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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE - FURG ESCOLA DE QUÍMICA E ALIMENTOS - EQA ENGENHARIA DE ALIMENTOS Caroline de Almeida Senna - 88859 Luiza Soares Ribeiro - 88841 Curva Característica de uma Bomba centrífuga Disciplina: Laboratório de Engenharia III Professor: Carlos Alberto Severo Felipe Turma A2 Rio Grande 2022 RESUMO Bombas centrífugas são largamente utilizadas principalmente no setor industrial. Elas são dispositivos fluido mecânicos que fornecem energia mecânica a um fluido incompressível para transportá-lo de um lugar a outro. Elas são projetadas para trabalhar a uma determinada vazão com uma determinada altura manométrica de recalque, esse ponto de trabalho é determinado como ponto de melhor eficiência. Porém dependendo da instalação ou condição operacional essa vazão pode variar. Para que essa eficiência seja maximizada sem que haja necessidade de dispositivos adicionais de medição, alguns métodos de monitoramento das variáveis de operação de uma bomba são utilizados. O desempenho de uma bomba e o comportamento da carga é mostrado pela sua curva característica, e recebem o nome de curvas características das bombas. Com isso, o objetivo desta prática foi realizar a determinação das curvas características de uma bomba centrífuga, que são: a "Altura manométrica x a vazão volumétrica", “Potência de acionamento x vazão volumétrica” e "Eficiência da bomba x vazão volumétrica", e realizar a identificação da vazão de projeto da bomba. Para isso, a equação da energia mecânica foi utilizada para calcular a altura manométrica e eficiência (rendimento) da bomba. A potência de acionamento foi encontrada com os dados de corrente elétrica, voltagem e fator de potência do motor. De posse dos dados obtidos foram demonstradas as curvas características, sendo comparadas com as curvas características de bombas centrífugas. A vazão de operação que corresponde a maior eficiência foi de 7,3 x 10-4 m3/s. Portanto, nessa vazão de operação, há um melhor aproveitamento de energia. Palavras-chave: Bomba centrífuga; Curvas Características; Eficiência. SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ....................................................................................... 4 2. MATERIAL E MÉTODOS....................................................................... 5 2.1. Materiais .......................................................................................... 5 2.2. Métodos .......................................................................................... 5 2.2.1. Curvas Características de uma Bomba Centrífuga ........................ 6 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................. 6 3.1. Curvas Características de uma Bomba Centrífuga .......................... 6 4. CONCLUSÃO ...................................................................................... 10 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................... 11 4 1. INTRODUÇÃO As bombas são dispositivos fluido mecânicos que fornecem energia mecânica a um fluido incompressível (líquido) para transportá-lo de um lugar a outro. Esses equipamentos recebem energia de uma fonte qualquer e cedem parte dessa energia ao fluido na forma de energia de pressão, cinética ou ambas. As bombas podem ser classificadas a partir do modo que se obtém energia a partir de trabalho mecânico, bem como do modo que essa energia é cedida ao fluido, no caso líquido (CREMASCO, 2012). Dentre os tipos de bombas dinâmicas ou turbo bombas, destacam-se as bombas centrífugas. Elas possuem como principal funcionamento a conversão de energia cinética fornecida ao líquido, em energia de pressão. Esse tipo de conversão é realizado quando o fluido ao sair do impelidor passa em um conduto de área crescente, tendo assim, um aumento de energia de pressão em sua carga. Esses equipamentos são largamente utilizados principalmente no setor industrial para transporte de fluidos devido a sua flexibilidade operacional (ROBERTO; SANTOS, 2014). Além disso, as bombas centrífugas são projetadas para trabalhar a uma determinada vazão com uma determinada altura manométrica de recalque, esse ponto de trabalho é determinado como ponto de melhor eficiência (em inglês BEP – Best Efficiency Point), porém dependendo da instalação ou condição operacional essa vazão pode variar (GOUVEA, 2008). Um conceito aplicado às bombas é a sua eficiência ou rendimento, já que nem toda a energia fornecida é transformada em energia hidráulica. Há perdas de energias associadas a fugas de massa, da resistência oferecida pela camada limite e o atrito lateral do rotor. O desempenho de uma bomba e o comportamento da carga é mostrado pela sua curva característica (CREMASCO, 2012). As curvas características de bombas normalmente são fornecidas pelos fabricantes de forma a ajudar a identificar a melhor aplicação de determinado tipo de bomba para um projeto. Fatores como a rotação e geometria da bomba e as propriedades do fluido influenciam nas variáveis que constroem a curva característica. Elas relacionam 5 grandezas características, como vazão, altura de elevação, rotação, potência e eficiência, e fornecem indicações do funcionamento do sistema. Com a curva é possível escolher a bomba que mais se encaixa no projeto, maximizando a sua eficiência (GOMES, 2017). Com isso, o objetivo desta prática foi realizar a determinação das curvas características de uma bomba centrífuga, que são: a "Altura manométrica x a vazão volumétrica" “Potência de acionamento x Vazão Volumétrica” e "Eficiência da bomba x Vazão volumétrica", e ainda identificar a vazão de projeto da bomba. 2. MATERIAL E MÉTODOS 2.1 Materiais Para a realização dos levantamentos experimentais foram utilizados os seguintes acessórios acoplados: tanque aberto à atmosfera contendo água como fluido de estudo a 20°C, de massa específica igual a 998,2 kg/m3, amperímetro, bomba, manômetro de Bourdon na descarga e válvula. A pressão lida na sucção é medida por um manômetro de tubo de U. 2.2 Métodos No Laboratório de Fenômenos de Transporte da EQA/FURG a vazão foi ajustada por meio da válvula de regulagem de fluxo, instalada na saída da linha de descarga da bomba. O primeiro ponto foi obtido com a bomba ligada, mas com a válvula completamente fechada, e os demais pontos com vazão crescente. Para isso foram realizadas medições da vazão empregando o hidrômetro, e foi cronometrado em quanto tempo o indicador completou 10 litros de água que passaram pelo hidrômetro. Ademais, para cada vazão ajustada, foram anotados os valores referentes a pressões na sucção e na descarga da bomba, e a corrente elétrica lida no amperímetro. De acordo com o material BOMBAS: GUIA BÁSICO (2009), os componentes base de uma turbo bomba são um Rotor/Impelidor o qual é dotado de pás e funciona através do acionamento de uma fonte externa de energia, que possibilita girar em alta velocidade aspirando o líquido devido à pressão criada na região central e recalcando-o na sua região periférica, efeito 6 causado pela força centrífuga; Voluta/Difusor/Coletor, que se constitui de um canal com seção crescente, direcionando o fluido à tubulação de recalque com menor velocidade e amenizando a perda de carga nesta conexão; e a Carcaça que é toda a parte externa da voluta, o que dá forma à bomba. 2.2.1. Curvas Características de uma Bomba Centrífuga Primeiramente, para operar a bomba em diferentes vazões, foi necessário para cada vazão realizar o ajuste da vazão desejada por meio de uma válvula de regulagem de fluxo, instalada na saída da linha de descarga da bomba. O primeiro ponto foi obtido com a válvula completamente fechada,e os demais pontos obtidos com a vazão crescente. Em seguida, a vazão foi medida através do método direto, considerando um intervalo de 10 segundos, onde foi empregado um balde, um cronômetro e a balança. O ponto de coleta da água foi no jato livre posicionado dentro do reservatório. Assim, para cada vazão ajustada, foram anotadas as pressões na sucção e na descarga da bomba, bem como a corrente elétrica lida no amperímetro. 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO 3.1 Curvas Características de uma Bomba Centrífuga Para a obtenção das curvas características, foi utilizada a equação da energia mecânica (1). O termo hL é insignificante, visto que as instalações nos manômetros em 1 e 2 estão posicionados na entrada e na saída da bomba. Neste experimento os diâmetros das tubulações nos pontos 1 e 2 são iguais, portanto, a velocidade (v1) será igual a velocidade (v2), enquanto a variação de (z2-z1) é igual a 0,6m, sendo presente a variação de energia potencial. Assim, considerando os outros termos necessários para os cálculos, o trabalho de eixo foi obtido em diferentes vazões. 𝑃1 𝜌 + 𝑣1 2 2 + 𝑧1𝑔 + ℎ𝐿 + 𝑊𝑠 = 𝑃2 𝜌 + 𝑣2 2 2 + 𝑍2𝑔 (1) A partir do trabalho de eixo, foram calculadas as respectivas alturas manométricas (Hm) da bomba em metros de coluna de fluido. Em contrapartida, a potência de acionamento foi obtida através da medição do consumo de energia do motor elétrico a cada vazão volumétrica regulada, dada pela equação (2), dado pela voltagem do motor de 220 V, corrente elétrica e o fator de potência do motor dado pelo (cos φ). 7 𝑃𝑎𝑐𝑖𝑜𝑛 = 𝐸 𝐼 cos 𝜑 (2) Posteriormente, o rendimento da bomba foi calculado pela relação entre a energia “entregue” ao fluido, transmitido pela bomba, ou seja, o trabalho de eixo e a energia consumida pelo motor elétrico. A equação (3) demonstra essa relação. A tabela 1, demonstra os dados obtidos no experimento. ƞ = 𝑊𝑠̇ 𝑃𝑎𝑐𝑖𝑜𝑛 (3) Tabela 1 – Dados obtidos no experimento. P1 (Pa) P2 (Pa) I (A) Volume (L) Tempo (s) 539,366 131000 1,2 10 0 343,233 124106 1,31 10 55 245,166 117211 1,37 10 41,21 49,0333 110316 1,47 10 26,71 -147,1 106868,7 1,56 10 20,29 -245,166 103421 1,63 10 17,79 -323,619 96526,6 1,69 10 15,17 -372,653 96526,6 1,72 10 14,96 -441,299 89631,8 1,74 10 13,7 -470,719 82737,1 1,77 10 13,2 Fonte: As autoras, 2022. Os cálculos foram realizados com as equações (1), (2) e (3). Os resultados de vazão volumétrica, trabalho de eixo, altura manométrica, potência de acionamento e rendimento, estão dispostos na Tabela 2, a seguir. Tabela 2 – Resultados dos cálculos. Vazão Volumétrica (m^3/s) Vazão Volumétrica (m^3/h) Vazão Mássica (kg/s) Ws (J/kg) Hm (mcf) Pacion (W) n 0,00000 0,00 0,000 136,22 13,89 153,44 0,00 0,00018 0,66 0,182 129,50 13,20 167,50 0,14 0,00024 0,88 0,243 122,69 12,51 175,17 0,17 0,00038 1,35 0,374 115,98 11,82 187,96 0,23 0,00049 1,78 0,493 112,72 11,49 199,47 0,28 0,00056 2,03 0,562 109,37 11,15 208,42 0,29 0,00066 2,38 0,659 102,54 10,45 216,09 0,31 0,00067 2,41 0,668 102,59 10,46 219,93 0,31 0,00073 2,63 0,730 95,75 9,76 222,48 0,31 0,00076 2,73 0,758 88,87 9,06 226,32 0,30 Fonte: As autoras, 2022. 8 O conhecimento da curva característica é muito importante, pois cada bomba é construída para operar em certas condições de vazão e altura manométrica. Assim, com os dados obtidos na Tabela 2, foram construídas as curvas características, conforme demonstra os Gráficos 1, 2 e 3. Gráfico 1 – Curva característica da altura manométrica em função da vazão volumétrica. Fonte: As autoras, 2022. Gráfico 2 - Curva característica da potência de acionamento em função da vazão volumétrica. Fonte: As autoras, 2022. 0,00 2,00 4,00 6,00 8,00 10,00 12,00 14,00 16,00 0,00 0,50 1,00 1,50 2,00 2,50 3,00 3,50 C ar ga Vazão (m^3/h) 0,00 50,00 100,00 150,00 200,00 250,00 0,00 0,50 1,00 1,50 2,00 2,50 3,00 3,50 P ac io n ( W ) Vazão (m^3/h) 9 Gráfico 3 – Curva característica do rendimento η em função da vazão volumétrica. Fonte: As autoras, 2022. As curvas demonstradas em cada gráfico assemelham-se com as curvas características de uma bomba centrífuga, conforme demonstra a Figura 1, que mostra como variam a carga, a potência de eixo e o rendimento de uma determinada bomba que opera numa dada rotação em função da vazão, onde a altura de carga é máxima no bloqueio e decresce continuamente à medida que a vazão aumenta, enquanto a potência absorvida é mínima no bloqueio e aumenta com o aumento da vazão. Já o rendimento é zero para vazão nula, pois não há o movimento de fluido neste ponto e cresce até atingir um valor máximo na chamada vazão de projeto (MUNSON, 2004). Figura 1 - Curvas características de uma bomba centrífuga que opera em rotação constante. Fonte: Mounson, 2014. 0,00 0,05 0,10 0,15 0,20 0,25 0,30 0,35 0,00 0,50 1,00 1,50 2,00 2,50 3,00 R en d im en to Vazão (m^3/h) 10 O gráfico 3, demonstra que a vazão de operação que corresponde ao maior rendimento da operação é de 7,3E-04 m3/s, ou seja, nesse ponto há um melhor aproveitamento de energia que o motor elétrico está entregando para a bomba e a mesma está retransmitindo para a água. Assim, as curvas, nos permitem avaliar como se comportam estes parâmetros para que se escolha uma bomba centrífuga que preferencialmente seja operada com uma máxima eficiência possível na vazão desejada. A identificação das melhores condições de operação de um sistema hidráulico leva a redução significativa do gasto de energia. A energia consumida por estações de bombeamento, principalmente de água, pode ser reduzida com o aumento da eficiência energética dos motores e bombas do sistema (GOMES, 2017). 4. CONCLUSÃO Portanto, pode-se concluir que as curvas características encontradas relacionando a vazão volumétrica com a altura manométrica, potência de acionamento e rendimento, se mostraram próximas a curvas características de uma bomba centrífuga, além disso, na vazão de 7,3E-04 m3/s se tem o melhor aproveitamento de energia no processo. Sendo assim, foi possível definir os melhores parâmetros de operação que maximizam a eficiência do sistema hidráulico em questão. 11 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ÇENGEL, Y.A.; CIMBALA, J.M. Mecânica dos fluidos: Fundamentos e aplicação. Porto Alegre: AMGH, 2012. p. 317. CREMASCO, M.A. Operações Unitárias em Sistemas Particulados e Fluidodinâmicos. São Paulo: Blucher, 2012. Estudo das bombas: aplicação da análise dimensional e da teoria da semelhança. Escola Politécnica da Universidade de São Paulo - Departamento de Engenharia Mecânica. Disponível em: <http://sites.poli.usp.br/d/pme2237/lab/pme2237-rl-bombas-site.pdf>. Acesso em: 19 de agosto de 2022. GOMES, O.M. Análise da eficiência energética de uma bomba centrífuga de bancada. Trabalho de conclusão de curso - Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais. Belo Horizonte, 2017. Disponível em: <http://www.demat.cefetmg.br/wpcontent/uploads/sites/25/2018/06/TCCII_Prof .-Andr%C3%A9-Ferreira_Ol%C3%ADvia-Gomes.pdf> Acesso em: 19 de agosto de 2022. GOUVEA, M.M.R. Estudo de confiabilidade em Bombas centrífugas. São Paulo, 2008. Disponível em: <http://lyceumonline.usf.edu.br/salavirtual/documentos/1519.pdf>. Acesso em: 19 de agosto de 2022. MUNSON, B.R.; YOUNG, D.F.; OKIISHI, T.H. Fundamentos da mecânica dos fluidos.4.ed. São Paulo: Edgard Blucher, 2004. ROBERTO, D.S.; SANTOS, F.S. Estudo do acionamento de bombas centrífugas por meio de DVR's e análise de viabilidade técnica e econômica (EVTE) em uma unidade de coqueamento retardado. Centro Federal de Educação Tecnológica. Rio de Janeiro, 2014. Disponível em: <http://www.cefetrj.br/attachments/article/2943/Estudo_Acionamento_Bombas_Centr%C3%ADfugas_p_DVRs_Viab_T%C3%A9cnica_Econ%C3%B4mica.p df>. Acesso em: 19 de agosto de 2022.