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André Henrique Rosa Leonardo Fernandes Fraceto Viviane Moschini-Carlos Organizadores M514 Meio ambiente e sustentabilidade [recurso eletrônico] / Organizadores, André Henrique Rosa, Leonardo Fernandes Fraceto, Viviane Moschini-Carlos. – Dados eletrônicos. – Porto Alegre : Bookman, 2012. Editado também como livro impresso em 2012. ISBN 978-85-407-0197-7 1. Meio ambiente. 2. Sustentabilidade. I. Rosa, André Henrique. II. Fraceto, Leonardo Fernandes. III. Moschini- Carlos, Viviane. CDU 502-022.316 Catalogação na publicação: Natascha Helena Franz Hoppen CRB10/2150 222 Rosa, Fraceto e Moschini-Carlos (Orgs.) 3. Definir os limites da área geográfica a ser direta ou indiretamente afetada pelos impactos, denominada área de influência do projeto, considerando, em todos os casos, a bacia hidrográfica na qual se localiza. 4. Considerar os planos e programas go- vernamentais, propostos e em implan- tação na área de influência do projeto e sua compatibilidade. 10.2.2 Diagnóstico ambiental O diagnóstico ambiental da área de influên- cia do projeto contemplará a descrição e a análise dos recursos ambientais e suas inte- rações considerando os meios físico, bioló- gico e socioeconômico. a) Meio físico: o subsolo, as águas, o ar e o clima, destacando os recursos minerais, a topografia, os tipos e aptidões do solo, os corpos d’água, o regime hidrológico, as correntes marinhas, as correntes at- mosféricas; b) Meio biológico e os ecossistemas naturais: a fauna e a flora, destacando as espécies indicadoras da qualidade ambiental, as de valor científico e econômico, as raras e as ameaçadas de extinção, e as áreas de preservação permanente. c) Meio socioeconômico: o uso e ocupação do solo, os usos da água e a economia da região, destacando os sítios e monu- mentos arqueológicos, históricos e cul- turais da comunidade, as relações de de- pendência entre a sociedade local, os re- cursos ambientais e a potencial utili zação futura desses recursos. Análise dos impactos A análise dos impactos presentes nos docu- mentos de estudos de impactos ambientais ou similares, constitui-se, sem dúvida, em item primordial para a correta identificação causa-efeito, para o cálculo dos valores e magnitudes dos indicadores de impacto e para a mensuração, valoração e interpreta- ção dos efeitos ambientais e sua possível prevenção (SANCHEZ, 2002). Os chamados indicadores de impacto são parâmetros que proporcionam a medida da grandeza do impacto no tocante aos aspectos quantitati- vos e qualitativos. Existem várias e diferentes técnicas para se avaliar os impactos ambientais de- correntes de determinada ação ou empreen- dimento. Os principais e mais utilizados são: a) listagens de controle; b) matrizes; c) sobreposição de cartas; d) métodos quantitativos; e) redes de interação. Listagens de controle São utilizadas para uma avaliação rápida de impactos, de forma qualitativa, identifican- do-os para tipos específicos de projetos a fim de que todos os itens sejam abordados. Os itens considerados em uma lista são de natureza ampla e os impactos prováveis são qualificados. Os fatores ambientais listados são associados e caracterizados com a natu- reza do impacto. Matrizes Consistem em duas listagens de controle, dispostas em forma de matriz, uma das lis- tagens com as atividades (ações) do projeto e outra com os fatores ambientais que podem ser afetados por essas atividades. O cruzamento entre essas listas permite iden- tificar as relações causa e efeito, ou seja, o impacto ambiental. As matrizes se caracteri- zam por serem muito flexíveis, adaptando-se às diversas situações e projetos a serem ana- Meio ambiente e sustentabilidade 223 lisados. A matriz mais conhecida e mais uti- lizada é a matriz de Leopold (Leopold et al., 1971). Na sua concepção original, possui 88 linhas (aspectos ambientais) e 100 colunas (atividades) perfazendo um total de 8.800 quadrículas. O preenchimento de uma qua- drícula representa a identificação de um impacto para o qual são atribuídos valores de 1 a 10 quanto a dois aspectos. O primeiro é a definição da magnitude do impacto sobre um setor específico do ambiente. O segundo aspecto é a medida do grau de im- portância de uma determinada ação sobre o fator ambiental. Se o impacto for positivo, deve-se indicar com um sinal positivo antes do valor de magnitude. A matriz deve vir acompanhada de um texto que aborde os aspectos mais rele- vantes dos impactos identificados. Superposição de cartas Elabora-se um inventário onde os fatores ambientais são mapeados. Esses dados são in- terpretados em função da localização das ati- vidades e traduz-se em mapas de capacidade para cada atividade. A área de estudo é subdi- vidida em unidades geográficas (quadrícu- las). Para cada unidade são levantadas infor- mações sobre os fatores ambientais e os inte- resses da comunidade. Esses interesses são agrupados por categorias não conflitantes (econômicas, sociais, paisagísticas), limitadas quanto à abrangência de identificação de im- pactos, pois só utilizam dados que podem ser representados pela cartografia. No entanto, esta limitação pode ser contornada com a uti- lização de um Sistema de Informação Geo- gráfica (SIG). Assim torna-se extremamente eficaz para a definição de padrões espaciais e localização dos efeitos e impactos, pois as pre- visões são feitas por unidade de área. Esse método é adequado para síntese e importante na elucidação de relações espa- ciais complexas e é recomendável nos pro- jetos de desenvolvimento regional e naque- les com configuração linear (ferrovias, ro- dovias, oleodutos e outros). Métodos quantitativos Os impactos são quantificados e transfor- mados em unidades padronizadas, ponde- radas em função da importância relativa, e manipulados matematicamente. Obtêm-se índices de impacto total para um número de alternativas a serem comparadas. Um exemplo clássico é o Sistema Battelle – Co- lumbus (DEE et al 1973), que foi desenvol- vido para avaliar projetos de recursos hídri- cos e manejo de qualidade de água, mas que, no entanto, podem ser adaptados para outros tipos de empreendimentos. Os tópicos de interesse são divididos em quatro categorias: ecologia, poluição ambiental, estética, interesse humano e so- cial. Cada categoria é composta por um conjunto de componentes. Cada compo- nente compreende um conjunto de fatores, totalizando 78 variáveis. As medidas ou estimativas dos parâ- metros ambientais são transformadas e normalizadas através de curvas específicas ou funções, em índices de qualidade am- biental (IQA), para permitir a comparação entre os impactos. Este índice varia de 0 a 1. Quando a variável possui apenas juízo de valor, a população é consultada. Cada variável possui um valor de im- portância relativa dentro do sistema, que é fixado para projetos similares e baseia-se no julgamento da equipe multidisciplinar. Multiplica-se o IQA de cada fator am- biental e seu peso. A somatória desses pro- dutos resulta no valor para o meio ambien- te. Faz-se o cálculo para o ambiente sem o projeto (partindo-se de medidas reais dos parâmetros ambientais) e com o projeto e suas várias alternativas. O impacto ambiental é expresso pela diferença do valor do ambiente com e sem a ação, mais as várias alternativas. 224 Rosa, Fraceto e Moschini-Carlos (Orgs.) Redes de interação Identificam os impactos indiretos. Funda- mentam-se na construção de fluxogramas ou redes de interação que apresentam a su- cessão de impactos ambientais gerados pelas diversas fases do empreendimento (constru- ção, operação, desativação). Identificam os processos e as sequências pelos quais os im- pactos diretos e indiretos são produzidos. Não se trata de um sistema de avalia- ção de impactos, pois, apesar de identificar as alterações, não há previsão de magnitude (quantificação) ou importância relativa, não havendo também previsão para a participa- çãoda comunidade no processo. Medidas mitigadoras As medidas mitigadores referem-se aos im- pactos negativos detectados no estudo, vi- sando amenizar, ou mitigar, seus efeitos de- letérios sobre o ambiente e seus componen- tes. Normalmente seguem uma classificação genérica que pretende caracterizar estas medidas, baseada em diferentes aspectos. Assim, as medidas mitigadoras adotadas podem ser classificadas quanto: a) Natureza (preventiva ou corretiva). b) Fase (construção, operação, desativação). c) Fator afetado (físico, biológico, antrópi- co). d) Prazo de validação (curto, médio ou longo). e) Responsabilidade (empreendedor ou po- der público). Observação: Deverão ser mencionados os impactos não mitigáveis e que não po- dem ser evitados. Programa de monitoramento Indicação e justificativa de parâmetros sele- cionados para acompanhamento por parte do empreendedor, com a produção periódi- ca e sistemática de relatórios enviados ao órgão ambiental, ou outros, contendo: a) Rede de amostragem, seu dimensiona- mento e distribuição espacial. b) Metodologia de coleta e análise das amostras. c) Periodicidade. d) Metodologia do processamento das infor- mações levantadas. Observação: Quando necessário, e de acordo com a natureza do empreendimen- to, deverá ser apresentado ao órgão am- biental um Plano de Recuperação de Áreas Degradadas (PRAD), aplicável após sua de- sativação. Relatório de impactos ambientais (RIMA) O RIMA não tem vida própria. Ele só tem existência em função de um estudo de im- pacto ambiental (EIA) que é o instrumento que lhe oferece substância e conteúdo. O RIMA deve ser apresentado de forma obje- tiva e adequada ao entendimento do públi- co, acompanhado e ilustrado por mapas, gráficos e figuras. Sua acessibilidade deve ser garantida pelo órgão ambiental, que, sempre que julgar pertinente, realizará uma audiência pública com a participação dos agentes envolvidos, da comunidade e de- mais interessados. O RIMA conterá os objetivos e justifi- cativas do projeto, sua relação e compatibi- lidade com políticas setoriais, planos e pro- gramas governamentais; a discriminação do empreendimento e suas alternativas tec- nológicas e locacionais, matérias-primas, área de influência, fontes de energia, pro- cessos e técnicas operacionais, os prováveis efluentes, emissões, resíduos de energia, empregos diretos e indiretos a serem gera- dos; a síntese dos resultados dos estudos de Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual da Instituição, você encontra a obra na íntegra.