Prévia do material em texto
GERENCIAL II
DA ASSISTÊNCIA
TÉCNICA E GERENCIAL
©2021. FATECNA - Faculdade CNA a Distância
Todos os direitos reservados.
A reprodução não autorizada desta publicação, no todo ou em parte,
constitui violação dos direitos autorais (Lei Nº 9.610).
Fotos
Banco de imagens do SENAR
Getty Images
Shutterstock
Informações e Contato
SBN – Quadra 1, Bloco F. Edifício Palácio da Agricultura – 1º e 2º andar
Asa Norte - Brasília – CEP 70.040-908
Telefone: (061) 3878-9500
Site: www.faculdadecna.com.br/ead/
Presidente do Conselho Deliberativo
João Martins da Silva Júnior
Entidades integrantes do Conselho Deliberativo
Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil - CNA
Confederação dos Trabalhadores na Agricultura - CONTAG
Ministério do Trabalho e Emprego - MTE
Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento - MAPA
Ministério da Educação - MEC
Organização das Cooperativas Brasileiras - OCB
Agroindústrias / indicação da Confederação Nacional da Indústria - CNI
Diretor Geral
Daniel Klüppel Carrara
Coordenação de Assistência Técnica e Gerencial
Matheus Ferreira Pinto da Silva
Cálculo de custo de produção
Módulo 3
Módulo 3
Cálculo de custo de produção pg. 4
Sumário
Introdução do módulo ............................................................................................................... 6
Introdução ..............................................................................................................................10
Tópico 1: Custo operacional efetivo ..................................................................................12
Tópico 2: Mão de obra familiar ...........................................................................................23
Tópico 3: Depreciação ..........................................................................................................33
Tópico 4: Custo operacional total ......................................................................................45
Tópico 5: Aplicação dos conceitos .....................................................................................56
Encerramento do tema ........................................................................................................72
Atividade de Passagem ........................................................................................................73
Tema 2: Cálculo do custo de produção II ............................................................................74
Introdução ..............................................................................................................................74
Tópico 1: Custos fixos ...........................................................................................................76
Tópico 2: Custo total ..........................................................................................................100
Tópico 3: Margem bruta ....................................................................................................107
Tópico 4: Margem líquida ..................................................................................................120
Tópico 5: Aplicação dos conceitos ...................................................................................132
Encerramento do tema ......................................................................................................146
Atividade de passagem ......................................................................................................147
Módulo 3
Cálculo de custo de produção pg. 5
Tema 3: Cálculo dos indicadores ....................................................................................... 150
Introdução ............................................................................................................................150
Tópico 1: Lucro ....................................................................................................................152
Tópico 2: Ponto de cobertura ...........................................................................................163
Tópico 3: Ponto de cobertura total .................................................................................174
Tópico 4: Taxa de retorno de capital ...............................................................................179
Tópico 5: Aplicação dos conceitos ...................................................................................188
Encerramento do tema ......................................................................................................192
Atividade de Passagem ......................................................................................................193
Encerramento do módulo .................................................................................................... 195
Final de etapa ......................................................................................................................... 197
Gabarito das Questões......................................................................................................... 199
Referências bibliográficas .................................................................................................. 203
Módulo 3
Cálculo de custo de produção pg. 6
Introdução do módulo
Bem-vindo! Você está iniciando o módulo Gerencial II da Assistência Técnica
e Gerencial. Observe no infográfico a sua posição no curso e atente-se ao
seu progresso!
Você está aqui!
Início da
jornada Final da
jornada
Módulo 1
Metodologia da
Assistência Técnica
e Gerencial
Aprimorar conhecimentos
metodológicos para o
desempenho necessário
de ações de assistência
técnica, destacando as
competências requeridas
ao exercício da atividade.
Módulo 2
Gerencial I da
Assistência
Técnica e
Gerencial
Reconhecer os
conceitos gerenciais
da Metodologia de
Assistência Técnica
e Gerencial.
Módulo 4
Gerencial III
da Assistência
Técnica e
Gerencial
Calcular e
interpretar
indicadores técnicos
e econômicos nas
principais cadeias
produtivas da
pecuária ou da
agricultura.Módulo 3
Gerencial III
da Assistência
Técnica e
Gerencial
Contextualizar os
conceitos gerenciais
da Metodologia de
Assistência Técnica
e Gerencial.
Módulo 5
Planejamento
da Propriedade
Rural
Definir em
que consiste o
planejamento
estratégico da
propriedade rural
assistida pela
Metodologia de
ATeG, facilitando
sua compreensão e
aplicabilidade.
Módulo 3
Cálculo de custo de produção pg. 7
Na prática, este módulo tem o objetivo de apresentar a você as diversas
peculiaridades que envolvem a identificação dos custos na linha de produção
vegetal, desenvolvendo uma visão mais crítica para o momento da aplicação
em seu trabalho prático. Dessa forma, você terá embasamento em critérios
técnicos, de acordo com a metodologia de Assistência Técnica e Gerencial
para uma análise econômica mais real da empresa rural. Para isso, o módulo
foi dividido em três temas
Tema 1
Cálculo de
custos de
produção I
Tema 2
Cálculo de
custos de
produção II
Tema 3
Cálculo de
indicadores
Nossa expectativa é que, ao final do módulo, você entenda a teoria geral
de custos com maior aprofundamento e com a prática de realizar cálculos
importantes para levantar o custo de produção e de fazer algumas análises
econômicas sobre a empresa rural.
Tudo isso para que você possa se tornar um autêntico educador agente de
transformações no campo, capaz de:
• identificar a correta alocação das despesas, investigando e diferenciando os
gastos para produção,
• estratificar custos operacionais e custo total, alocando apropriadamente cada
elemento desse cálculo,
• identificar os fatores de maior impacto e os limitantes de desenvolvimento da
atividade, elaborando um planejamento adequado ao final do processo,
• definir os conceitos de margem bruta e lucro, entendendo a relação com o
“lucro da atividade”, além da margem líquida, que fornece dados essenciais
para aplicação da taxade retorno de um investimento.
Módulo 3
Cálculo de custo de produção pg. 8
Praticando...
Agora que você conhece os temas que serão trabalhados no módulo, o que
acha de ver esses conceitos de forma mais prática?
Vá ao seu Ambiente de Estudos, assista ao vídeo que
mostra a história do Técnico Marcelo e da Fazenda
Santa Felicidade, aplicando todos esses conceitos
durante o módulo.
Desafios da jornada
Vale lembrar que o conteúdo é todo interligado, por isso, você precisa explorar
o primeiro tema, todos os tópicos e realizar a Atividade de Passagem, para
depois acessar o tema seguinte.
Relembre, a seguir, os tipos de desafios que você encontrará ao longo do módulo!
Pense e Decida
Situações práticas e objetivas em que você deve analisar o cenário
e tomar uma decisão. Não possui valor para a certificação.
Atividade de Passagem
Tem o objetivo de verificar se você teve um bom aproveitamento
em relação ao conteúdo do tema correspondente e libera o acesso
ao tema seguinte.
Estudo de Caso
Obrigatório e de valor avaliativo, o Estudo de Caso consiste em
uma questão reflexiva, relacionada aos temas estudados.
Módulo 3
Cálculo de custo de produção pg. 9
Simulado
Depois de passar por todos os temas do módulo e tiver completado
a última atividade, você deverá responder o Simulado.
Avaliação
A Avaliação é obrigatória e tem como objetivo verificar o seu
desempenho em cada módulo.
Fórum
O Fórum proporciona o debate e a troca de conhecimento entre
você e o tutor. Existe um Fórum por módulo, que fica aberto
durante todo o seu período de estudos nesta fase.
Ah, não se esqueça:
• Realize, no Ambiente de Estudos, a pesquisa de satisfação.
• A nota do módulo é composta por uma média simples.
• Para passar: Avaliação + Estudo de Caso ÷ 2 = 6 ou mais.
Lembre-se de que é essencial voltar ao Ambiente de Estudos ao final de cada
tema para realizar a sua Atividade de passagem, combinado?
Tenha uma ótima jornada de conhecimento e crescimento. Bons estudos!
Módulo 3
Cálculo de custo de produção pg. 10
Tema 1: Cálculo do custo de
produção I
Introdução
Você está iniciando o primeiro tema do módulo. O objetivo é que você
compreenda todas as possibilidades de aplicação dos custos variáveis,
sua dinâmica e a correta apropriação de acordo com os diversos cenários
e exemplos.
Ao final deste tema, você será capaz de:
• aplicar corretamente os conceitos que compõem o custo operacional efetivo
(COE) e o custo operacional total (COT),
• estratificar cada elemento de composição desses conceitos,
• realizar propostas de intervenções tecnológicas ou administrativas.
Módulo 3
Cálculo de custo de produção pg. 11
Estrutura do tema
A teoria dos custos é um conceito essencial para o gerenciamento financeiro da
propriedade rural. Por isso, saber como aplicá-la na prática é de extrema importância.
Para facilitar o entendimento deste conteúdo e garantir seu gerenciamento, o tema
está dividido em tópicos.
Conheça, então, o objetivo de cada um.
Tema 1
Tópico 1
Tópico 2Tópico 5
Tópico 4 Tópico 3
Custo operacional efetivo
Compreender melhor o conceito de “centro de custos” da metodologia de Assistência
Técnica e Gerencial, alocando os custos variáveis sob diversos aspectos e com as
peculiaridades de diversas cadeias produtivas exemplificadas.
Mão de obra familiar
Conhecer os conceitos que
fundamentam a determinação
dos valores deste que é
um dos mais subjetivos e
controversos componentes dos
custos de produção.
Aplicação dos conceitos
Acompanhar a aplicação
prática dos conceitos
estudados, de forma
detalhada.
Custo operacional total
Saber qual é a composição do custo
operacional total, negligenciado em
algumas análises por não ter grande
aplicação em campo, mas que é de
grande importância na avaliação técnico-
econômica da propriedade rural.
Depreciação
Ampliar seus conhecimentos
sobre conceituação, aplicação
e importância de calcular a
depreciação como parte relevante
dos custos de produção.
Entendido o que esperar de cada tópico, siga em frente e ótimos estudos!
Módulo 3
Cálculo de custo de produção pg. 12
Tópico 1: Custo operacional efetivo
Você sabe como usar o conceito de centro de custo na
realidade rural?
No decorrer deste tópico você compreenderá melhor o conceito de
“centro de custos”, entendendo como alocar os custos variáveis,
considerando diversos aspectos e peculiaridades de diversas cadeias
produtivas.
O custo operacional efetivo (COE) é a soma de todas as despesas diretas
pagas pelo produtor rural (ou seu administrador) para poder iniciar, conduzir
e concluir o ciclo de produção animal e/ou vegetal.
Basicamente, o que determina que um item de custo é um COE é a
geração de um desembolso efetivo (que pode ser financeiro ou não). A
duração do COE será sempre menor ou igual ao ciclo produtivo.
EZ2496
Realce
EZ2496
Realce
EZ2496
Realce
Módulo 3
Cálculo de custo de produção pg. 13
Os exemplos a seguir mostram quais custos fazem parte do COE no dia a dia
da propriedade.
O imposto sobre o valor da
terra (ITR) pode não ser
variável, pois é cobrado
todo ano. Porém, gera
desembolso, então é COE.
O composto produzido
na propriedade não gera
desembolso financeiro,
mas é efetivamente
um gasto realizado na
produção de hortaliças de
um produto que poderia
ser vendido. Então, é COE.
É possível citar alguns exemplos de despesas diretas:
• Aquisição de
sementes,
fertilizantes e
corretivos
• Aluguel e/ou
manutenção
de máquinas e
equipamentos
• Despesas
administrativas e
encargos fiscais
• Mão de obra
contratada
• Combustível,
energia, frete etc.
• Pagamento
de mão de
obra avulsa
(diaristas)
• Pagamento de
mão de obra
contratada (CLT)
• Pagamento de
impostos e taxas
• Arrendamento
de terras
• Pagamento de
energia elétrica
A Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) é uma norma legislativa de
regulamentação das leis referentes ao Direito do Trabalho e ao Direito Processual
do Trabalho no Brasil, aprovada pelo Decreto-Lei no 5.452, de 1o de maio
de 1943. Constitui o principal instrumento de regulamentação das relações
individuais e coletivas do trabalho. Desde a sua criação, sofreu várias alterações,
no sentido de criar uma legislação.
Módulo 3
Cálculo de custo de produção pg. 14
Gastos pessoais, como dentista, médico, escola etc., não são itens de despesa
da atividade, portanto não compõem o COE. Quando a energia elétrica, ou
qualquer outro insumo for compartilhado entre a atividade profissional e a
pessoal, seu custo deverá ser computado separadamente, na proporção das
aplicações realizadas.
Variação das quantidades
Todos esses elementos listados como exemplos de despesa geram
um pagamento sistematizado, que vai variar de acordo com o volume
e a tecnologia de produção que o administrador adotar. Por isso, o
produtor tem autonomia para decidir as quantidades usadas.
Essa afirmação é possível seguindo a seguinte lógica:
Um produtor
deseja:
Incrementar
as tecnologias,
melhorando a
produtividade sem
aumentar a área
destinada à produção.
Não produzir, logo
não será preciso nem
adquirir insumos.
Consequentemente,
precisará passar
por um processo
chamado de
intensificação do
cultivo.
Consequentemente,
existirá a necessidade
de contratar
trabalhadores, adquirir
corretivos, sementes,
fertilizantes, água,
defensivos etc.
Aumentar a área de
cultivo, logo terá que
preparar um espaço
maior de solo para a
implantação de lavoura,
fruticultura, olericultura,
ou mesmo de pastagens
para seus animais.
EZ2496
Realce
EZ2496
Realce
Módulo 3
Cálculo de custo de produção pg. 15
É possível observar que o COE está diretamente ligado com a produção desejada,
em que cada acréscimo almejado geralmente implica em aumentos desse
custo, embora ele até possa ser nulo, caso não haja produção.
Note que o gráfico a seguir possui dois eixos: o de produção e o de custos.
Entenda!
Custo em relação direta com a produção, gerando como respostao COE.
Produção
C
us
to
R
$
COE
Produção
O COE parte da
interseção dos
eixos no VALOR
ZERO – então, caso
não haja produção,
não haverá
despesas diretas.
C
us
to
R
$
COE
Produção
Conforme a produção
aumenta, o custo
também aumenta.
C
us
to
R
$
COE
Custo em relação direta com a produção, gerando como resposta o COE.
Produção
C
us
to
R
$
COE
Produção
O COE parte da
interseção dos
eixos no VALOR
ZERO – então, caso
não haja produção,
não haverá
despesas diretas.
C
us
to
R
$
COE
Produção
Conforme a produção
aumenta, o custo
também aumenta.
C
us
to
R
$
COE
EZ2496
Realce
Módulo 3
Cálculo de custo de produção pg. 16
Custo em relação direta com a produção, gerando como resposta o COE.
Produção
C
us
to
R
$
COE
Produção
O COE parte da
interseção dos
eixos no VALOR
ZERO – então, caso
não haja produção,
não haverá
despesas diretas.
C
us
to
R
$
COE
Produção
Conforme a produção
aumenta, o custo
também aumenta.
C
us
to
R
$
COE
Como foi dito, geralmente existe uma relação direta entre o aumento da
produção e o incremento de custo. Porém, pode acontecer que a quantidade
produzida seja ampliada, sem que exista um aumento do COE.
O diagnóstico realizado pelo Técnico de Campo na propriedade pode identificar
algum desperdício de recursos ou a má aplicação deles. A correção/racionalização
desses desvios pode elevar o patamar produtivo ou até apresentar uma redução
de custos, sem alterar suas estruturas.
Análise da elevação de custos
Ao analisarmos a elevação dos custos variáveis em consequência do
aumento da produção, é fundamental relembrarmos os conceitos
apresentados no tópico Economia de Escala do Módulo Gerencial I da
Assistência Técnica e Gerencial.
Essa análise é importante para que não se tenha a ideia equivocada de que o
COE apenas sofrerá aumentos, transmitindo a impressão de que a ampliação
do volume produzido e, portanto, do COE, é sinônimo de maiores despesas e
menores lucros.
A elevação de custos é observada somente no COE total da atividade. Quando
analisamos o COE por unidade produzida, podemos observar que sua redução
gradual é possível, através das seguintes medidas:
EZ2496
Realce
EZ2496
Realce
Módulo 3
Cálculo de custo de produção pg. 17
Diluição dos valores de
serviços contratados
para um maior volume
produzido.
Obtenção de descontos
nos insumos adquiridos
de acodo com o volume
(compra programada ou
coletiva).
Forma de pagamento/
faturamento
(faturamento direto
pela fábrica do insumo
em questão).
Entenda acompanhando o exemplo a seguir!
O custo de uma unidade
de adubo ou ração é de
R$ 70,00/saca.
O mesmo produto terá
seu valor reduzido para
R$ 60,00/saca se ele comprar
uma quantidade maior.
Porém, ao analisar o valor unitário
dos insumos adquiridos e o seu
reflexo nos custos unitários dos
itens produzidos a partir deles, será
observada uma redução gradual.
Assim, o custo total
será maior, pois serão
incrementados mais
insumos no sistema.
Um produtor que compra apenas uma unidade de ração ou adubo paga um
valor diferente do que desembolsaria ao comprar um volume maior. Então…
Neste momento não nos aprofundaremos sobre a redução de custos totais por
meio da diluição dos custos fixos obtida com o aumento da escala de produção.
Esse assunto será tratado mais adiante.
Módulo 3
Cálculo de custo de produção pg. 18
A realidade do campo
Será comum para você, Técnico de Campo, observar
que nem sempre quem obtém a maior renda bruta
é quem alcança o maior lucro proporcional. Também
verá que não é válido dizer que um COE elevado
é sinônimo de prejuízo.
Despesas diretas no COE
Em relação ao pagamento de impostos e taxas, ao arrendamento de terras e
ao gasto com energia elétrica, já citados como exemplos de despesas diretas,
a metodologia considera que esses itens estão estreitamente ligados ao ciclo
produtivo. Portanto, sua duração será sempre menor ou igual ao ciclo produtivo.
Mesmo que essas despesas sejam esperadas em intervalos e até mesmo em
valores regulares, elas não se configuram como um elemento de custo fixo,
mas sim como parte do COE.
Na prática
Em determinada propriedade rural arrendada, trabalham um funcionário
contratado e um diarista eventual, ambos exclusivos para a produção.
O produtor resolve iniciar um projeto de irrigação, com a finalidade de melhorar sua
produtividade. Isso acarretará maior gasto de energia elétrica e água, ou seja, os
custos vão aumentar.
Já no caso do arrendamento, mesmo que seja regido por
um contrato com prazos estabelecidos, o administrador
também realiza um desembolso físico de recursos
financeiros e detém controle absoluto e imediato sobre
essa despesa.
Por isso, ele pode acabar com ela a qualquer tempo,
mesmo que para isso suporte o pagamento de eventuais
multas rescisórias, algo também observado na situação
laboral legalmente estabelecida.
Por outro lado, caso
o produtor deseje
encerrar por completo
a atividade, não haverá
motivo para continuar
tendo despesas com
eletricidade, água
e pessoal, podendo
dispensá-los no
momento em que
tomar essa decisão.
Módulo 3
Cálculo de custo de produção pg. 19
Para que esse assunto sobre valores e despesas
referentes ao COE fique mais claro, volte ao Ambiente
de Estudos e assista ao vídeo em que o Prof. Erno
explica a metodologia de cálculo do custo operacional
efetivo. Acompanhe!
Planejado versus realizado
É fundamental para os Técnicos de Campo e administradores rurais o entendimento
da conceituação exata do COE, conforme foi tratado. O COE é tão somente
um custo de produção.
Logo, apenas itens que foram efetivamente utilizados para a confecção de
determinado produto em um ciclo produtivo específico, independentemente do
volume de insumos que foram adquiridos inicialmente, são considerados como
custo de produção. É o que se chama de relação “planejado versus realizado”.
Veja na tabela a seguir a exemplificação disso!
Item Unidade Quantidade
adquirida
Valor
unitário Valor total
Quantidade
utilizada no
ciclo
COE da
atividade
Fertilizante
ureia agrícola Saco 50 kg 20 R$ 120,00 R$ 2.400,00 16 R$ 1.920,00
De fato, o produtor
desembolsou a quantia
de R$ 2.400,00 para a
aquisição do insumo.
Porém, em nossa metodologia esse desembolso é anotado
como fluxo de caixa, e não como custo de produção – afinal,
nem todo o insumo adquirido foi utilizado.
É muito importante entender o conceito de que a duração dos itens inseridos
no COE é menor ou igual ao ciclo produtivo da cultura. Caso o produtor adquira
um item que vai perdurar mais do que um ciclo produtivo, esse desembolso
será classificado como investimento, pois seu uso se dará por tanto tempo
quanto sua vida útil permitir.
EZ2496
Realce
EZ2496
Realce
EZ2496
Realce
Módulo 3
Cálculo de custo de produção pg. 20
Na prática
Qualquer que seja a cadeia produtiva que o técnico estiver
assistindo, é importante que ele adote um período de
referência igual a um ano para poder realizar a análise
dos indicadores dessas atividades.
Assim, será possível ter seus comparativos em relação
aos seus próprios exercícios anteriores, ano a ano, assim
como comparar com outras propriedades que utilizam a
mesma metodologia de cálculo de custos de produção.
Exemplos de investimentos
Macacão para apicultura e regador para olericultura, por exemplo, são itens que
possuem um custo relativamente barato, o que leva alguns administradores à
tendência de os classificarem como COE.
No entanto, se durarem mais de um ciclo produtivo, devem ser classificados
como investimento.
Veja mais uma diferença entre COE e investimento.
COE Investimento
Deve ser reembolsado ao pagador
(produtor rural) ao final de cada ciclo,
para que ele volte a ter capacidade de
comprar novamente os insumos. Deve
ser iniciado a cada ciclo.
Não deve ser reembolsado logo no
primeiro ciclo de sua utilização. O retorno
será dado com a utilização do bem
adquiridoao longo do tempo.
No caso do investimento, a metodologia de ATeG dá outro tratamento, conforme
você verá mais afrente.
EZ2496
Realce
EZ2496
Realce
EZ2496
Realce
Módulo 3
Cálculo de custo de produção pg. 21
Manutenção versus investimento
A manutenção de máquinas, equipamentos, ferramentas e benfeitorias que
são utilizadas para a atividade analisada, seja ela preventiva ou corretiva, é
considerada COE. Isso, porque ela é caracterizada como uma despesa que
gera desembolso direto e tem sua existência atrelada ao ciclo produtivo.
Entretanto, com o passar do tempo, esses itens tendem a se aproximar
do sucateamento, necessitando de manutenções mais complexas (caso o
proprietário deseje permanecer com o bem em pleno estado de utilização),
que são chamadas de “reforma”.
Na metodologia de ATeG, manutenções são classificadas como investimento,
sempre que atingem a representatividade de 30% do valor de mercado
atualizado do bem que está sendo reformado.
Entenda observando o exemplo a seguir!
Na prática
Representatividade do valor da manutenção =
(valor da manutenção ÷ valor de mercado) × 100%
(R$ 23.000,00 ÷ R$ 70.000,00) × 100% = 32,86%
Quando novo, um trator com vida útil de 15 anos custou
R$ 180 mil ao produtor.
Hoje, com 12 anos de uso, seu valor atual de mercado
é de R$ 70 mil.
Infelizmente, o trator quebrou. Se o produtor resolver realizar uma
manutenção, que custa R$ 23 mil, ela deverá ser classificada como reforma,
portanto um investimento. Por quê?
EZ2496
Realce
EZ2496
Realce
EZ2496
Realce
Módulo 3
Cálculo de custo de produção pg. 22
É possível concluir que houve um investimento, pois o valor da reforma de R$
23 mil superou o percentual de 30% do valor de mercado atualizado do bem
de R$ 70 mil. Assim, a despesa deve ser alocada no fluxo de caixa e integrar
o total de capital imobilizado (empatado) para a atividade, não no COE.
O exemplo apresenta uma decisão puramente administrativa, pois o proprietário
optou por reformar um bem já existente em detrimento de adquirir um novo.
Com um investimento de valor tão considerável quanto esse, vale a pena
reavaliar esse bem sob dois pontos de vista:
Financeiro Vida útil
Seu valor é atualizado. Para isso, basta
somar o valor investido na reforma àquele
pelo qual o bem foi previamente avaliado
para se obter sua nova cotação. É
realizada a soma porque o administrador
já tem a oportunidade de capital
imobilizado ou empatado no equipamento
antes da reforma e, mesmo assim, decide
empatar mais essa quantia financeira.
Mesmo que a máquina ou o equipamento
não valha esse mesmo valor atualizado
no mercado, o administrador possui esse
montante imobilizado no bem.
Devido a esse investimento, o bem
avaliado poderá ser utilizado por mais
tempo. É recomendável ter bastante
critério no momento de realizar
essa avaliação, a qual vai influenciar
diretamente nos custos de produção.
Por exemplo, é possível supor que o
trator deste caso terá um adicional de
5 anos de trabalho. Ou seja, a vida útil
residual será alterada de 3 para 8 anos
(5 + 3), distribuindo ou diluindo o
custo fixo do bem (depreciação) por um
período mais prolongado.
Resumindo o tópico
Neste primeiro tópico, você:
Aprofundou-se no
conceito de centro
de custos.
Compreendeu a importância
da relação “planejado versus
realizado” dentro de uma
análise financeira.
Viu como analisar a
elevação de custos e
relembrou o conceito de
economia de escala.
Entendeu o que são
despesas diretas no COE
e saberá diferenciá-las
dos investimentos.
EZ2496
Realce
Módulo 3
Cálculo de custo de produção pg. 23
Tópico 2: Mão de obra familiar
Família que trabalha na propriedade não recebe?
Neste tópico você vai compreender os conceitos que fundamentam
a determinação dos valores de custo com mão de obra familiar.
O custo da mão de obra familiar é fixo e indireto, diferentemente de quando
ocorre o pagamento de funcionários contratados, que representam um custo
direto. Conforme visto anteriormente, o custo com a mão de obra familiar nada
mais é do que a análise de custo de oportunidade.
É importante fazer uma avaliação muito cuidadosa desse item, uma
vez que é um elemento de custo fixo e bastante subjetivo, ou seja,
não vai se alterar no curto prazo. Além disso, a mão de obra familiar
tem participação importante no custo de produção das atividades
agropecuárias, especialmente em pequenas propriedades rurais.
O procedimento usual para valorar essa mão de obra é considerar o salário de
mercado como referência de custo de oportunidade. Sendo assim, é preciso
avaliar a atividade exercida pelos membros da família na propriedade, assim
como a disponibilidade e as especialidades.
EZ2496
Realce
EZ2496
Realce
EZ2496
Realce
Módulo 3
Cálculo de custo de produção pg. 24
Entenda melhor como calcular o valor da mão de obra familiar a seguir!
Assuntos do campo
A mão de obra familiar é um assunto importante e
que faz parte de muitas propriedades.
Então, vamos começar imaginando o seguinte cenário.
Uma propriedade desenvolve as atividades de
fruticultura e piscicultura.
O produtor rural possui formação superior com
doutorado, mas trabalha em sua propriedade com
atividades básicas, que não necessitam de sua
formação acadêmica.
É possível ver que a ver que a sua mão de obra é
valorada pelo trabalho que realiza e não por causa
da formação ou capacidade intelectual.
O que deve ser avaliado nesse caso, é a atividade
exercida.
Ao contabilizar o impacto que a mão de obra familiar
tem no custo de produção, você, técnico, deve sempre
ter em mente que o produtor rural é um empresário,
um empreendedor, e não um funcionário.
Sendo assim, seus recebimentos não englobam custos
laborais legais, como contribuições compulsórias,
pagamento de férias e 13º salário.
Dessa forma, você deve calcular apenas a estimativa
de renda pelo período analisado, sem acréscimos.
EZ2496
Realce
Módulo 3
Cálculo de custo de produção pg. 25
Ou seja, deve contar os 12 meses do ano, o ciclo
produtivo ou a base de valor da diária paga na região
para a atividade exercida.
Caso o produtor conte com a colaboração de mais
algum membro da família, você vai contabilizar como
mão de obra familiar apenas aqueles que não possuem
retirada de valores sistemáticos da atividade, seja em
capital financeiro, seja em produtos.
Caso contrário, esse membro deve aparecer como
um funcionário, portanto considerado no COE.
Então, atente-se sempre a essa questão quando
estiver cuidando da contabilização desses valores
com o produtor, ok?
Para que tudo fique mais claro, acompanhe um exemplo prático.
Na prática
O produtor de milho, Sr. Manoel, paga ao seu filho Zezinho R$ 100,00 por
semana para que ele vá à cidade se divertir aos domingos.
O rapaz o ajuda diariamente na atividade e merece uma folga…
A tendência de que o Zezinho seja incluído como mão de obra familiar
é grande, pois ele é filho do proprietário.
Também é possível que o pagamento semanal de R$ 100,00 para o
Zezinho entre na saída de fluxo de caixa e nos custos de produção.
O correto é contabilizar o Zezinho apenas como custo semanal igual a R$ 100,00 e
retirá-lo da mão de obra familiar.
Isso porque ele recebe por seus serviços como um funcionário comum,
contratado e pago por semana, mesmo que sua mão de obra esteja
sendo avaliada de forma modesta pelo Sr. Manoel.
Então, o custo da mão de obra do Zezinho deve ser lançado
como custo operacional efetivo (COE).
Módulo 3
Cálculo de custo de produção pg. 26
Fica nítido, a partir de agora, que o termo “mão de obra familiar” não deve
ser atrelado exclusivamente ao fator parentesco, mas assimilado juntamente
ao contexto de desembolsos, pois também é conhecido como pró-labore do
administrador (pagamento realizado aos sócios pelos serviços prestados à
empresa).
Assim, é necessário ser um
administrador da empresa
rural para justificar o
recebimento de pró-labore,
apresentando grau de
parentesco ou não,desde que
não seja sistematicamente
remunerado, causando
desembolso físico de capital
ou produtos.
Sempre que houver essa
situação de pagamentos
regulares a familiares
ou administradores, eles
deverão ser desqualificados
dos custos fixos e alocados
no COE, pois passaram a
ser uma despesa direta.
Em algumas propriedades rurais o proprietário faz uma retirada (pró-labore)
de um valor mensal para arcar com as despesas da família e muitas vezes até
para socorrer outras atividades. Porém, esse valor não condiz com a realidade
de custo dessa mão de obra, considerando o tempo dedicado e a natureza das
tarefas executadas.
Caso não tenha atenção no momento de lançamento de dados, o Zezinho
pode ser contabilizado de forma duplicada nos custos de produção: uma
como pagamento a terceiros (COE de R$ 400,00/mês), e outra como mão
de obra familiar.
Esse tipo de avaliação errônea pode comprometer a viabilidade do negócio
analisado.
EZ2496
Realce
Módulo 3
Cálculo de custo de produção pg. 27
Na prática
O Sr. Roberto é produtor de
hortaliças e também cultiva milho e
soja em sua propriedade.
O técnico que atende a propriedade,
conversou com os familiares para
identificar o que cada um deles faz
na atividade e o tempo dedicado em
suas funções, chegando à conclusão
de que o custo da mão de obra
familiar é de R$ 3.000,00.
R$ 3.000,00 é o valor correto a ser lançado
como custo de mão de obra familiar, já que
o restante do valor (R$ 2.000,00) pode ser
interpretado como remuneração do capital ou
ainda como lucro da atividade – remuneração
do empreendedor.
Como a horta gera receita
mensal, o proprietário retira do
valor recebido, R$ 5.000,00
todos os meses, para arcar
com as despesas da família e,
em alguns momentos, para
comprar insumos para a lavoura.
Não se deve confundir custo
de mão de obra familiar
com remuneração do
empreendedor, tema que
será visto logo a diante.
É muito importante destacar que a mão de obra familiar, em alguns casos,
dedica um esforço maior que a mão de obra contratada, além de trabalhar por
um período superior à jornada legal de um funcionário. Logo, para dimensionar
o valor do trabalho da mão de obra familiar, não se deve apenas contar o
número de pessoas envolvidas, mas sim qual seria o custo para substituí-las,
dadas as atividades executadas por elas.
Para complementar esse raciocínio, veja mais este exemplo!
EZ2496
Realce
Módulo 3
Cálculo de custo de produção pg. 28
Um pai e seu filho trabalham sozinhos na
propriedade rural. Acordam diariamente
às 5h da manhã e encerram sua jornada
de trabalho às 19h. Ambos realizam 11
horas de trabalho e têm mais 3 horas
de almoço e descanso. Muito dedicados
e concentrados nas atividades, são
eficientes nas operações que exercem.
Certa vez, resolveram tirar uma semana
de férias com toda a família e, para isso,
contrataram duas pessoas para substituí-
los. Porém, já no primeiro dia notaram
que os dois contratados, em suas 8 horas
de trabalho diário, não executaram
sequer 50% das tarefas que pai e filho
realizavam.
Dessa forma, tiveram de contratar mais
duas pessoas para executar o serviço,
chegando a quatro contratados. Nesse
caso, a alocação deve ser de quatro
salários para pai e filho como custo fixo de
mão de obra familiar, pois eles realizam
atividades que somente a contratação
dessa quantidade de funcionários
atenderia à demanda.
O que acha de confirmar se esse conceito está claro para você?
EZ2496
Realce
Módulo 3
Cálculo de custo de produção pg. 29
Pense e decida
Em uma propriedade rural, o pai, a esposa e seus cinco filhos trabalham
nela. A situação da mão de obra é a seguinte:
• Pai e mãe: trabalho integral.
• Filho mais velho: formado; trabalho integral.
• Outros 4 filhos: cursam ensino técnico pela manhã e o trabalho é em
meio período.
Ao chegarem dos cursos, o pai fala com os filhos sobre a importância
da lida do sítio, porém a cada dia todos eles estão menos interessados
nas atividades rurais, pois acreditam que pequenas propriedades não
apresentam perspectivas de melhoria. Esse pensamento é validado por
seus pais, ao não deixarem seus filhos participarem da administração
da propriedade, ocultando os resultados alcançados pela família.
Dessa forma, a participação desses filhos no trabalho da propriedade
existe, mas está cada vez menor. Diante desse contexto, qual é o custo
da mão de obra familiar nessa propriedade?
O valor de sete salários de mercado
para cada um dos sete membros
da família.
O valor de cinco salários de mercado
para essa função.
Justifique aqui a sua escolha!
Módulo 3
Cálculo de custo de produção pg. 30
Feedback
Nesse caso, o custo da mão de obra familiar deve ser dimensionado com o
mesmo critério de outras situações, ou seja, para substituir o trabalho dessa
família, devemos considerar a quantidade de pessoas necessárias pelo salário
de mercado.
Ao analisar as informações, você poderá concluir que para as atividades
realizadas por essa família são necessárias cinco pessoas: pai, mãe e filho
mais velho – cada um dos três com salário de mercado integral – e quatro
filhos a meio período – o que totalizaria dois salários integrais, por exemplo.
Logo, o custo da mão de obra familiar será o valor de cinco salários de
mercado para essa função, e não de sete.
Remuneração do empreendedor
Caso o administrador/empreendedor tenha em mente que a única fonte de
renda para a mão de obra familiar faça parte dos seus custos de oportunidade,
deve ter sido realizada uma análise errada e pouquíssimo atrativa ao produtor.
É importante ter em mente que a remuneração do empreendedor acontece
em três momentos. Acompanhe!
EZ2496
Realce
EZ2496
Realce
Módulo 3
Cálculo de custo de produção pg. 31
O valor da mão de obra
familiar representa o custo de
oportunidade do trabalho do
produtor rural e sua família,
considerando as funções que
todos desempenham dentro do
sistema produtivo.
De uma forma geral, esse
item é um componente dos
custos fixos, pois não existe
desembolso e representa
também um custo de
oportunidade de investimento.
Nesse caso, será avaliado, por
exemplo, se compensaria mais
o empreendedor ter investido
R$ 1 milhão de capital médio
na infraestrutura da atividade
ou se teria uma melhor
remuneração investindo esse
mesmo capital na poupança
– um investimento tradicional
e com rendimento histórico
médio de 6% ao ano que
é adotado na metodologia
de Assistência Técnica e
Gerencial como parâmetro de
comparação.
Assim, esse R$ 1 milhão
renderia na poupança, a 6%
a.a., a quantia de R$ 60 mil/
ano. Obrigatoriamente, para
ser minimamente atrativa,
a atividade deveria render a
partir desse valor.
De forma conceitual, para
entender a alocação do lucro
que a atividade proporciona
nessa etapa de cálculos, basta
compreender que o lucro, na
verdade, não é diretamente
do empreendedor, mas
sim do negócio – os custos
com seu trabalho já foram
remunerados.
Em muitos empreendimentos,
o lucro é destinado a diversas
finalidades, de acordo com
o planejamento estratégico
da empresa. Por exemplo:
10% do lucro é destinado
para ações de marketing;
2% para doações; 20% para
investimentos em pesquisa;
50% para aquisição de
novos negócios e 18% para
distribuição de dividendos
entre os sócios do negócio.
Assim, caso não haja
destinação para investimentos
em novas áreas ou destinação
de recursos para outros
setores, o lucro deverá ser
destinado do negócio ao
empreendedor.
Mão de obra
familiar
Custo de
oportunidade
Lucro
da atividade
EZ2496
Realce
Módulo 3
Cálculo de custo de produção pg. 32
Tanto o custo de oportunidade quanto o lucro serão tratados mais profundamente
no tema seguinte.
Assim, a fórmula para o cálculo da remuneração do produtor rural/empreendedor
será:
REMUNERAÇÃO = MOF + CO + LUCRO
Custo de oportunidade
Mão de obra familiar Resultado econômico
Veja um exemplo!
Na prática
Ao final da apuraçãoanual dos resultados obtidos por uma propriedade rural, o Técnico
de Campo do empreendimento encontrou os seguintes valores:
• custo mensal da mão de obra familiar igual a R$ 1 mil,
• custos de oportunidade do capital iguais a R$ 60 mil por ano,
• lucro anual igual a R$ 20 mil.
A remuneração total do empreendedor no ano analisado pela consultoria foi encontrada
aplicando a fórmula:
Remuneração = MOF + CO + LUCRO
REMUNERAÇÃO = (R$ 1.000,00/mês × 12 meses) + R$ 60.000,00 + R$ 20.000,00
REMUNERAÇÃO = R$ 12.000,00 + R$ 60.000,00 + R$ 20.000,00
REMUNERAÇÃO = R$ 92.000,00
Portanto, a remuneração total do empreendedor será igual a R$ 92 mil ao ano.
Módulo 3
Cálculo de custo de produção pg. 33
Resumindo o tópico
Neste segundo tópico, você:
Entendeu a
fundamentação de
como determinar o
custo de mão de obra
familiar.
Compreendeu
como funciona a
remuneração do
empreendedor.
Pôde aprofundar seus
conhecimentos sobre os
elementos da mão de
obra familiar, do custo de
oportunidade e do lucro da
atividade.
Tópico 3: Depreciação
Você consegue avaliar o impacto do valor da depreciação
nos números de uma propriedade rural?
A partir de agora, você verá como reconhecer a importância de
calcular a depreciação como parte relevante dos custos de produção.
A depreciação é uma reserva monetária destinada a gerar fundos necessários
para a substituição de bens ao final de sua vida útil.
Ela permite que o produtor rural/empreendedor se prepare para o momento
EZ2496
Realce
EZ2496
Realce
Módulo 3
Cálculo de custo de produção pg. 34
da troca de bens de produção – itens necessários para manter a capacidade
produtiva da empresa – como:
Equipamentos,
máquinas,
benfeitorias
Forrageiras não
anuais (capineira,
canavial etc.)
A depreciação é um custo fixo que não representa desembolso,
portanto é um custo indireto.
Na metodologia de ATeG para o cálculo de custo de depreciação, consideramos
o método linear e que o valor de sucata dos bens sempre seja igual a zero.
Esse método tem o objetivo de minimizar a subjetividade do cálculo de custo
da agropecuária.
Ao optar pelo método linear também ocorre uma estabilização da depreciação
ao longo de toda a vida útil do bem, necessitando que se realize seu cálculo
apenas uma única vez, até que ela se encerre. Assim, depreciação é igual a:
Sucata
(sempre igual a “0”)
Vida útil
Depreciação
Valor de novo
VN - S
VU
d =
Será necessário que o Técnico de Campo apure o valor de novo do bem,
independentemente da quantidade de anos de uso ou do seu estado de
conservação, desde que esteja dentro de seu prazo de vida útil.
Entenda a partir de um exemplo prático!
EZ2496
Realce
EZ2496
Realce
Módulo 3
Cálculo de custo de produção pg. 35
Na prática
Para um trator no valor de novo de R$ 150 mil, com vida útil de 15 anos, qual
será sua depreciação?
Nesse caso, o custo anual de depreciação do trator é igual a R$ 10 mil/ano.
Vale destacar que sempre que o bem for adquirido novo e estiver dentro de seu
prazo de vida útil, a fórmula para calcular a depreciação é essa apresentada.
Para os casos em que o produtor não for o primeiro dono do bem, o cálculo é
outro, e será visto adiante.
VN – S
VU
d =
R$ 150.000,00 – 0
R$ 10.000,00
15 anos
d =
d =
A vida útil se refere ao tempo que o bem pode ser usado para desempenhar sua
função tendo utilidade econômica na empresa rural. Na metodologia de ATeG,
ela é contabilizada em anos, podendo ser subdividida pelo intervalo de
tempo que o administrador desejar para suas análises pessoais, até mesmo
em horas.
É preciso ter muito critério ao realizar essa avaliação, pois os custos com
depreciação geralmente são “mascarados” ou não “enxergados” pelo produtor
rural, uma vez que não se realizam desembolsos para seu pagamento.
EZ2496
Realce
EZ2496
Realce
EZ2496
Realce
Módulo 3
Cálculo de custo de produção pg. 36
Informação extra
Devido ao Brasil ser um país de dimensões continentais,
apresentando um grande mix de produtos agropecuários,
com características edafoclimáticas* diversas, e os bens
sofrerem intensidades de uso e de desgaste diferentes,
não é possível tabelar essa informação de modo que seja
aplicável em todo o território nacional.
Porém, os valores de vida útil podem ser encontrados
em tabelas disponíveis em obras especializadas para
agropecuária, que servem de base para o Técnico de
Campo realizar sua avaliação de acordo com a realidade
local, como zona litorânea; trabalho em solos arenosos
em oposição ao trabalho em solos argilosos; regime de
chuvas na região etc.
Edafoclimáticas são características definidas por fatores do meio, tais como clima, relevo,
litologia, temperatura, umidade do ar, radiação, tipo de solo, vento, composição atmosférica
e precipitação pluvial.
Os parâmetros de vida útil para cada item do inventário de recursos, caso não
sejam estabelecidos pela Coordenação Nacional de ATeG, deverão ser definidos
pela Coordenação Estadual. Os exemplos utilizados aqui no curso são apenas
hipotéticos, não servindo de base para a utilização no campo.
São itens que sofrem depreciação:
Benfeitorias (casas do proprietário e dos funcionários,
aprisco, galpão, depósito, caixa de abelha, cercas etc.)
Máquinas e equipamentos
(veículos, tratores, balança,
roçadeira, misturador de ração,
ferramentas etc.)
Semoventes
(animais de serviço,
reprodutores, rebanhos
não estabilizados etc.)
Forrageiras não anuais.
EZ2496
Realce
EZ2496
Realce
EZ2496
Lápis
Módulo 3
Cálculo de custo de produção pg. 37
Quando o produtor não realiza cálculo de custos de produção, existe a tendência
de se considerar a depreciação como parte de seus lucros, uma vez que a
“reserva” financeira é algo raro no hábito dos brasileiros. Uma opção viável
é aplicar essa reserva em investimentos de longo prazo, chamados no
mercado financeiro de “renda fixa”.
Sempre que a vida útil do bem for esgotada, o cálculo da depreciação não
será mais necessário, pois ela será sempre igual a zero, uma vez que toda a
depreciação já foi paga.
Casos especiais
Quando se fala em depreciação, existem alguns casos especiais que necessitam
de um pensamento diferente para esse cálculo. Acompanhe!
A. Bens adquiridos usados
Na aquisição de bens já usados, porém dentro do prazo de vida útil, o Técnico
de Campo deve utilizar como base de cálculo o valor desembolsado pelo
produtor para adquiri-lo, independentemente de seu valor de mercado.
O que está sendo avaliado é o custo real, e não a oportunidade, conforme a
fórmula a seguir:
EZ2496
Realce
EZ2496
Realce
Módulo 3
Cálculo de custo de produção pg. 38
Sucata
(sempre igual a “0”)
Vida útil residual
Depreciação
Valor de compra
VC - S
VR
d =
A vida útil residual é obtida a partir da subtração entre a vida útil total estipulada
para o bem e o tempo efetivo de seu uso até o momento da compra.
Observe um exemplo prático.
Na prática
Uma bomba d’água elétrica nova custa R$ 18 mil e tem vida
útil de 15 anos.
O produtor comprou uma usada por R$ 8 mil e com 11 anos de
uso. Qual será a depreciação desse bem?
Nesse caso, o custo anual de depreciação é igual a R$ 2 mil/ano.
R$ 2.000,00d =
VC – S
VR
d =
R$ 8.000,00 – 0
(15 – 11 anos)
d =
R$ 8.000,00
4 anos
d =
Módulo 3
Cálculo de custo de produção pg. 39
C. Depreciação da lavoura
Toda cultura permanente que produzir frutos será alvo de depreciação. Com
o decorrer dos anos, a lavoura vai perdendo seu potencial produtivo,
sofrendo depreciação. Então, em determinados momentos, ela precisará receber
intervenções, como a poda drástica ou até mesmo o novo plantio.
A metodologia de ATeG utilizada para a formação dos custos de depreciação de
lavouras consiste em dividir o investimento realizado para a sua formação
pelo número de anos de vida útil média de produção, com algumas
particularidades a serem descritas a seguir.
Conheça a fórmula:
Valor do investimento em formação
Vida útil produtiva
Depreciação
VI
VU
d =
EZ2496
Realce
EZ2496Realce
Módulo 3
Cálculo de custo de produção pg. 40
A fórmula é aplicável a expectativa de vida útil produtiva que o produtor estima
para sua lavoura, cuja duração deverá ser avaliada caso a caso pelo Técnico
de Campo, que assim obterá a quantificação exata da reserva contábil que
deverá manter em sua propriedade, por hectare, por talhão e até mesmo por
planta, para que se proceda às intervenções naturalmente necessárias.
Também é possível encontrar casos em que as intervenções vão ocorrer antes
mesmo do encerramento da vida útil produtiva esperada para a lavoura em
questão. Estes serão tratados pela metodologia da seguinte maneira:
Valor do investimento em renovação
Vida útil produtiva
Depreciação
VR
VU
d =
A depreciação incide sobre a cultura formada, ou seja, as lavouras em formação
e em renovação são consideradas investimentos e, portanto, a depreciação
será zero durante esse período de análise.
Na prática
Uma propriedade implantou um talhão de 1 ha e
apresentou os seguintes gastos com o plantio:
• R$ 5 mil/ha no primeiro ano,
• R$ 6 mil/ha no segundo ano,
• Expectativa de 10 anos de vida útil produtiva.
Porém, o produtor decidiu realizar uma intervenção/reforma em sua lavoura
na oitava safra, com um custo de renovação de R$ 6 mil.
Com a intervenção/reforma, qual será a depreciação dessa lavoura ao longo
do período analisado?
EZ2496
Realce
Módulo 3
Cálculo de custo de produção pg. 41
Para chegar à resposta, é necessário dividir essa análise em dois momentos.
Observe!
Análise até o momento da reforma
Análise após a reforma
Do primeiro ao oitavo ano produtivo, o valor de depreciação que deverá ser
reservado será de R$ 1.375,00 por ano. No entanto, a partir da retomada da
produção após a reforma, e considerando que não mais sofrerá intervenções
antecipadas pelo período de 10 anos, a nova reserva de depreciação deverá
ser de R$ 600,00 por ano.
VI
VU
d =
R$ 5.000,00 + R$ 6.000,00
8
d = R$ 1.375,00 / anod =
VR
VU
d =
R$ 6.000,00
10
d = R$ 600,00 / anod =
É possível observar no exemplo, que o fato da intervenção/reforma ter sido
realizada antes do período previamente programado não alivia os custos com
a depreciação. Pelo contrário, os custos são pressionados, causando uma
elevação em sua análise anual.
Módulo 3
Cálculo de custo de produção pg. 42
D. Exaustão da floresta
O conceito de depreciação é aceitável contabilmente para a análise de florestas
plantadas. Porém, gramaticalmente, na língua portuguesa, utilizar tal terminologia
para essa cadeia produtiva não faz o menor sentido, uma vez que um bem
depreciado é aquele que foi perdendo sua capacidade produtiva (tornou-se
obsoleto) ao longo dos anos. Nas florestas, o que ocorre é justamente o
contrário.
Com o passar dos anos, a floresta vai se tornando cada vez mais valiosa,
ganhando mais e mais metros cúbicos para extração. A essa extração dá-se
o nome de exaustão da floresta, que é como devemos chamar a depreciação
nesse caso.
A exaustão é o custo de cada período pelo valor referente à parcela
consumida da floresta, ou seja, representa a porcentagem que foi removida
da floresta, para que se possa calcular proporcionalmente o investimento
realizado na implantação e na condução da floresta.
Módulo 3
Cálculo de custo de produção pg. 43
Para isso, primeiro é aplicada a seguinte fórmula:
% de árvores extraídas:
(árvores extraídas ÷ total de árvores) × 100%
Depois de encontrar essa porcentagem representativa, é aplicada outra fórmula
para saber a proporção da exaustão:
Exaustão: investimentos × % de árvores extraídas
Entenda acompanhando o exemplo a seguir.
Em um florestamento que envolve 10 mil pés de
eucaliptos, cujo custo de formação foi de R$ 56.300,00,
foram cortadas 4.800 árvores.
Na prática
Para calcular o valor da exaustão, deve ser observado o seguinte critério:
• descobrir o percentual de árvores exauridas;
• aplicá-lo sobre o valor investido na formação.
Cálculo percentual das árvores extraídas:
% de árvores extraídas = (árvores extraídas ÷ total de árvores) × 100
% de árvores extraídas = (4.800 ÷ 10.000) × 100
% de árvores extraídas = 0,48 × 100
% de árvores extraídas = 48%
Assim, o custo com a exaustão da floresta será 48% de R$ 56.300,00 investidos
= R$ 27.024,00. Isso significa que do valor da venda das árvores extraídas, R$
27.024,00 devem ser direcionados para cobrir o investimento realizado na formação
da floresta.
Módulo 3
Cálculo de custo de produção pg. 44
A depreciação é um fator que precisa ser levado em consideração na administração
do negócio rural, e as únicas formas de amenizar os impactos desse custo
são o uso adequado e a conservação pelo devido tempo de qualquer bem ou
infraestrutura.
Resumindo o tópico
Neste terceiro tópico, você:
Entendeu o impacto do
valor da depreciação na
propriedade rural.
Conheceu os casos
especiais que devem
ser considerados ao
calcular o custo da
depreciação.
Compreendeu como
encontrar o valor dessa
rubrica diante das
particularidades de uma
propriedade rural.
Módulo 3
Cálculo de custo de produção pg. 45
Tópico 4: Custo operacional total
Você conhece a real necessidade de se calcular o custo
operacional total?
A partir de agora, você verá a composição do custo operacional
total, que é de grande importância na avaliação técnico-econômica
da propriedade rural.
O custo operacional total (COT) permite avaliar se uma atividade é sustentável
no médio prazo.
O COT inclui o custo operacional efetivo (COE), o pagamento da mão de obra
familiar (pró-labore) e, também, as depreciações de benfeitorias, máquinas,
animais de serviço e forrageiras perenes. Dessa forma, o COT é calculado da
seguinte maneira:
COT = COE + MOF + d
Mão de obra familiar ou pró-labore do administradorCusto operacional total
DepreciaçãoCusto operacional efetivo
Módulo 3
Cálculo de custo de produção pg. 46
No caso de análise de florestas plantadas, o fator depreciação deve ser
trocado pela exaustão da floresta, de maneira que a fórmula aplicada fica um
pouco diferente, como você pode ver a seguir:
COT = COE + MOF + EX
Mão de obra familiarCusto operacional total
Exaustão da florestaCusto operacional efetivo
No cálculo do COT, também se deve considerar apenas a atividade analisada,
e, portanto, todos os demais custos envolvidos em seu cálculo deverão ser
rateados proporcionalmente caso haja necessidade.
Esse conceito de rateio dos custos também se aplica à mão de obra
familiar e à depreciação, porém proporcionalmente, de acordo com a
relação de uso, ou o tempo empregado para a atividade, ou ainda com
a relação de composição da renda quando couber.
Entenda melhor acompanhando o exemplo a seguir!
Na prática
É justo que o técnico atribua o
pagamento de custo da mão de
obra familiar proporcionalmente à
cada cadeia produtiva analisada.
Portanto, não é tão simples quanto
parece identificar corretamente o
COT, pois deve considerar diversas
variáveis dentro de cada item de
sua composição.
Um produtor divide seu tempo entre:
Fruticultura
Olericultura
30%
70%
EZ2496
Realce
EZ2496
Realce
Módulo 3
Cálculo de custo de produção pg. 47
Aproximar do custo real
Devido à grande diversidade de cadeias produtivas atendidas pela metodologia
de ATeG, a flexibilidade de sistemas de produção e às especificidades de cada
uma delas, é natural que se tenha que ajustar alguns conceitos para que
se possa atender de forma satisfatória a todas elas e, assim, se aproximar
do custo real das atividades agropecuárias.
Essa tentativa de “aproximação” com o custo real se dá pela impossibilidade
de se controlar totalmente, fora do ambiente experimental e laboratorial, as
transformações e as inter-relações biológicas ocorridas no campo, que por si
só comprometem a análise econômica fiel, diferentemente do que acontece
em um ambiente industrial, por exemplo.
Como visto, além do COE existem dois outros custos da propriedade rural que
são importantes para a identificação docusto operacional total de produção:
Mão de obra familiar Depreciação
Para iniciar essa discussão, além das características já elencadas sobre o
COE, você conhecerá alguns casos especiais para esse item que impactam
diretamente o COT.
Particularidades do cálculo do COE para atividades
agrícolas
Por causa da complexidade do cálculo do custo de produção da atividade
agrícola, é recomendável que o técnico tenha forte interação na determinação
do custo, e o produtor, na busca de uma interpretação dos resultados que mais
se aproximem da realidade.
EZ2496
Realce
Módulo 3
Cálculo de custo de produção pg. 48
Muitas atividades agrícolas possuem produção conjunta, gerando um produto
principal e outros que podem, ou não, ser considerados como subprodutos ou
atividades secundárias.
Saber operacionalizar corretamente as ferramentas de controle é
muito importante, porém ainda se esbarra em subjetividades. Por isso,
o mais importante em um diagnóstico é ter um critério de julgamento
justo com as atividades analisadas.
Acompanhe a seguir um exemplo!
Na prática
Propriedade com foco na olericultura.
Apenas essa atividade será analisada nela.
Se o técnico resgatar a nota fiscal de fertilizantes que
o produtor adquiriu e observar apenas o valor total do
documento, sem verificar que no meio do faturamento
estavam elencados fertilizantes para o cultivo de frutíferas
e também para suas plantas ornamentais, a análise estará
errada, pois seriam listadas despesas que não são de
competência da atividade da olericultura.
O critério é simples:
Em geral, não Sim, no caso em que os resíduos
gerados pelas frutíferas ou plantas
ornamentais sejam utilizados na
produção de composto.
Então, compõe subproduto
da olericultura.
Salvo essa exceção, as frutíferas
e as plantas ornamentais não têm
absolutamente nada a ver com a
atividade estudada.
Utiliza frutíferas e plantas ornamentais para produção de olerícolas?
Portanto, as despesas relativas a eles não devem ser consideradas no custo da olericultura.
EZ2496
Realce
Módulo 3
Cálculo de custo de produção pg. 49
Prática na atividade olerícola
Agora que o conceito está mais claro, pense na prática da atividade olerícola,
que é uma operação complexa.
Na olericultura, existe um subproduto intrínseco ou inerente à atividade que
é a produção de composto. Considerando que a produção estudada esteja
estabilizada, esse produtor terá que reter a produção de composto para manter
a de hortaliças, ou mesmo aumentar a produção de composto, mas focando
apenas uma delas
Apenas uma parte desse composto será utilizada na propriedade para
compor o estoque da produção ou ser utilizado na atividade como
adubação orgânica, e todo o restante será comercializado.
Você sabia?
A compostagem é a transformação de resíduos orgânicos
em produto de maior valor agregado e ambientalmente
mais adequado. O uso do composto na produção de
hortaliças tem por objetivo o enriquecimento dos solos
baseado em princípios ecológicos. Pelo manejo dos recursos
naturais e do solo — a nutrição vegetal —, utilizam-se
insumos que estejam presentes dentro da propriedade,
evitando a importação dessas matérias, o que acarreta o
aumento da rentabilidade da produção. Geralmente, em
produções orgânicas, a adubação é baseada na utilização
de material orgânico (composto) e pode chegar a 100%
dependendo da disponibilidade da matéria-prima e do
objetivo do produtor.
A venda de composto muitas vezes representa um volume considerável de
entrada de recursos na propriedade, mas é considerada uma subatividade
da produção olerícola. Assim, é justo que ela também seja onerada com os
custos de sua produção Então:
EZ2496
Realce
EZ2496
Realce
EZ2496
Realce
EZ2496
Realce
EZ2496
Realce
Módulo 3
Cálculo de custo de produção pg. 50
Seguir a mesma
proporção encontrada
na relação renda
do leite/renda da
atividade.
Feito como de
todos os demais
custos de uso em
comum.
É necessário
fazer o rateio
proporcional do COE
no que compete
exclusivamente
à atividade
olerícola.
Assim, a análise realizada diz que a atividade necessita do composto para
que seja iniciada a produção de alface, por exemplo, porém ao término de
uma safra esse composto é totalmente desnecessário para a produção dessa
mesma alface.
Portanto, o item “aquisição de resíduos orgânicos” é um custo totalmente
referente à produção de composto, e não com a qual a atividade olerícola deva
arcar sozinha. Da mesma forma que, para produzir composto para venda, não
é necessário que esta atividade seja onerada com insumos, como fertilizante
químico, produtos fitossanitários ou sementes.
A fórmula
A aplicação de uma fórmula matemática específica nos permite descobrir o COE
da produção de alface de forma bem detalhada, diferentemente de outras
metodologias que não trabalham com centro de custos, nas quais o custo é
total e a atividade olerícola tem de arcar com todas as despesas.
Módulo 3
Cálculo de custo de produção pg. 51
1º - removem-se os
elementos que não
são de uso comum
para ambas as
atividades (fertilizantes
químicos, produtos
fitossanitários,
sementes e resíduos
orgânicos), pois os
três primeiros são
exclusivos da alface, e
o último, da venda de
composto.
2º - todo o resto
de despesas
comuns é rateado
proporcionalmente de
acordo com a relação
entre a renda da
atividade e a renda
total.
3º e último - serão
integralmente somados
os valores que
pertencem à produção
da alface, pois o que
se pretende descobrir
é apenas o COE da
alface.
Assim, tem-se a seguinte fórmula para basear esses custos:
COEAL = [(COE AT - FQ - PF - SEMENT – RO) x RL] + FQ + PF + SEMENT
COEAL da alface custo operacional efetivo da alface
COE da atividade COEAT custo operacional efetivo da atividade de
olericultura
FQ fertilizante químico
PF produtos fitossanitários (recomendados para a
cultura da alface)
SEMENT sementes
RO resíduos orgânicos
RL renda da alface/
renda da atividade de
olericultura
proporção da renda bruta da alface sobre a
renda bruta da atividade olerícola
EZ2496
Retângulo
Módulo 3
Cálculo de custo de produção pg. 52
Outras cadeias
Em cadeias da produção vegetal, geralmente o raciocínio é menos complexo.
Nas cadeias produtivas de cereais e na própria olericultura, encontra-se a
semelhança de que todas as plantas pertencem ao COE, uma vez que são
tratadas como insumos (compra de mudas ou sementes).
São considerados assim, pois se faz necessária sua aquisição sempre que um
ciclo se encerra e para que se possa iniciar o subsequente.
Este ciclo é calculado
pelo tempo em que
cada etapa leva para
ser realizada, desde
a semeadura até a
colheita.
Os ciclos produtivos
das culturas podem ser
repetitivos com uma certa
regularidade dependendo
da espécie vegetal
cultivada.
A colheita é a última
etapa de um ciclo
produtivo e após se
inicia um novo ciclo de
produção com uma nova
semeadura.
Um ciclo de produção
é um processo que um
determinado produto
passa para ser produzido.
Módulo 3
Cálculo de custo de produção pg. 53
Tome nota
As plantas serão ao mesmo tempo itens que necessitam ser
adquiridos no início da produção, como também o próprio
produto a ser comercializado. Como geram desembolso
direto e se encerram ao final do ciclo produtivo, compõem
o COE.
O critério é válido mesmo para aquelas plantas que
apresentam ciclos com duração maior que um ano, como
a compra de mudas de abacaxi, uma vez que o termo
“ciclo” não é restrito ao tempo fixo de um ano, mas sim
ao período para o desenvolvimento da plantação.
A metodologia de ATeG considera sempre o centro de custos, ou seja, a
separação total dos itens para cada segmento da produção.
No caso de a propriedade
ter mais de uma
atividade, será sempre
como se o produtor
estivesse vendendo o
insumo para ele mesmo
pelo preço de mercado.
Isso se chama “custo
de oportunidade”, que
representa o que o
produtor receberia casodecidisse vender seu
produto no mercado, ao
invés usá-lo em outra
atividade na propriedade.
Esse conceito serve
para o administrador
avaliar qual decisão
será financeiramente
mais vantajosa para
sua empresa.
Já o trator e a mão de obra utilizados para a obtenção desses insumos continuarão
alocados em outro centro de custo, sempre rateando proporcionalmente os
custos que eventualmente sejam de uso comum a ambas as atividades.
EZ2496
Retângulo
EZ2496
Realce
Módulo 3
Cálculo de custo de produção pg. 54
Fruticultura e floresta
Nos cultivos de árvores frutíferas —
incluindo o café — e também nas
florestas plantadas, as metodologias de
custo de produção tratam de maneiras
diferenciadas para cada um desses dois
segmentos, comparativamente às demais
cadeias produtivas atendidas pela ATeG.
Todos os gastos decorrentes da
implantação desses cultivos, que
nitidamente poderiam ser classificados
como COE (como operações de
pulverização, defensivos agrícolas,
fertilizantes de cobertura e foliares,
sementes, mudas etc.) por causa das
suas características, serão considerados
investimento.
Essa classificação é necessária para que a avaliação econômica da atividade
não se mostre com consecutivos prejuízos ano após ano, uma vez que a renda
esperada apenas começará a compor o fluxo de caixa dessa propriedade anos
após a sua implantação.
Tome nota
Em caso de plantas frutíferas que iniciam sua produção
já no primeiro ano de sua implantação, como é o caso da
banana, os investimentos realizados são contabilizados
no COE normalmente como quaisquer outras despesas
diretas, ao contrário das demais plantas de produção
tardia, pois sua produção já foi iniciada no primeiro
período de análise e é considerada investimento.
Módulo 3
Cálculo de custo de produção pg. 55
No caso de florestas plantadas, todas as despesas
diretas precisam ser adquiridas a cada ciclo produtivo
com mais de um ano de duração, uma vez que,
dependendo da espécie cultivada, o gestor é quem
decidirá se aproveitará a rebrota ou não.
Portanto, são insumos que passam de um ano para
outro, mas, ao final do ciclo, a própria planta é o
produto a ser comercializado. Já na produção de
frutas, a árvore produtora não será extraída do solo,
e o seu produto final é o fruto, e não a própria árvore.
Resumindo o tópico
Neste quarto tópico, você:
Compreendeu a
importância de
calcular o custo
operacional total.
Aprofundou seus
conhecimentos sobre
a fórmula do COT,
conhecendo os elementos
que a compõem.
Conheceu a
forma correta de
se aproximar do
custo real.
Entendeu a diferença
desse custo de
acordo com a
cadeia produtiva ou
atividade praticada.
Módulo 3
Cálculo de custo de produção pg. 56
Tópico 5: Aplicação dos conceitos
Consegue prever como aplicar tudo o que foi visto
na prática?
Neste tópico você verá na prática os conceitos aprendidos sobre
os indicadores de custos e a forma como podem ser calculados.
Para começar, pense no custo operacional efetivo (COE). Nele, são contabilizadas
apenas as despesas de custeio que envolvem desembolsos inerentes à
atividade.
Ele está relacionado aos desembolsos do produtor, como:
• mão de obra contratada;
• concentrados;
• fertilizantes;
• sementes;
• medicamentos;
• sais minerais;
• reparos de benfeitorias;
• consertos de máquinas;
• impostos e taxas;
• energia elétrica;
• combustível e outros dessa natureza.
EZ2496
Realce
EZ2496
Realce
EZ2496
Realce
Módulo 3
Cálculo de custo de produção pg. 57
No estudo de caso, será analisada a atividade de horticultura. da
Fazenda Santa Felicidade.
Veja a seguir a planilha de despesas apresentada pelo Sr. Ariovaldo!
Despesas de custeio Valor anual
Mão de obra temporária (diarista) R$ 3.300,00
Técnico Agrícola (assessoria) R$ 2.400,00
Sementes R$ 11.700,00
Fertilizantes químicos R$ 6.000,00
Adubos orgânicos R$ 1.170,00
Substrato R$ 7.800,00
Gastos com alimentação da família R$ 11.543,00
Fungicida R$ 720,00
Inseticida R$ 960,00
Despesas com vestuário da família R$ 500,00
Energia R$ 1.600,00
Combustível R$ 2.280,00
Material escolar para filhos R$ 1.000,00
Aquisição de resíduos orgânicos R$ 2.000,00
Embalagens R$ 1.800,00
Impostos sobre vendas (% vendas) R$ 2.401,20
Aquisição de um sistema de irrigação R$ 6.000,00
INSS + impostos + contribuição sindical R$ 4.350,00
Reparos de benfeitorias R$ 5.000,00
Reparos de máquinas e equipamentos R$ 3.500,00
Outros gastos de custeio R$ 2.000,00
Total R$ 78.024,20
Despesa da família
Despesa da família
Despesa da família
investimento
EZ2496
Realce
EZ2496
Realce
EZ2496
Realce
EZ2496
Realce
Módulo 3
Cálculo de custo de produção pg. 58
A aquisição de um sistema de irrigação, que nada mais é que um conjunto de
equipamentos destinados a realizar a irrigação mecanizada da área cultivada,
é comum na produção de olerícolas.
Essa aquisição é tratada como um investimento e, portanto, não é um item a
ser incluído na somatória do COE, assim como as despesas com o vestuário
da família, os gastos com alimentação familiar e o material escolar dos filhos.
Separando os gastos da família para definir o custo operacional efetivo da
atividade, basta somar as despesas de custeio. Observe a diferença das tabelas
a seguir!
Despesas de custeio Despesas da família
Despesas de custeio Valor anual
Mão de obra temporária (diarista) R$ 3.300,00
Técnico Agrícola (assessoria) R$ 2.400,00
Sementes R$ 11.700,00
Fertilizantes químicos R$ 6.000,00
Adubos orgânicos R$ 1.170,00
Substrato R$ 7.800,00
Fungicida R$ 720,00
Inseticida R$ 960,00
Energia R$ 1.600,00
Combustível R$ 2.280,00
Aquisição de resíduos orgânicos para compostagem R$ 2.000,00
Embalagens R$ 1.800,00
Impostos sobre vendas (% vendas) R$ 2.401,20
INSS + impostos + contribuição sindical R$ 4.350,00
Reparos de benfeitorias R$ 5.000,00
Reparos de máquinas e equipamentos R$ 3.500,00
Outros gastos de custeio R$ 2.000,00
Custo operacional efetivo da atividade (COE) R$ 58.981,20
EZ2496
Realce
EZ2496
Realce
EZ2496
Realce
Módulo 3
Cálculo de custo de produção pg. 59
Despesas da família Valor anual
Gastos com alimentação da família R$ 11.543,00
Despesas com vestuário da família R$ 500,00
Material escolar para filhos R$ 1.000,00
Total R$ 13.043,00
Apenas os gastos com atividades inerentes à atividade serão utilizados para
uma avaliação econômica.
COE de um produto da atividade
O COE permite ao administrador avaliar, em separado, cada um dos produtos
de uma atividade e, com isso, tomar as decisões adequadas na gestão de cada
produto ou subproduto.
Nas atividades agropecuárias, alguns
itens de custo são difíceis de ratear
para cada produto da atividade.
Por exemplo: quanto do combustível
utilizado na atividade foi para o
transporte da alface e quanto foi para o
transporte do composto?
Ao mesmo tempo, alguns itens de
custos são específicos de um produto.
Por exemplo: para produzir composto,
não é necessário usar produtos
fitossanitários.
Por exemplo: quanto do combustível
utilizado na atividade foi para o
transporte da alface e quanto foi para o
transporte do composto?
Por exemplo: para produzir
composto, não é necessário produtos
fitossanitários.
Com essas informações, veja como vamos calcular o COE da produção de
alface na Fazenda Santa Felicidade.
EZ2496
Realce
EZ2496
Realce
Módulo 3
Cálculo de custo de produção pg. 60
• Produtos fitossanitários:
» fungicida;
» inseticida;
» acaricida;
» outros itens vinculados a produtos fitossanitários.
• Reparos de benfeitorias (estufas)
• Fertilizantes químicos
Itens que são COE apenas da alface
O primeiro passo é definir quais itens não serão rateados.
● Aquisição de resíduos orgânicos para compostagem
Os demais itens são rateados em proporção da renda obtida pelo produto do
qual se deseja separar o custo, ou seja, assume-se que o custo do produto
dividido pelo custo da atividade é igual à renda do produto dividida pela renda
da atividade.Itens que não participam do COE da alface
Dessa forma, deve ser considerada a correspondência a seguir:
COE da atividade Renda da atividade
COE da alface Renda da alface
COEAL RAL
COETA RA
=
Módulo 3
Cálculo de custo de produção pg. 61
Logo, para se definir o COE da alface, parte-se do princípio de que:
COEAT RL RACOEL
Para corrigir essa conta, é necessário subtrair do COE da atividade aqueles
itens que não são proporcionais e adicionar ao final apenas os que são
100% da alface.
Considere os valores a seguir!
• Produtos fitossanitários (fungicida + inseticida) = PF = R$ 1.680,00
• Fertilizantes químicos = FQ = R$ 6.000,00
• Reparos de benfeitoria (estufa) = RB = R$ 5.000,00
• Aquisição de resíduos orgânicos para compostagem = RO = R$ 2.000,00
• Renda da alface: R$ 265.565,38
• Renda da atividade: R$ 281.565,38
• COE da atividade: R$ 58.981,20 (COEAT
Assim, você tem o seguinte cálculo.
94,31%=
RENDA DA ALFACE
RENDA DA ATIVIDADE
R$ 265.565,38
R$ 285.565,38
COEAL = {(COEAT - PF - FQ - RB - RO x ) } + PF + FQ +RB
RAL
RA
COEAL = {( R$ 58.981,20 – R$ 1.680,00 – R$ 6.000,00 – R$ 5.000,00 – R$ 2.000,00 x)
94,31% } + R$ 1.680,00 + R$ 6.000,00 + R$ 5.000,00
COEAL = R$ 54.460,46
Highlight
Highlight
Módulo 3
Cálculo de custo de produção pg. 62
Com base nos resultados, é possível observar como é grande a diferença
encontrada (R$ 4.520,74) entre o COE total da atividade e o COE específico
da alface.
Viu como não é justo que uma atividade arque sozinha com as despesas
de outras? Esse erro pode comprometer a análise de viabilidade da
atividade
O mesmo raciocínio pode ser adotado em qualquer atividade. Por exemplo:
a embalagem específica da alface é custo só da produção de alface, que logo
não deve ser rateado com a produção de composto.
COEAL por unidade
Agora, veja como encontrar o indicador COEAL/unidade da Fazenda Santa
Felicidade.
Para isso, basta dividir o COEAL pela produção obtida nos últimos 12 meses.
Acompanhe!
• COE da alface (COEAL) = R$ 54.460,46
• Produção = 360.365 unidades
O cálculo fica dessa forma:
COEAL/unidade = = R$0,15
R$ 54.460,46
360.365 unidades
Assim, para a produção total de alface, foi despendido R$ 0,15 para cada
unidade de alface.
COEAL por preço médio
A renda representa a receita obtida com a venda de alface ao longo do período
analisado. Sabendo que a atividade de olericultura:
Módulo 3
Cálculo de custo de produção pg. 63
quando executada de
forma racional é
ininterrupta,
e que ao longo do ano, devido a
diferentes fatores mercadológicos
(disponibilidade do produto,
demanda, região analisada, época
do ano etc.), os preços sofrem
diversas alterações,
é necessário investigar qual é o
valor médio recebido ao longo do
período analisado, que será
chamado de preço médio.
Esse indicador é encontrado dividindo o valor total obtido com a venda de alface
(exclusivamente) pelo volume total produzido durante o período compreendido
pela análise, independentemente de quantas alterações o preço tenha sofrido.
Acompanhe os números da Fazenda Santa Felicidade!
Preço médio = Renda da alface = R$ 0,73/unidade
R$ 265.565,38
R$ 360.365 unidades
Assim, pode-se dizer que o Sr. Ariovaldo, ao longo do período analisado,
recebeu em média o valor de R$ 0,73 por cada uma das 360.365 unidades
de alface que comercializou. Note que o destacado é o valor e as quantidades
comercializadas, não o produzido. A outra parte pode ter sido destinada para
consumo interno da propriedade.
Tendo o COE da alface por unidade, é interessante descobrir, também,
quanto representa o COE em relação à renda (pode-se assumir que a renda
bruta unitária seja igual ao preço unitário) obtida na comercialização.
COEL/PREÇO MÉDIO = = 20,54%
0,15
R$ 0,73
De acordo com o resultado obtido, sabe-se que 20,54% do que o produtor recebe
(R$ 0,73) já estão comprometidos com o pagamento do COE (R$ 0,15/unidade).
Módulo 3
Cálculo de custo de produção pg. 64
Depreciações
Conforme visto, a depreciação consiste em uma reserva monetária contábil,
anual, para a substituição de um bem ao final de sua vida útil.
Ela é calculada de forma linear, dividindo o valor do novo pela vida útil, conforme
a fórmula a seguir:
DEPRECIAÇÃO =
VALOR DE NOVO - VALOR DE SUCATA
VIDA ÚTIL
Vale relembrar que o valor de sucata recomendado pela metodologia de ATeG
é igual a R$ 0,00. Isso visa minimizar subjetividades.
Ao final da vida útil do bem, ele é considerado sucata, logo não serão mais
contabilizadas depreciações, mesmo que ele ainda possua utilidade.
Agora, você vai rever os inventários da Fazenda Santa Felicidade apresentados
no Módulo 2, mas agora compreendendo ainda mais os conceitos.
Inventário de benfeitorias
Item Quant.
Utilização na
atividade de
horticultura
Valor unitário
novo (R$)
Valor total
(R$)
Vida útil
(anos) Idade
Galpão de 96 m² de
madeira (depósito) 1 100% 30.000,00 30.000,00 20 10
Galpão de 80 m² de
madeira (máquinas) 1 80% 20.000,00 16.000,00 20 23
Banheiros 1 100% 1.000,00 1.000,00 20 5
Estufa de
40 m x 50 m 4 100% 15.000,00 60.000,00 15 5
Estufa de produção
de mudas
10 m x 20 m
1 100% 1.500,00 1.500,00 15 16
Poço artesiano 1 80% 7.000,00 5.600,00 20 22
Unidade de lavagem
de hortaliças 1 100% 1.800,00 1.800,00 20 5
Unidade de
produção de
compostagem
1 50% 1.000,00 500,00 20 5
TOTAL 116.400,00
Módulo 3
Cálculo de custo de produção pg. 65
Inventário de máquinas e equipamentos
Item Quantidade
Utilização na
produção de
alface
Valor
unitário
novo (R$)
Valor total
(R$)
Vida útil
(anos)
Idade
(anos)
Caminhão-baú
– câmara fria 1 100% 80.000,00 80.000,00 15 5
Pulverizador
costal 3 100% 100,00 300,00 10 5
Carrinho de
mão 3 100% 200,00 600,00 5 1
Ferramentas
diversas 1 80% 2.300,00 1.840,00 10 12
Sistema de
irrigação 1 100% 10.000,00 10.000,00 15 16
Trator 65 CV 1 80% 50.000,00 40.000,00 15 16
Enxada
rotativa
encanteiradora
1 100% 1.000,00 1.000,00 15 5
Semeadora
de hortaliças
manual
1 100% 400,00 400,00 15 5
Computador
com
impressora
1 80% 2.500,00 2.000,00 5 7
Equipamento
para lavagem
de hortaliças
1 100% 1.200,00 1.200,00 5 2
Bebedouro tipo
gelágua 1 100% 300,00 300,00 5 2
TOTAL 137.640,00
Inventário de móveis, utensílios e outros bens
Item Quantidade
Utilização na
produção de
alface
Valor
unitário
novo (R$)
Valor total
(R$)
Vida
útil
(anos)
Idade
(anos)
Mesa de
escritório 1 100% 250,00 250,00 10 5
Armário com
fichário 1 80% 350,00 280,00 10 12
Mesa para
computador e
impressora
1 100% 200,00 200,00 10 11
Bandeja para
produção de
mudas (com
200 células)
500 100% 9,00 4.500,00 5 2
Equipamento
de proteção
individual (EPI)
1 100% 80,00 80,00 5 2
Caixas de PVC 300 100% 20,00 6.000,00 5 2
TOTAL 11.310,00
Módulo 3
Cálculo de custo de produção pg. 66
Tome nota
Em relação à aplicação de defensivos agrícolas, perante
a Instrução Normativa nº 46, de 24 de julho de 2002,
a recomendação técnica de mistura em tanque de
agrotóxicos é proibida. Isso explica a utilização de
três pulverizadores costais (aplicação de herbicida,
inseticida e fungicida), e somente será necessário um
equipamento de proteção individual (EPI) pelo fato
de utilizar um pulverizador costal para cada classe de
produtos aplicados.
O que acha de fazer uma busca rápida? Identifique nas tabelas anteriores os
itens que possuem idade superior à vida útil.
Saiba Mais
Como foi a sua busca? Observe a lista e veja se bate com
os itens que você identificou!
Inventário de benfeitorias
• Galpão de 80 m² de madeira (máquinas)
• Estufa de produção de mudas 10 m x 20 m
• Poço artesiano
Inventário de máquinas e equipamentos
• Ferramentas diversas
• Sistema de irrigação
• Trator 65 CV
• Computador com impressora
Inventário de utensílios e outros bens
• Armário com fichário
• Mesa para computador e impressora
Mesmo que bens tenham funcionalidade devido às manutenções realizadas,
ao final da vida útil eles são considerados sucata, ou seja,sua vida útil é igual
a zero. Matematicamente, a depreciação passa a não existir, pois o resultado
matemático de qualquer valor atribuído ao bem dividido por zero é zero.
Módulo 3
Cálculo de custo de produção pg. 67
Quanto às benfeitorias, é difícil atribuir um valor comercial, logo, para
efeito de cálculos, deve-se utilizar o valor de novo para calcular a
depreciação.
Depreciação do galpão de 96 m² de madeira (depósito) = 30.000,00 ÷ 0 = 0
Calculando a depreciação
Observe os valores de depreciação de acordo com os inventários da Fazenda
Santa Felicidade e entenda o cálculo de alguns itens!
Inventário de benfeitorias
Item Quantidade
Utilização
na
produção
de alface
Valor
unitário
novo (R$)
Valor total
(R$)
Vida útil
(anos)
Idade
(anos)
Depreciação
(R$)
Galpão de 96
m² de madeira
(depósito)
1 100% 30.000,00 30.000,00 20 10 1.500,00
Galpão de 80
m² de madeira
(máquinas)*
1 80% 20.000,00 16.000,00 20 23 Não existe
Banheiros 1 100% 1.000,00 1.000,00 20 5 50,00
Estufa de 40 m x
50 m 4 100% 15.000,00 60.000,00 15 5 4.000,00
Estufa de
produção de
mudas 10 m x
20 m
1 100% 1.500,00 1.500,00 15 16 Não existe
Poço artesiano 1 80% 7.000,00 5.600,00 20 22 Não existe
Unidade de
lavagem de
hortaliças
1 100% 1.800,00 1.800,00 20 5 90,00
Unidade de
produção de
compostagem
1 50% 1.000,00 500,00 20 5 25,00
TOTAL 116.400,00 5.665,00
Cálculo usado para chegarmos a esse resultado:
Galpão de 96 m² de madeira (depósito) = (R$ 30.000,00 - 0) ÷ 20 = R$ 1.500,00
Módulo 3
Cálculo de custo de produção pg. 68
Inventário de máquinas e equipamentos
Item Quantidade
Utilização
na
produção
de alface
Valor
unitário
novo
(R$)
Valor total
(R$)
Vida
útil
(anos)
Idade
(anos)
Depreciação
(R$)
Caminhão-baú
– câmara fria 1 100% 80.000,00 80.000,00 15 5 5.333,33
Pulverizador
costal 3 100% 100,00 300,00 10 5 30,00
Carrinho de
mão 3 100% 200,00 600,00 5 1 120,00
Ferramentas
diversas 1 80% 2.300,00 1.840,00 10 12 Não existe
Sistema de
irrigação 1 100% 10.000,00 10.000,00 15 16 Não existe
Trator 65 CV 1 80% 50.000,00 40.000,00 15 16 Não existe
Enxada
rotativa
encanteiradora
1 100% 1.000,00 1.000,00 15 5 66,66
Semeadora
de hortaliças
manual
1 100% 400,00 400,00 15 5 26,66
Computador
com
impressora
1 80% 2.500,00 2.000,00 5 7 Não existe
Equipamento
para lavagem
de hortaliças*
1 100% 1.200,00 1.200,00 5 2 240,00
Bebedouro tipo
gelágua 1 100% 300,00 300,00 5 2 60,00
TOTAL 137.640,00 5.876,65
Cálculo usado para chegarmos a esse resultado:
Equipamento para lavagem de hortaliças = (R$ 1.200,00 - 0) ÷ 5 = R$ 240,00
Módulo 3
Cálculo de custo de produção pg. 69
Inventário de móveis, utensílios e outros bens
Item Quantidade
Utilização
na
produção
de alface
Valor
unitário
novo (R$)
Valor total
(R$)
Vida
útil
(anos)
Idade
(anos)
Depreciação
(R$)
Mesa de
escritório 1 100% 250,00 250,00 10 5 25,00
Armário com
fichário 1 80% 350,00 280,00 10 12 Não existe
Mesa para
computador e
impressora
1 100% 200,00 200,00 10 11 Não existe
Bandeja para
produção de
mudas (com
200 células)
500 100% 9,00 4.500,00 5 2 900,00
Equipamento
de proteção
individual
(EPI)
1 100% 80,00 80,00 5 2 16,00
Caixas de
PVC* 300 100% 20,00 6.000,00 5 2 1.200,00
TOTAL 11.310,00 2.141,00
Cálculo usado para chegarmos a esse resultado:
Caixas de PVC = (R$ 6.900,00 - 0) ÷ 5 = R$ 1.200,00
Total das depreciações
Depois de aplicar a fórmula com os dados fornecidos na planilha, confira o
resultado da somatória do total das depreciações.
Inventário Total de depreciações
Benfeitorias R$ 5.665,00
Máquinas R$ 5.876,65
Móveis e utensílios R$ 2.141,00
Total R$ 13.682,65
Custo da mão de obra familiar
O custo da mão de obra familiar representa o quanto o empresário rural
deveria pagar no mercado em que ele atua para substituir o trabalho realizado
por ele e sua família. Vale lembrar de que isso não tem nada a ver com os
gastos pessoais do produtor – é simplesmente o valor de mercado das tarefas
realizadas pela família.
Módulo 3
Cálculo de custo de produção pg. 70
Entenda melhor, acompanhando como funciona esse aspecto na Fazenda Santa
Felicidade
O Sr. Ariovaldo tem um
funcionário chamado
Roberto. Ele é contratado
com carteira assinada e os
dois trabalham juntos, de
forma que seus desempenhos
são muito semelhantes.
Desconsiderando encargos
sociais, férias e
13º salário, Roberto recebe
R$ 1.100,00/mês.
Porém, além dessas atividades, o Sr. Ariovaldo também realiza a administração
de sua empresa e negocia ativamente com seus fornecedores e clientes.
Portanto, um valor justo para a remuneração dessa mão de obra familiar (ou
pró-labore do administrador) foi avaliado em R$ 1.600,00 por mês.
Logo, o custo da mão de obra* familiar é:
12 meses R$
19.200,00
R$
1.600,00/
mês
Na verdade, esse é um custo anual que não vai se distanciar muito do valor real do custo de
um funcionário contratado com carteira assinada, quando se consideram todas as obrigações
patronais (pagamento de encargos, férias e 13o salário).
Módulo 3
Cálculo de custo de produção pg. 71
Custo operacional total da atividade (COTA)
Conforme visto, o custo operacional total da atividade é obtido pela adição da
depreciação e do custo da mão de obra familiar ao COE.
• Total de depreciações = R$ 13.682,65
• Custo da mão de obra familiar (MOF) = R$ 19.200,00
• COEAT = R$ 58.981,20
COEAT Depreciações MOFCOTAT
COTAT = R$ 58.981,20 + R$ 13.682,65 + R$ 19.200,00
COTAT = R$ 91.863,85
Resumindo o tópico
Neste quinto tópico, você:
Aprofundou seus
conhecimentos sobre
o tema, através de
exemplos práticos.
Analisou
informações e
dados relevantes
de uma
propriedade rural.
Compreendeu a
importncia dessas
análises para um
gerenciamento
eficiente.
Módulo 3
Cálculo de custo de produção pg. 72
Encerramento do tema
Você chegou ao final deste primeiro tema e, durante os estudos, pode conhecer
o conceito e o comportamento de um dos principais custos de produção da
metodologia de ATeG, os custos variáveis. Você pôde compreender:
Como diferenciar
elementos de custo
fixo de uma despesa
de valor fixo, como
arrendamentos,
aluguéis, mão de
obra contratada e
energia elétrica.
A forma de decompor
os custos fixos, a
depreciação e a
contabilização dos
valores de mão de
obra familiar.
A importância de
realizar uma análise
profunda dos custos,
ou seja, ter uma
anotação detalhada
das despesas como
uma ferramenta
de controle dos
processos produtivos
e administrativos.
Esta primeira etapa de preparação para um trabalho de excelência no campo
foi intensa e fundamental. São conceitos de gerenciamento essenciais para que
você cumpra o atendimento de assistência técnica e gerencial de qualidade.
Para finalizar, o que acha de retornar ao seu Ambiente
de Estudos, assistir ao vídeo e seguir acompanhando
Marcelo e o seu trabalho na Fazenda Santa Felicidade?
Módulo 3
Cálculo de custo de produção pg. 73
Atividade de Passagem
Chegou a hora de colocar em prática o que aprendeu!
Você deve responder uma questão relacionada ao conteúdo
estudado até aqui para passar para o próximo tema, ok?
Atenção! Se você estiver com alguma dúvida quanto ao
assunto, retorne ao conteúdo do módulo ou, se preferir, entre
em contato com o tutor no seu Ambiente de Estudos.
Questão
Leia os itens a seguir e relacione cada um deles com os seguintes elementos:
• (COE) custo operacional efetivo;
• (COT) custo operacional total;
• (d) depreciação;
• (MOF) mão de obra familiar.
( ) Despesas diretas
( ) Reserva contábil
( ) Exige desembolso de capital
( ) Ocorrendo retiradas na forma de
“salário fixo”, deixa de ser um custo fixo,
tornando-se COE
( ) Serve como parâmetro de análise
de viabilidade da empresa no curto e
médio prazos
Assinale a alternativa que contém a ordem correta:
1. COE / d / COE / COT / MOF
2. COE / COE / d / COT / MOF
3. COE / d / COT / MOF / COE
4. COE / d / COT / COE / MOF
5. COE / d / COE/ MOF / COT
Módulo 3
Cálculo de custo de produção pg. 74
Tema 2: Cálculo do custo de
produção II
Introdução
Você está iniciando o segundo tema do módulo. O objetivo é que você se
aprofunde nos custos fixos, entendendo a sua importância no planejamento
das atividades agropecuárias, compreenda que os custos totais oferecem
condições de analisar com maior precisão a real situação econômica da
propriedade, direcionando uma tomada de decisões mais assertivas. Além de
iniciar a compreensão do conceito de viabilidade financeira do negócio.
Ao final deste tema, você será capaz de:
• analisar de forma completa o panorama de custos de uma empresa,
• compreender que poucos são os negócios verdadeiramente inviáveis, mas que
são muitos os negócios mal dimensionados para o mercado em que atuam e
para a infraestrutura que possuem.
Módulo 3
Cálculo de custo de produção pg. 75
Estrutura do tema
PPara que todo esse conteúdo fique mais claro e de fácil entendimento, o tema
foi dividido em tópicos. Conheça, a seguir, o objetivo de cada um deles.
Tema 2
Tópico 1
Tópico 2Tópico 5
Tópico 4 Tópico 3
Custos fixos
Entender o dimensionamento total do custo fixo, assim como diversas análises
que podem ser feitas a partir da sua identificação.
Custo total
Conhecer a determinação do
custo total de uma produção
agrícola, respeitando as
peculiaridades de cada cadeia
produtiva quando houver.
Aplicação dos conceitos
Saberá aplicar os conceitos
estudados de forma
detalhada.
Margem líquida
Compreender o conceito de margem
líquida, saber como calcular, interpretar
os resultados e tomar decisões com base
nela, que é fundamental para checar se o
negócio tem capacidade de se manter no
longo prazo e para verificar a coerência
entre a estrutura de custos do negócio e
sua escala de produção.
Margem bruta
Conhecer a margem bruta e
aprender a calcular, interpretar
os resultados e tomar decisões,
além de analisar a viabilidade de
um negócio.
Agora que você já viu o objetivo de cada tópico, siga em frente neste tema e
ótimos estudos!
Módulo 3
Cálculo de custo de produção pg. 76
Tópico 1: Custos fixos
O que você entende como custo fixo?
Durante este tópico você verá como é a formação dos custos
fixos, além de algumas análises que são possíveis a partir da sua
identificação.
A depreciação e a mão de obra familiar já foram estudadas no tema 1, agora
você vai se aprofundar no terceiro componente – o custo de oportunidade do
capital.
A clássica divisão dos custos em variáveis e fixos muitas vezes é arbitrária e
difícil de ser operacionalizada, já que um fator de produção pode ser classificado
como fixo ou variável, dependendo do tempo considerado. O mesmo fator pode
ser fixo no curto prazo e variável no longo prazo.
Em razão dessas dificuldades, existem outros critérios para a
classificação dos custos que se ajustam melhor às necessidades
do empresário rural, como despesas diretas e indiretas e custos
operacionais
Módulo 3
Cálculo de custo de produção pg. 77
Na metodologia de Assistência Técnica e Gerencial, custos fixos são:
Aqueles que não resultam em
despesas diretas, ou seja, não
ocorre um desembolso físico de
capital para sua remuneração.
Eles tendem a permanecer
inalterados em curto e médio
prazos (desde que forem
mantidas as mesmas estruturas
produtivas), porque seu valor
independe do volume produzido
e jamais será igual a zero.
• Mão de obra familiar
• Depreciação
• Custo de oportunidade do capital empatado
Entenda a fórmula:
CF = MOF + d + CO
DepreciaçãoCusto fixo
Custo de oportunidadeMão de obra
Observe que a fórmula do CF (custo fixo) engloba todos os elementos de
custos, exceto os variáveis (COE). É possível afirmar também que a somatória
de ambos os elementos resulta no CT (custo total).
Para ficar mais claro, acompanhe o exemplo a seguir.
Módulo 3
Cálculo de custo de produção pg. 78
Na prática
Uma propriedade tem um galpão de máquinas no valor de
R$ 36.000,00 com vida útil de 30 anos.
Agora, é preciso calcular o custo fixo dele.
1º Passo: Calcular a depreciação
2º Passo: Calcular o custo de oportunidade
3º Passo: Calcular o custo fixo
VN – S
VU
d =
36.000,00 – 0
30
d = R$ 1.200,00d =
CO = 1.080,00/ano
VN – S
2
CO = X i
CO = MOF + d + CO CF = 0 + R$ 1.200,00 + R$ 1.080,00
CF = R$ 2.280,00
CO = X 6%
36.000,00 – 0
2
Módulo 3
Cálculo de custo de produção pg. 79
Note que no exemplo, a mão de obra familiar foi considerada igual a zero,
pois estamos avaliando o custo fixo de um bem, então não podemos envolver
esse item.
Os elementos na análise de uma propriedade
A mão de obra familiar, a depreciação e o custo de oportunidade do capital
empatado são custos que não geram desembolsos diretos ao produtor rural.
A realidade do campo
Ao analisar uma propriedade, você deverá prestar
atenção nesses três elementos de custos, pois eles
podem demonstrar qual é a capacidade produtiva
da empresa rural.
Ao mesmo tempo, eles limitam a capacidade
produtiva pela falta, podendo inviabilizar a atividade
quando a estrutura for muito pesada.
Outra observação importante é que deve se realizar o inventário somente
de bens que compõem a atividade e considerando seu uso efetivo na
atividade rural.
Acompanhe um exemplo!
Módulo 3
Cálculo de custo de produção pg. 80
Na prática
Na olericultura, não deve ser
alocado um curral de ordenha
para essa atividade, mesmo que a
propriedade desenvolva ambas.
Quando uma infraestrutura é
compartilhada entre duas ou mais
atividades, seu custo deverá ser
rateado proporcionalmente.
Se um mesmo galpão é utilizado
para guardar rações do gado
leiteiro e também fertilizantes,
a atividade que for mais
representativa em uso deverá
arcar com uma maior porcentagem
dos custos fixos desse local.
Outra situação a se observar é o inventário das terras. Quando a propriedade
trabalha exclusivamente com uma atividade, toda a área deverá ser lançada
como sendo dessa atividade. Porém, quando é desenvolvida mais do que uma
atividade, devemos considerar para a área da atividade o espaço que ela utiliza
diretamente e fazer o rateio das áreas consideradas de uso comum, como
pátios, estradas, aplicativos, reservas etc.
Módulo 3
Cálculo de custo de produção pg. 81
Uma propriedade com valores
de depreciação e custo de
oportunidade muito elevados
mostra que possui uma vasta
infraestrutura (benfeitorias,
máquinas, equipamentos
e ferramentas). Ou seja,
que existe uma grande
capacidade produtiva
instalada.
De outra maneira, quando
encontramos propriedades
com esses mesmos custos
muito baixos, podemos
supor que têm pouca
capacidade produtiva, ou
que estão operando abaixo
da capacidade.
Em ambos os cenários, a empresa poderá operar em situação de ociosidade,
normalidade ou até mesmo abaixo da necessidade. Tudo isso só será possível
analisar quando avaliarmos o negócio como um todo, com a obtenção de mais
dados, conforme veremos a seguir.
Mão de obra familiar
Resumindo...
Resumindo...
É contabilizada no custo fixo porque geralmente não existe um
pagamento efetivo ‒ o produtor não paga a si mesmo.
Configura-se como um custo indireto, não havendo desembolso.
É um custo que sempre existirá, a não ser que se interrompa a atividade
e não haja mais possibilidade de executá-la
Módulo 3
Cálculo de custo de produção pg. 82
Durante todo o ciclo produtivo, o produtor realiza diversas pequenas retiradas
de valores para honrar compromissos pessoais, geralmente não uniformes,
mas de acordo com suas necessidades. Essas retiradas devem sair dos ganhos
da atividade olerícola e não devem ser consideradas como remuneração da
mão de obra familiar.
O valor atribuído à mão de obra familiar deve ter como base os valores
praticados na região. Ou seja, caso o produtor contrate alguém em seu
lugar, quanto pagaria pelo mesmo serviço? O mesmo critério deve ser
utilizado para todos os membros da família envolvidos na atividade.
Dois pontos críticosdevem ser observados, pois são facilmente solucionados
quando se atêm a realidades distintas, mas que podem ocorrer na propriedade.
Conheça!
O produtor não possui mais condições físicas e/ou mentais de realizar
trabalho algum, muitas vezes já recebe os benefícios de aposentado rural.
Nessa situação, por não haver a oportunidade de venda da sua mão de obra,
esse custo não deverá ser computado.
Incapacidade de trabalho do produtor
Quando o administrador ou administradores realizam retiradas sistemáticas
e padronizadas, caracterizando salário. Sendo assim, elas vão compor o
COE (pagamento da administração), e não o custo fixo. Tal situação é mais
comum em grandes propriedades rurais, que podem até mesmo ter vários
proprietários (grupos empresariais).
Retirada sistemática de valores pelo administrador
A mão de obra familiar é tratada como custo fixo também pelo fato de não
responder, de forma imediata, às variações de escala de produção.
Note que não estamos dizendo que a aposentadoria que o produtor recebe
anula a contabilização na mão de obra familiar. Renda pessoal não possui nexo
algum com a renda oriunda da atividade rural. Em muitos casos, o produtor
é aposentado por idade ou tempo de contribuição, mas ainda se encontra em
pleno gozo de suas faculdades físicas e mentais, gerando uma oportunidade
e, portanto, um custo de mão de obra familiar
Módulo 3
Cálculo de custo de produção pg. 83
Depreciação
Resumindo...
Resumindo...
É um custo fixo e consiste em uma reserva monetária
para que a propriedade possa substituir os bens
duráveis no final de sua vida útil, mantendo a
capacidade produtiva da empresa.
Os principais itens geradores desse custo são
equipamentos, máquinas, veículos, forrageiras e
outra culturas não anuais, fertilizantes, sementes.
Na metodologia de ATeG para o cálculo dos custos de produção aplica-
se o método linear, ou seja, o valor da depreciação anual é igual em
todos os anos durante sua vida útil do bem.
Para minimizar a subjetividade, a mesma metodologia considera o valor de
sucata sempre igual a zero. Observe a fórmula:
Sucata
(sempre igual a “0”)
Vida útil
Depreciação
Valor de novo
VN - S
VU
d =
Acompanhe como foi feito o cálculo da depreciação anual de um caminhão-
baú/câmara fria na Fazenda Santa Felicidade!
Módulo 3
Cálculo de custo de produção pg. 84
Fazenda Santa Felicidade
O Técnico de Campo Marcelo sugeriu que o sr. Ariovaldo
analisasse a depreciação do seu caminhão-baú/câmara fria.
Juntos, chegaram a estes dados:
• Valor de novo do caminhão (VN) = R$ 80.000,00
• Vida útil (VU) = 15 anos
• Valor de sucata (S) = 0
Assim, foi calculado:
A depreciação anual do bem é de R$ 5.333,33, valor que o sr. Ariovaldo deve reservar para
a reposição do veículo ao final de sua vida útil.
R$ 80.000,00
15
d = R$ 5.333,33/anod =
Para situações em que há aquisição de máquinas, equipamentos e veículos usados
ainda dentro da vida útil, a metodologia prevê um tratamento diferenciado.
Para calcular a depreciação nesses casos, é utilizado o valor pago pelo bem,
denominado na fórmula como valor de compra (VC). O valor atribuído à sucata
será sempre zero e para a vida útil consideramos o valor residual (VR).
Sucata
(sempre igual a “0”)
Valor residual
Depreciação
Valor de compra
VC - S
VR
d =
Continue acompanhando o Sr. Ariovaldo e a sua história com o caminhão baú.
Módulo 3
Cálculo de custo de produção pg. 85
Fazenda Santa Felicidade
O Técnico Marcelo fez os cálculos supondo que o sr. Ariovaldo
vá comprar de uma propriedade vizinha um caminhão já com
cinco anos de uso.
• Valor de compra (VC) = R$ 57.000,00
• Valor de sucata (S) = R$ 0
• Vida útil residual (VR) = 10 anos
Assim, foi calculado:
Nesse caso, sr. Ariovaldo deverá reservar R$ 5.700,00 por ano para que, ao final da vida
útil do bem, tenha condições de fazer sua reposição.
R$ 57.000,00 – 0
10
d = R$ R$ 5.700,00/anod =
Custo de oportunidade do capital
O custo de oportunidade sobre o capital empatado consiste na remuneração
anual esperada pelo dono do capital por emprestá-lo à atividade. Se
o valor dos bens (investimento do dono do capital em toda a propriedade)
estivesse aplicado na poupança, por exemplo, daria ao capitalista um retorno
de aproximadamente 6% de juros ao ano. É o mínimo que se espera que a
atividade seja capaz de remunerar pela oportunidade de uso do capital.
Como já visto, para calcular o custo de oportunidade do capital investido em
bens dentro do prazo de vida útil, devemos usar a seguinte fórmula:
Módulo 3
Cálculo de custo de produção pg. 86
Taxa de juros
(6% a.a.)Custo de oportunidade
Valor de novo Sucata (sempre igual a “0”)
VN - S
2
CO = X i
O cálculo do custo de oportunidade sobre o capital empatado se apoia no ideal
de capital médio (divisão do valor de novo por 2), enquanto o bem avaliado
ainda está dentro do prazo de vida útil.
A lógica para utilizarmos o capital médio é:
Porque os juros sobre esse
capital ficam estabilizados
(linearmente) ao longo de
toda a vida útil do bem, pois
durante parte do tempo a
avaliação será mais próxima
do valor de novo e, no
restante, se aproximará do
valor totalmente depreciado.
Para minimizar a
subjetividade no momento
do levantamento do valor
dos bens, já que para apurar
o valor de novo existem
parâmetros diferentes ao
estimar o valor atual de um
bem usado.
A avaliação dos itens do inventário deverá ser realizada individualmente, item
a item, e não uma avaliação genérica de todos os itens conjuntamente. O
cálculo é realizado uma única vez, enquanto o item ainda está dentro de seu
prazo de vida útil
Entenda!
Módulo 3
Cálculo de custo de produção pg. 87
Na prática
Agora, veja como calcular o valor do custo de oportunidade
sobre o capital empatado.
• Trator com valor de novo igual a R$ 150.000,00.
• Vida útil dentro do prazo.
Nesse caso, o custo de oportunidade desse trator será de R$ 4.500,00 por ano.
VN - S
2
CO = X i
R$ 15.000,00 - 0
2
CO = X 6%a.a
R$ 4.500,00/anoCO =
A metodologia de ATeG não considera o cálculo de juros sobre o capital empatado
em terras, somente sobre benfeitorias, máquinas, equipamentos, ferramentas,
pastagens, culturas não anuais e rebanho.
Informação extra
Também não é considerado o cálculo de juros sobre o
capital de giro, pois devem ser observadas, em cada caso,
a dimensão e a necessidade desse item. A metodologia
de ATeG atende, sob a mesma ótica, diversas cadeias
produtivas com características individuais diversas,
o que a torna pouco prática para a realização de uma
análise de capital de giro caso a caso.
Módulo 3
Cálculo de custo de produção pg. 88
Custo de oportunidade de bens depreciados
Após o encerramento da vida útil dos bens, a forma de calcular o custo de
oportunidade sobre o capital empatado é alterada. A justificativa é de que não
haverá mais tempo de uso desse bem para estabilizar o cálculo desses juros
no decorrer do período analisado.
Porém, o administrador (produtor rural) ainda detém o bem em sua posse,
portanto, tem oportunidade de capital implícito, mesmo que o item já não
valha mais o que valia no início de sua vida útil.
A metodologia de ATeG prevê particularidades no cálculo do custo
de oportunidade dos bens depreciados, conforme a categoria a que
pertencem: animais, benfeitorias e plantações, máquinas, veículos e
equipamentos.
Particularidades no cálculo do custo de
oportunidade sobre o capital empatado em
máquinas, veículos e equipamentos já depreciados
Nesses casos, deverá ser considerado o valor atual de mercado do bem, a fim
de valorar quanto se poderia obter de capital ao comercializá-lo. Entretanto,
este já não será capital médio, e sim integral, de acordo com a fórmula a seguir:
Taxa de juros
(6% a.a.)Custo de oportunidade
Valor de mercado Sucata (sempre igual a “0”)
VM - SCO = X i
Uma vez que, ano a ano, todos os bens sofrem paulatinamente uma redução
no seu valor de mercado, será necessária a realização de uma atualizaçãodo inventário de bens depreciados anualmente, a fim de que o inventário se
aproxime o máximo possível do custo real.
Módulo 3
Cálculo de custo de produção pg. 89
Na prática
Uma propriedade rural possui em seu inventário um trator:
• quando novo valia: R$ 120.000,00,
• atualmente vale: R$ 30.000,00.
Considerando a taxa de juros médios de 6% a.a., observe o
cálculo do custo de oportunidade do capital investido.
Assim, observamos que o custo de oportunidade desse trator é de R$ 1.800,00 ao ano.
CO = R$ 30.000,00 - 0 X 6%a.aCO = VM - S X i
CO = R$ 1.800,00/ano
Custo de oportunidade sobre benfeitorias e
lavouras não anuais já depreciadas
No caso de benfeitorias e lavouras com a vida útil esgotada, o custo de
oportunidade do capital investido continua sendo calculado com base no capital
médio. Acompanhe!
Highlight
Módulo 3
Cálculo de custo de produção pg. 90
Na prática
Observe como é feito o cálculo do custo de
oportunidade do capital do seguinte item:
• estufa para produção de olerícolas com a vida útil
já esgotada,
• (VN) valor de nova de R$ 50.000,00,
• juros médios de 6% a.a.
VM - S
2
CO = X i
R$ 50.000,00 - 0
2
CO = X 6%a.a
R$ 1.500,00/anoCO =
Custo de oportunidade sobre uma área de cultivo
de seringueiras
Extraído da seringueira, o látex usado na produção de borracha e luvas cirúrgicas
também está presente em pneus de carros, aviões e variado número de
utensílios. Essa árvore deve ser vista como um dos componentes para a
mensuração da riqueza do produtor rural, pois a madeira possui valor de
mercado. Isso se mostra totalmente verdadeiro quando o produtor decide
paralisar sua atividade de produção de látex e se desfazer das plantas
de seringueira
florestal
(madeira) em capital
corrente
(dinheiro).
Módulo 3
Cálculo de custo de produção pg. 91
A forma de mensuração desse capital empatado em madeira se dará pela
quantificação do estoque por categoria por estágio de desenvolvimento das
seringueiras (inventário florestal), multiplicado pelo valor médio de mercado local
para cada uma das fases de desenvolvimento das plantas arbóreas cultivadas.
O valor considerado deve ser uma média dos preços pagos na região,
para não correr o risco de mascarar os resultados, superdimensionando
esse capital considerando o valor máximo, ou subdimensionando
considerando o valor mínimo
Uma vez estabelecido o critério de avaliação pelo valor médio, é utilizada a
mesma base da fórmula de custo de oportunidade sobre bens depreciados.
Observe!
CO = VM - S X i
Entenda!
Na prática
Uma propriedade rural desenvolve atividade de cultivo da
seringueira.
• O inventário total da floresta está avaliado em
R$ 3.850.000,00.
• O valor do custo de oportunidade sobre capital
empatado será:
CO = (VM + S) × i
CO = (R$ 3.850.000,00 + 0) × 6%
CO = R$ 231.000,00
Módulo 3
Cálculo de custo de produção pg. 92
Conforme observado no exemplo, geralmente será encontrado um grande impacto
do custo de oportunidade nas florestas analisadas. Por isso, é fundamental ter
muito critério no momento dessa análise, pois corre-se o risco de distorcer o
custo total de produção.
Pare para pensar
O capital empatado em madeira pode ser elevado, o que
impacta os custos fixos na forma de custo de oportunidade
sobre o capital. O que precisa ser investigado é se
o seringal está desestruturado e os motivos dessa
desestruturação.
Pode ser que:
• a atividade esteja sendo ineficiente, com muitas plantas
improdutivas na floresta;
• as plantas estejam sendo intensivamente exploradas com
o propósito de aumentar a produção ao ponto de perder
unidades por morte — a utilização de mão de obra não
qualificada na extração do látex pode gerar o mesmo
problema de mortes de plantas;
• a área de cultivo de seringueira está muito elevada em
relação à produção.
O que acha? Já pensou nisso?
Escreva o que você acredita quanto a esse questionamento
e siga. Ao finalizar o tema, volte e veja se sua opinião
mudou!
Módulo 3
Cálculo de custo de produção pg. 93
É fundamental entender as motivações do elevado estoque de capital empatado
em plantas de seringueiras para que se tenha condições de fazer uma boa
leitura da situação e, junto com o produtor, tomar as decisões mais coerentes.
Observe um exemplo!
Uma propriedade conta com:
• 500 plantas
• em três fases diferentes de desenvolvimento
Para o cálculo do custo de oportunidade (juros)
sobre o capital empatado em plantas de seringueira,
estando dentro ou fora da vida útil, utiliza-se a
seguinte fórmula:
CO = VM - S X i
Observe na tabela a forma prática desse cálculo!
Descrição Quant. de
plantas
Valor médio
unitário (por
planta)
Vida útil
(anos) Idade Custo de
oportunidade
Seringueiras 1 225 R$ 7,00 24 10 R$ 94,50
Seringueiras 2 200 R$ 7,70 24 15 R$ 92,40
Seringueiras 3 75 R$ 8,40 24 20 R$ 37,80
TOTAL R$ 224,70
Juros de financiamento versus custos de produção
É importante que o Técnico de Campo e o produtor tenham plena consciência
de que a atividade em si não necessita de financiamento, apenas de recursos,
para que possa ser executada, não importando a fonte ou as taxas envolvidas.
Entenda!
Módulo 3
Cálculo de custo de produção pg. 94
Na prática
Uma produtora de milho adquiriu um trator financiado
com os seguintes parâmetros:
• valor de novo igual a R$ 120.000,00,
• vida útil de 15 anos,
• taxa de juros anuais contratada definida pela
instituição financeira em 8% ao ano,
• tempo de carência de 3 anos,
• 7 parcelas anuais até a quitação do bem, totalizando
10 anos.
VN - S
VU
d = d = R$ 8.000/ano
R$ 120.000 - 0
15
d =
Observe a maneira de contabilizar a entrada desse bem no sistema produtivo, no custo de
produção da atividade.
A aquisição dessa máquina resultará em três alterações financeiras na propriedade:
• custo de oportunidade sobre capital empatado,
• depreciação do bem,
• fluxo de caixa.
As duas primeiras dizem respeito ao custo de produção; a última, apenas ao próprio fluxo
de caixa.
Cálculo da depreciação:
Módulo 3
Cálculo de custo de produção pg. 95
Cálculo do custo de oportunidade:
Em relação ao fluxo de caixa, temos:
• valor de novo = R$ 120.000,00,
• valor total dos juros contratados = R$ 96.000,00 (R$120.000,00 x 6% a.a. x 10 anos)
• custo total do bem para a produtora = R$ 216.000,00,
• valor da parcela anual = R$ 30.857,14 (7 parcelas após 3 anos de carência).
Esse será o valor (R$ 30.257,14) que vai compor o fluxo de caixa – é um pagamento, uma
saída de capital da empresa. Não há nenhuma relação com o custo de produção.
VM - S
2
CO = X i
R$ 120.000,00 - 0
2
CO = X 6%a.a
R$ 3.600,00/anoCO =
De acordo com a análise do exemplo, essa máquina comporá o custo de produção
de milho com a depreciação e o custo de oportunidade do capital empatado.
Observe que o valor do equipamento foi aportado no inventário de recursos da
propriedade, totalmente no início do primeiro ciclo, não tendo ligação alguma
com seu parcelamento e prazo de carência. O que foi contabilizado é seu custo
(depreciação e custo de oportunidade) durante sua vida útil produtiva.
Módulo 3
Cálculo de custo de produção pg. 96
Custo fixo médio
O custo fixo médio nos remete ao custo fixo por unidade produzida em
determinado período analisado, e é calculado desta forma:
Custo fixo médio
Custo fixo total
Produção total no período
analisado (ano, mês etc.)
CF Total
Produção
CFM =
É importante que o Técnico de Campo realize o cálculo do custo fixo médio
por unidade, para que possa fazer a análise da eficiência dessa empresa em
ofertar seus produtos ao mercado. O aumento do custo fixo unitário pode ser
um indicativo de ineficiência da atividade.
Porém, isso não é regra, pois é possível que a aquisição dos bens, que geram
aumento no custo fixo, causem redução no COE. Acompanhe um exemplo!
Na prática
Uma propriedade de produção de alface realizou, de uma só vez,
todo o investimento necessário em infraestrutura de:
• galpões para depósito;
• estufas para produção;• sistema de irrigação;
• pulverizador;
• automóvel;
• etc.
Porém, ainda está em fase de formação da escala de produção
de alface.
Logo, sua análise de custo fixo unitário será altamente prejudicada,
uma vez que o cenário aponta alto custo fixo, com pouca produção.
Módulo 3
Cálculo de custo de produção pg. 97
Assim como no exemplo, temos ainda o comportamento do custo fixo médio
(CFM), que, diante de diferentes volumes anuais de produção de alface
(aumentados em uma escala de 200 unidades/dia em cada simulação — 200
unidades por dia x 365 dias = 73.000 unidades), mantém inalterada a estrutura
de custo fixo total (CFT).
Veja na tabela!
Simulação Volume
(unidade da alface) CFT (R$) CFM (R$)
1 73.000
R$ 190.000,00
R$ 2,60
2 146.000 R$ 1,30
3 219.000 R$ 0,87
4 292.000 R$ 0,65
A partir dos dados apresentados, teremos diferentes impactos dos custos
fixos totais sobre a unidade produzida, de acordo com a escala de produção
estabelecida.
Observe o gráfico!
Observe também o
comportamento do custo fixo
médio, que tem tendência de
redução por unidade produzida
quando a produção aumenta.
Essa redução pode chegar a
valores irrisórios, porém
jamais será igual a zero.
É possível observar que o
custo fixo total se mantém
estável ao longo de todo o
período analisado.
Isso ocorre
independentemente do
volume de produção, desde
que se mantenham estáveis as
variáveis que o compõem
(mão de obra familiar,
depreciação e custo de
oportunidade).
Produção
R
$
Custo
Fixo Total
Custo
Fixo Médio
Produção
R
$
Custo
Fixo Total
Custo
Fixo Médio
Produção
Módulo 3
Cálculo de custo de produção pg. 98
Observe também o
comportamento do custo fixo
médio, que tem tendência de
redução por unidade produzida
quando a produção aumenta.
Essa redução pode chegar a
valores irrisórios, porém
jamais será igual a zero.
É possível observar que o
custo fixo total se mantém
estável ao longo de todo o
período analisado.
Isso ocorre
independentemente do
volume de produção, desde
que se mantenham estáveis as
variáveis que o compõem
(mão de obra familiar,
depreciação e custo de
oportunidade).
Produção
R
$
Custo
Fixo Total
Custo
Fixo Médio
Produção
R
$
Custo
Fixo Total
Custo
Fixo Médio
Valor da Terra
A metodologia de cálculo do custo de produção utilizada não considera o valor
da terra como componente do custo de produção. São avaliadas todas as
benfeitorias úteis que estão sobre ela (incluindo poço artesiano, se houver).
Pare para pensar
Em duas propriedades com a mesma atividade, porém
em regiões onde há grande variação no valor da terra,
não existe a oportunidade de comparação. Isso acontece
porque a atribuição de menores custos da atividade vai
para quem tem a terra com valor menor, e os maiores
custos da atividade vão para quem tem a terra com
valor maior.
Os bens são inventariados à parte, quando o estoque de capital médio é
apurado. Para obtermos o valor da terra nua, deve ser desconsiderado todo o
inventário realizado, contabilizando somente o tamanho da área multiplicado
pelo valor de mercado do hectare naquela região.
Módulo 3
Cálculo de custo de produção pg. 99
Utilizamos a seguinte fórmula:
Área Valor do
hectare
Valor da
terra nua
Na metodologia de ATeG, não é contabilizada a remuneração do capital empatado,
nem a depreciação sobre o valor da terra nua. O capital empatado em terras será
levado em consideração apenas quando for calculada a taxa de remuneração do
capital com terra, conforme você verá mais adiante no tema sobre indicadores.
Resumindo o tópico
Neste segundo tópico, você:
Compreendeu
como é formado o
custo fixo em uma
propriedade rural.
Analisou a forma
que esse indicador
é aplicado em casos
práticos.
Entendeu como realizar os
cálculos necessários para
chegar aos resultados
esperados.
Módulo 3
Cálculo de custo de produção pg. 100
Tópico 2: Custo total
Será que determinar o custo total é somar todos os demais
custos, simples assim?
A partir de agora, você verá como determinar o custo total de uma
produção agropecuária, compreendendo as peculiaridades de cada
cadeia produtiva.
O custo total engloba todos os custos, tanto variáveis como fixos, pois é a
soma do custo operacional total (COT) com o custo de oportunidade (CO) do
capital empatado em benfeitorias, máquinas, equipamentos, veículos, móveis,
utensílios e outros bens.
Sua fórmula é a seguinte:
CT = COT + COCusto total
Custo operacional total Custo de oportunidade
Módulo 3
Cálculo de custo de produção pg. 101
Além da depreciação e da mão de obra familiar, devemos contabilizar o custo
de oportunidade do capital investido na atividade, que corresponde à remuneração
pelo uso do capital no processo produtivo analisado.
É como se todo o dinheiro aplicado na atividade estivesse
alocado em outro tipo de investimento e a nossa base
de comparação é a taxa de remuneração da poupança,
que paga juros reais de 6% ao ano, em média.
O custo de oportunidade do capital investido corresponde, em média,
a 6% ao ano sobre o somatório dos valores investidos na atividade
rural avaliada.
Nesse ponto, é importante dividir o produtor em duas figuras distintas: o
empreendedor e o capitalista.
O empreendedor é quem realiza o
processo produtivo. Ele precisa de
recursos financeiros para executar
a atividade de sua opção. Porém, o
empreendedor é tão somente um
executor que não detém recursos
financeiros e deve recorrer ao
capitalista para tomar emprestado os
recursos necessários.
Capitalista é o dono do capital.
Ocorre que, na maioria das vezes, o
empreendedor e o capitalista são a
mesma pessoa, ou seja, o produtor
rural tem recursos próprios, que
serão empregados na execução da
produção. Em caso de tomada de
crédito de custeio e/ou investimentos
– aquisição de dívidas – o dono do
capital (capitalista) deverá arcar com as
parcelas e os juros do financiamento.
A atividade, representada pelo
empreendedor, remunera o capitalista
(dono do capital) pela oportunidade de
uso do capital, o que na metodologia
de ATeG chamamos de custo de
oportunidade sobre o capital empatado.
Empreendedor Capitalista
Módulo 3
Cálculo de custo de produção pg. 102
Quando o produtor é, ao mesmo tempo, empreendedor e capitalista, não é
nada mais natural que o capital aplicado/emprestado seja remunerado.
Na configuração apresentada, isso não vai gerar desembolsos diretos, pois a
remuneração será paga a ele mesmo. Além disso, não vai compor o fluxo de
caixa, apenas o custo de produção.
Entenda!
Na prática
Um produtor de cítricos financiou um valor em uma
instituição de crédito para a compra de fertilizantes.
• Valor financiado: R$ 50.000,00.
• Taxa cobrada para esse capital de giro: 25% a.a.
• Prazo de pagamento: seis meses.
Veja como encontrar o valor atribuído ao COE dessa atividade e o valor de juros pago.
O valor a ser atribuído ao COE será apenas a quantia de R$ 50.000,00. Isso se dá pelo fato
de que a atividade necessitava do fertilizante (comprado por esse valor no mercado), e não
do capital, muito menos dos juros.
Como a metodologia de ATeG não considera juros sobre capital de giro, não incidirão juros
no custo de produção.
O produtor contratou o crédito com a taxa de 25% a.a., ou seja, pagará o equivalente a
12,5% no período correspondente ao prazo de pagamento (6 meses).
Calculando o valor total a ser pago pelo produtor, temos:
Apenas a título de juros à instituição credora, o produtor tomador pagará a quantia de R$
6.250,00. Essa quantia não vai compor o custo de produção, somente o fluxo de caixa,
uma vez que vai de fato “sair do caixa”. Esse custo, apesar de efetivo, é debitado ao
empreendedor, e não à atividade.
R$ 50.000 x 12,5
100
Valor a ser pago = Valor a ser pago = R$ 6.250,00
Módulo 3
Cálculo de custo de produção pg. 103
Custo total médio
O custo total médio é o resultado da divisão do custo total da atividade pelo
volume produzido, calculado assim:Custo total
Produção
Custo total médio =
É fundamental conhecer e analisar o custo total por unidade produzida. Ele nos
dará condições de analisar a eficiência da empresa, se seus custos e receitas
estão equilibrados e se a escala de produção está adequada em relação à
estrutura envolvida.
O gráfico a seguir nos ajuda a compreender a tendência de comportamento
do custo total médio em função da escala de produção. Observe!
C
us
to
t
o
ta
l m
éd
io
Produçãoq0
C
us
to
t
o
ta
l m
éd
io
Produçãoq0
C
us
to
t
o
ta
l m
éd
io
Produçãoq0
Módulo 3
Cálculo de custo de produção pg. 104
C
us
to
t
o
ta
l m
éd
io
Produçãoq0
C
us
to
t
o
ta
l m
éd
io
Produçãoq0
C
us
to
t
o
ta
l m
éd
io
Produçãoq0
C
us
to
t
o
ta
l m
éd
io
Produçãoq0
C
us
to
t
o
ta
l m
éd
io
Produçãoq0
C
us
to
t
o
ta
l m
éd
io
Produçãoq0
Quando a escala de produção
é pequena, o custo total
médio tende a ser alto, pois
as unidades produzidas são
poucas para poderem diluir o
custo fixo.
A diluição vai acontecendo com o aumento
da escala de produção.
Para fazer com que a produção
aumente, geralmente os custos
variáveis aumentam, com o
pagamento de insumos, mão de
obra, serviços de máquinas etc.,
fazendo com que o custo total
médio volte a subir.
Módulo 3
Cálculo de custo de produção pg. 105
O custo total médio pode ser utilizado para diversas unidades comerciais, como:
• unidade de alface, repolho, couve-flor;
• arroba de erva-mate;
• litro de leite;
• metros cúbicos ou lineares de madeira;
• hectares de terra (10.000 m²);
• toneladas de resíduos orgânicos;
• quilo da carne;
• sacas de milho (ou de café, feijão, arroz, trigo, soja);
• caixa de tomate (ou de laranja, uva, maçã etc.).
Custo total por área
O custo total por área é resultado da divisão do custo total da atividade pela
área utilizada. O cálculo é realizado da seguinte forma:
Custo total
Área da
atividade/ha
Custo total por área =
A análise do custo total por área oferece elementos para compreender a
eficiência do uso dos recursos, especialmente da terra, permitindo ainda fazer
comparações entre áreas da propriedade e outras propriedades.
Muitos são os empresários rurais que se preocupam com os preços dos
produtos e poucos são os que dedicam tempo e energia para conhecer
e controlar os custos de produção. São os custos que estão sob nosso
controle, não os preços.
Todos os fatores formadores de custos de uma atividade precisam ser conhecidos
e, a partir daí, administrados. Só dessa forma seremos bem-sucedidos em
nossas atividades.
Highlight
Módulo 3
Cálculo de custo de produção pg. 106
No Youtube, neste link:
https://www.youtube.com/
watch?v=JxDDwCliOew&list=PLpvd_
yKjERaf4xHrtG0sx87tWtaFes9TS&index=18
Resumindo o tópico
Neste segundo tópico, você:
Compreendeu
o conceito de
custo total.
Entendeu as
complexidades existentes
em cada cadeia produtiva
para a determinação do
custo total.
https://www.youtube.com/watch?v=JxDDwCliOew&list=PLpvd_yKjERaf4xHrtG0sx87tWtaFes9TS&index=19
https://www.youtube.com/watch?v=JxDDwCliOew&list=PLpvd_yKjERaf4xHrtG0sx87tWtaFes9TS&index=19
https://www.youtube.com/watch?v=JxDDwCliOew&list=PLpvd_yKjERaf4xHrtG0sx87tWtaFes9TS&index=19
Módulo 3
Cálculo de custo de produção pg. 107
Tópico 3: Margem bruta
Afinal, o que é margem bruta na prática?
A partir de agora, você verá o conceito de margem bruta e como
defini-la considerando as variáveis de uma atividade rural.
Margem bruta é um indicador que é frequentemente utilizado de forma empírica
pelos produtores. Muitas vezes é interpretado erroneamente como lucro (cujo
conceito ainda será estudado neste módulo).
RB COEMB
Em um reflexo natural, depois que o produtor vende a produção e paga as
despesas, ele analisa quanto sobrou e chama isso de lucro, o que não passa
da margem bruta. Ele esquece que foram pagos apenas os custos operacionais
efetivos, sem considerar a mão de obra familiar, a depreciação e o custo de
oportunidade do capital.
Módulo 3
Cálculo de custo de produção pg. 108
A margem bruta permite ao gestor analisar aspectos fundamentais da produção
e do negócio. A partir da sua apuração é possível:
• identificar se a margem bruta é suficiente para cobrir os custos fixos,
• analisar se essa unidade produtiva é capaz de suportar oscilações de mercado,
tanto nos preços dos insumos quanto no preço de venda dos produtos.
Conheça os passos para calcular a margem bruta!
Assuntos do campo
E o papo da vez é a margem bruta, o indicador
essencial para que uma propriedade continue
produzindo.
Afinal, para que isso aconteça, ela precisa de fluxo
de caixa positivo, o que só é possível se tiver a
margem bruta positiva.
A margem bruta permite analisar a capacidade
operacional da empresa a curto prazo.
Para calcular esse indicador de forma correta, o
gestor precisa realizar três passos. Anote, porque
é importante!
O primeiro passo é considerar a receita obtida pela
venda dos produtos e subprodutos da atividade.
A riqueza que foi produzida no período analisado,
mas que ainda não foi vendida, também entra como
renda.
Essa situação acontece nas atividades de criação
animal, caso tenha ocorrido uma variação no
inventário, em que o produtor aumentou seu
patrimônio.
Outra consideração é o consumo de produtos gerados
pela atividade e que não são comercializados,
como carne e feijão para o consumo das pessoas,
leite para o aleitamento de bezerros, esterco ou
composto para adubar as lavouras e pastagens.
Highlight
Módulo 3
Cálculo de custo de produção pg. 109
O segundo passo é retirar os pagamentos ou
recebimentos referentes a empréstimos, pois eles
não são componentes da renda, mas apenas do
fluxo de caixa.
Se o dinheiro for utilizado como capital de giro, os
insumos adquiridos entram no custo operacional
efetivo do produto.
Já o terceiro passo é retirar os itens de
investimento, ou seja, verificar se atendem a mais
de um ciclo produtivo, não fazendo parte do custo
operacional efetivo.
É importante fazer esse filtro antes da análise, pois
é muito comum considerar um item que foi pago
à vista como despesa, mesmo que ele possa ser
utilizado por mais de um ciclo produtivo.
Os itens que devem ser destacados podem ser, por
exemplo, latões de leite, roçadeira costal e aparelho
de cerca elétrica, entre outros.
É isso! Seguindo esses três passos, fica mais fácil
calcular a margem bruta.
Fazer com que o empreendimento tenha margem bruta positiva e sustentável
é a primeira tarefa do gestor, pois qualquer empreendimento com margem
bruta negativa, se não tiver sua estrutura de custos revisada, estará à beira
do fechamento.
Highlight
Módulo 3
Cálculo de custo de produção pg. 110
Análise da margem bruta
Veja os tipos de margem bruta:
Numa empresa em situação de margem bruta negativa, a renda obtida com a
venda da produção não cobre os custos operacionais efetivos (desembolsos),
o que gera dificuldades operacionais que comprometem o fluxo de caixa,
chegando a inviabilizar completamente a atividade. É preciso muita cautela
ao interpretar indicadores, pois eles nos dão informações sobre o momento
da análise, não significando que a situação apresentada seja definitiva. É
necessário um constante acompanhamento de sua evolução.
MB < 0 | Margem bruta negativa
Na empresa que apresenta resultados de margem bruta iguais a zero, a
renda obtida com a venda da produção é suficiente apenas para cobrir os
custos operacionais efetivos. Ela não consegue pagar mão de obra familiar,
depreciação e custo de oportunidade do capital empatado. Caso a situação
não seja revertida, a tendência é a de que seus bens venham a se exaurir, já
que a empresa não terá condições de mantê-los, tampouco de substitui-los.
MB = 0 | Margem bruta igual a zero
Quando a margem bruta for maior do que zero, significa que a propriedade
é viável no curto prazo, podendo pagar todos os custos operacionais efetivos
e sobrando recursos para pagar todaou parte da mão de obra familiar, da
depreciação e do custo de oportunidade do capital.
A empresa que apresenta uma situação de margem bruta positiva, porém
com margem líquida negativa, requer um acompanhamento da evolução de
seus indicadores, a fim de que sejam identificados os principais gargalos e
realizados os ajustes necessários.
MB > 0 | Margem bruta positiva
MB < 0
MB = 0
MB > 0
Highlight
Highlight
Módulo 3
Cálculo de custo de produção pg. 111
Acompanhe um exemplo prático!
Na prática
Ao analisar os dados da Fazenda Jussara, o seguinte quadro se apresentou. Observe!
Fazenda Jussara
A Fazenda Jussara é uma propriedade de médio
porte destinada à produção de batata-doce, cujo
cultivo é realizado com variedades precoces e tardias
em várias etapas durante o ano para garantir a
venda ininterrupta do produto. O seu proprietário
está analisando qual é a viabilidade da sua
fazenda no curto prazo e quer saber se o negócio é
sustentável pelo cálculo da margem bruta. Para isso,
conta com a ajuda de um Técnico de Campo.
Renda bruta da produção de batata-doce
Mês Quantidade em caixas Valor unitário Valor total
Janeiro 725 R$ 30,00 R$ 21.750,00
Fevereiro 765 R$ 35,00 R$ 26.775,00
Março 830 R$ 30,00 R$ 24.900,00
Abril 750 R$ 40,00 R$ 30.000,00
Maio 715 R$ 30,00 R$ 21.450,00
Junho 900 R$ 45,00 R$ 40.500,00
Julho 915 R$ 40,00 R$ 36.600,00
Agosto 940 R$ 40,00 R$ 37.600,00
Setembro 925 R$ 30,00 R$ 27.750,00
Outubro 850 R$ 30,00 R$ 25.500,00
Novembro 835 R$ 35,00 R$ 29.225,00
Dezembro 850 R$ 35,00 R$ 29.750,00
Renda bruta total 10.000 R$ 351.800,00
Módulo 3
Cálculo de custo de produção pg. 112
Analisando os dados fornecidos nas planilhas, temos:
• RB = R$ 351.800,00
• COE = R$ 57.230,00
MB = RB – COE
MB = R$ 351.800,00 – R$ 57.230,00
MB = R$ 294.570,00
Assim, chegamos à conclusão de que na propriedade a atividade proporcionou margem
bruta positiva no valor de R$ 294.570,00/ano.
Dessa forma, o proprietário pode ficar tranquilo, já que a atividade é viável a curto prazo,
pois cobre os custos operacionais. Mas o Técnico de Campo já avisou que não se pode
estender essas informações para um longo prazo, já que não existem dados sobre os custos
fixos, que podem ser maiores do que a margem bruta.
Planilha do custo operacional efetivo (COE) da produção de batata-doce
Item Valor
Mão de obra permanente R$ 17.000,00
Mão de obra avulsa (diarista) R$ 4.000,00
Subsolagem do solo R$ 1.750,00
Gradagem do solo R$ 2.300,00
Levantamento de leiras R$ 4.000,00
Adubos R$ 5.000,00
Corretivos R$ 2.000,00
Fungicida R$ 500,00
Transporte R$ 1.200,00
Energia e combustível R$ 7.000,00
Inseticida R$ 350,00
Impostos e taxas R$ 2.500,00
Reparos de benfeitorias R$ 2.300,00
Reparos de máquinas R$ 2.750,00
Outros gastos de custeio R$ 4.580,00
COE TOTAL R$ 57.230,00
Módulo 3
Cálculo de custo de produção pg. 113
Apenas conhecendo a margem bruta da atividade não é possível concluir a
viabilidade da atividade a médio e longo prazos.
Margem bruta/área
Considerando a manutenção das estruturas de custos fixos, esse indicador
pode ser utilizado para comparar diversas atividades agropecuárias e decidir
qual explorar. Vamos voltar ao exemplo da Fazenda Jussara.
Na prática
O proprietário viu que ocupa uma área de 10 hectares da propriedade para a produção de
batata-doce. Mais uma vez, com a ajuda do Técnico de Campo, realizou o seguinte cálculo:
• produção média por hectare de batata-doce: 1.000 caixas de 20 kg cada uma;
• área: 10 hectares da propriedade;
• comercialização em caixas de madeira e papelão: R$ 35,18 em média na lavoura (sem
o processo de lavagem da batata-doce) para cada caixa de 20 kg.
A renda bruta é calculada levando em consideração a quantidade de caixas produzidas por
hectare multiplicada pela quantidade de hectares utilizados na produção para obter seu
total. Depois, é multiplicado o total produzido pelo preço de venda.
Renda bruta:
• Produção = 1.000 caixas/ha
• Produção = 1.000 x 10 ha = 10.000 caixas
• Preço médio = R$ 35,18/caixa
Renda bruta = 10.000 cx. x R$ 35,18 = R$ 351.800,00
Renda bruta = 36.000 sacas x R$ 33,00 = R$ 1.188.000,00
Módulo 3
Cálculo de custo de produção pg. 114
O cálculo do COE total da produção de batata-doce é simples, basta saber o valor do custo
operacional efetivo por hectare e multiplicar pela quantidade de hectares ocupados pela
cultura.
COE = x 10 ha
R$ 5.723,00
ha
Então, para calcular a margem bruta total, basta utilizar o valor da renda bruta da produção
e subtrair o valor do COE total, tendo assim a margem bruta da atividade.
MB
ha
294.570,00
10
MB = R$ 351.800,00 – R$ 57.230,00 =
MB = R$ 294.570,00
=
MB
ha
R$ 29.457,00/ha=
Diante desse cenário, o empresário identificou que, com a mecanização
que tinha disponível e com as características de clima e topografia, poderia
explorar milho na mesma área. Para definir se manteria a batata-doce ou
exploraria milho, ele calculou a margem bruta/ha projetada para o milho
naquele ano agrícola.
Observe!
Módulo 3
Cálculo de custo de produção pg. 115
Na prática
Planilha de custo operacional efetivo (COE) da produção de milho por hectare:
Item Valor (R$)
Semente de milho 461
Corretivo de solo 93
Macronutrientes 899
Micronutrientes 217
Fungicida 85
Inseticida 223
Adjuvante 31
Herbicida 263
Operações mecanizadas 165
Reparos de benfeitorias 124
Reparos de máquinas 161
Operações e aéreas 92
Transporte da produção 240
Beneficiamento 191
Assistência técnica 15
Armazenagem 70
Impostos e taxas 42
Despesas de administração 128
COE TOTAL 3.500
Atividade principal: milho
COE: R$ 3.500,00/ha
Renda bruta:
• Produção = 120 sacas/ha
• Produção = 120 x 10 ha = 1.200
• Preço = R$ 33,00/saca
• Renda bruta = 1.200 x R$ 33,00 = R$ 39.600,00
COE da atividade = R$ 3.500 x 10 ha = R$ 35.000,00
MB = R$ 39.600,00 – R$ 35.000,00 = R$ 4.600,00
MB/ha = 4.600,00/10 = R$ 460,00/ha
Módulo 3
Cálculo de custo de produção pg. 116
Por fim, ele comparou os resultados:
MB/ha – batata-doce: R$ 29.457,00/ha
MB/ha – milho: R$ 460,00/ha
Diante desse cenário, o empresário pôde tomar a decisão de explorar a atividade
de produção de batata-doce, e não de milho.
Margem bruta por unidade produzida
A margem bruta por unidade produzida, ou margem bruta unitária, é obtida
com a divisão da MB pela quantidade de unidades produzidas. Logo, nesse
indicador devemos utilizar as unidades comerciais.
Exemplos de unidades comerciais:
• arroba de erva-mate;
• unidade de alface, repolho, couve-flor etc.
• metro cúbico ou linear de madeira;
• hectares de terra;
• tonelada de resíduo orgânico;
• sacas de milho (ou de café, feijão, arroz, trigo, soja);
• caixa de tomate (ou de laranja, uva, maçã etc.).
Entenda!
Na prática
No exemplo da Fazenda Jussara, a margem bruta unitária seria:
MB total
Produção
MB Unitária =
R$ 294.570,00
10.000 caixas
MB Unitária =
MB Unitária = R$ 29,45/caixa
Módulo 3
Cálculo de custo de produção pg. 117
A margem bruta unitária é utilizada para identificar:
Quanto do preço do
produto sobra ao
produtor para pagar
seus custos fixos e
dimensionar seu lucro.
Rendimentos
Capacidade daquele
negócio para suportar
oscilações de preços
no mercado.
Sustentabilidade
Uso da margem bruta como ferramenta para
dimensionar o sistema produtivo
Esse indicador pode ser utilizado para projetar quantas unidades devem ser
produzidas para alcançar determinada meta financeira. Entenda melhor,
acompanhando a Fazenda Jussara!
Na prática
Na Fazenda Jussara, o produtor decidiu que deve produzir um
número mínimo de caixas de batata-doce suficiente para pagar o
custo fixo de R$ 16.000,00 e fazer uma retirada de R$ 80.000,00
anualmente.
Ele precisa saber o número de caixas a serem colhidas para atingir
essa meta financeira.
O número de caixas a serem colhidas é igual à meta financeira:
Isso significa que, para cobrir um custo fixo de R$ 16.000,00 e fazer uma retirada anual de
R$ 80.000,00, o produtor deverá colher ao menos3.260 caixas de batata-doce anualmente.
R$ 16.000,00 + R$ 80.000,00 =
=
=
R$ 96.000,00 anualmente
MB por caixa (R$ 29,45)
Número de caixas Número de caixas = R$ 96.000,00
R$ 29,45 por caixa
Número de caixas Número de caixas = 3.260 caixas
Highlight
Módulo 3
Cálculo de custo de produção pg. 118
Nas outras cadeias, o mesmo raciocínio pode ser utilizado para:
● sacas de cereais;
● unidade de alface, repolho etc.;
● número de poedeiras;
● tonelada de laranja;
● quilograma de frutas
Margem bruta em equivalentes às unidades
produzidas
É a conversão do valor financeiro da margem bruta em unidades produzidas.
Isso é obtido pela margem bruta dividida pelo preço médio de venda.
Entenda!
Na prática
Na Fazenda Jussara, cuja atividade é a produção de batata-doce, o cálculo fica da
seguinte forma:
MB em equivalente
unidades produzidas
=
Margem bruta
Preço médio
MB eq =
R$ 294.570,00
R$ 35,18
(valor médio do ano/caixa)
MB eq = 8.373 caixas
MB em equivalente
unidades produzidas
=
Margem bruta
Preço médio
MB eq =
R$ 294.570,00
R$ 35,18
(valor médio do ano/caixa)
MB eq = 8.373 caixas
MB em equivalente
unidades produzidas
=
Margem bruta
Preço médio
MB eq =
R$ 294.570,00
R$ 35,18
(valor médio do ano/caixa)
MB eq = 8.373 caixas
Módulo 3
Cálculo de custo de produção pg. 119
A margem bruta em equivalentes às unidades produzidas permite ao gestor:
Comparar sua
eficiência com
outras regiões onde
o preço de mercado
é diferente,
pois a unidade
comercializada
é a mesma nas
regiões.
Conhecer sua
margem bruta
convertida na
unidade de
comercialização.
Analisar os
resultados obtidos
em safras ou
ciclos produtivos
diferentes.
Resumindo o tópico
Neste terceiro tópico, você:
Reconheceu a renda
bruta como um
indicador de extrema
relevância para a
propriedade rural.
Entendeu como
realizar a análise
da margem bruta,
incluindo as suas
variáveis.
Compreendeu como usar
a margem bruta para
dimensionar o sistema
produtivo.
Highlight
Módulo 3
Cálculo de custo de produção pg. 120
Tópico 4: Margem líquida
Você sabe a importância de analisar o resultado do cálculo
da margem líquida?
A partir de agora, você verá como calcular a margem líquida,
interpretar os resultados e tomar decisões com base nela.
A margem líquida (ML) é o resultado da soma do custo operacional efetivo
mais a depreciação e a mão de obra familiar menos a renda bruta da
atividade (RB). Ou seja, é a renda bruta menos o custo operacional total.
Observe a fórmula!
RB COE d MOFML
RB COTML
Módulo 3
Cálculo de custo de produção pg. 121
A análise da margem líquida permite ao administrador identificar se a atividade
está sendo viável em curto e médio prazos.
• Se positiva, sinaliza ao empresário que a estrutura empregada na atividade
está compatível com a escala de produção.
• Se negativa, indica desequilíbrio na estrutura de custos e, muitas vezes, elevado
estoque de capital empatado na atividade, sem uma escala de produção que
a justifique.
Análise da margem líquida
Ao analisar a margem líquida e identificar que ela é menor que zero, ou seja,
negativa, deve-se investigar em qual das duas situações ela se enquadra:
ML negativa com MB negativa ou ML negativa com MB positiva. Entenda as
diferenças!
Essa atividade não é sustentável nem mesmo no curto prazo, portanto requer
uma revisão minuciosa na estrutura de custos e no sistema de produção.
Vale destacar que alguns itens do COE, em situações de baixa escala de
produção, podem comprometer grande parte da renda, mas podem ser diluídos
com a escala de produção como energia elétrica, mão de obra contratada e
combustível.
ML < 0 com margem bruta negativa
ML > 0
MB > 0
ML > 0ML = 0
ML < 0
MB < 0
Módulo 3
Cálculo de custo de produção pg. 122
Significa que a atividade está cobrindo os custos operacionais efetivos, mas
não consegue cobrir todas as depreciações e o custo da mão de obra do
produtor, além de não pagar o custo de oportunidade sobre o capital investido.
Analisando economicamente, podemos dizer que a atividade é viável apenas
no curto prazo.
Caso a situação de margem líquida negativa persistir, ocorrerá o empobrecimento
da empresa, inviabilizando a atividade, que não conseguirá recursos suficientes
para renovar seus bens duráveis.
ML < 0 com margem bruta positiva
Uma atividade na situação de margem líquida igual a zero é considerada viável
no médio prazo, porém ela fica muito sensível às oscilações de mercado e de
tecnologia. Pode-se dizer também que o negócio não é atrativo, pois não paga
o custo de oportunidade do capital empatado, nem mesmo com uma taxa de
6% ao ano, conhecida como taxa de atratividade mínima.
ML = 0
Quando a margem líquida é maior que zero, significa que essa atividade é
viável em médio prazo, pois é capaz de cobrir o custo operacional efetivo, as
depreciações, o custo da mão de obra familiar e ainda sobram recursos para
pagar pelo menos parte do custo de oportunidade sobre o capital empatado.
Porém, não podemos definir se esse negócio é atrativo, antes de avançarmos
para as análises econômicas vinculadas ao lucro.
ML > 0
ML > 0
MB > 0
ML > 0ML = 0
ML < 0
MB < 0
Módulo 3
Cálculo de custo de produção pg. 123
No meio rural, a margem líquida, apesar de importante, é pouco analisada pelos
produtores e gestores de fazendas, que não demonstram a devida preocupação
com as estruturas geradoras de custos fixos que, quando superdimensionadas
e com baixa escala de produção, acabam por inviabilizar as propriedades
De maneira geral, é possível afirmar que o crédito facilitado é
algo positivo, capaz de proporcionar incremento de produção e
desenvolvimento das unidades produtivas. Porém, infelizmente, muitos
produtores têm inviabilizado suas propriedades ao tomarem crédito
e investirem em estrutura, sem analisarem o impacto dessa ação, e
depois enfrentam dificuldades para arcarem com seus compromissos
diante das instituições financeiras.
É muito comum encontrarmos no mercado produtores insatisfeitos com os preços
dos produtos, porém no período de alta nos preços também é muito frequente
identificarmos superinvestimentos. Os produtores, movidos pela empolgação
nos períodos de valorização, usam uma sobra de dinheiro e investem em bens
depreciáveis, sem prever o custo da reposição desses itens para manter a
eficiência do sistema.
A margem líquida, assim como os outros indicadores de análise de rentabilidade,
é calculada com base em algo realizado – com dados passados. No entanto:
Se o produtor
tem uma margem
líquida restrita em
sua atividade...
...aumenta
seus custos de
depreciação sem
aumento da renda ou
redução do COE...
...corre o risco de
inviabilizar sua
atividade ou diminuir
a eficiência até então
alcançada.
Em outras palavras, se um produtor adquire um bem qualquer que possui
depreciação anual superior à sua margem líquida, e esse bem não promoveu
redução no COE, nem aumento de produção, o produtor pode concluir que, a
princípio, esse investimento é inviável ou incompatível com suas projeções atuais.
Entenda acompanhando um exemplo!
Módulo 3
Cálculo de custo de produção pg. 124
Na prática
Nos últimos 12 meses, uma determinada atividade
contabilizou uma margem líquida de R$ 10.000,00. Ao
visitar uma feira agropecuária, ofereceram ao produtor
rural um trator e implementos que, juntos, contabilizam
uma depreciação de R$ 12.000,00 ao ano.
No primeiro momento, sabendo que a margem bruta da atividade era de R$ 35.000,00 nos
últimos 12 meses e vendo um programa de financiamento com carência e prestações de R$
8.000,00, o produtor pensou em adquirir o trator.
De fato, no curto prazo estava tudo certo, e ele conseguiria pagar as prestações. Porém,
não sobrariam recursos para pagar o custo extra de depreciação do novo trator.
Ao avaliar que não aumentaria sua produção, pois não tinha mercado para isso, o produtor
calculou qual seria sua nova margem líquida se adquirisse o trator:ML = R$ 10.000,00 - R$ 12.000,00
ML = -R$ 2.000,00
O resultado mostra que, a longo prazo, esse seria um investimento inviável para
sua atividade.
Margem líquida
anterior
Depreciação
dos novos bens
adquiridos
ML
Módulo 3
Cálculo de custo de produção pg. 125
A margem líquida também é avaliada por unidade e por equivalência em unidades
produzidas. Observe como aplicar os conceitos usando os dados da propriedade:
• depreciação anual do trator: R$ 12.000,00,
• mão de obra familiar: R$ 15.000,00,
• COE da atividade: R$ 338.930,00,
• renda bruta: R$ 446.150,00.
COT = R$ 338.930,00 + R$ 12.000,00 + R$ 15.000,00
COT = R$ 365.930,00
Com esses dados, agora basta encontrar a margem líquida.
ML = R$ 446.150,00 - R$ 365.930,00
ML = R$ 80.220,00
COE d MOFCOT
MB COTML
Módulo 3
Cálculo de custo de produção pg. 126
Margem líquida unitária
A margem líquida unitária é representada pela relação entre a margem líquida
e a quantidade produzida.
ML
Produção
ML unitária =
Esse índice é utilizado para verificar quanto está sobrando de cada unidade por
unidade produzida depois que foi pago o COT (COE, depreciação e mão de obra
familiar). Caso a margem líquida unitária seja positiva, começa a ser remunerado
o capital, conhecido como custo de oportunidade do capital investido.
Entenda!
Na prática
Na propriedade da batata-doce, há os seguintes dados:
• ML = R$ 40.220,00
• Produção em caixas = 3.000
O cálculo aplicado a esse contexto é
Isso significa que esse é o valor que sobra após o pagamento dos custos operacionais
efetivos, das depreciações e do custo da mão de obra familiar, ou seja, o valor que sobra
por caixa vendida para remunerar o capital empatado.
R$ 40.220,00
3.000 caixas
Margem
líquida/caixas =
R$ 13,40/caixasMargem
líquida/caixas =
Módulo 3
Cálculo de custo de produção pg. 127
Essa mesma análise pode ser feita para qualquer atividade. Observe!
Pecuária Agricultura
• ML/kg de carne
• ML/litro de leite
• ML/dúzia de ovos
• ML/kg mel
• ML/saca (café, milho e soja)
• ML/tonelada (cana, silagem)
• ML/arroba de fumo
• ML/caixa (hortaliças e frutas)
Margem líquida em equivalentes às unidades
produzidas
É a conversão do resultado financeiro da margem líquida em unidades produzidas.
Esse valor é obtido com a divisão da margem líquida pelo preço de uma unidade
do produto em questão. Observe!
ML
Preço unitário
ML em equivalentes às unidades produzidas =
Agora, para dar uma variada, o que acha de testar o que tem visto neste tema?
Módulo 3
Cálculo de custo de produção pg. 128
Analise o resultado na apuração da margem líquida equivalente em uma
atividade de gado de corte do Produtor A. Depois, para que essa análise seja
eficiente, compare com os resultados apresentados pelo Produtor B, ambos
utilizando áreas equivalentes.
Para isso, considere a fórmula:
ML da atividade
Preço unitário
ML equivalente =
Produtor A
• ML da atividade = R$ 80.220,00
• Preço = R$ 148,72/arroba
ML equivalente
a arrobas = 539,40 arrobas ML equivalente
a arrobas = 584,84 arrobas
ML equivalente
a arrobas
R$ 80.220,00
R$ 148,72
= ML equivalente
a arrobas
R$ 75.900,00
R$ 130,00
=
Produtor B
• ML da atividade = R$ 75.900,00
• Preço = R$ 130,00/arroba
ML equivalente
a arrobas = 539,40 arrobas ML equivalente
a arrobas = 584,84 arrobas
ML equivalente
a arrobas
R$ 80.220,00
R$ 148,72
= ML equivalente
a arrobas
R$ 75.900,00
R$ 130,00
=
Depois dessa análise, é nítido que o Produtor A, cuja margem líquida foi de
R$ 80.220,00 para a mesma área, ganhou mais dinheiro que o Produtor B.
Porém, qual dos dois foi mais eficiente tecnicamente?
Produtor A Produtor B
Justifique aqui a sua escolha!
Pense e decida
Módulo 3
Cálculo de custo de produção pg. 129
Feedback
O produtor A obteve uma margem líquida da atividade equivalente a 539,40
arrobas.
Já o produtor B obteve uma margem líquida da atividade equivalente a
583,84 arrobas.
Portanto:
583,84 arrobas (Produtor B) menos 539,4 arrobas (Produtor A) = 44,44
arrobas a mais para o produtor B.
Assim, podemos observar que o resultado produtivo do Produtor B foi melhor
que o do produtor A em 44,44 arrobas, ambos explorando áreas equivalentes.
Porém ele não foi economicamente melhor, devido ao menor preço que obteve
na comercialização da sua produção.
Essa informação é rica para os dois produtores, mostrando que um pode
comercializar seu produto melhor e o outro consegue ser mais eficiente
tecnicamente.
Ao converter o resultado financeiro em unidades produzidas, o
produtor também consegue comparar seus resultados ao longo dos
anos, podendo avaliar o resultado da aplicação de tecnologias em
diferentes safras. Esse comparativo anual de resultados é muito
importante para visualizar a interação do sistema de produção que o
produtor tem com o que acontece no mercado.
Usando o contexto do Produtor A de erva-mate, que nos últimos 12 meses
obteve margem líquida de 2.979,25 arrobas, acompanhe...
Pesquisando em seus
registros, ele viu que
no ano 2000, antes de
implementar diversas
tecnologias, sua margem
líquida foi de 3.100
arrobas.
Essa análise permitiu ao
Produtor A concluir que,
para justificar as tecnologias
implementadas, ele precisaria
aumentar sua eficiência técnica
e sua escala de produção.
Módulo 3
Cálculo de custo de produção pg. 130
Para ficar mais claro, observe um exemplo prático!
Na prática
Uma propriedade com uma cultura de milho apresenta
os seguintes dados:
• margem líquida da atividade = R$ 80.220,00,
• preço do milho = R$ 33,00/saca.
Agora, vamos apurar a margem líquida equivalente a
sacas de milho.
• ML equivalente a sacas = R$ 80.220,00 ÷ R$ 33,00
• ML equivalente a sacas = 2.430 sacas
O resultado permite comparar a margem líquida com
outros produtores que vendem a preços diferentes,
como também comparar com a sua própria margem
líquida em épocas diferentes. A moeda então é
convertida em produto.
A margem líquida pode ser usada na equivalência com qualquer unidade
produzida. Veja os exemplos a seguir:
Módulo 3
Cálculo de custo de produção pg. 131
Pecuária Agricultura
• Equivalente a kg de carne
• Equivalente a litros de leite
• Equivalente a dúzia ou caixa de ovos
• Equivalente a kg mel
• Equivalente a sacas (café, milho e soja)
• Equivalente a toneladas (cana, silagem)
• Equivalente a arrobas de fumo
• Equivalente a caixas (hortaliças e frutas)
Para conhecer mais sobre margem líquida, acesse o
Youtube e assista ao vídeo “Margem Líquida – Série
ATeG Gestão”, disponível em
https://www.youtube.com/
watch?v=K6tMmwToGd0&list=PLpvd_
yKjERaf4xHrtG0sx87tWtaFes9TS&index=13.
Resumindo o tópico
Neste quarto tópico, você:
Conheceu o cálculo da margem
líquida e a sua importância
na análise financeira da
propriedade rural.
Compreendeu como realizar a
análise desse índice, incluindo
suas variações.
https://www.youtube.com/watch?v=K6tMmwToGd0&list=PLpvd_yKjERaf4xHrtG0sx87tWtaFes9TS&index=13
https://www.youtube.com/watch?v=K6tMmwToGd0&list=PLpvd_yKjERaf4xHrtG0sx87tWtaFes9TS&index=13
https://www.youtube.com/watch?v=K6tMmwToGd0&list=PLpvd_yKjERaf4xHrtG0sx87tWtaFes9TS&index=13
Módulo 3
Cálculo de custo de produção pg. 132
Tópico 5: Aplicação dos conceitos
Você consegue, com o que viu até aqui, analisar uma
propriedade rural sob esses conceitos?
Neste tópico você vai ver a aplicação dos conceitos de custos
fixos, custo total, margem bruta e líquida nas cadeias produtivas
do agronegócio.
É importante manter o foco, pois quando todas as contabilizações dos custos
de produção estiverem finalizadas, será feita a análise dos dois principais
indicadores econômicos apresentados neste tema: margem bruta e margem
líquida.
Custo fixo
Custo fixo (CF) é o somatório dos custos da mão de obra familiar (MOF),
depreciação (d) e custo de oportunidade (CO).
Módulo 3
Cálculo de custo de produção pg. 133
Fórmula:
MOF d COCF
Observe os dados para calcular o custo fixo:
• CO = R$ 6.125,04
• MOF = R$ 19.200,00
•d = R$ 13.682,65
Cálculo e resultado:
CF = R$ 19.200,00 + R$ 13.682,65 + R$ 6.125,04
CF = R$ 39.007,69
Custo de oportunidade do capital empatado
Para esse cálculo, serão usados dados da enxada rotativa encanteiradeira,
como visto anteriormente.
O custo de oportunidade é calculado da seguinte forma.
CO = [(VN - S) ÷ 2] × 6%
Observe os dados:
• Valor de novo = R$ 1.000,00
• Vida útil = 15 anos
• Idade = 5 anos
Módulo 3
Cálculo de custo de produção pg. 134
Veja que a idade é menor do que a vida útil, logo:
CO = [(R$ 1.000,00 - 0) ÷ 2] x 6%
CO = R$ 30,00
Custo de oportunidade do capital = R$ 30,00/ano
Para o cálculo do custo de oportunidade do capital dos bens da atividade de
olericultura nas tabelas abaixo, seguimos o mesmo padrão e a mesma fórmula
do exemplo da enxada rotativa encanteiradeira. Observe!
Benfeitorias no período da vida útil
Item Quantidade
Utilização
na
produção
de alface
Valor
unitário
novo
(R$)
Valor total
(R$)
Vida útil
(anos)
Idade
(anos)
Custo de
oportunidade
(R$)
Galpão de 96
m² de madeira
(depósito)
1 100% 30.000,00 30.000,00 20 10 900,00
Banheiros 1 100% 1.000,00 1.000,00 20 10 30,00
Estufa de 40 m
x 50 m 4 100% 15.000,00 60.000,00 15 5 1.800,00
Unidade de
lavagem de
hortaliças
1 100% 1.800,00 1.800,00 20 5 54,00
Unidade de
produção de
compostagem
1 50% 1.000,00 500,00 20 5 15,00
TOTAL 2.799,00
Módulo 3
Cálculo de custo de produção pg. 135
Máquinas e equipamentos no período da vida útil
Item Quantidade
Utilização
na
produção
de alface
Valor
unitário
novo
(R$)
Valor total
(R$)
Vida útil
(anos)
Idade
(anos)
Custo de
oportunidade
(R$)
Caminhão-baú
– câmara fria 1 100% 80.000,00 80.000,00 15 5 2.400,00
Pulverizador
costal 3 100% 100,00 300,00 10 5 9,00
Carrinho de
mão 3 100% 200,00 600,00 5 1 18,00
Enxada
rotativa
encanteiradora
1 100% 1.000,00 1.000,00 15 5 30,00
Semeadora
de hortaliças
manual
1 100% 400,00 400,00 15 5 12,00
Equipamento
para lavagem
de hortaliças
1 100% 1.200,00 1.200,00 5 2 36,00
Bebedouro tipo
gelágua 1 100% 300,00 300,00 5 2 9,00
TOTAL 2.514,00
Cálculo do custo de oportunidade do capital de
equipamentos já depreciados
Neste caso, é importante recorrer às particularidades previstas na metodologia
de ATeG, a qual estabelece que em vez do capital médio (valor de novo ÷
2) deve ser utilizado o valor de mercado do bem para o cálculo do custo de
oportunidade do capital. Entenda!
Módulo 3
Cálculo de custo de produção pg. 136
Sistema de irrigação Cálculo e resultado
• Valor de novo do sistema de irrigação
= R$ 10.000,00
• Valor de mercado do sistema de
irrigação = R$ 1.000,00
• Vida útil = 15 anos
• Idade = 16 anos
CO = (VM + VS) x i
CO = (R$ 1.000,00 + 0) x 6%
CO = R$ 60,00
O custo de oportunidade anual do sistema
de irrigação é igual a R$ 60,00.
Considerando o valor atualizado de mercado dos bens já depreciados de acordo
com o que foi visto no exemplo, observe o custo de oportunidade sobre o
capital empatado da Fazenda Santa Felicidade.
Equipamentos já depreciados
Item Quantidade
Utilização
na
produção
de alface
Valor
unitário
atualizado
de
mercado
(R$)
Valor
total
para a
atividade
(R$)
Vida útil
(anos)
Idade
(anos)
Custo de
oportunidade
(R$)
Ferramentas
diversas 1 80% 230,00 184,00 10 12 11,04
Sistema de
irrigação 1 100% 1.000,00 100,00 15 16 6,00
Trator 65 CV 1 80% 15.000,00 1.500,00 15 16 90,00
Computador
com impressora 1 80% 250,00 200,00 5 7 12,00
TOTAL 119,04
Módulo 3
Cálculo de custo de produção pg. 137
Cálculo do custo de oportunidade das benfeitorias
Neste caso, devemos considerar tanto as benfeitorias que estão no período de vida
útil quanto as já depreciadas, com base no capital médio (valor de novo ÷ 2).
Confira os resultados nas tabelas!
Benfeitorias já depreciadas
Item Quantidade
Utilização
na
produção
de alface
Valor de
novo (R$)
Valor total
(R$)
Vida
útil
(anos)
Idade
(anos)
Custo de
oportunidade
(R$)
Galpão de
80 m² de
madeira
(máquinas)
1 80% 20.000,00 16.000,00 20 23 480,00
Estufa de
produção de
mudas 10 m
x 20 m
1 100% 1.500,00 1.500,00 15 16 45,00
Poço
artesiano 1 80% 7.000,00 5.600,00 20 22 168,00
TOTAL 693,00
Somatório do custo de oportunidade anual
Inventário Custo de oportunidade (R$)
Máquinas e equipamentos 2.633,04
Benfeitorias 3.492,00
TOTAL 6.125,04
Custo total (CT)
O custo total pode ser obtido pela soma do custo operacional efetivo (COE)
ao custo fixo ou pela soma do custo operacional total (COT) ao custo de
oportunidade sobre o capital próprio. Observe a fórmula:
COT COCT
Módulo 3
Cálculo de custo de produção pg. 138
Agora, veja como ficou o CT da Fazenda Santa Felicidade!
• COT = R$ 91.863,85
• CO = R$ 6.125,04
Dados
CT = R$ 91.863,85 + R$ 6.125,04
CT = R$ 97.988,89
Cálculo e Resultado
Custo total proporcional de um produto
O custo total de um produto pode ser obtido pela soma do COT desse produto
com o custo de oportunidade proporcional à renda gerada por ele em relação
à renda bruta da atividade (RA). Observe a fórmula:
COT
da alface
CO
x
(RAAL/RAAT)
CT alface
Os dados são:
• RAAT = Renda da atividade
• RAAL = Renda da alface
Cálculo e resultado:
CT alface = R$ 85.472,08 + (R$ 6.125,04 x (265.565,38/281.565,38 ))
CT alface = R$ 85.472,08 + (R$ 6.125,04 x 0,9431)
CT alface = R$ 85.472,08 + R$ 5.776,52
CT alface = R$ 91.248,60
O custo de oportunidade de R$ 6.125,04 é o total referente ao custo
de oportunidade de todos os itens que a atividade possui em uso
compartilhado por uma ou mais atividades, devendo, portanto, ser
rateado.
Módulo 3
Cálculo de custo de produção pg. 139
Não é tão complicado determinar um custo de produção de forma correta, no
entanto, esse conhecimento exige uma constante visão sistêmica do processo,
sabendo reconhecer o que pertence ou não à atividade, proporcionalizando
quando for o caso.
Por isso é que dissemos logo no começo: ninguém melhor para definir os
custos de produção do que quem trabalha diretamente na atividade. Ou seja,
produtores e técnicos de campo.
Margem bruta da atividade
A margem bruta da atividade (MB) é obtida pela diferença entre a renda bruta
(RB) e o custo operacional efetivo (COE), conforme a fórmula:
RB COEMB
Neste estudo de caso da Fazenda Santa Felicidade, a renda foi obtida pelo
somatório:
Módulo 3
Cálculo de custo de produção pg. 140
• da venda de alface no atacado e a
varejo;
• da venda de composto e da alface
utilizada para consumo..
= R$ 281.565,88
O custo operacional efetivo foi de R$ 58.981,20.
Os dados podem ser observados mais detalhadamente na tabela!
Produto Valor
Renda da alface no atacado 236.267,00
Renda da alface a varejo 28.861,50
Alface consumida pela família 437,38
Venda de composto 16.000,00
TOTAL 281.565,88
A partir da apuração da renda bruta e do COE, podemos calcular a margem
bruta:
MB = R$ 281.565,88 – R$ 58.981,20
MB = R$ 222.584,68
Módulo 3
Cálculo de custo de produção pg. 141
Variações na análise da margem bruta da atividade
É a margem bruta por unidade produzida e deve ser calculada pela divisão da
margem bruta pela produção. Observe a fórmula!
Na Fazenda Santa Felicidade, os dados são os seguintes:
• Produção = 360.365 unidades
• Margem bruta = R$ 211.105,42
MB unitária = R$ 211.105,42 ÷ 360.365
MB unitária = R$ 0,58
A margem bruta por unidade produzida na Fazenda Santa Felicidade é de
R$ 0,58.
Margem Bruta
Produção
MB unitária =
A) Margem bruta unitária
Ela consiste em converter o valor da margem bruta da atividade em unidade
de alface (produto principal), dividindo a margem bruta pelo preço da alface.
Isso permite comparar o resultado de margem bruta entre as propriedades,
sem o efeito do preço.
Veja a fórmula a seguir:
MB equivalente = R$ 222.584,18 ÷ R$ 0,73
MB equivalente = 304.909,83 unidades
No período analisado, a margem bruta da atividade é de R$ 222.584,18, que
equivale a 304.909,83 unidades de alface.
Margem BrutaPreço
MB equivalente =
B) Margem bruta em equivalentes às unidades produzidas
Módulo 3
Cálculo de custo de produção pg. 142
É a margem bruta dividida pela área utilizada para a produção. Veja!
• Margem bruta = R$ 222.584,18
• Área = 1,5 ha
MB/área = R$ 222.584,18 ÷ 1,5 = R$ 148.389,45 por ha
A margem bruta por hectare utilizado para a produção foi de
R$ 148.389,45/ha.
Margem Bruta
Área
MB área =
C) Margem bruta por área
A margem bruta por estufa* é utilizada no gerenciamento de uma
propriedade para dimensionar a quantidade necessária para atingir uma meta
financeira.
Na propriedade produtora de alface, é feita por estufa.
• Quantidade de estufa = 4
MB/Estufa = R$ 222.584,18 ÷ 4
MB/Estufa = R$ 55.646,04
Nesse caso, a margem bruta da atividade corresponde a R$ 55.646,04 por
estufa em produção.
Margem Bruta
Estufas
MB/Estufa =
D) Margem bruta por estufa
Esse indicador não tem uma referência-padrão, pois depende muito do sistema de produção
em que está inserido. Por exemplo, uma estufa de produção em larga escala e altamente
tecnificada tende a gerar uma maior margem bruta por estufa, porém naquelas com um
Módulo 3
Cálculo de custo de produção pg. 143
nível tecnológico baixo, ou seja, de baixos investimentos, a produção é menor, sendo uma
consequência a redução da margem bruta por estufa. Esse indicador é importante para tomar
uma decisão mais segura em relação à ampliação da produção quando se tem conhecimento
da demanda e da oferta do produto.
Margem líquida da atividade
A margem líquida da atividade (ML) é obtida pela diferença entre a Renda
Bruta (RB) e o custo operacional total (COT), conforme a fórmula a seguir!
RB COTML
No estudo de caso da Fazenda Santa Felicidade, os dados são:
• RB = R$ 281.565,38
• COT = R$ 91.863,85
Observe o resultado!
ML = R$ 281.565,38 – R$ 91.863,85 = R$ 189.701,53
Módulo 3
Cálculo de custo de produção pg. 144
Variações na análise da margem líquida
da atividade
Conheça as variações na análise da margem líquida da atividade:
É a margem líquida por unidade produzida e deve ser calculada pela divisão
da margem líquida pela produção:
Margem Líquida
Produção
ML unitária =
Dados:
• Produção = 360.365 unidades de alface
• Margem líquida da alface = R$ 180.093,30
Resultado:
ML unitária = R$ 180.093,30 ÷ 360.365
ML unitária = R$ 0,49
ML unitária - Margem líquida unitária
Consiste em converter o valor da margem líquida da atividade em unidade
de alface dividindo a margem líquida pelo preço médio da alface. Isso
permite comparar o resultado da margem líquida entre as propriedades,
sem o efeito do preço. Veja a fórmula abaixo:
Margem Líquida
Preço
ML equivalente =
Dados:
• Preço = R$ 0,73
• Margem líquida = R$ 180.093,30
Resultado
ML equivalente = R$ 180.093,30 ÷ R$ 0,73
ML equivalente = 246.703,15 unidades de alface
ML equivalente - Margem líquida equivalente
Módulo 3
Cálculo de custo de produção pg. 145
Resumindo o tópico
Neste quinto tópico, você:
Aprofundou os seus
conhecimentos sobre
os custos através de
exemplos práticos.
Entendeu como
analisar os custos
com base em dados e
informações de uma
propriedade rural.
Conheceu os cálculos
necessários para
aplicar os conceitos
na documentação
financeira e produtiva.
Módulo 3
Cálculo de custo de produção pg. 146
Encerramento do tema
Você chegou ao final do segundo tema e, de acordo com o que foi visto até
aqui, você pôde conhecer os conceitos e a aplicações dos principais custos
de produção por meio da metodologia de Assistência Técnica e Gerencial –
tanto os fixos quanto os variáveis – além de avaliar o resultado econômico
da propriedade por meio das margens bruta e líquida. Você pôde então
compreender:
A importância da
análise dos dados de
produção e dos custos,
além das receitas,
que devidamente
processados,
possibilitam a avaliação
econômica do negócio
e o planejamento da
empresa.
Como elaborar
unidades de medida
de custos mais claras
para o produtor,
traduzindo números
em produtos.
.
A relevância de
enxergar o quanto
de esforço físico
e financeiro estão
sendo direcionados
apenas para pagar
custos e não para
gerar lucro.
A segunda etapa deste módulo foi bem intensa e bem relevante para você,
que deseja fazer a diferença no trabalho do campo.
Para encerrar este tema, retorne ao seu Ambiente
de Estudos, assista ao vídeo e acompanhe Marcelo
em seu trabalho na Fazenda Santa Felicidade!
Módulo 3
Cálculo de custo de produção pg. 147
Atividade de passagem
Chegou a hora de colocar em prática o que aprendeu!
Você deve responder uma questão relacionada ao conteúdo
estudado até aqui para passar para o próximo tema.
Atenção! Se você estiver com alguma dúvida quanto ao
assunto, retorne ao conteúdo do módulo ou, se preferir, entre
em contato com o tutor no seu Ambiente de Estudos.
Questão
A partir do que foi estudado neste tema, analise os dados apresentados a
seguir, em que são identificados o custo fixo médio (CFM) e o custo total (CT)
da atividade.
• Um trator novo financiado, com valor de R$ 150.000,00 e 15 anos de vida útil.
Pagamento em 8 parcelas anuais. Juros e taxas à instituição financeira iguais
a R$ 45.000,00.
• Uma carretinha de arrasto com valor de novo igual a R$ 14.000,00 e 10 anos
de vida útil. Atualmente, está com 11 anos de uso e valor de sucata igual a R$
5.000,00.
• Produção de composto no valor de R$ 22.500,00.
• Uma mão de obra familiar no valor de R$ 1.034,00 ao mês, com um dia de folga
na semana.
• Construções (casa e galpão para depósito) erguidas na mesma época, 11 anos
atrás, e dentro da vida útil de 40 anos, totalizando R$ 230.000,00.
• Produção de alface: 260 unidades/dia, com preço médio de R$ 1,00/unidade.
• COE total: R$ 37.230,00.
Módulo 3
Cálculo de custo de produção pg. 148
Observe o contexto dos dados nas tabelas a seguir!
Inventário de recursos
ITEM VALOR VIDA ÚTIL DEPRECIAÇÃO CUSTO DE OPORTUNIDADE
Trator R$ 150.000,00 15 R$ 10.000,00 R$ 4.500,00
Carretinha R$ 5.000,00 0 R$ 0,00 R$ 300,00
Construções R$ 230.000,00 40 R$ 5.750,00 R$ 6.900,00
Total R$ 15.750,00 R$ 11.700,00
Mão de obra familiar
ITEM VALOR MENSAL QUANTIDADE VALOR TOTAL
Mão de obra familiar R$ 1.034,00 12 R$ 12.408,00
Produção de alface
ITEM VOLUME DIÁRIO DIAS DO ANO VOLUME TOTAL
Produção de alface 260 unidades 365 94.900 unidades
INDICADORES DE CUSTO
Custo fixo total da alface R$ 39.858,00,00/ano
Custo fixo médio da unidade de alface R$ 0,42/unidade
Custo total da alface R$ 77.088,00/ano
A partir dos dados apresentados, analise as afirmativas abaixo e as classifique
em verdadeiro (V) ou falso (F):
( ) A mão de obra familiar, por ter um dia de folga na semana, deveria ter
sido reduzida.
( ) O custo de bens financiados será integralmente apropriado ao custo de
produção no momento da disponibilização para uso, sem considerar o tipo
ou os valores de parcelamento.
( ) Os custos com juros de financiamento deverão ser adicionados ao bem,
pois, se não houvesse necessidade do bem para a produção, não haveria
financiamento.
Módulo 3
Cálculo de custo de produção pg. 149
( ) Itens que chegaram ao final de sua vida útil não precisarão mais reservar
valores relativos à sua depreciação, porém continuarão a contabilizar custo
de oportunidade.
( ) O custo de oportunidade sobre o capital empatado em composto é o mais
representativo dos custos fixos por ser calculado sobre o valor integral,
porém é um item indispensável à produção.
1. F, V, F, V, V.
2. V, V, F, V, V.
3. F, F, V, V, V.
4. F, F, V, V, F.
5. V, F, V, F, F.
Módulo 3
Cálculo de custo de produção pg. 150
Tema 3: Cálculo dos
indicadores
Introdução
Você está iniciando o terceiro tema do módulo. O objetivo é que você compreenda
os cálculos dos custos e da renda como necessários para a análise da rentabilidade,
que consiste em apurar a margem bruta, a margem líquida e o lucro.
Ao final deste tema, você será capaz de:
• calcular e interpretaros resultados inerentes ao lucro, verificando a capacidade
que um negócio tem para se manter no longo prazo.
• analisar a equivalência de produção, assim como o ponto de cobertura total.
• calcular a taxa de retorno sobre o capital investido, indicador importante para
o empresário definir a atratividade do negócio e comparar com as opções que
ele tem no mercado
Módulo 3
Cálculo de custo de produção pg. 151
Para que todo esse conteúdo fique mais claro e de fácil entendimento, o tema
foi dividido em tópicos. Conheça, a seguir o objetivo de cada um deles.
Tema 3
Tópico 1
Tópico 2Tópico 5
Tópico 4 Tópico 3
Lucro
Entender como calcular, interpretar os resultados e tomar decisões com o lucro,
analisando a atratividade do negócio, levando em conta o custo de oportunidade
do capital empatado no empreendimento.
Ponto de cobertura
(PCOE e PCOT)
Aprender a apurar os
indicadores PCOE e PCOT em
unidades produzidas.
Aplicação dos conceitos
Aplicar durante o estudo
de caso da Fazenda Santa
Felicidade os conceitos
obtidos no tema.
Taxa de retorno do capital
Conhecer a taxa de retorno do
capital, vendo como calcular essa
taxa e seus componentes, levando
em conta o estoque de capital com e
sem a terra.
Ponto de cobertura total
Compreender como apurar um dos
indicadores mais importantes para
saber quanto do que foi produzido foi
comprometido para o pagamento do custo
total ou quanto teria sido necessário
produzir para que todos os custos fossem
pagos, caso se atue em um cenário de
prejuízo econômico.
Conhecido o objetivo de cada tópico, siga em frente neste tema e ótimos
estudos!
Módulo 3
Cálculo de custo de produção pg. 152
Tópico 1: Lucro
O que é lucro na realidade do negócio rural?
No decorrer deste tópico, você verá como calcular, interpretar os
resultados e tomar decisões relacionadas ao lucro.
O lucro (L) é um indicador de atratividade do negócio. No meio rural ele
é pouco utilizado, pois muitas vezes os produtores tomam suas decisões de
investimento com base no lado técnico, voltando o foco para o aumento da
produtividade e da produção, em vez de buscar o melhor retorno econômico.
Módulo 3
Cálculo de custo de produção pg. 153
A realidade do campo
No seu dia a dia de atendimento, não será raro
observar que produtores se tornam referência
na sua região pelo nível de eficiência produtiva e
poucas vezes por alcançar eficiência econômica.
Essa situação normalmente ocorre por impulso
de vendedores ou até mesmo por ser algo visível
em outras propriedades, chamando a atenção e
despertando interesse dos vizinhos, enquanto a
questão econômica não aparece.
O lucro é obtido pela diferença entre a renda bruta (RB) e o custo total (CT),
conforme a fórmula abaixo:
L = RB - CTLucro
Renda bruta Custo total
O Técnico de Campo e/ou empresário rural, quando inicia um trabalho
de viabilização da propriedade, começa seu desafio aplicando na
atividade a margem bruta positiva. A partir disso, ele busca atingir
também a margem líquida positiva, trabalhando a produtividade e o
aumento da produção para chegar ao lucro com aquele negócio.
Esse entendimento escalonado é fundamental, especialmente para que o desafio
de viabilidade de uma propriedade seja suportado pelo empresário rural.
Módulo 3
Cálculo de custo de produção pg. 154
Análise do lucro
Entenda a variação do lucro para melhor analisá-lo.
L>0
Lucro maior
que zero
L=0
Lucro igual
a zero
L<0
Lucro menor
que zero
L < 0 | Lucro menor que zero
Essa posição significa que a renda bruta obtida na atividade não foi suficiente
para cobrir os custos totais. Ou seja, existe um desequilíbrio entre renda e
custos, portanto o produtor atua então dentro de um cenário de prejuízo
econômico.
Vale destacar que, se uma propriedade tem lucro negativo,
esta pode ser uma situação momentânea. Não significa que
ela não seja atrativa, mas sim que a forma com que o negócio
foi dimensionado não está atendendo às expectativas para
a geração de lucro.
Módulo 3
Cálculo de custo de produção pg. 155
Pare para pensar
Uma propriedade produtora de tomate apresenta lucro
negativo. Isso não significa que a cultura de tomate não
seja lucrativa. Como mudar esse cenário? O que você
sugeriria para o proprietário da fazenda?
Escreva aqui a sua sugestão de resolução e, depois de
finalizar o módulo, volte e veja se continua com o mesmo
pensamento!
L>0
Lucro maior
que zero
L=0
Lucro igual
a zero
L<0
Lucro menor
que zero
L = 0 | Lucro igual a zero
Na economia, o lucro zero também é chamado de lucro normal. Neste cenário, existe
equilíbrio entre a renda bruta e os custos totais – ambos se equivalem equivalem.
Módulo 3
Cálculo de custo de produção pg. 156
Esta pode não ser a situação ideal,
porém quando ela ocorre, foi
alcançado o que se chama de nível
mínimo de atratividade.
Isso porque todos os custos
operacionais foram cobertos e o
capital foi remunerado em 6%
ao ano, conforme preconiza a
metodologia de ATeG.
Lucro zero não significa que o produtor não tenha dinheiro no bolso depois de
pagar os custos operacionais efetivos, remunerar a mão de obra da família,
recolher o valor referente à depreciação e remunerar o capital empatado em
forma de custo de oportunidade
Em situação de lucro zero, pode-se estabelecer a estabilidade do negócio
e, em alguns casos, pode ocorrer inclusive crescimento.
Acompanhe um exemplo!
Na prática
Dentro da atividade, um produtor
com lucro igual a zero conseguiu
promover uma grande variação
patrimonial que, fora da
atividade, talvez
não conseguiria.
Automaticamente,
a mesma taxa
de 6% de
remuneração
média, quando
submetida a um
capital maior,
resultará em maior
retorno ao empresário.
Atuando nesse negócio, o produtor pode planejar seu sistema de produção para um maior
retorno, porém também está submetido a riscos. Cabe ao produtor, com apoio do técnico,
definir os melhores caminhos para obter lucro.
Isso acontece
porque a atividade
consegue retornar
os investimentos
realizados, muitos
deles feitos por
meio de crédito
subsidiado.
O fator de
produção, com
itens como tratores,
implementos, sistema
de irrigação etc.,
passa a contribuir
para a geração de
renda, ainda que
esses recursos não
tenham sido pagos.Com isso, surge uma
oportunidade que o
produtor não teria,
caso o capital estivesse
na poupança, por
exemplo.
Módulo 3
Cálculo de custo de produção pg. 157
L>0
Lucro maior
que zero
L=0
Lucro igual
a zero
L<0
Lucro menor
que zero
L > 0 | Lucro maior que zero
Um resultado de lucro maior que zero também é chamado de lucro supernormal.
Isso significa que o negócio avaliado remunera todos os custos e ainda sobra
dinheiro ao empresário para retirada ou aplicação no próprio negócio ou em
outros investimentos.
No meio agropecuário, buscar o lucro maior que zero é o refinamento da
gestão. Isso ocorre quando o produtor atinge a maturidade gerencial e se
torna um empresário rural. Enquanto o objetivo for puramente produzir,
raramente o produtor conseguirá essa margem de lucro.
Módulo 3
Cálculo de custo de produção pg. 158
Ele também passa a
visar redução dos custos
e aumento da renda,
ou aumento no custo
total que seja justificado
pelo aumento da renda
superior ao impacto no
custo.
Com a sua gestão,
ele consegue
dimensionar os
investimentos,
especialmente os que
se referem ao capital
próprio, de forma
mais coesa.
Quando o produtor
atinge maturidade
empresarial, o lucro
passa a ser uma
constante.
Variações do lucro
A) Lucro unitário
É o lucro por unidade produzida, calculado pela divisão do lucro pela produção.
Veja a fórmula abaixo:
Lucro
Produção
Lucro unitário =
Este indicador pode ser utilizado para verificar se o negócio avaliado tem
capacidade para suportar variações no preço de venda sem que tome prejuízo.
Essa análise pode ser feita para qualquer cultura, observe!
Módulo 3
Cálculo de custo de produção pg. 159
PecuáriaAgricultura
• Lucro/kg de carne
• Lucro/litro de leite
• Lucro/dúzia de ovos
• Lucro/kg mel
• Lucro/saca (café, milho e soja)
• Lucro/tonelada (cana, silagem)
• Lucro/arroba de fumo
• Lucro/caixa (hortaliças e frutas)
B) Lucro em equivalentes às unidades produzidas
Consiste em converter o valor do lucro de reais para volume de produção,
bastando para isso dividir o lucro apurado pelo preço médio da unidade
produzida. Isso permite comparar o resultado do lucro entre as propriedades,
sem o efeito do preço*. Observe a fórmula!
Lucro
Preço
Lucro equivalente =
O lucro equivalente às unidades produzidas é utilizado para comparação
entre propriedades diferentes do mesmo negócio, podendo ser usado
para comparar períodos diferentes.
Logicamente, o preço recebido vai interferir no resultado desse indicador. De acordo com a
fórmula, se o mesmo valor for apurado como lucro em duas propriedades e elas receberam
preços diferentes pelo produto, o lucro equivalente será diferente.
Para ter esse conceito mais claro, realize a atividade!
Módulo 3
Cálculo de custo de produção pg. 160
Conheça os dados de duas propriedades produtoras
de café.
Propriedade A:
• lucro de R$ 100.000,00 no ano,
• comercializou o café por R$ 450,00/saca.
Propriedade B corrigida para o mesmo número de matrizes:
• lucro de R$ 110.000,00 no ano,
• comercializou o café por R$ 550,00/saca.
Analisando o resultado, fica claro que a propriedade A foi a mais eficiente.
Porém, qual das propriedades obteve maior lucro equivalente a sacas de café?
Justifique aqui a sua escolha!
Pense e decida
Propriedade A Propriedade B
Lucro
equivalente a
sacas
= 222,22 sacas
Lucro
equivalente a
quilos
= 200 sacas
Lucro
equivalente
Lucro
Preço
= Lucro
equivalente
Lucro
Preço
=
Lucro
equivalente
R$ 100.000,00
R$ 450,00
= Lucro
equivalente
R$ 110.000,00
R$ 550,00
=
Propriedade A Propriedade B
Lucro
equivalente a
sacas
= 222,22 sacas
Lucro
equivalente a
quilos
= 200 sacas
Lucro
equivalente
Lucro
Preço
= Lucro
equivalente
Lucro
Preço
=
Lucro
equivalente
R$ 100.000,00
R$ 450,00
= Lucro
equivalente
R$ 110.000,00
R$ 550,00
=
Produtor A Produtor B
Módulo 3
Cálculo de custo de produção pg. 161
Feedback
A propriedade A, ainda que com um resultado econômico menor, foi mais
eficiente tecnicamente que a propriedade B. Assim, é possível dizer que a
propriedade A precisa melhorar a qualidade de seu produto ou as formas
de comercialização, para conseguir comercializar o seu produto com maior
valor na saca de café.
Pense bem no contexto geral das duas propriedades!
Já a propriedade B teve um lucro maior com um preço unitário maior,
mostrando que conseguiu agregar valor à saca de café, mas mesmo assim
não representou o maior lucro equivalente.
Considerando o contexto apresentando na atividade, vale destacar dois aspectos:
A propriedade B, ao fazer uma análise
histórica, identifica que já conseguiu,
em outros períodos, maior lucro
equivalente a quilos de carne. Dessa
forma, ela validou que pode melhorar
sua produtividade.
O gestor da propriedade B, ao ver
o resultado da propriedade A, deve
analisar as potencialidades de aumentar
a produtividade do seu sistema, desde
que isso não comprometa a qualidade
do produto e, consequentemente, os
preços de venda.
Módulo 3
Cálculo de custo de produção pg. 162
O Senar em Campo tem um vídeo interessante sobre
o assunto: “Lucro – SérieATeG Gestão”, disponível no
YouTube no link:
https://www.youtube.com/
watch?v=LtFAlCW711Q&list=PLpvd_
yKjERaf4xHrtG0sx87tWtaFes9TS&index=10>
Resumindo o tópico
Neste segundo tópico, você:
Conheceu o conceito do
lucro na gestão de uma
propriedade rural.
Descobriu como
encontrar o lucro
e analisar seu
impacto na gestão da
propriedade.
Entendeu as variações do
lucro e como usá-las para
uma gestão madura e de
resultados.
https://www.youtube.com/watch?v=LtFAlCW711Q&list=PLpvd_yKjERaf4xHrtG0sx87tWtaFes9TS&index=10>
https://www.youtube.com/watch?v=LtFAlCW711Q&list=PLpvd_yKjERaf4xHrtG0sx87tWtaFes9TS&index=10>
https://www.youtube.com/watch?v=LtFAlCW711Q&list=PLpvd_yKjERaf4xHrtG0sx87tWtaFes9TS&index=10>
Módulo 3
Cálculo de custo de produção pg. 163
Tópico 2: Ponto de cobertura
Você sabe como pensar em estratégias de gerenciamento
e gestão mais assertivas usando cálculos e comparações?
No decorrer deste tópico você verá o cálculo do ponto de cobertura,
que ajuda a comparar os resultados de uma propriedade em
diferentes períodos.
Módulo 3
Cálculo de custo de produção pg. 164
PCOE
Ponto de
cobertura
operacional
efetivo
PCOT
Ponto de
cobertura
operacional
total
Esta forma de analisar o custo consiste em converter custos em unidades
produzidas. Assim, o empresário e a assistência técnica conseguem definir a
parcela da produção necessária para cobrir os custos de uma propriedade, ou
então, ao elaborar o planejamento, projetar a produção que será necessária
para pagar o COE e o COT.
Um jeito bem fácil de calcular o custo equivalente é dividindo o custo
que se deseja analisar pelo preço de comercialização do produto, para
verificar sua conversão.
A conversão do custo em unidades produzidas também permite ao gestor
comparar seus resultados em diferentes períodos. Essa análise ajuda a avaliar
o negócio numa série histórica, guiando tomadas de decisão.
Entenda!
Foi realizada uma análise comparativa do custo operacional efetivo (COE) por
meio do custo equivalente às unidades produzidas em uma produtora de café
em um período de 2 anos.
Observe os resultados:
Módulo 3
Cálculo de custo de produção pg. 165
A propriedade
gastou 100
sacas de café
para pagar o
COE
A propriedade
gastou 120
sacas de
café para
pagar o COE
ANO 1
ANO 2
Isso significa que, no segundo ano, foi comprometida uma parte maior da
produção para pagar o COE. É possível dizer, então, que no ano 2 a propriedade
foi menos eficiente?
Não! É necessário que o empresário, antes de chegar a essa conclusão, associe
a análise com a renda gerada por essa variação de custo.
Observe as hipóteses que podem justificar a variação:
Módulo 3
Cálculo de custo de produção pg. 166
Queda no preço da saca de café,
sendo necessárias mais sacas
para pagar o COE no ano 2.
Alta nos preços dos insumos
devido a uma variação cambial,
por exemplo.
O aumento no número de sacas
foi justificado por um crescimento
da produção, ou seja, a produção
cresceu mais do que as 20 sacas
aumentadas no COE.
Ponto de cobertura operacional efetivo (PCOE)
O resultado do PCOE representa o volume da produção necessária para pagar
o COE. Ele pode ser calculado pela fórmula:
=
COE
Preço Médio
Ponto de cobertura operacional efetivo
O resultado do PCOE é obtido em unidades produzidas, dependendo da unidade
que usada para comercializar o produto, por exemplo:
• arrobas por ano de erva-mate;
• quilos de mandioca por ano;
Módulo 3
Cálculo de custo de produção pg. 167
• unidade de alface por ano;
• metros cúbicos de madeira por ano;
• arrobas de tabaco por safra;
• toneladas por ano de laranja;
• sacas por ano;
• litros de leite por dia;
• quilos de carne por ano.
Entenda melhor acompanhando o exemplo da Fazenda Cambirela na prática!
Na prática
Fazenda Cambirela
Produtora de feijão: produz 320 sacas em 8 hectares de área,
comercializa o feijão em média a R$ 120,00 a saca de 60 kg e tem
COE de R$ 12.000,00 no ano.
COE
Preço Médio
Ponto de cobertura
operacional efetivo =
Com os dados apresentados, observe como calcular o PCOE dessa
propriedade.
Fórmula:
PCOE = R$ 12.000,00 ÷ R$ 120,00 = 100 sacas/ano
No caso do feijão, cuja produção pode ser expressa por ano, para
que o número fique mais claro para o produtor, dividimos o valor
do PCOE anual por 8 hectares (área para produção). Portanto:
PCOE = 100 sacas ÷ 8 hectares = 12,5 sacas/ha
Isso significa que, das 320 sacas (40 sacas por hectare) de feijão
produzidos por safra, essa propriedade compromete 100 sacas(12,5 sacas por hectare) para pagar o COE.
Módulo 3
Cálculo de custo de produção pg. 168
Esse custo é muito analisado pelos produtores, mesmo de forma empírica, sem
considerar alguns pagamentos, como impostos e taxas, entre outros.
Muitas vezes, o produtor contabiliza apenas as despesas diretamente ligadas
à produção. No entanto, a interpretação correta desse indicador é o ponto de
cobertura operacional efetivo.
Para fixar esse conceito, acompanhe mais este exemplo!
Na prática
Um produtor de milho em um determinado ano agrícola teve os seguintes itens
de COE para 20 hectares:
Elementos de despesa Unidade Quantidade Valor unitário Valor total
Herbicida L 40 R$ 20,00 R$ 800,00
Adubo de base (30-20-10) sac. 150 R$ 65,00 R$ 9.750,00
Adubação de cobertura sac. 120 R$ 63,00 7.560,00
Semente sac. 20 R$ 500,00 R$ 10.000,00
Tratamento de semente L 3 R$ 70,00 R$ 210,00
Herbicida pré L 30 R$ 20,00 R$ 600,00
Herbicida pós L 40 R$ 20,00 R$ 800,00
Inseticida L 3 R$ 120,00 R$ 360,00
Fungicida L 3 R$ 150,00 R$ 450,00
Adubo foliar L 5 R$ 30,00 R$ 150,00
Mão de obra contratada un. 1 R$ 4.695,00 R$ 4.695,00
Horas trator dessecação h 5 R$ 20,00 R$ 100,00
Horas plantio h 20 R$ 40,00 R$ 800,00
Horas inseticida – herbicida h 5 R$ 20,00 R$ 100,00
Horas inseticida – fungicida h 5 R$ 20,00 R$ 100,00
Hora colheita h 15 R$ 250,00 R$ 3.750,00
Frete un. 1 R$ 3.360,00 R$ 3.600,00
Funrural 2,3% un. 1 R$ 1.932,00 R$ 1.932,00
Deslocamento do produtor un. 1 R$ 550,00 R$ 550,00
R$ 46.307,00
Módulo 3
Cálculo de custo de produção pg. 169
O produtor tem posse de um trator, de uma plantadeira e de um
pulverizador, e isso justifica os valores baixos das horas na tabela
citados (os valores da tabela em relação a pulverização e plantio são
apenas do custo da operação). O produtor possui uma depreciação
anual desses equipamentos no valor de R$ 5.833,33.
Análise do ponto de cobertura operacional efetivo
Ponto de cobertura operacional efetivo maior que a produção
Quando o PCOE supera a produção, é possível ver que a empresa rural precisa
rever a eficiência na utilização dos itens do COE. Ela também apresenta
problemas gerenciais graves, pois o empresário precisará usar recursos próprios
ou de terceiros para manter o sistema funcionando.
Popularmente, costuma se dizer que o dinheiro da produção não deu para
pagar as contas. Isso pode ocorrer por diversos motivos, como:
A produção total da lavoura = 3.400 sacas de milho (170 sacas por ha x 20 ha)
Ele comercializou o milho por um preço médio de R$ 28,50 a saca.
Logo:
Isso significa que, nesse período, seriam comprometidas 1.624,8 sacas da
produção total para pagar o COE.
COE equivalente
sacas de milho
R$ 46.307,00
R$ 28,50
=
COE equivalente
sacas de milho 1.624,8 sacas de milho=
Módulo 3
Cálculo de custo de produção pg. 170
Ponto de cobertura operacional efetivo menor que
a produção
Com um PCOE menor que a produção a propriedade se mantém, pelo menos
em curto prazo. Isso porque, ao vender sua produção, ela consegue pagar
todas as despesas de custeio e ainda sobra dinheiro.
Entenda!
Mão de obra
contratada operando
em sistemas de baixa
escala de produção
e participando
excessivamente do
custo.
Catástrofes naturais
que limitam a
produção.
Erros graves na
técnica de produção
que comprometem a
produtividade, como
desequilíbrio nutricional
das plantas.
Problemas
fitossanitários que
ocasionam perda de
plantas.
Na prática
Se um produtor de arroz produziu 10.000 sacas no ano e seu PCOE equivalente foi
de 4.000 sacas, significa que ele será capaz de pagar todas as despesas e ainda
sobrarão 6.000 sacas.
Esse produtor pode comparar, também, quantas sacas gastou para produzir as mesmas
10.000 sacas no ano anterior. Se ele gastou 5.000 sacas no ano anterior e apenas
4.000 neste ano, é possível concluir que, economicamente, ele foi mais eficiente.
Como isso se justifica? Por uma melhoria na eficiência técnica ou por variações no
mercado.
10.000 sacas no ano
6.000 sacas de sobra
PCOE
4.000 sacas
Módulo 3
Cálculo de custo de produção pg. 171
O produtor que pretende obter o máximo da produção deve trabalhar o manejo
e as tecnologias de forma a comprometer o mínimo possível da produção para
pagar o COE.
Ponto de cobertura operacional total (PCOT)
O PCOT é o resultado da divisão do COT pelo preço médio de venda de
um produto.
COT
Preço Médio
PCOT =
O resultado expressa o COT convertido em unidades produzidas, ou seja,
quantas unidades foram, ou precisam ser produzidas para pagar o COT.
Análise do ponto de cobertura operacional total
Ponto de cobertura operacional total maior que a produção
Esse indicador significa que a produção obtida pelo sistema não foi capaz de
pagar o COE, mão de obra familiar e depreciações. Nesse cenário, o produtor
deve fazer algumas verificações:
Verificar se o COE da propriedade é coerente com a produção.
É interessante revisar os conceitos de PCOE.
1
Módulo 3
Cálculo de custo de produção pg. 172
Ponto de cobertura operacional total menor que a
produção
Na situação em que a produção supera o PCOT, dizemos que esse negócio é
sustentável pelo menos no médio prazo, pois além de cobrir o COT, sobram
recursos para remunerar o capital empregado na atividade.
Checar se o fluxo de produção no qual a mão de obra familiar está
inserida pode ser melhorado.
Se o fluxo for adaptado, o recurso humano passaria a produzir mais, diluindo
esse custo.
3
Checar se a estrutura da propriedade é compatível com a escala
de produção.
Os produtores rurais, muitas vezes impulsionados pelo fácil acesso ao
crédito, ou mesmo pelo dinheiro em caixa, superdimensionam seus sistemas
de produção, comprando máquinas e construindo benfeitorias sem analisar
criteriosamente os impactos nos custos e na renda. Dessa forma, para
ajustar esse indicador é necessário reduzir bens ociosos ou aumentar a
escala de produção.
2
Módulo 3
Cálculo de custo de produção pg. 173
Resumindo o tópico
Neste tópico, você:
Entendeu como usar
as comparações para
pensar em melhores
estratégias para a
propriedade rural.
Conheceu os
índices de ponto de
cobertura operacional
efetivo e total.
Compreendeu como
calcular e analisar
contextos de propriedades
a partir desses indices e
suas variações.
Na prática
Relembre o contexto daquela produtora de milho que conhecemos
no estudo do COE equivalente a unidades produzidas.
Estes são os dados:
• COE = R$ 46.307,00.
• Total de depreciações anuais = R$ 5.833,33.
• Produção total da lavoura = R$ 3.400 sacas de milho.
• Mão de obra familiar realizada por marido e esposa = R$
22.500,00 por ano (R$ 937,50,00 x 12 meses x 2 pessoas).
• O preço da arroba comercializada no período foi de R$ 148,72.
Cálculo e resultado
Primeiro, devemos encontrar o COT:
COT = COE + DEPRECIAÇÃO ANUAL + MÃO DE OBRA FAMILIAR
• COT = R$ 46.307,00 + R$ 5.833,33 + R$ 22.500,00
• COT = R$ 74.640,33
Depois, calculamos o PCOT
Isso significa que essa empresa comprometeu 2.618,95 sacas da sua produção
para pagar o COT.
PCOT
COT
Preço Médio
= PCOT
R$ 74.640,33
R$ 28,50
=
PCOT 2.618,95 sacas de milho=
Módulo 3
Cálculo de custo de produção pg. 174
Tópico 3: Ponto de cobertura total
Você sabe como o ponto de cobertura total (PCT) pode
ajudar no gerenciamento da propriedade rural?
No decorrer deste tópico, você verá como calcular o ponto de cobertura
total e sua importância para a gestão da propriedade rural.
Esse é um indicador muito importante! O PCT é obtido ao se converter o
custo total em unidades produzidas, ou seja, quanto da produção a empresa
comprometeu ou terá que produzir para pagar o custo total.
Para calcular o PCT é muito simples: basta dividir o custo total pelo preço:
CT
Preço Médio
Ponto de cobertura total PCT =
Bem fácil, não é mesmo? Agora, entenda como analisar esse índice!
Módulo 3
Cálculo de custo de produção pg. 175
Análise do ponto de cobertura total
Ponto de cobertura total maior que produçãoQuando o resultado do cálculo do ponto de cobertura total é maior que a
produção, vemos que a produção não foi suficiente para pagar o custo total.
Isso se dá em algumas situações, como:
Catástrofes naturais que
comprometeram a produção
– Dessa forma, o produtor tem o
custo integral, mas apenas parte da
produção.
1
Má aplicação da técnica de
produção – Muitas vezes, o
produtor reduz a utilização de
recursos que influenciam os custos
de produção. Outras situações
podem levar o produtor a não
atingir o ponto de cobertura total,
especialmente a falta de gestão e a
ineficiência no uso dos recursos.
2
Acompanhe um exemplo!
Na prática
Uma fazenda de produção de milho estava
contabilizando custos muito altos e nada de lucro.
Seu proprietário resolveu, então, reduzir o uso de
fertilizantes, acreditando solucionar o problema.
Assim, para que o produtor eleve a
produção novamente, terá que reinserir
na atividade aqueles insumos que retirou,
o que causará uma mudança no custo
utilizado para obter o PCT.
A curto prazo, atitudes
como essa produzem
redução das despesas
e um ajuste de fluxo de
caixa momentâneo.
Porém, esse tipo de
comportamento pode
promover uma redução
da produção, que acaba
inviabilizando o negócio.
Módulo 3
Cálculo de custo de produção pg. 176
Isso explica por que o PCT não é o indicador da produção que representa o
lucro, mas se trata da parcela da produção utilizada para cobrir o custo total.
Sistema de produção com baixa escala de produção
Muitos sistemas de produção têm alto custo fixo, porém operam em baixa
escala de produção. O curioso é que, nesses casos, quando calculado o PCT,
vemos que o resultado apresentado é de alto valor, mesmo com um alto custo
fixo e operação em baixa escala.
O que fazer
nesse caso
Para aumentar a produção, seria
necessário um aumento em toda a
parcela variável do COE, o que
resultaria num CT maior do que o
que foi usado para o cálculo do PCT.
?
Mais uma vez, se vê que não podemos dizer que o PCT indica se a produção
terá lucro, mas sim qual a parcela da produção que seria necessária para cobrir
o custo total atribuído ao produtor.
O produtor precisa analisar em qual cenário ele se enquadra, tomando
as decisões administrativas mais assertivas para que não continue
produzindo sem lucro.
Especialmente nos casos de produção de composto, na atividade olerícola, por
exemplo, ao aumentar a compostagem, haverá um crescimento no estoque
de capital sem existir elevação nas depreciações, uma vez que o composto é
um produto que não sofre depreciação.
Logo, isso causaria um aumento no custo de oportunidade do capital empatado.
Esse aumento pode ser justificado pelo crescimento da produção.
Módulo 3
Cálculo de custo de produção pg. 177
Ponto de cobertura total menor que a produção
Nesse caso, a interpretação é bem simples.
• O PCT representa a parcela da produção comprometida para pagar o custo total.
• A análise do PCT se fundamenta em compreender se o produtor está alcançando
o nível mínimo de produção para pagar todos os custos; caso não esteja, deve
procurar saber o que pode fazer para obter tal patamar de produção.
Esse indicador se torna mais visível quando o produtor usa o valor para comparar
seus resultados com outros produtores que recebem preços diferentes, podendo
dizer quem foi mais eficiente em unidades produzidas. Outra forma de usar esse
indicador é comparando os resultados da própria empresa rural em períodos
diferentes.
Observe o exemplo da Fazenda Morada dos Ipês!
Na prática
Acompanhe!
Dados:
• COT = R$ 116.524,61.
• Preço médio do trigo (sacas de 60 kg) = R$ 34,68.
• Estoque de capital em máquinas, equipamentos, benfeitorias = R$ 453.343,52.
Fazenda Morada dos Ipês
Uma produtora de trigo. O proprietário
tem recebido o apoio de uma Técnica
de Campo. A propriedade conta
com extensão expressiva de terras,
e a Técnica tem aplicado vários
conhecimentos da metodologia ATeG
para ajudar a propriedade a crescer.
Módulo 3
Cálculo de custo de produção pg. 178
Veja que os cálculos aprendidos até aqui apresentam suas particularidades,
mas são simples e fáceis de memorizar. Lembre-se da importância e da forma
correta de aplicar cada um deles.
Resumindo o tópico
Neste terceiro tópico, você:
Conheceu o ponto
de cobertura total
e a sua importância
para a gestão de uma
propriedade.
Entendeu como
analisar os dados da
propriedade, com
base nesse indicador
e nas suas variações.
Observou esse indicador
sendo aplicado em
exemplos práticos nas
rotinas rurais.
Acompanhe!
Dados:
• COT = R$ 116.524,61.
• Preço médio do trigo (sacas de 60 kg) = R$ 34,68.
• Estoque de capital em máquinas, equipamentos, benfeitorias = R$ 453.343,52.
Custo de oportunidade do capital empatado =
Custo de oportunidade do capital empatado = R$ 13.600,30
CT = R$ 116.524,61 + R$ 13.600,30
CT = R$ 130.124,91
x 6%
CT equivalente
sacas de trigo
R$ 130.124,91
R$ 34,68
=
CT equivalente sacas de trigo = 3.752,16 sacas
R$ 453.343,52
2
Módulo 3
Cálculo de custo de produção pg. 179
Tópico 4: Taxa de retorno de capital
Você entende a relação da taxa de retorno com a
margem líquida?
Neste tópico você verá como funciona a taxa de retorno sobre o
capital empatado (TRC), calculando novamente a margem líquida e
considerando os tipos de estoques e demais fatores que contribuem
para o cálculo correto desse indicador.
Como já visto, existe uma série de fatores a considerar no momento de realizar
os cálculos de indicadores, entre os quais está a taxa de retorno sobre o
capital empatado, conhecida como TRC.
A taxa de retorno do capital empatado (TRC) é o indicador central da análise
da atividade e sem dúvida o mais importante. Isso porque ele é formado a
partir da combinação de indicadores de produção e produtividade, custos
operacionais, renda bruta e estoque de capital, como mostra a figura abaixo:
Módulo 3
Cálculo de custo de produção pg. 180
TRC
ML Capital
TerraBenf. Maq.
Equip.COTRenda
Produt.Área
Preço COE MOF e dProdução
Qualquer variação na produção, no preço, nos custos operacionais efetivos,
na depreciação, no valor da mão de obra familiar, ou ainda, no estoque de
capital, terá impacto na TRC.
A taxa de retorno sobre o capital empatado (TRC) corresponde, em termos
percentuais, à capacidade da atividade de remunerar o capital médio que foi
aplicado na produção. Ela é calculada considerando o estoque de capital
com e sem a terra.
A realidade do campo
O Técnico de Campo deve realizar ambas as
análises, com e sem terra, para que o efeito do
“valor da terra” seja posto à parte, conseguindo
avaliar apenas a atividade em si. Isso é importante
especialmente quando o empresário rural não cogita
a hipótese de vender a terra, o que é muito comum
nesse meio.
A taxa de retorno do capital é calculada com a seguinte fórmula:
Margem Líquida
Estoque de capital
TRC = x 100
Módulo 3
Cálculo de custo de produção pg. 181
Margem líquida
A margem líquida é o resultado da diferença entre a renda bruta e o custo
operacional total, ou seja, o que sobra da renda bruta quando abatido o COE,
depreciações e custo da mão de obra familiar. Esses custos são inerentes à
operação e são reais.
A depreciação ocorre ao longo do tempo e, mais cedo ou mais tarde, haverá
necessidade de substituição do bem e o consequente desembolso, ou seja, a
estrutura do negócio, se não monetizada, não é uma riqueza, e sim um custo.
Por mais que a depreciação
e a mão de obra familiar não
resultem em desembolso
sistemático, elas são custos
do sistema que não retornam
ao empresário.
Com relação à mão de
obra familiar, por mais que
o desembolso não seja
sistemático, o trabalho por
ela realizado precisa ser
valorizado e custeado pelo
sistema de produção.
Módulo 3
Cálculo de custo de produção pg. 182
Na prática
Uma propriedade produtora de café possui um sistema de
produção que precisa de um trator para fazer os tratosculturais.
• Valor de mercado = R$ 70.000,00
• Vida útil = 15 anos.
Durante esses 15 anos, ele terá apenas os gastos com
manutenções. Porém, ao final da vida útil o dinheiro investido
nesse trator possuirá um valor residual mínimo.
Podemos concluir que, se a atividade com o trabalho do trator
não remunerar pelo menos os R$ 70.000,00 nesse período, é
melhor que o empresário não aplique seu dinheiro nesse trator,
pois esse item será um custo, e não uma riqueza.
Não se usa o lucro para calcular a taxa de retorno, porque dele são contabilizados
os custos de oportunidade sobre o capital empatado e esse custo não se
incorpora ao produto, sendo apenas analítico. Assim, esse valor também
retorna ao empresário
O objetivo principal ao se calcular a taxa de retorno é justamente
identificar se o negócio avaliado possui retorno superior a 6%, que
constitui a taxa média de remuneração do capital, balizada na poupança.
Conheça os estoques e seus cálculos!
Módulo 3
Cálculo de custo de produção pg. 183
Estoque de capital médio em benfeitorias, plantas
perenes, máquinas e equipamentos (ECM)
O estoque de capital médio consiste em calcular a média do capital empatado,
considerando um determinado bem ao longo de sua vida útil. Como na metodologia
de ATeG considera-se um valor de sucata igual a zero, um bem empregado na
atividade passará toda a sua vida útil nela.
Dessa forma, o bem vai de 100% a 0% do capital nele empatado dentro da
atividade. Em média, ao longo da vida útil, o bem tem 50% do capital investido
na atividade.
Logo, para máquinas, plantas perenes, equipamentos e benfeitorias, o capital médio
é calculado usando a seguinte fórmula:
Valor de novo do bem
2
Estoque de capital =
Estoque de capital médio em benfeitorias,
plantas perenes, máquinas e equipamentos (ECM)
O estoque de capital em floresta é também chamado de inventário florestal, ou
seja, é o valor da floresta. Vale destacar que, para fazer esse levantamento, deve-
se definir um valor médio de cada planta da floresta (e não o valor dos eucaliptos
melhores, por exemplo).
Em outras palavras, se essa floresta fosse vendida, quanto ela valeria no mercado
atual?
Estoque de capital em floresta (ECF)
Estoque de capital em floresta (ECF)
Estoque de capital em terra (ECT)
Módulo 3
Cálculo de custo de produção pg. 184
O estoque de capital em terra é o valor da terra nua no mercado em que a
propriedade está inserida, multiplicado pela área da propriedade.
Valor da terra nua (R$)
Área (ha)
Estoque de capital em terra =
Vale destacar que, se na propriedade houver mais de uma atividade, devemos
ratear as áreas de construções, estradas, reservas e outras áreas improdutivas.
Esse rateio pode ser feito em proporção à área útil utilizada em cada atividade.
Estoque de capital em terra (ECT)
Entenda melhor acompanhando o exemplo!
Na prática
Uma propriedade de 100 hectares produz café e limão.
Observe os dados!
• Área destinado para reservas = 30 ha.
• Áreas construídas = 70 ha úteis, divididos entre
limão e café.
• Participação do limão na área útil = 28/70 = 40%.
• Participação do café na área útil = 42/70 = 60%.
Logo:
• Área de reservas e construções destinadas ao limão = 30 ha x 40% = 12 ha.
• Área de reservas e construções destinadas ao café = 30 ha x 60% = 18 ha.
Se o valor da terra nua na região for de R$ 10.000,00/ha, o estoque de capital em terra
destinado para cada atividade será:
ECT para o limão = (28 ha + 12 ha) x R$ 10.000,00 = R$ 400.000,00.
ECT para o café = (42 ha + 18 ha) x R$ 10.000,00 = R$ 600.000,00.
Módulo 3
Cálculo de custo de produção pg. 185
Taxa de retorno do capital sem a terra (TRCST)
A taxa de retorno do capital sem a terra é utilizada para comparar diferentes
sistemas de produção, ou até mesmo definir qual atividade explorar.
Uma questão importante é que a maioria dos proprietários de terra não estão
dispostos a vendê-la, portanto é importante saber o que dá maior retorno
sobre a terra para a tomada de decisão. Além disso, esse indicador é utilizado
também para casos de arrendatários.
A taxa de retorno do capital sem terra é calculada da seguinte forma:
Estoque de capital sem terra, que corresponde à soma do estoque de capital médio de
máquinas, benfeitorias e plantas perenes com o estoque de capital em reflorestamento
ou em produção de composto.
Taxa de retorno do capital sem terra.
Margem Líquida
ECST
TRCST = X 100
Entenda melhor vendo esse cálculo aplicado num exemplo prático:
Margem Líquida
ECST
TRCST = x 100
Na prática
Em uma fazenda produtora de soja, foi calculada a taxa
de retorno do capital sem a terra. Observe!
• Estoque de capital médio em máquinas,
equipamentos e benfeitorias = R$ 650.000,00
• Margem líquida = R$ 65.000,00
Significa dizer que todo o capital investido na propriedade (tudo o que está em cima da
terra), anualmente, retorna ao produtor 10% desse capital. Esses 10% retornam por meio
da renda (margem líquida) da atividade que a propriedade possui.
TRCST x 100
Margem Líquida
ECST
= TRCST x 100
R$ 65.000,00
R$ 65.000,00
= TRCST 10%=
Módulo 3
Cálculo de custo de produção pg. 186
Taxa de retorno do capital com terra (TRCCT)
A taxa de retorno do capital com a terra permite ao empresário analisar a
capacidade que o sistema de produção integrado à terra tem de remunerar o
capital. Seu cálculo é feito através da seguinte fórmula:
Estoque de capital com terra, que é a soma do estoque
de capital sem terra com o estoque de capital em terra.
Taxa de retorno do capital com terra.
Margem Líquida
ECCT
TRCCT = X 100
Interpretação da TRCCT
Entenda o que os valores encontrados nesse indicador podem apontar:
Em algumas atividades,
como a produção de soja
com nível de tecnologia
baixo, o estoque de capital
em benfeitorias, máquinas
e equipamentos é muito
baixo. Isso pode causar
uma alta TRCST.
A referência é especulação
imobiliária, quando existe a
decisão de manter a terra
contando com uma valorização
desse patrimônio. Uma taxa de
retorno menor é aceitável, pois
o risco dessa decisão é menor,
quando comparado a montar
um sistema de produção em
qualquer cadeia.
A referência mais
comum é a poupança e
outros investimentos de
renda fixa assegurada,
porém cada empresário
pode adotar uma taxa
mínima de atratividade
de acordo com as
oportunidades que ele
tem para o capital.
Dependendo do valor da
terra na região, isso resulta
em baixas taxas de retorno
do capital investido.
Para definir se a taxa de
retorno do capital é
atrativa, cada gestor
precisa adotar sua
referência.
Algumas situações
podem causar uma
TRCST alta.
Vale destacar
que a metodologia de
ATeG não calcula a
variação do patrimônio
em terra, pois considera a
decisão de ter a terra
como outra atividade.
Esse tipo de sistema
demanda grandes
extensões de terra, pois
opera normalmente em
baixa produção.
Dessa forma, podemos afirmar que em regiões de terra de alto valor, para
viabilizar e manter a terra é necessário ter uma produção intensiva em qualquer
atividade agropecuária.
Módulo 3
Cálculo de custo de produção pg. 187
Resumindo o tópico
Neste quarto tópico, você:
Compreendeu o
conceito da taxa
de retorno sobre o
capital empatado.
Explorou a taxa de retorno
de capital com e sem
terra, e sua interpretação
diante de contextos de
aplicação prática.
Entendeu a relação da
TRC com a margem
líquida e a sua
importância para os
cálculos da taxa de
retorno.
Conheceu os
estoques de capital
ECM, ECA e ECT.
Margem Líquida
ECST
TRCST = x 100
Na prática
Ainda usando o contexto da propriedade produtora de
soja, observe as informações a seguir:
• Estoque de capital médio em máquinas,
equipamentos e benfeitorias = R$ 650.000,00
• Valor da terra: R$ 10.000,00/ha
• Área = 200 ha
• Estoque de capital em terra = 200 ha x R$
10.000,00 = R$ 2.000.000,00
• Margem líquida = R$ 65.000,00
Cálculo e resultado:
Logo, podemos concluirque é necessário ter uma produção intensiva para viabilizar e
manter a terra.
TRCCT x 100
R$ 65.000,00
R$ 650.000,00 + R$ 2.000.000
= TRCCT 2,45%=
Módulo 3
Cálculo de custo de produção pg. 188
Tópico 5: Aplicação dos conceitos
Qual é o papel que a comunicação desempenha no
processo de desenvolvimento rural?
No decorrer deste tópico vamos aplicar o que aprendemos ao
longo do módulo no estudo de caso da Fazenda Santa Felicidade.
Também vamos relembrar alguns conceitos já aprendidos e que o
ajudarão a construir seu conhecimento.
Agora é hora de aplicar todos os conceitos trabalhados no tema, analisando
os dados da Fazenda Santa Felicidade.
Então, antes de começar, vá até o Ambiente de Estudos e relembre todas as
informações da Fazenda Santa Felicidade.
Com base nesses dados, entenda como calcular o lucro e os indicadores
relacionados ao lucro, destacando o PCT.
Módulo 3
Cálculo de custo de produção pg. 189
Lucro (L)
O lucro é obtido pela diferença entre a renda bruta (RB) e o custo total (CT),
conforme a fórmula:
RB CTL
Cálculo e resultado:
L = R$ 281.565,38 – R$ 97.988,89
L = R$ 183.576,49
Variações do lucro
Lucro unitário
O lucro unitário é aquele obtido por unidade produzida. Conseguimos o seu
valor calculando a divisão do lucro pela produção. Veja a fórmula:
Lucro
Produção
Lucro unitário =
Cálculo e resultado:
Lucro unitário = R$ 183.576,49 ÷ 360.365
Lucro unitário = R$ 0,50
1
21
Módulo 3
Cálculo de custo de produção pg. 190
Lucro equivalente às unidades produzidas
Consiste em converter o valor do lucro em unidades de alface dividindo esse
valor encontrado pelo preço da alface. Isso permite comparar o resultado de
lucro entre as propriedades sem o efeito do preço. Veja a fórmula:
Lucro
Preço
Lucro equivalente =
Cálculo e resultado:
Lucro equivalente = R$ 183.576,49 ÷ R$ 0,73
Lucro equivalente = 251.474,64 unidades de alface
2
COE, COT e CT
Agora, observe as fórmulas e a aplicação de cada uma delas, considerando os
dados da Fazenda Santa Felicidade.
Os valores dos custos são convertidos em unidades de alface, ou seja, quantas
unidades de alface são necessárias para cobrir COE, COT e CT.
COE
COE – PCOE equivalente a unidades de alface
Dados:
• COE = R$ 58.981,20.
• Preço médio ponderado da alface = R$ 0,73.
Cálculo e resultado:
PCOE equivalente à unidade de alface = R$ 58.981,20 ÷ R$ 0,73
PCOE equivalente à unidade de alface = 80.796,16 unidades/ano
Para entender melhor esses resultados, dividimos esse valor em unidades por
dia, pois, na prática, o que o produtor planeja é sua produção diária.
80.796,16 unidades ÷ 365 dias = 221,35 unidades por dia
Assim, a quantidade da produção diária comprometida para pagar o COE foi
de 221,35 unidades.
Módulo 3
Cálculo de custo de produção pg. 191
COT
COT – PCOT equivalente em unidades de alface
Dados:
• COT = R$ 85.472,08.
• Preço médio ponderado da alface = R$ 0,73.
Cálculo e resultado
PCOT = R$ 85.472,08 ÷ R$ 0,73
PCOT = 117.085,04 unidades/ano
No PCOT, a conversão será em unidades por dia, dividindo o volume anual
por 365 dias.
117.085,04 unidades ÷ 365 dias = 320,78 unidades por dia
Portanto, 320,78 unidades de alface da produção diária são comprometidas
para pagar o COT.
CT
CT – Ponto de cobertura total (CT equivalente em unidades de alface)
Dados:
CT = R$ 97.988,89.
Preço médio ponderado da alface = R$ 0,73.
Cálculo e resultado
PCT = R$ 97.988,89 ÷ R$ 0,73
PCT = 134.231,35 unidades/ano
Agora, veja o cálculo em unidades por dia:
134.231,35 ÷ 365 = 367,75 unidades por dia
Concluindo: a produção diária necessária para pagar todos os custos é de
367,75 unidades.
Viu só como é simples fazer os cálculos e ter uma visão mais ampla dos custos
e lucros de uma empresa rural?
Módulo 3
Cálculo de custo de produção pg. 192
Resumindo o tópico
Neste quinto tópico, você:
Aplicou o conhecimento
do tema, aprofundando-
se no estudo de caso
da Fazenda Santa
Felicidade.
Acompanhou o passo
a passo dos cálculos
utilizados.
Analisou os cálculos sobre
o lucro a partir dos dados
da fazenda.
Encerramento do tema
Durante o tema, foi visto que é essencial entender como calcular os principais
indicadores de rentabilidade, para um gerenciamento eficiente da propriedade.
Você pôde compreender:
Como o lucro
ajuda a medir a
atratividade do
negócio, entendendo
que ele também é
um refinamento da
gestão por parte do
empresário rural.
A importância de
analisar o lucro
como parte da
avaliação do custo de
oportunidade do seu
capital.
Que esse indicador é
ainda mais evidente
quando se calcula
a taxa de retorno
do capital, em que
o produtor passa
a comparar as
oportunidades do
mercado.
A terceira etapa desse módulo foi uma chuva de cálculos, não é? O entendimento
desses conceitos, a análise e a aplicação são essenciais para basear o seu
trabalho de gerenciamento, garantindo a qualidade e a rentabilidade que toda
propriedade precisa!
Agora, para finalizar o tema, retorne ao Ambiente de
Estudos, assista a um vídeo e acompanhe Marcelo e
o seu trabalho na Fazenda Santa Felicidade!
Siga em frente para encerrar esse módulo!
Módulo 3
Cálculo de custo de produção pg. 193
Atividade de Passagem
Chegou a hora de colocar em prática o que aprendeu!
Você deve responder uma questão relacionada ao conteúdo
estudado até aqui para finalizar este módulo e seguir para a
avaliação.
Atenção! Se você estiver com alguma dúvida quanto ao
assunto, retorne ao conteúdo do módulo ou, se preferir, entre
em contato com o tutor no seu Ambiente de Estudos.
Questão
Leia o trecho adaptado de um texto retirado do portal da Universidade Federal
de Minas Gerais (UFMG…, s.d.)
“Atualmente, a cadeia da olericultura consiste num segmento do
agronegócio de elevada concorrência, incertezas e redução continuada
das margens de ganho. Os sistemas de produção são complexos e
diversificados. Cada produtor deve desenvolver seu sistema de produção,
combinando suas metas às condições ambientais e mercadológicas,
devendo aliar às suas capacidades financeiras e recursos humanos,
tendo como base as responsabilidades social e ambiental. A capacidade
gerencial do administrador, envolvendo o planejamento, a direção e o
controle dos processos da atividade, bem como a alocação dos recursos
produtivos de maneira racional, são fundamentais para a eficiência
técnica e econômica. A gerência não deve permitir que o aumento de
custo unitário diminua sua vantagem competitiva. Quando se aumenta
a produtividade, aumenta-se o custo total (principalmente o variável).
Devido à maior quantidade de produtos gerados (sacas de composto ou
unidades de alface), o custo unitário diminui. Com menor custo unitário
de produção e mesmo preço médio de venda, ocorre maior receita
total, além de aumento do lucro total e da rentabilidade do sistema. A
produtividade deve ser analisada de acordo com a disponibilidade dos
fatores de produção (terra, trabalho e capital), que, sendo mais escassos,
tornam-se mais caros. Quando se aumenta a produtividade da olericultura,
Módulo 3
Cálculo de custo de produção pg. 194
observa-se também o aumento da produtividade da terra, do trabalho
e do capital. O uso de tecnologias permite aumentar a produtividade e,
consequentemente, reduzir o custo médio unitário. É por esse motivo
que as propriedades mais tecnificadas são mais competitivas.”
Com base no que você aprendeu neste tema do curso e analisou no texto,
classifique as seguintes afirmações como verdadeiras (V) ou falsas (F):
• O lucro de uma atividade é produto da diferença entre custos e receitas. Quanto
maior a eficiência produtiva, melhor é a diluição dos custos fixos, aumentando
o lucro unitário.
• O ponto de cobertura operacional efetivo (PCOE) representa um nível de produção
necessário para cobrir o COE. Portanto, é variável de acordo com a produtividade.
• Uma maior infraestrutura produtiva impacta diretamente o estoque de capital
médio. Assim, o equivalente em produção dolucro obtido será maior quanto
maior for esse estoque.
• A diferença entre a quantidade total de unidades de produtos agropecuários
produzidos e o ponto de cobertura total permite ao produtor conhecer seu lucro
equivalente em produtos.
• Uma maior eficiência produtiva melhora as perspectivas de lucro e de taxa
de retorno do capital. Porém, para encontrarmos a TRC, utilizamos a margem
líquida, e não o lucro — este já contabiliza o custo de oportunidade do capital
empatado (CO).
1. F, F, V, F, F.
2. V, F, V, V, V.
3. V, V, F, V, V.
4. V, F, F, V, V.
5. V, F, V, F, F.
Módulo 3
Cálculo de custo de produção pg. 195
Encerramento do módulo
Durante este módulo, foram abordados conceitos de extrema relevância para
o gerenciamento da propriedade rural, garantindo um trabalho eficiente nas
finanças e nas decisões produtivas. Relembre!
• É importante
diferenciar os
elementos de custo
fixo, decompor
os custos fixos, a
depreciação e a
contabilização dos
valores de mão de obra
familiar.
• A análise profunda
dos custos, ou seja,
ter uma anotação
detalhada das despesas
é uma ferramenta
de controle dos
processos produtivo e
administrativo.
• A análise dos dados de
produção e custos, além
das receitas, quando
devidamente processada,
possibilita a avaliação
econômica do negócio
e o planejamento da
empresa. Podemos
visualizar o quanto de
esforço físico e financeiro
está sendo direcionado
apenas para pagar custos
e não para gerar lucro.
• O lucro é um indicador
que ajuda a medir
a atratividade do
negócio e também é
um refinamento da
gestão por parte do
empresário rural. Isso
fica mais evidente
quando calculamos
a taxa de retorno do
capital e a comparamos
com as oportunidades
do mercado.
Módulo 3
Cálculo de custo de produção pg. 196
O objetivo é garantir que você se aproprie de conhecimentos e tenha o
desenvolvimento de competências que lhe deem condições para transferi-los
de maneira mais eficiente e efetiva ao produtor, o que fará de você um legítimo
promotor de mudanças e transformações.
Antes de finalizar este módulo, vá ao seu Ambiente
de Estudos e assista ao vídeo de encerramento.
Siga em frente, volte ao Ambiente de Estudos e acesse o Estudo de Caso, o
Simulado e a sua Avaliação.
Sucesso e até o próximo módulo!
Módulo 3
Cálculo de custo de produção pg. 197
Final de etapa
Parabéns pelo seu percurso até aqui!
Este é mais um momento para você aplicar os seus conhecimentos! Então,
para finalizar o módulo, retorne ao Ambiente de Estudos onde você deverá
realizar três atividades. Veja o que deve ser feito!
Estudo de Caso
Será apresentada para você uma situação problema relacionada
aos temas estudados no módulo. Responda, fazendo uma análise
da situação. Você deverá responder ao Estudo de Caso em forma
de texto, ok? Essa atividade será corrigida pelo tutor, que dará
uma nota e um feedback.
Módulo 3
Cálculo de custo de produção pg. 198
Simulado
São 17 questões objetivas sobre os três temas deste módulo.
Você pode realizar o Simulado três vezes, permitindo que você
se prepare bem para a Avaliação.
A realização dessa atividade é obrigatória, porém não vale nota.
Ela é uma ótima oportunidade para verificar o seu conhecimento,
estudar e ter uma prévia de como será a avaliação. Aproveite!
Avaliação
Depois de realizar o Simulado, você terá acesso à Avaliação.
Ela também é composta por 17 questões objetivas de múltipla
escolha e é composta por todo o conteúdo estudado no módulo.
Essa atividade é obrigatória e vale nota.
O seu desempenho nela será contabilizado na sua média. A
correção é automática, ou seja, é o LMS que fará a correção
da atividade.
Onde acessar?
Para acessar essas atividades, clique no menu do seu Ambiente de Estudos e,
depois, em Minhas Avaliações.
Início | Ambientação | Conteúdo | Biblioteca | Minhas Avaliações | Turma | Comunicação |
Importante! A Avaliação estará disponível somente depois que você
passar pelo Simulado. Comece apenas quando tiver a segurança e
a confiança necessárias nos seus estudos, pois você terá somente
uma tentativa de acerto.
Ah! Caso falte energia durante a avaliação, não se preocupe, pois o sistema
de avaliações, incluindo o Simulado, são salvos automaticamente. Você não
perderá nada do que já respondeu!
Para obter informações mais detalhadas sobre o acesso ou se tiver qualquer dúvida,
por favor, entre em contato pelo Tira-Dúvidas ou pelo e-mail faleconoscoead@
faculdadecna.com.br ou ainda pelo telefone 0800 006 4849 de segunda a sexta-
feira, das 8h às 12h e das 14h às 18h, no horário de Brasília.
Até o próximo módulo!
Módulo 3
Cálculo de custo de produção pg. 199
Gabarito das Questões
Tema 1
Alternativa correta: 5. COE / d / COE / MOF / COT
O custo operacional efetivo é variável e exige desembolsos financeiros para que
a produção ocorra. A depreciação representa a reserva de capital destinada
à substituição de itens ao final de sua vida útil, desprezando-se os valores de
sucata. Já a mão de obra familiar representa uma despesa de natureza fixa,
que não exige desembolso de capital financeiro para seu pagamento, pois
apenas é um levantamento da oportunidade implícita em se vender o trabalho,
em vez de trabalhar para si próprio. Ou seja, a atividade se torna obrigada a
remunerar esse fator de produção, caso contrário, será melhor aplicá-la em
outra atividade ou lugar. Porém, quando há pagamento sistemático desse
trabalho executado para si mesmo, a terminologia mais adequada é pro-labore.
Ao ser identificada essa ocorrência, o aconselhável é remover esse item dos
custos fixos da propriedade e alocá-lo nos variáveis, pois há, de fato, saída de
capital. Por fim, o custo operacional total representa uma somatória do COE,
depreciação e MDOF. Caso seja negativo com COE positivo, isso significa que
a atividade se mantém no curto prazo. Caso o COT seja nulo, significa que ela
poderá se manter no médio prazo. Em caso de COT positivo, é necessário dar
sequência aos estudos e analisar se houve ou não lucro na empresa. Diante
do exposto, a resposta que melhor completa as informações elencadas é “E”.
Tema 2
Alternativa correta: I. F, V, F, V, V
Analisando item a item das informações fornecidas:
• Trator: o valor total do bem para o sistema produtivo será seu valor de novo,
sem taxas ou juros bancários. Portanto, R$ 150.000,00. Sua vida útil será igual
a 15 anos, independentemente do número de parcelas do financiamento.
• Carretinha de arrasto: é um bem depreciado, ou seja, não possui mais vida útil,
porém ainda possui valor de mercado, atualmente avaliado em R$ 5.000,00.
Módulo 3
Cálculo de custo de produção pg. 200
• Produção de composto estabilizado: não sofre depreciação. Seu valor é
contabilizado integralmente para o cálculo de custo de oportunidade.
• A mão de obra familiar não possui acréscimos de obrigações trabalhistas,
sendo considerado apenas o salário mensal estabelecido, multiplicado pelos
12 meses do ano.
• Foi informado que as construções custaram R$ 230.000,00 quando novas, e
esse será o valor a ser considerado. O fato de já estarem sendo utilizadas há
11 anos, em comparação aos 40 anos de vida útil total, não irá alterar a forma
de calcular a depreciação, pois a metodologia utiliza a depreciação linear. O
custo de oportunidade também não será afetado por esse uso, uma vez que
o importante é saber apenas se o bem analisado está ou não dentro do prazo
de vida útil.
• Produção de alface: foi fornecido o volume de produção diária (260 unidades),
devendo ser encontrado o volume anual.
• Preço da alface: essa informação não será usada para responder ao exercício, mas
é sempre bom ter em mente o valor recebido por cada unidade comercializada,
a fim de agilizar diversas análises, como o lucro ou o prejuízo unitário.
• COE: esse valor deverá ser utilizado como referência do COE, sem rateios.
Identificação dos indicadores de custos: Para determinar o custo fixo médio,
ou seja,o custo fixo por unidade de alface produzido, é necessário encontrar
o custo fixo total, para então dividi-lo pelo volume total da produção anual
dessa propriedade. O custo fixo será igual à somatória da mão de obra familiar,
depreciação e custo de oportunidade.
CF = MDOF + d + CO
CF = 12.408,00 + 15.750,00 + 25.110,00
CF = R$ 53.268,00/ano
CFM = CF ÷ Produção total
CFM = R$ 53.268,00/ano ÷ 94.900 unidades/ano
CFM = R$ 0,56
Isso significa que a cada R$ 1,00 ganho na venda de cada unidade de alface,
esse produtor possui R$ 0,56 comprometidos somente em custo fixo.
Módulo 3
Cálculo de custo de produção pg. 201
Uma vez conhecidos os valores do COE e CF, fica mais fácil determinar o CT.
Veja:
CT = COE + CF
CT = 37.230,00 + 53.268,00
CT = R$ 90.498,00/ano
Isso significa que o custo total suportado por esse produtor, para que ele oferte
seus produtos no mercado, é de R$ 90.498,00 ao ano.
Tema 3
Alternativa correta: 3. V, V, F, V, V
A afirmativa A é verdadeira, pois lucro é função de renda bruta menos custos
totais. Relembre a fórmula: L = RB – CT. Nos custos totais, estão inclusos tanto
os variáveis quanto os fixos. Os primeiros têm por característica aumentar
conforme se aumenta a produção, sendo pequena sua redução por unidade
produzida.
Já os segundos se mantêm constantes, sendo mais impactante sua amortização
quando se tem maior eficiência produtiva, pelo simples processo da diluição
(distribuição).
Corroborando com essa explicação, temos a afirmativa B, que também é
verdadeira. Afinal, o COE tanto poderá não existir quanto poderá não ter
limite para chegar ao seu máximo, sendo dinâmico, em conformidade com a
produção alcançada ou desejada.
Para respondermos à afirmativa C, vamos relembrar que o CF é composto
pela somatória da depreciação, custo de oportunidade do capital empatado
na atividade e mão de obra familiar. Sendo o CF um componente do CT (e,
conforme vimos, a margem de lucro é dependente dos custos), podemos afirmar
que quanto maior o estoque de capital médio, maior será seu impacto no CF
da atividade (e CT), podendo comprometer o lucro, reduzindo-o conforme se
aumenta esse estoque e mantendo-se as mesmas expectativas de renda bruta.
Portanto, essa afirmativa é falsa.
Módulo 3
Cálculo de custo de produção pg. 202
A afirmativa D é verdadeira, pois, ao assumirmos que o PCT representa a
quantidade de produtos necessários para se cobrir os custos totais de produção,
e conhecendo o volume total produzido, podemos afirmar que a diferença entre
eles representa o lucro do produtor em equivalente produto.
A afirmativa E necessita de uma análise mais profunda. Relembre a fórmula
da TRC: (margem líquida/estoque de capital) x 100. De fato, utiliza-se a ML
para cálculo de TRC, ao invés do lucro. O motivo, conforme visto no conteúdo
que você estudou, é que o custo de oportunidade, já embutido na análise do
lucro, não se configura como um custo operacional, sendo apenas analítico.
Inserir o lucro nessa fórmula exigiria que a atividade pagasse em duplicidade
o custo de oportunidade. Assim, essa afirmativa também é verdadeira.
Módulo 3
Cálculo de custo de produção pg. 203
Referências bibliográficas
ARAÚJO, A. J. Fundamentos do agronegócio. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2007.
ASSIS, L. P. de. Análise técnica e econômica de uma propriedade leiteira em
Couto de Magalhães de Minas-MG: um estudo plurianual. 2012. Dissertação
(Mestrado em Zootecnia) – Faculdade de Ciências Agrárias, A Universidade
Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri, Diamantina, 2012.
BAHIA, J. Veja a importância de um bom gerenciamento para a empresa.
Revista Gestão em Negócios, [S. l.], n. 3016. Disponível em: http://
revistagestaoenegocios.uol.com.br/artigos/veja-a-importancia-de-um-bom-
gerenciamento-para-a-empresa/3016/#. Acesso em: 11 jan. 2017.
BARROS, C.; FERNANDES, M. A. M. Depreciação, um item importante a se
considerar! MilkPoint, [S. l.], 15 jan. 2014. Disponível em: https://www.
milkpoint.com.br/radar-tecnico/gerenciamento/depreciacao-um-item-
importante-a-se-considerar-87142n.aspx. Acesso em: 9 fev. 2021.
BERNARDO, L. T.; QUEIROZ, A. M. A elasticidade-preço da demanda e a
elasticidade-preço da oferta nas commodities agrícolas milho e soja no Brasil.
Revista de Economia, Anápolis, v. 7, n. 2, p. 48-65, jul./dez. 2011. Disponível
em: http://www.nee.ueg.br/seer/index.php/economia. Acesso em: 13 out.
2016.
BEZERRA, L. J. F. Análise técnica e econômica de propriedades rurais
do munícipio de Independência- estado do Ceará. 2011. Dissertação
(Mestrado em Economia Rural) – Centro de Ciências Agrárias, Universidade
Federal do Ceará, Fortaleza, 2011.
BORGES, M. S.; GUEDES, C. A. M.; CASTRO, M. C. D. E. Programa de assistência
técnica para o desenvolvimento de pequenas propriedades leiteiras em Valença-
RJ e região Sul Fluminense. Cadernos EBAPE BR, Rio de Janeiro, v. 14, n.
spe, p. 569-592, jul. 2016.
Módulo 3
Cálculo de custo de produção pg. 204
BRENZAN, C. K. M.; SOUZA, J. P. de. Coordenação e governança na cadeia
produtiva de frango: um estudo de caso de uma cooperativa no oeste paranaense.
In: ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO, 32., 2012, Bento
Gonçalves, Anais [...]. Bento Gonçalves: ABEPRO, 2012.
CARVALHO, M. P. de. Economia de escala em produção de leite. MilkPoint, [S.
l.], maio 2000. Disponível em: https://www.milkpoint.com.br/radar-tecnico/
gerenciamento/economia-de-escala-em-producao-de-leite-8638n.aspx. Acesso
em: 13 de out. 2016.
CENTRO DE ESTUDOS AVANÇADOS EM ECONOMIA APLICADA. Relatório PIB
Agro-Brasil: junho, 2016. São Paulo: CEPEA, 2016.
CENTRO DE ESTUDOS AVANÇADOS EM ECONOMIA APLICADA. Potencial de
produção a partir do investimento. São Paulo: Universidade de São Paulo:
2011 Disponível em: icepea.esalq.usp.br/leite/custos/2011/09Set.pdf. Acesso
em: 06 out. 2016.
DALCIN, D.; OLIVEIRA, S. V. TROIAN, A. Gestão rural e a tomada de decisão:
estudo de caso no setor olerícula. In: CONGRESSO DA SOCIEDADE BRASILEIRA
DE ECONOMIA, ADMINISTRAÇÃO E SOCIOLOGIA RURAL: TECNOLOGIAS,
DESENVOLVIMENTO E INTEGRAÇÃO SOCIAS, 48., 2010, Campo Grande. Anais
[...]. Campo Grande: SOBER, 2010.
FIGUEIREDO, N. Economia industrial. Campinas: PUC- Campinas, 2012. (Notas
de aula). Disponível em: http://ftp-acd.puc-campinas.edu.br/pub/professores/
cea/nelly/%202012_ECONOMIA%20INDUSTRIAL/Nota_aula_06_Escala%20
e%20escopo.pdf. Acesso em: 13 out. 2016.
FONSECA, J. W. F. da. Mercados de capitais. Curitiba: IESDE, 2009.
GOMES, S. T. Cuidados no cálculo do custo de produção de leite. Viçosa:
Universidade Federal de Viçosa, 1999.
____. Perguntas e respostas sobre o custo de produção de leite.
Viçosa: Universidade Federal de Viçosa, 2001. Disponível em: http://www.
ufv.br/der/docentes/stg/stg_artigos/Art_147%20-%20PERGUNTAS%20E%20
RESPOSTAS%20SOBRE%20O%20CUSTO%20DE%20PRODU%C7%C3O%20
DE%20LEITE%20(18-3-2001).pdf. Acesso em: 07 out. 2016.
Módulo 3
Cálculo de custo de produção pg. 205
GUANZIROLI, C. E. Agronegócio no Brasil: perspectivas e limitações.
Niterói: UFF, 2006. (Textos para Discussão: UFF/Economia). Disponível em:
http://www.uff.br/econ/download/tds/UFF_TD186.pdf. Acesso em: 03 out. 2016.
JANK, M.; PESSÔA, A. O modelo brasileiro de agricultura de alta escala. Jornal
O Estado de São Paulo, São Paulo, maio 2013. Disponível em: http://opiniao.
estadao.com.br/noticias/geral,o-modelo-brasileiro-de-agricultura-de-alta-
escala-imp-,1029240. Acesso em: 24 out. 2016.
LONGHI, E. H.; MEDEIROS, J. X. de. Importância da coordenação nas cadeias
produtivas: caso do programa de fruticultura do Oeste Goiano. Rev. de Econ.
e Sociol. Rural, Brasília, v. 41, n. 3, 2003.
LOPES, P. F.; REIS, R. P.; YAMAGUCH, L. C. T. Custos e escala de produção na
pecuária leiteira: estudo nos principais estados produtores do Brasil. Rev. de
Econ. e Sociol. Rural, Brasília, v. 45, n. 3, p. 567-590, ago. 2017.
LOPES, M. A.; CARVALHO, F. de M. Custo de produção do gado de corte.
Lavras: UFLA, [20-?]. (Boletim técnico, 47).
PEDROZO,E. Á.; FRANCISCO, D. C. A importância da gestão da informação
entre os elos da cadeia produtiva de frangos. In: CONGRESSO DA
SOCIEDADE BRASILEIRA DE ECONOMIA, ADMINISTRAÇÃO E SOCIOLOGIA
RURAL: DINÂMICAS SETORIAIS E DESENVOLVIMENTO REGIONAL, 42., Cuiabá,
2004. Anais [...]. Cuiabá: SOBER, 2004. Disponível em: http://www.sober.
org.br/palestra/12/02O086.pdf. Acesso em: 14 nov. 2016.
MATSUNAGA, M. et al. Metodologia de custo de produção utilizada pelo IEA.
São Paulo: SOBER: IEA, 1976. (Boletim técnico).
PADILHA JUNIOR, J. B. O impacto da reserva legal florestal sobre a
agropecuária paranaense, em um ambiente de risco. 2004. Tese (Doutorado
em Economia e Politicas Florestais), Universidade Federal do Paraná, Curitiba,
2004.
PIZZARO, C.; BRESSLAU, S. Custo de produção do leite de cabra. In: ENCONTRO
DE CAPRINOCULTORES DO SUL DE MINAS E MÉDIA MOGIANA, 5., 2001, Espírito
Santo do Pinhal, Anais [...]. Espirito Santo do Pinhal: CREUPI, 2001.
Módulo 3
Cálculo de custo de produção pg. 206
SILVA, L. C. da. Cadeia produtiva de produtos agrícolas. Alegres: UFES:
Departamento de Engenharia Rural, 2005. (Boletim técnico, 10).
SILVEIRA, C. M. R. Introdução ao agronegócio. Montes Claros: e-Tec Brasil:
CEMF: Unimontes, 2010.
SCHULTZ, G. As cadeias produtivas dos alimentos orgânicos comercializados
na feira da agricultura ecológica em Porto Alegre/RS: lógica de produção
e/ou de distribuição. 2001. Dissertação (Mestrado em Agronegócio). Universidade
Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2001.
SZUSTER, N. et al. Contabilidade geral: introdução à contabilidade societária.
4. ed. São Paulo: Atlas, 2013.
SOUZA, M. P. de. et al. Governança em cadeias produtivas agroindustriais.
Disponível em: http://www.sober.org.br/palestra/2/880.pdf. Acesso em: 14
nov. 2016.
TOP DERIVATIVOS. Mercado de derivativos no Brasil: conceitos, produtos
e operações. Rio de Janeiro: BM&FBOVESPA: CVM, 2015.
UECKER, G. L., BRAUN, M.; UECKER, A. D. A gestão dos pequenos empreendimentos
rurais num ambiente competitivo global e de grandes estratégias. In: CONGRESSO
BRASILEIRO DE ECONOMIA E SOCIOLOGIA RURAL, 43., 2005, Ribeirão Preto.
Anais [...]. Ribeirão Preto: Disponível em: http://www.unipvirtual.com.br/
material/MATERIAL_ANTIGO/economia_mercado/modulo7/mod_7.pdf. Acesso
em: 9 fev. 2021.
Introdução do módulo
Introdução
Tópico 1: Custo operacional efetivo
Tópico 2: Mão de obra familiar
Tópico 3: Depreciação
Tópico 4: Custo operacional total
Tópico 5: Aplicação dos conceitos
Encerramento do tema
Atividade de Passagem
Tema 2: Cálculo do custo de produção II
Introdução
Tópico 1: Custos fixos
Tópico 2: Custo total
Tópico 3: Margem bruta
Tópico 4: Margem líquida
Tópico 5: Aplicação dos conceitos
Encerramento do tema
Atividade de passagem
Tema 3: Cálculo dos indicadores
Introdução
Tópico 1: Lucro
Tópico 2: Ponto de cobertura
Tópico 3: Ponto de cobertura total
Tópico 4: Taxa de retorno de capital
Tópico 5: Aplicação dos conceitos
Encerramento do tema
Atividade de Passagem
Encerramento do módulo
Final de etapa
Gabarito das Questões
Referências bibliográficas