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Raissa Cardoso e Silva – Turma 57 Medicina PUCCAMP SEMIOLOGIA A – SEMIOLOGIA TEÓRICA AULA 1 DEFINIÇÃO DE SEMIOLOGIA MÉDICA Conjunto de práticas que permitem o diagnóstico de doenças. Existe a Medicina Hipocrática/Clínica, que engloba a anamnese e o exame físico, e a Medicina Tecnológica, que engloba os exames subsidiários. Consistem em práticas diferentes e complementares, mas que não se substituem. MÉTODO CLÍNICO Estabelecimento de hipóteses diagnósticas, boa relação médico-paciente e para a tomada de decisões. Evolução do Método Clínico Hipócrates: anamnese (história clínica), inspeção (olhar) e palpação Auenbrugger: sistematização da percussão do tórax; correlaciona os achados com dados anatomopatológicos Morgani: sistematização dos conhecimentos sobre as doenças observadas na necropsia Corvisart: incorporação da percussão Laennec: descreve manifestações estetoacústicas das doenças do coração e pulmão Skoda: correlação da percussão e ausculta a achados anatomopatológicos Incorporação de métodos auxiliares: termômetro, oftalmoscópio, esfigmomanômetro. A partir do exame clínico, é possível solicitar os exames subsidiários (exames de imagem e exames laboratoriais). SINTOMA x SINAL x SÍNDROME Sintoma: o paciente sente e eu não vejo Sensação subjetiva anormal sentida pelo paciente e não visualizada pelo examinador. Sinal: o paciente sente e eu vejo Dado objetivo que pode ser notado pelo examinador pela inspeção, palpação, percussão, ausculta ou evidenciado por meios subsidiários. Ex.: dispneia pode ser tanto um sintoma, quanto um sinal Raissa Cardoso e Silva – Turma 57 Medicina PUCCAMP Síndrome Conjunto de sintomas e/ou sinais que ocorrem associadamente e podem ser determinados por diferentes causas. Ex.: insuficiência respiratória TIPOS DE DIAGNÓSTICOS Diagnóstico Funcional: Consiste no diagnóstico das disfunções sistêmicas secundárias à falência do órgão acometido Diagnóstico Sindrômico: Consiste no diagnóstico do conjunto de sintomas e sinais observados à Semiologia. Pode ser igual ao funcional Diagnóstico Nosológico: Consiste no diagnóstico da doença que está causando a manifestação clínica Diagnóstico Anatômico: Consiste no diagnóstico do órgão/estrutura orgânica acometida na doença Diagnóstico Etiológico: Consiste no diagnóstico do que está causando a doença PRINCÍPIOS DE ÉTICA MÉDICA Estudante e o Paciente Identificação, pelo jaleco, apresentação, comportamento Princípios da Bioética Autonomia, beneficência, não-maleficência, sigilo e justiça Ato Médico – Relação Médico-Paciente Deve ser pautado na Ética Juramento de Hipócrates e Declaração de Genebra (1948) Raissa Cardoso e Silva – Turma 57 Medicina PUCCAMP AULA 2 IDENTIFICAÇÃO Quem é o paciente? Caráter sigiloso e sem discriminação Nome: pode ser abreviado, usando-se as iniciais do paciente Idade: permite identificar doenças com incidências diferentes ao longo da vida Sexo: masculino ou feminino; é aquele de quando nasceu; permite identificar as possibilidades de doenças mais prevalentes em cada sexo (câncer de próstata no sexo masculino e distúrbios da tireoide no sexo feminino) Estado Civil: proteção sexual Cor: permite identificar as possibilidades de doenças mais prevalentes em alguns grupos étnicos (hipertensão arterial em negros e doenças digestivas em asiáticos) Naturalidade: onde nasceu? Procedência: de onde vem? Onde mora? É uma área de risco? Migrações entre naturalidade e procedência Profissão: identificar os graus de risco aos quais o paciente está exposto e suas possíveis complicações Religião: particularidades e características de cada religião; testemunhas de Jeová não aceitam transfusão sanguínea, enquanto judeus costumam ter doenças digestivas Escolaridade: adequação da linguagem e conversa com o paciente QUEIXA E DURAÇÃO Deve ser feita após a identificação Pode ser resumida em uma única frase: qual a principal queixa que levou o paciente ao serviço médico e há quanto tempo apresenta esta mesma queixa? Resumida em uma frase: Febre há 5 dias É apenas uma queixa, e não várias Pode ser escrita com os termos médicos ou do jeito que o paciente falar (usando a expressão sic ou “ ”) HISTÓRIA PREGRESSA DA MOLÉSTIA ATUAL (HPMA) Explicação da queixa (moléstia atual): como apareceu, desenvolvimento, evolução, constância... Raissa Cardoso e Silva – Turma 57 Medicina PUCCAMP Anamnese ativa (o médico conduz a anamnese; deve ser feito com cautela para evitar induzir respostas; fazer perguntas com mais de uma opção de resposta) ou passiva (a anamnese é feita a partir do que o paciente fala) Uso da expressão sic ou “ ” em palavras usadas pelo paciente Atenção: não aceitar diagnósticos comunicados pelo paciente ou familiares Caracteres dos Sintomas que devem ser Afirmados ou Negados O interrogatório deve seguir uma ordem. a) Início, duração, relação com a(s) função(ões) dos órgãos atingidos b) Evolução contínua ou descontínua (nesse caso, avaliar períodos assintomáticos e suas durações): na malária, a febre é descontínua c) Períodos de semelhança e dissemelhança: se o paciente já teve a mesma queixa anteriormente para fins comparativos; se não, ignorar este item d) Fenômenos que melhoram, pioram ou que acompanham o sintoma principal: o que o paciente faz que melhora ou piora o sintoma? (Ex.: jejum melhora, alimentação piora e acompanha vômitos) e) Repercussões sobre o estado nutricional e psicológico: principalmente em casos de longa duração; afeta o cotidiano ou possui limitações? f) Passado patológico ou fisiológico do órgão e/ou sistema acometido: a queixa não precisa ser a mesma, mas determinado órgão/sistema já foi afetado anteriormente; dor no coração, questionar sobre o sistema cardiovascular, dor no estômago, questionar sobre o sistema gastrointestinal g) Ausência de outros sintomas do órgão e/ou sistema acometido A HPMA pode ser auxiliada por familiares: quando não for possível falar com o paciente; é uma anamnese limitada, pois pode haver menos detalhes ou o familiar não saber as informações. Deve-se identificar com qual familiar a anamnese foi feita. Referir tratamentos já executados e seus resultados: quando já teve a mesma queixa anteriormente Impressão sobre a fidelidade das informações ao final da HPMA: qual o grau de confiabilidade do paciente? Se necessário, investigar melhor através de exames Raissa Cardoso e Silva – Turma 57 Medicina PUCCAMP INTERROGATÓRIO SOBRE DIFERENTES APARELHOS (ISDA) Após realizar todas as perguntas a respeito da queixa principal (queixa, duração e HPMA), realiza-se este interrogatório. Todas as informações de queixas atuais, mas que não estão relacionadas com a queixa principal. Sequência lógica: da cabeça aos membros inferiores Se a queixa principal envolvia o sistema digestivo (perguntas na HPMA), deve-se perguntar agora sobre os diferentes aparelhos/sistemas e suas respectivas queixas. ANTECEDENTES PESSOAIS 1) Antecedentes Fisiológicos Passado fisiológico dos órgãos ou aparelhos, principalmente os que motivaram a queixa (os sintomas/sinais não estão mais presentes) Condições de nutrição: inquérito alimentar obrigatório (hábitos alimentares e ingestão de proteínas, carboidratos e lipídios) Antecedentes psicossociais: condições psicológicas da infância e da juventude e atuais; condições atuais e pregressas de moradia – água encanada, esgoto, visto que as condições da moradia podem estar relacionadas com algumas doenças (Chagas); estresse 2) Vícios Podem ser classificados de acordo com critérios quantitativos (grau de vício) e subjetivos (relato do paciente e percepção do médico). Tabagismo Alcoolismo/Etilismo Existem 3 graus de vícios (leve, moderado ou grave), de acordo com o nº de sintomas que o paciente apresentar.Quantificação, tipo de bebida, necessidade, influência do sexo e grau de nutrição são fatores essenciais a serem identificados. Tóxicos Tipo, tempo e frequência O conhecimento dos vícios permite a identificação das possíveis consequências e riscos que o paciente poderá ter, ex.: cigarro → DPOC, asma, câncer de pulmão, tosse, infecções respiratórias. A omissão de informações pelo paciente é algo que pode ocorrer. Raissa Cardoso e Silva – Turma 57 Medicina PUCCAMP Drogadição Uso do termo: designa dependência química Atenção para o abuso de drogas pelos adolescentes. Existem 3 tipos de drogadição: depressores, estimulantes e perturbadores. Depressores da atividade do SNC: ansiolíticos, antidepressivos, álcool, opiáceos, narcóticos (morfina, codeína) Estimulantes da atividade do SNC: anorexígenos (causam hiperatividade, falta de apetite e sem sono) Perturbadores da atividade do SNC: origem vegetal – THC (maconha) e cogumelos, e origem sintética – ecstasy e anticolinérgicos; modificam o metabolismo do cérebro 3) Antecedentes Mórbidos Doença da infância: sarampo, varicela, parotidite Amigdalites: importância na investigação de febre reumática Doenças venéreas: quais e tratamento (passado sexual) Doenças cardiovasculares, cerebrais, digestivas, neurológicas, renais, metabólicas, reumáticas e dermatológicas Doenças infecciosas e/ou parasitárias Alergias Intervenções cirúrgicas: quais e quando ANTECEDENTES FAMILIARES Permite e investigação de doenças com caráter hereditário. Diabetes mellitus Hipertensão arterial Infarto do miocárdio Acidente vascular cerebral Neoplasias: câncer de mama Tireoidopatias: predominante no sexo feminino Doença infecto-contagiosa: tuberculose; envolve o contato com o doente Anomalias congênitas (relação com a consanguinidade): malformações, distúrbios metabólicos, hemopatias Raissa Cardoso e Silva – Turma 57 Medicina PUCCAMP AULA 3 SINTOMAS E SINAIS COMUNS A MUITAS ENFERMIDADES DOR É um sintoma (um dos mais comuns), além de ser uma queixa subjetiva do paciente. Sensação negativamente afetiva Resultado de lesão tecidual por agressão química, física e/ou biológica em qualquer ponto do organismo. Com frequência pode se originar no tálamo (dor talâmica ou psicogênica) Experiência sensorial e emocional desagradável associada a dano tecidual atual ou potencial (poderá causar dano) ou descrita em termos de tal dano. 1/5 dos adultos sofre de dor crônica Existem algumas escalas para dor Nenhuma escala é completa 0 (ausência de dor) – 10 (dor máxima) Dor aguda: alerta do organismo diante de agressão mecânica, química ou térmica Dor crônica: duração maior que 6 meses; provoca desequilíbrios orgânicos, diminuindo progressivamente as capacidades funcionais das pessoas Caracterização Fisiopatológica da Dor Dor somática (superficial): Estimulação dolorosa das extremidades livres de neurônios que conduzem pelo trato espinotalâmico (velocidade rápida). Dor bem localizada em pequena área, bem delimitada e qualificada (consigo “apontar” a dor) Dor fantasma: Permanência da memória da dor após amputação. A dor permanece, mas a causa dela (membro amputado) não Dor visceral (profunda): Estímulo conduzido lentamente com consciência e localização imprecisas nos limites e comparações (ex.: dor surda) e em áreas maiores que a referida pela dor superficial (não consigo “apontar” a dor). Comumente se localiza longe do ponto onde se originou (dor referida) Raissa Cardoso e Silva – Turma 57 Medicina PUCCAMP Dor referida (a origem da dor é diferente de onde ela é sentida) é diferente de irradiação (a dor tem início em um local e se estende para outro) Segue a lei da organização segmentar sensitiva (metâmeros) (o fato de a inervação ser igual para alguns locais do organismo pode dificultar a localização da dor). Dor neuropática (central): Talâmica (rara, lesão do SNC) e psicogênica (mal estar ou desconforto, sem limites precisos e de intensidade variável). A dor talâmica tem sua origem na lesão, enquanto a psicogênica não apresenta lesão. Caracteres Propedêuticos da Dor 1) Sede Lugar de maior intensidade da dor (local no qual a dor se origina (ex.: peito)) 2) Irradiação Lugar de menor intensidade da dor (local para o qual a dor se estende, diminuindo de intensidade (ex.: peito→braço)) 3) Intensidade Variável com o psicoemocional do indivíduo Influência do psicológico Náusea e vômito podem ser reflexos da intensidade da dor 4) Comparação/Tipo Dependência de experiências anteriores Cólica (ocorre apenas em órgãos ocos; a dor vai e volta), facada, pontada (facada menos intensa), queimação 5) Extensão Área atingida pela dor Área de maior intensidade, ou seja, corresponde ao local de origem da dor e não inclui a irradiação 6) Fenômenos que melhoram e que pioram Relacionado com as funções da estrutura ou do órgão sede da lesão 7) Fenômenos que acompanham Reflexos víscero-viscerais, reações fisiológicas e psicológicas à dor 8) Duração Tempo de aparecimento Raissa Cardoso e Silva – Turma 57 Medicina PUCCAMP 9) Horário/Frequência Relação com a hora do dia e função do órgão sede da lesão Episódica, contínua, intermitente 10) Fenômenos de semelhança e de dissemelhança Semelhança em episódios pregressos Dissemelhança (diferença entre a dor pregressamente sentida e a atual) – pode exprimir complicações (falar o que está diferente pode indicar piora) EDEMA (INCHAÇO) Aumento da quantidade de líquido intersticial e celular. Composição variada, dependente de fatores que estão causando o fenômeno. Desequilíbrio entre pressões hidrostática e oncótica dos líquidos intra e extravasculares (causa dos edemas). Aumento da pressão hidrostática, obstrução linfática, diminuição da pressão oncótica Aumento de líquido em cavidades serosas: derrames cavitários e articulares (não apresenta sinal de Godet; apresenta outros sinais) Derrames cavitários (edema preso em cavidades): derrame pleural ou derrame pericárdico, ascite (no peritônio) Sinal de Godet: sinal característico de edema intersticial; coloco o dedo e “afunda”; em edemas duros, não há sinal de Godet; o derrame pleural e os derrames articulares apresentam outros sinais de edema, mas o de Godet não Caracteres Propedêuticos do Edema 1) Localização Circunscrito (está dentro de alguma região; ex.: 4º e 5º dedos da mão), regional (ex.: mão), generalizado (anasarca) 2) Início Localização (onde começou) e tempo (quando começou) 3) Dor Pode indicar inflamação, a qual possui 5 características: dor, rubor (vermelhidão), calor, tumor (edema) e limitação da função da estrutura Raissa Cardoso e Silva – Turma 57 Medicina PUCCAMP 4) Coloração Pálido, cianótico (baixa oxigenação), vermelho (edema inflamatório com vasodilatação) 5) Fenômenos que acompanham Febre, dispneia 6) Consistência Edema mole (presença de proteínas e ausência de fibrose) ou duro (presença de proteínas e de fibrose; mixedema: presença de proteínas devido ao hipotireoidismo) 7) Evolução Mudanças no edema 8) Distúrbios tróficos da pele (edemas crônicos) Atrofia, ulceração, hiperpigmentação (castanho) Há comprometimento da pele 9) Alterações bruscas de peso Maior retenção de líquidos 10) Temperatura (local) Quente (mais quente do que as demais estruturas) ou frio (mesma temperatura que o restante do organismo; não é gelado) FEBRE A temperatura pode ser medida na cavidade oral, no oco axilar ou por via retal. Temperatura axilar (é a mais usada): 35,5ºC - 37ºC (com média 36ºC – 36,5ºC) Temperatura bucal: 36ºC – 37,4ºC Temperatura retal: 36ºC – 37,5ºC (0,5ºC maior que a axilar) Em certas condições fisiológicas (abdome agudo, afecções pélvicas inflamatórias) devem ser medidas as temperaturas axilar e retal, tendo valor clínico uma diferença detemperatura maior que 1ºC. O pico da temperatura corpórea ocorre por volta das 18h e as variações diárias entre os valores mínimo e máximo são de 0,5ºC – 1ºC. Indivíduos idosos, imunocomprometidos ou desnutridos podem não apresentar febre mesmo na vigência de infecções graves (pode haver lesão no centro da temperatura). As mulheres apresentam temperatura mais baixa nas 2 semanas antes da ovulação e um aumento em torno de 0,6ºC quando da ovulação. As variações de temperatura são normais. Raissa Cardoso e Silva – Turma 57 Medicina PUCCAMP Em crianças, o controle da temperatura pelo SNC é imaturo. A febre depende de: produção de calor (fenômenos bioquímicos endocelulares), eliminação de calor (líquidos orgânicos, como suor e ar expirado), equilíbrio homeostático endócrino (glândula hipófise, adrenais e tireoide) e regulação hipotalâmica. Durante a inflamação, há elevação da temperatura corporal. Em casos de hipertireoidismo, há elevação da temperatura, mas isso não indica infecção. FEBRE x HIPERTERMIA Ambas indicam aumento da temperatura corporal, mas não devem ser usadas como sinônimos. A febre é regulada pelo hipotálamo, enquanto a hipertermia é por algum fator externo. Febre: É uma resposta fisiológica na qual a temperatura corporal é aumentada devido a um registro do ponto preestabelecido de regulação de calor no hipotálamo (“set point”). Na febre, os mecanismos periféricos de perda e/ou conservação de calor encontram- se intactos. A alteração ocorrida dá-se a nível central no registro do “set point” hipotalâmico. Hipertermia: É uma síndrome provocada por exposição excessiva ao calor com desidratação, perda de eletrólitos e falência dos mecanismos termorreguladores corporais. Tem como principais causas: 1) Exposição prolongada e direta ao sol 2) Permanência em ambiente muito quente 3) Deficiência dos mecanismos de dissipação do calor corporal (suor) Regulação da temperatura: A febre é causada pelos pirogênios, os quais alteram o controle de temperatura realizado pelo hipotálamo. Os pirogênios são produzidos por estímulos internos ou externos. Ocorre estimulação das células do sistema imunológico por pirogênios exógenos (endotoxina, inflamação e outros estímulos como tumor, reação a vacina, etc). Essas células promovem a produção de pirogênios endógenos (citocinas), que atuam no hipotálamo (área pré-óptica). Por sua vez, o hipotálamo libera prostaglandinas PGE2, que promovem a elevação do ponto de equilíbrio da temperatura – mecanismos secundários – “set point” modificando o controle da temperatura. Raissa Cardoso e Silva – Turma 57 Medicina PUCCAMP Caracteres Propedêuticos da Febre 1) Início Brusco, lento, insidioso Com ou sem calafrios (tremores musculares para evitar a perda de calor) 2) Intensidade Baixa: 37,1ºC – 38ºC Moderada: 38,1ºC – 39ºC Alta: acima de 39ºC 3) Duração De horas a dias 4) Término Em crise: queda rápida – sudorese, palidez, taquicardia (uso de antitérmicos) Em lise: queda lenta – geralmente sem os sintomas e sinais citados Nem sempre se tem a informação sobre quando a febre terminou 5) Horário e Evolução Contínua: variações menores que 1ºC; a temperatura não volta ao normal Remitente: diária com variações de mais de 1ºC, sem períodos de apirexia (ausência de febre); a temperatura não volta ao normal Intermitente: quedas da temperatura até a normalidade Recorrente: dias ou semanas com temperaturas afebris; períodos com e sem febre Causas da Febre Infecções Doenças autoimunes (febre reumática) Neoplasias Pós-operatório imediato (primeiras 72h) Drogas Fenômenos alérgicos Psicógena Síndrome Febril (conjunto de sintomas e sinais) Pele quente e seca Taquipneia (aumento da FR) e taquicardia (aumento da FC) Boca seca Raissa Cardoso e Silva – Turma 57 Medicina PUCCAMP Sede (desidratação) Oligúria (redução do volume de urina) Sudorese (perda de calor) Outros: delírios, depressão, ansiedade, midríase (dilatação pupilar), fenômeno de Faget (dissociação pulso-temperatura, ex.: febre amarela) O aumento da temperatura está associado ao aumento do metabolismo; logo, haverá maior produção de calor, maior necessidade de oxigênio e maior bombeamento do sangue, ou seja, aumento da frequência de pulso. Assim, na febre há aumento da temperatura corporal e aumento da frequência de pulso. Já no fenômeno de Faget, há aumento da temperatura corporal e redução ou manutenção da frequência de pulso. Consequências da Febre Aumento importante do consumo de oxigênio e aumento do trabalho cardíaco, precipitando insuficiência cardíaca em pacientes com doenças cardíacas prévias Indução de convulsão em crianças ou portadores de doenças neurológicas Mal-estar físico (não é ocasionado diretamente pela febre e sim pelas outras ações sistêmicas dos pirógenos endógenos) Redução da assiduidade mental (atenção voltada à produção de calor) ICTERÍCIA É um sinal. Em negros, a esclera é mais amarelada devido à presença de melanócitos, os quais se infiltram nas mucosas, deixando-as amareladas. Sendo assim, no exame físico de um paciente negro, deve-se olhar embaixo da língua para confirmar a icterícia. Obs.: Amarelamento por carotenose: é causado pelo alto consumo de cenoura e abóboras; a pele fica amarelada, mas as mucosas não Cor amarelada das conjuntivas oculares, das mucosas e da pele decorrente de hiperbilirrubinemia (aumento de bilirrubina na corrente sanguínea). O grau da intensidade e o tipo da icterícia podem facilitar sua observação. Metabolismo da Bilirrubina: Inicia-se pelas alterações nos glóbulos vermelhos (validade de 120 dias) que são captados e destruídos no baço. Então, há liberação de hemoglobina, a qual se divide em globinas (proteínas) e radical heme. Este sofre ações enzimáticas resultando na produção de biliverdina Raissa Cardoso e Silva – Turma 57 Medicina PUCCAMP (libera CO e Fe), a qual produz a bilirrubina indireta/não-conjugada. A bilirrubina indireta é insolúvel em água e necessita da proteína albumina para ser transportada pela corrente sanguínea até o fígado. Algumas reações (processo de conjugação) que ocorrem no interior dos hepatócitos formam a bilirrubina direta/conjugada, a qual é solúvel em água. A bilirrubina direta se transforma em estercobilina (via gastrointestinal) e urobilinogênio (via sanguínea), os quais dão coloração às fezes e à urina, respectivamente. Alterações na coloração das fezes e da urina são decorrentes de hiperprodução de bilirrubina direta, causando fezes hipercoradas (acastanhado escuro) e colúria (urina escurecida). Um processo obstrutivo digestivo (ex.: obstrução total a nível do ducto dolédoco) impede que a bile, que contém estercobilina, chegue ao intestino, resultando em acolia fecal (fezes claras, com ausência de cor). Sendo assim, alterações da bilirrubina direta levam a mudanças na coloração das fezes e da urina, enquanto alterações da bilirrubina indireta não. Existem três tipos de icterícia de acordo com sua causa: pré-hepática, hepática, pós- hepática. Tipo de Icterícia Causas Doenças associadas Pré-Hepática (antes do fígado) Aumento da bilirrubina indireta: -Superprodução -Anemia hemolítica autoimune e Anemia hemolítica do recém-nascido Nas anemias, ocorre degradação da hemoglobina Hepática (no fígado) Aumento da bilirrubina indireta: -Redução da captação -Redução da conjugação (metabolização da bilirrubina indireta pelo fígado) -Síndrome de Gilbert -Enfermidade de Crigler Najar e Icterícia do Recém nascido (quando a bilirrubina está na pele, ela é fotossensível, por isso, o tratamento é o banho de luz; a bilirrubina indireta é tóxica para o SNC) Aumento da bilirrubina direta (alteração hepática propriamente dita): -Alteração no transporte e excreção -Obstrução da via biliar intra-hepática -Necrose hepatocelular-Síndrome Dubin-Johnson e Síndrome Rotor -Cirrose Biliar -Hepatite Pós-Hepática (depois do fígado) Aumento da bilirrubina direta: -Obstrução biliar extra-hepática (ex.: ducto colédoco) -Cálculos biliares e Câncer de cabeça do pâncreas Raissa Cardoso e Silva – Turma 57 Medicina PUCCAMP O ducto colédoco, responsável por transportar a bile ao intestino, é formado pelo ducto hepático comum e ducto cístico. A obstrução do colédoco sobrecarrega as vias biliares; assim, a bile, que está sendo produzida normalmente, extravasa e vai para os capilares sinusoides, causando a icterícia por bilirrubina direta (icterícia pós-hepática). Caracteres Propedêuticos da Icterícia 1) Início Rápido, lento ou insidioso; com ou sem cólica biliar (é sentida no hipocôndrio direito) Perguntar se o paciente sente dor associada 2) Cor da Urina Colúrica: escura, cor de coca-cola, com espuma amarelada Acolúrica: não mancha as roupas 3) Cor das Fezes Acólicas: descoradas, massa de vidraceiro Obstrução completa de vias biliares (acolia fecal) Hipercoradas: marrom escuro 4) Intensidade da Coloração Melânica: acastanhado; icterícia crônica; causada por aumento de bilirrubina direta Verdínica: verde; causada por alta concentração de bilirrubina direta Rubínica: amarelo; bochechas avermelhadas devido à vasodilatação periférica em algumas doenças (ex.: leptospirose); causada por aumento de bilirrubina direta Flavínica: amarelo claro; causada por aumento de bilirrubina indireta 5) Prurido (coceira) A bilirrubina direta deposita sais biliares na pele, os quais são tóxicos e promovem reações alérgicas. 6) Astenia (diminuição da força muscular) 7) Febre e calafrios Raissa Cardoso e Silva – Turma 57 Medicina PUCCAMP PERTURBAÇÕES DO EQUILÍBRIO Expressão Estática: estabilidade do corpo no espaço em postura sem movimento (equilíbrio enquanto está parado) Dinâmica: estabilidade do corpo no espaço em postura do movimento (equilíbrio enquanto está se movimentando) VERTIGEM Fisiológicas (altura, mal de mar) x Orgânicas Sensação do desequilíbrio rotacional, no sentido sagital e horizontal do ambiente (vertigem objetiva – o ambiente roda?) ou do corpo do paciente em relação ao ambiente (vertigem subjetiva – o paciente roda?). É uma sensação rotatória. Apesar de ser diferente de tontura, os pacientes usam como sinônimos. Vertigens objetivas e subjetivas = vertigens verdadeiras Vertigens verdadeiras = vestibulares = periféricas = labirínticas ou dos canais semi-circulares: relacionam-se com a postura do corpo Exemplo típico: síndrome de Menière = aparecimento paroxístico de vertigem rotatória + hipoacusia (diminuição da acuidade auditiva) + zumbidos + náuseas e vômitos de desequilíbrio (eventuais) Vertigem central: não se relaciona com a posição do corpo Significam lesões nas regiões frontal, temporal ou cerebelar (problema no SNC e não no labirinto/periferia). Lesões: inflamatórias, neoplásicas, degenerativas (principalmente a nível de cerebelo) Vertigens falsas: referidas como tontura, estonteamento, “mal estar na cabeça”, “atrapalhação da cabeça”, “nuvem na cabeça” As tonturas são um tipo de vertigem falsa, pois não envolvem a sensação rotatória, apenas a sensação de que o paciente vai cair. Vertigem verdadeira ou vestibular ou periférica ou labiríntica ou dos canais semicirculares Vertigem central Vertigem falsa Relacionam-se com a postura do corpo. Vertigem objetiva (ambiente roda) e subjetiva (paciente roda) Não se relacionam com a postura do corpo Tontura Raissa Cardoso e Silva – Turma 57 Medicina PUCCAMP TONTURAS Grupo das falsas vertigens. Sensação de perda de equilíbrio sem a rotação do ambiente ou do próprio corpo em relação ao ambiente. Origem periférica ou central Origem periférica: depende do aparelho ocular – vícios de refração, lesões na retina, lesões de córnea (procurar vícios no olhar) Origem central: paroxísticas (“crises, acessos”) ou permanentes; psicógena ou orgânica Orgânicas: lesões corticais e subcorticais e do cerebelo LIPOTÍMIA Sensação paroxística e passageira de perda fugaz e não completa da consciência, sem rotação do ambiente, sem relação com a postura da cabeça no espaço e, geralmente, seguida por palidez, e sudorese. Na lipotímia, o paciente se sente mal, perde parcialmente a consciência, perde a visão e o controle motor, cai, mas continua com seus sentidos atentos, sente dor e percebe os acontecimentos ao seu redor. Já no desmaio, há perda completa da consciência. Durante a lipotímia há manutenção satisfatória da respiração e da circulação. Causas de lipotímia: psicógena, isquema encefálica, hipoglicemia, esforço acentuado em paciente não adaptado, ICC (insuficiência cardíaca congestiva), anemias (falta de oxigenação) SÍNCOPE (DESMAIO) Alteração do equilíbrio representada pela perda repentina ou permanente da consciência Causas: isquemia encefálica devido a várias causas incluindo bloqueios cardíacos (exemplo – Síndrome de Adams Stokes) Durante a parada cardíaca, não há oxigenação cerebral. No desmaio, o paciente se sente mal, cai, perde a consciência e não se lembra do que aconteceu, sendo um nível de gravidade maior do que a lipotimia. Sendo assim, a síncope sempre é preocupante, enquanto a lipotimia pode ou não ser (no calor é frequente). Para o paciente, desmaio (síncope) e lipotímia são usados como sinônimos. Raissa Cardoso e Silva – Turma 57 Medicina PUCCAMP Propedêutica Física do Equilíbrio Estático Sinal de Romberg Verificação de Astasia (impossibilidade do paciente permanecer em pé) O paciente, com os pés unidos e braços ao longo do corpo, fica de frente para o médico, o qual posiciona seus braços ao redor do paciente e pede para que este feche os olhos. Se o paciente permanece equilibrado, o sinal de Romberg é negativo; se houver oscilação do equilíbrio, o sinal de Romber é positivo. Propedêutica Física do Equilíbrio Dinâmico Verificação da marcha Abasia: impossibilidade de andar Para analisar a marcha, deve-se pedir para que o paciente caminhe em linha reta. Marchas patológicas: marcha ébria/cerebelar (ingestão de bebidas alcóolicas; aumento da base de sustentação; não equilibra direito e não anda em linha reta); marcha parkinsoniana/petit pas (passos pequenos, corpo curvado para frente) Raissa Cardoso e Silva – Turma 57 Medicina PUCCAMP TOSSE É um sinal e sintoma. Sintoma representado por golpe brusco expiratório, com a glote semifechada, com ruído laríngeo característico, dependente do reflexo tussígeno. Produz impacto social negativo, intolerância no trabalho e familiar (tosse crônica), incontinência urinária (mulheres com muitos partos), constrangimento público e prejuízo do sono. Promove grande absenteísmo ao trabalho e escola, além de gerar grande custo em exames subsidiários e com medicamentos. Ato de tossir Está sob controle voluntário e involuntário, e consiste das fases inspiratórias, compressiva e expiratória, seguindo-se a fase de relaxamento. Quanto maior a fase inspiratória, maior será a eficácia da tosse – uma inspiração profunda permite um maior volume torácico e dilatação dos brônquios, o que torna mais eficiente a segunda fase. Na fase compressiva existe fechamento da glote por cerca de 0,2 segundos, e ativação do diafragma e dos músculos da parede torácica e abdominal que, aumentando a pressão intratorácica até 300 mmHg, comprimem as vias aéreas e os pulmões. Na fase expiratória há uma abertura súbita da glote com saída do ar em alta velocidade, podendo atingir fluxos de até 12 L/s, ocasionando o som característico da tosse. Nessa fase, ocorre a abertura da glote, com a saída do ar e das substâncias presentes nas vias aéreas. Na fase de relaxamento há relaxamento da musculatura e retorno das pressões aos níveisbasais. Dependendo do estímulo, essas fases podem resultar em tosse de intensidade leve, moderada ou grave. Quando a tosse não para na fase de relaxamento, inicia-se um ciclo vicioso. Benefícios da Tosse 1) Eliminação das secreções das vias aéreas pelo aumento da pressão positiva pleural 2) Proteção contra aspiração de alimentos, secreções e corpos estranhos 3) É o mais efetivo mecanismo quando existe lesão ou disfunção ciliar, como acontece na mucoviscidose, asma e discinesia ciliar Raissa Cardoso e Silva – Turma 57 Medicina PUCCAMP 4) Proteção contra arritmias potencialmente fatais (ao originar aumento de pressão intratorácica) Mecanismos da Tosse O início do reflexo dá-se pelo estímulo irritativo (corpo estranho, alteração de temperatura) que sensibiliza os receptores difusamente localizados na árvore respiratória, e posteriormente ele é enviado à medula. Os receptores da tosse podem ser encontrados em grande número nas vias aéreas altas, da laringe até a carina, e nos brônquios (no restante do parênquima pulmonar não), e podem ser estimulados por mecanismos químicos (gases), mecânicos (secreções, corpos estranhos), térmicos (ar frio, mudanças bruscas de temperatura) e inflamatórios (asma, fibrose císticas). Também podem apresentar receptores para tosse a cavidade nasal e os seios maxilares (nervo trigêmeo aferente), a faringe (nervo glossofaríngeo aferente), o canal auditivo externo e a membrana timpânica, a pleura, o estômago (nervo vago aferente), o pericárdio e diafragma (nervo frênico aferente), e o esôfago. Ou seja, os receptores da tosse estão presentes na árvore respiratória e em outros locais do organismo. Os receptores de tosse não estão presentes nos alvéolos e no parênquima pulmonar. Portanto, um indivíduo poderá apresentar uma pneumonia alveolar com consolidação extensa, sem apresentar tosse. Classificação da Tosse Quanto ao tempo de tosse Aguda: é a presença do sintoma por um período de até três semanas Ex.: Resfriado comum, sinusite, gripe, bronquite Subaguda: tosse persistente por período entre três e oito semanas Crônica: tosse com duração maior que oito semanas Ex.: Tuberculose, neoplasias, infecções Caracteres Propedêuticos da Tosse 1) Intensidade Forte, fraca 2) Duração Acessos, contínua, tempo de aparecimento (aguda, subaguda ou crônica) Raissa Cardoso e Silva – Turma 57 Medicina PUCCAMP 3) Horário Matinal (ex.: toilette matinal ou vômica: alta produção de muco durante a noite que fica parado no brônquio = tosse irritativa com muita secreção; bronquiectasia e bronquite associada), diurna, noturna, periódica (aparece após períodos de acalmia) 4) Tonalidade Rouca (edema, laringite, tumor ou pólipo em cordas vocais) Bitonal (lesão do nervo laringorecorrente) Afônica (paralisia de ambas as cordas vocais por um tumor (laringe), tuberculose, paralisia bulbar mielite) A passagem do ar pelas vias aéreas adquire diferentes velocidades, influenciando na vocalização. 5) Voz Como na tonalidade, caracterizados por alterações das cordas vocais ou da glote Normal, grave ou aguda, rouca, bitonal (de falsete ou polichinelo), áfona 6) Fenômenos que acompanham a) Tontura, astenia, mal estar durante crises fortes e continuadas de tosse; alcalose respiratória (o organismo não se livra do CO2 ou o O2 não entra) b) Emetizante (provoca vômito) 7) Expectoração Ausente (tosse seca) ou presente (tosse produtiva). Se presente: a) Quantidade: escassa, grande quantidade (vômica – bronquiectasias) b) Consistência e Viscosidade: fluída, espessa, coágulos, tampões mucosos c) Cor e composição: esbranquiçado (muco), amarelo (pus), amarelo-esverdeado (pus), acinzentado ou preto (nicotina dos fumantes, antracnose), avermelhado ou róseo com espuma (edema agudo de pulmão), avermelhado em laivos ou estrias (sangramento brônquico ou bronquiolar), avermelhado homogêneo (geléia de morango – carcinoma brônquico ou infarto pulmonar), ferrugem (pneumonia com quatro ou mais dias de evolução), hemoptise (sangue puro, avermelhado, rutilante, espumoso) Pus indica a presença de bactérias na árvore brônquica Infarto cardíaco: isquêmico e sem hemorragia Infarto pulmonar: necrose com hemorragia; pode dar hemoptise, se o infarto estiver em contato com o brônquio Raissa Cardoso e Silva – Turma 57 Medicina PUCCAMP AULA 4 EXAME FÍSICO GERAL AVALIAÇÃO DO ESTADO GERAL Avaliação subjetiva: É a primeira impressão que se tem sobre o paciente; deve ser feita a partir da observação do paciente e comparação com os demais. -Bom estado geral -Regular estado geral (aspecto físico demonstra algumas dificuldades) -Mau estado geral (apresenta dificuldade em se movimentar, dispneico, tosse, ictérico, mal responde, coma) Utilidade: até que ponto a doença atingiu o organismo visto como um todo Dependendo do achado, obriga o médico a aprofundar a investigação diagnóstica nos casos com escassos sinais e/ou sintomas (paciente não respondeu à terapêutica ou o diagnóstico feito está errado). Inversamente, um bom estado geral na presença de uma doença sabidamente grave indica boa reação do organismo. AVALIAÇÃO DO NÍVEL DE CONSCIÊNCIA Parâmetros: -Perceptividade: capacidade de responder a perguntas/ordens simples (qual o nome, abrir/fechar os olhos) -Reatividade: capacidade de reagir a estímulos inespecíficos, com ou sem interferência do observador (barulho no corredor, estímulo doloroso no paciente desacordado) -Deglutição: observar -Reflexos: exame neurológico -Escala de coma de Gasglow: varia de 3 a 15; pontuação igual ou menor do que 8 indica necessidade de intubação Raissa Cardoso e Silva – Turma 57 Medicina PUCCAMP HIDRATAÇÃO Sua avaliação utiliza um conjunto de parâmetros. Sua observação deve ser feita através da pele ou das mucosas. Nos idosos, é melhor analisar as mucosas, pois sua pele perdeu o turgor. Na avaliação do turgor subcutâneo, observa-se o sinal da prega (pinçar a pele e observar se ela demora para retornar ao normal ou se fica com uma marca). Se o sinal da prega estiver ausente (a pele retorna ao normal rapidamente), indica grau de hidratação; se estiver diminuído, indica grau de desidratação (turgor pastoso); se estiver muito diminuído, indica desidratação grave. Na avaliação do enchimento capilar, deve-se impedir a circulação periférica, soltar e observar o fluxo sanguíneo. FÁCIES Observar três aspectos: Pode apresentar descrição de três fácies diferentes 1) Expressão fisionômica do estado Psicológico Dor, medo, ansiedade, pavor, indiferença, calma, apatia, deprimido, triste ou melancólico, sonolenta, torporosa/comatosa, alegre, inteligente, atenciosa, ira, outros 2) Demonstração de uma perturbação metabólica Bem nutrida, emagrecida, caquética, desidratada (olhar profundo, mucosa seca), febril, ictérica, edemaciada, pálida, hipocrática (mau estado geral, não responsivo, provavelmente desidratado, portanto, é um mau sinal) Raissa Cardoso e Silva – Turma 57 Medicina PUCCAMP Fácie caquética Fácie febril Fácies ictéricas Fácies hipocráticas Raissa Cardoso e Silva – Turma 57 Medicina PUCCAMP 3) Característica de doenças orgânicas bem definidas Paralisia facial (periférica ou central; uma porção da face não se movimenta e a musculatura “puxa” para o lado que está funcionando) Parkinson (fácie inexpressiva, não consigo distinguir emoções) Coreica (movimentos involuntários) Hipotireoidismo (fácie em lua cheia, indiferente ao meio – mixedema = hipotireoidismo grave) Raissa Cardoso e Silva – Turma 57 Medicina PUCCAMP Hipertireoidismo (exoftalmia) Cretino ou Cretinismo (hipotireoidismo infantil: inexpressividade, edema da língua (fica protuberante) e edema facial) Cushing ou Cushingoide (paciente obeso e corcunda, fácie de lua cheia)Acromegálico (tumor de hipófise: produção de hormônio do crescimento após idade infantil, resultando em crescimento das mãos, pés, nariz e queixo; fácie grosseira) Raissa Cardoso e Silva – Turma 57 Medicina PUCCAMP Mitral (paciente cardiopata com fácie avermelhada) Renal (edema da face, principalmente no período da manhã) ATITUDE E DECÚBITO PREFERENCIAIS Atitude Ativa (responde, senta, anda, bebe, come) Passiva (não age, coma) Decúbito Preferencial (=atitude forçada) Obrigado pelo distúrbio que está acontecendo: dor, dispneia, contraturas Não é a posição preferida do paciente. Ele se sente obrigado a ficar nessa posição, pois se sente melhor nela, ex.: não fica deitado, pois sente falta de ar, então prefere ficar sentado. Cócoras (melhora a inspiração; pericardites) Raissa Cardoso e Silva – Turma 57 Medicina PUCCAMP Prece Maometana/Genupeitoral (peitoral apoiado e glúteos para cima) Ortopneia (sentado; melhora a inspiração; edema de MMII e Antálgica Parkinsoniana insuficiência cardíaca) Opistótono (sinal do tétano; corpo apoiado na cabeça e calcanhares) Emprostótono (curvatura da coluna) Raissa Cardoso e Silva – Turma 57 Medicina PUCCAMP Decúbito dorsal (costas apoiadas) Decúbito ventral (ventre apoiado) Decúbito lateral (lateral do corpo apoiada) PELE E ANEXOS ALTERAÇÕES GENERALIZADAS DA COR DA PELE Albinismo (pele muito clara) Defeito na camada de Malpighi, pigmentação da íris (fica rósea) e dos pelos. Tom Pletórico Avermelhado. Ocorre nas hipervolemias com vasodilatação periférica (doença pulmonar crônica). Palidez (linhas das palmas das mãos e leito ungueal) Anemias – Hb 10g/ml ou menos Choque Vasoconstrição da microcirculação Cianose – coloração azulada da pele Aparece quando HB reduzida for maior ou igual a 5,2 g/100 ml. Raissa Cardoso e Silva – Turma 57 Medicina PUCCAMP Divisão Fisiopatológica: a) Central – universal É generalizada e causada por problemas pulmonares ou cardíacos ou ambos, em que as trocas gasosas são inefetivas. Digitopressão: palidez imediata, descompressão, cianose imediata b) Periférica – não universal A cianose é localizada. Extremidades frias porque ocorre vasoconstrição (fenômenos autoimunes, trombose). Digitopressão: palidez imediata, descompressão, cianose tardia (primeiro fica róseo e depois fica cianótico) Unhas em vidro de relógio: hipóxia crônica c) Mista – associação Diagnóstico através da história clínica e de exclusão. Cianose Localizada: Fenômeno de Raynaud Doenças auto-imunes Perturbações vasculares arteríolo-venulares próprias das vasculites (as porções das mãos/dedos ficam esbranquiçadas). Icterícia Cor amarelada da pele e conjuntivas por aumento da quantidade de bilirrubinas no sangue (acima de 2 mg/100 ml). Sequência de impregnação: conjuntiva ocular, pele (derma), mucosas, camada íntima dos vasos sanguíneos e vísceras Diagnóstico diferencial: conjuntiva amarelada em indivíduos brancos idosos e negros (pigmentação por lipoproteínas e células melanoblásticas), carotenose, urocromo (insuficiência renal crônica terminal) Coloração amarelo-palha Insuficiência Renal Crônical Final: urocromo (substância presente na urina; componente da hemólise) associado à anemia por falta de eritropoetina A mucosa não está amarelada, mas a pele sim. Cânceres em estágios finais: anemia mielopática ou hemolítica, hipovolemia e vasoconstrição (resposta adaptativa) Raissa Cardoso e Silva – Turma 57 Medicina PUCCAMP Insuficiência aórtica: aumento da pressão arterial diferencial com vasoconstrição periférica Melanodermia Consiste no escurecimento da pele Doença de Addison: formação de melanina (aumento de MSH com consequente produção de melanina, a qual escure a pele) AVALIAÇÃO DO ESTADO DE NUTRIÇÃO Quantidade de calorias mínima necessária para uma pessoa adulta manter-se em bom estado nutricional: 2300/dia Quantidade de proteínas: 65g/dia Caso as calorias e nutrientes necessários não sejam ingeridos, ocorrerão alterações nutricionais no indivíduo. Crianças com déficit nutricional: cérebro com redução do seu desenvolvimento com repercussão irreversível sobre o desenvolvimento da inteligência; diminuição das defesas contra infecções (as células do sistema imune são dependentes de proteínas) Adultos com déficit nutricional: diminuição da capacidade de trabalho, piora das condições sócio-econômicas Avaliação do Estado de Nutrição Normal, sobrepeso (pré-obeso), obeso, emagrecido (grau máximo = caquexia) são as classificações do estado de nutrição. Desnutrição indica má nutrição; sendo assim, obesidade e hiponutrição são exemplos de desnutrição. Parâmetros utilizados (relacionado à raça, sexo e idade): Peso (uso do IMC) Musculatura (geralmente, a musculatura se torna hipotrófica, visto que o organismo digere as proteínas) Panículo adiposo (medição) Desenvolvimento físico (parâmetro utilizado com crianças) Estado geral (BEG, REG, MEG) Pele (seca, hidratada ou pergaminácea; as proteínas são desviadas para órgãos nobres e a pele não é um deles), pelos (perda de pelos no emagrecimento), olhos (deficiência de vitaminas no emagrecimento) Raissa Cardoso e Silva – Turma 57 Medicina PUCCAMP No indivíduo mal-nutrido, há afundamento das têmporas e da região supraclavicular. Em indivíduos caquéticos, a musculatura se torna hipotrófica e a pele se torna seca e descamativa. Índice de Massa Corpórea = P/A2 Sendo P, o peso e A, a altura A obesidade grau III corresponde à obesidade mórbida. Na avaliação do estado de nutrição, deve-se utilizar não somente o IMC, mas também os demais parâmetros. Fatores que interferem na Hiponutrição (ou Subnutrição) Consumo: inapetência (doenças infecciosas prolongadas ou alcoolismo) diarreias crônicas, gastroenterites, úlcera péptica, anorexia e vômitos na gravidez, distúrbios psíquicos (depressão, anorexia nervosa) No alcoolismo, o paciente substitui a alimentação pelo álcool, o qual é extremamente calórico, mas não fornece reserva energética. Absorção: acloridria, icterícia obstrutiva, distúrbios pancreáticos, hipermotilidade intestinal (síndrome do colon irritável; logo após alimentar-se, o paciente vai para o banheiro), uso de laxativos. Interferência no armazenamento ou na utilização das vitaminas: hepatites, cirrose hepática, alcoolismo, diabetes mellitus Perdas: queimaduras (perde superfície), sangramentos crônicos (ex.: úlcera gástrica), glicosúria (glicose na urina), albuminúria (albumina na urina), lactação Necessidades aumentadas de nutrientes (aumento do metabolismo): atividade física intensa, gravidez, lactação, febre e hipertireoidismo Raissa Cardoso e Silva – Turma 57 Medicina PUCCAMP Hiponutrição (ou Subnutrição) Em crianças, a cabeça sempre aparenta ser maior que o corpo Peso baixo/panículo adiposo escasso Musculatura hipotrófica Pele seca e rugosa (papel de lixa em casos avançados) Deficiência proteica: cabelos e pelos mudam de cor (ficam mais claros) e se tornam finos e quebradiços; pode haver alopecia (perda de pelos) Olhos (relacionados a hipovitaminose A): conjuntivas secas, perda do reflexo à luz, falta ou diminuição das lágrimas, fotofobia (aversão à luz; o paciente perde o reflexo de contração da pupila (miose) mediante exposição à luz) Há perda da gordura de Bichat Deficiência calórico-proteica (segundo OMS) Classificação utilizada para crianças Kwashiorkor: deficiência predominantemente proteica Marasmo: deficiência global de proteínas e calorias Inespecífica: famintos e hiponutridos em geral Obesidade É um tipo de desnutrição. Excesso de tecido gorduroso (reserva energética) por aumento na estocagem, e distúrbios na mobilização e na metabolização dos lipídios. Tecido adiposo: órgão armazenadorde energia; reservatório onde se depositam as calorias ingeridas Normais: tecido adiposo constitui de 10 a 20% do peso corporal Obesidade (IMC) -Leve: de 10 a 15% do peso ideal -Moderada: de 15 a 30% do peso ideal -Grave: acima de 30% do peso ideal Outros métodos de avaliação: densitometria adiposa (densidade do tecido adiposo), bioimpedância (aparelho que consegue diferenciar água de gordura) Anamnese: predomínio de alimentos com alto teor de carboidratos, refrigerantes, número de refeições principais e se há intermediárias, sedentarismo; investigar a variabilidade alimentar do paciente Raissa Cardoso e Silva – Turma 57 Medicina PUCCAMP Circunferência Abdominal: Mulheres > 88 cm e Homens > 102 cm Deve ser medida na altura do umbigo e não deve ser usada isoladamente. O armazenamento de gordura corporal é diferente em homens e mulheres. Gordura visceral: elevado turnover metabólico que está diretamente relacionado a distúrbios metabólicos (dislipidemia, intolerância à glicose) e cardiovasculares (infartos cardíacos e cerebrais). O aumento de gordura no abdômen é diretamente proporcional ao aumento de gordura visceral. Há alteração na deposição de lipídios, principalmente, na parede dos vasos sanguíneos. Portanto: homens obesos apresentam risco cardiovascular maior que as mulheres com obesidade ginecoide Fatores culturais (característica da população), genéticos (alteração enzimática, resultando em metabolismo lento das gorduras), psicológicos (alta ingestão calórica), endócrinos (alteração metabólica, como na doença de Cushing e no hipotireoidismo) são causas da obesidade Doenças a serem consideradas diante de um obeso: Cushing (glândulas adrenais), hipotireoidismo (turnover baixo = metabolismo reduzido) Doenças acompanhantes: diabetes, hipertensão arterial, irregularidades menstruais, aterosclerose (risco de AVC e infarto) Obesidade mórbida: IMC > 40%; hipertensão, infarto, dislipidemias (ingestão de lipídios que se depositam nos vasos; há redução do metabolismo de gorduras), colecistite (inflamação da vesícula biliar), diabetes, apneia do sono, doenças articulares (principalmente nas pernas), insuficiência cardíaca, incontinência urinária, câncer. O tecido gorduroso comprime os vasos linfáticos, resultando em linfedema e propensão à infecção bacteriana. Raissa Cardoso e Silva – Turma 57 Medicina PUCCAMP SINAIS E SINTOMAS DAS HIPOVITAMINOSES As hipovitaminoses podem ou não acompanhar a desnutrição. Hipovitaminose A (Retinol) É causada pela falta de ingestão dos precursores da vitamina A (cenoura e abóbora), durante dois meses ou mais. Afeta principalmente a pele, as mucosas e os olhos (bastonetes) e pode levar à cegueira. Xerose (pele seca) Hemeralopia (perda da visão noturna) Xeroftalmia (olhos secos) No exame físico, o paciente não lacrimeja e há formação de manchas de Bitot nos olhos (sinal de hipovitaminose A). Hipovitaminose B2 (Riboflavina) A vitamina B2 deve ser adquirida através da alimentação (ovos, leite, carne, cereais) Síndrome oral-ocular-genital: faz o diagnóstico de hipovitaminose B2; estomatite angular, fotofobia e dermatite escrotal Queilose (alteração nos lábios) Língua magenta (arroxeada; relação com hipovitaminoses B) Diminuição das papilas linguais (“língua careca”) Nessa hipovitaminose, não há absorção de ferro (o sulfato ferroso não se liga à mucosa intestinal) resultando em anemia ferropriva. Raissa Cardoso e Silva – Turma 57 Medicina PUCCAMP Hipovitaminose K A vitamina K deve ser adquirida através da alimentação (hortaliças e vegetais) e é essencial na síntese hepática das proteínas da coagulação sanguínea. Hemorragias espontâneas, devido à fragilidade vascular e cascata de coagulação ineficiente. Hipovitaminose B3 (Ácido nicotínico) É causada pela falta de triptofano ou pelo excesso de leucina Pelagra (doença): dermatite + diarreia + demência Pelagra: Deficiência de niacina (termo que engloba tanto a deficiência de nicotinamida quanto de ácido nicotínico) Falta de triptofano (aminoácido essencial que pode ser transformado em niacina pelos tecidos) e o excesso de leucina: poderiam inibir a síntese de niacina e causar quadro de pelagra. O triptofano transforma-se em niacina tanto pela flora intestinal quanto pelo tecido normal. No indivíduo normal, a necessidade diária de niacina varia de 15 mg a 20 mg Esta doença é considerada um déficit de nicotinamida no interior da célula. Seja por causa primária (déficit nutricional) ou secundária (doença subjacente) Pelagra – Quadro Clínico: Evolução crônica, com períodos de exacerbação e remissão Demência, diarreia e dermatite (espessamento e hiperpigmentação da pele e fissuras; no pescoço “colar de casal”) – três “Ds” A forma de apresentação mais comum é com sintomas incompletos e não a tríade completa. O quadro cutâneo consiste em eritema nas superfícies expostas ao sol, simétrico, como nas extremidades, face (eritema em asa de borboleta) e ao redor do pescoço (“colar de casal”) (as alterações da pele ocorrem em regiões de exposição solar). Raissa Cardoso e Silva – Turma 57 Medicina PUCCAMP Manifestação inicial: eritema e prurido no dorso das mãos Progressivamente: espessamento e hiperpigmentação. Fissuras dolorosas às vezes se desenvolvem nas palmas e plantas Distúrbios gastrintestinais mais importantes: diarreia e vômitos Alterações neuropsiquiátricas: variam desde sintomas leves como astenia, dores variadas, insônia, depressão até total instabilidade emocional e manias Hipovitaminose C (Escorbuto) Escorbuto – a vitamina C condiciona a adesividade do tecido conjuntivo. Sua falta causa hemorragias gengivais (além do sangramento, as gengivas podem se desgrudar dos dentes), musculares, tendinosas e ósseas. Hipovitaminose D Falta de fixação de cálcio nos ossos, causando deformidades Obs.: Países tropicais possuem exposição solar A vitamina D é obtida através da exposição ao sol Raissa Cardoso e Silva – Turma 57 Medicina PUCCAMP AULA 5 EXAME FÍSICO GERAL AVALIAÇÃO DE PULSO Pulso Arterial Expressão do choque ondulatório palpável na periferia e que corresponde a pressão da ejeção sistólica ventricular transmitida à parede elástica da aorta e artéria pulmonar e depois para toda a rede arterial. O pulso arterial corresponde à onda de sangue sentida perifericamente no momento da sístole do ventrículo esquerdo. Para que o sangue flua, as artérias sofrem uma ligeira dilatação e retornam ao repouso. Detecção: depende da distensibilidade e calibre das artérias Palpação com o mínimo de compressão (a fim de não colabar a artéria), com mais de uma polpa digital (usar o segundo e terceiro dedo). Inicial observação pelo pulso radial. Na palpação, não se deve utilizar o polegar, visto que é grande e possui pulso próprio. Os pulsos mais utilizados são o radial e o carotídeo. Observar ritmicidade Se rítmico, contar a frequência em 15 segundos e multiplicar por 4 (não é necessário contar durante um minuto) Se arrítmico, contar frequência de pulso em 1 minuto Frequência de pulso Normal: 60 a 100 Bradisfigmia: abaixo de 60 Taquisfigmia: acima de 100 TEMPERATURA Febre e síndrome febril Medidas de temperatura Os valores de temperatura são variáveis de acordo com o local do corpo em que é medida, lembrando-se que no Brasil utiliza-se a temperatura axilar. Lugares de medição: axila, boca, reto Temperatura Retal 0,5ºC > Temperatura Oral 0,5ºC > Temperatura Axilar A temperatura retal é a mais fidedigna da temperatura interna Raissa Cardoso e Silva – Turma 57 Medicina PUCCAMP Diferença de temperatura axilo-retal: consiste em uma diferença patológica se for acima de 1º C (verificar a diferença em casos de suspeita de irritação peritoneal por patologia abdominal) Média detempo de medição: 5 minutos SEIOS DA FACE Seios paranasais: frontal, etmoidais (etmoidal anterior e etmoidal posterior), esfenoidais, maxilar No exame físico, não é possível palpar os seios esfenoidal e etmoidal posterior, devido às questões anatômicas. Já os seios frontal, etmoidal anterior e maxilar são passíveis de palpação. Alguns ossos do crânio, entre eles o frontal, a maxila, o esfenoide e o etmoide apresentam cavidades cheias de ar denominadas seios paranasais. Os seios possuem ar dentro de suas cavidades e, ao sofrerem processos inflamatórios (sinusite), há formação de líquido e pus. Os 4 seios paranasais são revestidos com epitélio cilíndrico ciliado e células caliceformes. Palpação/Percussão Os seios paranasais podem ser avaliados por dois métodos propedêuticos, a palpação e a percussão, sendo a primeira a mais utilizada, visto que a segunda é desconfortável e ocorre diretamente no rosto do paciente. A informação disponível no exame físico consiste na dor relatada pelo paciente. Deve-se pressionar e realizar movimentos circulatórios na região dos seios frontal, etmoidal anterior e maxilar e questionar se o paciente sente dor. Em caso afirmativo, indica processo inflamatório. Não se deve descartar os seios esfenoidal e etmoidal posterior, após a palpação. Ao terminar o exame físico geral, deve-se medir o peso e altura do paciente, calcular o IMC e verificar a circunferência abdominal. Raissa Cardoso e Silva – Turma 57 Medicina PUCCAMP EXAME FÍSICO GERAL SISTEMA OSTEOMUSCULAR Normal e suas variações com os Tipos Constitucionais: -Brevilíneo ou Pícnico -Normolíneo ou Atlético -Longilíneo ou Astênico ou Leptossômico Para determinar o tipo constitucional, deve-se utilizar o ângulo de Charpy (abaixo do esterno, na angulação das costelas). Em um indivíduo normolíneo, a angulação é de 90 graus, longilíneo é menor que 90 graus e brevilíneo é maior que 90 graus. O tipo constitucional é importante para o exame físico de tórax, a fim de avaliar alterações respiratórias e cardíacas. Deformações ósseas: Crânio, Tórax, Coluna vertebral e Membros Evidenciadas à visualização geral do (a) paciente. Suas existências levam à obrigatoriedade do exame físico especial (semiotécnica do aparelho ósteo-muscular). Crânio: Fontanela Coluna vertebral: Escoliose (curvatura, com área de concavidade e de convecção) Hiperlordose (lordose acima do quadril acentuada) Cifose (curvatura no tórax acentuada) Cifoescoliose é comum Sindactilia (dedos unidos) Mão em pescoço de cisne – artrite reumatoide (doença imune) Atrofias Musculares Caquexia: atrofia generalizada por consumo Atrofia regional ou local: metabolismo muscular alterado na região considerada por inflamação, degeneração e/ou imobilidade Deve-se observar a simetria da hipotrofia nos membros superiores e inferiores Raissa Cardoso e Silva – Turma 57 Medicina PUCCAMP EXAME DO SISTEMA LINFÁTICO: LINFONODOS Sistema Linfático Funções de transporte, filtração, depósito, fagocitose e imunopoese celular e humoral. Distribuição anatômica dos linfonodos superficiais Os linfonodos superficiais são aqueles passíveis de palpação Occipitais Submandibulares (drenagem bucal) Submentuais Cervicais Axilares (neoplasia de mama) Epitrocleares Inguinais (drenagem da região genital e MMII) Poplíteos Linfonodos: Semiotécnica e Caracteres Propedêuticos 1) Inspeção Simetria: quando há assimetria, é grande o valor propedêutico Aumento de volume: descrever o tamanho O tamanho normal de um linfonodo é uma ervilha; um linfonodo aumentado corresponde ao tamanho de um caroço de azeitona. Estado da pele: distensão, cor. Presença de atrofia, alopécia (perda de pelos) e fístulas (drenagem de líquido para a pele) 2) Palpação Sem pressão (se apertar muito, há perda da sensibilidade). Dedos distendidos, em garra ou em pinça. a) Consistência Dura (processos neoplásicos ou inflamatórios fibróticos), mole ou em flutuação (processos inflamatórios e infecciosos com formação purulenta). Raissa Cardoso e Silva – Turma 57 Medicina PUCCAMP A consistência normal é carnosa. b) Coalescência Processo capsular fibrótico que une linfonodos (ficam grudados uns aos outros) acometidos por processo inflamatório ou neoplasia (ex.: tuberculose). c) Limite Superficial e profundo Linfonodos profundos não são palpáveis. d) Mobilidade Da pele sobre o linfonodo ou dos linfonodos coalescentes em relação a planos profundos. Normalmente, é móvel; do contrário, existirá um processo fibrótico que prende o linfonodo à musculatura. e) Dor Geralmente em adenopatias bacterianas agudas são acompanhadas por demais sinais inflamatórios. Pouco dolorosos em processos crônicos e apenas doloridos em processos virais. Geralmente, está associada a processos inflamatórios. Causas Linfadenomegalia Infecciosas: bactérias, fungos, vírus, micobactérias, clamídias Inflamatórias: doenças autoimunes (artrite reumatoide), reação à fármacos, sarcoidose Neoplásicas: metástases, linfomas, leucemias Infiltrativas (doenças que não possuem um diagnóstico causal bem estabelecido): amiloidose, doença de Gaucher Sistema Linfático – Obstruções Causam linfedema. Causas: extirpações (retirada de vaso linfático, não havendo drenagem na área) ganglionares na mastectomia, elefantíase, linfedema de Milroy (defeito genético onde ocorre falta de desenvolvimento dos vasos linfáticos de determinada região), infecções crônicas (erisipelas recidivas) Deve-se observar a simetria corporal da obstrução. Raissa Cardoso e Silva – Turma 57 Medicina PUCCAMP Sistema Linfático – Inflamações Linfangite aguda (inflamação do vaso linfático): cordão superficial avermelhado, doloroso, quente Adenite aguda (inflamação do linfonodo em si): linfonodo(s) aumentado(s) de volume, avermelhado(s) ou não, flutuante(s) ou não, coalescente(s) ou não e sempre doloroso(s) Inflamações sistêmicas: aumento discreto dos linfonodos, difuso, raramente doloroso. Representam reação imunopoética de cada linfonodo. Exemplos: toxoplasmose, sífilis, HIV, mononucleose Sistema Linfático – Neoplasias Metástases regionais ou locais, sem sinal de inflamação e de dor. Linfoma: são mais generalizados e acometem os linfonodos e o sistema imune Leucemias Linfangiomas: em todos: linfonodos aumentados, endurecidos, sem sinais inflamatórios, de tamanhos variados, assimétricos, coalescentes ou não, aderentes ou não a planos profundos Sistema Linfático – Processos Imunes Alérgicos Em geral, não provocam grande aumento dos linfonodos. Se ocorrer, são simétricos, não coalescentes, indolores ou levemente doloridos e desaparecem quando o processo alérgico regride. PRESSÃO ARTERIAL -Dependente de: Parede da artéria Raio de calibre arterial Volume sanguíneo Força de ejeção sistólica dos ventrículos Resistência periférica (microcirculação) -Variações: Idade Postura (deitado ou em pé) Repouso/Exercícios Emoções (ex.: hipertensão do avental branco) Raissa Cardoso e Silva – Turma 57 Medicina PUCCAMP Pressão Arterial Pressão em artérias simétricas: diferenças de até 10% entre si Se a diferença for até 10%, é normal; se for acima disso, é patológico. Mudança de postura deitada para de pé: mantem as cifras ou aumentam 10 mmHg aproximadamente – vasoconstrição periférica. Nos membros inferiores este aumento é maior. Diferença repouso/exercício ou emoção: aumento de 10 a 15% na pressão sistólica (principalmente) ou em ambas. Quando não há alteração na PA nas diferentes posturas ou no repouso/exercício, é patológico. Classificação da Pressão Arterial Hipertensão arterial (HA) é o nível elevado e constante da pressão arterial. Caso sejam dois valores distintos, utiliza-se o valor mais elevado para a classificação da pressão arterial.A partir de 13x8, considera-se como hipertensão arterial. Os órgãos-alvo da HA são: coração, cérebro, rins e retina. Semiotécnica da Pressão Arterial Esfigmomanômetros aneroides, coluna de mercúrio ou digitais Manguito de insuflação comprime a parede da artéria Durante a descompressão, o calibre da artéria torna-se virtual, o que permite a passagem de sangue sob pressão = pressão sistólica ou máxima Tons e pulsações modificam sua intensidade e altura conforme o aumento da descompressão arterial. Parada na ausculta de sons = pressão diastólica (para de ouvir os sons). Raissa Cardoso e Silva – Turma 57 Medicina PUCCAMP Semiotécnica da Pressão Arterial – Regras Paciente deitado ou sentado, tranquilo, sem falar, calmo Referir posição do paciente Posição de pé: verificação posterior de hipotensão ortostática Colocação do manguito no braço: borda inferior a 4 ou 5 cm acima da dobra do cotovelo Manguito bem ajustado, sem dobras ou torções Usar primeiro o método palpatório Finalidades do método palpatório: Limitação da insuflação do manguito – ao parar de sentir o pulso, insuflar o manguito apenas mais 10 a 20 mmHg Indicação das pressões sistólica e diastólica Evitar o hiato auscultatório (desaparecimento dos sons durante a última parte da fase I e na fase II, podendo ser silencioso por até 40 mmHg) Hiato auscultatório pode subestimar a pressão sistólica e superestimar a pressão diastólica Palpação do pulso radial, insuflação do manguito até sentir que o pulso parou, indicando estar próximo da pressão máxima. Insuflação do manguito de 20 a 30 mmHg a mais, estetoscópio na artéria braquial, desinsuflação, valores da pressão sistólica e diastólica Sons de Korotkoff Cinco fases de ausculta durante a PA, com dependência do fluxo sanguíneo Fase I: aparecimento do 1º ruído, passagem do primeiro fluxo, turbulento – pressão sistólica. Entre a fase I e II, pode haver o hiato auscultatório Fase II: sons da fase I seguidos de sons sibilantes ou sopro Fase III: amplificação dos sons da fase II Fase IV: abafamento dos sons, pois reduz o fluxo de sangue Fase V: cessam os sons, fluxo laminar – pressão diastólica. Não escuto mais sons na fase V Caso o coração esteja em situação hiperdinâmica e de hiperfluxo, a fase V corresponderá a 0 mmHg. A velocidade do sangue aumentada (hiperfluxo) não permite o desaparecimento do som. Portanto, não se usa a fase V, usa-se a fase IV. A pressão diastólica depende da microcirculação (resistência periférica), enquanto a pressão sistólica depende do fluxo sanguíneo. Raissa Cardoso e Silva – Turma 57 Medicina PUCCAMP AULA 6 SEMIOLOGIA DO APARELHO RESPIRATÓRIO I INSPEÇÃO, PALPAÇÃO, PERCUSSÃO E AUSCULTA Vias aéreas superiores e inferiores TÓRAX Delimitado ântero-posteriormente por T1 – T12. Delimitado lateralmente pelas costelas. Toda a propedêutica pulmonar deve ser feita na porção posterior e anterior, de forma a abranger todas as regiões pulmonares, e bilateralmente (comparar um hemitórax com o outro). Ou seja, a propedêutica pulmonar deve englobar todas as áreas do tórax (anterior, posterior e lateralmente). Na porção posterior há a presença da escápula e da coluna vertebral: solicitar ao paciente que se posicione de modo a afastá-las dos campos pulmonares. Uma das maneiras mais utilizadas é solicitando a ele que cruze os braços e coloque as mãos sobre os ombros. Exame do Tórax – Pulmões O paciente deve estar preferencialmente despido até a cintura e sentado. O examinador deve buscar comparar duas regiões simétricas do pulmão. Isso permite encontrar alterações que podem estar presentes em apenas um dos pulmões. Linhas de Referência As alterações encontradas devem ser descritas utilizando-se as linhas de referência, as quais são linhas imaginárias traçadas pelo corpo do paciente. Região anterior: Linha mediana, linha hemiclavicular e linha axilar anterior Raissa Cardoso e Silva – Turma 57 Medicina PUCCAMP Região lateral: Linha axilar anterior, linha axilar média e linha axilar posterior Região posterior: Linha vertebral e linha hemiescapular Projeções Traqueia e brônquios principais: projeção anterior (região esternal) e posterior Raissa Cardoso e Silva – Turma 57 Medicina PUCCAMP Lobo superior direito (LSD): projeção lateral direita e anterior Lobo médio direito (LMD): projeção lateral direita e anterior; não ausculto na região posterior Lobo inferior direito (LID): projeção lateral direita e posterior Lobo superior esquerdo (LSE): projeção lateral esquerda e anterior Lobo inferior esquerdo (LIE): projeção lateral esquerda e posterior INSPEÇÃO Todo o trabalho respiratório depende das situações anatômicas e histológicas do aparelho respiratório e do arcabouço osteomuscular do tórax. Observação visual em condição estática (arcabouço osteomuscular) e dinâmica (movimentos respiratórios) Inspeção – Regras Observação (olhar) do tórax do paciente Torax descoberto ou nu Paciente de pé ou sentado, em atitude cômoda Médico a dois metros de distância para obter uma visão panorâmica (comparação da simetria torácica), depois se aproxima para pormenorização de determinada alteração Músculos relaxados, membros superiores caídos ao longo das faces laterais Iluminação adequada Examinar faces anterior, posterior e laterais Raissa Cardoso e Silva – Turma 57 Medicina PUCCAMP INSPEÇÃO ESTÁTICA Não está relacionada com os movimentos respiratórios. -Anormalidades torácicas Abaulamentos e retrações -Descrição do tegumento Pele e suas alterações Distribuição de pelos Cicatrizes Fístulas Vincos (rugas profundas) Sistema venoso visível (Síndrome da Veia Cava – obstrução) -Formas do tórax Inspeção Estática – Formas Torácicas Normais: 1) Normolíneo 2) Longilíneo 3) Brevilíneo Depende do ângulo de Charpy Patológicas: A análise do formato do tórax fornece outras informações sobre o paciente. 1) Paralítico: diâmetro ântero-posterior achatado 2) Enfisematoso/Tórax em barril/em Tonel: diâmetros ântero-posterior e laterais abaulados (arredondado como um todo); alteração pulmonar Não indica enfisema, necessariamente. Raissa Cardoso e Silva – Turma 57 Medicina PUCCAMP 3) Infundibuliforme/Peito Escavado (pectus excavatum)/Peito de sapateiro: depressão do esterno; alteração cardíaca 4) Piriforme: aumento do diâmetro superior; forma de pera invertida (base mais larga em cima e afunila em baixo); oposto ao cônico 5) Cônico: aumento do diâmetro inferior 6) “Quilha de navio”: projetado assimetricamente a frente; alteração cardíaca 7) “Peito de pombo”/Pectus carinatum/Cariniforme: projetado simetricamente a frente; alteração cardíaca 8) Cifoescoliótico/Cifótico/Corcunda: cifose acentuada; pode apresentar cifose e escoliose junto ou não 9) Raquítico: nódulos nos pontos de união das cartilagens costais com o esterno; informação a respeito do estado nutricional do paciente 10) Cleido-aplástico: ausência congênita das clavículas INSPEÇÃO DINÂMICA Deve ser realizada após a inspeção estática. Visa a definir o padrão respiratório do paciente: torácico (feminino) ou abdominal (masculino) – são diferenças normais; se tem inversão nesse padrão respiratório, é patológico e pode implicar consequências Raissa Cardoso e Silva – Turma 57 Medicina PUCCAMP Verificar a frequência respiratória e caracterizar tempos inspiratórios e expiratórios, além de dificuldades nos movimentos respiratórios. Não se deve informar ao paciente, para que não haja alteração no padrão respiratório. Padrões em relação à frequência: 1. Eupneico: respiração normal sem dificuldades e com frequência normal 2. Taquipneia: respiração com frequência aumentada 3. Bradipneia: respiração com frequência diminuída Frequência respiratória normal: 12 a 15 movimentos respiratórios/minutoDeve-se analisar a ritmicidade da respiração: contabilizar em 15 segundos e multiplicar por 4 ou em 10 segundos e multiplicar por 6. Se está arrítmica, deve-se contar por 1 minuto. Verificação de Dispneia “Respiração ruim” Sinal de insuficiência respiratória. Indica dificuldade respiratória e não altera a frequência respiratória necessariamente. Quando houver alterações em um ou mais componentes que promovem o controle e a efetivação da respiração – frequência, ritmo e/ou amplitude respiratórios. Principal manifestação clínica da síndrome da insuficiência respiratória, definida como a incapacidade do organismo em manter a pressão parcial de oxigênio (Pa O2) e/ou de gás carbônico (Pa CO2) dentro da normalidade para uma determinada demanda metabólica (trocas gasosas inefetivas). Pode ocorrer mais em idosos, indivíduos suscetíveis à ansiedade ou depressão, e aqueles que apresentam disfunção ventricular esquerda (alteração cardíaca), doenças respiratórias e obesos. Sintoma: quando a dificuldade respiratória é percebida pelo paciente (dispneia subjetiva, que pode ser mencionada como “falta de ar”, “cansaço”, “canseira”, “respiração difícil”, “aperto no peito”) Sinal: se notada por um observador (dispneia objetiva) Portanto, a dispneia pode ser tanto um sintoma, quanto um sinal. Raissa Cardoso e Silva – Turma 57 Medicina PUCCAMP Dentre as causas clínicas identificáveis estão as dipnéias psicogênicas (saturação normal, mas sente dificuldade em respirar) e aquelas secundárias a alterações cardíacas, metabólicas, neurológicas ou pulmonares. Padrões de Dispneia Dispneia Psicogênica (suspirosa): Não é um padrão patológico. As saturações estão normais, enquanto o paciente inspira e expira profundamente alternando com a respiração normal. Relaciona-se à existência de conflitos emocionais que envolvem apatia, frustração ou insegurança. Em geral ela se caracteriza por uma inspiração profunda e isolada do ritmo respiratório normal. Este não é o único padrão encontrado. Em crises de angústia, podem existir queixas vagas de sensações de incapacidade do ar em penetrar nos pulmões. Tal impressão leva a uma elevação da frequência e da amplitude respiratória. Dispneia Metabólica: Surge durante distúrbios do equilíbrio ácido-básico, notadamente acidose. Suas causas são variadas: aumento da ingestão ou metabolização de substâncias como etilenoglicol ou metanol e ácido acetilsalicílico, produção de ácidos ou incapacidade de metabolização pelo próprio organismo (Diabetes mellitus descompensado, insuficiência hepatocítica ou choque), ou na incapacidade renal de excreção para manter o equilíbrio orgânico Padrões de Dispneia nas Acidoses (metabólica ou respiratória ou ambas) A gravidade está relacionada ao grau de acidose, com reflexos na frequência e amplitude respiratória. O aumento da FR na acidose é para eliminar o CO2. Os três padrões são sequenciais, iniciando-se pela taquipneia e terminando em Kussmaul. Taquipneia: Aumento da FR, mas sem aumento da amplitude respiratória Raissa Cardoso e Silva – Turma 57 Medicina PUCCAMP Cantani: Aumento da FR e da amplitude respiratória Kussmaul: Aumento da FR (ou FR normal), mas amplitude aumentada alterada e entremeada com períodos de pausa (apneia) Acidose mais grave, visto que está perdendo o controle do sistema respiratório (momentos de parada respiratória) Dipsneia Neurogênica: Secundária a lesões graves do encéfalo, como nos casos de acidentes vasculares (isquêmicos ou hemorrágicos), inflamações (meningoencefalites), traumas, intoxicações ou tumores. O dano no SNC causa edema local ou generalizado que, se particularmente estendido ao bulbo, leva ao descontrole respiratório. Ocorre descontrole da respiração (não há um padrão estabelecido), visto que a lesão ocorre no bulbo, o qual contém o centro respiratório. Irregularidades das amplitudes respiratórias (respiração de Biot) ou por uma diminuição importante na frequência (bradipneia) – menos de 8 mr/min Respiração de Biot Dispneia nas Insuficiências Pulmonar e Cardíaca: Outros padrões de dispneia presentes nessas alterações -Inspiratórias, acompanhadas ou não por cornagem (traqueísmo – dificuldade de passagem de ar pela traqueia) ou por tiragem Indica dificuldade na entrada do ar (inspiração). Esse padrão sugere alteração pulmonar e/ou cardíaca. Raissa Cardoso e Silva – Turma 57 Medicina PUCCAMP -Expiratórias, que se caracterizam pela presença de abaulamento expiratório Indica dificuldade na saída do ar (expiração). Esse padrão sugere alteração pulmonar (ex.: enfisema pulmonar). -Mistas, que cursam com tiragem e abaulamento Padrão inspiratório e expiratório, sugerindo alteração pulmonar. -De esforço (subir escadas) -De decúbito (sentado, deitado, de cócoras) Padrões de Dispneia de Decúbito Ortopneia: O paciente deitado está com dispneia; ao se sentar, mehora. É típico de insuficiência cardíaca congestiva. Dispneia Paroxística Noturna: O paciente acorda no meio do sono com dispneia. É típico de cardiopatas (insuficiência). Trepopneia: Dificuldade respiratória inicia-se ou piora em uma posição lateral e desaparece ou melhora com o decúbito lateral oposto (derrame pleural (líquido na cavidade pleural) ou paralisia do diafragma). Quando o paciente se deita sobre o lado acometido, o outro pulmão funciona, então ele respira bem. Caso se deite sobre o lado funcional, sente dispneia. Platipneia: Aparece ou se agrava quando o paciente assume a posição ortostática (pericardites). O paciente sente falta de ar ao se sentar. Cheyne-Stokes: Fases de hiperpneia crescente e depois decrescente, entremeadas por períodos de apneia. Quase sempre relacionada com a maior gravidade dos casos – ICC (insuficiência cardíaca congênita) ou na isquemia cerebral, particularmente a nível do centro respiratório. Raissa Cardoso e Silva – Turma 57 Medicina PUCCAMP Caracterizado por período de apneia, movimentos respiratórios com amplitudes cada vez maiores, ápice, movimentos respiratórios baixam gradativamente, novo período de apneia. Deve-se contar a frequência respiratória por um minuto e contar por quantos segundos o paciente permanece em apneia. O prognóstico é pior de acordo com o período de apneia mais longo (lesão no centro respiratório). Escala de Dispneia Esforço que ocorre com cardiopatas e pneumopatas Escala de dispneia do Medical Research Council (MRC) Grau Atividade 0 Sinto falta de ar ao realizar exercício físico intenso 1 Sinto falta de ar quando aperto meu passo ou subo escadas ou ladeira (considerados como grandes esforços) 2 Preciso parar algumas vezes quando ando no meu passo, ou ando mais devagar que as outras pessoas da minha idade 3 Preciso parar muitas vezes devido a falta de ar quando ando perto de 100m ou poucos minutos de caminhada no plano (pequenos esforços) 4 Sinto falta de ar que não saio de casa, ou preciso de ajuda para me vestir ou tomar banho sozinho O grau 1 ao 4 é patológico e indica pior prognóstico. Tiragem São alterações na superfície do tórax caracterizadas pelo aprofundamento entre as costelas. Depressão dinâmica dos espaços intercostais durante toda a inspiração. Indica dificuldade na expansão pulmonar inspiratória. Retração inspiratória fisiológica dos espaços intercostais: indivíduos magros. Acontece apenas no primeiro terço ou na primeira metade da inspiração (pela predominância da pressão atmosférica sobre a pressão intrapulmonar, até que esta se iguale à pressão atmosférica). Quando é patológica, aparece durante toda a inspiração; quando é fisiológica, aparece no início da inspiração. Raissa Cardoso e Silva – Turma 57 Medicina PUCCAMP Observada em respiração espontânea e natural. Unilateral: obstrução brônquica regional Bilateral: obstrução traqueal ou brônquica e bronquiolarde ambos os pulmões Sinal de Lemos Torres Corresponde a um abaulamento dos últimos espaços intercostais e que desaparece no decúbito lateral oposto. Abaulamento expiratório localizado em um ou dois dos últimos espaços intercostais, na linha axilar posterior, ultrapassa o tangenciamento das costelas e desaparece em decúbito lateral oposto. Sempre patológico, indica derrame pleural de pequeno ou médio volume, sem fibrose. Observar em paciente sentado, com respiração normal. Médico fica detrás do paciente, pois o sinal aparece na região posterior (base do pulmão). Contra-prova: deitar paciente no decúbito lateral oposto – desaparecimento do sinal. O abaulamento existe devido à presença de líquido; ao virar o paciente para o lado oposto, o líquido se espalha e o sinal desaparece. Semiogênese: aumento da pressão intrapleural que causa derrame pleural (presença de líquido na cavidade pleural). Abaulamento Expiratório Sempre patológico: enfisema ou hipertensão endocavitária Observado em respiração tranquila e natural. Abaulamento observado na região correspondente ao fenômeno obstrutivo. Não está necessariamente na base do pulmão, como no Sinal de Lemos Torres, podendo ser visto na região anterior do tórax. Diferença com o sinal de Lemos Torres: no abaulamento expiratório não existe desaparecimento nos decúbitos. Fenômeno ou Sinal de Litten Não é patológico. É a sombra móvel que surge normalmente na face ântero-lateral do tórax, linear, que corta as costelas e que desce na inspiração e sobe na expiração. Vê-se a sombra das costelas enquanto o paciente respira. Raissa Cardoso e Silva – Turma 57 Medicina PUCCAMP Constituído pelas sucessivas depressões inspiratórias nos últimos intercostos, à inspiração profunda. Observado com o paciente em decúbito dorsal. Respirações profundas. Observado em 95% dos indivíduos normais. Bilateral e simétrico. É um sinal fisiológico, cuja existência simétrica e bilateral indica normalidade. Sinal de Litten negativo indica alguma patologia. Quando assimétrico: estado patológico do lado menor Ausência do fenômeno ou extensão menor que 2 cm: falta de abertura do seio costo- diafragmático na inspiração: dor torácica que impede a inspiração profunda; paciente não consegue executar respiração diafragmática Pode estar ausente por causa de alterações torácicas, como em indivíduos obesos ou brevilíneos, edema de parede torácica, derrame pleural, inflamação do parênquima pulmonar. PALPAÇÃO Palpação – Expansibilidade A palpação deve ser realizada após a inspeção. Deve ser realizada no ápice, na base e entre elas. Para ser realizada no ápice, deve-se colocar as mãos na base do pescoço, com os polegares juntos na região da proeminência das vértebras cervicais na pele (processo espinhoso) e os dedos sobre a região acima da escápula de cada lado. A fim de verificar a expansibilidade, deve-se utilizar as duas mãos simultaneamente e observar se elas se movem de maneira igual. Peça para o paciente realizar movimentos inspiratórios e expiratórios profundos, devendo ambos os lados estarem com expansibilidade simétrica. Deve-se repetir o processo mais duas vezes até a base (aproximadamente até a vértebra T12). Procura-se com isso encontrar assimetrias. Expansibilidade da caixa torácica anterior e posterior. Deve-se realizar a palpação do ápice até a base pulmonar e nas regiões anterior, posterior e lateral. Raissa Cardoso e Silva – Turma 57 Medicina PUCCAMP Palpação – Elasticidade Deve-se posicionar as duas mãos paralelas, no meio do tórax ou de cada lado do tórax, e pressionar para analisar a elasticidade. Elasticidade normal Elasticidade reduzida: indivíduos idosos (cautela para não fraturar as costelas) com alterações ósseas ou pneumopatias Não existe elasticidade aumentada. Palpação – Frêmito Toracovocal Vibração sentida quando o paciente emite um som estridente, como quando requisitado a falar “33”. O frêmito corresponde à vibração do som, a qual pode ser sentida, e pode sofrer alterações (aumentado ou diminuído). Auxilia diagnóstico de processos patológicos, tais como derrame pleural ou consolidações pulmonares. Nos derrames, o frêmito se encontra diminuído devido ao fato de haver líquido entre a pleura e o pulmão, dificultando a propagação do som até a parede torácica. Existem condições que permitem melhor condução e nitidez do som pela caixa torácica: meio sólido transmite melhor o som do que meio aéreo (pulmão). Nos derrames (líquido na cavidade pleural) e enfisemas (aumento de ar na caixa torácica), há redução do frêmito toracovocal. Nas consolidações (ex.: pneumonia ou tumor) o som encontra-se aumentado, posto que o meio sólido da consolidação permite maior transmissibilidade por meio da árvore brônquica. Para a verificação do frêmito toracovocal, deve-se utilizar apenas uma mão e comparar as regiões simétricas (ex.: frêmito no ápice direito e ápice esquerdo). Não se deve comparar o frêmito de regiões distintas. PERCUSSÃO Percussão Deve ser realizada após a palpação, com a mão dominante na caixa torácica inteira. Realizada com a mão dominante, usando-se a falange distal (ponta do dedo) do terceiro dedo sobre o segundo ou terceiro dedo da outra mão, que deve estar inteiramente em contato com a pele e com os dedos bem separados. Raissa Cardoso e Silva – Turma 57 Medicina PUCCAMP Comparar os sons produzidos na porção de um hemitórax com a do outro hemitórax. Sequência de percussão e ausculta. Deve-se realizar a comparação entre os hemitórax na região anterior e posterior e nas laterais. A percussão da clavícula, sem auxílio de outro dedo (realizada diretamente em cima da clavícula) permite avaliar o lobo superior. Percussão – Sons Produzidos São identificados quatro sons pulmonares. Som claro pulmonar: Som da percussão do pulmão normal. Entre a macicez e o timpanismo. É o som característico e normal que deve ser auscultado. Som hiperssonoro (não é timpânico, o qual é próprio do abdômen): Som característico de estruturas com grande quantidade de ar no parênquima pulmonar ou na cavidade torácica. Encontrado em casos de enfisema pulmonar e pneumotórax. Corresponde a um som claro pulmonar aumentado e é próprio da caixa torácica. Som submaciço: Ocorre quando há líquido interposto entre o parênquima pulmonar e a parede torácica, como em derrames pleurais. Som maciço: Quando se percute regiões mais densas, quando há diminuição da quantidade de ar no pulmão ou em suas proximidades. Isto está presente em tumores periféricos e em pneumonias (consolidação). Corresponde às áreas cardíaca (3º espaço intercostal esquerdo = macicez cardíaca) e hepática (5º espaço intercostal direito = macicez hepática). AUSCULTA Ausculta Pulmonar Pedir ao paciente que realize inspirações e expirações profundas com a boca (a inspiração oral permite a passagem de maior volume de ar do que a inspiração nasal) entreaberta, sem barulho. Comparação entre duas regiões simétricas do hemitórax, indo do ápice até a base, em pelo menos 4 pontos. Raissa Cardoso e Silva – Turma 57 Medicina PUCCAMP Comparação das regiões (4 pontos de cada lado) realizada na região anterior, posterior e lateral Sons Respiratórios Normais Indicam uma ausculta pulmonar normal. -Ruído traqueal: Consiste em um ruído alto auscultado na traqueia. Auscultado apenas na região anterior, devido ao posicionamento anatômico. -Respiração brônquica: Consiste em um ruído auscultado nos brônquios, entre ruído traqueal e murmúrio vesicular. Auscultado apenas na região anterior, devido ao posicionamento anatômico. -Murmúrios vesiculares: (entrada de ar nos pulmões, dentro dos alvéolos) Representam os sons causados pela entrada e saída de ar dos pulmões. Pode estar ausente ou diminuído (se houver algo que obstrua seu caminho, ouainda impeça que o ar entre e saia do pulmão). Consiste no som mais delicado e baixo de se auscultar. Auscultado predominantemente na região posterior. Murmúrio bronco-vesicular: som entre o murmúrio vesicular e a respiração brônquica auscultado na região mediana do tórax (anterior e posteriormente) Raissa Cardoso e Silva – Turma 57 Medicina PUCCAMP Ruídos Adventícios Presentes em situações patológicas (ex.: afecção do parênquima pulmonar ou via aérea). -Estertores finos (crepitações): São tipos de sons nítidos e descontínuos semelhantes ao friccionar dos cabelos. São gerados quando o ar entra em um alvéolo pulmonar que contenha líquido (ex: pneumonia, edema pulmonar). Ocorrem no final da inspiração. São sons descontínuos, bem leves, presentes apenas na inspiração (entrada de ar causa a expansão do alvéolo). Indicação de líquido no alvéolo pulmonar. Pode estar relacionado com edema pulmonar (ICC), pneumonia (exsudato) e hemorragias alveolares. Ao pedir para o paciente tossir, as crepitações não se alteram. -Estertores grossos (sub-crepitantes): São menos agudos e duram mais do que os finos. Sofrem nítida alteração com a tosse e podem ser ouvidos em todas as regiões do tórax. São audíveis no início da inspiração e durante toda a expiração. Têm origem na abertura e fechamento de vias aéreas contendo secreção viscosa e espessa, bem como pelo afrouxamento da estrutura de suporte das paredes brônquicas, sendo comuns na bronquite crônica e nas bronquiectasias. Indicação de líquido nos brônquios ou bronquíolos (vias de condução). Ao pedir para o paciente tossir, a subcrepitação desaparece ou muda de localização, pois a secreção que estava na via aérea mudou de posição. -Roncos: Ruídos longos, graves e musicais, gerados pelo turbilhão aéreo que se forma com a movimentação de muco e de liquido dentro da luz das vias aéreas (geralmente brônquios de grosso calibre). Indicam bronquites, bronquiectasias e obstruções localizadas. Aparecem na inspiração e, com maior frequência, na expiração. São fugazes, mutáveis, surgindo e desaparecendo em curtos períodos de tempo. Indicação de líquido na traqueia ou brônquios principais. Conforme maior é o calibre, maior é o acúmulo de secreção, maior é o turbilhonamento, causando um som mais evidente. -Sibilos: Sons contínuos, musicais e de longa duração. As paredes brônquicas devem ser trazidas aos pontos de oclusão para que ocorra os sibilos – em vez de acontecer uma reabertura Raissa Cardoso e Silva – Turma 57 Medicina PUCCAMP súbita, as paredes brônquicas passam a vibrar ao serem atingidas por fluxo aéreo em alta velocidade. Em geral são múltiplos e disseminados pelo tórax. São sons semelhantes a miado de gato. Os sibilos inspiratórios são causados por broncoconstrição na árvore brônquica. Os sibilos expiratórios são causados por obstrução na árvore brônquica, pela presença de líquido, o qual reduz o calibre para a passagem de ar, e, menos frequentemente, por broncoconstrição. Ou seja, os sibilos são causados pela diminuição do calibre (por constrição ou secreção) dos brônquios e bronquíolos. -Atrito Pleural: Ocorre por um processo inflamatório das pleuras visceral e parietal. Isso torna a superfície das pleuras irregulares, gerando o atrito pleural. São sons semelhantes à uma porta rangendo, presentes na inspiração e expiração, sem localização precisa. A inflamação da pleura resulta no preenchimento do espaço pleural com células inflamatórias, bactérias e fibrose. Assim, esse espaço é perdido, resultando no atrito entre as pleuras, que ficam raspando umas nas outras. Pode estar associado a edema (processos inflamatórios) e derrame pleural. O atrito pleural desaparece quando há formação de derrame pleural, visto que o líquido presente entre as pleuras impede que elas raspem entre si. -Estridor/Cornagem: Tipo especial de sibilo, com maior intensidade na inspiração, audível à distância, e que acontece nas obstruções altas da laringe ou da traqueia, fato que pode ser provocado por laringites agudas, câncer da laringe e estenose da traqueia. Indica constrição de grandes vias aéreas. A cornagem é audível sem o estetoscópio. -Sopros Brônquicos: Ruído intenso, inspiratório e expiratório ou só expiratório. Sempre com expiração mais duradoura, intensa e mais aguda que a inspiração. É a respiração traqueobrônquica audível em regiões que normalmente não a apresentam, condicionada pela propagação adequada do som (condensações ou cavidades). Condições para aparecimento a) Condensações superficiais, volume suficiente, e que se estendem até brônquios de calibre superior a 3mm (a 3cm da pleura nos ápices, 3,5 nas bases e porções laterais e de 1 a 2 cm na proximidade da coluna vertebral). Raissa Cardoso e Silva – Turma 57 Medicina PUCCAMP Há ligação entre o brônquio e a condensação (parênquima pulmonar que deixou de ser aerado). Existem limitações na ausculta pulmonar do exame físico. Assim, ausculta-se bem até 3 cm do tórax; alguma patologia do interstício ou do parênquima profundo é distante da superfície de ausculta. b) Vias aéreas permeáveis Permitem a passagem de ar c) Expansão suficiente dos pulmões Deve haver expansão para que haja turbilhonamento do ar, tornando possível a ausculta. d) Sem interposição de um meio liquido ou gasoso entre a condensação e a parede. Tipos de Sopros Lembrando-se que é essencial a comunicação da via áerea (brônquio) com a área de condensação pulmonar para o aparecimento dos sopros. -Brônquico: Respiração traqueal em área de ruído respiratório normal -Tubário: Maior intensidade, semelhante ao sopro em um tubo -Cavernoso: Tubário mais intenso e grave. Devido à sua extensão, possui maior proximidade com a pleura, permitindo sua ausculta. -Anfórico: Sopro no gargalo da garrafa. Difícil diferenciar do sopro tubário intenso Na tuberculose, ocorre aparecimento de sopros, principalmente o tubário, cavernoso e anfórico. Ausculta da Voz Uso do estetoscópio, e não mais das mãos. Normalmente, a ausculta da voz não deve ser nítida. Paciente pronuncia a palavra “33” (trinta e três). Observador ausculta a voz com o estetoscópio e analisa regiões homólogas no tórax. Broncofonia ou ressonância vocal. Raissa Cardoso e Silva – Turma 57 Medicina PUCCAMP Normalmente: sons incompreensíveis – parênquima pulmonar normal absorve muitos componentes sonoros, mais altos no ápice e região interescapuloverbebral direitos, e esternal superior. Broncofonia: mais forte nos homens por causa do timbre da voz A voz masculina é melhor perceptível do que a voz feminina, pois é mais grave e conduz melhor o som pela parede torácica. Consolidação (ex.: pneumonia lobar): facilidade de propagação dos sons A condução do som depende do meio de propagação e interfere na broncofonia (normal, aumentada ou diminuída). O ar e meios líquidos não permitem uma boa condução do som, resultando em uma broncofonia diminuída, permitindo uma ausculta menos intensa. Os meios sólidos, como em áreas de consolidação pulmonar (ex.: pneumonia e neoplasia), permitem melhor condução do som, resultando em uma broncofonia aumentada, permitindo uma ausculta mais nítida. Observações à Ausculta da Voz Broncofonia aumentada, normal ou diminuída: Voz sem nitidez. Pectorilóquia fônica: Broncofonia aumentada, com ausculta nítida da voz que havia sido pronunciada normalmente (paciente pronunciou normalmente 33). Pectorilóquia áfona/afônica: Broncofonia aumentada, com ausculta nítida da voz que havia sido cochichada (paciente cochichou 33). Egofonia: Forma especial de broncofonia. Voz anasalada e metálica, comparada ao valido de uma cabra. Geralmente aparece nas margens superiores dos derrames pleurais. Semelhante à voz do pato Donald. Indica redução do calibre ou da condução do ar em umbrônquio-fonte próximo a derrames pleurais. Variações fisiológicas do exame pulmonar: ápice direito – área onde se observa aumento da broncofonia, pectorilóquia afônica e aumento do frêmito toracovocal; são variações fisiológicas apenas se estão presentes no ápice do pulmão direito (no pulmão esquerdo não são fisiológicas) Raissa Cardoso e Silva – Turma 57 Medicina PUCCAMP AULA 7 SEMIOLOGIA DO APARELHO RESPIRATÓRIO II SÍNDROMES DO APARELHO RESPIRATÓRIO Existem 4 síndromes do aparelho respiratório, separadas de acordo com sua causa: obstrutiva, pleural, restritiva e por aumento de volume gasoso. Pode ocorrer associação entre as síndromes. SÍNDROMES OBSTRUTIVAS BRÔNQUICAS Indica a obstrução das vias aéreas Traqueobronquite Aguda Bronquite Crônica Asma Brônquica Bronquiectasias Neoplasias brônquicas TRAQUEOBRONQUITE AGUDA (resfriado) Mais comum: etiologia viral Duração variável, de acordo com a intensidade da infecção virótica, da imunidade do paciente e de concomitância de infecções bacterianas. Traqueobronquite Aguda – Sintomas Sintomas gerais: Febre, cansaço muscular e mental, dor muscular, dor em orofaringe, entupimento nasal, espirros, coriza, rouquidão se houver laringite associada. Sintomas respiratórios: Tosse seca a princípio; tosse produtiva com secreção mucosa e tosse produtiva com secreção amarelada (se houver infecção bacteriana). Traqueobronquite Aguda – Sinais Anatomia patológica: Hiperemia (mucosa avermelhada) Inspeção, palpação e percussão: Sem alterações Raissa Cardoso e Silva – Turma 57 Medicina PUCCAMP Ausculta: Murmúrio vesicular (MV) normal, durante expectoração, MV rude (acompanhado de secreção), estertores sub-crepitantes, roncos e sibilos Traqueobronquite Aguda – Diagnósticos Sindrômico/Funcional: insuficiência respiratória obstrutiva Anatômico: inflamação em traqueia e nasofaringe Nosológico: traqueobronquite aguda e nasofaringite Etiológico: viral ou bacteriana BRONQUITE CRÔNICA É diferente de asma, apesar de os pacientes usarem como sinônimo. Definição clínica: tosse produtiva que ocorre pelo menos 3 meses ao ano, durante 2 anos consecutivos Questionar ao paciente o período de tempo da tosse, que é com secreção, para definir se é uma bronquite crônica ou aguda. Morfologia: hiperemia e edema das mucosas do pulmão, secreções mucinosas ou cilindros que preenchem as vias aéreas, aumento do tamanho das glândulas mucosas, presença de rolhas mucosas, inflamação e fibrose dos brônquios ou bronquíolos, metaplasia escamosa (modificação do epitélio, o qual é ciliado e passa a ser substituído por epitélio pavimentoso, perdendo a capacidade de liberar o excesso de secreção das vias aéreas) ou displasia do epitélio brônquico → alterações microscópicas A mudança do epitélio, comum na bronquite de origem tabágica, leva à maior propensão de neoplasias. Principal causa: tabagismo Outras causas: inalação continuada de gases (poluição ambiental) derivados de alcatrão, poeiras, sílica, asbestos. Bactérias e fungos. Bronquite Crônica – Sintomas Respiratórios Tosse e pigarro: intensidade e frequência variáveis Pigarro: manifestação da faringo-laringo-traqueíte crônica Tosse: pode ser episódica (tosse produtiva com escarro, muco ou pus) Quando a inflamação é grande, podem aparecer crises (golpes sucessivos, por vezes levam à alcalose respiratória = perturbações da consciência, dispneia). Raissa Cardoso e Silva – Turma 57 Medicina PUCCAMP Escarro mucoso ou purulento, tampões Dispneia de esforço: consequência dos processos obstrutivos brônquicos. Ortopneia nas crises (ortopneia relacionada à drenagem de secreção, e não a fenômeno cardiovascular) Chiados (sibilos): obstrução por muco ou secreção purulenta. Bronquite Crônica – Sinais Inspeção estática: Sem sinais indicativos (não há mudança do formato do tórax) Inspeção dinâmica: Sem insuficiência respiratória (manutenção do fluxo aéreo): sem sinais Com insuficiência respiratória: dispneia inspiratória (predominante; dificuldade para a entrada do ar) ou mista, tiragem e abaulamento expiratório (ambos por alterações de pressão na cavidade torácica) Palpação: Frêmito brônquico presente, frêmito toraco-vocal sem alterações (processo discreto) ou diminuído (não há condução do ar) (depende da intensidade do processo) Percussão: Sem sinais indicativos A percussão do exame de tórax mostra alterações do parênquima pulmonar, e não das vias aéreas Ausculta: Roncos (em locais de calibre maior), sibilos (devido à redução de calibre), estertores subcrepitantes (devido à produção de muco), MV rude (murmúrio vesicular acompanhado de secreção) e que pode diminuir nas áreas mais intensas do processo Bronquite Crônica – Diagnósticos Sindrômico/Funcional: insuficiência respiratória obstrutiva Anatômico: inflamação em brônquios e bronquíolos (vias de condução aérea) Nosológicos: bronquite/bronquiolite crônica (inflamação da estrutura) Etiológico: fumo, gases, bactérias, etc (causam a doença) Raissa Cardoso e Silva – Turma 57 Medicina PUCCAMP ASMA BRÔNQUICA Definição da asma brônquica (IV Diretrizes Brasileiras para o Manejo da Asma): “Asma é uma doença inflamatória crônica caracterizada por hiperresponsividade das vias aéreas inferiores e por limitação variável ao fluxo aéreo, reversível espontaneamente ou com tratamento, manifestando-se clinicamente por episódios recorrentes da sibilância, dispneia, aperto no peito e tosse, particularmente à noite e pela manhã, ao despertar. Resulta de uma interação entre carga genética, exposição ambiental a alérgenos e irritantes, e outros fatores específicos que levam ao desenvolvimento e manutenção dos sintomas.”. Os pacientes asmáticos possuem pré-disposição genética para que ocorra a hiperresponsividade das vias aéreas. Geralmente, pacientes asmáticos possuem familiares com asma (histórico familiar). Incide em qualquer idade Brasil: prevalência média de 20% Baixa mortalidade Os principais fatores externos associados desencadeantes são: Alérgenos inaláveis: substâncias do corpo e fezes de ácaros domésticos, antígenos fúngicos, de insetos como baratas e de animais domésticos, além de polens Vírus respiratórios: particularmente as infecções pelo vírus sincicial respiratório (VSR) nos primeiros anos de vida Poluentes ambientais: como a fumaça do cigarro, gases e poluentes particulados em suspensão no ar, como as partículas provenientes da combustão do óleo diesel A inflamação brônquica constitui o mais importante mecanismo fisiopatológico da asma e resulta de interações complexas entre células inflamatórias, mediadores e células estruturais das vias aéreas. Asma Brônquica – Mediadores Mediadores inflamatórios e citocinas liberados por macrófagos (fator de necrose tumoral – TNFα, IL-6 e óxido nítrico), por linfócitos T (IL-2, IL-3, IL-4 e IL-5), por eosinófilos (proteína básica principal - MBP, proteína catiônica eosinofílica – ECP, peroxidase eosinofílica – EPO, PGs e citocinas), por neutrófilos (elastase) e pelas células epiteliais (endotelina-1, PGs e óxido nítrico) Lesões e alterações na integridade epitelial, anormalidades no controle neural autonômico e no tônus da via aérea, alterações na permeabilidade vascular, hipersecreção de Raissa Cardoso e Silva – Turma 57 Medicina PUCCAMP muco, mudanças na função mucociliar e aumento da reatividade do músculo liso da via aérea, levando à hiperresponsividade brônquica. Asma – Patologia A fibrose subepitelial está presente, em graus variáveis, em todos os indivíduos com asma, mesmo antes do surgimento de sintomas. Hipertrofia e hiperplasia da musculatura lisa brônquica, que se correlaciona com a gravidade e o tempo de doença Proliferação vascular Aumento de tamanho das glândulas submucosas Progressivo espessamento(à medida que as crises asmáticas ocorrem) da parede brônquica = remodelamento brônquico e redução da reversibilidade da obstrução ao fluxo aéreo Progressão do processo inflamatório e a consequente lesão ao epitélio brônquico → Destacamento de áreas de células epiteliais contíguas e maior exposição de terminações nervosas sensitivas a agentes irritantes, bem como de células inflamatórias a alérgenos. Não há proliferação de células produtoras de muco e o processo inflamatório é menos intenso do que na bronquite. Ocorre constrição brônquica. Asma Brônquica – Quadro Clínico Na anamnese pesquisar sobre dispneia, tosse (não há demarcação de tempo, em meses, de tosse, como ocorre na bronquite; existem episódios de tosse), sibilância (chiado), sensação de aperto no peito ou desconforto torácico, particularmente à noite ou nas primeiras horas da manhã. Esses sintomas (presentes apenas nas crises) são episódicos, com frequência e intensidade variáveis entre diferentes pacientes e eventualmente no mesmo paciente, em diferentes épocas do ano. Os sintomas melhoram espontaneamente ou com o uso de medicações específicas para asma (broncodilatadores ou anti-inflamatórios esteroides). A asma brônquica pode cursar com bronquite associada. Anamnese Perguntar ao paciente se: 1. Tem ou teve episódios recorrentes de dispneia? 2. Tem ou teve crises ou episódios recorrentes de sibilância? 3. Tem tosse persistente, à noite ou acordar? Raissa Cardoso e Silva – Turma 57 Medicina PUCCAMP 4. Acorda com tosse ou falta de ar? 5. Apresenta sintomas após exposição a alérgenos? 6. Usa alguma medicação quando os sintomas ocorrem e com que frequência? 7. Há alívio após uso de medicação? 8. Tem antecedentes familiares de doenças alérgicas ou asma? 9. Tem ou já teve sintomas de rinite alérgica ou eczema atópico? Asma Brônquica - Exame Físico Intercrises Em pacientes com asma leve a moderada, no período intercrise, o exame do aparelho respiratório costuma ser normal. Os pacientes com asma grave (crises recorrentes e alterações histológicas) e de longa duração podem apresentar alterações semelhantes à doença pulmonar obstrutiva crônica: deformidade torácica pela hiperinsuflação pulmonar (durante as crises, o ar entra e sai com dificuldade; o tempo expiratório é maior do que o inspiratório); aumento do diâmetro ântero- posterior (tórax enfisematoso); diminuição da expansibilidade; hiperssonoridade na percussão (devido ao excesso de ar no parênquima pulmonar); redução do murmúrio vesicular na ausculta do tórax (o fluxo aéreo permanece o mesmo). Asma Brônquica – História e Exame Físico nas Crises Tosse seca ou com expectoração mucoide e viscosa (muitas vezes comparada à clara de ovo pelo paciente) Dispneia com prolongamento do tempo expiratório (indica dificuldade na saída do ar; o tempo expiratório deve ser contabilizado) Uso de musculatura acessória da respiração A inspiração é um processo ativo, no qual há uso de musculatura acessória. Já a expiração é um processo passivo, no qual não deveria ser utilizada a musculatura acessória. Sibilos geralmente bilaterais e simétricos causados por broncoconstrição Roncos esparsos ou difusos devido à presença de secreção Nos casos mais graves: cianose e agitação psicomotora secundária a hipoxemia, redução dos sibilos até “silencia respiratório”, torpor e coma, resultante da fadiga respiratória e consequente hipercapnia. Raissa Cardoso e Silva – Turma 57 Medicina PUCCAMP Asma Brônquica – Diagnósticos Sindrômico: insuficiência respiratória obstrutiva Funcional: insuficiência respiratória aguda nas crises Nosológico: asma brônquica (bronquite e bronquiolite crônica) Anatômico: inflamação em brônquios e bronquíolos Etiológicos: hiper-reatividade brônquica a vários alérgenos, genética, infecções virais BRONQUIECTASIAS Dilatação dos brônquios e bronquíolos (espessamento da parede) Formas: cilíndrica, ampular ou saciforme Prejuízo na irrigação, inervação e da fisiologia motora São complicações de bronquites crônicas ou de processos pneumônicos crônicos regionais, específicos ou não. Podem ser congênitas. As bronquiectasias são complicações de bronquite crônica e tuberculose. As bronquiectasias congênitas são mais difusas, enquanto as adquiridas são mais localizadas. Bronquiectasias – Fisiopatologia Estímulo (infecção, agente corrosivo) → Lesão epitelial e secreção → Inibição da drenagem (modificação do epitélio e da parede) e depuração → Obstrução e estase → Perpetuação de infecção → Dilatação brônquica Bronquiectasias – Sintomas Respiratórios Tosse: periódica produtiva Vômica: depende do decúbito, com ou sem laivos de sangue Tosse vômica decorrente do acúmulo de secreção durante a noite, que será expectorada pela manhã em grandes quantidades Dispneia de esforço Febre nas infecções secundárias Hemoptise: ruptura vascular durante golpes de tosse Cianose: dedos hipocráticos (baqueteamento digital); manifestação periférica de cianose como resultado de hipóxia crônica Raissa Cardoso e Silva – Turma 57 Medicina PUCCAMP Bronquiectasias – Sinais Inspeção estática: Talvez retração pulmonar peribrônquica Inspeção dinâmica: Diminuições regionais da expansão respiratória (pois não há passagem de ar) e tiragens Palpação: Frêmito brônquico Percussão: Sem indicativos Ausculta: Roncos, estertores de médias bolhas que se modificam à tosse; peço para o paciente tossir e comparo os sons Bronquiectasias – Diagnósticos Sindrômico/Funcional: insuficiência respiratória obstrutiva Anatômico: dilatação brônquica Nosológico: bronquiectasia Etiológico: congênita, infecções específicas e inespecíficas NEOPLASIAS BRÔNQUICAS Podem ser assintomáticas por vários anos de acordo com o crescimento tumoral Primeiros sinais e sintomas podem ser secundários às metástases mediastinais, supraclaviculares, cerebrais, hepáticas ou adrenais Enquanto a obstrução brônquica não for acima de 60% (paciente ainda consegue respirar no repouso), a atelectasia e consequentes sintomas não se instalam Divisão didática para a semiologia: periférico ou distal; localização medial; hilar ou proximal A localização da neoplasia interfere nas alterações observados no exame físico. CA BRÔNQUICO PERIFÉRICO: Há acometimento da pleura e, principalmente na inspiração, dor pleural Raissa Cardoso e Silva – Turma 57 Medicina PUCCAMP CA Brônquico Periférico – Sintomas Dor pleural Dispneia por colapso pulmonar e posterior desenvolvimento de derrame pleural Tosse seca e persistente por estimulogênese pleural CA Brônquico Periférico – Sinais Inspeção estática: Normal (não há alterações) Inspeção dinâmica: Diminuição da expansão respiratória na região afetada; fenômeno de Litten ausente (condição patológica) Palpação: Confirmação da diminuição da expansão respiratória; frêmito pleural (atrito pleural na ausculta, ou seja, pleura raspando uma na outra) perceptível na região da dor; FTV diminuído ou normal, dependente da espessura da lesão Percussão: SCP ou submacicez, dependente da espessura da lesão Ausculta: Diminuição do MV, atrito pleural CA BRÔNQUICO MEDIANO: Não é um tumor hilar, mas está dentro do parênquima pulmonar. Por causa de sua localização, o tumor em si não apresenta alterações no exame físico. O tumor mediano pode causar obstrução, resultando em atelectasia (interrupção ou bloqueio patológico da corrente de ar que atravessa os brônquios), a qual provoca colapso do pulmão ou parte dele. Sendo assim, as alterações perceptíveis no exame físico são decorrentes da atelectasia. CA Brônquico Mediano – Sintomas Respiratórios Tosse seca e persistente que passa a ser produtiva, mucosa e com escarros hemoptoicos Raissa Cardoso e Silva – Turma 57 Medicina PUCCAMP CA BrônquicoMediano – Sinais Inspeção estática: Retração (não há expansão) na região de atelectasia pulmonar Inspeção dinâmica: Diminuição da expansão respiratória na região da atelectasia Palpação: Confirmação da diminuição de expansão na região da atelectasia; diminuição do FTV (se não há passagem de ar, não há passagem de som) Ausculta: Silêncio respiratório na região correspondente à atelectasia Atenção: Quando a atelectasia é do lobo superior direito (ápice), a transmissão do ruído laringo-traqueal à massa atelectásica é audível, principalmente na região infraclavicular direita, como sopro brônquico. CA BRÔNQUICO HILAR: Apresentará limitações no exame físico. Também provocará atelectasia (colapso pulmonar). Maioria das vezes, os sinais e sintomas estão relacionados à compressão da veia cava superior. O crescimento do tumor engloba e comprime a VCS, dificultando o fluxo sanguíneo e causando a síndrome da Veia Cava Superior (paciente arroxeado do tórax para cima). CA Brônquico Hilar – Diagnósticos Sindrômico/Funcional: insuficiência respiratória obstrutiva Anatômico: parênquima pulmonar, brônquios e/ou pleura Nosológico: atelectasia pulmonar/neoplasia brônquica Eitológico: a de todas as neoplasias; importância do tabagismo Raissa Cardoso e Silva – Turma 57 Medicina PUCCAMP SÍNDROMES PLEURAIS Síndromes inflamatórias (pleurites): maioria Derrames por transudato da pleura, ex.: ICC Transudato é o líquido com baixo teor de proteína, enquanto exsudato é o líquido com alto teor de proteína Pneumotórax (presença de ar na cavidade pleural, em vez de líquido) Neoplasia da pleura (mesmas manifestações do CA brônquico periférico) SÍNDROMES INFLAMATÓRIAS Inflamação aguda da pleura (pleurite) Inflamação crônica ativa ou inativa: paquipleuris (pleura extremamente espessada, ex.: tuberculose) Derrames exsudativos livres ou encapsulados DERRAME PLEURAL Pequenos (menos de 350 ml), moderados (entre 350 e 1500 ml) e grandes (mais de 1500ml) O sinal de Lemos Torres aparece em pequenos e moderados derrames, mas não aparece nos grandes. O sinal de Signorelli (macicez da percussão da coluna torácica posterior) aparece em derrames pleurais moderados e intensos. Aspecto Macroscópico do Derrame Pleural Líquidos claros (transudato), amarelados, transparente e inodoro, geralmente correspondem a pequenos derrames pleurais. Líquidos densos, consistentes, de cor variável, inodoro ou fétido, indicam presença de pus, correspondendo a um derrame inflamatório. Empiema é o nome dado à secreção purulenta (derrame pleural com pus) na caixa torácica. Líquidos avermelhados/sanguinolhentos indicam presença de eritrócitos, como ocorre em casos de hemotórax, neoplasias pleurais e infarto de parênquima pulmonar. Líquidos brancos e espessos, semelhantes a leite, indicam ruptura de vasos linfáticos torácicos, como ocorre no quilotórax Pelo aspecto do derrame pleural, após aspiração do líquido, pode-se supor sua causa Raissa Cardoso e Silva – Turma 57 Medicina PUCCAMP PLEURITE AGUDA (PLEURIS) Comum Inflamação nos processos broncopulmonaresjustapleurais (inflamação do parênquima pulmonar que normalmente se estende para a pleura) Etiologias diversas Pleurite Aguda (Pleuris) – Sintomas Sintomas gerais: febre e mal estar Sintomas respiratórios: dor geralmente póstero-lateral ou anterior, nas suas porções inferiores (por causa da maior amplitude respiratória); tosse seca, de pequena intensidade, continuada, piorando a dor Dispneia e dor à inspiração, devido à movimentação das pleuras Dor: pontada ou aperto, piora com a respiração (movimentação) e com o decúbito lateral oposto ao lado da dor, melhora no decúbito lateral correspondente à pleura inflamada. Ao deitar-se sobre a pleura inflamada, há expansão do lado funcional, as pleuras não se raspam e o paciente não sente dor. Ao deitar-se sobre o lado normal, há expansão da área inflamada, as pleuras se raspam e o paciente sente dor. Pleurite Aguda (Pleuris) – Sinais Inspeção estática: Normal Inspeção dinâmica: Diminuição da expansão respiratória na área afetada, fenômeno de Litten ausente (condição patológica) Palpação: Confirmação da diminuição da expansibilidade da área afetada, frêmito pleural perceptível na região da dor, FTV diminuído ou normal (depende da espessura da inflamação) Percussão: SCP ou discreta submacicez (depende da espessura da inflamação) Obs.: Quando o derrame pleural já ocorreu, a propedêutica é outra Ausculta: Diminuição do MV, atrito pleural Raissa Cardoso e Silva – Turma 57 Medicina PUCCAMP Pleurite Aguda (Pleuris) – Diagnósticos Sindrômico: síndrome pleural Funcional: insuficiência respiratória (só se houver dispneia) Anatômico: pleura – inflamação Nosológico: pleurite aguda Etiológico: diversas – bacteriana, viral PAQUIPLEURIS Espessamento fibrinoso e fibrótico da pleura Ausência de dor ou dor compressiva episódica Retração na região afetada, expansão respiratória diminuída, elasticidade torácica diminuída, FTV diminuído ou até abolido, submacicez, diminuição do murmúrio vesicular e da broncofonia, atrito pleural presente ou não DERRAMES POR TRANSUDATO DA PLEURA Frequentes: na ICC (principalmente à direita por dificuldade de drenagem da veia ázigos) e na síndrome nefrótica Ausência de dor (porque não há atrito entre as pleuras) Dispneia depende do volume do derrame Derrames por transudato da pleura – Sinais Inspeção estática: Abaulamento da região do derrame Inspeção dinâmica: Expansão respiratória diminuída, taquipneia, sinal de Lemos Torres (derrames de pequeno e médio volume), fenômeno de Litten ausente na região do derrame Palpação: Confirmação da diminuição de expansibilidade local do derrame, elasticidade torácica diminuída por aumento da pressão intrapleural, FTV diminuído nas porções superiores do derrame e abolido nas inferiores Percussão: Submacicez na porção superior do derrame e macicez na porção inferior; sinal de Signorelli Raissa Cardoso e Silva – Turma 57 Medicina PUCCAMP Ausculta: Diminuição do murmúrio vesicular ou abolição; estertores subcrepitantes nos limites superiores da borda do derrame (por compressão do parênquima); diminuição da broncofonia; egofonia frequente na parte superior do derrame; pectorilóquia geralmente ausente PNEUMOTÓRAX Coleção gasosa (presença de ar) na cavidade pleural Causas: ruptura do parênquima pulmonar por bolhas enfisematosas (ruptura espontânea) ou por cistos pulmonares, traumatismos (fratura de costelas que furam o pulmão), injeções gasosas inadvertidas ou por finalidades terapêuticas Pneumotórax – Sintomas Dor forte, em pontada ou em facada Dispneia de intensidade variável com o volume do pneumotórax; Cianose: depende da compressão pulmonar e deslocamento do mediastino para o lado oposto Pneumotórax – Sinais Inspeção estática: Abaulamento do hemitórax correspondente Inspeção dinâmica: Diminuição da expansão respiratória (a presença de ar no pulmão impede a sua expansão), fenômeno de Litten ausente do lado comprometido Palpação: Confirmação da diminuição da expansão respiratória, dispneia, elasticidade torácica diminuída, FTV diminuído ou ausente. Percussão: Hiperssonoridade (causada pelo excesso de ar) Ausculta: Diminuição MV ou sua abolição. Pode estar presente sopro anfórico, desde que haja um brônquio permeável condutor dos ruídos da respiração laringotraqueal Raissa Cardoso e Silva – Turma 57 Medicina PUCCAMP Pneumotórax – Diagnósticos Sindrômico: síndrome pleural Funcional: insuficiência respiratória Anatômico/Nosológico: pneumotórax – referir origem Etiológico: consequente ao que o determinou – pulmonar, traumático ou terapêutico NEOPLASIA DA PLEURA Primária: rara (mesotelioma)É uma neoplasia agressiva que pode se espalhar pelo parênquima pulmonar Relacionada à contaminação por asbestose Secundária: CA brônquico justa pleural Neoplasia da Pleura – Sintomas Sintomas gerais: Ausência de febre, emagrecimento Sintomas respiratórios: Dor contínua constritiva, que piora com a tosse a movimentos respiratórios. Melhora com compressão postural ou manual. A dor pleurítica está presente constantemente, principalmente na inspiração devido ao atrito durante a movimentação Dispneia e tosse seca Neoplasia da Pleura – Sinais Inspeção estática: Abaulamento no início do processo e refração posteriormente Inspeção dinâmica: Diminuição da expansão respiratória, fenômeno de Litten ausente Palpação: Confirmação da diminuição da expansão respiratória, elasticidade torácica diminuída, FTV diminuído ou ausente. Percussão: Submacicez ou macicez Ausculta: Diminuição do MV ou sua abolição Raissa Cardoso e Silva – Turma 57 Medicina PUCCAMP No início, há atrito pleural; mas em processos avançados, não. Neoplasia da Pleura – Diagnósticos Sindrômico: síndrome pleural Funcional: insuficiência respiratória (depende da extensão do processo) Anatômico/Nosológico: mesotelioma pleural Etiológico: asbestose AULA 8 SEMIOLOGIA DO APARELHO RESPIRATÓRIO II SÍNDROMES DO APARELHO RESPIRATÓRIO SÍNDROMES RESTRITIVAS PULMONARES As síndromes restritivas pulmonares são divididas em 2 categorias: condensação e por aumento de volume gasoso alveolar. Condensações de volumes e localizações variadas, com ou sem escavação, agudas ou crônicas, de diversas etiologias. O parênquima pulmonar, que deveria conter ar, fica condensado (aumento da celularidade = presença de células de natureza inflamatória, hemorrágica ou neoplásica). Grande aumento de volume gasoso alveolar (aumento de ar nos pulmões), correspondente à distensão pulmonar nos processos obstrutivos agudos e difusos dos brônquios e ao enfisema. SÍNDROMES DE CONDENSAÇÃO (exemplos) Pneumonia lobar Broncopneumonias Tuberculose com ou sem escavação Fibrose pulmonar Doença cística congênita Câncer brônquico (também pode ser uma síndrome obstrutiva; deve-se analisar o quadro clínico para ver qual síndrome é predominante) Bronquiectasias Infarto pulmonar Atelectasia pulmonar (pulmão denso devido à celularidade aumentada) Raissa Cardoso e Silva – Turma 57 Medicina PUCCAMP Sintomas Respiratórios Comuns a todas as Condensações Tosse seca ou produtiva (esta em processos inflamatórios) Dor - quando existe comprometimento pleural Há aparecimento de dor apenas quando há comprometimento da pleura, visto que essa possui terminações nervosas para dor, fato que não ocorre no parênquima pulmonar. Dor: melhorar ao deitar em cima do lado acometido e piora ao deitar do lado oposto e durante a inspiração Dispneia: Quando predominam os processos obstrutivos - dispneia inspiratória e expiratória, com aumento de amplitude e de frequência respiratória. Grandes condensações - dispneia com diminuição de amplitude e aumento da frequência (taquipneia). Cianose: nas grandes condensações (impedem trocas gasosas adequadas) ou choque Dedos hipocráticos: condensações crônicas, como atelectasias que perduram, neoplasias que crescem gradativamente e fibrose pulmonar Sinais Respiratórios Comuns a todas as Condensações Inspeção estática: Retração regional (não há expansão) presente ou não nos processos agudos e na atelectasia aguda ou crônica Retração com atrofias musculares (em processos crônicos) e tegumentar nas condensações pulmonares fibróticas, paquipleuris (pleura bastante espessada) e fibrose pleural Inspeção dinâmica: Inversão ou acentuação do tipo respiratório normal: padrão masculino abdominal e padrão feminino torácico Existem tipos mistos de respiração (não há predomínio de respiração abdominal ou torácica) e não são, necessariamente, patológicos. Expansão respiratória diminuída Fenômeno de Litten ausente quando condensação ou atelectasia se localiza no lobo inferior O fenômeno de Litten é visualizado principalmente na porção inferior do tórax; assim, condensações em lobo inferior, seja D ou E, resultam no seu desaparecimento. Raissa Cardoso e Silva – Turma 57 Medicina PUCCAMP Palpação: Expansão respiratória diminuída porque não há entrada de ar FTV aumentado nas condensações (meios sólidos transmitem melhor o som) ou diminuído nas atelectasias (pulmão murcho indica pequena área para o som se dissipar) Elasticidade diminuída Percussão: Submacicez ou macicez na região da condensação ou da atelectasia devido à presença de celularidade Ausculta (na dependência do processo): MV rude ou diminuído nos processos fibróticos Silêncio respiratório na atelectasia ou derrames pleurais grandes associados Expiração prolongada (dificuldade para a saída do ar) Presença de sopros nas cavitações Sopro brônquico/tubário/cavitário (cavidade maior do que 3 e menor do que 6 cm) Sopro anfórico se houver cavidade maior que 6 cm com paredes lisas e elásticas em comunicação com um brônquio Estertores crepitantes (presença de ar, muco, líquidos, células dentro dos alvéolos) Broncofonia aumentada ou pectorilóquia fônica e áfona PNEUMONIAS Inflamação do trato respiratório inferior A maior frequência de acometimento por pneumonia é observada nos extremos de idade, sendo a distribuição relativamente homogênea, no intervalo de 5 a 60 anos de idade, em indivíduos previamente hígidos. Sistemas de defesa do aparelho respiratório: Anatomia das vias aéreas: filtração aerodinâmica Muco para paralisação do agente invasor Depuração mucociliar para saída do muco Reflexo da tosse Macrófagos alveolares – neutrófilos – imunoglobulinas (células de defesa) Complemento (Imunologia - ativador das imunoglobulinas) Surfactante (substância que impede o colabamento do pulmão) Raissa Cardoso e Silva – Turma 57 Medicina PUCCAMP Condições para Desenvolvimento: Fonte do agente Vias de contaminação Pulmão - redução dos mecanismos de defesa transitório/definitivo Pneumonia: exsudato causa consolidação Fisiopatologia: Invasão de agente infeccioso do parênquima pulmonar → solidificação exsudativa do tecido (consolidação) Comprometimento da luz alveolar, das vias aéreas e os alvéolos, e o interstício Pneumonias Apresentação da pneumonia depende de variáveis: agente causal, reação do hospedeiro. Geralmente se manifesta por tosse, seca (pneumonia de origem intersticial na qual não há hipersecreção de muco) ou produtiva (é a mais comum), aumento da frequência respiratória, dispneia e dor torácica (se houver lesão pleural). A febre é manifestação comum, porém pode estar ausente nos indivíduos idosos (alteração na circulação = não consegue responder com quadro de febre) e em crianças (imaturidade do SNC = não consegue responder às mudanças). Pneumonias – Classificação De acordo com o agente etiológico (ex. pneumonia pneumocócica) De acordo com a natureza da resposta do hospedeiro (ex. pneumonia supurativa) De acordo com sua distribuição macroscópica (ex. broncopneumonia/pneumonia lobular (pequenos focos de condensação bilateralmente e em várias regiões dos pulmões) ou pneumonia lobar (acomete um lobo)) A distribuição das pneumonias acarreta em propedêuticas distintas Pneumonia – Diagnósticos Funcional: insuficiência respiratória restritiva Sindrômico: síndrome restritiva de condensação Anatômico/Nosológico: pulmões - pneumonia lobar/broncopneumonia Etiológico: bacteriana, viral, fúngica Raissa Cardoso e Silva – Turma 57 Medicina PUCCAMP PNEUMONIA LOBAR: Infecção bacteriana aguda, que compromete todo um lobo ou grande parte dele, com comprometimento predominantemente alveolar. Acometimento principal dos alvéolos, cujos poros permitem a disseminação dadoença, e não do interstício ou brônquios O comprometimento extenso (lobar), do parênquima pulmonar depende das condições de defesa do hospedeiro, da presença de doenças crônicas, deficiências imunológicas, uso de agentes imunossupressores, leucopenias e, mais raramente, da virulência do agente. Pneumonia Lobar – Estágios a) Congestão: o lobo apresenta-se pesado, úmido e avermelhado, com ingurgitamento vascular, numerosas bactérias, líquido e neutrófilos na luz alveolar Corresponde ao quadro inicial, com dificuldade respiratória, febre, tosse b) Hepatização vermelha: o lobo apresenta-se avermelhado, firme e desprovido de ar, devido à exsudação maciça e à presença de hemácias, neutrófilos e fibrina na luz alveolar Maior aporte sanguíneo, escarro hemoptoico e possibilidade de hemoptise c) Hepatização cinzenta: desintegração progressiva das hemácias e persistência do exsudato fibrinossupurativo dentro da luz alveolar, o que dá ao lobo a aparência macroscópica cinza acastanhada e ressecada Tosse com secreção purulenta d) Resolução: o exsudato consolidado na luz alveolar sofre digestão enzimática progressiva, e os restos granulares semilíquidos, reabsorvíveis são eliminados pelos macrófagos ou pela tosse Presença de estertores crepitantes, indicando comprometimento alveolar Pneumonia Lobar – Semiologia Inspeção estática: Nada significativo Inspeção dinâmica: Expansibilidade respiratória diminuída Fenômeno de Litten reduzido ou ausente quando PNM é no lobo inferior Dispneia com aumento pronunciado na FR Raissa Cardoso e Silva – Turma 57 Medicina PUCCAMP Palpação: Expansibilidade respiratória diminuída Elasticidade torácica diminuída FTV aumentado na região da lesão Percussão: Submacicez e macicez na região lesada Ausculta: Diminuição do MV Estertores crepitantes e subcrepitantes Sopro brônquico (grande área de consolidação em contato com o brônquio, havendo passagem de ar) ou tubário quando a consolidação é volumosa Broncofonia aumentada Pectorilóquia fônica e áfona presentes BRONCOPNEUMONIA: A consolidação focal é a característica fundamental da broncopneumonia Geralmente representa a extensão de um processo de bronquite ou bronquiolite. Inflamação supurativa focal e restrita a um lobo ou, mais frequentemente, multilobar, bilateral e basal, devido à tendência de secreções se acumularem nas bases. Os focos (cuja distribuição não é homogênea) atingem diâmetros de 3 a 4 mm, são de limites pouco precisos, coloração variando de cinza-avermelhada a amarelada, de aspecto granular, seco, e elevam a superfície da área comprometida. Tais focos são ricos em neutrófilos que preenchem brônquios, bronquíolos e espaços alveolares. Presença de exsudato fibrino-purulento nos alvéolos, com possível destruição dos septos e evolução para abcesso . Broncopneumonia – Semiologia Inspeção estática: Nada significativo. Inspeção dinâmica: Expansibilidade respiratória diminuída Fenômeno de Litten reduzido Dispneia com aumento pronunciado na FR Raissa Cardoso e Silva – Turma 57 Medicina PUCCAMP Palpação: Expansibilidade respiratória diminuída Se não acomete a pleura, pode ter uma expansibilidade próxima da normal Elasticidade torácica diminuída FTV normal, visto que as lesões são pequenas Percussão: Som claro pulmonar (SCP), visto que a área afetada é muito pequena, não há alteração Ausculta: Diminuição do MV Estertores subcrepitantes e crepitantes indicando comprometimento de brônquio e bronquíolo Roncos Broncofonia normal (áreas esparsas de lesão) ou aumentada (em área de confluência de lesões) Pectorilóquia áfona e fônica ausentes, pois as áreas afetadas são muito pequenas para que haja pectorilóquia TUBERCULOSE É uma síndrome de condensação. Doença infecto-contagiosa causada por uma bactéria Mycobacterium tuberculosis ou Bacilo de Koch (BK), que afeta principalmente os pulmões, mas, também pode ocorrer em ossos, rins, adrenais e meninges (tuberculose sistêmica). Resposta granulomatosa (formação de fibrose e células gigantes) associada à intensa inflamação e lesão tissular. Pode haver formação de cavernas e as lesões mais comuns são no ápice dos pulmões. Transmitida pela inalação de gotículas contendo bacilos expelidos pela tosse, fala ou espirro do doente com tuberculose ativa de vias respiratórias. Primoinfecção tuberculosa: primeiro contato com o agente causal (bacilo) que, ao atingir os alvéolos causam uma rápida resposta inflamatória. Caso ocorra falha neste mecanismo, os bacilos começam a se multiplicar (nódulo de Ghon = tuberculose latente). Raissa Cardoso e Silva – Turma 57 Medicina PUCCAMP Tuberculose Primária: Em 5% dos casos, a primoinfecção não é contida, seja pela deficiência no desenvolvimento da imunidade celular, seja pela carga infectante ou pela virulência do bacilo, resultando no avanço da tuberculose. Formas: ganglionares (espalha-se pelos gânglios linfáticos), pulmonares e miliar → resultantes da disseminação linfohematogênica do bacilo. A forma da tuberculose é determinada pela reação do sistema imune do hospedeiro e implica propedêuticas distintas. A formação de cavernas ocorre mais frequentemente no ápice dos pulmões, pois é onde há maior oxigenação. Por contiguidade, ocorrem as formas pleural (pulmão), pericárdica (linfonodos mediastinais) e peritoneal (linfonodos mesentéricos). Tuberculose Pós-Primária/Secundária: Uma vez infectada, a pessoa pode desenvolver tuberculose em qualquer fase da vida. Falha no sistema imunológico que permite que os bacilos se multipliquem rapidamente (reativação endógena). Reativação exógena: nova exposição a bacilos mais virulentos e que resistem à forte resposta imunológica desencadeada pelo hospedeiro. Os doentes bacilíferos, isto é, aqueles cuja baciloscopia de escarro é positiva, são a principal fonte de infecção. A má-alimentação, a falta de higiene, o tabagismo, o alcoolismo ou qualquer outro fator que gere baixa resistência orgânica também favorece o estabelecimento da doença. A presença de nódulos com necrose e fibrose, que não estão mais sendo oxigenados, resultam na piora do quadro, levando à insuficiência respiratória. A disseminação da tuberculose é broncogênica. Tuberculose Secundária – Formas Pulmonar: a mais frequente. Mais relevante para a saúde pública, pois é a forma pulmonar bacilífera a responsável pela manutenção de transmissão da doença. Há cavitação, fibrose, processo inflamatório e destruição alveolar. Raissa Cardoso e Silva – Turma 57 Medicina PUCCAMP Extrapulmonar: sinais e sintomas dependentes dos órgãos e/ou sistemas acometidos. Ocorrência aumenta entre pacientes com imunocomprometimento grave, principalmente naqueles com AIDS Sintomas e Sinais – Tuberculose Pulmonar Tosse persistente por 3 semanas ou mais, produtiva (se alcança via respiratória) ou não (com muco e eventualmente sangue – laivos de sangue ou hemoptise, quando a destruição engloba os vasos sanguíneos) Febre vespertina (predomínio no final da tarde) Sudorese noturna Emagrecimento Dispneia (indica lesão em áreas onde ocorreriam trocas gasosas) Derrame pleural (comum, visto que as lesões estão no ápice pulmonar e próximas à pleura) Lesões geralmente localizadas nos segmentos apicais e posteriores dos lobos superiores, onde a alta concentração de oxigênio promove o crescimento de micobactérias. O grau de doença parenquimatosa varia muito, desde pequenos infiltrados até um processo cavitário extenso. Tuberculose - Propedêutica com Processo Cavitário Inspeção estática: Retração e atrofia muscular (processo crônico) Inspeção dinâmica: Expansão respiratória diminuída (não há parênquima para expandir) na região correspondente à lesão Palpação: Expansibilidade respiratória diminuída FTV normal ou aumentado (dependeda proximidade da lesão em relação à parede torácica - sempre há um processo de condensação pericavitário - e da presença de um brônquio pérvio). Se não houver ligação do brônquio com a área de condensação, o FTV pode estar normal. Percussão: Submacicez (presença de material necrótico), timpanismo (presença de ar) Raissa Cardoso e Silva – Turma 57 Medicina PUCCAMP Ausculta: Broncofonia aumentada (em torno da cavidade) Pectorilóquia fônica e áfona Sopro brônquico ou anfórico (quando em contato com brônquio pérvio) Estertores crepitantes e subcrepitantes Roncos (árvore respiratória acometida) MV pode estar diminuído Tuberculose – Diagnósticos Funcional: insuficiência respiratória restritiva. Sindrômico: síndrome de condensação pulmonar. Anatômico/Nosológico: pulmões - pneumonia com ou sem formação de cavidades. Etiológico: Mycobacterium tuberculosis ATELECTASIA É a contração e ausência de aeração de parte ou de todo o pulmão. Agudo ou crônico. Principal causa: obstrução brônquica intraluminal por tampões de exsudato brônquico viscoso, tumores endobrônquicos, granulomas ou corpos estranhos Não há passagem de ar na via de condução aérea. Outras causas: Distorção ou estreitamento brônquico, ou seja, alterações no brônquio Compressão extrínseca por adenomegalia, tumor (mediastino) ou aneurisma Compressão pulmonar por líquido ou ar na pleura (por exemplo, derrame pleural, pneumotórax) Colapso pulmonar: problema “de fora pra dentro”; arma de fogo, acidente de carro, arma branca Deficiência de surfactante em crianças Surfactante: mistura complexa de fosfolipídeos e lipoproteínas que recobre os alvéolos, reduz a tensão da superfície e contribui para a estabilidade alveolar. 1. Processos inflamatórios e neoplasias podem diminuir a produção de surfactantes → atelectasias. 2. Toxicidade por O2, drogas ou produtos químicos também contribuem para o colapso pulmonar. Raissa Cardoso e Silva – Turma 57 Medicina PUCCAMP Atelectasia – Sintomas e Sinais Dependem do quão rapidamente ocorre a oclusão brônquica, extensão do pulmão afetado e se há presença de infecção. A oclusão rápida com colapso maciço, particularmente com infecção, causa dor no lado afetado, início repentino de dispneia e cianose, queda na PA, taquicardia, febre e às vezes choque. O exame torácico revela macicez e até achatamento sobre a região acometida e murmúrio vesicular diminuído ou ausente. O movimento torácico na área está reduzido ou ausente e a traqueia e o coração são desviados para o lado afetado. O desvio da traqueia e do coração são achados radiológicos e ocorrem por causa da diferença de pressão. Atelectasia de desenvolvimento lento pode ser assintomática ou causar somente sintomas pulmonares menores. A microatelectasia difusa, uma manifestação precoce da toxicidade por O2 e a síndrome da angústia respiratória aguda do adulto ou neonatal produzem dispneia, respiração rápida e superficial, hipoxemia arterial, redução da complacência e volume pulmonar. A ausculta dos pulmões pode ser normal, ou crepitações, roncos ou sibilos podem ser ouvidos. Outras manifestações dependem da causa pulmonar aguda. A microatelectasia difusa tem desenvolvimento lento e é pouco perceptível no exame físico. Atelectasia - Diagnósticos Funcional: insuficiência respiratória restritiva/obstrutiva. Sindrômico: Síndrome de Condensação pulmonar. Anatômico/nosológico: pulmões - atelectasia. Etiológico: corpo estranho, exsudato, adenoma, pólipo, neoplasia brônquica. Raissa Cardoso e Silva – Turma 57 Medicina PUCCAMP SÍNDROMES POR AUMENTO DE VOLUME GASOSO PULMONAR (HIPERINSUFLAÇÃO) É uma síndrome restritiva com excesso de ar nos pulmões (oposto da atelectasia). DISTENSÃO PULMONAR Aumento da quantidade de componente gasoso em ambos os pulmões, sem ruptura dos sacos alveolares, sem modificação permanente da relação ventilação/perfusão sanguínea Há um mecanismo compensatório de lesão contralateral, no qual há aumento do fluxo aéreo no pulmão funcional. Exemplos: ocorrem durante crises de asma brônquica, bronquites ou bronquiolites. A continuação das crises determina o aparecimento de enfisema. ENFISEMA É um processo crônico e irreversível, no qual há acúmulo de ar com processo inflamatório, distensão das paredes alveolares e lesão do parênquima. Decorre da ruptura dos sacos alveolares em extensões variáveis nas bronquites e bronquiolites crônicas de duração prolongada. Diminuição da área capilar = curto-circuitos arteríolo-venulares (confusão na distribuição de sangue para o parênquima por causa da destruição dos sacos alveolares). Há destruição dos capilares com consequente remanejamento da corrente sanguínea, confusão na microcirculação e repercussão na pressão pulmonar e no coração. Aumento do espaço morto, o que altera o volume de ar corrente e os volumes de reserva. Aumento gradativo da pCO2 = cianose central do tipo L (L = lung = pulmão) – cianose por alterações pulmonares. Cianose é uma consequência periférica decorrente da redução da difusão de gases. Hipercapnia e anóxia provocam policitemia, que contribui para aumentar ainda mais a cianose. Em situações de hipóxia crônica, os rins liberam eritropoietina, causando policitemia (aumento de hemácias circulantes), deixando as mucosas bem avermelhadas. A associação entre policitemia e microcirculação confusa aumenta a propensão de trombose. Ou seja, corresponde a um fator de risco aumentado para trombose. Raissa Cardoso e Silva – Turma 57 Medicina PUCCAMP Enfisema Pulmonar Dilatação permanente e anormal dos espaços aéreos situados distalmente ao bronquíolo terminal, com destruição das suas paredes É, portanto, uma doença que acomete o ácino pulmonar e, de acordo com a área do ácino que é preferencialmente lesada, pode ser classificado em: Enfisema acinar proximal – é aquele que lesa a parte proximal dos ácinos Enfisema acinar distal – é aquele que lesa a parte distal dos ácinos Enfisema panacinar – é aquele que lesa todo o ácino Enfisema irregular – lesa de maneira irregular os ácinos, sem preferência por uma determinada área de cada ácino Enfisema – Sintomas e Sinais Dispneia expiratória (dificuldade na saída do ar) Cianose central tipo L nas extremidades, face, mucosas e pele: Blue Enfisema ou Blue Boater – é o tipo mais comum Ausência de cianose: Pink Enfisema ou Pink Puffer - deficiência de alfa-1- antitripsina, sem hipóxia importante = aspecto rosado da pele e mucosas A alfa-1-antitripsina mantém os alvéolos abertos cheio de ar; na sua deficiência, há destruição alveolar. Insuficiência cardíaca direita: cor pulmonale crônico. Acidose respiratória. Tentativa ineficiente de aumentar a FR para trocar o CO2 (responsável por causa a acidose respiratória) pelo O2 Diferenças clínicas do enfisema: Blue Bloater (inchado azul-bronquítico): obeso, cianótico, policitêmico, cor pulmonale, crises sucessivas, conhecidos nos CTI (internado). Pink Puffer (soprador rosa-enfisematoso): magro (longilíneo), rosado, sem muita tosse, sem cor pulmonale (não desenvolve cardiopatias) e, quando descompensam, tem mau prognóstico. A cianose e o baqueteamento de dedos correspondem às alterações periféricas. Raissa Cardoso e Silva – Turma 57 Medicina PUCCAMP Enfisema – Sinais Diagnóstico: história clínica e exame físico Inspeção estática: Tórax enfisematoso (aumento do diâmetro ântero-posterior e lateral) Inspeção dinâmica: Expansibilidade respiratória diminuída (o excesso de ar impede a expansão do pulmão) Abaulamento expiratório generalizado ou não Fenômeno de Litten reduzido ou ausente Dispneia Palpação: Expansibilidade respiratória diminuída Elasticidade torácica diminuída FTV diminuído O ar não é bom para a condução do som; assim, o excesso de ar no enfisema diminuia condução sonora. Broncofonia diminuída Percussão: Hipersonoridade (muito ar) Desaparecimento da submacicez cardíaca (pulmão, cheio de ar, em frente e envolvendo o coração) em casos extremos Ausculta: Diminuição do MV (redução no número de alvéolos) Estertores subcrepitantes e roncos (por causa da bronquite) Broncofonia diminuída Pectorilóquia fônica e áfona ausentes As bolhas do enfisema podem incidir em áreas específicas do pulmão, ou seja, as modificações não precisam ocorrer no tórax inteiro Enfisema - Diagnósticos Funcional: insuficiência respiratória por aumento de volume gasoso. Sindrômico: hiperinsuflação pulmonar. Anatômico: pulmões - enfisema com ou sem bronquite e/ou bronquiolites crônicas. Etiológico: causas de bronquites e bronquiolites pregressas e atuais. Raissa Cardoso e Silva – Turma 57 Medicina PUCCAMP SEMIOLOGIA A – SEMIOLOGIA TEÓRICA AULA 9 PROPEDÊUTICA FÍSICA DO APARELHO CARDIOVASCULAR SISTEMA ARTERIAL E VENOSO VASOS SANGUÍNEOS Artéria: tecido conjuntivo, tecido muscular liso, endotélio Veia: tecido conjuntivo, tecido muscular liso e endotélio O tamanho das camadas é diferente entre as artérias e veias e isso tem consequência na palpação: artérias são mais endurecidas (camada média mais desenvolvida) e pulsam, enquanto as veias não pulsam. Capilar: endotélio Diferenças entre artérias e veias quanto às camadas Artérias tem a camada média bem desenvolvida Veias tem a camada adventícia bem desenvolvida Artérias tem estrutura esférica regular Veias tem contornos irregulares PERFUSÃO PERIFÉRICA Permite a determinação do débito cardíaco adequado às necessidades metabólicas do organismo Fácil acesso e execução. Permite reavaliações repetidas durante intervenções terapêuticas Verificação de várias características: temperatura, coloração e grau de enchimento das extremidades. Observar se há uma possível influência de estímulos externos sobre estas características (por exemplo, temperatura ambiente baixa que causa vasoconstrição) Deve-se realizar a compressão da ponta do dedo, interrompendo a circulação sanguínea, a qual deve retornar em 1 a 3 segundos se a perfusão estiver boa. A avaliação da coloração pode ser prejudicada em pacientes anêmicos ou de pele escura. Tal avaliação pode ser dificultada em pacientes negros ou ictéricos. Raissa Cardoso e Silva – Turma 57 Medicina PUCCAMP A compressão do leito vascular distal pode sensibilizar a percepção da alteração de coloração. A correta avaliação da velocidade de enchimento do leito vascular se faz através da comparação com o enchimento observado no próprio examinador. Perfusão Periférica O enchimento do leito vascular das extremidades é avaliado com a compressão da polpa de um ou mais dígitos, o que ocasiona um esvaziamento da microvasculatura daquela região. Com a liberação da compressão, o leito ungueal se torna esbranquiçado e vai, gradativamente, readquirindo a coloração normal da pele circunvizinha à medida que o leito microvascular é novamente preenchido com sangue. Em indivíduos com perfusão periférica normal, o enchimento é da ordem de 2 a 3 segundos. Nos casos de redução da perfusão, o enchimento se torna cada vez mais lento, mantendo uma correlação direta com a gravidade do quadro. Quanto maior for o tempo para reestabelecer a microcirculação, pior é o prognóstico e o quadro clínico do paciente. Cianose: central ou periférica Deve-se pressionar o dedo e observar o tempo para o retorno ao estado inicial. Durante esse tempo, verificar se a coloração retorna diretamente azulada (cianose central: problema nas trocas gasosas, por causa pulmonar e/ou cardíaca) ou se retorna vermelha e depois azulada (cianose periférica: sangue oxigenado mas sua circulação está sendo impedida por algo). Fenômeno de Raynaud: é espontâneo, ou seja, não necessita do estímulo (compressão); ocorre por hiper-reatividade dos capilares na periferia; não precisa estar em todos os dedos PULSO ARTERIAL Quando o sangue é ejetado para o interior do sistema arterial, são geradas alterações no fluxo, na pressão e nas dimensões dos vasos. Raissa Cardoso e Silva – Turma 57 Medicina PUCCAMP O pulso é decorrente, principalmente, de alterações da pressão intravascular, sem correlação com sua magnitude. A percepção da amplitude do pulso depende, além da magnitude da pressão intravascular, das dimensões da artéria sob avaliação e da pressão exercida pelos dedos do examinador. Normalmente, a artéria é retilínea, mole, de superfície lisa e uniforme e não dá a sensação de relevo na compressão e no movimento de lateralidade. Toda a palpação deve ser feita com o mínimo de compressão, com mais de uma polpa digital, para poder obter as informações da percepção tátil e pressórica do pulso. A digitopressão deve ser realizada com o dedo indicador e o terceiro dedo, não devendo ser utilizado o polegar. Ademais, com a digitopressão forte, o pulso desaparece, visto que as artérias são elásticas. Frequência de pulso: 60 a 100 ppm Artérias: são normalmente elásticas (pulso desparece à compressão extrema) É mais fácil realizar a palpação de artérias próximas à superfície óssea. Artérias endurecidas: inelásticas, eventualmente “em traqueia de passarinho” (arteriosclerose de Mönckeberg – deposição de cálcio nas artérias, sem necessariamente diminuir o lúmen do vaso) À digitopressão forte, o pulso deve sumir; se isso não ocorre, indica que as artérias estão endurecidas. Palpação da aorta: fúrcula esternal (pressionar os dedos posteriormente ao esterno) Pulso Arterial - Características Frequência Determinada pela palpação do pulso em qualquer sítio; é importante ressaltar que, na presença de alterações do ritmo cardíaco, a frequência deve ser determinada, aumentando- se o tempo de observação. A frequência deve ser medida por apenas um pulso. Ritmo Regular ou irregular (distúrbios do ritmo cardíaco, como a fibrilação atrial ou extra- sistolia). Confirmar com a ausculta cardíaca Obs: Normalmente, a cada batimento cardíaco, deve-se detectar o pulso arterial correspondente. A não ocorrência dessa concomitância, ou seja, quando nem todo batimento Raissa Cardoso e Silva – Turma 57 Medicina PUCCAMP auscultado tem seu correspondente palpável, indica que a contração imediatamente precedente não teve intensidade suficiente para abrir a valva aórtica e gerar o pulso correspondente. Deve-se verificar se o pulso e a frequência cardíaca são iguais. Se forem diferentes, indica arritmia, a qual deve ser confirmada através da ausculta cardíaca. Não é possível definir algumas arritmias apenas pelo pulso. Pulso rítmico: contar por 15 segundos e multiplicar por 4 Pulso arrítmico: indica extra-sistolia (tem ritmo de base; bate, bate, bate, batimento fora do ritmo, bate, bate), condição na qual o ventrículo está incompleto de sangue, ou fibrilação atrial (não tem ritmo de base; batimentos desordenados) Obs.: Fibrilação ventricular não dá pulso Localização A avaliação dos pulsos deve ser realizada em todos os locais onde eles podem ser palpados: temporal, carotídeo, braquial, radial, abdominal (aórtico), femoral, poplíteo, tibial posterior e pedioso. Simetria Percepção da amplitude dos pulsos palpáveis em comparação com o mesmo pulso contralateral. Tal análise oferece subsídios para o diagnóstico de situações como obstrução arterial de membros inferiores ou de outras doenças vasculares periféricas. Devido à diferença de calibre dos vasos e do volume sanguíneo, deve-se comparar os pulsos contralaterais das artérias. Não existe pulso aumentado, apenas normal ou diminuído. Formato Expressa a análise do seu contorno Do ponto de vista clínico, uma grande variedade de formatos é descrita com estudos invasivos das ondas de pulso. Essas alterações são de difícil percepçãoe exigem muita prática. O formato do pulso pode ser útil para a avaliação de algumas doenças. O pulso normal possui batimento único. Pulso em Martelo d’água ou Pulso de Corrigan ou Pulso bisferiens: Pulso amplo, com dois componentes perceptíveis durante a sístole. Geralmente, acompanhado de outros sinais periféricos de insuficiência aórtica É um pulso forte e aumentado como um todo, e não um lado em relação ao outro. Raissa Cardoso e Silva – Turma 57 Medicina PUCCAMP Pulso Dicrótico: Raro. Estados de baixo débito - tamponamento cardíaco e insuficiência cardíaca congestiva Caracteristicamente apresenta um pico na diástole. Um pulso na sístole e outro menor na diástole. Pode ser diferenciado dos anteriores por maior intervalo entre os picos Não ocorre acima de 45 anos. Pulso Bífido ou “Pico e Domo”: Pulso amplo, com dois componentes sistólicos. O primeiro componente é decorrente da fase de ejeção rápida, sendo limitado no momento em que se estabelece a obstrução dinâmica ao fluxo sanguíneo Segue-se o segundo componente, de ejeção mais lenta, com configuração de um domo. Geralmente, de difícil detecção a beira do leito. Quando presente, implica em gravidade Miocardiopatia Hipertrófica (caso de hipertrofia cardíaca grave) Pulso Alternante: Alterna intensidade maior e menor com a mesma frequência. Batimento com forças alternadas, ora fraco e ora forte. Não é o pulso da arritmia. Indica variabilidade no impulso sanguíneo. Mais perceptível no pulso radial. Um dos sinais mais precoces de disfunção ventricular. Alteração da intensidade das bulhas e sopros. Sensibilizado pela posição sentada ou em pé. Quanto mais intensos os achados, maior a disfunção. ICC (insuficiência cardíaca congestiva) – sinal patognomônico Pulso Paradoxal ou Pulso de Kussmaul: Diminui de intensidade ou desaparece com a inspiração. Na inspiração está diminuído e na expiração aumentado. Denominação errônea - na realidade é uma exacerbação de um fenômeno normal (queda de pressão com a inspiração). Tamponamento cardíaco, pericardite constritiva (impede que o coração se dilate adequadamente), asma severa ou DPOC Raissa Cardoso e Silva – Turma 57 Medicina PUCCAMP Pulso Parvus e Tardus ou Pulso Anacrótico ou Pulso Filiforme: Caracterizado por amplitude diminuída e retardo da elevação do pulso, que se encontra lentificado. Pode ser mascarado pelas alterações decorrentes da idade (pacientes idosos podem apresentar esse pulso) Quando presente, implica em severidade da lesão É um sinal de desenvolvimento tardio. Estenose aórtica e choque. Pulso Arterial - Ausculta Mesmo que não tenha alteração, deve-se realizar a ausculta do pulso carotídeo e abdominal, visto que são locais frequentes de sopro e aneurisma de aorta. Carótidas. Pesquisa de sopros. Importância na estenose ou insuficiência aórtica. Também possível ausculta pelo pulso aórtico abdominal. DOENÇAS DAS ARTÉRIAS Arteriosclerose Englobam vários tipos diferentes Aterosclerose Arterioesclerose de Monckeberg Esclerose Senil dos Grandes Vasos Arterioloesclerose Microangiopatia Diabética Tromboangeíte obliterante Aneurismas arteriais Fístulas arteriovenosas adquiridas ARTERIOESCLEROSE Nome genérico de grupo de afecções não inflamatórias da parede vascular que causam endurecimento das artérias. Pode haver concomitância de mais de um tipo de arteriosclerose no mesmo indivíduo, principalmente em hipertensos. Raissa Cardoso e Silva – Turma 57 Medicina PUCCAMP Único tipo de arterioesclerose que mantém relação com a trombose é a aterosclerose. As arterioescleroses, exceto aterosclerose, não tem relação com a formação de trombos. Aterosclerose Responsável por complicações isquêmicas (infarto e AVC) Placa de ateroma: depósito de substâncias lipídicas encravadas em uma área de fibrose na íntima, sempre circundada por uma neoformação vascular. Além disso, pode ocorrer exposição da camada íntima à substâncias que levam ao aumento da coagulabilidade na região. Distúrbios locais da coagulabilidade sanguínea + distúrbios do metabolismo lipídico + aumento da agregação plaquetária = Trombose. Isquemia (falta de aporte necessário de oxigênio causada por trombose): fenômeno fisiopatológico fundamental. Mas: para ocorrer manifestações clínicas, a obstrução precisa ser maior ou igual a 50%. Progressão da formação da placa de ateroma: células fagocíticas (macrófagos) → agregação lipídica → placas de ateroma com fibrose → obstrução do lúmen → lesão endotelial → formação de trombos → obstrução total do vaso Diabetes, hipertensão arterial, tabagismo e hipercoagulabilidade sanguínea são fatores que interferem nessa condição clínica Arterioesclerose de Monckeberg Medioesclerose: calcificação (roxo na Histologia) da túnica média nas artérias de médio calibre. Fibrose vai substituindo células musculares e por fim ocorre calcificação total. Há lesão da camada média (músculo liso), com preservação do endotélio e sem ocorrer redução do lumen do vaso. Não tem tendência a formar trombos. Traqueia de passarinho: vaso endurecido, com anéis Não há lesão na camada íntima, nem redução da luz vascular Causa desconhecida Ocorre principalmente em indivíduos idosos e a pressão sistólica tende a ser mais alta. Raissa Cardoso e Silva – Turma 57 Medicina PUCCAMP Esclerose Senil dos Grandes Vasos Aumento do tecido fibroso na camada média em substituição ao elástico. Não há comprometimento da íntima. Próprio do envelhecimento. Perda da elasticidade dos vasos: aumento da pressão sistólica, sem modificação da pressão diastólica. Visto que a esclerose senil dos grandes vasos afeta a camada média (camada muscular), há aumento da pressão sistólica. A resistência periférica, fornecida por capilares e arteríolas, não está afetada; por isso, não há alteração da pressão diastólica. Pressão Arterial Pressão sistólica ou máxima: pressão que se desenvolve durante a ejeção, determinada por volume sistólico do ventrículo esquerdo, velocidade de ejeção, elasticidade da aorta. Pressão diastólica ou mínima: deve-se ao esvaziamento da árvore arterial para a rede capilar durante a diástole e depende da resistência periférica e duração da diástole (frequência cardíaca). Arteríoloesclerose Alterações degenerativas e proliferativas que levam ao estreitamento da luz arteriolar. Esse estreitamento causa isquemia e, portanto, degeneração e necrose dos tecidos. Fundo de olho. A análise das arteríolas no fundo de olho, único local possível para tal observação, permite identificar como estão o restante das arteríolas do organismo. Exemplos: nefrosclerose hipertensiva e úlcera isquêmica de membros inferiores. Microangiopatia Diabética Deposição de mucopolissacarídeos na íntima o que determina edema, deslocamento do endotélio e separação da membrana elástica interna em duas camadas. Proliferação de fibras musculares. Depósito de substâncias hialinas. Calcificação. Trombose. Fundo de olho. Raissa Cardoso e Silva – Turma 57 Medicina PUCCAMP Arterites As doenças acima correspondem a processos degenerativos (possuem inflamação, mas não é a causa principal), enquanto as arterites correspondem à processos inflamatórios das artérias. Aortite sifilítica: período terciário luético. Aorta ascendente - insuficiência aórtica e obstrução coronária. Tromboangeíte: doença de Buerger. Arterite temporal: colagenoses. Cefaleia e distúrbios visuais. Artéria dolorosa e hiperpulsátil. Síndrome de Takayasu Poliarterite nodosa Endoarterites bacterianas: associação com defeitos vasculares congênitos Arterites que acompanham infecções (TBC, blastomicose, etc) Arterite de Takayasu: Não se sabe a causa dessa arterite. Infiltrado inflamatório mononuclear no vasa vasorum Vasculite nas camadasmédias e adventícia Granuloma não-caseoso + destruição da parede do vaso Proliferação da íntima → trombose Infiltrado → fibrose → estenose ou Aneurismas (?) e placas de ateroma (?) Mulheres asiáticas Grandes artérias + aorta Manifestações oculares, diminuição dos pulsos em MS Tromboangeíte Obliterante: Doença inflamatória de pequenas e médias artérias das extremidades acompanhadas por inflamação das veias superficiais e profundas. Flebite (veia dolorosa, endurecida, com hiperemia em seu trajeto) pode preceder a arterite. Migratória, de pequeno para médio calibre em diferentes localizações. Todas as camadas da artéria são atingidas, além de veias e nervo satélite (feixe nervoso próximo às artérias) - formação de bloco fibroso. Raissa Cardoso e Silva – Turma 57 Medicina PUCCAMP Lesão endotelial - aumento da adesividade plaquetária – trombos (porque pode acometer do endotélio à adventícia) - formação de circulação colateral. Causa desconhecida, mas há relação com o tabagismo. Geralmente, acomete os membros inferiores. Fase inicial: febrícula, dor no trajeto da veia comprometida, edema no membro afetado e episódios de fenômeno de Raynaud (sugere componente auto-imune). Fase de comprometimento arterial: claudicação intermitente (insuficiência arterial no MI que leva à isquemia muscular e ciclo anaeróbico = produção de ácido lático), dor nas panturrilhas e/ou pés A claudicação é um sinal de obstrução e pode ser percebido quando o paciente para de caminhar e refere melhora da dor. Fase avançada: gangrena, dor intensa mesmo ao repouso Paciente deixa pés pendentes (frios, cianóticos, ulcerados), mas a dificuldade de retorno venoso piora a dor Aneurismas arteriais Dilatação das paredes de um vaso. Verdadeiros (todas as camadas da artéria) ou falsos (ausência de comprometimento de uma das camadas) Congênitos (carótidas internas intracranianas, polígono de Willis e artérias cerebrais) ou adquiridos (principalmente aorta) Adquiridos: ateroscleróticos (são os mais frequentes), sifilíticos, arterites, traumáticos (armas de fogo, objetos pérfuro-cortantes e fraturas ósseas). Aneurisma dissecante: tipo especial que acomete principalmente a crossa da aorta (arco da aorta); descolamento longitudinal da íntima, estreitamento dos ramos da aorta. O sangue passa entre as camadas íntima e média, por causa do descolamento das mesmas. Os aneurismas arteriais são causas de óbito em indivíduos hipertensos. Pesquisa de Sinal de Oliver-Cardarelli: pulsações da traqueia na presença de aneurisma na crossa da aorta. A pressão da aorta é transmitida para a região da traqueia. Fístulas arteriovenosas Comunicação anormal entre uma artéria e uma veia. Congênita/traumatismo: arma branca ou de fogo Raissa Cardoso e Silva – Turma 57 Medicina PUCCAMP A comunicação pode fazer-se diretamente por canal fistuloso - manifestações clínicas tardias de isquemia periférica, ICC ou insuficiência venosa periférica; pseudo aneurisma ou no interior de um hematoma. O fluxo sanguíneo é transmitido da alta para baixa pressão. Nos dois últimos casos (pseudo aneurisma e interior de um hematoma), a fístula manifesta-se como um tumor pulsátil, com ingurgitamento venoso e aumento da temperatura local. Frêmito contínuo (palpação possível por causa da diferença de pressão) FISIOLOGIA DO SISTEMA VENOSO Reservatório e condutor do sangue. Grande capacidade de distensão das veias (complascência) Complascência venosa é 24x maior que a arterial. Retorno venoso: fluxo sanguíneo que chega ao coração direito proveniente da circulação periférica. Retorno venoso e débito cardíaco são independentes, mas um influencia o outro. Fisiologia Pressão venosa central (PVC) = pressão no átrio direito. PVC normal = 0 mmHg. Não é possível realizar a medida da PVC diretamente. A PVC deve ser zero ou próxima de zero para que o átrio direito possa receber o sangue. Pressão aumentada no átrio direito: indica dificuldade para o sangue sair da periferia e retornar à câmara direita; observada pela estase jugular, que é um sinal de insuficiência cardíaca direita Regulação: pelo retorno venoso e capacidade do VD em bombear sangue. Falência de VE, hipertensão pulmonar e falência de VD = aumento de pressão no AD que pode chegar a 30 mmHg = dificuldade de retorno venoso = estase jugular Grandes hemorragias (perda sanguínea) = pressão em AD diminuída. Favorecimento do retorno venoso. Pressão Venosa Elevada Altura da pressão venosa a partir do ângulo esternal As oscilações observadas nas veias jugulares internas (e, muitas vezes, também, nas externas) refletem as modificações de pressão no interior do átrio direito. Raissa Cardoso e Silva – Turma 57 Medicina PUCCAMP A veia jugular interna possui o canal mais direto com o átrio direito e, portanto, é a que melhor reflete essas alterações pressóricas. Paciente deitado em um ângulo de 180 graus, a pressão não possui influência da força da gravidade; conforme o paciente levanta o tronco, a pressão vai aumentando. Até 30 graus, é normal apresentar estase jugular; acima de 45 graus, é patológica e indica insuficiência cardíaca. Fisiologia do Sistema Venoso Volemia: fator preponderante para a manutenção da pressão venosa periférica. Ondas de pulsos arteriais provocam compressão das veias satélites. Por meio de válvulas isso permite a orientação do fluxo centripedamente Veia não pulsa, porque não tem musculatura. Veia pulsa se tem artéria junto ou sua pressão está muito elevada, impedindo o escoamento do sangue. Estase jugular: gravidade relacionada à posição do paciente, ou seja, quanto mais sentado, pior. Mecanismo de retorno venoso periférico dos MMII: envolve a contração e relaxamento da musculatura Contração da musculatura: comprime veias intramusculares → aumento da pressão venosa → sangue conduzido direcionalmente através das válvulas para o AD (impulsionamento do sangue para cima durante a caminhada) Cessando a contração da musculatura → veias descomprimidas → volta ao calibre normal → diminuição de pressão em seu interior → aspiração do sangue dos segmentos mais distais e das veias superficiais. Varizes são sempre superficiais, ex.: veia safena magna e veia safena parva Veia femoral é profunda e, por isso, não apresenta varizes. As veias perfurantes permitem comunicações entre o sistema venoso profundo e superficial. Anamnese nos pacientes com alterações venosas – IVP (Insuficiência Venosa Periférica) Dados importantes nos antecedentes pessoais: Número de gestações Cirurgias previas Traumatismo Raissa Cardoso e Silva – Turma 57 Medicina PUCCAMP Permanência elevada no leito Imobilização prolongada (gesso ou tração) Uso de anticoncepcionais Estados de choque/desidratação Antecedentes de neoplasia Práticas de esporte que reforça a musculatura da região Mulheres tem maior propensão a ter varizes do que os homens Homem: traumatismo e histórico familiar As veias possuem válvulas que são responsáveis por impedir o refluxo do sangue. IVP (Insuficiência Venosa Periférica) - Sinais e Sintomas Dor Alterações tróficas (pele): edema, celulite, hiperpigmentação (hemorragia-ferro), eczema ou dermatite de estase, úlcera, dermatofibrose. Hemorragias Hiperidrose IVP – Dor: Peso nas pernas, queimação, ardência, cansaço (musculatura isquêmica), formigamento, dolorimento, pontada, ferroada. Câimbras noturnas também podem estar presentes. Período vespertino. Piora na posição de pé. Melhora à deambulação (porque estimula a circulação) e à elevação do MMII. Dor + edema + cianose de extremidades = pensar em TVP (trombose venosa profunda) Mecanismo da dor: dilatação da parede venosa. *Teleangiectasias: Pequenos vasos que indicam alteração na circulação venosa periférica; causa incômodo estético IVP – AlteraçõesTróficas Edema Causado por aumento de pressão hidrostática Vespertino. Desaparece ao repouso. Piora quanto maior o tempo que a pessoa fica sentada ou de pé. Raissa Cardoso e Silva – Turma 57 Medicina PUCCAMP Mole, depressível, perimaleolar principalmente. Pode apresentar dor na perna, mas o edema em si não é doloroso. Síndrome pós-trombótica: edema permanente, aumento global do volume do pé e até da coxa, sem parecerem edemaciados. Predomínio unilateral. Regride com o repouso. Mecanismo: aumento da pressão intravenosa e escape de líquido para o espaço intersticial. Se houver processo inflamatório, pode se tornar um linfedema. Celulite Acúmulo de substâncias proteicas no interstício do tecido celular subcutâneo. Reações inflamatórias de pele e subcutâneo. Coloração da pele vermelho acastanhada, com aumento de temperatura local e dor = celulite subaguda ou crônica. Processo inflamatório causado pela alteração circulatória Hiperpigmentação – “dermatite ocre” Manchas acastanhadas na pele, esparsas ou confluentes, mais frequentes na região perimaleolar interna Acúmulo de hemossiderina na camada basal da derma vinda das hemácias que migraram para o interstício e que são fagocitadas pelos macrófagos Eczema ou Dermatite de Estase Agudo: vesículas com líquido seroso + prurido. Crônico: terço distal da perna ou no dorso do pé, prurido intenso no período vespertino ou noturno Prurido: causado pela liberação de histamina das células destruídas pela anóxia secundária à insuficiência venosa Úlcera (úlceras varicosas) Secundária às varizes ou TVP (trombose venosa profunda) Surgem por traumatismos: ato de coçar ou ruptura das varizes Principalmente em região perimaleolar interna Casos avançados: toda a circunferência inferior da perna. Estase venosa → acúmulo de leucócitos nos capilares → migração para interstício → liberação de histamina, citocinas, leucotrienos e radicais livres → formação de úlceras Raissa Cardoso e Silva – Turma 57 Medicina PUCCAMP Úlcera rasa, de bordas nítidas, com secreção serosa ou seropurulenta, menos dolorosa que a úlcera isquêmica, dor melhora com elevação das pernas Dermatofibrose Repetidos surtos de celulite + ulcerações cicatrizadas → fibrose acentuada de subcutâneo e da pele → anquilose (rigidez) da articulação tibiotársica → retorno venoso ainda mais prejudicado A fibrose piora a insuficiência venosa, porque dificulta o retorno venoso. Hemorragias Ruptura de varizes - espontâneas e traumáticas. Hiperidroses Sudorese profusa no terço distal das pernas nos casos crônicos. As complicações da IVP são: trombose, ruptura venosa, insuficiência venosa crônica, úlcera varicosa, dermatite. IVP - Exame físico Inspeção: Paciente de pé. Exame de frente, perfil e de costas. Examinador a 2m e depois bem próximo para observar detalhes Palpação: Alterações na temperatura, umidade, sensibilidade da pele e do tecido subcutâneo, características do edema, estado da parede venosa (consistência elástica ou endurecida, espessada) Ausculta: Sopros espontâneos nas fístulas. Varicoflebites, varicorragia e flebotrombose. Raissa Cardoso e Silva – Turma 57 Medicina PUCCAMP AULA 10 PROPEDÊUTICA FÍSICA DO APARELHO CARDIOVASCULAR I Planos de Exploração do Tórax Região posterior: zona supraespinhosa, zona escapular externa e zona inferior Região lateral: área axilar (dividida em linhas axilares anterior, média e posterior) e zona subaxilar Região anterior: fossa supraclavicular, fossa infraclavicular, região mamilar e região intercostal Os planos de exploração do tórax são importantes por causa da irradiação dos sopros cardíacos e da localização ictus cordis. Projeção do Coração no Tórax Posição do coração O coração está localizado na região pré-cordial, e não no hemitórax esquerdo. Localização do coração e focos de ausculta nos espaços intercostais O primeiro espaço intercostal não é palpável; deve-se utilizar o esterno para localizar o segundo espaço intercostal e, a partir dele, localizar os demais. Raissa Cardoso e Silva – Turma 57 Medicina PUCCAMP Região Pré-cordial Projeção da 3ª à 6ª costela à direita e do 2º ao 5º espaço intercostal à esquerda → linhas imaginárias traçadas para estabelecimento da região pré-cordial INSPEÇÃO E PALPAÇÃO DA REGIÃO PRÉ-CORDIAL Inspeção e Palpação Realizadas em conjunto Tórax nu, paciente relaxado e sentado Inspeção: o médico dirige o raio visual de frente ou na ortogonal (perpendicular) para o estudo do ictus cordis; oblíquo e tangencial em toda a região precordial. Analisar alterações na pele e pulsações Palpação: paciente sentado, deitado ou em decúbito lateral (Pachon – decúbito lateral levemente inclinado para a esquerda) Mãos do observador espalmadas para aumentar a área de verificação Depois de localizar as alterações com as mãos esplanadas, deve-se utilizar as pontas dos dedos. A palpação deve ser guiada para a região em eu se observa a alteração. O que observar na Inspeção e Palpação do Tórax Abaulamentos São notadas mais facilmente em crianças. Causas: a) Intrínsecas (próprias do coração): hipertrofia e/ou dilatação cardíaca (observado em jovens - arcos costais mais flexíveis). Raissa Cardoso e Silva – Turma 57 Medicina PUCCAMP b) Extrínsecas: derrame pericárdico, pneumopericárdio, enfisema, empiema, pleuris, pneumotórax, aneurisma da aorta ascendente ou arco, deformidades esqueléticas genéricas e adquiridas. Pode existir deformidade torácica, sem haver patologia cardíaca. Retrações a) Deformidades torácicas. Correspondem à maioria das retrações e são visualizadas ao nascimento. b) Não há retração precordial de causa cardíaca Pericardite em criação: a retração da parede torácica é causada por fibrose IICTUS CORDIS = CHOQUE DA PONTA Traduz o contato da porção anterior do ventrículo esquerdo com a parede torácica, durante a fase de contração isovolumétrica do ciclo cardíaco Não se trata, realmente, da ponta do coração em contato com a parede torácica Localização: 5º espaço intercostal com linha hemiclavicular Geralmente, é a região anterior do coração que é palpada, e não a ponta dele em si Excepcionalmente - ventrículo direito (acometimento de câmaras direitas em cardiomegalias grandes): Causas: estenose mitral com hipertensão pulmonar - aumento de VD que provoca rotação do coração da direita para a esquerda, com diminuição volumétrica de VE Ictus Cordis O ictus é um fenômeno que se manifesta precocemente na sístole e deve ser simultâneo ou preceder a percepção do pulso carotídeo (expressão da ejeção ventricular ao exame físico). Corresponde ao período de ejeção ventricular Palpação do ictus cordis: deve ser realizada concomitantemente à palpação do pulso carotídeo (deve coincidir ou apresentar pequena diferença de tempo) Ictus Cordis - Caracterização Ausência: visível ou não; normalmente palpável em 25% dos indivíduos. Fisiológica: normalmente, não é palpável; se for palpável, não indica necessariamente uma doença Raissa Cardoso e Silva – Turma 57 Medicina PUCCAMP Patológica: pericardites com derrame, pneumopericardites, enfisema, tumores de mediastino, edema de parede torácica e deformidades torácicas são situações que impedem a aproximação da parede cardíaca ao tórax, fazendo com que o ictus deixe de ser palpável. Sede Localização do ictus Extensão Tamanho do ictus Intensidade Forma Mobilidade Ritmo ICTUS CORDIS – NORMAL Localização do intercosto: a partir do ângulo de Louis, normalmente no quinto EIE (quinto espaço intercostal (EIC) esquerdo) Extensão: menor que duas polpas digitais. Pode ser medida em polpas digitais ou em centímetros Sem forma característica = normal Sem sensação de impulso característico Mobilidade: comparaçãoentre a localização do ictus em decúbito dorsal e de Pachon (decúbito lateralizado à esquerda) Em condições normais, o ictus cordis deve ser móvel. Se for imóvel, é um sinal de pericardite, na qual há fibrose e fixação do coração à parede torácica. Rítmico ICTUS CORDIS – VARIAÇÕES Tipo morfológico Longilíneo: mais para dentro da linha hemiclavicular, visto que o tórax é mais alongado Brevilíneo: mais para fora, mas sempre para dentro da linha hemiclavicular. Idade Criança: 4° intercosto Adultos: 5° intercosto Idosos: 6° intercosto - abaixamento do diafragma Raissa Cardoso e Silva – Turma 57 Medicina PUCCAMP Para afirmar que o ictus cordis é patológico, deve-se analisar as demais características além da localização Estado de nutrição Bem visível nos magros; ao contrário nos obesos Movimentos respiratórios Desce na inspiração (diafragma abaixa) e sobe na expiração (diafragma levanta). Posição corporal Decúbito lateral esquerdo: até 3 cm ou mais. Decúbito lateral direito: 2 a 3 cm. Estado psicológico Emoções: ictus mais visível e mais extenso, devido à taquicardia. ICTUS – ALTERAÇÕES A ausência de mobilidade em direção à axila, quando o paciente é posicionado em decúbito lateral esquerdo: pericardite constritiva Localização dificultada em doenças pulmonares, como o enfisema pulmonar (hiperexpansão do tórax e interposição de tecido pulmonar entre o coração e a parede torácica). Nas miocardiopatias dilatadas ou cardiopatia chagásica crônica, a localização precisa pode ser impossível. -Forma Globoso: aumento da extensão e da duração, deslocamento lateral. Significa dilatação. Sinto o ictus com extensão aumentada. Indica dilatação ventricular. Quando a ejeção ventricular é prolongada e o esvaziamento fica retardado → prolongamento do contato do mesmo com a parede torácica. No exame físico, isso se expressa pela percepção do ictus muito após o desaparecimento do pulso arterial carotídeo. Cupuliforme: intensidade aumentada; extensão e duração preservadas. Significa hipertrofia. Sinto o ictus mais intenso, mas sem extensão aumentada. Indica hipertrofia ventricular. -Impulsividade: normal, aumentada ou diminuída. Mas a intensidade da impulsão do ictus não guarda relação direta com a contratilidade miocárdica. Raissa Cardoso e Silva – Turma 57 Medicina PUCCAMP Pacientes com miocardiopatias de padrão dilatado podem apresentar impulsividade aumentada devido ao aumento da extensão do ictus, sem que isso traduza aumento da força contrátil do coração Distúrbios do ritmo, como fibrilação atrial (não possui ritmo de base) ou extrassistolia (possui ritmo de base) podem ser identificados. Isso pode influenciar outras características descritas. Ex: na fibrilação atrial (passagem de impulsos aleatórios do átrio para o ventrículo), onde ocorre o enchimento variável do ventrículo esquerdo, a intensidade e a duração do ictus podem apresentar variações, batimento a batimento. Ictus Cordis - Final A avaliação do ictus é de suma importância na semiotécnica cardiológica: única abordagem do exame físico que oferece informações sobre a presença de cardiomegalia. Ictus cordis deslocado para a esquerda, rebaixado, estendendo-se por trás ou mais espaços intercostais e com duração prolongada = cardiomegalia Ictus cordis deslocado ou não, sem duração prolongada e com aumento de impulsividade = hipertrofia Cardiomiopatia dilatada: acometimento de VD e VE; a musculatura fica fina; o coração está com tamanho aumentado Hipertrofia concêntrica: a musculatura cresce (hipertrofia) para dentro da câmara cardíaca Hipertrofia excêntrica: a musculatura cresce (hipertrofia) para fora da câmara cardíaca SINAIS SENSÍVEIS SOMENTE AO TATO Vibrações valvares Sensação seca, breve, de curta duração. Depende da tensão do fechamento das valvas. Raramente percebidos em indivíduos sem cardiopatia. A vibração de fechamento ou abertura de valvas é facilmente percebida em pacientes cardiopatas. Exemplo: HP (hipertensão pulmonar), cor pulmonale. Raissa Cardoso e Silva – Turma 57 Medicina PUCCAMP Pulsações Maior proximidade do coração, aorta, ou da artéria pulmonar em relação à parede torácica. Aumento do volume dessas estruturas. Frêmitos Correspondem aos sopros cardíacos e ao atrito pericárdico. Suas presenças dependem da intensidade ou amplitude da vibração, além da altura, que depende da frequência do movimento vibratório. A origem dos frêmitos é patológica. Defeitos maiores apresentam frêmito, enquanto defeitos menores geralmente não apresentam frêmito, ou seja, ele é dependente da intensidade do processo que o gerou. Assim: -Sopros intensos e graves apresentam frêmitos palpáveis. -Sopros pouco intensos e agudos dificilmente apresentam frêmitos. AUSCULTA CARDÍACA Demarcação de focos cardíacos Foco aórtico acessório (melhor local para ausculta da insuficiência aórtica): 3º EIC (espaço intercostal) na linha paraesternal esquerda Foco aórtico: 2º EIC direito com o manúbrio (linha paraesternal direita) Foco pulmonar: 2º EIC esquerdo com o manúbrio (linha paraesternal esquerda) Foco tricúspide: à esquerda do processo xifoide, com a linha paraesternal esquerda Foco mitral: 5º EIC esquerdo com a linha hemiclavicular esquerda A origem (foco) dos sopros corresponde com a valva cardíaca. A ausculta cardíaca deve seguir um sentido: no sentido horário, inicia-se pelo foco mitral e termina-se no foco aórtico acessório; ou no sentido anti-horário, inicia-se pelo foco aórtico e termina-se no foco tricúspide. Raissa Cardoso e Silva – Turma 57 Medicina PUCCAMP AUSCULTA CARDÍACA Auscultar todo o precórdio e regiões circunvizinhas (pescoço e área posterior do tórax), pois pode haver irradiação de sopros Objetivos: avaliação de bulhas cardíacas, ritmo e frequência, cliques ou estalidos, sopros, atritos. Estetoscópio Ambiente de ausculta: silêncio Posição do paciente e do examinador Paciente: decúbito dorsal com cabeça apoiada em pequeno travesseiro. Médico: lado direito do paciente, de pé ou sentado. Metodologia O examinador pode começar pelos focos do ápice cardíaco (mitral e tricúspide) Identificar o que é a primeira bulha (fechamento das valvas atrioventriculares) e o que é a segunda bulha (fechamento das semilunares). A melhor forma para tal é palpar a artéria carótida do paciente ao mesmo tempo que o ausculta. A bulha que coincide com o pulso da artéria (A. carótida) é a B1. B1 = fechamento das valvas atrioventriculares (mitral e tricúspide) = sístole ventricular = pulso carotídeo Metodologia O examinador deve-se perguntar: 1. O ritmo é regular? Bulhas rítmicas ou arrítmicas 2. Como estão as bulhas? Hiper (“mais altas”) ou hipofonéticas (“mais baixas”) ou normofonéticas? Desdobradas? Apresenta B3 ou B4? B1 e B2: tum tá Desdobramento de bulhas: trum tá ou tum tra B1, B2 e B3: tum ta ta B4, B1 e B2: tum tum ta 3. Como está a sístole? Tem sopro (se sim, em qual foco da ausculta e qual fase do ciclo cardíaco?)? Clique (sopro específico que geralmente aparece na sístole; é uma vibração a mais na valva)? Atrito (aparece na sístole e diástole)? 4. Como está a diástole? Tem sopro (se sim, em qual foco da ausculta e qual fase do ciclo cardíaco?)? Estalido? Atrito? Raissa Cardoso e Silva – Turma 57 Medicina PUCCAMP Ciclo cardíaco B1 = sístole e B2 = diástole Sopro de B1 no foco mitral: indica que a valva mitral não está adequadamente fechada (insuficiência mitral), havendo retorno de sangue do VE para o AE Sopro de B2 no foco mitral: indica que a valva mitral não está abrindo adequadamente (estenose mitral), havendo dificuldade na passagem do sangue BULHAS CARDÍACAS Primeira bulha (B1) Fechamento das valvas mitral (M1) e tricúspide (T1) – valvas atrioventriculares. Componente mitralantecede o tricúspide. Essa antecedência é pequena, pois o VE é musculoso. Coincide com o ictus cordis e o pulso carotídeo. Grave, duração pouco maior que a segunda bulha “TUM” Maior intensidade nos focos mitral e tricúspide. Segunda bulha (B2) Fechamento das valvas aórtica (A2) e pulmonar (P2) – valvas semilunares Som de curta duração, seco e único Componente aórtico precede o pulmonar. O componente aórtico de B2 é normalmente mais intenso que o componente pulmonar. Isso se explica porque as pressões que a valva aórtica suporta são muito maiores do que aquelas presentes no lado pulmonar. Mais intensa em focos da base – aórtico e pulmonar (maior proximidade da parede torácica de onde se originam esses sons). Depois do pequeno silencio, ressoar seco “TÁ” É a bulha que não coincide com o impulso do pulso carotídeo Raissa Cardoso e Silva – Turma 57 Medicina PUCCAMP Terceira bulha (B3) Ocorre concomitantemente com a fase de enchimento rápido ventricular do ciclo cardíaco Resultado da limitação do movimento de expansão longitudinal (limitação da expansão dentro do ventrículo) da parede ventricular durante essa fase do ciclo cardíaco. Sua intensidade pode ser fisiologicamente aumentada por manobras que promovam um incremento de velocidade de fluxo através das valvas atrioventriculares, como ocorre durante exercício físico ou por elevação dos membros inferiores. Ritmo de Galope “Tum ta ta” B3 pode ser normal e ocorrer em casos de reverberação (dilatação de câmara cardíaca, fazendo com que um ventrículo contraia atrasado em relação ao outro) É um marcador de disfunção sistólica ventricular. Melhor audível em decúbito lateral esquerdo (origem VE) Melhor audível na porção inferior da borda esternal direita ou região subxifoide (origem VD). A terceira bulha pode ser audível em crianças e adultos jovens (20 anos), normais. Indivíduos que não fazem parte desses grupos e possuem a terceira bulha, possuem alguma patologia cardíaca. Do ponto de vista auscultatório, não existe diferença entre um terceiro ruído de origem fisiológica e outro patológico, ficando tal caracterização dependente dos elementos de ordem clínica. Para classificar a terceira bulha como fisiológica ou patológica em adultos jovens sem disfunção cardíaca, deve-se analisar o ictus cordis e a história clínica. Quarta bulha (B4) Relação temporal evidente com a contração atrial, sendo tipicamente um som pré- sistolico (aparece antes da sístole). Se não há contração atrial efetiva, não há aparecimento de B4; ou seja, B4 não está relacionada com a valva e sim com a contração atrial e diferença de pressão no miocárdio (ventrículo oferece resistência ao átrio). Relacionado com vibrações da parede ventricular, secundárias à expansão volumétrica dessa cavidade produzida pela contração atrial. Normalmente, sua intensidade é insuficiente para que seja audível em indivíduos normais. B4 costuma ser mascarada pelas outras bulhas. Raissa Cardoso e Silva – Turma 57 Medicina PUCCAMP Detectada quando: ventrículos apresentam redução da complacência (distensão), tornando necessário um aumento da força de contração atrial para produzir o enchimento dessa cavidade. Ex: hipertensão arterial sistêmica ou pulmonar, em estenose aórtica ou pulmonar, na miocardiopatia hipertrófica e na doença isquêmica do coração (causa fibrose). “Tum tum ta” BULHAS CARDÍACAS PRIMEIRA BULHA (B1) Desdobramento Fisiológico de B1 Valva mitral fecha-se antes da valva tricúspide. Em algumas pessoas, o intervalo entre os fechamentos das valvas mitral e tricúspide é um pouco maior e os dois componentes de B1 conseguem ser auscultados, gerando um som tipicamente representado por um “trum”. Isso não reflete morbidade, é somente uma variante do normal. Esse desdobramento somente é auscultado no foco tricúspide. Desdobramento Patológico de B1 O principal mecanismo que gera o desdobramento de B1 é o atraso no fechamento de T1 (valva tricúspide), sendo a principal causa o bloqueio de ramo direito do feixe de Hiss. Existe um atraso normal do fechamento da valva tricúspide em relação à valva mitral. Entretanto, no bloqueio de ramo, esse atraso passa a ser maior do que deveria, resultando no desdobramento de B1. BRD (bloqueio de ramo direito): o estímulo demora mais para chegar ao ventrículo direito, que começará sua contração mais tardiamente, ocasionando o fechamento mais tardio da valva tricúspide. Outras causas são mecânicas, como a comunicação interatrial (pressão maior no lado direito do que esquerdo) e a Anomalia de Ebstein (cardiopatia da valva tricúspide). Se o desdobramento é fisiológico, às vezes ausculto e às vezes não. Se o desdobramento é patológico, ausculto sempre. Hiperfonese de B1 Quando a primeira bulha está mais “alta”, diz-se que esta hiperfonética As principais causas de hiperfonese de B1 se dividem em causas extra-cardíacas e causas cardíacas. Raissa Cardoso e Silva – Turma 57 Medicina PUCCAMP Causas extra-cardíacas: Atuam facilitando a transmissão do som gerado no coração até o tórax do paciente Ex.: Crianças e adultos muito magros. Causas cardíacas: 1. Síndromes hipercinéticas (taquicardia) Os sons gerados no coração são oriundos da aceleração e desaceleração do sangue e das estruturas cardíacas. Assim, situações em que esses componentes estão atuando com velocidade aumentada geram sons mais altos. 2. Sobrecarga de pressão Estenose aórtica e HAS de longa data → hipertrofia ventricular → contração mais forte → valva se fecha mais rápido → bulha hiperfonética. 3. Estenose mitral Limitação do fluxo do átrio para o ventrículo → acúmulo de sangue no AE → aumenta a pressão. Quando o ventrículo supera a pressão reinante no átrio, a valva ainda está muito aberta e fecha dessa posição mais aberta, gerando um som mais intenso, que é uma B1 hiperfonética. A valva anatomicamente alterada também é fator que gera hiperfonese de B1. Hipofonese de B1 Quando a primeira bulha se encontra com sua intensidade menor do que o normal, diz-se que ela está hipofonética. As principais causas de hipofonese de B1 se dividem em causas extra-cardíacas e causas cardíacas. Causas extra-cardíacas: Atuam dificultando a transmissão dos sons cardíacos para o tórax do paciente. Ex.: Aumento do diâmetro ântero-posterior do tórax, observado na DPOC, e o derrame pericárdico, onde o líquido no interior do saco pericárdico atua como uma barreira para a transmissão dos sons gerados no coração. Causas cardíacas: 1. Insuficiência cardíaca Função ventricular entra em falência → menor contratilidade = velocidade de fechamento das valvas é menor → B1 hipofonética. 2. Síndrome isquêmica: Por menor contratilidade miocárdica. Raissa Cardoso e Silva – Turma 57 Medicina PUCCAMP A má oxigenação do músculo (isquemia) resulta em piora na sua contração. 3. Estenose mitral grave: Quando a estenose mitral evolui para calcificação dos folhetos valvares → imobilidade dos mesmos → B1 hipofonética. Isso é sinal de gravidade na doença. SEGUNDA BULHA (B2) Desdobramento Fisiológico de B2 Em algumas pessoas sem doença cardíaca, o intervalo de fechamento das valvas aórtica e pulmonar pode estar um pouco aumentado. Esse fenômeno recebe o nome de Desdobramento Fisiológico, e é reconhecido tipicamente, na ausculta do foco pulmonar, como um “tra”. Aparece ou aumenta com a inspiração (aumento do retorno venoso e consequente aumento do afluxo de sangue do lado direito) e desaparece ou diminui com a expiração. Na inspiração, a pressão intratorácica diminui → aumento do retorno venoso → aumento do volume de sangue em VD → demora maior para ejetar todo o seu débito → atraso no fechamento da valva pulmonar → desdobramento à ausculta. Desdobramentos Patológicos de B2 Desdobramento presente tanto nainspiração (onde ele aumenta), como na expiração (onde ele diminui), e não desaparece nem com o paciente sentado ou em pé Causas: bloqueio de ramo direito do Feixe de Hiss (atraso na contração do VD, atrasando o fechamento da valva pulmonar), insuficiência mitral, que encurta a saída do VE, antecipando o fechamento da valva aórtica Outras causas são: estenose pulmonar, embolia pulmonar e insuficiência de VD, todas cursando com prolongamento do tempo de ejeção do VD, atrasando o fechamento da VP As causas envolvem patologias que alteram a pressão dentro das câmaras cardíacas, podendo levar aos desdobramentos (exacerbação do tempo de atraso que já existe). Hiperfonese de B2 Quando a segunda bulha cardíaca se encontra com intensidade aumentada, diz-se que B2 está hiperfonética. As causas são de origem cardíaca e extra-cardiaca. Causas extra-cardíacas: Atuam facilitando a transmissão do som. Ex.: Tórax de crianças e de indivíduos magros. Raissa Cardoso e Silva – Turma 57 Medicina PUCCAMP Causas cardíacas: 1. Hipertensão arterial pulmonar Aumenta a intensidade de P2 (valva pulmonar) por aumento da pressão no interior do vaso (artéria pulmonar) gerando uma maior velocidade no fechamento das valvas, levando à hiperfonese. 2. Hipertensão arterial sistêmica Aumenta a intensidade de A2 (valva aórtica). Podendo também contribuir o fato de que uma hipertensão de longa data pode gerar algum grau de dilatação da aorta, o que aproxima a artéria da parede torácica. 3. Aneurisma da aorta ascendente Independente da causa (endocardite, sífilis, HAS, Marfan), o mecanismo é a aproximação da aorta da parede torácica. 4. Estados hipercinéticos (aumento da frequência cardíaca) O débito se encontra muito aumentado → volume ejetado muito grande no vaso → maior pressão no seu interior. Quando a distensão do vaso regride, ele volta com uma velocidade muito alta e leva à um fechamento mais rápido da valva. Hipofonese de B2 Quando a segunda bulha cardíaca se encontra com sua intensidade diminuída, diz- se que B2 está hipofonética. As causas também se dividem em cardíacas e extracardíacas Causas extra-cardíacas: São exatamente iguais àquelas da hipofonese de B1. Atuam dificultando a transmissão dos sons cardíacos para o tórax do paciente. Ex.: Aumento do diâmetro ântero-posterior do tórax, observado na DPOC, e o derrame pericárdico, onde o líquido no interior do saco pericárdico atua como uma barreira para a transmissão dos sons gerados no coração. Causas cardíacas: 1. Falência miocárdica Na insuficiência cardíaca sistólica, o débito cardíaco encontra-se muito diminuído, de modo que menos sangue chega à aorta, ocupando menos espaço. Isso origina uma baixa pressão no interior desse vaso, o que faz com que a valva aórtica se feche mais lentamente. O ventrículo em falência também se relaxa mais lentamente, de modo que o sangue volta mais lentamente para fechar a valva aórtica, que se fecha mais lentamente. Raissa Cardoso e Silva – Turma 57 Medicina PUCCAMP 2. Síndrome isquêmica aguda Isquemia que leva à uma disfunção miocárdica. 3. Estenose aórtica ou pulmonar A própria calcificação da valva em função da doença pode levar à imobilidade da mesma. A limitação da passagem do fluxo gera um volume dentro do vaso menor, que contribui para uma menor pressão e fechamento mais lento da valva. 4. Insuficiência aórtica ou pulmonar B2 é oriunda do fechamento das valvas semilunares, logo, se elas não fecharem corretamente a B2 será hipofonética. MANOBRAS AUXILIARES Influenciam a pressão dentro do coração, por isso, podem exacerbar sopros ou desdobramentos de bulhas. Mudanças de posição ou respiração para melhorar a acurácia do exame. Inclinação para frente: melhor ausculta em sopros da base Deitado ou em Pachon (decúbito lateral esquerdo): melhor ausculta em sopros da ponta. As principais manobras são: 1. Inspiração profunda (Rivero–Carvalho) – aumenta a pressão nas câmaras direitas Quando o paciente inspira, a pressão intratorácica diminui, o que aumenta o retorno venoso e consequentemente aumenta o volume no lado direito do coração, por isso, essa manobra amplifica os fenômenos oriundos destas câmaras cardíacas (câmaras direitas), por exemplo na insuficiência tricúspide Pedir ao paciente que inspire profundamente, de preferência com as narinas fechadas. 2. Valsalva – aumenta a pressão nas câmaras esquerdas O paciente fará uma expiração com a glote fechada ou contra algum obstáculo que impeça a saída de ar dos pulmões, como a mão do próprio paciente. A pressão intratorácica aumenta e diminui o retorno venoso, o que diminui o volume em todas as cavidades do coração. Essa manobra diminui a intensidade de todos os sopros do coração, mas aumenta o sopro da cardiomiopatia hipertrófica, antecipa o click e prolonga o sopro do prolapso mitral. Raissa Cardoso e Silva – Turma 57 Medicina PUCCAMP AULA 11 PROPEDÊUTICA FÍSICA DO APARELHO CARDIOVASCULAR II AUSCULTA CARDÍACA Demarcação de focos: Foco aórtico acessório (melhor local para ausculta da insuficiência aórtica): 3º EIC (espaço intercostal) na linha paraesternal esquerda Foco aórtico: 2º EIC direito com o manúbrio (linha paraesternal direita) Foco pulmonar: 2º EIC esquerdo com o manúbrio (linha paraesternal esquerda) Foco tricúspide: à esquerda do processo xifoide, com a linha paraesternal esquerda Foco mitral: 5º EIC esquerdo com a linha hemiclavicular esquerda Os focos correspondem aos locais onde se ausculta melhor as características das valvas cardíacas, não correspondendo necessariamente à região anatômica. Deve-se seguir a sequência da ausculta cardíaca (foco mitral → foco tricúspide → foco aórtico → foco pulmonar → foco aórtico acessório) e verificar hiper ou hipofonese e desdobramento das bulhas. SOPROS CARDÍACOS Correspondem a um conjunto de vibrações de duração bem mais prolongada, que surgem quando o sangue modifica o seu padrão laminar de fluxo, tornando-se turbulento. Obs.: Válvula = cúspide; conjunto de válvulas = valva A turbulência pode ocorrer como resultado de um aumento desproporcional da velocidade do fluxo sanguíneo relativamente às dimensões das estruturas através das quais ele se movimenta. Aumento da velocidade do fluxo sanguíneo + turbulência = propicia o aparecimento de sopros cardíacos Os sopros cardíacos podem estar em defeitos valvares ou não, ex.: CIA, que permite turbulência por causa da diferença de pressão entre AD e AE, causando um shunt e, por isso, um sopro SOPROS CARDÍACOS Ocorrem em: 1) Estenoses (dificuldade na abertura da valva) e insuficiências valvares (dificuldade no fechamento da valva) Raissa Cardoso e Silva – Turma 57 Medicina PUCCAMP Rugosidades e fibroses nas cúspides interferem no fluxo normal do sangue Obs.: Febre reumática: deixa sequelas nas valvas 2) Obstruções arteriais 3) Coarctação da aorta (presente na Síndrome de Turner) 4) Pequenas comunicações interventriculares 5) Estados de hiperfluxo transvalvar, como na comunicação interatrial 6) Estados circulatórios hiperdinâmicos, como nas anemias intensas e hipertireoidismo (sopros mitrais mais frequentes) A anemia deixa o sangue menos denso, fazendo com que na sístole a sua velocidade esteja aumentada e forme turbilhonamento, originando um sopro. 7) Dilatações vasculares, como acontece em dilatações da aorta e da artéria pulmonar. Situação do sangue ao passar por uma valva cardíaca: Fluxo normal: é laminar Estenose valvar (não abre adequadamente): fluxo diminuído Insuficiência valvar (não fecha adequadamente): fluxo aumentado e regurgitação do sangue (retorno) CARACTERÍSTICAS DOS SOPROS CARDÍACOS 1) Fase do ciclo em que ocorrem (sístole ou diástole) 2) Duração 3) Intensidade 4) Frequência (tonalidade) 5) Timbre 6) Configuração7) Localização 8) Irradiação 9) Relação com a respiração (manobras) 1) Fase do ciclo cardíaco Sistólicos, quando ocorrem entre o primeiro e o segundo ruídos (entre B1 e B2) Diastólicos: ao incidir entre a segunda e a primeira bulha (entre B2 e B1) Raissa Cardoso e Silva – Turma 57 Medicina PUCCAMP Contínuos: ao ocorrerem nas duas fases do ciclo, incorporando, sem interrupção, o segundo ruído (entre B1 e B2 e entre B2 e B1) 2) Duração Proto, meso, tele ou holossistólico/holodiastólico, no caso de a vibração ocorrer predominantemente no início, meio, final ou ao longo de toda a sístole ou toda a diástole, respectivamente. 3) Intensidade Dependente do(a): -Distância entre o local de origem da turbulência e a região de ausculta -Velocidade do sangue -Fluxo sanguíneo através do local de produção do sopro -Condições de transmissão desse som até a superfície do tórax Intensidade não indica necessariamente gravidade. Tendem a: -Aumentar em indivíduos de tórax pouco espesso e em crianças. -Apresentar menor intensidade em pacientes obesos, com doença pulmonar obstrutiva crônica ou derrame pericárdico e em tórax em barril Classificações quanto à intensidade: + a 4+ ou de + a 6+ (nos sopros mais intensos, há concomitância de frêmitos). ++++ não precisa de estetoscópio para auscultar e há presença de frêmito 4) Frequência (tonalidade) Relação direta com a velocidade do sangue no local onde o ruído é gerado Sopros graves ou agudos Sopro grave (estenose) ou agudo (insuficiência), geralmente A velocidade do fluxo sanguíneo é importante para a tonalidade do sopro. Raissa Cardoso e Silva – Turma 57 Medicina PUCCAMP 5) Timbre (qualidade) Depende do espectro de frequências (harmônicas) que o compõem. Rude, áspero, suave, musical, pio de gaivota, em ruflar. Cada um deles tem aplicação específica para determinados tipos de sopros. Timbre é diferente de tom Timbre metálico: característico de pacientes com valva metálica, por cirurgia de troca valvar 6) Configuração Maneira pela qual a intensidade do som se distribui ao longo do tempo. Assim, eles podem ser: a) Em crescendo: quando sua intensidade aumenta progressivamente b) Em decrescendo (aspirativo): o contrário, ou seja, quando sua intensidade diminui progressivamente c) Em crescendo-decrescendo (diamante): a intensidade aumenta no início, atinge um pico e depois se reduz progressivamente d) Plateau (em barra): mantém uma intensidade constante ao longo de toda a ocorrência. Nem todos os sopros podem ser enquadrados em tais configurações, uma vez que apresentam intensidade variável no tempo. Sopros Sistólicos (entre B1 e B2) Ejeção ou Crescendo-decrescendo ou Diamante: aumenta a intensidade e depois diminui Ex.: Estenose aórtica e estenose pulmonar Raissa Cardoso e Silva – Turma 57 Medicina PUCCAMP Regurgitação ou Platô/Plateau ou Em barra: a intensidade do som é sempre a mesma, não aumenta e nem diminui Ex.: Insuficiência mitral e insuficiência tricúspide Sopros Diastólicos (entre B2 e B1) Enchimento ou Decrescendo-crescendo ou Ruflar: diminui a intensidade e depois aumenta Ex.: Estenose mitral e estenose tricúspide Refluxo ou Decrescendo ou Aspirativo: a intensidade vai diminuindo Ex.: Insuficiência aórtica e insuficiência pulmonar Crescendo: a intensidade vai aumentando (o fluxo sanguíneo aumenta gradativamente) Ex.: Insuficiência mitral, insuficiência tricúspide e outras patologias 7) Localização e 8) Irradiação Identificar o local em que se manifestam com maior intensidade. A ausculta não deve ser executada apenas nos focos auscultatórios clássicos. Incluir o mesocárdio, as bordas esternais esquerda e direita, a região subxifóide. Áreas de irradiação frequente de sopros: região axilar, região subclavicular, fúrcula, base do pescoço e parede posterior do tórax - tal abordagem deve ser realizada. Portanto, deve-se realizar a ausculta nos focos cardíacos e, na presença de sopros, analisar as regiões de irradiação. A irradiação corresponde ao local de intensidade mais baixa do sopro e pode fornecer outras informações a respeito dele, ex.: sopro de estenose aórtica tem irradiação para o pescoço, enquanto sopro de insuficiência aórtica não Pode ser que o paciente tenha mais de um sopro. 9) Relação com a respiração A intensidade dos sopros originados nas câmaras cardíacas direitas sofre influência da respiração. Sinal de Rivero-Carvallo: é melhor explorado com o estetoscópio colocado no foco tricúspide, pedindo-se ao paciente que realize incursões inspiratórias lentas e prolongadas, de modo similar ao do método utilizado, previamente, para explorar o desdobramento fisiológico da segunda bulha. A inspiração aumenta o retorno venoso, causando aumento do fluxo sanguíneo para as câmaras direitas. Raissa Cardoso e Silva – Turma 57 Medicina PUCCAMP Ao realizar a manobra de Rivero-Carvallo, o sopro da insuficiência mitral permanece igual ou diminui, enquanto o sopro da insuficiência tricúspide aumenta. A manobra de Rivero-Caravallo e a manobra de Valsalva aumentam o fluxo sanguíneo nas câmaras direita e esquerda, respectivamente. ATRITO PERICÁRDICO São ruídos de duração relativamente prolongada, que podem ocorrer tanto na sístole como na diástole, concomitantemente ou de modo isolado, sendo descritos como sons rudes ou ásperos à ausculta, e estão relacionados ao contato das camadas visceral e parietal do pericárdio, envolvidas por um processo inflamatório. “Pão com manteiga”: sinal de pericardite característico de febre reumática aguda DIAGNÓSTICOS ANATÔMICOS E FUNCIONAIS DE DEFEITOS OROVALVARES Estenose ou insuficiência. Valvas mais lesadas: mitral e aórtica. O lado esquerdo do coração é mais acometido devido à elevada pressão e à diferença na composição das valvas do lado direito e esquerdo. Manifestações clínicas: dependem das repercussões hemodinâmicas ao nível cardíaco ou suas consequências em outros órgãos. Congênitos ou adquiridos (febre reumática, estenose calcífica, lues/sífilis). Febre reumática: infecção por bactéria (estreptocócica) → resposta do organismo → ataque às valvas cardíacas e às bactérias, pelos anticorpos; anamnese – antecedentes pessoais: infecções recorrentes de garganta na infância ou na adolescência Estenose calcifica: principalmente em valva aórtica, é comum em idosos Ortite sifilítica: principalmente insuficiência aórtica Aneurisma da aorta: insuficiência aórtica, visto que a valva não se fecha adequadamente Estenose: dificuldade na passagem do sangue do átrio para ventrículo Regurgitação: insuficiência mitral – durante a sístole, o sangue vai para a aorta, mas volta para o AE, visto que a valva não se fecha adequadamente Raissa Cardoso e Silva – Turma 57 Medicina PUCCAMP CARACTERIZAÇÃO GERAL DOS SOPROS NAS VALVOPATIAS Sopro sistólico em focos da base (focos aórtico e pulmonar) Alta frequência Configuração em diamante (crescendo-decrescendo) Rude Ejeção pelas valvas semilunares com obstrução, portanto, EAo (estenose aórtica) e EP (estenose pulmonar) Obs: Quanto mais tardio o pico do sopro (indica que o fluxo demorou mais tempo para passar), maior a gravidade da valvopatia. Paciente com EAo importante e calcificação da aorta pode apresentar irradiação do sopro para o FM (foco mitral) com timbre piante (fenômeno de Gallavardin). Sopro diastólico em focos da base Alta frequência Configuração em decrescendo Aspirativo Resultado da regurgitação pelas valvas semilunares incompetentes, isto é, IAo (insuficiência aórtica) e IP (insuficiência pulmonar) Obs.: Quanto mais o sopro ocupar a diástole, maior a gravidade. Em casos de IAo importante, podem ocorrer sopro mesossistólico Ao (aórtico) por hiperfluxo e sopro mesodiastólico mitral por fluxo direcionado para VM (valva mitral) deixando-asemifechada durante a diástole ventricular (sopro de Austin-Flint). Raissa Cardoso e Silva – Turma 57 Medicina PUCCAMP Excesso de refluxo sanguíneo, em casos em que não há alteração morfológica, há influência na abertura da valva, resultando em um sopro por excesso de pressão causada naquele ventrículo. Sopro sistólico em focos do ápice (focos mitral e tricúspide) Alta frequência Configuração em platô (barra) Regurgitação pelas valvas atrioventriculares incompetentes, isto é, IM (insuficiência mitral) e IT (insuficiência tricúspide). Disfunção = estenose + insuficiência Obs: Sopros rudes e com duração mesotelessistólica representam regurgitação consequente a PVM (prolapso da valva mitral) e, com manobra de Valsalva, tornam-se holossistólicos. O sopro duraria apenas no final da sístole, porém, com a manobra de Valsalva ocorre durante toda a sístole → diagnóstico diferencial. Sopros piantes podem ocorrer por ruptura de cordoalha ou de prótese mitral. Sopro diastólico em focos do ápice Baixa frequência Configuração em decrescendo-crescendo (ruflar) se ritmo sinusal, ou apenas decrescendo se FA (fibrilação atrial) Resultado de obstrução pelas valvas atrioventricular, características de EM (estenose mitral) e ET (estenose tricúspide). Obs: O sopro da estenose mitral frequentemente tem pouca intensidade e é precedido de estalido de abertura da valva (sinal patognomônico de sequela reumatismal). Quanto mais precoce o estalido e o início do sopro, mais importante a estenose. ESTENOSE MITRAL (EM) Caracteriza-se pela resistência ao fluxo sanguíneo transmitral em razão do espessamento e da imobilidade dos folhetos valvares, decorrendo fundamentalmente de sequela reumática (febre reumática). Dentre outras possíveis causas, destacam-se a congênita, as doenças infiltrativas (mucopolissacaridoses), lúpus eritematoso sistêmico, artrite reumatoide e estados serotoninérgicos (síndrome carcinoide). Raissa Cardoso e Silva – Turma 57 Medicina PUCCAMP Os principais achados anatomopatológicos da EM (estenose mitral) consistem no espessamento dos folhetos valvares, áreas de calcificação, fusão comissural e encurtamento de cordoalhas. Os principais marcadores de mau prognóstico são o desenvolvimento de sintomas, presença de FA (fibrilação atrial) e a evolução para HP (hipertensão pulmonar). Uma vez atingidos níveis muitos elevados de pressão sistólica de artéria pulmonar (PSAP - acima de 80mmHg), a sobrevida média reduz-se para 2,4 anos. O sangue não passa do AE para o VE; assim, fica parado no AE, acumulando retrogradamente nas veias pulmonares e capilares, levando à hipertensão pulmonar. Estima-se a área mitral acometida pela estenose. Os exames de imagem auxiliam na avaliação da área acometida. Estenose mitral - Sinais e Sintomas Estenose leve: paciente assintomático, estalido de abertura. Estenose moderada: dispneia, palpitações aos esforços, que traduzem a congestão na circulação pulmonar; FM1 (B1 no foco mitral) hiperfonética, estalido de abertura, sopro diastólico em ruflar (decrescendo-crescendo), FP2 (B2 no foco pulmonar) hiperfonética. Estenose mitral grave: dispneia aos mínimos esforços, ortopneia, DPN (dispneia paroxística noturna), tosse seca, hemoptise (por causa da congestão pulmonar), estalido de abertura mais precoce e sopro mais duradouro (quanto mais duradouro for o sopro, mais grave é a estenose). Cianose, abaulamento paraesternal esquerdo (grave), ictus impalpável ou normal (VE é o último a ser afetado, por isso, o ictus pode estra normal) Raissa Cardoso e Silva – Turma 57 Medicina PUCCAMP INSUFICIÊNCIA MITRAL (IM) Regurgitação sanguínea para o átrio esquerdo durante a sístole ventricular. Prolapso: é um movimento anômalo de uma cúspide (prolapsa para o interior do átrio), podendo causar insuficiência e permitindo o retorno de sangue (VE→AE na sístole) Em grandes dilatações cardíacas, como na Doença de Chagas, o VE fica alargado e junto dele o anel mitral se alarga, mas não cresce. Assim, o anel perde a adesão de suas válvulas, resultando em insuficiência mitral. Pode ser classificada em: Primária: resultante de deformidade da estrutural valvar. Secundária: quando relacionada a outra doença cardíaca. Dentre as causas primárias, destacam-se o prolapso valvar mitral, endocardite infecciosa, febre reumática (FR), traumas e deformidades congênitas. As etiologias secundárias estão relacionadas à isquemia miocárdica, cardiomiopatia hipertrófica e disfunção ventricular esquerda do tipo sistólica. Insuficiência mitral - Sinais e Sintomas Ictus cordis não deslocado, mas com intensidade maior. Com a piora - globoso. Em casos de insuficiência mitral decorrente de miocardiopatia (Chagas e infarto), o ictus se altera rapidamente. SS (sopro sistólico) de regurgitação em FM (foco mitral), com irradiação para a axila, com ou sem frêmito (indica fluxo sanguíneo intenso na região). 4ª bulha (também pode ocorrer na estenose mitral; corresponde ao átrio tentando vencer a resistência do fluxo sanguíneo no ventrículo) Dispneia tardia. FA (fibrilação atrial; quando há grande dilatação dos átrios) ESTENOSE AÓRTICA (EAo) É a obstrução da via de saída do VE pela calcificação das estruturas valvares, associada ou não à fusão das válvulas da valva aórtica. Suas principais causas são EAo (estenose aórtica) congênita, calcificação de uma valva aórtica bicúspide, calcificação de uma valva aórtica tricúspide - EAo degenerativa -, e FR (febre reumática). Esta última está invariavelmente associada à valvopatia mitral. Febre reumática: acometimento da valva mitral e aórtica Estenose aórtica - Sinais e Sintomas Dependentes do momento clínico em que o paciente é examinado Raissa Cardoso e Silva – Turma 57 Medicina PUCCAMP Manifestações clínicas dependem da HVE (hipertrofia do ventrículo esquerdo) Aumento da demanda de O2 por causa desta hipertrofia → degeneração das miofibrilas → falência funcional de VE. Angina (dor pré-cordial por isquemia (aumento da demanda de oxigênio), e não por problema nas coronárias) Síncope aos esforços Pulso arterial de pequena amplitude ou anacrótico = filiforme Ictus cordis intenso, pouco deslocado para baixo e para a esquerda Frêmito sistólico (estenose muito intensa) SS (sopro sistólico) de ejeção, rude, com irradiação para cima em direção à face lateral do pescoço (principalmente no lado direito) INSUFICIÊNCIA AÓRTICA (IAo) Causas mais frequentes: Dilatação idiopática da aorta Anormalidades congênitas (valva bicúspide) Calcificação da valva Doença reumática Endocardite infecciosa Hipertensão arterial sistêmica Degeneração mixomatosa Dissecção da aorta ascendente Síndrome de Marfan Insuficiência aórtica - Sinais e Sintomas Dispneia: ICE (insuficiência cardíaca esquerda) Angina: roubo do fluxo coronário. As coronárias se enchem de sangue quando a aorta se enche. Em vez do fluxo sanguíneo seguir adiante para a aorta e coronárias, ele retorna para o VE (“roubo”) Ictus deslocado para baixo e para a esquerda, musculoso e amplo: dilatação e hipertrofia. Sopro diastólico, em decrescendo (aspirativo), audível no foco aórtico ou aórtico acessório, com irradiação para a ponta. Raissa Cardoso e Silva – Turma 57 Medicina PUCCAMP Sinais periféricos: decorrentes da grande pressão diferencial, tanto por aumento da pressão sistólica (por aumento do volume ejetado), como por diminuição da pressão diastólica (pela lesão da valva). Pressão diferencial: é a diferença entre a pressão sistólica, que é alta, e a pressão diastólica, que é baixa. Insuficiência aórtica - Sinais e Sintomas Pulso amplo e célere = pulso em martelo d’água (Corrigan). Dança das carótidas. Sinal de Musset (oscilações da cabeça acompanhando os batimentos cardíacos) Sinal de Minervini (pulsação em base da língua – pulsaçãoda artéria sublingual como um sinal periférica de insuficiência aórtica) Sinal de Duroziez (duplo sopro auscultado à compressão de artéria femoral) Pistol shot (tiro de pistola): ausculta da artéria femoral. ESTENOSE TRICÚSPIDE (ET) É uma valvopatia rara, tendo como principal etiologia a doença reumática. Na maioria dos casos, a apresentação ocorre na forma de dupla lesão, com graus variados de insuficiência Associação frequente com valvopatia mitral. Geralmente, a ET (estenose tricúspide) é considerada importante quando a área valvar é menor que 1cm² e o gradiente pressórico médio é maior que 5mmHg Utilizar a manobra de Rivero-Carvallo. INSUFICIÊNCIA TRICÚSPIDE (IT) Classicamente, as etiologias da insuficiencia tricúspide são agrupadas em primárias ou secundárias (funcionais). Primárias: doença reumática, endocardite infecciosa, degeneração mixomatosa e doenças congênitas (anomalia de Ebstein). A maioria dos casos de IT (insuficiência tricúspide) são funcionais ou secundários e ocorrem pela dilatação progressiva do anel valvar tricuspídeo, gerando diferentes graus de insuficiência. Entre os principais responsáveis pela insuficiência tricúspide estão a sobrecarga ventricular direita decorrente de HP (hipertensão pulmonar), a insuficiência cardíaca esquerda (especialmente quando relacionada à valvopatia mitral) e isquemia de câmaras direitas. Raissa Cardoso e Silva – Turma 57 Medicina PUCCAMP Relação com pacientes pneumopatas e cor pulmonale Insuficiência Tricúspide - Sinais e Sintomas Sinais e sintomas periféricos: fenômenos congestivos por falha no coração direito (falha no VD, represamento de sangue no AD, então o sangue vai para a circulação geral) Orgânica ou funcional (dilatação de câmara por HP). Hipertrofia de VD. Edema, hepatoesplenomegalia, ascite, estase jugular. Sopro holossistólico de alta frequência que aumenta com a manobra de Rivero- Carvallo. Casos graves: pulso hepático. A palpação da borda do fígado, permite sentir a pulsação (decorrente de alta pressão nas veias) em casos graves de insuficiência tricúspide. ESTENOSE PULMONAR (EP) Rara: 10% dos casos de cardiopatia congênita Leve: gradiente de pressão entre VD e AP: 25 a 50 mmHg. Moderada: 50 a 100 mmHg. Grave: maior que 100mmHg. Desdobramento de B2: sopro com frêmito de acordo com o grau de estenose INSUFICIÊNCIA PULMONAR (IP) A principal etiologia de IP (insuficiência pulmonar) em adultos é a HP (hipertensão pulmonar), que pode ser primária ou secundária. A IP também pode resultar de dilatação do anel valvar, como na síndrome de Marfan (afeta o tecido elástico) e na dilatação idiopática do tronco pulmonar. Outras causas descritas são endocardite infecciosa, sequela reumática, síndrome carcinoide, pós-operatório de tetralogia de Fallot e após Valvuloplastia pulmonar por cateter-balão (VPCB) Raissa Cardoso e Silva – Turma 57 Medicina PUCCAMP PROLAPSO MITRAL (PVM) Protrusão de uma ou ambas as cúspides valvares para dentro do AE durante a sístole ventricular. Causa mais comum de perda de função mitral em jovens, principalmente em mulheres - arritmias. Clique mesossistólico FM (foco mitral), acompanhado ou não por sopro. FR (febre reumática), degeneração mixomatosa e causas desconhecidas. CARDIOPATIAS CONGÊNITAS ACIANÓTICAS CIA (comunicação interatrial)* CIV (comunicação interventrcular)* PCA (persistência do canal arterial)* Estenose Pulmonar (EP) Estenose Aórtica (EAo) CIANÓTICAS Ocorre mistura de fluxo sanguíneo Tetralogia de Fallot* Anomalia de Ebstein Síndrome de Eisenmenger *são as mais comuns ACIANÓTICAS Comunicação interatrial (CIA) Há comunicação entre átrio esquerdo e átrio direito e turbilhonamento de sangue. Não é tão intenso como no ventrículo, visto que a diferença de pressão entre os átrios é menor do que a existente entre os ventrículos. Segundo defeito cardíaco mais frequente. Diferentes formas – mais comum tipo ostium secundum (orifício na fossa oval) Hiperfluxo pulmonar por desvio de sangue do AE para AD. Sintomas na vida adulta, exceto quando a CIA é muito ampla (dispneia de esforço e bronquites de repetição). As alterações pulmonares de repetição (pneumonia e bronquite) são causadas pelo hiperfluxo do lado pulmonar. Raissa Cardoso e Silva – Turma 57 Medicina PUCCAMP Desdobramento fixo de FP2 (B2 no foco pulmonar), SS (sopro sistólico) de ejeção, pequena intensidade, localizado na área pulmonar. Ausência de frêmito (porque a diferença de pressão interatrial não é muito grande). Comunicação interventricular (CIV) Cardiopatia congênita mais frequente. Na maioria das vezes, a CIV se estabelece na porção membranosa. O septo interventricular possui uma parte membranosa e uma parte muscular. 1/3 se fecha espontaneamente Passagem de sangue do VE para VD (câmara com maior pressão para câmara com menor pressão) na sístole ventricular → hiperfluxo pulmonar. Manifestações clínicas: dependem da magnitude do orifício. Pequeno: sem repercussão hemodinâmica. Mediano: dispneia ao mamar, demora no ganho de peso, propensa a infecções respiratórias. Grande: desenvolvimento precoce de insuficiência cardíaca Impulsão de VD e VE. Frêmito mesocárdico (porque a diferença de pressão entre os ventrículos é muito grande). Hiperfonese P2 (B2 - valva pulmonar), sopro holossistólico em regurgitação, mais intenso em 4º e 5º EIC, irradiação para hemitórax direito. Os sintomas aparecem se a comunicação é importante (mediana em diante) e se o defeito não for corrigido. Persistência do canal arterial (PCA) Conduto que conecta a artéria pulmonar à aorta durante a vida fetal. Se persistente na vida adulta, cardiopatia congênita. Ao nascimento, esse canal é fechado, impedindo a mistura de sangue arterial e venoso. Mais frequente no sexo feminino, mães que tiveram rubéola durante a gravidez. 1º e 2º EIC (sopro em maquinaria), diminui à inspiração. Sopro em maquinaria: sopro característica da PCA, por alteração de pressão entre a aorta e a artéria pulmonar Sinais periféricos: semelhantes aos observados na insuficiência aórtica Raissa Cardoso e Silva – Turma 57 Medicina PUCCAMP Coarctação da aorta (CoA) A alteração obstrutiva localiza-se na união do arco com a aorta descendente (região ístmica – entre a artéria subclávia esquerda e o ductus arteriosus ou seu remanescente), podendo envolver em maior ou menor extensão o próprio arco aórtico. Lesão isolada ou associada a outras anomalias, tais como a valva aórtica bivalvular, persistência do canal arterial, comunicação interventricular, estenose aórtica valvar ou subvalvar, sendo ainda a malformação cardiovascular mais frequente na síndrome de Turner Ausência ou diminuição da amplitude dos pulsos arteriais nos membros inferiores associado a presença de pulsos amplos e hipertensão arterial nos membros superiores – sinais periféricos Hiperfonese da 2ª bulha nas áreas aórtica e mitral (tradução de regime de hipertensão no território sistêmico). Estalido proto-sistólico aórtico, principalmente na área mitral (dilatação da aorta ascendente). Sopro ocupando a meso-telessístole e avançando até a proto-mesodiástole na região do dorso esquerdo (turbulência no local da CoA). Sopro característico e audível na região dorsal CIANÓTICAS Tetralogia de Fallot Cardiopatia cianótica mais frequente. Ocorre em crianças e não chega à fase adulta (incompatível com a vida). CIV (comunicação interventricular) + estenose pulmonar infundibular + dextroposição da aorta + HVD (hipertrofia do ventrículo direito) = 4 defeitos congênitos (tetralogia) que aparecem nos pacientes Gravidade depende da estenose pulmonar (cianose permanente ou apenas após esforço). Crianças - alívio dos sintomas - posição de cócoras (aumento da resistência arterial periférica que se transmite à raiz daaorta e VE → diminuição do shunt D→E → aumento do fluxo pulmonar). Na posição de cócoras, há redução do retorno venoso, havendo melhora da dispneia. Abaulamento precordial por HVD (hipertrofia do ventrículo direito). Raissa Cardoso e Silva – Turma 57 Medicina PUCCAMP 2ª bulha cardíaca única formada exclusivamente pelo fechamento da aórtica que está anteriorizada pela sua dextroposição, de alta intensidade, metálica, mais audível no FT (foco tricúspide) SS (sopro sistólico) de ejeção na área pulmonar. AULA 12 PROPEDÊUTICA FÍSICA DO APARELHO CARDIOVASCULAR III SÍNDROMES CARDIOVASCULARES SÍNDROME DE INSUFICIÊNCIA CARDÍACA Distúrbio do desempenho cardíaco e da ativação progressiva do sistema neuroendócrino que acarreta insuficiência circulatória e congestão. A insuficiência cardíaca pode ou não apresentar um quadro clínico. A falha do lado esquerdo do coração é diferente do lado direito. O mecanismo responsável pelos sintomas e sinais clínicos pode ser decorrente da disfunção sistólica (não consegue manter a força de contração), diastólica (não consegue relaxar adequadamente para encher as câmaras de sangue) ou de ambas, acometendo um ou ambos ventrículos. Nos adultos, em aproximadamente, 60% dos casos está associada à disfunção ventricular esquerda sistólica e nos restantes 40% à disfunção diastólica, devendo ser realçado que esta última vem sendo mais observada com o aumento da expectativa de vida da população. Termos referentes à Insuficiência Cardíaca IC sistólica: distúrbio da contratilidade do VE medida através da fração de ejeção. O coração fica aumentado e dilatado, mas com a musculatura fina e enfraquecida IC diastólica: distúrbio no relaxamento de VE. O coração fica aumentado e hipertrofiado, com a musculatura espessa. ICC: sinais e sintomas de congestão sistêmica e pulmonar. ICC (insuficiência cardíaca congestiva) pressupõe insuficiência do lado direito e lado esquerdo do coração, da pequena e grande circulação. IC direita: fenômenos congestivos periféricos; aumento das pressões venosas e de um débito cardíaco inadequado, independente da insuficiência de VE. Fenômenos observados na grande circulação (circulação sistêmica). Raissa Cardoso e Silva – Turma 57 Medicina PUCCAMP IC esquerda: fenômenos congestivos pulmonares. Fenômenos observados na propedêutica pulmonar, visto que a congestão ocorre na pequena circulação (circulação pulmonar), ou seja, a nível de microcirculação. Cardiomiopatia: alteração cardíaca anatômica, mas não se sabe a causa Miocardiopatia: alteração cardíaca anatômica e sabe-se a causa IC – Avaliação Inicial: Objetivos Confirmar o diagnóstico. Identificar a etiologia e possíveis fatores precipitantes (fatores predisponentes que levam à patologia, a qual causa IC). Definir modelo fisiopatológico (disfunção sistólica versus função sistólica preservada). Isso interfere no tratamento e no estabelecimento do prognóstico. Definir modelo hemodinâmico. Estimar prognóstico e identificar pacientes que possam se beneficiar de intervenções terapêuticas específicas (como dispositivos e procedimentos cirúrgicos). Definir à anamnese Analisar a presença de dispneia e demais alterações pulmonares. I. Paciente cardiopata, mas sem sinais e sintomas de disfunção cardíaca II. Paciente cardiopata com dispneia. III. Paciente cardiopata com dispneia em esforço mínimo. IV. Paciente cardiopata com dispneia ao repouso e incapaz de realizar atividades. Definição de Etiologia Doença isquêmica: especialmente na presença de fatores de risco, angina ou disfunção segmentar. Hipertensão arterial: frequentemente associada a hipertrofia ventricular e a fração de ejeção preservada. O coração faz mais força para bombear o sangue por causa da alta resistência vascular periférica. Raissa Cardoso e Silva – Turma 57 Medicina PUCCAMP Insuficiência diastólica, com hipertrofia do coração → evolução para insuficiência sistólica, com dilatação do coração, em casos avançados Doença de Chagas: especialmente na presença de dados epidemiológicos sugestivos, como focos endêmicos (Minas Gerais e Nordeste) e antecedentes pessoais (de onde vem e onde mora) Cardiomiopatias: hipertrófica (parede ventricular espessa), dilatada (parede ventricular fina), restritiva (fibrose entre as fibras miocárdicas, insuficiência sistólica (atrapalha a contração) e diastólica (dificuldade em relaxar) e displasia arritmogênica do ventrículo direito (congênita) As alterações na musculatura cardíaca podem ser decorrentes de fator desconhecido. Drogas: bloqueadores de canal de cálcio (utilizados em casos de hipertensão arterial; os bloqueadores de canal de cálcio reduzem a força de contração cardíacas, assim, em pacientes com miocárdio alterado podem contribuir para insuficiência sistólica) e agentes citotóxicos (quimioterápicos lesionam a musculatura cardíaca) Toxinas: álcool, cocaína, microelementos (mercúrio, cobalto e arsênio) – antecedentes pessoais Doenças endócrinas: diabetes (há alteração da microcirculação, aumentando a propensão a ter aterosclerose, portanto, doenças isquêmicas), hipo/hipertireoidismo (hipo ou hiperestimulação das células do miocárdio), Cushing (sobrecarga cardíaca junto de hipertensão arterial, causando alterações no coração), insuficiência adrenal, feocromocitoma (tumor nas adrenais que secreta catecolaminas, resultando na elevação da pressão arterial), hipersecreção do hormônio do crescimento. Nutricional: deficiência de selênio, tiamina, carnitina, obesidade (alta resistência periférica) e caquexia (desnutrição levando à deficiência de alguns nutrientes e, então, à insuficiência cardíaca). Infiltrativa: sarcoidose, amioloidose, hemocromatose que são proteínas anômalas, produzidas em doenças crônicas ou razões desconhecidas, e se infiltram nas fibras miocárdicas, causando alteração da contratilidade Doença extra-cardíaca: fístula artério-venosa, beribéri, anemia (sangue insuficiente ou hemoglobina insuficiente – fenômenos isquêmicos) Outras: periparto (miocardiopatia), miocardiopatia do HIV, doença renal crônica e outras causas que impliquem em hipertensão arterial. Raissa Cardoso e Silva – Turma 57 Medicina PUCCAMP ICC (direita e esquerda) - Sinais e Sintomas Dispneia – ortopneia** Com a evolução do quadro clínico: dispneia paroxística noturna e padrões respiratórios de Cheyne-Stokes (respiração com aumento da amplitude, atinge o máximo, redução da amplitude e período de apneia; quanto maior o período de apneia, pior é o prognóstico do paciente) Fadiga (não recebe oxigenação suficiente) Fenômenos congestivos: edema de MI Tonturas (não recebe oxigenação suficiente) Palpitações (arritmia) e síncope (não recebe oxigenação suficiente) Anorexia e dor abdominal. Tosse. Insônia (por acordar durante o sono) Depressão (acompanha a maioria dos casos crônicos) **Ortopneia é a dificuldade respiratória (dispneia) que ocorre quando a pessoa está deitada, fazendo com que a pessoa tenha que dormir elevada na cama (usando vários travesseiros para dormir) ou sentada em uma cadeira Apoiar as mãos na cama e inclinar-se para frente ou sentar-se são achados característicos de insuficiência cardíaca congestiva que dificultam o retorno venoso, diminuindo a congestão pulmonar. ICC - Exame Físico IC sistólica: pode não haver alterações. Variação dos sinais dependentes do grau de compensação, da cronicidade e do envolvimento cavitário (D e/ou E). Estertores crepitantes, por falha de VE: o sangue não é levado adiante, então retorna para o AE, veias pulmonares, capilares pulmonares e extravasa dentro dos alvéolos Derrame pleural, geralmente à direita. Pode ser bilateral, mas é mais frequente à direita. Isso porque a drenagem linfática à direita é pior do que à esquerda, então há maior dificuldade de drenar o excessode líquido presente por causa da insuficiência cardíaca. Edema (não-doloroso (porque não é inflamatório), frio e depressível, causado por aumento da pressão hidrostática), ascite e hepatomegalia - IC direita: congestão geral Raissa Cardoso e Silva – Turma 57 Medicina PUCCAMP Terceira bulha, porque o ventrículo não contrai adequadamente ou a contração é atrasada. Obs.: B3 ocorre por alteração ventricular (insuficiência sistólica) e B4 ocorre por alteração atrial (insuficiência diastólica – hipertrofia de VE e átrio realizando mais força) Diminuição da perfusão periférica. Deve-se contabilizar o tempo de enchimento capilar, pois isso indica a gravidade da insuficiência cardíaca. Pulso alternante que não é causado por arritmia. O coração está rítmico, porém com a força de contração variando, sendo ora mais forte e ora mais fraca. É um sinal patognomônico de IC. Esse pulso só pode ser percebido se o paciente não apresenta arritmia cardíaca. Taquipneia, taquicardia. Diagnósticos Caso a ICC tenha ocorrido em um paciente com insuficiência aórtica reumática. Sindrômico: insuficiência cardíaca congestiva Funcional: ICC + Síndrome valvar de insuficiência aórtica Anatômico: coração (dilatação) - valva aórtica (por sequela de cardite reumática) Nosológico: sequela de cardiopatia reumática - insuficiência aórtica reumática Etiológico: estreptococcos beta-hemolíticos do grupo A Os diagnósticos visam o prognóstico e tratamento do paciente. Se for um caso crônico, não é possível interferir no tratamento, mas se for um caso agudo, é. EDEMA AGUDO DE PULMÃO Síndrome clínica em que ocorre acúmulo de fluido nos espaços alveolares (dificulta as trocas gasosas) e intersticiais dos pulmões, podendo ser decorrente de causas diversas, ex.: insuficiência cardíaca. O resultado do processo é caracterizado por hipoxemia, aumento no esforço respiratório (aumenta a frequência e amplitude respiratórias), redução da complacência pulmonar e redução da relação ventilação/perfusão. Edema agudo de pulmão - Sinais e Sintomas Em quadros iniciais: taquicardia (para compensar a hipóxia), taquidispneia e estertores nas bases de ambos os pulmões. Evolução: franca dispneia, ansiedade e agitação, palidez (vasoconstrição), sudorese fria, cianose de extremidades (causada pela hipóxia) e estertoração em todos os campos Raissa Cardoso e Silva – Turma 57 Medicina PUCCAMP pulmonares. Estertores em níveis cada vez mais elevados do pulmão (campo médio e ápice) indica que não está mais ocorrendo trocas gasosas. Em situação extrema, ocorre a saída de líquido espumoso róseo pela boca e pelo nariz, mimetizando afogamento, com tendência à deteriorização rápida e êxito letal em caso de retardo da terapêutica adequada. Ausculta pulmonar: sibilos e roncos associados aos estertores crepitantes e subcrepitantes. A pressão arterial pode estar elevada (quando associada à crise hipertensiva) ou diminuída (na estenose mitral grave ou em miocardiopatias avançadas). Causas de edema agudo de pulmão: embolia pulmonar e alteração da permeabilidade capilar Fisiopatologia Congestão veno-capilar → Edema intersticial → Edema alveolar → Aumento da pressão venosa pulmonar → Congestão pulmonar. Raissa Cardoso e Silva – Turma 57 Medicina PUCCAMP Extravasamento de líquidos e colóides dos vasos capilares para o interstício → Aumento do fluxo linfático. Líquido extravasado > Drenagem linfática Ocorrência de fenômenos congestivos pelo aumento de líquido no espaço alveolar e no interstício alveolar. SÍNDROME DO CHOQUE CARDIOGÊNICO Situação de hipoperfusão tecidual sistêmica devido à incapacidade do músculo cardíaco fornecer débito adequado às necessidades do organismo. A vasoconstrição corresponde à tentativa de manter a oxigenação e o fluxo sanguíneo. O diagnóstico clínico é feito na presença de hipotensão arterial (pressão arterial sistólica (PAS) < 90mmHg ou 30mmHg abaixo do valor basal), evidências de hipoperfusão tissular, tais como, oligúria, cianose, extremidades frias e alteração nos níveis da consciência. A persistência do estado de choque, após correção de fatores miocárdicos e extracardíacos, que contribuem para a redução da perfusão tecidual, como hipovolemia, arritmias, hipóxia, distúrbios metabólicos e do equilíbrio ácido-básico, corroboram o diagnóstico de choque cardiogênico. Síndrome do Choque Cardiogênico Causas: depressão miocárdica devido à sepse ou pancreatite, ruptura de cordoalha ou válvula secundária a endocardite, miocardites, rejeição após transplante cardíaco, ruptura ou trombose de prótese valvar, arritmias ventriculares ou supraventriculares que produzam situação de baixo débito. Principal etiologia: perda de músculo cardíaco pelo IAM. Estima-se que seja necessária perda de, no mínimo, 40% da massa ventricular esquerda para que se instale o choque cardiogênico Pode ser consequência de um grande infarto em pacientes previamente hígidos, pequenas perdas, em pacientes previamente infartados, ou grandes áreas de isquemia com pouca necrose, em pacientes com doença aterosclerótica coronariana avançada. Raissa Cardoso e Silva – Turma 57 Medicina PUCCAMP Choque Cardiogênico – Aspectos Clínicos Os pacientes apresentam sinais e sintomas de baixo débito cardíaco (DC) associados a graus variáveis de congestão pulmonar. Sudorese fria, confusão mental, oligúria (baixa irrigação renal, reduzidno o volume de urina produzida), taquicardia e taquisfigmia filiforme (pulso rápido pela taquicardia e fino pela diminuição do volume sanguíneo que é levado à periferia), hipotensão arterial com aproximação dos níveis sistólicos e diastólicos da PA (convergência da PS e PD) Congestão pulmonar → Hipoxemia + retenção de CO2 → piora da oxigenação cerebral e miocárdica → confusão mental e arritmias cardíacas (agravamento do quadro). Choque cardiogênico é relacionado a prognóstico ruim. Choque Cardiogênico – Exame Físico 3ª bulha. Abafamento das bulhas = hipofonese, por causa de contração fraca, fenômeno congestivo, derrame pericárdico ou pleural Engurgitamento jugular. Estertoração pulmonar (crepitante). Raissa Cardoso e Silva – Turma 57 Medicina PUCCAMP Sopros cardíacos, antes ausentes: importante para o estabelecimento dos diagnósticos de defeitos mecânicos (comunicação interventricular, disfunção de músculo papilar) pós-IAM (deve-se desconfiar de fenômenos isquêmicos) e nas complicações da endocardite infecciosa (o aparecimento de febre indica alterações bacterianas interferindo no coração). SÍNDROME CORONARIANA – INFARTO DO MIOCÁRDIO O miocárdio sofre progressiva agressão representada pelas áreas de isquemia, lesão e necrose sucessivamente. Infarto corresponde a morte tecidual, que pode ser cerebral, renal, miocárdica. Pode causar insuficiência cardíaca, edema agudo de pulmão e choque cardiogênico. Na primeira (isquemia), predominam distúrbios eletrolíticos, na segunda (lesão), alterações morfológicas reversíveis e na última (necrose), danos definitivos. A isquemia e lesão acompanham fenômenos eletrolíticos, quando ocorrem, por exemplo, as arritmias que pioram o quadro clínico. A necrose possui alterações, mas não possui distúrbios eletrolíticos ou células em sofrimento acompanhando. Essas etapas se correlacionam com a diversidade de apresentações clínicas que variam da angina instável a infarto. Deve-se investigar história de dor cardíaca antes do infarto. Angina = dor Angina Estável É a angina pectoris Ocorre sempre em um determinado momento, em um determinado esforço e da mesma forma Dor pré-cordial Nitroglicerina é um vasodilatador, que melhora a irrigação sanguínea Angina Instável Há uma progressão da dor Provavelmente, iniciou-se como uma angina estável que passou a ser instável, com mudança de algumas características (frequência, intensidade,fatores desencadeantes, duração dos sintomas, relação com o repouso) Dor de forte intensidade É um sinal de alerta Raissa Cardoso e Silva – Turma 57 Medicina PUCCAMP Fisiopatologia Adesão LDL no tecido subendotelial → Resposta inflamatória → Adesão de macrófagos → Formação da placa aterosclerótica → Estreitamento do lúmen (angina) → Rompimento → Adesão de plaquetas → Formação de trombo → Obstrução → Infarto do Miocárdio A ocorrência do infarto está intimamente relacionada à placa de ateroma. Se não houver compensação da obstrução do vaso, evolui para IAM. Fatores de risco Tabagismo Obesidade Diabetes Hipertensão arterial Níveis altos de colesterol (hipercolesterolemia) Estresse Sedentarismo Uso de drogas ilícitas, ex.: cocaína (causa constrição das artérias; uma constrição prolongada causa isquemia, levando ao infarto, mesmo que o indivíduo não apresente aterosclerose Doenças da aorta Doenças inflamatórias das artérias coronárias. Síndrome Coronariana – Infarto do Miocárdio - Manifestações clínicas 75% a 85% dor torácica (irradiada para a mandíbula e para os ombros e braços, mais frequentemente ao lado esquerdo do corpo) A dor também pode irradiar para o lado direito, se a artéria coronária direita estiver entupida. Duração > 20 minutos, desencadeado por exercício ou estresse Com angina prévia, mudança de caráter indica instabilização Aperto ou queimação no peito Arritmias Suor excessivo* Náuseas* Vômitos* Raissa Cardoso e Silva – Turma 57 Medicina PUCCAMP Tontura e desfalecimento (quando o infarto é muito extenso e causa hipóxia a nível cerebral) Ansiedade e agitação *são fenômenos reflexos, devido à intensidade da dor Miocárdio normal: aspecto carnoso e consistência firme Infarto: miocárdio de espessura reduzida e de consistência flácida Fibrose: interfere na contração; aparecimento de B3 Rompimento do VE: passagem de sangue do VE para o pericárdio → hemopericárdio Rompimento do ventrículo a nível do septo interventricular: comunicação interventricular → sopros cardíacos Rompimento da musculatura papilar → sopros de insuficiência mitral Diagnósticos Caso o choque cardiogênico tenha sido causado por IAM: Sindrômico/Funcional: choque cardiogênico/ICC. Anatômico/Nosológico: coração - cardiopatia isquêmica/infarto do miocárdio. Etiológico: insuficiência coronariana - aterosclerose/trombose coronária. SÍNDROMES ARRÍTIMICAS Alteração de frequência, formação e/ou condução do impulso elétrico através do miocárdio. Várias formas Geralmente, as arritmias são definidas pelo ECG, e não pelo exame clínico. -Arritmia supraventricular: ritmo que se origina acima da junção entre o nó AV e o feixe de His. Bradicardia sinusal (BS): frequências inferiores a 60 bpm. Taquicardia sinusal (TS): frequências superiores a 100 bpm. Arritmia sinusal (AS): geralmente fisiológica, depende do sistema nervoso autônomo e caracteriza-se pela variação do ritmo sinusal. A variação fásica é a relacionada com Raissa Cardoso e Silva – Turma 57 Medicina PUCCAMP o movimento respiratório (aumento da FC na inspiração e diminuição da FC na expiração) e a não-fásica não possui essa relação. -Arritmia ventricular: ritmo de origem abaixo da bifurcação do feixe de His. Extrassístole ventricular (EV): apresenta-se como batimento originado precocemente no ventrículo, com pausa pós-extrassistólica. Taquicardia ventricular: ritmo ventricular com pelo menos três batimentos sucessivos extrassistólicos, com frequência superior a 100 bpm. Fibrilação ventricular (FV): caracteriza-se por ondas bizarras, caóticas, de amplitude e frequência variáveis. Este ritmo pode ser precedido de taquicardia ventricular que degenerara em fibrilação ventricular. Clinicamente corresponde à parada cardiorrespiratória. Síndromes arrítmicas detectáveis ao exame físico É possível diferenciar apenas entre fibrilação atrial e extrassístoles. Fibrilação atrial (FA): frequência atrial entre 450 e 700 ciclos por minuto e resposta ventricular variável. Ocorre uma completa desorganização na atividade elétrica atrial, fazendo com que os átrios percam sua capacidade de contração, não gerando sístole atrial. Extrassístoles: apresentam-se como batimentos originados precocemente nos átrios e/ou ventrículos, com pausa após o batimento extrassistólico. Arritmias - Identificação ao exame físico Ritmo cardíaco: regular ou irregular? Se irregular: pesquisar se a irregularidade é constante ou inconstante -Constante: existe alguma regularidade nos batimentos? Arritmias rítmicas = extrassístoles (bigeminadas, trigeminadas) que aparecem em momentos específicos Arritmias arrítmicas = fibrilação atrial. -Inconstante: extrassístoles esporádicas. Deve-se contabilizar o pulso e a FC durante um minuto. Se corresponde a extrassístoles esporádicas, deve-se verificar quantas ocorrem durante um minuto, sendo até 8 normal (qualquer indivíduo pode ter) e acima de 8 extrassístoles por minuto um sinal de complicação. Raissa Cardoso e Silva – Turma 57 Medicina PUCCAMP Síndromes Arrítmicas - Sinais e Sintomas Palpitações (batedeira) Fraqueza (arritmia leva à má circulação no organismo) Tonturas Sudorese Síncopes/perda da consciência Confusão mental Dispneia Mal-estar Sensação de peso no peito Muitas arritmias não provocam sintomas! Os sintomas aparecem quando há modificação na frequência ou no ritmo. Arritmias Cardíacas - Etiologia Cardiopatia isquêmica Hipertensão Arterial Cardiopatia reumática Doença de Chagas Cor pulmonale Cardiomiopatias Apneia obstrutiva do sono (Síndrome de Pick Wick) Deve-se questionar se o paciente ronca e a frequência disso. Alterações obstrutivas a nível de sistema respiratório provocam apneia, estresse, desenvolvimento de hipertensão arterial e arritmias cardíacas. Distúrbios hidroeletrolíticos Alterações congênitas do sistema de condução DOENÇA DE CHAGAS CRÔNICA Trypanosoma cruzi Transmissão: transfusões sanguíneas, materno-fetal, transplante de órgãos, acidental, vetorial - barbeiros. Cardiopatia: manifestação mais grave da doença 25 a 30% dos infectados Poucos parasitas Raissa Cardoso e Silva – Turma 57 Medicina PUCCAMP Alterações do ritmo Fenômenos tromboembólicos Insuficiência cardíaca Batmopatia - Transtornos de ritmo Extrassístoles ventriculares - mais frequentes Taquicardia ventricular Fibrilação atrial - casos mais graves/mau prognóstico Fibrilação ventricular Miopatia Aumento de câmaras/distúrbios na contratilidade Lesão apical Outros Diagnóstico Paciente com ICC, arritmia cardíaca e que seja portador de doença de Chagas com lesão apical: Sindrômico/Funcional: ICC + Arritmia cardíaca Anatômico: coração - miopatia (dilatação + lesão apical)/miocardite Nosológico: cardiopatia chagásica crônica Etiológico: Trypanosoma cruzi Raissa Cardoso e Silva – Turma 57 Medicina PUCCAMP SÍNDROMES PERICÁRDICAS Pericardites Pericardites com derrame Tamponamento cardíaco PERICARDITES Inflamação do pericárdio visceral e/ou parietal. Quase nunca é uma doença primária do coração. Funções do pericárdio: fixar o coração em posição geométrica adequada e protegê- lo de infecções provenientes de estruturas vizinhas; evitar hiperdistensão de câmaras, já que a pressão negativa intrapericárdica facilita o afluxo de sangue no átrio direito. Pacientes pericardioectomizados comportam-se normalmente quando em repouso ou submetidos a esforços discretos, mas a performance cardíaca fica prejudicada nos esforços extremos. Pericardites - Etiologia 1. Idiopáticas (provavelmente viral) - não se sabe a causa 2. Infecciosas (virótica, bacteriana, tuberculosa, ou por fungos) 3. Febre reumática aguda 4. Infarto agudo do miocárdio (pericardite epistenocárdica,na fase precoce, e depois de 4 a 6 semanas, síndrome de Dressler - pericardite após IAM) 5. Uremia por alteração tóxica 6. Colagenoses (doenças auto-imunes): artrite reumatoide, lúpus eritematoso sistêmico, poliarterite nodosa (doença de Kussmaul-Maier). 7. Tumores metastáticos 8. Síndrome pós-pericardiotomia 9. Mixedema 10. Irradiação (pacientes com tumor) 11. Trauma (cateterismo, marcapasso, traumas direto e indireto) 12. Agentes químicos: procainamida e hidralazina 2 Pericardites – Patologia A pericardite da febre reumática tem o aspecto característico em “pão com manteiga” e nunca leva à constrição. Raissa Cardoso e Silva – Turma 57 Medicina PUCCAMP Na bacteriana, ocorre um infiltrado de polimorfonucleares, podendo advir do exsudato inflamatório um tecido de granulação com aparecimento de cicatrizes locais ou generalizadas; às vezes toda a cavidade pericárdica é ocupada por traves fibrosas (podem gerar o atrito pericárdico e imobilidade do coração), surgindo então a pericardite adesiva. PERICARDITES COM DERRAME Derrames pericárdicos (podem ou não ocorrer) a) Seroso b) Supurativo c) Hemorrágico d) Misto O hemorrágico pode ocorrer em qualquer tipo de pericardite e não apenas na tuberculosa e neoplásica, em que é especialmente comum. O aspecto hemorrágico franco ocorre mais frequentemente com uso de anticoagulantes e pós-cirúrgico. O aspecto cintilante, também denominado de “gold paint”, deve-se à abundância de colesterol. Quando leitoso, é o quilopericárdio, que ocorre em tumores, na trombose da veia cava, no defeito congênito do sistema linfático. Pericardites - Sinais e Sintomas Sintomas gerais como febre (depende da causa), astenia, perda de peso e artralgia podem estar presentes, fazendo parte da doença sistêmica A dor, tipo pleurítica, é um sintoma de importância, assim como a tosse a dispneia, podendo o alívio ser obtido na posição de “prece maometana”, isto é, sentado e inclinado para frente. A dor caracteristicamente irradia-se para o pescoço e ombros, podendo se acentuar com movimento do pescoço (inervação frênica da face diafragmática do pericárdio). Diagnóstico diferencial: pericardite, angina pectoris e infarto do miocárdio A tosse e a dispneia podem ser devidas ao derrame (mecânico) ou à pleurite. Pericardites – Sinais Atrito pericárdico: único sinal patognomônico da pericardite aguda Raissa Cardoso e Silva – Turma 57 Medicina PUCCAMP O atrito pericárdico não está relacionado com a respiração, enquanto o atrito pleural está. Caráter raspante de “couro novo” ou musical e distante Localização habitual é na região paraesternal esquerda, sendo palpável em 20% dos casos Componentes: sistólico, diastólico, e pré-sistólico conforme o coração se move no saco pericárdico Com o aumento do derrame, o atrito pode diminuir ou desaparecer Quando há derrame pericárdico, o atrito pericárdico desaparece. Pulso paradoxal (pulso mais intenso na expiração menos intenso na inspiração) Derrame Pericárdico – Sinais 1. Aumento generalizado na macicez cardíaca 2. Passando de decúbito para a posição sentada, a macicez predomina no 4º espaço intercostal, na borda esternal, sendo menor a área de macicez 3. Sinal de Ewart ou PIN, que ocorre nos grandes derrames pericárdicos ou nas grandes cardiomegalias por compressão cardíaca na base do pulmão esquerdo, havendo macicez, respiração brônquica, broncofonia, e raros estertores subcrepitantes 4. Sinal de Dressler, que se caracteriza por diminuição do som timpânico à percussão na porção inferior do esterno 5. Ictus cordis impalpável ou difícil de palpar e bulhas hipofonéticas. TAMPONAMENTO CARDÍACO Tamponamento – Sinais O derrame pericárdico pode levar ao tamponamento cardíaco se ocorrer abruptamente por dificuldade do enchimento diastólico do coração. Ocorre quando o derrame está acima de 150ml no saco pericárdico, que é a capacidade máxima do saco pericárdico sem sintomas Se tal derrame ocorrer subitamente, como nas feridas cardíacas ou pericardites purulentas, levará ao tamponamento cardíaco Se for lento e pouco viscoso como na tuberculose, haverá uma adaptação hemodinâmica sem tamponamento, mesmo que o derrame seja volumoso. Raissa Cardoso e Silva – Turma 57 Medicina PUCCAMP Tamponamento Cardíaco - Sinais e Sintomas Inicialmente, o debito cárdico é normal Depois, a resistência periférica aumenta e o debito cardíaco e a pressão arterial diminuem, levando ao choque cardiogênico por tamponamento cardíaco. Tríade de Beck Ocorre no tamponamento cardíaco no derrame pericárdico Hipofonese de bulhas/bulhas abafadas (líquido se interpõe na ausculta cardíaca), hipotensão arterial (paciente em choque) e turgência jugular/estase jugular (sinal de Kussmaul) SÍNDROME DE COR PULMONALE Doença primária nos pulmões Síndrome caracterizada pela alteração de estrutura e função do ventrículo direito, resultante de doenças que afetam a função e/ou a estrutura dos pulmões, exceto quando as alterações pulmonares são secundárias a doenças que afetam o lado esquerdo do coração ou a cardiopatias congênitas. Enfisema pulmonar: instalação gradativa que lesiona o interstício pulmonar e a parte circulatória; o VD tenta compensar com hipertrofia, depois se dilata e começam os fenômenos congestivos do lado direito Hipertensão pulmonar (pneumonia de repetição, alterações genéticas, esquistossomose cujos ovos migram para o pulmão) causa cor pulmonale Agudo ou crônico A causa mais comum de cor pulmonale agudo é o tromboembolismo pulmonar maciço. DPOC é a principal responsável pelo cor pulmonale crônico Entre outras causas de hipertensão pulmonar e consequente cor pulmonale em nosso meio, é importante ressaltar a etiologia esquistossomótica. Hipertensão Pulmonar Anormalidade circulatória caracterizada por aumento da resistência vascular na pequena circulação, em geral por meio de mecanismos mistos, envolvendo vasoconstrição, remodelamento da parede arterial e trombose in situ. O aumento progressivo da resistência vascular pulmonar (RVP) leva à insuficiência ventricular direita (IVD) e morte precoce. Raissa Cardoso e Silva – Turma 57 Medicina PUCCAMP Critérios diagnósticos: Pressão sistólica da artéria pulmonar (PSAP) ≥ a 30 mmHg e a diastólica (PDAP) ≥ a 15 mmHg. Pressão média na artéria pulmonar (PMAP) ≥ a 25 mmHg em repouso, ou ≥ a 30 mmHg durante o exercício. Cor pulmonale - Sinais e Sintomas Dispneia Dor torácica (sintoma inespecífico; hipertensão pulmonar) Taquicardia (insuficiência cardíaca) Síncope (hipóxia cerebral) Em casos mais graves: plenitude gástrica, desconforto abdominal, tosse, hemoptise e rouquidão (devido à compressão do nervo laríngeo recorrente, por dilatação aneurismática da artéria pulmonar) Edema, ascite, esplenomegalia Embolia pulmonar: causa vasoconstrição reflexa em todo o pulmão, impondo sobrecarga de pressão ao ventrículo direito; é uma causa frequente de óbito nos pacientes Hiperfonese de segunda bulha, que pode ser palpável Desdobramento da segunda bulha por causa da hipertensão pulmonar Em casos mais graves: Galope (S3) (“tum ta ta”), que aumenta com a inspiração Sinais de insuficiência tricúspide e pulmonar Quarta bulha (S4) (“tum tum ta”) por um aumento da pressão de enchimento das câmaras cardíacas direitas, fazendo com o que o átrio se atrase na contração Cianose pode indicar um comprometimento importante do débito cardíaco ou a presença de “shunt D→E” Com a falência ventricular direita: estase jugular e, em casos mais avançados, ascite, hepatomegalia, icterícia (extravasa bilirrubina na circulação hepática) e edema periférico por causa de fenômenos congestivos. O ganho de peso é por causa do edema (acúmulo de líquido), e não por acúmulo de gordura. Raissa Cardoso e Silva – Turma 57Medicina PUCCAMP Diagnósticos Paciente pulmonar crônico (DPOC por enfisema + bronquite crônica), tabagista, com fenômenos congestivos sistêmicos: Sindrômico: Insuficiência cardíaca direita + Insuficiência respiratória Funcional: ICD+ insuficiência respiratória + DPOC Anatômico: coração – hipertrofia e dilatação ventricular D; pulmões - dilatação, congestão e inflamação dos espaços aéreos Nosológico: cor pulmonale + enfisema + bronquite Etiológico: tabagismo AULA 13 APARELHO CARDIOVASCULAR E RENAL HIPERTENSÃO ARTERIAL (HA) É uma condição clínica multifatorial caracterizada por elevação sustentada dos níveis pressóricos ≥ 140 e/ou 90 mmHg. Sendo assim, é uma elevação constante dos níveis da pressão arterial, seja com o paciente em repouso, em estresse, calmo. A importância do diagnóstico se deve pela morbidade que a doença tem. Frequentemente se associa a distúrbios metabólicos, alterações funcionais e/ou estruturais de órgãos-alvo, sendo agravada pela presença de outros fatores de risco (FR), como dislipidemia, obesidade abdominal, intolerância à glicose e diabetes mellitus (DM) Raissa Cardoso e Silva – Turma 57 Medicina PUCCAMP Mantém associação independente com eventos como: morte súbita, acidente vascular encefálico (AVE), infarto agudo do miocárdio (IAM), insuficiência cardíaca (IC), doença arterial periférica (DAP) e doença renal crônica (DRC), fatal e não fatal. Contribui direta ou indiretamente para 50% das mortes por doença cardiovascular. Classificação PAS PAD PA normal < 120 mmHg e < 80 mmHg PA elevada 120-129 mmHg e < 80 mmHg Hipertensão arterial Estágio 1 130-139 mmHg ou 80-89 mmHg Estágio 2 ≥140 mmHg ou ≥90 mmHg A hipertensão arterial está relacionada com complicações em órgãos-alvo (cérebro, rim, coração e retina). HIPERTENSÃO ARTERIAL PRIMÁRIA Hipertensão Arterial Primária – Fatores de Risco HA primária é a mais comum Fatores não-modificáveis: Idade (acima de 40 anos; quanto maior for a idade, maior propensão de ter hipertensão arterial) Sexo (masculino) Raça (negros) Fatores modificáveis: Sedentarismo Raissa Cardoso e Silva – Turma 57 Medicina PUCCAMP Álcool Sal Obesidade Hipertensão arterial primária: não existe uma causa específica; corresponde à maioria dos hipertensos Hipertensão arterial secundária: existe uma doença identificável, que leva o indivíduo a ter hipertensão; ex.: apneia obstrutiva do sono, coarctação da aorta, feocromocitoma, hipertireoidismo HIPERTENSÃO ARTERIAL SECUNDÁRIA Raissa Cardoso e Silva – Turma 57 Medicina PUCCAMP Hipertensão renovascular É uma das causas mais comuns de HA secundária Definida como HAS decorrente de uma isquemia renal (não chega sangue adequadamente ao parênquima renal), geralmente causada por uma lesão obstrutiva parcial ou completa de uma ou ambas as artérias renais. Prevalência atinge 5% dos pacientes com HAS. Causas: -Por aterosclerose (presença de placas de ateroma): prevalência em torno de 90%, geralmente progressiva. -Displasia fibromuscular (alteração congênita) – acomete a artéria renal: mais frequentemente encontrada em mulheres jovens de cor branca. Geralmente, seu acometimento é bilateral, na camada média do vaso (redução da luz do vaso), envolvendo as porções distais da artéria renal. Há envolvimento do sistema renina-angiotensina-aldosterona. Hipertensão na Coarctação da Aorta (afunilamento da aorta) Obstrução parcial da passagem de sangue através da aorta Gradiente de pressão entre braços e pernas. PA entre braços: diferencial de até 10%, sendo o braço E com valores inferiores ao braço D. Em casos de diferenças acima de 10%, deve-se suspeitar de alguma condição patológica. Hipertensão arterial. SS (sopro sistólico) em precórdio esquerdo e região interescapular (irradiação do sopro para essa região, visto que a aorta se projeta posteriormente). Diminuição ou ausência dos pulsos femorais. A partir do local da coarctação, há diminuição da circulação; logo, há diminuição dos pulsos. Ictus visível e palpável – hipertrofia Ictus cupuliforme: é um sinal de hipertrofia, visto que o coração realiza mais força para vencer a resistência presente na aorta Hiperfonese de B1 e B2, principalmente à E, por causa do fechamento mais forte das valvas Raissa Cardoso e Silva – Turma 57 Medicina PUCCAMP Hipertensão Arterial - Anamnese História clínica completa com perguntas sobre: tempo de diagnóstico, evolução e tratamento prévio (tratamento inefetivo leva a maiores complicações cerebrais, cardíacas e renais) História familiar (antecedentes familiares): fundamental para aumentar a certeza do diagnóstico de HA primária Perguntar sobre: comorbidades (tumor cerebral), aspectos socioeconômicos e estilo de vida (sedentarismo e qualidade da alimentação), além do uso prévio e atual de medicamentos (losartana, captopril, diurético) ou outras substâncias que possam interferir na medição da PA e/ou no tratamento da HA. Devem ser pesquisados indícios que sugiram uma causa secundária para a HA. Hipertensão Arterial - Exame físico A PA deve ser medida com técnica adequada (medição no MS direito e esquerdo e no MI direito e esquerdo; palpação dos pulsos) Dados antropométricos: peso, altura (para cálculo do índice de massa corporal (IMC)), circunferência abdominal (CA) (obesos tem maior propensão a ter hipertensão arterial) e frequência cardíaca (FC) Fundoscopia: exame de “fundo de olho”, que permite verificar diretamente o estado de uma arteríola. Antes da HA causar alterações nas artérias (maiores), há alterações nas arteríolas (são menores). A inspeção do paciente, além de detecção de estados ansiosos, carenciais ou de agitação, deverá também orientar a busca por aspectos sugestivos de hipertensão secundária (fácies ou biótipo de doença renal, acromegalia, doença de Cushing, hipertireoidismo, etc) Palpação e ausculta das artérias carótidas. Palpação rotineira da tireóide. Palpação e ausculta abdominal (identificação de sopros aórticos e renais). O fluxo sanguíneo reduzido nas artérias causa turbilhonamento na região e surgimento de sopros. Pulsos periféricos: alterações em amplitude e/ou retardos poderão significar patologias aórticas ou de grandes vasos. Observação dos membros inferiores: busca por úlceras, necroses ou edemas. Raissa Cardoso e Silva – Turma 57 Medicina PUCCAMP Ausculta pulmonar: afastar a presença de broncoespasmo (que poderá ter futuras implicações terapêuticas) e de estertores. Indivíduos asmáticos não podem utilizar betabloqueadores, pois estes causam vasodilatação nas artérias e constrição dos brônquios. Semiótica do coração (inspeção, palpação e ausculta) rotineiramente Coração: ictus cordis hiperimpulsivo, cupuliforme (sinais de hipertrofia miocárdica); SSFAo (sopro sistólico em foco aórtico), hiperfonese FAo2 (segunda bulha no foco aórtico) Em fases tardias, o ictus poderá se tornar globoso (cardiopatia por hipertensão fase dilatada) com SSFM (sopro sistólico em foco mitral). Neste caso poderão surgir os demais achados compatíveis com ICC Hipertensão Arterial e os Órgãos-alvo A HA não controlada leva a um aumento da progressão da aterosclerose em várias partes do corpo. O tempo de evolução da doença é fundamental na procura de lesões No coração leva à hipertrofia ventricular, doença arterial coronariana (DAC) e insuficiência cardíaca congestiva (ICC) No sistema nervoso central, é responsável por causar acidente vascular encefálico (AVE) Nos rins, provoca nefrosclerose e insuficiência renal crônica (granulações (fibrose) presentes na superfície dos rins, indicando perda das células funcionantes e necrose por deficiência de vascularização) Identificação das condições clínicas associadas à hipertensão arterial Condição clínica Detecção RetinopatiaFundoscopia Estenose de carótidas Ausculta de sopros HVE (hipertrofia ventricular esquerda), disfunção sistólica/diastólica Ausculta, história de dispneia Coronariopatia Angina, IAM Doença cerebrovascular Neurológico, AIT (ataque isquêmico transitório), AVC (acidente vascular cerebral) Nefropatia História, edemas Aneurisma da aorta Exame físico Estenose arterial periférica História, diminuição de pulsos Raissa Cardoso e Silva – Turma 57 Medicina PUCCAMP Histologia – Alterações decorrentes da HA Coração: Fibrose – infarto do miocárdio Perda do sincício cardíaco (fibras miocárdicas orientadas em diferentes direções) Hipertrofia e dilatação miocárdica Rins: Granulosos, podem diminuir de tamanho e deixam de ser lisos Isquemia e fibrose dos glomérulos e hialinização Perda sucessiva da função renal por má circulação e arteríolas espessas Diagnósticos Paciente hipertensa secundária à fibrodisplasia da artéria renal com cardiopatia e nefropatia por hipertensão: Diagnóstico Sindrômico/Funcional: Síndrome de hipertensão arterial (insuficiência cardíaca e renal também poderiam ser incluídos) Diagnóstico Anatômico: coração - hipertrofia miocárdica (cardiopatia por hipertensão); rins – nefroesclerose (nefropatia por hipertensão); artéria renal – fibrodisplasia Diagnóstico Etiológico: defeito congênito - fibrodisplasia da artéria renal APARELHO RENAL Estrutura do rim Cápsula: envolve o rim Córtex: contém os néfrons Pirâmides: formadas por tubos coletores Vértices ou papilas: perfuradas como chuveiros Cálices maiores Cálices menores Pelve renal ou bacinete: armazena urina até ir para bexiga Ureter: canal que liga o rim a bexiga Sistema pielocalicial: inclui os cálices renais e a pelve renal A cápsula do rim e o sistema pielocalicial são sensíveis à dor A verificação de sopros deve ocorrer na aorta, tronco celíaco, artéria mesentérica superior, artéria renal D e E, ureter D e E. Raissa Cardoso e Silva – Turma 57 Medicina PUCCAMP Funções renais 1. Eliminação de produtos terminais do metabolismo orgânico, como ureia, creatinina e ácido úrico 2. Controle das concentrações da água e da maioria dos constituintes líquidos do organismo, tais como sódio, potássio, cloro, bicarbonato e fosfatos 3. Secreção de hormônios Renina: produzida pelas células justaglomerulares, atua sobre alfa-globulinas originando a angiotensina I Eritropoietina: regula a produção de eritrócitos na MO (medula óssea) Prostaglandinas: produzidos na medula renal, atuam na gênese da HA e redistribuição de fluxo intra-renal – causam vasoconstrição Vitamina D3: regulador do cálcio e fósforo – insuficiência renal crônica apresenta alterações a nível ósseo Sistema Renina-Angiotensina-Aldosterona (SRAA) Homeostase hidroeletrolítica Controle da pressão arterial (PA) Regulação de processos metabólicos Modulação do crescimento e da proliferação celular de vários tecidos. Hiperatividade do SRAA (é um fator gerador de hipertensão arterial): relacionada à gênese de várias doenças como a hipertensão arterial (HA), o infarto agudo do miocárdio, a insuficiência cardíaca congestiva, as arritmias cardíacas, o diabetes mellitus, a insuficiência renal crônica e o acidente vascular encefálico Muitos pacientes hipertensos são assintomáticos; daí a importância de avaliar a pressão arterial e buscar manifestações clínicas. Hipertensão arterial e diabetes estão relacionados, visto que, por causa das alterações estruturais na vascularização do diabético, há maior propensão à aterosclerose, arterioloesclerose e hipertensão arterial. Raissa Cardoso e Silva – Turma 57 Medicina PUCCAMP Algum motivo (ex.: fibrodisplasia e aterosclerose de artéria renal) leva à redução da pressão arterial → rins: células justaglomerulares percebem essa redução e liberam o hormônio renina → renina age sobre o angiotensinogênio, formando a angiotensina I (metabolicamente inativa) → ação enzimática da ECA (enzima conversora de angiotensinogênio) sobre a angiotensina I, transformando-a em angiotensina II (metabolicamente ativa) → angiotensina II causa vasoconstrição e retenção renal de sal e água, pela aldosterona Esse mecanismo é fisiológico; uma exacerbação dele leva à hipertensão arterial sistêmica (HAS). Localização dos Rins Os rins não são paralelos, visto que o rim direito é um pouco mais baixo que o rim esquerdo. Além disso, o rim esquerdo é mais posteriorizado. Estão localizados abaixo da 11ª e 12ª costela. Espaço retroperitonial, de cada lado da coluna vertebral dorsolombar. O acesso aos rins pelo método palpatório é dificultado (a não ser que esteja aumentado), visto que existe peritônio, estômago, fígado e alças intestinais na frente deles. A camada cortical do rim, a mais externa, é constituída principalmente por néfrons corticais, que tem os túbulos coletores menores que os néfrons localizados mais próximos da região medular, chamados néfrons justamedulares. A camada medular é constituída principalmente pelos longos túbulos coletores de urina, que se juntam em túbulos maiores até se constituírem na pelve renal. Cólica renal é uma expressão errado, visto que o rim não é um órgão oco. A cólica de origem renal é causada por obstrução do sistema pielocalicial, principalmente dos ureteres. Se a cápsula renal estiver distendida ou inflamada, a percussão na região posterior fornece informações a respeito da dor. Raissa Cardoso e Silva – Turma 57 Medicina PUCCAMP Anamnese História clínica bem elaborada. As queixas de nefropatias podem ser inespecíficas e estão presentes em outras patologias. Boa parte das queixas não guardam relação direta com o sistema urinário: astenia, náuseas, vômitos, anorexia, anemia e irritabilidade neuromuscular (mioclonias e fasciculações – alterações do metabolismo de potássio e cálcio) Atribuem-se também aos rins sintomas que não decorrem por lesões do sistema urinário: dor lombar por alterações de coluna vertebral, poliúria por hiperglicemia, hematúria por distúrbios na coagulação sanguínea. Manifestações das doenças do sistema urinário por: alterações da micção, do volume e do ritmo urinário, alterações da cor da urina, dor, edema, febre e calafrios (infecções e neoplasias renais) Alterações da Micção, Volume e do Ritmo Urinário Oligúria e Anúria: volume reduzido Oligúria: diurese inferior a 400 ml/dia ou menos de 20 ml/h Anúria: diurese inferior a 100 ml/dia (pouca ou ausência de urina) Poliúria: volume urinário superior a 2500 ml/dia – volume e frequência aumentados Capacidade vesical é de 400 a 600 ml → aumento do número de micções. Disúria: desconforto, dor à micção. Urgência e Polaciúria: Urgência: necessidade súbita e imperiosa de urinar. Polaciúria: aumento da necessidade de urinar com intervalo menor que 2 horas, sem aumento do volume urinário – volume mantido e aumento da frequência Hesitação: intervalo maior para que apareça o jato urinário (homens acima de 40 anos com hipertrofia de próstata) Nictúria ou noctúria: alteração do ritmo de diurese - inversão do hábito urinário (paciente urina em períodos de repouso e de sono; nesses períodos, a frequência é maior do que quando está acordado). Frequência maior durante o sono. Incontinência urinária: eliminação involuntária da urina (mulheres idosas com vários partos normais) Raissa Cardoso e Silva – Turma 57 Medicina PUCCAMP Bexiga neurogênica, cistites e aos esforços quando ocorre alteração dos mecanismos de contenção da urina (lesões ginecológicas, por exemplo). Tipos de incontinência urinária: bexiga muito cheia, estresse (movimentação da bexiga de maneira inadequada), urgência urinária (estímulo aumentado por infecções) Retenção urinária: incapacidade de esvaziar a bexiga, apesar da urina estar sendo produzida normalmente e o indivíduomanifestar o desejo de esvaziá-la. A retenção é involuntária. -Aguda. -Crônica: gradual dilatação da bexiga. Há queixas de polaciúria, hesitação, gotejamento (molha as roupas íntimas). Ao exame: palpação da bexiga na região suprapúbica. -Completa: retenção total, ou seja, não há eliminação da urina; é necessária a passagem de sonda vesical -Incompleta: volume residual vesical após micção. A urina retida na bexiga serve de meio de cultura para as bactérias, havendo mais propensão do paciente ter infecções urinárias. Alterações da Cor da urina Hematúria: presença de sangue na urina (macro – com 1 cm3 ou mais (franca hematúria) de sangue ou microscópica) Macroscopicamente é possível enxerga e microscopicamente é analisado pelo exame laboratorial Raissa Cardoso e Silva – Turma 57 Medicina PUCCAMP -Maciça: com coágulos - sangramento de grande porte. -Cor de coca-cola: pequena quantidade de sangue com pH urinário ácido (causa decomposição das hemácias); com pH básico, a cor avermelhada é conservada por mais tempo. A história clínica é fundamental, pois urina cor de coca-cola pode indicar hematúria (decomposição do sangue) ou não (bilirrubina). -Hematúria total: urina uniformemente tingida pelo sangue: NTA (necrose tubular aguda), glomerulonefrites, neoplasias, cálculos, anticoagulantes, anemia falciforme, HA maligna. Não existe um período específico no qual a hematúria aparece na micção. -Hematúria inicial: lesões na uretra distal e colo vesical (parte inferior da bexiga). A hematúria aparece no início da micção. -Hematúria terminal: lesões do trígono vesical. A hematúria aparece no final da micção. O aparecimento de sangue na urina permite identificar a localização da lesão Urina turva: cristalúria (presença de cristais), infecção urinária (cistite, pielonefrite...) – presença de pus indica infecção grave Piúria: quantidade anormal de leucócitos. Frequentemente acompanhada por disúria. Causa rara: obstrução de vasos linfáticos - quilúria (filariose, tuberculose). A coloração fica mais esbranquiçada. Proteinúria: urina com aumento de espuma Mau cheiro: quantidade de amônia. Fétida: processos infecciosos. Dor Raissa Cardoso e Silva – Turma 57 Medicina PUCCAMP Existem duas divisões do abdome: em 4 quadrantes e em 9 regiões. Dor lombar e no flanco: Distensão da cápsula → dor lombar e flanco (inervação comum) → profunda, pesada, intensidade variável, fixa, persistente, que piora com a posição ereta e se agrava no final do dia. Para sentir dor, deve haver acometimento da cápsula renal. Glomerulonefrites, cálculos, rins policísticos. Cólica renal ou nefrética (mais correto - cólica ureteral): Obstrução do trato urinário alto, com dilatação súbita da pelve renal ou do ureter. Lancinante, irradiada para a fossa ilíaca e região inguinal, em cólica. Dor hipogástrica ou vesical: Irritação do trígono e do colo vesical. Queimor (em queimação) Irradiação para a uretra. Indica infecção e irritação baixa Estrangúria ou tenesmo vesical: Inflamação vesical intensa → emissão lenta e dolorosa da urina (por espasmo da musculatura do trígono e colo vesical) Dor perineal: Inflamação da próstata. Há retenção urinária, podendo haver estrangúria e infecções urinárias de repetição. Edema nas doenças renais Características variáveis - de ausente a generalizado. Edema periorbital matutino. Retenção de água e sal ou hipoproteinemia, dependendo da etiologia da nefropatia. Síndrome nefrótica: edema ao redor dos olhos e dificuldade para abri-los Sinal de Godet: causado por aumento da pressão hidrostática e retenção de líquidos Hipoproteinemia: perda de proteínas, resultando em edemas amolecidos Exame Físico dos Rins Localização retroperitoneal: dificuldade em acessar Pólo inferior pode ser palpável em crianças e adultos magros, com musculatura abdominal delgada. Raissa Cardoso e Silva – Turma 57 Medicina PUCCAMP Rins policísticos (pouco parênquima funcionante): palpáveis também em adultos Inspeção: abdome, flancos e costas, com paciente sentado. Palpação e compressão dos ângulos costo-vertebrais, à procura de dor Percussão: punho-percussão ou Giordano (mãos na horizontal). Se dolorosa, sugere infecção renal. A dor está presente se a inflamação/infecção acometeu a cápsula renal. Métodos de percussão: Métodos de palpação: Exame da Bexiga Bexiga vazia: impossível palpação, mas pode haver hipersensibilidade. Distensão vesical: reação dolorosa e abaulamento do hipogástrio (região inferior do abdome). Palpação: massa lisa e firme na linha média. Bexigoma: causa aumento de volume da bexiga e retenção urinária De acordo com o tamanho da distensão da bexiga, há dor. Raissa Cardoso e Silva – Turma 57 Medicina PUCCAMP AULA 14 APARELHO RENAL PROPEDÊUTICA RENAL Revisão da estrutura renal: glomérulos localizados na parte cortical. Quando a cápsula renal está macroscopicamente lisa, é um indicativo de que os glomérulos renais estão normais. Entretanto, quando a cápsula renal e o tecido embaixo dela se tornam enrugados, é um indicativo de que há alterações histológicas (área que sofreram cicatrização). Então, se a cápsula renal se encontra alterada, há alteração cortical e dos glomérulos. Anatomia renal: superfície lisa; quando ela passa a ser enrugada (superfície granular rugosa), indica retrações, fibrose e destruição dos glomérulos, que foram substituídos por tecido cicatricial SÍNDROMES RENAIS Existem diversas síndromes renais que, muitas vezes, podem aparecer concomitantemente. GLOMERULONEFRITES Grupo de doenças renais causadas por inflamação e destruição gradual e progressiva das estruturas internas do rim (glomérulos renais) As doenças glomerulares são consequência de uma ampla variedade de fatores: distúrbios imunológicos (lúpus eritematoso, febre reumática), doenças vasculares (isquemias vasculares), doenças metabólicas (diabetes) e algumas entidades hereditárias. As glomerulopatias que aparecem isoladamente são classificadas como primárias (alteração própria do glomérulo; nem sempre se sabe a causa), e quando estão associadas a doenças sistêmicas (lúpus, diabetes, etc) são classificadas como secundárias (é possível estabelecer a causa da nefropatia). Antecedentes familiares: doenças renais que podem levar à insuficiência É importante identificar uma síndrome para o paciente para estabelecer o prognóstico e a terapêutica. Raissa Cardoso e Silva – Turma 57 Medicina PUCCAMP SÍNDROME NEFRÓTICA Caracterizada por: Proteinúria maciça (urina espumosa por perda de proteínas) Edema (mole devido à perda proteica) Fácies em lua cheia e anasarca Hipoproteinemia (pouca proteína na circulação, ex.: albumina) Há alteração da osmolaridade e do equilíbrio de líquidos Dislipidemia (acúmulo de colesterol, que propicia alterações crônicas e é fator de risco para doenças cardiovasculares) Proteinúria maciça: excreção urinária de mais de 3,5g de proteína por 1,73 m² de superfície corporal em 24 horas; ou maior que 50mg/kg de peso em 24 horas. Acomete tanto adultos quanto crianças. As etiologias são diferentes, mas a apresentação da síndrome é a mesma. Síndrome Nefrótica Causas primárias ou secundárias: A SN primária é a forma mais prevalente, tanto em adultos quanto em crianças Causas secundárias: Diabetes mellitus (principal causa secundária), lúpus eritematoso sistêmico, amiloidose, infecções bacterianas e virais, neoplasias, e medicamentos que causam alteração do glomérulo por lesão e deposição do complexo antígeno-anticorpo-complemento. Histologia: espessamento da membrana basal, causando desequilíbrio na filtração glomerular Síndrome Nefrótica Primária Glomeruesclerose segmentar e focal (GESF) Glomerulonefrite membranosa idiopática (GNMI) Alteraçõesglomerulares mínimas (AGM) Glomerulonefrite membranoproliferativa (GNMP) Glomerulonefrite por depósitos mesangiais de IgA (GNIgA) A importância do diagnóstico se dá pela terapêutica de cada síndrome. Raissa Cardoso e Silva – Turma 57 Medicina PUCCAMP Complicações da Síndrome Nefrótica Nas fases iniciais da SN: Infecções, trombose venosa ou arterial, e insuficiência renal aguda. Outras complicações: Hiperlipidemia, desnutrição (perda de proteína), insuficiência renal crônica (quando não reverte o quadro de insuficiência renal), alteração de várias funções endócrinas, distúrbios hidroeletrolíticos (ex.: hiperpotassemia). Infecções bacterianas: peritonite espontânea (bactérias da flora intestinal migram, por alteração de membrana, para o peritônio), infecções cutâneas, e pneumonia (bactérias transportadas pela corrente sanguínea). As células de defesa são compostas de proteínas, assim, a perda de proteínas afeta a defesa do organismo. Complicações tromboembólica: existem proteínas que são inibidoras de fatores de coagulação, assim, a perda dessas proteínas promove a formação do quadro de trombose. Trombose de veia renal (29%) Tromboembolismo pulmonar (17-28%) Trombose venosa profunda de membros inferiores (11%) Há formação de edemas, normalmente unilaterais, e a liberação do êmbolo causa o tromboembolismo pulmonar. Insuficiência Renal Aguda ou Crônica: Evolução progressiva da glomerunefrite Associada ao estado nefrótico Na síndrome nefrótica, sabe-se que há perda de proteínas, mas o organismo ainda mantém o equilíbrio iônico, enquanto que na insuficiência renal essa homeostase não é mantida. Causas de Insuficiência Renal Aguda: hipovolemia (desidratação dos pacientes) – uso de diuréticos (uso de diurético é errado, pois o problema não é a falta de líquido, e sim a falta de proteínas), emprego de medicamentos nefrotóxicos (ex.: antibióticos), e mais raramente = trombose de veias renais. Evolução para insuficiência renal crônica (IRC) depende do tipo histológico da doença primária e da resposta ao tratamento. Independente do tipo histológico, pacientes com proteinúria nefrótica (> 3,5 g/dia) tem um risco 35% maior de evoluir para IRC (Insuficiência Renal Crônica) em 2 anos quando comparados a pacientes com proteinúria não nefrótica. Raissa Cardoso e Silva – Turma 57 Medicina PUCCAMP Lesão estrutural do rim secundária à: Passagem das proteínas pelo mesângio glomerular e pelo interstício renal; Alterações da hemodinâmica glomerular; Secreção de citocinas (resposta inflamatória) e fatores de crescimento Somatória resulta em glomeruloesclerose, fibrose intersticial e atrofia tubular progressivas. A síntese hepática, a partir de lipoproteínas, para compensar a perda das proteínas leva à dislipidemia. Diagnóstico clínico da Síndrome Nefrótica O achado clinico mais característico é o edema, que se apresenta inicialmente de forma insidiosa, evoluindo posteriormente para edema generalizado. Edema por hipoproteinemia: mole, depressível, indolor Na fase inicial, algumas manifestações clínicas decorrem de complicações comuns como perda aguda de função renal, fenômenos tromboembólicos e infecções. Na avaliação inicial, a história e o exame clínico bem elaborados permitem levantar suspeitas de potenciais causas secundárias, como o diabetes, lúpus sistêmico, infecções virais ou bacterianas, uso de medicamentos e neoplasias. Identificar se é uma síndrome nefrótica e, posteriormente, se é primária ou secundária. As alterações secundárias são mais facilmente detectadas. Raissa Cardoso e Silva – Turma 57 Medicina PUCCAMP Síndrome Nefrótica - Sinais e Sintomas Edema pronunciado Sinal de Godet e edema fácil são característicos Oligúria acentuada, urina amarelo-clara na maioria das vezes, bastante espumosa pela presença de proteínas Histologia: presença de linfócitos, indicando alteração inflamatória SÍNDROME NEFRÍTICA Conjunto de sinais e sintomas, caracterizado por hematúria (evidente), edema (por alteração de pressão hidrostática; é mais firme do que o da hipoproteinemia), hipertensão arterial (causada pela retenção de líquidos, levando ao aumento do débito cardíaco), oligúria (pouca urina eliminada por causa das alterações glomerulares), e proteinúria subnefrótica (não é tão acentuada). Causas infecciosas e não infecciosas: -Causas não infecções: Também ocorrem na síndrome nefrótica; assim, é necessário usar o microscópio eletrônico para realizar o diagnóstico (biópsia renal). Glomerulonefrite rapidamente progressiva Nefropatia por IgA Nefropatia por lesões mínimas, etc. -Causas infecciosas: Pós-estreptocócica: GNDA (glomerulonefrite difusa aguda) é exemplo maior. Não estreptocócica: Bacterianas: endocardite, abscesso, doença penumocócica, sepse Virais: hepatite B, hepatite C, mononucleose infecciosa, sarampo, caxumba, varicela Parasitas: malária e toxoplasmose Esquistossomose GNDA (Glomerulonefrite Difusa Aguda) Pós-Estreptocócica Causada pelo estreptococo beta hemolítico grupo A Cepa nefrogênica As cepas na GNDA afetam mais os rins, enquanto na FR afetam mais as valvas cardíacas. Ou seja, existe um erro no sistema imune dos pacientes com GNDA e febre reumática, visto que há formação de anticorpos contra as células do próprio organismo. Raissa Cardoso e Silva – Turma 57 Medicina PUCCAMP Faringite e impetigo (mais comum após piodermites – inflamação da pele) As piodermites levam à formação de anticorpos, os quais se depositam na membrana basal glomerular, além de haver a formação de auto-anticorpos contra a membrana, resultando em lesões renais. Incidência: 5% a 10% dos infectados Escolares (6 a 8 anos –crianças em idade escolar), principalmente meninos 2:1 Pior prognóstico em adultos Rara nos países desenvolvidos. Não há geração da resposta imune, pois o tratamento é precoce Fisiopatologia Estreptocóccica Ligação de antígenos no tecido glomerular renal Deposição de imunocomplexos, contra o streptococcos e o próprio organismo, na membrana basal e ativação do complemento Processo inflamatório agudo (vasodilatação, edema, sem dor local) Diminuição da filtração glomerular Oligúria Retenção de Na+ e água Edema (causado por aumento da pressão hidrostática) + hipertensão arterial (causada pelo excesso de líquido intersticial) + congestão (acúmulo de líquido) Obs.: Fatores autoimunes também são encontrados Síndrome Nefrítica - Manifestações clínicas: 1 a 3 semanas após faringite e 3 a 6 semanas após infecção cutânea Sintomas inespecíficos, como altralgia, dor no corpo Hematúria: microscópica/macroscópica – “água de lavagem de carne” até hematúria franca Congestão circulatória (H2O + Na+), ICE (insuficiência cardíaca esquerda) e até ICC (insuficiência cardíaca congestiva por sobrecarga do VE). Não ocorre filtração glomerular, levando ao acúmulo de líquidos no organismo = fenômenos congestivos Oligúria: filtração glomerular diminuída Urina espumosa, mas menos intensa que nos portadores da síndrome nefrótica. Raissa Cardoso e Silva – Turma 57 Medicina PUCCAMP Edema: bipalpebral duro (principalmente nas superiores), intensidade variável, matutino. Também há edema peri-maleolar e pré-tibial, mas pouco pronunciado (diferente dos portadores da síndrome nefrótica). Pode apresentar anasarca. Hipertensão sistólica e diastólica (altos níveis pressóricos na pressão máxima e mínima): leve, moderada, grave Encefalopatia hipertensiva: ocorre no aumento brusco da pressão arterial. Sintomas da encefalopatia hipertensiva: cefaleia, tontura, vertigem, náuseas, vômitos, confusão mental. DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL Síndrome Nefrítica x Síndrome Nefrótica Parâmetros Síndrome Nefrítica Síndrome Nefrótica Quadro clínico Edema Hipertensão Hematúria Edema HipoalbuminemiaProteinúria Exame de urina Hematúria Cilindros hemáticos Proteinúria Cilindros hialinos Complemento sérico Baixo Normal Antecedente estreptocócico Sim Não Fisiopatologia Hipervolemia Hipovolemia Recidivas Não Sim Tratamento Diurético Corticoesteróides INFECÇÕES DO TRATO URINÁRIO Não compõe as glomerulopatias. Infecções do trato urinário (ITU) Definidas pela presença de bactéria na urina tendo como limite mínimo definido a existência de 100.000 unidades formadoras de colônias bacterianas por mililitro de urina (ufc/ml) Podem ser sintomáticas ou assintomáticas (bacteriúria assintomática) Localização anatômica: baixa ou alta Trato urinário baixo = cistite (acometimento da bexiga) Raissa Cardoso e Silva – Turma 57 Medicina PUCCAMP Trato urinário inferior e superior = infecção urinária alta = pielonefrite (acometimento renal) ITU BAIXA Apresentação: disúria (envolvimento da uretra), urgência miccional, polaciúria (necessidade de urinar constantemente, mesmo que o volume seja pequeno), nictúria, dor suprapúbica (relacionada com a bexiga - cistite). A febre nas infecções baixas não é um sintoma usual A febre é comum em ITU alta, e não em ITU baixa. Na ITU baixa, há presença de bactérias e processo inflamatório, mas geralmente não há desenvolvimento de quadros febris. A urina pode se apresentar turva, pela presença de piúria, e/ou avermelhada, pela presença de sangue (hematúria), causada pela presença de litíase (cálculos que podem lesar a mucosa) e/ou pelo próprio processo inflamatório. ITU ALTA (PIELONEFRITE) Acometimento do sistema pielocalicial (tecido renal). A ITU alta (pielonefrite) se inicia habitualmente com quadro de cistite, sendo frequentemente acompanhada de febre elevada, geralmente superior a 38°C, associada a calafrios e dor lombar uni ou bilateral. Tríade de sintomas característicos: febre, calafrios (contrações musculares seguidas de descontração, gerando calor), dor lombar A dor lombar não está presente na ITU baixa, apenas na ITU alta. A dor lombar pode se irradiar para o abdômen ou para os flancos ou ainda, para a virilha, situação que sugere mais fortemente a presença de litíase renal associada. Os sintomas gerais de um processo infeccioso agudo podem também estar presentes e sua intensidade é diretamente proporcional à gravidade da pielonefrite Um paciente é considerado portador de ITU de repetição quando acometido por 3 ou mais episódios de ITU no período de doze meses. Quanto maior o número de infecções, maior a chance de o paciente desenvolver insuficiência renal. ITU COMPLICADA Quando ocorre em um aparelho urinário com alterações estruturais ou funcionais ou quando se desenvolve em ambiente hospitalar. Habitualmente, as cistites são infecções não complicadas. Raissa Cardoso e Silva – Turma 57 Medicina PUCCAMP As pielonefrites (acometimento do parênquima renal) são mais frequentemente complicadas, pois em geral resultam da ascensão de microorganismos do trato urinário inferior e estão frequentemente associadas à presença de fatores complicadores (ex.: má-formações renais (rim em ferradura) e litíase renal). Fatores associados à ITU complicada Alterações anatômicas, estruturais ou funcionais do trato urinário: catéteres, distúrbios miccionais, instrumentação do trato urinário, litíase, neoplasias, desordens neurológicas (ex.: demência, AVC), pacientes acamados. Antecedente de infecções prévias: história de ITU na infância, pielonefrite prévia no último ano, ITU refratária no último ano, 3 ou mais episódios de ITU no último ano, colonização por uropatógeno multirresistente, antibioticoterapia recente (menos de um mês). Presença de insuficiência renal: insuficiência pré-renal (ex.: desidratação grave, insuficiência cardíaca), renal (ex.: glomerulopatias) ou pós-renal (ex.: litíase ureteral, hiperplasia prostática). Comorbidades que afetam a capacidade imune: diabetes mellitus (síndrome com diversas alterações, por exemplo, na insulina e no sistema imune), desnutrição, insuficiência hepática, imunossupressão (câncer, AIDS), hipotermia. PIELONEFRITE AGUDA Diagóstico Patogéno/espécie mais frequente Pielonefrite aguda, não-complicada E. Coli, Proteus, Klebisiella, outra enterobactéria, Staphylococco Pielonefrite aguda, complicada Enterobacter, outra enterobactéria, Candida Pielonefrite Aguda - Exame Físico Febre Apatia Anemia nos casos crônicos com comprometimento renal Pacientes em processo crônicos apresentam anemia crônica, visto que a eritropoietina, essencial na formação das hemácias, é produzida nos rins. Cor amarelo palha - idem ao anterior Sinal de Giordano (batidas na região lombar do paciente com as mãos abertas) ou punho percussão dolorosa (batidas na região lombar do paciente com as mãos fechadas): Raissa Cardoso e Silva – Turma 57 Medicina PUCCAMP positivo em casos agudos (estiramento da cápsula renal). São sinais dolorosos de comprometimento renal. Fator complicador: Litíase Doença frequente que acomete mais homens que mulheres (atualmente em proporção inferior a 2:1) e pode estar localizada nos rins, ureter, bexiga e uretra. Aproximadamente 75-80% dos pacientes com urolitíase apresentam cálculos de cálcio (oxalato de cálcio e fosfato de cálcio). Os outros tipos principais incluem cálculos de ácido úrico, estruvita (fosfato de amônio magnesiano) e cistina. O mesmo paciente pode ter um cálculo misto. Cálculos pequenos causam dor, visto que obstruem a uretra e/ou o ureter. Sendo assim, cálculos maiores não causam dor, pois ficam contidos no córtex renal e não passam pelo ureter. Litíase - Fatores predisponentes: Questões dietéticas: baixa ingestão hídrica, dieta pobre em cálcio e rica em proteína animal e sódio. História prévia pessoal ou familiar de nefrolitíase Infecção urinária de repetição Uso de medicamentos (aciclovir, sulfadiazina e indinavir) Hipertensão, diabetes e obesidade Outros: Fatores predisponentes Hiperparatireoidismo primário, que é suspeitado na presença de hipercalcemia (usualmente leve e intermitente). Anormalidades anatômicas do trato urinário: rins em ferradura, obstrução da junção ureteropelvica, divertículos calicinais Acidose tubular renal distal (alteração genética): em que o pH urinário é persistentemente alto e leva à acidose metabólica na maioria dos pacientes. Pielonefrite Aguda - Sinais e Sintomas Cólica ureteral e hematúria, porém podem ser assintomáticos ou ter sintomas atípicos como dor abdominal, náusea, alteração de jato urinário, dor no pênis ou testículo. Quando o cálculo está no cálice renal e apresenta pequeno volume, costuma ser assintomático, causando somente hematúria microscópica. Raissa Cardoso e Silva – Turma 57 Medicina PUCCAMP Quando dispostos na pelve renal, podem causar abrasão na movimentação, levando a dor lombar. A dor em cólica em grande intensidade ocorre após obstrução do fluxo urinário e, consequentemente, hidronefrose. A dor pode irradiar-se da região lombar para flanco ou também para testículos/grande lábio homolateral. Ou seja, a irradiação da dor para dorso ou coxa pode sugerir presença de cálculo ureteral. É acompanhada por náusea, vomito e plenitude abdominal Pode ocorrer hematúria macroscópica no episódio de dor. É necessário realizar o diagnóstico rapidamente. Os cálculos podem impedir que a urina vá até a bexiga, causando dor crônica e dilatação do sistema pielocalicial, seguida de necrose do tecido renal (hidronefrose). INSUFICIÊNCIA RENAL Insuficiência Renal Aguda (IRA) x Insuficiência Renal Crônica (IRC) Na insuficiência renal aguda, as lesões renais, perceptíveis ou não, podem ser revertidas. Caso não sejam revertidas, há alteração do parênquima renal e evolução para insuficiência renal crônica, a qual é irreversível. Ocorre redução do tamanho dos rins.Causas de Insuficiência Renal: hipertensão, diabetes, hemorragia importante, problemas neurogênicos, acidentes/traumatismos, nefrite, doença autoimune, cistos, e anomalias INSUFICIÊNCIA RENAL AGUDA (IRA) É definida como a redução aguda da função renal em horas ou dias Diminuição do ritmo de filtração glomerular e/ou do volume urinário + distúrbios no controle do equilíbrio hidro-eletrolítico e ácido-básico. IRA - Classificação IRA Pré-renal Pré-renal = o problema está antes dos rins, impedindo a chegada de sangue Este quadro ocorre devido à redução do fluxo plasmático renal e do ritmo de filtração glomerular. Raissa Cardoso e Silva – Turma 57 Medicina PUCCAMP Principais causas: hipotensão arterial, hipovolemia (hemorragias, diarreias, queimaduras (acima de 60% da superfície corporal, há perda de líquidos, reduzindo a volemia e levando à baixa perfusão renal) Observações complementares no diagnóstico de IRA pré-renal: a) Oligúria não é obrigatória Em geral, os pacientes têm oligúria; entretanto, pode haver casos de poliúria, por alteração no glomérulo. b) Idosos podem ter a recuperação após 36h da correção do evento - aguardar 48h Idosos bebem pouca água, pois possuem alteração no centro da sede. Sendo assim, é necessário hidratá-los para haver reperfusão renal e reversão do quadro clínico. IRA Renal (intrínseca ou estrutural) Renal = o problema está no parênquima renal A principal causa é a necrose tubular aguda (NTA isquêmica (má perfusão renal) e/ou tóxica (veneno de cobra – toxinas)) Outras causas: nefrites túbulo-intersticiais (drogas, infecções), pielonefrites, glomerulonefrites, necrose cortical (hemorragias ginecológicas, peçonhas). Quadro clínico: História clínica: Estabelecer causa subjacente (diminuição do volume extracelular, drogas, contrastes radiológicos, sepse) – antecedentes pessoais e familiares, alimentação, picada Fatores de risco (idade, disfunção renal prévia, comorbidades*) Ex.: Hipertensão arterial e diabetes que levam a fatores de risco que podem estabelecer a IRA e aumentar a gravidade do quadro Gravidade da IRA IRA Pós-renal Pós-renal = o problema está depois dos rins Causada por litíase ou neoplasias IRA - Quadro clínico Manifestações clínicas específicas são incomuns. Febre, mal estar, “rash” cutâneo e sintomas musculares ou articulares podem estar associados a nefrites intersticiais, vasculites ou glomerulonefrites. Dor lombar ou supra-púbica, dificuldade de micção, cólica nefrética e hematúria podem sugerir IRA pós-renal. Raissa Cardoso e Silva – Turma 57 Medicina PUCCAMP Alteração do fluxo urinário e possibilidade de cálculos IRA - Exame Físico Sinais e sintomas de IRA dependem da causa e do grau de comprometimento da função renal, sendo frequentemente inespecíficos e mascarados pela doença de base. A observação de sinais de hipovolemia e hipotensão arterial ou sinais de obstrução do trato urinário auxiliam o diagnóstico diferencial de IRA pré ou pós-renal. A presença de livedo reticular e micro-infartos digitais (alterações cutâneas) podem sugerir doença renal ateroembólica (associação de aterosclerose e fenômenos tromboembólicos). Classificação da IRA segundo volume urinário (adultos) Quanto mais concentrada a urina estiver, mais amarela ela fica. Quanto menos concentrada a urina estiver, mais clara ela fica. Anúrica total: 0-20 ml/dia Anúrica: 20 a 100 ml/dia Oligúrica: 101 a 400 ml/dia Não-oligúrica: 401 a 1200 ml/dia Poliúrica: 1201 a 4000 ml/dia Hiperpoliúrica: > 4000 ml Nem sempre a IRA é anúrica ou oligúria; ela pode ser normal ou poliúrica, devido à lesão extensa no rim, o qual deixa de realizar a filtração das substâncias. INSUFICIÊNCIA RENAL CRÔNICA (IRC) Lesão renal e perda progressiva e irreversível da função dos rins (glomerular, tubular e endócrina). Evolução de IRA para IRC, agora irreversível. Em sua fase mais avançada (chamada de fase terminal de insuficiência renal crônica – IRC), os rins não conseguem mais manter a normalidade do meio interno do paciente. Possui abundância de fibrose e cicatrização e ausência de tecido funcional, levando a um conjunto de sinais característicos. Deve-se cuidar das comorbidades para evitar que o paciente chegue na fase terminal da doença. Raissa Cardoso e Silva – Turma 57 Medicina PUCCAMP Estadiamento da IRC Fase de função renal normal sem lesão renal: Importante do ponto de vista epidemiológico, pois inclui pessoas integrantes dos chamados grupos de risco para o desenvolvimento da doença renal crônica (hipertensos, diabéticos, parentes de hipertensos, diabéticos e portadores de DRC (doença renal crônica), etc), que ainda não desenvolveram lesão renal. Corresponde à melhor fase para prevenção, visto que ainda não apresenta lesão renal. Fase de lesão com função renal normal: Corresponde às fases iniciais de lesão renal com filtração glomerular preservada, ou seja, o ritmo de filtração glomerular está acima de 90 ml/min/1,73m². A partir de 70% de destruição renal, aparecem as alterações laboratoriais. Fase de insuficiência renal funcional ou leve: Ocorre no início da perda de função dos rins Os níveis de ureia e creatinina plasmáticos ainda são normais Não há sinais ou sintomas clínicos importantes de insuficiência renal e somente métodos acurados de avaliação da função do rim irão detectar estas anormalidades Os rins conseguem manter razoável controle do meio interno (manutenção do equilíbrio ácido-básico e metabólico). Fase de insuficiência renal laboratorial ou moderada: Nesta fase, embora os sinais e sintomas da uremia possam estar presentes de maneira discreta, o paciente mantém-se clinicamente bem; Na maioria das vezes, apresenta somente sinais e sintomas ligados à causa básica (lúpus, hipertensão arterial, diabetes mellitus, infecções urinárias,etc). O paciente refere sintomas inespecíficos, como mialgia, altralgia e cansaço. Cloasma: é um sinal característico de doença auto-imune, ex.: lúpus Fase de insuficiência renal clínica ou severa: O paciente já se ressente de disfunção renal Apresenta sinais e sintomas marcados de uremia Dentre estes a anemia, a hipertensão arterial, o edema, a fraqueza, o mal-estar e os sintomas digestivos são os mais precoces e comuns. Apresenta hipervolemia, edema e hipertensão arterial peça incapacidade de eliminar o excesso de líquido. Apresenta alterações de exames laboratoriais de creatinina e ureia. Raissa Cardoso e Silva – Turma 57 Medicina PUCCAMP Fase terminal de insuficiência rena crônica: Corresponde à faixa de função renal na qual os rins perderam o controle do meio interno, tornando-se este bastante alterado para ser incompatível com a vida. Há substituição dos glomérulos renais por fibrose, a qual impede o funcionamento renal. O paciente apresenta anúria e acúmulo de líquidos e solutos em sua circulação sanguínea. Possibilidade de ICC (congestão) e arritmia cardíaca (potássio em excesso) O paciente encontra-se intensamente sintomático Suas opções terapêuticas são os métodos de depuração artificial do sangue (diálise peritoneal ou hemodiálise) ou o transplante renal. Grupos de risco para IRC: hipertensão arterial, diabetes mellitus, história familiar para doença renal crônica, idade, obesidade, tabagismo Sinais e Sintomas comuns nos últimos estágios de IRC Neurológico: letargia, sonolência, tremores, irritabilidade, soluço, câimbra, fraqueza muscular e déficit cognitivo Gastrointestinais: anorexia, náusea, vômito, gastrite, hemorragia, diarreia e hálito urêmico. Cardiovascular ou pulmonar: hipertensão resistente ao tratamento, dispneia, tosse, arritmia e edema Metabólico e endrocrinológico: perda de peso, acidose metabólica, hiperuricemia, hipercalemia, galactorreia, diminuição de libido, impotência. Hematológico:anemia e sangramento Urinário: noctúria e oligúria. Os fenômenos congestivos são mais frequentes à noite, pois quando o paciente se deita há aumento do retorno venoso.