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SAÚDE ÚNICA 
AULA 4 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Profª Cleci Elisa Albiero 
Profª Ivana Maria Saes Busato 
 
 
 
2 
CONVERSA INICIAL 
A saúde única se propõe a uma abordagem interdisciplinar na perspectiva 
de sistemas para problemas complexos que envolvem as interações entre as 
esferas de humano, animal e saúde ambiental. As necessidades fundamentais 
dos humanos, como casa, alimento, saneamento básico e serviços, em especial 
a urbanização e a produção de alimentos, devem observar o equilíbrio entre meio 
ambiente, pessoas e animais. 
Nesse contexto, o processo de territorialização não pode estar em 
desequilíbrio aos ambientes naturais, podendo estabelecer pontes entre 
humanos, animais e meio ambiente, evitando promover doenças, mudanças 
climáticas e desastres ambientais. 
Busca-se apresentar as principais políticas públicas brasileiras, saúde e 
assistência social, que são organizadas a partir de territórios, reconhecendo o 
processo de territorialização para a proteção das pessoas e para a mudança das 
condições de vida, de adoecer e de saúde, na busca da qualidade de vida e da 
defesa de direitos. 
Vamos discutir os conceitos de território, territorialização e saúde única na 
perspectiva de mudarmos nosso olhar sobre a interação com as pessoas, o meio 
ambiente e os animais. As explicações serão compostas de fundamentação 
teórica e exemplos práticos, visando a aplicabilidade do estudo. 
Bons estudos! 
TEMA 1 – CONCEITO DE TERRITÓRIO 
A promoção de espaços saudáveis faz com que compreendamos o que 
vem a ser território. Nessa linha, compreender o território a partir do conceito do 
Sistema Único de Saúde (SUS) é fundamental para avançar no entendimento do 
conceito de saúde única na perspectiva de compreender a condição de vida das 
pessoas, dos animais e do meio ambiente, relacionadas às políticas sociais 
públicas e o quanto estas avançam e são efetivas para grande parte da 
população que vive em determinados espaços geográficos. 
Todos nós vivemos e convivemos em um determinado espaço geográfico, 
no qual existem diversas estruturas, sejam elas políticas, equipamentos 
públicos, privados ou do terceiro setor, aos quais temos acesso e usufruímos 
 
 
3 
para nossa sobrevivência e bem-estar. Basta olhar pela janela e ver todas as 
construções no espaço, como prédios, ruas, casas, praça de esportes. Segundo 
Koga (2011, p. 33), esses espaços precisam ser entendidos como território, 
sendo “o chão concreto das políticas, a raiz dos números e a realidade da vida 
coletiva”, ou como diz a autora, “território usado (sangue quente)” (Koga, 2011, 
p. 33). Nessa perspectiva, reitera-se que o território se apresenta com 
características para entender a organização e as reflexões frente aos espaços 
de organização política, econômica, social e cultural que expressam relações 
sociais e de poder entre seus membros. 
Retomando Koga (2011, p. 33), quando dialoga com a referência de 
território como o chão do exercício da cidadania, onde “se concretizam as 
relações sociais, as relações de vizinhança e solidariedade, as relações poder”. 
Seguindo no pensamento da autora, é no território que as desigualdades sociais 
tornam-se evidentes entre os sujeitos que lá residem. As condições de vida entre 
os moradores de uma mesma cidade ou de um mesmo território mostram-se 
diferenciadas, assim como a presença ou a ausência dos serviços públicos se 
faz sentir na qualidade desses mesmos serviços ofertados. 
Avançando sobre o conceito de território, podemos entender também que 
território pode ser compreendido como o lugar das relações vivas e vividas, 
constituído e constituinte de diferentes sujeitos em constante desenvolvimento. 
Milton Santos (2000, p. 22) diz que “território só se torna um conceito 
utilizável para análise social quando consideramos a partir do seu uso, a partir 
do momento em que pensamos justamente com aqueles atores que dele se 
utilizam”. Porém, continua o autor que num sentido mais restrito da palavra, “o 
território é um nome político para o espaço de um país” (Santos, 2001, p. 19). 
No entanto, para entender que cada território compreende determinado 
perfil populacional que se movimenta, tem vínculos cotidianos, trocas, 
contradições e conflitos, se faz importante a caracterização da população e a 
identificação de suas demandas e necessidades peculiares do território 
(Bissacotti; Gules; Blümke, 2019). Dessa forma, território também pode ser 
compreendido como: 
espaços de vida, de relações, de trocas, de construção e 
desconstrução de vínculos cotidianos, de disputas, contradições e 
conflitos, de expectativas e de sonhos, que revelam os significados 
atribuídos pelos diferentes sujeitos. É também o terreno das políticas 
 
 
4 
públicas, onde se concretizam as manifestações da questão social e 
se criam os tensionamentos e as possibilidades para seu 
enfrentamento. (Brasil, 2008, p. 54) 
Nesse contexto, alinhar as expressões do território com o conceito de 
saúde leva a entender que existe uma rede que necessita estar com suas pontas 
alinhadas e amarradas, a fim de planejar ações para atender às demandas dos 
sujeitos que residem naquele território, seja ele urbano ou rural. 
TEMA 2 – TERRITORIALIZAÇÃO 
O território é o resultado de uma acumulação de situações históricas, 
ambientais e sociais que promovem condições particulares para a produção de 
doenças (Barcellos et al., 2002). O território é um espaço, porém singularizado, 
porque vai além de seus limites político-administrativos; depende também de um 
determinado grupo de atores sociais que nele vive e que o modifica 
continuamente. 
O território vive em constante construção, combinando as relações de 
poder de atuação tanto do Estado quanto de seus cidadãos. Portanto, as 
condições de saúde ou doença de uma comunidade dependem do processo 
histórico de construção de um território (Busato, 2020). A territorialização exige 
admitir que o território é mutável e socialmente produzido, que é onde a vida 
acontece e, a partir das necessidades da população adstrita nesse território, 
organiza os serviços. 
Conforme citado por Busato (2020), num território há territorialização e 
territorialidade. A territorialização deriva do território, é o processo de 
constituição do território. Já a territorialidade representa as estratégias para a 
territorialização. 
A territorialização é um processo social e político importante para a 
realização dos princípios constitucionais do SUS no Brasil (Faria, 2020), em 
especial a integralização, universalização, igualdade e equidade. Conhecer o 
território e como as pessoas vivem e adoecem possibilita o planejamento das 
estratégias e ações para cada comunidade. 
2.1 O conceito de território vivo 
O território vivo é um conceito estudado por Milton Santos e desenvolvido 
em muitas de suas obras. Para entendê-lo, deve-se compreender que qualquer 
 
 
5 
território (político-administrativo), cidade, vila, estado, país, bairro, entre outros, 
está continuamente em construção (Busato, 2020). Milton Santos (1996, p. 51) 
conceitua o território vivo como um “conjunto formado pelos sistemas naturais 
existentes em um dado território, pelos acréscimos que os homens impõem 
nesses sistemas naturais”. 
O território pode ser considerado como delimitado, construído e 
desconstruído por relações de poder que envolvem uma gama muito grande de 
atores que territorializam suas ações com o passar do tempo (Saquet; Silva, 
2008, p. 31). 
Lima e Yasui (2014) explicam que o território, como espaço, processo e 
composição, tem a capacidade de potencializar a relação entre serviço e cultura 
com a produção do cuidado e atenção à saúde. A chave-mestre está na 
integração entre as políticas públicas na busca de defesa de direitos, construção 
do território e compreensão do território vivo. 
TEMA 3 – TERRITÓRIO E SAÚDE ÚNICA 
A saúde única (One Health) une o cuidado humano,animal e do meio 
ambiente, de forma conjunta, como estratégia em saúde pública e garantia de 
bem-estar das populações. 
Vamos relembrar o conceito de saúde da Organização Mundial da Saúde 
(OMS): “completo bem-estar físico, mental e social”. Diversos modelos 
explicativos do processo saúde-doença buscam descrever os determinantes e 
condicionantes do adoecer. A Determinação Social da Saúde contempla o 
conceito de saúde da OMS e possibilita a compreensão do equilíbrio das três 
dimensões da saúde única (pessoas, meio ambiente e animais). 
Compreender o processo saúde-doença pela Determinação Social da 
Saúde, proposto por Dahlgren e Whitehead (2007), reforça a importância do 
território que vivemos na produção de doenças. Esse modelo aponta que as 
condições individuais (sexo, idade, fatores hereditários) não são mais as únicas 
formas de explicações para as pessoas estarem com saúde ou com doença. 
Elas estão associadas com os demais determinantes e condicionantes. 
O estilo de vida e as relações sociais familiares e comunitárias têm sua 
contribuição, além das condições presentes no território onde vivemos e 
trabalhamos, como: socioeconômicas, educação, renda, condições de vida e de 
 
 
6 
trabalho, aspectos culturais, saneamento básico e outras condições ambientais 
são determinantes do processo saúde-doença. 
O conhecimento dos fatores determinantes e condicionantes de saúde, 
realizada em cada território, possibilita perceber as influências locais que 
possam favorecer ou prejudicar o processo saúde-doença dessa comunidade, 
individualmente e coletivamente, possibilitando atuação de políticas públicas na 
busca do equilíbrio que a saúde única propõe. 
Devemos também considerar a importância das doenças transmitidas por 
alimentos (DTAs). Existem mais de 250 tipos dessas doenças, sendo a maior 
parte delas infecções causadas por vírus, bactérias e outros parasitas. 
As DTAs têm relação com alguns fatores, como: falta de saneamento 
básico, má qualidade da água, consumo de alimentos contaminados e práticas 
inadequadas de higiene pessoal (Brasil, 2013), fatores determinantes e 
condicionantes do processo saúde-doença que podem ser detectados no 
processo de territorialização. 
A territorialização permite o conhecimento dos três componentes da 
saúde única: as necessidades das pessoas, as características ambientais e os 
animais presentes nesse território. Isso permite ações de promoção da saúde e 
prevenção das doenças, respeitando as características das comunidades. 
3.1 Zoonoses: um problema de saúde pública 
O contato com animais domésticos atualmente é muito comum, o que 
acaba aumentando o surgimento de zoonoses. Zoonoses são doenças 
infecciosas transmitidas entre animais e pessoas. Os patógenos podem ser 
bacterianos, virais, parasitários ou podem envolver agentes não convencionais 
e podem se espalhar para os humanos por meio do contato direto ou por meio 
de alimentos, água ou meio ambiente. 
As zoonoses representam um grande problema de saúde pública em todo 
o mundo devido à nossa estreita relação com os animais no ambiente doméstico, 
na agricultura e no ambiente natural. As zoonoses também podem causar 
interrupções na produção e no comércio de produtos de origem animal para 
alimentação e outros usos 
 
 
7 
A progressão de grupamentos urbanos em áreas ambientais, reduzindo o 
território de animais, provocam contatos entre humanos e animais silvestres, 
possibilitando a ocorrência de zoonoses. 
TEMA 4 – TERRITORIALIZAÇÃO NAS POLÍTICAS PÚBLICAS 
A Constituição Federal Brasileira de 1988 estabeleceu novo conceito de 
seguridade social no Brasil, constituindo princípios e diretrizes para a 
previdência, saúde e assistência social, como forma de proteção social a fim de 
trazer justiça social (Melo, 2017, p. 1034). O caput do art. 194 estabelece que “a 
seguridade social compreende um conjunto integrado de ações de iniciativa dos 
Poderes Públicos e da sociedade, destinadas a assegurar os direitos relativos à 
saúde, à previdência e à assistência social” (Brasil, 1988). 
Conforme citado por Busato; Vidigal; Hack (2019, p. 9), 
Os princípios e diretrizes constantes nas legislações organizaram as 
políticas de assistência social e saúde em sistemas únicos, com 
serviços e ações que interagem numa finalidade comum, em todo o 
território nacional, seguindo os mesmos princípios. Ambas as políticas 
são sistemas organizados por níveis de complexidade, que têm 
atuação em território de abrangência, para planejamento de ações e 
desenvolvimento de suas atividades. 
A implantação das políticas públicas, do Sistema Único de Saúde (SUS) 
e do Sistema Único da Assistência Social (SUAS) têm sua atuação com base 
territorial, com seus equipamentos responsáveis por uma população adscrita 
num território definido. Nesse contexto, a territorialização, para essas políticas, 
é uma estratégia central para definir suas ações e planejamento, em especial na 
atenção básica e proteção básica. 
4.1 A importância do território no Sistema Único de Saúde 
A preocupação em relacionar saúde e território começou a se consolidar 
no Brasil nos anos 1980, quando a Organização Pan-Americana de Saúde 
(Opas) propôs uma estratégia de organização baseada no conceito de território: 
eram os Sistemas Locais de Saúde (Silos), tendo como foco a municipalização. 
O SUS é a principal política pública de saúde brasileira, porém a 
consolidação percorreu um longo caminho. Segundo Brasil (1990), a criação do 
SUS se deu pela Constituição Federal de 1988 e foi regulamentada por meio da 
 
 
8 
Lei Federal n. 8.080, de 19 de setembro de 1990. Com seus avanços, ao longo 
desses anos, os transformaram no maior projeto público de inclusão social do 
país (Quessada; Pacheco, 2021). 
A política de saúde brasileira é organizada a partir do conhecimento do 
território, tendo como porta de entrada a atenção básica (unidade básica de 
saúde) para a construção das Redes de Atenção à Saúde e para a consolidação 
das regiões de saúde (Busato; Vidigal; Hack, 2019). 
A vigilância em saúde é uma ferramenta de análise e monitoramento da 
política de saúde realizada nos territórios, promovendo a construção de território 
vivo, possibilitando o reconhecimento dos determinantes de condicionantes do 
processo saúde-doença. É uma estratégia da política de saúde para possibilitar 
a integralidade da atenção, em abordagem individual e coletiva dos problemas 
de saúde. 
A territorialização – onde conhecemos e reconhecemos o território, 
buscando entender onde as pessoas vivem e trabalham, as relações de poderes, 
as necessidades de saúde e os condicionantes e determinantes do processo 
saúde-doença – é essencial para a organização da política de saúde, partindo 
da atenção básica. 
A vigilância em saúde é a estratégia da territorialização nos diversos 
territórios do SUS e integra as vigilâncias epidemiológica, sanitária, ambiental e 
saúde do trabalhador, trabalhando de forma coordenada e integrada (Brasil, 
2010a). 
 
Fonte: Busato, 2016. 
A vigilância em saúde, no processo de territorialização, permite a 
observação e análise permanente da situação de saúde da população, de um 
dado território, utilizando um conjunto de ações visando, monitorar, controlar e 
 
 
9 
diminuir determinantes, riscos e danos à saúde da população que vive no 
território. 
A Política Nacional da Atenção Básica, conforme Portaria n. 2.436/2017, 
no art. 5º, aponta a integração entre a Vigilância em Saúde e Atenção Básica 
[…] vigilância em saúde é condição essencial para o alcance de 
resultados que atendam às necessidades de saúde da população, na 
ótica da integralidade da atenção à saúde e visa estabelecer processos 
de trabalho que considerem os determinantes, os riscos e danos à 
saúde, na perspectiva da intra e intersetorialidade. (Brasil, 2017) 
O território da atenção básica é deliberado na Política Nacional da 
AtençãoBásica (PNAB). A PNAB, atualizada na Portaria n. 2.436, de 21 de 
setembro de 2017, no seu art. 2º, ao definir a atenção básica, afirma que “as 
ações de saúde individuais, familiares e coletivas da atenção básica devem ser 
dirigidas à população em território definido, sobre as quais as equipes assumem 
responsabilidade sanitária” (Brasil, 2017). 
A territorialização na PNAB permite o planejamento, a programação 
descentralizada e o desenvolvimento de ações setoriais e intersetoriais com foco 
em um território específico, com impacto na situação, nos condicionantes e 
determinantes da saúde das pessoas e coletividades que constituem aquele 
espaço (Brasil, 2017). 
A estruturação das Redes de Atenção à Saúde, integrando serviços e 
equipamentos, para a integralização do cuidado em saúde formam as Regiões 
de Saúde. O Decreto n. 7.508, de 28 de junho de 2011, que regulamentou a Lei 
no 8.080/90, em seu art. 2º, definiu a região em saúde: 
espaço geográfico contínuo constituído por agrupamentos de 
Municípios limítrofes, delimitado a partir de identidades culturais, 
econômicas e sociais e de redes de comunicação e infraestrutura de 
transportes compartilhados, com a finalidade de integrar a 
organização, o planejamento e a execução de ações e serviços de 
saúde. (Brasil, 2011 a) 
No processo de territorialização, a humanização traz a perspectiva de um 
compromisso ético-estético-político no SUS. A Política Nacional de 
Humanização (PNH), também conhecida como HumanizaSUS lançada em 2003 
com o objetivo de aplicar os princípios do SUS ao cotidiano dos serviços de 
saúde, produzindo mudanças na forma de gerir e cuidar, tem os seguintes 
valores: autonomia e protagonismo das pessoas, corresponsabilidade 
 
 
10 
compartilhada entre elas, solidariedade das conexões estabelecidas, direitos dos 
usuários e participação coletiva no processo de gestão (Brasil, 2010b). 
TEMA 5 – TERRITORIALIZAÇÃO E INTERSETORIALIDADE 
Um dos principais direitos do ser humano é o direito de acesso à saúde, 
a qual é garantida a partir da Constituição Federal de 1988, em seu art. 196, que 
diz: “A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas 
sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros 
agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua 
promoção, proteção e recuperação”. 
Com base neste princípio, além de ser um bem universal, é dever do 
Estado, que da mesma forma é responsável pela organização dos serviços de 
saúde nos territórios próximos à dinâmica da vida de seus moradores, onde os 
equipamentos de tratamento à saúde estão inseridos (Faria, 2013). 
No estudo de território, avançando para o entendimento de 
territorialização, é importante acentuar a perspectiva de intersetorialidade para ir 
além de apenas pensar o território no contexto saúde-doença e trazer o 
entendimento para um espectro maior de políticas públicas. 
Medeiros (2019) afirma que a intersetorialidade pode ser um dos 
instrumentos mais usados e efetivos para operacionalizar as políticas públicas, 
pois mobiliza a articulação e integração entre as diferentes áreas do saber e as 
políticas setoriais. A figura a seguir demonstra a intersetorialidade entre pessoas, 
território e políticas públicas. 
 
Fonte: Busato, 2022. 
De acordo com Inojosa (2001, p. 105), define-se intersetorialidade como 
PESSOAS
TERRITÓRIO
Politica de 
Educação
Politica de 
Saúde
Esporte, 
Cultura e 
Lazer
Trabalho 
e 
Formação 
 
 
11 
a articulação de saberes e experiências com vistas ao planejamento, 
para a realização e avaliação de políticas, programas e projetos com o 
objetivo de alcançar resultados sinérgicos em situações complexas. 
Trata-se, portanto, de buscar alcançar resultados integrados visando a 
um efeito sinérgico. 
Portanto, para que as políticas públicas possam ser efetivas e atender aos 
interesses e necessidades da população, torna-se necessário o levantamento de 
informações com base em diagnósticos da realidade, tendo por objetivo construir 
estratégias para alcançar melhores resultados sociais e melhoria da qualidade 
de vida da população. 
5.1 O diagnóstico socioterritorial 
A Resolução n. 33, de 12 de dezembro de 2012, que aprova a Norma 
Operacional Básica do Sistema Único de Assistência Social (NOB/SUAS), define 
que o diagnóstico socioterritorial tem por base o conhecimento da realidade a 
partir da leitura dos territórios, microterritórios de outros recortes socioterritoriais 
que possibilitem identificar as dinâmicas sociais, econômicas, políticas e 
culturais que as caracterizam, reconhecendo suas demandas e potencialidades. 
O art. 21 da NOB/SUAS define que a realização de diagnóstico 
socioterritorial requer: 
I. processo contínuo de investigação das situações de risco e 
vulnerabilidade social presente nos territórios, acompanhado da 
interpretação e análise da realidade socioterritorial e das demandas 
sociais que estão em constante mutação, estabelecendo relações e 
avaliações de resultados de impactos das ações planejadas; 
II. identificação da rede socioassistencial disponível no território, bem como 
de outras políticas públicas, com a finalidade de planejar a articulação das 
ações em resposta às demandas identificadas e a implantação de 
serviços e equipamentos necessários. 
Amparados neste diagnóstico, tanto o conjunto de políticas e programas 
de projetos que compõem o SUS como as que compõe o SUAS possuem em 
seus princípios norteadores a autonomia, a emancipação e a plena expansão 
dos indivíduos sociais, a defesa intransigente dos direitos humanos, a ampliação 
e a consolidação da cidadania, o aprofundamento da democracia, a equidade e 
a justiça social, a eliminação de todas as formas de preconceito (Brasil, 2011). 
 
 
12 
Estes princípios e diretrizes fomentam práticas integradas de atenção 
integral aos sujeitos sociais num conceito ampliado, buscam ampliar a saúde, a 
ação intersetorial, os trabalhos e estudos interdisciplinares e a garantia da 
integralidade das ações, acrescentando-se todas as políticas sociais 
viabilizadoras de direitos sociais (Bellini et al., 2014). 
NA PRÁTICA 
Caro(a), para você fixar os conteúdos estudados nesta etapa, convidamos 
a aplicar este conteúdo na prática. Com base nos estudos realizados, faça uma 
pesquisa no seu município para identificar as políticas que são executadas de 
forma intersetorial. Após a pesquisa, defina um território, que pode ser próximo 
ao seu local de moradia ou seu local de trabalho. Identifique se as políticas 
públicas pesquisadas anteriormente estão sendo ofertadas e executadas junto à 
população do referido território. 
Mapeie equipamentos/instituições que prestam atendimento à população 
no território (hospitais, unidades básicas de saúde, unidades de pronto-
atendimento, escolas, CRAS, CREAS, projetos e equipamentos da política 
ambiental, órgãos e clínicas de atendimento animal, entre outras). 
Para melhor visualização do seu trabalho, preencha o quadro a seguir: 
Território (escreva o 
nome do território que 
está sendo estudado) 
Políticas Públicas 
ofertadas e em execução 
no território 
Equipamentos 
disponíveis 
Serviços ofertados à 
população 
 
 
 
 
Para finalizar, responda como você percebeu a intersetorialidade entre as 
políticas públicas em execução no território estudado. 
FINALIZANDO 
Nesta etapa, vimos assuntos relacionados à saúde única, voltados a um 
olhar sistêmico no qual perpassa a saúde humana e animal, vinculadas à saúde 
do meio ambiente. Abordamos também os conceitos de território, territorialização 
e, principalmente, o conceito e a aplicabilidade de saúde única no território. 
 
 
13 
Tratamos ainda da territorialização no contexto das políticas públicas, dando 
ênfase à vigilância em saúde e à Política Nacional da Atenção Básica. 
Por fim, permitiu-se correlacionar territorialização e intersetorialidadeentre as políticas do Sistema Único de Saúde (SUS) e a política do Sistema 
Único de Assistência Social (SUAS), alinhando práticas integradas e viabilizando 
bem-estar e qualidade nos serviços prestados à sociedade. 
 
 
 
14 
REFERÊNCIAS 
BARCELLOS, C. et al. Organização espacial, saúde e qualidade de vida: A 
análise espacial e o uso de indicadores na avaliação de situações de saúde. 
Informe Epidemiológico do SUS, n. 11, v. 3, p. 129-138, 2002. 
BELLINI, M. I. B. et al. A pesquisa sobre intersetorialidade no contexto brasileiro: 
notas sobre o núcleo de estudos e pesquisas em trabalho, saúde e 
intersetorialidade. In: BELLINI, M. I. B.; FALER, C. S. F. (Org.). 
Intersetorialidade e políticas sociais: interfaces e diálogos. Porto Alegre: 
EDIPUCRS, 2014. 
BISSACOTTI, A. P.; GULES, A.M.; BLÜMKE, A, C. Territorialização em saúde: 
conceitos, etapas e estratégias de identificação. Hygeia, v. 15, n. 32, p. 41-53, 
jun. 2019. 
BRASIL. Conselho Nacional de Secretários de Saúde. Vigilância em Saúde – 
Parte 2. Brasília: CONASS, 2011 b. 113 p. (Coleção Para Entender a Gestão do 
SUS 2011, 6, II). 
_____. Decreto n. 7.508, de 28 de junho de 2011. Regulamenta a Lei no 8.080, 
de 19 de setembro de 1990, para dispor sobre a organização do Sistema Único 
de Saúde - SUS, o planejamento da saúde, a assistência à saúde e a articulação 
interfederativa, e dá outras providências. Diário Oficial da União. Brasília, 29 de 
junho de 2011a. 
_____. Lei n. 8.080, de 19 de setembro de 1990. Dispõe sobre as condições 
para a promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o 
funcionamento dos serviços correspondentes e dá outras providências. Diário 
Oficial da União, Poder Executivo, Brasília, DF, 19 de setembro de 1990. 
_____. Ministério da Saúde. Portaria n. 2.436, de 21 de setembro de 2017. 
Aprova a Política Nacional de Atenção Básica, estabelecendo a revisão de 
diretrizes para a organização da Atenção Básica, no âmbito do Sistema Único 
de Saúde (SUS). Diário Oficial da União. Edição: 183, Seção: 1, p. 68. Brasília 
(DF), 22 de setembro de 2017. 
 
 
15 
_____. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Política Nacional 
de Humanização. HumanizaSUS: documento base para gestores e 
trabalhadores do SUS. Brasília (DF): MS; 2010b. 
_____. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância à Saúde. Secretaria de 
Atenção à Saúde. Diretrizes Nacionais da Vigilância em Saúde. Brasília: 
Ministério da Saúde, 2010a. 108 p.: – (Série F. Comunicação e Educação em 
Saúde) (Série Pactos pela Saúde 2006; v. 13). 
_____. Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. CapacitaSuas 
SUAS: configurando os eixos de mudança. Brasília: Instituto de Estudos 
Especiais da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, 2008. v. 1 
BUSATO, I. M. S. Epidemiologia e processo saúde-doença. Curitiba: 
InterSaberes, 2016. 
_____. Política de Saúde. Curitiba: Contentus, 2020. 
_____. VIDIGAL, A. C.; HACK, N. S. A territorialização como estratégia de 
interface entre as políticas da assistência social e saúde: proteção e atenção 
básica. In: ALBIERO, C. E. et al. Políticas Sociais e Formação Profissional. 
São Paulo: Fontenele Publicações, 2019, p. 09-34. 
DAHLGREN, G.; WHITEHEAD, M. Policies and strategies to promote social 
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