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RESUMO DOS ASPECTOS GERAIS DA RADIOLOGIA 1. FÍSICA DA RADIAÇÃO RELEMBRANDO... o Matéria: é qualquer coisa que tenha massa e ocupe lugar no espaço. Ela é feita de prótons, nêutrons e elétrons. Os prótons e o nêutrons se organizam em núcleos atômicos e os elétrons estão em orbitais ao redor do núcleo; o Estrutura atômica: os fenômenos associados à radiologia empregam o modelo mecânico do quantum proposto por Niels Bohr – o átomo como um sistema solar em miniatura. Os átomos são formados pelo núcleo + elétrons orbitais. O núcleo de todos os átomos é formado por prótons carregados e nêutrons. O número de prótons de um elemento (número atômico) determina sua identidade e o número total de prótons e nêutrons determina a massa atômica desse átomo. Os elétrons estão distribuídos em volumes tridimensionais chamados orbitais e as letras s, p, d, f, g e h são usadas para descrever as formas orbitais. Apenas dois elétrons podem ocupar um orbital; A maior parte da massa de um átomo consiste em prótons e nêutrons concentrados no núcleo. O núcleo só contribui com uma pequena fração (aproximadamente 1/100.000) do tamanho total de um átomo; a maior parte do tamanho de um átomo consiste na nuvem de elétrons em órbita. o Ionização: quando o número de elétrons em um átomo for igual ao número de prótons em seu núcleo, o átomo é neutro. Quando um átomo neutro perde um elétron, ele se torna um íon positivo e o elétron passa a ser um íon negativo -> esse processo é chamado ionização; OBS: Ionização é diferente de Energia de Ionização: A atração eletrostática entre um núcleo positivamente carregado e seus elétrons negativamente carregados equilibra a força centrífuga decorrente do rápido movimento dos elétrons, e os mantém em suas órbitas. Consequentemente, a quantidade de energia requerida para remover um elétron de uma determinada camada deve exceder a força de atração eletrostática entre o elétron e o núcleo. Isto é chamado de energia de ionização. 2. NATUREZA DA RADIAÇÃO Radiação é a transmissão de energia através do espaço e da matéria. Ela pode ocorrer em duas formas: o Radiação Corpuscular É a radiação sobre a forma de partículas. Consiste em núcleos atômicos ou partículas subatômicas movimentando-se em alta velocidade. Partículas alfa, partículas beta e raios catódicos são exemplos de radiação corpuscular. -Partículas alfa: são núcleos de hélio, consistindo em dois prótons e dois nêutrons. Devido à sua dupla carga e grande massa, partículas alfa têm alto poder de ionizar a matéria pela qual passam. Por causa disso, elas transferem rapidamente sua energia e possuem pouco poder de penetração. Depois de parar, as partículas alfas adquirem dois elétrons e tornam-se átomos neutros de hélio. -Partículas beta: são elétrons emitidos por núcleos radioativos; são de alta velocidade; elas são menores, mais leves e carregam uma única carga negativa, isso faz com que elas possam penetrar a matéria com maior profundidade do que as partículas alfa; elas têm menor probabilidade de interagir com a matéria do que as partículas alfa. -Raios catódicos: também são elétrons de alta velocidade, mas são produzidos através de dispositivos fabricados (p. ex.: tubos de raios X). OBS: A capacidade da radiação corpuscular em ionizar átomos depende de sua massa, velocidade e carga. A taxa de perda de energia de uma partícula à medida que ela se move pela matéria (tecido) é chamada de Energia Linear de Transferência (ELT). Uma partícula perde energia cinética toda vez que ioniza a matéria adjacente; quanto maior for seu tamanho físico e carga elétrica e menor a velocidade, maior será a sua energia linear de transferência. Exemplo: partículas alfa, com alta carga e baixa velocidade, perdem energia cinética rapidamente e têm baixo poder de penetração (são altamente ionizantes); assim, elas têm uma alta ELT. Partículas beta são muito menos ionizantes devido à sua pouca massa e baixa carga elétrica, assim têm uma menor ELT. Elas têm uma penetração mais profunda nos tecidos do que as partículas alfa. o Radiação eletromagnética É o movimento de energia através do espaço como uma combinação de campos elétricos e magnéticos. Ela é gerada quando a velocidade de uma partícula eletricamente carregada é alterada. Exemplos desse tipo de radiação: raios gama, raios-X, raios ultravioletas, luz visível, radiação infravermelha, micro-ondas e ondas de rádio. -Raios gama são fótons originados do núcleo de átomos radioativos. Eles tipicamente têm maior energia do que os raios X. -Raios X são produzidos extranuclearmente a partir da interação de elétrons com núcleos em tubos de raios X. Os tipos de radiação que possuem mais energia dentro do espectro eletromagnético capazes de ionizar matéria são raios gama, raios X e raios ultravioleta, nessa ordem. São duas as teorias que explicam as propriedades da radiação eletromagnética – Teoria Ondulatória (A radiação é propagada na forma de ondas. Tais ondas consistem em campos elétricos e magnéticos orientados em planos que formam ângulos retos entre si, oscilando perpendicularmente em direção do movimento) e Teoria Quântica (A radiação eletromagnética é emitida através de pequenos feixes de energia, chamados fótons. Cada fóton viaja à velocidade de luz e contém uma quantidade específica de energia). A teoria quântica de radiação teve êxito correlacionando dados experimentais na interação de radiação com átomos, no efeito fotoelétrico e na produção de raios X. 3. O APARELHO DE RAIO-X Os principais constituintes de um aparelho de raios X são o tubo (ampola) de raios X e sua fonte de energia. O tubo é colocado dentro do cabeçote para; o cabeçote é sustentado por um braço; um painel de controle permite ao operador controlar o tempo de exposição, a energia e a taxa de exposição aos feixes de raios X. o Tubo (Ampola) de Raio-X São chamados de tubos de Coolidge; é composta por um cátodo e um ânodo situados dentro de uma ampola de vidro evacuada. Os elétrons fluem do filamento presente no cátodo e atingem um alvo dentro do ânodo, onde a energia de alguns elétrons é convertida em raios X; Para que a ampola funcione é necessária uma fonte de energia para: 1) aquecer o filamento do cátodo e assim gerar elétrons; 2) estabelecer um potencial de alta voltagem entre o cátodo e o ânodo para acelerar os elétrons em direção ao ânodo; Sobre o cátodo... O cátodo consiste em um filamento e uma taça focalizadora (copo focalizador). O filamento é a fonte de elétrons dentro da ampola e consiste em um fio de tungstênio, que aumenta a liberação de elétrons pelo fio aquecido. O filamento fica na taça focalizadora, um refletor côncavo negativamente carregado, feito de molibdênio. A taça focalizadora direciona eletrostaticamente os elétrons emitidos pelo filamento incandescente em um feixe estreito, dirigindo-os a uma pequena área retangular do anodo, chamada de área (alvo) focal. Os elétrons caminham nesta direção porque eles são repelidos pelo catodo, negativamente carregado, e são atraídos pelo anodo, positivamente carregado. OBS: Qual a importância do vácuo feito vácuo na ampola de raios X? Prevenir colisão dos elétrons em movimento com moléculas de gás, que reduziriam significativamente sua velocidade. Isto também previne a oxidação e a “queima” do filamento. Sobre o ânodo... O ânodo consiste em uma placa (alvo) de tungstênio incrustada em um bloco de cobre. O propósito deste alvo na ampola de raio- X é converter a energia cinética dos elétrons, gerada pelo filamento, em fótons de raios X. E porque o tungstênio? Tem um alto número atômico (mais eficiente na produção de raio-X), alto ponto de fusão, elevada condutividade térmica (permitindo a dissipação do calor pelo bloco de cobre) e baixa pressão de vapor às temperaturasde funcionamento da ampola de raios X. 4. PRODUÇÃO DE RAIO-X Elétrons deslocando-se do filamento ao alvo convertem parte de sua energia cinética em fótons de raios-X pela formação de Radiação de Frenagem e Radiação Característica. o Radiação de Frenagem É produzida por uma brusca parada ou redução da velocidade dos elétrons (emitidos pelo filamento) no alvo focal; corresponde a maior parta da radiação produzida em tubo de raio-X. Os elétrons do filamento podem: -Atingir diretamente o núcleo dos átomos de tungstênio que formam alvo focal – quando isso ocorre toda energia cinética do elétron é transformada em um único fóton de raios – X; a energia do fóton será igual a energia do elétron, logo, será igual a voltagem aplicada; -Podem passar próximos ao núcleo dos átomos de tungstênio, levando a sua desaceleração. A desaceleração faz o elétron perder parte da sua energia cinética, que será dispersa sobra a forma muitos novos fótons. Quanto mais próximo do núcleo o elétron passar, maior será a atração eletrostática entre os dois, maior será o efeito de frenagem e a energia dos fótons resultantes. o Radiação Característica Ocorre quando um elétron do filamento desloca um elétron da camada de um átomo de tungstênio do alvo focal. Quando isto acontece, um elétron de mais alta energia de uma camada mais externa do átomo de tungstênio é rapidamente atraído para o espaço vazio deixado na camada interna deficiente. Quando o elétron de camada externa substitui o elétron deslocado, um fóton é emitido com uma energia equivalente à diferença de energia entre as duas órbitas. A Radiação Característica é só uma fonte secundária de radiação, ou seja, contribui com apenas uma pequena fração dos fótons formados em um feixe de raios-X. 5. FATORES QUE CONTROLAM O FEIXE DE RAIO-X o Tempo de exposição (s): a alteração da duração da exposição modifica o número de elétrons gerados. Quanto maior o tempo de exposição, maior será o número de fótons gerados em todas as faixas de energia do espectro de emissão dos raios-X (ao dobrar a exposição você também dobra o número de elétrons) = influencia o grau de escurecimento da radiografia. o Corrente da ampola (mA): a quantidade de radiação produzida por uma ampola é diretamente proporcional à corrente (mA) e ao seu tempo de operação. Quando se aumenta a mA, mais energia é aplicada ao filamento, mais aquecido ele fica, mais elétrons são liberados e mais radiação será produzida = influencia a densidade da radiografia. o Pico de voltagem da ampola (kV): ao aumentar o kV, aumenta a diferença de potencial entre o cátodo e o ânodo, aumentando assim a energia de cada elétron ao colidir com o alvo focal (aumenta a velocidade do elétron). Quanto maior a energia de um elétron, maior será a chance de ele ser convertido em fótons de raios X = influência a qualidade do feixe (qualidade do feixe = energia média de um feixe de raio X) e o contraste (diferentes tons de cinza). o Filtração: um feixe de raios X consiste em um espectro contínuo de fótons de raios X, mas apenas alguns fótons desse feixe possuem energia suficiente para atravessar estruturas anatômicas e alcançar o receptor de imagem. Os fótons de baixa energia não conseguem atingir o receptor, contribuem para o risco ao paciente e não causam benefício nenhum. Esses fótons devem ser removidos e isso pode ser feito com um disco metálico (filtro) no caminho do feixe = o filtro remove os fótons de baixa energia e deixa passar os de alta energia que são capazes de formar imagem. o Colimação: colimador é uma barreira metálica usada para restringir o tamanho do feixe de raios X e o volume de tecido irradiado. Em odontologia são usados colimadores redondos e retangulares. Os colimadores retangulares limitam ainda mais o tamanho do feixe, tornando-o minimamente maior que o filme, de modo a reduzir mais a exposição do paciente. o Distância: a intensidade de um feixe de raios X depende da distância entre o objeto e o ponto focal = a intensidade é inversamente proporcional ao quadrado da distância da fonte (Lei do Quadrado Inverso). Em outras palavras, a mudança na distância entre o tubo de raio-X e o paciente apresenta um grande efeito na intensidade do feixe. Tal mudança requer uma modificação correspondente de kVp ou de mA, se a exposição do filme for mantida constante. 6. INTERAÇÕES DOS RAIO-X COM A MATÉRIA A intensidade de um feixe de raio-X é reduzida pela interação com a matéria que ele atravessa. Esta atenuação resulta de interações de fótons individuais do feixe com átomos do objeto. Os fótons de raios X ou são absorvidos ou se espalham para fora do feixe. Em um feixe de raio-X odontológico, há três meios de atenuação do feixe: (1) espalhamento coerente, (2) absorção fotoelétrica e (3) espalhamento de Compton. o Espalhamento coerente (Efeito de Thompson): É resultante da interação de um fóton incidente de baixa energia com um elétron externo do objeto, fazendo esse elétron externo vibrar momentaneamente. Após o choque, um fóton espalhado com a mesma energia é emitido num ângulo diferente ao da trajetória do fóton incidente. o Efeito fotoelétrico (absorção fotoelétrica): esse processo acontece quando um fóton incidente interage com um elétron em uma orbital mais interna do átomo do objeto, deixando toda sua energia para esse elétron interno, o qual é ejetado do átomo (como um fotoelétron). Assim, a órbita mais interna do átomo passa a ter uma vaga, um elétron de um nível de energia mais alto preenche ela e ao fazer isso, emite radiação característica = A absorção fotoelétrica é essencial em diagnóstico por imagem por ser o elemento que mais contribui para sua formação. o Espalhamento Incoerente (Espalhamento de Compton): Acontece quando um fóton incidente interage com um elétron externo, produzindo um fóton espalhado de energia mais baixa que o fóton incidente e um elétron de recuo lançado do átomo atingido. OBS: Esse fenômeno é vantajoso para o paciente porque parte da energia do feixe de raio-X incidente não interage com o tecido, mas não é vantajoso porque causa escurecimento não-específico no filme. Fótons espalhados escurecem o filme sem fornecer informação útil, porque suas trajetórias estão desviadas. 7. DOSIMETRIA Determinar a quantidade ou dose de exposição à radiação é chamado de dosimetria. O termo dose é usado para descrever a quantidade de energia absorvida por unidade de massa na área de interesse. Exposição é uma medida de radiação baseada na sua capacidade para produzir ionização no ar, sob condições normais de temperatura e pressão (CNTP). o Dose absorvida: É a medida da quantidade de energia absorvida por qualquer tipo de radiação ionizante por unidade de massa ou de qualquer tipo de matéria. o Dose equivalente: A dose equivalente é usada para comparar os efeitos biológicos de tipos diferentes de radiação em um tecido ou órgão. É o somatório dos produtos da média das doses absorvidas em um tecido ou órgão e o fator de peso da radiação. o Dose efetiva: É usada para avaliar o risco da radiação em humanos. É o somatório dos produtos das doses equivalentes de cada órgão ou tecido e o fator de peso do tecido; 8. RADIOPROTEÇÃO - Métodos de redução da exposição e da dose ao paciente o Pacientes devem ser selecionados e essa seleção deve seguir critérios: exames radiográficos não devem ser realizados antes da realização de um exame clínico (exame físico + anamnese). As radiografias devem ser feitas somente quando há uma indicação específica para um determinado paciente e a indicação deve ser feita baseada em critérios (evidências clínicas ou históricas que identifiquem pacientes os quais haja uma grande probabilidade que os exames radiográficos vão fornecer informações que afetariam seu diagnóstico, tratamento ouprognóstico); Em resumo, deve haver responsabilidade e julgamento do profissional; Para a realização do exame, a maneira como o trabalho é conduzido influencia a duração da exposição do paciente à radiação. É importante se ater a escolha de: a) Filme e imagem digital: fazer uso do filme de uso odontológico intraoral do grupo de velocidade E/F, pois é mais sensível e, assim, exige metade da exposição; os sensores digitais atuais oferecem economia de dose igual ou superior à dos filmes E/F; OBS: um dos critérios de classificação dos filmes radiográficos é quanto a sensibilidade, sendo de A à F. Os principais são D, E e F, sendo o F o tipo mais sensível. b) Distância foco-pele: as distâncias entre 20 cm e 40 cm são adequadas, mas as distâncias maiores são ideais -> uso da distância de 40cm já diminui a exposição em 10% a 15% em relação a de 20 cm; c) Colimação: uso de colimador retangular é o mais ideal -> ele diminui a dose de radiação em até 5 vezes em comparação ao circular; d) Posicionadores de filme e sensor: o colimador retangular diminui a dimensão do feixe de raios X e isso pode gerar dificuldades quanto à mira do feixe -> para evitar a possibilidade de radiografias insatisfatórias (e necessidade de repetição do processo), recomenda-se o uso de posicionadores de filme ou sensor digital, uma vez que melhoram o alinhamento do filme ou sensor digital com os dentes e o equipamento de raio X; e) Aventais de chumbo e colares de tireoide: a função dos dois é reduzir a exposição da glândula tireoide e das gônadas -> a tireoide é mais suscetível à exposição à radiação durante a realização de exames radiográficos odontológicos; f) Processamento do filme: todo filme deve ser processado seguindo as orientações do fabricante e do processador. Uma técnica de processamento pobre, incluindo processamento visual, frequentemente resulta em filmes sub-revelados, obrigando o operador do raio X a aumentar a dose para compensar tal falha -> isso faz com que o paciente e a equipe sejam expostos à radiação desnecessária. g) Interpretação da imagem: o dentista deve ver as radiografias em condições adequadas para uma análise e diagnóstico igualmente adequados -> as radiografias podem ser bem visualizadas em uma sala semiescura, sendo a luz transmitida através do filme. o Proteção da equipe a) Os operadores do equipamento deveram usar proteção por barreira, quando possível, a qual deve conter uma janela de vidro com chumbo para permitir ao operador visualizar o paciente durante a exposição; b) Quando não é possível sair da sala ou usar uma barreira de proteção, o operador deve seguir a regra de posição e distância: o operador deve ficar a pelo menos 2 metros (6 pés) do paciente e em um ângulo de 90° a 135° em relação ao raio central do feixe de raios X; c) O operador jamais segurar os filmes ou sensores no local. Em vez disso, deve-se usar instrumentos de suporte de filme ou sensores e quando seu uso não for possível, será necessário solicitar que uma pessoa responsável pelo paciente segure o sensor no local desejado (essa pessoa deve receber a devida proteção, como um avental de chumbo); d) Nem o paciente nem o operador deveram segurar o cabeçote de raios X durante a exposição;