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<p>Módulo 1</p><p>BEM-ESTAR E COMUNIDADE ESCOLAR: ESTUDANTES, PROFESSORES, GESTORES E FAMÍLIAS</p><p>Apresentação</p><p>Ao pensar em escola pensamos, principalmente, nos professores e nos alunos. No entanto, a comunidade escolar vai um pouco mais além, englobando os gestores escolares e os familiares dos estudantes.</p><p>Neste módulo estudaremos como deve ocorrer uma melhora no bem-estar de cada um dos sujeitos que estão envolvidos na comunidade escolar.</p><p>Assim, as cinco unidades deste módulo abordarão a relação das pessoas com o bem-estar, envolvendo, na primeira parte, aspectos como qualidade de vida, desenvolvimento da infância e da adolescência na escola, o papel do professor na preparação do estudante para uma vida em sociedade, a educação para carreira, o bem-estar no ambiente de trabalho (considerando o contexto atual de pandemia de COVID-19) e a relação família e trabalho.</p><p>Já na segunda parte, veremos o papel do gestor escolar e o impacto do seu trabalho para a promoção de bem-estar na escola, as estratégias que podem contribuir para a melhoria da experiência de trabalho, a relação entre escola e família, os estilos parentais, os estilos de liderança dos professores e, por fim, os desafios da famílias com seus filhos adolescentes.</p><p>Para uma visão geral do material e assim iniciar o seu percurso de leitura, confira o sumário a seguir.</p><p>Sumário</p><p>· Apresentação01</p><p>· Unidade 1 - Bem-estar no contexto escolar02</p><p>· Unidade 2 - bem-estar e estudantes13</p><p>· Unidade 3 - bem-estar e professores(as)31</p><p>· Unidade 4 - bem-estar e gestores47</p><p>· Considerações finais73</p><p>UNIDADE 1 - BEM-ESTAR NO CONTEXTO ESCOLAR</p><p>1.1 Saúde e bem-estar</p><p>Nesta primeira parte, abordaremos os conceitos de qualidade de vida e de saúde e bem-estar em suas diferentes dimensões (física, mental e social), além de apresentar os dados provenientes de pesquisas científicas e o instrumento WHOQOL-bref, desenvolvido pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Por fim, materiais com dicas para cuidar da saúde, bem-estar e qualidade de vida durante a pandemia do COVID-19 também serão compartilhados.</p><p>Antes de entrarmos na discussão sobre o assunto, façamos as seguintes questões:</p><p>· O que as pesquisas mostram sobre as condições de saúde e bem-estar dos indivíduos na atualidade?</p><p>· O que é qualidade de vida?</p><p>· O que pode ser feito para investir em saúde, bem-estar e qualidade de vida em tempos de pandemia?</p><p>Prossiga na leitura do material para responder a esses questionamentos!</p><p>Socialmente é comum pensar que uma pessoa possui uma boa saúde quando não apresenta sintomas ou doenças. Entretanto, para a Organização Mundial da Saúde (OMS) o conceito de saúde é abrangente e envolve mais do que somente a ausência de enfermidades. Para a OMS, saúde diz respeito a um estado completo de bem-estar físico, mental e social. Por mais que essa compreensão seja questionada, já que atingir um estado de completo bem-estar pode ser considerado utópico, essa definição de saúde permite olhar para os indivíduos de uma maneira mais complexa e sistêmica.</p><p>Bem-estar físico</p><p>O bem-estar físico abrange o bom funcionamento do corpo e podem ser considerados indícios desse bem-estar:</p><p>· não sentir dores,</p><p>· estar nutrido,</p><p>· ter uma boa qualidade de sono,</p><p>· conseguir se manter ativo,</p><p>· entre outros.</p><p>Uma das principais formas de cuidar do corpo é a prática de exercícios físicos. Praticar exercícios regularmente aumenta a sensação de bem-estar, garante maior energia e melhora o sono, resultando em benefícios para a saúde mental, entre outros ganhos.</p><p>Apesar da importância do cuidado com o corpo ser reconhecida socialmente, como aparece em sites, notícias e propagandas, os dados mostram outra realidade. Confira o estudo a seguir:</p><p>De acordo com um estudo realizado pela OMS, 47% das pessoas em idade adulta no Brasil não fazem atividades físicas suficientes, sendo que entre as mulheres esse número é ainda maior (53,3%). A ociosidade é um risco para a saúde e está relacionada com o desenvolvimento de doenças, como diabetes, obesidade e problemas cardíacos. Para mais detalhes sobre esse estudo, acesse o link:</p><p>https://www.thelancet.com/journals/langlo/article/PIIS2214-109X(18)30357-7/fulltext</p><p>Observação</p><p>A recomendação padrão da OMS é que seja praticado 150 minutos de atividade física de intensidade moderada ou 75 minutos de intensidade elevada por semana para adultos.</p><p>Bem-estar mental</p><p>O bem-estar mental envolve saber manejar as diferentes situações estressoras da vida, lidar com as emoções, agir de modo consciente e reconhecer seus limites e potencialidades.</p><p>Ao contrário do bem-estar físico, os assuntos relacionados aos aspectos mentais são negligenciados socialmente.</p><p>Quanto menos se fala sobre saúde e bem-estar mental, mais pessoas sofrem sem nenhum apoio. Confira as informações a seguir:</p><p>Um estudo sobre a saúde mental divulgado pela Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) mostrou que o Brasil apresenta as maiores taxas de incapacidade causada por depressão (9,3%) e ansiedade (7,5%) do continente americano. Ainda, a OPAS alerta que a depressão é um transtorno mental frequente e estima que mais de 300 milhões de pessoas em todo mundo sofram com esse transtorno. Ressalta que as mulheres são mais afetadas que homens e que, nos casos mais graves, pode levar ao suicídio. Se quiser saber mais sobre os estudos da OPAS, acesse o link: https://www.paho.org/pt</p><p>Assista ao vídeo produzido pela OMS ‘Eu tenho um cachorro preto e seu nome é depressão’.</p><p>Acesso pelo link: https://www.youtube.com/watch?v=DzU63rT4L5Y</p><p>Dicas para cuidar da saúde mental nas relações: Ao falar com amigos, familiares e colegas troque as frases “Você tem tudo, por que adoeceu?”, “Isso é só para chamar a atenção” ou “É coisa de gente fraca” por “Gostaria de conversar?”, “Estou aqui para ouvir e ajudar você” ou “O que ajudaria você nesse momento?”.</p><p>Bem-estar social</p><p>O bem-estar social compreende a capacidade de interagir com outras pessoas como familiares, amigos, colegas de trabalho e comunidade em geral. Além das relações, considera-se o modo como o contexto social e cultural no qual o indivíduo está inserido afeta sua saúde e bem-estar. Por exemplo, viver em um local com poucas possibilidades de trabalho e com baixo suporte social traz prejuízos para o bem-estar.</p><p>O ser humano é um ser social e é importante para o seu desenvolvimento contar com uma rede de apoio. Sobre a importância das relações sociais para a sobrevivência das pessoas, confira a pesquisa a seguir:</p><p>Um estudo alertou que a falta de relações sociais é um risco para o bem-estar e para a vida das pessoas. Os achados indicam que a influência das relações sociais no risco de morte de uma pessoa pode ser comparado com outros fatores de risco já conhecidos socialmente, como tabagismo, uso de álcool, falta de atividade física e obesidade. Ou seja, as relações sociais têm sido associadas não apenas à saúde mental, mas também à mortalidade.</p><p>Para saber mais sobre esse estudo, acesse o link:</p><p>https://journals.plos.org/plosmedicine/article?id=10.1371/journal.pmed.1000316</p><p>Os seres humanos são relacionais, mas o modo de vida na atualidade tem impactado na quantidade e na qualidade dos relacionamentos. Muitas pessoas, de diferentes idades, estão sozinhas e o sentimento de solidão está se tornando cada vez mais comum</p><p>(Para mais informações, leia a reportagem intitulada “Solidão, uma nova pandemia” https://brasil.elpais.com/brasil/2016/04/06/ciencia/1459949778_182740.html ).</p><p>Qualidade de vida</p><p>O conceito de qualidade de vida também está relacionado com a definição de saúde e bem-estar. Para a Organização Mundial de Saúde (OMS), a qualidade de vida é entendida como a “percepção do indivíduo de sua posição na vida, no contexto da cultura e sistema de valores, nos quais ele vive e em relação aos seus objetivos, expectativas, padrões e preocupações”. Ou seja, diz respeito à percepção do próprio indivíduo sobre sua condição física, afetiva e cognitiva, sobre seus relacionamentos e sobre o ambiente e a sociedade onde vive.</p><p>A OMS desenvolveu um instrumento para avaliar a qualidade de vida das pessoas: o WHOQOL-bref.</p><p>Ele apresenta</p><p>fatores como autonomia, inovação, desempenho e reconhecimento aumentam o sentimento de bem-estar no trabalho.</p><p>Existem ainda três conceitos primordiais para a compreensão de bem-estar no trabalho: a satisfação no trabalho, o envolvimento com o trabalho e o comprometimento organizacional afetivo. Os dois primeiros significam vínculos positivos com o trabalho e o último se refere à organização:</p><p>· Satisfação no trabalho: caracterizada como o vínculo afetivo positivo com o trabalho, os quais podem ser: os bons relacionamentos com chefias e colegas de trabalho, as realizações consequentes da remuneração paga pela empresa, as possibilidades de promoções e as políticas de gestão.</p><p>· Envolvimento com o trabalho: percepção de produção de fluxo nas atividades de trabalho, o que gera maior envolvimento e uma experiência positiva.</p><p>· Comprometimento organizacional afetivo: diz respeito às experiências positivas que o indivíduo estabelece com a empresa pela qual trabalha.</p><p>· A arte de ensinar e a pandemia covid-19: a visão dos professores. Disponível em:</p><p>http://www.faculdadeanicuns.edu.br/ojs/index.php/revistadialogosemeducacao/article/view/3 9</p><p>· Escute o episódio do GEDCast (o podcast do Grupo de Estudos Sobre o Desenvolvimento de Carreira) sobre o “bem-estar no trabalho e a importância da saúde mental”:</p><p>https://open.spotify.com/episode/538ICLbct10a4vLIbT2cxZ</p><p>Bem-estar no trabalho e o COVID-19</p><p>A partir desses entendimentos, fica evidente o impacto da pandemia da COVID-19 nas relações de trabalho e nas estruturas das organizações. Dadas as circunstâncias, as empresas precisaram reestruturar as equipes, organizar os regimes de trabalho e repensar a direção de seus negócios.</p><p>O próprio avanço tecnológico tem tido um papel essencial, tornando mais crítico os obstáculos a serem enfrentados, ao passo que essa evolução mobilizou diversos setores da sociedade, levando uma parcela a precarização do trabalho.</p><p>A arte de ensinar engloba diversos fatores, dentre eles a proximidade do professor com o aluno, a sensibilidade gerada pela presença física, o contato “olho no olho” e as trocas de experiências que acontecem na rotina escolar.</p><p>Dado o contexto de pandemia, a interação entre os estudantes e professores foi impactada de forma abrupta e, com isso, também o processo de aprendizagem. A interação presencial foi substituída pela interação no ambiente virtual e este processo foi sendo realizado ao custo de bastante insegurança e necessidade de adaptação de toda a comunidade escolar.</p><p>Portanto, o processo de aprendizagem e sua execução depende da figura dos educadores. Suas relações de trabalho, por vezes, já apresentavam desafios em contexto de normalidade e, agora, com o impacto da pandemia, a gravidade dos obstáculos pode ter sido intensificada.</p><p>Faça a leitura da cartilha “Bem-estar no trabalho em tempos de pandemia: um guia para profissionais em Home Office”. Acesse o material pelo link: https://www.pucrs.br/coronavirus/wp-content/uploads/sites/270/2020/06/2020_06_02- coronavirus-cartilhas-psicovida-bem-estar_no_trabalho_em_tempos_de_pandemia.pdf</p><p>Assista ao TED de Dan Ariely sobre o significado do trabalho. Nele, o economista comportamental apresenta duas experiências esclarecedoras que revelam atitudes inesperadas e cheias de nuances dos trabalhadores em relação ao significado de seu trabalho. Para assistir, acesse o link:</p><p>https://www.ted.com/talks/dan_ariely_what_makes_us_feel_good_about_our_work?language =pt-br</p><p>Referências</p><p>· Diener, E., Suh, E. & Oishi, S. (1997). Recent findings on subjective well being. Indian Journal of Clinical Psychology, 24(1), 25-41.</p><p>· Honorato, H. G., & Marcelino, A. C. K. B. (2020). A arte de ensinar e a pandemia covid-19: a visão dos professores. REDE-Revista Diálogos em Educação ISSN 2675-5742, 1(1), 208-220. https://doi.org/10.29327/218479.1.1-17 .</p><p>· Machado, Wagner de Lara, & Bandeira, Denise Ruschel. (2012). Bem-estar psicológico: definição, avaliação e principais correlatos. Estudos de Psicologia(Campinas), 29(4), 587- 595. https://doi.org/10.1590/S0103-166X2012000400013 .</p><p>· Moraes, R. B. de S. (2020). Precarização, Uberização do Trabalho e Proteção Social em Tempos de Pandemia. NAU Social, 11(21), 377-394.</p><p>· Rocha Sobrinho, F., & Porto, J. B. (2012). Bem-estar no trabalho: um estudo sobre suas relações com clima social, coping e variáveis demográficas. Revista de Administração Contemporânea, 16(2), 253-270. https://doi.org/10.1590/S1415-65552012000200006 .</p><p>· Ryff, C. D. (1989). Happiness is everything, or is it? Explorations on the meaning of psychological well-being. Journal of Personality and Social Psychology, 57(6),1069-1081.</p><p>· Ryff, C. D., & Keyes, C. L. M. (1995). The structure of psychological well-being revisited. Journal of Personality and Social Psychology, 69(4),719- 727. https://doi.org/10.1037/0022-3514.69.4.719 .</p><p>· Ryff, C. D., & Singer B. H. (1998). The contours of positive human health. Psychological Inquiry, 9(1),1-28. https://doi.org/10.1207/s15327965pli0901_1 .</p><p>· Silva, C. A. da, & Ferreira, M. C. (2013). Dimensões e Indicadores da Qualidade de Vida e do Bem-Estar no Trabalho. Psicologia: Teoria E Pesquisa, 29(3), 331-339.</p><p>· Siqueira, M. M. M. & Gomide Jr., S. (2004). Vínculos do indivíduo com o trabalho e com a organização. Em J. C. Zanelli, J. E. Borges-Andrade & A. V. B. Bastos (Orgs), Psicologia, organizações e trabalho no Brasil (pp. 300-328). Porto Alegre: Artmed.</p><p>· Siqueira, Mirlene Maria Matias, & Padovam, Valquiria Aparecida Rossi. (2008). Bases teóricas de bem-estar subjetivo, bem-estar psicológico e bem-estar no trabalho. Psicologia: Teoria e Pesquisa, 24(2), 201-209. <="" a="" style="box-sizing: border-box; color: rgb(231, 187, 11); text-decoration: none; background-color: transparent; overflow-wrap: break-word; cursor: pointer; word-break: break-all; transition-duration: 0.2s; font-weight: 400;">.</p><p>3.2 Construção de carreira</p><p>Neste tópico abordaremos a definição de carreira na atualidade, ressaltando o papel do indivíduo e do contexto na construção dela. Apresentaremos, também, o conceito de adaptabilidade de carreira e suas dimensões, além dos passos para o planejamento dessa.</p><p>· Por que é importante pensar sobre carreira?</p><p>· O que é adaptabilidade de carreira?</p><p>· Quais são os passos para planejar a carreira?</p><p>Prossiga na leitura do material para responder a esses questionamentos!</p><p>A importância de refletir sobre carreira</p><p>Qual imagem passa pela sua cabeça quando você pensa na palavra carreira? Geralmente, as pessoas descrevem uma escada ou uma montanha, em que o objetivo é o profissional chegar ao topo, ou seja, conseguir um bom cargo e um atrativo salário. Há também quem descreve um profissional trabalhando ou a imagem de um currículo, que contém todas as experiências acadêmicas e profissionais de uma pessoa.</p><p>Entretanto, essas imagens não dão conta da complexidade da palavra carreira na atualidade, pois focam somente no indivíduo ocupando o papel de trabalhador, cuja trajetória profissional é linear. Os indivíduos precisam estar cientes de que os aspectos de sua vida profissional são apenas parte de um grupo de demandas e preocupações que afetam as pessoas atualmente.</p><p>Dessa forma, falar sobre carreira é considerar o indivíduo imerso em suas relações sociais, ocupando diferentes papéis (como o papel de cônjuge, pai e mãe) e conciliando diversas tarefas ao longo do dia. Ou seja, falar de carreira é falar sobre um projeto de vida, em que se busca olhar para o papel de trabalhador em interação com os outros aspectos da história dos indivíduos.</p><p>Além disso, esse projeto de vida se dá em um contexto marcado por questões históricas, econômicas e sociais. O contexto atual é caracterizado por mudanças em uma velocidade acelerada, o que gera instabilidade e incertezas. Isso é consequência, em grande parte, de um mundo muito mais tecnológico e conectado, que exige um alto grau de adaptação.</p><p>Todos os dias os indivíduos devem se adaptar a algo novo, como fazer compras de supermercado por aplicativos, ter acesso a todas as informações por meio de um aparelho celular, ver e</p><p>conversar com pessoas que estão a quilômetros de distância, e, também, a trabalhar com conteúdos novos e em formatos diferentes.</p><p>Curiosidade</p><p>Você sabe o que é o mundo VUCA? Leia sobre, acessando o link: https://exame.com/blog/sidnei-oliveira/o-mundo-vuca-da-geracao-millennials/</p><p>Adaptabilidade de carreira</p><p>Pode-se pensar sobre carreira usando a metáfora de uma estrada: a carreira de uma pessoa não é um caminho reto, mas uma estrada com diversos trajetos, com subidas e descidas, momentos de parada e de percursos em alta velocidade, de encontros e desencontros com diferentes pessoas. Nessa estrada, os indivíduos terão que aprender a usar seus recursos como: tomar uma decisão sobre qual caminho faz mais sentido para eles no momento, prestar atenção nas condições do ambiente como, por exemplo, tomar cuidado ao encontrar uma pista sinuosa.</p><p>Essa metáfora permite refletir sobre o conceito de adaptabilidade de carreira. Devido às mudanças ocorridas no mundo, diminuiu-se a previsibilidade das trajetórias profissionais, exigindo das pessoas uma constante adaptação. Assim, a adaptabilidade de carreira diz respeito à capacidade da pessoa em se adaptar e lidar ativamente com as alterações na trajetória de carreira, sejam essas mudanças internas ou externas, esperadas ou não. As quatro dimensões que compõem o conceito de adaptabilidade de carreira, são:</p><p>Preocupação: diz respeito à preocupação do indivíduo em relação ao seu futuro como trabalhador. Isso faz com que ele busque desenvolver atitudes de planejamento, antecipação e preparação, e a refletir se as atividades que desempenha atualmente estão de acordo com objetivos futuros. A ausência de preocupação com a carreira pode refletir em falta de planos e pessimismo.</p><p>Sobre a dimensão preocupação, reflita sobre estas questões:</p><p>· Você pensa sobre o seu futuro profissional?</p><p>· Você percebe como o seu futuro depende das escolhas de hoje?</p><p>· Você planeja metas para atingir objetivos profissionais?</p><p>Controle: refere-se à responsabilidade que o indivíduo deve assumir ao construir a sua carreira. Isso implica em uma postura ativa no processo de decisão das mais diversas demandas de carreira. Quem apresenta dificuldades nesta dimensão se mostra indeciso e com baixo engajamento na construção do seu futuro.</p><p>Sobre a dimensão controle, reflita sobre estas questões:</p><p>· Na carreira, você assume as responsabilidades pelos seus atos?</p><p>· Você busca fazer o que é certo para você, mantendo suas convicções?</p><p>· Você busca tomar decisões por conta própria ou deixa que as coisas simplesmente aconteçam?</p><p>Curiosidade: envolve a busca por aprendizados, oportunidades e atividades de trabalho que o indivíduo gostaria de se engajar. Essa dimensão requer que a pessoa seja curiosa ao olhar para si, ou seja, que busque o autoconhecimento, mas que também procure conhecer sobre o mundo de trabalho. A falta de curiosidade pode ter como consequência escolhas feitas com pouco conhecimento sobre si e sobre o contexto.</p><p>Sobre a dimensão curiosidade, reflita sobre estas questões:</p><p>· Você costuma observar as diferentes formas de fazer uma atividade?</p><p>· Você pesquisa profundamente sobre suas dúvidas e questões?</p><p>· Você busca oportunidades de crescimento pessoal?</p><p>Confiança : diz respeito à crença do indivíduo em suas competências a fim de atingir seus objetivos, mesmo que encontre obstáculos, fazendo uso de suas habilidades para alcançar os resultados que deseja. A ausência de confiança gera inibição e dificuldades para lidar com desafios que se apresentam no dia a dia.</p><p>Sobre a dimensão confiança, reflita sobre estas questões:</p><p>· Você busca solucionar os problemas que se apresentam?</p><p>· Você se esforça para fazer o melhor possível considerando suas habilidades?</p><p>· Você é cuidadoso(a) e busca fazer as coisas bem feitas?</p><p>Como planejar a carreira?</p><p>A concepção de que a carreira é uma construção de vida considera que, para planejá-la, o indivíduo precisa olhar para a sua história, significando eventos e memórias passadas, perceber seu presente e as experiências atuais e, também, estar ciente de seus interesses e expectativas futuras relacionadas com o seu trabalho.</p><p>Diante disso, o planejamento de carreira envolve três grandes etapas: autoconhecimento, exploração do contexto e de oportunidades e definição de objetivos e metas.</p><p>Vamos conhecer essas etapas:</p><p>1) Autoconhecimento: diz respeito à capacidade de refletir sobre si, sobre a sua história,sobre os modelos de profissões que teve contato ao longo da vida, sobre os momentos em que tomou decisões e sobre os valores que serviram como base para as escolhas.</p><p>Atividade de autoconhecimento</p><p>Construa uma linha da vida considerando cinco momentos da sua vida em que você teve que tomar uma decisão. Pode ser uma decisão na área profissional ou não. Por exemplo, a escolha do curso de graduação ou a decisão de romper uma relação de amizade ou amorosa. Depois reflita:</p><p>· O que essas histórias têm em comum?</p><p>· Quais os valores (por exemplo, honestidade, realização pessoal, dinheiro, reconhecimento, status, entre outros) influenciaram as escolhas?</p><p>· Como (ou com quem) você aprendeu a dar importância para esses valores? - Como essas escolhas afetam seu presente?</p><p>2) Exploração do contexto e de oportunidades: compreende o comportamento curioso dos indivíduos ao buscar conhecer o seu contexto e o mercado de trabalho. Diz respeito à busca de conhecimento como, por exemplo, fazer cursos em uma área de interesse, mas também envolvendo trocas com outros colegas sobre suas experiências e opiniões sobre o mercado de trabalho.</p><p>Atividade de exploração do contexto e das oportunidades:</p><p>· Você conversa com seus colegas sobre oportunidades de qualificação ou de trabalho?</p><p>· Quando foi a última vez que você marcou uma conversa com algum colega para conversar sobre questões de carreira?</p><p>· Quando você tem alguma dúvida sobre carreira, você ativa a sua rede de contatos buscando conversar com alguém que possui experiência na área?</p><p>Os indivíduos não conseguem ter todas as experiências que gostariam, pois existe uma limitação de tempo e de energia. Assim, é importante conversar com colegas sobre a trajetória de carreira deles, suas percepções sobre o mercado de trabalho e o futuro, bem como receber dicas de materiais e espaços de aperfeiçoamento. A troca entre profissionais amplia o conhecimento do contexto, desmistificando mitos e sanando dúvidas.</p><p>3) Definição de objetivos e metas: depois de reconhecer e significar a sua história e de conhecer mais o contexto a sua volta, os indivíduos possuem as informações necessárias para estabelecer objetivos de carreira e criar um plano de ação.</p><p>Atividade de plano de ação</p><p>Você sabe o que caracteriza um bom plano de ação? Um bom plano de ação é aquele em que os objetivos traçados são divididos em mini metas, permitindo reconhecer o que pode ser feito no presente para se alcançar um resultado no futuro. Por exemplo, se o objetivo é conseguir um novo emprego para o próximo ano, o primeiro passo a ser dado é começar a montar um currículo.</p><p>Ainda, você sabe como criar uma meta de carreira? Você já escutou sobre as metas SMART?</p><p>Metas SMART (sigla em inglês) é um método para definir metas considerando cinco pontos: S (específica), M (mensurável), A (atingível), R (relevante) e T (temporal). Ao organizar em metas profissionais, o indivíduo deve refletir sobre:</p><p>· O que eu busco alcançar na minha carreira com essa meta? (específica)</p><p>· Qual é o resultado que eu espero? (mensurável)</p><p>· Considerando as informações que tenho, é possível atingir o objetivo traçado? (atingível)</p><p>· Qual a importância dessa meta para a minha satisfação profissional? (relevante)</p><p>· Quanto tempo será necessário para alcançá-la? Meses? Anos? (temporal)</p><p>Observação: A carreira pertence ao indivíduo, mas ela ocorre dentro de um contexto social, cultural, político e econômico específico que irá impactar direta ou indiretamente na construção de carreira. Exemplo de questões sociais que interferem na carreira dos indivíduos:</p><p>· oportunidades de trabalho e acesso a informações,</p><p>· preconceitos de gênero, raça e classe social,</p><p>· área de atuação,</p><p>· representações sociais sobre a profissão escolhida.</p><p>Desta forma, o planejamento de carreira também precisa considerar essas questões mais amplas.</p><p>Quais os benefícios de refletir sobre a carreira?</p><p>· Maior clareza sobre sua história de vida e decisões tomadas.</p><p>· Identificação dos seus valores e propósito de vida.</p><p>· Clareza sobre interesses e motivações.</p><p>· Conhecimento de si e do contexto a sua volta.</p><p>· Construção e manutenção de rede de contato e de apoio.</p><p>· Clareza sobre o que se busca, o que precisa ser feito e com quem se pode contar.</p><p>Esse conjunto de benefícios faz com que os indivíduos apresentem maiores níveis de bem-estar e satisfação profissional e com a vida.</p><p>SAIBA MAIS</p><p>Sugerimos que você escute o episódio do GEDCast (o podcast do Grupo de Estudos Sobre o Desenvolvimento de Carreira) sobre “Tomada de decisão na carreira”.</p><p>Link de acesso:</p><p>https://open.spotify.com/episode/32f1fEqyZwyv9NHoUpnV3w?si=ku3Y8aq1RLaXzRRct9L bHg</p><p>Outra sugestão é ler o texto:</p><p>Duarte, M. E., Lassance, M. C. P., Savickas, M. L., Nota, L., Rossier, J., Dauwalder, J.-P., et al. (2010). A construção da vida: Um novo paradigma para entender a carreira no século XXI. Revista Interamericana de Psicologia, 44, 203-217.</p><p>Referências</p><p>· Audibert, A., & Teixeira, M. A. P. (2015). Escala de adaptabilidade de carreira: evidências de validade em universitários brasileiros. Revista Brasileira de Orientação Profissional, 16(1), 83-93.</p><p>· Duarte, M. E., Lassance, M. C. P., Savickas, M. L., Nota, L., Rossier, J., Dauwalder, J.-P., et al. (2010). A construção da vida: Um novo paradigma para entender a carreira no século XXI. Revista Interamericana de Psicologia, 44, 203-217.</p><p>· Savickas, M. L. (2017). Manual de aconselhamento em projeto de vida: Life Design. Tradução e adaptação: Brocchi, M. P. 1a ed. São Paulo: Vetor.</p><p>3.3 Conciliação entre trabalho e família</p><p>Nesta parte, estudaremos o fenômeno do conflito entre trabalho e família e suas consequências para o indivíduo e seus relacionamentos. Apresentaremos as possíveis estratégias para conciliar trabalho e família, além da relação positiva entre os domínios, chamado de enriquecimento entre trabalho e família.</p><p>· O que é o conflito entre trabalho e família e quais suas consequências?</p><p>· Como conciliar trabalho e família?</p><p>· O que é o enriquecimento entre trabalho e família?</p><p>Prossiga na leitura do material para poder responder a esses questionamentos.</p><p>Ao longo da vida, os indivíduos ocupam diferentes papéis, e entre os principais papéis assumidos estão os de: filho, estudante, trabalhador(a), cônjuge, pai/mãe, dono(a) de casa, cidadão.</p><p>Dependendo do momento, esses papéis são mais ou menos centrais na vida das pessoas. Por exemplo, o papel de filho é bem presente durante a infância, mas depois ele pode perder a centralidade, já que o jovem adulto começa a investir em outras relações. Entretanto, os pais, ao envelhecerem, precisarão de um acompanhamento maior, fazendo com que o indivíduo volte a ocupar o papel de filho.</p><p>Geralmente, os papéis que os indivíduos adultos ocupam estão relacionados com os domínios do trabalho e da família. Quando as demandas do trabalho afetam a vida familiar ou quando a rotina da casa impacta no desempenho profissional, a pessoa vivencia uma situação de conflito entre trabalho e família. Esse conflito é bidirecional, ou seja, a família pode interferir no trabalho, assim como o trabalho pode interferir na família.</p><p>Essas interferências podem ocorrer de três formas diferentes:</p><p>· Tempo: ocorre quando um dos papéis ocupa muito tempo na vida do indivíduo, não permitindo que ele invista em outros aspectos da sua vida. Um bom exemplo é a sobrecarga de trabalho e as horas extras, que comprometem a participação do indivíduo nos momentos em família.</p><p>· Tensão: acontece quando as preocupações, irritações e tensões de um papel acabam por afetar o outro. Por exemplo, uma discussão com um familiar pode deixar o indivíduo irritado, o que faz com que em uma reunião de trabalho ele não consiga se concentrar ou seja grosseiro com um colega.</p><p>· Comportamento: ocorre quando os papéis exigem do indivíduo comportamentos distintos. Por exemplo, na família o afeto é valorizado, mas no mercado de trabalho a competição é estimulada.</p><p>Observe estas perguntas para refletir sobre a presença de situações de conflito na sua vida:</p><p>Trabalho interferindo na família:</p><p>· A quantidade de tempo que dedica ao trabalho faz com que você tenha dificuldade em cumprir suas responsabilidades familiares?</p><p>· As pressões do teu trabalho restringem a liberdade de planejar as atividades familiares?</p><p>· Os teus deveres no trabalho te fazem mudar os planos sobre atividades familiares?</p><p>Família interferindo no trabalho:</p><p>· Você precisa adiar atividades de trabalho por causa de demandas que surgem em casa?</p><p>· Sua vida doméstica interfere nas responsabilidades no trabalho? (chegar no horário, cumprir as tarefas e a jornada de trabalho).</p><p>· As pressões geradas pela família interferem no seu desempenho no trabalho?</p><p>Observação</p><p>É importante ressaltar que o conflito entre os papéis é inevitável, e, em algum momento, a demanda de um, por menor que seja, vai impactar na demanda do outro. A grande questão é quando as situações de conflito entre trabalho e família se tornam frequentes, gerando consequências negativas para a saúde e para o bem-estar dos indivíduos e para as suas relações.</p><p>Os impactos negativos do conflito entre trabalho e família são separados em três grupos:</p><p>· Impactos no indivíduo: ao se deparar com o conflito entre trabalho e família as pessoas podem relatar sintomas de ansiedade, estresse, depressão, pouco investimento no autocuidado, uso e abuso de substâncias, entre outros.</p><p>· Impactos na família: a experiência do conflito entre trabalho e família pode diminuir a satisfação familiar e conjugal e, em casos extremos, pode levar ao divórcio devido ao pouco investimento na relação.</p><p>· Impactos no trabalho: o conflito entre o trabalho e família pode refletir em um menor engajamento com a organização, absenteísmo, baixa produtividade e até intenção de deixar o trabalho.</p><p>Diante das possíveis consequências negativas, os indivíduos buscam ativamente formas de resolver o conflito entre trabalho e família. Essas formas são as estratégias de conciliação que as pessoas lançam mão para evitar ou amenizar as situações de estresse. As estratégias podem ser apresentadas em cinco grandes grupos:</p><p>Estratégias individuais: são habilidades do próprio indivíduo para conciliar trabalho e família, alguns exemplos são: ser disciplinado e saber planejar as tarefas diárias, sabendo priorizar e delegar tarefas.</p><p>Apoio da família: envolve dois tipos de suporte que pais, filhos e cônjuges podem oferecer aos trabalhadores. O apoio instrumental diz respeito às ações práticas, como dividir as tarefas domésticas. O apoio emocional corresponde à relação de acolhimento, escuta e afeto que o trabalhador recebe da família, por exemplo, depois de um dia intenso de trabalho.</p><p>Apoio no ambiente de trabalho: corresponde ao suporte recebido de gestores e colegas diante de alguma demanda familiar. Para que isso ocorra, o local de trabalho deve promover algumas ações que aproximem os funcionários dessa temática. Um exemplo é oferecer o treinamento e sensibilização das lideranças sobre o conflito entre trabalho e família, a fim de que eles saibam conduzir as situações em suas equipes de forma empática.</p><p>Ajuste na carreira: ao buscarem conciliar diferentes papéis, algumas pessoas podem fazer algumas mudanças em suas carreiras, como buscar trabalhos com maior flexibilidade de horário. Ainda, podem evitar progressões na carreira para não assumirem mais demandas e responsabilidades que poderão afetar o desempenho em outros papéis.</p><p>Contratação de serviços: envolve a contratação de algum tipo serviço que permite que atividades de cuidado e tarefas domésticas sejam feitas por outras pessoas ou em outros espaços, gerando uma economia de tempo para a pessoa. Um exemplo disso são as creches que cuidam das crianças enquanto os pais trabalham.</p><p>Quando as estratégias</p><p>usadas pelos profissionais funcionam, eles podem experienciar uma outra relação entre os papéis ocupados na família e no mercado de trabalho, o chamado enriquecimento entre trabalho e família, em que as experiências provenientes de um domínio (trabalho ou família) interferem positivamente no outro.</p><p>Neste caso, ocupar diferentes papéis faz com que as pessoas desenvolvam habilidades e recursos que podem ser usados em diversos contextos. Por exemplo: uma mulher que ocupa uma posição de gestão em uma empresa reconhece que, ao lidar com os conflitos entre os filhos no ambiente familiar, aprende estratégias de mediação de conflito que poderá usar, com pequenas adaptações, com a sua equipe de trabalho. Quando as pessoas vivenciam situações de enriquecimento entre trabalho e família, a relação entre os domínios passa a ser fonte de bem-estar e satisfação com o trabalho e com a família.</p><p>Com estas perguntas, reflita sobre a presença do enriquecimento entre trabalho e família, na sua vida!</p><p>· Trabalhar te ajuda a compreender diferentes pontos de vista e isso te permite ser melhor na família?</p><p>· Trabalhar te deixa de bom humor e isso te ajuda a ser melhor na família?</p><p>· O envolvimento na família te dá alegria e isso ajuda a ser um(a) melhor trabalhador(a)?</p><p>· O envolvimento na família te ajuda a desenvolver conhecimentos e isso permite ser um(a) melhor trabalhador(a)?</p><p>· Ouça o episódio do GEDCast (o podcast do Grupo de Estudos Sobre o Desenvolvimento de Carreira) sobre “Saliência de papéis”.</p><p>Acesso pelo link: https://open.spotify.com/episode/1wN4IEtYXex96EWHErYXKX</p><p>· Você também pode se interessar por ler o artigo:</p><p>Silveira, S. S., & Bendassolli, P. F. (2018). Estratégias de conciliação trabalho-família de professores universitários em uma capital do Nordeste brasileiro. Revista Psicologia Organizações e Trabalho, 18(3), 422-429.</p><p>· Aguiar, C.V.N., & Bastos, AV.B. (2013). Tradução, adaptação e evidências de validade para a medida de conflito trabalho e família. Avaliação Psicológica, 12(2), 203-212.</p><p>· Amstad, F., T., Meier, L. L., Fasel, U., Elfering, A. & Semmer, N. K. (2011). A meta- analysis of work-family conflict and various outcomes with a special emphasis on cross-domain versus matching-domain relations. Journal of Occupational Health Psychology, 16(2), 151-169.</p><p>· Gabardo-Martins, L. M. D., Ferreira, M. C., & Valentini, F. (2016). Evidências de validade da Escala de Enriquecimento Trabalho- Família em amostras brasileiras. Psicologia: teoria e prática, 18(1), 100-112.</p><p>· Matias, M., & Fontaine, A. M. (2014). Managing multiple roles: Development of the Work-Family Conciliation Strategies Scale. Spanish Journal of Psychology, 17(17). doi:10.1017/sjp.2014.51.</p><p>· Atividades de Fixação</p><p>· Agora, que tal realizar algumas atividades sobre estas três primeiras unidades estudadas?</p><p>Leia o enunciado e responda às questões de acordo com o que é pedido.</p><p>UNIDADE 4 - BEM-ESTAR E GESTORES</p><p>4.1 O papel dos gestores e o bem-estar na escola</p><p>Neste tópico abordaremos o papel do gestor escolar e o impacto do seu trabalho para a promoção do bem-estar na escola. Também serão apresentadas algumas estratégias que os trabalhadores podem implementar, a fim de melhorar sua experiência de trabalho e incrementar seus níveis de bem-estar.</p><p>· Quais são as atribuições de um gestor escolar?</p><p>· De que forma o gestor escolar pode contribuir para o bem-estar da escola?</p><p>· De que forma os professores podem ajudar o gestor escolar a identificar as oportunidades para promover maiores níveis de bem-estar na escola?</p><p>Vamos, agora, dar prosseguimento na leitura deste material para conseguir responder a esses questionamentos!</p><p>Falar sobre os gestores escolares requer, antes de mais nada, compreender que a gestão diz respeito ao conjunto de atividades pelas quais se mobilizam os meios e procedimentos para atingir os objetivos de uma organização.</p><p>A gestão escolar envolve, portanto, a mobilização dos elementos gerenciais e dos técnico-administrativos necessários para implementar as decisões tomadas coletivamente, além de coordenar o trabalho escolar, de modo que ele seja desenvolvido da melhor forma possível.</p><p>Os gestores escolares (diretores e diretoras) são os líderes da comunidade educativa. Portanto, sua atuação tem papel determinante na qualidade da educação e na rotina de todos os ''atores escolares'. Eles atuam como maestros que precisam reger, como uma orquestra harmônica, quatro elementos da gestão educacional de sua escola. São eles:</p><p>· Aprendizagem dos estudantes: a aprendizagem contribui para que os estudantes sejam percebidos como cidadãos e incluídos no mundo. Assim, é fundamental que os recursos financeiros investidos em capacitações, contratações ou construções de prédios, por exemplo, contribuam para assegurar que os estudantes possam aprender. Para que isso aconteça, é preciso que o aluno assuma o papel de gestor de seu próprio processo de aprendizagem.</p><p>· Ensino: falar em resultados de aprendizagem requer avaliar o ensino e não apenas os estudantes. Se eles não aprenderam, é preciso investigar os motivos: o conteúdo ministrado é coerente com suas necessidades e vivências? Os professores foram capacitados e estão preparados para trabalhar com o grupo de estudantes no contexto em que estão inseridos? Os professores e os demais atores escolares trabalham de forma articulada? Para haver sucesso no processo de ensino, é importante que aquilo que é compartilhado pelos professores e pelo coordenador pedagógico da escola, com base no plano de ensino, esteja alinhado à proposta pedagógica da escola.</p><p>· Rotina escolar: é outro elemento que pode estar relacionado às dificuldades dos alunos para aprender. Ao avaliar a rotina escolar, é importante considerar: a presença do professor; o respeito à duração das aulas; a organização e a estrutura das salas de aula e demais espaços de aprendizagem, entre outros. No que tange ao acompanhamento da rotina escolar, diretores atuam em articulação com a Secretaria de Educação e são responsáveis pela elaboração, juntamente à comunidade escolar, e pelo cumprimento do Plano de Metas, em acordo com o Projeto Político Pedagógico. (A elaboração do Projeto Político-Pedagógico precisa contemplar a missão, o público-alvo, os dados sobre aprendizagem, a relação com as famílias, os recursos, as diretrizes pedagógicas e o plano de ação da escola. Por ter tantas informações relevantes, se configura em uma ferramenta de planejamento e avaliação que todos os membros das equipes gestora e pedagógica devem consultar a cada tomada de decisão).</p><p>· Política educacional: faz parte do grupo de políticas públicas sociais do país. Trata-se de um elemento de normatização do Estado, guiado pela sociedade civil, que visa garantir o direito universal à educação de qualidade e ao pleno desenvolvimento do educando. Sendo assim, pode ser entendida como a expressão do trabalho conjunto da escola (representa a sociedade civil e é responsável por executar) com a Secretaria de Educação (representa o Estado e é responsável por estabelecer as normas). Quando se avalia o processo de aprendizagem, a política educacional acaba por ser questionada e avaliada, na medida em que se faz necessário questionar, por exemplo: se a Secretaria definiu os conhecimentos, habilidades, atitudes e valores mínimos que devem ser desenvolvidos por todos os alunos; e se tem garantia a infraestrutura necessária às ações definidas e planejadas pelas escolas.</p><p>Cabe ao gestor escolar dirigir e instruir os diferentes atores escolares na realização de suas atividades, além de auxiliá-los na superação dos desafios cotidianos que podem prejudicar o funcionamento harmônico da escola e comprometer o sucesso escolar, na medida em que prejudicam o aprendizado do aluno. Conhecer os diferentes elementos da gestão educacional permite compreender que a emergência dos desafios enfrentados nas escolas pode estar relacionada a diversos fatores, ao se obter resultados críticos como os baixos níveis de aprendizagem, as repetências contínuas, a evasão e o abandono escolar.</p><p>Dito de forma simples, a principal</p><p>atribuição dos diretores é assegurar que as práticas administrativas e gerenciais adotadas na escola contribuam para alcançar os resultados desejados para a aprendizagem dos alunos, solucionando, quando necessário, os desafios emergentes.</p><p>É essencial destacar, contudo, que além dos diretores, a equipe escolar e a equipe das Secretarias de Educação devem estar atentas à política definida e ao currículo adotado, uma vez que estes elementos orientam o trabalho pedagógico responsável pelo desenvolvimento integral dos alunos.</p><p>Assim, para que sua principal atribuição possa ser realizada com sucesso, os diretores devem:</p><p>· Supervisionar e responder pelas atividades administrativas e pedagógicas da escola, assim como as atividades com os pais, com a comunidade e com outras instâncias da sociedade civil.</p><p>· Assegurar as condições e meios de manutenção de um ambiente de trabalho favorável e de condições materiais necessárias ao atingimento dos objetivos da escola.</p><p>· Conhecer e otimizar os recursos humanos, materiais e financeiros à disposição na unidade escolar;</p><p>· Promover a integração e a articulação entre a escola e a comunidade próxima, mediante atividades de cunho pedagógico, científico, social, esportivo e cultural.</p><p>· Organizar e coordenar, juntamente com a coordenação pedagógica, as atividades de planejamento do projeto pedagógico-curricular, bem como fazer o acompanhamento, a avaliação e o controle de sua execução.</p><p>· Conhecer a legislação educacional e do ensino, as normas emitidas pelos órgãos competentes e o Regimento Escolar, assegurando o seu cumprimento.</p><p>· Garantir a aplicação das diretrizes de funcionamento da instituição e das normas disciplinares, apurando ou fazendo apurar irregularidade de qualquer natureza, de forma transparente e explícita, mantendo a comunidade escolar sistematicamente informada das medidas.</p><p>· Conferir e assinar documentos escolares, encaminhar processos ou correspondências e expedientes da escola, de comum acordo com a secretaria escolar.</p><p>· Supervisionar a avaliação dos resultados da escola em seu conjunto, incluindo a avaliação do projeto pedagógico, da organização escolar, do currículo e dos professores.</p><p>· Buscar todos os meios e condições que favoreçam a atividade profissional dos diferentes atores escolares (pedagogos especialistas, professores, funcionários), visando à boa qualidade do ensino.</p><p>· Supervisionar e responsabilizar-se pela organização financeira e controle das despesas da escola, em comum acordo com os demais atores escolares.</p><p>· Liderar e motivar suas equipes;</p><p>· Estimular e criar condições para que sua equipe aprenda e se qualifique continuadamente;</p><p>· Acompanhar as necessidades formativas de cada ator escolar, com base nos indicadores de aprendizagem dos alunos e em avaliações de processos internos;</p><p>· Acompanhar os processos de ensino e indicadores de aprendizagem, conhecer e reconhecer os bons desempenhos e intervir, quando os resultados se mostrarem frágeis;</p><p>· Estabelecer diretrizes de trabalho e garantir condições objetivas para o exercício das diferentes funções;</p><p>· Aproximar as famílias e a comunidade da escola, e envolvê-las na busca pela qualidade da educação;</p><p>· Coordenar a elaboração do Projeto Político Pedagógico;</p><p>· Organizar a rotina escolar.</p><p>Como você pode observar, a atividade de gestão escolar é complexa por natureza. Com a Pandemia de COVID-19, contudo, sua complexidade aumentou ainda mais. Confira as informações a seguir:</p><p>Um estudo liderado pelo pesquisador Edson Grandisoli, do programa Cidades Globais do Instituto de Estudos Avançados (IEA) da USP, buscou dar voz aos educadores do estado de São Paulo e contribuir para a estruturação, planejamento e criação de ações e políticas públicas direcionadas à garantia de oferta ampla, irrestrita e democrática de uma educação de qualidade para todos, considerando-se momentos de emergência ou não. A matéria, disponível em</p><p>https://jornal.usp.br/artigos/educacao-e-pandemia-desafios-e-perspectivas/ , apresenta alguns dos principais resultados da pesquisa Educação, docência e a COVID-19 e evidencia que, apesar dos desafios pessoais e educacionais, os participantes mostraram-se mais positivos e otimistas que os de outras pesquisas relacionadas à atuação docente nos tempos de pandemia. Você pode ler o relatório completo da pesquisa, em: http://www.iea.usp.br/pesquisa/projetos-institucionais/usp-cidades-globais/pesquisa-educacao-docencia-e-a-covid-19 .</p><p>Assista o TED de Itay Talgam, um maestro que fala sobre o desafio da liderança: criar harmonia perfeita sem dizer uma única palavra. Nesta palestra, ele utiliza o estilo de liderança de seis grandes maestros do Século XX para ilustrar lições cruciais para todos os líderes.</p><p>Link para acesso ao vídeo:</p><p>https://www.ted.com/talks/itay_talgam_lead_like_the_great_conductors?language=pt-br</p><p>As demandas e os recursos de trabalho e o bem-estar</p><p>Na primeira unidade deste módulo, você aprendeu que a Organização Mundial de Saúde entende saúde como um estado completo de bem-estar físico, mental e social. Alguns pesquisadores defendem que o bem-estar no trabalho reflete o equilíbrio entre as demandas e os recursos que um profissional tem para realizar sua atividade laboral, que não é, a priori, boa ou ruim. É apenas uma situação em que o indivíduo gasta energia.</p><p>Segundo eles, as demandas podem ser compreendidas como as atividades que demandam esforços físicos, cognitivos ou emocionais e, progressivamente, esgotam a energia e a motivação que alguém tem para trabalhar. Elas podem estar relacionadas a obstáculos ao desempenho, que resultam de conflitos interpessoais e de valores, ambiguidade de papéis ou insegurança laboral. Podem, por outro lado, ser entendidas como desafios, quando estão diretamente ligadas à complexidade das tarefas, pressão por prazos e responsabilidades atribuídas ao trabalhador.</p><p>Os recursos, por sua vez, são entendidos como os aspectos físicos, psíquicos e sociais que ajudam os trabalhadores a lidarem com suas demandas. É interessante notar que o entendimento sobre o que são recursos e o que são demandas é dinâmico e pessoal. Isso significa dizer, por exemplo, que o trabalho em equipe, que para alguns profissionais e em algumas situações serve como um recurso, para outros profissionais ou em outras situações, pode atuar como demanda.</p><p>Vejamos alguns exemplos:</p><p>· Você tem um prazo limitado para preparar um evento de final de ano da escola. Contudo, a equipe escolar é colaborativa e está alinhada com relação ao objetivo e às características do evento. Neste caso, provavelmente, contar com a equipe poderá diminuir o esforço e o tempo necessários para preparar o evento.</p><p>· Você tem um prazo limitado para preparar um evento de final de ano da escola. A equipe escolar está dividida em relação ao objetivo do evento e como ele deve ser conduzido. Neste caso, provavelmente, trabalhar em equipe demandará mais energia e tempo, o que pode gerar um desequilíbrio de energia e satisfação.</p><p>As pesquisas sobre os recursos e demandas de trabalho indicam que a probabilidade de uma pessoa ter bem-estar no trabalho é menor em ambientes em que as demandas são altas e os recursos do trabalho (clareza de papéis, autonomia, suporte do superior e colegas) e os recursos pessoais (acreditar na própria capacidade de fazer as coisas, otimismo, esperança) são limitados. Nesses casos em que o desequilíbrio está a favor das demandas, maiores são as chances de os trabalhadores desenvolverem estados negativos (desconforto e/ou sofrimento) no trabalho. Consequentemente, menores tendem a ser seus níveis de engajamento e satisfação.</p><p>Em longo prazo, isso pode levar ao adoecimento e, inclusive, contribuir para que desenvolvam transtornos mentais, como depressão e ansiedade. Nesse tipo de situação, é importante ajudar os trabalhadores a desenvolverem mais recursos pessoais ou identificarem mais recursos organizacionais que os ajudem a equilibrar as demandas. Todavia, o desequilíbrio também pode acontecer em favor dos recursos, fazendo com que os profissionais fiquem pouco motivados e mesmo entediados</p><p>por seus trabalhos. Em situações como essa, é fundamental buscar incrementar as demandas de desafio presentes na rotina dos profissionais.</p><p>Veja, a seguir, exemplos de recursos de trabalho, de recursos pessoais e de demandas do trabalho:</p><p>Exemplos de recursos do trabalho</p><p>Exemplos de recursos pessoais</p><p>Exemplos de demandas do trabalho</p><p>O papel do gestor escolar na promoção do bem-estar</p><p>Até agora, apresentamos a você as principais atribuições de um gestor escolar. Se você voltar até a lista apresentada, verá que se trata de uma lista de demandas que precisam ser endereçadas pelo(a) diretor(a) da escola. Para lidar com algumas delas, é possível contar com o apoio de outros atores escolares. Outras, dependem exclusivamente dele(a).</p><p>Diversos estudos, realizados em diferentes segmentos, demonstram que quando os gestores são abusivos ou apresentam comportamentos negativos, isso faz com que eles demandem um esforço psicológico sustentado por parte de suas equipes. Isso está associado a custos fisiológicos e/ou psicológicos, e pode levar à exaustão dos recursos mentais e físicos dos funcionários e, eventualmente, ao adoecimento.</p><p>Em oposição, comportamentos positivos dos gestores como suporte, feedback, capacitação, integridade e qualidade da comunicação estão relacionados a altos níveis de bem-estar e baixos níveis de estresse. Demonstram, ainda, que os gestores são capazes de promover o crescimento, a aprendizagem e o desenvolvimento de seus colaboradores e, portanto, podem ser considerados como recursos de trabalho para eles. Dessa forma, contribuem para o aumento dos níveis de engajamento no trabalho, que, por sua vez, resulta em resultados organizacionais favoráveis. Isso ocorre, entre outros aspectos, porque estimulam a coesão entre o grupo, encorajam novas abordagens para velhos problemas, contribuem para que os trabalhadores percebam o significado no seu trabalho e desenvolvam uma postura mais otimista, já que transmitem a eles uma visão atraente do futuro e um forte senso de missão.</p><p>Pesquisas também demonstram que os gestores podem contribuir para que os trabalhadores consigam atender as necessidades básicas de competência, autonomia e relacionamento. Isso ocorre na medida em que:</p><p>· apoiam a competência, proporcionando uma estrutura baseada em confiança no trabalho autônomo e expressão de expectativas e feedback claros sobre o desempenho das pessoas;</p><p>· apoiam a autonomia dos trabalhadores, fornecem a eles oportunidades de escolha e permitem que se expressem livremente, ouvindo e acolhendo suas ideias e sentimentos;</p><p>· demonstram interesse, cuidado, disponibilidade emocional e estimulam para que estas características estejam presentes entre os membros da equipe.</p><p>Ao agir e proporcionar um ambiente de trabalho com essas características, os gestores possibilitam que os trabalhadores tenham condições adequadas para redesenhar seu trabalho.</p><p>O redesenho do trabalho engloba ações e comportamentos que os trabalhadores realizam de forma proativa para modificar o próprio trabalho, tornando-o mais atraente, gratificante e significativo. Alguns exemplos são:</p><p>· variar o tipo de tarefas desempenhadas,</p><p>· assumir novas atividades e desafios,</p><p>· modificar a forma de interagir com outras pessoas ou</p><p>· mudar a forma como percebem e descrevem o próprio trabalho.</p><p>Pesquisas mostram que as motivações das pessoas para redesenharem o próprio trabalho estão relacionadas à satisfação das três necessidades psicológicas básicas que citamos anteriormente. Assim, quando o gestor consegue proporcionar o ambiente adequado para isso, suas equipes são capazes de redesenhar seu trabalho. Desta forma, é possível incrementar os níveis de bem-estar, engajamento e, também, os resultados positivos individuais e coletivos.</p><p>· Bakker, A. B., & Demerouti, E. (2017). Job demands– resources theory: Taking stock and looking forward. Journal of Occupational Health Psychology, 22(3), 273-285. doi:10.1037/ocp0000056</p><p>· Grandisoli, E., Jacobi, P., & Marchini, S. (2020).Pesquisa Educação, docência e a COVID-19.10.13140/RG.2.2.13059.32805.</p><p>· Instituto Ayrton Senna. (2019, October 14). Qual é o papel do gestor escolar? Instituto Ayrto Senna. https://institutoayrtonsenna.org.br/pt-br/meu-educador-meu-idolo/materialdeeducacao/qual-e-o-papel-do-gestor-escolar.html</p><p>· Libâneo, J. C. (2004). Organização e Gestão da Escola: teoria e prática. 5. ed. Revisada e ampliada. Goiânia: Alternativa, 2004.</p><p>· Lima, L. C. (2004). Construindo modelos de gestão escolar. Cadernos de Organização e Gestão Escolar. Lisboa: Instituto de Inovação Educacional, 2008.</p><p>· Perko, K., Kinnunen, U., Tolvanen, A., & Feldt, T. (2016).Investigating occupational well-being and leadership from a person-centred longitudinal approach: congruence of well-being and perceived leadership. European Journal of Work and Organizational Psychology, 25(1),105-119. https://doi.org/10.1080/1359432X.2015.1011136</p><p>· Pimenta de Devotto, R., Oliveira, D. S de., Ziebell, M., Freitas, C.P.P., & Vazquez, A. C. S. (2020). Guia de Bem-estar no Trabalho em Tempos de Pandemia para Profissionais em Home Office. Porto Alegre: PUCRS/Rio de Janeiro: PUC-Rio/Porto Alegre: UFCSPA. Trabalho gráfico: Paula Oviedo Ferreira.</p><p>· Pimenta de Devotto, R., Ziebell, M., & Freitas, C.P.P. (2020). Guia para trabalhadores e gestores sobre o redesenho do trabalho em tempos de pandemia. Porto Alegre: PUCRS/Rio de Janeiro: PUC-Rio.</p><p>· Vazquez, A. C. S., Ferreira, M. C., & Mendonça, H. (2019). Avanços na Psicologia Positiva: Bem-Estar, Engajamento e Redesenho no Trabalho. Avaliação Psicológica, 18(4), 343-351. https://dx.doi.org/10.15689/ap.2019.1804.18859.02</p><p>4.2 Job Crafting como estratégia para a promoção de bem-estar na escola</p><p>Neste tópico será abordado o fenômeno conhecido como Job Crafting ou Ações de Redesenho do Trabalho. Serão descritos os diferentes tipos de ações de redesenho do trabalho e suas implicações para os trabalhadores e para os ambientes de trabalho. Por fim, serão apresentadas algumas ações de redesenho que podem contribuir para uma melhoria da experiência de trabalho, além de incrementar os níveis de bem-estar dos profissionais.</p><p>· O que é job crafting?</p><p>· Quais são os tipos de job crafting?</p><p>· Quais os benefícios do job crafting para os trabalhadores e organizações?</p><p>Prossiga na leitura do material para responder a esses questionamentos.</p><p>O que é o job crafting?</p><p>Antes de falarmos sobre o Job Crafting (JC) precisamos apresentar o conceito de Desenho do Trabalho (DT). O DT refere-se à modificação das características do trabalho pelos gestores visando o benefício dos trabalhadores e das organizações. Nesse modelo, cinco características do trabalho são contempladas:</p><p>· variedade de habilidades,</p><p>· identidade da tarefa,</p><p>· significado da tarefa,</p><p>· autonomia e</p><p>· feedback.</p><p>Cada um desses elementos pode ser proposto ou modificado pelos gestores para alterar três estados psicológicos dos funcionários:</p><p>· vivência da significância do trabalho: como o trabalhador atribui sentido e relevância ao trabalho que realiza</p><p>· experiência da responsabilidade pelos resultados do trabalho: o quanto o trabalhador entende que é responsável pelo trabalho que realiza e suas entregas</p><p>· conhecimento dos resultados das atividades de trabalho: a percepção sobre o que o trabalho realizado representa quando se considera o negócio da organização.</p><p>A atenção ao job design (desenho do trabalho ou DT) resulta em benefícios para o trabalhador, como incremento nos níveis de satisfação e motivação no trabalho. Já os benefícios para a organização incluem melhor desempenho do funcionário, menor absenteísmo e redução da rotatividade.</p><p>O Job Crafting (JC), por sua vez, diz respeito às ações proativas e informais iniciadas pelos trabalhadores para moldar e redefinir seus trabalhos, alterando limites e fronteiras dos significados, das tarefas e das relações, de forma a alinhá-los aos seus interesses e valores. Ele se caracteriza por ser um processo (não um evento isolado no tempo), pois está relacionado à diversas ações psicológicas, sociais e físicas que envolvem uma ação</p><p>intencional do trabalhador e que demandam seu esforço contínuo.</p><p>Essas ações têm como finalidade customizar (personalizar) o trabalho, para que ele se torne mais satisfatório e traga maior percepção de bem-estar, além de criar uma autoimagem positiva, aumentar o controle sobre o trabalho, criar ou melhorar as relações interpessoais e aumentar a percepção de que o trabalho realizado tem sentido.</p><p>A pesquisa sobre job crafting sugere que todos os trabalhadores, em alguma medida, podem modificar o significado do trabalho e a sua identidade no trabalho por meio de ações proativas e intencionais. Além disso, há evidências de que realizar ações de JC é possível em todos os tipos de trabalho, independentemente do grau de autonomia, de complexidade e de autoridade envolvidos.</p><p>Importante!</p><p>O job crafting não é inerentemente benéfico ou prejudicial para a organização e as características do contexto, em que o profissional está inserido, podem facilitar ou dificultar as ações de JC. Ainda assim, elas ganham maior evidência quando as condições de trabalho não são favoráveis. Isso ocorre porque, justamente, nessas situações, o indivíduo precisa agir de forma intencional e proativa (não apenas reagindo ao ambiente) para mudar o desenho do trabalho (O Desenho do Trabalho é a descrição dos requisitos, dos diferenciais, dos benefícios, das responsabilidades, dos deveres e de todos os outros detalhes de um ou mais cargos de uma organização. Por se tratar de uma alteração intencional em um ou mais aspectos do desenho do trabalho feita pelo trabalhador, muitas pessoas chamam o Job Crafting de Ações de Redesenho do Trabalho), negociando o seu conteúdo e atribuindo novo significado às suas tarefas e ao próprio trabalho.</p><p>A partir do exposto, entendemos que a teoria do job crafting expande a teoria do job design ao incluir as mudanças proativas que os funcionários fazem no próprio trabalho (em detrimento de mudanças orientadas pela gestão).</p><p>Em comparação com a teoria de design de trabalho, o job crafting altera a direção da relação entre as ações de redesenho e as atitudes dos funcionários. A teoria do design do trabalho postula que as mudanças no trabalho podem modificar atitudes em relação ao trabalho e incrementar os níveis de motivação dos profissionais. Já a teoria do job crafting, em contrapartida, sugere que a oportunidade e a motivação para fazer mudanças no trabalho suscitam as ações de redesenho.</p><p>Antes de dar seguimento na nossa leitura, vale a pena lembrarmos que os conceitos de design do trabalho e job crafting também podem ser aplicados aos estudantes, uma vez que o estudo é o próprio trabalho deles. Assim, com pequenas adequações, os conteúdos abordados e as atividades propostas neste tópico, também podem servir para ajudar os professores a estimularem ações de redesenho do trabalho entre seus alunos.</p><p>Quais são os tipos de Job Crafting?</p><p>Os trabalhadores que redesenham seu trabalho ativamente, o customizam (personalizam) por meio três tipos de ações que não são mutuamente exclusivas, ou seja, podem ocorrer simultaneamente.</p><p>· ações de redesenho da tarefa (task crafting): incluem as mudanças físicas para alterar a quantidade, a forma, o escopo ou a demanda das tarefas; e/ou também alterar seus limites temporais.</p><p>· ações de reformulação cognitiva (cognitive crafting): envolvem a percepção do próprio trabalho, não apenas como um conjunto de tarefas articuladas, mas como parte significativa de um todo; buscam reformular os limites cognitivos que atribuem significado e propósito às tarefas e às relações no trabalho.</p><p>· ações de redesenho das relações (relational crafting): englobam mudanças na natureza, na quantidade e na qualidade das interações no trabalho (com colegas, superiores, clientes, fornecedores).</p><p>É possível pensar nas ações de redesenho do trabalho de uma forma complementar a que acabamos de apresentar. Elas podem ser entendidas como um esforço para equilibrar os recursos e as demandas do trabalho com as necessidades individuais e os recursos pessoais. Isso ocorre por meio de quatro tipos de comportamentos, que têm por objetivo:</p><p>· aumentar os recursos estruturais do trabalho: aqueles oferecidos pela organização e que são essenciais para a realização do trabalho descrito (autonomia; equipamentos)</p><p>· aumentar os recursos sociais do trabalho: aqueles que são fornecidos pelas pessoas na organização (suporte dos colegas; incentivos do gestor)</p><p>· aumentar as demandas de trabalho desafiadoras: aquelas que desafiam e estimulam o desenvolvimento de novos conhecimentos, habilidades, atitudes e valores (novas responsabilidades)</p><p>· diminuir as demandas de trabalho consideradas obstáculos: aquelas para as quais o indivíduo não tem recursos disponíveis ou suficientes (atritos com os colegas ou clientes).</p><p>Observação</p><p>É importante destacar, ainda, que as ações de redesenho do trabalho, independentemente de quais sejam elas, ativam a criatividade, a improvisação e envolvem a realização das atividades cotidianas. Isso não significa dizer que um trabalhador não possa se organizar e preparar para realizar ações de job crafting, mas sim que elas serão direcionadas para alterar sua rotina de trabalho, de forma a equilibrar recursos e demandas e assegurar maior bem-estar.</p><p>Ainda, ao se analisar as atividades que realizamos ao longo do dia podemos classificá-las em:</p><p>· Faço (bem) e gosto de fazer</p><p>· Faço (bem) e não gosto de fazer</p><p>· Não faço (bem) e gosto de fazer</p><p>· Não faço (bem) e não gosto de fazer</p><p>Analisar as atividades organizadas a partir dessa classificação pode ajudar a identificar possibilidades para implementar algumas ações de redesenho do trabalho, a fim de buscar melhores resultados e maior satisfação. Aquelas atividades que você faz bem e gosta de fazer não precisam ser alteradas, pois já trazem bons resultados em termos de desempenho e bem-estar. Todavia, pode ser interessante criar estratégias para lidar com os outros conjuntos de atividades. Veja as sugestões abaixo:</p><p>· Atividades que o profissional não faz bem, mas gosta de fazer. Considerando os níveis de interesse e motivação para realizar essas tarefas, é possível alcançar bons resultados rapidamente. Para isso, é importante que, na medida do possível, dedique mais tempo a elas.</p><p>· Atividades que você faz bem, mas não gosta de fazer. Muitas vezes, atividades das quais não gostamos contribuem para o nosso reconhecimento no ambiente de trabalho e são importantes para que nos mantenhamos neles. Por isso, deixar de fazê-las não é exatamente uma opção. Assim, o ideal é procurar reduzir o tempo dedicado à realização dessas atividades.</p><p>· Atividades que você não faz bem e não gosta de fazer. Se o grupo anterior dizia respeito a atividades que podem manter você em um trabalho, este diz respeito aquelas que podem fazer com que você deixe uma oportunidade. Se os seus resultados não são bons e você não tem interesse ou motivação para aprender ou se aperfeiçoar, o ideal é que você procure delegar essas atividades ou que busque ajuda da gestão para aprimorá-las, se for necessário para a atividade que você desempenha.</p><p>Quais os benefícios do Job Crafting para os trabalhadores e Organizações?</p><p>Pesquisas demonstram relações entre o Job Crafting e os muitos aspectos que podem trazer benefícios para os trabalhadores e para as organizações. A seguir, encontram-se alguns desses benefícios, organizados em grandes conjuntos: aspectos relativos aos trabalhadores; aspectos relativos ao trabalho e aspectos relativos à organização.</p><p>· Aspectos relativos aos trabalhadores: pesquisas demonstram que o job crafting tem relações positivas com autoeficácia, capital psicológico (um recurso pessoal que inclui esperança, otimismo, eficácia e resiliência), percepção de propósito no trabalho, abertura à mudança, orientação profissional (motivador extrínseco associado ao crescimento ou desenvolvimento na carreira profissional) e correlações negativas com orientação para o trabalho (motivador extrínseco relacionado a ganhos econômicos).</p><p>· Aspectos relativos ao trabalho: pesquisas demonstram que o job crafting</p><p>tem relações positivas com recursos de trabalho, como feedback, apoio social, liderança positiva e autonomia, interdependência do indivíduo com os demais agentes de trabalho e perspectivas de carreira na empresa (possibilidades de desenvolvimento profissional, qualidade da empresa e motivação para o trabalho).</p><p>· Aspectos relativos à organização: pesquisas demonstram que o job crafting tem relações positivas com o engajamento no trabalho (O engajamento no trabalho é um estado mental positivo, caracterizado por altos níveis de energia, que desencadeia sensação de bem-estar, preenchimento e identificação com o trabalho) e com outros indicadores de bem-estar no trabalho, como o florescimento no trabalho (Florescimento no trabalho diz respeito a uma condição de prosperidade, felicidade, engajamento, automotivação, satisfação e bem-estar, que surge quando o número de afetos positivos supera o número de afetos negativos, promovendo um ajuste emocional positivo. Ao alcançar o florescimento, as pessoas vivenciam um alto grau de otimismo, bom relacionamento interpessoal com colegas, competências profissionais, satisfação consigo próprio e boa perspectiva profissional), a autopercepção de empregabilidade e altruísmo, o comprometimento afetivo com a organização e integração no trabalho, a qualidade da forma como as mudanças organizacionais são comunicadas, a adaptação pessoa-trabalho, o desempenho (avaliado de forma geral, contextual, criativa ou específica à tarefa). Também evidenciam relações com alguns indicadores negativos de bem-estar no trabalho: tédio no trabalho; Burnout no trabalho; intenção de deixar o emprego e insegurança no trabalho.</p><p>Em resumo, a um nível pessoal, o job crafting mostra ser um tipo de comportamento proativo, fortemente relacionado a recursos pessoais positivos (capital psicológico, autoeficácia, socialização, etc.) e motivadores intrínsecos (necessidade de autonomia e relacionamento, percepção de propósito no trabalho).</p><p>Já em relação aos aspectos organizacionais, há evidências de que ambientes com boas condições de trabalho (ou seja, que apresentam feedback, autonomia e possibilidades de desenvolvimento) agregam trabalhadores envolvidos em comportamentos de job crafting. Essas relações levam a resultados positivos para os indivíduos e para as organizações (engajamento no trabalho, desempenho, respostas positivas às mudanças organizacionais), além de contribuir para a minimização de aspectos contraproducentes, como a exaustão no trabalho e a intenção de rotatividade.</p><p>Vamos, agora, para a próxima unidade, onde estudaremos um pouco mais sobre a relação do bem-estar com a família!</p><p>· Bedin, L. M., & Zamarchi, M. (2019). Florescimento no trabalho: revisão integrativa da literatura. Revista Psicologia Organizações e Trabalho, 19(1), 549-554. https://dx.doi.org/10.17652/rpot/2019.1.15093</p><p>· Devotto, R. P., & Machado, W. L. (2017). Job Crafting: Uma Revisão da Produção Científica Internacional. Psico-USF, 22(3), 413-423. https://doi.org/10.1590/1413-82712017220303</p><p>· Magnan, E. S., Amorim, M. V., Machado, W. L., & Oliveira, M. Z. (2020). Desenho do Trabalho, Atitudes de Carreira e saúde mental em empresas de Tecnologia da Informação. Revista Psicologia Organizações e Trabalho, 20(2), 1018-1024. https://dx.doi.org/10.17652/rpot/2020.2.18166</p><p>· Pimenta de Devotto, R., Oliveira, D. S de., Ziebell, M., Freitas, C.P.P., & Vazquez, A. C. S.(2020). Guia de Bem-estar no Trabalho em Tempos de Pandemia para Profissionais em Home Office. Porto Alegre: PUCRS/Rio de Janeiro: PUC-Rio/Porto Alegre: UFCSPA. Trabalho gráfico: Paula Oviedo Ferreira.</p><p>· Pimenta de Devotto, R., Ziebell, M., & Freitas, C.P.P. (2020).Guia para trabalhadores e gestores sobre o redesenho do trabalho em tempos de pandemia. Porto Alegre: PUCRS/Rio de Janeiro: PUC-Rio.</p><p>· Vazquez, A. C. S., Ferreira, M. C., & Mendonça, H. (2019). Avanços na Psicologia Positiva: Bem-Estar, Engajamento e Redesenho no Trabalho. Avaliação Psicológica, 18(4), 343-351. https://dx.doi.org/10.15689/ap.2019.1804.18859.02</p><p>UNIDADE 5 - BEM-ESTAR E FAMÍLIA</p><p>5.1 Relação entre escola e família</p><p>Nesta parte estudaremos a relação entre escola e família, compreendendo os desafios que se apresentam nesse relacionamento e o papel de cada um dos envolvidos, a fim de garantir uma relação de parceria. Também serão apresentadas dicas sobre como trabalhar alguns aspectos pontuais da relação entre escola e família.</p><p>· Qual é o papel das famílias na relação estabelecida com a escola?</p><p>· Qual é o papel da escola ao se relacionar com as famílias de seus alunos?</p><p>· Quais os principais desafios dessa relação?</p><p>Prossiga na leitura do material para o esclarecimento dessas questões!</p><p>Família e escola</p><p>A relação entre escola e família é um constante aprendizado. Juntas, elas buscam lidar com a tarefa de educar e socializar as crianças e os adolescentes. É direito dos alunos/filhos terem a oportunidade de receber uma educação que os preparem para um bom desempenho na vida em comunidade, prezando pelo seu bem-estar físico, mental e social.</p><p>Estudos reconhecem que a boa parceria entre família e escola é preditora de saúde, melhorando a aprendizagem e os resultados acadêmicos, prevenindo o abandono escolar e incentivando o interesse pelos estudos ao longo da vida. Entretanto, a construção dessa relação é vista como um desafio para todos os envolvidos. Isto porque, mais do que aproximar a família do processo educacional, é preciso ter clareza dos papéis da família e da escola na formação das crianças e dos adolescentes.</p><p>Diante disso podemos nos perguntar: Qual o papel da escola na educação dos alunos?</p><p>Qual o papel da família na educação dos filhos?</p><p>O papel da escola</p><p>É reconhecido socialmente que cabe à escola ensinar conteúdos que foram escolhidos como fundamentais para a formação do indivíduo, entre eles, matemática, biologia, literatura e história. Mas além dos conteúdos, a escola deve se preocupar com o desenvolvimento de outras habilidades, como aprender a trabalhar em equipe, lidar com a frustração, respeitar as diferenças, entre outras.</p><p>O que muitos esquecem é que também é uma tarefa da escola construir e cuidar do relacionamento com as famílias dos seus alunos, ressaltando a importância da participação ativa dos pais. Nesse desafio, as escolas podem se perguntar:</p><p>Como se aproximar e lidar com as demandas de famílias tão diversas e com necessidades próprias?</p><p>Essa resposta envolve dois pontos importantes:</p><p>· A escola precisa ser clara ao comunicar que, ao ocupar o seu papel de formadora, ela precisa tomar decisões que garantam uma melhor educação para os alunos.</p><p>· Apesar disso, as famílias devem se sentir confortáveis para compartilharem suas demandas e a escola deve estar aberta para reconhecer algumas especificidades e se adaptar. Trata-se de alinhar as expectativas e pensar em conjunto, evitando uma postura rígida e julgadora que pode afastar os familiares.</p><p>O papel da família</p><p>Como parceira da escola, o sistema familiar deve se empenhar no desenvolvimento afetivo, cognitivo e social dos filhos, ajudando no autoconhecimento deles e possibilitando que explorem o contexto ao redor. Assim, também é tarefa da família incentivar o estudo, a leitura e a busca por conhecimentos diversos. Melhor ainda quando isso é feito através do exemplo, como quando uma criança cresce em uma família de leitores, fazendo com que ela adquira o hábito da leitura com mais facilidade.</p><p>A presença dos pais e responsáveis na vida dos filhos gera efeitos positivos na vida acadêmica desses, sendo que esse envolvimento vai mudar ao longo do tempo. Na educação infantil, a família deve dar afeto e segurança, para que a criança experiencie o ambiente escolar. No ensino fundamental os pais devem valorizar a curiosidade de aprender o novo como, por exemplo, ao estimular a alfabetização. Já na adolescência, principalmente nos anos finais, começam as demandas mais relacionadas à construção de projetos de vida.</p><p>Percorrer esses anos e etapas se torna mais fácil se a família puder encontrar uma escola que converse com seus valores</p><p>e interesses. Mas caso isso não ocorra, cabe à família aceitar o convite de se aproximar e colaborar com a instituição escolar, buscando construir uma relação de respeito e parceria. Nessa aproximação, a família precisa querer participar e estar ciente que isso não significa frequentar diariamente a escola, pois isso nem é o esperado. Com pequenas participações, a família já se torna uma grande colaboradora do processo educacional dos filhos.</p><p>Vejam algumas dicas que todas as famílias deveriam receber:</p><p>· Busque conhecer e conversar o(a) professor(a) dos filhos;</p><p>· Sinta-se à vontade para compartilhar as suas expectativas sobre a formação do seu filho com a escola;</p><p>· Busque participar das reuniões de forma ativa, tendo consciência que a sua opinião é importante para a escola;</p><p>· Valorize os professores em suas falas e ações. Vocês são uma equipe no apoio e no desenvolvimento dos alunos;</p><p>· O aprendizado também acontece em casa, converse com seus filhos sobre conteúdos e vivências na escola, organize um espaço de estudo e sempre incentive a curiosidade e a pesquisa.</p><p>Quais são os desafios dessa relação?</p><p>Quando pensamos na relação entre escola e família, o mais importante é lembrarmos que não há culpados, mas, sim, aspectos a serem trabalhados por ambas as partes.</p><p>Veja, a seguir, os desafios a serem superados nessa relação:</p><p>· Pais e responsáveis envolvidos em longas jornadas de trabalho, o que dificulta o cumprimento de algumas demandas escolares.</p><p>· Relação em que família ou escola buscam depositar responsabilidades uma sobre a outra, sem assumirem a sua parte na formação dos alunos e na construção da relação escola-família.</p><p>· Na relação escola-família é preciso desconstruir o mito de que “a escola ensina, a família educa”. Ambas são responsáveis pelo desenvolvimento do indivíduo.</p><p>· Reconhecer que o aluno é diferente do filho. As famílias devem entender que como alunos as crianças/adolescentes precisam assumir as responsabilidades desse papel.</p><p>· Construir uma relação entre escola e família que seja duradoura e que não seja negligenciada com a chegada dos alunos à adolescência.</p><p>· Reconhecer o mito de que as famílias não se importam com a trajetória escolar de seus filhos. Muitas vezes os pais não sabem como se aproximar da escola ou não se sentem qualificados para ajudar os filhos nos conteúdos escolares. Isso pode ser acompanhado por sentimentos de culpa, vergonha e confusão.</p><p>· Aceitar que, em alguns casos, os pais não querem ou não podem estar presentes, e que outros adultos que ocupam um papel importante na vida dos alunos podem ser parceiros da escola.</p><p>· Lidar com o fato de que nem sempre a família vai ser um espaço de afeto e cuidado. A vivência no sistema familiar pode ser marcada por violências e abusos. Nesses casos, a escola atua na proteção das crianças e dos adolescentes.</p><p>Observação</p><p>Para denunciar uma violência contra crianças e adolescentes, há vários canais em que o anonimato é assegurado, como o Disque 100 e os Conselhos Tutelares.</p><p>Confira o TEDX Talks - “Escola e Família: em busca de uma nova relação”.</p><p>Para assistir o vídeo, acesse o link:</p><p>https://www.youtube.com/watch?v=kewds3taXkY</p><p>Dicas para a escola e professores(as) garantirem a maior participação das famílias</p><p>Um ponto importante a ser trabalhado na relação entre escola e família é a comunicação e, em muitos casos, o momento de maior proximidade e conversa será nas reuniões.</p><p>A seguir, confira as dicas sobre comunicação e como garantir a participação dos familiares em reuniões.</p><p>Ao investir na comunicação com as famílias, considere:</p><p>· Evite focar somente em situações de baixo rendimento, problemas escolares ou de comportamento;</p><p>· Comente também sobre os objetivos da escola, o bom desenvolvimento e desempenho dos alunos e a prática docente;</p><p>· Comunique de forma clara, simples e compreensível para que todos os familiares consigam entender. Evite termos técnicos.</p><p>· Facilite a comunicação com o uso da tecnologia, como aplicativos e reuniões on-line.</p><p>Na organização de reuniões com as famílias, considere os seguintes aspectos:</p><p>· Faça uma pesquisa com os pais buscando encontrar dias e horários de maior aderência às reuniões;</p><p>· Planeje a reunião, mas permita que a família participe da criação da pauta e ressalte a importância da opinião dela no desenvolvimento da escola;</p><p>· Evite só passar informações, promovendo, também, um espaço de conversa, com escuta, fala e troca entre professores e pais (em alguns casos inclua alunos e demais funcionários da escola). A aproximação da família não pode ser vista como uma intromissão ou ameaça;</p><p>· Não permita que o contato com a família seja só para resolver problemas. Aposte em decisões conjuntas, planejamentos de eventos e em ações solidárias.</p><p>· Faça uma avaliação final da reunião, a fim de propor melhorias para os próximos encontros.</p><p>Referências</p><p>· Brito, R. O; Síveres, L. (2015). As características da participação da comunidade escolar em um modelo de gestão compartilhada. Sophia, 11(1), 9-20.</p><p>· Glidden, F. R. (2018). Comunicação Família e Escola: tensões e desafios. Revista Faed - Unemat, 29, 159-174.</p><p>· Saraiva-Junges, L. A., & Wagner, A. (2016). Os estudos sobre a relação família-escola no Brasil: uma revisão sistemática. Revista Educação. Porto Alegre. 39,114-124.</p><p>· Wash, F. (2016). Diversidade e complexidade nas famílias do século XXI. In F. Walsh Processos normativos da família: Diversidade e complexidade. Porto Alegre: Artmed.</p><p>5.2 Escola, família e o desenvolvimento das crianças</p><p>Nesta parte apresentaremos os estilos parentais e os impactos no desenvolvimento dos(as) filhos(as). Analisaremos os estilos de liderança dos(as) professores(as), considerando comportamentos autoritários, autoritativos, permissivos e negligentes e as consequências na vida dos(as) alunos(as). Por fim, traremos dicas sobre como trabalhar em conjunto com as famílias promovendo o bem-estar das crianças.</p><p>· Quais os principais elementos da relação entre pais/mães e filhos(as)?</p><p>· Quais os principais elementos da relação entre professores(as) e alunos(as)?</p><p>· Como família e escola trabalham em conjunto a fim de garantir o bem-estar das crianças?</p><p>Vamos prosseguir na leitura para conseguir responder a esses questionamentos!</p><p>Relação entre as famílias e suas crianças</p><p>Pessoas ou casais com crianças pequenas em casa muitas vezes estão vivenciado a parentalidade pela primeira vez. Elas estão aprendendo a ocupar o papel de cuidador(a), o que pode gerar algumas inseguranças e confusões que tornam a criação dos filhos um grande desafio. Ainda, podem relatar sobrecarga por assumirem diversas demandas, como aprender a educar os filhos, dedicar-se às tarefas domésticas e investir no trabalho.</p><p>Envolvidas em tantas demandas, as famílias buscam dar forma ao seu estilo de cuidar dos filhos. De forma geral, pode-se classificar quatro estilos parentais que, ao serem assumidos, repercutem de maneira diferente na vida das crianças. Os estilos parentais baseiam-se em:</p><p>· Exigência: é uma dimensão caracterizada por atitudes controladoras e estabelecimento de regras e limites.</p><p>· Responsividade: está ligada a comportamentos afetivos, incentivos dos pais à autonomia de seus filhos e prevalência de diálogo nas relações pais-filhos.</p><p>1) Estilo parental autoritário</p><p>Esse estilo é caracterizado pela alta exigência e baixa responsividade.</p><p>2) Estilo parental autoritativo/ democrático</p><p>Esse estilo é caracterizado pela alta exigência e alta responsividade.</p><p>3) Estilo parental indulgente/permissivo</p><p>Esse estilo é caracterizado pela baixa exigência e alta responsividade.</p><p>4) Estilo parental negligente</p><p>Esse estilo é caracterizado pela baixa exigência e baixa responsividade.</p><p>Observação</p><p>Os estilos parentais não devem ser compreendidos como caixinhas, mas como um espectro entre estilo de cuidado negligente e autoritário, em que as famílias podem ocupar diferentes posições ao longo do tempo.</p><p>Relações entre professores e as crianças</p><p>Do mesmo modo que os pais equilibram a exigência e a responsividade na criação dos seus filhos, a relação entre escola e crianças também deve impor</p><p>uma estrutura com direitos e deveres, mas com acolhimento e afeto aos alunos. A seguir serão apresentados os estilos de liderança dos professores.</p><p>Como é um professor que apresenta um estilo de liderança autoritário?</p><p>Eles(as) valorizam a ordem e a autoridade sem buscar respeitar as demandas dos(as) alunos(as). Buscam obediência e seu foco é ensinar as crianças a seguirem regras na sala de aula. As crianças não participam das decisões e os professores não procuram demonstrar afeto por elas, pois não acreditam no aprendizado pelo afeto.</p><p>Como é um professor que apresenta um estilo de liderança autoritativo?</p><p>Neste caso, o(a) professor(a) se preocupa com aspectos físicos, mentais e sociais da criança, criando um ambiente agradável, acolhedor e com regras claras. Eles procuram incentivar a participação das crianças, exigem respeito, elogiam seus comportamentos e valorizam seus sentimentos, estimulam a autonomia, pontuam condutas não adequadas e buscam fazê-las encontrarem alternativas mais assertivas.</p><p>Como é um professor que apresenta um estilo de liderança permissivo?</p><p>Eles não procuram estabelecer limites apropriados e realizam os desejos das crianças, reforçando atitudes adequadas e também as inadequadas. Ainda, não exercem autoridade na turma.</p><p>Como é um professor que apresenta um estilo de liderança negligente?</p><p>São professores(as) que não impõem limites, mas também não assumem uma postura afetiva com os alunos. Ministram as aulas expondo os conteúdos, sem prestar atenção nas necessidades das crianças. Muitas vezes esse comportamento ocorre porque o profissional está sobrecarregado, possui algum problema pessoal ou não gosta da profissão escolhida.</p><p>Parceria escola e família para o bem-estar das crianças</p><p>Observação</p><p>O importante é que a família e a escola busquem impor regras e limites de forma clara e dar afeto e suporte às crianças durante seu desenvolvimento. Quando ambos os espaços conseguem assumir essa responsabilidade, o relacionamento escola-família também ocorrerá com mais facilidade, e elas poderão estabelecer um trabalho complementar ao se engajarem no bem-estar físico, mental e social dos alunos/filhos.</p><p>A seguir, serão propostas temáticas e atividades que devem ser trabalhadas em conjunto pelas escolas e famílias.</p><p>Bem-estar físico</p><p>A alimentação é um aspecto fundamental para o desenvolvimento humano, nesta etapa a criança precisa criar hábitos saudáveis que levará para a vida toda, como ingerir frutas, legumes e evitar industrializados. Ainda, é indispensável que a preocupação com a alimentação também envolva a busca por uma vida mais sustentável.</p><p>Atividade escola e família: Como aproveitar melhor os alimentos?</p><p>· Escola: Realizar uma oficina sobre o aproveitamento integral dos alimentos. Conversar com as crianças sobre o que a cultura ensina a respeito do que se deve comer e o que se deve descartar. Mostrar como o que é excluído em uma cultura pode ser fundamental na alimentação de outra. Apresentar receitas com partes dos alimentos que geralmente são descartados (bolos, sucos, entre outros).</p><p>· Família: Depois da oficina, os familiares ficam responsáveis por ajudarem a criança a fazer uma das receitas que aproveitam os alimentos integralmente. Devem tirar uma foto e enviar para a escola, que organizará uma exposição com os pratos feitos pelos alunos e suas famílias.</p><p>Bem-estar mental</p><p>Um aspecto importante para garantir o bem-estar mental das crianças é ajudá-las a reconhecer as suas emoções, o que permite um maior autoconhecimento e controle de suas ações.</p><p>Atividade escola e família: Como estou me sentindo hoje?</p><p>· Escola: Trabalhar as emoções básicas (alegria, medo, surpresa, tristeza, nojo e raiva) com as crianças a partir do uso de expressões faciais. Em uma folha construir uma escala das faces das emoções, em que as crianças possam sinalizar como se sentem.</p><p>· Família: A família deve usar a escala das faces das emoções, perguntando para as crianças qual emoção sentiram mais na escola naquele dia. Essa conversa pode estimular a proximidade dos pais com o contexto escolar de seus filhos.</p><p>Bem-estar social</p><p>Para conviver com outras pessoas é preciso estar aberto a novas experiências, desenvolvendo a curiosidade, a flexibilidade e a aceitação.</p><p>Atividade escola e família: O que eu e a minha família gostamos?</p><p>· Escola: Incentivar que cada criança, com a ajuda de seus pais, possa levar para a escola alguma curiosidade ou algo que caracterize a sua família e que queira apresentar para os colegas.</p><p>· Família: Pode ser uma receita de família, uma música ou artista que admiram, um livro que a família goste de ler. Ou seja, algo para a criança compartilhar com seus colegas. Os pais também devem mostrar uma postura curiosa com o que os filhos viram de novo nas trocas com as outras crianças.</p><p>· Batista, A. P., & Weber, L. N. D. (2012). Estilos de liderança de professores: aplicando o modelo de estilos parentais. Psicologia Escolar e Educacional, 16(2), 299-307. https://doi.org/10.1590/S1413-85572012000200013</p><p>· Costa, M. A.; Silva, F. M.; Souza, D. (2019). Parceria entre escola e família na formação integral da criança. Práticas Educativas, Memórias e Oralidades. Rev. Pemo, 1 (1).</p><p>· Instituto Ayrton Senna. (2020). Ideias para o desenvolvimento de competências sociemocionais: resiliência emocional.</p><p>· _____________________. (2020). Ideias para o desenvolvimento de competências sociemocionais: abertura ao novo.</p><p>· McGoldrick, M. & Shibusawa, T. (2016). Ciclo vital familiar. In F. Walsh. Processos normativos da família: Diversidade e complexidade. Porto Alegre: Artmed.</p><p>5.3 Família, escola e adolescência</p><p>Neste último tópico, analisaremos os desafios das famílias com filhos adolescentes e as atitudes a serem tomadas pelos pais, a fim de garantir o bem-estar dos seus filhos. Apresentaremos, também, o papel da família no processo de escolha profissional e, por fim, incluiremos temáticas que afetam a rotina dos adolescentes e que podem ser trabalhadas na escola.</p><p>· Quais são as tarefas das famílias com filhos adolescentes?</p><p>· Como os pais participam da escolha profissional dos adolescentes?</p><p>· Como se dá a relação entre família e escola na adolescência dos alunos?</p><p>· Quais temas precisam ser trabalhados na escola a fim de garantir o bem-estar dos alunos?</p><p>Para o esclarecimento dessas questões, prossiga na leitura deste tópico!</p><p>Famílias com filhos adolescentes</p><p>O período da adolescência marca uma nova etapa para as famílias, em que o papel dos filhos e dos pais é modificado. O adolescente passa a assumir responsabilidades que o aproximam da vida adulta. Enquanto isso, os pais devem responder às mudanças cognitivas, emocionais, físicas e sociais de seus filhos oferecendo apoio.</p><p>Esse suporte é caracterizado por dois aspectos centrais: permitir que os filhos sejam mais autônomos e independentes em suas escolhas e, ao mesmo tempo, manter uma relação de proximidade que permita que os adolescentes recorram aos pais quando necessitarem. Estarem cientes de que podem contar com o suporte emocional, cognitivo e financeiro dos pais traz benefícios para o bem-estar dos adolescentes, pois possibilita que eles se desenvolvam em um contexto seguro. E em caso contrário, a ausência de suporte está associada a riscos para a saúde dos filhos, como uso e abuso de substâncias.</p><p>Quais as atitudes que as famílias podem tomar para cuidar do bem-estar dos seus filhos adolescentes?</p><p>· Incentivar que os adolescentes tenham uma visão positiva sobre seus corpos.</p><p>· Manter os adolescentes ativos fisicamente, isso inclui propor atividades de lazer com a família, como andar de bicicleta ou jogar bola. Este pode ser um momento de maior contato com os pais, que durante a adolescência estão mais distantes dos filhos.</p><p>· Assumir uma postura curiosa diante dos assuntos compartilhados pelos adolescentes. Os pais devem estimular o pensamento crítico de seus filhos e não devem julgar suas respostas, mas ajudá-los a refletirem sobre as situações apresentadas.</p><p>· Possibilitar momentos e oportunidades de aprendizado aos filhos, em que eles possam desenvolver novas habilidades,</p><p>perguntas sobre os aspectos que podem afetar a qualidade de vida de uma pessoa, considerando quatro domínios específicos:</p><p>· Físico: diz respeito a presença de dor ou desconforto, baixa energia ou fadiga, qualidade do sono, mobilidade, capacidade para realizar atividades do cotidiano e de trabalho.</p><p>· Psicológico: envolve a percepção sobre a aparência física, capacidade de pensar, aprender, memorizar e de concentração, vivência da espiritualidade, religião e a presença de crenças pessoais. Ainda, considera a autoestima e a presença de sentimentos positivos e negativos.</p><p>· Relações sociais: abarca a percepção de suporte social e a vivência de diversos tipos de relações, como os relacionamentos íntimos e os familiares.</p><p>· Meio ambiente: diz respeito à segurança física, ambiente do lar, recursos financeiros, acesso à serviços de saúde e possibilidade de transporte e oportunidade de vivenciar momentos de lazer.</p><p>· Assista o vídeo sobre um estudo realizado na Universidade de Harvard, que procurou entender quais são os componentes de uma boa vida, ou seja, o que mantém as pessoas felizes e saudáveis ao longo do tempo.</p><p>Link para acesso ao vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=d52BStMyOMw</p><p>· Se quiser saber mais informações sobre o WHOQOL-bref veja o material completo através do link: https://www.ufrgs.br/qualidep/qualidade-de-vida/projeto-whoqol-bref/50-qualidade-de vida/euroqol/instrumentos/50-whoqol-bref</p><p>O que você pode fazer para ter uma melhor qualidade de vida?</p><p>Considerando as dimensões do conceito de qualidade de vida apresentadas anteriormente, vejam algumas dicas para investir e melhorar a sua:</p><p>· Domínio físico: busque reservar na sua agenda um tempo para o lazer e para o autocuidado. Considere esse momento um compromisso como qualquer outro e evite desmarcá-lo com facilidade. Inclua exercícios físicos, alimentação saudável e sono de qualidade na sua rotina.</p><p>· Domínio psicológico: busque investir no autoconhecimento. Conheça seu mundo interno, reconheça suas emoções, pensamentos e comportamento frente às mais diversas situações (O que sente? O que pensa? Como age?)</p><p>· Domínio das relações sociais: se estiver se sentindo sobrecarregado(a), busque o apoio de familiares, amigos e colegas. Invista na sua comunicação, e para que ela seja uma ferramenta eficaz, faça os passos seguintes:</p><p>· Observe a situação;</p><p>· Perceba seus sentimentos;</p><p>· Identifique suas necessidades;</p><p>· Faça o pedido de ajuda.</p><p>· Domínio do meio ambiente: se você trabalha ou estuda em casa, busque reservar um espaço onde você consiga organizar seus materiais. Ainda, explique aos seus familiares que nesses momentos você precisa se concentrar, combinando previamente em que circunstâncias eles podem te interromper.</p><p>Dicas para sua saúde, bem-estar e qualidade de vida na pandemia da COVID-19</p><p>As preocupações com a saúde, bem-estar e qualidade de vida aumentaram durante a pandemia da COVID 19.</p><p>O que pode ser feito para diminuir ou evitar os impactos negativos da pandemia nas nossas vidas?</p><p>É importante que você acesse agora os artigos:</p><p>Aspectos físicos</p><p>Para dicas sobre como praticar atividades físicas em casa, consulte a cartilha pelo link:</p><p>https://www.pucrs.br/wp-content/uploads/2020/05/como_achatar_a_curva_em-casa_cartilha_sobre_pratica_de_atividade_fisica_durante_a_pandemia_COVID-19.pdf</p><p>Aspectos mentais</p><p>Para dicas sobre como lidar com o estresse, consulte a cartilha pelo link:</p><p>https://www.puc-campinas.edu.br/wp-content/uploads/2020/04/cartilha-enfrentamento-do-estresse.pdf.pdf</p><p>Aspectos sociais e contextuais</p><p>Para dicas sobre habilidades sociais e relações interpessoais, consulte a cartilha pelo link:</p><p>https://www.coronavirus.uerj.br/wp-content/uploads/2020/06/cartilha_habilidades_sociais_pandemia.pdf</p><p>Referências</p><p>· Fleck, M. P. A. (2000). O instrumento de avaliação de qualidade de vida da Organização Mundial da Saúde (WHOQOL-100): características e perspectivas. Ciência & Saúde Coletiva, 5(1), 33-38. https://dx.doi.org/10.1590/S1413-81232000000100004 .</p><p>· Guthold, R., Stevens, G. A., Riley, L. M., & Bull, F. C. (2018). Worldwide trends in insufficient physical activity from 2001 to 2016: a pooled analysis of 358 population-based surveys with 1·9 million participants. The Lancet Global Health, 6(10), e1077-e1086. http://dx.doi.org/10.1016/S2214-109X(18)30357-7 .</p><p>· Holt-Lunstad J, Smith T. B., Layton J. B. (2010). Social Relationships and Mortality Risk: A Meta-analytic Review. PLoS Medicine, 7(7): e1000316. https://doi.org/10.1371/journal.pmed.1000316 .</p><p>· Pan American Health Organization. (2018). Health Indicators. Conceptual and operational considerations. Washington, D.C.: PAHO.</p><p>· The Whoqol Group (1995). The world health organization quality of life assessment: position paper from the world health organization. Soc Sci Med, 41(10):1403-1409.</p><p>· Weide, J. N., Vicentini, E. C. C., Araújo, M. F., Machado, W. L., & Enumo, S. R. F. (2020). Cartilha para enfrentamento do estresse em tempos de pandemia. Campinas: Puc-Campinas.</p><p>1.2 Bem-estar no ambiente escolar</p><p>Neste tópico estudaremos o bem-estar nas escolas e o porquê dele ser tão importante para os diferentes atores que estão presentes no ambiente escolar, além de demonstrarmos os principais desafios para alcançar o bem-estar nesse contexto.</p><p>Antes de iniciarmos a leitura do material, façamos os seguintes questionamentos:</p><p>· Por que o bem-estar na escola é importante?</p><p>· Quais são os desafios para alcançar o bem-estar nas escolas?</p><p>· O que as escolas podem fazer para promover bem-estar?</p><p>Prossiga na leitura para responder a essas questões!</p><p>Por que o bem-estar na escola é importante?</p><p>Durante a infância e a adolescência, o contexto escolar e o processo de escolarização têm grande influência no desenvolvimento. Isso porque as escolas não são apenas espaços para o desenvolvimento de habilidades intelectuais e acadêmicas, elas também contribuem para a formação de indivíduos mais resilientes diante da adversidade, mais conectados com as pessoas e comunidades em que se inserem e capazes de ter e buscar suas aspirações para o futuro. Ainda, o ambiente escolar tem uma função socializadora, pois conta com regras, normas e cultura próprias.</p><p>Essas características descritas irão influenciar as atitudes e os comportamentos dos alunos no decorrer de suas vidas, por isso, assegurar o bem-estar nas escolas é tão importante. Elas ainda têm o papel de apoiar os alunos para que façam escolhas de estilo de vida saudáveis e compreendam as consequências de tais escolhas para a saúde e o bem-estar.</p><p>As competências sociais e emocionais, bem como outros conhecimentos, habilidades, atitudes e valores que os jovens aprendem em sala de aula, os ajudarão a desenvolver estratégias fundamentais para a gestão da saúde física e mental ao longo de suas vidas. Além disso, as escolas são ambientes capazes de fornecer aos alunos informações confiáveis e ajudá-los a desenvolver os recursos necessários para refletir criticamente sobre suas escolhas e sobre as influências que a sociedade exerce sobre cada um de nós, inclusive por meio da pressão de colegas, da publicidade, da mídia social e dos valores familiares e culturais.</p><p>Pesquisas demonstram que existe uma ligação direta entre o bem-estar e o desempenho acadêmico. Alunos com baixos níveis de bem-estar têm maior probabilidade de apresentar dificuldades escolares e de aprendizagem, e menores níveis de engajamento escolar. Isso pode levar a experiências escolares negativas e de insucesso, além de aumentar as chances de que desenvolvam depressão, de fazer uso abusivo de substâncias ou de cometer infrações.</p><p>Todavia, há evidências de que práticas escolares voltadas para a promoção do bem-estar cognitivo, social e emocional podem resultar em redução do estresse, melhora nos déficits de atenção e na capacidade de autorregulação entre adolescentes.</p><p>Outro exemplo de promoção do bem-estar nas escolas é o incentivo à prática de atividade física, que está associada à melhoria do aprendizado e à uma maior capacidade de concentração. Relacionamentos fortes e de apoio, por sua vez, fornecem os recursos emocionais</p><p>por exemplo, ao fazer um novo esporte.</p><p>· Ajudar o adolescente a pensar nas consequências de suas ações no presente e no futuro. Isso deve ser feito por meio do diálogo e não pela imposição. Uma atividade que pode ajudar nesta tarefa é montar uma lista junto com o adolescente sobre os prós e contras de uma decisão.</p><p>· Expor sentimentos e discutir sobre eles de uma maneira não crítica. Os pais podem perguntar ao adolescente: “Como você se sentiu? e “Como você acha que a outra pessoa se sentiu?”</p><p>· Ajudar os adolescentes a reconhecerem os limites e expectativas no relacionamento com amigos e parceiros íntimos, permitindo identificar relações desrespeitosas e abusivas.</p><p>· Auxiliar os adolescentes a tomarem decisões sobre interesses e escolhas profissionais.</p><p>Família, adolescência e carreira</p><p>Um dos papéis mais significativos na vida dos adolescentes é o de estudante, que nesta fase do desenvolvimento passa a se direcionar para a decisão de qual profissão seguir. Diante desse momento de escolha, os pais podem reagir de diferentes maneiras:</p><p>· Há aqueles que, acreditando que seus filhos são inexperientes ou que não farão uma escolha profissional de acordo com as expectativas da família, impõem uma profissão aos seus filhos.</p><p>· Há aqueles que, na tentativa de serem pais “amigos”, decidem se ausentar do processo de escolha. Por acreditarem que sua opinião será entendida como uma intromissão, acabam por gerar um sentimento de desamparo nos adolescentes.</p><p>· Por fim, há os que entendem que a decisão será do adolescente, mas que os pais podem auxiliar no processo de escolha da profissão.</p><p>Neste último caso: Como os pais podem participar do processo de decisão de carreira dos filhos, apoiando a sua autonomia?</p><p>· Estimulando que o adolescente comente sobre pensamentos e sentimentos relacionados à decisão.</p><p>· Compartilhando suas experiências sobre decisões de carreira. Os pais podem contar sobre o momento em que eles escolheram suas profissões.</p><p>· Demonstrando abertura para conversar sobre dúvidas e problemas relacionados à tomada de decisão.</p><p>· Auxiliando a analisar as escolhas considerando os benefícios e prejuízos.</p><p>· Incentivando a escolha baseada nos interesses do adolescente.</p><p>· Oferecendo informações sobre as profissões e mercado de trabalho. Podem também usar sua rede de contato para que o adolescente converse com profissionais que atuam nas áreas de interesse.</p><p>· Acolhendo e demonstrando confiança na escolha feita pelo adolescente.</p><p>Quando os adolescentes percebem os pais como apoiadores, eles fazem escolhas com base em seus interesses e objetivos pessoais. Por agir com autonomia, eles acabam por apresentar um maior engajamento com a escolha, percebem-se mais capacitados, têm maiores conquistas educacionais, relatam níveis mais altos de bem-estar e são mais satisfeitos com a escolha feita ao longo do tempo.</p><p>Famílias com filhos adolescentes</p><p>A relação entre família e escola corre o risco de ficar mais distante quando os alunos/filhos chegam à adolescência. Isto porque é comum confundir o processo de individuação dos adolescentes com um afastamento da família. Por isso, novos esforços devem ser feitos para que pais e professores sigam construindo uma parceria. As escolas precisam deixar claro o convite para que os familiares participem ativamente da vida acadêmica de seus filhos.</p><p>Sugestão de atividade: Conversa de carreira</p><p>Uma atividade que pode ser conduzida para aproximar os pais da escola é convidá-los para falar sobre suas trajetórias profissionais com os alunos. Eles devem ser instruídos a compartilhar sobre como foi a escolha de sua profissão, as mudanças que enfrentaram durante a sua trajetória, comentando sobre a rotina de trabalho na profissão escolhida e falar de sua percepção sobre o mercado de trabalho na atualidade. Essa conversa deve ser um momento de acolhimento das angústias e dúvidas dos adolescentes sobre seus futuros.</p><p>Escola e adolescentes</p><p>A escola precisa compreender as demandas dos adolescentes nessa fase, indo além dos conteúdos pré-estabelecidos e debatendo temas que atravessam o cotidiano dos jovens. Essas ações devem ter como foco a promoção de bem-estar físico, mental e social.</p><p>A seguir, sugerimos algumas temáticas importantes que podem ser trabalhadas com os adolescentes:</p><p>· Respeito, tolerância e a prática de bullying;</p><p>· Impacto das redes sociais no bem-estar e exposição na internet;</p><p>· Cultura do consumo e práticas sustentáveis;</p><p>· Responsabilidade social e senso de comunidade;</p><p>· Prevenção de comportamentos de risco, por exemplo, uso e abuso de substâncias;</p><p>· Gestão financeira e expectativas sobre o futuro profissional;</p><p>· Práticas de autocuidado, considerando aspectos físicos, mentais e sociais;</p><p>· Comunicação não violenta e responsabilidade nas relações.</p><p>Esses temas podem ser trabalhados de diferentes formas, algumas delas são:</p><p>· Roda de conversa: abre espaço para os adolescentes compartilharem suas opiniões. Além de ser um momento para treinarem a comunicação e a tolerância diante de ideias diferentes das suas.</p><p>· Filmes, documentários e séries: esses conteúdos expressam situações do dia a dia e acabam representando aspectos da vida dos adolescentes, ajudando-os no desenvolvimento de recursos e estratégias para lidarem com as demandas.</p><p>· Palestras com especialistas: convidar médicos, psicólogos, educadores físicos, entre outros profissionais, para responderem às dúvidas dos alunos sobre alguma temática. Muitas vezes, por ser alguém de fora do seu convívio social, eles se sentem mais à vontade para expor suas questões.</p><p>O que os adolescentes esperam da escola?</p><p>Além das sugestões já ditas, os professores podem levantar as necessidades dos adolescentes criando um espaço (pode ser físico ou virtual) onde os alunos são convidados a escreverem os temas que mais afetam seu desenvolvimento ou que eles têm curiosidade.</p><p>Dessa forma, a opinião dos alunos é valorizada, o que facilita o engajamento dos adolescentes nas atividades. Outra ação importante é questionar os alunos sobre o que eles pensam e o que esperam da escola. A partir de suas respostas, busca-se aumentar o senso de pertencimento dos alunos e criar possibilidades de melhorias em conjunto.</p><p>Curiosidade</p><p>Uma pesquisa realizada em 2016 escutou 132 mil adolescentes e jovens de 13 a 21 anos de todo o Brasil sobre o que eles esperavam da escola. Os dados mostraram que:</p><p>· 1 em cada 10 alunos está satisfeito com as aulas e com os materiais pedagógicos oferecidos.</p><p>· 8 em cada 10 dizem que a relação com a equipe escolar e com os colegas precisa melhorar.</p><p>· 70% afirmam que gostam de estudar em suas escolas.</p><p>· 72% reconhecem que aprendem coisas úteis para a vida no ambiente escolar.</p><p>Leia mais em: https://porvir.org/nossaescola/</p><p>Assista o vídeo “O que os jovens têm a dizer sobre a escola?” através do link:</p><p>https://www.youtube.com/watch?v=5Nhkonhynxs&feature=emb_title</p><p>O ADOLESCENTE</p><p>A vida é tão bela que chega a dar medo,</p><p>Não o medo que paralisa e gela,</p><p>estátua súbita,</p><p>mas esse medo fascinante e fremente de curiosidade que faz</p><p>o jovem felino seguir para a frente farejando o vento</p><p>ao sair, a primeira vez, da gruta.</p><p>Medo que ofusca: luz!</p><p>Cumplicemente,</p><p>as folhas contam-te um segredo</p><p>velho como o mundo:</p><p>Adolescente, olha! A vida é nova...</p><p>A vida é nova e anda nua</p><p>— vestida apenas com o teu desejo!</p><p>Mário Quintana</p><p>· Barreto, M. J. & Rabelo, A. A. (2015). A família e o papel desafiador dos pais de adolescentes na contemporaneidade. Pensando famílias, 19(2), 34-42.</p><p>· Glidden, F. R. (2018). Comunicação Família e Escola: tensões e desafios. Revista Faed - Unemat, 29, 159-174.</p><p>· Katz, I., Cohen, R., Green-Cohen, M., & Morsiano-davidpur, S. (2018). Parental support for adolescents' autonomy while making a first career decision. Learning and Individual Differences, 65, 12–19.https://doi.org/10.1016/j.lindif.2018.05.006 .</p><p>· Matos, M. G., & Carvalhosa, S. F. (2001). A saúde dos adolescentes: ambiente escolar e bem-estar. Psicologia, Saúde & Doenças, 2(2), 43-53.</p><p>· McGoldrick, M. & Shibusawa, T. (2016). Ciclo vital familiar. In F. Walsh. Processos normativos da família:</p><p>Diversidade e complexidade. Porto Alegre: Artmed.</p><p>Considerações finais</p><p>Parabéns! Você chegou ao final deste Módulo intitulado BEM-ESTAR E COMUNIDADE ESCOLAR: ESTUDANTES, PROFESSORES, GESTORES E FAMÍLIAS!</p><p>Abordamos aqui assuntos relevantes relacionados à temática do bem-estar de todos os indivíduos envolvidos no processo educacional de crianças e adolescentes.</p><p>Esperamos que este módulo tenha contribuído para o aprimoramento de suas habilidades pessoais e profissionais e para uma melhor compreensão do que seria o bem-estar pleno, de modo que agora já seja possível a prática dessas novas concepções de saúde mental na comunidade escolar.</p><p>Ao longo das Unidades, apresentamos a você atividades com o intuito de fixar os conteúdos abordados e, na sequência, apresentamos uma Autoavaliação para que você possa avaliar o seu nível de aprendizagem com o que foi estudado aqui.</p><p>Autoavaliação</p><p>A seguir serão apresentadas algumas afirmações relacionadas ao seu aprendizado neste presente módulo. Destacamos que este questionário serve somente como um instrumento de autoavaliação!</p><p>1. Impacto em Largura do Treinamento no Trabalho</p><p>Módulo 2</p><p>SAÚDE MENTAL E SAÚDE EMOCIONAL (BNCC) E EDUCAÇÃO</p><p>Apresentação</p><p>A educação vem passando por momentos de mudanças, para melhor, no que diz respeito a lidar positivamente com todos os agentes da comunidade escolar, envolvendo professores, alunos, gestores e demais funcionários.</p><p>Neste presente módulo, o foco será na saúde mental e na saúde emocional, principalmente, dos alunos e o que pode ser feito para garantir que o ambiente escolar se torne um lugar agradável para lidar com todos os tipos de situações, e que não se mantenha com uma atmosfera desestimuladora no que tange às questões de saúde mental.</p><p>Assim, a primeira unidade abordará a definição das Competências, utilizadas pela BNCC (documento que regulamenta os conteúdos e habilidades que devem ser trabalhadas na educação básica), a segunda e a terceira unidades trarão informações necessárias sobre a saúde mental e a saúde emocional no contexto escolar, e ainda, como a pandemia da COVID-19 tem afetado as instituições educacionais no Brasil e no mundo.</p><p>Esperamos que, por meio deste material, professores se tornem instrumentalizados e amparados para desenvolver estratégias e obtenham um bom repertório para identificar aspectos subjetivos das relações interpessoais, bem como as emoções presentes no contexto escolar, de modo a levá-lo a ocupar um papel diferente, do que ele já ocupa, na escola.</p><p>Para uma visão geral do material e assim iniciar o seu percurso de leitura, confira o sumário a seguir.</p><p>Sumário</p><p>· Apresentação01</p><p>· Unidade 1 - Competências02</p><p>· Unidade 2 - Saúde mental na educação10</p><p>· Unidade 3 - Saúde emocional na educação35</p><p>· Considerações finais66</p><p>Unidade 1 - COMPETÊNCIAS</p><p>Nesta unidade, estudaremos a definição do que seriam as Competências, o estabelecimento de relações entre competência, conhecimento, habilidade e atitude; a análise do contexto atual e a identificação de competências relevantes para a resolução de problemas contemporâneos. Além disso, também refletiremos sobre a apresentação da Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas e das competências defendidas como necessárias pela UNESCO para o cumprimento dessa Agenda. Por fim, discutiremos as estratégias para o desenvolvimento de competências na escola.</p><p>Vamos lá!</p><p>1.1 Competências: definição, desenvolvimento e avaliação</p><p>Antes de entrarmos na discussão, façamos os seguintes questionamentos a respeito das competências.</p><p>· O que é competência?</p><p>· Por que é importante desenvolver competências?</p><p>· Como as competências podem ser desenvolvidas ou aprimoradas?</p><p>Siga em frente na leitura do material para responder a essas e outras questões, bem como para te auxiliar na preparação de uma futura aula sobre saúde e bem-estar!</p><p>O que é competência?</p><p>A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) define competência como a “mobilização de conhecimentos (conceitos e procedimentos), habilidades (práticas, cognitivas e socioemocionais), atitudes e valores para resolver demandas complexas da vida cotidiana, do pleno exercício da cidadania e do mundo do trabalho”.</p><p>Considerando esta definição, destaca a relevância de, ao longo das três etapas da Educação Básica (Educação Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio), afirmar valores e estimular ações que contribuam para a formação de indivíduos que valorizem a humanidade, sejam socialmente justos e preocupados com a preservação da natureza.</p><p>De uma forma mais simples, podemos entender que os conceitos e procedimentos podem ser aprendidos teoricamente, por meio da exposição de conteúdos, que é o que ocorre, por exemplo, quando um estudante assiste uma aula sobre como fazer um bolo.</p><p>As habilidades, por sua vez, podem ser desenvolvidas quando o estudante exercita aquilo que aprendeu teoricamente. É o que ocorreria no exemplo anterior se, após assistir a uma aula sobre como fazer um bolo, o estudante fosse convidado por seu professor a exercitar o que aprendeu na cozinha da escola ou de casa.</p><p>Observação</p><p>Em contraste com os currículos baseados em competências, os currículos baseados em disciplinas são principalmente ancorados na compreensão do conteúdo da matéria ou das disciplinas. Eles geralmente preparam os alunos para ter uma compreensão profunda dos avanços em diferentes campos do conhecimento, mas não enfatizam necessariamente a aplicação dos conteúdos adquiridos.</p><p>Um dos riscos desse tipo de prática é que os conhecimentos adquiridos se tornem irrelevantes ou obsoletos em pouco tempo. Outro risco é que os conteúdos sejam insensíveis à realidade e às necessidades dos grupos de estudantes, o que pode fazer com que não sejam capazes de aplicar os conhecimentos adquiridos no contexto em que estão inseridos, aumentando a percepção de que a aprendizagem dos conteúdos propostos não seja relevante.</p><p>Por que é importante que os estudantes, em diferentes etapas da educação, desenvolvam competências?</p><p>Considerando as rápidas e constantes mudanças pelas quais diferentes nações vêm passando nas últimas décadas e a decorrente demanda por novas competências profissionais, é compreensível a preocupação global com a educação e a aprendizagem para o desenvolvimento holístico, inclusivo, justo e sustentável.</p><p>Entre outros motivos, estão elencados os contextos de desenvolvimento saudáveis como os descritos que geram, continuamente, desafios que demandam novas competências dos profissionais. Consequentemente, os sistemas de educação e aprendizagem devem responder a essas demandas, a fim de fornecer as bases necessárias para a formação dos recursos humanos que poderão lidar com elas.</p><p>A transmissão de conhecimentos formais, exclusivamente, não é mais suficiente para preparar os estudantes para serem profissionais capazes de resolver os desafios do presente e do futuro. Esse fato pode ser evidenciado pela crescente conscientização sobre a necessidade do desenvolvimento sustentável, que vem estimulando a demanda por “competência verdes” (Competências verdes dizem respeito ao conhecimento, habilidades, valores e atitudes necessários para viver, desenvolver e apoiar uma sociedade sustentável e eficiente em termos de recursos) e, de forma semelhante, a revolução tecnológica vem estimulando o desenvolvimento de novas competências digitais.</p><p>Já as mudanças nos locais de trabalho passaram a demandar novas competências para a empregabilidade e para o trabalho, assim como a globalização impulsionou competências para a cidadania global.</p><p>Observação</p><p>Mais do que apenas a velocidade da mudança, a Indústria 4.0 está intensificando a complexidade dos contextos de desenvolvimento e tornando evidente que a educação pode ser uma oportunidade e um estímulo para a aprendizagem ao longo da vida, assim como a adaptabilidade (em reação, mas também em preparação para eventos futuros) e a resiliência (processos de enfrentamento e de superação de crises e adversidades).</p><p>Além disso, essa Indústria está proporcionando uma integração cada vez maior daquilo que é analógico com o que é digital e virtual,</p><p>tornando possível o armazenamento ilimitado, a alta velocidade de processamento de dados, a conexão com alta velocidade através de computadores de alto desempenho e objetos inteligentes que são interconectados pela Internet.</p><p>Por outro lado, a Indústria provoca questionamentos acerca de problemas humanísticos, éticos e de segurança. Combinados, esses fatores aumentam a complexidade do contexto em que vivemos e, consequentemente, também tornam mais complexo o conjunto de conhecimentos, habilidades, atitudes e valores demandados dos indivíduos. E, além disso, geram o questionamento: os sistemas de educação e aprendizagem estão preparados para receber e formar cidadãos com competências multifacetadas, transdisciplinares e integradas para lidar com o mundo em transformação?</p><p>Embora a relevância do desenvolvimento da educação e da aprendizagem sejam evidentes quando se considera o cenário global, não há consenso sobre ferramentas específicas e concretas para assegurar a formação de indivíduos com as competências necessárias para enfrentar os desafios e aproveitar as oportunidades oferecidas pelos contextos em rápida mudança do século XXI.</p><p>Observação</p><p>A esse respeito, sugere-se, inclusive, que a lacuna já existente entre os sistemas de educação e aprendizagem e seus contextos de desenvolvimento aumentará exponencialmente à medida que o impacto da Indústria 4.0 começar a se estabelecer de forma mais ampla. A fim de evitar que isso ocorra, é importante repensar as estratégias formativas e melhor ancorá-las nos contextos em que são implementadas, os quais são complexos e multidimensionais(envolvem dimensões individuais, sociais, nacionais, regionais, globais, temporais e setoriais).</p><p>Compreender a que contextos os estudantes, professores e futuros profissionais devem responder permite identificar e desenvolver competências que deem conta de endereçá-los adequadamente.</p><p>Manter a relevância do desenvolvimento em face de mudanças constantes e rápidas requer facilitar a criação de oportunidades para a aprendizagem ao longo da vida. Caso contrário, corre-se o risco de equipar os alunos com competências obsoletas, que são adequadas ao passado, desconectando-os ainda mais de seus contextos atuais e futuros.</p><p>Os sistemas de educação e aprendizagem podem ser utilizados como alavancas de desenvolvimento holístico, equitativo, justo e sustentável, resultando em implicações importantes para o alcance dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).</p><p>Segundo a ONU: “Os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) são um apelo global à ação para acabar com a pobreza, proteger o meio ambiente e o clima e garantir que as pessoas, em todos os lugares, possam desfrutar de paz e de prosperidade. Estes são os objetivos para os quais as Nações Unidas estão contribuindo a fim de que possamos atingir a Agenda 2030 no Brasil”.</p><p>Os ODS foram definidos em 2015, pelas Nações Unidas, em parceria com governos, sociedade civil e outros parceiros. Na imagem abaixo encontram-se os 17 objetivos contemplados na agenda 2030:</p><p>· Erradicação da Pobreza</p><p>· Fome Zero e Agricultura Sustentável</p><p>· Saúde e Bem-estar</p><p>· Educação de Qualidade</p><p>· Igualdade de Gênero</p><p>· Água Potável e Saneamento</p><p>· Energia Limpa e Acessível</p><p>· Trabalho Decente e Crescimento Econômico</p><p>· Indústria, Inovação e Infraestrutura</p><p>· Redução das Desigualdades</p><p>· Cidades e Comunidades Sustentáveis</p><p>· Consumo e Produção Responsáveis</p><p>· Ação contra a mudança global do clima</p><p>· Vida na Água</p><p>· Vida Terrestre</p><p>· Paz, Justiça e Instituições Eficazes</p><p>· Parcerias e Meios de Implementação</p><p>As metas e objetivos de desenvolvimento sustentável representam desafios que já estão sendo enfrentados ao redor do mundo e que provavelmente ainda estarão presentes quando os estudantes com quem você trabalha ingressarem no mercado de trabalho. Tendo isso em vista, fica claro que as escolas e universidades (e consequentemente os professores) precisam se organizar para proporcionar a seus estudantes experiências de formação mais diversas e complexas. Isso porque os problemas com os quais já convivem e os quais precisarão resolver são também complexos. Experiências de formação diversas e complexas permitirão que os estudantes desenvolvam novas competências e encontrem soluções criativas e inovadoras para lidar com os mais diversos problemas do mundo em transformação.</p><p>Já parou para pensar que a disciplina que você ministra pode ajudar a mobilizar conhecimentos (conceitos e procedimentos), habilidades (práticas cognitivas e socioemocionais), atitudes e valores para resolver alguns dos complexos desafios presentes na Agenda 2030?</p><p>Pense sobre isso!</p><p>Visite o site https://brasil.un.org/pt-br/sdgs e descubra mais informações sobre os ODS e cada um dos 17 objetivos e das 169 metas que diversos países se comprometeram em tentar resolver até 2030.</p><p>Quais são as competências necessárias para o cumprimento da Agenda 2030?</p><p>Observação</p><p>Segundo a UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura), algumas competências são fundamentais para enfrentar os desafios propostos na Agenda 2030.</p><p>A seguir, descreveremos cada uma delas, bem como uma sugestão simples de como podem ser endereçadas no seu dia-a-dia e no de seus alunos.</p><p>· Aprendizagem ao longo da vida: Saber como aprender é a competência mais crítica para o futuro. Considerando as mudanças rápidas e constantes que estamos observando, é possível que muito do que aprendemos hoje se torne obsoleto ou seja esquecido muito em breve. Saber como aprender dá às pessoas a capacidade de se reinventarem e prepararem para as mudanças nos mais diferentes contextos.</p><p>· Dica prática: observe quais conteúdos despertam sua atenção e como você se apropria deles. Tente aplicar as mesmas estratégias a outros conteúdos menos interessantes. Observe que elementos ajudam você a aprender e quais dificultam sua aprendizagem.</p><p>· O que estimular nos alunos: curiosidade, criatividade, pensamento crítico.</p><p>· Autogerenciamento: O autogerenciamento tem a ver com confiança e facilidade para enfrentar desafios conhecidos e desconhecidos. Envolve ser capaz de reconhecer e aplicar todos os recursos disponíveis (conhecimentos, habilidades, tecnologias, etc.) para realizar ações que tragam benefícios e realização.</p><p>· Dica prática: experimente fazer alguma atividade simples que sempre teve vontade, mas não sabe como fazer. Identifique o que você precisa aprender para poder fazer essa atividade. Busque recursos e informações na internet ou com pessoas próximas. Quando tiver todos os recursos e informações de que precisa, experimente. Lembre-se que é provável que a sua primeira tentativa não seja a melhor, mas isso não significa que ela deva ser a última…</p><p>· O que estimular nos alunos: iniciativa, motivação, persistência, resiliência e responsabilidade.</p><p>· Usar diversas ferramentas e recursos interativamente: O aumento da complexidade também exige o uso eficaz, eficiente e interativo de uma variedade de ferramentas e recursos relevantes para a realização de diversas tarefas. O uso responsável de ferramentas e recursos também está no cerne do consumo responsável e de estilos de vida sustentáveis, que contribuem para o desenvolvimento sustentável.</p><p>· Dica prática: experimente usar novas ferramentas e recursos para fazer suas atividades rotineiras. Comece devagar e, aos poucos, incorpore-as no seu dia-a-dia. No início você pode precisar de mais tempo para isso, mas com o tempo, a fluência de integrar recursos diferentes, em uma aula, por exemplo, pode torná-la mais interessante tanto para você quanto para seus alunos.</p><p>· O que estimular nos alunos: usar os recursos de forma impactante e responsável; usar os recursos de forma consciente.</p><p>· Interagir com outras pessoas: O aumento da complexidade requer que os indivíduos interajam efetivamente com outras pessoas a fim de resolver problemas complexos e criar soluções integradas e úteis em diferentes contextos. Além de contribuir para a produtividade, a interação é uma competência chave para a interação e coesão social, harmonia, justiça e paz.</p><p>· Dica prática:</p><p>experimente convidar uma pessoa que você gosta para fazer alguma atividade rotineira. Com certeza, a atividade será feita de forma mais ágil, e é possível que o resultado seja melhor que o habitual, certamente gerando mais bem-estar. Experimente, também, convidar alguém que você não conhece tanto para fazer a mesma atividade. Observe as diferenças entre vocês e procure aprender com elas. Analise o que você fez e como se sentiu em cada uma das experiências. Qual delas foi mais prazerosa? Qual teve o melhor resultado? Por quê?</p><p>· O que estimular nos alunos: trabalho em equipe, negociação, colaboração.</p><p>· Interagir com o mundo: Esta competência permite que as pessoas se relacionem com o mundo de forma local e global. Ela facilita a tomada de consciência, a sensibilidade e o apoio frente a desafios e oportunidades coletivas em nível local, nacional, regional e global. Isso envolve perspectivas multiculturais, multirreligiosas e multilíngues que abraçam a diversidade como um bem enriquecedor.</p><p>· Dica prática: experimente conhecer mais sobre a cultura e a história de alguma pessoa que se mudou para sua cidade ou escola recentemente. Pergunte a ela sobre seu processo de adaptação, os principais desafios e como ela fez para superá-los. Pergunte a essa pessoa o que ela gostaria que fosse diferente para que outros indivíduos tivessem uma experiência mais positiva.</p><p>· O que estimular nos alunos: agir de forma local e global; diferenciar e equilibrar direitos e privilégios; equilibrar as liberdades e o respeito ao outro.</p><p>· Multi-alfabetização: A alfabetização básica (leitura, escrita e matemática) não é mais suficiente. A multi-alfabetização diz respeito à necessidade de incluir nos currículos escolares metacompetências relativas à cultura digital, à diversidade cultural, às finanças, à saúde e às mídias (inclusive digitais). Propor a competência de multi-alfabetização não significa que o desenvolvimento das pessoas vá se dar de forma dicotômica (ou são alfabetizadas ou são analfabetas). Significa trabalhar com níveis contínuos, variando do básico ao especialista e, também, que diferentes contextos exigirão diferentes tipos e níveis de alfabetização.</p><p>· Dica prática: pense em uma nova competência que você quer aprender, por exemplo, divulgar conhecimentos que considera relevantes sobre as matérias que leciona por meio de redes sociais. Estabeleça metas relacionadas ao desenvolvimento desta competência, por exemplo: para metas de curto prazo (ao longo do próximo mês elaborar o conteúdo e realizar uma postagem); para médio prazo (ter postagens regulares de conteúdo) e para longo prazo (buscar interação com as pessoas que acompanham você pelas redes sociais). A cada meta alcançada, avalie possíveis pontos de melhoria e de sucesso. Pratique estratégias diferentes, sempre que for necessário.</p><p>· O que estimular nos alunos: interesse em aprender ou aprimorar seus conhecimentos em leitura, matemática, escrita, culturas (inclusive a digital), entre outros.</p><p>· Transdisciplinaridade: O aumento da complexidade requer soluções cada vez mais sofisticadas que integram o conhecimento de várias disciplinas e domínios do conhecimento. Para que qualquer competência seja desenvolvida é fundamental colocá-la em prática. A prática, no caso da interdisciplinaridade, exige um domínio profundo da própria disciplina, mas requer também ter interesse e ser capaz de conhecer e compreender as outras disciplinas. É a integração de conhecimentos que poderá oferecer ações complexas e impactantes para a resolução de problemas.</p><p>· Dica prática: você já pensou em pedir a ajuda de um colega de outra disciplina para resolver um problema complexo ou para pensar em como explicar um conceito complexo para seus alunos? Que tal experimentar algo assim para sua próxima aula?</p><p>· O que estimular nos alunos: interesse e admiração por Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática, Humanidades, Ciências Sociais, etc.</p><p>· De que forma as competências previstas pela BNCC podem contribuir?</p><p>· A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) prevê o desenvolvimento de Competências Gerais, que interrelacionam-se e desdobram-se no tratamento didático proposto para as três etapas da Educação Básica (Educação Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio), e Competências Específicas de cada área do conhecimento e dos componentes curriculares.</p><p>· As Competências Gerais da Educação Básica, apresentadas a seguir, articulam-se na construção de conhecimentos, no desenvolvimento de habilidades e na formação de atitudes e valores, nos termos da Lei de Diretrizes e Bases (LDB).</p><p>· Segundo a BNCC, ao definir essas competências, propõe-se que a “educação deve afirmar valores e estimular ações que contribuam para a transformação da sociedade, tornando-a mais humana, socialmente justa e, também, voltada para a preservação da natureza”.</p><p>· Fica claro, portanto, o alinhamento da BNCC com os ODS e com a Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas.</p><p>· Veja no quadro, a seguir, a transcrição das Competências Gerais apresentadas na BNCC.</p><p>· Observação</p><p>· Destacamos, neste quadro, as microcompetências necessárias ao desenvolvimento de cada uma das Competências. Você perceberá que em cada uma das microcompetências estão listados aspectos que devem ser desenvolvidos como estratégia para alcançar as Competências Gerais propostas pela UNESCO, mencionadas anteriormente.</p><p>Para saber mais sobre as competências gerais da BNCC, recomendamos que você assista ao vídeo “BNCC - As 10 competências gerais”</p><p>Link para o vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=pq0ieMDrHr8&feature=emb_logo</p><p>Que estratégias e tarefas podem facilitar o desenvolvimento de competências?</p><p>Nesta unidade abordamos o conceito de competência e discutimos por que transmitir conhecimentos não assegura o sucesso dos estudantes enquanto cidadãos e futuros profissionais. É fundamental ajudá-los a estabelecerem conexões entre os elementos de uma competência, integrá-los e mobilizá-los para que sejam capazes de responder às demandas do contexto e também para mudar seus contextos.</p><p>Mais importante do que aquilo que eles aprendem, é que entendam como podem aplicar o aprendizado em contextos de mudanças rápidas, constantes e imprevisíveis, demonstrando adaptabilidade, ou seja, agilidade para se adaptar e resiliência. Em suma, os currículos futuros devem refletir competências que preparam os alunos para um futuro desconhecido.</p><p>Como você deve ter percebido até aqui, é possível, por meio de uma única atividade, provocar a mobilização de diferentes competências e microcompetências de um indivíduo - seja ele você ou o estudante para quem leciona.</p><p>RESUMINDO</p><p>Nesse texto já exploramos um pouco as diferentes competências propostas pela UNESCO e que também estão presentes na BNCC, mostramos a você como elas se relacionam e que tipo de microcompetências podem mobilizar.</p><p>Agora, apresentaremos as diferentes estratégias que podem ser utilizadas para contemplá-las no currículo e discutiremos alguns aspectos que precisam ser considerados na proposição de tarefas para que sejam capazes de mobilizar e desenvolver competências em seus estudantes.</p><p>· Fundamentação contextual: Para que o currículo e suas diferentes disciplinas desenvolvam ou mobilizem competências, é essencial que estejam fundamentados nas demandas presentes nos diferentes contextos em que os alunos estão inseridos. Cada contexto é complexo, multidimensional e diverso e, por isso, impõe demandas diferentes a indivíduos e coletivos. O desafio é ajudar os estudantes a desenvolverem e mobilizarem as competências que lhes permitam se adaptar e enfrentar, efetivamente, os desafios apresentados pela Indústria 4.0, bem como aproveitar e criar oportunidades que tragam benefícios individuais, coletivos e globais.</p><p>· Foco no estudante: É importante que os ambientes de aprendizagem motivem a aquisição e a mobilização de competências pelos alunos. Para isso, é necessário criar ambientes de aprendizagem diversos e contextos realistas que forneçam feedback sobre o desempenho. Neles, os alunos podem exercitar suas competências e perceber</p><p>seu aprimoramento.</p><p>· Ênfase na mobilização da competência: É fundamental que os estudantes possam perceber que são capazes de usar em situações práticas e, preferencialmente, cotidianas, o que é aprendido. Como já mencionamos, adquirir conhecimentos é importante, mas não suficiente. Tão importante quanto adquirir conhecimentos é saber o que fazer com eles.</p><p>· Ênfase nos resultados ou impacto: A aplicação da competência não é um fim. É um meio pelo qual o estudante é capaz de gerar resultados e impactos que possam ser observados e possam evidenciar maior produtividade, eficiência, satisfação, sustentabilidade, etc.</p><p>· Ênfase na transdisciplinaridade: Qualquer competência individual pode ser adquirida por meio de uma variedade de disciplinas ou assuntos (lógica, ética, ciências, matemática, política, etc.). Por esse motivo, o esforço para o desenvolvimento de competências deve ser, necessariamente, multidisciplinar.</p><p>· Estrutura e cronologia do currículo: Estruturar as disciplinas e currículos em competência requer atenção ao aprimoramento das competências pelos alunos. Sendo assim, os conteúdos são usados como instrumentos pelos quais a aquisição de competências pode ser facilitada, mas não como um fim em si mesmo. Apesar disso, é fundamental que os estudantes tenham um alto nível de domínio do conteúdo para que consigam pensar de forma eficaz em sua aplicação.</p><p>Referências</p><p>· Brasil (201). Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República. Caderno de Educação em Direitos Humanos. Educação em Direitos Humanos: Diretrizes Nacionais. Brasília: Coordenação Geral de Educação em SDH/PR, Direitos Humanos, Secretaria Nacional de Promoção e Defesa dos Direitos Humanos, 2013.</p><p>· Organização das Nações Unidas. Transformando Nosso Mundo: a Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável. Disponível em: https://nacoesunidas.org/pos2015/agenda2030/.</p><p>· UNESCO (2017). Future Competences and the Future of Curriculum. Disponível em: http://www.ibe.unesco.org/sites/default/files/resources/02_future_competences_and_the_future_of_curriculum_30oct.v2.pdf.</p><p>Unidade 2: SAÚDE MENTAL NA EDUCAÇÃO</p><p>Nesta unidade, estudaremos tudo o que diz respeito à saúde mental no ambiente escolar: como pode ser feita a prevenção e a promoção da saúde mental, como a pandemia afetou as escolas, descobriremos mais sobre o estresse, a autorregulação e o coping e veremos, ainda, os problemas de comportamento em crianças e adolescentes.</p><p>Vamos lá!</p><p>2.1 Saúde mental na escola</p><p>Estudaremos, agora, o conceito de saúde mental, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), reforçando seus pilares a fim de que seja uma variável norteadora para os próximos assuntos do presente Módulo. Ademais, serão abordadas a importância do ambiente escolar e da presença indissociável dos cuidados relativos à saúde mental nele.</p><p>Antes de entrarmos na discussão, façamos os seguintes questionamentos acerca da saúde mental.</p><p>· O que é saúde mental?</p><p>· Qual a importância de dialogar sobre a saúde mental no contexto escolar?</p><p>· Quais são os aspectos que favorecem sua saúde mental hoje? Quais a prejudicam?</p><p>Siga em frente na leitura do material para responder a essas e outras questões!</p><p>Saúde Mental</p><p>Em 1946, a Organização Mundial de Saúde (OMS) define saúde como o estado completo de bem-estar físico, mental e social e não somente a ausência de doença ou enfermidade.</p><p>Alguns autores corroboram com a ideia de que, além de não existir um consenso a respeito da definição de saúde, é uma concepção complexa, multidimensional e dinâmica.</p><p>Entretanto, parece mais sensato entender que não há conceitos de saúde e doença perfeitos e que, portanto, não há indivíduo completamente saudável ou doente.</p><p>A saúde mental pode ser considerada mais difícil de ser definida. Podemos considerar que, geralmente, crianças e adolescentes saudáveis mentalmente são aqueles que manifestam desenvolvimento cognitivo, emocional e social satisfatório para a idade.</p><p>Cotidianamente, as crianças e adolescentes demonstram curiosidade, capacidade de aprendizado, constroem vínculos, brincam, desenvolvem soluções para problemas e, de certa forma, apresentam boa qualidade de vida. Isso não quer dizer que eventuais conflitos em situações cotidianas indiquem problemas de saúde mental, mas sim situações que geram algum tipo de tensão mental, a qual é um sinalizador de que alguma adaptação é necessária para aquele momento.</p><p>Dessa forma, entende-se que existem situações que fazem parte do desenvolvimento de mecanismos de proteção para aquela criança ou adolescente.</p><p>SAIBA MAIS</p><p>Assista o vídeo (https://www.youtube.com/watch?v=UwyE_XIQ7DA) “Por Que Ninguém Fala Sobre Saúde Mental?”</p><p>Ambiente Escolar</p><p>Informações epidemiológicas a respeito da população brasileira alertam que de 10 a 20% das crianças e adolescentes manifestam algum transtorno mental. Dadas as proporções continentais do país e suas diferenças sociais e culturais, a situação brasileira é bastante alarmante.</p><p>O ambiente escolar é um espaço de convivência que proporciona o desenvolvimento de crianças e adolescentes. É um contexto em que esses indivíduos demonstram seus comportamentos, emoções e pensamentos. A escola representa um lugar que tem por objetivo o ensino e que necessita compreender cada aluno em suas instâncias emocionais e comportamentais. É o local de aprender, não somente, o conteúdo das disciplinas comuns, mas também aprender sobre o convívio social.</p><p>Alguns autores destacam alguns prejuízos decorrentes de sintomas e transtornos mentais em jovens como o baixo rendimento escolar ou acadêmico, evasão escolar e envolvimento com problemas legais. Além disso, é notável o impacto desses fatores no trabalho dos professores, que apresentam elevados níveis de afastamento.</p><p>Relação da saúde-mental e contexto escolar</p><p>O contexto escolar possibilita a interação de várias pessoas. É um ambiente que utiliza o diálogo como instrumento e que desenvolve o aprendizado e proporciona diversas formas de lidar com obstáculos, tanto individuais como coletivos.</p><p>Dessa forma, a escola contribui de diversas maneiras. Uma delas é imprescindível e diz respeito à viabilização da promoção e educação em saúde. Essas atitudes são realizadas para aprimorar a qualidade de vida da comunidade escolar. Ademais, ao longo das décadas, o modelo de saúde mental se transformou, ao passo que, considerando as relações complexas entre fatores genéticos, biológicos, psicológicos, sociais e culturais, foi além de considerar apenas conceitos estritamente biológicos.</p><p>Dessa forma, a percepção sobre aspectos de estados mentais de risco e a identificação prévia facilitaram a identificação e a possibilidade de intervenções bem sucedidas em momento antecedente ao agravamento dos transtornos mentais.</p><p>Portanto, atente-se sempre ao fato de abordar temas de saúde mental com a finalidade de informar. Escute as demandas que chegam até você de forma acolhedora. Conheça os serviços de saúde mental e os profissionais especializados para os quais você possa encaminhar alunos suspeitos de sofrerem com transtornos mentais. Além disso, oriente os pais sobre possíveis sinais de sofrimento psíquico.</p><p>SAIBA MAIS</p><p>Para você ficar mais informado(a) ainda, assista os vídeos ( https://www.youtube.com/watch?v=zRUMlebESgQ) “Saúde Mental na Infância e Juventude” e (https://www.youtube.com/watch?v=ZWiK8Ms133c) “Saúde mental das Escolas”</p><p>e leia o artigo (https://www.scielosp.org/article/csc/2019.v24n2/401-410/pt/) “Políticas públicas na atenção à saúde mental de crianças e adolescentes: percurso histórico e caminhos de participação”.</p><p>DASS-21</p><p>Você conhece o DASS-21?</p><p>Esse método trata-se de uma escala para medir e diferenciar, ao máximo, os sintomas de ansiedade e depressão. É importante destacar que o DASS-21 não é um instrumento diagnóstico, mas ajuda a identificar sintomas de adoecimento mental que podem dizer respeito ao que você está vivenciando agora.</p><p>Para entender os resultados, é importante avaliar como está sua vida neste momento, quais suas principais dificuldades e de que forma elas podem estar relacionadas aos resultados que você</p><p>obteve.</p><p>Veja, agora, como funciona este método:</p><p>Ao ler cada uma das afirmações, deve ser assinalado de 0 a 3 para indicar quanto cada afirmação se aplicou a si durante a semana passada. Não há respostas certas ou erradas. O indicado, também, é que não se leve muito tempo para indicar a resposta em cada afirmação.</p><p>A classificação é a seguinte:</p><p>· 0 – não se aplicou nada a mim</p><p>· 1 – aplicou-se a mim algumas vezes</p><p>· 2 – aplicou-se a mim muitas vezes</p><p>· 3 – aplicou-se a mim a maior parte das vezes</p><p>A classificação é a seguinte:</p><p>Para corrigir o DASS 21, é necessário somar a pontuação dos itens de acordo com o fator correspondente:</p><p>· Depressão: Itens 3, 5, 10, 13, 16, 17, 21</p><p>· Ansiedade: Itens 2, 4, 7, 9, 15, 19, 20</p><p>· Stress: Itens 1, 6, 8, 11, 12, 14, 18</p><p>Após, classifica-se o resultado da soma de acordo com a seguinte tabela de sintomas:</p><p>É importante salientar que ao realizar o teste DASS-21, algumas perguntas podem ajudar, como, por exemplo:</p><p>· Como está sua saúde mental?</p><p>· Quais as dificuldades que você está enfrentando no momento? Elas são passageiras?</p><p>· De que forma você vem lidando com essas dificuldades?</p><p>· Quem pode ajudar você a lidar melhor com elas?</p><p>Observação</p><p>Ao terminar as somas, caso tenham sido obtidos resultados severos ou extremos, pode ser interessante buscar ajuda profissional para ajudar a lidar com os sintomas e pensar em estratégias promotoras de saúde mental.</p><p>SAIBA MAIS</p><p>Que quase 450 milhões de pessoas são afetadas por doenças mentais em todo o mundo? Nas nações ricas, apenas metade recebe atendimento adequado, mas nos países em desenvolvimento, cerca de 90% não recebem tratamento, porque há escassez de psiquiatras.</p><p>Veja o TED, a seguir, em que Vikram Patel descreve uma abordagem altamente promissora - treinar membros de comunidades para dar intervenções de saúde mental -, capacitando pessoas comuns a cuidar de outras pessoas.</p><p>Link para assistir o vídeo:</p><p>https://www.ted.com/talks/vikram_patel_mental_health_for_all_by_involving_all?utm_camp aign=tedspread&utm_medium=referral&utm_source=tedcomshare</p><p>Referências</p><p>· Carrapato, P., Correia, P., & Garcia, B. (2017). Determinante da saúde no Brasil: a procura da equidade na saúde. Saúde e Sociedade, 26, 676-689.</p><p>· Dionísio, J. S., & de Queiroz, P. P. (2019). Saúde Emocional: gênero e gestão escolar na escola básica. CIAIQ2019, 1, 226-231.</p><p>· Fleitlich-Bilyk, B., Cunha, G. R. da, Estanislau, G. M., & Rosário, M. C. do. (2014). Saúde e transtornos mentais. In G.M. Estanislau & R.A. Bressan (Orgs.) Saúde Mental na Escola: o que os educadores devem saber. Porto Alegre, RS: Artmed.</p><p>· Lima, A. L. de O. ., Santos , B. F. de T. dos ., Almeida, G. L. de ., Ferreira , H. W. ., Mota, C. P. da ., Messias, C. M. ., & Silva, J. L. L. da . (2020). Educação em saúde mental no ambiente escolar: relato de caso. Saúde Coletiva (Barueri), 9(50), 1784 - 1788.</p><p>· Macedo, L. de. (2014). Apresentação. In G.M. Estanislau & R.A. Bressan (Orgs.) Saúde Mental na Escola: o que os educadores devem saber. Porto Alegre, RS: Artmed.</p><p>· Silva, M. J. D. S., Schraiber, L. B., & Mota, A. (2019). O conceito de saúde na Saúde Coletiva: contribuições a partir da crítica social e histórica da produção científica. Physis: Revista de Saúde Coletiva, 29, e290102.</p><p>· Vieira, M. A., Estanislau, G. M., Bressan, R. A., & Bordin, I. A. (2014). Saúde Mental na Escola. In. Estanislau & R.A. Bressan (Orgs.) Saúde Mental na Escola: o que os educadores devem saber. Porto Alegre, RS: Artmed.</p><p>2.2 Prevenção e promoção de saúde mental no contexto escolar</p><p>Agora, abordaremos temas pertinentes ao papel da escola e dos educadores na percepção de sinais que podem indicar presença de transtorno mental, facilitando o encaminhamento ao serviço especializado. Além disso, serão introduzidas as definições de prevenção e promoção de saúde mental, a fim de instigar a escola e os educadores a terem propostas para estes temas em suas propostas de atuações.</p><p>Antes de entrarmos na discussão, façamos os seguintes questionamentos acerca desse tema:</p><p>· Como pensar em intervenções para abordar a saúde mental no contexto escolar?</p><p>· Qual a importância da escola e dos educadores para o tema saúde mental na escola?</p><p>· O que são transtornos mentais?</p><p>Siga em frente na leitura do material para responder a essas e outras questões!</p><p>O papel da escola e dos educadores</p><p>A escola é o centro de encontro entre diversas crianças e adolescentes em determinado tempo do desenvolvimento de suas vidas. Assim, entende-se a escola como um ambiente estratégico para se trabalhar políticas públicas na atenção à saúde mental de crianças e adolescentes. Nesse sentido, o contexto escolar é fator estratégico para a implementação de ações que visam a prevenção e a promoção de saúde mental, bem como a geração de ações protetivas e de redução de riscos sobre esse tema (Vieira, Estanislau, Bressan, & Bordin, 2014).</p><p>O papel dos educadores também é fundamental quanto a percepção sobre cada um de seus alunos. A tarefa de ensinar não é fácil e se torna mais difícil à medida que os alunos apresentam problemas relacionados à saúde mental ou à aprendizagem.</p><p>Essas adversidades impactam tanto na relação com o aprendizado no ambiente escolar quanto no relacionamento familiar. Portanto, a figura do professor possui uma posição de vantagem na observação do comportamento de seus alunos, pois ele percebe o desempenho deles em atividades individuais, grupais, de lazer, e na inter-relação com colegas da mesma idade ou de idade diferente.</p><p>Outro aspecto de grande importância é que o papel do professor possibilita o conhecimento sobre os comportamentos de faixas etárias específicas, de acordo com a turma para a qual leciona. Dessa forma, é possível identificar comportamentos esperados para os alunos de determinada turma e perceber aquelas atitudes que fogem do curso esperado para a idade regular das crianças ou adolescentes que compõem a turma.</p><p>Os educadores representam uma figura essencial e estratégica no que tange ao desenvolvimento biopsicossocial dos estudantes. O ato de educar não diz respeito somente à formação acadêmica, mas também da formação de cidadãos saudáveis.</p><p>Dito isso, não estamos querendo responsabilizar os educadores por qualquer tipo de diagnóstico ou da necessidade de capacitação para além da sua área de atuação, que é a educação. Mas faz-se necessário explicitar a importância da atuação do educador somada aos conhecimentos de prevenção e promoção de saúde, que são ferramentas que contribuem para a saúde mental no ambiente escolar.</p><p>Observação</p><p>Assim, tanto o papel da escola como do educador são essenciais para a prática de ações frente à prevenção e à promoção da saúde mental na escola, sendo as intervenções facilitadoras da identificação precoce de sintomas prejudiciais à saúde mental.</p><p>Logo, precisamos conhecer as características referentes aos “problemas mentais” e aos “transtornos mentais”. Para isso, vamos pensar que durante a nossa rotina, experimentamos diversas situações estressoras e que cada pessoa tem uma interpretação sobre um mesmo evento. A forma como interpretamos as situações do nosso cotidiano varia em razão de uma série de fatores biopsicossociais que nos formaram como os indivíduos que somos até o momento presente. Frente a uma situação, nossa resposta pode ser expressa, ou não, junto de um problema ou transtorno mental.</p><p>Leia a matéria “Como a escola pode usar a internet para trabalhar a saúde mental” através do link:</p><p>https://novaescola.org.br/conteudo/12770/como-a-escola-pode-usar-a-internet-para-discutirsaude-mental</p><p>Outro aspecto a ser observado são os fatores de risco, que são caracterizados por todo e qualquer tipo de ameaça à saúde de uma pessoa.</p><p>Os fatores de risco podem aumentar a chance de alguém desenvolver um transtorno mental ou de agravar o estado de uma pessoa em sofrimento psíquico. Por outro lado, existem os fatores de proteção, que buscam fortalecer a saúde de um indivíduo.</p><p>Veja na tabela, a seguir, os aspectos supracitados:</p><p>Leia o artigo “Fatores de risco e problemas de saúde mental de crianças”. ( https://www.redalyc.org/pdf/2290/229019248012.pdf)</p><p>Nele os autores buscaram descrever os problemas de saúde mental, apresentados por crianças de 4 a 11 anos atendidas em uma clínica-escola, e identificar os fatores de risco, presentes na história de vida dessas crianças, que pudessem estar associados a esses problemas. Para isso utilizaram a técnica de Estudos de Casos Múltiplos.</p><p>Problemas e transtornos mentais</p><p>Autores trazem como definição de “problemas mentais” situações pontuais que geram alteração, aumentado a tensão mental, causando uma difícil adaptação momentânea a determinado evento. São exemplos dessas situações o divórcio dos pais ou o rompimento de uma relação afetiva.</p><p>Nessas situações, em que não existe grande prejuízo identificado no desenvolvimento da criança ou do adolescente, os familiares ou cuidadores podem prestar auxílio.</p><p>Observação</p><p>Entretanto, caso sejam identificados prejuízos mais significativos, como, por exemplo, o baixo desempenho escolar e o prejuízo no relacionamento familiar ou com colegas, o acompanhamento especializado é recomendado.</p><p>Por outro lado, quando falamos em “transtornos mentais”, nos referimos a transtornos que podem acometer uma pessoa de maneira menos intensa até situações mais graves, que incluem a incapacitação da pessoa em diversas áreas de sua vida.</p><p>A causa dos transtornos mentais é multifatorial. Nesse sentido, depende de fatores individuais, sociais e ambientais.</p><p>Por isso, é importante saber que os transtornos não são causados exclusivamente por uma única situação, ou seja, o surgimento de um transtorno mental pode surgir sem um evento específico.</p><p>É percebido que ao longo do desenvolvimento de um transtorno mental podem ser observados alguns sinais nos campos da cognição, da sensopercepção, das emoções, da atenção e do comportamento.</p><p>Prevenção e Promoção de Saúde</p><p>Na escola, existem dois conjuntos de estratégias fundamentais de atuação em saúde mental: a prevenção e a promoção da saúde.</p><p>Podemos pensar que prevenção é toda e qualquer atividade que prioriza o controle dos fatores de risco, que podem ocasionar ou agravar possíveis transtornos mentais. A prevenção possui três níveis de classificação.</p><p>Na prevenção primária, buscam-se ações para evitar os fatores de riscos que podem tornar a criança ou o adolescente vulnerável a algum transtorno mental como, por exemplo, as campanhas contra o bullying.</p><p>No nível de prevenção secundária, são pensadas intervenções a fim de interromper determinado comportamento para que tal situação não seja agravada, ou seja, nesse nível já existe a identificação precoce de um quadro inicial de algum transtorno mental.</p><p>Já no nível de prevenção terciária, são trabalhados aspectos que estabelecem ações de incentivo à busca de tratamento especializado com os alunos que já sofrem com transtornos mentais há mais tempo. Nesse sentido, a prevenção terciária também objetiva evitar o surgimento de comorbidades, ou seja, transtornos que tendem a surgir paralelamente a um outro transtorno já instalado.</p><p>A partir da captação de uma informação sobre saúde mental, como uma palestra na escola, por exemplo, é dada a oportunidade de o indivíduo entrar em contato com determinada informação e, por conseguinte, terá uma maior base para a tomada de decisão.</p><p>Pesquisadores destacam a importância do comprometimento de professores, funcionários e de toda comunidade escolar, a fim de que as intervenções sejam realizadas de forma eficaz e permanente.</p><p>Por fim, a promoção da saúde mental, resume-se em ações que buscam estimular as potencialidades de uma pessoa ou de um grupo, a fim de amplificar questões saudáveis. Exemplos de como promover a saúde mental estão as atividades que visam o treinamento de habilidades socioemocionais e a prática de atividade física.</p><p>Leia a cartilha(https://www.ifpb.edu.br/noticias/2020/03/saude-mental-no-ifpb-campi-passam-a-contar-comequipes-de-referencia/cartilha_saude_mental.pdf), elaborada pelo Instituto Federal da Paraíba, se quiser saber mais a respeito de conteúdos complementares, como: noções relevantes acerca da saúde mental; problemáticas mais perceptíveis no cotidiano acadêmico (ansiedade, depressão, comportamento/ideação suicida, drogadição, autolesão, bullying, entre outros); orientações relacionadas à identificação de estudantes em sofrimento psíquico/situações geradoras; práticas promotoras de saúde e rede de cuidados em saúde mental (serviços assistenciais disponíveis para o atendimento às pessoas que demandam acompanhamento).</p><p>É importante que você acesse agora a cartilha sobre saúde mental:</p><p>https://www.ifpb.edu.br/noticias/2020/03/saude-mental-no-ifpb-campi-passam-a-contar-com-equipes-de-referencia/cartilha_saude_mental.pdf</p><p>· Bressan, R. A., Kieling, C., Estanislau, G.M., & Mari, J. de J. (2014). Promoção da saúde mental e prevenção de transtornos mentais no contexto escolar. In G.M. Estanislau & R.A. Bressan (Orgs.) Saúde Mental na Escola: o que os educadores devem saber. Porto Alegre, RS: Artmed.</p><p>· Couto, A., Kleinpaul, W., Borfe, L., Vargas, S., Pohl, H., & Krug, S. (2016). O ambiente escolar e as ações de promoção da saúde. Cinergis, 17. doi: https://doi.org/10.17058/cinergis.v17i0.8150.</p><p>· Dantas, D., Mendonça Lima da Silva, F., de Menezes de Souza, L., & Hiratuka-Soares, E. (2020). Prevenção ao Suicídio: Intervenção em Saúde Mental em uma Escola Estadual de Aracaju/SE. Revista Internacional Educon, 1(1), e20011007. https://doi.org/10.47764/e20011007.</p><p>· Fleitlich-Bilyk, B., Cunha, G. R. da, Estanislau, G. M., & Rosário, M. C. do. (2014). Saúde e transtornos mentais. In G.M. Estanislau & R.A. Bressan (Orgs.) Saúde Mental na Escola: o que os educadores devem saber. Porto Alegre, RS: Artmed.</p><p>· Vieira, M. A., Estanislau, G. M., Bressan, R. A., & Bordin, I. A. (2014). Saúde Mental na Escola. In. Estanislau & R.A. Bressan (Orgs.) Saúde Mental na Escola: o que os educadores devem saber. Porto Alegre, RS: Artmed.</p><p>2.3 Pandemia na escola</p><p>Nesta parte da Unidade serão abordadas as temáticas escolares relacionadas ao contexto de pandemia. Entre elas, estudaremos os impactos e as consequências das transformações ocorridas desde a disseminação da COVID-19.</p><p>Antes de entrarmos na discussão, façamos os seguintes questionamentos acerca desse tema:</p><p>· Quais foram as consequências da mudança de rotina escolar no período da pandemia da COVID-19?</p><p>· Como preservar a saúde mental no contexto da pandemia?</p><p>· Como os adultos podem ajudar as crianças e adolescentes a lidarem com o estresse relacionado às mudanças na educação?</p><p>Siga em frente na leitura do material para responder a essas e outras questões!</p><p>Contextualização sobre a pandemia</p><p>A situação atual, vivenciada nas rotinas escolares e nos outros âmbitos da sociedade, é consequência do que se iniciou a partir de dezembro de 2019: a pandemia causada pelo vírus SARS-CoV-2, que causa a doença da COVID-19.</p><p>Desde então, medidas preventivas como o isolamento e o distanciamento social foram colocados em prática e são presenciados até o presente momento. Salienta-se que o fechamento das escolas impactou a saúde mental e física de todos os integrantes da comunidade escolar.</p><p>Impactos da pandemia na escola</p><p>As dinâmicas dos processos de ensino e aprendizagem são fatores visivelmente impactados. As práticas nomeadas de “Ensino Remoto” foram adotadas visto a justificativa emergencial do contexto. Por isso, difere-se da prática de “Ensino a Distância”.</p><p>As atividades que, anteriormente à pandemia, eram realizadas em sala de aula foram adaptadas ao formato digital para serem lecionadas em tempo real. Essa primeira transformação radical afetou diretamente tanto os educadores quanto os estudantes no que diz respeito ao desgaste físico e mental.</p><p>Se for de seu interesse, leia o artigo https://revistas.apps.uepg.br/index.php/praxiseducativa/article/view/16197/209209213385 “Transformações educativas em tempos de pandemia: do confinamento social ao isolamento curricular”. Nele, os autores abordam alguns dos desafios, resultantes da pandemia de COVID-1, do ensino on-line, bem como sobre o papel das tecnologias digitais na realização das atividades</p><p>pedagógicas a distância e seus reflexos em termos curriculares.</p><p>A saúde mental em contexto de pandemia</p><p>A saúde mental foi uma variável bastante impactada pelas diversas consequências geradas pela pandemia. Quando ocorreu o fechamento das escolas, parte significativa da população foi afetada. Neste grande grupo, estão os docentes.</p><p>Os educadores de escolas privadas se encontraram em esgotamento físico e mental devido às atividades remotas, tal esgotamento pode agravar os problemas e transtornos psicológicos como, por exemplo, os sintomas de depressão. Os docentes da rede pública, da mesma forma, enfrentaram dificuldades, pois tanto eles como seus alunos dependem da infraestrutura técnica, bem como do espaço adequado em casa, que na grande maioria dos casos não existe ou é insuficiente. A partir deste cenário, a saúde física e mental são esgotadas, também, pelo sentimento de insegurança sobre a configuração de uma situação futura.</p><p>Tendo em vista que as populações são afetadas de formas diferentes, a partir de um mesmo estímulo, um olhar especial também deve ser dirigido à saúde mental destas pessoas.</p><p>A partir disso, pontos e fatores de vulnerabilidade para o surgimento ou agravo na saúde mental durante a pandemia devem ser alvos de atenção. Como exemplos desses fatores citados anteriormente temos:</p><p>· contrair a COVID-19 ou compartilhar o mesmo ambiente com alguém infectado,</p><p>· apresentar algum transtorno mental prévio,</p><p>· ser idoso,</p><p>· fazer parte de grupo em estado de vulnerabilidade social,</p><p>· ser profissional da área da saúde e estar atuando nos cuidados contra a doença.</p><p>Ademais, os estudantes, em diferentes níveis de ensino, foram impactados pela transformação para o ensino remoto. Ao passo que esta mudança ocorreu, as relações do contexto familiar também foram afetadas. Logo, a dificuldade aqui se refere ao envolvimento dos pais no processo educativo de seus filhos em contexto de pandemia.</p><p>Além disso, outras áreas da sociedade também foram impactadas, como o trabalho. Dessa forma, tanto os pais, como os educadores e os estudantes ficaram sobrecarregados por diversas demandas de uma nova realidade instaurada de forma abrupta.</p><p>Curiosidade</p><p>Já ouviu falar na Matriz de Eisenhower?</p><p>Pois bem, tendo em vista uma provável dificuldade na organização de tarefas diárias devido ao surgimento de diversas demandas de vários setores da vida, neste contexto de pandemia, sugerimos que você conheça o exercício intitulado “Matriz de Eisenhower”.</p><p>Essa matriz proporciona uma organização das tarefas da sua rotina e as prioriza por ordem de importância e urgência. As tarefas importantes são aquelas que estão direcionadas e que contribuirão com a realização de metas e sonhos. As atividades cuja classificação for “urgente” ou “não urgente” dizem respeito ao tempo que falta para serem entregues ou realizadas.</p><p>Se quiser realizar esse exercício algum dia, liste cada uma de suas tarefas diárias e defina qual é o melhor quadrante para elas. Ao realizar essa atividade, você terá uma visão mais ampla das tarefas que precisa fazer e suas ordens de prioridade.</p><p>Esse exercício tem por objetivo, além do tempo de reflexão para organização de aspectos importantes da sua rotina, a possibilidade de você conseguir visualizar como você está se comportando frente aos acontecimentos e se, porventura, está realizando as tarefas que não estão te levando a lugar algum, em vez daquelas que podem contribuir para você se sentir uma pessoa produtiva e mais organizada do que está.</p><p>Assim, as tarefas que se encontram no quadrante “importante” e “urgente” são aquelas que você precisa resolver o mais rápido possível. No segundo quadrante, os itens que foram classificados como “não urgente” e “importante” são aqueles que você precisa parar e planejar quando serão realizados, ou seja, são pontos a serem planejados conforme a data de entrega. Já no terceiro quadrante, as atividades classificadas como “urgente” e “não importante” são aquelas que você encarregará alguém para fazer, quando possível. Caso não seja possível incumbir alguém para estas tarefas, uma opção é planejar quando elas serão realizadas. No último quadrante, tarefas classificadas como “não urgente” e “não importante”, você eliminará da sua agenda.</p><p>Curtiu esse método de organização? Fica a dica!</p><p>Comportamento de crianças e adolescentes na pandemia</p><p>Por consequência das altas demandas de trabalho, o período de isolamento pode ser estressante. As famílias que possuem filhos podem ter maiores motivos para se sentirem estressadas. Entretanto, certos comportamentos como gritar, xingar, bater e sacudir as crianças, por qualquer motivo que seja, não são indicados e não funcionam. Tais atitudes podem até cessar o comportamento da criança no momento, mas não colaboram para o aprendizado de lições positivas, prejudicando, inclusive, a saúde mental e o desenvolvimento delas.</p><p>Esses comportamentos agressivos geram medo e podem incentivar comportamentos violentos por parte da criança em outros relacionamentos, também. Tais comportamentos são considerados maus-tratos contra a criança e podemos os entender de diferentes maneiras: negligência, abuso físico, abuso psicológico e abuso sexual. Veja abaixo o que é cada um desses.</p><p>O abuso físico é qualquer comportamento direcionado para ferir o corpo da criança: bater, beliscar, chutar, queimar, entre outros.</p><p>O abuso psicológico trata-se de qualquer atitude que cause sofrimento relacionado à autoestima e à humilhação como: xingar, ter um discurso hostil, dizer que ela não vale nada, que é burra, que não serve para nada, cobrar demais, entre outros.</p><p>O abuso sexual refere-se a qualquer atitude de cunho sexual direcionado às crianças, como as expor a materiais pornográficos, expor partes do corpo para ela, manter relações sexuais na presença da criança, autorizar que a criança seja abusada em troca de favores ou bens, entre outros.</p><p>A negligência diz respeito aos maus-tratos relativos à ausência do cuidado básico e necessário ao desenvolvimento da criança como, por exemplo, não prover refeições, mantê-la em um ambiente inseguro e em situações que haja risco de vida, não prover cuidados de proteção, não prover cuidados de higiene, não levar ao médico, não dar carinho, deixar a criança sozinha, entre outros.</p><p>Para situações que geram estresse na educação das crianças e dos adolescentes, sugerimos algumas dicas de como lidar:</p><p>· Tentar não resolver o conflito no momento em que ele acontece, quando as emoções ainda estão intensas. Para isso, é sugerido dar um tempo à situação, tentar acalmar a criança ou o adolescente durante alguns minutos. Respirar fundo ou tomar um copo de água pode ser o suficiente para as emoções diminuírem de intensidade.</p><p>· Então, depois de entender o que aconteceu, de dar vazão àquelas emoções intensas, é um melhor momento para conversar com a criança ou adolescente sobre o ocorrido.</p><p>· Perguntar se a criança, por exemplo, já se acalmou e fazê-la perceber que se acalmou, comunicando sobre a sua percepção, pode ajudar ela a perceber que está mais calma. Dessa forma, o diálogo é muito mais eficaz para o desenvolvimento e o entendimento da criança sobre o que aconteceu.</p><p>Nos links abaixo, você encontrará materiais complementares que podem enriquecer ainda mais seu aprendizado sobre os impactos da pandemia no contexto escolar.</p><p>· PsiCOVIDa As crianças e a COVID19</p><p>Você pode acessar a cartilha através do link:</p><p>https://www.dropbox.com/s/oqm32vpd5t6x5vs/PsiCOVIDa%20As%20crian%C3%A7as%20e%20a%20COVID19.pdf?dl=0</p><p>· Enfrentando a Pandemia da COVID-19 na Adolescência</p><p>Você pode acessar a cartilha através do link:</p><p>https://www.pucrs.br/coronavirus-provz/wpcontent/uploads/sites/270/2020/07/2020_07_23-coronavirus-estudos_e_pesquisas cartilhas-psicovida-enfrentando_a_pandemia_da_covid-19_na_adolescencia.pdf</p><p>· Cartilha para Crianças: Lidando com a Pandemia</p><p>Você pode acessar a cartilha através do link:</p><p>https://www.pucrs.br/coronavirus-provz/wpcontent/uploads/sites/270/2020/07/2020_07_27-coronavirus-estudos_e_pesquisas cartilhas-psicovida-cartilha_para_criancas-lidando_com_a_pandemia.pdf</p><p>· Infográfico COVID-19: Dicas para os jovens</p><p>Você pode acessar a cartilha através do link:</p><p>https://www.paho.org/pt/documents/infographic-covid-19-tips-young-people</p><p>Referências</p><p>· Almeida, B. O. de, & Alves, L. R. G. (2020). LIVES, EDUCAÇÃO E COVID-19: ESTRATÉGIAS DE INTERAÇÃO NA PANDEMIA. Interfaces Científicas-Educação, 10(1), 149-163. https://doi.org/10.17564/2316-3828.2020v10n1p149-163.</p><p>· Lawrenz et al. (2020). [Cartilha] Como lidar com comportamentos difíceis das crianças durante a pandemia da COVID-19. Porto Alegre. Disponível em chrome extension://oemmndcbldboiebfnladdacbdfmadadm/https://www.pucrs.br/wp content/uploads/2020/05/Como-lidar-com-comportamentos-dificeis-das-criancas-durante-a pandemia.pdf.</p><p>· Nabuco, G., Oliveira, M. H. P. P. de, & Afonso, M. P. D. (2020). O impacto da pandemia pela COVID-19 na saúde mental. Revista Brasileira de Medicina de Família e Comunidade, 15(42), 2532-2532. https://doi.org/10.5712/rbmfc15(42)2532.</p><p>· Ortega, L. M. R., & Rocha, V. F. (2020). O DIA DEPOIS DE AMANHÃ – NA REALIDADE E NAS MENTES – O QUE ESPERAR DA ESCOLA PÓS-PANDEMIA?. Pedagogia em Ação, 13(1), 302-314. Recuperado em 18 de novembro de 2020, de http://200.229.32.43/index.php/pedagogiacao/article/view/23782 .</p><p>· Schmidt, B., Crepaldi, M. A., Bolze, S. D. A., Neiva-Silva, L., & Demenech, L. M. (2020). Saúde mental e intervenções psicológicas diante da pandemia do novo coronavírus (COVID 19). Estudos de Psicologia (Campinas), 37.https://doi.org/10.1590/1982-0275202037e200063.</p><p>2.4 Estresse, autorregulação e coping</p><p>Nesta parte, nosso foco é compreender os conceitos de estresse, autorregulação e coping. Além disso, também entenderemos a relação entre esses conceitos na prática e quem são as pessoas que ocupam os papéis de co-reguladores, trazendo exemplos de comportamentos das estratégias de enfrentamento ao estresse.</p><p>Antes de entrarmos na discussão, façamos os seguintes questionamentos.</p><p>· Como o estresse pode impactar no comportamento e, consequentemente, no desenvolvimento de crianças e adolescentes?</p><p>· Qual é o papel dos adultos nesta situação?</p><p>· Porque a pandemia da COVID-19 representa um estressor?</p><p>Siga em frente na leitura do material para responder a essas e outras questões</p><p>Estresse e o contexto de pandemia</p><p>O estresse é uma reação normal e esperada do organismo frente a um determinado estressor, ocorrendo com os indivíduos independentemente da etapa do ciclo vital em que se encontram.</p><p>Observação</p><p>Se um estressor ocorre precocemente na vida, sendo demasiado intenso e/ou duradouro, o estresse ocasionado pode exceder as capacidades da criança em manejar o evento e acabar se tornando desadaptativo, ou seja, causando efeitos negativos na vida do indivíduo a longo prazo. Dentre esses efeitos, encontram-se os problemas de saúde física e mental.</p><p>A pandemia da COVID-19, que configura uma crise sanitária a nível mundial, ocasionou impactos sociais, emocionais, econômicos e políticos. Apesar de que as crianças, a princípio, pareçam menos suscetíveis ao adoecimento físico pelo coronavírus, elas sofrem impactos dessa pandemia por estarem em estágio crítico do desenvolvimento e serem grupo vulnerável.</p><p>O fechamento das escolas e a adaptação ao Ensino Remoto Emergencial estão dentre os estressores que afetam de forma direta as crianças.</p><p>De acordo com o modelo Biodesenvolvimental, mesmo que de forma afastada, os contextos políticos, econômicos e sociais mais amplos também afetam as crianças de forma indireta. Nesse sentido, crianças e adolescentes, por estarem em etapa desenvolvimental crítica, devem receber uma atenção especial no que diz respeito às questões de saúde mental, além dos cuidados necessários com a prevenção da COVID-19.</p><p>Leia o artigo ( https://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0103-166X2020000100510&script=sci_arttext) intitulado “Reflexões baseadas na Psicologia sobre efeitos da pandemia COVID-19 no desenvolvimento infantil” para saber um pouco mais sobre esse assunto!</p><p>O coping e a autorregulação</p><p>Em vistas de um evento estressor, o coping, ou seja, o enfrentamento, é um conceito fundamental para ser desenvolvido. De acordo com a Teoria Motivacional do Coping (TMC), um evento pode ser caracterizado como estressor ao ameaçar ou desafiar uma das três Necessidades Psicológicas Básicas (NPB):</p><p>· Competência: ser capaz de lidar com os desafios</p><p>· Autonomia: poder fazer as coisas do seu jeito</p><p>· Relacionamentos: ter uma rede de suporte e relacionamentos significativos</p><p>Quando uma NPB é desafiada, apresentamos mais respostas adaptativas ao estressor em questão. Porém, quando uma NPB é ameaçada, iremos apresentar mais respostas mal adaptativas, o que pode implicar em desfechos negativos em termos de saúde mental.</p><p>Assim, a TMC organiza as possíveis respostas de coping em famílias, sendo duas adaptativas e duas mal adaptativas, associadas a cada NPB (Vasconcelos & Nascimento, 2016).</p><p>A TMC apresenta o coping a partir de uma perspectiva desenvolvimental, entendendo-o a partir dos processos autorregulatórios. A autorregulação diz respeito à capacidade de orientar sentimentos, pensamentos e comportamentos para um objetivo específico. A autorregulação vai se tornando intrínseca ao longo do desenvolvimento, sendo que na infância e na adolescência depende-se mais dos adultos co-reguladores (que auxiliam no processo de autorregulação).</p><p>Pais, professores e cuidadores em geral ocupam esse papel, devendo apoiar o desenvolvimento da autorregulação por meio de ações que proporcionem a estabilidade no ambiente, uma relação afetiva e de suporte, além de ensinar sobre estratégias para autorregulação. Nesse sentido, o coping está diretamente ligado à autorregulação, dependendo das capacidades autorregulatórias da pessoa para enfrentar determinadas situações estressoras.</p><p>Ainda sobre a perspectiva desenvolvimental do coping, as Estratégias de Enfrentamento (EE) utilizadas dependem da capacidade autorregulatória e da etapa do ciclo vital da criança/adolescente. Veja:</p><p>· Do nascimento aos 18 meses, o coping está mais associado aos reflexos.</p><p>· Dos 2 aos 5 anos são utilizadas mais ações de coordenação voluntária.</p><p>· Dos 6 aos 8 anos, o coping tem maior origem nos meios cognitivos.</p><p>· Dos 10 aos 12, a habilidade metacognitiva ganha espaço na natureza do coping.</p><p>· Já na adolescência, dos 14 aos 16, o coping é orientado por valores pessoais</p><p>· Dos 18 aos 22, o coping passa a ser orientado pelos planos a longo prazo.</p><p>Os estudos dos desfechos da pandemia como estressor não tem priorizado o público infantil. Ainda, a situação atual é sem precedentes e ainda sem respostas sobre os efeitos a longo prazo, sendo possível apenas fazer inferências nesse momento.</p><p>Um estudo com crianças e adolescentes, na China, mostrou maior prevalência de irritabilidade, distração, agitação, pesadelos, falta de apetite, dentre outros. As crianças menores apresentaram maior apego aos pais, com medo de que adoecessem.</p><p>Observação</p><p>Considerando a pandemia como um estressor de larga escala, o coping adaptativo é fundamental na previsão de desfechos positivos em saúde mental em crianças e adolescentes. Nesse contexto, os adultos de referência, que ocupam papel de co-reguladores, devem ao máximo estar dispostos a auxiliar os mais jovens, que ainda não têm as plenas capacidades autorregulatórias para enfrentamento de um estressor de tal magnitude.</p><p>A partir da leitura do material intitulado “Cartilha para Enfrentamento do Estresse em Tempos de Pandemia”, disponível no link: https://www.pucrs.br/wp-content/uploads/2020/04/Cartilhapara-Enfrentamento-do-Estresse-em-Tempos-de-Pandemia.pdf, identifique se você sofre ou já sofreu com sintomas de estresse, principalmente no período de pandemia, e veja as relações com possíveis estratégias de enfrentamento que você pode adotar para lidar com eles.</p><p>Referências</p><p>· Bronfenbrenner, U. (1977). Toward an Experimental Ecology of Human Development. American Psychologist, 513–531. https://doi.org/10.14195/0870-4147-48-1.</p><p>· Jiao, W. Y., Wang, L. N., Liu, J., Fang, S. F., Jiao, F. Y., Pettoello-Mantovani, M., & Somekh, E. (2020). Behavioral and</p><p>Emotional Disorders in Children during the COVID-19 Epidemic. 21(1), 1–9.</p><p>· Linhares, M. B. M., & Enumo, S. R. F. (2020). Reflexões baseadas na Psicologia sobre efeitos da pandemia COVID-19 no desenvolvimento infantil. Estudos de Psicologia (Campinas), 37. https://doi.org/10.1590/1982-0275202037e200089.</p><p>· Rosanbalm, K. D., & Murray, D. W. (2018). Co-regulation from birth through young adulthood: A practice brief. Duke University, 1–10. Retrieved from http://www.acf.hhs.gov/programs/opre/resource/self.</p><p>· Sameroff, A. (2010). A Unified Theory of Development : A Dialectic Integration of Nature and Nurture. Child Development, 81(1), 6–22.</p><p>· Skinner, E. A., & Z.-G. M. J. (2009). Challenges to the developmental study of coping. In E. A. S. & M. J. Z.-G. (Eds.) (Ed.), Coping and the development of regulation. (pp. 5–17). https://doi.org/10.1002/cd.</p><p>· Skinner, E. A., & Zimmer-Gembeck, M. J. (2016). The Development of Coping (eBook). Switzerland.</p><p>· Vasconcelos, A. G., & Nascimento, E. Do. (2016). Teoria Motivacional do Coping: Um modelo hierárquico e desenvolvimental. Avaliação Psicológica, 15, 77–87. https://doi.org/10.15689/ap.2016.15ee.08.</p><p>· Wood, D. L., Garner, A. S., & Shonkoff, J. P. (2012). The Lifelong Effects of Early Childhood Adversity and Toxic Stress abstract. American Academy of Pediatrics, (January). https://doi.org/10.1542/peds.2011-2663.</p><p>2.5 Problemas de comportamento em crianças e adolescentes: internalizantes e externalizantes</p><p>Nesta aula, serão expostas temáticas que abordam os problemas de comportamento em crianças e adolescentes. Serão trabalhados, ainda, exemplos de atitudes saudáveis para lidar com eles e como podemos perceber alguns sinais indicadores de transtornos da ansiedade e depressão.</p><p>Antes de entrarmos na discussão, façamos os seguintes questionamentos.</p><p>· Quais são os problemas de comportamento mais recorrentes entre seus alunos?</p><p>· Como identificar sinais de ansiedade e depressão em crianças e adolescentes?</p><p>· O que fazer quando você identifica estes sintomas?</p><p>Siga em frente na leitura do material para responder a essas e outras questões</p><p>Leia a matéria: “A escola precisa falar sobre saúde emocional. E aqui estão 3 razões para isso”</p><p>https://desafiosdaeducacao.grupoa.com.br/escola-saude-emocionalinfantil/?zanpid=17884_1606343331_3639beee72ac80556771c87c0a889bbe&awc=17884_1606343331_3639beee72ac80556771c87c0a889bbe&utm_source=Awin.</p><p>Leia também o material intitulado “COVID-19 - Cuidados Parentais”</p><p>Você pode acessar a matéria no link:</p><p>https://www.fmcsv.org.br/pt-BR/biblioteca/cuidados-parentais-covid-19/#.</p><p>A pandemia da COVID-19 trouxe desafios para todos, incluindo as crianças e os adolescentes. Aqueles que já apresentavam algum tipo de problema relacionado à saúde mental anteriormente podem, agora, ter os sintomas agravados em função dos estressores.</p><p>Os problemas de comportamento podem surgir em duas grandes categorias: internalizantes e externalizantes. Ambos requerem tratamento adequado e envolvimento da família e da escola. Muitas vezes, os problemas de comportamento podem se associar ao baixo desempenho escolar, às dificuldades no desenvolvimento de habilidades socioemocionais, dentre outros fatores.</p><p>Os comportamentos internalizantes são reações não habilidosas passivas, que têm por característica o retraimento, as queixas somáticas e os sintomas de depressão e ansiedade, por exemplo.</p><p>Esses comportamentos nem sempre são facilmente identificados pela família e pela escola, uma vez que chamam pouca atenção e a criança não costuma causar problemas na rotina escolar. Entretanto, se não identificados e propriamente tratados, podem levar a quadros de humor mais expressivos.</p><p>Na pandemia, com as medidas estratégicas de isolamento e distanciamento social, encontramos estudos que confirmaram a piora de saúde mental relacionada a longos períodos de quarentena.</p><p>Sintomas de estresse pós-traumático, raiva e comportamento de evitação foram constatados como sintomas prejudiciais, consequentes desta situação. O medo de estar infectado ou de infectar alguém próximo também foi um fator encontrado nos estudos. O confinamento trouxe limitação à rotina de cada indivíduo, afastando-o do convívio com pares, do contato físico e social e provocando uma transformação da rotina, trazendo uma grande sensação de frustração. O acesso às informações inadequadas também foram caracterizados como fatores estressores, ao passo que diversos conteúdos foram divulgados, ocorrendo dúvidas sobre a finalidade da estratégia de quarentena.</p><p>O impacto psicológico do cenário de pandemia da COVID-19 agravou em níveis moderado e severo a saúde mental em relação aos transtornos de ansiedade, depressão e estresse. Possíveis manifestações de transtornos de ansiedade podem ser percebidas por comportamentos como:</p><p>· Choro ou insegurança excessiva diante de tarefas ou testes;</p><p>· Sensibilidade excessiva aos comentários ou comportamentos dos colegas;</p><p>· Perfeccionismo;</p><p>· Insegurança para outras tarefas que não sejam necessariamente avaliações/testes;</p><p>· Urgência para ir ao banheiro;</p><p>· Náuseas ou vômitos;</p><p>· Respiração acelerada e rubor</p><p>Em outra instância, se encontram os transtornos de humor, entre eles: a depressão. Possíveis manifestações desse transtorno em crianças e adolescentes são:</p><p>· Sentir-se triste e irritado;</p><p>· Perda de prazer, ou seja, desinteresse por jogos e brincadeiras;</p><p>· Alterações no apetite: peso abaixo do esperado, não ter vontade de comer, ganho ou perda de peso num período curto;</p><p>· Alterações psicomotoras, ou seja, lentificação ou agitação;</p><p>· Falta de energia, queixa de cansaço excessivo;</p><p>· Elevada autocrítica e baixa autoestima;</p><p>· Queda no desempenho escolar, não consegue tomar decisões, falta de concentração;</p><p>· Pensamentos de morte.</p><p>Por outro lado, os problemas de comportamento externalizantes são reações não habilidosas ativas, caracterizadas pelos comportamento de agressão, oposição e delinquência, por exemplo.</p><p>Esse tipo de comportamento costuma ser mais facilmente identificado pela escola ou pela família e, da mesma forma, precisa da atenção adequada e qualificada para evitar que o problema se agrave com o tempo. Muitas vezes são crianças e adolescentes de difícil manejo, que podem não gerar empatia nos adultos cuidadores. Cabe ressaltar que o problema de comportamento externalizante causa sofrimento também para a criança/adolescente, que muitas vezes não tem habilidade para se comunicar de uma forma mais assertiva.</p><p>Destaque!</p><p>Também é importante destacar que os problemas de comportamento nem sempre estão associados a um diagnóstico clínico. Isso não quer dizer que a criança ou o adolescente que apresenta essas características não precisa de ajuda.</p><p>É necessário lembrar que o desenvolvimento da autorregulação está associado com o coping, ou seja, em como as pessoas enfrentam situações estressoras. Quanto maior a capacidade de autorregulação, mais chances da pessoa apresentar uma resposta adaptativa ao ambiente. Nesse sentido, seguem algumas dicas sobre como promover ambientes e relações positivas com crianças e adolescentes:</p><p>· O ambiente e a rotina devem manter uma estabilidade e uma estrutura, o tanto quanto for possível. Ambientes caóticos e imprevisíveis podem elevar os níveis de ansiedade e estresse.</p><p>· Os adultos cuidadores devem apresentar níveis equivalentes de responsividade (ser afetivo, acolher demandas emocionais) e de exigência (cobrar que regras sejam cumpridas), sendo essas duas significativas dimensões na relação de cuidado.</p><p>· Reforçar os bons comportamentos com reforçadores sociais (elogios, afeto, tempo de atenção de qualidade) é mais importante do que punir os comportamentos indesejados, gerando também, maior intimidade com a criança/adolescente.</p><p>· Os professores podem, ao identificar dificuldades familiares em promover ambiente e relações saudáveis, orientar a família ou mesmo sugerir que busquem apoio especializado. Além disso, é importante promover esse espaço na própria escola.</p><p>Caso se interesse mais pelo assunto, veja algumas cartilhas para você se aprofundar!</p><p>· Sofrimento Psicológico</p><p>para que os estudantes possam sair de sua "zona de conforto" intelectual e explorar novas ideias e formas de pensar, prática esta que é fundamental para o desempenho educacional e para o desenvolvimento de uma futura carreira profissional.</p><p>Além disso, as emoções positivas, que caracterizam uma situação de bem-estar, estão associadas ao desenvolvimento da flexibilidade e da adaptabilidade, à abertura para outras culturas e crenças e à autoeficácia e tolerância à ambiguidade - competências destacadas pela Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura e pela Base Nacional Comum Curricular por sua relevância para o desenvolvimento de cidadãos e futuros trabalhadores.</p><p>Observação</p><p>Há evidências, também, de que existe uma forte relação entre o bem-estar e o suporte social geral e o recebido no contexto escolar. O suporte social, por sua vez, é apontado como uma variável protetiva da saúde mental de jovens e adolescentes, além de estar associado à predição do desempenho escolar.</p><p>De forma semelhante, a adaptabilidade comportamental e de carreira têm fortes correlações com o bem-estar escolar. A adaptabilidade comportamental diz respeito à capacidade do indivíduo para lidar com situações novas e está associada negativamente com comportamentos disfuncionais. Já a adaptabilidade de carreira, é entendida como a prontidão e os recursos que um indivíduo possui para lidar com tarefas atuais e iminentes de desenvolvimento de carreira, transições ocupacionais e traumas pessoais. Essa adaptabilidade tem associação com a formação de expectativas em relação ao futuro e com a inteligência emocional dos estudantes.</p><p>Esses resultados evidenciam a relevância do bem-estar para o enfrentamento de questões apontadas como problemáticas no período da infância e da adolescência, como a saúde mental, os comportamentos disfuncionais e a transição de carreira.</p><p>Assista o vídeo de uma entrevista com Jean Gordon, que tem uma vasta experiência em políticas e sistemas educacionais. Nesta entrevista, ele analisa o conceito de Bem-estar e o seu papel significativo nas escolas.</p><p>Link para acesso ao vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=ITswBJdx0KU</p><p>Quais são os desafios para alcançar o bem-estar nas escolas?</p><p>Um dos desafios de tentar promover o bem-estar nas escolas é a natureza multifacetada do bem-estar, uma vez que existem vários tipos, e todos precisam ser promovidos até certo ponto para criar uma sensação geral de bem-estar em uma pessoa. Portanto, não é possível melhorar o bem-estar dos alunos na escola por meio de intervenções ou atividades únicas, é preciso criar uma "cultura" de bem-estar em toda a escola. Além disso, se torna fundamental o envolvimento ativo de todos os atores educacionais, o que pode ser tornar algo difícil de ser alcançado.</p><p>Observação</p><p>É importante notar que a promoção do bem-estar, às vezes, pode parecer entrar em conflito com outras prioridades da escola, como os resultados acadêmicos. As expectativas excessivamente altas sobre os alunos no rendimento escolar e nas avaliações constantes, por exemplo, podem prejudicar o bem-estar do aluno.</p><p>No entanto, sabemos que, em muitos casos, as escolas não têm liberdade para implementar mudanças na rotina escolar, embora elas possam trazer maiores níveis de bem-estar aos alunos. Algumas pequenas modificações que podem contribuir para uma melhora do bem-estar escolar são:</p><p>· ter controle sobre avaliações e testes formais,</p><p>· ter controle sobre o conteúdo dos currículos,</p><p>· ter o poder de modificar o calendário e as atividades escolares previstas para o ano/semestre/bimestre</p><p>· modificar o próprio ambiente físico da escola.</p><p>Além disso, as escolas não têm controle sobre diversos fatores que podem influenciar o bem-estar dos alunos fora dela. O que acontece em casa, na família, nas comunidades locais ou nas redes sociais, por exemplo, pode ter tanta, senão mais, influência no bem-estar do aluno do que qualquer evento que aconteça na escola.</p><p>Alguns estudos sugerem que, embora contribuam para a performance dos estudantes, as escolas têm pouco impacto sobre o bem-estar deles. Esse resultado poderia estar relacionado à baixa disponibilidade de ferramentas e políticas para a melhoria do bem-estar, ou ao tempo limitado dedicado a atividades relacionadas a aspectos não acadêmicos da aprendizagem, como é o caso do ensino de competências socioemocionais.</p><p>O desenvolvimento da percepção de bem-estar nos alunos torna-se ainda mais difícil quando os adultos que trabalham na escola não apresentam características de bem-estar.</p><p>Importante!</p><p>Destacamos que o bem-estar no trabalho está fortemente relacionado ao estresse, e este no trabalho está diretamente relacionado à sobrecarga, à qualidade das relações profissionais, ao nível de autonomia, de clareza sobre o papel, à disponibilidade de apoio e à (falta de) oportunidades de se envolver em mudanças que afetam a própria vida profissional. Altos níveis de estresse podem levar à desmotivação, à falta de satisfação no trabalho e à saúde física e mental precárias, o que tem um efeito indireto no bem estar dos alunos.</p><p>Curiosidade</p><p>A edição 2015 do Programa de Avaliação Internacional de Alunos (PISA) incorporou uma nova ferramenta que visa avaliar os aspectos relacionados ao bem-estar dos alunos, com base nas cinco dimensões propostas no referencial teórico do PISA: cognitiva, psicológica, social, física e material. Para isso, foram analisadas as respostas de 248.620 estudantes de 35 países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) aos questionários PISA 2015.</p><p>Neste estudo, o efeito da escola foi entendido como sua capacidade de aumentar os níveis de bem-estar percebidos pelos alunos, considerando as seguintes informações sobre a escola:</p><p>· Tipo de escola (pública ou privada),</p><p>· Proporção aluno-professor,</p><p>· Tamanho da escola (em número de alunos),</p><p>· Tamanho da turma (em número de alunos),</p><p>· O quanto as atividades de ensino de ciências eram dirigidas pelos professores (e não pelos alunos), - O quanto as atividades de ensino e aprendizagem de ciências eram baseadas em pesquisas e práticas (não em aulas transmissivas) e</p><p>· O quanto os alunos percebiam ter o apoio do professor nas suas escolhas nas aulas de ciências.</p><p>Leia a síntese dos principais resultados do estudo:</p><p>Os resultados indicaram que a dimensão de bem-estar cognitivo, composta por prazer em ciências, autoeficácia e motivação instrumental, bem como ansiedade de teste, todas tiveram uma relação consistente com o desempenho dos alunos em todos os países. Além disso, o efeito da escola, estimado por meio de um modelo linear hierárquico de dois níveis, em termos de bem-estar do aluno, foi sistematicamente baixo. Enquanto o efeito escola foi responsável por aproximadamente 25% da variância nos resultados para a dimensão cognitiva, e apenas 5–9% da variância nos indicadores de bem-estar foi atribuível a ele. Isso sugere que a influência da escola no bem-estar dos alunos é fraca e o efeito é semelhante entre os países. O presente estudo contribui para a discussão geral em curso sobre a definição de bem-estar e a relação entre bem-estar e realização. Os resultados destacaram duas preocupações complementares: há uma necessidade clara de promover a educação socioemocional nas escolas e é importante desenvolver um quadro rigoroso para a avaliação do bem-estar.</p><p>Se você tiver interesse em ler a publicação completa, pode acessá-la em: https://www.frontiersin.org/articles/10.3389/fpsyg.2020.00431/full#F1.</p><p>O que as escolas podem fazer para promover o bem-estar?</p><p>Abordar o bem-estar dos estudantes na escola começa por ajudá-los a se sentirem reconhecidos e valorizados como indivíduos distintos, e deixando claro que a vida escolar tem um significado e um propósito para cada um deles. Isso pode ser alcançado por diversas estratégias simples. O efeito cumulativo dessas estratégias pode ter uma influência muito poderosa na sensação de bem-estar dos alunos.</p><p>Veja algumas sugestões de estratégias listadas a seguir:</p><p>· Criar oportunidades para que todos os membros da comunidade</p><p>e Suicídio em Tempos de Distanciamento Social</p><p>https://www.pucrs.br/coronavirus-provz/wpcontent/uploads/sites/270/2020/07/2020_07_13-coronavirus-estudos_e_pesquisascartilhas-psicovidasofrimento_psicologico_e_suicidio_em_tempos_de_distanciamento_social.pdf</p><p>· Destaques sobre o Sono na Adolescência: importâncias e dicas sobre o dormir</p><p>https://www.pucrs.br/coronavirus-provz/wpcontent/uploads/sites/270/2020/07/2020_07_23-coronavirus-estudos_e_pesquisascartilhas-destaques_sobre_o_sono_na_adolescenciaimportancias_e_dicas_sobre_o_dormir.pdf</p><p>· O Processo de Luto: a partir das diferentes perdas em tempos de pandemia.</p><p>https://www.pucrs.br/coronavirus/wp-content/uploads/sites/270/2020/09/2020_09_03-coronavirus-cartilhaso_processo_de_luto_a_partir_das_diferentes_perdas_em_tempos_de_pandemia.pdf</p><p>· O Uso de Álcool e Outras Drogas em Tempos de Pandemia.</p><p>https://www.pucrs.br/coronavirus/wp-content/uploads/sites/270/2020/08/2020_08_24-coronavirus-cartilhas-psicovidao_uso_de_alcool_e_outras_drogas_em_tempos_de_pandemia.pdf</p><p>· Prevenção a Automutilação e Suicídio de Crianças e Adolescentes.</p><p>https://www.pucrs.br/coronavirus-provz/wpcontent/uploads/sites/270/2020/07/2020_07_27-coronavirus-estudos_e_pesquisascartilhas-psicovidacartilha_de_prevencao_a_automutilacao_e_suicidio_de_criancas_e_adolescentes.pdf</p><p>· Orientações para Familiares de Usuários de Álcool e Outras Drogas em Tempos de Pandemia.</p><p>https://www.pucrs.br/coronavirus/wp-content/uploads/sites/270/2020/08/2020_08_24-coronavirus-cartilhas-psicovidaorientacoes_para_familiares_de_usuarios_de_alcool_e_outras_drogas_em_tempos_de_pandemia.pdf</p><p>Referências</p><p>· Bolsoni-Silva, A. T., & Del Prette, A. (2003). Problemas de comportamento: um panorama da área. Revista Brasileira de Terapia Comportamental e Cognitiva, 5(2), 91-103.</p><p>· Brooks, S. K., Webster, R. K., Smith, L. E., Woodland, L., Wessely, S., Greenberg, N., & Rubin, G. J. (2020). The psychological impact of quarantine and how to reduce it: rapid review of the evidence. The Lancet.</p><p>· Cia, F., Pamplin, R. C. O., & Del Prette, Z.A. P. (2006). Comunicação e participação pais filhos: correlação com habilidades sociais e problemas de comportamento dos filhos. Paidéia (Ribeirão Preto), 16(35), 395-406. https://dx.doi.org/10.1590/S0103-863X2006000300010.</p><p>· Kutcher, S., Souza, E. L. de, Pan, P. M., Coelho, R. P. S., & Estanislau, G. M. (2014). Transtornos do humor – depressão e transtorno bipolar. In G.M. Estanislau & R.A. Bressan (Orgs.) Saúde Mental na Escola: o que os educadores devem saber. Porto Alegre, RS: Artmed.</p><p>· Maia, B. R., & Dias, P. C. (2020). Ansiedade, depressão e estresse em estudantes universitários: o impacto da COVID-19. Estudos de Psicologia (Campinas), 37, e200067. Epub May 18, 2020. https://doi.org/10.1590/1982-0275202037e200067.</p><p>· Renner, A. M. et al. (2020). Guia prático para pais e cuidadores de crianças pequenas em tempos de coronavírus. Porto Alegre. Disponível em chrome extension://oemmndcbldboiebfnladdacbdfmadadm/https://www.pucrs.br/coronavirusprovz/wp-content/uploads/sites/270/2020/06/2020_06_03-coronavirus-cartilhas-psicovidaguia_pratico_para_pais_e_cuidadores_de_criancas_pequenas.pdf.</p><p>· Rosanbalm, K. D., & Murray, D. W. (2018). Co-regulation from birth through young adulthood: A practice brief. Duke University, 1–10. Retirado de: http://www.acf.hhs.gov/programs/opre/resource/self-chromeextension://oemmndcbldboiebfnladdacbdfmadadm/.</p><p>· Skinner, E. A., & Zimmer-Gembeck, M. J. (2016). The Development of Coping (eBook). Switzerland.</p><p>· Sousa, J. P. Machado de, Osório, F. de L., Schneider, B. Z., & Crippa, J. A. de S. (2014). Transtornos de ansiedade (transtorno de ansiedade generalizada, ansiedade de separação e fobia social.. In G.M.</p><p>· Estanislau & R.A. Bressan (Orgs.) Saúde Mental na Escola: o que os educadores devem saber. Porto Alegre, RS: Artmed.</p><p>· Unidade 3: SAÚDE EMOCIONAL NA EDUCAÇÃO</p><p>· O objetivo desta Unidade é instrumentalizar o professor para desenvolver estratégias e obter repertório para identificar aspectos subjetivos das relações interpessoais, bem como as emoções presentes no contexto escolar. Como resultados desse “letramento emocional”, esperamos amparar o professor no seu próprio processo de desenvolvimento, levando-o a ocupar um papel diferente na escola.</p><p>· Em um nível mais amplo, ao aplicar programas para desenvolvimento de competências socioemocionais na escola, observa-se uma diminuição dos atritos nas relações entre os alunos, um aumento da motivação pelo estudo e colaboração na construção de um espaço propício para a aprendizagem e troca, bem como o desenvolvimento de competências importantes para serem utilizadas na vida adulta.</p><p>·</p><p>· Portanto, nesta primeira parte faremos uma introdução ao tema das competências socioemocionais e nas seguintes serão apresentadas as cinco macrocompetências socioemocionais, assim como suas subcompetências.</p><p>· Este material deverá ampliar o vocabulário e a compreensão dos professores sobre as emoções envolvidas nas relações, compreendendo a relação disso com os pensamentos e atitudes, bem como apresentar possíveis caminhos e desafios da estratégia de abordagem desses conceitos.</p><p>· Vamos em frente!</p><p>3.1 Competências socioemocionais, mundo digital e escola</p><p>Antes de começarmos os estudos, façamos os questionamentos a seguir:</p><p>· O que são as competências socioemocionais e porque elas são importantes na nossa vida?</p><p>· Qual o papel do professor no desenvolvimento de uma educação que contemple aspectos socioemocionais?</p><p>· Quais os resultados podemos esperar ao trabalhar as competências socioemocionais na escola?</p><p>Siga em frente na leitura do material para responder a essas e outras questões.</p><p>Introdução</p><p>O paradigma da Pós-modernidade é exposto e discutido, com base nas ideias de Edgar Morin, para situar as bases filosóficas que apoiam a educação pós-iluminista, segmentada e focada nos estoques cognitivos, a fim de ancorar a transformação da escola no sentido da construção do pensamento complexo e do desenvolvimento integral dos estudantes, através de caminhos fundamentais para a promoção da aprendizagem, do sucesso escolar e do progresso social, na atualidade.</p><p>Uma vez que a sala de aula e a escola replicam grande parte dos elementos formadores da sociedade (como relações hierárquicas, relações entre pares, responsabilidades e deveres, dentre outros), elas podem se tornar um ambiente propício para o ensino e aprendizagem de condutas cidadãs.</p><p>Observação</p><p>O tema das competências socioemocionais tem relevância no atual cenário uma vez que contribui na formação integral dos estudantes, incluindo comportamentos chave que possibilitam a adaptação ao mundo dinâmico e conectado, que nos é apresentado a todo instante. Abordagens como essa permitem o desenvolvimento das condições que levarão os alunos a desfrutarem de uma vida com saúde e bem-estar, além de fortalecer as condições para o bom desempenho atual e futuro.</p><p>Em um segundo nível, pode-se dizer que ao contemplar aspectos emocionais do desenvolvimento no currículo escolar, é viabilizada a formação de cidadãos conscientes das suas responsabilidades com os outros e com o todo, dando espaço à construção de uma cultura marcada por valores de colaboração, ética e sustentabilidade.</p><p>Lidar com as emoções dos alunos e seus reflexos em atitudes individuais e grupais, no geral, nem sempre é uma tarefa fácil, porém, quando se passa a entender o que são as emoções e como elas interagem com o pensamento e as ações, o processo se torna mais orgânico e prazeroso.</p><p>Neste material, mais que mostrar uma série de conceitos para serem apresentados aos alunos, iremos fornecer estímulos para que o professor possa pensar em competências socioemocionais a partir de si, estimulando a autorreflexão e o desenvolvimento pessoal.</p><p>Esse trabalho interno, por parte dos educadores, é essencial para que a mudança de paradigma seja consolidada. Logo, o professor poderá ter maior clareza das situações em que assume um papel de provedor de conhecimento e daquelas situações em que, consciente de si e do seu impacto nas relações com os alunos, torna-se</p><p>um mediador, um anfitrião de um espaço de construção de aprendizagem, com os alunos envolvidos e ativamente participativos de seus próprios desenvolvimentos.</p><p>Observação</p><p>É importante que o professor compreenda que o trabalho de desenvolvimento de competências socioemocionais deve se dar ao longo da vida, sendo que algumas habilidades, ao se consolidarem, abrem espaço para o trabalho de novas, marcando assim um ciclo contínuo. Desse modo, não deve haver cobrança por parte do educador para que ele assuma uma carga maior do que é necessário, nem que ele “esteja pronto” para esse trabalho - desenvolvido em todas as competências.</p><p>O mais importante é que o professor possa ser um facilitador e que acredite nesse espaço de atenção ao ser humano na sua forma integral. Ao permitir isso, estará no processo de fortalecimento de suas próprias competências, ao seu ritmo e com seus desafios.</p><p>É percebido que as pessoas sentem-se mais a vontade de se mostrarem inteiras quando reconhecem que estão trabalhando com outro ser humano inteiro, com todos os seus desafios e suas potencialidades. Essa breve ressalva tem relação com a ideia de que o professor pode ser vulnerável e, com isso, poder fortalecer os vínculos que estabelece com os alunos.</p><p>Se você ainda não conhece o trabalho da autora Brene Brown sobre vulnerabilidade, vale a pena parar um pouco, clicar neste link (https://www.ted.com/talks/brene_brown_the_power_of_vulnerability?utm_campaign=tedspread&utm_medium=referral&utm_source=tedcomshare) e assistir uma apresentação curta em que a autora apresenta o conceito.</p><p>O que são as competências socioemocionais?</p><p>Competências socioemocionais são definidas como um conjunto de capacidades que a pessoa possui e que se expressam em padrões de pensamentos, sentimentos e comportamentos. Tais capacidades refletem a forma como a pessoa interage em dois aspectos, um emocional e um social. Enquanto o elemento emocional tem relação com a forma com que a pessoa trabalha para manter, aumentar ou diminuir a resposta emocional (sentimentos, comportamentos e/ou respostas fisiológicas), o elemento social diz respeito à forma como a pessoa é no mundo e nas suas interações.</p><p>Emoções são formas de expressão e ação, que despertam uma série de ativações internas que se apresentam como uma alternativa adaptativa ao meio. Por si só, as emoções não são ruins, pois elas têm como funções básicas ajudar a pessoa a lidar com o contexto e interagir com os outros. Uma vez que são negligenciadas, elas podem assumir expressões muito intensas e prejudicar a função primordial que têm, que é a de adaptação.</p><p>Em seu aspecto disfuncional e patológico, as emoções prejudicam consideravelmente a existência de um indivíduo. As emoções básicas são: Medo, Raiva, Tristeza, Alegria, Amor, Nojo, Surpresa. As demais emoções são consideradas secundárias e até terciárias. Para que o trabalho de regulação emocional aconteça, é preciso ajudar as pessoas a compreenderem como as suas emoções funcionam, como elas são ativadas, a diferenciá-las e a identificar a intensidade com que elas se expressam.</p><p>O aspecto social que compõe as competências socioemocionais diz respeito à forma como a pessoa é no meio em que vive, como ela estabelece relações e como se diferencia e se assemelha ao todo. Essa interação com as pessoas é inclusive uma fonte de atribuição de sentido para a própria vida, tendo impacto na construção da identidade da pessoa - como eu sou e ajo frente aos outros e como os outros me veem ajuda a formar o conceito que eu tenho de mim.</p><p>As competências socioemocionais favorecem para que cada um mobilize, articule e coloque em prática seu jeito de ser para o convívio em sociedade, ajudando a enfrentar desafios de maneira positiva para o atingimento de metas, tendo impacto no desempenho escolar e de vida. Elas são, portanto, um conjunto de ferramentas que ajudam as pessoas no dia-a-dia e podem ser aplicadas nos mais diferentes contextos. Por se tratarem de competências, podem ser aprendidas em um processo educativo.</p><p>Nos estudos sobre competências socioemocionais, os pesquisadores começaram a observar certo padrão de resposta e criaram uma forma de classificá-las em grandes grupos ou fatores. Esses cinco grupos contemplam 17 competências socioemocionais que dizem respeito a forma como a pessoa se relaciona consigo mesma e com os outros, estabelecendo objetivos, tomando decisões ou se abrindo para experimentar o mundo.</p><p>A seguir, apresentamos uma lista das competências socioemocionais. Nas sub-unidades seguintes deste módulo explicaremos cada uma delas detalhadamente.</p><p>Qual o papel do professor no desenvolvimento de uma educação que contemple aspectos socioemocionais?</p><p>A posição que o professor ocupou, por muito tempo em sala de aula, de detentor do saber, vem sendo questionada, assim como outras posições de poder em diversos contextos: o líder nas organizações, os pais nas famílias e os representantes políticos na sociedade como um todo. Por trás desse enfraquecimento do papel do “líder” ou do modelo (na escola e na sociedade como um todo), está a demanda das próprias pessoas assumirem a direção de suas vidas, sendo elas as verdadeiras conhecedoras do que é relevante para si, e não depositando essa tarefa a um outro relevante.</p><p>Nesta lógica, o aluno passa a ser o centro e a sua educação passa a ser o objetivo compartilhado de toda a escola. O papel do professor deverá ser aquele que viabiliza para que o protagonismo do aluno aconteça, sendo também um apoio sempre que o aluno precisar. Nesse sentido, o professor deixa de ser um “doador de conteúdo” e passa a ser um anfitrião de um lugar que favorece o crescimento. Ele passa, portanto, a ser um criador de condições favoráveis para que o aluno seja mais ativo e responsável pelo seu desenvolvimento, criando condição para que o grupo trabalhe junto, e proporcionando espaços de reflexão para que todos tomem consciência de si e aprendam a analisar e dar sentido às próprias experiências.</p><p>Quais os resultados eu posso esperar trabalhando as competências socioemocionais na escola?</p><p>As mudanças que a sociedade vem passando exigem uma abordagem diferente de desenvolvimento para que os alunos e futuros adultos tenham sucesso nos seus projetos educacionais e de vida. O sucesso aqui é entendido como desempenho, e também como aspectos subjetivos que permitem o desfrute de uma vida satisfatória e digna.</p><p>As vantagens da educação integral são diversas e, em pesquisas científicas, podemos observar que alunos que passaram por programas de desenvolvimento socioemocional na escola apresentaram maiores taxas de sucesso escolar, de prevenção de problemas de aprendizagem e de dedicação aos estudos. Além disso, demonstraram menores taxas de evasão escolar, de desemprego, de envolvimento em crimes e de gravidez na adolescência.</p><p>Quais os desafios de uma intervenção para inserir o desenvolvimento de competências socioemocionais na escola?</p><p>Um desafio importante para a transformação da educação é a formação integral do educador. Só será possível ampliar a ação pedagógica se os próprios educadores passarem por programas de desenvolvimento socioemocional. Compreender sua própria forma de estabelecer relações e os sentimentos que estão envolvidos nelas, bem como dominar estratégias de regulação emocional é uma etapa importante da implantação de programas de educação socioemocional.</p><p>Outro desafio é compreender as respostas adaptativas que estão sendo construídas pelas crianças e adolescentes e seu impacto no futuro dessas pessoas, em uma sociedade digital. Também, neste sentido, saber como minimizar o impacto negativo desse comportamento digital dos alunos, que começa antes mesmo de sua inserção na escola, apresenta-se como um desafio.</p><p>Por fim, articular o esforço entre escola, família e comunidade, de uma forma mais ampla, é o último ponto de atenção no desenvolvimento de competências socioemocionais. Nesta etapa da vida, a relação com todos os pares é ponto de influência na formação da identidade dos adolescentes, e uma mensagem convergente sobre a importância</p><p>do desenvolvimento de competências socioemocionais tende a favorecer o desenvolvimento dos alunos.</p><p>SAIBA MAIS</p><p>Texto: Desenvolvimento Pleno - Instituto Ayrton Senna</p><p>(https://institutoayrtonsenna.org.br/pt-br/BNCC/desenvolvimento.html).</p><p>TED Talk : Formas criativas de ajudar crianças terem sucesso escolar</p><p>(https://www.ted.com/talks/olympia_della_flora_creative_ways_to_get_kids_to_thrive_in_school?utm_campaign=tedspread&utm_medium=referral&utm_source=tedcomshare)</p><p>Artigo: O desenvolvimento das habilidades socioemocionais como caminho para a aprendizagem e o sucesso escolar de alunos da educação básica (http://pepsic.bvsalud.org/pdf/cp/v24n25/02.pdf)</p><p>Referências</p><p>· Abed, Anita Lilian Zuppo. (2016). O desenvolvimento das habilidades socioemocionais como caminho para a aprendizagem e o sucesso escolar de alunos da educação básica. Construção psicopedagógica, 24(25), 8-27. Recuperado em 23 de novembro de 2020, de http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1415-69542016000100002&lng=pt&tlng=pt.</p><p>· Instituto Ayrton Senna (2020).Competências socioemocionais para contextos de crise [On-line] Disponível em: https://institutoayrtonsenna.org.br/pt-br/socioemocionais-para-crises.html?gclid=CjwKCAiA2O39BRBjEiwApB2IkifU5_RKtY8StMw3-idC3NXgzN-SeTUvoA__ehV5-IsjG4vyWNh_VxoCxWsQAvD_BwE. (acessado em 20/11/2020)</p><p>· Instituto Ayrton Senna (2020) Curso Competências Socioemocionais na Escola [on-line]. Disponível em: https://espacoeducador.ias.org.br/d2l/lp/navbars/6857/customlinks/external/5161. (acessado em 20/11/2020)</p><p>3.2 Abertura para o novo e exploração</p><p>Nesta parte, você irá compreender uma das cinco macrocompetências, a Abertura para o Novo, e entenderá quais são as três competências socioemocionais que a compõem: Curiosidade para Aprender, Imaginação Criativa e Interesse Artístico, bem como a forma como elas podem ser trabalhadas com os estudantes.</p><p>Mas antes de iniciarmos a leitura, atente-se às questões-chave</p><p>· Qual o significado das competências que fazem parte da macrocompetência abertura para o novo?</p><p>· O que uma atitude de abertura para o novo pode trazer de vantagens na vida de um estudante?</p><p>· Que atitudes caracterizam uma pessoa que tem essa macrocompetência bem desenvolvida?</p><p>Prossiga nos seus estudos para responder a esses questionamentos!</p><p>Abertura para o novo tem relação com atitudes e intenções de abertura a experiência, gostar e sentir satisfação de descobrir coisas novas e de expressar-se de forma autêntica e criativa nas mais diversas manifestações que isso possa assumir.</p><p>Ao ter contato com coisas diferentes, surge uma oportunidade única de conhecer mais sobre o mundo e sobre si mesmo, uma vez que, nessa assimilação de experiências externas, o auto conceito de uma pessoa se forma e se reconfigura num processo de (re)descoberta de si.</p><p>A abertura para o novo, mais que a atitude de experienciar coisas novas, também diz respeito à forma como essas informações são interpretadas e processadas pela pessoa que passou pela experiência. Essa atitude de exploração e abertura deve ser encorajada em toda a vida, implicando em um modo de existir mais flexível e favorável ao aprendizado contínuo.</p><p>Essa macrocompetência não significa que, necessariamente, você deve experimentar tudo. Trata-se de assumir uma postura atenta e sensível frente às oportunidades, escolhendo experiências que possam agregar para a experiência de satisfação e desenvolvimento positivo - aprendendo coisas novas, aplicando o pensamento criativo e expressando-se de forma diversa.</p><p>Vale destacar que a forma como a Abertura para o Novo se dá nas diferentes fases do desenvolvimento variam. Uma criança ainda tem pouca informação sobre si e sobre seu autoconceito, ou seja, está construindo a sua identidade. Por isso, a criança que tem condições afetivas mínimas, ou seja, que teve uma experiência positiva de formar laços e vínculos seguros, terá mais confiança para explorar coisas novas e ir assimilando isso na sua identidade.</p><p>Um adolescente que já tem mais repertório para definir o que e com o que se identifica, e que está tentando mostrar para o mundo o seu jeito de ser, poderá se beneficiar do processo de assimilação e crítica sobre as experiências de abertura, compreendendo melhor as consequências das suas escolhas.</p><p>Já o adulto, por sua vez, utilizará experiências de exploração para ressignificar a forma como ele e os outros o veem no mundo, redefinindo sua identidade em padrões menos rígidos e mais adaptativos.</p><p>Reflita!</p><p>· Quando foi a última vez que você experimentou ou descobriu algo novo?</p><p>· Como as pessoas significativas que estão perto de você apresentariam sua forma de se expressar?</p><p>· Que formas de expressão você poderia ou gostaria de ter que, na sua opinião, surpreenderiam os outros?</p><p>A macrocompetência da Abertura para o Novo é formada por três competências socioemocionais: curiosidade para aprender, imaginação criativa e interesse artístico. Veja, a seguir, cada uma delas.</p><p>Curiosidade para aprender</p><p>Esta competência tem relação com o aspecto intelectual envolvido na macrocompetência de Abertura para o Novo. Reflete o gosto pelo aprendizado, pela investigação, pela resolução de desafios e pela elaboração crítica da realidade.</p><p>Imaginação criativa</p><p>Esta competência contempla a criação de hipóteses, de conceitos e de estratégias com base na imaginação, ou seja, sem tantas referências prontas de como agir frente ao mundo. Diz respeito à capacidade de criar e conectar ideias abstratas e atuar frente ao mundo testando e validando hipóteses.</p><p>Interesse artístico</p><p>Esta competência diz sobre as diferentes formas de expressar ideias, pensamentos e emoções através de diferentes formas e linguagens. Pode ser que esteja relacionada a um senso estético apurado, mas não necessariamente. Deve apresentar relação com a capacidade de expressar-se utilizando recursos não convencionais.</p><p>Como abordar o tema da Abertura para o Novo na escola?</p><p>Para fins de promover o desenvolvimento das atitudes, dos conhecimentos e das habilidades contempladas nessa dimensão das competências socioemocionais, é preciso articular e promover espaços de:</p><p>· Ordenação e resumo do conhecimento;</p><p>· Revisão das necessidades de aprendizado junto com os alunos;</p><p>· Questionamentos e desafios que incitem a curiosidade;</p><p>· Projetos com pesquisa e espaços para assimilação dos novos conhecimentos;</p><p>· Revisão de conceitos de modo integrar novas informações aos conceitos já estabelecidos pelos alunos;</p><p>· Apresentação e discussão do pensamento divergente;</p><p>· Registro e compilação de ideias, bem como de atribuição de sentido às experiências;</p><p>· Estímulos artísticos divergentes (artes visuais, música, dança, teatro, fotografia, etc.);</p><p>Observação</p><p>As dicas compiladas acima foram extraídas do material oferecido pelo Instituto Ayrton Senna.</p><p>Referências</p><p>· Instituto Ayrton Senna (2020) Curso Competências Socioemocionais na Escola [on-line]. Disponível em: https://espacoeducador.ias.org.br/d2l/lp/navbars/6857/customlinks/external/5161 (acessado em 20/11/2020)</p><p>· Instituto Ayrton Senna (2020) Ideias para o desenvolvimento de competências socioemocionais - Abertura para o novo. [on-line]. Disponível em: https://institutoayrtonsenna.org.br/content/dam/institutoayrtonsenna/documentos/instituto-ayrton-senna-macrocompetencia-abertura-ao-novo.pdf?utm_source=site&utm_medium=hub-3007 (acessado em 21/11/2020)</p><p>· Do Ceu Taveira, M (2001). Exploração vocacional: teoria, investigação e prática. Em Psychologica (pá. 55 - 77) Disponível em: https://www.researchgate.net/profile/Maria_Do_Ceu_Taveira2/publication/292041542_Exploracao_vocacional_Teoria_investigacao_e_pratica/links/5e05d84c299bf10bc37c44c2/Exploracao-vocacional-Teoria-investigacao-e-pratica.pdf</p><p>3.3 Amabilidade</p><p>Aqui, você irá compreender o que é a macrocompetência Amabilidade e quais são as competências socioemocionais que fazem parte dela - Empatia, Respeito e Confiança. Apresentaremos também ideias de como desenvolver a Amabilidade na escola.</p><p>Mas antes de iniciarmos a leitura, atente-se às questões-chave:</p><p>· O que significam as competências que fazem parte</p><p>da Amabilidade?</p><p>· Porque é difícil suspender os julgamentos sobre certo e errado?</p><p>· Que estratégias podem ser utilizadas para suspender os julgamentos?</p><p>Prossiga nos seus estudos para responder a esses questionamentos!</p><p>A amabilidade é uma macrocompetência que é aplicada quando as pessoas estão interagindo, ou seja, ela é aplicada na relação entre indivíduos. Ao adotar uma postura amável, as pessoas estarão apresentando consideração pelos outros, tratando-os bem e sendo respeitosas. Mas, mais que cordialidade, ela é uma macrocompetência que também contempla conseguir se colocar no lugar do outro a partir da perspectiva do outro.</p><p>Ao contrário de situações em que nitidamente o diálogo e o respeito não acontecem porque as partes estão interessadas somente no seu próprio bem, a amabilidade leva a consideração do outro como o indivíduo que ele é.</p><p>Os desafios de se trabalhar a amabilidade em sala de aula são relacionados aos vieses que as pessoas têm, levando-as a validar tudo aquilo que se encaixa mais aos seus próprios sistemas de valores, resistindo em aceitar formas diferentes de ser, pensar e agir no mundo.</p><p>Quando admitimos que o bom convívio é possível de diferentes formas, passamos a compreender que as pessoas podem agir de diferentes maneiras e passamos também a respeitar essa diferença.</p><p>Um aluno que dialoga mais com o professor pode parecer mais engajado, enquanto um que fica quieto em sala de aula pode parecer pouco comprometido com o ensino. Porém, pode ser que essa realidade apenas expresse diferentes preferências na forma de aprender, sendo que um aluno assimila melhor informações que fala e outro, aquelas que escuta. O importante neste exemplo é que ambos, em suas próprias maneiras, estão aprendendo.</p><p>Essa é uma situação hipotética de como tendemos a categorizar a atitude dos outros como certas e erradas, melhores ou piores. Para que a amabilidade ocorra, é preciso tomar consciência desse julgamento e questioná-lo, desenvolvendo uma atitude curiosa que levará a investigação e não a categorização imediata.</p><p>A saída aqui seria se questionar: ambos alunos estão aprendendo? E fazer validações. O olhar atento e respeitoso em relação a forma como cada um vive o seu processo precisa ser exercido para que a amabilidade seja aplicada.</p><p>Veja, a seguir, a definição de amabilidade extraída do Dicionário Michaelis on-line.</p><p>· Qualidade ou característica de quem é amável, delicado ou gentil; afabilidade, delicadeza, gentileza.</p><p>· Exemplo em uma frase:</p><p>“Maria Hortênsia, [...] sempre que se dirigia ao estudante, tinha nos lábios um sorriso de amabilidade” (AA2).</p><p>· Ação, dito ou gesto amável, delicado ou gentil.</p><p>· Exemplo em uma frase:</p><p>“[...] Lambertosa voltava o rosto com amabilidade para responder ao que lhe diziam [...]” (AA2).</p><p>· POR EXT Sinal de cortesia ou de delicadeza; firmeza.</p><p>A macrocompetência da amabilidade é formada por três competências socioemocionais: Empatia, Respeito e Confiança. Veja, a seguir.</p><p>Empatia</p><p>Trata-se da capacidade de se colocar no lugar de outra pessoa, oferecendo ajuda e prestando assistência a partir da necessidade e da forma que mais se adequa a quem irá receber a ajuda. A empatia pode ser entendida como a qualidade com que recebemos e acolhemos o outro - como escutamos e compreendemos as necessidades e sentimentos das outras pessoas sem expressar a forma como nós mesmo agiríamos frente a situação.</p><p>Respeito</p><p>Respeito compreende uma postura de aceitação das diferenças e respeito às crenças, pensamentos e valores dos outros. Trata-se de agir em relação ao outro como gostaríamos que os outros agissem em relação a nós mesmos, priorizando o bem comum. Respeito não tem a ver com posição ou hierarquia na relação, nem tem a ver com obediência., mas sim com aquilo que envolve usar o diálogo para mostrar que se está considerando a humanidade que tem no outro. Em situações respeitosas, os impulsos egoístas e agressivos não existem e a relação é pautada na compreensão dos pensamentos, sentimentos e desejos dos outros.</p><p>Confiança</p><p>A confiança diz respeito aos pensamentos e ao crédito que as pessoas dão em relação aos compromissos e intenções que são assumidos nas relações. Reflete um sentimento de acreditar nas boas intenções com que as pessoas agem e na capacidade de perdoar quando algo sai errado. A confiança, também, tem relação em dar uma segunda chance. Muitas pessoas têm medo de parecerem ingênuas quando confiam demais nos outros, mas a confiança não tem relação com ingenuidade, mas sim em estar atento a intenção por trás das ações, reconhecendo aqueles que têm intenções alinhadas ao propósito que trará benefícios a todos.</p><p>Como abordar o tema da Amabilidade na escola?</p><p>Todas as atividades que envolvem:</p><p>· ajuda mútua,</p><p>· busca por soluções em situações de conflito,</p><p>· trabalho em grupo,</p><p>· reforço a atitudes de cooperação,</p><p>· tolerância e</p><p>· convivência pacífica</p><p>São situações que ajudam a construir a amabilidade no contexto escolar.</p><p>A promoção de atividades colaborativas e trocas entre estudantes, que geralmente não dialogam, ajuda a construir competências importantes para a promoção desta macrocompetência.</p><p>Além da atividade em si, o momento de refletir sobre como cada um se sentiu é de extrema importância nessas atividades, pois ajuda a fortalecer a capacidade de reconhecer os próprios sentimentos e os sentimentos dos outros.</p><p>Referências</p><p>· Instituto Ayrton Senna. (2020). Curso Competências Socioemocionais na Escola [on-line]. Disponível em: https://espacoeducador.ias.org.br/d2l/lp/navbars/6857/customlinks/external/5161 (acessado em 20/11/2020)</p><p>· Instituto Ayrton Senna (2020). Ideias para o desenvolvimento de competências socioemocionais - Amabilidade. [on-line]. Disponível em: https://institutoayrtonsenna.org.br/content/dam/institutoayrtonsenna/documentos/instituto-ayrton-senna-macrocompetencia-abertura-ao-novo.pdf?utm_source=site&utm_medium=hub-3007 (acessado em 20/11/2020)</p><p>· Lencioni, P. (2015). Os cinco desafios das equipes. Rio de Janeiro: Sextante.</p><p>3.4 Engajamento com os Outros</p><p>Agora você irá descobrir o que é a macrocompetência Engajamento com Outros e quais são as competências socioemocionais que fazem parte dela - Iniciativa Social, Assertividade e Envolvimento com os outros. Irá, também, compreender algumas diretrizes de como abordar o tema do Engajamento com os Outros na escola.</p><p>· O que significam as três competências que fazem parte do Engajamento com os Outros?</p><p>· Como abordar o tema Engajamento com os Outros na escola?</p><p>Prossiga na leitura para que você consiga responder a esses questionamentos apontados!</p><p>Engajamento com os outros diz respeito à motivação e à abertura (interesse), bem como as ações intencionais, em busca do estabelecimento de relações com as pessoas. Para que essa relação ocorra é preciso tanto uma parte de acolhimento em relação ao outro e também uma confiança em se mostrar de forma autêntica, por meio da construção de diálogos saudáveis.</p><p>Veja, a seguir, as competências socioemocionais que estão relacionadas a esta macrocompetência.</p><p>Iniciativa social</p><p>Iniciativa social tem relação com a intenção e a ação de se aproximar dos outros, por isso envolve iniciar, manter e gostar do contato social. Para além da socialização, essa competência pode ajudar o estudante a ampliar seus recursos para lidar com as mais diferentes situações. Um exemplo disso é quando o estudante precisa escolher um curso superior e toma a iniciativa de conversar com um profissional que atue na sua área de interesse para ter mais informações sobre o dia-a-dia do profissional.</p><p>Assertividade</p><p>A assertividade tem relação com conseguir se expressar de forma clara, contemplando aquilo que se tem a intenção de dizer. Não é ganhar uma discussão, mas sim se expressar e se fazer compreender nas próprias ideias. Para ser assertivo, é preciso presença para perceber motivações e intenções e elaborar essas percepções em formulações verbais que se conectem com o interlocutor.</p><p>Entusiasmo</p><p>O entusiasmo diz sobre a energia com que nos envolvemos com os outros e com a vida - de forma alegre, positiva e leve. Na maioria</p><p>das vezes o nosso entusiasmo influencia a relação do grupo, tanto de forma positiva como negativa. Porém, isso não significa que nas interações somos os responsáveis pelos estados que os outros vão sentir.</p><p>Essa tomada de consciência nas relações, de que cada um deve estar atento à energia que coloca na relação, e de que a soma da contribuição que cada um fará a diferença na forma como esse vínculo vai acontecer, é importante para melhorar os diálogos e as trocas entre as pessoas.</p><p>Como abordar o tema do Engajamento com os Outros na escola?</p><p>· Prefira propor atividades em que a comunicação e a interação entre os alunos, dos alunos com professores e coordenação da escola e dos alunos com a comunidade no geral aconteça.</p><p>· Provoque situações de convívio de forma intencional e reflita junto com os alunos sobre a qualidade e as motivações das interações.</p><p>· Combine com os alunos tempos de fala e de escuta, para tentar estimular que todos possam se expressar.</p><p>· Tente avaliar como está o seu entusiasmo para ensinar e identificar como fortalecê-lo ou retirar barreiras que estão impactando na sua energia.</p><p>Referências</p><p>· Instituto Ayrton Senna. (2020). Curso Competências Socioemocionais na Escola [on-line]. Disponível em: https://espacoeducador.ias.org.br/d2l/lp/navbars/6857/customlinks/external/5161 (acessado em 20/11/2020)</p><p>· Instituto Ayrton Senna (2020) Ideias para o desenvolvimento de competências socioemocionais - Engajamento com os outros. [on-line]. Disponível em: https://institutoayrtonsenna.org.br/content/dam/institutoayrtonsenna/documentos/IAS_Macro_Engajamento_2020.09.09.pdf?utm_source=site&utm_medium=hub-1009 (acessado em 20/11/2020)</p><p>3.5 Resiliência Emocional</p><p>Nesta parte, apresentaremos a macrocompetência Resiliência Emocional e as competências que fazem parte dela - Tolerância ao Estresse, Tolerância a Frustração e Autoconfiança. Apresentaremos também algumas abordagens para trabalhar o tema Resiliência Emocional na escola.</p><p>· O que significam as três competências que fazem parte da competência Resiliência Emocional?</p><p>· Como abordar o tema Resiliência Emocional na escola?</p><p>Leia o conteúdo, a seguir, para responder a essas questões!</p><p>Muitas vezes queremos evitar aquilo que é difícil de encarar ou desafiador, porque pensamentos e sensações desagradáveis acompanham essas experiências. A atitude de tentar evitar algo que não queremos para nós pode ser inútil frente a algumas situações que fazem parte da vida - uma vez que iremos, eventualmente, ter eventos negativos, períodos de estresse ou demandas excessivas recaindo sobre nós.</p><p>Essa macrocompetência, da resiliência emocional, está relacionada justamente à capacidade que as pessoas têm de lidar com emoções negativas, como a raiva, a tristeza e o medo. O importante é que ela se desenvolva na medida em que as pessoas passam a aprender com as adversidades da vida, ganhando força e otimismo em relação ao futuro.</p><p>Veja, a seguir, as competências socioemocionais que estão relacionadas a esta macrocompetência.</p><p>Tolerância ao estresse</p><p>Partindo da ideia de que na escola o estudante passará por situações demandantes e estressantes, essa competência diz sobre o desenvolvimento de estratégias de enfrentamento. A emoção predominante por trás do estresse é a ansiedade, ou seja, a angústia em relação ao que poderá acontecer no futuro. Ao fortalecermos nossa condição de lidar com o estresse, diminuímos a preocupação excessiva com as coisas e podemos desfrutar de uma melhor qualidade de vida.</p><p>Tolerância a frustração</p><p>Assim como passar por situações de estresse, é normal na vida do estudante, que a frustração também seja um sentimento recorrente. A frustração é o sentimento que surge quando uma expectativa ou uma necessidade não é atendida. A emoção predominante por trás da frustração é a raiva. Acolher esse sentimento, sem deixar que ele se expresse de forma prejudicial para o aluno e para a turma é essencial para criar o espaço propício para o aluno desenvolver essa competência.</p><p>TED Talk: Por que todos nós precisamos praticar os primeiros socorros emocionais?https://www.ted.com/talks/ guy_winch_why_we_all_need_to_practice_emotional_first_aid/transcript?language=pt-br</p><p>Autoconfiança</p><p>A autoconfiança tem relação com sentir-se capaz de lidar com as coisas da vida e acreditar que desfechos positivos serão alcançados. Essa capacidade influencia diretamente o nível de energia que os alunos colocam para realizar uma atividade. Confiar que se é capaz de dar conta de um desafio e de que bons resultados serão colhidos dele é fundamental para o aluno se engajar com o desafio.</p><p>TED Talk: O poder da paixão e da perseverança https://www.ted.com/talks/angela_lee_duckworth_grit_the_power_of_passion_and_persevera nce?language=pt</p><p>Como abordar o tema da Resiliência Emocional na escola?</p><p>Promova atividades em que o aluno possa:</p><p>· Refletir sobre si mesmo, identificando suas reações frente às emoções adversas.</p><p>· Refletir sobre si mesmo, identificando suas capacidades e forças;</p><p>· Mapear situações estressantes e frustrantes;</p><p>· Mapear estratégias de enfrentamento ao estresse e a frustração (ampliar repertório);</p><p>· Manter a confiança e o otimismo em relação a capacidade de se desenvolverem e enfrentarem as dificuldades.</p><p>· Se quiser saber mais, veja o vídeo “Competências emocionais - Resiliência emocional”</p><p>· (https://www.youtube.com/watch?v=lKKQo5N3424&feature=youtu.be)</p><p>· e escute o episódio “ Sobre resistir, insistir e deixar fluir” do Podcast Jornada da Calma</p><p>· (https://open.spotify.com/episode/59XzsZL94LLSTClrGFAMKX?si=jkpTmgpxSSeX3rLNxzkFTg)</p><p>Referências</p><p>· Instituto Ayrton Senna. (2020). Curso Competências Socioemocionais na Escola [on-line]. Disponível em: https://espacoeducador.ias.org.br/d2l/lp/navbars/6857/customlinks/external/5161 (acessado em 20/11/2020)</p><p>· Instituto Ayrton Senna (2020) Ideias para o desenvolvimento de competências socioemocionais - Engajamento com os outros. [on-line]. Disponível em: https://institutoayrtonsenna.org.br/content/dam/institutoayrtonsenna/documentos/IAS_Macro_Engajamento_2020.09.09.pdf?utm_source=site&utm_medium=hub-1009 (acessado em 20/11/2020)</p><p>· Chaskalson, M. (2017). Mindfulness em oito semanas: Um plano simples e revolucionário para iluminar sua mente e trazer serenidade para a sua vida ( C. G. Duarte & E. G. Duarte, Trad.). São Paulo: Pensamento.</p><p>3.6 Autogestão</p><p>Nesta parte, faremos a apresentação do tema Autogestão e das competências que fazem parte dessa macrocompetência socioemocional.</p><p>· Qual o significado de cada uma das competências que fazem parte da macrocompetência de Autogestão?</p><p>Para responder a essa questão, prossiga na leitura do material!</p><p>O desenvolvimento da competência de Autogestão tornou-se essencial no contexto atual, uma vez que as pessoas operam com níveis cada vez maiores de autonomia. Desenvolver comportamentos e atitudes que favoreçam o gerenciamento de tarefas, compromissos e objetivos irá ajudar o aluno a adquirir um modo de agir coerente com as necessidades do mundo escolar e do trabalho.</p><p>A macrocompetência autogestão está relacionada justamente a essa capacidade de implicar esforços, recursos e estratégias para dar conta das atividades recorrentes e esforços aplicados para alcançar as metas de cada um. Envolve comportamentos como priorização, persistência, resiliência, entre outros.</p><p>Veja na tabela, a seguir, as cinco competências socioemocionais que fazer parte deste grupo:</p><p>Algumas metodologias utilizadas no mercado de trabalho para gerenciar a priorização e produtividade dos times são bastante didáticas e divertidas de serem aplicadas em sala de aula. Neste link ( https://aulaincrivel.com/category/categorias/organizacao-e-produtividade/ ) você pode encontrar o relato de uma professora que já está utilizando-as e compartilhando métodos e dicas. Dê uma olhada no conteúdo para ampliar o seu repertório sobre ferramentas para ajudar na autogestão. Você encontrará referências sobre:</p><p>· Ensino remoto;</p><p>· Matriz 5W2H;</p><p>· Kanban;</p><p>· Metodologia Ágil e Scrum;</p><p>· Ferramentas para organizar projetos;</p><p>· Ferramentas para organizar prazos.</p><p>Referências</p><p>· Instituto Ayrton Senna. (2020). Curso Competências Socioemocionais na Escola [on-line]. Disponível em: https://espacoeducador.ias.org.br/d2l/lp/navbars/6857/customlinks/external/5161 (acessado em 20/11/2020)</p><p>· Instituto Ayrton Senna (2020) Ideias para o desenvolvimento de competências socioemocionais - Engajamento com os outros. [on-line]. Disponível em: https://institutoayrtonsenna.org.br/content/dam/institutoayrtonsenna/documentos/IAS_Macro_Engajamento_2020.09.09.pdf?utm_source=site&utm_medium=hub-1009 (acessado em 20/11/2020)</p><p>· Knapp, J., Zeratsky, J., & Kowitz, B. (2017). Sprint: O método usado no Google para testar e aplicar novas ideias em apenas cinco dias. Editora Intrínseca.</p><p>3.7 Comunicação não Violenta</p><p>Esta última parte de nosso Módulo tem como objetivo apresentar como utilizar a Comunicação Não Violenta em sala de aula, bem como instrumentalizar o professor a desenvolver atividades para trabalhá-la em aula e apresentar estímulos para que possa compreender seu próprio padrão de comunicação.</p><p>Antes de começar os estudos desta parte final do Módulo, faça os seguintes questionamentos:</p><p>· Do que se trata a Comunicação Não Violenta?</p><p>· Quais os quatro elementos da Comunicação Não Violenta?</p><p>· Quais os dois tipos de sentimentos e qual deve ser acessado para uma comunicação mais autêntica?</p><p>Prossiga na leitura do material para responder a essas questões!</p><p>O que é Comunicação não violenta?</p><p>Dentre as motivações básicas que movem as pessoas, estão as necessidades por estima e relacionamentos. Ambas são relacionadas a forma como estabelecemos contato, nos expondo, acolhendo e sendo acolhidos pelos outros. A CNV é uma forma de expressão autêntica, que favorece diálogos positivos e ajuda a resolver conflitos.</p><p>Foi inicialmente estudada por um psicólogo chamado Marshall Rosenberg e se aplica aos mais diferentes âmbitos, não só na relação com o outro, mas na relação consigo mesmo. Quando utilizada para facilitar a conexão com os outros, permite espaço para a quebra de padrões de defesas, críticas e julgamentos, para se obter um diálogo transformador.</p><p>Observação</p><p>O principal objetivo da CNV é facilitar o olhar atento e o entendimento das necessidades de duas pessoas que se comunicam.</p><p>Às vezes o termo violência pode nos levar a acreditar que não estabelecemos esse padrão de comunicação em nossas vidas. Porém, para a teoria de Rosenberg, a violência se dá nos processos em que, por algum motivo, negligenciamos alguma parte das nossas necessidades e desejos ou das necessidades e desejos dos outros e que, por isso, causam alguma “agressão”.</p><p>Quando procuramos por um culpado, julgamos ou comparamos, estamos exercendo algum tipo de violência. A ideia por trás da CNV é que possamos estabelecer conexões saudáveis, com diálogos construtivos, mesmo quando há pontos de discórdia.</p><p>· Vídeo (https://www.youtube.com/watch?v=DgAsthY2KNA&t=29s ) do autor da Comunicação não-violenta (CNV), Marshall Rosenberg, apresentando a técnica da CNV.</p><p>· Série de vídeos ( https://www.youtube.com/playlist?list=PLq_H_6_mszfCKyZ9Ttg5mMmeb5isN9STg) para ver como uma professora dinamarquesa aplica os conceitos da CNV em sala de aula.</p><p>· Compreendendo os elementos da CNV</p><p>· 1. Observação</p><p>· Em um ambiente de sala de aula, esse é o momento de investigar os fatos: pergunte o que aconteceu. O principal ponto nesta etapa da jornada para a resolução dos conflitos e para as conexões verdadeiras é o não julgamento por parte do professor. Como o juízo de valor sobre certo e errado é quase que automático pela forma como estabelecemos relações, a tomada de consciência desses juízos e o distanciamento deles é importante. Partir da compreensão de que tanto o agressor como o agredido tem dentro de si uma experiência prévia que os levaram a essa situação, e confiar no processo e na resolução do conflito é importante nesta etapa.</p><p>· Veja este exemplo aplicado em uma sala de aula:</p><p>· O professor vê sua turma fora de controle pois estão descobrindo um jogo que um dos alunos trouxe. Vale começar observando os fatos. Observe, dentre as frases abaixo, as constatações neutras e objetivas e as que são carregadas de sentimentos:</p><p>2. Sentimento</p><p>A segunda etapa da jornada é a identificação dos sentimentos, pergunte como as pessoas envolvidas se sentiram na situação. É comum que elas apresentem dificuldade em nomear os seus sentimentos, por isso, deixaremos aqui uma lista de sentimentos autênticos e uma lista de sentimentos com julgamentos - estes já carregam consigo interpretações e projeções e devem ser melhor explorados para se chegar a um sentimento autêntico.</p><p>Chegar ao sentimento autêntico nesta etapa é importante, pois existe uma diferença entre o que se sente e o que se pensa, e quando usamos sentimentos que compreendem julgamentos, estamos ainda deixando os pensamentos contaminarem os sentimentos.</p><p>Veja a lista de sentimentos a seguir:</p><p>Exemplo aplicado em sala de aula:</p><p>Continuando a situação do exemplo anterior, dos alunos entretidos com o jogo, o professor pode iniciar um diálogo explicando que irá ter uma conversa autêntica com os alunos e que espera, ao final, também os ouvir. Depois de apresentar o que informou, ele deverá dizer como se sente:</p><p>Quando vocês não acompanham a aula e ficam conversando sobre outro assunto eu me sinto decepcionado e cansado.</p><p>3. Necessidades</p><p>A terceira etapa para que um diálogo baseado em CNV ocorra contempla responder as perguntas:</p><p>· Do que você precisa?</p><p>· Quais necessidades suas não foram atendidas nessa situação?</p><p>Pode ser também difícil para as pessoas verbalizarem suas necessidades, uma vez que elas acabam verbalizando mais seus incômodos do que suas necessidades, numa tentativa de expressá-las de forma indireta. Ao fazerem isso, criam uma barreira para um diálogo verdadeiro.</p><p>Todos os seres humanos têm necessidades, pois as necessidades humanas são universais.</p><p>A seguir, veja uma lista de necessidades</p><p>· Honestidade</p><p>· Autenticidade</p><p>· Integridade</p><p>· Presença</p><p>· Autonomia</p><p>· Escolha</p><p>· Liberdade</p><p>· Espaço</p><p>· Espontaneidade</p><p>· Expressão</p><p>· Significado</p><p>· Compreensão</p><p>· Celebração</p><p>· Clareza</p><p>· Contribuição</p><p>· Sentido</p><p>· Luto</p><p>· Inspiração</p><p>· Realização</p><p>· Evolução</p><p>· Esperança</p><p>· Aprendizado</p><p>· Desafio</p><p>· Descoberta</p><p>· Criatividade</p><p>· Valorização</p><p>· Crescimento</p><p>· Conexão</p><p>· Empatia</p><p>· Aceitação</p><p>· Pertencimento</p><p>· Cooperação</p><p>· Comunicação</p><p>· Interdependência</p><p>· Comprometimento</p><p>· Coerência</p><p>· Reconhecimento</p><p>· Respeito</p><p>· Segurança</p><p>· Estabilidade</p><p>· Apoio</p><p>· Suporte</p><p>· Afeto</p><p>· Conforto</p><p>· Confiança</p><p>· Sustentabilidade</p><p>· Proteção</p><p>· Paz</p><p>· Beleza</p><p>· Comunhão</p><p>· Bem-estar</p><p>· Equidade</p><p>· Harmonia</p><p>· Inspiração</p><p>· Ordem</p><p>· Expressão Espiritual</p><p>· Lazer</p><p>· Diversão</p><p>· Humor</p><p>· Facilidade</p><p>· Variedade</p><p>· Ar</p><p>· Água</p><p>· Alimento</p><p>· Movimento</p><p>· Descanso/Sono</p><p>· Expressão Sexual</p><p>· Abrigo</p><p>· Toque</p><p>· Saúde</p><p>· Para mais listas, acesse este link ( https://www.institutocnvb.com.br/copy-of-materiais)</p><p>· Exemplo aplicado em sala de aula</p><p>· Seguindo ainda o exemplo do professor que apresentamos anteriormente, a continuação do diálogo incluiria:</p><p>· Quando vocês não acompanham a aula e ficam conversando sobre outro assunto eu me sinto decepcionado e cansado, pois preciso da cooperação e comprometimento de vocês com o aprendizado.</p><p>· 4. Pedido</p><p>· O pedido é a expressão daquilo que você deseja que a outra pessoa faça para você ter a sua necessidade atendida.</p><p>· O pedido deve ser uma solicitação específica, ligada a ações concretas.</p><p>· A reflexão aqui é: o que você precisa que o outro faça para você se sentir mais (necessidade elaborada na etapa anterior. exemplo.: inspirada)?</p><p>· Por fim, para completar a ilustração que estamos fazendo do professor que está tentando se expressar de forma autêntica e compassiva com a turma, a sentença seria fechada da seguinte forma:</p><p>· “Quando vocês não acompanham a aula e ficam conversando sobre outro assunto eu me sinto decepcionado e cansado, pois preciso da cooperação e comprometimento de vocês com o aprendizado.</p><p>Eu entendo que às vezes vocês tem necessidade de falar sobre outras coisas, porém eu gostaria que vocês mantivessem o foco no assunto da aula ao menos até concluirmos o que foi programado</p><p>para hoje”.</p><p>Como abordar a comunicação não violenta na sala de aula?</p><p>Não só em sala de aula, mas na vida como um todo e em outras relações, para utilizarmos a CNV é preciso desenvolver uma “musculatura emocional”, ou seja, aplicar seus princípios constantemente a fim de recriar a conexão com sentimentos e necessidades de si e estar aberto a ouvir a acolher o dos outros.</p><p>Uma forma de lembrar como usar a CNV no dia-a-dia é refletir e conectar com os elementos que a formam: pensamento/observação, sentimento, necessidade e pedido.</p><p>Depois é só organizá-los e expressá-los da seguinte forma:</p><p>Quando você (expressão da observação objetiva - situação)...,</p><p>eu me sinto (sentimento)...,</p><p>porque eu (necessidade).</p><p>Por isso eu gostaria / peço que você (...).</p><p>Com segurança e confiança nesse processo, aos poucos algumas dicas podem ser seguidas:</p><p>· Pratique a escuta ativa com todos, principalmente com os alunos;</p><p>· Observe seus alunos sem fazer avaliações, apenas entenda o que eles estão tentando dizer;</p><p>· Desenvolva a empatia;</p><p>· Observe a necessidade de quem está em sua volta e não se coloque em uma posição de especialista da vida do outro;</p><p>· Entenda que se você não ouvir o outro não saberá o tamanho de sua dor;</p><p>· Aprenda a perceber os feedbacks que as pessoas estão dando com pequenas atitudes;</p><p>· Procure ouvir os outros elementos da comunicação (gestos, tom de voz, entonação);</p><p>· Seja paciente;</p><p>Referências</p><p>· Cecílio, Camila. (2019). Comunicação não violenta: o que é como aplicá-la no dia a dia escolar. Disponível em https://novaescola.org.br/conteudo/18280/comunicacao-nao-violenta-o-que-e-como-aplica-la-no-dia-a-dia-escolar. (Acessado em 20/11/2020),</p><p>· Calderón, J. & Nalon, C. Comunicação não violenta. [on-line] Disponível em https://descola.org/comunicacao-nao-violenta (acessado em 20/11/2020),</p><p>· Rosenberg, M. B. (2006). Comunicação não violenta: técnicas para aprimorar relacionamentos pessoais e profissionais. Editora Agora.</p><p>· D'Ansembourg, T. (2013). Deixe de Ser Bonzinho e Seja Verdadeiro. Sextante; 1a edição ISBN-13 : 978-8575429761</p><p>· Considerações finais</p><p>· Parabéns! Você chegou ao final deste Módulo intitulado SAÚDE MENTAL E SAÚDE EMOCIONAL (BNCC) E EDUCAÇÃO!</p><p>· Abordamos aqui assuntos relevantes relacionados à temática da saúde mental e emocional em crianças e adolescentes.</p><p>· Esperamos que este módulo tenha contribuído para o aprimoramento de suas habilidades pessoais e profissionais, de modo que seja possível auxiliar os alunos que venham a apresentar comportamentos e atitudes que fogem do que é esperado deles.</p><p>·</p><p>· Ao longo das Unidades, apresentamos a você atividades com o intuito de fixar os conteúdos abordados e, na sequência, apresentamos uma Autoavaliação para que você possa avaliar o seu nível de aprendizagem com o que foi estudado aqui.</p><p>Autoavaliação</p><p>A seguir serão apresentadas algumas afirmações relacionadas ao seu aprendizado neste presente módulo. Destacamos que este questionário serve somente como um instrumento de autoavaliação!</p><p>1. Impacto em Largura do Treinamento no Trabalho</p><p>Fonte: Abbad, G. (1999). Um modelo integrado de avaliação do impacto do treinamento no trabalho: IMPACT. (Doutorado em Psicologia), Instituto de Psicologia, Universidade de Brasília, Brasília, 1999.</p><p>Módulo 3</p><p>EDUCAÇÃO E BEM-ESTAR NA PANDEMIA DA COVID-19</p><p>Apresentação</p><p>Em março de 2020 nos vemos diante de uma situação nunca antes vivida neste século e que afetou e tem afetado milhares de pessoas em diversos âmbitos de suas vidas, ao redor do globo. Por isso, temos como objetivo abordar neste módulo a questão do bem-estar e da educação nesta situação de pandemia e, quando tudo isso passar, de pós-pandemia.</p><p>Discutiremos tópicos importantes sobre saúde e aprendizagem, considerando os agentes principais destes temas, que são os alunos, os professores, os familiares e a comunidade escolar como um todo.</p><p>Inicialmente, iremos compreender como se deu a disseminação da COVID-19 e quais os principais conceitos epidemiológicos para a compreensão deste fenômeno. Sendo apresentado, também, como ocorreu a decisão pelo fechamento presencial das escolas e qual a importância de se seguir as regras de distanciamento social. Ainda, iremos refletir acerca do papel da escola frente à pandemia tanto sob a perspectiva do desenvolvimento educacional, como do desenvolvimento humano e social de crianças e adolescentes.</p><p>Além disso, este módulo abordará diferentes perspectivas sobre o tema de educação e bem-estar, desde os desafios e potencialidades do ensino a distância, passando pela questão da família, além dos impactos da pandemia na saúde mental das crianças e adolescentes, até as considerações sobre o futuro retorno presencial nas escolas e o ensino híbrido.</p><p>Para uma visão geral do material e assim iniciar o seu percurso de leitura, confira o sumário a seguir.</p><p>Sumário</p><p>· Apresentação01</p><p>· Unidade 1 - Impactos da pandemia da COVID-19 no cenário da educação02</p><p>· Unidade 2 - O papel da escola frente à pandemia da COVID-1906</p><p>· Unidade 3 - Ensino a distância: desafios e potencialidades11</p><p>· Unidade 4 - Inclusão na educação durante a pandemia15</p><p>· Unidade 5 - Autocuidado do professor19</p><p>· Unidade 6 - Impacto da pandemia na Saúde Mental de crianças e adolescentes24</p><p>· Unidade 7 - Pandemia e desenvolvimento: lidando com as consequências30</p><p>· Unidade 8 - Família do aluno: aproximação da comunidade escolar34</p><p>· Unidade 9 - Família como recurso para aprendizagem no contexto da pandemia da COVID-1938</p><p>· Unidade 10 - Considerações sobre o retorno presencial e o ensino híbrido42</p><p>· Considerações finais47</p><p>Bons estudos!</p><p>Unidade 1 - Impactos da pandemia da COVID-19 no cenário da educação</p><p>Nesta primeira unidade do presente Módulo, estudaremos quais são os impactos da pandemia da Covid-19 na educação mundial.</p><p>Antes de prosseguirmos, é importante saber que...</p><p>Mesmo antes da Pandemia da COVID-19 o mundo já enfrentava o desafio de garantir a educação como um direito universal. A Pandemia infelizmente se apresentou como um fator que ampliou as disparidades econômicas e sociais que impactam a educação, especialmente em países em desenvolvimento.</p><p>Estima-se que cerca de 94% dos estudantes em todo o mundo foram afetados pela pandemia. Nos países pouco desenvolvidos, cerca de 86% das crianças da educação básica poderão ter suas escolas fechadas, em comparação a 20% nos países desenvolvidos. As crianças mais vulneráveis também serão as com maior dificuldade de recuperar o ensino interrompido total ou parcialmente. A permanência das crianças em casa também pode interferir na situação econômica familiar, já que os pais terão que prover algum acompanhamento dessas crianças e compensar as refeições que eram feitas nas escolas. Em todo o mundo, 40 milhões de crianças podem ter perdido o ano pré-escolar, que é um período crítico para o desenvolvimento de habilidades escolares.</p><p>Além dos alunos, professores e outros profissionais ligados à educação também tiveram suas rotinas negativamente alteradas. O excesso de trabalho e as condições precárias, somadas a treinamentos deficientes para os modelos de ensino emergencial são grandes obstáculos para os profissionais da educação. Soma-se a estes fatores a ineficiente infraestrutura digital dos países pobres, que dificultam ainda mais a implementação de modelos alternativos. Em resumo, todas essas mudanças em função da pandemia também vão acentuar as disparidades socioeconômicas entre os países desenvolvidos e pobres.</p><p>O ensino a distância na educação básica durante a Pandemia de COVID-19, tanto no Brasil como no mundo, foi adotado por diversas instituições de ensino, que interromperam suas atividades presenciais para adotar as medidas de ensino emergencial online, síncrono ou assíncrono. Para isso, tornou-se necessário conhecer essa realidade em que várias estratégias são adotadas para enfrentar esta situação.</p><p>Assim, podemos nos fazer as seguintes perguntas:</p><p>· Quais as estratégias utilizadas pelas escolas no ensino remoto emergencial? Há diferenças entre as redes municipais e estaduais?</p><p>· Quais alternativas poderiam ser utilizadas para contornar</p><p>os problemas de acesso à internet no Brasil?</p><p>· É possível identificar as disparidades de classe social que geram vulnerabilidades neste período de pandemia?</p><p>Para responder a essas questões abordadas acima, siga na leitura do material a seguir!</p><p>A pandemia causada pelo novo coronavírus (SARS-CoV-2) teve os primeiros casos identificados em dezembro de 2019, na cidade de Wuhan, na China, por meio de um grupo de pessoas que apresentou pneumonia de causa desconhecida (Zhu et al., 2020). A COVID 19 é a doença infecciosa causada pelo SARS-CoV-2 e os sintomas mais comuns são os respiratórios como:</p><p>· tosse,</p><p>· febre,</p><p>· coriza e</p><p>· dor de garganta.</p><p>No entanto, alguns casos evoluem para pneumonia, doença caracterizada por dificuldades respiratórias. Recentemente, as perdas de olfato e de paladar foram reconhecidas como sintomas associados. Há, ainda, outros sintomas menos comuns, como conjuntivite, náuseas, dor de estômago, diarreia, dor de cabeça, lesões de pele e alteração do nível de consciência (Ministério da Saúde, 2020; Fiocruz, 2020).</p><p>A transmissão da doença ocorre por meio do contato com a saliva, secreção ou gotículas respiratórias de pessoas contaminadas ou pelo toque em superfícies que foram contaminadas e, em seguida, fazendo contato das mãos contaminadas com a boca, o nariz ou com os olhos (Organização Pan-Americana de Saúde, 2020). Por tratar-se de uma doença ainda sem medicação com eficiência cientificamente comprovada e com as vacinas iniciadas em janeiro de 2021 no Brasil - apenas para os grupos de maior risco de contágio -, o distanciamento social tornou-se a medida de proteção para evitar a transmissão em massa (Linhares & Enumo, 2020).</p><p>No dia 26 de fevereiro de 2020 foi registrado o primeiro caso de contaminação pelo coronavírus no Brasil e em 11 de março a Organização Mundial de Saúde (OMS) mudou a classificação da contaminação pelo coronavírus do estado de epidemia para pandemia. A mudança foi associada pela rápida potencialidade de disseminação do vírus, e não pela sua gravidade (Guilherme, et al., 2020; UNA-SUS, 2020).</p><p>Observe o Quadro 1, a seguir, onde são apresentadas as definições de surto, endemia, epidemia e pandemia, para facilitar a compreensão dos termos epidemiológicos:</p><p>Quadro 1. Definições de termos epidemiológicos</p><p>Fonte: Telessaúde São Paulo.</p><p>A necessidade de a população manter-se em distanciamento social como um modo preventivo à contaminação pelo coronavírus provocou diversas mudanças sociais e econômicas em todo mundo. O fechamento das escolas foi uma das estratégias utilizadas como forma de evitar que crianças e adolescentes se tornassem vetores de contaminação para seus familiares. No Brasil, as atividades de ensino de redes públicas e privadas passaram a ocorrer em modalidades alternativas à presencial no mês de março de 2020. Assim, de modo inesperado, toda comunidade escolar viu-se obrigada a reorganizar seu modo de ensino e aprendizagem (Banco Mundial, 2020).</p><p>Com isso, houve o desafio de enfrentar sentimentos de insegurança e despreparo frente a essa nova modalidade de ensino, tanto por parte dos educadores quanto dos alunos.</p><p>Em muitos países, incluindo o Brasil, aulas que, anteriormente à pandemia, ocorriam presencialmente, passaram a ser substituídas pela educação remota emergencial. Apesar de ser uma alternativa para manter os alunos em atividade e não interromper o ano letivo, o caráter de urgência em que a mudança teve de ser realizada tornou, por vezes, o processo estressante (Hodges et al., 2020). Alunos e docentes confinados precisaram lidar também com ansiedades e fragilidades advindas da perda de uma rotina já reconhecida, do acúmulo de tarefas e de outras responsabilidades (Arruda, 2020).</p><p>Outro ponto importante da passagem de aulas presenciais às aulas remotas em caráter emergencial foi a necessidade de um maior envolvimento dos pais – especialmente o de crianças dos anos iniciais da educação básica – no aprendizado e na organização do tempo e do espaço de estudo. No entanto, nem todos os responsáveis dispõem de tempo e de conhecimentos adequados para auxiliar os estudantes. Sabe-se que as condições socioeconômicas dos pais influenciam nas habilidades de investimento na educação dos filhos, sendo assim, estudantes em famílias de alta vulnerabilidade social tendem a abandonar a escola por falta de estímulos (Doyle, 2020; Banco Mundial, 2020). Além disso, muitas localidades do Brasil não possuem boa conectividade à rede mundial de computadores ou mesmo as ferramentas necessárias para disponibilizar as aulas remotas (Banco Mundial, 2020).</p><p>Com o distanciamento social, os educadores também necessitam de auxílio para reformular aulas, manter os alunos motivados e evitar a evasão escolar. Adaptar-se a um novo cenário de forma inesperada requer conhecimentos ainda novos para muitos docentes. A forma de interação e de apresentação de conteúdo modifica-se no ambiente online, assim, há uma necessidade do professor reestruturar sua maneira de ensinar.</p><p>Esse cuidado se faz importante tendo em vista que a escola e, portanto, a educação, não é um espaço para a mera transmissão de informação, mas também é o local onde o desenvolvimento humano acontece. Um lugar de convívio com as diferenças, de realizar atividades lúdicas, de reconhecer limites, de compartilhar vivências, desafios entre outros conhecimentos (Hodges, 2020; Linhares & Enumo, 2020).</p><p>Observação</p><p>Os impactos causados pela COVID-19 na educação do país e do mundo, tanto a curto quanto a longo prazo ainda são incertos. Entretanto, o planejamento e a organização de estratégias que viabilizem a retomada do ensino presencial de acordo com as características particulares de cada instituição de ensino e da região a qual pertence é de fundamental importância para que ocorra o mínimo de danos possíveis à comunidade escolar como um todo (Guilherme et al., 2020).</p><p>Na próxima Unidade, nos aprofundaremos no papel da escola frente à realidade da pandemia da Covid-19. Vamos lá!</p><p>Referências</p><p>· Arruda, E. P. (2020). Educação remota emergencial: elementos para políticas públicas na educação brasileira em tempos de Covid-19. Em Rede - Revista De Educação a Distância, 7(1), 257-275. Recuperado de https://www.aunirede.org.br/revista/index.php/emrede/article/view/621.</p><p>· Banco Mundial. (2020). Políticas educacionais na pandemia da COVID-19: o que o Brasil pode aprender com o resto do mundo? Recuperado de https://www.worldbank.org/pt/country/brazil/publication/brazil-education-policycovid-19-coronavirus-pandemic.</p><p>· Doyle, O. (2020). COVID-19: Exacerbating Educational Inequalities? Recuperado de http://publicpolicy.ie/papers/covid-19-exacerbating-educational-inequalities/.</p><p>· Fundação Oswaldo Cruz (2020). COVID-19, perguntas e respostas. Recuperado de https://portal.fiocruz.br/pergunta/quais-os-sintomas-docoronavirus#:~:text=Recentemente%2C%20as%20perdas%20de%20olfato,altera%C3%A7%C3%A3o%20do%20n%C3%ADvel%20de%20consci%C3%AAncia..</p><p>· Guilherme, A. A., Brito, R. de O., Dantas, L. G., Cheron, C. & Becker, C. (2020). Educação básica em tempos de pandemia: guia de recomendações gerais para reabertura das escolas. Brasília, DF: Universidade Católica de Brasília.</p><p>· Hodges, C. B., Moore, S., Lockee, B. B., Trust, T., & Bond, M. A. (2020). The difference between emergency remote teaching and online learning. Recuperado de https://er.educause.edu/articles/2020/3/the-difference-between-emergency-remoteteaching-and-online-learning.</p><p>· Linhares, M. B. M., & Enumo, S. R. F.. (2020). Reflexões baseadas na Psicologia sobre efeitos da pandemia COVID-19 no desenvolvimento infantil. Estudos de Psicologia (Campinas), 37, e200089. Epub. https://doi.org/10.1590/1982-0275202037e200089.</p><p>· Ministério da Saúde (2020). O que é COVID-19. Recuperado de https://coronavirus.saude.gov.br/sobre-a-doenca.</p><p>· Organização Mundial de Saúde. (2020). Coronavirus disease (COVID-19). Recuperado de https://www.who.int/emergencies/diseases/novel-coronavirus-2019/question-andanswers-hubq-a-detail/q-a-coronaviruses.</p><p>· Organização Pan Americana de Saúde (2020). Folha informativa</p><p>COVID-19 – Escritório da OPAS e da OMS no Brasil. Recuperado de https://www.paho.org/pt/covid19 .</p><p>· Telessaúde São Paulo. (2020). Qual é a diferença entre surto, epidemia, endemia, pandemia e sindemia? Recuperado de https://www.telessaude.unifesp.br/index.php/dno/redessociais159-qual-e-a-diferenca-entre-surto-epidemia-pandemia-e-endemia.</p><p>· Todos pela Educação (2020). Ensino a distância na Educação Básica frente à pandemia da Covid-19. Nota Técnica. Recuperado de https://www.todospelaeducacao.org.br/_uploads/_posts/425.pdf.</p><p>· Universidade Aberta do SUS. (2020). Organização Mundial de Saúde declara pandemia do novo Coronavírus. Recuperado de https://www.unasus.gov.br/noticia/organizacaomundial-de-saude-declara-pandemia-de-coronavirus.</p><p>· Zhu , N. , Zhang , D. , Wang, W., Li, X., Yang, B., Song, J., Zhao , X., Huang, B., Shi, W., Lu, R., Niu, P. , Zhan, F., Ma, X., Wang, D., Xu, W., Wu, G., Gao, G. F., & Tan, W. (2020). A Novel Coronavirus from Patients with Pneumonia in China, 2019. The New England Journal of Medicine, 382, 727-733. Recuperado de https://www.nejm.org/doi/10.1056/NEJMoa2001017.</p><p>Unidade 2 - O papel da escola frente à pandemia da COVID-19</p><p>Nesta unidade refletiremos sobre como a escola, enquanto uma instituição social, tem um papel fundamental no enfrentamento dos problemas causados pelo distanciamento social, e em como ela influencia no desenvolvimento humano de seus integrantes.</p><p>Primeiro, vamos pensar sobre...</p><p>As escolas são referências dos encontros sociais e dos processos comunitários que garantem resiliência para lidar com os desafios de uma pandemia. Mesmo fechadas, essas instituições ainda podem cumprir o papel de orientação para a comunidade escolar. As escolas constituem espaços de proteção para crianças e adolescentes em relação a problemas como violência familiar, violência comunitária, insegurança alimentar, dentre outros. Ainda, a escola é um ambiente organizado para fornecer suporte a crianças e adolescentes com deficiências, transtornos do desenvolvimento ou mesmo transtorno mental prévio.</p><p>É importante entender que este suporte ao desenvolvimento em situações adversas nem sempre está presente no lar dessas crianças e adolescentes, que em situação de pandemia podem estar com seus níveis de bem-estar e desenvolvimento seriamente comprometidos. A escola precisa se reafirmar como um espaço de proteção e educação, a partir de planos de retomada de atividades, respeitando as medidas sanitárias necessárias, assim que for possível sua viabilidade.</p><p>Considerando sua importância para o desenvolvimento infanto-juvenil, a escola merece especial atenção de gestores e legisladores no que tange a retomada segura de atividades para que se minimizem os problemas causados pelo afastamento das crianças de suas atividades escolares. Sabe-se que as perdas não são apenas no que diz respeito à aprendizagem, mas também no quesito de desenvolvimento social, segurança e proteção. A escola representa uma complexa rede de proteção social, sendo ainda mais relevante em países em desenvolvimento como é o caso do Brasil.</p><p>· Quais os principais desafios do ensino em tempos de pandemia?</p><p>· Quais seriam as estratégias de adaptação escolar neste período de pandemia?</p><p>· Como a escola pode se reestruturar para cumprir sua missão, mesmo frente a grandes desafios no período de pandemia e no pós-pandemia?</p><p>Para responder a essas questões abordadas acima, siga na leitura do material a seguir!</p><p>A escola, enquanto instituição social, exerce grande influência no desenvolvimento humano. Ela atua por meio de professores e equipe pedagógica, como um componente de construção de identidade, socialização e autonomia. Escolas e famílias são sujeitos indispensáveis no crescimento saudável das crianças, sendo a construção de uma relação harmoniosa entre ambos e um padrão de educação cooperativa de grande importância para o desenvolvimento dos alunos (Xia, 2020).</p><p>A educação é um fenômeno social, relacionando-se com contexto político, econômico, científico e cultural de uma determinada sociedade (Dias & Pinto, 2019). Assim, além de espaço do saber, a escola tem uma razão de ser, ser social (Dias & Pinto, 2020).</p><p>Os processos proximais, definidos como as atividades cotidianas de interação com outros indivíduos, objetos e símbolos que existem no ambiente externo, fazem parte de um conceito global do modelo bioecológico do desenvolvimento humano de Urie Bronfenbrenner. Esse modelo preconiza que o desenvolvimento humano é um processo de continuidades e mudanças das características pessoais e grupais que ocorrem ao longo do ciclo vital e ao longo das gerações (Bronfenbrenner, 2001). A ecologia do desenvolvimento humano, conforme proposto por Bronfenbrenner (1977), se dá por um estudo científico sobre as relações que os indivíduos estabelecem em seus ambientes imediatos, bem como contextos sociais mais amplos, tanto formais quanto informais, nos quais estão inseridos. Essas relações afetam imediatamente o desenvolvimento humano.</p><p>O autor propõe um arranjo de estruturas topologicamente concebidas para definir a proximidade das relações, cada uma abarcando progressivamente a outra. Cada transição ecológica é uma consequência de mudanças e também uma promotora de processos que ocorrem no desenvolvimento (Bronfenbrenner, 2004).</p><p>Inicialmente, um microssistema é o complexo de relações em um ambiente imediato, como família e a escola (Dessen & Costa, 2005), e o comportamento individual é examinado principalmente em termos de processo, como modos de interação, esquemas de reforço e taxas de resposta (Bronfenbrenner, 1977).</p><p>O mesossistema compreende as inter-relações entre dois ou mais ambientes em que o indivíduo está inserido e participa de maneira ativa, representando as relações estabelecidas entre um conjunto de microssistemas (Dessen & Costa, 2005). Segundo o modelo, para uma criança de até 12 anos, a escola pertence a essa parte da estrutura (Bronfenbrenner, 1977).</p><p>O exossistema compõe-se por um ou mais ambientes em que os indivíduos não participam de forma ativa, mas que afetam e são afetados pelo ambiente onde estes se encontram (Dessen & Costa, 2005). Incluem as principais instituições sociais à medida que operam em nível local concreto como a vizinhança e os órgãos governamentais locais, estaduais ou nacionais (Bronfenbrenner, 1977).</p><p>O macrossistema, por sua vez, se refere aos padrões institucionais abrangentes da cultura ou subcultura, como os sistemas econômico, social, educacional, jurídico e político, dos quais os microssistemas, os mesossistemas e os exossistemas são as manifestações concretas. São examinados como portadores de informação e ideologia e o lugar ou prioridade que as crianças e os responsáveis têm nesses macrossistemas é de especial importância para determinar como uma criança e seus responsáveis são tratados e interagem entre si em diferentes tipos de ambientes (Bronfenbrenner, 1977).</p><p>O sistema bioecológico, então, ocorre a partir de uma relação de dentro pra fora. No decorrer do desenvolvimento, as interações que chamamos de processos proximais se tornam progressivamente mais complexas (Dessen & Costa, 2005). Exemplos de processos proximais são:</p><p>· as brincadeiras entre as crianças,</p><p>· as atividades de aprendizagem escolar,</p><p>· o relacionamentos da criança com os pais e professores e</p><p>· a prática esportiva.</p><p>Os processos proximais são considerados como motores do desenvolvimento (Petrucci, Borsa & Koller, 2016). Dessa forma, fica claro que a convivência física com colegas e professores, além do processo de aprendizagem envolvido no ambiente escolar, influenciam diretamente no desenvolvimento humano saudável, fortalecendo competências e características identitárias.</p><p>Na configuração contextual da pandemia, o momento histórico, político e social em que vivemos se encontra na perspectiva do macrossistema, influenciando diretamente as demais estruturas, inclusive as interações no ambiente escolar que se localizam no mesossistema.</p><p>O sistema espaço-temporal, anteriormente não considerado no modelo, tomou também o seu lugar (Bronfenbrenner,</p><p>1994). O cronossistema aparece como mais um nível do contexto desenvolvimental, englobando as modificações e destacando a sua consistência com o passar do tempo, no que diz respeito não só às características pessoais do indivíduo, mas também à passagem do tempo no ambiente e na sociedade (Dessen & Costa, 2005).</p><p>São exemplos de eventos do cronossistema as mudanças na família, no status socioeconômico e de residência. A figura 1 ilustra a organização do sistema bioecológico, proposto por Bronfenbrenner (1977, 1994).</p><p>Figura 1. Diagrama esquemático e ilustrativo das estruturas a partir do Modelo Bioecológico de Bronfenbrenner. Fonte: Collodel-Benetti, Vieira, Crepaldi, & Ribeiro-Schneider (2013).</p><p>A partir do contexto de pandemia de COVID-19, foram necessárias adaptações no que diz respeito ao modelo de ensino nas escolas. Com a adoção de medidas protetivas de isolamento social, parte daquilo que é trabalhado no ambiente escolar - interação e socialização - foi substituído pelos encontros remotos.</p><p>O professor, que trabalha diretamente com o aluno e não no vazio, tornou-se muito mais o mediador do ensino, trabalhando com as ferramentas disponíveis nesse novo formato a fim de impulsionar a aprendizagem do aluno, preconizando a totalidade do ensino que é possível no contexto. Grande parte das escolas e das universidades estão fazendo o possível para garantir o uso das ferramentas digitais, mas sem terem o tempo hábil para testá-las ou capacitar o corpo docente e técnico administrativo para utilizá-las corretamente (Dias & Pinto, 2020).</p><p>As atribuições do professor são fundamentais no ensino presencial e remoto, porém é necessário que haja familiaridade com as técnicas de ensino à distância (Oliveira, Gomes & Barcellos, 2020). Caso contrário, isso poderia ampliar as desigualdades devido à dificuldade de desenvolver estratégias eficazes e em curto prazo para suprir as carências.</p><p>As competências do professor podem ser entendidas como disposições de desempenho cognitivas específicas do contexto que são funcionalmente responsivas a situações e demandas em certos domínios (Kaiser & König, 2019), ou seja, faz parte do papel do professor estar atento responsivamente a uma série de desencadeamentos que podem ocorrer no sujeito aluno e na instituição escola.</p><p>As adequações no ensino impostas pela pandemia requerem não apenas conhecimentos e competências, mas confiança por parte desses profissionais quanto ao uso das ferramentas e ao sucesso do ensino online (König, Jäger-Biela & Glutsch, 2020).</p><p>O papel da escola frente às mudanças se dá por minimizar os impactos emocionais e na aprendizagem dos alunos. Embora saibamos a necessidade de seguirmos as orientações dos órgãos responsáveis quanto ao distanciamento social, o impacto psicológico e emocional da quarentena é amplo, substancial e pode ser duradouro (Brooks et al, 2020). A perda de contato por semanas também pode gerar impacto no desempenho escolar das crianças (Eyles, Gibbons & Montebruno Bondi, 2020).</p><p>Observação</p><p>A escola também exerce um papel importante no que diz respeito ao cuidado a alunos em situação de vulnerabilidade e/ou marginalizados, pensando no acesso à educação e à atenção a possíveis situações de violência doméstica (Barrett, 2020) e negligência. Para tanto, em tempos de ensino remoto, é importante que se pense em métodos para reconhecimento de sinais de alerta e indicação de intervenção, como encaminhamento para órgãos responsáveis pela proteção infantil (Masonbrink & Hurley, 2020).</p><p>Outro papel exercido por muitas escolas é o de prover alimentação para os alunos e, considerando o nível de vulnerabilidade da família, talvez a única refeição do dia (Reis, Castilho, Mariano & Bias, 2020). Entende-se, dessa forma, que a escola não constitui somente um espaço de aprendizagem conforme um currículo pré-estabelecido, mas faz parte de um sistema que tem atravessamentos no âmbito social e, inclusive, exerce um papel protetivo no desenvolvimento saudável sob várias óticas, como as necessidades básicas, saúde mental e saúde física.</p><p>O retorno às atividades escolares presenciais exigirá uma atenção cuidadosa aos riscos médicos e da saúde mental (Barrett, 2020). Como estratégia, destacam-se, a partir da literatura, primeiramente uma avaliação diagnóstica das necessidades dos alunos como base para a retomada. A partir de então, as intervenções robustas e promissoras, incluindo ensino estruturado, métodos adequados de alfabetização, utilização estratégica dos deveres de casa e de programas de leitura devem ser instituídos.</p><p>Para os alunos que apresentam maior dificuldade, programas intensivos de tutoria em grupos pequenos devem ocorrer (Oliveira, Gomes & Barcellos, 2020). O olhar para a saúde física e mental de todos os membros da comunidade escolar é também uma tarefa importante das escolas, atentando para sinais de alterações de comportamento e de humor, medo e dificuldade de adaptação ao retorno. Durante o período de isolamento, muitas famílias viveram situações adversas, enfrentando perdas, dificuldades econômicas e sobrecarga. Desta forma, o papel da escola é, também, proporcionar um espaço de acolhimento a essas novas demandas que poderão emergir.</p><p>Vamos à próxima Unidade, estudar um pouco mais sobre o ensino a distância!</p><p>Referências</p><p>· Barrett, E. (2020). No Health without Mental Health: Risks and Benefits of School Closures during a Pandemic. Disponível em: https://www.lenus.ie/bitstream/handle/10147/628013/No-Health-without-MentalHealth-Risks-and-Benefits-of-School-Closures-during-a-Pandemic.pdf?sequence=1.</p><p>· Bronfenbrenner, U. (1977). Toward an experimental ecology of human development. American psychologist, 32(7), 513. https://doi.org/10.1037/0003-066X.32.7.513.</p><p>· Bronfenbrenner, U. (1994). Ecological models of human development. Readings on the development of children, 2(1), 37-43.</p><p>· Bronfenbrenner, U. (2001). The bioecological theory of human development. In N. J. Smelser & P. B. Baltes (Eds.), International encyclopedia of the social and behavioral sciences (pp. 6963-6970). Oxford, UK: Elsevier.</p><p>· Brooks, S. K., Webster, R. W., Smith, L. E., Woodland, L., Wessely, S., Greenberg, N., & Rubin, G. J. (2020). The psychological impact of quarantine and how to reduce it: rapid review of the evidence. The Lancet, 395(10227), 912-920. http://dx.doi.org/10.1016/S0140-6736(20)30460-8.</p><p>· Collodel-Benetti, I., Vieira, M. L., Crepaldi, M. A., & Ribeiro-Schneider, D. (2013). Fundamentos de la teoría bioecológica de Urie Bronfenbrenner. Pensando Psicología, 9(16), 89-99. https://doi.org/10.16925/pe.v9i16.620.</p><p>· Dessen, M. A., & Costa, A. L. (2005). A ciência do desenvolvimento humano. Porto Alegre: Artmed.</p><p>· Dias, É., & Pinto, F. C. F. (2019). Educação e Sociedade. Ensaio: Avaliação e Políticas Públicas em Educação, 27(104), 449-454. http://dx.doi.org/10.1590/s0104-40362019002701041.</p><p>· Dias, É., & Pinto, F. C. F. (2020). A Educação e a Covid-19. Ensaio: Avaliação e Políticas Públicas em Educação, 28(108), 545-554. http://dx.doi.org/10.1590/s0104-40362019002801080001.</p><p>· Eyles, A., Gibbons, S., & Montebruno Bondi, P. (2020). Covid-19 school shutdowns: What will they do to our children's education? Disponível em: http://eprints.lse.ac.uk/104675/3/Eyles_covid_19_school_shutdowns_published.pdf.</p><p>· Kaiser, G., and J. König. 2019. “Competence Measurement in (Mathematics) Teacher Education and Beyond: Implications for Policy.” Higher Education Policy. 32: 597– 615. http://dx.doi.org/10.1057/s41307-019-00139-z.</p><p>· König, J., Jäger-Biela, D. J., & Glutsch, N. (2020). Adapting to online teaching during COVID-19 school closure: teacher education and teacher competence effects among early career teachers in Germany. European Journal of Teacher Education, 1-15. https://doi.org/10.1080/02619768.2020.1809650.</p><p>· Masonbrink, A. R., & Hurley, E. (2020). Advocating for children during the COVID-19 school closures. Pediatrics, 146(3).https://doi.org/10.1542/peds.2020-1440.</p><p>· Oliveira, J. B. A., Gomes, M., & Barcellos, T. (2020). A Covid-19 e a volta às aulas: ouvindo as evidências.</p><p>escolar participem de tomadas de decisão significativas para a escola.</p><p>Isso pode ser assegurado, por exemplo, por meio de consultas, pesquisas de opinião, eleição de representantes de classe, feedback em sala de aula sobre atividades de aprendizagem, além de contemplar os interesses dos estudantes na definição dos conteúdos abordados e nos métodos utilizados em sala de aula;</p><p>· Desenvolver um ambiente acolhedor.</p><p>É importante assegurar que todos na escola possam se sentir apoiados e seguros, para que possam desenvolver atividades significativas como, por exemplo, clubes, grupos e associações que tratem de questões que preocupam os jovens, como a saúde e o auxílio a grupos mais vulneráveis.</p><p>· Tomar medidas para reduzir a ansiedade com relação às avaliações.</p><p>Isso pode ser facilitado por meio da introdução de formas de avaliação menos estressantes, como a avaliação formativa, a avaliação por pares e o envolvimento dos alunos na identificação das suas próprias necessidades de avaliação;</p><p>· Promoção de um clima positivo dentro da sala de aula.</p><p>Empregar métodos de ensino como a aprendizagem cooperativa, além de métodos centrados no aluno, no tempo auto-organizado, nas atividades ao ar livre, entre outros que contribuam para um clima positivo, incrementando os níveis de bem-estar;</p><p>· Dialogar sobre bem-estar.</p><p>Encontrar oportunidades no currículo para falar sobre questões de bem-estar com os alunos, por exemplo, alimentação saudável, saúde mental, exercícios, abuso de substâncias, relacionamentos positivos;</p><p>· Integrar a cidadania democrática e a educação.</p><p>Permitir ampliar a compreensão intercultural em diferentes disciplinas escolares e atividades extracurriculares como, por exemplo, abertura para outras culturas no Ensino Religioso, conhecimento e compreensão crítica dos direitos humanos nas Ciências Sociais, empatia na Literatura;</p><p>· Comunicação não-violenta e gestão de conflitos.</p><p>Introduzir ferramentas que auxiliem na gestão de conflitos lideradas pelos próprios estudantes, inclusive em situações como a intimidação, o bullying e o assédio, através da mediação de pares e da justiça restaurativa;</p><p>· Melhorar o ambiente físico da escola.</p><p>Tornar o ambiente escolar mais amigável ao aluno, por exemplo, utilizando móveis e acessórios novos, áreas acarpetadas, esquemas de cores apropriados, áreas de banheiro seguras e limpas, áreas de lazer e espaços de aprendizagem alternativos;</p><p>· Encorajar uma alimentação mais saudável e a prática de atividades físicas.</p><p>Oferecer opções saudáveis na cantina da escola como, por exemplo, evitando grandes quantidades de açúcar, gorduras saturadas e sal. Estimular a realização de atividades físicas, para além das aulas de educação física, estimulando caminhadas, e utilizando escadas ao invés de elevadores, quando possível.</p><p>· Trabalhar com os pais.</p><p>Eles são figuras fundamentais para o desempenho e o senso de propósito dos alunos na escola. Por isso é importante envolvê-los em conversas e ações relacionadas, por exemplo, à alimentação saudável, ao uso seguro da Internet e às comunicações entre casa e escola.</p><p>Iniciativas individuais como essas podem ser reunidas no nível de toda a escola por meio de um processo de desenvolvimento de políticas que façam do bem-estar uma questão acadêmica. Abordar o bem-estar dos alunos na escola sempre anda de mãos dadas com ações de proteção à saúde e ao bem-estar dos professores e atores educacionais.</p><p>Importante!</p><p>A importância do bem-estar dos professores</p><p>Tão importante quanto pensar em como a escola pode promover o bem-estar dos estudantes, é pensar em como pode promover o bem-estar de seus professores. Nesta palestra, a educadora Sydney Jensen faz um alerta: os professores, que absorvem o peso emocional das experiências de seus alunos, também precisam estar atentos à sua saúde mental e seu bem-estar. Ela também mostra como as escolas podem ser criativas no apoio à comunidade escolar e seus atores.</p><p>Link para o vídeo:</p><p>https://www.ted.com/talks/sydney_jensen_how_can_we_support_the_emotional_well_being _of_teachers.</p><p>Vamos à próxima unidade, estudar sobre como pode se dar a relação entre bem-estar e estudantes!</p><p>Referências</p><p>· Cowburn, A., & Blow, M. (2017). Wise up: Prioritising wellbeing in schools. Young Minds. https://youngminds.org.uk/media/1428/wise-up-prioritising-wellbeing-in-schools.pdf</p><p>· Govorova, E., Benítez, I., & Muñiz, J. (2020). How Schools Affect Student Well-Being: A Cross-Cultural Approach in 35 OECD Countries. Frontiers in Psychology, 11, 431–444. doi:10.3389/fpsyg.2020.00431</p><p>· Parreiral, S. (2014). Bem-estar escolar: Percepções sobre a participação e envolvimento institucional dos alunos/ Wellbeing at school: Students’ perceptions of institutional participation and envolvements, In Veiga, F. M.; Almeida, A.; Carvalho, C.; Galvão, D.; Goulão, F.; Marinha, F.; Festas, I.; Janeiro, I.; Nogueira, J.; Conboy, J.; Melo, M.; Taveiro, M. C.; Bahia, S.; Caldeira, S. & Pereira, T. Atas do I Congresso Internacional Envolvimento dos Alunos na Escola: Perspetivas da Psicologia e Educação, IE-UL, ISBN: 978-989-98314-7-6, pp. 1704-1718.</p><p>· Silva, J. L. D. (2019). Escala de bem-estar subjetivo escolar: elaboração de itens e estudos psicométricos. (Dissertação de Mestrado). https://www.usf.edu.br/galeria/getImage/385/3734863702879761.pdf</p><p>UNIDADE 2 - BEM-ESTAR E ESTUDANTES</p><p>2.1 Infância, bem-estar e escola</p><p>Nesta parte estudaremos as tarefas de desenvolvimento da infância e como a escola pode auxiliá-las, estimulando o autoconhecimento e a exploração do ambiente, além de conhecermos os elementos que compõem o bem-estar na infância, segundo o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF). Por fim, dicas de atividades que estimulam o bem-estar físico, mental e social dos alunos também serão apresentadas.</p><p>· O que é a infância?</p><p>· Qual o papel da escola no desenvolvimento das crianças?</p><p>· Quais os aspectos que interferem no bem-estar das crianças?</p><p>Prossiga na leitura do material para responder a essas questões!</p><p>Infância</p><p>Todas as pessoas criam representações sobre o que é a infância. Elas são construídas a partir das experiências de vida e pela forma como cada cultura caracteriza essa etapa do ciclo vital. A imagem que se constrói sobre a infância marca profundamente as relações com as crianças e suas famílias.</p><p>A infância pode ser entendida como uma etapa do desenvolvimento humano que ocorre nos primeiros anos de vida de um indivíduo e considera-se que ela possa ir até os 12 anos de idade. Apesar de estar marcada no tempo, cada criança vai vivenciar seu processo de crescimento de modo único, considerando os aspectos biológicos, familiares, sociais e culturais. Assim, pode ser diferente ser criança na cidade de São Paulo e no interior do estado do Rio Grande do Norte.</p><p>Apesar das singularidades, essa etapa é marcada por algumas tarefas de desenvolvimento que vão sendo alteradas e ficando mais complexas ao longo do tempo. Ao considerarmos as crianças que já frequentam a escola, podemos dizer que as principais demandas da infância são:</p><p>· Entrar em contato com pessoas que apresentam valores e comportamentos diferentes da sua família;</p><p>· Aprender a se relacionar e desenvolver habilidades sociais;</p><p>· Reconhecer e aceitar regras e limites;</p><p>· Reconhecer e aprender a lidar melhor com as emoções;</p><p>· Aprender sobre a importância do autocuidado, como alimentação, higiene e sono;</p><p>· Desenvolver habilidades básicas de autorregulação (ex.: gerenciamento de tempo).</p><p>· Criar hábitos positivos de estudo.</p><p>· Desenvolver conhecimentos acadêmicos específicos.</p><p>Esse conjunto de tarefas busca desenvolver a autoconfiança e a autonomia para enfrentar os desafios que surgem ainda na infância, mas também prepara a criança para o período da adolescência que virá a seguir. Durante esse processo, mais do que qualquer outro momento da vida, as crianças precisam ser acompanhadas pelos adultos à sua volta. Os primeiros adultos responsáveis por estimular o desenvolvimento das crianças são os familiares, seguidos pelos professores e pela escola como um todo.</p><p>Infância e o ambientes escolar</p><p>A escola por</p><p>Ensaio: Avaliação e Políticas Públicas em Educação, 28(108), 555-578. https://doi.org/10.1590/s0104-40362020002802885.</p><p>· Petrucci, G. W., Borsa, J. C., & Koller, S. H. (2016). A Família e a escola no desenvolvimento socioemocional na infância. Temas em Psicologia, 24(2), 391-402 https://doi.org/10.9788/TP2016.2-01Pt.</p><p>· Reis, A. C. B., Castilho, M. L., Mariano, A. P. M., & Bias, E. D. S. (2020). Brazilian school feeding during the COVID-19 pandemic closures. Pediatrics, 146(3). https://doi.org/10.1590/SciELOPreprints.791.</p><p>· Xia, J. (2020). Practical exploration of school-family cooperative education during the COVID-19 epidemic: A case study of Zhenjiang Experimental School in Jiangsu province, China. China (March 15, 2020) http://dx.doi.org/10.2139/ssrn.3555523.</p><p>Unidade 3 - Ensino a distância: desafios e potencialidades</p><p>Nesta unidade, estudaremos a transição do ensino para o modo online, e iremos propor uma reflexão a respeito dos principais desafios do Ensino Remoto Emergencial (ERE) e o que pode ser feito para não amplificarmos as desigualdades sociais nesse momento tão delicado.</p><p>Mas primeiro vamos considerar...</p><p>Os desafios do ensino e aprendizagem durante a pandemia. É possível destacar algumas ações que venham a minimizar os impactos negativos e que sirvam para o manejo futuro em situações semelhantes. Os governos devem estar atentos não somente aos desafios educacionais, mas às necessidades de segurança e alimentação dos escolares. Políticas públicas bem desenhadas podem ter um impacto positivo não somente durante o período emergencial, mas também no pós-pandemia.</p><p>Por exemplo, medidas que visem empréstimo ou acesso a recursos pedagógicos podem ser de extrema importância para os alunos que apresentem necessidade de material de apoio, e que não possuem meios de enriquecimento ambiental e cultural em suas casas. Livros, materiais audiovisuais, pequenos jogos ou recursos lúdicos, podem ser fornecidos a partir dos mesmos sistemas que operam bibliotecas ou brinquedotecas.</p><p>Outra possibilidade é criar plataformas regionais que ofereçam cursos ou aulas para diferentes níveis educacionais, interligando sistemas de internet e televisão para que, desta forma, atinja um maior público, tendo em vista a disparidade ainda presente no acesso à internet. Ainda, essas iniciativas poderiam orientar um estilo de vida mais saudável durante o período de pandemia e após por meio de programas que estimulem hábitos alimentares saudáveis, prática de exercícios físicos, cuidados de higiene e organização de atividades.</p><p>· Quais recursos utilizados de forma emergencial no período de pandemia podem compor a rotina da educação após este período?</p><p>· Há mudanças positivas na educação em função das mudanças no período de pandemia?</p><p>· Quais outras tarefas, além da educação formal e dos conteúdos acadêmicos, a escola pode colaborar neste período?</p><p>Para responder a essas e outras questões que você possa vir a ter, prossiga na leitura desta Unidade.</p><p>A COVID-19 trouxe inúmeros impactos na população mundial, na economia e nos serviços de saúde. Contudo, um dos principais desafios que se apresenta na atualidade diz respeito à comunidade escolar. Mais de 90% dos estudantes do mundo foram afetados com a suspensão das atividades escolares presenciais (UNESCO, 2020).</p><p>Nesse sentido, entrou em cena o chamado Ensino Remoto Emergencial (ERE), adotado de maneira abrupta e temporária, como uma solução para que as atividades escolares não fossem totalmente interrompidas (Behar, 2020). Porém, o uso de novas estratégias pedagógicas possui diversas camadas, como:</p><p>· a capacitação docente,</p><p>· a adaptação dos estudantes,</p><p>· o acesso a internet e</p><p>· o manejo do tempo de estudo.</p><p>Assim, podemos nos perguntar: como conciliar tantas demandas ao mesmo tempo?</p><p>É sabido que a chamada educação a distância (EaD) já existe há muitos anos no Brasil. Passamos por diversas fases, conforme a tecnologia foi sendo desenvolvida. Inicialmente era muito popular pelo correio, sendo posteriormente adaptada ao rádio e à televisão, até ser totalmente disseminada via Internet (Gomes, 2020).</p><p>Ao pensarmos em EaD, é preciso levar em consideração que essa modalidade só é possível devido a uma grande reestruturação curricular que permite que o conteúdo seja adaptado (Arruda, 2020). Porém, o currículo da maior parte das instituições de ensino não foi criado para ser aplicado remotamente. Sendo assim, acostumados à sala de aula presencial, os docentes precisaram iniciar aulas online sem preparo prévio adequado.</p><p>O ensino remoto emergencial praticado atualmente no Brasil se assemelha ao EaD no que se refere a uma educação mediada pelo uso da tecnologia. A educação a distância pressupõe inúmeros recursos: carga horária diferenciada, apoio de tutores e a utilização híbrida de aulas síncronas e assíncronas (Joye et tal., 2020). Todavia, para essa estrutura é necessário um preparo prévio de toda comunidade escolar, o que não foi possível inicialmente com o ERE, justamente por seu caráter emergencial.</p><p>A maioria das escolas, utilizando plataformas de reunião online, tem mantido o contato com os estudantes através de encontros síncronos aproveitando o horário de aula da modalidade presencial. Apesar de ser uma boa alternativa para manter o contato, o uso de aplicativos para videoconferência pode provocar uma exaustão. No exterior, este cansaço está sendo chamado de “Zoom Fatigue” (Fosslien & Duffy, 2020) – em tradução literal, Fadiga de Zoom.</p><p>As conversas online exigem mais concentração e autocontrole, principalmente porque, na maioria das vezes, o ambiente é a nossa casa, onde já existem outros fatores de dispersão (Franco, 2005). Ainda, o tempo excessivo de telas pode estar relacionado à maior agressividade, ansiedade e depressão, principalmente em crianças (Wernet et tal., 2020).</p><p>O sono também pode ser afetado, tendo em vista que o contato prolongado com a luz de telas eletrônicas afeta negativamente a produção de melatonina, hormônio responsável pela regulação do ritmo biológico do nosso organismo (Gozal, 2017).</p><p>Observação</p><p>Além disso, o uso de plataformas online exige uma boa conexão com a internet, tornando- se um desafio a ser superado por parte da comunidade escolar. Recentemente foi divulgada pelo IBGE a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua - Tecnologia da Informação e Comunicação (Pnad Contínua TIC) realizada em 2018 (IBGE, 2020), e os dados apontaram que um em cada quatro brasileiros não têm acesso à internet, totalizando uma média de 46 milhões de pessoas. Com base nesses dados é possível compreender que o ensino a distância, como única opção no contexto de pandemia - visando preservar a saúde física da comunidade escolar -, infelizmente pode aumentar as desigualdades sociais já existentes, que são parcialmente niveladas quando se pensa em um ensino presencial (Dias & Pinto, 2020).</p><p>No que se refere à enorme pluralidade de estudantes no Brasil, uma boa estratégia a ser adotada é o mapeamento das principais necessidades dos alunos em cada escola. Somente a partir de um diagnóstico da realidade local, será possível compreender melhor como os eventos relativos à pandemia impactaram a comunidade escolar, de modo a fornecer subsídios para a elaboração de estratégias (Appenzeller et tal., 2020).</p><p>A garantia de equidade de acesso é fundamental e só será possível se feita de modo a ouvir os estudantes e suas famílias, considerando o contexto em que cada um vive e as suas dificuldades de aprendizagem (Appenzeller et tal., 2020). O objetivo não é mudar totalmente o currículo das aulas, de modo a formular um curso robusto a distância, mas sim dar conta das principais demandas, tendo em vista que o ensino remoto emergencial é caracterizado pela necessidade de adaptação (Behar, 2020).</p><p>Observação</p><p>Também cabe salientar que é primordial ouvir as demandas dos próprios professores. Assim como a maioria das famílias brasileiras, os docentes ainda enfrentam outros desafios como ter que cuidar de sua família, dividir computadores e/ou materiais com outros membros dentro de casa, sendo que,</p><p>muitas vezes, não há um local adequado para ministrar as videoaulas. É preciso lembrar que estamos vivenciando algo singular que implica em uma necessidade maior de adaptação. Nem todos estão experienciando a pandemia do mesmo modo, tendo em vista as diferenças sócio-estruturais, econômicas e emocionais de cada um (Dias & Pinto, 2020).</p><p>Nesse sentido, a magnitude do impacto da COVID-19 tem ocasionado perturbações psicológicas e sociais que afetam principalmente a capacidade de enfrentamento da pandemia pela população (Abad & Abad, 2020). É uma época que pode intensificar o sofrimento mental, ocasionando um aumento de emoções negativas. Dentre os principais sentimentos estão (Dias & Pinto, 2020):</p><p>· o medo de ser infectado ou infectar outras pessoas,</p><p>· angústia,</p><p>· frustração,</p><p>· impotência,</p><p>· incerteza,</p><p>· tédio,</p><p>· falta de suprimentos e</p><p>· informações inadequadas sobre o vírus.</p><p>Em situações adversas é necessário ter em mente que existe a possibilidade de o indivíduo aprender com seus esforços para tornar-se psicologicamente mais forte e crescer como ser humano. A resiliência pode constituir um processo essencial para o enfrentamento das adversidades derivadas da pandemia (Zanon et al., 2020).</p><p>A incorporação de ações no cotidiano que envolvam autocompaixão, criatividade e otimismo pode promover resiliência e bem-estar em muitas pessoas. A longo prazo espera-se que a maioria das pessoas possam se recuperar dessa experiência, reassumindo suas atividades e rotinas.</p><p>Apesar da progressiva retomada diária que estamos vivenciando, uma série de consequências da pandemia irão demandar maior tempo para serem revertidas. Não é possível prever quando a vacina ficará disponível para toda a população e nem qual tempo iremos levar até que a contaminação seja controlada. Portanto, a situação ainda requer muita organização, cuidado e compromisso social. O distanciamento social continua sendo a forma mais eficaz para evitar a rápida propagação da doença (Taylor, 2019). E mesmo com os desafios que o ERE impõe, ainda é uma alternativa importante para não deixar os estudantes desassistidos.</p><p>Observação</p><p>Sem dúvidas há uma sobrecarga de trabalho para todos, mas é preciso reconhecer a importância do seguimento das atividades, mesmo que remotamente, e principalmente se pensarmos no desenvolvimento cognitivo e emocional das crianças e dos jovens neste período (Guilherme et tal., 2020).</p><p>Aos poucos está ocorrendo o retorno de algumas atividades presenciais e espera-se que seja adotado um sistema híbrido, até que seja totalmente seguro voltar à rotina normal. O retorno às atividades cotidianas irá demandar ajustes e paciência, principalmente por parte das famílias e dos alunos. As escolas brasileiras estão inseridas em contextos diversificados e complexos. Nesse sentido, antes de qualquer retomada presencial, é preciso que ocorra o planejamento de protocolos de segurança envolvendo a higiene e a disponibilização de EPIs (Equipamentos de Proteção Individual), conforme recomendado pela Secretaria de Vigilância em Saúde (Ministério da Saúde, 2020).</p><p>Observação</p><p>Ainda, cabe salientar que o retorno das atividades presenciais deve ter como base um espaço de confiança e acolhimento. Possivelmente a escola irá se tornar um espaço de ressocialização e a volta gradual à rotina deverá levar em consideração os sentimentos e anseios tanto dos estudantes como dos professores (Faro et al., 2020).</p><p>É sabido que a comunidade escolar envolve pessoas do grupo de risco, muitas crianças moram com idosos e toda essa carga emocional irá aparecer ao longo da retomada gradual das atividades. Estamos construindo juntos um “novo normal” e o comprometimento, planejamento e flexibilidade serão fundamentais.</p><p>Vamos até a próxima Unidade, estudarmos sobre a inclusão na educação durante o período de pandemia!</p><p>· Abad, A.; Abad, T. M. (2020) Covid-19: o fator psicológico. Integración Académica en Psicología Volumen 8. Número 23. http://integracion-academica.org/attachments/article/271/01%20Covid%2019%20-%20AAbad%20TMarques.pdf.</p><p>· Appenzeller, S. et al. (2020) Novos Tempos, Novos Desafios: Estratégias para Equidade de Acesso ao Ensino Remoto Emergencial. Rev. bras. educ. med., Brasília, v. 44, supl. 1, e155. https://doi.org/10.1590/1981-5271v44.supl.1-20200420.</p><p>· Arruda, E. P. (2020). Educação remota emergencial: elementos para políticas públicas na educação brasileira em tempos de Covid-19. Em Rede - Revista De Educação a Distância, 7(1), 257-275.https://www.aunirede.org.br/revista/index.php/emrede/article/view/621.</p><p>· Behar, P. A. (2020) O ensino remoto emergencial e a educação a distância. https://www.ufrgs.br/coronavirus/base/artigo-o-ensino-remoto-emergencial-e-a-educacao-adistancia/.</p><p>· Dias, E.; Pinto, F. C. F. (2020) A Educação e a Covid-19. Ensaio: aval.pol.públ.Educ., Rio de Janeiro, v. 28, n. 108, p. 545-554.https://doi.org/10.1590/s0104-40362019002801080001.</p><p>· Faro, A. et al. (2020) COVID-19 e saúde mental: a emergência do cuidado. Estud. psicol. (Campinas), Campinas, v. 37, e200074.https://doi.org/10.1590/1982-0275202037e200074 .</p><p>· Fosslien, L.; Duffy, M. W. (2020) How to Combat Zoom Fatigue. Harvard Business Review. https://hbr.org/2020/04/how-to-combat-zoom-fatigue.</p><p>· Franco de Lima, R. (2005) Compreendendo os Mecanismos Atencionais. Ciênc. cogn., Rio de Janeiro, v. 6, n. 1, p. 113-122. http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1806-58212005000300013&lng=pt&nrm=iso .</p><p>· Gomes, L. F. (2013) EAD no Brasil: perspectivas e desafios. Avaliação (Campinas), Sorocaba, v. 18, n. 1, p. 13-22. https://doi.org/10.1590/S1414-40772013000100002.</p><p>· Gozal, D. (2017) Sono e exposição à mídia eletrônica em adolescentes: a lei dos rendimentos decrescentes. J. Pediatr. (Rio J.), Porto Alegre, v. 93, n. 6, p. 545-547. http://dx.doi.org/10.1016/j.jped.2017.04.002.</p><p>· Guilherme, A. A. et tal. (2020) Educação básica em tempos de pandemia: guia de recomendações gerais para reabertura das escolas. Recurso eletrônico. Brasília, DF: Universidade Católica de Brasília.</p><p>· IBGE. (2018) PNAD Contínua TIC 2018: Internet chega a 79,1% dos domicílios do país. https://agenciadenoticias.ibge.gov.br/agencia-sala-de-imprensa/2013-agencia-de noticias/releases27515-pnad-continua-tic-2018-internet-chega-a-79-1-dos-domicilios do-pais.</p><p>· Joye, C. R., Moreira, M. M., & Rocha, S. S. D. (2020). Distance Education or Emergency Remote Educational Activity: in search of the missing link of school education in times of COVID-19. Research, Society and Development, 9(7), e521974299. https://doi.org/10.33448/rsd-v9i7.4299.</p><p>· Ministério da Saúde. (2020) Recomendações de proteção aos trabalhadores dos serviços de saúde no atendimento de COVID-19 e outras síndromes gripais.https://www.saude.go.gov.br/files/banner_coronavirus/GuiaMSRecomendacoesdeprotecaotrabalhadores-COVID-19.pdf.</p><p>· Taylor, S. (2019). The Psychology of Pandemics: Preparing for the Next Global Outbreak of Infectious Disease. Cambridge Scholars Publishing.</p><p>· UNESCO. (2020) A Comissão Futuros da Educação da Unesco apela ao planejamento antecipado contra o aumento das desigualdades após a COVID-19.: https://pt.unesco.org/news/comissao-futuros-da-educacao-da-unesco-apela-aoplanejamento-antecipado-o-aumento-das.</p><p>· Wernet, M. et tal. (2020) Pandemia e o tempo de tela por crianças e adolescentes. https://www.informasus.ufscar.br/pandemia-e-o-tempo-de-tela-por-criancas-e-adolescentes/.</p><p>· Zanon, C. et al. (2020) COVID-19: implicações e aplicações da Psicologia Positiva em tempos de pandemia. Estud. psicol. (Campinas), Campinas, v. 37, e200072. http://dx.doi.org/10.1590/1982-0275202037e200072.</p><p>Unidade 4 - Inclusão na educação durante a pandemia</p><p>Nesta unidade, discutiremos a inclusão escolar frente ao contexto da pandemia, tendo em vista que o ensino a distância pode ser muito mais desafiador para determinadas populações.</p><p>Primeiro, devemos saber que...</p><p>A inclusão é tema que merece grande atenção, especialmente no período de pandemia. Escolares com deficiência demandam cuidados e recursos específicos, sendo que seus acessos estão prejudicados</p><p>em função da interrupção das aulas presenciais. Crianças e adolescentes com deficiência de classes sociais mais baixas estão em especial situação de vulnerabilidade, em função dos estressores familiares como o desemprego, a pobreza, a violência familiar, a insegurança alimentar, entre outros.</p><p>As tecnologias assistivas são importantes ferramentas no que diz respeito às estratégias inclusivas na educação remota emergencial. Uma das iniciativas inclui formas de comunicação alternativas. Essas formas incluem pranchas, materiais de narração e materiais em braile.</p><p>· Existem marcos legais importantes para a educação inclusiva no Brasil?</p><p>· Como as tecnologias assistivas podem auxiliar na educação de crianças e adolescentes com deficiência?</p><p>· Qual seria uma nova estratégia para o uso de tecnologia na educação de crianças e adolescentes com deficiência no período de pandemia?</p><p>Para conseguir responder a essas questões, prossiga com a leitura desta Unidade!</p><p>Os direitos das pessoas com deficiência passaram por importantes avanços desde a década de 1990 no Brasil. Diferentes políticas públicas em prol da inclusão e da inserção da pessoa com deficiência em diferentes âmbitos da sociedade vêm sendo implementadas recentemente (Mafra, Silva & Silveira, 2019; Nascimento & Omodei, 2019).</p><p>No contexto da educação, a possibilidade da inclusão de alunos com deficiência em escolas regulares, com atendimento educacional especializado de acordo com as necessidades individuais, representa um importante avanço. Entretanto, cabe destacar que a inclusão efetiva dos alunos com deficiência no ensino regular passa por desafios em sua implementação, incluindo tanto a formação de professores para atender às necessidades quanto a preparação da escola para receber esses alunos (Mafra, Silva & Silveira, 2019). O ensino inclusivo se propõe a ir além do agrupamento de indivíduos no espaço escolar. A criação de condições para a real integração entre alunos do ensino regular e alunos com deficiência traz benefícios para todos, uma vez que o processo de aprendizagem deve valorizar a liberdade e a individualidade de cada aluno (de Souza & Vieira, 2020).</p><p>Observação</p><p>A pandemia da COVID-19, bem como as medidas necessárias para evitar a disseminação da doença ocasionaram grande impacto econômico, político e social (van Bavel et al., 2020). No cenário da educação, toda comunidade escolar foi atingida pelas mudanças causadas pela pandemia, mesmo que de diferentes formas e em diferentes intensidades (Cury, Ferreira, Ferreira & Rezende, 2020). Os alunos com deficiência, que já se deparavam com algumas dificuldades relacionadas à inclusão escolar em contexto de normalidade, encontraram desafios ainda maiores no que diz respeito ao acesso igualitário à educação (Cury, Ferreira, Ferreira & Rezende, 2020).</p><p>A preocupação com a contaminação de crianças pelo coronavírus não era grande em função da baixa incidência, até que a Síndrome Inflamatória Multissistêmica associada à COVID-19 passou a fazer parte dos quadros incidentes (Riphagen et al., 2020). Outros desfechos negativos podem fazer parte da vivência da pandemia para crianças e jovens, sendo que aqueles com deficiência são especialmente vulneráveis, uma vez que podem apresentar maior necessidade de cuidados com a saúde, maior dependência dos serviços de base comunitária, como atendimento especializado na escola, e problemas de saúde mental (Aishworiya & Kang, 2020).</p><p>Condições médicas pré-existentes são comuns nessa população, aumentando o grau de vulnerabilidade durante a pandemia (UNICEF, 2020). A mudança repentina de rotina devido ao distanciamento social como medida de prevenção necessária, bem como a mudança para o ensino online podem representar fatores que, somados, resultam em um impacto negativo na saúde mental das crianças e jovens com deficiência (Patel, 2020).</p><p>A atenção à violência familiar quando há um integrante com deficiência deve ser redobrada, visto que crianças, adolescentes e pessoas com deficiência estão entre os grupos mais vulneráveis para esse tipo de violência. Entre os fatores que amplificam o risco de violência familiar estão (Wasksman & Blank, 2020):</p><p>· a sobrecarga e o estresse por parte dos cuidadores,</p><p>· os comportamentos mais externalizantes em crianças e adolescentes decorrentes do estresse ocasionado pelo isolamento social,</p><p>· o contexto de vulnerabilidade socioeconômica e</p><p>· o suporte social limitado.</p><p>Nesse sentido, a escola ocupa um papel significativo, uma vez que, em contexto de normalidade, os professores e funcionários podem perceber sinais da violência e acionar órgãos responsáveis.</p><p>Sabe-se que durante as férias escolares há aumento nos casos de abuso infantil (Wasksman & Blank, 2020), o que leva a considerar esse aumento também durante o isolamento social. Durante o ensino remoto emergencial, a identificação de sinais de violência pode ser mais difícil, devido a não convivência diária do professor com o aluno. Assim, faz-se necessário a escola e/ou o docente manter contato com o aluno e com a família, estando atento a possíveis sinais de violência familiar. Essa medida, mesmo que por Tecnologias da Informação e Comunicação, pode ser uma alternativa durante o isolamento social.</p><p>A notificação de suspeita de violência é papel de todos. Utilize os canais oficiais: delegacias, ligar para 180, 100 ou 190, Disque Denúncia - 181 ou pela internet no Web Denúncia</p><p>A interrupção do atendimento à criança com deficiência durante o distanciamento social pode trazer importantes consequências (Aishworiya & Kang, 2020; Cacioppo et al., 2020). A manutenção do acesso aos serviços de diagnóstico e intervenção, bem como a proteção da saúde mental das crianças com deficiência e seus cuidadores são necessários durante a pandemia. Ainda, é importante facilitar a aprendizagem efetiva por meio do plano individualizado de aula para a criança com deficiência, por meio de recursos online e, se necessário, atendimento presencial faz parte de um conjunto de ações que podem minimizar o impacto do ensino remoto emergencial para essa população (Aishworiya & Kang, 2020).</p><p>Um estudo sobre ensino remoto com alunos surdos, conduzido no estado do Paraná, levantou pontos importantes de discussão. Os resultados indicam que o ensino remoto para esses alunos é um desafio considerando (Shimazaki, Menegassi & Fellini, 2020):</p><p>· a preparação da aula pelos professores,</p><p>· o acesso às tecnologias por alunos menos favorecidos economicamente,</p><p>· a falta de suporte em casa,</p><p>· a dificuldade de compreensão dos enunciados e</p><p>· o impacto no desenvolvimento linguístico e social decorrente do isolamento.</p><p>Por outro lado, a utilização das tecnologias assistivas na educação dos alunos surdos, se aplicadas de forma adequada, tem potencialidade e ampliam as possibilidades de ensino (de Souza & Vieira, 2020).</p><p>Alunos com Transtorno do Espectro Autista (TEA) foram impactados com a quebra da rotina, algo essencial para manutenção da estabilidade e organização em pessoas com esse quadro do neurodesenvolvimento. A quebra da rotina pode levar a períodos de irritabilidade e intolerância por parte do aluno (Barbosa, Figueiredo, Viegas & Batista, 2020). O isolamento decorrente da pandemia deixa com as famílias o principal papel de reduzir os impactos associados ao déficit na socialização, característico do TEA (Barbosa et al., 2020).</p><p>Observação</p><p>Orientar as famílias sobre possíveis atividades lúdicas que visem estimular as habilidades já adquiridas em período regular é essencial durante os momentos de isolamento social (Barbosa et al., 2020). Devido ao distanciamento social necessário, os alunos com deficiência podem ficar prejudicados no que diz respeito ao acesso à informação de qualidade relacionada à prevenção e aos cuidados associados à pandemia, uma vez que a escola muitas vezes ocupa também o papel de informar adequadamente.</p><p>Nesse sentido, as plataformas e meios de ensino a distância devem ser adequados às necessidades do aluno com deficiência, promovendo a inclusão também no ensino online (Unicef COVID-19 response: Considerations</p><p>for children and adults with disabilities, 2020).</p><p>Depois de aprender um pouco mais sobre inclusão na educação neste período de pandemia, vamos seguir em frente, para aprendermos sobre o autocuidado do professor.</p><p>Referências</p><p>· Aishworiya, R., & Kang, Y. Q. (2020). Including Children with Developmental Disabilities in the Equation During this COVID-19 Pandemic. Journal of Autism and Developmental Disorders, 1-4. https://link.springer.com/article/10.1007/s10803-020-04670-6.</p><p>· Barbosa, A. M., de Figueiredo, A. V., Viegas, M. A. S., & Batista, R. L. N. F. F. (2020). Os impactos da pandemia covid-19 na vida das pessoas com transtorno do espectro autista. Revista da Seção Judiciária do Rio de Janeiro, 24(48), 91-105. http://revistaauditorium.jfrj.jus.br/index.php/revistasjrj/article/view/357.</p><p>· de Souza, C. J., & Vieira, A. A. (2020). A utilização das tecnologias assistivas para alunos surdos em tempos de pandemia. Itinerarius Reflectionis, 16(1), 01-25. https://doi.org/10.5216/rir.v16i1.65382.</p><p>· Cacioppo, M., Bouvier, S., Bailly, R., Houx, L., Lempereur, M., Mensah-Gourmel, J., ... & Vuillerot, C. (2020). Emerging health challenges for children with physical disabilities and their parents during the COVID-19 pandemic: The ECHO French survey. Annals of physical and rehabilitation medicine. https://doi.org/10.1016/j.rehab.2020.08.001.</p><p>· Cury, C. R. J., Ferreira, L. A. M., Ferreira, L. G. F., & da Silva Rezende, A. M. S. O Aluno com Deficiência e a Pandemia. Instituto Frabris Ferreira/b>. https://s3-sa-east1.amazonaws.com/apmp-files-site/wp-content/uploads/2020/07/24145917/O-alunocom-defici%C3%AAncia-na-pandemia-I.pdf.</p><p>· da Silveira, A. M., da Silva, H. B., & da Silva Mafra, J. (2019). Educação Inclusiva No Brasil. Cadernos da FUCAMP, 18(33). http://www.fucamp.edu.br/editora/index.php/cadernos/article/view/1783/1163.</p><p>· Nascimento, A., & Omodei, J. D. (2019, May). POLÍTICAS DE EDUCAÇÃO ESPECIAL E EDUCAÇÃO INCLUSIVA NO BRASIL: ORGANIZAÇÃO AVANÇOS E PERSPECTIVAS. In Colloquium Humanarum. ISSN: 1809-8207 (Vol. 16, No. 1, pp. 62-75). http://journal.unoeste.br/index.php/ch/article/view/2470/2694.</p><p>· Unicef COVID-19 response: Considerations for children and adults with disabilities. (2020). https://www.unicef.org/disabilities/files/COVID19_response_considerations_for_people_with_disabilities_190320.pdf.</p><p>· Patel, K. (2020). Mental health implications of COVID-19 on children with disabilities. Asian Journal of Psychiatry.http://doi.org/10.1016/j.ajp.2020.102273/a>.</p><p>· Shimazaki, E. M., Menegassi, R. J., & Fellini, D. G. N. (2020). Atendimento Ensino remoto para alunos surdos em tempos de pandemia. Práxis Educativa, 15, 1-17. https://doi.org/10.5212/PraxEduc.v.15.15476.071.</p><p>· Van Bavel, J. J., Baicker, K., Boggio, P. S., Capraro, V., Cichocka, A., Cikara, M., ... & Drury, J. (2020). Using social and behavioural science to support COVID-19 pandemic response. Nature Human Behaviour, 1-12. https://doi.org/10.5212/PraxEduc.v.15.15476.071.</p><p>· Riphagen, S., Gomez, X., Gonzalez-Martinez, C., Wilkinson, N., & Theocharis, P. (2020). Hyperinflammatory shock in children during COVID-19 pandemic. The Lancet, 395(10237), 1607-1608.https://doi.org/10.1016/S0140-6736(20)31094-1.</p><p>· Waksman, R. D., & Blank, D. A importância da violência doméstica em tempos de COVID 19. Residência Pediátrica, 10 (2).https://doi.org/10.25060/residpediatr.</p><p>Unidade 5 - Autocuidado do professor</p><p>Nesta unidade, vamos refletir sobre os autocuidados que o professor deve ter. Além de estarem lidando com os desafios pessoais que a pandemia trouxe para toda a população, eles ainda precisam lidar com as barreiras da falta de suporte, sobrecarga de trabalho e problemas de acesso às tecnologias.</p><p>Antes de mais nada...</p><p>Ser Professor é uma categoria profissional que está entre as mais estressantes do mundo. Trata-se de um agente fundamental para o processo de aprendizagem, especialmente no período de pandemia, fazendo-se necessário e importante falar sobre o autocuidado desse profissional.</p><p>Sabemos que durante a pandemia, considerando que escolares podem ficar mais expostos à violência e estressores familiares, os professores precisam se reafirmar como referências para a comunidade escolar, em especial seus alunos.</p><p>É necessário destacar que, no Brasil, os professores possuem muitas barreiras para sua atuação profissional: desde a remuneração baixa, passando por déficits materiais nas escolas, até as cargas elevadas de trabalho, sendo que muitas vezes enfrentam outras jornadas de trabalho para complementação de renda ou para atender tarefas domésticas.</p><p>Alguns professores ainda precisam enfrentar uma formação deficitária, especialmente no que tange o uso de tecnologias de informação e comunicação aplicadas à educação, tão relevantes neste período de pandemia.</p><p>· Quais são os sinais indicativos do estresse em professores?</p><p>· Quais são as estratégias de autocuidado do professor neste período de pandemia?</p><p>· Qual seria a importância do autocuidado para os professores, especialmente neste período de pandemia?</p><p>Para que você possa responder e refletir sobre essas questões acima destacadas, continue a leitura desta Unidade.</p><p>Frente às rápidas mudanças em muitas das atividades do cotidiano que a pandemia causada pela COVID-19 provocou, um grande número de educadores viu-se com a obrigatoriedade de repensar suas formas de ensino. Adaptados às aulas presenciais e aos recursos pedagógicos envolvidos em suas preparações, a mudança para o modo remoto emergencial causou angústia em muitos professores (Alves et al., 2020).</p><p>Além disso, o papel dos educadores, para além de ensinar, é também o de serem responsáveis pela preparação dos alunos para a vida, tornando-se, muitas vezes, o melhor meio de articulação entre escola e comunidade.</p><p>A ampliação das tarefas dos professores pode gerar sobre-esforço ou hipersolicitação de suas funções psicofisiológicas (Gasparini et al., 2005). Ademais, a imprevisibilidade do tempo em que a situação de pandemia irá permanecer também causa medo e estresse entre membros da comunidade escolar (Schmidt et al., 2020).</p><p>Uma das consequências do esgotamento físico e mental mais conhecida é a Síndrome de Burnout (SB) - um processo que envolve vários sentimentos, como a diminuição da realização pessoal no trabalho e a exaustão emocional. A SB acontece quando o indivíduo lida com intensas demandas, porém não possui recursos psíquicos e sociais adequados para enfrentar os estressores (Diehl & Carlotto, 2020). Por isso, a busca por apoio psicossocial, em alguns momentos, pode ser necessária. O termo apoio psicossocial é usado para descrever todo tipo de apoio cujo objetivo seja proteger ou promover o bem-estar e prevenir ou tratar algum transtorno mental (Imai, 2020).</p><p>No entanto, é importante destacar que nem todos os problemas psicológicos e sociais apresentados durante a pandemia poderão ser qualificados como doenças. A grande parte poderá ser vista como reações normais diante de uma situação anormal (FIOCRUZ, 2020). Sentir medo, tristeza e ansiedade em tempos de incertezas é esperado (Ghebreyesus, 2020). Sendo assim, é importante que se realize a auto-observação e se permaneça atento aos sinais do corpo e da mente. Pelo autoconhecimento é possível compreender o momento que se está vivenciando e procurar ajuda, caso seja necessário (Imai, 2020).</p><p>Importante!</p><p>Faz-se importante lembrar que a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) estabelece o autoconhecimento e o autocuidado como competências a serem desenvolvidas nos alunos em sala de aula. A BNCC propõe que, ao longo do Ensino Básico, os alunos sejam capazes de “conhecer-se, apreciar-se e cuidar de sua saúde física e emocional, compreendendo-se na diversidade humana e reconhecendo suas emoções e as dos outros, com autocrítica e capacidade para lidar com elas” (Ministério da Educação, 2017).</p><p>Isto é, os professores desempenham um papel de correguladores, auxiliando na formação e no desenvolvimento da autorregulação de seus alunos. Em outras palavras, os educadores fornecem suporte para que os alunos sejam capazes de gerenciar</p><p>seus pensamentos e sentimentos, possibilitando que realizem ações direcionadas a um certo objetivo assim como que elaborem comportamentos necessários para o sucesso na escola, nos relacionamentos e no local de trabalho (Rosanbalm & Murray, 2017).</p><p>No entanto, para que essa competência seja trabalhada com eficiência, é necessário que os próprios professores também pratiquem seu autoconhecimento e autocuidado. Sendo assim e diante do contexto vivenciado, algumas orientações podem ser benéficas, portanto, lembre-se que:</p><p>· O estresse e os sentimentos a ele associados não são um reflexo de que você não pode fazer seu trabalho ou que é fraco, mesmo que se sinta assim. Lembre-se de aspectos positivos do seu trabalho, como sua importância e o seu senso de propósito; gerenciar seu estresse e bem-estar psicossocial durante esse período é tão importante quanto gerenciar sua saúde física;</p><p>· Sentir-se triste, preocupado, irritado ou ter outros sentimentos que causem desconforto é esperado durante a pandemia. Procure ser mais acolhedor e compassivo consigo mesmo e com os demais ao seu redor. Esta é uma boa forma de enfrentar as dificuldades;</p><p>· Durante os períodos de estresse, preste atenção às suas próprias necessidades e sentimentos. Envolva-se com atividades que você goste e ache relaxante;</p><p>· Busque se ouvir e compreender exatamente o que pode estar lhe causando medo ou mal-estar. Se não for possível alterar a situação ou determinado padrão de pensamento, converse e compartilhe seus sentimentos com alguém da sua confiança e que possa acolher suas demandas;</p><p>· Fale com pessoas em quem você confia. Mantenha contato com seus amigos e familiares por meio de videochamadas, e-mail, redes sociais, telefone, etc;</p><p>· Pratique alguma atividade física. Tente adaptá-las ao seu espaço doméstico, respeitando suas limitações;</p><p>· Procure ingerir alimentos mais naturais, evitando alimentos industrializados;</p><p>· Estabeleça uma rotina, com horários definidos para cada atividade. Se possível, organize com seus alunos momentos específicos para que tirem dúvidas ou solicitem materiais extras. Planeje as aulas com antecedência, evitando acúmulo de trabalho;</p><p>· Evite usar tabaco, álcool ou outras drogas como maneira de lidar com suas emoções. Não se automedique para lidar com sintomas que possam surgir nesse período. Se necessário busque um médico;</p><p>· Evite assistir, ler ou ouvir notícias sobre a COVID-19 que causem ansiedade ou angústia. Busque informações apenas de fontes confiáveis e em horários específicos durante o dia, uma ou duas vezes. O fluxo constante de notícias pode causar preocupações.</p><p>Existem alguns aplicativos e canais que podem ajudar no autocuidado do profissional da educação. Veja abaixo alguns:</p><p>Aplicativos gratuitos de mindfulness:</p><p>· Medite.se</p><p>· Lojong</p><p>· Calm</p><p>· Insight Timer</p><p>Sugestões de canais confiáveis para informações a respeito da COVID-19</p><p>Coronavírus Brasil (https://covid.saude.gov.br/): Neste site é possível encontrar informações oficiais do Ministério da Saúde e unidades de saúde próximas.</p><p>Organização Pan-Americana de Saúde/OMS (https://www.paho.org/pt/brasil): Neste site, uma parceria OPAS/OMS, é possível encontrar informações sobre como manter a saúde mental no contexto da pandemia entre várias outras informações.</p><p>Whatsapp do Ministério da Saúde - (61) 99289-4640: Qualquer pessoa pode enviar gratuitamente mensagens com imagens ou textos que tenha recebido nas redes sociais para confirmar se a informação procede, antes de continuar compartilhando.</p><p>Fonte: UniCEUB, Indicação de fontes confiáveis (2020).</p><p>Caso as orientações sugeridas não sejam suficientes para uma melhora emocional, busque suporte de um profissional de saúde mental para receber orientações específicas. Abaixo apresentamos alguns números que podem ser úteis:</p><p>· Disque Saúde – 136</p><p>· Centro de Valorização da Vida – 188</p><p>· Central de Atendimento à Mulher – 180</p><p>Vamos em frente realizar algumas atividades de fixação e na próxima Unidade discutiremos os impactos na saúde mental de crianças e adolescentes neste período de pandemia.</p><p>Referências</p><p>· Alves, J. A., & Faria, D. C. de. (2020). Educação em tempos de pandemia: lições aprendidas e compartilhadas. Revista Observatório 6(2), 1-18. 10.20873/uft.2447- 4266.2020v6n2a16pt.</p><p>· Diehl, L., & Carlotto, M. S. (2020). Síndrome de Burnout em professores: diferenças entre níveis de ensino. Research, Society and Development, 9(5), e62952623. https://doi.org/10.33448/rsd-v9i5.2623 .</p><p>· Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ). (2020). Saúde mental e atenção psicossocial na pandemia Covid-19. Recuperado de https://portal.fiocruz.br/documento/saude-mental-e-atencao-psicossocial-na-pandemia-covid-19 .</p><p>· Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ). (2020). Orientações para o cuidado e autocuidado em saúde mental para os trabalhadores da Fiocruz: Diante da pandemia da doença pelo SARS-CoV-2 (COVID-19). Recuperado de https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/43377.</p><p>· Gasparini, S. M., Barreto, S. M., & Assunção, A. A..(2005). O professor, as condições de trabalho e os efeitos sobre sua saúde. Educação e Pesquisa 31(2), 189-199. http://dx.doi.org/10.1590/S1517-97022005000200003 .</p><p>· Ghebreyesus, T. A.. (2020). Addressing mental health needs: an integral part of COVID‐19 response. World Psychiatry, 19(2), 129-130. https://doi.org/10.1002/wps.20768 .</p><p>· Imai, C. A. P.. (2020). Cartilha de Saúde Mental. Inmetro. Recuperado de https://www4.inmetro.gov.br/cartilha-de-saude-mental .</p><p>· Ministério da Educação (MEC). (2017). Base Nacional Comum Curricular. Recuperado de http://basenacionalcomum.mec.gov.br/ .</p><p>· Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS). (2020). Guia Preliminar: Como lidar com os aspectos psicossociais e de saúde mental referentes ao surto de COVID-19. Recuperado de https://www.paho.org/pt/documents/interim-briefing-note-addressing-mental-healthand-psychosocial-aspects-covid-19-outbreak .</p><p>· Resende, T. I. M de. (Coord). (2020). Indicação de fontes confiáveis. UniCEUB. Recuperado de https://www.crp-01.org.br/notices/8679 .</p><p>· Rosanbalm, K.D., & Murray, D.W. (2017). Caregiver Co-regulation Across Development: A Practice Brief. Washington, DC: Office of Planning, Research, and Evaluation, Administration for Children and Families, US. Department of Health and Human Services.</p><p>· Schmidt, B., Crepaldi, M. A., Bolze, S. D. A., Neiva-Silva, L., & Demenech, L. M.. (2020). Saúde mental e intervenções psicológicas diante da pandemia do novo coronavírus (COVID-19). Estudos de Psicologia, 37, e200063.https://dx.doi.org/10.1590/1982-0275202037e200063.</p><p>· Secretaria de Educação, Distrito Federal. (2020). Orientações de cuidado e autocuidado com a saúde física e mental em tempos de pandemia da covid-19. Recuperado de http://www.educacao.df.gov.br/wp-conteudo/uploads/2020/05/cartilhaorienta%C3%A7%C3%B5es-de-cuidado-e-autocuidado-com-a-sa%C3%BAdef%C3%ADsica-e-mental-em-tempos-de-pandemia-da-covid-19.pdf.</p><p>· Weide, J. N., Vicentini, E. C. C., Araujo, M. F., Machado,W. L., & Enumo, S. R. F. (2020). Cartilha para enfrentamento do estresse em tempos de pandemia. Porto Alegre: PUCRS/ Campinas: PUC-Campinas. Recuperado de https://portal.coren-sp.gov.br/wpcontent/uploads/2020/04/Cartilha-Psicovida.pdf.</p><p>· World Health Organization (WHO). (2020). Mental health and psychosocial considerations during the COVID-19 outbreak. Recuperado de https://www.who.int/docs/defaultsource/coronaviruse/mental-health-considerations.pdf.</p><p>· Atividades de Fixação</p><p>· Agora, que tal exercitar um pouco do que você aprendeu nas últimas cinco unidades deste presente Módulo?</p><p>· Leia o enunciado de cada questão, e responda de acordo com o que é pedido.</p><p>Unidade 6 - Impacto da pandemia na Saúde Mental de crianças e adolescentes</p><p>Nesta unidade, estudaremos os impactos que a pandemia da COVID-19 tem ocasionado na saúde mental de crianças e adolescentes e o que pode ser feito para amenizar os seus efeitos.</p><p>Mas, primeiramente...</p><p>É importante saber que além das dificuldades relativas ao processo de aprendizagem, os escolares podem apresentar alterações importantes em sua saúde mental. Os estressores da pandemia</p><p>e do ensino remoto emergencial possuem a capacidade de impactar a saúde mental de crianças e adolescentes, excedendo, muitas vezes, suas capacidades em lidar com esses estressores. Sintomas de ansiedade, depressão, alterações de sono e apetite são frequentemente observados nesta população. Alterações no comportamento, como falta de motivação, comportamento antagonista e desengajamento de atividades também inspiram preocupação.</p><p>· Por que a saúde mental de crianças e adolescentes é importante, especialmente no período de pandemia?</p><p>· Existem grupos de crianças e adolescentes que estão mais vulneráveis neste período?</p><p>· Quais ações podem ser tomadas para minimizar os impactos negativos da pandemia na saúde mental de crianças e adolescentes?</p><p>Para responder às questões acima, prossiga na leitura da presente Unidade!</p><p>A pandemia de COVID-19 trata-se de um evento de grande potencial estressor. As implicações são importantes para a saúde individual e coletiva e para o funcionamento emocional e social (Pfefferbaum & North, 2020). De acordo com a Teoria Motivacional do Coping (TMC), uma abordagem hierárquica e desenvolvimental, situações estressoras são definidas como aquelas em que uma ou mais das Necessidades Psicológicas Básicas (NPB) - competência, autonomia e relacionamento - são ameaçadas ou desafiadas por um estressor. Quando uma NPB é desafiada, podemos apresentar mais respostas de enfrentamento voluntárias, consideradas mais adaptativas. Por outro lado, quando uma NPB é ameaçada podemos apresentar mais respostas mal adaptativas, ou seja, involuntárias (Skinner & Wellborn, 1994). Ainda, deve ser considerada a etapa desenvolvimental na qual o estressor ocorre, uma vez que as Estratégias de Enfrentamento utilizadas dependem das competências já adquiridas. Ou seja, uma criança provavelmente apresentará mais respostas de estratégias comportamentais, enquanto um adolescente apresentará mais estratégias cognitivas (Skinner & Zimmer-Gembeck, 2009).</p><p>Observação</p><p>Isolamento, restrições de contato e paralisação econômica impõem uma mudança completa no ambiente psicossocial dos países afetados, além dos impactos políticos e sociais (Fegert, Vitiello, Plener & Clemens, 2020; van Bavel et al., 2020). A separação dos entes queridos, a perda de liberdade, a incerteza sobre a doença e o tédio podem, às vezes, criar efeitos dramáticos (Brooks et al, 2020). Em uma pandemia, o medo aumenta os níveis de ansiedade e estresse em indivíduos saudáveis e podendo intensificar os sintomas daqueles com transtornos psiquiátricos preexistentes (Shigemura, Ursano, Morganstein, Kurosawa & Benedek, 2020).</p><p>Embora um aumento nos sintomas de ansiedade e respostas de enfrentamento ao estresse sejam esperados durante circunstâncias extraordinárias, há um risco de que aumente a prevalência de números clinicamente relevantes de pessoas com ansiedade, depressão e envolvimento em comportamentos prejudiciais - como suicídio e automutilação (Holmes et al., 2020).</p><p>O isolamento social coloca tensões únicas e severas na capacidade de manter uma postura resiliente, em contraste com desastres naturais em que os membros da comunidade se unem, física e socialmente, com propósito e energia comuns para ajudar uns aos outros enquanto a crise se desenrola e, depois, reconstruir o que foi destruído (Polizzi, Lynn & Perry, 2020).</p><p>Diferentemente, no contexto de pandemia da COVID-19, a separação física se torna prerrogativa para mitigar a contaminação, sendo considerada uma medida de sobrevivência, diminuindo, inclusive, o acesso a locais públicos que tinham o intuito de lazer. Essa diminuição instantânea no contato físico com outras pessoas pode ser um importante fator de risco para a saúde mental.</p><p>Os impactos na saúde mental da população já têm sido investigados, ainda que seja preciso um estudo pós contexto traumático a fim de avaliar estes a longo prazo. Os principais estressores identificados em quarentenas de longa duração incluem (Brooks et al., 2020):</p><p>· medo da infecção,</p><p>· frustração,</p><p>· tédio,</p><p>· suprimentos inadequados,</p><p>· perdas e dificuldades financeiras e</p><p>· estigmas.</p><p>A partir dos estudos de Taquet, Luciano, Geddes & Harrison (2020), foi identificado que o diagnóstico de COVID-19 (em comparação com outros eventos de saúde) está associado a maiores taxas de diagnósticos psiquiátricos subsequentes, sendo que os sobreviventes de COVID-19 têm uma taxa significativamente maior de transtornos psiquiátricos, de demência e insônia.</p><p>Ainda, pacientes com histórico de doença psiquiátrica apresentaram um risco maior de serem diagnosticados com COVID-19. Esses dados encontrados pelos autores a partir de um estudo de corte são alarmantes e chamam atenção para os efeitos a médio e longo prazo nos pacientes diagnosticados com COVID-19. Os efeitos psiquiátricos encontrados da doença foram amplos, mas não uniformes (Taquet, Luciano, Geddes, & Harrison, 2020). Isso significa que cada paciente poderá apresentar sintomatologias diversas, incluindo insônia e demência.</p><p>Alguns grupos podem ser mais vulneráveis do que outros aos efeitos psicossociais das pandemias. Por se encontrarem em um período crítico de desenvolvimento, as crianças e os adolescentes merecem cuidados especiais para preservar e promover a saúde mental (de Miranda, da Silva Athanasio, de Sena Oliveira & Silva, 2020).</p><p>A informação que temos é de que as crianças têm menores riscos de serem afetadas pela COVID-19 do que os adultos, no que diz respeito à sintomatologia. Em contrapartida, a saúde mental das crianças no contexto de pandemia deve ser um ponto de atenção, considerando que crianças se constituem em uma população vulnerável (Linhares & Enumo, 2020).</p><p>O confinamento domiciliar impõe um impacto psicossocial imediato e prolongado sobre as crianças devido à mudança drástica em seus estilos de vida, em suas atividades físicas e em seus desvios de um padrão mental regular (Wang et al., 2020).</p><p>A partir do estudo de Jiao et al (2020) com crianças e adolescentes na Província de Shaanxi, na China, foi possível identificar os problemas emocionais e comportamentais prevalentes em uma amostra de 320 crianças e adolescentes, de ambos os sexos, na faixa etária entre 3 e 18 anos de idade, como:</p><p>· distração,</p><p>· irritabilidade,</p><p>· agitação,</p><p>· medo de fazer perguntas sobre a epidemia,</p><p>· querer ficarem agarrados aos familiares.</p><p>Essas questões, ainda, somaram-se e associaram-se aos pesadelos, à falta de apetite e ao desconforto físico. A partir desses resultados, fica claro que houve mudanças emocionais e comportamentais que resultam do estresse e dos seus atravessamentos no contexto desenvolvimental da criança.</p><p>O distanciamento social e o fechamento de escolas também podem resultar em um aumento da solidão em crianças e adolescentes cujos contatos sociais usuais são restringidos. A solidão é a dolorosa experiência emocional de uma discrepância entre o contato social real e o desejado (Loades et al., 2020). A revisão sistemática de Loades et al (2020) encontrou uma associação entre solidão e problemas de saúde mental em crianças e adolescentes. Sendo assim, a solidão foi associada a futuros problemas de saúde mental até 9 anos depois, principalmente depressão. Sob essa perspectiva, é possível compreender que os efeitos do período de distanciamento somado ao sentimento de solidão geram efeitos a longo prazo nessa faixa etária, sendo necessário pensar em medidas de promoção de saúde para atender a essas demandas futuras.</p><p>Observação</p><p>Para crianças e adolescentes com diagnóstico de transtorno mental e com problemas neuropsiquiátricos pré existentes ao período de pandemia, o contexto de distanciamento social pode ser ainda mais atenuante. Adolescentes nessa condição precisam de atenção especial para ajudar a lidar com a quarentena, porque o fechamento das escolas significa a falta de recursos que eles obtinham naquele local (Lee, 2020). Enquanto estão em interação com pares, os adolescentes podem sentir-se mais acolhidos e compreendidos, e a impossibilidade de ir à escola pode resultar em situações de vida estressantes e em conflitos</p><p>familiares (Khan, Mamun, Griffiths & Ullah, 2020).</p><p>Para adolescentes que estavam em tratamento e em melhora progressiva, alguns sintomas podem voltar a aparecer e, inclusive, se intensificarem. A falta do convívio escolar pode gerar recaída dos sintomas e os adolescentes com diagnóstico de depressão podem novamente se trancar em seus quartos e se recusar, por exemplo, a tomar banho ou fazer as refeições (Khan, Mamun, Griffiths & Ullah, 2020). Cabe aos cuidadores e à rede estarem atentos a esse tipo de comportamento, buscando ajuda profissional se permanecerem dessa maneira.</p><p>Para algumas crianças e adolescentes, períodos de quarentena, fechamento de escolas, falta de atividades ao ar livre, mudança nos hábitos de sono, violência doméstica e abuso infantil resultam em monotonia, angústia, impaciência, aborrecimento e problemas neuropsiquiátricos (Ghosh et al. 2020).</p><p>O confinamento domiciliar pode ser uma boa oportunidade para melhorar a interação entre pais e filhos, envolver as crianças nas atividades familiares e melhorar suas habilidades de autossuficiência (Wang et al., 2020). Passar o tempo em casa, e não na escola, pode ter influências positivas e negativas sobre a saúde mental infantil, porque as crianças podem obter uma suspensão de problemas na escola (por exemplo, o bullying) e ao mesmo tempo se sentirem angustiadas com o relacionamento entre os membros da família como, por exemplo, através da violência familiar (Hoekstra, 2020).</p><p>Nem todas as casas são locais seguros, e algumas crianças podem estar mais expostas a diversos tipos de abusos (de Miranda, da Silva Athanasio, de Sena Oliveira & Silva, 2020).</p><p>Somado ao estresse que abarca toda a população, as mudanças de comportamento consequentes desse período atípico podem intensificar situações de violência àquelas crianças que já eram expostas. Àquelas que não conviviam com violência, podem passar a viver situações neste sentido, devido ao período largo de convivência com os cuidadores e dos altos níveis de estresse destes.</p><p>Observação</p><p>A exposição direta e passiva das crianças a abusos, agressão psicológica e/ou punição física por cuidadores em uma idade muito precoce deixa feridas permanentes no desenvolvimento do cérebro, gerando maiores taxas de doenças psicossomáticas e neuropsiquiátricas (Tsavoussis, Stawicki, Stoicea & Papadimos, 2014). O estresse, quando vivido precocemente na vida, de forma muito intensa e duradoura se torna tóxico, ocasionando efeitos deletérios a longo prazo na vida do sujeito (Shonkoff, 2012).</p><p>Dessa forma, é essencial que cuidadores recebam suporte adequado para compreender que as mudanças de comportamento são efeitos diretos do período estressante com o intuito de terem práticas mais saudáveis. Além disso, o papel da rede de apoio da criança, como os órgãos responsáveis e as escolas, devem estar atentos a qualquer situação de violência contra crianças e adolescentes, agindo de forma a mitigar os riscos de sequelas a curto e longo prazo.</p><p>As respostas ao estresse variam com os estágios do desenvolvimento, entretanto, durante a pandemia, crianças de todas as fases apresentaram altas taxas de depressão, ansiedade e sintomas pós-traumáticos, conforme o esperado após qualquer tipo de desastre (de Miranda et al., 2020). As crianças são altamente afetadas por condições familiares e comunitárias, como estresse familiar, conflitos relacionados às finanças, psicopatologia parental e suas práticas (de Miranda et al., 2020). Assim, corrobora-se a ideia de que os cuidadores exercem um papel importante no que diz respeito a figuras de referência, transmitindo às crianças a maneira que se comportam, se sentem e enfrentam as dificuldades inerentes.</p><p>De Miranda (2020) ainda reflete sobre haver a necessidade de apoio social e assistência psicológica e psiquiátrica precoce para crianças, pais e cuidadores que se sentem angustiados durante essa pandemia. É indicado que, sempre que possível, as atividades físicas ao ar livre devem ser mantidas para preservar a saúde mental. A rotina diária e o horário mais rigoroso de ir para a cama podem ajudar na organização. A mídia social e os jogos online podem ser uma ferramenta útil para permitir alguma socialização com colegas. Assim, nós, enquanto sociedade, devemos estar atentos aos sinais visando minimizar os desfechos negativos que a pandemia pode ocasionar.</p><p>No que diz respeito a fatores de proteção para a saúde mental, cabe reafirmar que, durante o período de pandemia, é essencial que as crianças recebam informações honestas e factuais dos pais ou professores sobre a doença e seus efeitos. Se essa informação for deficiente, eles podem fazer suas próprias interpretações da situação (John Joseph, Singh Bhandari, Ranjitkar & Dutta, 2020).</p><p>As crianças pertencentes à faixa etária de 4 a 7 anos podem ter pensamentos, ações e eventos influenciados por pensamentos fantasiosos. Isso pode levá-los a acreditar que a doença é causada por alguma ação ou pensamento particular deles ou que é uma punição por más ações (Dalton 2020).</p><p>Observação</p><p>Deve-se evitar a negação da realidade, por meio do enfrentamento mágico e fantasioso, e o pensamento negativo catastrófico que leva à dramatização, sendo essas estratégias de enfrentamentos emocionais mal adaptativas, levando a fuga dos problemas e que minam a competência e a percepção de autoeficácia do indivíduo em lidar com a situação, levando ao desamparo e à depressão (Linhares & Enumo, 2020).</p><p>Dessa forma, é de importante consideração que a comunicação seja clara e realista, porém que não seja em demasia como as que são transmitidas pelos veículos de informação. Manter a criança sem acesso a esse tipo de informação técnica como, por exemplo, a dos telejornais, também pode exercer um fator protetivo, visto que essa exposição pode aumentar sentimentos de medo e confusão.</p><p>Segundo Linhares & Enumo (2020) manter a estruturação e a organização do ambiente doméstico e evitar um ambiente caótico e estressor é uma forma de oferecer segurança às crianças. Algumas dicas, de acordo com as autoras, são:</p><p>· Manter horários e rotinas, incluindo deveres e lazer;</p><p>· Se possível, ter espaços de estudo/trabalho e de brincar separados;</p><p>· Compartilhar tarefas;</p><p>· Promover a autonomia sempre que possível;</p><p>· Manter comunicação clara e acessível às crianças, evitando o excesso de comentários negativos sobre a pandemia;</p><p>· Ter tolerância com possíveis dificuldades das crianças, inclusive em tarefas que realizavam com facilidade anteriormente.</p><p>É de extrema necessidade que sejam promovidas medidas de atenção integral para atender às demandas de saúde mental da população no geral, inclusive medidas especializadas para crianças e adolescentes que atravessam esse período pandêmico. O governo, as organizações não governamentais (ONGs), a comunidade, a escola e os pais precisam estar cientes do lado negativo da situação (Wang et al., 2020), estabelecendo protocolos e programas específicos de acolhimento, atendimento e acesso à saúde.</p><p>Observação</p><p>Durante e após eventos traumáticos e/ou estressantes como o da pandemia da COVID 19, é importante que se mobilizem ações que visem diminuir os efeitos negativos em diferentes âmbitos sociais. Pensando na mitigação dos efeitos na saúde mental, a partir da revisão da autora de Miranda et al. (2020), encontrou-se que, na sequência de um desastre, a implementação de uma rede de apoio e de pediatras treinados no rastreamento de problemas de saúde mental pode melhorar a identificação precoce e o encaminhamento de crianças e adolescentes para intervenções adequadas.</p><p>Ainda, o uso de ferramentas padronizadas de triagem para saúde mental pode tornar o processo mais fácil, enquanto os profissionais de saúde mental devem disponibilizar diretrizes baseadas em evidências para que os pais melhorem o enfrentamento dos problemas de saúde mental em crianças. Assim, torna-se essencial que se oportunize o acesso rápido, eficaz e efetivo para essa população aos serviços de saúde mental visando diminuir efeitos adversos a curto e a longo prazo.</p><p>Vamos em frente, até</p><p>a próxima Unidade, estudarmos um pouco mais sobre como lidar com as consequências que a pandemia vai causar!</p><p>Referências</p><p>· Brooks, S. K., Webster, R. K., Smith, L. E., Woodland, L., Wessely, S., Greenberg, N., & Rubin, G. J. (2020). The psychological impact of quarantine and how to reduce it: rapid review of the evidence. The Lancet. https://doi.org/10.1016/S0140-6736(20)30460-8.</p><p>· Dalton L, Rapa E & Stein A: Protecting the psychological health of children through effective communication about COVID-19. Lancet Child Adolesc Health 2020; 4:346-7 https://doi.org/10.1016/S2352-4642(20)30097-3.</p><p>· de Miranda, D. M., da Silva Athanasio, B., de Sena Oliveira, A. C., & Silva, A. C. S. (2020). How is COVID-19 pandemic impacting mental health of children and adolescents?. International Journal of Disaster Risk Reduction, 101845.https://doi.org/10.1016/j.ijdrr.2020.101845.</p><p>· Fegert, J. M., Vitiello, B., Plener, P. L., & Clemens, V. (2020). Challenges and burden of the Coronavirus 2019 (COVID-19) pandemic for child and adolescent mental health: a narrative review to highlight clinical and research needs in the acute phase and the long return to normality. Child and adolescent psychiatry and mental health, 14, 1-11. https://doi.org/10.1186/s13034-020-00329-.3</p><p>· Ghosh, R., Dubey, M. J., Chatterjee, S., & Dubey, S. (2020). Impact of COVID-19 on children: Special focus on psychosocial aspect. education, 31, 34. https://doi.org/10.23736/S0026-4946.20.05887-9.</p><p>· Hoekstra, P. J. (2020). Suicidality in children and adolescents: lessons to be learned from the COVID-19 crisis. European Child & Adolescent Psychiatry, 1.https://doi.org/10.1007/s00787-020-01570-z.</p><p>· Holmes, E. A., O'Connor, R. C., Perry, V. H., Tracey, I., Wessely, S., Arseneault, L., ... & Ford, T. (2020). Multidisciplinary research priorities for the COVID-19 pandemic: a call for action for mental health science. The Lancet Psychiatry. https://doi.org/10.1016/S2215-0366(20)30168-1.</p><p>· Jiao, W. Y., Wang, L. N., Liu, J., Fang, S. F., Jiao, F. Y., Pettoello-Mantovani, M., & Somekh, E. (2020). Behavioral and emotional disorders in children during the COVID-19 epidemic. The Journal of Pediatrics, 221, 264-266 http://dx.doi.org/10.1016/j.jpeds.2020.03.013.</p><p>· John Joseph, S., Singh Bhandari, S., Ranjitkar, S., & Dutta, S. (2020). School closures and mental health concerns for children and adolescents during the covid-19 pandemic. Psychiatria Danubina, 32(2), 309-310.</p><p>· Khan, K. S., Mamun, M. A., Griffiths, M. D., & Ullah, I. (2020). The mental health impact of the COVID-19 pandemic across different cohorts. International Journal of Mental Health and Addiction, 1-7.https://doi.org/10.1007/s11469-020-00367-0 .</p><p>· Lee, J. (2020). Mental health effects of school closures during COVID-19. 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Stress and Coping in the time of COVID-19: Pathways to resilience and recovery. Clinical Neuropsychiatry, 17(2). https://doi.org/10.36131/CN20200204.</p><p>· Shigemura, J., Ursano, R. J., Morganstein, J. C., Kurosawa, M., & Benedek, D. M. (2020). Public responses to the new coronavirus 2019 (2019-nCoV) in Japan: consequences for mental health and target populations. Psychiatry Clin Neurosci [internet], 74(4), 281- 282.https://doi.org/10.1111/pcn.12988.</p><p>· Skinner, E. A., & Wellborn, J. G. (1994). Coping during childhood and adolescence: A motivational perspective. In D. L. Featherman, R. M. Lerner, & M. Perlmutter (Eds.), Life-Span development and behavior (v. 12, pp. 91-133). Hillsdale, NJ: Lawrence Erlbaum Associates.</p><p>· Skinner, E. A., & Zimmer‐Gembeck, M. J. (2009). Challenges to the developmental study of coping. New directions for child and adolescent development, 2009(124), 5-17. Taquet, M.,</p><p>· Luciano, S., Geddes, J. R., & Harrison, P. J. (2020). Bidirectional associations between COVID-19 andpsychiatric disorder: a study of 62,354 COVID-19 cases. medRxiv.https://doi.org/10.1101/2020.08.14.20175190.</p><p>· Tsavoussis, A., Stawicki, S., Stoicea, N., & Papadimos, T. J. (2014). Child-witnessed domestic violence and its adverse effects on brain development: a call for societal self examination and awareness. Frontiers in public health, 2, 178. https://doi.org/10.3389/fpubh.2014.00178.</p><p>· van Bavel, J. J., Boggio, P. S., Capraro, V., Cichocka, A., Cikara, M., Crockett, M. J., ... Willer, R. (2020). Using social and behavioural science to support COVID-19 pandemic response. Nature Human Behavior.http://dx.doi.org/10.1038/s41562-020-0884-.</p><p>· Wang, G., Zhang, Y., Zhao, J., Zhang, J., & Jiang, F. (2020). Mitigate the effects of home confinement on children during the COVID-19 outbreak. The Lancet, 395(10228), 945- 947.https://doi.org/10.1016/S0140-6736(20)30547-X.</p><p>Unidade 7 - Pandemia e desenvolvimento: lidando com as consequências</p><p>Nesta unidade, discutiremos as principais consequências da pandemia, além de abordarmos o que os mais recentes estudos da área sugerem.</p><p>Mas antes, é importante saber que...</p><p>O desenvolvimento humano é um processo contínuo e cumulativo de experiências que possuem influência sobre o modo como o indivíduo vai se relacionar com eventos e condições futuras. Durante a pandemia, o desenvolvimento pode ter seu curso modificado a depender das condições materiais e sociais para o enfrentamento das barreiras e das alterações em estressores. Entender os mecanismos do desenvolvimento e as estratégias para potencializar oportunidades de crescimento e minimizar os impactos de eventos negativos é de suma importância neste período.</p><p>· Quais devem ser as possíveis mudanças na gestão do tempo em função da pandemia e como elas podem impactar a educação?</p><p>· Como podemos pensar, ou repensar, o valor da escola e seu papel na sociedade contemporânea?</p><p>Para responder a essas questões e outras que você possa vir a ter, continue a leitura deste presente Módulo.</p><p>Entendemos que diversos modelos teóricos se propõem a buscar uma perspectiva integrativa para a compreensão do desenvolvimento humano. Dentre eles, A Teoria Unificada do Desenvolvimento se destaca por propor uma abordagem que integra tanto as forças individuais (nature) quanto as contextuais/sociais (nurture), a partir de uma perspectiva integrativa, dialética e dinâmica (Sameroff, 2010). Por outro lado, a Teoria do Curso de Vida propõe o entendimento das mudanças que ocorrem nas diferentes etapas do desenvolvimento (infância, adolescência, adultez e velhice) a partir dos seus aspectos temporais, processuais e contextuais.</p><p>Nesse modelo, o desenvolvimento é influenciado por mudanças históricas, geográficas e ambientais (Senna & Dessen, 2012). Acontecimentos históricos modelam trajetórias sociais das famílias, da educação e do trabalho, influenciando determinadas linhas de desenvolvimento (Elder, 1998). As teorias de desenvolvimento são importantes para embasar a compreensão dos impactos que contextos sociais, históricos, políticos, dentre outros, podem ocasionar, a depender da etapa desenvolvimental. Deve-se ter em mente que fatores biológicos e sociais se influenciam mutuamente ao longo do desenvolvimento, sem que um tenha, necessariamente, predominância sobre o outro.</p><p>A pandemia da COVID-19 certamente impacta crianças e adolescentes (conforme exposto na Unidade</p><p>6).</p><p>Mas quais serão os impactos a longo prazo no desenvolvimento das crianças que vivenciam a pandemia?</p><p>Essa é uma questão que só poderá ser respondida com o tempo. Entretanto, podemos fazer algumas projeções a partir de modelos teóricos e de estudos feitos em outros contextos adversos.</p><p>Apesar de crianças e adolescentes serem, aparentemente, menos suscetíveis fisicamente à COVID-19, eles estão em risco significativo do ponto de vista desenvolvimental, uma vez que seus contextos proximais como família e escola sofreram mudanças significativas (Benner & Mistry, 2020). Ao mensurar os impactos da pandemia no desenvolvimento, deve-se considerar a etapa desenvolvimental na qual esse evento estressor foi vivenciado. Um estudo com crianças que passaram pela “Grande Depressão” sugere que aquelas que experienciaram o estressor mais novas apresentaram maiores impactos negativos ao longo da vida, incluindo insegurança sobre o futuro e menor realização educacional (Elder, 1998; Benner & Mistry, 2020).</p><p>A infância (do pré-natal aos 8 anos) e a adolescência (da puberdade aos 20 anos) são períodos particularmente sensíveis, uma vez que neles ocorrem um rápido desenvolvimento cerebral, cognitivo e social (Benner & Mistry, 2020).</p><p>A vivência de estressores intensos e duradouros na infância é caracterizada por Shonkoff (2012) como Estresse Tóxico, uma vez que tem potencial de afetar a saúde a longo prazo, bem como a estrutura cerebral, predispondo o indivíduo a condições adversas na vida adulta. Nessa perspectiva, crianças pequenas (até os 4 anos) são as mais vulneráveis a problemas desenvolvimentais decorrentes da pandemia, considerando fatores de risco associados com consultas e vacinações atrasadas pelo isolamento social, atrasos nos marcos desenvolvimentais, dentre outros (Benner & Mistry, 2020).</p><p>O fechamento das escolas como medida de prevenção muito provavelmente trará impactos na trajetória acadêmica dos estudantes, principalmente aqueles com deficiência ou que vivem em contexto de vulnerabilidade socioeconômica (Benner & Mistry, 2020; Masonbrink & Hurley, 2020). O acesso precoce à escola favorece o desenvolvimento de habilidades necessárias para a continuidade dos estudos e realização acadêmica. Além disso, a escola também tem papel na saúde das crianças e adolescentes, ofertando alimentos nutritivos, além de ser fonte de saúde mental e suporte (Benner & Mistry, 2020).</p><p>Apesar dos efeitos do fechamento das escolas decorrente da COVID-19 ainda não poderem ser completamente estimados, uma pesquisa avaliou os impactos das férias de verão no desempenho acadêmico dos estudantes (Cooper et al., 1996). Após as férias, os alunos apresentaram queda no seus testes de desempenho, indicando declínio acadêmico nesse período (Cooper et al., 1996). Entretanto, os estressores de uma pandemia não estão presentes em férias escolares regulares, implicando em diferenças significativas.</p><p>Estudos sobre o afastamento de crianças da escola por meses ou mesmo anos devido a situações de calamidade indicam efeitos negativos no conhecimento. Repetição de ano, queda de desempenho escolar em comparação com anos anteriores e maior probabilidade de não avançar nos estudos estão entre os impactos encontrados nesses contextos (von Hippel, 2020). Ainda assim, a geração atual tem uma vantagem sobre as outras que vivenciaram o distanciamento da escola: a tecnologia.</p><p>Muito provavelmente os alunos estão aprendendo mais do que aqueles que vivenciaram uma situação semelhante no passado. Poder acessar materiais e ter contato com professores mesmo durante o fechamento das escolas é um fator possivelmente protetivo. Entretanto, cabe destacar que a utilização da tecnologia para o ensino não previne a todos os alunos igualmente, uma vez que o acesso não é igualitário (von Hippel, 2020).</p><p>Apesar dos prováveis efeitos negativos do fechamento das escolas, a reabertura ainda é muito incerta, sendo necessários mais estudos para assegurar um retorno adequado dos alunos e dos professores (Masonbrink & Hurley, 2020). Da mesma forma, pesquisas serão necessárias para compreender os impactos do fechamento das escolas na aprendizagem e, assim, guiar a construção de currículos de forma assertiva para o retorno das aulas presenciais (Kuhfeld & Tarasawa, 2020).</p><p>Observação</p><p>Por exemplo, em um estudo que projetou os efeitos da pandemia da COVID 19 na aprendizagem, estima-se que o maior impacto ocorra nos conhecimentos matemáticos (Kuhfeld & Tarasawa, 2020). Entretanto, precisa-se de estudos do tipo no contexto brasileiro, para que os currículos sejam adaptados para as reais demandas do nosso País. Ainda, se faz necessário considerar que tipo de sistema educacional será o mais adequado, visando diminuir a desigualdade educacional amplificada pela pandemia e promovendo estratégias para que todas as crianças e adolescentes possam atingir seu potencial e ter garantidos seus direitos à saúde e à educação (Defeyter et al., 2020).</p><p>Vamos à próxima Unidade estudar um pouco mais sobre como a família do aluno pode se aproximar da comunidade escolar.</p><p>Referências</p><p>· Benner, A. D., & Mistry, R. S. (2020). Child Development During the COVID‐19 Pandemic Through a Life Course Theory Lens. Child Development Perspectives. https://doi.org/10.1111/cdep.12387.</p><p>· Cooper, H., Nye, B., Charlton, K., Lindsay, J., & Greathouse, S. (1996). The Effects of Summer Vacation on Achievement Test Scores: A Narrative and Meta-Analytic Review. Review of Educational Research, 66(3), 227–268. https://doi.org/10.3102/00346543066003227.</p><p>· Defeyter, M. A., von Hippel, P., Shinwell, J., Mann, E., Henderson, E., Brownlee, I., ... & Daly-Smith, A. Written evidence submitted by Professor Greta Defeyter. https://wlv.openrepository.com/bitstream/handle/2436/623310/CIE0042.pdf?sequence=2&isAllowed=y.</p><p>· Elder Jr, G. H. (1998). The life course as developmental theory. Child development, 69(1), 1- 12. https://doi.org/10.1111/j.1467-8624.1998.tb06128.x.</p><p>· Kuhfeld, M. and Tarasawa, B. (2020). The COVID-19 Slide: What Summer Learning Loss Can Tell Us About the Potential Impact of School Closures on Student Academic Achievement. Portland, OR: NWEA. https://www.nwea.org/content/uploads/2020/05/Collaborative-Brief_Covid19-SlideAPR20.pdf.</p><p>· Masonbrink, A. R., & Hurley, E. (2020). Advocating for children during the COVID-19 school closures. Pediatrics, 146(3). https://doi.org/10.1542/peds.2020-1440.</p><p>· Sameroff, A. (2010). A unified theory of development: A dialectic integration of nature and nurture. Child development, 81(1), 6-22. https://doi.org/10.1111/j.1467-8624.2009.01378.x.</p><p>· Senna, Sylvia Regina Carmo Magalhães, & Dessen, Maria Auxiliadora. (2012). Contribuições das teorias do desenvolvimento humano para a concepção contemporânea da adolescência. Psicologia: Teoria e Pesquisa, 28(1), 101-108. https://doi.org/10.1590/S0102-3772201200010001. 3</p><p>· Shonkoff, J. P., Garner, A. S., Siegel, B. S., Dobbins, M. I., Earls, M. F., McGuinn, L., ... & Committee on Early Childhood, Adoption, and Dependent Care. (2012). The lifelong effects of early childhood adversity and toxic stress. Pediatrics, 129(1), e232-e246. https://doi.org/10.1542/peds.2011-2663.</p><p>· von Hippel, P. T. (2020, April 9). How will the coronavirus crisis affect children’s learning? Unequally. https://www.educationnext.org/how-will-coronavirus-crisis-affectchildrenslearning-unequally-covid-19/.</p><p>Unidade 8 - Família do aluno: aproximação da comunidade escolar</p><p>Nesta unidade estudaremos a importância da aproximação da família do aluno e a comunidade escolar. Atualmente sabemos que a família tem sido um grande agente no recurso à aprendizagem, visto que é através dela que as crianças têm acesso aos materiais disponibilizados pela internet.</p><p>Antes de iniciarmos...</p><p>É neste período de grandes mudanças e muitas incertezas que famílias e instituições escolares precisam reafirmar seus papéis enquanto contextos de desenvolvimento, segurança e cuidado para com suas crianças e adolescentes. A relação entre família e escola também é fundamental para garantir a efetividade de ações que</p><p>visem a adaptação das práticas de aprendizagem durante a pandemia.</p><p>· Qual a importância da aproximação das famílias e as escolas neste período?</p><p>· Você consegue citar um exemplo de interação família-escola na pandemia e seus reflexos na educação de crianças e adolescentes?</p><p>Para responder a essas e outras questões, prossiga na leitura da presente Unidade!</p><p>A relação entre família e escola é uma questão que sempre desperta diferentes perspectivas acerca dos papéis desempenhados por cada sujeito que faz parte da comunidade escolar. Contudo, já é consenso a importância da integração entre a escola e a família, de modo a trabalharem juntas e em sintonia (Faria Filho, 2000).</p><p>É possível dizer que há uma responsabilidade compartilhada, cujo núcleo familiar deve ter participação ativa. Nesse sentido, a COVID-19 trouxe a oportunidade de uma maior aproximação entre os familiares e os professores, tendo em vista que o ensino remoto emergencial ocasionou uma maior participação das famílias no assessoramento das crianças.</p><p>Observação</p><p>A família é responsável pela chamada educação primária, o que significa que é por meio dela que a criança irá desenvolver os primeiros padrões sociais vigentes de determinada cultura (Oliveira & Araújo, 2010). Já a escola será responsável pela socialização do saber sistematizado, ou seja, do conhecimento elaborado e da cultura erudita. Nessa lógica, observamos que a escola se relaciona com a ciência e não com o senso comum, pois deve proporcionar a aquisição de instrumentos que possibilitam o acesso ao saber elaborado (Saviani, 2005). É possível dizer que os dois sistemas têm objetivos distintos, mas que se interpenetram, uma vez que compartilham a tarefa de ensinar (Oliveira & Araújo, 2010).</p><p>Uma perspectiva teórica passível de ser aplicada para a compreensão da articulação entre escola e família é a abordagem ecológica de Bronfenbrenner (1996). O modelo ecológico coloca a criança no centro de uma série de sistemas, ilustrados como círculos concêntricos. A partir da teoria é possível compreender a família como um micro ecossistema em que a criança dá os seus primeiros passos em sua jornada de desenvolvimento, sendo afetada por diferentes esferas de influência, contidas umas nas outras (Souza, 2017). Para o autor, coesão familiar, comunicação, qualidade do relacionamento entre pais e filhos, envolvimento na educação da criança e práticas educativas envolvendo afeto, reciprocidade, estabilidade, confiança e equilíbrio favorecem o desenvolvimento e o bem-estar de crianças e adolescentes, mesmo quando expostos a ameaças ou situações de risco variadas (Bronfenbrenner, 1996; Hawley & DeHann, 1996).</p><p>Independentemente dos microssistemas nos quais as pessoas estejam (família, instituição ou escola), o seu desenvolvimento psicológico saudável depende, conforme Bronfenbrenner (1996), principalmente da existência de interações (Poletto & Coller, 2008).</p><p>Na prática do cotidiano escolar, é comum que a aproximação entre família e escola se dê através das reuniões de pais, reuniões de entrega de notas/boletins, atividades comemorativas, confraternizações e outros eventos em geral (Arcega, 2018). Contudo, devido ao contexto pandêmico, todos estes eventos estão provisoriamente suspensos. Nesse sentido, se faz necessária a flexibilização dos meios de contato. É preciso fortalecer a comunicação com a comunidade escolar, demonstrando que mesmo a distância, a escola permanece aberta. O processo de construção do conhecimento se dá na perspectiva da comunicação e não da extensão (Freire, 1977). Sendo assim, precisamos manter acesa a chama do diálogo, através da problematização dos conteúdos, num processo coletivo de idas e vindas.</p><p>Observação</p><p>Cabe destacar que, desde 1957, Paulo Freire já defendia a constituição de Círculos de Pais e Professores como uma forma de fortalecer a participação da família e da comunidade no espaço escolar. Um dos pressupostos da concepção de Escola Cidadã e Popular, defendida por Freire, corresponde ao ideal de que todos aqueles que compõem a comunidade escolar – gestores, professores, funcionários de apoio, estudantes, familiares e comunidade do entorno – participem de forma democrática dos processos de elaboração e de tomada de decisão em relação aos rumos da gestão administrativa e pedagógica da escola (De Feo & Stangherlim, 2010).</p><p>Ao trazermos esses pressupostos para o contexto atual, podemos entender a interação entre família e escola como uma relação que se processa por meios formais e informais no seu cotidiano. A escola abarca a compreensão das estruturas sociais e seus modos de vida e é no dinamismo das transformações sociais que são (re)construídas as relações (Souza, 2017).</p><p>Com a chegada da COVID-19, a maioria das interações foram transferidas para o mundo virtual. Diante da impossibilidade de prever quando será possível o retorno seguro ao ensino presencial, o apoio da família na estruturação da rotina escolar se tornou crucial para o seguimento dos estudos (Instituto Unibanco, 2020). Contudo, cabe lembrar que a implementação da parceria entre família e escola depende também do contexto em que esses sistemas estão inseridos. Se faz importante a investigação de formas mais inclusivas e equitativas de parcerias família-escola para identificar práticas sustentáveis dentro de uma estrutura de justiça social (Graham, 2011).</p><p>Escolas e funcionários que oferecem oportunidades com base na formação de políticas específicas de parcerias enfatizadas em seu contexto tornam-se bons exemplos, à medida que atendem a essas expectativas sócio políticas.</p><p>A enorme pluralidade presente no Brasil não nos permite trazer uma única orientação de como deve ser a relação ideal entre os sistemas. Por isso, esta unidade traz um convite à reflexão.</p><p>Sabemos que quanto mais conexões positivas houver entre a comunidade escolar, mais haverá a possibilidade de se acionarem processos de resiliência que favoreçam a melhoria da qualidade de vida, da saúde e a adaptação das pessoas e da sociedade (Poletto & Coller, 2008).</p><p>A boa integração entre família e escola funciona como fator preditor de saúde, melhorando o processo de aprendizagem e os resultados acadêmicos; prevenindo os problemas de comportamento, as faltas e abandono escolar e estimulando o seguimento dos estudos em nível superior (Arcega, 2018). A família que valoriza e demonstra interesse na educação dos seus filhos, faz com que essas crianças se sintam mais seguras, refletindo em suas aprendizagens.</p><p>Ao integrar família e instituição, abre-se espaço para escuta e orientação, possibilitando uma comunicação fluida entre todas as partes envolvidas (pais, alunos, professores e direção), visando sempre o desenvolvimento saudável da criança em um ambiente harmonioso e acolhedor.</p><p>Observação</p><p>No entanto, consta como desafios desta área adaptar a demanda aos recursos existentes, assim como o manejo do profissional da área em saber comunicar-se bem com os envolvidos, fazendo com que haja uma comunicação fluida e construtiva. Apesar da complexidade e dos desafios que a escola enfrenta, não se pode deixar de reconhecer que os seus recursos são indispensáveis para a formação global do indivíduo (Dessen & Polonia, 2007).</p><p>Vamos, agora, para a penúltima Unidade aprender mais sobre como a família pode se tornar um recurso para aprendizagem no contexto da pandemia de Covid-19.</p><p>Referências</p><p>· Acerga, P. F. W. (2018) Relação família e escola e sua influência na aprendizagem da criança: uma revisão de literatura integrativa. Pluralidades em Saúde Mental, Curitiba, v. 7, n. 1, p. 29-42.</p><p>· Adams, G. R., Ryan, B. A., Ketsetzis, M., & Keating, L. (2000). Rule compliance and peer sociability: A study of family process, school-focused parent–child interactions, and children's classroom behavior. Journal of Family Psychology, 14(2), 237–250. https://doi.org/10.1037/0893-3200.14.2.237.</p><p>· Bronfenbrenner, U. (1996) A ecologia do desenvolvimento humano: experimentos naturais e planejados.</p><p>· De Feo, G. L.; Stangherlim, R. (2010) Paulo Freire e o tema “Escola, Família e Comunidade”</p><p>muito tempo foi considerada exclusivamente um espaço para aprender conteúdos específicos. No entanto, seu papel na formação dos indivíduos vai além do conhecimento adquirido durante as aulas de português, matemática ou ciências naturais, pois também é função da escola auxiliar a criança no seu desenvolvimento como pessoa. Assim, podemos destacar que é papel da escola estimular e desenvolver estes três grandes aspectos:</p><p>· Autoconhecimento: no ambiente escolar, a criança vai vivenciar situações que talvez não experiencie em casa, como não ter a atenção total do(a) professor(a), ter que esperar a sua vez de brincar, errar alguma resposta em uma avaliação e seguir normas. Esses momentos são ótimas oportunidades para ensinar a criança a reconhecer o que está sentindo, validar as emoções e orientar sobre modos positivos de reagir.</p><p>· Estimular a curiosidade por assuntos e conteúdos: o papel do(a) professor(a) é estimular a criança para que ela desenvolva sua curiosidade, buscando criar seu próprio caminho de conhecimento. Deve-se apresentar novos conteúdos para os alunos e incentivar que busquem mais informações sobre os temas, desenvolvendo também a criatividade e o pensamento crítico. É neste processo que a criança começa a identificar habilidades e interesses que irão influenciar suas tomadas de decisão ao longo da vida.</p><p>· Socialização: a escola é um ambiente coletivo em que o(a) professor(a) tem a função de mediar as relações, estimulando para que a criança desenvolva habilidades sociais, como a capacidade de trabalhar em grupo, a comunicação, a empatia e a assertividade. Ao conviver em um espaço com pessoas que possuem visões e valores diferentes, as crianças também têm a oportunidade de desenvolver a tolerância e o respeito ao próximo.</p><p>Bem-estar na infância</p><p>Ao incentivar que as crianças se conheçam e explorem o ambiente a sua volta, a escola trabalha para garantir o bem-estar dos alunos. De acordo com o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), o bem-estar das crianças depende de aspectos individuais e da influência do ambiente, seja familiar, escolar e das relações com os pares. A proposta da UNICEF para entender o bem-estar em crianças envolve os seguintes domínios:</p><p>· Bem-estar material: diz respeito ao quanto a família consegue garantir itens educacionais para que a criança possa estudar.</p><p>· Bem-estar educacional: abarca gostar e se sentir bem no ambiente escolar e ter acesso a conteúdos e informações.</p><p>· Relacionamentos: envolve o apoio dos cuidadores/familiares.</p><p>· Saúde e segurança: aborda o cuidado com sobrepeso/obesidade e acesso à serviços de saúde.</p><p>· Comportamentos de risco: exposição muito grande à internet ou vivenciar situações de violência.</p><p>· Bem-estar subjetivo: entre outros, ressalta o nível de satisfação com a vida em geral.</p><p>Bem-estar e escola</p><p>Diante de tantos elementos que compõem o bem-estar das crianças, sejam eles físicos, mentais ou sociais, os(as) professores(as) devem estar atentos(as) para que as atividades propostas na escola invistam na saúde de seus alunos, abarcando, sempre que possível, algum desses pontos. Pequenas práticas e atividades podem ajudar nisso. A tabela abaixo apresenta alguns obstáculos que afetam o bem-estar e sugestões de atividades para estimular os(as) professores(as) em suas práticas:</p><p>Bem-estar</p><p>Sugestão de atividades</p><p>Físico - Autocuidado e alimentação</p><p>Obstáculo: A Organização Mundial da Saúde (OMS) alerta que o número de crianças e adolescentes (de cinco a 19 anos) obesos em todo o mundo aumentou dez vezes nas últimas quatro décadas.</p><p>Leia mais sobre esse tema em:</p><p>https://www.paho.org/bra/index.php?option=com_content&view=article&id=5527:obesidade-entre-criancas-e-adolescentes-aumentou-dez-vezes-em-quatro-decadas-revela-novo-estudo-do-imperial-college-london-e-da-oms&Itemid=820.</p><p>Elaborar uma linha do tempo da alimentação no Brasil: incentivar que os alunos pesquisem e conversem com seus familiares sobre os padrões alimentares e suas mudanças ao longo da história do país. Essa atividade permite identificar costumes que se mantêm ou que se perderam, práticas saudáveis ou não, interações entre culturas diferentes e, principalmente, o posicionamento crítico quanto às escolhas de alimentos.</p><p>Mental - Reconhecer as emoções e cuidar da saúde mental</p><p>Obstáculo: Segundo a OMS, o índice de crianças entre 6 e 12 anos diagnosticadas com depressão saltou de 4,5% para 8% entre os anos de 2007 a 2017.</p><p>Leia mais sobre esse tema em:</p><p>https://www.paho.org/pt/topicos/depressao.</p><p>Iniciar a atividade assistindo ao filme “Divertida Mente”. Depois, discutir as características de cada emoção e estimular que os alunos desenhem o nojo, a raiva, o medo, a tristeza e a alegria e escrevam em que situações eles percebem que elas estão mais presentes.</p><p>Social - Investimentos nos relacionamentos</p><p>Obstáculo: Nas relações sociais, o bullying é um desafio ao bem-estar na escola desde a primeira infância. Esse tipo de agressão pode ter como consequência casos de depressão, ansiedade, baixa autoestima, entre outros prejuízos para o desenvolvimento infantil.</p><p>Leia mais sobre esse tema em: Zequinão, M. A., Medeiros, P., Pereira, B., & Cardoso. (2016). Bullying escolar: um fenômeno multifacetado. Educação e Pesquisa, 42(1), 181-198.</p><p>https://dx.doi.org/10.1590/S1517-9702201603138354.</p><p>Proponha uma roda de conversa com os alunos. Entregue um rolo de barbante para um deles e esclareça que ele deverá fazer uma pergunta a um colega e lhe entregar o fio (após responder à pergunta, continua segurando o fio e escolhe outro colega, que ainda não participou, para fazer outra pergunta). As crianças que respondem à pergunta permanecem segurando o fio. Ao final, será formada uma teia e todos os alunos terão contado uma curiosidade aos colegas. A atividade é uma oportunidade para a turma se conhecer e criar um clima de proximidade.</p><p>Importante!</p><p>Cabe ressaltar que todo o trabalho realizado nas escolas a fim de promover o bem-estar das crianças só será efetivo se contarem com o apoio dos pais e de outros familiares. A relação entre escola e família e o papel dos familiares no desenvolvimento das crianças serão abordados nas unidades seguintes deste módulo.</p><p>Referências</p><p>· Brasil. Ministério da Saúde (2014). Guia de sugestões de atividades: semana saúde na escola. Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Básica; Ministério da Educação. – Brasília: Ministério da Saúde.</p><p>· Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF). 2007. Child poverty in perspective: An overview of child well-being in rich countries - Report Card nº 7. Florence: UNICEF Innocenti Research Centre. Disponível em: http://www.unicef-irc.org/publications/pdf/rc7_eng.pdf.</p><p>· Instituto Ayrton Senna. (2020). Ideias para o desenvolvimento de competências socioemocionais: Engajamento com o outro. Disponível em: https://institutoayrtonsenna.org.br/content/dam/institutoayrtonsenna/documentos/IAS_Macro_Engajamento_2020.09.09.pdf?utm_source=site&utm_medium=hub-1009.</p><p>· Papália, D., Olds S., Feldman, R. (2006). Desenvolvimento humano. 8 ed. Porto Alegre: Artmed.</p><p>2.2 Adolescência e bem-estar</p><p>Neste tópico faremos uma reflexão sobre a adolescência e suas tarefas de desenvolvimento, bem como o papel dos(as) professores(as) na preparação dos estudantes para a vida em sociedade. Além disso, apresentaremos as competências que podem contribuir para que a adolescência seja vivida de forma plena e segura, e, por fim, daremos sugestões de atividades para trabalhar a construção da identidade, da autonomia e da interação social dos adolescentes.</p><p>· Quais são as tarefas de desenvolvimento dos adolescentes?</p><p>· Qual o papel dos(as) professores(as) no desenvolvimentos dos alunos adolescentes?</p><p>· Quais elementos garantem que a adolescência seja vivida de forma plena e segura?</p><p>Prossiga na leitura do material para que você consiga responder a esses questionamentos!</p><p>Adolescência</p><p>A adolescência costuma ser entendida como uma etapa da vida que vai dos 12 aos 20 anos. Nesta etapa, o adolescente terá que lidar com diferentes transformações,</p><p>nas pesquisas em educação: levantamento de dissertações e teses do período de 2000 – 2010. http://docs.uninove.br/arte/ix_coloquio/PDF/roberta_stangherlim.pdf.</p><p>· Dessen, M. A.; Polonia, A. C. (2007). A família e a escola como contextos de desenvolvimento humano. Paidéia (Ribeirão Preto), 17(36), 21-32. https://doi.org/10.1590/S0103-863X2007000100003.</p><p>· Faria Filho, L. M. (2000). Para entender a relação escola-família: uma contribuição da história da educação. São Paulo em Perspectiva, 14(2), 44-50. https://dx.doi.org/10.1590/S0102-88392000000200007.</p><p>· Freire, P. (1977) Extensão ou Comunicação?/</p><p>· Graham, D. (2011) Family-school partnerships: towards sustainable pedagogical practice. Asia-Pacific Journal of Teacher Education, 39:2, 165-176. Doi: 10.1080/1359866X.2011.560651</p><p>· Instituto Unibanco. Como apoiar as famílias durante o fechamento das escolas. https://www.institutounibanco.org.br/conteudo/como-apoiar-as-familias-durante-ofechamento-das-escolas/.</p><p>· Oliveira, C. B. E.; Marinho-Araújo, C. M. (2010). A relação família-escola: intersecções e desafios. Estudos de Psicologia (Campinas), 27(1), 99-108. https://doi.org/10.1590/S0103-166X2010000100012.</p><p>· Poletto, M.; Koller, S. H. (2008). Contextos ecológicos: promotores de resiliência, fatores de risco e de proteção. Estudos de Psicologia (Campinas), 25(3), 405-416. https://doi.org/10.1590/S0103-166X2008000300009.</p><p>· Saviani, D. (2005). Pedagogia histórico-crítica: primeiras aproximações. Souza, F. K. (2017) Notas sobre a relação família-escola na contemporaneidade. Revista de ciências humanas, UFSC, volume 51. https://doi.org/10.5007/2178-4582.2017v51n1p124.</p><p>Unidade 9 - Família como recurso para aprendizagem no contexto da pandemia da COVID-19</p><p>Nesta unidade, iremos estudar como a família pode contribuir enquanto um recurso para aprendizagem no contexto da pandemia da Covid-19.</p><p>Primeiramente...</p><p>A família é o contexto de desenvolvimento mais importante das crianças e dos adolescentes. Nela estão nossas relações mais importantes e que serão base para a constituição de nossa personalidade. Durante a pandemia, as famílias estão sobrecarregadas e expostas a diferentes estressores. Por isso, faz-se importante resgatar o papel da família como mediadora do processo de aprendizagem e da relação aluno-professor-escola.</p><p>· Quais as principais alterações na rotina familiar em função da pandemia?</p><p>· Quais as estratégias de mediação entre os estudantes e suas tarefas escolares que as famílias podem adotar?</p><p>Para responder a essas questões, prossiga na leitura da Unidade atual!</p><p>Iniciamos esta unidade com um convite à reflexão sobre o conceito de família. Ao longo do tempo, percebemos a ocorrência de uma redefinição da estrutura e da configuração do núcleo familiar que, como consequência, ampliou o seu significado. Alguns autores sugerem que se fale em conceitos de famílias (no plural) devido a multiplicidade de formas que cada sujeito vivencia seu núcleo familiar (Wagner et al., 2011). Ou seja, a família, para alguns indivíduos, vai além do vínculo consanguíneo e está, muitas vezes, mais associada à moradia conjunta ou mesmo por afinidades e proximidade afetiva - sendo estas chamadas de famílias socioafetivas (Silva et al., 2019).</p><p>Além disso, muitas famílias, nos dias atuais, são formadas por um único pai ou mãe - família monoparental - ou que estão em um novo relacionamento.</p><p>Independente da organização familiar na qual crianças e adolescentes estão inseridos, podemos dizer que todas, dentro das suas particularidades, sofreram impactos causados pela pandemia da COVID-19.</p><p>Com o fechamento das escolas, houve um aumento no convívio familiar, fazendo com que a rotina e as relações interpessoais de muitos membros da família fossem modificadas. Cada criança e adolescente pode reagir de uma maneira muito particular e é importante que os pais e cuidadores sejam uma imagem de referência e proteção (Renner et tal., 2020). Nesse sentido, estabelecer uma rotina e ter um cronograma flexível que ajude a orientar as atividades do dia a dia já pode ser de grande auxílio para o desenvolvimento escolar.</p><p>Conforme já vimos na unidade 8, é fundamental a integração entre escola e família, principalmente no atual contexto. Muito embora a família seja responsável pela sustentação emocional das crianças, é também através dela que ocorre o amadurecimento psíquico e o desenvolvimento da aprendizagem (Casarin & Ramos, 2007). Sendo assim, o envolvimento da família na vida escolar das crianças deve ser incentivado, porque pode promover condições mais favoráveis para a aprendizagem (Soares et al., 2004).</p><p>O ensino remoto emergencial fez com que muitos alunos necessitassem da mediação de seus pais ou cuidadores para terem acesso às aulas e tirarem dúvidas pontuais. Se, por um lado, esse aspecto pode ter sido benéfico para a aproximação entre pais e filhos, por outro, muitos cuidadores viram-se sobrecarregados com a necessidade de oferecer auxílio em tarefas que desconhecem (Burges & Sievertsen, 2020). No entanto, mesmo diante de dificuldades, a família desempenha um papel importante para que o ensino remoto ocorra de forma mais positiva. Estudos apontam que os alunos que recebem apoio familiar apresentam mais habilidades nas tarefas, desenvolvem uma autoestima positiva em relação à escola e se ajustam melhor psicologicamente (Chechia & Andrade, 2005).</p><p>Se no ambiente escolar crianças e adolescentes têm os professores como seus correguladores (ver Unidade 5), na família são seus cuidadores os responsáveis por desempenhar esse papel (Rosanbalm & Murray, 2017). Na passagem das aulas presenciais para o ensino remoto, muitos alunos tiveram dificuldades em serem assíduos, motivados e com atenção voltada ao professor.</p><p>Além disso, o confinamento prolongado aumentou o nível de ansiedade e estresse em alguns estudantes (Dias & Pinto, 2020; Cao et al., 2020). Sendo assim, crianças e adolescentes viram-se em um cenário novo, com desafios tanto para sua saúde física quanto mental. Em meio a tantas mudanças, a autorregulação de pensamentos, sentimentos e comportamentos, que, no período pré-pandemia, já apresentava necessidade de auxílio dos cuidadores para melhor ocorrer, demandou ainda mais atenção (Rosanbalm & Murray, 2017; Linhares & Enumo, 2020).</p><p>Observação</p><p>Apesar da família desenvolver um papel de grande importância para a aprendizagem, e o contexto da pandemia ter exigido um envolvimento na educação de crianças e adolescente ainda maior, não se pode ignorar as diversas dificuldades que muitos contextos familiares apresentam. Dificuldades econômicas, falta de acesso a meios tecnológico, falta de habilidades pedagógicas, pouca disponibilidade de tempo para dedicar atenção às necessidades escolares dos estudantes - já que muitos cuidadores seguiram trabalhando em home office e acumulando tarefas domésticas (Garbe et al.,, 2020; Dias & Pinto, 2020).</p><p>Frente a esse contexto, reforça-se a importância da proximidade dos membros da comunidade escolar, em especial entre cuidadores e professores, para que os responsáveis pelo acompanhamento domiciliar do processo de aprendizagem dos alunos em ensino remoto possam receber orientações, treinamento e apoio emocional para adaptar-se a esse novo cenário educacional (Garbe et al., 2020).</p><p>Assim, sugerimos que professores e gestores das escolas auxiliem os pais sobre a forma de realizar algumas orientações aos estudantes durante o período de ensino remoto emergencial. A seguir, apresentamos algumas recomendações:</p><p>· Informe os pais sobre a necessidade de manterem uma rotina com os estudantes como, por exemplo, fixar horários de estudo, de preferência, no mesmo turno em que ocorriam as aulas presenciais. Além disso, horários para dormir e acordar também devem ser respeitados, já que não se trata de um período de férias escolares;</p><p>· Motive os cuidadores a engajarem os filhos em algumas tarefas extras como exercícios físicos e momentos de leitura - que podem ser, inclusive, feitos em conjunto, com toda a família;</p><p>· Em caso de crianças pequenas, busque ressaltar aos responsáveis</p><p>seja no corpo ou na mente, que ocorrem de forma rápida e profunda. É neste momento, também, que os relacionamentos ganham maior destaque, principalmente as amizades e os relacionamentos amorosos.</p><p>Culturalmente, essa etapa do ciclo vital é interpretada como sendo uma “crise” ou como também é chamada, de forma preconceituosa, a fase da “aborrescência”.</p><p>Essas representações descrevem a adolescência como um momento de transição e de confusão, pois já não se é mais criança, mas também não se é adulto. Entretanto, a adolescência não é apenas uma ponte entre a infância e a adultez, pelo contrário, ela é um momento que apresenta tarefas e demandas próprias, que precisam ser valorizadas e reconhecidas.</p><p>Entre as principais tarefas da adolescência, destacam-se:</p><p>· Lidar com o crescimento e as mudanças físicas;</p><p>· Cada vez mais, desenvolver a capacidade de pensar em termos abstratos e utilizar o raciocínio científico;</p><p>· Desenvolver conhecimentos acadêmicos específicos e em conexão com o mercado de trabalho;</p><p>· Construir a sua identidade, o que envolve a identidade sexual;</p><p>· Questionar e repensar valores herdados da família de origem;</p><p>· Fazer e manter amizades e contar com elas para o desenvolvimento do seu autoconceito;</p><p>· Aproximar-se de novas temáticas, como trabalho, política, direitos sociais, planejamento financeiro, entre outros.</p><p>De modo geral, a adolescência se apresenta como um momento de maior autoconhecimento e exploração do mundo ao seu redor. Esse processo costuma ser influenciado pelos grupos de amigos, pelas experiências além da escola e da família e pelo acesso a novas informações e conteúdos.</p><p>Adolescência e o Ambiente Escolar</p><p>Um grande erro ao se pensar sobre a adolescência é entendê-la apenas como um momento em que o indivíduo precisa e deseja estar sozinho. Nesta fase da vida é importante que a autonomia seja estimulada e a privacidade respeitada, mas a presença e o apoio da família e da escola são fundamentais para a saúde e o bem-estar dos adolescentes.</p><p>Pais, tios, avós e professores servem como pontos de referência, os quais o adolescente irá usar para guiar a sua trajetória.</p><p>Dessa forma, qual é o papel dos(as) professores(as) no desenvolvimento de seus alunos adolescentes?</p><p>· Dar o exemplo mantendo uma atitude positiva e respeitosa;</p><p>· Estimular a cooperação entre os alunos;</p><p>· Auxiliar na criação do senso de responsabilidade, por exemplo, ao estipular prazos para a entrega de atividade;</p><p>· Equilibrar a participação entre meninas e meninos, incentivando que elas participem cada vez mais, já que as normas culturais desencorajam a participação de mulheres em espaços públicos;</p><p>· Ser claro(a) ao impor limites na relação. Apesar da proximidade, ser professor(a) é diferente de ser amigo(a). A docência requer afeto e responsabilidade;</p><p>· Aproveitar as aulas e as atividades para inserir temas que acolham suas angústias, por exemplo, o final do ensino médio e a entrada no mercado de trabalho;</p><p>· Criar espaços para que temas sobre bem-estar (físico, mental e social) sejam reconhecidos e debatidos;</p><p>· Olhar para o adolescente para além do papel de estudante, compreendendo que eles assumem outros papéis, como filho(a), amigo(a) e, principalmente, cidadão e cidadã.</p><p>Ao compreender a escola como um ambiente que prepara para a vida em sociedade, recomenda-se a leitura do guia a seguir, com reflexões sobre como envolver adolescentes nas decisões da escola e promover uma cultura de participação:</p><p>Guia Participação de estudantes na escola: https://bit.ly/2wBYm0F</p><p>Bem-estar na Adolescência</p><p>Diversos aspectos, sejam individuais ou sociais, incluindo a exposição à pobreza e à situações de violência, podem afetar o bem-estar dos adolescentes. Meninos e meninas têm o direito de viverem essa etapa de forma saudável física, intelectual, emocional e socialmente.</p><p>Segundo o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), garantir esse direito é um desafio de todos (família, escola, comunidade e dos próprios adolescentes). Com base nisso, a UNICEF reuniu 20 competências que podem contribuir para que a adolescência seja vivida de forma plena e segura, garantindo o bem-estar.</p><p>Observação</p><p>Vale lembrar que competência diz respeito à capacidade de fazer uso de conhecimentos, habilidades e atitudes para lidar com situações cotidianas adequadamente.</p><p>Quais são essas competências?</p><p>· Aprender e expressar seus conhecimentos acadêmicos;</p><p>· Desenvolver o pensamento analítico;</p><p>· Desenvolver o autoconhecimento, a autoestima, o autocontrole e a autoconfiança;</p><p>· Buscar proteção e superar dificuldades;</p><p>· Gerenciar conflitos de forma saudável e positiva;</p><p>· Desenvolver a comunicação interpessoal;</p><p>· Estabelecer relações afetivas e sustentáveis no âmbito da família e da comunidade;</p><p>· Adotar atitude de respeito e valorização das diferenças;</p><p>· Desenvolver preferências estéticas e sensibilidade cultural e artística;</p><p>· Utilizar as novas tecnologias da informação e comunicação, inclusive as mídias sociais, com senso crítico;</p><p>· Identificar quando as pessoas precisam de ajuda e adotar atitude de solidariedade;</p><p>· Adotar atitude financeira responsável;</p><p>· Desenvolver talentos e adquirir aptidões profissionais;</p><p>· Adotar atitude ambiental responsável;</p><p>· Conhecer e reivindicar seus direitos e assumir suas responsabilidades;</p><p>· Participar de processos decisórios na esfera pública;</p><p>· Defender a ética, o respeito às coisas públicas e os mecanismos de controle social;</p><p>· Proteger a si e as pessoas com quem se relaciona das IST e do HIV/Aids;</p><p>· Tomar decisões sobre sua saúde sexual e sua saúde reprodutiva com autonomia, informação, apoio e cuidado;</p><p>· Ter uma alimentação saudável e praticar atividades físicas.</p><p>Bem-estar e escola</p><p>Nesta etapa da vida, por apresentarem maior autonomia em suas rotinas, muitas famílias podem assumir uma postura de descaso frente ao bem-estar de seus filhos e a mesma situação também pode ocorrer nas escolas. No entanto, a adolescência é repleta de desafios e os dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) alertam os adultos/responsáveis sobre a necessidade de cuidar dos adolescentes. Entre os dados, destacam-se:</p><p>· O suicídio é a terceira principal causa de morte entre adolescentes de 15 a 19 anos.</p><p>· As condições de saúde mental são responsáveis por 16% da carga global de doenças e lesões em pessoas com idade entre 10 e 19 anos.</p><p>· Muitos fumantes adultos fumam o primeiro cigarro antes dos 18 anos de idade.</p><p>· A violência interpessoal foi classificada como a segunda principal causa de morte entre adolescentes do sexo masculino em 2016.</p><p>Para mais informações, acesse o link:</p><p>https://www.paho.org/pt/topicos/saude-mental-dos-adolescentes .</p><p>Diante do que foi exposto, é importante ressaltar que os adolescentes precisam ser protegidos e orientados, com respeito e acolhimento, no ambiente escolar. Podemos considerar que os principais pontos de desenvolvimento que irão impactar no bem-estar dos adolescentes são:</p><p>· formação da identidade,</p><p>· capacidade de interação e</p><p>· construção da autonomia.</p><p>A seguir, serão apresentadas sugestões de atividades para serem trabalhadas no contexto escolar e estimular o desenvolvimento desses aspectos nos adolescentes.</p><p>O que é bem-estar para você?</p><p>Por fim, sugere-se que as escolas promovam um espaço de escuta e acolhimento aos alunos. Antes de criar projetos sobre como investir em um ambiente que promova bem-estar, físico, mental e social, pergunte aos próprios alunos o que é bem-estar para eles, como buscam cuidar de si e quais temas eles percebem que precisam conhecer mais.</p><p>Referências</p><p>· Fundo das Nações Unidas para a Infância. (2018). Competências para a vida: trilhando caminhos de cidadania. Brasília-DF.</p><p>· Luz, R. T., Coelho E. A. C., Teixeira M. A., Barros, A. R., Carvalho, M. F. A. A., & Almeida, M. S. (2018). Estilo de vida e a interface com demandas de saúde de adolescentes. REME – Rev Min Enferm, 22: e-1097.</p><p>· Moreira, R. M., Boery, E. N., Oliveira, D. C., Sales, Z. N., Boery, R. N. S. O., Teixeira, J.R. B., Ribeiro, Í. J.S., & Mussi, F. C. (2015). Representações Sociais de adolescentes sobre qualidade de vida:</p><p>um estudo de base estrutural. Ciência & Saúde Coletiva, 20(1), 49-56. https://doi.org/10.1590/1413-81232014201.20342013 .</p><p>· Papália, D., Olds S., Feldman, R. (2006). Desenvolvimento humano. 8 ed. Porto Alegre: Artmed.</p><p>· Senna, S. R. C. M., & Dessen, M. A. (2015). Reflexões sobre a saúde do adolescente brasileiro. Psicologia, Saúde & Doenças, 16(2), 217-229. https://dx.doi.org/10.15309/15psd160208 .</p><p>2.3 Educação para a carreira</p><p>Neste tópico, estudaremos o que é a Educação para carreira e como trabalhá-la na escola, além de apresentar os principais conceitos de carreira e as principais estratégias pedagógicas para abordá-la na escola. Discutiremos o papel do professor neste processo e serão analisados os resultados de uma intervenção em educação para carreira.</p><p>· O que é a Educação para a Carreira?</p><p>· Como a educação para a carreira se relaciona com a formação integral do estudante?</p><p>· Quais os desafios em se pensar educação para a carreira no Brasil?</p><p>Prossiga na leitura do material para o esclarecimento dessas questões!</p><p>Educação para a carreira</p><p>O termo Educação para a Carreira é utilizado para descrever atividades sistemáticas que promovem o desenvolvimento de competências-chave para a carreira no contexto educacional. Mais que competências diretas utilizadas no dia a dia do trabalho, trata-se de um modo de atuar no mundo que permite saber tomar decisões, traçar planos e conquistar seu desenvolvimento de forma crítica e responsável.</p><p>Tal temática torna-se relevante em um mundo no qual os desafios enfrentados pelas pessoas são cada vez mais complexos e mudam com uma velocidade cada vez maior. É dito que vivemos tempos líquidos, justamente porque a realidade (cheia de normas, regras, expectativas, preferências e gostos) não permanece da mesma forma por muito tempo.</p><p>Essa dinamicidade, atrelada ao bombardeio massivo de informações disponíveis a qualquer momento - muitas vezes sem confiabilidade sobre o seu conteúdo -, pode representar uma ameaça e gerar ansiedade ao estudante e futuro cidadão. As mudanças frequentes criam a necessidade de os jovens estarem estimulados por experiências diferentes a todo o momento, e essa realidade merece uma atenção especial.</p><p>Aprender a tomar consciência de si e do mundo, e também como decidir e agir com intencionalidade passa a ser essencial para existir em sociedade. E nesse intuito, o convite aqui é para que tomemos consciência sobre como apoiar os alunos a construírem seus projetos de carreira e de vida, incluindo o desenvolvimento de habilidades de construção que os acompanharão ao longo de toda a trajetória profissional.</p><p>Um programa de Educação para a carreira estruturado ajuda o jovem estudante a se conhecer melhor, a saber buscar informações sobre o mercado de trabalho e a tomar decisões que o preparem para atuar profissionalmente, em equilíbrio com os demais papéis de vida.</p><p>Observação</p><p>Sendo assim, a sistematização das atividades em cima de conceitos, tarefas e estratégias envolvendo o tema carreira apoiarão o jovem a aprender como construir um projeto de carreira e de vida. Também será possibilitada a aprendizagem de competências chave que uma vez cristalizadas, servirão, no futuro, para aumentar as chances de êxito na entrada e na permanência no mercado de trabalho e satisfação geral da pessoa.</p><p>Irão ajudar, por fim, a desenvolver uma atitude favorável ao desenvolvimento saudável, adquirindo valores congruentes com uma sociedade em que o trabalho existe e tem um papel fundamental no ajuste da pessoa ao meio.</p><p>SAIBA MAIS</p><p>Ouça o episódio do GEDCast Descobrindo Carreiras, para saber mais sobre Educação para a Carreira</p><p>(https://anchor.fm/gedcast/episodes/5---GEDCast Educao-para-carreira-ehgkom).</p><p>O que é Educação para carreira?</p><p>O conceito original de Educação para a carreira, que é da década de 1970, a define como o esforço total da educação e da comunidade, de forma mais ampla, aplicado para ajudar as pessoas a se familiarizarem com os valores de uma sociedade orientada para o trabalho. Ajuda, portanto, a integrar tais valores aos sistemas de valores pessoais e a implementá-los à vida.</p><p>Ao tornar para si esses valores, as pessoas poderão ser participativas, em condições favoráveis, de forma crítica e responsável, na sociedade, e poderão desfrutar de uma vida significativa, digna e satisfatória.</p><p>Mas para além de compreender o papel da escola e dos demais atores envolvidos nesse desafio, é preciso antes compreender o que é Carreira.</p><p>Definiremos aqui carreira como algo que é construído ao longo da vida e que envolve diferentes papéis, incluindo o de trabalho, e é inserida em um mundo imprevisível. Para ampliar a compreensão dessa definição, apresentaremos cada um dos elementos que compõem a afirmativa acima separadamente, com uma breve justificativa:</p><p>A carreira é construída ao longo da vida</p><p>Por muito tempo, principalmente na sociedade industrial, pensar em carreira estava associado à escolha de uma profissão e as pessoas tendiam a entrar num emprego e progredir, de forma linear, nesse local por muito tempo.</p><p>A imprevisibilidade que passou a marcar o mercado de trabalho a partir da década de 90, influenciada pela globalização e pelas transformações tecnológicas. Antes, aquele ciclo de escolher uma profissão/emprego, desenvolver-se, evoluir e então aposentar-se (desligar-se) durava uma vida. Hoje essa mesma sequência pode acontecer em períodos de tempo mais curtos, podendo se repetir dezenas de vezes ao longo da vida.</p><p>As pessoas estão podendo escolher a todo momento: mudar de emprego, mudar de carreira, voltar a estudar depois de uma trajetória profissional consolidada, etc. Por isso, para auxiliar na construção de um projeto de vida, não mais apenas de carreira, é preciso atentar para o desenvolvimento das competências de adaptação, de tomada de decisão, e de planejamento e avaliação das experiências, que serão cada vez mais exigidas, bem como no desenvolvimento de uma atitude favorável ao aprendizado constante.</p><p>Para além do conhecimento específico, apoiar na compreensão de como se dá o aprendizado, ajudando a pessoa a aprender e a escolher o que aprender, responde melhor aos desafios de desenvolvimento da carreira no século XXI.</p><p>A carreira envolve diferentes papéis</p><p>Muitas vezes quando pensamos em carreira, pensamos no papel profissional e de estudante que a pessoa desenvolve. Porém, um dos principais teóricos de orientação profissional (Donald Super), na década de 80, questionou essa crença e referenciou uma frase com muito sentido na forma de compreender a carreira atualmente, que diz: “enquanto um indivíduo trabalha, ele vive a sua vida”. Temos com isso uma forma de encarar a construção de carreira integrada aos demais papéis de vida. Assim, ao refletir sobre carreira é preciso também pensar no papel familiar, de cidadão, de lazer, de amizade, etc.</p><p>Mas afinal, o que são papéis de vida? Quando paramos para pensar no estilo de vida que uma pessoa tem, podemos defini-lo a partir dos papéis e posições que essa pessoa ocupa. Os papéis ajudam a estruturar a vida de alguém, e dão sentido para a trajetória de cada um. Assim, uma pessoa que tem um papel familiar muito central, provavelmente dedicará mais tempo e esforço para manter as coisas bem no ambiente familiar, assim como ela sentirá mais senso de significado e propósito enquanto estiver realizando essas atividades.</p><p>Justamente pela centralidade que um papel irá ocupar na vida de uma pessoa (e pelas consequências que o tempo dedicado a ele irão influenciar em quanto de energia se coloca em outros papéis) que ao se abordar o tema carreira, é preciso apresentar essa perspectiva integrada da vida. Forçadamente as escolhas de como atuar em cada papel irão implicar nos demais papéis, por isso a importância de adotar uma perspectiva mais holística da vida ao se tratar da discussão da construção de carreira.</p><p>A carreira em um mundo imprevisível</p><p>Quando pensamos em carreira, muitas vezes a primeira imagem que nos vem à cabeça está bastante associada ao crescimento dentro de uma organização, de forma estável, alcançando aqueles</p><p>padrões conhecidos de sucesso: cargos e salários bons.</p><p>Na verdade, hoje em dia as trajetórias de carreira tendem a ser bem mais tortuosas que essa. Seja por um movimento iniciado pelas pessoas, buscando atividades em que possam se sentir realizadas e que atendam a critérios de sucesso subjetivos (‘propósito’, ‘realização’ e ‘sentido’ são palavras comumente utilizadas para referenciar esse conceito de “sucesso subjetivo”); ou seja por uma iniciativa da organização ou do mercado, uma vez que ao repensar suas estruturas, constantemente, as chances de controlar todos os movimentos de carreira estão ficando cada vez menores.</p><p>Tal fato reflete em movimentos como:</p><p>· empreender em iniciativas pessoais por necessidade ou transformando um hobby ou uma paixão em fonte de renda;</p><p>· parar de trabalhar para voltar a estudar e mudar de carreira;</p><p>· inserir-se no mercado de trabalho por uma escolha forçada de necessidade de sobrevivência, sem refletir sobre uma ocupação coerente com os próprios interesses;</p><p>· prestar serviços por meio de aplicativos e tantas outras formas de gerar renda a partir de um trabalho - sem necessariamente ser empregado.</p><p>Toda essa configuração tem marcado o desenvolvimento de carreira com outras características.</p><p>Por fim, vale ainda destacar que a Educação para a carreira não é um conjunto novo de conhecimentos, como uma nova disciplina. É, sim, uma nova visão sobre como ensinar, aproveitando as oportunidades existentes e complementando com outras para fins de esclarecer como as pessoas operam no mundo do trabalho. Ajuda, deste modo, o aluno a construir de forma consciente e intencional o seu papel e posição no mundo, bem como uma atitude frente a vida.</p><p>DICA</p><p>Faça uma reflexão sobre o quanto as pessoas que estão próximas a você exercem influência sobre suas escolhas.</p><p>Para isso, você pode fazer um genograma profissional, que se trata de um mapa que usa símbolos para descrever a dinâmica de uma família ao longo de várias gerações. O Genograma Profissional revela essa dinâmica familiar com base em profissões.</p><p>Para saber como montar um genograma profissional, você pode acessar esse material:</p><p>https://edisciplinas.usp.br/mod/folder/view.php?id=264742#:~:text=Como%20fazer%20um%20Genograma%3F,um%20dos%20membros%20da%20fam%C3%ADlia</p><p>Após elaborar seu genograma profissional, responda as questões abaixo:</p><p>· Existem valores e caminhos que a família tende a escolher?</p><p>· Há padrões?</p><p>· Alguém fugiu desse padrão?</p><p>· Quais expectativas são geradas das gerações anteriores para as posteriores?</p><p>· Quais os tipos de curso as pessoas que me influenciaram seguiram?</p><p>· Todos fazem/fizeram curso superior?</p><p>· Quais são os cursos mais valorizados?</p><p>· Para as pessoas mapeadas, como eu imaginava que eles me veriam se eu escolhesse a profissão de professor?</p><p>· Como eles lidam com seus trabalhos e com suas escolhas?</p><p>Quais as estratégias para implementar a Educação para a carreira nas escolas?</p><p>· Estratégias aditivas: acréscimos feitos ao currículo e que são caracterizadas por envolverem atividades e objetivos diversos, tais como autoconhecimento, informação profissional e escolha de cursos e carreira.</p><p>· Estratégias infusivas: integradas ao currículo, tornando o trabalho e a carreira transversais e abordando temas como valores, conhecimentos e atitudes relevantes ao desenvolvimento vocacional e da carreira.</p><p>· Estratégias mistas: uma disciplina incluída na grade curricular ou como parte do conteúdo de uma disciplina.</p><p>Quem é responsável por educar para a carreira?</p><p>Esta não é uma resposta simples, pois a educação para a carreira exige um esforço articulado entre os diferentes atores que interagem com uma criança e com um adolescente, que são: pais, professores, pares e a comunidade como um todo.</p><p>Inserir a temática da educação para a carreira no processo de ensino aprendizagem traz ganhos, pois ajuda a preparar os jovens para a vida profissional. Além disso, promove o desenvolvimento de valores adaptativos para a existência em uma sociedade em que o papel do trabalho, dentre outros papéis, é bastante central.</p><p>A escola tem parte da responsabilidade de abordar os temas de carreira e formação profissional com os alunos, mas para alcançar os melhores resultados para o desenvolvimento dos jovens, é preciso pensar em esforços integrados de todos os atores do contexto relacional dos estudantes. A influência que as figuras significativas que convivem com uma criança ou com um adolescente exercem na constituição da sua identidade é grande. Desse modo, na fase escolar, o autoconceito de carreira está sendo construído e os pais, colegas, professores e comunidade, como um todo, terão relação com a construção de um projeto vocacional consistente.</p><p>O papel dos professores é o de especialista no processo de ensino-aprendizagem. O orientador profissional é o especialista no desenvolvimento de competências de adaptação e consolidação da identidade profissional inserida num projeto de vida mais amplo.</p><p>Os pais exercem influência como figuras de referência e comparação, bem como de validação da decisão e influenciadores na forma como o próprio aluno se vê.</p><p>E a comunidade mais ampla é uma base de espelhamento na qual a construção do sentido que se dará aos papéis sociais, bem como as orientações das posições que podem ser ocupadas serão determinados. Vale aqui destacar a importância desses exemplos sociais, na construção de uma “permissão”, para desenvolver um certo plano de carreira. As referências e as inspirações muitas vezes são dadas nesse processo de identificação com outros significativos.</p><p>Observação</p><p>Vale reforçar que os feedbacks que a criança ou adolescente recebe do professor são muito importantes para definição do seu autoconceito. Quando um professor elogia um aluno em uma determinada disciplina, ele vai entendendo que é bom naquilo e pode desenvolver uma preferência por aquela disciplina. Da mesma forma, quando um professor julga a competência do aluno num conjunto de conhecimento, isso é assimilado por ele de alguma forma. Por isso a importância de o professor tentar buscar uma atitude mais neutra e de incentivo, para que o estudante tente se experimentar, desenvolvendo mais proficiência em determinado assunto.</p><p>Quais os resultados esperados de uma intervenção em Educação para a carreira?</p><p>Um programa de Educação para carreira bem implementado na escola, conforme mencionado anteriormente, ajuda a preparar os jovens para a vida profissional, incluindo habilidades do papel de trabalhador, da escolha da profissão e da inserção no mundo do trabalho. Ajuda, portanto, a formar alunos capazes de tornarem-se competentes nas mais diversas áreas que possam ser objeto de sua escolha de atuação e que saibam desenvolver essa competência dentro do contexto social dos quais são provenientes.</p><p>Observação</p><p>Assim, o resultado esperado é um aluno que conclua o ensino com condições mínimas para: interpretar informações do mundo do trabalho, conhecer a si mesmo, atribuir sentido às experiências vivenciadas na escola para que possa identificar áreas de interesse, e obter um conjunto de capacidades decisórias.</p><p>Veja a tabela abaixo em que estão apresentados os estímulos feitos aos estudantes e os possíveis resultados:</p><p>Exemplos de atividades que podem ser utilizadas com crianças e adolescentes em sala de aula:</p><p>· Autoconceito e Identidade</p><p>Nesta atividade, peça aos alunos que apresentem seus interesses pessoais, habilidades, valores, etc. através de uma colagem.</p><p>· Convide os alunos a compartilhar com a turma alguns de seus hobbies, matérias escolares favoritas, interesses, clubes aos quais pertencem, etc.).</p><p>· Com auxílio de revistas, jornais, cola e tesoura, cada aluno criará uma colagem que melhor ilustre seus interesses pessoais.</p><p>· Após, convide-os a listar seus cinco principais gostos e desgostos.</p><p>· Quando as colagens estiverem prontas, faça um mural com todas elas, sem identificá-las. Peça aos alunos que tentem adivinhar qual colagem pertence a cada colega.</p><p>· Reflexão sobre papéis sociais e cidadania</p><p>Neste exercício, comece pedindo que os alunos identifiquem os</p><p>elementos que fazem parte de uma sociedade.</p><p>· Estimule que os alunos pensem nas instituições, relações, hierarquias, atores, dinâmicas, papéis, etc. que compõem uma sociedade.</p><p>· Vá anotando tudo em um quadro visível para os alunos.</p><p>· Depois peça que eles identifiquem quais desses elementos existem dentro da escola.</p><p>· Depois desse aquecimento, peça que eles tentem imaginar a sala de aula como uma sociedade e peça que reflitam sobre as questões abaixo:</p><p>· Que papel eu ocupo nessa sociedade?</p><p>· Eu sou um bom trabalhador nesta sociedade? Por quê?</p><p>· Eu sou um bom cidadão nesta sociedade?</p><p>· Qual legado eu vou deixar para essa sociedade?</p><p>· Como essa sociedade influencia a me tornar quem eu sou / quero ser?</p><p>· Onde eu mais me comprometo e onde eu não me comprometo com essa sociedade?</p><p>· Como eu imagino que as atitudes e comportamentos que eu desenvolvo hoje me ajudarão me tornar o adulto que eu desejo no futuro?</p><p>· Promoção de Atitudes positivas</p><p>Nesta atividade, ajude seus alunos a identificarem as ações positivas que eles realizam ou que poderiam realizar para contribuir com as pessoas com quem interagem e com os ambientes em que estão inseridos.</p><p>· Escreva no quadro: “Em casa ...”, “Na escola ...” e “Na comunidade ...”</p><p>· Peça aos alunos que copiem essas frases em seus cadernos.</p><p>Em seguida, peça-lhes que listem maneiras de ajudar outras pessoas em cada categoria (por exemplo: “Em casa eu... faço minhas tarefas; alimento minha irmãzinha; recebo mensagens telefônicas claras”. “Na escola eu ... presto atenção na aula, na maioria das vezes; ajudo a manter a sala de aula organizada; leio com meu amigo da 1ª série; faço trabalho voluntário uma vez por semana”. “Na comunidade… eu ajudo a vizinha a carregar suas compras; eu coleciono dinheiro para a Unicef no Halloween; meu clube ajuda a reciclar produtos”.).</p><p>· Dê um tempo para que os alunos escrevam suas atividades.</p><p>· Ao final, faça uma breve discussão sobre como os alunos se sentem quando contribuem nesses ambientes.</p><p>· Reflexão sobre o que é o Sucesso</p><p>Nesta atividade os alunos irão explorar o sucesso e entender como ele é alcançado.</p><p>· Inicialmente peça aos alunos que descrevam pelo menos três histórias de sucesso que tiveram. Em seguida, peça-lhes que reflitam sobre o que tiveram que fazer para alcançar esses sucessos (por exemplo: estudar, praticar piano, praticar futebol).</p><p>· Após, solicite que escolham uma das suas histórias de sucesso para justificar o porquê do sucesso ter sido especialmente importante.</p><p>· Quando tiverem acabado, divida a turma em grupos para o compartilhamento das experiências (dos que se sentirem à vontade para partilhar).</p><p>Estimule que busquem semelhanças e diferenças encontradas nas ações para a conquista do sucesso e dos motivos pelo que o sucesso alcançado foi importante. Quando estiverem discutindo, passe nos grupos para troca de ideias e monitoramento da atividade.</p><p>· Ao final, abra um grande grupo para discussão e fechamento da atividade.</p><p>SAIBA MAIS</p><p>Nesta parte apresentamos a Educação para a Carreira, discutimos os diferentes atores envolvidos na construção de carreira dos estudantes e apresentamos algumas atividades que podem ser utilizadas em sala de aula, com seus estudantes. Agora gostaríamos de convidar você a assistir o relato de uma experiência em Educação para a Carreira desenvolvida com crianças e apresentada no Seminário de Orientação Profissional em Escolas: Perspectivas em Educação para a Carreira, realizado em 26 de outubro de 2012.</p><p>Na mesa "Orientação Profissional nas Escolas: Reflexões e Experiências", a segunda palestrante, Alyane Audibert Silveira, apresenta o trabalho "Orientação Profissional na Educação Infantil: Relato de uma experiência”.</p><p>Para assistir, acesse o link:</p><p>https://www.youtube.com/watch?v=ZbpXBDqwydw&feature=youtu.be</p><p>Vamos agora para a próxima Unidade estudar um pouco mais sobre o bem-estar entre os professores e professoras!</p><p>· Faleiros, N. D. P., & Lehman, Y. P. (2016). Desafios na implantação da educação para a carreira no contexto escolar brasileiro. Revista Brasileira de Orientação Profissional, 17(2), 233-243.</p><p>· Munhoz, I. M. S., & Melo-Silva, L. L. (2011). Educação para a Carreira: concepções, desenvolvimento e possibilidades no contexto brasileiro. Revista brasileira de orientação profissional, 12(1), 37-48.</p><p>· Rodrígues-Moreno, M. L. (2008). A educação para a carreira: Aplicação à infância e à adolescência. In M. C. Taveira & J. T. Silva, Psicologia vocacional: Perspectivas para a intervenção (pp. 29-58). Coimbra: Imprensa da Universidade de Coimbra;</p><p>UNIDADE 3 - BEM-ESTAR E PROFESSORES(AS)</p><p>3.1 Bem-estar e trabalho</p><p>Aqui será apresentado o conceito de bem-estar no trabalho e seus componentes, além de propor a reflexão acerca do bem-estar no trabalho no contexto laboral atual e, especificamente, neste cenário de pandemia de COVID-19.</p><p>· O que é bem-estar para você?</p><p>· Que relações existem entre bem-estar e trabalho?</p><p>Neste exercício, comece pedindo que os alunos identifiquem os elementos que fazem parte de uma sociedade.</p><p>O trabalho vem sofrendo alterações no decorrer do tempo e são notáveis as mudanças organizacionais e da natureza do trabalho, no final do século XX. Essas transformações ocorreram especialmente em resposta à globalização e ao avanço tecnológico, os quais são necessários para a competição e a sobrevivência no mercado de trabalho.</p><p>A partir da evolução do mercado de trabalho, a qualidade de vida e o bem-estar dos trabalhadores de algumas empresas têm sido alvo de melhorias. A fim de suprir condições prejudiciais à saúde no trabalho, aprimorar aspectos competitivos e cumprir legislações vigentes, o olhar sobre o bem-estar laboral tem sido priorizado.</p><p>O discurso sobre a qualidade de vida no trabalho é embasado na percepção individual das pessoas. Dessa forma, aspectos subjetivos são enfatizados como, por exemplo, a satisfação com o trabalho. Por outro lado, as características físicas do ambiente laboral também são entendidas como fatores que propiciam a qualidade de vida no trabalho.</p><p>O bem-estar no trabalho diz respeito à atribuição de características subjetivas sobre a qualidade de vida nesse ambiente. Tanto o bem-estar, quanto a qualidade de vida no trabalho são definições diferentes acerca de um mesmo fenômeno que tem por essência as percepções subjetivas relativas ao contexto laboral.</p><p>Quando falamos sobre bem-estar subjetivo, estamos nos referindo à percepção da avaliação que as pessoas fazem de sua própria vida. Essa assimilação acontece de forma cognitiva e em relação às satisfações das diversas áreas da vida, de modo geral, e com segmentos específicos como, por exemplo, relacionamentos e trabalho.</p><p>Observação</p><p>Esse movimento se dá a partir de uma análise pessoal em que se perceba a frequência na qual são experimentadas emoções positivas e negativas. O bem-estar subjetivo diz respeito a se perceber envolvido com mais afetos positivos do que negativos, o que gera um balanço de felicidade. Entretanto, um outro conceito é bastante utilizado e pode ajudar a compreender melhor do que estamos falando: o Bem-estar Psicológico (BEP).</p><p>O conceito de BEP consiste em funcionar de acordo com seu potencial. Para isso, a partir da convergência de diversas áreas do conhecimento e visando uma avaliação integral do potencial humano, tem-se que os seguintes componentes fazem parte do BEP:</p><p>· Autoaceitação: ter uma atitude positiva sobre si e aceitar as diversas características da própria personalidade;</p><p>· Relações positivas com os outros: possuir relacionamentos em que existam qualidades como acolhimento, segurança, intimidade e satisfação;</p><p>· Autonomia: ter a capacidade de fazer escolhas, ser independente e conseguir realizar uma autoavaliação com critérios próprios;</p><p>· Domínio sobre o ambiente: ter a capacidade de lidar com o contexto, a fim de satisfazer as necessidades pessoais;</p><p>· Propósito de vida: possuir objetivos de vida e direcionamento;</p><p>· Crescimento pessoal: estar disponível para novas experiências e percepção de crescimento pessoal contínuo;</p><p>É possível perceber que, dependendo do contexto de trabalho,</p>