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<p>UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS</p><p>CAMPUS DO SERTÃO- ENGENHARIA CIVIL</p><p>2° PERÍODO</p><p>WAGNER SILVA SOUZA</p><p>ÉTICA E FILOSOFIA:</p><p>A ética socrática segundo Hannah Arendt</p><p>DELMIRO GOUVEIA – AL</p><p>2024</p><p>Wagner Silva Souza</p><p>ÉTICA E FILOSOFIA:</p><p>A ética socrática segundo Hannah Arendt</p><p>Redação do livro apresentado,</p><p>Hannah Arendt, sob orientação</p><p>do professor Gutemberg da Silva</p><p>Miranda, pelo curso de</p><p>Engenharia civil, como forma de</p><p>avaliação da disciplina de</p><p>filosofia e ética.</p><p>DELMIRO GOUVEIA – AL</p><p>2024</p><p>A discussão sobre ética e moralidade tem sido central na filosofia ao longo</p><p>dos séculos, e uma das perspectivas mais influentes é a ética socrática. No</p><p>entanto, Hannah Arendt, renomada filósofa do século XX, oferece uma visão</p><p>única e provocativa sobre esse assunto. Ao examinar a ética socrática à luz do</p><p>pensamento de Arendt, somos levados a questionar não apenas o que é certo</p><p>ou errado, mas também como nossa participação ativa na vida política e social</p><p>molda nossas noções de ética. Nesta redação, exploraremos a interpretação de</p><p>Arendt sobre a ética socrática, examinando como ela ressoa em nossas vidas</p><p>contemporâneas e desafia nossas concepções tradicionais de moralidade.</p><p>Citando o livro “A promessa da política” de Hannah Arendt, a autora</p><p>escreve: “Mas, para Hannah Arendt é Sócrates antes mesmo que o próprio</p><p>Platão ou Aristóteles quem assinala que as tarefas do filósofo no interior da</p><p>polis, que não consistem no governo do filósofo como detentor da verdade pelo</p><p>seu treinamento na contemplação das idéias, mas pela sua compreensão de que</p><p>não é possível ter a verdade absoluta das coisas. “O papel do filósofo não é o de</p><p>governar a cidade, mas o ser um ‘tábano’, não é o de dizer verdades filosóficas,</p><p>mas o de fazer os cidadãos mais vorazes”. Esta mesma intuição foi o</p><p>que condenou Sócrates e a condição de toda a distância entre a vida filosófica e</p><p>a vida política posteriores à origem não do pensamento filosófico como tal, mas</p><p>ao que conhecemos agora como a sua tradição.”, nesta passagem, Hannah</p><p>Arendt está falando sobre como Sócrates via o papel do filósofo na sociedade.</p><p>Para Sócrates, o filósofo não era alguém que deveria governar a cidade ou</p><p>afirmar ter todas as respostas certas. Em vez disso, o filósofo deveria ser como</p><p>um 'tábano', provocando as pessoas a pensarem por si mesmas e a</p><p>questionarem suas próprias crenças. Essa atitude desafiadora acabou levando</p><p>à condenação de Sócrates, mas também estabeleceu uma divisão entre a vida</p><p>filosófica e a política que persiste até hoje. Em suma, Arendt está destacando</p><p>como Sócrates via o papel do filósofo como alguém que estimula o debate e a</p><p>reflexão, em vez de impor sua própria verdade sobre os outros.</p><p>A autora escreve o seguinte trecho em seu livro: “O que na República</p><p>aparece como uma discussão estritamente filosófica foi inspirado por uma</p><p>experiência exclusivamente política -o julgamento e morte de Sócrates- e não foi</p><p>Platão, mas Sócrates, o primeiro filósofo a ultrapassar a linha demarcada pela</p><p>pólis para o sophos, o homem que se ocupa das coisas eternas, não humanas</p><p>e não políticas. A tragédia da morte de Sócrates repousa sobre um mal-</p><p>entendido: a pólis não entendeu que Sócrates não julgava ser um sophos, um</p><p>homem sábio. Por duvidar que a sabedoria fosse para os mortais, ele percebeu</p><p>a ironia do oráculo de Delfos, que dizia ser ele o mais sábio dos homens: o</p><p>homem que sabe que os homens não podem ser sábios é o mais sábio dentre</p><p>todos. A pólis não lhe deu ouvidos e exigiu-lhe admitir que era, como todos os</p><p>sophoi, politicamente um inútil. Como filósofo, porém, ele de fato nada tinha a</p><p>ensinar aos seus concidadãos”. Na passagem, Hannah Arendt está basicamente</p><p>dizendo que o que muitas pessoas interpretam como uma discussão filosófica</p><p>pura nos escritos de Platão, como em "A República", na verdade tem suas raízes</p><p>em um evento político real: o julgamento e a morte de Sócrates. Ela destaca que</p><p>Sócrates foi o primeiro a ultrapassar os limites da política para explorar questões</p><p>mais amplas e eternas, que não são apenas sobre governar cidades, mas sobre</p><p>questões mais profundas da existência humana. Arendt argumenta que a</p><p>tragédia da morte de Sócrates se baseou em um mal-entendido: a cidade não</p><p>percebeu que Sócrates não se considerava um homem sábio, mas sim alguém</p><p>que reconhecia a limitação do conhecimento humano. Ele interpretou o famoso</p><p>"conhece-te a ti mesmo" do oráculo de Delfos de uma maneira mais profunda,</p><p>entendendo que seu verdadeiro conhecimento estava em saber que não sabia</p><p>tudo. A cidade, no entanto, não entendeu isso e insistiu que ele admitisse ser</p><p>inútil politicamente. Mas Arendt destaca que, como filósofo, Sócrates não estava</p><p>tentando governar ou ensinar politicamente; ele simplesmente estava</p><p>provocando o pensamento crítico e questionando as crenças das pessoas.</p><p>Assim, Arendt está sugerindo que a tragédia de Sócrates não foi apenas sua</p><p>morte injusta, mas também a falta de compreensão por parte da cidade sobre o</p><p>verdadeiro papel da filosofia na sociedade.</p><p>Em suma, ao explorar a ética socrática sob a perspectiva de Hannah Arendt</p><p>em "A Promessa da Política", somos instados a refletir sobre a importância da</p><p>ação política fundamentada na busca pela verdade e na interação com os outros.</p><p>Arendt nos lembra da necessidade de um espaço público onde o diálogo e a</p><p>controvérsia possam florescer, onde o respeito mútuo e a responsabilidade</p><p>coletiva sejam valores fundamentais. Assim, ao compreendermos a ética</p><p>socrática como uma prática de questionamento constante e engajamento cívico,</p><p>somos desafiados a cultivar uma esfera pública vibrante e inclusiva, onde a</p><p>pluralidade de vozes é não apenas tolerada, mas celebrada como a essência da</p><p>democracia genuína.</p>