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<p>IMPERMEABILIZAÇÃO:</p><p>TÉCNICAS CONSTRUTIVAS</p><p>APRESENTAÇÃO</p><p>Os sistemas de impermeabilização possuem função principal de proteger a edificação, aumentando o tempo de vida útil da construção, visando a salubridade dos ambientes e melhorando a qualidade de vidas dos usuários. É uma etapa da construção civil de grande relevância, mas em muitos casos, é deixada de lado por motivos de contenção de gastos e até mesmo de desinformação, resultando na umidade e no aparecimento de patologias de impermeabilização.</p><p>Nesta Unidade de Aprendizagem, você vai estudar os tipos de umidade e de infiltração presentes em uma construção e como a elaboração de um projeto adequado de impermeabilização, pode apresentar vantagens na prevenção de patologias causadas pela infiltração de água.</p><p>Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:</p><p>· Reconhecer os principais tipos de umidade nas construções, nas infiltrações e suas consequências.</p><p>· Identificar as vantagens e as dificuldades no projeto de impermeabilização e seus principais componentes.</p><p>· Indicar alguns detalhes e técnicas construtivas que devem ser levadas em conta na impermeabilização.</p><p>DESAFIO</p><p>Selecione uma edificação real, mas que necessariamente deverá apresentar problemas na laje ou na marquise, devido algum problema de infiltração de água, seja pelo projeto de impermeabilização falho, erro na aplicação do produto de impermeabilização ou a inexistência/manutenção de impermeabilização.</p><p>Em seguida, realize um pequeno relatório técnico, contendo:</p><p>1. Uma fotografia geral da edificação escolhida.</p><p>2. Fotografias demostrando os problemas oriundos da impermeabilização falha.</p><p>3. As patogenias que estão sendo causadas na edificação pela infiltração da água.</p><p>O objetivo final é a realização de um relatório básico, relatando a origem da infiltração da água, o produto que será adotado para conter a infiltração e a técnica de aplicabilidade.</p><p>Padrão de resposta esperado</p><p>Para a realização deste relatório, escolheu-se uma obra composta por 33 sobrados. Porém, a construção de parte destes sobrados está parada por cerca de 1 ano. Como mostrado na figura 1.</p><p>Percebe-se que nas obras que estão paradas, estão ocorrendo infiltrações na marquise. Como mostrado nas figura 2.</p><p>Entre as patologias ocasionadas pela infiltração da água, estão:</p><p>· Manchas no reboco devido à saturação de água;</p><p>· Mofo, causado pelo desenvolvimento de fungos, ocasionando o apodrecimento do reboco.</p><p>Origem da infiltração da água, o produto que será adotado para conter a infiltração e a técnica de aplicabilidade.</p><p>Na figura 1 (A), percebe-se que sobre a marquise existe um telhado, o qual a protege de infiltrações. Na construção parada - figura 1 (B), a construtora não colocou este telhado, estando a marquise exposta diretamente à umidade atmosférica, fazendo com que a água (oriunda principalmente da chuva) acabe percolando sobre ela.</p><p>Mesmo que o telhado proteja a marquise contra a umidade, por questão de segurança, seria interessante aplicar algum impermeabilizante. Neste caso, um impermeabilizante rígido pode ser utilizado, pois não ocorre variação térmica significativa (o telhado protege a marquise).</p><p>O produto aplicado pode ser uma argamassa impermeabilizante, sendo a técnica de aplicação apresentada a seguir:</p><p>· Realizar o preparo da base, como, por exemplo, alinhar o caimento para a água escoar nos pontos certos;</p><p>· Realizar a limpeza na marquise, retirando quaisquer detritos, poeiras, óleos e graxas;</p><p>· Seguir a orientação dos fabricantes quanto a itens como consumo, modo de aplicação, quantidade e intervalo entre demãos.</p><p>INFOGRÁFICO</p><p>O Infográfico a seguir apresenta um esquema de como a umidade pode estar presente em uma construção e as consequências dela. Tem como resolver este problema? Confira!</p><p>INTRODUÇÃO</p><p>Quando o assunto é impermeabilização de ambientes, não se deve medir esforços. Na maior parte das situações, os investimentos em impermeabilizantes são bem menores comparados a outras etapas da construção. Mas, se a impermeabilização não for bem executada, incômodos (principalmente financeiros) serão gerados ao proprietário. Para isso, o projeto de impermeabilização contribui para o entendimento de pontos que podem vir a sofrer infiltrações, e como eles podem ser remediados utilizando produtos específicos para cada local.</p><p>Mecanismos de atuação da umidade na construção</p><p>A ABNT NBR 9575:2010 define sistema de impermeabilização como o “[...] conjunto de produtos e serviços [...] destinado a conferir estanqueidade a uma construção.” (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2010, p. 6). Você deve estar se perguntando: o que é estanqueidade? Para responder essa pergunta, a mesma Norma define: estanqueidade é a “[...] propriedade de um elemento (ou de um conjunto de componentes) de impedir a penetração ou passagem de fluidos através de si.” (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2010, p. 4).</p><p>Na maioria das vezes, este fluido que a ABNT NBR9575:2010 descreve é a própria água. No Brasil, que é um país com clima tropical na maior parte do seu território, é comum o aparecimento de patologias nas construções. Em locais com maior índice pluviométrico, a conservação das edificações se torna mais difícil, devido à ocorrência de intemperismo, que pode ser tanto físico como químico.</p><p>Diversas técnicas de impermeabilização vêm sendo desenvolvidas, de modo a evitar ou minimizar as agressões e a deterioração ocasionadas pela água nas edificações. Porém, essas técnicas variam de acordo com o conhecimento das causas da umidade que ocorre na edificação. Veja a seguir as principais formas de umidade presentes em uma construção:</p><p>· Umidade da atmosfera: chuva e outras intempéries, como granizo, neve, vento.</p><p>· Umidade do solo: oriunda do lençol freático, de vazamentos de tubulações (subterrâneas, internas ou superficiais) e umidade natural do solo.</p><p>· Umidade vinda de outras obras vizinhas: decorre do desnível com outras obras ou com o arruamento, da drenagem superficial inadequada ou de estruturas muito próximas, não permitindo a circulação do ar.</p><p>· Umidade vinda da construção: vazamentos, infiltrações, falta de ventilação, falta de insolação, capilaridade dos materiais e falhas de projeto.</p><p>Os tipos de infiltrações encontradas em uma edificação são:</p><p>Água sob pressão hidrostática: ocorre devido à pressão exercida por um determinado volume de água confinada e permeia através de fissuras, trincas e rachaduras das estruturas e dos materiais (Figura 1). É encontrada de duas formas: água sob pressão negativa (confinada ou não, com pressão superior a 1 kPa, de forma inversa à impermeabilização), ou água sob pressão positiva (confinada ou não, com pressão superior a 1 kPa, de forma direta à impermeabilização).</p><p>Figura 1. Efeito da água sob pressão hidrostática em uma piscina, por exemplo.</p><p>Fonte: Casa d’água (2017).</p><p>Percolação: água que atua sobre superfícies, não exercendo pressão hidrostática superior a 1 kPa. Ou seja, obedece a lei da gravidade, escorrendo sobre as superfícies em direção determinada (Figura 2). É muito comum o aparecimento em paredes e beldrames (caso não ocorra impermeabilização). Capilaridade: ocorre através dos poros dos materiais, pela ação da cha- mada tensão superficial, em que a situação mais característica é a presença de umidade do solo que se eleva no material, em geral de 70 a 80 cm, conforme mostrado na Figura 2.</p><p>Figura 2. Exemplificação da capilaridade ocorrente em um muro.</p><p>Fonte: Adaptado de Casa d’água (2017).</p><p>Condensação: o vapor de água presente no ambiente se condensa sobre a superfície de um elemento construtivo, ou seja, ocorre o esfriamento de vapores ou de certo teor de umidade existente no ambiente.</p><p>Entre os problemas ocasionados pela umidade em uma obra estão as manifestações patológicas, que diminuem a vida útil da construção. Se não tratadas adequadamente, elas poderão causar danos mais graves à edificação, como a corrosão das armaduras estruturais. Veja no Quadro 1 as principais patologias causadas</p><p>pela infiltração.</p><p>Patologia</p><p>Causa/Efeito – Infiltração</p><p>Goteiras, manchas em paredes, gesso</p><p>Devido à saturação de água</p><p>Mofo</p><p>Devido ao desenvolvimento de fungos, ocasionando o apodrecimento de madeiras e a desagregação de revestimentos</p><p>Oxidação</p><p>Devido à reação química que ocorre nos metais</p><p>Eflorescência (formação principalmente de manchas brancas)</p><p>Devido à formação de sais solúveis que se depositam na superfície dos materiais</p><p>Criptoflorescência (similar à eflorescência, porém há a formação de cristais no interior da parede ou estrutura)</p><p>Aumento do volume da parede ou estrutura resulta na desagregação dos materiais</p><p>Condensação</p><p>Devido ao agrupamento de moléculas de água causado pelo resfriamento do ambiente</p><p>Ação de congelamento e descongelamento (ocorre principalmente nos Estados do Sul do Brasil)</p><p>Congelamento da umidade nos poros dos materiais</p><p>Deterioração</p><p>Devido à presença constante de umidade sobre materiais ou estruturas</p><p>Projeto de impermeabilização</p><p>Atualmente, com a expansão da concorrência, exigência e fiscalização das obras, visando a melhorar a sua qualidade, há uma maior preocupação das construtoras quanto à qualidade dos serviços executados. Investir em um sistema de impermeabilização já no início da obra é primordial, pois seu custo �� estimado entre 1 e 3% do valor total da obra.</p><p>No entanto, a não execução ou a execução falha do sistema de impermeabilização após a obra estar concluída pode gerar grandes prejuízos financeiros, dependendo do tipo de dano causado na obra e das patologias resultantes. Estes valores estão relacionados à manutenção necessária na edificação (compra de materiais, mão de obra, insumos, maquinários) a fim de sanar os problemas de infiltração, e isso sem garantia alguma, pois, em muitas situações, essa manutenção não conseguirá resolvê-los. Os problemas secundários causados pela impermeabilização também precisam ser levados em conta, como a depreciação do imóvel e os transtornos ocasionados por patologias na edificação (mudança do imóvel, enfermidades, tempo gasto para resolver o problema, brigas na justiça, entre outros).</p><p>A ABNT NBR 16636-2:2017 fixa as condições exigíveis para a elaboração de projetos de arquitetura para a construção de edificações. Esta mesma norma ressalta que todo profissional responsável técnico de uma obra deverá fazer um projeto específico de impermeabilização, detalhando e especificando produtos e serviços.</p><p>O projeto de impermeabilização apresenta, além dos ganhos econômicos, outras vantagens, entre elas a unificação dos demais orçamentos (hidráulico, elétrico, etc.); a compatibilidade entre todos os projetos de uma obra (arquitetônico, estrutural, elétrico, hidráulico, etc.); a facilidade na fiscalização antes, durante e depois da obra; a oportunidade de prever ou antecipar problemas que possam vir a ocorrer ao longo da obra; a possibilidade de prevenir patologias ou a escolha de um sistema de impermeabilização falho.</p><p>A unificação e a compatibilidade dos orçamentos e projetos deve ocorrer para permitir que erros sejam verificados nesses projetos. Como cada uma destas etapas é realizada por diferentes profissionais é necessária uma integração, para que todos os profissionais envolvidos consigam entender o que se passa em cada uma delas. Por exemplo, ao elaborar o projeto de impermeabilização, é possível, sem ser esta a intenção, perceber que a tubulação de esgoto não terá caimento suficiente, o que poderia gerar incômodos ao futuro morador/ proprietário. É fundamental analisar cada projeto da obra, verificando os pontos necessários para a implantação de impermeabilizantes.</p><p>O projeto de impermeabilização deve ser elaborado logo após a finalização do projeto arquitetônico, respeitando sempre os itens descritos na ABNT NBR 9575:2010. Você vai ver agora alguns desses itens:</p><p>1. As definições usadas no decorrer do projeto, visando a não deixar dúvidas para o executante do sistema de impermeabilização, como materiais, cuidados, espessuras, entre outras.</p><p>2. A classificação do tipo de impermeabilizante que será utilizado (rígido ou flexível).</p><p>3. Os substratos utilizados, de forma a não sofrer interferências que possam comprometer o desempenho do impermeabilizante, por exemplo: regularização mal executada, fissuração do substrato, falhas de concretagem, sujeiras, resíduos de desmoldantes (óleos, graxas), ralos e tubulações mal chumbadas ou sujas, detalhes construtivos que dificultam a im- permeabilização, etc.</p><p>4. A necessidade de serviços auxiliares e complementares, apresentados em um cronograma para que as empresas ou os profissionais terceirizados estejam cientes do andamento da obra.</p><p>5. Quais os tipos de impermeabilizantes usados para os diferentes tipos de umidades, como percolação, condensação, umidade do solo, e contra fluidos que atuam sob pressão unilateral ou bilateral.</p><p>A total integração aos demais projetos da edificação (hidráulico, elétrico, paisagístico) é fundamental, pois a impermeabilização necessita ser estudada e compatibilizada com todos os componentes de uma construção, de forma a não sofrer ou ocasionar interferências futuras.</p><p>Dificuldades encontradas no projeto de impermeabilização</p><p>Mesmo que a prática de impermeabilização das edificações esteja começando a se difundir, ainda há um grande caminho a ser percorrido. Atualmente muitas construtoras optam por terceirizar o sistema de impermeabilização, o que acaba provocando falhas. As empresas responsáveis pela impermeabilização, em muitos casos, tomam par do processo apenas no momento da execução do material impermeabilizante. Com isso, o executor não se envolve na execução de outros componentes do sistema, importantes no sucesso da impermeabilização.</p><p>Existem ainda situações em que a empresa impermeabilizadora apenas orienta o que deve ser feito nos serviços preliminares, e, após a execução da impermeabilização, se isenta dos serviços posteriores. Entre as grandes dificuldades relatadas pelas construtoras estão:</p><p>1. Falta de empresas ou profissionais: este item apresenta dois problemas. Apesar da disponibilidade de uma boa tecnologia e de produtos de impermeabilização com bons materiais e bons aplicadores, as grandes reclamações se devem ao despreparo dos engenheiros/arquitetos, que ou não sabem escolher bons serviços e bons profissionais, ou não possuem conhecimento suficiente sobre a área. A segunda é quando as empresas ou os profissionais que realizam o sistema de impermeabilização não demonstram qualidade ou conhecimento técnico suficiente para a prestação desses serviços. Quando uma construtora contrata esses serviços, é comum a confecção de um contrato de prestação de serviços. Nesse contrato, é colocada uma data de validade do sistema de impermeabilização, normalmente inferior àquela fornecida pelo próprio fabricante do produto. Digamos que esta data de validade seja de 5 anos após o término do serviço, e que as primeiras patogenias na construção ocorrem após 10 anos. Neste caso, quem será o responsável pela resolução do problema é o engenheiro responsável da obra, e não a empresa que realizou a impermeabilização (a não ser que isso esteja previsto no contrato).</p><p>2. Falta de informação: a desinformação a respeito das técnicas e dos materiais de impermeabilização, aprofundada pelo grande dinamismo do setor (muitos materiais novos são lançados a cada ano), é responsável por diversos problemas, que acabam muitas vezes gerando insucesso de impermeabilização.</p><p>3. Falta de normalização: muitos dos sistemas encontrados no mercado ainda não são abrangidos pela normalização brasileira, assim, o meio técnico fica sem parâmetros para avaliar os novos sistemas e diferenciar, no mercado, os produtos de grande potencial de outros sem qualquer consistência técnica.</p><p>Existem no mercado nacional diferentes produtos e marcas, então, entre os cuidados, você deve analisar se eles são normalizados e se apresentam variações na qualidade, no desempenho, nas origens e nos métodos de aplicação. Cada uma destas carac- terísticas é fundamental, a fim de prevenir:</p><p>a degradação química ao meio em que estão expostos; a baixa resistência a cargas atuantes; a não resistência às variações térmicas. Você também deve observar se os produtos são de difícil aplicabilidade, se eles são normalizados, se possuem baixa resistência mecânica e se são cancerígenos (lembre-se de que não devem ser utilizados em reservatórios de água).</p><p>Componentes do sistema de impermeabilização</p><p>O sistema de impermeabilização é separado em diferentes grupos, que podem diferenciar-se entre uma série de sistemas utilizados. Você vai ver agora uma descrição de quatro componentes: base e camada de regularização; camada impermeável; camada de proteção mecânica; e detalhes construtivos.</p><p>Base e camada de regularização</p><p>Conforme já mencionado, é pelo estudo da estrutura que necessita ser im- permeabilizada que conseguimos determinar o sistema mais adequado de impermeabilização. Tanto a base como a camada de regularização vão ditar algumas das exigências mais importantes dos sistemas, a partir do seu grau de fissuração e deformabilidade (devido às cargas e à movimentação).</p><p>O objetivo da camada de regularização é, como o próprio nome indica, regularizar o substrato a ser impermeabilizado, de maneira a proporcionar uma superfície uniforme, com apoio adequado à camada impermeável. A ABNT NBR 9575:2010 ressalta que a superfície a ser impermeabilizada deve estar isenta de protuberâncias e ter resistência e textura compatíveis com o sistema de impermeabilização a ser empregado.</p><p>Camada impermeável</p><p>Segundo a ABNT NBR 9575:2010, a camada impermeável é descrita como o estrato que promove uma barreira à passagem de fluidos. Essa barreira irá apresentar diferentes classificações, de acordo com o material e o sistema impermeabilizante escolhido.</p><p>Proteção mecânica</p><p>A função da camada de proteção mecânica é absorver e dissipar os esforços tanto estáticos como dinâmicos atuantes sobre a camada impermeável, a fim de protegê-la, conforme a ABNT NBR 9575:2010. Segundo Cruz (2003), a proteção mecânica pode ser encontrada em três segmentos: a proteção mecânica intermediária, que deve ser de, no mínimo, 1,0 cm, visando a auxiliar na camada de distribuição de esforços e no amortecimento das cargas na impermeabilização; a proteção mecânica final para solicitações leves e normais, com espessura de, no mínimo, 3,0 cm, que é utilizada para distribuir sobre a impermeabilização dos carregamentos normais; e a proteção em superfície vertical, que protege a impermeabilização do impacto, do intemperismo e da abrasão, atuando como camada intermediária quando forem previstos, sobre ela, revestimentos de acabamento.</p><p>Detalhes e técnicas construtivas na impermeabilização</p><p>A deficiência na execução dos detalhes construtivos é a principal causa de patologias e problemas relacionados com a impermeabilização nas edificações. Apesar de não constituírem um grupo isolado do sistema de impermeabilização, os detalhes construtivos não são menos importantes do que os demais componentes do sistema.</p><p>Veja no Quadro 2 os locais de maior necessidade de uso de impermeabilizantes, e de cuidados na sua aplicação, são:</p><p>Quadro 2. Locais que requerem o uso de impermeabilizantes.</p><p>· Telhados, coberturas e lajes planas, rampas</p><p>· Marquises, terraços e áreas descobertas</p><p>· Calhas de escoamento de águas pluviais</p><p>· Caixas d’água, piscinas e tubulações industriais</p><p>· Em áreas frias (pisos de banheiros, cozinhas e áreas de serviço)</p><p>· Paredes onde a água escorre e recebem chuva de vento</p><p>· Esquadrias e peitoris de janelas</p><p>· Soleiras de portas que abrem para fora</p><p>· Lajes permanentes e rodapés de cobertura</p><p>· Lajes superiores e pisos de casas de máquinas</p><p>· Água contida no terreno, que sobe por capilaridade ou infiltra-se em solos abaixo do nível freático, entre outros.</p><p>Quanto aos detalhes construtivos em um projeto de impermeabilização, você precisa tomar os seguintes cuidados, de acordo com a ABNT NBR 9575:2010.</p><p>· A inclinação do substrato das áreas horizontais, deve ser de, no mínimo, 1% em direção aos coletores de água. Para calhas e áreas internas, é permitido o mínimo de 0,5%.</p><p>· Os coletores precisam ter um diâmetro que garanta a manutenção da seção nominal dos tubos prevista no projeto hidráulico após a execução da impermeabilização. O diâmetro normal mínimo é 75 mm. Os coletores têm de ser rigidamente fixados à estrutura. Este procedimento também deve ser aplicado para coletores que atravessam vigas invertidas.</p><p>· Nos planos verticais deve ser previsto um encaixe para embutir a impermeabilização, para o sistema que assim o exigir, a uma altura mínima de 20 cm acima do nível do piso acabado, ou 10 cm do nível máximo que a água pode atingir.</p><p>· Nos locais limites entre áreas externas impermeabilizadas e internas, deve haver diferença de cota de, no mínimo, 6 cm, e ser prevista a execução de barreira física no limite da linha interna dos contramarcos, caixilhos e batentes, para a perfeita ancoragem da impermeabilização, com declividade para a área externa.</p><p>· As tubulações hidráulicas, elétricas, de gás, entre outras, que passam paralelamente sobre a laje, devem ser executadas sobre a impermeabilização e nunca sob ela. As tubulações aparentes precisam ser executadas, no mínimo, 10 cm acima do nível do piso acabado, depois de terminada a impermeabilização e seus complementos.</p><p>· Quando houver tubulações embutidas na alvenaria, deve ser prevista a proteção adequada para a fixação da impermeabilização.</p><p>· As tubulações externas às paredes devem ser afastadas entre elas ou dos planos verticais, no mínimo, 10 cm.</p><p>· Todo encontro entre planos verticais e horizontais deve possuir detalhes específicos da impermeabilização.</p><p>· Os planos verticais a serem impermeabilizados devem ser executados com elementos rigidamente solidarizados às estruturas, até a cota final de arremate de impermeabilização, prevendo-se os reforços necessários.</p><p>· A impermeabilização deve ser executada em todas as áreas sob en- chimentos. Recomenda-se executá-la sobre o enchimento. Devem ser previstos, em ambos os níveis, pontos de escoamento de fluidos.</p><p>· As arestas e os cantos vivos das áreas a serem impermeabilizadas devem ser arredondadas sempre que a impermeabilização assim o requerer.</p><p>· As proteções mecânicas, bem como os pisos posteriormente, devem possuir juntas de retração e trabalho térmico preenchidos com materiais deformáveis, principalmente no encontro de diferentes planos.</p><p>· As juntas de dilatação devem ser divisores de água, com cotas mais elevadas no nivelamento do caimento, bem como se deve prever detalhamento específico, principalmente quanto ao rebatimento de sua abertura na proteção mecânica e pisos posteriores.</p><p>· Todas as áreas onde houver desvão devem receber impermeabilização na laje superior e recomenda-se também na laje inferior.</p><p>Veja no Quadro 3 os principais locais onde as patologias surgem e os materiais que devem ser utilizados para evitar danos mais graves.</p><p>Quadro 3. Principais impermeabilizantes que devem ser utilizados de acordo com os lo- cais de infiltração (patologias).</p><p>Local do problema</p><p>Tipo de solução</p><p>Materiais</p><p>Estruturas enterradas</p><p>Através do lado interno</p><p>Argamassa polimérica + argamassa com aditivo hidrófugo</p><p>Através do lado externo</p><p>Mantas asfálticas + Dreno</p><p>Membranas acrílicas ou asfálticas + Dreno</p><p>Membranas de cimento a base de polímeros + Dreno</p><p>Fundações</p><p>Alvenaria de tijolos maciços</p><p>Cristalizantes</p><p>Alvenaria de tijolos furados</p><p>Argamassa polimérica + argamassa com aditivo hidrófugo</p><p>Boxes de banheiro</p><p>Reimpermeabilização total</p><p>Membranas acrílicas ou asfálticas</p><p>Mantas asfálticas</p><p>Argamassa polimérica com tela de poliéster</p><p>Lajes de cobertura</p><p>Reimpermeabilização total</p><p>Áreas com muitas interferências – Membranas</p><p>Áreas sem interferências – Mantas asfálticas</p><p>Reimpermeabilização localizada</p><p>Utilização do mesmo sistema do existente no local</p><p>Reservatórios</p><p>Reservatórios elevados</p><p>Membranas acrílicas</p><p>Membranas de cimento a base de polímeros</p><p>Mantas de PVC</p><p>Reservatórios enterrados</p><p>Argamassa polimérica</p><p>Membranas acrílicas</p><p>Membranas de cimento</p><p>a base de polímeros</p><p>Mantas de PVC</p><p>Antes de aplicar algum impermeabilizante, entre em contato com o fabricante e verifique se o produto escolhido é, de fato, a melhor opção para a sua realidade. É fundamental ler atentamente o rótulo do produto, para realizar a correta aplicação e diluição (se este for o caso).</p><p>NA PRÁTICA</p><p>Em se tratando de impermeabilização de construções, são vários os cuidados necessários, a fim de garantir a eficiência do sistema e evitar danos e prejuízos. Observe os equívocos de maior ocorrência, seja no projeto, seja escolha do material, seja na aplicação dos produtos.</p><p>QUALIDADE NA EXECUÇÃO</p><p>· Falta de argamassa de regularização;</p><p>· Não arredondamento dos cantos e arestas;</p><p>· Umidade sobre a base;</p><p>· Sujeira sobre a base;</p><p>· Falhas em emendas;</p><p>· Mau uso do maçarico ao aquecer mantas;</p><p>· Perfuração de mantas durante a aplicação.</p><p>FALHAS BÁSICAS</p><p>· Ausência de projeto;</p><p>· Detalhes;</p><p>· Dimensionamento;</p><p>· Escolha de materiais ou sistema</p><p>FALHAS DE DETALHES</p><p>· Juntas;</p><p>· Não execução de rodapé de impermeabilização 20cm acima do piso acabado;</p><p>· Não consideração da argamassa de regularização para a previsão da cota de passagem de água por vigas invertidas;</p><p>· Falta de proteção da base de platibandas;</p><p>· Falta de proteção mecânica;</p><p>· Erros de projeção em outras partes do edifício:</p><p>· Rede pluvial mal projetada ou executada;</p><p>· Falta de desnível na soleira.</p><p>QUALIDADE DOS MATERIAIS</p><p>· Materiais não normalizados;</p><p>· Materiais adulterados: ausência de controle de qualidade;</p><p>· Adulteração por parte do fornecedor ou do aplicador.</p><p>FALHAS NA UTILIZAÇÃO E MANUTENÇÃO</p><p>· Perfuração da impermeabilização sem qualquer reparo, após a instalação de antenas, varais, etc;</p><p>· Danos causados à impermeabilização por ocasião de troca de pisos.</p><p>EXERCÍCIOS</p><p>1) Entre os principais problemas na elaboração do projeto de impermeabilização, tem-se:</p><p>a) Custo elevado.</p><p>b) Falta de fiscalização pelos órgãos competentes.</p><p>c) Disponibilidade de produtos no mercado.</p><p>d) Produtos que não são normalizados.</p><p>e) Falta de engenheiros no mercado de trabalho.</p><p>2) Diversas são as técnicas construtivas para aplicação de impermeabilizantes. Qual das técnicas apresentadas a seguir está de acordo?</p><p>a) Encontros entre planos verticais e horizontais não necessitam de detalhes específicos, o importante mesmo é aplicar um impermeabilizante que esteja normatizado.</p><p>b) O diâmetro normal mínimo para coletores deve ser de 45mm.</p><p>c) Não poderá haver tubulações embutidas na alvenaria, pois estas interferem na eficiência dos impermeabilizantes.</p><p>d) As tubulações externas às paredes podem estar encostadas, não havendo prejuízos na eficiência do impermeabilizante.</p><p>e) Calhas e áreas internas devem apresentar inclinação mínima de 0,5%.</p><p>3) São necessariamente, nesta ordem, formas de umidade e de infiltração em construções:</p><p>a) Atmosférica e água sob pressão hidrostática.</p><p>b) Capilaridade e percolação.</p><p>c) Condensação e atmosférica.</p><p>d) Percolação e capilaridade.</p><p>e) Umidade do solo e atmosférica.</p><p>4) A superfície a ser impermeabilizada deve estar isenta de protuberâncias e com resistência e textura compatíveis como sistema de impermeabilização a ser empregado. Essa descrição se refere a?</p><p>a) Camada impermeável.</p><p>b) Detalhes construtivos.</p><p>c) Base e camada de regularização.</p><p>d) Camada de proteção mecânica.</p><p>e) Manta asfáltica.</p><p>5) Pode-se dizer que o principal objetivo do projeto de impermeabilização consiste?</p><p>a) Aumentar os custos da obra.</p><p>b) Se preocupar para que a infiltração não provoque patogenias nas armaduras ou que ele seja falho.</p><p>c) Terceirizar a impermeabilização, pois caso ocorra algum problema no futuro, os responsáveis serão eles.</p><p>d) Atender a Norma ABNT NBR 9575/2010.</p><p>e) Aumentar o custo benefício da edificação após concluída</p><p>Página | 253</p><p>image3.jpeg</p><p>image4.png</p><p>image5.png</p><p>image6.png</p><p>image7.png</p><p>image8.png</p><p>image1.png</p><p>image2.jpeg</p>