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<p>VESTIBULAR UFU</p><p>@profhenriquelandim</p><p>[...] a partir do momento em que há uma relação do poder, há uma possibilidade de resistência. Jamais somos aprisionados pelo poder: podemos sempre modificar sua dominação em condições determinadas e segundo estratégia precisa (FOUCAULT, Michel. Microfísica do Poder. São Paulo: Paz e Terra, 2005, p. 241)</p><p>OBRA: Bacurau@profhenriquelandim</p><p>DIRETORES: Kleber Mendonça e Juliano Dornelles</p><p>ANO DE ESTREIA NO BRASIL: 29 de agosto de 2019</p><p>MISTURA DE GÊNEROS: Quanto aos gêneros cinematográficos, as críticas direcionam para o diálogo entre o filme e o cinema hollywoodiano e ambos concordam que Bacurau absorve influências de formatos narrativos bastante estratificados em suas convenções, de fácil compreensão e grande popularidade (XAVIER, 2005), com destaque óbvio para o western, a ficção científica e o suspense.</p><p>www.literaturaufu.com.br</p><p>Kleber de Mendonça Vasconcellos Filho é pernambucano. Nasceu em 1968. Formou-se em Jornalismo pela Universidade Federal de Pernambuco. Como diretor de longa-metragem estreou em 2008 com o documentário “Crítico”. Ganhou notoriedade em 2012 por meio do “O Som ao Redor”, considerado o melhor filme do Festival do Rio.Kleber de Mendonça Vasconcellos Filho</p><p>Kleber de Mendonça</p><p>Juliano Dornelles de Faria Neves</p><p>Juliano Dornelles de Faria Neves nasceu no Recife, capital do estado brasileiro de Pernambuco, no ano de 1980.Juliano Dornellas</p><p>O TÍTULO DO FILME</p><p>O título do filme recebeu o nome de um pássaro bastante comum em todo o Brasil. No início da trama, a personagem Maria, motoqueira carioca, pergunta o significa Bacurau, ao que uma moradora responde ser um pássaro, questionada se ele não está extinto, responde: “Aqui não. Mas aqui ele só sai de noite, ele é brabo”. Além disso, bacurau é o nome do vilarejo pernambucano onde ocorre o enredo do filme. Podemos ver o pássaro como a alegoria do povo, pois está presente em todo espaço nacional, visto como preguiçoso em lendas populares, mas sobretudo que reage ao massacre colonial à noite de forma ordenada e coletiva. Talvez por isso, a moradora do local disse que bacurau não é um passarinho, mas um pássaro, negando a desqualificação sugerida pela motoqueira carioca.</p><p>Municípios onde os observadores do WikiAves registraram ocorrências da espécie bacurau (Nyctidromus albicollis). A concentração de pontos em uma região não indica, necessariamente, concentração de aves nesta região pois está relacionado também à concentração de observadores, principalmente nos grandes centros urbanos.</p><p>COMUNIDADE</p><p>No contexto do filme, em seu início, nos é apresentada, na estrada, a frase “Se for, vá na paz” que adquire um significado ainda mais profundo, pois Bacurau é uma comunidade que luta para manter sua autonomia e identidade cultural diante das ameaças externas. Assim, “Se for, vá na paz” pode ser interpretada como uma mensagem de que a comunidade de Bacurau não deseja a intervenção ou dominação violentas de outras culturas ou forças externas, mas sim a convivência pacífica e respeitosa entre elas. Talvez por isso, no lugarejo, encontramos os mais variados tipos sociais: prostituta, enfermeira, professor, médica, curandeiro, assassino, entre outros.</p><p>O SERTÃO</p><p>Ao contrário da imagem clássica dos retirantes que fogem da seca, consagrada midiaticamente e em peças literárias como Morte e Vida Severina, a cidade de Bacurau é um espaço sertanejo estruturado em torno de uma modernização muito peculiar, entrecortada pela resistência do verde em meio à aridez geográfica e política. É nesse cenário-paisagem que seus habitantes tanto permanecem quanto encontram um ponto de retorno (SILVA, Thiago Cazarin). É interessante observar que os filhos de Carmelita funcionam como uma metáfora dos filhos do sertão, que se espalham e se embrenham nas mais diversas paragens.</p><p>ATEMPORAL?Aponta a placa de entrada ao vilarejo, a qual adverte: “Se for, vá na paz” e também a situação temporal do enredo num tempo futuro: “daqui a alguns anos”, tal legenda acompanha uma escola abandonada.</p><p>@profhenriquelandim</p><p>NÃO IDENTIFICADO</p><p>(Caetano Veloso)</p><p>Eu vou fazer uma canção pra ela Uma canção singela, brasileira Para lançar depois do carnaval</p><p>Eu vou fazer um iê-iê-iê romântico Um anticomputador sentimental</p><p>Eu vou fazer uma canção de amor Para gravar num disco voador</p><p>Eu vou fazer uma canção de amor Para gravar num disco voador</p><p>Uma canção dizendo tudo a ela</p><p>Que ainda estou sozinho, apaixonado Para lançar no espaço sideral</p><p>Minha paixão há de brilhar na noite No céu de uma cidade do interior</p><p>Como um objeto não identificado Como um objeto não identificado Que ainda estou sozinho, apaixonado Como um objeto não identificado Para gravar num disco voador</p><p>Eu vou fazer uma canção de amor Como um objeto não identificado</p><p>· A imagem da terra vista do espaço é a primeira cena do filme Bacurau. Instantes depois, há uma aproximação do espaço geográfico brasileiro. Essa imagem do filme guarda certa ambiguidade: o satélite seria o controle dos brancos americanos ou seria uma sugestão do pertencimento das pessoas de Bacurau à civilização?</p><p>· Em seguida, nos deparamos com um caminhão-pipa (transporte de água) se deslocando em uma rodovia de pista simples repleta de buracos. O caminhão introduz um tema muito associado à arte nordestina, a problemática da água. A precariedade da rodovia e o problema dá água expressam o abando do governo local. Como se Bacurau fosse um não lugar isolado no mar miséria.</p><p>· Na tela, há uma rubrica (texto escrito) localizando o espaço da cena, “Oeste de Pernambuco”. Além disso, há um deslocamento temporal anunciado por meio de outra rubrica: “Daqui a alguns anos...”. Lembre-se da ideia do Sertão e que as cenas narradas compõem um futuro próximo.</p><p>· A protagonista, Teresa, dormia dentro do caminhão-pipa, mas logo foi despertada por barulhos de caixões atropelados pelo caminhão-pipa. O caixões revelam outro importante tema que ronda o espaço sertanejo, a morte.</p><p>· Na sequência, na estrada, há um caminhão acidentado repleto de caixões. Próximo ao caminhão acidentado, há, no chão, o corpo de um motoqueiro ferido. No local do acidente, há várias pessoas roubando os caixões espalhados pela estrada. Aqui, novamente, dois temas importantes estão presentes, a morte aproximada e a miséria social. O ato de roubar caixões mostra o comércio da morte, única atividade lucrativa onde a morte existe em abundância e fartura.</p><p>· O caminhão-pipa saiu da rodovia asfaltada e entrou em uma estrada de terra que levaria a Bacurau, localizada a 17 km. Lembre-se, que nessa cena, existe uma placa de trânsito com os dizeres: “Bacurau 17km / se for, vá na paz”.</p><p>· O caminhão-pipa parou no alto de um morro. O motorista, Erivaldo, e Teresa observaram o desvio do Rio controlado por um homem armado. A água é controlada por algum fazendeiro. Ela, no sertão, é uma moeda cara, pois garante a vida dos homens, plantas e animais. O sujeito da arma deu um tiro para cima a fim de amedrontar Erivaldo e Teresa.</p><p>· Nessa passagem do filme é citado o nome de uma pessoa procurada pelo governo local, o Lunga.</p><p>· Tanto Erivaldo quanto Teresa apresentam respeito ao Lunga. Contudo, não temos mais informações sobre esse sujeito. Embora não saibamos de quem se trata, o personagem Lunga, ao longo da narrativa, se constitui um mito de resistência sertaneja.</p><p>· Finalmente, o caminhão-pipa chegou a Bacurau. Teresa cumprimentou dona Domingas, a médica da comunidade, que fechou a janela expressando raiva.</p><p>· Teresa avançou pela vila e se encontrou com Damiano, espécie xamã do lugar. O homem colocou uma semente à boca da moça. Em várias passagens do filme, os personagens, ritualisticamente, engolem essa semente cultivada por Damiano. O que esse símbolo representa à comunidade? Ficou curioso, segura aí a ansiedade, adiante te explico.</p><p>· Adiante, Teresa entregou a mala vermelha aos moradores. A mala passou de mão a mão até ser aberta no interior da casa onde ocorria o funeral de uma mulher, avó de Teresa. Dentro da mala, estavam vacinas.</p><p>· Nessa passagem é importante</p><p>notar a presença de dois elementos importantes que não se excluem, mas se completam, a medicina branca, representada por dona Domingas, e a cura regional, metaforizada por Damiano.</p><p>· Domingas, a médica, visivelmente alcoolizada, se dirigiu ao funeral de Dona Carmelita, a fim de ofender a morta. Contudo, logo uma das moradoras tirou a médica de cena.</p><p>· Plínio, filho de Carmelita, e pai de Teresa, após ouvir os insultos à mãe, construiu um relato-homenagem à Carmelita. Disse da importância da mãe para Bacurau e como ela gerou pessoas que estão em todas as partes do mundo.</p><p>· Plínio, filho de Carmelita e professor de lá, faz um discurso em homenagem à mãe para uma multidão de pessoas que acompanha a despedida. Ele fala dos filhos e netos de sua mãe e que, na família, há desde pedreiros até cientistas, em São Paulo, na Europa e nos Estados Unidos. Os filhos de Carmelita funcionam como uma metáfora dos filhos do sertão, que se espalham e se embrenham nas mais diversas paragens.</p><p>· O cortejo em homenagem à Carmelita se deslocou ao cemitério, momento de muito respeito e consideração à morta. Novamente, há sementinhas colocadas à boca dos moradores apareceu,rapidamente, em cena.</p><p>· No outro dia, apareceu em Bacurau um prostíbulo móvel sobre um caminhão.</p><p>· Na casa do professor Plínio, estava o personagem Pacote. Eles conversam sobre o vídeo dos crimes que o Pacote realizou na cidade de Recife.</p><p>· Plínio, o professor, em aula, após verem um avião passando no céu, tentou encontrar Bacurau em um mapa on-line. Contudo, não encontraram o povoado. Em seguida, em um mapa impresso, o professor mostrou Bacurau às crianças.</p><p>Aqui vemos a preocupação da comunidade com a ideia de pertencimento a um lugar. Bacurau existe e faz parte de um amplo espaço nomeado de civilização. Vale dizer o que apagamento, momentâneo, do mapa tem vínculo com o projeto dos estrangeiros em eliminar a comunidade.</p><p>· O prefeito da Tony Júnior, em campanha eleitoral, chegou ao vilarejo. Os moradores ao notar a chegada do prefeito, se esconderam. O prefeito mandou descarregar um caminhão de livros próximo à escola.</p><p>· Tony Júnior, por meio de um megafone discursou. Não havia ninguém à rua. Disse que</p><p>trouxe livros para a escola, comida, remédios, caixão.</p><p>· De repente, os moradores começaram a ofender o prefeito por meio de insultos. A equipe do prefeito levou Sandra, prostituta, para um programa longe de Bacurau.</p><p>· O prefeito partiu sem a mínima adesão dos moradores de Bacurau.</p><p>· Enquanto voltava para a sua casa, fugindo do prefeito, Damiano percebeu a imagem de um objeto sobrevoando-o. Essa cena no filme causou certo estranhamento e mistério. Somente adiante compreendemos que o objeto era um drone.</p><p>· Os alimentos doados pelo prefeito estavam em grande parte vencidos. Os remédios entregues eram drogas utilizadas como controle de humor. A doutora Domingas criticou duramente o uso dos remédios, todos de tarja preta.</p><p>· À noite, enquanto todos dormiam, uma manada de cavalos apareceu em Bacurau. Os animais eram de uma fazenda próxima de seu Manelito. Esses animais aparecem, à noite, como um presságio negativo. Os cavalos, simbolicamente, na mitologia, sãos vistos como o transporte das almas para o mundo da morte. No filme, embora não saibamos, eles são mensageiros da morte.</p><p>· No outro dia, ligaram para seu Manelito, proprietário dos cavalos, mas ele não atendeu à ligação. Nessa parte, embora ainda não saibamos, o grupo de estrangeiro fez as primeiras vítimas na região de Bacurau.</p><p>· Alguns moradores de Bacurau foram, pessoalmente, à fazenda de Manelito, para levar os</p><p>cavalos que apareceram e entender o que houve.</p><p>· O caminhão-pipa de Erivaldo apareceu em cena com furos de bala. Os moradores não intenderam a motivação dos tiros ao caminhão.</p><p>www.literaturaufu.com.br</p><p>· Dois motociclistas de trilha chegaram a Bacurau. Toda a comunidade se organizou para recebê-los. Há um incômodo diante dos motociclistas.@profhenriquelandim</p><p>· Os motociclistas entraram numa vendinha de Bacurau.</p><p>· A cena, no interior da venda, se desenrola com a forasteira, motociclista, perguntando: “quem nasce em Bacurau é o que?” E logo recebe uma lúcida e certeira resposta “é gente!”. Certamente ela esperava uma resposta como “bacurauense” ou “bacurauano”, pois para ela, há distinção entre quem nasce em Bacurau e quem nasce no Rio.</p><p>· Ao receberem a indicação de visita, por ser um ‘lugar’ atrativo, do Museu da cidade, o orgulho da população, ambos não demonstram nenhum interesse, afinal, o que pode reservar um museu de uma cidadezinha como Bacurau?</p><p>· Antes de sair da venda, os motociclistas deixaram um bloqueador de sinal telefônico</p><p>escondido sob um balcão.</p><p>· Carranca, o senhor do violão branco, espécie de repentista, ironiza as práticas etnocêntricas típicas de algumas regiões do Brasil por meio de uma cantiga: “Esse povo do Sudeste / Não dorme nem sai no sol / Aprendero a pescá peixe / Sem precisá de anzol</p><p>/ Se acham melhor que os outro / Mas inda num entenderêro / Que São Paulo é um paiol”.</p><p>· Flávio e Maciel haviam se deslocado à fazenda de Manelito, o proprietário dos cavalos, no local, encontraram várias pessoas assassinadas. Os dois moradores de Bacurau ao tentarem regressar ao vilarejo foram mortos pelos dois motociclistas.</p><p>· Após o assassinato de Flávio e Maciel, os motociclistas se deslocam até o local em que se encontram os estrangeiros, aqueles que vieram matar em busca de prazer e pontuações. A carioca e sulista são os sondadores de Bacurau e acreditam que também fazem parte do jogo, como estrangeiros. No entanto, ao se igualarem aos estrangeiros comentem um ledo engano e de dominadores passam a ser dominados; a carioca e o sulista obviamente são brasileiros, miscigenados, impuros, gente. Acabam sendo mortos pelos</p><p>estrangeiros.</p><p>· A grosso modo, a cor da pele dos forasteiros é branca, assim como dos estrangeiros. Mas sob o olhar minucioso da estrangeira, ela ressalta e pontua que a forasteira possui lábios grossos, o que acentua uma ancestralidade negra. Brasileira, latino-americana, a forasteira é mais do mesmo.</p><p>· Com o passar dos acontecimentos, foram reduzidos aos que eles reduziram – a mobilidade do poder - e no final, foram apenas mais um tijolo no muro. Neste momento, os jogadores estrangeiros ocupam a máxima da soberania, brincando com a vida de pessoas que não passam de corpos matáveis, e a morte de vidas matáveis, é comemorada.</p><p>· O conceito básico de necropolítica é o exercício da política através da morte, e em Bacurau é evidente que para os jogadores estrangeiros, a população não passa de caça em sua mais pura e simples modalidade esportiva.</p><p>· Inicialmente as mortes acontecem fora do perímetro de Bacurau, em uma fazenda perto dali ou na estrada. Conforme o jogo vai se desenrolando, os estrangeiros sentem a necessidade de ganhar território, como os colonizadores ou como em uma partida de War. E é exatamente isso, a guerra ao terror vai ganhando maior dimensão com a chegada dos jogadores em Bacurau.</p><p>· Após a morte dos motociclistas, Pacote encontrou, próximo à fazenda de Manelito, Flávio e Maciel mortos na estrada. Os dois haviam sido assassinados pelo casal de motociclista. Estarrecido com a morte dos companheiros, Pacote com a ajuda de Damiano colocou os corpos em um carro. Pacote procurou ajuda de Lunga. Essa passagem é uma das mais dolorosas para o personagem Pacote que perdeu dois companheiros do Bacurau. Contudo, o pedido de ajuda a Lunga é um reforço à luta contra das violências sofridas. Vale destacar música usada nessa passagem do filme (ver a outra página).</p><p>Geraldo Vandré</p><p>RÉQUIEM PARA MATRAGA</p><p>(Geraldo Vandré)</p><p>Vim aqui só pra dizer Ninguém há de me calar Se alguém tem que morrer Que seja pra melhorar</p><p>Tanta vida pra viver Tanta vida a se acabar Com tanto pra se fazer Com tanto pra se salvar</p><p>Você que não me entendeu Não perde por esperar</p><p>·</p><p>Essa música tem um diálogo intertextual com o famigerado conto de Guimarães Rosa, “A hora e vez de Augusto Matraga”, publicado em 1946. A música é construída dentro de um desejo de mudança. Assim, há uma</p><p>tentativa de rebeldia e sede de justiça interrompidas com as articulações de 1964. O sujeito enunciador tem consciência que morrerá para ver um novo cenário nascer “Se alguém tem que morrer / Que seja pra melhorar”.</p><p>· Lunga é um personagem marginalizado que vive numa barragem de água vazia e abandonada. Sentindo na pele o aumento do perigo ao perder parentes/amigos, Pacote (ou Acácio, vivido por Thomas Aquino), decide ir ao encontro de Lunga para pedir amparo, uma vez que acreditam precisar dele para proteger Bacurau. Lunga, simboliza o desejo por transformações radicais na sociedade, e vem travestido em uma figura que tem o poder de unir elementos a princípio tão díspares, como o universo do cangaço com a transsexualidade” (AIDAR, 2020, s.n.).</p><p>· Quando Lunga e os seus pares veem os mortos no carro, sentiram o peso da morte aproximada de pessoas conhecidas. Pacote disse que em um dia sete pessoas haviam sido mortas nas proximidades, mas ninguém sabia quem seria o assassino.</p><p>· Ao escutar o pedido de ajuda, Lunga perguntou se o Pacote voltaria a ser aquilo que ele sempre foi, Pacote.</p><p>· Lunga e o seu bando foram recebidos em Bacurau com aplausos e comemorações. A presença dos dois mortos consternou a todos.</p><p>· Em seguida, à noite, houve uma roda de capoeira, elemento historicamente associado à</p><p>resistência no Brasil.</p><p>· Um grupo de crianças brincavam, ainda à noite, e uma das crianças foi assassinada por um dos jogadores dos EUA.</p><p>· As luzes de Bacurau foram apagadas. Os moradores tiveram, novamente, a plena convicção de que estavam sendo atacados.</p><p>· Um casal de moradores, assustados, pegaram o carro e tentaram fugir de Bacurau. Contudo, foram mortos na estrada, dentro do carro. Os americanos que mataram o casal, após o assassinato, eufóricos, transaram como celebração pelas duas mortes.</p><p>www.literaturaufu.com.br</p><p>· Após uma noitada de caça, em que uma criança de Bacurau é assassinada, ocorre tensão e desentendimento entre os jogadores. Um, não concorda que o outro matou uma criança e está indiferente a isso, outro, estabelece seus próprios limites e diz não matar mulheres.</p><p>· No outro dia, os norte-americanos passaram para o domínio de Bacurau. Willy e Kate se dirigiram à casa de Damiano, ancião responsável pelo cultivo e distribuição da semente, elemento simbólico da obra. No local, tentaram assassiná-lo, mas foram pegos de surpresa. Por meio de um bacamarte, Damiano matou Willy.</p><p>· A companheira de Damiano atirou em Kate. A norte-americana ferida no chão pediu ajuda. O ancião perguntou para a mulher ferida: “Você que morrer ou viver?” Com o auxílio de um tradutor, Kate disse que queria viver. Assim, levaram-na para Bacurau. Nessa passagem do filme, inicia o levante contra a violência do estrangeiro. Aqui a resistência sertaneja se faz presente.@profhenriquelandim</p><p>Cena dos estrangeiros surpreendidos com a reação e</p><p>resistência do casal de moradores.</p><p>· O grande grupo de americanos, antes de chegar a Bacurau, viu uma velha viatura da polícia toda furada de bala. Para um bom entendedor do sertão, a viatura é um elemento da ordem pública inutilizado. Ao certo, o carro da polícia destruído é mais um símbolo de resistência do povoado de Bacurau.</p><p>· Adiante, o grupo se dividiu novamente. Se organizaram aos pares ou solitariamente. Michael, o líder do grupo americano é recebido pela médica, Dona Domingas. Não é heroína e não é vilã, não é protagonista e nem antagonista. Domingas é, na “guerra”, o General, aquele, que, atrás da mesa, oferece o “guisado” , antes do jogo de Xadrez! Todas as vezes em que se projeta a expressão “empoderamento feminino”, infelizmente, ainda há uma submissão natural e intrínseca ao “poder masculino”, no caso dela, mas Domingas desconstrói essa situação. Domingas informa que os guerreiros usam suas armaduras, suas indumentárias, que projetam força diante do inimigo; e, embora a Paz é o objetivo, a melhor armadura é o jaleco branco com o vermelho do sangue desse inimigo! A Paz que Bacurau pede que “você” traga não é a Paz de não-violência e sim a Paz da resistência!</p><p>· Chegou à cidade um caminhão cheio de caixões. Esses caixões seriam usados para o enterro da comunidade de Bacurau.</p><p>· Um dos americanos entrou ao museu à procura de novas vítimas, mas acabou morto no interior do espaço. Sentimos então o poder da memória do povoado, a memória se faz presente no Museu que conta e exibe as histórias e glórias de seus antepassados; seja nas fotos e objetos, ou nas armas dispostas na parede – armas que voltam as mãos dos locais, para novo enfrentamento. Além disso, percebemos a importância afetiva e cultura que o lugar carrega, afinal, somente a gente de Bacurau se importa com o Museu.</p><p>· Ainda sobre o museu: [...] Se tivessem entrado no museu, perceberiam que ali havia armas e registros históricos de um povo resistente e provavelmente descendente de cangaceiros. Quase organizado como uma igreja, com um altar central onde a foto de um menino cangaceiro se destaca, bem como manchetes de jornal exaltando a ação de bandoleiros contra outros grupos, o museu é o verdadeiro local de culto em Bacurau. (GOMES, TROVÃO, 2020). Outro indício da memória presente em Bacurau é catacumba, que provavelmente já serviu de prisão para outros inimigos, em outras batalhas. O local também articula com seus habitantes, e também relembra episódios passados.</p><p>O museu da cidade é palco de um conflito sangrento entre os</p><p>moradores, liderados por Lunga, e os estrangeiros.</p><p>· A maioria dos habitantes de Bacurau procurou refúgio no interior da Escola. Um casal de americanos, à procura de emoção e sem saber que os moradores estavam ali, atiraram na escola. Contudo, foram recebidos por centenas de tiros dados pela comunidade de Bacurau. É da cultura do povo de Bacurau resistir, e se engana quem pensa que não são instruídos ou contam com conhecimento e educação limitada. Frente aos estrangeiros montam a sua resistência, a escola vira uma fortaleza – evidente a representação da resistência através da educação, o Museu – rejeitado e ignorado pelos forasteiros - guarda as armas dos antepassados cangaceiros. A peixeira contra o fuzil.</p><p>· Michel, que estava em um ponto distante e elevado de Bacurau, em busca de novas vítimas, acabou sendo capturado por um morador. Bacurau entra no jogo, mas não busca o prazer, busca a sobrevivência. Por que ninguém seguiu a mensagem de boas- vindas, em letras garrafais contida, na placa? “Se for, vá na paz”. Não foram na paz. Como não foram em paz, forçaram uma guerra. E nesta guerra, Bacurau exerce o seu poder através da violência.</p><p>· A chegada do prefeito Tony Jr. e a descoberta de sua colaboração com os “turistas” estrangeiros também gera uma reação dos moradores. Despido e com uma máscara de pano cobrindo o rosto, o político é despachado da cidade em cima de um burrinho, sob as honras do DJ Urso, que se despede de Tony Jr. com votos de que aquele “demônio” nunca mais pise em Bacurau@profhenriquelandim</p><p>· O filme é finalizado com o texto usado anteriormente, “Réquiem para Matraga”</p><p>RÉQUIEM PARA MATRAGA</p><p>(Geraldo Vandré)</p><p>Vim aqui só pra dizer Ninguém há de me calar Se alguém tem que morrer Que seja pra melhorar</p><p>Tanta vida pra viver Tanta vida a se acabar Com tanto pra se fazer Com tanto pra se salvar</p><p>Você que não me entendeu Não perde por esperar</p><p>PERSONAGENS:www.literaturaufu.com.br</p><p>1. Teresa</p><p>2. Erivaldo</p><p>3. Domingas</p><p>4. Damiano</p><p>5. Carmelita</p><p>6. Pacote / Acácio</p><p>7. Plínio</p><p>8. Tony Júnior</p><p>9. Lunga</p><p>10. Forasteira (motociclista)</p><p>11. Forasteiro (motociclista)</p><p>12. DJ Urso</p><p>13. Flávio</p><p>14. Maciel</p><p>15. Michael</p><p>@profhenriquelandim</p><p>www.literaturaufu.com.br</p><p>www.literaturaufu.com.br</p><p>www.literaturaufu.com.br</p><p>www.literaturaufu.com.br</p><p>@profhenriquelandim</p><p>image95.jpeg</p><p>image96.png</p><p>image97.jpeg</p><p>image98.jpeg</p><p>image99.png</p><p>image100.jpeg</p><p>image101.png</p><p>image102.jpeg</p><p>image103.png</p><p>image104.jpeg</p><p>image6.png</p><p>image105.png</p><p>image106.jpeg</p><p>image107.jpeg</p><p>image108.jpeg</p><p>image109.jpeg</p><p>image110.jpeg</p><p>image111.jpeg</p><p>image112.jpeg</p><p>image113.jpeg</p><p>image114.jpeg</p><p>image7.jpeg</p><p>image8.png</p><p>image9.jpeg</p><p>image10.png</p><p>image11.png</p><p>image12.png</p><p>image13.jpeg</p><p>image14.png</p><p>image15.png</p><p>image16.jpeg</p><p>image17.png</p><p>image18.png</p><p>image19.png</p><p>image20.png</p><p>image21.jpeg</p><p>image22.png</p><p>image23.png</p><p>image24.png</p><p>image25.jpeg</p><p>image26.png</p><p>image27.png</p><p>image28.png</p><p>image29.jpeg</p><p>image30.jpeg</p><p>image31.jpeg</p><p>image32.png</p><p>image33.jpeg</p><p>image34.png</p><p>image35.jpeg</p><p>image36.png</p><p>image37.jpeg</p><p>image38.png</p><p>image39.png</p><p>image40.jpeg</p><p>image41.png</p><p>image42.jpeg</p><p>image43.jpeg</p><p>image44.png</p><p>image1.jpeg</p><p>image45.jpeg</p><p>image46.png</p><p>image47.jpeg</p><p>image48.png</p><p>image49.jpeg</p><p>image50.png</p><p>image51.jpeg</p><p>image52.png</p><p>image53.jpeg</p><p>image54.png</p><p>image2.png</p><p>image55.jpeg</p><p>image56.png</p><p>image57.jpeg</p><p>image58.jpeg</p><p>image59.png</p><p>image60.jpeg</p><p>image61.png</p><p>image62.jpeg</p><p>image63.png</p><p>image64.jpeg</p><p>image3.png</p><p>image65.png</p><p>image66.jpeg</p><p>image67.png</p><p>image68.jpeg</p><p>image69.png</p><p>image70.jpeg</p><p>image71.png</p><p>image72.jpeg</p><p>image73.png</p><p>image74.jpeg</p><p>image4.png</p><p>image75.png</p><p>image76.jpeg</p><p>image77.png</p><p>image78.jpeg</p><p>image79.png</p><p>image80.jpeg</p><p>image81.png</p><p>image82.jpeg</p><p>image83.png</p><p>image84.jpeg</p><p>image5.png</p><p>image85.png</p><p>image86.jpeg</p><p>image87.png</p><p>image88.jpeg</p><p>image89.png</p><p>image90.jpeg</p><p>image91.png</p><p>image92.jpeg</p><p>image93.png</p><p>image94.jpeg</p>

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