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Simulado 10 questões UNITINSQuestão 1 O Arcadismo, também conhecido como Setecentismo ou Neoclassicismo, é o movimento que compreende a produção literária brasileira na segunda metade do século XVIII. Nesse período, aconteceram profundas mudanças no contexto histórico mundial que caracterizaram o período. Leia o poema de Cláudio Manuel da Costa, representante desse período literário. Já me enfado de ouvir este alarido, Com que se engana o mundo em seu cuidado; Quero ver entre as peles, e o cajado, Se melhora a fortuna de partido. Canse embora a lisonja ao que ferido Da enganosa esperança anda magoado; Que eu tenho de acolher-me sempre ao lado Do velho desengano apercebido. Aquele adore as roupas de alto preço, Um siga a ostentação, outro a vaidade; Todos se enganam com igual excesso. Eu não chamo a isto já felicidade: Ao campo me recolho, e reconheço, Que não há maior bem, que a soledade. Que alternativa apresenta característica do Arcadismo presente no poema? a Despreocupação formal na poesia. b Idealização da mulher e da natureza. c Linguagem rebuscada caracterizada pelo uso de antíteses. d Denúncia da realidade política, social e econômica brasileira. e Idealização da vida no campo. UFRNQuestão 2 Leia o fragmento a seguir, extraído da crônica “Vivendo e...”, de Luis Fernando Veríssimo. Na verdade, deve-se revisar aquela antiga frase. É vivendo e desaprendendo. Não falo daquelas coisas que deixamos de fazer porque não temos mais as condições físicas e a coragem de antigamente, como subir em bonde andando – mesmo porque não há mais bondes andando. Falo da sabedoria desperdiçada, das artes que nos abandonaram. A alteração que o autor faz no ditado popular “Vivendo e aprendendo” evidencia certo sentimento de a nostalgia. b revolta. c incompreensão. d arrependimento. ACAFEQuestão 3 Sobre a obra Fazenda Modelo de Chico Buarque, é CORRETO afirmar: a Juvenal é responsável por regular a reprodução na fazenda, atividade que visa resguardar a saúde de touros e bezerros, como se confirma no trecho: “A inconveniência concretiza-se no desenvolvimento do animal que, além de sofrer o impacto da desmama, encontra pastagens”. b o livro Fazenda Modelo apresenta uma crítica aos costumes e liberalidade da época em que foi escrito, como se comprova no trecho “E tem mais: a indisciplina reinava, imperava o mal. Campeavam as libertinagens. Elogiava-se a loucura.” c o trecho: “Mesmo o magoado, o chateado e o doente, até os mais doloridos apreciaram o programa assim que começou” ilustra as vantagens da vida oferecida aos animais na Fazenda Modelo. d “Ninguém é de ninguém / Na vida tudo passa / Ninguém é de ninguém / Até quem nos abraça”. Esses versos ilustram a ideia de liberdade que havia na fazenda antes da implementação da “Fazenda Modelo”. UVAQuestão 4 TEXTO [1] – Pode deixar o tabuleiro aí mesmo. Já estava com fome. – Sinhá Mariana manda dizer ao senhor para desculpar. Hoje é dia de guarda, e o povo da casa-grande está no jejum. – Este povo vai todo pro céu. Estão pensando que Deus Nosso Senhor gosta de gado magro. Deus gosta é de [5] ver gado de sedenho abrindo. O que foi que a velha mandou hoje? Esta história de bacalhau não é comigo. – Todo mundo está no bacalhau, mestre Zé. – Não venho trabalhar aqui para comer isto. – Os brancos estão comendo, mestre. – Quero lá saber de branco. Quero é a minha barriga cheia. [10] O moleque abriu os dentes numa risada gostosa. – Mestre, o velho anda com essa leseira de reza que não acaba mais. – É o que eles querem. Estão pensando que oficial é cachorro. Pensam que me machucam, não me chamando para comer na casa-grande. Não sou o pintor Laurentino que vive por aí contando prosa. O mestre José Amaro, menino, tem a sua bondade, também. Tenho trabalhado para senhor de engenho de muitas posses, gente de mesa [15] de banquete, e nunca vi este luxo aqui no Santa Fé. Pertence à mesma Escola que Lins do Rego: a Artur Azevedo. b Monteiro Lobato. c José de Alencar. d Jorge Amado. VERÍSSIMO, Luis Fernando. Comédias para se ler na escola. Rio de Janeiro: Objetiva. 2001, p. 46. (REGO, José Lins. Fogo Morto. 53ª ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 1999. p.24-25). Texto base 1 Fabiano recebia na partilha a quarta parte dos bezerros e a terça dos cabritos. Mas como não tinha roça e apenas se limitava a semear na vazante uns punhados de feijão e milho, comia da feira, desfazia-se dos animais, não chegava a ferrar um bezerro ou assinar a orelha de um cabrito. [...] Consumidos os legumes, roídas as espigas de milho, recorria à gaveta do amo, cedia por preço baixo o produto das sortes. Resmungava, rezingava, numa aflição, tentando espichar os recursos minguados, engasgava-se, engolia em seco. Transigindo com outro, não seria roubado tão descaradamente. Mas receava ser expulso da fazenda. E rendia-se. [...] Pouco a pouco o ferro do proprietário queimava os bichos de Fabiano. E quando não tinha mais nada para vender, o sertanejo endividava-se. Ao chegar a partilha, estava encalacrado, e na hora das contas davam-lhe uma ninharia. Com referência ao fragmento de texto apresentado, extraído da obra Vidas secas, de Graciliano Ramos, e aos aspectos sociais a ele relacionados, julgue o próximo item. UnBQuestão 5 PARA RESPONDER À QUESTÃO, LEIA O TEXTO BASE 1 A seca do sertão nordestino é considerada um problema climático, mas não social. a Certo b Errado UnirGQuestão 6 Os contos “Miss Dollar” e “Linha reta e linha curva”, inseridos na coletânea Contos fluminenses, de Machado de Assis, desenvolvem seus enredos com base na temática da a união motivada pelo desejo de ascensão social. b infidelidade conjugal punida com desfecho trágico. c história de amor contemplada com um final feliz. d loucura causada por uma paixão impossível. UCPELQuestão 7 Sobre Francisco Lobo da Costa e sua obra, analise as afirmações seguintes como FALSAS (F) ou VERDADEIRAS (V) e marque a opção que contém a sequência certa. I. A narrativa de Francisco Lobo da Costa é repleta de gírias e de palavras de baixo calão. II. Sua poesia é essencialmente romântica. III. Sua dramaturgia é essencialmente humanista, além de apresentar fortes traços de uma estética barroca e naturalista. A correta é a F–V–V b V–V–F c F–V–F d F–F–F e V–F–F Texto base 2 Texto para a questão. CAPÍTULO IX / VISTA DE PALÁCIO No Catete, o coupé1 e uma vitória2 cruzaram-se e pararam a um tempo. Um homem saltou da vitória e caminhou para o coupé. Era o marido de Natividade, que ia agora para o escritório, um pouco mais tarde que de costume, por haver esperado a volta da mulher. Ia pensando nela e nos [5] negócios da praça, nos meninos e na Lei Rio Branco3, então discutida na Câmara dos Deputados; o banco era credor da lavoura. Também pensava na cabocla do Castelo e no que teria dito à mulher... Ao passar pelo Palácio Nova Friburgo4, levantou os olhos para ele com o desejo do costume, uma cobiça de possuí-lo, sem prever os altos destinos que [10] o palácio viria a ter na República; mas quem então previa nada? Quem prevê coisa nenhuma? Para Santos a questão era só possuí-lo, dar ali grandes festas únicas, celebradas nas gazetas, narradas na cidade entre amigos e inimigos, cheios de admiração, de rancor ou de inveja. Não pensava nas saudades que as matronas futuras contariam às suas netas, menos ainda nos livros de [15] crônicas, escritos e impressos neste outro século. Santos não tinha a imaginação da posteridade. Via o presente e suas maravilhas. Já lhe não bastava o que era. A casa de Botafogo, posto que bela, não era um palácio, e depois, não estava tão exposta como aqui no Catete, passagem obrigada de toda a gente, que olharia para as grandes janelas, as grandes [20] portas, as grandes águias no alto, de asas abertas. Quem viesse pelo lado do mar, veria as costas do palácio, os jardins e os lagos... Oh! gozo infinito! Santos imaginava os bronzes, mármores, luzes, flores, danças, carruagens, músicas, ceias... Tudo isso foi pensadodepressa, porque a vitória, embora não corresse (os cavalos tinham ordem de moderar a andadura), todavia, não atrasava as [25] rodas para que os sonhos de Santos acabassem. Assim foi que, antes de chegar à Praia da Glória, a vitória avistou o coupé da família, e as duas carruagens pararam, a curta distância uma da outra, como ficou dito. * Notas: 1 2: “coupé” e “vitória”: tipos de carruagem. 3: “Lei Rio Branco”: posteriormente, mais conhecida como Lei do Ventre Livre, aprovada em setembro de 1871. Estabelecia que os filhos de escravos nascidos a partir de então se tornariam livres aos 21 anos de idade; 4: “Palácio Nova Friburgo”: atual palácio do Catete. Residência palaciana construída (1858-1867) pelo barão de Nova Friburgo. Foi adquirida pelo governo republicano, que nela instalou a sede da Presidência da República – o que perdurou até 1960, quando a Capital foi transferida para Brasília. Graciliano Ramos. Vidas secas. Rio de Janeiro: Record (com adaptações). Machado de Assis, Esaú e Jacó. FGV-RJQuestão 8 PARA RESPONDER À QUESTÃO, LEIA O TEXTO BASE 2 Deduz-se do texto que, no plano temporal, o narrador situa-se a no último quartel do século XIX. b nos inícios do século XX. c na década de 1870. d no ano da Proclamação da República (1889). e em 1897, ano da aquisição do palácio Nova Friburgo pelo governo republicano. UFSMQuestão 9 As estrofes a seguir fazem parte do poema “Psicologia da composição” (1947), de João Cabral de Melo Neto. É mineral o papel onde escrever o verso; o verso que é possível não fazer. [...]. É mineral, por fim, qualquer livro: que é mineral a palavra escrita, a fria natureza da palavra escrita. Nos versos, a poesia, bem como os elementos a ela associados (o papel, a palavra escrita, o livro), são apresentados ao leitor como a frutos de um trabalho meditativo e cuidadoso. b elementos substanciais, impessoais e objetivos. c reflexos do cotidiano e do modo como as pequenas coisas são percebidas. d manifestações espontâneas, lúdicas e irreverentes. e produtos do desapego do sujeito poético em relação à matéria. Texto base 3 Leia o início do capítulo II do romance Memórias de um sargento de milícias, de Manuel Antônio de Almeida, para responder à questão. Digamos unicamente que durante todo este tempo o menino não desmentiu aquilo que anunciara desde que nasceu: atormentava a vizinhança com um choro sempre em oitava alta; era colérico; tinha ojeriza particular à madrinha, a quem não podia encarar, e era estranhão até não poder mais. Logo que pôde andar e falar tornou-se um flagelo; quebrava e rasgava tudo que lhe vinha à mão. Tinha uma paixão decidida pelo chapéu armado do Leonardo; se este o deixava por esquecimento em algum lugar ao seu alcance, tomava-o imediatamente, espanava com ele todos os móveis, punha- -lhe dentro tudo que encontrava, esfregava-o em uma parede, e acabava por varrer com ele a casa; até que a Maria, exasperada pelo que aquilo lhe havia custar aos ouvidos, e talvez às costas, arrancava-lhe das mãos a vítima infeliz. Era, além de traquinas, guloso; quando não traquinava, comia. A Maria não lhe perdoava; trazia-lhe bem maltratada uma região do corpo; porém ele não se emendava, que era também teimoso, e as travessuras recomeçavam mal acabava a dor das palmadas. Assim chegou aos 7 anos. Afinal de contas a Maria sempre era saloia, e o Leonardo começava a arrepender-se seriamente de tudo que tinha feito por ela e com ela. E tinha razão, porque, digamos depressa e sem mais cerimônias, havia ele desde certo tempo concebido fundadas suspeitas de que era atraiçoado. Havia alguns meses atrás tinha notado que um certo sargento passava-lhe muitas vezes pela porta, e enfiava olhares curiosos através das rótulas: uma ocasião, recolhendo-se, parecera-lhe que o vira encostado à janela. Isto porém passou sem mais novidade. Depois começou a estranhar que um certo colega seu o procurasse em casa, para tratar de negócios do oficio, sempre em horas desencontradas: porém isto também passou em breve. Finalmente aconteceu-lhe por três ou quatro vezes esbarrar-se junto de casa com o capitão do navio em que tinha vindo de Lisboa, e isto causou-lhe sérios cuidados. Um dia de manhã entrou sem ser esperado pela porta adentro; alguém que estava na sala abriu precipitadamente a janela, saltou por ela para a rua, e desapareceu. À vista disto nada havia a duvidar: o pobre homem perdeu, como se costuma dizer, as estribeiras; ficou cego de ciúme. FACISBQuestão 10 PARA RESPONDER À QUESTÃO, LEIA O TEXTO BASE 3 O tom satírico a partir do qual Manuel Antônio de Almeida retrata a sociedade de sua época aproxima-se do tom adotado por Gregório de Matos na estrofe: a À margem de uma fonte, que corria, Lira doce dos pássaros cantores A bela ocasião das minhas dores Dormindo estava ao despertar do dia. b A vós, divinos olhos, eclipsados De tanto sangue e lágrimas abertos, Pois, para perdoar-me, estais despertos, E, por não condenar-me, estais fechados. c Cresce o desejo; falta o sofrimento; Sofrendo morro; morro desejando: Por uma, e outra parte estou penando, Sem poder dar alívio ao meu tormento. d Mostra o patife da nobreza o mapa: Quem tem mão de agarrar, ligeiro trepa; Quem menos falar pode, mais increpa: Quem dinheiro tiver, pode ser Papa. e Pequei, Senhor; mas não porque hei pecado, Da vossa alta clemência me despido; Porque, quanto mais tenho delinquido, Vos tenho a perdoar mais empenhado. MELO NETO, João Cabral de. Psicologia da composição. In: MORICONI, Ítalo (Org). Os cem melhores poemas brasileiros do século. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001. (Memórias de um sargento de milícias, 2003.)