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1 
 
PSICANALISE CONTEMPORÂNEA INTEGRAL 
MÓDULO 02 
MÓDULO 02: Parte 1: TEORIA – Parte 2: TÉCNICA de CURA – CATARSE - HIPNOSE – SUGESTÃO 
- ASSOCIAÇÃO LIVRE –Parte 3: PSICODINÂMICA 
PARTE I –TEORIA (AS DUAS TEORIAS DE FREUD) 
I.1-TEORIA INICIAL(CONSCIENTE – PRE - INCONSCIENTE) 
A PRIMEIRA TÓPICA: AS TRÊS INSTÂNCIAS DA MENTE 
CONSCIENTE – PRÉ-CONSCIENTE E INCONSCIENTE 
A teoria de Freud do inconsciente foi derivada de experiências do hipnotismo e catarse. 
O fenômeno de amnésia espetacular e o restabelecimento da memória na terapêutica faziam supor uma 
continuidade na possibilidade de poder representar as recordações, a perda do mesmo e a sua recuperação. 
Freud acreditou que as áreas mais escuras e inacessíveis deveriam ser estudadas por meio de hipótese 
menos rígida. Esta era a estratégia metodológica. 
Mas não julgava o inconsciente como uma teoria ou um postulado apriorístico; o inconsciente, disse, é 
reservatório que afasta os fatos de nossa observação. 
Nem as percepções nem a mobilidade não estão necessariamente conscientes. A pessoa pode perceber 
objetos sem perceber isto, como em uma cegueira histérica, e pode mover-se inconscientemente, como no 
sonambulismo. O menino recém nascido não tem consciência provavelmente, mas sem dúvida é sensível, isto é, 
percebe a dor e o prazer e reage a eles. É acreditado que tais percepções e reações imprimem marcas na 
memória. 
O inconsciente armazena recordações que são inacessíveis no estado de vigília, por exemplo, as 
recordações das primeiras experiências infantis. 
Muitas recordações da infância são impossíveis de realizar e, no entanto não desaparecem; muitos eventos 
são registrados na mente do menino e não obstante eles são incomunicáveis. É extraordinariamente difícil de 
estudar as capas profundas e pré-verbais do inconsciente. 
O que Freud fez realmente era uma análise indireta do inconsciente; nesta análise, os fenômenos 
observáveis dos sonhos, associações livres, lapsus linguae (atos falhos) e os sintomas os transtornos 
mentais eram estudados como algo representativo da grande província mental do inconsciente. 
 
A tensão conduz ao desenvolvimento do consciente. 
O desenvolvimento do consciente depende da crescente habilidade do menino de utilizar suas recordações. 
Neste momento as recordações se acumulam, dizer isto deste modo, na «superfície, do inconsciente, facilmente 
acessível e pronto a se tornar consciente. 
Esta parte do inconsciente constitui o Pré-consciente. 
1-O CONSCIENTE: 
O CONSCIENTE pode abordar de diversos aspectos: 
1.1- No Sentido DESCRITIVO: Seria a qualidade momentânea que caracteriza as percepções externas e 
internas no meio do conjunto dos fenômenos psíquicos. 
1.2- Segundo a teoria metapsicológica de Freud, a consciência seria função de um sistema percepção-
consciência (Pc-Cs). 
1.3- Do ponto de vista TÓPICO, o sistema percepção-consciência está situado na periferia do aparelho 
psíquico, recebendo ao mesmo tempo as informações do mundo exterior e as provenientes do interior, isto é, as 
sensações que se inscrevem na série desprazer-prazer e as revivescências mnésicas. 
 
2 
 
1.4- Do ponto de vista FUNCIONAL, o sistema percepção-consciência opõe-se aos sistemas de traços 
mnésicos que são o inconsciente e o pré-consciente: nele não se inscreve qualquer traço durável das 
excitações. 
1.5- Do ponto de vista ECONÔMICO, caracteriza-se pelo fato de dispor de uma energia livremente móvel, 
susceptível de sobreinvestir este ou aquele elemento (mecanismo de atenção). 
1.6- Do ponto de vista do CONFLITO e TRATAMENTO, a consciência desempenha um papel importante na 
dinâmica do conflito. 
(a)- equitação consciente do desagradável; 
(b)- regulação mais discriminadora do princípio de prazer; 
(c) na Teoria do tratamento, a problemática da tomada de consciência: “O tratamento psicanalítico edifica-se 
sobre a influência do Cs no Ics, e mostra-nos em todo caso que esta tarefa, por árdua que seja, não é 
impossível”. 
Convém aqui mencionar os diferentes fatores que intervém no tratamento: 
1- Rememoração e construção; 
2- Repetição na transferência e perlaboração (ou elaboração); 
3- Interpretação, cujo impacto não se limita a uma comunicação consciente na medida em que conduz as 
remodelações estruturais. 
2- O INCONSCIENTE 
Então, o inconsciente é dividido em duas partes: o pré-consciente e o inconsciente propriamente ditam. Alguns 
processos inconscientes podem fazer-se conscientes sem qualquer dificuldade. Deles podem se lembrar e o 
indivíduo pode ter consciência deles com facilidade. Eles são como elementos convenientemente armazenados, 
facilmente acessíveis. 
O que é consciente é consciente durante pouco tempo, e pode passar ao pré-consciente com facilidade. Por 
outro lado, os processos mentais do pré-consciente podem ficar conscientes “sem qualquer atividade para nossa 
parte”. 
2.1- O PRÉ-CONSCIENTE 
O pré-consciente constitui o que é inconsciente em um determinado momento, mas facilmente pode ficar 
consciente; está inconsciente de modo latente ou temporal. 
O lapsus linguae, o esquecimento de nomes e lugares muito famosos, os erros, os equívocos na colocação de 
objetos, etc., pertencem a esta categoria. 
A diferença da zona pré-consciente, as capas mais fundas do inconsciente são menos acessíveis e eles nunca 
podem ficar conscientes. 
O indivíduo está consciente ou ele percebe uma fração pequena dos processos mentais num tempo 
determinado. Assim o consciente - ou consciência - deveria ser o resultado de um processo seletivo. O 
inconsciente tende a fazer-se pré-consciente e eventualmente consciente, mas uma parte do mesmo se faz de 
fato consciente. Alguns impulsos e percepções podem fazer-se pré-conscientes ou conscientes por um certo 
tempo e então se afundar novamente no inconsciente. 
 
Em um princípio Freud atribuiu ao consciente e ao inconsciente, propriedades dinâmicas, mas finalmente baniu 
toda a dinâmica para os instintos e às “operações mentais” de ID, EGO e SUPER-EGO. 
Assim, os termos “consciente, pré-consciente, e inconsciente” não indicam qualquer força dinâmica da 
personalidade, mas, como Freud concluiu em última instância, essas «províncias mentais. São conceitos 
topográficos que indicam a «profundidade» dos processos mentais e a distância relativa da superfície. 
Aquilo que conhece o indivíduo é consciente; o que não conhece, mas pode facilmente conhecer alguma 
vez é pré-consciente; o que não pode conhecer sem um esforço definido ou não pode conhecer de modo 
algum, é inconsciente. 
PRÉ-CONSCIENTE: Do ponto de vista Metapsicológico, o Sistema Pré-consciente está situado entre o sistema 
inconsciente e a Consciência; está separado do Inconsciente pela Primeira Censura, que procura barrar aos 
conteúdos inconscientes o caminho para o pré-consciente e para a consciência. Freud submete a passagem do 
pré-consciente ao consciente à ação de uma Segunda Censura, mas distingue-se da censura propriamente dita 
(entre o Ics e Pcs) na medida em que deforma menos do que seleciona, visto que a sua função consiste 
essencialmente em evitar a vinda à consciência de preocupações perturbadoras. Favorece assim o exercício da 
atenção. 
 
3 
 
2.2- INCONSCIENTE: 
Pelas suas características podemos definir assim: 
2.2.1- Os seus “conteúdos” são “representações” das pulsões (trieb). 
2.2.2- Estes “conteúdos” são regidos pelos mecanismos específicos do processo primário, como a Condensação 
e o Deslocamento. 
2.2.3- Fortemente investidos pela energia pulsional, procuram retornar à consciência e à ação (retorno do 
recalcado); mas não podem Ter acesso ao sistema Pcs-Cs senão nas formações de compromisso, depois de 
terem sido submetidos às deformações da censura. 
2.2.4- São mais especialmente certos desejos da infância que conhecem uma fixação no inconsciente. 
O INCONSCIENTE SEGUNDO FREUD: 
Freud dizia que estava acostumado a tratar com a parte inconsciente da mente como algo real e tangível.Alguns 
dos sintomas dos neuróticos obsessivos dão a impressão até mesmo aos próprios pacientes de serem 
“poderosos visitantes” de outro mundo. 
Os sintomas obsessivos, disse Freud, indicam uma esfera da afetividade mental «separada do resto do mundo». 
Esta esfera é o inconsciente. 
O INCONSCIENTE FREUDIANO pode ser entendido assim: Na opinião de Freud, nossos atos cotidianos, 
nossa conduta de cada dia, podem revelar tendências inconscientes. As descobertas essenciais de Freud: 
existência de conflitos psíquicos, importância das tendências sexuais, relações entre sintomas e condutas de um 
lado, recalque e inconsciente, de outro. Freud disse: “O pré-consciente, suscetível de ser evocado pelo jogo 
normal das representações é, pois, muito diferente do inconsciente dinâmico, inacessível à evocação voluntária, 
que uma técnica especial (hipnose, psicanálise) pode tornar consciente”. 
Os fatos psíquicos latentes, isto é, inconsciente, no sentido descritivo da palavra, mas não no dinâmico, são, de 
fato, pré-conscientes, “e reservamos o nome dos INCONSCIENTES aos fatos psíquicos recalcados, isto é, 
dinamicamente inconsciente”. O que vem a ser, diante do exposto, a noção de inconsciente? Quando, na 
época heróica da psicanálise, Freud substantivava o inconsciente e o distinguia apenas do pré-consciente, 
considerava-o como o conjunto de fatos mentais recalcados.No capítulo dos “Ensaios” consagrados à 
consciência e ao inconsciente, após haver estabelecido que o “dinamismo psíquico se manifesta sempre sob 
duplo aspecto, consciente e inconsciente”, e que se tudo que é recalcado é inconsciente, “há elementos que são 
inconscientes sem serem recalcados”. Freud encontra-se “na necessidade de admitir a existência de um terceiro 
inconsciente, não recalcado”. Depois diria que é o ID. 
 Freud jamais deixou de considerar os processos inconscientes, propriamente ditos, como aqueles que 
correspondiam ao recalque, - e permaneceu, portanto, fiel ao espírito de suas primeiras intuições. 
Lê-se nos Ensaios: “o que é recalcado é para nós o protótipo do inconsciente”; e em seu último escrito, a 
propósito dos elementos de si, que são recalcados: “é a este material que nós reservamos o nome de 
inconsciente propriamente dito”. 
DEFINIÇÃO DO INCONSCIENTE COMO SISTEMA: 
Características específicas: 
(1) processo primário (mobilidade dos investimentos, característica da energia livre); 
(2) ausência de negação, de dúvida, de grau de certeza; 
(3) indiferença perante a realidade e regulação exclusivamente pelo princípio de desprazer-prazer (visando este 
restabelecer pelo caminho mais curto a identidade de percepção). 
 REDEFINIÇÃO DO Ics EM 1920: 
Sabe-se que em 1920, a teoria freudiana do aparelho psíquico é profundamente remodelada (na segunda 
tópica). São introduzidos conceitos como ID, EGO ESUPEREGO. 
 
A TEORIA DOS ISTINTOS NA PRIMEIRA TÓPICA 
1 – PRIMEIRA FASE: TRIEB (pulsões - instintos) 
Freud denomina Trieb - geralmente traduzido como "instinto" - para a causa última de toda a atividade. Mas 
devemos notar que Freud usou o termo INSTINKT, no sentido clássico falando de “instinto dos animais”, de 
“conhecimento instintivo de perigos”, etc. E o termo TRIEB como “força impulsionante relativamente 
indeterminada quanto ao comportamento que induz e quanto ao objeto que fornece a satisfação”. 
 
4 
 
“PULSÃO” seria a tradução proposta para a palavra alemã TRIEB (substantivo correspondente ao verbo 
TRIEBEN= impelir). Para FREUD a PULSÃO é um processo dinâmico consistindo em um impulso que tem 
sua fonte numa excitação corporal localizada. 
Na teoria de Freud, os instintos representam a ponte entre os mundos mentais e físicos; embora enraizados 
no corpo humano, são forças que liberam energia mental. 
«Os instintos (pulsão) são seres míticos, maravilhosos na sua falta de definição. "Em nossa labor não 
podemos passar para alto nem um momento, e, no entanto nunca estamos seguros de vê-los com claridade", 
Freud escreveu em 1933. 
Os instintos (pulsão) são concomitantes psicológicos dos processos biológicos. Eles são conceitos 
fronteiriços entre o mental e o físico, e representam a demanda feita à mente como conseqüência da sua 
conexão com o corpo». 
Mas por que merece a pulsão ser considerada como um conceito-limite entre o psíquico e o somático? É 
claro que a fonte da pulsão está toda no lado somático; a meta também, pelo menos à medida que essa meta 
consiste na redução da tensão ao nível da fonte somática. 
Em compensação, a procura do objeto apto a reduzir esta tensão implica uma participação necessária da 
atividade psíquica. 
Exemplo: O primeiro de todos os objetos, o seio materno, não é procurado pelo recém-nascido: é-lhe 
fornecido. Durante algum tempo ele carece dos próprios meios, intelectuais e motores, para esta procura. Pode, 
quando muito, desde que a tensão somática renasça e que o objeto no momento esteja ausente, fazê-lo 
presente imaginariamente, de alguma maneira “sonhar” a sua presença. 
 A primeira experiência de satisfação deixa efetivamente um traço mnésico que se reaviva quando a tensão 
renasce, e Freud considera que essa rememoração tem um caráter alucinatório, isto é, que a evocação mnésica 
de um acontecimento passado equivale, para o lactante, à percepção de um acontecimento presente. Há, pois, 
uma confusão entre lembrança e percepção, objeto imaginário e objeto real, como continua a se fazer no adulto 
quando sonha. 
O fim do instinto (pulsão) sempre consiste na restauração do equilíbrio, o que se realiza por transformações 
somáticas e é percebido como uma satisfação. Esta meta requer algum objeto por meio de qual é possível à 
satisfação. O objeto pode ser o próprio corpo ou um objeto externo. 
Por exemplo, nos lactantes, uma excitação libidinal ao nível de mucosa bucal (fonte) o incitará 
(impulso) a procurar o seio ou, à falta deste, seu próprio polegar (objetos), a fim de reduzir essa 
excitação por meio da sucção (meta). Desta definição resulta que existem tantas pulsões sexuais quantas 
possíveis fontes somáticas de excitação libidinal. 
1– OS INSTINTOS SEXUAIS 
 Todos os organismos vivos agem de acordo com dois propósitos, a própria conservação e a 
conservação da espécie. Por conseguinte, Freud distinguiu entre auto-conservação ou instintos do ego e 
instintos sexuais. Estas duas forças instintivas entram freqüentemente em conflito entre si. 
Os instintos sexuais são mais flexíveis que os instintos de auto-conservação; podem manter-se em suspenso 
- inibido no fim -, sublimar-se, dirigir-se por caminhos novos, distorcer-se e perverter-se; sua gratificação pode 
ser denegada ou substituída e seus objetos podem ser mudados com facilidade. «A opinião popular distingue 
entre fome e amor, considerando-os como representativos dos instintos dirigidos à auto-conservação e a 
reprodução da espécie respectivamente. Associando-nos a esta distinção clara, postulamos, na psicanálise, 
outra semelhante entre os instintos do ego ou auto-conservativos, por um lado, e os instintos sexuais, pelo outro; 
denominaremos " libido " - desejo sexual- à força pela que o Instinto sexual é representado na mente e 
consideraremos isto semelhante à força da fome, ou à vontade de poder, ou à outras tendências do eu. 
Freud disse: “Nós definimos o conceito de libido quantitativamente como uma força variável que poderia 
servir como medida dos processos e transformações que sobrevém no terreno da excitação sexual”. 
Distinguimos esta libido, tida a origem especial, da energia que, deveria ser suposto, está por baixo dos 
processos mentais em geral, de forma que também lhe atribuímos um caráter qualitativo. Freud não defendia 
uma simples exigência que conduzisse à fertilização e conservação da espécie. 
Opinava que existem numerosos instintos relativamente independentes que partem de origens somáticas 
diferentes. Todos eles lutam para uma gratificação na sua zona somática respectiva o prazer do órgão.5 
 
Freud, na sexualidade, distinguia origem, objeto e fim. A origem é uma estimulação nascida em alguma parte 
ou zona do organismo. São denominadas zonas erotogênicas ou erógenas para essas partes do corpo que pode 
reagir antes dos estímulos sexuais. A zona erógena principal é o genital, mas, em certos casos, muitas outras 
partes do corpo como a boca ou o ânus podem fazer às vezes de zonas erógenas durante as fases pré-genitais 
do desenvolvimento do menino. 
O objeto habitual da exigência sexual é uma pessoa do sexo oposto, mas, freqüentemente, o objeto sexual 
pode ser uma pessoa do mesmo sexo, como na homossexualidade, ou o próprio indivíduo, como na 
masturbação. 
Freud ampliou o conceito de sexualidade para incluir as perversões e a sexualidade infantil, que não 
conduzem ao fim usual do sexo, quer dizer, para a fertilização e a reprodução. De fato, as perversões nunca 
tinham sido excluídas do terreno da sexualidade. Para regra geral, uma relação sexual perversa termina com um 
orgasmo e uma ejaculação de forma semelhante ao coito normal, que pode conduzir, além de ao orgasmo, para 
a fertilização e reprodução. 
Freud acreditou que a sexualidade normal é desenvolvida de um modo bem parecido às perversões, por meio 
da modificação de alguns elementos, a interrupção de outros e a incorporação de uns terceiros. Isto mesmo se 
aplica a qualquer desvio sexual. A contemplação, o palpitação, etc., de zonas erógenas constituem partes do 
jogo sexual geralmente aceitadas e amplamente praticadas. Se tais práticas ocupam o lugar do coito e excluem 
a união dos genitais, o jogo se torna uma perversão. Também, a fixação do interesse erótico em um objeto de 
vestimenta, por exemplo, em vez de faze-lo nos órgãos genitais, é fetichismo. 
A sexualidade perversa mostra o fato de que a sexualidade não se limita à reprodução e que a função dos 
órgãos genitais não é necessariamente heterossexual. Várias possibilidades existem relativo à origem, fim e 
objeto do sexo. Os órgãos genitais podem ser substituídos por outros órgãos na busca de satisfação, como 
acontece no beijo normal, ou por práticas perversas, ou pela conversão de sintomas da histeria. Uma vez Freud 
supôs que tanto a sexualidade normal como a anormal procediam da mesma origem, deveria concluir que os 
desvios sexuais constituem uma espécie de atraso ou impedimento do desenvolvimento sexual. Esta era uma 
hipótese de longo alcance. O estudo das perversões sexuais dos adultos e dos princípios biogenéticos conduziu 
ao estudo da sexualidade infantil. “Psicologicamente o menino é pai do homem”, Freud disse. 
A sexualidade infantil contém todas as potencialidades do desenvolvimento futuro que pode dirigir tanto para 
a sexualidade normal como para a anormal. O desenvolvimento normal tem lugar quando a origem, o objeto e o 
fim do sexo se combinam em um esforço consistente de unificação dos órgãos genitais de duas pessoas do sexo 
oposto. 
A origem sexual normal é constituída pelos genitais; o objeto, uma pessoa madura do sexo oposto; o fim, o 
coito heterossexual. O indivíduo normal atravessa umas fases de desenvolvimento e se, por qualquer razão, 
retém as características de uma de tais fases – “permanece fixo” -, é considerado anormal. 
O que é normal na infância é anormal na vida madura. 
Um indivíduo sexualmente anormal é um indivíduo sexualmente retardado. O menino é um “perverso 
polimorfo” que pode, ou não, se tornar um adulto bem adaptado. 
1.2 – OS INSTINTOS DE AUTO-CONSERVAÇÃO: 
De acordo com Freud, toda a atividade dos homens se dirige a “procurar prazer e evitar dor”. Esta 
atividade é controlada pelo princípio do prazer. “Nós podemos aventurar-nos em dizer que o prazer está de 
alguma maneira relacionado com a diminuição, redução ou extinção da quantidade de excitação presente no 
aparato mental; e que a dor supõe uma elevação do mesmo. A consideração do mais intenso prazer que é capaz 
o homem, o prazer da realização do ato sexual, deixa poucas dúvidas neste respeito”. 
DIFERENÇA 
(a) Os instintos sexuais sempre seguem o princípio do prazer. Os instintos de auto-conservação, 
denominados às vezes instinto do eu(EGO), para regra geral fazem o mesmo. Porém, a tarefa de evitar a dor os 
força a adiar, ou, às vezes, até mesmo renunciar ao prazer. Esta capacidade para comprometer-se com a 
realidade e considerar o que deveria ser feito e o preço que teria que ser pago pelo prazer é o princípio de 
realidade. 
O princípio de realidade é uma modificação do princípio do prazer; aprova o prazer, mas não a qualquer 
preço e em qualquer momento. O princípio da realidade luta pelo prazer ao mesmo tempo para evitar a dor; é a 
capacidade para sacrificar um tipo de prazer para outro. 
 
6 
 
Aparentemente, a consideração das circunstâncias revela diferenças grandes entre ambos grupos de 
instintos. Por meio dos instintos do eu (EGO) aprendo a acomodar-me à realidade. O princípio de realidade 
normalmente adquire uma rápida influência sobre os instintos do eu; os instintos sexuais não são tão facilmente 
controlados e anos passam antes deles serem pelo menos parcialmente subordinados ao princípio da realidade. 
(b) A outra diferença entre sexo e instintos de auto-conservação estão relacionados com a sua flexibilidade. 
Os instintos de auto-conservação contam com uma flexibilidade limitada. 
A pessoa não pode mudar as zonas ou adiar a gratificação da fome ou a sede indefinidamente, nem existe 
modo de mudar substancialmente os objetos que satisfazem a fome ou a sede. Todos os objetos que satisfazem 
as necessidades básicas de ar, comida e líquidos deveriam conter oxigênio, elementos nutritivos e água. 
Os instintos sexuais podem modificar-se em relação com a zona, fim e objeto, e são suscetíveis de 
numerosos desvios, perversões, substituições e conflitos. Isto não é aplicável aos instintos de auto-conservação. 
2-SEGUNDA FASE: Narcisismo (1914) 
Em 1914 Freud revisou a sua teoria dos instintos. Em um princípio acreditava que os instintos da libido ou do 
amor deveriam ser distinguidos dos instintos do eu ou do auto-conservação. Depois de vários anos de 
experiência clínica, descobriu que a libido pode dirigir-se a si mesmo e não só para os objetos externos 
necessariamente. O amor a si mesmo precede ao amor ao outro; o recém nascido não é capaz de amar aos 
outros. 
As crianças aprendem a separar principalmente parte do amor catequizado - investido - em si mesmos, para 
catequizá-lo em suas mães. Freud denominou narcisismo a este amor próprio, baseando-se no herói legendário 
Narciso grego que se apaixonou por si mesmo. 
O narcisismo ou amor de si mesmo constitui um fenômeno nunca terminado. Provavelmente começa na vida 
pré-natal e nos acompanha até o último dia da vida. Na primeira fase da vida é o único canal para catequizar a 
libido. 
No estado denominado por Freud narcisismo primário, todas as energias de que dispõem os instintos 
de amor que eles são investidos em si mesmo. 
Mais tarde, se o objeto amoroso é dificultado, a libido pode tornar a dirigir-se para a própria pessoa e 
estabelecer-se um narcisismo mórbido, secundário. 
A descoberta do fenômeno do narcisismo destruiu as barreiras das que separaram a libido dos instintos do 
eu. De agora em diante, os instintos do eu deveriam ser considerados como um caso especial das 
catequeses da libido, quer dizer como um investimento da libido na própria pessoa. 
Freud chegou deste modo a uma interpretação monista da vida instintiva: não existe mais que uma força 
instintiva, a força do amor, a libido. 
É narcisismo versus amor do objeto. Nos indivíduos bem adaptados um equilíbrio das catequeses acontece 
neles mesmos e nos outros, o que lhes permite proteger-se a si mesmo e tomar cuidado daqueles a quem 
amam. Em alguns indivíduos este equilíbrio se altera; alguns desenvolvem um narcisismo mórbido e secundário, 
depois de ter achado impedimentos sérios na evoluçãodas catequeses objetivas. Outros são incapazes de 
cuidar de si mesmos por um narcisismo insuficiente ou uma abundante catequese objetiva. 
 
1.2-TEORIA DO EGO – ID – SUPEREGO 
A SEGUNDA TÓPICA: A PSICOLOGIA DO EGO 
O deslocamento da Psicologia do ID para a Psicologia do EGO teve lugar gradualmente, num período 
de muitos anos. Culminando com o artigo “O Ego e o Id (1923)”, onde ele propôs pela primeira vez a divisão 
tripartite do aparato psíquico em id, ego e superego. Por isso, para falar corretamente, desde 1923 toda a 
psicanálise tem sido psicologia do ego. 
APARELHO PSÍQUICO ou MENTAL: 
TEORIA DA PERSONALIDADE (2ªteoria segundo FREUD) 
Em 1921, Freud formulou um modelo novo de estrutura da personalidade baseado em considerações 
econômicas, topográficas e dinâmicas. 
 
7 
 
• ECONÔMICAS: Versado na distribuição, equilíbrio e interdependência mútua das duas (2) forças instintivas, 
Eros e Tanatos, e das energias à sua disposição, a libido e a energia destrutiva; isto é, sobre a economia da 
mente; 
• TOPOGRÁFICA: Versa sobre as três (3) províncias mentais, o inconsciente, o pré-consciente e o 
consciente, ou topografia da mente; 
• DINÂMICA: Versa sobre os três (3) mecanismos da personalidade, o ID, o EGO e o ID ou SUPEREGO, ou 
dinâmica da mente. 
1 - O ID (das Es) 
O modelo novo de personalidade introduziu uma divisão da personalidade em três partes, o ID, o EGO e o 
SUPEREGO. O recém nascido só possui o ID; o eu e o superego é desenvolvido depois, durante a vida. 
Tudo aquilo que é herdado ou é fixado na constituição, e especialmente os instintos que têm sua origem 
na organização somática, acha sua primeira expressão mental no ID. 
• O ID é o vínculo tendido entre os processos somáticos e os mentais; está "em algum lugar em contato direto 
com os processos somáticos, assumindo deles as necessidades instintivas e lhes dando uma expressão mental, 
mas nós não podemos dizer em que substrato se realiza este contato". 
• O ID expressa a verdadeira intenção da vida do organismo individual, quer dizer, a satisfação imediata das 
suas necessidades inatas. Não pode ser atribuído ao ID propósito tal como se manter vivo a si mesmo ou ser 
protegido dos perigos por meio da angústia. 
• O ID não conhece precauções que asseguram a sobrevivência. De fato, uma gratificação imediata e 
incondicionada de uma demanda instintiva, intensamente perseguida pelo ID, pode levar a um choque perigoso 
com o mundo externo e à morte do organismo. 
Toda a energia mental acha-se armazenada no ID. 
• No princípio esta energia põe-se a disposição dos instintos orgânicos, formados pela fusão de duas forças 
primárias, o Eros e a destrutividade. 
• O único trabalho de todos os instintos, relacionados com os diferentes órgãos somáticos, é a satisfação ou 
descarga imediata de energia para suprimir a tensão e repor a calma. 
• Este é o que Freud denominou Lustprinzip, normalmente traduzido pelo princípio do prazer; é a demanda de 
uma descarga imediata de energia a que dá lugar à calma e o prazer imediato. 
O ID é completamente inconsciente e, por conseguinte, quando começa a vida de um indivíduo, tudo é 
inconsciente. 
• Devido à influência do mundo externo, parte do material inconsciente do ID se torna material pré-consciente e 
surge o EGO. 
• Nem todo material pré-consciente constitui uma propriedade permanente do eu; parte do mesmo se perde, 
parte se reprime. 
• Nos adultos, o material inconsciente do ID está composto tanto núcleo inconsciente original, inalterado e 
quase inacessível, como de um material relativamente mais jovem e mais facilmente mais acessível que foi 
reprimido pelo eu e banida ao ID. 
Os processos mentais do ID, os chamados processos primários, não estão sujeitos às leis da lógica. 
• Eles podem ou não ajudar à sobrevivência do indivíduo. 
• O ID se acha separado do mundo externo, mas leva a cabo funções perceptivas no seu próprio interior. 
• O fato evidente que o ID é governado pelo princípio do prazer, de forma que isto sempre age no sentido de 
procurar prazer e evitar o desagrado indica que o ID pode perceber. 
As percepções auto-dirigidas e os sentimentos concomitantes mostram a economia das tensões internas e o 
equilíbrio do aparato mental. Sempre que se perturba a economia ou equilíbrio do aparato mental, as forças 
instintivas reagem procurando uma descarga imediata de energia. 
Como nós dissemos, o ID obedece cegamente ao princípio do prazer. 
• Não conhece valor algum, nem o bom nem o mau, nem as normas morais, nenhumas considerações para o 
outro. 
• É uma caldeira onde ferve a excitação; 
• Freud disse: “A energia do ID é livre, fluída, capaz de ser descarregada depressa, condensada e deslocada 
com facilidade”. 
O ID não muda. 
• Os impulsos conativos (tendência de impulsos, propósito) que nunca saíram do ID, e inclusive as impressões 
que foram lançadas no ID por repressão, são virtualmente imortais e são conservados durante décadas inteiras 
embora tenham acontecido recentemente. 
• O reprimido não sofre alterações com o passo do tempo. 
 
8 
 
• Em sonhos voltam recordações esquecidas de tempo da infância, e na perturbação mental, as experiências 
da primeira infância jogam um papel decisivo. 
• Os restantes agentes da mente “, ou mecanismos da personalidade, como são o eu e o super-eu, surgem a 
partir do ID e ficam separados do mesmo”. 
• Todos são governados pelos mesmos princípios de economia e prazer. 
Freud, no último resumo de sua teoria, escreveu «que as auto-percepções governam os acontecimentos 
do ID com força dominante. 
• O ID obedece ao princípio inexorável do prazer. Mas não só o ID. Parece como se a atividade dos agentes 
restantes da mente só foracapaz de modificar o princípio do prazer, mas não de exterminá-lo; de forma que 
continua esboçada uma pergunta de grande importância teórica, e que ainda não foi liquidado: quando e como é 
possível superar o princípio do prazer? 
• As energias armazenadas no ID são os recursos livres, sem direção e sem controle da vitalidade de um 
indivíduo. 
• O ID conduz o indivíduo ao tipo de atos mais irresponsáveis semelhante aos de um recém nascido. 
Nos deixe imaginar um adulto-recém nascido, com todo o poder e a habilidade de um adulto, governado 
por uma caldeira onde ferve a excitação e nós teremos o retrato de um homem dirigido pelo ID. 
Quando os outros agentes mentais são desenvolvidos, o eu e o super-eu, suas energias vem do ID. Deveria ser 
assinalada uma vez mais que a única fonte de energia mental, tanto do Eros como do Tanatos, é o ID, parte 
dessas energias é investida nos agentes mentais. 
RELAÇÃO DO EGO COM O ID: 
O Ego é o agente do ID. De fato, é parte do Id, à parte que foi modelada e modificada por sua mais direta 
relação com o mundo externo. 
O ego é, assim, a sede da inteligência e razão, e, ao reprimir e, de certo modo, controlar os impulsos 
cegos do ID salva este de aniquilamento. 
Não obstante, diz Freud, o ego é frágil, tendo de extrair suas energias do próprio ID. 
2- O SUPEREGO (ÜBER-ICH): 
O termo Über-Ich foi introduzido por Freud em O Ego e o Id. Uma das instâncias da personalidade tal como 
Freud a descreveu: o seu papel é assimilável ao de um juiz ou de um censor relativamente ao Ego. Freud vê na 
consciência moral, na auto-observação, na formação de ideais, funções do superego. Classicamente, o 
superego é definido como o herdeiro do complexo de Édipo; constitui-se por interiorização das exigências e das 
interdições parentais. 
Segundo Freud, a formação do Superego é correlativa do declínio do complexo de Édipo: a criança, 
renunciando à satisfação dos seus desejos edipianos atingidos pela interdição, transforma o seu investimento 
nos pais em identificação com os pais, interioriza a interdição. 
 
Freud disse: “A imagem do eu que intervém entre o ID e o mundo externo, que se faz cargo das demandas 
instintivas do primeiro para lhes dar satisfação, que percebe coisas no segundoque usa como recordações, que, 
para respeitar a sua auto-conservação, está sempre em guarda relativo às demandas excessivas de ambas 
direções, e que é governado em todas suas decisões pelas regras de um princípio do prazer modificado, esta 
imagem, que repito, só é aplicada para o eu realmente depois de concluir o primeiro período da infância, ao 
redor dos cinco anos de idade”. 
ORIGEM E FORMAÇÃO DO SUPEREGO: 
O novo agente mental, o SUPEREGO, é desenvolvido como resultado da fraqueza do eu infantil. Na fase 
anal o menino entra em conflito com os pais relativo ao treinamento anal. 
O medo para o castigo e a necessidade de afeto e proteção o força a aceitar as advertências paternas e para 
«internalizá-las”, isto é, os considerar como próprio. Por exemplo, o menino pequeno pode sofrer desgosto ao 
brincar com a fezes porque desagrada aos seus pais que não quer que faça deste modo”. 
Estas proibições interiorizadas e estas auto-restrições são “predecessoras do SUPEREGO”. A propósito que 
são muito fracos e, quando ninguém observa, eles são menosprezados facilmente pelo menino. No entanto, 
estes “predecessores” contêm os elementos principais do futuro SUPEREGO, quer dizer, o medo para o castigo 
e a conformidade com as demandas paternas. 
 
9 
 
O verdadeiro desenvolvimento do superego acontece para o fim do período fálico. O medo para o castigo 
paterno alcança seu ponto culminante no complexo de Édipo. O menino, hostilizado pelo medo à castração, é 
forçado a abandonar à sua mãe como objeto amoroso. 
A menina, debaixo da ameaça de perder o amor da mãe dela, é forçada a menosprezar ao pai como objeto 
amoroso. O menino frustrado de qualquer sexo volta da relação com o objeto à identificação por introjeção. O 
introjeção do objeto amoroso é um fenômeno comum da fase oral e aparentemente a regressão oral acontece 
durante a formação do superego. 
As figuras paternas introjetadas são idealizadas e parecem ser mais poderosas e mais gloriosas que na 
realidade. Em muitos casos, a imagem do pai joga um papel maior no SUPEREGO do menino que normalmente 
abrange as imagens de ambos os pais. 
Em princípio o SUPEREGO é um elemento novo somado ao eu e introjetado no mesmo, constituindo uma 
parte do eu; mais tarde se torna um agente mental independente, freqüentemente oposto ao eu. 
O SUPEREGO representa a voz dos pais» e suas normas morais da mesma maneira que eles são 
percebidos pelo menino. Então, o superego pode ser irracional e infantil, impondo restrições rígidas que 
persistem na vida adulta sem muita consideração para a situação atual. 
Um dos elementos do superego é o Eu-ideal. O Eu-ideal se origina em uma manifestação de admiração 
para os pais, para quem o menino atribui a perfeição. É uma luta pela perfeição e um esforço para viver segundo 
as expectativas dos pais. 
Freud descreveu isto como: “O eu-ideal compreende a soma de todas as limitações ante as que deve curvar-
se o eu, e, por isto, a revogação do ideal necessariamente constituiria uma grande alegria para o eu, que 
novamente poderia sentir-se satisfeito de si mesmo”. 
CONFLITOS DO EGO COM O SUPEREGO: 
A atitude do eu para o superego se assemelha à atitude do menino para os seus pais. O eu precisa de 
afeto e indulgência. Sua auto-estima depende da aprovação do superego. Quando o eu enche a expectativa 
do superego, este reage com um sentimento de felicidade e orgulho. 
• Quando um conflito existe, as forças agressivas armazenadas no superego se tornam contra o eu com 
acusações que dão lugar a sentimentos de culpa e depressão. 
• A depressão é uma agressão dirigida contra si mesmo; é o resultado da desaprovação do eu por parte do 
superego, de um modo semelhante para os críticos paternas do comportamento do menino. 
• No transtorno maníaco-depressivo, o indivíduo oscila entre a alegria e a felicidade resultante da total 
aprovação do superego e as torturas do sentimento de culpabilidade e de depressão quando o superego se 
torna em sádico. 
• Na interferência maníaco-depressiva, o superego se faz excessivamente duro, abusa, humilha e faz 
adoecer ao seu desgraçado eu, o ameaça com os castigos mais severos, lhe reprova por atos durante muito 
tempo. 
• Na esquizofrenia latente, o eu se acha à mercê de um superego severo e exigente. As imagens paternas 
introjetadas assumem um controle despótico de todo o aparato mental até o eu não possa fazer outra coisa que 
abandonar a luta e se mergulhar no inconsciente dentro do quadro psicótico... 
• Nos adultos bem adaptados, o superego joga o papel, de auto-observador e representa a consciência e 
as normas morais; constitui os pontos de referência morais e sociais do indivíduo. 
A medida que o indivíduo cresce, o seu superego vai afastando-se gradualmente das imagens infantis dos pais e 
fica mais impessoal, mais relacionado com as pautas sociais e éticas que ele subscreve. 
Nos adultos bem equilibrados, conflito algum não acontece entre as regras morais da sociedade, representadas 
pelo superego, e a consideração realista de auto-proteção e sobrevivência, representada pelo eu e o princípio da 
realidade. 
3 - O EGO arcaico: 
O recém nascido é exposto aos estímulos, mas é incapaz de perceber o que acontece claramente, ou de mover-
se voluntariamente, ou de dominar as excitações criadas pelos estímulos internos ou externos. 
Estas três funções - percepção, motilidade voluntária e controle de tensões - se tornarão às funções eventuais 
do eu emergente. 
O recém nascido não possui o EGO. 
 
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• Está exposto a excitações que não pode dominar. De alguma forma tem uma obscura consciência delas e se 
sente aborrecido e desgraçado. Fome, sede, frio e outros estímulos produtores de tensão fluem por seu aparato 
mental produzindo um estado de angústia. 
• A primeira tendência mental que é desenvolvida no menino é livrar-se dos estímulos perturbadores. O próprio 
menino é incapaz de fazer isto deste modo. Está desvalido e não pode sobreviver sem que tenha cuidado dele. 
A ajuda vem de fora, e os estímulos perturbadores da fome desaparecem com a satisfação deste. 
O aparato mental do recém nascido, em opinião Freud, assemelha-se a um corpo flutuante na água. 
• Sua superfície está exposta para o mundo externo e recebe os estímulos externos e as moções de descarga. 
Em um princípio o aparato inteiro é ID. 
• Debaixo da influência das forças ambientais que agem na superfície do ID, tal superfície experimenta 
mudanças significativas e gradualmente se transforma numa parte separada do aparato mental denominado eu. 
Deveria ser sublinhado que a influência do ambiente produz modificações na parte externa do ID. 
• O material inconsciente do ID se torna o eu pré-consciente, no qual os processos mentais primários dão lugar 
à emergência dos processos secundários. 
• Este eu infantil, arcaico, só sabe e se ama a si mesmo. É narcisista. Nesta fase de narcisismo primário, o eu 
infantil só tem uma consciência escura do mundo externo. 
• O menino é envolto em si mesmo e nas suas necessidades; quando suas necessidades estão satisfeitas e a 
sua tensão suprimida, cai e dorme dentro de um sentimento de felicidade e onipotência. 
4 – O EGO (ICH): 
A palavra alemã para o ego, “das Ich”, é a mesma para EU, enquanto o inglês emprega o termo latino 
EGO. 
O EGO é uma organização coerente da vida mental, derivada dessa estrutura primária, que é o ID, 
por meio de modificações impostas a este pelo mundo exterior. 
São as seguintes as suas características: 
• Não se distingue rigorosamente do ID; antes se radica no ID pela sua porção inferior. 
• Em parte, ele é inconsciente, em parte consciente. 
• Presta serviços a três mestres e está, conseguintemente, ameaçado por três perigos: o mundo exterior, a 
libido do ID e a severidade do SUPEREGO. 
• O ID produz a força motriz, enquanto o EGO detém nas mãos a roda do volante, para alcançar a meta 
desejada. 
• O EGO tem 2 (dois) deveres críticos diferentes,relativos ao ID: 
• (a) – vigiar o mundo exterior e aproveitar a ocasião mais oportuna para satisfazer, sem prejuízo, os impulsos 
do ID; 
• (b) – induzir o ID a modificar ou renunciar aos seus impulsos, ou então a substituir ou adiar a satisfação 
deles. 
• Do ponto de vista dinâmico, o EGO representa eminentemente no conflito neurótico o pólo defensivo da 
personalidade; põe em jogo uma série de mecanismos de defesa, estes motivados pela percepção de um afeto 
desagradável (sinal de angústia). 
• Do ponto de vista econômico, o EGO surge como um fator de ligação dos processos psíquicos; nas 
operações defensivas, as tentativas de ligação da energia pulsional são contaminadas pelas características que 
especificam o processo primário: assumem um aspecto compulsivo, repetitivo, desreal. 
• Também do ponto de vista econômico, “o ego deve ser considerado como um grande reservatório de libido, 
de onde a libido é enviada para os objetos e que está sempre pronto a absorver parte da libido que reflui dos 
objetos”. 
4.1 – AS TAREFAS DO EGO: 
A tarefa principal do eu é o auto-conservação do organismo. 
• Leva a cabo esta tarefa com relação ao mundo externo “percebendo os estímulos de fora”, 
• Acumulando as experiências dos mesmos (na memória), 
• Evitando os estímulos excessivos (por meio da fuga), 
• Tentando com os estímulos moderados (por meio da adaptação) e, 
• Finalmente, aprendendo a promover as modificações apropriadas no mundo externo para seu próprio 
proveito (por meio da atividade). 
Para o que concerne aos eventos internos e relacionados com o ID, o eu leva a cabo sua tarefa. 
• Controlando as demandas dos instintos, 
• Decidindo a autorização para obter satisfação, 
 
11 
 
• Adia tal satisfação para tempos e circunstâncias favoráveis no mundo externo ou suprimindo suas excitações 
completamente. 
As suas atividades são governadas pela consideração das tensões produzidas pelos estímulos presentes no seu 
interior ou introduzidas nele. Por regra geral, o crescimento destas tensões se experimenta como desagrado e 
sua diminuição como prazer. 
O eu persegue o prazer e tenta evitar o desagrado. Um incremento do desagrado esperado é percebido como 
um sinal de angústia. 
O ego se ocupa da descoberta de métodos mais favoráveis e menos perigosos para obter satisfação. Neste zelo, 
o eu toma em consideração ao mundo externo. 
Também, o eu se rege pelo princípio do prazer. Mas, ao contrário do ID, o EGO é capaz de calcular as 
conseqüências do seu comportamento. 
• O ID é cego e procura a gratificação imediata das demandas instintivas, enquanto o EGO (eu) é capaz de 
racionamento lógico, de considerar as relações causais e de aprender pela experiência. 
• Devido a estas atividades intelectuais o EGO aplica um princípio do prazer modificado. 
• O EGO se agarra à tarefa do auto-conservação e adia ou suprime as demandas instintivas que ameaçam o 
existência do organismo. 
• O EGO não objeta a gratificação dos instintos, mas protege a existência do organismo que é a exigência de 
qualquer experiência agradável. 
• Para o eu (EGO), a saúde é anterior ao prazer. Em outras palavras, o ID não tem cuidado da vida que não 
oferece prazer, e o eu (EGO) não se preocupa do prazer que compromete a vida. 
• O ID se agarra aos anelos instintivos prescindindo dos resultados futuros; o eu (EGO) se agarra à realidade e 
procura a causa do prazer sempre que não haja nenhum perigo nisto. Esta busca modificada e limitada de 
prazer foi denominada por Freud princípio de realidade. 
4.1.1 - As funções do eu: comprovação da realidade: 
O EGO é à parte da mente que adapta o organismo ao mundo exterior. 
• O eu realiza várias funções, e uma delas é o contato com a realidade. 
• O eu percebe os estímulos internos e externos, considera as possibilidades de gratificação afortunada - prazer 
ao máximo e mínimo desagrado - dos impulsos instintivos, e leva em consideração a totalidade dos recursos 
internos - habilidades, etc., a totalidade das circunstâncias. 
• Pode ser comparado o motorista de um veículo em uma mesma estrada convergida. 
O motorista (EGO), 
• 1) percebe o que acontece fora do automóvel; 
• 2) percebe (ou sabe) os recursos do veículo dele, isto é, potência, tamanho, peso, freio, etc. 
• 3) estuda as possibilidades para correr pela estrada e considera a adaptação necessária da própria velocidade 
e das manobras do automóvel às condições externas – estrada molhada, estrada escorregadia, outros carros 
passam por ela - e as condições do próprio veículo, 
• 4) exercita um controle apropriado do carro de próprio dele; 
• 5) se move pela estrada em direção a sua meta tentando fazer isto no possível menor tempo e pela estrada 
mais segura e mais econômica. Deveria ser somado isto que a tarefa do eu se complica pelo fato de que não é 
uma máquina, mas um vulcão em erupção que sempre não pode ser controlado e que no carro, simbolizando o 
organismo, existe um condutor no assento posterior, o super-eu (super-ego). 
Como já apontamos, a primeira e mais importante tarefa do eu emergente consiste no contato com o 
mundo externo, isto é, a percepção dos objetos. 
• A percepção narcisista de nosso próprio corpo é o primeiro passo nesta direção. 
• O menino percebe obscuramente algumas tensões como "algo de dentro". Isto conduz à formação da imagem 
do seu próprio corpo, que surge a partir das sensações desagradáveis e agradáveis do mesmo. A percepção do 
corpo de um como objeto definido é um passo importante na direção da percepção do mundo externo. 
• O eu se esforça por controlar à chegada de estímulos. Quando tal coisa é impossível, retorna ao ID dormindo 
ou desfalecendo. 
• A regressão é conseqüência do fracasso em dominar a realidade; é um sinal de que o eu é muito fraco e 
incapaz de proteger o organismo contra uma estimulação dolorosa. 
O processo de percepção dos objetos externos começa por meio da identificação primária; arcaica, com os 
objetos percebidos. 
 
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São várias as funções incluídas nesta identificação arcaica realizada pelo o eu emergente. O menino põe na sua 
boca os objetos percebidos, introjetando seus primeiros objetos amorosos. 
A introjeção oral do objeto indica que os processos perceptivos, motores e emocionais ainda estão em uma fase 
de indiferenciação mútua. A identificação compreende a imitação dos objetos percebidos; é um esforço para 
dominar os estímulos muito intensos, e os adapta o próprio corpo. 
 
SEGUNDA TEORIA DOS INSTINTOS 
TERCEIRA FASE: EROS E TÁNATOS (1920) 
Em 1920, Freud revisou sua teoria dos instintos novamente. Neste ponto escreveu o seguinte: “Depois de longas 
dúvidas e vacilações, nós decidimos supor a existência de dois instintos básicos, o Eros e o instinto destrutivo... 
Tánatos”. 
1- EROS: 
Freud juntou sob o nome de “Eros” a todas as forças que procuram o prazer e que melhoram as funções vitais 
do indivíduo. O Eros abraça todos os impulsos sexuais e egoístas e, desde este momento, libido era o nome de 
todas as energias que se acham a disposição do Eros. (Pulsão da Vida) 
2 - TÁNATOS: 
A finalidade do primeiro (Eros) destes instintos básicos consiste em sempre estabelecer unidades maiores e 
os preservar, isto é, uni-los (juntá-las); a finalidade do segundo (Tanatos), pelo contrário, consiste em desfazer 
conexões e, deste modo, destruir seres. Deveríamos supor que a meta final do instinto destrutivo é reduzir os 
seres vivos para o estado inorgânico. Por isto também podemos denominá-lo de “o instinto de morte”.(Pulsão da 
Morte) 
Esta hipótese nova de separar os instintos agressivos e destrutivos derivou principalmente do estudo do 
sadismo e o masoquismo. A gratificação sexual de um sádico depende da dor e o sofrimento infringido por ele a 
seu objeto amoroso, e a de um masoquista da dor infringido a ele por seu objeto amoroso. 
Era muito difícil de interpretar o sadismo em termos da teoria da libido, e a existência de um desejo de sofrer 
masoquistaconstituiu um desafio sério para a teoria da libido. 
Freud teve que achar outros fatores que incitaram infligir ou aceitar a dor. Este fator poderia estar relacionado 
com a libido e o Eros. A única solução possível era supor outra força diretora e outro poder instintivo que 
empurrava aos homens para causar dor a outros em uma situação polarizada para o objeto ou a infringir dor 
para si mesmo em uma situação polarizaram para eles mesmos. Tal uma força instintiva poderia ser feita 
responsável do desejo de matar, humilhar e destruir. A existência dele era suficientemente provada pela 
experiência diária e com o testemunho da história humana. Os seres humanos nascem para amar e odiar; se há 
energia - libido - a disposição do instinto do amor, há também energia a disposição do instinto agressivo. A meta 
final do instinto amoroso é criar a vida e a meta final do instinto agressivo é destruir a vida e retro-trazer para a 
natureza inorgânica. 
Quando a agressividade contra o mundo externo é dificultada e não pode achar satisfação, em certas 
circunstâncias, pode fazer-se interior. Pode, Freud disse, aumentar o volume do auto-destrutividade. Uma 
impedida agressão contém perigos muito sérios; parece que deveríamos destruir coisas e pessoas em ordem a 
não destruir-nos nós mesmos. Deveríamos achar alguns canais externos para a agressividade para nos proteger 
da tendência para a autodestruição. 
Como nós dissemos antes, todos os instintos vão dirigidos ao restabelecimento de um estado primitivo de 
coisas. Assim que um estado de coisas desaparece, um instinto surge para o recreá-lo. Freud denominou a 
esta tendência repetição-compulsão. Pode fazer-se mais forte que o princípio do prazer e freqüentemente 
supera isto. A repetição-compulsão explica a tendência para reproduzir em sonhos experiências desagradáveis e 
freqüentemente experiências traumáticas. 
A vida é tida desenvolvido a partir da matéria inorgânica. Uma vez iniciada a vida, surgiu um instinto dirigido 
ao restabelecimento do estado inorgânico e à destruição da vida. De acordo com Freud, isto é a origem do 
instinto destrutivo, cuja meta final é a morte ou o restabelecimento da natureza inanimada. 
Vida e morte estão inter-relacionadas; construção e destruição são inseparáveis. Nenhum processo vital pode 
ser liberado do instinto de morte. 
 
13 
 
Na vida de um indivíduo, Eros e Tanatos podem combinar seus recursos, mas freqüentemente eles lutam um 
contra o outro. Comer é um processo de destruição com o propósito de incorporação, e o ato sexual é uma 
agressão guiada à união mais íntima. A maioria dos impulsos da vida sexual poucas vezes é puramente erótica; 
os impulsos sexuais normalmente constituem uma combinação de demandas instintivas eróticas e destrutivas. 
 
A SEXUALIDADE: 
1- TEORIA DA CAUSAÇÃO SEXUAL: 
Com a Teoria da Causação Sexual da Neurose, e a do desenvolvimento da sexualidade em geral, Freud 
penetrou no cenário mais amplo da crítica social. Enquanto os neurologistas acreditavam no Mito de que a 
doença mental era apenas uma variedade da patologia do cérebro, era pequeno o significado da 
neurologia e da psiquiatria para a civilização em geral. 
 
 Mas se o sexo é uma fonte de perturbação nos neuróticos e na verdade em toda gente, como Freud logo 
veio a perceber, então o que está em jogo é toda a Estrutura da Sociedade, pois a sociedade moderna 
prescreve, mesmo atualmente, um rígido código de abstinência sexual. A orgulhosa moralidade das grandes 
nações, diz Freud em outras palavras, é um amontoado de mentiras, e produz um mundo de neuróticos. 
2- FASES DE DESENVOLVIMENTO SEXUAL ou PSICOSSEXUAIS: 
Freud dividiu a vida sexual humana em três períodos: 
a - SEXUALIDADE INFANTIL (aproximadamente até os cinco anos de idade) Está ainda subdividida 
nas Fases ORAL, ANAL, e FÁLICA, culminando no COMPLEXO DE ÉDIPO (em algum momento 
entre as idades de 3 a 5 anos). 
b - PERÍODO DE LATÊNCIA e 
c - PUBERDADE 
Antes da fase de Édipo, o objetivo do Instinto sexual não está ligado a um objeto: o modelo para a 
gratificação é a MASTURBAÇÃO, e não a relação com outro ser humano. Contudo, Freud 
reconheceu alguns instintos (parciais) como: sadismo, voyeurismo e exibicionismo, isto é, os impulsos 
para a crueldade, para VER e para se EXPOR, que estão regularmente ligados a outras pessoas ou 
objetos. 
A SEXUALIDADE Infantil culmina no Complexo de Édipo, o desejo de Ter relações sexuais com o 
genitor do sexo oposto, e os correspondentes desejos antagônicos com relação ao genitor do mesmo 
sexo. 
FREUD ENCARAVA O COMPLEXO DE ÉDIPO COMO A FONTE DE TODA ESTRUTURA DE 
PERSONALIDADE, NEURÓTICA OU NORMAL. 
3 – A SEXUALIDADE INFANTIL: 
O recém nascido: 
O nascimento é uma experiência traumática que perturba a vida muito equilibrada no útero. O nascimento, 
como primeiro trauma, é o protótipo de todos os sentimentos de angústia da vida posterior. O organismo é 
inundado de estímulos, as tensões chegam a um máximo, e o organismo desvalido destituído é exposto ao 
choque de nascer. 
Depois do nascimento, o aparato mental do recém nascido sofre estímulos muito superiores para sua 
capacidade de resolução. A tendência natural, por conseguinte, consiste em restabelecer a economia mental por 
meio de um afastamento da realidade caindo dormindo. Então uma vez suprimida a tensão desagradável, por 
exemplo, a fome, o menino fica dormindo com um sentimento de felicidade e delícia profunda. 
Só se desperta quando é estimulado pela fome, o frio ou algum outro mal-estar. O recém nascido é 
completamente narcisista. É a fase de narcisismo primário, os objetos externos quase não são apreciados. A 
gratificação das necessidades do menino se produz imediatamente e ele é impossibilitado distinguir entre desejo 
e realidade, de si mesmo e o mundo externo. Pode sentir-se tão onipotente quando está gratificado - depois de 
receber comida ou depois das evacuações - quanto miserável se aumenta à tensão. 
Os primeiros sinais da atitude do recém nascido para o mundo externo podem ser caracterizados como um 
desejo sem objeto de algo ou um tipo de anelo inconsciente de unificação com o mundo externo. 
 
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Freud denominou sentimento oceânico a este anelo nebuloso. É como se o menino desejava retornar ao 
útero ou, até mesmo mais longe, para a não existência. Eros e Tanatos estão unidos na luta por essa 
passividade agradável e total que em última instância significa a morte. 
Os primeiros objetos produtores de prazer com que o menino enfrenta são os bicos do peito da mãe ou a 
mamadeira. A primeira zona somática que experimenta a sensação agradável de chupar é sua boca. Então, 
depois do nascimento, começa a fase oral do desenvolvimento instintivo imediatamente. 
4 - A FASE ORAL: 
Primeira Fase da evolução libidinal: o prazer sexual está então ligado de forma predominante à excitação da 
cavidade bucal e dos lábios que acompanha a alimentação. Abraham propôs subdividir-se esta fase oral em de 
duas atividades diferentes: sucção (fase oral precoce) e mordedura (fase oral-sádica). 
O seio materno é o objeto original de desejo sexual do infante. Durante a amamentação do infante revela-se 
a primeira manifestação do instinto sexual. 
A fonte é a zona oral; o objeto está estreitamente relacionado com o da alimentação; o alvo é a incorporação. 
Assim, a boca e os lábios, entre outras partes do corpo, constituem uma das zonas erógenas, áreas do corpo 
que proporcionam o prazer sexual. 
O menino polimorfamente perverso: 
• O princípio biogenético é uma das razões principais para supor que a sexualidade do menino é 
polimorfamenteperverso e que dirige por algumas fases de desenvolvimento até a sexualidade adulta e normal. 
• Outras razões para esta suposição derivam dos estudos clínicos que indicam que a sexualidade perversa e o 
normal são desenvolvidos a partir da mesma origem, a sexualidade infantil. 
• Tanto a sexualidade normal como a perversase dirige para o mesmo fim, o orgasmo. Ambas partem da 
sexualidade infantil desorganizada na que existem independentemente diferentes anelos e desejos. 
• Na sexualidade adulta, um dos componentes se faz dominante e toda a atividade sexual fica concentrada em 
uma área, sendo outras áreas excluídas ou banidas a papéis secundários. 
• Nos adultos normais domina a zona genital, nas perversões alguma outra. 
• Na infância, todas as áreas ou qualquer uma delas pode fazer um esforço para seu próprio prazer. 
• Alguns adultos cuja sexualidade permanece infantil continuam sendo uns polimorfos perversos. 
As primeiras excitações sexuais do menino estão relacionadas com o processo da alimentação. 
Quando o menino fica dormindo junto ao peito, totalmente satisfeito, “mostra uma expressão de perfeito 
contente à que retornará novamente, na sua vida posterior, depois da experiência do orgasmo sexual”. 
O menino pode continuar chupando embora ele não tome alimento algum; chupa pelo prazer de chupar. 
Chupar para alimentar-se constitui o “protótipo de toda satisfação sexual posterior”. O desejo de chupar inclui 
o desejo do peito da mãe que, por conseguinte, é o primeiro objeto do “desejo sexual”. 
O amor está relacionado com a fome, e chupar reporta gratificação tanto à fome como ao amor. No princípio 
o menino distingue o peito da mãe do próprio corpo dele. 
Quando começa a chupar por prazer, o peito é abandonado como objeto de amor e é substituído por uma 
parte de seu próprio corpo; ele chupa seu polegar ou sua língua, e o próprio corpo é seu objeto amoroso. 
Na fase oral da organização da libido, o objeto amoroso é ambivalente e contém tanto ao Eros como ao 
Tanatos. O anelado objeto é assimilado comendo ou deglutindo, ao mesmo tempo, sendo aniquilado. 
O menino quer deglutir o que ama e seu amor conduz para a destruição dos objetos amorosos. É uma 
tendência canibalista; um canibal, Freud disse, experimenta «um afeto devorador “para seus inimigos e devora 
as pessoas que aprecia”. 
Certos adultos que não superaram a fase oral podem reter estes elementos destrutivos no amor da sua vida 
adulta. Amam seus objetos amorosos na medida em que pode explorá-los e só amam se se produz exploração. 
Karl Abraham, um dos colaboradores excelentes de Freud, sugeriu dividir a fase oral em oral-passiva e oral-
agressiva. 
A fase oral-passiva se estende durante vários meses do primeiro ano da vida; para o segundo ano - 
freqüentemente, bastante avançado já -, acontece a fase oral-agressiva do desenvolvimento da libido. O estagio 
oral-passivo ou oral-dependente é caracterizado pelo prazer derivado de chupar. Nesta fase, o menino não pode 
distinguir claramente entre ele mesmo e o mundo externo, e percebe no chupar uma experiência auto-
gratificante e completamente lógico. 
Para regra geral, a fase oral-agressiva coincide com a dentição. A criança percebe que o peito da mãe não 
constitui uma parte de si mesmo, isto é, sempre não está disponível ou do modo que ele quereria. 
 
15 
 
Não pode dar por certo que terá o peito. Quando frustrado, força uma solução, agarra e morde e tenta 
receber a gratificação oral por meio de atos agressivos. 
Eros e Tanatos se combinam durante a toda a fase oral inteira nas canibalísticas tendências para o ato de 
deglutir. Não obstante, na fase oral-passiva, o menino não é fundamentalmente agressivo e ele dá por certo a 
provisão de leite. No estádio oral-agressivo, a agressividade se utiliza como arma para procurar gratificação. O 
menino deglute como antes, mas, também, ele enlata cuspir e morder, e estes são pautas de comportamento 
definitivamente agressivo. 
5 - A FASE ANAL: 
Freud denominou sádico-anal à segunda fase do desenvolvimento da libido. Durante o segundo e muitas 
vezes terceiro ano de vida, o menino experimenta prazer considerável na excreção e ele aprende a aumentar tal 
um prazer retendo a fezes e estimulando as membranas mucosas do ânus. As crianças experimentam prazer na 
evacuação de urina e do conteúdo intestinal, e muito logo eles fazem um esforço para levar a cabo atos de forma 
que a excitação concomitante das membranas destas zonas erógenas possam proporcionar-lhes a máxima 
gratificação possível... 
O mundo externo intervém neste ponto como um obstáculo, como uma força hostil oposta ao desejo do 
prazer do menino... Não deveriam dar saída às suas excreções quando goste, mas no momento mostrado pelos 
outros... Deste modo, é precocemente exigido a trocar prazer por valor aos olhos dos outros. 
O menino estima suas fezes como uma parte do seu próprio corpo e não gosta desfazer-se deles. “Pode 
oferecer resistência às pressões sociais e sentir que as fezes são sua propriedade e que ninguém pode exercer 
controle sobre eles. Pode agir agressivamente por meio da evacuação; libido e ódio se combinam, dentro de um 
erotismo anal, no prazer de defecar e seu sádico 'desembaraçar-se das fezes. Quando o menino resiste ao 
treinamento intestinal e retém suas fezes, expressa de outro modo sua oposição aos adultos”. 
A fase anal conta com outra ambivalência à margem da expulsão-retenção. Nesta fase, a masculinidade e a 
feminilidade se distinguem pela atividade e a passividade respectivamente. 
Os impulsos masculinos são: scoptofilia - observar -, curiosidade, desejo de manipular e dominar, podendo 
todos eles terminar em crueldade e sadismo. A expulsão ativa das fezes é masculina. 
Os impulsos femininos representam um desejo passivo relacionado com a zona erógena anal e oca. O 
reto pode ser estimulado facilmente aceitando que penetre nele um corpo estranho. 
A ambivalência anal da expulsão masculino-ativa e a recepção feminino-passiva de um estranho podem 
conduzir a tendências bissexuais na vida ulterior. 
Abraham sugeriu dividir a fase anal na fase anal-expulsiva e a anal-retentiva. 
Na primeira fase e expulsiva, o menino não se preocupa do objeto externo e goza com a expulsão sádica das 
fezes. O folclore e o “jargão” dão testemunho desta tendência anal - agressiva que freqüentemente se mantém 
viva em jovens e adultos. 
Na última fase anal ou anal-retentiva, o menino pode experimentar afeto às fezes, que se tornam em seu 
objeto amoroso. Pode tratar de guardá-las e preservá-las. As fezes constituem a primeira possessão de que o 
menino se desprende, à margem do amor para a pessoa que cuida dele. As fezes são o protótipo de dom, e, por 
conseguinte do ouro e o dinheiro. Por outro lado, as fezes simbolizam os bebês, pois a maioria das crianças 
acredita que o nascimento de um bebê constitui um processo semelhante à defecação. 
Muitas vezes as crianças consideram o pênis de forma semelhante à coluna de fezes que ocupam o tubo 
mucoso do intestino. Acredita-se que a fase anal-retentiva é a origem da ternura. 
Freud aceitou as sugestões de Abraham neste ponto e elaborou o conceito de ternura em contradição com o 
tipo de amor oral. 
A ternura origina-se no desejo de guardar e preservar o objeto que reporta gratificação e de cuidar do 
mesmo. 
6 - A FASE URETRAL: 
A fase de desenvolvimento uretral é um período introdutório à fase fálica, na qual os órgãos genitais se 
tornam no ponto focal de gratificação da libido. Tanto no homem como na mulher as áreas urinárias estão 
estreitamente relacionadas com as áreas genitais, de forma que as fantasias sexuais das crianças confundem 
freqüentemente a urina com o sêmen e a sexualidade com a micção. O erotismo uretral é principalmente erótico, 
pois o próprio corpo se torna no objeto amoroso. Este erotismo a outros objetos por meio de fantasias 
concernentes a urinar-se sobre eles ou ser urinado por eles. 
 
16 
 
Nas meninas, o erotismo uretral às vezes é desenvolvido de acordo com uma regra retentiva, mas em geral 
se dirige à expulsão da urina e ao prazer derivado de esvaziar a bexiga. A mesma micção pode ser ativa e 
agressiva como no caso de urinar-se em alguém. 
Nos meninos, conduz ao erotismo genitalativo e normal. 
Nas meninas leva a um conflito sobre o papel sexual e mais tarde está relacionado com o inveja do pênis. A 
natureza passiva da micção experimentada como um «deixa-o sair “ou uma perda do controle da bexiga conduz 
aos meninos a uma confusão sobre o seu sexo, de forma que muitas vezes pode achar-se uma ternura feminina 
em homens que se urinavam na cama durante a sua infância”. 
7 - A FASE FÁLICA E O COMPLEXO DE ÉDIPO: 
Para regra geral, ao redor dos quatro anos o menino entra na fase fálica do desenvolvimento libidinoso. É a 
fase de organização infantil da libido que vem depois das fases oral e anal e caracterizada por uma unificação 
das pulsões parciais sob o primado dos órgãos genitais. 
Nesta fase o infante só conhece um único órgão genital, o órgão masculino, e a oposição fálico-castrado. A 
fase fálica corresponde ao momento culminante e ao declínio do complexo de Édipo; o complexo de castração é 
aqui predominante. 
A noção de fase fálica é tardia em Freud, pois só em 1923 aparece explicitamente. 
O termo fálico é derivado de phallos que significa pênis em ereção. 
A idéia de um primado do falo está já prefigurada em textos muito anteriores a 1923. Desde os “Três Ensaios 
sobre a Teoria da Sexualidade (1905)” em que se encontram duas teses: 
a) A libido é “de natureza masculina, tanto na mulher como no homem”. 
b) A zona erógena diretriz na criança do sexo feminino é localizada no clitóris, que é o homólogo da zona 
genital masculina (glande). 
Nesta idade, as sensações agradáveis nos órgãos genitais procuradas pela estimulação manual assumem 
um papel dominante. A Libido está «localizada agora nos órgãos genitais, de forma que toda excitação sexual se 
concentrará neles e por eles será descarregado. 
O fator mais importante que é desenvolvido durante a fase fálica é o Complexo de Édipo. 
Nesta fase o pênis se torna uma fonte de sensações agradáveis. Ao contrário do desejo de ser acariciado 
que acontece na fase uretral, nesta existe uma necessidade ativa de empurrar e introduzir o pênis. Tal coisa se 
torna uma preciosa de gratificação e orgulho. 
Por regra geral, a mãe percebe as atividades masturbatórias do menino, o proíbe brincar com o seu pênis, e 
ela pode ameaçar-lhe fazendo saber que o tiraria a menos que pare para se masturbar. Muitas vezes adverte ao 
menino que ela pode explicar isto ao pai e este lhe cortaria o pênis. 
 O menino tem consciência da vulnerabilidade e inferioridade com relação ao pai, cujo pênis é maior. Teme 
que o pai possa castigá-lo e castrá-lo. Se tiver a oportunidade de apreciar a diferença existente entre os órgãos 
masculinos e femininos, a ameaça de castração se torna algo muito realista e estremecedor. 
Acredita que todas as pessoas tiveram um pênis, porém em alguns casos estava cortado pelo onipotente pai. 
Este medo à castração é muito mais forte que o medo oral a ser comido; o medo anal a perder o conteúdo 
intestinal; ou medo à castração força a criança a abandonar seus desejos incestuosos. 
Pode abandonar a masturbação para sempre e adotar uma atitude passiva semelhante à que atribui à mãe. 
Esta atitude passiva oculta seu crescente temor e ódio ao seu pai, que às vezes se traduzem mais tarde por uma 
atitude desafiante contra todos os homens que representam uma autoridade. O menino não abandona o afeto à 
sua mãe, que freqüentemente se torna em uma relação de dependência, em uma necessidade de ser amado. 
Esta atitude, com seus componentes femininos fortes e sua identificação parcial com a mãe, conduz a atitudes 
submissas no que se refere às mulheres. 
Freud descreve do modo seguinte as características masculinas e femininas: 
«Quando nós dizemos: masculino, nós queremos dizer uma regra ativa, e quando nós dizemos: feminino, nós 
queremos dizer uma regra passiva... A célula sexual masculina é ativa e móvel; busca à feminina, enquanto isto, 
o óvulo, é estacionário, e espera passivamente. Este comportamento dos organismos elementares do sexo é em 
linha geral um modelo do comportamento dos indivíduos de cada sexo na união sexual. 
COMPLEXO DE ÉDIPO: Conjunto organizado de desejos amorosos e hostis que a criança experimenta 
relativamente aos pais. 
Forma positiva: O complexo se apresenta como na história de Édipo-Rei: desejo da morte do rival que é 
personagem do mesmo sexo e desejo sexual da personagem do sexo oposto. 
 
17 
 
Forma negativa: Apresenta-se inversamente: amor pelo progenitor do mesmo sexo e ódio ciumento ao 
progenitor do sexo oposto. 
O Complexo de Édipo é vivido no seu período máximo entre os três e os cinco anos, durante a fase fálica; o 
seu declínio marca a entrada no período de latência e é superado com maior ou menor êxito num tipo especial 
de objeto. 
O Complexo de Édito desempenha um papel fundamental na estruturação da personalidade e na 
orientação do desejo humano. 
Os psicanalistas fazem dele o eixo de referência principal da psicopatologia, procurando para cada tipo 
patológico determinar os modos da sua posição e da sua resolução. 
Freud descobre a importância do Complexo durante a sua auto-análise que o leva a reconhecer em si o amor 
pela mãe e, para com o pai, um ciúme em conflito com a afeição que lhe dedica; em 1897 escreve a Fliess 
afirmando que o Mito Grego salienta uma compulsão que todos reconhecem por terem percebido em si mesmos 
vestígios da sua existência. E logo afirma “A todo o ser humano é imposta a tarefa de dominar o complexo 
de Édipo”. 
No menino: Em alguns casos é mais intenso o amor para o pai, e o menino reprime os desejos fálicos 
respeito à mãe. No lugar dele, experimenta um desejo pré-genital sexual, passivo, para o pai. Este complexo de 
Édipo negativo pode conduzir à homossexualidade. 
Nas meninas: o complexo de Édipo procede em ordem inversa. Nos meninos dá lugar ao temor da castração 
que conduz à sua resolução; nas meninas não há nenhum medo à castração. 
“... enquanto o complexo de Édipo do rapaz é minado pelo complexo de castração, o da menina é tornado 
possível e introduzido pelo complexo de castração”. 
Assim que a menina confira as diferenças entre os sexos, experimenta uma inveja do pênis que a empurra a 
amar o seu pai. 
Este é o complexo feminino de Édipo, Complexo denominado de Electra. 
• No princípio, a menina pequena acredita que todo o mundo é como ela. 
• Mas, quando descobre que algumas pessoas têm pênis, quer possuir um e lhe ocorre que ela teve um pênis, 
mas “o perdeu”. 
• Começa a fazer vãos intentos de fazer a mesma coisa que os meninos e mais tarde, com mais sucesso, faz 
um esforço para compensar em si mesmo tal defeito; tais esforços podem levar, em último instancia, para uma 
atitude feminina normal. 
• Amiúde se masturba e usa o clitóris como substituto do pênis. 
• Se a garota se agarra ao desejo possuir pênis, pode desenvolver tendências masculinas e tornar-se 
dominante e agressiva e, em ocasiões, homossexual. Porém, as coisas podem levar outra direção. 
• Pode mostrar-se hostil com a mãe porque não lhe deu um pênis ou lhe tirou o que possuía e porque a mãe 
possui ao pai. 
• O desejo que a menina experimenta de aniquilar a mãe dela e de possuir o pênis do pai é característica do 
complexo de Édipo feminino. 
• O amor pela mãe se torna ódio; já não constitui um objeto de amor, e a menina reage à perda do objeto 
amoroso identificando-se com ele. 
• Quer desempenhar o papel da sua mãe e em vez de possuir um pênis quer ter um bebê, que é substituto do 
pênis. 
• O papel dela faz-se agora passivo, receptivo; o caminho para a sexualidade feminina normal está livre. 
Neste estádio, a sexualidade da menina é centrada no clitóris. A masturbação clitoridiana é característica desta 
idade, e às vezes é acompanhado de fantasias masculinas nas que o clitóris joga no papel de um pênis. 
• No caso de um complexo de Electra negativo, pode sonhar a menina em tomar o papel de pai e que insere o 
clitóris na vagina da mãe, tendo um bebê comela ou no dizer de Freud, “a renúncia ao pênis só se realiza após 
uma tentativa para obter uma compensação”. 
• A menina resvala do pênis para o filho, e o seu complexo de Édipo culmina no desejo durante muito tempo 
alimentado de obter como presente um filho do pai, de lhe dar um filho. 
• Nos casos normais, o amor para o pai ou complexo de Electra positivo que dirige ao abandono de desejo de 
um pênis, à identificação com a mãe, na aceitação do papel feminino-receptivo, e para o desejo de ter - 
incorporar - um bebê. 
COMPLEXO DE ELECTRA: Expressão utilizada por Jung como sinônimo de Édipo feminino, para acentuar a 
existência nos dois sexos de uma simetria da atitude para com os pais. Freud declara não ver interesse de tal 
denominação. 
 
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8 – O PERÍODO DE LATÊNCIA: 
Na fase seguinte do desenvolvimento denominada por Freud período de latência, os sentimentos edípicos 
incestuosos são reprimidos e agressivos e esquecidos. 
 Parte das forças instintivas são localizados atrás das proibições paternas e são utilizadas como forças 
anti-instintivas. As proibições paternas interiorizadas que constitui o super-eu, ameaçam o menino com castigos 
severos e mantêm debaixo de um controle forte os anelos edípicos reprimidos. 
O menino deveria identificar-se com a figura paterna ameaçadora que na maioria dos casos é o pai do 
mesmo sexo. O interesse sexual do menino diminui consideravelmente, especialmente por meio de inibições e 
sublimações. O amor dele aos seus pais se des-sexualiza e fica inibido no seu fim. Embora os elementos 
sensual-sexuais são conservados no inconsciente, são inibidos os fins sensuais da sexualidade dele e o menino 
experimenta para os seus pais alguns sentimentos mais bem ternos que apaixonados. Como conseqüência da 
inibição dos anelos edípicos, as crianças abandonam seu interesse por pessoas do sexo oposto. Durante o 
período de latência, por regra geral entre os seis e onze anos, os meninos brincam com meninos e as meninas 
com meninas. Os meninos tendem a associar-se e identificar-se com os pais, adultos e companheiros do mesmo 
sexo, e vão estabelecendo uns interesses que aumentam sua identificação com tal sexo e seus sentimentos de 
pertinência para o mesmo. 
9 – O PERÍODO DA PUBERDADE 
Durante a puberdade, a libido está totalmente separada de sua relação primitiva com os pais. Para adaptar-
se psicológica e socialmente, o menino deve dirigir sua libido fora da sua mãe, para um objeto amoroso externo, 
e resolver o conflito com o seu pai. Estes processos acontecem, por regra geral, aos dez anos de idade. 
As mudanças psicológicas provocam o desenvolvimento completo das demandas sexuais e conduzem a 
novas relações interpessoais. No período do rápido crescimento físico e das mudanças glandulares, os genitais 
se convertem na principal zona erógena e o desejo de contatos heterossexuais fica dominante. A identificação 
com o próprio sexo aconteceu durante o período de latência; agora o adolescente faz um esforço para levar a 
cabo uma ação reguladora pelos atos do pai do mesmo sexo. 
Em muitos casos, as tendências amorosas ocultas sensuais e "ternas” se unem na puberdade. O adolescente 
aprende a combinar as demandas sexuais livres e violentas com os sentimentos profundamente inibidos de 
cuidado, ternura e consideração para o seu objeto amoroso. Cresce na vida madura e, gradualmente, vai sendo 
feito mais apto para o matrimônio. 
Muitas vezes não acontece a unificação destes dois elementos ou está atrasado ou fracassa em parte. 
Em tais casos o adolescente, e o adulto, reservam seus sentimentos de ternura e sua admiração para as 
mulheres que não o excitam sexualmente, e se sente excitado e potente ante as mulheres para as que não 
sentem respeito nenhum nem sentimento de ternura. 
Em tais casos a maturidade está longe de estar completa, a união com a mãe afetuosa é inibida em seu fim, 
normal durante o período de latência, não foi superada dos 10 aos 20 anos e continua agindo como fator 
perturbador durante a vida adulta. 
Em alguns casos, quando o irresoluto complexo de Édipo permanece através de uma fixação muito intensa, o 
adolescente, em vez de abandonar o desejo da sua mãe, se identifica com ela. O objeto amoroso renunciado 
fica introjetado no eu, podendo desenvolver graves transtornos emocionais. 
 
A LIBIDO: 
Energia postulada por Freud como substrato das transformações da Pulsão sexual: 
• Quanto ao objeto (deslocamento dos investimentos), 
• Quanto ao alvo (sublimação, por exemplo) e, 
• Quanto à fonte da excitação sexual (diversidade das zonas erógenas). 
O termo Libido= (latim)= vontade, desejo. A teoria da libido evoluiu com as diversas etapas da teoria das 
pulsões. No entanto, Freud sempre lhe atribuiu duas características originais: 
1- Do ponto de vista qualitativo, a libido não é redutível, como queria Jung, a uma energia mental não 
especificada. Embora possa ser “dessexualizada”, nos investimentos narcísicos, isto quando por uma renúncia 
ao alvo especificamente sexual. O caráter sexual da libido é sempre sustentado. 
 
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2- A libido afirma-se mais como um conceito quantitativo: na definição de Freud está claro: “Libido é uma 
expressão tirada da teoria da afetividade. Chamamos assim à energia, considerada como uma grandeza 
quantitativa – embora não seja realmente mensurável – das pulsões que se referem a tudo o que podemos 
entender sob o nome de amor”. 
A Libido–homóloga, quanto ao amar, da fome quanto ao instinto de nutrição. Na medida em que a pulsão 
sexual representa uma força que exerce uma “pressão”, a libido é definida por Freud como a energia dessa 
pulsão. 
AS DUAS MODALIDADES DE INVESTIMENTO DA LIBIDO: 
1 – LIBIDO DO EGO: Quando pode tomar como objeto, a própria pessoa, é a libido do ego ou narcísica. 
2 – LIBIDO OBJETAL: Quando pode tomar como objeto um objeto exterior, é a libido objetal. Segundo Freud, 
existe uma balança energética entre estas duas modalidades de investimento, em que a libido objetal diminui 
quando aumenta a libido do ego, e inversamente. 
 Diante das várias mudanças introduzidas por Freud até 1922, podemos tentar uma interpretação coerente 
da seguinte maneira: A LIBIDO, enquanto energia pulsional, tem a sua fonte nas diversas zonas erógenas; 
o ego, como pessoa total, vai armazenar essa energia libidinal, de que é primeiro objeto; mas o 
“reservatório” comporta-se ulteriormente. Perante os objetos exteriores, como uma fonte, pois que é 
dele que emanam todos os investimentos. 
 
 
PARTE II:TÉCNICA de CURA:CATARSE-HIPNOSE–SUGESTÃO-ASSOCIAÇÃO LIVRE 
O Processo de Cura Psicanalítica: Pode-se dizer que a cura psicanalítica consta essencialmente de dois 
processos: 
(1) Trazer à consciência o material inconsciente, por meio da Técnica da Associação Livre, da Transferência, etc. 
Quando falamos deste processo, nos referimos a ele em termos de reações e experiências emocionais, e inclui a 
Interpretação do Material. 
(2) Assimilação ou digestão deste material pelo EU (EGO) consciente – processo que que poderíamos 
chamar de introspeção e que inclui a síntese e a integração. 
Nota-se que a psicanálise , mesmo que a palavra enfatize o aspecto analítico do processo, é realmente um 
processo de análise e de síntese. 
(3) A Postura Neutra: Nota-se também que no curso de uma análise, além de ter muito dos processos já 
descritos como forma específica de psicoterapia, na psicanálise, o indivíduo tende a ser profundamente 
influenciado por essa atitude do terapeuta que não emite juízos de valor nem crítica. 
Também são aspectos incidentais de uma terapia analítica, a confissão, o proporcionar oportunidade de 
estabelecer uma identificação sadia, o proporcionar informações, e muitos dos aspectos da reeducação. 
Também tem lugaroutros processos , tais como a dessensibilização e a compreensão da histeria da vida do 
paciente. 
Há certas formas de psicoterapias que não se incluem no processo analítico, mas podem ser usados 
comcerta ressalva: 
*A Sugestão: por exemplo, utiliza-se o menos possível porque a terapia sugestiva tende a ocultar os sintomas e 
as tendências da personalidade, e portanto, impede o desenvolvimento da necessária compreensão e 
elaboração de material importante. 
Que a psicanálise evita o uso da sugestão, é um fato não reconhecido por muitos. 
*O Hipnotismo: É um erro de interpretação em que incorre a maior parte dos médicos, ao pensar que a 
psicanálise é, mais ou menos similar ao hipnotismo, e que o psicanalista exerce sobre o paciente uma influência 
sugestiva. Na verdade, a sugestão hipnótica e a psicanálise são, em certos aspectos, métodos opostos no 
tratamento. 
 
 
 
 
 
 
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II-1 -CATARSE 
O período do método hipnocatártico. Até 1895. 
MÉTODO CATÁRTICO: 
Método de psicoterapia em que o efeito terapêutico procurado é uma “purgação” [catharsis], uma descarga 
adequada dos afetos patogênicos. O tratamento permite ao indivíduo evocar e até reviver os acontecimentos 
traumáticos a que esses afetos estão ligados, e ab-reagi-los. 
O termo catharsis é uma palavra grega tirada da religião que significa purificação, purgação. Foi utilizado por 
Aristóteles para designar o efeito produzido no espectador pela tragédia: “A tragédia é a imitação de uma ação 
virtuosa e realizada que, por meio do temor e da piedade, suscita a purificação de certas paixões”. 
Breuer e depois Freud retomaram este termo, que exprime para eles o efeito esperado de uma ab-reação 
adequada do traumatismo. 
Segundo a teoria desenvolvida em “Estudos sobre a Histeria (1895)”, os afetos que não conseguiram 
encontrar o caminho para a descarga ficam “coarctados (limitados)”, exercendo então efeitos patogênicos. Freud 
escreve mais tarde resumindo a teoria da catarse: “Supunha-se que o sintoma histérico tinha origem quando a 
energia de um processo psíquico não podia chegar à elaboração consciente e era dirigida para a inervação 
corporal (conversão)... A cura era obtida pela libertação do afeto desviado, e a sua descarga por vias normais 
(ab-reação)”. 
Historicamente, o Método Catártico pertence ao período (1880-1895) em que a terapêutica psicanalítica se 
define progressivamente a partir de tratamentos operados em estado hipnótico. 
Nos seus inícios, o método catártico está estreitamente ligado à hipnose. Mas o hipnotismo em breve deixa 
de ser utilizado por Freud como processo destinado a provocar diretamente a supressão do sintoma sugerindo-
se ao doente que este não existe: serve para induzir a rememoração reintroduzindo no campo de consciência 
experiências subjacentes aos sintomas, mas esquecidos, “recalcadas” pelo indivíduo. 
Estas recordações evocadas e mesmo revividas com uma intensidade dramática fornecem ao indivíduo 
ocasião de exprimir, de descarregar os afetos que, originariamente ligados à experiência traumatizante, tinham 
sido logo reprimidos. 
A CATARSE nem por isso deixa de ser uma das dimensões de toda a psicoterapia analítica. Por um lado, de 
modo variável conforme as estruturas psicopatológicas, encontra-se em numerosos tratamentos uma intensa 
revivescência de determinadas recordações, acompanhada de uma descarga emocional mais ou menos 
tempestuosa; por outro lado, seria fácil mostrar que o efeito catártico se reencontra nas diversas modalidades da 
repetição ao longo do tratamento, e singularmente na atualização transferencial. 
Do mesmo modo, a PERLABORAÇÃO (ELABORAÇÃO), a SIMBOLIZAÇÃO pela linguagem, estavam já 
prefiguradas no valor catártico que Breuer e Freud reconheciam à expressão verbal: “... é na linguagem que o 
homem encontra um substituto para o ato, substituto graças ao qual o afeto pode ser ab-reagido quase da 
mesma maneira. Em outros casos, é a própria palavra que constitui o reflexo adequado, sob a forma de queixa 
ou como expressão de um pesado segredo (confissão!). (Elaboração=catarse)”. 
 
II-2 -HIPNOSE 
Freud formou-se em medicina em 1881 e após trabalhar como anátomo-patologista, especializa-se em 
neuropsiquiatria. Faz um estágio em Paris, com Charcot, médico influente que fez muitos adeptos da hipnose, 
muito por conta de seu método que mais poderia ser comparado a um espetáculo. Charcot reunia um grande 
grupo de espectadores médicos e lhes apresentava o funcionamento da hipnose utilizando uma de suas 
pacientes e também médicos voluntários da platéia, retirava sintomas (paralisias, cegueiras, tremores...) como 
se fosse mágica, mas era ciência, era a comprovação da existência de um inconsicente. 
Freud então teve um contato especial com a hipnose, que lhe pareceu a opção perfeita de tratamento para a 
histeria, afecção sem etiologia orgânica que incomodava médicos da época. 
Em 1886 abre seu consultório em Viena, onde aplica a hipnose nas pacientes histéricas. 
 
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Ocorre que Freud começa a verificar que a hipnose surtia efeito apenas temporário para a retirada dos 
sintomas histéricos. Logo eles retornavam ou iguais, a mesma paralisia, ou o mesmo tremor; ou diferentes, 
surgia um tremor sem etiologia orgânica em quem estava com paralisia antes da hipnose, por exemplo. Freud 
então constatou que a hipnose apenas servia para provar que conteúdos podem ser armazenados em um local 
da mente, o inconsciente e que este inconsciente pode ser mexido. 
Freud teria achado que a hipnose não era suficiente e que se a pessoa podia ter uma ab-reação, esta poderia 
ser provocada em estado consciente, o que seria muito melhor. As catarses mais profundas não se movimentam 
sob hipnose, mas podem se movimentar sob livre associação, dizia ele. Assim Freud criou a psicanálise e 
sepultou a hipnose, como método psicoterápico ou via de administração. Vamos estudar um pouco mais e ver o 
histórico de Freud na hipnose. 
Depois de concluir o curso de Medicina, Freud conclui que nada de novo poderia aprender em uma Universidade 
Alemã, depois de haver usufruído o ensino direto e indireto, em Viena, dos Professores TheadorMeynert (1841-
1905). Candidatou-se ao prêmio da Bolsa de Estudo do Fundo do Jubileu Universitário, referente ao ano 1885-
1886, e foi selecionado para continuar seus estudos de Neuropatologia no Hospice de laSalpêtriére, em Paris. A 
Escola Francesa de Neuropatologia, dirigida na ocasião pelo Professor Jean Martin Charcot (1895-
1893).Despertava o interesse e a curiosidade científica do jovem médico recém diplomado, novo ar do saber 
médico. 
No Salpêtriére, o trabalho de Freud fugiu do seu planejamento inicial, que era o estudo das doenças 
anatômicas, tinha escolhido o estudo da atrofia e degenerações secundárias que se seguem às afecções do 
cérebro em crianças. 
Freud viu um laboratório sem condições de trabalho para um pesquisador, devido a falta de recursos e 
qualquer organização. Freud desistiu do estudo de anatomia e teve que se contentar com o estudo dos núcleos 
da coluna posterior da medula oblongata. 
Abandonando o laboratório foi Freud trabalhar na Clínica, que apresentava, em contraste com o laboratório 
anatômico, um material novo e abundante, sob a batuta do Professor J.MartinCharcot. 
Nesta ocasião não perdi a oportunidade, dizia Freud em seu relatório, de adquirir um conhecimento pessoal 
dos fenômenos do hipnotismo, que são surpreendentes e aos quais se dá tão pouco crédito, e em especial, ao 
grande hipnotismo descrito por Charcot. Com surpresa, verifiquei que nessa área determinadas coisas 
aconteciam abertamente diante de nossos olhos e que era quase impossível duvidar deles, assim mesmo, eram 
tão estranhos que não se podia acreditar neles, e menos que delas se tivesse uma experiência pessoal. Charcot 
considerava o hipnotismo uma área de fenômenos que eles submetia à descrição científica, tal como fizera, 
muitos anos antes, com a esclerose múltipla e com a atrofia muscular. 
Seguramente esse entusiasmo inicial de Freud pela Hipnose, que buscava conhecimentos de Neurologia, foi 
o marco inicial, para a criação da Psicanálise. 
Para Charcot, o interessepela hipnose era inseparável do método anátomo-clínico, da identificação das 
alterações anatômicas passíveis de explicar ás doenças nervosas. Era uma perspectiva mais experimental do 
que terapêutica. Freqüentemente, eram necessários anos de espera paciente antes que nessas afecções 
crônicas que não levam diretamente à morte, chegasse a prova da alteração orgânica, e somente um asilo com 
Salpêtriére podia permitir o acompanhamento e manutenção dos pacientes por períodos tão longos. 
A primeira demonstração de esse gênero as ser feita por Charcot, aliás, ocorreu antes que ele dispusesse de 
um serviço. 
Para Charcot e seus alunos, do fenômeno só devem ser preservadas suas dimensões somáticas. Ao 
contrário, a Escola rival, a de Bernheim, em Nancy, usava a sugestão como “uma idéia concebida pelo operador 
ou hipnólogo, captada pelo hipnotizado e aceita por seu cérebro”. Quanto a Bernheim, ele fora aluno daquele 
que se pretendia não um médico, mas um curandeiro: Liébeault. 
Sobre a estada de Freud em Paris, muito já se disse, mas existe a possibilidade, que se o destino do jovem 
médico fosse Nancy, e não Paris, talvez a história fosse outra, e Freud não se achasse um mau hipnotizador e 
não a abandonasse. Pelo menos a forma convencional de hipnose que se praticava à época, mas, dentro da 
conceituação Ericksoniana moderna de hipnose, que leva em consideração uma forma bem indireta de transe 
hipnótico, é possível que Freud nunca tivesse abandonado totalmente a hipnose. 
Freud não adotou o método hipnótico já em seu retorno a Viena, e não consegiu fazer com que seus colegas 
aceitassem às conclusões de Charcot a propósito da histeria. 
 
22 
 
Por outro lado, quando em 1887, tornou-se “praticante” da hipnose, não foi do método catártico que ele se 
valeu inicialmente, mas da sugestão hipnótica, a maneira de Bernheim. 
Em 1890, num artigo dedicado “a sugestão hipnótica, Freud sublinhou que” a hipnose confere ao médico uma 
autoridade de tal ordem que é provável que nenhum padre ou tramaturgo jamais a tenha possuído, pelo fato de 
ela concentrar todo o interesse psíquico do hipnotizado na pessoa do médico “. E não hesitou em recomendar a 
todos os médicos de família, essa forma de terapia, que deveria ser situada no mesmo plano dos demais 
procedimentos terapêuticos e não ser considerada um recurso último”. 
A sugestão era aplicada aos sintomas que poderia ser assemelhada a uma “substância”, como tal destacável 
de um e “aplicável” ao outro, implicava que sua verdade coincidisse com a maneira como era posta em cena, 
como puro instrumento de ação, como relação de forças unilateral que “imprimia” uma “idéia-substância” 
estranha no cérebro do paciente. Essa representação abstraía aquilo que levava o paciente a obedecer ou, ao 
contrário, a resistir às ordens. 
Tal observação não constitui uma crítica em si. Antes, põe em evidência a originalidade da orientação 
freudiana: O cuidado com aquilo que uma técnica implica e pressupõe. Freud descreveu a sugestão como um 
técnico, no sentido de a utilização de um instrumento compromete aquele que a utiliza, situa-o em relação àquilo 
sobre que ele age. A sugestão, portanto, não levantava problemas como tal, e cabia-nos menos compreender 
seus efeitos do que aprender em que medida esses efeitos faziam dela um instrumento terapêutico eficaz. 
Foi também como técnico que Freud criticou, nesse mesmo artigo, a sugestão. A onipotência que ela parecia 
conferir ao hipnotizador era meramente ilusória: “Renunciei em pouco tempo à técnica da sugestão e, com ela, à 
hipnose, pois perdi a esperança de tornar os efeitos da sugestão suficientemente eficazes e duradouros para 
levar a uma cura definitiva... Em todos os casos graves, via a sugestão que lhes fora aplicada reduzir-se a zero, 
e ressurgir o mesmo problema ou algum outro”. 
Para responder a esta pergunta, cabe distinguir às razões pela quais Freud abandonou a sugestão hipnótica 
direta, das razões por que abandonou a hipnose propriamente dita, ou seja, evitar a confusão entre hipnose e 
sugestão, que ele mesmo estimulou. Essa é uma questão importante, já que, em 1893, foi a eficácia do processo 
hipnótico, e não da sugestão, que funcionou como prova de nova ordem de causalidade psíquica que Freud se 
empenhou em instituir. 
Certamente podemos invocar, em primeiro lugar, o motivo aparentemente racional e técnico proposto por 
Freud: “Quando constatei que, apesar de todos os meus esforços, só conseguia colocar em estado de hipnose 
uma pequena parcela de meus doentes, decidi abandonar esse método”. Também podemos formular 
explicações hipotéticas de ordem social e profissional. O próprio Freud falaria mais tarde, da satisfação que 
tirava de sua técnica: “O trabalho com a hipnose exercia um efeito real de sedução. 
Tínhamos superado, pela primeira vez, o sentido de nossa própria impotência, a reputação de taumaturgo era 
muito lisonjeira”. 
Em seus “Estudos sobre histeria”, Cecilie que era a baronesa Anna vonLieben, uma das mulheres mais ricas 
de Viena, e Freud a teria tratado desde 1888 até 1893, chegando a vê-la duas vezes por dia. Uma de suas 
pacientes, ao despertar do estado de hipnose, passou-lhe os braços em volta do pescoço, através do processo 
que foi denominado de transferência. Vejamos o que Freud falou do incidente: “Mantive a cabeça fria, para não 
atribuir a esse incidente a um encanto pessoal irresistível, e julguei ter captado a natureza do elemento 
misterioso, que estava em ação por trás da hipnose. 
Para colocá-lo fora do circuito, ou, pelo menos, para isolá-lo, era preciso abandonar a hipnose”. 
Posteriormente Freud desenvolveu o método da pressão e depois a Associação Livre. 
O conjunto dos elementos que haviam norteado Freud até então mudou de sentido. Com a noção de 
verdade, foi também a de cura que teve de ser modificada. Primeiro por ser perigosa, já que suscitava uma 
transferência afetiva descontrolada para a pessoa do analista. 
E segundo, porque a própria significação da cena terapêutica e da rememoração se havia modificado: “uma 
lembrança, por mais antiga e por mais carregada de afeto que fosse, podia ser uma” mentira “. A análise já não 
podia ter como finalidade reavivar a lembrança de um acontecimento real, a fim de esvaziá-la de sua carga 
afetiva, mas levar a uma conscientização dos conflitos psíquicos que explicavam, sobretudo, a possibilidade 
dessas lembranças. A lembrança era apenas o caminho para uma verdade cuja produção não podia efetuar, 
uma verdade que somente a análise dos conflitos psíquicos que investissem a cena analítica, tal como investiam 
toda a vida do paciente, poderia advir”. 
 
23 
 
No final da sua vida Freud falou da possibilidade de juntar o ouro da psicanálise ao bronze da sugestão 
hipnótica. O transe sonambúlico, que provocava amnésia, e a vontade crescente do descobrimento dos 
caminhos do inconsciente fizeram Freud abandonar a hipnose e partir para a Livre Associação. 
II-3 -SUGESTÃO 
O período do método sugestivo-catártico. De 1895 até 1899. 
O método sugestivo-catártico. Assim como o próprio nome sugere, também esse método tende a uma 
catarse, uma purgação, do sentimento reprimido. A hipnose porém, do primeiro período, foi substituída pela 
sugestão. 
Sugestão, vem da palavra latina suggero, que significa trago debaixo, trago secretamente. Entende-se por 
sugestão: fornecer, até impor idéias e pensamentos por meio de outro caminho do que o da convicção racional. 
A propaganda é rica em sugestões. Qualquer canção política sugere. A simples presença do médico sempre 
traz alívio por sugestão. 
Fala-se em auto-sugestão, quando, por um caminho não-racional, se conduz a si mesmo a uma 
expectativa ou convicção. Animar-se a si mesmo é um exemplo muito comum. 
Como Freud trabalhava com o Método Sugestivo-catártico: 
Freud trabalhava da seguinte maneira: no momento em que o paciente dizia não saber, por exemplo, onde e 
quando o sintoma neurótico surgira,ele colocava a mão em sua fronte ou lhe segurava fortemente a cabeça 
entre as mãos, e dizia: "Assim que eu retirar as mãos, virá a recordação que procuramos. Pronto! O que está 
lembrando? O que vê?" Imediatamente, o paciente narrava um acontecimento durante o qual o sintoma 
nascera.Raramente o método falhava. Quase sempre, o paciente se lembrava de um acontecimento, de uma 
circunstância que o colocara em dificuldades, tendo como conseqüência um sintoma relacionado. 
Como era possível isso? Parece adequada a pergunta. É de supor-se, naturalmente, que a sugestão evocava 
uma verdadeira lembrança. Assim pensava Freud no começo, e outros com ele. Mas logo verificou que nem toda 
narração - mais tarde dizia nenhuma - correspondia á verdade. 
Por que então o paciente contava o suposto fato? É necessário colocar-se no lugar do paciente. Após ter 
lutado , durante anos, com sintomas que ninguém compreendia, e para os quais os médicos consultados, por via 
de regra, mostravam pouco interesse, o paciente encontrava, finalmente, um médico que o escutava, que 
acreditava nele, que lhe garantia não carecerem de sentido seus sintomas e que, ainda, era crente de um 
método com o qual podia combatê-los. 
O paciente, dizia o psicoterapeuta, precisava apenas narrar o que lhe vinha à mente. Qualquer narração era 
bem-vinda, contanto que tivesse um conteúdo emocional, de preferência passional. Além do mais, o paciente 
não necessitava conhecer a narração. Tinha,que recordar a partir do inconsciente, era o que se dizia ao 
paciente. 
Com a vontade de melhorar, como também desejando ardentemente colaborar com esse psicoterapeuta tão 
compreensivo, o paciente tirava a narração do nada. Criava-a, inventava-a. Dificilmente podia fazer outra coisa. 
O relato inventado mostrava ter sempre, ou quase sempre, um conteúdo sexual. Também isso é lógico. O 
paciente devia narrar seu inconsciente, aquilo que estava oculto. Quanto mais profunda, tanto melhor a 
narração. 
O mais profundamente oculto, nos dias de Freud, era a sexualidade. Consequentemente, o paciente contava 
coisas de natureza sexual. 
Exemplo. Uma jovem sofre de afonia, somente conseguindo sussurrar. À pergunta, como chegou a isso, não 
sabe responder. Mas também à pergunta o que aconteceu?,fica sem resposta. 
O terapeuta do segundo período diz que ela sabe a resposta, mas que seu saber se tornou 
inconsciente. Ele, o terapeuta, fará com que encontre a resposta. Aplica então a sugestão, da maneira descrita, 
e, no momento em que retira as mãos da cabeça afônica e clama: Pronto! O que vê?,a paciente, ainda 
sussurrando, mas chegando ao fim talvez já com algum som, diz: 
"Terrível, é terrível, não posso contar; um homem vem na minha direção; estou ainda na cama . . . Esse 
homem, esse homem está sem roupa . . . Ele chega perto, quero gritar, mas não consigo. Não tenho voz, só 
consigo sussurrar. Estou desesperada de medo!" 
O relato parece ajustar-se ao sintoma. 
 
24 
 
Se aconteceu mesmo, pouco importa. A doente se recorda a partir do desconhecido. A narração pode 
continuar sendo desconhecida. Mas, se o médico quiser, não custa fazer com que a paciente diga: "Isso 
aconteceu comigo , eu estava em casa, vejo o quarto", e assim por diante. 
A narração explica a afonia da doente: O homem sem roupa deverá ter dado a impressão, para a paciente, 
que a queria violentar. 
Em resposta, a paciente fechou com tanta força a abertura do seu corpo, visada pelo malvado, que até a 
garganta, também uma abertura, se fechou. Desde então, fala sussurrando, através “de uma vagina cerrada". 
Explicando-se o ocorrido, de maneira conveniente, a paciente recuperará a voz. Não tenhamos dúvida de que o 
procedimento, do começo ao fim, é trabalho do terapeuta do período do método sugestivo-catártico. 
Dois motivos levaram Freud a abandonar também a sugestão. 
O primeiro consiste em que os pacientes, assim como ocorria na hipnose, se ligavam por demais, ao 
psicoterapeuta. 
A ligação, que se externava nas pacientes como uma paixão, tornava-se um sintoma, o único até. 
No seu amor, a paciente permitia ao terapeuta o favor de vencer todos os sintomas, menos esse novo sintoma, 
que era a sua paixão. O terapeuta sugestivo, com o artifício de suas mãos, não era capaz de combater esse 
sintoma; ao contrário, aumentava-o cada vez que aplicava a técnica. Precisava-se de outro método. 
O segundo motivo para deixar o método sugestivo consistia em que, como já foi dito, as narrações não eram 
verdadeiras. Todos os relatos de um trauma psíquico sexual eram inventados, escrevia Freud, que reconheceu 
ter sido, ele mesmo, vítima de seu método sugestivo. A importância dessa descoberta é tão grande, que parece 
justo dizer ainda o seguinte: 
1 - A descoberta de 1899: Todas as narrações sobre traumas psíquicos sexuais, principalmente as da 
infância, eram inventadas. Freud não quis noticiar isso logo. No seu primeiro comunicado, de 1911, escreve 
que as narrações escabrosas, "em grande parte", não pareciam basear-se em algo. 
2 - Em 1925, declara que todas eram inventadas. Freud anota também que , por causa da descoberta, 
ficou durante muito tempo perplexo.A palavra perplexo não deve ter sido exagero. Se antes eu pedia ao leitor 
para colocar-se no lugar do paciente, a fim de compreender sua resposta, agora meu pedido é para colocar-se 
na posição de Freud e, assim, entender sua perplexidade. 
2.1- Durante alguns anos, Freud tornou-se antipático, por declarar que a neurose provém do 
comportamento sexualmente errôneo dos pais. Ninguém acreditava nisso. Não sem consternação, Freud 
teve que reconhecer terem razão seus opositores. Acrescente-se, ainda, que se tornou de novo obscuro como o 
sintoma neurótico podia surgir. Numa palavra, não se conseguiu nada. Nada? Não; conseguiu-se algo. 
2.2- Os pacientes, mediante a terapia, perdiam seus sintomas. Tal ponto, de suma importância, continuou 
sendo verdadeiro. Por isso mesmo, Freud calou-se sobre a descoberta, enquanto o silêncio lhe era favorável; até 
que foi encontrada uma nova teoria, que esclarecia melhor a origem do sintoma e que indicava, também, o poder 
terapêutico para fazer desaparecer o sintoma. 
No que se segue, ficará clara que a nova teoria continuava carregada do mesmo preconceito; o preconceito 
médico segundo o qual um sintoma, seja qual for, provém de uma lesão ou de uma perturbação passada. Assim 
continuou o irrefletido ponto de partida de Freud: A neurose nasce no passado do paciente. 
 
II-4 –ASSOCIAÇÃO LIVRE 
O período da livre associação. Depois de 1899 
ESBOÇO DA TEORIA AFETIVA DA ASSOCIAÇÃO DE IDÉIAS: 
1. ASSOCIACIONISMO DE PLATÃO À ESCOLA INGLESA: 
Porque e como se associam as idéias e as imagens, porque que e como se evocam umas a outras, 
especialmente fora de qualquer elo racional e de qualquer esforço voluntário? Como compreender esta marcha 
espontânea, aparentemente caprichosa, de um espírito que sonha ou que no estado de vigília, quando não 
“pensa em nada”, sonha no entanto com mil coisas? 
Desde Platão e Aristóteles esta pergunta despertou o interesse de numerosos filósofos, porem a partir do 
empirismo de Locke tem-se preocupado especialmente deste problema a Escola Sensualista francesa 
(Condillac). 
Especialmente a Escola inglesa do século XIX que ficou com o nome de “associacionismo” (Hamilton, Stuart 
Mill, etc). 
 
25 
 
Para esses filósofos, a associação tinha efetivamente uma importância capital, pois as “idéiassimples”,as 
imagens eram consideradas como átomos, como se fossem unidades psíquicas elementares, cujas múltiplas 
combinações deviam explicar toda a vida da Inteligência. 
Como as Idéias associavam-se: Essas combinações, como se lembra realizavam-se seguindo as leis de 
“contigüidade”, semelhança, de contraste: duas imagens se associam quando os objetos são percebidos um ao 
lado do outro, quando se assemelham, quando contrastam. A essas leis gerais e vagas foram agregadas outras 
diferenciaçõesmais precisas. 
A força das Associações: Mede-se a força das associações (experiência de Muller); mede-se a velocidade. 
2.O ASSOCIACIONISMO : 
Classificação: Por último se realizam esforços para classificá-las de acordo com os caracteres dos termos 
associados e as diferentes relações que podem manter entre eles: formas ou cores, coordenação ou 
subordinação,etc. No entanto, as grandes aspirações dos associacionistas pareciam tornar-se cada vez mais em 
decepções. 
Penetrava-se pouco a pouco na deficiência fundamental de sua teoria. Esta havia cometido a falta de querer 
explicar o jogo de imagens pelos caracteres dessas imagens, sem acudir a nenhuma força estranha, como um 
observador que ignorando a presença do ímã e de suas propriedades, se esforça em compreender a posição 
que tomam os grãos de limalha de ferro segundo as linhas de força que desenham, sem considerá-los mais que 
em si mesmos. 
A limitação do associacionismo: O postulado implícito que invalida o associacionismo é que a vida 
representativa deve explicar-se por si mesma, que as fantasias da imaginação devem compreender-se 
seguindo a natureza das imagens. Rapidamente percebeu-se que isso era insuficiente e arbitrário, e se 
teve a suspeita do lugar em que se encontrava o “ímã”: na vida afetiva. 
A teoria afetiva: Jouffroy, na época, como eclético, já tem o pressentimento das teorias afetivas modernas. No 
seu Curso de Estética, completa a teoria da associação com uma curiosa teoria do símbolo. 
Segundo Jouffroy, graças às associações, toda sensação, toda idéia é suscetível de evocar e significar 
estados de alma que a superam, converter-se portanto em símbolo, e esta propriedade é considerada uma das 
bases da expressão da arte. Até chega a dizer:“Tudo o que percebemos é simbólico, já que tudo o que 
percebemos excita em nós a idéia de alguma outra coisa que não percebemos”. Esta teoria do símbolo, na qual 
Jouffroy mostra que suspeita às obscuras ressonâncias afetivas de uma percepção ou de uma imagem, passou 
muito tempo sem ser notado: hoje , quando a psicanálise coloca em moda “o símbolo”, tende a ser assinalado. G 
Dwelshauvers escreve: “O associacionismo penetra na França recentemente com Taine e com Ribot, porem 
Joffroy já conhecia seus princípios e esta teoria lhe havia sugerido outra muito mais completa e mais profunda, 
que poderíamos chamar de O simbolismo” A associação afetiva: Com Ribot o recurso ao fator afetivo se 
converte em categórico. Um fato fundamental, cujo alcance percebeu claramente, está constituído pelo que nós 
chamaremos associação afetiva ou também condensação, e que descreveu nestes termos:“As representações 
que tem sido acompanhadas dum mesmo estado afetivo tendem a associar-se ulteriormente; a semelhança 
afetiva reúne e encadeia as representações discordantes. 
Este fato difere da associação por contigüidade, que é uma repetição da experiência, e da associação por 
semelhança no sentido intelectual. (isto é: semelhança objetiva (de forma, cor, etc ),única semelhança que tem 
presente a “lei da semelhança” dos associanistas). 
 Os estados de consciência não se combinam porque anteriormente tenham acontecidos juntos, nem pelo 
fatode que nós percebamos entre eles relações de semelhança, senão que se combinam porque têm um tom 
afetivo comum. 
 A alegria. A tristeza. O amor. O ódio. A admiração. O tédio. O orgulho. A fadiga, etc., podemnum centro de 
atração que agrupa representações ou acontecimentos sem relações racionais entre si, porem que têm a mesma 
marca emocional: alegre, melancólica, erótica, etc. Esta forma de associação é muito freqüente nos sonhos , isto 
é num estado do espírito em que a imaginação goza de plena liberdade ” 
Além da condensação, outro fato bem descrito por Ribot é o que chama transferência de um sentimento. A 
transferência seria um pouco, o inverso da condensação. Desta vez o sentimento em lugar de agrupar em torno 
de várias imagens diferentes, se desagrega sobre várias imagens associadas: 
 
26 
 
“Ela (transferência) pode ser produzida por semelhança; quando um estado intelectual tem sido 
acompanhado de um sentimento vivo, um estado semelhante ou análogo tende a suscitaro mesmo sentimento. 
A transferência pode ser produzida por contigüidade: quando certos estados intelectuais têm coexistido, se o 
sentimento unido ao estado inicial é vivo, tende a transferir-se aos outros. O amante transfere o sentimento 
primeiramente à pessoa amada, às suas vestes, aos seus móveis, à sua casa. Nas monarquias absolutas o culto 
pela pessoa do rei é transferida ao trono, aos emblemas do poder, a tudo quanto se refere a ele de perto ou de 
longe”. Isto não ocorre apenas na consciência, segundo Ribot, tudo ocorre como se tais operações tivessem 
lugar, porém no subconsciente(ou no inconsciente). Com muita razão Ribot une ao “fator afetivo” o “fator 
inconsciente” que está formado também, por outra parte, a base de afetividade latente. Para ele é: “primeiro , um 
trabalho inconsciente equivalente a uma série de juízos de valor e que procede por analogia. 
Logo é uma construção imaginativa, constituída por associações que irradiam em diversos sentidos, porém 
unificadas pela seleção inconsciente dum desejo predominante” 
Claparède descreve a evocação de uma idéia mediante um sentimento: “O sentimento joga aqui o papel de 
um elemento psíquico ordinário, e satisfaz as leis da associação. Quando os estados de consciência têm sido 
acompanhados de um mesmo estado afetivo, tendem a associar-se. O mesmo estado afetivo, que joga o papel 
de cimento, pode permanecer consciente ou, pelo contrário, pode desaparecer. Foi por meio de uma associação 
afetiva deste gênero como Flournoy explicou claramente os fenômenos de audição colorida”. 
E desde essa época (1903) Claparède percebe a importância dos primeiros trabalhos de Freud sobre esse 
problema: “O caráter principal da associação afetiva é o de ser particularmente tenaz; nota-se em certos casos 
patológicos. Um elemento psíquico que contraiu uma aliança com uma emoção tem dificuldade para entrar em 
novas combinações associativas; assim é como um indivíduo,que disse que não queria lavar mais a mão porque 
havia cumprimentado o rei; neste caso o elemento afetivo em relação à mão impede que esteja entre outras 
relações. 
3. BREUER E FREUD E O ASSOCIACIONISMO: 
Breuer e Freud explicaram por meio deste fenômeno os tiques, as contrações e outros acidentes dos 
histéricos. 
Claparède toma ainda de Ribot sua teoria da transferência, e seus exemplos; distingue com ele uma 
transferência por contiguidade (exemplo: a raiva exercida sobre os objetos inanimados que pertencem ao 
inimigo) e uma transferência por semelhança( exemplo: uma mãe que sente simpatia por um jovem parecido 
com seu filho morto). Identifica nesse momento a palavra transferência com a palavra Verschiebung( 
deslocamento). 
O deslocamento que terá um grande papel na psicanálise, só que em Freud como algo mais complexo que a 
transferência de Ribot. Por meio do deslocamento não só o sentimento se transfere sobre um novo objeto, senão 
que se separa parcial ou totalmente de seu primeiro objeto. Esta substituição, o veremos com uma importância 
capital nos sonhos; e é um dos fatos que mais desorientam no seu estudo. 
Bergson, na sua filosofia, escreve: “Não discutimos, certamente, a “lei da similitude” porém... duas idéias 
quaisquer e duas imagens tomadas aleatoriamente, por mais longínquas se suponham, parecer-se-ão sempre 
em algum aspecto, já que sempre encontrar-se-á um gênero comum no qual estarão juntas” 
Brunschvicg assinala que tudo pode ser associado com tudo, e distingue no jogo das imagens, além de uma 
função de justaposição , uma função de fusão. 
Desde agora suspeitamos que a afetividade tem um papel nesta fusão. Ribot nos fala de estados que se 
combinam sob a influência afetiva, e posteriormente a palavra cimento aparecia no escrito de Claparède para 
designaro sentimento que reúne duas imagens. 
3. A ASSOCIAÇÃO LIVRE E O MOVIMENTO PSICANALÍTICO: 
A EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA TÉCNICA: 
 A teoria de Breuer afirmava que uma idéia torna-se inconsciente por causa do estado mental acidental do 
paciente, ao passo que Freud, sempre defendia a existência de um motivo de esquecimento. 
- Concordaram ambos em que o estado de ser estranho à consciência influía na dificuldade patológica. 
- Por estarem dissociadas, as emoções relacionadas com o acontecimento, não poderiam ser adequadamente 
descarregadas nem assimiladas pelo resto da personalidade. 
- Portanto, concluíram que as curas deviam-se à conscientização da memória esquecida, relacionando esta 
com o resto da personalidade, de modo que sua energia podia ser descarregada e a experiência assimilada. 
 
 
27 
 
TORNAR CONSCIENTE O INCONSCIENTE: 
O problema, assim, era o de encontrar um meio de tornar consciente o inconsciente. 
- Para isso, a hipnose fora ineficaz, no caso de Ana O. e outros, mas alguns pacientes não podiam ser 
hipnotizados. 
- Foi no decurso de uma tentativa fracassada de hipnose que a paciente de Freud revelou um método que viria 
a ser a técnica fundamental da Psicanálise. 
- Essa paciente, embora não entrasse em estado hipnótico e manifestava aparentemente, sua plena 
consciência, agia de forma idêntica aos dos sujeitos hipnotizados. 
- Ela deixava seus pensamentos fluírem livremente e relatava, de maneira não-crítica, tudo o que perpassava 
por sua mente. 
- No curso do recital, ela reagia com adequada emoção aos pensamento que manifestava. 
Assim foi descoberta a livre associação de idéias, logo se evidenciando que tinha grandes vantagens 
sobre a hipnose,pelo fato do paciente permanecer consciente e não ter de ser informado, depois, do que 
acontecera. Esse primeiro métodode cura foi associado a uma catarse. Acreditava-se que bastava, 
simplesmente, extrair o material esquecido para realizar a cura. O processo era denominado ab-reação. 
BASE FISIOLÓGICA: 
O método da associação livre, é essencialmente, a aplicação de um fato claro: é impossível que o processo 
psicológico se mova de um pensamento a outro a menos que exista entre ambos uma conexão, da mesma 
maneira que lhe é impossível a um trem mover-se de uma estação a outra sem a existência de uma via férrea 
que una ambos os pontos. 
O velho ditado de que “um pensamento conduz a outro ” seria a afirmação popular do mesmo fato. 
Entretanto, sabemos que muitos elos associativos são inconsciente, e a missão da psicanálise é 
descobrir, mediante o estudo das livres associações do paciente, a natureza e significação, tanto dos 
elos conscientes como inconscientes. Por tanto, o analista não escuta simplesmente a lógica consciente 
do relato do enfermo, senão também a seqüência que no tempo tem seus pensamentos e sentimentos. 
4. AS LEIS AFETIVAS DA ASSOCIAÇÃO: 
As concepções psicanalíticas da associação são muito semelhantes à de Ribot. Isto naturalmente não diminui 
os méritosde Freud (cujos trabalhos são contemporâneos aos de Ribot, ou anteriores), mas demonstra que as 
idéias de Freud não foram tão subversivas como se falavam na época. 
A originalidade de Freud, aqui para nossa matéria psicanalítica,consiste em ter sabido estudar a imaginação 
e a associação no sonho. Este terreno era o mais propício para apreender as leis afetivas, que ali atuam com 
particular força. Essas leis são paralelas às de Ribot, porém mais completas. A condensação, o deslocamento, o 
papel do subconsciente são as bases da teoriapsicanalítica do sonho. 
4.1. CONDENSAÇÃO: (Verdichtung, de Freud). 
Ribotassinala que esta forma é “muito freqüente no sonho” e deu-se conta que por seu intermédio as imagens se 
combinam. 
A psicanálise considera esta combinação como a regra mesma do sonho: combinação tão íntima que é 
preciso olhar duas vezes para distinguir os elementos combinados. 
Nossos sonhos são como retratos compostos que se obtêm fotografando sobre uma mesma placa várias 
pessoas de uma mesma família com o fim de fazer evidente os “rasgos familiares”. 
O rasgo de família é aqui uma analogia de sentimento ou de emoção, que agrupa as diferentes recordações. 
Daí o sentimento freqüente de ter sonhado com uma pessoa ou com um objeto “que no entanto não eram 
completamente esta pessoa ou este objeto”. 
Daí a engraçada história do sonho de Mary(6 anos) ao contar ao pai um sonho que teve depois de ouvi-lo 
contar a história de Hércules: “Sonhei com o homem do leão. Não era meu pai, porém era um homem que era 
meu pai. Não tinha um leão, porém era como se tivesse um leão” 
A condensação manifesta-se sobre tudo no sonho. 
Freud chega a dizer que a condensação “não tem analogia nos estados conscientes”, e isto pode ser 
verdade, referindo-se às condensações fortes, para as quais Freud parece reservar o nome de Verdichtung e em 
que os elementos combinadosnão se distinguem diante dos olhos do sujeito. Efetivamente existem graus de 
condensação. 
 
 
 
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 Há imagens compostas (Mischbildungen) análogas ao Centauro da fábula, e nas quais os componentes 
(homem e cavalo), mesmo formando um conjunto, se distinguem sem dificuldade. Há condensações muito 
mais fortes, como lembranças amalgamadas em que o sujeito crê ter vivenciado numa só cena, quando na 
realidadevivenciou em duas ou três datas bastante longínquas. 
No caso “Ketty” comprovou-se: confunde numa só lembrança o presente que recebeu quando fez 15 anos e o 
que recebeu aos 16 anos. 
4.2. DESLOCAMENTO: ( Verschiebung) 
É um fenômeno de forma mais simples e mais nítida, ainda que seja mais estranho. O deslocamento do qual 
se trata é o do “afeto” ou ênfase afetiva. O sentimento ou a emoção se separam mais ou menos do seu 
objeto real para dirigir-se a outro objeto. 
Poderíamos falar que é transferência,com esquecimento mais ou menos completo do ponto de partida. Ribot 
nos fala do culto que se transfere da pessoa do rei ao trono, aos emblemas do poder. Porém, muitas vezes se 
esquece do ponto de partida: o culto à relíquia não se agregamas substitui o culto do santo; os ritos de uma 
religião, os costumes de um povo. 
4.3. AS PRINCIPAIS LEIS AFETIVAS DA ASSOCIAÇÃO 
4.3.1- EVOCAÇÃO(CLAPARÈDE): Ou associação afetiva. Duas idéias que têm a mesma coloração emotiva ou 
sentimental e tendem a evocar-se uma a outra. 
4.3.2- CONDENSAÇÃO(FREUD): É o caso precedente, com a diferença de que as idéias (imagens) em lugar de 
associar-se se amalgamam. A condensação é a forma por excelência da associação afetiva. 
4.3.3- TRANSFERÊNCIA(RIBOT): A emoção ou o sentimento que está unido a um objeto(ou idéia) se estende a 
outros objetos que lhe estão associados por meio das leis ordinárias da associação (contiguidade, semelhança, 
às vezes contraste) 
4.4.4- DESLOCAMENTO(FREUD): É um conjunto de elementos representativos coloridos com o mesmo matiz 
afetivo(seja por condensação ou por transferência), mas desiguais em importância, chama-se deslocamento ao 
trabalho que tende a separar o sentimento ou a emoção do seu objeto principal para atá-lo a objetos 
acessórios(secundários). 
4.4.5- SOBRE-DETERMINAÇÃO: (Charles Baudouin:Dá a essa palavra um sentido mais restrito do que Freud): 
Os elementos associados em virtude de um estado afetivo comum, estão comumente condensados, em virtude 
das leis objetivas da associação (contigüidade, semelhança, contraste). 
Como se pode observar, essas novas leis (afetivas), longe de pretender substituir às antigas leis (objetivas) 
dos associacionistas, apoiam-se sobre elas em várias ocasiões. 
Os trabalhos de discriminação e de medida empreendidas anteriormente sobre as associações, longe de 
perder seu valor, adquirem um novo valor e estimulam outros trabalhos que devem complementá-los. Bleuler 
compreendeu a claridade que as experiências de associação podem lançar “sobre o inconsciente e sobre o 
diagnóstico”. 
A Associação de CG Jung: Jung dirigiu em Zurich numerosas e engenhosasinvestigações sobre a 
associação, tal como se produz em sujeitos normais e nas enfermidades mentais. Estima ter obtido assim uma 
confirmação numérica das concepções de Freud. Os erros na reprodução de associações já feitas, as grandes 
diferenças por cima e para baixo do tempo médio de associação, constituema revelação da existência de 
complexos (gefühlsbetonteKomplexe). 
As leis precedentes valem para o estado de vigília e para o sonho. O sonho apresenta uma superabundância 
desconcertante de condensações rápidas e ricas, de deslocamentos instantâneos. 
5. ASSOCIAÇÃO: DEFINIÇÃO 
Termo tirado do associacionismo e que designa qualquer ligação entre dois ou mais elementos psíquicos, 
cuja série constitui uma cadeia associativa. 
As vezes o termo é usado para designar os elementos assim associados. A propósito do tratamento, é a esta 
última acepção que nos referimos ao falarmos, por exemplo, das associações de determinado sonho>, para 
designarmos o que nas afirmações do indivíduo está em conexão associativa com esse sonho. No fundo, o 
termo <associações> designa o conjunto do material verbalizado no decorrer da sessão psicanalítica. 
5.l.Não se pode compreender o sentido e o alcance do conceito de associação em psicanálise sem uma 
referência à experiência clínica de onde saiu o método das associações livres. 
Os Estudos sobre a Histeria (StudienüberHysterie; 1895) mostram como Freud foi levado a seguir cada vez mais 
as suas pacientes no caminho das associações livres, que estas lhe indicavam 
 
29 
 
Do ponto de vista da teoria das associações, o que ressalta da experiência de Freud nesses anos de descoberta 
da psicanálise pode esquematizar-se do seguinte modo: 
a)- Uma «idéia que ocorre> (Einfall) ao indivíduo, aparentemente de forma isolada, é sempre um elemento 
que na realidade remete, conscientemente ou não, para outros elementos. Descobrem-se assim séries 
associativas que Freud designa com diversos termos figurados: linha (Linie), fio (Faden), encadeamento (Ver-
kettung), comboio (Zug), etc. 
Estas linhas tecem verdadeiras redes, que compreendem «pontos nodais (Knotenpunkten) onde muitas delas se 
cruzam. 
b)- As associações, tais como se encadeiam no discurso do indivíduo, correspondem, segundo Freud, a 
uma organização complexa da memória. 
Ele comparou esta a um sistema de arquivos ordenados segundo diferentes modos de classificação que se 
poderiam consultar seguindo diversos caminhos (ordem cronológica, ordem por assuntos, etc.) 
Essa organização supõe que a representação * (Vorstellung) ou o traço mnésico * (Erinnerungsspur) de um 
mesmo acontecimento se pode reencontrar em diversos conjuntos (a que, Freud chama ainda «sistemas 
mnésicos>). 
c)- Esta organização em sistemas é confirmada pela experiência clínica: existem verdadeiros <grupos psíquicos 
separados>, isto é, complexos de representações clivados do curso associativo: 
«As representações isoladas, contidas nestes complexos ideativos podem voltar constantemente ao 
pensamento, como notou Breuer. Só a sua combinação bem determinada se conserva banida da consciência. 
Freud, ao contrário de Breuer, não vê no estado hipnótico a explicação última deste fato, mas nem por isso deixa 
de afirmar a idéia de uma clivagem (Spaltung) no seio do psiquismo. 
O grupo de associações separado está na origem da noção tópica de inconsciente. 
d) Num complexo associativo, a «força> de um elemento não se lhe mantém imutavelmente ligada. O 
mecanismo das associações depende de fatores econômicos: a energia de investimento desloca-se de um 
elemento para outro, condensa-se nos pontos nodais, etc. (independência do afeto relativamente à 
representação). 
e) Enfim, o discurso associativo não é regido passivamente por leis gerais como as que o associacionismo 
definiu: o indivíduo não é um «polipeiro de imagens> (polipeiro: reunião ou agrupamento de pólipos, isto é, tipo 
de tumores). O agrupamento das associações, o seu isolamento eventual, as suas «falsas conexões>, a sua 
possibilidade de acesso à consciência, inscrevem-se na dinâmica do conflito defensivo próprio de cada um. 
5.2. O Projeto de uma Psicologia (EntwurfeinerPsychologie, 1895) ilumina o uso freudiano da noção de 
associação e mostra, de um ponto de vista especulativo, como a descoberta psicanalítica do inconsciente vem 
dar um sentido novo aos pressupostos associacionistas em que Freud se apoia: 
a)O funcionamento das associações é concebido como uma circulação de energia no interior de um «aparelho 
neurônico> estruturado de forma complexa num escalonamento de bifurcações sucessivas. 
Cada excitação toma, em cada cruzamento, um caminho determinado de preferência a outro, em função das 
«facilitações> deixadas pelas excitações precedentes. A noção de facilitação não deve ser compreendida 
sobretudo como uma passagem mais fácil de uma imagem para outra, mas como um processo de oposição 
diferencial: tal caminho só é aberto ou facilitado em função da não-facilitação do caminho oposto. 
b)- Das hipóteses da qual Freud parte, não se trata de imagens no sentido de uma marca psíquica ou neurônica 
semelhante ao objeto real. 
Tudo começa por ser «neurônio> e «quantidade> . 
Não se pode deixar de aproximar esta concepção, que pode parecer muito distante da experiência pelo seu 
caráter mecanicista e pela sua linguagem neurofisiológica, da constante oposição, na teoria psicológica de 
Freud, entre a representação e o quantum de afeto. 
Como o neurônio, a representação é o elemento discreto, descontínuo, de uma cadeia. Como acontece com ele, 
o significado dela depende do complexo que constitui com outros elementos. 
Nesta perspectiva, poderia comparar-se o funcionamento do «aparelho neurônico> ao da linguagem tal como é 
analisado pela lingüística estrutural: constituído por unidades descontínuas que se ordenam em oposições 
binárias. 
 
 
 
 
30 
 
MÉTODO PARA O ESPECIALISTA: 
O Métododa Associação Livre é um dos instrumentos técnicos da psicanálise. 
Consiste em que o paciente comunique todos os pensamentos que lhe ocorrem; 
- verbalize suas reações, lembranças e emoções – 
- que sonhe acordado, em voz alta, em certo sentido -, 
- que possa prescindir de todo o controle lógico que exerce sobre sua conversação, e deixe emergir na 
consciência para comunicá-los, todos os pensamentos e fantasias que naturalmente rejeita, motivado pelo medo, 
a culpa ou a vergonha. 
- Segundo Freud, nenhuma idéia ocorre ao nosso pensamento sem uma causa qualquer, seja ela 
superficial ou profunda. 
- Colocado o paciente em uma situação que diminuaas excitações do ambiente – o isolamento em meio 
tranqüilo – pede-se que o paciente vá dizendo livremente as palavras que lhe vierem à mente. 
O ponto de partida de uma Associação Livre poderá ser uma palavra. Mas, qual a palavra. Esta poderá 
ser de 4 origens: 
- 1) Tratando-se de interpretar o sonho, a palavra , como ponto de partida para cada grupo de associações 
deve ser um dos elementos do sonho narrado. 
- 2) Pode ser uma palavra ou elemento de sonho de vigília contado. 
- 3) Um elemento ou palavra de lapsus linguae (atos falhos). 
- 4) Pode também usar o método jungiano de associação, conforme mais adiante na apostila, sugerindo 
deliberadamente uma série de palavras previamente escolhidas. 
- 5) Podemos também lançar mão de elementos, nomes de pessoas ou entidades que aparecem no círculo da 
ferramenta da primeira sessão. 
Disposição física: Geralmente o paciente recosta-se no divã, 
- de tal forma que não pode ver o analista, 
- com o propósito de poder alcançar um maior estado de relaxação, 
- diminuir os fatores que possam distrair sua atenção, 
- e aumentar suas possibilidades de espontaneidade, expressando-se de acordo com sua verdadeira 
estrutura, fora das influência que sobre ele possa exercer as expressões e a aparência do analista. 
 
Nestas circunstâncias, o analista pode reconhecer, 
- comfreqüência, o significado e as origens emocionaisda seqüência das associações, 
- já que as conexões lógicas foram deixadas de lado, até um certo ponto pelo menos. Alguns pontos 
podemos acentuar: 
1) Reação do paciente: Os padrões espontâneos de reação do paciente, acontecem mais claros quando 
respondem a uma figura vaga e neutra que está fora da visão, como é a do analista, ao que pode atribuir suas 
próprias expectativas e distorções. 
2) Origens emocionais: A interpretação das origens emocionais das sucessivas séries de pensamentos , e do 
caráter de sus padrões de reação, são partes importantes do processo analítico. 
3) Rasgos significativos: A interpretação dos sonhos, dos lapsos de linguagem (atos falhos), e de rasgos 
significativos de conduta que demonstram ser reações emocionais a uma situação fundamentalmente neutra, 
são também instrumentos técnicos que o analista utiliza. 
 
4) Análise Transferencial: Mas, o instrumento de trabalho essencial do psicanalista, é a análise da relação 
existente entre o paciente e o psicanalista. 
- O aspecto fundamental consiste em que o contato com o psicanalista, que conserva as características de uma 
figura moderadamente neutra, 
- provoca a emergência de muitas reações emocionais que , em lugar de ser um produto lógico da situação real, 
são claramente resultado das próprias tendências do paciente. 
- As análises de tais reações transferenciais pode ser um fator muito importante no processo de levar o paciente 
a uma verdadeiracompreensão e visualização dos padrões que constituem sua personalidade. 
- Esta compreensão pode conduzir a uma correta valorização, que vai mais ao lado intelectual, do papel 
interpretado pelas próprias tendências, na produção de sintomas e dificuldades. 
- Pode levar ao descobrimento de experiências infantis de importância etiológica, e pode trazer como resultado 
um fortalecimento do EU. 
5- Análise das Defesas do paciente: Um dos aspectos importantes do procedimento técnico de uma sessão 
psicanalítica, 
- é a análise das defesas do paciente e das suas resistências a falar com liberdade. 
 
31 
 
- Isto leva o paciente à compreensão de suas formas de defesa normais e pode preparar o caminho, desta 
maneira, para uma melhor escolha de mecanismos defensivos. 
- Tanto a motivação emocional da conduta atual e anterior do paciente, como suas reações para com o 
psicanalista , são matéria de análise. 
 
6. MÉTODO OU REGRA DE ASSOCIAÇÃO LIVRE 
Método que consiste em exprimir indiscriminadamente todos os pensamentos que acodem ao espírito, quer a 
partir de um elemento dado (palavra, número, imagem de um sonho, qualquer representação), quer de forma 
espontânea. O processo de associação livre é constitutivo da técnica psicanalítica. Não se pode indicar data 
exata para o seu descobrimento; ele foi acontecendo progressivamente entre 1892 e 1898, e por diversos 
caminhos. 
6.1. Como é demonstrado pelos Estudos sobre a Histeria (StudienüberHysterie, 1895), a livre associação emana 
de métodos pré-analíticos de investigação do inconsciente que recorriam à sugestão e à concentração mental do 
paciente numa dada representação; a procura insistente do elemento patogênico desaparece em proveito de 
uma expressão espontânea do paciente. Os Estudos sobre a Histeria põem em evidência o papel 
desempenhado pelos pacientes nesta evolução. 
6.2. Paralelamente, Freud utiliza o processo de associação livre na sua auto-análise e particularmente na análise 
dos seus sonhos. Aqui, é um elemento do sonho que serve de ponto de partida para a descoberta das cadeias 
associativas que levam aos pensamentos do sonho. 
6.3. As experiências da Escola de Zurique retomam, numa perspectiva psicanalítica, as experiências mais 
antigas feitas pela escola de Wundt e que consistiam num estudo das reações e dos tempos de reação 
(variáveis segundo o estado subjetivo) a palavras indutoras. 
Jung põe em evidência o fato de que as associações que assim se produzem são determinadas pela 
«...totalidade das idéias em relação a um acontecimento particular dotado de uma coloração emocional> , 
totalidade à qual dá o nome de <complexo>. 
Freud, em <Para a História do Movimento Psicanalítico (ZurGeschichte der psychoanalytischenBewegung, 
1914), admite o interesse destas experiências «para se chegar a uma confirmação experimental rápida das 
verificações psicanalíticas e para mostrar diretamente ao estudante esta ou aquela conexão que um analista 
apenas pode relatar>. 
6.4. Talvez convenha ainda referir uma fonte que o próprio Freud indicou numa nota <Sobre a Pré-história da 
Técnica Analítica (ZurVorgeschichte der analytischenTechnik, 1920): o escritor Ludwig Börne, que Freud leu na 
juventude, recomendava, para alguém «se tornar um escritor original em três dias», escrever tudo o que acode 
ao espírito, e denunciava os efeitos da autocensura sobre as produções intelectuais. 
O termo «livre> na fórmula «associação livre> exige as seguintes observações: 
l. Mesmo nos casos em que o ponto de partida é fornecido por uma palavra indutora (experiência de Zurique) ou 
por um elemento do sonho (método de Freud em A Interpretação do Sonho [Die Traumdeutung, 1900]), pode 
considerar-se «livre> o desenrolar das associações, na medida em que esse desenrolar não é orientado e 
controlado por uma intenção seletiva; 
 
2. Esta «liberdade> acentua-se no caso de não ser fornecido qualquer ponto de partida. 
E neste sentido que se fala de regra de associação livre como sinônimo de regra fundamental. 
Na verdade, não se deve tomar liberdade no sentido de uma indeterminação: 
3.A regra de associação livre visa : 
3.1. em primeiro lugar eliminar a seleção voluntária dos pensamentos, ou seja, segundo os termos do primeiro 
tópica freudiano, pôr fora de jogo a segunda censura (entre o consciente e o pré-consciente). 
3.2. Ela revela assim as defesas inconscientes, quer dizer, a ação da primeira censura (entre o pré-consciente e 
o inconsciente). 
Por fim, o método das associações livres destina-se a pôr em evidência uma ordem determinada do 
inconsciente: «Quando as representações-metas * (Zielvorstellungen) conscientes são abandonadas, são 
representações-metas ocultas que reinam sabre o curso das representações>. 
6.5- O que Freud nos relata da sua doente Emmy von N...: <à insistência de Freud na busca da origem de um 
sintoma, ela responde «...que não tem que lhe estar sempre a perguntar donde provém isto ou aquilo, mas 
deixá-la contar o que tem a contar> . 
 
32 
 
Dessa mesma doente, nota Freud que ela parece «...ter-se apropriado do seu processo>: <As palavras que me 
dirige [...] não são tão inintencionais como se poderia supor pela sua aparência; reproduzem antes fielmente as 
recordações e as impressões novas que sobre ela agiram desde a nossa última conversa e emanam muitas 
vezes, de modo inteiramente inesperado, de reminiscências patogênicas de que ela se liberta espontaneamente 
pela palavra>. 
6.6- A diferença básica entre Freud e Jung no que se refere à Associação Livre consiste: 
- em que Jung parte de uma Palavra Indutora, 
- enquanto Freud parte de um elemento retirado do sonho (onírico ou de vigília), lapsus linguae (atos falhos) ou 
da própria elaboração do paciente. 
7. A ASSOCIAÇÃO LIVRE COMO TÉCNICA 
O método que Freud aplicava no tratamento dos seus pacientes, passou, em poucos anos, por mudanças im-
portantes, até consolidar-se, ainda antes de 1900, num método terapêutico que, com variações secundárias e 
acentuações diferentes, de acordo com cada psicoterapeuta, é usado até o dia de hoje. 
O período do método da livre associação. 
Quem dá livre curso ao seu pensamento salta de um assunto para outro. Não o faz, porém, desordenadamente, 
mas é dominado pelas leis da livre associação. 
Associação, vem de associare, do latim, que significa ligar. 
1. Já Aristóteles enumerava diversas leis que regem a ligação dos pensamentos. Por exemplo: a lei da 
concordância, a lei da oposição, a lei da simultanei-dade, a leida conexão temporária. Mais tarde, acres-
centaram-se outras leis. 
2. Tornou-se famosa a experiência de associação de C. G. Jung. Este dirigia palavras para as pessoas que 
faziam o teste, as quais deviam responder com a primeira palavra que lhes surgisse na mente. 
3. O tempo de reação entre a palavra-estímulo e a palavra da reação fica normalmente entre limites 
determinados. Um tempo de reação mais longo poderia indicar que a palavra-estímulo fosse desconhecida para 
a pessoa submetida ao teste. Juntando-se as palavras correspondentes a um tempo de reação anormalmente 
longo, pode muito bem ser que se obtenha uma visão da vulnerabilidade emocional da pessoa estudada. Era 
assim que Jung tentava descobrir onde se situa o complexo neurótico do paciente. A palavra complexo, nesse 
sentido, foi usada pela primeira vez por Jung. 
Freud e a associação livre: A regra básica da psicanálise, à qual o paciente, que associa livremente, 
deve-se submeter, resume-se: 
1. Na exigência de que o paciente diga tudo, sem reserva, o que pensa na associação livre. 
2. Pensamentos concomitantes, bem como os perturbadores, devem ser expressados. 
3. Pensamentos dolorosos não podem ser omitidos, nem tampouco os pensamentos vergonhosos. 
4. Essa exigência fundamental pode conduzir o paciente às maiores dificuldades. 
5. Uma conseqüência inevitável, mas que se mostrou nociva, consistia em que o paciente, pela obrigação de 
manifestar também seus pensamentos mais desonrosos, destes se lembrava em primeiro lugar, com o que seu 
relato se tornava mais indecoroso, o que, no tempo de Freud, significava mais sexual do que os seus 
pensamentos e sua vida eram na realidade. 
6. Há, ainda, outros inconvenientes: O convite a revelar todos os pensamentos que surgem pode fazer com que 
a narração degenere num conjunto sem sentido de pensamentos cortados e incoerentes. 
7. Além disso, dizer o que se pensa, livremente, não é possível em sentido estrito, pois, pelo próprio fato de se 
dizer livremente o que se pensa , perde-se, a bem dizer, a liberdade do pensamento. 
8. Afinal, existem pensamentos que se pensa livremente, mas que são ditos com pouca liberdade, não por 
serem maus, mas porque são pensados e ainda não ditos. 
9. Enfim, uma observância rigorosa da regra básica transforma facilmente o método da associação livre numa 
caricatura. 
10. Tornou-se, por isso, costume dar a conhecer a regra como uma recomendação, e não tanto como uma 
ordem. 
11. Hoje existem até psicoterapeutas, que, conquanto utilizem o método da associação livre, nunca mencionam a 
regra básica. 
 
 
 
 
 
 
 
33 
 
8 – A PRÁTICA DA ASSOCIAÇÃO LIVRE 
A prática do método da associação livre: 
Pode ser descrita da seguinte maneira, após um certo número de entrevistas introdutórias: 
- O paciente é convidado a deitar-se no famoso sofá ou divã do psicoterapeuta, último remanescente do 
tempo do método hipnocatártico. 
- O paciente estende-se da maneira mais descontraída possível, o que, principalmente no início, não 
passará de um simples desejo. 
- O psicoterapeuta senta-se atrás do paciente ou meio de lado, provido de papel e caneta para fazer 
anotações. Uma vantagem dessa posição é que o paciente tem, mais ou menos, um campo de visão limitado e 
que o psicoterapeuta não se vê constantemente obrigado a prestar atenção ao que faz ou deixa de fazer. 
- O terapeuta observa o paciente, 
- suas palavras 
- e o sentido ou valor emocional das mesmas. 
- Tenta descobrir, naquilo que ouve, associações complexas, procurando encontrar o motivo neurótico. Em 
uma palavra, o psicoterapeuta trabalha racionalmente. 
- Mas também ao paciente pede-se que se aprofunde racionalmente nas suas dificuldades, apesar de estar 
envolvido em todas as emoções. 
- Se os primeiros dois períodos, da hipnose e da sugestão, eram épocas de uma metódica 
fundamentalmente afetiva ( a meta era o desabafo do sentimento reprimido), o terceiro período, o da associação 
livre, foi o de uma metódica acima de tudo racional. 
- A meta do terceiro período é: interpretar. 
Interpretar significa: dar sentido a, compreender racionalmente. 
Exemplo: Um paciente, durante o tratamento, pega com freqüência na gravata para ver se está direita. 
- Pedindo-se-lhe para fazer associações livres a respeito disso, 
- o paciente conta que lhe ocorre a torre Eiffel. 
- O terapeuta anima-o a continuar a falar sobre esse tema. 
- O paciente diz várias coisas sobre a torre Eiffel e encerra sua associação com a observação de que muita 
gente se lançou dessa torre. 
- O terapeuta pode, se o momento lhe parecer oportuno, dar a seguinte interpretação: - 
a)- a lembrança da torre Eiffel, que convida para o suicídio, 
b)- e o controle repetido da gravata são testemunhas de que o paciente anda com idéias suicidas. 
- Este pode aceitar a interpretação, que lhe trará então uma nova luz. 
- Também poderá rejeitá-la. 
- Nesse caso, o terapeuta terá que se interrogar se agiu certo interpretando naquele momento, o 
comportamento e as palavras do paciente. 
- Por via de regra, o terapeuta somente dará uma interpretação quando houver uma boa garantia de que o 
paciente a aceite. 
Enquanto o esclarecimento dos sintomas, 
- Nos primeiros dois períodos, se dava como por um toque mágico, 
- no terceiro período, tornou-se um trabalho cada vez mais difícil, de penosa interpretação; 
- consequentemente, a freqüência das consultas foi aumentada; 
- em breve tornou-se costume atender ao paciente todos os dias úteis, durante quarenta e cinco minutos. 
Alguns psicoterapeutas achavam até inconveniente não poderem utilizar também o Domingo, depois da Segun-
da Guerra Mundial, houve uma mudança quanto a isso. Muitos psicoterapeutas atuais consideram suficientes 
três, ou no máximo quatro consultas por semana, tendo cada uma a duração de quarenta e cinco minutos, 
alguns acham também essa freqüência muito alta e recebem seus pacientes duas vezes, ou até uma vez, por 
semana. Entre esses últimos encontram-se psicoterapeutas que aboliram o divã e que tratam os pacientes, 
chamados preferivelmente de clientes, face à face. 
- O trabalho de pesquisar e interpretar fica, geralmente, mantido. Chama-se psicanálise. 
 
Psicanálise. Na literatura encontramos, muitas vezes, 
- a abreviatura psa, ou, com letras gregas, . 
- A palavra, formada por Freud em 1895, significa literalmente: decomposição da alma. 
- Análise, decomposição, interpretação e explicação da existência neurótica: eis o conteúdo do terceiro período 
na história da psicoterapia, designado, por isso mesmo, como período psicanalítico. 
- É muito importante distinguir bem o método psicanalítico da psicoterapia, usado pelo psicoterapeuta na sua 
prática, e a antropologia psicanalítica, ou concepção psicanalítica do homem, que Freud e sua escola 
desenvolveram a partir das experiências com seus pacientes. 
 
34 
 
OBSERVAÇÃO: 
- O temor de que o método análise ou até decomponha, irremediavelmente, em vez de sintetizar ou reunir, é 
infundado. 
- É impossível decompor a existência humana a tal ponto que não se forme, de novo, por força própria, uma 
outra unidade, 
- a não ser que o indivíduo já tenha entrado num processo de desintegração, por causa de uma psicose, por 
exemplo; mas, nesse caso, não deve ser submetido a uma psicanálise. Em geral, cada psicanálise é uma 
psicossíntese. Logo, não tem sentido procurar, separadamente, a psicossíntese. Tal coisa seria impossível. O 
psicoterapeuta pode, com a ajuda do seu paciente, analisar, mas nada mais. 
- O paciente é que fará, sem a ajuda do psicoterapeuta, uma psicossíntese. 
9- ASSOCIAÇÃO LIVRE (Abordagem II – Jean Filloux(Psicanalista e Filósofo) 
 Segundo este autor, Freud procurou outra técnica, diferente da hipnose, que seja capaz de “alargar o campo 
da consciência dos pacientes e de pôr à sua disposição, no momento de um comportamento normal, e não a 
favor de uma atividade sonambúlica e subconsciente, um saber até ali inconsciente”. 
- O mecanismo psicológicoque, em regra geral, preside à evolução das lembranças, tinha sido descrito desde 
muito tempo sob o nome de “associação das idéias”. 
- A associação das idéiasseria um processo, segundo o qual uma idéia ou imagem suscita a chegada à 
consciência de outra idéia ou imagem: 
- A (estado de consciência indutor) → evoca → B (estado de consciência induzido); B → comportando-se, por 
sua vez, como indutor, evoca → C... 
- Tal esquema simples da associação. Mas, este esquema deve ser complicado, provocando um estado 
indutor, não apenas um, porém muitos estados induzidos. 
- Como quer que seja, permite este mecanismo que se mergulhe na memória, pois imagens e idéias induzidas 
pertencem, necessariamente, à memória, entrando em contato com o INCONSCIENTE. 
1- Associação PERCEPTIVA: Esta forma de Associação de Idéias consiste no despertar de lembranças, 
determinadas por uma situação presente, que elas contribuem para precisar (não sendo a percepção neste caso, 
senão uma oportunidade de se recordar, segundo a fórmula bergsoniana). 
2- Associação IMAGINATIVA: Esta forma de Associação imaginativa ou errante, caracterizando-se por um 
como abandono do espírito às evocações sucessivas. A este tipo de associação, que Freud recorre para 
determinar, nos doentes, a evocação das lembranças antigas, que até então ele evocava por intermédio da 
hipnose. 
 Este método é até, particularmente, adequado ao fim catártico que se tem em mira. Tomemos , com efeito, 
determinado indivíduo e peçamos-lhe que pense, profundamente, numa idéia ou numa imagem qualquer. A partir 
desta idéia ou imagem, é lícito fazê-lo “associar”. 
10. PROVA DAS ASSOCIAÇÕES LIVRES 
Assim como a prova das associações condicionadas representava uma espécie de interrogatório condensado e 
dissimulado, mediante o qual explorávamos a atitude de reação que a pessoa analisada tem para os diversos 
estímulos intelectuais e afetivos, a prova das associações livres trata de produzir a confissão espontânea e 
involuntária das idéias e os desejos do indivíduo que foram reprimidos pela sua censura consciente, isto é, de 
seus complexos. 
- Com aquela prova íamos buscar o complexo; 
- com esta deixamos que ele se manifeste, ou antes, esperamos que ele nos venha , levado pelo livre curso 
das associações. 
Eis como procede FREUD para utilizar essa prova: 
1- Faz deitar o paciente sobre um divã numa sala silenciosa e escura. 
2- Pede-lhe que se coloque numa atitude de repouso completo, deixando relaxar os músculos e colocando seu 
espírito numa atitude puramente passiva.. : 
3- A prova a que será submetida terá uma ação muito benéfica para seu estado e produzirá uma descarga 
natural de excesso de tensão de seu ânimo. 
4- Então o analista senta-se detrás dele e lhe diz que deixe vagar a atenção e submerja numa espécie de 
révêrie dizendo ao analista tudo que lhe ocorrer. 
5- A pessoa analisada não deve deter-se diante de um pensamento inesperado, nem devido a uma imagem 
obscena, inconveniente ou repugnante, nem por uma idéia que lhe pareça fútil. 
6- Absolutamente tudo, o que lhe ocorrer deve ser dito - sem exercer a mínima crítica. 
7- O indivíduo deve esforçar-se para se colocar na atitude de um espectador de seu próprio pensamento. 
8- Em tais condições, o psicanalista se limita a dexá-lo falar, intervindo unicamente no caso em que veja 
claramente que a direção das associações não conduzirá a nada; 
 
35 
 
9- marcará então outro ponto de partida. 
10-Feito isso, não deixará de anotar cuidadosamente tudo o que seu paciente dizer e ocasionalmente será 
conveniente que, a posteriori, peca-lhe uma ampliação ou explicação de algum ponto especial do monólogo. 
11-Quando essa prova se faz numa pessoa normal, que não tenha nenhuma alteração mental, se obtém uma 
série de palavras que se encontram ligadas entre si pelas leis ordinárias da associação (continuidade espacial ou 
temporal e contigüidade espacial ou temporal) . 
11. A ASSOCIAÇÃO LIVRE NA PRODUÇÃO DE MATERIAL 
1- ASSOCIAÇÃO LIVRE: 
Na psicanálise clássica, para comunicar o material clínico, 
- o paciente tenta, como forma predominante de comunicação, a associação livre. 
- Geralmente, esse processo começa depois de concluídas as entrevistas preliminares. 
- Nas entrevistas preliminares, o analista pode chegar a uma avaliação da capacidade do paciente para 
trabalhar na situação analítica. 
- Parte da avaliação consistiu em determinar se o paciente, 
- em suas funções do ego, 
- dispunha de elasticidade para oscilar entre as funções mais regressivas do ego quando estas são 
necessárias na associação livre 
- e entre as funções do ego mais maduras, funções estas necessárias à compreensão das intervenções 
analíticas, 
- respondendo a perguntas diretas 
- e voltando à vida quotidiana no final da sessão. 
- Geralmente, o paciente associa livremente durante quase toda a sessão 
- mas ele pode também relatar sonhos 
- e outros acontecimentos de sua vida quotidiana ou do seu passado. 
Uma das características da psicanálise 
- é que se pede ao paciente que inclua suas associações quando narra seus sonhos 
- ou outras experiências. 
- A associação livre tem prioridade sobre todos os outros meios de produção de material na situação 
analítica. 
- Contudo, a associação livre pode ser usada erradamente para ajudar a resistência. 
- É tarefa, então, do analista, analisar tais resistências para restabelecer o uso adequado da associação 
livre. 
- Pode acontecer, também, que um paciente não consiga interromper a associação livre devido a um 
colapso das funções do ego. 
- Este é um exemplo de situação de emergência que surge no decorrer de uma análise. 
- O trabalho do analista, então, deveria ser o de tentar restabelecer o raciocínio do processo secundário 
e lógico do ego. 
- Ele talvez tenha de empregar a sugestão e ordens diretas para conseguir isso. 
- Esta é uma manobra não-analítica mas é indicada para o exemplo acima porque talvez estejamos 
lidando com uma reação psicótica incipiente. 
A associação livre é o método mais importante para a produção de material na psicanálise. 
- É utilizada em momentos preestabelecidos naqueles tipos de psicoterapia que buscam uma certa dose de 
volta do reprimido, as assim chamadas "psicoterapias orientadas psicanalitïcamente". 
- Não é empregada nas terapias antianalíticas, de apoio ou de encobrimento do reprimido. 
2- COMUNICAÇÃO COM O PACIENTE: 
Vamos supor que o analista compreendeu o significado do material do paciente 
- através do uso da empatia, intuição e conhecimento teórico. 
- Seu trabalho seguinte é comunicar isso ao paciente. 
- Na verdade, ele deve decidir o que dizer ao paciente, quando e como o fará. 
- Voltemos àquele momento da sessão analítica em que o analista sente que entendeu o significado 
inconsciente do material do paciente. 
- Ele talvez só tenha entendido de maneira impressionista e meio vaga; 
- isso tem que ser formulado em palavras e idéias antes que se adote qualquer medida nova. 
- Surgem realmente situações, na análise, em que comunicamos noções vagas ou intuições a um paciente 
mas isso em geral só é feito quando o material é relativamente inócuo. 
- Normalmente, é necessário formular o material em palavras para sermos o mais claro e preciso que 
pudermos. O analista deseja estabelecer contato e causar um impacto no paciente. 
 
36 
 
- Assim, quer evitar ser mal-compreendido ainda mais porque as resistências do paciente estão sempre a 
postos para se aproveitar de uma situação dessas. 
- As palavras, a linguagem e o tom de voz desempenham um papel especial e fundamental para fornecer uma 
ponte que cubra o espaço entre o paciente e o analista, exatamente como outrora fizeram entre a mãe e a crian-
ça, depois de ter havido a separação corpórea (Sharpe, 1940; Greenson, 1950; Loewenstein 1956; Rycroft, 
1956; Stone, 1961). 
3-A linguagem e a fala são funções do ego relativamente autônomas 
- mas são passíveis de regressão, 
- reinstintualização e reinvasão por conflitosneuróticos. 
- Isso pode acontecer naqueles pacientes que tiveram dificuldade em manter sua identidade separada 
- ou nos pacientes às voltas com uma neurose de transferência profundamente regressiva (Lóewald, 1960). 
O analista tem que formular em palavras o que deve dizer ao paciente. 
- Deve traduzir seu próprio raciocínio do tipo processo primário para o processo secundário. 
- Deve, então, decidir se isso pode ser dito ao paciente nessa ocasião. 
- Aqui, seu julgamento clínico e sua empatia têm que ser usados porque somente através dessas faculdades é 
que pode determinar, 
- primeiro, se a informação é valiosa 
- e segundo, se o paciente pode suportar essa compreensão sem ficar traumatizado. 
4-O conhecimento intelectual vai ajudá-lo através da recordação de interpretações passadas semelhantes ou 
reparando na proximidade das separações acarretadas pelas férias etc. 
- Tem de decidir se não será melhor aguardar mais dados ou talvez esperar para que o próprio paciente 
chegue a essa interpretação. 
- Assim que o analista decidiu comunicar a interpretação, tem de pensar como formular essa informação. 
- Aproveito para dizer, aqui, que essa descrição detalhada não significa que cada um desses procedimentos 
irá, normalmente, ocorrer em separado, lenta e sucessivamente. Às vezes vai ser assim mas em geral eles vão 
acontecer rápida, automática e quase sempre simultaneamente. 
- A capacidade para a empatia é o instrumento mais valioso para avaliarmos tais questões. 
- A escolha de palavras e o tom de voz podem muito bem determinar se o contato e impacto em nível ótimo 
poderá ser feito, se favorecemos as resistências e se provocamos algum trauma. 
- O vocabulário do analista se deve dirigir ao ego racional do paciente. 
5-O analista deve fazer-se esta pergunta; questionar-se: 
- a que proximidade do ego racional do paciente vai estar essa compreensão que quero transmitir. 
- Quanto mais inacessível o material, tanto maior o cuidado com as formulações e escolha de palavras. 
- Além disso, o vocabulário do analista não deve ser diferente do vocabulário do paciente, porque isso daria à 
intervenção uma sensação de irrealidade. Deve causar impacto e mesmo assim não ser chocante - valores que 
só podem ser determinados pela identificação empática do analista com cada paciente numa situação especial. 
- Muitas vezes, a força e entonação usadas são mais importantes que a escolha das palavras. 
- O tom e a entonação transmitem os sentimentos pré-verbais e não-verbais, muitas vezes as atitudes 
inconscientes do analista. 
- Além disso, a sensibilidade do tom e da entonação provêm das relações objetais mais primitivas quando a 
ansiedade era um fator fundamental. 
- O tom leva ao contato ou afasta o contato e é, portanto, muito importante para o equilíbrio confiança-
desconfiança no relacionamento do paciente e analista (Loewald, 1960; Greenson, 1961). 
- Na situação analítica, um aspecto importante da arte de comunicar com o paciente é a habilidade do analista 
para usar o silêncio. 
6-O silêncio do analista tem muitos significados para o paciente, 
- dependendo da situação transferencial do paciente assim como da contratransferência do analista. 
- Além disso, o silêncio é um dos grandes estresses que nossos pacientes têm de suportar na situação 
analítica 
- e deveria, assim, ser aplicado conscienciosamente, tanto na qualidade como na quantidade (Stone, 1961, pp. 
45-55). 
- O silêncio é uma intervenção ao mesmo tempo ativa e passiva por parte do analista. 
- O paciente precisa de nossos silêncios porque pode necessitar de tempo para seus pensamentos, 
sentimentos e fantasias que vão emergir dentro dele. 
- Nosso silêncio também exerce uma pressão no paciente para que comunique e para enfrentar seus 
pronunciamentos e emoções sem estar distraído. 
- Ele pode sentir nosso silêncio ou como apoio e calorosidade ou como crítica e frieza (Nacht, 1964). 
- Isto talvez se deva às suas projeções transferenciais mas pode também resultar da sua percepção latente 
das nossas reações contratransferênciais (Greenson, 1961). 
 
37 
 
- O analista comunica ao paciente não só fazendo interpretações pelo silêncio mas também por outros meios e 
visando a inúmeros outros objetivos. 
- Antes que possamos interpretar, temos de demonstrar e esclarecer o material que está sendo examinado. 
- Por exemplo, antes que eu possa desvendar o significado inconsciente de uma resistência, a realidade da 
resistência tem que ser, primeiro, demonstrada e esclarecida para o paciente. 
 
PARTE III – PSICODINÂMICA 
PSICODINÂMICA – OS MECANISMOS DE DEFESA DO EGO 
Extensões do Conceito de Defesa: Breves Comentários sobre os Mecanismos de Defesa 
 
O conceito de defesa está incorporado na primeira afirmação analítica significativa de Freud (1894), que a 
neurose implica numa defesa contra idéias insuportáveis. Num sentido muito real, a história da psicanálise 
representa um desdobramento e alargamento desta fórmula. Ela continua sendo básica à compreensão dos 
indivíduos neuróticos e também normais. A existência humana parece envolver inevitavelmente algum conflito 
interior, mas permanece questionável se devido à necessidade biológica ou à pressão cultural. De início Freud 
limitou-se à repressão, embora ele também tenha descrito a sublimação, formação reativa e regressão. Depois 
ele aumentou a lista de defesas, com o correr do tempo. Quando Anna Freud escreveu sua obra chave, O Ego e 
os Mecanismos de Defesa (1936), ela relacionou nove deles e acrescentou alguns próprios, tais como a 
identificação com o agressor e a negação na fantasia e na realidade. Freud explorou tão completamente as 
neuroses que pouco teve de ser acrescentado de um ponto de vista teórico, exceto novos conceitos tais como a 
oralidade, hostilidade e estrutura do ego. Nas psicoses ele estava em terreno menos firme. A literatura posterior 
a Freud deu muita ênfase aos mecanismos de defesa mais destacados nas condições psicótica e fronteiriça, tais 
como a regressão, negação, clivagem e atuação. 
A lista oficial de mecanismos de defesa de maneira alguma esgota as formas pelas quais os seres humanos 
podem lidar com o conflito. Como se viu, Bibring e colaboradores relacionaram. Outros autores também 
descreveram repetida-mente mecanismos de defesa não contidos no inventário “oficial”. Greenson falou de fome 
de tela e defesas de tela (1958). Sachs (1973) considerou chorar, lamuriar-se e rir como defesas contra impulsos 
sexuais. 
Melanie Klein (1948a, passim) falou de defesas maníacas e da criatividade como reparação pelo mal 
fantasiado causado à mãe. Muitos teóricos retrataram as diversas reações à perda objetal em todas as fases da 
vida. Spitz (1945) viu o marasmus como um consumir-se devido à falta de amor materno; o mesmo fenômeno foi 
observado em animais. Bowlby (1953) delineou a seqüência de protesto-desespero-desligamento em reação à 
perda da mãe. Wolfenstein (1976) comunicou um debate sobre os efeitos, no adulto, da perda objetal nos 
primeiros cinco anos. Os participantes reportaram depressão, esquizofrenia e promiscuidade sexual entre outros 
problemas. 
Pinderhughes (1971) investigou as seqüelas sociais, somáticas e psíquicas da perda. Ele ressaltou o 
significado dos mecanismos paranóides em pessoas que sofrem uma perda. Podem-se citar numerosos outros 
artigos. Tornou-se lugar-comum encarar a hostilidade como defesa contra a sexualidade e encarar a sexualidade 
como defesa contra a hostilidade, a esquizofrenia como defesa contra o homossexualismo, o homossexualismo 
como defesa contra a esquizofrenia, e assim por diante. Em outras palavras, o conceito de defesa foi ampliado 
muito além de seu escopo original, para incluir virtualmente qualquer processo dinâmico em que haja ansiedade 
e uma maneira de afastar a ansiedade. A escola culturalista, conquanto verbalmente em divergência com os 
freudianos, apenas contribuiu com mais uma extensão do conceito de defesa, ao vinculá-lo aprocessos 
interpessoais, culturais e outros. Fromm, por exemplo considerou a personalidade “comercializadora” como 
característica dos americanos (1947). 
 Mais tarde, juntamente com Maccoby (1970), ele integrou fatores interpessoais, culturais e intrapessoais em 
sua descrição de uma aldeia mexicana. 
Diamond (1974) encarou a esquizofrenia como defesa e moléstia característica da civilização ocidental. Miller 
e Swanson (1960) mostraram que a negação era mais comumente empregada pelos pobres, devido à natureza 
mais áspera de sua realidade social. Em geral, a escola da cultura-da-pobreza traz consigo a implicação de que 
os mecanismos de defesa são condicionados tanto socialmente como individualmente. 
 
38 
 
Alguns chegaram a sustentar que se pode persistir na pobreza por motivos psicológicos (Allen, 1970). 
Weinstein (1976) considera o assassinato de presidentes como um problema peculiarmente americano, por ter 
ocorrido tantas vezes. Pode-se afirmar que, neste tipo de extensão, a defesa, a perda de defesa e o sintoma 
confundem-se todos uns com os outros. Sua separação exata apresenta problemas tão espinhosos, contudo, 
dado o caráter circular da dinâmica da personalidade (por exemplo, a ansiedade leva ao homossexualismo, 
depois o homossexualismo leva à ansiedade; qual foi o primeiro?), que a maioria dos teóricos fica em desespero. 
Robbins (1955) considera a esquizofrenia como conflito e defesa, como Burnham et al. (1969), com sua 
delineação de esquizofrenia como um dilema necessidade-medo. O princípio básico continua sendo que a 
personalidade humana pode ser compreendida à luz da fórmula de Freud, usando defesas contra idéias 
insuportáveis. Muitas defesas típicas, tanto pessoais como sociais, podem ser descritas. Muitas outras são 
possíveis. A teoria psicanalítica, embora tenha oferecido profundas percepções do processo defensivo, ainda 
não atingiu o estágio de uma sistematização exata. 
 
Defesa e Doença 
Já desde o início Freud buscou definir a doença em termos dinâmicos; seu artigo histórico de 1894 sobre as 
“Neuropsicoses de Defesa” já introduz este esforço. À medida que se alterou seu esquema teórico, ele procurou 
a todo o momento corrigir a metapsicologia da doença (Brenner, 1957). Em 1926, em seu último resumo teórico 
importante, ele tentou ligar as três principais doenças, a que tinha devotado a maior parte dos esforços de sua 
vida, com suas defesas típicas: assim, a repressão é característica da histeria, enquanto a formação reativa e a 
regressão são características da neurose obsessiva-compulsiva. 
Logo se verificou que o que ele tinha feito foi descrever certas constelações típicas, mas não a personalidade 
inteira. Nas palavras de Fenichel: Na maioria dos casos... a análise tem sucesso em mostrar que uma atitude 
defensiva especial foi• forçada ao indivíduo diretamente, por uma situação histórica particular; ou foi a atitude 
mais adequada numa dada situação, e todas as situações posteriores despertam uma reação como se ainda 
fossem aquela patogênica, ou todas as outras atitudes possíveis foram bloqueadas numa dada situação, ou a 
atitude foi favorecida por algum modelo no ambiente da criança, com o qual ela se identificava, ou a atitude é 
exatamente oposta à de um modelo com o qual a criança não queria se parecer. O comportamento incomum 
muitas vezes pode ser verificado como devido a condições incomum no ambiente de infância. E as psicanálises 
de distúrbios do caráter certamente dão oportunidade de se estudar uma considerável seleção de “ambientes 
incomuns de infância” 
Na literatura subseqüente, coexistiram duas teorias referentes à defesa e doença. Uma afirma que as 
doenças neuróticas específicas (inclusive as psicóticas) caracterizam-se por defesas específicas e pontos de 
fixação específicos. Assim, a repressão, formação reativa e regressão são características das neuroses, 
enquanto a negação, clivagem (outrora chamada de isolamento) e a projeção são características das psicoses. 
O ponto de fixação para a histeria encontra-se na fase fálica, para a neurose obsessiva, na fase anal, e para a 
esquizofrenia e outras psicoses, na fase oral. A posição alternativa que, paradoxalmente, também se origina de 
Freud, afirma que a personalidade ó complexa demais para ser forçada em tais camisas-de-força rígidas, e que 
cada indivíduo deve ser julgado em termos de sua história particular. Assim, no artigo sobre “Tipos de 
Desencadeamento da Neurose” (1912), depois de descrever vários casos, Freud declara que “nenhum deles é 
um exemplo puro de qualquer dos quatro tipos de neurose”. E Depois conclui que “a psicanálise advertiu-nos 
que devemos abandonar o infrutífero contraste entre fatores externos e internos, entre a experiência e a 
constituição, e nos ensinou que invariavelmente encontraremos a causa do desencadeamento da doença 
neurótica numa situação psíquica particular que pode ser gerada por uma diversidade de maneiras”. 
 
Metapsicologia das Defesas 
As questões de por que são de todo necessários os mecanismos de defesa e que função eles desempenham na 
economia psíquica geral pertencem ao que pode ser chamado de metapsicologia da defesa. Uma série de 
tópicos que este título abrange foram considerados por diversos autores. 
 
A Organização Defensiva 
A teoria contemporânea do ego baseia-se no reconhecimento de que a organização é uma parte tão 
essencial do ser humano como o impulso, e que o ego é o aspecto organizador da personalidade. 
 
 
39 
 
Hoffer (1954) parece ter sido o primeiro a usar a expressão “organização de defesa” para fazer referência à 
totalidade de defesas usadas pelo indivíduo. Esta organização de defesa é uma faceta da organização do ego. 
Sua origem e pré-história são obscuras, mas sua função pode ser formulada com precisão, a saber, a regulação 
da ansiedade, não a evitação total da ansiedade. Ele viu uma estrutura hierárquica da organização defensiva 
que é inevitável nos primeiros esforços da infância e só pode ser resolvida muito Depois. Freud (O Problema da 
Ansiedade, 1926) já tinha comentado que a força das defesas está em sua ligação com o id, isto é, a defesa 
também satisfaz algum impulso. Hoffer afirma agora que, de um ponto de vista do ego, a defesa serve a um 
propósito tanto defensivo como construtivo. Por exemplo, a introjeção ajuda a evitar a sua destruição, a 
sublimação enriquece o ego (A. Freud, 1952). Pine levou mais adiante esta idéia (1970). Ele sustentou que há 
um relacionamento estruturalizado entre impulso e defesa que se torna parte da ordem e permanência da vida 
psíquica. Esta permanência está relacionada também com o princípio de funções múltiplas de Waelder (1936b), 
que postula que qualquer ato específico é uma tentativa de solução para problemas do ego vis-à-vis os impulsos, 
o superego, a realidade externa e a compulsão de repetir. Pine teorizou que posturas defensivas específicas que 
incluem oportunidades de gratificação de maneiras sintônicas com a consciência do indivíduo e com seu meio 
social podem ter um alto grau de permanência, que só pode ser rompido por uma mudança significativa nas 
pressões internas ou externas. Como a organização é parte essencial do ego, o relacionamento da defesa com a 
cognição deve ser considerado. Lichtenberg e Slap (1971) acreditam que o surgimento de mecanismos de 
defesa individuais é concomitante à maturação perceptual-cognitiva. 
 
Defesas e Processo de Tratamento 
Dedicou-se considerável atenção ao destino dos mecanismos de defesa no curso da psicanálise. Realizaram-
se debates sobre este tópico nas Associações Psicanalíticas Internacional e Americana em 1954, 1966; 1970 e 
1972. Uma escola de pensamento acreditou que uma análise bem-sucedida deve resultar no desaparecimento 
das defesas, enquanto outra sustentou que a análise resulta na modificação, não no desaparecimento, das 
defesas, e que, enquanto o individuo neurótico está primordialmente restrito ao usode um mecanismo de defesa 
em todas as situações, a pessoa analisada está livre para usar uma variedade de defesas, de maneira 
adaptativa (Krent, 1970). A divergência persistiu, embora a última posição tenda a ganhar terreno. Num estudo 
empírico realizado no Instituto San Francisco Windholz (Debate, 1972) verificou que as defesas não 
Desaparecem, mas tornam-se integradas no ego como mecanismos reguladores. 
 
Primeiros Protótipos e Precursores de Defesas 
Na medida emque os mecanismos de defesa são maneiras de se manter à distância estímulos provocadores 
de ansiedade, freqüentemente sugeriu-se que eles devem, de alguma forma, derivar-se dos primeiros tipos de 
experiência infantil, ou primeiros estados psíquicos. Em seu artigo de 193-7 sobre “Análise Terminável e 
Interminável”, Freud tinha novamente sugerido que pode haver -. bases constitucionais para os diferentes tipos 
de estrutura do ego. “Não temos razão para contestar a existência e importância das características distintivas 
originais, inatas do ego”. Dentre as originais, inatas, do ego resistências presumivelmente determinadas 
constitucionalmente, ele mencionou a viscosidade da libido, depleção da capacidade de mudar e uma libido 
particularmente móvel. Quanto aos precursores infantis, Freud já tinha mencionado a projeção como derivativa 
da primeira negação, ou o cuspir, enquanto a introjeção pode presumivelmente derivar-se do engolir. Federn 
(1929) viu o isolamento como relacionado com o tabu original do toque. Outros autores continuaram neste tipo 
de especulação com o conceito de “núcleos do ego” (Fenichel, 1945; Glover, 1925; Hendrick, 1938) sem, 
contudo, qualquer confirmação teórica ou clínica. 
Spitz (1961) ofereceu a discussão mais elaborada da questão dos primeiros protótipos das defesas do ego. 
Ele sugeriu que a repressão está ligada à barreira de estímulos inicial, e a negação pode derivar-se do 
fechamento de olhos. As duas principais questões por ele levantadas foram: Que tipo de relações mãe-filho 
favorecem e facilitam que tipo de mecanismos de defesa? Em que ponto as relações mãe-filho transformam o 
protótipo fisiológico no início de um mecanismo de defesa? 
 
Foram feitas diversas sugestões sobre como os mecanismos de defesa provêm da primeira experiência 
infantil (Fine, 1965b; Rubinfine, 1962), como na questão geral do relacionamento das primeiras experiências com 
a personalidade posterior e o desenvolvimento intelectual, mas as questões ainda são complexas demais para 
permitir uma resposta clara (Escalona, 1968; Fries, 1961). 
 
40 
 
Praticamente tudo que se pode dizer, de um ponto de vista teórico, é que a criança forma representações 
tanto da satisfação de desejos como de sua frustração, que mais tarde estruturalizam-se em representações 
internas dos objetos que satisfazem desejos (bons) e dos que os frustram (maus) (Rubinfine, 1962). 
 
Psicologia do Ego: Uma Visão Geral e Processos de Defesa 
 
O deslocamento da psicologia do id para a psicologia do ego teve lugar gradualmente, num período de muitos 
anos. Freud começou pela primeira vez a considerar sistematicamente o ego no artigo sobre narcisismo (1914). 
Seguiu-se uma série de artigos culminando com O Ego e o Id (1923), onde ele propôs pela primeira vez a divisão 
tripartite do aparato psíquico em id, ego e superego. Esta teoria tripartite, ou estrutural, mostrou-se tão 
convincente que se manteve desde então. Por isso, para falar corretamente, desde 1923 toda a psicanálise tem 
sido psicologia do ego. Em outro sentido, entretanto, o ego sempre foi parte da teoria psicanalítica. A palavra 
alemã para ego, das Ich, é a mesma para eu, enquanto o inglês emprega o termo latino. Assim, as 
considerações sobre o ego sempre estiveram presentes no pensamento de Freud. Foi somente por motivos 
históricos que o estudo do id tomou precedência no período de 1900 a 1914. Contudo, mesmo neste período 
alguns analistas falaram mais -sobre o ego, particularmente Adler. Em sua História do MovimentoPsicanalítico 
(1914), Freud deu a Adler crédito pelas suas contribuições à psicologia do ego, embora contrabalançasse este 
crédito apontando a relativa negligência do id por Adler. E apenas justo corrigir o erro histórico e dar a Adler 
crédito por ter sido um dos pioneiros da psicologia do ego. Se suas formulações careciam da precisão que teriam 
hoje, isto é, também é verdade quanto a todos que escreviam àquela época, inclusive Freud. 
O ego é definido como a parte da personalidade que lida com a realidade, interior e exterior. Freud deixou 
esta definição um tanto vaga. Em O Ego e o Id ele escreveu: Éfácil ver que o ego é à parte do id que foi 
modificada pela influência direta do mundo exterior, por intermédio da Pcpt. Cs. [percepção-consciência]; 
num certo sentido, é uma extensão da diferenciação superficial. Ademais, o ego busca trazer a influência do 
mundo externo sobre o id e suas tendências, e empenha-se em substituir o principio do prazer, que reina 
irrestrito no id, pelo principio de realidade. Para o ego, a percepção desempenha o papel que no id cabe ao 
instinto, O ego representa o que pode ser chamado de razão e senso comum, em contraste com o id, que 
contém as paixões. Tudo isto segue as distinções populares com que estamos todos familiarizados; ao mesmo 
tempo, no entanto, só deve ser considerado como válido em média, ou “idealmente”. Nesta definição, ou mais 
precisamente, descrição, Freud lançou a base para toda discussão futura nas funções do ego. Estas funções do 
ego vieram a abranger: os mecanismos de defesa, os afetos, a força e a fraqueza do ego; percepção e outras 
funções cognitivas (aprendizado, pensamento, memória); e lidar com a realidade. 
Estas últimas foram elaboradas por Hartmann (1939) e seus colaboradores em seu trabalho sobre autonomia 
do ego. Muitos aspectos do ego também foram abordados por outras disciplinas, oferecendo assim uma via de 
elaboração interdisciplinar com a fisiologia e as ciências sociais. Foi assim que o desenvolvimento posterior da 
psicologia do ego -abriu caminho para que a psicanálise se tornasse uma psicologia geral. A discussão da 
história da psicologia do ego pode ser melhor conduzida discutindo-se separadamente suas diversas funções (as 
referências bastante difundidas a uma “escola da psicologia do ego” ou aos “psicólogos do ego” provêm de uma 
concepção equivocada da história da psicanálise [Gedo, 1975]). 
Os Mecanismos de Defesa 
O conceito de defesa, que dominou os escritos de Freud na década de 1890, foi a primeira grande 
descoberta da psicanálise, e continua sendo uma de suas principais contribuições. Ele foi primeiro enunciado no 
artigo de 1894 sobre “As Neuropsicoses de Defesa”, que propôs a explicação que o neurótico (e o psicótico, à 
época mal distintos um do outro) defende-se contra idéias insuportáveis. Freud descreveu três métodos de 
defesa em três formas de doença, e Depois sugeriu uma explicação metapsicológica para o processo defensivo: 
Gostaria de me deter por um momento na hipótese de trabalho que utilizei nesta exposição das neuroses de 
defesa. 
Refiro-me ao conceito que, nas Junções mentais, há algo a distinguir — uma quota de afeto ou somatório de 
excitação — que possui todas as características de uma quantidade (embora não tenhamos meios de medi-la), 
que é capaz de aumentar, diminuir, deslocar-se e descarregar-se, e que é disseminada pelos traços de memória 
de idéias, como uma carga elétrica difunde-se pela superfície de um corpo. 
 
 
41 
 
Foi sobre as três idéias básicas neste artigo que foi construída a teoria dos mecanismos de defesa — os 
métodos de defesa (mais tarde designados de mecanismos de defesa), correlação da(s) defesa(s) com a doença 
e a explicação metapsicológica. Mais preocupado com outras questões, Freud abandonou então a idéia da 
defesa, limitando-se à repressão. Adler elaborou o que chamou de “ficções orientadoras”, que são variações dos 
mecanismosde defesa, embora não tivesse percebido as profundas ansiedades que subjaziam a estas ficções. 
Depois, em 1926, Freud retomou o que tinha abandonado em 1894 e voltou ao conceito de defesa, relacionando 
vários mecanismos de defesa (dos quais a repressão era apenas um) e tentando correlacionar a defesa com a 
doença. Assim, ele considerou a repressão como característica da histeria, a regressão e a formação reativa 
como características da neurose obsessiva, e a evitação na fobia. Quanto ao esclarecimento metapsicológico, 
neste livro (1926) ele evitou especular, afirmando apenas que “Depois de dezenas de anos de esforços 
psicanalíticos, estamos tão ignorantes quanto a este problema [da origem da neurose] como de início”. 
O passo seguinte veio com a publicação do clássico de Anna Freud, O Ego e os Mecanismos de Defesaem 
1936. Ali ela observou que o “ódio da não-ortodoxia analítica” (leia-se Adler) já não mais se dirigia ao estudo do 
ego, e ela definiu a tarefa da análise como sendo adquirir o mais completo conhecimento possível de todas as 
três partes (id, ego e superego) e de aprender quais são suas relações mútuas e com o mundo exterior. Ela 
prosseguiu relacionando os novos mecanismos de defesa que Freud já tinha descrito em várias obras 
(regressão, repressão, formação reativa, isolamento, anulação, projeção, introjeção, voltar-se contra si próprio e 
reversão), às quais ela acrescentou um décimo: a sublimação, ou o deslocamento dos objetivos instintivos. 
Quanto à técnica, ela disse: “E tarefa do analista praticante descobrir até que ponto estes métodos mostram-se 
eficazes nos processos de resistência do ego e formação de sintomas que ele tem a oportunidade de observar 
em indivíduos.” 
Anna Freud não tentou correlacionar a defesa com a doença (além do que seu pai já tinha feito), nem tentou 
criar explicações metapsicológicas. Ela chamou atenção, contudo, para quatro outros mecanismos de defesa: 
negação (na fantasia e em palavras ou atos), restrição do ego, identificação com o agressor e uma forma de 
altruísmo (na adolescência). Uma revisão de outras obras revela as incoerências e diferenças habituais entre 
diversos autores. Quanto à lista de mecanismos de defesa; existem amplas variações. Fenichel acrescenta a 
negação à lista de Anna Freud, mas omite o voltar-se contra si próprio, a reversão, identificação, restrição do ego 
e altruísmo. Ele também diferencia entre as defesas contra a ansiedade e as defesas contra outros afetos, o que 
outros autores não fazem. Horney popularizou uma grande variedade de outros mecanismos do ego, como a 
necessidade neurótica de afeição, a busca de poder, prestígio e posse, e a competitividade neurótica (1937), 
sentimentos de culpa (1939), aproximação, afastamento e fuga das pessoas, e a externalização (1945), a busca 
de glória, o orgulho neurótico, o apelo do domínio e o apelo do amor (1950). Sullivan (1940) descreveu 10 
síndromes de desenvolvimento: psicopatia, auto-absorção, incorrigibilidade, inadequação, homossexualismo e 
adolescência crônica. Laughlin (1969) acrescentou outras, como idealização, compensação, fantasia e a reação 
“Rei David”. 
A lista mais longa foi traçada por Bibring e colaboradores (1961) no Instituto Psicanalítico de Boston, em 
conexão com um estudo de mulheres grávidas. Eles dividiram as defesas em básicas, ou de primeira ordem, e 
complexas, ou. de segunda ordem. Terminaram com não menos de 39 defesas, das quais 24 de primeira ordem 
e 15 de segunda ordem. A lista parece incluir tudo, inclusive somatização, desligamento, pensamento mágico e 
mesmo brincadeiras, cair doente e assobiar no escuro. Ainda outros publicaram artigos descrevendo o choro, o 
riso e as risadinhas de adolescentes como defesas. Grand (1973) considerou o mecanismo como uma defesa de 
exposição dupla, assim como Menaker (1953). Modell (1975) retratou o narcisismo como uma defesa contra o 
afeto. Kohut (1971) fala de divisões verticais (repúdio ou negação) e divisões horizontais .(repressão). 
 
A extensão do conceito de defesa ampliou-se tanto que resta pouco conteúdo teórico além da observação 
inicial de Freud. Parece quase como se tudo pode ser usado como defesa contra outra coisa. Laplanche e 
Pontalis (1973) sustentam que a extensão do conceito pôs toda a -idéia em dúvida: 
Inevitavelmente, o uso generalizado do conceito de mecanismo de defesa levanta urna série de problemas. 
Quando operações tão diversas como, digamos, a racionalização, que põe em jOgo complexos mecanismos 
intelectuais, e o voltar-se contra si próprio que é uma “vicissitude” do objetivo instintivo, são atribuídas a uma 
única função.. . bem se pode perguntar se o conceito em questão é realmente operacional. 
 
 
 
42 
 
A despeito das dúvidas destes e de outros autores, e as enormes variações nos mecanismos de defesa 
relacionados, o conceito em si, que constitui um suporte dinâmico para a estrutura da personalidade, 
parecemanter sua grande utilidade e mesmo poder explanatório, em contraste com imagens mais estáticas da 
personalidade. 
 Se não foi possível, como se pretendia originalmente, restringir as defesas a uns poucos estratagemas 
básicos, isto deve ser tomado como indicação de que a defesa pode ser tão ampla quanto a própria 
personalidade. Dentro desta variabilidade, contudo, tem sido possível focalizar certos tipos de operações de 
defesa. Dentre asdefesas conhecidas por Freud que receberam 
considerávelatençãoestãoasublimação,introjeção-projeção,regressãoenegação. Dentre as que praticamente não 
foram mencionadas por ele, e que receberam muita atenção, estão a atuação, neutralização, clivagem e 
identificação (inclusive a formação da auto-imagem). Cabem alguns comentários adicionais sobre cada uma 
destas. 
 
OS MECANISMOS DE DEFESA DO EGO 
Mecanismos de defesa do Ego são todas as operações utilizadas pelo Ego para controlar, dominar, canalizar e 
empregar forças que ameaçam sua integridade e sobrevivência, ou que possam conduzir à neurose, e que 
provêm do Id, do Super-ego e do mundo externo. 
1 — ANULAÇÃO 
 Mecanismos de defesa através do qual o indivíduo invalida pensamentos ou ações passadas e suas 
conseqüências, utilizando um comportamento ou pensamento com significação oposta. A anulação retroativa é 
uma compulsão de feição “mágica” encontrada particularmente na neurose obsessiva. 
2 — DESLOCAMENTO 
Mecanismos pelo qual a carga psíquica é transferida de uma representação mental a outras por cadeia 
associativa; constitui, ao lado da condensação, um dos elementos do processo psíquico primário. 
Esse mecanismo, facilmente visto nos sonhos, encontra-se na formação dos sintomas psiconeuróticos e em 
qualquer formação inconsciente. O deslocamento, embora em essência pertença ao processo primário, tem 
função defensiva e, no sonho, pode surgir como efeito da censura, tal é a ligação que mantém com ela. A 
conversão é um mecanismode formação de sintoma somático, que consiste, segundo uma concepção 
econômica, na transformação da energia psíquica ligada à representação reprimida em energia de inervação. 
“Mas o que especifica os sintomas de conversão é a sua significação simbólica...”; neste sentido podemos 
entender a conversão como um tipo especial de deslocamento com características defensivas. 
3 — DISSOCIAÇÃO (SPLITTING, CISÃO, DIVISÃO) 
Pode envolver o Ego e o Objeto, sendo que a primeira ocorre entre o que é “bom” e o que é “mau”, entre o amor 
e o ódio. A escola Kleiniana considera que a Dissociação de Objeto é sempre acompanhada de uma 
Dissociação Correlativa do Ego. Dissociação de Objeto: mecanismode defesa através do qual um objeto é 
cindido em um “bom” objeto e em um mau” objeto, de tal sorte que as atitudes emocionais em relação a eles são 
antitéticas. A Dissociação de Objeto evita a angústia do conflito entre os impulsos eróticos e destrutivos ao 
mesmo objeto. Dissociação do Ego: mecanismo de defesa pelo qual o Ego é cindido, geralmente, em dois,sendo apenas um deles experimentado como “Eu” e o outro como estranho ou inconsciente. O mecanismo de 
Dissociação tende a vincular-se à Negação e à Projeção, constituindo defesas esquizóides. 
A clivagem é um antigo conceito psiquiátrico adotado por Freud. Em sua época, o conceito da clivagem da 
consciência na histeria era uma descrição aceita comumente, embora as explicações variassem. Como 
mostraram Lichtenberg e Slap (1973), Freud, em seu trabalho subseqüente, usou o conceito de quatro maneiras 
diferentes: como um princípio organizador geral no desenvolvimento e funcionamento psíquico, a contrapartida 
patológica da síntese; como um processo especificamente ligado à organização do conteúdo mental; como um 
meio de funcionamento defensivo; e como um processo associado com a formação de conceitos psíquicos 
contraditórios coincidentes, como os do fetichista. 
“Clivagem” é um alargamento do conceito mais antigo de “isolamento”, que ele substituiu. Autores subseqüentes 
elaboraram um ou outro destes sentidos da clivagem. Nunberg (1930, 1931) o opôs à síntese, ressaltando a 
 
43 
 
função sintética do ego. 
A discussão mais recente centrou-se particularmente no desenvolvimento inicial da vida mental da criança, com 
a separação de objetos bons e maus (a mãe boa e má), e as investigações associadas da psicopatologia da 
clivagem psicótica foram conduzidas por Melanie Klein (1946) e Fairbairn (1941, 1954), mas Depois retomadas 
por muitos outros autores. 
Atualmente, a clivagem é extensamente discutida por Mahler (1975), Kernberg (1976) e Kohut (1977), assim 
como por kleinianos, sullivanianos e outros. 
Tanto Mahler como Kernberg esclarecem a idéia mais antiga de que as primeiras experiências infantis 
promovem uma organização de dois conjuntos de traços de memória, baseados na qualidade primordial de 
agradável-bom-recompensador e doloroso-mau-punitivo. Mahler (1968) afirma que eles existem como “ilhas de 
memória que contêm marcas de estímulos ‘agradável-bom’ ou ‘doloroso-mau ainda não alocados ao eu ou ao 
não-eu”. Sullivan (1940) afirmou que “a discriminação do padrão de acontecimentos da Mãe Boa e o padrão de 
acontecimentos da Mãe Má constitui uma bifurcação primária da experiência interpessoal, evidências da qual 
persistem na maioria das pessoas no transcurso de toda a vida”. Kernberg, numa obra recente (1975) resume 
de maneira excelente o processo de clivagem: Uso o termo “clivagem” num sentido restrito e limitado, que se 
refere apenas ao processo ativo de manter separadas introjeções e identificações de qualidade oposta. A 
clivagem.., é uma causa fundamental da fraqueza do ego, e como requer também menos contracatexia do que 
repressão, um ego fraco recorre facilmente d clivagem, e se cria um círculo vicioso, pelo qual a fraqueza do ego 
e a clivagem reforçam-se mutuamente. A manifestação clínica direta da clivagem pode ser a expressão 
alternativa de lados complementares de um conflito em certos distúrbios do caráter, combinada com uma vaga 
negação e falta de interesse pela contradição em seu comportamento e experiência interna por parte do 
paciente. Outra manifestação direta da clivagem pode ser uma “falta de controle de impulsos” seletiva em certas 
áreas, manifesta na irrupção episódica de impulsos primitivos que são ego-sintômicos durante o tempo de sua 
manifestação (e a clivagem prevalece na neurose impulsiva e nos vícios). Provavelmente, a manifestação mais 
conhecida de clivagem é a divisão de objetos externos em “completamente bons” e “completamente maus”, com 
a possibilidade concomitante de mudanças completas e abruptas de um objeto de um compartimento extremo 
para o outro; isto é, inversões sabidas e completas de todos os sentimentos e conceitualizações sobre uma 
pessoa particular. A oscilação extrema e repetitiva entre autoconceitos contraditórios pode ser também 
resultado do mecanismo de clivagem. 
4 — FORMAÇÃO REATIVA 
Mecanismode defesa através do qual o indivíduo se contrapõe a um impulso inaceitável, pela intensificação de a 
uma antítese. A Formação Reativa defende o Ego do retorno reprimido, e se serve da Transformação no 
contrário (Inversão) dos instintos. 
5 — IDEALIZAÇÃO 
Mecanismode defesa pelo qual as qualidades do “bom” objeto são levadas ao extremo (perfeição), evitando 
assim impulsos destrutivos às características não desejáveis do objeto. 
Essas características, por sua vez, são negadas, enquanto a libido é projetada no objeto; note-se, ainda, que a 
Idealização está também ligada ao mecanismo de Divisão. 
IDENTIFICAÇÃO 
A identificação é uma idéia velha e óbvia, e não pode ser considerada psicanalítica em si. Em todos os seus 
escritos, Freud fez uso dela. Já em 1897, numa carta a Fliess, ele escreve a respeito da multiplicidade das 
personalidades psíquicas (então um tópico muito significativo) que “o fato da identificação talvez nos permita 
tomar a frase literalmente”. No período pós-Primeira Guerra Mundial, Quando começou a refletir sobre os 
problemas dos relacionamentos interpessoais, Freud dedicou crescente atenção ao processo da identificação. 
Inicialmente, o sustentava, a catexia objetal e a identificação são indistinguíveis. Com o início do complexo de 
Édipo, as catexias objetais (desejo sexual pelos pais) têm de ser abandonadas; são então substituídas por 
identificações com os pais. Daí vem à fórmula: as catexias objetais regridem para identificações. “A autoridade 
do pai ou dos pais é introjetada no ego, e ali ela forma o núcleo do superego, que assume a severidade do pai e 
perpetua sua proibição contra o incesto, desta forma protegendo o ego do retorno da catexia objetal libidinal.” 
 
 
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Mais tarde, em 1936, Anna Freud descreveu uma variação da defesa, identificação com o agressor. Isto é visto 
por ela como ocorrendo numa variedade de contextos — na agressão física, na crítica, relacionamentos mãe-
filho, e assim por diante. Há uma inversão de papéis — a vítima torna-se agressora. Isto explica a perpetuação 
de padrões de família, por exemplo, a filha, mal-tratada pela mãe, trata mal sua própria filha, por sua vez, por 
uma identificação com a agressora. 
Nunberg (1955) distinguiu entre identificações parcial e total e apresentou a mais clara exposição de todo o 
mecanismo de defesa e seu relacionamento com a identificação normal: O conceito da identificação como um 
mecanismo de defesa não exclui seu outro aspecto, o positivo. Há, de fato, também uma identificação resultante 
do amor, que nada tem a ver com a defesa. Como se frisou, a identificação pode ser ambivalente, e no contexto 
presente, vemos que o lado negativo de um processo ambivalente pode ser usado como uma defesa contra seu 
lado positivo. Como o amor reprime o ódio, o inverso também pode ocorrer: o ódio reprimindo o amor. Em 
qualquer caso, através da identificação, estabelece-se uma união entre o ego e o objeto ou instinto que se quer 
afastar, O que não pode ser afastado do ego é afastado através da assimilação, a síntese. Esta forma de defesa 
tem aproximadamente este significado: “Se não posso conquistar o inimigo de qualquer outra forma, unir-me-ei a 
ele e desta maneira torna-lo-ei inofensivo.”Após a publicação do livro de Erikson, Infância e Sociedade (1950), 
com sua extensa discussão de identidade e crise de identidade, assim como a difusão das idéias de Sullivan 
após a Segunda Guerra Mundial, o interesse dos analistas voltou-se para a auto-imagem (identidade, 
narcisismo) e as relações interpessoais. Da década de 1950 em diante, a identificação como um puro 
mecanismo de defesa fundiu-se crescentemente na discussão total de relacionamentos objetais e do eu, e o 
crescimento e desenvolvimento interpessoal. 
6 — IDENTIFICAÇÃO 
Como defesa, pode ser: Secundária, Projetiva e Introjetiva. 
Identificação Secundária: o indivíduo identifica-se com o objeto que tem identidade independente dele, reduzindo 
assim a hostilidade entre si e permitindo quesejam negadas experiências de separação do objeto. O mecanismo 
de identificação com o agressor, isolado e descrito por Anna Freud, enquadra-se dentro da identificação 
secundária. Melanie Klein sempre considera a Identificação como produto de Introjeção e Projeção. 
Identificação Projetiva: mecanismopelo qual o indivíduo se identifica com o objeto de sua Projeção. A escola 
Kleiniana admite, ainda, como Identificação Projetiva o fato de o indivíduo perceber o objeto apenas como tendo 
adquirido as características projetadas (porém, no presente trabalho, para evitar confusão, consideramos 
Identificação Projetiva apenas a primeira definição). Existe ainda a Identificação Projetiva patológica, resultante 
da Projeção no objeto de partes do Ego em fragmentos diminutos. Identificação Introjetiva: mecanismopelo qual 
o indivíduo, tendo introjetado um objeto, se identifica com ele parcial ou totalmente. 
7 — INTROJEÇÃO 
Mecanismopsicológico, através do qual a função de um objeto externo ou parte dele é assumida por sua 
representação mental. Faz parte do desenvolvimento psicológico normal, mas é defensivamente usado contra a 
angústia de separação. 
8 — ISOLAMENTO 
Mecanismode defesa característico das neuroses obsessivas, pelo qual um pensamento perde suas conexões 
associativas e é despojado de seu significado emocional; ou duas idéias, sentimentos ou atos são separados por 
intervalos de tempo ou, ainda, dois ou mais objetos (que representam idéias) são impedidos de estabelecer 
contato entre si. 
9 — NEGAÇÃO 
Mecanismode defesa pelo qual se dá como inexistente um impulso instintivo ou aspecto do Eu ou, ainda, uma 
experiência penosa. Segundo Melanie Klein, a Negação é seguida de Divisão e Projeção. 
NEGAÇÃO (RECUSA) 
“Negação” foi o termo usado por Freud a partir de 1923 para descrever a defesa pela qual o sujeito recusa-se a 
reconhecer a realidade. Freud usou-o primordialmente na descrição metapsicológica do fetichismo e da psicose. 
 
45 
 
 
Desde então ele tem sido usado mais freqüentemente no - sentido de uma negação da realidade, do mundo 
exterior, em contraste com a repressão, que bloqueia o mundo interior. Na verdade, Freud tinha descrito a 
defesa já -em seu- primeiro artigo sobre as neuropsicoses de defesa, em 1894, mas o termo não foi usado até a 
década de 1920. 
Na edição “Standard”, Strachey exortou ao uso do termo “disavowal” (“recusa”) em lugar de “negação”, e hoje as 
duas palavras podem ser usadas de maneira equivalente. Contudo, sua idéia não ganhou terreno, e “negação” é 
ainda a palavra mais comumente empregada. Trunnell e Holt (1974) chamaram atenção para as muitas 
ambigüidades no uso do termo por Freud e outros autores. Por exemplo, Jacobson (1957) encarou a negação 
como a forma mais primitiva de defesa, uma manobra global, em contraste com a repressão, que é mais 
específica; contudo, este uso difere do de Freud. Mais comumente, o termo é empregado na descrição do 
comportamento psicótico, no qual a realidade externa é negada; isto parece ter sido também a idéia principal de 
Freud. Por isso, a negação recebeu mais atenção por parte dos teóricos que se ocuparam basicamente com as 
psicoses. Searles (1963), por exemplo, explica grande parte da aparente privação sensorial do esquizofrênico 
como sendo devida ao uso na negação inconsciente. Ele cita um estudo de Brodey (1959) que mostrou que, na 
criação da criança que mais tarde desenvolve esquizofrenia, somente os ingredientes do que chamamos de 
realidade externa que apóiam significativamente (ou ameaçam significativamente) o “funcionamento interno” da 
mãe comprometem a realidade externa efetiva da criança; evidentemente, o restante da realidade externa, para 
todos os propósitos práticos, simplesmente não existe para ele. Searles também levanta a hipótese de que a 
negação inconsciente da realidade externa pelo esquizofrênico tem um aspecto restitutivo, ao propiciar-lhe uma 
tela mais ou menos branca sobre a qual pode-se efetuar agora uma necessária reprojeção dos introjetos 
patogênicos, uma externalização de conflitos internos do passado, de maneira semelhante à função da 
atmosfera de tela neutra promovida pelo analista no tratamento do indivíduo neurótico. Em A Psicanálise da 
Elação (1950), Lewin apresentou uma descrição magistral do uso da negação nos estados maníacos. 
Despersonalização é uma forma especial de negação (Jacobson, 1959). O que se nega é a identidade da 
pessoa, em lugar do mundo exterior em si. 
10 — PROJEÇÃO 
Mecanismo de defesa, através do qual o indivíduo atribui a um objeto características que lhe são próprias, porém 
recusadas como suas. A Projeção é precedida pela Negação e, muito freqüentemente, é acompanhada pela 
Transformação no Contrário (Inversão). 
INTROJEÇÃO E PROJEÇÃO 
 Embora Ferenczi tenha cunhado o termo “introjeção” em 1909 (em Artigos Reunidos, 1916) e Freud 
tivesse escrito dois artigos clássicos ‘sobre a projeção (“O Caso Schreber”, 1911; “Ciúme”, 1922), o significado 
da introjeção e projeção no primeiro período de vida mental não foi plenamente apreciado até que Melanie Klein 
descreveu-os detalhadamente (1934 e Depois, em Klein, 1948). Ela sustentou que o desenvolvimento da criança 
é governado pelos mecanismos de introjeção e projeção. 
Desde o início o ego introjeta objetos como sendo “maus” e “bons”, sendo o sei o da mãe o protótipo de ambos 
— para os bons objetos quando a criança o obtém, para os maus quando ele lhe falta. Na opinião de Klein, é 
porque o bebê projeta sua própria agressão nestes objetos que ele os sente como maus”, e não apenas porque 
eles frustram seus desejos; a criança os concebe como sendo realmente perigosos — em suma, como 
possivelmente abrangendo sua destruição por todos os meios que o sadismo pode conceber. De início, a 
descrição de Klein de tais complexos acontecimentos internos na mente de uma criança foi fortemente rejeitada, 
especialmente pelos psicanalistas norte-americanos (Bornstein, 1945; Glover, 1945; Kernberg, 1969; Zetzel, 
1956). 
Nos últimos anos, deu-se a ela o crédito devido por seu trabalho pioneiro nas primeiras relações objetais 
(Mahler, 1968; Schafer, 1968; Sperling, 1974; Stoller, 1968; Volkan, 1976). A seqüência que ela primeiro 
descreveu, de introjeção-projeção-reintrojeção, está agora firmemente estabelecida como dinâmica básica da 
infância, embora continuem as discussões sobre a sua ocorrência no tempo (Axelrad e Brody, 1970). 
Uma importante variação da projeção primeiro descrita por Melanie Klein é a identificação projetiva. Nesta 
manobra, partes do eu e de objetos internos são separadas e projetadas no objeto externo, que se torna então 
possuído, controlado e identificado com as partes projetadas. A identificação projetiva tem múltiplos objetivos. 
 
46 
 
Pode dirigir-se para o mau objeto, para obter controle da fonte de perigo. 
Partes más do eu podem ser projetadas a fim de se ficar livre delas, assim como para atacar e destruir o objeto, 
e partes boas podem ser projetadas para evitar a separação ou mantê-las a salvo de coisas más dentro, ou para 
melhorar o objeto externo através de uma espécie de primitiva reparação projetiva. A identificação projetiva 
começa Quando é primeiro estabelecida a posição paranóide-esquizóide em relação ao seio, mas ela persiste e 
muito freqüentemente intensifica-se Quando a mãe é percebida como um objeto global e todo o seu corpo é 
penetrado pela identificação projetiva. 
11 — RACIONALIZAÇÃO 
Mecanismo de defesa, através do qual o indivíduo apresenta uma explicação coerente do ponto de vista lógico, 
ou aceitável do ponto de vista moral, para alguma coisa sua (atitude, pensamento etc.), por não se aperceber 
dos verdadeiros motivos que a justificam. 
12 — REGRESSÃO 
Mecanismo defensivo contra a angústia, pelo retorno a uma fase já ultrapassada do desenvolvimento libidinal 
ou do Ego.São os pontos de fixação que determinam a fase para a qual ocorre a Regressão. 
Como a ênfaseavassaladora de Freud nos processos de desenvolvimento, as defesas de regressão e sua 
complementar fixação desempenharam um papel necessariamente grande em seu pensamento. Já em 1897, 
numa carta a Fliess, ele tinha enunciado o princípio (desde então fundamental ao pensamento psicanalítico) de 
que a escolha da neurose varia com a profundidade da regressão, ou, como disse então, com a localização 
cronológica da onda de desenvolvimento. Na seção teórica, capítulo 7 da Interpretação dos Sonhos, ele 
distinguiu três tipos de regressão: tópico (ou topográfica), no sentido dos sistemas de consciente, pré-consciente 
e inconsciente; temporal, como uma regressão para formações psíquicas mais antigas; e formal, Quando 
modalidades primitivas de expressão e representação tomam o lugar das modalidades costumeiras. No caso do 
Homem dos Ratos (1909), Freud viu a regressão como uma característica específica da neurose obsessiva, 
descrevendo uma regressão da ação para o pensamento, assim como uma regressão do amor objetal para o 
auto-erotismo. Nas Conferências Introdutórias (1916-1917), Freud resumiu seu pensamento sobre a regressão 
como segue: No caso de toda tendência particular....algumas de suas porções particulares ficaram para trás nos 
primeiros estágios de seu desenvolvimento, embora outras porções possam ter atingido seu objetivo final... 
Propomo-nos a descrever este atraso como uma fixação, isto é, do instinto. O segundo perigo num 
desenvolvimento por estágios deste tipo está no fato de que as partes que segui,a,n adiante podem também 
retornar facilmente, retrogressivamente, a um destes estágios anteriores — o que descrevemos como regressão. 
A tendência será levada a uma regressão deste tipo se o exercício de sua função — isto é, o atingimento de sua 
satisfação— é confrontado, na sua forma posterior ou mais altamente desenvolvida, por poderosos obstáculos 
externos. É - plausível supor que a fixação e regressão não são mutuamente independentes. Quanto mais fortes 
as fixações no caminho do desenvolvimento, mais prontamente a função evitará as dificuldades externas, 
regredindo- às fixações — tanto mais incapaz, - por conseguinte, revela-se a função desenvolvida para resistir a 
obstáculos externos em seu curso. Considere-se que, se um povo que está em movimentodeixou atrás de si 
fortes destacamentos, em escalas na sua migração, é provável que os grupos mais avançados estarão 
inclinados a recuar para estas escalas se foram derrotados ou se defrontaram com um inimigo superior. Mas 
estarão também em maior risco de serem derrotados, quanto mais pessoas tiverem deixado para trás em sua 
migração. E importante para a sua compreensão das neuroses que não se perca de vista esta relação entre 
fixação e regressão. Depois do que aprenderam sobre o desenvolvimento da função libidinal, estarão preparados 
para ouvir que há regressões de dois tipos: um retorno aos objetos primeiro catexizados pela libido, que, como 
sabemos, são de natureza incestuosa, e um retorno da organização sexual, como um todo, a estágios 
anteriores. Ambos os tipos são encontrados nas neuroses de transferência, e desempenham um grande papel 
em seu mecanismo. Em particular, um retorno aos primeiros objetos incestuosos da libido é um aspecto 
encontrado em neuróticos com uma regularidade positivamente fatigante. Dez anos Depois, em Inibições, 
Sintomas e Ansiedade (1926), Freud apresentou outra explicação metapsicológica da regressão, em termos de 
sua teoria dupla dos instintos, encarando-a como uma “disfusão do instinto’, numa separação dos componentes 
eróticos que, com a entrada da fase genital, juntaram-se às catexias destrutivas pertencentes à fase sádica”. 
 
 
 
47 
 
 
Em 1964, Arlow e Brenner resumiram a visão da regressão segundo a psicologia do ego da seguinte forma: 
1. Revimos a história do desenvolvimento do conceito de regressão e observamos como o significado deste 
termo expandiu-se gradualmente, para explicar diferentes tipos de fenômenos. 
2. Descrevemos cinco maneiras diferentes com que o termo “regressão” foi usado: genética, sistêmica, 
instintiva, filogenética e biogenética. Consideramos os diferentes usos do conceito “regressão” dentro 
do esquema da teoria estrutural e concluímos que a regressão, no sentido filogenético e biogenético, é 
de uso limitado, cientificamente, e que o conceito de regressão sistêmica é inconsistente com a teoria 
estrutural. 
2. A regressão é definida como ressurgimento de modalidades de funcionamento mental característicos de 
fases anteriores do desenvolvimento psíquico. 
3. O processo de regressão pode afetar todas as três partes do aparato psíquico, o ego, o id e o superego. A 
regressão é uma tendência geral da vida mental. A regressão de impulsos e regressão do ego podem ser 
variáveis independentes. A regressão de impulsos, em si, não determina a regressão do ego. 
4. A regressão afeta o funcionamento das partes constituintes do aparato psíquico, dê maneira seletiva. A 
regressão não- global. 
5. As regressões são geralmente transitárias e reversíveis. A patologia não é determinada pela profundidade 
da regressão, mas sim por sua natureza irreversível, pelos conflitos que ela engendra e por sua interferência 
com o processo de adaptação. 
6. Formas primitivas de funcionamento mental existem lado a lado com formas mais maduras. O que se 
observa nos fenômenos regressivos é um deslocamento no domínio da função. Nos fenômenos regressivos, os 
aspectos primitivos da função que foram controlados e mantidos sob controle vêm à tona. 
Está claro que, à parte uma limpeza de certos aspectos da teoria freudiana, como seu gosto pelas 
explicações biogenéticas e filogenéticas (que desde então foram abandonadas pela teoria psicanalítica), a 
abordagem da psicologia do ego à regressão não vai muito mais além de Freud, se é que chega a isto. Algumas 
das proposições de Arlow e Brenner são de validade duvidosa, como a afirmação de que as regressões são 
temporárias e reversíveis, ou que a regressão de impulsos e a regressão de ego podem ser independentes uma 
da outra. O tópico da regressão assumiu particular importância entre os mecanismos de defesa devido ao 
interesse grandemente aumentado pelas condições fronteiriças e psicóticas. Sob este aspecto, a noção anterior 
de Freud, de que a regressão é característica da neurose obsessiva, está certamente ultrapassada do ponto de 
vista da psicologia do ego. 
 
REGRESSÃO A SERVIÇO DO EGO 
Em 1936, Ernest Kris, num artigo sobre a caricatura, descreveu pela primeira vez a defesa da regressão a 
serviço do ego, que imediatamente repercutiu com agrado na literatura psicanalítica: Nos sonhos, o ego 
abandona sua supremacia e o processo primário obtém o controle, enquanto que no humor e na caricatura o 
processo permanece a serviço do ego. Basta esta formulação para mostrar que o problema em questão é mais 
geral: o contraste entre um ego subjugado por uma regressão e uma “regressão a serviço do ego”.., cobre unia 
vasta e impressionante faixa de experiências mentais. . . Parece que o ego tem sua supremacia tolhida sempre 
que é dominado por afetos, independente de ser um excesso de afeto ou sua própria fraqueza o responsável 
pelo processo. Mas o caso oposto, Quando o ego chama a seu serviço o processo primário e faz uso dele para 
seus propósitos, também é altamente significativo. Mais tarde Kris desenvolveu esta idéia, em Explorações 
Psicanalíticas na Arte (1952), na seção sobre os processos mentais pré-conscientes. Assim, a idéia confinava-
se originalmente ao processo criativo e revelou-se útil para explicar a regressão do artista, que Depois pode 
retornar ao mundo normal, e do psicótico, que não pode. Em 1954, Bellak expandiu mais o conceito, 
conceitualizando o grau de participação do ego num contínuo de devaneios, fantasias, fenômenos de pegar no 
sono e fantasias pré-conscientes, na associação livre e técnicas projetivas. Em 1958 (citadoem Bellak et al., 
1973), ele o redefiniu nos seguintes termos: 
 
 
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Há uma redução breve, oscilante e relativa de certas funções adaptativas do ego a serviço de [isto é, para 
facilitar] outras. especificamente as funções ‘sintéticas” do ego, O que ocorre é que as funções cognitivas 
seletivas e adaptativas são reduzidas; isto enfraquece as divisões nitidamente definidas entre figura e fundo, de 
relações lógicas, temporais espaciais e outras, e permite que elas se reordenem em novas configurações, com 
novas fronteiras, sob o escrutínio das forças adaptativas funcionando novamente com rigor. Nosso principal 
objetivo acima foi parar de falar do “ego” como uma entidade e falar de diferentes funções do ego em diferentes 
níveis de eficiência ao mesmo tempo. 
 
Bellak também considerou uma base metapsicológica de associação livre no processo terapêutico como 
sendo a regressão a serviço do ego (1961). Roy Schafer (1958) enumerou seis condições na personalidade que 
favorecem a regressão a serviço do ego: um conjunto bem desenvolvido de sinais de afeto; um senso seguro do 
eu e/ou uma identidade do ego bem definida; um domínio relativo de traumas antigos; pressões do superego 
suaves, e não severas; uma história de confiança e reciprocidade suficientes em relações interpessoais; e 
significação cultural decorrente dos resultados do processo. Um amplo corpo de literatura lidou com os diversos 
aspectos da conceitualização (Geleerd, 1964; Joffe e Sandler, 1968; Kubie, 1958; Pine e Holt, 1960; Schafer, 
1968; Schnier, 1951; Waelder, 1960; Wangh, 1957; Weissman, 1961, 1968, 1969; Wild, 1965). Sua maior 
elaboração encontra-se num livro de Bellak et ai. (1973), que encaram a regressão adaptativa a serviço do ego 
como uma das 12 principais funções do ego, e a mediram em gente normal, neurótica ou esquizofrênica. 
Uma abordagem afim é a de Balint em O Defeito Básico (1968); ele distingue uma regressão benigna de 
maligna no processo terapêutico, considerando a última como o problema característico da psicose. A crítica 
mais convincente do conceito proveio de Marshall Bush (1969), que sente que o papel da regressão no 
pensamento criativo recebeu ênfase excessiva no discurso psicanalítico. 
Ele sustenta que um aspecto do pensamento primitivo, do ponto de vista do desenvolvimento, que se torna 
elaborado num aspecto altamente adaptativo e estável do teste -da realidade e pensamento da realidade, entra 
no ato criativo não como uma regressão a serviço do ego, mas como uma facilidade cognitiva especial do 
processo secundário. Bush observa que a discussão de Kris abrange três fenômenos diferentes: a remoção de 
barreiras anticatéxicas ou defensivas entre o ego e o id, que por sua vez afeta a formação de pensamento pré-
consciente; um deslocamento de energia entre as funções do ego que pode envolver repressão a níveis mais 
primitivos do funcionamento do ego, mas que também pode envolver um deslocamento de prioridades entre 
diferentes operações do ego, que não ,é necessariamente de natureza regressiva; e a emergência de material 
pré-consciente (ou, em alguns casos, inconsciente) na consciência. Em sua opinião, outros autores não 
distinguem suficientemente entre o tipo de regressão em jogo Quando emergem à consciência novas idéias e os 
sentidos subjetivos da regressão no processo criativo. 
Em concordância com Bush, Fine (1967) e Fine e Fine (1977) também mostraram que, no processo criativo 
de mestres do xadrez e matemáticos, a facilidade cognitiva do processo secundário é uma explicação mais 
convincente dos fenômenos do que a regressão. A dificuldade parece surgir nos múltiplos sentidos do termo 
“regressão”. Arlow e Brenner (1964) observam que o sentido topográfico da regressão é inconsistente com a 
teoria estrutural, isto é, que o deslocamento de uma idéia ou sentimento do consciente para o inconsciente pode 
ser -explicado mais economicamente e mais eficazmente do que pela regressão topográfica. Se o sentido 
defensivo da regressão é mantido, de acordo com a teoria estrutural, contudo, a confusão pode ser evitada. A 
criatividade não pode ser classificada sob um título geral como “regressiva” ou “progressiva”; isto tem laivos da 
velha idéia de que um artista é um louco ou um gênio. Às vezes o indivíduo criativo regride, às vezes não; a 
distinção só pode ser feita com base num completo exame da estrutura do ego. Fine (1975b) sugeriu que uma 
distinção clara entre criatividade interior e exterior ajudaria a esclarecer os temas em questão. 
13 — REPARAÇÃO 
Mecanismo de defesa contra a angústia depressiva e a culpa pela ação reparadora do dano que se sente ter 
causado a um objeto investido de amorou a ação de restaurar um objeto amado que foi danificado. 
14 — REPRESSÃO 
Mecanismo defensivo que consiste em manter inconsciente um impulso instintivo ou uma representação mental 
inaceitável. Freud distingue a Repressão primária da Repressão secundária, a primeira agindo contra o impulso 
 
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instintivo inicial e a segunda agindo contra os derivados e as manifestações disfarçadas do impulso instintivo. 
15 — SUBLIMAÇÃO 
Mecanismo psicológico, através do qual os impulsos instintivos sexuais e agressivos sofrem “dessexualização” e 
“desagressificação”, ao serem descarregados para objetos não sexuais ou agressivos, de tal forma que se 
tornam social-mente aceitáveis. Anna Freud relacionou a Sublimação como mecanismode defesa normal do 
desenvolvimento psicológico, à medida que fornece solução progressiva a conflitos infantis que poderiam causar 
neurose; além disso ela mostra como o processo de deslocamento auxilia o mecanismo de Sublimação. 
 
Sublimação (algumas considerações)Durante muito tempo considerou-se a sublimação como a 
principal solução normal para os conflitos que cercam os instintos. Freud definiu-a da seguinte maneira nos Três 
Ensaios (1905): A sublimação permite que excitações excessivamente fortes decorrentes de fontes particulares 
da sexualidade encontrem uma válvula de escape e uso em outros campos, de forma que resulta um aumento 
bastante considerável, em eficiência psíquica, de uma disposição que em si é perigosa. Temos aqui uma das 
origens da atividade artística; e de acordo com o grau da sublimação, uma análise caracterológica de um 
indivíduo altamente dotado, e em particular com uma disposição artística, pode revelar uma mistura, em todas as 
proporções, de eficiência, perversão e neurose. Uma subespécie de sublimação deve ser encontrada na 
supressão pela formação reativa, que, como vimos, começa durante o período de latência de uma criança e 
continua, em casos favoráveis, por toda a sua vida. Assim, para ele, a essência da sublimação era sua 
desejabilidade social. Conquanto este vínculo com a estrutura social parecesse apropriado em 1905, ele sofreu 
críticas crescentes após a Primeira Guerra Mundial, Quando os intelectuais ficaram chocados com a brutalidade 
dos regimes existentes (Bernfeld, 1922, 1931). Fenichel (1945) tomou mais tarde um curso algo diferente, 
refletindo estas críticas. Ele encarava a sublimação como caracterizada pela inibição do objetivo, 
dessexualização, uma absorção completa de um instinto em suas seqüelas e uma alteração dentro do ego. Não 
obstante, o peso da aprovação social, ainda que combinado com a descarga de instintos, continuou sendo um 
obstáculo. Com o correr do tempo, toda a noção de normalidade, com sua relação à estrutura social, seguiu 
linhas diferentes, de forma que se passou a dar menos ênfase à sublimação como a saída normal. Em 1962, 
Kubie ofereceu uma incisiva crítica de toda a estrutura conceitual. Ele observou que a sublimação tinha sido 
usada para implicar: a resolução, através do comportamento filantrópico, de uma constelação de processos 
inconscientes que podem induzir ao comportamento homossexual; a resolução, por um comportamento 
socialmente valioso, de tendências perversas polimorfas (no sentido original eingênuo de Freud) e também de 
impulsos e incitamentos libidinais provenientes de zonas erógenas hipoteticamente sobrecarregadas; o desvio 
para canais socialmente valiosos de um fluxo de “energias” psíquicas hipotéticas e, como sabemos agora, 
inexistentes, que se derivam de uma constelação de processos inconscientes, que de outra forma produziriam 
padrões de sintomas neuróticos socialmente destrutivos ou pelo menos inúteis; quaisquer padrões de 
comportamento coerente que se originam de tais fontes, mas são socialmente desejáveis; a substituição de uma 
meta instintiva por um impulso não-instintivo, com a implicação de que o impulso instintivo, em si, é desta forma 
atenuado. 
16- NEUTRALIZAÇÃO 
A neutralização é uma expansão do conceito de sublimação, e foi explorado mais intensamente por Hartmann 
(1964b). Seguindo as fórmulas posteriores de Freud sobre a dessexualização em O Ego e o Id, Hartmann define 
a neutralização como mudança de energia libidinal e agressiva para fora do instintivo e em direção a uma forma 
não-instintiva. Ao usar “não-instintiva”, ele tenta evitar todas as ambigüidades e conflitos que cercam o termo 
sublimação. Hartmann postula que a neutralização de energia começa tão logo o ego se desenvolve como uma 
subestrutura mais ou menos demarcada da personalidade, o que teria lugar uns poucos meses após o 
nascimento. Embora ele atribua a neutralização tanto a impulsos libidinais como agressivos, ele frisa particular-
mente a neutralização da agressão como fornecendo à pessoa uma saída para o amargo dilema de destruir os 
objetos ou a si própria. Ele também postula diferentes estágios ou graus de neutralização, isto é, estados 
transicionais entre a energia instintiva e plenamente neutralizada. Por vezes Hartmann fala de neutralização 
como se fosse apenas uma transformação de energia; em outras oportunidades ele fala como se ela fosse 
apenas um mecanismo de defesa. Como diz, 
 
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A neutralização, mesmo Quando é usada para a defesa, distingue-se de outras técnicas defensivas do ego na 
medida em que é especialmente definida por seu aspecto energético (entre outros), o que significa aqui pela 
transformação de uma forma de energia em outra. Que a sublimação não é realmente um “mecanismo’,’ no 
sentido comum, Fenichel (1945) lá viu claramente, e isto vale também para a neutralização em geral. Também a 
sua relação à contracatexia é diferente da que encontramos em outras formas de defesa. Contudo, não posso 
concordar com Fenichel Quando ele simplesmente iguala a sublimação com defesa bem-sucedida. Embora 
Hartmann oponha-se à idéia de que a sublimação é simplesmente uma defesa bem-sucedida, que deve ser 
abandonada devido às implicações sociais (Hartmann, 1964), ele parece desejar colocar a neutralização em seu 
lugar como a defesa bem-sucedida, a maneira pela qual o ego domina a realidade. Tal posição parece levantar o 
velho argumento sobre sublimação numa nova forma, visto que a neutralização parece desejável apenas em 
culturas que, como a nossa, desencorajam a expressão de afetos. 
A despeito do peso da autoridade de Hartmann, que dominou a teorização psicanalítica durante quase 20 anos, 
sua ênfase na neutralização foi rejeitada por uma série de autores. Como mecanismo de defesa, entretanto, ela 
mantém seu lugar entre os outros. À parte o domínio da realidade, as duas aplicações mais importantes da 
neutralização como defesa estão na esquizofrenia e na doença psicossomática. Num artigo sobre a 
metapsicologia da esquizofrenia (1953), Hartmann ressaltou que a capacidade de neutralização do 
esquizofrênico é reduzida. Em resultado, o ego é inundado de libido não-neutralizada. A autocatexia é 
sexualizada levando ao que ele chama de “superestimação sexual” do eu, e assim o é pelo menos parte das 
funções do ego, provocando problemas funcionais. Contudo, Hartmann não chega a ligar esta falha de 
neutralização a outros aspectos mais conhecidos da patologia esquizofrênica. A outra aplicação significativa do 
conceito de neutralização está na hipótese de Schur, que liga a ressomatização à prevalência de pensamento do 
processo primário e o uso de energia desneutralizada (1955). Ele descreveu um caso de dermatite 
psicossomática na qual ocorreu uma regressão fisiológica; a regressão do ego não se limitou a uma avaliação 
regressiva de perigo, mas em sua resposta o ego operou com energia desneutralizada, que correspondia ao 
ressurgimento de fenômenos de descarga somática. Assim, ele vinculou a somatização e regressão do ego ao 
fracasso em neutralizar a agressão. Tantos outros fatores estão em jogo nos fenômenos psicossomáticos que 
isto representaria apenas um aspecto da patologia total. 
17 — TRANSFORMAÇÃO NO CONTRÁRIO (INVERSÃO) 
Mecanismo de defesa que transforma o impulso instintivo em seu contrário, de ativo a passivo e, num sentido 
puramente descritivo, de conteúdo. 
18 — VOLTA CONTRA O EU 
Mecanismo psicológico que faz o próprio indivíduo o objeto do impulso instintivo. 
A Volta Contra o Eu foi relacionada, por Anna Freud, como mecanismode defesa para explicar o masoquismo 
moral, claramente observável nas neuroses obsessivas. 
19- ATUAÇÃO 
A atuação é um mecanismo de defesa descrito pela primeira vez, em detalhes, após a Segunda Guerra Mundial, 
embora Freud a tivesse mencionado já em 1914, em seu artigo sobre “Recordar, Repetir e Elaborar”. 
Pode ser melhor definida como uma ação, geralmente de natureza repetitiva e compulsiva, e freqüentemente 
autodestrutiva, que serve ao propósito inconsciente de resolver um conflito interno reprimido por meios externos. 
 Tal ação exibe geralmente um aspecto impulsivo relativamente deslocado nos padrões motivacionais normais 
do sujeito, e isolável com bastante facilidade das tendências globais de sua atividade. A atuação toma muitas 
vezes a forma de comportamento agressivo dirigido contra si próprio ou contra outros. O termo mais antigo 
“perversão” foi substituído de maneira geral por “distúrbios de atuação”. Reconheceu-se que uma ampla 
variedade de patologia comportamental pode receber esta rubrica. Como observou Anna Freud num debate em 
1967, o termo tem sido sujeito a considerável confusão. Laplanche e Pontalis (1973) comentam também que ele 
traz em si uma ambigüidade que é intrínseca ao pensamento de Freud neste campo: ele não distinguiu entre os 
elementos da atualização na transferência e o recurso à ação motora, que não está necessariamente implícita na 
transferência. Fine (1973) reexaminou cuidadosamente as fontes originais e mostrou que o termo agieren, que 
não é a palavra alemã comum para ação, foi traduzida indiferentemente como “atuação” ou “ação”.

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