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<p>See discussions, stats, and author profiles for this publication at: https://www.researchgate.net/publication/350978157</p><p>INVESTIGAÇÃO DA CAUSA DA MORTE</p><p>Article · April 2021</p><p>CITATIONS</p><p>0</p><p>READS</p><p>57</p><p>1 author:</p><p>Albino Gomes</p><p>University of Porto</p><p>80 PUBLICATIONS   13 CITATIONS</p><p>SEE PROFILE</p><p>All content following this page was uploaded by Albino Gomes on 19 April 2021.</p><p>The user has requested enhancement of the downloaded file.</p><p>https://www.researchgate.net/publication/350978157_INVESTIGACAO_DA_CAUSA_DA_MORTE?enrichId=rgreq-780e7c9144625007233c275a871ded61-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzM1MDk3ODE1NztBUzoxMDE0MzU2NzgzNDE5Mzk0QDE2MTg4NTI5MTE0MTQ%3D&el=1_x_2&_esc=publicationCoverPdf</p><p>https://www.researchgate.net/publication/350978157_INVESTIGACAO_DA_CAUSA_DA_MORTE?enrichId=rgreq-780e7c9144625007233c275a871ded61-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzM1MDk3ODE1NztBUzoxMDE0MzU2NzgzNDE5Mzk0QDE2MTg4NTI5MTE0MTQ%3D&el=1_x_3&_esc=publicationCoverPdf</p><p>https://www.researchgate.net/?enrichId=rgreq-780e7c9144625007233c275a871ded61-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzM1MDk3ODE1NztBUzoxMDE0MzU2NzgzNDE5Mzk0QDE2MTg4NTI5MTE0MTQ%3D&el=1_x_1&_esc=publicationCoverPdf</p><p>https://www.researchgate.net/profile/Albino-Gomes?enrichId=rgreq-780e7c9144625007233c275a871ded61-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzM1MDk3ODE1NztBUzoxMDE0MzU2NzgzNDE5Mzk0QDE2MTg4NTI5MTE0MTQ%3D&el=1_x_4&_esc=publicationCoverPdf</p><p>https://www.researchgate.net/profile/Albino-Gomes?enrichId=rgreq-780e7c9144625007233c275a871ded61-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzM1MDk3ODE1NztBUzoxMDE0MzU2NzgzNDE5Mzk0QDE2MTg4NTI5MTE0MTQ%3D&el=1_x_5&_esc=publicationCoverPdf</p><p>https://www.researchgate.net/institution/University_of_Porto?enrichId=rgreq-780e7c9144625007233c275a871ded61-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzM1MDk3ODE1NztBUzoxMDE0MzU2NzgzNDE5Mzk0QDE2MTg4NTI5MTE0MTQ%3D&el=1_x_6&_esc=publicationCoverPdf</p><p>https://www.researchgate.net/profile/Albino-Gomes?enrichId=rgreq-780e7c9144625007233c275a871ded61-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzM1MDk3ODE1NztBUzoxMDE0MzU2NzgzNDE5Mzk0QDE2MTg4NTI5MTE0MTQ%3D&el=1_x_7&_esc=publicationCoverPdf</p><p>https://www.researchgate.net/profile/Albino-Gomes?enrichId=rgreq-780e7c9144625007233c275a871ded61-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzM1MDk3ODE1NztBUzoxMDE0MzU2NzgzNDE5Mzk0QDE2MTg4NTI5MTE0MTQ%3D&el=1_x_10&_esc=publicationCoverPdf</p><p>1</p><p>INVESTIGAÇÃO DA CAUSA DA MORTE</p><p>Albino Gomes</p><p>Forensic Nurse Examiner</p><p>Forensic International Consultant</p><p>albinomanuelgomes@gmail.com</p><p>CONCEITOS MÉDICO-LEGAIS</p><p>Morte Natural - a que ocorre de forma não voluntária, sem violência ou intervenção de</p><p>terceiros.</p><p>Causas determinantes: qualquer processo mórbido natural do organismo como</p><p>afeções circulatórias, degenerativas, tumorais, infecciosas, etc. ou o próprio e normal</p><p>envelhecimento que leva à falência de sistemas, órgãos e aparelhos.</p><p>Embolia Pulmonar – Alta mortalidade Na tromboembolia maciça 34% das mortes</p><p>ocorrem na 1ªhora, 35% em 24horas e 27% em 2 a 5 dias. Em 95% dos casos os</p><p>êmbolos têm origem no sistema venoso profundo dos membros inferiores. Os lobos</p><p>inferiores são geralmente mais envolvidos que os superiores.</p><p>Hematoma Epidural – Etiologia mais frequente: a hemorragia deriva da laceração de</p><p>uma artéria meníngea, mais frequentemente da artéria meníngea média</p><p>(principalmente do seu ramo posterior).</p><p>Hematoma subdural – Mais comum que os hematomas epidurais. Frequentemente</p><p>não associado a fractura. Pode ocorrer em qualquer idade, sendo comum nas idades</p><p>extremas (maus tratos infantis, nos idosos sob a forma crónica). Comum na face lateral</p><p>do hemisfério cerebral e na zona para sagital.</p><p>MORTE VIOLENTA</p><p>Englobam essencialmente três grandes grupos de circunstâncias:</p><p>• Lesões traumáticas</p><p>• Asfixias</p><p>• Intoxicações</p><p>Lesões traumáticas por:</p><p>• Acidentes de viação</p><p>• Armas brancas</p><p>• Armas de fogo</p><p>2</p><p>Lesões por agentes físicos e químicos:</p><p>– Asfixias mecânicas</p><p>– Aborto e infanticídio</p><p>Classificação dos agentes externos:</p><p>• Mecânicos</p><p>• Físicos</p><p>• Químicos</p><p>• Biológicos</p><p>AGENTES EXTERNOS MECÂNICOS - Exercem ação de natureza contundente, cortante,</p><p>perfurante ou mista.</p><p>LESÃO OU FERIMENTO - dano em qualquer parte do corpo devido à aplicação de uma</p><p>força mecânica. Surge quando a intensidade da força aplicada excede a capacidade dos</p><p>tecidos de se adaptarem ou resistirem.</p><p>ACÇÃO DE NATUREZA CONTUNDENTE - Caracteriza-se pelo contacto de um objeto</p><p>duro, de superfície plana ou romba, animado de uma força viva mais ou menos</p><p>considerável, com uma área da superfície corporal de extensão variável.</p><p>TIPO DE INSTRUMENTOS CONTUNDENTES:</p><p>a) Objetos ou utensílios – pedra, pau, martelo, pá, tijolo, coronha de arma,</p><p>cassetete, bengala, etc.</p><p>b) Partes do corpo humano – cabeça, mãos, unhas, pés e dentes.</p><p>c) Superfícies de embate – solo, paredes, peças de mobiliário, veículos</p><p>automóveis, árvores, paredes, superfícies aquáticas, etc.</p><p>ACÇÃO DE NATUREZA CORTANTE - Caracteriza-se pelo contacto linear, exercido pelo</p><p>comprimento do gume do objeto no corpo humano, em que predomina o</p><p>comprimento sobre a superfície e a profundidade.</p><p>TIPO DE INSTRUMENTOS CORTANTES – São os que têm um ou mais gumes: lâminas,</p><p>facas, arestas de vidro, de cerâmica, etc. Providos de uma lâmina a qual, através de um</p><p>mecanismo de pressão e/ou deslizamento, produz uma ferida.</p><p>ACÇÃO DE NATUREZA PERFURANTE - Caracteriza-se pelo contacto punctiforme ou</p><p>circular do objeto como corpo humano, em que predomina a profundidade, sobre a</p><p>superfície na pele.</p><p>3</p><p>TIPO DE INSTRUMENTOS PERFURANTES – Aquele sem que o comprimento é muito</p><p>superior à sua secção: alfinetes, agulhas, varetas cilíndricas ou cónicas, chaves de</p><p>fendas, espigões, projéteis ponte agudos, etc.</p><p>ACÇÃO DE NATUREZA MISTA - Caracteriza-se pela combinação de dois modos de ação,</p><p>o que leva à produção de lesões traumáticas com características de ambos os</p><p>componentes.</p><p>INSTRUMENTOS CORTO-PERFURANTES – Aqueles em que se combinam a ação</p><p>cortante (de um ou dois gumes do instrumento) com a perfurante (do maior</p><p>comprimento do instrumento): punhal, faca, canivete, navalha, tesoura, etc.</p><p>INSTRUMENTOS CORTOCONTUNDENTES - Aqueles em que se combinam a ação</p><p>cortante (de um ou dois gumes) com o efeito de uma grande força viva, contundente,</p><p>resultante do peso considerável do próprio instrumento (ou da violência no seu</p><p>manejo): machado, sabre, etc. O efeito cortante é coadjuvado pelo peso da arma</p><p>(efeito contundente), sendo por isso mais lesivos (exº machado). Quanto maior for o</p><p>peso da arma, maior será a ação contundente e, quanto mais afila da for a lâmina,</p><p>maior será a sua ação cortante.</p><p>INSTRUMENTOS PERFURO-CONTUNDENTES – São objetos alongados, de diâmetro</p><p>variável mas nunca muito grande, que atuam numa área restrita da superfície</p><p>corporal, com uma força viva considerável, combinando a ação perfurante com a</p><p>contundente: projéteis de armas de fogo (balas, chumbos, etc.).</p><p>LESÕES POR INSTRUMENTOS CONTUNDENTES – De acordo com as características do</p><p>instrumento e com a violência do traumatismo.</p><p>LESÕES TRAUMÁTICAS EXTERNAS:</p><p>a) Contusão superficial – Equimose/Hematoma</p><p>b) Abrasão- Esfoliação/Escoriação</p><p>c) Ferida contusa</p><p>LESÕES TRAUMÁTICAS INTERNAS:</p><p>a) Contusão profunda</p><p>b) Fracturas ósseas</p><p>c) Laceração/Esfacelo de órgãos</p><p>4</p><p>Nestas lesões, existe rotura dos vasos com extravasamento de sangue que infiltra os</p><p>tecidos – equimose ou coleção de sangue em cavidade neoformada – hematoma.</p><p>A sua coloração vai variando com o decorrer do tempo, desde a sua formação até ao</p><p>seu desaparecimento completo (7-15dias). Inicialmente vermelho -violácea, torna-se</p><p>azulada, depois esverdeada e, por fim, amarelada antes de desaparecer. A evolução da</p><p>cor de uma contusão superficial não nos fornece dados precisos sobre o seu tempo de</p><p>evolução, antes dá-nos uma noção de evolução e havendo múltiplas lesões com</p><p>colorações distintas podemos afirmar que as agressões se sucederam durante vários</p><p>dias.</p><p>LESÕES MODELADAS</p><p>Lesões traumáticas, que</p><p>podem ser escoriações, equimoses ou feridas contusas, cuja</p><p>morfologia e características permitem a identificação do instrumento que as produziu.</p><p>ESTIGMAS UNGUEAIS</p><p>Lesões traumáticas, geralmente escoriações, podendo estar associadas a equimoses,</p><p>resultantes da aplicação das unhas na pele.</p><p>MORDEDURAS</p><p>As lesões têm a forma de 2 arcos interrompidos, opostos e rodeados por equimose.</p><p>Ocasionalmente podem desenhar certas particularidades da arcada dentária do autor</p><p>(ex. alhas) que, sendo observadas podem possibilitar a sua identificação.</p><p>CONTUSÃO PROFUNDA</p><p>A contusão visceral surge com mais frequência em órgãos maciços (cérebro, fígado,</p><p>baço, rins).</p><p>LACERAÇÃO/ESFACELO DE ÓRGÃOS</p><p>Fracturas ósseas</p><p>LESÕES TRAUMÁTICAS COMPLEXAS</p><p>Lesões traumáticas em que se associam aspetos das diversas lesões traumáticas</p><p>referidas, resultantes de associação de mecanismos traumáticos de diferentes ações</p><p>ou de sobreposição do efeito dos mesmos.</p><p>ACIDENTES DE VIAÇÃO</p><p>Motivos para realizar a autópsia:</p><p>• Estabelecimento da identidade do falecido</p><p>• Determinação da causa da morte</p><p>5</p><p>• Avaliação da extensão das lesões</p><p>• Identificação de fatores contribuintes para o acidente</p><p>• Documentação de achados para processos judiciais</p><p>• Eliminar suicídio ou homicídio</p><p>Pontos de atenção na autópsia:</p><p>• Exame do corpo vestido ou roupas</p><p>• Recolha de amostras biológicas do condutor e acompanhantes (DNA, drogas,</p><p>medicamentos, CO, álcool) - exame externo detalhado com fotos</p><p>• Avaliar pequenas feridas e sua direção</p><p>• Recolha de vestígios – quando não se conhece situação dos viajantes (dentro</p><p>do veículo, no corpo da vítima).</p><p>Causa da morte:</p><p>• Óbvia (esmagamento craniano, rotura da aorta)</p><p>• Difícil (múltiplas lesões que matam em conjunto)</p><p>• Imediata (lesão macroscópica evidente)</p><p>• Retardada (sangramento contínuo, embolia gorda, sépsis)</p><p>• Valorizar possibilidades não traumáticas (intoxicação por monóxido de</p><p>carbono, incêndio)</p><p>LESÕES POR ARMAS BRANCAS</p><p>ARMAS BRANCAS Instrumentos lesivos que, manejados manualmente, lesam a</p><p>superfície corporal por ação de um gume, uma ponta ou ambos.</p><p>TIPOS DE FERIDAS PRODUZIDAS:</p><p>• Por instrumentos cortantes</p><p>• Por instrumentos perfurantes</p><p>• Por instrumentos corto-perfurantes</p><p>• Por instrumentos corto-contundentes</p><p>FERIDA INCISA – Solução de continuidade da pele, fusiforme, de bordos retos e</p><p>nítidos, sem lesões macroscópicas, de extremidades angulosas (em ponta de V) e</p><p>fundo da ferida regular.</p><p>Cauda de rato – extremos da ferida incisa, onde ela se torna mais superficial:</p><p>• Cauda inicial, de ataque e cauda final ou terminal, de saída.</p><p>6</p><p>• A última geralmente mais comprida (podemos pois saber a direção e o sentido</p><p>da agressão).</p><p>Uma agressão com arma cortante é um incidente dinâmico e com movimentos quer do</p><p>agressor, quer da vítima, que raramente se encontra numa posição anatómica estática.</p><p>Considerações médico-legais</p><p>• Sobre o instrumento: dimensões; tipo; afunilamento da lâmina</p><p>• Sobre os movimentos do instrumento na ferida</p><p>• Sobre o modo como o instrumento foi utilizado: profundidade; direção</p><p>• Sobre a quantidade de força usada</p><p>FERIDA PERFURANTE – Solução de continuidade na pele, de contorno circular, ovalar</p><p>ou similar à secção do instrumento que a produziu, de bordos regulares ou irregulares,</p><p>que se continua para a profundidade, por um trajeto em canal. Se o instrumento é</p><p>suficientemente fino e, ao penetrar a pele, não ultrapassa a sua capacidade elástica</p><p>este ficará reduzido a um ponto avermelhado que desaparece em 2 ou 3 dias (exº:</p><p>orifícios por agulha sem toxicodependentes na flexura do cotovelo). Se o instrumento</p><p>é suficientemente grosso para ultrapassar a capacidade elástica da pele, formar-se-á</p><p>um orifício com orla de contusão, em forma de casa de botão.</p><p>FERIDAS CORTO-PERFURANTE – Apresentam-se em regra, com um componente na</p><p>pele, que é uma ferida incisa, e como componente perfurante do trajeto nos tecidos e</p><p>órgãos subjacentes, de bordos retos e nítidos, e extremidades angulosas, sendo a</p><p>profundidade deste trajeto maior que o comprimento e largura da entrada na pele.</p><p>FERIDAS CORTO-CONTUNDENTES – Apresentam-se em regra, com um componente na</p><p>pele, que é uma ferida incisa, e como componente contundente que nos é dado por</p><p>exemplo por uma fractura óssea subjacente, ou um esfacelo de uma víscera maciça.</p><p>Estas feridas diferem das feridas cortantes por terem bordos mais irregulares e com</p><p>orla de contusão, atingir em planos mais profundos, não respeitando as estruturas</p><p>mais duras como o osso e não apresentarem cauda. Da mesma forma, diferem das</p><p>feridas contusas porque não têm pontes tecidulares a unir os bordos e atingem</p><p>estruturas mais profundas.</p><p>PROBLEMAS MÉDICO-LEGAIS</p><p>ORIGEM VITAL OU POST-MORTEM DA FERIDA – É fundamental distinguir as</p><p>características vitais ou post-mortem dos ferimentos, para reconhecer se</p><p>determinadas lesões observáveis no cadáver foram feitas em vida ou se resultaram,</p><p>por exemplo, do seu arraste para um lugar diferente daquele onde ocorreu a morte.</p><p>7</p><p>ETIOLOGIA MÉDICO-LEGAL – Não basta, na maioria dos casos, a observação e o estudo</p><p>das feridas existentes, sendo necessário conjugar as suas características com outras</p><p>informações: Por exemplo, no exame do local, a existência de sinais de luta (móveis</p><p>desarranjados, objetos partidos, etc.), impressões digitais, manchas de sangue não</p><p>pertencentes à vítima, pêlos, pistas de suicídio, etc. É de igual modo importante</p><p>conhecer antecedentes pessoais como psicoses, estados depressivos, tentativas</p><p>anteriores de suicídio, etc.</p><p>O diagnóstico de acidente é difícil, muitas vezes de exclusão. Quanto às características</p><p>das feridas:</p><p>• Suspeitas de suicídio aquelas que atingem locais de importância vital como a</p><p>região precordial, face lateral do pescoço, punhos, flexuras dos cotovelos ou</p><p>varizes dos membros interiores.</p><p>• Estas feridas deverão ser compatíveis como gesto da vítima: nos indivíduos</p><p>dextros, aparecerão predominantemente no lado esquerdo, acontecendo o</p><p>contrário nos sinistros.</p><p>• Habitualmente existem feridas de ensaio (pouco profundas e localizadas junto</p><p>à ferida principal).</p><p>• O vestuário é habitualmente poupado, isto é, o suicida lesa quase sempre</p><p>zonas desnudadas.</p><p>• Suspeitas de homicídio aquelas que se traduzem como múltiplos e graves</p><p>ferimentos em locais muito diversos, sobretudo onde a vítima não poderia</p><p>chegar facilmente e pouco compatíveis com gestos do próprio.</p><p>• Lesões de defesa, que resultam da tentativa de defesa da vítima (exº: feridas</p><p>contusas ou incisas na palma da mão e/ou bordo cubital do antebraço).</p><p>• Feridas muito extensas e profundas no pescoço (sobretudo na face ântero-</p><p>lateral direita em dextros) e contusões à volta da boca e do nariz e no pescoço</p><p>(por vezes estigmas ungueais).</p><p>• Vestuário habitualmente danificado. Igualmente importante é a existência de</p><p>dedadas de sangue no vestuário ou no corpo da vítima em locais que ela</p><p>dificilmente pudesse tocar.</p><p>IDENTIFICAÇÃO DA ARMA –</p><p>Em regra, apenas podemos determinar a natureza do instrumento, isto é, se é</p><p>contundente, cortante, perfurante, etc. Outras vezes, havendo um instrumento</p><p>suspeito, podemos pronunciar-nos sobre se ele poderia ou não ter produzido as lesões</p><p>apresentadas pelo cadáver. Só num pequeno número de casos, é possível determinar</p><p>o instrumento específico (lesões figuradas).</p><p>ORDEM DE PRODUÇÃO DOS FERIMENTOS – Temos de partir de alguns pressupostos</p><p>(a ausência de sinais vitais numa ferida, indica que ela foi produzida após outras</p><p>8</p><p>feridas com características vitais; quando todas as feridas foram produzidas pela</p><p>mesma arma e se esta, no decurso da agressão, sofreu uma ou mais mossas, tornando-</p><p>se irregular, as feridas socorridas posteriormente serão igualmente mais disformes;</p><p>etc.).</p><p>POSIÇÃO RELATIVA AGRESSOR/VÍTIMA – Por vezes, é possível determinar a posição</p><p>do agressor em relação à vítima, atendendo a alguns</p><p>elementos como o local e direção</p><p>da ferida e as estaturas do agressor e da vítima.</p><p>VIOLÊNCIA DAS LESÕES – Podemos estimar a violência com que se produziu a lesão,</p><p>avaliando o número, a profundidade dos ferimentos e o grau de destruição tecidular.</p><p>LESÕES AUTOINFLIGIDAS (frequentemente não fatais) auto-destruição, alterações</p><p>mentais, perspectiva de lucro. Devem ser diferenciadas umas das outras e de lesões de</p><p>natureza acidentais ou de etiologia homicida. Algumas vezes a distinção pode ser difícil</p><p>ou até mesmo impossível.</p><p>LESÕES POR ARMAS DE FOGO</p><p>TIPOS DE ARMAS DE FOGO:</p><p>a) Quanto ao Alcance: cano curto e cano comprido</p><p>b) Quanto à carga: projétil único e projétil múltiplo</p><p>c) Quanto à constituição: típicas e atípicas</p><p>ELEMENTOS QUE INTEGRAM O DISPARO:</p><p>Pólvora:</p><p>• Gases de Explosão</p><p>• Chama</p><p>• Negro de fumo</p><p>• Grãos de pólvora incombusta</p><p>Taco ou cartucho:</p><p>• Existe só nos disparos de caçadeira</p><p>• Pode ser de cartão ou de plástico</p><p>• Atua como projétil ou como corpo em ignição, nos disparos de curta distância</p><p>Projéctil:</p><p>• Único (Bala)</p><p>• Múltiplo (Grãos Chumbo)</p><p>9</p><p>FERIDAS DE BALA:</p><p>Identificar:</p><p>• Orifício de entrada (OE)</p><p>• Trajeto</p><p>• Orifício de saída (OS)</p><p>Orifício de entrada:</p><p>• Número - Geralmente único, exceções: 1º braço/2º tronco, 1º coxa/2º coxa,</p><p>mama pendente.</p><p>• Forma-Geralmente arredondado ou oval. Pode ser: estrelado (disparos cano</p><p>encostado), Linear (disparos de longa distância) e circular (excecional no vivo)</p><p>• Dimensões-Normalmente menor que o diâmetro do projétil. Influenciado pela</p><p>elasticidade da pele. Depende da forma, da distância e da força com que o</p><p>projétil atinge a pele, e é maior nos disparos a curta distância.</p><p>• Tatuagens-Desenhos que surgem à volta do OE. Orla de contusão. Tatuagem</p><p>propriamente dita -constituída por: queimadura, orla de negro de fumo (falsa</p><p>tatuagem) e orla de depósito de pólvora (verdadeira tatuagem). Tatuagens: Se</p><p>o disparo é efetuado a 5 cm há zona de queimadura. Se efetuado a 15 cm há</p><p>orla de negro de fumo. Se efetuado a 30 cm há orla de pólvora.</p><p>Orifício de saída:</p><p>• Nem sempre existe</p><p>• A forma e o tamanho variam muito</p><p>• Não tem orla de contusão</p><p>• Se a bala não se deforma pode ter aspeto circular ou oval</p><p>• Bordos evertidos com exteriorização de tecido adiposo</p><p>• Se a bala atravessa osso pode ser > e irregular ou mesmo múltiplo</p><p>Tiro de Caçadeira -Projéteis múltiplos</p><p>• Geralmente mais que um orifício de entrada</p><p>• No tiro a curta distância (< 1 metro) os chumbos não se dispersam e atuam</p><p>como projétil único de que resulta OE irregular, de grandes dimensões com</p><p>destruição acentuada dos tecidos subjacentes</p><p>10</p><p>Lesões por arma de fogo - Problemas médico-legais:</p><p>a) Distância do disparo</p><p>b) Direção do disparo</p><p>c) Natureza do disparo (acidental, suicídio, homicídio)</p><p>Distância do disparo - Ferida de bala</p><p>a) Disparo de cano encostado – Os gases entram sob a pele e provocam o seu</p><p>rebentamento. As paredes podem ficar enegrecidas. Pode deixar marca da</p><p>arma. Pode complementar-se com determinação de: Carboxi-hemoglobina;</p><p>enxofre, nitritos e nitratos.</p><p>b) Disparo à “queima-roupa” - Disparo ao alcance da chama. É mais um conceito</p><p>teórico.</p><p>c) Disparo de curta distância - Disparo ao alcance dos elementos de tatuagem</p><p>1,5m armas antigas; 60 a 70cm atuais). Curta distância próxima -contusão e</p><p>negro de fumo. Curta distância remota -contusão e grãos de pólvora.</p><p>d) Disparo de longa distância - Ausência de tatuagem. Só orla de contusão.</p><p>Impossível determinar distância.</p><p>Direção do disparo -</p><p>Ter em conta:</p><p>a) Forma da tatuagem</p><p>b) Forma da orla de contusão</p><p>c) Trajeto (estilete)</p><p>d) Sem orifício de saída -eixo do trajeto antes de possíveis desvios</p><p>e) Com orifício de saída -igual ao anterior</p><p>f) Difícil por vezes diferenciar OE de OS- Pesquisar presença de restos de</p><p>vestuário, ou elementos de decomposição da pólvora</p><p>g) Disparos no crânio: entrada -Maior destruição da tábua interna. Saída -Maior</p><p>destruição da tábua externa</p><p>Natureza do disparo -</p><p>No local do acidente:</p><p>• Desordem -indicia luta, a favor de homicídio</p><p>• Suicídio ante o espelho</p><p>• Ausência de arma -exclui suicídio</p><p>• Porta fechada por dentro -a favor de suicídio</p><p>11</p><p>Relacionado com a arma:</p><p>• Armas de ocasião -a favor de suicídio</p><p>• Exame do projétil e relação com a arma – balística</p><p>Exame do cadáver:</p><p>• Sinais de luta (defesa)</p><p>• Estado do vestuário -suicida retira roupa</p><p>• Localização do OE -suicida escolhe certos locais (boca, temporal, região</p><p>precordial)</p><p>• Número de OE</p><p>• Distância do disparo</p><p>• Direção do disparo</p><p>LESÕES TRAUMÁTICAS</p><p>MORTE VIOLENTA E NEXO DE CAUSALIDADE:</p><p>a) natureza adequada do trauma para produzir as lesões observadas</p><p>b) natureza adequada das lesões a uma etiologia traumática</p><p>c) adequação entre a sede do trauma e a sede da lesão</p><p>d) encadeamento anátomo-clínico</p><p>e) adequação temporal</p><p>f) exclusão da pré-existência do dano relativamente ao trauma</p><p>g) exclusão de uma causa estranha ao trauma</p><p>QUALIFICAÇÃO DOS FERIMENTOS CAUSADORES DA MORTE</p><p>Ferimentos causa necessária – os que produzem invariável e constantemente a morte</p><p>em quaisquer condições de um indivíduo.</p><p>Ferimentos causa occasional - os que não eram suficientes para por si só, produzir a</p><p>morte e por circunstâncias particulares fizeram com que a lesão, que noutro indivíduo</p><p>seria benigna, para aquele se tornasse mortal. Exemplo: pancada banal em hemofílico.</p><p>Os ferimentos causa ocasional, pressupõe a existência de concausas.</p><p>Classificação temporal:</p><p>a) pré-existentes (fisiológicas, patológicas, anatómicas)</p><p>b) concomitantes</p><p>c) supervenientes (infeções,etc.)</p><p>Classificação juridico-penal:</p><p>a) atendíveis (ex: patológicas)</p><p>b) não atendíveis (ex: fisiológicas)</p><p>12</p><p>CAUSA ADEQUADA</p><p>Ferimentos causa adequada –os que podem por si só causar a morte, mas não</p><p>constantemente. Não são causa necessária de morte mas também não são causa</p><p>ocasional. Englobam também as necessárias.</p><p>LESÕES POR AGENTES FÍSICOS E QUÍMICOS</p><p>a) Agentes Físicos: (calor, electricidade, radiações)</p><p>b) Agentes Químicos: (substâncias cáusticas e corrosivas)</p><p>c) Agentes Biológicos: (seres vivos -insectos, plantas, peixes, etc) raro na Europa</p><p>QUEIMADURAS:</p><p>a) Diagnóstico da realidade das queimaduras</p><p>b) Diagnóstico do agente etiológico</p><p>c) Diagnóstico da extensão da superfície corporal queimada</p><p>d) Diagnóstico da profundidade da queimadura</p><p>e) Diagnóstico da causa de morte</p><p>f) Diagnóstico do carácter vital da queimadura</p><p>AGENTES TÉRMICOS:</p><p>1. Chamas e matérias inflamadas:</p><p>a) As mais frequentes</p><p>b) Queimaduras amplas, extensas, de superfície irregular e mal delimitadas</p><p>c) Presença dos diversos graus de queimadura</p><p>d) Têm frequentemente uma direcção de baixo para cima</p><p>e) Respeitam, por regra, os lugares apertados por roupa</p><p>f) Pêlos e cabelos queimados</p><p>2. Gases a temperaturas elevadas:</p><p>a) Mais raras, principalmente por acidentes de trabalho.</p><p>b) Queimaduras muito extensas mas pouco profundas, com limites pouco</p><p>definidos.</p><p>c) Não atingem habitualmente as zonas cobertas por vestuário.</p><p>d) Pêlos e cabelos carbonizados.</p><p>e) Possibilidade de lesão das vias aéreas superiores</p><p>3. Vapores a temperaturas elevadas:</p><p>a) Queimaduras habitualmente de grau pouco elevado mas de grande extensão.</p><p>b) Zonas recobertas por vestuário também atingidas.</p><p>c) Pêlos e cabelos não afectados.</p><p>4. Líquidos quentes:</p><p>a) Queimaduras mais ou menos extensas de grau pouco elevado.</p><p>b) Formação de sulcus ou goteiras de direcção descendente.</p><p>c) Zonas recobertas por vestuário são as mais atingidas.</p><p>d) Pêlos e cabelos não afectados.</p><p>13</p><p>5. Sólidos ao rubro:</p><p>a) Queimaduras limitadas que traduzem a forma do agente térmico.</p><p>b) A profundidade varia com a temperature do sólido e o tempo de contacto.</p><p>ELECTRICIDADE</p><p>Electrocussão:</p><p>• Dependem da corrente (contínua ou alterna), duração do contacto, trajectória</p><p>da corrente, integridade</p><p>cutânea e humidade.</p><p>• Inspeccionar toda a pele, procurar porta de entrada da corrente e zonas</p><p>reflexógenas.</p><p>SINAIS:</p><p>1. Marca eléctrica de Jellinek:</p><p>• Reproduz o objecto condutor</p><p>• Coloração branco-amarelada e consistência fina</p><p>• Incrustada na pele (bordos salientes e centro deprimido)</p><p>• Ausência de inflamação e indolor</p><p>• Pelos retorcidos sobre o seu eixo</p><p>• Profundidade variável</p><p>Morte por fulminação (fulguração):</p><p>a) Lesão por acção directa do raio (até 120 000 V).</p><p>b) Projecção até 40 m.</p><p>c) Pode provocar lacerações, contusões, amputações, fracturas, lacerações</p><p>viscerais.</p><p>d) Roupa rasgada, objectos metálicos fundidos, depilação completa de algumas</p><p>áreas.</p><p>LESÕES POR AGENTES QUÍMICOS</p><p>Resultantes da acção de substâncias químicas que em contacto com a pele ou</p><p>mucosas, reagem quimicamente produzindo alterações desorganizativas e de</p><p>destruição celular. Produzem lesões traumáticas -queimaduras químicas</p><p>Agentes químicos - Queimaduras de grau uniforme, sem forma regular com formação</p><p>de sulcos, canais ou goteiras.</p><p>- Escaras na boca e lábios quando ingeridos.</p><p>- Lesões oculares.</p><p>- Quando ingeridos, lesões a nível do esófago e estômago podendo originar</p><p>erosões, estenoses, hemorragias e perfurações.</p><p>14</p><p>Gravidade das queimaduras:</p><p>- Extensão da queimadura</p><p>- Localização da queimadura</p><p>- Profundidade da queimadura</p><p>- Estado de saúde anterior da vítima</p><p>- Idade da vítima</p><p>Extensão da queimadura - Regra dos nove nos adultos:</p><p>• cabeça -9%</p><p>• face anterior do tronco -18%</p><p>• face posterior do tronco -18%</p><p>• cada membro superior -9%</p><p>• cada membro inferior -18%</p><p>• períneo –1%</p><p>Nas crianças usa-se a regra dos 5.</p><p>• Ao patologista não basta a percentagem final mas também a descrição</p><p>anatómica precisa das áreas queimadas.</p><p>• Uma grande area mais superficial pode ser mais perigosa que uma pequena</p><p>e profunda área, mas localizada.</p><p>• Num adulto– 30 a 50% da superfície total cutânea– incompatível com a vida</p><p>Regra prática clínica:</p><p>- % de area queimada + idade maior que 100% -- RISCO DE VIDA</p><p>PROFUNDIDADE:</p><p>1. Queimaduras do 1º grau:</p><p>• Causam eritema (rubor da pele) por vasodilatação capilar local.</p><p>• Curam sem cicatriz.</p><p>2. Queimaduras do 2º grau:</p><p>• Formação de vesículas ou flictenas.</p><p>• Se profundas curam com cicatriz, com contracção e enrugamento da pele.</p><p>3. Queimaduras do 3º grau:</p><p>• Destruição de toda a epiderme e destruição parcial da derme e tecido</p><p>subjacente.</p><p>• Podem levar à perda de músculo, ossos ou todo o membro.</p><p>4. Queimaduras do 4º grau: Carbonização.</p><p>Carbonização:</p><p>• Redução do volume total do cadaver por condensação dos tecidos</p><p>• Atitude peculiar (posição de pugilista) flexão dos membros com mãos em garra</p><p>e dentes a descoberto.</p><p>• Coloração negra do corpo com a pele seca e ressoando à percussão.</p><p>• Soluções de continuidade na superfície cadavérica sobretudo a nível das pregas</p><p>de flexão.</p><p>15</p><p>• Alteração da coloração da iris por coagulação do cristalino. Eventual abertura</p><p>das cavidades com saída das vísceras. Amputações espontâneas a nível dos</p><p>membros.</p><p>A primeira coisa a fazer a um cadáver carbonizado, encontrado sozinho é um Rx</p><p>(suspeita sempre de queimadura para ocultar crime).</p><p>Causas de morte num foco de incêndio:</p><p>• Pela acção da temperature muito elevada</p><p>• Pela queimadura em si</p><p>• Lesões traumáticas concomitantes</p><p>• Espasmo da glote por irritação de gases inalados</p><p>• Intoxicação por monoxide de carbon ou outros gases contidos no fumo</p><p>• Causas naturais</p><p>Diagnóstico de vida num foco de incêndio:</p><p>• Presença de produtos de combustão (negro de fumo ou cinzas) nas partes</p><p>profundas das vias respiratórias e digestivas.</p><p>• Queimadura da base da língua, epiglote, faringe e laringe.</p><p>• Teor de carboxihemoglobina em sangue colhido do curacao e vasos profundos</p><p>superior a 10%.</p><p>ASFIXIAS MECÂNICAS</p><p>- Asfixias por compressão externa do pescoço</p><p>- Asfixias por sufocação</p><p>- Asfixias por submersão</p><p>ASFIXIA POR COMPRESSÃO EXTERNA DO PESCOÇO:</p><p>- Enforcamento</p><p>- Estrangulamento por laço</p><p>- Esganadura</p><p>Enforcamento - Suspensão, completa ou incompleta, do corpo em ponto fixo, por</p><p>meio de laço que constringe o pescoço.</p><p>- Suspensão completa: Corpo totalmente no ar.</p><p>- Suspensão incompleta: Existe um contacto mais ou menos amplo do corpo com</p><p>algum ponto de apoio.</p><p>Tipos de nó:</p><p>• Típico – nó situado sobre a nuca.</p><p>• Atípico – nó situado sobre o mento ou na parte lateral do pescoço.</p><p>• Simétrico – nó situado na linha media (posição submentoniana ou nuca).</p><p>• Assimétrico – nó em qualquer localização lateral.</p><p>16</p><p>Sinais Externos: Sulco em redor do pescoço; Face pálida ou cianosada; Espuma na boca</p><p>e nas fossas nasais; Língua entre as arcadas dentárias ou projectada para fora da boca</p><p>(com ou sem lesões traumáticas produzidas pelos dentes); Sufusões sanguíneas (lábio,</p><p>conjuntivas, pescoço, etc.) Livores cadavéricos em relação com a atitude do corpo.</p><p>Sulco:</p><p>• Número: Geralmente único;</p><p>• Aspecto de fundo: Habitualmente apergaminhado;</p><p>• Continuidade: Habitualmente incompleto;</p><p>• Largura: Estreito ou largo;</p><p>• Situação: Altamente situado;</p><p>• Profundidade: Habitualmente profundo, mas de profundidade variável</p><p>(máxima lado oposto ao nó);</p><p>• Direcção: Habitualmente ascendente.</p><p>SINAIS INTERNOS:</p><p>Sinais locais:</p><p>• Linha argentea ou argentina;</p><p>• Sufusões sanguíneas subcutâneas e intra-aponevróticas;</p><p>• Hemorragias e rupturas musculares;</p><p>• Infiltrações hemorrágicas nos músculos e adventícia dos vasos</p><p>• Laceração da túnica interna das carótidas e das jugulares internas</p><p>• Fracturas do osso hióide e do aparelho laríngeo;</p><p>ESTRANGULAMENTO</p><p>Constrição violenta do pescoço por meio de laço, devida a acção independente da do</p><p>peso do corpo.</p><p>Estrangulamento por laços: sinais externos</p><p>• Sulco em redor do pescoço;</p><p>• Face tumefacta, avermelhada ou violácea;</p><p>• Cianose das orelhas;</p><p>• Língua entre as arcadas dentárias;</p><p>• Sufusões sanguíneas numerosas (lábios, conjuntivas, face, pescoço);</p><p>• Estigmas ungueais e/ou equimoses na proximidade do sulco (em</p><p>homicídios);</p><p>• Equimoses e escoriações dispersas pelo corpo (em homicídios).</p><p>Sulco do estrangulamento:</p><p>• Número: Geralmente múltiplo;</p><p>• Aspecto do fundo: Habitualmente mole;</p><p>• Continuidade: Habitualmente completo;</p><p>• Largura: Estreito ou largo;</p><p>• Situação: Habitualmente a nível ou por baixo da cartilagem tiróide;</p><p>17</p><p>• Profundidade: Habitualmente uniforme;</p><p>• Direcção: Habitualmente horizontal.</p><p>ESGANADURA - Constrição do pescoço por meio de uma ou de ambas as mãos.</p><p>Sinais externos:</p><p>• Escoriações lineares, secas, apergaminhadas, produzidas pelas unhas, dispersas</p><p>pelo pescoço (estigmas ungueais);</p><p>• Congestão ou cianose da face e orelhas;</p><p>• Petéquias nas conjuntivas, lábios, etc.;</p><p>• Espuma na boca e nas narinas;</p><p>• Língua entre as arcadas dentárias;</p><p>• Exoftalmia;Lesões traumáticas resultantes de luta.</p><p>ASFIXIAS POR SUFOCAÇÃO - oclusão dos orifícios respiratórios, oclusão interna das</p><p>vias respiratórias, compressão externa tóraco-abdominal, permanência do corpo em</p><p>espaço confinado.</p><p>SUFOCAÇÃO POR OCLUSÃO DOS ORIFÍCIOS RESPIRATÓRIOS - Oclusão das fossas</p><p>nasais e boca por qualquer procedimento que impeça o acesso do ar ao interior das</p><p>vias respiratórias.</p><p>Etiologia –Acidente (sobretudo crianças e adultos embriagados ou com crises</p><p>epilépticas), Homicídio, Suicídio (excepcional).</p><p>OCLUSÃO INTERNA DAS VIAS RESPIRATÓRIAS - intromissão de corpo externo;</p><p>Soterramento.</p><p>Etiologia – Acidente (sobretudo em crianças, adultos embriagados, idosos e doentes</p><p>mentais com dificuldades na mastigação e/ou transtornos da deglutinação), Suicídio e</p><p>homicídio (excepcionais).</p><p>SUFOCAÇÃO POR COMPRESSÃO EXTERNA TÓRACO-ABDOMINAL - Perturbações da</p><p>dinâmica respiratória por qualquer compressão extrínseca das paredes torácica e</p><p>abdominal.</p><p>Etiologia –Acidente (Etiologia quase exclusiva), Acidentes de trabalho, Acidentes com</p><p>multidões, Acidentes de viação, Durante o</p><p>acto sexual, Homicídio (mero interesse</p><p>histórico).</p><p>SUFOCAÇÃO POR CONFINAMENTO - Ocorre quando uma ou várias pessoas ficam</p><p>fechadas num espaço de reduzidas dimensões, diminuindo progressivamente o</p><p>oxigénio até se esgotar completamente, ou quando uma pessoa entra num local</p><p>fechado em cujo interior existe algum processo que consuma oxigénio.</p><p>Etiologia – Acidente (sobretudo acidentes de trabalho), Suicídio e homicídio</p><p>(excepcionais).</p><p>Asfixia por submersão - Morte produzida pela intromissão de um meio líquido</p><p>(habitualmente água) nas vias aéreas. É uma asfixia atípica. Pode ser com submersão</p><p>completa ou incompleta.</p><p>Etiologia: Acidente, Suicídio, Homicídio (excepcional).</p><p>18</p><p>Hábito externo:</p><p>a) Livores com tonalidade mais clara e por vezes sem localização definida,</p><p>especialmente se a submersão ocorre em águas vivas com muita mobilização e rotação</p><p>do cadáver.</p><p>b) Cútis anserina-por contracção dos músculos erectores dos pelos, pela rigidez</p><p>cadavérica (reacção post-mortem).</p><p>C) Maceraçãocutânea-enrugamento e branqueamento das mãos e pés.</p><p>d) Cogumelodeespuma-sinal típico de morte por submersão (por vezes tingido</p><p>de sangue).</p><p>e) Lesões traumáticas (submersão em águas agitadas).</p><p>Hábito interno:</p><p>a) Espuma traqueobrônquica e pequenos corpos estranhos nas vias aéreas</p><p>b) Pulmões muito aumentados de volume</p><p>c) Manchas de Paltauf (típicas)-hemorragias petequiais na pleura pulmonar,</p><p>maiores e mais claras que as habituais nas asfixias.</p><p>d) Se houve laringoespasmo os pulmões estão dilatados e crepitantes mas secos e</p><p>sem edema</p><p>e) Água no estômago >500ml (fenómeno vital)</p><p>f) Água no duodeno (fenómeno vital)</p><p>g) Infiltrações hemorrágicas dos rochedos (por hemorragia do ouvido interno)</p><p>h) Acentuada congestão hepatica</p><p>Sinais gerais asfíxicos – hemorragias petéquiais</p><p>- Congestão cerebral e visceral</p><p>- Cianose</p><p>- Fluidez do sangue</p><p>INTOXICAÇÕES</p><p>Na presença de vómito não deixar retirar a roupa.</p><p>ABORTO – morte espontânea ou provocada do produto de concepção dentro do</p><p>ventre materno, em qualquer idade gestacional, antes do início do trabalho de parto.</p><p>Métodos abortivos:</p><p>1–Tóxicos</p><p>2 – Mecânicos (2 subgrupos): a)-Indirectos –actuam for a das vias genitais-</p><p>podem levar à morte por rotura de víscera; b) –Directos –actuam ao nível das vias</p><p>genitais</p><p>3 – Químicos – instilação directa nas vias genitais</p><p>4 – Físicos</p><p>19</p><p>COMPLICAÇÕES DO ABORTO CRIMINOSO - Na mãe</p><p>1. Morte súbita (por inibição, embolia gasosa ou embolia gorda)</p><p>2. Hemorragias (morte por choque hipovolémico)</p><p>3. Intoxicações</p><p>4. Infecções</p><p>5. Perfuração dos órgãos genitais</p><p>6. Roturas do útero</p><p>No feto: Geralmente na zona de apresentação, principalmente na cabeça.</p><p>Lesões:</p><p>• Em picada ou em canal</p><p>• Ferimentos vitais apresentando infiltração sanguínea ou equimose</p><p>DIAGNÓSTICO DE ABORTO</p><p>Perante uma suspeita de aborto 3 diagnósticos se impõem:</p><p>1- provar que houve aborto</p><p>2– determiner a sua natureza (criminoso, accidental ou patológico)</p><p>3– determinar o tempo de gestação</p><p>Os elementos autópticos encontrados dependem da forma como foi praticado e do</p><p>tempo que decorreu. Os casos de morte imediata são mais ricos em informação.</p><p>No cadaver da mãe provar que houve gravidez:</p><p>1– Sinais exteriores de gravidez</p><p>2– Observação do corpo lúteo ovárico</p><p>3– Modificações uterinas</p><p>4– Exame histológico</p><p>Se for encontrado o feto:</p><p>- permite o diagnostico de certeza de aborto</p><p>- permite a avaliação do tempo de gestação</p><p>- pode dar o diagnostico de certeza da natureza criminosa do aborto</p><p>Sinais de certeza de aborto criminoso: (quando presentes permitem o diagnóstico)</p><p>1– Presença do instrumento empregue (geralmente pontiagudo e comprido)</p><p>encontrado no útero, cavidade abdominal ou mesmo torácica</p><p>` 2– Lesões no feto em canais ou em picadas (habitualmente na cabeça e com</p><p>características de ferimentos vitais).</p><p>3–Trajectos em canal na vagina, no colo do útero ou no útero.</p><p>INFANTICÍDIO</p><p>(C. P. -ARTIGO 136 º)</p><p>A mãe que matar o filho durante ou logo após o parto e estando ainda sob a sua</p><p>influência perturbadora é punida com prisão de 1 a 5 anos.</p><p>20</p><p>CONDIÇÕES NECESSÁRIAS PARA A TIPIFICAÇÃO DO CRIME:</p><p>• Que a vítima seja um recém-nascido;</p><p>• Que o parto se tenha iniciado com a criança viva;</p><p>• Que a morte tenha sido violenta;</p><p>• Que a morte tenha sido cometida durante ou logo após o parto;</p><p>• Que o autor da morte tenha sido a mãe.</p><p>A perícia médico-legal envolve:</p><p>• Eventual levantamento do corpo e exame do local;</p><p>• Autópsia do recém-nascido;</p><p>• Exame somático (sinais de parto recente) e psíquico da mãe.</p><p>AUTÓPSIA DO RECÉM-NASCIDO:</p><p>• Determinação do tempo de gestação/viabilidade;</p><p>• Averiguação da existência ou não de vida extra-uterina;</p><p>• Determinação do tempo de duração da vida extra-uterina;</p><p>• Determinação da causa da morte;</p><p>• Identificação (ligação a uma determinada mulher);</p><p>• Estimativa da data da morte.</p><p>DOCIMASIAS - Docimasias posteriores à abertura do cadáver</p><p>Docimasias pulmonares:</p><p>• Docimasia descritiva (situação, cor e aspecto dos pulmões). Se respirou –</p><p>pulmões rosados, expandidos. Se não respirou – tom marmóreo, pulmões</p><p>atelectasiados.</p><p>• Docimasia hidrostática - Se respirou–pulmões flutuam quando colocados em</p><p>água</p><p>• Docimasia histológica(amostras de todos os lobos pulmonares)</p><p>• Docimasias gastro-intestinais.</p><p>CAUSAS DE ERRO NA INTERPRETAÇÃO DAS DOCIMASIAS - FALSOS NEGATIVOS:</p><p>• Vida sem respiração (à custa de O2 de reserva)</p><p>• Atelectasia pulmonar</p><p>• Alterações patológicas do tecido pulmonar (as mais frequentes doença das</p><p>membranas hialinas, sífilis).</p><p>• Desidratação do tecido pulmonar</p><p>• Acção do calor</p><p>• Permanência em água ou outro líquido</p><p>• Putrefacção -fase coliquativa: falso negativo</p><p>21</p><p>FALSOS POSITIVOS:</p><p>• Respiração sem vida (ainda no canal de parto)</p><p>• Respiração artificial</p><p>• Inspiração de vérnix caseoso</p><p>• Congelação</p><p>• Calor seco</p><p>• Submersão em álcool</p><p>• Putrefacção -fase enfisematosa: falso positivo. A putrefacção e as manobras de</p><p>ressuscitação são as causas mais frequentes de falsos positivos.</p><p>View publication stats</p><p>https://www.researchgate.net/publication/350978157</p>

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