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PLANEJAMENTO E 
CONTROLE FINANCEIRO
Programa de Pós-Graduação EAD
UNIASSELVI-PÓS
Autoria: Maurício Euclides de Melo
CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI
Rodovia BR 470, Km 71, no 1.040, Bairro Benedito
Cx. P. 191 - 89.130-000 – INDAIAL/SC
Fone Fax: (47) 3281-9000/3281-9090
Reitor: Prof. Hermínio Kloch
Diretor UNIASSELVI-PÓS: Prof. Carlos Fabiano Fistarol
Equipe Multidisciplinar da 
Pós-Graduação EAD: Carlos Fabiano Fistarol
 Ilana Gunilda Gerber Cavichioli
 Cristiane Lisandra Danna
 Norberto Siegel
 Camila Roczanski
 Julia dos Santos
 Ariana Monique Dalri
 Bárbara Pricila Franz
 Marcelo Bucci
Revisão de Conteúdo: Bárbara Pricila Franz
Revisão Gramatical: Equipe Produção de Materiais
Diagramação e Capa: Uniasselvi
Copyright © UNIASSELVI 2018
Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri
 UNIASSELVI – Indaial.
M528p
 Melo, Maurício Euclides de
 Planejamento e controle financeiro. / Maurício Euclides de Melo 
– Indaial: UNIASSELVI, 2018.
 157 p.; il.
 ISBN 978-85-53158-28-7
 1.Planejamento financeiro – Brasil. 2.Controle financeiro – 
 Brasil. Centro Universitário Leonardo Da Vinci.
CDD 657.72 
Maurício Euclides de Melo
O professor Maurício Euclides de Melo é 
bacharel em Administração de Empresas pela 
Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC 
(2002), com especialização em Gestão Pública pela 
Fundação Universidade Regional de Blumenau - FURB 
(2011) e mestrado em Administração pela Escola Superior 
de Administração e Gerência, ESAG - UDESC (2012). Atuou 
na área de Recursos Humanos, em importantes empresas 
regionais, como a RBS TV - Santa Catarina, Shopping 
Itaguaçu e a Cia. de Gás de Santa Catarina (SCGás). Na 
área de gestão organizacional, no cargo de administrador, 
atuou no Departamento Nacional de Infraestrutura e 
Transportes (DNIT) e Advocacia Geral da União (AGU). 
Atualmente, exerce suas atividades como Coordenador de 
Negócios, na SCPar - SC Participações e Parcerias S/A, 
empresa estadual responsável pelo estabelecimento de 
participações acionárias em empresas do setor público e 
privado, assim como pela gestão de empreendimentos 
portuários delegados ao Estado de Santa Catarina, 
como o Porto de Imbituba e São Francisco do Sul. 
Para conhecer melhor o autor acesse o Currículo 
Lattes, disponível em: <http://buscatextual.cnpq.br/
buscatextual/visualizacv.do?id=K4441698P6>.
Sumário
APRESENTAÇÃO ................................................................... 07
CAPÍTULO 1
Princípios de Administração Financeira .............................09
CAPÍTULO 2
Demonstração de Resultados .............................................35
CAPÍTULO 3
CAPÍTULO 4
CAPÍTULO 5
CAPÍTULO 6
Alavancagem Financeira e Operacional .............................61
Fluxo de Caixa Para Pequenos Negócios...........................81
Negociação com Bancos, Credores e Devedores ..........115
Novas Moedas: Riscos e Oportunidades Para 
Pequenas Empresas ............................................................137
APRESENTAÇÃO
Manter a saúde financeira de uma empresa, assim como na sua vida 
pessoal, é essencial para que se tenha sucesso no alcance dos seus objetivos. 
Ao avaliar o plano de negócios de uma empresa, por exemplo, um dos capítulos 
mais discutidos pelos investidores é o de finanças, no qual se verifica o retorno 
do investimento, a necessidade de capital, os custos de operação e outros 
indicadores financeiros do negócio. No dia a dia, é essencial que se tenha capital 
suficiente para cumprir com as obrigações com fornecedores, por exemplo, que 
esse dinheiro seja apenas o suficiente, pois ele possui valor no tempo, e capital 
parado perde valor. 
Para quem atua em micro e pequenas empresas, conhecer o setor de finanças 
é tão essencial como conhecer o negócio em que se está empreendendo. Muitos 
empreendedores possuem um dom, um talento específico para um determinado 
produto ou serviço, conseguem vender e atingir um mercado, mas muitos não 
compreendem como funcionam as finanças e acabam por encerrar o seu negócio 
sem entender onde falharam. 
Para cada tipo de negócio existe uma área de concentração dos estudos de 
administração financeira que impacta mais no seu empreendimento. Por exemplo, 
ter noção de capital de giro é muito importante para quem trabalha no comércio 
tradicional, já para quem atua em empresas inovadoras, que possuem uma curva 
de crescimento exponencial, conhecer a demonstração de resultados, o fluxo de 
caixa e a alavancagem pode ser essencial para fazer avaliação do seu negócio e 
trazer mais investidores. 
Assim, nesta disciplina, vamos analisar as finanças na ótica dos pequenos 
negócios, seja para aqueles que são e se manterão tradicionalmente pequenos, 
seja para aqueles que começam pequenos, mas que tendem a expandir e a 
tornarem-se grandes no futuro. Trabalharemos os princípios da administração 
financeira, as demonstrações dos resultados, a alavancagem financeira e 
operacional, o fluxo de caixa voltado a pequenos negócios, a negociação com 
bancos, credores e devedores, e também trabalharemos as novas moedas, seus 
riscos e oportunidades. Esperamos que você tenha se interessado pelo tema e 
compreendido sua importância. 
Bons estudos! 
CAPÍTULO 1
Princípios de Administração 
Financeira
A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes 
objetivos de aprendizagem:
 Compreender os principais conceitos de administração fi nanceira.
 Identifi car as principais rotinas fi nanceiras.
 Debater com outros administradores os principais conceitos de administração 
fi nanceira.
 Organizar as atividades inerentes à rotina fi nanceira de uma micro ou pequena 
empresa.
10
 PLANEJAMENTO E CONTROLE FINANCEIRO
11
PRINCÍPIOS DE ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA Capítulo 1 
ContextualiZação
Em empresas grandes, a área de fi nanças é vista pelos demais 
departamentos com um misto de admiração e frustração. Isso ocorre, pois, a 
área de fi nanças é uma engrenagem fundamental para a qual são bombeadas 
as receitas e integralização de capital, e de onde saem os recursos para os 
investimentos e custeio da empresa. Se ela não possui recursos, todo o restante 
da empresa perde a sua função. Assim, quando os projetos da companhia 
ocorrem conforme o planejado, a área de fi nanças é vista como um braço amigo, 
aquele que suporta a operação e fornece o capital necessário, contudo, quando é 
necessário contingenciar recursos, o departamento fi nanceiro acaba frustrando as 
intenções dos demais departamentos.
Como em pequenos negócios não há essa formalidade e burocracia de áreas, 
departamentos e processos, a tomada de decisão é muito ágil e rápida. No entanto, 
é necessário muito conhecimento e disciplina por parte dos empreendedores, para 
avaliar, como, quando e onde gastar o seu escasso recurso fi nanceiro. Empresas 
pequenas, geralmente, não possuem um departamento fi nanceiro formal, mas, 
ainda assim, ele é um componente da empresa, tão essencial quanto em grandes 
corporações. Por ser, às vezes, invisível aos olhos do empreendedor entusiasta, 
as decisões de investimento podem não contemplar a relação de risco e retorno 
adequada, trazendo prejuízos reiterados e inviabilizando negócios. 
Neste primeiro capítulo, começaremos a desenhar a área fi nanceira, seus 
conceitos e principais funções em uma organização, independentemente do seu 
tamanho. Este capítulo é essencial para o entendimento de toda a disciplina, pois 
você compreenderá o propósito do estudo das fi nanças para as micro e pequenas 
empresas. 
Finanças e Empresas
Para iniciarmos nossos estudos em planejamento e controle fi nanceiro, cabe 
conceituar o termo fi nanças, de um modo geral. Gitman (2002, p. 4) defi ne fi nanças 
como a arte de gerir o dinheiro, para o autor “a área de fi nanças preocupa-se 
com os processos, as instituições, os mercados e os instrumentos associadosà 
transferência de dinheiro entre indivíduos, empresas e órgãos governamentais”, 
ou seja, a área de fi nanças engloba todas as áreas ligadas à gestão de dinheiro, 
assim, temos desde os processos cotidianos de contas a pagar e a receber, como 
as transações no mercado fi nanceiro, os sistemas bancários, entre outras áreas. 
O termo fi nanças é amplo e pode ser usado tanto para empresas quanto para as 
fi nanças pessoais.
12
 PLANEJAMENTO E CONTROLE FINANCEIRO
 Para você que está cursando esta disciplina, é interessante perceber que 
o conhecimento e a habilitação profi ssional na área de fi nanças podem ofertar 
oportunidades para a sua carreira. Gitman (2002) divide estas oportunidades em 
duas grandes áreas: serviços fi nanceiros e administração fi nanceira. 
• Serviços fi nanceiros: está focado em desenvolver e entregar serviços 
de assessoramento e produtos fi nanceiros a pessoas, corporações 
e governo. Nesta área se inserem oportunidades de carreira em 
serviços bancários, assessoramento em investimentos, fi nanças 
pessoais, imóveis e seguro. 
• Administração fi nanceira: está ligada ao papel do gestor fi nanceiro 
das companhias, sejam elas grandes, pequenas, ligadas ao setor 
fi nanceiro ou não (a grande maioria não é), públicas ou privadas, 
com ou sem fi ns lucrativos. Gitman (2002, p. 4) cita que as tarefas 
comumente desempenhadas pelo gestor fi nanceiro envolvem: 
“planejamento, concessão de crédito a clientes, avaliação de projetos 
de investimentos, e captação de fundos para fi nanciar as operações 
da empresa”.
Percebe-se que o administrador fi nanceiro possui um papel em qualquer 
tipo de empresa, basta que ela tenha recursos para serem geridos. Assim, em 
empresas que possuem poucos colaboradores, nas quais o cargo de gestor 
fi nanceiro é acumulado com outros, seja no administrativo, vendas ou operações, 
é essencial entender o papel e a função das fi nanças na organização, para que 
haja uma disciplina na gestão fi nanceira do empreendimento.
 
 O papel do gestor fi nanceiro de uma organização é infl uenciado por diversos 
fatores, como o tamanho da organização, o faturamento e a modalidade jurídica 
adotada. Para uma melhor compreensão deste último fator, especifi caremos as 
três modalidades jurídicas mais comumente adotadas pelas organizações. 
Gitman (2002, 
p. 4) cita que as 
tarefas comumente 
desempenhadas 
pelo gestor 
fi nanceiro envolvem: 
“planejamento, 
concessão de 
crédito a clientes, 
avaliação de 
projetos de 
investimentos, e 
captação de fundos 
para fi nanciar as 
operações da 
empresa”.
Modalidades Jurídicas de OrganiZação 
de Empresas
Gitman (2002) afi rma que as modalidades jurídicas mais comumente 
adotadas pelas organizações podem ser elencadas em fi rma individual, sociedade 
por cotas e sociedade por ações. 
13
PRINCÍPIOS DE ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA Capítulo 1 
a) Firmas Individuais 
Segundo Gitman (2002), uma fi rma individual é um tipo de empresa que tem 
uma única pessoa como proprietária. Trata-se de uma micro ou pequena empresa, 
por vezes ligada a algum tipo de profi ssional liberal, como arquiteto, advogado, ou 
então ao comércio varejista, de serviços e construção civil. Uma característica é 
que o proprietário possui responsabilidade ilimitada, e seu patrimônio pessoal, e 
não somente o capital integralizado na empresa, pode ser utilizado para quitar 
dívidas junto aos credores. 
No ano de 2008, a partir da sanção da Lei Complementar n° 
128/2008, o Brasil passou a contar com um tipo específi co de 
fi rma individual, o Microempreendedor Individual - MEI. O intuito da 
implantação desta modalidade de personalidade jurídica é tirar da 
informalidade milhares de empreendedores. Veja no portal do MEI os 
pré-requisitos e benefícios ofertados a estes microempreendedores. 
Fonte: Disponível em: <http://www.portaldoempreendedor.
gov.br/>. Acesso em: 8 jan. 2018.
b) Sociedade por Cotas
Segundo Gitman (2002), uma sociedade por cotas necessita de dois ou 
mais proprietários que atuem em conjunto para obtenção de lucro, explorando 
alguma atividade econômica. Por este pré-requisito, as sociedades por cotas 
costumam ser adotadas por organizações maiores. Segundo o autor, empresas 
do ramo securitário, fi nanceiro e imobiliário costumam adotar esta forma jurídica. 
Um contrato de associação ou acordo de acionistas costuma ser os documentos 
que regram este tipo de sociedade, sendo cada um dos sócios responsável, 
ilimitadamente, por todas as dívidas da companhia. O conceito ora apresentado 
está de acordo com a realidade norte-americana, mas, no Brasil, existe uma 
variação da sociedade por cotas, a sociedade limitada. Na sociedade limitada, 
os sócios respondem somente até o montante do capital social da companhia 
(BRASIL, 2011).
c) Sociedade por ações
A sociedade por ações é a forma mais complexa de organização, e por 
isso costuma ser adotada por grandes corporações. Uma sociedade por ações, 
14
 PLANEJAMENTO E CONTROLE FINANCEIRO
como defi ne Gitman (2002, p. 6) é um “ente artifi cial criado por lei”. A defi nição de 
ente artifi cial pode soar estranha, mas ela faz sentido quando você desdobra o 
conhecimento de sociedade por ações. As chamadas S/A são capazes de contratar 
e adquirir bens em seu nome, de ajuizarem ações e serem também acionadas na 
justiça. A responsabilidade nesse tipo de sociedade é limitada e seus proprietários 
segregam o risco de ter seu patrimônio pessoal afetado diretamente por ações 
realizadas em nome da companhia.
Os proprietários de uma S/A são seus acionistas, que possuem ações 
(ordinárias ou preferenciais) de uma companhia. De modo muito resumido, 
podemos dizer que as ações ordinárias possuem poder de votar nas assembleias, 
elegendo o conselho de administração e algumas matérias relevantes quanto ao 
futuro da companhia. As preferências, como o próprio nome já diz, no recebimento 
de dividendos, partem do lucro da companhia destinado a remunerar o capital 
investido.
Existem pelo menos duas fi guras que distinguem as S/A das outras 
formas jurídicas: os acionistas e o conselho de administração. Os proprietários 
não realizam diretamente a gestão do seu empreendimento, em vez disso, 
eles elegem um conselho de administração que, segundo Gitman (2002) é a 
autoridade máxima na gestão da empresa, defi nindo a sua política geral. O 
conselho de administração, por sua vez, seleciona o presidente ou CEO (chief 
executive offi cer) que comandará a empresa em suas atividades diárias. Veja 
na fi gura a seguir, como existe uma diferença entre os acionistas, conselho de 
administração e presidente. No próprio organograma, fi ca clara a diferenciação 
da gestão do dia a dia da organização com os acionistas e seus representantes, 
isso ocorre para que o conselho possa ser independente, e garantir o interesse 
dos acionistas, monitorando e fi scalizando a gestão realizada pelo presidente. 
Este precisa ter em mente que não é o proprietário da companhia e não pode 
conduzi-la para o interesse próprio, precisa maximizar o retorno do acionista, o 
que pode signifi car, em certas ocasiões, assumir determinados riscos que por sua 
própria avaliação não o faria. Por exemplo, para uma companhia que já possui 
um produto bem estabelecido no mercado, que rende um faturamento razoável 
para manter as contas da empresa em dia, garantindo uma boa remuneração ao 
seu presidente, este tenderia a não descapitalizar a empresa para investir em 
novos produtos, arriscando a saúde fi nanceira da companhia, mas poderia estar 
deixando passar uma oportunidade de maximizar o retorno ao acionista. Assim, o 
presidente responde às políticas determinadas pelo conselho de administração, 
representantes dos interesses dos acionistas. 
15
PRINCÍPIOS DE ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA Capítulo 1 
Figura 1 – Estrutura de uma sociedade por ações
Proprietários
Administradores
Acionistas
que contrata o
conselho de
administração
elegem o
Presidente(CEO)
Vice-
presidente 
de recursos 
humanos
Vice-
presidente 
de 
operações
Vice-
presidente 
de fi nanças
(CFO)
Vice-
presidente 
de 
marketing
Vice-
presidente 
de sistemas
de 
informação
Tesoureiro Controller
Gerente 
de gastos 
de capital
Gerente de 
crédito
Gerente de 
operações 
de câmbio
Gerente de 
assuntos 
fi scais
Gerente de 
contabilidade 
de custos
Gerente de 
planejamento 
fi nanceiro 
e captação 
de fundos
Gerente 
de caixa
Gerente 
do fundo 
de pensão
Gerente de 
contabilidade 
gerencial
Gerente de 
contabilidade 
fi nanceira
Fonte: Gitman (2002, p. 7).
Toda essa governança diferenciada traz consigo um custo e uma burocracia, 
fazendo com que ela seja vantajosa para apenas um determinado número de 
organizações. 
O Quadro 1 aborda as vantagens e as desvantagens de adoção de 
determinada modalidade jurídica para cada tipo de organização. 
16
 PLANEJAMENTO E CONTROLE FINANCEIRO
Quadro 1 – Pontos fortes e fracos das modalidades 
jurídicas mais comuns da organização 
Firma Individual Sociedade por 
cotas
Sociedade por 
ações
Pontos 
fortes
-Proprietário recebe 
todos os lucros 
(e assume todos os 
prejuízos).
-Custo baixo de 
organização.
-Lucro incluído e 
tributado na 
declaração de 
rendimento de 
pessoa física do 
proprietário.
-Independência. 
-Sigilo.
-Facilidade de 
dissolução.
-Pode captar mais 
recursos que as 
fi rmas individuais.
-Poder de endivida-
mento ampliado 
com a existência 
de mais sócios. 
-Maior disponibili-
dade de poder 
de gestão.
-Lucro incluído e 
tributado na
declaração de 
rendimento de
 pessoa física dos
sócios.
-Os proprietários 
têm responsabili-
dade limitada, o que 
garante que não 
podem perder mais 
do que investem. 
-Pode alcançar porte 
substancial com a 
venda de ações. 
-As participações
(ações) são facil-
mente transferíveis.
-Duração longa. 
-Pode contratar 
administradores 
profi ssionais.
-Tem acesso mais
fácil a fi nanciamento.
Pontos 
fracos
- O proprietário tem 
responsabilidade 
ilimitada, todo o seu 
patrimônio pessoal 
pode ser utilizado 
para pagar dívidas 
da empresa.
-O poder limitado de 
captação de recur-
sos tende a restrin-
gir o crescimento.
- O proprietário pre-
cisa ser um gestor 
eclético.
-É difícil oferecer car-
reiras de longo prazo 
aos funcionários.
-Não tem continui-
dade com a morte 
do proprietário. 
-Se o modelo 
adotado for o de 
sociedade ilimita-
da, os proprietários 
podem ter respons-
abilidade não limit-
adas e podem ser 
obrigados a saldar 
as dívidas de outros 
sócios.
-A sociedade é dis-
solvida quando um 
dos sócios morre. 
-É difícil liquidar ou 
transferir a partici-
pação de um sócio. 
-Impostos geralmente 
mais altos, pois o lu-
cro é tributado. 
- Custo mais eleva-
do de organização 
que as outras mo-
dalidades.
- Sujeita à maior
 regulamentação 
governamental.
- Não oferece sigilo, 
porque os acionistas 
precisam receber 
demonstrações
 fi nanceiras. 
Fonte: Adaptado de Gitman (2002, p. 5).
17
PRINCÍPIOS DE ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA Capítulo 1 
Muito se fala em micro e pequena empresa, mas você sabe 
classifi car a empresa de acordo com o porte? Qual o critério 
utilizado? Conhecer estas informações é muito importante na hora de 
verifi car os encargos tributários e contratar fi nanciamentos. Conheça 
um pouco mais sobre o enquadramento de empresas de acordo com 
o porte, acessando o site: <https://goo.gl/4D1Nm3>.
Você deve estar pensando que os tipos mais complexos de organização 
de empresas nem devem fazer sentido para pequenos negócios, correto? Nem 
sempre. Isso depende da sua estratégia para a sua empresa. Lembre-se de que 
determinadas empresas nascem pequenas e tornam-se grandes em um espaço de 
tempo relativamente pequeno. Empresas da área de tecnologia ou inovação, por 
exemplo, costumam ter uma curva de crescimento exponencial, e mesmo quando 
ainda são pequenas, às vezes, precisam adotar a forma de sociedade por ações 
para receber aporte fi nanceiro de fundos de investimentos. Esta necessidade se 
faz para que a empresa possa ter mais transparência perante os seus investidores 
e ao mercado. Mesmo pequenos negócios em áreas tradicionais, como varejo e 
alimentação, por exemplo, podem ter um crescimento exponencial, e, de novo, 
tudo depende da estratégia adotada para o futuro do, hoje, pequeno negócio. 
A Função de Administração 
Financeira
Quando falamos em pequenas empresas tendemos a pensar em estruturas 
pequenas e enxutas, com pouca hierarquia e poucos departamentos. Isso é sim 
verdade, mas não podemos pensar que uma pequena empresa bem-sucedida não 
terá as funções inerentes a uma organização comum. Assim, em uma pequena 
empresa teremos também funções organizacionais que são melhor identifi cadas 
em grandes corporações. A função fi nanceira, segundo Antonik (2016), é uma 
atividade que pertence à profi ssão de administrador, e não ao economista e 
contador, apesar de relacionar-se intimamente com conceitos econômicos e 
contábeis, como podemos verifi car na Figura a seguir. 
18
 PLANEJAMENTO E CONTROLE FINANCEIRO
Figura 2 – Administração e suas relações
ADMINISTRAÇÃO
FINANCEIRA
MACROECONOMIA
Política econômica e 
monetária, indicadores 
econômicos.
Atividade econômica, 
nível de emprego, 
crescimento global.
MICROECONOMIA
Níveis de preços, 
tendências, riscos, 
juros, infl ação
Mercado, marketing.
CONTABILIDADE
Reconhecimento 
da receita na 
venda do produto
Regime de caixa
Regime contábil
FERRAMENTAS
Matemática fi nanceira, 
comercial, serviços 
bancários, custos
Fonte: Antonik (2016, p. 3).
Gitman (2002) afi rma que a função de administração fi nanceira pode ser 
estudada de acordo com a sua relação com a teoria econômica e contabilidade, 
por exemplo. 
a) Estrutura da função fi nanceira
Gitman (2002) destaca que o porte da empresa é determinante para 
defi nirmos como a função fi nanceira será estruturada em uma organização. 
Em micro e pequenas empresas, segundo Antonik (2016), o proprietário acaba 
assumindo boa parte das funções fi nanceiras, podendo adotar uma contabilidade 
terceirizada. 
 A administração financeira está focada na administração do fluxo de caixa enquanto a contabilidade leva em consideração aspectos tanto do regime financeiro quanto do regime de competência.
19
PRINCÍPIOS DE ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA Capítulo 1 
Figura 3 – Organograma empresarial
Fonte: Antonik (2016, p. 5).
À medida em que a empresa vai crescendo, podemos ver 
departamentos e pessoas especializadas nas atividades descritas na 
Figura 2. Segundo Gitman (2002), em empresas médias e grandes 
temos a fi gura do tesoureiro, principal gestor fi nanceiro de uma 
companhia, responsável pela gestão de caixa, captação de fundos, 
decisões sobre investimento, gestão do caixa, gerenciamento das 
atividades de crédito e o planejamento fi nanceiro. O tesoureiro se 
relaciona diretamente com o Controller, que executa atividades 
contábeis, como a contabilidade gerencial, gerenciamento fi scal, 
contabilidade fi nanceira e de custos.
 
b) Relação com a teoria econômica
As funções do administrador fi nanceiro, segundo Gitman (2002), 
estão intimamente relacionadas com a teoria econômica, pois é através 
dela que o administrador fi nanceiro consegue obter informações que o 
auxiliam nas projeções futuras, no seu planejamento. Por exemplo, as 
informações oriundas do ambiente macroeconômico, como as taxas 
de juros, os níveis de preços e a infl ação, são importantes variáveis 
para compor as projeções futuras de fl uxo de caixa, infl uenciando 
em parâmetros como reajustes de preços dos produtos vendidos e 
reajuste salarial dos empregados. Gitman (2002, p. 9) afi rma que um 
Tesoureiro, principal 
gestor fi nanceiro de 
uma companhia, 
responsável pela 
gestão de caixa, 
captação de fundos, 
decisões sobre 
investimento, 
gestão do caixa, 
gerenciamento das 
atividades de crédito 
e o planejamento 
fi nanceiro.
As funções do 
administrador 
fi nanceiro,segundo 
Gitman (2002), 
estão intimamente 
relacionadas com a 
teoria econômica, 
pois é através dela 
que o administrador 
fi nanceiro consegue 
obter informações 
que o auxiliam nas 
projeções futuras, no 
seu planejamento.
Diretor
Administrativo
e Financeiro
Diretor de
Marketing
e Comercial
Diretor de
Operações
DIRETOR GERAL
EMPRESÁRIO,
PROPRIETÁRIO
20
 PLANEJAMENTO E CONTROLE FINANCEIRO
princípio econômico muito utilizado na área de fi nanças é a análise marginal, “o 
princípio de que uma decisão fi nanceira somente deve ser tomada quando os 
benefícios adicionais superarem os custos adicionais”. 
Vamos usar um exemplo bastante simples para ilustrar uma análise marginal. 
Suponha que você tenha uma padaria, e pretenda lançar um pão sem glúten 
caseiro, para aproveitar esse nicho de alimentação saudável e obter receitas 
acessórias com produtos de terceiros. Para isso, é preciso locar uma máquina 
nova, treinar funcionários, ter uma parte da cozinha totalmente esterilizada de 
farinha de trigo e outros produtos que contenham glúten. Resumindo, os dados 
utilizados na análise são os seguintes (dados completamente fi ctícios).
Quadro 2 – Exemplo de Análise Marginal
+ Receita com venda de pães com glúten: R$ 4.500,00 
+ Receitas acessórias com produtos de terceiros sem glúten: R$ 4.500,00
- Produtividade mensal do espaço agora dedicado a alimentos sem glúten: R$ 3.000,00.
(1) Total de benefícios marginais: R$ 6.000.00
Custos Marginais
- Custo mensal de uma máquina para pão sem glúten: R$ 2.000,00.
- Custo mensal da matéria-prima (farinha especial): R$ 1.000,00.
- Treinamento do funcionário especializado em alimentos sem glúten: R$ 1.000,00. 
(2) Total de custos marginais: R$ 4.000,00. 
Benefício Líquido (1 – 2): R$ 2.000,00 
Fonte: O autor.
No caso fi ctício acima, o empreendedor desta padaria estaria fazendo um bom 
negócio se diversifi casse seus produtos com opções sem glúten. Veja que estudos 
de mercado são importantes para posicionar produtos novos, apontando a aceitação 
e a demanda destas, de onde é possível extrair dados mais confi áveis quanto as 
projeções de vendas. O papel do administrador fi nanceiro é o de interpretar estes 
dados e realizar as devidas análises, apontando seus custos e benefícios. 
 
c) Relação com a contabilidade
Distinguir a atividade fi nanceira da contabilidade, principalmente em micro 
e pequenas empresas, não é tarefa das mais fáceis, como corroboram Antonik 
(2016) e Gitman (2002). Isto porque a atividade fi nanceira e contábil, muitas vezes, 
se sobrepõe, com o tesoureiro executando a atividade fi nanceira e o contador 
registrando os fatos. Essa pequena diferenciação nos papéis de cada função é a 
base para distingui-las. Gitman (2002) afi rma que existem duas distinções básicas 
nas funções de administração fi nanceira e contabilidade: uma está relacionada 
com a ênfase no fl uxo de caixa, e a outra, à tomada de decisões. 
21
PRINCÍPIOS DE ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA Capítulo 1 
d) Ênfase em fl uxo de caixa
Segundo Gitman (2002, p. 06) “a função primordial do contador é produzir 
dados para a mensuração do desempenho da empresa, avaliando sua posição 
fi nanceira, e para o pagamento de impostos”. Assim, o contador prepara as 
demonstrações fi nanceiras com base em certos princípios predeterminados 
e geralmente aceitos, reconhecendo receitas no momento da 
venda (independente do pagamento) e reconhecem as despesas 
quando realizadas. A esse enfoque é dado o nome de regime por 
competências. Já o administrador fi nanceiro se preocupa com o fl uxo 
de caixa, o resultado de entradas e saídas, assim mantém a solvência 
da empresa, garantindo que as entradas sejam sufi cientes para cobrir 
as obrigações do período, restando um saldo de caixa positivo. A esse 
enfoque é denominado regime de caixa. 
Exemplo de diferença dos enfoques de competência e caixa: em 
dezembro de 2017, a padaria Pães e Sabores Ltda., especializada em 
panetones, iniciou suas operações e vendeu 2.000 panetones a um 
supermercado, por um valor total de R$ 1.000,00. Para tanto, teve um 
custo de R$ 800,00. O supermercado acordou em pagá-los em 15 de 
janeiro de 2018. 
O administrador 
fi nanceiro se 
preocupa com o 
fl uxo de caixa, 
o resultado de 
entradas e saídas, 
assim mantém 
a solvência da 
empresa, garantindo 
que as entradas 
sejam sufi cientes 
para cobrir as 
obrigações do 
período.
Tabela 1 – Diferença entre os regimes de caixa e competência
Visão contábil 
(regime de competência)
Visão fi nanceira (regime de fl uxo 
de caixa)
Padaria Pães e Sabores 
(Demonstrações do resultado do 
exercício encerrado em 31/12/2017.
Padaria Pães e Sabores 
(Demonstrações do fl uxo de caixa do 
exercício encerrado em 31/12/2017.
Receita de venda R$ 1.000,00
Menos: custos: R$ 800,00
Lucro líquido: R$ 200,00
Entrada de caixa: R$ 0,00
Menos: Saída de caixa: R$ 800,00
Saldo de caixa: - R$ 800,00
Fonte: O autor.
Assim, em um sentido contábil, a operação da padaria em 2017 foi rentável, 
porém em termos de fl uxo de caixa, ela foi um desastre, pois teve que pagar 
R$ 800,00 em custos de fabricação com a promessa de obter um retorno de R$ 
200,00 em seu fl uxo de caixa, no ano seguinte. Essa operação a descoberto exige 
do tesoureiro habilidade em negociar com fornecedores, gerir capital de giro etc. 
22
 PLANEJAMENTO E CONTROLE FINANCEIRO
- Tomada de decisões: segundo Gitman (2002), a segunda diferença básica 
entre fi nanças e contabilidade está na questão do uso das informações. Os 
contadores têm por missão coletar e apresentar dados fi nanceiros, com o intuito 
de evidenciar a situação patrimonial da empresa, produzindo peças contábeis, 
como o Balanço Patrimonial e a Demonstração de Resultados do Exercício 
(DRE). Já o administrador fi nanceiro preocupa-se com o fl uxo de caixa da 
companhia, com os fi nanciamentos e decisões de investimento, ponderando 
o risco tomado e o potencial de retorno fi nanceiro. Assim, as informações 
contábeis são elementos da tomada de decisão do administrador fi nanceiro, 
mas não devem ser as únicas variáveis. 
Atividade de Estudos:
1) Empresas pequenas, com pequeno número de funcionários não 
precisam ter funções fi nanceiras? 
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____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
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____________________________________________________
OBJetivo da Empresa
Se alguém te perguntasse, qual o objetivo de uma empresa, o que você 
responderia? Lucro? Essa talvez seja a resposta mais recorrente, ao menos é 
a medida de desempenho de uma organização que é mais conhecida. Antonik 
(2016, p. 5) afi rma que “o lucro é a razão última de qualquer negócio estabelecido 
em uma economia de mercado”. No entanto, o autor também faz uma importante 
ponderação, afi rmando que acima do lucro está a maximização da riqueza ao 
acionista. Você deve estar se perguntando se o lucro e a riqueza não seriam 
sinônimos em uma perspectiva empresarial. Sem dúvida que a riqueza de um 
proprietário de uma empresa tem muito a ver com a lucratividade ou potencial de 
lucratividade de uma companhia, mas a perseguição do lucro a qualquer custo não 
deve ser o objetivo de uma empresa, não se ela quiser ser duradoura. O lucro tem 
um conceito de curto prazo, se pensarmos em um horizonte contábil, resume-se a 
23
PRINCÍPIOS DE ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA Capítulo 1 
um exercício, um ano. O lucro como único objetivo pode fazer com que a empresa 
se destrua no longo prazo. Vou exemplifi car para melhorar a compreensão. Um 
dono de restaurante que sacrifi que a qualidade da comida, sempre utilizando de 
alimentos de origem duvidosa, e com mão de obra mal qualifi cada, 
com o intuito de melhorar sua margem de lucratividade, tenderá afechar suas portas num futuro não muito longínquo. “A maximização 
da riqueza, por outro lado, contém uma visão de longo prazo, pois se 
preocupa com a qualidade do produto ou serviço, com a satisfação do 
cliente e sua fi delização” (ANTONIK, 2016, p. 6). Uma empresa que 
tenha por objetivo maximizar a riqueza do seu proprietário tem uma 
visão mais estratégica, posiciona-se perante os concorrentes de forma 
consistente e oferece valor ao seu cliente. 
A maximização 
da riqueza, por 
outro lado, contém 
uma visão de 
longo prazo, pois 
se preocupa com 
a qualidade do 
produto ou serviço, 
com a satisfação 
do cliente e sua 
fi delização.
Atividade de Estudos:
1) A empresa deve buscar o lucro ou maximizar a riqueza? 
____________________________________________________
___________________________________________________
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Administração Financeira em Micro e 
Pequenas Empresas
Ao longo deste capítulo estamos procurando apresentar os conceitos de 
fi nanças empresariais, destacando as peculiaridades que se aplicam às micro e 
pequenas empresas. Você já deve ter uma noção, mas é importante ressaltar que 
as micro e pequenas empresas correspondem a 20% do Produto Interno Bruto do 
Brasil - PIB - e signifi cam 89% do total de empresas existentes, gerando 60% dos 
empregos, segundo dados do SEBRAE (2010 apud ANTONIK, 2016). Assim, se 
você já é um micro ou pequeno empresário, está pensando em montar um negócio 
próprio, ou pretende ser um dos R$ 56,4 milhões de empregados em micro e 
24
 PLANEJAMENTO E CONTROLE FINANCEIRO
pequenas empresas, saiba que o mercado é bastante grande e concorrido, mas 
que há sim muitas oportunidades. O quadro a seguir traz um mapeamento das 
micro e pequenas empresas por setores da economia, dividido por regiões.
Quadro 3 – Mapeamento das micro e pequenas empresas do Brasil
Região Total Comércio Serviço Construção 
Civil
Optantes 
pelo Simples
Centro-Oeste 437.424 244.265 314.139 63.972 448.219
Nordeste 884.980 551.125 1.040.396 122.874 1.048.113
Norte 204.840 128.624 230.437 31.243 271.827
Sudeste 3.038.613 1.483.694 250.861 428.487 2.776.052
Sul 1.406.617 715.850 115.760 250.747 1.093.952
Brasil 5.972.474 3.123.558 1.951.593 897.323 5.638.163
Percentual 100% 52% 33% 15% 94%
Fonte: Antonik (2016, p. 14).
O quadro traz uma informação importante que se refere à tributação das 
empresas, 94% delas optam pelo regime de tributação denominado simples, que 
como o próprio nome já afi rma, é um regime tributário simplifi cado, que cobra 
muitos impostos em uma única alíquota. Antonik (2016) traz um quadro bastante 
elucidativo, que compara os regimes tributários passíveis de serem adotados por 
empresas no país, variando conforme o seu porte, conforme o faturamento.
Quadro 4 – Regimes tributários no Brasil
Regime 
Tributário
Quem pode
 adotar Como funciona Muito importante
Simples
Pequenas e mé-
dias empresas 
com faturamento 
anual de até R$ 
3.6 milhões.
Uma série de tributos 
é paga em uma úni-
ca declaração sim-
plifi cada. Uma única 
alíquota sobre o fatu-
ramento, sendo maior 
quanto mais a empre-
sa faturar.
Empresas com poucos 
funcionários e faturamen-
to alto podem ter uma con-
tribuição previdenciária 
desproporcional. Em-
presas que compram de 
optantes pelo Simples re-
cebem menos crédito de 
ICMS. 
Lucro 
Presum-
ido
Empresas com 
faturamento anu-
al menor do que 
R$ 48 milhões
As alíquotas incidem 
sobre o faturamento 
total, a partir de per-
centuais predeter-
minados conforme a 
atividade executada. 
Se a empresa tiver pou-
co lucro, pode ser mais 
vantajoso optar pelo lu-
cro real. 
25
PRINCÍPIOS DE ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA Capítulo 1 
Lucro 
Real
Todas as empre-
sas. Obrigatório 
para empresas 
com faturamen-
to maior do que 
R$ 48 milhões.
IR e outros são cal-
culados com base no 
lucro. Além disso, PIS 
e COFINS podem ser 
deduzidos com a uti-
lização de créditos. 
Em caso de lucro alto, 
outras formas de tribu-
tação podem ser mais 
vantajosas. O cálculo do 
lucro real é complexo. 
Lucro
arbitrado
Os indicados 
pela Receita Fed-
eral e o próprio 
contribuinte. Me-
diante condições. 
A determinação das 
bases de cálculo de 
IRPJ e CSLL é sem-
pre a do lucro presu-
mido, com acréscimo 
de 20%. 
Importante ter um en-
quadramento adequa-
do perante a Receita 
Federal. 
Fonte: Adaptado de Antonik (2016, p. 16).
Veja no site da Receita Federal quem pode se enquadrar no 
regime de lucro arbitrado e como isso ocorre. Acesse: <http://www.
receita.fazenda.gov.br/publico/perguntao/dipj2012/CapituloXIV-
LucroArbitrado2012.pdf>.
Segundo Antonik (2016), o regime tributário do Simples não é uma decisão 
tão elementar de ser tomada. Ele engloba oito tributos (IRPJ, PIS, COFINS, CSLL, 
INSS patronal, IPI das industrias, ISS dos prestadores de serviço e ICMS). As 
alíquotas do tributo podem ter uma variação de 4% a 22,45%, dependendo do 
setor de atuação (comércio, indústria ou serviços). 
A partir de primeiro de janeiro de 2015 passou a vigorar a 
Lei Complementar 147/2014, incluindo 140 novas categorias 
de empresas ao Super Simples, podendo alcançar até 450 mil 
empreendimentos no Brasil. 
26
 PLANEJAMENTO E CONTROLE FINANCEIRO
Segundo Antonik (2016), uma informação importante com relação ao regime 
tributário do Simples, é que as alíquotas de contribuição incidem sobre o faturamento 
da empresa. Essa questão é relevante, pois faturamento não é o mesmo que lucro, 
e dependendo do arranjo fi nanceiro da companhia, sua margem de lucro pode ser 
pequena, e uma alíquota incidindo sobre o faturamento poderá ser pior do que 
uma que incida diretamente sobre o lucro. Por exemplo, empresas que tenham um 
faturamento alto, com margens de lucro pequenas, e poucos empregados, podem 
ter uma oneração maior com o INSS embutido no regime tributário do Simples 
(alíquota única), do que pagar separadamente INSS e impostos sobre lucro. 
Conforme afi rma Antonik (2016), em resumo, as principais vantagens do 
regime tributário do Simples são as seguintes: 
1. Tributação com alíquotas mais brandas e progressivas.
2. Recolhimento unifi cado em uma única Guia, que pode abranger tributos 
estaduais e municipais.
3. Cálculo simplifi cado sobre uma base única (receita bruta mensal).
4. Dispensa obrigatoriedade da escrituração comercial para fi ns do fi sco, 
sob algumas condições de guarda e armazenamento.
5. Dispensa a empresa de contribuir para o sistema S (Sesi, Senai, Sesc, 
Senac e Sebrae), assim como das contribuições de salário educação e 
contribuição sindical patronal.
6. Dispensa a empresa de sujeitar-se à retenção na fonte de tributos e 
contribuições para órgãos da administração federal.
7. Isenção de tributação sobre os rendimentos que forem destinados aos 
sócios, exceto quando se tratar de pró-labore, aluguéis e serviços prestados.
 
Antonik (2016) destaca a importância de um assessoramento técnico com 
um contador especializado, de modo que se possa planejar corretamente o 
enquadramento tributário da empresa. 
Discorremos um pouco sobre as micro e pequenas empresas e sua tributação 
para introduzir as principais funções fi nanceiras realizadas nestas organizações. 
A primeira destas funções corresponde justamente ao planejamento, do qual o 
planejamento tributário abordado anteriormente é um importante componente. As 
demais atividades correspondem à função de investimento e administração de 
capital de giro. Vamos ver com mais detalhes cada uma delas nos tópicos a seguir. 
a) Função Planejamento 
Antonik (2016) afi rma que as micro e pequenas empresas são aquelas 
que mais sofrem com a falta de profi ssionalização por uma falta de cultura na 
27
PRINCÍPIOS DE ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA Capítulo 1educação em gestão. Saiba, portanto, que você que está cursando esta pós-
graduação está a alguns passos à frente. Em pesquisa realizada pelo Sebrae 
(2016), podemos perceber que 25% dos micro e pequenos empresários alegaram 
problemas de gestão como um dos motivos determinantes para o fechamento das 
empresas. Se levarmos em consideração que impostos, custos, despesas, juros, 
vendas, demanda e concorrência podem ser objeto de um prévio planejamento, 
e elas correspondem a 50% dos motivos alegados como determinantes para o 
fechamento das micro e pequenas empresas. Podemos inferir que problemas 
de gestão e planejamento de forma ampla, correspondem a 75% dos motivos 
determinantes para o fechamento de empresas. Para quem vai montar um negócio 
próprio, é uma informação bastante relevante e quem deixar de considerá-la tem 
grandes chances de estar nesta estatística nos próximos anos, afi nal, apesar de 
estar em queda, a taxa de mortalidade de empresas no Brasil ainda é alta, 23,4% 
das empresas criadas há dois anos, em 2012, fecharam as portas. Este índice, 
em 2008, era de 45.8%.
Figura 4 – Motivos determinantes para fechamento de empresas no Brasil
Fonte: Sebrae (2016, p. 7).
Planejar a empresa é averiguar a demanda para o produto ou serviço, compor 
os custos, formar o preço de venda, compreender os públicos de interesse, 
defi nir objetivos de curto, médio e longo prazo, averiguar a viabilidade fi nanceira, 
enquadramento tributário adequado, fazer orçamentos, simulações, atribuir usos e 
elencar as fontes dos recursos, ou seja, o planejamento de uma empresa sempre 
irá convergir para o planejamento fi nanceiro, para um orçamento, uma planilha, um 
fl uxo de caixa projetado. Somente com este se poderá defi nir os investimentos a 
serem realizados. A função investimento, aliás, é o próximo tópico a ser estudado.
28
 PLANEJAMENTO E CONTROLE FINANCEIRO
b) Função Investimento
Segundo Antonik (2006), a função de investimento também pode ser 
compreendida como a administração da estrutura de ativos de uma empresa. 
Assim, quando uma empresa decide investir, ela está disponibilizando recursos 
para a conta do ativo, seja disponibilizando recursos no caixa, estoques ou 
no patrimônio da companhia, por exemplo, com o intuito de que estes rendam 
benefícios econômicos futuros. 
Se você não teve contato com termos técnicos da contabilidade, 
ou precisa recordar, vale o seguinte lembrete dos conceitos de ativo, 
passivo e patrimônio líquido:
 
a) Ativo é um recurso controlado pela entidade como resultado de 
eventos passados e do qual se espera que resultem futuros 
benefícios econômicos para a entidade.
b) Passivo é uma obrigação presente da entidade, derivada de 
eventos já ocorridos, cuja liquidação se espera que resulte em 
saída de recursos capazes de gerar benefícios econômicos.
c) Patrimônio Líquido é o valor residual dos ativos da entidade 
depois de deduzidos todos os seus passivos.
Fonte: Comitê de Pronunciamentos Contábeis - CPC 00 (2011, p. 16).
O investimento é o passo seguinte ao planejamento de uma estratégia 
organizacional, pois defi nindo-se os objetivos, as metas a serem alcançadas, 
realizam-se os investimentos na empresa para que esta possa 
gerar um retorno fi nanceiro, um benefício futuro. Veremos com mais 
detalhes a análise de investimentos quando trabalharmos a gestão de 
fl uxo de caixa no Capítulo 4. É importante compreender que a gestão 
de investimentos é uma função de administração fi nanceira que 
será capaz de suportar a operação da empresa, gerando benefícios 
futuros. Um item essencial para suportar a operação da empresa, 
principalmente em seu ciclo operacional, é o investimento em capital 
de giro. Tópico que detalharemos a seguir. 
É importante 
compreender 
que a gestão de 
investimentos é 
uma função de 
administração 
fi nanceira que será 
capaz de suportar 
a operação da 
empresa, gerando 
benefícios futuros.
29
PRINCÍPIOS DE ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA Capítulo 1 
c) Função Administração do Capital de Giro
Antes de falarmos de capital de giro, é importante resgatarmos um conceito 
contábil de Ativo e Passivo Circulante. Segundo Gitman (2002), Ativos Circulantes 
e Passivos Circulantes são, respectivamente, bens e direitos a receber no curto 
prazo e, obrigações, também de curto prazo. Estes grupos de Ativos e Passivos 
fornecem uma imagem do funcionamento da empresa no dia a dia, da sua 
operação. Essa afi rmação fi ca mais evidente quando esmiuçamos os itens que 
compõem cada conta. Assim, no grupo de Ativos Circulantes temos: estoques, 
contas a receber, caixa e aplicações fi nanceiras de curto prazo. Já no grupo de 
Passivos Circulantes temos: contas a pagar, despesas a pagar e instituições 
fi nanceiras a pagar. Isto faz com que a administração fi nanceira de curto prazo 
seja uma das atividades mais intensas do administrador fi nanceiro. 
Gitman (2002) afi rma que o Ativo Circulante, também chamado de capital 
de giro, é uma proporção dos investimentos realizados na empresa que circula, 
ou seja, que gira, para que a empresa possa produzir ou prestar o seu serviço, 
pagar suas obrigações e receber a receita. Em uma situação ideal, até certo ponto 
utópica para a maioria das empresas, a necessidade de capital de giro seria zero, 
pois se contrataria fornecedores a prazo e se receberia à vista ou até mesmo 
antecipado. A necessidade de capital de giro varia de empresa para empresa, e 
o setor de atividade é relevante para essa defi nição. Por exemplo, empresas que 
trabalham com produção, geralmente precisam de estoque e recebem as vendas 
a prazo, então precisam de um capital para poder girar a produção, entregar o 
produto e manter suas atividades em operação até receber o pagamento do seu 
cliente. Parte da receita é injetada novamente como capital de giro e, assim, o 
ciclo recomeça. Empresas que trabalham prestando serviço podem ter uma 
necessidade de capital de giro menor, pois não se utilizam de estoque e muitas 
recebem logo após a realização do serviço. Caso o recebimento seja a prazo já 
confi guramos uma necessidade de capital de giro maior. Empresas que trabalham 
por projetos, como construtoras, precisam ter uma boa estratégia de capital de 
giro, pois a preparação do produto é longa, os custos são elevados e a venda 
depende da situação do mercado quando o produto estiver disponível. 
Antonik (2016) traz um gráfi co bastante interessante, que ajuda a 
compreender a importância do capital de giro em uma organização. Na Figura 
5, temos o ciclo operacional de uma companhia que inicia suas atividades no dia 
zero e recebe a sua primeira receita 150 dias após. A todo esse ciclo é dado o 
nome de ciclo operacional. 
30
 PLANEJAMENTO E CONTROLE FINANCEIRO
Figura 5 – Ciclos operacionais e fi nanceiros
Fonte: Antonik (2016, p. 23).
Vamos imaginar que a companhia citada seja uma fábrica de móveis para 
o varejo que está iniciando suas atividades. No dia zero a empresa recebe a 
matéria-prima para a fabricação dos móveis (madeiras, parafusos, fi xadores, lixa, 
tinta, fi tas, puxadores, acabamentos, dentre outros), os quais deixa estocados 
durante trinta dias até fi nalizar sua linha de montagem e treinar funcionários. O 
pagamento negociado com os fornecedores é realizado a prazo, em 30 dias a 
contar do recebimento. Após esse período, inicia a fabricação, que leva mais 40 
dias para concluir. Com o produto acabado, leva 15 dias até fechar a venda dos 
móveis a uma grande rede varejista, a qual negocia um prazo de 65 dias para o 
pagamento, ou seja, a empresa começou a ter custos no dia 30, quando pagou 
seus fornecedores e despesas internas (funcionários, aluguel etc.), terminou o 
produto no dia 70 e só recebeu no dia 150. O ciclo que compreende o período 
90 dias 120 dias 150 dias60 dias30 dias0 dias
Ciclo econômico (85 dias)
Venda de produto
acabado (85 dias)
Recebe
duplicata
(150 dias)
Recebimento do
cliente (150 dias)
Entrada de
MP no estoque
Termina a 
fabricaçãoIniciadaa 
fabricação
Compra de
MP a crédito Desembolso
(30 dias)
PMPF CC (120 dias) 
PMPF (30 dias)
PMC (65 dias)
PMF (40 dias) PMV
PTE (85 dias)
PME (30 dias)
PMV (15 dias)
Le
ge
nd
a:
CC - ciclo de caixa - fi nanceiro (120 dias)
MP - matéria -prima
PMV - período médio de venda (15 dias)
PTE - período total de estoque (85 dias)
PMF - período médio de fabricação (40 dias)
PME - período médio de estoque de matéria-prima (30 dias)
PMC - período médio de cobrança de duplicatas (65 dias)
PMPF - período médio de pagamento de fornecedor (30 dias)
31
PRINCÍPIOS DE ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA Capítulo 1 
médio de estoque (PME), o período médio de fabricação (PMF), o período médio 
de venda e cobrança (PMV e PMC), descontado do prazo médio de pagamento 
de fornecedores (PMPF), é conhecido como ciclo de caixa. Assim temos: 
Quadro 5 – Fórmula do ciclo de caixa
Ciclo de Caixa: PME+PMF+PMV+PMC – PMPF = 30 + 40 + 15 + 65 – 30 = 120 dias
Fonte: Antonik (2016, p. 24).
Vamos imaginar que uma empresa possua uma necessidade anual de 
capital de giro de R$ 180.000,00 para um ciclo de caixa de 120 dias e que ela 
possua apenas custos variáveis, ou seja, todos estes custos são proporcionais 
aos produtos vendidos e podem ser a esse atribuídos/repassados. Se a empresa 
consegue reduzir esse ciclo em 30 dias, ou seja, alterando o ciclo de caixa para 
90 dias, negociando melhor com fornecedores, ou então antecipando seus 
recebimentos, ou um pouco de cada, ela tem uma economia de R$ 45.000.00, 
pois a necessidade de capital de giro para 90 dias passaria para R$ 135.000,00. 
O exemplo acima é hipotético e sempre haverá custos fi xos que precisam ser 
considerados, gerando um resultado que não é diretamente proporcional, mas 
sem dúvida o ganho com a redução do ciclo de caixa será signifi cativo. Isso 
demonstra a importância da administração do capital de giro em pequenos 
negócios, ele pode ser uma das chaves do sucesso da organização.
Atividades de Estudos:
1) Qual o papel do planejamento na administração fi nanceira? 
______________________________________________
______________________________________________
______________________________________________
______________________________________________
______________________________________________
_____________________________________________
2) O que é capital de giro? 
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
32
 PLANEJAMENTO E CONTROLE FINANCEIRO
Algumas ConsideraçÕes 
Este capítulo teve a intenção de ser uma introdução ao planejamento e 
controle fi nanceiros aplicados a pequenos negócios. Iniciamos resgatando uma 
visão ampla da área fi nanceira e suas principais aplicações, como a área de 
serviços fi nanceiros e a administração fi nanceira. Embora distintas, estas áreas 
se correlacionam, pois, a administração fi nanceira interna das empresas se 
relaciona com instituições fi nanceiras, seja para aplicar suas receitas, seja para 
tomar fi nanciamento para executar suas atividades. 
Fizemos, também, um apanhado sobre as formas de constituição de 
empresas, seus níveis de risco e responsabilidade dos acionistas, de modo 
que você pudesse ter uma noção dos custos de estruturação das empresas e 
facilidade para obter fi nanciamentos, por exemplo. 
Após essa noção geral, adentramos mais especifi camente na estrutura do 
campo de estudos de fi nanças e sua correlação com os campos de estudos da 
contabilidade e economia, assimilando as suas semelhanças e divergências.
 
Partimos então para a compreensão dos objetivos da empresa, que é a 
maximização da riqueza dos acionistas a longo prazo em detrimento da busca 
única pelo lucro a curto prazo. A partir daí, aprofundamos nossos estudos 
fi nanceiros nas micro e pequenas empresas, iniciando por uma visão geral destas, 
incluindo o planejamento tributário.
 
Por fi m, fi nalizamos com as principais funções exercidas pelo administrador 
fi nanceiro em pequenas companhias, que são as funções de planejamento, 
investimento e de administração do capital de giro.
No próximo capítulo, adentraremos um pouco no estudo da contabilidade, 
especifi camente nas Demonstrações do Resultado do Exercício (DRE), mas com 
uma visão aplicada à área de fi nanças, com a identifi cação de indicadores que 
ajudarão a monitorar o desempenho e a saúde fi nanceira da empresa. 
33
PRINCÍPIOS DE ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA Capítulo 1 
ReFerÊncias
ANTONIK, L. R. Empreendedorismo: gestão fi nanceira para micro e pequenas 
empresas. São Paulo: Elsevier, 2016. 
BRASIL. Economia e emprego. Diferenças entre tipos de empresas. 2011. 
Disponível em: <http://www.brasil.gov.br/economia-e-emprego/2011/11/diferencas-
entre-tipos-de-empresas>. Acesso em: 20 dez. 2017.
COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS. Pronunciamento conceitual 
básico (R1) para elaboração e divulgação de relatório contábil-fi nanceiro. 2011. 
Disponível em: <http://www.cpc.org.br/CPC/Documentos-Emitidos/Pronunciamentos/
Pronunciamento?Id=80>. Acesso em: 3 jan. 2018.
GITMAN, L. J. Princípios de administração fi nanceira. 7. ed. São Paulo: 
Harbra, 2002.
SEBRAE. Apresentação dos relatórios de sobrevivência das empresas no 
Brasil. 2016. Disponível em: <https://m.sebrae.com.br/Sebrae/Portal%20Sebrae/
Anexos/sobrevivencia-das-empresas-no-brasil-102016.pdf>. Acesso em: 2 jan. 2018. 
34
 PLANEJAMENTO E CONTROLE FINANCEIRO
CAPÍTULO 2
Demonstração de Resultados
A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes 
objetivos de aprendizagem:
 Defi nir as demonstrações de resultado de uma empresa.
 Localizar os indicadores fi nanceiros de desempenho da micro e pequena 
empresa.
 Examinar uma demonstração de resultados do exercício.
 Avaliar o impacto das receitas, despesas, custos e investimentos no resultado 
do exercício.
36
 PLANEJAMENTO E CONTROLE FINANCEIRO
37
DEMONSTRAÇÃO DE RESULTADOS Capítulo 2 
ContextualiZação
Você já ouviu falar nessa expressão: o poder de uma nação está diretamente 
relacionado à estabilidade de suas instituições? Esta expressão está presente 
no trabalho de North (2003 apud ANTONIK, 2016). Douglas Cecil North é um 
economista americano que desenvolveu uma teoria sobre o amadurecimento das 
instituições, a qual fazia referência à correlação entre o grau de amadurecimento 
das instituições de determinados países ao seu nível de desenvolvimento 
econômico e social. A partir deste trabalho, fi cou evidente que quanto mais uma 
nação possuía um alto grau de amadurecimento institucional (leia-se baixos níveis 
de corrupção, leis que não se alteram facilmente, consenso no judiciário quanto à 
interpretação destas, funcionários públicos capacitados, serviço público efi ciente 
etc.) maior era o grau de desenvolvimento de uma nação, ou seja, menores eram 
os seus níveis de pobreza e maior a sua renda per capita, educação, sensação 
de segurança etc. North (2008 apud ANTONIK, 2016, p. 107) afi rma que “as 
instituições podem ser interpretadas como sendo as regras de um certo jogo, 
que determinam o que os jogadores podem fazer”. Aqui entra muito o conceito 
de normativas em um sentido amplo, que engloba não só as instruções de um 
modo geral, como leis, decretos, resoluções, assim como os próprios entes que 
os elaboram e fi scalizam. 
As empresas fazem parte deste arcabouço institucional e são um espelho 
da maturidade de um país. Assim, em países nos quais há uma estabilidade na 
legislação, no judiciário, as empresas possuem uma competitividade mais justa, 
haja vista que a regra é igual para todos e todos são igualmente fi scalizados e 
obrigados perante a lei. Assim, se uma empresa possui um bom desempenho, 
este tenderáa estar relacionado a uma gestão mais efi ciente dos seus recursos ou 
no diferencial de seu produto, em vez de estar relacionado a um enquadramento 
tributário diferenciado e específi co que não está acessível a todos, por exemplo.
A contabilidade, como já vimos no Capítulo 1, possui duas grandes funções, 
demonstrar a situação patrimonial e o resultado da empresa, apurando os tributos 
a serem recolhidos com base neste desempenho. Assim, no meio empresarial, 
a contabilidade exerce um importante papel como instituição. Neste capítulo 
exploraremos com mais detalhes o papel da contabilidade em uma organização, 
entenderemos o seu papel quanto à Demonstração dos Resultados do Exercício 
e compreenderemos a sua função enquanto instituição, como regra do jogo da 
gestão de uma empresa.
38
 PLANEJAMENTO E CONTROLE FINANCEIRO
ContaBilidade Gerencial 
O papel de um instituto contábil sólido é importante no ambiente empresarial 
para que se possa ter transparência na gestão das empresas e uma certeza de 
que estas estão agindo conforme as regras do jogo. Entretanto, esse papel contábil 
é também importante para o sucesso do próprio negócio. Verifi camos que uma 
das funções de um administrador fi nanceiro é o planejamento fi nanceiro, como 
recorda Antonik (2016). Este planejamento visa estabelecer uma previsão de uma 
situação futura desejada para o empreendimento, elencando os custos, despesas 
e receitas necessários para o alcance deste objetivo. Em termos fi nanceiros, o 
planejamento se traduz em um orçamento, uma planilha que permite simular as 
operações fi nanceiras da companhia no curto, médio e longo prazo. No entanto, 
de nada adianta planejar se o empreendedor não acompanhar o desempenho da 
sua companhia. Essa é uma parte fundamental do processo de planejamento: 
a mensuração e controle dos resultados. A partir disso, o empreendedor poderá 
ajustar a sua mira para atingir o alvo. Utilizando-se de mecanismos de controle, é 
possível rever o planejamento inicial com vistas a alcançar o objetivo. 
Lembre-se de que o planejamento é um exercício de prever situações futuras, 
que estão sujeitas a todos os tipos de mudança. Por exemplo, às vezes, a demanda 
estimada para determinado produto poderá variar, e você necessitará ajustar os 
preços para atingir seu objetivo, seja para manter a rentabilidade ou livrar-se de 
um estoque excedente. Antonik (2016) divide o planejamento empresarial em três 
fases: planejamento, apuração dos resultados e análise de desempenho, como 
podemos verifi car na fi gura a seguir. Esse ciclo é contínuo, pois a 
análise de desempenho permite comparar a nossa meta traçada com 
aquela executada e, assim, ajustar novamente nosso planejamento 
para chegar mais próximo do alvo. Caso esta meta tenha sido 
atingida, pode-se, então, traçar metas mais desafi adoras e melhorar 
ainda mais o desempenho da empresa. Financeiramente, a aferição 
destas metas utiliza de ferramentas contábeis, hoje harmonizadas de 
acordo com regras internacionais. 
Na relação entre a necessidade de um instituto contábil sólido 
e a apuração do desempenho da empresa, ressaltamos: com uma 
instituição de normas e regras contábeis fortes, as empresas contam 
com uma ferramenta que dá credibilidade na apuração de seus 
resultados, sabendo que estes são medidos através de um critério 
padrão, podendo, então, agir para realizar mudanças na gestão 
da companhia que resulta em dados de entrada diferentes, que 
proporcionem resultados distintos. 
Com uma instituição 
de normas e regras 
contábeis fortes, 
as empresas 
contam com uma 
ferramenta que dá 
credibilidade na 
apuração de seus 
resultados, sabendo 
que estes são 
medidos através de 
um critério padrão, 
podendo, então, 
agir para realizar 
mudanças na gestão 
da companhia que 
resulta em dados de 
entrada diferentes, 
que proporcionem 
resultados distintos.
39
DEMONSTRAÇÃO DE RESULTADOS Capítulo 2 
Imagine que você tem por objetivo perder peso, por exemplo, e que sua 
balança não é confi ável, pois dependendo da condição climática pode pesar dois 
quilos a mais ou a menos. Assim, por mais que você modifi que sua alimentação, 
não saberá exatamente se está diminuindo ou aumentando o seu peso. A 
contabilidade é como se fosse uma balança, precisa ser confi ável e estável, de 
modo que as empresas possam aferir seu resultado, sabendo que ao aplicarem 
seus esforços em determinada ação que o altere, este será corretamente 
identifi cado pelas demonstrações contábeis. 
Figura 6 – Fases do planejamento empresarial
Fonte: Antonik (2016, p. 111).
No próximo tópico, iremos identifi car os principais relatórios contábeis que 
devem ser compreendidos e utilizados por empreendedores que atuam nas micro 
e pequenas empresas. 
DemonstraçÕes de Resultado 
AtravÉs da ContaBilidade
Evidenciar o resultado de uma determinada empresa não é tarefa simples. 
Como já abordamos, para termos um resultado confi ável, é preciso adotar 
normas e critérios amplamente aceitos, assim, tanto o empreendedor quanto 
outras pessoas e entidades interessadas na empresa poderão ter certeza de 
que a empresa está traçando um caminho virtuoso ou necessita de ajustes em 
sua rota para melhorar o desempenho. A utilização deste arcabouço de normas 
exige profi ssionais capacitados e dedicados, mas o empreendedor deverá saber 
ler e interpretar o resultado destes relatórios contábeis, de modo que possa ter a 
exata noção do caminho que estão tomando as fi nanças da sua empresa. Antonik 
(2016) afi rma que as peças fundamentais para análise de desempenho de uma 
organização são as seguintes: 
Planejamento
Apuração 
de resultados
Análise de
desempenho
40
 PLANEJAMENTO E CONTROLE FINANCEIRO
a) Demonstrações do Resultado do Exercício (DRE) 
Segundo Gitman (2002), a demonstração de resultados segue 
a lógica do regime de competência para projetar o lucro/prejuízo e 
refl ete a posição fi nanceira geral da companhia. 
Como o próprio nome defi ne, a Demonstração do Resultado do 
Exercício - DRE - é um dos instrumentos mais comumente utilizados 
quando falamos em aferir o desempenho de uma empresa. 
Antonik (2016) afi rma que este instrumento também pode ser 
conhecido como demonstração de lucros e perdas, pois uma das suas 
funções principais é demonstrar o lucro ou prejuízo aferido em um determinado 
exercício (período de tempo geralmente coincidente com o calendário civil, de 
1 de janeiro a 31 de dezembro). Este instrumento é baseado no conceito de 
competência, ou seja, para a DRE, o importante é o fato gerador do lançamento 
contábil, independente de este ter uma contrapartida imediata que represente 
uma entrada ou saída no caixa da companhia. Utilizaremos o Quadro 6, que traz 
uma DRE da empresa NIW Produtos Florestais Ltda., explorando as principais 
contas que compõem este demonstrativo. 
Segundo 
Gitman (2002), a 
demonstração de 
resultados segue a 
lógica do regime de 
competência para 
projetar o lucro/
prejuízo e refl ete a 
posição fi nanceira 
geral da companhia.
Quadro 6 – Demonstração do Resultado do Exercício
NIW Produtos Florestais Ltda.
Demonstrações de Resultado do Exercício, 31 de dezembro de 2012 (R$)
2012
Receita operacional líquida (1) R$ 257.772,46
Custo da mercadoria vendida (2) R$ 149.508,03
Margem Bruta R$ 108.264,43
Salários e benefícios R$ 58.464,25
Despesas de comercialização R$ 16.994,70
Outras despesas R$ 12.098,76
Despesas operacionais (3) R$ 87.557,72
Depreciação (4) R$ 7.850,84
Total das despesas operacionais R$ 95.408,56
Lucro operacional R$ 12.855,87
Despesas fi nanceiras (5) R$ 4.413,59
Lucro líquido do exercício R$ 8.442,28
Fonte: Tracy (2007 apud ANTONIK, 2016, p. 113).
41
DEMONSTRAÇÃO DE RESULTADOS Capítulo 2 
• Receita Operacional Líquida (1): na receita operacional líquida 
temos aquilo que a empresa realmente recebeu pelas suas vendas, 
descontados os tributos incidentes sobre a venda, e eventuais descontos 
ou abatimentosrealizados. 
• Custo da Mercadoria Vendida (2): no custo da mercadoria vendida, 
teríamos os custos diretamente relacionados à fabricação do produto, 
como mão de obra aplicada diretamente na produção, o valor da 
matéria-prima, gastos gerais relacionados à produção, exemplo, aluguel 
da unidade fabril, energia elétrica da unidade fabril, manutenção do 
maquinário etc. Lembre-se de que o custo aqui apurado refere-se às 
mercadorias efetivamente vendidas, então deve-se somar o estoque 
inicial e descontar o estoque fi nal, pois, se a mercadoria está no estoque, 
não foi vendida. Importante salientar que estes custos não se misturam 
com outras despesas administrativas, e mão de obra não relacionada 
à produção. Aqui temos uma conta específi ca para apurar o custo da 
mercadoria vendida. 
• Despesas Operacionais (3): na conta do Custo das Mercadorias 
Vendidas temos a apuração direta do custo daquilo que é fabricado 
e efetivamente vendido, mas quando falamos em resultado de uma 
empresa, esse processo fabril é gerenciado e possui, portanto, uma 
administração, e nem todos empregados da empresa trabalham na 
sua linha de produção, muitos trabalham na área de vendas, na área 
administrativa, recursos humanos etc. Assim, nas despesas operacionais, 
temos englobado o montante de despesas relacionadas diretamente à 
operação da companhia. Não confunda operação da companhia com 
processo de fabricação. 
• Depreciação (4): a depreciação também é considerada uma despesa 
operacional, mas convém tratarmos dela em separado, dada a sua 
complexidade. Muitos dos custos e despesas referentes à confecção dos 
produtos e operação da companhia são adquiridos e consumidos num 
curto espaço de tempo. Utilizaremos como exemplo a compra de papel e 
tinta para impressão de documentos na empresa NIW Produtos Florestais. 
Eles se referem a despesas operacionais e são totalmente consumidos 
à medida que os documentos são impressos, o que não ocorre com um 
maquinário adquirido para corte de madeiras, por exemplo. Vamos supor 
que este maquinário possua um valor de R$ 100.000,00, e sua vida útil 
esteja estimada em 5 anos (60 meses). No ano da aquisição é lançado 
na contabilidade o valor de aquisição da máquina, um desembolso de 
caixa, mas a cada ano da vida útil da máquina, é possível lançar um valor 
referente a 1/5 do seu custo de aquisição como despesa de depreciação 
42
 PLANEJAMENTO E CONTROLE FINANCEIRO
(os lançamentos mensais correspondem a 1/60 do valor de aquisição 
do bem). Assim, anualmente, durante cinco anos, a empresa lança uma 
despesa de R$ 20.000,00 referente à depreciação deste bem, que é 
utilizada como abatimento da base de cálculo do imposto a pagar para 
aquelas empresas que se utilizam do regime tributário de lucro real.
Na fi gura a seguir, Antonik (2016) cita um exemplo do passo a passo do 
lançamento de uma despesa a ser depreciada.
Figura 7 – Bens depreciáveis
Fonte: Antonik (2016, p. 116).
Quem defi ne a duração de um bem para fi ns de depreciação é 
a Receita Federal, através do Regulamento do Imposto de Renda 
– RIR. Para compreender melhor como os bens são depreciados, 
verifi que a Subseção II – Depreciação de Bens do Ativo Imobilizado 
do RIR, acessando o site: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/
decreto/d3000.htm>.
1º passo
Compra de
 máquina por 
R$ 6.000,00
Contador lança 
a compra no 
imobilizado
Todos os meses 
o contador 
lança 1/60 
na despesa 
(R$100,000)
2º passo 3º passo
Compra de
 material de 
escritório por 
R$82,00
O contador 
lança a compra 
diretamente 
no resultado
Nada
Bens de alto valor com vida útil controlada pela Receita
Bens de baixo valor, sem vida útil controlada pela Receita
43
DEMONSTRAÇÃO DE RESULTADOS Capítulo 2 
• Despesa Financeira (5): a despesa fi nanceira, segundo Antonik 
(2016), refere-se aquelas despesas realizadas com atividades que 
não estão relacionadas à atividade da empresa, mas sim na aquisição 
de capital e também em investimentos realizados pela empresa em 
produtos fi nanceiros. Vejamos, por exemplo, uma empresa que toma 
um empréstimo para o capital de giro. Esta companhia arcará com 
custos de juros e encargos sobre esta dívida, que podem ser bastante 
representativos para o resultado da empresa. Outro exemplo pode ser 
a aplicação fi nanceira da sobra de caixa da companhia. Essa receita 
auferida também deve ser contabilizada em separado. Assim, poderemos 
saber e diferenciar as receitas e os custos de produção e operação, 
vinculados à atividade empresarial exercida pela companhia, daqueles 
custos e receitas oriundas da atividade da companhia junto ao mercado 
fi nanceiro. Uma empresa que possui uma receita fi nanceira alta e um 
receita operacional baixa, não está executando bem a atividade para a 
qual foi criada, apesar de poder estar sendo lucrativa. 
Como pudemos verifi car no quadro anterior, a NIW Produtos Florestais Ltda. 
apurou um lucro líquido do exercício no valor de R$ 8.442,28 e, para chegar neste 
valor, foram subtraídas da receita operacional líquida, o custo das mercadorias 
vendidas, as despesas operacionais, a depreciação e as despesas fi nanceiras. 
Veja que o lucro bruto corresponde a R$ 12.855,87, praticamente 50% superior ao 
lucro líquido, o que signifi ca dizer que se não houvesse despesas fi nanceiras, a 
empresa teria um lucro um tanto quanto mais elevado. 
b) Balanço Patrimonial (BP)
Segundo Gitman (2002), o Balanço Patrimonial representa 
uma posição fi nanceira da empresa em uma determinada data, que 
geralmente coincide com o fi nal do calendário civil, 31 de dezembro. 
Ele iguala os Ativos (bens e direitos), com a soma de fi nanciamentos 
realizados com terceiros e de seus proprietários (sócios). A fi gura a 
seguir demonstra uma síntese de um Balanço Patrimonial, separado 
em duas semiesferas, representando que o lado do Ativo deve ter 
igual contrapartida com a soma do Passivo e do Patrimônio Líquido. 
Gitman (2002) ensina que o Balanço Patrimonial deve segregar as 
contas conforme a sua liquidez, ou seja, a rapidez com a qual se pode 
transformar os Ativos em entrada de caixa, e os Passivos, em saída 
de caixa. Temos uma primeira separação no balanço a ser assim apresentada: 
Ativos e Passivos de curto prazo e Ativos e Passivos de longo prazo. Os Ativos 
e Passivos com liquidez prevista para serem realizadas em até um ano, são 
denominados de Ativos e Passivos Circulantes ou Ativos e Passivos Correntes, 
como afi rma Antonik (2016). 
Segundo Gitman 
(2002), o Balanço 
Patrimonial 
representa uma 
posição fi nanceira 
da empresa em uma 
determinada data, 
que geralmente 
coincide com o fi nal 
do calendário civil, 
31 de dezembro.
44
 PLANEJAMENTO E CONTROLE FINANCEIRO
Os demais Ativos e Passivos são considerados de longo prazo, com 
realização superior a um ano. Os Ativos se denominam realizáveis no longo prazo 
e os Passivos, exigíveis a longo prazo. Assim, na conta dos Ativos, o caixa é o 
ativo mais líquido, e representa as disponibilidades em dinheiro da companhia e é 
sempre a primeira conta a ser descrita no Balanço Patrimonial. Na sequência, são 
descritas as contas de Ativo em ordem decrescente de liquidez. 
Figura 8 – Balanço Patrimonial - Síntese
Fonte: Adaptado de Gitman (2002).
Podemos verifi car no quadro a seguir, que os Ativos permanentes 
imobilizados, como o próprio nome já diz, são os menos líquidos e, portanto, 
os últimos listados. Assim ocorre no Passivo, os empréstimos de longo prazo 
representam as dívidas que mais demorarão a serem exigidas, portanto, são as 
últimas a serem listadas, em detrimento das contas a pagar, que apresentam as 
dívidas com fornecedores que devem ser logo quitados.
Quadro 7 – Balanço Patrimonial
NIW Produtos Florestais Ltda.
Balanço Patrimonial, 31 de dezembro de 2012 (R$) 
 2011 2012 Diferenças
Caixa R$ 30.695,41 R$ 51.550,75 R$ 20.855,34
Duplicatas a receber R$ 12.024,27 R$ 13.131,95 R$ 1.107,68
Estoques R$ 19.870,70 R$22.124,45 R$ 2.208,30
Despesas pré-pagasR$ 5.757,28 R$ 5.404,68 -R$ 352,60
Total dos ativos correntes R$ 67.767,78 R$92.211,83 
• Ativo • PassivoPassivo 
Circulante 
Passivo Não 
Circulante
(Realizável a 
Longo Prazo)
Ativo
Circulante
Ativo não 
Circulante
(Realizável 
a longo 
Prazo e 
Permanente)
• Patrimônio
 Líquido
Capital 
Social 
Reservas 
de Capital
Reservas 
de Lucro
45
DEMONSTRAÇÃO DE RESULTADOS Capítulo 2 
Imobilizado R$ 68.367,17 R$ 79.121,80 R$ 10.754,63
Depreciação acumulada -R$ 14.782,44 -R$ 22.633,27 -R$ 7.850,84
Imobilizado líquido R$ 53.584,73 R$ 56.488,53 
Total dos ativos R$ 121.352,52 R$ 148.700,35 
Passivo
Contas a pagar R$ 25.282,44 R$ 23.074,14 -R$ 2.208,30
Despesas provisionadas R$ 5.943,95 R$ 7.199,03 R$ 1.255,08
Empréstimos de curto prazo R$ 8.826,13 R$ 17.652,25 R$ 8.826,13
Total dos passivos correntes R$ 40.052,52 R$ 47.925,42 
Empréstimos de longo prazo R$ 26.478,38 R$ 35.304,50 R$ 8.826,13
Capital social MB R$ 44.130,63 R$ 46.337,16 R$ 2.206,53
Lucros retidos R$ 10.691,00 R$ 19.133,27 R$ 8.442,28
Patrimônio Líquido R$ 54.821,62 R$ 65.470,43 
Total dos passivos R$ 121.352,52 R$ 148.700,35 
 
Passivo
Contas a pagar R$ 25.282,44 R$ 23.074,14 -R$ 2.208,30
Despesas provisionadas R$ 5.943,95 R$ 7.199,03 R$ 1.255,08
Empréstimos de curto prazo R$ 8.826,13 R$ 17.652,25 R$ 8.826,13
Total dos passivos correntes R$ 40.052,52 R$ 47.925,42 
Empréstimos de longo prazo R$ 26.478,38 R$ 35.304,50 R$ 8.826,13
Capital social R$ 44.130,63 R$46.337,16 R$ 2.206,53
Lucros retidos R$ 10.691,00 R$ 19.133,27 R$ 8.442,28
Patrimônio Líquido R$ 54.821,62 R$ 65.470,43 
Total dos passivos R$ 121.352,52 R$ 148.700,35 
Fonte: Tracy (2007) apud Antonik (2016, p. 119).
No Patrimônio Líquido, segundo Gitman (2002, p. 38), fi cam “os direitos dos 
proprietários da empresa, portanto, contém as contas de capital social, reservas 
de capital, e reservas de lucro, por exemplo”. No caso da empresa NIW Produtos 
Florestais Ltda., o Patrimônio Líquido é composto pelas contas de 
capital social e lucros retidos. 
Com a DRE e o Balanço Patrimonial em mãos, o administrador 
fi nanceiro possui ferramentas importantes para começar a elaborar 
a demonstração do Fluxo de caixa, que também se apoia em outros 
relatórios fi nanceiros gerenciais. 
c) Demonstrações do Fluxo de Caixa (DFC)
Segundo Gitman (2002), a demonstração de fl uxos de caixa 
representa o resumo das entradas e saídas de dinheiro em uma 
companhia, em um determinado período, sempre de acordo com 
o momento exato em que ocorrem, ou seja, o regime adotado é o 
regime de caixa. 
Segundo 
Gitman (2002), a 
demonstração de 
fl uxos de caixa 
representa o resumo 
das entradas e 
saídas de dinheiro 
em uma companhia, 
em um determinado 
período, sempre 
de acordo com o 
momento exato 
em que ocorrem, 
ou seja, o regime 
adotado é o regime 
de caixa.
46
 PLANEJAMENTO E CONTROLE FINANCEIRO
Vamos explorar o exemplo da empresa NIW Produtos Florestais Ltda., que nos 
apresenta uma DRE, já apresentada acima (Quadro 6), um Balanço Patrimonial 
(Quadro 7) para montarmos um demonstrativo do fl uxo de caixa (Quadro 10). Para 
compreender o conceito destes três instrumentos, nós iremos transitar entre esses, 
portanto, fi que atento para não se perder quando mencionarmos um determinado 
quadro, ele pode não ser o quadro que está na sequência. Vamos partir das contas 
da DRE para montarmos a nossa demonstração de fl uxo de caixa. 
• Receita Operacional Líquida: você já verifi cou que a nossa DRE 
traz uma Receita Operacional Líquida no montante de R$ 257.772,46. 
Antonik (2016) nos lembra que nem todas as receitas ali mencionadas, 
estão disponíveis no caixa da companhia. No quadro anterior, pudemos 
verifi car que temos a conta duplicatas a receber, no valor de R$ 
13.131,95, ou seja, parte das vendas realizadas, da receita do ano de 
2012, não foi recebida. Isso não é sinônimo de inadimplência, mas, sim, 
da estratégia de venda da empresa, que foi a de conceder um prazo 
para pagamento de seus clientes. Veja que assim como você sempre 
procura comprar de seus fornecedores a prazo para melhorar o seu ciclo 
de caixa, como vimos no Capítulo 1, os seus clientes também tenderão 
a comprar mercadorias a prazo. Podemos apurar que faltou R$ 1.107,68 
no caixa da companhia. Ao aferir Balanço Patrimonial (Quadro 7) a conta 
Duplicatas a Receber, que no ano de 2011 era de R$ 12.024,27, teve 
uma majoração para R$ 13.131,95, ano de 2012. Antonik (2016) afi rma 
que a empresa está fi nanciando os clientes em R$ 1.107,68 no ano de 
2012. Assim, a empresa deixou de obter este montante em caixa devido 
a sua estratégia de venda, mas em termos contábeis, no regime de 
competência, esse valor ajuda a empresa a obter um lucro maior, pois 
está presente na conta de receita operacional líquida.
 
• Custo da Mercadoria Vendida (2): quando falamos em Caixa, na 
demonstração do Resultado do Exercício (Quadro 6), podemos verifi car 
que a empresa teve uma despesa contabilizada de R$ 149.508,03 como 
Custo das Mercadorias Vendidas, mas na verdade o desembolso de 
caixa foi na ordem de R$ 4.462,05, isto porque tivemos um aumento no 
valor dos estoques, de R$ 19.870,70 (2011) para R$ 22.124,45 (2012), e 
uma diminuição no contas a pagar de R$ 2.208,30, de 2011 para 2012, 
isto signifi ca que a empresa fi cou devendo menos de um ano para o 
outro. Somando-se a diferença do valor dos estoques (R$ 2.253,75) mais 
a diferença em contas a pagar, temos um excedente de desembolso de 
caixa no total R$ 4.462,05. 
• Despesas Operacionais (3): como afi rma Antonik (2016, p. 115), quando 
transpomos estas despesas operacionais para ótica de um fl uxo de 
47
DEMONSTRAÇÃO DE RESULTADOS Capítulo 2 
caixa, temos que ter o cuidado de observar que “algumas despesas são 
pagas depois de incorridas, pois quando compramos insumos ou outros 
bens necessários à produção ou à prestação de serviços negociamos 
um prazo com os fornecedores”. Isso pode ocorrer também com os 
salários dos funcionários, pois algumas empresas pagam a remuneração 
de seus colaboradores no quinto dia útil do mês seguinte ao mês 
trabalhado. Os salários são contabilizados no mês a que se referem, 
mas o desembolso de caixa ocorre no mês subsequente. Pode ocorrer 
também o inverso, algumas despesas operacionais podem incorrer 
antecipadamente, como o pagamento de um sinal para um pedido de 
mobiliário para área administrativa. Essa informação pode ser difícil de 
encontrar nos relatórios contábeis, devendo haver registros específi cos 
de todas despesas incorridas na empresa. No caso da NIW Produtos 
Florestais, foi possível verifi car em outros relatórios gerenciais que, do 
valor contabilizado de R$ 87.557,72 em 2012, R$ 916,15 fi cou para ser 
pago em 2013, ou seja, do valor de R$ 23.074,14, de Contas a Pagar, 
existente no Balanço Patrimonial (quadro 7), R$ 916,15 são referentes a 
despesas operacionais. 
• Depreciação: ainda, como despesa operacional, temos a depreciação, 
que teve uma variação, entre 2011 e 2012, de R$ 7.850,84, como 
demonstrado no Quadro 8. Esse valor é acrescido ao fl uxo de caixa, pois 
ele está descontando a nossa base de receitas, contudo ele é um valor 
meramente contábil e não há efetivamente um desembolso de dinheiro 
para pagar a depreciação.
Quadro 8 – Imobilizado e Depreciação
Itens do balanço 2011 2012 Diferença
Imobilizado R$ 68.367.17 R$ 79.121,80 R$ 10.754,63
Depreciação -R$ 14.782,44 -R$ 22.633,17 R$ 7.850,84
Acumulada
Fonte: Antonik (2016, p. 117).
• Despesas Financeiras: algumas das despesas fi nanceiras também 
podem ocorrer em períodos distintos daqueles contabilizados na DRE. 
Assim, Antonik (2016) aponta que a empresa registrou R$ 4.413,59 em 
despesas fi nanceiras, como juros de fi nanciamento, por exemplo, que 
ocorreram no ano de 2012. Destes valores realizados, verifi cou-se que 
R$ 111,65 não foram efetivamente pagos no ano, sendo originados no 
mês de dezembro de 2012 e com pagamento previsto para janeiro de 
2013.48
 PLANEJAMENTO E CONTROLE FINANCEIRO
O Quadro 9 traz um resumo das diferenças entre a DRE 2011 e 2012, dos 
quais podemos destacar os itens que compõem o cômputo do fl uxo de caixa 
mencionado acima. Entram nesta conta, a margem bruta (R$ 5.569,73, que são 
as variações das contas Receita Operacional Líquida e Custo da Mercadoria 
Vendida), o total das despesas operacionais, acrescentando a depreciação e as 
despesas fi nanceiras. 
Quadro 9 – Comparativo entre regime de Caixa e Competência
NIW Produtos Florestais Ltda
Demonstrações de Resultado do Exercício, 31 de dezembro de 2012 (R$)
2012 Diferenças
Receita operacional líquida (1) R$ 257.772,46 -R$ 1.107,68
Custo da mercadoria vendida (2) R$ 149.508,03 -R$ 4.462,05
Margem Bruta R$ 108.264,43 -R$ 5.569,73
Salários e benefícios R$ 58.464,25
Despesas de comercialização R$ 16.994,70
Outras despesas R$ 12.098,76
Despesas operacionais (3) R$87.557,72 R$ 916,15
Depreciação (4) R$ 7.850,84 R$ 7.850,84
Total das despesas operacionais R$ 95.408,56 R$ 8.766,99
Lucro operacional R$ 12.855,87
Despesas fi nanceiras (5) R$ 4.413,59 R$ 111,65
Lucro líquido do exercício R$ 8.442,28
Diferença entre regime competência 
e caixa (2) R$ 3.308,91
Fluxo de caixa gerado pelas atividades 
operacionais (1) R$ 11.751,19
(1) Lucro líquido do exercício + Fluxo de caixa líquido (R$8.442,28 + 
R$3.308,91 = R$11.751,19)
(2) Diferença entre regime competência e caixa = -R$5.569,73 + R$8.766,99 + 
R$ 111.65 = R$ 3.308,91
Fonte: Adaptado de Tracy (2007 apud ANTONIK, 2016, p. 113).
49
DEMONSTRAÇÃO DE RESULTADOS Capítulo 2 
Assim, temos que o Fluxo de Caixa Líquido é a soma do lucro 
líquido com a diferença das apurações entre o regime de caixa e as 
competências das contas: Margem Bruta, Despesas Operacionais 
(Somada a Depreciação) e Despesas Financeiras. 
Outra forma de demonstrar o fl uxo de caixa seria realizar um 
quadro com as variáveis de fl uxo de caixa das atividades operacionais, 
de investimento e fi nanciamento. Esse demonstrativo de fl uxo de caixa 
é mais completo e traz informações até agora não abordadas, como as 
atividades de investimento e fi nanciamento. 
Assim, temos que 
o Fluxo de Caixa 
Líquido é a soma 
do lucro líquido com 
a diferença das 
apurações entre o 
regime de caixa e 
as competências 
das contas: Margem 
Bruta, Despesas 
Operacionais 
(Somada a 
Depreciação) 
e Despesas 
Financeiras.
Quadro 10 – Demonstração de Fluxo de Caixa
NIW Produtos Florestais Ltda.
 Demonstrações de fl uxo de Caixa, 31 de dezembro de 2012 (R $)
 
Composição 
do Fluxo de 
Caixa
Cálculo fi nal 
do Fluxo 
específi co
Cálculo do 
Saldo de 
Caixa Total
Fluxo de caixa 
das atividades 
operacionais
Lucro líquido do exercício
Aumento em duplicatas a 
receber
-R$ 1.107,68
Aumento em estoques -R$ 2.833,63
Redução em despesas 
pré-pagas
R$ 352,60
Depreciação R$ 7.850,84
Redução no Contas a 
Pagar
-R$ 2.208,30
Aumento de despesas 
provisionadas
R$ 1.255,08
Subtotal do Fluxo Opera-
cional
R$ 3.308,91
Lucro líquido do exercício R$ 8.442,28
Total de Fluxo Operacional R$ 11.751,19
Fluxo de caixa 
das atividades de 
investimento
Aumento no imobilizado -R$ 10.754,63
50
 PLANEJAMENTO E CONTROLE FINANCEIRO
Fluxo de caixa 
das atividades de 
fi nanciamento
Aumento em empréstimo 
de curto prazo
R$ 8.826,13
Aumento em empréstimos 
de longo prazo
R$ 8.826,13
Aumento de capital R$ 2.206,53
Total do Fluxo de Finan-
ciamento
R$ 19.858,79
Aumento no caixa 
durante o ano
R$ 20.855,34
Caixa no início 
do ano
R$ 30.695,41
Caixa no fi nal 
do ano
R$ 51.550,75
Fonte: Tracy (2007 apud ANTONIK, 2016, p. 121).
Com base no demonstrativo de fl uxo de caixa, o empreendedor conhecerá 
a sua disponibilidade fi nanceira imediata, mas precisa fi car atento que muitos 
destes recursos possuem usos destinados. Discutiremos detalhadamente sobre o 
fl uxo de caixa no Capítulo 4, no qual abordaremos também o fl uxo de caixa livre. 
Atividades de Estudos:
1) A empresa pode confi ar apenas no Balanço Patrimonial e na DRE 
para elaborar sua demonstração de fl uxo de caixa? 
____________________________________________________
___________________________________________________
___________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
2) Explique a diferença entre custo das mercadorias vendidas e 
despesas operacionais.
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
51
DEMONSTRAÇÃO DE RESULTADOS Capítulo 2 
Índices Financeiros
Os índices fi nanceiros são uma importante ferramenta para analisar o 
desempenho de uma organização. Gitman (2002) afi rma que os índices fi nanceiros 
medem duas categorias basicamente: o risco e o retorno. Assim, através do 
Balanço Patrimonial e da DRE podemos calcular o risco fi nanceiro atrelado a uma 
determinada empresa, assim como o retorno que oferece ao acionista ou ao seu 
proprietário. Estes índices são também muito utilizados por instituições bancárias, 
para determinar a taxa de juros de um fi nanciamento, por exemplo. Para empresas 
que possuem um risco maior, as taxas de juros são maiores, haja vista que o 
risco de inadimplemento das parcelas de um fi nanciamento são maiores. Do 
mesmo modo, potenciais investidores em empresas, além de averiguar o risco, 
também analisarão o retorno ofertado, para ver se estão compatíveis e aceitáveis. 
Esses são motivos bastante importantes para que você tenha uma contabilidade 
confi ável, de modo a não distorcer essas informações e passar uma mensagem 
errada da sua situação fi nanceira da companhia. Neste capítulo, trabalharemos 
quatro grupos de conceitos de índices: 
- Índices de liquidez.
- Índices de atividade.
- Índice de endividamento.
- Índice de rentabilidade. 
Para tanto, faremos referência ao Balanço Patrimonial e à DRE da empresa 
NIW Produtos Florestais Ltda., já apresentadas anteriormente.
a) Índice de liquidez 
O índice de liquidez, segundo Gitman (2002), mede a capacidade 
da empresa cumprir obrigações de curto prazo a medida em que elas 
ocorrem. Esse índice é considerado a solvência geral da empresa. 
Uma liquidez baixa costuma indicar que uma difi culdade fi nanceira 
de caixa se avizinha e pode trazer problemas de fl uxo de caixa. Os 
índices de liquidez comumente utilizados são: 
• Índice de liquidez corrente: segundo Gitman (2002), mede a 
capacidade da empresa de saldar suas obrigações de curto prazo. A 
fórmula do índice de liquidez corrente é a seguinte: 
O índice de liquidez, 
segundo Gitman 
(2002), mede a 
capacidade da 
empresa cumprir 
obrigações de curto 
prazo a medida em 
que elas ocorrem.
Índice de Liquidez Corrente =
Ativo Circulante
Passivo Circulante
52
 PLANEJAMENTO E CONTROLE FINANCEIRO
Como o próprio nome do índice já indica, ele refere-se ao Ativo e Passivo 
Circulante/Corrente, aqueles de curto prazo. No caso da NIW Produtos Florestais 
Ltda., a conta seria a seguinte: 
R$ 92.211,83 = 1,92R$ 47.925,42
Temos um número, agora temos que interpretá-lo. Aqui é que mora o perigo, 
pois não existe uma ciência exata na interpretação destes índices. Em geral, 
quanto mais alto for o índice, mais líquida a empresa é. Gitman (2002) afi rma 
que a aceitação de índices de liquidez menores está relacionada à previsibilidade 
dos fl uxos de caixa. Assim, em empresas que possuem contratos de longo prazo 
fi rmes, ou demandas que não variam muito, conseguem ter um fl uxo de entradas 
de caixa previsíveis e podem lidar com Passivo Circulante mais próximo do Ativo 
Circulante. São exemplos destas empresas as concessionárias de serviço público.
 Empresas que atuam no mercado de inovação, por exemplo, devem ter um 
índice de liquidezalto, de modo que possam lidar com o declínio da demanda 
por um produto e consigam se reposicionar no mercado com atualizações ou 
outros produtos, por exemplo. Não conhecemos muito do setor 
específi co no qual a NIW trabalha, mas se for extração de madeira 
de refl orestamento, uma indústria com alta previsibilidade, um índice 
próximo a dois pode ser bastante aceitável. 
• Índice de liquidez seca: segundo Gitman (2002), este índice é 
uma variável do índice de liquidez corrente, a sua diferença é que o 
índice de liquidez seca subtrai o estoque, por este ser o Ativo menos 
líquido do grupo de contas do Ativo Circulante. Isto ocorre, pois, o 
estoque pode conter produtos inacabados (difíceis de vender) e por 
ele ser vendido a prazo, tornando-se de imediato contas a receber e 
não caixa. A fórmula do índice de liquidez seca é a seguinte: 
Segundo Gitman 
(2002), este índice 
é uma variável do 
índice de liquidez 
corrente, a sua 
diferença é que o 
índice de liquidez 
seca subtrai o 
estoque, por este 
ser o Ativo menos 
líquido do grupo 
de contas do Ativo 
Circulante.
Índice de Liquidez seca =
Ativo Circulante - Estoques
Passivo Circulante
Como o próprio nome do índice já indica, ele refere-se ao Ativo e Passivo 
Circulante/Corrente, aqueles de curto prazo. No caso da NIW Produtos Florestais 
Ltda., a conta seria a seguinte: 
R$ 92.211,83 – R$ 22.124,45 = 1,46
R$ 47.925,42
53
DEMONSTRAÇÃO DE RESULTADOS Capítulo 2 
Assim como na interpretação do índice de liquidez corrente, a interpretação 
do índice de liquidez seca depende do setor de atividade. Gitman (2002, p. 
46) afi rma que um índice de liquidez seca de pelo menos 1 é ocasionalmente 
recomendado. Para escolher entre um e outro índice, cabe uma interpretação do 
quão facilmente o estoque de uma empresa pode se tornar caixa. Se o estoque 
for mais líquido, opta-se pelo índice de liquidez corrente, se for menos líquido, 
pelo índice de liquidez seca. 
b) Índices de atividade
Os índices de atividade, segundo Gitman (2002, p. 47) “medem 
a velocidade com que as várias contas são convertidas em vendas ou 
caixa – entradas ou saídas”. Ainda que a liquidez tenha a capacidade 
em indicar a facilidade com que Ativos e Passivos se tornam entradas 
ou saída de caixa, nos índices de atividade estamos lidando com 
questões relacionadas diretamente à operação da companhia, como o 
giro do estoque e giro total do ativo. 
• Giro do estoque: esse índice é importante, pois mede a liquidez do 
estoque de uma empresa, podendo ser usado para determinar o índice 
de liquidez a ser utilizado (corrente ou seco). 
Os índices de 
atividade, segundo 
Gitman (2002, 
p. 47) “medem a 
velocidade com que 
as várias contas 
são convertidas em 
vendas ou caixa – 
entradas ou saídas”.
Giro de estoques =
Custo das Mercadorias Vendidas
Estoque
Veja que neste índice buscamos informações de dois demonstrativos 
contábeis distintos, o Custo das Mercadorias Vendidas (DRE) e Estoque (Balanço 
Patrimonial). 
R$ 149.508,03
= 6,76
R$ 22.124,45
A interpretação deste índice, segundo Gitman (2002) deve ser comparado 
a valores de outras empresas do mesmo setor, ou então, com o giro da mesma 
empresa em períodos distintos. No caso da NIW Produtos Florestais Ltda., o seu 
estoque girou 6,76 vezes durante o ano de 2012. Um supermercado, por exemplo, 
tende a ter um giro de estoque muito mais alto, enquanto um estaleiro que fabrica 
embarcações poderá ter um giro menor, tudo depende do setor e modelo de 
negócio da empresa. 
• Giro do ativo total: o giro do ativo total indica a efi ciência que a empresa 
possui para utilizar seus ativos e transformá-los em vendas. O cálculo do 
giro de ativo total é feito da seguinte forma: 
Highlight
Highlight
Highlight
54
 PLANEJAMENTO E CONTROLE FINANCEIRO
Giro do ativo total =
Vendas
Ativo total
Novamente vamos buscar informações na DRE e Balanço Patrimonial.
R$ 257.772,46
= 1,73
R$ 148.700,35
Podemos dizer, então, que o ativo total da empresa girou 1,73 vezes em 2012. 
Quanto maior o giro do ativo total, mais efi ciente é a empresa em transformar 
seus ativos em vendas. No caso da NIW Produtos Florestais Ltda., girar quase 
duas vezes o ativo total em um ano é um bom resultado. 
c) Índice de endividamento 
O índice de endividamento, segundo Gitman (2002, p. 49) “indica 
o volume de dinheiro de terceiros usado para gerar lucros”, ou seja, 
o quanto de capital a empresa buscou junto a bancos e outras fontes 
de recursos externas à companhia, para fi nanciar a sua operação. 
Esse índice é importante para ser analisado pelos sócios, pois, 
antes da distribuição de lucros aos acionistas, é necessário quitar 
as obrigações com credores. Para instituições fi nanceiras, analisar o 
endividamento de uma empresa está relacionado à capacidade de pagamento do 
fi nanciamento e também ao risco a que estas estão tomando em fornecer crédito. 
São basicamente dois indicadores: o índice de endividamento geral e o índice de 
cobertura de juros.
 
• Índice de endividamento geral: o índice de endividamento geral mede 
a proporção dos ativos de uma empresa que é fi nanciada por capital de 
terceiros. Seu cálculo é realizado da seguinte forma:
O índice de 
endividamento, 
segundo Gitman 
(2002, p. 49) “indica 
o volume de dinheiro 
de terceiros usado 
para gerar lucros”.
Índice de endividamento geral =
Passivo Exigível Total
Ativo total
R$ 17.652,25 + R$ 35.304,50
= 36%
R$ 148.700,35
Podemos verifi car que a empresa possui um fi nanciamento de 36% dos 
ativos com capital de terceiros, quanto mais alto for este índice, maior será o seu 
55
DEMONSTRAÇÃO DE RESULTADOS Capítulo 2 
grau de endividamento, e mais elevada a sua alavancagem fi nanceira. Veremos 
com maiores detalhes a alavancagem fi nanceira no Capítulo 3. 
• Índice de cobertura de juros: esse índice também pode ser conhecido 
como índice de cobertura do serviço da dívida, isto porque ele refl ete a 
capacidade da empresa em saldar os juros previstos em contratos de 
fi nanciamentos. O seu cálculo é feito da seguinte forma: 
Índice de cobertura de juros =
Lucro antes de juros e imposto de renda
Juros
Essas informações constam na DRE, que no caso da NIW Produtos Florestais 
Ltda., refere-se ao lucro operacional dividido pelas despesas fi nanceiras, que 
nesse caso específi co está referindo-se somente aos juros. Então temos: 
R$ 12.855,87
= 2,91
R$ 4.413,59
Gitman (2002) afi rma que um índice de cobertura de juros entre 3 e 5, 
preferencialmente mais próximo a este, é o recomentado. Ainda assim, podemos 
dizer que o lucro operacional da NIW Produtos Florestais Ltda. poderia reduzir até 
66% [(2,91 – 1,0) / 4,50] e a empresa ainda poderia pagar os R$ 4.413,59 de juros. 
d) Índices de rentabilidade
A rentabilidade da empresa, leia-se, a lucratividade, é um dos fatores 
que mais preocupa seus proprietários e também é um dos primeiros itens 
a serem analisados pelos interessados em investir em uma empresa, 
pois mede o retorno fi nanceiro do empreendimento. Assim, diversos itens 
podem ser retirados de uma DRE e Balanço Patrimonial, com vistas a 
aferir a rentabilidade das companhias. Aqui abordaremos a margem de 
lucro bruto e líquido e o retorno do ativo total. 
• Margem de lucro bruto: esse índice, conforme explica 
Gitman (2002, p. 52), “mede a porcentagem de cada unidade 
monetária de vendas que resta após o pagamento do custo 
dos produtos vendidos”. Quanto maior a margem de lucro 
bruto, menor será o custo dos produtos vendidos. O cálculo 
da margem de lucro bruto é assim calculado:
A rentabilidade da 
empresa, leia-se, 
a lucratividade, 
é um dos fatores 
que mais preocupa 
seus proprietários e 
também é um dos 
primeiros itens a 
serem analisados 
pelos interessados 
em investir em uma 
empresa, pois mede 
o retorno fi nanceiro 
do empreendimento.
56
 PLANEJAMENTO E CONTROLE FINANCEIRO
Margem de lucro bruto =
Lucro bruto
Receita de vendas
Para calcularmos a margemde lucro bruto da NIW produtos fl orestais Ltda., 
iremos consultar a DRE, e teremos a seguinte equação: 
R$ 108.264,43
= 42%
R$ 257.772,46
Assim, temos que a empresa NIW produtos fl orestais Ltda. apresenta uma 
margem de lucro bruto de 42%, que pode ser comparada a outras empresas do 
mesmo setor, ou mesmo na evolução anual. 
• Margem de lucro líquido: esse índice, conforme explica Gitman (2004), 
mede a proporção de cada unidade monetária de vendas que sobra após 
o pagamento de todos custos e despesas, inclusive juros, impostos e 
dividendos. Assim como a margem de lucro bruto, quanto maior, melhor. 
O cálculo desta margem é assim realizado: 
Margem de lucro líquido = Lucro líquido
Receita de vendas
Para a Margem de Lucro Líquido consultaremos apenas a DRE da empresa 
NIW Produtos Florestais Ltda., que nos fornecerá a seguinte equação: 
R$ 8.442,28
= 3,3%
R$ 257.772,46
Assim, temos que a margem de lucro líquido da empresa NIW Produtos 
Florestais Ltda. é de 3,3%. Gitman (2002, p. 54) afi rma que “uma boa margem de 
lucro líquido varia consideravelmente de setor para setor”, sendo que uma margem 
de 10% poderia ser considerada baixa no caso de uma joalheria, mas 1% poderia 
ser considerado uma boa margem para um supermercado. Essas variações podem 
estar relacionadas ao risco do negócio e ao giro do estoque, por exemplo. 
• Retorno do ativo total: o retorno do ativo total, segundo Gitman (2002) 
mede o modo como a administração da companhia transformou em lucros 
os ativos disponíveis. Desta forma, quanto mais alto for o retorno do ativo, 
melhor a empresa terá desempenhado a sua função em transformar ativos 
em lucros. A forma de cálculo do retorno do ativo total é a seguinte: 
57
DEMONSTRAÇÃO DE RESULTADOS Capítulo 2 
Retorno do ativo total =
Lucro líquido
Ativo total
Assim, para esse índice, buscaremos informações na DRE e Balanço 
Patrimonial da empresa NIW Produtos Florestais Ltda., que nos remeterá à 
seguinte equação: 
R$ 8.442,28
= 5,7%
R$ 148.700,35
Isso quer dizer que para cada real investido em ativos na companhia, ela 
retornou 5,7 centavos. Para termos uma análise mais criteriosa, é importante 
compararmos este retorno com outras empresas do mesmo setor, ou mesmo 
verifi car a evolução deste índice ano após ano. 
Atividade de Estudos:
1) Analise o Balanço Patrimonial a seguir:
Quadro 11– Balanço Patrimonial da Companhia das 
Letras ABC, 31 de dezembro de 2017
ATIVO PASSIVO
Ativo Circulante Passivo Circulante
Caixa R$ 260.100,00 Fornecedores R$ 60.700,00 
Clientes R$ 650.000,00 Impostos a pagar R$ 51.800,00 
Bancos R$ 200.100,00 Total do circulante R$ 112.500,00 
Aplicações 
fi nanceiras
 R$ 350.000,00 
Estoques R$ 394.000,00 Exigível a longo prazo 
Total do 
Circulante
 R$1.854.200,00 
Empréstimos de longo 
prazo
 R$ 12.000,00 
 
Total Exigível a Longo 
Prazo
 R$ 12.000,00 
Realizável a Longo 
Prazo
 
Créditos judiciais R$ 20.000,00 Patrimônio Líquido R$ 160.000,00 
58
 PLANEJAMENTO E CONTROLE FINANCEIRO
Total do Realizável 
a longo prazo
 R$ 20.000,00 Capital Social R$ 4.700,00 
 Lucros acumulados R$ 1.800.000,00 
ATIVO PERMA-
NENTE
 
Total do Patrimônio 
Líquido
 R$ 1.964.700,00 
Máquinas e equi-
pamentos
 R$ 20.000,00 
Veículos R$ 50.000,00 
Móveis e utensílios R$ 27.000,00 
Instalações R$ 70.000,00 
Equipamentos de 
computação
 R$ 48.000,00 
Total Permanente R$ 215.000,00 
 
Total do ativo R$ 2.089.200,00 Total do Passivo R$ 2.089.200,00 
Considerando o balanço da empresa fi ctícia, companhia das Letras 
ABC, encerrado em 31 de dezembro de 2017, e de posse das 
informações de que a receita de vendas do ano corresponde a R$ 
3.000.000,00, lucro líquido R$ 100.000,00, calcule: 
a) o índice de liquidez corrente;
b) o giro total do ativo; 
c) a margem de lucro líquido; 
d) o retorno total do ativo. 
____________________________________________________
____________________________________________________
___________________________________________________
___________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
59
DEMONSTRAÇÃO DE RESULTADOS Capítulo 2 
Algumas ConsideraçÕes 
Neste capítulo entramos em alguns temas que são essenciais para o 
administrador fi nanceiro, mas que geralmente são terceirizados e pouco acessados 
pelo proprietário de pequenas empresas: os relatórios contábeis. Por mais que as 
pequenas empresas não sejam obrigadas, em sua maioria, a publicar tais relatórios, 
como a DRE, Balanço Patrimonial e Demonstrativo do Fluxo de Caixa, é importante 
que os gestores fi nanceiros os utilizem como ferramenta gerencial. 
A elaboração desses relatórios deve ser incumbência de profi ssionais 
competentes e capacitados, haja vista que o padrão dos lançamentos segue 
inúmeras regras como você pode perceber, desde a ordem da apresentação das 
contas de um balanço até a determinação do percentual de depreciação de um 
determinado bem. 
Os dados apresentados na DRE e Balanço Patrimonial não apenas nos 
permitirá apurar a lucratividade da empresa corretamente, como nos fornecerá 
informações essenciais para apurar a Demonstração do Fluxo de Caixa da 
empresa e também inúmeros índices fi nanceiros. 
Esses índices fi nanceiros nos auxiliam a mensurar o resultado da companhia, 
além do lucro apurado na DRE. A partir da utilização de índices, podemos verifi car 
como a empresa gira o seu estoque, o risco e sua capacidade de endividamento e 
como ela transforma seus ativos em lucro, por exemplo. 
Desse modo, fi ca claro como a contabilidade pode ser uma ferramenta de gestão 
importante para o alinhamento da estratégia fi nanceira de um empreendimento. 
A partir desses relatórios, podemos planejar metas futuras e corrigir traçados, de 
modo que o objetivo de longo prazo da empresa seja alcançado. 
No próximo capítulo, exploraremos a alavancagem fi nanceira e operacional 
das empresas, entrando em temas como o impacto do fi nanciamento para o 
resultado fi nanceiro das organizações. Até mais! 
ReFerÊncias
ANTONIK, L. R. Empreendedorismo: gestão fi nanceira para micro e pequenas 
empresas. São Paulo: Elsevier, 2016. 
GITMAN, L. J. Princípios de Administração Financeira. 7. ed. São Paulo: Har-
bra, 2002.
60
 PLANEJAMENTO E CONTROLE FINANCEIRO
CAPÍTULO 3
Alavancagem Financeira e Operacional
A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes 
objetivos de aprendizagem:
 Defi nir o conceito de alavancagem fi nanceira e operacional.
 Identifi car o uso mais adequado de cada tipo de alavancagem. 
 Aplicar alavancagem fi nanceira para fi nanciar as contas próprias.
 Selecionar opções de alavancagem operacional para fi nanciar as vendas 
 a clientes.
62
 PLANEJAMENTO E CONTROLE FINANCEIRO
63
ALAVANCAGEM FINANCEIRA E OPERACIONAL Capítulo 3 
ContextualiZação
Não sei se você já fez uso de ferramentas de administração na sua vida 
pessoal, como uma planilha de orçamento para controlar suas fi nanças ou para 
fazer um planejamento de férias, por exemplo. Poder aplicar estes conhecimentos 
na vida pessoal, com certeza é uma das vantagens de se conhecer essa área de 
estudos mais profundamente. Quando lidamos com pequenos negócios, às vezes, 
fazemos o inverso, trazemos nossas práticas pessoais para dentro da companhia, 
sem analisar tecnicamente as consequências que isso traz para o negócio. 
Para alguns empresários, lidar com temas como dívida ou fi nanciamentoé 
muito difícil. Algumas pessoas possuem a cultura de que dívidas e fi nanciamento 
são ruins para a empresa e o ideal seria ter uma estrutura de capital totalmente 
próprio. Na vida pessoal isso pode ser sim uma verdade, uma vez que, para a 
grande maioria, a fonte de recursos ou suas receitas são provenientes de um 
trabalho assalariado, com rendimento fi xo mensal, e as suas despesas são 
realizadas com itens, também em sua maioria, que não representam uma relação 
direta com o incremento de recursos. Além disso, existe o risco deste trabalho 
assalariado esgotar-se e suas dívidas permanecerem. No entanto, quando falamos 
de empresas, as dívidas a serem realizadas estão ou devem estar ligadas a sua 
fonte de receitas, direta ou indiretamente. Assim, se eu fi nancio algo para minha 
empresa, estou fazendo isto com o intuito de gerar receitas e trabalhar com o 
capital de terceiros, podendo representar um retorno maior, uma vez que o capital 
próprio é escasso, e, portanto, tem um custo elevado. Antonik (2016) afi rma que 
fi nanciar faz parte do cotidiano das empresas, e existem muitas oportunidades 
a custo baixo para empreendedores. Quando falamos de fi nanciamento em 
empresas, estamos também falando de alavancagem fi nanceira.
Existe também a alavancagem operacional, que se dá dentro da própria 
empresa. É uma espécie de fi nanciamento interno da companhia, na qual ela lida 
com a venda de seus produtos e serviços e seus custos, de modo a gerar um 
saldo positivo, um ponto de equilíbrio a partir de uma quantidade de produtos 
vendidos que é capaz de cobrir sua operação. 
Neste capítulo, abordaremos os conceitos detalhados de alavancagem 
fi nanceira e operacional, seus usos e aplicações, de modo que você possa 
identifi car e utilizar essa ferramenta na gestão fi nanceira de pequenos negócios. 
64
 PLANEJAMENTO E CONTROLE FINANCEIRO
Introdução À Alavacagem Financeira 
e Operacional
Gitman (2002, p. 434) afi rma que a alavancagem “é o produto do uso de 
ativos ou fundos a custo fi xo para multiplicar retornos para os proprietários 
da empresa”. Para isso, Antonik (2016) afi rma que existem duas frentes: a 
alavancagem operacional e fi nanceira. Gitman (2002) afi rma que, de um modo 
geral, a alavancagem aumenta o risco de uma empresa. Isto ocorre, pois, a 
alavancagem pressupõe uma ausência de recursos da companhia para quitar os 
seus compromissos. Isso signifi ca dizer que a empresa não possuirá recursos 
disponíveis imediatos em caixa para cobrir sua operação. Se eu fi nancio uma 
máquina na minha empresa, contando com o recebimento de vendas que 
realizei a prazo, eu tenho o risco de não receber as vendas e não poder quitar o 
fi nanciamento. No entanto, esse risco é controlável pela empresa. E isso, segundo 
Gitman (2002), é interessante, pois o retorno também pode ser positivo. Além de 
o custo de capital de terceiros poder ser menor do que o custo do capital próprio, 
ele pode ser deduzido como despesa fi nanceira, e aumentar a lucratividade 
da empresa. Essa equação melhora a relação de risco e retorno, ou seja, uma 
empresa alavancada traz um retorno maior do que uma empresa não alavancada, 
mas também traz consigo um certo grau de risco. 
Custo do capital próprio: Segundo Gitman (2002), pode 
ser defi nido pela taxa mínima de retorno exigida no negócio pelos 
proprietários.
Gitman (2002, p. 434) diz que “em virtude do seu efeito sobre o valor, 
o administrador fi nanceiro deve saber como medir e avaliar a alavancagem, 
particularmente ao tomar decisões sobre a estrutura de capital da empresa”. Quando 
se fala em estrutura de capital, está se falando sobre o montante de capital próprio 
e de terceiros que será utilizado na companhia para fi nanciar suas operações. 
Segundo Gitman (2002), a estrutura de capital é uma das áreas mais 
complexas no tocante à tomada de decisões fi nanceiras da empresa, pois 
possui implicações diretas no custo do capital, seja ele próprio ou de terceiros. 
Vamos explicar melhor: como você pode se atentar ao conceito técnico sobre o 
capital próprio, este apresenta um custo, ao contrário do que muitos empresários 
pensam. Se você é o proprietário da empresa e colocar seu capital, e não pagar 
65
ALAVANCAGEM FINANCEIRA E OPERACIONAL Capítulo 3 
juros para ninguém, como é que esse dinheiro terá custo? Você pode ser o dono 
do dinheiro, mas está aplicando no negócio para receber um retorno sobre ele, 
correto? Então, o custo deste dinheiro está relacionado às oportunidades que 
você deixa de usufruir para aplicar no projeto. Assim, se tiver uma oportunidade 
de aplicar R$ 100.000,00 no seu negócio - no qual eu arriscar esse capital com 
os contratos de fi nanciamento que irei realizar, com dívidas trabalhistas, além 
de todas as incertezas presentes no mercado, como aceitação do produto, 
variação da demanda, obsolescência etc. - é comum que espere receber mais 
do que receberia se aplicasse o mesmo montante em um investimento fi nanceiro 
com histórico de rendimento e garantido por um fundo garantidor de crédito do 
governo. Assim, se este investimento conservador render uma taxa de juros média 
de 10% a.a., espera-se que o negócio, pelo risco associado a ele, renda mais. 
Assim, poderia dizer que o custo do capital próprio seria o equivalente a 10% 
a.a., pois se está deixando de aplicar recursos neste rendimento garantido para 
arriscar no meu negócio. Segundo Gitman (2002) o capital próprio é representado 
no Balanço Patrimonial pelo Patrimônio Líquido, no qual fi cam concentrados os 
valores das ações, capital ordinário, e lucros retidos. 
Já o capital de terceiros, pode ser representado pelo passivo exigível a longo 
prazo, no qual se concentram as dívidas da empresa com terceiros que fi nanciam 
a operação da companhia, como empréstimos para capital de giro, por exemplo. A 
fi gura a seguir ilustra como podemos identifi car a estrutura de capital da empresa 
no Balanço Patrimonial. 
Figura 9 – Estrutura de Capital da empresa
Fonte: Gitman (2002, p. 445).
Ativo
Passivo circulante
Exigível de longo prazo 
Patrimônio líquido
Ações preferenciais
Capital ordinário
Ações ordináriais
Lucros retidos
Capital 
de dívida
(emprestado
de terceiros)
Patrimônio
líquido (capital
próprio)
Estrutura
de capital
total
Balanço patrimonial
66
 PLANEJAMENTO E CONTROLE FINANCEIRO
A alavancagem de uma empresa, como corroboram Gitman (2002) e Antonik 
(2016), são importantes indicadores a serem verifi cados no momento de se discutir 
a estrutura de capital de uma empresa, existem três tipos básicos de alavancagem:
• Alavancagem operacional: refere-se à utilização de custos fi xos para 
compor as vendas, de modo que estes possam aumentar a lucratividade 
da empresa. 
• Alavancagem fi nanceira: refere-se à relação de fi nanciamento através 
do uso de capital de terceiros, para aumentar a lucratividade da empresa. 
• Alavancagem total: é a conjugação dos dois tipos de alavancagem 
acima elencadas, que pode a aumentar o retorno do capital investido 
para o proprietário da companhia. 
Neste capítulo, nós vamos detalhar cada um dos tipos de alavancagem 
mencionadas, mas antes, vamos entender o conceito de ponto de equilíbrio, para 
facilitar a compreensão destes.
Análise do Ponto de EquilíBrio 
A análise do ponto de equilíbrio, segundo Gitman (2002), também 
pode ser denominada análise de custo-volume-lucro. Isto porque ela é 
utilizada para identifi car o nível de operações necessárias para pagar 
todo o custo operacional da empresa e averiguar o retorno obtido 
com determinados níveis de venda. Assim, segundo Gitman (2002, p. 
434), o ponto de equilíbrio operacional “consiste no nível de vendas 
necessário para cobrir todos os custos operacionais. Neste ponto, o 
lucro antes dos juros e imposto de renda é igual a R$ 0,00.
Assim, segundo 
Gitman (2002, 
p. 434), o ponto 
de equilíbrio 
operacional 
“consiste no nível de 
vendas necessário 
para cobrir todos os 
custos operacionais.
Quadro 12 –Alavancagem total
Alavancagem 
Operacional
Receita de Operacional líquida
Alavancagem 
Total
(-) custo da mercadoria vendida
(=) lucro bruto
(-) despesas operacionais
(=) lucro antes dos juros e do imposto de 
renda e da contribuição social (LAJIR)
Alavancagem 
Financeira
(-) despesas fi nanceiras
(=) lucro antes do imposto de renda e da 
contribuição social
(-) imposto de renda e contribuição social
(=) lucro após o imposto de renda e a con-
tribuição social
Fonte: Adaptado de Antonik (2016, p. 93).
67
ALAVANCAGEM FINANCEIRA E OPERACIONAL Capítulo 3 
Segundo Antonik (2016), para calcular o ponto de equilíbrio, é necessário 
que façamos uma decomposição dos custos fi xos e variáveis da empresa. O 
custo fi xo é aquele que ocorre em função do tempo e não guardam diretamente 
uma proporção com as vendas. Assim, independente de haver ou não vendas, 
estes custos são incorridos, como aluguel das instalações, despesas de salários 
da área administrativa etc. Já os custos variáveis decorrem das vendas, como 
comissão de vendedores, matéria-prima etc. 
O Quadro 11 trouxe um resumo de uma DRE com os componentes da 
alavancagem total (operacional e fi nanceira). Quando tratamos de ponto de equilíbrio 
operacional, temos um enfoque na alavancagem operacional, e vamos, agora, 
representá-la algebricamente, para que você possa compreender como é calculada. 
Então, segundo Gitman (2002), transformando os componentes do Quadro 
11 de forma algébrica temos as seguintes variáveis: 
P = Preço unitário de venda;
Q = Número de unidades vendidas;
CF = Custo operacional fi xo por período;
CV = Custo operacional variável por período.
Assim, para obtermos uma fórmula para determinar o lucro operacional (lucro 
antes de juros e imposto de renda) temos a seguinte equação: 
Lucro Operacional = (P X Q) – CF – (CV XQ)
De forma simplifi cada a equação pode ser resumida em: 
Lucro Operacional = Q X (P – CV) - CF
Se o ponto de equilíbrio ocorre a partir do momento em que o lucro operacional 
da empresa se iguala a zero, podemos então determinar a quantidade mínima 
necessária de produtos a serem vendidos para atingirmos o ponto de equilíbrio. 
Deste modo, de acordo com Gitman (2002), a fórmula para o ponto de equilíbrio 
é a seguinte: 
Q =
CF
P - CV
Onde a quantidade “Q” passa a ser o ponto de equilíbrio da empresa. 
Para melhor compreender, vamos nos utilizar de um exemplo trazido por 
Gitman (2002), de uma pequena loja de pôster, a qual possui R$ 2.500,00 de custo 
fi xo e vende cada unidade a R$ 10,00 e seu custo operacional variável é R$ 5,00 
por unidade vendida. Assim, temos o seguinte ponto de equilíbrio para a loja citada. 
68
 PLANEJAMENTO E CONTROLE FINANCEIRO
Q =
CF
=
R$ 2.500,00
= 500 unidades
P - CV R$ 10 - 5
Figura 9 – Alavancagem operacional, custos e análise de ponte de equilíbrio
Fonte: Gitman (2002, p. 435).
Assim, se quisermos ter uma melhor visualização do ponto de equilíbrio da 
nossa empresa de pôsteres, poderemos então representar as variáveis acima 
através de um gráfi co. 
Pelo gráfi co, podemos verifi car que as linhas de receita de vendas e 
custo operacional total se cruzam em 500 unidades de vendas, este ponto de 
cruzamento é o ponto de equilíbrio operacional, e a partir deste momento a 
empresa passa a cobrir todas as suas despesas operacionais e fornecer um lucro 
operacional e essa relação segue crescente, veja que para a venda de 1.000 
unidades, eu possuo um custo de aproximadamente R$ 7.500,00 e uma receita 
de R$ 10.000,00. 
Figura 10 – Análise do ponto de equilíbrio operacional
Fonte: (Gitman 2004, p. 436).
Item
Alavancagem operacional
Representação
algébrica
Receita de vendas
Menos: custos operacionais fi xos
Menos: custos operacionais variáveis
Lucro antes de juros e imposto de renda
 (P x Q)
 - CF
 - (CV X Q)
 Laji
69
ALAVANCAGEM FINANCEIRA E OPERACIONAL Capítulo 3 
O ponto de equilíbrio é sensível, além da quantidade de produtos vendidos, 
a variações no custo operacional fi xo, ao preço de venda por unidade e ao custo 
operacional variável por unidade. 
O Quadro 13 sintetiza cada os efeitos do aumento das variáveis que 
compõem a fórmula do cálculo do ponto de equilíbrio. O efeito da diminuição das 
variáveis seria o inverso do exemplifi cado no referido quadro. 
Quadro 13 – Sensibilidade do ponto de equilíbrio operacional 
a aumento das variáveis fundamentais
Aumento da variável Efeito sobre o ponto de equilíbrio 
operacional
Custo operacional Fixo (CF) Aumento
Preço de venda por unidade (P) Redução
Custo operacional variável por unidade 
(CV)
Aumento
Fonte: Gitman (2002, p. 437).
Atividades de Estudos:
1) Verifi que o efeito do ponto de equilíbrio, simulando as seguintes 
variáveis da nossa loja de pôsteres: 
a) Custo fi xo de R$ 2.500,00, preço de venda por unidade de R$ 
12,50 e custo variável por unidade de R$ 5,00. 
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
b) Custo fi xo de R$ 2.500,00, preço de venda por unidade de R$ 
10,00 e custo variável por unidade de R$ 7,50. 
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
70
 PLANEJAMENTO E CONTROLE FINANCEIRO
c) Custo fi xo de R$ 3.000,00, preço de venda por unidade de R$ 
12,50 e custo variável por unidade de R$ 7,50.
____________________________________________________
____________________________________________________
___________________________________________________
___________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
Alavancagem Operacional
Segundo Gitman (2002), a alavancagem operacional ocorre quando temos 
custos fi xos presentes na estrutura de resultados da empresa. Isto signifi ca 
dizer que quando temos a possibilidade de utilizar custos fi xos para aumentar 
a rentabilidade do LAJIR da empresa, temos demonstrada a existência de uma 
alavancagem operacional. Segundo Gitman (2002, p. 437) “podemos 
defi nir alavancagem operacional como a possibilidade de uso dos 
custos operacionais fi xos para ampliar os efeitos de variações de 
vendas sobre o lucro da empresa antes de juros e imposto de renda 
(LAJIR)”.
Para termos uma melhor compreensão da alavancagem 
operacional, nada melhor do que nos utilizarmos de um exemplo. 
Para facilitar, vamos recorrer ao exemplo da nossa loja de pôsteres, 
já mencionada por Gitman (2002). Lembrando então das premissas 
iniciais da nossa loja: Preço de venda (P) = R$ 10,00; Custo 
operacional variável (CV) = R$ 5,00 por unidade; Custo operacional 
fi xo (CF) = R$ 2.500,00. Com este conjunto de variáveis, a fi gura a 
seguir (gráfi co da alavancagem operacional) demonstra que para uma quantidade 
de 1.000 unidades vendidas, nós conseguimos um LAJIR de R$ 2.500,00 e 
para uma quantidade de 1.500,00 unidades, este LAJIR cresce 100%, ou seja, 
passa a ser de R$ 5.000,00. A utilização do gráfi co é muito interessante, pois nos 
proporciona a visualização de múltiplos cenários em único instrumento.
“Podemos defi nir 
alavancagem 
operacional como 
a possibilidade de 
uso dos custos 
operacionais fi xos 
para ampliar os 
efeitos de variações 
de vendas sobre o 
lucro da empresa 
antes de juros e 
imposto de renda 
(LAJIR)”.
71
ALAVANCAGEM FINANCEIRA E OPERACIONAL Capítulo 3 
Figura 11 – Alavancagem operacional
Fonte: Gitman (2002, p. 438).
Assim, também podemos perceber que, se utilizarmos a base de 
1.000unidades vendidas como parâmetro, haverá uma redução de 50% 
de unidades vendidas, passando para 500 unidades, e chegaremos a 
um LAJIR de zero, ou seja, uma redução de 50% na quantidade de 
unidades vendidas diminui em 100% o LAJIR, enquanto que um 
aumento de 50% gera um LAJIR 100% maior. É importante entender 
que a alavancagem operacional atua nas duas direções, permitindo 
tanto um aumento da rentabilidade quanto a sua diminuição. 
É importante 
entender que a 
alavancagem 
operacional atua 
nas duas direções, 
permitindo tanto 
um aumento da 
rentabilidade quanto 
a sua diminuição.
Nosso conhecimento sobre cada tema evolui na medida em que 
aumentamos nossa base de pesquisa. Com este intuito, verifi que 
o artigo Análise do Ponto de Equilíbrio e Alavancagem Operacional 
como Ferramentas de Gestão - disponível nos anais do 2º Congresso 
UFSC sobre Controladoria e Finanças de vendas. Este artigo revê a 
teoria sobre o ponto de equilíbrio e alavancagem operacional e foco 
no suporte à decisão que estas ferramentas de análise proporcionam, 
como a continuidade ou a descontinuidade de produtos e impactos 
resultantes da volatilidade do mercado. Acesse: <http://dvl.ccn.ufsc.
br/congresso/anais/2CCF/20080810175743.pdf>.
72
 PLANEJAMENTO E CONTROLE FINANCEIRO
Figura 12 – LAJIR em diversos níveis de venda
Fonte: Gitman (2002, p. 439).
Antonik (2016) ressalta a importância de o administrador fi nanceiro manter 
uma planilha com os custos fi xos e variáveis sempre atualizada, pois pode ser uma 
essencial ferramenta de decisão. Veja o exemplo no qual uma empresa possui 
um custo fi xo de R$ 20.000,00, os quais já estão sendo pagos na integralidade 
pelas unidades produzidas atualmente, a um preço de R$ 8,00. O custo variável 
corresponde a R$ 5,00. Esta operação fornece um lucro de R$ 15.000,00 para 
empresa. Caso alguém faça uma oferta de adquirir 5.000 produtos dessa empresa, 
mas com um desconto de 25%, ou seja, por um preço de R$ 6,00 a unidade.
O quadro a seguir demonstra, do ponto de vista fi nanceiro, a viabilidade de 
aceitar tal proposta. 
Quadro 14 – Simulação de venda
Unidades vendidas (1) 5.000
Preço de venda unitário (2) R$ 6,00
Receita R$ 30.000,00
Custo fi xo R$ 0,00
Custo variável unitário (3) R$ 5,00
Custo variável (1x3) ': R$ 25.000,00
LAJIR R$ 5.000,00
Fonte: Adaptado de Antonik (2016, p. 99).
73
ALAVANCAGEM FINANCEIRA E OPERACIONAL Capítulo 3 
É importante salientar que a ferramenta de simulação de venda baseada 
na alavancagem operacional é apenas uma das variáveis a serem utilizadas no 
momento de decisão deste tipo de operação de venda, fatores como política de 
posicionamento de preço da empresa devem ser levados em consideração também. 
Atividade de Estudos:
1) Considere a seguinte situação: uma empresa possui um custo fi xo 
de R$ 20.000,00, os quais já estão sendo pagos na integralidade 
pelas unidades produzidas atualmente, a um preço de R$ 8,00. 
O custo variável corresponde a R$ 5,00. Esta operação fornece 
um lucro de R$ 15.000,00 para empresa. Caso alguém faça uma 
oferta de adquirir 5.000 produtos dessa empresa, mas com um 
desconto de 50%, ou seja, por um preço de R$ 4,00 a unidade, 
qual o resultado poderia ser obtido? 
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
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____________________________________________________
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____________________________________________________
Grau de Alavancagem Operacional 
Segundo Gitman (2002), o grau de alavancagem operacional (GAO) é 
a representação numérica da alavancagem de uma empresa, um importante 
indicador a ser monitorado pelos administradores fi nanceiros. Para obter o GAO, 
utilizamos a seguinte equação: 
GAO =
Variação Percentual do LAJIR
Variação Percentual das Vendas
74
 PLANEJAMENTO E CONTROLE FINANCEIRO
Segundo Gitman (2002, p. 438), “sempre que a variação percentual do LAJIR 
resultante de uma variação percentual nas vendas é maior do que a variação 
percentual das vendas, ocorre alavancagem operacional”.
Assim, para os exemplos hipotéticos utilizados nas fi guras 10 e 11, nos quais 
houve variação na quantidade de produtos vendidos, temos o seguinte grau de 
alavancagem. 
Caso 1 – GAO =
+ 100%
= 2
+ 50%
Caso 2 – GAO =
- 100%
= 2
- 50%
Como temos um resultado maior que 1, fi ca evidente que tanto no caso 1, 
quanto no caso 2, há uma importante alavancagem operacional. 
Gitman (2002) traz uma fórmula mais direta para compreendermos e 
calcularmos o GAO com maior facilidade, que seria a seguinte: 
GAO no nível de 
referência Q =
Q X (P – CV)
Q X (P – CV) - CF
Onde temos: 
Q = Quantidade de produtos vendidos; 
P = Preço do produto vendido; 
CV = Custo variável por unidade vendida;
CF = Custo fi xo. 
Assim, usando os exemplos de Gitman (2002), no qual Q = 1.000; P = 10,00; 
CV = R$ 5,00 e CF = R$ 2.500,00, temos a seguinte equação: 
GAO no nível de 
referência 1.000 =
1.000 X (R$ 10,00 – R$ 5,00)
= 2
1.000 X (R$ 10,00 – R$ 5,00) – R$ 2.500,00
75
ALAVANCAGEM FINANCEIRA E OPERACIONAL Capítulo 3 
A empresa pode gerenciar o custo operacional jogando custos que são fi xos 
para variáveis e vice e versa. Por exemplo, se deixarmos de pagar um vendedor 
apenas através de comissão e implantarmos um salário fi xo com uma variável 
perante as vendas, estamos deixando de ter um percentual do custo variável direto 
sobre as vendas, e aumentando nosso custo fi xo. O mesmo pode ocorrer em um 
contrato de aluguel, o qual pode ser alterado para refl etir um modelo híbrido, uma 
parte fi xa e uma parte variável conforme as vendas. 
Gitman (2002) traz uma simulação, na qual a nossa empresa de pôsteres 
resolve implementar um salário fi xo para seus vendedores, em detrimento ao 
salário variável que é praticado atualmente. Isto impacta numa redução R$ 0,50 
no custo variável por unidade vendida e incorre num aumento de R$ 500,00 nos 
custos fi xos. Então passamos a ter: 
Q = 1.000; P =10,00; CV = R$ 4,50 e CF = R$ 3.000,00. 
Apesar das variações, o LAJIR continuou no mesmo patamar, R$ 2.500,00. 
No entanto, averiguando o GAO, tivemos uma elevação de 10%, veja: 
GAO no nível de 
referência 1.000 =
1.000 X (R$ 10,00 – R$ 4,50)
=
R$ 5.500,00
= 2,21.000 X (R$ 10,00 – R$ 4,50) – 
R$ 3.000,00
R$ 2.500,00
Isso demonstra que, quanto maior a quantidade de custos fi xos 
com relação a custos operacionais variáveis, maior será o grau de 
alavancagem operacional. Uma empresa com custos fi xos elevados 
possui também um risco maior, haja vista que possuirá um grande 
número de contas a pagar independente de sua produção e venda. O 
modelo de negócios deste tipo de empresa requer receitas recorrentes 
e em grandes volumes. Custos fi xos elevados também difi cultam a 
empresa em momentos de sazonalidade de mercado ou em crises 
fi nanceiras, pois a reestruturação pode ser custosa, como no caso de 
demissão de colaboradores, que, em geral, possuem um regime de 
trabalho por tempo indeterminado, requerendo indenizações. 
Isso demonstra 
que, quanto maior 
a quantidade de 
custos fi xos com 
relação a custos 
operacionais 
variáveis, maior 
será o grau de 
alavancagem 
operacional.
76
 PLANEJAMENTO E CONTROLE FINANCEIRO
Atividade de Estudos:
1) Vamos continuar explorando nosso comércio de pôsteres, mas 
agora vamos supor que a decisão da empresa seja a de diminuir 
o aluguel fi xo, e passar a ter uma parcela do aluguel variável 
conforme as vendas, isto diminuirá o custo fi xo de R$ 2.500,00, 
para R$ 1.500,00, e o custo variável passará a ser de R$ 6,00, 
ante os R$ 5,00 praticados anteriormente. O preço do produto 
continuará a R$10,00, com 1.000 unidades vendidas por período. 
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
Alavancagem Financeira
Assaf e Martins (1989 apud ANTONIK, 2016) afi rmam que a alavancagem 
fi nanceira ocorre quando a empresa toma recursos de terceiros a um custo Z e 
aplica estes recursos na empresa com um rendimento a uma taxa X. Claramente, 
para esta operação ser vantajosa, Z deve ser menor que X, de uma forma 
razoável. A diferença entre essas taxas se refl etirá no patrimônio líquido da 
empresa, aumentando-o ou diminuindo-o. 
Gitman (2002, p. 440) afi rma que “a alavancagem fi nanceira resulta na 
presença de custos fi nanceiros fi xos na estrutura de resultado da empresa”. Assim, 
tomando capital de terceiros, a empresa alavanca seu resultado. Assim, para 
aquelas empresas que se utilizam da tributação via lucro real, temos o abatimento 
do custo de capital de terceiros da base de cálculo do lucro líquido, reduzindo 
o valor de imposto de renda a pagar. Antonik (2016) afi rma que para aquelas 
empresas que utilizam lucro presumido, ou então optam pelo regime simplifi cado 
de tributação, essa vantagem de alavancagem não se dá de forma tão direta. 
Ainda assim, utilizar-se de recursos de terceiros pode ser uma vantagem pelo 
escasso capital próprio, deixando-o disponível para outros investimentos. 
77
ALAVANCAGEM FINANCEIRA E OPERACIONAL Capítulo 3 
Veja o apanhado que Ferreira Filho et al. (2010) traz sobre o uso de 
fontes de recurso no momento de se criar um novo negócio. O artigo é 
interessante, pois foca nas micro e pequenas empresas, principalmente 
na questão da consciência do empreendedor em analisar e comparar 
o custo e o retorno de cada tipo de capital aportado. Importante atentar 
também para os dados relacionados ao acesso ao fi nanciamento de 
micro e pequenas empresas no Brasil. Boa leitura. Acesse: <http://www.
imb.go.gov.br/pub/conj/conj18/artigo07.pdf>.
Voltando às empresas que apuram seu resultado através do lucro real, é 
importante compreendermos como a apuração do grau de alavancagem fi nanceira 
é realizada, para entendermos o seu efeito sobre o resultado da empresa. 
Grau de Alavancagem Financeira
O grau de alavancagem pode ser calculado pela divisão da taxa de 
remuneração de capital próprio (TRCP) pela taxa de remuneração do Ativo (TRA).
GAF =
TRCP
TRA
A taxa de remuneração do capital próprio pode ser entendida como o retorno 
fi nanceiro pelo qual os proprietários da empresa são remunerados pelo capital 
integralizado na companhia, ele é medido dividindo-se a diferença entre o lucro 
líquido e as despesas fi nanceiras pelo patrimônio líquido. A taxa de remuneração do 
ativo, ou retorno sobre o ativo total, mede como a empresa transforma seus ativos 
em lucratividade, e sua forma de cálculo foi vista no Capítulo 2, e é o resultado da 
divisão entre o lucro líquido e o ativo total. Assim, para melhor exemplifi car, temos: 
TRCP =
Lucro líquido – Despesas Financeiras
Patrimônio Líquido
TRA =
Lucro Líquido
Ativo Total
 Vamos agora nos apropriar de um caso apresentado por Antonik (2016), 
para melhor exemplifi car a alavancagem fi nanceira. 
78
 PLANEJAMENTO E CONTROLE FINANCEIRO
TRCP=
R$ 160.000,00 – R$ 0, 00 (L.L. – D.F.)
= 16%
R$ 1.000.000,00 (P.L.)
TRA
R$ 160.000,00 (L.L.)
= 16%
R$ 1.000.000,00 (A.T.)
Como podemos ver, se aplicarmos a fórmula do grau de alavancagem 
fi nanceira, teremos uma alavancagem fi nanceira nula. 
GAF =
TRCP
=
16%
= 1
TRA 16%
Contudo, se a empresa toma um empréstimo de R$ 600.000,00, ou seja, 60% 
do seu ativo é fi nanciado por terceiros, ou seja, a empresa possui um passivo total 
e R$ 600.000,00. Este fi nanciamento possui um custo médio de capital na ordem 
de R$ 13% ao ano, ou seja, ele custa para empresa R$ 78.000,00. Agora, vamos 
realizar um novo cálculo e verifi car o grau de alavancagem fi nanceira da companhia. 
TRCP=
R$ 160.000,00 – R$ 78.000, 00 (L.L. – D.F.)
= 20,57%
R$ 1.000.000,00 (P.L.)
TRA
R$ 160.000,00 (L.L.)
= 16%
R$ 1.000.000,00 (A.T.)
Já verifi camos que a taxa de remuneração do capital próprio foi maior, 
resultado da alavancagem fi nanceira, mas agora vamos saber qual é o grau desta 
alavancagem fi nanceira. 
GAF =
TRCP
=
20,5%
= 1,28 ou 28 %
TRA 16%
Suponha que a empresa fi ctícia SKF gerou um lucro líquido de R$ 160.000,00 
através de seus ativos que somam um total de R$ 1.000.000,00. Numa primeira 
hipótese, imaginemos que ela tenha obtido este lucro no ano de 2017 sem utilizar-
se de nenhum capital de terceiros, e nenhuma outra dívida há no passivo desta 
companhia, portanto, o seu patrimônio líquido é também de R$ 1.000.000,00. 
Lembrando que este caso é hipotético, apenas para compreendermos a teoria. 
79
ALAVANCAGEM FINANCEIRA E OPERACIONAL Capítulo 3 
Isto signifi ca dizer que, na situação anterior, na qual não havia nenhuma 
alavancagem fi nanceira, os proprietários da empresa possuíam um retorno de 
R$ 16% sobre o seu capital próprio, que era de R$ 1.000.000,00. Agora, com a 
alavancagem, os proprietários investem menos (R$ 400.000,00) e obtém um retorno 
maior R$ 20,5%. Assim, ainda restam R$ 600.000,00 na conta dos proprietários 
para serem utilizados em outros projetos ou investimentos fi nanceiros. 
Atividade de Estudos:
1) Como vimos anteriormente, empresas que não utilizam o regime 
tributário do Lucro Real não possuem a mesma vantagem direta 
em alavancar seu negócio fi nanceiramente. Por quê?
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
Alavancagem Total
Gitman (2002) afi rma que a alavancagem total é um refl exo da alavancagem 
operacional e fi nanceira, ou seja, a alavancagem total é uma combinação dos 
dois tipos de alavancagem. Assim, se a empresa possui um grau elevado de 
alavancagem operacional e fi nanceira, também terá um alto grau de alavancagem 
total, isto também ocorre no inverso, se os graus de alavancagem fi nanceira e 
operacional forem baixos, a alavancagem total também será baixa. 
Assim, vejamos, se numa mesma empresa possuímos um grau de 
alavancagem operacional de 2,2 e um grau de alavancagem fi nanceira de 1,28, por 
exemplo, a empresa terá um grau de alavancagem total de 2,86. Para chegarmos a 
esse resultado, utilizamos a fórmula do grau de alavancagem total (GAT).
GAT = GAO X GAF
A alavancagem total é um indicador importante de como a empresa se fi nancia 
para poder realizar suas operações. Uma empresa muito alavancada, possui 
um risco elevado, e deve apresentar um retorno atraente para o proprietário ou 
investidores, uma vez que o seu capital para honrar os compromissos assumidos 
80
 PLANEJAMENTO E CONTROLE FINANCEIRO
Algumas ConsideraçÕes 
Neste capítulo, começamos a conhecer ferramentas importantes no 
planejamento da concepção da estrutura de capital da empresa. Iniciamos 
compreendendo o que é estrutura de capital da empresa, e onde localizar 
a estrutura de capital próprio e de terceiros nas demonstrações contábeis, 
especifi camente o balanço patrimonial. 
Uma vez identifi cada esta estrutura, passamos a discutir a existência do 
custo de capital próprio, que mais à frente neste mesmo capítulo foi retomada 
para comparar com o custo do capital de terceiros. 
Começamos nossas abordagens sobre alavancagem discutindo o ponto de 
equilíbrio, para entender qual a quantidade mínima de mercadorias vendidas que 
iguala o lucro antes dos impostos a zero, ouseja, uma quantidade de mercadorias 
vendidas que sustenta o dia a dia da empresa, sem ofertar retorno algum ao 
proprietário. Passamos então para o grau de alavancagem operacional, o qual 
identifi ca a partir de um indicador numérico, o quanto a empresa está se alavancando 
com base nas vendas realizadas, e percebemos que este grau de alavancagem 
possui uma relação direta com a variação dos custos fi xos e variáveis da empresa. 
O segundo tipo de alavancagem que exploramos foi a alavancagem fi nanceira, 
que se utiliza do capital de terceiros para majorar o retorno aos proprietários da 
empresa, e seu grau de alavancagem refl ete o impacto do fi nanciamento no lucro 
líquido da companhia.
Por fi m, trabalhamos o conceito de alavancagem total, o qual refl ete a 
conjugação da alavancagem fi nanceira e operacional da empresa.
No próximo capítulo vamos explorar a construção e a administração de fl uxo 
de caixa voltado a pequenas empresas, passando por estudos de viabilidade 
econômico-fi nanceira. 
ReFerÊncias
ANTONIK, L.R. Empreendedorismo: gestão fi nanceira para micro e pequenas 
empresas. São Paulo: Elsevier, 2016. 
GITMAN, L.J. Princípios de administração fi nanceira. 7. ed. São Paulo: Har-
bra, 2002.
pode não estar no caixa da empresa, ou, se está no caixa, possui um passivo a 
ser quitado com terceiros. 
CAPÍTULO 4
Fluxo de Caixa Para Pequenos 
Negócios
A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes 
objetivos de aprendizagem:
 Nomear as etapas de construção de um fl uxo de caixa. 
 Conhecer os indicadores fi nanceiros de viabilidade de um fl uxo de caixa, como 
Valor Presente Líquido, Taxa Interna de Retorno e Payback.
 Esquematizar um fl uxo de caixa de um projeto ou negócio. 
 Analisar a viabilidade econômico-fi nanceira de um projeto ou negócio.
82
 PLANEJAMENTO E CONTROLE FINANCEIRO
83
FLUXO DE CAIXA PARA PEQUENOS NEGÓCIOS Capítulo 4 
ContextualiZação
Vamos começar contextualizando este capítulo com uma afi rmação de Gitman 
(2002, p. 84): “o fl uxo de caixa, o sangue da empresa, é o tema de preocupação 
básica do administrador fi nanceiro”. Esta afi rmação tem um impacto forte na 
expressão: “o sangue da empresa”. No corpo humano, o sangue leva nutrientes, 
células de defesa, oxigênio e outros elementos essenciais para a sobrevivência. 
Assim, na empresa, o fl uxo de caixa afeta toda a organização. Por mais que a 
empresa possua um balanço lucrativo, se a equação do fl uxo de caixa não estiver 
bem resolvida, a empresa acaba deixando de operar, entrando em falência em 
seus vários órgãos; a produção para, sem produção as vendas deixam de ocorrer, 
sem vendas o capital de giro falta, os salários atrasam, os credores acionam a 
empresa na justiça e aí o processo de quebra já está em andamento. 
O fl uxo de caixa se faz importante para os pequenos negócios devido ao 
acompanhamento do funcionamento do dia a dia da empresa. Controlar as 
entradas e saídas de caixa é fundamental para monitorar a liquidez da empresa, 
a sua capacidade de honrar compromissos fi rmados e se redirecionar em caso de 
alguma eventualidade. Existe um equilíbrio entre aquisição de ativos, compra de 
matérias-primas, capacidade de produção, vendas e recebimento destas, para que 
a empresa não tenha um mal funcionamento, que é identifi cado sobretudo no caixa. 
Outro aspecto que requer muita atenção dos administradores fi nanceiros 
são as projeções de fl uxos de caixa. Estas são utilizadas para o planejamento 
da companhia como um todo ou para um projeto específi co, e a partir destas 
projeções é que são verifi cados indicadores de viabilidade e rentabilidade do 
negócio ou projeto. 
Neste capítulo, vamos compreender aspectos do fl uxo de caixa operacional 
e do fl uxo de caixa livre, suas etapas de construção e apresentação, assim 
como iremos nos concentrar em indicadores de viabilidade econômico-
fi nanceira de projetos.
Fluxos de Caixa da Empresa 
Se representarmos um fl uxo de caixa esquematicamente, podemos verifi car 
a sua complexa dinâmica. A Figura 14 tem justamente esse objetivo, ilustrar de 
forma esquemática as suas diversas entradas e saídas. Gitman (2002) observa 
que os saldos de caixa e as aplicações fi nanceiras de curto prazo, dado a liquidez 
deste último, devem ser considerados equivalentes para fi ns de computo das 
reservas de liquidez de uma empresa. Assim, existem três grandes divisões 
quanto aos fl uxos de caixa de uma empresa: 
84
 PLANEJAMENTO E CONTROLE FINANCEIRO
• Fluxos Operacionais: são estradas e saídas que estão relacionadas à 
produção de bens e serviços e à venda destes. 
• Fluxos de Investimento: estes fl uxos estão relacionados à compra e à 
venda de ativos imobilizados, assim como em participação da empresa 
em outras companhias. 
• Fluxos de Financiamento: referem-se às operações de captação de 
fi nanciamentos ou capital próprio. 
Quando combinados, esses três tipos de fl uxo de caixa afetam os saldos de 
caixa de uma companhia em determinado momento. 
O quadro a seguir aponta exemplos de classifi cações das entradas de caixa, 
que serão as fontes de recursos, e das saídas, aplicações dos recursos. 
Quadro 15 – Entradas e saídas de caixa
Entradas (fontes) Saída (aplicações)
- Redução de qualquer ativo
- Aumento de qualquer passivo
- Lucro líquido depois do imposto de 
renda
- Depreciação e outras despesas não 
desembolsadas
- Venda de ações 
- Aumento de qualquer ativo
- Redução de qualquer passivo
- Prejuízo líquido
- Pagamento de dividendos
- Recompra ou cancelamento de ações
Fonte: Gitman (2002, p. 87).
Se você possui um mercado de bairro, e o seu saldo de contas a pagar 
aumentasse R$ 1.000,00, devido a prazo concedido na aquisição de matérias-
primas, por exemplo, durante um ano, podemos considerar que houve uma 
entrada de caixa, uma vez que houve o aumento do passivo, dívida, e você 
não pagou/desembolsou recursos, mas adquiriu um item do ativo. Se o estoque 
de produtos disponíveis para a venda desta empresa subisse R$ 2.500,00, a 
variação seria equivalente a uma saída de caixa, uma vez que recursos estão 
sendo aplicados, imobilizados neste ativo, está ocorrendo um aumento do ativo. 
Importante salientar que estamos falando em regime de caixa, e não de 
competência, e como vimos no Capítulo 2, um elemento que permite a construção 
do demonstrativo do fl uxo de caixa são as diferenças entre o regime de caixa e 
a competência, assim, se temos um recurso que entra no ativo pelo regime de 
competência, como uma dívida a ser paga, desembolsada lá na frente, temos 
85
FLUXO DE CAIXA PARA PEQUENOS NEGÓCIOS Capítulo 4 
um saldo de caixa positivo, e se temos uma saída de recursos para aumentar um 
ativo, temos uma saída de caixa. Um exemplo, para ser mais claro: digamos que 
você tem R$ 10.000,00 para fazer uma viagem, do qual R$ 5.000,00 são para 
passagens aéreas e hospedagem, R$ 3.000,00 para alimentação e R$ 2.000,00 
para compras. Se você resolve parcelar a hospedagem e a passagem aérea em 
10x sem juros, você tem um valor de R$ 5.000,00 como uma entrada de caixa, a 
qual você poderá utilizar para aumentar a sua cota de compras ou fazer refeições 
em restaurantes melhores, por exemplo. Quando você utiliza os R$ 2.000,00 para 
comprar um smartphone à vista, por exemplo, você está aumentando seu ativo, 
mas está tendo uma saída de caixa. 
Figura 13 – Fluxos de Caixa da Empresa
Fonte: Gitman (2002, p. 87).
Antonik (2016) e Gitman (2002) fazem algumas observações importantes na 
montagem do fl uxo de caixa, as quais elencamos a seguir: 
Mão-de-obra Salários
Matérias-
primas
Contas
a pagar
Despesas
gerais
Produto
em processo
Produto
acabado
Imposto de renda
Vendas
Contas a receber
Despesas 
operacionais
(incluindo 
depreciação e juros)
Caixa
e títulos
negociáveis
Participação
Ativo Fixo
Exigível
(curto e 
longo prazo)
Patrimônio
Compras
Vendas
Compras
Vendas
Pagamento
Restituição
Vendasà vista
Empréstimo
Restituição
Depreciação
Cobrança de vendas a crédito
Pagamento de dividendos em dinheiro
Venda de ações
Recompra de ações
Pagamento
provisionado
Pagamento
de compras
a crédito
(2) Fluxos de investimentos(1) Fluxos operacionais
(3) Fluxos de fi nanciamento
86
 PLANEJAMENTO E CONTROLE FINANCEIRO
• A redução do saldo de um ativo não circulante, é uma entrada de caixa, pois 
o recurso que estava preso a este ativo é liberado para outra fi nalidade. 
Já, por outro lado, o aumento de um ativo não circulante é uma saída de 
caixa, uma vez que um volume maior de recursos está se prendendo a 
este. Perceba que a conta caixa é um ativo, mas quando tratamos de fl uxo 
de caixa, temos que a considerar em separado, como o esquema da fi gura 
anterior, pois é nesta conta em que entram e saem os recursos. 
• A depreciação é uma despesa que não ocorre de fato, pois não é 
desembolsada. Contudo, ela permite uma dedução da base de cálculo 
para fi ns de tributação do imposto de renda, devendo ser adicionada 
ao lucro líquido para gerar o fl uxo de caixa gerado pelas operações da 
companhia. Perceba então, que uma empresa pode ter prejuízo líquido, 
mas pode ter um fl uxo de caixa positivo das operações, quando a 
depreciação, por exemplo, supera o prejuízo líquido do período. 
• Na elaboração do fl uxo de caixa deve-se estar atento para incluir apenas 
as variações brutas dos ativos permanentes, e não as líquidas, uma vez 
que a depreciação é tratada como uma entrada de caixa em separado, e 
procedendo desta maneira, evita-se uma contagem dupla deste item. 
Atividade de Estudos:
1) Em 2017, a Empresa Copy & Paste Soluções gráfi cas teve um 
aumento no seu ativo permanente de R$ 10.000,00 e seu saldo 
de contas a pagar aumentou R$ 2.000,00. Podemos afi rmar que, 
na demonstração de fl uxo de caixa houve: 
a) Uma saída de caixa de R$ 12.000,00;
b) Uma entrada de caixa de R$ 10.000,00;
c) Uma saída de caixa de R$ 8.000,00;
d) Uma entrada de caixa de R$ 2.000,00.
87
FLUXO DE CAIXA PARA PEQUENOS NEGÓCIOS Capítulo 4 
Fluxo de Caixa Operacional (0,5 Pg)
Segundo Gitman (2002), o Fluxo de Caixa Operacional (FCO) é 
aquele gerado pelas atividades operacionais, como venda de produtos 
ou prestação de serviços, de uma companhia. O autor destaca que 
existem diversas formas de representar o fl uxo de caixa operacional 
das empresas, e somarmos o lucro líquido depois do Imposto de 
Renda à depreciação é uma delas. 
FCO = Lajir – Imposto de Renda + Depreciação
Se buscarmos no Quadro 16 (DRE da Niw Produtos Florestais 
Ltda.), poderemos calcular o fl uxo operacional da companhia, aplicando 
a fórmula anterior. 
FCO = R$ 8.442,28 – R$ 1.266,34 + R$ 7.850,84 = R$ 16.293,12
O autor destaca 
que existem 
diversas formas de 
representar o fl uxo 
de caixa operacional 
das empresas, e 
somarmos o lucro 
líquido depois do 
Imposto de Renda à 
depreciação é uma 
delas.
Quadro 16 – DRE NIW Produtos Florestais Ltda.
NIW Produtos Florestais Ltda.
DREl, 31 de dezembro de 2012 (R$) 
 2012
Receita operacional líquida R$ 257.772,46
Custo da mercadoria vendida R$ 149.508,03
Margem Bruta R$ 108.264,43
Salários e benefícios R$ 58.464,25
Despesas de comercialização R$ 16.994,70
Outras despesas R$ 12.098,76
Despesas operacionais R$ 87.557,72
Depreciação R$ 7.850,84
Total das despesas operacionais R$ 95.408,56
Lucro operacional R$ 12.855,87
Despesas fi nanceiras R$ 4.413,59
Lucro líquido Antes do IR (LAJIR) R$ 8.442,28
Imposto de Renda R$ 1.266,34
Lucro Líquido depois do IR R$ 7.175,94
Fonte: Adaptado de Tracy (2007 apud ANTONIK, 2016, p. 114).
Assim, podemos afi rmar que a operação da NIW Produtos fl orestais Ltda. 
gerou um fl uxo de caixa de R$ R$ 16.293,12. 
88
 PLANEJAMENTO E CONTROLE FINANCEIRO
Fluxo de Caixa Livre 
O fl uxo de caixa livre representa o montante de capital com 
liquidez imediata, que pode ser destinado aos fornecedores de capital 
da empresa, ou seja aos proprietários, que forneceram capital próprio, 
e aos credores de fi nanciamento, que forneceram capital de terceiros. 
Este montante de capital está disponível, segundo Gitman (2002, 
p. 91), “após a cobertura de todas as necessidades operacionais e 
o pagamento de investimentos em ativos permanentes e ativos 
circulantes da empresa”. Assim, o Fluxo de Caixa Livre (FCL) pode ser 
calculado pela seguinte equação: 
FCL = FCO – Investimentos em ativos permanentes líquidos 
(IAPL) – Investimentos em ativos circulantes líquidos (IACL).
O investimento em ativos permanentes líquidos é calculado pela 
variação em ativos permanentes líquidos + a depreciação. 
O fl uxo de caixa 
livre representa 
o montante de 
capital com liquidez 
imediata, que pode 
ser destinado 
aos fornecedores 
de capital da 
empresa, ou seja 
aos proprietários, 
que forneceram 
capital próprio, e 
aos credores de 
fi nanciamento, que 
forneceram capital 
de terceiros.
Quadro 17 – Balanço Patrimonial Niw Produtos Florestais Ltda.
NIW Produtos Florestais Ltda.
Balanço Patrimonial, 31 de dezembro de 2012 (R$) 
 2011 2012 Diferenças
Caixa R$ 30.695,41 R$ 51.550,75 R$ 20.855,34
Duplicatas a receber R$ 12.024,27 R$ 13.131,95 R$ 1.107,68
Estoques R$ 19.870,70 R$22.124,45 R$ 2.208,30
Despesas pré-pagas R$ 5.757,28 R$ 5.404,68 -R$ 352,60
Total dos ativos correntes R$ 67.767,78 R$92.211,83 
Imobilizado R$ 68.367,17 R$ 79.121,80 R$ 10.754,63
Depreciação acumulada -R$ 14.782,44 -R$ 22.633,27 -R$ 7.850,84
Imobilizado líquido R$ 53.584,73 R$ 56.488,53 
Total dos ativos R$ 121.352,52 R$ 148.700,35 
 
Passivo
Contas a pagar R$ 25.282,44 R$ 23.074,14 -R$ 2.208,30
Despesas provisionadas R$ 5.943,95 R$ 7.199,03 R$ 1.255,08
Empréstimos de curto prazo R$ 8.826,13 R$ 17.652,25 R$ 8.826,13
Total dos passivos correntes R$ 40.052,52 R$ 47.925,42 
Empréstimos de longo prazo R$ 26.478,38 R$ 35.304,50 R$ 8.826,13
Capital social R$ 44.130,63 R$46.337,16 R$ 2.206,53
Lucros retidos R$ 10.691,00 R$ 19.133,27 R$ 8.442,28
Patrimônio Líquido R$ 54.821,62 R$ 65.470,43 
Total dos passivos R$ 121.352,52 R$ 148.700,35 
Fonte: Tracy (2007 apud ANTONIK 2016, p. 119).
89
FLUXO DE CAIXA PARA PEQUENOS NEGÓCIOS Capítulo 4 
No caso da empresa NIW Produtos Florestais Ltda., em ativos permanentes 
líquidos, temos uma variação do ano de 2011 para 2012 de R$ 2.903,80 (R$ 
53.584,73 – R$ 56.488,53) e uma depreciação acumulada em 2012 de R$ 
7.850,84. Assim, temos que os investimentos em ativos permanentes líquidos 
foram de R$ 10.754,63 ou: 
IAPL = R$ 2.903.80 + 7.850,84 = R$ 10.754,63
Gitman (2002) faz uma importante ressalva, afi rmando que caso essa 
variação aponte um resultado negativo, signifi ca então que temos uma entrada de 
caixa, uma vez que a empresa vendeu mais ativos permanentes do que acumulou 
neste mesmo período. 
Quanto ao investimento em ativo circulante líquido (IACL), este é calculado 
pela diferença das variações de ativos circulantes e passivos circulantes 
espontâneos. Por passivo circulante espontâneo, entende-se a soma das contas 
a pagar (fornecedores) com demais despesas a pagar, mas é importante ressaltar, 
que os fi nanciamentos de curto prazo não fazem parte desta equação, uma vez 
que eles representam um dos grupos de fi nanciadores que possuem direitos sobre 
o fl uxo de caixa livre (FCL), como comentamos no início deste tópico. Assim, a 
equação do IACL é a seguinte: 
IACL = Variação de ativos circulantes – Variação dos passivos circulantes 
(Contas a pagar “fornecedores” + Despesas a pagar).
Analisando o balanço da Niw Produtos Florestais Ltda., percebemos que 
houve uma variação de ativos circulantes (correntes) no valor de R$ 24.444,05 
(R$ 92.211,83 – R$ 67.767,78) e uma variação negativa de R$ 953,22 na variação 
dos passivos circulantes espontâneos - contas a pagar e despesas provisionadas 
[(23.074,14 + 7.199,03) - (R$ 25.282,44 +5.943,95)], assim temos um IACL de R$ 
25.397.27, ou seja: 
IACL = R$ 24.444,05 – (-R$ 953,22) = R$ 25.397.27
Assim, para calcularmoso FCL:
R$ 16.293,12 – R$ 10.754,63 – R$ 25.397,27 = - R$ 19.858,80.
Assim, podemos afi rmar que a NIW Produtos Florestais gerou um caixa livre 
negativo para os acionistas no montante de - R$ 19.858,80. Esta saída de caixa 
se deve ao alto valor investido em ativos circulantes líquidos: R$ 25.397.27. 
90
 PLANEJAMENTO E CONTROLE FINANCEIRO
Atividade de Estudos:
1) Dado a DRE e balanço patrimonial da Companhia das Letras ABC, 
de 31 de dezembro de 2017, calcule o fl uxo de caixa operacional.
DRE da Companhia Letras ABC, 
31 de Dezembro de 2017 
Receita operacional líquida R$ 30.000.000,00 
Custo da mercadoria vendida R$ 17.250.000,00 
Margem bruta R$ 12.750.000,00 
Salários e benefícios R$ 6.900.000,00 
Despesas de comercialização R$ 1.955.000,00 
Outras despesas R$ 1.380.000,00 
Despesas Operacionais R$ 10.235.000,00 
Depreciação R$ 908.500,00 
Total das despesas operacionais R$ 11.143.500,00 
Lucro Antes dos Juros e Imp. (LAJIR) R$ 1.606.500,00 
Despesas Financeiras (juros) R$ 517.500,00 
Imposto de Renda R$ 163.350,00 
Lucro líquido do exercício R$ 925.650,00 
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
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91
FLUXO DE CAIXA PARA PEQUENOS NEGÓCIOS Capítulo 4 
Orçamento de Caixa
O orçamento de caixa de uma empresa é um instrumento de 
planejamento, segundo Gitman (2002), muito utilizado para prever as 
entradas e as saídas de caixa, utilizado para planejamento de curto 
prazo, mas que também pode ser utilizado como uma forma de estimar 
o valor de uma empresa e a sua viabilidade econômico-fi nanceira. 
Vamos, agora, abordar as etapas necessárias para a construção 
de um orçamento de caixa, que são: mensuração da previsão de 
vendas, preparação do orçamento de caixa e o cálculo do fl uxo líquido 
de caixa, saldo fi nal, fi nanciamentos e saldo excedente de caixa. 
a) Previsão de vendas
Segundo Gitman (2002) a previsão de vendas é um ingrediente 
básico do planejamento de caixa da empresa. Esta afi rmação é muito 
importante, pois é a partir de uma previsão de vendas bem realizada 
que a empresa poderá estabelecer seu faturamento e sua necessidade 
de produção, por exemplo. A partir daí também é possível estabelecer 
o nível de custos e despesas necessárias para operar a empresa. Quanto maior 
for a fi delidade dos dados de vendas apurados, melhor será o orçamento de caixa 
da companhia, e o proprietário terá uma maior certeza do resultado que poderá 
ser apurado. Segundo Gitman (2002) é possível realizar uma previsão de vendas 
baseada em dados externos, internos ou em uma combinação dos dois. 
• Previsão interna: este tipo de previsão se baseia na experiência da equipe 
interna de vendas da empresa, por exemplo, através de estimativas de 
funcionários que lidam diariamente ofertando os produtos ou serviços 
ao cliente. Estes colaboradores costumam ter uma boa percepção das 
variações do mercado no curto prazo. Os dados colhidos da equipe de 
vendas podem ser organizados e ajustados por um gerente que tenha uma 
visão mais ampla do mercado de modo a torná-los mais confi áveis.
• Previsão externa: as previsões externas buscam comparar o histórico 
de vendas da empresa com indicadores de atividade econômica, como o 
Produto Interno Bruto, desenvolvimento do mercado imobiliário, índices 
de empregabilidade, renda per capta, dentre outros. Gitman (2002) afi rma 
que o nível de vendas de uma empresa costuma guardar uma relação 
estreita com o andamento da economia, assim se a previsão de atividade 
econômica tende para um crescimento, as vendas da empresa tenderão 
a seguir essa previsão, e o contrário também é verdadeiro. 
O orçamento de 
caixa de uma 
empresa é um 
instrumento de 
planejamento, 
segundo Gitman 
(2002), muito 
utilizado para 
prever as entradas 
e as saídas de 
caixa, utilizado 
para planejamento 
de curto prazo, 
mas que também 
pode ser utilizado 
como uma forma 
de estimar o valor 
de uma empresa 
e a sua viabilidade 
econômico-
fi nanceira.
92
 PLANEJAMENTO E CONTROLE FINANCEIRO
Com vistas a ajustar essas previsões, as empresas costumam combinar estes 
dois tipos de previsões, pois, por vezes, elas podem ser confl itantes. Por exemplo, 
mesmo que uma crise econômica esteja em andamento, com dados de PIB e 
empregabilidade em baixa, algumas empresas podem ter um volume crescente de 
vendas, pois cada empresa enxerga o momento de crise de um modo diferente, 
algumas se destacam e acabam concentrando as vendas para consumidores 
menos sujeitos aos efeitos da crise. Assim, a equipe interna da empresa, que 
conhece bem o seu tipo de cliente, pode ajustar os dados da previsão externa. 
b) Preparação do orçamento de caixa
Gitman (2002) afi rma que o orçamento de caixa possui dois componentes 
básicos, que são os recebimentos ou receitas previstas e os pagamentos 
realizados. Contudo, cada recebimento pode ter origens diversas, assim como os 
pagamentos, que costumam ser bem mais volumosos. Nós iremos explorar estes 
dois componentes básicos com mais detalhes a seguir. 
• Recebimentos: como comentamos, o recebimento pode ter origens 
diversas, como: 
 - Vendas previstas: este montante de vendas é apenas uma linha de 
caráter informativo, como comenta Gitman (2002), uma vez que ela serve 
de base de cálculo para o percentual de vendas à vista, e o percentual de 
vendas a prazo que serão recebidas nos períodos subsequentes. 
 - Vendas à vista: representam aquelas vendas realizadas e pagas dentro 
do mesmo período. 
 - Recebimentos de contas a receber: neste montante temos uma entrada 
de caixa referente às vendas a prazo, que entrarão no referido período. 
 - Outros recebimentos: são recebimentos de outras fontes distintas das 
vendas realizadas pela empresa, pode ser uma receita fi nanceira, a venda 
de um ativo, o recebimento de algum crédito tributário etc. 
 - Total dos recebimentos: aqui temos uma conta que totaliza todas as 
entradas de caixa do orçamento. 
Vejamos no quadro a seguir um exemplo de como os recebimentos podem 
ser demonstrados em um orçamento de caixa. 
93
FLUXO DE CAIXA PARA PEQUENOS NEGÓCIOS Capítulo 4 
Quadro 18 – Quadro de recebimentos projetados
 Agosto Setembro Outubro Novembro Dezembro 
Vendas Previstas R$ 100,00 R$ 200,00 R$ 400,00 R$ 300,00 R$ 200,00 
 
Vendas à vista R$ 20,00 R$ 40,00 R$ 80,00 R$ 60,00 R$ 40,00 
Recebimentos de contas 
a receber
 R$ 50,00 R$ 130,00 R$ 260,00 R$ 270,00 
Outros Recebimentos R$ 30,00 
Total de Recebimentos R$ 120,00 R$ 290,00 R$ 610,00 R$ 620,00 R$ 540,00 
Fonte: Adaptado de Gitman (2002, p. 96).
Perceba que da venda realizada, apenas uma parte é recebida à vista, 20%, 
50% recebido em um mês e 30% e 50% em dois meses. 
• Pagamentos: os pagamentos representam saídas de caixa da empresa 
e podem ser realizados para usos diversos, segundo Gitman (2002), os 
mais recorrentes são: 
- Compras: aqui são alocadas as compras realizadas em função dos 
produtos fabricados ou serviços prestados, eles podem ter uma relação 
proporcional com a vendas previstas, por exemplo. Na construção de um 
fl uxo de caixa, o valor das compras é segregado em compras à vista e 
compras a prazo, e essa linha assume um caráter apenas informativo, 
estando às compras efetivamente realizadas nas linhas correspondentes 
às modalidades à vista e a prazo. 
- Pagamento de aluguel: muitas das unidades de empresas são alugadas, 
e não próprias, então a despesa de aluguel é um item de despesa 
recorrente nos orçamentos de caixa das empresas.
- Salários e vencimentos: aqui entram os pagamentos previstos para 
serem realizadosem função da mão de obra da empresa, incluindo as 
despesas de remuneração variável com as vendas. 
- Pagamento de impostos: aqui entram todos os impostos que são pagos, 
como encargos sobre remuneração, faturamento, imposto de renda etc. 
- Gastos com ativos permanentes: são gastos realizados com 
manutenção ou aquisição de ativo permanente. 
- Pagamentos de juros: as despesas com fi nanciamentos são segregadas, 
para melhor apurar as despesas fi nanceiras da empresa. 
- Amortização de empréstimos: o valor da parcela referente ao principal 
de um fi nanciamento, ou seja, sem os juros, deve ser apresentada 
separadamente. 
O Quadro 19 traz um exemplo de como podem ser demonstrados os 
pagamentos projetados em um orçamento de caixa. 
94
 PLANEJAMENTO E CONTROLE FINANCEIRO
Quadro 19 – Quadro de pagamentos projetos
 Agosto Setembro Outubro Novembro Dezembro 
Compras R$ 70,00 R$ 140,00 R$ 280,00 R$ 210,00 R$ 140,00 
 
Compras à vista R$ 7,00 R$ 14,00 R$ 28,00 R$ 21,00 R$ 14,00 
Pagamento de fornecedores (a prazo) R$ 49,00 R$ 112,00 R$ 224,00 R$ 203,00 
Pagamento de aluguel R$ 5,00 R$ 5,00 R$ 5,00 
Salários e Vencimentos 48,00 38,00 28,00
Pagamento de impostos 10,00 20,00 44,80 33,80 22,80
Gastos com ativos permanentes 130,00 
Pagamento de juros 10,00
Amortização de empréstimos 20,00
Total dos Pagamentos R$ 17,00 R$ 83,00 R$ 237,80 R$ 451,80 R$ 302,80 
Fonte: Adaptado de Gitman (2002, p. 97).
Perceba que, assim como os recebimentos, as compras são realizadas a 
prazo, neste caso com o pagamento de 10% à vista, 70% em um mês e 20% em 
dois meses. 
c) Fluxo líquido de caixa, saldo fi nal, fi nanciamento ou saldo excedente
Os quadros anteriores alimentarão um orçamento de caixa sintético, o qual 
resume as entradas e saídas de caixa de uma companhia, expondo o saldo de 
caixa, quando positivo, ou a necessidade de fi nanciamento, quando negativo. 
Assim, ao subtrair o total de recebimentos dos pagamentos executados, temos 
um fl uxo líquido de caixa do período apurado. No entanto, precisamos lembrar 
que, exceto se for o primeiro mês de operação, a empresa já possui um histórico 
de caixa, e ele traz um saldo anterior, ao qual denominamos saldo inicial de caixa. 
O fl uxo líquido de caixa precisa somar esse saldo inicial para então obter o saldo 
fi nal de caixa. A empresa normalmente estipula um saldo mínimo de caixa para 
cobrir eventualidades, este saldo mínimo precisa estar sempre disponível em 
caixa, como uma espécie de fundo de reserva. Assim, do saldo fi nal de caixa, 
extraímos o valor correspondente ao saldo mínimo desejado pela empresa e 
temos um resultado. Se este resultado for positivo, temos um saldo excedente 
de caixa, que pode ser aplicado em títulos de curto prazo, se for negativo, existe 
a necessidade de um fi nanciamento de curto prazo. O quadro a seguir resume a 
demonstração de um orçamento de caixa. 
95
FLUXO DE CAIXA PARA PEQUENOS NEGÓCIOS Capítulo 4 
Quadro 20 – Orçamento de caixa consolidado
 Outubro Novembro Dezembro
Total de recebimentos R$ 210,00 R$ 320,00 R$ 340,00 
Menos: total dos pagamentos R$ 213,00 R$ 418,00 R$ 305,00 
Fluxo líquido de caixa -R$ 3,00 -R$ 98,00 R$ 35,00 
Mais: saldo inicial de caixa R$ 50,00 R$ 47,00 -R$ 51,00 
Saldo fi nal de caixa R$ 47,00 -R$ 51,00 -R$ 16,00 
Menos: Saldo mínimo de caixa R$ 25,00 R$ 25,00 R$ 25,00 
Financiamentos exigido -R$ 76,00 -R$ 41,00 
Saldo excedente de caixa R$ 22,00 
Fonte: Adaptado de Gitman (2002, p. 98).
Perceba que as informações de um período alimentam os períodos 
subsequentes, como o saldo inicial de caixa, que é obtido através do saldo fi nal 
de caixa do período anterior. 
Atividade de Estudos:
1) De toda elaboração de um orçamento de caixa, por que a previsão 
de vendas é a etapa mais fundamental? 
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
96
 PLANEJAMENTO E CONTROLE FINANCEIRO
Valor do DinHeiro no Tempo 
Quando trabalhamos com fl uxo de caixa, nós distribuímos as entradas e 
saídas de recursos conforme ocorrem, por um determinado período de tempo. 
Estamos sempre trabalhando para aperfeiçoar o nosso ciclo de caixa, recebendo 
valores à vista e postergando pagamentos. Além de melhorar nossa necessidade 
de capital de giro, esse exercício também se baseia em um conceito que se 
denomina em valor do dinheiro no tempo. Gitman (2002) afi rma que os 
administradores fi nanceiros estão sempre se defrontando com oportunidades de 
obter taxas de retorno favoráveis à empresa através de investimentos em projetos 
ou mesmo em aplicações fi nanceiras tradicionais como a renda fi xa, por exemplo. 
Quando analisadas estas oportunidades, é sempre levado em consideração que 
um real hoje vale mais que um real a ser recebido em qualquer data futura. Isto 
ocorre porque um real na sua mão na data de hoje é líquido e você pode aplicar 
em qualquer oportunidade que aparecer. Já se você tiver a promessa de receber 
um real daqui a dois dias você já perde as oportunidades de investimento que 
estão disponíveis hoje e amanhã, além de não ter a certeza de que vai receber 
e em quais condições o mercado estará quando receber. Digamos que você está 
planejando comprar um carro. Você tem R$ 100.000,00 para receber daqui a duas 
semanas. Hoje o valor do carro está R$ 90.000,00. Quando você receber esse 
valor o carro sofrerá um reajuste de 10%. Será que valeria a pena pagar juros de 
R$ 2.000,00 para adiantar esse valor em uma semana e comprar o carro no preço 
atual? Se o uso desse recurso ia ser totalmente destinado para a aquisição do 
veículo, em uma semana você teria o saldo de R$ 1.000,00. Se pagar os juros, 
ainda te sobram R$ 8.000,00. Essa é uma situação bastante específi ca, mas ajuda 
a compreender que o dinheiro hoje vale mais do que em qualquer data futura. 
São basicamente dois conceitos que nos ajudam a compreender o impacto 
do valor do dinheiro do tempo em fl uxos de caixa empresariais: valor futuro e valor 
presente. 
O valor futuro é de mais fácil compreensão, pois muitos de nós já estamos 
familiarizados com o conceito devido a nossas fi nanças pessoais. O valor futuro 
nada mais é do que a quantia fi nal de uma aplicação, ou série de aplicações, 
capitalizada a uma determinada taxa de juros, a ser obtida em uma data futura. 
Seria, por exemplo, o saldo fi nal da sua aplicação fi nanceira daqui a dez anos. 
Já o valor presente é uma conta que não estamos habituados a fazer no 
nosso dia a dia, e ele representa o valor atual de uma série de aplicações que 
estão projetadas para acontecer em datas futuras. Como vimos, um real hoje 
vale mais do que um real amanhã, portanto, para calcular o valor presente, 
precisamos fazer uma capitalização inversa, descontando os valores futuros a 
uma determinada taxa. 
97
FLUXO DE CAIXA PARA PEQUENOS NEGÓCIOS Capítulo 4 
Gitman (2002, p. 130) afi rma que “as técnicas de valor futuro 
medem os fl uxos de caixa no fi nal da vida de um projeto” e as 
técnicas de valor presente, no início (data zero)”.
Gitman (2002, p. 
130) afi rma que “as 
técnicas de valor 
futuro medem os 
fl uxos de caixa no 
fi nal da vida de 
um projeto” e as 
técnicas de valor 
presente, no início 
(data zero)”.
Figura 14 – Composição do Cálculo de Valor Futuro e Valor Presente
Fonte: Gitman (2002, p. 131).
As oportunidades de investimento, sejam em projetos, sejam em aplicações 
fi nanceiras, possuem prazos distintos, assim como desembolsos e fl uxo de 
recebimentos variados. Para comparar o valor agregado ao seu investimento, 
segundo Gitman (2002), você deve compará-losa valor presente, ou seja, quanto 
este investimento vale na data zero. 
Vamos aprofundar um pouco mais os conceitos de valor futuro e valor 
presente para fi xar melhor estes conceitos. 
Valor
futuro
Valor composto
Valor
presente
Final do ano
0 1 2 3 4 5
Desconto
-$ 10.000 $ 3.000 $ 5.000 $ 4.000 $ 3.000 $ 2.000
98
 PLANEJAMENTO E CONTROLE FINANCEIRO
Vamos entrar agora em conceitos de matemática fi nanceira. 
Se você não conhece ou recorda bem destes conceitos básicos, 
acesse o link a seguir para revisar o conteúdo: <https://secure.upf.br/
pdf/2008IdoJoseSchneider.pdf>.
a) Valor futuro
Como você viu, valor futuro corresponde ao saldo fi nal de uma aplicação, 
de um investimento. Assim, utilizamos o conceito de juros compostos para 
capitalizarmos um montante inicial (valor presente) em um determinado período, e 
assim, obtermos o valor futuro. A fórmula do valor futuro é a seguinte: 
VFn = VP x (1 + i)n
Onde:
VFn = Valor futuro no fi nal do período n
VP = principal inicial ou valor presente
I = Taxa de juros por período (anual, mensal, diária etc.)
n = número de períodos (anos, meses, dias etc.) 
Vamos supor que você faça uma aplicação de R$ 800,00 do seu saldo de 
excedente de caixa do ano de 2017 em uma renda fi xa que rende 6% ao ano. Em 
cinco anos, qual seria o seu rendimento? Vamos calcular. 
VF5 = R$ 800,00 x (1 + 0,06)5 = R$ 800 x (1,338) = R$ 1.070,40
Esquematicamente, podemos verifi car o valor futuro da aplicação em 5 anos, 
através da fi gura 17. 
99
FLUXO DE CAIXA PARA PEQUENOS NEGÓCIOS Capítulo 4 
Figura 15 – Cálculo do Valor Futuro
Fonte: Gitman (2002, p. 132).
Atualmente, estas fórmulas são pouco utilizadas de forma manual, mas sim 
através de planilhas eletrônicas, como o Microsoft Excel. Gitman (2002) ilustra 
como o cálculo pode ser feito através desta ferramenta. 
Figura 16 – Exemplo do cálculo de valor futuro em Planilha Eletrônica
Fonte: Gitman (2004, p. 136).
A Figura 17 ilustra os diversos valores futuros que podem ser obtidos ao 
aplicarmos R$ 1,00 a diferentes taxas e períodos. 
Figura 17 – Relação de valor futuro com as variáveis de períodos e taxas
Fonte: Gitman (2002, p. 137).
Final do ano
0 1 2 3 4 5
VP= $ 800
VF₅ = $ 1.070,40
A B
1 VALOR FUTURO DE UMA QUANTIA INDIVIDUAL
2 Valor presente $ 800
3 Taxa de juros, % ao ano composta anualmente 6%
4 Número de anos 5
5 Valor futuro $ 1.070,58
O conteúdo da célula B5 é = VF (B3,B4,0,-B2,0).
Um sinal negativo antecede B2 porque o valor presente é 
uma saída de caixa (um depósito feito por Jane Farber).
100
 PLANEJAMENTO E CONTROLE FINANCEIRO
Assim, como você pode ver na Figura 16, um valor de R$ 1,00 assume 
diferentes valores futuros quando variamos as suas taxas e períodos de 
capitalização.
 
Quando tratamos de administração fi nanceira e investimentos, muitas vezes 
temos depósitos periódicos e iguais, que renderão ao fi nal de um período (n), um 
determinado montante, que somado ao valor presente, nos dará o valor futuro. A 
esse tipo de fl uxo de caixa de investimento damos o nome de anuidades, apesar 
de ela poder ser representada em períodos menores, como meses ou até mesmo 
dias. Vamos utilizar a base anual para fi xarmos o conceito. Vamos utilizar também, 
para melhor compreensão, o conceito de anuidade ordinária, que é aquela 
depositada ao fi nal de cada ano, e que rende juros a partir do ano seguinte da sua 
aplicação. Assim, para um período de 5 anos, o primeiro depósito rende quatro 
anos de juros, do fi nal do ano 1 até o fi nal do ano 5, e o último não rende juros. 
O cálculo do valor futuro de um fl uxo de caixa de anuidades pode ser 
identifi cado na Figura a seguir.
Figura 18 – Valor futuro de anuidades
Fonte: Gitman (2002, p. 138).
Você pode perceber claramente que é feito um cálculo separado de valor 
futuro para cada anuidade e elas são somadas ao fi nal para verifi car o valor futuro 
total. Assim, a fórmula do valor futuro total pode ser deduzida da seguinte forma. 
VFAn = PMT X (FVFAi,n)
Onde:
VFAn = Valor Futuro para um período n
PMT = Montante depositado ao fi nal de cada período
I = Taxa de juros para o período
n = Número do período 
$ 1.311
 1.225
 1.145
 1.070
 1.000
$ 5.751
Final do ano
0 1 2 3 4 5
$ 1.000 $ 1.000 $ 1.000 $ 1.000 $ 1.000
Valor futuro
101
FLUXO DE CAIXA PARA PEQUENOS NEGÓCIOS Capítulo 4 
FVFAi,n = Fator de valor futuro da anuidade, que é calculado da seguinte 
forma: 
1
1
1
n
t
i n
t
i −
=
= +∑,FVFA ( )
No qual o período (t), refere-se ao ano correspondente ao depósito efetuado. 
Assim, o fator de valor futuro de uma anuidade corresponde ao somatório dos 
fatores de valores futuros de cada anuidade, lembrando-se de que elas ocorrem no 
fi nal de cada período, por isso há o desconto de um período em cada fator (t – 1). 
Para uma série de 5 depósitos anuais no valor de R$ 1.000,00 cada, a uma 
taxa de juros de 7% ao ano, temos o seguinte cálculo: 
VFAn = PMT X (FVFAi,n)
VFAn = R$ 1.000,00 X (1,311 + 1,225 +1,145 + 1,070 +1,000) = 5.750,74
Uma maneira mais efi ciente de realizar este cálculo seria através de uma 
planilha eletrônica, a qual podemos verifi car exemplifi cada na Figura 19.
Figura 19 – Cálculo do valor futuro de uma anuidade em uma planilha eletrônica
Fonte: Gitman (2002, p. 142).
b) Valor presente
Gitman (2002, p. 137) afi rma que o valor presente também conhecido como 
desconto de fl uxo de caixa, tem como objetivo responder pergunta: “se posso 
obter i% aplicando meu dinheiro, qual é o máximo que estou disposto a pagar 
agora pela oportunidade de receber VFn reais daqui a n períodos?”. Esse processo 
é a lógica inversa de capitalização ou juros compostos, que vimos anteriormente, 
no cálculo do valor futuro. Nós iremos descontar o fl uxo de caixa a uma taxa (i), 
que agora passa a ter o nome de taxa de desconto, ou outros sinônimos que você 
verá na literatura, como custo de oportunidade, taxa mínima de atratividade, custo 
de oportunidade e retorno exigido. A fórmula do valor presente é a seguinte: 
A B
1 VALOR FUTURO DE UMA ANUIDADE ORDINÁRIA
2 Prestação anual $ 1.000
3 Taxa de juros, % ao ano composta anualmente 7%
4 Número de anos 5
5 Valor futuro de uma anuidade ordinária $ 5.750,74
O conteúdo da célula B5 é = VF (B3,B4,-B2).
Um sinal negativo antecede B2 porque o pagamento
anual é uma saída de caixa
102
 PLANEJAMENTO E CONTROLE FINANCEIRO
( )
1
11
n
nn n
VF
VP VF x
ii
 
= =  + 
 
( )-
Onde: 
VP = principal inicial ou valor presente
VFn = Valor futuro no fi nal do período n
 i = Taxa de juros por período (anual, mensal, diária etc.)
n = número de períodos (anos, meses, dias etc.) 
Vamos exemplifi car para facilitar a compreensão. Digamos que você receba 
uma proposta para receber uma quantia de R$ 1.700,00 daqui a oito anos. O seu 
custo de capital hoje é 8% ao ano. Quanto esse valor vale hoje? Para responder 
a essa pergunta, precisamos aplicar a fórmula apresentada anteriormente para 
descobrir o valor presente, e quanto será efetivamente o resultado desta operação. 
VP = R$ 1.700,00 = R$ 1.700,00 = R$ 918,42(1 + 0,08)8 1,851
Portanto, temos que o valor a receber de R$ 1.700,00, vale hoje, na verdade, 
R$ 918,42. Isto porque você tem um custo de capital de 8% ao ano. Quando 
trabalharmos a viabilidade econômico fi nanceira, você compreenderá melhor este 
conceito. Por hora cabe ressaltar que o valor de R$ 1.700,00 daqui a oito anos, a 
um custo de capital de 8% ao ano, representa R$ 918,42 nos dias atuais, como 
podemos verifi car esquematicamente na Figura 20. 
Figura 20 – Cálculo do valor presente
Fonte: Gitman (2002, p. 138).
O cálculo do valor presente também pode ser realizado através de planilhas 
eletrônicas, e sua formatação básica pode ser verifi cada na Figura 21. 
0 1 2 3 4 5 6 7 8
Final do ano
VP= $ 918,42
FV₈= $ 1.700
103
FLUXO DE CAIXA PARA PEQUENOS NEGÓCIOS Capítulo 4 
Figura 21 – Exemplo de cálculo do valor presente emplanilha eletrônica
Fonte: Gitman (2002, p. 139).
Assim como o valor futuro, o valor presente apresenta diferentes valores 
quando descontadas a taxas distintas e em valores distintos, quanto maior o 
custo de oportunidade, menores serão os valores presentes. 
Figura 22 – Relação de valor presente com as variáveis de períodos e taxas
Fonte: Gitman (2002, p. 139).
Quando analisamos projetos de investimento, geralmente trabalhamos 
com uma série de recebimentos futuros ao longo de algum número de períodos. 
Gitman (2002) afi rma que quando esta série de recebimentos possui o mesmo 
valor, tem-se então uma anuidade. Uma anuidade ordinária é aquela que ocorre 
no fi nal de cada período, semelhante ao que vimos com o computo de anuidades 
para valores futuros. 
Na Figura 23, podemos verifi car que para cada anuidade é feito um cálculo 
de valor presente, sendo estas somadas ao fi nal, mostrando o valor presente total 
da série. 
A B
1 VALOR PRESENTE DE UMA QUANTIA INDIVIDUAL FUTURA
2 Valor futuro $ 1.700
3 Taxa de juros, % ao ano composta anualmente 8%
4 Número de anos 8
5 Valor presente $ 918,46
O conteúdo da célula B5 é = VF (B3,B4,0,B2).
Um sinal negativo antecede VP para transformar o valor
presente em uma quantia positiva. 
104
 PLANEJAMENTO E CONTROLE FINANCEIRO
Figura 23 – Valor presente de anuidades
Fonte: Gitman (2002, p. 143).
Assim, a fórmula de valor presente da anuidade pode ser demonstrada como 
segue: 
VPAn = PMT X (FVPAi,n)
Onde:
VPAn = Valor Presente para um período n
PMT = Montante a ser recebido ao fi nal de cada período
i = Taxa de desconto para o período
n = Número do período 
FVPAi,n = Fator de valor presente da anuidade, que é calculado da seguinte 
forma: 
( )1
1
1
n
i n t
t
FVPA
i=
=
+
∑,
Vamos partir para um exemplo, de modo que possamos deixar claro o 
conceito de valor presente para uma anuidade ordinária. Vamos supor que sua 
empresa possua uma série de recebíveis no valor de R$ 700,00 por ano, a 
ocorrerem ao fi nal de cada período, num total de cinco anos. O seu custo de 
oportunidade é 8%. Assim, ao aplicarmos a fórmula anterior temos: 
VPAn = PMT X (FVPAi,n)
VPAn = R$ 700,00 X (0,680 + 0,735 + 0,793 + 0,857 + 0,925) = R$ 2794,90
Assim, para uma série de anuidades ordinárias de R$ 700,00, temos um 
valor presente total de R$ 2.794,90.
0 1 2 3 4 5
$700 $700 $700 $700 $700
$ 648,20
599,90
555,80
514,50
476,70
$ 2.795,10
Final do ano
Valor presente
105
FLUXO DE CAIXA PARA PEQUENOS NEGÓCIOS Capítulo 4 
Um modo mais efi ciente de calcularmos este valor presente para uma série 
de anuidades ordinárias é a utilização de uma planilha eletrônica. A Figura 24 
demonstra como este cálculo pode ser realizado na planilha. 
Figura 24 – Planilha eletrônica para o cálculo do valor presente de uma anuidade
Fonte: Gitman (2002, p. 144).
Indicadores de ViaBilidade de 
ProJetos 
Como já comentamos, na área de fi nanças, os administradores lidam com 
diversas oportunidades de investimento e uma das atividades deste profi ssional 
é a de selecionar projetos viáveis e que maximizem a riqueza do proprietário 
da companhia. Para isso, existem pelo menos três técnicas de análise, que 
são também indicadores da viabilidade de projetos: Período de Payback, Valor 
Presente Líquido e Taxa Interna de retorno. Estas duas últimas técnicas, segundo 
Gitman (2002), baseiam-se nos conceitos de valor do dinheiro no tempo.
 
Vamos utilizar um exemplo base, trazido por Gitman (2002, p. 338) para 
ilustrar nossos conceitos a partir deste momento, o qual será adaptado para 
nossa realidade brasileira. A empresa Copy & Paste Soluções Gráfi cas Ltda. está 
analisando dois projetos de investimentos. O projeto A prevê um investimento 
inicial de R$ 42.000,00, com fl uxo de anuidade ordinária de recebíveis de R$ 
14.000,00 anuais durante 5 anos. O projeto B tem um investimento inicial de R$ 
45.000,00 com um recebimento de R$ 28.000,00 no primeiro ano, R$ 12.000,00 
no segundo e uma sequência de anuidades de R$ 10.000,00 nos três anos 
subsequentes, totalizando também cinco anos de recebimentos. 
A B
1 VALOR PRESENTE DE UMA ANUIDADE ORDINÁRIA
2 Prestação anual $ 700
3 Taxa de juros, % ao ano composta anualmente 8%
4 Número de anos 5
5 Valor presente de uma anuidade ordinária $ 2.794,90
O conteúdo da célula B5 é = VF (B3,B4,-B2).
Um sinal negativo antecede B2 porque o pagamento
anual é uma saída de caixa.
106
 PLANEJAMENTO E CONTROLE FINANCEIRO
Quadro 21 – Exemplo de fl uxo de caixa de capital de projetos
Dados de gastos de capital da Copy & Paste Soluções Gráfi cas Ltda.
Projeto A Projeto B
Investimento Inicial R$ 42.000,00 R$ 45.000,00
Ano Entradas Operacionais de Caixa
1 R$ 14.000,00 R$ 28.000,00
2 R$ 14.000,00 R$ 12.000,00
3 R$ 14.000,00 R$ 10.000,00
4 R$ 14.000,00 R$ 10.000,00
5 R$ 14.000,00 R$ 10.000,00
Fonte: Adaptado de Gitman (2002, p. 338).
Grafi camente, podemos representar os dois projetos de capital conforme a 
Figura 26. A primeira seta representa uma saída de caixa, portanto seu sentido é 
abaixo da linha de tempo, e as demais setas que representam a entrada de caixa 
possuem sentido inverso, para cima, acima da linha de tempo. Vamos passar 
agora para a discussão das técnicas de análise de investimentos, iniciando pelo 
payback. 
a) Payback
Segundo Gitman (2002, p. 339) o payback é “o tempo necessário 
para que a empresa recupere seu investimento inicial em um projeto, 
calculado com suas entradas de caixa”. 
Quando tratamos de anuidades, o payback é calculado dividindo-
se o investimento inicial pela entrada de caixa anual. Já em uma série 
mista, é preciso acumular as entradas de caixa período a período, 
até que o saldo acumulado das entradas de caixa superou o valor do 
investimento inicial, no período em que isto ocorrer, temos o período 
de payback. As decisões de investimento, referente à aceitação de um projeto são 
as seguintes: 
• Se o período de payback for igual ou abaixo do período aceitável pelos 
proprietários da empresa, o projeto é aceitável. 
• Se o período de payback for maior do que o período aceitável pelos 
proprietários, o projeto é recusado. 
Gitman (2002) destaca que o payback é visto como uma técnica não 
sofi sticada de análise de viabilidade e aceitação de projetos, uma vez que não 
leva em consideração o valor do dinheiro no tempo. 
Segundo Gitman 
(2002, p. 339) o 
payback é “o tempo 
necessário para que 
a empresa recupere 
seu investimento 
inicial em um 
projeto, calculado 
com suas entradas 
de caixa”.
Highlight
Highlight
Highlight
Highlight
Highlight
107
FLUXO DE CAIXA PARA PEQUENOS NEGÓCIOS Capítulo 4 
Você pode compreender um pouco mais sobre payback e 
análise de investimentos acessando o link a seguir. Neste artigo, há 
também uma informação que ajuda a utilizar o payback de forma 
mais sofi sticada, levando em conta o valor presente dos fl uxos 
de caixa. Acesse: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_
arttext&pid=S1413-92511992000300001>.
Figura 25 – Representação gráfi ca de Fluxo de Caixa de projetos de capital
Fonte: Gitman (2002, p. 339).
Assim, calculando o payback do projeto, dividimos o investimento inicial (R$ 
42.000,00) pelas anuidades (R$ 14.000,00) e temos o período de payback em 3 
anos. 
No Projeto B, vamos acumulando as entradas de caixa e verifi camos que 
entre o ano 2 e o ano 3 temos o payback, pois no ano 2 temos um saldo acumulado 
de R$ 40.000,00 e no ano 3, um saldo acumulado de R$ 50.000,00. Nesse caso, 
o payback será em 2,5 anos. Assim, caso o período mínimo de recuperação do 
investimento da empresa Copy & Paste Soluções Gráfi cas fosse de 2,7 anos, o 
projeto B seria aceitável e o projeto A recusado. 
Final do ano
0
0
1
1
2
2
3
3
4
4
5
5
$ 14.000
$ 28.000 $ 12.000 $ 10.000 $ 10.000 $ 10.000
$ 14.000 $ 14.000 $ 14.000 $ 14.000
$ 42.000
$ 45.000
Projeto A
Projeto B Final do ano
108
 PLANEJAMENTO E CONTROLE FINANCEIRO
b) Valor Presente LíquidoO valor presente líquido, como o próprio nome da técnica já indica, é 
considerado uma técnica sofi sticada de análise de investimento, pois considera 
o valor do dinheiro no tempo. Essa técnica, segundo Gitman (2002), desconta o 
fl uxo de caixa do projeto a uma taxa estipulada, que assume, como já abordamos, 
nomenclaturas distintas, como taxa de desconto, taxa mínima de atratividade, 
custo de capital ou custo de oportunidade. 
Segundo Gitman (2002, p. 342), Valor Presente Líquido (VPL) 
“é obtido subtraindo-se o investimento inicial de um projeto (FC0), do 
valor presente de suas entradas de caixa (FCt), descontadas a uma 
taxa igual ao custo de capital da empresa (K).”, ou seja: 
VPL = Valor presente das entradas de caixa – Investimento Inicial
Segundo Gitman 
(2002, p. 342), Valor 
Presente Líquido 
(VPL) “é obtido 
subtraindo-se o 
investimento inicial 
de um projeto (FC0), 
do valor presente 
de suas entradas 
de caixa (FCt ), 
descontadas a uma 
taxa igual ao custo de 
capital da empresa 
(K)”.
0
1
0
1
1
,
( )
 ( )
n
t
t
t
n
t k t
t
FC
VLP FC
K
FC x FVP FC
=
=
= −
+
= −
∑
∑
Supondo que o custo de capital da empresa seja 10%, já podemos 
calcular o VPL dos dois projetos de investimentos. O uso desta técnica requer 
bastante atenção, e seu cálculo tradicional, aplicando a fórmula acima, pode ser 
esquematizado na Figura 26. 
Figura 26 – Cálculo de VPLs para o fl uxo de caixa de capital 
da empresa Copy & Paste Soluções Gráfi cas Ltda.
Fonte: Gitman (2002, p. 345).
Final do ano
Final do ano
Projeto A
Projeto B
0
0
1
1
2
2
3
3
4
4
5
5
$ 14.000
$ 28.000
-$ 42.000
-$ 45.000
$ 14.000
$ 12.000
$ 14.000
$ 10.000
$ 14.000
$ 10.000
$ 14.000
$ 10.000
k=10%
53.071
25.455
9.917
7.513
6.830
6.209
VPLA= $ 11.071
VPLB= $ 10.924
k=10%
k=10%
k=10%
k=10%
k=10%
$ 55.924
109
FLUXO DE CAIXA PARA PEQUENOS NEGÓCIOS Capítulo 4 
Perceba que o somatório das entradas de caixa oriundas do projeto A é de 
R$ 53.071,00, e todas elas foram descontadas ao custo de capital da empresa 
(K), de 10%, o VPL do projeto A é de R$ 53.071 (FCt) – R$ 42.000,00 (FC0) = 
R$ 11.071,00. Para o projeto B o esquema é ainda mais detalhado, já que cada 
entrada de caixa precisa ser descontada individualmente, e somam o valor 
presente total de R$ 55.924,00. O VPL do projeto B é de R$ 55.924 (FCt) – R$ 
45.000,00 (FC0) = R$ 10.924,00. 
Os critérios de decisão quanto à tomada de decisão, utilizando-se a técnica 
de análise de investimento VPL são as seguintes: 
• Se o VPL for maior que zero, o projeto é aceitável.
• Se o VPL for menor que zero, o projeto é recusado. 
Segundo Gitman (2002), quando o VPL é maior que zero, a empresa está 
obtendo um retorno superior ao seu custo de capital, portanto, mantendo o valor 
da empresa e gerando mais riqueza aos seus proprietários. 
Uma forma mais usual de se calcular o VPL é utilizando-se de uma planilha 
eletrônica, cálculo que pode ser demonstrado conforme a Figura 27. 
Figura 27 – VPL através de planilha eletrônica
Fonte: Gitman (2002, p. 346).
c) Taxa Interna de Retorno (TIR)
A taxa interna de retorno (TIR) é, segundo Gitman (2002), uma das técnicas 
mais sofi sticadas de orçamento de capital, e, também, uma das mais difíceis de 
A B C
1 DETERMINAÇÃO DE VALOR PRESENTE LÍQUIDO
2 Custo de capital da empresa 10%
3 Ano Fluxo de caixa no fi nal do ano
4 Projeto A Projeto B
5 0 $ (42.000) $ (45.000)
6 1 $ 14.000 $ 28.000
7 2 $ 14.000 $ 12.000
8 3 $ 14.000 $ 10.000
9 4 $ 14.000 $ 10.000
10 5 $ 14.000 $ 10.000
11 VPL $ 11.071 $ 10.924
12 Escolha de projeto Projeto A
O conteúdo da célula B11 é = VPL ($C$2,B6:B10)+ B5.
Copie a célula B11 para a célula C11. 
O conteúdo da célula C12 é SE (B11>C11,B4,C4)
110
 PLANEJAMENTO E CONTROLE FINANCEIRO
ser calculada. No entanto, o seu conceito é simples. A TIR é taxa 
de desconto (K) que iguala o VPL a zero. O que signifi ca um VPL 
igual a zero? Quando se tem uma taxa de desconto que iguala o 
VPL a zero, signifi ca dizer que essa taxa é o retorno que o projeto 
em análise está proporcionando ao acionista. Essa taxa precisa ser comparada 
ao custo de capital da empresa, ou melhor, a uma taxa mínima de atratividade. 
Assim, a empresa pode determinar que para investir em um determinado projeto, 
ela requer um determinado percentual acima do custo de capital da empresa, 
esta seria então a taxa mínima de atratividade. Para uma TIR maior que a taxa 
mínima de atratividade teríamos um projeto atraente, do contrário, não. A fórmula 
de cálculo da TIR poderia ser expressa conforme a equação a seguir. 
A TIR é taxa de 
desconto (K) que 
iguala o VPL a zero.
( )
0
1
0
1
0
1
1
$ 
 
( )
n
t
t
t
n
t
t
t
FC
FC
TIR
FC
FC
TIR
=
=
= −
+
=
+
∑
∑
Como você pode perceber, a TIR assume o valor de K (custo de capital), 
igualando o VPL a zero. Assim, o cálculo manual da TIR é de extrema difi culdade, 
devendo ser um cálculo de tentativa e erro, por sucessivas aproximações, 
substituindo o valor de K na equação, até que tenhamos um VPL igual a zero. 
Graças à evolução da tecnologia da informação podemos realizar este cálculo 
através de uma planilha eletrônica, a qual pode ser verifi cada na Figura 28.
Figura 28 – Cálculo da TIR através de planilha eletrônica
Fonte: Gitman (2002, p. 347).
A B C
1 DETERMINAÇÃO DE TAXA INTERNA DE RETORNO
2 Ano Fluxo de caixa no fi nal do ano
3 Projeto A Projeto B
4 0 $ (42.000) $ (45.000)
5 1 $ 14.000 $ 28.000
6 2 $ 14.000 $ 12.000
7 3 $ 14.000 $ 10.000
8 4 $ 14.000 $ 10.000
9 5 $ 14.000 $ 10.000
10 TIR 19,9% 21,70%
11 Escolha de projeto Projeto B
O conteúdo da célula B10 é = TIR (B4:B9).
Copie a célula B10 para a célula C10. 
O conteúdo da célula C11 é SE (B10>C10,B3,C3).
111
FLUXO DE CAIXA PARA PEQUENOS NEGÓCIOS Capítulo 4 
Transpondo os cálculos da TIR grafi camente, podemos projetá-los conforme 
a Figura 29. 
Figura 29 – Cálculo de TIRs para Fluxos de Caixa de Capital 
da empresa Copy & Paste Soluções Gráfi cas Ltda.
Fonte: Gitman (2002, p. 347). 
Perceba que, ainda que a empresa estipule dois pontos percentuais acima 
do custo de capital da empresa, chegando a uma taxa mínima de atratividade de 
12%, ambas as TIRs são bastante superiores, sendo a do projeto A: 19,9% e a 
do projeto B: 21.7%. Se os dois projetos tiverem riscos semelhantes, podemos 
afi rmar que a escolha deve se dar pelo projeto B, uma vez que este apresenta 
uma TIR maior. 
Atividade de Estudos:
1) O Shopping Regional de Blumenau “Vale Encantado Mall” 
(fi ctício) enfrenta difi culdades fi nanceiras e a partir de maio de 
2019 será adquirido por uma grande rede de Shopping Centers. 
O Superintendente do Shopping gostaria de saber sobre a 
viabilidade fi nanceira de operar estacionamento pago no local 
durante os primeiros quatro meses de 2019 (jan-abr), visando 
sanar parte de suas dívidas atuais. Supondo que o investimento 
inicial para o projeto é de R$ 250.000,00 e este gerará um fl uxo 
de anuidades ordinárias ao longo dos próximos quatro anos, no 
Final do ano
Final do ano
Projeto A
Projeto B
0
0
1
1
2
2
3
3
4
4
5
5
$ 14.000
$ 28.000
-$ 42.000
-$ 45.000
$ 14.000
$ 12.000
$ 14.000
$ 10.000
$ 14.000
$ 10.000
$ 14.000
$ 10.000
TIR?
42.000
VPLA= $ 0 TIRA= 19,9%
VPLB= $ 0 TIRB= 21,7%
TIR?
TIR?
TIR?
TIR?
TIR?
45.000
112
 PLANEJAMENTO E CONTROLE FINANCEIRO
valor de R$ 125.846,00. O custo de capital mensal desta empresa 
é de 2,00%. Calcule, o Payback e VPL. 
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
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________________________________________________________________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
Algumas ConsideraçÕes 
Começamos o presente capítulo com uma revisão do conceito de fl uxo de 
caixa, verifi cando a sua importância para a gestão fi nanceira de uma empresa, 
uma vez que o fl uxo de caixa demonstra todas as entradas e saídas de recursos 
na organização. 
Verifi camos a diferença entre fl uxos de investimentos e fl uxos operacionais, 
compreendendo como identifi cá-los e também como reconhecer uma operação que 
signifi ca uma entrada ou uma saída de caixa, através de comparações realizadas 
tanto no balanço patrimonial como na demonstração de resultados do exercício. 
Na sequência, entramos no conceito de fl uxo de caixa livre (FCL), aquele que 
está disponível para os fornecedores de capital a empresa (capital próprio e de 
terceiros), e como calcular tal montante. 
Estes conceitos iniciais forneceram suporte para que pudéssemos abordar 
o orçamento de caixa, um instrumento muito importante para o planejamento 
fi nanceiro, pois permite elaborarmos uma previsão de entradas e saídas de caixa. 
Neste tópico, compreendemos como elaborar um orçamento de caixa e quais são 
seus principais itens. 
113
FLUXO DE CAIXA PARA PEQUENOS NEGÓCIOS Capítulo 4 
O orçamento de caixa permite que façamos uma série de análises para 
tomada de decisão, como as análises de viabilidade de um fl uxo de caixa, porém, 
antes, foi necessário compreendermos como o dinheiro assume um valor no 
tempo, para então passarmos para o tópico de viabilidade econômico-fi nanceira. 
Uma vez assimilado o conceito de valor do dinheiro no tempo, passamos 
para a análise de viabilidade econômica fi nanceira de projetos, baseados em 
orçamentos de caixa, previsões, para então podermos fundamentar a decisão de 
aceitar ou não projetos e poder escolher projetos que maximizem a riqueza para o 
acionista. As técnicas de análise de viabilidade exploradas foram: payback, valor 
presente líquido e taxa interna de retorno. 
Concluímos, assim, esse capítulo sobre fl uxo de caixa para pequenos negócios. 
Espero que você tenha aprendido a importância deste tema para o planejamento e 
gestão das organizações, sejam elas pequenas, médias ou grandes.
No próximo capítulo entraremos em um assunto um pouco menos 
matemático, mas com impacto direto sobre o fl uxo de caixa das empresas, pois 
tratará sobre a negociação com bancos, credores e devedores. Até lá! 
ReFerÊncias
ANTONIK, L.R. Empreendedorismo: gestão fi nanceira para micro e pequenas 
empresas. São Paulo: Elsevier, 2016. 
GITMAN, L.J. Princípios de administração fi nanceira. 7. ed. São Paulo: Harbra, 
2002.
114
 PLANEJAMENTO E CONTROLE FINANCEIRO
CAPÍTULO 5
Negociação com Bancos, Credores 
e Devedores
A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes 
objetivos de aprendizagem:
 Identifi car os tipos de negociação que podem melhorar o desempenho das 
micro e pequenas empresas.
 Conhecer técnicas de negociação com bancos, credores e devedores.
 Arrolar as diferenças nas técnicas de negociação com bancos, credores e 
devedores. 
 Selecionar a técnica adequada para cada tipo de negociação.
 Analisar os resultados potenciais da aplicação das técnicas e ferramentas de 
negociação com bancos, credores e devedores.
116
 PLANEJAMENTO E CONTROLE FINANCEIRO
117
NEGOCIAÇÃO COM BANCOS, CREDORES E DEVEDORES Capítulo 5 
ContextualiZação
Nesta disciplina, uma questão que vem sendo bastante reforçada até o 
momento é a diferenciação entre os regimes de competência e caixa. Esta 
diferenciação é importante não só didaticamente, para que você entenda os 
regimes contábeis e fi nanceiros, mas também por uma questão estratégica: o 
lucro ocorre em um regime contábil, mas a efetiva disponibilização de dinheiro 
para a empresa ocorre no regime de caixa. A empresa pode lucrar e não ter 
liquidez, ao mesmo tempo em que pode ter prejuízo, mas ter dinheiro em caixa. 
Até o momento, você tem mergulhado em temas bastante conectados a uma 
administração fi nanceira técnica, por vezes, se aproximando muito de aspectos 
contábeis, com cálculos de indicadores baseados em balanço patrimonial e 
na demonstração do resultado de exercício, por exemplo. Por vezes, também, 
entramos em questões estritamente matemáticas, com o uso de fórmulas para 
calcular capital de giro, endividamentos etc. Neste capítulo, vamos entrar em 
aspectos mais voltados à gestão, mas com impactos diretamente no fl uxo de 
caixa da empresa. O tema central a ser estudado é a negociação com bancos, 
credores e devedores. 
Negociar com bancos, credores e devedores tem impacto diretamente no 
fl uxo de caixa da companhia, pois dívidas (seja com bancos ou credores) geram 
juros e, na pior das hipóteses, execução de garantias e ações judiciais com custos 
extras para ambas as partes. 
A falta de pagamento dos nossos devedores deixa, evidentemente, um furo 
em nosso fl uxo de caixa. Ainda que tenhamos amarras na concessão de crédito, 
como o uso de garantias, quando falamos em executar nossos devedores, assumir 
tais direitos é algo que não é desejável, pois foge do dia a dia da empresa, existe 
o custo de liquidação que está vinculado à liquidez desta etc. Além do fato de que, 
quanto maiores são as garantias exigidas para venda de um produto ou serviço, 
menor o mercado potencial. 
Assim, ter habilidade na hora de fornecer e tomar crédito, assim como no 
momento da negociação destas questões, tornará o fl uxo de caixa da empresa 
mais consistente, evitando situações fi nanceiras delicadas no futuro. 
118
 PLANEJAMENTO E CONTROLE FINANCEIRO
O crédito, como corroboram Maia (2007) e Antonik (2016) é fundamental 
para toda a sociedade, uma vez que ele alavanca e multiplica a capacidade que 
as empresas e os consumidores possuem de poder fazer negócios. Sem essa 
ferramenta, as transações seriam limitadas à disponibilidade de recursos com 
liquidez imediata, o que geraria um volume de negócios muito menor. Muitos 
empresários até podem imaginar que não se utilizam de crédito, mas talvez 
estejam se limitando a um conceito de crédito mais estreito, como o fi nanciamento 
bancário. Este conceito pode ser descrito por Schrickel (1995 apud MAIA, 2007, 
p. 11) no qual ele defi ne o crédito como “todo ato de vontade ou disposição de 
alguém de destacar ou ceder, temporariamente, parte do seu patrimônio a um 
terceiro, com a expectativa de que esta parcela volte a sua posse integralmente, 
depois de decorrido o tempo estipulado”.
No entanto, segundo Antonik (2016, p. 47), “crédito está presente em todas 
as políticas fi nanceiras das empresas comerciais e industriais como ferramenta de 
alavancagem de aquisições, aumento da capacidade de produção ou até simples 
cobertura de furos de caixa”.
Este conceito de crédito pode ser melhor compreendido por 
Sandroni (1999 apud MAIA, 2007, p. 11): “crédito é a transação 
comercial em que um comprador recebe imediatamente um bem ou 
serviço adquirido, mas só fará o pagamento depois de algum tempo 
determinado”.
Esse último conceito é mais amplo, e agrega também as simples 
transações comerciais nas quais há postergação de pagamento. 
Assim, de forma bastante sintética, podemos conceituar crédito 
como o ato de tomarmos um serviço ou adquirirmos um produto, sem 
realizar o pagamento de imediato. 
Se adquirimos uma matéria-prima, com promessa de pagamento 
para daqui 30 dias, estamos tomando um crédito direto com nosso 
fornecedor, e este passa a ser nosso credor. 
Em vez de fi nanciarmos diretamente com o fornecedor, 
poderíamos negociar um desconto sobre o valor de face das 
mercadorias, pagando tudo à vista. Para isso, podemos utilizar nosso 
caixa, ou então pegar dinheiro emprestado com terceiros, como 
as instituições fi nanceiras, os bancos. Entretanto,para que essa 
modalidade seja interessante, é importante que o percentual de desconto à vista 
supere os juros que serão pagos pelo fi nanciamento. 
CrÉdito 
Assim, de forma 
bastante sintética, 
podemos conceituar 
crédito como o 
ato de tomarmos 
um serviço ou 
adquirirmos 
um produto, 
sem realizar o 
pagamento de 
imediato.
Se adquirimos uma 
matéria-prima, 
com promessa 
de pagamento 
para daqui 30 
dias, estamos 
tomando um crédito 
direto com nosso 
fornecedor, e este 
passa a ser nosso 
credor.
119
NEGOCIAÇÃO COM BANCOS, CREDORES E DEVEDORES Capítulo 5 
O crédito também está presente na política de vendas da empresa, e precisa 
ser levado em consideração quando formamos o preço de venda de nossos 
produtos ou serviços. 
É preciso ter noção de que vender a prazo, muitas vezes, é a única forma de 
tornar um negócio viável, mas ao mesmo tempo, entregar um produto ou serviço 
agora para receber em períodos futuros traz consigo um risco de não recebimento. 
Esse risco de não ingresso dos recursos no tempo devido abre uma lacuna no 
fl uxo de caixa da empresa, que precisa ser preenchida. Historicamente, é possível 
calcular o percentual de inadimplência e, por consequência, o montante de recursos 
que provavelmente deixarão de ingressar no caixa da empresa. Para cobrir esta 
lacuna, a empresa pode tomar empréstimos ou transferir o risco da cobrança para 
um terceiro, como ocorre nas vendas a prazo através do cartão de crédito. 
Você sabia que cada forma de venda a prazo possui uma 
série de vantagens e desvantagens? Conheça um pouco mais 
pesquisando no SEBRAE através do link a seguir: <http://www.
sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/artigos/o-preco-e-a-infl uencia-na-
escolha-do-tipo-do-pagamento,224ad1eb00ad2410VgnVCM100000
b272010aRCRD>.
Assim, o custo fi nanceiro de se fi nanciar o cliente somado ao risco do não 
ingresso destas receitas no caixa da empresa deve compor o preço de vendas a 
prazo, conforme ilustra a Figura 30. 
120
 PLANEJAMENTO E CONTROLE FINANCEIRO
Figura 30 – Formação do preço de venda
Fonte: Antonik (2016, p. 53).
Antonik (2016) afi rma que as micro e pequenas empresas são aquelas mais 
propensas ao risco de crédito, e um dos motivos que mais impactam neste risco 
refere-se à análise do crédito. 
Antonik (2016) afi rma que dada a importância do crédito, faz-se necessário 
uma maior profi ssionalização e técnica na sua concessão. Não quer dizer que se 
deve ter uma política de conceder mais ou menos crédito, mas adotar critérios 
e correr riscos que tenham retornos proporcionais, sendo rigoroso na hora de 
conceder créditos. Veja na Figura 31 como uma política de crédito errada pode ter 
efeitos adversos sobre as vendas de uma empresa. Segundo Antonik (2016) são 
três as regras básicas no momento da concessão do crédito: 
• Verifi car o histórico de pagamento do cliente: essa regra tem o intuito 
de verifi car se o cliente tem um histórico de inadimplemento, se é um 
mal pagador. Isto é possível de aferir verifi cando o cadastro do cliente 
em entidades que controlam este tipo de histórico, como Serasa, por 
exemplo. Se há um histórico de atrasos de pagamentos, o que pode 
fazer com que o cliente tenha uma atitude diferenciada na aquisição do 
seu produto ou serviço? 
• Preço de custo da mercadoria vendida à vista
• Custo fi nanceiro ou juro do fi nanciamento 
 do cliente
• Risco envolvido na atividade de fi nanciamento 
 dos cliente
Preço de venda a prazo
Risco
Juros
À vista
121
NEGOCIAÇÃO COM BANCOS, CREDORES E DEVEDORES Capítulo 5 
Figura 31 – Políticas de Crédito
Fonte: Antonik (2016, p. 48).
• Averiguar a capacidade de pagamento do cliente: este é um ponto 
importante, pois caso o cliente não demonstre ter uma renda recorrente 
e em um montante sufi ciente, como ele poderá quitar a dívida com a sua 
empresa. Além de ter uma renda recorrente esta deverá ser capaz de 
cobrir as necessidades básicas de sua subsistência, quitar outros débitos 
que porventura o cliente tenha e ainda quitar as dívidas contraídas na 
sua empresa. 
• Avaliar a existência de risco sistêmico: Antonik (2016) afi rma que este 
tipo de avaliação é mais impactante para clientes com fi nanciamento 
de longo prazo, pois refere-se a questões da economia como um todo, 
como recessões, infl ação elevada, alta de juros etc. Assim, para compras 
que se consolidarão no longo prazo, é preciso saber se o cliente terá 
condições de arcar com os compromissos assumidos mesmo que a 
economia tenha tomado rumos adversos no futuro. 
A seguir vamos verifi car com mais detalhes a análise de crédito. 
Análise de CrÈdito
Maia (2007) afi rma que para acreditar naqueles que demandam crédito são 
necessários basicamente dois elementos: tempo e informação. Essa afi rmação 
se baseia na premissa de que só se pode confi ar em quem se conhece. E para 
conhecer alguém é necessário tempo e histórico de transações passadas. 
Tudo que é 
bom dura 
pouco
Risco de crédito 
aumenta 
signi� cativamente
Política de 
crédito “frouxa”,
cliente satisfeito
Vendas 
disparam
122
 PLANEJAMENTO E CONTROLE FINANCEIRO
Analisar crédito, como vimos na breve explanação de Antonik (2016), é fazer 
uma previsão sobre situações futuras. Situações futuras da economia, situações 
futuras do pagador. Segundo Maia (2007, p. 18) “análise de crédito é uma 
atividade que tem por objetivo prever a capacidade e a vontade de um devedor 
honrar suas dívidas no momento em que se tornem exigíveis”.
Segundo Maia (2007, p. 18) a qualidade da análise de crédito é dependente da 
capacidade do profi ssional avaliador e da “sufi ciência, integridade e consistência 
das informações sobre o crédito”.
Os Cs do CrÉdito
Antonik (2016) afi rma que a empresa pode usar como apoio ao processo 
decisório para concessão de crédito ao cliente uma ferramenta de análise 
denominada os Cs do crédito. Se analisarmos a concessão de crédito a pessoa 
física, temos 5 Cs, quando falamos em crédito a pessoa jurídica, segundo Maia 
(2007), adicionamos um sexto C. 
• Caráter: o primeiro C a ser analisado é o caráter. Essa análise se baseia na 
premissa de que, segundo Maia (2007, p. 19), “as pessoas são diferentes 
e agem diferentemente diante das diversas situações”. Esse C tem uma 
importância muito grande na análise, e ele mensura o comprometimento do 
indivíduo em quitar o crédito assumido. Ele pode contrariar muitas premis-
sas objetivas, como a renda do cliente, por exemplo. Muitas vezes, bons 
pagadores possuem rendas mínimas, mas um compromisso ético de não 
atrasar suas contas, ao passo que pessoas com alto rendimento podem 
deliberadamente deixar de pagar suas contas. Este fator é intrínseco de 
cada pessoa. Como Antonik (2016) e Maia (2007) corroboram, a análise 
de caráter leva em conta o histórico do pagador e sua pontualidade no pa-
gamento de dívidas pregressas, sendo um indicador de que ele tenderá a 
honrar pagamentos futuros, porém, por óbvio, não é garantia de que isso de 
fato ocorrerá, por isso a necessidade de uma análise sistêmica. 
123
NEGOCIAÇÃO COM BANCOS, CREDORES E DEVEDORES Capítulo 5 
O Caráter é um ponto fundamental para a concessão de 
microcrédito, crédito de pequena monta emprestado a pessoas de 
baixa renda e microempreendedores formais e informais. Esse 
tipo de crédito possui baixa inadimplência, apesar das pessoas 
terem baixa renda e muitos tomadores deste tipo de empréstimos 
não possuírem as formalidades necessárias para conseguir 
crédito de forma tradicional. Conheça mais do trabalho iniciado por 
Muhammad Ynus, ganhador do prêmio Nobel de Economia, no link 
<https://revistas.pucsp.br/index.php/pensamentorealidade/article/
download/31679/22480>.
• Capacidade: a capacidade refere-se à condição que o tomador de crédito 
terá para honrar a sua dívida contraída. Assim, conforme menciona 
Maia (2007), não basta o cliente ter a vontade, o anseio em pagar as 
suas contas no momento em que são exigidas,é necessário também ter 
condições fi nanceiras de fazê-lo. A empresa que concede crédito deve ter 
isto em mente, é preciso analisar cuidadosamente a saúde fi nanceira do 
tomador de crédito, seja pessoa física ou jurídica.
 
• Capital: a análise do capital é determinante para a capacidade de 
pagamento e devido a sua importância é destacado como um C específi co 
a ser analisado. Blatt (1999 apud MAIA 2007, p. 20) defi ne capital como 
“ a fonte de receita e renda do cliente, ou seja, quais as origens de 
seus recursos, sua frequência e consistência”. Aqui é feita uma análise 
especifi ca sobre o capital que o tomador de crédito possui para pagar o 
que está sendo fi nanciado. Ele refl ete diretamente sobre a capacidade 
de pagamento. Schrickel (1997 apud MAIA, 2007) afi rma que na análise 
do capital verifi ca-se como o cliente transforma seu negócio em um 
rendimento capaz de saldar compromissos futuros. 
Para a pessoa física, pode-se analisar o montante de rendimentos e o 
seu comprometimento com outras dívidas, assim como a estabilidade deste 
rendimento. Para pessoas jurídicas, a saúde fi nanceira da empresa pode 
ser verifi cada através da análise de indicadores do balanço patrimonial e 
demonstração do resultado do exercício, como índices de liquidez, índice geral de 
endividamento, retorno sobre o ativo etc. 
124
 PLANEJAMENTO E CONTROLE FINANCEIRO
• Condições: as condições estão relacionadas às variáveis que não são 
controladas por quem concede e por quem toma o empréstimo, mas que 
são capazes de afetar o negócio entre as partes no futuro. Por exemplo, 
neste quesito são avaliados, segundo Antonik (2016, p. 54) “questões am-
bientais, como de fenômenos naturais, caráter geral da economia, como 
infl ação, nível de emprego e níveis de atividade da indústria ao qual o 
cliente pertence”. Maia (2007) afi rma que avaliar as condições micro e 
macroeconômicas que permeiam a concessão de crédito ajuda a mensu-
rar o risco do negócio. Assim, caso os demais Cs sejam favoráveis, uma 
condição econômica adversa pode elevar muito o risco de se obter o crédi-
to de volta. Um exemplo disso são as variações cambiais. Por mais que 
o cliente possua caráter, capacidade e capital para quitar as dívidas, se a 
concessão de crédito envolver importações, sem um seguro cambial, por 
exemplo, o risco de crédito aumenta consideravelmente, pois a fl utuação 
do câmbio desfavorável ao negócio do cliente pode ruir com a sua capaci-
dade de pagamento. 
• Colateral: Collateral é o termo em inglês utilizado para garantia acessória, 
segundo Maia (2007). Segundo a autora, ela é utilizada para comprom-
eter o tomador de empréstimo tanto moral, quanto patrimonialmente. A 
garantia pode inibir a inadimplência devido ao temor de que a concedente 
do crédito venha a tomar posse dos bens vinculados à operação. Antonik 
(2016) afi rma que esta análise é bastante útil, porém nem todas operações 
de crédito são viáveis de se obter uma garantia, no varejo em geral não é 
comum a utilização de garantias para pagamentos de créditos.
• Conglomerado: o conglomerado refere-se especifi camente à concessão 
de crédito a pessoas jurídicas, pois, segundo Maia (2007), está relaciona-
da à análise das empresas pertencentes a um mesmo grupo econômico. 
Segundo Maia (2007), as empresas tendem a seguir a mesma política e 
diretrizes da empresa controladora ou seu acionista majoritário de forma 
que as questões relacionadas ao caráter e à capacidade devem seguir um 
mesmo padrão. 
125
NEGOCIAÇÃO COM BANCOS, CREDORES E DEVEDORES Capítulo 5 
Atividade de Estudos:
1) Por que, mesmo que o cliente tenha caráter, a empresa deve 
fazer uma análise conjunta de todos os Cs do crédito? 
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InadimplÊncia 
Segundo Maia (2007), inadimplência trata-se de uma quebra de contrato, de 
uma falta de pagamento de um crédito contratado, acordado, que foi exigido no 
tempo programado e não foi quitado pelo tomador. A regra é o pagamento na 
data acordada, mas a exceção ocorre e deve ser bem analisada e contabilizada 
pelo fornecedor do crédito. Maia (2007) afi rma que o adimplemento, o pagamento 
das dívidas, possui inclusive uma função social, haja vista que permitem uma 
recirculação de dinheiro, de crédito, de capital. À medida que as taxas de 
inadimplência caem, os juros acompanham, permitindo uma maior concessão de 
crédito e aumento do consumo, por consequência a economia melhora, gerando 
mais renda, mais riqueza para a nação. 
Maia (2007) utiliza o código civil para demonstrar que existem dois tipos 
de inadimplência. A absoluta, que ocorre quando obrigação que deixou de ser 
cumprida e não pode ser realizada de forma útil ao credor. Para este tipo de 
inadimplência há previsão de pagamento de juros e atualização monetária e ainda 
há possibilidade de responsabilizar o devedor por danos morais. 
Já o inadimplemento relativo ocorre quando há o cumprimento imperfeito da 
obrigação, como o pagamento fora da data combinada. Nesse caso, pode haver 
a cobrança de mora, uma multa pelo fato de não se cumprir integralmente o 
combinado em contrato. 
126
 PLANEJAMENTO E CONTROLE FINANCEIRO
Negociação com Credores
A empresa pode também chegar a uma situação de inadimplência, e para 
isso minimizar essa situação, que se for estendida por muito tempo pode ser a 
causa de fechamento da empresa, é importante realizar três ações, segundo o 
Sebrae (2016a): compreender a natureza da dívida, entender o motivo da falta de 
recursos e negociar a dívida, conforme podemos verifi car na Figura 32. 
Figura 32 – Passo a passo para sair da inadimplência
Fonte: Sebrae (2016 a, p. 5).
a) Entendendo a natureza da dívida
Segundo Sebrae (2016a), entender a natureza das dívidas de uma empresa 
ajuda no planejamento das necessidades de capital de terceiros. Assim, 
segregando cada tipo de dívida que a empresa tem, é possível saber se a dívida 
afeta as operações diárias ou então os planejamentos de expansão, dependendo 
da natureza da dívida, já se saberá o quão grave é a situação. Segundo Sebrae 
(2016a), são três os grandes grupos de dívidas de uma empresa:
1) Dívidas de investimento.
2) Dívidas de capital de giro.
3) Dívidas para cobrir fl uxos de caixas negativos. 
• Dívidas de investimento
Este grupo de dívidas é normalmente realizado para expansão dos negócios, 
e tem consigo uma intenção de aumento da produção e por consequência receita. 
Sebrae (2016a) afi rma que este tipo de fi nanciamento normalmente é realizado 
com base um planejamento e quanto melhor for este planejamento maiores são 
as chances de que os pagamentos desta dívida sejam realizados conforme o 
contrato. 
Negociar 
a dívida
Entender o 
motivo da falta 
de recursos
(inadimplência
Entender a
natureza da
dívida
127
NEGOCIAÇÃO COM BANCOS, CREDORES E DEVEDORES Capítulo 5 
O Sebrae (2016a) afi rma que em pequenas empresas, nas quais a pessoa 
física do sócio por vezes se confunde com a pessoa jurídica (negócio), alguns 
fi nanciamentos são tomados pela empresa para fi ns pessoais, o que acaba 
sobrecarregando o fl uxo de caixa da fi rma, trazendo inadimplência. É de fundamental 
importância que a empresa não se confunda com a pessoa física do proprietário. 
• Dívidas de Capital de Giro
Segundo o Sebrae (2016a), quando há um incremento nas vendas, é comum 
as empresas necessitarem de um capital de giro maior para poder comprar 
matérias-primas, contratar empregados, pagar energia etc. Essa necessidade 
pode vir também da concessão de um prazo maior para o pagamento dos clientes.
O recurso para cobrir esse capital de giro excedentepode vir de 
fi nanciamentos com instituições bancárias ou da negociação direta com 
fornecedores, estendendo-se o prazo de pagamento ou até mesmo pagando as 
compras em parcelas. 
É preciso calcular se a margem de lucro adicionada pelo aumento de vendas 
cobre os custos de aquisição de capital de giro adicional, para saber se a operação 
está compensando. 
• Dívidas para cobrir fl uxos de caixas negativos
De acordo com o Sebrae (2016a), a empresa pode ter necessidade de 
contratar empréstimos visando cobrir fl uxos de caixa negativos, que podem ter 
três causas distintas: 
 − Descasamento da necessidade de capital de giro com o capital de giro 
disponível.
 − Imprevistos.
 − Operação defi citária. 
O primeiro caso, do descasamento entre a necessidade de capital de giro e o 
capital de giro disponível ocorre quando a empresa não supre a necessidade e a 
consequência é um fl uxo de caixa defi citário. 
O segundo caso refere-se aos imprevistos, como um acidente com 
transportes, crise econômica, dentre outras. Cabe ressaltar que alguns dos 
imprevistos podem ser previsíveis e podem ser evitados com a contratação de 
seguros. Dependendo do impacto deste fl uxo negativo, a economia gerada com a 
não aquisição de um seguro pode não compensar. 
128
 PLANEJAMENTO E CONTROLE FINANCEIRO
O terceiro caso é a operação defi citária, ou seja, mesmo não havendo 
imprevistos e com o capital de giro adequado, a empresa não gera resultado e, 
pior, gera défi cit. Assim, é necessária uma profunda revisão no modelo de negócio 
da empresa, pois suas premissas não geram resultados e a empresa pode estar 
perto de fechar suas portas. 
b) Entendendo o motivo da inadimplência 
O Sebrae (2016a) alerta para a necessidade de as empresas entenderem 
quais são os motivos exatos que estão ocasionando as dívidas. Os motivos 
estão relacionados à natureza da dívida, mas devem ser expressados em uma 
demonstração de resultados do exercício, ou então em um fl uxo de caixa, por um 
determinado período. Veja o exemplo a seguir de um projeto de operação de um 
estacionamento por um período de 5 meses. Veja que o problema deste fl uxo de 
caixa está no tamanho do investimento a ser realizado e no período, ele não é 
capaz de ser amortizado durante os quatro meses de operação. Um período mais 
prolongado para amortizar esta dívida poderia resolver o problema, assim como um 
fi nanciamento, que reduziria a base de cálculo dos desembolsos sobre o lucro.
Tabela 2 – Fluxo de caixa auxiliar
Fonte: O autor.
129
NEGOCIAÇÃO COM BANCOS, CREDORES E DEVEDORES Capítulo 5 
Segundo o Sebrae (2016a), outros problemas podem fi car evidentes, como a 
difi culdade de suportar os juros, defi ciências operacionais etc. 
c) Negociando a dívida
Segundo o Sebrae (2016a), uma vez que a dívida se faz presente, e que já 
foram revistos os processos operacionais da empresa, de modo que ela possa 
ampliar seu desempenho, é chegada a hora de renegociar a dívida com seus 
credores. 
Um passo importante é a preparação de uma projeção de fl uxo de caixa, 
que demonstrará a capacidade de pagamento da dívida renegociada, assim como 
a difi culdade em adimplir a dívida como ela está contratada originalmente. Isso 
dará confi ança ao credor de que a negociação realizada surtirá efeito e que sua 
empresa está de fato passando por difi culdades, e o seu problema está nos Cs de 
Capacidade e Capital e não no C de Caráter, ou seja, você quer pagar a dívida, 
mas não consegue. 
O Sebrae (2016a) afi rma que outros valores além do saldo de caixa disponível 
ao longo dos períodos podem ser levantados com o intuito de ajudar a amortizar a 
dívida, como a venda de alguns ativos, como veículos, máquinas e equipamentos, 
imóveis. Contudo é necessário realizar uma análise para que a venda destes 
ativos não impacte em fl uxos de caixa futuros, ou seja, para que esta venda não 
prejudique as operações da empresa. 
Importante que o empresário tenha domínio sobre as taxas de juros, prazos 
e valores de parcela que são possíveis de serem negociados. O Sebrae (2016a) 
alerta para o fato de que este passo se trata de uma negociação, então é 
importante ter uma margem de segurança nos valores propostos, uma vez que o 
credor também poderá barganhar por valores maiores. 
O Sebrae (2016a, p. 11) traz algumas sugestões importantes para o momento 
da negociação com o credor, que são: 
• não encare o credor como um adversário, mas sim como um 
parceiro na busca de uma solução para o problema de ambos; 
• seja verdadeiro, é a melhor forma de transmitir credibilidade; 
• conheça profundamente seu negócio, só assim o credor 
acreditará que você pode gerar os recursos necessários; 
• evite o envolvimento pessoal na discussão, estamos tratando 
de negócios; 
• defi na seus limites na negociação; 
• lembre-se esta é uma negociação onde ambas as partes 
podem ganhar juntas.
130
 PLANEJAMENTO E CONTROLE FINANCEIRO
Um tipo de credor específi co e que é mubbbito experiente e capacitado no 
momento da negociação são os bancos, para os quais traremos uma abordagem 
de negociação específi ca. 
NegociaçÂo com Bancos
Sebrae (2018) afi rma que não existem fi nanciamentos específi cos com o 
intuito de substituir as dívidas atuais da empresa por dívidas mais baratas. No 
entanto, existe sempre a possibilidade de renegociação, seja alterando a taxas de 
juros ou o prazo e valor das parcelas. 
Cabe sempre observar os passos da renegociação das dívidas elencadas no 
item anterior, para identifi car quais as condições de pagamento que podem ser 
absorvidas pela empresa. 
Sebrae (2018, p. 1) afi rma que “quando a empresa estiver com o nome 
registrado nos cadastros de restrição ao crédito é necessário, primeiro, retirar o 
nome das entidades de controle cadastral do crédito, tais como Serasa, SPC e 
Cadin, e só depois partir para um empréstimo”.
Caso haja a necessidade de que um empréstimo novo seja realizado, sem 
que a empresa quite fi nanciamentos existentes, por motivos de aumento de capital 
de giro, por exemplo, é preciso que a empresa tenha margem operacional para 
absorver esta dívida, caso contrário a empresa fi cará com fl uxos de caixa negativos 
e a situação fi nanceira da empresa se deteriorará, podendo levá-la à falência. 
Para determinados casos pode ser interessante quitar as dívidas anteriores 
por meio de recursos próprios, para então partir para um novo fi nanciamento. 
Todas estas análises devem ser feitas utilizando-se de um fl uxo de caixa auxiliar, 
para que as devidas simulações de impacto da dívida possam ser realizadas. 
Tenha em mente que bancos são um tipo de credor especializado em 
cobrança, e que em determinados empréstimos exigem garantias acessórias que 
podem ser executadas caso as negociações não surtam efeitos. 
131
NEGOCIAÇÃO COM BANCOS, CREDORES E DEVEDORES Capítulo 5 
Atividade de Estudos:
1) Por que é importante utilizar-se de uma planilha de fl uxo de caixa 
para negociar a dívida da empresa com bancos e credores? 
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Negociação com Devedores
Assim como negociar com os credores, a negociação com os clientes requer 
um planejamento, de modo que tenhamos uma maior efi cácia no retorno das 
receitas perdidas. 
Já abordamos uma etapa importante e preventiva, que é a análise de crédito, 
mas agora vamos abordar como negociar com os devedores da empresa, pois, 
mesmo para empresas que adotem uma política de crédito bastante restritiva, 
o risco da inadimplência é algo a ser considerado e é preciso estar preparado 
para agir quando ele ocorrer. O Sebrae (2016b) traz um passo a passo para a 
negociação comos devedores, que envolve: 
a) Controle contínuo dos seus devedores
Ter um acompanhamento dedicado à inadimplência auxilia o empreendedor 
a conhecer o perfi l dos clientes com este comportamento e também auxilia a 
saber o montante das dívidas e o quanto elas estão impactando no seu fl uxo de 
caixa. Estas informações serão de grande ajuda também no momento de se rever 
a política de crédito da empresa, pois ajustes podem ser necessários no prazo de 
pagamento, ou então na análise cadastral dos clientes. 
b) Negociação de um plano de liquidação
É preciso ter um plano de liquidação para quando houver algum atraso, assim 
alertas podem ser emitidos para corrigir lapsos daqueles clientes que tenham 
132
 PLANEJAMENTO E CONTROLE FINANCEIRO
Caráter, Capacidade e Capital, mas que porventura esqueceram de efetuar o 
pagamento em dia. Assim, segundo o Sebrae (2016b, p. 2) os seguintes passos 
podem ser utilizados para evitar atrasos e inadimplência: 
• Contate o cliente assim que for diagnosticada a dívida, 
perguntando-lhe o motivo do atraso e negociando uma nova 
data para o pagamento.
• Anote: o motivo do atraso, nome e cargo das pessoas 
contatadas, nova data negociada.
• Peça que o devedor lhe envie, via fax/e-mail, solicitação de 
novo prazo de pagamento, indicando o motivo do atraso. Tente 
obter um cheque pré-datado com o novo vencimento.
• Se o seu cliente não puder pagar de uma só vez o débito, 
procure negociar um novo plano de liquidação da dívida, 
ponderando a aplicação de juros. 
A ação rápida do empresário poderá evitar maiores impactos desta ausência 
de receita no fl uxo de caixa do negócio, para isso é importante que setor de fi nanças 
tenha um procedimento de cobrança padrão, um manual que lhe orientará o que 
fazer quando identifi car um atraso ou um inadimplemento mais grave. O Sebrae 
(2016b) traz um exemplo de plano de ação de cobrança composto de 8 etapas: 
Etapa 1: envio de carta registrada com identifi cação de recebimento. Esta carta 
comunica o devedor para honrar a dívida dentro de um curto período de tempo 
(uma ou duas semanas), caso não ocorra situações mais graves poderão ser 
acionadas, como medidas de cobrança extrajudicial ou até mesmo judicial. 
Etapa 2: encerrar o fornecimento ao cliente devedor. Pode-se também contatar o 
fi ador para comunicar a situação de inadimplemento do cliente.
Etapa 3: caso nenhuma das ações das etapas anteriores tenham tido sucesso, 
e não se estabeleceu um plano de negociação, a divulgação do débito junto ao 
mercado pode pressionar o devedor a entrar em contato e estabelecer este canal. 
Isto pode ocorrer junto a órgãos especializados de proteção de crédito, por exemplo. 
Etapa 4: estabelecer um contato direto com o devedor, presencialmente, de modo 
que este possa iniciar um processo de negociação.
Etapa 5: acionar a assessoria jurídica para que estabeleça um processo 
de negociação administrativa do débito e informando que caso não ocorra, 
medidas extrajudiciais e judiciais serão acionadas. Apesar de já informado via 
correspondência, o contato de uma assessoria jurídica já demonstrará ao devedor 
que um processo jurídico está sendo montado. 
Etapa 6: realizar cobrança extrajudicial via cartório de protestos.
133
NEGOCIAÇÃO COM BANCOS, CREDORES E DEVEDORES Capítulo 5 
Etapa 7: realizar a execução do colateral (garantia) e executar o fi ador, quando houver.
Etapa 8: realizar outras ações judiciais de cobrança, pedidos de concordata etc.
O Sebrae (2016b) afi rma que é importante estabelecer um prazo hábil para 
cada etapa, com o intuito de que o devedor possa fazer contato e estabelecer um 
canal de negociação da dívida, evitando medidas mais drásticas e recuperando 
um cliente em potencial.
Em alguns casos, a ausência de garantia ou fi ador fará com que o 
empresário seja mais propenso a aceitar acordos mais brandos, com a retomada 
de mercadorias, ou parte destas, ou ainda abrindo mão de juros ou até mesmo 
parte da dívida. 
Atividade de Estudos:
1) Qual a importância do controle contínuo dos devedores para o 
planejamento fi nanceiro da empresa. 
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Algumas ConsideraçÕes 
Neste capítulo entramos em um assunto diferente de todos vistos até aqui 
na nossa disciplina de planejamento e controle fi nanceiro: inadimplência e 
negociação. 
Começamos entendendo o conceito de crédito, para o qual buscamos 
sempre utilizar aquele conceito mais ampliado que não seja um sinônimo direto 
de fi nanciamento bancário, pois podemos também nos fi nanciar com clientes 
(recebendo pagamentos antecipados) ou fornecedores (postergando pagamentos). 
Aqui o conceito utilizado para crédito foi aquele relacionado a receber um produto 
134
 PLANEJAMENTO E CONTROLE FINANCEIRO
ou serviço referente a uma negociação sem dar a contrapartida em recursos 
devida, de forma imediata. Quando falamos em nos fi nanciarmos com clientes, 
o conceito é o de receber o recurso, sem entregar a contrapartida em produtos e 
serviços. 
Verifi camos que a política de crédito infl uencia o volume de vendas, mas traz 
consigo um risco de não recebimento dos recursos, ou seja, pode ocorrer de não 
termos os recursos previstos na data planejada, e isto precisa estar embutido na 
precifi cação das vendas a prazo, esse custo fi nanceiro de fornecer crédito aos 
clientes precisa ser computado no preço de venda. 
Para reduzirmos os riscos com as vendas realizadas a prazo é preciso 
realizar uma análise criteriosa do tomador deste benefício. Basicamente, deve-se 
analisar os 6 Cs do crédito: Caráter, Capacidade, Capital, Condições, Colateral e 
Conglomerado. 
Toda essa análise é uma forma de prevenir a inadimplência, um 
descumprimento do contrato no tocante a desconformidade entre a necessidade 
de pagamento dos valores contratados na data acordada. 
Cabe destacar que a inadimplência pode atingir tanto os clientes quanto 
a empresa, e quando ocorre dentro de casa é importante entender a natureza 
da dívida, entender o motivo da falta de recursos e negociar a dívida, tanto com 
credores tradicionais quanto com os bancos, que são um tipo de credor específi co 
e especializado, para o qual é preciso estar preparado para negociar, utilizando-
se de estimativas para demonstrar a falta de capacidade e capital para suportar a 
dívida atual e como ela poderia ser melhor absorvida em uma renegociação. 
Por fi m, verifi camos a necessidade de negociar com devedores, identifi cando 
a necessidade de um plano de cobrança bem estabelecido, que permita uma 
notifi cação de ações com reforço de cobrança de forma gradual, indo de uma 
simples notifi cação a uma execução judicial, sem perder de vista as oportunidades 
de construção de acordos amigáveis ao longo do caminho. 
No próximo capítulo, abordaremos um tema bastante novo, que é o uso de 
moedas virtuais em pequenos negócios, conhecendo as oportunidades e também 
os riscos presentes neste modelo de negócio. 
135
NEGOCIAÇÃO COM BANCOS, CREDORES E DEVEDORES Capítulo 5 
ReFerÊncias
ANTONIK, L. R. Empreendedorismo: gestão fi nanceira para micro e pequenas 
empresas. São Paulo: Elsevier, 2016. 
MAIA, A. S. R. Inadimplência e recuperação de créditos. Universidade Federal 
do Rio Grande do Sul, Escola de Administração, programa de Pós-Graduação em 
Administração, Londrina, 2007. 
SEBRAE. Renegocie o pagamento de empréstimos. 2018. Disponível em: 
<http://www.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/artigos/renegocie-o-pagamento-de-
emprestimos,7a2d6354c2985410VgnVCM1000003b74010aRCRD>. Acesso em: 
15 fev. 2018.
SEBRAE. Entendendo e Negociando suas Dívidas. 2016a. Disponível em: <http://www.bibliotecas.sebrae.com.br/bis/download.zhtml?t=D&uid=e291c76f4ae01365
35c0b57fd1f379f3>. Acesso em: 15 fev. 2018.
SEBRAE. Política de Cobrança e controle da inadimplência. 2016b. Disponível 
em: <http://www.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/artigos/politica-de-cobranca-e-
controle-da-inadimplencia,91ac438af1c92410VgnVCM100000b272010aRCRD>. 
Acesso em: 15 fev. 2017.
136
 PLANEJAMENTO E CONTROLE FINANCEIRO
CAPÍTULO 6
Novas Moedas: Riscos e Oportunidades 
Para Pequenas Empresas
A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes 
objetivos de aprendizagem:
 Conhecer o conceito de moedas.
 Identifi car novas moedas que podem ser aplicadas a micro e pequenos negócios. 
 Avaliar os benefícios do uso de novas moedas para micro e pequenas empresas. 
 Analisar os riscos advindos do uso de novas moedas.
138
 PLANEJAMENTO E CONTROLE FINANCEIRO
139
NOVAS MOEDAS: RISCOS E OPORTUNIDADES PARA 
PEQUENAS EMPRESAS
 Capítulo 6 
ContextualiZação
Como vimos no Capítulo 1, a área de fi nanças se entrelaça com diversas 
outras áreas de estudos, sendo a área de economia e contabilidade aquelas 
com afi nidades mais tradicionais e presentes na maioria das bibliografi as que 
trabalham sobre o tema. Ao longo da nossa disciplina fomos tratando a área 
de fi nanças como uma instituição, que precisa demonstrar certa tradição nas 
suas ações, de modo que possam se medir os resultados da companhia com 
confi abilidade e solidez. Estes preceitos são muito importantes para a gestão da 
empresa e podemos dizer que eles são fundamentos do estudo de fi nanças. 
Se você já praticou algum treinamento sistematizado para algum tipo de 
esporte, como futebol, vôlei ou tênis, sabe que os treinos iniciam com a prática 
dos fundamentos, aqueles movimentos que são essenciais para movimentos e 
jogadas mais elaboradas. Assim, trabalhamos o planejamento fi nanceiro nesta 
disciplina, iniciamos com fundamentos e agora no fi nal compreenderemos temas 
mais ousados. É nesse contexto que entramos no campo das novas moedas e sua 
aplicação em pequenos negócios. Esse tema pertence à área de fi nanças, mas 
pode ser também uma sobreposição com a área de marketing, por exemplo. Só 
por este fator, podemos afi rmar que estamos cruzando as fronteiras tradicionais 
do estudo de fi nanças. Vamos dar um passo ainda maior quando tratarmos sobre 
moedas virtuais, pois entraremos no campo da tecnologia da informação e como 
o uso de moedas não reguladas pode impactar nos pequenos negócios.
A moeda tradicional é a base das negociações entre empresas e seus 
consumidores e para compreendermos como o uso de novas moedas pode afetar 
os pequenos negócios, vamos iniciar nossos estudos com um resgate sobre o 
surgimento desse veículo de transação comercial tradicional. Bons estudos! 
Origem e Evolução do DinHeiro
A moeda, como hoje a conhecemos, é o resultado de uma longa evolução. No 
início, não havia moeda, as pessoas produziam coisas somente para o seu próprio 
sustento, como arroz, feijão e outras mercadorias. Até chegarmos na moeda que 
conhecemos, a sociedade passou por um longo processo de desenvolvimento e 
evolução, conforme é apresentado a seguir.
140
 PLANEJAMENTO E CONTROLE FINANCEIRO
a) Escambo 
O Banco Central do Brasil (s.d.) afi rma que a moeda tradicional, que 
utilizamos hoje no nosso cotidiano, é fruto de uma longa evolução. No início da 
nossa sociedade organizada utilizava-se o escambo, troca de mercadorias, que 
não possuíam uma equivalência de valor. As trocas se davam pelo excedente de 
produtos que cada indivíduo ou família produzia ou extraía. Por exemplo, para 
quem pescasse mais peixes do que o necessário para sua alimentação poderia 
trocar por arroz ou feijão. O Banco Central do Brasil (s.d.) afi rma que algumas 
mercadorias passaram a ser mais procuradas do que outras e estas passaram 
então a ter uma função de moeda, seria a moeda-mercadoria. Exemplos de 
moeda-mercadoria: gado, sal, café, entre outros. 
Uma curiosidade interessante é que estas moedas deixaram suas referências 
na origem de algumas palavras até hoje utilizadas quando nos referimos a 
dinheiro. Segundo o Banco Central do Brasil (s.d.), o salário tem origem na moeda 
mercadoria sal, que era trocada por serviços prestados na Roma Antiga. Pecúnio 
(dinheiro) e pecúlio (riqueza acumulada) são derivados do latim pecus, que se 
refere ao gado. Já a palavra capital, deriva do latim capta, que signifi ca cabeça, 
em referência às cabeças de gado. 
Com o passar do tempo, segundo o Banco Central do Brasil (s.d.), os 
volumes de negócios passaram a fi car maiores e então a moeda-mercadoria 
passou a trazer alguns inconvenientes, como o fato de ser perecível, difi cultando 
o acúmulo de riquezas.
b) Metal
A partir do momento em que o homem descobriu o metal, este passou a 
utilizá-lo nas suas aplicações cotidianas, como a forja de armas e utensílios 
domésticos. Segundo o Banco Central do Brasil (s.d., p. 1), por satisfazer os 
padrões de “entesouramento, divisibilidade, raridade, facilidade de transporte 
e beleza, o metal se elegeu como principal padrão de valor”. Então, o metal 
começou a ser trocado sobre as mais variadas formas, como joias, in natura, na 
forma de utensílios etc. 
Para uma transação comercial, utilizando-se os metais em formatos variados, 
era necessária uma aferição, uma comprovação do grau de pureza e do peso de 
material dado em troca, para então atribuir o seu valor. 
Uma nova evolução ocorreu com a padronização da forma de apresentação 
do metal, com um peso específi co e uma marca indicativa de valor que permitia 
identifi car também quem havia emitido esse metal-moeda. 
141
NOVAS MOEDAS: RISCOS E OPORTUNIDADES PARA 
PEQUENAS EMPRESAS
 Capítulo 6 
No início, as moedas tiveram formas de réplica de utensílios, como faca 
e chave, por exemplo, estas eram encontradas no Oriente Médio. O talento, 
segundo o Banco Central do Brasil (s.d.), era uma moeda de cobre, que possuía o 
formato de pele de animal, com circulação na Grécia e em Chipre. 
c) Moeda tradicional 
Segundo o Banco Central do Brasil (s.d.), a moeda nos formatos mais 
próximos dos que circulam atualmente só foram surgir a partir de século VII a.c. 
Eram pequenos objetos de metal, com peso e valor padronizados, identifi cando o 
emissor, que garantiria o valor da moeda. 
Na Grécia, eram produzidas moedas de prata, e na Lídia um lingote oval com 
ouro e prata, que era denominado eletro. 
Na época, o processo de cunhagem de uma moeda era totalmente manual 
e arcaico, fazendo com que as moedas não tivessem uma padronização na sua 
forma.
Até o século XIX, as moedas eram cunhadas em materiais preciosos, como 
ouro e prata, seu valor equivalia e era intrínseco. Assim, segundo o Banco Central 
do Brasil (s.d., p. 2) “uma moeda na qual haviam sido utilizados vinte gramas de 
ouro, era trocada por mercadorias deste mesmo valor”.
Ao fi nal do século XIX, as moedas passaram a ser cunhadas de outros 
metais, e seus valores passaram a representar o valor determinado em sua face, 
não guardando mais referência ao material em que era produzida. 
d) Moeda de papel 
Segundo o Banco Central do Brasil (s.d.), na Idade Média, era 
comum as pessoas armazenarem suas riquezas com ourives e este, 
como forma de garantia, lhes atribuía um recibo. Este recibo passou, 
então, a circular como forma de pagamento e passaram a exercer 
a função de moeda. No país, segundo o Banco Central do Brasil 
(s.d.), os primeiros bilhetes que foram negociados foram emitidos 
pelo Banco do Brasil, em 1810, e possuíam grafados à mão o seu 
valor comercial, assim como as conhecidas folhas de cheques. Com 
o passar do tempo, os governos assumiram o controle de emissão 
de cédulas e moedas para coibir a falsifi cação e garantindo o poder 
de pagamento. Os Bancos Centrais assumem este papel na imensa 
maioria das nações.
Com o passar do 
tempo, os governos 
assumiram o 
controlede emissão 
de cédulas e 
moedas para coibir 
a falsifi cação e 
garantindo o poder 
de pagamento. Os 
Bancos Centrais 
assumem este papel 
na imensa maioria 
das nações.
142
 PLANEJAMENTO E CONTROLE FINANCEIRO
e) Sistema Monetário 
O sistema monetário, segundo o Banco Central do Brasil (s.d., p. 3), refere-
se à forma de organização das moedas de um determinado país: “o conjunto de 
cédulas e moedas utilizadas por um país forma o seu sistema monetário”. Existe 
uma regulação própria que rege este sistema e ele é baseado em uma legislação 
específi ca. 
Conheça maiores detalhes do sistema monetário atual do país, 
acessando o link: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9069.
htm>.
O Banco Central do Brasil afi rma que praticamente todas as nações utilizam-
se como menor unidade divisional da moeda o centésimo, no qual a menor 
unidade monetária em circulação equivale a um centésimo da sua unidade de 
valor. Assim, no Brasil, a unidade monetária corresponde ao real, e a menor 
unidade em circulação é a moeda de um centavo, correspondente a um centésimo 
do valor de um real. 
Costuma-se aplicar os maiores valores em cédulas e os menores valores 
em moedas. A tendência é de que as necessidades diárias dos estabelecimentos 
comerciais, sobretudo os pequenos negócios, sejam mais volumosas em moedas, 
haja vista que estas possuem uma durabilidade muito maior do que as cédulas. Assim, 
para pequenos negócios, as moedas em metal representam uma unidade monetária 
bastante importante na operação fi nanceira do caixa dos comércios em geral. 
f) Moeda Bancária - Cheques 
Existe uma moeda denominada moeda bancária, também denominada 
de moeda escritural, os tradicionais cheques aos quais estamos habituados a 
conviver no comércio. Esta moeda corresponde, segundo o Banco Central do 
Brasil (s.d.), a depósitos à vista e substituem as cédulas e as moedas. Apesar 
de costumeiros, os cheques pré-datados são uma inovação não reconhecida 
pelos bancos, apesar de ser frequente a sua menção em disputas com órgãos de 
proteção ao crédito. Na essência, o cheque equivale a um depósito à vista.
Os bancos, geralmente, fornecem folhas de cheques aos seus correntistas 
de modo que estes possam emiti-los nos valores desejados para realizar 
143
NOVAS MOEDAS: RISCOS E OPORTUNIDADES PARA 
PEQUENAS EMPRESAS
 Capítulo 6 
pagamentos que serão compensados, confrontando o saldo de conta com o valor 
escriturado no cheque. 
O Banco Central do Brasil (s.d.) afi rma que os cheques possuem como 
vantagens a facilidade de movimentar grandes quantias, sem a necessidade de 
saques de valores em espécie, economizando tempo e evitando furtos de valores. 
O uso do cheque pode cair em descrédito devido às garantias de existência de 
fundos para quitar a promessa de compra ou saque na conta corrente do emissor, 
seria o temor pelo conhecido cheque sem fundos. Para o Banco Central do Brasil 
(s.d., p. 4) “os benefícios propiciados pelo uso do cheque só são possíveis onde 
leis rigorosas punem os emitentes de cheques sem fundos, amparando, assim, 
sua circulação”.
g) Cartões de crédito e débito
Um outro substituto das moedas em cédulas são cartões de plástico, emitidos 
por instituições fi nanceiras, bancos e estabelecimentos comerciais. Estes cartões 
possuem uma sequência numérica que identifi cam o pagador, e através de uma 
senha, ou código de verifi cação é possível que seus proprietários possam realizar 
compras ou pagamentos, e assumindo um compromisso com o pagamento deste 
valor em data futura, junto à instituição que emite o cartão, ou seja, o comerciante 
recebe o dinheiro em um curto espaço de tempo, em um ou dois dias, e o cliente 
possuirá um prazo para pagar que pode variar de alguns dias a até mais de um 
mês, normalmente. 
O comerciante paga um pequeno percentual pela utilização deste serviço e 
o cliente poderá pagar anuidade pelo uso do cartão. Alguns emissores fornecem 
descontos progressivos para alguns clientes em função dos volumes de transação 
realizados no cartão de crédito. Um dos maiores benefícios do uso do cartão de 
crédito é a possibilidade de realizar transações diretamente pela internet. Cartões 
de débito possuem uma funcionalidade parecida com os cartões de crédito e sua 
diferença principal é que o valor é diretamente debitado da conta corrente do 
usuário, o que diminui alguns riscos para o lojista e a entidade emissora do cartão, 
neste caso, normalmente os bancos tradicionais. Segundo o Banco Central do 
Brasil (s.d.), existem algumas variáveis de cartões de débito, como os smartcard, 
que são cartões pré-pagos, no qual você paga uma fatura que adiciona crédito ao 
cartão e ele vai sendo consumido como se fosse um cartão de débito vinculado a 
uma conta corrente em um banco. Existem também os cartões pré-pagos a serem 
utilizados em viagens internacionais, nos quais são creditados valores na moeda 
corrente do país ao qual o viajante se destina.O Banco Central do Brasil (s.d., p. 
5) afi rma que: 
144
 PLANEJAMENTO E CONTROLE FINANCEIRO
[...] o dinheiro, seja em que forma se apresente, não vale por 
si, mas pelas mercadorias e serviços que pode comprar. É 
uma espécie de título que dá a sua portadora faculdade de 
se considerar credor da sociedade e de usufruir, por meio do 
poder de compra, de todas as conquistas do homem moderno.
 
Assim, a evolução do dinheiro tradicional, na forma que o conhecemos 
na sua essência, evoluiu conforme a nossa abordagem até aqui. No entanto, 
atualmente estamos vivenciando uma nova etapa, uma quebra de paradigma com 
o surgimento de novas moedas, as quais abordaremos a seguir. 
h) Novas Moedas
Academicamente, ainda estamos tão habituados ao nosso sistema fi nanceiro 
tradicional, que existe pouca literatura disponível sobre novas moedas e moedas 
virtuais. Talvez pela sua difi culdade em reconhecê-las como moedas, ou talvez 
seja pela novidade do tema. Não conseguimos saber com precisão. Para 
compreendermos este tema, realizamos pesquisas em artigos científi cos recentes 
e publicações de profi ssionais especializados na área, assim como em entidades 
internacionais e intergovernamentais de prevenção a fraudes no sistema 
fi nanceiro. 
Para Barreto (2017), quando falamos em moedas virtuais, não 
necessariamente estamos falando de algo essencialmente novo. Por exemplo, um 
programa de pontuação no cartão de crédito pode ser considerado uma moeda 
virtual. Um programa de milhagem de companhias aéreas também, assim como 
um simples cupom de desconto. 
Segundo a Financial ActionTask Force - FATF (2014) a moeda 
virtual é uma representação digital de um valor que pode ser 
negociado no universo virtual. A moeda virtual funciona como um 
meio de troca; e/ou uma unidade de conta; e/ou uma loja câmbio, mas 
não tem status de moeda legal. Quando a moeda virtual é ofertada 
a um determinado credor, é considerado uma oferta de pagamento 
válida. Uma outra característica é de que as moedas virtuais não são 
emitidas e nem garantidas por qualquer instituição governamental. 
Esta validade das moedas virtuais ocorre por um consenso admitido entre os 
usuários deste tipo de moeda. 
A moeda virtual se distingue da moeda tradicional, do dinheiro real, mas em 
alguns casos pode ser convertida neste, ou seja, em alguns casos pode-se trocar 
moeda virtual por dinheiro real. 
Segundo a Financial 
ActionTask Force- 
FATF (2014) a 
moeda virtual é uma 
representação digital 
de um valor que 
pode ser negociado 
no universo virtual.
145
NOVAS MOEDAS: RISCOS E OPORTUNIDADES PARA 
PEQUENAS EMPRESAS
 Capítulo 6 
A FATF (2014) alerta para a distinção da moeda virtual do chamado e-money, 
que é uma representação digital da moeda tradicional utilizada para transferir 
dados eletronicamente denominados em moeda tradicional. 
Assim, podemos verifi car alguns elementos novos na moeda virtual, um deles 
é a ausência de um controle de emissão e circulação por parte de uma entidade 
controladorado sistema fi nanceiro nacional, ou seja, nas moedas virtuais não 
existe um banco central dando garantias de que aquela moeda virtual poderá 
ser aceita em determinadas transações nem a sua equivalência de valor e muito 
menos a sua autenticidade. 
A FATF - Financial ActionTask Force -, ou força tarefa de ação 
fi nanceira, numa tradução literal é um órgão intergovernamental 
criado em 1989 pelos ministros de seus estados membros, dos 
quais o Brasil é um destes. Os objetivos da FATF é estabelecer 
padrões e promover a implementação efetiva de medidas legais, 
regulamentares e operacionais para combater lavagem de dinheiro, 
o fi nanciamento do terrorismo e outras ameaças relacionadas à 
integridade do sistema fi nanceiro internacional. Conheça mais sobre 
o trabalho realizado pela FATF, através do link: <http://www.fatf-gafi .
org/home/>.
Segundo a FATF (2014), há dois tipos básicos de moedas virtuais, aquelas 
conversíveis e aquelas não conversíveis: 
• Moedas virtuais conversíveis: este tipo de moeda corresponde àquelas 
para as quais há um mercado ativo, ou seja, alguém que oferta dinheiro 
real e outra pessoa que aceita vender a moeda. Veja que, como não há 
uma regulação, uma obrigação de venda, o mercado deve ser recíproco, 
deve existir tanto pessoas desejando a compra da moeda quanto 
pessoas aceitando vendê-las. Um exemplo bastante recente deste tipo 
de moeda virtual conversível é o bitcoin, o qual vamos explorar mais à 
frente com maiores detalhes. 
• Moedas virtuais não conversíveis: estas moedas foram criadas para 
serem utilizadas em ambientes específi cos, em comunidades virtuais 
defi nidas. Assim, não há permissão pelo emissor para a conversão 
destas moedas em dinheiro real, e caso isso ocorra é comum a previsão 
146
 PLANEJAMENTO E CONTROLE FINANCEIRO
de punições para quem realizou a venda. FATF (2014) alerta que mesmo 
que algumas moedas virtuais não sejam conversíveis, é comum que 
ocorra a existência de uma espécie de mercado paralelo, no qual estas 
moedas são transacionadas. Este é um caso típico dos programas de 
milhagens de companhias aéreas, nos quais há um ambiente específi co 
para aquisição e acumulação de pontos (milhas), os quais podem ser 
trocados por passagens aéreas ou então por produtos específi cos em 
redes comerciais parceiras. 
Ainda segundo o FATF (2014), as moedas virtuais podem ser centralizadas 
ou não centralizadas. 
As moedas virtuais não conversíveis são todas centralizadas: isto ocorre pela 
sua defi nição, pois existe um emissor central que estabelece regras que as tornam 
não conversíveis. Em contrapartida, as moedas virtuais conversíveis podem ser 
tanto centralizadas ou descentralizadas.
• Moedas virtuais centralizadas: as moedas virtuais centralizadas 
possuem uma única autoridade de administração, isto é, um terceiro que 
coordena todo o sistema. Um administrador emite a moeda, estabelece 
as regras para seu uso, mantém um livro-razão de pagamento central e 
tem autoridade para retirar a moeda de circulação. A taxa de câmbio de 
uma moeda virtual conversível pode ser fl utuante, ou seja, determinada 
pela oferta e demanda do mercado para a moeda virtual - ou vinculada 
- ou seja, fi xada pelo administrador em um valor fi xo medido em moeda 
real. Atualmente, a maioria das transações de pagamentos em moeda 
virtual envolvem moedas virtuais centralizadas. Exemplos: reservas de 
bilhetes aéreos com pontos de milhagem, reserva de hotel ou pagamento 
de combustível com pontos do cartão de crédito.
• Moedas virtuais descentralizadas: estes são tipos específi cos de 
moedas virtuais não tão usuais nas transações comerciais. As moedas 
virtuais descentralizadas são distribuídas ponto a ponto e baseadas 
em programas matemáticos que não possuem autoridade central de 
administração e nenhum monitoramento ou supervisão central. Um 
exemplo deste tipo de moeda é o bitcoin.
147
NOVAS MOEDAS: RISCOS E OPORTUNIDADES PARA 
PEQUENAS EMPRESAS
 Capítulo 6 
Quando se fala em moedas virtuais, ou moedas digitais, 
especifi camente as criptomoedas (bitcoin, por exemplo), você poderá 
se deparar com o termo peer-to-peer, ou ponto-a-ponto, esta é 
uma arquitetura de rede de computadores na qual há comunicação 
direta entre dois computadores, sem a necessidade de um servidor 
central, e tanto um ponto quanto outro da rede enviam e recebem 
informações.
O Quadro 22 resume a taxonomia adotada pela FATF (2014) para conceituar 
as moedas virtuais. 
Quadro 22 – Taxonomia de moedas virtuais
Centralizada Descentralizada
Conversível
Possui administrador central, comer-
cialização; existe terceiro que valida 
as operações; pode ser
trocado por moeda real.
Exemplo: Second Life Linden Dollars.
Usuários (não administrador); 
não existe terceiro que valida 
as operações; pode ser trocado 
por moeda fi duciária.
Exemplo: Bitcoin.
Não 
Conversível
Administrador centralizado não con-
versível, existe terceiro que valida 
as operações; não pode ser trocado 
por moeda real.
Exemplo: Programas de pontos de 
companhias aéreas.
Não existe.
Fonte: Adaptado de FATF (2014, p. 8).
Taxonomia: taxonomia é uma ciência de classifi cação. Esse 
termo vem das ciências naturais, onde existe uma constante busca por 
classifi cação, descrição e catalogação de espécies de seres vivos.
148
 PLANEJAMENTO E CONTROLE FINANCEIRO
i) Exemplos de Moeda Virtual
Segundo Barreto (2017), temos uma diversidade de tipos de moedas virtuais 
e pelas suas características podemos classifi cá-las conforme suas propriedades 
de conversibilidade e centralização. 
Uma característica intrínseca das moedas virtuais, como o FATF (2014) 
descreve, é o fato de não serem emitidas por um agente governamental e serem 
aceitas em um ambiente virtual como um tipo de pagamento válido. Barreto (2017) 
traz alguns exemplos de moedas virtuais, as quais vamos descrever com mais 
detalhes: 
• Moedas virtuais vinculadas a jogos eletrônicos
Este tipo de moeda virtual é bastante conhecido do público jovem e com 
afi nidade com a tecnologia - jogos eletrônicos para ser mais preciso. Uma moeda 
muito citada em periódicos científi cos é o Second Life Linden Dollars. Second 
Life é uma plataforma virtual em terceira dimensão na qual os jogadores simulam 
diversos aspectos da sua vida em um ambiente virtual e utilizam uma moeda 
virtual, Second Life Linden Dollars, para realizar transações unicamente nesta 
plataforma. O Second Life Linden Dollars possui um equivalente em moeda real 
e pode ser convertido pelo usuário do programa. No entanto, essa não é uma 
regra para moedas virtuais vinculadas a jogos eletrônicos. Segundo a FATF 
(2014), as moedas podem ser não conversíveis, como a World of Warcraft Gold. 
Uma característica destas moedas é a de centralização, pois são emitidas e 
controladas por um único administrador, geralmente o fabricante do referido 
software computacional. 
Esse tipo de moeda pode ser adquirido diretamente pelos usuários dos 
jogos eletrônicos na plataforma ou ser recebido por recompensa em atividades 
exercidas dentro do próprio jogo. A conversibilidade auxilia no atrativo para 
compra da moeda, pois o usuário poderá revertê-la em moeda real caso desista 
de utilizá-los na plataforma virtual, contudo, há sempre uma taxa de câmbio na 
conversão, tanto para compra, quanto para venda.
• Programas de recompensa ou fi delidade
Mariotto (2015, p. 39) afi rma que “os Programas de Fidelidade são esquemas 
estruturados pelas empresas permitindo a concessão de benefícios de forma 
sistemática ao cliente”. Os benefícios identifi cáveis pelo usuário dos programas 
de fi delidade são os descontos ou prêmios, mas também existem as sensações 
de status, participação de um grupo social, agradecimento e reciprocidade.
149
NOVAS MOEDAS: RISCOS E OPORTUNIDADES PARA 
PEQUENAS EMPRESAS
 Capítulo 6 
Quando se fala em moeda virtual, um dos tipos de programa de fi delidade 
utilizados como exemplo por Barreto (2017) são osprogramas de milhas aéreas. 
Esse tipo de programa de fi delidade surgiu junto às companhias de aviação, que 
premiam seus usuários pela fi delidade em voar sempre com a mesma companhia 
aérea. Assim, ao conquistar determinada quantidade de milhas, que pode variar 
conforme a distância viajada e/ou o valor das passagens adquiridas, o usuário 
poderá resgatar passagens aéreas ou trocar este valor equivalente por produtos 
ofertados em lojas parceiras. Com o passar do tempo, as empresas emissoras 
de cartão de crédito passaram a fi rmar parcerias com as companhias aéreas, 
e utilizaram sistema de pontuação que pode ser convertido em milhas dos 
programas parceiros, visando também fi delizar e estimular o uso de seu produto. 
De forma mais recente, variados programas de fi delidade passaram a fi rmar 
parcerias e a intercambiar milhas, como redes de postos de combustível, grupos 
hoteleiros e grandes redes de varejo. Surgiram também programas de pontuação 
independentes, que fazem aquisição de passagens aéreas diretamente, sem 
vinculação com uma companhia específi ca, sendo que alguns destes permitem 
transferir pontos em programas de milhagens vinculados a companhias aéreas. 
“A recompensa é um fator importante dentro de um programa de fi delidade. O 
programa que conduz o cliente mais frequentemente ao resgate de recompensas 
aumenta sua atratividade” (NUNES; DRÈZE, 2006 apud MARIOTTO, 2015, p. 41). 
Dowling e Uncles (1997 apud MARIOTTO, 2015) categorizaram as recompensas 
em diretas e indiretas. As diretas referem-se àquelas que têm relação com o 
produto comercializado. Assim, uma cafeteria que possui programa de fi delidade 
que permite ao cliente acumular a quantidade de cafés que ele consome no 
mês, gerando um café bônus para cada dez consumidos, está fornecendo uma 
recompensa direta. Já para programas que fornecem outros tipos de resgates, 
como aqueles não relacionados ao produto ofertado pela empresa, fornecem 
recompensas indiretas, como é o caso de uma rede de postos de combustíveis 
que fornece ingressos de espetáculos quando o cliente atingir um determinado 
volume de abastecimentos. Dowling e Uncles (1997 apud MARIOTTO, 2015), 
afi rmam que os benefícios diretos costumam gerar uma fi delidade maior do cliente 
com a marca. 
Mariotto (2015) ainda afi rma que as recompensas podem ser imediatas, em 
que o cliente tem acesso ao benefício no momento da compra, ou ainda a prazo, 
quando é preciso um decurso de tempo para que o cliente possa ter direito ao 
benefício. O Quadro 23 ilustra estes tipos de recompensa. 
150
 PLANEJAMENTO E CONTROLE FINANCEIRO
Quadro 23 – Esquemas de tipos recompensa
Fonte: Downling e Uncles (1997 apud MARIOTTO 2015, p. 42).
Estes programas de fi delidade possuem como característica 
principal o fato de serem centralizados, ou seja, possuírem um único 
administrador que controla suas regras e não permitirem a conversão 
direta em moeda real, mas em contrapartida, são aceitos como forma 
de pagamento válida em uma variedade de lojas e serviços.
Geralmente há algum tipo de punição para quem efetuar a 
venda deste tipo de moeda virtual em um mercado paralelo, mas 
que é bastante ativo e de certa maneira, formalizado. A questão aqui 
é ausência do Estado na garantia e regulação desta moeda virtual, 
portanto, para que haja uma punição do usuário, existe a necessidade 
de mover processos administrativos ou judiciais, embasados 
em provas etc. que movimentaria uma atividade organizada de 
fi scalização privada dos atos e registros de transações comerciais 
entre particulares, o que pode até eventualmente ser realizado, mas 
de forma mais exemplar do que rotineira, haja vista o tamanho deste mercado e a 
existência de um mercado paralelo relativamente estruturado. 
• Criptomoedas
FATF (2014) afi rma que criptomoeda refere-se a uma moeda virtual 
conversível descentralizada baseada em matemática que é protegida pela 
criptografi a. Esta moeda virtual incorpora princípios de criptografi a para 
implementar uma economia de informação distribuída, descentralizada e segura. 
A criptomoeda confi a em chaves públicas e privadas para transferir valor de 
uma pessoa (pessoa física ou jurídica) para outra, e deve ser criptografi camente 
assinada cada vez que é transferida.
Estes programas de 
fi delidade possuem 
como característica 
principal o fato de 
serem centralizados, 
ou seja, possuírem 
um único 
administrador que 
controla suas regras 
e não permitirem a 
conversão direta em 
moeda real, mas em 
contrapartida, são 
aceitos como forma 
de pagamento válida 
em uma variedade 
de lojas e serviços.
Imediata A prazo
Apoia diretamente 
à proposta de 
valor do produto
Outros tipos de 
recompensa 
indireta
Tipo de 
Recompensa
Prazo para a Recompensa
Promoções de
Marca/Vendas do
Fabricante
Exemplo: Promoções
de preço, descontos
Competições e 
Loterias
Exemplo: "raspadinhas"
Clubes de Cias Aéreas 
para frequent-fl yers,
Cupons e Tokens
Exemplos: Programa
"Tudo Azul" da Cia Aérea 
Azul
Programas multiprodutos
Exemplos: Multiplus,
Smiles, Netpoints, Dotz, 
FlyBuys na Austrália.
151
NOVAS MOEDAS: RISCOS E OPORTUNIDADES PARA 
PEQUENAS EMPRESAS
 Capítulo 6 
Quando falamos em criptomoedas, estamos entrando em um mundo 
completamente novo, numa moeda verdadeiramente virtual. Ela é totalmente 
conversível, contudo, descentralizada. Não existe um único emissor, pois as 
transações realizadas são verifi cadas de forma desfragmentada, utilizando-se 
uma rede ponto a ponto, ou seja, sem passar por um servidor centralizado, com o 
crivo de seu emissor. 
Segundo Boff e Ferreira (2015), em 2009, um artigo formulado por um autor 
ou grupo de autores, não se sabe ao certo, deu origem ao conceito de Bitcoin. 
Neste paper, foi introduzida a ideia de uma tecnologia de rede ponto a ponto para 
ser a base de um sistema monetário eletrônico, através dos quais duas partes 
realizariam transações sem a necessidade de uma terceira para conceder a 
validade da transação. De imediato, este artigo desalojou o Estado e uma série 
de instituições fi nanceiras intermediárias para dar segurança e credibilidade à 
transação, reduzindo seus custos. 
A arquitetura do Bitcoin é complexa se pensarmos enquanto estrutura de um 
sistema fi nanceiro, mas os usuários geralmente não se atêm a isso no dia a dia 
quando falamos em transações fi nanceiras tradicionais, que envolve um sistema 
fi nanceiro, cartões de crédito, sistemas de compensação e taxas de administração 
e operação embutidas. 
De fato, o sistema de Bitcoin é muito inovador e um exemplo disto é o fato de 
que ele é gerado automaticamente e segundo o FATF (2014, p. 5) “está limitado 
a 21 milhões de bitcoins (mas cada unidade poderia ser dividida em partes 
menores), que deverá ser atingido até 2140. Em 2 de abril de 2014, havia mais 
de 12 milhões e meio de bitcoins, com um valor total de pouco mais de US $ 5,5 
bilhões, com base na taxa média de câmbio nessa data”.
Segundo Boff e Ferreira (2015), esta questão de ser autolimitado simula uma 
escassez e aproxima o bitcoin ao comércio de metais preciosos, como o ouro. 
A lógica por trás do bitcoin está na rede de computadores realizada ponto a 
ponto, sem a necessidade de um servidor central que armazene e gerencie todas 
as informações. Essa rede funciona como um mosaico, no qual cada informação 
está em um ponto da rede, fragmentada, e existe um determinado código que 
pode juntar, buscar, cada fragmento da rede em pontos distintos para montar a 
informação necessária. É como se para formar a palavra “dinheiro” eu tivesse que 
buscar cada letra em 7 computadores diferentes, cada um armazenaria uma letra, 
e tivesse um código que me informasse em quais endereços de computadores eu 
poderia buscar cada letra e qual a sequência a ser utilizada. Deste modo, todos os 
usuários da rede poderiam acessar a palavra, pois ela estaria acessível a todos, 
mas de fato, nenhum dos usuários a teria por completo, nenhum seria dono da 
palavrainteira, somente de uma parte. 
152
 PLANEJAMENTO E CONTROLE FINANCEIRO
Nessa lógica, cada transação é verifi cada por um grupo de usuários 
denominados de mineradores, os quais atribuem a cada transação um código 
que pode ser verifi cado por todos os usuários do sistema. Estes mineradores 
recebem uma quantidade de bitcoins por cada transação realizada, mas esta 
não é descontada da transação comercial realizada, e sim da emissão de novos 
bitcoins, ao menos até se emitirem todos os 21 milhões de bitcoins. 
Boff e Ferreira (2015) trazem um exemplo bastante elucidativo, que nos 
permite verifi car a diferença entre uma transação realizada com moeda real e outra 
realizada com bitcoins. Os autores citam como exemplo a compra de um simples 
café em uma padaria, a qual poderia ser realizada com um cartão de crédito. 
Nessa transação tão tradicional para o nosso dia a dia, apenas visualizamos o 
lançamento de um débito a ser quitado em data futura, no vencimento da próxima 
fatura do cartão, e para o vendedor, fi ca o registro lançado junto à administradora 
do cartão com a promessa de pagamento em alguns dias úteis, se tudo correr 
conforme a normalidade. Para começarmos a destrinchar o que está por trás 
desta operação é preciso esclarecer que o cliente pagou R$ 5,00 e o proprietário 
da padaria recebeu R$ 4,75, haja vista que a administradora do cartão cobra 5% 
referente aos custos de administração, que envolve checar e avaliar a veracidade 
do crédito lançado na fatura do cliente. Fora isso, temos o fato de o cliente e 
o proprietário da padaria estarem vinculados a um banco, cobrando e exigindo 
taxas e cadastros diversos. Outro fator relevante nesta transação é que uma série 
de instituições (públicas e privadas) possuem acesso às transações realizadas. 
Se a mesma compra fosse realizada com bitcoins, bastaria que o proprietário e o 
cliente possuíssem um aplicativo instalado no smartphone, o qual faria a leitura de 
um código no aparelho do cliente, desbloqueando o acesso à quantia de bitcoins 
referente ao café Esta operação seria disponibilizada publicamente, mas sem 
revelar o cliente e o comprador, para ser validada pelos mineradores, que até 
em uma hora fariam a validação da transação e transfeririam os bitcoins para a 
carteira virtual do proprietário, sem a necessidade de qualquer intermediário. 
Atividades de Estudos:
1) O uso de moedas virtuais vem se expandindo nos últimos 
anos, qual a principal inovação que a diferencia das moedas 
tradicionais? Explique. 
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NOVAS MOEDAS: RISCOS E OPORTUNIDADES PARA 
PEQUENAS EMPRESAS
 Capítulo 6 
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2) Qual as diferenças entre uma moeda virtual como milhas de 
programas de fi delidade e uma criptomoeda? 
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j) Vantagens do uso de moedas virtuais
Barreto (2017) afi rma que o uso de moedas virtuais podem trazer inúmeras 
vantagens, sendo que aquelas relacionadas à redução e, em alguns casos, a 
eliminação dos custos de transação entre os intermediários que fornecem e 
verifi cam a veracidade das transações é uma delas. Essas vantagens estão mais 
presentes com relação às criptomoedas, pois possuem claramente este propósito, 
o de fornecer anonimato nas transações e realizá-las com uma verifi cação de 
veracidade colaborativa. 
Para as moedas vinculadas a jogos eletrônicos e programas de fi delidade, 
esta vantagem é parcial, uma vez que as transações realizadas possuem uma 
identifi cação por parte do administrador central. Algumas destas moedas, como 
as vinculadas a jogos eletrônicos, podem cobrar uma taxa de administração, 
explorando um fi lão do sistema fi nanceiro tradicional. Para a empresa, esta é uma 
vantagem, já para os usuários, uma desvantagem. A fi delização do cliente nos 
programas de recompensa é outra vantagem adicional. 
Usar uma moeda virtual também elimina a necessidade de transporte de 
numerários e reduz o tempo de efetivação da transação. O armazenamento e 
transporte de valores é hoje uma preocupação tanto dos comércios quanto das 
empresas transportadoras, uma vez que existe uma crescente criminalização que 
atua, em pequena escala, furtando estabelecimentos comerciais e, em grande 
escala, com assaltos a veículos de transporte de valores. 
154
 PLANEJAMENTO E CONTROLE FINANCEIRO
A emissão de cédulas tradicionais possui um custo de impressão, além de 
que a emissão de dinheiro adicional gera infl ação. Ao disponibilizar mais recursos 
em circulação há maior demanda pelo consumo e a demanda elevada aumentam 
os preços, gerando então a infl ação. No caso das criptomoedas, o risco de gerar 
infl ação é nulo, já que elas não estão atreladas a um sistema fi nanceiro tradicional. 
Uma outra questão que pode ser vantajosa na aceitação de moedas 
eletrônicas é o fato de se tratar de uma inovação, e pode ter um apelo comercial 
se o negócio em questão tiver ligado a um público inovador e com afi nidade 
tecnológica. Segundo Boff e Ferreira (2015), mais de 82 mil comerciantes no mundo 
já aceitam o Bitcoin como forma de pagamento. Se levarmos em consideração 
as parcerias com programas de recompensa, o número de estabelecimentos 
comerciais que utilizam moedas virtuais pode crescer exponencialmente. 
Há, no entanto, uma série de riscos que precisam ser levados em 
consideração na utilização destas novas moedas. 
k) Riscos do uso de moedas virtuais
As características das moedas virtuais também falam muito no momento 
de ponderar os seus riscos. As moedas virtuais centralizadas, que via de regra 
não são conversíveis, salvo algumas exceções, dependem da atuação de seus 
emissores, seus administradores, para continuarem circulando e permanecerem 
ativas. Assim, quanto mais difundido e sólido o administrador da moeda virtual, 
melhor será a sua aceitação. O inverso também é verdadeiro, quanto mais restrito 
e frágil o administrador, menor será a sua aceitação e menor serão as chances 
de aplicação comercial da moeda. Isto é decorrente do fato de a moeda possuir 
uma representação de valor somente dentre os seus usuários, pois para todos 
os efeitos as moedas virtuais não existem como moeda real, e segundo Barreto 
(2017), elas possuem um escopo de uso limitado a um contexto específi co, ou 
seja, não podem ser utilizadas como meio de pagamento em qualquer tipo de 
produto. Moedas virtuais vinculadas a jogos eletrônicos possuem um uso mais 
restrito, já os programas de recompensas podem ter uma aplicação mais ampla, 
mas de qualquer modo, sempre limitada às parcerias preestabelecidas pelos 
programas, e nas condições especifi cadas. 
Segundo Barreto (2017), outro risco das moedas virtuais é a baixa preocupação 
com segurança, uma vez que não possuem protocolos de segurança específi cos. 
Mariotto (2015) afi rma que existe uma difi culdade em especifi car o retorno 
que os programas de fi delização trazem para as empresas que o utilizam, uma 
vez que o custo é certo, mas o retorno pode ser dissolvido junto a outros esforços 
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NOVAS MOEDAS: RISCOS E OPORTUNIDADES PARA 
PEQUENAS EMPRESAS
 Capítulo 6 
de vendas, como campanhas de publicidade, descontos, dentre outros. Mariotto 
(2015) afi rma que os programas de fi delidade com recompensas podem ser 
percebidoscomo um entrave para o cliente, uma vez que este precisa exercer 
cadastros complexos, e pode ter difi culdades em resgatar seus prêmios, como no 
caso de acessar voos concorridos com pontuações razoáveis. 
Já as moedas virtuais descentralizadas e conversíveis são tecnologias mais 
transparentes, contudo são relativamente novas e complexas de se entender, 
além de não serem reguladas e supervisionadas por autoridade monetária. O seu 
uso e valor como moeda depende também da aceitação de seus usuários, o que 
por si só deixa todo o sistema vulnerável a uma eventual crise de confi ança e uma 
rejeição de seu uso. 
A FATF (2014) ainda alerta para o risco de usos ilícitos da moeda, como 
lavagem de dinheiro ou fi nanciamento de organizações criminosas, dada a 
difi culdade em rastrear os proprietários e as transações correspondentes. 
Os riscos de uso de moedas virtuais para atividades ilícitas ou 
que possam lesar seus usuários têm infl amado o discurso de quem 
defende a sua regulamentação. Ouça o trecho do programa da rádio 
da Câmara Federal que expõe este dilema (clique em baixar áudio): 
<https://goo.gl/bV8K6F>.
Algumas ConsideraçÕes 
No presente capítulo fi zemos um resgate histórico da evolução do dinheiro, 
da moeda, nas transações comerciais. Começamos abordando a técnica mais 
rudimentar de troca de mercadorias: o escambo. Ficou claro desde o início das 
trocas de mercadorias que algumas mercadorias possuíam mais valor do que 
outras e a tendência em se concentrar em algumas, como o sal, o gado e o café, 
por exemplo. 
Com o tempo, o metal foi substituindo as demais mercadorias nas trocas 
comercias até serem cunhadas as primeiras moedas, que tinham o valor do 
material que eram forjadas. Com o tempo, as moedas passaram a ter o valor 
que era impresso em suas faces, em vez de o valor do produto do que eram 
produzidas. A partir daí para a emissão de cédulas em papel era uma questão 
156
 PLANEJAMENTO E CONTROLE FINANCEIRO
de tempo e então surgiu a necessidade de centralizar o emissor, de modo que 
se garantisse a autenticidade das cédulas e garantissem o poder de pagamento 
destas. As modalidades de pagamento evoluíram, mas o papel centralizador do 
sistema fi nanceiro permaneceu vinculado ao Banco Central do Brasil. 
Com o avançar da tecnologia, novas moedas foram surgindo, algumas como 
forma de rentabilizar operações, como as moedas virtuais vinculadas a programas 
eletrônicos (vide alguns jogos virtuais), seja como forma de fi delizar clientes, como 
os programas de recompensas de empresas comerciais (companhias aéreas, 
companhias de cartão de crédito, redes de varejo etc.) ou ainda com uma forma 
diretamente alternativa ao uso do dinheiro tradicional, como as criptomoedas. 
Verifi camos que estas moedas se diferenciam em diversos aspectos, mas de 
forma bastante relevante foi possível destacar dois: a centralização da emissão e 
a validação e sua conversão em moeda real. 
As moedas centralizadas (moedas vinculadas a programas eletrônicos 
e pontos de programas de recompensas) podem ou não ser conversíveis em 
moedas reais e as descentralizadas são plenamente conversíveis, como as 
criptomoedas (bitcoin). 
Os benefícios do uso de moedas digitais incluem a diminuição dos custos 
de transação, maior confi dencialidade das operações, dispensa do transporte 
e armazenamento de valores em espécie, reduzindo assaltos e a criminalidade 
violenta.
Já os riscos incluem a necessidade de aceitação da moeda, possibilidade de 
uso ilícito e aplicação geralmente vinculada a um escopo específi co. 
O debate pela necessidade de regulação está ganhando força e pode 
aumentar ainda mais na medida em que as moedas virtuais se demonstrarem 
como uma ameaça real de substituição da moeda real. 
Chegamos ao fi m de mais um capítulo. Espero que você tenha aproveitado a 
oportunidade para conhecer um pouco da história de evolução das moedas, dos 
tempos mais remotos aos tempos atuais, incluindo as novas moedas virtuais, suas 
vantagens e desvantagens. Um grande abraço e até uma próxima oportunidade. 
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NOVAS MOEDAS: RISCOS E OPORTUNIDADES PARA 
PEQUENAS EMPRESAS
 Capítulo 6 
ReFerÊncias
BANCO CENTRAL DO BRASIL. Origem e evolução do dinheiro. Disponível em: 
<http://www.bcb.gov.br/htms/origevol.asp>. Acesso em: 20 fev. 2018. 
BARRETO, Luciano Porto. Moedas virtuais e digitais. Citações em documentos: 
apresentação. 2017. Disponível em: <https://jornalggn.com.br/sites/default/fi les/
documentos/2017_04_05-moedasvirtuaisedigitais_lucianoportobarreto.pdf>. 
Acesso em: 22 fev. 2018. 
BOFF, S. O.; FERREIRA, N. A. Análise dos benefícios sociais da bitcoin como 
moeda. ANUÁRIO MEXICANO DE DERECHO INTERNACIONAL, v. XVI, p. 138-
159, 2016. 
FATF. Virtual currencies key defi nitions and potential AML/CFT Risks. 
2014. Disponível em: <http://www.fatfgafi .org/publications/methodsandtrends/
documents/virtual-currency-defi nitions-amlcft-risk.html>. Acesso em: 18 fev. 2018. 
MARIOTTO, Tomás. Fidelidade ao cartão de crédito em troca de milhas 
aéreas: um estudo empírico no mercado brasileiro. 2015. Disponível em: <http://
bibliotecadigital.fgv.br/dspace/handle/10438/15069>. Acesso em: 22 mar. 2018.

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