade de um planejamento eficiente</p><p>e, consequentemente, de gestão do SUS. Ambas ferramentas</p><p>importantes para acompanhar, monitorar e avaliar essas</p><p>mudanças. Esse autor descreve que:</p><p>É inegável que a Portaria 3.992/2017 veio contribuir na</p><p>superação do desafio de garantir maior autonomia aos</p><p>entes subnacionais. Todavia, ainda está distante de ser</p><p>superado o desafio maior: proporcionar a autonomia</p><p>de utilização dos recursos federais com objetivo de</p><p>prover meios que atendam às necessidades regionais</p><p>de saúde da população, segundo planejamentos locais</p><p>pactuados e conforme estabelecido como diretriz da</p><p>Lei 8.080/90. (PEREIRA, 2019, p.6)</p><p>Dessa forma, Devemos ficar atentos para essas mudanças,</p><p>compreender os benefícios que ela trouxe e observar quais</p><p>desafios nos esperam!</p><p>Equidade e financiamento no SUS</p><p>Lembra-se quando falamos dos princípios de SUS? Dentre</p><p>eles está o princípio da equidade, certo? Essa Equidade também</p><p>deve ser observada no momento do repasse de verbas.</p><p>VOCÊ SABIA?</p><p>Você sabe a diferença entre equidade horizontal</p><p>e equidade vertical quando falamos de alocação</p><p>de recursos? A primeira significa que os indivíduos</p><p>com as mesmas necessidades tenham acesso aos</p><p>mesmos recursos e a segunda diz respeito aos</p><p>indivíduos com mais necessidade receberem mais</p><p>recursos. (PORTO, MENDES, & MENDES, 2019).</p><p>Com esse conceito é possível compreender que a alocação</p><p>de recursos envolve observar a oferta e demanda, ou seja, dentro</p><p>49POLÍTICA DE SAÚDE</p><p>U</p><p>ni</p><p>da</p><p>de</p><p>2</p><p>dos recursos disponíveis distribuir conforme a necessidade</p><p>(PORTO, MENDES, & MENDES, 2019).</p><p>O grande desafio dos gestores do SUS é distribuir os</p><p>recursos escassos de forma mais equitativa e contínua sem que</p><p>esse princípio se perca ao longo desse processo.</p><p>RESUMINDO</p><p>E então? Gostou de saber como funciona o</p><p>financiamento do SUS? Perceba que inicialmente</p><p>havia pouco esclarecimento de como seriam</p><p>os repasses, por isso, ao longo dos anos foram</p><p>elaboradas diversas legislações e normas para</p><p>estabelecer o repasse e a forma de utilizar. A</p><p>mudança para apenas duas contas tende a</p><p>facilitar os gestores na utilização, sendo necessário</p><p>observar como serão utilizados e de que forma</p><p>esses gestores irão planejar o uso desse montante.</p><p>Vale ressaltar que o uso desses recursos necessita</p><p>de regulação, por isso na próxima produção vamos</p><p>conhecer como funciona a regulação, não apenas</p><p>dos recursos, mas na saúde como um todo. Até lá!</p><p>50 POLÍTICA DE SAÚDE</p><p>U</p><p>ni</p><p>da</p><p>de</p><p>2</p><p>Conhecer sobre a Regulação</p><p>em Saúde</p><p>OBJETIVO</p><p>Entre os vários instrumentos de gestão que são</p><p>utilizados no Sistema Único de Saúde a regulação</p><p>é uma das mais importantes. Por isso, neste tópico</p><p>vamos conversar sobre a Regulação em Saúde,</p><p>como funciona e como é regulamentada. E então?</p><p>Preparado para desenvolver esta competência?</p><p>Então... Vamos lá!</p><p>Regulação em Saúde</p><p>O sistema de saúde brasileiro busca garantir o acesso</p><p>universal, igualitário, efetivo e com serviços de qualidade e de</p><p>que forma isso acontece? Regulamentando os processos e as</p><p>ações de atendimento através da prestação de serviços de saúde,</p><p>do financiamento das ações e serviços de saúde e da regulação.</p><p>Essa regulação do sistema de saúde tem por objetivo</p><p>garantir a organização das redes e do fluxo assistencial, bem como</p><p>garantir a equidade, o acesso dos usuários, a disponibilidade e a</p><p>otimização dos recursos, por isso é considerada um instrumento</p><p>de gestão.</p><p>51POLÍTICA DE SAÚDE</p><p>U</p><p>ni</p><p>da</p><p>de</p><p>2</p><p>Figura 7 – Organização do fluxo e garantir o cumprimento da lei</p><p>Fonte: Pixabay</p><p>Assim como os guardas de trânsito organizam o fluxo</p><p>das ruas e garantem que todos estão agindo dentro da lei, os</p><p>profissionais da Regulação em saúde têm esse papel.</p><p>IMPORTANTE</p><p>A forma de se operacionalizar a regulação em</p><p>saúde vem avançando de forma significativa,</p><p>porém, o processo ainda requer aprimoramento</p><p>em diversos aspectos.</p><p>Conceito da regulação em saúde</p><p>Quando se fala de regulação o foco ainda é voltado para</p><p>os aspetos econômicos. Neste sentido, a regulação pode ser</p><p>considerada uma maneira de proporcionar eficiência econômica</p><p>como um instrumento para manutenção do equilíbrio de</p><p>qualquer sistema.</p><p>52 POLÍTICA DE SAÚDE</p><p>U</p><p>ni</p><p>da</p><p>de</p><p>2</p><p>Já na saúde, apesar de também ter como um dos focos a</p><p>regulação dos recursos financeiros, ela também é importante</p><p>para a garantia do acesso da população aos serviços de saúde</p><p>de qualidade, por meio de uma rede de serviços organizada.</p><p>Para isso é necessário que o Estado estabeleça regras tanto para</p><p>atuação dos mercados como para os serviços prestados por ele.</p><p>VOCÊ SABIA?</p><p>No Brasil, o conceito de regulação em saúde foi</p><p>efetivamente aprofundado, e seu debate sobre</p><p>as práticas, finalidades de regulação, controle,</p><p>avaliação e auditoria em saúde teve início em 2001</p><p>com as Normas Operacionais de Assistência à</p><p>Saúde (NOAS).</p><p>Vale ressaltar que regular não é apenas regulamentar,</p><p>a partir de normas e legislações, é necessário também incluir</p><p>uma gama de ações que verificam se a produção em saúde está</p><p>de acordo com as regras estabelecidas (VILARINS, SHIMIZU, &</p><p>GUTIERREZ, 2012).</p><p>Agências Reguladoras</p><p>A regulação é importante na proteção da população por</p><p>impedir fraudes e por garantir os padrões mínimos de qualidade</p><p>dos serviços de saúde. Com essa visão foram criadas algumas</p><p>Agências Reguladoras para fazer esse papel de elaboração de</p><p>normas e legislações, bem como o controle, monitoramento e</p><p>avaliação.</p><p>Agência Nacional de Vigilância</p><p>Sanitária (ANVS)</p><p>Criada pela Lei nº 9.782/99, foi a primeira agência</p><p>reguladora social do Brasil com objetivo de atuar em todos os</p><p>53POLÍTICA DE SAÚDE</p><p>U</p><p>ni</p><p>da</p><p>de</p><p>2</p><p>setores relacionados a produtos e serviços que afetam a saúde</p><p>da população.</p><p>Vale ressaltar que ela tem competência tanto na regulação</p><p>econômica do mercado, como na definição de preços e</p><p>monitoramento do mercado, como na regulação sanitária, como,</p><p>por exemplo, o registro de medicamentos e a participação nas</p><p>ações de promoção à saúde.</p><p>Figura 8 – Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH)</p><p>Fonte: Wikimedia</p><p>Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa</p><p>(CDH) realiza audiência pública interativa sobre proteção e</p><p>promoção da saúde da população, expressa por meio das ações</p><p>de vigilância sanitária. Entre os convidados estão representados</p><p>pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), do</p><p>Ministério da Saúde e do Conselho Nacional de Saúde, em 2015.</p><p>Fonte: Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS)</p><p>54 POLÍTICA DE SAÚDE</p><p>U</p><p>ni</p><p>da</p><p>de</p><p>2</p><p>Com a finalidade de regulamentar os planos privados</p><p>de saúde, essa agência foi criada pela Lei nº 9.961/00. Atua</p><p>formulando políticas públicas de saúde e buscando o melhor</p><p>atendimento ao beneficiário do plano.</p><p>Perceba que com essa regulação há um equilibro entre os</p><p>procedimentos de mercado das operadoras e dos direitos da</p><p>sociedade em receber assistência à saúde de qualidade.</p><p>Portaria n.1.559, de 1 de agosto</p><p>de 2008</p><p>A instituição da Política Nacional de Regulação do SUS</p><p>aconteceu a partir da Portaria n.1.559, de 1º de agosto de 2008,</p><p>organizando os processos de regulação de três formas:</p><p>• Regulação de Sistemas de Saúde;</p><p>• Regulação da Atenção à Saúde;</p><p>• Regulação do Acesso à Assistência.</p><p>Essa política tem como objetivo promover o acesso</p><p>equitativo, universal e integral dos usuários ao SUS, ou seja, vem</p><p>para garantir que os princípios desse sistema sejam cumpridos.</p><p>IMPORTANTE</p><p>Ela não está focada apenas na regulação financeira,</p><p>tem como finalidade a busca da qualidade da ação</p><p>em saúde, da assistência adequada ao problema</p><p>de saúde e da satisfação do usuário.</p><p>A partir de agora, vamos conhecer cada uma delas.</p><p>55POLÍTICA DE SAÚDE</p><p>U</p><p>ni</p><p>da</p><p>de</p><p>2</p><p>Regulação de Sistemas de Saúde</p><p>A regulação de sistemas de saúde tem o objetivo definir</p><p>as macrodiretrizes para regulação da atenção baseada nos</p><p>princípios e diretrizes do SUS, executando ações de monitorando,</p><p>fiscalizando, avaliando, auditoria, avaliação e vigilância dos</p><p>serviços de saúde das três esferas de governo através da</p><p>elaboração de normas e diretrizes.</p><p>Além disso, a regulação tem como funções principais a</p><p>definição de normas, monitoramento, fiscalização, controle</p><p>e avaliação dos serviços de saúde, geralmente exercidas por</p><p>diferentes órgãos reguladores, em âmbito regional ou nacional,</p><p>incluindo as agências reguladoras e o próprio Ministério da</p><p>Saúde (VILARINS, SHIMIZU, & GUTIERREZ, 2012).</p><p>Dando suporte à organização do sistema de saúde</p><p>otimizando os recursos disponíveis, qualificando a atenção e o</p><p>acesso da população às ações e aos serviços de saúde. As ações</p><p>relacionadas à Regulação de Sistemas de Saúde, estão descritas</p><p>no art 3 º da Portaria 1.559/08 da seguinte forma:</p><p>A Regulação de Sistemas de Saúde efetivada pelos atos</p><p>de regulamentação, controle e avaliação de sistemas de saúde,</p><p>regulação da atenção à saúde e auditoria sobre sistemas e de</p><p>gestão contempla as seguintes ações:</p><p>I - Elaboração de decretos, normas e portarias que</p><p>dizem respeito às funções de gestão;</p><p>II - Planejamento, Financiamento e Fiscalização de</p><p>Sistemas de Saúde;</p><p>III - Controle Social e Ouvidoria em Saúde;</p><p>IV - Vigilância Sanitária e Epidemiológica;</p><p>V - Regulação da Saúde Suplementar;</p><p>56 POLÍTICA DE SAÚDE</p><p>U</p><p>ni</p><p>da</p><p>de</p><p>2</p><p>VI - Auditoria Assistencial ou Clínica; e</p><p>VII - Avaliação e Incorporação de Tecnologias em</p><p>Saúde. (BRASIL, 2008, art. 3º)</p><p>Regulação da Atenção à Saúde</p><p>Para garantir a prestação de serviços à população por meio</p><p>de ações e serviços de saúde a partir da definição de estratégias</p><p>de forma dinâmica monitorando, controlando avaliando,</p><p>auditando a atenção e a assistência à saúde no âmbito do SUS</p><p>conforme pactuação estabelecida no Termo de Compromisso de</p><p>Gestão do Pacto pela Saúde.</p><p>A regulação da atenção à saúde pode ser considerada</p><p>uma ferramenta promotora de equidade, acessibilidade e de</p><p>integralidade a partir da promoção de ações diretas e finais de</p><p>atenção à saúde.</p><p>Dentre suas funções estão às ações de contratação, de</p><p>controle de regulação do acesso à assistência, de avaliação da</p><p>atenção à saúde e de auditoria.</p><p>Figura 9 – UBS Mãe Belinha, Paraná (RN) – Exemplo de UBS que busca a equidade,</p><p>universalidade e integralidade do atendimento</p><p>Fonte: Wikimedia</p><p>57POLÍTICA DE SAÚDE</p><p>U</p><p>ni</p><p>da</p><p>de</p><p>2</p><p>A Portaria 1.559/08 descreve também as ações relacionadas</p><p>a Regulação da Atenção à Saúde como podemos ver a seguir:</p><p>A Regulação da Atenção à Saúde efetivada pela</p><p>contratação de serviços de saúde, controle e avaliação</p><p>de serviços e da produção assistencial, regulação do</p><p>acesso à assistência e auditoria assistencial contempla</p><p>as seguintes ações:</p><p>I - cadastramento de estabelecimentos e profissionais</p><p>de saúde no Sistema de Cadastro Nacional de</p><p>Estabelecimentos de Saúde - SCNES;</p><p>II - cadastramento de usuários do SUS no sistema do</p><p>Cartão Nacional de Saúde - CNS;</p><p>III - contratualização de serviços de saúde segundo as</p><p>normas e políticas específicas deste Ministério;</p><p>IV - credenciamento/habilitação para a prestação de</p><p>serviços de saúde;</p><p>V - elaboração e incorporação de protocolos de</p><p>regulação que ordenam os fluxos assistenciais;</p><p>VI - supervisão e processamento da produção</p><p>ambulatorial e hospitalar;</p><p>VII - Programação Pactuada e Integrada - PPI;</p><p>VIII - avaliação analítica da produção;</p><p>IX - avaliação de desempenho dos serviços e da gestão</p><p>e de satisfação dos usuários - PNASS;</p><p>X - avaliação das condições sanitárias dos</p><p>estabelecimentos de saúde;</p><p>XI - avaliação dos indicadores epidemiológicos e das</p><p>ações e serviços de saúde nos estabelecimentos de</p><p>saúde; e</p><p>58 POLÍTICA DE SAÚDE</p><p>U</p><p>ni</p><p>da</p><p>de</p><p>2</p><p>XII – “ utilização de sistemas de informação que</p><p>subsidiam os cadastros, a produção e a regulação do</p><p>acesso” (BRASIL, 2008, art. 4º).</p><p>Regulação do Acesso à Assistências</p><p>Tem por objetivo garantir acesso aos serviços de saúde mais</p><p>adequado à necessidade da população por meio de atendimentos</p><p>como consultas, urgência, apoio diagnóstico, leitos, terapias.</p><p>Consiste na qualificação e ordenação do fluxo de acesso às</p><p>ações e serviços de saúde, otimizando os recursos disponíveis</p><p>promovendo a integralidade e a equidade no acesso utilizando,</p><p>para isso, diretrizes operacionais e protocolos de regulação.</p><p>Perceba que a regulação do acesso à assistência também</p><p>tem como base a equidade, nesse caso, relacionada ao acesso</p><p>aos serviços de saúde de forma que garanta a integralidade</p><p>da assistência e possa permitir ajustes da oferta assistencial</p><p>disponível às necessidades imediatas do indivíduo de forma</p><p>equitativa, ordenada e racional.</p><p>IMPORTANTE</p><p>Para a regulação do acesso à assistência umas das</p><p>estratégias utilizadas pelo SUS é a organização de</p><p>centrais de regulação do acesso de acordo com o</p><p>tema ou a área de assistência.</p><p>Por fim, as ações relacionadas à Regulação do Acesso à</p><p>Assistência estão relacionadas com seus objetivos e também</p><p>descritas na Portaria 1.559/08:</p><p>A Regulação do Acesso à Assistência efetivada pela</p><p>disponibilização da alternativa assistencial mais adequada à</p><p>necessidade do cidadão por meio de atendimentos às urgências,</p><p>59POLÍTICA DE SAÚDE</p><p>U</p><p>ni</p><p>da</p><p>de</p><p>2</p><p>consultas, leitos e outros que se fizerem necessários contempla</p><p>as seguintes ações:</p><p>I - regulação médica da atenção pré-hospitalar e</p><p>hospitalar as urgências;</p><p>II - controle dos leitos disponíveis e das agendas de</p><p>consultas e procedimentos especializados;</p><p>III - padronização das solicitações de procedimentos</p><p>por meio dos protocolos assistenciais; e</p><p>IV - o estabelecimento de referências entre unidades</p><p>de diferentes níveis de complexidade, de abrangência</p><p>local, intermunicipal e interestadual, segundo fluxos</p><p>e protocolos pactuados. “A regulação das referências</p><p>intermunicipais é responsabilidade do gestor estadual,</p><p>expressa na coordenação do processo de construção</p><p>da programação pactuada e integrada da atenção em</p><p>saúde, do processo de regionalização, do desenho das</p><p>redes” (BRASIL, 2008, art. 5º).</p><p>Após leitura e comparação das ações de cada forma de</p><p>regulação, é possível perceber que elas se enquadram nos</p><p>objetivos para o qual foram designadas sendo abrangentes</p><p>de acordo com a possibilidade e se complementando para a</p><p>regulação do sistema de saúde como um todo.</p><p>Sistema de regulação como</p><p>ferramenta para gerenciar a</p><p>oferta e demanda</p><p>Uma forma de compreender a regulação em saúde, como</p><p>descrito por Peiter, Lanzoni & Oliveira (2016, p.67) é da seguinte</p><p>forma:</p><p>60 POLÍTICA DE SAÚDE</p><p>U</p><p>ni</p><p>da</p><p>de</p><p>2</p><p>ações cujo propósito seja orientar a oferta e a produção</p><p>das ações e dos serviços de saúde, atendendo às</p><p>necessidades diagnosticadas da população, de</p><p>modo a sustentar os princípios fundamentais de</p><p>universalidade, integralidade e equidade do SUS.</p><p>(PEITER, LANZONI; OLIVEIRA, 2016, p. 67).</p><p>Essa forma de compreender regulação em saúde vem</p><p>de diversos momentos de discussão entre os reguladores e a</p><p>necessidade de alinhar as atividades e avaliação realizadas pelos</p><p>profissionais.</p><p>Nesse mesmo artigo é discutido sobre a regulação da</p><p>assistência, que é feita, principalmente, através da coleta de</p><p>informações de documentos, como os prontuários.</p><p>Por isso, uma das grandes dificuldades está na necessidade</p><p>de padronização e veracidade no preenchimento desses</p><p>documentos. Pois é a partir deles que se faz a maior parte do</p><p>processo de regulação da assistência, principalmente através de</p><p>processos de auditorias.</p><p>RESUMINDO</p><p>E então? Gostou do que você viu neste tópico?</p><p>Compreendeu a importância da regulação em</p><p>saúde? É fácil de compreender que o sistema de</p><p>saúde brasileiro busca garantir o acesso universal,</p><p>igualitário, efetivo e com serviços de qualidade, e</p><p>para que isso aconteça é necessário regulamentar</p><p>os processos e as ações de atendimento. Como</p>