Prévia do material em texto
<p>Professor(a) Me. Mirian Aparecida Micarelli Struett</p><p>POLÍTICAS PÚBLICAS</p><p>EM SAÚDE</p><p>REITORIA Prof. Me. Gilmar de Oliveira</p><p>DIREÇÃO ADMINISTRATIVA Prof. Me. Renato Valença</p><p>DIREÇÃO DE ENSINO PRESENCIAL Prof. Me. Daniel de Lima</p><p>DIREÇÃO DE ENSINO EAD Profa. Dra. Giani Andrea Linde Colauto</p><p>DIREÇÃO FINANCEIRA Eduardo Luiz Campano Santini</p><p>DIREÇÃO FINANCEIRA EAD Guilherme Esquivel</p><p>COORDENAÇÃO DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO Profa. Ma. Luciana Moraes</p><p>COORDENAÇÃO ADJUNTA DE ENSINO Profa. Dra. Nelma Sgarbosa Roman de Araújo</p><p>COORDENAÇÃO ADJUNTA DE PESQUISA Profa. Ma. Luciana Moraes</p><p>COORDENAÇÃO ADJUNTA DE EXTENSÃO Prof. Me. Jeferson de Souza Sá</p><p>COORDENAÇÃO DO NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Prof. Me. Jorge Luiz Garcia Van Dal</p><p>COORDENAÇÃO DE PLANEJAMENTO E PROCESSOS Prof. Me. Arthur Rosinski do Nascimento</p><p>COORDENAÇÃO PEDAGÓGICA EAD Profa. Ma. Sônia Maria Crivelli Mataruco</p><p>COORDENAÇÃO DO DEPTO. DE PRODUÇÃO DE MATERIAIS DIDÁTICOS Luiz Fernando Freitas</p><p>REVISÃO ORTOGRÁFICA E NORMATIVA Beatriz Longen Rohling</p><p>Carolayne Beatriz da Silva Cavalcante</p><p>Caroline da Silva Marques</p><p>Eduardo Alves de Oliveira</p><p>Jéssica Eugênio Azevedo</p><p>Marcelino Fernando Rodrigues Santos</p><p>PROJETO GRÁFICO E DIAGRAMAÇÃO Bruna de Lima Ramos</p><p>Hugo Batalhoti Morangueira</p><p>Vitor Amaral Poltronieri</p><p>ESTÚDIO, PRODUÇÃO E EDIÇÃO André Oliveira Vaz</p><p>DE VÍDEO Carlos Firmino de Oliveira</p><p>Carlos Henrique Moraes dos Anjos</p><p>Kauê Berto</p><p>Pedro Vinícius de Lima Machado</p><p>Thassiane da Silva Jacinto</p><p>FICHA CATALOGRÁFICA</p><p>Dados Internacionais de Catalogação na Publicação - CIP</p><p>S927p Mirian Aparecida Micarelli</p><p>Política pública em saúde/ Mirian Aparecida Micarelli</p><p>Struett. Paranavaí: EduFatecie, 2023.</p><p>94 p.: il. Color.</p><p>1. Saúde pública - Brasil. 2. Sistema Único de Saúde. 3.</p><p>Saúde suplementar. I. Centro Universitário UniFatecie.</p><p>II. Núcleo de Educação a Distância. III. Título.</p><p>CDD: 23. ed. 614.0981</p><p>Catalogação na publicação: Zineide Pereira dos Santos – CRB 9/1577</p><p>As imagens utilizadas neste material didático</p><p>são oriundas dos bancos de imagens</p><p>Shutterstock .</p><p>2023 by Editora Edufatecie. Copyright do Texto C 2023. Os autores. Copyright C Edição 2023 Editora Edufatecie.</p><p>O conteúdo dos artigos e seus dados em sua forma, correção e confiabilidade são de responsabilidade exclusiva</p><p>dos autores e não representam necessariamente a posição oficial da Editora Edufatecie. Permitido o download da</p><p>obra e o compartilhamento desde que sejam atribuídos créditos aos autores, mas sem a possibilidade de alterá-la</p><p>de nenhuma forma ou utilizá-la para fins comerciais.</p><p>3</p><p>Professor(a) Me. Mirian Aparecida Micarelli Struett</p><p>Possui graduação em ADMINISTRAÇÃO pela UNIVERSIDADE ESTADUAL DE</p><p>MARINGÁ (2001) e mestrado em ADMINISTRAÇÃO EM GESTÃO DE NEGÓCIOS pela</p><p>UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ (2005). É funcionária pública estadual desde</p><p>1992 no HOSPITAL UNIVERSITÁRIO REGIONAL DE MARINGÁ. Já coordenou equipes</p><p>na área de Imaginologia (Radiologia, Tomografia e USG), realizou Estatística Hospitalar e</p><p>atualmente é gestora de contratos e atas de registro de Preços e Convênios Federais, pes-</p><p>quisadora da Universidade Federal de Minas Gerais na área de Sistemas de Informação e</p><p>Contabilidade Gerencial, é professora titular do Centro de Ensino Superior de Maringá - EaD</p><p>40 e da Pós Graduação da UniCesumar. Tem experiência na área de Administração Pública</p><p>e Privada e atua como docente nas áreas de Gestão Hospitalar, Gestão de Hotelaria e Estru-</p><p>tura Hospitalar, Gestão da Qualidade e Certificação Ambiental, Administração voltada para a</p><p>Gestão Pública, Sustentabilidade e Responsabilidade Social, Desenvolvimento Sustentável,</p><p>Segurança no Trabalho Hospitalar e Conceitos da Administração e Ética Empresarial.</p><p>CURRÍCULO LATTES: http://lattes.cnpq.br/3388750064285917</p><p>AUTOR</p><p>4</p><p>Prezado(a) estudante!</p><p>É com muita satisfação que apresento a você, a disciplina de “Políticas Públicas</p><p>em Saúde”, na qual o principal objetivo é a apresentação das políticas públicas de saúde</p><p>no Brasil, partindo do contexto sócio-histórico de atenção à saúde pública. Estudo de as-</p><p>pectos gerais do funcionamento e estrutura do Sistema Único de Saúde e regulamentação</p><p>da saúde suplementar.</p><p>Desta forma, na Unidade I com o tema “Políticas Públicas em saúde: definição e</p><p>histórico”, será conceituado e contextualizado historicamente o início das Políticas Públicas</p><p>de Saúde no Brasil e quais são as principais questões de saúde formuladas para atender à</p><p>sociedade nesta área, dando uma ênfase especial ao Sanitarismo Campanhista do século</p><p>XX e apresentando a criação e o desenvolvimento do Ministério da Saúde. Por fim, procu-</p><p>raremos entender como se deu a luta pela democratização do acesso à saúde.</p><p>Na Unidade II, com o tema “Sistema Único de Saúde - SUS”, conceituaremos e</p><p>compreenderemos o que representa o Sistema SUS, conheceremos seus antecedentes</p><p>históricos, caminhando até criação do SUS com a Constituição Federal de 1988. Em se-</p><p>guida, descreveremos sobre a Lei Orgânica da Saúde 8080 e 8142 de 1990, buscando</p><p>compreender seus princípios e diretrizes e ao final desta unidade compreender o princípio</p><p>da universalização do acesso à Saúde, traçando alguns dos avanços e obstáculos da im-</p><p>plantação e implementação do sistema SUS.</p><p>Em seguida, na Unidade III, com o tema “Organização e Estrutura do SUS”, para</p><p>compreendermos um pouco mais sobre como o SUS é organizado e qual é a sua estrutura</p><p>atual, vamos tratar sobre os princípios organizativos, descentralização, regionalização e</p><p>hierarquização no SUS, na qual finalizamos a unidade apresentando como se dá a atenção</p><p>primária, secundária e terciária de assistência à saúde no SUS.</p><p>Por fim, na Unidade IV, com o tema “Saúde Suplementar e órgãos Reguladores”,</p><p>finalizaremos a última parte de livro compreendendo sobre a representatividade da Saúde</p><p>Suplementar em nosso País, dando uma ênfase especial aos órgãos reguladores existen-</p><p>tes, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e a Agência Nacional de Saúde</p><p>Suplementar (ANS).</p><p>Portanto, prezado(a) estudante, vamos à leitura deste livro!</p><p>APRESENTAÇÃO DO MATERIAL</p><p>5</p><p>UNIDADE 4</p><p>Saúde Suplementar e</p><p>Órgãos Reguladores</p><p>Organização e Estrutura do SUS</p><p>UNIDADE 3</p><p>Sistema Único de Saúde (SUS)</p><p>UNIDADE 2</p><p>Políticas Públicas em Saúde:</p><p>Definição e Histórico</p><p>UNIDADE 1</p><p>SUMÁRIO</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>Plano de Estudos</p><p>• Políticas Públicas em Saúde: definições e histórico;</p><p>• Definições</p><p>desenvolvesse a nova Constituição para a elaboração</p><p>da legislação deste setor;</p><p>• Desta forma, a CNRS elaborou proposta para subsidiar a nova Lei do SUS,</p><p>combatida pelos representantes do movimento sindical como insuficiente, porém</p><p>chega à Assembleia Nacional Constituinte como discutida, legitimada e completa,</p><p>sendo aprovada pela Constituinte de 1988.</p><p>Cabe lembrar, que antes da criação do SUS, o Ministério da Saúde desenvolvia</p><p>promoção da saúde e prevenção de doenças (campanhas de vacinação e controle de</p><p>endemias), beneficiando apenas a trabalhadores da economia formal e seus dependentes.</p><p>Somente depois da CF de 1988 com a criação do SUS é que a saúde é reconhecida como</p><p>direito universal, assunto que será tratado no próximo tópico com a Constituição de 1988 e</p><p>a criação do SUS.</p><p>36SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE (SUS)UNIDADE 2</p><p>CONSTITUIÇÃO DE 1988</p><p>E A CRIAÇÃO DO SUS3</p><p>TÓPICO</p><p>Em 1988 é promulgada a 8ª Constituição do Brasil, considerada como marco fun-</p><p>damental na redefinição das Políticas de Estado na área da Saúde Pública e de grande</p><p>relevância, na qual é definido o novo conceito de saúde, na qual para se ter saúde é preciso</p><p>ter acesso também à alimentação, moradia, emprego, lazer dentre outros fatores. Como já</p><p>descrito no nosso primeiro tópico deste livro, a definição de saúde, de acordo com o artigo 196</p><p>cita a saúde como “direito de todos e dever do Estado”, garantido mediante políticas sociais e</p><p>econômicas “a redução do risco à doenças e outros agravos com acesso universal e igualitário</p><p>às ações e serviços para a sua promoção, proteção e recuperação” (CONASS, 2011, p. 25).</p><p>De acordo com FERREIRA (2008), a Constituição Federal de 1988 definiu como</p><p>princípios do SUS: a Universalização, a Integralidade, a Descentralização, a Hierarquização</p><p>e a Participação Popular. Assim, a CF em seu artigo 198, define as ações e serviços do</p><p>SUS do seguinte modo (CONASS, 2011, p. 25):</p><p>As ações e serviços públicos de saúde integram uma rede regionalizada e</p><p>hierarquizada e constituem em um sistema único, organizado de acordo com</p><p>as seguintes diretrizes:</p><p>I. Descentralização, com direção única em cada esfera de governo;</p><p>II. Atendimento Integral, com prioridade para as atividades preventivas, sem</p><p>prejuízo dos serviços assistenciais;</p><p>III. Participação da comunidade.</p><p>IV. Parágrafo Único - O Sistema Único de Saúde será financiado, com recur-</p><p>sos do orçamento da seguridade social, da União, dos estados, do Distrito</p><p>Federal e dos Municípios, além de outras fontes.</p><p>Este texto, apresenta a concepção do SUS voltada às necessidades da população,</p><p>buscando resgatar o compromisso do Estado com o bem-estar da população, consolidando-</p><p>37SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE (SUS)UNIDADE 2</p><p>-o como um direito de cidadania. Em 1989, e com novas negociações, é promulgada uma lei</p><p>complementar servindo como base operacional à reforma e o início da Construção do SUS.</p><p>Desta forma, as ações e serviços públicos de saúde e a contratação de serviços</p><p>privados ou mediante convênio devem obedecer às diretrizes previstas no artigo 198 da</p><p>CF de 1988 na qual seus princípios organizacionais e doutrinários estão relacionados às</p><p>seguintes características (CONASS, 2011, p. 26):</p><p>• Universalidade de acesso aos serviços de saúde em todos os níveis de</p><p>assistência;</p><p>• Integralidade de assistência, com prioridade para as atividades preventivas,</p><p>sem prejuízo dos serviços assistenciais;</p><p>• Equidade;</p><p>• Descentralização político-administrativa com direção única em cada esfera</p><p>de governo</p><p>• Conjugação dos recursos financeiros, tecnológicos, materiais e humanos</p><p>da União dos Estados, do Distrito Federal e dos municípios na prestação de</p><p>serviços de assistência à saúde da população;</p><p>• Participação da comunidade;</p><p>• Regionalização e hierarquização.</p><p>Sousa, Lima e Jorge (2016) Apud Busato, Garcia e Rodrigues (2019) categorizam os</p><p>princípios do SUS em doutrinários (universalidade, integralidade, igualdade e equidade) e or-</p><p>ganizativos (descentralização, regionalização, hierarquização e participação da comunidade).</p><p>Um grande desafio se coloca historicamente para os anos futuros, porque a fragmentação do Sistema SUS</p><p>tem profundas raízes econômicas, políticas e culturais que o sustenta, onde a Saúde “como direito de todos</p><p>e dever do Estado não foi sustentada”. Neste sentido, se o financiamento da saúde não foi contemplado,</p><p>não conseguimos avançar nesta questão porque na constituinte haviam muitos economistas que eram</p><p>contrários à vinculação de receitas.</p><p>Disponível em: http://www.conass.org.br/consensus/25-anos-da-constituicao-federal-brasileira-e-sus/</p><p>38SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE (SUS)UNIDADE 2</p><p>LEI ORGÂNICA DA SAÚDE</p><p>(LOS): LEI DE Nº 8.080/90</p><p>E DE Nº 8.142/904</p><p>TÓPICO</p><p>Ambas as leis são resultado de um longo processo histórico e social, que visam</p><p>a interferir nas condições de saúde e na Assistência prestada à população Brasileira. O</p><p>SUS criado pela Constituição é regulamentada por essas Leis, ou seja, desde a instituição</p><p>dessas Leis, “o SUS vem passando por importantes mudanças em razão do processo de</p><p>descentralização das responsabilidades, das atribuições e dos recursos estabelecidos</p><p>pelos Municípios” (CONASS, 2011, p. 32).</p><p>A Lei de nº 8.080 de 19 de setembro de 1990, aborda as condições para promover,</p><p>proteger e recuperar a saúde, além da organização e o funcionamento dos serviços também</p><p>relacionados à saúde. Essa Lei determina em seu art. 9º a direção que o SUS deve tomar,</p><p>neste caso, a direção deve ser única em cada esfera de governo conforme Inciso I do artigo</p><p>198 da Constituição Federal.</p><p>Por esfera entende-se, o poder público federal (Ministério da Saúde), estadual e mu-</p><p>nicipal (Secretaria da saúde). Trata-se também da organização, direção e gestão do SUS,</p><p>da definição de competências e atribuições, do funcionamento e participação complementar</p><p>dos serviços privados de assistência à saúde, da política de recursos humanos e recursos</p><p>financeiros, gestão financeira, planejamento e orçamento (SANTOS; CARVALHO, 2018).</p><p>No Art. 5º da Lei nº 8.080/90 são apresentados os objetivos do SUS e no Art. 6º o</p><p>campo de atuação do SUS, quais sejam (BRASIL, 1990a):</p><p>Art. 5º São objetivos do Sistema Único de Saúde SUS:</p><p>I - A identificação e divulgação dos fatores condicionantes e determinantes</p><p>da saúde;</p><p>39SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE (SUS)UNIDADE 2</p><p>II - A formulação de política de saúde destinada a promover, nos campos eco-</p><p>nômico e social, a observância do disposto no § 1º do art. 2º desta lei;</p><p>III - a assistência às pessoas por intermédio de ações de promoção, proteção</p><p>e recuperação da saúde, com a realização integrada das ações assistenciais</p><p>e das atividades preventivas.</p><p>Art. 6º Estão incluídas ainda no campo de atuação do Sistema Único de</p><p>Saúde (SUS):</p><p>I - a execução de ações:</p><p>a) de vigilância sanitária;</p><p>b) de vigilância epidemiológica;</p><p>c) de saúde do trabalhador; e</p><p>d) de assistência terapêutica integral, inclusive farmacêutica;</p><p>II - A participação na formulação da política e na execução de ações de sa-</p><p>neamento básico;</p><p>III - A ordenação da formação de recursos humanos na área de saúde;</p><p>IV - A vigilância nutricional e a orientação alimentar;</p><p>V - A colaboração na proteção do meio ambiente, nele compreendido o do</p><p>trabalho;</p><p>VI - A formulação da política de medicamentos, equipamentos, imunobioló-</p><p>gicos e outros insumos de interesse para a saúde e a participação na sua</p><p>produção;</p><p>VII - O controle e a fiscalização de serviços, produtos e substâncias de inte-</p><p>resse para a saúde;</p><p>VIII - A fiscalização e a inspeção de alimentos, água e bebidas para consumo</p><p>humano;</p><p>IX - A participação no controle e na fiscalização da produção, transporte, guar-</p><p>da e utilização de substâncias e produtos psicoativos, tóxicos e radioativos;</p><p>X - O incremento, em sua área de atuação, do desenvolvimento científico e</p><p>tecnológico;</p><p>XI - A formulação e execução da política de sangue e seus derivados.</p><p>Conforme o art. 14-A e 14-B da Lei n.º 12.466/2011, complementar à Lei nº 8080/90,</p><p>são reconhecidos como fórum de negociação e pactuação</p><p>entre gestores quanto aos as-</p><p>pectos operacionais as Comissões (Bipartite e Tripartite) e reconhecidos como entidades</p><p>representativas do ente Estadual o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass)</p><p>e ente Municipal, o Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems),</p><p>cujas entidades receberão recursos do orçamento geral da União por meio do Fundo Na-</p><p>cional de Saúde. O Decreto n. 7.508 de 28 de junho de 2011, regulamenta a Lei 8080/1990.</p><p>Já a Lei de nº 8.142 de 28 de dezembro de 1990 aborda a participação da população</p><p>na gestão do Sistema Único de Saúde e as transferências de recursos da área de saúde entre</p><p>os governos, na qual são instituídas as instâncias colegiadas e os instrumentos de participação</p><p>social em cada esfera de governo e os recursos financeiros recebidos mediante existência de</p><p>Conselho Municipal de Saúde, e de acordo com a legislação (SANTOS; CARVALHO, 2018).</p><p>40SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE (SUS)UNIDADE 2</p><p>De acordo com CONASS (2011, p. 27), O SUS conta em cada esfera de governo</p><p>com as seguintes instâncias colegiadas de participação social: “(i) Conferência de Saúde e (ii)</p><p>Conselho de Saúde”. Bem como conta com a “Conferência Nacional de Saúde (CNS) realizada</p><p>a cada quatro anos”, com diversos representantes de diversos segmentos sociais com os obje-</p><p>tivos de avaliar a situação de saúde e propor diretrizes para a formulação de políticas de saúde.</p><p>Desta forma, os conselhos participam das políticas públicas de saúde, atuam</p><p>independente do governo e manifestam diferentes interesses e segmentos, possibilitan-</p><p>do negociação das propostas e direcionamento de recursos por distintas prioridades. A</p><p>representação dos participantes deve ser paritária no percentual de 50% aos usuários, em</p><p>relação ao conjunto dos demais segmentos (trabalhadores da saúde, representação de</p><p>governo, de prestadores de serviços privados conveniados, ou sem fins lucrativos, dentre</p><p>outros) e sua organização e normas de funcionamento devem ser definidas por regime</p><p>próprio após aprovação (CONASS, 2011; SANTOS; CARVALHO, 2018).</p><p>Em atendimento ao parágrafo 2º da Lei nº 8.142/90, o Conselho de Saúde atua em</p><p>caráter permanente e deliberativo e é composto por diversos representantes para atender</p><p>ao objetivo proposto, ou seja, para atuar na formulação de estratégias e para controlar a</p><p>execução da política pública de saúde em todas as instâncias, inclusive as relacionadas</p><p>aos aspectos financeiros e econômicos. A homologação das decisões deve ser realizada</p><p>pelo Chefe do poder legal de cada esfera (BRASIL, 1990b).</p><p>Os recursos para cobertura das ações e serviços serão repassados de forma regu-</p><p>lar e automática à todas as esferas de acordo com os critérios estabelecidos no art. 35 da</p><p>Lei n 8080/90, quais sejam: perfil demográfico, epidemiológico, características da região e</p><p>níveis de participação do setor saúde nos orçamentos, bem como seu desempenho técnico,</p><p>econômico e financeiro anterior, previsão do plano quinquenal de investimentos na rede de</p><p>saúde e ressarcimentos (outras esferas de governo) na ordem de setenta por cento, aos</p><p>Municípios, afetando-se o restante aos Estados, conforme 2º do artigo 3º da Lei nº 8.142/90.</p><p>E para receber esses repasses, as esferas contam com o Fundo de Saúde, o Conselho de</p><p>Saúde, plano de saúde, relatórios de gestão, contrapartida de recursos e comissão de</p><p>elaboração de plano de carreira, cargos e salários (PCCS) (SANTOS; CARVALHO, 2018).</p><p>41SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE (SUS)UNIDADE 2</p><p>UNIVERSALIZAÇÃO</p><p>DO ACESSO À SAÚDE:</p><p>AVANÇOS E OBSTÁCULOS5</p><p>TÓPICO</p><p>Já vimos nos tópicos anteriores, que dentre os princípios da Constituição Federal de</p><p>1988 para o Sistema Único de Saúde (SUS), temos o princípio da Universalização. A Univer-</p><p>salização tem como fato legal, que todos os cidadãos têm direito à saúde, sendo o Estado</p><p>este provedor. Para tanto, é preciso garantir o acesso aos serviços da unidade básica de saú-</p><p>de-UBS, ambulatórios especializados, hospitais, serviços de pré-atendimento, imunizações e</p><p>vigilância, bem como diversos outros programas de controle de doenças e agravos, incluindo</p><p>a produção de bens de consumo, de forma igualitária e sem qualquer tipo de discriminações.</p><p>De acordo com Solha (2014, p.12), “apesar dos desafios políticos e de gestão para</p><p>o funcionamento do SUS, muitas conquistas foram feitas. Em 2013, cerca de dois terços</p><p>da população já eram atendidos pelo SUS. Destes, 90% relataram um serviço bom/ótimo”.</p><p>Entretanto, como Solha (2014, p. 23), apesar do “SUS atender a 90% da população, mais</p><p>de 180 milhões de pessoas uma das grandes dificuldades do sistema está em garantir o</p><p>acesso aos serviços de maior complexidade”.</p><p>Em levantamento sobre os avanços e obstáculos da Saúde Pública no Brasil, reali-</p><p>zado no período de 1923 a 2006, Silva et al. (2009) encontraram alguns fatores limitantes</p><p>enfrentadas para o correto funcionamento dos serviços de saúde, dentre eles:</p><p>[....] a falta de compromisso político das instâncias envolvidas no desenvol-</p><p>vimento do SUS, bem como despreparo profissional, falta de coerência no</p><p>financiamento da saúde, estrutura física deficiente para assistência à popula-</p><p>ção, participação popular incipiente e trabalho em equipe fragmentado. Além</p><p>da resistência para planejar e gerir diretamente uma rede complexa, indefi-</p><p>nição de uma política de pessoal, agravada pela precarização do trabalho,</p><p>dificuldade para incorporar a avaliação à gestão e subordiná-la aos objetivos</p><p>e metas do sistema, que carecem de reflexões e soluções.</p><p>42SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE (SUS)UNIDADE 2</p><p>Apesar dos limites apresentados os autores, SILVA et al. (2009) afirmam que o sistema</p><p>SUS, avança instituindo mecanismos mais eficientes de gestão (Termo de Compromisso), for-</p><p>talecendo o controle social, ampliando o acesso, implementando a Educação Permanente para</p><p>qualificar a assistência e buscando a garantia da estabilidade do financiamento, dentre outros.</p><p>É inegável que houve avanços no SUS, como por exemplo a descentralização com</p><p>a efetiva municipalização, a participação social, entretanto, precisamos reconhecer que</p><p>nem todos os cidadãos têm acesso aos serviços de saúde. O modelo de atenção ainda está</p><p>centrado no hospital, enquanto deveria concentrar maior atenção à saúde básica, pois esta</p><p>resolveria 85% dos problemas de saúde da população (FERREIRA, 2008).</p><p>Para Lopes (2019), grandes avanços na área da tecnologia e conhecimento na Medi-</p><p>cina podem ser verificados ao longo dos anos com o objetivo de manter a vida humana. Entre-</p><p>tanto, quando se compara que a grande maioria de pessoas não têm acesso aos benefícios</p><p>da medicina, conforme pressupostos e diretrizes delineados pela Lei nº 8080/90, percebemos</p><p>o quanto o Sistema Único de Saúde deixa de executar em seu campo de atuação.</p><p>De acordo com Lopes (2019) temos um descompasso entre a Lei que instituiu o</p><p>SUS como pressuposto, a universalidade no atendimento à saúde com todos os suportes</p><p>necessários para sua efetivação, na qual a inoperância não é atribuída à falta de normas</p><p>para sua eficiência e eficácia conforme já apresentados pelas Leis 8080/90 e 8142/90. No</p><p>contexto da saúde, o que podemos observar em sua grande parte é que:</p><p>• A dotação do orçamento, destinação e operacionalização dos recursos a serem</p><p>utilizados para a efetivação das políticas públicas são privilegiados por interesses</p><p>políticos;</p><p>• Há sucateamento dos equipamentos, falta de estruturas adequadas e número</p><p>reduzido de leitos, resultando em entrave para o alcance da qualidade do serviço</p><p>médico prestado ao paciente;</p><p>• A falta de qualificação médica resultado da baixa qualidade de ensino e baixos</p><p>salários contribuem para uma relação médico-paciente com rupturas, ao ponto</p><p>de se tornar uma denúncia ética;</p><p>• A estagnação em áreas relevantes, condicionado ao atendimento básico, quan-</p><p>do deveria ser pleno;</p><p>• A convergência dos vários atores sociais, não é suficiente quando têm em</p><p>gênese a dotação orçamentária (manipulada e não equitativa dos</p><p>recursos desti-</p><p>nados), na qual a administração das políticas de saúde é deficiente.</p><p>Ainda de acordo com Lopes (2019) conforme definido no artigo 3º da Lei nº 8080/90:</p><p>43SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE (SUS)UNIDADE 2</p><p>[...] a saúde tem fatores determinantes e condicionantes, entre outros: a ali-</p><p>mentação, a moradia, o saneamento básico, o meio ambiente, o trabalho, a</p><p>renda, a educação, o transporte, o lazer e o acesso a bens e serviços es-</p><p>senciais; os níveis de saúde da população expressam a organização social</p><p>e econômica do país.[...] vê-se que a saúde tem “determinantes” e “condicio-</p><p>nantes” que abarcam um universo diversificado não se restringindo apenas,</p><p>à assistência prestada pelo médico ao doente.</p><p>Neste sentido, um elemento importante da universalidade está relacionado ao meio</p><p>ambiente e a saúde do trabalhador, quando percebemos a inoperância dos governos em propi-</p><p>ciar vida saudável aos cidadãos, no meio ambiente, especificamente, o ambiente de trabalho,</p><p>que obstante à existência do Ministério do Trabalho e suas delegacias, continuam trazendo</p><p>diversos malefícios à vida Humana gerada por condições insalubres e doenças ocupacionais,</p><p>dentre outras, que impactam diretamente na qualidade de vida e saúde das pessoas e é</p><p>considerado um determinante e condicionante da saúde do cidadão (LOPES, 2019).</p><p>Mesmo depois de mais de 30 anos da criação do SUS, percebemos que mediante</p><p>os obstáculos apresentados para a garantia da Universalização, entendemos que há desa-</p><p>fios importantes no avanço das Políticas de Saúde Pública, principalmente as relacionadas</p><p>a novas fontes de financiamento, melhor gestão de custos e incorporação de inovações</p><p>tecnológicas com melhor qualificação do capital humano.</p><p>O Estado tem desempenhado seu papel como ator social na manutenção da saúde?</p><p>Fonte: A autora (2020)</p><p>44SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE (SUS)UNIDADE 2</p><p>Esta Unidade propiciou um pouco mais de conhecimento sobre o Sistema único de</p><p>Saúde (SUS). Inicialmente vimos que o SUS representa um conjunto de ações e de serviços</p><p>de saúde gerenciado pela gestão pública e tem na gerência privada a sua complementarida-</p><p>de. Criado a partir da Constituição Federal (CF) de 1988 e regulamentado pelas Leis n. 8080</p><p>e 8142 de 1990, formando a Lei Orgânica da Saúde (LOS). Neste sentido, compreendemos</p><p>que o SUS representa um dos maiores sistemas de saúde no mundo na prevenção e promo-</p><p>ção da saúde com acesso integral, universal e gratuito a todos os brasileiros.</p><p>A compreensão histórica antes da criação do SUS demonstrou que o processo de</p><p>transformação econômico-política no Brasil além da reflexão e prática médica, relacionadas</p><p>à Saúde Pública, bem como do intenso movimento sanitário, movimentos sociais e até</p><p>mesmo a corrupção na área da saúde fizeram parte do processo que antecedem a criação</p><p>do SUS. Vimos que a Constituição Federal de 1988 é considerada um marco na redefinição</p><p>das Políticas de Estado na área da Saúde Pública, garantindo a saúde como “direito de</p><p>todos e dever do Estado” e fortalecendo a intenção do governo em criar um sistema que</p><p>funcione para a população. Por meio dela, se definiu como princípios do SUS: a Univer-</p><p>salização, a Integralidade, a Descentralização, a Hierarquização e a Participação Popular,</p><p>assunto que trataremos separadamente em outros tópicos e unidades deste livro.</p><p>Você conheceu um pouco sobre as Leis Orgânicas da Saúde (8080 e 8142 de</p><p>1990) que tratam sobre as condições para promover, proteger e recuperar a saúde, além</p><p>da organização e o funcionamento dos serviços também relacionados à saúde e da partici-</p><p>pação da população na gestão do Sistema Único de Saúde e as transferências de recursos</p><p>da área de saúde entre os governos.</p><p>Por fim foi dada uma atenção especial ao princípio da Universalização, na qual</p><p>apresentamos sucintamente, um cenário da situação Brasileira na área da saúde, demons-</p><p>trando o descompasso que há entre esse princípio no atendimento à saúde e a efetivação</p><p>dos suportes tecnológicos, financeiros, dentre outros para a garantia do acesso à saúde</p><p>pública para todos os cidadãos brasileiros.</p><p>Um Abraço e até a próxima Unidade!</p><p>CONSIDERAÇÕES FINAIS</p><p>45SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE (SUS)UNIDADE 2</p><p>O Sistema Único de Saúde (SUS) é definido constitucionalmente como o resultado</p><p>da integração das ações e serviços públicos de saúde, em rede regionalizada e hierarqui-</p><p>zada. É dessa integração que nasce o sistema único, sendo competência comum de todos</p><p>os entes federativos o cuidado com a saúde.</p><p>A região de saúde é essencial para a conformação do SUS nacional, sendo recortes</p><p>territoriais que aglutinam municípios para ganhar escala e densidade tecnológica suficien-</p><p>tes para garantir a integralidade da atenção à saúde em pelo menos 90% das necessidades</p><p>das pessoas. A região é território dotado de certas características e serviços; mas sua</p><p>essência é territorial face ao cumprimento de necessidades comuns dos entes municipais.</p><p>A rede, por sua vez, deve conter serviços, conforme disposto no Decreto nº 7.508,</p><p>de 2011, organizados em níveis de complexidade tecnológica, a qual se organiza por identi-</p><p>dade genética de suas ações e serviços e permite satisfazer às necessidades da pessoa no</p><p>cuidado com a sua saúde, de modo a criar um itinerário sanitário racional e identitário, sem</p><p>obstáculos burocráticos, com economia processual e temporal, racionalidade nos gastos e</p><p>nos exames de apoio diagnóstico, dentre outros elementos. A rede é composta por serviços</p><p>de igual identidade, organizada de modo a viabilizar e racionalizar o itinerário terapêutico</p><p>necessário ao cuidado com a saúde.</p><p>São elementos essenciais na região, as governanças executivas (operativa) e</p><p>política; o planejamento integrado regional; os consensos interfederativos alcançados na</p><p>comissão Intergestores regional e bipartite; os mapas da saúde; o sistema informatizado de</p><p>dados sanitários, terapêuticos, diagnósticos, dentre outros.</p><p>O contrato organizativo de ação pública da saúde é essencial acordo jurídico-sa-</p><p>nitário que dá garantia aos consensos alcançados na comissão intergestores regional e</p><p>define as responsabilidades, na região, dos entes federativos no tocante à organização e</p><p>execução de serviços, financiamento, controle e avaliação dos resultados alcançados.</p><p>A governança na região poderá contar com instrumento executivo de gestão, como</p><p>uma associação regional de saúde, autarquia territorial, consórcios públicos, fundação</p><p>estatal interfederativa, devendo os entes federativos definirem em comum acordo a melhor</p><p>forma de gerir de forma cooperada as ações e os serviços de saúde na região.</p><p>Fonte: SANTOS, Lenir. Região de saúde e suas redes de atenção: modelo organizativo-sistêmico do SUS. Ciênc. saúde</p><p>colet. 22 (4) Abr 2017.</p><p>LEITURA COMPLEMENTAR</p><p>46SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE (SUS)UNIDADE 2</p><p>MATERIAL COMPLEMENTAR</p><p>FILME/VÍDEO</p><p>• Título: Um Golpe do Destino</p><p>• Ano: 1991</p><p>• Sinopse: Cirurgião de sucesso, Jack Mckee é completamente</p><p>desconectado emocionalmente de sua família e das pessoas que</p><p>opera. Ao desenvolver um tumor maligno, ele começa a ver a vida da</p><p>perspectiva de um paciente. Jack conhece uma mulher fatalmente</p><p>doente, mas extremamente corajosa e percebe a necessidade de</p><p>mostrar compaixão em sua profissão.</p><p>LIVRO</p><p>• Título: SUS - O que Você Precisa Saber Sobre o Sistema Único</p><p>de Saúde</p><p>• Autor: Medicina, Associação Paulista de</p><p>• Editora: Atheneu</p><p>• Ano: 2002</p><p>• Sinopse: este livro apresenta a legislação completa, comentários</p><p>e análises, aplicabilidade sobre o Sistema Único de Saúde - SUS,</p><p>oferecendo uma visão crítica do sistema.</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>Plano de Estudos</p><p>• Organização e Estrutura do SUS;</p><p>• Regionalização e Hierarquização;</p><p>• Descentralização;</p><p>• Atenção primária, secundária e terciária.</p><p>Objetivos da Aprendizagem</p><p>• Conceituar e contextualizar a organização e a Estrutura SUS;</p><p>• Compreender como ocorre a regionalização e hierarquização no</p><p>SUS;</p><p>• Estabelecer a importância da descentralização no contexto SUS;</p><p>• Compreender como é realizado atendimento na Atenção primária,</p><p>secundária e terciária.</p><p>Professor(a) Me. Mirian Aparecida Micarelli Struett</p><p>ORGANIZAÇÃO E ORGANIZAÇÃO E</p><p>ESTRUTURA DO SUSESTRUTURA DO SUS</p><p>UNIDADEUNIDADE3</p><p>48ORGANIZAÇÃO E ESTRUTURA DO SUSUNIDADE 3</p><p>INTRODUÇÃO</p><p>Prezado (a) aluno (a)!</p><p>Nesta unidade iremos aprofundar vosso aprendizado sobre a organização e a Estrutura</p><p>SUS, como ocorre a regionalização e se dá a hierarquização do Sistema, verificaremos a im-</p><p>portância da descentralização no contexto SUS e ampliaremos vosso entendimento sobre com,</p><p>onde e porquê são realizados os atendimentos na Atenção primária, secundária e terciária.</p><p>Desta forma, você irá compreender de que forma os princípios organizativos</p><p>(descentralização, regionalização, hierarquização e participação popular) interferem nas</p><p>diretrizes operacionais do Pacto de Gestão do SUS e em quais bases constitucionais e</p><p>portarias se consolidam suas ações.</p><p>Para que entendamos melhor a organização do SUS precisamos compreender</p><p>também o modelo assistencial, sua classificação de serviços por níveis de atenção e com-</p><p>plexidade e de que forma os princípios da hierarquização e regionalização impactam nas</p><p>atividades, serviços e gestão no SUS, bem como compreender como ocorrem as distribui-</p><p>ções de responsabilidades nas federações do governo Federal, Estadual e Municipal.</p><p>Partindo deste pressuposto entenderemos também sobre a descentralização como</p><p>estratégia de democratização e participação das comissões e conselhos nos processos ad-</p><p>ministrativos nas três esferas e ao final desta unidade, compreender um pouco mais sobre</p><p>a atuação, finalidade e responsabilidades dos profissionais do SUS na Rede de Atenção à</p><p>Saúde primária, secundária e terciária.</p><p>Espero que com esta unidade, prezado (a) estudante, você possa compreender um</p><p>pouco mais sobre os princípios de organização e estrutura do SUS no que concerne ao atendi-</p><p>mento dos princípios doutrinários dos SUS como a integralidade, a universalidade e a equidade.</p><p>Portanto, prezado(a) aluno(a), desejo a você, uma boa leitura e aprendizado.</p><p>ORGANIZAÇÃO E</p><p>ESTRUTURA DO SUS1</p><p>TÓPICO</p><p>49ORGANIZAÇÃO E ESTRUTURA DO SUSUNIDADE 3</p><p>Conforme Busato, Garcia e Rodrigues (2019), dentre os princípios do SUS, temos</p><p>os doutrinários já citados anteriormente, e também os caracterizados como princípios or-</p><p>ganizativos. Eles são representados pela:</p><p>• Descentralização (é referente a responsabilidade das três esferas - federal,</p><p>estadual e municipal);</p><p>• Regionalização e a hierarquização (é referente às formas de aproximação entre</p><p>as esferas) e;</p><p>• Participação popular (refere-se a aqueles que participam nas decisões e dire-</p><p>cionamentos do SUS).</p><p>O processo de descentralização ganhou força com a NOB SUS/1996 e a regionali-</p><p>zação com a NOAS SUS 01/2001. Já a participação Popular, movimento da descentraliza-</p><p>ção regulamentou-se a partir da Lei n. 8.142/90 da qual já enfatizamos na Unidade 2 deste</p><p>livro. Sobre os princípios da descentralização, regionalização e hierarquização, trataremos</p><p>com maior ênfase nos tópicos posteriores.</p><p>A Estrutura do SUS e atuação dos entes da Federação e demais órgãos são apre-</p><p>sentados no Quadro x, segundo o portal do Governo do Estado Brasileiro, do Ministério da</p><p>Saúde (BRASIL, 2019 online):</p><p>50ORGANIZAÇÃO E ESTRUTURA DO SUSUNIDADE 3</p><p>QUADRO 1: ESTRUTURA DO SUS</p><p>Órgão, Secretaria Atuação</p><p>Ministério da Saúde</p><p>Gestor nacional do SUS, formula, normatiza, fiscaliza, monitora e ava-</p><p>lia políticas e ações, em articulação com o Conselho Nacional de Saú-</p><p>de. Atua no âmbito da Comissão Intergestores Tripartite (CIT) para</p><p>pactuar o Plano Nacional de Saúde. Integram sua estrutura: Fiocruz,</p><p>Funasa, Anvisa, ANS, Hemobrás, Inca, Into e oito hospitais federais.</p><p>Secretaria Estadual</p><p>de Saúde (SES)</p><p>Participa da formulação das políticas e ações de saúde, presta apoio</p><p>aos municípios em articulação com o conselho estadual e participa da</p><p>Comissão Intergestores Bipartite (CIB) para aprovar e implementar o</p><p>plano estadual de saúde.</p><p>Secretaria Municipal</p><p>de Saúde (SMS)</p><p>Planeja, organiza, controla, avalia e executa as ações e serviços de</p><p>saúde em articulação com o conselho municipal e a esfera estadual</p><p>para aprovar e implantar o plano municipal de saúde.</p><p>Conselhos de Saúde</p><p>O Conselho de Saúde, no âmbito de atuação (Nacional, Estadual ou</p><p>Municipal), em caráter permanente e deliberativo, órgão colegiado</p><p>composto por representantes do governo, prestadores de serviço,</p><p>profissionais de saúde e usuários, atua na formulação de estratégias</p><p>e no controle da execução da política de saúde na instância corres-</p><p>pondente, inclusive nos aspectos econômicos e financeiros, cujas</p><p>decisões serão homologadas pelo chefe do poder legalmente consti-</p><p>tuído em cada esfera do governo.</p><p>Cabe a cada Conselho de Saúde definir o número de membros, que</p><p>obedecerá a seguinte composição: 50% de entidades e movimentos</p><p>representativos de usuários; 25% de entidades representativas dos</p><p>trabalhadores da área de saúde e 25% de representação de governo e</p><p>prestadores de serviços privados conveniados, ou sem fins lucrativos.</p><p>Comissão Intergestores</p><p>Tripartite (CIT)</p><p>Foro de negociação e pactuação entre gestores federal, estadual e</p><p>municipal, quanto aos aspectos operacionais do SUS</p><p>Comissão Intergestores</p><p>Bipartite (CIB)</p><p>Foro de negociação e pactuação entre gestores estadual e munici-</p><p>pais, quanto aos aspectos operacionais do SUS</p><p>Conselho Nacional de</p><p>Secretário da Saúde</p><p>(Conass)</p><p>Entidade representativa dos entes estaduais e do Distrito Federal na</p><p>CIT para tratar de matérias referentes à saúde</p><p>Conselho Nacional de</p><p>Secretarias Municipais</p><p>de Saúde (Conasems)</p><p>Entidade representativa dos entes municipais na CIT para tratar de</p><p>matérias referentes à saúde.</p><p>Conselhos de Secre-</p><p>tarias Municipais de</p><p>Saúde (Cosems)</p><p>São reconhecidos como entidades que representam os entes munici-</p><p>pais, no âmbito estadual, para tratar de matérias referentes à saúde,</p><p>desde que vinculados institucionalmente ao Conasems, na forma que</p><p>dispuserem seus estatutos.</p><p>Fonte: Ministério da Saúde (2019, on line).</p><p>51ORGANIZAÇÃO E ESTRUTURA DO SUSUNIDADE 3</p><p>Desde 2003, segundo Solha (2014), o resultado de discussões e consensos, bus-</p><p>cam a revisão dos processos normativos do SUS, envolvendo inicialmente uma agenda</p><p>de pacto de gestão, organizado de forma tripartite entre entes da federação. O trabalho</p><p>conjunto a partir das reuniões de grupos de trabalho, em 2004 e 2005 levou a definição de</p><p>três dimensões importantes que buscaram: a defesa do SUS, o pacto pela vida e Pacto</p><p>de gestão, na qual em 2006 é publicada a portaria GM/MS n.699, regulamentando as Dire-</p><p>trizes Operacionais dos Pactos pela vida e de gestão, bem como a Portaria GM/MS n. 698,</p><p>instituindo a transferência de recursos federais para custeio de ações e serviços de saúde.</p><p>Desta forma, de acordo com SOLHA (2014) e CONASS (2011):</p><p>• O pacto pela vida visa a reforçar a gestão pública na busca por resultados e</p><p>estabelecimento de compromissos sanitários a serem implementados de forma</p><p>(tripartite);</p><p>• O pacto em defesa do SUS coloca em evidência os compromissos dos gesto-</p><p>res na consolidação da reforma sanitária</p><p>e articulações que visem a qualificação</p><p>do SUS, fortalecendo, inclusive a participação social;</p><p>• E no pacto de gestão busca-se a valorização da cooperação e solidariedade</p><p>entre gestores nos eixos de ação: descentralização, regionalização, financia-</p><p>mento e planejamento do SUS, programação pactuada integrada (PPI), regula-</p><p>ção da atenção à saúde e assistencial, participação e controle social, gestão de</p><p>trabalho e saúde e educação na saúde.</p><p>De acordo com Elias (2008) o SUS possui rede própria e contratada. A primeira</p><p>é composta por Hospitais Federais, Estaduais e Municipais e a segunda é composta por</p><p>segmento lucrativo e não lucrativo (filantrópicas). O SUS, segundo Elias (2008, p. 21) “não</p><p>diz que o prestador de serviço seja o governo ou privado, o que ele anuncia são princípios,</p><p>na qual o sistema tem que ser universal, equânime e igualitário”.</p><p>Essa rede de serviços deve ser integrada e regulada pelos gestores onde cada</p><p>prestador responde apenas por um gestor, com regulação preferencialmente municipal e</p><p>com responsabilidade estadual pactuada pela Comissão Intergestores (CIB). A regulação</p><p>nada mais é do que o Estado intervir (setores sociais ou econômicos) com o intuito de</p><p>equilibrar relações/necessidades da população/prestadores de serviços e Estado. Neste</p><p>sentido, o Estado vem normatizar o sistema para que ele funcione adequadamente de</p><p>acordo com os objetivos preconizados pelo SUS (SOLHA, 2014).</p><p>Segundo Solha (2014), dentre os serviços que compõem o SUS temos: institui-</p><p>ções de pesquisa, instituições de controle de qualidade, laboratórios farmacêuticos oficiais,</p><p>agências reguladoras, laboratórios de análises clínicas, serviços (ou equipamentos) de</p><p>52ORGANIZAÇÃO E ESTRUTURA DO SUSUNIDADE 3</p><p>assistência direta à saúde e escolas técnicas. Podem ser integrados à rede Pública os ser-</p><p>viços ligados diretamente às forças Armadas com atendimento conjunto com profissionais</p><p>do SUS em diversas regiões do País, porém como foco principal, serve para o atendimento</p><p>aos militares e suas famílias receberem assistência à saúde.</p><p>Conforme apontam os autores Rolim et al. (2013) apud Busato, Garcia e Rodrigues</p><p>(2019) quando consideramos a necessidade de participação popular, é preciso levar em</p><p>conta também que a sociedade deve participar de maneira efetiva. Além disto, os autores</p><p>destacam duas importantes bases constitucionais da saúde:</p><p>01. A Lei Complementar n. 141, de 13 de janeiro de 2012, regulamentando o</p><p>inciso 3º do art. 198 da CF 1988, que dispõe sobre os valores a serem</p><p>aplicados nas três esferas de governo;</p><p>02. O Decreto n. 7508, de 29 de junho de 2011, que dispõe sobre a organização</p><p>do SUS, o planejamento da saúde, a assistência da saúde e articulação federativa.</p><p>De acordo com o Decreto n.7508/2011 que regulamenta a Lei 8080/1990 foi criado a</p><p>Programação Geral das Ações e Serviços de Saúde (PGASS), elaborado anualmente como</p><p>ferramenta de elaboração das ações com base nos recursos disponíveis. De acordo com</p><p>Brasil (2016c) Apud Busato, Garcia e Rodrigues (2019, p 44) a fundamentação elaborada</p><p>do PGASS cita:</p><p>a. Abranger as ações de assistência à saúde (Atenção Básica, Urgência e</p><p>Emergência, Atenção Psicossocial e Atenção Ambulatorial Especializada e</p><p>Hospitalar), de promoção, de vigilância (sanitária, de epidemiologia e am-</p><p>biental) e de assistência farmacêutica;</p><p>b. Ter como norteadora e orientadora das ações de serviços da saúde a Aten-</p><p>ção básica;</p><p>c. Manter coerência com instrumentos do Planejamento, os Planos de Saúde</p><p>e respectivas Programações Anuais de Saúde, expressando compromissos</p><p>e responsabilidades de cada um, no âmbito regional;</p><p>d. Contribuir para a organização e operacionalização da Rede de Atenção de</p><p>Saúde e de seus territórios;</p><p>e. Ser desencadeada pelo planejamento regional integrado com temporalida-</p><p>de vinculada aos planos municipais e com atualizações periódicas;</p><p>f. Ocorrer nas regiões de saúde, como atribuição das CIR, sendo necessária</p><p>a harmonização dos compromissos e metas regionais no âmbito do Estado,</p><p>em um processo coordenado pela SES e pactuado pela CIB;</p><p>g. Ser realizada em todas as regiões de saúde de cada Estado;</p><p>h. Subsidiar os dispositivos de regulação, controle e avaliação e auditoria;</p><p>i. Apontar no nível regional, o déficit de custeio a necessidade de Investi-</p><p>mentos para a rede de atenção de saúde.</p><p>Ainda de acordo com Busato, Garcia e Rodrigues (2019) em 2017 o Ministério da</p><p>Saúde sistematizou a Norma em vigor no SUS, facilitando organização e disponibilização</p><p>53ORGANIZAÇÃO E ESTRUTURA DO SUSUNIDADE 3</p><p>de normas de saúde e transparência (ao todo, mais de 20 mil), exceto as que têm disposi-</p><p>ção válidas, consolidadas em seis portarias conforme demonstrado no quadro 2 a seguir:</p><p>QUADRO 2: PORTARIAS DE CONSOLIDAÇÃO DOS ATOS NORMATIVOS DO SUS</p><p>Portaria de consolidação Assunto</p><p>n.1 de 28 de setembro de 2017</p><p>Matriz diretiva: aborda direitos, deveres, organização e funcio-</p><p>namento do SUS</p><p>n.2 de 28 de setembro de 2017 Matriz diretiva: trata das políticas nacionais do SUS</p><p>n.3 de 28 de setembro de 2017 Matriz estruturante: apresenta as redes dos SUS</p><p>n.4 de 28 de setembro de 2017</p><p>Matriz estruturante: elucida sobre os sistemas e subsistemas</p><p>do SUS</p><p>n.5 de 28 de setembro de 2017 Matriz operacional: fala das ações e os serviços de saúde</p><p>n.6 de 28 de setembro de 2017</p><p>Matriz operacional: explica o funcionamento e a transferência</p><p>dos recursos federais para as ações e os serviços do SUS</p><p>Fonte: Busato, Garcia e Rodrigues, 2019, p. 38.</p><p>As Portarias de Consolidação de 28 de setembro de 2017, apresentam-se em três eixos: matriz diretiva,</p><p>matriz estruturante e matriz operacional. Para melhor compreensão dessas matrizes, é importante que</p><p>você aprofunde seus conhecimentos, na leitura atenta de cada uma delas.</p><p>Disponível em: https://www.contratualizacaonosus.com/copia-manuais-do-ministerio-da-saud</p><p>REGIONALIZAÇÃO E</p><p>HIERARQUIZAÇÃO2</p><p>TÓPICO</p><p>54ORGANIZAÇÃO E ESTRUTURA DO SUSUNIDADE 3</p><p>O termo modelo assistencial compreende como a saúde é organizada. De acordo</p><p>com os autores Busato, Garcia e Rodrigues (2019), no Brasil, já foram utilizados três mo-</p><p>delos: o sanitarismo campanhista (foco de atenção no hospedeiro), o médico privatista (na</p><p>época militar, ofertado aos trabalhadores) e por fim o SUS (universalidade).</p><p>Este último entendido como Modelo Tecno Assistencial, como afirmam os auto-</p><p>res Silva Júnior; Alves (2007) Apud Busato, Garcia e Rodrigues, este modelo é descrito em</p><p>forma de pirâmide no intuito de organizar o fluxo dos pacientes nos serviços de saúde de</p><p>acordo com os níveis de necessidades, de aparato tecnológico e complexidade. Segundo</p><p>Baptista (2007), denotamos aqui a importância da hierarquização e regionalização dos</p><p>serviços, com a organização de um sistema de referência e contrarreferência, incorporando</p><p>os níveis de complexidade.</p><p>De acordo com Solha (2014, p.33), a “hierarquização é uma diretriz organizadora</p><p>do SUS, que parte da classificação dos serviços (tipo de cuidado), considerando a comple-</p><p>xidade tecnológica de cada um deles”, na qual categoriza-se de acordo com três tipos de</p><p>serviços, quais sejam:</p><p>01. Básico (ou primário), com nível de atenção de baixa complexidade tecnoló-</p><p>gica;</p><p>02. Secundário, com nível de atenção de média complexidade tecnológica;</p><p>03. Terciário, com nível de atenção de alta complexidade tecnológica.</p><p>55ORGANIZAÇÃO E ESTRUTURA DO SUSUNIDADE 3</p><p>Sobre cada um desses serviços e nível de atenção, trataremos com maior pro-</p><p>fundidade no último tópico deste livro. Vamos nos concentrar aqui, prezado(a) estudante,</p><p>apenas na forma como ocorre essa hierarquização e regionalização dos serviços prestados</p><p>pelo SUS.</p><p>A hierarquização destes serviços se dá de acordo com sua complexidade, conforme</p><p>podemos observar no exemplo da figura da pirâmide (Figura 1):</p><p>FIGURA 1 - NÍVEIS DE ATENÇÃO À SAÚDE.</p><p>Fonte: SOLHA, 2014, p. 36.</p><p>Assim, a base da pirâmide é representada pela atenção básica (onde a demanda</p><p>é maior) e o nível de complexidade tecnológica é mais</p><p>baixa, enquanto verificamos que a</p><p>pirâmide vai se estreitando, passando pela média complexidade até a alta complexidade</p><p>onde o volume de pessoas a serem atendidas representam uma parcela menor da popu-</p><p>lação. Pode ser observado também a existência de duas flechas, ambas representando a</p><p>referência e contrarreferência, ou seja, representa o modo como o usuário do serviço irá</p><p>caminhar pelos serviços de saúde, na qual o usuário pode tanto ser encaminhado dentro do</p><p>mesmo nível quanto para outros níveis, dependendo de sua necessidade. O paciente ainda</p><p>pode ser encaminhado dentro do mesmo nível de complexidade ou para outros níveis de</p><p>complexidade (SOLHA, 2014).</p><p>Um exemplo de referenciamento é quando o usuário é atendido na atenção básica</p><p>e precisa da opinião de um especialista. Neste momento, ele é encaminhado para um</p><p>nível de complexidade acima da atenção básica. Importante salientar conforme nos orienta</p><p>Solha (2014, p. 37), que:</p><p>56ORGANIZAÇÃO E ESTRUTURA DO SUSUNIDADE 3</p><p>[...] não existe uma linha de “mando” entre os níveis de atenção: nenhum serviço</p><p>é melhor que o outro e ninguém é chefe de ninguém. Existem, sim, parceiros para</p><p>oferecer o melhor cuidado de saúde! Essa organização também é uma forma de</p><p>oferecer os cuidados integrais definidos pela Lei Orgânica da Saúde (LOS).</p><p>Em relação à regionalização, foi observado que, logo no primeiro passo da orga-</p><p>nização descentralizada, houve deficiências no Sistema, de forma que em 2001, surge a</p><p>norma NOAS, como forma de normatizar a assistência à saúde, ressaltando a importância</p><p>da regionalização na assistência, não somente como uma forma de aproximação à descen-</p><p>tralização, mas também como uma ferramenta que consolida os princípios doutrinários do</p><p>SUS (BUSATO, GARCIA, RODRIGUES, 2019).</p><p>Conforme Baptista (2007, p. 53) “regionalizar implica um melhor conhecimento, por</p><p>parte dos estados e municípios, dos problemas sociais e de saúde de suas localidades para</p><p>que se possa implementar uma política de saúde condizente”.</p><p>Conforme os autores, Busato, Garcia e Rodrigues (2019), a NOAS n.01/2001 é</p><p>reorganizada e republicada em 2002 na portaria n. 373 de 27 de fevereiro de 2002 e logo</p><p>em seu artigo 1º amplia as responsabilidades dos municípios na atenção básica a partir</p><p>do processo de regionalização como estratégia de hierarquização e cria mecanismos para</p><p>o seu fortalecimento, sugerindo a implantação de um plano diretor de regionalização. Por-</p><p>tanto o NOAS vem esclarecer as responsabilidades dos gestores, considerando o contínuo</p><p>movimento de pactuação entre os três níveis de gestão, visando o aperfeiçoamento do</p><p>Sistema Único de Saúde, resolve:</p><p>Art. 1º Aprovar, na forma do Anexo desta Portaria, a Norma Operacional da</p><p>Assistência à Saúde – NOAS-SUS 01/2002 que amplia as responsabilidades</p><p>dos municípios na Atenção Básica; estabelece o processo de regionaliza-</p><p>ção como estratégia de hierarquização dos serviços de saúde e de busca de</p><p>maior equidade; cria mecanismos para o fortalecimento da capacidade de</p><p>gestão do Sistema Único de Saúde e procede à atualização dos critérios de</p><p>habilitação de estados e municípios.</p><p>Assim, a regionalização, conforme Solha (2014, p. 40), se refere “a determinação</p><p>de territórios para organizar os serviços em rede, que orienta a descentralização de gestão”.</p><p>Com o Pacto de gestão, se reafirma a regionalização como uma diretriz do SUS, contribuin-</p><p>do para a implantação do Pacto pela Saúde. De acordo com CONASS (2011, p. 72):</p><p>O que o Pacto pretende com o processo de regionalização é melhorar o aces-</p><p>so a serviços de saúde, respeitando-se os conceitos de economia de escala e</p><p>de qualidade da atenção de saúde, para se desenvolver sistemas eficientes e</p><p>efetivos, e ao construir a regionalização eficaz, criar as bases territoriais para</p><p>o desenvolvimento de redes de atenção à saúde.</p><p>57ORGANIZAÇÃO E ESTRUTURA DO SUSUNIDADE 3</p><p>Neste sentido, conforme aponta Solha (2014), os municípios assumem a gestão de</p><p>seus serviços, mas em alguns deles, com o auxílio e apoio das Secretarias Estaduais de Saúde</p><p>e trabalhando a realidade local de cada município respeitando seus determinantes de saúde</p><p>e características populacionais (geográficas, culturais, distribuição de serviços, dentre outras).</p><p>De acordo com Solha (2014, p. 40), “a fim de oficializar o processo de regionali-</p><p>zação da saúde, os gestores, em todas as instâncias de deliberação, devem formular um</p><p>documento denominado ‘Plano Diretor de Regionalização”.</p><p>Este Plano, segundo Solha (2014), deve conter informações como: a caracterização</p><p>do Estado, descrição do processo de pactuação, metas, RAS (rede de atenção à saúde)</p><p>organizadas, a identificação dos serviços, como será feita a regulação, ou seja, como será</p><p>ofertado e controlado esses serviços, dentre outras observações.</p><p>A RAS de acordo com a Portaria n.4.279 do MS de 30 de dezembro de 2010 APUD</p><p>Busato, Garcia e Rodrigues (2019, p. 77) é caracterizada pela:</p><p>[...] formação de relações horizontais entre os pontos de atenção com o cen-</p><p>tro de comunicação na atenção primária à Saúde (APS), pela centralidade</p><p>das necessidades em saúde de uma população, pela responsabilização na</p><p>atenção contínua e integral, pelo cuidado multiprofissional, pelo compartilha-</p><p>mento de objetivos e compromissos com resultados sanitários e econômicos.</p><p>Neste sentido, as Redes de Atenção à Saúde (RAS), são estruturadas de forma a</p><p>dar suporte ao cuidado desde o nível básico de atendimento até o nível mais complexo de</p><p>atendimento na saúde.</p><p>DESCENTRALIZAÇÃO3</p><p>TÓPICO</p><p>58ORGANIZAÇÃO E ESTRUTURA DO SUSUNIDADE 3</p><p>O texto constitucional define que o SUS deve se organizar a partir da Descentraliza-</p><p>ção com direção única em cada esfera de governo (BRASIL, 1988 APUD BAPTISTA, 2007).</p><p>Segundo Baptista (2007) quando se fala de Descentralização pode-se abordá-la</p><p>de diferentes formas: descentralização política, descentralização administrativa, descen-</p><p>tralização de serviços, dentre outras formas. No SUS, a diretriz Descentralização é mais</p><p>coerente com uma concepção de estado federativo que obedece a princípios constitucionais</p><p>que devem ser assegurados e exercidos em cada esfera de governo. Neste sentido, a</p><p>Descentralização corresponde à distribuição de poder político, de responsabilidades e de</p><p>recursos da esfera federal para as demais esferas estadual e municipal.</p><p>Assim, como afirma Baptista (2007, p. 53):</p><p>A descentralização é vista como uma estratégia para o enfrentamento das</p><p>desigualdades regionais e sociais e prevê a transferência do poder decisório</p><p>do governo federal para as instâncias subnacionais de governo, consideran-</p><p>do uma redistribuição das responsabilidades quanto às ações e serviços de</p><p>saúde entre os vários níveis de governo (União, estados e municípios).</p><p>De acordo com Solha (2014, p. 38), “até a regulamentação do SUS, as principais</p><p>ações de saúde eram centralizadas no nível federal, e quem executava eram os estados e</p><p>municípios”. Segundo Busato, Garcia e Rodrigues (2019), a descentralização se refere a</p><p>um dos princípios organizativos, na qual divide-se as responsabilidade nos três níveis da</p><p>esfera governamental (federal, estadual e municipal), tornando os gestores de cada nível</p><p>corresponsáveis pelo sistema de saúde, com o objetivo de facilitar a organização, minimizar</p><p>a corrupção e auxiliar na análise das necessidades dos cidadãos, dentre outros.</p><p>59ORGANIZAÇÃO E ESTRUTURA DO SUSUNIDADE 3</p><p>Cabe salientar, que no início, houve tentativas de descentralização, porém sem</p><p>sucesso. Assim, assim, buscou-se nas três esferas, redistribuir essas responsabilidades.</p><p>Desta forma, a distribuição na esfera Federal, Estadual e Municipal, ficaram da seguinte</p><p>forma (SOLHA, 2014):</p><p>• No nível Federal - é representado pelo Ministério da Saúde, na qual o res-</p><p>ponsável busca liderar e desenvolver políticas de saúde, executando apenas</p><p>algumas ações em casos de exceção.</p><p>• No nível Estadual - é representado pela Secretaria Estadual de Saúde, na</p><p>qual o responsável busca</p><p>coordenar, desenvolver e avaliar as políticas de saúde,</p><p>executando ações também em caráter de exceção, em alguns casos estratégicos</p><p>ou de maior complexidade ou ainda em casos em que o município tenha carência</p><p>ou omissão do gestor.</p><p>• No nível Municipal - é representado pela Secretaria Municipal de Saúde,</p><p>na qual o gestor municipal é responsável por programar, executar e avaliar o</p><p>atendimento de saúde que engloba a gerência das unidades e o processo que</p><p>envolve os recursos humanos.</p><p>De fato, o processo de descentralização ganha força com a criação da NOB/SUS</p><p>de 1996, quando foi pauta da 9ª Conferência Nacional de Saúde, na qual buscava-se au-</p><p>mentar o empoderamento dos municípios, buscando maior autonomia na gestão da saúde</p><p>(BUSATO; GARCIA; RODRIGUES, 2019).</p><p>Conforme Baptista (2007) a descentralização se apresentou como uma estratégia</p><p>de democratização que possibilitaria à população maior controle e acompanhamento da</p><p>área pública, na qual a população poderia interferir de forma mais efetiva no processo de</p><p>formulação política. Neste sentido, parte-se do pressuposto que quanto mais perto o gestor</p><p>está da sua comunidade, mais será sua chance de acertar na resolução dos problemas, o</p><p>que interfere diretamente na gestão.</p><p>De acordo com o CONASS (2011, p. 71), “com a aprovação das diretrizes do Pacto</p><p>de Gestão, pretendia-se iniciar um ‘choque de descentralização’ dos processos administra-</p><p>tivos relativos à gestão para as comissões Intergestores Bipartite (CIB)”.</p><p>De acordo com Baptista (2007), as instâncias destas comissões são representa-</p><p>das pelo: Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems); Conselho</p><p>Nacional de Secretários de Saúde (Conass) e pelas comissões: Comissão Intergestores</p><p>Bipartite (CIB) - estabelece pactos entre os municípios com a coordenação da gestão es-</p><p>tadual e a comissão Intergestores Tripartite (CIT) - estabelece pactos entre representantes</p><p>do Ministério da Saúde, do Conass e do Conasems.</p><p>60ORGANIZAÇÃO E ESTRUTURA DO SUSUNIDADE 3</p><p>Assim, conforme Solha (2014), por meio de instâncias de discussão e deliberação,</p><p>denominadas comissões, promove-se maior democracia em todas as esferas, quais sejam:</p><p>● A Comissão Intergestores Tripartite (CIT) foi formada na década de 1990 e possui</p><p>representantes do governo federal, estados e municípios. Esses representantes são</p><p>formados respectivamente pelo Conselho Nacional de Secretários de Estado da saú-</p><p>de (CONASS) representado pelos secretários estaduais e pelo Conselho Nacional</p><p>de Secretários Municipais de Saúde (CONASEMS) representado pelos secretários</p><p>municipais ou indicados por eles). Serve como espaço para formulação, condução e</p><p>execução de políticas públicas.</p><p>● As Comissões Intergestores Bipartite (CIBs), criadas em 1993 pela (NOB 01/93)</p><p>tem como representantes: as secretarias de estado da saúde (SES) e dos municí-</p><p>pios (Cosems), representado pelos Conselhos de Secretários Municipais de Saúde.</p><p>Machado, Lima e Baptista (2007) apresentam a estrutura institucional e decisória</p><p>no SUS.</p><p>FIGURA 2: ESTRUTURA INSTITUCIONAL E DECISÓRIA DO SUS</p><p>Fonte: SAS/MS (2003) APUD MACHADO; LIMA; BATISTA (2007).</p><p>Posteriormente, segundo Solha (2014), foram criados os Colegiados de Gestão</p><p>Regional (CGR), com estrutura distinta da CIT e da CIB, pois podem não possuir repre-</p><p>sentantes do estado, mas apenas de municípios que fazem parte das regiões de saúde. De</p><p>acordo com Brasil (2006, p.21) Apud Carneiro, Forster e Ferreira (2014, s.p), o CGR consti-</p><p>tui-se em um espaço de decisão na qual busca-se a identificação, a definição de prioridades</p><p>e a pactuação de soluções para uma RAS e serviços de AS de forma integrada e resolutiva.</p><p>Neste sentido, a formação do Colegiado e a forma de trabalho ocorre da seguinte forma:</p><p>O Colegiado deve ser formado pelos gestores municipais de saúde do con-</p><p>junto de municípios e por representantes do(s) gestor(es) estadual(ais), sen-</p><p>do as suas decisões sempre por consenso, pressupondo o envolvimento e</p><p>comprometimento do conjunto de gestores com os compromissos pactuados.</p><p>O Colegiado deve instituir processo de planejamento regional, que defina as</p><p>61ORGANIZAÇÃO E ESTRUTURA DO SUSUNIDADE 3</p><p>prioridades, as responsabilidades de cada ente, as bases para a programa-</p><p>ção pactuada integrada da atenção à saúde, o desenho do processo regu-</p><p>latório, as estratégias de qualificação do controle social, as linhas de investi-</p><p>mento e o apoio para o processo de planejamento local.</p><p>De acordo com Baptista (2007), o principal desafio seria a construção de uma</p><p>política de descentralização que fortalecesse de fato os gestores (estaduais e municipais)</p><p>mantendo o compromisso destes na garantia do SUS e a continuidade do Governo Federal</p><p>como principal regulador da política capaz de suprir as fragilidades dos estados e municí-</p><p>pios no suporte técnico e financeiro.</p><p>Corrobora-se na formulação da seguinte premissa à proposta da descentralização</p><p>e das suas diretrizes de regionalização e hierarquização, conforme afirma Baptista (2007,</p><p>p.54): “as diretrizes de regionalização e hierarquização só se concretiza com sucesso se há</p><p>solidariedade e cooperação entre os governantes (das três esferas de governo), transpa-</p><p>rência e democratização decisória”.</p><p>ATENÇÃO PRIMÁRIA,</p><p>SECUNDÁRIA E</p><p>TERCIÁRIA4</p><p>TÓPICO</p><p>62ORGANIZAÇÃO E ESTRUTURA DO SUSUNIDADE 3</p><p>Já mencionamos nesta única, que a hierarquização dos serviços de saúde, partem</p><p>da classificação dos serviços (tipo de cuidado), considerando a complexidade tecnológica.</p><p>Desta forma, na rede de atenção à saúde, temos três formas de atenção, quais sejam: a</p><p>atenção primária, a atenção secundária e a atenção terciária, temas que trataremos a seguir:</p><p>Atenção Primária</p><p>De acordo com Busato, Garcia e Rodrigues (2019), a Atenção Primária à Saúde</p><p>(APS) é definida pela representatividade do modelo de saúde da Grã-Bretanha, com o</p><p>Relatório Dawson, sobre questões importantes da organização da saúde, a qual surgiu a</p><p>separação por níveis de atenção: primário e secundário, serviços domiciliares, serviços</p><p>suplementares e hospital de ensino. O primeiro seria realizado por médicos generalistas, o</p><p>segundo por especialistas e o terceiro nível para necessidades cirúrgicas.</p><p>No Brasil, a APS tem uma estrutura em níveis de atenção reformulado pela Política</p><p>Nacional de Atenção Básica (PNAB), portaria n. 648 do Ministério da Saúde de 28 de março</p><p>de 2006, alterada em 2017, na qual os municípios podem partilhar as responsabilidades</p><p>com o Governo Federal. Busato, Garcia e Rodrigues (2019) afirmam que a APS utiliza os</p><p>mesmos princípios do SUS, das quais citam seis princípios:</p><p>01. Primeiro contato - atrelado ao acesso à saúde por meio das UBS.</p><p>02. Longitudinalidade - cuidado no decurso do tempo.</p><p>03. Integralidade - avalia a necessidade da saúde/população por meio de ma-</p><p>peamento.</p><p>04. Coordenação - compatibiliza informações e ações.</p><p>63ORGANIZAÇÃO E ESTRUTURA DO SUSUNIDADE 3</p><p>05. Abordagem familiar - relaciona informações a outros aspectos (crenças,</p><p>costumes, hábitos, dentre outros).</p><p>06. Enfoque comunitário - evidencia a necessidade de personalização do aten-</p><p>dimento.</p><p>De acordo com Solha (2014), a Atenção Primária, também chamada de atenção</p><p>Básica (AB) é o primeiro nível de atenção da saúde e serve como a porta de entrada no</p><p>SUS. Considerado a porta de entrada ela deve estar preparada para resolver pelo menos</p><p>85% dos problemas de saúde da população. Neste tipo de atenção, as tecnologias utiliza-</p><p>das são consideradas de baixa densidade, ou seja, são mais simples e baratas, entretanto</p><p>atendem à maioria das necessidades da população.</p><p>Vamos exemplificar como se dá esse tipo de atendimento: em uma UBS (Unida-</p><p>de Básica de Saúde) pode-se realizar a coleta e orientar-se sobre uma citologia oncótica</p><p>(Papanicolau), exame de câncer de colo de útero, visando a detectar de forma precoce</p><p>a presença de câncer. Esse exame, é considerado um exame barato, de fácil coleta e</p><p>que pode ser realizado por enfermeiros, durante uma</p><p>consulta de enfermagem, porém de</p><p>grande impacto em termos preventivos e de aceitação social.</p><p>Para Solha (2014, p. 22) “um dos atuais desafios do SUS é fazer com que a AB funcione</p><p>como porta de entrada do sistema, e não apenas como ‘serviços de ponte’ que encaminham para</p><p>os serviços de média e alta complexidade”. De acordo com isto, é possível melhorar a situação</p><p>com a Política Nacional de Atenção Básica, promulgada em 2011, cujo objetivo é a “ampliação</p><p>do acesso, condições sine qua non para garantir a universalidade”. Outro fator importante é</p><p>considerar a gravidade de risco, vulnerabilidade e critério cronológico do atendimento.</p><p>Neste sentido, conforme Busato, Garcia e Rodrigues (2019), para que o atendi-</p><p>mento seja integral e eficiente nas UBS as estratégias, por exemplo da implementação da</p><p>saúde da Família (ESF) é preciso que as ações sejam aprovadas pelo Conselho Municipal</p><p>de Saúde, com apreciação e aprovação da Comissão Intergestores Bipartite (CIB) e da</p><p>Secretaria Estadual de Saúde. De acordo com Machado (2019, p.12):</p><p>[...] a saúde da família, na atenção primária, assim, significa fazer saúde de-</p><p>mocraticamente com a população local, por meio da criação de vínculos e de</p><p>decisões tomadas a partir de prioridades eleitas pela comunidade. É gerar</p><p>mais acesso, mas também é entender os riscos locais; é construir o perfil</p><p>epidemiológico, mas é também ir para além dos dados em saúde ou doença;</p><p>é solidificar uma relação humanizada, mas, sobretudo, concretizar a susten-</p><p>tabilidade junto à comunidade local.</p><p>De acordo com Busato, Garcia e Rodrigues (2019), a ESF envolvem equipes mul-</p><p>tiprofissionais, a fim de conhecer os principais indicadores de saúde-doença, bem como</p><p>64ORGANIZAÇÃO E ESTRUTURA DO SUSUNIDADE 3</p><p>podem ser necessários agentes comunitários de Saúde (ACS) além do apoio da Saúde da</p><p>Família pelo Núcleo Ampliado de Saúde da Família e Atenção Básica (NASF-AB), constituí-</p><p>da por profissionais multidisciplinares da atenção básica, criado em 2008 pelo Ministério da</p><p>Saúde com objetivo de consolidar a atenção básica.</p><p>A NASF-AB é regulamentada pela Portaria de consolidação n. 2, na qual o núcleo</p><p>se configura como equipes multiprofissionais que atuam de forma integrada nas ESF, para</p><p>populações específicas como por exemplo, os ribeirinhos e com o programa academia de</p><p>saúde. A partir da publicação da Portaria n. 3.124, de 28 de dezembro de 2012, o Ministério</p><p>da Saúde criou o NASF 3, na qual qualquer município pode implantar a NASF, desde que</p><p>tenha uma equipe de saúde de família.</p><p>Ainda de acordo com os autores Busato, Garcia e Rodrigues (2019), uma outra</p><p>questão importante é o levantamento de necessidades epidemiológicas pelas Secretarias</p><p>Municipais com enfoque em linhas de cuidados para atendimento das realidades locais.</p><p>São exemplos destas linhas criadas pelo Ministério da Saúde: a Rede Cegonha, Rede de</p><p>Cuidados com pessoa Deficiente, etc.</p><p>Atenção Secundária</p><p>Para Solha (2014), a Atenção Secundária, é o segundo nível de atenção à saúde, na</p><p>qual os serviços e ações agregam serviços especializados e não podem ser sanadas com tec-</p><p>nologia de baixa densidade e, são realizados por ambulatórios/policlínicas e hospitais gerais.</p><p>Retornando ao exemplo da citologia oncótica: se o resultado do exame estiver nor-</p><p>mal, a mulher recebe orientações sobre cuidados com a saúde e novo retorno. Entretanto,</p><p>caso tenha alterações, serão necessários outros exames e a avaliação do especialista da</p><p>ginecologia, que possivelmente encaminhará para a realização de exame colposcopia, por</p><p>exemplo e um serviço de média complexidade. Outros exemplos de procedimentos de média</p><p>complexidade, de acordo com a tabela de procedimentos do Sistemas de Informações Ambu-</p><p>latoriais (SIA) são: cirurgias ambulatoriais especializadas que não demandam hospitalização,</p><p>diagnósticos e terapias especializadas realizadas por médico especialista ou por equipe</p><p>multiprofissional, análises clínicas, anatomopatologia e citopatologia, dentre outros.</p><p>Atenção Terciária</p><p>De acordo com Solha (2014), a Atenção Terciária, é o terceiro nível de atenção à</p><p>saúde, ou seja, é definida como procedimentos que envolvem alta tecnologia, e utiliza-se</p><p>de equipamentos como por exemplo, a ressonância magnética, considerada de alto custo e</p><p>profissionais altamente especializados. Exemplos de procedimentos de alta complexidade,</p><p>65ORGANIZAÇÃO E ESTRUTURA DO SUSUNIDADE 3</p><p>de acordo com a tabela de procedimentos e áreas do Sistemas de Informações Hospitalar</p><p>(SIH) são: assistência ao portador de doença renal crônica (hemodiálise ou diálise peri-</p><p>toneal), cirurgias (vascular, cardiovascular, reprodutiva ou fertilização assistida), implante</p><p>coclear, assistência traumo-ortopedia, assistência oncológica, dentre outros).</p><p>Importante salientar que um nível de atenção, não se torna mais ou menos impor-</p><p>tante, na atenção à saúde, a atenção de média complexidade, volta-se para o atendimento</p><p>especializado.</p><p>.</p><p>A alta complexidade (Atenção Terciária) está relacionada à qualificação de serviços, compreendendo alto</p><p>custo e alta tecnologia. A diferença da média, alta complexidade e baixa, está no repasse dos valores, dada</p><p>principalmente ao aumento da evolução tecnológica empregada, principalmente as que requerem maior</p><p>investimento de profissionais e equipamentos</p><p>Fonte: BUSATO, GARCIA, RODRIGUES (2019).</p><p>66ORGANIZAÇÃO E ESTRUTURA DO SUSUNIDADE 3</p><p>Prezado(a) aluno(a)!</p><p>Esta unidade trouxe uma melhor compreensão sobre a organização e a Estrutu-</p><p>ra SUS. Conhecendo a estrutura organizativa do SUS foi possível compreender que os</p><p>princípios organizativos: descentralização, regionalização e hierarquização, bem como a</p><p>participação social favorecem a melhoria da qualidade dos serviços realizados pelo SUS,</p><p>principalmente no atendimento das dimensões de defesa do SUS, do pacto pela vida e</p><p>do Pacto de gestão. Os serviços realizados pelo SUS envolvem diversos órgãos para a</p><p>sua operacionalização e embasada em uma diversidade de legislações e de portarias de</p><p>consolidação das matrizes diretivas, estruturante e operacional do SUS.</p><p>A saúde nem sempre foi o modelo Tecno Assistencial, ou seja, o modelo atual</p><p>oferece a devida importância aos critérios de hierarquização e regionalização da saúde</p><p>de acordo com os níveis de atenção primário, secundário e terciário de acordo com Plano</p><p>Diretor de regionalização e responsabilidades nas federações do governo (união, estado e</p><p>municípios) e da participação das instâncias: Conselho Nacional de Secretarias Municipais</p><p>de Saúde (Conasems); Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) e pelas co-</p><p>missões: Comissão Intergestores Bipartite (CIB) e a comissão Intergestores Tripartite (CIT),</p><p>além dos Colegiados de Gestão Regional (CGR).</p><p>Ao final, compreendemos como a atenção primária, secundária e terciária atuam,</p><p>na qual pudemos identificar a importância da atenção primária com a implementação da</p><p>Política Nacional da Saúde Básica por meio de estratégias como da implementação da</p><p>saúde da Família (ESF), bem como dos agentes comunitários de Saúde (ACS) além do</p><p>apoio da Saúde da Família pelo Núcleo Ampliado de Saúde da Família e Atenção Básica</p><p>(NASF-AB). Na atenção secundária e terciária, compreendemos que a saúde é mais com-</p><p>plexa, necessitando de mais tecnologias e profissionais especializados no atendimento e</p><p>realização de procedimentos, sem, entretanto, caracterizar um ou outro nível de atenção</p><p>mais ou menos importante na Rede de Atenção à Saúde.</p><p>Um Abraço e até a próxima Unidade!</p><p>CONSIDERAÇÕES FINAIS</p><p>67ORGANIZAÇÃO E ESTRUTURA DO SUSUNIDADE 3</p><p>A Gestão Participativa em Saúde, compreende todos os mecanismos de delibera-</p><p>ção e de gestão compartilhados, com ênfase no controle social, valorizando e fortalecendo</p><p>os mecanismos instituídos para controle social no SUS, incluindo os Conselhos e as Confe-</p><p>rências de Saúde, instrumentos essenciais na formulação da Política Estadual e Municipal</p><p>de Saúde, e firmar pactos com as demais</p><p>esferas de governo, visando a implementação da</p><p>Política Nacional de Gestão Estratégica e Participativa.</p><p>Busca também criar e apoiar Comitês e Grupos de Trabalho destinados à busca</p><p>da equidade, a exemplo dos Comitês Técnicos de Equidade em Saúde, População Negra,</p><p>LGBT, População em Situação de Rua e do Campo, Floresta e Águas. Inclui, ainda, ações de</p><p>educação popular em saúde, difusão dos direitos dos usuários e estratégias de promoção de</p><p>equidade em saúde para as populações em condições de desigualdade e/ou vulnerabilidade.</p><p>Deve também promover o desenvolvimento de novos canais e formas de mobi-</p><p>lização social e de participação popular na saúde, apoiando instâncias organizadas de</p><p>representação social, como organizações da sociedade civil e movimentos sociais. Dentre</p><p>os principais Instrumentos de Gestão Participativa no SUS temos a Política Nacional de</p><p>Gestão Estratégica e Participativa (ParticipaSUS). Ela foi instituída pela Portaria GM/MS</p><p>nº 3.027, de 26 de novembro de 2007,e reafirma os pressupostos da Reforma Sanitária</p><p>quanto ao direito universal à saúde enquanto responsabilidade do Estado – universalidade,</p><p>equidade, integralidade e participação social.</p><p>São destaques desta Política: a valorização dos diferentes mecanismos de partici-</p><p>pação popular e de controle social, a promoção da inclusão social de populações especí-</p><p>ficas e a afirmação do protagonismo da população na luta por saúde a partir da ampliação</p><p>de espaços públicos de debates e construção de saberes. Promove-se a integração e</p><p>interação das ações de auditoria, ouvidoria, monitoramento e avaliação com o controle</p><p>social, entendidos como medidas para o aprimoramento da gestão do SUS nas três esferas</p><p>de governo.</p><p>Fonte: BRASIL, 2019. Ministério da Saúde. Gestão Participativa em Saúde.</p><p>Disponível em: <http://www.saude.gov.br/participacao-e-controle-social/gestao-participativa-em-saude>. Acesso</p><p>em 10 jan. 2020.</p><p>LEITURA COMPLEMENTAR</p><p>68ORGANIZAÇÃO E ESTRUTURA DO SUSUNIDADE 3</p><p>MATERIAL COMPLEMENTAR</p><p>FILME/VÍDEO</p><p>• Título: SICKO - SOS Saude</p><p>• Ano: 2007</p><p>• Sinopse - O cineasta Michael Moore analisa as crises do sistema de</p><p>saúde americano e observa porque milhões de americanos continuam</p><p>sem seguro saúde adequado para tratamentos. Ele explica como o</p><p>sistema se tornou problemático e visita outros países que recebem</p><p>tratamentos gratuitos, tais como Canadá, França e Reino Unido.</p><p>• Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=VoBleMNAwUg</p><p>LIVRO</p><p>• Título: SUS: estrutura organizacional, controle, avaliação e re-</p><p>gulação</p><p>• Autoras: Ivana Maria Saes Busato; Ivana de França Garcia;</p><p>Izabelle Cristina Garcia Rodrigues.</p><p>• Editora: Intersaberes</p><p>• Ano: 2019</p><p>• Sinopse - O Sistema Único de Saúde (SUS) representa uma</p><p>grande conquista para o povo brasileiro, pois proporciona que toda</p><p>a população, desde a mais carente, tenha direito a um serviço de</p><p>saúde bom e gratuito. Contudo, encontrar soluções administrati-</p><p>vas que garantam a qualidade desses serviços, assimilando as</p><p>inúmeras mudanças pelas quais o sistema vem passando, não</p><p>é uma tarefa fácil.Conheça nesta obra como funciona a estrutura</p><p>organizacional do SUS – assim como as ações que de controle,</p><p>avaliação e regulação na área da saúde – e compreenda melhor as</p><p>tarefas e funções dos gestores que atuam nessa esfera.</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>Plano de Estudos</p><p>• Saúde Suplementar e Órgãos Reguladores;</p><p>• Planos de saúde;</p><p>• ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária);</p><p>• ANS (Agência Nacional de Saúde).</p><p>Objetivos da Aprendizagem</p><p>• Conceituar e contextualizar Saúde Suplementar e Órgãos</p><p>Reguladores;</p><p>• Entender a significância dos planos de saúde no contexto da saúde;</p><p>• Compreender o papel da ANVISA (Agência Nacional de Vigilância</p><p>Sanitária);</p><p>• Estabelecer a importância da ANS (Agência Nacional de Saúde) no</p><p>contexto da saúde suplementar.</p><p>Professor(a) Me. Mirian Aparecida Micarelli Struett</p><p>SAÚDE SAÚDE</p><p>SUPLEMENTAR SUPLEMENTAR</p><p>E ÓRGÃOS E ÓRGÃOS</p><p>REGULADORESREGULADORES</p><p>UNIDADEUNIDADE4</p><p>70SAÚDE SUPLEMENTAR E ÓRGÃOS REGULADORESUNIDADE 4</p><p>INTRODUÇÃO</p><p>Prezado (a) aluno (a)!</p><p>Nesta unidade de nosso livro, iremos compreender um pouco mais sobre a saúde</p><p>suplementar no nosso país, a necessidade da regulação na área da saúde tanto na área</p><p>pública quanto na área privada, através da legislação e das agências de vigilância sanitária</p><p>e da agência reguladora de saúde suplementar.</p><p>Portanto, iniciamos descrevendo acerca dos conceitos da saúde suplementar e da</p><p>necessidade da regulação no Brasil. Na qual será apresentado as três dimensões regula-</p><p>tórias instituídas pela Política Nacional da Regulação do SUS: Regulação de Sistemas de</p><p>Saúde, Regulação da Atenção à Saúde e Regulação do Acesso à Assistência.</p><p>Em seguida, será apresentado a evolução histórica da assistência da saúde privada</p><p>no Brasil, principalmente no que tange às operadoras de planos de saúde, quanto à sua forma</p><p>de atuação, mecanismos de regulação, interação com os serviços de assistência pública e</p><p>demais questões relativas ao funcionamento e a necessidade de regulação nesta área.</p><p>Dando sequência, no próximo tópico, será tratado sobre a Agência de Vigilância</p><p>Sanitária, a ANVISA, na qual conheceremos a Lei que a criou, sua finalidade, importância</p><p>e alguns exemplos de sua atuação como forma de promover a proteção da saúde da po-</p><p>pulação, por intermédio do controle sanitário da produção e consumo de produtos, dentre</p><p>outras atividades.</p><p>Ao final desta unidade, apresento a você, o funcionamento da Agência Nacional</p><p>de Saúde Suplementar (ANS), a necessidade de sua criação com forma de regular o mer-</p><p>cado privado de assistência à saúde, bem como a descrição de algumas das vedações e</p><p>obrigações quanto aos mecanismos de regulação a serem obedecidos pelas operadoras</p><p>de planos de saúde.</p><p>Portanto, prezado(a) aluno(a), desejo a você, uma boa leitura e aprendizado.</p><p>SAÚDE SUPLEMENTAR E</p><p>ÓRGÃOS REGULADORES1</p><p>TÓPICO</p><p>71SAÚDE SUPLEMENTAR E ÓRGÃOS REGULADORESUNIDADE 4</p><p>A Saúde Suplementar está relacionada aos serviços ofertados livremente no mer-</p><p>cado, chamadas de operadoras de planos de saúde, por exemplos. A Constituição Federal</p><p>de 1988 já apontava a possibilidade de oferta de serviços de saúde por meio da iniciativa</p><p>privada com monitoramento e supervisão do Estado.</p><p>Em 1988, a Constituição foi promulgada no congresso nacional. Entre todos os</p><p>assuntos existentes na Carta Magna incluía-se a Saúde que, com base no artigo</p><p>n. 196, foi declarada como dever do Estado, porém liberada à iniciativa privada, no</p><p>artigo n. 199 do mesmo documento (ZIROLDO, GIMENES, JUNIOR, 2013, p.217).</p><p>Entretanto, a CF (1988), não criou dispositivos para regulamentar o setor de planos</p><p>privados de assistência à saúde, dispondo apenas sobre o segmento de serviços chama-</p><p>do de complementar, ou seja, aquele contratado pelos gestores do SUS. De acordo com</p><p>Ziroldo, Gimenes e Júnior (2013, p.218-219), “o estado não tem condições de atender a</p><p>demanda de toda a população”, assim, “era de se esperar que o Governo Federal, por meio</p><p>de políticas de incentivo, favorecesse a saúde suplementar”. A ideia era de que a saúde</p><p>suplementar atendesse as parcelas crescentes da população</p><p>e deixasse o SUS livre para</p><p>atender os menos desprovidos de recursos.</p><p>Segundo Nitão (2004, p. 2):</p><p>[...] a característica principal do mercado de saúde suplementar é a natureza</p><p>contratual entre atores e uma demanda em função da renda das famílias e</p><p>da inserção no mercado de trabalho. Esta complexa relação envolve a inter-</p><p>mediação de terceiros – contratos entre indivíduos e famílias/empresas com</p><p>operadoras de planos de saúde, além de programas suplementares de saúde</p><p>de autogestão, patrocinados por empresas, públicas e privadas; ambas rece-</p><p>bendo o subsídio financeiro indireto da isenção fiscal de pessoas físicas ou</p><p>jurídicas que contratam estes planos.</p><p>72SAÚDE SUPLEMENTAR E ÓRGÃOS REGULADORESUNIDADE 4</p><p>De acordo com os autores, Ziroldo, Gimenes e Junior (2013), Busato, Garcia e Ro-</p><p>drigues (2019) e Scheidweiler (2019), o instrumento legal da Lei nº 9.656 de junho de 1998</p><p>que regulamenta os planos privados de assistência à saúde definiu regras específicas para</p><p>o setor é criada, a Agência Nacional Saúde Suplementar (ANS), cujas funções e demais</p><p>características da agência reguladora trataremos no último tópico desta unidade. Como afir-</p><p>mam Ziroldo, Gimenes e Júnior (2013, p.218) “com a criação da ANS, o mercado de saúde</p><p>Suplementar ganhou um marco regulatório importante para a sua integração” com o SUS.</p><p>Entretanto, somente em 2008, ocorre a regulamentação na área da saúde SUS,</p><p>com a Política Nacional de Regulação (PNR) instituída pela Portaria n. 1.559, possibili-</p><p>tando a plenitude das responsabilidades sanitárias do Brasil, na qual em seu Art. 2º regula</p><p>a atenção, o acesso e o sistema de saúde.</p><p>Considerando a necessidade de fortalecer o processo de regionalização, hie-</p><p>rarquização e integração das ações e serviços de saúde, resolve:</p><p>Art. 1º - Instituir a Política Nacional de Regulação do Sistema Único de Saúde</p><p>- SUS, a ser implantada em todas as unidades federadas, respeitadas as com-</p><p>petências das três esferas de gestão, como instrumento que possibilite a ple-</p><p>nitude das responsabilidades sanitárias assumidas pelas esferas de governo.</p><p>Para Busato, Garcia e Rodrigues (2019), o conceito de regulação está associado</p><p>ao “compromisso de otimizar o atendimento e os recursos aplicados ao sistema o público</p><p>de saúde. Por meio da regulação do sistema, fortalecem-se os princípios doutrinários (equi-</p><p>dade e integralidade) e busca-se garantir a universalidade da saúde”.</p><p>De acordo com o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (CONASS), em</p><p>Brasil (2011a) citado pelos autores Busato, Garcia e Rodrigues (2017), a regulação é defi-</p><p>nida como ação social que ocorre por meio da fiscalização, do controle, da auditoria e da</p><p>avaliação do sujeito social (estatal e não estatal) sobre a produção dos bens e serviços da</p><p>saúde. Essa regulação é composta por um conjunto de ações, de serviços e programas</p><p>(promoção, tratamento, paliação, reabilitação) para cuidados individuais e coletivos na</p><p>atenção ambulatorial/hospitalar.</p><p>Neste sentido, a regulação surgiu para coordenar todos os processos do sistema</p><p>SUS, que visa (BUSATO; GARCIA; RODRIGUES, 2019, p. 127):</p><p>[...] a condução política e o planejamento estratégico, a contratualização dos</p><p>serviços, a avaliação tecnológica em saúde, a avaliação econômica dos ser-</p><p>viços de saúde, o sistema de acesso regulado à atenção, o desenvolvimento</p><p>de recursos humanos, a normalização dos processos de trabalho, o controle</p><p>e a avaliação dos serviços de saúde, a auditoria em saúde, a vigilância em</p><p>saúde e o desenvolvimento científico e tecnológico.</p><p>Como forma de alcançar os objetivos dos sistemas de saúde, três dimensões regu-</p><p>latórias devem ser compreendidas (BUSATO; GARCIA; RODRIGUES, 2019), quais sejam:</p><p>01. Regulação dos sistemas de saúde - tem como objetivo fazer cumprir as</p><p>diretrizes SUS e definir normas (monitoramento, fiscalização, controle e avalia-</p><p>ção). Essas atividades são realizadas por distintos órgãos reguladores (nacional</p><p>e regional), inclusive o Ministério da Saúde.</p><p>73SAÚDE SUPLEMENTAR E ÓRGÃOS REGULADORESUNIDADE 4</p><p>Como exemplos conhecidos, temos a Agência Nacional de Saúde Suplementar</p><p>(ANS), cuja função se destina a regular planos de saúde privados e a Agência</p><p>Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), cuja função é regular o controle sa-</p><p>nitário de produção e consumo de produtos e serviços, envolvendo ambientes,</p><p>processos, insumos, tecnologias e controles etc.</p><p>O Controle social e as Ouvidorias também estão sob a responsabilidade da regu-</p><p>lação do sistema de saúde (nas três esferas), entretanto, não são considerados</p><p>órgãos reguladores do sistema de saúde.</p><p>02. Regulação da atenção à saúde - tem como objetivo assegurar a assistência</p><p>adequada às necessidades de saúde da população, utiliza-se os instrumentos de pla-</p><p>nejamento da saúde: Plano Plurianual (PPA), Lei das Diretrizes Orçamentárias (LDO)</p><p>e Lei Orçamentária Anual (LOA), na qual sua programação inclui o plano diretor de</p><p>regionalização (PDR), a programação geral das ações e serviços da saúde (PGASS),</p><p>a programação pactuada e integrada (PPI) e as redes de atenção à saúde (RAS).</p><p>Sua organização envolve a formalização e relação entre prestadores de servi-</p><p>ços (público e privado) e gestor, visando a interface com a regulação, controle,</p><p>avaliação e auditoria, já que as ações e o serviços do SUS constituem-se em</p><p>rede hierarquizada e regionalizada, sendo os principais responsáveis o gestor</p><p>municipal e de modo suplementar o gestor estadual e federal.</p><p>Para a definição de compras de saúde, por exemplo, utiliza-se das áreas jurídicas/</p><p>administrativas (para licitação) e para planejamentos de processos, utilizam-se</p><p>estudos de epidemiologia, de vigilância sanitária e financeiro. Já para a contrata-</p><p>ção de prestadores de serviços os meios para a sua formalização podem ocorrer</p><p>das seguintes formas: convênio, contrato administrativo, contrato de gestão,</p><p>termo de parceria, protocolo de cooperação entre entes públicos, consórcios</p><p>públicos e contrato organizativo da ação pública de saúde, a Coap.</p><p>03. Regulação do acesso à assistência - tem como objetivo garantir o acesso</p><p>equitativo e integral da assistência, garantidas por meio de protocolos de regulação,</p><p>que são fluxos padronizados (de acordo com pontos de atenção RAS e unidades</p><p>prestadoras de serviço) construídos desde a entrada o usuário no sistema de saúde</p><p>até o atendimento das necessidades do usuário de acordo com a gestão clínica</p><p>que ocorre por meio do protocolo clínico (atenuar a variabilidade de consultas) e</p><p>do protocolo de atenção e outras ferramentas como Telessaúde (teleconsultoria,</p><p>telediagnóstico e tele-educação na saúde e segunda opinião formativa) além do</p><p>matriciamento ou apoio matricial (em equipe, com intervenção pedagógica) e apoio</p><p>institucional (gestão de saúde). Nesta regulação a Ouvidoria tem papel de regula-</p><p>dor, pois analisa os interesses dos usuários e suas necessidades na área da saúde.</p><p>03.1. Complexo regulador - é formado por centrais de regulação de acesso</p><p>(atenção básica, especializada e de urgência) integrando as esferas estaduais,</p><p>municipais e regionais intervindo no agendamento, oferta e melhor opção tera-</p><p>pêutica para o paciente (consulta, exames especializados ou outra relacionada</p><p>à saúde) de acordo com classificação de risco, vulnerabilidade e priorização da</p><p>solicitação (condições clínicas, etc.). No âmbito estadual, regula-se o acesso à</p><p>assistência do município que não tem o serviço e é encaminhado a outro muni-</p><p>cípio que possa atender o usuário. Já no âmbito municipal, há o gerenciamento</p><p>74SAÚDE SUPLEMENTAR E ÓRGÃOS REGULADORESUNIDADE 4</p><p>com a estrutura local disponível enquanto no complexo regulador regional a</p><p>gestão é compartilhada entre SES e Secretarias Municipais (SMS).</p><p>Alguns instrumentos auxiliam na vigilância, monitoramento e acompanhamento dos</p><p>serviços de saúde, tanto na área pública quanto na área privada.</p><p>No Quadro 1, apresentamos estes sistemas de informação e regulação e suas</p><p>finalidades de forma sintetizada:</p><p>QUADRO 1: SISTEMAS DE INFORMAÇÃO E REGULAÇÃO</p><p>de Políticas Públicas em Saúde;</p><p>• Sanitarismo campanhista do início do século XX;</p><p>• Ministério da Saúde: criação e desenvolvimento;</p><p>• Lutas pela democratização do acesso à saúde.</p><p>Objetivos da Aprendizagem</p><p>• Conceituar e contextualizar Políticas Públicas em Saúde;</p><p>• Apresentar algumas definições dadas as Políticas Públicas em</p><p>Saúde;</p><p>• Compreender como se deu o Sanitarismo campanhista do século</p><p>XX;</p><p>• Apresentar a criação e o desenvolvimento do Ministério da Saúde;</p><p>• Entender como ocorreu a luta pela democratização do acesso à</p><p>saúde.</p><p>Professor(a) Me. Mirian Aparecida Micarelli Struett</p><p>POLÍTICAS PÚBLICAS POLÍTICAS PÚBLICAS</p><p>EM SAÚDE: DEFINIÇÃO EM SAÚDE: DEFINIÇÃO</p><p>E HISTÓRICOE HISTÓRICO1UNIDADEUNIDADE</p><p>INTRODUÇÃO</p><p>7POLÍTICAS PÚBLICAS EM SAÚDE: DEFINIÇÃO E HISTÓRICOUNIDADE 1</p><p>Prezado(a) aluno(a)!</p><p>Na manutenção da vida e da saúde humana na maioria das vezes, o próprio indi-</p><p>víduo desconhece os mecanismos para a sua preservação. Por isso, é preciso conhecer</p><p>o sistema que leva a esse direcionamento. As políticas públicas em Saúde vinculam-se às</p><p>necessidades que a população tem em relação à saúde.</p><p>Em algum momento de nossa vida, necessitamos de um atendimento relacionado</p><p>à saúde. Praticamente, essa necessidade já se inicia muito antes mesmo do nosso nas-</p><p>cimento, quando, por exemplo, há a necessidade de se fazer o exame diagnóstico para a</p><p>constatação da gravidez, de calcular o tempo de gravidez e da data provável do nascimen-</p><p>to. Desta forma, desde o nascimento até o nosso óbito, há a necessidade e a busca por</p><p>cuidados relacionados à saúde.</p><p>É muito comum relacionarmos a saúde pública ao Sistema Único de Saúde (SUS),</p><p>na qual se vinculam diversos tipos de necessidades provenientes da população que nem</p><p>sempre são atendidas imediatamente, principalmente por causa da grande procura por esse</p><p>atendimento que tem como principal característica a gratuidade. Mas, nem sempre foi assim.</p><p>Portanto, para entendermos como chegamos ao que conhecemos hoje, inicialmen-</p><p>te vamos traçar a trajetória política do Brasil com o objetivo de contextualizar as Políticas</p><p>Públicas em Saúde, apresentando suas principais definições. Em seguida, será apresen-</p><p>tado sobre o tema sanitarismo campanhista bem como da criação e o desenvolvimento</p><p>do Ministério da Saúde. Ao final desta unidade, apresento a você os principais fatos, mais</p><p>relevantes na luta pela democratização ao acesso à saúde.</p><p>Importante salientar, que a compreensão deste tema é de fundamental importância</p><p>para balizar o vosso conhecimento, e servir de suporte para a sua compreensão dos próxi-</p><p>mos temas tratados nas unidades deste livro.</p><p>Portanto, prezado(a) aluno(a), desejo a você, uma boa leitura e aprendizado.</p><p>POLÍTICAS PÚBLICAS EM</p><p>SAÚDE: DEFINIÇÕES E</p><p>HISTÓRICO1</p><p>TÓPICO</p><p>8POLÍTICAS PÚBLICAS EM SAÚDE: DEFINIÇÃO E HISTÓRICOUNIDADE 1</p><p>A Saúde Pública como um serviço gratuito foi assegurada pela legislação a partir da</p><p>Constituição Federal de 1988. Para entendermos como a saúde pública brasileira, chegou</p><p>ao atendimento gratuito e outras formas de atuação como conhecemos hoje, é preciso</p><p>conhecer sua trajetória política historicamente.</p><p>A Saúde Pública, se configura como Política Nacional, pautado na dimensão políti-</p><p>ca e social. Para Lechopier (2015, p. 210), ela é considerada “tanto uma disciplina científica</p><p>como um campo de políticas e ações relacionadas com a saúde da população”.</p><p>De acordo com Hack (2019), algumas iniciativas na área da saúde pública ocorre-</p><p>ram após a vinda da corte Portuguesa ao Brasil em 1808. A elite era atendida por médicos</p><p>formados no exterior enquanto o restante dos cidadãos era atendido por pajés e curan-</p><p>deiros. Assim, as primeiras ações públicas eram restritas a poucos profissionais, como</p><p>médicos, farmacêuticos e o controle dos portos. Somente no início do século XX, é que as</p><p>ações governamentais começaram a ocorrer principalmente relacionadas ao combate de</p><p>epidemias e a algumas iniciativas de saneamento. Outras ações na área da saúde eram</p><p>realizadas por profissionais de saúde com caráter de filantropia.</p><p>Sobre os antecedentes do Sistema Único de Saúde (SUS) - tema este que retrata o</p><p>período da Administração Portuguesa e do início das Políticas Públicas na época da saúde do</p><p>Império, da saúde da República e da institucionalização da Saúde Pública no Brasil até a cria-</p><p>ção do SUS - será descrito mais resumidamente na Unidade 2, tópico 2 do nosso livro didático.</p><p>Antes de compreendermos a definição de Políticas Públicas em Saúde, precisamos</p><p>compreender o termo “Políticas Públicas” e posteriormente, o da “Saúde Pública”. O Estado</p><p>9POLÍTICAS PÚBLICAS EM SAÚDE: DEFINIÇÃO E HISTÓRICOUNIDADE 1</p><p>como promotor do bem-estar da sociedade deve promover diversas ações e atuar nas mais</p><p>diversas áreas. Como por exemplos: na área da educação, na área da saúde, na área do</p><p>meio ambiente, dentre outras.</p><p>Para conseguir atender à sociedade e promover o bem-estar utiliza-se das Políticas</p><p>Públicas.</p><p>De acordo com SOLHA (2014, p. 71) Políticas Públicas representam:</p><p>[...] diretrizes para nortear as ações em determinada área da vida social. Sua</p><p>formulação envolve a discussão de vários atores da sociedade: governo,</p><p>legisladores, representantes de associações civis e de setores produtivos</p><p>(comércio, indústria, transporte, entre outros), resultando em um consenso.</p><p>Várias de suas proposições podem virar leis. Um bom exemplo, é a política</p><p>Nacional do Idoso, que prevê ações que vão desde a assistência à saúde</p><p>dessa população até a gratuidade do transporte público.</p><p>As Políticas Públicas, representam as ações e as decisões do Estado, voltadas</p><p>para a solução de problemas presentes na sociedade. Conforme os autores Simões et</p><p>al. (2008, p.5), “são a totalidade de ações, metas ou planos que os governos (nacionais,</p><p>estaduais ou municipais) traçam para alcançar o bem-estar da sociedade e o interesse</p><p>público” e [...] “são definidas pelos governos e não pela sociedade”, principalmente porque</p><p>as demandas da sociedade, representada pelos grupos organizados por exemplos, os Sin-</p><p>dicatos, Associações, dentre outros, não conseguem se expressar de forma integral, por</p><p>exemplos, por conta da diversidade (idade, religião, etnia, gênero, aspirações, etc), bem</p><p>como da limitação dos recursos públicos, ora escassos ou limitados.</p><p>O interesse público refletido pelos grupos gera disputas entre si, cabendo aos</p><p>formuladores de políticas públicas compreender e selecionar essas demandas e solicita-</p><p>ções maximizando o bem-estar da sociedade, uma vez que não poderá atender a todos</p><p>os grupos. Seus principais atores são: os estatais (políticos e servidores públicos) e os</p><p>privados, ou seja, a sociedade civil que não possuem vínculo com a estrutura do Estado</p><p>representados por Sindicatos, Centros de pesquisa, Grupos de pressão ou de interesse,</p><p>dentre outro (SIMÕES ET AL., 2008).</p><p>Para Lopes (2019) “Para que serve um Estado Democrático, se a liberdade e os direitos são outorgados sob</p><p>pressão?”</p><p>10POLÍTICAS PÚBLICAS EM SAÚDE: DEFINIÇÃO E HISTÓRICOUNIDADE 1</p><p>De acordo com Vasconcelos (2000) apud Borges (2002), a Saúde Pública faz parte,</p><p>ou seja, é parte integrante das Políticas Públicas definidas como de responsabilidade pública</p><p>e como direito social, ou seja, é entendida como política de proteção às pessoas. Envolve</p><p>a compreensão da vida comunitária, dos seus costumes, diversidade e sociabilidade, enfim</p><p>ela surge no momento da necessidade de assistência e proteção à saúde de pessoas. Já</p><p>para Lopes (2019, p. 97) a ação objetiva ainda “a promoção, a proteção e a recuperação</p><p>da saúde dos indivíduos”.</p><p>Segundo Lopes (2019), os diversos atores da sociedade (Estado, pessoas, famílias e</p><p>empresas) desempenham cada qual o seu papel. O Estado é considerado uma instituição po-</p><p>lítica, já o governo tem a função de controlar as ações do Estado, utilizando os seus recursos</p><p>da melhor forma. Se por um lado, temos a democracia emanada pelo povo - que estabelece</p><p>confronto e debate, por</p><p>Sistema de Informação</p><p>e Regulação</p><p>Finalidade</p><p>Cadastro Nacional de Estabeleci-</p><p>mentos de Saúde (CNES)</p><p>Auxilia o planejamento em saúde (três esferas) promoven-</p><p>do transparência nas informações (profissionais, equipa-</p><p>mentos, capacidade física, etc.)</p><p>Cartão Nacional de Saúde (CNS)</p><p>Presta informações do usuário com um único código de ca-</p><p>dastro (acesso municipal e estadual), vinculando procedi-</p><p>mentos, ações e serviços executados a esse cidadão.</p><p>Sistema Nacional de Regulação</p><p>(Sisreg)</p><p>Permite a regulação de recursos hospitalares e especiali-</p><p>zados provenientes da central de regulação que integram o</p><p>complexo regulador.</p><p>Central Nacional de Regulação de</p><p>Alta Complexidade (CNRAC)</p><p>Permite a regulação a pacientes que necessitam de atendi-</p><p>mento de alta complexidade.</p><p>Fonte: Adaptado de BUSATO; GARCIA; RODRIGUES, 2019.</p><p>Como você pode observar prezado(a) estudante, apresentamos neste tópico alguns</p><p>instrumentos de regulação e a criação Política Nacional de Regulação (PNR) para a saúde</p><p>e atendimentos prestados pela Saúde Suplementar. É importante salientar que a saúde</p><p>suplementar é de grande relevância para o equilíbrio da saúde da população. Entretanto,</p><p>não podemos nos esquecer que o direito à Saúde é um dever constitucional do Estado e</p><p>que não deve ser transferido a responsabilidade do Estado para a iniciativa privada.</p><p>Enquanto a receita da Saúde Suplementar em 2007, foi de mais de R$ 51,8 bilhões para atender 47,8 mi-</p><p>lhões de beneficiários, o Ministério da Saúde destinou verba de pouco mais de R$ 32,7 bilhões para o aten-</p><p>dimento de 136,2 milhões de brasileiros. Isso significa que para cada beneficiário da Saúde Suplementar o</p><p>setor arrecadou cerca de R$ 1.083,00/ano, enquanto que a verba no serviço público para cada usuário foi</p><p>de pouco mais R$ 240,00/ano. Equivale dizer que a Saúde Suplementar possui receita 4,5 vezes maior que</p><p>o serviço público de saúde para cada usuário.</p><p>Fonte: ZIROLDO; GIMENES; JÚNIOR (2013, p. 218).</p><p>PLANOS DE</p><p>SAÚDE2</p><p>TÓPICO</p><p>75SAÚDE SUPLEMENTAR E ÓRGÃOS REGULADORESUNIDADE 4</p><p>Segundo Scheidweiler (2019), o surgimento de planos de saúde data da década de 50,</p><p>vinculados às empresas, sem base legal e prestado de forma incipiente. Muitos deles funcio-</p><p>navam por meio de arrecadação de recursos provenientes da empresa e de seus empregados.</p><p>O caso da Caixa de Assistência aos Funcionários do Banco do Brasil (Cassi) e da Assistência</p><p>Patronal para os servidores do Instituto de Aposentadorias e Pensões dos Industriários (atual</p><p>Geap), são exemplos. Várias Estatais (Petrobrás e Eletrobrás, por exemplos) aderiram ao</p><p>modelo, dentre outras de abrangência estadual como a Copel e a Sanepar do Paraná.</p><p>Na forma de planos de saúde privados, surgiram a partir da década de 60, cha-</p><p>mados de planos de assistência médica e posteriormente a partir da década de 70 como</p><p>seguros-saúde. Na década de 90, com o estabelecimento da Lei n. 8078 do Código de De-</p><p>fesa do Consumidor (CDC) já se estabeleciam regras para defender e proteger os direitos</p><p>dos usuários de planos de saúde, principalmente em relação a contratualização/rescisão</p><p>destes instrumentos. Nesta época, já se percebia os abusos e a falta de regulamentação e</p><p>legislação (SCHEIDWEILER, 2019).</p><p>O setor de operadoras de planos de saúde foi estabelecido a partir da Lei de n.</p><p>9.656, de 3 de junho de 1998, definindo como Plano Privado de Assistência à Saúde:</p><p>[…] a prestação continuada de serviços ou cobertura de custos assistenciais</p><p>a preço pré ou pós estabelecido, por prazo indeterminado, com finalidade de</p><p>garantir, sem limite financeiro, a assistência à saúde, pela faculdade de aces-</p><p>so e atendimento por profissionais ou serviços de saúde, livremente esco-</p><p>lhidos, integrantes ou não de rede credenciada, contratada ou referenciada,</p><p>visando a assistência médica, hospitalar e odontológica, a ser paga integral</p><p>76SAÚDE SUPLEMENTAR E ÓRGÃOS REGULADORESUNIDADE 4</p><p>ou parcialmente às expensas da operadora contratada, mediante reembolso</p><p>ou pagamento direto ao prestador, por conta e ordem do consumidor.</p><p>De acordo com Ziroldo, Gimenes e Júnior (2013, p.220), com o atual “cenário da Saú-</p><p>de no Brasil, é sensato pensar que a contratação de um plano de saúde passou a ser questão</p><p>de necessidade”, [...] principalmente aos serviços de alta complexidade”, ofertados pelo SUS.</p><p>De acordo com Scheidweiler (2019), o Plano de Saúde pode ser contratado individual-</p><p>mente e estendido familiares ou coletivamente, por meio da empresa a qual o indivíduo está</p><p>vinculado. Em 1997, os planos de saúde cobriam aproximadamente 17 milhões de brasileiros.</p><p>Com o cooperativismo iniciou também um aumento dos planos de autogestão. Segundo a ANS,</p><p>de acordo com Casemiro (2018), citado por Scheidweiler (2019) a expansão de planos de saú-</p><p>de, se tornou mais expressiva nos planos empresariais, respondendo por cerca de 31 milhões</p><p>do total de planos existentes em 2018, com maior crescimento no Estado de São Paulo.</p><p>Segundo Scheidweiler (2019), as operadoras começaram a ficar mais exigentes</p><p>também, passando a ter uma gestão mais efetiva sobre os riscos e criando mecanismos</p><p>para regulamentar reajustes relacionados à correções periódicas e avanço de faixa etária</p><p>do segurado, pois implicava em maior risco e incremento na utilização do plano. Da mesma</p><p>forma outras questões precisavam de mais disciplina, nas quais são citadas:</p><p>• A cobertura dos planos contratados;</p><p>• O ressarcimento ao Sistema Único de Saúde (SUS);</p><p>• A dupla cobrança por parte dos prestadores de serviços;</p><p>• O melhor acompanhamento dos preços (plano e faixas);</p><p>• A capacidade de liquidez das operadoras de forma devidamente comprovada;</p><p>• Outro fator foi a presença de capital internacional, a partir da presença de ope-</p><p>radoras de saúde com capital estrangeiro.</p><p>Segundo Scheidweiler (2019), uma questão muito importante a ser dirimida entre</p><p>o setor público e as operadoras, é a falta de clareza nas informações, no que tange a</p><p>aumentos repentinos nos valores do prêmio a ser pago pelo usuário, a dupla interpretação</p><p>das normas contratuais causando problemas nas relações bilaterais, a situação sócio-eco-</p><p>nômica pela qual passa o usuário (desemprego, baixo poder aquisitivo, busca por planos</p><p>menos onerosos, com perdas de cobertura e prejuízos, dentre outros), que acaba migrando</p><p>para o SUS, aumentando ainda mais o número de usuários.</p><p>De acordo com Ciommo (2019, online), os planos de saúde enfrentam dificuldades</p><p>para manterem os serviços médicos contratados. A Associação Paulista de Medicina (APM)</p><p>77SAÚDE SUPLEMENTAR E ÓRGÃOS REGULADORESUNIDADE 4</p><p>realizou uma pesquisa em 2013, e constatou que 30% dos usuários dos planos de saúde</p><p>ou pagaram por consultas particulares ou procuraram o SUS.</p><p>Ainda de acordo com Scheidweiler (2019), não bastasse a migração do usuário para</p><p>o SUS, existe ainda a criação de uma terceira tabela para remuneração de procedimentos,</p><p>chamada de Tabela Única Nacional de Equivalência de Procedimentos (Tunep), apresentan-</p><p>do 15 valores intermediários preconizados pela Associação Médica Brasileira (AMB) e SUS.</p><p>Quanto aos serviços dos pacientes atendidos pelo SUS provenientes de usuários</p><p>de planos de saúde, foi criada uma parceria entre o Ministério da Saúde e a ANS objetivan-</p><p>do identificar quais são os usuários de operadoras que estão sendo atendidos pela rede</p><p>pública de saúde. Para Ciommo (2019, online), a lei afirma que todos os brasileiros devem</p><p>ser atendidos pelo Sistema SUS, entretanto aqueles que pagam plano de saúde e também</p><p>são atendidos pelo SUS, o governo deve receber o ressarcimento, pois os procedimentos</p><p>eram para ter sido efetivados pelo plano de saúde.</p><p>Outra questão relevante é (CIOMMO, 2019 online):</p><p>O orçamento do SUS para as despesas por paciente é muito abaixo dos</p><p>valores dos sistemas de saúde dos países desenvolvidos e bem abaixo das</p><p>mensalidades cobradas pelos planos de saúde. Além de custar caro, muitas</p><p>vezes os planos negam atendimento quando o usuário mais precisa, como</p><p>no caso de cirurgias de alto</p><p>custo, atendimento de idosos, portadores de de-</p><p>ficiências, tratamento de portadores de HIV e outros.</p><p>Além disso, segundo Scheidweiler (2019), quando é o SUS a ser ressarcido pelas</p><p>operadoras, a exigência é quase utópica, uma vez que falta exatidão da utilização do SUS</p><p>pelos usuários, bem como dos valores empregados ou sistemas de informação coerentes.</p><p>Para Scheidweiler (2019), os planos atualmente atendem a um quarto da popu-</p><p>lação Brasileira, e muitas pessoas aspiram à saúde suplementar, principalmente porque</p><p>a disponibilidade de profissionais é três vezes maior. Entretanto, de acordo com Ciommo</p><p>(2019 on line) o problema não é a qualidade de atendimento médico, mas sim a carência</p><p>de estrutura da iniciativa privada:</p><p>O Conselho Regional de Medicina de São Paulo informou que os problemas</p><p>não se devem à qualidade no atendimento médico, mas na carência da estru-</p><p>tura da iniciativa privada, já que o Brasil oferece entre dois a três leitos hospi-</p><p>talares para cada mil habitantes, enquanto que a OMS (Organização Mundial</p><p>de Saúde) recomenda de três a cinco. Seriam necessários mais 16 mil leitos</p><p>até 2016 para que o Brasil atinja o padrão recomendado.</p><p>De acordo com Casemiro (2018) apud Scheidweiler (2019) estão sendo analisadas</p><p>pela ANS o estudo de viabilidade técnica populares de planos de saúde como: a oferta</p><p>com valor reduzido com coparticipação em percentual, que não menos de 50% do valor do</p><p>78SAÚDE SUPLEMENTAR E ÓRGÃOS REGULADORESUNIDADE 4</p><p>procedimento a depender da situação demandada, em casos de alta complexidade, será</p><p>necessário segunda opinião médica para que seja autorizado, e as modalidades podem va-</p><p>riar de acordo com opções e possibilidades do usuário. A coparticipação, por exemplo, inibe</p><p>certos exageros por parte do usuário, que, por exemplo, na busca por segunda opinião,</p><p>acarreta custos desnecessários às operadoras. Uma outra estratégia utilizada pelas ope-</p><p>radoras é a manutenção de equipe própria para especialidades básicas e auditorias para</p><p>pareceres de medicamentos de alto custo e se valerem de franquia, com valor estabelecido</p><p>previamente em contrato, e diferença com responsabilidade da operadora.</p><p>Estudos estão sendo aperfeiçoados e em 2017 a ANS publicou novas informações</p><p>que dizem respeito ao rol de procedimentos e eventos da saúde, neste sentido, houve uma</p><p>atualização da lista de coberturas, entretanto, é necessária ampla atualização dos cálculos</p><p>atuariais e novas adaptações a serem tomadas continuamente. Mas é importante lembrar</p><p>que o consumidor está cada vez mais atento à legislação e, não deixará de buscar por seus</p><p>direitos, quando estes forem pactuados de forma legal.</p><p>ANVISA (AGÊNCIA NACIONAL</p><p>DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA)3</p><p>TÓPICO</p><p>79SAÚDE SUPLEMENTAR E ÓRGÃOS REGULADORESUNIDADE 4</p><p>A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), foi criada pela Lei nº 9.782,</p><p>de 26 de janeiro 1999, é considerada uma autarquia sob regime especial, com sede em</p><p>Brasília, porém presente em todo o território nacional. De acordo com o Artigo 2º desta Lei,</p><p>compete à Anvisa (BRASIL, 1999):</p><p>I - Definir a política nacional de vigilância sanitária;</p><p>II - Definir o Sistema Nacional de Vigilância Sanitária;</p><p>III - Normatizar, controlar e fiscalizar produtos, substâncias e serviços de in-</p><p>teresse para a saúde;</p><p>IV - Exercer a vigilância sanitária de portos, aeroportos e fronteiras, podendo</p><p>essa atribuição ser supletivamente exercida pelos Estados, pelo Distrito Fe-</p><p>deral e pelos Municípios;</p><p>V - Acompanhar e coordenar as ações estaduais, distrital e municipais de</p><p>vigilância sanitária;</p><p>VI - Prestar cooperação técnica e financeira aos Estados, ao Distrito Federal</p><p>e aos Municípios;</p><p>VII - Atuar em circunstâncias especiais de risco à saúde; e</p><p>VIII – Manter sistema de informações em vigilância sanitária, em cooperação</p><p>com os Estados, o Distrito Federal e os Municípios.</p><p>Como podemos perceber no no Art. 8º, existem diversos produtos, substâncias,</p><p>processos ou serviços relacionados ou não com a área da saúde, cuja vigilância têm in-</p><p>cumbência em relação a legislação em vigor, envolvem os aspectos de regulamentação,</p><p>controle e fiscalização de produtos e serviços que envolvem a saúde pública. Desta forma,</p><p>considerando em seu § 1º os bens e produtos submetidos ao controle e fiscalização sanitá-</p><p>ria pela Anvisa (BRASIL, 1999) apresentam-se:</p><p>80SAÚDE SUPLEMENTAR E ÓRGÃOS REGULADORESUNIDADE 4</p><p>I - Medicamentos de uso humano, suas substâncias ativas e demais insumos,</p><p>processos e tecnologias;</p><p>II - Alimentos, inclusive bebidas, águas envasadas, seus insumos, suas em-</p><p>balagens, aditivos alimentares, limites de contaminantes orgânicos, resíduos</p><p>de agrotóxicos e de medicamentos veterinários;</p><p>III - Cosméticos, produtos de higiene pessoal e perfumes;</p><p>IV - Saneantes destinados à higienização, desinfecção ou desinfestação em</p><p>ambientes domiciliares, hospitalares e coletivos;</p><p>V - Conjuntos, reagentes e insumos destinados a diagnóstico;</p><p>VI - Equipamentos e materiais médico-hospitalares, odontológicos e hemote-</p><p>rápicos e de diagnóstico laboratorial e por imagem;</p><p>VII - Imunobiológicos e suas substâncias ativas, sangue e hemoderivados;</p><p>VIII - Órgãos, tecidos humanos e veterinários para uso em transplantes ou</p><p>reconstituições;</p><p>IX - Radioisótopos para uso diagnóstico in vivo e radiofármacos e produtos</p><p>radioativos utilizados em diagnóstico e terapia;</p><p>X - Cigarros, cigarrilhas, charutos e qualquer outro produto fumígeno, deriva-</p><p>do ou não do tabaco;</p><p>XI - Quaisquer produtos que envolvam a possibilidade de risco à saúde, ob-</p><p>tidos por engenharia genética, por outro procedimento ou ainda submetidos</p><p>a fontes de radiação.</p><p>§ 2º Consideram-se serviços submetidos ao controle e fiscalização sanitária</p><p>pela Agência, aqueles voltados para a atenção ambulatorial, seja de rotina ou</p><p>de emergência, os realizados em regime de internação, os serviços de apoio</p><p>diagnóstico e terapêutico, bem como aqueles que impliquem a incorporação</p><p>de novas tecnologias.</p><p>§ 3º Sem prejuízo do disposto nos §§ 1º e 2º deste artigo, submetem-se ao</p><p>regime de vigilância sanitária as instalações físicas, equipamentos, tecnolo-</p><p>gias, ambientes e procedimentos envolvidos em todas as fases dos proces-</p><p>sos de produção dos bens e produtos submetidos ao controle e fiscalização</p><p>sanitária, incluindo a destinação dos respectivos resíduos</p><p>[...] dentre outras considerações.</p><p>Cabe à Anvisa eliminar, prevenir e diminuir riscos provenientes da produção e uso</p><p>dos produtos e dos serviços que envolvem a saúde ou condições ambientais utilizando-se</p><p>da legislação e regulamentações necessárias para a concessão das licenças sanitárias</p><p>para a produção, registro de produtos, certificação de boas práticas, monitoramento da</p><p>qualidade (produtos e serviços), fiscalização, educação, comunicação e vigilância de even-</p><p>tos adversos (SILVA; COSTA; LUCCHESE, 2018).</p><p>Um exemplo de atuação com a Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) da Anvisa,</p><p>é a criação da RDC de n. 36, publicada em 2013, que incorpora os conceitos de gestão</p><p>de risco e traz a obrigatoriedade da criação do Núcleo de Segurança do Paciente (NSP)</p><p>nos serviços de saúde, além da notificação, vigilância e do monitoramento dos incidentes</p><p>que ocorrerem na assistência à saúde. Para melhorar a operacionalização da vigilância e o</p><p>monitoramento foi publicado em 2015, pela Anvisa o Plano Integrado para Gestão Sanitária</p><p>81SAÚDE SUPLEMENTAR E ÓRGÃOS REGULADORESUNIDADE 4</p><p>da Segurança do Paciente em Serviços de Saúde, cujo objetivo é o monitoramento de</p><p>eventos adversos e avaliação das práticas de segurança do paciente (ANVISA, 2017).</p><p>A Anvisa recebe de profissionais de instituições e empresas as notificações de</p><p>incidentes, eventos adversos (EA) e queixas técnicas (QT) a partir do sistema NOTIVI-</p><p>SA (Sistema de notificações para vigilância sanitária). São exemplos de notificações de</p><p>eventos adversos: queda do paciente, reação adversa por uso de medicamentos, erros de</p><p>medicação, dentre outros. São exemplos de queixas técnicas às relacionadas</p><p>a produtos</p><p>com desvio de qualidade, de falsificação, sem registro da Anvisa ou sem autorização de</p><p>funcionamento e notificações de incidentes, como um evento adverso em um centro cirúr-</p><p>gico por exemplo (ANVISA, 2020 online).</p><p>No portal da Anvisa, são disponibilizados todos os atos normativos, considerados importantes na área de</p><p>atuação de vigilância, monitoramento e fiscalização. Esses atos normativos e suas alterações datam de 1966</p><p>até a data atual, servindo como busca para que o usuário encontre rapidamente as Leis, RDCs e outros</p><p>regulamentos importantes.</p><p>Fonte: Planilha com a lista dos atos normativos Anvisa. Disponível em: http://portal.anvisa.gov.br/legislacao#</p><p>ANS (AGÊNCIA</p><p>NACIONAL DE SAÚDE)4</p><p>TÓPICO</p><p>82SAÚDE SUPLEMENTAR E ÓRGÃOS REGULADORESUNIDADE 4</p><p>De acordo com os autores Busato, Garcia e Rodrigues (2019) e Scheidweiler (2019),</p><p>foi criado como monitoramento e controle dos direitos dos usuários da saúde, a Agência</p><p>Nacional Saúde Suplementar (ANS), afinal a regulamentação do sistema privado de saúde</p><p>necessitava de legislação adequada e se tornou um marco de controle às operadoras de</p><p>planos de saúde.</p><p>De acordo com Ziroldo, Gimenes e Júnior (2013, p.219):</p><p>Com a necessidade indubitável de regular e regulamentar um setor da mais</p><p>alta importância como a Saúde, a regulação veio para normatizar cobertu-</p><p>ras assistenciais e formas de atendimento visando garantir à população per-</p><p>tencente à Saúde Suplementar seus direitos e estabelecer deveres para as</p><p>empresas participantes do setor. Tal regulação tornou-se fundamental para</p><p>determinação de alguns parâmetros administrativos e financeiros que ao lon-</p><p>go dos anos que se seguiram começaram a se apresentar como verdadeiros</p><p>obstáculos no processo administrativo do segmento.</p><p>A ANS foi criada pela Lei n. 9.961, de 28 de janeiro de 2000 e regulamentada pelo</p><p>Decreto n. 3.327, de 5 de janeiro de 2000. Ela é considerada uma autarquia, vinculada ao</p><p>Ministério da Saúde do Brasil como um órgão de regulação, normatização, controle e fisca-</p><p>lização das atividades que garantam a saúde suplementar no Brasil. Dentre as finalidades</p><p>da ANS podemos citar:</p><p>• A promoção da defesa do interesse público na assistência suplementar à saúde;</p><p>83SAÚDE SUPLEMENTAR E ÓRGÃOS REGULADORESUNIDADE 4</p><p>• A regulação das operadoras setoriais, inclusive as relações com prestadores e</p><p>consumidores;</p><p>• A contribuição para o desenvolvimento de ações de saúde no Brasil.</p><p>Segundo Scheidweiler (2019), alguns elementos contraditórios foram desmistifica-</p><p>dos, como a ideia da criação da ANS para proteção de capital de multinacionais, o negativis-</p><p>mo e resistência da classe médica, que via na ANS uma interventora estatal, por exemplos.</p><p>De fato, a Lei n.9.656/1998 apresentou a necessidade de correções das irregularidades</p><p>praticadas por operadoras, cujas ações traziam desconforto aos usuários dos planos.</p><p>De acordo com Ziroldo, Gimenes e Júnior (2013, p.220), após o incremento da Lei</p><p>n. 9.656, a ANS afirmou que diversas operadoras encerraram as suas atividades. O que</p><p>nos leva a questionar se, “tais empresas cessaram de atuar porque eram mal geridas ou se</p><p>os efeitos da quantidade excessiva de normas, regulamentações e exigências financeiras</p><p>as tornaram inviáveis”.</p><p>Antes da formalização da legislação, reúne-se a Câmara de Saúde Suplementar</p><p>Suplementar (CAMSS) da ANS, que tem por finalidade auxiliar a Diretoria Colegiada nas</p><p>suas discussões. Com o auxílio de câmaras técnicas, são criados grupos técnicos para</p><p>fundamentar a elaboração da legislação. A ANS pode também ouvir a opinião da sociedade,</p><p>por meio de audiências públicas e dos agentes regulados para a elaboração de normas. À</p><p>câmara complete (ANS, 2020 on line):</p><p>• Acompanhar a elaboração de políticas no âmbito da saúde suplementar;</p><p>• Discutir, analisar e sugerir medidas que possam melhorar as relações entre</p><p>os diversos segmentos que compõem o setor;</p><p>• Colaborar para as discussões e para os resultados das câmaras técnicas;</p><p>• Auxiliar a Diretoria Colegiada a aperfeiçoar o mercado de saúde suplemen-</p><p>tar, proporcionando à ANS condições de exercer, com maior eficiência, sua</p><p>função de regular as atividades que garantam a assistência suplementar à</p><p>saúde no país; e</p><p>• Indicar representantes para compor grupos técnicos temáticos, sugeridos</p><p>pela Diretoria Colegiada.</p><p>Conforme publicado pela ANS (2019b) Apud Scheidweiler (2019), sobre o controle</p><p>de acesso aos serviços da saúde e dos mecanismos utilizados para atender as obrigações</p><p>das operadoras de planos:</p><p>84SAÚDE SUPLEMENTAR E ÓRGÃOS REGULADORESUNIDADE 4</p><p>QUADRO: RESTRIÇÕES E OBRIGAÇÕES DAS OPERADORAS DE PLANO DE SAÚDE.</p><p>O que o plano pode “restringir”, é</p><p>“vedado” às operadoras:</p><p>Obrigações das operadoras de planos</p><p>quanto aos mecanismos de regulação</p><p>• Impedir ou dificultar o atendimento em situa-</p><p>ções de urgência e emergência;</p><p>• Limitar a assistência à saúde, adotando</p><p>valores máximos de remuneração para proce-</p><p>dimentos, exceto os previstos com cláusulas de</p><p>reembolso;</p><p>• Diferenciar o atendimento por faixa etária,</p><p>grau de parentesco ou outras classificações</p><p>dentro do mesmo plano;</p><p>• Negar autorização para a realização de um</p><p>procedimento, exclusivamente porque o profis-</p><p>sional solicitante não pertence à rede creden-</p><p>ciada da operadora;</p><p>• Definir a coparticipação ou franquia no valor</p><p>integral do procedimento, a ser realizado pelo</p><p>usuário, ou criar fatores de restrição, que difi-</p><p>cultem o acesso à os serviços;</p><p>• Limitar em forma de percentual por evento,</p><p>os casos de internação, exceto as definições</p><p>especificadas em saúde mental;</p><p>• Reembolsar ao consumidor as despesas</p><p>médicas efetuadas, através do sistema de livre</p><p>escolha, em valor inferior ao pago diretamente,</p><p>na rede credenciada ou referenciada;</p><p>• Exercer qualquer atividade ou prática, que in-</p><p>frinja o código de ética médica ou odontológica;</p><p>e</p><p>• Exercer qualquer atividade que caracterize</p><p>conflito, com as disposições legais em vigor.</p><p>• Informar clara e previamente ao consumidor,</p><p>no material publicitário, no contrato e no livro,</p><p>da rede de serviços, os mecanismos de regu-</p><p>lação adotados, e todas as condições de cada</p><p>modalidade;</p><p>• Encaminhar à ANS, quando solicitado, docu-</p><p>mento técnico demonstrando os mecanismos</p><p>adotados e os critérios para sua atualização;</p><p>• Quando houver impasse no decorrer do</p><p>contrato, se solicitado, fornecer ao consumidor</p><p>laudo detalhado com cópia de toda a documen-</p><p>tação relativa às questões de impasse;</p><p>• Garantir ao consumidor o atendimento pelo</p><p>profissional avaliador para detecção dos casos</p><p>de aplicação das regras de avaliação, no prazo</p><p>máximo de 1 dia útil a partir do momento da</p><p>solicitação ou em prazo inferior quando carac-</p><p>terizada urgência;</p><p>• Quando houver divergência médica ou</p><p>odontológica a respeito de autorização prévia,</p><p>garantir a definição de impasse através da junta</p><p>constituída pelo profissional solicitante (ou no-</p><p>meada pelo usuário), por médico da operadora</p><p>e por um terceiro (escolhido em comum acordo</p><p>pelos profissionais, acima nomeados) cuja re-</p><p>muneração, ficará a cargo da operadora;</p><p>• Quando houver participação do consumidor</p><p>nas despesas decorrentes da realização de pro-</p><p>cedimentos, informar previamente à rede creden-</p><p>ciada e/ou referenciada em forma de franquia;</p><p>• Em caso de internação, quando optar por fator</p><p>moderador, estabelecer valores pré-fixados por</p><p>procedimentos e/ou patologias, que não pode-</p><p>rão sofrer indexação e deverão ser expressos</p><p>em reais.</p><p>Fonte: adaptado de ANS (2019b) Apud Scheidweiler (2019).</p><p>Independente das vedações e dos mecanismos de regulação existentes, conforme</p><p>afirma Ciommo (2019 on line), ainda há muitas dificuldades para os usuários do SUS. É</p><p>o que revela o Estudo feito pela Associação Paulista de Medicina quanto às salas lotadas</p><p>85SAÚDE SUPLEMENTAR E ÓRGÃOS REGULADORESUNIDADE 4</p><p>nos consultórios e Pronto Socorro, devido a demora no atendimento para os usuários dos</p><p>planos de saúde.</p><p>Além disso, 47% dos entrevistados queixaram-se da dificuldade em agendar</p><p>exames e conseguir</p><p>diagnósticos. As falhas no pronto-atendimento foram</p><p>mencionadas por nada menos do que 80% dos entrevistados. Em muitos ca-</p><p>sos existe a negativa na autorização dos exames, conforme relatado por 16%</p><p>dos usuários. Poucas dessas queixas chegam ao Procon ou à ANS – Agência</p><p>Nacional de Saúde, pois os usuários limitam-se a queixar-se às operadoras.</p><p>Apesar da evolução ocorrida nesta área, ainda há questões em que a ação da ANS</p><p>permanece impenetrável no âmbito de empresas que operam às margens da lei, com obje-</p><p>tivos corporativistas, visando ao lucro e a agregação de capital empresarial. Entretanto, os</p><p>mecanismos de controle das operadoras estão sujeitos às ordens legais da ANS, e somente</p><p>a partir da análise da ANS e aprovação é que os contratos podem ser formalmente firmados.</p><p>Como podemos perceber, a ANS, junto com a Câmara de Saúde Suplementar</p><p>Suplementar (CAMSS), câmaras técnicas e audiências públicas podem regular, monitorar</p><p>e fiscalizar a saúde suplementar no Brasil, desde que os mecanismos de controle destas</p><p>operadoras estejam sujeitas às ordens legais da ANS. Entretanto, o Brasil ainda enfrenta</p><p>outros sérios problemas, como a instabilidade mercadológica, os altos custos dos procedi-</p><p>mentos, a corrupção na área da saúde, a omissão da sociedade em compreender e buscar</p><p>os seus direitos, a falta de governança na área da saúde pública, dentre outros.</p><p>Ao invés de facilitar o acesso da população à Saúde Suplementar na tentativa de terceirizar sua obrigação,</p><p>o Estado Maior está dificultando a entrada de pessoas à Saúde Suplementar por meio da instabilidade</p><p>mercadológica que ele próprio causa ao setor.</p><p>Fonte: ZIROLDO; GIMENES; JÚNIOR (2013, p.220).</p><p>86SAÚDE SUPLEMENTAR E ÓRGÃOS REGULADORESUNIDADE 4</p><p>Prezado(a) aluno(a)!</p><p>Nesta última unidade de nosso livro didático, enfatizei a necessidade da saúde</p><p>suplementar, a regulação da assistência na área da saúde pública e privada, instituição</p><p>da Política Nacional de Regulação do SUS, e por fim, apresentei a você, as reguladoras</p><p>Agência Nacional de Vigilância Sanitária e a Agência Nacional da Saúde Suplementar.</p><p>Desta forma, foi possível entender que a Saúde Suplementar está relacionada</p><p>aos serviços ofertados livremente no mercado, prevista sua existência já na constituição.</p><p>Apesar da regulamentação relacionada aos planos privados de assistência à saúde ter sido</p><p>em 1998, e ter sido criado regulamentação pela ANS em 2000, somente em 2008 é que foi</p><p>criada a Política Nacional de Regulação no SUS, possibilitando a plenitude das responsa-</p><p>bilidades sanitárias no Brasil, com o compromisso de otimizar o atendimento e os recursos</p><p>aplicados ao sistema o público de saúde, nas três dimensões regulatórias (sistema de</p><p>saúde, atenção à saúde e acesso a assistência). Para auxiliar na vigilância, monitoramento</p><p>e acompanhamento dos serviços de saúde foram apresentados o CNS, CNES, SISREG e</p><p>CNRC, como sistemas de informação e regulação utilizados no SUS.</p><p>Em seguida, compreendemos um pouco mais sobre o surgimento dos planos de</p><p>saúde no Brasil, na qual apresentamos sua evolução histórica e alguns cenários da gestão</p><p>e dos mecanismos de regulação dos planos de saúde no país, bem como foi possível</p><p>entender como o SUS e os planos de saúde estão interagindo dentro deste contexto, princi-</p><p>palmente, porque, muitas vezes, apesar do SUS ser gratuito e o plano de saúde ser pago, o</p><p>reembolso/ressarcimento para o SUS acaba ocorrendo pela operadora, devido a operadora</p><p>não efetivar os serviços e procedimentos adequados à seus usuários e o paciente ter seu</p><p>tratamento efetuado no SUS.</p><p>Logo a seguir, você pode entender o papel da Agência Nacional de Vigilância Sani-</p><p>tária (Anvisa) na qual busca eliminar, prevenir e diminuir riscos, bem como das notificações</p><p>emitidas pelos profissionais da área da saúde que auxiliam no monitoramento e fiscalização</p><p>de eventos adversos, queixas técnicas, dentre outros importantes. Ao final, foi importante</p><p>conhecer a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), pois seu papel é fundamental</p><p>para os usuários dos serviços de saúde privada garantirem os seus direitos e também que</p><p>se estabeleçam os deveres, obrigações para as empresas participantes do setor.</p><p>Um abraço, Sucesso a você!</p><p>CONSIDERAÇÕES FINAIS</p><p>87SAÚDE SUPLEMENTAR E ÓRGÃOS REGULADORESUNIDADE 4</p><p>Operadoras de Planos de Saúde devem quase R$ 2 bilhões ao SUS. As segura-</p><p>doras questionavam a cobrança do STF, que decidiu pela legalidade. Para especialistas,</p><p>montante poderia ser revertido em investimentos no sistema e saúde pública. Dados da</p><p>Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) confirmam uma dívida de quase R$ 2 bi-</p><p>lhões dos planos de saúde com o Sistema Único de Saúde (SUS). O valor devido refere-se</p><p>ao atendimento prestado pela rede pública a usuários conveniados com setores privados.</p><p>Para especialistas, o montante poderia ser usado como recurso para a recuperação do</p><p>serviço público afetado pelos cortes promovidos pela gestão Temer.</p><p>Apesar de a cobrança ser prevista desde 1998 pela Lei 9.656, as seguradoras</p><p>entraram com ação no Supremo Tribunal Federal (STF) questionando a constitucionali-</p><p>dade do ressarcimento feito e calculado pela ANS. Segundo a pesquisadora em saúde do</p><p>Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec) Ana Carolina Navarrete, as empresas</p><p>apostaram na judicialização do processo para evitar o pagamento da dívida. No entanto,</p><p>após 20 anos de espera, o STF decidiu em fevereiro que a cobrança é legal e pode ser feita</p><p>pela agência reguladora.</p><p>“A partir de agora um novo horizonte se abre para a saúde pública. Com esse</p><p>entendimento pacificado, é possível que esses processos prossigam e enfim as empresas</p><p>paguem o que é de direito”, afirma a pesquisadora do Idec, destacando que o ressarcimen-</p><p>to dos planos de saúde não retira a necessidade de revogação da Emenda Constitucional</p><p>(95), que congela por 20 anos os investimentos sociais.</p><p>Da mesma forma entende a médica e diretora executiva da CUT Juliana Salles, que</p><p>cita ao aumento da mortalidade infantil como uma consequência da lei do teto de gastos.</p><p>Para a sindicalista, a revisão da norma e o investimento dos recursos da dívida com o SUS</p><p>podem recuperar diversos serviços. “Poderia suprir as equipes de Saúde da Família que</p><p>estão sendo descredenciadas, além de suprir todos os municípios com relação à assistên-</p><p>cia à saúde primária e à cobertura de vacina oferecida pelo sistema público”.</p><p>Fonte: https://www.redebrasilatual.com.br/saude-e-ciencia/2018/07/operadoras-de-planos-de-saude-devem-</p><p>quase-r-2-bilhoes-ao-sus/</p><p>LEITURA COMPLEMENTAR</p><p>88SAÚDE SUPLEMENTAR E ÓRGÃOS REGULADORESUNIDADE 4</p><p>MATERIAL COMPLEMENTAR</p><p>FILME/VÍDEO</p><p>• Título: Wit, uma lição de vida</p><p>• Ano: 2001</p><p>• Sinopse: Filme muito instigante para se discutir com profissionais</p><p>de saúde em hospitais sobre a forma como estão lidando com seus</p><p>pacientes. Mais rico ainda se for usado como material de oficinas</p><p>em enfermarias com altas taxas de óbitos. Com certeza fará com</p><p>que principalmente médicos e enfermeiras possam ser motivados</p><p>a rediscutir seus processos de trabalho evidenciando as ações que</p><p>fazem com que muitas vezes os pacientes os rotulem como “frios”</p><p>e “insensíveis”.</p><p>LIVRO</p><p>• Título: Fundamentos, regulação e desafios da Saúde Suplemen-</p><p>tar no Brasil</p><p>• Autor: Sandro Leal Alves</p><p>• Editora: Funenseg</p><p>• Ano: 2015</p><p>• Sinopse: Este livro explica como funciona a Saúde Suplementar,</p><p>faz a interação entre o público e o privado, apresentando aspectos</p><p>demográficos e epidemiológicos e combinação entre regulamentos</p><p>e incentivos, dentre outros aspectos.</p><p>89</p><p>Como você pôde perceber, prezado(a) estudante, os temas tratados nesta discipli-</p><p>na trazem importantes aspectos de natureza conceitual, contextual e histórico das Políticas</p><p>Públicas de Saúde no Brasil, portanto, foi possível perceber as políticas da saúde são parte</p><p>integrante das políticas públicas.</p><p>Neste sentido, na Unidade I, com o tema “Políticas Públicas em saúde: definição e his-</p><p>tórico” apresentamos</p><p>a você os principais aspectos de natureza conceitual e histórica do SUS</p><p>em relação às políticas Públicas, seguida dos tipos de políticas públicas na saúde de públicos</p><p>específicos níveis e áreas de atuação dessas políticas, bem como o histórico sanitário campa-</p><p>nhista e as primeiras intervenções na área da saúde pelo Estado culminando na apresentação</p><p>da criação do Ministério da Saúde e na busca pela democratização da saúde no Brasil.</p><p>Na Unidade II, com o tema “Sistema Único de Saúde - SUS”, você compreendeu o que</p><p>representa o SUS na sociedade. Desta forma conhecemos seus antecedentes históricos desde</p><p>a Administração da Coroa Portuguesa até a Instituição da Saúde e o movimento sanitário que</p><p>antecedem à Constituição Federal de 1988 e a implantação do SUS com as Leis Ordinárias da</p><p>Saúde (LOS) n. 8080 e 8142 de 1990. Ao final fizemos um contraponto do princípio da Univer-</p><p>salização da saúde, apresentando os principais avanços e obstáculos na implantação do SUS.</p><p>Na Unidade III, com o tema “Organização e Estrutura do SUS”, destacamos a orga-</p><p>nização e estrutura do SUS, com ênfase nos aspectos organizativos da descentralização,</p><p>regionalização e hierarquização do SUS. Neste aspecto, compreendemos como o Sistema</p><p>está estruturado e organizado nas três esferas de atuação governamental (União, Estado e</p><p>Municípios), bem como ao final compreendemos um pouco mais sobre os níveis de atenção</p><p>e complexidade de assistência à saúde da população.</p><p>Ao final do nosso livro, na Unidade IV, com o tema “Saúde Suplementar e órgãos</p><p>Reguladores”, apresentamos uma integração da saúde suplementar, sua importância no</p><p>contexto da saúde e do SUS, bem como as formas de regulação tanto das ações no âmbito</p><p>do SUS quanto no âmbito da assistência privada, no que tange à regulação das operadoras</p><p>de planos de saúde executada pela Agência Reguladora ANS. Ainda nesta Unidade, apre-</p><p>sentamos as funções da Agência Nacional de Vigilância Sanitária exemplificando um pouco</p><p>de sua atuação na área da saúde.</p><p>Espero, sinceramente, ter contribuído com vosso aprendizado, um abraço e Sucesso!</p><p>CONCLUSÃO GERAL</p><p>90</p><p>______. Agência Nacional de Vigilância Sanitária.Gestão de Riscos e Investigação de</p><p>Eventos Adversos Relacionados à Assistência à Saúde.Brasília: Anvisa, 2017.</p><p>______. Presidência da República. Lei nº 9.782, de 26 de janeiro de 1999. Disponível em:</p><p><http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9782.htm>. Acesso em: 18 jan. 2020.</p><p>_______. Ministério da Saúde. Portaria de Consolidação n. 2. Consolidação das normas</p><p>sobre as políticas nacionais de saúde do Sistema Único de Saúde. Disponível em: <http://</p><p>bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2017/MatrizesConsolidacao/Matriz-2-Politicas.</p><p>html>. Acesso em: 14 jan. 2019.</p><p>_______. Ministério da Saúde. Sistema Único de Saúde (SUS): estrutura, princípios e</p><p>como funciona. Disponível em:<http://www.saude.gov.br/sistema-unico-de-saude>. Acesso</p><p>em: 14 jan. 2019.</p><p>________. Conselho Nacional dos Secretários da Saúde. Sistema Único de Saúde: CO-</p><p>NASS para entender a gestão do SUS 2011 - atualização em jun.2015. 1. ed. Brasília:</p><p>CONASS, 2011.</p><p>________. Ministério da Saúde. Secretaria de Gestão Estratégica e Participativa. Decreto</p><p>nº 7.508, de 28 de junho de 2011: regulamentação da Lei nº 8.080/90 / Ministério da Saúde.</p><p>Secretaria de Gestão Estratégica e Participativa. – 1. ed., 4. reimpr. Brasília: Ministério da</p><p>Saúde, 2013.</p><p>________. Presidência da República. Lei n. 8080 de 19 de Setembro de 1990. Disponível</p><p>em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8080.htm#art33§4>. Acesso em: 10 de jan.</p><p>2020.</p><p>REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS</p><p>91</p><p>________. Presidência da República. Lei n. 12466 de 24 de Agosto de 2011. Disponível</p><p>em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8142.htm#art3§1>. Acesso em: 10 de jan.</p><p>2020.</p><p>________. Presidência da República. Lei n. 8142 de 28 de Dezembro de 1990. Disponível</p><p>em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8142.htm#art3§1>. Acesso em: 10 de jan.</p><p>2020.</p><p>BAPTISTA, T.W.F. História das políticas públicas de saúde no Brasil: a trajetória do direito</p><p>a saúde. In. MATTA, Gustavo Corrêa; PONTES, Ana Lúcia de Moura (Orgs.). Políticas</p><p>de saúde: organização e operacionalização do sistema único de saúde. Rio de Janeiro:</p><p>EPSJV / Fiocruz, 2007.</p><p>BORGES, C.C. Um pouco da história de saúde pública no Brasil. Extraído da tese</p><p>(2002) Disponível em: <https://teses.usp.br/teses/disponiveis/59/59137/tde-01072002-</p><p>091835/publico/01-Introducao_e_objetivo.pdf>.Acesso em: nov. 2019.</p><p>BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Notivisa. DIsponível em: <http://portal.</p><p>anvisa.gov.br/notivisa>. Acesso em: 18 jan. 2020.</p><p>BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília: Senado Federal,</p><p>1988.</p><p>BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria nº 1.559, de 1º de agosto de 2008. Disponível</p><p>em:<http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2008/prt1559_01_08_2008.html>.</p><p>Acesso em: 18 jan. 2020.</p><p>BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Gestão Estratégica e Participativa. Decreto</p><p>nº 7.508, de 28 de junho de 2011: regulamentação da Lei nº 8.080/90 / Ministério da Saúde.</p><p>Secretaria de Gestão Estratégica e Participativa. – 1. ed., 4. reimpr. Brasília: Ministério da</p><p>Saúde, 2013.</p><p>92</p><p>BRASIL. Presidência da República. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988.</p><p>Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/ConstituicaoCompilado.</p><p>htm>. Acesso em: 10 de jan. 2020.</p><p>BRASIL. Presidência da República. Lei Complementar nº 141, de 13 de janeiro de 2012.</p><p>Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/LCP/Lcp141.htm>. Acesso em: 14</p><p>de jan. 2020.</p><p>BRASIL. Presidência da República. Lei nº 9.656, de 3 de junho de 1998. Disponível em:</p><p><https://presrepublica.jusbrasil.com.br/legislacao/104153/lei-9656-98>. Acesso em: 18 jan.</p><p>2020.</p><p>BRASIL. Relatório Final da VIII Conferência Nacional de Saúde. Brasília: Ministério da</p><p>Saúde, 1986.</p><p>BUSATO, Ivana M.S; GARCIA, Ivana de F.; RODRIGUES, Izabelle C. G. SUS: estrutura</p><p>organizacional, controle, avaliação e regulação. Curitiba: InterSaberes, 2019.</p><p>CARNEIRO, P.S.; FORSTER, A.C.; FERREIRA, J.B.B. A dinâmica de três colegiados de</p><p>gestão regional: um olhar sobre a regionalização e pactuação. Saúde debate vol.38 no.100</p><p>Rio de Janeiro Jan./Mar. 2014.</p><p>CIOMMO, R.D. Usuários de planos de saúde migram para o SUS. Disponivel em: <ht-</p><p>tps://www.planodesaude.net/usuarios-dos-planos-de-saude-migram-para-o-sus/>. Acesso</p><p>em 18 jan. 2020.</p><p>CÔRTES ET AL. S.V. Conselho Nacional de Saúde: histórico, papel institucional e atores</p><p>estatais e societais. In. Participação e Saúde no Brasil. Soraya Vargas Côrtez (org.). Rio</p><p>de Janeiro: Editora Fiocruz, 2009. p.41-72.</p><p>ELIAS, P. E. Uma visão do SUS. In. SUS: o que você precisa saber sobre o Sistema Único</p><p>de Saúde. Vol.1 São Paulo: Editora Atheneu, 2008.</p><p>93</p><p>FERREIRA, S. M. G. Principais sistemas de informação de abrangência nacional. In. SUS: o</p><p>que você precisa saber sobre o Sistema Único de Saúde. Vol.1 São Paulo: Editora Atheneu,</p><p>2008.</p><p>FREITAS, M.C.ET AL. Conquistas, limites e obstáculos à redução de riscos ambientais à</p><p>saúde nos 30 anos do Sistema Único de Saúde. Ciênc. saúde colet. 23 (6) Jun 2018.</p><p>HACK, N.S. Política pública da saúde no Brasil: história, gestão e relação com a profissão</p><p>do serviço social. Curitiba: InterSaberes, 2019.</p><p>LECHOPIER, N. A. Quatro tensões na saúde pública. Estudos avançados 29 (83), 2015.</p><p>pp.209-231.</p><p>LOPES, M. Políticas da Saúde Pública: interação dos atores sociais. 2.ed. Revista e atuali-</p><p>zada. São Paulo: Editora Atheneu, 2019.</p><p>MACHADO, C.V.; LIMA, L. D.; BAPTISTA, T.W.F. Configuração Institucional e o Papel dos</p><p>Gestores no Sistema Único de Saúde. In. MATTA, Gustavo Corrêa; PONTES, Ana Lúcia de</p><p>Moura (Orgs.). Políticas de saúde: organização e operacionalização do sistema único de</p><p>saúde. Rio de Janeiro: EPSJV / Fiocruz, 2007.</p><p>MACHADO, R.R. Políticas de saúde no Brasil: um pouco da história. Rev. Saúde Públ.</p><p>Santa Cat., Florianópolis, v. 5, n. 3, p. 95-104, dez. 2012.</p><p>MACHADO. P.H.B. Prefácio. In. SILVA, Lincoln da; ARCHANJO, Daniela R.; ARCHANJO,</p><p>Lea R. Saúde da família na atenção primária. Curitiba: InterSaberes, 2013.</p><p>NITÃO, S. R. V. Saúde suplementar no Brasil: um estudo da dinâmica industrial pós-re-</p><p>gulamentação. Dissertação de Mestrado apresentada à Escola Nacional de Saúde Pública</p><p>Sérgio Arouca. Rio de Janeiro, 2004. 130 p.</p><p>94</p><p>OLIVEIRA. V. D. Saúde Pública e Políticas Públicas: campos próximos, porém distantes.</p><p>Saude soc. 25 (4) Oct-Dec 2016.</p><p>SANTOS, L.; CARVALHO, G.I.C. Sistema Único de Saúde: comentários à Lei Orgânica de</p><p>Saúde. 5ª ed. Revista atualizada, 2018.</p><p>SCHEIDWEILER, Lourival. Gestão dos serviços de saúde: uma visão setorial sobre con-</p><p>tratos, convênios, riscos e pessoas. Curitiba: InterSaberes, 2019.</p><p>SILVA, J.A.A.; COSTA, E.A.; LUCCHESE, G. SUS 30 anos: vigilância sanitária. Ciência &</p><p>saúde coletiva. 23 (6). Jun. 2018.</p><p>SILVA, S. S. ET AL. A saúde pública no Brasil: avanços e obstáculos de 1923 a 2006. In</p><p>Seminário Nacional de Diretrizes para a Enfermagem na Atenção Básica em Saúde.</p><p>Recife-PE, 2009.v.2.p.62-64.</p><p>SIMÕES Et al. Políticas Públicas: conceitos e práticas / supervisão por Brenner Lopes</p><p>e Jefferson Ney Amaral; coordenação de Ricardo Wahrendorff Caldas – Belo Horizonte:</p><p>Sebrae/MG, 2008. 48 p.</p><p>SOLHA, R.C.T. Sistema Único de Saúde: componentes, diretrizes e políticas públicas.</p><p>1.ed. São Paulo: Érica, 2014.</p><p>ZIROLDO, R.R.; GIMENES, R.O; JÚNIOR, C.C. A importância da Saúde Suplementar na</p><p>demanda da prestação dos serviços assistenciais no Brasil. O Mundo da Saúde, São</p><p>Paulo. 2013, 37(2), pp.:216-221.</p><p>ENDEREÇO MEGAPOLO SEDE</p><p>Praça Brasil , 250 - Centro</p><p>CEP 87702 - 320</p><p>Paranavaí - PR - Brasil</p><p>TELEFONE (44) 3045 - 9898</p><p>outro temos o desinteresse e a desmobilização dos políticos.</p><p>De acordo com Winslow (1920) Apud Lechopier (2015, p. 209), para se atingir os</p><p>objetivos da saúde pública, ou seja, “prevenir doenças, prolongar a vida e promover a</p><p>saúde” os meios são:</p><p>(1) a sanitarização do ambiente; (2) o controle das infecções transmissíveis;</p><p>(3) a educação individual da higiene pessoal; (4) a organização de serviços</p><p>médicos e de enfermagem para o diagnóstico precoce e o tratamento preven-</p><p>tivo de doenças; (5) construir a maquinaria social para assegurar a todos um</p><p>padrão de vida adequado para a manutenção da saúde.</p><p>Como podemos observar, os quatro primeiros itens estão relacionados à Saúde,</p><p>entretanto o último item não é unicamente sanitário, mas sim envolve outros dois campos,</p><p>a política e social. Por isso a saúde pública não é considerada somente como um campo</p><p>para acesso à satisfação das necessidades de saúde e recursos, mas também um campo</p><p>político em resposta a essas necessidades, incluindo também uma maior participação do</p><p>cidadão (LECHOPIER, 2015).</p><p>Para Solha (2014, p. 71) “as políticas públicas sempre estiveram relacionadas ao</p><p>momento histórico [...] modificada ao longo dos séculos XX e XXI, mas foi a partir de 1990</p><p>que houve uma aceleração deste processo”. Segundo Lopes (2019), o Sistema Único de</p><p>Saúde (SUS), instituído pela Lei n. 8090/90 reflete o desejo de seus legisladores, buscando</p><p>nada mais do que reduzir a exclusão das comunidades necessitadas, na área da Saúde.</p><p>Nesse sentido, vamos conhecer quais são essas Políticas Públicas implementadas</p><p>e desenvolvidas voltada às questões específicas, em sua maior parte com foco nas ques-</p><p>tões da saúde trazendo diversas responsabilidades aos gestores nos três níveis de Gestão:</p><p>Federal, Estadual e Municipal.</p><p>DEFINIÇÕES DE POLÍTICAS</p><p>PÚBLICAS EM SAÚDE2</p><p>TÓPICO</p><p>11POLÍTICAS PÚBLICAS EM SAÚDE: DEFINIÇÃO E HISTÓRICOUNIDADE 1</p><p>Solha (2014) categoriza as Políticas Nacionais em Saúde em:</p><p>• Política Nacional de Atenção Básica (PNAB) promulgada pela Portaria n.2488</p><p>de 21/10/2011;</p><p>• Política Nacional de Atenção Hospitalar (PNHOSP) promulgada pela Portaria</p><p>n.3390 de 30 de dezembro de 2013;</p><p>• Política Nacional de Atenção às Urgências (PNAU) promulgada pela Portaria</p><p>n.1600 de 7 de julho de 2011;</p><p>• Política Nacional de Promoção da Saúde (PNPS) promulgada pela portaria</p><p>n.687 de 30 de março de 2006;</p><p>• Política Nacional de Humanização em 2003;</p><p>• Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Mulher (PNAISM) lançado em</p><p>1984;</p><p>• Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Criança - PNAISC - Saúde da</p><p>Criança e do Adolescente em 2015;</p><p>• Política Nacional de Atenção à Saúde Integral do Homem (PNASIH);</p><p>• Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa (PNSPI) em 2006;</p><p>• Política Nacional de Medicamentos - Assistência Farmacêutica - trajetória histó-</p><p>rica desde a criação da CEME até Portaria de 2012 com a criação do Programa</p><p>Farmácia Popular do Brasil.</p><p>Para Hack (2019), o alcance das políticas públicas para a sociedade na área da</p><p>saúde, ou seja, considerando o direito à saúde e o próprio SUS, podem ser destinadas a</p><p>12POLÍTICAS PÚBLICAS EM SAÚDE: DEFINIÇÃO E HISTÓRICOUNIDADE 1</p><p>públicos específicos na promoção à saúde e categorizadas por tipo de atendimento, quais</p><p>sejam: 1. Promoção a saúde de Públicos específicos, 2. por Tipos de Atendimentos, e, 3.</p><p>Políticas da Humanização:</p><p>1. Promoção a saúde de Públicos específicos: contemplam a Saúde da popula-</p><p>ção Indígena, Saúde da Mulher, Saúde do Homem, Saúde da Criança e a Saúde da Pessoa</p><p>Idosa, além de outros como jovens e adolescentes, pessoas com deficiência, no sistema</p><p>prisional, população negra e do campo e da floresta:</p><p>1.1 Saúde Indígena</p><p>Segundo a Constituição Federal de 1988, essa população é reconhecida como</p><p>singular por seu tipo de organização formal, costumes, linguagem, etc. As especificidades</p><p>desse atendimento estão previstas na Lei nº 8080/1990, conhecida como Lei Arouca, altera-</p><p>da em 1999, e junto ao Decreto nº 3.156/1999 dispõem sobre as condições de atendimento</p><p>para esta categoria pelo SUS. Em 2002, o Ministério da Saúde aprova, por meio da Portaria</p><p>nº 254, a Política Nacional à Saúde dos Povos Indígenas, reconhecendo que esta categoria</p><p>tem especificidades culturais, comunitárias e epidemiológicas próprias, bem como existem</p><p>diversas comunidades reconhecidas e respeitadas.</p><p>Devido às especificidades dessas comunidades é preciso capacitar as equipes,</p><p>promovendo integração intercultural e assegurando a integralidade do direito à saúde. Exi-</p><p>ge também uma participação popular indígena no planejamento e avaliação dos serviços</p><p>prestados. Neste sentido, o controle social deve ser exercido nos conselhos de saúde.</p><p>1.2 Saúde da Mulher</p><p>A sua saúde está relacionada à maternidade (fertilidade, gestação, etc.), riscos de</p><p>doenças com maior agravo, condições culturais e sociais vivenciadas, como por exemplo,</p><p>violência doméstica ou sexual.</p><p>Na Lei 8080/90 está subscrito o trabalho de parto, parto e pós-parto imediato com direito</p><p>à acompanhante. Amparada pelas Leis: 11.664/2008 (câncer na mulher), 11.634/2007 (direitos</p><p>da gestante),11.340/2006 (violência doméstica e familiar), 11.1008/2005 (altera a lei 8080/90</p><p>parturientes), 10.778/2003 (notificação compulsória) e 9.263/1996 (planejamento familiar).</p><p>Em 2004, o Ministério da Saúde formulou a Política Nacional de Atenção à Saúde</p><p>Integral da Mulher envolvendo diversas questões como por exemplos: o atendimento quali-</p><p>ficado, às especificidades de subgrupos populacionais (mulheres negras, presidiárias, etc.),</p><p>a superação dos limites da saúde reprodutiva e sexual e a promoção da saúde da mulher.</p><p>13POLÍTICAS PÚBLICAS EM SAÚDE: DEFINIÇÃO E HISTÓRICOUNIDADE 1</p><p>1.3 Saúde do homem</p><p>A Saúde do Homem tem demandas relacionadas às doenças de maior incidência,</p><p>causas de morte as de reprodução cultural. A Portaria n. 1944 institui a Política Nacional</p><p>de Atenção Integrada à Saúde do Homem (doenças crônicas, as relacionadas à violência</p><p>e indicadores de menor expectativa de vida em relação às mulheres), buscando integração</p><p>com as políticas das mulheres, adolescentes e idosos e o investimento e promoção e pre-</p><p>venção do homem na APS (atenção primária em saúde), evitando seu agravamento.</p><p>1.4 Saúde da criança</p><p>Direito à Saúde e universalização pelo Estatuto da Criança e do Adolescente - ECA,</p><p>Lei n. 8069/90, que define os direitos da população até 18 anos (crianças entre 0 e 11 anos</p><p>e adolescentes de 12 até 18 anos), quanto aos direitos fundamentais (vida e saúde, liber-</p><p>dade, dignidade e respeito, convivência familiar e comunitária, cultura, esporte e lazer, e,</p><p>profissionalização e proteção no trabalho) e proteção, promoção e recuperação da saúde</p><p>desde a gestação, com prioridade de atendimento em relação ao adulto, com exceção</p><p>durante o período gestacional, ou seja, são ações transversais compreendendo mãe e filho.</p><p>Em 2015, dado às demandas diversas, é instituído a Política Nacional de Atenção</p><p>Integral à Saúde da Criança - PNAISC com o objetivo de promover e dar proteção à criança</p><p>e o aleitamento materno, com cuidados desde a gestação até os 09 anos, buscando reduzir</p><p>a morbimortalidade. Também protegendo a criança em situações de violência, bem como</p><p>dos adolescentes com fatores de riscos para a saúde, bem-estar e vida. Desde 2005, a</p><p>Portaria n. 1.968, já prevê obrigatoriedade na notificação ao Conselho Tutelar para casos</p><p>de maus-tratos (aspectos físicos, mental e social).</p><p>1.5 Saúde da Pessoa Idosa</p><p>Expressa na premissa do envelhecimento saudável e ativo, há um conjunto de</p><p>demandas nesta área: maior incidência de doenças, acompanhamento das doenças</p><p>crônicas e tratamento de doenças, tendo como referencial o Plano de Madri (sob a ótica</p><p>de sua contribuição para a sociedade) e o Estatuto do Idoso fundamentado pela Lei n.</p><p>10.741/2003. Em 2006, é instituída pela Portaria n.2.528 a Política Nacional de Saúde à</p><p>Pessoa Idosa, considerados ainda como grupos prioritários</p><p>na implementação da Rede de</p><p>Atenção à Saúde - RAS.</p><p>2. Por Tipos de Atendimentos: contempla os atendimentos na Saúde Mental,</p><p>Saúde Bucal e Atenção Farmacêutica.</p><p>14POLÍTICAS PÚBLICAS EM SAÚDE: DEFINIÇÃO E HISTÓRICOUNIDADE 1</p><p>2.1 Saúde Mental</p><p>Antes privilegiado pelo Internamento, a partir da Lei n. 10.216/2001 tem como</p><p>modelo a atenção psicossocial, alinhada a direitos humanos, superação de preconceitos,</p><p>reconhecimento (identidade, autonomia e participação), redefinindo o modelo de atenção</p><p>anterior, focado em atendimento para reinserção social e o direito à convivência familiar e</p><p>comunitária, bem como com novos espaços de atendimento por exemplos o ambulatório</p><p>(hospital-dia) e os centros de atenção psicossocial (Caps).</p><p>Essa Reforma Psiquiátrica rompe com o modelo anterior, o manicomial (ofertar</p><p>cuidados, muitas vezes traduzidas em maus-tratos e controle de diferenças), envolvendo</p><p>a reorganização dos hospitais e leitos psiquiátricos orientadas pela Portaria n. 251/2002,</p><p>implementando o programa De volta pra Casa (reintegração social) e de novos espaços de</p><p>saúde básica e ambulatorial, tipo o Caps, com fortalecimento na perspectiva de redes com a</p><p>Portaria n. 3.088/2011, a Rede de Atenção Psicossocial - RAPS. Esse atendimento pressupõe</p><p>ainda a reinvenção da cidadania, onde esses indivíduos são compreendidos como sujeitos</p><p>sociais e políticos além da transformação epistemológica (processo de repensar, desconstruir</p><p>e reconstruir conceitos), técnico-assistencial (organização e cuidados), jurídico-política (nor-</p><p>malização dos termos) e sociocultural (abrange toda a sociedade). Esse modelo ainda é frágil</p><p>e existem muitas resistências apesar do intenso movimento de luta antimanicomial.</p><p>2.2 Saúde Bucal</p><p>O atendimento odontológico é feito em Unidades Básicas de Saúde - UBS, com</p><p>equipes atuando no tratamento dentário além de promoção e prevenção. O Ministério da</p><p>Saúde em 2003, lançou a Política Nacional de Saúde Bucal, estabelecendo diretrizes para</p><p>as ações de promoção e proteção à saúde bucal (informação e água fluoretada) com pers-</p><p>pectivas de recuperação, evitando o agravamento dos problemas de saúde e reabilitação</p><p>(integral e parcial) com desenvolvimento em níveis destacando que o campo prioritário de</p><p>atendimento é a APS, reconhecendo a especificidade da criança e adolescente, adultos,</p><p>idosos e gestantes, estabelecendo investimentos nos centros de referência de especialida-</p><p>des odontológicas - Creos em nível secundário e terciário de atenção, organizados de forma</p><p>regionalizada para atendimentos cirúrgicos periodontais, dentística de maior complexidade,</p><p>dentre outros, preservando a gratuidade e integralidade, disponibilizando inclusive, órteses</p><p>e próteses, exames diagnósticos e medicamentos necessários.</p><p>2.3 Atenção Farmacêutica</p><p>Apesar de muitos não saberem, todo cidadão tem direito à medicação para o seu</p><p>tratamento e recuperação à saúde. Entretanto, não é a todo tipo de medicamento disponível</p><p>15POLÍTICAS PÚBLICAS EM SAÚDE: DEFINIÇÃO E HISTÓRICOUNIDADE 1</p><p>em razão de livre escolha, mas atrelado a sua necessidade e disponibilidade nos diferentes</p><p>níveis de atenção. Em 1971, é criada a Central de Medicamentos (Ceme), vinculado ao Mi-</p><p>nistério da Previdência e Assistência Social e após ao Ministério da Saúde. Inicia-se assim</p><p>a distribuição de medicamentos, com diversas fragilidades como a falta de adequação às</p><p>necessidades regionais, desperdícios de investimentos em alguns tipos de medicamentos,</p><p>dentre outros problemas de logística e distribuição, lacunas para os medicamentos de alto</p><p>custo, prazo de validade, etc.</p><p>O novo formato composto pela Política Nacional de Medicamentos (Portaria n.</p><p>3.916/1998) e pela Política Nacional de Assistência Farmacêutica, de 2004, envolve todas</p><p>as esferas e gestores alinhadas a diretrizes para os medicamentos relacionados a adoção</p><p>de medicamentos essenciais, regulamentação sanitária, reorganização da assistência, pro-</p><p>moção do uso racional e da produção, desenvolvimento científico, tecnológico e capacitação</p><p>de recursos humanos, garantia de segurança, eficácia e qualidade desses medicamentos.</p><p>Na revisão dos medicamentos essenciais, está a Rename disponibilizado a lista</p><p>oficial, atualizando constantemente os medicamentos a partir da lógica do SUS. Em 2005</p><p>é criada a comissão Comare (Comissão técnica e multidisciplinar da Rename). Em 2017,</p><p>por meio da portaria n. 1.897, é publicada a nova versão (classificação por níveis de com-</p><p>plexidade e alfabética conforme recomendação da Organização Mundial de Saúde - OMS),</p><p>substituindo a de 2014, com gestão compartilhadas entre as federações e/ou por tipo de</p><p>componentes, compreendendo os componentes: básico (Cbaf), estratégico (Cesaf) e</p><p>especializado (Ceaf), e insumos e uso hospitalar.</p><p>Embora haja a fundamentação legal (cobertura universal, integral e de qualidade) o</p><p>que vemos ainda é a negação do direito, a omissão dos gestores, o não acesso aos medi-</p><p>camentos e insumos, fazendo com que a população busque por meio de ações judiciais a</p><p>exigibilidade de seu direito.</p><p>3. Política Nacional da Humanização - PNH</p><p>Proposta em 2003, tem como objetivo humanizar os processos de gestão e assistên-</p><p>cia na área da Saúde evidenciadas na implementação do SUS, propondo principalmente o</p><p>fomento à comunicação entre os componentes humanos, no intuito de melhorar o processos,</p><p>por meio de: princípios, métodos, diretrizes e dispositivos que servem de orientação para a</p><p>prática dos princípios da Humanização, quais sejam (BRASIL, 2011d APUD HACK, 2019):</p><p>3.1 Princípios - transversalidade, indissociabilidade na atenção e gestão, protago-</p><p>nismo, corresponsabilidade e autonomia dos sujeitos e coletivos;</p><p>16POLÍTICAS PÚBLICAS EM SAÚDE: DEFINIÇÃO E HISTÓRICOUNIDADE 1</p><p>3.2 Métodos - tríplice inclusão, inclusão dos diferentes sujeitos, analisadores so-</p><p>ciais e do coletivo;</p><p>3.3 Diretrizes - clínica ampliada, co-gestão, acolhimento, valorização do trabalho</p><p>e trabalhador, defesa dos direitos dos usuários, fomento à grupalidades, coletivos e redes,</p><p>construção da memória SUS que dá certo;</p><p>3.4 Dispositivos - Grupos de trabalho e Câmara Técnica de Humanização, colegia-</p><p>do gestor, contrato de gestão, escuta qualificada para usuários e trabalhadores da saúde,</p><p>visita aberta, direito a acompanhante, programa de formação do trabalhador e comunidade</p><p>ampliada de pesquisa, equipe transdisciplinar de referência e apoio matricial, projetos co</p><p>geridos de ambiência, acolhimento com classificação de riscos, projeto terapêutico singular</p><p>e de saúde coletiva, projeto memória do SUS que dá certo.</p><p>De acordo com Hack (2019), os resultados pretendidos e alcançados na PNH</p><p>está diretamente atrelada a Qualidade na prestação dos serviços da saúde, ou seja, visa</p><p>diminuir filas e agilizar o atendimento, melhorar o fluxo de informação, maior resolutividade</p><p>do serviço na área da saúde, melhores condições de vida para o trabalhador e para o</p><p>usuário do serviço SUS, garantir os direitos dos cidadãos, dentre outras formas de melhorar</p><p>continuamente a prestação dos serviços na área da saúde.</p><p>As políticas públicas de saúde no Brasil estão relacionadas a diversos momentos</p><p>históricos envolvendo descobertas científicas, a situação econômica e questões sociais, na</p><p>qual a saúde do sistema Brasileiro passa por diversas fases, sendo modificada ao longo</p><p>dos séculos e visando a sua qualificação até o momento que conhecemos hoje com a</p><p>implementação do SUS (SOLHA, 2014).</p><p>No nosso próximo Tópico, vamos continuar essa trajetória histórica, dando conti-</p><p>nuidade aos investimentos na área da saúde, e a criação dessas políticas, que se estabele-</p><p>ceram como prioridade, porém visando o desenvolvimento econômico, no século XX.</p><p>SANITARISMO</p><p>CAMPANHISTA DO</p><p>INÍCIO DO SÉCULO XX3</p><p>TÓPICO</p><p>17POLÍTICAS PÚBLICAS EM SAÚDE: DEFINIÇÃO E HISTÓRICOUNIDADE 1</p><p>De acordo com Oliveira (2016, p.1), no século XX, o Estado investiu em imunização</p><p>para evitar o alastramento das doenças, ou</p><p>seja, o Estado torna “a vacina obrigatória,</p><p>cujas intervenções eram impostas com severidade, transformando-se em caso de polícia”.</p><p>Além da preocupação em relação às exportações, a outra preocupação eram os imigrantes,</p><p>utilizados como mão de obra escrava, pois o seu adoecimento interferiria diretamente no</p><p>desenvolvimento econômico, principalmente nas regiões urbanas.</p><p>Nesta época, as doenças como varíola e a hanseníase eram as que traziam maior</p><p>atenção, por conta da forma de contágio, mas havia também a febre amarela e a malária.</p><p>Neste sentido as intervenções do governo eram a partir de campanhas, imunização e con-</p><p>trole sanitário, principalmente porque elas aumentavam devido às condições insalubres de</p><p>moradia e no espaço de trabalho. Esse modo de intervenção autoritária ficou conhecido</p><p>como Modelo Campanhista ou Sanitarismo Campanhista, devido às estratégias de</p><p>atuação muito semelhante à atuação de campanha dos militares (HACK, 2019).</p><p>Uma frase muito conhecida em nossos dias, e não obstante à época, era de que</p><p>“os fins justificavam os meios”. De acordo com Polignano (2001) Apud Hack (2019, p.23), “o</p><p>uso da força e da autoridade eram legitimados”, ou seja, o governo ordenava, e por força da</p><p>rigidez da lei os agentes de saúde, munidos de poder de polícia entravam nas residências</p><p>e vacinavam os moradores.</p><p>Na história das políticas públicas prevalece os interesses de mercado, pois eles se sobressaem às</p><p>necessidades da população. E, permanece desta forma na atualidade?</p><p>Fonte: A autora (2020)</p><p>18POLÍTICAS PÚBLICAS EM SAÚDE: DEFINIÇÃO E HISTÓRICOUNIDADE 1</p><p>Segundo Hack (2019), uma das ações mais conhecidas historicamente foi a vaci-</p><p>nação contra varíola em 1904, que ocorreu de forma compulsória, levando a uma revolta</p><p>da vacina, na qual os cidadãos negavam-se a ser vacinados. E porque essa revolta? A</p><p>explicação seria pela ignorância de que o processo de imunização poderia assegurar saúde</p><p>às pessoas ou porque ocorria de forma totalmente desvinculada de um processo de educa-</p><p>ção? Ou por conta da falta de um esclarecimento sobre a necessidade desta imunização?</p><p>Ou ainda, por causa das consequências deste procedimento?</p><p>Nesta época, até mesmo para se conseguir um emprego, ser matriculado em uma</p><p>escola ou habilitar documentos ou ainda viajar, era indispensável a apresentação da car-</p><p>teira de vacinação. Fato este, não diferente do que ainda ocorrem em algumas instituições</p><p>de ensino de nosso país ou quando vamos viajar para um ou outro país. Com o movimento</p><p>violento, segundo a Fiocrus (2005) Apud Hack (2019), a vacina deixou de ser obrigatória,</p><p>mas apesar da queda, houve demanda espontânea em anos posteriores a epidemia de</p><p>Varíola se tornou grave. Ainda segundo Hack (2019):</p><p>• Em 1918 com a gripe espanhola, evidencia-se a fragilidade do sistema de saú-</p><p>de, na qual foi criada a Liga Pró-Saneamento buscando uma reforma pela saúde,</p><p>pois se tornava um entrave para o desenvolvimento do País;</p><p>• Na mesma época, é criado o serviço de medicamentos para combater as ende-</p><p>mias da época e fortalecer o ministério responsável pela gestão; e</p><p>• Em 1921 há a expansão dos serviços de saúde para o capital internacional.</p><p>A atitude do Estado se torna mais agressiva principalmente quando há o contágio</p><p>de Lepra e Tuberculose, cujas internações eram compulsórias, exigindo o afastamento do</p><p>doente, levando-os à exclusão social, se traduzindo como desrespeito à dignidade humana.</p><p>Registrava-se em alguns casos, fragilidades nos diagnósticos, levando pacientes a serem</p><p>internados em Sanatórios, com diagnósticos de doenças mentais, por interesses privados,</p><p>significando uma forma de controle da sociedade (HACK, 2019).</p><p>O Hospital Colônia de Barbacena (MG) tornou-se conhecido como o “Holocausto Brasileiro”, dado às inúmeras</p><p>violências e mortes ocorridas no estabelecimento. O livro tem como título: Holocausto Brasileiro: vida, genocídio e</p><p>60 mil mortes ocorridas no maior hospício do Brasil, e o documentário, de 2016, chama-se Holocausto Brasileiro.</p><p>Fonte: HACK, 2019.</p><p>MINISTÉRIO DA</p><p>SAÚDE: CRIAÇÃO E</p><p>DESENVOLVIMENTO4</p><p>TÓPICO</p><p>19POLÍTICAS PÚBLICAS EM SAÚDE: DEFINIÇÃO E HISTÓRICOUNIDADE 1</p><p>O Ministério da Saúde foi criado em 1953 por Getúlio Vargas, a partir da Lei n. 1920.</p><p>Até então o Ministério da Saúde era parte do Ministério da Saúde, Educação e Cultura,</p><p>com a finalidade de organizar e formular planos e programas voltados para a promoção, a</p><p>prevenção e a assistência à saúde da população (OLIVEIRA, 2012).</p><p>De acordo com Oliveira (2012, p. 37), os acontecimentos no âmbito da saúde,</p><p>considerados significativos está relacionada à “criação do Ministério da Saúde em 1953</p><p>e a reorganização dos serviços de controle das endemias rurais” [...], pois eles são rela-</p><p>cionados [...] “a política de saúde pública da prevenção de doenças transmissíveis” [...] e</p><p>previdenciária, que era restrita aos contribuintes e seus dependentes.</p><p>De acordo com Borges (2002, p. 3) até a década de 60, “a assistência à saúde carac-</p><p>terizou-e basicamente pelo modelo médico-sanitário com duas vertentes bastantes distintas”,</p><p>sendo: 1 - epidemiológica - pautada unicamente no controle de doenças em escala social e,</p><p>2 - clínica - oferecer atendimento médico a quem fizesse parte do sistema previdenciário.</p><p>De acordo com Oliveira (2012), o Ministério da Saúde já passou por diversas re-</p><p>formas, buscando sua estruturação. Em 1974, por exemplo, englobava as secretarias de</p><p>Saúde e de Assistência Médica, passando a formar a Secretaria Nacional de Saúde.</p><p>Com a exclusão de determinados segmentos da saúde no atendimento público e</p><p>diversos problemas relacionados às questões econômico sociais, alguns profissionais se</p><p>mobilizam, dentre eles, políticos, sindicalistas, etc., trazendo novas formas de pensar a</p><p>saúde pública, que se fortaleceu com o movimento sanitário da década de 70, denominado</p><p>20POLÍTICAS PÚBLICAS EM SAÚDE: DEFINIÇÃO E HISTÓRICOUNIDADE 1</p><p>movimento sanitário, cujos principais locais destes eixos norteadores foram as universida-</p><p>des, onde a saúde era discutida criticamente.</p><p>É nessa época, que as discussões giravam em torno da saúde pública do país,</p><p>tratando sobre temas como a participação popular, a democratização das condições de</p><p>trabalho, a humanização no atendimento, ou seja, buscar a resolutividade.</p><p>Para Borges (2002, p. 5) “o subsistema público foi se tornando cada vez mais</p><p>precário” e foi nesta base de conflitos que foram [...] “se fortalecendo os movimentos em</p><p>defesa da reforma Sanitária” levando a “aprovação do SUS no final da década de 80”. Ainda</p><p>segundo o Borges (op. cit.), o movimento da Reforma, buscou também a democracia, e foi</p><p>com a realização do Simpósio Nacional de Políticas de Saúde em 1979, que se propuseram</p><p>novas orientações na área da saúde, já pensando na integralidade e descentralização da</p><p>saúde, porém não se priorizou essas novas propostas nesta época.</p><p>Somente na década de 80, a partir da Constituição Federal de 1988, determinou-se</p><p>que era o dever do Estado garantir saúde a toda a população, época, da criação do Sistema</p><p>Único de Saúde (SUS). Nos anos 80 e 90 se fortalece o processo de redemocratização do país</p><p>acompanhado por profundas crises nas políticas em Saúde. Nessas décadas, segundo Campos</p><p>(1997a) apud Borges (2002, p. 5), “a saúde funcionou dentro de um sistema plural, onde vários</p><p>modelos diferentes de assistência conviveram - um subsistema público, um privado e um liberal”.</p><p>Segundo Oliveira (2012), em geral, em programas de governo neoliberal, existe a</p><p>crença de que o Estado deve ser mínimo. Desta forma, cada pessoa cidadã, deveria ser</p><p>responsável pela sua saúde, afinal, é para isso que existem os planos de saúde e privados,</p><p>cabendo ao Estado apenas demandas não atendidas pelo Mercado. No Brasil, temos as</p><p>duas formas de prestação de serviços. Parte dela para o Estado, que assume geralmente</p><p>os custos mais caros não cobertos pelos Planos de Saúde e parte para o mercado privado.</p><p>Mas, a luta pela reforma sanitária, como</p><p>aponta Fleury (1997) apud Borges (2002, p.5):</p><p>[...] está intimamente ligada à democracia, na medida em que havia em suas</p><p>propostas, formulações doutrinárias para o encontro de ideais igualitários e</p><p>a tentativa de transformações das políticas públicas, através da regulamen-</p><p>tação e responsabilização do Estado pela proteção à saúde dos cidadãos.</p><p>Esta época ficou caracterizada por lutas pela democratização na área da saúde,</p><p>principalmente, pela necessidade que a população tinha do acesso à saúde.</p><p>LUTAS PELA</p><p>DEMOCRATIZAÇÃO</p><p>DO ACESSO À SAÚDE5</p><p>TÓPICO</p><p>21POLÍTICAS PÚBLICAS EM SAÚDE: DEFINIÇÃO E HISTÓRICOUNIDADE 1</p><p>Na década de 30, segundo Côrtes et al (2009, p. 41), o Conselho era mais um órgão</p><p>consultivo do Ministério da Educação e da Saúde Pública, sendo somente na década de 90</p><p>que seu papel é redefinido como “palco central dos embates sobre a reforma do sistema</p><p>brasileiro de Saúde [...] e [...] “se torna um canal para a representação dos interesses dos</p><p>atores diante do Estado”. E, como foi essa evolução?</p><p>De acordo com Borges (2002), diversas Conferências Nacionais de Saúde (CNS),</p><p>instituídas pela Lei n.378 de 1937 em diante avaliam o desenvolvimento no campo da</p><p>saúde. Em 1963, realizou-se a III CNS e nos movimentos se reivindicava o direito Universal</p><p>a um Sistema de Saúde, buscando a melhoria do bem-estar da saúde Brasileira.</p><p>De acordo com Lopes (2019), a partir da década de 60 houve uma maior partici-</p><p>pação dos indivíduos da sociedade civil na política. Mas foi em 1986, antes da Constitui-</p><p>ção Federal de 1988, de acordo com Borges (2002) e Baptista (2007), na 8ª Conferência</p><p>Nacional da Saúde que os principais temas foram abordados, dentre eles, o direito, a</p><p>reformulação do sistema e o financiamento setorial, na qual a saúde passou englobando</p><p>outras questões importantes como: as condições de alimentação, habitação, renda, meio</p><p>ambiente, trabalho, transporte, lazer, dentre outras. Nesta época, de acordo com Baptista</p><p>(2008, p.45-45) o cenário da década de 80:</p><p>[...] iniciou-se em clima de redemocratização, crise política, social e institu-</p><p>cional do Estado Nacional. A área social e, em especial, a previdência social</p><p>vivia uma crise profunda, assumindo medidas de racionalização e reestrutu-</p><p>ração do sistema. No âmbito da saúde, o movimento da Reforma Sanitária</p><p>indicava propostas de expansão da área de assistência médica e previdên-</p><p>cia, intensificando os conflitos de interesse com a previdência social e envol-</p><p>vendo poder institucional e pressões do setor privado.</p><p>22POLÍTICAS PÚBLICAS EM SAÚDE: DEFINIÇÃO E HISTÓRICOUNIDADE 1</p><p>Segundo os autores, Côrtez et al. (2009, p.52), até a reformulação da década de</p><p>90, o conselho era considerando um “conselho de notáveis”. A participação da sociedade</p><p>se deu em outros espaços, aparecendo em destaque a Comissão Nacional da Reforma</p><p>Sanitária com representação da população e de trabalhadores da saúde, considerado um</p><p>embrião da nova composição dos conselhos.</p><p>Para Hack (2019), o êxito da população na CF de 1988 não está atrelado apenas</p><p>ao direito à saúde, mas também à sua dimensão democrática, ou seja, à participação do</p><p>cidadão na condução política do País, pois não se trata apenas de voto, e sim de democra-</p><p>cia participativa (participação do cidadão na gestão pública) a partir da iniciativa popular,</p><p>do plebiscito e do referendo. Isso significa Controle Social (elaboração, implantação e</p><p>fiscalização) das Políticas Públicas.</p><p>Segundo Lopes (2019), uma das formas de participação, já previstos em leis e políticas</p><p>governamentais, são os conselhos gestores. Esses conselhos são formas institucionalizadas</p><p>de participação da comunidade nas políticas públicas. De acordo com Cortês et al (2009),</p><p>antes mesmo da promulgação da Lei n. 8142, o antigo conselho de saúde, já não existia mais,</p><p>o conselho continuou integrando o Ministério da saúde, porém, agora com caráter deliberativo.</p><p>Sua regulamentação, segundo Hack (2019), de forma mais específica, ocorre em</p><p>1990, com a Lei de n. 8.142 com a criação dos Conselhos (espaços permanentes e legí-</p><p>timos de discussão e tomada de decisões de conselheiros, ou seja, decisões de caráter</p><p>deliberativos, na área da saúde nos níveis Municipal, Estadual e Federal, com diversas</p><p>competências conforme Resolução n. 333/2003 do CNS-Conselho Nacional de Saúde) e</p><p>posteriormente com as Conferências em Saúde (encontros ampliados, com representantes</p><p>governamentais e da sociedade civil - delegados). Nestas conferências é que são discutidas</p><p>as políticas específicas e o desenvolvimento da política de saúde, com caráter deliberativo.</p><p>É importante salientar, conforme Lopes (2010, p.22), “para que o cidadão exerça sua</p><p>participação, deve lutar organizadamente, pela divisão de responsabilidades dentro do governo,</p><p>no intuito de instituir uma linguagem democrática não excludente” nesses espaços participativos.</p><p>O Cidadão pode participar das assembleias dos conselhos e das conferências em saúde. Nestes espaços,</p><p>entretanto, ele pode participar apenas como ouvinte, porém tem direito à voz quando quer expressar sua</p><p>opinião, porém sem direito a voto.</p><p>Fonte: A autora (2020)</p><p>23POLÍTICAS PÚBLICAS EM SAÚDE: DEFINIÇÃO E HISTÓRICOUNIDADE 1</p><p>Logo no início desta unidade compreendemos um pouco mais sobre as definições</p><p>de políticas públicas e políticas de saúde. Como pudemos perceber as políticas da saúde</p><p>são parte integrante das políticas públicas, entendidas aqui como ações voltadas ao campo</p><p>social orientadas pelas políticas de Estado que visam principalmente ao bem-estar público.</p><p>Neste sentido, as políticas na saúde pública visam a promover, proteger e recuperar a</p><p>saúde das pessoas em uma sociedade.</p><p>Na área das Políticas Públicas em Saúde, você pode perceber, que ela se destina</p><p>a públicos específicos como a mulher, o homem, as crianças e adolescentes, a pessoa</p><p>idosa e indígenas, bem como promove o atendimentos voltados à saúde mental, bucal e</p><p>farmacêutica, tanto na saúde básica, de atenção hospitalar, de atenção às Urgências, e de</p><p>promoção à saúde, além das políticas de Humanização.</p><p>Analisando o contexto histórico das políticas públicas, percebemos que desde 1808</p><p>com a colonização portuguesa no Brasil, já haviam ações voltadas à saúde pública, entre-</p><p>tanto as intervenções eram no sentido de evitar o alastramento de doenças contagiosas,</p><p>como por exemplo a varíola e a lepra. Neste sentido, as intervenções governamentais eram</p><p>realizadas por meio de campanhas, imunização e controle sanitário, de modo autoritário,</p><p>ou seja, com uma atuação semelhante à campanha dos militares sendo conhecida como</p><p>modelo campanhista ou sanitarismo campanhista.</p><p>Até chegar ao modelo de saúde que conhecemos hoje, a saúde pública passou</p><p>por diversas reformas, desde a criação do Ministério da Saúde, primeiro porque atuava</p><p>unicamente no controle de doenças em escala social e porque oferecia atendimento médico</p><p>a quem fizesse parte do sistema previdenciário, levando à uma precariedade da saúde</p><p>individual para boa parte da sociedade. A reforma sanitária está relacionada à integralidade</p><p>e descentralização da saúde e a democratização da sociedade, ou seja, a participação nas</p><p>políticas públicas. Isto vem a englobar outras vertentes como as condições de alimentação,</p><p>habitação, renda, meio ambiente, trabalho, dentre outros na área da saúde. Somente ao final</p><p>da década de 80, com a Constituição de 1988, que se adota o modelo de seguridade social.</p><p>Um Abraço e até a próxima Unidade!</p><p>CONSIDERAÇÕES FINAIS</p><p>24POLÍTICAS PÚBLICAS EM SAÚDE: DEFINIÇÃO E HISTÓRICOUNIDADE 1</p><p>Segundo a Organização Pan-Americana (OPAS, 2003), os problemas de saúde mais</p><p>recorrentes neste segmento populacional (Quilombolas) estão associados às desigualdades</p><p>históricas que condicionam a pobreza e reduzem o acesso aos serviços de saúde. A luta do</p><p>movimento negro possibilitou essa mudança de olhar. A Marcha Zumbi dos Palmares, ocor-</p><p>rida em 1995, resultou na criação do Grupo de Trabalho Interministerial para a Valorização</p><p>da População</p><p>Negra. No ano seguinte, o Grupo de Trabalho realizou em Brasília a mesa-re-</p><p>donda intitulada “Saúde da População Negra”, que contou com a participação de cientistas,</p><p>sociedade civil organizada, médicos e técnicos do Ministério da Saúde, cujo relatório final</p><p>passou a fazer parte das bases conceituais sobre o assunto. Alguns anos depois, no âmbito</p><p>do Ministério da Saúde, houve a criação do Comitê Técnico de Saúde da População Negra,</p><p>por meio da Portaria nº 1.678/2004 e, posteriormente, foi instituída a Política Nacional de</p><p>Saúde Integral da População Negra, por meio da Portaria nº 992/2009.</p><p>No contexto específico das comunidades quilombolas, em 2006, o Ministério da</p><p>Saúde (MS) garantiu o acréscimo de 50% nos valores repassados por equipes de saúde a</p><p>municípios que atendessem populações quilombolas e de assentamentos de reforma agrá-</p><p>ria, conforme a Portaria nº 822/GM/MS, alterando os critérios de definição das modalidades</p><p>da Estratégia Saúde da Família. As comunidades quilombolas também foram referidas em</p><p>outros documentos, como na Política Nacional de Saúde Integral da População Negra, em</p><p>2009, e na Política Nacional de Saúde Integral das Populações do Campo e da Floresta,</p><p>instituída pela Portaria nº 2.866/2011.</p><p>Contudo, estudos apontam que os gestores municipais não compreendem o prin-</p><p>cípio da equidade do SUS (Sistema Único de Saúde), desconhecem a política específica</p><p>para a população negra, além de não reconhecerem a importância do acréscimo de 50%</p><p>dos valores repassados pelo governo federal aos municípios que registram atendimento às</p><p>comunidades. O movimento negro, em especial o movimento quilombola, tem contribuído</p><p>para dar visibilidade às comunidades. No entanto, por mais que a luta tenha avançado nos</p><p>últimos anos, ainda há uma invisibilidade quanto à presença das comunidades nos serviços</p><p>públicos de saúde. Esta falta de reconhecimento da presença destes grupos dificulta a</p><p>construção de uma política pública de saúde que dê conta das especificidades, bem como</p><p>impossibilita a busca dos recursos públicos para a construção desta política.</p><p>Fonte: MELLO, W.F. Comunidades quilombolas e políticas de saúde. 2017.</p><p>Texto extraído parcialmente: <https://terradedireitos.org.br/acervo/artigos/comunidades-quilombolas-e-politicas-</p><p>de-saude/22602>. Acesso em: 15 nov. 2019.</p><p>LEITURA COMPLEMENTAR</p><p>MATERIAL COMPLEMENTAR</p><p>25POLÍTICAS PÚBLICAS EM SAÚDE: DEFINIÇÃO E HISTÓRICOUNIDADE 1</p><p>FILME/VÍDEO</p><p>• Título: Políticas de Saúde no Brasil: um Século de Luta pelo</p><p>Direito à Saúde</p><p>• Ano: 2006</p><p>• Sinopse: Esse vídeo, feito pelo Ministério da Saúde, aborda de</p><p>maneira leve, divertida e pedagógica, a história das políticas de</p><p>saúde no Brasil, destacando os mecanismos que foram criados</p><p>para a implantação do SUS. Sua narrativa central mostra como a</p><p>saúde era considerada, no início do século XX, um dever da po-</p><p>pulação, com as práticas sanitárias implantadas autoritariamente</p><p>pelo Estado, de modo articulado aos interesses do capital, e como,</p><p>no decorrer do século, através da luta popular, essa relação se</p><p>inverteu, passando a ser considerada, a partir da Constituição de</p><p>1988, um direito do cidadão e um dever do Estado.</p><p>• Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=L7NzqtspLpc</p><p>LIVRO</p><p>• Título: Políticas e Sistema de Saúde no Brasil</p><p>• Organizadores: Lígia Giovanella, Sarah Escorel, Lenaura de</p><p>Vasconcelos Costa Lobato, José Carvalho de Noronha, Antonio Ivo</p><p>de Carvalho</p><p>• Editora: Fiocruz</p><p>• Ano: 2008</p><p>• Sinopse: Como desconhecer o que é a política de saúde, o que</p><p>é o Sistema Único de Saúde (SUS), os determinantes sociais, as</p><p>condições de saúde e as desigualdades do acesso no Brasil? Esta</p><p>obra consolida o conhecimento crítico sobre o sistema de saúde</p><p>brasileiro produzido ao longo dos últimos trinta anos. Ele inclui os</p><p>eixos de análise individual/coletivo, clínico/epidemiológico e públi-</p><p>co/privado, além de congregar autores com experiência na gestão</p><p>de serviços e do próprio sistema, nos três níveis da federação.</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>Plano de Estudos</p><p>• Sistema Único de Saúde (SUS);</p><p>• Antecedentes Históricos do SUS;</p><p>• Constituição de 1988 e a criação do SUS;</p><p>• Lei Orgânica da Saúde (LOS) nº 8.080/90 e nº 8.142/90;</p><p>• Universalização do acesso à saúde: avanços e obstáculos.</p><p>Objetivos da Aprendizagem</p><p>• Conceituar e contextualizar o Sistema Único de Saúde (SUS);</p><p>• Conhecer os antecedentes e Histórico do SUS;</p><p>• Compreender como se deu a criação do SUS e a Constituição de</p><p>1988;</p><p>• Conhecer os fundamentos da Lei Orgânica da Saúde;</p><p>• Compreender o princípio da universalização do acesso à saúde, os</p><p>seus avanços e obstáculos.</p><p>Professor(a) Me. Mirian Aparecida Micarelli Struett</p><p>SISTEMA ÚNICO SISTEMA ÚNICO</p><p>DE SAÚDE (SUS)DE SAÚDE (SUS)2UNIDADEUNIDADE</p><p>INTRODUÇÃO</p><p>27SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE (SUS)UNIDADE 2</p><p>Prezado (a) aluno (a)!</p><p>Nesta Unidade iremos aprofundar um pouco mais o vosso conhecimento sobre o</p><p>Sistema Único de Saúde (SUS). Portanto, iniciaremos com a contextualização e os conceitos</p><p>e responsabilidades no Sistema Único de Saúde (SUS), apresentando seus antecedentes</p><p>históricos buscando compreender como se deu a sua criação e como a Constituição de</p><p>1988 corrobora para sua criação. Em seguida você irá conhecer os fundamentos da Lei</p><p>Orgânica da Saúde (LOS) e compreender a relação entre a universalização do acesso à</p><p>saúde, bem como dos avanços e obstáculos do SUS.</p><p>Neste sentido, logo no início traçaremos uma visão geral do SUS, apresentando</p><p>seus princípios e diretrizes, abrangência, responsabilidades e importância na Sociedade,</p><p>bem alguns dos resultados obtidos após sua criação. Em seguida, traçaremos os antece-</p><p>dentes históricos do SUS que se inicia na saúde da Colônia e do Império, passando pela</p><p>saúde na República, Institucionalização da saúde Pública e movimento sanitário culminando</p><p>da Constituição de 1988 e na criação do SUS. A Constituição Federal é um grande marco</p><p>para a população Brasileira e nela estão presentes alguns princípios fundamentais para</p><p>garantir a Saúde das pessoas.</p><p>Dando continuidade, conheceremos um pouco do que tratam as Leis 8080 e 8142 de</p><p>1990, cujas leis que irão proporcionar um melhor entendimento sobre como o SUS irá funcio-</p><p>nar para atender aos objetivos propostos na Constituição Federal de 1988, sobre as políticas</p><p>de saúde, a participação popular e repasses de recursos para o funcionamento do SUS.</p><p>E, ao final desta unidade, trataremos sobre a Universalização da Saúde, apresen-</p><p>tando os avanços e os obstáculos no Brasil, para o atendimento deste princípio fundamental.</p><p>Portanto, prezado(a) aluno(a), desejo a você, uma boa leitura e aprendizado.</p><p>28SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE (SUS)UNIDADE 2</p><p>SISTEMA ÚNICO</p><p>DE SAÚDE (SUS)1</p><p>TÓPICO</p><p>De acordo com o Conselho Nacional dos Secretários de Saúde (CONASS, 2011),</p><p>o Sistema Único de Saúde (SUS) é constituído por um conjunto de ações e de serviços de</p><p>saúde gerenciado pela gestão pública. Ele é organizado em redes regionalizadas e hierar-</p><p>quizadas no Brasil inteiro, com direção única em cada esfera de governo, entretanto sua</p><p>estrutura não é isolada quando se trata da promoção dos direitos dos cidadãos. Portanto as</p><p>ações do SUS fazem</p><p>parte do contexto das Políticas Públicas de Seguridade social (saúde,</p><p>previdência e Assistência Social).</p><p>Algumas correntes de pensamento tratam o Sistema Único de Saúde (SUS) como</p><p>algo acabado e fazem comparações. Entretanto, ele não está acabado, pois se apresenta</p><p>por princípios e diretrizes em contínua transformação. Neste sentido, Elias (2008, p.14) de</p><p>maneira sintética descreve:</p><p>O SUS são princípios e diretrizes. O SUS fundamenta-se em três princípios:</p><p>universalidade, igualdade e equidade. A equidade como princípio comple-</p><p>mentar ao da igualdade significa tratar todas as diferenças em busca da</p><p>igualdade. As diretrizes do SUS são três: descentralização, participação da</p><p>comunidade através dos Conselhos de Saúde e o atendimento integral, ou</p><p>seja, prover as ações curativas e as ações preventivas necessárias.</p><p>As ideias que construíram o SUS foram legitimadas da seguinte forma (BRASIL,</p><p>1988 Apud SOLHA, 2014, p. 15):</p><p>A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantindo mediante políticas</p><p>sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros</p><p>agravos e ao acesso universal e igualitário às ações de serviços para sua</p><p>promoção, proteção e recuperação.</p><p>29SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE (SUS)UNIDADE 2</p><p>Para CONASS (2011) e SOLHA (2014), este dever deve ser cumprido nas três</p><p>esferas do poder público (Federal, Estadual e Municipal) conforme estabelecido pela Lei n.</p><p>8080/90, em seu artigo 9º a direção deve ser única em cada esfera e deve contemplar a</p><p>participação da comunidade na gestão do SUS relacionadas às transferências de recursos</p><p>dentre outras providências conforme estabelecido pela Lei n. 8142/90, da qual trataremos</p><p>nos tópicos seguintes, ainda nesta unidade.</p><p>De acordo com Solha (2014, p. 15) “a construção da saúde não seria responsabili-</p><p>dade única do SUS, mas que todos os setores da sociedade devem participar ativamente [...]</p><p>pois as condições de vida são fundamentais para elevar o nível de saúde das populações”.</p><p>Em síntese, o SUS foi criado pela Constituição Federal (CF), também chamada de</p><p>“Constituinte Cidadã” em 1988, e regulamentado pelas Leis n. 8080 e 8142 de 1990. As</p><p>duas leis juntas foram a Lei Orgânica da Saúde (LOS), assunto que trataremos em outros</p><p>tópicos desta unidade e nas próximas unidades deste livro.</p><p>O SUS ao longo das últimas duas décadas, consolidou-se como a maior Política</p><p>de Estado por promover a inclusão e justiça social. Portanto, o SUS deve ofertar a todos</p><p>indistintamente “um conjunto de serviços sanitária e socialmente necessários, com base</p><p>em protocolos clínicos e diretrizes terapêuticas e por meio de amplo movimento de discus-</p><p>são envolvendo os gestores da saúde na Comissão Intergestores Tripartite e o Conselho</p><p>Nacional de Saúde” (CONASS, 2011, p. 29).</p><p>A partir das definições legais da CF e da Lei Orgânica da Saúde (LOS), iniciou-se o</p><p>processo de implantação do SUS pactuado ao Ministério da Saúde, CONASS e Conasems</p><p>(Conselho Nacional das Secretarias Municipais). Todo o processo de construção do SUS,</p><p>foi orientado pelas Normas Operacionais SUS (NOB-SUS) instituídas a partir de portarias</p><p>ministeriais, para definição de competências em cada esfera e a forma de receber os repas-</p><p>ses de recursos do Fundo Nacional da Saúde, a exemplo disto, foram criadas as NOB-SUS</p><p>01/91, NOB-SUS 01/92,NOB-SUS 01/93 e NOB-SUS 01/96. Já em 2001 e 2002 foram</p><p>publicadas as NOB-SUS 01/01 e 01/02 da Assistência à Saúde. Essas normas têm como</p><p>objetivos para o SUS: induzir/estimular mudanças, aprofundar/reorientar implementação e</p><p>A construção da saúde é de responsabilidade única do SUS ou de toda a sociedade?</p><p>30SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE (SUS)UNIDADE 2</p><p>a definir objetivos (estratégicos, prioridades, diretrizes e movimentos tático-operacionais),</p><p>regular as relações entre os gestores e normatizar (CONASS, 2011; SOLHAS, 2014).</p><p>A seguir, no próximo tópico, vamos conhecer um pouco sobre os antecedentes do</p><p>Sistema Único de Saúde, que começa com a Administração Portuguesa no Brasil, demons-</p><p>trando como era a saúde na época do Império, a saúde da República até a institucionaliza-</p><p>ção da saúde pública, bem como do movimento da reforma sanitária até a criação do SUS.</p><p>O Sistema Único de Saúde (SUS) é um dos maiores e mais complexos sistemas de saúde pública do mundo,</p><p>abrangendo desde o simples atendimento para avaliação da pressão arterial, por meio da Atenção Pri-</p><p>mária, até o transplante de órgãos, garantindo acesso integral, universal e gratuito para toda a população</p><p>do país. A atenção integral à saúde, e não somente aos cuidados assistenciais, passou a ser um direito de</p><p>todos os brasileiros, desde a gestação e por toda a vida, com foco na saúde com qualidade de vida, visando</p><p>a prevenção e a promoção da saúde. Conheça a estrutura, os princípios e funcionamento do SUS na sua</p><p>íntegra, acessando o link a seguir:</p><p>Disponível em: http://www.saude.gov.br/sistema-unico-de-saude#o-que-e</p><p>31SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE (SUS)UNIDADE 2</p><p>ANTECEDENTES</p><p>HISTÓRICOS</p><p>DO SUS2</p><p>TÓPICO</p><p>A Administração Portuguesa no Brasil no século XVIII, buscava o combate às cau-</p><p>sas das doenças, até então não se falava sobre saúde e sociedade, cuja finalidade médica</p><p>e do Estado era evitar a morte. A partir do século XIX inicia-se um processo de transfor-</p><p>mação econômico-política no Brasil, nascendo a medicina social com duas características</p><p>(reflexão e prática médica no meio urbano e apoio científico indispensável ao exercício do</p><p>poder do Estado). Desta forma, efetivamente no século XX iniciam-se as Políticas Públicas,</p><p>visando a enfrentar as questões sanitárias no país (CONASS, 2011):</p><p>A Saúde na Colônia e no Império</p><p>• Com a vinda da Coroa Portuguesa, a saúde na colônia e no Império iniciaram-se</p><p>na cidade do Rio de Janeiro, considerado como centro das ações sanitárias. Era</p><p>necessário criar centros de formação de médicos. Por ordem real, iniciam-se as</p><p>academias médico-cirúrgicas no RJ e na Bahia;</p><p>• Em 1829 foi criado a Junta de Higiene Pública, considerado ineficaz, em 1851</p><p>se transforma em Junta Central de Higiene Pública com objetivos de inspeção,</p><p>vacinação, controle do exercício da medicina e a política sanitária da terra en-</p><p>globando inspeção de alimentos, farmácias, armazéns de mantimentos, dentre</p><p>outros;</p><p>• Até 1850 as atividades relacionadas à saúde pública eram relacionadas às</p><p>atribuições sanitárias às juntas e o controle de navios e saúde dos portos, ou</p><p>seja, controle mínimo do capital do Império;</p><p>• A junta não resolveu totalmente a saúde pública, mas marca uma nova etapa</p><p>da higiene pública, mantida até século XIX. Esse período termina sem alcançar</p><p>32SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE (SUS)UNIDADE 2</p><p>os efeitos desejados, ou seja, sem que o Estado viesse a solucionar os graves</p><p>problemas de saúde.</p><p>A Saúde na República</p><p>• Com a ideia de modernizar o Brasil, a Proclamação da República em 1889,</p><p>vê a necessidade de atualizar economia/sociedade redefinindo os trabalhadores</p><p>como capital humano, e neste contexto a medicina assume papel de guia para</p><p>assuntos sanitários. Nesta época, o Brasil era mais rural e apresentava um con-</p><p>tingente de 70% de analfabetos e doentes, com intensos conflitos entre capital e</p><p>trabalho e no âmbito de políticas sociais, cabia aos Estados a responsabilidade</p><p>da saúde, saneamento e educação;</p><p>• As políticas de saúde, com início final da década de 1910, buscava a consciên-</p><p>cia política sobre o modelo sanitário a ser adotado. No início do século XX, Rio de</p><p>Janeiro, apresentava um quadro sanitário caótico com diversas doenças graves</p><p>(varíola, malária, febre amarela e a peste), levando os navios estrangeiros a não</p><p>quererem atracar no Porto do RJ. Exigia assim, uma intervenção Estatal nas</p><p>questões relativas à saúde;</p><p>• A atenção para as epidemias da cidade, como a peste bubônica de 1899, no porto</p><p>de Santos dá início a pesquisas no Instituto Soroterápico Federal, transformado</p><p>posteriormente em Fundação Oswaldo Cruz e no Instituto Butantan-SP formando</p><p>médicos com influência da pesquisa da França e Alemanha</p><p>com concepção para</p><p>doenças transmissíveis e propostas de ações na política pública;</p><p>• Outros nomes como Carlos Chagas, Adolpho Lutz, Arthur Neiva e Vital Brasil,</p><p>destacam-se rumo a Saúde Pública e criação de instituições com um ativo movi-</p><p>mento de reforma sanitária sob a liderança de médicos higienistas com a criação</p><p>do Departamento Nacional de Saúde Pública (DNSP) em 1920;</p><p>• Medidas de proteção social - assistência médica tem papel legal como política</p><p>pública em 1923 com a aprovação da Lei Elói Chaves. Nesta época, os trabalha-</p><p>dores se organizavam para lidar com problemas de invalidez, doença e morte;</p><p>• Cria-se as Caixas de Aposentadorias (CAPs), dando início a responsabilidade</p><p>do Estado pela a regulação dessas concessões de benefícios e serviços e da as-</p><p>sistência médica, sem, no entanto, participar diretamente do custeio das caixas,</p><p>ou seja, era mantido por empregados e empregadores. Somente na década de</p><p>60, o rural é contemplado com a criação do FUNRURAL.</p><p>Institucionalização da Saúde Pública</p><p>• A década de 30 (Governo Vargas) é um marco nas políticas sociais no Brasil.</p><p>Em 1937, com a promulgação da nova Constituição reforça-se o centralismo e a</p><p>33SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE (SUS)UNIDADE 2</p><p>autoridade (ditadura no Brasil) e na década de 40 há a imposição de um Sindicato</p><p>com exigência de pagamento de contribuição sindical;</p><p>• Em 1943 é homologada a Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT) e a massa</p><p>assalariada é o ponto de sustentação política do governo e ao mesmo tempo</p><p>criam-se a estrutura sindical do Estado;</p><p>• Em relação à Previdência Social, o antigo CAPs é substituído pelos Institutos</p><p>de Aposentadorias e Pensões (IAP). A principal mudança consistiu na criação</p><p>do Ministério da Educação e Saúde Pública (MESP), fazendo a prestação de</p><p>serviços para os pré-cidadãos, ou seja, que não tinham emprego formalizado;</p><p>• Com a nova constituição de 1946, ainda no governo Vargas, inicia-se uma</p><p>experiência democrática, com estrutura em múltiplos programas e serviços de</p><p>campanhas e ações sanitárias, com novos contornos políticos/sociais até 1964.</p><p>Alguns marcos constitucionais são: a criação do ministério da saúde em 1953 e a</p><p>reorganização dos serviços do Departamento Nacional de Endemias Rurais em</p><p>1956, a campanha nacional (Lepra, malária, etc.) de 1958 a 1964, a 3ª conferên-</p><p>cia em saúde em 1963 (último evento da experiência democrática);</p><p>• No período militar (1964-84) houve o predomínio financeiro das instituições pre-</p><p>videnciárias afetando profundamente a medicina previdenciária e saúde pública;</p><p>• Em 1966 as IAPs foram unificadas como Instituto Nacional de Previdência</p><p>Social (INPS), gerenciado pelo Estado e a saúde pública é relegada a segundo</p><p>plano tornando-se ineficaz e conservadora, com atuação somente a campanhas</p><p>de baixa eficácia e diversos problemas sociais (altas taxas de mortalidade, re-</p><p>pressão política, recessão, etc.);</p><p>• Na década de 70, houve uma maior expansão da assistência médica, com a</p><p>construção e reforma de clínicas e hospitais privados financiados pela Previdên-</p><p>cia Social, com enfoque na medicina curativa. Esses repasses tornaram-se fonte</p><p>de corrupção;</p><p>• Em 1975 o modelo da ditadura militar entra em crise, por ter sido ineficaz em</p><p>solucionar os problemas coletivos de saúde (mortalidade, endemias, epidemias,</p><p>etc.), custos altos, redução de receitas, incapacidade de atendimento a todos os</p><p>marginalizados (sem carteira), desvios de verba e não repasses da União para o</p><p>sistema tripartite (empregador, empregado e união).</p><p>Movimento Sanitário</p><p>• Marcado por movimentos sociais e denúncias da situação é discutido em</p><p>Congressos, as doenças e degradação da qualidade de vida das pessoas. Em</p><p>1968 é incorporado à medicina preventiva nas faculdades, com a criação dos</p><p>Departamentos de Medicina Preventiva (DMPs);</p><p>34SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE (SUS)UNIDADE 2</p><p>• Há uma forte crítica aos efeitos da medicalização, com a valorização da medi-</p><p>cina tradicional, com programas alternativos de medicina comunitária focados na</p><p>atenção primária realizado por pessoal não qualificado;</p><p>• Em 78 é discutida a elitização da prática médica, e o foco passa a ser a saúde</p><p>coletiva. Houve um confronto teórico com o movimento preventivista liberal com</p><p>diálogos reformistas tendo como base conceitual correntes marxistas, já iniciada</p><p>em 1974 com críticas do regime e ressurgimento de movimento estudantil, da</p><p>anistia e do novo sindicalismo;</p><p>• O II Plano Nacional de Desenvolvimento (PND), denunciava a carência de</p><p>capacidade gerencial e estrutura técnica no campo social (saúde, infraestrutura</p><p>de serviços urbanos) culminando na criação do Conselho de Desenvolvimento</p><p>Social (CDS) para a criação de políticas sociais e sua legitimação, porém acabou</p><p>criando pessoas com pensamentos contrários em seu setor;</p><p>• No Governo Geisel (1974-79), houveram propostas ao movimento sanitário</p><p>privilegiando a medicina curativa e detrimento à preventiva de interesse coletivo,</p><p>propiciando assim novamente à corrupção (procedimentos cirúrgicos desneces-</p><p>sários com excessos de ações médicas para a promoção do superfaturamento);</p><p>• No Governo Figueiredo, influenciado pelo II PND do governo Geisel pareceu</p><p>mais promissor, entretanto não conseguiu concretizar a unificação dos Ministérios</p><p>(previdência e da saúde) para alcançar resultados na reforma pretendida;</p><p>• Em 1980, criou-se o Programa Pró-saúde, chamada mais tarde de Prev-saúde</p><p>(programa de atenção primária com atendimentos por nível de complexidade),</p><p>porém sem mudar significativamente a rede hospitalar privada. Apesar do para-</p><p>digma das reformas se incorporarem ao ideário do movimento sanitário, ainda</p><p>havia uma forte contestação do sistema de saúde governamental, caracterizadas</p><p>pelo apelo à democratização do Sistema, com participação popular, universaliza-</p><p>ção dos serviços, etc.;</p><p>• Em 1981 resultou o lançamento do pacote da previdência, com aumento de</p><p>alíquotas de contribuição e, neste contexto, foi criado o Conselho Consultivo de</p><p>Administração Previdenciária (CONASP) como organizador e racionalizador da</p><p>assistência médica reorientando a assistência à Saúde com as ações integradas</p><p>de saúde (AIS) por meio de convênios entre a maioria dos Estados e Municí-</p><p>pios. Apesar de todos os problemas, significou um avanço na área ambulatorial,</p><p>contratação de recursos humanos, articulação dos serviços municipais, revisão</p><p>dos serviços privados e participação da população na gestão. No advento da</p><p>Nova República, o movimento sanitário ocupa todos os espaços de discussão</p><p>articulado com lideranças políticas;</p><p>35SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE (SUS)UNIDADE 2</p><p>• Em 1985, chega ao fim o regime militar e aumenta a liderança do movimento</p><p>sanitário;</p><p>• Convoca-se a 8ª Conferência Nacional de Saúde(1986), com Sérgio Arouca,</p><p>Presidente da Fundação Oswaldo Cruz, momento este de reformulação mais</p><p>profunda no movimento de democratização da saúde e fortalecimento do sistema</p><p>de saúde público, criando-se um documento base o conceito de saúde como</p><p>“resultante das condições alimentação, habitação, educação, renda, meio am-</p><p>biente, trabalho, transporte, emprego, lazer, liberdade, acesso e posse de terra</p><p>e acesso aos serviços da saúde” (p.22);</p><p>• Ainda em 1986, ocorre a unificação do INAMPS com o Ministério da Saúde,</p><p>na qual o setor saúde receberia recursos do INAMPS. Nesta Conferência, dis-</p><p>cute-se a criação do Sistema Único de Saúde (SUS) como um novo arcabouço</p><p>institucional com separação da saúde e da previdência;</p><p>• Com a Comissão da Reforma Sanitária, e a discussão sobre financiamento e</p><p>operacionalização do SUS em 1987, criou-se o Sistema Unificado e Descentrali-</p><p>zado de Saúde (SUDS), considerado como estágio evolutivo da AIS, transferiria</p><p>os recursos do INAMPS para os serviços do Estado, mediante convênio, no</p><p>intento de fazer com que os recursos forem adequadamente direcionados;</p><p>• O SUDS consistiu em uma estratégia junto com a Comissão Nacional de Re-</p><p>forma Sanitária (CNRS), criada em 1986, para reorientar as políticas de Saúde e</p><p>dos serviços, enquanto se</p>