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PRISÃO 
 
 
2 
SUMÁRIO 
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................ 4 
2 TEORIA DA PENA ...................................................................................... 5 
2.1 Conceito de Pena ................................................................................. 5 
2.2 Princípios aplicados a pena .................................................................. 6 
2.3 Fundamentos da Pena ......................................................................... 7 
2.4 Classificação da Pena .......................................................................... 8 
3 DAS TEORIAS DA PENA ........................................................................... 9 
3.1 Teoria absoluta e finalidade retributiva ................................................. 9 
3.2 Teoria relativa ou preventiva .............................................................. 10 
4 PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE ......................................................... 11 
4.1 Espécies ............................................................................................. 13 
4.2 Regimes penitenciários ...................................................................... 13 
4.3 Fixação do regime inicial .................................................................... 14 
4.4 Sistema de cumprimento .................................................................... 14 
4.5 Algumas regras .................................................................................. 14 
4.6 Detração penal ................................................................................... 15 
4.7 Limite do cumprimento de pena ......................................................... 15 
5 PENAS ALTERNATIVAS .......................................................................... 16 
5.1 Espécies de Penas Alternativas ......................................................... 19 
5.2 Medidas alternativas à prisão ............................................................. 20 
5.3 Suspensão Condicional da Pena ....................................................... 22 
5.4 Livramento Condicional ...................................................................... 23 
5.5 Dos Incidentes da Execução - Da Suspensão Condicional Da Pena . 24 
6 DOSIMETRIA DA PENA ........................................................................... 28 
6.1 Dosimetria das penas na individualização da reprimenda estatal ...... 30 
 
3 
6.2 Para que serve a dosimetria da pena ................................................. 31 
6.3 Tipos de pena ..................................................................................... 31 
7 CONCURSO DE CRIMES- EFEITOS DA CONDENAÇÃO PENAL ......... 34 
7.1 Do Concurso de Crimes ..................................................................... 34 
7.2 Sistemas de Apenamento .................................................................. 40 
7.3 Dos efeitos da condenação penal ...................................................... 41 
8 AÇÃO PENAL ........................................................................................... 46 
8.1 Do conceito ........................................................................................ 46 
8.2 Das características ............................................................................. 47 
8.3 Das espécies ...................................................................................... 48 
8.4 Da Ação penal pública........................................................................ 49 
8.5 Ação Penal Pública Incondicionada ................................................... 49 
8.6 Ação Penal Pública Condicionada ..................................................... 50 
8.7 Da Ação Penal Privada ...................................................................... 51 
9 EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE ................................................................ 53 
9.1 Extinção da Punibilidade e Prescrição ............................................... 54 
9.2 As Causas da extinção da punibilidade previstas no art.107 e fora dele
 55 
9.3 Prescrição in genérico ........................................................................ 55 
9.4 Conceito fundamento e modalidades ................................................. 55 
9.5 Prescrição da Pretensão Punitiva e seus Prazos ............................... 56 
9.6 Prescrição da pretensão executória ................................................... 58 
9.7 Prescrição superveniente à sentença condenatória ou prescrição 
intercorrente – art. 110, § 1.................................................................................... 58 
9.8 Prescrição Retroativa - art. 110, § 2º .................................................. 61 
10 CONSIDERAÇÃO FINAIS ..................................................................... 62 
11 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................... 64 
12 SUGESTÕES BIBLIOGRÁFICAS .......................................................... 66 
 
4 
 
1 INTRODUÇÃO 
Prezado aluno, 
 
O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante 
ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - um 
aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma 
pergunta, para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é 
que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a 
resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas 
poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em 
tempo hábil. 
Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa 
disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das 
avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora que 
lhe convier para isso. 
A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser 
seguida e prazos definidos para as atividades. 
 
Bons estudos! 
 
 
5 
2 TEORIA DA PENA 
 
Fonte: domboscoead.com.br 
Com o aumento da necessidade da existência de sanções penais, originou-se 
a pena consequentemente o Direito Penal, para aplicação da referida Lei em todas as 
épocas e todas as culturas. Temos como derivação da infração penal a pena como 
consequência jurídica. A pena em si, não possui um significado que abarca qualquer 
lugar ou qualquer momento, ou seja, incide em cada caso em particular, em que se 
são elencadas sanções, cujas variações refletem as mudanças vividas pelo Estado. 
O Estado utiliza a pena para proteger de eventuais lesões determinados bens 
jurídicos, assim considerados, em uma organização socioeconômica específica. 
2.1 Conceito de Pena 
Entende-se por pena é uma sanção, aplicada ao indivíduo que pratica 
transgressão contra a norma imposta pelo Estado. 
“Sanção penal é a resposta estatal, no exército do ius puniend após o devido 
processo legal, ao responsável pela prática de um crime ou de uma 
 
6 
contravenção penal. Divide-se em duas espécies: penas e medidas de 
segurança. ” (MASSON, 2012 apud COSTA, 2015) 
 
Para Damásio de Jesus, pena seria “A sanção aflitiva pelo Estado, mediante 
ação penal, ao autor de uma infração (penal), como retribuição de seu ato ilícito, 
consistente na diminuição de um bem jurídico, e cujo fim é evitar novos delitos”. 
Cleber Masson nos ensina que: 
Pena é espécie de sanção penal consistente na privação ou na restrição de 
determinados bens jurídicos do condenado, aplicada pelo Estado em 
decorrência do cometimento de uma infração penal, com as finalidades de 
castigar seu responsável, readaptá-lo ao convívio em comunidade e, 
mediante a intimidação endereçada a sociedade, evitar a prática de novos 
crimes ou contravenções penais. (MASSON, 2012 apudCOSTA, p.2, 2015) 
2.2 Princípios aplicados a pena 
São aplicadas às penas os seguintes princípios: 
I. Princípio da reserva legal ou da estrita legalidade: por este princípio 
entende-se que nenhum fato poderá ser considerado crime se não houver um adjetivo 
que se enquadre no adjetivo Criminal. Como também nenhuma pena poderá ser 
aplicada se não existir sanção pré-existente correspondente ao fato. Este princípio 
encontra respaldo no art. 1° do Código Penal e também no art. 5°, XXXIX, da 
Constituição Federal de 1988. 
II. Princípio da anterioridade da lei: segundo o art. 1° do Código Penal bem 
como o art. 5º, XXXIX, da Constituição Federal de 1988 que aduzem que “não há 
crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal” entende-
se, que para aplicar a lei no fato delituoso, é imprescindível que a lei deverá ser 
imposta de forma anterior ao fato. 
III. Princípio da personalidade, intransmissibilidade, intranscedência ou 
princípio da reponsabilidade pessoal: segundo esse princípio que encontra amparo 
no art. 5°, XVL, da CF/88, a pena não pode ultrapassar da pessoa do condenado, não 
alcançando familiares do infrator nem mesmo pessoas estranhas a infração penal. 
Logo, esse postulado impede que sanções penais superem a dimensão estritamente 
pessoal do infrator. 
 
7 
IV. Princípio da proporcionalidade: segundo este princípio, a resposta penal 
deverá ser justa e suficiente para cumprir o papel de reprovação do ilícito, devendo 
haver correspondência entre o ato ilícito e o grau da sanção penal imposta. 
V. Princípio da individualização: com amparo no art. 5°, XLVI, da CF/88 esse 
princípio repousa no sentido de que se deve distribuir a cada indivíduo o que lhe cabe 
de acordo com as circunstâncias específicas do seu comportamento, significando 
eleger a justa e adequada sanção penal ao sentenciado. Nas lições de Nelson Hungria 
este princípio significa: 
Retribuir o mal concreto do crime com a mal da pena, na concreta 
personalidade do criminoso. Ao ser cominada em abstrato, a pena é 
individualizada objetivamente; mas, ao ser aplicada in concreto, não 
prescinde da sua individualização subjetiva. Após a individualização 
convencional da lei, a individualização experimental do juiz, ao mesmo tempo 
objetiva e subjetiva. (HUNGRIA, 1949 apud ROCHA, p. 3, 2015) 
2.3 Fundamentos da Pena 
Os fundamentos da pena significam o objetivo que se busca alcançar com a 
imposição e a sua aplicação. Na doutrina são apontados seis principais fundamentos: 
retribuição, reparação, denúncia, incapacitação, reabilitação e dissuasão. 
Retribuição: de acordo com esse fundamento é conferido ao condenado uma 
pena que seja proporcional e correspondente a infração penal na qual este se 
envolveu. O mal que a pena transmite ao condenado dever ser equivalente ao mal 
produzido por este a coletividade. 
Reparação: consiste esse fundamento em conferir algum tipo de benefício a 
vítima da infração penal. É uma reparação do dano, como forma de recompor o mal 
causado pelo delito. 
Denúncia: é a reprovação social à pratica do crime ou da contravenção penal. 
Incapacitação: é a privação da liberdade do condenado, retirando-o do seio 
social, para a proteção das pessoas e dos bens jurídico tutelados pelo Estado. 
Reabilitação: esse fundamento se baseia em considerar a pena como meio 
educativo, de reinserção social e não punitivo. A pena precisa restaurar o criminoso, 
tornando-o novamente útil a sociedade. 
Dissuasão: seria esse fundamento a busca ou tentativa de convencer a 
coletividade, e também o condenado, de que o crime é uma tarefa desvantajosa e 
censurável. A pena teria duas vertentes: a primeira, destinada a impedir que o 
 
8 
transgressor se torne nocivo a sociedade, e a segunda, dizendo que a pena serviria 
de instrumento de intimidação da coletividade. 
2.4 Classificação da Pena 
A doutrina classifica as penas em diversos critérios: quanto ao bem jurídico do 
condenado atingido pela sanção penal, quanto ao critério constitucional e quanto ao 
critério adotado pelo Código Penal. 
 
2.4.1.1 Quanto ao bem jurídico do condenado atingido pela pena 
Segundo esse critério as penas podem ser dividas em: 
a) Pena privativa de Liberdade; 
b) Pena Restritiva de Direito; 
c) Pena de Multa; 
d) Pena Restritiva da liberdade; 
e) Pena Corporal. 
 
2.4.1.2 Quanto ao critério constitucional 
De acordo com esse critério que tem amparo no art. 5º, XLVI, da CF/88 as 
penas estariam classificadas em: 
a) Penas de privação ou restrição da liberdade; 
b) Perda de bens; 
c) Multa; 
d) Prestação social alternativa; 
e) Suspensão ou interdição e direitos. 
 
2.4.1.3 Quanto ao critério adotado pelo Código Penal 
De acordo com o art. 32 do Código Penal Brasileiro, as penas são: 
a) Privativas de liberdade; 
b) Restritivas de direito; 
c) Multa. 
 
9 
3 DAS TEORIAS DA PENA 
Através dos tempos o Direito Penal tem dado respostas diferentes a questão 
de como solucionar o problema da criminalidade. Essas soluções são chamadas 
Teorias da Pena, que são ideias científicas sobre a pena, principal forma de reação 
do delito. 
O estudo das construções teóricas sobre as finalidades das penas, possibilita 
uma compreensão adequada acerca de como a razão humana vem justificando a 
punição criminal, que é a faceta mais violenta do direito moderno. 
3.1 Teoria absoluta e finalidade retributiva 
Teorias absolutas ou teorias retributivas, assim conhecidas, interpreta que a 
pena é uma forma de retribuição ao criminoso pela conduta ilícita praticada, é a 
maneira que o Estado encontrou para equilibrar pelo possível mal causado à uma 
pessoa específica ou à própria sociedade como um todo. Partindo desse pressuposto, 
não se vislumbra qualquer outro objeto a não ser o de punir o transgressor, lhe 
causando um prejuízo, originado de sua própria conduta, um meio de o transgressor 
entender que está sendo penalizado em razão de sua conduta para com as normas 
jurídicas e para com seus iguais. 
As teorias absolutas abordam a pena como sendo instrumento de retribuição, 
ou seja, a pena funda-se na retribuição, reparação ou compensação do mal do crime. 
(...)é a “justa paga do mal que com o crime se realizou, é o justo equivalente 
do dano do fato e da culpa do agente”. (DIAS, 2007, apud COSTA, p. 5, 2015). 
A teoria absoluta tem por particularidade a retribuição, é uma forma de reparar 
o mal causado, causando um mal ao criminoso, para esta teoria a pena é um fim em 
si mesma. Pela teoria absoluta ou retributiva, a pena apresenta a característica de 
retribuição, de ameaça de um mal contra o autor de uma infração penal. A aplicação 
da pena não tem outro propósito que não seja o de reparar o mal com outro mal. Logo, 
objetivamente analisada, a pena na verdade não tem finalidade. É um fim em si 
mesma. 
 
10 
Conceituando de maneira um pouco diversa dos demais autores, Mirabete 
afirma que esta teoria tem por fundamento a justiça, e utilizando dos ensinamentos de 
Kant, o jurista ainda afirma que o castigo compensa o mal: 
“As teorias absolutas (de retribuição ou retribucionista) têm como 
fundamentos da sanção penal a exigência da justiça: pune-se o agente 
porque cometeu o crime (punitur quia pecatum est). Dizia Kant que a pena é 
um imperativo categórico, consequência natural do delito, uma retribuição 
jurídica, pois ao mal do crime impõe-se o mal da pena, do que resulta a 
igualdade e só está igualdade traz a justiça. O castigo compensa o mal e dá 
reparação à moral”. (MIRABETE, 2005 apud COSTA, 2015, p. 5) 
Da mesma forma, Cezar Roberto Bitencourt ensina que a teoria absoluta da 
pena além de buscar a justiça, tem por finalidade devolver o mal causado pelo delito, 
e que o homem é livre para agir, e se optou pelo crime, deve auferir uma penalidade 
maldosa como foi sua conduta: 
“Segundo este esquema retribucionista, é atribuída à pena, exclusivamente, 
a difícil incumbência de realizar a justiça.A pena tem como fim fazer justiça, 
nada mais. A culpa do autor deve ser compensada com a imposição de um 
mal, que é a pena, e o fundamento da sanção estatal está no questionável 
livre-arbítrio, entendido como a capacidade de decisão do homem para 
distinguir entre o justo e o injusto. Isto se entende quando lembramos da 
substituição do divino homem operada neste momento histórico, dando 
margem à implantação do positivismo legal”. (BITENCOURT, 2004 apud 
COSTA, 2015 p. 6) 
A pena surge como retribuição estatal justa ao mal injusto provocado pelo 
condenado, consistente na prática de um crime ou é uma contravenção penal (punitur 
quia peccatum est). Não tem desígnio prático, pois não se atenta com a readaptação 
social do infrator da lei penal. Pune-se simplesmente como retribuição a prática do 
ilícito penal. 
As teorias absolutas baseiam-se numa exigência de justiça: pune-se porque se 
cometeu crime (punitur quia peccatum est). Negam elas fins utilitários à pena, que se 
esclarece de modo pleno pela retribuição jurídica. É ela simples resultado do delito. É 
mal justo aplicado ao mal injusto do crime. 
3.2 Teoria relativa ou preventiva 
Diferentemente das teorias absolutas, as teorias relativas não possuem uma 
finalidade em si mesma. Prevenção e ressocialização é a finalidade da pena destas 
teorias. O entendimento dessa teoria é diverso da anterior, e têm a finalidade a 
 
11 
prevenção de novos crimes, ou seja, busca interromper a realização de novas 
condutas criminosas e impedir que os condenados voltem a delinquir. 
Júlio Fabbrini Mirabete afirma que a teoria relativa da pena atribuía um fim à 
mesma, e que a pena não era uma consequência do delito, mas sim o momento 
oportuno para sua aplicação. Para o autor: 
(...)“nas teorias relativas (utilitárias ou utilitaristas), dava-se à pena um fim 
exclusivamente prático, em especial o de prevenção. O crime não seria causa 
da pena, mas a ocasião para ser aplicada"(MIRABETE,2012 apud COSTA, 
2015, p.7) 
Cleber Masson nos ensina que: Para essa diferença, o objetivo da pena, incide 
em precaver, ou seja, impedir a prática de novas infrações penais. (Punitur ne 
peccetur). É indiferente a imposição de punição condenado. 
Nesse mesmo sentido, Cezar Roberto Bitencourt afirma que para a teoria 
relativa da pena, o objetivo primordial é a prevenção: 
A formulação mais antiga das teorias relativas costuma ser atribuída a 
Sêneca, que, se utilizando de Protágoras de Platão, afirmou: “nenhuma 
pessoa responsável castiga pelo pecado cometido, mas sim para que não 
volte a pecar. Para as duas teorias a pena é considerada um mal necessário. 
No entanto, para as teorias preventivas, essa necessidade da pena não se 
baseia na ideia de realizar justiça, mas na função, já referida, de inibir, tanto 
quanto possível, a prática de novos fatos delitivos. (BITENCOURT, 2004 
apud COSTA, 2015 p. 7) 
Para Magalhães Noronha, a teoria relativa da pena não dá origem à pena, é 
uma necessidade da sociedade, não havendo qualquer ligação com a ideia de justiça, 
pois: 
As teorias relativas procuram um fim utilitário para a punição. O delito não é 
causa da pena, mas ocasião para que seja aplicada. Não repousa na ideia 
de justiça, mas de necessidade social (punitur ne peccetur). Deve ela dirigir-
se não só ao que delinquiu, mas advertir os delinquentes em potencial que 
não cometam crime. Consequentemente, possui um fim que é a prevenção 
geral e a particular. (BITENCOURT, 2004 apud, COSTA, 2015, p. 8). 
4 PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE 
A privação da liberdade é uma forma de pena adotada pelo Código Penal que 
consiste na constrição do direito de ir e vir recolhendo o condenado em 
estabelecimento prisional com a finalidade de, futuramente, reinseri-lo na sociedade, 
bem como prevenir a reincidência. 
 
12 
 
Os tipos de pena privativa de liberdade previstos na legislação penal são: 
reclusão (crimes graves), detenção (crimes menos graves) e prisão simples 
(contravenções penais). 
O Código Penal também prevê os regimes de cumprimento, definidos como 
fechado (presídio de segurança máxima), semiaberto (colônia agrícola, industrial ou 
equivalente) e aberto (casa de albergado ou similar). 
O conceito da tríplice finalidade da pena é bastante familiar mesmo ao homem 
comum, o preso é colocado na penitenciária com objetivo de ser punido, intimidado e, 
principalmente reformado. 
As penas privativas de liberdade estão previstas no Código Penal. Para os 
crimes ou delitos são as de reclusão e detenção. A Lei das Contravenções Penais 
também prevê pena privativa de liberdade que é a prisão simples. 
A Lei 9.714/98 reformulou alguns dispositivos do Código Penal, introduzindo 
mais duas penas restritivas de direitos: a prestação pecuniária e a perda de bens e 
valores. Ou seja, as penas restritivas de direito têm caráter substitutivo aplicadas à 
pena privativa de liberdade concretizada na decisão condenatória, (arts. 44, caput, 54 
e 55, do CP) e a Lei 9.099/95, com sua política criminal consensual 
descaracterizadora, adotou as penas restritivas de direitos em caráter alternativo. 
A possibilidade de substituição da pena privativa de liberdade está estabelecida 
no Código Penal em seu art. 44, que elenca os requisitos necessários para a 
substituição da pena, analisando os seguintes requisitos: 
1) requisitos objetivos: 
a) quantidade de pena aplicada, que não deve ser superior a 4 anos, pode ser 
reclusão ou detenção no crime doloso e no que tange o crime culposo, independe da 
pena aplicada. 
b) natureza do crime cometido (com privilégio o crime culposo, pois independe 
da pena aplicada). 
c) modalidade de execução: sem violência ou grave ameaça à pessoa. Passa-
se a considerar, não só o desvalor do resultado, mas também o desvalor da ação, pois 
nos crimes violentos, o seu autor não merece o benefício da substituição. 
2) requisitos subjetivos: 
a) réu não reincidente em crime doloso (art. 44, inciso II do CP), 
 
13 
b) prognose de suficiência da substituição, sendo critério de análise, a 
culpabilidade, antecedentes, conduta social, personalidade do agente e motivos e 
circunstâncias do fato (art.44, inciso III do CP) 
Uma vez condenado o réu, o juiz analisa os requisitos para a substituição da 
pena privativa de liberdade por pena restritiva de direito. Não sendo possível a 
substituição, o juiz passará para a análise da possibilidade da suspensão condicional 
da pena (art.77, inciso III do CP e 157 da LEP). 
As leis 9.099/95 e a 9.714/98, adotam em princípio a mesma política 
descarcerizadora e despenizadora, ambos buscam evitar o encarceramento do 
sentenciado, substituindo a pena privativa de liberdade com a pena alternativa. 
Porém, não atuam na mesma faixa de infrações e de sanções. A Lei 9.099/95 limita-
se as infrações de menor potencial ofensivo, ressalvada a hipótese de seu art. 89, 
cuja sanção não ultrapasse a dois anos de privação de liberdade, independentemente 
de sua forma de execução. Em princípio, será beneficiada pela lei ora já mencionada, 
no entanto, a Lei 9.714/98 é para penas não superior a quatro anos, exige que o crime 
não seja cometido com violência ou grave ameaça à pessoa (art. 44, I, do CP). 
O art.180 da LEP afirma que a pena privativa de liberdade, não superior a dois 
anos, poderá ser convertida em restritivas de direitos, desde que o condenado esteja 
cumprindo em regime aberto, tenha cumprido um quarto da pena, os antecedentes e 
a personalidade do condenado indiquem ser a conversão recomendável. 
4.1 Espécies 
As espécies de penas privativas de liberdade são: reclusão, detenção e prisão 
simples. 
Reclusão e detenção são penas privativas de liberdade reservadas para crimes 
e prisão simples para contravenções penais. 
4.2 Regimes penitenciários 
De acordo com os arts. 34 a 36 do Código Penal e 110 a 119 da LEP (Lei de 
Execução Penal – Lei nº 7.210/84), são três os regimes penitenciários: fechado, 
semiaberto e aberto.14 
4.3 Fixação do regime inicial 
A fixação do regime inicial deve ser feita na sentença condenatória pelo juiz (se 
o juiz não fixar, cabe embargos de declaração em virtude da omissão; se fixar e gerar 
inconformismo, cabe apelação). A fixação do regime inicial deve se pautar pela 
quantidade de pena, primariedade ou reincidência do condenado e circunstâncias 
judiciais do art. 59 do CP, atentando-se para o teor das súmulas n. 718 e n. 719 do 
STF. 
4.4 Sistema de cumprimento 
O sistema de cumprimento das penas privativas de liberdade é o progressivo, 
previsto no art. 112 da LEP, sendo dois os requisitos exigidos para tanto: cumprimento 
de parte da pena (1/6) e merecimento. 
a) Lei 8.072/90 – Lei dos Crimes Hediondos – com a modificação havida pela 
Lei nº 11.464/07, de 29 de março de 2007, a pena será cumprida inicialmente em 
regime fechado e a progressão dar-se-á após o cumprimento de 2/5 da pena (para o 
condenado primário) e de 3/5 da pena (para o condenado reincidente). 
b) crimes contra a administração pública – observar o disposto no art. 33, § 4º 
do Código Penal. 
c) progressão antes do trânsito em julgado da sentença condenatória – 
possibilidade – Súmulas 716 e 717 do STF. 
4.5 Algumas regras 
a) trabalho – é direito e dever do condenado: 
Direito – o preso tem direito ao trabalho porque aufere remuneração (de acordo 
com o art. 39 do CP, o trabalho do preso será sempre remunerado, e o art. 29 da LEP 
confere remuneração mínima de ¾ do salário mínimo), tem garantido o benefício da 
Previdência Social (art. 39 do CP) e a prática laboral confere direito à remição (arts. 
126 a 130 da LEP). 
Dever – o preso, se puder trabalhar e se recusar a fazê-lo, comete falta grave 
(arts. 39, inciso V e 50, inciso VI da LEP). 
 
15 
b) remição – dispõe o art. 126, caput, da LEP que “o condenado que cumpre a 
pena em regime fechado ou semiaberto poderá remir, pelo trabalho, parte do tempo 
de execução da pena”. 
De acordo com o art. 126, § 1º da LEP, “a contagem do tempo para o fim deste 
artigo será feita à razão de 1 (um) dia de pena por 3 (três) dias de trabalho” (o melhor 
entendimento é que o tempo remido deva ser somado ao tempo de pena cumprido). 
A Súmula nº 341 do STJ prevê que “a frequência a curso de ensino formal é 
causa de remição de parte do tempo de execução de pena sob regime fechado ou 
semiaberto”. 
Regime disciplinar diferenciado (RDD) 
1) Natureza Jurídica – trata-se de sanção disciplinar (LEP art. 53, inciso V). 
2) Hipóteses – estão elencadas no art. 52, caput, §§ 1º e 2º da LEP. 
3) Cumprimento – far-se-á nos termos do art. 52 incisos I a IV da LEP. 
4.6 Detração penal 
Tem previsão no art. 42 do Código Penal; “Computam-se, na pena privativa de 
liberdade e na medida de segurança, o tempo de prisão provisória, no Brasil ou no 
estrangeiro, o de prisão administrativa e o de internação em qualquer dos 
estabelecidos referidos no artigo anterior”. 
4.7 Limite do cumprimento de pena 
Recentemente, foi aprovada a Lei 13.964/2019, proveniente de um projeto do 
Governo denominado de Pacote Anticrime. 
 
Com a sua aprovação pelo Congresso Nacional, o Código Penal sofre 
alterações a partir do início de sua vigência, fixada para 30 dias após a publicação 
oficial. 
As penas de reclusão e detenção possuem seus limites estabelecidos no artigo 
75, que possuía a seguinte redação: 
 
Art. 75 – O tempo de cumprimento das penas privativas de liberdade não 
pode ser superior a 30 (trinta) anos. 
 
 
16 
§ 1º – Quando o agente for condenado a penas privativas de liberdade cuja 
soma seja superior a 30 (trinta) anos, devem elas ser unificadas para atender 
ao limite máximo deste artigo. 
 
§ 2º – Sobrevindo condenação por fato posterior ao início do cumprimento da 
pena, far-se-á nova unificação, desprezando-se, para esse fim, o período de 
pena já cumprido. (BRASIL, 2019) 
 
Assim, o limite fixado pela lei foi de 30 anos para as penas de reclusão e de 
detenção. É uma exigência constitucional, dada a vedação de penas de caráter 
perpétuo, nos termos do artigo 5º, inciso XLVII, alínea b, da Lei Maior. 
 
A Lei 13.694, de 24 de dezembro de 2019, modificou a redação do caput e do 
parágrafo primeiro do artigo 75 do Código Penal, para modificar o limite de 30 para 40 
anos: 
Art. 75. O tempo de cumprimento das penas privativas de liberdade não pode 
ser superior a 40 (quarenta) anos. 
 
§ 1º Quando o agente for condenado a penas privativas de liberdade cuja 
soma seja superior a 40 (quarenta) anos, devem elas ser unificadas para 
atender ao limite máximo deste artigo. 
5 PENAS ALTERNATIVAS 
 
Fonte: cnj.jus.br 
Outra dimensão que merece destaque é a concepção de senso comum 
disseminada na sociedade brasileira, de que as penas alternativas não são “penas”, 
pois os infratores continuam em “liberdade” agindo ao seu bel prazer e cometendo 
 
17 
novos delitos. Esse modo de ver as penas alternativas pode ser fruto de uma cultura 
autoritária enraizada na sociedade brasileira que não consegue pensar formas 
alternativas de punição que não seja manter o indivíduo atrás das grades. 
No Brasil, apenas no Código Penal de 1984 é que as penas alternativas surgem 
como penas autônomas, pois até então, no ordenamento jurídico brasileiro, somente 
com a Lei 6416/77 é que nossos legisladores esboçam alguma preocupação em 
reservar a prisão somente para delitos mais graves, sendo que os principais avanços 
advindos com esta reforma foram a instituição dos regimes de prisão (aberto, 
semiaberto e fechado) e uma maior amplitude à concessão do sursis e do livramento 
condicional. 
As penas alternativas são destinadas aos criminosos não perigosos e às 
infrações de menor gravidade, visando substituir as penas detentivas de curta 
duração. Elas podem substituir as penas privativas de liberdade quando imposta na 
sentença condenatória por crime doloso (aquele em que há intenção de se atingir o 
resultado, ou em que, pelo menos, é assumido o risco de produzi-lo) não superior a 4 
anos. 
Dentre as penas alternativas pode-se citar as restritivas de direitos, previstas 
nos arts. 32, 43 a 48 do Código Penal. Também podem ser adotadas outras formas 
de sanção, como as penas intimidatórias, vexaminosas e patrimoniais, como: 
confisco, expropriação, multa, desterro, liberdade vigiada e proibição de frequentar 
determinados lugares. 
Os crimes sujeitos às penas alternativas são: pequenos furtos, apropriação 
indébita, estelionato, acidentes de trânsito, desacato à autoridade, uso de drogas, 
lesões corporais leves e outras infrações de menor gravidade. Com o advento da Lei 
9.714/98, as penas alternativas são: 
 Prestação pecuniária; 
 Perda de bens e valores pertencentes ao condenado em favor do Fundo 
Penitenciário Nacional; 
 Prestação de serviço à comunidade ou a entidade pública; 
 Proibição de exercício de cargo, função ou atividade pública, bem como de 
mandato eletivo; 
 Proibição de exercício de profissão, atividade ou ofício que dependam de 
habilitação oficial, de licença ou autorização do Poder Público; 
 
18 
 Suspensão de autorização ou habilitação para dirigir veículos; 
 Proibição de frequentar determinados lugares; 
 Limitação de fim de semana ou “prisão descontínua”; 
 Multa; 
 Prestação inominada. 
 
 Dentre as penas alternativas tem-se a prisão domiciliar, no que faz menção o 
Capítulo IV do Código de Processo Penal. 
Art. 317. A prisão domiciliar consiste no recolhimento do indiciado ou acusado 
em sua residência, só podendo dela ausentar-se com autorização judicial. 
(Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011). 
Art. 318. Poderá o juiz substituir a prisão preventiva pela domiciliar quando o 
agente for: (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011). 
 
I - maior de 80 (oitenta) anos; (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011). 
II - extremamente debilitado por motivo de doença grave; (Incluído pela Lei nº 
12.403, de 2011). 
III- imprescindível aos cuidados especiais de pessoa menor de 6 (seis) anos 
de idade ou com deficiência; 
IV - gestante; (Redação dada pela Lei nº 13.257, de 2016) 
V - mulher com filho de até 12 (doze) anos de idade incompletos; (Incluído pela 
Lei nº 13.257, de 2016). 
VI - homem, caso seja o único responsável pelos cuidados do filho de até 12 
(doze) anos de idade incompletos. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016). 
Parágrafo único. Para a substituição, o juiz exigirá prova idônea dos requisitos 
estabelecidos neste artigo. (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011). 
Art. 318-A. A prisão preventiva imposta à mulher gestante ou que for mãe ou 
responsável por crianças ou pessoas com deficiência será substituída por prisão 
domiciliar, desde que: (Incluído pela Lei nº 13.769, de 2018). 
I - não tenha cometido crime com violência ou grave ameaça a pessoa; (Incluído 
pela Lei nº 13.769, de 2018). 
II - não tenha cometido o crime contra seu filho ou dependente. (Incluído pela Lei 
nº 13.769, de 2018). 
 
19 
Art. 318-B. A substituição de que tratam os arts. 318 e 318-A poderá ser 
efetuada sem prejuízo da aplicação concomitante das medidas alternativas previstas 
no art. 319 deste Código. (Incluído pela Lei nº 13.769, de 2018). 
5.1 Espécies de Penas Alternativas 
Código Penal 
Art. 43 - As penas restritivas de direito são: 
I - prestação Pecuniária (PP); 
II - perda de bens e valores (PBV); 
III – (vetado); 
IV - prestação de serviço à comunidade ou a entidades públicas (PSC) 
V - interdição temporária de direitos (ITD); 
VI - limitação de fim de semana (LFS); 
 
Legislação pertinente 
 Constituição da República Federativa do Brasil; 
 Código Penal (Artigos Específicos); 
 Lei de Execução Penal nº 7.210/84; 
 Lei que instituiu os Juizados Especiais Criminais nº 9.099/95; 
 Lei que instituiu as Penas Restritivas de Direito nº 9.714/98. 
 
Lei nº 11.340/06 (Lei Maria da Penha) 
Art. 17 - É vedada a aplicação, nos casos de violência doméstica e familiar 
contra a mulher, de penas de cesta básica ou outras de prestação pecuniária, bem 
como a substituição de pena que implique o pagamento isolado de multa. 
 
Lei nº 11.343/06 (Lei Antidrogas) 
Art. 28 - Quem adquirir, guardar, tiver em depósito, transportar ou trouxer 
consigo, para consumo pessoal, drogas sem autorização ou em desacordo com 
determinação legal ou regulamentar será submetido as seguintes penas: 
I - advertência sobre os efeitos das drogas; 
II - prestação de serviços à comunidade (PSC); 
 
20 
III - medida educativa de comparecimento ao programa ou curso educativo 
(ME). 
 
Lei nº 9.605/98 (Lei Crime Ambiental) 
A lei que define os crimes ambientais apresenta novas alternativas penais. 
Assim temos a figura do recolhimento domiciliar e a suspensão parcial ou total de 
atividade. 
 
Lei nº 9.503/97 (Código de Trânsito) 
O Código de Trânsito Brasileiro (CTB), quando define os delitos, apresenta 
algumas situações em que a pena alternativa aparece não em caráter substitutivo, 
mas cumulativo com a privativa de liberdade. É o caso do homicídio culposo, onde 
temos além da pena privativa que pode ser de detenção de 02 a 04 anos de detenção 
e a pena restritiva de direito na modalidade de suspensão ou proibição de obter a 
permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor (artigo 302). 
5.2 Medidas alternativas à prisão 
 
Fonte: antoniomartins.com 
As penas e medidas alternativas, são aplicadas quando praticado um delito de 
baixo potencial ofensivo a sociedade, a partir de 2000, passaram a ser tratadas pelo 
Poder Executivo brasileiro como uma política pública criminal, fomentada pelo 
Departamento Penitenciário Nacional, com base nas diretrizes definidas pelo 
 
21 
Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária e pela Comissão Nacional de 
Penas e Medidas Alternativas, colegiados do Ministério da Justiça. 
As penas e medidas alternativas, atualmente conhecidas por “alternativas 
penais”, foram sendo progressivamente fortalecidas como uma estratégia de superar 
o simplismo que clama “prisão para todos os envolvidos” e buscar meios mais 
inteligentes de resolver os conflitos sociais. Quinze anos depois, no entanto, a 
população prisional do Brasil mais que dobrou, e espera-se um número ainda maior 
de pessoas cumprindo alternativas. 
O Poder Executivo é o ambiente responsável pela regulamentação da 
administração do sistema de justiça criminal, as alternativas à prisão depende do 
reconhecimento do como o pela institucionalização do monitoramento deste sistema 
penal, através da estruturação de suporte técnico-operacional disponibilizados aos 
Juízos de Execução das Penas e Medidas Alternativas e aos Ministérios Públicos para 
viabilizar a fiscalização do cumprimento da determinação judicial; e, na mesma 
proporção, às Defensorias Públicas para assegurar a defesa frente aos incidentes da 
execução. 
Existem duas formas de se evitar ou interromper o cumprimento da pena 
privativa de liberdade: a suspensão condicional da pena e o livramento condicional. 
Verificados determinados requisitos objetivos e subjetivos, são impostas condições ao 
condenado por um período de tempo determinado que, se cumpridas, extinguem a 
pena privativa de liberdade. 
Desta forma, ao captar, cadastrar e capacitar à rede social, o Poder Executivo 
cria um sistema integrado de monitoramento das penas e medidas alternativas que se 
materializam através das vagas e serviços oferecidos ao cumpridor da sanção penal 
voltados para sua reintegração social, como demonstra o quadro a seguir: 
 
22 
 
Fonte: Mendes, 2014 
5.3 Suspensão Condicional da Pena 
O sursis, como é conhecido, evita o cumprimento da pena de prisão, por isso é 
sobreposta entre a sentença condenatória e o cumprimento da pena. Partindo dessa 
premissa a impossibilidade de conversão da pena privativa de liberdade em restritiva 
de direitos e por isso não se aplica a pena restritiva de direitos e a multa. 
Os requisitos gerais para a concessão do sursis são: 
a) Objetivos: a execução de pena não superior a 2 anos, poderá ser suspensa 
pelo prazo de 2 a 4 anos (art. 77, caput, CP); 
b) Subjetivos: o condenado não ser reincidente em crime doloso e as 
circunstâncias judiciais serem favoráveis: culpabilidade, antecedentes, conduta social, 
personalidade, motivos e circunstâncias do crime (art. 77, I e II, CP). 
As condições a que o condenado deverá se sujeitar são a prestação de serviços 
à comunidade e a limitação de fim de semana, que podem ser substituídas, casos as 
circunstâncias sejam inteiramente favoráveis por outras restrições mais brandas (art. 
78, CP). 
 
23 
Existem duas modalidades especiais de sursis, denominados por Cezar 
Roberto Bittencourt de etário e humanitário. Ambos preveem a suspensão condicional 
de pena não superior a 4 anos, pelo prazo de 4 a 6 anos. No sursis etário, ao 
condenado maior de 70 anos de idade. Já o sursis humanitário, por razões de saúde 
que justifiquem a suspensão (art. 77, §2°, CP). 
O descumprimento das condições de suspensão pode gerar a revogação. A 
revogação é obrigatória quando: 
a) é condenado, em sentença irrecorrível, por crime doloso; 
b) não efetua sem motivo justificado a reparação do dano; 
c) descumpre as condições de prestação de serviço à comunidade e limitação 
de fim de semana (art. 81, I, II e III CP). 
O não pagamento da multa, por ser dívida de valor, não gera a prisão. Caso o 
condenado responda a processo por outro crime ou contravenção, o prazo é 
prorrogado até o julgamento definitivo (art. 81, §2°). 
Na condenação por crime culposo ou contravenção e no descumprimento de 
outras condições impostas na suspensão, a revogação é facultativa (art. 81, §1° CP). 
Nesse caso, o juiz pode ao invés de decretar a revogação, prorrogar o prazo da 
suspensão condicional até o máximo (ex. ao invés de revogar uma suspensão com 
prazo de 3 anos, prorrogá-la para 4 anos).Cumprido o prazo sem revogação a pena 
é extinta (art. 82 CP). A suspensão condicional da pena perdeu aplicabilidade com a 
ampliação da possibilidade de substituição da pena privativa de liberdade por restritiva 
de direitos, abrangendo poucas hipóteses, já que o limite objetivo de 4 anos é comum 
a ambos os institutos e a aplicação da pena restritiva de direitos precede a de 
suspensão condicional da pena. 
5.4 Livramento Condicional 
É a interrupção da fase final de cumprimento da pena de prisão igual ou 
superior a 2 anos, em que o preso tem sua liberdade condicionada a determinações 
previstas na decisão de concessão (art.132, LEP). Para fazer jus ao livramento, deve 
o condenado reparar o dano, salvo impossibilidade de fazê-lo. O pedido de concessão 
do livramento requer o preenchimento de elemento subjetivo (comportamento) e 
objetivo (tempo): 
 
24 
a) Subjetivo: É necessário que tenha sido comprovado o seu bom 
comportamento durante a execução da pena; o não cometimento de falta 
grave nos últimos 12 (doze) meses; o bom desempenho no trabalho que lhe 
foi atribuído e a aptidão para prover a própria subsistência mediante 
trabalho honesto. Exige-se, ainda, que o executado tenha reparado o dano, 
salvo se comprovada a impossibilidade de fazê-lo. (nova redação do art. 83, 
III e parágrafo único, CP); 
b) Objetivo: se refere ao prazo para a concessão do livramento que são 
respectivamente: 1) de 1/3 da pena para o primário; 2) ½ para o reincidente 
em crime doloso; 3) 2/3 para o condenado em crime hediondo ou 
equiparado, não sendo passível de liberação antecipada o reincidente em 
crimes dessa natureza (art. 83, I, II e V, CP, v. crimes hediondos em art. 2° 
da L. 8072/90). 
A revogação é obrigatória em caso de condenação definitiva e facultativa em 
caso de condenação por contravenção ou que implique pena diferente da privativa de 
liberdade; e quando descumprida as condições do livramento (art. 86 e 87, CP). 
Caso a condenação seja por crime anterior ao período de prova (tempo do 
cumprimento do livramento condicional), as penas se somam para contagem de novo 
prazo e são descontados os dias em liberdade. Se a condenação é por crime cometido 
durante o período de prova, não se desconta os dias em liberdade e o condenado não 
pode mais obter o livramento condicional pelo mesmo crime (art. 86 e 88, CP). A pena 
se extingue com o término do livramento não revogado (art. 90, CP). 
5.5 Dos Incidentes da Execução - Da Suspensão Condicional Da Pena 
Segundo o Código de Processo Penal, descreve-se as seguintes leis: 
Art. 710. O livramento condicional poderá ser concedido ao condenado a pena 
privativa da liberdade igual ou superior a 2 (dois) anos, desde que se verifiquem as 
condições seguintes: 
I - cumprimento de mais da metade da pena, ou mais de três quartos, se 
reincidente o sentenciado; 
II - ausência ou cessação de periculosidade; 
III - bom comportamento durante a vida carcerária; 
IV - aptidão para prover à própria subsistência mediante trabalho honesto; 
 
25 
V - reparação do dano causado pela infração, salvo impossibilidade de fazê-lo. 
Art. 711. As penas que correspondem a infrações diversas podem somar-se, 
para efeito do livramento. 
Art. 712. O livramento condicional poderá ser concedido mediante requerimento 
do sentenciado, de seu cônjuge ou de parente em linha reta, ou por proposta do diretor 
do estabelecimento penal, ou por iniciativa do Conselho Penitenciário. 
Art. 713. As condições de admissibilidade, conveniência e oportunidade da 
concessão do livramento serão verificadas pelo Conselho Penitenciário, a cujo 
parecer não ficará, entretanto, adstrito o juiz. 
Art. 714. O diretor do estabelecimento penal remeterá ao Conselho 
Penitenciário minucioso relatório sobre: 
I - o caráter do sentenciado, revelado pelos seus antecedentes e conduta na 
prisão; 
II - o procedimento do liberando na prisão, sua aplicação ao trabalho e seu trato 
com os companheiros e funcionários do estabelecimento; 
III - suas relações, quer com a família, quer com estranhos; 
IV - seu grau de instrução e aptidão profissional, com a indicação dos serviços 
em que haja sido empregado e da especialização anterior ou adquirida na prisão; 
V - sua situação financeira, e seus propósitos quanto ao seu futuro meio de 
vida, juntando o diretor, quando dada por pessoa idônea, promessa escrita de 
colocação do liberando, com indicação do serviço e do salário. 
Parágrafo único. O relatório será, dentro do prazo de quinze dias, remetido ao 
Conselho, com o prontuário do sentenciado, e, na falta, o Conselho opinará 
livremente, comunicando à autoridade competente a omissão do diretor da prisão. 
Art. 715. Se tiver sido imposta medida de segurança detentiva, o livramento não 
poderá ser concedido sem que se verifique, mediante exame das condições do 
sentenciado, a cessação da periculosidade. 
Parágrafo único. Consistindo a medida de segurança em internação em casa 
de custódia e tratamento, proceder-se-á a exame mental do sentenciado. 
Art. 716. A petição ou a proposta de livramento será remetida ao juiz ou ao 
tribunal por ofício do presidente do Conselho Penitenciário, com a cópia do respectivo 
parecer e do relatório do diretor da prisão. 
§ 1o Para emitir parecer, o Conselho poderá determinar diligências e requisitar 
os autos do processo. 
 
26 
§ 2o O juiz ou o tribunal mandará juntar a petição ou a proposta, com o ofício 
ou documento que a acompanhar, aos autos do processo, e proferirá sua decisão, 
previamente ouvido o Ministério Público. 
Art. 717. Na ausência da condição prevista no art. 710, I, o requerimento será 
liminarmente indeferido. 
Art. 718. Deferido o pedido, o juiz, ao especificar as condições a que ficará 
subordinado o livramento, atenderá ao disposto no art. 698, §§ 1o, 2o e 5o. 
§ 1o Se for permitido ao liberado residir fora da jurisdição do juiz da execução, 
remeter-se-á cópia da sentença do livramento à autoridade judiciária do lugar para 
onde ele se houver transferido, e à entidade de observação cautelar e proteção. 
§ 2o O liberado será advertido da obrigação de apresentar-se imediatamente à 
autoridade judiciária e à entidade de observação cautelar e proteção. 
Art. 719. O livramento ficará também subordinado à obrigação de pagamento 
das custas do processo e da taxa penitenciária, salvo caso de insolvência 
comprovada. 
Parágrafo único. O juiz poderá fixar o prazo para o pagamento integral ou em 
prestações, tendo em consideração as condições econômicas ou profissionais do 
liberado. 
Art. 720. A forma de pagamento da multa, ainda não paga pelo liberando, será 
determinada de acordo com o disposto no art. 688. 
Art. 721. Reformada a sentença denegatória do livramento, os autos baixarão 
ao juiz da primeira instância, a fim de que determine as condições que devam ser 
impostas ao liberando. 
Art. 722. Concedido o livramento, será expedida carta de guia, com a cópia 
integral da sentença em duas vias, remetendo-se uma ao diretor do estabelecimento 
penal e outra ao presidente do Conselho Penitenciário. 
Art. 723. A cerimônia do livramento condicional será realizada solenemente, em 
dia marcado pela autoridade que deva presidi-la, observando-se o seguinte: 
I - a sentença será lida ao liberando, na presença dos demais presos, salvo 
motivo relevante, pelo presidente do Conselho Penitenciário, ou pelo seu 
representante junto ao estabelecimento penal, ou, na falta, pela autoridade judiciária 
local; 
II - o diretor do estabelecimento penal chamará a atenção do liberando para as 
condições impostas na sentença de livramento; 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del3689.htm#art698
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del3689.htm#art688
 
27 
III - o preso declarará se aceita as condições. 
§ 1o De tudo, em livro próprio, se lavrará termo, subscrito por quem presidir a 
cerimônia, e pelo liberando, ou alguém a seu rogo,se não souber ou não puder 
escrever. 
§ 2o Desse termo, se remeterá cópia ao juiz do processo. 
Art. 724. Ao sair da prisão o liberado, ser-lhe-á entregue, além do saldo do seu 
pecúlio e do que Ihe pertencer, uma caderneta que exibirá à autoridade judiciária ou 
administrativa sempre que Ihe for exigido. Essa caderneta conterá: 
I - a reprodução da ficha de identidade, ou o retrato do liberado, sua qualificação 
e sinais característicos; 
II - o texto impresso dos artigos do presente capítulo; 
III - as condições impostas ao liberado; 
IV - a pena acessória a que esteja sujeito. 
§ 1o Na falta de caderneta, será entregue ao liberado um salvo-conduto, em 
que constem as condições do livramento e a pena acessória, podendo substituir-se a 
ficha de identidade ou o retrato do liberado pela descrição dos sinais que possam 
identificá-lo. 
§ 2o Na caderneta e no salvo-conduto deve haver espaço para consignar o 
cumprimento das condições referidas no art. 718. 
Art. 725. A observação cautelar e proteção realizadas por serviço social 
penitenciário, patronato, conselho de comunidade ou entidades similares, terá a 
finalidade de: 
I - fazer observar o cumprimento da pena acessória, bem como das condições 
especificadas na sentença concessiva do benefício; 
II - proteger o beneficiário, orientando-o na execução de suas obrigações e 
auxiliando-o na obtenção de atividade laborativa. 
Parágrafo único. As entidades encarregadas de observação cautelar e proteção 
do liberado apresentarão relatório ao Conselho Penitenciário, para efeito da 
representação prevista nos arts. 730 e 731. 
Art. 726. Revogar-se-á o livramento condicional, se o liberado vier, por crime 
ou contravenção, a ser condenado por sentença irrecorrível a pena privativa de 
liberdade. 
Art. 727. O juiz pode, também, revogar o livramento, se o liberado deixar de 
cumprir qualquer das obrigações constantes da sentença, de observar proibições 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del3689.htm#art718
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del3689.htm#art730
 
28 
inerentes à pena acessória ou for irrecorrivelmente condenado, por crime, à pena que 
não seja privativa da liberdade. 
Parágrafo único. Se o juiz não revogar o livramento, deverá advertir o liberado 
ou exacerbar as condições. 
Art. 728. Se a revogação for motivada por infração penal anterior à vigência do 
livramento, computar-se-á no tempo da pena o período em que esteve solto o liberado, 
sendo permitida, para a concessão de novo livramento, a soma do tempo das duas 
penas. 
Art. 729. No caso de revogação por outro motivo, não se computará na pena o 
tempo em que esteve solto o liberado, e tampouco se concederá, em relação à mesma 
pena, novo livramento. 
Art. 730. A revogação do livramento será decretada mediante representação do 
Conselho Penitenciário, ou a requerimento do Ministério Público, ou de ofício, pelo 
juiz, que, antes, ouvirá o liberado, podendo ordenar diligências e permitir a produção 
de prova, no prazo de cinco dias. 
Art. 731. O juiz, de ofício, a requerimento do Ministério Público, ou mediante 
representação do Conselho Penitenciário, poderá modificar as condições ou normas 
de conduta especificadas na sentença, devendo a respectiva decisão ser lida ao 
liberado por uma das autoridades ou por um dos funcionários indicados no inciso I do 
art. 723, observado o disposto nos incisos II e III, e §§ 1º e 2º do mesmo artigo. 
Art. 732. Praticada pela liberada nova infração, o juiz ou o tribunal poderá 
ordenar a sua prisão, ouvido o Conselho Penitenciário, suspendendo o curso do 
livramento condicional, cuja revogação ficará, entretanto, dependendo da decisão final 
no novo processo. 
Art. 733. O juiz, de ofício, ou a requerimento do interessado, do Ministério 
Público, ou do Conselho Penitenciário, julgará extinta a pena privativa de liberdade, 
se expirar o prazo do livramento sem revogação, ou na hipótese do artigo anterior, for 
o liberado absolvido por sentença irrecorrível. 
6 DOSIMETRIA DA PENA 
A dosimetria da pena, em verdade é o momento de maior importância ao 
aplicador do Direito Penal e Processual Penal, é nessa ocasião que o julgador, 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del3689.htm#art723
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del3689.htm#art723
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del3689.htm#art723
 
29 
revestido do poder jurisdicional que o Estado lhe confere, comina ao indivíduo 
criminoso, a sanção que reflete a reprovação estatal do crime cometido, através da 
pena imposta, objetivando com isso a prevenção do crime e sua correção. E é por 
intermédio desta punição que o Estado, legítimo detentor do jus puniendi, exteriora e 
concretiza a reprovação do ato praticado. 
A parte especial do Código Penal Brasileiro, especifica as penas em um limite 
abstrato, um mínimo e um máximo, aplicável ao agente no delito cometido. A 
dosimetria da pena é uma metodologia que tem a função de quantificar um valor exato 
deste limite abstrato. 
Os elementos do Direito Penal vão se ajustando ao tempo em que a sociedade 
se transforma, certo que não em sua velocidade. Geralmente, iniciam-se pelas 
jurisprudências dos tribunais. 
Antes da reforma do Código Penal Brasileiro, em 1984, com edição da Lei 
7.209/84, o sistema de aplicação da pena era o chamado bifásico, onde o magistrado, 
ao aplicar a pena, analisava em uma primeira etapa simultaneamente as 
circunstâncias judiciais, atenuantes e agravantes, fixando a partir daí a pena base, e 
em uma segunda etapa só pesava as causas de aumento e de diminuição da pena, 
fixando a pena definitiva. 
Depois da reforma, a fixação da pena passou a ser feita em três etapas ou 
fases, também conhecido como método de Hungria, consolidado no artigo 68, caput 
do Código Penal Brasileiro. 
Consiste em três operações sucessivas, sendo a primeira de fixação da pena 
fundamental ou base, levando-se em conta o artigo 59 do Código Penal Brasileiro. 
Nesse artigo, o magistrado deve considerar os oito fatores relacionados: 
culpabilidade, antecedentes, conduta social, personalidade, motivos, consequências 
e circunstâncias do crime e o comportamento da vítima. 
Na segunda operação são apreciadas as circunstâncias legais, previstas no 
artigo 61, 62, 65 e 66 do Código Penal Brasileiro, que são aplicadas sobre a pena 
previamente estabelecida. 
Por último são consideradas as causas especiais de aumento ou diminuição da 
pena, aplicadas sobre o resultado a que se chegou na segunda fase. Estas, ora vem 
elencadas na parte especial, ora na parte geral. 
Há o caso de uma mesma circunstância ser incidente em mais de uma fase na 
dosimetria da pena, assim deverá o magistrado utilizá-la uma única vez e na última 
 
30 
fase em que couber. Desse modo, por exemplo, se o agente comete o crime de 
estupro contra sua própria filha, a agravante legal do artigo 61, II, alínea e, do Código 
Penal Brasileiro, será desconsiderada face a ocorrência da causa especial de 
aumento de pena do artigo 226, II, do Código Penal Brasileiro. 
Em outra hipótese, em se tratando do réu reincidente, esta circunstância não 
poderá incidir a título de antecedentes para fins do artigo 59, do Código Penal 
Brasileiro, mas tão somente como circunstância legal na segunda fase da dosimetria 
da pena, artigo 61, I, do Código Penal Brasileiro. 
O ponto de partida para a fixação da pena base, embora Hungria estabelece o 
termo médio entre a pena mínima e máxima, a jurisprudência modernamente adotou 
o mínimo legal como termo inicial. 
Ao estipular a pena base, o magistrado deverá fundamentar cada fator. Na 
doutrina moderna é ponto pacífico que o réu tem direito de saber das razões que 
levaram o juiz a graduação de determinada pena. Os tribunais de justiça têm 
entendido que a simples referência do artigo 59, do Código Penal Brasileiro, não supre 
a exigência. 
6.1 Dosimetria das penas na individualizaçãoda reprimenda estatal 
A dosimetria da pena encontra-se prevista no Título II, Capítulo III, arts. 59 a 76 
do Código Penal (Decreto-lei 2.848, de 07.12.1940) e intitula-se "DA APLICAÇÃO DA 
PENA". No art. 68, "caput" e seu parágrafo único, estão às regras com as quais deverá 
o juiz proceder à dosagem da pena a ser cominada ao condenado. 
No primeiro momento, é realizado o cálculo da pena-base. O juiz, valendo-se 
dos critérios estabelecidos no art. 59 do CP, estabelecerá, de acordo com o que julgar 
necessário para a reprovação e prevenção do crime, a pena-base. Os critérios 
previstos no mencionado artigo são chamados de circunstâncias judiciais. A 
culpabilidade é a circunstância judicial preponderante, em conformidade ao princípio 
do nullo poena sine culpa, destacando-se que nenhuma das outras circunstâncias 
poderá ser utilizada para acréscimo da pena, além dos limites determinados pela 
culpabilidade. 
A dosimetria da pena é para muitos doutrinadores o momento de maior 
importância ao aplicador do Direito Penal e Processual Penal. É nesse momento que 
o julgador, com o poder adquirido pelo Estado, comina ao indivíduo criminoso a 
 
31 
sanção que para ele, e seguindo critérios legais, reflete a reprovação estatal do crime 
cometido, por intermédio de uma pena imposta, cujo propósito seria a prevenção do 
crime e sua correção. E é por meio dessa punição que o Estado-Juiz, legítimo detentor 
do jus puniendi, exteriora e concretiza a reprovação do ato praticado. 
Após a definição da pena-base, ocorre o segundo momento da dosimetria da 
pena, na qual é calculada a pena provisória. Sobre a pena base, o juiz fará incidir as 
circunstâncias atenuantes e agravantes, previstas nos artigos 62, 62, 65 e 66 do 
Código Penal, ressaltando-se que o máximo e mínimo legais estabelecidos em lei não 
podem ser ultrapassados neste segundo momento. 
6.2 Para que serve a dosimetria da pena 
É o momento processual no qual o juiz com o poder jurisdicional que o Estado 
lhe confere ao indivíduo criminoso a sanção que para ele e seguido critérios legais, 
reflete a reprovação estatal do crime cometido, por intermédio de uma pena imposta, 
cujo propósito seria a prevenção do crime e sua correção. E é por meio dessa punição 
que o Estado – Juiz jus puniend exteoriza e concretiza a reprovação do ato praticado. 
6.3 Tipos de pena 
Pena de Multa 
A pena de multa ou patrimonial opera uma diminuição do patrimônio do 
indivíduo delituoso. Em nosso Direito Penal, figura como pena pecuniária, apenas de 
multa (artigo 5º, XLVII, alínea c da Constituição Federal e artigo 49 do Código Penal), 
que consiste no pagamento, ao fundo penitenciário da quantia fixada na sentença e 
calculada em dias multa, conforme artigo 49, caput do Código Penal. O sistema de 
cominação da multa penal subdivide-se em três: 
a) Clássico (multa total): Previsão legal dos limites mínimo e máximo da multa 
a ser individualizada pelo juiz de acordo com a gravidade da infração e a situação 
econômica do réu. 
b) Temporal: fixação da multa em número preciso de dias, semanas ou meses 
correspondentes a cada delito, cabendo ao magistrado determinar a quantia 
equivalente a cada tipo conforme as condições pessoais e econômicas do autor e fixar 
prazos de pagamento. 
 
32 
c) Dias-Multa: A pena de multa penal, resulta da multiplicação do número de 
dias-multa, fixados segundo a gravidade da infração pela cifra que represente a taxa 
diária variável de acordo com a situação econômica do condenado. A determinação 
do número de dias-multa é determinada entre o mínimo de 10 e o máximo de 360, 
observando a gravidade do fato e a culpabilidade do autor. O valor da multa é 
determinado segundo as condições econômicas do réu (artigo 60, caput do Código 
Penal), não podendo aquele ser inferior a um trigésimo do maior salário mínimo 
mensal vigente ao tempo do fato, nem superior a cinco vezes esse salário (artigo 49, 
parágrafo 1º do Código Penal Brasileiro). Assim observa-se que a pena de multa 
passa apenas por duas fases. 
 
Pena privativa de liberdade 
A pena privativa de liberdade é aquela que restringe, com maior ou menor 
intensidade, a liberdade do condenado, consistente em permanecer em algum 
estabelecimento prisional, por um determinado tempo. São duas as penas privativas 
de liberdade: Reclusão e Detenção. A primeira, a mais grave, compreende seu 
cumprimento em três regimes: fechado, semiaberto e aberto; a segunda comporta 
apenas dois regimes: semiaberto e aberto, salvo necessidade de transferência a 
regime fechado. Todas previstas e impostas em conformidade com a gravidade do 
crime. 
A pena privativa de liberdade é cumprida em regime progressivo. É um 
programa gradual de cumprimento da privação da liberdade, por fase ou etapas. A 
fase inicial caracteriza-se pelo intenso controle do interno, assim como pelo seu 
regime muito estrito em relação a condições materiais e liberdade de movimentos. A 
última etapa é o regime aberto. Passa-se de uma fase para outra conforme as 
condutas e as respostas mais socializadas do recluso. 
Este sistema contribui para uma melhoria sensível da motivação dos internos 
em tarefas formativas, culturais e escolares. Pelo caráter retributivo a pena deve recair 
sobre quem praticou o crime e somente sobre ele. Deve guardar uma proporção com 
o delito (proporcionalidade penal), ou seja, não se pune, igualmente, o furto e o 
homicídio. 
A pena de prisão não tem correspondido às esperanças de cumprimento, com 
finalidade de recuperação do delinquente, pois é praticamente impossível a 
ressocialização de alguém que se encontre preso, quando vive em uma comunidade 
 
33 
cujos valores são totalmente distintos daqueles que em liberdade deverá obedecer, 
isso sem falar na decadência que há em nosso sistema prisional. 
 
Pena restritiva de direitos 
As penas restritivas de direitos são alternativas encontradas para a pena 
privativa de liberdade. Diante da falência da pena privativa de liberdade, 
modernamente procura-se substitutos penais, ao menos para os crimes com menor 
potencial ofensivo e aos criminosos os quais o encarceramento não é aconselhável. 
Quanto a sua aplicabilidade subdivide-se em: 
a) Únicos - Quando existe uma só pena e não há qualquer opção para o 
julgador. 
b) Conjuntas - Nas quais se aplicam duas ou mais penas (prisão e multa) ou 
uma pressupõe a outra. 
c) Paralelas - Quando se pode escolher entre duas formas de aplicação da 
mesma espécie de pena (reclusão ou detenção). 
d) Alternativas – Quando se pode eleger entre penas de natureza diversas 
(reclusão ou multa). 
Classificam-se em: 
I) Prestação pecuniária – É o pagamento em dinheiro à vítima, a seus 
dependentes ou para entidade pública ou privada com destinação social. 
II) Perda de bens e valores - É o confisco em favor do fundo penitenciário 
nacional de quantia que pode atingir até o valor referente ao prejuízo causado ou do 
proveito obtido pelo agente ou por terceiro, em consequência da prática do crime. 
III) Prestação de serviços à comunidade ou a entidades públicas - É a prestação 
de tarefas gratuitas do condenado, os quais são feitos em entidades assistenciais, 
hospitais, escolas, orfanatos e outros estabelecimentos congêneres em programas 
comunitários ou estatais. 
IV) Interdição temporária de direitos - São proibição de exercício de cargo, 
função ou atividade pública, bem como de mandato eletivo, proibição de exercício de 
profissão, atividade ou ofício que dependam habilitação especial, de licença ou 
autorização do poder público, suspensão de autorização ou de habilitação para dirigir 
veículo, proibição de frequentar determinados locais, 
 
34 
V) Limitação de fins de semana - É a obrigação de permanecer aos sábados e 
domingos por cinco horas diária, em casa de albergado ou outro estabelecimento 
adequado. 
7 CONCURSO DE CRIMES- EFEITOS DA CONDENAÇÃO PENAL 
7.1 Do Concurso de Crimes 
Oconcurso de crimes acontece quando o agente comete mais de um crime 
mediante uma ou mais ação ou omissão. No direito brasileiro, por questões de política 
criminal, cada forma de concurso tem uma maneira distinta no sistema de aplicação e 
cálculo das penas. 
Os tipos de concurso admitidos no direito brasileiro são o material, que pode se 
dividir em homogêneo e heterogêneo; o formal, que pode ser dividido em próprio e 
impróprio; além do crime continuado. 
As formas adotadas para aplicação das penas a cada tipo de concurso são os 
sistemas do cúmulo material e o da exasperação. Em alguns casos, também 
encontramos o cúmulo material benéfico, sendo este um desdobramento para evitar 
um prejuízo maior ao agente, sempre que o sistema de exasperação for menos 
benéfico que o cúmulo material. 
 
Concurso Material 
O concurso material de crimes acontece quando o agente comete dois ou mais 
crimes mediante mais de uma ação ou omissão. Ele pode ser tanto homogêneo, 
quando os crimes cometidos são idênticos (dois homicídios simples, por exemplo), ou 
heterogêneo, quando os crimes são de natureza diversa (um homicídio qualificado e 
lesões corporais). Esta distinção em homogêneo e heterogêneo é apenas doutrinária, 
não importando na forma de aplicação da pena. 
Havendo concurso material, a forma de aplicação das penas será o cúmulo 
material, que é aquele onde as penas dos diversos crimes são somadas umas às 
outras, não havendo benefício ao agente. Desta forma, o agente que mediante duas 
condutas, cometeu o crime de furto simples e recebeu pena de quatro anos de 
reclusão, e um homicídio qualificado, tendo recebido pena de doze anos de reclusão, 
terá as penas destes crimes somadas para questões de cumprimento. 
 
35 
Caso as espécies de penas não sejam iguais, cumpre-se primeiro a mais grave, 
assim, a reclusão deve ser cumprida primeiro que a detenção. 
Apesar dos prazos prescricionais serem considerados individualmente para 
cada crime, o mesmo não acontece com a aplicação das penas restritivas de direitos, 
que só são permitidas caso em um dos crimes seja permitida a concessão do sursis 
(suspensão condicional da pena). Mas caso sejam aplicadas, as penas restritivas 
serão cumpridas simultaneamente quando compatíveis, ou sucessivamente, quando 
houver incompatibilidade entre as mesmas. 
Com relação à suspensão condicional do processo, a regra é que seja feito o 
somatório das penas, se a mínima for igual ou inferior a um ano, esta será possível. 
Portanto, a aplicação não é individual. 
Art. 69 – Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica 
dois ou mais crimes, idênticos ou não, aplicam-se cumulativamente as penas 
privativas de liberdade em que haja incorrido. No caso de aplicação cumulativa de 
penas de reclusão e de detenção, executa-se primeiro aquela. 
§1º – Na hipótese deste artigo, quando ao agente tiver sido aplicada pena 
privativa de liberdade, não suspensa, por um dos crimes, para os demais será 
incabível a substituição de que trata o art. 44 deste Código. 
§2º – Quando forem aplicadas penas restritivas de direitos, o condenado 
cumprirá simultaneamente as que forem compatíveis entre si e sucessivamente as 
demais. 
Os termos ação e omissão devem ser tomados no sentido de conduta. Roubar 
quinze objetos configura quinze atos, mas só uma conduta, devendo o agente 
responder a um crime de furto. 
Para que haja concurso material, é necessário, portanto, que haja mais de uma 
conduta, tendo ele cometido, consequentemente, mais de um crime. 
Concurso Material Homogêneo → crimes idênticos repetidos, um em 
sequência do outro, em condutas separadas. Exemplo: agente mata A, e ao notar que 
houve uma testemunha, também a mata. Duas condutas que geraram dois crimes de 
mesma figura típica. 
Concurso Material Heterogêneo → crimes diferentes em condutas diferentes, 
em sequência, pelo mesmo agente. Exemplo: invadir uma casa e, dentro desta, furtar 
objetos e cometer estupro. Três condutas que geraram três crimes diferentes uns dos 
outros. 
 
36 
Aplicação da pena 
 
A aplicação da pena nesta hipótese de concurso, após ter sido cominada 
individualmente cada uma das penas, a aplicação é realizada pelo sistema adotado 
pelo Código Penal Brasileiro chamado cúmulo material, onde somam as penas 
cominadas a cada um dos crimes praticados em concurso. De forma exemplificada o 
esquema é da seguinte maneira: o agente que mediante duas condutas, cometeu o 
crime de roubo e recebeu pena de 6 anos de reclusão, e um homicídio qualificado e 
recebeu uma pena de 12 anos, terá as penas destes crimes somadas para iniciar o 
cumprimento. 
Caso as espécies de penas não sejam iguais, cumpre-se primeiro a mais grave, 
assim, a reclusão deve ser cumprida primeiro que a detenção, mas caso sejam 
aplicadas. Apesar dos prazos prescricionais serem considerados individualmente para 
cada crime, o mesmo não acontece com a aplicação das penas restritivas de direitos, 
que só são permitidas, caso em um dos crimes seja permitida a concessão do sursis. 
Mas caso sejam aplicadas, as penas restritivas de direito, serão simultaneamente 
cumpridas quando compatíveis, ou sucessivamente, quando houver incompatibilidade 
entre as mesmas, preferindo-se antes a mais severa, de acordo com o Art. 69, §§ 1º 
e 2º do CP. 
 
Com relação à suspensão condicional do processo, a regra é que seja feito o 
somatório das penas, se a mínima for igual ou inferior a um ano, esta será possível. 
Portanto, a aplicação não é individual. 
 
Concurso Formal 
O concurso formal é aquele em que o agente mediante uma única ação ou 
omissão, comete dois ou mais crimes. Este pode se dividir em formal próprio ou 
impróprio. 
No próprio, era querido apenas um resultado, mas por erro na execução ou por 
acidente, dois ou mais são atingidos. É o exemplo do assassino que atira em seu 
inimigo, mas por ocasião o disparo além de atingi-lo, também atinge outra pessoa. 
Neste caso, é utilizado o sistema da exasperação, que é quando apenas a pena de 
um dos crimes é aplicada se forem iguais, ou a maior deles se diversos, sendo em 
qualquer dos casos elevada de um sexto até metade. 
 
37 
No impróprio, o agente mediante uma única ação ou omissão produz mais de 
um resultado, tendo vontade de produzi-los ou sendo indiferente quanto a estes. Neste 
caso, acontece o que a doutrina chama de desígnios autônomos, que é quando se 
quer todos os resultados produzidos, mesmo a título de dolo eventual. Para que não 
torne benéfica a prática de mais de um crime por uma única ação, no concurso formal 
impróprio, é utilizada o sistema de cúmulo material das penas, o mesmo que é 
utilizado no concurso material, havendo apenas a soma das penas aplicadas aos 
diversos crimes. 
Ainda no caso do concurso formal, quando as penas aplicadas pelo sistema de 
exasperação superarem as que por ventura fossem aplicadas pelo sistema do cúmulo 
material para que o apenado não saia prejudicado, sua pena será computada como 
se desta forma fosse. Este é o chamado cúmulo material benéfico. Exemplificando: 
caso o agente cometa um homicídio simples e uma lesão corporal em concurso formal 
próprio, sua pena seria a do homicídio (por ser maior) acrescida de um terço até 
metade, o que poderia, dependendo do aumento aplicado, ser maior que a do 
homicídio e das lesões corporais somadas. Assim caso a pena aplicada pelo sistema 
da exasperação seja maior que a que fosse aplicada pelo cúmulo material, este será 
o aplicado. 
O aumento de pena no concurso formal deve ser fundamentado pelo juiz, 
devendo, segundo a maioria dos doutrinadores, ser aplicado levando em 
consideração o número de vítimas ou a quantidade de crimes praticados. 
Para a aplicação da suspensão condicional do processo, é necessário que se 
faça primeiro o cálculo da pena com o acréscimo de um terço até metade, para só 
assim fixar os novos limites mínimos, conforme preconiza o art. 70 do CP:Art. 70 – Quando o agente, mediante uma só ação ou omissão, pratica dois ou 
mais crimes, idênticos ou não, aplicasse-lhe a mais grave das penas cabíveis ou, se 
iguais, somente uma delas, mas aumentada, em qualquer caso, de um sexto até 
metade. As penas aplicam-se, entretanto, cumulativamente, se a ação ou omissão é 
dolosa e os crimes concorrentes resultam de desígnios autônomos, consoante o 
disposto no artigo anterior. 
Parágrafo único – Não poderá a pena exceder a que seria cabível pela regra 
do art. 69 deste Código. 
É distinto de o concurso material pelo fato haver somente uma ação/omissão. 
Com uma só conduta o sujeito realiza dois ou mais delitos. 
 
38 
Concurso Formal Homogêneo → crimes idênticos figurados em uma só 
conduta. Exemplo: um atropelamento culposo que mata duas pessoas. Uma só 
conduta que ensejou dois crimes de homicídio culposo. 
Concurso Formal Heterogêneo → crimes tipificados em normas penais 
diferentes resultantes de uma só conduta. Exemplo: um atropelamento culposo que 
mata uma pessoa e fere outra. Uma só conduta que gerou dois crimes diferentes. 
 
Quanto à contagem da pena 
Concurso Formal Perfeito → Unidade de Desígnios. 
Se as penas forem diferentes, aplica-se a maior das penas, aumentada de 1/6 
até metade. Exemplo: crime que causa morte de uma pessoa e lesão da outra, aplica-
se a pena relacionada ao crime de homicídio, aumentada. 
Se as penas forem iguais, aplica-se só uma delas, também aumentada de 1/6 
até metade. Exemplo: acidente de carro que causa a morte de duas pessoas, aplica-
se a pena do homicídio culposo, aumentada nos termos do art. 70. 
Este aumento (de 1/6 até metade) varia de acordo com o número de crimes 
cometidos pelo sujeito. O juiz pode aplicar qualquer aumento que lhe pareça 
conveniente dentro deste limite. 
A dosagem da pena deve seguir o princípio do concurso ideal. Isso quer dizer 
que, se em um caso de concurso formal fosse hipoteticamente aplicada a pena do 
concurso material, e esta fosse menor, a pena do concurso formal deve ser minorada 
para abaixo desta. Tudo isso em prol do princípio da interpretação mais benéfica ao 
agente. 
Concurso Formal Imperfeito → Autonomia de Desígnios 
A cumulação das penas se dará quando os crimes forem dolosos e resultarem 
de desígnios autônomos. 
“Suponha-se que o agente, com um só projétil de revólver, mate dolosamente 
duas pessoas. Há unidade de conduta e autonomia de desígnios (dirigidos à morte 
das duas pessoas). Neste caso, o concurso continua sendo formal, mas, na aplicação 
da pena, manda o Código que seja realizada com base na regra do concurso material: 
as penas devem ser somadas. No exemplo, devem ser somadas as penas dos dois 
homicídios dolosos”. 
 
A Unidade de Desígnios 
 
39 
Pressupõe que no crime o qual o agente tenha planejado, escolhido os meios, 
e executado, ele buscava um só fim, mas, por determinadas circunstâncias, acabou 
extrapolando o que havia pretendido inicialmente e comete a pluralidade de crimes. 
As diversas ações se apresentam na cabeça do sujeito como um fato único, 
mas que, na execução, acabam se fraccionando. 
Diz respeito ao concurso formal perfeito, ou seja, não deve ter havido para os 
diferentes crimes cometidos no concurso correspondentes desígnios autônomos → 
ele deve ter sido apenas um. Isso resulta exclusivamente da vontade do autor. 
 
A Autonomia de Desígnios 
Ocorre a autonomia de desígnios quando o sujeito pretende praticar não um só 
crime, mas vários, tendo consciência e vontade em relação a cada um deles, mas os 
comete em uma conduta que, externamente, parece ser única. 
Assim, o sujeito pode cometer estupro com dupla finalidade: satisfazer seu 
instinto sexual e transmitir doença venérea. 
Com uma só conduta, portanto, realiza dois fins. Depende unicamente da 
vontade do agente em cometer mais de um crime na mesma conduta. 
Diz respeito ao concurso formal imperfeito. 
O que diferencia ambas, portanto, é a intenção quanto à pluralidade dos crimes. 
Se houve intenção em cometer a pluralidade de crimes em uma conduta 
apenas (exemplo do estupro para transmitir doença venérea), as penas são 
cumulativas, seguindo o regime do concurso formal imperfeito. 
Agora, se houve pluralidade de crimes sem a intenção (acidente culposo que 
mata duas pessoas), o desígnio é único, e, portanto, segue o regime do concurso 
formal perfeito. 
 
Crime Continuado 
O crime continuado ou continuação delitiva está definido no art. 71 do Código 
Penal. Este se dá quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, em 
condições de tempo, lugar, e utilizando de modos de execução parecidos, comete 
crimes de mesma espécie, sendo que os subsequentes devem ser havidos em 
continuação do primeiro. 
Esta forma de concurso de crimes foi adotada por ficção jurídica, já que são 
vários crimes que a lei adota como crime único para questões de punibilidade. 
 
40 
Por crimes de mesma espécie, não há necessidade de serem idênticos, 
bastando que o bem jurídico atingido no seu cometimento sejam os mesmos. Este 
não é um entendimento pacífico, pois alguma parte da doutrina entende que apenas 
crimes que fazem parte de um mesmo dispositivo legal (artigo de lei) seriam da mesma 
espécie, como um homicídio simples e um qualificado, por exemplo. 
As condições necessárias que envolvem o tempo, o lugar, o modo de execução, 
assim como outras semelhantes, não devem ser analisadas individualmente, devendo 
o julgador fazer uma concepção conjunta das mesmas, sendo prescindível a presença 
de todas, para que a conclusão seja obtida a partir de cada caso concreto. 
Com relação a forma de cálculo das penas, o sistema utilizado é o da 
exasperação, só que com um maior aumento que no concurso formal próprio, podendo 
variar de um terço a dois terços. 
Existe também a figura do crime continuado específico, que está contida no 
parágrafo único do art. 71 do Código Penal, em que a pena pode ser aumentada até 
o triplo. Para que se configure esta figura específica, é necessária a multiplicidade de 
vítimas, a conduta dolosa em todos os casos, e a utilização de violência ou grave 
ameaça contra a pessoa. 
O percentual de aumento em ambos os casos deve ser baseado no número de 
crimes ou de vítimas. E, da mesma forma que no concurso formal próprio, as penas 
aplicadas pelo sistema da exasperação não podem superar as que seriam aplicadas 
pelo cúmulo material, portanto, caso seja ultrapassado o limite, será aplicado o cúmulo 
material benéfico. 
7.2 Sistemas de Apenamento 
Sistema do Cúmulo Material → considera que as penas dos vários delitos 
devem ser simplesmente somadas. Adotada no concurso real (art. 69, caput) e no 
formal imperfeito (art. 70, caput). 
Sistema de Absorção → a pena mais grave absorve a menos grave. Defeito: 
sujeito pode cometer diversos crimes de menor gravidade e somente um mais grave. 
Sistema de Acumulação Jurídica → pena não é a soma, mas é de bom tamanho 
para atender ao concurso. 
Sistema da Responsabilidade Única e da Pena Progressiva Única → crimes 
concorrem, mas sem se acumular, ou seja, quanto mais crimes, maior a 
 
41 
responsabilidade do agente. Um novo crime agrava a responsabilidade já existente 
em função do crime anterior. Portanto, deve persistir a unidade da pena, que é 
progressiva em razão do número e qualidade dos delitos. 
Sistema da Exasperação da Pena → aplica-se a pena do crime mais grave, 
aumentada de um quantum determinado. Adotada no concurso formal (art. 70) e no 
crime continuado (art. 71) 
7.3 Dos efeitos da condenação penal 
Efeitos Genéricos 
Apesar de ainda não ter havido discussão doutrinária, o artigo 91-A, acrescido 
pela Lei 13.964, de 24 de dezembro de 2019, trouxe mais hipóteses de efeitos 
específicos da condenação: 
 
Art. 91 -Na hipótese de condenação por infrações às quais a lei comine pena 
máxima superior a 6 (seis) anos de reclusão, poderá ser decretada a perda, 
como produto ou proveitodo crime, dos bens correspondentes à diferença 
entre o valor do patrimônio do condenado e aquele que seja compatível com 
o seu rendimento lícito. 
§ 1º Para efeito da perda prevista no caput deste artigo, entende-se por 
patrimônio do condenado todos os bens: 
 
I - De sua titularidade, ou em relação aos quais ele tenha o domínio e o 
benefício direto ou indireto, na data da infração penal ou recebidos 
posteriormente; e 
 
 II - Transferidos a terceiros a título gratuito ou mediante contraprestação 
irrisória, a partir do início da atividade criminal. 
 
§ 2º O condenado poderá demonstrar a inexistência da incompatibilidade ou 
a procedência lícita do patrimônio. 
 
§ 3º A perda prevista neste artigo deverá ser requerida expressamente pelo 
Ministério Público, por ocasião do oferecimento da denúncia, com indicação 
da diferença apurada. 
 
§ 4º Na sentença condenatória, o juiz deve declarar o valor da diferença 
apurada e especificar os bens cuja perda for decretada. 
 
§ 5º Os instrumentos utilizados para a prática de crimes por organizações 
criminosas e milícias deverão ser declarados perdidos em favor da União ou 
do Estado, dependendo da Justiça onde tramita a ação penal, ainda que não 
ponham em perigo a segurança das pessoas, a moral ou a ordem pública, 
nem ofereçam sério risco de ser utilizados para o cometimento de novos 
crimes. 
 
 
 
42 
 
O legislador restringiu a aplicação dos regramentos incluídos pela Lei 
13.964/2019 aos crimes cuja pena máxima seja superior a 6 anos de reclusão. 
Portanto, não cabe a decretação da perda de bens, com base no artigo 91-A do CP, 
em todos os delitos. 
 
A perda é decretada com fundamento na existência de produto ou proveito do 
crime. A ideia é alcançar bens do condenado sem exigência de comprovação de que 
ele decorre diretamente da atividade criminosa (produto) ou deriva dela, por 
conversão dos bens (proveito). 
 
Nesta hipótese, o legislador exige apenas a demonstração de que o condenado 
possui patrimônio incompatível com aquele que poderia ter sido amealhado com seu 
rendimento lícito. Para tal comparação, o Código determina a consideração dos bens 
de titularidade do agente e daqueles sobre os quais ele tenha o domínio e o benefício 
direto ou indireto, tanto na data da infração quanto após o seu cometimento, ou seja, 
os bens recebidos após a data do delito. 
 
Consideram-se, ainda, como patrimônio do agente aqueles que forem 
transferidos a terceiros a título gratuito (como uma doação) ou mediante uma 
contraprestação irrisória (como um negócio de compra e venda simulado, em que o 
preço só serve para ocultar a natureza gratuita da alienação), a partir do início da 
atividade criminal. Neste ponto, devemos considerar o início dos atos executórios, 
quando o agente já pode ser punido pela prática do delito, a título de tentativa. 
 
O parágrafo segundo do artigo 92-A do CP permite, ao condenado, que 
demonstre que o patrimônio é compatível com sua renda lícita, o que afasta tal efeito 
da condenação. Possibilita, ainda, que o condenado demonstre a procedência lícita 
do patrimônio, como uma doação de um familiar ou o recebimento de uma herança. 
 
A lei exige o pedido expresso do Ministério Público, que deve ser feito por 
ocasião da denúncia, inclusive com a indicação da diferença apurada entre o 
patrimônio que o condenado possui e o que seria compatível com sua atividade 
profissional e/ou econômica lícita. 
 
43 
 
Na sentença, o juiz deverá declarar a diferença efetivamente apurada, após o 
exercício do contraditório e da ampla defesa, com a especificação dos bens que terão 
a perda decretada. 
 
No parágrafo quinto do artigo 91-A do Código prevê uma regra específica para 
os instrumentos utilizados para a prática de crimes por organizações criminosas e 
milícias. Nestes casos, serão declarados perdidos em favor da União ou do Estado, 
dependendo da Justiça onde tramita a ação penal. Ainda se especifica que deve haver 
a perda ainda que tais instrumentos não ponham em perigo a segurança das pessoas, 
a moral ou a ordem pública, nem ofereçam sério risco de ser utilizados para o 
cometimento de novos crimes. 
 
Se for caso de competência da Justiça Estadual, a perda dos instrumentos do 
crime será em favor do Estado. Sendo de competência da Justiça Federal, os 
instrumentos do crime devem ser perdidos em favor da União. 
 
Apesar de não haver menção a ser esse efeito automático ou não, a redação 
indica a necessidade de decretação judicial (“deverão ser declarados perdidos”), além 
de sua previsão estar em um artigo que menciona a necessidade de determinação na 
sentença. Deste modo, verifica-se que deve ser decretado pelo juiz de forma 
expressa. 
 
Análise do inciso I 
O crime ofende um bem-interesse, acarretando uma lesão real ou potencial à 
vítima. Nos termos do Código Civil, fica obrigado a reparar o dano aquele que, por 
ação ou omissão voluntária (dolo) ou negligência ou imprudência (culpa), violar direito 
ou causar prejuízo a outrem. Conforme acentua o professor Damásio E. de Jesus, a 
sentença condenatória funciona como sentença meramente declaratória no tocante a 
indenização civil, pois nela não há mandamento expresso de o réu reparar o dano 
resultante do crime. Contudo, é muito comum o ofendido, por desconhecimento dos 
seus direitos, não acionar a justiça para obter a reparação devida. Porém, quando isto 
ocorre, o interessado não será obrigado, no juízo cível, comprovar a materialidade, a 
autoria e a ilicitude do fato, já assentes na esfera penal, para obter a reparação do 
 
44 
dano. Discutir-se-á apenas o montante da indenização pleiteada pela vítima do crime 
em questão. Para efeito de ilustração, cabe ressaltar aqui que o STF já se pronunciou 
a respeito da sentença em que se concede o perdão judicial como sentença 
condenatória, valendo, portanto, como título executivo. 
Por outro lado, a sentença que julga o agente inimputável, aplicando-lhe 
medida de segurança, embora considerada na doutrina como condenatória imprópria, 
é, em termos legais, absolutória, não propiciando assim a sua execução na esfera 
civil, como observa o nobre doutrinador e professor Julio Fabbrini Mirabete em seu 
Manual de Direito Penal. Também não é sentença condenatória a decisão que 
reconhece a prescrição da pretensão punitiva e as sentenças de homologação da 
composição e da transação penal previstas na Lei 9.099/95. 
Transitada em julgado a sentença condenatória e morrendo o condenado, a 
execução civil será promovida contra seus herdeiros, nas forças da herança, conforme 
o princípio da responsabilidade civil do nosso Código Civil. No mesmo sentido, a 
extinção da punibilidade por qualquer causa, após o trânsito em julgado da sentença 
condenatória, não exclui seus efeitos secundários de obrigar o sujeito à reparação do 
dano (vide art. 67, inciso II do CPP). 
Quando absolvido o condenado em revisão criminal, perde a sentença seu 
caráter de título executório ainda que já instaurada a execução civil pelo ofendido. Na 
hipótese de ocorrerem paralelamente as ações penal e civil, o juiz poderá suspender 
o curso desta, até o julgamento definitivo, daquela, visando evitar, o quanto possível, 
decisões contraditórias. Sendo pobre na forma da lei o titular à reparação do dano, a 
execução poderá ser promovida pelo Ministério Público, a seu requerimento (vide art. 
68 do CPP). O interessado também poderá recorrer a Defensoria Pública da Comarca. 
No caso de homicídio, por exemplo, a reparação do dano consiste no 
pagamento de todas as despesas decorrentes do fato criminoso e na prestação de 
alimentos às pessoas a quem o defunto os devia. Cabe assinalar que o dano moral, 
na questão em comento também é devido, especialmente nos crimes contra a honra 
e contra os costumes. As indenizações (dano material e ou moral) de que trata o 
presente estudo estão regulamentadas no Código Civil. 
Por fim, embora a responsabilidadecivil seja independente da criminal, faz 
coisa julgada no cível a sentença penal que reconhece ter sido o ato praticado em 
estado de necessidade, em legítima defesa, em estrito cumprimento de dever legal ou 
no exercício regular de direito, quando o ofendido não deu causa. Cabendo nestes 
 
45 
casos, para aquele a quem recai a obrigação de reparar o dano, a ação regressiva 
contra o agente causador ou beneficiário. 
 
Análise do inciso II 
Quanto ao inciso II do mesmo artigo em comento, diz respeito aos interesses 
do Estado. Constitui uma espécie de confisco com a perda de instrumento e do 
produto do crime para a União, ressalvado o direito do lesado ou de terceiros de boa-
fé. É importante observar que a lei não prevê a perda para o Estado quando da prática 
de contravenção, embora haja divergência doutrinária a respeito. A perda em relação 
ao produto ou proveito auferido pelo crime alcança as coisas obtidas diretamente ou 
mesmo indiretamente com a prática do crime. Inclusive, há jurisprudência quanto a 
inadmissibilidade na devolução, ainda que sobrevenha a prescrição da pretensão 
executória. 
O confisco, como efeito da condenação, é o meio através do qual o Estado visa 
impedir que instrumentos idôneos para delinquir caiam nas mãos de certas pessoas, 
ou que o produto do crime enriqueça o patrimônio do delinquente. Quanto aos 
instrumentos do crime, somente podem ser confiscados os que consistirem em objetos 
cujo fabrico, alienação, uso, porte ou detenção constitua ato ilícito. Não são 
confiscados, embora possam ser apreendidos, os instrumentos que eventualmente 
foram utilizados para a prática do crime. Os instrumentos e o produto do crime passam 
a integrar o patrimônio da União, procedendo-se, conforme a hipótese, a leilão público 
ou destruição, conforme a lei determinar. 
Pode-se também efetuar o “sequestro” dos bens imóveis adquiridos pelo 
indiciado com os proventos do crime, ainda que já tenha sido transferido a terceiro 
(vide art. 125 seguintes do CPP). 
Na legislação especial que regulamenta o art. 243 da CF, a Lei 8257/92, dispõe 
sobre a expropriação das glebas em que se localizarem culturas ilegais. Este confisco, 
porém, independe de ação penal, mas sim de ação civil apropriada. No mesmo 
sentido, temos a perda de bens e valores no caso de enriquecimento ilícito de agentes 
públicos (Lei 8429/92). 
Ademais, regra geral, o confisco só ocorre com o trânsito em julgado da 
sentença condenatória, sendo inadmissível durante o andamento do processo. Cabe 
ressaltar que o confisco não se confunde com a apreensão. Pois, a apreensão dos 
instrumentos e objetos relacionados com o crime deve ser determinada pela 
 
46 
autoridade policial, e não podem ser restituídos antes de transitar em julgado a 
sentença final, salvo quando os objetos apreendidos não mais interessar ao processo 
e não restar dúvida quando ao direito do reclamante. A restituição, quando cabível, 
poderá ser ordenada pela autoridade policial ou juiz, mediante termos nos autos. 
Quando houver dúvida quanto ao legítimo proprietário, o juiz remeterá as partes para 
o juízo cível. 
Por fim, regra geral, o produto do crime deverá sempre ser restituído ao lesado 
ou ao terceiro de boa-fé. Assim, só se efetivará o confisco em favor do Estado na 
hipótese de permanecer ignorado o dono ou, não reclamados os bens ou valores por 
quem de direito. 
8 AÇÃO PENAL 
Com efeito, na esteira da doutrina mais abalizada, a ação penal é o direito 
público subjetivo de pedir ao Estado-Juiz a aplicação do direito penal objetivo a um 
caso concreto. 
Apesar do direito de ação ser abstrato e autônomo, exige-se o preenchimento 
de certas condições para o seu exercício regular. 
 
Essas condições devem ser analisadas pelo juiz por ocasião do oferecimento 
da peça acusatória, já que ausente qualquer condição da ação, o caminho será a 
rejeição da peça acusatória, nos termos do art. 395, CPP. 
A partir desse pressuposto, apresentaremos o conceito de ação penal, as 
espécies existentes, bem como suas características e os princípios norteadores deste 
relevante instituto do direito processual penal. 
8.1 Do conceito 
De acordo com os princípios que predomina o direito processual, 
independentemente da área, pode ser mencionado da inércia da jurisdição. Este 
princípio busca explicar a atuação do magistrado mediante o início de uma ação penal, 
isto é, uma ação penal para que seja iniciada, requer provocação exclusiva do 
Ministério Público, amparada pela Carta Magna, ou por um particular quando permitido 
 
47 
por lei, de modo que o juiz, sozinho, não pode dar início ao processo, mas sim dar 
impulso ao processo. 
O que é vedado é a sua iniciativa. Com o processo penal, não poderia ser 
diferente. Portanto, o direito de ação pode ser exercido desde que o Ministério Público 
ou o particular, nos crimes cuja iniciativa é privada, reúna elementos suficientes de 
prova relativos à prática de uma conduta delituosa. Porém, é indispensável, com base 
no princípio supracitado, que o acusador provoque a manifestação do Estado, mais 
precisamente, acione os órgãos aos quais sejam atribuídos o exercício da jurisdição. 
O direito de ação é um direito de provocar o Estado-Juiz, para que seja decidido sobre 
o fato penalmente relevante, autorizando, assim, a aplicação do direito penal a um 
caso concreto. 
A ação é um direito subjetivo processual que passar a existir em razão da 
existência de um litígio, seja ele civil ou penal. Ante a pretensão satisfeita de que o 
litígio provém, aquele cuja exigência ficou desatendida propõe a ação, a fim de que o 
Estado, no exercício da jurisdição, faça justiça, compondo, segundo o direito objetivo, 
o conflito intersubjetivo de interesses em que a lide se consubstancia. O jus puniendi, 
ou poder de punir, que é de natureza administrativa, mas de coação indireta diante da 
restrição da autodefesa estatal, obriga o Estado-Administração, a comparecer perante 
o Estado-Juiz sugerindo a ação penal para que seja ele realizado. A ação é, pois, um 
direito de natureza pública, que compete ao indivíduo, como pessoa, e ao próprio 
Estado, enquanto administração, perante os órgãos destinados a tal fim. 
8.2 Das características 
Em relação às características do direito de ação, há uma comunhão entre as 
características do direito de ação no Direito Processual Civil e no Direito Processual 
Penal. São características da ação no Direito Processual Penal: 
Direito subjetivo: a prestação de fazer justiça é de competência do Estado e 
o titular do direito subjetivo pode exigir dele a prestação jurisdicional. 
Direito abstrato: o titular do direito tem a faculdade de provocar o poder 
Público, através dos órgãos judiciários, isso é decorrente da autonomia do direito de 
ação em relação ao direito material. Não importa se aquilo que está sendo alegado é 
verdadeiro ou não, pois independente disso o Estado deverá manifestar-se contra ou 
a favor do titular da pretensão punitiva. 
 
48 
Direito autônomo: para que o direito de ação seja exercido não é 
imprescindível que tenha sido transgredido um direito material. Isso se explica quando 
houve o exercício da ação penal, mas inexistiu o direito que a ação tinha por fim tornar 
efetivo. Logo, ele independe da existência do direito subjetivo material que é o direito 
de punir. 
Direito Público: o direito de ação é um Direito Público visto que serve para 
provocar o Estado através dos órgãos jurisdicionais, pois esta é uma função 
eminentemente pública e de relevante interesse social. 
8.3 Das espécies 
A divisão é subjetiva, em função da qualidade do sujeito que detém a sua 
titularidade. 
De acordo com esse critério, as ações são classificadas em ação penal de 
iniciativa pública e ação penal de iniciativa privada. A primeira subdivide-se em ação 
penal pública condicionada que pode ser por representação do ofendido ou requisição 
do Ministro da Justiça (art.145, parágrafo único do CP.) e a ação penal pública 
incondicionada (art. 100, caput e §1º do CP). Já a ação penal privada pode ser 
principal (ou exclusiva), personalíssima (art. 236 do CP) e subsidiária da pública (art. 
100, §3º do CP). 
As terminologias utilizadas, quais sejam, ação penal pública e ação penal 
privada não estão em consonância com os conceitos que representam, pois, de 
acordo com as características apresentadas, o direito de ação é tido como um direito 
público tão somente e tem, sempre, natureza pública. Porém, essa classificação é 
baseada segundo o titular do interesse de agir que, nos casos de ações penais 
públicas, são promovidas pelo Ministério Público e nos casos de ação penal privada, 
esta será promovida pela vítima ou seu representante legal. 
O critério identificador da ação penal pública ou privada é estabelecido pelo art. 
100 do Código Penal ou pela legislação especial e através dele identificamos se a 
ação é pública incondicionada, condicionada ou privada. Na pública incondicionada, 
há silêncio da lei. Na pública condicionada, há expressa menção no texto legal, assim 
como, nas ações privadas. 
 
49 
8.4 Da Ação penal pública 
A iniciativa dessa ação é de um órgão estatal representando o próprio interesse 
social. A Constituição Federal no art. 129, inciso I, estabelece, em outras palavras 
que, se a infração penal é sujeita à ação penal pública, somente o Ministério Público 
poderá propô-la, seja ela condicionada ou incondicionada. 
A ação pública incondicionada se diferencia da ação pública condicionada pelo 
fato da última depender da interferência do ofendido, de seu representante legal ou 
da requisição do Ministro da Justiça que deverão manifestar sua vontade para que a 
ação seja proposta, isto é, preciso que haja, no primeiro caso, uma representação, 
que nada mais é do que, a manifestação de consentimento permitindo ao Ministério 
Público agir. 
8.5 Ação Penal Pública Incondicionada 
A ação penal pública incondicionada está prevista no artigo 100, caput, 1ª parte 
do Código Penal e no artigo 24, caput, 1ª parte do Código de Processo Penal. 
Colocada como regra no sistema penal brasileiro sendo assim, não tem previsão legal 
expressa. Isso por uma razão de racionalidade ou economicidade, ou seja, o Código 
Penal após definir um delito, sempre se refere à ação penal, mas, nos casos de ação 
pública incondicionada, pelos motivos já citados acima, não há essa definição 
expressa, apenas nos casos de ações públicas condicionadas e ações de iniciativa 
privativa do ofendido. 
Os princípios que regem as ações públicas incondicionadas são os 
seguintes: 
Princípio da oficialidade: conceitua-se ao fato de que a ação pública é 
promovida pelo Ministério Público, ou seja, a legitimidade ativa cabe apenas a um 
órgão do Estado. 
Princípio da Obrigatoriedade ou da Legalidade: este princípio se mostra 
fundamental, pois se refere à obrigatoriedade que tem o órgão do Ministério Público 
de exercer o poder-dever de ação, ou seja, o dever de oferecer a denúncia quando 
tiver elementos probatórios suficientes da existência de um fato criminoso e de sua 
autoria. É o que prescreve o art. 24 do CPP, ao dispor que a ação penal será 
promovida por denúncia do Ministério Público. 
 
50 
Deste modo, quando identificada a hipótese de atuação, não pode aquele órgão 
recusar-se a dar início a ação penal e adotar critérios de conveniência e oportunidade. 
Princípio da Indisponibilidade: Disposto no art. 42 do CPP que traz a 
seguinte redação: "O Ministério Público não poderá desistir da ação penal". Esse 
princípio também é consagrado quando se trata da interposição de recursos, eis que, 
uma vez interposto não pode o Ministério Público desistir. Há, sem dúvida, várias 
situações que mitigam a aplicação do princípio da indisponibilidade, a mais importante 
delas, sem dúvida, é a ação de iniciativa privada, vigorando o princípio da 
disponibilidade. A vítima ou quem a representa, ou quem a substitui, nos casos de 
morte ou ausência, podem dispor da ação, renunciando tácita ou expressamente. 
Outra exceção é a suspensão condicional do processo para os casos de 
infrações de menor potencial ofensivo regidas pela Lei 9.099/95. É dada ao Ministério 
Público a possibilidade de propor ao acusado, após o oferecimento da denúncia, a 
suspensão condicional do processo que é um ato de disposição da ação penal, pois 
após o cumprimento da suspensão, o acusado terá a sua punibilidade extinta. 
Princípio da Intranscendência: Entende-se que o fato de que a ação penal 
condenatória é proposta contra a pessoa ou as pessoas a quem se atribui a prática 
do delito, não podendo passar da pessoa do infrator. 
Princípio da Divisibilidade: de acordo com alguns doutrinadores que aplicam 
à ação pública o princípio da indivisibilidade, defendendo-o com a tese de que, a ação 
penal pública, deverá abarcar todos aqueles que cometerem o ato delituoso, não 
podendo o Ministério Público escolher por processar apenas um dos investigados. 
Todavia, já é pacífica na jurisprudência a autorização dada ao Ministério Público de 
deixar de oferecer a denúncia contra aqueles acusados dos quais não houver reunido 
os indícios suficientes de autoria, isto é, o Ministério Público poderá optar por não 
processar todos os agentes, reunindo maiores indícios suficientes de autoria para, 
posteriormente, com os devidos esclarecimentos, processar os demais. 
8.6 Ação Penal Pública Condicionada 
No que diz respeito as ações penais públicas condicionadas estão dispostas 
no artigo 100, §1º do Código Penal e no artigo 24, caput, 2ª parte do Código de 
Processo Penal e estão reguladas, fundamentalmente, pelos mesmos princípios das 
ações públicas incondicionadas, já explicitados anteriormente, podendo-se 
 
51 
acrescentar, apenas, o princípio da oportunidade, uma vez que, esse tipo de ação 
depende do ofendido, nos casos de representação e do Ministro da Justiça, nos casos 
de requisição. Nesse tipo de ação, o exercício do seu direito se subordina a uma 
condição, qual seja, a manifestação de vontade do ofendido ou de seu representante 
legal ou de requisição do Ministro da Justiça. 
São dois os tipos de ação pública condicionada: 
À representação: cuja titularidade da ação continua sendo do Ministério 
Público. Apesar disso, este só irá atuar quando a vítima ou seu representante legal 
possibilitarem e, uma vez dada a autorização para o Ministério Público, este a assume 
incondicionalmente. A representação é a manifestação de consentimento do ofendido, 
é uma condição de procedibilidade estabelecida pela lei e o Ministério Público só 
poderá promovê-la quando satisfeita essa condição sine qua non para a propositura 
da ação penal. 
À requisição do Ministro da Justiça: advém nas hipóteses de crime cometido 
por estrangeiro contra brasileiro, fora do Brasil; crimes contra a honra cometidos 
contra Chefe do governo estrangeiro; crimes contra a honra praticados contra o 
Presidente da República; crimes contra a honra cometidos por meio de imprensa 
contra ministro do Supremo Tribunal Federal. 
8.7 Da Ação Penal Privada 
A ação de iniciativa privada se distingue da ação pública no que tange ao direito 
de agir, uma vez que esse direito, na ação privada, é dado ao particular. Entretanto, a 
ação continua sendo pública, mas com iniciativa privada. Nesse tipo de ação, o Estado 
transfere ao ofendido ou ao seu representante legal a licitude para propor a ação 
penal. O ofendido se dirige ao órgão jurisdicional para ver sua pretensão ser atendida, 
não só com o objetivo de punição do autor do caso, mas, como uma forma de voltar-
se ao interesse social com a preocupação de punição para aqueles que desobedecem 
ao dispositivo penal. Versa-se de legitimação extraordinária e foi aferida essa 
legitimidade ao ofendido por razões de política criminal. 
A ação privada se divide em três modalidades: 
Ação penal privadapropriamente dita: é aquela que só pode ser 
desempenhada pelo ofendido ou por seu representante legal, e, no caso de morte do 
ofendido é declarada a sua ausência, por qualquer uma das pessoas elencadas no 
 
52 
artigo 31 do Código de Processo Penal, quais sejam: cônjuge, ascendente, 
descendente e irmão, os quais poderão prosseguir na ação penal já instaurada. 
Ação penal privada subsidiária da pública: Dá-se início através de queixa 
quando embora se trate de crime de ação pública, o Promotor não haja oferecido a 
denúncia no prazo legal. Nesse caso, a ação penal é originariamente de iniciativa 
pública, mas o Ministério Público não promove a ação penal no prazo estabelecido 
pela lei, e, por isso, o ofendido ou o seu representante legal poderão de forma 
subsidiária ajuizá-la. Esta previsão foi feita no artigo 5º, inciso LIX da Constituição 
Federal de 1988. 
Ação privada personalíssima: Só há um caso de ação penal privada 
personalíssima: crime de induzimento a erro essencial ou ocultação de impedimento 
(art. 236 do Código Penal). 
O Ilustre Promotor de Justiça, Fernando Capez, afirma que: 
(...)“sua titularidade é atribuída única e exclusivamente ao ofendido, sendo o 
seu exercício vedado até mesmo ao seu representante legal, inexistindo, 
ainda, sucessão por morte ou ausência”. (CAPEZ, 2005 apud MOARES, 
2014, p. 5) 
Os princípios norteadores das ações privadas são os seguintes: 
Da oportunidade ou conveniência: entende-se que a vítima não está 
obrigada a promover a ação penal, mesmo estando presentes as condições 
indispensáveis para a propositura da ação. 
Prontamente, o ofendido tem a faculdade de propor a ação penal, se for de seu 
interesse, de acordo com a sua conveniência e oportunidade. Sendo assim, o ofendido 
escolhe pela impunidade ou por dar publicidade ao fato que gerou a infração penal e 
que violou a vida íntima dele. 
Da Disponibilidade: pelo princípio da disponibilidade entende-se que se o 
ofendido decidir ingressar com uma ação penal contra o autor do fato, aquele poderá 
a qualquer tempo desistir do prosseguimento do processo. Ou seja, o ofendido é quem 
determina se quer persistir até o final e essa disponibilidade pode se dar de duas 
formas, quais sejam: pela perempção ou pelo perdão do ofendido. Estes dois institutos 
são causas de extinção da punibilidade e são aplicáveis a todos os tipos de ações 
privadas, com exceção da ação privada subsidiária da pública, uma vez que, nesta, o 
dever de agir cabe ao órgão do Ministério Público. O ofendido poderá dispor do 
processo até o trânsito em julgado da sentença. 
 
53 
Da Indivisibilidade: o princípio da indivisibilidade tem previsão expressa no 
artigo 48 do Código de Processo Penal: "A queixa contra qualquer dos autores do 
crime obrigará ao processo de todos, e o Ministério Público velará pela sua 
indivisibilidade”. 
O Estado dá ao ofendido a possibilidade de propositura da ação penal, mas, 
com base nesse princípio, o ofendido não tem a faculdade de propor a ação penal em 
face de apenas um autor do fato, quando, na verdade, existiu mais de um agente na 
infração penal. Compete ao ofendido dizer se propõe ou não a ação penal. No entanto, 
não lhe cabe optar por quem irá processar ou não. 
Da Intranscendência: esse princípio decorre do artigo 5º, inciso XLV, da 
Constituição Federal e diz respeito ao fato de que a ação penal só deve ser proposta 
contra aquela pessoa que praticou a infração penal. 
Ressalta-se, os princípios norteadores são aplicáveis a todos os tipos de ação 
privada, com exceção do princípio da disponibilidade que não é aplicado às ações 
privadas subsidiárias da pública 
9 EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE 
Para se falar de extinção de punibilidade, é necessário antes limitar o objeto do 
que vai ser extinto. Afirmamos isto porque a punibilidade pode ser vista além do 
sentido material penal, também no sentido formal (exemplo, reparação de dano). 
Limitando nosso pequeno estudo a extinção da coerção materialmente penal. 
A extinção da punibilidade pode ter causa em atos/fatos, circunstância do 
agente ou de terceiros, ou, ainda de natureza posterior ao crime. 
Estas causas fazem desaparecer a pretensão punitiva do Estado, porque 
atuam no dizer de Mirabete, no sentido de impedir seja a persecutio criminis 
instaurada, ou até mesmo de executá-la depois da condenação proferida. 
O artigo 107 do CP de forma alguma esgota o rol das causas de extinção de 
punibilidade, pois não é taxativa, inclusive estando presente em outros artigos do 
código tanto na parte geral como na especial. 
A possibilidade jurídica do Estado exercer o seu exclusivo jus puniendi (é 
dogmaticamente vedada a punição privada) em muitos casos está condicionado a 
 
54 
“ações privadas” no sentido de dar início, ou de prosseguir como veremos no caso da 
decadência e da perempção. 
De todas as causas da extinção da punibilidade, a que mais nos deteremos é 
a prescrição, até porque ela está ligada diretamente a ação estatal. 
De grande relevância para o estudo do direito, este tema polêmico, por muitos 
estudiosos não aceito, está presente em nosso código e ao longo dos anos este 
instituto vem sofrendo modificações. 
Esta perda do poder de punir do Estado, denominada prescrição, em nosso 
código se apresenta em quatro modalidades. 
9.1 Extinção da Punibilidade e Prescrição 
Punibilidade 
Punibilidade é a aplicabilidade da pena cominada em abstrato na norma penal 
pela prática de um fato definido na lei como crime. 
 
Extinção da punibilidade 
Existem condições que impedem a operabilidade da coerção penal, são 
aqueles fatos ou atos jurídicos que impossibilitam o Estado de exercer o seu “jus 
puniendi”. A extinção da punibilidade se distingue da “exclusão de antijuricidade” pois 
neste caso não há crime. 
Divide-se em duas as causas da extinção da punibilidade: as gerais ou comuns 
que atingem todos os delitos, como por exemplo a morte do agente; e as especiais ou 
particulares relativo a determinados delitos, como por exemplo a retratação do agente 
nos crimes contra a honra, o casamento com a ofendida. 
Importante ressaltar, que a extinção da punibilidade gerado pelo casamento 
com a vítima, teve seu artigo revogado pela Lei 11.106/05, não sendo mais permitido 
tal extinção. Ademais, o efeito dessa extinção beneficiava aos co-autores e partícipes, 
tornando extinta a punibilidade também a estes. 
Sendo o crime, elemento constitutivo ou agravante de outro crime a extinção 
deste não extingue aqueles (art. 108, CP), exemplo: furto e receptação – a extinção 
do crime em relação ao furto não se estende a receptação. 
Quando as causas da extinção da punibilidade ocorrem antes do trânsito em 
julgado diz-se da pretensão punitiva, exemplo disto é a decadência e a perempção. 
 
55 
Quando a extinção da punibilidade advém após o trânsito em julgado da 
sentença condenatória, trata-se de pretensão executória – exemplo clássico a abolitio 
criminis. 
9.2 As Causas da extinção da punibilidade previstas no art.107 e fora dele 
O art. 107 enumera 12 causas de extinção: morte do agente, anistia, graça, 
indulto, abolitio criminis, prescrição, decadência, perempção, renúncia, perdão do 
ofendido, retratação e perdão judicial. 
Apesar da enumeração, o dispositivo não é taxativo, há várias causas de 
extinção espalhadas pelas leis e no próprio código. Citando alguns: ressarcimento do 
dano no peculato culposo (art. 312, § 3, CP); na Lei 9099/95 os artigos 74, parágrafo 
único; 84, parágrafo único; a ausência de representação no 88, 89, §5 e 91; dentre 
outros. 
A extinção antes de transitar em julgado tem efeitos absolutórios, assim mesmo 
o agente não sofrerá qualquer efeito da condenação. 
9.3 Prescrição in genérico 
Inserida no Título VIII da parte geral do Código Penal, é uma das causas da 
extinção da punibilidade. 
 
9.4 Conceito fundamento e modalidades 
Existem dois grandes pontos estatais atingíveis pela prescrição:o “jus 
puniendi” e o “jus punitionis”. 
É de grande relevância para o mundo jurídico estas incidências, pois afeta tanto 
a persecução criminal contra o autor de uma infração – prescrição da pretensão 
punitiva- como afeta a sanção em função do lapso temporal determinando pela obra 
– prescrição da pretensão executória. 
O decurso do tempo pode afetar: 
Jus puniendi – pelo art. 109. 
Jus ponitionis – pela art. 109 c/c 110. 
 
56 
 
9.5 Prescrição da Pretensão Punitiva e seus Prazos 
Artigos 109, 111 e 119. 
Ocorrência: quando o Estado perde o “jus puniendi” antes de transitar em 
julgado a sentença, em decorrência do decurso de tempo, entre a prática do crime e 
a prestação jurisdicional devida pelo poder Judiciário, pedida na acusação, para a 
respectiva sanção penal ao agente criminoso. 
Neste caso, os prazos prescricionais expressos são taxativos e obedecem a 
uma escala rígida, enunciada, sendo regulados pela quantidade máxima da pena em 
abstrato para cada crime, conforme a tabela extraída do art. 109: 
 
Se a pena cominada é: A prescrição ocorrerá em: 
Mais que 12 anos Em 20 anos 
Mais que 8 até 12 anos Em 16 anos 
Mais que 4 até 8 anos Em 12 anos 
Mais que 2 até 4 anos Em 8 anos 
De 1 até 2 anos Em 4 anos 
Menos de 1 ano Em 3 anos 
 
Aos crimes previstos na lei de contravenções penais, como não dispõe em 
contrário, aplica-se a mesma regra. 
Nas penas restritivas de direito que virem a substituir a privativa de liberdade, 
tem a mesma duração desta. Como só são conhecidas após a sentença, acaba 
valendo a regra do artigo 110 e seus parágrafos. 
Verifica-se que quanto mais grave o crime, maior será o prazo de prescrição da 
pretensão punitiva. 
Dois exemplos práticos 
https://jus.com.br/tudo/contravencoes-penais
 
57 
 João Falador cometeu crime de injúria contra um funcionário público em 
razão de suas funções (art. 140 c/c 141, inciso I) cuja pena máxima seria 
de 8 meses. Passados três anos da prática do crime, sem ter sido 
iniciada a ação penal, sem que a sentença condenatória tenha sido 
prolatada, dar-se-á a prescrição da pretensão punitiva, nos termos do 
artigo 109, inciso IV. 
 João Facada, cometeu crime de homicídio qualificado (art. 121, §2) cuja 
pena máxima é de 30 anos de reclusão. Passados vinte anos sem ter 
sido iniciada a ação penal, ou sem que a sentença de pronúncia tenha 
sido prolatada após esta denúncia, dar-se-á a prescrição nos termos do 
art. 109, inciso I. 
Leva-se em conta na contagem do prazo as causas de especial aumento ou 
diminuição de pena constante da denúncia. 
Não se considera as agravante e atenuantes da parte geral (art. 61, 65...) a 
tentativa é regulada pelo máximo do crime tentado, e reduzido o mínimo da sua 
variável (1/3). 
A prescrição é matéria de direito material, e aplica-se, pois, os princípios do 
artigo 10 do CP: conta-se o dia do início não estando sujeito a suspensão por férias, 
domingos, feriados, etc. 
A regra geral está prevista no art. 111, o termo inicial da prescrição punitiva é 
a data da produção do resultado. 
No caso de crime permanente, como sequestro por exemplo, conta-se o prazo 
prescricional a partir do momento em que a vítima readquire a liberdade (art. 111, 
inciso III), pois a conduta contínua se prolonga no tempo. 
A prescrição do crime de bigamia, começa a correr na data em que se tornou 
conhecido por autoridade pública (geralmente será conhecido diante da queixa do 
cônjuge ofendido). 
No concurso de crimes, a regra é simples e não há controvérsia, cada delito 
tem seu prazo prescricional. 
Há controvérsias quanto a formalidade do ato de conhecimento. Alguns 
tribunais entendem que é suficiente o conhecimento presumido do fato por parte da 
autoridade pública, outros tribunais decidem pelo formalismo do conhecimento da 
autoridade pública. 
 
58 
9.6 Prescrição da pretensão executória 
Art. 110, caput. 
Se o Estado obteve a sentença condenatória, surge agora o direito-dever de 
executar a sentença contra o condenado. Novamente o Estado está sujeito a prazos 
definidos em lei, para executar a sanção. 
Os prazos prescricionais são os mesmos da pretensão punitiva, mas como já 
existe a sentença condenatória irrecorrível, eles se baseiam na pena em concreto, 
conforme determina expressamente o artigo 110, caput: "a prescrição depois de 
transitar em julgado a sentença regula-se pela pena aplicada...” 
Assim se João Falador foi condenado a 8 meses de detenção por qualquer 
crime que comportar esta pena, e se esta não for executada em dois anos, ocorrerá a 
prescrição da pretensão executória, nos termos do art. 110 c/c 109, inciso V. 
As causas de aumento ou diminuição de pena são considerados na contagem 
do prazo prescricional salvo nas hipóteses do concurso formal e crime continuado, em 
que o acréscimo deve ser desprezado. 
A Súmula 497 do STF expressa "a prescrição regula-se pela pena imposta na 
sentença, não se computando o acréscimo decorrente da continuação" (prevista no 
artigo 71 do CP). 
No caput in fine é taxativo que para o reincidente que tem o prazo da prescrição 
aumentado em um terço, o que não se verifica na pretensão punitiva. 
 
Efeitos 
Enquanto na prescrição da pretensão punitiva o agente nada sofre em relação 
ao efeito da pena, na prescrição da executoriedade resta-lhe o lançamento no rol dos 
culpados, custas, reincidência, etc.) 
9.7 Prescrição superveniente à sentença condenatória ou prescrição 
intercorrente – art. 110, § 1 
A prescrição punitiva na modalidade superveniente é causa da extinção da 
punibilidade, que impede o conhecimento do mérito do recurso e torna insubsistente 
os efeitos da condenação. 
 
59 
Ela ocorre entre a sentença recorrida e o julgamento do recurso, pois a 
sentença não chega a transitar em julgado, antes de decorrer um novo prazo 
prescricional, cujo termo inicial é a própria decisão condenatória. A sentença só pode 
transitar em julgado para o condenado depois que este receber a intimação e tomado 
conhecimento pode exercer seu direito constitucional de recorrer a instância superior. 
Neste recurso pode ocorrer a prescrição superveniente, subsequente ou intercorrente 
(são sinônimas). 
A sanção não pode ser executada enquanto couber recurso e nesta fase o 
prazo é regulado pela pena aplicada, e não mais pela pena em abstrato. Se o tribunal 
demorar para julgar poderá ocorrer a prescrição superveniente. 
De fato, consideram-se como ‘sanções’ as sentenças nas quais a culpabilidade 
do réu fica comprovada, ainda que não se aplique necessariamente uma pena. A pena 
pode deixar de ser aplicada por vários motivos, entre eles, o perdão judicial, a extinção 
da pena ou a transação penal. Em outras palavras, estima-se a proporção de delitos 
cuja culpabilidade é oficialmente estabelecida, embora, em certas ocasiões, o próprio 
Estado decida pela não execução da sentença ou conceda algum tipo de perdão aos 
réus. Assim, a determinação de culpabilidade pode ser interpretada, no mínimo, como 
uma espécie de advertência, razão pela qual não caberia falar em impunidade nestes 
casos. 
Nesse sentido, quando a extinção da punibilidade acontece posteriormente à 
determinação de culpabilidade (como a extinção por perdão judicial), o caso é 
considerado dentro dos que resultaram em sanção. Já quando a extinção da 
punibilidade acontece previamente à determinação de culpa (como no caso da morte 
do réu antes do fim do processo) o caso é classificado entre os que não recebem 
sanção. Por sua vez, as medidas socioeducativas, embora não sejam penas, são 
tratadas também como sanções. 
 
https://jus.com.br/tudo/direito-constitucional
 
60 
TABELA - Categorização da última movimentação dos processos quanto a sua sanção penal 
 
 
Fonte: s3.amazonaws.com 
Os efeitos 
 
61 
São basicamente os mesmos da prescrição da pretensão punitiva: sem custas, 
sem rol, sem reincidência, mas pode ser usado como antecedentes nos elementos doartigo 59, CP. 
Alguns julgados do STJ levam em conta a reincidência do agente para efeito 
de contagem do prazo por estar expresso no caput (Mirabete, Damásio, Zafaroni) 
muito embora a prescrição intercorrente ser de natureza "puniendi" e não 
"punitionis". 
O STF com a súmula 146 (de 1961) "a prescrição da ação penal regula-se pela 
pena concretizada na sentença quando não há recurso da acusação" apoiada por 
Nelson Hungria, entendeu que se a acusação não teve interesse em majorar a pena, 
com recuso, seria inadmissível a "reformatio in pejus". Assim a sentença passou a ser 
base de cálculo da prescrição da pretensão punitiva e com a reforma da Lei 7.209/84, 
consagrou-se a jurisprudência dando-lhe conteúdo normativo transformando na 
norma penal do artigo 110, §1º do CP. 
9.8 Prescrição Retroativa - art. 110, § 2º 
É uma segunda espécie de prescrição da pretensão punitiva e tem também o 
seu prazo regulado pela pena aplicada na decisão condenatória e não na pena em 
abstrato. 
Conta-se o prazo para o passado, da decisão de 1ª ou 2ª instância à data em 
que foi recebida a denúncia/queixa ou desta aos fatos. 
Desde que transitada em julgado para a acusação, seja da sentença até a 
denúncia ou da denúncia até a data da consumação ou prática do último ato de 
execução no caso de tentativa (111), extingue-se a pretensão punitiva. 
Damásio enumera nove princípios da prescrição retroativa: 
 A ausência de recurso do réu não impede a P.R. 
 O prazo pode ser considerado entre a data do recebimento da denúncia 
e a publicação da sentença 
 Pode ser considerada pena privativa de liberdade reduzida em 2ª 
instância. 
 É aplicável aos casos de condenação impostos em 2ª instância. 
 O recurso da acusação que visa agravação da pena, impede a P.R. 
 
62 
 Julgado improcedente, o recurso da acusação não impede o princípio 
retroativo, podendo ser reconhecido no tribunal. 
 A prescrição retroativa atinge a pretensão punitiva, rescindindo a 
sentença condenatória e seus efeitos principais e acessórios. 
 Não pode ser reconhecida na própria sentença condenatória. 
 É, portanto, de competência superior, em apelação, revisão, habeas 
corpus. 
A falta de capacidade postulatória impede que obtenham progressão de 
regime, indulto, comutação de penas ou a extinção da punibilidade, em razão do 
cumprimento integral da sanção imposta. A situação ora levantada fica evidenciada 
aos profissionais que atuam como membros dos Conselhos Penitenciários Estaduais. 
 
10 CONSIDERAÇÃO FINAIS 
 
Portanto, após analisar sobre o progresso da pena no tempo, os principais 
princípios que se relacionam com a pena, as teorias acerca da finalidade da pena, 
bem como sua aplicação e eficácia no Brasil. 
Conclui-se que a criação da pena se limitou no início em apenas a restrição de 
liberdade, impedindo um trabalho de eficaz de ressocialização do condenado para 
torna-lo apto ao convívio em sociedade livre, trabalho esse cada vez mais implantado 
e discutido na área penal, pelo fato de o sistema penal brasileiro se encontrar em 
crise, econômica e política, fica mais difícil cumprir sua finalidade. 
Os presídios não têm a mínima condição de receber os condenados, 
submetendo-os a situações de insalubridade, propiciando o surgimento de várias 
doenças. Junte-se a isso a superlotação das celas, a ociosidade, a falta de atividades 
educacionais e falta de trabalho ao condenado. 
Com a atividade de ressocialização de presos está afetada, surge como 
solução alternativa, as penas restritivas de direito, substituindo as penas privativas de 
liberdade, como forma de desafogar as superlotações do sistema carcerário. Conduta 
que também não reeduca o infrator, como consequência o seu retorno ao mundo do 
crime. 
 
63 
Embora a Lei de Execuções Penais seja uma das mais avançadas no que tange 
à aplicação da pena, ela não é colocada em prática em virtude do não direcionamento 
de recursos à execução penal. 
O Estado tem de se abster dessa política criminal, investir mais em segurança, 
educação e saúde, proporcionar ao cidadão um padrão de vida melhor. Não se trata 
apenas de melhorar a aplicação da pena, mas sim o convívio social do brasileiro, 
evitando que os delitos ocorram. 
 
 
 
64 
11 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
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65 
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66 
12 SUGESTÕES BIBLIOGRÁFICAS 
BITENCOURT, Carlos Roberto. Manual de Direito Penal. 6ª ed. São Paulo: Saraiva, 
2010. 
MESSUTI, Ana. O tempo como pena. São Paulo: RT, 2009. 
NUCCI, Guilherme de Souza. Direito Penal. São Paulo: RT, 2010.

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