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<p>DEFINIÇÃO</p><p>Apresentação do desenvolvimento da Revolução Industrial desde a pré-revolução até a sua conformação completa.</p><p>PROPÓSITO</p><p>Compreender os primórdios do pensamento administrativo em toda a sua extensão por meio dos antecedentes</p><p>históricos e principais influências, da Revolução Industrial ao pensamento dos economistas liberais.</p><p>OBJETIVOS</p><p>MÓDULO 1</p><p>Descrever os antecedentes históricos e principais influências do pensamento da Administração como ciência</p><p>MÓDULO 2</p><p>Descrever a Revolução Industrial e a revolução do pensamento administrativo</p><p>MÓDULO 3</p><p>Descrever o pensamento dos economistas liberais e os primeiros grandes empreendedores</p><p>INTRODUÇÃO</p><p>Dentro do estudo da teoria organizacional ou da teoria geral de administração, conhecer a sua origem e as influências</p><p>que sofreu até a sua formação como ciência independente é de extrema importância.</p><p>A Administração como ciência independente só foi reconhecida na virada do século XIX para o XX, com autores como</p><p>Taylor, Fayol, Ford etc. Esses pensadores escreveram suas teorias especificamente voltadas para a administração de</p><p>empresas.</p><p>No entanto, antes desse estabelecimento, diversos autores criaram teorias e desenvolveram estudos que formaram a</p><p>base para esses primeiros autores, gerando grandes conhecimentos que são empregados até hoje em diversas áreas,</p><p>inclusive na Administração.</p><p>É sobre esses autores e pensamentos anteriores ao surgimento da Administração como um campo da ciência,</p><p>estudado em separado, que iremos tratar em nosso estudo.</p><p>MÓDULO 1</p><p> Descrever os antecedentes históricos e principais influências do pensamento da Administração como ciência</p><p>ANTECEDENTES HISTÓRICOS</p><p>Fonte: Everett Collection / Shutterstock.com</p><p>A Revolução Industrial do século XVIII, que teve seu início e força motriz na Inglaterra, não aconteceu sem um longo</p><p>desenvolvimento das bases que proporcionaram condições favoráveis a essas mudanças. No início do século XV, as</p><p>condições para essa revolução simplesmente não existiam.</p><p>Fonte: Everett Collection / Shutterstock.com</p><p>A partir desse século, com pequenas mudanças no cotidiano das pessoas, na formação das cidades e no</p><p>desenvolvimento de novas tecnologias, foram criadas as bases para a instalação das grandes mudanças que geraram</p><p>a revolução ocorrida durante o século XVIII. Todo um processo de evolução de comportamento gerou uma mudança</p><p>drástica nas relações do homem com o trabalho.</p><p>Fonte: Everett Collection / Shutterstock.com</p><p>Ele deixou de produzir apenas para a sobrevivência, para as trocas locais na comunidade, por meio de escambo e de</p><p>pequenas compras e vendas, deslocando-se para uma produção cada vez em maior quantidade e com vendas a</p><p>localidades cada vez mais distantes. O comércio deixou de ser local para se tornar global ao final da Revolução</p><p>Industrial.</p><p>Fonte: Everett Collection / Shutterstock.com</p><p>Esse processo levou alguns séculos para acontecer e foi permeado por avanços tecnológicos, mudanças e</p><p>desenvolvimento de novas formas de pensar e encarar o mundo, guerras e grandes infortúnios com avanços e</p><p>retrocessos nas relações humanas. Além disso, todo esse processo foi conduzido de forma compartilhada entre</p><p>cidadãos e Estado, resultando em uma verdadeira mudança das funções de cada um na sociedade e de suas</p><p>relações.</p><p>O DESENVOLVIMENTO DAS CONDIÇÕES PARA A REVOLUÇÃO INDUSTRIAL NO</p><p>CAMPO</p><p>ANTECEDENTES DA REVOLUÇÃO INDUSTRIAL NA INGLATERRA</p><p>O período pré-industrial, que vai do século XV ao século XVII, trouxe grandes transformações na forma de</p><p>organização no campo, no espaço rural. Durante o século XV e anteriores, os campos eram compartilhados entre os</p><p>diversos agricultores e pecuaristas, quase que em cooperativas, em que esses eram usados de forma comum.</p><p></p><p>Já ao final do século XVII, os campos já tinham donos e o “movimento das cercas” garantiam a propriedade a grandes</p><p>senhores de terras, que as arrendavam ou trabalhavam em regime de meeiros com seus arrendatários, resolvendo,</p><p>assim, o problema rural sem grandes revoluções ou solavancos históricos.</p><p>Essa transformação gerou uma massa de desempregados nos campos, o que impulsionou a sua migração para as</p><p>cidades. Essa condição não foi imediata e o deslocamento de algumas indústrias das cidades para o interior e o</p><p>desenvolvimento de pequenas indústrias nessas localidades impulsionaram o trabalho de parte da população.</p><p>Fonte: Everett Collection/Shutterstock</p><p>Fonte: Everett Collection/Shutterstock</p><p>Para além da agricultura, esses camponeses começaram a se dedicar à indústria têxtil e à de fundição, em trabalhos</p><p>desenvolvidos em suas casas, em horários alternativos ao trabalho nos campos. Isso foi possível, pois o trabalho no</p><p>campo era sazonal e, em tempos de baixa, esses trabalhadores podiam se dedicar a novos trabalhos.</p><p>Essa forma de organização foi a precursora das indústrias que se desenvolveram por diversos pontos da Inglaterra e</p><p>garantiram a abrangência do desenvolvimento por grande parte do território.</p><p>MÃO DE OBRA</p><p>PRODUÇÃO RURAL</p><p>REVOLUÇÃO AGRÁRIA</p><p>Esses negócios foram beneficiados pela grande abundância de mão de obra e pelo crescimento demográfico ocorrido</p><p>nesse período. No final do século XVII, a população tinha mais que triplicado, gerando, dessa forma, as premissas</p><p>básicas para a Revolução Industrial que se seguiria.</p><p>A densificação da população só foi possível porque o sistema de produção rural anterior ao século XVI era tão precário</p><p>que pequenas mudanças e introdução de técnicas mais eficientes trouxeram grandes ganhos de produtividade,</p><p>garantindo, assim, o abastecimento dessa população crescente.</p><p>O simples estabelecimento de uma nova técnica de utilização das terras, o revezamento das safras, a fertilização das</p><p>terras e outras pequenas inovações trouxeram grandes incrementos para a produção de alimentos. Tudo isso gerou</p><p>uma revolução agrária, produzindo um ganho desproporcionalmente grande na produtividade dos campos cultiváveis.</p><p>Contudo, esse incremento na produção não gerou ganhos para todos, pelo contrário ficaram concentrados nos</p><p>grandes donos de terras, que eram poucas pessoas, já no início do século XVIII, e na mão de uns poucos</p><p>arrendatários.</p><p>A grande massa de trabalhadores acabou em um estado de pobreza quase extremo, ocasionando o deslocamento de</p><p>grandes massas de migrantes para as cidades, onde se pagavam melhores salários.</p><p>Fonte: Everett Collection/Shutterstock</p><p>Fonte: verett Collection/Shutterstock</p><p>Para ajudar esses camponeses, alguns sistemas públicos foram tentados durante esse período de desenvolvimento,</p><p>mas não foram eficientes para evitar o empobrecimento desses trabalhadores.</p><p>ESSE MÉTODO TEVE GRANDE ÊXITO EM AUMENTAR A PRODUTIVIDADE E MANTER OS CUSTOS DE</p><p>PRODUÇÃO BAIXOS O SUFICIENTE PARA O DESENVOLVIMENTO DAS CIDADES E DAS INDÚSTRIAS,</p><p>MAS, EM TERMOS HUMANOS, ELE FOI UM TOTAL DESASTRE.</p><p>HOBSBAWN, 1979.</p><p>Esse desastre foi o que impulsionou a migração e era necessário para criar as condições que se tornaram a base para</p><p>a Revolução Industrial. Em outros países em que as condições nos campos eram mais favoráveis, as indústrias não</p><p>tiveram a disponibilidade de mão de obra necessária para seu desenvolvimento.</p><p> EXEMPLO</p><p>Esse é o caso da França, que — mesmo tendo uma tecnologia mais avançada e condições técnicas superiores, como</p><p>melhor educação — não conseguiu desenvolver sua indústria no mesmo ritmo que a Inglaterra.</p><p>Os camponeses franceses dispunham de uma condição mais favorável e não tinham o incentivo de migrarem para as</p><p>cidades ou de trocarem os meios tradicionais de abordagem nas produções, tanto rurais quanto industriais. Isso</p><p>atrasou o processo de industrialização, que dependia desse impulso de fartura de mão de obra para acontecer.</p><p>O DESENVOLVIMENTO DAS CIDADES E SEU CRESCIMENTO ENTRE OS SÉCULOS</p><p>XV E XVII</p><p>As razões que impulsionaram as pessoas a saírem do campo e migrarem para as cidades são as mesmas que fizeram</p><p>as cidades crescerem de forma abrangente desde antes da Revolução Industrial.</p><p>Já no final da Idade Média, as cidades possuíam pequenas indústrias, normalmente formadas por artesãos. Pequenos</p><p>a liberdade de comércio, da produção e de contrato de trabalho sem controle do Estado ou</p><p>pressão dos sindicados, é correto afirmar:</p><p>A alternativa "B " está correta.</p><p>Segundo a teoria de Thomas Malthus, com o crescimento desigual entre a produção e a natalidade humana, faltariam</p><p>alimentos em longo prazo, sendo uma das possíveis soluções a diminuição da população por meio de guerras e</p><p>pestes. Essa era, contudo, uma forma não voluntária de controle populacional.</p><p>CONCLUSÃO</p><p>CONSIDERAÇÕES FINAIS</p><p>Após o estudo deste tema, compreendemos as principais mudanças na organização e no pensamento administrativo</p><p>antes e depois da Revolução Industrial.</p><p>Conceitos como os de Adam Smith — da mão invisível — ou de David Ricardo — dos elementos que formam os</p><p>preços dos produtos — são revisitados pela teoria econômica e administrativa até hoje.</p><p>Esperamos ter colaborado com essa construção de conhecimento e aprimoramento, com a colocação de mais um</p><p>tijolo rumo ao crescimento na carreira profissional.</p><p>Boa sorte!</p><p>AVALIAÇÃO DO TEMA:</p><p>REFERÊNCIAS</p><p>CUNLIFFE, A. L. Organization theory. Londres: SAGE, 2008.</p><p>DICIONÁRIO FINANCEIRO. Como funciona a lei da oferta e da procura. S./l., s./d.</p><p>GONZALES, J. L. História ilustrada do cristianismo: a era dos mártires até a era dos sonhos frustrados. 2. ed.</p><p>Tradução de H. U. Fuchs e K. Yuasa. São Paulo: Vida Nova, 2011.</p><p>HOBSBAWM, Eric J. Da revolução industrial inglesa ao imperialismo. 2. ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária,</p><p>1979.</p><p>MALTHUS, T. R. An essay on the principle of population. Londres: J. Johnson, in St. Paul’s Church-Yard, 1798.</p><p>MARX, K.; Engels, F.; McLellan, D. Communist manifesto. USA: Oxford University Press, 1992.</p><p>MARX, K. Capital: volume I. Tradução de Hinrich Kuhls Zodiac, Allan Thurrott, Bill McDorman, Bert Schultz e Martha</p><p>Gimenez. Stephen Baird and Brian Basgen, 1999.</p><p>MARX, K. Capital: volume II. Nova York: International Publishers, 1995.</p><p>MARX, K. Capital: volume III. Nova York: International Publishers, 1995a.</p><p>RICARDO, D. The principles of political economy and taxation. Ontario: Batoche Books/Kitchener, 2001.</p><p>SMITH, A. An inquiry into the nature and causes of the wealth of nations. Menphis: General Books LLC, 2010.</p><p>TAYLOR, F. W. The principles of scientific management. Nova Iorque: Harper, 1911.</p><p>WEBER. Max. Ética protestante e o “espírito” do capitalismo. Tradução de J. M. M. Macedo. São Paulo:</p><p>Companhia das Letras, 2004.</p><p>EXPLORE+</p><p>Leia o livro de Eric J. Hobsbawm (1979), Da revolução industrial inglesa ao imperialismo, para aprofundar seus</p><p>conhecimentos sobre a Revolução Industrial de forma bastante abrangente, além de ser uma leitura fácil e</p><p>agradável.</p><p>Leia o Livro de Max Weber (2004), Ética protestante e o espírito do capitalismo, para entender melhor a base</p><p>intelectual que gerou as condições para a Revolução Industrial e o florescimento do capitalismo.</p><p>Pesquise o livro O Capital de Karl Marx. Para quem gosta do tema da luta de classes, é interessante a leitura,</p><p>pois o livro utiliza os conceitos de Adam Smith e David Ricardo para construir as suas teorias de mais-valia e de</p><p>valor dos bens e da mão de obra.</p><p>CONTEUDISTA</p><p>Prof. Ms. Ettore de Carvalho Oriol</p><p> CURRÍCULO LATTES</p><p>javascript:void(0);</p><p>javascript:void(0);</p><p>grupos possuíam os monopólios de certos tipos de produção, denominados guildas, e formavam as primeiras forças</p><p>propulsoras da industrialização nas cidades.</p><p>No entanto, com o passar do tempo, elas se tornaram empecilhos para a industrialização generalizada, sendo, aos</p><p>poucos, suplantadas por indústrias não mais monopolizadas. Uma das primeiras indústrias a se desenvolver, de forma</p><p>mais homogênea, foi a ligada ao beneficiamento do algodão, ou seja, a indústria têxtil.</p><p>GUILDAS</p><p>Associação existente na Europa durante a Idade Média, reunindo trabalhadores com interesses em comum, que</p><p>prestavam assistência mútua.</p><p>javascript:void(0)</p><p>Fonte: Everett Collection/Shutterstock</p><p>Esse tipo teve um fator muito importante que o impulsionou. E foi a existência de um mercado consumidor anterior à</p><p>Revolução Industrial, sendo grande o suficiente para gerar ganhos crescentes nos investimentos.</p><p>O que realmente impulsionou o acúmulo de capital por parte dos comerciantes e indústrias desse setor foram os</p><p>grandes lucros proporcionais aos custos de produção e aos retornos sobre o capital investido.</p><p>No início dessa indústria, os lucros chegavam a 12 vezes o custo de produção. Além disso, o investimento inicial era</p><p>bastante baixo, pois com poucas máquinas era possível construir um parque fabril. O trabalho era distribuído entre os</p><p>trabalhadores que o faziam em suas casas e depois os enviavam aos seus contratantes.</p><p>A construção de uma fábrica e compra dos equipamentos necessários necessitavam, dessa forma, de baixo</p><p>investimento; e a grande acumulação de capital proporcionava um rápido enriquecimento de seus investidores.</p><p>Com isso, as cidades que comportavam essas indústrias, inicialmente as que faziam os fios e, por fim, as fábricas de</p><p>tecido, foram inundadas de pessoas buscando trabalho. Com o declínio e a precarização do trabalho no campo, essa</p><p>migração foi incentivada. E com os grandes lucros e retornos dos capitais dos industriais, os salários nessas indústrias</p><p>eram mais atraentes que os pagos no campo.</p><p>Além dessa atração por salários, períodos de quebra de safra, como os que aconteceram em diversos locais durante o</p><p>final do século XVII e início do século XVIII, criaram as condições ideais para a atração das pessoas para as cidades.</p><p>Fonte: Everett Collection/Shutterstock</p><p>Outra indústria que se fortalecia era a de construção de navios e demais insumos, para a exportação e importação de</p><p>produtos acabados e insumos para a indústria têxtil, pois esta crescia cada vez mais e necessitava de uma frota</p><p>abundante e bem estruturada para dar conta de todo o trabalho.</p><p>A interiorização de parte dessa indústria também impulsionou a criação de novos centros industriais e gerou o</p><p>crescimento de novas cidades. Essas indústrias, com o tempo, começaram a atrair cada vez mais trabalhadores,</p><p>levando ao seu crescimento e, por consequência, ao das cidades onde estavam instaladas.</p><p> SAIBA MAIS</p><p>Com esse crescimento, é importante destacar que as condições de trabalho precárias se estenderam à moradia e a</p><p>toda infraestrutura básica que não existia. Essas cidades não estavam capacitadas a receberem um grande fluxo de</p><p>pessoas e tiveram grandes problemas, que foram regiamente identificados por estudiosos posteriores à Revolução</p><p>Industrial, como Karl Marx em seu livro O Capital.</p><p>Sua análise e descrição das condições degradantes dos trabalhadores durante a Revolução Industrial na Inglaterra</p><p>demonstra como as cidades cresceram de forma desordenada e geraram grande pobreza em todo esse processo.</p><p>O DESENVOLVIMENTO DO MERCADO INTERNO</p><p>O desenvolvimento do mercado interno — que sustentou o início do desenvolvimento industrial inglês — passou tanto</p><p>pelo crescimento da cidade, por meio da migração de grandes massas de trabalhadores rurais que perderam seus</p><p>meios de subsistência, como pela necessidade de mão de obra barata para o início e acúmulo de capital por parte dos</p><p>empresários.</p><p>Conseguir que uma grande quantidade de pessoas estivesse disposta a trabalhar nas indústrias era apenas parte da</p><p>solução. Era necessário que esses trabalhadores fossem treinados e qualificados para desenvolverem com habilidade</p><p>as tarefas dentro do processo produtivo.</p><p>Como demonstrado por estudos desenvolvidos durante o século XX, em países que estavam tentando se desenvolver,</p><p>ter a mão de obra disponível é apenas parte do problema, e o mais fácil de resolver.</p><p>Para que as indústrias se desenvolvessem, era necessário que todos os seus trabalhadores fossem qualificados e</p><p>pudessem desenvolver seu trabalho com eficiência, ou seja, em um ritmo ininterrupto de trabalho durante todo o ano.</p><p>Isso era um sistema bem diferente do que acontecia no campo, em que existiam grandes oscilações, seguindo as</p><p>estações de plantio.</p><p></p><p>Esse trabalhador que migrava do interior para as cidades não estava acostumado ao novo ritmo e tinha dificuldades</p><p>em se adaptar, levando muitos industriais a considerá-los preguiçosos.</p><p></p><p>Essa necessidade de mão de obra fez crescer as cidades, e essa migração transformou a antiga forma de comércio</p><p>local, em que todos compravam de seus vizinhos, para um comércio mais distante, em que se produzia em um local,</p><p>no campo, e esses produtos eram comercializados nas cidades.</p><p>Além disso, os produtos industrializados eram inicialmente produzidos nas cidades e vendidos aos camponeses em</p><p>suas aldeias ou pequenas cidades. Esse fluxo de comércio foi se desenvolvendo e criando um mercado consumidor</p><p>interno que foi a base para o início da Revolução Industrial.</p><p>EXCEDENTE DE MÃO DE OBRA</p><p>Como o excedente de mão de obra era extenso, as novas empresas podiam ser intensivas no uso de mão de obra,</p><p>sem, com isso, inflacionar os salários, gerando menor necessidade do emprego de grandes inovações. Isso porque os</p><p>custos de produzir com um tear manual eram tão baixos que não valeria a pena investir em novas tecnologias.</p><p>REDUÇÃO DE MARGEM DE LUCRO</p><p>Essa mudança só aconteceu quando a redução nas margens de lucro com a venda dos produtos caiu a um nível tão</p><p>baixo, que inviabilizou a manutenção dessa forma de organização do trabalho.</p><p>Além disso, houve a redução dos valores pagos aos trabalhadores que chegaram a um nível de não subsistência.</p><p>Nesse ponto, os mercados internacionais dos produtos têxteis da Inglaterra já estavam consolidados e o mercado</p><p>interno de consumo já tinha perdido parte de sua importância no desenvolvimento da industrialização.</p><p>Essa importância inicial do mercado interno foi a força motriz do início da Revolução Industrial e as condições e</p><p>mudanças durante os séculos XV ao XVII geraram as condições ideais para que essa revolução ocorresse.</p><p>O DESENVOLVIMENTO DO MERCADO EXTERNO</p><p>O mercado externo teve função primordial na Revolução Industrial, pois sem o seu consumo de produtos, importação</p><p>por mercados consumidores e exportação de matérias-primas para as zonas em industrialização, essa não poderia ter</p><p>acontecido.</p><p>Esse movimento de mercadorias possibilitou a expansão do mercado consumidor e a incorporação de locais de</p><p>produção que não existiam na Inglaterra, proporcionando o ganho de escala necessário para o desenvolvimento da</p><p>Revolução Industrial.</p><p>Fonte: Dmitr1ch/shutterstock</p><p>No início do século XV, e em toda a Idade Média, esse comércio exterior não existia. O arranjo de produç��o e</p><p>comercialização de bens e produtos era basicamente local. Todo esse processo e demanda foram desenvolvidos</p><p>durante as grandes navegações, inicialmente por Portugal e Espanha, que começaram a buscar especiarias e demais</p><p>produtos nas Índias e, após os descobrimentos, nas colônias americanas.</p><p>A Inglaterra entrou nesse comércio posteriormente, fornecendo os produtos acabados que os povos do Continente</p><p>Europeu precisavam, dominando, em seguida, o comércio marítimo por meio de sua frota de guerra e comercial.</p><p>Essa mudança de sistema aconteceu de forma gradativa e foi impulsionada por mudanças internas, como as</p><p>enfrentadas pela agricultura e pelo desenvolvimento de indústrias navais por necessidades de guerras e de comércio.</p><p>Fonte: Caleb Holder/Shutterstock</p><p>Fonte: Trudy Simmons/Shutterstock</p><p>O ápice desse processo ocorreu um pouco antes da Revolução Industrial, com a Revolução Francesa e o surgimento</p><p>de um espírito revolucionário, que tomou conta dos países americanos, que — aos poucos — foram se libertando de</p><p>suas colonizadoras e se tornando independentes.</p><p>Durante esse período, a Inglaterra entrou na era elisabetana e começou a expandir o seu império, chegando a</p><p>localidades distantes e gerando os mercados consumidores necessários ao seu desenvolvimento. Esse foi um</p><p>processo longo e que gerou todo o comércio exterior que veio impulsionar e garantir o volume de produção necessário</p><p>para o desenvolvimento da Revolução Industrial.</p><p>O PENSAMENTO INTELECTUAL DO PERÍODO PRÉ-INDUSTRIAL</p><p>AS GRANDES INFLUÊNCIAS INTELECTUAIS DA MUDANÇA DE PENSAMENTO DURANTE OS SÉCULOS XV</p><p>A XVIII FORAM O ILUMINISMO E A REFORMA PROTESTANTE. O ILUMINISMO TEVE MAIOR IMPACTO NA</p><p>FRANÇA E EM PAÍSES DE DOGMA CONFESSIONAL CATÓLICO.</p><p>Já nos países com dogma confessional protestante — como Alemanha, Holanda, Escócia e partes da Inglaterra —, o</p><p>pensamento dominante foi o Calvinismo, uma vertente do protestantismo que se originou dos escritos de João Calvino,</p><p>teólogo francês que desenvolveu praticamente todos os seus estudos em Genebra, na Suíça.</p><p>O PROTESTANTISMO SURGIU NA ALEMANHA COM AS 93 TESES DE LUTERO, MAS FOI JOÃO CALVINO</p><p>QUE O ESTRUTUROU E LHE DEU OS CONTORNOS QUE SE SEGUIRAM E QUE MOLDARAM O</p><p>PENSAMENTO PRÉ-REVOLUÇÃO INDUSTRIAL.</p><p>GONZALES, 2011.</p><p>Diversos pontos teológicos foram reinterpretados por Calvino e os reformadores, criando as condições para a</p><p>revolução acontecesse. Como colocado, posteriormente, por Max Weber (2004) em seu Livro Ética Protestante e o</p><p>Espírito do Capitalismo, foram as mudanças trazidas pela reforma protestante que possibilitaram e que lançaram as</p><p>bases para o capitalismo que cresceria nos séculos seguintes.</p><p>Os principais pontos nessa discussão são:</p><p>O DEVOTO NÃO PRECISA SE ISOLAR</p><p>Se trancar em um convento para viver a sua vida de santidade. Ele poderia viver essa vida em sociedade, sendo um</p><p>representante de Deus na sociedade para os outros. A vida austera e metódica poderia ser vivida cotidianamente em</p><p>sociedade.</p><p>Esse ideal é anterior à Reforma Protestante e foi desenvolvido em contraponto ao monasticismo, mas foi incorporada</p><p>de forma integral ao movimento protestante da reforma. Tanto Lutero quanto os outros líderes defendiam que era</p><p>preciso estar em sociedade para viver de forma plena a sua salvação e o relacionamento com Deus, servindo aos</p><p>outros e levando o evangelho a todos.</p><p>O TRABALHO NÃO É UM CASTIGO IMPOSTO AO HOMEM</p><p>Mais importante do que o primeiro ponto é a noção de que o trabalho não é um castigo imposto ao homem pela queda</p><p>no jardim do Éden, mas uma forma de glorificar a Deus. Isso foi o que causou a maior revolução no pensamento</p><p>medieval que defendia o trabalho como castigo.</p><p>Isso era levado tão a sério que os nobres não o faziam em hipótese alguma, indicando sua superioridade espiritual em</p><p>relação aos plebeus. Com essa mudança, a pessoa que não se esforçasse de forma integral no trabalho era taxada de</p><p>pecadora e não eleita.</p><p>Com o tempo, esse pensamento levou as pessoas a avaliarem se eram ou não eleitas por sua prosperidade no</p><p>trabalho. Uma pessoa era próspera se recebesse o favor de Deus, e esse favor só era dado aos eleitos por sua</p><p>presciência e controle absoluto de todos os aspectos desse mundo.</p><p> SAIBA MAIS</p><p>Essa é outra doutrina importante para os protestantes, Deus tem um povo eleito desde antes da fundação do mundo e,</p><p>dessa forma, os escolhe e abençoa com bens materiais, em detrimento dos outros não eleitos, que além de irem para</p><p>o inferno, não recebiam esse favor enquanto estão aqui na terra. Todos esses pontos foram levantados por Weber</p><p>(2004) e, segundo ele, são a base para o desenvolvimento do capitalismo.</p><p>Nessa ótica de Weber, para que uma pessoa seja bem-sucedida, é importante observar seus ganhos, lucros sobre o</p><p>capital, e que estes não advenham da usura.</p><p>ESSE É O PRINCIPAL PONTO DE TRANSFORMAÇÃO ENTRE O PENSAMENTO MEDIEVAL E O</p><p>PROTESTANTE. NO PENSAMENTO MEDIEVAL, O LUCRO ERA CONSIDERADO COMO PECADO E SUA</p><p>ACUMULAÇÃO ERA SINAL DE TROCA DO CÉU PELAS COISAS TERRENAS.</p><p>Esse pensamento levou toda a parte financeira da população para a mão dos judeus, pois crendo de forma diversa,</p><p>podiam trabalhar com o dinheiro emprestando e capitalizando suas posses. Essa crença era tão forte que, no Brasil,</p><p>de origem católica, a lei da usura impedia que o Estado cobrasse ou pagasse juros superiores a 12% ao ano até a</p><p>década de 1980.</p><p>A mudança de olhar sobre a usura propiciou o crescimento de mercados de capitais em diversos países protestantes,</p><p>sendo o mais famoso o mercado de capitais holandês, que possibilitou o crescimento de empresas que exploraram</p><p>grandes áreas da Ásia e das ilhas Polinésias.</p><p></p><p>Essa nova forma de pensar possibilitou, com o tempo, o acúmulo de capital por parte dos comerciantes, o que foi</p><p>essencial para o desenvolvimento da Revolução Industrial.</p><p>VERIFICANDO O APRENDIZADO</p><p>1. (AMAN-2015 ‒ ADAPTADA) O ACÚMULO DE CAPITAIS, A MODERNIZAÇÃO DA AGRICULTURA, A</p><p>DISPONIBILIDADE DE MÃO DE OBRA E DE RECURSOS NATURAIS, E A FORÇA DO PROTESTANTISMO</p><p>CALVINISTA AJUDAM A EXPLICAR O PIONEIRISMO DA __________ NA REVOLUÇÃO INDUSTRIAL.</p><p>DAS OPÇÕES ABAIXO LISTADAS, O PAÍS QUE MELHOR PREENCHE O ESPAÇO ACIMA É:</p><p>A) Alemanha</p><p>B) Holanda</p><p>C) Itália</p><p>D) Inglaterra</p><p>2. (PUC-CAMPINAS) O NOVO PROCESSO DE PRODUÇÃO INTRODUZIDO COM A REVOLUÇÃO INDUSTRIAL,</p><p>NO SÉCULO XVIII, CARACTERIZOU-SE PELA:</p><p>A) Implantação da indústria doméstica rural em substituição às oficinas.</p><p>B) Realização da produção em grandes unidades fabris e intensa divisão do trabalho.</p><p>C) Mecanização da produção agrícola e consequente fixação do homem à terra.</p><p>D) Facilidade na compra de máquinas pelos artesãos que conseguiam financiamento para isso.</p><p>GABARITO</p><p>1. (Aman-2015 ‒ Adaptada) O acúmulo de capitais, a modernização da agricultura, a disponibilidade de mão de</p><p>obra e de recursos naturais, e a força do protestantismo calvinista ajudam a explicar o pioneirismo da</p><p>__________ na Revolução Industrial.</p><p>Das opções abaixo listadas, o país que melhor preenche o espaço acima é:</p><p>A alternativa "D " está correta.</p><p>Por conta de todas essas condições listadas que a Inglaterra apresentou as condições para a ocorrência da Revolução</p><p>Industrial. Mesmo estando em desvantagem em outros aspectos em relação aos países europeus continentais, que</p><p>tinham melhores conhecimentos técnicos e científicos, essas condições não se apresentavam nesses países,</p><p>demonstrando que foram essenciais para o início da revolução.</p><p>2. (PUC-Campinas) O novo processo de produção introduzido com a Revolução Industrial, no século XVIII,</p><p>caracterizou-se pela:</p><p>A alternativa "B " está correta.</p><p>Durante os lançamentos das bases da Revolução Industrial, começaram a surgir as grandes fábricas e a organização</p><p>da produção de forma dividida e não mais por meio de artesãos que faziam todo o trabalho.</p><p>MÓDULO 2</p><p> Compreender a Revolução Industrial e a revolução do pensamento administrativo</p><p>A REVOLUÇÃO INDUSTRIAL E A REVOLUÇÃO DO PENSAMENTO ADMINISTRATIVO</p><p>REVOLUÇÃO INDUSTRIAL</p><p>A Revolução Industrial teve início na Inglaterra devido às condições ideais para tal. Contudo, poderia ter acontecido</p><p>em qualquer outra parte do mundo, como na França ou na Alemanha. Esses países tinham melhores condições</p><p>técnicas e intelectuais para essa empreitada, no entanto, suas condições sociais não geraram esse impulso.</p><p>Segundo Hobsbawm (1979):</p><p>QUALQUER QUE TENHA SIDO A RAZÃO DO AVANÇO BRITÂNICO, ELE NÃO SE DEVEU À SUPERIORIDADE</p><p>TECNOLÓGICA E CIENTÍFICA. NAS CIÊNCIAS NATURAIS, OS FRANCESES ESTAVAM SEGURAMENTE À</p><p>FRENTE DOS INGLESES, VANTAGEM QUE A REVOLUÇÃO FRANCESA VEIO ACENTUAR DE FORMA</p><p>MARCANTE, PELO MENOS NA MATEMÁTICA E NA FÍSICA, POIS ELA INCENTIVOU AS CIÊNCIAS NA</p><p>FRANÇA ENQUANTO QUE A REAÇÃO SUSPEITAVA DELAS NA INGLATERRA.</p><p>ATÉ MESMO NAS CIÊNCIAS SOCIAIS, OS BRITÂNICOS AINDA ESTAVAM MUITO LONGE DAQUELA</p><p>SUPERIORIDADE QUE FEZ — E EM GRANDE PARTE AINDA FAZ — DA ECONOMIA</p><p>UM ASSUNTO</p><p>EMINENTEMENTE ANGLO-SAXÃO; MAS A REVOLUÇÃO INDUSTRIAL COLOCOU-OS EM UM</p><p>INQUESTIONÁVEL PRIMEIRO LUGAR. O ECONOMISTA DA DÉCADA DE 1780 LIA ADAM SMITH, MAS</p><p>TAMBÉM — E TALVEZ COM MAIS PROVEITO — OS FÍSIOCRATAS E OS CONTABILISTAS FISCAIS</p><p>FRANCESES, QUESNAY, TURGOT, DU-PONT DE NEMOURS, LAVOISIER, E TALVEZ UM OU DOIS</p><p>ITALIANOS.</p><p>OS FRANCESES PRODUZIRAM INVENTOS MAIS ORIGINAIS, COMO O TEAR DE JACQUARD (1804) — UM</p><p>APARELHO MAIS COMPLEXO DO QUE QUALQUER OUTRO PROJETADO NA GRÃ-BRETANHA — E</p><p>MELHORES NAVIOS. OS ALEMÃES POSSUÍAM INSTITUIÇÕES DE TREINAMENTO TÉCNICO, COMO A</p><p>BERGAKADEMIE PRUSSIANA, QUE NÃO TINHAM PARALELO NA GRÃ-BRETANHA, E A REVOLUÇÃO</p><p>FRANCESA CRIOU UM CORPO ÚNICO E IMPRESSIONANTE, A ÊCOLE POLYTECHNIQUE.</p><p>A EDUCAÇÃO INGLESA ERA UMA PIADA DE MAU GOSTO, EMBORA SUAS DEFICIÊNCIAS FOSSEM UM</p><p>TANTO COMPENSADAS PELAS DURAS ESCOLAS DO INTERIOR E PELAS UNIVERSIDADES</p><p>DEMOCRÁTICAS, TURBULENTAS E AUSTERAS DA ESCÓCIA CALVINISTA, QUE LANÇAVAM UMA</p><p>CORRENTE DE JOVENS RACIONALISTAS, BRILHANTES E TRABALHADORES, EM BUSCA DE UMA</p><p>CARREIRA NO SUL DO PAÍS: JAMES WATT, THOMAS TELFORD, LOUDON MCADAM, JAMES MILL.</p><p>OXFORD E CAMBRIDGE, AS DUAS ÚNICAS UNIVERSIDADES INGLESAS, ERAM INTELECTUALMENTE</p><p>NULAS, COMO O ERAM TAMBÉM AS SONOLENTAS ESCOLAS PÚBLICAS, COM A EXCEÇÃO DAS</p><p>ACADEMIAS FUNDADAS PELOS ‘DISSIDENTES’ (DISSENTERS) QUE FORAM EXCLUÍDAS DO SISTEMA</p><p>EDUCACIONAL (ANGLICANO). ATÉ MESMO AS FAMÍLIAS ARISTOCRÁTICAS QUE DESEJAVAM</p><p>EDUCAÇÃO PARA SEUS FILHOS CONFIAVAM EM TUTORES E UNIVERSIDADES ESCOCESAS.</p><p>NÃO HAVIA QUALQUER SISTEMA DE EDUCAÇÃO PRIMÁRIA ANTES QUE O QUAKER LANCASTER (E,</p><p>DEPOIS DELE, SEUS RIVAIS ANGLICANOS) LANÇASSE UMA ESPÉCIE DE ALFABETIZAÇÃO EM MASSA,</p><p>ELEMENTAR E REALIZADA POR VOLUNTÁRIOS, NO PRINCÍPIO DO SÉCULO XIX, INCIDENTALMENTE</p><p>SELANDO PARA SEMPRE A EDUCAÇÃO INGLESA COM CONTROVÉRSIAS SECTÁRIAS. TEMORES</p><p>SOCIAIS DESENCORAJAVAM A EDUCAÇÃO DOS POBRES.</p><p>Portanto, a Revolução Industrial foi, basicamente, social em seu início, vindo a revolução tecnológica na sequência,</p><p>pela necessidade imposta por crises posteriores.</p><p> ATENÇÃO</p><p>Nessa ótica, é importante salientar que a educação na Inglaterra era uma das mais precárias de toda a Europa, suas</p><p>universidades eram quase nulas, em termos de gerarem conhecimento e inovação. Todo o avanço da Revolução</p><p>Industrial na Inglaterra não foi baseado em uma tecnologia de ponta ou em grandes avanços científicos, mas em</p><p>comportamentos e condições singulares, que levaram ao crescimento exponencial de todo o seu parque fabril.</p><p>O INÍCIO DA REVOLUÇÃO INDUSTRIAL</p><p>Seu início é marcado entre os anos de 1780 e 1830. Pode-se dizer que ele se deu praticamente apenas na Inglaterra.</p><p>Esse país era o único que tinha as condições necessárias para que isso acontecesse. É importante frisar que esse</p><p>processo de geração das condições foi lento e teve diversas influências e condições para que acontecesse. Todo esse</p><p>processo de mudanças começou com a religião, passando pelos costumes e visões de mundo, seguindo com uma</p><p>mudança das formas e arranjos nos campos e culminando com a urbanização e o acúmulo de capital de uma classe</p><p>de comerciantes bem-sucedidos.</p><p></p><p>Todo esse processo culminou com a criação de condições para que a produção inglesa, que em 1760 era por volta de</p><p>1,5 a 2% da produção mundial, se expandisse em 1000%, chegando a um patamar de 20 a 25% da produção mundial</p><p>em 1850. Levou apenas um século para que todo esse incremento acontecesse.</p><p>Fonte: Everett Collection/shutterstock</p><p>Todo esse processo teve origem com o desenvolvimento da indústria têxtil e do domínio de novos mercados pela</p><p>coroa inglesa por meio de sua frota naval, tanto de guerra quanto comercial. Isso se reflete em um fato importante,</p><p>pois cerca de um terço da frota de navios existentes no mundo na década de 1850 pertenciam aos ingleses, que</p><p>podiam utilizá-los de forma exclusiva, garantindo um fluxo de mercadorias aos seus mercados consumidores de forma</p><p>contínua e segura.</p><p>Fonte: zhao jiankang/shutterstock</p><p>As grandes mudanças ocorridas no início da Revolução Industrial foram o desenvolvimento de novas formas de fundir</p><p>o ferro, com os fornos por explosão, a troca do uso do carvão vegetal para o carvão mineral, o que diminuiu</p><p>substancialmente o custo da fundição, e a invenção da máquina de fiar, que eliminava a necessidade das rocas e</p><p>gerava enormes ganhos na confecção de fios.</p><p>Toda essa tecnologia era de fácil operação e não envolvia grandes necessidades técnicas para a sua operação. É</p><p>importante frisar que esses inventos não dispunham de nenhuma engenharia complexa, pelo contrário, eram</p><p>invenções modestas e dispunham da necessidade de capacidades técnicas modestas disponíveis em qualquer</p><p>artesão serralheiro, carpinteiro ou moleiro.</p><p>PASSO 01</p><p>PASSO 02</p><p>PASSO 03</p><p>No início, esses fornos de explosão e os teares manuais foram instalados nas residências das pessoas, que podiam</p><p>operá-los de forma artesanal e com isso aumentarem suas rendas. Essa renda servia para complementar a do</p><p>trabalho no campo.</p><p>Um empregador, normalmente comerciante, adquiria os fios e distribuía o serviço aos artesãos, que fazia seu serviço e</p><p>o entregava ao contratante. Esse era também o processo com a fundição de metais.</p><p>Esse processo dava ao comerciante enormes lucros, pois o retorno sobre o custo de produção, ou seja, o lucro, era de</p><p>11 a 12 vezes. Além disso, uma inflação constante levava os comerciantes a investirem cada vez mais, pois existia a</p><p>expectativa de venderem com preços maiores que os praticados durante a produção.</p><p>Todo esse processo inicial proporcionou o acúmulo de grande capital, que podia ser empregado na expansão da</p><p>produção e, com isso, gerar mais ganhos.</p><p> ATENÇÃO</p><p>Outro ponto importante desse início é que os trabalhadores eram submetidos a jornadas de mais de 12 horas de</p><p>trabalho, incluindo mulheres e crianças. Essa forma de organização do trabalho e a exploração extremada da</p><p>capacidade de produção da mão de obra disponível e treinada potencializaram esse acúmulo de capital por parte do</p><p>empresário.</p><p>Um jovem empreendedor poderia, com pouco capital, muitas vezes emprestado, investir em uma fábrica e, em menos</p><p>de 20 anos, se tornar uma pessoa rica, dona de grande fortuna.</p><p>TODA ESSA FORMA DE ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO SÓ COMEÇOU A TER ALGUMA REGULAÇÃO A</p><p>PARTIR DE 1833, COM A LEI DA FÁBRICA, QUE PROIBIA O TRABALHO DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES</p><p>DE MENOS DE 13 ANOS POR JORNADAS SUPERIORES A NOVE HORAS POR DIA .</p><p>Antes disso, diversos movimentos se instalaram nas cidades inglesas, procurando melhorar as condições dos</p><p>trabalhadores.</p><p>LUDISMO</p><p>Em resumo, procurava quebrar as máquinas, pois via nelas a causa da precarização das condições de vida das</p><p>pessoas.</p><p>CARTISMO</p><p>Ainda nessa questão dos movimentos de trabalhadores, o Cartismo não via as máquinas como problema, mas a falta</p><p>de direitos trabalhistas que assegurassem condições dignas aos trabalhadores urbanos e rurais.</p><p>TRADE OF UNIONS</p><p>Todos esses movimentos culminaram com a criação de Trade of Unions, ou seja, os sindicatos que seriam a base para</p><p>a disseminação de ideais socialistas nas décadas seguintes. O sindicalismo foi o movimento mais duradouro da</p><p>história da industrialização e ainda tem grande força em alguns centros, como a França e a Alemanha.</p><p>Outras leis foram sendo aprovadas e, com isso, as condições dos trabalhadores foram melhorando, contudo, com o</p><p>passar do tempo, os retornos dos capitalistas também foram diminuindo. Isso levou os empresários a reduzirem,</p><p>inicialmente, os salários dos empregados e, em um segundo momento, as suas margens de lucro.</p><p>Por fim, uma maior mecanização da produção foi sendo inserida nas fábricas e aquela, mais esparramada pelas</p><p>residências, foi deixando de acontecer. Esse processo levou ao aumento da precarização das condições nos campos</p><p>e aumentou a pressão já existente para a migração para as cidades.</p><p> SAIBA MAIS</p><p>A concentração da produção em grandes fábricas foi uma solução para tentar manter a margem de lucro dos</p><p>empresários e garantir a expansão da produtividade incorporando novas tecnologias, muitas vezes desenvolvidas em</p><p>outros países, como a França, por exemplo.</p><p>Antes disso, a Inglaterra já havia substituído o poder absoluto do rei pelo do parlamento e já tinha engatado as</p><p>posições políticas ao lucro, sendo o Estado um promotor da produção e guardião do lucro.</p><p>Pela primeira vez, o ser humano tinha conseguido ultrapassar as fronteiras impostas pela fome, falta de tecnologia e</p><p>de recursos que seguravam o crescimento sustentável por um longo período de tempo, sem que as pestes e as</p><p>mortes impedissem esse desenvolvimento.</p><p>Essas mudanças levaram a revolução para outro patamar, deixando de consistir, basicamente, de fábricas em</p><p>pequenas cidades para se tornarem enormes complexos fabris.</p><p>A REVOLUÇÃO INDUSTRIAL</p><p>Nas últimas décadas do século XVIII, a Revolução Industrial já estava em andamento, mas foi no século XIX que ela</p><p>tomou a forma que conhecemos hoje.</p><p>Fonte: weera sreesam/Shutterstock</p><p>Foi nesse período que a Inglaterra e alguns outros países menores ultrapassaram a condição de países rurais,</p><p>tornando-se industrializados. Isso ocorreu devido ao crescimento vertiginoso, alcançando quantidades de produção</p><p>nunca antes imaginadas.</p><p>Fonte: David Whitemyer/Shutterstock</p><p>A grande expansão da indústria aconteceu por meio da exportação e foi fortemente ajudada pelo Governo, que</p><p>garantiu as condições para que isso acontecesse. No final do século XVIII, a Inglaterra aumentou em 10 vezes a sua</p><p>exportação de têxteis.</p><p>Fonte: Intheicewetrust/Shutterstock</p><p>Esse movimento fez com que o mercado externo superasse o interno. Na década de 1920 do século XIX, a produção</p><p>para exportação já representava 2/3 da produção nacional. Durante as décadas seguintes, a exportação inglesa para a</p><p>América já representava mais da metade da exportação para a Europa Continental, demonstrando a importância</p><p>desse novo continente para a indústria inglesa.</p><p>LANCASHIRE</p><p>A região de Lancashire se destacou desde o início do movimento de interiorização das indústrias e foi a primeira a</p><p>superar a importação de tecidos vindos da Índia. Desde o fim da Idade Média, os tecidos de algodão vindos da Índia</p><p>ganharam grande fama na Europa e dominaram esse mercado até a Revolução Industrial.</p><p>GUERRAS NAPOLEÔNICAS</p><p>Foi durante as guerras napoleônicas que esse comércio foi interrompido e, após a batalha de Waterloo, a Inglaterra</p><p>procurou não deixar que ele voltasse, mas ocupou esse espaço comercial, interrompendo séculos de comércio entre</p><p>as Índias e a Europa.</p><p>INDIA</p><p>Ao final desse processo, era a Inglaterra quem estava exportando tecido para a Índia, que teve a sua indústria têxtil</p><p>destruída e seu povo empobrecido. Com esse desenvolvimento, a cidade de Lancashire se tornou um dos maiores</p><p>polos fornecedores de têxteis do mundo.</p><p>Esses polos produtores necessitavam de matérias-primas em grande quantidade e com baixo valor. Essa demanda foi</p><p>suprida, principalmente, pela grande expansão das lavouras no sul dos EUA, que, com seu sistema escravocrata,</p><p>garantia esse fornecimento.</p><p> ATENÇÃO</p><p>Esse processo de exportação era possibilitado pela grande frota de navios britânicos, que podiam levar os tecidos</p><p>prontos e trazer as matérias-primas necessárias. Esse volume de produção não teria sido possível se fosse</p><p>desenvolvido apenas em território inglês. Faltariam alimentos para os trabalhadores, mesmo com os ganhos advindos</p><p>das novas técnicas de plantio e mecanização dos campos.</p><p>javascript:void(0)</p><p>javascript:void(0)</p><p>javascript:void(0)</p><p>EM MEADOS DO SÉCULO XIX, A COROA BRITÂNICA JÁ DOMINAVA TODO O COMÉRCIO COM AS</p><p>AMÉRICAS, CAUSANDO GRANDE POBREZA NESSAS REGIÕES. MESMO COM O DOMÍNIO DA INDÚSTRIA</p><p>TÊXTIL NA REVOLUÇÃO INDUSTRIAL, NÃO SE DEVE SUBESTIMAR O DESENVOLVIMENTO DE OUTRAS</p><p>INDÚSTRIAS, COMO AS DE ALIMENTOS, BEBIDAS E UTENSÍLIOS DOMÉSTICOS, FORTEMENTE</p><p>IMPULSIONADAS PELO CRESCIMENTO DAS CIDADES.</p><p>No entanto, elas tiveram pouco impacto em gerar grandes transformações, pois uma grande cervejaria, que foi</p><p>montada em Dublin, causou tanto impacto quanto o seu parque fabril causou na localidade em que foi instalada, não</p><p>se alastrando para nenhum outro setor da economia.</p><p>Fonte: Roy Hinchliffe/shutterstock</p><p>Todo o crescimento de diversos setores impulsionados pelo crescimento da indústria têxtil, como a indústria química,</p><p>de equipamentos, de eletricidade, de navios mercantes e uma grande quantidade de outras atividades, que passaram</p><p>a ser consideradas no desenvolvimento da revolução industrial inglesa.</p><p>Fonte: Lexanda/shutterstock</p><p>Contudo, o crescimento da indústria têxtil foi tão amplo e vasto que sua participação na expansão do comércio exterior</p><p>se tornou a principal força para o desenrolar da Revolução Industrial.</p><p>Fonte: AnotherPerfectDay/shutterstock</p><p>Com o passar do tempo, diversos booms e crises foram se sucedendo, como os acontecimentos nos anos de 1825-26,</p><p>1836-37, 1839-42 e 1846-48. Todo esse movimento de altos e baixos foi considerado por alguns economistas como</p><p>meros fatos ocasionais. Mas, para os críticos do sistema capitalista, elas eram parte do sistema e representavam um</p><p>problema inerente e insanável.</p><p>Com o tempo, esse processo foi suprimindo a taxa de retorno dos investimentos feitos na indústria têxtil. O declínio</p><p>aconteceu, pois a concorrência aumentou, provocando a diminuição dos preços dos produtos acabados, mas não dos</p><p>insumos de produção.</p><p>No início desse processo, como as vendas agregadas cresceram exponencialmente, os retornos decrescentes foram</p><p>compensados, mas, com o tempo, ele se tornou insustentável. Esse problema foi se agravando, levando os detentores</p><p>dos capitais a buscarem novos pontos para investir seus capitais.</p><p>A siderurgia, inicialmente, estava em desvantagem com a tecelagem e só ganhou maior impulso com inovações</p><p>simples, como a pudelagem e a laminação, por volta de 1780. No entanto, sua demanda era modesta tendo um</p><p>impulso durante as guerras de 1756 e 1815.</p><p>PUDELAGEM</p><p>Técnica que consiste em descarbonizar o ferro fundido, retirando as impurezas e o transformando em aço.</p><p>Após o fim dessas guerras, a produção teve um decréscimo e só não afundou a mineração porque a escassez de</p><p>florestas na Inglaterra levou as famílias a usarem o carvão mineral nas residências. Mesmo com esse declínio, a</p><p>capacidade de produção da siderurgia inglesa já era enorme, beirando os 90% da produção mundial. Essa indústria só</p><p>foi ter seu grande boom com a queda do retorno sobre os investimentos na indústria têxtil.</p><p>A busca por novos investimentos encontrou sua estação nas novas ferrovias, que estavam nascendo como meio de</p><p>transporte de grandes quantidades de matérias-primas, principalmente carvão mineral, mas, também, produtos e</p><p>alimentos para as cidades.</p><p>Fonte: voylodyon/shutterstock</p><p>Inicialmente, foram colocados trilhos apenas para o deslocamento interno nas minas de carvão, todavia, com o passar</p><p>do tempo, esses trilhos foram sendo prolongados e passaram a ser operados por grandes locomotivas a vapor.</p><p>javascript:void(0)</p><p>Fonte: Arcansel/shutterstock</p><p>A primeira linha de ferro moderna data de 1825 e ligava Durham ao litoral. Esse novo foco de desenvolvimento atraiu</p><p>grandes somas de capital, que perdiam o seu interesse por investimentos na indústria têxtil, garantindo uma expansão</p><p>muito rápida dessas linhas.</p><p>Toda essa expansão das linhas férreas criou uma demanda por siderurgia, o que expandiu esse setor de forma</p><p>exponencial, gerando as condições necessárias para a transformação maciça na indústria de bens de capital.</p><p>Todo o setor de siderurgia foi impactado e começou a gerar grandes fábricas de trilhos, de locomotivas e de vagões</p><p>que serviam para o transporte dos produtos da região produtora para o porto e para as demais regiões do país. Fora</p><p>da Inglaterra, esse movimento ainda era insípido e demorou algum tempo para começar a se expandir e ganhar força.</p><p> ATENÇÃO</p><p>Esse movimento dos capitais financeiros para a aplicação nas ferrovias foi um tanto irracional, pois os retornos desses</p><p>investimentos foram muito baixos, nulos ou até mesmo negativos. Esse processo foi bom apenas para os agentes</p><p>financeiros, que se saíram muito bem, mas foi um desastre para</p><p>os investidores.</p><p>No final, grandes investidores perderam suas fortunas, levando alguns a entrarem no século XX com grandes dívidas.</p><p>Pessoas que tinham ganho grandes fortunas com o início da Revolução Industrial perderam quase tudo nesses novos</p><p>tipos de investimento.</p><p>Apesar dessa constatação, o que possibilitou a Revolução Industrial foi que a classe rica da Inglaterra acumulava</p><p>riqueza durante esses anos, o que impossibilitava a existência de oportunidades de investimento e gasto de todo esse</p><p>capital acumulado.</p><p>UMA SOCIEDADE MODERNA TERIA DISTRIBUÍDO UM POUCO DESSES GANHOS ACUMULADOS, NO</p><p>ENTANTO, NÃO É O QUE ACONTECIA NESSA ÉPOCA. A CLASSE MÉDIA, LIVRE DE IMPOSTOS,</p><p>CONTINUAVA A ACUMULAR, TORNANDO A CLASSE MAIS POBRE CADA VEZ MAIS FAMINTA, SENDO</p><p>ESSA POBREZA O REVERSO DESSA ACUMULAÇÃO SEM LIMITES.</p><p>MARX.</p><p>Esse foi o principal diagnóstico feito por Karl Marx em seu livro O Capital.</p><p>A EXPANSÃO DA REVOLUÇÃO INDUSTRIAL PARA A EUROPA CONTINENTAL E A</p><p>AMÉRICA</p><p>A expansão da Revolução Industrial fora da Inglaterra demorou um pouco a acontecer. Como já escrito, mesmo tendo</p><p>tecnologia e condições científicas superiores, países como França e Alemanha não possuíam as condições sociais</p><p>para que esse desenvolvimento acontecesse.</p><p>A grande questão que desencadeou a Revolução Industrial, que foi a migração forçada das pessoas para as cidades,</p><p>não aconteceu com a mesma intensidade da Inglaterra em outros países.</p><p></p><p>A falta de condições sociais levou esses países a atrasarem o início de suas revoluções industriais, o que, em muitos</p><p>lugares, levou a uma condição posterior que impossibilitou esse desenvolvimento natural. Países como França e</p><p>Rússia tiveram esse início fomentado diretamente pelo Estado, que interferiu e fomentou o início de uma</p><p>industrialização.</p><p></p><p>As condições rurais em outros países eram muito mais confortáveis do que na Inglaterra, o que não gerou o incentivo</p><p>para a migração. Na França, por exemplo, os camponeses tinham uma situação confortável, pois as revoluções</p><p>francesas tinham gerado algum bem-estar e possibilitado alguma distribuição das terras entre os camponeses.</p><p>Além disso, eles tiveram ganhos e adquiriram alguma prosperidade. Nos anos seguintes, com as guerras</p><p>napoleônicas, a Europa se viu envolvida em um conflito continental que inibiu qualquer iniciativa mais consistente de</p><p>um desenvolvimento industrial.</p><p>COM O FIM DO CONFLITO, A INGLATERRA RETOMOU SEU COMÉRCIO COM A EUROPA CONTINENTAL,</p><p>TORNANDO AINDA MAIS DIFÍCIL O FLORESCIMENTO DE UMA INDÚSTRIA LOCAL, DEVIDO À</p><p>CONCORRÊNCIA E AO GANHO DE ESCALA JÁ ADQUIRIDO PELAS INDÚSTRIAS INGLESAS.</p><p>Essa indústria local só começou a florescer com a intervenção do Governo, que começou a buscar uma</p><p>industrialização local e com o acúmulo de capital por parte de uma elite inglesa, que não conseguia achar</p><p>oportunidades suficientes de investimento na Inglaterra para o seu acúmulo de capital, começando a buscar</p><p>oportunidades fora do país.</p><p>Fonte: Vlad Antonov/Shutterstock</p><p>Fonte: rawf8/Shutterstock</p><p>Esse capital inglês, na busca por uma remuneração mais atraente, começou a fomentar o desenvolvimento de</p><p>indústrias locais. Esse movimento acelerou o processo em vários países, sendo os EUA um dos mais beneficiados.</p><p>Pelo lado dos governos, estes começaram a levantar barreiras à entrada de alguns produtos estrangeiros, procurando</p><p>fomentar o desenvolvimento de uma indústria nacional. Países como França e Rússia optaram por esse tipo de</p><p>postura frente ao atraso que tinham no desenvolvimento de sua indústria nacional.</p><p>Os EUA são um caso à parte, se tornam o lugar ideal para a produção das matérias-primas básicas e dos produtos</p><p>manufaturados. Isso se explica por conta das grandes extensões de terras cultiváveis ao Sul e um sistema já adaptado</p><p>ao modelo capitalista inglês de produção agrícola, com largo uso de mão de obra escrava nas lavouras de algodão e</p><p>uma região mais ao Norte, que não tinha essa possibilidade por ter um clima muito frio.</p><p>Fonte: Everett Collection/Shutterstock</p><p>Em um primeiro momento, ainda durante o período colonial, ele foi utilizado pela Inglaterra como uma extensão de</p><p>seus campos cultiváveis, principalmente a parte Sul do país.</p><p>No entanto, com as dificuldades impostas, na região Norte do país, que não podia se desenvolver por restrições</p><p>impostas pela Inglaterra, começaram a surgir movimentos republicanos separatistas, os “jacksonianos”, que</p><p>culminaram com a independência das 13 colônias inglesas na América.</p><p>Fonte: Everett Collection/Shutterstock</p><p>Com a riqueza gerada pelo comércio, era impossível evitar a criação de uma elite local, que via na colonizadora um</p><p>entrave ao seu maior crescimento econômico.</p><p>Com a independência, os EUA entraram definitivamente na corrida pela industrialização, que já se desenhava na</p><p>região Norte do país e com a fartura de terras cultiváveis e um sistema de produção agrícola já resolvido.</p><p>O principal motivo era a questão da terra, que na Europa continental ainda levou alguns anos para ser resolvida, e que</p><p>na França persiste até hoje (grandes subsídios governamentais aos produtos agrícolas franceses). Os EUA tinham,</p><p>portanto, as condições básicas para o desenvolvimento de sua própria Revolução Industrial.</p><p>Foi por meio dessas condições que sua industrialização começou e seguiu o modelo inglês, primeiramente com</p><p>fábricas têxteis e, em seguida, com construção de grandes ferrovias.</p><p>AS TRANSFORMAÇÕES NO PENSAMENTO ADMINISTRATIVO</p><p>Quando olhamos para o pensamento administrativo anterior à Revolução Industrial, principalmente na Inglaterra dos</p><p>séculos XV e XVI, vemos ainda uma influência forte do pensamento medieval de produção comunitária, campo</p><p>coletivo e pequenas cidades manufatureiras. Ou seja, aquelas pequenas indústrias que formavam guildas com</p><p>monopólio sobre determinados produtos.</p><p>Com o alastramento do pensamento protestante, principalmente por meio do puritanismo, elementos como a</p><p>propriedade privada, base para a Revolução Industrial, foram se espalhando pela população, gerando, em longo</p><p>prazo, a mudança no formato da produção, tanto rural quanto urbana.</p><p> ATENÇÃO</p><p>Toda essa mudança na forma de organizar a produção gerou mudanças na forma de gerir os campos. Portanto, em</p><p>vez de se produzir coletivamente e repartir essa produção entre todos os trabalhadores da localidade, essas pessoas</p><p>passaram a ser empregadas ou meeiras dos proprietários das terras, gerando, assim, excedentes que podiam ser</p><p>vendidos.</p><p>Esse foi o princípio do acúmulo de capital e que, posteriormente, foi investido na produção ainda rudimentar nas casas</p><p>dos próprios trabalhadores rurais.</p><p> SAIBA MAIS</p><p>Outro aspecto que ajudou o surgimento desse capital foi a ideia de uma vida austera, como forma de demonstrar sua</p><p>devoção a Deus. Esse ponto é tão importante que os ingleses anglicanos que se juntaram o movimento de John</p><p>Wesley, durante o século XVIII, foram chamados de metodistas, devido a sua postura de vida austera, regrada e</p><p>metódica.</p><p>Essa forma de se comportar chegou a provocar o fechamento de todos os pubs de algumas cidades escocesas</p><p>durante o início do século XIX (GONZALES, 2011). Essa postura teve grande impacto na forma de administrar as</p><p>propriedades e, mais adiante, as empresas que surgiam.</p><p>AS PESSOAS QUE NÃO SE ENCAIXAVAM NESSE MODELO E QUE AINDA VIVIAM SOB O MODELO</p><p>MEDIEVAL, DE MAIOR LICENCIOSIDADE NA POSTURA COM O TRABALHO, ERAM TAXADAS DE</p><p>PREGUIÇOSAS.</p><p>Com esse primeiro desenvolvimento e o acúmulo de capital, as pessoas passaram a investir na produção de produtos</p><p>que já tinham um mercado formado, outro ponto importante na mudança do pensamento medieval, pois, nessa época,</p><p>apenas a terra tinha valor.</p><p>Adam Smith concluiu que:</p><p>[...] APENAS A TERRA, SEM O TRABALHO, NÃO TEM VALOR, POIS NÃO PODE GERAR GANHOS E SE</p><p>AUTORRENTABILIZAR.</p><p>Marx vai construir toda a sua teoria no livro O Capital com esse princípio, apenas deslocando-o da terra para o capital</p><p>financeiro.</p><p>Para a administração, o impacto dessa nova mentalidade é essencial, pois é a partir dessa ideia que surge a</p><p>necessidade de gerenciar essa mão de obra, que</p><p>é o principal elemento formador do lucro e da rentabilidade, tanto da</p><p>terra quanto do capital.</p><p>Os fundamentos da administração moderna remontam a essa época e são catalisados por Taylor e seus sucessores,</p><p>em uma ciência da administração autônoma da ciência econômica da qual se originou. Taylor é um verdadeiro</p><p>representante desse metodismo que surge com Wesley, ao aplicar na administração do chão de fábrica a ideia de</p><p>racionalização das ações.</p><p>Outros elementos também ajudaram a mudar a forma de administrar da Idade Média para a indústria nascente, mas</p><p>tiveram menos impacto e agiram de forma mais difusa ou indireta, como todos os pontos levantados por Weber (2004)</p><p>ou outros autores que trataram do tema.</p><p>VERIFICANDO O APRENDIZADO</p><p>1. (PUC-SP) PARA O PROCESSO DE INDUSTRIALIZAÇÃO NA INGLATERRA DO SÉCULO XVIII, FOI</p><p>DECISIVO(A):</p><p>A) A relação colonial, mantida com a Índia e a América do Norte, que possibilitou um grande acúmulo de recursos</p><p>financeiros.</p><p>B) O estímulo ao desenvolvimento inglês, promovido pela concorrência tecnológica com os americanos.</p><p>C) A união dos interesses nacionais em torno de um esforço de desenvolvimento, logo após a expulsão das tropas</p><p>napoleônicas do território inglês.</p><p>D) O incentivo à inovação tecnológica como resultado da ação dos ludistas que destruíram as máquinas consideradas</p><p>obsoletas.</p><p>2. (VINESP – 2019 – ADAPTADA) AS EXPORTAÇÕES DE ALGODÃO AUMENTARAM DE MANEIRA</p><p>VERTIGINOSA DE 1790 A 1860. EM 1820, OS EUA JÁ HAVIAM SE CONVERTIDO NO MAIOR PRODUTOR</p><p>MUNDIAL DE ALGODÃO E UNS DEZ ESTADOS E TERRITÓRIOS DEPENDIAM EM GRANDE MEDIDA DO</p><p>SISTEMA DE PLANTAÇÕES.</p><p>(JENKIS, P. BREVE HISTÓRIA DOS ESTADOS UNIDOS. 2017. ADAPTADO).</p><p>O AUMENTO DA PRODUÇÃO DE ALGODÃO NOS EUA FOI CONDICIONADO POR ALGUNS FATORES, ENTRE</p><p>OS QUAIS:</p><p>A) A natureza da colonização inglesa e a manutenção do pacto colonial.</p><p>B) A unificação do país pelo governo central e a abolição da escravidão.</p><p>C) A Revolução Industrial e o aumento da exploração da mão de obra escrava.</p><p>D) A anexação de mercados no Oeste e o emprego massivo da mão de obra imigrante.</p><p>GABARITO</p><p>1. (PUC-SP) Para o processo de industrialização na Inglaterra do século XVIII, foi decisivo(a):</p><p>A alternativa "A " está correta.</p><p>Os ingleses, ao dominarem a Índia por meio de guerra e imposição de colonização, puderam controlar a produção de</p><p>tecido local e impor sua produção quebrando as indústrias indianas. Já para os EUA, em uma condição de colônia, foi</p><p>utilizada como extensão de suas terras cultiváveis na produção de algodão, principalmente na região Sul, por meio de</p><p>um sistema escravocrata de mão de obra.</p><p>2. (VINESP – 2019 – Adaptada) As exportações de algodão aumentaram de maneira vertiginosa de 1790 a 1860.</p><p>Em 1820, os EUA já haviam se convertido no maior produtor mundial de algodão e uns dez estados e</p><p>territórios dependiam em grande medida do sistema de plantações.</p><p>(JENKIS, P. Breve história dos Estados Unidos. 2017. Adaptado).</p><p>O aumento da produção de algodão nos EUA foi condicionado por alguns fatores, entre os quais:</p><p>A alternativa "C " está correta.</p><p>Os EUA foram utilizados como extensão das terras cultiváveis da Inglaterra. Além disso, durante a era colonial, o</p><p>desenvolvimento de uma indústria local foi inibido, por meio de proibição oficial e repressão policial.</p><p>MÓDULO 3</p><p> Descrever o pensamento dos economistas liberais</p><p>O LIBERALISMO INGLÊS</p><p>A TEORIA DA MÃO INVISÍVEL DE ADAM SMITH</p><p>O LIBERALISMO INGLÊS ESTÁ BASEADO NA FORMA COMO A REVOLUÇÃO INDUSTRIAL OCORREU NA</p><p>INGLATERRA NOS SÉCULOS XVIII E XIX, EM QUE AS REGULAÇÕES ERAM INEXISTENTES DEVIDO A UMA</p><p>LEGISLAÇÃO RUIM E OMISSA. ALÉM DISSO, HAVIA UMA CRESCENTE FORÇA DA BURGUESIA INGLESA,</p><p>QUE CRESCERA POR MEIO DE UM COMÉRCIO LIVRE E SEM IMPOSTOS.</p><p>Desde a revolução Gloriosa, o parlamento já tinha controlado o poder absoluto do rei e, com isso, regulado a ânsia</p><p>deste por impostos e pelo controle estatal sobre a economia.</p><p> ATENÇÃO</p><p>Outro ponto importante para a formação desse liberalismo foram as ideias calvinistas que forjaram a base para o</p><p>surgimento do capitalismo, como o valor do trabalho, a não culpabilidade pelo lucro e, pelo contrário, a sua exaltação e</p><p>a do enriquecimento (WEBER, 2004), além da austeridade e do metodismo de uma grande parcela da população.</p><p>Essas duas particularidades vão se refletir mais intensamente a partir de Taylor e seu homem economicus (TAYLOR,</p><p>1911) da virada do século XIX para o XX, já nos EUA.</p><p>Para os economistas liberais, é na ausência dos controles do Estado e na própria força de autorregulação do mercado</p><p>que está a grande força motriz do desenvolvimento e da criação de riquezas para as nações.</p><p>Esse será, inclusive, o título principal da obra do autor mais conhecido do liberalismo inglês, Adam Smith , que escreve</p><p>o livro Investigação da natureza e causas da riqueza das nações, apresentando as suas teorias da formação do valor</p><p>dos bens.</p><p>Fonte: Kjell Leknes/Shutterstock</p><p>O PENSAMENTO DE ADAM SMITH</p><p>Fonte: Matt Ledwinka/Shutterstock</p><p>Adam Smith foi o economista mais influente da história do liberalismo inglês. Seus estudos sobre microeconomia são</p><p>louvados até os dias de hoje. Em seu livro sobre as riquezas das nações, Smith discute a formação dos preços</p><p>buscando teorizar uma construção para a formação de um preço padrão para as trocas de mercadorias.</p><p>Fonte: Tat Eiva/Shutterstock</p><p>Ele chamou essa ideia de teoria do valor trabalho, sendo ela que determinava o valor do bem ou de sua troca. Nela, o</p><p>principal fator que determina o preço do bem é o valor da mão de obra demandada, pois determinará se uma</p><p>mercadoria deve ter um preço maior ou menor que outra, criando, assim, um valor padrão para a construção dos</p><p>preços dos produtos.</p><p>Fonte: Everett Collection/Shutterstock</p><p>David Ricardo foi um dos autores liberais que não concordaram com essa forma de conceituar o valor padrão de</p><p>construção do preço dos bens. Karl Marx, por sua vez, irá utilizar essa mesma medida de valor para construir suas</p><p>teorias, indicando concordância parcial com essa forma de pensamento.</p><p>PARA SMITH, ESSE VALOR PADRÃO SE PROJETARIA NA ECONOMIA E SERIA A BASE DE TODOS OS</p><p>PREÇOS DO MERCADO, SERVINDO COMO O VALOR MÍNIMO DOS BENS E GARANTINDO UMA</p><p>ESTABILIDADE DE LONGO PRAZO NA ECONOMIA.</p><p>A partir dessa premissa, ele desenvolve a teoria da oferta e da procura, em que uma mão invisível levaria os preços</p><p>sempre ao equilíbrio, em uma economia sem restrições como as impostas pelo Estado.</p><p>TEORIA DA OFERTA E DA PROCURA</p><p>A teoria da oferta e da procura, como pensada por Smith, garantiria que, se um preço subisse acima de um certo</p><p>patamar, esse bem voltaria naturalmente ao seu valor de equilíbrio, como se uma “mão invisível” o levasse a esse</p><p>comportamento e ao novo equilíbrio.</p><p>Essa lei da oferta e da procura postula que o preço de um produto é o valor que equilibra a disposição dos</p><p>consumidores em comprarem certa quantidade por um preço pelo qual os vendedores estão dispostos a venderem a</p><p>mesma quantidade de produtos.</p><p> EXEMPLO</p><p>Se o preço de um produto é de R$10,00, os compradores estarão dispostos a adquirir 1000 unidades dele. Entretanto,</p><p>para que isso aconteça, os vendedores devem deter os 1000 produtos para serem vendidos por R$10,00 cada.</p><p>Se uma das partes quiser algo diferente, um novo equilíbrio entre valor e quantidade será criado no encontro entre as</p><p>disposições de cada parte. Vale dizer que o ponto de equilíbrio é onde o valor e a quantidade garantirão o maior lucro</p><p>para o vendedor e a maior quantidade e menor preço para o comprador.</p><p>Resumindo, em um mercado de concorrência perfeita, os compradores tomarão decisões que, ao final, levarão ao</p><p>equilíbrio entre a quantidade ofertada pelo vendedor e a quantidade procurada pelos compradores. Cessando, com</p><p>isso, o incentivo a mudanças de preço e quantidades.</p><p>Fonte: www.dicionariofinanceiro.com</p><p> Como funciona a lei da oferta e da procura</p><p>Utilizando essa lei e o seu pensamento sobre a mão invisível, Smith defendia que o mercado se autorregulava, não</p><p>necessitando da interferência do Estado, que apenas causaria o desequilíbrio dessa</p><p>balança, provocando mais</p><p>desequilíbrios que solução de problemas.</p><p>Os problemas de trabalhadores e empregadores seria resolvido de forma automática por essa mão invisível, gerando</p><p>ganhos muito maiores para ambos se o Estado não interferisse nesse processo.</p><p> ATENÇÃO</p><p>O que se observa é que, para o seu funcionamento perfeito, são necessárias a livre concorrência e a total difusão das</p><p>informações dentro dos mercados. Se existe assimetria de informações entre as partes, esse processo já não</p><p>acontece.</p><p>Além disso, existem outras questões que devem ser levadas em consideração na lei da oferta e da procura, como a</p><p>elasticidade do produto, os desejos e as necessidades dos consumidores, o poder de compra da sociedade, a livre</p><p>concorrência, entre outros fatores.</p><p>Na teoria da mão invisível, é importante salientar que esta acontece independentemente da vontade dos indivíduos,</p><p>pois estes, na busca por seus interesses particulares — como o lucro e o seu bem-estar, ou seja, seus desejos</p><p>individualistas e egoístas — estão, na realidade, contribuindo para a ação dessa mão invisível.</p><p>Fonte: Sira Anamwong/Shutterstock</p><p>ESSA VISÃO ESTÁ TOTALMENTE ALINHADA COM AS IDEIAS CALVINISTAS DE SALVAÇÃO INDIVIDUAL E</p><p>INDIVIDUALISMO TÃO FORTEMENTE PRESENTES NA BASE DO CAPITALISMO. MUITO CLARA</p><p>PRINCIPALMENTE NA CULTURA ANGLO-SAXà QUE FORMARA A INGLATERRA E, POSTERIORMENTE, OS</p><p>EUA.</p><p>WEBER, 2004.</p><p>O PENSAMENTO DE DAVID RICARDO</p><p>David Ricardo foi um dos pensadores ingleses que moldou os conceitos de economia liberal. Ele desenvolveu a teoria</p><p>da vantagem competitiva em comércio exterior das nações em seu livro Princípios de economia política e tributação,</p><p>de 1813. Nele, o autor apresenta seu diagnóstico e sua teoria sobre a forma como cada nação deveria se comportar</p><p>frente ao desafio imposto por outras nações na forma de comercializar os seus produtos.</p><p>QUAL ERA A TEORIA DE DAVID RICARDO?</p><p>RESPOSTA</p><p>javascript:void(0)</p><p>QUAL ERA A TEORIA DE DAVID RICARDO?</p><p>A teoria de David Ricardo indicava que, em comércio exterior, os países deveriam escolher o produto que</p><p>tivesse a maior vantagem competitiva e investir todos os seus esforços para a sua produção e comercialização.</p><p>Assim, deixaria os outros países fazerem o mesmo com os seus próprios produtos, o que proporcionaria maior</p><p>ganho para todos. Mesmo se dois países tivessem produções iguais, esses deveriam escolher apenas um</p><p>produto e investir nesse.</p><p>Para formular essa hipótese, Ricardo considerou que todas as nações têm possibilidades finitas de volume de</p><p>produção e que, ao escolher produzir o que trazia maior ganho, estava maximizando sua produção, e com isso,</p><p>obtendo a maior vantagem possível.</p><p>Se cada país se comportasse assim, todos sairiam ganhado e o comércio mundial poderia suprir as</p><p>necessidades de todas as pessoas com o menor custo possível.</p><p>Além dessa questão, temos ainda que, mesmo se um país tiver vantagem de produção em todos os bens sobre o</p><p>outro país, ao se especializar na produção e exportação de apenas um, todos os países envolvidos nesse comércio</p><p>sairiam ganhando.</p><p>Para que esse ganho seja possível, basta que cada país exporte o bem em que tem vantagem comparativa. Isso</p><p>implica dizer que cada país irá escolher um bem no qual seu valor seja, comparativamente ao outro país, mais</p><p>vantajoso, mesmo que, no todo, sua economia seja menos eficiente.</p><p> VOCÊ SABIA</p><p>Outras questões tratadas por Ricardo, que era corretor de bolsa e membro do parlamento inglês, foram as questões</p><p>da moeda e do câmbio, além de questões de formação de preço, da mesma forma que Smith.</p><p>MOEDA</p><p>Na questão da moeda, ele encampou uma teoria quantitativa restrita da moeda, em que o lucro era o fundamento de</p><p>sua teoria, relacionando esse com os salários e o custo da produção e da subsistência do empregado. Cada um</p><p>desses elementos funcionava de forma interligada, gerando a base monetária de um país, e consistia na quantidade</p><p>de moeda que deveria circular em uma economia.</p><p>DISTRIBUIÇÃO</p><p>Outro ponto importante modificado por Ricardo foi o olhar da economia para a questão da distribuição, algo bem</p><p>diferente dos pensamentos econômicos anteriores. Para ele, a ênfase nos aspectos relacionados a esse tema poderia</p><p>gerar mudanças positivas na sociedade.</p><p>Isso deveria ser feito por meio das leis que modificariam a forma como a distribuição dos recursos seria feita, gerando,</p><p>com isso, as transformações necessárias, o que o torna um precursor das ideias de Karl Marx.</p><p>Em contrapartida à teoria de valor de Smith, Ricardo acreditava que o valor das mercadorias era determinado por três</p><p>elementos, sendo eles: utilidade, escassez e trabalho. Essa mudança de olhar enriqueceu os estudos sobre o valor</p><p>dos bens, pois incorporou à análise outros elementos não considerados por Smith.</p><p>UTILIDADE</p><p>A utilidade de um bem tem impacto em seu preço, pois pode aumentar a sua capacidade de atração de</p><p>consumidores, gerando maior demanda.</p><p>ESCASSEZ</p><p>A escassez, na outra ponta do pêndulo, impacta na oferta de produtos, reduzindo esta e elevando o preço do produto.</p><p>javascript:void(0)</p><p>javascript:void(0)</p><p>TRABALHO</p><p>Por fim, o elemento trabalho, pois ele limita o valor mínimo que o produto pode ter, baseando-se na ideia de custo da</p><p>produção, devido ao custo de sobrevivência do trabalhador.</p><p>Ricardo rejeitou as conclusões de Smith da “medida padrão de valor” (mão de obra demandada), pois, para ele, existe</p><p>um segundo tipo de medida que é o trabalho incorporado.</p><p>Isso porque os trabalhadores podem estar na empresa e, simplesmente, não produzirem, o que torna a mão de obra</p><p>demandada extremamente variável, não podendo ser usada como medida padrão de valor para a construção dos</p><p>valores dos bens.</p><p>A grande dificuldade é que a mão de obra não é homogênea e, além disso, tem a diferença nas quantidades de capital</p><p>empregada para a produção da mesma quantidade de produtos, dependendo de diversos fatores, como</p><p>equipamentos, treinamento da mão de obra, sistemas de produção, entre outros.</p><p>O retorno sobre o capital investido, pago aos aplicadores, também impacta na formação do preço dos produtos,</p><p>gerando mais variáveis nessa composição.</p><p>Os bens poderiam ter seus preços marcados nas quantidades de trabalho incorporado, desde que todos os outros</p><p>elementos fossem iguais. O capital e o trabalho teriam de ser combinados sempre de forma igual, os capitais</p><p>investidos em ativos fixos precisariam ter sua vida útil em igual tamanho e o capital circulante teria de ser uniforme em</p><p>toda a economia.</p><p>Fonte: pathdoc/Shutterstock</p><p>No entanto, como esses elementos não são uniformes, variações em um deles alteram o custo de troca de um</p><p>produto. Essa dificuldade é que levou Ricardo a mudar seu foco e observar os três elementos descritos como críticos</p><p>para a formação dos preços dos produtos.</p><p>Com essa crítica e sua contínua busca por uma medida padrão de valor dos produtos, que não pode ser encontrada,</p><p>ele juntou a teoria do valor com a teoria da distribuição, tornando-se um dos temas que mais preocupou os</p><p>economistas durante todo o século XIX.</p><p>O PENSAMENTO DE THOMAS MALTHUS</p><p>Um dos pensadores liberais do século XIX foi Thomas Malthus, amigo de David Ricardo e com pensamento fortemente</p><p>calvinista. Acreditava que o homem não podia atingir a perfeição, questionando de forma direta as ideias do</p><p>Iluminismo.</p><p>Seu pensamento de que o homem recebe de Deus uma habilidade natural e que esta não pode ser alterada está</p><p>baseada na ideia calvinista da predestinação, listada por Weber (2004) como uma das bases que formou o</p><p>capitalismo.</p><p>Para Malthus (1798), “o ser humano é imperfeito”, refutando diretamente o pensamento de Rousseau do “bom</p><p>selvagem”, onde o homem é, em essência, bom e é a sociedade que o tona mal.</p><p>ESSE PENSAMENTO DE ROUSSEAU LEVOU À CONSOLIDAÇÃO DO HUMANISMO E SE TORNOU A BASE</p><p>DE DIVERSAS REVOLUÇÕES, COMO A FRANCESA, QUE TENTAVA MUDAR A SOCIEDADE E, COM ISSO,</p><p>AFLORAR ESSA BONDADE HUMANA. EM CONTRAPONTO COM ESSE PENSAMENTO, MALTHUS</p><p>ACREDITAVA QUE O SER HUMANO ERA ESSENCIALMENTE MAL E, POR ISSO, A SOCIEDADE TINHA TAL</p><p>CONFORMAÇÃO.</p><p>Para ele, essa sociedade disforme</p><p>era o melhor que o ser humano poderia fazer. A única forma de o ser humano</p><p>vencer a sua maldade inerente era a dádiva divina, dada aos eleitos, ou seja, era intrínseca ao ser humano eleito e só</p><p>este poderia exercer essa virtude.</p><p> SAIBA MAIS</p><p>Malthus teorizou muito sobre o crescimento populacional e da produção de alimentos, e isso foi devido a toda a</p><p>construção da natureza do homem e a visão do crescimento demográfico ocorrido durante a Revolução Industrial.</p><p>Para além disso, os problemas de produção nos campos, devido à sua proprietização, passaram a ter único dono, a</p><p>crescente inflação de preços e a falta de leis sobre a regulação em geral do trabalho também o levaram a indicar que a</p><p>população cresceria de forma geométrica e a produção de forma aritmética.</p><p>Fonte: Felipe Teixeira/shutterstock</p><p>Para Malthus, a população não poderia crescer de forma indiscriminada, como vinha acontecendo, pois a produção de</p><p>alimentos não conseguiria acompanhar o crescimento, e isso levaria ao maior empobrecimento da população pela</p><p>escassez de alimentos.</p><p>Ele colocava que existiam dois tipos de obstáculos que impediam o homem de atingir esse patamar insustentável.</p><p>DESTRUTIVO</p><p>O primeiro, chamado de destrutivo, vem da natureza, como as pestes, e os provocados pelo homem, como as guerras.</p><p>Os obstáculos destrutivos, como as guerras com grandes mortandades, reduzem a população de tal forma que os</p><p>remanescentes têm grande abundância de alimentos, optando pela geração de um grande boom de novos</p><p>nascimentos, como os ocorridos após a Segunda Guerra Mundial.</p><p>PRIVATIVOS</p><p>Já os obstáculos privativos levam, em longo prazo, à diminuição na natalidade e, com isso, a uma possível</p><p>estabilidade entre a produção de alimentos e o crescimento demográfico. O privativo, ou voluntário, é quando o</p><p>homem observa e passa a ter medo de não conseguir alimentar os seus filhos, reduzindo a taxa de natalidade das</p><p>famílias.</p><p>Para Malthus, no curto prazo inglês, o problema do crescimento demográfico não tinha solução, mas, em longo prazo,</p><p>se equacionaria com a diminuição natural do crescimento demográfico ou por algum outro tipo de restrição natural ou</p><p>voluntária do mesmo.</p><p>A teoria/profecia de Malthus foi adiada e, por fim, não aconteceu, pois, por um lado, o desenvolvimento tecnológico</p><p>possibilitou o incremento da produtividade de alimentos de forma exponencial, acompanhando o crescimento</p><p>populacional; por outro, as pessoas começaram a controlar a fecundidade das famílias.</p><p>A questão dos ganhos tecnológicos não foi considerada por Malthus, mas teve enorme impacto na produtividade dos</p><p>anos seguintes e até hoje.</p><p>A outra ponta da teoria de Malthus sobre o crescimento populacional foi em parte cumprida, sendo verificada,</p><p>principalmente, na Europa continental, com as duas grandes guerras mundiais. E, nos últimos tempos, com a redução</p><p>da natalidade nos países desenvolvidos e nas populações mais abastadas dos grandes centros urbanos.</p><p>VERIFICANDO O APRENDIZADO</p><p>1. “[...] JÁ TIVE A OCASIÃO DE VER DIVERSOS RAPAZES COM MENOS DE 20 ANOS DE IDADE QUE NUNCA</p><p>TINHAM FEITO QUALQUER TRABALHO ALÉM DE PRODUZIR PREGOS E QUE, QUANDO SE ESFORÇAVAM,</p><p>CONSEGUIAM FAZER MAIS DE DOIS MIL E TREZENTOS PREGOS POR DIA. A FABRICAÇÃO DE UM PREGO,</p><p>PORÉM, NÃO É DE FORMA ALGUMA UMA DAS TAREFAS MAIS SIMPLES. A MESMA PESSOA ACIONA O FOLE,</p><p>AGITA OU CORRIGE O FOGO SE TAL FOR NECESSÁRIO, AQUECE O FERRO E FORJA TODAS AS PARTES DO</p><p>PREGO; PARA FORJAR A CABEÇA É AINDA OBRIGADA A MUDAR DE FERRAMENTAS. AS DIFERENTES</p><p>OPERAÇÕES EM QUE A FABRICAÇÃO DE UM PREGO, OU DE UM BOTÃO METÁLICO, SE SUBDIVIDE SÃO</p><p>MUITO MAIS SIMPLES DO QUE A TOTALIDADE DAS OPERAÇÕES E, POR CONSEGUINTE, É MUITO MAIOR A</p><p>DESTREZA DO OPERÁRIO QUE DURANTE TODA A SUA VIDA HAJA TIDO SEMPRE A MESMA FUNÇÃO. A</p><p>RAPIDEZ COM QUE ALGUMAS DAS OPERAÇÕES DESSAS INDÚSTRIAS SÃO EFETUADAS EXCEDE AQUILO</p><p>QUE SE PODE IMAGINAR E QUE NUNCA TINHA SIDO VISTO SOBRE A DESTREZA DO TRABALHO HUMANO.”</p><p>(SMITH, A. INVESTIGAÇÃO SOBRE A NATUREZA E AS CAUSAS DA RIQUEZA DAS NAÇÕES. IN: SMITH, A.;</p><p>RICARDO, D. OS PENSADORES. TRAD. DE CONCEIÇÃO JARDIM MARIA DO CARMO CARY E EDUARDO</p><p>LÚCIO NOGUEIRA, SÃO PAULO: ABRIL, 1974.)</p><p>COM BASE NO TEXTO, ASSINALE A ALTERNATIVA QUE CONTEMPLE CORRETAMENTE O PENSAMENTO DE</p><p>ADAM SMITH ACERCA DA DIVISÃO DO TRABALHO E SUAS IMPLICAÇÕES SOCIAIS.</p><p>A) A divisão do trabalho não distribui naturalmente bem-estar às camadas mais pobres, porque, ao consumir uma</p><p>mercadoria, um trabalhador especializado consome menos trabalho desempenhado por outros trabalhadores do que</p><p>aquele que ele mesmo efetivou em sua atividade específica.</p><p>B) A divisão do trabalho não distribui naturalmente bem-estar às camadas mais pobres porque produz desigualdades</p><p>“justificáveis” e “injustificáveis”, sendo as primeiras de estatuto econômico e as segundas de características políticas e</p><p>impeditivas da liberdade.</p><p>C) A divisão do trabalho distribui naturalmente bem-estar entre todos e não pode, por isso, nas relações entre</p><p>explorados e exploradores, receber interferências da política, a mão invisível do mercado resolve os desequilíbrios</p><p>mediante a autorregulação da oferta e da demanda.</p><p>D) A divisão do trabalho distribui naturalmente bem-estar entre todos. Contudo, além da autorregulação pela oferta e</p><p>pela demanda, conta com a colaboração da política, uma vez que a mão invisível do mercado elimina apenas as</p><p>desigualdades “justificáveis” e não as “injustificáveis”.</p><p>2. (TJ-PR – 2013) SOBRE O LIBERALISMO, QUE TINHA COMO BASE A PROPRIEDADE PRIVADA, O</p><p>INDIVIDUALISMO ECONÔMICO, A LIBERDADE DE COMÉRCIO, DA PRODUÇÃO E DE CONTRATO DE</p><p>TRABALHO SEM CONTROLE DO ESTADO OU PRESSÃO DOS SINDICADOS, É CORRETO AFIRMAR:</p><p>A) Karl Marx, influenciado por economistas liberais, criticou as políticas adotadas por modelos conservadores e</p><p>combateu a ideologia comunista.</p><p>B) Thomas Malthus entendia que a pobreza e o sofrimento eram inerentes à sociedade humana, de modo que as</p><p>guerras e as epidemias ajudariam muito no equilíbrio temporário entre a produção e a população.</p><p>C) Adam Smith, economista norte-americano, defendia que o Estado deveria intervir sobre a iniciativa privada, de</p><p>modo a possibilitar a livre concorrência.</p><p>D) David Ricardo demonstrou em suas teorias liberais que as nações devem manter sua soberania e priorizar o</p><p>comércio de seus produtos antes de importar de outros países.</p><p>GABARITO</p><p>1. “[...] Já tive a ocasião de ver diversos rapazes com menos de 20 anos de idade que nunca tinham feito</p><p>qualquer trabalho além de produzir pregos e que, quando se esforçavam, conseguiam fazer mais de dois mil e</p><p>trezentos pregos por dia. A fabricação de um prego, porém, não é de forma alguma uma das tarefas mais</p><p>simples. A mesma pessoa aciona o fole, agita ou corrige o fogo se tal for necessário, aquece o ferro e forja</p><p>todas as partes do prego; para forjar a cabeça é ainda obrigada a mudar de ferramentas. As diferentes</p><p>operações em que a fabricação de um prego, ou de um botão metálico, se subdivide são muito mais simples</p><p>do que a totalidade das operações e, por conseguinte, é muito maior a destreza do operário que durante toda a</p><p>sua vida haja tido sempre a mesma função. A rapidez com que algumas das operações dessas indústrias são</p><p>efetuadas excede aquilo que se pode imaginar e que nunca tinha sido visto sobre a destreza do trabalho</p><p>humano.”</p><p>(SMITH, A. Investigação sobre a natureza e as causas da riqueza das nações. In: SMITH, A.; RICARDO, D. Os</p><p>pensadores. Trad. de Conceição Jardim Maria do Carmo Cary e Eduardo Lúcio Nogueira, São Paulo: Abril,</p><p>1974.)</p><p>Com base no texto, assinale a alternativa que contemple corretamente o pensamento de Adam Smith acerca</p><p>da divisão do trabalho e suas implicações sociais.</p><p>A alternativa "C " está correta.</p><p>A teoria defendida por Adam Smith identifica que a mão invisível agiria reconduzindo os desequilíbrios momentâneos a</p><p>um equilíbrio de longo prazo, mesmo com a ação egoísta dos agentes econômicos, desde que o Estado não</p><p>interferisse nesse encontro.</p><p>2. (TJ-PR – 2013) Sobre o liberalismo, que tinha como base a propriedade privada, o individualismo</p><p>econômico,</p>

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